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REVISTA DIÁLOGOS N.º especial 2011 Caderno de resumos A Alquimia da Linguagem - 1 I ENCONTRO DE LINGUÍSTICA E LITERATURA DA UPE- FACETEG “A ALQUIMIA DA LINGUAGEM” DE 16 A 19 DE MAIO 2011 GARANHUNS PE HISTÓRICO O I Encontro de Lingüística e Literatura da Faculdade de Ciências, Educação e Tecnologia, da Universidade de Pernambuco faz parte de um amadurecimento no âmbito da pesquisa que a instituição vem alcançando nos últimos tempos. A Universidade de Pernambuco tem três faculdades de formação de professores. O Curso de Letras teve início em Garanhuns junto com a criação da instituição, ou seja, em 1967. Durante sua trajetória muitos eventos foram realizados na área de letras; no entanto, por estar distante dos grandes centros e pelo baixo poder aquisitivo de sua comunidade acadêmica, sempre se restringiu à população local e por isso, a instituição é quase desconhecida no meio acadêmico. Há alguns anos, com a entrada de novos professores doutores, a instituição começou a buscar meios que a promova no meio acadêmico e, para isso, busca parceria através de colegas de outras instituições na tentativa de promover um Encontro desse porte. Além disso, o I Encontro de Lingüística e Literatura representa a oportunidade de promover para os alunos a ampliação do conhecimento e novas visões sobre o que eles viram apenas em sala de aula e representa, também, o diálogo entre os pesquisadores da Universidade de Pernambuco e os pesquisadores de outras instituições, tornando legítima a pesquisa desenvolvida até o presente. Muitos assuntos

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Page 1: I ENCONTRO DE LINGUÍSTICA E LITERATURA DA UPE- FACETEG “A ALQUIMIA DA LINGUAGEM ... · 2020. 10. 3. · José Luiz Fiorin (USP) Antonio Dimas (USP) Elisalva Madruga Dantas (UFPB)

REVISTA DIÁLOGOS – N.º especial – 2011 – Caderno de resumos

–A Alquimia da Linguagem -

1

I ENCONTRO DE LINGUÍSTICA E LITERATURA DA UPE-

FACETEG “A ALQUIMIA DA LINGUAGEM”

DE 16 A 19 DE MAIO 2011

GARANHUNS – PE

HISTÓRICO

O I Encontro de Lingüística e Literatura da Faculdade de Ciências, Educação

e Tecnologia, da Universidade de Pernambuco faz parte de um

amadurecimento no âmbito da pesquisa que a instituição vem alcançando

nos últimos tempos. A Universidade de Pernambuco tem três faculdades de

formação de professores. O Curso de Letras teve início em Garanhuns junto

com a criação da instituição, ou seja, em 1967. Durante sua trajetória

muitos eventos foram realizados na área de letras; no entanto, por estar

distante dos grandes centros e pelo baixo poder aquisitivo de sua

comunidade acadêmica, sempre se restringiu à população local e por isso, a

instituição é quase desconhecida no meio acadêmico. Há alguns anos, com

a entrada de novos professores doutores, a instituição começou a buscar

meios que a promova no meio acadêmico e, para isso, busca parceria

através de colegas de outras instituições na tentativa de promover um

Encontro desse porte. Além disso, o I Encontro de Lingüística e Literatura

representa a oportunidade de promover para os alunos a ampliação do

conhecimento e novas visões sobre o que eles viram apenas em sala de

aula e representa, também, o diálogo entre os pesquisadores da

Universidade de Pernambuco e os pesquisadores de outras instituições,

tornando legítima a pesquisa desenvolvida até o presente. Muitos assuntos

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na área de Lingüística e Literatura serão debatidos durante este Encontro, o

que subdisiará o curso de Letras que começa a dar os seus primeiros passos

para se fortalecer e poder dar a sua contribuição à área. Grande

contribuição esse Encontro trará, não somente para a instituição bem como

para a região do Agreste Meridional. Garanhuns ora se está formando em

pólo educacional, mas falta-lhe evento desse porte para dar-lhe visibilidade.

Grandes pesquisadores foram convidados e aceitaram vir até Garanhuns

para dar a sua contribuição e a expectativa da instituição é que esse

Encontro se repita durante todos os anos que virão.

Coordenação: Prof.ª Dr.ª Silvânia Núbia Chagas

COMISSÃO CIENTÍFICA

Benjamin Abdala Júnior (USP)

José Luiz Fiorin (USP)

Antonio Dimas (USP)

Elisalva Madruga Dantas (UFPB)

Marcelo Machado Martins (UFRPE)

Ana Cristina Marinho (UFPB)

Ângela Paiva Dionísio (UFPE)

Mônica Magalhães Cavalcante (UFC)

Maria do Socorro Silva de Aragão (UFC)

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COMISSÃO EDITORIAL

Silvania Núbia Chagas (UPE)

Benedito Gomes Bezerra (UPE)

Jairo Nogueira Luna (UPE)

Elcy Luiz da Cruz (UPE)

Jeane de Cássia Nascimento Santos (UFSE)

COMISSÃO ORGANIZADORA

Silvania Núbia Chagas (UPE)

Benedito Gomes Bezerra (UPE)

Jairo Nogueira Luna (UPE)

Francisca Núbia Bezerra e Silva (UPE)

Dirce Jaeger (UPE)

Elcy Luiz da Cruz (UPE)

MONITORES

Anderson de Souza Frasão

José Aldo Ribeiro da Silva

WEBMASTER

Erick Camilo da Silva Gouveia

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TEMÁRIO

1. O tema escolhido para o Encontro é “A alquimia da linguagem”.

Embora pareça um tema restrito, na verdade trata-se de uma

temática que abarcará as duas áreas – lingüística e literatura -, uma

vez que pensou-se em congregar estudiosos com pesquisas

abrangentes não somente em cada área mas, também, envolvendo

as duas.

Nesse amplo rol, cabem formas relevantes de tratamento e, para

tanto, foram estabelecidos os seguintes eixos temáticos:

1. Literatura e diversidade cultural.

2. A ambigüidade e o lúdico na linguagem poética.

3. Pós-modernismo ou Neobarroco: aspectos da

contemporaneidade na literatura brasileira.

4. A alquimia da palavra: a prosa poética de João Guimarães Rosa.

5. Tendências contemporâneas na literatura.

6. Hipertexto, gêneros digitais e ensino.

7. Letramento social e letramento escolar.

8. Práticas discursivas e análises de gêneros.

9. Variação e Mudança Linguística.

10. Discurso, ideologia e cognição.

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SUMÁRIO GERAL

RESUMOS DAS CONFERÊNCIAS E MESAS-REDONDAS

1.Literatura, Cidadania e Direitos Humanos: Uma Relação Possível –

Prof. Dr. Alexandre Furtado (UPE) – p.11

2. Literatura e Territorialidade: Moçambique nas Crônicas de

Suleiaman Cassamo – Prof.ª Dr.ª Ana Cristina Marinho Lúcio

(UFPB) – p.12

3.Agrupamentos de Gênero: Discutindo Terminologias e Conceitos –

Prof. Dr. Benedito Gomes Bezerra – p.13

4.Hibridismo e Mestiçagem nas Literaturas de Língua Portuguesa

(Notas Críticas) – Prof. Dr. Benjamin Abdala Jr. (USP) – p.14

5. Pepetela: Ficção, Realidade e Direitos Humanos – Prof.ª Dr.ª

Cristina Botelho (UPE) – p.15

6.Um Olhar Crítico Sobre a Prática do Ensino de Línguas

Estrangeiras Modernas – Prof.ª Me. Dirce Jaeger (UPE/Faceteg) –

p.16

7.Aula de Língua Portuguesa: Reflexões e Perspectivas – Prof.ª Me.

Francisca Núbia Bezerra (UPE/Faceteg) - p. 17

8.A Concepção de Metamodernidade Como Forma de Entendimento

da Dinâmica das Vanguardas Poéticas – Prof. Dr. Jairo Nogueira

Luna (UPE/Faceteg) - p. 18

9. Lei 10.639/03: Escola, Literatura e Identidade – Prof.ª Dr.ª Jeane

de Cássia Nascimento Santos – UFS – p. 19

10.Em Busca do Mistério e da Epifania da Palavra – Prof.Dr. José

Luiz Fiorin (USP) – p. 20

11.Ensino de Análise Linguística: Analisando e Propondo

Alternativas – Prof.ª Dr.ª Lívia Suassuna (UFPE) – p. 21

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12.Referenciação e Intertextualidade em Gêneros do Discurso - Prof.ª

Drª. Mônica Magalhães Cavalcante (UFC) – p. 22

13.Pobreza e Exclusão em Graciliano Ramos – Prof.ª Dr.ª Silvânia Núbia

Chagas (UPE/Faceteg) – p. 23

14.Epistolografia e Marginália Como Auxiliares da Crítica Literária – Prof.

Dr. Antônio Dimas (USP) – p. 24

15.Duplo Enfoque Sobre a Língua Portuguesa Na Formação de

Professores: Entre o Aprender e o Ensinar – Prof. Dr. Marcelo Machado

Martins (UFRPE) – p. 25

16.A Linguagem de José Lins do Rêgo: Variação Regional e Social - Prof.ª

Dr.ª Maria do Socorro Silva de Aragão (UFPB/UFC) – p. 26

17.A Representação do Negro nas Literaturas Brasileira e Africanas de

Língua Portuguesa - Prof.ª Dr.ª Elisalva Madruga Dantas (UFPB)-p.28

18.Guimarães Rosa: Entre Duas Águas - Prof.ª Dr.ª Marli Fantini Scarpelli

(UFMG) – p.29

RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES

1. A representação da doença como “metáfora” em a peste, de Albert

Camus - Alberes Santos (UFPE) – p. 30

2. Fóruns de comunidades do orkut: variação linguística na escrita de

homens e mulheres –

Ana Paula Oliveira Soares (UPE) – p. 31

3. Literatura infanto-juvenil afro-brasileira: reconstruindo a

identidade cultural afrodescententes nos alunos da comunidade

remanescente quilombola do Castainho, em Garanhuns – PE. -

Anderson de Souza Frasão (UPE)- p.32

4. A produção de texto em avaliação classificatória - Ângela Valéria

Alves da Silva (UFRPE)- p. 33

5. José Cardoso Pires e sua valsa lenta: convergências médico-

literárias - Anuska Karla Vaz da Silva (UFPE)- p. 34

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6. Sobre a diacronia dos verbos ser e estar no português: uma

abordagem morfológica - Cícero Barboza Nunes (UFRPE)

Prof. Dr. Marcelo Amorim Sibaldo (UFRPE) – p. 35

7. Um desafio nos gêneros digitais: discutindo a genericidade em

weblogs - Cleber Pacheco Guimarães (UFPE)- p. 36

8. A variante linguística da ilha do Massangano x a variante dos textos

escolares - Daiane Batista da Silva (UPE)- p. 37

9. A variação linguística nas redes sociais - Daniele Basilio Nunes

(UFRPE) – p. 38

10. Processos fonológicos naturais: implicaturas para o ensino de

língua materna - Edigar dos Santos Carvalho (UFPE)- p. 39

11. Hipertexto como ferramenta para o ensino de leitura e escrita no

âmbito escolar - Edilaine Trajano de Almeida (UPE)- p.40

12. Os gêneros discursivos na proposta curricular da prefeitura de

recife: há orientações específicas para os professores de EJA? -

Edla Ferraz Correia (UFPE) – p. 41

13. Estudos variacionistas sobre a fala de Pernambuco: inspirações

com vistas a um atlas lingüístico –

- Edmilson José de Sá (UFPB) – p. 42

14. Nas entrelinhas da semiótica: os discursos construídos na moda -

Eduardo Manoel Barros Oracio (UFRPE) – p. 43

15. O caráter (re)criador em O Embondeiro Que Sonhava Pássaros, de

Mia Couto. - Erick Camilo da Silva Gouveia (UPE) -. p.44

16. Frase: caracterização e análise do gênero - Francilene Leite

Cavalcante (UPE) – p. 45

17. O ethos da escrita feminina no livro no Tempo Frágil das Horas,

de Luzilá Gonçalves Ferreira -

- Giovanna de Araújo Leite (UPE) – p. 46

18. Quando Eu Era Pequena, de Adélia Prado: biografia x

autobiografia? - Jocilene Pereira Lima (UFPB) – p. 47

19. Hibridismo identitário e resistência cultural em o Ex-futuro Padre e

sua Pré-viúva, de Mia Couto - José Aldo Ribeiro da Silva (UPE)-

p.48

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20. Ethos, estilo e autoria nos sonetos mediúnicos de Florbela Espanca

- José Antonio Ferreira da Silva (ISEP) – p. 49

21. Práticas discursivas sobre a leitura - Como se lê: a visão docente. -

Keila Gabryelle Leal Aragão (UFPB)- p. 50

22. O ensino de língua inglesa mediado pela tecnologia: sua

contribuição para o ensino médio - Layanne Roberta de Araujo

Silva (UFRPE)- p. 51

23. Aula de português: um tema em três gêneros - Lígia Rocha Silveira

(UFPE)- p. 52

24. Importância da análise de identidades sociais em gêneros

imagéticos inseridos em livros didáticos de língua portuguesa -

Lílian Noemia Torres de Melo (UFPE) – p. 53

25. Possibilidades educativas dos gêneros digitais: construindo

conhecimentos através de blogs - Lindinalva Maria da Silva (UPE)

Perla Daniquelle de Oliveira (UPE)- p. 54

26. Sobre o problema da linguagem e a linguagem do problema: uma

leitura benjaminiana de A Invenção de Morel - Mahely Barros

(UFPE) – p. 55

27. Análise das primeiras histórias em quadrinhos do Brasil - Maria

Clara Catanho Cavalcanti (UFPE)- p. 56

28. Relato de experiência - Márcia Vandineide Cavalcante (UPE)- p.57

29. O canto de Os Lusíadas atravessa o primeiro mar, de Ana Maria

Machado - Maria José C. De Andrade (UPE) – p. 58

30. O estudo da variação linguística na educação de jovens e adultos -

Naila Lins da Silva (UFPE) – p. 59

31. A teoria do déficit linguístico e a teoria variacional: um estudo de

caso em escolas públicas e particulares do Recife - Onilma Freire

dos Santos (UFPE)- p. 60

32. O arquétipo da sombra na imagem de lord voldemort em Harry

Potter e a Pedra Filosofal, de J. K. Rowling - Rafael Francisco Braz

(UEPB)- p. 61

33. A influência do professor na formação do aluno-leitor do texto

literário - Raquel Monteiro da Silva Freitas (UFPB)- p. 62

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34. A crítica literária e o discurso do negro na literatura do século XIX.

