document

11
CianMagentaAmareloPreto IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO N o 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS Porto Alegre, 1 o a 15 de novembro de 2009 Ano XV - Edição N o 549 - R$ 1,50 Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe 3 a 7 de fevereiro de 2010 Centro de Eventos da PUCRS P. Alegre A mudança de época Voz do Pastor/Página 2 Jovem tem vez ENCARTE Nathália Kasper e Louro, residente em Esteio, é a entrevistada desta edição. Página 9 Páginas centrais As missas nos cemitérios de Porto Alegre em Finados Por incompetência ou astúcia e má-fé, independente de poder e instância - municipal, estadual ou federal – a classe política e gestora atual do estado brasileiro nunca antes atingira nível tão baixo de credibilidade. Por que, se veio da mesma matriz cultural brasileira de que importa é levar vantagem? Por que, se quem lhes delegou esse poder e os colocou lá fomos nós, eleitores? A distinção será entre- gue em solenidade durante jantar dia 24 de novembro próximo, no Jockey Club do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Guaragna, 52 anos, engenheiro me- cânico e especializado em sustentabilidade, é um dos responsáveis pelo Prêmio de Responsabilidade So- cial da AL. Atua na área petroquímica há 28 anos e atualmente é diretor de Em- preendimentos da Braskem. Também é o coordenador da Assessoria de Desenvolvi- mento Social na Federasul. Católico ligado à Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Porto Alegre, é criador do curso de forma- ção de lideranças cristãs a ser lançado pela ADCE e pelo Emaús no 1º semestre de 2010. Faleceu dia 14 de outubro e, após velório na Catedral Metropo- litana de Porto Alegre, foi enterrado no dia seguinte no Cemitério S. Miguel e Almas. Dom Frei Antônio do Carmo Cheuiche: professor universitário, filósofo, teólogo, jornalista e escritor de respeito. Mas foi como homem de cultura e homem de Igreja que se notabilizou em seus 82 anos de vida. Nascido em Caçapava do Sul em 13 de junho de 1927, foi ordenado frei carmelita em 10 de março de 1951 e nomeado bispo auxiliar de Santa Maria em dois de abril de 1969. Em cinco de maio de 1971 foi nomeado bispo auxiliar de Porto Alegre, onde pas- sou a bispo emérito em 2001, jamais deixando de trabalhar e orientar Guilherme Guaragna é o Dirigente Cristão de 2009 Na Igreja S. Miguel, do cemitério da Irmanda- de do Arcanjo S. Miguel e Almas, os horários são os seguintes: 1 o de novembro: 9h 2 de novembro: 15h30min. Em sequência, procissão e bênção dos tú- mulos. Na Igreja S. Joaquim, do cemitério da Irmandade da Santa Casa, os horários são os seguintes: 1 o de novembro: 8h, 10h e 16 h. 2 de novembro: 8h,10h, 16h e 18h. A missa das 10 horas é campal, com altar armado na frente da Igreja, em inicia- tiva conjunta com das duas Irmandades e sob a presidên- cia de Dom Dadeus Grings, arcebispo de Porto Alegre. Dom Antônio Cheuiche: sábio e temente a Deus iniciativas na área da cultura e arte sacra, sua especialidade. Atuou no Vaticano em diversas funções: membro da Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja; membro do Pontifício Conselho de Leigos; membro da Pontifícia Comissão de Justiça e Paz; e membro do Pontifício Conselho para os Não-Crentes. Enquanto bispo em Porto Alegre, fundou o Movimento em Defesa da Vida (MDV), a Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE) e diversas associações católicas congregando políticos, médicos e advogados. Durante o episcopado de Dom Dadeus Grings, foi o primeiro vigário episcopal do recém criado Vicariato da Cultura, em 2001. República do Brasil: o estado para todos ou só para os eleitos? Dom Cheuiche

Upload: jornal-solidario

Post on 09-Mar-2016

218 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

http://jornalsolidario.com.br/wp-content/PDF/solidario_549.pdf

TRANSCRIPT

Page 1: Document

CianMagentaAmareloPreto

IMPRESSO ESPECIALCONTRATO No 9912233178

ECT/DR/RSFUNDAÇÃO PRODEODE COMUNICAÇÃO

CORREIOS

Porto Alegre, 1o a 15 de novembro de 2009 Ano XV - Edição No 549 - R$ 1,50

Mutirão de ComunicaçãoAmérica Latina e Caribe

3 a 7 de fevereiro de 2010Centro de Eventos da PUCRS

P. Alegre

A mudançade época

Voz do Pastor/Página 2

Jovem tem vez

Livraria Padre Reus está oferecendo a edição doLivro da Família/2010. Adquira seu exemplar ou façaseu pedido no endereço abaixo, que teremos a maior

alegria em atendê-lo. Também o Familienkalendar/2010está disponível.

ENCARTENathália Kasper e Louro, residente em Esteio, é a entrevistada desta edição.

Página 9

Páginas centrais

As missas nos cemitérios de

Porto Alegre em Finados

Por incompetência ou astúcia e má-fé, independente de poder e instância - municipal, estadual ou federal – a classe política e gestora atual do estado brasileiro nunca antes atingira nível tão baixo de credibilidade. Por que, se veio da mesma matriz cultural

brasileira de que importa é levar vantagem? Por que, se quem lhes delegou esse poder e os colocou lá fomos nós, eleitores?

A distinção será entre-gue em solenidade durante jantar dia 24 de novembro próximo, no Jockey Club do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Guaragna, 52 anos, engenheiro me-cânico e especializado em sustentabilidade, é um dos responsáveis pelo Prêmio de Responsabilidade So-cial da AL. Atua na área petroquímica há 28 anos e atualmente é diretor de Em-preendimentos da Braskem. Também é o coordenador da Assessoria de Desenvolvi-mento Social na Federasul. Católico ligado à Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Porto Alegre, é criador do curso de forma-ção de lideranças cristãs a ser lançado pela ADCE e pelo Emaús no 1º semestre de 2010.

Faleceu dia 14 de outubro e, após velório na Catedral Metropo-litana de Porto Alegre, foi enterrado no dia seguinte no Cemitério S. Miguel e Almas. Dom Frei Antônio do Carmo Cheuiche: professor universitário, filósofo, teólogo, jornalista e escritor de respeito. Mas foi como homem de cultura e homem de Igreja que se notabilizou em seus 82 anos de vida. Nascido em Caçapava do Sul em 13 de junho de 1927, foi ordenado frei carmelita em 10 de março de 1951 e nomeado bispo auxiliar de Santa Maria em dois de abril de 1969. Em cinco de maio de 1971 foi nomeado bispo auxiliar de Porto Alegre, onde pas-sou a bispo emérito em 2001, jamais deixando de trabalhar e orientar

Guilherme Guaragna é o

Dirigente Cristão de 2009

Na Igreja S. Miguel, do cemitério da Irmanda-de do Arcanjo S. Miguel e Almas, os horários são os seguintes:

1o de novembro: 9h2 d e n o v e m b r o :

15h30min. Em sequência, procissão e bênção dos tú-mulos. Na Igreja S. Joaquim,

do cemitério da Irmandade da Santa Casa, os horários são os seguintes:

1o de novembro: 8h, 10h e 16 h.

2 de novembro: 8h,10h, 16h e 18h. A missa das 10 horas

é campal, com altar armado na frente da Igreja, em inicia-tiva conjunta com das duas Irmandades e sob a presidên-cia de Dom Dadeus Grings, arcebispo de Porto Alegre.

Dom Antônio Cheuiche: sábio e temente a Deusiniciativas na área da cultura e arte sacra, sua especialidade. Atuou no Vaticano em diversas funções: membro da Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja; membro do Pontifício Conselho de Leigos; membro da Pontifícia Comissão de Justiça e Paz; e membro do Pontifício Conselho para os Não-Crentes. Enquanto bispo em Porto Alegre, fundou o Movimento em Defesa da Vida (MDV), a Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE) e diversas associações católicas congregando políticos, médicos e advogados. Durante o episcopado de Dom Dadeus Grings, foi o primeiro vigário episcopal do recém criado Vicariato da Cultura, em 2001.

República do Brasil: o estado para todos

ou só para os eleitos?

Dom Cheuiche

Page 2: Document

EDITORIAL

1o a 15 de novembro de 2009 2

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS

Editora Adjunta Martha d’Azevedo

Fundação Pro Deo de Comunicação

Conselho DeliberativoPresidente: José Ernesto

Flesch ChavesVice-presidente: Agenor Casaril

CNPJ: 74871807/0001-36

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo

Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, José Edson Knob e

Ir. Erinida GhellerSecretário: Elói Luiz ClaroTesoureiro: Décio Abruzzi

Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

RedaçãoJorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS

Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RSRevisão

Nicolau Waquil, Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários)

AdministraçãoPaulo Oliveira da Rosa (voluntário), Elisabete

Lopes de Souza e Davi EliImpressão: Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282

Porto Alegre/RSFone: (51) 3221.5041 – E-mail:

[email protected]

Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade,

não expressando necessariamente a opinião deste jornal.

Voz doPASTOR

Dom Dadeus GringsArcebispo Metropolitano

de Porto Alegre

Quer um filho bom? Gaste tempo com ele

A RTIGOS

a mudança de época

[email protected]

“Até quando continuarão abusando da paciência do povo brasileiro?”

