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CianMagentaAmareloPreto Porto Alegre, 1 o a 15 de novembro de 2008 Ano XIV - Edição N o 525 - R$ 1,50 Os candidatos e os meninos de rua I ndependente de quem for o escolhido para prefeito nos próximos quatros anos, enomes serão suas tarefas. É no município que a vida acontece. É nesse território que poderá ser mais ou menos cidadão. Ou sem cidadania alguma. Como são aqueles que também já perderam seu último e mais valioso referencial: seu lar, sua casa. E são obriga- dos a morar sobre bancos de praças, sob marquises de prédios públicos e comerciais, ou nos recuos de edifícios, ou casas em ruínas e abandonas. Segundo recentes levantamen- tos, Porto Alegre tem mais de mil desses não-cidadãos, especialmente menores de idade. Como José Fogaça e Maria do Rosário pretendem encaminhar essa grave situação? J osé Alberto Fogaça de Medeiros, 61 anos, concorrendo à reeleição, assegura que “o Ação Rua é o mais importante programa de inclusão social infantil da nossa Administra- ção. Uma das nossas maiores conquistas nes- tes últimos quatro anos foi a redução de 40% no número de crianças de rua. O traba- lho continua forte para di- minuir ainda mais este nú- mero. Con- tando com 11 núcleos de atendimento instalados e com a par- ticipação de seis entida- des sociais na Capital, o programa faz a abordagem de crianças e adolescentes em situação de risco. Equipes multidisciplinares são encarregadas do enca- minhamento para programas da prefeitura nas áreas de esporte, cultura, qualificação para o trabalho, integração social, saúde mental e, principalmente, aqueles que combatem a dro- gadição”. M aria do Rosário Nunes, 41 anos, de- putada federal, diz que “o número de crianças de zero a seis anos nas ruas aumen- tou de 8% para 20%. E, infelizmente, o nú- mero de crianças maiores de seis anos só não cresceu porque muitas delas morreram víti- mas de dro- gas como o crack. A ati- tude de nos- sa gestão em relação aos meninos e meninas será imediata, no sentido de localizar a família e buscar a re- tomada do vínculo, se não com o pai ou a mãe, com uma avó, tia, tio ou familiar que se res- ponsabilize. Muitas vezes a mãe da criança está na rua porque é dependente química e perdeu os laços com a família. Para enfrentar essa situação, vamos abrir Centros de Apoio Psicossocial (CAPS) para atender quem quer se livrar das drogas, garantindo apoio tam- bém às suas famílias”. José Fogaça Maria do Rosário Ivo Gonçalves TV Ulbra D e público, o Jornal SOLIDARIO vem reafirmar que a filosofia orientadora de seu projeto editorial é essencialmente ecumê- nica e, mesmo, inter-religiosa. “Garimpar solidariedade na sociedade” é seu mote referencial e o texto bíblico que ilumina suas páginas é o que está em Mateus: “Eu tive fome e sede... estava nu, doente e na prisão... era peregrino/migrante... e tu me acolheste”. (cf Mt 25,35-36). Por esta razão lamentamos profundamente que tenha aparecido no Espaço Aberto da edição de Nº 524 (16-31/10/08) um comentário intitulado “Heresias”. Embora seja um espaço aberto e o artigo venha assinado, respeitado, assim, o direito de livre expressão em pleno vigor no país, pelo fato de o publicarmos poderia parecer que o jornal se identifica com as opiniões ali expostas. Pelo contrário: forma e conteúdo daquele artigo não se coadunam com a filosofia do jornal, por ser anti-ecumênico e pré-conciliar, contrário, pois, às disposições da própria igreja católica. Eivado de afirmações subje- tivas e insinuações maldosas, o artigo se esvazia por si mesmo. Pedimos que as pessoas e entidades envolvidas, bem como nossos leitores/as, compreendam e desculpem este lapso jornalís- tico. Futuramente, examinaremos melhor as matérias que nos são enviadas para evitar flagrantes contradições à filosofia do jornal. Solidários no mesmo Senhor Jesus e comprometidos com a construção do seu sonho de um mundo justo, inclusivo e fraterno, Attilio Ignacio Hartmann Diretor do SOLIDÁRIO A SOLIDARIEDADE É ECUMÊNICA Cinqüentenário da Província Salesiana Um gesto concreto de solidariedade em Capão da Canoa Dezenas de famílias pobres da cidade-balneário dependem dos pães feitos em fornos de barro todas as terças-feiras por Maria José Matos da Silva, a Dona Zezé, e suas guerreiras voluntárias para quem o dia começa mais cedo e só termina tarde da noite. A iniciativa tem o apoio de diversas instituições da cidade e constitui um braço social da comunidade em geral. Página 7 Intensa programação religiosa e cultural marcou as comemorações, em outubro último, do Cinqüentenário da Inspetoria São Pio X, que re- úne salesianos e obras sociais e educacionais dos Estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. A data contou com a presença do reitor-mor da congregação, Padre Pascual Chávez Millanueva, ((foto) no Colégio Salesiano Dom Bosco em Porto Alegre. A província S. Pio X foi instalada em 24 de outubro de 1958, e atualmente possui obras em Ponta Grossa, Guarapuava, Curitiba (PR), Joinville, Massaranduba, Itajaí, Ascurra, Rio do Sul (SC), Santa Rosa, Viamão, Porto Alegre, Bagé e Rio Grande (RS). Pão para quem tem fome

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CianMagentaAmareloPreto

Porto Alegre, 1o a 15 de novembro de 2008 Ano XIV - Edição No 525 - R$ 1,50

Os candidatos e os meninos de rua

Independente de quem for o escolhido para prefeito nos próximos quatros anos, enomes serão suas tarefas. É no município que a vida acontece. É nesse território que poderá ser mais ou menos cidadão. Ou sem cidadania alguma. Como são aqueles que

também já perderam seu último e mais valioso referencial: seu lar, sua casa. E são obriga-dos a morar sobre bancos de praças, sob marquises de prédios públicos e comerciais, ou nos recuos de edifícios, ou casas em ruínas e abandonas. Segundo recentes levantamen-tos, Porto Alegre tem mais de mil desses não-cidadãos, especialmente menores de idade.

Como José Fogaça e Maria do Rosário pretendem encaminhar essa grave situação?

José Alberto Fogaça de Medeiros, 61 anos, concorrendo à reeleição, assegura que “o

Ação Rua é o mais importante programa de inclusão social infantil da nossa Administra-ção. Uma das nossas maiores conquistas nes-tes últimos quatro anos foi a redução de 40% no número de crianças de rua. O traba-lho continua forte para di-minuir ainda mais este nú-mero. Con-tando com 11 núcleos de atendimento instalados e com a par-ticipação de seis entida-des sociais na Capital, o programa faz a abordagem de crianças e adolescentes em situação de risco. Equipes multidisciplinares são encarregadas do enca-minhamento para programas da prefeitura nas áreas de esporte, cultura, qualificação para o trabalho, integração social, saúde mental e, principalmente, aqueles que combatem a dro-gadição”.

Maria do Rosário Nunes, 41 anos, de-putada federal, diz que “o número de

crianças de zero a seis anos nas ruas aumen-tou de 8% para 20%. E, infelizmente, o nú-mero de crianças maiores de seis anos só não cresceu porque muitas delas morreram víti-

mas de dro-gas como o crack. A ati-tude de nos-sa gestão em relação aos meninos e meninas será i m e d i a t a , no sentido de localizar a família e buscar a re-tomada do vínculo, se não com o pai ou a mãe,

com uma avó, tia, tio ou familiar que se res-ponsabilize. Muitas vezes a mãe da criança está na rua porque é dependente química e perdeu os laços com a família. Para enfrentar essa situação, vamos abrir Centros de Apoio Psicossocial (CAPS) para atender quem quer se livrar das drogas, garantindo apoio tam-bém às suas famílias”.

José Fogaça Maria do Rosário

Ivo Gonçalves TV Ulbra De público, o Jornal SOLIDARIO vem reafirmar que a filosofia orientadora de seu projeto editorial é essencialmente ecumê-nica e, mesmo, inter-religiosa. “Garimpar solidariedade na

sociedade” é seu mote referencial e o texto bíblico que ilumina suas páginas é o que está em Mateus: “Eu tive fome e sede... estava nu, doente e na prisão... era peregrino/migrante... e tu me acolheste”. (cf Mt 25,35-36).

Por esta razão lamentamos profundamente que tenha aparecido no Espaço Aberto da edição de Nº 524 (16-31/10/08) um comentário intitulado “Heresias”. Embora seja um espaço aberto e o artigo venha assinado, respeitado, assim, o direito de livre expressão em pleno vigor no país, pelo fato de o publicarmos poderia parecer que o jornal se identifica com as opiniões ali expostas. Pelo contrário: forma e conteúdo daquele artigo não se coadunam com a filosofia do jornal, por ser anti-ecumênico e pré-conciliar, contrário, pois, às disposições da própria igreja católica. Eivado de afirmações subje-tivas e insinuações maldosas, o artigo se esvazia por si mesmo.

Pedimos que as pessoas e entidades envolvidas, bem como nossos leitores/as, compreendam e desculpem este lapso jornalís-tico. Futuramente, examinaremos melhor as matérias que nos são enviadas para evitar flagrantes contradições à filosofia do jornal.

Solidários no mesmo Senhor Jesus e comprometidos com a construção do seu sonho de um mundo justo, inclusivo e fraterno,

Attilio Ignacio HartmannDiretor do SOLIDÁRIO

A SOLIDARIEDADE É ECUMÊNICA

Cinqüentenário da Província Salesiana

Um gesto concreto de solidariedade em Capão da Canoa

Dezenas de famílias pobres da cidade-balneário dependem dos pães feitos em fornos de barro todas as terças-feiras por Maria José Matos da Silva, a Dona Zezé, e suas guerreiras voluntárias para quem o dia começa mais cedo e só termina tarde da noite. A iniciativa tem o apoio de diversas instituições da cidade e constitui um braço social da comunidade em geral. Página 7

Intensa programação religiosa e cultural marcou as comemorações, em outubro último, do Cinqüentenário da Inspetoria São Pio X, que re-úne salesianos e obras sociais e educacionais dos Estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. A data contou com a presença do reitor-mor da congregação, Padre Pascual Chávez Millanueva, ((foto) no Colégio Salesiano Dom Bosco em Porto Alegre. A província S. Pio X foi instalada em 24 de outubro de 1958, e atualmente possui obras em Ponta Grossa, Guarapuava, Curitiba (PR), Joinville, Massaranduba, Itajaí, Ascurra, Rio do Sul (SC), Santa Rosa, Viamão, Porto Alegre, Bagé e Rio Grande (RS).

Pão para quem tem fome

cidadania 2 1o a 15 de novembro de 2008

Editorial

Fundação Pro Deo de Comunicação

Conselho DeliberativoPresidente: Dom Dadeus Grings

Vice-presidente: José Ernesto Flesch Chaves

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo

Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi

e José Edson KnobSecretário: Elói Luiz ClaroTesoureiro: Décio Abruzzi

Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS

Editora Adjunta Martha d’Azevedo

Revisão Nicolau Waquil, Ronald Forster

e Pedro M. Schneider (voluntários)Administração

Paulo Oliveira da Rosa, Ir. Erinida Gheller (vo-luntários), Elisabete Lopes de Souza e Davi Eli

RedaçãoJorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS

Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RSImpressão: Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 – Centro – CEP 90010-282 – Porto Alegre/RSFone: (51) 3221.5041 – E-mail: [email protected]

Ano XIV – Nº 525 – 1o a 15/11/08

attí[email protected]

Ser criStão

tem vezJovem

Fala de teu tra-balho na Pastoral da Juventude

Meu trabalho na PJ é uma verdadeira missão e um grande desafio. Tenho a in-cumbência de organi-zar a juventude aqui na diocese e para isto trabalho bastante, de domingo a domingo (entre as outras ativi-dades da minha vida): visito os grupos de jovens e escolas da região, organizo en-contros de formação e integração com a juventude, no sonho de ver acontecer o Projeto Libertador de Jesus Cristo.

