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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO N o 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS Porto Alegre, 16 a 28 de fevereiro de 2010 Ano XV - Edição N o 556 - R$ 1,50 Jovem tem vez Voz do Pastor/Página 2 As atividades humanas produtivas Santa Folia Uma outra comunicação possível Encerrada a importante etapa do evento, começa o verdadeiro Mutirão de Comunicação do qual a Carta de Porto Alegre pretende ser apenas um guia. Agora é hora de arregaçar as mangas para dar curso às deze- nas de sugestões e conclusões tiradas de conferências, debates, seminários e oficinas, e por em prática uma outra comunicação possível e inadiável para o anún- cio mais eficaz do Evangelho na América Latina e Caribe. Pági- nas 2, 9, contracapa e centrais. A arte e, em especial a música, fala direto ao coração, sem passar pela razão. Além das densas e sábias conferências, oportunos e esclarecedores seminários e valiosas oficinas de treinamento, a programação paralela também propiciou momentos muito fortes de emoção e alegria e legítima comunicação solidária entre os participantes do Mutirão América Latina e Caribe. Um desses ternos e intensos momentos foi o concorrido concerto da Orquestra de Viola Caipira no fim da tarde do último dia do Evento. E que fez o lotado Teatro do Prédio 40 da PUCRS acompanhar de mãos dadas o canto da Oração pela Família. Difícil foi conter as lágrimas. Direto ao coração Economia e vida É o tema da Campanha de Fraternidade de 2010 que é ecumênica e tem como lema Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro (Mt 6,24). É o desafio do cristão em sua esco- lha de vida diária numa cultura consumista e individualista. Sim, o dinheiro é necessário para a sobrevivência de uma vida minimamente digna. Importa, todavia, não ser seu escravo e manter abertas ge- nerosas mãos para dividi-lo com os que mais precisam. A CF 2010 abre em todo Brasil, na quarta-feira de cinzas, dia 17 de fevereiro. Os cristãos sempre tiveram motivos de sobra para a alegria e a cele- bração da vida: afinal, Ele veio para confirmar a esperança na eternidade. E o Carnaval é uma festa santificada pela graça de Cristo dentro da Igreja no qual é possível a diversão sadia. Mas não essa festa mundana, eivada de exces- sos de toda ordem. Outros tantos preferem a santa folia, optando por retiros religiosos, como ocorre no Vale do Paraíba, em SP, junto à comunidade Can- ção Nova, que reúne 60 mil pessoas; ou como farão os milhares de participantes do 28º Rebanhão, com o tema da Fraternidade N. Sra. da Evange- lização, na Paróquia S. Martinho em P. Alegre e nas cidades de Ijuí e Taquari. A foto ao lado é de um desses eventos realizado no ano passado . f ala sobre política: Gustavo Rizzo Prux (na foto com amigos), 21 anos, residente em Porto Alegre, estudante de Letras na UFRGS, é o destaque desta edição. Página 9

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IMPRESSO ESPECIALCONTRATO No 9912233178

ECT/DR/RSFUNDAÇÃO PRODEODE COMUNICAÇÃO

CORREIOS

Porto Alegre, 16 a 28 de fevereiro de 2010 Ano XV - Edição No 556 - R$ 1,50

Jovem tem vez

Livraria Padre Reus está oferecendo a edição doLivro da Família/2010. Adquira seu exemplar ou façaseu pedido no endereço abaixo, que teremos a maior

alegria em atendê-lo. Também o Familienkalendar/2010está disponível.

Voz do Pastor/Página 2

As atividades humanas

produtivas

Livraria Padre Reus está oferecendo a edição doLivro da Família/2010. Adquira seu exemplar ou façaseu pedido no endereço abaixo, que teremos a maior

alegria em atendê-lo. Também o Familienkalendar/2010está disponível.

nonononono

SantaFolia

Uma outra comunicação possível

Encerrada a importante etapa do evento, começa o verdadeiro

Mutirão de Comunicação do qual a Carta de Porto Alegre pretende ser apenas um guia. Agora é hora de arregaçar as

mangas para dar curso às deze-nas de sugestões e conclusões

tiradas de conferências, debates, seminários e oficinas, e por em prática uma outra comunicação

possível e inadiável para o anún-cio mais eficaz do Evangelho na América Latina e Caribe. Pági-nas 2, 9, contracapa e centrais.

A arte e, em especial a música, fala direto ao coração, sem passar pela razão. Além das densas e sábias conferências, oportunos e esclarecedores seminários e valiosas oficinas de treinamento, a programação paralela também propiciou momentos muito fortes de emoção e alegria e legítima comunicação solidária

entre os participantes do Mutirão América Latina e Caribe. Um desses ternos e intensos momentos foi o concorrido concerto da Orquestra de Viola Caipira no fim da tarde do último dia do Evento. E que fez o lotado Teatro do Prédio 40 da PUCRS acompanhar de mãos dadas o canto da Oração pela Família. Difícil foi

conter as lágrimas.

Direto ao coração

Economia e vida

É o tema da Campanha de Fraternidade de 2010 que é ecumênica e tem como lema Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro (Mt 6,24). É o desafio do cristão em sua esco-lha de vida diária numa cultura consumista e individualista. Sim, o dinheiro é necessário para a sobrevivência de uma vida minimamente digna. Importa, todavia, não ser seu escravo e manter abertas ge-nerosas mãos para dividi-lo com os que mais precisam. A CF 2010 abre em todo Brasil, na quarta-feira de cinzas, dia 17 de fevereiro.

Os cristãos sempre tiveram motivos de sobra para a alegria e a cele-bração da vida: afinal, Ele veio para confirmar a esperança na eternidade. E o Carnaval é uma festa santificada pela graça de Cristo dentro da Igreja no qual é possível a diversão sadia. Mas não essa festa mundana, eivada de exces-sos de toda ordem. Outros tantos preferem a santa folia, optando por retiros religiosos, como ocorre no Vale do Paraíba, em SP, junto à comunidade Can-ção Nova, que reúne 60 mil pessoas; ou como farão os milhares de participantes do 28º Rebanhão, com o tema da Fraternidade N. Sra. da Evange-lização, na Paróquia S. Martinho em P. Alegre e nas cidades de Ijuí

e Taquari. A foto ao lado é de um desses eventos realizado no

ano passado .

fala sobre política: “Os jovens não sabem o que é política, infelizmente, por

não filtrarem o que de fato é bom ou não. E a política aqui no Brasil é de chorar... Se os eleitos não pensassem somente no

Gustavo Rizzo Prux (na foto com amigos), 21 anos, residente em Porto Alegre, estudante de Letras na UFRGS, é o destaque desta edição. Página 9

EDITORIAL

16 a 28 de fevereiro de 2010 2

Voz doPASTOR

Dom Dadeus GringsArcebispo Metropolitano

de Porto Alegre

Faça-se a comunicação

A RTIGOS

as atividades humanas produtivas

[email protected]

“Excluir-se do mutirão pela vida e pelo amor soli-dário é abdicar do seu ser-gente”.

Fundação Pro Deo de Comunicação

Conselho DeliberativoPresidente: José Ernesto

Flesch ChavesVice-presidente: Agenor Casaril

CNPJ: 74871807/0001-36

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo

Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, José Edson Knob e

Ir. Erinida GhellerSecretário: Elói Luiz ClaroTesoureiro: Décio Abruzzi

Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

RedaçãoJorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS

Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RSRevisão

Nicolau Waquil, Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários)

AdministraçãoPaulo Oliveira da Rosa (voluntário), Elisabete

Lopes de Souza e Davi EliImpressão

Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282

Porto Alegre/RSFone: (51) 3221.5041 – E-mail:

[email protected]

Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade,

não expressando necessariamente a opinião deste jornal.

Conselho Editorial Presidente: Carlos AdamattiMembros: Paulo Vellinho,

Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer e Beatriz Adamatti Diretor-Editor

Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RSEditora Adjunta

Martha d’Azevedo

Manoel JesusProfessor de Comunicação da UCPel

O Antigo Testamento, da Bíblia, inicia com a afirmação: "E Deus disse, faça-se…" Já o Novo Testamento tem no

Evangelho de São João algo parecido: "No princípio era o Verbo (palavra) e o Verbo se fez carne e habitou entre nós". Em ambos os casos, a clara necessidade de que mesmo o Divino uti-liza-se da comunicação que antecede ao fazer, a concretização de qualquer ação. Penso nisto quando a Igreja Católica do Rio Grande do Sul realizou, entre 3 e 7 de fevereiro, o Mutirão La-tino Americano e Caribenho de Comunicação. Uma proposta ousada e arriscada. Tenho dito em palestras que o problema da Igreja não está em documentos produzidos academicamente ou teóricos, mas em políticas que realmente levem a comunicação à realidade.

Um economista, obrigatoriamente, não é um bom administrador. Pode conhecer a teoria sem que tenha tido chance de colocar a mão na realidade prática. Um sociólogo que se preocupa em buscar apenas na academia seu conhecimento pode ser um bom conferencista,

mas não alguém que possa jogar luz sobre a vida do dia a dia que lhe está distante. Um padre pode ser um teólogo por excelência, mas terá dificuldade de contato com a população se não tiver a sensi-bilidade do pastor, que procura insistentemente qualquer ovelha perdida, até encontrá-la, tratá-la e festejar o seu reencontro.

Assim como existem alfabetizados funcionais, também temos batizados funcionais: pessoas com o mínimo ou nenhuma formação religiosa, preci-sando de carinho no trato do discurso que lhes é endereçado, porque não o entendem, ou entendem apenas em parte. As experiências feitas a respeito são exatamente isto: experiências. Não consegui-ram transformar-se em políticas que possam dar certo em variados ambientes.

