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04 - Editorial: Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Semana de... Octávio Carmo22 - Dossier Liberdade Religiosa24 - Entrevista D. Bashir Warda

44 - Entrevista Irmã Guadalupe54 - Multimédia56 - App Pastoral58 - Estante60 - Concílio Vaticano II62- Agenda64 - Por estes dias66 - Programação Religiosa67 - Minuto Positivo68 - Liturgia70 - Fátima 201772 - LusoFonias

Foto da capa: O ClarimFoto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Fátima, etapaúnica do Papa[ver+]

Carta Apostólicada Misericórdia[ver+]

Perseguiçõesreligiosas nomundo[ver+] Paulo Rocha |Octávio Carmo | BentoOliveira | Fernando CassolaMarques | Manuel Barbosa | PauloAido | Tony Neves

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Lugares e utopias

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

No dia do funeral de Alfredo Bruto da Costa, opadre Vitor Feytor Pinto recordou uma conversacom o antigo presidente da Comissão Justiça ePaz. Um domingo, após uma homilia onde o temaprincipal da pregação fora o “amor” como marcaessencial do cristão e da proposta de vida deacordo com o Evangelho, Bruto da Costa dirigiu-se ao seu pároco no fim da missa para lhe dizer:“Bem-haja pelo entusiasmo com que fala doamor. Mas e a justiça…? Não esqueça a justiçaentre os povos!”.Alfredo Bruto da Costa tinha a convicção de quea justiça social é o fundamento para aconvivência entre povos, o desenvolvimento daspessoas e dos grupos e, quando concretizadaem plenitude, é a expressão por excelência doamor enquanto doação a causas e sobretudo apessoas. E permite a realização do sonho queperseguiu em toda a sua vida: a possibilidade daerradicação da pobreza. Nas ocupações deliderança e sobretudo no seu quotidiano, essehorizonte determinou pronunciamentos,denúncias, estudos, decisões, documentos esobretudo gestos, modos de ser, de estar com ooutro,

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de construir lugares marcados pelaigualdade, mesmo essapossibilidade para todos seja vítimade desistências coletivas quefacilmente a arrolam numa “utopia”.Há 500 anos, Tomás Moro mapeouessa ilha ideal numa ‘Utopia’.Depois, geração após geração, quisdescobrir e transformar esse umnão-lugar em lugar dos humanos,seguindo as coordenadas derelação entre pessoas e grupospropostas pelo estadista inglês.Porque todos queremos um mundomelhor!Hoje, em cada dia, o não-lugar quese persegue parece estar cada vezentre escombros de lugares demorte, perseguição arbitrária,chacinas por causa da cultura ou dareligião. Nestes dias, aapresentação do Relatório daLiberdade Religiosa no mundo, quea Fundação Ajuda à Igreja queSofre publica periodicamente,documenta perseguições e mortespor causa de convicções crentes oupor pertença a confissões religiosas.

Os relatos desses ambienteschegam até às sociedadesocidentais com realismo e afetamsensibilidades de quem olha, àdistância. Mas têm de implicarmudanças locais.Entre uma ilha onde tudo é perfeitoe a barbárie numa região que abatepessoas indiscriminadamente temde haver uma terceira via! Orealismo de um quotidiano de morte,de lugares cada vez mais próximos,pode dar lugar a lugares de vida, dejustiça e de igualdade quando atransformação em causa se limitarao redor de cada eu, de cadacircunstância.E por aí é que vamos… Quando omundo parece rotulado por lugaresde morte e de escombros há de sera determinação de cada mulher e decada homem, o comportamento domomento a tornar possível que autopia nãoseja umnão-lugar,mas umlugar.

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Barack Obama atribuiu as últimas 21 medalhas de liberdade do seu

mandato como Presidente dos Estados Unidos da América apersonalidades como Michael Jordan, Tom Hanks, Bill e MelindaGates, Diana Ross, Bruce Springsteen, Ellen DeGeneres, Robert

Redford, Robert de Niro ou o arquiteto Frank Gehry.

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“Nada do que um pecador arrependido coloquediante da misericórdia de Deus pode ficar sem oabraço do seu perdão”, Papa Francisco na CartaApostólica «Misericórdia e Mísera», AgênciaEcclesia, 21.11.2016 “Eu quero ir a Fátima, só a Fátima, ver a Senhora”,papa Francisco a D. Manuel Clemente,perspetivando que a visita em maio de 2017 aPortugal se poderá circunscrever a Fátima,Agência Ecclesia, 22.11.2016 “Não serei candidato a um terceiro mandato comopresidente do Parlamento Europeu. No próximoano, vou apresentar-me como candidato”, MartinSchulz, antevendo a oposição a Angela Merkel nacorrida ao lugar de chanceler nas eleições alemãsem 2017, Público, 24.11.2016 “Governar é como conduzir. Se há mais trânsito,vamos mais devagar, se há menos, vamos maisdepressa", primeiro-ministro António Costa,avaliando um ano de governação, Visão,24.11.2016

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Francisco com etapa única emFátima,a 12 e 13 de maio

O cardeal-patriarca de Lisboa disseesta segunda-feira à AgênciaECCLESIA que o Papa deseja ir “sóa Fátima” em maio de 2017 e queFrancisco deverá aterrar na baseaérea de Monte Real, em Leiria. “Euquero ir a Fátima, só a Fátima, ver aSenhora”, disse o Papa Francisco aD. Manuel Clemente, este domingo,no Vaticano.Para o presidente da ConferênciaEpiscopal Portuguesa, “com certezaque o Papa gosta de Portugal comogosta de todos os povos do mundo,

mas ele quer é ir a Fátima, só aFátima”, sublinhou.D. Manuel Clemente disse ainda queo Vaticano está a planear a viagemdo Papa sem passar por Lisboa,mas prevendo que o Papa chegue aPortugal através da base aérea deMonte Real, em Leiria. “Ouvi falardisso como combinação”, disse D.Manuel Clemente, adiantando que“se o Papa não vier a Lisboa, vaiLisboa a Fátima”.A confirmar-se a deslocação do

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Papa a Portugal, nos dias 12 e 13de maio de 2017, Francisco vairepetir o roteiro de Paulo VI, quandovisitou o Santuário de Fátima no dia13 de maio de 1967 para celebraros 50 anos das Aparições, queaterrou na base aérea de MonteReal.Comentando as recentes notícias, opresidente da República Portuguesadisse estar “muito alegre” porreceber o Papa Francisco a 12 e 13de maio de 2017, numa visita quetem um “objetivo espiritual”,centrando-se por isso em Fátima,por ocasião do Centenário dasAparições. “A ideia é concentrar avisita e a permanência num objetivoespiritual, não propriamente político,não propriamente de soberania”,comentou Marcelo Rebelo deSousa, esta terça-feira, destacandopositivamente o facto de o Papa virlogo dia 12 de maio para

Portugal e não apenas a 13.Em declarações à SIC, o presidenteda República observou queFrancisco visita Fátima como“representante da Igreja Católica”.“Não é o chefe de Estado, emboraisso nunca se possa despir, é osupremo representante da IgrejaCatólica que vem a Fátima, numdeterminado momento, o que nãoquer dizer que as autoridadesportuguesas não o acolham e nãohaja um momento de acolhimento eencontro”, desenvolveu.Francisco será o quarto Papa avisitar Portugal, depois de Paulo VI(13 de maio de 1967), João Paulo II(12-15 de maio de 1982; 10-13 demaio de 1991; 12-13 de maio de2000) e Bento XVI (11-14 de maiode 2010). São João Paulo II cumpriuainda uma escala técnica noAeroporto de Lisboa (2 de março de1983).

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Diocese de Bragança-Mirandainicia nova ano litúrgico-pastoralA Diocese de Bragança-Miranda vaiiniciar este sábado o novo AnoLitúrgico-Pastoral, dedicado aMaria, coincidindo com o começo doAdvento, tendo como grandedesafio “a formação”.“O grandedesafio é mesmo a formaçãopermanente do clero e dos leigos etanto quanto possível em conjunto,numa atitude decorresponsabilidade”, referiu D.José Cordeiro à Agência ECCLESIA.O bispo de Bragança-Mirandaexplicou que vai começar um triéniopastoral direcionado para ainiciação cristã dos adultos,oferecendo “oportunidades deformação e integração”, cada vezmaior, na vida da comunidade e“pertença ao corpo de Cristo”. “Avocação e a missão são duas facesda mesma medalha. Um caminhopara sermos mais firmes na fé,alegres na esperança e generososna caridade”, observou.O bispo transmontano refere aindaque a realidade da Igreja Católicana diocese “impõe muitos desafios”como o “envelhecimento dapopulação, despovoamento,baixíssima natalidade” mas, aomesmo tempo, “a esperança e aalegria de evangelizar” com arealidade que têm.

“Sermos muito realistas, mas nuncaperder o olhar para a frente e parao alto”, acrescentou. D. JoséCordeiro deu como exemplo de“grande mudança de paradigma” nadiocese a constituição das unidadespastorais, que neste momento são22, e a “corresponsabilidade quepassa pelos Conselhos Pastorais daUnidade Pastoral, do Arciprestado, etodos órgãos de comunhão nadiocese”. “A realidade impõe-se porsi mesma, não é apenas pelaescassez de vocações ou dospadres, não vou por esse discursoda lamentação mas sim pelo espíritode comunhão, decorresponsabilidade”, sublinhou.O prelado explicou que a escolha davéspera do primeiro domingo doAdvento vai permitir que “o maiornúmero de pessoas participe".