Pe. Paulo Ricardo de Azevedo JúniorConsultor do Vaticano para assuntos de Catequese

Que a sociedade está em crise, ninguém duvi-da. Difícil mesmo é descobrirmos o caminho de saída da crise. Parece que estamos mais

preparados para lidar com as guerras do que com as crises. As famílias também estão em crise. É sinal de que alguém precisa dizer algo, romper o silêncio, combater a crise. É a figura do pai que, na maioria das vezes, deve chamar para si essa responsabilidade. O problema é que poucos homens estão dispostos a assumir esse papel.

Se existe guerra entre pai e filho, a mãe está sem-pre disposta a intermediar a relação. Ela tem grande disponibilidade afetiva e está quase sempre com os braços abertos, pronta para um gesto de compreensão e acolhimento.

Mas, quando se trata de crise, são o silêncio e a ausência de um pai que geram o problema. Mesmo nos lares em que não há um pai biológico, alguém precisa assumir o papel paterno, preferentemente alguém do sexo masculino. Faz parte do desígnio de Deus que alguém assuma a realidade de pai.

O papel de pai é exigente porque a sua orientação, por mais afetuosa e pedagógica que seja, significa sempre um limite. Muitos se perguntam como impor limites que estimulem o respeito e o amor em família.

Mas não basta começar a ditar regras. É importante compreender esse limite, que exige da figura paterna uma virtude fundamental: a magnanimidade. Sim, o pai tem de ter uma “alma grande”.

Um grande amigo meu e excelente educador uma vez me disse: “Não dê mais de uma ordem por mês nem explique muito”. O pai não deve se preocupar com pequenos defeitos, mas com os grandes. Você não deve encher a vida do seu filho de regrinhas, que desgastam sua autoridade e transformam a relação em mera cobrança.

Lembre-se: resolver uma crise é, antes de tudo, falar a um amigo. Mas como ter uma amizade com seu filho se não houver convívio? Quer um filho bom? Gas-te tempo com ele. Quem não tem tempo para os filhos é porque tem priorizado outros assuntos em detrimento da família. A tendência dos filhos é seguir o mesmo caminho. Se o pai não se fizer presente e não impuser regras, a sociedade se incumbirá dessa tarefa - muitas vezes da pior forma possível.

Os pais modernos se vangloriam de serem cúmpli-ces de seus filhos. Mas tal cumplicidade nem sempre é verdadeiro amor. A esse respeito, o Papa Bento XVI nos dá um testemunho luminoso: “Recordo sempre com grande afeto a profunda bondade de meu pai e de minha mãe. É claro que, para mim, bondade significa também a capacidade de dizer ‘não’, porque uma bondade que deixa tudo correr às soltas não quer fazer o bem ao outro”. (www.cancaonova.com)

Que república é essa!?

Um país, onde os jovens estão absolutamente desiludidos com seus políticos e com a gestão da coisa pública (res publica), é um país à beira de uma perigosa indiferença, de um co-

lapso social ou de um golpe ditatorial de poder. Este país existe e se chama Brasil.

Quando se lembra mais um aniversário da proclamação da repú-blica brasileira, cabe perguntar: mas que república é essa!? O Hino da República conclui com um desejo a ser realizado, não um status já alcançado: Seja o nosso País triunfante/Livre terra de livres irmãos!

Nas páginas centrais desta edição, o Solidário se posiciona e faz sua a pergunta nunca suficientemente respondida de milhões e milhões de brasileiros: até quando este país rico é rico e bom apenas para uma pequena minoria de privilegiados, seja pelo poder político, seja pelo poder econômico? Ao resgatar e publicar a opinião de um grupo de jovens que, sabidamente, representam a quase totalidade deste segmento social, queremos alertar nossos leitores em geral sobre o escandaloso “trem da alegria” em que se transformou aquela que já foi, noutros tempos, a nobre arte do serviço ao bem público, ao bem comum.

Aqui cabe bem a citação do senador e orador romano Cícero, desafiando um político corrupto do seu tempo: Quousque tandem, Catilina, abutere patientiam nostram (até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência)!? A população em geral, que se expressa pela boca de nossos jovens, também interroga nossos homens e mulheres públicos: até quando continuarão abusando da paciência do povo brasileiro? Quando se faz uma acusação grave como essa, pode-se cometer a injustiça de colocar todos os homens e mulheres que atuam na vida política numa vala comum. Isso seria realmente injusto. O drama é que, pelo volume das acusações que pesam sobre nossos políticos e pelos números que explicitam esta verdadeira orgia nos gastos públicos, torna-se difícil discernir e separar o joio do trigo. Some-se a isso a reação pouco significativa e, por vezes, acomodada de muitos bons políticos em relação a seus colegas, sabidamente corruptos e ineptos, e temos o quadro de descalabro que as mídias nos apresentam diariamente.

Ao tomarmos posição diante da escabrosa situação política de nossa República já visamos o ano eleitoral e as eleições de outubro de 2010. Todos os que atualmente estão no poder, ali estão porque foram eleitos, democraticamente. Por isso, este ano que nos separa das eleições, deve ser como um advento de preparação para que nosso voto, consciente e livre, eleja aquelas mulheres, aqueles homens que, realmente, merecem nosso voto e dignifiquem sua missão de estar a serviço do bem público, do bem comum. Assumimos a denúncia que faz o movimento “Ficha suja” para que nossos futuros vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, senadores e governadores possam caminhar por nossas ruas e praças de cabeça erguida e não tenham de envergonhar-se diante de seus filhos por fazerem parte de uma “raça maldita”. Porque não o são, por opção e missão, definitivamente.

Na última página desta edição, o Solidário traz um importante comentário da dra. Zilda Arns, recolhido pelo editor do jornal durante o Congresso Mundial de Signis, na Thailandia. Zilda fez a palestra de abertura do Congresso e seu Projeto da Pastoral da Criança causou viva impressão e admiração de todos os quase mil participantes de 80 países. O tema do Congresso não poderia ser mais significativo e atual: “Direitos da Criança, promessa de amanhã”.

Tema candente e contraditório, o Solidário faz suas as perguntas que a Comissão da Pastoral da Terra coloca para a público em geral. Para que se possa ter sempre uma idéia e posição mais próximas da verdade é de simples bom senso ouvir sempre os dois lados dos envolvidos em um conflito (última página).

A todos/as desejamos uma boa leitura desta edição do Solidário.

Muitos se assustam com os prenúncios de uma nova época. Falamos dos

sinais dos tempos como grandes faróis. Mas logo acrescentamos o capítulo das crises de que o radar nos adverte. Quem é medroso tem receio de avançar. Preferiria a calmaria. E assim estagna. É o marasmo. Mas a vida é, por definição, movimento. E, se necessariamente se movimenta, não pode parar. Contudo sobrevem o receio das mudanças. Muda tudo? A nova época constará de uma outra humanidade?

Para entender a passagem para a nova época temos que ter presente a genial interpretação aristotélica do movimento. Para fazer frente ao fixismo de Parmênides, segundo o qual seria impossível qualquer mudança; e ao relativismo de Heráclito, para o qual tudo muda e nada permanece, Aristóteles avançou com a teoria do ato e da potência. Em toda mudança há algo que permanece e algo que se transforma. Não existe ruptura absoluta. Falamos, por isso, de evolução. O que será, de algum modo, já era. Mas era de outra maneira, o que se expressa pela potência. Passa, depois, a ser em ato. Assim, a semente é árvore em potência. Isto significa que tem todos os ingredientes para se tornar árvore. Mas ainda não é.

Quem não conhece sua potencialidade não consegue adivinhar seu futuro. Mas este já lhe é intrínseco. Basta que desabroche.

Nós vivemos no tempo. Isto significa que temos um presente – é nosso aqui e agora. Mas estamos em movimento, o que equivale a afirmar

que temos também um passado que, por uma providência especial, fica, e, grande parte, na memória, para não perdermos nossa identidade – e que teremos um futuro, que igualmente, por um dom especial que recebemos de Deus, nos leva a fazer projetos de vida. Deste modo, cada pessoa é, no seu presente, o que foi no passado e o

que projeta para o futuro. Em outras palavras: quem não tem passado não vive o presente, e quem não consegue projetar um futuro não se desenvolve. Seu presente - aqui e agora - se reduz a pratica-mente nada. Não passa de um sopro.

Estamos na síntese do tema das mudanças de época. Envolve a humanidade inteira. Nosso passa-do continuará sempre sendo nosso, o que equivale a dizer que determinará nossa identidade humana e nos garantirá a realização de nosso projeto futuro. Acontece que o projeto que temos, denominado de “nova época”, não é pessoal. Nem depende da vontade de alguns poucos. É toda a humanidade que caminha. Estar em mudança só é possível se já se é, de algum modo, o que se há de ser.

Crise é, por natureza, abstração. Considera apenas um aspecto, deixando de lado os demais. É nosso modo de conhecer parcial e parceladamente. Falamos de perspectividade. Einstein privilegiava a posição do observador, a partir da qual vê o uni-verso. Assim firmou o princípio da relatividade. Não conseguimos ver tudo, ao mesmo tempo, sob todos os ângulos ou aspectos. A crise aponta uma realidade, vista apenas sob um ângulo. Cabe-nos reinseri-la no contexto pleno da vida. Viver é mais do que pensar, mais do que querer ou sentir. Viver é conviver. Conviver é crer, esperar e amar.

Page 3: Document

FAMÍLIA &SOCIEDADE 31o a 15 de novembro de 2009

“Quanto maior for a tolerância à frustração, mais o indi-víduo cresce”.