O que pensas fa-zer no futuro?

Acredito na im-portância de se ter um projeto de Vida, e eu tenho um. Meu tempo de coordenação da PJ termina em dezembro de 2009, a partir daí pretendo trabalhar em algum lugar que seja de acordo com minha ideologia e projeto de vida. Daqui a dois anos e meio formo-me em Letras e sonho em continuar estudando esta área que tanto amo, principalmente Literatura.

O que gostas em teus pais?Amo em meus pais a grande coragem de

educar quatro filhos, em meio a dificuldades, com firmeza, valores e principalmente com muito amor!

Alguma coisa não gostas em teus pais?

Às vezes cobro mais atenção de meus pais... a gente cresce, mais ainda precisa de seu colo...!

E a família? A minha família é meu refúgio... Para

chorar, rir, para ser quem eu realmente sou e ser aceita deste jeito. Há desentendimentos, mas minha família jamais deixa de ser a coisa mais importante da minha vida.

O que consideras positivo em tua vida?

A minha vontade de construir sempre o melhor, para mim e para a sociedade.

Qual o melhor livro lido? Pergunta difícil de ser respondida! Já

Janaína Oliveira (foto abaixo), 22 anos, residente em Erechim/RS, estudante do curso de Letras da URI,

trabalha na Pastoral da Juventude da Diocese de Ere-chim, é a nossa entrevistada desta edição.

li inúmeros livros maravilhosos... mas há um que sempre me encanta e reen-canta toda vez que eu o leio: “O Peque-no Príncipe – Saint Exupéry”.

Qual o melhor filme?

Sem dúvida: Es-critores da Liber-dade

Q u a l o t e u medo?

Tenho medo de não deixar nada de bom pras pessoas que no mundo vão continuar quando eu me for...

Qual o maior problema dos jo-vens, hoje?

Não sei se é um problema... Mas o que impede muito a juventude de ser feliz é a falta de

Utopias e de vontade de viver um mundo melhor! É preciso ajudar a juventude vol-tar a sonhar de verdade. Sonhos de vida e não sonhos que se compram em qualquer loja.

Qual o maior problema no Brasil de hoje?

Com certeza a desigualdade social.E sobre a felicidade? Felicidade pra mim é sinônimo de sim-

plicidade, quanto mais formos autênticos e simples, buscando a alegria nos pequenos momentos da vida, então seremos felizes.

E sobre religião? Minha religião... a Cristã... é aquela

que eu vivo todo o dia, no meu trabalho, na minha faculdade, na minha família! A minha religião é aquela encarnada na reali-dade e que encontra Jesus Cristo na opção preferencial pelos pobres. Acho que minha religião poderia ser mais bem vivida pela minha Igreja!

E Deus? Assim como encontro minha felicidade

nas coisas simples, encontro Deus também. Na minha oração pessoal, mas principal-mente O encontro na comunidade e na ação conjunta de construir um Novo Céu e uma Nova Terra.

A pergunta volta e se repete sempre novamente: o que é mesmo ser cristão? E, há dois mil anos, a resposta é diferente em cada época e cada cultura, sempre relacionada com realidades dife-

rentes que se vivem em diferentes épocas e diferentes culturas. Nestes últimos tempos vem se acentuando a dimensão do encontro pessoal com Jesus, como aconteceu nos tempos da vida do Jesus histórico, na Palestina. Os primeiros discípulos se “sentiram atraídos pela sabedoria de suas palavras, pela bondade do seu tratamento, pelo poder dos seus milagres e pelo assombro que despertava sua pessoa”, como lembra o documento dos bispos latino-americanos, reunidos em Aparecida, em maio de 2007 (DAp 21). Os que fizeram esta experiência do encontro pessoal com Jesus se tornaram seus discípulos e, logo, missionários daquele Evangelho/Boa Nova anunciado aos pobres. Ser cristão, hoje, é mais do que cumprir alguns preceitos eclesiais, freqüentar missas ou receber sacramentos; ser cristão, hoje, recupera as raízes mesmas do cristianismo e, a partir do encontro pessoal com Jesus, o Cristo do Pai, viver e testemunhar este Jesus, que quer a sua Igreja toda ela missionária, peregrina, itinerante, anunciadora de um mundo de homens e mulheres discípulos missionários, comprometidos com uma nova ordem, solidária, justa, fraterna, misericordiosa (página 6).

Maria José é destas mulheres que “não existem”! Mãe de quatro filhos, ela multiplicou a sua “prole” para mais de 120 famílias que, semanalmente, recebem “o pão nosso de cada dia” das mãos e, prin-cipalmente, do coração desta grande mulher. Tudo começou muito pequeno, como quase todas as grandes obras. A idéia de instalar um forno comunitário veio num encontro do qual Maria José participou, durante uma novena, em Gravataí. A vibração de Dona Zezé, como é carinhosamente conhecida, fez com que jamais tenha faltado ajuda à sua iniciativa. Hoje, muitos pobres de Capão da Canoa agradecem a Maria José terem, pelo menos, um pão diário na sua pobre mesa. Leiam um pouco da “divina” história de Maria José Matos da Silva (página 7) ela que foi agraciada, justamente, pelo governo estadual com o Troféu Anna Terra em março passado.

O Solidário repercute (última pagina) a crise econômica que vai atingindo, literalmente, o mundo todo. Já não existem ilhas de paz e tranqüilidade num mundo globalizado. O sistema neo-liberal do livre comércio está mostrando sua verdadeira face: o “pecado original” da ganância e da compulsão pelo enriquecimento a qualquer custo, deixando os valores da justiça, honestidade e solidariedade num segundo plano, gerou a atual turbulência econômica mundial. Não é nossa intenção contribuir para o aumento da angústia e do medo que vai tomando conta da população diante do que o futuro próximo poderá trazer para a humanidade. Pelo contrário: apresentamos algumas dicas para nos prevenirmos do que vem por aí e renovar, em nosso coração, a confiança num Deus maior que nos dará in-teligência suficiente para superar mais esta crise da humanidade, recuperando os valores que nos tornam e deixam mais humanos, mais gente. Sempre conscientes que a crise é real, está aí, e exige atitudes pessoais e públicas.

Finalmente, como a maioria dos leitores do Solidário reside em Porto Alegre e como a capital é um referente para a atividade públi-ca de todo o Estado, apresentamos a opinião dos dois candidatos à Prefeitura de Porto Alegre sobre um tema que nos afeta a todos, como cristãos e pessoas de boa vontade: o que fazer com nossos meninos e meninas de rua, como acolhê-los e dar a eles e a elas chances reais de uma vida humana digna!? (capa).

família e sociedade3

1o a 15 de novembro de 2008

Deonira L.Viganó La Rosa*Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia

Antes do casamento, as crises do casal se relacionam com a recusa de um dos dois, quando o outro deseja engajar-se em um

projeto; com a incerteza, já que um dos dois não deseja ou não pode fazer projetos para o futuro; ou com a incapacidade de levar em conta a identidade e a liberdade do outro ...

Mais tarde, o risco está no hábito. Os diálogos em profundidade se fazem raros. Surge o enfado, a placidez.

A gente já se conhece, para que mudar ?

O cotidiano “devora” o tempo a dois. O tra-balho mina a nossa vida e nos conduz a procurar tempos de silêncio ou tempos de evasão. Com isso, o lugar do outro e a atenção ao outro diminuem.

A falta de diálogo é o lugar comum da maio-ria dos casais. Um casal que se fala muito bem e facilmente, pouco existe, salvo nos livros. O que um pensa e diz nem sempre corresponde ao que o outro compreende ou espera.

Entretanto, o cotidiano é também o continente da mudança: encontrar os lugares favoráveis ao diálogo (o restaurante, a caminhada à pé, o passeio de carro pela campanha...). Saber pedir perdão e perdoar, o que não é um sinal de fraqueza, ao contrário, é sinal de força interior, de confiança no futuro e no outro.

Integrar docemente, porém com segurança, as falhas de cada um e seus limites: harmonização co-tidiana da vida sexual, distribuição razoável entre o tempo do casal e o do trabalho, investimentos profissionais, de lazer, com amigos...

Conflitos de fundoO desaparecimento dos tempos de diálogo

conduz naturalmente ao enferrujamento da máqui-na. Quando não podemos mais expressar nossas diferenças, nem sentir o sofrimento do outro, nos afastamos um do outro e caminhamos pouco a pouco para a indiferença e, com certeza, vamos bater a cabeça no muro.

Tentar reconciliar-se pelo caminho da sexu-alidade não é a solução. Por vezes, beijar não é senão uma maneira de fazer o outro calar... Nem o beijo, nem o sexo ajudarão a cicatrizar as feridas (nada de filho da crise..., você arrisca a fazer um mal, além de tudo).

Quando nada parece funcionar, nem tudo está perdido: aquilo que reprovamos nos outros é, pro-vavelmente, um pouco da nossa carência. ‘Ele é pouco terno’. E eu, dou-lhe os meios para exercer sua ternura? ‘Ela não me escuta mais’. Será que eu lhe falo de amor?

Crises todo mundo as tem, não é por isso que o divórcio arranjará as coisas (pensando bem, a mulher (ou homem) ao lado não tem todas as qualidades que estão querendo atribuir-lhe...).

As crises do casal ... sem dúvida necessárias a seu progresso

Que são as crises?Crises são momentos nos quais não nos com-

preendemos mais, não sabemos mais quem somos ... E então vêm o silêncio, a agressividade, o tédio ... São as crises de identidade que nos obrigam a colocar em questão, não os valores assumidos des-de o primeiro dia, mas a maneira como os estamos vivendo no momento.

Os acontecimentos nos põem, então, radicais e incontornáveis questões:

- Hoje, quem é o homem, quem é o esposo, quem é o pai que tu és?

- Hoje, quem é a mulher, quem é a esposa, quem é a mãe que tu és?

- Hoje, quem é o casal que nós formamos? Se há crise é porque, de uma ou de outra ma-

neira, eu não aceito que tu sejas “outro” diferente de mim (mas é justamente nesta alteridade que está o jogo do amor...). A alteridade consiste em dizer:

Eu aceito ou eu recuso que tu sejas “outro”, diferente de mim, totalmente “outro”. ‘Eu aceito’ faz a felicidade do casal e ‘Eu recuso’ traz toda a in-felicidade para o casal.

No auge da crise, somente a verda-de e a humildade permitem fazer ultra-passagens absolutamente necessárias para fazer crescer o amor humano.

Às vezes, apelar para a ajuda de um terceiro é uma boa maneira de retomar um dialogo enterrado debaixo de uma trouxa de roupas limpas ... Às vezes, os bons conselhos não são suficientes

e recorrer a um conselheiro conjugal, mediador de família, sexólogo, ou outro, é mais eficaz, na medida em que sua distância do problema e seu saber permitem uma mediação respeitosa entre as duas partes. Com certeza, é menos doloroso que uma pública lavagem de roupa, via advogados em confronto.

Há dois raciocínios que ouvimos com freqü-ência e que são falsos:

O tempo arranjará as coisas. Falso! A crise não diz respeito senão a nós. Igual-

mente falso! Quando estamos doentes no amor e os dois que-

remos sair desta situação; quando, apesar de tudo, ainda acreditamos no poder renovador do amor, é preciso ter a humildade de se fazer ajudar por uma terceira pessoa. O futuro é dos humildes.