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Caminho para o Natalcom migrantes e refugiadosA ‘Pax Christi Portugal’ lançou umaproposta de celebração do Advento2016, o tempo que precede o Natalno calendário católico e que começaeste domingo, centrada nanecessidade de acolher osmigrantes e refugiados.A caminhada enviada à AgênciaECCLESIA, que tem como tema apergunta ‘Era estrangeiro eacolhestes-me?’, o movimentocatólico defende que se crie “ocompromisso de criar uma culturada hospitalidade”, porque “outromundo é possível se háhospitalidade”.A dimensão da “tragédia humana”dos migrantes e refugiados que“não pode deixar ninguémindiferente” e que “a todos deveinterpelar” tem sido uma dasprincipais preocupações do PapaFrancisco, recorda o documento.A Pax Christi Portugal contextualizao seu alerta com dados daOrganização das Nações Unidas,relativos a 2015, quando o númerode migrantes internacionais “atingiuos 244 milhões, um aumento de 71milhões ou 41% em comparaçãocom 2000”, e 65,3 milhões depessoas estavam deslocadas,internos e externos, devido aperseguição, conflito,

violência generalizada ou violaçãodos direitos humanos.O pontífice argentino, destaca omovimento, tem denunciado estassituações “não só com palavras”mas também com “gestos concretos”e apelado ao “compromissourgente” de todos, principalmentedos cristãos.A Pax Christi Portugal apresentacontributos para a celebração evivência do tempo litúrgico doAdvento, na paróquia, em família ouem grupo. Na proposta disponívelna internet, a ideia central para asquatro semanas de preparação parao Natal “é a temática da paz” e acaminhada sugere como esquemadiversos momentos desde aambientação, a reflexão, um gestoda paz, a oração e bênção final.O movimento internacional católicoPax Christi (Paz de Cristo) foifundado em França no ano de 1945.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Évora: Arcebispo institui 18 novos leitores rumo ao diaconado permanente

«YOUCATday» reúne mais de 2000 jovens nas ruas da baixa da cidade

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Papa decide alargar faculdadede absolvição do aborto

O Papa Francisco anunciou adecisão de alargar definitivamente afaculdade de absolvição de quempraticou o aborto a todos ossacerdotes, mantendo assim aprática do Ano Jubilar daMisericórdia que se concluiu estedomingo. “Para que nenhumobstáculo exista entre o

pedido de reconciliação e o perdãode Deus, concedo a partir de agoraa todos os sacerdotes, em virtudedo seu ministério, a faculdade deabsolver a todas as pessoas queincorreram no pecado do aborto”,escreve, no número 12 da cartaapostólica ‘Misericórdia e Mísera’,

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divulgada pelo Vaticano.Francisco precisa que aquilo queconcedera a todos os padres, deforma limitada ao período jubilar,fica agora “alargado no tempo, nãoobstante qualquer disposição emcontrário”. “Quero reiterar comtodas as minhas forças que o abortoé um grave pecado, porque põe fima uma vida inocente; mas, com igualforça, posso e devo afirmar que nãoexiste algum pecado que amisericórdia de Deus não possaalcançar e destruir, quandoencontra um coração arrependidoque pede para se reconciliar com oPai”, explica.O Papa espera que os sacerdotescatólicos sejam “guia, apoio econforto no acompanhamento dospenitentes neste caminho deespecial reconciliação”.A prática do aborto implica, segundoo Direito Canónico, a excomunhão‘latae sententiae’ (automática),exigindo até agora a confissão aobispo (ou os padres a quem o bispodesse essa faculdade) para aremissão da pena.Francisco decidiu ainda manter oserviço dos “Missionários daMisericórdia”, mais de milsacerdotes de vários países,incluindo Portugal, que foramenviados no ano santoextraordinário (dezembro 2015-novembro 2016) para promover operdão dos pecados. “Desejo quepermaneça ainda, até novasordens,

como sinal concreto de que a graçado Jubileu continua a ser viva eeficaz nas várias partes do mundo”,adianta o Papa.A carta anuncia também que os fiéisque assim o desejarem podemcontinuar a confessar-se nas igrejasoficiadas pelos sacerdotes daFraternidade de São Pio X, umgesto explicado com o desejo derestabelecer “a plena comunhão naIgreja Católica”.Francisco deseja uma redescobertado “ministério da reconciliação”,particularmente valorizada eminiciativas como as ‘24 horas para oSenhor’, na Quaresma. “Que aninguém sinceramente arrependidoseja impedido de aceder ao amor doPai que espera o seu regresso e, aomesmo tempo, a todos sejaoferecida a possibilidade deexperimentar a força libertadora doperdão”, apela.A nova carta apostólica propõeainda iniciativas para a valorizaçãoda Bíblia na vida dos católicos,sugerindo às comunidades queescolham um domingo do anolitúrgico para “renovar ocompromisso em prol da difusão,conhecimento e aprofundamento daSagrada Escritura”.‘Misericordia et misera’ foi assinadapublicamente este domingo, naPraça de São Pedro, após o final daMissa que encerrou o Jubileu daMisericórdia, 29.º Ano Santo nahistória da Igreja Católica.

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Francisco institui Dia Mundial dosPobres O Papa decidiu instituir um “DiaMundial dos Pobres” na IgrejaCatólica, que vai ser celebrado nopenúltimo domingo do ano litúrgico,revelou hoje o pontífice numa novacarta apostólica.A celebração é inspirada no AnoSanto da Misericórdia (dezembro2015-novembro 2016), que seconcluiu este domingo e,particularmente, no ‘Jubileu dasPessoas Excluídas Socialmente’,que se celebrou no Vaticano a 13de novembro, dia em que sefecharam as Portas Santas emtodas as catedrais e santuários domundo.“Intuí que, como mais um sinalconcreto deste Ano Santoextraordinário, se deve celebrar emtoda a Igreja, na ocorrência do XXXIIIDomingo do Tempo Comum, o DiaMundial dos Pobres”, escreveFrancisco, na carta apostólica‘Misericórdia e mísera’, com a qualmarca o final do Jubileu.O Papa explica que vê nesta novacelebração a “mais dignapreparação para bem viver asolenidade de Nosso Senhor JesusCristo Rei do Universo”, que encerrao ano litúrgico na Igreja Católica,evocando a sua identificação comos “mais pequenos e os pobres”.

O “Dia Mundial dos Pobres” querajudar as comunidades e cadabatizado a “refletir como a pobrezaestá no âmago do Evangelho”. “Nãopodemos esquecer-nos dos pobres:trata-se dum convite hoje mais atualdo que nunca, que se impõe pelasua evidência evangélica”, sustenta.Francisco defende que “não poderáhaver justiça nem paz social”enquanto “Lázaro [nome dado porJesus a um pobre numa das suasparábolas] jazer à porta da nossacasa”. A iniciativa pretende ainda“renovar o rosto da Igreja” na suaação de conversão pastoral paraque seja “testemunha damisericórdia”.O Papa deixa votos de que a IgrejaCatólica saiba dar vida a “muitasobras novas” que manifestem essamisericórdia, indo ao encontro dosque padecem a fome e a sede.

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Jubileu da Misericórdia chega ao fim

O Papa encerrou este domingo noVaticano a Porta Santa da Basílicade São Pedro, colocando um pontofinal no Jubileu da Misericórdiainiciado em dezembro de 2015. Aclausura da porta, que apenas seabre nos Anos Santos (29 até hoje,na história da Igreja Católica),decorreu antes da Missa a quepresidiu na Praça de São Pedro.Na homilia da celebração, Franciscodefendeu uma Igreja Católica"livre" e "pobre" para melhorcumprir a sua missão. "Este tempode misericórdia chama-nos acontemplar o verdadeiro rosto donosso Rei, aquele que brilha naPáscoa, e a descobrir novamente orosto jovem e belo da Igreja, quebrilha quando é acolhedora, livre,fiel, pobre de meios e rica no amor,missionária", disse.Na Missa da Solenidade de Cristo-Rei, com vários membros doColégio Cardinalício, incluindo osque foram criados cardeais estesábado, Francisco convidou todos anão fechar nunca as "portas dareconciliação e do perdão", para

saber "ultrapassar o mal e asdivergências, abrindo todas as viaspossíveis de esperança". "Com efeito, embora se feche aPorta Santa, continua sempreescancarada para nós a verdadeiraporta da misericórdia que é oCoração de Cristo", sustentou, apóster iniciado a celebração com o ritode encerramento da porta jubilar naBasílica do Vaticano.O pontífice argentino rejeitou abusca de "segurançasgratificantes" por parte da Igreja,que deve procurar "regressar aoessencial", ao "coração doEvangelho", que é a misericórdia.

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Consistório 2016: Papa e novos cardeais visitaram Bento XVI

Novos cardeais para a Igreja Católica

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Teologia cantada

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

A morte de Leonard Cohen abriu espaço parauma discussão sobre o espaço da Teologia namúsica. No caso do génio canadiano, aprofundidade da busca espiritual, sobre o sentidoda vida e o que está para lá do que se vê, é pordemais evidente. Vale a pena, contudo, estaratento a muito do que nos rodeia, porque estaperegrinação interior está presente onde menosse espera.Confesso que uma das questões teológicas quemais me sacode é a do sofrimento do inocente. OPapa Francisco tem confessado, várias vezes,que perante algumas situações resta o silêncio ea solidariedade concreta para com quem sofre,sabendo que a resposta à questão “Onde estavaDeus” é: estava naqueles que sofreram, quemorreram.O tema, no entanto, ganha outra dimensãoquando responsáveis cristãos afirmam quedesastres naturais vitimam milhares de pessoasinocentes, incluindo crianças, porque Deuscastiga o pecado. Aqui já não me sinto sacudido.Tremo.Penso nessa contradição entre a mensagem demisericórdia e o justicialismo-intervencionista aoouvir a música ‘O Deus que Devasta MasTambém Cura’, que aqui proponho cantada porum dos seus autores, Gui Amabis. O tema dátítulo ao álbum de outro artista brasileiro, LucasSanttana.A música aborda o “caos de um dia atroz porcausa da fúria de um deus”, antes de cantar umjardim simbolicamente iluminado “por umaestrela”. Ouço, em silêncio, na convicção interiorde que Deus está com os que sofrem.

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O silêncio é, aliás, uma das maioresnecessidades da Igreja Católica nodiálogo entre os que “habitam” e osque “procuram” a fé, usando ascategorias do teólogo Tomas Halík.Quem chega hoje às comunidadescatólicas em busca de respostaspara a “ávida dúvida” (como cantauma das melhores bandasbrasileiras da atualidade, O Terno)quer ser ouvido, antes de maisnada. E a própria Igreja precisa deouvir, de entender o que outro sabe,vive, procura, sem a tentação defazer exigências imediatas. Acolhere amar, antes de querer ensinar.

A leitura da nova carta apostólica‘Misericórdia e mísera’ é uma lição,a este respeito. O Papa insiste naideia de perdão como horizonte darelação pessoal com Deus. Peranteas situações de falha, de pecado,de miséria que atingem cada serhumano, Francisco é um líderespiritual que perscruta o coraçãode Deus, à procura da melhorresposta para elas. Na certeza deque “nada do que um pecadorarrependido coloque diante damisericórdia de Deus pode ficar semo abraço do seu perdão”. Porque onosso Deus é um Deus que cura.

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A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que sofre (AIS) apresentou oRelatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo 2014-2016, no qualdenuncia o surgimento de um “hiperextremismo islamita” queameaça a paz e a estabilidade em várias regiões. Catarina Martins Bettencourt, diretora do secretariado português daAIS, refere que os cristãos são o "grupo mais perseguido" entre asvárias confissões religiosas, admitindo que nos próximos cinco anospossam "desaparecer" algumas comunidades cristãs no MédioOriente. "Há um claro retrocesso na liberdade religiosa no mundo",alerta. O Semanário ECCLESIA apresenta entrevistas D. Bashar Warda,arcebispo iraquiano, e da irmã Guadalupe, religiosa argentina quevive na Síria, além de textos e testemunhos sobre situações deperseguição religiosa.

