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EDITORA ISSN: 2357-7363 Vol. 1, N° 1 Fernando César Costa Xavier Ana Paula Joaquim (orgs.) I CONGRESSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DO ESTADO DE RORAIMA Debates Contemporâneos da Teoria Constitucional

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ISSN: 2357-7363Vol. 1, N° 1

Fernando César Costa XavierAna Paula Joaquim

(orgs.)

I CONGRESSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DO ESTADO DE RORAIMADebates Contemporâneos da Teoria Constitucional

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Reitora: Gioconda Santos e Souza Martinez

Vice-Reitor: Reginaldo Gomes de Oliveira

Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e de Extensão da UFRR

Maria das Graças Santos Dias

Instituto de Ciências Jurídicas da UFRRTeresa Cristina E. dos Anjos

Coordenação do Curso de Direito da UFRR

Teresa Cristina E. dos Anjos

A Editora da UFRR é filiada à:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

Editora da Universidade Federal de RoraimaCampus do Paricarana - Av. Cap. Ene Garcez, 2413,

Aeroporto - CEP.: 69.310-000. Boa Vista - RR - BrasilFone: + 55.95.3621-3111 e-mail: [email protected] /

[email protected]

EDITORA DA UFRRDiretor da EDUFRR: Cezário Paulino B. de Queiroz

CONSELHO EDITORIALAlexander SibajevAna Lia Farias ValeAvery Milton V. de CarvalhoCássio Sanguini SérgioFábio Luíz WanklerFelipe Kern MoreiraGuido Nunes LopesGustavo Vargas CohenLuis Felipe Paes de AlmeidaMarisa Barbosa Araújo LunaRileuda de Sena RebouçasRodrigo Schutz RodriguesTeresa Cristina E. dos Anjos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

EDUFRRBoa Vista - RR

2013

Organizadores:

Fernando César Costa XavierAna Paula Joaquim

Debates Contemporâneos da Teoria Constitucional

I CONGRESSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DO ESTADO DE RORAIMA

Vol. 1, N° 1

CADERNO DE RESUMOS

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Copyright © 2013Editora da Universidade Federal de Roraima

Todos os direitos reservados ao autor, na forma da Lei.A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui

violação dos direitos autorais (Lei n. 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.

Revisão Ortográfico:Autores

Projeto Gráfico,Diagramação e Capa Robert Ramires

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)Biblioteca Central da Universidade Federal de Roraima

A exatidão das informações, conceitos e opiniões são de exclusiva responsabilidade dos autores

C749pCon gresso de Direito Constitucional do Estado de Roraima (1.: 2013 :

Boa Vista, RR) I Congresso de Direito Constitucional do Estado de Roraima : debates contemporâneos da Teoria Constitucional. - Boa Vista, UFRR/UERR, 2013.105 p.

ISSN 2357-7363Organizadores: Fernando César Costa Xavier e Ana Paula Joaquim1 – Direito constitucional. 2 – Congresso. 3 – Roraima. I - Título.

CDU 342.4

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Reitora:Patrícia de Castro

Pró-Reitoria de Extensão da UERRMaria das Neves Magalhães Pinheiro

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da UERRIvanise Maria Rizzatti

Coordenação da Área de Ciências Socialmente Aplicadas da UERRLindete da Silva Souza Pinheiro

Coordenação do Curso de Direito da UERRMarcello Renault Menezes

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA

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Comissão Organizadora do I Congresso de Direito Constitucional de Roraima

Ana Paula JoaquimAnatildes Alves CarneiroAndressa Santos MirabileCarolina Silva SantanaFernando César Costa XavierJéssica Caroline Cavalcante Cândido de LimaJoão Luiz Pereira de AraújoMiriam Aline Coelho Rosa MansaniNádia Verônica Trapero BarrosoNatacha Michela Froes Boaes da SilvaPúblio Gadelha de OliveiraRégys Odlare Lima de FreitasSérgio Mateus

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO......................................................15

PROGRAMAÇÃO DO I CONGRESSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DO ESTADO DE RORAIMA............................................17

SOBRE OS PALESTRANTES...........................................19

CRONOGRAMA DE APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS.............................................................22

LISTA DE AUTORES.........................................................28

Artigo1. LIBERDADE COLETIVA DE EXPRESSÃO............. 31

Willis Santiago Guerra Filho

Resumos

1. A JUDICIALIZAÇÃO DA DEMARCAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: O CASO DAS 19 CONDICIONANTESDE PET 3388 / RR ................................................................35

Ana Paula Joaquim

2. PRINCÍPIOS E REGRAS: INTERPRETAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO........................................................... 37

Andressa Santos Mirabile Natacha Michella Froes Boaes da Silva

3. UM ESTUDO SOBRE A EXIGÊNCIA DO VOTO IMPRESSO NO BRASIL À LUZ DA INTEGRIDADE DO RESULTADO DAS ELEIÇÕES................................ 39

Angelo Senna Molina

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4. TRANSCONSTITUCIONALISMO: A MUDANÇA DE PARADIGMA DO ESTADO GLOBALIZADO COMO FORMA DE MITIGAÇÃO DA SOBERANIA ESTATAL CLÁSSICA....................................................... 41

Bárbara Graziele Carvalho Brígido Igor Fabrício Gomes Dourado

5. JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA: A ESPADA DE DÂMOCLES ENTRE A ANEMIA SIGNIFICATIVA DAS REGRAS E O ABUSO DE PRINCÍPIOS NO ÂMBITO DO STF .............................................................. 43

Bianca Alves de Lima Igor Fabrício Gomes Dourado

6. A NECESSIDADE DE UMA TUTELA JURÍDICA SUBSTANCIAL E CONCRETA NA NOVA ORDEM CONSTITUCIONAL, EM QUE OS PRINCÍPIOS SÃO ESTABELECIDOS COMO NORMA ............................. 45

Carlos Davi Vieira Bastos

7. DEMOCRACIA COMO VALOR E INICIATIVA POPULAR PARA PROPOSTA DE EMENDA CONSTITUCIONAL ........................................................ 47

Carlos Roberto Ibanez Castro

8. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: O FETICHISMO DOS PRINCÍPIOS E SEUS REFLEXOS PARA O AGRAVAMENTO DOS PROBLEMAS DE CONSISTÊNCIA DO SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO ...................................................................... 49

Chiara Michelle Ramos Moura da Silva

9. TRANSCONSTITUCIONALISMO NA UNIÃO EUROPÉIA E NO MERCOSUL: SOBRE A SOLUÇÃO DE PROBLEMAS CONSTITUCIONAIS QUE PERPASSAM O ÂMBITO DA SOBERANIA DA ORDEM JURÍDICA INTERNA ...................................... 51

Chiara Michelle Ramos Moura da Silva

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10. A INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL ATRAVÉS DA ANÁLISE DO TRANSCONSTITUCIONALISMO ....................... 53

Edgar Oliveira Campos Nádia Verônica Trapero Barroso

11. A PROBLEMÁTICA ACERCA DO CONCEITO DE JUSTIÇA: UMA EXPOSIÇÃO DOS CONCEITOS APRESENTADOS NO LIVRO I D’A REPÚBLICA DE PLATÃO .............................................................................. 55

Eliza Menezes de Lima

12. A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL EM J. HABERMAS: O LUGAR DA SOLIDARIEDADE CÍVICA EM SOBRE A CONSTITUIÇÃO DA EUROPA E NO APELO DE 2013................................................................... 57

Fernando César Costa Xavier

13. NEOCONSTITUCIONALISMO NO BRASIL: DO CAOS INTERPRETATIVO ÀS BASES DE UMA HERMENÊUTICA CRÍTICA .......................................... 59

Gislene de Laparte Neves

14. O TRANSCONSTITUCIONALISMO COMO PROPOSTA PARA SOLUCIONAR CONFLITOS ENTRE ORDENS JURÍDICAS CONSTITUCIONAIS NORMATIVAS NATIVAS ............................................. 61

Greiciane Jin André Lucas Barbosa Ferreira

15. SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL E ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS SOBRE OS DIREITOS DA PERSONALIDADE ....................... 63

Gustavo Henrique de Oliveira

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16. OS FILHOTES DA RAPOSA: A EFICÁCIA DA COISA JULGADA E OS EFEITOS DO JULGAMENTO NA PETIÇÃO 3388-RR DO STF ..................................... 65

Hemerson Allan Carvalho Cunha

17. A IRRADIAÇÃO DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NAS RELAÇÕES FAMILIARES PARA A CONSTRUÇÃO DO DIREITO DAS FAMÍLIAS .............................................. 67

Isete Evangelista Albuquerque Kérlynni Misraelly Cavalcanti Muniz Caiado Larissa Faria Lacerda

18. ANÁLISE DOS ASPECTOS RELEVANTES DA COMPETÊNCIA CRIMINAL INDÍGENA À LUZ DA CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA BRASILEIRA E JURISPRUDÊNCIAS ........................................................ 69

Israel Edu Dantas Andrade Wandercairo Elias Junior

19. A HERMENÊUTICA DOS TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS APÓS O ADVENTO DA EMENDA CONSTITUCIONAL N.º 45/2004 ............... 71

Jair Nery Ferreguetti Souza 20. O DISCURSO JURÍDICO COMO CASO ESPECIAL DO DISCURSO PRÁTICO RACIONAL GERAL: DIVERGÊNCIAS ENTRE ROBERT ALEXY E JÜRGEN HABERMAS ....................................................................... 73

João Átila Bezerra dos Santos

21. A INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS À LUZ DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO REFLEXO DA CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL...75

João Luiz Pereira de Araujo

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22. DIREITOS FUNDAMENTAIS NO BRASIL: TEORIAS DA CONQUISTA E DA “SUBVENÇÃO”......77

Laíze Aires Alencar Ferreira Annanda de Souza Girard

23. A BUSCA DA JUSTIÇA SOCIAL E A SEGURANÇA DEMOCRÁTICA: OS LIMITES DO NEOCONSTITUCIONALISMO .................................... 79

Leonardo David Quintiliano

24. PODER CONSTITUINTE, PARTICIPAÇÃO POPULAR E REDES SOCIAIS: ESTUDO DE CASO DA ASSEMBLEIA CONSTITUCIONAL DA ISLÂNDIA .......................................................................... 81

Luiz Henrique Soto Riva

25. A ÉTICA CRISTÃ E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS: ALICERCES PARA UMA CONSTITUIÇÃO CIDADÃ ............................................ 83

Marcondes Baptista do Rêgo

26. A NECESSIDADE DE AMPLIAÇÃO DO CONCEITO DE REFUGIADO DIANTE DA AUSÊNCIA DE TUTELA JURÍDICA ESPECÍFICA PARA AS VÍTIMAS DE CATÁSTROFES AMBIENTAIS: O CASO DOS HAITIANOS NO BRASIL ................................................................................ 85

Mayara Suzanne Freitas Chaves

27. ATUAÇÃO DA MÍDIA NA EXPOSIÇÃO DE INDIVÍDUOS SUSPEITOS DE PRATICAR DELITOS FACE À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ........ 87

Miriam Aline Coelho Rosa da Silva Sâmmylla Letícia Araújo Sichinel

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28. O NEOCONSTITUCIONALISMO E OS MICROSSISTEMAS A PARTIR DA DESPATRIMONIALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL...89

Natacha Michella Fróes Boaes da Silva Andressa Santos Mirabile Anatildes Alves Carneiro Talita Reis Albuquerque

29. O COMPORTAMENTO ÉTICO DO JUIZ E A CONSTITUIÇÃO DE 1988 .............................................. 91

Parima Dias Veras Vilmar Antônio da Silva Lucilene Coutinho de Queiroz

30. O LICENCIAMENTO AMBIENTAL À LUZ DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL .......................................... 93

Parima Dias Veras Vilmar Antônio da Silva Lucilene Coutinho de Queiroz

31. TERRAS INDÍGENAS À LUZ DO DIREITO CONSTITUCIONAL BRASILEIRO: O ENTENDIMENTO DO STF E O CASO RAPOSA SERRA DO SOL................................................................. 95

Parima Dias Veras Vilmar Antônio da Silva Mercilene Alves Martins e Silva

32. DIÁLOGOS ENTRE DEMOCRACIA E LAICIDADE À LUZ DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ................................................................................ 97

Seido Chiba

33. INOVAÇÕES DA LEI COMPLEMENTAR N°. 140/11 E O AVANÇO DO DESMATAMENTO EM RORAIMA .......................................................................... 99

Tatiana Sousa da Silva

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34. A REPERCUSSÃO GERAL NA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO ......................... 101

Thiara Suelen Freitas Chaves

35. A FALTA DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA URBANA NO MUNICÍPIO DE BOA VISTA ...........103

Wandercairo Elias Junior Elói Martins Senhoras

36. A DEFESA DO PATRIMÔNIO CULTURAL E A SADIA QUALIDADE DE VIDA NO AMBIENTE URBANO AMAZÔNICO ..............................................105

Zedequias de Oliveira Júnior

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APRESENTAÇÃO

O I Congresso de Direito Constitucional do Estado de Roraima, que tem como tema central os “Debates Contemporâneos da Te-oria Constitucional”, surge como o resultado de uma parceria interinstitucional firmada entre o Instituto de Ciências Jurídicas da Universidade Federal de Roraima (ICJ/UFRR) e a Coordena-ção do Curso de Direito da Universidade do Estado de Roraima (CCD/UERR).

Trata-se de uma proposta concebida para contribuir com a consolidação de eventos jurídicos estritamente acadêmicos no Estado de Roraima, nos quais possam ser realizados deba-tes ampliados e interativos sobre temas de interesse prático e teórico para o direito. Os debates a serem promovidos devem ser ampliados, para que não fiquem adstritos a uma perspectiva ou uma tematização local/regional, mas antes que discutam e problematizem os mais variados temas em sintonia com deba-tes mais gerais que estão em curso em outras partes do país e do mundo. E devem ser interativos, para que oportunizem aos pes-quisadores locais um canal para a comunicação de seus estudos e críticas sobre os mais variados temas, em ambiente favorável à troca de experiências e a construção coletiva de ideias.

É fundamental que os cursos de direito das universidades do Estado de Roraima fomentem o debate crítico de questões atuais e incentivem a produção acadêmica de seus alunos, so-bretudo através da pesquisa científica qualificada. Negligenciar a necessidade de formação de estudantes de Direito com perfil de pesquisadores, como por vezes tem ocorrido, implica, dentre outras coisas, aceitar a graduação de bacharéis descomprometi-dos com a comunidade acadêmica e com a sociedade em geral.

No interesse obstinado de atuar diretamente para a forma-ção crítica dos seus estudantes, para que assumam um protago-nismo no campo da produção do conhecimento, a Universidade Federal de Roraima e a Universidade Estadual de Roraima vêm anunciar a realização deste I Congresso de Direito Constitucio-nal do Estado de Roraima, por meio do qual pretendem fomen-tar o maior envolvimento entre todos os cursos de graduação

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em direito de Roraima, os seus estudantes, os demais cursos de graduação e pós-graduação das universidades, os profissionais da área jurídica e a comunidade em geral.

Nesta primeira versão, o evento se ocupa da chamada de trabalhos que versem sobre particularidades vinculadas, em grande medida, ao tema central do Congresso: Debates Con-temporâneos da Teoria Constitucional.

A Comissão Organizadora espera que o I Congresso de Di-reito Constitucional do Estado de Roraima alcance os seus objetivos, mas sem deixar de reconhecer que, se forem alcançados, será, em grande medida, em razão do valioso auxílio prestado pela Administração Superior da Universidade Estadual de Roraima, da Administração Superior da Universidade Federal de Rorai-ma, da Defensoria Pública do Estado de Roraima (DPE-RR), da Escola do Judiciário do Estado de Roraima (EJURR), da Refrige-ração Jr., do Curso Foco e do Curso Praetorim.

Boa Vista, novembro de 2013.A Comissão Organizadora.

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PROGRAMAÇÃO DO I CONGRESSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL DO ESTADO

DE RORAIMA

Dia 11/11/13

Local: Auditório do PRONAT/UFRR. Campus do Paricarana.

16h – Credenciamento;

17h – Abertura com as Reitoras das Instituições envolvidas:Dra. Patrícia de Castro (Universidade Estadual de Roraima – UERR);Dra. Gioconda Santos de Souza Martinez (Universidade Federal de Roraima – UFRR).

