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1 FÁBIO DA FONSECA MONTEIRO HISTÓRICO DE ACUMULAÇÃO DE METAIS-TRAÇO EM SEDIMENTOS ESTUARINOS DO RIO IGUAÇU E DA REGIÃO DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE GUAPIMIRIM, BAÍA DE GUANABARA, RJ. Orientador: Prof. Dr. RENATO CAMPELLO CORDEIRO Co-orientador: Prof. Dr. RICARDO ERTHAL SANTELLI Niterói 2008 Dissertação apresentada ao curso de pós- graduação em Geociências da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de concentração: Geoquímica Ambiental

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FÁBIO DA FONSECA MONTEIRO

HISTÓRICO DE ACUMULAÇÃO DE METAIS-TRAÇO EM SEDIMENTOS ESTUARINOS DO RIO IGUAÇU E DA REGIÃO DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE GUAPIMIRIM, BAÍA DE GUANABARA, RJ.

Orientador: Prof. Dr. RENATO CAMPELLO CORDEIRO

Co-orientador: Prof. Dr. RICARDO ERTHAL SANTELLI

Niterói 2008

Dissertação apresentada ao curso de pós-graduação em Geociências da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de concentração: Geoquímica Ambiental

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo estudar o aporte dos metais-traço Pb, Zn, Ni, Cu, V, Ba, Co, Cd em sedimentos do estuário do Rio Iguaçu e da região da Área de Proteção Ambiental de Guapimirim, comparando o grau de acumulação destes metais nestes diferentes ambientes estudados. Para isso, foram coletados dois testemunhos de sedimentos, um na margem deposicional do Rio Iguaçu (RED3) e o outro entre as fozes dos rios Guapi e Guarai (MAC), na Baía de Guanabara. O testemunho RED3 apresentou sedimentos com granulometria predominantemente composta por argila e silte, com máximo de areia de 3%, enquanto o testemunho MAC também apresentou granulometria fina, porém este apresentou até 20% de areia em algumas camadas sedimentares. Ambos os testemunhos mostraram mudanças nas taxas de sedimentação a partir da segunda metade do século XX, refletindo o início do acelerado processo de urbanização da área metropolitana do Rio de Janeiro. As concentrações de carbono orgânico, metais-traço, Fe e Mn determinados nos sedimentos do testemunho RED3 oscilaram ao longo de todo testemunho, sugerindo uma elevada dinâmica do Rio Iguaçu. Foi verificado um incremento na concentração de todos os metais-traço, Fe e Mn por volta de 1987, sugerindo uma redistribuição diagenética dos metais. Já o perfil de concentração dos metais-traço determinados no testemunho MAC mostraram dois períodos de valores de background. O primeiro é da base até 75 cm de profundidade (equivalente ao ano de 1872), mostrando um ambiente deposicional com predominância de argila, matéria orgânica alóctone e baixos valores de concentração de metais-traço. Acima desta profundidade ocorreu um progressivo incremento nas concentrações dos metais, com alguns metais chegando a dobrar suas concentrações, e a partir daí mantendo-se relativamente constantes até a superfície (com exceção do Zn e Pb). Estes incrementos provavelmente foram influenciados pelas novas condições ambientais da bacia de drenagem do final do século XIX, possivelmente devido ao processo de desmatamento, ocasionando assim uma maior erosão e intemperismo do solo. Os resultados dos inventários, fluxos e fatores de enriquecimento dos metais-traço tanto se mostraram mais elevados na região do Rio Iguaçu do que na área de proteção ambiental, quanto nos demais importantes estuários mundial.

Palavras-chave: Baía de Guanabara; metais-traço; contaminação ambiental; testemunho de sedimento; 210Pb em excesso.