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«Cancro» do Daesh exige medidas radicais

O arcebispo de Erbil, capital do Curdistão iraquiano, esteve em Portugal nocontexto da apresentação do relatório sobre a Liberdade Religiosa nomundo, que a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) promoveu.O Iraque tem sido palco, há mais de uma década, de violência “direta” contracristãos, gerando uma “grande onda” que afeta estas comunidades, as quaispassaram de 1,2 milhões de pessoas para menos 300 mil. D. Bashar Wardafala do Daesh como um “cancro”, com o qual não há possibilidade de“diálogo”, exigindo um “tratamento radical”, que inclua “pressão política” eaposta na educação.

Entrevista conduzida por José Carlos Patrício Agência ECCLESIA (AE) - Qual é asua opinião sobre este relatório daAIS, que revela um aumento daintolerância religiosa no mundo,particularmente contra os cristãos?O que é isto significa para o mundode hoje?D. Bashar Warda (BW) - Acho queé um relatório chocante, porque nosdiz em que ponto estamos no séculoXXI, e é também uma chamamentodesafiante para todos os países,especialmente no Ocidente, paraque acordem e estejam atentos aoque se está a passar no mundo;para que

tomem iniciativas a nível político,económico e social no sentido dereduzirem e enfrentarem estarealidade tal como está.Como se costumava dizer, anegação não é um rio [denial is notriver, um trocadilho em inglês com onome do rio Nilo, no Egito], portantonão podemos negar esta realidade,é um facto, existe, mais de 35países estão em sofrimento, muitaspessoas, e é uma realidade emcrescimento. Há dois anos atrás eramenos, agora está a espalhar-se, enão podemos negar este facto edizer que está tudo bem, não estátudo bem.

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AE - Na sua opinião, o que é acomunidade internacional podefazer contra o autoproclamadoEstado Islâmico, por exemplo, queações podem ser tomadas contra aguerra e a violência nestemomento?BW - Infelizmente, para mim comobispo, tenho de dizer que um grupotão extremista e terrorista como esteé como um cancro, portanto tem deser tratado de forma decisiva eincluir um pacote de recuperaçãoque é preciso ser feito.É preciso haver uma intervençãomilitar, porque não há qualquerpossibilidade de diálogo com estas

pessoas - se houver a mínimahipótese de dialogar, teremos de aaproveitar - estas pessoasgeralmente não estão abertas aquem é diferente.Mas com este pacote deverátambém vir outro, para abordar osdesafios sociais que levaram a estamentalidade e a estes atos deviolência; pressão política sobre aspessoas em países que, de umamaneira ou de outra, estão aencorajar a existência destesfenómenos. Portanto o Ocidente temmuitas coisas a ter em conta emrelação a este extremismo nosEstados islâmicos.

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AE - Em relação ao seu país, oIraque: após a queda do regime deSaddam Hussein, em 2003, oscristãos começaram a ser tratadosde forma mais agressiva? Comopadre em Bagdade, nessa altura,como viu a mudança?BW - Na nossa parte do mundo, osmuçulmanos pensam que oOcidente é cristão e que nóscristãos estamos com eles, nessesentido. Mas chegou o ponto dedizer que no Ocidente nem todossão cristãos, e também há cristãosmas nem todos são praticantes. E onosso país levou algum tempo aentender isso, que não se podefazer esta associação.Mas depois da queda do regime em

2003, não havia lei, vieram pessoase declararam-na uma penínsulaislâmica e fechada a quem era defora. Houve uma perseguição diretaaos cristãos naquela altura, raptosde sacerdotes, assassinatos depadres, de bispos, bombardeamentode igrejas, ameaças sobre oscristãos para que deixassem assuas terras e as suas casas, houveuma violência direcionada contra oscristãos.Na ausência de um Estado e de umalei, houve pessoas que seaproveitaram desta situação, estaonda enorme de violência contracristãos teve por trás inúmerosfatores. O número de cristãos aquicaiu de 1,2 milhões para menos de300 mil.

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AE - Que episódios recorda emparticular?BW - Em 2003 teve lugar ummassacre numa igreja ao domingo,combatentes islâmicos entraram notemplo durante a Missa e mataramos dois sacerdotes e todas aspessoas lá dentro; depois o Daeshem 2014. Esta violência foidirecionada contra os cristãos e asminorias, nós sofremos muito porcausa disto.

AE - A Arquidiocese de Erbil fica noCurdistão iraquiano, uma região quese pode dizer mais tolerante emrelação aos cristãos, para ondemuitos deles fugiram. Qual é asituação destas pessoas, hoje?BW - O povo curdo acolhe cristãose yazidis porque lhes dizem que estaé a sua terra, estamos juntos hámais de 1400 anos, e é tambémmais tolerante porque simpatiza comos perseguidos

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- o povo curdo foi ele próprioperseguido. O governo curdo estáempenhado em mostrar um ladobom, positivo e tolerante, portantoabriu todas as fronteiras eprovidenciou toda a ajuda logísticaque pôde.Hoje temos cerca de 10 mil famíliasdeslocadas internamente, quer deMossul quer da Planície de Nínive,com o apoio da Fundação Ajuda aIgreja que Sofre, dos Cavaleiros deColombo, das conferênciasepiscopais, das igrejas caldeias, detantas organizações e agênciascatólicas. Conseguimos ajudá-los apermanecer, fornecemos abrigo,comida, medicamentos, construímosescolas para todas as crianças.Todos estão à espera da libertaçãototal da Planície de Nínive e deMossul para poderem voltar paracasa, ver as suas terras, começarde novo a vida nestes territórios.É preciso despertar consciênciasacerca do destino, da situaçãopresente dos cristãos, dos cristãosperseguidos, temos tambémnecessidades materiais porque paramantermos estas pessoas aquitemos de dar-lhes um teto,educação, alimentação e saúde. E aIgreja Católica está a fazer isso,claro que com a ajuda de outrasigrejas.

AE - Há condições para o regressoseguro destas pessoas para casa?BW - Não. Todas as igrejas foramqueimadas, a maior parte dosaltares foram destruídos, 30 a 40por cento das casas diria que foramcompletamente destruídas, outrasqueimadas, não há escolas nemclínicas, os serviços públicos estãocompletamente destruídos. Épreciso algum tempo, primeiroassegurar Mossul e depois começara reconstruir, para regressar épreciso segurança, segurança esegurança, política e social dentrode Mossul.As pessoas não vão poderregressar se estas condições nãotiverem sido asseguradas, poisquem garante que tudo não voltaráa acontecer. Esta será a primeiracondição e depois a reconstrução,compensar, tudo isto é essencialpara as famílias, para asconvencerem a sair da zona seguraque têm agora em Erbil e irem paraa Planície de Nínive. Não esperamosque as pessoas regressem a casaaté ao verão, pelo menos até aopróximo ano académico, não existemescolas de pé lá…

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AE - O Papa já manifestou a suadisponibilidade para visitar Erbil. Oque é que isso representaria?BW - A sua presença daria muitoalento aos cristãos, porque ele temsempre presente estas pessoas nosseus discursos e na sua oração. Asua vinda seria um apoio grandepara a comunidade cristã,esperamos e rezamos para que issoaconteça, e iria influenciar toda asociedade aqui,

muçulmanos e cristãos num todo,em especial os governos de ambosos lados, no Curdistão e no Iraque,para trabalharem mais em conjunto.Por isso esperamos que essa visitaaconteça em breve.Pessoalmente, convidei o Papaduas vezes e ele expressou a suavontade em vir, mas acho que está aaguardar por melhorescircunstâncias.

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AE - E o que espera da novaadministração Trump em relação aocombate contra o Daesh?BW - Nós sabemos e sempredissemos que a América tem umaresponsabilidade moral em relaçãoao Iraque, por causa das mudançasque aconteceram em 2003. Eles têmde levar isto a sério, têm de estarempenhados.O novo presidente disse que vailutar contra o Estado Islâmico demodo diferente e que vai trazer umfim a esta violência e a este mal. Porisso esperamos que esta mudançapolítica afete positivamente a vidadas pessoas no Médio Oriente

AE - Que mensagem deixa ao povoportuguês?BW - Em primeiro lugar, queroagradecer às pessoas pelas suasorações, pelo seu apoio, porestarem atentos à nossa situação,esperando que isso que permitaelevar mais as consciências. Rezoem Fátima para que a paz possachegar a todo o Médio Oriente, quea Rainha da Paz nos abençoe com apaz definitiva, que todos possamosviver em paz, cristãos, muçulmanos,yazidis, shabaks, curdos, árabes,podia nomear todas estas minorias…E, sobretudo, peço às novasgerações para estarem maisenvolvidas face a este fenómeno daperseguição religiosa um pouco portodo o mundo, estarem maisconscientes e valorizarem a sua fécristã, exigindo maior ação dospolíticos no que toca à garantia daliberdade religiosa e contra aperseguição no Iraque e na Síria

D. Bashar Warda salientou que a sua comunidade “foi abençoada”pela oportunidade de viver na prática o Ano Santo extraordinárioconvocado pelo Papa. “Tendo entre nós os refugiados e deslocados foiuma boa ocasião para todas as pessoas mostrarem a sua misericórdia erezarem por estas pessoas, apoiando-as e acompanhando-as nas suasnecessidades”.

