homilia 17º domingo tempo comum ano...
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HOMILIA 17º DOMINGO TEMPO COMUM – ANO A
Queridos irmãos e irmãs, as leituras deste 17º Domingo do
Tempo Comum, convida-nos a refletir sobre a prioridade fundamental
de nossa vida, O Reino de Deus. Refletir os valores sobre os quais
fundamentamos a nossa existência, sugerindo, que o cristão deve
construir sua vida sob os valores propostos por Jesus. A 1ª leitura, do
1º Livros dos Reis, apresenta-nos o exemplo de Salomão, rei de Israel,
protótipo do homem sábio. Que consegue perceber e escolher o que é
importante sem deixar-se alienar por valores falsos. A 2ª Leitura da
Carta de São Paulo aos Romanos nos fará o convite de seguir o
caminho e a proposta de Jesus, valor que deve sobrepor-se a todos
outros valores e propostas. No Evangelho de Mateus, Jesus
continuando a utilizar a linguagem de parábolas, recomenda aos seus
discípulos que façam do Reino de Deus a sua prioridade fundamental.
A 1ª leitura nos narra o sonho de Salomão. O sonho aparece,
com alguma frequência, no Antigo Testamento, como uma forma
privilegiada de Deus comunicar-se com os homens e de lhes indicar os
seus caminhos. O sonho de Salomão está estruturado na forma de um
diálogo entre ele e Deus. Em um primeiro momento, há uma
interpelação de Deus: “Pede-me o que desejas, e Eu te darei”. Temos a
consciência que os reis dos povos antigos pediam a seus deuses vida
longa, segurança para seu reinado, um exército que fosse invencível,
prosperidade e um poder duradouro, desejos que também vemos hoje
em dia em que está no poder. Isso na diferenciava os reis de Israel,
que pediam as mesmas coisas a Deus, pois esses governavam o povo
eleito.
Na resposta a Deus, Salomão tem consciência da grandeza de
sua tarefa e das suas próprias limitações. O jovem rei, filho do grande
rei Davi, pede a Deus que lhe de um coração sábio para que possa
governar com justiça. O pedido de Salomão difere dos pedidos dos
antigos reis. Ele somente deseja Sabedoria. Essa resposta agradou a
Deus, pois Salomão não pensava em si, mas no povo que deveria
governar o povo eleito de Deus. Deus concede não somente a
Sabedoria a Salomão, mas muito mais do que pediu, tornando-se
assim Salomão um dos reis mais sábios que já existiu, porém,
sabemos pela história que até o grande rei Salomão, com o tempo, foi
também corrompido por valores que não correspondiam aos valores
de Deus.
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O Evangelho de hoje vai concluir o capitulo 13 do Evangelho
de Mateus, o Discurso ou Sermão das Parábolas. O nosso texto pode
ser dividido em três partes; Na primeira parte temos duas parábolas –
a do tesouro escondido no campo. O sentido desta parábola não está
nem no fato de achar o tesouro, nem na venda do que se possui, nem
na compra do campo. O sentido está no conjunto da parábola, na
dinâmica, do movimento, no "estado de ânimo" de quem encontra o
tesouro. O sentido seria: acontece com o Reino de Deus o que
acontece com um homem que encontra um tesouro escondido no
campo. O que ele faz? Tudo se torna secundário. Na sua frente ele só
vê aquele tesouro. Aquilo preenche o sentido de sua vida, por isso fica
disposto a uma opção radical. A parábola salienta esta disposição, esta
coragem de mudar, de arriscar tudo: uma alegria profunda e uma
capacidade de optar, exclusivamente, por aquele tesouro, que é o
Reino de justiça. É interessante notar que não se pede uma renúncia
em prol do Reino, mas a descoberta do Reino é que nos leva a uma
opção radical capaz de relativizar e mesmo renunciar a tudo e com
muita alegria. A outra parábola a da pérola preciosa desenvolve a
mesma temática da do tesouro escondido e apresenta ensinamentos
semelhantes. O cristão é confrontado, a cada momento de sua vida, há
muitos valores e opções, mas deve aperceber-se de que o Reino de
Deus é o valor mais importante. A segunda parte apresentará o Reino
comparado a uma rede que, lançada ao mar, apanha diversos tipos de
peixes. No Evangelho de Mateus, a parábola apresenta um
ensinamento semelhante ao da parábola do trigo e do joio (que
meditamos no domingo passado). O Reino de Deus, não é como um
condomínio fechado, onde só existam pessoas escolhidas e boas, mas
é uma realidade onde o mal e o bem crescem simultaneamente. Não
há pressa em Deus de condenar e destruir. Ele não quer a morte do
pecador, por isso, dá ao homem à chance, o tempo necessário e
suficiente para amadurecer as suas opções e para fazer suas escolhas.