18h – Palestra do Prof. Dr. Willis Santiago Guerra Filho(Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO)Tema: “Liberdade Coletiva de Expressão”

19h – Palestra do Prof. Dr. Henrique Garbellini Carnio(Faculdade Autônoma de Direito de São Paulo – FADISP)Tema: “Direito e Política: a crise na aplicação dos princípios constitucionais nos tribunais superiores”

20h – Palestra do Prof. Dr. René Fernando Urueña Hernández(Universidad de los Andes/Colômbia)Tema: “Constitucionalismo Latino-Americano e Direito Internacional: Mudando Paisagens”

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Dia 12/11/13

Local: Centro de Ciências Humanas – CCH/UFRR. Campus do Paricarana.

18h às 22h – Apresentação dos Grupos de Trabalho 1, 2 e 3.GT 1 – Constituição e Democracia. Sala 01.GT 2 – Hermenêutica Jurídica e Justiça Social. Sala 02.GT 3 – Direito Constitucional, Sustentabilidade e Meio Am-biente. Sala 03.

Dia 13/11/13

Local: Centro de Ciências Humanas – CCH/UFRR. Campus do Paricarana.

18h às 22h – Apresentação dos Grupos de Trabalhos 4, 5 e 6.GT 4 – Constitucionalismo na Nova Ordem Global. Sala 01.GT 5 – As interfaces entre o Direito Constitucional e os estudos filosóficos e sócio-antropológicos. Sala 02.GT 6 – Temas Emergentes de Direito Civil-Constitucional. Sala 03.

Dia 14/11/13

Local: Auditório do PRONAT/UFRR. Campus do Paricarana.

18h – Palestra do Prof. Dr. José Levi Mello do Amaral Junior(Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – FADUSP)Tema: “Desafios do Constitucionalismo Brasileiro Contem-porâneo”

20h – Palestra da Profa. Dra. Ana Paula de Barcellos(Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ)Tema: “Direito à saude: perspectivas individuais, coletivas e difusas”.

22h – Coquetel de encerramento.

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SOBRE OS PALESTRANTES

Prof. Dr. Willis Santiago Guerra Filho

Tema da Palestra: “Liberdade Coletiva de Expressão”

A palestra de abertura do evento (11/11) será proferida pelo Professor Willis Guerra, que possui Graduação em Direito pela Universidade Federal do Ceará (1982), Mestrado em Direi-to pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1986) e Doutorado em Ciência do Direito pela Fakultät für Rechtswis-senschaft der Universität Bielefeld (1995), devidamente revali-dado como equivalente ao título de Doutor do Sistema Educa-cional Brasileiro, consoante Declaração firmada por autoridade do Sistema Federal de Ensino Superior, em 19 de abril de 1995. Obteve ainda a Livre-Docência em Filosofia do Direito pela Uni-versidade Federal do Ceará (1997), o cargo de professor titular de Filosofia da Universidade Estadual do Ceará (1998) e o Pós--Doutorado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2003), onde também obteve o Doutorado em Filosofia (2011). Atualmente é professor titular da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), professor colaborador nos programas de pós-graduação em Direito da Pontifícia Uni-versidade Católica de São Paulo (PUCSP) e Universidade Cân-dido Mendes, no Rio de Janeiro, RJ, bem como pesquisador com bolsa da Universidade Paulista. Tem experiência em Direito e Filosofia, sendo maior a experiência na área de Teoria do Di-reito, com ênfase em Direito Público, atuando principalmente nos seguintes temas: direitos fundamentais, processo constitu-cional, história e filosofia do direito.

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Prof. Dr. Henrique Garbellini Carnio

Tema da Palestra: “Direito e Política: a crise na aplicação dos princípios constitucionais nos tribunais superiores”

Na sequência, o Professor Henrique Garbellini proferirá palestra. Ele é Doutor em Filosofia do Direito e do Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP (2013), mestre em Filosofia do Direito e do Estado pela Pontifícia Uni-versidade Católica de São Paulo – PUC/SP (2008), graduado em Direito pela Faculdade de Direito de Franca (2006). Foi bolsista no mestrado e doutorado pela Coordenação de Aperfeiçoamen-to de Pessoal de Nível Superior – CAPES. Professor Titular do curso de mestrado e doutorado em direito da Faculdade Au-tônoma de Direito de São Paulo. Tem experiência na área de Direito, com ênfase nas matérias propedêuticas, atuando prin-cipalmente nos seguintes temas: Teoria e Filosofia do Direito, Sociologia Jurídica e Antropologia Jurídica.

Prof. Dr. René Fernando Urueña Hernández

Tema da Palestra: “Constitucionalismo Latino-americano e Direito Internacional: Mudando Paisagens”

A última palestra do dia 11/11 será proferida pelo Prof. Dr. René Urueña, que é advogado e especialista em economia pela Universidad de los Andes, Bogotá/Colômbia, Doutor em Direito e Mestre em Direito Internacional Público (Universidad de Helsinki – Finlândia). Diretor da Área de Direito Internacio-nal e professor assistente da Facultad de Derecho de Los Andes. Pesquisador na área de Direito Internacional Público do Insti-tute for International Law and Justice da Faculdade de Direito da Universidadade de New York. Ministra os cursos Direito In-ternacional Público e Direito Internacional Econômico. Treina equipes para o concurso da OMC (WTO – Moot Court Compe-tição). É autor de vários artigos em espanhol, Inglês e finlandês. Entre outros, é o autor do livro “Derecho de las Organizaciones Internacionales” (Universidad de los Andes) e “International Grains Council”, ‘International Diary Federation’ e ‘Grain and

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Feed Trade Association’, publicados por C. Tietje e A. Brouder (eds.), Handbook on Transnational Economic Organizations (Martinus Nijhoff Publishers, 2009).

Prof. Dr. José Levi Mello do Amaral Júnior

Tema da Palestra: “Desafios do Constitucionalismo Bra-sileiro Contemporâneo”

A primeira palestra do último dia do evento (no dia 14/11) será proferida pelo Dr. José Levi Mello do Amaral Júnior, Pro-fessor de Direito Constitucional da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). O professor possui mestrado em Direito do Estado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e doutorado em Direito de Estado pela Univer-sidade de São Paulo. É membro eleito da Congregação da Fa-culdade de Direito da USP e do Conselho do Departamento de Direito do Estado da Faculdade de Direito da USP. É também Procurador da Fazenda Nacional de Categoria Especial. Seus temas de interesse, na área do direito constitucional, abrangem a democracia, a organização dos poderes, o processo legislativo, as medidas provisórias e o controle de constitucionalidade.

Profa. Dra. Ana Paula de Barcellos

Tema da Palestra: “Direito à saúde: perspectivas indivi-duais, coletivas e difusas”

A palestra de encerramento (no dia 14/11) será proferida pela Dra. Ana Paula Gonçalves Pereira de Barcellos, Professora Adjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). A professora é graduada, mestre e doutora em Direito pela Uni-versidade do Estado do Rio de Janeiro, tendo sido orientada, no mestrado e no doutorado, pelo hoje ministro do Supremo Tribu-nal Federal Luis Roberto Barroso. A professora é integrante do corpo editorial da Revista CEJ (Brasília), do corpo editorial da Revista de Direito do Estado e do corpo editorial da revista Di-reito Público (Porto Alegre). Seus temas de interesse na área do direito constitucional abrangem a eficácia dos princípios cons-titucionais e a técnica da ponderação na atividade jurisdicional.

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CRONOGRAMA DE APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS

GT 1 – CONSTITUIÇÃO E DEMOCRACIA

Dia 12/11 – 18h às 20hSala 01

1 ANGELO SENNA MOLINA – Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR)UM ESTUDO SOBRE A EXIGÊNCIA DO VOTO IMPRESSO NO BRASIL À LUZ DA INTEGRIDADE DO RESULTADO DAS ELEIÇÕES

2 THIARA SUELEN FREITAS CHAVES – Tribunal de Justiça do Estado de Roraima (TJRR)A REPERCUSSÃO GERAL NA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO

3 CARLOS ROBERTO IBANEZ CASTRO – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)DEMOCRACIA COMO VALOR E INICIATIVA POPULAR PARA PROPOSTA DE EMENDA CONSTITUCIONAL

4 ANA PAULA JOAQUIM – Universidade Estadual de Roraima (UERR)A JUDICIALIZAÇÃO DA DEMARCAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: O CASO DAS 19 CONDICIONANTES DE PET 3388 / RR

5 MIRIAM ALINE COELHO ROSA DA SILVA – Universidade Estadual de Roraima (UERRSÂMMYLLA LETÍCIA ARAÚJO SICHINEL – Universidade Estadual de Roraima (UERR)ATUAÇÃO DA MÍDIA NA EXPOSIÇÃO DE INDIVÍDUOS SUSPEITOS DE PRATICAR DELITOS FACE À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

6 CARLOS DAVI VIEIRA BASTOS – Universidade Federal de Roraima (UFRR)A NECESSIDADE DE UMA TUTELA JURÍDICA SUBSTANCIAL E CONCRETA NA NOVA ORDEM CONSTITUCIONAL, EM QUE OS PRINCÍPIOS SÃO ESTABELECIDOS COMO NORMA

7 LAÍZE AIRES ALENCAR FERREIRA – Universidade Estadual de Roraima (UERR)ANNANDA DE SOUZA GIRARD – Universidade Estadual de Roraima (UERR)DIREITOS FUNDAMENTAIS NO BRASIL: TEORIAS DA CONQUISTA E DA “SUBVENÇÃO”

8 HEMERSON ALLAN CARVALHO CUNHA – Faculdades CathedralOS FILHOTES DA RAPOSA: A EFICÁCIA DA COISA JULGADA E OS EFEITOS DO JULGAMENTO NA PETIÇÃO 3388-RR DO STF

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GT 2 – HERMENÊUTICA JURÍDICA E JUSTIÇA SOCIAL

Dia 12/11 – 18h às 20hSala 02

1 GISLENE DE LAPARTE NEVES – Universidade Federal de Rondônia (UNIR)NEOCONSTITUCIONALISMO NO BRASIL: DO CAOS INTERPRETATIVO ÀS BASES DE UMA HERMENÊUTICA CRÍTICA

2 LEONARDO DAVID QUINTILIANO – Universidade de São Paulo (USP)A BUSCA DA JUSTIÇA SOCIAL E A SEGURANÇA DEMOCRÁTICA: OS LIMITES DO NEOCONSTITUCIONALISMO

3 ANDRESSA SANTOS MIRABILE – Universidade do Estado de Roraima (UERR)NATACHA MICHELLA FROES BOAES DA SILVA – Universidade do Estado de Roraima (UERR)PRINCÍPIOS E REGRAS: INTERPRETAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO

4 JAIR NERY FERREGUETTI SOUZA – Universidade Federal de Roraima (UFRR)A HERMENÊUTICA DOS TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS APÓS O ADVENTO DA EMENDA CONSTITUCIONAL N.º 45/2004

5 CHIARA MICHELLE RAMOS MOURA DA SILVA – Faculdade Estácio Atual (FEA)

JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: O FETICHISMO DOS PRINCÍPIOS E SEUS REFLEXOS PARA O AGRAVAMENTO DOS PROBLEMAS DE CONSISTÊNCIA DO SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO

6 BIANCA ALVES DE LIMA – Faculdade Estácio Atual (FEA)IGOR FABRÍCIO GOMES DOURADO – Faculdade Estácio Atual (FEA)JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA: A ESPADA DE DÂMOCLES ENTRE A ANEMIA SIGNIFICATIVA DAS REGRAS E O ABUSO DE PRINCÍPIOS NO ÂMBITO DO STF

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GT 3 – DIREITO CONSTITUCIONAL, SUS-TENTABILIDADE E MEIO AMBIENTE

Dia 12/11 – 18h às 20hSala 03

1 TATIANA SOUSA DA SILVA – Universidade Federal de Roraima, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Amazônia (UFRR/PPDRA)INOVAÇÕES DA LEI COMPLEMENTAR N°. 140/11 E O AVANÇO DO DESMATAMENTO EM RORAIMA

2 ZEDEQUIAS DE OLIVEIRA JÚNIOR – Universidade Federal de Roraima (UFRR)A DEFESA DO PATRIMÔNIO CULTURAL E A SADIA QUALIDADE DE VIDA NO AMBIENTE URBANO AMAZÔNICO

3 PARIMA DIAS VERAS – Faculdades CathedralVILMAR ANTÔNIO DA SILVA – Faculdades CathedralLUCILENE COUTINHO DE QUEIROZ – Tribunal de Justiça do Estado de Roraima (TJRR)O LICENCIAMENTO AMBIENTAL À LUZ DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

4 PARIMA DIAS VERAS – Faculdades CathedralVILMAR ANTÔNIO DA SILVA – Faculdades CathedralMERCILENE ALVES MARTINS E SILVA – Faculdades CathedralTERRAS INDÍGENAS À LUZ DO DIREITO CONSTITUCIONAL BRASILEIRO: O ENTENDIMENTO DO STF E O CASO RAPOSA SERRA DO SOL

5 SRAEL EDU DANTAS ANDRADE – Faculdade Estácio Atual (FEA)WANDERCAIRO ELIAS JUNIOR – Faculdade Estácio Atual (FEA)ANÁLISE DOS ASPECTOS RELEVANTES DA COMPETÊNCIA CRIMINAL INDÍGENA À LUZ DA CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA BRASILEIRA E JURISPRUDÊNCIAS

6 WANDERCAIRO ELIAS JUNIOR – Faculdade Estácio Atual (FEA)A FALTA DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA URBANA NO MUNICÍPIO DE BOA VISTA

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GT 4 – CONSTITUCIONALISMO NA NOVA ORDEM GLOBAL

Dia 13/11 – 16h às 18hSala 01

1 CHIARA MICHELLE RAMOS MOURA DA SILVA – Faculdade Estácio Atual (FEA)TRANSCONSTITUCIONALISMO NA UNIÃO EUROPÉIA E NO MERCOSUL: SOBRE A SOLUÇÃO DE PROBLEMAS CONSTITUCIONAIS QUE PERPASSAM O ÂMBITO DA SOBERANIA DA ORDEM JURÍDICA INTERNA

2 EDGAR OLIVEIRA CAMPOS – Universidade do Estado de Roraima (UERR)NÁDIA VERÔNICA TRAPERO BARROSO – Universidade do Estado de Roraima (UERR)A INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL ATRAVÉS DA ANÁLISE DO TRANSCONSTITUCIONALISMO

3 GREICIANE JIN – Faculdade Estácio Atual (FEA)ANDRÉ LUCAS BARBOSA FERREIRA – Faculdade Estácio Atual (FEA)O TRANSCONSTITUCIONALISMO COMO PROPOSTA PARA SOLUCIONAR CONFLITOS ENTRE ORDENS JURÍDICAS CONSTITUCIONAIS NORMATIVAS NATIVAS

4 FERNANDO CÉSAR COSTA XAVIER – Universidade Federal de Roraima (UFRR)A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL EM J. HABERMAS: O LUGAR DA SOLIDARIEDADE CÍVICA EM SOBRE A CONSTITUIÇÃO DA EUROPA E NO APELO DE 2013

5 MAYARA SUZANNE FREITAS CHAVES – Universidade Estadual de Roraima (UERR)A NECESSIDADE DE AMPLIAÇÃO DO CONCEITO DE REFUGIADO DIANTE DA AUSÊNCIA DE TUTELA JURÍDICA ESPECÍFICA PARA AS VÍTIMAS DE CATÁSTROFES AMBIENTAIS: O CASO DOS HAITIANOS NO BRASIL

6 LUIZ HENRIQUE SOTO RIVA – Universidade Federal de Roraima (UFRR)PODER CONSTITUINTE, PARTICIPAÇÃO POPULAR E REDES SOCIAIS: ESTUDO DE CASO DA ASSEMBLEIA CONSTITUCIONAL DA ISLÂNDIA