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Fugir ao DaeshPadre Jacques Mourad, sacerdote sírio-católico

A importância da liberdade religiosapara mim significa a diferença entrea morte e a vida. Sou um sacerdotecatólico da Síria e dedico-mesimultaneamente à sobrevivência doCristianismo neste nosso centronevrálgico bíblico e à causa daconstrução da confiança e doentendimento entre Cristãos eMuçulmanos.A 21 de maio de 2015, fui raptadona Síria pelo Daesh (ISIS) e fuiencarcerado em Raqqa, que oDaesh

transformou na sua capital. Durante83 dias, a minha vida esteve presapor um fio. Temi que cada dia fosseo último.Ao oitavo dia, o wali [governador] deRaqqa veio à minha cela econvidou-me a considerar o meucativeiro como uma espécie de retiroespiritual. Estas palavras tiveram umgrande impacto em mim. Fiqueiespantado por ver que Deusconseguia até usar o coração de umalto responsável do Daesh para meenviar uma mensagem espiritual.Este encontro marcou uma mudança

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na minha vida interior e ajudou-medurante o tempo em que estivepreso.Mais tarde, fui transferido de voltapara a minha cidade, Qaryatayn, e apartir daí consegui alcançar aliberdade, graças à ajuda de umamigo muçulmano da região. Teriasido muito fácil ceder à raiva e aoódio pelo que me aconteceu. MasDeus mostrou-me outro caminho.Em toda a minha vida como mongena Síria procurei encontrar ligaçõescom os muçulmanos e queaprendêssemos uns com os outros.Estou convencido de que, ao longodos últimos anos, o nossocompromisso em ajudar todos osnecessitados na região deQaryatayn, tanto cristãos comomuçulmanos, foi a razão pela qual250 cristãos e eu conseguimosregressar à liberdade.O nosso mundo oscila à beira deuma catástrofe total, à medida que oextremismo ameaça acabar de vezcom todos os vestígios dediversidade na sociedade. Mas se areligião nos ensina alguma coisa é ovalor da pessoa humana, anecessidade de respeito uns pelosoutros como dom de Deus. Por isso,de certeza que deve ser possível teruma fé apaixonada

na própria crença religiosa e aomesmo tempo respeitar o direitodos outros de seguirem a suaconsciência, de viverem a suaprópria resposta ao amor de Deusque nos ciou a todos.Estou profundamente agradecido àFundação AIS, a instituição quecontinua a dar tanta ajuda deemergência e ajuda pastoral aonosso povo sofredor, pelo seucompromisso para com a causa daliberdade religiosa.Este compromisso deu fruto nesteRelatório de 2016 da LiberdadeReligiosa no Mundo. Se queremosquebrar o ciclo de violência queameaça engolir o nosso mundo,precisamos de substituir a guerrapela paz. Nos dias que correm, maisdo que nunca, é tempo de pôr delado o ódio religioso e os interessespessoais, e de aprender a amar?nos uns aos outros, tal como asnossas religiões nos exortam afazer.

(Prefácio do relatório sobre aLiberdade Religiosa do Mundo,

Fundação AIS)

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Hiperextremismo islamitaameaça Liberdade ReligiosaNunca o fundamentalismo religiosofoi tão letal como agora. Morte,destruição, deslocamento depessoas numa escala semprecedentes, e instabilidaderegional são algumas dasconsequências do advento, nosúltimos anos, de um “novofenómeno de violência commotivação religiosa”, que pode serdenominado de “hiperextremismoislamita”.Segundo o Relatório sobreLiberdade Religiosa no Mundo, daFundação AIS, o surgimento, emlarga escala, deste fenómenoreligioso extremista coloca emperigo a paz mundial, estabilidade ea harmonia social do Ocidente.O Relatório, produzido a nívelinternacional por uma equipa deespecialistas da Fundação AIS - queincluem académicos, religiosos ejornalistas -, avalia a evolução, noperíodo correspondente – de junhode 2014 a junho deste ano –, dasquestões relacionadas com aliberdade religiosa em 164 países.O resultado é inquietante. “Emalgumas regiões do Médio Oriente,que incluem o Iraque e a Síria, estehiperextremismo está a eliminartodas as formas de diversidadereligiosa

e ameaça fazer o mesmo em certaszonas de África e do subcontinenteasiático”.Como notam os autores doRelatório, a emergência destehiperextremismo visível também ematos de pura selvajaria, denotaintenções genocidas, que já foram,aliás, denunciadas, no que dizrespeito ao autoproclamado “EstadoIslâmico”, pelas Nações Unidas epelo parlamento de diversos países,nomeadamente em Portugal.No nosso país, recorde-se, aAssembleia da Repúblicareconheceu, em abril deste ano,“formalmente, e por unanimidade”, o“terrível genocídio” contra oscristãos e outras minorias étnicas ereligiosas, em África e no MédioOriente.Outra das consequências destaviolência de inspiração religiosa doextremismo islâmico tem sido oaumento extraordinário do númerode refugiados, atualmente estimadoem cerca de 65,3 milhões, segundoas Nações Unidas, com fugasmaciças de populações oriundasessencialmente de países como oAfeganistão, Síria e Somália.

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No documento, os especialistas daFundação AIS alertam para asconsequências, para os países doOcidente, da chegada destenúmero, sem precedentes, derefugiados, cujo tecido socio-religioso inevitavelmente serádesestabilizado. Esses problemastenderão, ainda segundo oRelatório da AIS, a serem agravadoscom o surgimento de atentadosterroristas fundamentalistas nospaíses ocidentais.Na leitura deste Relatório, importadestacar que a liberdade religiosanão tem sido apenas vítima daatuação de grupos religiososradicais, mas continua a ser objetode “repressão” em países como temsido o caso da China, doTurquemenistão, Coreia do Norte ouEritreia.

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Discussão religiosadeve voltar ao espaço público

O presidente do grupo parlamentarde Solidariedade com os CristãosPerseguidos, da Assembleia daRepública Portuguesa, consideraque é necessário trazer, “outra vez,a discussão espiritual, a discussãoreligiosa”, para o espaço público.“É preciso recuperar isso nas

democracias e esse é um passofundamental para começarmos aresolver os problemas ligados àliberdade religiosa e, principalmente,hoje em dia, para resolvermos aviolência que existe nos atentados àliberdade religiosa”, explicaFernando Negrão. Segundo odeputado do

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Partido Social Democrata (PSD),deve haver uma “discussão plural”em que todos possam serintegrados, “uma atitude inclusiva”no sentido de todos estarem“integrados nessa conversa e nessediálogo”.Para o presidente do grupoparlamentar de Solidariedade comos Cristãos Perseguidos a cultura “éfundamental”, com as crianças nasescolas, “incluir todas as religiõespara já no espaço da escola”, “é opasso decisivo”. “Esse é umcaminho cultural, o caminho maisseguro para nós termos efetivaliberdade religiosa e,principalmente, para banirmos aviolência e as atrocidades que hojese fazem todos os dias em nome dareligião”, desenvolveu FernandoNegrão.Em declarações à AgênciaECCLESIA, observou ainda que épreciso “sensibilizar” todos os atorespolíticos em Portugal, no sentido daliberdade religiosa seja um “direitofundamental” porque “não podecontinuar a ser um direito órfão”,tem que ter vida, conteúdo.Por sua vez, José Ribeiro e Castro,ex-presidente do referido grupoparlamentar português, alerta parao não-esquecimento de situaçõesde “extrema gravidade” contra aliberdade religiosa, na China, noTurquemenistão, em África.O também antigo líder do CDS-PP sobre casos específicos comoos

conflitos na Síria e no Iraqueconsidera necessário “estabilizar asituação nesses países, o que setem revelado tarefa “bastante difícil”.Para José Ribeiro e Castro oOcidente “teve uma forteresponsabilidade”, nas guerrasdilacerantes dos dois países, querem 2003 na invasão do Iraque querno início da guerra civil na Síria.“Acompanho os apelos que o bispode Erbil fez assente naresponsabilidade moral do Ocidente,quer quanto ao acolhimento derefugiados, quer quanto ao apoio aorestabelecimento da paz comsensatez, com equilíbrio nessespaíses”, desenvolve.Neste contexto, destacou o “papelpacificador que os cristãos podemter” nesses países, mesmo com aperseguição religiosa, relatado porD. Bashar Warda, nomeadamenteno diálogo com os muçulmanosxiitas e sunitas para que superem osseus próprios diferendos. “Creio queisso será uma resposta que revelaum profundo espírito cristão, não sópreocupado com o próprio bem-estar das comunidades mas tambémcom a superação de conflitos entrelinhas muçulmanos”, acrescentou.O antigo presidente do CDS-PPespera ainda que as mensagens derelatórios, como o da FundaçãoAjuda à Igreja que Sofre, “tenhamcontinuidade na ação política” doParlamento, e através dele noGoverno.

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Ekhlas,um nome para a perseguiçãoreligiosa

Abril de 2016: Uma adolescenteyazidi chamada Ekhlas, do norte doIraque, deu um testemunho pessoalaos deputados sobre a violência eoutras atrocidades levadas a cabopelo Daesh (ISIS). Ekhlas está entreos muitos yazidis raptados pelosextremistas islamitas das suas casasem Sinjar. O seu pai e o seu irmãoforam mortos à sua frente. Ela etodas as outras

raparigas com mais de 8 anos nasua comunidade foram raptadas,encarceradas e violadas.Ao falar a um grupo restrito dedeputados do Parlamento emWestminster, Londres, Ekhlasdescreveu ter visto as suas amigasserem raptadas e ter ouvido os seusgritos. Referiu conhecer umamenina de 9 anos que foi violadatantas

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vezes que acabou por morrer.Ekhlas disse que viu um rapaz de 2anos a ser morto em frente à mãe.Ela própria só conseguiu escapar àprisão durante o bombardeamentode uma área próxima do local ondeestava encarcerada.A adolescente dirigiu-se aosdeputados no dia anterior ao debatena Casa dos Comuns sobre umamoção de reconhecimento degenocídio pelo Daesh contrayazidis, cristãos e outras minorias. Amoção apelava igualmente a que oGoverno britânico referisse aquestão no Conselho de Segurançadas Nações Unidas, para que osque realizam estes crimes sejamlevados à justiça.Durante o debate de bastidores a20 de abril de 2016, a deputadaFiona Bruce apresentoupormenores do relato de Ekhlas efez eco do pedido da adolescente. Adeputada citou as palavras deEkhlas: “Oiçam-me, ajudem asraparigas, ajudem os que estãopresos. Peço-vos, encarecidamente,vamos juntar-nos e chamar a isto oque realmente é: genocídio.”“Isto tem a ver com a dignidadehumana. Vocês têm umaresponsabilidade. O Daesh está acometer genocídio porque

está a tentar exterminar-nos”.A moção foi aprovada por 278 votosa favor e zero contra. Os deputadosexortaram o Governo britânico aapelar ao Conselho de Segurançada ONU para que remeta os crimescometidos pelo Daesh para oTribunal Penal Internacional. Jogo de futebol inter-religiosoUma iniciativa para combater oódio religioso no Paquistãoatravés da criação de um torneiode futebol para pessoas de todasas religiões provou ser tão bem-sucedida que agora atrai mais detrinta equipas das quatroprovíncias do país.Tendo começado há quinze anosatrás, a iniciativa foi ideia dosacerdote católico padreEmmanuel Parvez, que realiza otorneio em Khushpur, uma aldeiamaioritariamente cristã no Punjab.“Os nossos objetivos são criaruma atmosfera de paz e diálogoentre os jovens de vários credos ealimentar a irmandade e atolerância numa sociedadeatormentada pelo terrorismo”,afirmou.