Uma comunicação popular é necessária. A academia produziu trabalhos interessantes, mas que não respondem aos anseios daqueles que estão pró-ximos das bases e vêem a distância abismal existen-te entre quem produz conhecimento e aqueles que deles deveriam se valer para iluminar ou mesmo melhorar a própria realidade. Este é o desafio real: que o discurso e o testemunho possam ser enten-didos, assimilados e façam a diferença entre quem prega caminhos e aqueles que caminham juntos.

O ser humano não só cons-trói um mundo simbólico que, na verdade, só existe

na mente. Atua também sobre o mundo real em que se encontra. É certo que sua atividade carac-terística e mais sublime promana da mente. Tem capacidade de conhecer e de querer. Consequen-temente, atinge e interioriza a verdade e o bem, respectivamente, pela inteligência e pela von-tade. Neste plano, pode ser considerado verda-deiramente criador. O mundo das ideias é obra sua. Produz algo de próprio, que lhe proporciona dignidade. Torna-se pessoa na medida em que se relaciona, conhecendo e amando a totalidade do ser, assimilando assim a própria razão de ser. O mundo que criamos com nossa inteligência e o mundo ao qual nos dirigimos com nossa vontade, envolvendo-o com amor, existe na mente, onde é criado por nós. Mas este mundo tem seu fundamento na realidade, que o trans-cende. Verdade é exatamente esta conformação de nosso mundo interior, criado por nós, com o mundo exterior, criado por Deus do nada, mas realmente existente. Dele conseguimos, com nossa capacidade cognitiva, desvendar algum segredo e como ler e apreciar os pensamentos de Deus, tanto no macro como no microcosmo, tanto na decodificação do código genético como na penetração dos segredos do átomo, tanto na descoberta dos primórdios da criação como na projeção de seu destino...

Mas, além deste mundo criado por nós, te-mos também uma incrível capacidade de atuar sobre o mundo de Deus. Como este modo de agir não se patenteou, desde o início, em toda a sua complexidade, foi recebendo uma enumera-

ção, de acordo com o aparecimento de sua preponderância. Falamos, por isso, de atividade humana primária, para referir a ação do homem de extrair da natureza os bens de que necessita. Começou a se denominar agricultura. É a ação do homem sobre a terra, por assim dizer, subjugando-a ou a domesti-

cando, para que produza tudo o que nós quere-mos, quer em plantas quer em animais. Estamos no setor agropecuário. Mas logo o ser humano se deu conta de que sua ação não se poderia limitar à extração do que a natureza lhe é capaz de proporcionar. Avançou ao setor secundário, transformando estes bens. Inicialmente, foram pequenas adaptações. De posse do fogo, conse-gue cozinhar e, consequentemente, tornar mais gostosos os alimentos, que extraía da terra. Em seguida avançou para adaptar melhor a natureza a si. Em vez de se restringir à busca de pedras, que a natureza lhe proporcionava, para construir muros e casas, começou ele mesmo a fabricar pe-dras, às quais deu o nome significativo de “pedra cozida”, em português, tijolo. O mesmo fez para o telhado, com o fabrico de telhas... Com a invenção da máquina – inicialmente a vapor – surgiu a era industrial. O setor secundário logo foi crescendo vertiginosamente, arregimentando uma enorme massa de gente como mão de obra. Chamaram-se proletários. Marx sintetizou estes dois setores da atividade humana, para a qual queria restringir toda a concepção de trabalho, na foice – para a agricultura – e no martelo – instrumento para a indústria. Queria reduzir toda a atividade humana a eles. Só eles estariam realmente produzindo. Queria que a humanidade se situasse toda ela neste binômio.

O evento Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe terminou; agora, começa o verdadeiro mutirão. Para este mutirão somos todos convocados, atuando ou não nos meios

de comunicação. Porque, comunicadores somos todos nós. Ninguém, que paute a sua vida pelos valores humanos que sempre são cristãos, que queira um mundo mais ético, mais justo, mais solidário, mais democrático, mais bonito de se viver, pode abdicar deste mutirão. Excluir-se do mutirão pela vida e pelo amor solidário, é abdicar do seu ser-gente.

A Carta de Porto Alegre, agora, deverá ser assumida e vivida por todos e todas que, no âmbito da comunicação, entendida, prin-cipalmente, como relação entre as pessoas, tomam a utopia de um outro mundo possível como seu referencial. No horizonte dos homens e mulheres de boa vontade, esta utopia se identifica com o sonho do Reino, o sonho de um mundo fraterno onde o sinal distintivo dos discípulos missionários do Senhor Jesus é o amor que constrói, em mutirão de mãos, mentes e corações, o mundo que querem para si, seus filhos e netos.

O Solidário assumiu o Mutirão desde que foi lançado em julho de 2008 e foi, nestes últimos meses, o jornal do Mutirão. Assim, obviamente, esta edição traz um pouco do muito que foi este evento. Se, por um lado, os organizadores lamentam a pouca presença de público, por outro lado se alegram pelos resultados que obteve e enriquecimento que o Mutirão propiciou para os que participaram das atividades oferecidas nestes dias no campus da PUCRS.

Uma das muitas presenças significativas no Mutirão foi a do pre-sidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, Dom Cláudio Maria Celli. Ele destacou que a problemática da evangeli-zação diz respeito à necessidade de conhecer as culturas da era digital e estar a serviço da humanidade, oferecendo um diálogo de acolhida, compreensão e consolo e que é preciso estar onde as pessoas compartilham a vida, seja na forma virtual ou presencial.

Por acreditarmos que nossos leitores são todos mulheres e homens de boa vontade e que-rem entrar neste mutirão da vida, o Solidário partilha com eles e elas alguns dos sonhos dos que participaram no evento e que estão na Carta de Porto Alegre, cuja íntegra se encon-tra nesta edição. Sonhamos, como comunicadores e comunicadoras que somos todos:

com uma prática comunicacional marcada pela vivência de uma cultura solidária, por critérios éticos e por uma vida coerente com esses princípios;

-que se reconheçam, acima de tudo, servidores do direito dos cidadãos a receber e emitir informação e opinião; que não se subor-dinem aos interesses e às pressões do poder político ou econômico porque estão comprometidos com a cidadania comunicacional;

- que estejam junto aos empobrecidos e incorporem seu olhar; - que impulsionem o diálogo para enfrentar as contradições,

inevitáveis em qualquer sociedade, com o objetivo de alcançar a paz e a justiça;

- que não se preocupem somente em ser plurais, mas igualmente em valorizar as diferenças surgidas no caminho da busca da verdade;

- que suscitem solidariedade a partir dos processos de co-municação;

- que saibam escutar e estar atentos especialmente ao clamor que emerge do murmúrio dos silenciados e, assim, contribuir para a visibilidade dos invisíveis de hoje.

Repetimos Dom Helder Câmara, em sua frase paradigmática: se alguém sonha sozinho, é apenas um sonho; mas quando sonha com alguém, já é o começo da sua realização. O Solidário, os que o fazem e os que o lêem, continua neste mutirão e quer contribuir para a construção de uma cultura solidária, para que o mundo tenha vida e vida sempre em maior abundância.

O verdadeirO mutirãO

FAMÍLIA &SOCIEDADE 3

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Imagem (alterada):Dez Pain/sxc.hu

16 a 28 de fevereiro de 2010

Jorge La RosaTerapeuta de Casal e Família, doutor em Psicologia

O convívio homem-mulher na relação marital é um desafio, com suas alegrias e momentos felizes e, também, com desencontros e pequenos conflitos do cotidiano. Homem e mulher são diferentes sob muitos pontos de vista: anatômico, bioquímico, hormonal, psicológico e procedem de diferentes famílias com costumes e valores diferentes. O relacionamento para dar certo, nesse contexto, exige maturidade afetiva, o que muitas vezes não ocorre. A separação, neste caso, é vislumbrada como solução para sua dificuldade – uma falsa solução já que o problema de base é a imaturi-dade e não o casamento. O casal deveria, antes, tratar-se e evoluir emocionalmente para enfrentar a vida nas suas mais variadas facetas, incluindo a conjugal; deveria tornar-se capaz de encontrar satisfação na relação marital e fazer dela uma fonte de crescimento pessoal.

É verdade também, e não podemos negar, existem casos em que a separação é o melhor caminho – muitas vezes é o único que se abre, dada a gravidade da situação e impossibilidade de retorno. Nesses casos, o que fazer?!

Sofrimento na separaçãoNão podemos fechar os olhos, nem negar a re-

alidade: uma separação é dolorida; as pessoas que estiveram unidas por determinado tempo tiveram alegrias compartidas, momentos felizes e muitas outras coisas boas proporcionadas pela união; cada um partir para um lado dói, a alma ser dilacerada dói, a ruptura de um vínculo dói. E isso demanda tempo para ser sanado!

Mas há alguém que comumente sofre mais que o casal: é o filho. E muitas vezes ele não é lembrado, ou mal-lembrado: o sonho do filho é ver seus pais unidos para sempre, proporcionando-lhe amor e carinho, e segurança; importante para o filho não é apenas o amor que pai e mãe lhe dedicam, mas o amor que pai e mãe têm um para o outro, e que lhe serve de amparo e arrimo nas dificuldades de seu desenvolvimento e enfrentamento da vida. Lá se vão, com a separação, essas colunas importantes para ele.

O problema se aguça quando pai e mãe não são lá muito civilizados e guardam ressentimentos: procuram denegrir, cada qual, a ima-gem do outro para o filho. Isso é o cúmulo, mas muitas

vezes ocorre. No caso de separação, para não au-mentar ainda mais as dificuldades, e muita coisa possa ser salva, o pai deverá falar para o filho das qualidades positivas da mãe, e a mãe lembrará ao filho as muitas virtudes do pai. Assim agindo, estarão poupando seu filho de maiores dissabores. Mas se vêem qualidades no cônjuge, por que se separam? Por dificuldades na convivência – seria uma resposta genérica que poderia apaziguar o menino, a menina.