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ABSTRACT

The aim of the present work is to study the input of trace metals of environmental interest, such as Pb, Zn, Ni, Cu, V, Ba, Co e Cd, in sediments from the Iguaçu River and the Guapimirim Environmental Protection Area estuaries, comparing the degrees of metal accumulation between these environments. Two sediment cores were collected in 2007, one from the mudflat inside the Iguaçu River (RED3) and the other near the Guapi and Guarai river mouths (MAC). The sediment core RED3 presented sediments predominately composed for silte and clay, with a maximum sand content of 3%. The sediment core MAC also presented fine granulometric size, however it showed up to 20% of sand in some sedimentary layers. Both sediment cores showed a change in sedimentation rates from the second half of the twentieth century, which might be reflecting the beginning of an accelerated industrialization process and development of the Rio de Janeiro Metropolitan Area. The sediment core RED3 presented a large concentration variation of organic carbon, trace metals, Fe and Mn. This might be a reflection of the high Iguaçu River hydrodynamic. All the trace metals, Fe and Mn presented a concentration increase in the second half of the 1980’s, suggesting a vertical redistribution due the process diagenetic. The trace metal concentration found in the MAC core showed two background levels. The first level consists of concentrations measured from the core bottom up to 75 cm, which was equivalent to records up to 1872. Moreover, the sediments from those environmental conditions predominantly presented clay, aloctone organic matter and low concentrations of trace metals. From the mentioned depth onwards, there were concentration increases. Once increased, the concentration remained constant until the top of the core (except Zn and Pb). These increases were probably influenced by the new environmental conditions catchment in the end of XIX century, possibly due to a deforestation process, which occasioned major erosion and weathering. Inventory, flux and trace metal enrichment factors showed highest in the Iguaçu River than in the Guapimirim Environmental Protection Area other estuaries and the others important estuaries of the world.

Keywords: Guanabara Bay; trace metals; Environmental contamination; sediment core; 210Pb excess.

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AGRADECIMENTOS

À minha mãe, que sempre me incentivou e apoiou nesse longo caminho até aqui, mesmo que muitas vezes não tivesse condições, ela sempre lutou para ver esse sonho realizado. Ao meu filho Caio a quem dedico esse trabalho. Essa pessoa que Deus enviou para abençoar minha vida. Papai te ama muito! À Karla que também sempre me ajudou e apoiou durante essa longa jornada. Além disso, me deu um filho lindo. A meu pai e meus irmãos que também foram fundamentais para nessa longa jornada. À minha avó Alice e minha tia Nazaré que me ajudaram muito durante minha infância e adolescência. Aos meus amigos de turma de mestrado: Leandro, Fernanda, Rodrigo, Daniel cabelo, Vanessa, Patrícia Roeser, Eline, Raquel, Luciane que durante esses dois anos me ajudaram direta ou indiretamente. Aos alunos do laboratório de sedimentologia: Monique, Ana Paula, Ivaga, Marcela que ajudaram na abertura dos testemunhos de sedimento e nas análises. Aos meus parceiros Leo, Luis, Fábio vampiro, Pablo e Barril pelos inúmeros momentos de descontração no DCE. Momentos eternos! Aos meus orientadores, Renato Campello Cordeiro e Ricardo Erthal Santelli, por todo suporte oferecido para que este trabalho fosse realizado. Ao professor e meu amigo Wilson Machado pela enorme ajuda na interpretação dos resultados. À coordenação do curso de pós-graduação em geoquímica, pela infra-estrutura cedida. À CNPq pela bolsa de estudo cedida. Sem ela seria impossível concluir este trabalho.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Resultados obtidos na análise do material certificado NIST (Industrial Sludge 2782), limite de detecção, exatidão e precisão das determinações dos metais (µg/g)± desvio padrão. ..............................................................................................30

TABELA 2 – Variabilidade das frações granulométricas do testemunho RED3. .......45

TABELA 3 – Coeficientes de correlação de Pearson entre as características físicas dos sedimentos do testemunho RED3. Valores - (p < 0,01N=75).............................46

Tabela 4 – Coeficientes de correlação de Pearson entre as características físicas dos sedimentos do testemunho MAC. Valores significativos em negrito - (p < 0,01N=48). ................................................................................................................48

TABELA 5 – Resultados da caracterização da matéria orgânica presentes nos sedimentos dos testemunhos RED3 e MAC. ............................................................49

TABELA 6 – Média das concentrações de Fe e Mn determinados nos testemunhos RED3 e MAC.............................................................................................................54

TABELA 7 – Níveis de background dos metais da APA de Guapimirim e de outras regiões da Baía de Guanabara e do Brasil (mg.kg-1)(Média – Mínimo e máximo). ..63

TABELA 8 – Comparação entre as concentrações dos metais (ppm) da área de estudo com outras áreas ...........................................................................................66

TABELA 9 – Valores de concentrações do folhelho médio (µg/g).............................67

TABELA 10 – Inventário em excesso (µg/cm2), Fluxo em excesso (µg/cm2/ano) e fator de enriquecimento dos metais dos testemunhos RED3 e de outros trabalhos realizados no mundo. ................................................................................................72

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Esquema do modelo CIC......................................................................18

FIGURA 2 – Esquema do modelo CRS. ...................................................................19

FIGURA 3 – Mapa da Baía de Guanabara................................................................25