- Raul Azevedo de Andrade Ferreira (UFPE)- p. 63

35. Centralidade da leitura e escrita no orkut: percepção de alunos e

professores e possibilidades pedagógicas - Renato Lira Pimentel

(UPE) – p. 64

36. A linguagem proibida na escola - Roberta Pereira de Novaes

Sampaio (UPE)- p. 65

37. Letramento enquanto prática social e letramento escolar - Rosa

Maria de Souza Leal (UFPE) – p. 66

38. A Aquisição da escrita e o desenvolvimento da consciência

metalingüística - Rossana Regina Guimarães Ramos Henz (UPE) –

p.67

39. Autor-personagem: recriação do eu no universo virtual - Ruty Elane

Bezerra de Menezes (FAFICA)- p. 68

40. Brincando de ser feliz: Tony Morrison, Conceição Evaristo e a

reinvenção do mundo -

Sueli Meira Liebig (UEPB)- p. 69

41. Gênero textual no livro didático de língua inglesa - Tiago Lessas

José de Almeida (UFPE)- p. 70

42. No continum fala/escrita, a carta do leitor - Valfrido da Silva Nunes

(UFAL /IFPE)- p. 71

43. A diferença linguística pronunciada pela mulher na reprodução da

desigualdade de gênero -

Vanessa Cavalcanti (UPE) – p. 72

44. MST e noção de reforma agrária: analisando discursos - Vinícius

Nicéas do Nascimento (UFPE)- p. 74

45. Panorama histórico da literatura em Garanhuns: das origens à

década de 50 - Wagner Marques Cordeiro (UPE) – p. 75

46. Considerações sobre a aprendizagem de língua inglesa mediada

pela internet e a formação identitária do estudante de letras -

Wellington Marinho de Lira (UFRPE) – p. 76

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47. Os alunos do ensino médio e sua relação com os livros de literatura

adotados para o vestibular

- Ruth Ellen Rodrigues Dutra (UFPB)

Profa. Dra. Maria Ester Vieira de Sousa (UFPB)- p. 77

48. Riso e sátira social na poesia de Luiz Gama - Herbert Nunes de

Almeida Santos (UFAL) – p. 78

49. O mundo além da aparência: aspectos de uma linguagem

desrealizante nas obras de Guimarães Rosa e Franz Kafka - Igor

Andreas Rodrigues Bandim (UFPE) – p. 79

50. A construção da cultura hispano-americana a partir da literatura -

Jaciara Josefa Gomes (UFPE)- p. 81

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LITERATURA, CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS: UMA

RELAÇÃO POSSÍVEL

Prof. Dr. Alexandre Furtado

Práticas de leitura literária, enquanto estratégia problematizadora da realidade social

estreitam a relação entre a criação literária, educação e a construção da Cidadania.

Essa percepção sobre as narrativas promove, ainda, o questionamento sobre a

expressão literária e a discussão a respeito dos Direitos Humanos atualmente,

considerando as desigualdades e diferenças existentes. Amparamos teoricamente

nossa abordagem em aspectos dos Estudos Culturais.

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LITERATURA E TERRITORIALIDADE: MOÇAMBIQUE NAS

CRÔNICAS DE SULEIMAN CASSAMO

Profa. Dra. Ana Cristina Marinho Lúcio (UFPB)

A cidade de Maputo surge nas crônicas do escritor moçambicano, Suleiman

Cassamo, nas vozes dos trabalhadores, dos desempregados, dos refugiados de

guerra, das mulheres que enfrentam filas para conseguir comida para os filhos.

Nessa comunicação, faremos uma análise das crônicas Amor de Baobá, relato de um

preso que todos os anos, no dia dos namorados, rouba um vaso de flores e oferece à

primeira mulher que encontra; O gafanhoto no lençol, que expõe os requintes de

crueldade que o homem pode chegar quando se depara com o diferente e, por

último, O cabrito deslocado de guerra, sobre a experiência de viver no Bairro

Magude, morada dos refugiados de guerra, e de voltar a viver na cidade.

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AGRUPAMENTOS DE GÊNEROS: DISCUTINDO

TERMINOLOGIAS E CONCEITOS Prof. Dr. Benedito Gomes Bezerra (UPE)

Em pesquisas voltadas para a análise de gêneros textuais, os procedimentos em geral preveem

o estudo de gêneros específicos, tomados isoladamente, e abrangendo desde os gêneros da

conversação pessoal e cotidiana até os gêneros do discurso acadêmico ou jurídico. Mais

recentemente, surgiram algumas propostas para abordagem dos gêneros de uma forma mais

realista, em inter-relação dinâmica uns com os outros, como se apresentam no mundo. Tais

propostas se mostram capazes de evidenciar a complexidade das trocas linguísticas e

discursivas mediadas pelos gêneros. Considerando que diversas propostas relacionadas com

agrupamentos de gêneros ainda são relativamente desconhecidas, tornando-se problemáticas

especialmente para pesquisadores em formação, o objetivo deste trabalho é apresentar as

propostas oriundas de diferentes, embora inter-relacionadas, vertentes teóricas, encetando

uma discussão crítico-comparativa com a finalidade de contribuir para um maior

esclarecimento terminológico-conceitual, com consequências para a definição de aparatos

metodológicos na análise de gêneros. Parte-se da abordagem aplicada de Swales (2004),

discutindo-se os termos cadeias, conjuntos e redes, passando pelo enfoque retórico de

Bazerman (2004), que desenvolve os conceitos de conjunto e sistemas de gêneros, e

finalizando com a perspectiva crítica de Bhatia (2004), com a noção de colônia de gêneros.

Conforme Bhatia (2004), é possível pensar em agrupamentos de gêneros que circulam em

domínios profissionais e acadêmicos específicos, mas também será necessário considerar

gêneros que circulam por diferentes contextos acadêmicos ou profissionais e ainda assim

mantêm alguma inter-relação. Os diversos conceitos para agrupamento de gêneros

responderiam a uma dessas situações. Ao descrever a forma como os gêneros se apresentam

em variadas atividades sociais, profissionais ou acadêmicas, Bazerman (2004) discute os

conceitos de conjunto e sistema de gêneros. O conjunto de gêneros designa a totalidade dos

gêneros produzidos por um determinado indivíduo no exercício de suas funções profissionais

ou acadêmicas. O sistema de gêneros abrange diferentes conjuntos de gêneros produzidos por

pessoas no desempenho de atividades similares e inter-relacionadas, além das relações

padronizadas que se desenrolam na produção e circulação dos gêneros em domínios

discursivos específicos. Para dar conta de gêneros que mantêm relações recíprocas mesmo

circulando em domínios discursivos diferentes, Bhatia (2004) propõe a noção de colônia de

gêneros. Numa colônia, os gêneros se mostram inter-relacionados, mas atravessam fronteiras

e domínios disciplinares. Swales (2004) retoma, em parte, as noções propostas por Bhatia

(2004) e Bazerman (2004), mas apresenta uma contribuição própria ao enfocar as relações

hierárquicas verificadas entre os gêneros em diferentes disciplinas e delinear a noção de

cadeia de gêneros como a sequência em que certos gêneros necessariamente se apresentam

em contextos acadêmicos ou profissionais, ressaltando inclusive o papel de gêneros que,

embora importantes, são ―invisíveis‖ (occluded) para a maioria dos atores sociais envolvidos.

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HIBRIDISMO E MESTIÇAGEM NAS LITERATURAS DE

LÍNGUA PORTUGUESA

(NOTAS CRÍTICAS)

Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior (USP)

Situamo-nos num momento de repactualizações políticas em escala planetária, o que

torna particularmente relevantes, para quem se situa no Brasil, reconfigurar para

além das inclinações de matiz eurocêntrica, o sentido dos contatos étnicos e culturais

que marcaram nosso processo de colonização. Tais inclinações, que correspondem

ao processo de ocidentalização em escala planetária, procuram estabelecer sua

legitimidade ao apontar para novos critérios de administração da diferença,

preservando bases histórico-culturais hegemônicas. É possível buscar analogias

entre essa nova hegemonia com um processo similar que tem marcado as bases para

a legitimidade das elites brasileiras: o mito da democracia racial. Do ponto de vista

político, torna-se importante relevar articulações comunitárias, em especial, no caso

brasileiro, com os países de língua portuguesa, secundadas pelos países de língua

espanhola. Dois enlaces básicos, que apontam para uma comunidade

iberoafroamericana, sem desconsiderar outras laçadas possíveis, igualmente

supranacionais, diante do processo de mundialização. Para tanto, é importante

descartar perspectivas eurocêntricas, com fluxos culturais assimétricos,

estabelecendo discriminações e hierarquizações, tal como ocorreu com o racismo.

Não se trata de desconsiderar a qualidade e relevância dos saberes de origem

européia, mas a pretensão de que os mesmos tendem a ser sempre universais e

superiores em relação aos saberes criados pelos outros grupos humanos. A nova

repactualização política solicita reciprocidade, tendo em vista legitimidades

efetivamente democráticas: o outro, não como objeto, mas um sujeito em

interações/fricções pautadas pela diferença, descartando sua imagem colonizada, em

que sua legitimidade respalda-se na reprodução especular dos gestos hegemônicos.

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PEPETELA: FICÇÃO, REALIDADE E DIREITOS HUMANOS

Profa. Dra. Cristina Botelho (UPE)

Ficção, realidade e história estão intimamente interligadas na obra do autor angolano

Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos.Denúncias, questionamentos e

problematização da realidade da África Portuguesa, anterior e de após

independência, são temáticas que se associam tanto à ficção quanto à defesa dos

direitos humanos preconizados, implicitamente nos textos do autor em questão.

Entende-se que a participação do ficcionista no Movimento pela Libertação de

Angola, é sem dúvida, também uma defesa dos direitos humanos, extremamente

diminutos, num país, recém governado por colonizadores ex-escravagistas. Por outro

lado, alguns colocam as intervenções políticas do autor, em confronto com os

Direitos Humanos. No entanto, sua ficção revela uma realidade que contradiz a esta

perspectiva, deixando clara a preocupação social reveladora de uma Angola caótica

e de valores humanos decadentes, por exemplo, em O cão e os

Caluandas, produção de pós-Independência.

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UM OLHAR CRÍTICO SOBRE A PRÁTICA DE ENSINO DE

LÍNGUAS ESTRANGEIRAS MODERNAS

Profa. Me. Dirce Jaeger (UPE)

Muito se tem falado das mudanças - e até mesmo crises – enfrentadas pelo/a docente

de língua portuguesa no cotidiano de sua prática. As reflexões, com frequencia,

levantam as implicações do advento das novas tecnologias para o ensino da língua e

aspectos de ordem identitária/pragmática expressas em perguntas do tipo que língua

ensinar? Por que, a quem e para que ensiná-la?. Nosso olhar, por sua vez, tratará de

reconduzir algumas destas questões para o âmbito da docência de língua inglesa e

espanhola, tratando-as dentro de seu contexto específico. Para esta reflexão,

convergem as mudanças ocorridas ao longo das últimas décadas no que concerne à

prática de ensino de língua estrangeira, bem como questões relativas à imagem do

professor de língua estrangeira e os aspectos ideológicos que atravessam sua prática.

O ponto de partida para as reflexões que se levantam encontra-se nos

sentimentos/pensamentos recolhidos junto aos próprios professores da área e

questões relativas às políticas linguísticas subjacentes aos currículos vivenciados no

âmbito escolar.

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AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA: REFLEXÕES E

PERSPECTIVAS

Profa. Me. Francisca Núbia Bezerra e Silva (UPE)

Muito se tem debatido sobre as dificuldades de se trabalhar a língua nas aulas de

Português, pois segundo Travaglia (1997), ―o objetivo do ensino da língua materna

nas escolas é desenvolver a competência comunicativa dos usuários da língua‖. Para

isso é necessário que o professor de língua tenha um conhecimento alargado e

esclarecido do fenômeno comunicativo e lingüístico, do processo de aquisição da

linguagem e do seu funcionamento. A compreensão que se tem sobre o que é estudar

a língua e estudar sobre a língua, nos levará a uma melhor percepção do caráter

social que é patrimônio de toda uma coletividade e, de um caráter individual que é a

utilização de uma maneira particular da cada membro de uma comunidade de fala.

Sendo assim, as aulas de Língua Portuguesa visarão o desenvolvimento e a

estruturação de competência comunicativa do aluno que o tornará apto a usar melhor

a sua língua, não só em aquisição de estruturas novas, mas também e sobretudo

adquirir o sucesso na apropriação do ato verbal às situações de comunicação. Isso se

dará quando a escola levar o aluno a usar com habilidade a escrita, a leitura, a

oralidade, a escuta, tornando-se sujeito desse processo. E ainda mais, vivemos numa

época em que a escola não pode ignorar as diferenças sociolinguísticas. O professor

precisa conhecer os novos estudos variacionistas, para adquirir melhores alternativas

que lhe ajudem a trabalhar a fenômeno da variação em sala de aula, respeitando a

fala do aluno e ao mesmo tempo, explorando a expressividade e permitindo que

essas variedades linguísticas sejam aperfeiçoadas para que o aluno as utilize nas suas

diversas interações sociais.

