document

12
CianMagentaAmareloPreto Porto Alegre, 1 o a 15 de março de 2009 Ano XIV - Edição N o 533 - R$ 1,50 Será às 15 horas de 22 de março na Catedral Metropolitana de Porto Alegre. Mons. Liro Vendeli- no Meurer deixa a paróquia S. Geraldo de Porto Alegre, dia 28 de fevereiro para seu substituto Pe. Ilário Flach, e assume como bispo auxiliar da Diocese de Passo Fundo dia 5 de abril próximo. Contracapa Ordenação episcopal de Dom Liro Meurer Jovem tem vez Nesta edição a vez é de Ale- xandra Alvim, acadêmica de História, e de seus amigos da Paróquia N. Sa. das Dores. Página 5 Reassentamento solidário O Rio Grande do Sul acolhe refugiados desde 2003. A ação é assegurada pelo convênio pelo entre a ACNUR – Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados – e ASAV – Associação Antônio Vieira, da Província Me- ridional da Ordem dos padres Jesuítas no Brasil. Página sete A formalidade teve lugar na sede da CNNB em Porto Alegre, dia 25 de fevereiro, em ato pre- sidido por Dom José Mário Stroher, bispo dioce- sano de Rio Grande e presidente do Regional Sul 3 da CNBB, O tema da CF 2009 é Fraternidade e Segurança Pública, com o lema A Paz é Fruto da Justiça. Mais reflexões na página seis. Roberta Machado Rosa Lançada a Campanha da Fraternidade no Estado Foi realizada na terça-feira de Carnaval, em Sapucaia do Sul, com acompanhamento de mi- lhares de participantes. Em sua 32 a edição, teve como tema Água: sangue da terra, alertando para a importância da água para o planeta, como é o sangue para a vida do corpo humano. Constou de concentração na Comunidade Sagrada Família, no bairro Colonial, seguida de caminhada de 2,5 qui- lômetros até o Parque Pesqueiro, no bairro Carioca, onde ocorreu a celebração religiosa. A promoção é da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e Comissão Pastoral da Terra. Romaria da Terra no Rio Grande do Sul Fotos: ACNUR

Upload: jornal-solidario

Post on 06-Mar-2016

219 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

http://jornalsolidario.com.br/wp-content/PDF/solidario_533.pdf

TRANSCRIPT

Page 1: Document

CianMagentaAmareloPreto

Porto Alegre, 1o a 15 de março de 2009 Ano XIV - Edição No 533 - R$ 1,50

Será às 15 horas de 22 de março na Catedral Metropolitana de Porto Alegre. Mons. Liro Vendeli-no Meurer deixa a paróquia S. Geraldo de Porto Alegre, dia 28 de fevereiro para seu substituto Pe. Ilário Flach, e assume como bispo auxiliar da Diocese de Passo Fundo dia 5 de abril próximo.

Contracapa

Ordenação episcopal de Dom Liro Meurer

Jovem tem vez

Nesta edição a vez é de Ale-xandra Alvim, acadêmica de História, e de seus amigos da Paróquia N. Sa. das Dores.

Página 5

Reassentamento solidárioO Rio Grande do Sul acolhe refugiados desde 2003.

A ação é assegurada pelo convênio pelo entre a ACNUR – Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados – e ASAV – Associação Antônio Vieira, da Província Me-ridional da Ordem dos padres Jesuítas no Brasil.

Página sete

A formalidade teve lugar na sede da CNNB em Porto Alegre, dia 25 de fevereiro, em ato pre-sidido por Dom José Mário Stroher, bispo dioce-sano de Rio Grande e presidente do Regional Sul 3 da CNBB, O tema da CF 2009 é Fraternidade e Segurança Pública, com o lema A Paz é Fruto da Justiça. Mais refl exões na página seis.

Roberta Machado Rosa

Lançada a Campanha da Fraternidade no EstadoFoi realizada na terça-feira de Carnaval, em

Sapucaia do Sul, com acompanhamento de mi-lhares de participantes. Em sua 32a edição, teve como tema Água: sangue da terra, alertando para a importância da água para o planeta, como é o sangue para a vida do corpo humano. Constou de concentração na Comunidade Sagrada Família, no bairro Colonial, seguida de caminhada de 2,5 qui-lômetros até o Parque Pesqueiro, no bairro Carioca, onde ocorreu a celebração religiosa. A promoção é da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e Comissão Pastoral da Terra.

Romaria da Terra no Rio Grande do Sul

Fotos: ACNUR

Page 2: Document

Cidadania 2 1o a 15 de março de 2009

O Movimento dos Focola-res, presente no sul do Brasil, está convidando para a missa de 1º ano de falecimento de Chiara Lubich, sua fundadora, a ser celebrada na Catedral Metropolitana de Porto Alegre e presidida pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Dadeus Grings, no dia 14 de março um sábado, às 18h30min.

Nascida em Trento (1920, Itália), Chiara alcançou noto-riedade especialmente pelo seu trabalho em favor do ecumenis-mo e do diálogo inter-religioso. Segundo Giorgio Napolitano, presidente da Itália, “uma das figuras mais representativas do diálogo inter-religioso e inter-cultural, uma voz inexorável e límpida no debate contempo-râneo”. Em 1943 deu vida ao Movimento dos Focolares, que tem por objetivo construir pon-tes de diálogo e de fraternidade entre pessoas, grupos e povos, ideal sintetizado na expressão “mundo unido”.

Presente em mais de 180 nações dos cinco continentes, o Movimento congrega cerca de 2,5 milhões de pessoas. No Bra-sil, conta com mais de 200 mil membros e sim-patizantes, em todos os estados, de norte a sul.

A obra de Chiara Lubich - embasada no ideal de unidade e fraternidade – tem estimula-do reflexões nos vários campos da atividade hu-mana, como a política, a econo-mia, a cultura, os meios de comunicação e outros. Dentre os reconhecimentos que recebeu por sua atividade no campo espiritual, social e cultural destacam-se: Premio Unesco de Educação para a Paz (1996), Ordem do Cruzeiro

do Sul do governo brasileiro, Honra ao Mérito, da Universi-dade de São Paulo (1998) e 12 títulos de doutor honoris causa

em teologia, filosofia, economia, ciências humanas, comunica-ção, entre outras dis-ciplinas (no Brasil, em Humanidades – Ciên-cias da Religião, pela PUC-SP, e Economia, pela Unicap, PE). En-tre os seus principais livros encontramos: Ideal e Luz, O Grito, Meditações, A atração do tempo moderno, O essencial de hoje, A aventura da unida-de, e Maria, transpa-rência de Deus. Mais

informações: Movimento dos Focolares Sul: [email protected] / Tel.: (51) 3334.2579 / (51) 3332.3498 / (51) 3332.9845. (Nicri de Souza e Ricardo Zugno)

Missa pelo 1o ano de falecimento de Chiara Lubich

Chiara Lubich

Editorial

attí[email protected]

Fundação Pro Deo de Comunicação

Conselho DeliberativoPresidente: José Ernesto

Flesch ChavesVice-presidente: Agenor Casaril

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo

Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi

e José Edson KnobSecretário: G. Carlos Adamatti

Tesoureiro: Décio AbruzziAssistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS

Editora Adjunta Martha d’Azevedo

Revisão Nicolau Waquil, Ronald Forster

e Pedro M. Schneider (voluntários)Administração

Paulo Oliveira da Rosa, Ir. Erinida Gheller (vo-luntários), Elisabete Lopes de Souza e Davi Eli

RedaçãoJorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS

Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RSImpressão: Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 – Centro – CEP 90010-282 – Porto Alegre/RSFone: (51) 3221.5041 – E-mail: [email protected]

Ano XIV – Nº 533 – 1o a 15/03/09

Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.

CNPJ: 74871807/0001-36

Genacéia da Silva AlbertonDesembargadora do Tribunal de Justiça /RS*

A Campanha da Fraternidade 2009 tem como lema “A paz é fruto da justiça!”(Is 32,17). Tanto paz como

justiça são anseios de todos. A nossa Cons-tituição Federal estabelece que o Brasil, em suas relações internacionais, rege-se pelo princípio da defesa da paz e da solução pa-cífica dos conflitos ( CF art.4º, VI e VII).

A Igreja como continuadora da missão de Cristo exorta que, conduzidos pelo Espírito Santo, todos nós, discípulos missionários, sejamos construtores da paz (CF-TB 234)..Mas não existe paz onde há injustiça, há violência , há desagregação, há falta de amor , de fraternidade, de solidariedade.

Para o Estado laico o acesso à justiça ( CF, art. 5º, XXXV) significa essencialmente o acesso aos instrumentos legais por meio da jurisdição. Entretanto, no interior do próprio Estado, há um movimento em prol de meios alternativos que possibilitem a solução de conflitos sem o desgaste natural do proces-so judicial. A mediação se apresenta como uma proposta para que se desenvolva a cultura de paz.

É inegável que a missão pacificadora do Estado pela jurisdição tem se tornadou-ma tarefa de difícil realização. A busca da certeza do direito, ideal racionalista, levou, no século XIX e inicio do século XX, ao predomínio do valor da segurança através da sentença. Culturalmente, foi privilegiado o modelo do confronto, da disputa do tipo ganha/perde.

Justiça, paz e a mediaçãoÉ tempo de percebermos a possibilidade

de reacomodação na convivência, de acre-ditarmos em outras vias de atendimento dos conflitos, sem vencedor e vencido. Nesse aspecto relevante é o papel da mediação..

Mediação é voltar-se à pessoa para a construção de uma convivência de paz e de co-responsabilidade. Há diversas iniciativas no Estado e no País que visam à divulgação do sistema da mediação pré-processual e paraprocessual como técnica eficaz para tratamento de conflitos. Essas ações organiza-das se legitimam por seu viés de pacificação social .

A capacidade de dialogar e a legitimidade de instâncias mediadoras são apresentadas pelo Texto-base da Campanha da Fraternida-de 2009 (58) como caminhos para superação de conflitos. Para o cristão a busca de uma comunicação não violenta e de instrumen-tos de minimização de conflitos supera o aspecto puramente de cidadania, assume um caráter de responsabilidade de discípulo missionário.

Cristo é fonte de reconciliação, paz e nos dá como regra a seguir o amor ( Mt 5,38-48). A experiência pessoal com Cristo através da Palavra, da frequência aos sacramentos, do olhar amoroso para o irmão , especialmente ao que sofre, deve nos transformar e permitir que sejamos agentes de paz, não apenas no período da Campanha da Fraternidade, mas no dia a dia de nossa vivência cristã. Paz e Bem!