Mateus faz mais uma vez a referencia ao juízo final, no fim do mundo
haverá o julgamento, como uma forma de exortar a comunidade no
sentido de escolherem decididamente o Reino de Deus e, colocarem
em pratica os ensinamentos e propostas de Jesus. Aqueles maus
lançados na fornalha ardente como cita nosso texto, não é senão a
absoluta ausência do Deus da Vida na vida de quem se radicalizou no
egoísmo, de quem escolheu valores opostos ao do Reino de Deus. Na
última parte que nos propõe o Evangelho, Mateus apresenta um breve
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diálogo entre Jesus e seus discípulos. È neste diálogo que temos uma
espécie de conclusão de todo este capítulo. Mateus sugere que o
verdadeiro discípulo de Jesus é aquele que compreende a proposta de
Jesus. Ora, compreender na teologia de Mateus significa prestar
atenção e comprometer-se com o ensinamento proposto. Os cristãos
são, pois, convidados a descobrir a realidade do Reino, a entender as
suas exigências, a comprometerem-se com seus valores. A referência
que o texto faz ao escriba que tira do seu tesouro coisas velhas e novas
pode referir-se aos judeus, conhecedores profundos do Antigo
Testamento (o velho), convidados agora a refletirem essas velhas
promessas à luz das propostas de Jesus (o novo). A proposta do Reino
é tarefa e compromisso, um caminho e um modo de viver. O Reino se
identifica com o modo de viver de Jesus, pois é compromisso de amor,
de acolhida, de misericórdia e de justiça. É a presença de Deus no
coração de cada ser humano, que se traduz em gesto de amor para com
todos. O Reino implica uma escolha radical, de tal forma que nada
deve impedir de participarmos dele. E supõe que se tenha deixado
tudo para seguir Jesus.
Na 2ª leitura, Paulo irá nos colocar que todo esse projeto não é
um acontecimento casual ou abstrato, mas algo que desde sempre, está
previsto no Plano de Deus. Quem aderir a Jesus, vivendo como ele
viveu, identifica-se com ele, e por isso, liberta-se do egoísmo e do
pecado. Para isso, o Espirito Santo vem em nosso auxilio em todas as
circunstancias da vida, e, por isso, tudo acontece para o nosso bem.
Quando lemos logo no inicio deste trecho da Carta aos Romanos –
“que tudo concorre para o bem dos que amam a Deus”, não é no
sentido de que tudo vai dar certo, que nada de ruim vai nos atingir e
que seremos como que blindados contra os opróbrios da vida, como
muitos hoje em dia andam pregando. Significa que Deus fará com que
todas as circunstancias, inclusive as coisas ruins que nos acontecem,
concorram para a nossa santificação. A Salvação do homem está
prevista nos planos de Deus, é nesse sentido que somos predestinados,
porém, não como um grupo seleto ou especial, pois, o projeto salvador
de Deus está aberto a todos aqueles que querem acolhê-Lo, mas como
aqueles que aderiram em suas vidas as propostas de seu Filho Jesus.
Queridos irmãos e irmãs, a liturgia de hoje quer nos falar
sobre a prioridade fundamental em nossa vida, o Reino de Deus. Esse
aspecto é muito presente, porque nossa época atual nos revela uma
crise de valores. Todos os dias ao utilizarmos os meios de
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comunicação, iremos vê uma verdadeira batalha para se vender
ideologias, que vão desde produtos com tecnologia de ponta, de
formulas para emagrecimento instantâneo até, a produtos que causam
milagres. Lendo um artigo de um escritor esses dias em uma revista,
deparei-me com um comentário deste sobre um e-mail que havia
recebido e que lhe chamou a atenção e que dizia mais ou menos
assim: “Você não pode perder, 80% de desconto em diversos títulos
de livros, você não pode deixar de amar esse desconto”. Esse autor
ficou pensando “amar esse desconto”! Como assim amar? O ser
humano costuma a amar outros seres humanos, mas amar um
desconto, que concepção seria essa de AMOR? O que estaria
pensando o autor desta frase? Ficou refletindo e pensou que hoje em
dia as pessoas amam mais objetos do que a outras pessoas, amam o
carro, a casa, a moto e principalmente o celular, pois se houvesse uma
pane geral em todo sistema de telefonia celular, muita gente entraria
em verdadeiro pânico, em depressão profunda, pois, seu maior valor
está naquele aparelho. Isso mostra o quanto às pessoas, incluindo a
nós, estamos acostumados a colocar em primeiro lugar, em nossas
vidas, interesses particulares e egoístas, uma verdadeira troca de
valores. As leituras deste domingo nos exortam, a saber, distinguir o
verdadeiro do falso, a discernir os valores e a acolher o valor mais alto
que deve sobrepor-se a todos: a vontade de Deus a ser praticada em
nosso dia a dia. Todos os outros valores e interesses devem passar
para segundo plano, ante a esse tesouro supremo que é o Reino.
Santo Inácio de Loyola em seus Exercícios Espirituais nos
orienta que o ser humano deve usar de tudo que possa ajudá-lo a
atingir a “finalidade para a qual foi criado”, que é sua salvação, e, da
mesma forma, deve desvencilhar-se de tudo que o impede de alcançá-
la. (n.23).
Que a Santa Mãe de Deus nos ajude a escolher e a viver as
propostas de seu Filho, os verdadeiros valores do Reino de Deus e que
nada em nossa vida possa antepor ao Amor de Deus.
Amém