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A CONCEPÇÃO DE METAMODERNIDADE COMO FORMA

DE ENTENDIMENTO DA DINÂMICA DAS POÉTICAS DE

VANGUARDA

Prof. Dr. Jairo Nogueira Luna

A Metamodernidade pode ser entendida como uma concepção poética e estética que

se coloca na condição de constante atividade crítica e teórica com bases na função

metalingüística associada à função poética e referencial. Diferentemente da postura

pós-moderna que se caracteriza pela fragmentação e pela reciclagem, tanto ao nível

das formas, quanto em termos semânticos e paradigmáticos, a Metamodernidade

pode ser identificada em poéticas de vanguarda no momento tanto da construção de

seu arsenal teórico, quanto no momento de aplicação dos mesmos. Assim, o poema

metamoderno não é apenas um metapoema, mas é um poema que se articula num

processo de avaliação crítica da poesia e da poética. Neste trabalho apresentamos

alguns poemas metamodernos identificados na produção de Oswald de Andrade,

João Cabral de Melo Neto, Almada Negreiros, Guillaume Apollinaire, Ezra Pound,

Haroldo de Campos e Sousândrade.

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LEI 10.639/03: ESCOLA, LITERATURA E IDENTIDADE

Profa. Dra. Jeane de Cassia Nascimento Santos – UFS

A Lei 10639/03 que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira

e Africana no Ensino Fundamental e Médio mexeu não apenas com a estrutura das

escolas de ensino básico. As universidades também receberam incumbências, na

medida em que se tornam responsáveis por difundir ações para o cumprimento da

lei, no sentido de direcionar o olhar para a diversidade étnica brasileira, até então

pouco debatida na academia. Nesse sentido, cabe à universidade, por meio de seu

currículo, pesquisas e corpo docente preparar professores e/ou comunidade com o

aporte teórico-metodológico necessário para a difusão não só da lei, como também

da valorização da diferença e da diversidade.

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EM BUSCA DO MISTÉRIO E DA EPIFANIA DA PALAVRA

Prof. Dr. Jose Luiz Fiorin (USP)

Depois de analisar detidamente as funções da linguagem e mostrar sua onipresença

na vida dos seres humanos, examina-se a idéia de que conhecer a linguagem é

conhecer o homem. Por isso, ela sempre interessou as pessoas. Desde os primórdios

da marcha do homem sobre a Terra, os mitos tentam explicar as origens da

linguagem e a diversidade das línguas. Ela foi objeto do trabalho de poetas,

pensadores e cientistas. Hoje, a formação especializada na linguagem é feita nos

cursos de Letras. Essa especialidade é necessária? Afinal, para que servem as

Letras? Os estudos linguísticos revelam a experiência humana cristalizada na

linguagem, permitem conhecer as sociedades em que as línguas foram criadas,

possibilitam conhecer o funcionamento da mente humana. A Linguística estuda o

sistema que permite a fala, examina os universais da linguagem e a forma como eles

são parametrizados nas diversas línguas, analisa a organização e o modo de

funcionamento do discurso, pesquisa a aquisição da linguagem e a perda da

capacidade linguística, busca conhecer a variação linguística e sua correlação com

fatores sociais, situacionais ou regionais, interessa-se pelas relações sociais que se

exprimem linguisticamente, debruça-se sobre a evolução das línguas ou sobre as

línguas num dado momento de sua evolução. Enfim, busca compreender o mistério e

a epifania da palavra. Mobilizando todas as funções e dimensões da linguagem, o

texto literário e também os outros objetos artísticos criam outro mundo, convidam a

penetrar a esfera de uma realidade outra, pela fratura da realidade cotidiana. Essa

outra realidade leva-nos a uma vida mais intensa, mobilizando desejos múltiplos,

criando novas percepções, produzindo experiências diversas. Nela, tudo é permitido,

pois abole os limites da realidade cotidiana. A grande função da arte não é dizer o

que sempre existiu, mas iluminar a possibilidade de outras existências, sugerir que

outras ordens da realidade são possíveis. As Letras não formam burocratas da

palavra, aqueles que apenas corrigem a ortografia, a concordância... As Letras

levam-nos a aceder aos tesouros culturais criados pelo homem ao longo de sua

história. Seu papel, usando as palavras de Guimarães Rosa, é tornar o homem

humano. As Letras ajudam a criar e a fortalecer a democracia, pois elas revelam a

linguagem, a literatura, como o lugar de criação da alteridade, e, por conseguinte, de

tolerância, de respeito pela diferença e, portanto, de democracia. Essa é a grande

função das Letras.

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ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA: ANALISANDO E

PROPONDO ALTERNATIVAS

Profa. Dra.Lívia Suassuna (UFPE)

Nesta exposição, faremos uma breve retrospectiva histórica do ensino de português e

de gramática. Em seguida, mostraremos as perspectivas atuais de tratamento

didático da chamada análise linguística, citando exemplos de suas articulações com

a leitura e a produção de textos.

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REFERENCIAÇÃO E INTERTEXTUALIDADE EM GÊNEROS

DO DISCURSO

Profa. Dra. Mônica Magalhães Cavalcante (UFC)

Muitas funções discursivas dos processos referenciais estão intrinsecamente

relacionadas ao gênero, ao plano de texto, à sequência textual e a propósitos

argumentativos vários. A referenciação não se presta, pois, somente a não repetir

formas de expressão referencial em um contexto, mas a organizar o texto, a

argumentar, a resumir, a introduzir novas informações, a definir, a veicular

diferentes vozes ou pontos de vista discursivos, a chamar a atenção do leitor - para

citar apenas algumas. Apresentaremos, em gêneros diversificados, algumas dessas

funções, pondo em evidência certos processos intertextuais.

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POBREZA E EXCLUSÃO EM GRACILIANO RAMOS

Profa. Dra. Silvania Núbia Chagas (UPE)

Na obra de Graciliano Ramos, as temáticas ―pobreza e exclusão‖ são tratadas com

uma certa singularidade, pois estas estão diretamente vinculadas à solidão das

personagens, uma vez que elas não conseguem se relacionar com o meio em que

vivem e, por isso se isolam. Mesmo em São Bernardo, que a personagem Paulo

Honório consegue enriquecer, a solidão continua oprimindo-o e o fazendo sentir-se a

pior das criaturas, o que, de certa forma, provoca a exclusão. Demonstrar como isso

ocorre, através das obras: São Bernardo, Angústia e Vidas secas, é o que se pretende

neste trabalho.

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EPISTOLOGRAFIA E MARGINÁLIA COMO AUXILIARES

DA CRÍTICA LITERÁRIA

Prof. Dr. Antônio Dimas (USP)

O levantamento da marginália e a recuperação da epistolografia funcionam como

poderosos instrumentos auxiliares na contextualização de uma obra literária e no

benefício de sua crítica textual, eventualmente.

Nesta palestra o prof. Antônio Dimas discorre sobre a importância da produção da

escola do Recife de 1870 para o desenvolvimento do pensamento brasileiro, bem

como da importância da obra de Joaquim Nabuco para formação do mesmo

pensamento.

Argumenta ainda sobre os processos de influência e originalidade no âmbito das

relações de Literatura Comparada, demonstrando como o eixo Norte-Sul de

influências pode ser alterado para o âmbito Leste-Oeste, notadamente em se levando

em conta as relações entre a Literatura Brasileira e Sul-Americana e as Africanas,

com especificidade para o caso brasileiro, das Literaturas Africanas de Língua

Portuguesa.

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DUPLO ENFOQUE SOBRE A LÍNGUA PORTUGUESA NA

FORMAÇÃO DE PROFESSORES: ENTRE O APRENDER E O

ENSINAR

Prof. Dr. Marcelo Machado Martins (UFRPE)

Apesar da emergência dos estudos de gênero em sala de aula, são reconhecíveis as

dificuldades que os professores de língua portuguesa encontram com relação ao

ensino dessa disciplina. Diferentes concepções de metodologias do ensino da língua

portuguesa, de seleção de conteúdos e de práticas de ensino acabam se tornando

dificultadores para a adoção de uma postura crítica por parte dos professores, que se

perdem entre as exigências e demandas da sociedade, as necessidades dos alunos e

as próprias concepções de língua que, como usuário e estudante de língua, assumem.

Até mesmo por uma imposição que se construiu historicamente com relação a uma

língua ―castiça‖, muitos professores, em sala de aula, eximem-se da reflexão sobre

as implicações ideológicas de determinadas assunções frente ao ensino-

aprendizagem da língua portuguesa, resguardando às aulas dessa disciplina a

reprodução mecânica de modelos, geralmente metalingüísticos, que contribuem

apenas para a manutenção de uma idéia de pureza e de exclusão linguísticas. A partir

dessas reflexões, vamos apresentar e discutir aspectos referentes a algumas

concepções de gramática e seus efeitos no ensino, além de incursionar por pontos de

vista axiologizantes sobre tais concepções.

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A LINGUAGEM DE JOSÉ LINS DO RÊGO: VARIAÇÃO

REGIONAL E SOCIAL

Profa. Dra. Maria do Socorro Silva de Aragão (UFPB/UFC)

José Lins do Rego como escritor da chamada geração de 30, cujas narrativas

enfatizavam mais a natureza em detrimento do homem, conseguiu ultrapassar esse

estereótipo em sua ficção, mudando o eixo de gravidade da natureza para o homem.

Segundo alguns estudiosos, foi em Fogo Morto que José Lins do Rego sintetizou sua

ficção que, segundo Abdala Júnior, é muito mais inovadora em termos de arte, que

as demais do chamado ciclo da cana-de-açúcar1, publicadas anteriormente: Menino

de Engenho, Doidinho, Bangüê, O Moleque Ricardo e Usina. José Lins em suas

obras de ficção usou a palavra de forma precisa e artística, nos seus níveis e registros

e nas suas variações regionais, a partir do perfeito domínio da norma culta padrão, a

fim de descrever a decadência dos engenhos de açúcar do Nordeste, com a

conseqüente deteriorização da estrutura econômico-social daqueles que neles

viviam. Estudar e analisar lingüisticamente a obra de José Lins do Rego é um

exercício fascinante, que oferece surpresas a cada nova abordagem que dela se faça.

A obra de José Lins é riquíssima para análises do ponto de vista da Sociolingüística,

ciência que estuda as relações entre a língua e a sociedade, suas inter-relações e o

papel que cada uma exerce sobre a outra, determinando os níveis ou registros de

fala, que vão desde o nível mais informal da modalidade falada ao mais formal da

modalidade escrita, que é o literário, correlacionando-os com o nível sócio-cultural

de seus usuários. São as variações sócio-culturais, também chamadas diastráticas,

que determinam as diferenças entre a linguagem erudita e a popular, entre outras. Já

para as análises sob a visão da Dialetologia, que estuda os diversos tipos de variação

que a língua apresenta, correlacionando-a não com o nível sócio-cultural do falante,

mas com a região a que ele pertence, temos exemplos significativos em José Lins do

1 ABDALA JÚNIOR, R. O ritmo do tempo em torno do engenho. In : REGO, J.

Lins do. Fogo morto. São Paulo: Círculo do Livro, 1984.

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Rêgo. As variantes regionais ou diatópicas, caracterizam os aspectos regionais da

sua linguagem. A integração das duas ciências, a Sociolingüística e a Dialetologia é

que nos permite analisar a linguagem do autor vendo-lhe os aspectos erudito,

popular e regional. Neste trabalho mostraremos as variações regionais e socio-

culturais presentes na obra Fogo-Morto, de José Lins do Rego.

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A REPRESENTAÇÃO DO NEGRO NAS LITERATURAS

BRASILEIRA E AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA

Profa. Dra. Elisalva Madruga Dantas (UFPB)

Nesse trabalho, procuraremos mostrar, a partir da leitura crítica de alguns textos

poéticos, como se dá, na Literatura Brasileira e nas Literaturas produzidas em

Angola e Moçambique, a representação do negro, centrando nossa atenção na sua

transposição de objeto a sujeito poético, bem como na trajetória que vai da dor ao

orgulho de ser negro, assinalada por Manuel Ferreira, ao trabalhar essa temática nas

literaturas africanas de língua portuguesa, mas que consideramos pertinentemente

aplicável também à literatura brasileira.

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GUIMARÃES ROSA: ENTRE DUAS ÁGUAS

Profa. Dra. Marli Fantini Scarpelli (UFMG)

Em linhas mais amplas, o propósito do trabalho é abordar, em correspondência com

outras literaturas latinoamericanas, um dos mais importantes fenômenos literários

produzidos no Brasil no século XX. Trata-se da apropriação criativa às vanguardas

européias e seu desdobramento nas técnicas renovadoras do regionalismo

transnacional ou do hiper-regionalismo, cujo aproveitamento na obra de autores

continentais — como José Maria Arguedas, Juan Rulfo, Gabriel Garcia Márquez,

Jorge Luis Borges e Guimarães Rosa — institui um paradigma comum a essas

literaturas. Marcando diferença em relação aos modelos importados ou impostos

pela metrópole, o hiper-regionalismo viria a inaugurar, na América Latina, um novo

espaço discursivo, a se identificar em autores emblemáticos da transculturação, ou

seja, autores que, a exemplo de Guimarães rosa, Rulfo e Borges, transitam entre sua

aldeia e as metrópoles, entre o regionalismo e as vanguardas europeias. Dentre os

romances do modernismo brasileiro, Grande sertão: veredas é certamente o que

provocou maior abalo nos leitores e na crítica literária. Nacional e

internacionalmente consagrada, a obra prima rosiana é arcaica e moderna; caminha,

sempre em mão dupla e sem perder o gosto pelo paradoxo, seu fluxo fica na terceira

margem, ou entre duas águas, entre o regionalismo e as vanguardas européias. Ao

retomar a tradição regionalista (e política de Graciliano) e, concomitantemente,

apropriar-se criativamente do catastrófico contexto da Guerra Civil Espanhola, bem

como sua tradução pictural por parte de Picasso, numa das mais emblemáticas

representações das vanguardas européias, Rosa pôde conferir ao cenário da

―matança dos cavalos‖, no romance Grande sertão: veredas, o foco de antecessores

que dotaram suas respectivas obras primas da capacidade de afirmar o infinito poder

simbólico da arte contra a finitude concreta das ditaduras e das guerras, sempre

absurdas e sem sentido.