Imagem: Divulgação (modificada)

Permissividade diante da agressão

As crianças pequenas enfrentam muitas situações que parecem ser frustrantes do ponto de vista de um adulto, que pode se enganar e tirar conclusões precipitadas. Exemplo: muitas vezes já nos deparamos com o fato de nossos filhos se machucarem, e qual não foi nossa surpresa ao ver os peque-nos se levantarem e continuarem a brincadeira sem choros. Já experimentamos como pais a grande decepção diante do fato de vermos nossos próprios filhos na porta da escola se despe-direm sem as manifestações de choro já imaginadas por nós.

Os efeitos da permissividade perante a agressão (permitir à criança a expressão aberta e livre da agressão) são comparáveis aos efeitos de uma recompensa direta. Assim sendo, é muito co-mum encontrar pais que, por receio de que seus filhos se tornem crianças muito passivas, estimulam e reforçam positivamente os atos agressivos: "Muito bem, meu filho, isso mesmo, bate nele e mostra que você é macho", ou: "Sempre que alguém lhe bater, você tem que bater nele, certo, meu filho?"

Como agir quando a agressão acontece?

Durante o período pré-escolar, os pais controlam muitas das experiências de frustração e gratificação da criança de-terminando se ela será premiada ou castigada por comporta-mentos agressivos e servindo como modelo para imitação; essa é uma situação muito delicada, pois sabemos que um pai que emprega punição física para inibir comportamentos agressivos dos filhos também está servindo como modelo agressivo, demonstrando à criança o poder e a utilidade po-tencial da agressão.

Mesmo sabendo que nosso filho pequeno ainda não con-segue dominar suas emoções, não devemos deixar que ele nos bata, chute ou agrida os outros. De modo nenhum.

Eles podem ter suas emoções ainda não dominadas, mas são muito capazes de entender os limites que lhes são colocados. A ação segura e firme, porém carinhosa, dos pais ajuda a criança a estruturar seu ego de forma mais rápida. Entretanto, por ignorar esse fato, muitos pais, ao verem seus filhos chorar e espernear por não tolerar alguma contrariedade, entre orgulhosos e assustados dizem: "Esse nosso filho tem muita personalidade". A cada vez que situações como essas acontecem, a criança aprende que funciona gritar, espernear e chutar para conseguir o que quer, e acaba repetindo esse comportamento. É por isso que vemos hoje em dia filhos ba-tendo, beliscando, empurrando e puxando os pais quando não são atendidos imediatamente ou se contrariados em alguma coisa. São crianças que permanecem imaturas, instintivas e imediatistas. Compreender que a criança está com raiva é uma coisa, permitir que ela nos agrida ou agrida os outros é algo muito diferente.

*Resumido de publicação:Alô Bebe

O que fazer se o meu filho bate nos amiguinhos? *

Dicas e sugestões que podem ajudar Se a criança insistir em nos machucar, devemos segurar a sua maõzinha e

dizer bem sérios: “Isso não é bonito, você não pode me bater”. Às vezes, deixar de fazer algo que a criança goste muito também funciona;

por exemplo, devemos dizer que estamos tristes porque nosso filhinho agiu mal e que por isso não vamos mais brincar hoje ou descer para o playground. Ele irá compreendendo que cada ação provoca uma reação, que poderá ser de aprovação ou de restrição.

Muitas vezes pudemos constatar que ignorar a agressão e recompensar os comportamentos cooperativos e pacíficos através de atenção e elogios pode ser de grande eficácia.

Dizer para a criança que nós entendemos que ela está sentindo raiva e que nós sabemos o porquê poderá ajudá-la muito no sentido de que sentir raiva não é um sentimento negativo, feio ou ruim, mas que deve ser controlado e não escondido.

Finalmente, seria muito importante assegurar-se de que a criança não entenda a necessidade de frustrá-la como falta de amor por ela. São duas coisas completa-mente diferentes.

Queridos pais, não se preocupem demais: vocês só estarão fazendo bem ao seu

filho. Ele precisa de limites e um dia seguramente lhes agradecerá por isso.

Mônica MlynarzTerapeuta individual e familiar

O que podemos observar, sem sombra de dúvida, na fase da pré-escola (de 2 a 4 anos aproximadamente) é que toda

criança tem dificuldades para dominar suas emoções. Quando é contrariada, ainda não tem maturidade emocional para se controlar e acaba explodindo: as crianças mais sentidas choram, outras mais agressivas partem para a ação: batem, agridem ou mordem. É normal esse descontrole.

Freud, em sua teoria da personalidade, já dizia que, ao nascer, o homem tem apenas a primeira estrutura, o Id, que representa os instintos. Nos pri-meiros anos de vida precisamos ser atendidos imediatamente em nossas necessidades; se o bebê tem fome ele se põe a chorar; se está com frio, molhado ou com sono, não demora a demonstrar seu desconforto. Ele não sabe esperar, defini-tivamente não consegue esperar.

Pouco a pouco, vai se formando a segunda estrutura, o Ego. Uma de suas funções mais importantes é desenvolver no indivíduo a ca-pacidade de suportar as frustrações, os desejos não atendidos ou adiados. Quanto maior for a tolerância à frustração, mais o indivíduo cresce, mais ele se fortalece.

Há evidências suficientes de que a agressão é uma reação predominante, senão inevitável, à frustração.

Page 4: Document

O PINIÃO 4 1o a 15 de novembro de 2009

“Pretendo trabalhar intensamente para a glória de Deus”.

Antônio Mesquita GalvãoFilósofo e escritor

Depois do caso Sarney, da casa da go-vernadora e outros acontecimentos, eu evito comentar sobre política, tamanho

o enojamento que me assalta. Mas um fato não é possível deixar passar, pois mais do que po-lítico, inflete no terreno da cidadania. Trata-se do registro de candidaturas de indivíduos que têm ocorrências policiais ou jurídicas, depen-dentes de sentença. É a chamada “ficha suja”. Para trabalhar em um banco, dar aulas numa universidade, a pessoa tem que ter a ficha limpa. Com maus antecedentes não entra! O cara para conseguir um emprego de motorista de uma em-presa ou vigilante particular tem que comprovar a inexistência de processos e fatos afins. E para o Congresso? E para as Assembleias, Câmaras, Governos Estaduais e Prefeituras? Sabem que não precisa comprovar nada? O pior é que os antecedentes revelam os consequentes.

O pior é que muitos indivíduos não buscam a eleição para exercer um serviço cívico, pelo bem-comum, mas para “se arrumar”, entrar no “jabaculê”, fazendo acordos de campanha, conchavos e negociatas.

Só para citar um caso grotesco, recordo que na década de 90, um deputado federal nortista (com ficha suja) ficou famoso nacionalmente. Na época, ele esmurrou uma deputada em ple-na Câmara, porque ela o acusou de lenocínio e

Ficha limpatráfico de cocaína. Ela (com uma vida pregressa diferente de Madre Tereza) foi cassada em 1994 pela CPI dos “anões do orçamento”. Esses dois, entre tantos, não podiam ter sido diplomados. Uma turma dessas, depois de eleita, vai postular os interesses de quem?

O pior é que depois de eleito o meliante, as im(p)unidades e o corporativismo existentes na política não deixam mais cassá-lo. O esprit de corps fala mais alto. A solidariedade das ban-cadas e a conivência dos partidos tudo ajuda a trazer o descrédito sem precedentes que se abate sobre a política nacional.

Esperar pelo braço cego e sonolento da jus-tiça não adianta. Os processos se arrastam por décadas, enquanto o pessoal da mão-ligeira vai avançando nas fichas. No Rio Grande do Sul, a justiça apregoa, pelo rádio, a formação de uma “força-tarefa” para agilizar processos estagnados desde 2004. Ora, se está levando de quatro a cin-co anos para julgar, deve ser o mesmo tempo em que o indiciado se elege, dá trambiques, forma a quadrilha e depois ninguém mais bota a mão nele, não pode mais ser punido, pois assume todas as imunidades regimentais.

É preciso que se faça uma campanha nacio-nal pela obrigatoriedade da “ficha limpa”. Se quem não tem antecedentes já se corrompe na campanha aceitando propinas, imóveis, carros, caixa 2, imaginem quem já é do ramo! O danado é que essas leis são feitas pelo mesmo Congresso que é o favorecido direto pelas facilidades.

Antônio Estevão AllgayerAdvogado

Num escrito intitulado Montezuma desco-bre a Europa, o padre Ernesto Balducci, com invulgar acuidade perceptiva e ou-

sadia profética, refere-se aos invasores europeus que submeteram povos ameríndios de avançada cultura ao domínio de potência sediada fora deste Continente. Nele me louvei para comentar o que aí vai:

Dois acontecimentos de altíssima relevância se deram no Centro e no Sul da América.

Um foi o primeiro “Parlamento Indígena” da América Latina, celebrado em 1974.

Nele, se postulava respeito aos valores cul-turais dos índios ali representados, nos termos da Carta das Nações Unidas. O outro foi um encontro de 49 etnias indígenas, em 1991, na Guatemala, no qual os encontristas exigiam fos-se reconhecido às tribos e nações sobreviventes do genocídio o direito a um desenvolvimento autônomo, consentâneo com sua cosmovisão.

Os promotores destes dois eventos mani-festaram o seu repúdio à pretensão dos pseudo-heróis da Conquista, que se consideravam auto-rizados a dispor de seus bens, de suas pessoas, de suas vidas, de suas crenças.

Seria de supor que os encontristas fossem exigir, de forma peremptória, desagravo pelas violências sofridos ao longo de quatro séculos de dominação alienígena. No entanto, puseram ênfase sobretudo na denúncia das agressões à ecosfera, encarecendo a urgência de se toma-rem medidas de preservação de ecossistemas e

povos indígenas alertam para riscos ambientais

biomas naturais, de combate ao desmatamento imoderado, à contaminação dos rios e mares, aos danos infligidos ao solo, ao subsolo, à flora e à fauna.