*Núcleo de Mediação da ESM/ AJURIS

A dicotomia entre um modelo de fé, individual e de consumo sacramen-tal, e a prática do amor solidário, que tem como referência a parábola do bom samaritano, tem engendrado um catolicismo desvinculado

da realidade e descomprometido com a justiça social. Por isso, é de gritante pertinência a temática, proposta pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para a Campanha da Fraternidade deste ano, sobre a questão da segurança pública, lembrando que a paz que todos querem é, sempre, fruto da justiça. No império da injustiça há violência, há exploração, há exclusão, há corrupção, combustível para todas as formas de insegurança. E é significativo que a igreja, que iniciou estas campanhas em 1964, tenha migrado de temas internos e de interesse quase exclusivo da comunidade católica, para uma temática eminentemente social. Dom Mario Stroher, bispo de Rio Grande e Presidente do Regional Sul III da CNBB, justifica esta migração: “É da essência da Igreja ser samaritana, como o Mestre Jesus. O Reino de Deus começa na terra e encontra sua plenitude na eternidade. A minha esperança é de que a responsabilidade social tende a crescer nas pessoas e nas instituições. Toda instituição – e a Igreja é uma instituição - empresa ou governo, tem por finalidade organizar a sua ação tendo em vista o bem estar social de todos, respeitando a dignidade de cada pessoa humana. É a justiça que leva para a paz” (página 6).

No espírito do amor solidário do bom samaritano está uma organização, ainda pouco conhecida, que realiza uma atividade de grande transcendência e se torna uma dolorosa necessidade no contexto de violência moderno. Estamos falando do ACNUR, Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Identificados pela ONU são mais de 30 milhões de refu-giados, sem pátria, sem lar, sem amigos e, geralmente, sem trabalho e, por isso, sem perspectivas de vida. No Rio Grande do Sul, o acolhimento e o reassentamento de refugiados são realizados pelo ACNUR, em convênio com a Associação Padre Antônio Vieira (ASAV) e, recentemente, com a As-sociação Cultural e Beneficente Padre Reus (ABEPARE), que cede espaço físico para a coordenação da atividade. “O Brasil é muito mais do que uma “mãe brasileira”. Solidariedade e responsabilidade social já fazem parte do nosso cotidiano, demonstrado pela forma como se organizam as ações de ajuda humanitária e social dirigidos a cidadãos e cidadãs brasileiros e estendida a outros países em situações de emergências”, avalia Karin Kaid Wapechowski, coordenadora da agência ASAV/ACNUR no Rio Grande do Sul (página 7).

Nascido no alto de uma serra (Zimmer Berg/Morro Zimmer) na pe-quena Linha Julho de Castilhos, Salvador do Sul, Mons. Liro Vendelino Meurer é o mais novo integrante do episcopado gaúcho e vai servir o povo de Deus na igreja particular de Passo Fundo, onde será bispo auxiliar de Dom Ercílio Simon. “Quero fazer do meu trabalho, como venho fazendo ao longo dos 27 anos de sacerdócio, um serviço que transmita alegria e paz. O cristão tem que ser alegre. E temos motivos para isso. Embora as muitas dificuldades e a presença constante da cruz, nós temos Cristo que é razão suficiente para toda a alegria. Quero esforçar-me para mostrar um rosto de Igreja alegre”, declarou o religioso em entrevista exclusiva ao Solidário (contracapa).

“Um conselho que dou para os noivos e casais novos: procurem ser amorosos, compreensivos, tolerantes, respeitosos e, acima de tudo, cúm-plices na vida. Façam projetos de vida comuns ao casal. Isso constrói e une sempre mais”, é a filosofia de vida do casal Rafael Deodoro Klafke e Maria Scherer Klafke, quando celebram 40 anos de feliz cumplicidade. Com dois filhos, Rafael e Maria participam, ativamente, na Paróquia S. Flora, zona sul de Porto Alegre (contracapa).

Justiça que leva para a paz

Page 3: Document

Família e sociedade 31o a 15 de março de 2009

Deonira L. Viganó La RosaTerapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia

A cada dia é maior a preocupação dos educadores, psicólogos, pediatras e psiquiatras com o ato de criar fi lhos. É necessário saber mais sobre como se desenvolve a afetividade e como

surge a violência na vida das pessoas.Julia Bucher, da Universidade de Fortaleza, relata que muitos es-

tudos apontam para a importância das primeiras relações entre mãe e fi lho(a), no nível afetivo e emocional. A capacidade de amar do ser humano começa a se desenvolver a partir da relação que o bebê estabelece com a fi gura materna, mesmo que esta não seja a mãe, mas qualquer outra fi gura que exerça a maternagem.

O papel do paiA proximidade física e psicológica do pai em relação

ao fi lho pode facilitar um entendimento mútuo, bem mais consciente, além de uma reciprocidade maior dos afetos. Esta capacidade e expectativa irão infl uenciar, fortemente, os relacionamentos futuros do indivíduo.

Convém ressaltar que afetividade não é sinônimo de lassidão. Muitos pais confundem afetividade com apro-vação incondicional. Pais afetivos e amorosos também podem ser fi rmes em suas atitudes educativas.

Na busca do “ser moderno”, somado à temeridade de repetir os erros da própria educação, é comum que os pais se fragilizem frente aos seus fi lhos, perdendo referências que lhe sejam signifi cativas, como por exemplo, suas próprias vivências como fi lhos. Pais e mães deixam escapar a possibilidade de reeditar e de aprimorar aquilo que “deu certo”.

Tanto a ausência da fi gura paterna no contexto fami-liar quanto sua fragilidade vêm sendo frequentemente apontadas como tendo um elevado peso quando se trata da incapacidade de estabelecer vínculos e da violência intrafamiliar.

Frente a tantas demandas modernas, talvez o que seja mais permanente e tradicional ainda seja a máxima que assegura que a família continua sendo o lugar onde os fi lhos recebem a base de sua educação.

Família Espaço privilegiado para o

desenvolvimento dos afetos

Facilidade/dificuldade de formar vínculos afetivos estáveis

A referida autora, com base em suas pesquisas, afi rma que os cuidados e a atenção dos pais irão repercutir enormemente nas etapas futuras do ciclo vital da criança. O olhar, o acariciar e o tocar, com o objetivo de mostrar afeto, propiciam o vínculo mãe/fi lho. Se o espelho (que são os pais) em que a criança se mira for bom, com certeza ela desenvolverá bem sua autoestima. Daí a importância de os pais se interrogarem sobre a qualidade de sua relação com os fi lhos pequenos. O que foi perdido na infância difi cilmente será resgatado na vida adulta.

Há crianças que crescem sentindo que são amadas e percebendo o quanto seus pais são disponíveis e receptivos nos momentos em que se encontram inseguras e buscam sua proximidade. Com certeza, estas crianças passam a assimilar a idéia de que são dignas de serem amadas, aprendem a retribuir com afeto o que lhes é dado e desenvolvem a expectativa inconsciente de que é possível vincular-se com amor a outras pessoas: tornam-se, portanto, adultos seguros, buscando ativamente ligações emocionais, sem medo de rejeição.

Por outro lado, outras crianças crescem com seus anseios afetivos frustrados, sem terem a quem recorrer ou sendo rechaçadas nas suas buscas de proximidade com os pais, desenvolvendo assim um sentimento de rejeição além de uma descrença na possibilidade de formar vínculos afetivos estáveis.

Isto nos faz entender certos adultos incapazes de dar e receber amor e de estabelecer relações afetivas duradouras. Estão casados mas mais parecem hóspedes em casa, incapazes de vincular-se ao cônjuge e de estabelecer vinculações saudáveis com os fi lhos. Costumo dizer aos noivos, que vêm para os encontros de preparação ao casamento, que sua “prepara-ção” ao casamento começou desde a infância, dependendo da forma como foi estabelecido seu vínculo afetivo com sua própria mãe.

Gabriel Bulla/sxc.hu

Page 4: Document

Opinião4

Solicitamos que os artigos para publicação nesta página sejam enviados com 2.400 caracteres ou 35 linhas de 60 espaços

1o a 15 de março de 2009

Arte sAcrA nAs igrejAsO legadO de uma prOfissãO

Carmelita Marroni AbruzziProfessora universitária e jornalista

Saint Exupéry, em “Terra dos Homens”, disse que “a grandeza de uma profissão está em unir os homens”. Aliás, ele foi muito coerente com

essa idéia, pois a vivia intensamente, transportando o correio aéreo nas difíceis e penosas condições da 2ª guerra mundial!

Para mim, é uma das afirmações mais verdadeiras que conheci, pois muitas das grandes amizades que conservamos, originaram-se no exercício da profis-são, seja da nossa ou a de nossos amigos.

Para muitos, o período de trabalho constitui, apenas, tempo necessário para garantir a aposen-tadoria, tão sonhada e idealizada. Às vezes, até se pode entender, porque nem todos têm ou tiveram a felicidade de trabalhar num campo de sua vocação ou preferência. Outros não conseguiram encontrar valores numa área que não desejavam.

Em nossos dias, surge outra visão desse cam-po. Há muitos estudos de psicologia do trabalho, relações humanas e áreas afins, procurando ajudar o indivíduo a entender a função social do trabalho e sua importância para a realização pessoal. Se conseguirmos enxergar o trabalho sob essa ótica, a profissão redundará num tempo mais feliz para a pessoa e para aqueles que a cercam. Será um tempo de construir pontes e não de cavar fossos.

Saint Exupéry assim a entendeu, quando, enfren-tando os horrores de uma guerra, construía pontes, unindo pessoas e continentes. Fez muitos amigos que choraram seu desaparecimento.

Nem sempre, porém, o mundo do trabalho tem essa grandeza. Em certos contextos, talvez pela na-tureza da atividade ou pelo tipo de liderança, não sei, há muita competição, mesquinharias, inveja, falta de solidariedade. Com a ânsia de subir a qualquer custo, pisa-se nos outros e usa-se tudo para progre-dir, o que torna difícil o surgimento de verdadeiras amizades.

Às vezes, passamos por certos trabalhos que pou-cas marcas nos deixam, seja pela sua natureza, seja pelo grupo de pessoas. Outros, ainda, nos deixam tensões, atitudes dispersivas, falta de concentração ou hábitos prejudiciais, como alimentação inadequa-da, excesso de refrigerantes, café e fumo.