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RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES

A REPRESENTAÇÃO DA DOENÇA COMO “METÁFORA”

EM A PESTE, DE ALBERT CAMUS

Alberes Santos (UFPE)

Como é de conhecimento geral os diálogos da Literatura com manifestações

artísticas (pintura, teatro, cinema música) e entre outras, atualmente os novos

estudos literários vêm expandindo sua interconexão para áreas científicas; dentre

elas, a Medicina. Dessa forma, a proposta da nossa comunicação é a análise da

metáfora da peste no romance A Peste de Albert Camus, vinculando-se Literatura à

Medicina para a compreensão das várias simbologias daquela doença na diegese

expressa nessa obra literária.

Para o estudo da metáfora da peste, foi traçado o seguinte percurso: primeiramente,

teceremos comentários sobre os conceitos de doença tanto na literatura quanto na

medicina e discussões sobre as representações do câncer e da tuberculose na

documentação médica e na literatura e da AIDS nas esferas sociais na perspectiva de

Sontag (2003), que estuda as ideologias que foram construídas pelos preconceitos

sobre as pessoas aidéticas; secundariamente, veremos a alegoria da peste e suas

consequências sociais, de forma bastante sucinta, em alguns momentos históricos

recortados- Mundo Antigo e Idade Média- como também nas pinturas e ilustrações

de artistas; por fim analisaremos a metáfora da peste,seguindo a categorização de

doença como desafio, proposta por Herlizch( 2004) na análise do romance A

Peste. Enfim, este trabalho permitirá o estudo da plurissignificação da doença na

obra literária que se apoiará nos conceitos da literatura clínica da medicina como um

recurso indispensável para detectar os símbolos que estão presentes na obra aqui

estudada quanto nos estudos literários.

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FÓRUNS DE COMUNIDADES DO ORKUT: VARIAÇÃO

LINGUÍSTICA NA ESCRITA DE HOMENS E MULHERES

Ana Paula Oliveira Soares (UPE)

O presente trabalho se propõe a analisar se há diferenças na forma como homens e

mulheres usam a linguagem e se o meio virtual acentua as eventuais diferenças,

procurando traçar uma relação entre essas e o gênero (gender) do interactante.

Baseamo-nos, principalmente, nos estudos de Labov (2008), com a teoria

variacionista e em Coulthard (1991), com seus estudos sobre a relação linguagem e

sexo. Para o desenvolvimento do trabalho, escolheu-se o Orkut por ser um dos

softwares sociais mais utilizados pelos brasileiros. Para a coleta dos dados,

escolhemos o gênero textual fórum de comunidades por se tratar de um ambiente

diversificado com relação à interação e à produção e recepção de textos no site.

Foram analisados 21 fóruns, em 3 comunidades do Orkut de temas diferentes:

futebol, moda e política, tendo como critérios para análise a observação da polidez,

competitividade, cooperatividade, internetês e multimodalidade. Com a análise

verificou-se que há diferenças na linguagem de homens e mulheres e que o meio

virtual parece acentuar essas diferenças.

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LITERATURA INFANTO-JUVENIL AFRO-BRASILEIRA:

RECONSTRUINDO A IDENTIDADE CULTURAL

AFRODESCENTENTES NOS ALUNOS DA COMUNIDADE

REMANESCENTE QUILOMBOLA DO CASTAINHO, EM

GARANHUNS – PE.

Anderson de Souza Frasão (UPE)

Profa. Dra. Silvania Núbia Chagas (UPE)

Sendo a literatura portadora de valores culturais, sociais e ideológicos

inevitavelmente possibilita a representação dos povos que a compõe. Mas o fato é

que, alguns povos, como os afro-brasileiros, por estarem há muito tempo à margem

da sociedade, não conseguiram preservar grande parte do acervo cultural que

continha as histórias sobre suas origens, usos, costumes, mitos, ritos, tendo em vista

que os primeiros narradores responsáveis pela preservação destas memórias já não

existem. Preencher essas lacunas deixadas pelo tempo é uma proposta que a

educação voltada à diversidade tenta superar. Assim, por meio da literatura infanto-

juvenil afro-brasileira e pela implementação da Lei 10.639/03 – ampliada para

11.645/08 – um projeto de iniciação científica vem possibilitando que alunos do

ensino fundamental I e II, da Escola Virgília Garcia Bessa, na comunidade

remanescente quilombola do Castainho, em Garanhuns – PE tenham acesso às

narrativas que contam as vivências de seus ancestrais africanos e afro-brasileiros. E,

com isso, possibilitando a consolidação de uma educação voltada à diversidade

cultural, eliminando as ocorrências de estereótipos, ideais de branqueamento e

efetivando a concepção de uma cidadania realmente condizente com os moldes

plurais do nosso país.

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A PRODUÇÃO DE TEXTO EM AVALIAÇÃO

CLASSIFICATÓRIA

Ângela Valéria Alves da Silva (UFRPE)

Nosso objetivo é observar a relação entre a concepção de língua adotada e as

propostas de escrita nas provas de seleção para o 6º. ano do Colégio de Aplicação da

UFPE. Nosso corpus será composto de 05 (cinco) exemplares das provas da referida

seleção, o que nos permitirá mapear as transformações ou a estabilização das

propostas de produção de texto do material em análise. Segundo Koch e Elias

(2006), no século XX, é possível identificar três concepções de línguas, as quais,

acreditamos, entraram numa espécie de disputa para que uma delas passasse a

dominar. Para analisar tal embate em nosso corpus, consideraremos Fairclough

(1997; 2001). Referências: FAIRCLOUGH, N. Discurso e mudança social. Brasília:

UNB, 2001; FAIRCLOUGH, N. Discurso, mudança e hegemonia. In: PEDRO, E. R.

(Org.). Análise Crítica do Discurso: uma perspectiva sociopolítica e funcional.

Lisboa: Editorial Caminho, 1997. KOCH, Ingedore V.; ELIAS, Vanda Maria. Ler e

compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006.

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JOSÉ CARDOSO PIRES E SUA VALSA LENTA:

CONVERGÊNCIAS MÉDICO-LITERÁRIAS

Anuska Karla Vaz da Silva (UFPE)

Uma das tendências mais interessantes sugeridas aos estudos literários atualmente é,

não só, estudá-los com o auxílio de outras vertentes artísticas, mas, também, de

outras áreas do conhecimento. Partindo de um paralelo incomum – a união da

literatura e da medicina – encontramos várias obras passíveis deste tipo de análise e,

dentre estas, concentramos nossa proposta de estudo no livro De Profundis, Valsa

Lenta, do romancista português José Cardoso Pires. Partindo deste corpus, o

trabalho se voltará à forma como o autor descreve o mal que o acometeu – o AVC -

que, na maioria dos casos não tem cura e extingue por inteiro a memória do doente.

Diante disto, nos deparamos com o questionamento da ficcionalidade e da vivência

autobiográfica como motes de escrita, sendo esta registrada pelo autor de acordo –

ou não – com as possíveis lembranças e descrições provenientes do relato de

terceiros.

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SOBRE A DIACRONIA DOS VERBOS SER E ESTAR NO

PORTUGUÊS: UMA ABORDAGEM MORFOLÓGICA

Cícero Barboza Nunes (UFRPE)

Prof. Dr. Marcelo Amorim Sibaldo (UFRPE)

Tomando por base que uma língua é um organismo em constante transformação,

este trabalho tem como objetivo mostrar, numa perspectiva diacrônica, a evolução

dos verbos ser/estar considerando sua morfologia (stare)/(esse/sedere/seer) do latim

ao português. Uma vez que, no latim falado da última época, os verbos da frase

nominal são esse (e sedere) e, para indicar estado, usavam-se stare (SILVA NETO,

1979:253). De fato, a compreensão que envolve a morfologia verbal é muito

complexa, porque umas formas influem noutras (cf. SILVA NETO, 1979:248).

Assim, dada esta complexidade este trabalho pretende mostrar, além da evolução

diacrônica, uma análise dos processos de gramaticalização que estes verbos

passaram no decorrer do tempo, tais como erosão (perda de massa fônica), extensão

(expansão dos contextos de uso), descategorização (perda de categoria ou de um

traço) e dessemantização (perda de sentido lexical e ganho gramatical). Este estudo

terá como possibilidade metodológica o estudo da gramaticalização como processo,

isto é, será feita análise de como estes itens (ser/estar) se tornaram mais gramaticais

no decorrer do tempo. (Cf. GONÇALVES et al,2007:16) Com isso, partindo-se do

pressuposto de que as categorias lingüísticas não constituem realidades estáveis e

que, ao longo de sua história, categorias lexicais podem passar a funcionar como

categorias gramaticais, a relevância deste trabalho reside em demonstrar um estudo

diacrônico do processo de gramaticalização dos verbos ser/estar no português.

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UM DESAFIO NOS GÊNEROS DIGITAIS: DISCUTINDO A

GENERICIDADE EM WEBLOGS

Cleber Pacheco Guimarães (UFPE)

Na medida em que estudos sobre gêneros digitais vão surgindo, vamos percebendo o

quão ―arriscado‖ é tratar deste assunto. Esta é uma área ainda bastante incipiente, e a

velocidade das descobertas é similar à do nascimento de novas tecnologias. Usamos

o termo ―arriscado‖ porque uma apresentação como esta, qual a que faço no I

Encontro de Linguística e Literatura da UPE, pode se tornar obsoleta em questão de

meses. Há cinco anos, blogs eram tratados como diários online. Há pouco, essa

definição foi superada, e hoje vimos a defender que blogs nem sequer são gêneros

textuais. O que se dirá daqui a cinco anos? Por hora, defendemos ser importante não

enxergar blog como um gênero digital, mas como tecnologia. Esta apresentação visa

discutir exatamente o status do blog enquanto gênero textual. Recorreremos à noção

de Configurações Contextuais (advinda da Linguística Sistêmico-Funcional de Mark

Halliday, pois todo gênero se materializa sob determinada configuração de fatores

que norteiam e influenciam a atividade comunicativa), aos postulados sobre gêneros

do discurso, mormente à luz de Mikhail Bakhtin (1992 [1953]) e à noção de

affordances, advinda da psicologia, como tratada por Carolin Miller (2009), para

definir blogs como ― unicamente ― programas de computador. A definição de blog

como gênero atribui à tecnologia alguns traços genéricos (do contrário, não teríamos

um gênero). Destarte, o aplicativo blog passa a ter, por exemplo, conteúdo temático

recorrente, construção composicional, estilo verbal e outras características. Ao

trabalhar com este ―gênero‖ em sala de aula, o professor precisa delimitar tais traços.

Temos um problema: quais são estes traços? Neste debate, intento demonstrar que

tais traços são inexistentes. Tal discussão é relevante por determinar as aplicações

que podem ser realizadas com o aplicativo blog em salas de aula. A visão de blog

enquanto gênero guia trabalhos pedagógicos numa determinada direção, a visão de

não-gênero deve guiar os trabalhos por outro caminho.

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A VARIANTE LINGUÍSTICA DA ILHA DO MASSANGANO X

A VARIANTE DOS TEXTOS ESCOLARES

Daiane Batista da Silva (UPE)

A presente comunicação trata da apresentação de resultados parciais de projeto de

pesquisa cujo objetivo é analisar as variantes linguísticas da Ilha do Massangano em

relação aos textos dos livros didáticos utilizados no processo escolar dessa

localidade. Com base nos campos da Sociolinguística e da Didática observamos a

discrepância entre a linguagem dos livros e o conhecimento linguístico dos alunos

da escola Municipal Santo Antonio – Ilha do Massangano Petrolina-PE. Ao longo da

pesquisa adotamos procedimentos metodológicos que incluíram análises do

vocabulário utilizado pelos livros e a aplicação de oficinas didáticas com os alunos,

a fim de comparar as variantes evidenciadas nos textos e o conhecimento linguístico

do grupo. As análises apontaram para um largo distanciamento entre os dois léxicos:

dos livros e dos alunos. Especificamente, analisamos os livros de Ciências e

Geografia em cujos textos são apresentados elementos naturais como: plantas,

animais, alimentos; e aspectos geográficos referentes a espaços urbanos e rupestres,

sem, contudo, fazer qualquer referência à realidade natural, social, cultural e

linguística do aluno daquela localidade.

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A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NAS REDES SOCIAIS

Daniele Basilio Nunes (UFRPE)

Objetiva-se, neste estudo, investigar como a ocorrência da variação linguística se dá

nas redes sociais na mídia digital. Intenciona-se também refletir como o fenômeno

linguístico é constituído por fatores sócio-interativos, os quais podem ser

reconhecidos nos usos linguísticos dos atores sociais na realização de suas práticas

discursivas. Tomamos como aporte teórico a Sociolinguística Variacionista, no que

se refere à análise dos elementos linguísticos e dos aspectos sociais relevantes em

sua constituição. Dessa maneira, a aplicação teórica da Sociolinguística

Variacionista é relevante para este estudo, pois examina como se dá a presença dos

fatores sociais, históricos e culturais nos usos linguísticos presentes no veículo

digital. Como linguagem e sociedade estão interligadas entre si, essa relação é

facilmente perceptível nos usos dos falantes em atividades interativas e discursivas.

Esta relação é questão central de diversos estudos linguísticos e a Sociolinguística é

uma teoria preocupada em analisar, observar e explicar como os fatores sociais

constituem o fenômeno linguístico. Para a análise do trabalho em questão, tomamos

como corpus os enunciados encontrados nas redes sociais, Orkut e Facebook, no ano

de 2010. A escolha do Orkut e Facebook em detrimento de outras redes sociais

deve-se ao fato destas duas redes selecionadas serem as mais utilizadas pela

sociedade brasileira contemporânea, configurando assim o seu alto grau de

interatividade social. Logo, as redes sociais são exemplos de como a dinamicidade

das práticas sociais na mídia digital contribui para o aparecimento de recentes

formas de comunicação social. O procedimento de análise desta investigação indica

como é constituída a linguagem nas redes sociais, considerando como a variação

linguística compõe as estruturas discursivas veiculadas na mídia digital. O estudo

aponta que as variações semânticas, sintáticas, estilísticas, pragmáticas, bem como

outros fatores sociais, históricos e culturais influenciam e ocasionam modificações

no uso da língua dos falantes envolvidos no processo de interação social nas redes

sociais inseridas na mídia digital.