7 BÁRBARA GRAZIELE CARVALHO BRÍGIDO – Universidade Federal de Roraima (UFRR)

IGOR FABRÍCIO GOMES DOURADO – Faculdade Estácio Atual (FEA)TRANSCONSTITUCIONALISMO: A MUDANÇA DE PARADIGMA DO ESTADO GLOBALIZADO COMO FORMA DE MITIGAÇÃO DA SOBERANIA ESTATAL CLÁSSICA

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GT 5 – AS INTERFACES ENTRE O DIREITO CONSTITUCIONAL E OS ESTUDOS FILOSÓ-FICOS E SÓCIO-ANTROPOLÓGICOS

Dia 13/11 – 16h às 18hSala 02

1 ELIZA MENEZES DE LIMA – Universidade Estadual de Roraima (UERR)A PROBLEMÁTICA ACERCA DO CONCEITO DE JUSTIÇA: UMA EXPOSIÇÃO DOS CONCEITOS APRESENTADOS NO LIVRO I D’A REPÚBLICA DE PLATÃO

2 PARIMA DIAS VERAS – Faculdades CathedralVILMAR ANTÔNIO DA SILVA – Faculdades CathedralLUCILENE COUTINHO DE QUEIROZ – Tribunal de Justiça do Estado de Roraima (TJRR)O COMPORTAMENTO ÉTICO DO JUIZ E A CONSTITUIÇÃO DE 1988

3 JOÃO ÁTILA BEZERRA DOS SANTOS – Universidade Estadual de Roraima (UERR)O DISCURSO JURÍDICO COMO CASO ESPECIAL DO DISCURSO PRÁTICO RACIONAL GERAL: DIVERGÊNCIAS ENTRE ROBERT ALEXY E JÜRGEN HABERMAS

4 SEIDO CHIBA – Faculdade de Ensino Superior da Amazônia Reunida (FESAR)DIÁLOGOS ENTRE DEMOCRACIA E LAICIDADE À LUZ DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

5 MARCONDES BAPTISTA DO RÊGO – Secretaria da Educação do Estado de Roraima (SEDUC-RR)A ÉTICA CRISTÃ E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS: ALICERCES PARA UMA CONSTITUIÇÃO CIDADÃ

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GT 6 – TEMAS EMERGENTES DE DIREITO CIVIL-CONSTITUCIONAL

Dia 13/11 – 16h às 18hSala 03

1 GUSTAVO HENRIQUE DE OLIVEIRA – Universidade de São Paulo (USP)SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL E ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS SOBRE OS DIREITOS DA PERSONALIDADE

2 NATACHA MICHELLA FRÓES BOAES DA SILVA – Universidade Estadual de Roraima (UERR)ANDRESSA SANTOS MIRABILE – Universidade Estadual de Roraima (UERR)ANATILDES ALVES CARNEIRO – Universidade Estadual de Roraima (UERR)TALITA REIS ALBUQUERQUE – Universidade Estadual de Roraima (UERR)O NEOCONSTITUCIONALISMO E OS MICROSSISTEMAS A PARTIR DA DESPATRIMONIALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL

3 JOÃO LUIZ PEREIRA DE ARAUJO – Universidade Estadual de Roraima (UERR)A INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS À LUZ DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO REFLEXO DA CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL

4 ISETE EVANGELISTA ALBUQUERQUE – Faculdade Estácio Atual (FEA)KÉRLYNNI MISRAELLY CAVALCANTI MUNIZ CAIADO – Faculdade Estácio Atual (FEA)LARISSA FARIA LACERDA – Faculdade Estácio Atual (FEA)A IRRADIAÇÃO DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NAS RELAÇÕES FAMILIARES PARA A CONSTRUÇÃO DO DIREITO DAS FAMÍLIAS

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LISTA DE AUTORES

Ana Paula Joaquim Anatildes Alves Carneiro André Lucas Barbosa Ferreira Andressa Santos Mirabile Angelo Senna Molina Annanda de Souza Girard Bárbara Graziele Carvalho Brígido Bianca Alves de Lima Carlos Davi Vieira BastosCarlos Roberto Ibanez Castro Chiara Michelle Ramos Moura da Silva Edgar Oliveira Campos Eliza Menezes de Lima Elói Martins SenhorasFernando César Costa Xavier Gislene de Laparte NevesGreiciane Jin Gustavo Henrique de Oliveira Hemerson Allan Carvalho Cunha Igor Fabrício Gomes Dourado Isete Evangelista Albuquerque Israel Edu Dantas Andrade Jair Nery Ferreguetti Souza João Átila Bezerra dos Santos João Luiz Pereira de Araujo Kérlynni Misraelly Cavalcanti Muniz Caiado Laíze Aires Alencar Ferreira Larissa Faria Lacerda Leonardo David Quintiliano Lucilene Coutinho de Queiroz Luiz Henrique Soto Riva Marcondes Baptista do Rêgo Mayara Suzanne Freitas Chaves Mercilene Alves Martins e Silva Miriam Aline Coelho Rosa da Silva Nádia Verônica Trapero Barroso

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Natacha Michella Fróes Boaes da Silva Parima Dias Veras Sâmmylla Letícia Araújo Sichinel Seido ChibaTalita Reis Albuquerque Tatiana Sousa da Silva Thiara Suelen Freitas Chaves Vilmar Antônio da Silva Wandercairo Elias Junior Zedequias de Oliveira Júnior

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LIBERDADE COLETIVA DE EXPRESSÃOWillis Santiago Guerra Filho1

Coincido com Jorge Souto Maior2, quando analisa as jor-nadas de junho entre nós como uma reação ao descumprimento das altas promessas representadas pelo imenso rol de direitos anunciados em nossa Constituição, mas ainda extremamente insatisfeitos por parte das instituições políticas, econômicas e, de um modo geral, sociais, a quem é de se atribuir responsabili-dade por uma tal situação.

De acordo com Peter Häberle a Constituição em um Es-tado Democrático de Direito não estrutura apenas o Estado em sentido estrito, mas também o espaço público e o privado, cons-tituindo, assim, a sociedade3. Esta, o Estado e a sociedade, mú-tua e democraticamente constituídos4, têm como compromisso básico a harmonização de interesses que se situam em três esfe-ras fundamentais, a saber:

i) a pública, em que se situa mais propriamente o Estado;ii) a privada, em que nos colocamos como indivíduos, ou

melhor, pessoas consideradas em nossos interesses particulares; iii) a coletiva ou difusa, como segmento intermediário, no

qual há de se levar em conta o interesse de indivíduos enquanto membros de determinados grupos, formados para a consecução de objetivos econômicos, políticos, culturais ou outros5.

1 Sobre a qualificação do autor, cf. página 9 deste Caderno.2 “A vez dos direitos sociais e da descriminalização dos movimentos sociais”, in: Ci-dades Rebeldes: Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. MA-RICATTO et al., São Paulo: Boitempo/Carta Maior, 2013, pp. 83/ss.3 HÄBERLE, Peter. El Estado constitucional, Buenos Aires: Editorial Ástrea de Alfre-do y Ricardo Depalma, 2007, p. 272.4 DÍAZ, Elias. Estado de derecho y sociedad democrática, Madri: Civitas, 1975.5 Vale aqui lembrar que Georges Burdeau, já na década de 1960, referia-se à demo-cracia como “uma filosofia, um modo de viver, uma religião e, quase acessoriamente, uma forma de governo”. A Democracia, 2ª. ed., Lisboa: Europa América, 1969, p. 9. Para um desenvolvimento mais amplo, v. GUERRA FILHO, Willis Santiago; CAR-NIO, Henrique Garbellini. Teoria Política do Direito: a expansão política do Direito, 2ª. ed. rev. e aum., São Paulo: RT, 2013, cap. VIII, pp. 151 ss.

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Dessas três esferas, decorrem as três dimensões atribu-ídas aos direitos e garantias fundamentais, em um Estado de Direito que se proponha, com entre nós, a realizar, mesmo que progressiva e processualmente, a radicalização da convi-vência democrática6.

Neste ponto, verifica-se que ainda persiste a necessidade de que não se confunda gerações de direitos, cuja conotação his-tórica melhor se amolda a uma classificação dos direitos huma-nos, e podem ser as mais diversas essas classificações, chegando a um número variável de gerações, com as dimensões que te-riam os direitos (e garantias) fundamentais, em número de três, no atual Estado Democrático, correspondentes àquelas três es-feras, imbricadas, porém, de forma que se possa distinguir um aspecto subjetivo e material, individual, coletivo ou público, de tais direitos, e outro objetivo e processual, também individual, coletivo ou público, correspondentes antes a garantias, funda-mentais ou institucionais.

Importante é que se tenha em mente que não são os di-reitos que seriam de primeira, segunda e terceira dimensões, mas sim que todos eles, em um Estado Democrático de Direito, são concebidos como tendo essas três dimensões, ou seja, a uma liberdade de expressão concebida originariamente como tendo caráter individual, dependente do ente público estatal para pro-tegê-la e de entes de comunicação social para efetivá-la.

Agora, com as manifestações que vêm acontecendo pelo mundo a fora, assim como entre nós partir de junho de 2013, é preciso que se afirme uma liberdade coletiva de expressão, a ser protegida da reação estatal, ao considerá-la uma ameaça direta aos que representam a “vontade do Estado”, e indireta a outros direitos, individualmente concebidos, bem como do ataque simbólico, imagético, que sofre dos meios tradicionais de comunicação, já por serem assim destituídos da posição que de há muito vêm ocupando, e mal, de canais da expressão des-sa liberdade ou direito fundamental, atualmente exercendo-se virtual e concretamente por meio de um ciberativismo. Este, se-

6 GUERRA FILHO; W. S.; CARNIO, H. G. (colab.). Teoria da ciência jurídica, 2ª. ed., São Paulo: Saraiva, 2009, tópico 5.10, p. 186.

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gundo estudo a ele dedicado, pretende “radicalizar os direitos fundamentais (ou mesmo subverter o sentido liberal destes), so-bretudo a liberdade de expressão”7.

É nas novas mídias que vislumbramos, assim como já o fazia na década de 1990 nosso mestre Paulo Bonavides, a pos-sibilidade de se resgatar a democracia dessa contrafação já há tantos séculos praticada, e que hoje se encontra verdadeiramen-te apodrecida, nomeadamente, a “democracia representativa”. Democracia, desde a sua origem, é exercício direto da capacida-de de influenciar nas decisões que lhes diga respeito por parte dos concernidos, sendo o que se mostra cada vez mais viável na sociedade informatizada, cuja realização presenciamos na atua-lidade. Fundamental, portanto, o reconhecimento de um direito fundamental a ser exercido coletiva e difusamente, como deri-vação direta da cidadania, da dignidade humana e, mesmo, da soberania, popular, que é a liberdade coletiva de expressão.

7 MALINI, Fábio; ANTOUN, Henrique. @ internet e # rua: ciberativismo e mobili-zação nas redes sociais. Porto Alegre: Sulina, 2013, p. 22.

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A JUDICIALIZAÇÃO DA DEMARCAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: O CASO DAS 19 CONDICIONANTES DE PET 3388 / RR

Ana Paula Joaquim8

A atuação protagonista que o órgão de cúpula do Poder Ju-diciário vem assumindo ao efetivar os direitos contidos na Cons-tituição Federal tem sido questionada amplamente na doutrina constitucionalista sob vários enfoques. Alguns doutrinadores, de modo pejorativo, denominam essa postura como “ativismo judi-cial”. Outros a compreendem como reflexo inerente ao movimen-to constitucionalista contemporâneo, apelidando-o de “neoconsti-tucionalismo”. Para ambos, a referida postura deve ser vista com cautela, quando os Tribunais antecipam-se à formulação da pró-pria lei. Neste ambiente de questionamento acerca do papel da ju-risdição constitucional, acentua-se a necessidade da jurisprudência ser analisada para além do positivismo judiciário, em um patamar de análise crítica, no sentido empregado por Wolfram Höfling. Buscando este escopo, o presente trabalho se propõe a analisar a atuação do Supremo Tribunal Federal quando do julgamento da PET 3388/RR, na qual políticos do Estado de Roraima questio-naram a validade da demarcação da área indígena Raposa Serra do Sol. Isso porque o STF adotou uma técnica de decisão muito questionada juridicamente, ao impor 19 “salvaguardas” à decisão que julgou improcedente a demanda. A escolha por esta técnica ensejou a oposição de seis embargos de declaração que ainda estão pendentes de julgamento no STF. Diante da repercussão alcança-da, urge uma análise mais aprofundada sobre tais condicionantes, de modo a verificar se o STF assim agindo apenas forneceu parâ-metros para a execução de sua própria decisão, conforme a rela-toria do feito anunciou em dado momento, ou se agiu de modo criativo, trazendo uma contribuição nova para o direito. Neste 8 Mestre em Direito do Estado pela Faculdade de Direito do Estado de São Paulo. Professora de Direito Constitucional da Universidade Estadual de Roraima

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ponto, como suporte para a análise pretendida, compreenderemos o direito constitucional indígena à luz da doutrina especializada na temática constitucional-indígena, capitaneada pelos professores Dalmo de Abreu Dallari, José Afonso da Silva, Manuela Carneiro da Cunha, dentre outros. Confrontaremos, ainda, a referida deci-são com as legislações internacional e nacional que regulamentam as normas constitucionais sobre o tema e conferem maior densida-de normativa a estes dispositivos.

Palavras-chave: Ativismo Judicial. Supremo Tribunal Fede-ral. Direitos Constitucionais Indígenas. Demarcação de Terras Indígenas. Raposa Serra do Sol.

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PRINCÍPIOS E REGRAS: INTERPRETAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO

Andressa Santos Mirabile9 Natacha Michella Froes Boaes da Silva10

A Hermenêutica atua na formação dos processos de inter-pretação das normas jurídicas, interligando-os e fixando o seu sentido e alcance, assim como a sua aplicação adequada fren-te a situações sociais em concreto. A doutrina contemporânea compreende os princípios e as regras à luz de uma dicotomia, dividindo-os em sua esfera de interpretação. Propõe-se no pre-sente trabalho que tal divisão não seja adequada, partindo-se da compreensão de que ambos fazem parte do mesmo conjunto in-terpretativo, sendo os primeiros responsáveis pela estruturação do ultimo. Essa concepção, que conserva apenas a hermenêutica principiológica de fundamentação, é proveniente de um cons-titucionalismo pós-moderno, ou seja, de um neoconstituciona-lismo que defende a busca pela eficácia das normas constitu-cionais, principalmente diante da expectativa de realização dos direitos fundamentais. Neste caso, fixa-se a concretização das prestações materiais anunciada à sociedade pelas normas pro-gramáticas, a fim de que se torne uma ferramenta de aplicação de um Estado Social, voltado, portanto, à realização de direitos e garantias sociais. Entretanto, ao se adotar essa concepção re-pleta de carga valorativa, alguns parâmetros legais são deso-bedecidos, pois não há um balizamento e uma ponderação dos princípios constitucionais. A não verificação desse balizamento pode ocasionar uma flexibilização jurídica geradora de uma real insegurança jurídica para as decisões judiciais proferidas, dado que estas decisões passam a conflitar com o ordenamento jurídi-co, uma vez que tal ponderação não é realizada em conformida-de com a orientação constitucional, sendo esses princípios uti-lizados como fonte argumentativa sem a devida demonstração de fundamentação enquadrada ao caso concreto. A aplicação 9 Graduanda do curso de Direito da Universidade Estadual de Roraima.10 Graduanda do curso de Direito da Universidade Estadual de Roraima.

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prática das decisões passa a ser apenas retórica argumentati-va, excluindo a complexidade da consistência jurídica, isto é, a solidez de um ordenamento jurídico que consagra um Estado Social e de Direito dependente da ponderação e compreensão adequada da aplicação dos princípios e regras constitucionais.

Palavras-Chave: Hermenêutica. Princípios e Regras. Interpretação.