*Leitura base: D. Balmelle, Revue Alliance

opinião4

Solicitamos que os artigos para publicação nesta página sejam enviados com 2.400 caracteres ou 35 linhas de 60 espaços

1o a 15 de novembro de 2008

O grampO é O de menOsIvar Hartmann

Promotor de Justiça aposentado*

Quem duvida que no Brasil tudo seja possível? Quando estava sendo escolhido para o STF o atual ministro Gilmar Mendes, o professor e

jurista Dalmo Dallari, assim definiu-o: “Se (Gilmar Mendes) for aprovado pelo Senado, não há exagero em afirmar que estarão ocorrendo sério risco a pro-teção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional”. Na Consti-tuição anterior, o medo de apanhar, fazia os ladrões confessarem para quem vendiam as mercadorias. Hoje silenciam umas horas e voltam ao mercado dos furtos e roubos. Nossa Constituição é boa também para o Ministro Gilmar Mendes que, em nome dela, para atrapalhar ainda mais a polícia, proibiu o uso de algemas e tenta inibir as escutas telefônicas.

Legal ou ilegal, para 99,99% da população brasi-leira, ser grampeado não significa nada, porque nada tem a esconder. Para um político ou um juiz, pelo visto, é um desastre nacional. A escuta telefônica torna público aquilo que eles negam de pés juntos, dando como garantia a vida da mãe e a felicidade dos filhos. Mais uma vez, a figura que está no topo das desconfianças nacionais é o mesmo Gilmar Mendes, definido pelo jurista Dallari: “Com Gilmar corre sério risco o combate à corrupção”. É o que se vê do grampeamento de seus telefones. E deveria ser matéria para o Ministério Público Federal ou a OAB investigar profundamente.

Na conversa gravada e noticiada pela revista Veja, Gilmar chama ao telefone o senador Demós-tenes Torres, ligado ao grupo do ilegalmente solto por Gilmar, Daniel Dantas. Depois de trocar agrade-cimentos pelas providências de Gilmar e a proteção de Demóstenes ao ministro, Demóstenes reclama de dois promotores e um juiz. O Ministro Gilmar concorda com o amigo, sem conhecer a situação. A conversa termina com Torres dizendo: “Se eu não resolver até amanhã (uma solução contra os pro-motores e o juiz), eu te procuro com uma ação para você analisar. Está bom?” e Gilmar responde: “Está bom. Um abraço e obrigado de novo.” Não, Gilmar, não está bom. Nenhum juiz pode ter a amizade que tu demonstraste com uma das partes, prejulgando um fato de interesse dela e prometendo solução do que depois será encaminhado a ti. Não Gilmar. Não está bom. Ao pular instâncias para soltar Dantas, tu infringiste a lei. Ao lutar contra as escutas, tu demonstraste medo pelo que mais tem gravado de ti. Tuas reclamações contra Lula, a PF e a ABIN, são puro medo teu. Dallari tinha razão.

duas rainhas Antônio Allgayer

Advogado

Entre as mulheres, cuja memória a Bíblia perenizou, duas se singularizaram no mundo pré-cristão e no trânsito do Pri-

meiro para o Segundo Testamento. O perfil das duas possui configuração semelhante. Manifestaram ambas respeito pela digni-dade humana, não admitindo que alguém seja coisificado, reduzido a objeto. Uma é Vasti, a esposa de Xerxes, rei dos medos e dos persas. Essa brava mulher ingressou na história por dizer não a uma ordem do seu real esposo. Preferiu perder o trono e a vida a servir de espetáculo. A outra é Maria de Nazaré, a jovem judia que teve a coragem de dizer sim ante o convite intermediado

pelo anjo Gabriel para ser a mãe do Messias ansiosamente esperado.

Vasti afrontou a autoridade do marido, negando-se a exibir a sua alucinadora beleza perante sátrapas embebedados, numa festa celebrada em Susa-a-Cidadela. Cometeu a ousadia de recusar-se a ser objeto. Seu auto-conceito de mulher era-lhe mais caro do que o diadema real. Pagou o preço de sua opção: os grandes dos dois Reinos externaram ao rei o seu temor de que a desobediência da rainha à ordem do seu real esposo viesse a ser invocada pelas mulheres das 127 províncias como precedente para recusarem obediência a seus maridos. Eis por que exigiram do rei a subsituição de Vasti por mulher dócil e sub-missa às imposições maritais. Com a desgraça de Vasti lograram a desejada garantia de que “ todo homem seja senhor em sua casa...” (Est l, 21-22).

Maria de Nazaré foi consciente de que

nela fizera grandes coisas o Todo-Poderoso e que todas as gerações a proclamariam bem-aventurada (Lc 1, 48-49). O vate florentino, Dante Alighieri, autor da Divina Comédia, expressa em estância de insuperável densidade estilística o inefável mistério da maternidade divina de Maria. Em patética sustentação teo-lógica proclama que a Virgem de Nazaré viveu o paradoxal evento de gerar o seu genitor. Nela e por ela Deus, feito um de nós, guindou-nos à dignidade de homens divinizados.

Maria foi fiel discípula do Filho, cum-prindo o seu dever de mãe e mantendo-se impávida junto ao patíbulo em que agonizava Jesus, o Salvador do Mundo. Sobre ela se escreveram montanhas de livros e segue sendo venerada por incontável número de cristãos e muçulmanos. A partir do Concílio de Éfeso, Maria de Nazaré tem sido invocada como Theotokos, Mãe de Deus.

Vasti é pálida presença no Livro de Ester.

Sua memória diluiu-se na penumbra de um patriarcalismo renitente, cujas seqüelas são perceptíveis até hoje....!

Vasti rainha, a qual Daniélou teria por certo incluído em sua lista dos “santos pa-gãos”, representa o “eterno feminino”, (das Ewige Weibliche) do poeta Johann Wolfgang von Goethe, essa “energia luminosa e casta”, no verbo candente de Teilhard de Chardin.

As duas mulheres viveram situações díspares, mas deram resposta paradoxalmente semelhante. Vasti engrandeceu a humanidade pela desobediência. Maria dignificou-a pela obediência.

Não será temeridade contextualizar o mérito de uma mulher pagã com predicados da excelsa Mãe da Igreja. Vasti o merece. Mártir da dignidade, consagrou-se protótipo e epifania da mulher leiga vocacionada a vivenciar o amor autêntico num mundo dilacerado por aspirações antagônicas e perversas desigualdades....!

“saudade, sim! TrisTeza, nãO!” Frei Ivo Bortoluz

Toda dor que sentimos e enfrentamos, sempre é uma dor doída.Porém, a dor que mais dói, é a dor da saudade!Saudade daquela pessoa que já morreu e que nos transmitia tanta força e proteção.

Saudade daquela pessoa que já partiu e que era uma presença que diminuía nossa dor e nosso sofrimento.Saudade, também, daquela pessoa amiga que mora longee que faz tanto tempo que não se vê.Saudade, por incrível que pareça, saudade da gente mesmo!Toda saudade é doída e dolorida!Porém, a saudade que mais dói, é a saudade de quem a gente ama!Saudade da presença de alguém que está distante.Saudade de alguém que não se sabe o que está fazendo.Saudade de alguém com quem se partilhou tantos momentos bonitos.Saudade de alguém que foi um ombro no qual encontramos tanto conforto e consolo.Saudade de alguém, com quem até discutimos, por termos idéias diferentes.Saudade de alguém,que chateava a gente, por reclamar que não tínhamos bom gosto no vestir.Saudade de alguém,que não usava a roupa que nos deixava mais felizes.Saudade de alguém, que soube encontrar tempo para nos escutar.Saudade de alguém,que sempre tinha uma palavra certa para nos dizer.Saudade de alguém,que aquela música que ouvimos, nos faz derramar lágrimas.Saudade de alguém, no entardecer de um dia, quando nosso coração parece que vai explodir pela falta que esse alguém está nos fazendo.Saudade do silêncio e do olhar:silêncio que nos falava tão alto,olhar que nos transmitia tanta ternura.Saudade de alguém que sua imaginação consegue visualizar,mas que você não vê, embora sinta vontade de tocar.“SAUDADE,SIM! TRISTEZA, NÃO!”Neste comecinho de novembro, dê-se o direito de sentir esta saudade!Mas, não dê uma de forte, quando seu coração reclama a presença de alguém que está distante.Não se enterre dentro da dor da saudade, mas também, não fuja desta saudade que deixa aquela dor tão profunda.Dentro da saudade, sinta o conforto e o consolo,por tanta coisa bela e bonita que você viveu, com quem já partiu.“SAUDADE, SIM! TRISTEZA, NÃO!”Não deixe a tristeza tomar conta de você.Com a saudade, sinta a presença de alguém que está distante.Mas, também, sinta a alegria de poder amar a quem ainda está com você.Amanhã, com certeza, você vai ter que se separar desse alguém.Embora doída, a dor da saudade faz tão bem,pois só sente saudade, quem soube amar.Quando não se ama, no lugar da saudade, fica o remorso.E, como dói sentir o remorso por ter podido amar e não ter amado.“SAUDADE, SIM! TRISTEZA, NÃO!”

Será que precisamos de tudo aquilo que desejamos ter? Você já parou para pensar sobre isso? Lembramos de uma passagem narrando que Mahatma Gandhi, depois de ter conseguido a independência da Índia, fez uma visita à Inglaterra. Passeava com algumas pessoas pelas ruas de Londres, quando sua atenção foi atraída para a vitrine de uma famosa joalheria. E ali ficou Gandhi, olhando as pedras preciosas e as jóias ricamente trabalhadas. O dono da joalheria imediata-mente o reconheceu, e foi até a rua saudá-lo:

Muito me honra que o Mahatma esteja aqui, con-templando o nosso trabalho - disse ele. Temos muitas coisas de imenso valor, beleza e arte, e gostaríamos de oferecer-lhe algo.

Sim, estou admirado com tanta maravilha - res-pondeu Gandhi. E, mais ainda, estou surpreso comigo, pois ainda consigo viver e ser respeitado sem precisar usar jóias.

Outro espírito muito sábio também se refere a estas mesmas questões. O Dalai Lama, em sua obra “A arte da felicidade”, traz observações e apontamentos sobre isso, propondo a seguinte prática:

Toda vez que estivermos diante de algo que desejamos adquirir, algo que nos desperte o desejo, a vontade, indaguemos a nós mesmos: será que eu preciso disso?

Se nos deixarmos levar por um primeiro impulso responderemos “sim, é claro que preciso”, pois ainda não racionalizamos nada. Agora, se pensarmos um pouco mais, e deixar este primeiro ímpeto para trás, conseguiremos descobrir se realmente estamos preci-sando daquilo.

Assim, assegura-nos o líder tibetano que não seremos facilmente seduzidos pelas conquistas mate-riais, que tendem a querer nos escravizar. Nosso ser é frágil, e ainda acha que precisa de recursos externos para assegurar sua felicidade. A baixa auto-estima, por vezes nos faz procurar no mundo algo que consiga ele-vá-la. Comprar roupas, carros, jóias, pode trazer uma certa satisfação às nossas vidas, mas ela será apenas momentânea, e logo que o encanto com o novo passe, voltaremos ao nosso anterior estágio de felicidade. O ser que busca a espiritualização, vai encontrar os recursos para construir sua felicidade naquilo que não é matéria, vai encontrar a satisfação nos sentimentos, nas ações nobres que pratique em favor do outro, numa conversa amiga, na contemplação da natureza.

O ser que busca a espiritualização precisa rever seus valores, e não ceder aos apelos da mídia e dos modismos, conseguindo assim alicerçar sua felicidade em terreno seguro.