FIGURA 4 – Localização da área de coleta. Testemunho RED3: noroeste da Baía de Guanabara; Testemunho MAC: nordeste da Baía de Guanabara.............................27

FIGURA 5 – Perfis da atividade do 210Pb em excesso dos testemunhos RED3 (a) e MAC (b). ....................................................................................................................35

FIGURA 6 – Taxa de sedimentação dos testemunhos RED3 (a) e MAC (b) – Modelo CRS (Constant Rate of Supply) e (c) Densidade demográfica do estado do Rio de Janeiro entre os anos 1872 e 2000 (Fonte: IBGE 2000). ..........................................36

FIGURA 7 – Perfil de massa de sedimento acumulada ao longo dos últimos 100 anos: RED3 (a) e MAC (b). .......................................................................................39

FIGURA 8 – PrecIpitação pluviométrica média do rio Macacu entre 1967 até 2007 (Fonte:Hidroweb Macacu) .........................................................................................39

FIGURA 9 – Correlação entre a precIpitação pluviométrica e a vazão do rio Macacu (Fonte:Hidroweb Macacu). ........................................................................................40

FIGURA 10 – Idade das camadas sedimentares do testemunho RED3 e MAC. ......40

FIGURA 11 – Descrição da coloração das camadas sedimentares dos testemunhos (Musell color) (a) testemunho RED3; (b) testemunho MAC. .....................................42

FIGURA 12a – Características físicas dos sedimentos do testemunho RED3 - Granulometria acumulada. ........................................................................................43

FIGURA 12b – Características físicas dos sedimentos do testemunho RED3 - (a) Perfil de argila; (b) Perfil de silte; (c) Perfil de areia; (d) Perfil de carbono orgânico; (e) Densidade aparente e (f) % de umidade..............................................................44

FIGURA 13a – Características físicas dos sedimentos do testemunho MAC - Granulometria acumulada .........................................................................................47

FIGURA 13b – Características físicas dos sedimentos do testemunho MAC - (a) Perfil de argila; (b) Perfil de Silte; (c) Perfil de areia; (d) Perfil do conteúdo de carbono orgânico; (e) Densidade aparente e (f) % de umidade. ...............................48

FIGURA 14 – Características da matéria orgânica presente nos sedimentos do testemunho RED3 - (a) Perfil de carbono orgânico (b) Perfil de nitrogênio orgânico (c) Perfil da razão molar C/N; (d) Perfil do δ13C e (e) perfil do δ15N. .........................51

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FIGURA 15 – Características da matéria orgânica presente nos sedimentos do testemunho MAC - (a) Perfil de carbono orgânico/ (b) perfil de nitrogênio orgânico (c) perfil da razão molar C/N; (d) perfil do δ13C e (e) perfil do δ15N. ...............................53

FIGURA 16 – Perfil de concentração de (a) Fe, e dos metais-traço,( (b) Mn, (c) Pb, (d) Zn, (e) Ni, (f) Cu, (g) V, (h) Ba, (i) Co, (j) Cd, do testemunho RED3 (ppm = mg/kg). (Lacunas no perfil do Cd indicam concentrações abaixo do limite de detecção)...................................................................................................................57

FIGURA 16 – Perfil de concentração de (a) Fe, e dos metais-traço,( (b) Mn, (c) Pb, (d) Zn, (e) Ni, (f) Cu, (g) V, (h) Ba, (i) Co, (j) Cd, do testemunho RED3 (ppm = mg/kg). (Lacunas no perfil do Cd indicam concentrações abaixo do limite de detecção). (Continuação). .........................................................................................58

FIGURA 17 – Perfil de concentração de (a) Fe, e dos metais-traço,( (b) Mn, (c) Pb, (d) Zn, (e) Ni, (f) Cu, (g) V, (h) Ba, (i) Co, (j) Cd, do testemunho MAC (ppm = mg/kg).........................................................................................................................61

FIGURA 17 – Perfil de concentração de (a) Fe, e dos metais-traço,( (b) Mn, (c) Pb, (d) Zn, (e) Ni, (f) Cu, (g) V, (h) Ba, (i) Co, do testemunho MAC (ppm = mg/kg). (Continuação)............................................................................................................62

FIGURA 18 – Massa acumulada total dos metais-traço do testemunho MAC. .........69

FIGURA 18 – Massa acumulada total dos metais-traço do testemunho MAC (Continuação)............................................................................................................70

FIGURA 19 – Massa acumulada em excesso de metais-traço no testemunho RED3..........................................................................................................................71

FIGURA 20 – Fatores de enriquecimento das camadas sedimentares do testemunho RED3. .........................................................................................................................73