O vaticínio do cacique Seattle, em carta endereçada há mais de cem anos ao presi-dente Franklin Pierce, dos Estados Unidos, expressa em linguagem simples, comedida e desassombrada, é de uma impressionante atualidade.

Denota-se implícito nela o anseio por uma reordenação biocêntrica do direito das gentes, em que se assegure à Mãe Terra a possibilidade de não sucumbir à insensatez de grupos hegemô-nicos antivida, promotores de um consumismo voraz, autofágico, nercrófilo, devastador.

O vilipêndio de culturas milenares atuou de mãos dadas com o trucidamento de mais de doze milhões de aborígines na região do Caribe, se-gundo denúncia feita pelo bispo Bartolomeu de las Casas ao rei Fernando de Aragão (in O Para-íso Destruído, 1984). O honesto reconhecimento de tais atos de barbárie, que em terras do Rio Grande culminaram com a sangrenta destruição dos Sete Povos e a morte de Sepé Tiaraju, deveria servir para exorcizar os derradeiros resquícios de triunfalismo da modernidade arrogante, em cujo ventre se gestou a perversa concentração de renda, com as sinistras sequelas de carências alimentares afetando dois terços da humanidade.

Será que ninguém põe cobro à destruição impune da Hileia Amazônica e da Mata Atlân-tica e se esclareçam honestamente as sequelas da monocultura do eucalipto e outras espécies exóticas no Cone Sul da América...?

Os meus 75!Dom Sinésio Bohn

Bispo de Santa Cruz do Sul

Quando padre novo, achei a idade de cinquenta anos um limite razoável de vida. Trabalhei muito, dei tudo de mim a Deus, à causa da formação de novos padres e ao atendimento do povo

católico. Certo dia, me dei conta de que ultrapassara a faixa dos 50 e ninguém notara, nem eu! Dia 11 de setembro último fiz 75 anos. É a idade do ancião, a 3ª idade, “a mais bela idade”!

O Direito Canônico (Cânon 401) solicita que o bispo diocesano peça renúncia de seu ofício quando completa 75 anos: “O bispo diocesano, que tiver completado 75 anos de idade, é solicitado a apresentar a renúncia do ofício ao Sumo Pontífice”. O que o Papa faz com o pedido de renúncia? O mesmo Código Canônico responde com prudência: “Ponderando todas as circunstâncias, tomará providências”.

Enquanto a renúncia não for aceita, o bispo renunciante continua no ofício. Continua bispo diocesano.

É importante que o próprio bispo se prepare para um novo tempo. É o que procuro fazer. Mas é necessário que a Diocese também se prepare.

Primeiro, mantendo a unidade do Presbitério (padres e bispo unidos). Segundo, orando para que Deus ilumine o sucessor de Pedro na escolha do novo bispo. Finalmente, gerando no povo dispo-sição de acolher com fé e cordialidade o sucessor escolhido.

Pessoalmente, continuarei como “bispo emé-rito”, isto é, uma vez ordenado, sou bispo sempre, mas sem o governo da Diocese. Pretendo trabalhar intensamente para a glória de Deus e o bem do povo. O lugar e o ministério serão decididos em sintonia com o sucessor e as instâncias diocesanas.

Meu pai, quando fez 75 anos, me disse: “Quando era jovem, trabalhei muito pela família e a comunidade, mas dediquei menos tempo à oração. Agora que estou velho, me dedico mais à oração”.

Estava certo meu pai. O apóstolo Paulo nos adverte: “Não temos aqui morada permanente, mas estamos à procura da que está para vir” (Hb 13,14). Portanto, pretendo também me dedicar mais ao ministério da espiritualidade e ao testemunho do sentido da vida.

A tOlerânciA em criseJosé Mariano Bersch

Bancário

Fazia tempo que não encontrava minha amiga, a Tolerância. Fi-quei surpreso ao vê-la desanimada, abatida, quase irreconhecí-vel! Fui direto ao assunto: conta-me o que está havendo contigo!

‘Estou indo mal nos negócios - respondeu-me. Ano após ano venho perdendo terreno para a concorrência. Nem mesmo neste período que antecede o Natal, com um histórico pico na demanda do meu produto, tenho sentido uma reação favorável. A sociedade está migrando para o mercado paralelo, contratando serviços e consumindo produtos falsificados das minhas concorrentes, a Into-lerância, a Impaciência e outras mais "In's". Campanhas e lobbies do tipo "Tolerância Zero" têm exposto minha imagem, dando margem a interpretações ambíguas a meu respeito. Para teres uma idéia, na política estão me substituindo pelo radicalismo ideológico e o fisiolo-gismo. Na religião, pelo fundamentalismo e sectarismo. Nos meios de comunicação tenho enfrentado boicotes e, por vezes, formadores de opinião e articulistas de jornais e revistas me subjugam a conclusões tendenciosas ou idéias reacionárias. Nas escolas tenho conseguido divulgação e apoio moral, mas os resultados se dispersam no plano teórico. Nos condomínios residenciais os meus representantes de venda, os síndicos, investem em marketing e fazem promoções junto aos condôminos, mas os resultados apresentam gráficos com curvas descendentes. Nos estádios de futebol, assim como na rua e no trânsito, os resultados vêm sendo catastróficos com tendência ao zero absoluto! E, pasme, nas famílias e nos relacionamentos afetivos, que são o meu mercado em potencial, também lá as pessoas estão indo em busca de soluções "alternativas". Preciso formatar um plano imediato de recuperação para evitar a falência’.

O relato da minha amiga me deixou preocupado e me dispus prontamente a engajar-me em campanhas publicitárias, do tipo "Tolerância Já", "Intolerância Zero" ou talvez "Tolerância Zero à Intolerância" . Pessoalmente, estou convencido de que a Tolerância é, no perfil de consumo da sociedade atual, item de primeira necessi-dade e por isso estendo o convite a você, amigo leitor, para abraçar e "espraiar" a idéia de que uma dose diária de tolerância nos permitirá uma melhor convivência social e qualidade de vida e, quem sabe, um 2010 mais feliz!

Page 5: Document

EDUCAÇÃO &PSICOLOGIA 51o a 15 de novembro de 2009

“"Nada posso por mim mesmo,

mas tudo posso naquele que me

criou"

Os desafios do cotidiano Dora (19 anos) está se preparando para enfrentar o vestibular. Sua opção profissional

é Engenheira, suas notas, em Matemática, foram sempre as mais altas de seu Boletim da Escola. Já fez um vestibular, mas não logrou aprovação. Agora, está estudando muito, pois conseguiu identificar, com o auxílio de um colega, seus pontos fracos e faz ‘uma montanha’ de exercícios para ter certeza que os domina plenamente. Chegou à conclusão de que ela, simplesmente, não sabia estudar: faltava-lhe capacidade de concentração. Foi esse colega que a ajudou a conhecer-se melhor.

Renovação e mudança Como transformar nossos hábitos em novas normas de conduta que re-estabeleçam

o fluxo de comunicação entre o dentro e o fora, a fim de que correspondam a novas contingências situacionais? Transformar as experiências em algo criativo que possa dar um sentido à adversidade, através de outros modos de subjetivação? Isto pode ser um acerto entre o ser “em si”, o sujeito com suas forças internas e o campo do social que se constitui, m u i t a s v e z e s , e m u m mundo prenhe de conflitos, ameaças e novidades que nos amedrontam: o fora que nos desafia. O sujeito, então, pensa, com forte intensidade: “quero ser um vaso novo nas mãos do oleiro”, como prescreve a escritura sagrada, baseada no princípio de que: “Nada posso por mim mesmo, mas tudo posso naquele que me criou”.

Quem sou eu? O dentro e o fora nas relações interpessoais

Juracy C. MarquesProfessora universitária. Doutora em Psicologia

Conhecer a si mesmo: o dentro e o fora em suas inter-relações

A importância do “conhece-te a ti mesmo” remonta à tradição socrática de mais perguntar do que afirmar. É assim que, através de questiona-mentos numa interlocução plena de intensidade com o outro, vão se

desvelando pouco a pouco os modos peculiares de ser de cada um para o enriquecimento da compreensão de si mesmo, tanto de quem pergunta

como de quem responde. Nós nos vemos no olhar dos outros que corrigem ou re-alimentam nossas compreensões e sentimentos mais íntimos.

O ser humano é segmentado em suas múltiplas dúvidas e contradições, assim, para superá-las, pelo menos em parte, busca caminhos que possam melhor potencializar seus talentos, reconhecendo, aqui e ali, suas fragilida-

des e limitações.

O ambiente interno e externo Nilo é um arquiteto aposentado (80 anos) que costuma

caminhar com sua neta (23 anos), formada em Educação Física, que lhe dá ‘dicas’ sobre os benefícios não só da caminhada, mas, também, sobre alongamento e relaxamento. Sabe de suas limitações físicas, presta atenção em suas dores musculares e sente-se muito grato à neta, não só por orientá-lo quanto aos benefícios do exercício físico, mas também pelo carinho com que o faz entender que ainda pode potencializar algumas de suas habilidades musculares e intelectuais. Como arquiteto, fica observando o entorno e exercitando, também, sua memória, colhendo algumas idéias para escrever um artigo sobre necessárias melhorias no parque, a fim de torná-lo ainda mais aprazível.