O Sábio dos Sábios um dia ensinou: “não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e roubam. Mas, ajuntai tesouros no Céu, onde nem a ferrugem destrói, e onde os ladrões não arrombam e nem roubam.

Pois onde estiver o vosso tesouro, aí estará tam-bém o vosso coração”. (autor desconhecido)

será que eu precisO?

educação e psicologia51o a 15 de novembro de 2008

TimidezA Timidez é um padrão de comportamento em que

a pessoa não exprime seus pensamentos e sentimentos, sentindo-se bloqueada ou inibida para se auto-expressar com espontaneidade. Isto produz certa inabilidade em interagir com as pessoas em situações sociais, criando constrangimentos e sentimentos de rejeição. Em seu íntimo gostaria de dizer ou fazer alguma coisa, mas tem medo de se expor, tem receio de provocar reações contrárias e ficar excluído de seu grupo, bem como de ouvir de seus pais ou professores que ele sempre pode-ria ter feito melhor. Em geral, é uma pessoa introvertida que necessita da aprovação dos outros, principalmente de seus colegas e amigos, com os quais se coloca em competição.

Mateus tem 16 anos, está na 2ª. Série do Ensino Médio. Sua Escola adota o sistema de notas 0-10 e seus Boletins mensais raramente tem nota inferior a 9,0. Entretanto no último mês, obteve um 7,0 e um 8,5. Ele não queria reclamar, nem fazer recuperação para modificar a nota. Seus pais ficaram inconformados e foram falar com a orientadora educacional, justifi-cando suas notas “baixas”, em virtude de uma forte gripe ter estado acamado na véspera das provas. Mas ele negou-se a comparecer às aulas de recuperação e a fazer um novo trabalho. Dizia e prometia que isso não mais viria a acontecer.

Timidez e perfeccionismoOs intrigantes caminhos da realização

pessoalJuracy C. Marques

Professora universitária. Doutora em Psicologia

Há uma teoria denominada Psicologia Positiva fundada por Martin Seligman, em 1998, quando presidente da Associação Americana de Psicologia. Ela propõe que estudos e pesquisas em Psicologia se voltem para os aspectos positivos da realidade humana, ao invés de acentuar

desvios e patologias. Por exemplo, bem-estar, contentamento, otimismo, esperança, alegria, espiritu-alidade. Avaliar sua vida como significativa e produtiva, fazendo com que você possa sentir-se como uma pessoa eficiente e eficaz. Para tanto é preciso discernir entre as muitas coisas que faz, aquelas que gosta e valoriza e, portanto, conferem a suas ações e atitudes as marcas da auto-estima e da confiança em si próprio e nos outros. Assim, poderá sentir que suas atividades fluem, sem maiores esforços, pois correspondem ao que de melhor existe em seus talentos, sua criatividade, seus princípios e valores.

PerfeccionismoPerfeccionismo, por outro lado, é uma procrastinação:

o indivíduo custa muito a atingir o momento em que se dá por satisfeito com aquilo que faz ou pensa ou se propõe a expressar e vai deixando para depois, aquilo que se pro-põe realizar. Tem dificuldade de iniciar de imediato suas tarefas, pois sempre acha que ainda não atingiu o ponto ótimo de seu desempenho. Está sempre se auto-avaliando e exigindo mais e mais para fazer ou dizer alguma coisa. Tem medo de errar, e não gosta de ser criticado, pois enten-de a crítica como desaprovação e não como oportunidade de melhorias. Não se dá conta de que a perfeição é uma ilusão inatingível. Só Deus é perfeito! O que nos compete é fazer tão bem quanto possível, aceitando limitações pró-prias, tanto quanto as que decorrem de fatores externos, em função de circunstâncias e situações que estão para além de nosso domínio.

Joana, 14 anos, está na 1ª. Série do Ensino Médio, teme a crítica e a desaprovação, principalmente dos colegas. Faz e refaz seus trabalhos de sala de aula, inúmeras vezes e acaba sendo a última a entregar, sen-do que algumas vezes perde o prazo e é recriminada por isso. É alegre e extrovertida. Participou de uma dramatização sobre crianças de rua, tendo escrito junto com outro colega o ‘roteiro ‘ da encenação. A apresentação foi um sucesso, muito aplaudida pelos colegas. Mas ela não ficou nada satisfeita. Pergunta-ram-lhe: “Por quê?” Ela respondeu: “Foi ridículo e bizarro... não conseguimos sincronia entre as falas e o som... Até nem sei como é que entenderam, hehehe... da próxima vez chegaremos lá”.

Timidez e Perfeccionismo, portanto, não são transtornos mentais, uma vez que os indivíduos, apesar de algum sofrimento, conseguem realizar suas atividades de maneira satisfatória e tolerar frustrações e decepções comuns na vida cotidiana, quando se desfazem ilusões e se é obrigado a aceitar frustrações, de conformidade com a realidade com suas naturais vicissitudes.

tema em foco6

1o a 15 de novembro de 2008

Acredito que um dos caminhos da gênesis do discipulado nasce da pergunta: “Mestre,

onde moras? Venham e vocês verão. Então eles foram... E começaram a viver com Ele”, Jo (1,38-39). Tudo se dá a partir do “Encontro”. Ser discí-pulo é bem mais do que ser “adepto de uma pessoa”. No itinerário da missão apresentado por Jesus, ser discípulo é ver Nele o único Mes-tre, é fazer de seu Projeto o ideal de vida.

Na contínua busca da descoberta do que venha a ser discípulo, encon-traremos em (At 11,26) uma grande inspiração quando diz: “... Em An-tioquia chamaram pela primeira vez os discípulos de cristãos”. E o que é ser cristão? É ser discípulo de Cristo no sentido de segui-lo e estar ligado a Ele pessoalmente, manifestando assim, a experiência do “Encontro”. É neste contexto que se fundamenta a vocação missionária.

Dignidade para todosPe. Libermann, fundador da

Congregação do Espírito Santo, dizia ao falar do seguimento: “Vocação é, antes de tudo, um encontro pessoal com Jesus Cristo”.

Segundo Ramón Cazallas Ser-rano, o termo discípulo se repete cerca de 250 vezes no Novo Testa-mento. Em grande parte, refere-se aos discípulos de Jesus. Ele acolheu no seu “movimento” e vinculou no seu Reino todos os que quiseram escutá-lo e segui-lo, sem se importar com normas especiais de pureza e de conhecimento, como faziam outros grupos do seu tempo, como os es-sênios e fariseus. Jesus logo encon-trou pobres que foram os primeiros destinatários da sua pregação. Para eles viveu e por eles lutou na busca de dignidade de suas vidas. “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10).

Ser testemunhasOs discípulos de Jesus não se

limitavam a transmitir o que o Mes-tre havia dito, palavra por palavra, mas, a ser “testemunhas” da vida e dos fatos que Jesus realizou, anun-ciar o Reino e fazer com que esta realidade se tornasse possível. Os discípulos transmitindo a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, são mais testemunhas do que veículos das tradições e leis verbais. Como chegaram a ser discípulos de Jesus? O Documento de Aparecida diz: “Os

Discípulos missionários que se sentiram atraídos pela sabedo-ria das suas palavras, pela bondade do seu tratamento e pelo poder dos seus milagres, pelo assombro inu-sitado que despertava sua pessoa, chegaram a ser discípulos de Jesus” (DAp 21).

Mestre itineranteJesus, ao contrário dos mestres

da época, era um Mestre itinerante. Não formou, por isso, discípulos sedentários, mas os associou a suas andanças missioná-rias. O discípulo é chamado a ser mis-sionário e este, por sua vez, se tornar dócil às exigências do Mestre.

A visão missio-nária da Igreja é a mesma recebida pelos Apóstolos no dia da Ascensão do Senhor, no monte da Galiléia: “Vão e façam com que todos os povos se tornem meus discí-pulos” (Mt 28, 19). Esta missão tem sido possível reali-zar porque carrega consigo a promessa do mesmo Senhor Jesus: “O Espírito Santo descerá so-bre vocês, e dele re-ceberão força para serem minhas tes-temunhas... até os extremos da terra” (At 1, 8). A Missão de Jesus nasce do Mandamento do Amor, assim sen-do, o missionário deve esforçar-se para ser discípulo e o discípulo para ser missionário de Jesus Cristo. Os dis-cípulos nasceram da Missão, por isso dentro do contexto da ação pastoral, devemos lutar para que a dimensão missionária perpasse todas as ativi-dades da Ação Evangelizadora da vida da Igreja. Rede de comunidades

O Documento de Aparecida diz que “a renovação das paróquias no

início do terceiro milênio exige a reformulação de suas estruturas, para que seja uma rede de comunidades e grupos, capazes de se articular conseguindo que seus membros se sintam realmente discípulos e mis-sionários de Jesus Cristo em comu-nhão... “(DAp 172). O atual Projeto Nacional de Evangelização, que tem como título “O Brasil na Missão Continental” e lema “A Alegria de ser Discípulo Missionário”, motiva a partir dos gestos concretos com o

objetivo de intensificar a consciência missionária nas atividades que já estão acontecendo em cada Diocese. E como Igreja, devemos seguir cada vez mais os passos de Jesus, nos transformar numa Igreja peregrina, itinerante e não nos conformar sim-plesmente com a “religião do tem-plo”, mas nos colocar a caminho.

Muitas pessoas vão ao encontro

da Igreja em busca dos sacramentos, onde são feitas exigências necessá-rias para uma válida e proveitosa recepção do sacramento. Essas pessoas recebem o acolhimento que merecem, mas depois, não se enga-jam na comunidade. A Igreja não vai ao encontro delas e até mesmo as esquece.

Leitura oranteUma idéia que considero vin-

da do Espírito Santo, mas que ainda não foi bem assumida são

a s “San tas Missões Po-pulares”. A primeira re-comendação de Jesus aos Doze, quan-do os enviou em missão, f o i e s t a : “Vão primei-ro às ovelhas perdidas da casa de Is-r a e l ” ( M t 10, 6). Para r e s p o n d e r aos desafios da missão , o discípulo m i s s i o n á -rio deve an-tes de tudo, a l i m e n t a r o seu viver na Mís t i ca Missionária. Neste senti-do, o Projeto “O Brasil na Missão Con-tinental” dá ênfase, entre outras inicia-tivas, à Lei-tura Orante da Bíblia na ótica missio-nária. A mís-tica missio-nária de Je-sus era fazer a vontade do Pai, “Eu e o

Pai somos um”, para Paulo, era sua profunda intimidade com Cristo, “ para mim viver é Jesus Cristo”. E para nós, discípulos (as) missionários (as) de Jesus Cristo, qual é a mística que nos sustenta na missão?

Pe. José Altevir da Silva, CSSpAssessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial

Pe.José Altevir da Silva

ação solidária7

1o a 15 de novembro de 2008

Ela é mãe de quatro filhos e avó de quatro netos. E tem um coração de mãe que se compadece e mobiliza a comunidade para ajudar um pouco

para o pão-nosso-de-cada-dia de muitas outras pessoas. Coincidência ou destino, ela se chama Maria José, o mesmo nome dos pais do menino de Nazaré. Maria José Matos da Silva, (foto), 62 anos, conhecida e amada apenas pelo nome de Dona Zezé, mãe e avó de dezenas de ‘jezuzinhos’ de três bairros pobres da cidade. “Hoje estou com mais de 120 famílias. Só para os bairros vão 450 pães. Hoje, quarta-feira, as nossas crianças nos bairros estão esperando o pão chegar. No Bairro Coelho deixamos pão para 23 famílias, no Arco Íris para 35 famílias e no Barco temos 33 famílias. E tem os que vem buscar direto aqui”. Por essa iniciativa, Maria José foi uma das 25 mulheres gaúchas homenageadas em março último com o Troféu Anna Terra pelo Governo do Estado.