FIGURA 21 - Fluxo total dos metais-traço do testemunho MAC. ..............................75

FIGURA 22 - Fluxo em excesso dos metais-traço do testemunho RED3. ................76

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................10

1.1 DEPOSIÇÃO E ACUMULAÇÃO DE METAIS-TRAÇO EM SEDIMENTOS ESTUARINOS. ..........................................................................................................11

1.2 FONTE DE MATÉRIA ORGÂNICA PARA OS SEDIMENTOS. ......................13

1.3 DATAÇÃO DE TESTEMUNHO DE SEDIMENTO. .........................................17

2 OBJETIVOS ...................................................................................................22

2.1 OBJETIVO GERAL.........................................................................................22

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..........................................................................22

3 ÁREA DE ESTUDO........................................................................................23

4 MATERIAIS E MÉTODOS: ............................................................................26

4.1 AMOSTRAGEM..............................................................................................26

4.2 MÉTODOS DE ANÁLISES.............................................................................28

4.2.1 Determinação da densidade aparente das amostras de sedimentos...28

4.2.2 Determinação da composição granulométrica das amostras de sedimentos. .............................................................................................................28

4.2.3 Determinação do conteúdo de carbono orgânico total (COT), nitrogênio orgânico total (NOT) e dos isótopos estáveis 13C e 15N nas amostras de sedimentos. ........................................................................................................28

4.2.4 Determinação da taxa de sedimentação e taxa de acumulação de sedimento. ...............................................................................................................29

4.2.5 Determinação das concentrações de metais maiores e traço nos sedimentos. .............................................................................................................30

4.2.6 Determinação dos níveis de concentração de background, massa acumulada em excesso, inventário em excesso, fator de enriquecimento e fluxo em excesso dos metais.................................................................................31

4.2.7 Tratamento estatístico dos resultados. ..................................................32

5 RESULTADOS...............................................................................................33

5.1 TAXA DE SEDIMENTAÇÃO E ACUMULAÇÃO .............................................33

5.2 DESCRIÇÃO VISUAL DOS TESTEMUNHOS ...............................................41

5.3 GRANULOMETRIA, CONTEÚDO DE CARBONO ORGÂNICO E DENSIDADE APARENTE DOS SEDIMENTOS..............................................................................42

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5.4 CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA MATÉRIA ORGÂNICA ................49

5.5 PERFIS DE CONCENTRAÇÃO, MASSA ACUMULADA, FLUXO E FATOR DE ENRIQUECIMENTO DOS METAIS-TRAÇO.......................................................53

6 CONCLUSÕES ..............................................................................................77

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: .............................................................79

8 APÊNDICE .....................................................................................................88

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1 INTRODUÇÃO

A água além de ser componente básico dos ecossistemas e substância

essencial à vida possui uma grande importância em todas as atividades humanas e

tem condicionado o desenvolvimento dos povos, seja por sua abundância, seja por

sua carência. O Brasil é um país privilegiado no que diz respeito à abundância de

recursos hídricos. No entanto, nos últimos anos, o aumento da demanda do homem

por compostos manufaturados promoveu um acelerado e desordenado processo de

industrialização, principalmente das áreas costeiras (LACERDA, 1994), devido à

facilidade de instalações de corredores portuários de exportação (CARDOSO et al.,

2001). Conseqüentemente, também aumentou a demanda por água, já que o

desenvolvimento econômico e social está amplamente calçado neste recurso

natural. Concomitantemente ao crescimento das grandes metrópoles, ocorreu um

aumento na quantidade de efluentes gerados, tanto domésticos quanto industriais.

Porém, na grande maioria das vezes, este crescimento não foi acompanhado por

uma política pública que concedesse infra-estrutura suficiente para tratamento

destes efluentes, fazendo com que grande parte destes efluentes fosse despejado

diretamente nos corpos d’agua de rios e lagos, degradando este recurso essencial e

limitante para o desenvolvimento humano. Além disso, a utilização de fertilizantes

químicos e agrotóxicos na agricultura também tem, em alguns casos, contribuído

bruscamente na mudança das características dos ecossistemas aquáticos

(NZIGUHEBA; SMOLDERS, 2008), principalmente pelo fenômeno de eutrofização

artificial, que reduz sensivelmente a qualidade das águas de rios e estuários e

produz alterações no metabolismo dos ecossistemas (ESTEVES, 1998).