Desejos e realizações Entretanto, em todo ser humano pulsa algum desejo

inaudível, embora o mundo que o rodeia ofereça um leque de opções muitas vezes não claramente percebido. Essas possíveis perspectivas de realização trazem em seu bojo misturas confusas entre o que está em sua interioridade e o que emana dos estímulos que provêm das emaranhadas propostas do tecido social que, embora acessível, está fora dele. É o dentro e o fora em seus inter-relacionamentos, com suas oportunidades e potencialidades. Como tornar presente algo que só virtualmente se apresenta como potencialidade? Quais as habilidades que nos faltam para aproveitar essas possibilidades, de tal sorte a desbloquear inibições decorrentes de nossa ignorância?

Page 6: Document

Ciano

TEMA EM FOCO 6 71o a 15 de novembro de 2009

Displicente, ineficiente e perdulária. São as qualificações mais moderadas para a gestão pública brasileira atual, seja na instância mu-

nicipal, estadual ou federal, ressalvadas as honrosas exceções para confirmar a regra. Em geral, a marca da máquina administrativa é o desperdício, onde se gasta muito e se beneficia a poucos, enquanto o terceiro setor gasta pouco e beneficia a muitos. É culpa das instituições? Sim, as causas são também estruturais por conta de vícios adquiridos ao longo do tempo, em que as atividades-meio foram tomando o lugar das atividades-fim e o espírito de corpo funcional – de que não foge nem mesmo o poder judiciário – mais pensa em vantagens que inflam folhas de pagamento.

Cargos políticos e despreparo

Mas, certamente, a causa maior da ineficiência/ausência do estado especificamente para exercício solidário amplo e inclusivo é o despreparo – profis-sional e pessoal – de grande maioria dos que ocupam postos de decisão. Renovados a cada eleição e designa-dos apenas por algum cumprimento de promessa elei-toral, muitas vezes não têm maior compromisso com o todo: no máximo com seu grupo de interesse quando não apenas com o seu próprio interesse pessoal. E o que era para ser uma gestão de coisa (res) pública vira gestão de coisa (res) privada com o dinheiro público que tão vorazmente é retido pelos mecanismos fiscais tupiniquins. Com direito a superfaturamentos, des-vios, desfalques e todo tipo de falcatruas que ocupam espaços da mídia diária brasileira.

O parlamento mais caro do mundo

Bom e tão necessário para a autêntica democracia, o parlamento brasileiro nos diversos níveis é, contudo, o segundo mais caro do mundo. (http://www.transpar-encia.org.br). De modo geral, nunca foi tão generoso para com seus integrantes, auto-aumentando seus já polpudos vencimentos sem dar a merecida atenção para quem lhes delegou o poder pelo voto. Parece mesmo

“Seja o nosso País triunfante/Livre terra de livres irmãos!” (Últimos versos do Hino da República, de Leopoldo Miguez/Medeiros e Albuquerque)

Brasil: de colônia a império e de império à república. A coisa (res) pública passou de fato a ser de todos? Ou continua coisa (res) privada na mão de poucos, como antes, para proveito próprio? E ‘o povo que se lixe’?

que o ambiente do ‘puder’ (poder) inebria, subverte, corrompe. E prevalecem as regras ‘internas’. Além de pouco produzirem, vereadores, deputados estad-uais, deputados federais e, principalmente, senadores contam com infindáveis mordomias e proventos muito acima e fora da realidade da maioria dos brasileiros. E ainda pleiteiam aumento do número de representantes (vereadores). Nessa situação, quanto sobra para investi-mentos, melhoria de infra-estrutura, criação de oportu-nidades? Prestação de serviços ao cidadão, construção e aparelhamento de escolas, hospitais, penitenciárias, instalações públicas? Muito pouco! E esse pouco acaba, por vezes, cobiçado e desviado para fins menos nobres. Até quando?

Os númerosDe acordo com o Ipea, a máquina pública no Rio

Grande do Sul custa a cada gaúcho R$ 1.621,00/ano. O maior gastador é o Distrito Federal, despendendo R$ 2.937,00/ano por habitante. Mas é o Congresso brasileiro – Câmara dos Deputados e Senado – que pesa mais no bolso da população do que os Parlamen-tos da Alemanha, Argentina, Canadá, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, México e Portugal. Com um orçamento de R$ 6.068.072.181,00 para 2007, o Congresso brasileiro gastou R$ 11.545,04 por minuto. Só é superado pelo dos Estados Unidos e é quase o triplo do orçamento da Assembléia Nacional Francesa. O mandato de cada um dos 513 deputados federais custa R$ 6,6 milhões por ano. No Senado, o mandato de cada um de seus 81 integrantes custa quase cinco vezes mais: R$ 33,1 milhões por ano. A média do custo por parlamentar dos Legislativos europeus, mais o Canadá, é de cerca de R$ 2,4 milhões por ano. No Brasil, são R$ 10,2 milhões, 12 vezes maior do que os R$ 850 mil que o mandato de cada parlamentar custa na Espanha.

Efeito cascataCada membro do Congresso brasileiro custa em

média o equivalente a 2068 salários mínimos anuais. Isoladamente, o custo anual de cada senador é de 6699 salários mínimos. São 81 e cada um conta com, em média, 100 funcionários, ganhando horas extras até em período de recesso parlamentar. Isso sem contar com as mais de 100 diretorias, cada uma com generosos salários. E o efeito cascata da proporcionalidade desses gastos se faz sentir em níveis estaduais e municipais, nos salários de deputados e vereadores, não raro ainda mais generosos. Nada menos de 15 assembleias es-taduais brasileiras apresentam um custo por mandato superior ao da Itália. Sete estados brasileiros têm orça-mentos por deputado superiores a R$ 3 milhões por ano, o que os coloca acima da França. O mandato de um único vereador do Rio de Janeiro ou de São Paulo sai por mais de R$ 5 milhões por ano. Em 16 Câmaras Municipais de capitais o custo por mandato fica entre R$ 1 milhão e R$ 2,2 milhões – faixa em que se situam a Grã-Bretanha, o México, o Chile e a Argentina.

Juventudedesiludida

Dez de dez jovens brasileiros fazem sérias restrições aos representantes da vida pública nacional. A maioria não acredita em político e está desilu-dida. Alguns talvez venham a ocupar postos na vida pública amanhã. Que exemplo estão recebendo? Serão igualmente meros carreiristas a fruir do

erário para proveito próprio ou de seu grupo de interesse? Solidário ouviu nove jovens. O que eles pensam:

“Difícil falar sobre credibilidade quando o assunto é política. O bombardeio de escândalos que assistimos deixa-nos descrentes

quanto à seriedade dos discursos proferidos nas campanhas eleito-rais. Particularmente, me assusto

com a possibilidade de que as noticias que chegam até nós

sejam apenas a ponta do iceberg de toda sujeira que é colocada

pra baixo do tapete. Sim! Porque sabemos que neste meio rola a

“política da troca” de favores. Bom, podemos nos indignar (e devemos), mas não desanimar! Se alguns políticos estão desa-

creditados, não deixemos de acreditar na política!” Tatiane Soares, 27 anos, historiadora,

Cachoeirinha

“Política deveria significar organi-zação, mas hoje o termo ganhou

sentido de corrupção. A participa-ção política dos jovens deveria ser

maior, hoje eles estão preferindo acomodar-se à situação por pura

preguiça, ao invés de lutar por melhoras.” Isadora Lattman, 16 anos, 2º grau, Pato Branco/PR

“Política, um mal necessário. Os jovens estão ficando cada

vez mais críticos por terem mais acesso a informações e terem

mais embasamento para discernir o correto do incorreto. Com isso, eles têm vontade e energia para

tentarem mudar o cenário político atual.” Cristiano Cornellius, 27

anos, eletricitário, São Pedro da Serra/RS

“O que falta nos políticos é apren-der a não deixar o poder subir

à cabeça, pois é esse poder que gera tanta corrupção na nossa

política. Acho que todos temos di-reito de mudar o lugar onde vive-mos e os jovens têm muitas idéias

e força de vontade para colocar essa mudança em ação.” Nahiane

da Rosa, 18 anos, universitária, Porto Alegre

“A política é corrupção, mas é quem governa o Brasil. Então,

precisamos de alguém que queira realmente cuidar do nosso país. Mas os jovens não se interessam

muito por política. Os futuros políticos serão os que se preocu-parão com nosso país.” Angélica

da Silva. 19 anos, universitária, Porto Alegre

“Sou totalmente desiludida com a política. O jovem reclama de não ter voz, mas na maioria das vezes

não faz nada para ser ouvido.” Rafaela Rizzo, 18 anos, universitá-

ria, Porto Alegre

“Ouço tanto que só existe ladrão e corrupto, acaba me vindo à

cabeça que é um lixo, mas acho interessante a participação dos

jovens.” David Soares, 16 anos, 2º grau, P. Alegre

“Infelizmente, as pessoas que exercem o poder público estão

deixando muito a desejar. Perde-mos a noção entre o certo e o

errado, e ficamos vendo as coisas acontecerem sem fazermos nada.