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Ucrânia: milhares de pessoas dependem da ajuda daIgreja

A guerra esquecidaNo Leste da Ucrânia, desde quedeflagrou o conflito entreseparatistas pró-russos e asforças de Kiev, em 2014, hámilhares de pessoas que vivemcomo que esquecidas, quesofrem e que precisam de ajuda.A Igreja tem desenvolvido umtrabalho notável junto destaspopulações, mas sem a nossaajuda pouco podem fazer… O Papa Francisco tem denunciado asituação em que se encontram aspopulações sitiadas pela violênciano Leste da Ucrânia. E são já maisde 10 mil os que perderam a vidaneste conflito que o mundo tende aignorar, e mais de dois milhões osque perderam tudo o que tinhampor causa desta guerra. Como temdito o Santo Padre, estaspopulações não podem seresquecidas. Nalguns locais vive-setodos os dias o receio de umaguerra aberta. As populaçõessentem-se ameaçadas edesprotegidas. A pobreza em que jáviviam afundou-se ainda mais. Semtrabalho, com a ameaça da guerra,milhares de pessoas estão comoque encurraladas. Para cuidardeles, resta apenas a

solidariedade da Igreja. São muitasvezes as congregações femininasque têm estado nesta nova linha dafrente da solidariedade. As irmãssão hoje o sinal bem visível dapresença da Igreja depois dasdécadas da opressão soviética. NaUcrânia há hoje 56 congregaçõesfemininas. Quase todas sãoapoiadas pela Fundação AIS. Novos pobresOs novos refugiados são pessoascomuns vítimas da anexação dosterritórios do Leste do país pelasforças pró-russas e a instalação doclima de guerra. São os novospobres. Às vezes, quase todos osdias, as irmãs têm de decifrar nosseus olhares aquilo de que maisprecisam e não conseguem sequerpedir. Não é fácil mendigar. Diz airmã Sabina Pekala, dasmissionárias de São OrioneKharkiv:“Sentem-se humilhados,porque têm de vir aqui e nós temosde agir com cautela. Às vezespercebemos nos seus olhos queprecisam de algo, mas não o dizem.São pessoas desesperadas…Muitos perderam

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as suas casas, estão todostraumatizados, choram… Às vezes –acrescenta a irmã – também nósficamos com lágrimas só de osescutarmos…” As irmãs missionáriasde São Orione Kharkiv sãotestemunhas, também, de que asolidariedade se contagia. “Muitasvezes – acrescenta a irmã – batem-nos à porta e trazem-nos algumdinheiro. Muitos trazem roupa. Vême dizem: ‘vemos que ajudam ealimentam tantas pessoas. Podemosajudar-vos de alguma maneira?’Digo sempre que sim. Todos dão oque têm…”

Estas irmãs são, na sua pobreza, osinal da solidariedade da Igreja. Aprópria casa em que vivem precisade obras urgentes. Quando chovemuito ficam com a cozinha e a casade banho inundadas. Elas, àsemelhança das pessoas que lhesbatem à porta, também estão demãos estendidas. A FundaçãoAIS tem procurado ajudar estasirmãs assim como todas ascongregações ucranianas que,todos os dias, procuram aliviar estaspopulações mais esquecidas naEuropa.

Paulo Aidowww.fundacao-ais.pt

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Tragédia na Síriacom culpas do Ocidente

A irmã Guadalupe, da Congregação do Verbo Encarnado, que esteve emmissão na cidade síria de Alepo, denunciou à Agência ECCLESIA a“perseguição” contra os cristãos num cenário quotidiano de morte. Areligiosa argentina recorda que antes da guerra civil, iniciada em 2011, haviauma “convivência muito boa” entre cristãos e muçulmanos, realidade quehoje se transformou num cenário de “perseguição”, com culpas dacomunidade internacional.

Entrevista conduzida por José Carlos Patrício Agência ECCLESIA (AE) - Está emmissão na Síria desde 2011, pelaFamília do Verbo Encarnado. Comotem sido essa experiência junto deuma comunidade cristã tão sofrida?Irmã Guadalupe (IG) - A experiênciana Síria para mim foi muitodiferente, antes da guerra e depoisda chegada da guerra. Porqueantes da guerra havia umaconvivência muito boa com osmuçulmanos, o que é algo raro noMédio Oriente, não é assim nosdemais países. Eu estive em váriospaíses do Médio Oriente etestemunhei a discriminação e aperseguição feita aos cristãos,

desde que existe o Islão que é assime desde o início da Igreja.Mas na Síria havia uma convivênciapacífica entre cristãos emuçulmanos e como não era uma féprovada era também uma fé porvezes superficial, um poucomundana, acomodada, gente quevivia muito bem, tinha muito bem-estar económico.A chegada da guerra e daperseguição mudou estacomunidade cristã, a sua fé foireforçada com a perseguição,notou-se muito o desapego àscoisas materiais, do mundo, e oapego à fé e à esperança.

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AE - Como é o dia-a-dia destacomunidade cristã, perseguida,maltratada?IG - Eu sou ocidental, souargentina, e pode-se comparar estavivência com o que é ser cristão noOcidente, onde às vezes há umcristianismo fugaz, de algunsmomentos e lugares, de algumascircunstâncias, consoante esteja naigreja, junto da família, numacomunidade ou num grupo deamigos que são cristãos. E depoisem outros ambientes dissimulo,escondo o meu cristianismo, não omanifestou. Isso aqui na Síria já não existe, aquié-se cristão minuto a minuto e issosignifica estar disposto ao martíriominuto a minuto. Não é uma questãode momentos.Existe a possibilidade de renunciar àfé para evitar a morte, têm essapossibilidade mas não a aceitam demaneira nenhuma. Por isso a sua féestá de tal modo reforçada quedizem que mais vale perder tudo,incluindo a vida, do que renegarJesus Cristo.Então o dia-a-dia destes cristãos éem tudo muito particular, quem viveaqui sabe que a morte pode chegara qualquer momento e então vivecada dia intensamente, sabendo

que pode ser realmente o seu últimodia. Há mortes todos os dias,vivemos a guerra em plena cidadehá já mais de cinco anos, nasnossas casas. Os grupos rebeldes,que são grupos terroristas, atacamnão só o exército nacional mastambém os civis e sobretudo osbairros cristãos.Sair à rua já significa estar sujeito amorrer com um ataque de um míssil,de um projétil, de um canhão, comtiros, balas perdidas. E ficar emcasa também não é garantia desegurança, porque os ataques, osbombardeamentos sãopermanentes. AE - Qual é a sua missãoespecificamente na Síria, que tipode trabalho faz a sua congregação?IG - Eu pertenço à Família Religiosado Verbo Encarnado, umacongregação fundada na Argentinapelo padre Carlos Buela, umacongregação recente com apenas30 anos, com ramo masculino eramo feminino.E estamos já, com a graça de Deus,nos cinco continentes e em lugaresmuito difíceis, por isso estamos naSíria, no Iraque.O nosso fundador sempre disse queera preciso ir aos lugares ondeninguém quer ir, é esse o nosso

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chamamento, quisemos que fosseassim, estar com os cristãos, com aIgreja perseguida nestes lugares.Na Síria estamos em Alepo, asegunda cidade do país mas a maisimportante, onde os combates têmsido mais intensos nos últimos cincoanos. E aqui o bispo pediu-nos, hámuitos anos já, para darmosatenção especial à pastoral daCatedral daqui, de rito romano.Temos um sacerdote do VerboEncarnado com a Catedral e nós,

as irmãs, colaboramos na pastoral etemos a nosso cargo uma pensão,uma residência para estudantesuniversitárias.E as estudantes seguem com osseus estudos, independentementeda guerra temos tido licenciadastodos os anos, é impressionantecomo a vida continua, se consegueseguir adiante, e sobretudo combase na fé, porque não há outrarazão para seguir em frente.

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AE - Perante esta realidade, deopressão, de limitação da liberdadereligiosa, o que é preciso fazer paraque este fenómeno possa sercontrariado, erradicado dasociedade, particularmente naSíria?IG - Aqui temos de modo muitoevidente a experiência da falta daliberdade religiosa, porque aqui aperseguição é cruel, é de espada,cristãos crucificados, decapitados,enterrados vivos, crianças sãocrucificadas por serem cristãs.Mas o Ocidente não está livre disto,desta perseguição. Se virmos noOcidente vive-se a liberdadereligiosa? Não! Definitivamente não!

O problema é que a liberdadereligiosa por vezes entende-se comonão poder manifestar a própria fé,isso não é liberdade.E então em nome da liberdadereligiosa temos de retirar as cruzes,em nome da liberdade religiosa nãose pode colocar um presépiopúblico, em nome da liberdadereligiosa não se pode manifestarpublicamente a fé, isso não éliberdade religiosa, isso é quererapagar Deus da História, e isso nãopode acontecer.Então nesse sentido creio que oscristãos do Médio Oriente ensinam-nos como viver a liberdade religiosa,porque mesmo no meio da

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perseguição eles são livres econtinuam a manifestar a sua fé,não se amedrontam, não seescondem, não dissimula a sua fé,pelo contrário.Creio que nesse sentido elesmostram aos cristãos ocidentaiscomo podem viver plenamente asua fé, para serem realmente umtestemunho vivo para os outros.O caso dos cristãos egípcios émuito paradigmático, eles tatuam acruz na sua pele, e fazem-no comouma tradição, um rito, não comouma moda. Fazem-no por duasrazões: primeiro para seidentificarem como cristãos, de umamaneira que seja totalmentedefinitiva, identificam-se comocristãos sempre e a todos osmomentos com a cruz, porque atransportam na carne, não há formade a retirar.Esse é o primeiro sentido, osegundo é para prepararem-se parao martírio. É

dizer já que ser cristão é sinónimode martírio. E isto pode dizer-nosmuito a nós, no Ocidente, para quevivamos a nossa fé sem medo. AE - A nível político, existe poucaatenção ao drama que marca a Síriae outros países?IG - Sim, o que acontece é que,lamentavelmente, as organizaçõesinternacionais e os governos, oslíderes políticos mais importantes,sobretudo do Ocidente, quedeveriam velar pelo bem-comum, narealidade estão a zelar apenaspelos seus interesses económicos.E por isso chegamos a estasatrocidades, no limite voltamossempre ao mesmo, à falta de Deus,caídos de Deus cairemos de nósmesmos, e a partir daí tudo épossível. E por isso vemos estaguerra atroz que nunca mais acabae que está a ser fomentada,impulsionada e financiada peloOcidente.