Mas há os trabalhos que deixam marcas positivas e permanentes em nossas vidas.

Como esse contexto de trabalho se forma com a participação de todos os elementos do grupo, algu-mas perguntas surgem:

- Em que medida nós contribuímos para a forma-ção de um clima solidário, prazeroso, propício para a formação de amizades duradouras?

- Que legado nós deixaremos para os outros e que legado nossa profissão nos deixou ou deixará?

- Será que seu exercício nos tornou melhores, nos ajudou a crescer, desenvolver nossas potencialidades ou trouxe à tona nossos sentimentos menos nobres e imobilizou-nos num baixo nível de expectativas?

Seria bom que a gente refletisse sobre tudo isso, enquanto estamos inseridos no mundo do trabalho, pois o que ficou de uma profissão possivelmente se relacionará com a maneira como nós a exercemos.

Urbano ZillesTeólogo

Não há obrigação de imagens nas igrejas católicas, a não ser a da cruz. Mas é difícil, hoje, encontrar igrejas sem imagens de

Cristo, de Nossa Senhora e dos Santos. As imagens podem ser úteis no espaço celebrativo. Entretanto, ao adquirir imagens deve perguntar-se: que imagem convem colocar dentro de uma igreja?

A arte é um fenômeno universal. Parte dela pode ser chamada arte religiosa, mas nem toda arte reli-giosa é arte cristã. O conceito de arte cristã é mais amplo que o de arte sacra. Antes de introduzir uma obra de arte na igreja cabe ponderar se ela harmo-niza com as exigências litúrgicas. Ao contrário das igrejas orientais, a igreja latina não possui um estilo artístico oficial. Por isso o Concílio Vaticano II dei-xa liberdade quanto ao estilo, desde que “sirva com a devida reverência e a devida honra às exigências dos ritos e edifícios sagrados” (SC, 123). Portanto, a Igreja não tem preconceito com relação ao estilo artístico. Os estilos caraterizam épocas e regiões, condicionados pelos materiais disponíveis e pela cultura vigente. Para os objetos de culto, o deter-minante não é o estilo, mas que sejam realmente dignos e belos, sinais e símbolos das coisas divinas. Beleza não é sinônimo de suntuosidade.

Uma das coisas mais importantes na ornamen-tação e iconografia de uma igreja é, certamente, a unidade orgânica, coisa muitas vezes difícil. Não faltam igrejas que, do ponto de vista artístico, tor-naram-se verdadeiras colchas de retalho de mau gosto, sobretudo por ocasião das adaptações às

novas exigências do Vaticano II.A função da imagem, na igreja, é unir o ho-

mem e Deus, e não separá-lo. Para isso é preciso moderar o número de imagens, dispô-las em ordem adequada, a fim de favorecerem a piedade da co-munidade. Talvez os bispos e as Comissões de Arte Sacra das dioceses devessem ser mais vigilantes. Por outro lado, a formação dos futuros presbíteros deve incluir o estudo de Arte Sacra.

A Bíblia é contra a idolatria, não contra o culto de imagens. O exemplo da serpente de bronze e do bezerro de ouro esclarece a diferença entre imagem e idolatria. O fundamento para o culto das imagens é a Encarnação de Cristo. A característica especí-fica do Cristianismo é a de uma religião fundada no Deus feito homem concreto. É a expressão da fé. Neste sentido, o subjetivismo do artista não deve estar em primeiro plano, mas a fidelidade à tradição cristã. Os artistas devem estar a serviço da Igreja e não transformar o templo numa galeria para expor suas emoções subjetivas. Para garantir a qualidade da arte e evitar abusos, a Igreja manda que os fiéis e os bispos possam contar com o apoio e a orientação de uma Comissão de Arte Sacra na diocese, formada por pessoas capacitadas. O Concílio Vaticano II afirma: “No julgamento das obras de arte, os ordinários do lugar (bispos) ouçam o parecer da Comissão de Arte Sacra e de outras pessoas particularmente competentes” (SC, 126). Se fossem observadas as determinações da Igreja, muitas de nossas igrejas seriam mais fun-cionais e acolhedoras, expressão da beleza divina, servindo de meio para levar os fiéis à comunhão com Deus.

João Luís de Almeida MachadoMestre em Educação, Arte e História da Cultura

Política e educação são dois conceitos essenciais para a vida de qualquer cidadão brasileiro. Política está no agir e também no não agir; no

associar-se e igualmente no não aliar-se; no ato de votar conscientemente assim como no voto de protesto e na luta pelo direito de não ter que ir às urnas.

Em nosso país, certamente política se parece muito mais com “maquiavelismo” do que propriamente com “arte ou ciência de governar”. “Maquiavelismo” é uma injusta forma de definir a ação política, administra-tiva e governamental, em que “os fins justificam os meios” e os interesses de poucos se sobrepõem aos da maioria.

Nicolau Maquiavel, certamente um dos maiores expoentes do realismo político de todos os tempos, ousou dizer em “O Príncipe”, sua obra principal - livro de cabeceira de muitos políticos -, inúmeras verdades pensadas e praticadas por todos (praticamente sem exceção) aqueles que frequentam gabinetes e ante-salas do poder estabelecido.

No Brasil, é triste analisamos dados como aqueles que nos informam sobre a rejeição do eleitorado aos políticos que investem pesadamente em educação. De acordo com o levantamento, 70% dos prefeitos brasileiros que investiram em educação e, dessa forma, apostaram que os benefícios de uma escola de qua-lidade podem garantir um amanhã melhor para suas comunidades, não conseguiram se reeleger ou eleger seu sucessor. Por outro lado, 65% dos prefeitos que beneficiaram os moradores com mais vias públicas pavimentadas, obras e/ou benefícios sociais (como

PolíticA e educAção, A ignorânciA como cúmPlice dA corruPção

cestas-básicas, material escolar gratuito, remédios por preços módicos, salários adicionais) foram agraciados com novos mandatos ou elegeram seus candidatos à sucessão.

As negociatas na esfera pública acontecem porque a população não se mobiliza, não fiscaliza e não inter-fere na administração pública. Isso, por sua vez, ocorre pela falta de informação, de esclarecimento e pelo predomínio da ignorância. E é justamente nesses da-dos, adicionados às breves reflexões sobre Maquiavel, que repousam algumas conclusões sombrias quanto aos próximos anos de nosso país, caso não façamos algo em prol da decência, da lisura, da honestidade, da ética e da civilidade na política brasileira.

A ignorância, a pobreza e a dependência da po-pulação são cúmplices da corrupção e, certamente, ajudam a alavancar as negociatas que enriquecem inúmeros políticos brasileiros. Não interessa a esses “senhores” melhorar efetivamente a qualidade da edu-cação brasileira. Isso significaria, no final das contas, uma população mais esclarecida, atuante, crítica e exigente. Qual político, em sã consciência, quer ver a comunidade aferindo as contas públicas e descobrindo desvios de verbas através de compras superfaturadas e de licitações fraudadas em reuniões secretas, regadas a muito vinho importado, com preços impublicáveis para 90% da população brasileira?

Sem educação de qualidade, não há política na acepção da palavra que verdadeiramente desejamos. E a luta contra a corrupção começa nos pequenos atos cotidianos de cada um - não dar propina, respeitar as leis, ter paciência nas filas, votar com consciência, participar da educação dos filhos, cobrar serviços públicos de qualidade.

Page 5: Document

Educação e psicologia 51o a 15 de março de 2009

Alexandra Alvim

* Fala um pouco de tiSou uma jovem com sonhos e muitos amigos,

que tenta conciliar dois mundos paralelos que é a minha faculdade com a minha fé e o grupo de jovens que faço parte. Adoro mar, festa, livros, música, animais, comida italiana e, claro, Deus.

* O que pensas fazer no futuro? Quero me formar, cursar pós-graduação, viajar

pelo mundo, não abandonar meus ideais, minha fé e, principalmente, constituir uma família. Eu acredito que posso ajudar a mudar um pouco a visão materialista que muitas pessoas possuem sobre a História e, principalmente, quem trabalha com ela.

* Fala de tua família Talvez pelo fato de ser fi lha e neta de mulheres

divorciadas, hoje eu saiba o valor que tem a cons-trução de uma família. Não gostaria que minha família tivesse os problemas que tem, mas olhan-do eles me inspiro para lutar para que, na família que um dia formarei, eles não existam assim. Mas agradeço imensamente a Deus por ela existir!

* Fala de teus (tuas) amigos (as)Não saberia descrever a importância dos meus

amigos para mim porque é impossível conceber minha vida sem eles. São irmãos que adotamos ao longo da vida, pessoas que nos ajudam a sermos mais felizes e, principalmente, pessoas melhores.

* O que consideras positivo em tua vida? A minha insistência em continuar acreditando

e tendo fé num certo Jesus Cristo, por mais que o mundo tente me provar o contrário. E também o amor que recebo das pessoas que amo.

* Um livro que te marcouA trilogia O Tempo e o Vento, de Érico Verís-

simo.

* Um fi lme inesquecível A Paixão de Cristo, indispensá-

vel em todas as Páscoas.

* Um medo Deixar de ter fé, porque daí

todos os outros medos podem nos vencer.

* Um defeito do qual gostarias de te livrar?

O desânimo que às vezes me abate e a minha desorganização.

tem veztem veztem vezJovem

A entrevistada desta edição é a Alexandra Lis Alvim, 18 anos, estudante de História da UFRGS, residente em P. Alegre

* Qual o maior problema dos jovens, hoje?

Acho que os jovens de hoje estão perdidos, sem uma luz sobre o que é realmente certo e errado, enganados por falsas ideologias e pela mídia, ca-rentes de famílias que realmente os ensinem o que é o amor. E ainda acho que a solução é Cristo.

* Qual o maior problema no Brasil de hoje?

Talvez a mesma coisa que respondi para os jovens, mas em termos mais amplos. Falta von-tade de realmente agir, de realmente amar, de realmente servir e se vive num egoísmo desen-freado. É um problema mundial, humano, mas aqui e onde há mais desigualdades sociais isso se acentua.

* O que pensas da política?Acredito que a verdadeira solução para a políti-

ca parte de uma atitude interior de realmente servir e querer fazer as coisas funcionarem, baseada na responsabilidade e no amor ao próximo. E acho que o jovem tem as condições ideais para começar essa transformação.

* Sobre a felicidade?Felicidade é algo muito bom que todos estão

atrás, nem sempre pelos caminhos mais certos. Acho que a principal felicidade é acreditar em Deus e tentar fazer tudo o que puder por Ele, dos pequenos aos maiores gestos.