Mão na massaA movimentação no salão de tijolos à vista, contí-

guo à bem modesta casa de D.Zezé começa cedo, todas as terças-feiras, entre os meses de março e novembro. É ali que é preparada, repartida e posta em formas a massa que será pão. “Elas me ajudam. São quatro ami-gas que estão sempre comigo: a Loride, a Maria Olívia, a Maria Helena e a Rose. A Rose bota a lenha e faz o fogo nos fornos e assa o pão. Agora está ensinando a Maria Helena para alguma eventualidade”, diz Zezé. O resultado do esforço aparece no fim da tarde com centenas de pães empilhados e fresquinhos, prontos para serem distribuídos para famintas bocas.

MobilizaçãoDiversas entidades e pessoas se associaram à ini-

ciativa do forno comunitário. “O Lions clube ajudou a construir esse salãozinho onde também desenvolvemos outras atividades de apoio aos pobres. Os sócios do Lions também ajudam com a farinha. São 110 quilos todas as semanas. Mas a comunidade nunca me deixou empenhada. É gente de toda a Capão da Canoa. Tenho vários anjos da guarda que deixaram seus telefones para qualquer socorro. Quando preciso – farinha ou outro material – telefono para algum deles. Outros me telefonam: ‘Zezé está precisando de alguma coisa’? Também o pessoal da Rádio Horizonte e do jornal Litoral em Foco estão sempre prontos para me ajudar nos pedidos de socorro”, confessa Maria José.

Por que Madre Assunta? “Ela é a padroeira do Forno Comunitário. Quando

estávamos para dar o nome, houve muitas sugestões até que a Irmã Guiomar (da Congregação de S. Carlos Borromeu) sugeriu esse nome. Pronto, estava resolvido o problema. Irmã Assunta é uma santa. O irmão dela era padre e veio para o Brasil, na época da Guerra, e mandou buscar a irmã na Itália. Ela é minha guerreira. Rezo e ‘discuto’ com ela quando começam a faltar as coisas aqui. E ela manda. Aí chego na frente da imagem e agradeço”, se emociona D. Zezé.

(Madre Assunta Marchetti é co-fundadora, junto com seu irmão Padre José Marchetti, da Congregação

Pão para quem tem fome Forno Comunitário Madre Assunta alimenta 120 famílias

Há 11 anos, todas as terças-feiras, dezenas de famílias pobres de Capão da Canoa recebem o pão caseiro feito em for-nos de tijolos para ajudar na sua alimentação

das Irmãs Missionárias de S. Carlos Borromeu, Sclabri-nianas. A Irmã nasceu na Itália e dedicou grande parte de sua vida para órfãos e migrantes na cidade de S. Paulo. A Igreja a declarou Serva de Deus e seu processo de beatificação está em andamento no Vaticano).

A semente do forno“Nasci na roça onde morei até meu 14 anos. Éra-

mos 10 irmãos. Muito ajudei a fazer açúcar, desse mascavo como chamam agora. Mas, para nós, o nome era açúcar ligeiro. Também fizemos muita farinha de mandioca. Tudo para vender no litoral”, explica D. Maria José.

Natural de Colônia, um núcleo rural à época per-tencente ao município de Três Cachoeiras, em suas andanças migrante, Dona Zezé veio morar nos arre-dores de Gravataí, onde nasceram seus primeiros três filhos. “Um dia, isso lá em 1985, durante uma novena, o Padre Álvaro veio falar comigo e propôs a criação de uma forno comunitário. Perguntei: como é isso?

Acabei aceitando e junto com as irmãs do Hospital de Gravataí, construímos o forno num terreno perto de uma olaria nas proximidades do CTG Estância de S. Pedro. E o forno continua lá, funcionando.

Em 1986 vim morar em Capão da Canoa e logo comecei a batalhar por um forno aqui. Foi difícil, muito difícil. Até que, numa tarde, a Rádio Horizonte me abriu espaço. Pronto, em 60 dias, o forno está constru-ído e funcionando. Foi um projeto da comunidade, do povo em peso. Comecei com 10 famílias. Foi subindo. Às vezes eram oito, nove da noite, estava tirando pão e as mães sentadas esperando para levar o pão para casa. Mas valeu a pena”, desabafa D. Zezé.

A sede do Forno Comunitário Madre Assunta fica na Rua Getúlio Vargas, 364, bairro Santa Luzia, Capão da Canoa. Fone: (51) 3625-5138

8 saber viver1o a 15 de novembro de 2008

CONSELHOS PARA VIVER MELHOR III

Das Universidades Harvard e Cambridge

* Não preparar frutas ou vegetais antecipadamente. Os vegetais ou frutas, sem-pre frescos, devem ser cor-tados e descascados na hora em que forem consumidos. Isso aumenta os níveis de nutrientes contra o câncer.

* Ligar periodicamente para seus pais/familiares. Um estudo da Faculdade de Medicina de Harvard concluiu que 91% das pes-soas que não mantém um laço afetivo com seus entes queridos, particularmente com a mãe, desenvolvem alta pressão, alcoolismo ou doenças cardíacas em idade temporã.

* Desfrutar de uma xí-cara de chá. O chá comum contém menos níveis de an-tioxidantes que o chá verde, e beber uma xícara diária desta infusão diminui o risco de doenças coronarianas. Cientistas israelenses tam-bém concluíram que beber chá aumenta a sobrevida de-pois de ataques cardíacos.

Reunião realizada em São Paulo, no mês passado, entre o presidente da Área de Pesquisa Científica e Desenvolvimento da Baxter International, Norbert Rie-del, e representantes do Governo, parlamentares e profissionais da saúde, abordou as principais ten-dências futuras das pesquisas nesta área – como os estudos com célu-las-tronco, a medicina regenerativa, procedimentos que aumentam a segurança do paciente e tecnologias que estimulem o tratamento domi-ciliar - e algumas das terapias de ponta que estarão disponíveis para os pacientes brasileiros a partir do ano que vem.

Entre as novidades, o cientista apresentou os mais recentes avan-ços em terapias de infusão intrave-nosa (as que são ministradas na veia a pacientes hospitalizados, como medicamentos, soro fisiológico e outras soluções) e dará destaque especial ao sistema needleless, que dispensa o uso de agulhas em algumas etapas desse processo.

Os principais esforços nessa área visam reduzir o risco de in-fecção hospitalar e oferecer maior

Antes dA horAMarta Sousa Costa

Escritora

Antes da hora, já “matei” muita gente, pela crença generalizada de que ser portador de um tumor cancerígeno era sentença de morte. Detectada a doença, o sujeito passava a ser olhado

de forma consternada, como se todos já o considerassem mais pra lá que pra cá e começassem a se despedir. Olhado, não encarado, porque poucos se sentem com força suficiente para enfrentar o olhar de quem se supõe que esteja prestes a partir.

Herdeiros menos amorosos poderiam iniciar a lista dos bens a dividir; mulheres sozinhas, à cata de um bom partido, talvez princi-piassem a observar o comportamento do futuro viúvo, preparando a estratégia de ataque.

Só que eu não sabia, quando me enchia de lástima, ao tomar conhe-cimento do diagnóstico recebido por alguém, que não apenas os gatos possuem sete vidas. Cada ser humano também recebe essa dádiva, multiplicada várias vezes.

Puxamos um ás da manga, quando o automóvel que vem ao nosso encontro, na ultrapassagem inapropriada, consegue desviar para o acostamento, no último segundo; quando recuamos um passo, apenas um, e esse é suficiente para a moto passar em louca disparada, deixan-do-nos trêmulos de emoção, mas inteiros. Puxamos nova carta, quando evitamos um caminho ermo, à noite, e no dia seguinte lemos na crônica policial sobre assalto com vítima, justo naquela esquina.

Da mesma forma, podem ser consideradas as doenças que nos assal-tam: novas vidas que nos são oferecidas, para que tenhamos tempo de nos reciclar. Aturdidos pelo absurdo ou a crueldade do que lhes sucedeu, alguns não conseguem reconhecer a nova chance recebida. Privilegiados são os que se dão conta e saboreiam com gosto a oportunidade.

Contudo, aos poucos, a maneira de encarar o câncer começa a mu-dar, muito pela transparência com que algumas personalidades públicas trataram o assunto. Entre essas, o melhor serviço de desmitificação da doença talvez tenha sido feito pela apresentadora Ana Maria Braga, ao apresentar com naturalidade e coragem o seu problema.

Outras pessoas, porém, ficam se questionando, inconformadas com o diagnóstico inesperado. Por quaisquer razões, há quem se acredite imune. Mas, tal qual perda de memória durante o discurso ou diarréia repentina em acontecimento social, ninguém está livre. Entrou na parada, corre o risco.

Há algum tempo, ao desconfiarem do problema – por medo de encarar a verdade, por não desejarem incomodar os próximos ou simplesmente por ignorância – era comum que as pessoas preferissem ignorar até ser tarde demais e todos os recursos estarem esgotados. Com a maior divulgação dos casos bem-sucedidos, é natural que a procura por ajuda médica se faça mais rápida. Mas, além disso, sem pânico, por simples bom senso, a obediência à regularidade das revisões é fundamental para o sucesso do procedimento. Considerar-se em ótimo estado e adiar a consulta médica é dar fôlego ao imprevisível, aprendi por experiência própria.

Hoje, sei que um diagnóstico de câncer não precisa ser sentença de morte. Em alguns casos, como o meu, por exemplo – em três anos, 3 cirurgias, 2 tratamentos de quimioterapia e 2 de radioterapia – já nem sei se é piada. De qualquer forma, prefiro considerar como uma corrida de obstáculos, encarados e vencidos à medida que se apresentem. Também como a aprendizagem que decerto precisava.

Nos intervalos, muita festa, alegria, convivências prazerosas, apren-dizagens, viagens, novos interesses – que ninguém é de ferro.

Novas tecnologias em saúde chegarão ao Brasil

segurança aos doentes e profissio-nais de saúde. Uma das infecções mais comuns e preocupantes é a da corrente sangüínea, relacionada com o uso de cateteres. Aproxi-madamente 90% dos pacientes internados recebem algum tipo de infusão intravenosa e o risco a que estão sujeitos é a entrada de bactérias e outros microorganismos na corrente sanguínea junto com a medicação administrada. Estima-se que no Brasil cerca de 5% a 15% dos pacientes internados contraem algum tipo de infecção hospitalar. Sem o uso de agulhas, diminuem as chances de contaminação por manuseio e entrada de ar.

Medicina

regenerativaRiedel apresentou um novo

medicamento capaz de interromper sangramentos abundantes de vasos ou órgãos em cirurgias de alto risco ou em casos de ferimentos por tiro. Em fase de aprovação pela ANVI-SA, será a primeira medicação no país com esse tipo de caracterís-tica e indicação precisa, e deverá complementar os atuais métodos mecânicos (como pinçamento ou ligadura). Além de aumentar as chances de sobrevivência do pa-ciente, a nova substância reduz o tempo de cirurgia e a necessidade de transfusão de sangue.

Novas formas de administração de

medicamentosOutro foco importante das pes-

quisas é facilitar a administração de medicamentos. Um dos avanços que serão apresentados é um medi-camento composto por uma enzima humana geneticamente modificada que ajuda o paciente a absorver as outras medicações Ele permite que pessoas com dificuldades para receber terapia pela veia possam ser tratadas por via subcutânea e que a medicação seja aplicada em qualquer parte do corpo. Serão beneficiados principalmente crian-ças, idosos, vítimas de acidente de trânsito e pessoas que necessitem de atendimento de urgência na rua, por exemplo.