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IG - Esse Ocidente que prega aliberdade, os direitos humanos, ademocracia, financia o terrorismopor interesses económicos e porisso esta perseguição, esta guerrapersiste, prossegue há anos.Se não fosse a chegada da Rússia,que ultimamente tem apoiado oexército

nacional sírio e, graças a Deus,ajudado a libertar cidades, eacredito que chegará a vez deAlepo, esta tem sido a únicaintervenção eficaz no sentido deacabar com isto.Mas vamos sempre ao mesmo, narealidade não estão a pensar nobem do povo, ninguém está apensar

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no povo, e é ele que está a pagar opreço desta guerra, são mais de300 mil mortos, estão a pensar nosseus interesses económicos. AE - Nestes cinco anos de guerra,qual foi o pior momento que viveuna missão junto destascomunidades?IG - Eu fui enviada para a Síria emjaneiro de 2011 e a guerra rebentouuns meses depois. Vivi situaçõestrágicas todos os dias, vi passar amorte muito perto, muitas vezes.Mas talvez o momento mais fortetenha sido quando um míssil terra-terra caiu apenas a 50 metros daminha missão, do episcopado.Foi uma explosão terrível, umatentado que fez mais de 400mortos, muitos dos nossos, muitosestudantes universitários. Osestragos foram enormes, nobispado, na Catedral tivemosencerrados muitos meses, nãopudemos usar a igreja durantemuito tempo.Mas o pior foi os danos morais, comtantas vítimas, tantos mortos, tantosferidos, foi talvez o pior momento, eaconteceu ao meio-dia, em plenopico da atividade da cidade, porqueapesar da guerra, a atividade nacidade é quase normal.Havia imensa gente nas ruas e estaexplosão provocou muito medotambém, mas foi admirável vercomo,

nesse mesmo dia, à tarde, umashoras depois, já havia pessoas naCatedral, jovens a ajudarem naretirada de escombros, vidros, aajudarem no apoio aos feridos, alevá-los ao hospital, a preparar osalão do bispado para a celebraçãoda missa.E desde esse dia, na nossa igrejaduplicou o número de pessoas namissa, depois deste acontecimentolimite, depois da queda deste míssilque podia inspirar medo ou assustaras pessoas, dizerem que não saiammais, não iam mais à igreja, foi ocontrário.Isto mostra como o sofrimentoapenas vem reforçar mais a fédestas pessoas, e é isso também oque mais intriga os nossosperseguidores. AE - Já tinha referido essa diferençaem relação ao Ocidente, em queperante um acontecimento difícil é omedo que prevalece…IG - Sim, a mim deu-me muita penaao ouvir falar dos atentados do anopassado, em Paris e em outrascidades europeias, e como os mediadiziam que as pessoas agorapensavam duas vezes emperegrinar a Roma e em assistir àmissa. Isto é o inverso do queacontece aqui.Aqui em Alepo festas como o Natal ea Páscoa são os períodos em queacontecem mais ataques, osrebeldes

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intensificam os bombardeamentossobre os bairros cristãos para queeles não vão às igrejas. Mas asigrejas enchem-se para a festa, nãoconseguem impedi-los. AE - Que mensagem gostaria dedeixar ao povo português?IG - Primeiro o que pedimos sempreé a oração, para que rezem peloscristãos na Síria. Isso é o que elesmais precisam e é o que os sustentano momento do martírio, recebemuma graça especial de Deus quevem sobretudo das orações dosoutros cristãos, todos fazemos partedeste corpo místico de Deus, somosparticipantes da comunhão dossantos.E nesse sentido podemos ajudá-losrezando por eles, isso é o melhorque se pode oferecer. Mas emsegundo lugar também denunciar edar a conhecer tudo o que de factoestá a acontecer, porque uma dasgrandes dores que marcam oscristãos em geral, e o povo sírio edo Iraque, é a desinformação, amanipulação da informação.Porque lamentavelmente estaguerra fabricada manipula tambémos meios de comunicação, aimprensa, e então o que chega aoOcidente não

é o que realmente está aacontecer. E nesse sentido há um dever deconsciência para todos e cada um,de difundir e dar testemunho daverdade, porque esse será ocaminho para mudar a opiniãopública, e com isso o rumo daquelesque tomam as decisões, osresponsáveis por esta guerra.Porque no meio desta ignorânciaeles podem seguir com os seusplanos. E é nosso dever anunciar oque realmente está a acontecer.Temos páginas de facebook criadasespecificamente com esta intenção,informar e apoiar dos cristãos, SOSCristãos na Síria, Amigos do Iraquee Nazarenos Perseguidos.Não podemos continuar indiferentesao que está a acontecer no MédioOriente, isto afeta-nos a todos e, dealguma maneira, todos somosresponsáveis com o nosso própriocomportamento.O bem difunde-se a si mesmo, se eufaço o bem estou a contribuir para apaz, e estou a ajudar, mas se faço omal e continuo no mal, no pecado,no vício, não estou a contribuir paranada. Então as atitudes daspessoas podem ajudar realmente amudar o que está a acontecer.

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Instituto Pe. António Vieira onlinehttp://www.ipav.pt/ A proposta desta semana passa poruma visita atenta e cuidada ao sítiovirtual do Instituto Pe. António Vieira(IPAV).O IPAV “é uma associação sem finslucrativos, constituída em 2005 comparticular vocação para a reflexão eintervenção nos domínios dasmigrações e diálogo intercultural,inovação social e prospetiva, nasenda da inspiração da vida e obrado Pe. António Vieira”. Tendo comoprincipal missão a intervenção epromoção “da dignidade humana,através da inovação social, dodiálogo intercultural e dasolidariedade em Portugal e noMundo.

Ao digitarmos oendereço www.ipav.pt entramos numespaço organizado, devidamenteestruturado e com os conteúdosmuito bem distribuídos. Na páginainicial encontramos os habituaisdestaques, um conjunto relevantede vídeos, bem como outrosprojetos com uma forte presençanas redes sociais.Na opção “IPAV”, acedemos ainformações maioritariamenteinstitucionais, nomeadamente aosrelatórios de gestão, aos estatutos,quem são os órgãos sociais e aindaa outros documentos deapresentação.Caso pretenda conhecer quais osprojetos que esta associaçãopossui, basta que clique no item“projetos”. Divididos em quatrograndes áreas

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(Governação Integrada,Participação e Cidadania, LiderançaServidora, EmpregabilidadeSolidária), podemos consultarinformações sobre a rede grupos deEntreajuda para a Procura deEmprego, a Academia Ubuntu, aincubadora social Ubuntu, o mapade Inovação e EmpreendedorismoSocial, a História do Futuro e aRede internacional de jovenscidadãos (Success), entre outros.Em “P. António Vieira” ficamos aconhecer o missionário, o político, odiplomata, o orador e o intelectual,que viveu num século conturbado einquietante. Aí podemos aceder àcronologia daquele que esteve

na “vanguarda na defesa dosdireitos humanos, dainterculturalidade e do diálogo inter-religioso”, e a ainda a uma listacompleta da sua vasta e variadaobra (200 sermões, 700 cartas,tratados proféticos, dezenas deescritos filosóficos, teológicos,espirituais, políticos e sociais).Por último em parceirosconseguimos obter uma imagem detodas as parcerias que de umaforma mais próxima colaboram comesta tão importante organizaçãocujo nome e identidade “é umaherança portuguesa preciosa para oterceiro milénio”.

Fernando Cassola [email protected]

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CANDLA, a App que permiteacender uma vela real na suaIgreja ou Santuário.Estar atento aos sinais dos temposé uma expressão carismática doConcílio Vaticano II, é umaexpressão e atitude que caracterizaa igreja católica, nomeadamente aigreja católica em Portugal. A Igrejaserve-se cada vez mais das maismodernas tecnologias para estarpróximo e aproximar os fiéis, emparticular, e os portugueses.CANDLA é a aplicação que permiteacender uma vela real na sua Igrejaou Santuário.Esta aplicação foi criada por doisjovens portugueses que foi

provocada pelo pensamento “porque não colocar o omnipresentesmartphone ao serviço dadevoção?”. Assim surgiu a appCANDLA, lançada há alguns mesesem Lisboa, estando já presente em15 igrejas da capital. Como funciona?CANDLA é uma aplicação mobileque lhe permite acender uma velamesmo quando não o pode fazerfisicamente, sentindo-se maispróximo de onde se sente bem.

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É uma aplicação de fácil utilização.Basta aceder à aplicação ou entrarno site e criar a sua conta. Depoissó precisa seguir 5 passos: escolhera igreja; escolher o santo; escolhera data; escolher o número de velas;por fim, clique em “ACENDER AVELA”. No dia e hora escolhidosacender-se-ão as velas ao seusanto.Carregue a sua conta quandoquiser com 1, 5, 10, 20 ou 50 velas,e acenda as velas que entender,quando desejar. A aplicação liga-seautomaticamente à sua conta dosmartphone para comprar maisvelas. Acesa a vela receberá umamensagem com a confirmação epoderá rezar a oração sugerida.Sinta-se mais próximo de onde sesente bem. Uma nova funcionalidade para o seusmartphone. CANDLA Android | CANDLA iOS

Bento Oliveira@iMissio

http://www.imissio.net

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Proposta de Advento e Natalpara crentes e não-crentes

Isabel Figueiredo e Jorge Reis-Sáresponderam ao desafio da editoracatólica Paulus de escrever um livrode Advento e Natal para “crentes enão-crentes”, que foi apresentadoesta semana na capela do CentroComercial Amoreiras, Lisboa.“Pedimos às pessoas que olhempara o Advento e Natal com outroolhar. Esperemos que seja um novoolhar”, refere Isabel Figueiredo, daRádio Renascença, à AgênciaECCLESIA.A autora destacou que “foi um

desafio” escolher o local para aapresentação do novo livro, face àopção por um local “muito maisidentificado com a natureza religiosado Advento e do Natal”,considerando “feliz” que aconteçana capela de um espaço comercial.O livro ‘Advento e Natal - Paracrentes e não-crentes’ foi escrito emparceria com Jorge Reis-Sá queconsidera o local da apresentaçãoda obra uma “metáfora excelente”.“É absurdo tentar diminuir o Nataldesse ponto

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de vista (consumista), é lutar contrauma onda gigante, mas não éabsurdo que lá haja uma capelapara reflexão; em vez de fazermosnum espaço comercial, olançamento está a ser feito numacapela”, observou o escritor.Jorge Reis-Sá, que assumiu a partede escrita para não-crentes, explicaque lhe pareceu “mais interessante”não sair da ótica dos valorescristãos e “apresentá-los sem aquestão da crença” uma vez queconsidera “serem comummenteaceites e bons, mesmo para não-crentes”.Já Isabel Figueiredo explica queescreveu “com os Evangelhosabertos”, num excercício de leitura,reflexão, escrita em que procurou “aessência” que no Natal “confronta” apessoa “com o extraordinário que éo nascimento de Jesus”. “Um dostextos faço uma referência à árvorede Natal: não é fácil separarmo-noscompletamente do barulho e dasluzes à volta do Natal, mas tambémsinto que temos a obrigação deajudar a centrar na essência”,desenvolveu a entrevistada.Para a autora, a descoberta dopresépio, o “não deixar quedesapareça do universo do Natal”,junta-se aos valores de “família,espera, esperança”, a que as

pessoas continuam a ser recetivas,“por muito barulho que se faça àvolta”.Jorge Reis-Sá refere-se também ao“consumismo” e considera que oNatal para um não-crente há de ser“nascimento”, porque está “muitoperto da passagem do ano” que aspessoas “associam a umarenovação”. “Estamos todos noNatal à espera de um bebé,podemos depois acreditar ou nãoque fez isto ou aquilo, mas estamosa celebrar o nascimento de umafigura histórica, de uma pessoa, eas alturas de espera por nascimentosão sempre belas, de reflexão, deesperança”, desenvolveu.A publicação insere-se no novo anoque a Igreja Católica começa a vivereste domingo no seu calendáriolitúrgico, com o chamado tempo doAdvento - os quatro domingos queantecedem ao Natal, um tempopreparatório para o nascimento deJesus.