* Já fizeste algum trabalho voluntário? Qual?

Não exatamente. Participei de várias visitas e ajudas que minha escola promovia e minha família sempre realiza doações periódicas a institutos de caridade, mas fazer um trabalho voluntário é ainda um sonho que pretendo realizar.

* Fala de tua religiãoSou católica e descobri em Deus minha força

ao ingressar nos movimentos de jovens da minha paróquia (Nossa Senhora das Dores). Gostaria que houvesse mais aquele amor que sabemos que carregavam os primeiros cristãos: aquela força do Espírito para amar e renovar tudo. Deus é muito importante pra mim e luto pra que continue sen-do.

* Uma mensagem aos jovens Acho que o mundo está cheio demais de pes-

soas sem ânimo e sem amor. Se tu acreditas em Deus, tenta fazer um pouco por Ele e pelo mundo, te joga na luta por um lugar melhor, sem grandes façanhas, apenas com o teu testemunho... Quem sabe tu descobres a verdadeira felicidade?

Page 6: Document

tema em foco6 1o a 15 de março de 2009

Por que a Igreja se volta para os marginalizados?

É da essência da Igreja ser samaritana, como o Mestre Jesus. ‘Deus me enviou a evangelizar os pobres’, assim diz Jesus ao lançar o programa do seu evangelho (Lc 4, 18). A Igreja no Brasil, assumindo o Concílio Ecumênico Vaticano II, es-pecialmente a partir das Conferências dos Bispos em Medellín e Puebla, colocou em seu objetivo geral ‘evangelizar à luz da opção preferencial pelos pobres’.

Do discurso interno para

situações existenciais dos

brasileirosDesde 1985, os temas das Campanhas da

Fraternidade voltam-se para a refl exão sobre grupos ou situações que afl igem diretamente importante parcela de brasileiros. Foram os seguintes os temas:

1985, a fome; 1986, a terra; 1987, o menor; 1988, o negro; 1989, a comunicação; 1990, a mulher; 1991, o mundo do trabalho; 1992, a juventude; 1993, a moradia; 1994, a família; 1995, os excluídos; 1996, a política; 1997, os encarcerados; 1998, a educação; 1999, os de-sempregados; 2000, dignidade humana e paz (ecumênica); 2001, as drogas; 2002, os povos indígenas; 2003, as pessoas idosas; 2004, a água; 2005, a paz; 2006, as pessoas com defi -ciência; 2007, a Amazônia; 2008, a defesa da vida; e 2009, a segurança pública.

O Social nas Campanhas daFraternidade

A refl exão é de Dom José Mário Stroeher, bispo do Rio Grande e presidente da CNBB Sul 3

“A Igreja no Brasil está entrando na sua 46a Campanha da Fra-ternidade. O tema, desta vez, é

a segurança pública. Poderia alguém dizer: ‘mas a Igreja não tem nada a ver com isso’. O lema é bem específi co para a ação cristã: ‘A paz é fruto da justiça’.

Em 1939, na véspera da segunda guerra mundial, ao assumir o seu pontifi cado de quase vinte anos, o Cardeal Eugenio Pacelli escolheu este lema. O Papa Pio XII lutou incansavelmente para recolocar os funda-mentos de uma sociedade justa e fraterna.

Em 1961, três padres responsáveis pela Cáritas Brasileira idealizaram uma cam-

panha para atividades promocionais da instituição. Assim nasceu a Campanha da Fraternidade.

A sua primeira fase – entre 1964 e 1972 – girou mais em busca da renovação interna da Igreja. Durante a segunda fase – de 1973 a 1984 – a Igreja se preocupa com a reali-dade social do povo, denunciando o pecado social e promovendo a justiça (Vaticano II, Medellín e Puebla). Na terceira fase – a par-tir de 1985 – a Igreja se volta para situações existenciais do povo brasileiro, como os ex-cluídos e os esquecidos: o menor, os presos, os idosos, os povos indígenas, os negros, as pessoas com defi ciência, entre outros.

Mas qual é o papel da Igreja na sociedade?

É levar todas as pessoas para a salvação. ‘Para que todos tenham vida’, falou Jesus no evan-gelho de João a respeito do seu pastoreio. A vida humana começa na terra e será plena no céu. O Reino de Deus começa na terra e encontra sua plenitude na eternidade. ‘Põe em risco a sua vida, quem descuida das tarefas na terra’. Assim fala claramente a Constituição Dogmática da Igreja no mundo em 1965.

A minha esperança é de que a responsabilidade social tende a crescer nas pessoas e nas instituições. Há uma sensibilidade crescente para com as questões sociais entre a população. Existem ainda, é verdade, indivíduos e setores que pensam mais em si do que nos outros. Por exemplo: em vez de desmantelar as escolas nas pequenas localidades do interior, em especial nos acampamentos dos sem-terra, estes setores devem se voltar às crianças e jovens vítimas das drogas nas periferias de nossas cidades. É a justiça que leva para a paz.

Há uma mentalidade muita equivocada em algumas classes dirigentes de que as instituições sociais e as igrejas devem se ocupar dos pobres. Enquanto as classes dominantes precisam cuidar dos negócios, do planejamento e dos grandes interesses da economia. Toda instituição, empresa ou governo, é chamada a ter uma agenda social. Melhor dizendo, tem por fi nalidade organizar a sua ação tendo em vista o bem estar social de todos, respeitando a dignidade de cada pessoa humana”.

Dom José Mário Stroeher

Page 7: Document

ação solidária 71o a 15 de março de 2009

Reassentamento SolidárioPermitir que os refugiados desfrutem da proteção no solo brasileiro e que

se integrem à sociedade, buscando o mais rapidamente possível a auto-sufi -ciência. Este é o objetivo do programa Reassentamento Solidário, criado em 2003 para a acolhida de refugiados afegãos e colombianos no Estado. “Trata-se de buscar e gerar condições para que os benefi ciários deste programa sejam incluídos de forma digna nas comunidades de acolhida, formando uma rede social sensível e capaz de apoiar nesta integração”, explica Karin.

O programa atua em quatro eixos:-Resgate da cidadania: obtenção e regularização de documentação,

procedimentos administrativos, orientação jurídica, informação sobre seus direitos e deveres;

-Assistência: acolhimento, com atendimento emergencial das necessidades básicas; Integração local: processo de contato e conscientização junto a ini-ciativa pública e privada, encaminhamento de refugiados(as) ao mercado de trabalho, formação educacional/profi ssional e programa de micro-crédito;

-Promoção da Autonomia Humana: educação e reintegração de vida numa nova sociedade.

-Parcerias

Segundo Karin, nesses poucos anos de funcionamento da agência ASAV/ACNUR, a sociedade gaúcha já consegue dar uma comovente resposta de solidariedade. “Temos famílias reassentadas em Santa Maria, Passo Fundo, Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Rio Grande, Pelotas, Venâncio Aires, São Leopoldo, Guaporé, Serafi na Corrêa e Porto Alegre. Temos mobilização dentro da Universidade Federal, onde os alunos do curso de Direito formaram o GARE (Grupo de Apoio aos Refugia-dos). Também contamos com a parceria da Rede Metodista de Educação, em Porto Alegre e Santa Maria; do grupo de leigos Scalabrinianos – ligados à Igreja Católica; da própria Congregação das Irmãs Scalabrinianas e de inúmeros em-presários locais e as mais variadas orga-nizações que se agregam conforme sua disponibilidade de recursos e interesses. Em cada município desenvolvemos parcerias diferenciadas. Graças a essas belas respostas, hoje, passados cinco anos de trabalho com o reassentamen-to, atendemos 177 cidadãos e cidadãs, de nacionalidades afegã, colombiana e palestina”, detalha Karin.

Muito além de assistencialismoReassentamento solidário

Imaginemo-nos num Brasil sob regime de exceção, de extremismo político e toda sorte de desorganização social, que incluem perseguições, violência, intolerância e assassinatos. E, de um dia para outro, tivéssemos que fugir com toda a família para outro país, deixando tudo para trás: casa, patrimônio amealhado durante anos de suor e luta, nosso trabalho, nossos projetos de vida e sonhos pessoais, nossos amigos, nossos afetos. Terrível! Insuportá-

vel.Mas, o que para nós não passa de mero exercício de imaginação - graças a Deus - para milhões de seres humanos é a mais cruel realidade. (Só na ONU

são tratados atualmente mais de 30 milhões de refugiados). Contrariamente, o Brasil acolhe refugiados e procura proporcionar-lhes o máximo de bem-estar, embora a ferida sangre aberta e nem todo o conforto faz esquecer a saudade, a dor pelas perdas e a revolta. No Brasil, há atualmente cerca de três mil e se-tecentos refugiados reconhecidos pelo governo, provenientes de 69 países diferentes. A maioria deles, concentrada nos grandes centros urbanos do país.

Prioridade jesuíta

O atendimento a refugia-dos é uma das cinco priori-dades eleitas na última Con-gregação Geral da ordem da Companhia de Jesus. E em nível mundial mantêm e ad-ministram vários projetos. No Rio Grande do Sul, os jesuítas através da ASAV – Associação Antônio Vieira – materializam o funcionamento da agência, administrada e coordenada pelo ACNUR

ACNURO Alto Comissariado da

ONU para Refugiados foi criado por resolução da As-sembléia Geral das Nações Unidas em 14 de dezembro de 1950 e iniciou suas atividades em janeiro de 1951. Tem dois objetivos básicos: proteger homens, mulheres e crianças refugiadas e buscar soluções duradouras para que possam reconstruir suas vidas em um ambiente normal. Propõe-se a assistir a qualquer pessoa que encontra-se fora de seu país de origem e não pode (ou não quer) regressar ao mesmo “por causa de fundados temores de perseguição devido à sua raça, religião, nacionalidade, asso-ciação a determinado grupo social ou opinião política”.

ASAV/ACNURNo Rio Grande do Sul, o acolhi-

mento e reassentamento é realizado, desde 2003, pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados – AC-NUR - em convênio com a Associação Padre Antônio Vieira – ASSAV - que cede espaço físico para a coordenação da atividade.