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UM ESTUDO SOBRE A EXIGÊNCIA DO VOTO IMPRESSO NO BRASIL À LUZ DA

INTEGRIDADE DO RESULTADO DAS ELEIÇÕES

Angelo Senna Molina 11

Este trabalho acadêmico analisa os efeitos jurídicos de-correntes da exigência do voto impresso no processo eleitoral brasileiro em contraposição ao sistema eletrônico já adotado no Brasil que compreende o uso exclusivo da urna eletrônica. O estopim dessa análise foi a edição do artigo 5º da Lei nº 12.034, de 29 de setembro de 2009, que determina a obrigatoriedade do voto impresso conferido pelo eleitor a partir das eleições de 2014, cujo teor é objeto da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4.543 que tramita no Supremo Tribunal Federal e está com sua eficácia suspensa por força de medida cautelar concedida pelo plenário do Pretório Excelso. A referida ação foi ajuizada pelo Procurador-Geral da República e conta com a participação da Advocacia-Geral da União e do Partido Democrático Tra-balhista (PDT), este último na qualidade de amicus curiae. Para conseguir alcançar esse objetivo foi realizada uma pesquisa qua-litativa baseada em uma ampla revisão de literatura em livros, artigos científicos, pareceres, relatórios, monografias e disserta-ções; que perpassou pelo contexto histórico nacional, sistemas de votação eletrônica, Direito Constitucional-Eleitoral e Direito Comparado, notadamente quanto à decisão do Tribunal Consti-tucional Federal da Alemanha proferida em 2009 que declarou inconstitucional o voto em meio 100% eletrônico. Além disso, foram realizadas pesquisas documentais em jurisprudências, matérias jornalísticas, entrevistas e cartilhas. Os estudos permi-tiram verificar que há uma grande resistência da Justiça Eleito-11 Bacharel em Administração pela Universidade de Brasília (UnB). Servidor do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima. Acadêmico do curso de Direito da Universidade Estadual de Roraima.

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ral brasileira em adotar o voto impresso em oposição a diver-sos estudos nacionais e estrangeiros que apontam em sentido contrário. Concluiu-se ao final que o voto impresso conferido pelo eleitor representa avanços jurídicos consideráveis, princi-palmente no plano constitucional, todavia, precisa ser implan-tado num novo modelo de votação que não a urna eletrônica atualmente empregada nas eleições, e, diga-se de passagem, é o paradigma do sistema eletrônico de votação do Brasil, pela qual as instituições estatais nacionais têm apresentado resistência para adoção de outro equipamento de captação de voto.

Palavras-chave: Direito Eleitoral. Voto Impresso. Legislação. Constitucionalidade.

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TRANSCONSTITUCIONALISMO: A MUDANÇA DE PARADIGMA DO ESTADO

GLOBALIZADO COMO FORMA DE MITIGAÇÃO DA SOBERANIA

ESTATAL CLÁSSICABárbara Graziele Carvalho Brígido12

Igor Fabrício Gomes Dourado13

A integração comunitária, advinda do modelo de globali-zação moderna, transpassa barreiras que antes eram tidas como verdadeiros axiomas limitativos dos mais diversos subsistemas, máxime o Direito. Esta integração traz a lume novas problemá-ticas, desconstruindo muitas das premissas outrora tidas como duradouras no modelo positivista de Direito. Nesse contexto, o constitucionalismo, que busca desde o seu nascedouro resguar-dar o cidadão dos arbítrios do Estado, limita o poder estatal e garante o mínimo de liberdade individual ao cidadão. Em razão disso, nos questionamos sobre a convivência de mais de uma ordem jurídica autônoma em determinado caso concreto, con-comitantemente, principalmente referente aos reflexos trazidos por tal fenômeno no que tange a soberania estatal clássica. Para enfrentarmos a problemática levantada, partiremos da Teoria do Transconstitucionalismo, formulada por Marcelo Neves, na qual a soberania estatal não é afastada, mas sim flexibilizada de modo a haver uma construção jurídica recíproca por meio do diálogo. Delimitaremos a pesquisa sobre o enfoque da mitiga-ção da soberania estatal clássica como meio para um aprendiza-do recíproco na seara do Transconstitucionalismo. Deste modo, a relevância acadêmica do debate suscitado, consiste em redis-cutir a mudança de paradigma entre a soberania estatal clássi-ca e sua concepção contemporânea, com escopo de evidenciar os benefícios decorrentes de uma complementação cognitiva-dialógica de casos hipercomplexos em que incida mais de uma

12 Acadêmica do 8º semestre do curso de Direito da Universidade Federal de Roraima.13 Acadêmico do 8º semestre do curso de Direito da Faculdade Estácio Atual.

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jurisdição. Metodologicamente, adotaremos a ideia construti-vista, segundo a qual a descrição do objeto é a mesmo tempo sua construção, significa que não pretendemos expor uma ideia conclusiva, com tons de verdade absoluta sobre o tema, mas so-mente ensejar um debate sobre a mudança na concepção sobe-rana estatal clássica.

Palavras-chave: Ordenamento jurídico. Soberania estatal clássi-ca. Transconstitucionalismo.

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JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA: A ESPADA DE DÂMOCLES ENTRE A ANEMIA SIGNIFICATIVA DAS REGRAS E O ABUSO

DE PRINCÍPIOS NO ÂMBITO DO STF

Bianca Alves de Lima14 Igor Fabrício Gomes Dourado15

Os acontecimentos ocorridos na Segunda Guerra Mundial trouxeram desdobramentos sensíveis ao âmbito do Direito, so-brelevando o Poder Judiciário a um patamar de protagonismo não apenas jurídico, mas também político e social, de modo que suas decisões passaram a ter projeção em quase todas as esferas da vida social. Tal fenômeno, para alguns intitulado de ‘ativis-mo judicial’, consequência do movimento jurídico chamado de Neoconstitucionalismo, transfere ao Judiciário decisões antes reservados à arena política. No contexto brasileiro, sobretudo após o processo de redemocratização promovido pela atual constituição, temos ampliada a atuação dos órgãos judiciais, sob o argumento da necessária concretização dos princípios fundamentais fundadores do dirigismo constitucional pátrio. Contudo a falta de legitimidade democrática para a tomada de decisões de cunho político por órgãos judiciais, sobretudo pelo Supremo Tribunal Federal, começa a ser questionada. Nesse diapasão, pretendemos discutir o fenômeno de judicialização da política, e consequente politização do judiciário, sob o enfo-que dos possíveis problemas de consistência causados pelo uso excessivo dos princípios constitucionais, questionando até que ponto o acoplamento estrutural entre direito e política teria se transmutado em uma verdadeira alopoiese entre os referidos subsistemas sociais, na realidade brasileira. Desse modo, enten-demos ser de extrema relevância acadêmica a discussão desse tema, pois nos permitirá explorar os avanços e riscos da positiva atuação judicial na esfera política, com o fito de apontar criti-camente os ganhos e desafios do novo paradigma e de propor 14 Graduanda do 5º semestre do curso de Direito da Faculdade Estácio Atual.15 Graduando do 8º semestre do curso de Direito da Faculdade Estácio Atual.

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uma nova perspectiva de abordagem com base no referencial te-órico da obra “Entre Hidra e Hércules”, de Marcelo Neves. Me-todologicamente, adotaremos um viés construtivista e dialético, propondo a discussão sem pretensões de construção de certezas ou verdades absolutas. Também serão analisados alguns julga-dos que exemplifiquem a problemática em questão, servindo de substrato fático para as discussões teóricas.

Palavras-chave: Constituição e Democracia. Judicialização da política. Entre Hidra e Hércules.

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A NECESSIDADE DE UMA TUTELA JURÍDICA SUBSTANCIAL E CONCRETA

NA NOVA ORDEM CONSTITUCIONAL, EM QUE OS PRINCÍPIOS SÃO ESTABELECIDOS

COMO NORMACarlos Davi Vieira Bastos16

Este artigo tem como objetivo analisar algumas decisões judiciais de casos concretos, tendo como base o neoconstitucio-nalismo, bem como a atuação dos juízes na construção de um novo direito, já que não se pode falar mais em norma geral e abstrata diante do contexto atual da jurisdição constitucionalis-ta, além de se verificar a argumentação, seja política ou prin-cipiológica, destas decisões judiciais. A influência dos valores da liberdade e do positivismo nas decisões judiciais tem como precedente histórico a ascensão da classe burguesa. Numa épo-ca de poderes absolutos, a ideia de uma lei abstrata, formada pela maioria de uma dada sociedade, através de representantes “eleitos” – em que pese o voto censitário –, e que valha para to-dos, inclusive para o rei, trouxe consigo a dita “liberdade” como valor supremo frente aos abusos cometidos pelo estado antigo. Nascia então, a era do parlamento e dos códigos, o juiz apenas proclamava a letra da lei – princípio da legalidade aspecto formal – para acabar com os abusos e privilégios da monarquia do antigo regime, o novo estado que surgia trouxe consigo a necessidade de se estabelecer uma igualdade social – princípio da igualdade aspecto material – tendo em vista que a liberdade desenfreada da classe emergente excluía o cidadão comum. A metodologia utilizada será a pesquisa bibliográfica e o estudo de casos, espe-cificamente de decisões judiciais. Ao final, após análise porme-norizada destas decisões, poder-se-á concluir em que aspecto estas decisões foram fundamentadas, para avaliar alternativas para que as legitimem de maneira mais fundamentada.

Palavras-chave: Neoconstitucionalismo. Argumentação. Sen-tença. Legitimidade. Igualdade.16 Acadêmico do 8º semestre do curso de Direito da Universidade Federal de Roraima.

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DEMOCRACIA COMO VALOR E INICIATIVA POPULAR PARA PROPOSTA

DE EMENDA CONSTITUCIONAL

Carlos Roberto Ibanez Castro17

Por vezes alocada ao lado da monarquia e da república como forma de governo. Em outras oportunidades analisada no contexto dos sistemas de governo, em conjunto com o presiden-cialismo e o parlamentarismo. Ocasionalmente compreendida como regime ou método de governo, a Democracia vem tran-sitando pelas definições próprias dessa ciência sem que, no en-tanto, seja possível pretender uma conceituação estanque acer-ca do que realmente ela significa. Essa dificuldade conceitual bem pode ser fruto de uma tomada de posição equivocada na tentativa de surpreender a ideia de Democracia, cuja definição será melhor compreendida nos estudos da Ciência dos Valores. Não foi outro o ponto de partida do constituinte brasileiro. A Constituição Federal de 1988 inaugura o novo Estado brasileiro indicando, desde logo, que a Democracia é o valor que adjeti-vará este ente vocacionado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supre-mos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos. Assim, se a Democracia como valor impõe a soberania popu-lar, forçoso concluir que o poder de criar normas também está adstrito a este valor. E esse poder nomogenético não se limita apenas a esfera infraconstitucional. Se a Democracia atribui o poder ao povo, e o Poder Constituinte é uma face desse poder, pertencerá igualmente ao povo a prerrogativa que decorre do poder de criar Constituição: o poder de alterar a Constituição. Não se compreende, então, o porquê do silêncio do constituinte quanto à iniciativa popular de emenda constitucional. Objeti-

17 Graduado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1999), especialis-ta em Direito Constitucional, com capacitação docente, pela Escola Superior de Direi-to Constitucional (2002) e mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2007). Atualmente, é professor da Universidade Paulista (UNIP).

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vamos, neste trabalho, demonstrar que essa aparente anomia jamais pode ser interpretada como obstáculo intransponível ao exercício direto do poder de modificar as normas constitucio-nais via Emenda Constitucional por iniciativa popular, já que tal entendimento constituiria grave violação ao valor fundante do Estado de Direito brasileiro: a Democracia.

Palavras-chave: Democracia. Poder Constituinte. Poder Refor-mador. Emenda Constitucional. Iniciativa Popular.

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JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL: O FETICHISMO DOS PRINCÍPIOS E SEUS REFLEXOS PARA O AGRAVAMENTO

DOS PROBLEMAS DE CONSISTÊNCIA DO SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO

Chiara Michelle Ramos Moura da Silva18

Um dos maiores paradoxos da jurisdição constitucional contemporânea, em nossa opinião, pode ser simplificado dessa forma: ao mesmo tempo em que se almeja um sistema jurídi-co que seja flexível o suficiente para se adequar às necessida-des sociais (relativas), também se busca delimitar um padrão ético-moral mínimo (absoluto), que possa atender aos anseios de certeza e verdade universais, tão característicos da tradição essencialista ocidental. Nesse contexto, a teoria pós-moderna do direito busca construir um novo paradigma universal de justiça, a exemplo dos modelos propostos por teóricos como Kohlberg, Rawls, Dworkin, Alexy e Habermas, que enfatizam a importân-cia dos princípios como ferramentas que atenderiam concomi-tantemente aos anseios de segurança e justiça, em oposição às regras, que seriam por demais rígidas, estáticas e inadequadas à hipercomplexidade da sociedade pós-moderna. Contudo, ques-tionamos se esse fetiche pelos princípios, que os colocam em uma situação de prevalência apriorística sobre as regras, não agravaria os problemas de consistência do sistema jurídico bra-sileiro, possibilitando a manipulação do processo de seleção de sentido pelo judiciário, que, em um sistema marcado pela cor-

18 Mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, na área de concentração 1.3: “Sociedade, democracia e direitos humanos”. Procuradora Federal, em exercício na Procuradoria Federal em Roraima, atuando como coordenadora de matéria administrativa, tecnologia e Educação. Procuradora-chefe da Procuradoria Federal junto ao Instituto Federal de Roraima. Coordenadora da Escola da AGU no Estado de Roraima. Professora da Faculdade Estácio Atual das disciplinas de direito Constitucional, Direito Administrativo e Direitos Humanos. Professora do Foco Concursos Jurídicos, trabalhando na preparação para carreiras de nível superior em direito. Áreas de interesse: Teoria Geral do Direito, Direito Constitucional e Direito Administrativo.

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rupção sistêmica, poderia significar a prevalência de interesses e pressões particulares sobre o interesse público. Para enfrentar a problemática levantada, partiremos da distinção entre regras e princípios formulada por Marcelo Neves, no seu “Entre Hidra e Hércules”, e do conceito de consistência elaborado por Niklas Luhmann. Metodologicamente, adotaremos a ideia construti-vista, segundo a qual a descrição de operações do sistema social representaria uma recriação auto-referente do próprio sistema. Por fim, ressaltamos que não pretendemos ser conclusivos em nossas observações, mas apenas objetivamos dar início a um de-bate sobre os limites da jurisdição constitucional brasileira, con-tribuindo para a construção de uma reflexão crítica no cenário acadêmico roraimense, ao mesmo tempo em que amadurece-mos nossa própria concepção sobre o objeto de estudo, adotan-do uma postura que se pretende dialógica.

Palavras-chave: Jurisdição Constitucional. Teoria Sistêmica. Princípios. Regras. Consistência.

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TRANSCONSTITUCIONALISMO NA UNIÃO EUROPÉIA E NO MERCOSUL: SOBRE A SOLUÇÃO DE PROBLEMAS

CONSTITUCIONAIS QUE PERPASSAM O ÂMBITO DA SOBERANIA DA ORDEM

JURÍDICA INTERNA

Chiara Michelle Ramos Moura da Silva19

A integração comunitária traz consigo uma nova ordem de problemas constitucionais, que entendemos não serem solucionadas pelas concepções constitucionais clássicas, pautadas em uma racionalidade formal e ontológica. A pretensão de integração política, econômica e social de comunidades como a União Europeia e o Mercosul, faz com que os problemas constitucionais perpassem as fronteiras dos Estados Membros, tornando-se questões relevantes para mais de uma ordem constitucional, que não reconhecem uma relação hierárquica apriorística entre si. Nossa problemática gira em torno, portanto, dessa questão principal: “quando a mesma discussão de cunho constitucional for tratada de maneira diferente por cortes de ordens diversas, como resolver a questão?”. Nesse diapasão, a proposta teórica de Marcelo Neves, denomina Transconstitucionalismo, parece-nos confortável para lidar com a problematização apresentada. Contudo, antes de delimitá-la teoricamente, pretendemos revisitar as concepções clássicas de constitucionalismo e de soberania, bem como as tentativas de harmonização desenvolvidas pela União Europeia nos últimos anos, para depois questioná-las. Importante, ainda, ressaltamos 19 Mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, na área de concentra-ção 1.3: “Sociedade, democracia e direitos humanos”. Procuradora Federal, em exer-cício na Procuradoria Federal em Roraima, atuando como coordenadora de matéria administrativa, tecnologia e Educação. Procuradora-chefe da Procuradoria Federal junto ao Instituto Federal de Roraima. Coordenadora da Escola da AGU no Estado de Roraima. Professora da Faculdade Estácio Atual das disciplinas de direito Consti-tucional, Direito Administrativo e Direitos Humanos. Professora do Foco Concursos Jurídicos, trabalhando na preparação para carreiras de nível superior em direito. Áreas de interesse: Teoria Geral do Direito, Direito Constitucional e Direito Administrativo.