Casamento e imaturidadeUma questão que chama a atenção, hoje, é a

imaturidade de muitos jovens ao abraçarem a vida conjugal: estão demasiadamente preocupados com a própria felicidade e esquecem o bem-estar do outro; estão com baixa tolerância à frustração e isso facilmente provoca conflito; estão com baixa autoestima e isso os leva a engalfinhar-se em lutas pelo poder e afirmação da própria vontade; duvidam muito de si e por isso mesmo duvidam de sua capacidade de levar adiante o relacionamento; têm uma concepção romântica do casamento, e assim não estão preparados nem para a renúncia

nem para o sacrifício; enfim, são muito imaturos e isso os torna infelizes: duas pessoas infelizes convivendo geram uma infelicidade maior.

Os filhos começam a aprender o caminho da maturidade com a educação que os pais lhes pro-porcionam na aprendizagem de limites, nas regras de socialização, na aprendizagem básica de toda convivência, ou seja, o princípio de reciprocidade: “Não faças aos outros o que não queres que os out-ros te façam” ou, positivamente “Faze aos outros o que queres que te façam”; quem não assimila e não vive no quotidiano o princípio, terá dificuldades na convivência, e por isso mesmo, no casamento.

A sociedade precisa de uniões duradouras, os filhos agradecem, os amigos ficam felizes: a estabilidade nos relacionamentos afetivos é um dos suportes da alegria e da realização emocional. Trabalhemos por esse objetivo. Todos! Para dis-seminarmos felicidade e segurança! ([email protected])

A separação do casal

O PINIÃO 4

“É um meio de comunicação com potencial para promover a solidariedade”.

Direito à verDaDe

o crime oculto na máscara

16 a 28 de fevereiro de 2010

Rádio e solidaRiedadeCarmelita Marroni Abruzzi

Professora universitária e jornalista

Crescemos ao som do rádio. Para muitos de nós, a TV chegou bem depois. Eram grandes e “misteriosos” aparelhos de madeira da “Telefunken” e traziam o

mundo para nossas casas. Eles anunciavam todo tipo de acontecimentos, os bons e os maus. Na segunda guerra mundial, o mundo não se “desgrudava” dele.

E o rádio continua muito presente na vida da socie-dade. Milhões de pessoas trabalham ouvindo música ou atualizando-se com os informativos: há muitas tarefas que se pode realizar sem prejuízo do som do rádio, o que não ocorre com as outras mídias.

Meio de comunicação ágil por excelência, divulga rapidamente qualquer notícia, emergência ou pedido de ajuda. Por essa razão e, também, por natureza, é um meio de comunicação com grande potencial para promover a solidariedade entre os povos. Tal é seu alcance e poder que, durante guerras e regimes se puniu até com pena de morte quem ouvia estações de rádio proibidas.

Quem conhece as emissoras de rádio do interior, sabe o papel que desempenham na vida das comunidades. A maioria das pessoas só ouve a rádio local e se informa de tudo o que ocorre: programações culturais e esportivas, atividades religiosas, campanhas, acidentes, hospitalizações, mortes.

É comum, para nós, ligar para uma cidade do interior e ouvir logo perguntas, como:

- Sabe quem morreu? Ou quem se hospita-lizou ou quem teve alta? E assim por diante...

Há vantagens e desvantagens nesse caso, de acordo com o uso que se faz da informação, mas aí depende das pessoas e sua formação.

Nas grandes ou pequenas cidades, o papel do rádio pode ser fundamental para criar um clima de solidariedade. Muitas campanhas de conscientização têm sido feitas, por exemplo, sobre prevenção de doenças, cuidados com a saúde em geral, pedido de ajuda para casos desesperado-res, ou campanhas de natureza educacional com assuntos específicos do interesse de determinadas comunidades; há, ainda, orientações sobre relações humanas na família e no trabalho e assim por diante. O elenco de contribuições é imenso e surgem novas sugestões, quando se quer ser solidário.

O rádio vai permitir, ainda, a inclusão (termo bem atual) de muitas pessoas na vida comunitária, através de suas ondas. Quantos velhos e doentes, podem, assim, par-ticipar. Nas emissoras católicas, a transmissão da Missa e do terço envolve milhares de ouvintes, que acompanham e respondem às preces, recebem bênçãos e palavras de conforto. São momentos pelos quais essas pessoas esperam com ansiedade.

A solidariedade também se faz presente em situações de emergência e catástrofes, quando o rádio pode rapida-mente movimentar uma comunidade.

Há anos vivenciamos uma situação angustiante: um familiar, rapaz doente, saiu de sua casa, numa praia do litoral norte e não retornou. A rádio local divulgou o fato e na manhã seguinte, numa praia próxima, um comerciante encontrou o jovem que dormia sob a marquise de sua loja. Atendeu-o, alimentou-o e se comunicou com a família, pois ouvira a emissora.

Novas tecnologias avançam vertiginosamente e criam mais sofisticadas formas de comunicação. Temos os jor-nais, as revistas, a internet e os celulares oferecendo cada vez mais serviços. Não se pode prever até onde o homem chegará.

Porém, num país com a imensidão do Brasil, somente o rádio chega a um grande número de cidadãos e é sua única fonte de informação e entretenimento, que povoa suas longas horas de solidão e faz com que se sintam parte da grande comunidade humana. ([email protected])

Antonio GonçalvesAdvogado criminalista*

É cada dia mais comum a convivência das pes-soas com a internet. O que antigamente era tido como mera ficção ganha contornos cada

vez mais reais. É preciso discernir os universos real e virtual, este último responsável pela concretização de sonhos, desenvolvimentos de personagens, etc.

Na internet e em sites de relacionamento prolife-ram-se cada vez mais a criação de personagens que nem sempre equivalem a seus pares reais. Ora, e qual a relação de um site com a vida cotidiana?

O cerne da questão reside no fato da falsa sen-sação de poder advinda com a criação dessa figura virtual, pois nada obsta criar uma “pessoa” com todas as características que uma pessoa gostaria de ter, todavia, não o tem.

Com isso, cresce o número de relações surgidas através de sites, numa nítida mistura entre real e vir-tual. O fato é que nem sempre a verdade é a que se apresenta, logo, a idoneidade pode estar esquecida ou corrompida, dando vazão a crimes que se imiscuem no virtual.

Os crimes afloram de relações calcadas numa tênue inocência por uma das partes que se predispõe a conhecer alguém para preencher a lacuna chamada solidão, cada vez mais atada à globalização, portan-to, tudo se inicia em um despretensioso bate-papo, que evolui para trocas de e-mail ou contato via conversação instantânea.

Quando a porta de comunicação se estabelece, o

criminoso desnuda suas armas e demonstra a seu alvo suas intenções. Se o autor for minimamente comedido, ainda haverá a opção de iludir seu interlocutor para obter uma passagem do virtual com um encontro no mundo real. O resultado pode ser a concretização de crimes variados: atentado violento ao pudor, estupro, roubo, etc.

As certificações e os cuidados inerentes ao processo de conhecimento na vida real são burlados pelo desenvolvimento de uma confiança virtual, com resultados que podem ser completamente desastrosos.

A solução é criar tipos penais para o mundo virtual? Endurecer as regras para a internet? Proibir as pessoas de acessarem sites de relacionamento? Na verdade, é necessário um incremento da legislação que combate os crimes digitais. Não podemos conviver pacificamente com crimes reais advindos de estrata-gemas do mundo virtual. Se a lei existente se mostra ineficaz, está na hora de modificá-la. O que não se pode é esconder ou mascarar a realidade delituosa por trás da falsa máscara da inocência criada pelo criminoso no mundo virtual.

Encarar o mundo virtual como uma diversão não passará de uma ilusão para proliferar as intenções criminosas de pessoas que veem a internet como meio para alcançar seus fins insidiosos. O legislador nacio-nal deve assegurar a proteção à sociedade. O mundo virtual deve deixar de ser um local imaginário para ser penalizado de forma mais severa e garantir a diversão a que deveria se propor originalmente.

*Membro da Association Internationale de Droit Pénal

Frei BettoEscritor*

O 3º Plano Nacional de Direitos Humanos foi instituído por decreto presidencial de 21 de dezembro de 2009. Suas diretrizes, objetivos

estratégicos e ações programáticas, aprovadas na 11ª Conferência Nacional dos Direitos Humanos, cons-tituem passo histórico de consolidação do Estado democrático de direito.

O documento mereceu, na sua exposição de moti-vos, a assinatura de 31 ministérios, fato inédito. Apesar de resultar de exaustivos debates democraticamente travados na sociedade civil, e de apresentar as bases de uma política de Estado para os direitos humanos, suscitou críticas exacerbadas de setores da Igreja, de latifundiários e donos de empresas de comunicação. Deu ensejo também a críticas de militares, que deve-riam preocupar-se em não serem confundidos com torturadores, e de civis contrários ao compromisso de envio, pelo Executivo ao Legislativo, do projeto que objetiva a criação de uma Comissão da Verdade.

Entre diversos temas transversais e essenciais, contemplando direitos individuais, sociais e coletivos, em consonância com a Constituição Federal, o Plano sugere a criação da Comissão Nacional da Verdade, com participação da sociedade civil, de forma plural e suprapartidária, com mandato e prazo definidos.

Uma vez criada, a Comissão deverá promover a apuração e o esclarecimento público de violações de direitos humanos praticadas no Brasil no contexto da repressão política ocorrida no período fixado pelo artigo 8º do Ato das Disposições Transitórias, isto é, de 18 de setembro de 1946 até a promulgação da Constituição (1988). Assegurará, assim, os direitos à memória e à verdade histórica, propiciando a recon-ciliação nacional.