Penso que os jovens deveriam se envolver e se interessar mais

por este assunto.” Denise Mello, universitária, Porto Alegre

“Os políticos não tem o menor respeito por seus eleitores. Hoje, a visão que qualquer pessoa tem sobre a política é que ela é cor-

rupta. Contudo, ninguém faz nada para mudar isso, pois a descrença

de uma melhora é tão vaga que nem os jovens que poderiam mu-

dá-la, tomam uma atitude.” Giulia Conte, 17 anos, pré-universitária,

Porto Alegre

senado.gov.br

Page 7: Document

SABER VIVER 8

JOSY M. WERLANG ZANETTE

Técnicas variadasAtendemos convênios

1o a 15 de novembro de 2009

Dicas deNUTRIÇÃO

Dr. Varo Duarte Médico nutrólogo e endocrinologista

Situação nutricional do idoSo

PÓS-GRADUAÇÃO PUCRSCursos de Especialização

Conhecimento para você chegar mais alto.

www.pucrs.br/pos

A Lei 10.506 instituiu o Programa de Conservação, Uso Racional e Reaproveita-mento das Águas no mu-nicípio de Porto Alegre. A medida prevê a captação, armazenamento e reutiliza-ção da água da chuva e das águas da pia, do chuveiro, tanque... para serviços de limpeza, manutenção de jardins e descarga de va-sos sanitários. E também estabelece a instalação de hidrômetros individuais nos condomínios – uma medida que há muito já devia ter sido tomada! A iniciativa se deveu ao vereador Beto Moesch.

Mais uma vez as manchetes dos jor-nais: Governo estuda corrigir a aposenta-doria.

Projetos já apro-vados no Senado, dis-cutidos e prontos para serem aprovados na Câmara, são apresentados às entidades dos aposentados e dos sindi-catos para discussão. O governo frente à realidade, anti-gamente defendida pelo atual presidente, ex-metalúrgico, veta os projetos.

Esquecendo a qualidade de vida do aposentado, que está cada vez mais diminuída, sua capacidade de obter uma alimentação saudável, recebendo cada vez menos em relação ao aumento do salário mínimo, e do custo de vida, propõe 6,0 % de aumento real, a partir de 2010.

Esquecem os anos que estão maltratando os aposen-tados. Esquecem que, como contribuintes, tinham como referência o salário mínimo. Foram obrigados a contribuir por estes valores.

Retirem os projetos e nós lhe oferecemos as mi-galhas.

Não podemos corrigir os erros do passado, para não quebrar a Previdência.

Novas manchetes de jornais. Reajuste revolta aposentados / O gás aumentará

8% a partir de amanhã / Para o aposentado 6.0% no próximo ano.

Porto alegre novamente tem a cesta básica mais cara do Brasil: R$ 238,67 durante o mês de agosto. A mais baixa do Brasil está em Aracaju(SE), com R$

168,00. O atual salário mí-nimo é de R$ 465,00.

O salário mínimpo au-mentará para R$ 506,00 a partir do próximo ano, 16,6%. Para o aposentado, 6,00%.

O DIEESE calcula que o verdadeiro valor do salá-rio mínimo deveria ser R$ 2.000,07, ou seja, mais de quatro vezes o valor atual (agosto de 2009). Só para adquirir a cesta básica é ne-cessário quase o dobro.

As perdas dos aposenta-dos aumentará ainda mais.

Afinal, ele não precisa vestir, morar, adquirir remé-dios. Não precisa cumprir com as regras de uma alimen-tação saudável que viemos recomendando há mais de trinta anos:

Coma de tudo sem comer tudo.

Coma bastante frutas e verduras.

Mexa-se. (Aliás, isto é o que mais faz, pois para so-breviver, certamente, é neces-sário continuar trabalhando).

Uso de copos plásticos

Não convém esquecer o tempo que um copo plástico leva para se desintegrar, e o que representa de poluição para o planeta. Não só copos, mas também pratos. Quanto menos, melhor! Melhor ainda é nunca usá-los!

A Lei Complementar nº 560/07 criou o Programa de In-centivos ao Uso de Energia Solar nas Edificações de Porto Alegre. Em outros países, a energia solar para aquecimento da água já é

Reaproveitamento das águas

Energia solar nos prédios de Porto Alegrebastante utilizada. Porto Alegre, no Brasil, foi pioneira ao aprovar uma legislação nesse sentido; hoje, leis e projetos semelhantes já estão presentes em diversas capitais.

Page 8: Document

ESPAÇO LIVRE 9

Martha Alves D´AzevedoComissão Comunicação Sem Fronteiras

tem vezJOVEM

1o a 15 de novembro de 2009

Arminda Rodrigues Pereira - 12/10Zilah Bastos Pires - 01/11

Jorge La Rosa - 10/11

Visa e Mastercard

“A nova insti-tuição atenderá

projetos dos setores mais

necessitados”.

Banco do Sul

Durante a segunda cúpula entre países africanos e sul-americanos, realizada em setembro em Cara-cas, na Venezuela, foi fundado finalmente o Banco

do Sul.Representantes do Brasil, da Argentina, do Uruguai,

do Paraguai, do Equador e da Venezuela, em Assunção, Paraguai, em janeiro de 2008, em reunião extraordinária do Conselho do Mercosul, discutiram os termos de criação do Banco do Sul, idéia apresentada pelo presidente da Venezuela, Hugo Chavez.

Em dezembro do mesmo ano, em Buenos Aires, Argen-tina, foi assinada a ata de fundação do Banco, que deveria ter sua sede central em Caracas, na Venezuela, podendo ter unidades em Buenos Aires, Argentina e em La Paz, na Bolívia, que aderiu ao bloco. O Banco do Sul nasceria com um aporte estimado em US$ 7 bilhões, financiado com os

recursos dos países membros.Durante os quatro anos de negociações

para a constituição do banco, o capital inicial foi elevado de US$ 7 bilhões para US$ 20 bilhões, a ser formado a partir da contribuição de seus membros. Todos os países membros terão os mesmos direitos de voto, não importa o tamanho da popu-

lação ou da economia.Ernest Bergen, ministro da Fazenda do Paraguai, de-

clarou: “Cada um dos sócios do Banco do Sul terá direito apenas a um voto, independentemente de sua contribuição para os cofres da entidade. Este é um gesto muito impor-tante dos maiores países da América do Sul. Um sinal claro de que queremos mais união, de que queremos trabalhar mais e ouvir mais”.

A nova instituição irá financiar a taxas reduzidas, proje-tos de desenvolvimento e de integração dos países membros da União das Nações Sul-americanas (UNASUL). Consta ainda, no projeto, que a entidade trabalhará para o esta-belecimento de uma moeda regional e atenderá projetos dos setores mais necessitados, como nas áreas industrial, energética e com visão social. Embora o Brasil não tenha sido um grande incentivador do empreendimento, é sobre o país, maior economia do grupo, que recaem as principais responsabilidades sobre ele.

Luiz Carlos Bresser Pereira, ex-ministro da Fazenda do Brasil, declarou: “O Banco do Sul não é algo secundário, mas sumamente importante”.

*Quem és tu?Sou uma adolescente que

tenta evoluir a cada dia, vivendo e aprendendo a ser solidária, gentil e amável com todos.

Gosto de estudar, de uma boa leitura, de tocar violão, de fazer amigos, praia, de curtir a minha família e viajar.

Tenho respeito pela opinião dos mais velhos e sei o quanto tenho a aprender com eles.

*O que pensas fazer no futuro? Penso em seguir a carreira médica, ajudando

as pessoas e pesquisando formas de tornar suas vidas mais confortáveis e saudáveis, de modo que vivam mais e em harmonia.

*Fala de tua família.Não considero o modelo clássico de família:

pai, mãe e irmãos. A minha família é a minha mãe (a pessoa que eu mais amo e admiro e que se dedica inteiramente a mim, me amando, educando e aconselhando), meu padrasto (um amigo muito fiel, que está sempre me mostran-do as coisas certas e erradas e me ensinando a ser sempre uma pessoa melhor), minha avó (Juracy Marques, uma pessoa maravilhosa que amo muito e que tem me apoiado nos momentos difíceis da minha vida, a qual também admiro e respeito muito) e meu tio Rogério (que tem me mostrado como a nossa força interior e fé em Deus pode nos ajudar a superar os obstáculos que se apresentam em nossas vidas).

*Fala de teus amigos.São pessoas com quem convivo diariamente,

compartilhando momentos alegres e tristes.

*O que consideras positivo em tua vida?O fato de poder respirar, andar, rir, brincar,

chorar, falar, cantar, enfim, viver.

*Um livro que te marcou.Memórias Póstumas de Brás Cubas.

*Um filme inesquecível.Cidade dos Anjos.

*Uma músi-ca.

Yesterday – The Beatles.

*Um medo.A fa l ta de

consciência do ser humano ao continuar a ex-plorar destruti-vamente tanto o planeta, quanto uns aos outros, ecoônomica e es-piritualmente.

*Um defeito do qual gostarias de te livrar?

Exig i r de -mais das pessoas e de mim mesma.

Nathália Kasper e Louro, 16 anos, estudante do 2º ano do Ensino Médio, residente em Esteio, RS, é a entre-

vistada desta edição.

*Qual o maior problema dos jovens, hoje?

A mediocridade crônica (não só dos jovens), que os leva à fuga para as drogas, causando problemas econômicos, sociais e

políticos. As soluções seriam uma união entre o Estado, as famílias e instituições particulares para exporem as consequências do uso das drogas e um forte e efetivo combate ao tráfico.

*Qual o maior problema no Brasil de hoje? O capitalismo selvagem, o qual o mundo

adota como sistema econômico e político, ba-seado na exploração de uma classe pela outra, destrói valores importantes como a fraternida-de, igualdade e liberdade.

*O que pensas da política? Acredito que seja uma ideia interessante,

mas com muita margem para desvio de dinhei-ro público e corrupção, tornando-a ineficaz. Creio que a participação dos jovens só é válida quando estes possuem instrução e valores como humildade, lealdade para com a sociedade e dis-posição para sacrifícios de ambições pessoais em prol dos necessitados.

*O que pensas sobre a felicidade? É um estado de espírito no qual o corpo e

a mente devem estar em completa harmonia.