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a relevância acadêmica desse debate, que buscará desconstruir algumas ideias tidas como incontestes no contexto do constitucionalismo atual, que, em geral, apresentam-se na forma de discursos maniqueístas e redutores de complexidade, os quais reproduzem uma cultura acadêmica formalista e acrítica. Por fim, como forma de exemplificar a proposta, analisaremos dois casos de transconstitucionalismo: um envolvendo o Brasil, no contexto do Mercossul (Caso dos Pneumáticos) e outro envolvendo a Itália, no contexto da União Europeia (Caso Lautsi), de maneira a comparar as soluções dadas pelas duas ordens constitucionais. Tal observação comparada será realizada a partir dos pressupostos metodológicos da teoria sistêmica de Luhmann e da racionalidade argumentativa habermasiana.

Palavras-chave: Transconstitucionalismo. Racionalidade Co-municativa. Teoria Sistêmica. Brasil. Itália.

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A INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO

BRASIL ATRAVÉS DA ANÁLISE DO TRANSCONSTITUCIONALISMO

Edgar Oliveira Campos20 Nádia Verônica Trapero Barroso21

Este artigo planeja fazer a análise do relacionamento do direito internacional e do direito interno, sob o prisma do enfra-quecimento das fronteiras júri estatais, com enfoque na inserção da tutela dos direitos da pessoa humana dentro do ordenamen-to jurídico nacional. O transconstitucionalimo, ferramenta de interpretação das divergências comuns com temas constitucio-nais de mesma natureza, é ponto de partida para análise dos problemas quanto aos direitos humanos. O Sistema Internacio-nal dos Direitos Humanos, que obteve maior importância após 1945 com a fundação das Nações Unidas, ainda encontra difi-culdades em sua difusão, mesmo estando garantido pelo art. 4, inciso II, e reafirmado pelo art. 5º, §§ 2º e 4º da Constituição Federal de 1988, o que remete a antiga discussão entre as teo-rias monista e dualista. Pretende-se aqui observar que com a globalização, o direito constitucional passou a ser reformulado, com uma das bases de seus princípios (direitos fundamentais) transpassando barreiras dos Estados, na busca pela igualdade e acesso a justiça. Para tanto, inicialmente, o assunto discorrido é quanto as noções de direito internacional público e os direitos humanos, buscando a clareza quanto a essas duas temáticas. A partir disso, o estudo sobre o transconstitucionalismo e os novos fenômenos no constitucionalismo global serão abordados, jun-to a casos específicos, para analisar a problemática existente na inserção de direitos humanos, no caso pátrio, tendo em vista os efeitos da EC 45/2004. Tal estruturação dissertativa serve para que possamos chegar a uma conclusão de como o transconstitu-cionalismo é um tema emergente dentro do direito constitucio-20 Acadêmico do curso de Direito da Universidade Estadual de Roraima.21 Acadêmica do curso de Direito da Universidade Estadual de Roraima.

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nal, e, destacar assim, a importância de sua compreensão como instrumento de auxílio na resolução de conflitos internos.

Palavras-chave: Transconstitucionalismo. Direitos humanos. Constitucional.

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A PROBLEMÁTICA ACERCA DO CONCEITO DE JUSTIÇA: UMA EXPOSIÇÃO DOS

CONCEITOS APRESENTADOS NO LIVRO I D’A REPÚBLICA DE PLATÃO

Eliza Menezes de Lima22

O trabalho aqui exposto é o resultado de estudos con-centrados no Livro I da obra “A República”, de Platão. Ele se desenvolve a princípio num apontamento dos conceitos de jus-tiça apresentados na obra mencionada. Platão escreve o Livro I como um diálogo aporético, o que significa que, após ter per-corrido diferentes tipos de saberes, não encontrou em nenhum deles o conceito que exprimisse o que ele buscava. Por isso, ao tentar encontrar o conceito de justiça, Platão, na voz de Sócrates, seu mais famoso personagem, interroga três pessoas das quais obtemos três conceitos diferentes. Inicialmente, ele busca o co-nhecimento de um ancião, Céfalo, que resumidamente diz que é dar a cada um o que é devido; a seu filho, Polemarco, este, incumbe a tarefa de dar a Sócrates uma melhor definição de justiça, e ele, que inicialmente dá uma definição semelhante a que seu pai dera (restituição do que lhe é devido), acaba encerrando sua defini-ção com sendo a justiça o auxílio aos amigos e prejuízo aos inimigos. A terceira definição, e mais discutida do livro, é a discussão com o sofista Trasímaco, e ele mantém-se firme, justiça é o que é con-veniente ao mais forte. Ao fim do diálogo Sócrates acaba por não escolher nenhum dos três conceitos como o mais acertado sobre o que é justiça. Esta justiça que será conceituada e refutada no diálogo, difere-se do conceito atual que está enraizado na defi-nição do poeta Simónides – “[...] de que ela consiste em dar o que é devido a cada um”. E este trabalho, não tem por objetivo dar uma definição acertada, ou dizer que está ou não correta a definição de justiça atual, mas sim, de abrir caminhos para uma discussão entre vários saberes, e que talvez possa desembocar numa qui-çá, reformulação do entendemos por justiça atualmente.Palavras-chave: Justiça. Trasímaco. Platão.22 Acadêmica do curso de Filosofia da Universidade Estadual de Roraima.

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A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL EM J. HABERMAS: O

LUGAR DA SOLIDARIEDADE CÍVICA EM SOBRE A CONSTITUIÇÃO DA EUROPA E NO

APELO DE 2013

Fernando César Costa Xavier23

Há poucos meses, em agosto de 2013, no âmbito do XXIII Congresso Mundial de Filosofia – realizado em Atenas, Grécia –, o filósofo alemão Jürgen Habermas apresentou texto intitula-do “Apelo pela Constitucionalização do Direito Internacional” (Plea for a constitutionalization of international law). Nesse Apelo, Habermas defende inicialmente que seria necessário evitar a ideia de cosmopolitismo, à medida que, para ele, uma tal ideia ignoraria o grande problema de como “civilizar” juridicamente o poder político que extravasa o Estado-nação. No lugar do cos-mopolitismo, diz preferir o conceito cunhado por juristas ale-mães de “constitucionalização do direito internacional”. A pro-pósito deste, ele explica que a maior conquista do Estado cons-titucional foi haver contido o despotismo, processo que ocorreu através (i) da institucionalização jurídica de liberdades iguais para todos e (ii) do aumento da eficiência do Estado administra-tivo moderno; isto é, da transformação do modo de exercício da autoridade política. Uma continuação desse processo seria a ju-ridificação do direito internacional (o qual teria evoluído de um plano coordenativo para outro cooperativo). Ainda em 2011, no en-saio A crise da União Europeia à luz de uma constitucionalização do direito das gentes: um ensaio sobre a Constituição da Europa, Haber-mas havia defendido que a Europa é, antes de tudo, um projeto constitucional, e que a União Europeia deveria ser vista como um passo decisivo rumo a uma sociedade mundial constituída politicamente. A presente comunicação intenta mostrar como Habermas, nesse Apelo, percebe que, ao menos no caso europeu,

23 Professor Adjunto do Instituto de Ciências Jurídicas, Universidade Federal de Roraima.

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o caminho para a constitucionalização do direito internacional é mais “pedregoso” do que ele imaginava. É necessário, neste caso, segundo ele, levar em conta a falta de solidariedade polí-tica que haveria não apenas entre as nações, mas também entre os cidadãos dos Estados. Ele então propõe uma teoria normati-va segundo a qual, caso haja interesse dos países europeu para formarem uma ‘constelação pós-nacional’, torna-se necessário não uma base de solidariedade ética fundada em uma possível história e cultura comuns europeias – ao que remete à noção he-geliana de Sittlichkeit –, e sim uma solidariedade cívico-política. Esta exigiria a formatação de uma diplomacia intraeuropeia ba-seada no equilíbrio democrático entre a política e o mercado, bem como a reestruturação institucional-burocrática dos gover-nos europeus e das organizações internacionais de cooperação (em especial, o Conselho da Europa). Tais pressupostos seriam indispensáveis para que, na Europa, o processo de constitucio-nalização do direito internacional pudesse caminhar, de modo originário, rumo à concretização.

Palavras-chave: Constitucionalização do Direito Internacional. Cosmopolitismo. Solidariedade Cívica. Apelo de 2013.

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NEOCONSTITUCIONALISMO NO BRASIL: DO CAOS INTERPRETATIVO ÀS BASES DE

UMA HERMENÊUTICA CRÍTICAGislene de Laparte Neves24

O movimento neoconstitucionalista surgiu no pós Segun-da Guerra Mundial e invocou a constitucionalização de direi-tos de segunda e terceira geração à luz de um texto soberano, que exigiu a passagem do Estado Legislativo para o Estado de Direito. Alcançou o Brasil apenas em 1988 com a promulgação da nova Constituição Federal. Entretanto, a falta de teorias her-menêuticas que se adequassem ao novo paradigma levou a im-portação de uma série de métodos interpretativos, que longe de corresponder a realidade brasileira, tem resumido a prática in-terpretativa a uma questão de vontade do julgador. O ativismo judicial norte-americano e a Teoria dos princípios como ‘man-dados de otimização’ de Robert Alexy, inserem-se dentre essas teorias. O presente trabalho busca assentar bases para uma crí-tica da chamada filosofia da consciência, buscando na virada linguística realizada por Heidegger e Gadamer uma nova her-menêutica jurídica que favoreça a efetivação do texto constitu-cional e, com isso, o Estado Democrático de Direito. Para tanto, buscou-se a análise histórica das condicionantes que levaram a Constituição Federal de 1988, bem como a crítica aos métodos interpretativos fundados na já superada filosofia da consciên-cia, que hoje se encontram inseridos no cenário nacional. Por fim, o texto se volta para a construção de uma hermenêutica crítica, que analise o texto constitucional como fundado no e pelo paradigma da linguagem, entendendo que não pode ha-ver pureza do objeto e nem do sujeito quando da construção da interpretação. O método é visto, assim, como meio de um pro-cesso construtivo da justiça e não fim último da certeza jurídica.Palavras-chave: Neoconstitucionalismo. Hermenêutica jurídica. Ativismo judicial. Ponderação de valores. Hermenêutica crítica.24 Acadêmica de Direito na Universidade Federal de Rondônia – UNIR/ Campus Francisco Gonçalves Quiles.

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O TRANSCONSTITUCIONALISMO COMO PROPOSTA PARA SOLUCIONAR

CONFLITOS ENTRE ORDENS JURÍDICAS CONSTITUCIONAIS NORMATIVAS

NATIVAS

Greiciane Jin25

André Lucas Barbosa Ferreira26

O respeito à pluralidade étnica se mostra de difícil com-preensão perante o olhar da sociedade entendida como transde-senvolvida. Nesse contexto surgem, em torno da mesma situa-ção fática, problemáticas de natureza constitucional envolven-do ordens estatais e ordens normativas nativas. Essa dinâmica representa oportunidade para o Direito clássico submeter-se à autocrítica e tentar superar o modelo monista da modernidade, que se demonstra insuficiente para lidar com a complexidade da sociedade contemporânea. Nesse panorama, cresce a impor-tância da discussão envolvendo os conflitos entre o ordenamen-to jurídico estatal brasileiro e as diversas ordens normativas in-dígenas, expressamente protegidas pela Constituição Federal. O problema surge quando essas ordens, igualmente legítimas, solucionam de forma diversa um mesmo caso concreto. Ques-tiona-se, então: qual delas deveria prevalecer? Para lidar com essa problemática, sugerimos o transconstitucionalismo como instrumento teórico capaz de auxiliar a compreensão. Assim, propomos o diálogo transversal como solução dos impasses de natureza transconstitucional, com questionamento da insufici-ência dos pressupostos metodológicos da Teoria Constitucional atual, por alguns chamada Neoconstitucionalismo. Portanto, buscaremos explanar brevemente a evolução do Constituciona-lismo Moderno e das divergências em torno das características do Neoconstitucionalismo. Para tanto, utilizaremos como su-porte teórico as ideias de Defesa do Pluralismo cultural e jurídi-25 Acadêmica do curso de Direito da Faculdade Estácio Atual.26 Acadêmico do curso de Direito da Faculdade Estácio Atual.

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co, com ênfase na necessidade de garantir o direito à autodeter-minação dos povos indígenas em harmonia com o sistema jurí-dico nacional, dito soberano. Entendemos a escolha da temática de relevância acadêmica por ser instrumento capaz de fomentar o debate acerca da deficiência das teorias clássicas para solucio-nar determinadas celeumas jurídicas hodiernas. Pretendermos ilustrar a temática com discussão de casos concretos que susci-tam conflitos entre ordens constitucionais e ordens normativas indígenas, vislumbrando-se a aplicação do Transconstituciona-lismo para maior abertura de uma ordem jurídica em relação à outra. Isso por meio do diálogo, sem imposição unilateral entre elas, e reconhecimento recíproco entre tradições e regras de es-truturas sociais diversas.

Palavras-Chave: Pluralismo. Neoconstitucionalismo. Trans-constitucionalismo. Diálogo. Indígena.

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SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL E ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS SOBRE OS DIREITOS DA PERSONALIDADE

Gustavo Henrique de Oliveira27

A previsão da família, no capítulo VII, de nossa Lei Supre-ma, apesar de tratar-se de norma formalmente constitucional, demonstra a preocupação do legislador constituinte originário em proteger a celula mater da sociedade. A independência obti-da pela mulher nas últimas décadas, apesar de refletir uma evo-lução da sociedade, ocasionou a possibilidade de ela impor as suas vontades dentro do seio do lar em detrimento dos desejos de seu marido, transformando as relações interpessoais conju-gais mais propensas aos desentendimentos e mais suscetíveis de rupturas favorecendo o surgimento do fenômeno denomi-nado de síndrome da alienação parental. O poder familiar, tra-tado pela própria Lei nº 12.310/2010 como autoridade parental, implica, modernamente, em razão de sua evolução, na atitude dos pais consistente em tutelar o desenvolvimento livre da per-sonalidade das crianças e dos adolescentes, o que impõe a ne-cessidade de se respeitar o convívio dessas pessoas, em especial circunstância da vida, com aquelas outras que compõem o seu ambiente familiar. A ruptura da vida conjugal, mal digerida por um dos cônjuges/conviventes, pode gerar sentimentos de aban-dono, rejeição, traição, que acabam ocasionando, em virtude do surgimento de sentimento de vingança daquele ex-parceiro que se sentiu injuriado, um processo de desmoralização do ex--companheiro/cônjuge, fazendo com que o genitor “ofendido” com a separação em sentido lato, passe a implantar falsas ideias no íntimo de sua prole, o que favorece o desenvolvimento da síndrome da alienação parental e prejudicando, dessa forma, vários direitos da personalidade das vítimas dessa conduta re-provável. Toda pessoa, pelo simples fato de ser humana, titu-lariza certo número de direitos que salvaguardam os aspectos 27 Mestre e Doutorando em Direito Civil pela Universidade de São Paulo (USP).

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mais basilares de sua existência psíquica e física garantindo-lhe a essencial dignidade. O transtorno psicológico a que se subme-te a criança ou o adolescente, nessa situação, programando-os a odiar um de seus genitores, danifica a sua personalidade, impe-dindo o seu desenvolvimento harmonioso, na medida em que se incutam ideias falsas na mente dessas vítimas que, eventu-almente, formarão opiniões distorcidas da realidade acerca do genitor (em geral) alienado. O nosso sistema não traz, expressa-mente, a previsão desse direito da personalidade consistente no livre desenvolvimento da personalidade da pessoa, diferente-mente dos sistemas português e alemão, não obstante permitir, em razão da inegável abertura dos direitos da personalidade, a proteção da pessoa considerada em seus atributos de ipseidade, alteridade e dimensão realizacional.

Palavras-chave: Família. Poder Familiar. Síndrome da Aliena-ção Parental. Direitos da Personalidade.