Deverá ainda realizar diligências, como requisitar documentos públicos, com a colaboração das respec-tivas autoridades; requerer ao Judiciário o acesso a documentos privados; colaborar com todas as instân-cias do Poder Público para a apuração de violações de direitos humanos, observadas as disposições da lei nº 6.683, de 28 de agosto de 1979 (Lei da Anistia);

promover, com base no acesso às informações, meios e recursos necessários para localização e identifi-cação de corpos e restos mortais de desaparecidos políticos; identificar e tornar públicas as estruturas utilizadas para a prática de violações de direitos hu-manos, suas ramificações nos diversos aparelhos de Estado e em outras instâncias da sociedade; registrar e divulgar seus procedimentos oficiais, a fim de ga-rantir o esclarecimento circunstanciado de torturas, mortes e desaparecimentos, devendo discriminá-los e encaminhá-los aos órgãos competentes; apresentar recomendações para a efetiva reconciliação nacional e prevenir a não repetição de violações de direitos humanos.

É imperativo de soberania nacional a restauração da memória histórica. Recontar o passado sempre ensina a enfrentar o presente, no intuito de não se repetirem violações, tais quais as ocorridas em perí-odos ditatoriais, que envolveram a prática contumaz de crimes contra a humanidade, como torturas, se-questros, assassinatos e desaparecimentos forçados de dissidentes do regime militar.

Não há motivos para temer tornar públicos os arquivos do período ditatorial, o exame e a revelação responsável do ocorrido no contexto de repressão política, que ainda projeta dor, sofrimento e angústias, sobretudo aos familiares de mortos e desaparecidos políticos que ainda não tiveram reconhecido o direito sagrado de sepultar os seus entes queridos e receber todas as informações, o que até hoje lhes é sonegado.

Os direitos humanos constituem condição para a prevalência da dignidade humana. Devem ser promo-vidos e protegidos por meio de esforço conjunto do Estado e da sociedade civil. É fundamental, para tanto, a implementação do Plano Nacional, com ênfase na criação da Comissão Nacional da Verdade, a fim de elucidar, sem revanchismo, como dever de um país que verdadeiramente almeja a consolidar sua demo-cracia, a repressão política, sem tratar de forma igual os desiguais: torturadores e torturados; sequestradores e sequestrados; assassinos e assassinados.

Somente assim as feridas poderão cicatrizar e ocorrer a verdadeira reconciliação nacional.

*Assessor de movimentos sociais

EDUCAÇÃO &PSICOLOGIA 5

Divulgação

16 a 28 de fevereiro de 2010

Luiz Alberto Py Médico psiquiatra e psicanalista

Pois nos colégios dão nota para as crianças. Quer coisa mais medieval, dar nota para uma criança. Uma nota baixa é interpretada como: “Não estamos gostando de você.” A tradução é essa. Seria melhor se fosse um convite a melhorar, e não uma sanção.

Por mais que nós, como pais e educadores, sejamos cuidadosos e em vez de dizer “não gosto, está feio, está errado, não gosto de vocês”, nos esforcemos para constantemente repetir: “eu adoro vocês, eu amo vocês”. Por mais que se acentue: “eu fico chateado quando você faz uma coisa assim, mas eu não deixo de gostar de você”, e embora sempre ressalvemos para evitar abalar a auto-estima deles, a escuta das crianças inevitavelmente passa pelo não gostar. Faz parte da nossa cultura, da sociedade, da vida em comum, dos seres humanos, da existência da razão que vê o futuro, não podemos nos queixar disso. Essas lesões na auto-estima são o ônus de se ter uma razão e o que podemos fazer é procurar minimizar isso.

Auto-estima: filho mais velho em geral sofre mais

Mas está lá, não tem jeito. E há crianças que são extremamente sofridas com essa obrigação de ter de fazer tudo certo. Geralmente, são os filhos mais velhos; os segundos já estão mais protegidos porque têm o irmão na frente errando e sofrendo com as responsabilidades.

Para se mudar a situação de baixa auto-estima, o melhor instrumento de que dispomos é a tolerância, que nos é ensinada pelo amor. Através dela aprende-se a lidar com os erros. Quando aceitamos a idéia de desenvolver uma capacidade para tolerar os erros, percebemos que esta atitude reforça a auto-estima, a qual, por sua vez, contribui para uma melhor tolerância, gerando um círculo virtuoso que melhora a relação de cada um consigo mesmo.

Nesta relação, é de crucial importância o entendimento de que precisamos nos dar todas as oportunidades para tentar e experimentar, mesmo errando, e insistir em nossas tentativas e experiências enquanto for

Caminhos para adquirir boa auto-estima

razoável acreditar nas possibilidades de se chegar ao sucesso. Esta é uma das chaves da auto-estima, pois o amor próprio se revigora nos momentos em que nos permitimos o esforço das tentativas, da busca, do aprendizado.

Generosidade do perdão e displicência vazia

Vale a pena ressalvar uma crucial diferença entre a generosidade do perdão e a displicência vazia de uma complacência que tudo aceita sem nada questionar. Importa distinguir o erro repetido e estagnado, do erro cometido em busca do acerto, do aprimoramento, a partir do qual se desenvolve um processo de crescimento. Assim, quando por detrás do erro está o empenho e a procura, deve haver uma margem de aceitação dele, de tolerância para com suas consequências negativas, pois daí pode advir o mais positivo de todos os resultados – a evolução, mola fundamental do processo de vida. Este tipo de erro precisa ser bem recebido, pois, no longo prazo, dele resulta o bem.

Quem tem boa auto-estima em geral é altruísta

Muitas pessoas confundem atitudes de egoísmo com auto-estima. Há uma diferença enorme entre uma e outra forma de sentir e de se comportar. Geralmente, a pessoa egoísta se comporta assim

exatamente por falta de auto-estima. Na maioria das vezes, o egoísmo é um pobre e insatisfatório substituto de um sentimento real de auto-estima. As pessoas bem dotadas de auto-estima costumam ser generosas, solidárias e altruístas, comportando-se de uma maneira oposta ao comportamento do egoísta. Este, por insegurança ou por ganância, sente necessidade de dar excessiva atenção às suas necessidades e aos seus desejos. Ansioso, procura atender seus interesses colocando-os à frente de qualquer outra coisa.

Curiosamente, encontro com muita freqüência pessoas acusando outras de serem egoístas. A maioria delas, entretanto, é apenas um egoísta que está irritado por não ver seus interesses atendidos pelo outro. Quando existe um conflito de desejos o mais comum é que cada um lute pelo seu interesse.

Neste momento é que podemos perceber com clareza pessoas que primam pela generosidade e pelo altruísmo, abrindo mão de vantagens para beneficiar os outros. Estas pessoas geralmente estão tranquilamente felizes por desfrutar de uma boa auto-estima, e podem, sem sofrimento, abrir mão de alguma satisfação ou prazer para beneficiar outro mais necessitado ou carente. É como alguém que, por ser suficientemente abastado, pode se dar ao prazer de ajudar os outros. Quem tem elevada auto-estima possui uma riqueza interior que lhe permite ser dadivoso sem se considerar prejudicado.

TEMA EM FOCO 6 716 a 28 de fevereiro de 2010

Somos comunicadores e comunicadoras solidários com nossos povos e integrados plenamente no seu caminhar. Partilhamos os sofrimen-tos, as crises, as alegrias e as esperanças de nossas irmãs e irmãos. Por esse motivo, e ainda em meio à atual crise civilizatória, que se expressa, entre outros fatores, na mundialização das economias e na livre circulação de mercadorias e capitais especulativos, nos atrevemos

a refletir e sonhar, alimentando a utopia e a esperança.Somos comunicadores e comunicadoras, pesquisadores, professores, jornalistas e

estudantes da América Latina e do Caribe, reunidos em Porto Alegre (Brasil) de 3 a 7 de fevereiro de 2010, no Mutirão de Comunicação, no qual fomos convidados para analisar os “Processos de comunicação e cultura solidária”.

O Mutirão propiciou o intercâmbio de experiências, de saberes e de comunhão em Jesus Cristo entre comunicadores e comunicadoras com diferentes trajetórias pessoais, profissionais, políticas, religiosas, culturais, unidos no compromisso e na responsabilidade comum com os povos da região que lutam pela dignidade, pela justiça e na defesa de uma democracia que seja capaz de garantir a vigência de seus direitos econômicos, políticos, sociais e culturais.

Esta carta traduz nossos sonhos de futuro apoiados no compromisso político de concretizar uma utopia construída sobre a rica bagagem cultural e religiosa acu-mulada ao longo dos anos, que representa uma enorme riqueza de nossos povos e nossas culturas, especialmente indígenas, negros e migrantes, constituindo uma herança tantas vezes desprezada. Este rico legado, somado à vitalidade dos movi-mentos sociais, habilita o surgimento de atores que têm “direito a ter direito” e são os forjadores de nossa diversidade cultural.

Com Dom Helder Câmara dizemos que “quando sonhamos sozinhos , é apenas um sonho; quando sonhamos juntos é o começo de uma nova realidade” (Mensagem de Natal, 1992).

Por isso fazemos essa convocação para a ação que, sem abandonar um olhar analítico e crítico sobre a realidade política, social, cultural, religiosa e comunica-cional, busca a construção de uma nova cidadania comunicativa que contribua à plena vigência dos direitos humanos e das condições de uma vida digna.

Partilhando as incertezas naturais de quem está envolvido no processo histórico e social e sem pretender esgotar as propostas, mas com a firmeza de nossas con-vicções, saberes, experiências, sensibilidade e paixão, e inspirados e inspiradas pelo Evangelho de Jesus, sonhamos com:

1. Uma cidadania comunicacional que, no marco dos processos políticos e cul-turais, permita a participação criativa e protagônica das pessoas como forma de eliminar a concentração de poder de qualquer tipo para, assim, construir e consolidar novas democracias. Cidadania que não se pode pensar somente em termos jurídicos, mas também como uma atitude e uma condição associadas à reivindicação de ser reconhecido, de ter arte e parte nas decisões que afetam a vida em suas múltiplas dimensões, porque não há democracia política sem democracia comunicacional.

2. Uma palavra liberada de todo tipo de opressão e discriminação, para que se apropriem dela também os jovens e as jovens, os mais pobres e pequenos, como germe de uma cultura solidária.