A ocupação urbana e industrial em áreas litorâneas e das bacias hidrográficas

que as influenciam, além de causar um maior aporte de poluentes para estas áreas,

tal como os metais-traço (HORNBERGER et al., 1999), podem também causar a

desestabilização e erosão da linha costeira, promovendo o aumento da transferência

de material continental para ambientes deposicionais costeiros, alterando toda sua

dinâmica sedimentar (TOSSWELL, 1984 apud ROSALES-HOZ et al., 2003). Estas

alterações podem afetar não só os organismos residentes deste ambiente, mas

também populações humanas que utilizem dos recursos costeiros para alimentação

e recreação (PETERS et al., 1997). Como conseqüência destes processos, elevou-

se o grau de assoreamento e contaminação ambiental por metais-traço.

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Muitos metais e metalóides possuem funções fisiológicas importantes, tais

como zinco, cobre, manganês, cobalto e o selênio. No entanto, quando em

concentrações elevadas podem causar efeitos tóxicos. Outros metais não possuem

nenhuma função fisiológica conhecida, tais como o chumbo, mercúrio, cádmio e o

arsênio, que em pequenas quantidades são capazes de causar efeitos tóxicos. A

toxicidade dos metais-traço está principalmente baseada na sua capacidade de

interferir em processos enzimáticos, e na sua pouca mobilidade no organismo devido

ao seu pequeno tamanho e cargas duplas e triplas. Esta baixa mobilidade faz com

que os elementos traço se acumulem, provocando modificações no metabolismo,

podendo até mesmo causar a morte do organismo afetado (ESTEVES, 1998).

1.1 DEPOSIÇÃO E ACUMULAÇÃO DE METAIS-TRAÇO EM SEDIMENTOS

ESTUARINOS.

Os metais-traço podem atingir os ecossistemas aquáticos por fontes difusas,

como através do resultado do intemperismo de rochas constituintes da bacia

hidrográfica; do escoamento superficial de áreas agrícolas e urbanas; de águas

subterrâneas contaminadas; da remobilização a partir de sedimentos; da disposição

de material dragado e deposição atmosférica; e/ou fontes pontuais, como descargas

de efluentes industriais e urbanos (LACERDA, 1994). As entradas fluviais são as

principais transportadoras de metais de origem continental para áreas costeiras

(LACERDA, 1994). Uma vez em contato com as águas dos rios, os metais são

carregados até as regiões costeiras na fase dissolvida e/ou principalmente

associados ao material em suspensão (BENOIT et al., 1999; IP et al., 2006). Ao

atingir ambientes marinhos, a maior parte do material particulado em suspensão,

presentes em águas fluviais, é depositada, fazendo com que áreas costeiras atuem

como verdadeiras barreiras geoquímicas ao transporte de metais para os oceanos

(LACERDA, 1994; CARDOSO et al., 2001). Devido a sua capacidade de retenção e

acumulação de espécies contaminantes a partir da coluna d'água, os sedimentos

estuarinos vêm sendo largamente utilizados para indicar o nível de poluição e

contaminação ambiental, já que estes integram todos os processos que ocorrem no

ecossistema aquático e terrestre adjacente. Isto porque as concentrações destes

contaminantes nos sedimentos tornam-se várias ordens de grandeza maiores do

que nas águas estuarinas, o que possibilita o seu uso como um bom indicador de

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contaminação ambiental, tanto atual como pretérita (VALETTE-SILVER, 1993;

JESUS et al., 2004), possibilitando ainda o conhecimento das principais fontes de

poluição (CHATTERJEE et al., 2007).

O tamanho dos grãos dos sedimentos é um dos principais fatores de controle

da distribuição de metais-traço em áreas costeiras (HORNBERGER et al., 1999). Em

geral, partículas mais grossas são compostas por minerais, como quartzo e

feldspatos. Os metais-traço contidos nesta fração fazem parte da rede cristalina

destes minerais (geralmente em baixa concentração), estando assim menos

disponíveis para a biota. Por outro lado, as partículas mais finas, tais como argila e

silte, possuem superfícies com alta capacidade de adsorção e conseqüentemente

desempenham um papel importante no controle da deposição de metais-traço em

áreas costeiras. Além disso, as partículas mais finas do sedimento possuem matéria

orgânica e óxidos de ferro e manganês adsorvidos à sua superfície, ajudando no

controle da deposição dos metais-traço (IP et al., 2006).