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PROCESSOS FONOLÓGICOS NATURAIS: IMPLICATURAS

PARA O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA

Edigar dos Santos Carvalho (UFPE)

O trabalho objetiva refletir sobre os processos fonológicos naturais na língua

portuguesa brasileira e suas implicações para o ensino de língua materna. Esta

análise se torna pertinente, pois nas literaturas linguísticas atuais é comum o

tratamento da mudança linguística apenas nas perspectivas da Sociolinguística

variacionista, desconsiderando, muitas vezes, os aspectos fonológicos inseridos na

mudança linguística como fenômenos naturais recorrentes na língua e comum a

muitos idiomas.

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HIPERTEXTO COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO DE

LEITURA E ESCRITA NO ÂMBITO ESCOLAR

Edilaine Trajano de Almeida (UPE)

Considerando a diversidade das práticas interacionais mediadas pela linguagem, este

trabalho tem como finalidade enfocar a leitura e a escrita em ambientes

hipertextuais, de modo a tratar esse espaço como uma importante ferramenta a ser

abordada em sala de aula. O funcionamento dos recursos linguísticos hipertextuais

no ambiente de hipermídia requer algumas reflexões no que diz respeito às novas

formas de letramento na escola. A metodologia utilizada consistiu na revisão da

literatura existente sobre o hipertexto, incluindo tanto abordagens teóricas como

aplicadas ao ensino. Os resultados constatam uma quantidade irrelevante de

estratégias de leitura, ao lado de uma presença bem reduzida de gêneros digitais.

Pretende-se ainda com o presente trabalho, oportunizar ao aluno uma maior

compreensão sobre o uso de tecnologias digitais na interação e comunicação, de

forma que ele possa cada vez mais apropriar-se delas e utilizá-las com eficiência no

dia a dia.

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OS GÊNEROS DISCURSIVOS NA PROPOSTA CURRICULAR

DA PREFEITURA DE RECIFE: HÁ ORIENTAÇÕES

ESPECÍFICAS PARA OS PROFESSORES DE EJA?

Edla Ferraz Correia (UFPE)

Com o intuito de investigar como os gêneros discursivos são abordados na Proposta

Curricular da Prefeitura de Recife, e se existem orientações para os professores de

EJA, realizamos uma análise minuciosa do referido documento. Observamos que o

trabalho com os gêneros discursivos é abordado ao longo da proposta, tendo maior

ênfase no referencial teórico. No entanto, não há orientações quanto aos princípios

metodológicos para a prática do professor e na apresentação das habilidades

relacionadas ao trabalho com gêneros, há apenas 3 competências explicitadas. Uma

delas é vaga e outra, além de vaga é pouco relevante para o trabalho docente, pois

pressupõe um conhecimento conceitual pouco importante para a aprendizagem da

leitura e produção de textos. Na parte referente a EJA, não há orientações quanto às

especificidades desse segmento do ensino. Assim, percebemos que a proposta possui

limites em relação ao trabalho com gêneros discursivos voltados para EJA.

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ESTUDOS VARIACIONISTAS SOBRE A FALA DE

PERNAMBUCO: INSPIRAÇÕES COM VISTAS A UM ATLAS

LINGUÍSTICO

Edmilson José de Sá (UFPB)

Esta comunicação tem como intuito apresentar o perfil dos estudos variacionistas já

realizados em Pernambuco e, ainda, apresentar a proposta para a criação do Atlas

Linguístico do Estado como tese de Doutorado, cujas pesquisas já estão em

andamento, numa amostra de 22 pontos de inquérito, escolhidos a partir da

influência história e localização geográfica, sustentada pelo seu desenvolvimento

socioeconômico e cultural. Os resultados encontrados apresentam variações

fonéticas, lexicais e morfossintáticas. Espera-se que, ao final da pesquisa, seja

organizado um banco de dados necessários para entender um pouco mais da

heterogeneidade do Português Brasileiro e inspirar novos trabalhos tanto na linha

sociolinguística, quanto à luz da dialetologia.

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NAS ENTRELINHAS DA SEMIÓTICA: OS DISCURSOS

CONSTRUÍDOS NA MODA

Eduardo Manoel Barros Oracio (UFRPE)

Com os avanços das mídias e com a consolidação de novas tecnologias, o século XX

passou por mudanças significativas que influenciaram a alteração de valores sociais.

Inserida nesse novo cenário, a Moda criou novas formas de manifestações

inovadoras que determinaram e afirmaram a sua importância enquanto segmento

cultural e econômico. Ao apropriar-se dos discursos fundadores do mundo moderno,

a Moda passou a instigar o consumo de imagens, modelos diferenciados de corpos e

estilos de vida numa crescente ressemantização do tempo, do espaço e do próprio

sujeito. Seguindo o aparato teórico e metodológico da semiótica greimasiana e de

importantes autores que seguem essa linha, nosso trabalho busca entender os

procedimentos que fizeram com que o corpo fosse utilizado como objeto de

significação da Moda, a exemplo dos editoriais de moda aqui analisados, que

consideram o corpo como um grande gerador e veiculador de significação, por meio,

inclusive, da comunicação com a qual a Moda que o reveste. Para atingir tal intento,

serão analisadas as imagens construídas nos editoriais da Vogue USA, nas fotos

produzidas por Annie Leibovitz, que se inspiram, por meio da intertextualidade, em

alguns clássicos da literatura universal. Reconhecendo a pertinência da dimensão

histórica para a análise do discurso, e também como objeto de significação das

relações entre formações sócio-ideológicas e formações discursivas, propõe-se, neste

trabalho, conciliar as duas áreas, Moda e Literatura, baseando-se em estudos

veiculados à enunciação, respaldados no que se denomina, em semiótica, percurso

gerativo de sentido. Após a determinação dos elementos da oposição semântica em

que se funda o discurso, verificaremos como eles são revestidos nos sujeitos, objetos

e valores que transitam no nível das estruturas narrativas e, por fim, determinaremos

as figuras, os temas e as relações intertextuais estabelecidas no nível discursivo. Por

fim, recorreremos à textualização do visual para identificar traços de reiteração do

discurso no texto.

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O CARÁTER (RE)CRIADOR EM O EMBONDEIRO QUE

SONHAVA PÁSSAROS, DE MIA COUTO.

Erick Camilo da Silva Gouveia (UPE)

O presente trabalho faz uma análise do conto O embondeiro que sonhava pássaros,

de Mia Couto, buscando demonstrar na escritura deste autor o trabalho de

interpretação do passado e (re)criação de mitos e lendas necessários para gerar raízes

que reflitam as peculiaridades de sujeitos responsáveis pela própria história,

contribuindo, assim, para a construção de uma identidade nacional em Moçambique.

Neste texto, percebemos aspectos transculturais que apontam para esta (re)criação

cultural, bem como características das literaturas pós-colonias, as quais trabalham,

principalmente, a interpretação do passado.

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FRASE: CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DO GÊNERO

Francilene Leite Cavalcante (UPE)

Sabendo-se que os gêneros são eventos textuais resultantes da coletividade social, os

mesmos contribuem para organizar as atividades comunicativas do cotidiano. Nos

dias atuais, não podemos desprezar a influência de modernas descobertas

tecnológicas, que têm levado ao surgimento de novos gêneros. Pesquisas

demonstram a variedade de gêneros textuais no uso na mídia impressa, que vão

desde aos gêneros mais retóricos aos mais informais e divertidos. Recorreremos, no

decorrer deste artigo, a Bakhtin, Marcuschi, Kock, Orlandi, entre outros a fim de

iluminar e embasar teoricamente, o gênero em estudo: ―Frases‖ (encontradas na

revista Veja, citadas por celebridades), que se adequa ao gênero textual de

entretenimento e apresenta, independente do sua extensão, caráter de texto, uma vez

que constitui uma unidade de sentido para a compreensão do leitor. Nessa

perspectiva, pretendemos esclarecer de que forma esse gênero se estabelece como

texto dentro de sua funcionalidade, identificando e caracterizando o gênero textual.

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O ETHOS DA ESCRITA FEMININA NO LIVRO NO TEMPO

FRÁGIL DAS HORAS, DE LUZILÁ GONÇALVES FERREIRA

Giovanna de Araújo Leite (UPE)

Este trabalho tem por objetivo geral relatar a construção da imagem da mulher no

romance "No tempo frágil das horas" da escritora pernambucana Luzilá Gonçalves

Ferreira utilizando os conceitos do Ethos na Análise do Discurso. Os objetivos

específicos são identificar como é o cenário enunciativo, o tom e o caráter abordado

no livro em torno das personagens Antônia Carneiro da Cunha e Maria Amália. A

problemática apontada neste estudo é como estas duas personagens são abordadas no

livro de Luzilá Gonçalves? Utilizou-se como metodologia, a análise de discurso

pragmática de Maingueneau (1993; 2001) para verificar como é o ethos das

personagens presentes na obra.

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QUANDO EU ERA PEQUENA, DE ADÉLIA PRADO:

BIOGRAFIA X AUTOBIOGRAFIA?

Jocilene Pereira Lima (UFPB)

Este trabalho é resultado de discussões da disciplina Gêneros híbridos na

construção da história da literatura: cartas, memórias, biografias, autobiografias,

diários e fotografias ministrada pela Professora Drª. Socorro de Fátima Pacífico

Barbosa. O tópico que escolhemos versa sobre a escrita do ―eu‖ como fronteira entre

a trajetória da vida e da literatura, especificamente elegemos a literatura infantil,

com o livro Quando eu era pequena de Adélia Prado. O livro infantil Quando eu era

pequena relata a história de uma menina chamada Carmela, essa também poderia ser

chamada como ―Melona‖ ou ―Melanita‖ para os familiares. Essa garota conta

histórias que aconteceram no passado, como a casa em que morou com os pais, o

irmão (Alberto) e o avô, os brinquedos feitos de ferro pelo pai, o gostar da poesia,

dentre outros fatos narrados com bastante esmero no livro. O livro encanta leitores

de todas as idades, porque envolve assuntos da vida particular e da vida social. As

ilustrações de Elisabeth Teixeira chamam a atenção do público infantil, porque

mostra a história de Carmela sob o prisma do colorido. Esta escolha deu-se pelos

questionamentos feitos em sala de aula. A categoria de estudo insere-se nos

questionamentos entre biografia e a autobiografia. Para fundamentar as discussões,

escolhemos autores que refletem sobre a história cultural. Portanto, destacamos:

BOURDIEU (2006), CANDIDO (1987), FOUCAULT (1992), LEJEUNE (2008),

como também fizemos pesquisas acerca da vida de Adélia Prado na rede e

encontramos entrevistas relevantes para essa análise. Desta forma, pretendemos

discutir neste trabalho dois campos que se entrecruzam na obra citada – biografia x

autobiografia.

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HIBRIDISMO IDENTITÁRIO E RESISTÊNCIA CULTURAL

EM O EX-FUTURO PADRE E SUA PRÉ-VIÚVA, DE MIA

COUTO

José Aldo Ribeiro da Silva (UPE)

Em O ex-futuro padre e sua pré-viúva (narrativa de Mia Couto publicada no livro

―Cada homem é uma raça‖, editado pela primeira vez em 1990) nos deparamos com

personagens divididas entre as crenças oriundas da tradição oral e os saberes

inerentes à modernidade que aos poucos vêm ganhando espaço em Moçambique.

Tal comportamento das personagens nos permite entrever a pluralidade que assinala

os processos de identificação cultural, pois as identidades não permanecem

imutáveis diante dos múltiplos contatos entre as culturas. Desse modo, buscamos

por intermédio da análise da referida narrativa, refletir sobre o hibridismo que

caracteriza os processos de identificação cultural, tendo em vista a transitoriedade

que faz com que hoje as identidades sejam plurais.

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ETHOS, ESTILO E AUTORIA NOS SONETOS MEDIÚNICOS

DE FLORBELA ESPANCA

José Antonio Ferreira da Silva (ISEP)

Através da abordagem discursiva do fenômeno literário e das concepções sobre

ethos e cena de enunciação de Dominique Maingueneau, pretendemos estudar a

construção do ethos como marca de estilo e de configuração autoral dos sonetos

mediúnicos de Florbela Espanca, comparando-os com sonetos escritos em vida pela

autora, nos quais procuramos verificar a existência ou não de correspondência

estilística entre os mesmos. Para tanto, utilizamo-nos também da abordagem sobre o

estilo nos textos de Norma Discini. Concordando com a autora ao entendermos que,

se o estilo é ethos, isto é, um conjunto de traços psicológicos construído como

simulacro nos textos; e se a voz do sujeito é vista como constitutivamente

responsiva ao outro, podemos prosseguir nas investigações e constatar que um estilo

pode imitar outro, ou assemelha-se a tal ponto, que constitua uma real

correspondência de estilos.

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PRÁTICAS DISCURSIVAS SOBRE A LEITURA -

COMO SE LÊ: A VISÃO DOCENTE.

Keila Gabryelle Leal Aragão (UFPB)

Este artigo se insere no Projeto Práticas Escolares de Leitura e Discursos sobre a

Leitura e pretende investigar a concepção de leitura do professor e como ele

desenvolve as atividades de leitura em sala de aula. Partimos do pressuposto,

seguindo Sousa (2008, p. 4) de que o docente é um leitor que assume o papel de

mediador da leitura. Cabe ressaltar que não pretendemos abarcar, muito menos

esgotar, esse assunto em um artigo, mas buscamos analisar qual a concepção de

leitura e leitor e como os professores trabalham com a leitura em sala de aula. Do

ponto de vista metodológico, o trabalho de campo se caracterizou pela realização de

entrevistas com docentes e pela transcrição dessas entrevistas para a criação de um

banco de dados. Do ponto de vista da análise dos dados, nos amparamos nos estudos

desenvolvidos por Kleiman (1993), Lajolo (1993), Manacorda (2002), Silveira

(1988) e Sousa (2008, 2009). A partir dos dados, percebemos que o professor

mantém uma concepção limitada sobre o aluno-leitor e, contraditoriamente,

permanece desenvolvendo atividades que contribuem para limitar a atividade leitora

do aluno.