Solidário – Por quê? Faxina - Jesus Cristo trouxe tantos ensinamentos.

E sempre procurou criar imagens para que os que o ouviam, na sua liberdade, soubessem o caminho. Ele contava uma boa história de vida e essa boa história apontava o trilho – ‘ah, é por aqui que é seguir no rumo sugerido, Deus é por aqui’. É a força da parábola. Para mim, enquanto comunicador, com essa inversão, se entende o problema da Igreja hoje. Cristo, em vez de dar ordem ao lhe perguntarem ‘como é esse Deus de que o Senhor tanto fala’, em vez de teorizar, ‘esse Deus é assim, assado’, descrevendo-O e depois passando ordens, ‘por-tanto, sigam, portanto con-cordem, portan-to..’, Ele conta uma his tór ia , uma parábola, envolvente e indo direto ao coração.

S – Exemplo? Faxina - Veja

a história do Filho Pródigo. O povo a ouvia: ‘Puxa, que bacana esse pai, ele estava esperando o filho’. O filho, arre-pendido, disposto a ser empregado do pai, porque perdera tudo e já estava comendo o resto da comida dos porcos, resolve voltar e pronto para ouvir um xingamento ou levar uma tunda. Não, o pai faz uma festa. Olha que grandiosidade. Isso é que é pai. Assim é Deus.

S – Como seria o discurso negativo dessa parábola?

Faxina – Deus se faz carne na pessoa de Jesus e esse Jesus leva isso ao extremo: transforma toda a sua teoria – atenção – todo seu verbo em carne. Todo verbo que havia sido escrito, todas as falas, orien-tações – que são verbo – Ele transforma em carne, em história de vida, em gente que sofre e, ao mesmo tempo, em gente que é feliz. E sempre usou a esper-ança. Veja a astúcia desse Comunicador por excelên-cia. Talvez nós, eu, você, preferíssemos um discurso negativo, passando a lição de que quem tripudia e abandona o pai que deve continuar comendo a sobra dos porcos. Mas não! Jesus termina no positivo, na festa. Isso é, transforma a teoria em prática do bem e da esperança, em carne e osso. Creio que nós igreja

“...E a carne se fez verbo”

muitas vezes invertemos isso, estamos o tempo inteiro passando ordens em nossas cartas, nossos textos. Afu-nilamos, enquanto Jesus indica o rumo – ‘é por aqui, Deus é como esse pai, eu sou livre para trilhar meu caminho’. A Igreja quer que eu me enquadre no seu discurso, que é verbo, quer pautar minha vida, perder minha autonomia de viver o meu evangelho. Acabo em seguidor do Evangelho, mas da sua teoria, da arma-dura, o Evangelho está aprisionado por uma armadura colocada no seu discurso empobrecido pela instituição.

Cristo abre, a Igreja fecha. Essa seria uma primeira chave.

S - Uma segunda dificuldade? Faxina – Essa é de ordem institu-

cional. A Igreja se tornou instituição muito pesada. Tem que deixar de existir? Evidente que não! Só que ela, pelo medo de ares novos, de culturas novas, se engessou. Parece que o discurso ganhou as próprias estruturas do prédio. Para mim é outro peso imenso: nós não permitirmos que novos ares se somem.

S - Exemplos?Faxina - Seriam muitos.

Cito só o exemplo da Litur-gia. A estrutura da missa é de uma riqueza fantástica, maravilhosa. Mas nós a delimitamos com paredes. Impedimos que o índio, que o negro, que as demais culturas pudessem trazer

a sua coloração. Isso não vai mudar o essencial, e sim, enriquecê-lo. Perdemos riqueza das culturas, engessando para manter uma cultura cristã, ociden-tal, européia. Estamos impondo uma cultura. E JC jamais ficaria e fica feliz com isso. Para mim, essa necessidade de manter a tradição é perda e não é ganho. Tivemos uma breve atualização no Vaticano II, mas depois o retrocesso.

S - Um terceiro momento? Faxina - Sim. O terceiro momento grave para mim

na Igreja – e esse compete sim, aos bispos sentarem junto ao Papa e nós pressionarmos. Acho que passou da hora de ter um novo concílio. É urgente, senão va-mos perder muito mais. O que antes acontecia em 100 anos, agora acontece em cinco anos. Vamos ter perdas brutais. Tenho certeza que Jesus Cristo não vai permitir que sua Igreja se perca. Mas Ele conta com nossos cérebros, nossas mãos, nossos pés, nossos corpos para que usemos a inteligência a partir das orientações Dele para oxigenar nossa querida Igreja.

É isso mesmo! Élson Faxina (foto), jornalista, cineasta, professor universitário em Curitiba e católico con-victo inverte a passagem do Evangelho de João, ‘..e o verbo se fez carne e habitou entre nós’. (JO 1:14)

para afirmar que em muitas coisas a prática da Igreja “está na contramão do seu próprio discurso. Creio que há alguns séculos estamos tentando fazer o reverso da frase do Evangelho”.

Mutirão de Comunicação: a Carta de Porto Alegre

3. Políticas públicas de comunicação elaboradas a partir da ideia de que a comunicação é um direito humano e um serviço público e nas quais haja espaço tanto para a iniciativa privada comercial, como para os meios estatais, os meios públicos não-governamentais e os comunitários.

4. Uma sociedade civil mobilizada para incidir politicamente na busca de uma comunicação livre, socialmente responsável, justa e participativa.

5. Cidadãos, comunicadores e atores sociais preparados para manter e vigiar práticas comunicativas democráticas, participativas, inclusivas e apoiadas em uma nova perspectiva integral de direito à comunicação.

6. Movimentos sociais, organizações populares, igrejas e instituições que se apropriem e incorporem, nas suas práticas comunicativas, os cenários e os processos das tecnologias da informação e as novas linguagens a fim de ampliar seu horizonte comunicacional e contribuir para a eliminação da brecha informativa e digital.

7. Responsáveis da gestão do Estado capazes de levar adiante políticas públicas e estratégias de comunicação destinadas a assegurar o direito à comunicação, através de ações pertinentes e efetivas, que eliminem as diferenças e as desigualdades que hoje existem em matéria de produção, acesso e circulação de todo tipo de bens culturais.

8. Cristãos comprometidos e organizados que, a partir da sua fé, tenham uma presença ativa e transformadora no campo da comunicação, incorporando as novas tecnologias no espírito e nas linhas de ação dessa carta.

Sonhamos, enfim, com comunicadores e comunicadoras:• cuja prática profissional seja marcada pela vivência de uma cultura solidária,

por critérios éticos e por uma vida coerente com esses princípios;• que se reconheçam, acima de tudo, servidores do direito dos cidadãos a receber

e emitir informação e opinião; que não se subordinem aos interesses e às pressões do poder político ou econômico porque estão comprometidos com a cidadania comunicacional;

• que estejam junto aos empobrecidos e incorporem seu olhar;• que impulsionem o diálogo para enfrentar as contradições, inevitáveis em

qualquer sociedade, com o objetivo de alcançar a paz e a justiça;• que não se preocupem somente em ser plurais, mas igualmente em valorizar

as diferenças surgidas no caminho da busca da verdade;• que suscitem solidariedade a partir dos processos de comunicação;• que saibam escutar e estar atentos especialmente ao clamor que emerge do

murmúrio dos silenciados e, assim, contribuir para a visibilidade dos invisíveis de hoje.

Porto Alegre, 7 de fevereiro de 2010

SABER VIVER 8

Dicas deNUTRIÇÃO

Dr. Varo Duarte Médico nutrólogo e endocrinologista

RelembRando (2)

Ofereça o Solidário para os enfermos

da Santa Casa.Patrocine 500 exemplares

por R$ 250,00.

16 a 28 de fevereiro de 2010

O geriatra Omar Jaluul, presidente da sessão paulista da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia), indica os exames que devem virar rotina na vida de homens e mulheres a partir dos 60 anos. Mas alerta para exageros desne-cessários. Para Jaluul, o ideal é fazer apenas os exames que o médico solicitou, sem se subme-ter aos checkups ultracompletos que existem no mercado.

“Checkup é fundamental, mas o exagero no número de exames é ruim. Precisa ser feito o essencial: ir ao médico, fazer o indicado, mas parar por ai. Não tem que ficar procurando coisas muito diferentes onde não há sintomas”, esclarece ele.

Exames básicos de sangue

Hemograma: o exame de coleta do sangue pode detectar anemia. Deve ser feito uma vez por ano a partir dos 60 anos.

Ureia e creatinina: exame para checar as funções renais e possíveis alterações, como insuficiência renal. Deve ser feito uma vez por ano, a partir dos 60 anos.

TSH (hormônio estimulan-te da tireoide): o exame é indi-cado para detectar alterações na produção de hormônios da tireoide. O TSH é um hormô-nio que regula a produção dos hormônios tireoidianos (T3 e T4). Quando a produção está alta, o nível de TSH diminui, e quando está baixa, aumenta, para estimular a produção dos hormônios da tireoide. O nível baixo do TSH indica hipertireoi-dismo. Se o nível de TSH é alto, indica hipotireoidismo. Deve ser feito uma vez por ano, a partir dos 60 anos.

Glicemia de jejum: o exame detecta o diabetes (deficiência de produção ou ação da insulina, que causa o aumento anormal de glicose no sangue). Deve ser feito a partir dos 60 anos.

Colonoscopia: o exame pode detectar precocemente o câncer nos intestinos (grosso

Hoje vou abordar as enfermidades dermatoló-gicas e neurológicas .

Em nosso livro “ALIMENTOS FUNCIO-NAIS”, da Editora Artes e Ofícios, a páginas 111, apresentamos os alimentos indicados na prevenção e tratamento dessas enfermidades.