*Já fizeste algum trabalho voluntário? Não, mas gostaria de realizar.

*O que pensas de Deus? Deus é a inspiração de como viver a vida

sem falsas ilusões, crendo sempre no amor, na solidariedade, na fé, no perdão, na justiça, na confiança, no crescimento espiritual. É a razão da nossa existência.

*Uma mensagem aos jovens.Busquem dentro de vocês força, fé e perse-

verança para mudar o mundo e a vocês mesmos. Não só por nós, mas, principalmente, para as gerações que estão por vir.

Nathália Kasper e Louro e familiares

Page 9: Document

IGREJA &CCOMUNIDADE 10

SolidárioLITÚRGICO

1o a 15 de novembro de 2009

[email protected]

“Para Deus o que importa é

a qualidade do que se oferece”

8 de novembro – 32o domingo do Tempo Comum (verde)

1a leitura: Primeiro Livro dos Reis (1Rs) 17,1016Salmo 145 (146), 7.8.9.20 (R/.1)2a leitura: Carta de Paulo Apóstolo aos Hebreus (Hb) 9,24-28Evangelho: Marcos (Mc) 12,38-44

Comentário: A generosidade de uma pessoa não se mede pela quantidade do que dá de suas sobras, mas pelo que oferece desde sua limitação, sua necessidade. Se alguém tem dez casas e doa uma para quem não tem, ele dá de suas sobras; mas quem partilha sua única casa... seu único pão com quem não tem onde morar, não tem o que comer, dá da sua limitação, da sua necessidade. Contudo, na sociedade e, mesmo, dentro das igrejas que se dizem cristãs, se valoriza, se louva e agradece, nas grandes mídias ou em livros de ouro paroquiais, àquelas pessoas que deram de suas sobras. Jesus faz uma crítica muito dura, muito séria aos fariseus do seu tempo e que vale para os “fariseus” de todas as épocas humanas, que dão para aparecer, para serem louvados em praça pública, poderem ocupar os primeiros lugares nas mesas, nos bancos das igrejas ou na sociedade. E adverte: cuidado com eles... cuidado com seu fermento! Para a sociedade são os bons, os importantes, mas em verdade devoram as casas das viúvas (12,40), exploram seus em-pregados e funcionários, são prepotentes e corruptos, mentirosos e ladrões. Por outro lado, Jesus exalta a pobre viúva que dá uma in-significância para o templo; mas aquelas poucas moedas tem maior valor perante Deus do que a alta soma que o fariseu joga orgulhosa-mente na caixa da coleta do templo. A viúva oferece da necessidade da sua pobreza real e honesta; o fariseu, das sobras da sua riqueza farisaica e injusta. Para Deus e para as pessoas realmente humanas, não importa nunca a quantidade do que se dá mas a qualidade do que se oferece. E a qualidade leva sempre a marca da verdadeira generosidade, da liberdade interior, do amor solidário.

15 de novembro – 33o domingo do Tempo Comum (verde)

1a leitura: Profecia de Daniel (Dn) 12,1-3Salmo 15 (16) 5, 8, 9 a 10.11 (R/1a) 2a leitura: Carta de Paulo Apóstolo aos Hebreus (Hb) 10,11-14.18Evangelho: Marcos (Mc) 13,24-32

Comentário: O texto apocalíptico deste domingo introduz o tempo litúrgico que nos leva ao Advento, tempo especial de preparação para a vinda do Senhor. Os textos apocalípticos em geral são de

difícil compreensão ou interpretação e, por isso, de aplicação à nossa vida. Sempre que acontecem fe-nômenos ou desastres naturais, o apocalipse é lem-brado. Como, nestes últimos tempos, a natureza tem se mostrado particularmente catastrófica em vários lugares do mundo e, além do mais, simultaneamen-te, as perguntas angustiadas se multiplicam por toda

parte: estamos chegando ao final dos tempos? Serão, estas catás-trofes naturais, um sinal do fim do mundo!? Para os que cremos no Senhor Jesus, cuja presença no meio de nós, vamos celebrar, mais uma vez, no Natal, sempre é bom lembrar a sua palavra com relação ao fim do mundo: quanto àquele dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai (13,32). Con-fiados na palavra de Jesus, o que importa é viver a vida plenamente, com todas as possibilidades que nos oferece, deixar marcas de cari-nho, de esperança, de perdão e de amor no coração das pessoas que nos estão próximas e todas aquelas que Deus fizer cruzar os nossos caminhos. E estaremos sempre de coração livre e alegre, prontos para acolher o Senhor que veio, que vem e que virá nas gentes que ele coloca em nossa vida e, um dia, sem data marcada, na sua gloria que será, também, a nossa glória definitiva.

1o de novembro – Solenidade de TodoS oS SanToS (branCa)

1a leitura: Livro do Apocalipse de São João (AP)7,24.9-14Salmo 23 (24), 1-2.3-4ab.5-6 (R/.cf 6)2a leitura: 1a Carta de São João Apóstolo (1Jo) 3,1-3Evangelho: Mateus (Mt) 5,1-12aNB.: Para a compreensão dos comentários litúrgicos é fundamental que se leia, antes, o respectivo texto evangélico.

Comentário: Sem dúvida, a absoluta maio-ria dos santos não são os que tem imagens ou estátuas de gesso, de barro ou metal, nem os que estão sobre os altares porque institucionalmente reconhecidos como tais; o nome da maioria dos santos está gravado no coração da gente. É ali, no sagrado altar do coração, onde a vela da gratidão nunca se extingue e jamais deixa de brilhar, que veneramos as pessoas queridas que nos an-tecederam na fé e vivem na glória da Casa do Pai, na bem-aventurança eterna. Eles são os bem-aventurados dos quais falou Jesus há dois mil anos. Felizes... bem-aventurados porque simples e de espírito desarmado; bem-aventurados porque souberam acolher

as aflições que a vida traz, sem amarguras, sem ódios nem sentimentos de vingança; bem-aventurados na sua mansidão de crianças possuíram e semearam esperança na terra da alegria; bem-aventurados por-que na sua fome e sede de justiça lutaram por um outro mundo possível, mundo fraterno e solidário; bem-aventurados porque a marca de sua vida foi sempre a acolhida generosa, aberta, dialógica, misericordiosa de todos, dos aconteci-mentos, da vida; bem-aventurados porque na pureza de seu coração não deixaram habitar nada que não fosse divino, bom, honesto e justo; bem-aventurados porque, onde chegavam e viviam, a alegria da paz estava presente; bem-aventurados porque, mesmo injustiçados ou traídos, nunca fizeram da retaliação e da vingança sua norma, sua lei. Como filhas e filhos do Pai que está nos céus foram, em sua vida na terra, presença do Pai que está nos céus. No dia de todos os santos nossa gratidão e veneração aos santos e santas que Deus colocou em nossas vidas, em nossa família e em nossas comunidades. Que seu exem-plo de fé e sua bênção nos acompanhem até o dia feliz do definitivo reencontro na Casa do Pai.

Page 10: Document

11IGREJA &COMUNIDADE1o a 15 de novembro de 2009

LIVRARIA REUS NA55a Feira do Livro de Porto Alegre

Sessão de Autógrafos

Dia 11/11/2009, 17h30min: Dom Dadeus Grings autogra-fa: A Promoção HumanaDia 14/11/2009, 16h30min: Pe.Roque Schneider sj autografa: 750 Pensamentos de AutoajudaLivraria e Editora Padre Reus lembra: já estão à venda

suas tradicionais publicações anuais Livro da Família e Familienkalender de 2010. Passe na Duque, 805, pertinho da Praça da Matriz; teremos a maior alegria em

atendê-lo.Rua Duque de Caxias, 805 – 90010-282 – Porto Alegre/RS

Fone: (51) 3224-0250 – Fax: (51) 3228.1880E-mail [email protected]

Irmãs de S. José de Chambéry e as urgências do planeta

“Tenhamos a coragem de ir além de uma espiritualidade separada da realidade da vida, para buscarmos uma mística baseada na Palavra de Deus”. Com essas palavras, Ir. Lorrai-ne Marie Delaney, superiora geral das Irmãs de São José de Chambéry, deu por aberto, em Roma, no mês passado, o 28o Capítulo Geral da Congregação. As 59 delegadas, chamadas para a Assembléia Geral de programação da Congregação, são de 12 nações diferentes, representando aproximadamente 2000 religiosas, espalhadas pelos cinco continentes. O tema “Irmãs de São José, hoje, desafiadas a responder, com espe-rança e vida, às urgências do planeta”, coloca a família reli-giosa diante de uma abertura aos novos problemas do mundo, em relação aos quais é necessário redefinir as prioridades e o estilo da presença evangélica.

Em seu discurso de abertura, Ir. Lorraine desafiou a as-sembléia capitular a “ir além de um estilo de vida religiosa profissional, acomodado e complacente, para ir ao encontro de uma vida profética, audaz, capaz de se colocar a caminho em busca de novas perspectivas”. Enfatizou a exigência de promover “a dignidade da vida humana e de toda a criação” e de superar as atitudes tradicionais e ativistas, para alcançar “uma vida religiosa humilde, simples, humana, capaz de par-tilhar o mesmo destino dos pobres e de viver nas fronteiras”.

Mais detalhes sobre a assembleia no site www.csjcham-bery.org .