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OS FILHOTES DA RAPOSA: A EFICÁCIA DA COISA JULGADA E OS EFEITOS DO

JULGAMENTO NA PETIÇÃO 3388-RR DO STF

Hemerson Allan Carvalho Cunha28

A Ação Popular autuada como Petição n° 3388 (PET), pe-rante o Supremo Tribunal Federal ostenta por fito a inconstitu-cionalidade da Portaria nº 534/2005 do Ministro de Estado da Justiça e, por consectário do Decreto Homologatório Presiden-cial de 15/04/2005. Pondo fim a um conflito que se estendeu por mais de 30 anos, o STF declarou a constitucionalidade da demarcação contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol e, em uso de técnica de decisão pouco explorada, condicionou a decisão a uma série de cláusulas denominadas pelo acórdão de “salvaguardas institucionais” do processo de demarcação de terras indígenas em geral (comumente denominadas de 19 con-dicionantes). A inconstitucionalidade dos atos que concluíram o processo de demarcação da terra indígena foi suscitada com matéria prejudicial ao mérito da Ação Popular (Lei nº 4.717/65), caracterizando hipótese excepcional de controle de constitucio-nalidade, pois se revela concentrado, uma vez que a competên-cia é originária da Corte Suprema (art. 102, I, “f” da Constitui-ção Federal), ao mesmo passo em que se apresenta por via di-fusa, em Ação Popular que visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. A incumbência da presente investigação é apresentar uma análise dos efeitos da coisa julgada produzida na PET 3388 (Caso Raposa/Serra do Sol), verificando a possibilidade de as condicionantes se igualarem às decisões proferidas em controle abstrato de constitucionalidade, ostentando eficácia erga omnes e efeito vinculante (art. 102, § 2° da Constituição Federal), sendo aplicadas, portanto, a todas as demarcações de terras indígenas que possam ser concluídas após o julgamento da referida ação.Palavras-chave: Ação Popular. Eficácia da coisa julgada. Objeti-vação Controle difuso de constitucionalidade. Efeito vinculante.28 Professor do Curso de Direito das Faculdades Cathedral.

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A IRRADIAÇÃO DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NAS RELAÇÕES

FAMILIARES PARA A CONSTRUÇÃO DO DIREITO DAS FAMÍLIAS

Isete Evangelista Albuquerque29 Kérlynni Misraelly Cavalcanti Muniz Caiado30

Larissa Faria Lacerda31

O presente artigo discutirá a irradiação dos princípios constitucionais nas relações familiares para a construção do Direito das Famílias, por meio de uma metodologia de cunho qualitativo, exploratório e bibliográfico, tendo como objetivos específicos analisar a clássica dicotomia direito público-privado e a constitucionalização do ordenamento jurídico; examinar a despatrimonialização e a repersonalização do Direito de Família e, por fim, discutir a nova roupagem jurídica conferida às “famí-lias” por meio da efetividade dos princípios constitucionais nas relações intersubjetivas. Com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, comprometida com uma série de valores expressos em direitos e garantias funda-mentais, o ordenamento jurídico brasileiro passou por um pro-cesso de constitucionalização do direito civil, com consequente irradiação dos princípios constitucionais nas relações familiares. Neste intento, ocorreu uma despatrimonialização do Direito de Família, centrando-se a tutela jurídica na pessoa humana. Com esta mudança de paradigma, a realização pessoal e a felicidade plena do indivíduo passaram a ser a preocupação primordial das relações familiares, desprendendo-se da necessidade jurídi-ca de atribuir uma classificação aos diversos arranjos familiares. A partir desta nova ordem constitucional, constatou-se a consa-gração de uma concepção plural de família, abarcando-se todas as estruturas familiares cujos membros estejam unidos entre si 29 Professora da Faculdade Estácio Atual, graduada pela Universidade de Fortaleza, Especialista em Direito Tributário e Direito Constitucional pela Universidade Anhanguera e Mestre em Direito Público pela Universidade Estácio de Sá.30 Graduanda do curso de Bacharelado em Direito pela Faculdade Estácio Atual.31 Graduanda do curso de Bacharelado em Direito pela Faculdade Estácio Atual.

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em decorrência da afetividade. Consequentemente, o afeto pas-sou a ser o elemento agregador das famílias, em decorrência do princípio da dignidade da pessoa humana, insculpido no art. 1º, III, da Lei Maior, colocando-se o ser humano no centro das rela-ções civilistas. Diante desta nova realidade social do Direito de Família contemporâneo, as relações familiares passaram a ser balizadas pelos novos valores e princípios constitucionais, con-sagrando uma concepção aberta e plural do Direito de Família.

Palavras-chave: Despatrimonizalização. Repersonalização. Di-reito das Famílias. Afetividade.

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ANÁLISE DOS ASPECTOS RELEVANTES DA COMPETÊNCIA CRIMINAL INDÍGENA À LUZ DA CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA

BRASILEIRA E JURISPRUDÊNCIASIsrael Edu Dantas Andrade32

Wandercairo Elias Junior33

A questão indígena em relação à lei penal é objeto de de-bates em vários países da América Latina, não obstante, resul-tando em uma série de posições diferentes. A jurisprudência e a doutrina têm somados esforços para solucionar os critérios para o seu tratamento. Atento à peculiar situação dos indígenas, o le-gislador constituinte estabeleceu a competência da Justiça Fede-ral para o processo e julgamento de causas envolvendo disputa sobre direitos indígenas (art. 109, inciso IX). Entendeu-se então, o constituinte estabeleceu no art. 109, incisos I e III e IV, da Lei Fundamental, a competência dos juízes federais para processar e julgar as causas em que a União, entidade autárquica ou em-presa pública federal forem interessadas na condição de auto-ras, rés, assistentes ou oponentes; as causas fundadas em trata-do ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional, e os crimes praticados em detrimento de bens, serviços e interesse da União, em outra via a análise do uso do instrumento de competência em tela é cabível sempre que o in-dígena encontra-se em algumas das situações previstas na Sú-mula 140 do STJ que prevê a competência da Justiça Comum Estadual para processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima em aparente desarmonia com o art. 109 da Constituição Federal 1988 que estabelece a Justiça Federal para dirimir as disputas sobre os direitos indígenas. O presente artigo tem por objetivo a análise da competência criminal indí-gena à luz da Constituição Federal Brasileira em face dos crimes praticados por ou contra indígenas e a resolução da antinomia entre as duas normas retro pinçadas.Palavras-chave: Competência criminal. Indígena. Súmula 140 do STJ.

32 Acadêmico do curso de Direito da Faculdade Estácio Atual.33 Advogado. Especialista em Direito Público. Mestrando em Desenvolvimento Re-gional. Professor da Faculdade Estácio Atual.

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A HERMENÊUTICA DOS TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS APÓS O ADVENTO

DA EMENDA CONSTITUCIONAL N.º 45/2004

Jair Nery Ferreguetti Souza34

A Emenda Constitucional n.º 45/2004 (conhecida por “Re-forma do Judiciário”) trouxe diversas mudanças no plano cons-titucional. Dentre tais alterações, houve a inclusão do § 3º ao art. 5º da Constituição, o qual trouxe a seguinte redação: “os trata-dos e convenções internacionais sobre direitos humanos que fo-rem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, se-rão equivalentes às emendas constitucionais”. A partir de então, os Tratados Internacionais de Direitos Humanos incorporados ao direito brasileiro com o rito previsto nesse § 3º passam a ser equivalentes às emendas constitucionais, ou seja, passam a ser normas constitucionais, senão no aspecto material, certamente no aspecto formal. Tal inovação no texto constitucional traz à tona uma discussão de nível hermenêutico, tendo em vista a existência de duas possibilidades de métodos hermenêuticos a serem observados: uma hermenêutica constitucional com base no princípio da supremacia da constituição, de um lado, e uma hermenêutica dos Tratados de Direitos Humanos, que se fun-damenta especialmente no princípio pro homine, de outro. Ante isso, a comunicação pretende apresentar o itinerário de uma pesquisa atualmente em curso, no âmbito da qual se debate qual é a melhor proposta hermenêutica a ser seguida pelo Tri-bunal Constitucional brasileiro para a aplicação de uma norma oriunda de uma Convenção que verse sobre Direitos Humanos e que tenha sido incorporada pelo quorum qualificado do § 3º do art. 5º? Na pesquisa, são apresentadas as bases doutrinárias da hermenêutica constitucional e da hermenêutica dos Tratados de Direitos Humanos, indagando-se se tais técnicas interpreta-tivas são excludentes entre si, devendo prevalecer uma em de-34 Acadêmico do curso de Direito da Universidade Federal de Roraima. Servidor efe-tivo do Tribunal de Justiça do Estado de Roraima.

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trimento da outra, ou se existe a possibilidade de conciliação de critérios hermenêuticos. Esta linha de pesquisa se revela cada vez mais importante na medida em que a hermenêutica jurídi-ca constitui suporte essencial para a jurisdição constitucional, e o uso de um método hermenêutico definido para os tratados constitucionais de direitos humanos tem se tornado um desafio iminente para o Supremo Tribunal Federal.

Palavras-chave: Tratados de Direitos Humanos. Art. 5º, § 3º, da CF. Hermenêutica Constitucional. Hermenêutica dos Tratados.

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O DISCURSO JURÍDICO COMO CASO ESPECIAL DO DISCURSO PRÁTICO

RACIONAL GERAL: DIVERGÊNCIAS ENTRE ROBERT ALEXY E JÜRGEN HABERMAS

João Átila Bezerra dos Santos35

O presente trabalho tem como objetivo fazer um estudo das teorias do discurso jurídico, comparando as posições de Jürgen Habermas e Robert Alexy, especialmente no tocante à divergência quanto à “tese do caso especial”. A relevância da teoria do discurso jurídico se torna patente quando considera-mos a dificuldade de fundamentação das decisões dos juízes no que concerne aos casos em que a afirmação normativa singu-lar expressada não é uma conclusão lógica derivada de normas pressupostamente válidas; problemas que podem derivar, por exemplo, de uma imprecisão da linguagem do Direito, do con-flito entre normas, da inexistência de norma válida sobre de-terminados casos, da possibilidade de uma decisão contrariar textualmente um estatuto. A teoria do discurso jurídico visa justamente resolver casos em que a proposição singular nor-mativa se reveste de um julgamento de valor, casos em que a discricionariedade do julgador se torna evidente. Como contro-lar a racionalidade destes julgamentos? O enfoque principal da discussão entre Habermas e Alexy se encontra na controvérsia estabelecida quanto à possibilidade de ser o discurso jurídico um caso especial do discurso prático geral. Faz-se necessário discutir a proposta de Alexy, de que o caminho para construir a racionalidade das decisões difíceis passa necessariamente por uma argumentação prática (sobre o que deve se feito e o que deve ser omitido) da situação analisada; para tanto, o trabalho abordará o caminho da construção do discurso jurídico segun-do Alexy, tendo como referência principal a obra “Teoria da Argumentação Jurídica”. Será analisada, então, a elaboração do discurso jurídico na visão de Habermas, como se delineia em 35 Acadêmico do curso de Direito da Universidade Estadual de Roraima.

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“Direito e Democracia: entre facticidade e validade”. Expostas as visões de um e outro, o trabalho enfocará os principais pon-tos de dissenso entre eles, especialmente aquele que, a nosso ver, é o caracteriza mais a contenda, qual seja, a da inclusão ou não do discurso jurídico como espécie do gênero discurso práti-co geral – a tese do caso especial.

Palavras-chave: Teoria da Argumentação Jurídica. Discurso Ju-rídico. Alexy. Habermas.

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A INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS À LUZ DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO REFLEXO DA

CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL

João Luiz Pereira de Araujo36

Associar a premissa de que o Direito é uma ordem social que tem por fim a justiça com o pensamento Kantiano de que o homem é um fim em si mesmo, que não pode nunca ser coisifi-cado ou utilizado como meio de obtenção de qualquer objetivo, remete-nos a um maior apreço pela dignidade da pessoa huma-na enquanto ferramenta hermenêutica para a interpretação das cláusulas contratuais hodiernas. A importância da análise her-menêutica dos contratos fundada na dignidade da pessoa huma-na se concentra na natureza que tal princípio assume de cláusu-la geral de tutela da pessoa humana.Outrossim, o contrato não deve se basear tão somente na autonomia das partes, no pacta sunt servanda e na relativização de seus efeitos. Estes princípios da Teoria Clássica dos Contratos foram, e têm sido, mitigados pelo intervencionismo estatal. Este intervencionismo, manifes-tado pelo dirigismo estatal, que busca legal ou judicialmente agregar a solidariedade e o bem comum aos contratos celebra-dos entre particulares, mudou a forma como se contrata atual-mente. Assim, admite-se que o Estado intervenha nas relações contratuais para que se tenha um contrato que contemple, entre outros objetivos, a preservação da dignidade da pessoa humana. Palavras-chave: Interpretação. Contratos. Dignidade da pessoa humana.

36 Acadêmico do curso de Direito da Universidade Estadual de Roraima.

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DIREITOS FUNDAMENTAIS NO BRASIL: TEORIAS DA CONQUISTA E DA

“SUBVENÇÃO”

Laíze Aires Alencar Ferreira37 Annanda de Souza Girard38

Os Direitos Fundamentais, sob uma perspectiva clássica, são os chamados instrumentos de proteção do indivíduo frente à atuação do Estado, portanto, têm o propósito de exigir omis-são do poder público a fim de evitar ingerências abusivas na esfera individual. Sabe-se também que tais direitos decorrem de um processo histórico no qual, de acordo com a evolução da sociedade, foram incorporados às constituições de cada esta-do por modos e motivos diversos, seguindo uma tendência ou ideologia predominante à sua época. Nesse sentido, seguindo a classificação moderna de gerações, o presente estudo visa uma análise histórica dos direitos fundamentais no âmbito interno, mais precisamente no que tange o período de redemocratização do país após a ditadura militar, a fim de compreender e discu-tir o tal reconhecimento no contexto em quem Constituição de 1988 foi redigida e o porquê desta Carta Política ser denomina-da “Constituição Cidadã”. Para tanto se pretende trabalhar a dicotomia entre duas teorias predominantes ao tema: a primei-ra, de maior aceitação entre os doutrinadores e demais estudio-sos, defende a conquista dos direitos fundamentais pelo povo e a contrária, nomeada aqui de teoria da subvenção, é discutida por Calixto Salomão Filho e possui uma menor abrangência. A última tese entende que os direitos fundamentais foram apenas concessões estatais de finalidade “cala boca”, isto é, de aliena-ção popular frente a um suposto sistema democrático que, na realidade, existiria como máscara para perpetuar interesses ou-tros que não os de cunho social. Por fim, o artigo científico será realizado por meio de pesquisas bibliográficas, onde se enfati-zará o momento axiológico no qual o país se encontrava, para 37 Acadêmica do curso de Direito da Universidade Estadual de Roraima.38 Acadêmica do curso de Direito da Universidade Estadual de Roraima.

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então, por meio de método dedutivo, apontar uma explicação alternativa-crítica a respeito de como se deu a real implementa-ção dos direitos fundamentais no Brasil.

Palavras-Chave: Direitos fundamentais. Historicidade. Teorias. Brasil.

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A BUSCA DA JUSTIÇA SOCIAL E A SEGURANÇA DEMOCRÁTICA: OS LIMITES

DO NEOCONSTITUCIONALISMO

Leonardo David Quintiliano39

O neoconstitucionalismo surge num cenário de falta de efetividade das normas constitucionais, propondo uma nova hermenêutica convergente para a busca da realização da justiça social, mediante a qual a interpretação da norma passa a con-siderar, cada vez mais, os aspectos concretos que a circundam, por empréstimo da metodologia fenomenológica, nos moldes propostos por Heidegger. Essa nova proposta implica o mane-jo de conceitos que se encontram fora do Direito estático, pro-piciando significativa abertura hermenêutica, o que acaba por carrear críticas quanto a métodos (ou quanto à ausência deles) propostos para a aplicação dessa interpretação “neoconstitucio-nal”. A crítica a esse novo marco do pensamento jurídico-cons-titucional é o risco à “segurança democrática”. Enquanto a “se-gurança jurídica” reflete a expectativa de correspondência entre o direito posto e o direito praticado, a “segurança democrática” deve espelhar a expectativa de correspondência entre o direito praticado e o direito pressuposto. Assim, é na legitimidade de-mocrática da interpretação que deve residir o limite à nova rea-lidade hermenêutica. Como, no entanto, assegurá-lo? Embora a resposta à indagação seja complexa, o presente trabalho propõe duas hipóteses que devem ser consideradas em sua formulação: a) Desapegando-se o neoconstitucionalismo das amarras que a lógica tradicional impõe, não se deveria exigir, ainda que se afigure como paradoxal, uma lógica formal mais rígida, para se evitar a fuga de finalidade do hermeneuta, mediante cons-truções equívocas e sofismáticas que negam o fim insculpido na própria norma pelos legítimos representantes do povo? b) Se o fim buscado nessa nova realidade hermenêutica é assegurar a concretização da justiça social e isso implica a descoberta do 39 Doutor em Direito pela Universidade de São Paulo. Professor na Universidade Ibirapuera.