Em nosso livro de 1985, abordamos a desnutrição infantil, sob a denominação DE FOME NO SUL. La-mentavelmente, reproduzimos fotografias de crianças desnutridas obtidas em plena Av. Independência em Porto Alegre, no Hospital Presidente Vargas, quando lá exercíamos nossa atividade de médico nutrólogo.

Os sinais de lesão cerebral eram evidentes, os re-flexos estavam patológicos e a pele apresentava sinais de manchas de cor marrom nas extremidades expos-tas ao sol, o que permitiam diagnosticar a pelagra. Esta enfermidade se apresenta-se com três sintomas clássicos: dermatose, diarréia e demência, fruto da deficiência protéica (triptofano) e vitamínica (niacina) do complexo B.

A prevenção e o tratamento são obtidos pela corre-ção da alimentação: rica em proteínas, (leite. carne,e ovos) e alimentos contendo o complexo vitamínico B(charque,couve e feijão).

Citamos os alimentos mais ricos nesta vitamina, também chamada de vitamina B6, em ordem decres-cente:

Levedura seca de cerveja, farelo de trigo, amendoim torrado, charque, bacalhau seco, galinha. Castanha do Pará, mostarda, coração, trigo integral, carne de vaca.

Reproduzimos a seguir as quadrinhas do professor Eu-gênio Carvalho Junior:

Mas não pense que remédios resolvem sempre a questão, Não há nada que supere a boa alimentação. Se tem a língua vermelha, a pele áspera, irritada, Se vive constantemente de barriga desandada. Se tem a cabeça fraca e está cada vez mais magra,Me desculpe, mas você está sofrendo de pelagra.

Saiba quais são os exames médicos básicos para os idosos

e delgado). Deve ser feito uma vez por ano a partir dos 50 anos. Se tiver casos na família, é indi-cado fazer o primeiro exame aos 40 anos. O câncer no intestino grosso também pode ser detec-tado por um exame chamado pesquisa de sangue oculto nas fezes, já que cânceres e pólipos instalados no intestino podem sangrar em pequenas quanti-dades, invisíveis a olho nu. No exame, é possivel enxergá-lo nas amostras, que devem ser colhidas três vezes por ano.

Papanicolau: a partir dos 65 anos, se o exame apresentar resultado normal durante três anos seguidos, ele pode ser sus-penso, desde que a mulher não tenha vida sexual promíscua. O exame tem a função de detectar câncer de colo do útero.

Mamografia: o exame de avaliação das mamas é feito por raio-X. O primeiro deve ser feito entre os 35 e 40 anos. Após os 40, uma vez por ano. O objetivo da análise é prevenir ou detectar o câncer de mama. Detalhe: homens e mulheres podem de-senvolver o câncer.

Densitometria óssea: assim que completar 65 anos ou depois da menopausa, o exame deve ser realizado na mulher a cada dois anos para prevenir a osteoporose (perda anormal da massa dos os-sos). O exame mede a densidade dos ossos e a possível perda de massa óssea.

Teste ergométrico (ou de esforço): o exame mede a ca-pacidade cardíaca e verfica a existência de doenças cardio-vasculares, como aterosclerose e hipertensão, por meio de exercícios físicos na esteira ou na bicicleta ergométrica. É indi-cado fazê-lo uma vez por ano a partir dos 30 anos. A partir dos 60, é fundamental para quem pretende começar uma atividade física.

Exame da próstata: detecta o câncer de próstata, uma glân-dula masculina que envolve a uretra e produz um líquido que

compõe o sêmen. Do tamanho de uma azeitona, está localiza-da entre a bexiga e o reto. Para detectar o câncer é necessário fazer três exames complemen-tares: o toque retal (introdução do dedo indicador coberto por uma luva no ânus do paciente), a ultrassonografia transretal (introdução de aparelho com microcâmera no ânus) e o exa-me de sangue PSA (antígeno prostático-específico), que mede os níveis de uma substância rela-cionada a alterações na próstata. É recomendável fazer o primeiro exame de próstata depois dos 40 anos. Aos 50, deve-se fazê-lo uma vez por ano, pois o risco de câncer aumenta com a idade.

Ultrassom de abdômen: exame indicado para homens fumantes, detecta aneurisma de aorta (dilatação da artéria aorta, que pode se romper). É recomendado fazer o primeiro exame a partir dos 50 anos. Não é indicado para mulheres dessa faixa etária porque, segundo o urologista, o índice de mulheres que fumam nessa idade é muito menor do que o dos homens. O paciente só deve voltar a fazer o exame se for detectado algum problema na artéria. (Texto de Camila Neuman - Fonte: Portal R7 - SISSaúde Notícias)

Ramasamy Chidambaram/sxc.hu

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Martha Alves D´AzevedoComissão Comunicação Sem Fronteiras

Mutirão da Solidariedade“Se eu gosto, eu gosto, se não gosto, eu falo, eu não fico quieto”.

tem vezJOVEM

16 a 28 de fevereiro de 2010

*Quem és tu?Eu sou alegre, disposto, dedicado, gosto

de estar cercado por pessoas, prezo muito a amizade; tenho um temperamento muito forte, sou muito crítico e perfeccionista: se eu gosto, eu gosto, se não gosto, eu falo, eu não fico quieto.

*O que pensas fazer no futuro? Eu gosto de viver o presente e, com ele, ir

construindo meu futuro. Acredito que muita coisa em nossa vida não acontece por acaso. Se hoje eu faço Letras, amanhã posso querer ser fonoaudiólogo. Almejo, mas acho que não planejo.

*Fala de tua família. Eu tenho o costume de falar que pra

muitos jovens falta um pouco de “pai e mãe”. Pode ser clichê, mas a família é a base de tudo. É com eles que eu aprendo meus valores, são eles que, desde ontem e continuamente, agregam a mim princípios.

*Por que ter amigos? Os amigos são a família que Deus nos

permite escolher; é com eles que a gente aprende e ensina as coisas “do mundo”, uma troca de experiências; é com eles também que eu rio e choro, que eu me divirto e brigo. Amo meus amigos e preciso deles. Ninguém é feliz sozinho.

*O que consideras positivo em tua vida? Tudo é positivo. Tenho família, amigos,

pessoas que me dizem o que eu tenho que ouvir e não somente o que eu quero ouvir. Isso pra mim é muito positivo.

*Um livro que te marcou.Ensaio sobre a Cegueira, José Saramago.

*Um filme inesquecível.O Leitor, baseado no romance de Ber-

nhard Schlink.

*Um medo.Solidão.

Mais de trinta paises da América Latina e do Ca-ribe estiveram reunidos no inicio de fevereiro em Porto Alegre no Mutirão da Comunicação.

Mutirão representa um grupo de pessoas em um esforço comum na busca de um objetivo. No Mutirão da Comuni-cação, o objetivo é conquistar uma comunicação solidária, que possa trazer benefícios para todos os paises da Pátria Grande, sonhada por Bolívar, independente de seu tama-nho, de seu desenvolvimento e de suas potencialidades.

No seu discurso de abertura, Dom Cláudio Maria Celli, presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, lembrou diversos trechos das encíclicas do Papa Bento XVI, entre os quais a referência à Igreja Corpo de Cristo. O corpo necessita alimentar-se para manter-se vivo. A Igreja necessita igualmente de alimento para manter-se viva e atuante. A comunicação é a seiva que leva os nutrientes que alimentam a Igreja com a doutrina e os ensinamentos de Cristo. Para que ela seja eficiente necessita ser constantemente preparada para enfrentar os desafios do mundo moderno.

O mundo atual é um mundo movido pela comunicação. Uma comunicação que sofre diariamente mudanças rápidas e cada vez mais inovadoras e eficientes, transformando as pessoas em seus dependentes, que se isolam e se satisfa-zem com contatos intermediados pelas máquinas, cada vez mais potentes.

A Igreja necessita preparar-se para este mundo glo-balizado, ou perderá partes significativas do seu corpo e não poderá cumprir com eficiência a missão que lhe foi confiada por Cristo.

Gustavo Rizzo Prux, 21 anos, residente em Porto Alegre, estudante de Letras na UFRGS fala sobre política:

“Os jovens não sabem o que é política, infelizmente, por não filtrarem o que de fato é bom ou não. E a política aqui no Brasil é de chorar... Se os eleitos não pensassem somente no cargo e/ou no dinheiro que ganham, já seria um bom passo pra melhorar”, E emite sua opinião sobre outros assuntos. Confira.

*Um defeito do qual gostarias de te livrar?Eu sou muito rancoroso...

*Qual o maior problema dos jovens, hoje?

A fuga das coisas “caretas” e a comodi-dade. Ler livros, escrever com uma caneta (e não somente com Word ou MSN), ir à Igreja, não ter vícios, isso tudo é legal e não anula o nosso posicionamento perante as coisas. O jovem tem vez, só falta ele querer falar e FAZER. Essa, pra mim, seria a solução.

*Qual o maior problema no Brasil de hoje?

Eu sou tão chato com o Brasil... acho que primeiramente a “malandragem”. Aqui a gente se conforma com muita coisa, deixa muita coisa passar; elege gente que não faz nada e pensamos: “fazer o quê?”, parece que está tudo bem. E as calçadas nas ruas ainda estão esburacadas...

*O que é ser feliz? É não ter mágoa de ninguém da família,

cultivar os bons amigos e rezar, ter fé, ter a certeza que Ele e nossa Mãe estão aqui pra tudo, inclusive pra ouvir desabafo.

*Já fizeste algum trabalho voluntário? Participo do CLJ (Curso de Liderança

Juvenil Cristã) desde 2002 e fazemos al-gumas ações sociais, como visita a asilos, hospitais etc. Experiências que as pessoas precisariam viver pra sentir.

*O que pensas de Deus? Ele é o cara! Tem um ouvido enorme e

que funciona muito bem! Busco, diariamen-te, conhecê-Lo mais. Ele é uma necessidade pra mim.