Entregue o Mérito Pio Buckde Ação Penitenciária

A Pastoral Carcerária do Rio Grande do Sul entregou a primeira edição do Mérito Pio Buck de Ação Penitenciária. A honraria é concedida anualmente a pessoas de destacada atuação na assistência e recuperação de apenados e na

assistência aos detidos. Neste ano, foram homenageados a reli-giosa italiana Ir. Faustina Canotti(in memoriam), a Ir. Rosa de Lima e Ir. Oreste Fagherazzi, primeiro ouvidor do Sistema Penitenciário Brasileiro.

A solenidade de entrega do Mérito Pio Buck de Ação Penitenciário ocorreu em 18 de outubro, na Casa de Retiros Belém do Horto, Belém Velho. O ato contou com a presença do coordenador estadual da Pastoral Carcerária, Manoel Feio, e do diretor nacional da Pastoral Carcerária, João Valdir da Silveira.

Arte SAcrAClarice Jaeger

“O mundo no qual vivemos tem necessidade de beleza para não cair no desespero. A beleza como a verdade, coloca alegria no coração dos homens e é fruto precioso que resiste ao desgaste do tempo, que une as gerações e as faz comungar na admiração”. (Paulo VI, no encerramento do Concílio Vaticano II, 8 de dezembro de 1965).

Nas celebrações, ao recitar a oração do Pai Nosso, o sacerdote estende as mãos ao alto e o povo acompanha esse gesto,

que nasceu nas origens do cristianismo. (Zilles, Urbano. A significação dos símbolos Cristãos. Porto Alegre: EDIPUC, 1990.p.130).

Na liturgia nada é gratuito. Tudo vem car-regado de simbolismo provindo da tradição cristã. A maioria dos cristãos desconhece a be-leza desses símbolos. Nos primeiros tempos do cristianismo, os cristãos adotaram várias formas para expressar a sua fé. Uma delas foi a figura da Orante, que tem os braços abertos, como hoje nós rezamos o Pai Nosso. Essa imagem, encontrada nas catacumbas romanas, apresenta-se com as mãos levantadas e desproporcionais ao corpo, exatamente para exaltar o tamanho, a dimensão do ato que ela está realizando ao lado de profunda concentração espiritual, refletida em seu rosto. Podemos ter uma ideia da posição da “Orante” (releitura em xilogravura de Clarice Jaeger, ao lado).

Essa mesma posição de braços abertos tam-bém encontramos em outras representações de Nossa Senhora e de Santos.

Símbolos cristãos e suas origens são estuda-dos por muitos artistas, inclusive brasileiros em geral desconhecidos aqui, mas reconhecidos lá fora. Dom Ruberval é um deles. É autor de mui-tas obras em iconografia no Brasil e no exterior, realizou a pintura do batistério, do altar da capela do Santíssimo e o baldaquim da Igreja de São José na Via Nomentana em Roma. Pintou uma infinidade de Igrejas e a CNBB utiliza imagens de suas pinturas para ilustrar as capas de suas publicações. (http:// livroquadrado. blogspot.com/). Cláudio Pastro, artista plástico e precursor da arte sacra no Brasil, escritor e tradutor, é mais conhecido no meio cristão. Mas quase ignorado no meio artístico contemporâneo. Tem obras im-portantíssimas no exterior.Traduziu “O caminho da beleza” (Edições Loyola, 2007) que são as conclusões da Assembleia Plenária dos Bispos reunidos no Vaticano em 27 a 28 de março de 2006 e que traçam as metas mais renovadoras para o exercício da arte sacra. Carlos Araújo, artista leigo, voltou-se para a arte sacra depois de sua conversão e produz pinturas contemporâneas

inspiradas em citações bíblicas. Sua exposição na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma no mês de maio deste ano, foi um mag-nífico testemunho de fé de um artista cristão, com suas pinturas quase totalmente abstratas que expressam uma transcendência inigualável, sinal da presença de Cristo. (www.carlosaraujo.com). São exemplos de artistas que produzem arte sacra e não só repetem as cópias de pinturas sem tradição ou somente fazem decoração base-ada nos modelos que encontramos nas basílicas romanas, pois estão preocupados em recolocar Cristo como imagem central de seu trabalho. Infelizmente, as comunidades cristãs, a maioria do clero e, especialmente, os artistas plásticos brasileiros desconhecem estas obras renovadoras de iconografia sacra.

As imagens de ícones são mais conhecidas no mundo ocidental cristão, e atualmente existe uma grande valorização do ícone na técnica rus-sa e na técnica bizantina. Sua importância está no fato de ressurgir a imagem cristã e também despertar o interesse para as várias interpreta-ções do evangelho. Para despertar e sensibilizar novos artistas para a beleza da arte sacra, o Vicariato Episcopal da Cultura de Porto Alegre está apoiando cursos de ícones na técnica russa no Centro Arquidiocesano de Pastoral no mês de novembro com a iconógrafa italiana Rosanna Nicoletti.

ASSINANTEAo receber o DOC

renove a assinatura.Dê este presente para

a sua família.

Page 11: Document

CianMagentaAmareloPreto

Porto Alegre, 1o a 15 de novembro de 2009

Zilda Arns não necessita de maiores apresentações. Família de 13 irmãos, um deles o ex-arcebispo de São Paulo, cardeal Paulo Evaristo Arns, Zilda tem toda uma vida consagrada à solidariedade com as crianças. A Pastoral da Criança, por ela fundada há 26 anos, vem salvando vidas no Brasil e, hoje, é esperança de vida em vários países da América Latina, na África e na Ásia.

De Chiang Mai, na Tailândia, onde a encontramos como principal palestrante do Congresso Mundial de Signis, ela partiu para o Timor Leste, onde a Pastoral realiza um belo trabalho na área da saúde materno-infantil, sua atividade específica. Sempre sorridente e solícita, no meio do seu café da manhã, dra. Zilda (77) nos falou animadamente, relacionando a solidariedade com a criança com o Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe (Porto Alegre, 3 a 7/2/10) com o tema do Mutirão: Processos de Comunicação e Cultura Solidária.

“Para preparar o coração solidário é preciso começar muito cedo com as crianças. Já no ventre materno, cantar, rezar, contar em voz alta o que a gente quer que ela seja, passar a mão na barriga, dizer... ̀ te amo muito´, criando a criança com espírito de amor. Deus preparou muito bem a criança para ser solidária. Outro aspecto é o aleitamento materno, onde a criança passa horas recebendo o carinho, palavras de ternura, afagos da mãe. A criança aprende, assim, a ouvir, a sentir-se amada, querida. O aleitamento não é importante apenas para a saúde para o resto da vida, mas é principalmente importante para o desenvolvimento emocional. A fortaleza de uma pessoa está na força que ela tem de amar”.

O que dá força a uma líder (pessoas capacitadas para aplicar o projeto da PC, 92% delas, mulheres, leigas e religiosas) para visitar uma gestante, uma família, deixar tudo e enfrentar toda sorte de dificuldades, é amor. A líder, movida pelo amor solidário, é assim como Jesus, no episódio de Emaús: os discípulos estavam alegres, felizes, Jesus estava no meio deles, eles não sabiam, só o reconheceram ao repartir o pão. Assim, a líder tem uma alegria extraordinária... chamam a Pastoral da Criança, a

“O mais importante na vida é sentir disposição para a solidariedade”

Agronegócio versus MST: confronto ou consenso?

Democracia é conci l iar conflitos de interesses. Enquanto os dois lados não cederem não haverá solução. De um lado, bancada federal ruralista quer CPI contra MST e procura munição para formar opinião favorável, articulada com interesses de parte da grande mídia e dos defensores do agronegócio. De outro, o MST tem imagem fragilizada pela radicalidade de suas ações em invasões de campos e destruição de plantas. Comissão Pastoral da Terra da CNBB pergunta:

1. MST é só invasão por invasão, se entre os acampados existem milhares de famílias sem terra?

2. Por que a opinião pública não é informada que, entre as terras pretendidas pelo MST, estão grandes áreas de ocupação de grileiros do agronegócio e que contam com a cobertura do poder público?

3. Por que, além da investigação de repasse de recursos para o MST, também não se propõe uma grande investigação parlamentar sobre os recursos repassados às entidades do agronegócio, ao perdão rotineiro das dívidas dos grandes produtores que não honram seus compromissos com as instituições financeiras?

4. Por que, por um lado, o agronegócio alardeia os ganhos de produtividade no campo - o que é uma realidade - e se opõe com unhas e dentes à atualização dos índices de produtividade?

Por que a PEC 438, que propõe o confisco de terras onde for flagrado o trabalho escravo, nunca é votada?

pastoral da alegria, da esperança, apesar de todo o contato que ela tem com a pobreza, a violência, a exclusão social.

“A solidariedade é o que realmente salva as famílias. Na família, todos devem ajudar solidariamente um ao outro, cada um com seu jeito. Isso a criança deve ver e sentir desde pequena e ela também ajudando. Hoje, o que mais falta é o espírito de solidariedade. É a falta de solidariedade que leva à depredação da natureza, às guerras, à violência em geral. Pela falta de amor solidário a mãe Terra não é a casa... aquele lar de todos, onde todos têm direito a tudo. Eu ficaria muito feliz se a comunicação focasse muito a solidariedade, e a Pastoral da Criança acompanhasse todo esse mutirão da solidariedade para que todos soubessem como é gostoso a gente ser solidário. Noto em mim que, quanto mais solidária sou, mais feliz eu sou. Quando a gente dá, a gente não perde, a gente recebe muito mais. A solidariedade deve fazer parte na educação na família e na escola; isso prepara as pessoas para os limites, para o respeito o que as torna mais amorosas e as faz viver no verdadeiro espírito de solidariedade”. (Attilio Hartmann sj, direto de Chiang Mai, Tailândia).

Zilda Arns