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1o a 15 de novembro de 2008

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Alicia Bárcena, secretária executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CE-PAL), sediada no Chile, informa que vai revisar

para baixo sua projeção de crescimento para a América Latina e o Caribe, em 2009, devido aos efeitos da crise financeira internacional na região.

O vice-presidente colombiano, Francisco Santos, em entrevista concedida a Bloomberg News, em seu es-critório, em Bogotá, declarou: “Estamos em uma grave crise econômica. O financiamento ficará cada vez mais escasso, e isso significa que o investimento será difícil de atrair”.

O presidente da Costa Rica, Oscar Arias, advertiu que o crescimento do país pode cair à metade com a redução dos investimentos.

Ricardo Espírito Santo, chefe da unidade brasileira do português Banco Espírito Santo S.A., declarou: “No Bra-sil, o crédito, que foi a força motriz da expansão mais ace-lerada em mais de uma década, está secando”. A Empresa Brasileira de Aereonáutica S.A. (EMBRAER), a quarta maior fabricante de aviões do mundo, disse que o aperto nos mercados de crédito estão tornando mais difíceis as compras, por alguns dos clientes em potencial.

Nicholas Field, que participa da gestão de cerca de US$ 18 bilhões em papéis de mercados emergentes na Schroders, sediada em Londres, declarou: “A grande questão para a América Latina é qual a duração e a pro-fundidade dessa retração econômica cíclica, e o quanto ela reduzirá nos preços das commodites”.

Alicia Bárcena acredita que a situação dos países da América Latina depende muitíssimo de até onde esta crise chegue. A chefe da CEPAL mencionou as economias do Chile, México e Brasil entre as que têm uma solidez fiscal importante para enfrentar a crise, que se originou nos Es-tados Unidos e que desacelerou os mercados mundiais.

Dom estevão: sábio e santo

Hugo HammesJornalista

Foram poucos, mas muito enriquecedores, os meus contatos com Dom Estêvão

Bettencourt, recentemente faleci-do no Rio de Janeiro, com a idade de 88 anos. Meu relacionamento se dava mensalmente através da revisa “Pergunte e Respondere-mos”, que assino há 40 anos. Sua vida e obra foram exaltadas por eminentes figuras eclesiásticas, como os cardeais Dom Euzébio Scheid – “um dos mais preciosos luminares da Igreja do Brasil” – Dom Eugênio de Araújo Salles – “aliou o brilho da inteligência a um valioso acervo de uma notável bagagem intelectual” – Dom Cláudio Hummes, Dom Odilo Scherer e o secretário ge-ral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa.

Como monge beneditino cumpriu rigorosamente a máxima de S. Bento “Ora et Labora”, fiel à sua vocação de homem inteira-mente consagrado a Deus.

Acessível, simples e humil-de, teve uma constituição física frágil, obrigado a enfrentar duros sofrimentos, principalmente por problemas de coluna. Mas o seu corpo abrigava uma figura impressionante: sábio, asceta e santo. Dominando diversas línguas, possuía uma cultura religiosa enciclopédica. Escritor, tradutor, articulista, era chamado freqüentemente para conferências e cursos. Além de um programa diário na Rádio Catedral, dava entrevistas à imprensa sobre as-suntos da Igreja. Foi autor de mais de meia centena de livros, sem contar os populares opúsculos, refutando as mesmas acusações que volta e meia vinham nova-mente à tona.

Lamento o cancelamento da circulação da revista “Pergunte e Responderemos”, da qual Dom Estêvão Bettencourt era diretor e redator de todas as matérias. Antes de sua morte ainda deixou prontas três edições. Para mim ela fará uma falta imensa, pois é dedicada a um católico exigente, interessado em esclarecer e apro-fundar sua fé, dentro da linha da ortodoxia, e se abeberar nas fontes autênticas da Sagrada Escritura e do Magistério da Igreja.

Compreendo a decisão da Ordem Beneditina. Na realidade, P&R era a marca inconfundí-vel de Dom Estêvão e não há como dissociá-lo de sua pessoa. Sempre fiquei admirado da sua inacreditável capacidade de tra-balho. Contentava-se com pouco tempo de sono. Nunca deixou de participar dos rituais da vida monástica. Mesmo com as suas limitações físicas, cada vez mais graves, deixou uma herança ex-traordinária, através de uma vida plena de realizações intelectuais e espirituais.

Cláudio Becker CECA

É preciso manter viva e bem acesa a chama da indignação contra toda e qualquer forma de violência e opressão, como também com as di-famações e desrespeitos. Segundo a Bíblia, “é do interior das pessoas

que provêm os maus pensamentos” (Mc 7,21). Referimo-nos ao artigo infeliz, inconseqüente e irresponsável de Carmen Galvão, intitulado “Heresias”. Surpreende saber que ela se intitula “Teóloga Leiga” querendo discutir e até rebaixar, contradizer e difamar uma Teóloga de renome que assessorou o 4.º Seminário sobre Teologia da Libertação e Educação Popular.

De forma gritante, é lamentável o total desconhecimento e ignorância da referida “teóloga” Carmen Galvão, pessoa que não foi capaz de fazer uma reflexão e, muito menos, entender os conteúdos trabalhados no seminário. Anteriormente, o artigo publicado no jornal chegou às nossas mãos, equipe de coordenação, através de outras pessoas, revelando a fraqueza em hones-tidade da escritora em não enviar a quem de direito. Na ocasião, lemos o texto, com estranheza e sentimento de compaixão pelo não entendimento da autora a respeito do que significou o seminário, motivo pelo qual a pessoa estava distorcendo o conteúdo. Por isso, não mereceu consideração da equipe organizadora. Mas, no momento em que vai para um jornal público e de ampla divulgação, o artigo não está só prejudicando os assessores, a coordenação do evento, mas a ela mesma e até a Igreja, da qual afirma ser grande defensora, principalmente das questões teológicas, ético-morais, merecendo, portanto, uma resposta.

A autora do artigo “Heresias” mostra seu total desconhecimento sobre as Entidades e pessoas promotoras do Seminário, que há quatro anos vêm promovendo semelhante evento, com brilhantismo e competência, cujo material produzido comprova. Assim, entidades respeitadas e reconhecidas nacionalmente e internacionalmente, com grande repercussão na América Latina, não seriam tão irresponsáveis em provocar “heresias”.

Dentre os muitos equívocos que Carmen Galvão cometeu, acertou em dizer que o grupo de coordenação era Ecumênico. São seis pessoas das igrejas: Luterana, Católica e Presbiteriana, pertencentes a quatro Instituições (AEC-RS, CEBI, CECA e CELADEC) que se unem, solidária e ecumenicamente, de forma responsável e comprometida, para refletir sobre o que oferecer às pessoas, às lideranças populares e pastorais, na ótica da Teologia da Libertação e Educação Popular. Preocupam-se em organizar e oportunizar espaços para discutirem questões que se passam pelo mundo afora, no caso, a pertinente questão ecológica, a defesa da “Terra – eco Sagrado”, cujos objetivos do Seminário eram: partilhar e avaliar práticas populares na ótica da TdL e EP, ligadas à questão ecológica e ambiental; analisar e confrontar os diferentes modelos de desenvolvimento, à luz da Teologia da Libertação, da Educação Popular e das discussões ecofeministas; apontar para práticas de convivência sustentável e transformadora em nossas relações com o planeta; constituir-se em espaço de discussão e preparação para o III Fórum Mundial de Teologia e Libertação, a realizar-se em Belém/PA, de 21 a 25 de janeiro de 2009; Elaborar subsídio a ser publicado como instrumental para grupos e comunidades.

A referência sobre as assessorias, feitas de forma zombeteira, irônica e preconceituosa, revela, por parte da “teóloga leiga” Carmen, uma linguagem de completo desrespeito e desconhecimento sobre a trajetória e militância dos assessores. A Teóloga convidada para assessorar o Seminário é um nome internacionalmente conhecido e respeitado por ser uma pessoa comprometida com a vivência prática da Teologia e com uma respeitável literatura. Da mesma forma, o ambientalista convidado é igualmente uma referência, respeitado por seu conhecimento, na luta em defesa do meio-ambiente, por sua vasta literatura sobre o tema, tanto para crianças quanto para jovens e adultos. Também é preciso reconhecer, em ambos os assessores, a abertura para discussão e diálogo.

Lamentamos que a senhora Carmen Galvão tenha tão pouca abertura e conhecimento a respeito das dis-cussões de gênero e teologia que o mundo vem fazendo, ou ainda, lhe falta humildade para reconhecer que tem posições pessoais, as quais poderão ser respeitadas, mas nem por isso, pode usar de sua ignorância para fazer um juízo tão irresponsável, inclusive, sobre a vida pessoal dos assessores.

Quanto à 3.ª “heresia”, indicada no texto da escritora Carmen, consta-ta-se que a mesma não se deu conta de que falar mal de “Bará da Mata” está incorrendo em crime contra a religião afro-brasileira, devido à falta de respeito religioso e de racismo ex-pressa na comparação. Com certeza, as Teólogas Leigas conscientes e com-prometidas, sentem-se envergonhadas com a postura da escritora do texto “Heresias”.

repúDio e inDignação

DIREITO DE RESPOSTA

igreja e comunidade 10

Voz do PastorCatequese solidária

Dom Dadeus GringsArcebispo Metropolitano de P. Alegre

1o a 15 de novembro de 2008

Nossa fragilidadeCatequista, reserve um ou mais enContros para promover

a ConsCiênCia polítiCa

Farinha pouca, meu pirão primeiro?

Robson Campos Leite*

Quando abordo a questão da ética em minhas aulas e palestras, observo que as pessoas sempre esperam que o assunto seja sobre os políticos e aqueles

que lidam com a chamada “máquina pública”. Entretanto, apesar da enorme crise ética em que a nossa política está mergulhada, existem outros aspectos ligados a esse tema que merecem a nossa atenção.

Quem são os verdadeiros políticos?Ao analisarmos a constituição da sociedade brasileira,

percebemos claramente que existem dois papéis distintos e com igual responsabilidade na sua construção: O man-datário (por ex. o Deputado, o Vereadora, o Prefeito...) e o eleitor. O primeiro precisa entender que o seu papel é a busca constante do bem comum. Sob esta visão, faz-se necessário lembrar que o bem-estar do coletivo deve ter prioridade sobre o interesse pessoal.

É inadmissível, sob o ponto de vista ético-cristão, que o comportamento de um mandatário não esteja em sintonia com essa visão. Ele precisa deixar claro, em suas atitudes, que todo mandato é público e, no mais correto entendi-mento deste termo, o que é público, tem que ser de todos. Se não fosse assim, não seria chamado de “público” e sim de privado. O processo político democrático administra o “negócio” de todo o povo e não os negócios privados de alguns “picaretas” que ainda existem na nossa política.

O segundo, ou seja, o eleitor, tem uma grande responsa-bilidade na construção desta sociedade e, por mais incrível que possa parecer, o seu papel é muito mais decisivo do que o papel do mandatário. É ele, e não o mandatário, o grande Político de que a nossa sociedade tanto precisa.

Democracia, uma via de mão duplaSei que alguns podem estar estranhando ao ver que

chamo o cidadão comum de político. Entretanto, se anali-sarmos o significado dessa palavra, descobriremos que a sua origem é do grego “Polis”, que quer dizer, “Cidade”. Logo, político nada mais é do que o “cidadão que vive ativamente na cidade, respeitando os direitos e deveres nela existentes”.

O cidadão que exerce plenamente a sua cidadania tem a obrigação de pautar as suas atitudes dentro da promo-ção do bem comum. Também é inaceitável, sob o ponto de vista ético-cristão, que o eleitor troque o seu voto por favores pessoais, por promessas individuais de empregos em gabinetes, por um saco de cimento ou até pela luz do seu condomínio particular.