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O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA MEDIADO PELA

TECNOLOGIA: SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O ENSINO

MÉDIO

Layanne Roberta de Araujo Silva (UFRPE)

Propomos neste trabalho, tratar do ensino de língua estrangeira (LE) através do uso

da tecnologia, com o intuito de discutir as contribuições desta prática para a

formação dos estudantes do ensino médio. Para tanto, partimos da idéia que cabe ao

professor promover a mediação da interação aluno-computador (SANTANA, 2007),

e que o aluno deve interagir com falantes nativos para que o contato com a segunda

língua (L2) seja estabelecido. Através da interação, o aluno poderá por em prática o

que aprendeu nas aulas, possibilitando uma maior eficácia no ensino. Assim, a

assimilação se dá de forma rápida no processo de aprendizagem, pois os alunos

demonstram um maior interesse no aprendizado da L2. A aproximação intermediada

pelo computador é defendida por vários teóricos entre eles temos Leffa (2006) que

afirma que o computador não substitui o professor, mas é uma ferramenta auxiliar

em seu trabalho como o quadro, livro didático entre outros. Tomamos como base de

dados, os estudos realizados na escola Dom João da Mata Amaral situada no

município de Garanhuns/PE.

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AULA DE PORTUGUÊS: UM TEMA EM TRÊS GÊNEROS

Lígia Rocha Silveira (UFPE)

Fruto de uma oficina pedagógica realizada na UFPE para professores das redes

pública e privada e demais interessados, o objetivo central do projeto é, partindo da

temática ―aula de Português‖, provocar reflexões sobre as diferentes práticas do

saber docente no ensino de língua portuguesa, a partir de sugestões de novas

metodologias de trabalho com os gêneros tirinha, crônica e poema. Fundamentou-se,

para isso, em Mendonça (2003), Moisés (1997) e Abaurre e Abaurre (2007)

respectivamente. Nas atividades realizadas, a linguagem foi tomada como forma de

interação e a língua como instrumento de ação social (GERALDI, 1997). A fim de

desenvolver as competências de leitura, produção textual e análise linguística,

tomou-se, entre outros, Marcuschi B. e Leal (2008); para o trabalho com os gêneros,

adotou-se, entre outros, Marcuschi (2008), Miller (2009) e Bazerman (2006). Com

este projeto, oportunizou-se transformar as teorias preconizadas em práticas efetivas.

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IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DE IDENTIDADES SOCIAIS

EM GÊNEROS IMAGÉTICOS INSERIDOS EM LIVROS

DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA

Lílian Noemia Torres de Melo (UFPE)

Partindo-se das considerações do guia de Livros Didáticos – PNLD 2010, acerca do

trabalho com o livro didático de Língua Portuguesa, no qual ―deve colaborar para a

construção de valores e atitudes compatíveis, quando questões éticas envolvidas em

textos e ilustrações forem pertinentes e oportunas para a discussão e a reflexão dos

alunos‖ (p.173), objetivamos analisar em gêneros imagéticos inseridos em livros

didáticos de Língua Portuguesa se há um trabalho direcionado para as identidades

sociais dos diversos atores que são representados nesses gêneros, como também,

intencionamos discutir sobre a importância desse trabalho em tais obras didáticas.

Como os gêneros textuais charge e tira em quadrinhos ou tirinha tratam de temas do

cotidiano, unem a linguagem verbal e não-verbal e trazem características relevantes

para a construção de identidades sociais, os selecionamos para serem objeto de nossa

análise. Os textos de Coracini (1999) e Souza (1999), em relação a livros didáticos;

Marcuschi (2005)e Miller (2009), no tocante a gêneros textuais; Van Dijk (2008), à

Análise Crítica do discurso; Moita Lopes (2003), Castells (2002), Signori (1998),

dentre outros, no que se refere à noção de identidade; Mendonça (2010), a tirinhas; e

Souza (2008), a charges, serviram de aporte teórico para embasar o trabalho. Para

atingirmos os propósitos elencados, o corpus selecionado para análise delimitou-se à

coleção de livros didáticos do Ensino Fundamental 2: Linguagem: criação e

interação – autoras: Souza & Cavéquia, 2005. Como alguns resultados, certificamos

que os livros didáticos de Língua Portuguesa analisados trazem tirinhas e charges

que, muitas vezes, anunciam identidades sociais presentes em nossa sociedade, mas

não as tomam como objeto de reflexão. Se houvesse nessas obras trabalhos que

despertassem uma discussão sobre essas identidades, haveria, possivelmente, uma

contribuição para a formação de um aluno mais crítico e capaz de agir em sociedade.

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POSSIBILIDADES EDUCATIVAS DOS GÊNEROS DIGITAIS:

CONSTRUINDO CONHECIMENTOS ATRAVÉS DE BLOGS

Lindinalva Maria da Silva (UPE)

Perla Daniquelle de Oliveira (UPE)

A presente pesquisa visa discutir as alterações ocorridas, nos últimos anos, nas

práticas de leitura, compreensão e produção textual decorrentes da utilização dos

gêneros virtuais, tendo o blog como enfoque, vislumbrando suas contribuições nos

processos educativos, visto que esse se configura como instrumento que

potencialmente estimula o indivíduo a ler e escrever com mais assiduidade.

Adicionalmente, constitui nossa análise um corpus de 10 blogs educacionais, nos

quais se observa as contribuições à prática docente, bem como se avalia as

atividades pedagógicas desenvolvidas com a língua portuguesa. Os resultados

mostram que o potencial educativo do blog não está sendo bem esquadrinhado nos

livros didáticos analisados, pois esses fazem apenas uma referência superficial

acerca deste gênero emergente. Diferentemente, os blogs educacionais verificados se

apresentam como instrumentos eficazes ao desenvolvimento do labor com a leitura e

escrita no ambiente escolar.

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SOBRE O PROBLEMA DA LINGUAGEM E A LINGUAGEM

DO PROBLEMA: UMA LEITURA BENJAMINIANA DE A

INVENÇÃO DE MOREL

Mahely Barros (UFPE)

‗A invenção de Morel‘, texto de Adolfo Bioy Casares qualificada por Borges como

uma perfeita obra-prima, traz à luz aspectos da obra de arte na era da reprodução e

da técnica – tema do famoso ensaio de Walter Benjamin. Neste clássico que

apresenta elementos do romance policial, um fugitivo está preso numa ilha em que

imagens produzidas por uma máquina superpõem-se à realidade de modo que o

protagonista não percebe prontamente fazer parte de uma ficção produzida pela

técnica. Apaixonando-se por uma das projeções que vivem neste lugar fantástico, ele

decide reproduzir a si mesmo a fim de adentrar neste sistema de signos. Mas assim

que realiza tal façanha, sua alma passa para a imagem criada e sua existência não

será mais possível. Neste trabalho, teceremos relações entre a perda da ‗alma‘ e da

‗aura‘, a reprodução da obra de arte e a intervenção do espectador que a atualiza em

outros contextos espaciais e temporais. Assim, destacaremos o problema de uma

nova linguagem criada pela técnica, ao mesmo tempo em que esta técnica nos faz

questionar a própria essência do objeto artístico.

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ANÁLISE DAS PRIMEIRAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

DO BRASIL

Maria Clara Catanho Cavalcanti (UFPE)

Esta pesquisa pretende investigar histórias em quadrinhos, de autoria de Ângelo

Agostini, veiculadas na segunda metade do século XIX, contextualizando-as ao seu

momento sócio-histórico-cultural. Para tanto, a concepção de gênero oriunda dos

escritos bakhtinianos foi fundamental, assim como as considerações da Sócio

Retórica, mais especificamente as ideias de Charles Bazerman (1994; 2006; 2007) e

Carolyn Miller (1984; 1994; 2008). Esses trabalhos, aliados aos de Marcuschi

(2002; 2008), também contribuíram para a reflexão sobre evolução de gêneros.

Consideramos, ainda as teorias multimodais, baseando-nos principalmente em

Norris, 2004, 2005 e 2008; Jones, 2005, 2008; Jewitt, 2008 e Bernhardt, 2004.

Nosso objeto de estudo foram duas histórias de Ângelo Agostini, Nhô-Quim e Zé

Caipora, às quais tivemos acesso através de uma publicação da Editora Senado

comemorativa aos quinhentos anos do Brasil.

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RELATO DE EXPERIÊNCIA

Márcia Vandineide Cavalcante (UPE)

O presente texto relata uma experiência do ensino de Língua Portuguesa em Timor-

Leste, através do lúdico, para isto é importante revermos um pouco da história desse

país e de como transcorreu a importância dessa Língua do decorrer nos três períodos

históricos que marcaram e constituem a história daquele país: o Período da

Colonização Portuguesa, a época do Domínio Indonésio e o tempo atual, pós-

independência. Após análise da presença da Língua Portuguesa ao longo da história

em Timor-Leste, descreveremos o desenvolvimento de uma experiência de ensino

do Português para timorenses, professores de Educação Infantil, na qual a ludicidade

teve um papel fundamental para que o trabalho pudesse ser realizado, constrastando

assim o habitual Ensino de Língua Portuguesa ao longo da história naquele país.

Outro aspecto importante explorado durante esse trabalho foi a utilização de uma

metodologia que abrisse um diálogo entre a Língua Portuguesa e a Língua Tétun,

língua co-oficial no país.

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O CANTO DE OS LUSÍADAS ATRAVESSA O PRIMEIRO

MAR, DE ANA MARIA MACHADO

Maria José C. de Andrade (UPE)

A presente comunicação tem como objetivo associar alguns versos de Os Lusíadas

ao poema ―Primeiro mar‖, de Ana Maria Machado. A proposta aborda elementos

presentes nos dois textos e que mantém relações significativas no campo semântico,

lexical e interpretativo. A imitação do antigo através da inspiração e da imaginação

concede ao poema contemporâneo um resgate a determinadas passagens de Os

Lusíadas, obra criada com engenho e arte por Camões. A presença do clássico na

poesia contemporânea facilita a aprendizagem dos alunos da 1º série do ensino

médio, pois, leva-os a refletirem sobre o diálogo entre os textos, compreendendo que

a literatura tem a função de fazer com que os leitores se apropriem de dados

relevantes à compreensão global, buscando, na própria história, respaldo para a

correlação de expressão verbal através do belo, do fantástico e do verdadeiro.

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O ESTUDO DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NA EDUCAÇÃO

DE JOVENS E ADULTOS

Naila Lins da Silva (UFPE)

A pesquisa teve como principal objetivo analisar a abordagem utilizada e a

intervenção feita por uma professora que atua na 3º fase do Ensino Fundamental da

Educação de Jovens e Adultos (EJA) de uma escola da rede municipal de ensino da

cidade de Maceió, no que concerne ao trabalho em sala de aula com possíveis casos

de variação linguística. Para tanto, utilizamos na metodologia os instrumentos da

observação sistemática, entrevista semi-estruturada, registro escrito em diário de

bordo, bem como a gravação em áudio MP3. Para fundamentar a pesquisa, tomamos

por base os estudos desenvolvidos, principalmente, por Bortoni-Ricardo (2001,

2004), Bagno (2003, 2004) e Labov (2008). Durante o processo de coleta de dados,

utilizamos a estratégia do plano de aula com uma história em quadrinho de Chico

Bento, que foi desenvolvido pela professora. Na revisão bibliográfica lançamos mão

de estudos realizados na interface sociolingüística/educação. Os resultados apontam

que, durante o trabalho com os casos de variação lingüística em sala de aula como,

por exemplo, o rotacismo e a assimilação, a professora baseou-se muito mais na

gramática normativa do que nas orientações da sociolingüística, propondo atividades

de reescrever os textos (orais e escritos) do ―errado para o certo‖ sem a discussão

dos aspectos sócio-históricos, ideológicos e comunicativos que permeiam a língua

em seus diversos usos contextuais. Em suma, acreditamos que entender os sujeitos e

a si próprio enquanto educador é o primeiro passo para o professor desenvolver sua

prática pedagógica de ensino-aprendizagem, objetivando conscientização e

promoção da cidadania, contribuindo, por um lado, para combater o preconceito que

não é linguístico e sim social e, por outro, para uma melhor prática de ensino em

relação aos fenômenos de variação linguística na EJA.

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A TEORIA DO DÉFICIT LINGUÍSTICO E A TEORIA

VARIACIONAL: UM ESTUDO DE CASO EM ESCOLAS

PÚBLICAS E PARTICULARES DO RECIFE

Onilma Freire dos Santos (UFPE)

Ao observar a língua em uso em suas diferentes modalidades (oral e escrita),

percebemos que uma análise social é urgente para compreender alguns conceitos

teóricos da Linguística. Desse modo, elaboramos um estudo de caso em escolas do

âmbito público e privado para identificar e confrontar paradigmas de duas teorias em

particular: A teoria do déficit linguístico (Bernstein) e a teoria variacional (Labov)

em contextos reais. O objetivo deste estudo é confrontar as duas perspectivas

teóricas, identificando e pontuando seus principais pressupostos, a partir da análise

de textos orais e escritos produzidos por alunos de diferentes contextos sociais.

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O ARQUÉTIPO DA SOMBRA NA IMAGEM DE LORD

VOLDEMORT EM HARRY POTTER E A PEDRA FILOSOFAL,

DE J. K. ROWLING

Rafael Francisco Braz (UEPB)

Harry Potter e a Pedra Filosofal não é um simples conto de fada moderno, embora

conserve o modelo dos contos de fadas tradicionais, como a utilização do

imaginário, através dos seres mitológicos, fantásticos e objetos mágicos. O objetivo

deste artigo é analisar a imagem psicológica da Sombra na personagem de Lord

Voldemort em Harry Potter e a pedra Filosofal, de J. K. Rowling. Para tanto,

fundamentamos nosso trabalho em Grimberg (1997), Jung (2002), Sanford (1988) e

Kronzek (2003). A análise nos mostra que a Sombra corresponde ao lado escuro,

instintual, inferior e primitivo da personalidade do indivíduo e Voldemort para

Harry Potter é a sombra que pode tornar-se um bom inimigo, aquele que desperta em

Harry Potter o seu lado obscuro.