“O Brasil é muito mais do que uma “mãe brasileira”. Solidariedade e responsabilidade social já fazem parte do nosso cotidiano, demonstrado pela forma como se organizam as ações de ajuda humanitária e social dirigidos a cidadãos e cidadãs brasileiros e esten-dido a outros países em situações de emergências”, avalia Karin Kaid Wa-pechowski, coordenadora da agência ASAV/ACNUR no Rio Grande do Sul. Para ela, “o Brasil possui também uma das mais avançadas e generosas leis de proteção humanitária do planeta. Falo da Lei Federal 9.474 de julho de 1997, que prevê e regulamenta o instituto do Refúgio e seus desdobramentos. Mas o drama dos deslocamentos forçados deixa seqüelas e marcas na vida dessas pessoas, difíceis de serem transpostos e que só o tempo e muita compreensão podem ajudar a superar”, diz Karin.

Karin Kaid Wapechowski

Este é o símbolo de proteção da ONU para refugiados

Page 8: Document

8 Saber viver

JOSY M. WERLANG ZANETTE

Técnicas variadasAtendemos convênios

É bom saber

Ilustre desconhecido. O timo é uma glândula essencial para as defesas do organismo, mas qua-se ninguém a conhece. Ela fi ca entre o osso do tórax e o coração e funciona como uma espécie de berçário para as células T, importantíssimas para o sistema imune. Depois de nascerem na medula óssea, elas correm para lá, onde amadurecem e fortale-cem o exército do corpo.

Bendita água. Nosso corpo ne-cessita desse precioso líquido, ela nos é vital, representa 70% do peso de nosso corpo e ocu-pa ¾ da superfície do planeta - parece muito, mas milhões de pessoas já enfrentam sua falta. Dentro desse percentual, somente 2/5 da água do planeta é doce e só 0, 007% estão facil-mente disponíveis para o con-sumo humano. No Brasil, 14% da água é doce e 30% dela vem de fontes minerais. As águas gasosas podem ser naturais ou

1o a 15 de março de 2009

artifi ciais. As carbogasosas já brotam da terra com gás. É que elas se formam em solos de ori-gem vulcânica ou com matéria orgânica em decomposição. O gás é retirado da água, tratado e, depois reincorporado ao líquido pela indústria de bebidas. Outras recebem o gás alimentício, cuja origem é o CO2 da atmosfera. O rótulo sempre informa se água é gaseificada artificialmente ou não.

Tipos e tipos. Veja as diferenças entre os azeites do puro óleo extraído da oliva. Extra virgem: resulta da primeira prensagem de olivas selecionadas e concen-tra boa quantidade de fenólicos, substâncias protetoras. O teor de acidez não deve ultrapassar o grau um, relacionado à pureza do óleo. Virgem: produto da segunda pesagem das olivas, perde um pouco de oxidantes, mas ainda concentra a benéfi ca gordura monoinsaturada. Nesse caso, a acidez pode chegar até o grau dois. Puro azeite de oliva: trata-se de uma mistura de azei-tes extra virgem, virgem e óleo de oliva refinado que detona parte de sua riqueza nutricional. Pesquisa feita em Barcelona

concluiu que duas colheres de sopa no cardápio diário afastam a hipertensão e protege seu es-tômago de gastrite.

Intestino preso. Para tratar é importante saber a causa. Se o problema é uma alimentação errada ou o seu estilo de vida. Você acha que seu intestino fun-ciona bem? Quem tem intestino preso normalmente necessita fazer esforço para evacuar, as fezes saem endurecidas ou em pedaços, tem a impressão que a evacuação não foi completa e evacua três vezes por semana ou menos, então se você iden-tifi ca pelo menos duas dessas características na sua rotina é por que você pode ter intestino preso ou prisão de ventre. Para mudar essa situação, só mudan-do hábitos: tome pelo menos um litro e meio de água por dia, coma mais verduras, frutas e ce-reais, faça caminhadas ou ande de bicicleta. E evite batatas, massas, chocolates, chá preto ou chá mate. Vá ao banheiro logo que sentir vontade, pois as fezes podem fi car mais secas e duras, fi cando difíceis de serem eliminadas. Seu corpo vai agra-decer e você vai fi car mais leve e bem humorado.

Ovo. Tido como perigoso du-rante décadas, o ovo foi rea-bilitado. A revisão de estudos recentes confi rma que o consu-mo de ovos não aumenta o risco de infarto ou derrame. Ressalta que o alimento é riquíssimo em nutrientes importantes para a saúde, como o ácido fólico, outras vitaminas do complexo B e a colina.Ele não aumenta as taxas de colesterol no sangue e, de quebra, ajuda a emagrecer. Um time de especialistas da universidade de Harvard cruzou informações em uma pesquisa feita com 37.851 voluntários com ocorrência de doenças cardiovasculares durante um período de até 14 anos. E con-cluíram que o consumo de um ou mais ovos por dia não causa impacto signifi cativo sobre o risco de doenças coronarianas e derrame em homens e mulheres saudáveis. (Fontes: www.revis-tasaúde.com.br)

POR QUE É TÃO IMPORTANTE

EXERCITAR A MENTE? Henrique Ramos

Diretor editorial das Revistas Coquetel/Ediouro

No mundo moderno, fazer exercícios físicos já é prática comum que atrai cada vez mais adeptos, preocupados em manter o corpo em forma. O que muitas pessoas não

sabem é que o cérebro também precisa ser exercitado. Afi nal, de que adianta um corpo enxuto se a memória falha e o cérebro não é exercitado ou já não dá conta das tantas informações inerentes ao trabalho diário?

Vivemos em um cenário de mudanças rápidas, em que a busca do conhecimento, as tarefas do dia-a-dia e outras tantas atividades impõem uma rotina agitada a muitas pessoas, o que exige muito da mente. Mesmo que o nosso cérebro tenha múltiplas capacidades, devemos aprender a desenvolvê-las.

Palavras cruzadas e outros exercícios constituem instrumentos indicados por neuropsiquiatras e terapeutas para exercícios que eles chamam de “ginástica cerebral”. De um lado, ajudam a fugir da sobrecarga das informações rotineiras, de outro, a ativar a aprendi-zagem, a memória, a auto-estima e a criatividade. O cérebro precisa trabalhar! Quanto mais informações os neurônios recebem, mais e mais criam novas ligações entre eles, as chamadas sinapses.

A ciência já constatou que existem diversos exercícios que deixam a mente sempre afi ada, ágil, esperta. Desde inocentes palavras-cruzadas até games sofi sticados. A explicação é simples. Quanto mais sinapses você cria, mais possibilidade de raciocínio rápido você tem. E todos esses joguinhos estimulam isso.

Tanto a rotina, na qual a pessoa é absorvida pelo trabalho, como a falta de atividades são um veneno para a mente. O cérebro pode ser comparado a um músculo que, se não for usado, atrofi a. Por isso, a ginástica cerebral é importante para pessoas de qualquer idade, mesmo para aquelas que não apresentam qualquer distúrbio.

Nas pessoas mais velhas, a ginástica cerebral ajuda até mesmo no tratamento do Mal de Alzheimer, impedindo o avanço rápido da doença. O professor Ian Robertson, do Trinity College de Dublin (Irlanda), vai além. Segundo ele, palavras cruzadas, sudoku e outros exercícios que estimulam a atividade mental podem ajudar a manter o cérebro 14 anos mais jovem nas pessoas idosas.

Infelizmente, pesquisas demonstram que muitos desperdiçam um tempo precioso assistindo à televisão - em média quatro horas por dia. Esse hábito é uma das melhores maneiras de deixar o cére-bro fl ácido, porque a pessoa fi ca passiva diante do aparelho de TV. Estamos levando aos brasileiros, de todas as idades, uma diversão que faz muito bem à saúde!

Palavras cruzadas, um bom exercício

Page 9: Document

Espaço aberto 9

Martha Alves D´AzevedoComissão Comunicação Sem Fronteiras

Integração solIdárIa

Sem fronteiras

ASSINANTEAo receber o DOC renove a

assinatura. Dê este presente

para a sua família.

Visa e Mastercard

Chegou

LIVRO DA FAMÍLIA 2009

Livraria Editora Padre ReusCaixa Postal, 285 - Duque de Caxias, 805 - Cep 90001-970

Porto Alegre/RS - Fone: (51)3224.0250 - Fax: (51)3228.1880E-mail: [email protected]

Site: http://www.livrariareus.com.br

Livraria Padre Reus está oferecendo a edição doLivro da Família/2009. Adquira seu exemplar ou façaseu pedido no endereço abaixo, que teremos a maior

alegria em atendê-lo. Também o Familien-Kalendar/2009está disponível.

Lembrando: a Livraria Padre Reus é representante dasEdições Loyola para o sul do Brasil.

1o a 15 de março de 2009

Dia 16 de dezembro último foi aberta na Costa de Sauípe, Bahia, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a XXXVI Cúpula da América Latina e do Caribe (CALC), sobre “Integração e Desenvolvimento”. Dos 33 presidentes da América Latina, apenas o da Colômbia, Álvaro Uribe, e o do Peru, Alan Garcia, não compareceram ao encontro e enviaram representantes.

No discurso de abertura, Lula destacou a integração regional e pontos para enfrentar a crise mundial. “Só su-peraremos o desafio da cooperação e do desenvolvimento, se assumirmos nossa condição sul-americana e caribenha”, declarou. Para Lula, é necessário conjugar esforços conjuntos para enfrentar os temas do encontro, as crises financeira, energética, alimentar e ambiental. O presidente brasileiro foi veemente ao defender as legítimas expectativas criadas pelos países sul-americanos e caribenhos, que não devem ser frustradas. A posição do presidente Lula foi compartilhada pelos demais presidentes.

Para Fernando Lugo, do Paraguai, não é possível adiar a integração dos países sul-americanos e caribenhos. “De-vemos procurar mecanismos para resolver as assimetrias regionais, que aprofundam nossas diferenças, sem nos ins-pirarmos nos modelos das metrópoles, que nos exploraram”, afirmou. Fernando Lugo observou também o compromisso de que a integração se faça de forma solidária. O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, depois da Cúpula, foi empossado como novo presidente pro tempore do Mercosul, e, prometeu que durante o seu mandato não faltará na agenda a busca da soberania energética, soluções para a crise financeira internacional e a articulação de uma posição conjunta na Organização Mundial do Comércio (OMC).

O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, destacou que o fortalecimento da união entre os países membros do Mercosul será fundamental para se enfrentar as incertezas e os desafios que se apresentam para o próximo ano, como a crise econômica mundial.

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, defendeu a Cúpula da América Latina e Caribe sobre Integração e Desen-volvimento (CALC), esperando que seja anual, integrando todas as comunidades do Rio Bravo à Patagônia. “Vamos dar forma a esse mundo no âmbito político”, afirmou ele.