A nossa conduta tem que ser pautada no interesse do coletivo e, para isso, faz-se necessária a compreensão de um outro papel do Cristão, até mais importante do que votar conscientemente: o de acompanhar o mandatário.

Sem o acompanhamento da sociedade, os “maus man-datários” continuarão atuando livremente. A essa atuação cidadã é que damos o nome de “Cidadania Ativa”. E ela pode ser perfeitamente resumida em uma única palavra: Participação. Com esse envolvimento de todos, certamente poderemos, um dia, mudar o provérbio popular que enca-beça o nosso artigo para “Farinha pouca, pouco pirão para todos”.

*“Missão jovem”

A primeira vista, poderia causar constrangimento o fato de sermos extremamente frágeis. Somo-lo tanto física como socialmente. Nascemos

desprovidos de tudo. Somos levados a conviver com outros seres humanos, igualmente frágeis. Necessitamos de muito amparo para viver, crescer e relacionar-nos. Numa palavra, temos que aprender a viver e a conviver. Se esta condição humana nos poderia deixar angustia-dos e preocupados, na verdade ela é exatamente nossa grandeza. Somos feitos para progredir. Não nascemos prontos. Ninguém nasce acabado. Contudo, podemos dizer, com toda segurança, que a criança nasce perfeita. E logo entendemos: perfeita como criança. E a cada idade diremos que a pessoa é perfeita, se viver as condições de sua idade. Isso equivale a dizer: se ela se procura aprimorar.

Nossa vida constitui uma tarefa a ser executada até o fim dos dias, aqui na terra, o que significa aper-feiçoar-se para a eternidade. Temos também a missão de ajudar os outros. É a tarefa da convivência. Inicia na família e se estende à sociedade. Cada um, no final de sua vida terrena, é aquilo que ele mesmo se fez ser e aquilo que os outros o ajudaram a ser. Cada um tem mérito no desenvolvimento daquelas pessoas que ele, de algum modo, favoreceu. Nesse sentido, salvar alguém é garantir a própria realização. Portanto, o maior valor da vida não é aquilo que se é, mas é o próprio tornar-se. Em tudo o que alguém faz, no mundo e na sociedade, como artífice, ou como pai e mãe, como mestre ou como empresário, no fundo se está fazendo a si mesmo. Esta é exatamente sua grandeza: a de ser responsável por si mesmo e de poder, conseqüentemente, realizar-se a si mesmo. Nesse sentido, somos criação de nós mesmos. Eu me recebo e me faço a mim mesmo. Na medida em que me faço, eu me recebo e, inversamente, na medida em que me recebo, me faço. S. Tomás de Aquino ga-rantia que o ser humano nasce ontologicamente pessoa, mas deve ainda fazer-se a si mesmo psicologicamente, ou seja, tornar-se psicologicamente pessoa. Ser livre é ser seu próprio artífice. S. Paulo insiste que ninguém

se glorie de si mesmo, uma vez que é devedor a Deus e aos outros de praticamente tudo o que tem. Dirá então que pela graça de Deus é o que é. Contudo, acrescenta que essa graça não lhe foi dada inutilmente. Ele pro-curou corresponder-lhe, produzindo frutos. Por isso se gloria nas fraquezas, porque então a graça de Deus fica ressaltada. É o senso de humildade, que constitui a verdadeira grandeza do ser humano: reconhecer sua pequenez. Então Deus o engrandece: Ele exalta os humildes e abate os orgulhosos. O apóstolo das gentes teve uma experiência profunda da grandeza da graça e da fragilidade humana. Procura transmiti-la a todos nós, para nos dar a verdadeira dimensão da vida humana. A revelação divina lhe responde ao pedido de se ver livre do espinho da carne: ‘Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força’. E por isso conclui: ‘Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte’ (2 Cor l2,9-10).

Cada um pode examinar sua consciência e constatar quanto necessita receber. Sócrates chegou à conclusão de que não sabia nada. E logo concluiu que a grandeza do sábio é exatamente saber que não sabe. Ou seja, re-conhecer seus limites. S. Paulo, em 1 Cor 1,27, diz que Deus escolheu que é estulto no mundo para confundir os sábios, e que é fraco para confundir os fortes. E conclui que nossa força e sabedoria estão em Cristo. A fragilidade humana nos dá a dimensão de nossa responsabilidade. Há um plano que é maior que o nosso. Ninguém se realiza a sós, com suas próprias forças. Somos essencialmente sociais. Pessoa quer dizer relação. Por isso, depender dos outros não é diminuição, mas constitui nossa própria realização. Construímo-nos em convivência. Damos e recebemos. É preciso ter a suficiente humildade para acolher as contribuições dos outros e a necessária iniciativa para ajudar os outros a crescerem. Só é feliz quem torna felizes outras pessoas. Só se realiza quem promove os outros. Colocando-se no último lugar, em serviço despretensioso, na verdade, segundo o ensina-mento de Cristo, a pessoa se destaca: quem quiser ser o primeiro, ou seja, quem quiser realizar-se e projetar-se socialmente, seja o último e o servidor de todos. É o testemunho que nos dão todos os santos, que souberam imitar Cristo. E como são grandes!

Deonira e Jorge La Rosa Coordenadores de Formação do MFC de POA

O Conselho Estadual do MFC, reunido em Porto Alegre em 20 e 21 de setembro, entre outras atividades, esteve aprofundando o seu Carisma.

‘Carisma’ é dom concreto, aptidão posta a serviço da comunidade - ao mesmo tempo, é meta, é utopia. Um conjunto de carismas expressos por determinado grupo, ou pessoa, acabam dando-lhe identidade, isto é, esta se reconhece pelos seus carismas.

A diversidade dos dons parece indicar que o cristão não recebe o Espírito Santo abstratamente, porém sempre sob a forma de uma ‘aptidão concreta’ que deve pôr à disposição da Comunidade e do Mundo. Também os movimentos cristãos recebem do Espírito o seu “caris-ma”, ou o seu “dom”, para que seja posto a serviço da Comunidade e do Mundo.

Em especial, que carisma concreto recebe o Movi-mento Familiar Cristão, para pôr a serviço da comunida-de? E como o expressa, neste terceiro milênio?

Todo carisma é relativo, e mesmo caduco, diante do absoluto e da solidez do único carisma que merece plenamente este nome: “o amor, o amor ao próximo – infra-estrutura de toda moral e ascese cristãs” (1Cor 12,31;13,1-13).

Carisma e ideNtidade do movimeNto familiar Cristão

O MFC, ao “trabalhar com as famílias na cons-trução do Reino”, tenta expressar o absoluto carisma do amor através de um leque de carismas (profético, inovador, laico, hospitaleiro, libertador, crítico, ...), sendo impossível descrevê-los aqui. Entretanto, ainda que não haja fronteiras definitivas entre os diversos carismas, sublinhamos o “dom da Profecia” como peculiar ao Movimento Familiar Cristão. ‘Profecia’ da qual fala Paulo, entendida como a nossa forma atual de evangelização, já que a sua finalidade é ‘exortar e edificar’ (1Cor 14,3), ‘anunciar e denunciar’. Profecia que colabora para ‘mudar a consciência’ e ‘estimula a mudar de conduta’ (1Cor 14, 23-25). O MFC, historicamente, busca ser profético segundo o caráter conscientizador da teologia pastoral de Paulo: “traduzir a mensagem de Cristo em linguagem viva contemporânea”. Entendida desta maneira, a profecia supõe um grande esforço intelectual que não se pode omitir sem incorrer em pecado de conseqüências ir-reparáveis. Não ser consciente e conscientizador seria viver na ignorância que ensoberbece, a qual é muito mais perniciosa que a ciência que ensoberbece, já que esta, quando não está dominada pela caridade, pelo menos, é “ciência”. O MFC, entretanto, luta por uma conscientização dominada pela Caridade, pelo AMOR, que é Deus (Jo 4, 7-8).

comunidade e igreja11

Notas

Zilah Bastos Pires - 01/11Jorge La Rosa - 10/11

2 de novembro – 31º domingo do Tempo Comum (roxa)

1a leitura: Livro da Sabedoria (Sb) 3,1-6.9Salmo (Sl) 22(23)2a leitura: Carta de Paulo Apóstolo aos Romanos (Rm) 6,3-9Evangelho: João (Jo) 11,17-27Comentário: Quando lembramos nossos entes queridos e outras pessoas que nos antecederam na fé e já partiram desta vida, duas palavras devem estar essencialmente unidas: saudade e esperança. A fé na ressurreição e na vida após a morte não tira de nosso coração a saudade dos que partiram; mas esta saudade vem sempre acompanhada da esperança, fruto de uma certeza de fé: quem morre, não morre, realmente, mas apenas se ausenta da história e do nosso convívio para viver numa outra e nova dimensão. Não importa como chamemos esta nova dimensão da mesma vida: céu, casa do Pai, eternidade, paraíso, descanso eterno, reino da luz, morada da paz; o que importa é crer nesta nova e, para nós, definitiva dimensão da vida. Da mesma vida pessoal, única e intransferível. Sucessivas reencarnações não cabem numa filosofia existencial natural e se excluem essencialmente na fé cristã. A palavra de Jesus é clara no diálogo com Marta, que chora a morte de seu irmão Lázaro: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. Todo aquele que vive e crê em mim não morrerá eternamente (11,25-26). Quem havia morrido tinha nome e história familiar: se chamava Lázaro, era irmão de Marta e Maria, amigo de Jesus. E quem ressuscitou foi o mesmo Lázaro, não outra pessoa. Jesus, aquele que viveu, morreu e ressuscitou é o mesmo Jesus, filho de Maria e José, morador de Nazaré e, depois, pregador de uma doutrina, que não se opunha à antiga tradição judaica, mas trazia uma nova e alegre dimensão da mesma fé: um Deus próximo, não exclusivo nem excludente, Pai de todos os viventes, feliz e cheio de misericórdia, compreensivo com as limitações de seus filhos e filhas, sempre pronto a perdoar ao pecador verdadeiramente arrependido e a oferecer-lhe uma nova vida de paz. Jesus anuncia uma nova cultura de vida numa nova terra e revela um novo céu, de paz e felicidade eternas. Crer em Jesus é viver iluminado pela fé na vida que continua, um dia, na Casa do Pai.

9 de novembro – 32º domingo do Tempo Comum (branCa)

1a leitura: Livro de Ezequiel (Ez) 47,1-2.8-9.12Salmo (Sl) 45(46), 2-3.5-6.8-9 R/. 5)2a leitura: 1ª Carta de Paulo Apóstolo aos Coríntios (1Cor) 3,9c-11.16-17Evangelho: João (Jo) 2,13-22Comentário: O episódio chamado “purificação do templo” tem um simbolismo que ganha particular atualidade em nosso tempo. Jesus, conforme a narrativa de João, vai ao Templo de Jerusalém para ouvir a Palavra de Deus e orar. O que encontra? Uma feira livre, um mercado aberto, um “camelódromo”, onde o comércio corre solto e o que menos importa é a Palavra de Deus e a oração. Jesus vê aquela prostituição do espaço sagrado e, acometido de uma santa ira, arma-se de um chicote e vai batendo sem dó nem piedade naqueles comerciantes, derrubando suas mesas e espalhando pelo chão suas moedas prostituídas. Tirem tudo isso daqui e não façam da casa de meu Pai uma casa de comércio... um covil de ladrões (cf Jo 2,16). Vivemos no tempo do mercado global, onde tudo se vende, tudo se compra... onde vale mais quem mais coisas consegue comprar e acumular. Este espírito comercial, geralmente divorciado da ética e do bom espírito da troca de valores, vem, quase sempre, animado apenas pela ânsia do lucro a qualquer preço e da ganância compulsiva que quer levar vantagem sempre e em tudo. Mais grave ainda é quando este espírito comercial é o espírito que anima pessoas e, mesmo, instituições, incluindo as cristãs. Se Jesus voltasse hoje e fosse aos templos para ouvir a Palavra de Deus e orar, também encontraria sérias dificuldades em muitos deles. Também hoje, o comércio anda solto em muitos espaços sagrados, que incluem não apenas o interior das igrejas/templos, mas igualmente o seu entorno. E, talvez, acometido de uma santa ira, ele se armasse novamente de um chicote para despoluir ou desprostituir a área. Esta santa ira se explica e justifica: na comparação de Jesus e, logo, de São Paulo, o corpo humano é templo do Espírito Santo, lugar de encontro, de oração, de expressão de vida, de celebração de amor. Purificar o templo é, para Jesus, purificar o corpo humano para que seja templo do Espírito Santo, lugar do encontro e do divino diálogo do perdão, do amor, da vida.