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II Concílio do Vaticano:O ABC da Doutrina Social da Igreja

O título pode parecer enganador. Não está centradona teorética do verdadeiro ABC que explica a DoutrinaSocial da Igreja, mas em Alfredo Bruto da Costa (ABC)que viveu e comungou o espírito que emanou do IIConcílio do Vaticano (1962-65).Falecido recentemente (11 de novembro) com 78anos, ABC – peço desculpa aos leitores tratar AlfredoBruto da Costa com esta sigla – foi um autênticomestre conciliar. Com personalidade forte edeterminada, ABC foi um militante social e a «BoaNova» aos pobres era a sua inquietação constante.Do seu percurso cristão, ABC gostava de destacaralguns momentos marcantes que teve a graça deviver: “a passagem por escolas jesuítas, o estímulo(através da leitura) de grandes pensadores católicose o II Concílio do Vaticano.Para ABC, o fenómeno da pobreza distinguia-se daprivação e da exclusão social. Sempre disse que apobreza é “um grave problema político”, a que importadar atenção. Na pobreza é preciso ajudar as pessoasa ter meios, na privação é indispensável apoiá-las afim de que a gestão dos recursos seja melhorassegurada.Os documentos conciliares, especialmente a«Gaudium et Spes» (GS), estavam enraizados no seupensamento e na sua ação. Numa entrevistaconcedida ao Jornal «Solidariedade» (01-09-14), ABClamentava que um dos sinais da vida democrática eda sociedade portuguesa “é que nenhum comentáriopolítico vai para além de números monetários”. E umasociedade que só discute isso “é necessariamenteuma sociedade que se vai degradando em termosindividuais, na relação com os

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outros e em termos institucionais”.Basta reler o nº 66 da GS: “Parasatisfazer as exigências da justiça eda equidade devem fazer-segrandes esforços para que, dentrodo respeito dos direitos da pessoa eda índole própria de cada povo,desapareçam, o mais depressapossível, as enormes desigualdadeseconómicas unidas à discriminaçãoindividual e social, que ainda hojeexistem e frequentemente seagravam”. Este era o fio condutorde ABC. O pilar da vida destehomem que desempenhou várioscargos políticos e foi presidente daComissão Nacional Justiça e Paz.

Para ABC, não basta uma lógicameramente assistencialista. Asociedade necessita – com urgência– de políticas de desenvolvimentohumano de que fala a encíclica«Populorum Progressio», setraduzam não apenas em medidasque visam reduzir a privação, masem compreender que é a pobrezaque tem de ser combatida. ABCdeixou-nos uma grande lição e umlegado intemporal: Não basta sabera Doutrina Social da Igreja… Éfundamental aplicá-la.

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novembro 201626 de novembro. Leiria - O Corpo Nacional deEscutas (CNE) de Leiria promove ainiciativa «Planta-me 2016» paracelebrar o Dia da FlorestaAutóctone. (até27 de novembro) . Bragança - Abertura do anolitúrgico pastoral com conferênciade D. Manuel Linda, bispo dasForças Armadas e de Segurança,sobre a espiritualidade de Maria«Fazei o que Ele vos disser» . Fátima - Abertura do novo anopastoral e jubilar do Santuário . Fátima - Inauguração da exposiçãointitulada «As cores do Sol: a luz deFátima no mundo contemporâneo» . Fátima - O encontro nacional deresponsáveis das Equipas de NossaSenhora realiza-se, dias 26 e 27deste mês, em Fátima, e tem comotema “O Serviço nas ENS: a alegriada missão”. . Aveiro - Casa Diocesana deAlbergaria-a-Velha - O bispo deAveiro, D. António Moiteiro, orientaretiro de Advento com o tema «O

encontro com a pessoa de Jesus e oseguimento do discípulo». (até27 denovembro) . Lamego - Encontro dosconsagrados da Diocese de Lamego . Fátima - Convivium de SantoAgostinho, piso inferior da Basílicada Santíssima Trindade - OSantuário de Fátima vai inaugurar aexposição temporária evocativa daaparição de Nossa Senhora emoutubro de 1917. (Até outubro de2018) . Viseu - Escola SecundáriaFelismina Alcântara, em Mangualde- Os alunos de Educação Moral eReligiosa Católica (EMRC) doAgrupamento de Escolas Tondela ede Tábua, em parceria com ExércitoPortuguês, vão realizar, dias 26 e 27deste mês, a atividade «Refugiadospara a Paz». . Braga – UCP, 09h09 - O GrupoPeregrinos, da Diocese de Braga,promove a iniciativa «Hi-GOD – Umdia com Deus», na Faculdade deTeologia daquela cidade. . Lamego - Seminário Maior, 09h30 - Encontro de animadores de gruposfamiliares da Diocese de Lamego.

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. Lamego - Castro Daire, 10h00 - Encontro de preparação para oNatal com o tema «À procura de...» . Viseu - Salão Nobre daMisericórdia de Viseu, 10h00 - Sessão evocativa dos 40 anos daUnião das MisericórdiasPortuguesas. . Açores - Ilha Terceira (Angra),18h15 - O arranque da campanha«10 Milhões de Estrelas – Um Gestopela Paz» nos Açores vai realizar-seno Santuário de Nossa Senhora daConceição, em Angra do Heroísmo(Ilha Terceira). . Lisboa – Sé, 21h30 - Requiemde Maurice Duruflé (1902-1986) naSé Patriarcal de Lisboa pela«Capela Nova» e dirigido porFernando Pinto. 27 de novembro. Aveiro - Caminhada para oAdvento 2016 da Diocese de Aveiroque tem por tema «Semeadores daesperança, promotores doencontro». (Até 24 de dezembro) . Viana do Castelo - Roteiro para oAdvento promovido pela Diocese deViana do Castelo (Até 24 dedezembro)

. Braga - Itinerário de Advento eNatal destaca «papel significativo deMaria» (Até 24 de dezembro) . Lamego - Vigília diocesana deoração pela vida nascentepromovida pelo Departamento daPastoral Familiar da Diocese deLamego. . Crianças e adolescentes de cincodioceses do centro dopaís constroem presépios noAdvento. (Até 24 de dezembro) . Viseu - Santa Comba Dão - Sessão de apresentação da obra «Históriada Diocese de Viseu» um percursode 1500 anos retratado em trêsvolumes. . Fátima - Início do Ano Jubilar doCentenário das Aparições . Braga – Famalicão, 15h00 - A novaigreja paroquial de São Tiago deAntas, em Famalicão, vai serdedicada este domingo, peloarcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga. 28 de novembro. Lisboa - Livraria Férin, 18h30 - Olivro «Casar com sucesso – guiahumano e espiritual para solteiros (enão só)», de Gudrun Kugler vai serlançado na Livraria Férin, emLisboa.

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Fátima, 26 novO Santuário de Fátima inaugura a exposiçãotemporária ‘As cores do Sol: a luz de Fátima no mundocontemporâneo’ evocativa da aparição de NossaSenhora em outubro de 1917, no Convivium de SantoAgostinho, no piso inferior da Basílica da SantíssimaTrindade, patente até 31 de outubro de 2018. Lisboa, 28 novO livro ‘Casar com sucesso – guia humano e espiritualpara solteiros (e não só)’, de Gudrun Kugler vai serapresentado, às 18h30, na Livraria Férin, pelospromotores do sítio online datescatolicos.org, o casalMarta e António Pimenta de Brito. Lisboa, 29 novO professor Arjun Appadurai vai apresentar umaconferência sobre o fenómeno da globalização -‘Failure, Design and the Globalization of Risk’ – às18h00, na Faculdade de Ciências Humanas, daUniversidade Católica Portuguesa. Setúbal, 01 dezA Comissão Diocesana de Arte Sacra inaugura aexposição ‘Nazareth. Pinturas de L. Sadino nocentenário da morte de Charles de Foucauld’, pelas17h30, na Biblioteca Pública Municipal sadina. Os 30trabalhos de diversas técnicas podem ser visitados até4 de janeiro 2017.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo:10h00 - Porta Aberta;11h00 - Eucaristia;23h30 - Entrevista deAura Miguel Segunda-feira:12h00 - Informaçãoreligiosa Diariamente18h30 - Terço

RTP2, 13h00Domingo, 27 de novembro- Liberdade Religiosa nomundo Segunda-feira, dia 28, 15h00 - Entrevista ao padre JoséFrazão Correia, sobre o planoapostólico para os próximosseis anos. Terça-feira, dia 29, 15h00 - Informação e entrevista ao padre Rui Pedro Carvalho,sobre a Assembleia Sinodal em Lisboa Quarta-feira, dia 30, 15h00 - Informação e entrevistaao padre Vitor Feytor Pinto, sobre o livro com homiliaspara todo o ano Quinta-feira, dia 01 de dezembro, 15h00 -Informação e entrevista ao padre Fernando Sampaiosobre o Gabinete de Escuta Sexta-feira, dia 02, 15h00 - Análise à liturgia dedomingo com o frei José Nunes e padre VitorGonçalves Antena 1Domingo, dia 27 de novembro - 06h00 - CartaApostólica «Misericórdia e Mísera» e obras deMisericórdia com o padre Vasco Pinto Magalhães Segunda a sexta-feira, dias 28 de novembro a 02dezembro - 22h45 - Advento: Caminhada dasdioceses do Centro; Livro "Maria Quiz"; Dinamismo "Euacredito"; Livro "Era uma vez a Avé Maria"; Livro"Rosário para crentes e não crentes"

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Ano A – 1.º Domingo do Advento Caminhemos àluz do Senhor!