A Escola do Bem Co-mum, da Arquidiocese de Porto Alegre, dando início às atividades em 2009, pro-moverá no dia 11 de março, quarta-feira, às 19 horas, no Auditório do Centro de Pastoral, um painel abor-dando o tema da Campa-nha da Fraternidade 2009: Fraternidade e Segurança Pública que tem por lema: A paz é fruto da justiça.

Serão painelistas o pro-fessor da PUCRS Pergen-tino Pivatto, Doutor em Filosofia pela Université de Paris IV - Sorbonne e em Teologia pelo Institut Catholique de Paris, o Pa-dre César Leandro Padilha, Mestre em Teologia Siste-mática pela Pontifícia Uni-versidade Católica do Rio Grande do Sul e o Promo-tor de Justiça Mauro Luís Silva de Souza, Mestre em Direito pela UNISINOS.

O evento é aberto ao público em geral e não é necessária inscrição prévia. O Centro de Pastoral fica localizado a Praça Monse-nhor Emílio Lottermann, 96 (fundos da Igreja São Pedro), em Porto Alegre. Mais informações pelo fone (51) 3222-4216.

Escola do Bem Comum e a

Campanha da Fraternidade

Por ocasião do tempo quaresmal e pascal, o Instituto Humani-tas-Unisinos – IHU, visando debater e refletir sobre o significado histórico, cultural e religioso do evento Jesus de Nazaré e seus im-pactos na cultura contemporânea, organiza, na Unisinos, a “Páscoa IHU 2009”, a ocorrer de 2 de março a 26 de abril.

A programação para 2009 prevê um conjunto de atividades inte-gradas que compreende: uma exposição de banners sobre religiões mundiais, acompanhada de uma série televisiva sobre as mesmas; um ciclo de filmes sobre “Jesus no Cinema”, precedido de palestras e debates sobre a estética, linguagem fílmica e o impacto da figura de Jesus na cultura contemporânea; palestras e debates sobre ex-pressões simbólicas de narrativas religiosas; audições comentadas de música clássica; momentos celebrativos; retiro para universitário, divulgação de entrevistas, notícias e matérias relativas à programa-ção através do site do IHU e da Revista IHU On-Line.

No desenvolvimento dessas atividades a organização procurará introduzir o debate sobre a problemática do discurso cristão sobre Deus no contexto das novas representações de mundo, a qual será debatida no X Simpósio Internacional IHU: Narrar Deus numa sociedade metafísica. Possibilidades e impossibilidades, a realizar-se de 14 a 17/9/2009.

Mais informações em www.unisinos.br/ihu . Fone 51.3590.8223

O Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe, que acontecerá nos dias 12 a 17 de julho, na PUCRS, em Porto Alegre, já está com as inscrições disponíveis. Segundo Pe. Marcelino Sivinski, coordenador geral, “o Mutirão é um momento de encontro, de participação, de partilha, marcado pelo trabalho comunitário, uma oportunidade para mostrar os talentos de cada um na ação realizada em conjunto e em associação.”

Pe. Marcelino lembra que todos os interessados e envol-vidos nos processos de comunicação são convidados, “os comunicadores e comunicadoras sociais, em suas diversas formas de presença na sociedade, têm hoje influência funda-mental na configuração dos processos humanos”.

Mais informações e inscrições em www.muticom.org

Abertas as inscrições para o Mutirão de Comunicação

Instituto Humanitas-Unisinosorganiza Páscoa IHU-2009

Page 10: Document

Igreja e comunidade 10

Voz do PastorCatequese solidária

Dom Dadeus GringsArcebispo Metropolitano de P. Alegre

O ENVOLVIMENTO DA UNIVERSIDADE

Marlena Biondi - 07/03Sulema Terra - 14/03

DOM HELDER, PASTOR E PROFETA

1o a 15 de março de 2009

Antônio M. GalvãoEscritor

No dia 9 de fevereiro de 2009 o Brasil cele-brou o centenário do nascimento de Dom Helder Pessoa Câmara, Arcebispo Emérito

de Olinda e Recife, aquele que talvez tenha sido a voz brasileira mais conhecida no exterior. Junto com Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Helder, mercê sua inspiração e coragem, foi uma das personalidades mais temidas pela ditadura.

Eu tive oportunidade de conviver com ele quando estávamos implantando o movimento de Cursilhos em João Pessoa (PB), em 1981. Foi um privilégio posterior ouvi-lo pregar, quando em 1982 ele animou uma ultreya dos cursilhistas. Igual a um apóstolo ou a um Santo Antônio, as pessoas paravam, largavam o que estavam fazendo, para ouvi-lo falar. No dia da ultreya, o “guardinha” abandonou o controle do trânsito da esquina e entrou timidamente no salão das “dorotéias” para escutar o pregador.

O prelado era um homem corajoso e objetivo. É dele uma frase lapidar: “Se ajudo os pobres me cha-mam de profeta; se pergunto por que existe pobreza me tacham de comunista”. Uma vez, eu viajava de João Pessoa para São Paulo. O avião fez escala em Recife, onde Dom Helder embarcou. Os passageiros se levantaram e aplaudiram aquele homem idoso e sorridente, em sua característica batina cinzenta.

Dom Helder foi um injustiçado na vida e na morte. Enquanto o piloto Ayrton Senna e o cantor Leandro e outros menos notáveis, tiveram pompas fúnebres de celebridades, Dom Helder teve um fu-

neral modesto, aliás, digno de um homem humilde. Por sua coragem profética, capaz de denunciar as injustiças sem medo, ele foi perseguido. Ele foi chamado, pelos corifeus da ditadura de “Arcebispo vermelho”. Em 1972 ele esteve cotado para rece-ber o prêmio Nobel da Paz. Os generais, pessoas altamente “esclarecidas”, mexeram os pauzinhos para que ele não recebesse a comenda. Seria o único Nobel outorgado, até hoje a um brasileiro. Foi igualmente perseguido pela ditadura religiosa, que nunca o fez Cardeal, em detrimento de outros, menos capazes, medíocres, porém alinhados.

Uma vez, Dom Helder ligou para um empresá-rio, pedindo um emprego para um irmão seu. Dias depois, o homem de negócios dá o retorno: “Tudo certo, Dom Helder, o rapaz já está trabalhando. Só não precisava dizer que ele era seu irmão. O senhor é Câmara, e ele é Silva. Além disso, o senhor é branco e ele negro!” Como o bispo insistisse na tese da irmandade, o dono da fi rma perguntou: “Pode ser seu irmão ‘por parte de Adão e Eva’, mas não é seu irmão ‘de sangue’?”. A sentença do velho profeta é antológica: “Mas como não? Ele é meu irmão e irmão de sangue, sim! E o generoso sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, derramado na cruz, não nos torna irmãos de sangue a todos?”.

Solidariedade não dá Ibope. Por causa do fi ltro ideológico imposto à mídia da época, a maioria dos atos de Dom Helder nunca chegou aqui. Só quem morou no nordeste pode conhecer o que ele fez pelos pobres e excluídos. Com sua morte, aos 90 anos, em 1999, perdeu o Brasil, perdeu a Igreja, perdemos nós...

MÉTODOS NA CATEQUESE

Para estarmos prontos para a missão catequética, temos um caminho longo a percorrer e devemos estar em sin-tonia com o Espírito de Deus que age em cada um e se

manifesta pelos acontecimentos, nas lutas, nas preocupações, nas alegrias e nas esperanças.

Existem vários métodos, isto é, caminhos de aprendiza-gem. Vejamos:

Método dedutivo - parte do geral para o caso concreto (dedução). É preciso conhecer as leis gerais, descobertas pela experiência de outros, para aplicá-las no concreto. Ex: Todos os metais são condutores elétricos. A prata é um metal, logo conduz eletricidade.

Método indutivo - parte do conhecimento concreto para concluir leis gerais (indução).

A sabedoria popular é indutiva, isto é, construída pela observação dos fatos concretos do dia-a-dia. Ex: Depois de observar muitas crianças, se descobrem pontos comuns nelas.

- Jesus ajudava o povo a tirar conclusões sobre seus próprios problemas. Ele mesmo não dava respostas, só dava pistas.

Método Comparativo - compara duas realidades ou fatos e descobre as semelhanças e as diferenças. Este método tem um grande limite: esquece a originalidade das pessoas e situa-ções, mas pode-se comparar a situação do povo de Deus, num determinado momento histórico com a situação de hoje, sem esquecer os detalhes próprios daquela época. Ex: Comparar a vida dos jovens da classe pobre com a dos jovens da classe rica e descobrir em que são semelhantes. Que conclusões podem ser tiradas das comparações?

Metodologia de Jesus - o Evangelho revela o método que Jesus usou para anunciar a Boa Nova. Jesus, para revelar o Pai e anunciar o Reino de Deus, encarnou-se na vida dos homens. Sua pedagogia foi sempre a partir das pessoas, na sua realidade e originalidade.

A “escuta’’ da realidade de cada pessoa, e o ‘’questio-namento” que levam à refl exão e à formação da consciência crítica, apresentam Jesus como um grande pedagogo.

Na sua vida pública, Jesus apela à conversão, questionan-do e interpelando as pessoas, porém respeitando a liberdade de cada uma.

Escolha do método - para escolher o método adequado é necessário defi nir claramente o objetivo desejado; conhecer a realidade das pessoas e grupos.

Muitas vezes, a metodologia é entendida como a própria mensagem; é perigoso o método tomar o lugar da própria evangelização. Ex: Muitas vezes fi camos buscando dinâmicas, material audio-visual, e a pastoral fi ca reduzida a esses instru-mentos que, passado o tempo, não conduzem à meta desejada. O método não é fi m em si mesmo. Deve ser instrumento para atingir o objetivo desejado e deve ser bem pensado.

Diante do objetivo, para que a ação seja efi ciente e efi caz, necessitamos de três critérios básicos: viabilidade (escolher os objetivos que possam ser atingidos); urgência (alguns podem esperar) e abrangência (algumas ações têm maior alcance que outras, escolher as que provocam um resultado maior).

A educação da fé pode seguir diversos métodos que são escolhidos à medida que a comunidade caminha, que reava-lia as refl exões e conclusões, para dar outro passo à frente, contanto que seja assimilada a pedagogia de Deus com o seu povo e a metodologia de Jesus nos leve, concretamente, ao “princípio de interação: fé-vida”.