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A INFLUÊNCIA DO PROFESSOR NA FORMAÇÃO DO

ALUNO-LEITOR DO TEXTO LITERÁRIO

Raquel Monteiro da Silva Freitas (UFPB)

Esta comunicação, intitulada A influência do professor na formação do aluno-leitor

do texto literário, visa apresentar algumas reflexões acerca das influências que o

professor exerce sobre a formação leitora do aluno, no âmbito escolar. As modernas

teorias acerca da aprendizagem já reconhecem que o aluno chega à escola letrada, no

entanto, é a escola o lugar onde ele terá um contato maior com a leitura,

especificamente, a literária. Acreditamos que o professor, dependendo do modo

como apresenta a leitura, influenciará ou não seu aluno na formação leitora. O

interesse pela execução desse trabalho partiu de um trabalho monográfico e da

participação na pesquisa Práticas Escolares de Leitura e Discursos sobre a Leitura,

coordenado pela prof. Dra. Maria Ester Vieira de Sousa. A partir dessa pesquisa,

selecionamos o corpus a ser analisado. Para o aporte teórico, estudamos autores

como Certeau (1994), Lajolo (2008), Zilberman & Lajolo (1996), Sousa (2002,

2008, 2009, 2010), cujas concepções de leitura são vistas como práticas sociais, que

circulam em espaços diferentes. Sendo assim, seria impossível dizer algo sobre a

leitura que não estivesse contextualizado com a época, os costumes, os hábitos de

uma sociedade. Neste trabalho, traremos alguns depoimentos de professores e alunos

acerca da leitura, analisaremos suas opiniões e concepções sobre a leitura, buscando

investigar as influências na formação leitora do discente. Percebemos que os alunos

são leitores, gostam de ler, no entanto, quando tratamos do texto literário, eles ainda

têm resistências em relação a essas leituras, pois acreditam ser difícil fazê-las. Os

professores, por sua vez, ainda não consideram o aluno como leitor, pois acreditam

na leitura apenas como a do texto literário, não considerando outros tipos existentes.

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A CRÍTICA LITERÁRIA E O DISCURSO DO NEGRO NA

LITERATURA DO SÉCULO XIX.

Raul Azevedo de Andrade Ferreira (UFPE)

Sendo as formações discursivas as instâncias responsáveis pela estruturação daquilo

que passa a ser tomado como possível dentro da realidade, este trabalho analisa

como as elaborações discursivas da crítica literária da chamada geração de 1870 se

utilizou de uma terminologia clínica a fim de formular um conceito de literatura que

interditava a participação de negros e mestiços dentro do domínio das letras e das

artes. Ele analisa também como a literatura de Cruz e Sousa pode ser entendida

como uma resposta à questão do veto artístico colocado por tal crítica; resposta esta

que postula uma afirmativa desestabilizadora da visão de mundo positivista.

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CENTRALIDADE DA LEITURA E ESCRITA NO ORKUT:

PERCEPÇÃO DE ALUNOS E PROFESSORES E

POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS

Renato Lira Pimentel (UPE)

O site de relacionamentos Orkut, tanto por sua popularidade como pelo estigma que

sofre, apresenta-se como um excelente objeto de estudo dentro da perspectiva aqui

apontada. Considerando estudos preliminares que dão conta das possibilidades de

uso do Orkut como ferramenta pedagógica, torna-se necessário também perceber

qual a visão dos alunos e professores sobre o assunto. A partir de concepções de

leitura e escrita baseadas principalmente nos estudos de linguística do texto,

buscamos, neste trabalho, investigar como os professores do ensino fundamental e

médio do interior de Pernambuco avaliam as possibilidades didático-pedagógicas de

uso dos gêneros do Orkut, além de procurar descrever a importância dos processos

de leitura e escrita para a interação em ambiente virtual segundo a percepção dos

estudantes do ensino fundamental. A metodologia consistiu na aplicação de

questionários a 55 professores, todos cursando Especialização em Ensino de Língua

Portuguesa, como também aplicação de questionários a 50 alunos da 7ª e 8ª séries de

uma escola no município de Garanhuns. O questionário aplicado foi composto de

questões que trataram desde a experiência dos professores e alunos com a internet

até a opinião deles a respeito das práticas de leitura e escrita no Orkut. Os resultados

apontam para a forte presença dos gêneros virtuais na vida desses jovens, cujo

letramento nas novas tecnologias começa desde cedo. Através do Orkut, os

estudantes têm contato com gêneros diversos, além de utilizar essencialmente a

leitura e a escrita para interação no ambiente virtual. Nota-se também que, embora

professores e pais reclamem que os adolescentes não gostam de ler, eles leem, sim,

mas não o que a escola determina ou gostaria que lessem. Os resultados indicam que

a maioria dos professores classifica entre razoáveis e excelentes as possibilidades de

uso didático dos gêneros do Orkut no que diz respeito a contribuir para o ensino de

Língua Materna e no processo de letramento escolar. Nesse sentido, percebe-se que

aos poucos os professores estão ficando mais inteirados em relação às tecnologias

digitais, e está a cada dia mais abertos à aceitação de sites ―não educativos‖, como o

Orkut, em atividades ligadas ao ensino.

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A LINGUAGEM PROIBIDA NA ESCOLA

Roberta Pereira de Novaes Sampaio (UPE)

A presente comunicação visa à exposição do trabalho de pesquisa realizado como

iniciação científica, intitulado A Linguagem Proibida na Escola. Tomando por base

a Sociolinguística, especificamente os estudos de Dino Preti sobre a linguagem

proibida. Temos por objeto de análise o uso do palavrão (calão) na Escola Municipal

Santo Antônio na Ilha do Massangano, Petrolina – PE. Em se tratando a ilha de um

espaço de certo modo isolado e com características sociológicas e culturais

específicas, evidenciam-se alguns comportamentos sociolinguísticos relevantes a

esse estudo. O objetivo principal da pesquisa é analisar o uso do palavrão na fala dos

alunos bem como o aspecto da aceitabilidade por parte dos professores que, diga-se

de passagem, não são moradores da ilha. Em termos parcialmente conclusivos,

consideramos que tal comportamento por parte das crianças e adolescentes ilhéus

dar-se em virtude do comportamento social relativo à infância e adolescência no

espaço da Ilha do Massangano.

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LETRAMENTO ENQUANTO PRÁTICA SOCIAL E

LETRAMENTO ESCOLAR

Rosa Maria de Souza Leal (UFPE)

Este artigo discute questões referentes ao letramento social e ao letramento escolar

no contexto das concepções de linguagem enquanto código e como prática social e

as implicações no ensino de língua portuguesa de acordo com a concepção de

linguagem que se adota na escola. Essa discussão está embasada em diversos

teóricos que tratam dessa temática e, em especial Ângela Kleiman, Marcuschi e

Magda Soares. O letramento se constituiu em um capítulo da dissertação de

mestrado, que teve como tema ―A abordagem didática da leitura no ensino

fundamental‖, por envolver atividades de ensino de leitura e escrita, atividades estas

que se relacionavam com a temática da dissertação, por isso procurou-se identificar

se esse ensino favorecia ou não uma aprendizagem de leitura que propiciasse aos

alunos um maior acesso às práticas sociais de leitura e de escrita. Buscou-se

verificar também se o processo de ensino-aprendizagem de língua portuguesa

proporcionava o desenvolvimento de habilidades capazes de formar pessoas

letradas. Pois letrar é mais do que aprender a ler e escrever.

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A AQUISIÇÃO DA ESCRITA E O DESENVOLVIMENTO DA

CONSCIÊNCIA METALINGÜÍSTICA

Rossana Regina Guimarães Ramos Henz (UPE)

A presente comunicação visa à apresentação de pesquisa realizada a respeito da

escrita de alunos do 5º ano do Ensino Fundamental I, da Escola Municipal Santo

Antonio na Ilha do Massangano – Petrolina, PE, no que se refere à ativação da

consciência metalingüística como recurso para os avanços no processo de aquisição

do conhecimento da escrita ortográfica. A pesquisa faz parte das ações aplicadas em

projeto de extensão intitulado Alfabetização e Letramento nas águas do São

Francisco que tem como metodologia para as aulas de reforço a aplicação de jogos

de escrita e leitura como os referidos alunos, tendo em vista a defasagem que todos

apresentam em relação à escrita ortográfica, levando em conta o tempo de

escolarização e a prática diária da escrita na escola. Tomamos como base teórica os

princípios da Psicolinguística com KATO (2005), da Psicogênese da Escrita e da

Leitura em FERREIRO & TEBEROSKY (1986), bem como as bases didáticas da

alfabetização discutidas por CAGLIARI (2003) e MALUF (2003). Os resultados

parciais da pesquisa apontam para questões de alfabetização provocadas pelos

métodos sintéticos e analíticos, que se cristalizam e se estabelecem na escrita dos

alunos, evidenciando os erros passivos e os problemas de ortografia. A metodologia

aplicada localiza-se na pesquisa-ação em que os dados são levantados

simultaneamente às intervenções dos extensionistas-pesquisadores.

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AUTOR-PERSONAGEM: RECRIAÇÃO DO EU NO

UNIVERSO VIRTUAL

Ruty Elane Bezerra de Menezes (FAFICA)

Os suportes textuais da web cresceram bastante nas últimas décadas, possibilitando a

inúmeros amadores a publicação do que lhes parece interessante escrever. Muitos

escrevem sobre a própria vida e é desses que nos propomos tratar no presente

trabalho. Tomando por delimitação textos publicados em diários virtuais, mais

especificamente aqueles de caráter pessoal/confessional, em que pessoas costumam

apresentar desde acontecimentos ocasionais até relatos de suas vivências cotidianas,

deparamo-nos com o seguinte questionamento: Tais textos representam algo que

corresponderia à realidade do sujeito ou uma criação ficcional de si? Assim, buscar-

se-á discutir a relação entre o sujeito autor de textos autobiográficos, sua obra, e

quem termina por aparecer publicamente quando as produções tornam-se acessíveis

através do suporte virtual Blog. O presente trabalho pauta-se na importância de

estudos que venham analisar a intersecção do campo das mídias e das linguagens,

sobretudo as usadas pelos sujeitos não apenas numa posição receptiva, mas

interativa, visto que constituem um aspecto ainda novo, mas, pelo que se mostra, de

significativa relevância social e alcance público. Tomar-se-á como referência

trabalhos de autores que dialogam com as diferentes construções de subjetividades,

como os desenvolvidos por Paula Sibilia [2008], Stuart Hall [2006] e outros.

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BRINCANDO DE SER FELIZ: TONY MORRISON,

CONCEIÇÃO EVARISTO E A REINVENÇÃO DO MUNDO

Sueli Meira Liebig (UEPB)

As autoras negras, pela tripla discriminação da sociedade, a saber, de gênero, raça e

classe social, conduzem os seus escritos quase que invariavelmente por duas

vertentes bem distintas. Há as que contestam e criticam o status que através da

criação de personagens que falam e lutam pelos seus direitos civis enquanto cidadãs,

mas também há outras que propositalmente transmutam a sua indignação em

insanidade, onde através da fantasia suas narradoras tornam-se visíveis e aceitas por

se acreditarem brancas, bem sucedidas e, portanto poderosas. Neste jogo de faz-de-

conta inserem-se duas heroínas que chamam a atenção por brincarem, por assim

dizer, de serem felizes: Pecola Breedlove, de Morrison, e Duzu Querença, de

Evaristo. O presente trabalho se propõe a analisar, num enfoque comparatista, o

comportamento dessas personagens em meio à virulência da engrenagem social.

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GÊNERO TEXTUAL NO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA

INGLESA

Tiago Lessas José de Almeida (UFPE)

A Linguística Textual nos impulsiona diante de uma nova visão paradigmática de

ensino-aprendizagem de línguas, na qual as situações comunicativas e condições de

produção não sejam artificiais, mas próprias de contextos reais. Seguindo essa

diretriz, os PCN criterizam através de textos uma metodologia pautada nas práticas

discusivas-interacionistas. Este artigo tem como objetivo investigar de que modo os

gêneros textuais são trabalhados no livro didático de língua inglesa Globetrekker –

inglês para o ensino médio, adotado pelas Escolas Estaduais de Pernambuco.

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NO CONTINUM FALA/ESCRITA, A CARTA DO LEITOR

Valfrido da Silva Nunes (PPGLL-UFAL / IFPE - Campus Garanhuns)

O presente artigo discute traços da oralidade no gênero textual Carta do Leitor e tem

por finalidade evidenciar que, embora se trate de um gênero escrito, é possível situá-

lo no continuum tipológico dos gêneros textuais, ratificando o posicionamento de

que fala e escrita, de algum modo, são bastante híbridas. Descartando uma visão

dicotômica dessas modalidades linguísticas, a análise parte de um exemplar

autêntico do gênero, colhido da secção Opinião do Jornal do Commercio de

Pernambuco. O procedimento metodológico é do tipo qualitativo, em que se faz uma

análise interpretativa do gênero, identificando a presença da repetição de frases

feitas, as quais são típicas da conversação espontânea do cotidiano. O referencial

teórico-epistemológico assenta-se na Linguística do Texto e do Discurso e mais

especificamente na Análise de Gêneros, a partir dos estudos de Bakhtin (2003;

2009), Marcuschi (2003; 2007a; 2007b; 2008; 2009), Koch (2009), Melo (1999),

Matias (2009), dentre outros. Assim, partindo de uma concepção dialógica da língua,

espera-se clarificar as relações fala/escrita neste gênero, com o intuito de contribuir

para possíveis aplicações no ensino-aprendizagem da língua portuguesa.