Fé cristã e desaFios da cultura

Urbano ZillesProfessor de Teologia da PUCRS

A religião de Estado dos romanos, no início do Cristianis-mo, acabara sendo um mero cerimonial, embora este se realizasse escrupulosamente. Reduzira-se, simplesmente, a

uma religião política, resumida em ritos e rubricas. Esvaziara-se, porque se distanciara da vida e da cultura do povo. Por outro lado, os filósofos haviam deslocado os deuses dos mitos para o campo do irreal. Entre o povo, os mais críticos tinham percebido que a religião perdera o sentido, pois pouco ou nada ainda significava para a vida concreta. Os filósofos perguntavam, à luz da razão, e não encontravam resposta para suas perguntas.

Em meio a um mundo em busca do verdadeiro “filósofo”, surgiu o Cristianismo. Os cristãos, com Paulo de Tarso na lide-rança, anunciam Cristo como aquele que ensina o homem a viver e morrer humanamente. Respondem às perguntas humanas à luz da revelação de Deus em Cristo. Os apóstolos saíram da sinagoga, da cultura hebraica, e traduziram, sem trair, a mensagem de Jesus para dentro da cultura greco-romana. São Paulo ousou enfrentar o público crítico na praça de Atenas. Iniciou valorizando o que aí encontrou: uma inscrição com as palavras “ao Deus desconhecido”. Paulo dialoga com o povo cuja herança cultural é o pensamento dos filósofos da Antiguidade.

Enquanto Paulo foi à praça pública para anunciar a Boa-Nova, hoje tendemos a recolher-nos em nossas igrejas, esperando que o povo venha a nós; enquanto Paulo traduziu a mensagem de Cristo para a linguagem da cultura greco-romana de seu tempo, nós ten-tamos levar os fiéis para a cultura de épocas passadas; enquanto Paulo valoriza a cultura dos outros, dirigindo seus argumentos aos intelectuais, parece que hoje, na Igreja, não raro, reina aversão ao estudo e ao pensamento; enquanto Paulo trabalhava com uma grande visão do mundo, do homem e de Deus, nós muitas vezes nos satisfazemos com minudências técnicas e nos limitamos aos problemas internos; enquanto Paulo agia, nós gastamos nosso tempo em reuniões para “fazer de conta” que queremos evange-lizar. Paulo parece estar pouco preocupado com ritos e rubricas rotineiras e mais com a fidelidade à mensagem do Cristo vivo e com a cultura de seus ouvintes. Busca “razões para sua esperança” (fé) em seus discursos e, assim mesmo, os atenienses não querem ouvi-lo falar sobre a ressurreição de Cristo. Não basta dizer que a mensagem de Cristo é importante. É preciso mostrar que é im-portante para a vida dos homens no século XXI, para os ouvintes concretos. Ritos e rubricas, embora necessários, são apenas meios para expressar a vivência da fé na vida e linguagem de nossos dias. Se os evangelizadores não valorizarem a cultura atual, em per-manente transformação, não deverão estranhar que aumente cada dia mais a indiferença do povo em relação à fé católica. Doutrina desencarnada da cultura histórica, por mais pura e edificante que seja, não passa de um esqueleto ósseo ao qual falta a carne e o sangue, ou seja, a vida.

Os Padres da Igreja, nos primeiros séculos, tiveram a coragem e a competência de responder aos problemas dos filósofos (Am-brósio, Cipriano, Agostinho, Ireneu) de sua época. Os chamados apologetas conheciam a fundo o pensamento de seu tempo, tendo capacidade para anunciar de maneira crítica e fidedigna o Evan-gelho de Cristo. O povo, hoje, espera orientação segura de seus pastores quanto ao “novo” ateísmo, quanto à evolução no campo das ciências biológicas, na perspectiva da fé e do futuro da hu-manidade. Tudo indica que a hora é para discernir melhor o que é mais importante para a vida da fé cristã.

Solidário Litúrgico

[email protected]

1o a 15 de novembro de 2008

CianMagentaAmareloPreto

Porto Alegre, 1o a 15 de novembro de 2008

Onde tudo começouA história costuma dar voltas e repetir-se. É o que aconteceu

– mutatis mutandis – nos Estados Unidos. Crises similares e com causas similares já acontecerem no passado. A de 1903 estimulou a criação de seu Banco Central, o FED que, segundo reza, foi jogada de interesses de um grupo de banqueiros mais poderosos. Antes da Crise de 1920 (que não foi a pior), as facilidades de crédito geraram espetacular corrida ao consumo e investimentos financeiros. Quando tiveram o “tapete” puxado, nada menos de 5.800 bancos fecharam suas atividades: só sobraram os poderosos. Mas a lição não valeu: novamente, os créditos foram superfacilitados e nova corrida ao investimento e especulação. E veio então a até aqui chamada pior débâcle e depressão que iniciou em outubro de 1929 e só amainou quatro anos depois. Já o setembro de 2008, na verdade, iniciou há pouco mais de um ano e teve pequenos ensaios na década de 90 e no início do século atual. E por causas de todos conhecidas: especulação mobiliária (títulos e ações) e especulação imobiliária (imóveis). Havia muito dinheiro disponível e facilidades de créditos de alto risco no setor imobiliário que gerou a ciranda do chamado crédito ‘suprime’, com menor garantia de pagamento e, por isso, juros maiores que os torna mais atrativos para gestores de fundos e bancos que querem melhores retornos. Conseqüência previsível: não pagamento das hipotecas. Efeito: perda total de confiança de todo o sistema finan-ceiro. Quem tinha dinheiro investido retirou: contração de crédito. O dinheiro pára de circular: quem tem sobrando não empresta, quem precisa para cobrir compromissos não encontra. Com menos dinheiro, gasta-se menos, produz-se menos e o crescimento é menor. Numa economia globalizada, sem dinheiro tudo começa a andar devagar ou até parar.

Perguntas que não querem calarA especulação financeira tem suas raízes nas pacatas tulipas

holandesas, durante a Inquisição da Idade Média, quando a Holanda – tolerante e liberal – recebia os que fugiam da perseguição e que fi-zeram de Amsterdã o principal centro comercial e financeiro do século XVI e que, no século XVII, se transformou num grande mercado de valores. No auge da mania, em 1636 e 1637, os negociantes investiam nas tulipas durante seu plantio e o pagamento só era feito na entrega, portanto, não havia entrega física de flores, mas contratos futuros.

Mas na crise atual, muitas perguntas pairam no ar: a quem interes-sa essa nova grande crise? Aos grandes banqueiros norte-americanos e multinacionais numa nova jogada longa e criteriosamente preparada, tal qual foram as anteriores cujos personagens (os Rockefeller, os Mor-gan, os Rotschilds, os Warburg, entre outros) são bem conhecidos?

A opção neoliberal do sistema capitalista – de um mercado sem controle do estado, de um estado mínimo – chegou ao fim? Ou tudo continuará como antes depois da tempestade e o ‘estado mínimo’ só será novamente lembrado na próxima crise? Como os governos – americano, da zona do euro e asiáticos – têm tantos bilhões de dó-lares em seus cofres (a soma chega a muitos trilhões) para socorrer os bancos? Mas, para ajudar no combate à pobreza distribuem migalhas? As pressões políticas sobre os gestores de estado serão suficientes para alterar os rumos ou contra a moeda e seus detentores ninguém pode, só restando aliar-se?

COMO SE PROTEGERBem ou mal e por mais diferente que se encontre a organização da eco-

nomia brasileira (os bancos dizem não possuir papéis ligados às hipote-cas), os reflexos da pré-falência do sistema financeiro norte-americano

também se farão – e já se fazem – sentir no Brasil, alguns de forma direta e outros indiretamente. Dificuldades diretas têm os investidores e especuladores na Bolsa de Valores e as empresas que dependem de empréstimos internos ou externos para honrar compromissos ou expandir seus negócios. Indiretamente: os consumidores de bens duráveis comprados a prazo e também os consumi-dores de bens não duráveis, especialmente alimentação – portanto, atingindo a todas as classes sociais – cujos preços estão sendo majorados. Convém, pois, cada um se conscientizar e adotar algumas atitudes e medidas para se proteger.

Quem costuma negociar papéis no mercado financeiro – ações, debêntures, etc – convença-se que esse é um momento que requer paciência: afinal, sabe muito bem que apostou num jogo onde se ganha e se perde. Já a classe média – que teve seu contingente engrossado nos últimos anos pelo acesso a bens que não tinha antes – deve evitar as compras a prazo, especialmente aqueles prazos longos de até 70, 80 meses usados para comprar automóvel, por exem-plo; reduza ou elimine qualquer prazo, se possível, ao fazer novas compras. Também evite compras importadas e as viagens de turismo para fora do País. Já na alimentação, convém rever certos hábitos, adotando cardápios menos onerosos ou trocando de marcas e produtos. Todo dinheiro economizado pode ser útil para alguma prioridade lá adiante.

APEDIDO

Católico fervoroso, devoto de Nossa Senho-ra, parceiro de primeira hora e interlocutor para concretização de diver-sas produções de matérias jornalísticas para o jornal Solidário, Paulo Renato Ketzer de Souza (foto) faleceu repentinamente em decorrência de proble-mas pós-operatórios em 11 de outubro. Foi ele um dos pioneiros da fundação do Grupo Bom Pastor no início da década de 90 do século passado. Engenheiro por formação e professor universitário de eletrônica da UFRGS, também foi empresário bem sucedido no desenvolvimento de projetos e produção de implementos eletrônicos para a tecnologia de in-formação. É ele também o autor do projeto e doador de todas as unidades móveis de sonorização usados nas procissões de Navegantes e Corpus Christi de Porto Alegre. Aos familiares e amigos, a manifestação de solidariedade deste jornal.

Falecimento

As crises do casalPágina 3

Perfeccionismoe timidez

Página 5

A G R A D E C I M E N T O

Agradeço a todas as pessoas que, compartilhando desses mesmos princípios, com seu apoio e seu voto, me recon-duziram à Câmara Municipal, para mais um mandato. Quero convidá-los, então, para a Santa Missa em Ação de Graças, que será oficiada dia 04.11.08 (3 feira), às 18 h, na Igreja N. S. Piedade, à Rua Cabral, nº 546, no bairro Rio Branco. Deus abençoe a todos.

“Eu acredito na fraternidade como um dom, no trabalho como um serviço e na ética como um valor. Acredito na vida como o mais importante de todos os bens, na família como a base em que se constrói a sociedade e na democracia como a forma ideal de coexistência política.”

( extraído do Ideário Sócio-Político )

JOÃO CARLOS NEDEL