*Envia uma mensagem aos jovens. Não tenham medo de serem vocês

mesmos e, muito menos, tenham medo de Deus. Aceitem limites e imponham limites; chorem e riam. Façam algum barulho para o mundo melhorar.

IGREJA &CCOMUNIDADE 10

SolidáriaCATEQUESE

SolidárioLITÚRGICO

[email protected]

Um novo paradigma para a CateqUese

16 a 28 de fevereiro de 2010

Mario Antonio BetiatoPUC - Paraná

Queremos sustentar que o ponto de partida da fé não é a doutrina, nem são as

especulações teológicas, nem os mitos, nem as verdades científicas. A fé nasce do encontro, da experiência do mistério e este é o fundamento de toda a catequese. Tudo o mais é complemento. Em artigo no jornal Gazeta do Povo, D. Moacir José Vitti, arcebispo metropolitano de Curitiba, afirma:

“A fé é uma adesão pessoal a Deus e, ao mes-mo tempo, o assentimento livre a toda verdade que Deus revelou. Ela é um dom divino, mas também uma atitude humana”.

Para aderir é necessário conhecer, pois nin-guém ama aquilo que não conhece. Para conhecer é preciso encontro e esse encontro é pessoal e inefável. Esta, em nossa opinião, é a chave para a catequese. Não seria por isso, que muitas vezes, catequistas sem nenhuma teologia, sem nenhuma formação sistemática, são instrumentos eficazes de santidade, enquanto que os filósofos e teólogos fracassam em sua missão? Não terá sido este o segredo de S. João Maria Vianey? De S. Marcelino Champagnat? De Madre Tereza? Os santos citados parece que “tiraram as sandálias” e, antes de tudo, se renderam ao mistério.

A catequese encontra sua natureza na reflexão sistematizada da experiência do ressuscitado, a partir da experiência pessoal, e não a partir de conceitos pré-elaborados. Sem experiência não

há objeto para a reflexão, pois os conceitos a serem refletidos são sempre conceitos sobre alguma coisa já vivida, isto é, sobre uma experiência.

“Na catequese, quando se fala em conteúdo, pensa-se em geral na doutrina e na moral. Esta visão afeta todo o encaminha-mento do processo catequético. Mensagem é comunicação de algo importante. João Paulo II afirmou enfaticamente: ‘Quem diz mensagem diz algo mais que doutrina. Quantas doutrinas de fato jamais chegaram a ser mensagem. A men-sagem não se limita a propor idéias: ela exige uma resposta, pois é interpelação entre pessoas, entre aquele que propõe e aquele que responde. A mensagem é vida. Cristo anunciou a boa-nova: a salvação e a felicidade. Bem-aventurados...”.

Não tenhamos medo do novo. Deixemos o Espírito Santo guiar a Igreja e a História. É mais fácil nos acomodarmos nas certezas do raciocínio lógico do que “tirar as sandálias” para abraçarmos um novo paradigma. Atualmente, este poderá ser considerado “o pecado do mun-do”: a demasiada confiança na racionalidade das teses argumentativas. Catequese é uma outra coisa. É uma reflexão sistematizada, sim, porém, uma reflexão que brota da experiência e do deserto, lá onde os ídolos se esfacelam. A catequese começa com um salto no escuro para os braços do misterioso Pai.

Excertos de texto do autor

21 de fevereiro – 1o domingo da Quaresma (roxa)

1a leitura: Livro do Deuteronômio (Dt) 26,4-10Responsório: Sl 90 (91)2a leitura: Carta de S. Paulo aos Romanos (Rm) 10,8-13Evangelho: Lucas (Lc) 4,1-13NB.: Para uma melhor compreensão dos comentários litúrgicos é fundamental que se leia, antes, o respectivo texto bíblico.

Comentário: Tentações de ontem, de hoje e de (quase) sempre. Assim poderíamos sintetizar o evangelho deste domingo que nos fala das tentações de Jesus, num deserto, há dois mil anos. É uma imagem, uma metáfora, uma parábola, não um fato histórico, claro. E como tal precisa ser lido e interpretado. Uma primeira mensagem que tiramos do relato bíblico: Jesus é verdadeiro homem e, como tal, sujeito a tentações como toda pessoa. Os três tipos de tentação com as quais o demônio assediou a Jesus continuam muito atuais. A primeira tentação é a do acúmulo do “pão”, quer dizer, do acúmulo de bens materiais e que se transforma em libelo, em condenação clara ao atual sistema capitalista de lucro, de acúmulo e de consumo. Jesus rechaça esta tentação quando diz: Nem só de pão vive o homem (4,4). A segunda tentação tem tudo a ver com a compulsiva busca e idolátrica “adoração” do poder, seja econômico, seja político, seja religioso. Jesus rechaça esta tentação quando afirma: Ao Senhor teu Deus adorarás e somente a Ele servirás (4,8). Finalmente, a terceira tentação, a tentação da glória, do aplauso, da apreciação e do reconhecimento públicos a qualquer preço, tão presente na sociedade atual. Jesus rechaça, igualmente, esta tentação ao dar por terminada a conversa com o tentador e passar-lhe um claro recado de que com Ele, Jesus, não teria chance: Não tentarás o Senhor, teu Deus (4,12). As três tentações podem ser sintetizadas numa única e estão intimamente relacionadas com a mensagem central de Jesus: para a liberdade Deus nos criou; tudo o que Ele quer é que sejamos livres e alegres discípulos missionários seus. As tentações do acúmulo de bens, do poder e da glória levam, sempre e inexoravelmente, á escravidão; o rechaço a estas tentações, que se repetem e voltam a tornar-se vivas e presentes ao longo de toda nossa vida, é o maior sinal e a afirmação de nossa liberdade, liberdade da mente e, principalmente, liberdade do coração.

28 de fevereiro – 2o domingo da Quaresma (roxa)

1a leitura: Livro do Gênesis (Gn) 15,5-12.17-18Responsório: Sl 26 (27)2a leitura: 1a Carta de S. Paulo aos Filipenses (Fl) 3,17-4,1Evangelho: Lucas (Lc) 9,28b-36

Comentário: Enquanto rezava, o rosto de Jesus se transfigurou, suas vestes ficaram brancas e todo o seu corpo se transformou em luz. E duas pessoas conversavam com ele (cf 9,29-30). Num tempo em que as pessoas acreditam que seja perda de tempo parar, deixar um pouco o corre-corre cotidiano e conversar com as pessoas da sua família, da comunidade, do seu edifício, com colegas de trabalho..., a descrição bíblica da transfiguração de Jesus ganha grande atualidade. Primeiro, Jesus se retira do burburinho da gente, toma distancia do assédio das multidões. Depois, durante a oração – importante este “detalhe”: durante a oração - , seu corpo todo se transforma num sacramento de comunicação: comunicação da imagem, na brancura das vestes e no corpo de luz, símbolo de paz, de alegria, de encontro; comunicação da fala, na conversa amiga com Moisés e Elias. Os três discípulos, felizes testemunhas deste momento de céu, ficaram extasiados. E Pedro, sempre o mais entusiasmado dos discípulos da primeira hora, vai logo fazendo propostas e quer perpetuar aquele momento: vamos fazer três tendas, uma para ti, outra para Moisés, outra para Elias (9,33). Até esqueceu de si e dos companheiros! Quando a felicidade é muito grande, é comum as pessoas se esquecerem de si pois descobriram e sentem que a verdadeira felicidade está em fazer alguém feliz.A grande mensagem que fica deste momento de enlevo, de êxtase, de céu: no dia em que voltarmos a “perder tempo” para orar, para contemplar o mundo, a natureza, a gente e tomarmos mais tempo para o encontro com os que nos estão próximos, voltaremos a viver momentos de céu em nosso peregrinar pela terra.

11IGREJA &COMUNIDADE

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LIVRO DA FAMÍLIA 2010

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16 a 28 de fevereiro de 2010

A PAlAvrA de deus no mundo digitAl

Pe. Anderson Marçal MoreiraMestrando de Teologia Pastoral Litúrgica*

“A vós, queridos sacerdotes, renovo o convite a que aproveiteis com sabedoria as singulares oportunidades oferecidas pela comunicação moderna. Que o Senhor

vos torne apaixonados anunciadores da Boa Nova na ‘ágora’ mo-derna criada pelos meios atuais de comunicação.” Assim conclui o Papa Bento XVI sua mensagem para o dia das comunicações deste ano, a ser comemorado em 16 de maio.

A tecnologia imprime maior velocidade às mudanças do nosso cotidiano e a Igreja Católica está sensível a esse advento. A inter-net deverá ser vista pela Igreja não só como uma ágil ferramenta de comunicação, mas, sobretudo, como um instrumento útil de evangelização de um povo cada vez mais carente de Deus.

Estamos vivendo uma época ímpar, em que a Igreja faz todo o esforço possível para se adaptar às novas tecnologias, conforme as exigências do momento, sem, contudo, se distanciar do que é essencial. Assim, com um desejo de construir e fazer acontecer o Reino de Deus, abre-se um novo capítulo na história da evan-gelização. Para a Igreja, evangelizar é levar a boa nova a toda humanidade; é fazer novas todas as coisas (cf. Ap 21, 5).

Felizmente, temos a internet como uma graça que fascina a todos e que nos ajuda no descobrimento de novos caminhos; como um meio imprescindível para fazer ecoar a mensagem do Evange-lho, tornando a pessoa mais alegre e feliz, totalmente realizada em Cristo. Hoje, surgem novos campos, novos areópagos. É só olhar o mundo da internet para encontrar os nomes que já fazem parte do nosso cotidiano: webs, sites, meios virtuais, programas interativos de TV, entre outros. À medida que se experimenta a ciência e a tecnologia, é claro e evidente que aparece o avanço na evangelização. As distâncias encurtadas e os acontecimentos e notícias em tempo real são graças e bênçãos. Que beleza e que maravilha!