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direito pressuposto, bem como dos valores sociais que orientam a correspondente produção normativa, não se deveria, portan-to, resgatar a importância da mens legislatoris como método de interpretação teleológica das normas constitucionais?

Palavras-Chave: Hermenêutica constitucional. Neoconstitucio-nalismo. Justiça social.

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PODER CONSTITUINTE, PARTICIPAÇÃO POPULAR E REDES SOCIAIS: ESTUDO DE

CASO DA ASSEMBLEIA CONSTITUCIONAL DA ISLÂNDIA

Luiz Henrique Soto Riva40

Em julho de 2011, em Idnó, Islândia, um conselho forma-do por 25 cidadãos passou às mãos do Parlamento uma pro-posta de texto para a nova Constituição do país. Fruto de um experimento inédito em termos de representação democrática direta e uso da tecnologia da informação, o documento consa-grou em 114 artigos os anseios e demandas de todo um Esta-do ainda fragilizado por recente crise estrutural. A história do constitucionalismo ensina que a elaboração de uma Lei Maior é invariavelmente um processo delicado e tumultuoso, num frágil equilíbrio entre em forças políticas e atores sociais que deliberam e negociam acerca de direitos e garantias dos cida-dãos, formas de participação política e arquitetura institucional do Estado. Partindo do pressuposto de que a construção cons-titucional é essencialmente um processo de composição entre diversas frentes, a tecnologia da informação se coloca como fer-ramenta a oferecer uma nova via para a costura de um acordo nacional. E nesse sentido merece ressalto o exemplo da Islândia, que visando uma discussão plural e efetiva de sua Lei Maior e, por consequência, do seu Estado como um todo, subverteu a ortodoxa liturgia da redação constitucional e lançou mão de participação popular direta através de canais contemporâneos de comunicação, findando por – ao menos idealmente – ouvir, registrar, processar e discutir conclames das mais variadas fon-tes e com os mais variados conteúdos. Diante do vanguardismo da iniciativa, justifica-se uma análise mais detida de seus fun-damentos, objetivos, métodos de trabalho, resultados e críticas, visando uma compreensão plena da constituinte aberta e tec-nológica levada a cabo por aquele país insular. E considerando também a crescente difusão do acesso à Internet e o desenvolvi-40 Graduado em Direito pela Universidade Federal de Roraima. Advogado.

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mento e implementação de modelos informatizados de criação e gestão legislativa, será desenvolvido o tema: “A constitucio-nalização frente à experiência de participação virtual: análise do caso-referência da nova Constituição islandesa”.

Palavras-chaves: Processo Constitucional. Internet. Democracia. Islândia.

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A ÉTICA CRISTÃ E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS: ALICERCES PARA UMA

CONSTITUIÇÃO CIDADÃ

Marcondes Baptista do Rêgo41

As bases do ordenamento constitucional brasileiro são os cinco Princípios Fundamentais; a soberania; a cidadania; a dig-nidade da pessoa humana; os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. Sobre esta base foi cons-truída a nossa atual Constituição. Passados mais de duas déca-das, percebe-se que alguns dos princípios não são devidamente respeitados, é o caso do princípio da cidadania e da dignidade da pessoa humana, ambos estão intrinsecamente relacionados com a eticidade. O trabalho tem como objetivo afirmar que somente o que pode cimentar este alicerce é a ética. Por outro lado, o trabalho põe em evidência a exclusão social promovida pelo sistema econômico, apontando que um dos princípios fun-damentais, a dignidade da pessoa humana, está longe de ser efetivado. A metodologia da pesquisa pautou-se em um estudo bibliográfico e histórico, partindo da análise hermenêutica dos princípios fundamentais presentes na constituição e na funda-mentação sobre a existência da ética. Todavia um modelo ético que permeou os debates foi a ética católica, uma vez que vivía-mos um momento histórico de pós-ditadura militar de 1964. E a Igreja católica foi uma das instituições que colaborou com a queda da Ditadura, influenciado diversos setores da sociedade. Uma conclusão que se chegou foi que os constituintes foram influenciados pelo momento histórico e juridicamente tem-se, em vários pensadores, um bom aparato de defesa dos princí-pios como alicerce. Todavia, urge a necessidade de interligar tais princípios ao mundo da prática, basicamente ao campo eco-nômico e ao da ação efetiva em busca da cidadania.Palavras-chave: Constituição. Ética. Princípios Fundamentais.41 Pós-graduando em Direito Administrativo pela Universidade Anhanguera. Professor Especialista da rede estadual de ensino de Roraima. Analista Edu-cacional.

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A NECESSIDADE DE AMPLIAÇÃO DO CONCEITO DE REFUGIADO DIANTE DA AUSÊNCIA DE TUTELA JURÍDICA

ESPECÍFICA PARA AS VÍTIMAS DE CATÁSTROFES AMBIENTAIS:

O CASO DOS HAITIANOS NO BRASIL

Mayara Suzanne Freitas Chaves42

O presente artigo é resultado do Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do grau de bacharel em Relações Interna-cionais pela Universidade Federal de Roraima e discorre sobre o regime de proteção internacional dos refugiados, ressaltando a problemática da ausência de tutela jurídica específica para a proteção das vítimas de catástrofes ambientais. Centralizado na análise da evolução do conceito de refugiado e do surgimento da proteção institucional e jurídica, resultantes da conceituação do termo em âmbito internacional, a pesquisa buscou eviden-ciar que o atual regime de proteção apresenta-se desatualizado, necessitando de uma revisão quanto aos destinatários. Em um primeiro momento buscou-se elaborar uma contextualização histórica quanto à evolução dos fluxos migratórios, até o mo-mento em que a comunidade internacional entendeu ser fun-damental a criação de organismos de proteção internacional e a elaboração de instrumentos jurídicos que tutelassem os direitos dos indivíduos forçados a migrar. Por fim, realizou-se um estu-do, a partir da inclusão do Brasil no sistema de proteção inter-nacional aos refugiados e a forma como este tema foi ganhando destaque a partir do final da Segunda Guerra Mundial. E ainda foram realizadas análises de notícias veiculadas pela mídia e divulgadas em sites oficiais, a respeito dos impactos causados pelo ingresso de haitianos no Brasil e a alternativa encontrada pelo país na tentativa de regularizar a permanência desses mi-grantes em território brasileiro, com a concessão de visto de per-42 Acadêmica do curso de Direito pela Universidade Estadual de Roraima. Bacharel em Relações Internacionais pela UFRR. Email: [email protected].

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manência por razões humanitárias. Ao observar a situação dos haitianos que migraram para o Brasil, após o terremoto de 2010, foi possível comprovar que o sistema internacional de proteção é falho, e, ainda, que os dispositivos presentes na Constituição Federal de proteção aos Direitos Humanos, possuem lacunas que não deveriam existir.

Palavras-chave: Catástrofes ambientais. Fluxos migratórios for-çados. Haitianos.

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ATUAÇÃO DA MÍDIA NA EXPOSIÇÃO DE INDIVÍDUOS SUSPEITOS DE PRATICAR

DELITOS FACE À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

Miriam Aline Coelho Rosa da Silva43 Sâmmylla Letícia Araújo Sichinel44

O presente artigo ocupa-se de contextualizar a atuação da mídia na exposição de indivíduos suspeitos de praticar delitos, confrontada com o princípio da dignidade da pessoa humana. Sem intenção de esgotar o conteúdo, optou-se por tratar dos conflitos ocasionados pela liberdade de expressão e o direito fundamental contido na Constituição de 1988, pilastra do orde-namento jurídico brasileiro, trazendo ao debate a teoria crítica do Labelling Approach. A partir disso, a problemática do artigo limita-se em constatar a existência de violação de direitos fun-damentais, mormente o princípio da dignidade da pessoa hu-mana, por meio de rotulação pela mídia que instiga a sociedade a considerar determinados indivíduos como criminosos, antes mesmo de ter havido julgamento. Assim, tem-se como objeti-vo estudar a forma como a mídia exerce influência nas relações sociais e no sistema judiciário para o acusado, pesquisando-se as acepções do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana e inter-relacionando estas duas dimensões de modo a inferir como ocorre a afronta e sua consequência, a rotulação do indivíduo. O que suscitou a elaboração deste artigo foram os reiterados casos em que a mídia gera repercussão social ao rela-tar, de maneira tendenciosa, o fato delituoso, tratando como se o acusado culpado fosse, antes do trânsito em julgado da conde-nação. Para alcançar esse propósito, a metodologia de pesquisa utilizada dividiu-se em três etapas: qualitativa, quanto à forma de abordagem; classificatória, quanto aos objetivos; e bibliográ-fica, quanto aos procedimentos técnicos. Logrou-se como resul-

43 Graduando do curso de Direito na Universidade Estadual de Roraima.44 Graduando do curso de Direito na Universidade Estadual de Roraima.

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tado um apanhado de opiniões doutrinárias de juristas críticos dessa esfera, por meio do qual se concluiu que a forma de abor-dagem do suspeito empregada pela mídia ao divulgar notícias de delitos afronta ao princípio da dignidade da pessoa huma-na, sobretudo em casos nos quais não houve prática da conduta delitiva pelo indivíduo exposto, uma vez que as consequências dessa exposição são irreversíveis.

Palavras Chave: Mídia. Exposição. Rotulação. Dignidade da Pessoa Humana.

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O NEOCONSTITUCIONALISMO E OS MICROSSISTEMAS A PARTIR DA

DESPATRIMONIALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL

Natacha Michella Fróes Boaes da Silva45 Andressa Santos Mirabile46 Anatildes Alves Carneiro47

Talita Reis Albuquerque48

O Constitucionalismo como movimento social implantado e desenvolvido através da história, exerce importante limitação dos poderes estatais. A reunificação do sistema jurídico consti-tucional caracteriza-o como garantidor dos princípios relativos aos direitos fundamentais e à dignidade humana. Recebeu con-tribuições provenientes da elaboração de teorias políticas e jurí-dicas no decorrer dos séculos e, atualmente, é um instrumento fundamental para a implantação de sociedades humanistas e democráticas. Sob a égide do “neoconstitucionalismo”, enun-ciando um novo paradigma centralizador do sistema jurídico, a Constituição atua como filtro axiológico, através do qual deve ser entendido o Direito Privado. O presente trabalho se propõe a analisar alguns impactos desse movimento sobre o Direito Civil, promovendo-lhe certa “despatrimonialização” ou “reper-sonalização”. Essa reunificação pode ser compreendida como atribuição do papel proeminente e central à Constituição que traduz uma forma de releitura do civilismo, calcada numa nova ordem de ideias filosóficas, científicas e políticas. Essa constata-ção nos faz questionar a extensão da aplicabilidade das normas constitucionais a ambientes particulares, uma vez que existe certa dissonância entre os valores patrimoniais tradicionalmen-te tutelados pelo Direito Privado e os valores existenciais consa-grados pela Constituição da República. Infere-se, portanto, um impulso do movimento constitucionalista sobre o Direito Civil, cedendo espaço a múltiplos “microssistemas” que se formam 45 Graduanda do curso de Direito da Universidade Estadual de Roraima.46 Graduanda do curso de Direito da Universidade Estadual de Roraima.47 Graduanda do curso de Direito da Universidade Estadual de Roraima.48 Graduanda do curso de Direito da Universidade Estadual de Roraima.

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em razão das diversas leis extravagantes que regulamentam a matéria civilista. Trata-se do processo de descodificação desse direito, com o deslocamento central da gravidade do direito pri-vado para uma realidade fragmentada pela pluralidade de esta-tutos autônomos. A nova ordem constitucional composta pela incorporação implícita de valores e acepções políticas relativas à promoção da dignidade humana e dos direitos fundamentais, bem como a expansão de conflitos dentre as opções normativas no próprio sistema constitucional, passando a ter caráter vincu-lativo, obrigatório e imperativo, revela o nascimento da força normativa constitucional.

Palavras-chave: Neoconstitucionalismo. Microssistemas. Cons-titucionalismo.

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O COMPORTAMENTO ÉTICO DO JUIZ E A CONSTITUIÇÃO DE 1988

Parima Dias Veras49 Vilmar Antônio da Silva50

Lucilene Coutinho de Queiroz51

A importância dos valores éticos vem crescendo muito através dos tempos. As atenções às implicações éticas sobre cada decisão dos juízes brasileiros, especialmente dos amazô-nidas, quanto ao meio ambiente, tem se voltado cada vez mais para atender os anseios da nossa sociedade. O presente arti-go analisa a atuação do juiz, em matéria ambiental, à luz da Constituição de 1988 e do direito comparado. Recorreu-se aos procedimentos metodológicos recomendados pelas pesqui-sas bibliográfica, descritiva e qualitativa, tendo como fontes a doutrina, a jurisprudência e as normas constitucionais atinen-tes. Em decorrência dos estudos realizados, entende-se que o juiz, sabedor de que a questão ambiental é preocupação mun-dial para toda a humanidade, pois os recursos naturais podem se esgotar e inviabilizar a existência das futuras gerações. Ne-nhuma receita é mágica e infalível, mas é muito importante a ética na proteção ambiental. Ante a súplica social pela inevitá-vel tutela ambiental, lembramos os marcos mais importantes que ganharam atenção especial dos magistrados. O primeiro é o da edição da Lei nº 6.936, de 31 de agosto de 1981, que 49 Bacharelado em Direito pela Universidade Federal de Roraima (1997), Licenciatura em Educação Física pela Universidade Federal do Amazonas (1995) e Licenciatura em Letras pela Universidade Federal de Santa Maria (1985). É especialista em Direito Constitucional pela Faculdade Atual da Amazônia (2004) e em Direito Civil e Processo Civil pela Universidade Estácio de Sá (2002). Atualmente, é Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado de Roraima e Professor do curso de Direito da Faculdade Cathedral. E-mail: [email protected] Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia pela Universidade Federal de Roraima; Graduado em Direito pela Faculdade Anhanguera – MT; Especialista em Educação. Professor do curso de Direito da Faculdade Cathedral de Boa Vista-RR. E-mail: [email protected] Bacharel em Direito pela Faculdade Cathedral de Boa Vista-RR e em Secretariado Executivo pela UFRR. Servidora do Tribunal de Justiça de Roraima. E-mail: [email protected].

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trouxe para o mundo do direito o conceito de meio ambiente (art. 3º, I) e, como objeto específico a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida. O segun-do marco foi a promulgação da Lei nº 7.347, de 24 de junho de 1985, que disciplinou a Ação Civil Pública, como instrumento processual específico para a defesa do meio ambiente, onde, a agressão ao ambiente passa a ser um caso de justiça. O terceiro marco, categoricamente surgiu em 1988 com a Nova Constitui-ção Brasileira, que deu ao meio ambiente uma nova disciplina rica, dedicando à matéria um capítulo próprio em um dos tex-tos mais avançados em todo o mundo.

Palavras-chave: Constituição. Meio ambiente. Juiz. Ética.