Os metais se acumulam nos sedimentos através de um complexo mecanismo

físico e químico de adsorção às partículas de argila; adsorção ou co-precIpitação

aos óxidos de ferro e manganês, os quais geralmente estão associados à superfície

das argilas; adsorção ou complexação com substâncias orgânicas, que podem

também estar associadas à superfície das argilas ou depositar diretamente sobre os

sedimentos (GIBBS, 1972; RYBICKA et al., 1995; LEIVOURI, 1998). Entretanto, os

metais-traço não estão permanentemente imobilizados nos sedimentos, pois os

processos de adsorção e complexação são fortemente influenciados por variáveis

físico-químicas e químicas, tais como pH, condições redox, conteúdo de carbono

orgânico e inorgânico, presença de espécies dissolvidas ou em suspensão capazes

de formar ligações com metais, além de resuspensão dos sedimentos (DI TORO et

al., 1991; WEN; ALLEN, 1999). A atividade biológica e a grande diversidade de

condições ambientais podem promover variações sazonais de mobilização e

remobilização dos metais nos sedimentos (MACHADO et al., 2002; LANDAJO et al.,

2004). Estes processos resultam num aumento ou diminuição da biodisponibilidade

dos metais-traço para a biota que residem nos sedimentos, podendo atingir também

populações humanas usuárias dos recursos naturais costeiros (LACERDA, 1994).

Como a concentração de metais-traço nos sedimentos é fortemente

influenciada pelo tamanho das partículas, pois diferentes frações granulométricas

dos sedimentos possuem características físicas diferentes, tais como área superficial

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e capacidade troca iônica, é necessária, muitas vezes, a normalização destes

valores para uma melhor avaliação do quanto diferentes áreas e/ou camadas

sedimentares estão, mais ou menos, enriquecidas em metais-traço (KERSTEN;

SMEDES, 2002; FUKUE, et al., 2006). Para corrigir essa variação na concentração

de elementos-traço é necessário eliminar o efeito do tamanho das partículas pela

separação das frações granulométricas (normalização física) (KERSTEN; SMEDES,

2002) ou utilizar elementos conservativos, como alumínio, ferro, titânio ou

substâncias que apresentem grande afinidade com os contaminantes, como por

exemplo, matéria orgânica (normalização geoquímica) (DASKALAKIS; O’CONNOR,

1995; GREEN-RUIZ; PAÂES-OSUNA, 2001; MOREIRA; BOA VENTURA, 2003;

BAPTISTA-NETO et al., 2000; BAPTISTA-NETO et al., 2006). Entretanto, Weijden,

(2002) mostrou em seu trabalho que é necessária prudência na interpretação de

dados normalizados, já que a utilização de um elemento normalizador que possua

maior coeficiente de variação do que os metais-traço a serem normalizados, não

somente pode fazer com que as variáveis antes não correlacionadas apresentem

correlação depois de normalizadas, mas também pode enriquecer, distorcer ou até

mesmo invalidar correlações existentes antes da normalização.

Os níveis de concentração de background dos metais-traço são considerados,

aqui neste presente trabalho, como os valores de concentração dos metais-traço

encontrados nos sedimentos que refletem períodos pretéritos, onde a atividade

humana não existia ou era desprezível. Os níveis de background dos contaminantes

presentes nos sedimentos é um importante fator para a avaliação do grau de

contaminação de sistemas estuarinos (FUKUE et al., 2006), pois este valor pode ser

utilizado para estimar o quanto os sedimentos mais recentes estão enriquecidos em

metais-traço em relação a períodos anteriores a atividade antrópica.

1.2 FONTE DE MATÉRIA ORGÂNICA PARA OS SEDIMENTOS.

A principal fonte de matéria orgânica primária para os sedimentos lacustres e

marinhos são os detritos da comunidade fitoplantônica que vive na zona fótica

destes corpos d’agua (MEYERS, 1997). Entretanto, ambientes deposicionais

próximos a rios possuem uma grande contribuição de detritos de matéria orgânica

terrestre para os sedimentos. A contribuição relativa destas formas de matéria

orgânica para os sedimentos é fortemente influenciada pela produtividade algal,

produtividade de plantas terrestres e pelo processo de transporte (MEYERS, 1997;

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MEYERS, 2003). Por isso, a caracterização do material orgânico sedimentar é de

suma importância para se conhecer a origem, os processos e as características da

composição geoquímica do ambiente estudado, pois este material guarda registros

sobre as condições ambientais passadas (MEYERS, 1997; HEDGES; OADES,

1997).