O Evangelho deste primeiro domingo do Advento é umapelo a estarmos vigilantes e preparados, paraacolher o Senhor que vem, para responder aos seusdesafios à vigilância, para nos empenharmos naconstrução do Reino. Um Reino que é para sempre epara todos, e tem a marca da justiça, do amor, da paz,da verdade, da vida, da graça e da santidade. Quemsegue Cristo e a sua Boa Nova, não pode instalar-seno comodismo, na passividade, no desleixo, na rotina,na indiferença. Aí está a urgência da Palavra sempretão exigente.Para transmitir esta mensagem, Mateus usa trêsquadros: a humanidade na época de Noé; duassituações da vida quotidiana, o trabalho agrícola e amoagem do trigo; o dono de uma casa que adormecee deixa que a sua casa seja saqueada pelo ladrão. Aquestão fundamental é a mesma: o crente deve estarsempre vigilante, atento e preparado, para acolher oSenhor que vem; cumpre a presença fecunda de Deuscom empenho e com sentido de responsabilidade.«Caminhemos à luz do Senhor», assim termina aprimeira leitura. «Abandonemos as obras das trevas erevistamo-nos das armas da luz», diz São Paulo nasegunda leitura. Estar preparado e vigiar passa poreste caminho de luz no Senhor. Um caminho deperegrinos na fé, que se abre à esperança: «o Senhorvem! A noite vai adiantada e o dia está próximo». Deusnão nos abandona; continua a vir ao nosso encontro ea construir connosco esse mundo novo de justiça e depaz. A presença de Deus garante-nos que a injustiça,a exploração, a morte não são o final inevitável: aúltima palavra que a história vai ouvir é a Palavra deDeus, que nos liberta e enche de alegria.Estamos a iniciar o tempo de preparação paracelebrar o nascimento de Jesus. Somos convidados arecentrar

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a nossa vida no essencial, aredescobrir aquilo que é o maisimportante, a estar atentos àsoportunidades que o Senhor, dia adia, nos oferece, a acordar para oscompromissos que assumimos paracom Deus e para com os irmãos, aempenharmo-nos na construção doReino. É essa a melhor forma, oumelhor, a única forma de preparar avinda do Senhor. Já agora,continuando, como nos pede oPapa Francisco no final do AnoSanto da Misericórdia, a viverintensamente essa essencialdimensão de Deus em nós.

Vivamos o Advento levando oEvangelho ao coração das pessoase situações que formos encontrandoem tantos caminhos a percorrer.Sem distrações e sem perdertempo! Sempre com um olharsolidário para quem mais precisa doalimento que sacia e da Palavra quealimenta. Vigiai, estai atentos epreparados, caminhai à luz doSenhor! Que assim seja nestesprimeiros dias de Advento!

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Um pórtico para o Ano Jubilar emFátimaO Santuário de Fátima vai iniciareste domingo o Ano Jubilar doCentenário das Aparições, com apassagem do pórtico jubilar, no altodo Recinto de Oração, e acelebração da Missa na Basílica daSantíssima Trindade. Ascelebrações vão ser presididas pelobispo da diocese de Leiria-Fátima,D. António Marto.“Os peregrinos são convidados aparticipar na oração do Rosário, às10h00, na Capelinha das Aparições,seguindo depois em procissão, coma imagem de Nossa Senhora doRosário de Fátima até à Basílica,com uma passagem pelo pórticojubilar, o que marcará o início deuma ritualidade própria sugerida noitinerário do peregrino durante oAno Jubilar do Centenário dasAparições, na Cova da Iria”, refereuma nota enviada à AgênciaECCLESIA pela sala de imprensa doSantuário.A criação deste Pórtico Jubilarresulta da intenção de dotar oSantuário de “um elemento visual”que possa celebrar os 100 anos deFátima, evocando simultaneamente“a memória do arco que, em 1917,assinalou o lugar das aparições, esob o qual foram fotografadosFrancisco Jacinta e Lúcia”.

Por outro lado, o novo pórticosimboliza a ideia de uma `portasanta´, acrescenta a nota doSantuário de Fátima, “uma vez quea sua estrutura se desenha emtorno do conceito de marco queassinala um lugar sagrado e a suaconfiguração é a de uma portaencimada por uma cruz”.No local vão estar dispositivos quecolocarão à disposição dosperegrinos, em sete línguas, oitinerário jubilar, que passa pordiversos lugares e propõe váriostipos de oração.A jornada de abertura do Ano Jubilarcomeça no sábado, às 14h30, coma abertura da exposição ‘As coresdo Sol: a luz de Fátima no mundocontemporâneo. Exposiçãoevocativa da aparição de outubro de1917’, no ‘Convivium’ de SantoAgostinho, no piso inferior daBasílica da Santíssima Trindade.Segue-se, já no salão do BomPastor, no Centro Pastoral de PauloVI, a apresentação do tema do anopor D. António Couto, bispo daDiocese de Lamego, a partir doSalmo 125 ‘O Senhor fez maravilhas’.Intervirão nesta sessão o reitor doSantuário de Fátima, padre CarlosCabecinhas, na abertura e o bispoda diocese de Leiria-Fátima, D.António Marto, no encerramento;haverá

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ainda um apontamento musical e olançamento da medalhacomemorativa do Centenário.De acordo com o testemunhoreconhecido pela Igreja Católica dastrês crianças conhecidas como

pastorinhos de Fátima (Lúcia,Francisco e Jacinta), ocorreram seisaparições da Virgem Maria na Covada Iria e imediações, uma a cadamês, entre maio e outubro de 1917.

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Local de paz e silênciojunta gerações em oração

A primeira vez que esteve aoSantuário de Fátima chorou a noitetoda. “Na Basílica não conseguisuster as lágrimas. Gostava muitode me sentar nas escadarias ao pordo sol e estar com Deus e NossaSenhora”, recorda à AgênciaECCLESIA Fernanda Varela.Os 81 anos e o facto de estar numacadeira de rodas não a impedem deali se deslocar, em especial com osfilhos e os netos que a acompanhamassiduamente.No local onde afirma sentir uma“especial emoção”, entrega a NossaSenhora a sua invalidez, a família eagradece por tudo. “Tenho sempreNossa Senhora e Deus comigo,caso contrário já tinhaenlouquecido”.Acompanhado da mulher e de doisfilhos Bruno Sousa comprou velas eaproxima-se para as acender tendocomo intenção a oração pela suafamília, em especial a avó quetantas vezes ali acompanhou masque faleceu recentemente.

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Chega de Lisboa, mais uma vez emfamília: “Vimos sempre em família,com crianças pequenas, pessoasdoentes”, diz, com esperança deque o testemunho de fé passe paraos seus filhos. “Quando estamos emFátima sentimos outra paz, outraharmonia e outra fé. Aqui a fé édiferente”, sustenta.Acompanhado por amigos quepasseiam por Fátima, António SoutoMaior reza sozinho o terço enquantodeambula pelo santuário, local ondese sente “o silêncio e uma pazinterior muito grande. Encontra-seNossa Senhora no silêncio”.

Oriundo de uma família “muitomariana”, só aos 14 anosconsolidou a fé num campo de fériasonde conheceu Jesus. “Somosinstrumentos de Nossa Senhora,apesar de débeis. Esse era osegredo dos pastorinhos: erammuito frágeis, mas são uma grandeinspiração”, afirma.Antecipando a celebração docentenário das Aparições de NossaSenhora em Fátima, o programaECCLESIA de domingo na Antena 1(06h00) emite testemunhos deperegrinos que se deslocam aosantuário para rezar.

Os beatos de Fátima - Francisco MartoNasceu em 11 de junho de 1908, em Aljustrel. Faleceu santamente no dia4 de abril de 1919, na casa de seus pais. Muito sensível e contemplativo,orientou toda a sua oração e penitência para "consolar a Nosso Senhor".Os seus restos mortais ficaram sepultados no cemitério paroquial até aodia 13 de março de 1952, data em que foram trasladados para a Basílicada Cova da Iria, lado nascente. Foi beatificado por João Paulo II a 13 demaio de 2000, na Cova da Iria, juntamente com a sua irmã Jacinta.

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Portas de par em par

Tony Neves Espiritano

As Portas Santas das Igrejas Jubilares fecharam,com mais ou menos estrondo. Coube-me a sortede assistir ao encerramento da Porta da Sé deLamego. Mas – lembra o Papa Francisco – asportas da Misericórdia têm de continuarescancaradas, abertas de par em par. Este temde ser o maior fruto do Jubileu da Misericórdia.O Papa, para evitar que tudo fique como estavaantes, publicou uma Carta Apostólica no termodo Jubileu. Diz que a Misericórdia constitui aessência, a própria existência da Igreja, tendo nocentro o Amor de Deus.Depois, o Papa Francisco avança com algunstemas quentes porque centrais. Começa peloperdão, como sinal mais visível do Amor do Pai,dizendo que nenhum de nós pode pôr condiçõesà Misericórdia, porque ela é dom gratuito deDeus.Somos chamados a celebrar a Misericórdia,sendo a Reconciliação (momento em quesentimos o abraço do Pai – verdadeira MissãoSacerdotal) e a Unção dos Enfermos doisgrandes Sacramentos da ‘cura’. O Papa concedeaos Padres o poder de absolvição dos pecadosde aborto e reconhece validade às absolviçõesde Padres da Fraternidade S. Pio X. As horas desofrimento são importantes e todos precisamosde consolação, mesmo que não encontremospalavras para dizer às pessoas que vivem emsofrimento profundo. A morte também deve serenfrentada e preparada como uma passagem.

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Somos incentivados a ler mais emelhor a Palavra de Deus, pondo-aem prática: ’É meu vivo desejo quea Palavra de Deus seja cada vezmais celebrada, conhecida,difundida’. Segue-se uma sugestãopastoral concreta: ’Seriaconveniente que cada comunidadepudesse, num domingo do AnoLitúrgico, renovar o compromissoem prol da difusão, conhecimento eaprofundamento da SagradaEscritura’.A preocupação pelos mais pobres édecisiva para o nosso compromissode cristãos. Há sinais muito fortesde uma solidariedade discreta maseficaz quando a bondade e aternura marcam as relações com osmais humildes e indefesos, os quevivem mais sozinhos eabandonados.Mas há muita pobreza e fome,emigração forçada, presos semcondições, doentes sem tratamentoadequado, um analfabetismo

humilhante. E o mais grave é quevivemos marcados por uma culturado individualismo exacerbado quenos torna indiferentes aosproblemas dos outros: ‘Não tertrabalho nem receber salário justo,não poder ter uma casa ou umaterra onde habitar, ser discriminadospela fé, raça, posição social… estase muitas outras são condições queatentam contra a dignidade daspessoas’.O Papa Francisco lembra que háque fazer crescer a ‘cultura daMisericórdia’, o que constitui umaverdadeira revolução cultural. Nãonos podemos esquecer dos pobrese, por isso, o Papa institui, no XXXIIIDomingo do Tempo Comum, o DIAMUNDIAL DOS POBRES!Como defende o Papa ao longo detoda esta Carta, ‘este é o tempo daMisericórdia’!

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