Por isso, uma corajosa e lúcida imaginação com uma lingua-gem bem apropriada se faz necessária, de tal modo, que o Evan-gelho chegue aos homens e mulheres do nosso tempo envolvido na nossa cultura urbana e moderna. Mas, é preciso que tenhamos pessoas capacitadas, que vivam a intimidade das novas tecnolo-gias, a serviço da Boa Nova da Salvação. Eis o nosso maior desafio, que é de toda a Igreja. Precisamos de animadores atualizados, que saibam levar a palavra sagrada ao coração da nossa boa gente, com eficácia e criatividade, num mundo, em grande parte, indiferente e distante da proposta e do convite do nosso bom Deus.

O documento “A Igreja e a Internet”, divulgado em fevereiro de 2002 pelo Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, contribui para maior integração desses modernos recursos na atividade pastoral. A missão que Jesus deixou à Igreja foi a de transmitir aos confins da terra, até ao final dos tempos, sua mensa-gem salvadora. Ora, o progresso dessa nova tecnologia é de grande interesse para o reino de Deus, na medida em que contribui para a organização da sociedade humana, e pode cooperar de forma eficaz para difundir os valores da dignidade, da comunidade fraterna e da liberdade, através da transmissão do Evangelho.

*Junto à Faculdade Pontifícia Salesiana, em Roma

“A missão que Je-sus deixou à Igreja foi a de transmitir

sua mensagem salvadora”.

Doze alunos de graduação da PUCRS participaram da Operação Janeiro 2010 do Pro-jeto Rondon nos municípios de São Simão, em Goiás, e Mon-te do Carmo, no Tocantins. Eles realizaram atividades de capacitação orientando a comunidade com dicas sobre cidadania, saúde e bem estar social. Os grupos eram forma-dos com seis estudantes cada e foram selecionados em um processo rígido, que contou com 360 inscritos no total. Par-ticiparam graduandos de Tu-rismo, Medicina, Psicologia,

Estudantes da PUCRS em Goiás e Tocantins pelo Projeto Rondon

Odontologia, Arquitetura e Urbanismo, orientados por um professor e um coordenador.

Denis Dockhorn, professor da Odontologia e que atua no projeto há cerca de 35 anos, explica que o objetivo é formar multiplicadores que possam orientar e ajudar a população. A estudante do 5º semestre de Odontologia, Gabriela de Mi-randa Biasi, realizou oficinas com cuidadores de idosos e assistentes sociais em Goiás. Em encontro realizado na PUCRS, na véspera da viagem, a jovem se mostrava ansiosa,

e com a ideia de transmitir valores positivos. "Vou falar da sabedoria dos idosos e de como precisamos tratá-los com carinho". A mãe, Carmem Dora Miranda, vê a opor-tunidade de Gabriela como um desafio. "Uma bagagem gratificante em termos de ci-dadania", acredita. Além dos jovens que partiram, outro grupo com seis alunos retor-nou de Cacequi, no interior do Estado, onde também foram desenvolvidas atividades. En-tre os objetivos está a redução das desigualdades sociais do país. Os grupos ficaram em Goiás até 7 de fevereiro e no Tocantins até o dia 8.Teologia para leigos

Estão abertas as inscrições para o curso de extensão "Teologia Para Leigos - 5º bloco". A atividade busca ofe-recer formação bíblica, teológica e pastoral e se divide em três módulos: "Teologia Bíblica- Livros Sapienciais"; "Te-ologia Sistemática: Escatologia e Graça" e "Teologia Práti-ca- Direito Canônico". A atividade ocorrerá das 19h30min às 22h20min, sob a coordenação do padre Pedro Kunrath.

As aulas começam no dia 15 de março e as inscrições podem ser realizadas na Pró-Reitoria de Extensão da Universidade (Proex), sala 201 do prédio 40, no Campus Central (avenida Ipiranga, 6681 - Porto Alegre). Informa-ções adicionais pelo telefone (51) 3320-3680.

Porto Alegre, 16 a 28 de fevereiro de 2010

Desafios da Igreja para uma outra comunicação possível

Sem pretender apresentar receita acabada e aberto a todas as manifestações, o Mutirão de Comunicação pos-sibilitou riquíssimas reflexões para uma comunicação favorável à cultura solidária na América Latina e Caribe. E

delineou desafios urgentes para o anúncio do Evangelho nos dias atuais. “Se continuarmos fazendo o mesmo, perderemos nossa

significância, afinal, a economia junto da política nos obriga a exercer uma “dominação” simbólico-cultural. É preciso assimilar que digital é convergir. Hoje, tudo que é digital converge para o crescimento e para a novidade. Nós estamos mais próximos das tecnologias de informação e comunicação, mas precisaremos nos especializar em biotecnologia, robótica e nanotecnologia. Para tamanhos desafios em nossa realidade, em que os jovens se tornam cada vez mais capacitados na área da comunicação digital, precisamos levar em conta as dimensões da capacidade científica e tecnológica de nossos povos, e de que é necessário investir em formação específica, em habilidades próprias e em produção de conhecimento. Fica o desafio de como vivenciar no dia a dia da Igreja da América Latina e Caribenha, o envolvimento com estas propostas de no-vas tecnologias digitais, para que o processo de evangelização e promoção da vida sejam cada vez mais eficazes através da comunicação”. Luciano Sathler – professor da Universidade Metodista de São Paulo e presidente da WACC América Latina (World Association for Christian Communication

“Sempre devem ser procuradas as raízes de uma comunicação solidária. Essas raízes são que nós somos filhos de Deus. E o chamamos pai. Entre nós, deve haver uma atitude de fraternidade. A palavra solidária é uma palavra laica. Se seguirmos o evangelho o chamamos de amor. Um amor que temos que tem responsabilidade, um amor que não exclui, um amor que sabe doar-se e fazer o outro. Não conseguimos realizar plenamente o evangelho – o amor. E dentro da Igreja muitas vezes não há fraternidade profunda, de vida compartilhada. Esse mutirão, para nós, deveria ser onde avaliemos o que somos. Antes de dizer o que fazemos, temos que compreender o que somos. E à luz do evangelho com-preendemos o que somos e o que devemos fazer no meio dos demais. Essa para mim é a tarefa forte da Igreja. Os cristãos devemos sempre confrontar-nos com a palavra de Deus. E não é para sermos sentimentais, porque o amor é muito concreto. E esta solidariedade deve ser permanente”. Dom Cláudio Maria Celli – presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais

“Que a comunicação possa ajudar a solidariedade. O grande problema não é ter meios. Esses nós temos hoje e muitos. Mas nem sempre acontece uma mídia solidária. Só acontece em momento de tragédia, de de-sastres. É pauta interessante, sim. Mas a comunicação é sempre chamada a demonstrar e a trabalhar para que realmente possa acontecer a solidariedade em todos os momentos. Ela – a mídia – é chamada a se identificar com as realidades regionais e agir. Deve ser uma comu-nicação igualitária para todos, solidária”. Dom Orani João Tempesta – presidente da Comissão Episcopal para a Cultura, Educação e Comunicação da CNBB e arcebispo do Rio de Janeiro

“A Igreja teve e tem, é verdade, certa resistência em usar os meios de comunicação. Hoje, o problema é menor. Mas nós não investimos o suficiente nos meios. Talvez para dentro, ad intra, para dentro de nossas co-munidades, não tenhamos tantas dificuldades. Mas hoje o grande desafio são os areópagos. Isto é, esse mundo que está todo numa outra realidade, que não entende mais a nossa linguagem, não vê sentido em nosso testemunho. Então, é preciso, como fala o evangelho do quinto domingo do Tempo Comum, que nós temos que por-nos ao largo, entrar em diálogo, reconhecer os desafios que estão aí, fazer-nos irmãos dos nossos irmãos, ouvir os silenciados e marcar presença. Para que possam sentir-se próximos de nós e sentir que estamos ao do lado deles”. Dom José Mario Stroher – bispo diocesano de Rio Grande e presidente do Regional Sul 3 da CNBB

“A Igreja tem dificuldades, sim, em sua comunica-ção, tanto ad intra como ad extra. E é questão estrutural e questão histórica. É questão estrutural, isto é, de como a Igreja se pensa a si mesma, uma estrutura que não con-diz, não guarda relação com o dinamismo da sociedade moderna. A Igreja tem que revisar-se a si mesma. Por outro lado, ela, a Igreja, está diante de mais um claro de-safio que é a crise civilizatória que estamos enfrentando e para a qual o mundo espera respostas. Na sua comu-nicação, tem que assumir que não se comunica somente através de instituições e sim através de seus filhos e filhas e através de todo povo de Deus e que também são o sal da terra. E toda comunicação é basicamente relação entre pessoas, uma relação humana que constroi objetivo no diálogo intersubjetivo, no diálogo entre pessoas. Sem isso, não há anúncio, não há encontro, não há também alternativa no processo de comunicação”. Washington Uranga – jornalista uruguaio, radicado na Argentina, coordenador da equipe Acadêmica do Mutirão de Co-municação América Latina e Caribe

“A comunicação não é privilégio só da Igreja. É o dom de Deus para toda a humanidade. Deus foi o primeiro grande comunicador. E soube se comuni-car como poucos. Tornou-se igual a nós para poder melhor se comunicar. Usava parábolas, exemplos da vida. E que lição seria isso para nós? Como conti-nuadores desse grande comunicador que foi Jesus Cristo, devemos aprender com Ele a simplicidade e a crença na pessoa. Jesus, mesmo com o dom de conhecer o íntimo de cada um, externava confiança nos apóstolos, em Madalena. A Igreja, hoje, tem esse compromisso de confiar na pessoa, não im-portando seu credo, para poder semear a boa nova que Jesus veio transmitir. Cabe-nos descobrir como melhor comunicar a boa nova com todos os meios modernos que temos e, é claro, através do contato pessoal, pelo encontro do outro sempre levando em conta que não somos donos absolutos da verdade”. Dom Alessandro Ruffinoni – bispo do Vicariato de Gravataí