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O LICENCIAMENTO AMBIENTAL À LUZ DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Parima Dias Veras52 Vilmar Antônio da Silva53

Lucilene Coutinho de Queiroz54

O Estado Brasileiro, por meio de sua Constituição, procla-ma que todos os cidadãos têm direito ao meio ambiente ecologi-camente equilibrado, considerado bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida. Impõe-se ao poder público, por meio de suas instituições e à sociedade em geral o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (CF, art. 225). Este artigo objetiva analisar a problemática do licencia-mento ambiental no Brasil à luz da Constituição Federal e da le-gislação que rege a matéria. Quanto à metodologia empregada para realizar o estudo, recorre-se aos procedimentos metodológi-cos recomendados pelas pesquisas bibliográfica, descritiva e qua-litativa. Com esse estudo, constata-se que a Região Amazônica sofre a ação de pessoas naturais e entidades públicas e privadas que praticam diversas atividades danosas ao meio ambiente, de-mandando dos órgãos responsáveis pela fiscalização das ativi-dades econômicas que impactam o meio ambiente, ações para combater a exploração predatória, aplicando-se aos que adotam condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 52 Bacharelado em Direito pela Universidade Federal de Roraima (1997), Licencia-tura em Educação Física pela Universidade Federal do Amazonas (1995) e Licencia-tura em Letras pela Universidade Federal de Santa Maria (1985). É especialista em Direito Constitucional pela Faculdade Atual da Amazônia (2004) e em Direito Civil e Processo Civil pela Universidade Estácio de Sá (2002). Atualmente, é Juiz de Di-reito do Tribunal de Justiça do Estado de Roraima e Professor do curso de Direito da Faculdade Cathedral. E-mail: [email protected] Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia pela Universidade Federal de Roraima; Graduado em Direito pela Faculdade Anhanguera – MT; Especialista em Educação. Professor do curso de Direito da Faculdade Cathedral de Boa Vista-RR. E-mail: [email protected] Bacharel em Direito pela Faculdade Cathedral de Boa Vista-RR e em Secretariado Executivo pela UFRR. Servidora do Tribunal de Justiça de Roraima. E-mail: [email protected].

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sanções penais e administrativas, independentemente da obri-gação de reparar os danos causados (CF, art. 225, § 3°). Diante desse confronto entre o desenvolvimento econômico promovido pela exploração dos recursos naturais e a necessidade de preser-vação atua em primeiro lugar a administração pública executiva, nas três esferas da federação: União, Estados e Municípios, não raro com atribuição comum. É justamente na atribuição comum do licenciamento e da fiscalização que se agasalha, salvo melhor juízo, se não a maior, ao menos uma das maiores falhas da ad-ministração pública em matéria ambiental, qual seja, deixa em dúvida quanto à iniciativa das referidas ações tanto a própria ad-ministração, quanto os usuários do serviço público, com a viola-ção de princípios constitucionais informadores da administração pública e de normas éticas, residindo nesta circunstância o objeto principal deste ensaio.

Palavras-chave: Constituição. Licenciamento ambiental. Admi-nistração Pública. Ética.

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TERRAS INDÍGENAS À LUZ DO DIREITO CONSTITUCIONAL BRASILEIRO: O ENTENDIMENTO DO STF E O CASO RAPOSA SERRA DO SOL

Parima Dias Veras55 Vilmar Antônio da Silva56

Mercilene Alves Martins e Silva57

As terras indígenas são tema de debates acalorados pelo mundo, principalmente no Brasil, mais especificamente em Ro-raima, devido às características demográficas deste estado. Nes-se contexto, este artigo analisa as terras indígenas sob a ótica constitucional brasileira, tomando como parâmetro a evolução histórica do tema nas constituições federais brasileiras, dando maior enforque às interpretações doutrinárias e jurisprudenciais atuais sobre a questão, à luz da Constituição de 1988. Mediante pesquisa bibliográfica, abrangendo as normas constitucionais, a doutrina mais relevante e as decisões da Corte Suprema, bus-cou-se esclarecer o posicionamento atual sobre o assunto. De-pois de comparar as interpretações dos doutrinadores com a jurisprudência, em consonância com as normas constitucionais, foram encontradas diferenças significativas de entendimento sobre terras indígenas, uma vez analisados o reconhecimento de áreas ocupadas, demarcações e limites impostos pelo Estado a tais terras. Assim, foi possível afirmar que essas áreas são bens 55 Bacharelado em Direito pela Universidade Federal de Roraima (1997), Licenciatura em Educação Física pela Universidade Federal do Amazonas (1995) e Licenciatura em Letras pela Universidade Federal de Santa Maria (1985). É especialista em Direito Constitucional pela Faculdade Atual da Amazônia (2004) e em Direito Civil e Processo Civil pela Universidade Estácio de Sá (2002). Atualmente, é Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado de Roraima e Professor do curso de Direito da Faculdade Cathedral. E-mail: [email protected] Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia pela Universidade Federal de Roraima; Graduado em Direito pela Faculdade Anhanguera – MT; Especialista em Educação. Professor do curso de Direito da Faculdade Cathedral de Boa Vista-RR. E-mail: [email protected] Graduanda em Direito pela Faculdade Cathedral de Boa Vista-RR. E-mail: [email protected].

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públicos da União e não devem ser entendidas apenas como o local onde se localiza a aldeia, e sim a área necessária ao desen-volvimento pleno da cultura, costumes e atividades econômicas e sociais costumeiras de determinado grupo indígena. A Cons-tituição de 1934 foi a primeira a tratar o tema, prescrevendo o respeito à posse de terras dos indígenas que nelas se achassem permanentemente localizados, sendo-lhes, no entanto, vedado aliená-las. Essa proteção se repetiu nas demais Constituições brasileiras. Atualmente, a Constituição Federal prevê, no art. 231, o reconhecimento dos direitos aos índios sobre essas terras, sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições. Estabelece ainda a obrigação de a União demarcar tais terras, além de proteger e fazer respeitar esses bens. Em recente pro-nunciamento do STF, a jurisprudência se posicionou favorável às demarcações das terras aludidas no art. 231, atendendo as necessidades dos povos indígenas em sua integridade.

Palavras-chave: Terras indígenas. Constituição Federal. STF.

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DIÁLOGOS ENTRE DEMOCRACIA E LAICIDADE À LUZ DA CONSTITUIÇÃO

FEDERAL DE 1988

Seido Chiba58

Brasil, país de múltiplas facetas, apresenta uma riqueza cultural e religiosa vasta e repleta de nuances. Descobrir in-tercessões e abismos no fiel da balança de Thêmis não é tarefa simples, sobretudo tratar de dois eixos complexos como laici-dade, que em seu interior traz consigo temas como a religião, a liberdade de crença, as garantias constitucionais e a tão discuti-da democracia. Utilizaremos as reflexões de Robert A. Dahl no que tange ao conceito e reflexões sobre a democracia, do pro-fessor José Afonso da Silva e do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Ferreira Mendes acerca do conceito de Estado laico. Aborto de fetos anencéfalos, não tributação de templos religiosos, eutanásia, injúria em função de crença religiosa, es-tatuto geral das religiões. Diversos são os temas que envolvem o diálogo entre o Estado laico e a democracia. Debate fecundo nesta terrae brasilis, de construção contínua e de matrizes que se misturam ao tempo que se preservam. Dentre os dispositivos que enunciam acerca do tema na magna carta de 1988, discuti-remos a partir da análise da tríade lei, doutrina e jurisprudência a relação ora apresentada. A defesa de valores impregnados de elementos doutrinários das religiões é de grande importância filosófica, de modo que nos pomos a analisar até onde vai o humanismo e onde se inicia o discurso fundamentalista, dema-siado perigoso para um país de gigante diversidade. Ter como fulcro a Constituição Federal é balizar o debate dentro da alma do Estado, de analisar a ligação, o diálogo entre a laicidade e o Estado democrático de direito e mitigar a própria natureza da identidade do Estado Brasileiro enquanto buscador da tolerân-cia e o respeito às diferentes crenças existentes no país. Estu-58 Acadêmico do curso de Direito da Faculdade de ensino superior da Ama-zônia Reunida (FESAR).

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dar os diálogos possíveis entre a democracia e o Estado laico remete-nos sempre a princípios basilares que são essenciais ao Estado democrático de direito.

Palavras-chave: Laicidade. Democracia. Constituição. Religião. Liberdade religiosa.

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INOVAÇÕES DA LEI COMPLEMENTAR N° 140/11 E O AVANÇO DO

DESMATAMENTO EM RORAIMA

Tatiana Sousa da Silva59

O ordenamento jurídico brasileiro dedicou especial aten-ção ao dilema do desenvolvimento econômico e a necessidade de conservação dos bens ambientais, não apenas através do co-mando constitucional previsto no artigo 225, mas também pela vasta legislação ambiental especifica. Apesar disso, o sistema normativo brasileiro não tem sido eficaz, vez que não tem con-seguido garantir a conservação e o uso racional dos recursos naturais, principalmente, das florestas tropicais, que têm sido dizimadas pelo intenso desmatamento, que é crescente em Ro-raima, onde o grande desafio para a conservação da floresta é a exploração sustentável de madeira, produto considerado um dos alicerces da economia do estado. Foi partindo dessa reali-dade, que se buscou avaliar as inovações trazidas pela Lei Com-plementar n°. 140/11, no que tange a regulamentação do artigo art. 23, III, VI e VII da CF/88, bem como entender sua relação com o aumento das taxas de desmatamento no estado. Para tan-to, abordou-se a problemática do desmatamento na Amazônia e em Roraima, especialmente causado pela exploração ilegal de madeira, considerando os dados do desmatamento ocorrido en-tre agosto/2011 a março/2012, período em que a Lei em análise entrou em vigor e o desmatamento no estado cresceu em 363%, de acordo com dados do INPE/DETER (Detecção do desmata-mento em tempo real). Fez-se um breve histórico da evolução das normas de proteção ao meio ambiente, e abordaram-se no-ções de Direito Ambiental, como a tutela constitucional do meio ambiente e as regras de competência, antes e após a edição da Lei Complementar 140/11. O estudo revelou que para manter o meio ambiente equilibrado, não basta a edição de novas leis, 59 Advogada. Mestranda em Desenvolvimento Regional da Amazônia pelo Núcleo de Estudos Comparados da Amazônia e do Caribe da Universidade Federal de Roraima.

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existe a necessidade da implementação de políticas públicas que tornem a aplicação das normas mais eficaz, evitando o avanço dos prejuízos ambientais causados pelo desmatamento.

Palavras-chave: Roraima. Desmatamento. Sustentabilidade. Lei Complementar n°.140/11.

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A REPERCUSSÃO GERAL NA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO

EXTRAORDINÁRIO

Thiara Suelen Freitas Chaves60

O presente trabalho enfoca a repercussão geral das ques-tões constitucionais a ser demonstrada pelo recorrente na in-terposição do recurso extraordinário, introduzida como pressu-posto de admissibilidade recursal pela Emenda Constitucional n° 45/04 e revelando um novo instituto no direito processual constitucional, a representar técnica de filtragem da matéria a ser enfrentada, no mérito, pela Corte Suprema, visando a su-peração da tradicional “crise do Supremo”. Para tanto, aborda a instituição do recurso extraordinário no Brasil ressaltando as tentativas de amenizar o problema, bem como faz comparações com o antigo instituto da arguição de relevância, ressaltando a pertinência de sua utilização nos demais países, trazendo à dis-cussão questões relacionadas ao seu procedimento, declinando sobre as situações em que se reconheceu sua existência, bem como não casos em que esta não se verificou, a fim de delinear seu alcance social, econômico, político ou jurídico a fim de have-rá repercussão social, econômica, política ou jurídica, à luz das manifestações do STF. Aborda, outrossim, a PEC 209/12, que pretende inserir § 1º ao art. 105 da CF, estendendo a repercussão geral também ao recurso especial, ao prever a necessidade de o recorrente demonstrar a importância das questões de direito Federal infraconstitucional discutidas no caso, trazendo, dessa forma, uma abordagem crítica do instituto da repercussão geral no ordenamento jurídico brasileiro.

Palavras-chave: Repercussão Geral. Crise do Supremo. PEC 209/12.

60 Graduada em Direito pela Universidade Federal de Roraima (2007). Especialista em Ciências Penais pela Universidade do Sul de Santa Ca-tarina (2008). Servidora do Tribunal de Justiça do Estado de Roraima.

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A FALTA DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA URBANA NO MUNICÍPIO D

E BOA VISTA

Wandercairo Elias Junior61 Elói Martins Senhoras62

O ordenamento e o desenvolvimento da Capital de Rorai-ma, Boa Vista e os problemas relacionados ao direito à terra ur-bana, infra-estrutura, moradia e meio ambiente urbano, levan-do em consideração os direitos pessoais e reais, a função social da propriedade e as ações de política pública locais que acabam por ferir a Constituição Federal ao obstaculizar aos imóveis sem os devidos títulos definitivos cumpram completamente sua função social. Nesse diapasão, o artigo busca entender as pers-pectivas políticas locais a fim de analisar se os instrumentos de regularização fundiária, as zonas especiais de interesse social, usucapião constitucional de imóveis urbanos, a concessão de di-reito real de uso, dentre outros, que devem ser analisados deta-lhadamente de forma a perceber quais são os parâmetros legais para sua aplicação, e como os mesmos vem sendo efetivados. O Plano Diretor e o Programa Federal Minha Casa Minha Vida tem a atribuição, nesse quadro, de fornecer alguns instrumentos eficazes para lidar com o crescimento acelerado e fomentar po-líticas públicas compatíveis, contudo a falta de conscientização da população em relação às questões urbanas vem provocando um processo de desenvolvimento desarmônico que tendo em vista a falta dos títulos definitivos dos imóveis prejudica em vá-61 Advogado. Especialista em Direito Público. Mestrando em Desenvolvimento Regional. Professor da Faculdade Estácio Atual.62 Professor e pesquisador do Departamento de Relações Internacionais (DRI), do Programa de Mestrado em Geografia (PPG-GEO), do Programa de Mestrado em Sociedade e Fronteiras (PPG-SOF) e do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Amazônia (PPG-DRA), todos da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Graduado em Economia. Graduado em Política. Especialista pós-graduado em Administração - Gestão e Estratégia de Empresas. Especialista pós-graduado em Gestão Pública. Mestre em Relações Internacionais. Mestre em Geografia – Geoeconomia e Geopolítica. Doutor em Ciências. Pos-Doutorando em Ciências Jurídicas.

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rios aspectos os munícipes. A expansão do mercado imobiliá-rio, a insegurança jurídica ligada à mera posse dos imóveis, a impossibilidade de financiamento destes mesmos imóveis por parte dos moradores detentores da posse faz necessária uma fundamentação teórica consistente, que busque compartilhar com os assuntos relacionados com o tema em questão e tentar traçar estratégias políticas de regularização fundiária.

Palavras-chave: Título Definitivo. Direito à Moradia. Proprie-dade. Posse.

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A DEFESA DO PATRIMÔNIO CULTURAL E A SADIA QUALIDADE DE VIDA NO

AMBIENTE URBANO AMAZÔNICO

Zedequias de Oliveira Júnior63

A complexidade e a megadiversidade do ambiente ama-zônico demonstram a relevância da discussão da tutela jurídi-co-constitucional do patrimônio cultural produzido e sua rela-ção nos espaços urbanos cada vez mais caóticos, tal como o de valorar os mecanismos jurídicos incorporados na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e a ampla responsa-bilidade da coletividade e do Poder Público como formas de proporcionar às gerações do porvir o pleno acesso. A proposta, partindo desta base situacional, é localizar o aludido interesse como um dos elementos intrínsecos do meio ambiente numa concepção conglobante e enfatizar, como consequência direta e imediata, a atribuição de considerar o patrimônio cultural amazônico como direito humano fundamental essencial à sadia qualidade de vida física e mental com plena aptidão de auxi-liar e construir um modelo que reforce o papel do princípio da dignidade da pessoa humana e a impreterível construção dos mecanismos legítimos a consecução de aludido desiderato po-sitivado e reconhecido como cláusula pétrea, cuja observância não pode ser preterida pelo Poder Público e muito menos pela sociedade em decorrência da imprescindibilidade de se tutelar o respectivo interesse metaindividual em foco e sua interface com a atuação singular do menor ente federado que é o Município.

Palavras-chave: Patrimônio Cultural Amazônico. Sadia Quali-dade de Vida. Direito Fundamental.

63 Promotor de Justiça do Ministério Público de Roraima. Professor de Direito Ambiental da Universidade Federal de Roraima.