Adaptação de texto www.catequisar.com.br

O regime da cristandade baseava-se em três grandes instituições: o papado, o Império e a universidade. Mesmo com algumas

tensões, eram consideradas indispensáveis para a promoção do bem comum. O primeiro, numa solicitude materna, zelava pelo bem espiritual da população. O segundo, numa responsabilidade paterna, cuidava do bem material. E a terceira, num empenho esclarecedor, proporcionava os in-dispensáveis subsídios para os dois primeiros e para a humanidade. Com o regime democrático, essas três instituições perderam sua infl uência na condi-ção dos destinos da humanidade e na promoção do bem comum. Eliminou-se o Império, separou-se a Igreja do Estado e se relegou a universidade a fun-ções puramente acadêmicas. Com isso, privou-se a sociedade de uma mística que dê sentido não só à vida humana, como também ao compromisso social e ao empenho pela causa comum. A substituição dessas instituições por três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, não acolheu a riqueza da sociedade, que, profundamente religiosa, elabora o mundo da cultura e projeta o futuro. A Igreja e a universidade continuam a moldar a sociedade, mas não têm mais acesso ao governo, ou seja, não são mais instituições que garantem a governabilidade do país. Por isso, a própria democracia periclita. A universidade não se pode limitar ao ensino e à pes-quisa. É preciso devolver-lhe sua função social, que teve desde a sua criação, na Idade Média, surgida no seio da Igreja, como instância indispensável para uma visão mais objetiva do mundo. A Universidade

de Paris, na Idade Média, constituía o centro irra-diador não só da cultura. Era também o propulsor da sociedade. A ela recorriam imperadores e papas, governadores e bispos para buscar orientações. Se a universidade, hoje, não trabalha para o aprimora-mento e a orientação do Estado, não podemos ter muitas esperanças de superar as crises de mudança de época. E hoje ela se multiplicou, tornando-se presente em todos os centros urbanos de alguma infl uência. A doutrina social da Igreja estabelece, como critério da organização social, o princípio da subsidiariedade. Parte da base para a cúpula. Pro-clama que o mais forte não pode subjugar o mais fraco. Defende a proximidade da ação à pessoa. Cada um se sinta responsável pelo que faz.

Nesta perspectiva, aparecem cinco recur-sos, que é preciso colocar na base de uma boa administração: 1) a capacidade dos moradores, privilegiando suas iniciativas; 2) as organizações locais, como clubes, grupos estáveis; 3) as ins-tituições, tanto particulares dos negócios e das corporações, como governamentais, das escolas, dos parques e das bibliotecas; 4) o ambiente concreto em que se vive; 5) a economia local que orienta o consumo. Podemos falar de uma sinergia. Consiste na cooperação de todos, na valorização das diferenças, para muito além da mera coexistência. Se as Universidades fossem mais valorizadas pela política na promoção do bem comum, poderíamos economizar muitos debates políticos inúteis e muito dinheiro gasto em estruturas parlamentares, que não sabem exatamente o que fazer. Falta visão de conjunto e aprofundamento das questões que têm seu campo próprio na universidade.

Page 11: Document

Comunidade e Igreja 11

Solidário Litúrgico8 de março – 2o domingo da Quaresma (roxa)

1a leitura: Livro do Gênesis (Gn) 22,1-2; 9a.10-13.15-18 Salmo 115(116), 10.15.16-17.18-19 (R/. Sl 114,9)2a leitura: Carta de São Paulo aos Romanos (Rm) 8,31b-34Evangelho: Marcos (Mc) 9,2-10Comentário: Vivemos na sociedade do consumo e do espetáculo. Sons, em altíssimo nível de decibéis, e imagens, em movimentos alucinantes, fazem o grande show desta sociedade. E desta sociedade do espetáculo não estão isentos setores da Igreja, um certo tipo de pastoral e, especialmente, celebrações litúrgicas, algumas até chamadas de “show-missas”. Jesus não é show, Jesus não é “dez”, Jesus não é espetáculo! Nas tentações do deserto, o demônio quer um Jesus espetacular. Os discípulos também querem um Jesus espetacular e buscam aproveitar cada sinal de bondade, de ajuda a pessoas necessitadas para que ele, finalmente, instaure seu “reino”, um “reino” como eles imaginavam, com poder e com glória, com normas, leis e geograficamente localizado, uma instituição humana que se impusesse a outras instituições, povos e nações. Uma cristandade. O episódio do Evangelho deste domingo é um momento forte do aprendizado dos discípulos sobre a pessoa de Jesus. Pedro, Tiago e João, que teriam, depois, missões muito especiais na comunidade de Jesus, foram levados, sozinhos, a um lugar à parte, a uma montanha. Na solidão da montanha, Jesus se manifesta como o Messias esperado pelos judeus, na presença de Elias e Moisés. Quando os três discípulos querem perpetuar aquele momento, fascinados que estavam, uma voz os chama à realidade: Este é meu Filho amado; escutai-o (9,7). Jesus quer ser ouvido e seguido, não aclamado, não aplaudido. O aplauso a Jesus, que ele rejeitou no início da sua vida pública, quando tentado no deserto, não é cristão. É também por isso que ele proíbe que os três privilegiados discípulos comentem a experiência que haviam tido na solidão da montanha. Na sociedade do espetáculo, dos sons, das imagens e dos shows, também somos convidados a nos retirar, de vez em quando, para o deserto ou para a montanha; é na solidão do “deserto ou da montanha”, da prece e da reflexão, que aprendemos a conhecer melhor a pessoa de Jesus e seu projeto, segui-lo como o Messias do Pai e realizar seu projeto de um uma humanidade solidária, terna e fraterna, sinal do seu Reino de justiça e de amor.

15 de março – 3o domingo da Quaresma (roxa)

1a leitura: Livro do Êxodo (Ex) 20,1-3.7-8.12-17Salmo 18(19b), 8.9.10.11 (R/. Jo 6,68c)2a leitura: 1a.Carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor) 1,22-25Evangelho: João (Jo) 2,13-25Comentário: Para muitas pessoas, que têm uma concepção equivocada do Jesus histórico apresentada nos textos bíblicos, fica difícil imaginar o “manso e doce” Jesus, decantado por uma poética religiosa fundamentalista, fazendo um chicote, batendo naqueles comerciantes, derrubando mesas, moedas se espalhando pelo chão, pombas voando pelo templo e Jesus, aos gritos, expulsando aqueles homens que, com seu comércio, prostituíam a Casa de meu Pai (2,18). Geralmente, nas histórias de santos e santas, se omite os momentos de “santa ira” destes santos, quando levantavam a voz contra as situações de exploração, de injustiça, de discriminação, de atentados contra as pessoas, de uso de Deus e da religião para o comércio, para enriquecer. Agradecemos a João, possivelmente o discípulo que mais compreendeu o coração de Jesus e a transcedentalidade da sua missão e do seu projeto, que não se perdesse este momento de santa ira de Jesus, uma ira humano/divina, que explode diante da manipulação e do uso comercial do “lugar de oração”. Intuindo que sua prisão, condenação e morte estavam próximas, também por estas suas atitudes fortes contra a perversão e o mau uso da fé e da religião, Jesus acena para a destruição do templo do seu corpo que voltaria à vida na manhã da ressurreição. Talvez seja este um dos aspectos mais dolorosos, incoerentes e escandalosos da fé de muitos cristãos, hoje; é uma fé acomodada, sem gosto nem sabor, uma fé de consumo pessoal que não se irrita nem lança seu grito de protesto contra tantas situações de injustiça que testemunha todos os dias. É a fé de tantos cristãos que se acostumaram com a injustiça, a exploração, a forma indigna na qual vivem milhões de pessoas... aceitam, sem protestar, a miséria que perambula pelas ruas e dorme nas praças de nossas cidades. Um cristão acomodado no seu canto, que se acostumou com a injustiça e jamais é acometido de uma “santa ira” como Jesus, não deveria, propriamente, chamar-se cristão.

A violênciA e A cAmpAnhADom Orani João Tempesta O. Cist. Arcebispo Metropolitano

Tendo se iniciado a Campanha da Fraternidade deste ano, alguns aspectos que a mesma levanta já fazem parte do cotidiano de nossos noticiários.

Uma das questões colocada sobre a violência em nossa região metro-politana é a idade jovem dos que cometem crimes e que estão presos. Não é necessária uma estatística oficial de contagem dos mesmos, pois basta uma visita geral em nossos presídios para constatarmos onde está grande parte da juventude. Supondo que nem todos estão detidos, pois uma grande parte continua cometendo crimes e estão foragidos, e, sabendo que a média de ida-de é entre 18 a 29 anos, podemos aumentar ainda mais nossa estatística.

Outros dados que são importantes é também o número de crianças e adolescentes privados de liberdade atualmente e a outra parte que continuam cometendo atos infringidores e estão em liberdade. Uma parte dos detidos é provisória por não ter sido julgada (vamos ver como as coisas ficam depois das decisões do Supremo Tribunal) e, infelizmente, nosso sistema carcerário dispõe de poucas possibilidades de trabalho para ocupar o tempo dessas pessoas.

Outro dado é que, além das novas unidades prisionais que estão sendo feitas, o presídio feminino aumentou, ocupando o local vizinho antes desti-nado a uma experiência de outro tipo de prisão, demonstrando que também o índice aumenta entre as mulheres.

Atrás de cada ato de um desses homens ou mulheres estão também muitos outros grupos, famílias, pessoas que se sentem machucadas por aquilo que sofreram em certo momento de suas vidas, algumas vezes destruindo suas famílias e matando entes queridos. Atrás fica um grande grupo de pessoas marcado pelos crimes e às vezes com lesões físicas e psicológicas irreparáveis.

A violência levou a considerar a morte de pessoas como algo comum e normal a cada dia, com estatísticas alarmantes de nossa “verdadeira guerra civil” não declarada, que leva a dizimar mais pessoas que a maioria das guerras dos nossos atuais noticiários.

Estamos olhando a questão apenas por um dos prismas. Durante o tempo da Quaresma teremos ocasião de aprofundar a questão da família, do crime organizado, a questão social, da terra, da prostituição infantil, do trabalho escravo, dos meios de comunicação de massa, e tantos outros ambientes. Mas essa janela já é por demais alarmante para nós e supõe alguns passos concretos, como sempre tenho dito, a curto, médio e longo prazo.