A matéria orgânica, que tem carbono em formas reduzidas, é muito instável em

ambientes óxicos, podendo ser oxidada à CO2 ainda na zona fótica da coluna

d’agua, durante o processo de deposição das partículas e nas camadas superficiais

dos sedimentos que sofrem bioturbação (HEDGES; OADES, 1997). Segundo Eadie

et al. (1984), cerca de 90% da matéria orgânica inicialmente depositada nos

sedimentos é remineralizada. Alguns tipos de matéria orgânica são mais

susceptíveis a sofrer remineralização do que outros, sendo geralmente a matéria

orgânica algal mais facilmente remineralizada do que o material orgânico de plantas

terrestres (MEYERS, 1994; MEYERS, 2003). A conseqüência da remineralização da

matéria orgânica é que a composição orgânica sedimentada é modificada

gradativamente, porém essa modificação geralmente não é capaz de apagar

informações paleoambientais importantes sobre a origem deste material (MEYERS,

2003).

Em ambientes óxicos as bactérias aeróbicas degradam a matéria orgânica

utilizando o oxigênio como aceptor de elétrons. Em condições sedimentares

redutoras, a matéria orgânica é degradada pelas bactérias anaeróbicas, que

dependendo das condições de redução do ambiente, utilizam uma determinada

espécie como aceptora de elétrons. Depois do consumo do O2 dissolvido na água

intersticial, existe uma seqüência preferencial de espécies químicas que atuam como

aceptores de elétrons. Conforme Hedges; Oades (1997) a seqüência é:

1° - Desnitrificação;

2° - Redução de MnO2 a Mn2+;

3° - Redução de FeOOH à Fe2+;

4° - Redução de SO42- à S2-;

5° - Metanogênese.

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15

Apenas uma pequena porção da matéria orgânica primária, principalmente a

lignina e compostos orgânicos contendo cadeias longas alquiladas, se mantém

preservadas em ambientes sedimentares anóxicos, pois as bactérias anaeróbicas

possuem dificuldade para a degradação destes tipos de substâncias (HEDGES;

OADES, 1997).

Devido ao diferente conteúdo de carbono e nitrogênio orgânico presentes nos

produtores primários terrestres e aquáticos, a razão molar C/N é utilizada como um

índice para inferir sobre a qualidade da matéria orgânica sedimentar (MEYERS

1997; PUNNING; TÕUGO, 2000). A matéria orgânica de origem autóctone,

produzida principalmente pela comunidade planctônica local, apresenta razão molar

C/N entre 4 e 10, enquanto que valores superiores a 20 são característicos de

matéria orgânica terrestre produzida principalmente por plantas superiores

(MEYERS, 1994).

Além da utilização da razão C/N, a composição isotópica de carbono e

nitrogênio presentes na matéria orgânica sedimentar traz informações importantes

para avaliar a fonte de matéria orgânica, para reconstruir a taxa de produtividade,

para identificar mudanças na disponibilidade de nutrientes nas águas superficiais

(MEYERS, 1997; MEYERS, 2003), além de detectar sinais de eutrofização do

sistema aquático (RUIZ-FERNÁDEZ et al., 2002). Os elementos carbono e

nitrogênio possuem cada um dois isótopos estáveis: 12C,13C e 14N, 15N. As razões

entre os dois isótopos estáveis de cada elemento em materiais naturais variam numa

faixa estreita de valores de δ13C (‰), em relação ao padrão Vienne PeeDee

Belemnite (PDB), e de δ15N (‰), em relação ao nitrogênio atmosférico (ar)

(TERANES; BERNASCONI, 2000), onde:

δR=[(Xamostra - Xpadrão] x1000 Equação (1)

Onde: X= 13C/12C ou 15N/14N

R=13C ou 15N.

A matéria orgânica produzida pelas plantas terrestres durante a fotossíntese, a

partir do CO2 atmosférico, utilizando a via C3 fotossintética, tem uma média de δ13C

de aproximadamente -27‰, e a utilizando a via C4 fotossintética, aproximadamente -

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14‰. (MEYERS, 1997). A diferença da composição dos isótopos estáveis de

carbono entre estes grupos de plantas terrestres está na diferente capacidade de

suas enzimas responsáveis pela redução do CO2, durante a fotossíntese, em

discriminar moléculas de 13CO2, gerando assim δ13C diferentes.

A matéria orgânica algal apresenta δ13C entre -20‰ e -22‰, pois o carbono

inorgânico dissolvido na água do mar é relativamente enriquecido em 13C e a

composição isotópica é determinada, na grande maioria das vezes, pela troca

isotópica entre a atmosfera e a hidrosfera. Essa diferença de 7‰ entre material algal

e material terrígeno, tanto pela via C3 quanto pela via C4, vem sendo usado para

traçar a fonte e distribuição da matéria orgânica em sedimentos costeiros (MEYERS

1994).