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A DIFERENÇA LINGUÍSTICA PRONUNCIADA PELA MULHER NA

REPRODUÇÃO DA DESIGUALDADE DE GÊNERO

Vanessa Cavalcanti (UPE)

Sabendo-se que existe um processo histórico que alimentou a discriminação,

estimulando diuturnamente a separação e inferiorização da mulher; em todos os

canais de comunicação social, como a mídia falada e escrita, as músicas, piadas,

novelas, filmes, histórias, educação, filosofia, religião, ciência e o mais sutil, porém,

mais eficaz de todos eles: a linguagem, propõe-se a analisar o discurso pronunciado

pelas mulheres acerca da atual situação da presença feminina nos espaços de poder,

investigando o preconceito existente na insistência em chamar Dilma Rousseff de

presidente ao invés de presidenta, e de vários outros vocábulos e formas de falar que

evidenciam a cultura machista incutida na linguagem feminina que aceita o lugar de

ser inferior e não apóia aquelas que alcançaram a tão almejada igualdade,

dificultando sobremaneira, essas conquistas.A gramática não é uma barreira sexista

além da qual o pensamento feminista não pode seguir sem um trabalho de

linguagem, tendo-se em vista que, a utilização genérica de homem tem uma origem

que pode ser correlacionada com o fato histórico da crescente dominação pelos

homens do discurso público e impresso. Nesse diapasão, observa-se que a própria

presidenta da República exigiu ser chamada de PRESIDENTA, demonstrando sua

percepção acerca dessa perspectiva, sendo todavia, deliberadamente chamada pelos

principais jornais e revistas, além das emissoras de rádio e televisão de

PRESIDENTE, inclusive e principalmente pelas mulheres. Evidencia-se dessa

forma, que a gramática não é uma estrutura universal descoberta por gramáticos e

linguístas, e sim uma imposição intencional à linguagem de certo tipo de fala.

Afirma-se, portanto, que uma mudança gramatical não é espontânea, trata-se de

determinadas regras sistemáticas que são impostas a fala, regras estas, que podem ou

não ser seguidas. Entretanto, essa ordem imposta possui uma relação entre os

significados expressos numa linguagem ou família de linguagens de determinadas

instituições, tais como os sistemas de justiça, governo, religião e mídia.A linguagem

nada mais é do que um instrumento de difusão e representação que por muito tempo

propagou a cultura machista e patriarcal presente no discurso reprodutor da

desigualdade de gênero. Assim, tem-se como premissa propor a mudança consciente

desse discurso visando, tão somente, utilizar-se também dessa ferramenta lingüística

para empregar a transformação necessária visando finalmente conseguir o espaço

que já é da mulher por direito.Com essa atitude torna-se possível comprovar que no

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instante em que as fontes intencionais do uso da linguagem no discurso,

principalmente aquele pronunciado pelas próprias mulheres, são consideradas, é

plenamente possível uma lingüística diferente, na qual a igualdade de gênero em

todos os âmbitos imagináveis, é respeitada e utilizada a contento, permitindo, de

uma vez por todas, que a mulher seja aceita nos espaços de poder, sendo

reconhecida como sujeito que possui e utiliza eficazmente suas capacidades

findando absolutamente esse histórico de subjugação, violência e sofrimento.

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MST E NOÇÃO DE REFORMA AGRÁRIA: ANALISANDO

DISCURSOS

Vinícius Nicéas do Nascimento (UFPE)

O objetivo deste trabalho é investigar a conceitualização da noção de reforma

agrária no discurso do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Tomamos como aporte teórico a Análise Crítica do Discurso (ACD), em sua

vertente sociocognitiva (VAN DIJK, 2008) e a proposta de Lakoff (2007) sobre o

processo de mudança conceitual, o reframing. Para este estudo, observamos o

gênero notícia no domínio midiático do movimento social, o Jornal do MST, do ano

2007, no qual a noção de reforma agrária é conceitualizada a partir de referências a

questões de natureza econômica, política, ecológica e social, ocorrendo

modificações conceituais da noção em atenção ao avanço nas discussões. Com esta

análise, observamos como tal noção é construída discursivamente e quais as

implicações que essa construção apresenta para a investigação acerca de uma

(re)conceitualização.

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PANORAMA HISTÓRICO DA LITERATURA EM

GARANHUNS: DAS ORIGENS À DÉCADA DE 50

Wagner Marques Cordeiro (UPE)

Nosso trabalho trata de um resgate sobre as manifestações literárias da cidade de

Garanhuns – desde sua origem até as primeiras 5 décadas do século XX. Fazemos

um levantamento histórico acerca do surgimento da cidade e seus aspectos sócio-

políticos deste período. São postos alguns indicadores de como a arte literária

penetrou nos redutos familiares desta cidade, que até então se mostrava propensa a

um bom intercâmbio comercial. Apresentamos como surgiam os literatos e, com

eles, a imprensa, que acenava para uma sucessão de jornais, revistas, e outros, que

serviam de veículos para a publicação de poetas e escritores. Mostramos as

características gerais da Literatura predominante no tempo de então, onde

destacamos o nome de 4 poetas que consideramos expressarem uma poesia de valor

significativo. Traçamos breve perfil do escritor Luís Jardim. Elencamos uma relação

de suportes literários que revelaram grandes nomes das letras de Garanhuns,

contando com suas agremiações, que levaram esta cidade a se tornar um dos grandes

locus literários durante anos.

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CONSIDERAÇÕES SOBRE A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA

INGLESA MEDIADA PELA INTERNET E A FORMAÇÃO

IDENTITÁRIA DO ESTUDANTE DE LETRAS

Wellington Marinho de Lira (UFRPE)

Em decorrência dos efeitos da globalização promovidos pela internet, as escolas,

universidades e docentes estão gradativamente mudando seus modos de transmissão

de conhecimento para se adaptarem a uma nova realidade. Analisando esses fatos,

resolvemos fazer um estudo sobre a influência dos conteúdos interculturais

veiculados pela internet na formação identitária do aluno de Letras. Nesta primeira

fase estamos trabalhando apenas com os alunos de Letras da UFRPE/UAG na cidade

de Garanhuns mas pretendemos expandir este trabalho para outras regiões do estado.

Os resultados parciais nos apontam algumas surpresas nas análises feitas. Outros

dados entretanto, já eram por nós esperados. Pretendemos ao final da pesquisa,

traçar um perfil identitário do estudante de Letras em nosso Estado e verificar até

que ponto os conteúdos interculturais da internet contribuíram para o aprendizado da

língua inglesa e para a formação identitária deste aluno.

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OS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO E SUA RELAÇÃO COM OS

LIVROS DE LITERATURA ADOTADOS PARA O

VESTIBULAR

Ruth Ellen Rodrigues Dutra (UFPB)

Profa. Dra. Maria Ester Vieira de Sousa (UFPB)

Esta comunicação tem como objetivo relatar de que maneira os alunos do Ensino

Médio de escolas públicas e privadas de João Pessoa se relacionam com a leitura de

obras indicadas para o vestibular de universidades públicas. Para tanto, coletamos

um corpus, por meio de entrevista gravada, e procuramos discutir as seguintes

questões: se os alunos gostam de ler, se realizam as leituras das obras, como fazem

essas leituras, quais as opiniões a respeito do trabalho desenvolvido pelo professor

com essas obras. Tomamos como base para o desenvolvimento do projeto, os

estudos teóricos de Sousa (2000, 2005, 2009), Marisa Lajolo (2008), Mariza Lajolo

e Regina Zilberman (1996), Manacorda (2000), dentre outros. Constatamos que a

grande maioria dos alunos entrevistados não gosta dos livros de literatura indicados

no vestibular por terem uma linguagem antiga e de difícil compreensão. Esse déficit

de leitura nessa fase pode ser explicado, de acordo com os relatos, pelo pouco

contato com a leitura durante a infância. Procuramos discutir esses aspectos que

regem a prática da leitura, embasados no conceito de que a leitura liga os sujeitos

aos contextos históricos, sociais e culturais de cada época.

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RISO E SÁTIRA SOCIAL NA POESIA DE LUIZ GAMA

Herbert Nunes de Almeida Santos (UFAL)

O trabalho apresentará um estudo minucioso na literatura produzida por Luiz

Gonzaga Pinto da Gama no século XIX. O poeta foi uma das figuras de nossa

história que sempre apareceram, em suas mais diversas épocas, para figurarem os

mais embativos assuntos que envolviam, na maioria das vezes, aspectos que vão das

origens sociais e raciais às posições ideológicas. A publicação de sua Primeiras

trovas burlescas no século XIX, que era uma reunião de poemas líricos e de sátira

social e política, contribui consideravelmente nesse povoar e reconhecimento

literário. Poeta negro que, através do riso, combate na literatura certas posições

ideológicas de uma sociedade branca; marcadas por um posicionamento europeu de

se pensar a literatura e a sociedade. Esse tom satírico de Gama é visto como uma

alternativa popular à margem do cânone erudito para criticar o status. E, mais do que

uma alternativa, é uma reação à situação brasileira que sufocou o diferente, o

reprimido e o contraideológico. Diante disso, o poeta reúne em seu livro, escrito no

século XIX, uma reunião de interessantes sátiras para tentar, através do riso satírico,

deslocar certas posições ditas estáveis nessa sociedade; em uma busca incessante de

trazer reflexão e moralização social.

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O MUNDO ALÉM DA APARÊNCIA: ASPECTOS DE UMA

LINGUAGEM DESREALIZANTE NAS OBRAS DE

GUIMARÃES ROSA E FRANZ KAFKA

Igor Andreas Rodrigues Bandim (UFPE)

Nossa proposta é discutir, através da análise de duas narrativas breves de Franz

Kafka (Sobre os símilies e Na galeria) e de dois prefácios rosianos encontrados em

Tutaméia (Hipotrélico e Nós, os temulentos), como alguns processos descritivos e

narrativos desses autores terminam por redimensionar a experiência do real em sua

relação como fazer literário. A idéia básica da exposição é de que autores como

Rosa e Kafka não se atém às formas representacionais típicas da arte realista do

século XIX. Enquanto os realistas do XIX erigem mundos possíveis, estruturando-os

através de recursos literários convencionais, como o do narrador onisciente e o da

descrição pormenorizada (o Sekundenstil, que imprime um ritmo lento à narrativa);

os mecanismos que Franz Kafka e Guimarães Rosa põem em ação, diversamente,

desestruturam a realidade, que passa a ser transfigurada fragmentariamente em suas

obras – e os meios literários de que fazem uso acompanham uma paralela

desfragmentação da narrativa. A linguagem que cada um funda e utiliza, nesse

sentido, é o que merecerá nossa especial consideração. E mesmo que cada autor

conceba uma maneira específica (uma linguagem própria) de cumprir suas

finalidades estéticas, argumentamos que ambas convergem em alguns aspectos e se

comunicam em outros, sobretudo no que divergem do realismo tradicional. Ortega y

Gasset captou magistralmente a característica central dessa estética desrealizante em

seu ensaio A desumanização da arte. Ele nota muito bem o sentido da modificação

qualitativa que se dá entre a arte e a realidade, na virada entre os séculos XIX e XX,

e discrimina magistralmente os traços fundamentais do realismo, dos quais os textos

por nós analisados, em suas especificidades lingüísticas, discrepam. Na realidade,

muitas pesquisas já apontaram o quanto as obras de Kafka e Guimarães acertam no

alvo quando evidenciam os matizes secretos da realidade. O que esses comentários

querem dizer é que a pretensão de literariedade do Realismo, qual seja, a de dizer

verdades através da descrição pormenorizada da realidade, é levada ao paroxismo,

como indicam vários autores. Com essa descrição, consegue-se, apenas, falseá-la.

Vale a pena lembrar o ensaio de Adorno, ―A posição do narrador no romance

contemporâneo‖, em que ele aponta Kafka, Joyce e Virginia Woolf como atores

centrais desta mudança. Essa ―nova‖ forma de escrever romance parece ter como

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traço distintivo a idéia de que os símbolos literários (os significantes, assim como o

realismo ―objetivo‖) são incapazes de reproduzir a vida real dos seres humanos, a

existência com todas as suas facetas, refrações e possibilidades. De modo geral, essa

alteração foi bastante estudada, e não são poucas as explicações que os estudiosos –

como Jameson, Rosenthal e o próprio Adorno – esboçaram. Também não são poucas

as técnicas literárias que viabilizaram em termos de fatura estética essa alteração.

Tenha-se em mente, para citar apenas um único exemplo, o ―fluxo de consciência‖

concebido por Joyce. Seguindo essa esteira, pretendemos relacionar como alguns

procedimentos estéticos adotados pelos dois autores, sobretudo no que tange às

experiências no campo da linguagem (como o recurso ao neologismo ou a

dessensacionalização da linguagem, tipicamente kafkiana) acabam se aproximando

justo onde divergem dos pressupostos ficcionais realistas. Assumimos que esse

afastamento culmina no que chamamos, genericamente, de desrealização. A ênfase

de nossas reflexões em torno da linguagem sinaliza a sua especial importância na

atualização deste fenômeno.

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A CONSTRUÇÃO DA CULTURA HISPANO-AMERICANA A

PARTIR DA LITERATURA

Jaciara Josefa Gomes (UFPE)

Nesse trabalho, verificamos como se dá a construção da cultura latino-americana a

partir dos textos literários, ou dos projetos de nação, de Andrés Bello, Domingos

Sarmiento y Esteban Echeverría, principalmente. Esses escritos se inscrevem em um

período singular da América espanhola. Época em que era mais importante fomentar

os movimentos revolucionários que se multiplicavam na região do que fazer

literatura. Posto isso, nossa proposta busca também compreender de que forma a

autonomia cultural de cada nação foi respeitada, valorizada. Para tanto, pautamo-nos

na primeira fase do Romantismo na América Latina, período conhecido por

―costumbrismo‖. Fase marcada ainda pela busca por uma identidade nacional não

influenciada pela Espanha, o país colonizador. Logo, a presente análise se insere na

interface entre a literatura e a diversidade cultural.