Mas eu deixaria aqui uma pergunta que insiste em não sair do pensa-mento: qual a causa de tudo isso? Como pessoas inteligentes nós sabemos que não basta combater e tentar resolver as consequências (embora tenha-mos também que fazer isso), mas teremos que enfrentar com sinceridade a questão do “porquê” disso tudo?

É uma pergunta incômoda, pois aí não poderemos apenas apontar o dedo para outros, mas teremos que nos incluir também, e pior: teremos que reconhecer nossa culpa na direção que o mundo tomou. Sim, fomos longe nessa direção! Será que será possível uma mudança? O atual “salvador do mundo econômico” já sinalizou com o aumento do apoio para matar as crianças por nascer, e aqui no Brasil os deputados que trabalham pela vida estão sendo processados e expulsos pelo partido. Não temos valores para dar sentido à dor e à doença e é melhor matar de fome as pessoas sem aparente solução de doença e, em geral, essas idéias são simpáticas à mídia que, com isso, influencia a mentalidade e cultura de hoje. Qual seria o papel da mídia com relação a isso e, principalmente com relação à violência hoje? Eis outro pergunta incômoda.

Temos também a solução de não deixar nascer mais pessoas para dimi-nuir as necessidades como solução que os países ricos impõem aos países pobres ou em desenvolvimento, e assim também não terão mais pobres “batendo às suas portas”. Será esta a solução? Se assim fosse, os países de baixa densidade e com a maioria das questões sociais resolvidas já teriam zerado o problema da violência.

Existem outras necessidades profundas no coração do homem e que mesmo a busca verdadeira de Deus que nos criou e salvou podem resolver. Mas mesmo aí os fanatismos e fundamentalismos tentam desmentir esse caminho com seus exageros e caminhos errados que percorrem e que na disputa por prosélitos e na falta de respeito pelo outro credo acabam desen-cadeando ódios, rancores e violências.

Está em nossas mãos uma busca de encaminhamento para o direcio-namento para a biosfera desse nosso planeta. Está difícil concordarmos de maneira unânime sobre as causas e soluções. É o momento dos verdadeiros cristãos testemunharem pela vida e pelas palavras os encaminhamentos que, respeitando a diversidade de crenças, demonstrem que é possível viver num mundo mais justo e mais humano.

Espero que esta Campanha da Fraternidade que acabamos de iniciar não conclua apenas com um belo gesto concreto em nossas comunidades, mas que leve a uma verdadeira conversão para que, como dissemos, a curto, médio e longo prazos, tenhamos um projeto de vida e sociedade em que todos possam se empenhar e assim construirmos o presente e o futuro de nossa nação.

A memóriA de pedro

Dom Sinésio BohnBispo de S. Cruz do Sul

Em 1969 o Papa Paulo VI visitou o Conselho Mun-dial de Igrejas, com sede

em Genebra (Suíça). Paulo VI se apresentou aos representantes de mais de 300 Igrejas cristãs, dizendo: “Meu nome é Pedro”. Exprimiu assim a consciência de que Pedro é coluna da Igreja: “Tu uma vez convertido, confirma teus irmãos”. E que a missão de Pedro continua na história através de seus sucessores.

O sucessor de Pedro normal-mente reside em Roma, porque o apóstolo Pedro foi martirizado em Roma e seu túmulo fica ao pé da colina Vaticana, onde havia um pe-queno cemitério, ao lado do circo particular de Nero e de Calígula. Nero gostava mais de corridas de cavalos, mas também dava festas crucificando condenados, queimando, quais tochas vivas, os cristãos e jogando-os às feras famintas.

Uma dessas vítimas da cruel-dade de Nero foi o apóstolo Pedro. A jovem comunidade cristã sepul-tou Pedro no pequeno cemitério, ao lado do circo de Nero.

Quando, em 313, Constantino deixou Tréveris (Trier), por influ-ência de Santa Helena, sua mãe, para assumir como imperador o vasto Império Romano, ele cons-truiu grandes basílicas nos princi-pais centros de irradiação cristã: Roma, Jerusalém (Santo Sepulcro), Belém (lugar do nascimento de Jesus Cristo).

A primeira basílica vaticana foi construída de modo que o tú-mulo de Pedro ficasse sob o altar. Esta foi a tradição certa e estável da comunidade de Roma. É cé-lebre o testemunho do Presbítero Gaio, pelo ano 150: “Eu posso indicar-te os troféus dos apóstolos. Se queres ir ao Vaticano ou pela estrada de Óstia, encontrarás os troféus daqueles que fundaram esta Igreja”. Isto é, o túmulo de Pedro no Vaticano; o túmulo de Paulo, fora da antiga Roma, pela estrada de Óstia. Em resumo, a Igreja sempre soube onde se situava o túmulo de Pedro. Mas o Papa Pio XII quis houvesse também a pesquisa arqueológica, científica. E mandou fazer escavações. En-contraram um pequeno mausoléu com o nome de Cristo Sol. Isto é, o pequeno cemitério tornara-se território dos cristãos.

Quando Pio XII, em 1942, vi-sitou as escavações arqueológicas, exclamou: “As pedras falam”.

Assim, o 265º sucessor de Pedro reside junto ao túmulo do primeiro Papa e sua missão é presidir na caridade, em nome de Cristo, a Igreja de Cristo. E profes-sar a fé de Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. (Roma, aos 18/02/09)

[email protected]

1o a 15 de março de 2009

Page 12: Document

CianMagentaAmareloPreto

Este é o lema episcopal de Mons. Liro Vendelino Meurer, (foto ao lado) nomeado bispo auxiliar de Passo Fundo, com ordenação marcada para as 15 horas de 22 de março próximo na Catedral Metropolitana de Porto Alegre. “Quero fazer do meu trabalho,

como venho fazendo ao longo dos 27 anos de sacerdócio, um serviço que transmita alegria e paz. O cristão tem que ser alegre. E temos motivos para isso. Embora as muitas difi culdades e a presença constante da cruz, nós temos Cristo que é razão sufi ciente para toda a alegria. Quero esfor-çar-me para mostrar um rosto de Igreja alegre”, declarou o religioso em entrevista exclusiva ao Solidário.

Partilhar a experiência cristãPara o futuro bispo, “a experiência do encontro e a descoberta de Cristo deve

ser tal que não possamos retê-las só para nós. E, com isso, sejamos impulsionados a partilhá-las no nosso entorno e levá-las adiante. O que signifi ca continuar a missão de Jesus, tornando-nos seus verdadeiros discípulos missionários”.

O desafi oMons.Liro revelou que foi completamente inesperado e fora de seus planos

o convite para a missão de auxiliar Dom Ercílio Simon. “Mas resolvi aceitar o desafi o, primeiro porque é um chamado da Igreja do qual não queria me furtar. E, depois, terei um mestre para me ensinar. Quero trabalhar em harmonia com Dom Ercílio com quem terei muito para aprender. Sei que a Diocese de Passo Fundo está muito bem estruturada e organizada, graças ao atual bispo e a seus antecessores, Dom Urbano Allgayer e Dom Cláudio Colling. Aliás, uma coin-cidência: fui o primeiro padre que Dom Cláudio ordenou depois que assumiu como arcebispo em Porto Alegre”.

Trajetória sacerdotalMons. Liro foi ordenado na capela S. João Evangelista, Linha Julio de Cas-

tilhos, município de Salvador do Sul, em 12 de dezembro de 1981. No dia de sua ordenação foi designado pelo arcebispo para ajudar na Paróquia S. João Batista em Camaquã, onde fi cou apenas um mês. Em seguida, assumiu como vigário na Paróquia S. Antônio de Estrela. Sua trajetória sacerdotal posterior inclui a direção do Seminário Propedêutico de Gravataí, entre 1983 a 1990; pároco de N. S. de Montserrat de Porto Alegre, em 1991; reitor do Seminário Menor de Bom Princípio entre 1992 e 1996; pároco na Paróquia S. João Batista de Camaquã, entre 1997 e 2006, quando foi nomeado vigário episcopal do Vicariato, rece-bendo a honraria de monsenhor. No ano de 2007, foi pároco na Igreja S. Luzia de Porto Alegre. E desde 20 de janeiro de 2008 é pároco da Igreja S. Geraldo, na zona norte de Porto Alegre, onde fi ca até 28 de fevereiro quando entrega o cargo para o Pe. Hilário Flach.

O ambiente familiar e a vocaçãoCredita sua vocação sacerdotal ao ambiente religioso em sua família. “Em

casa éramos quatro moças e dois moços. Sou o terceiro dos fi lhos. Meus pais são falecidos. Meu irmão continua morando lá no Zimmer Berg, que pertence ao Badenserthal (Vale dos de Baden, atual Linha Júlio de Castilhos). Vivíamos como pequenos agricultores: plantação de milho, feijão, criação de porco, vaca leiteira. E, desde sete, oito, anos, eu queria ser padre. Ainda lembro quando vinha o pároco de Tupandi, padre Teobaldo Becker, para rezar missa na escola e perguntar se alguém de nós queria ser padre, irmão, freira. Acho que foi o ambiente na comunidade e especialmente em casa que foram primordiais. Rezá-vamos todos os dias na hora das refeições e de noite antes de dormir. E também escutávamos a transmissão das missas pelas rádios Difusora de Porto Alegre, Miriam de Caravaggio e Garibaldi. Televisão não tinha, porque a luz elétrica só chegou lá em 1974. Em 1966 entrei no seminário de Bom Princípio.

Cumplicidade e respeito mútuo são os principais segredos para o harmonioso casamento do bancário Rafael Deodoro Klafke e da professora Maria M. Scherer Klafke, que completaram 40 anos de união em janeiro último. “Um conselho eu dou para os noivos e casais novos: procurem ser amorosos, compreensivos, tolerantes, res-peitosos e, acima de tudo, cúm-plices na vida. Façam projetos de vida comuns ao casal. Isso constroi e une sempre mais”, diz Rafael. Natu-ral de Encruzil-hada do Sul, veio tentar a sorte em Porto Alegre aos 18 anos, onde

Porto Alegre, 1o a 15 de março de 2009

Servir com alegria

Cumplicidade e matrimônio duradouro

encontrou sua futura esposa, natural de Cachoeira do Sul. O casamento foi em 4 de janeiro de 1969, na Igreja S. Geraldo em Porto Alegre. Da união nasceram Richard e Roger. O casal tem vida ativa na Paróquia S. Flora, na zona sul de Porto Alegre. Uma irmã de Rafael – Irmã Elma – é religiosa franciscana bernardina.

O casal aniversariante e seus dois filhos