O sinal isotópico de δ15N da matéria orgânica sedimentar é utilizado para

indicar possíveis mudanças na biogeoquímica do nitrogênio inorgânico dissolvido,

nas águas superficiais (HAUCH; BREMER, 1973 apud ZHOU et al., 2006). As várias

fontes de contaminantes contendo nitrogênio, que são despejados nos ecossistemas

costeiros, geralmente apresentam distintas razões 15N/14N, permitindo por tanto a

identificação da fonte de poluentes. Por exemplo, o nitrogênio presente em

fertilizantes artificiais e o esgoto apresentam distintos valores. O principal método de

produção industrial de fertilizantes é pela fixação de nitrogênio atmosférico,

resultando num produto com sinal de δ15N próximo de zero. Já em dejetos animal e

esgoto doméstico, o nitrogênio é excretado principalmente na forma de uréia, que ao

atingir os corpos d’água sofre hidrólise, produzindo um aumento no pH. Esta

condição de pH favorece a conversão de uréia para amônia. Entretanto, a amônia é

facilmente volatilizada para a atmosfera, principalmente enriquecida no isótopo de

nitrogênio mais leve, deixando em solução amônia enriquecida em 15N. Quanto mais

trabalhada for essa matéria orgânica, mais enriquecido em 15N será a amônia em

solução. Em ambientes oxidantes, a amônia será oxidada ao íon NO3-, gerando um

“pool” de nitrogênio inorgânico com alto sinal de δ15N (TERANES; BERNASCONI,

2000; COSTANZO et al., 2001).

Além disso, outros fatores podem complicar a interpretação isotópica de

nitrogênio da matéria orgânica sedimentar. Alterações nos valores de δ15N podem

ser registradas devido aos processos de amonificação, nitrificação (ZIMMERMAN;

CANUEL, 2002), remineralização da matéria orgânica (MEYERS, 2003). O processo

de desnitrificação pode enriquecer o íon nitrato em 15N, desde que nenhuma carga

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17

nova de nitrato empobrecido em 15N seja introduzida no sistema. A nitrificação

enriquece o íon amônio em 15N (ZIMMERMAN; CANUEL, 2002), pois as bactérias

responsáveis por estes processos removem preferencialmente o 14N dos íons nitrato

e amônio (ALTABET et al., 1995).

1.3 DATAÇÃO DE TESTEMUNHO DE SEDIMENTO.

O 210Pb é um radioisótopo natural que possui uma meia vida de 22,26 anos.

Ele pertence à série de decaimento radioativo do 238U e vem sendo largamente

utilizado para determinar a idade das camadas sedimentares e a taxa de

sedimentação dos últimos 100 anos em rios, lagos, baías e estuários, em

testemunhos de sedimentos (APPLEBY; OLDFIELD, 1978; HUSSAIN et al., 1996;

REINIKAINEN et al., 1997; ROSALES-HOZ et al., 2003; SOUZA et al., 2007),

período no qual ocorreram grandes mudanças ambientais por conseqüência de

urbanização e industrialização (RUIZ-FERNANDES et al., 2007).

O 238U, presente nas rochas, depois de uma série de decaimentos forma o 226Ra, um radioisótopo que possui uma meia vida de 1622 anos, que ao emitir uma

partícula alfa decai para o 222Rn, um radioisótopo de 3,8 dias de meia vida

(APPLEBY; OLDFIELD, 1978). Como o 222Rn é um gás, parte dele consegue se

difundir por entre os poros da rocha e escapar para a atmosfera, onde depois de

uma série de decaimentos forma o 210Pb. Este 210Pb formado é então adsorvido

pelas partículas em suspensão no ar e removido da atmosfera através de deposição

seca ou úmida. Uma vez alcançando a superfície da terra, o 210Pb é transportado

pelo escoamento superficial para os rios e lagos e depositado no sedimento de

fundo. Este 210Pb presentes nos sedimentos proveniente da deposição atmosférica é

chamado de 210Pb em excesso ou não suportado (ALVAREZ-IGLESIAS et al., 2007).

Porém, além do 210Pb em excesso, os sedimentos também possuem uma

concentração de atividade proveniente do 210Pb formado por conta do decaimento

do 226Ra presente nos sedimentos, chamado de 210Pb suportado. Como o 226Ra tem

uma meia vida muito maior que os seus filhos, o 226Ra encontra-se em equilíbrio

secular com estes, o que permite a determinação da concentração de atividade do 210Pb suportado (REINIKAINEM et al., 1997). Como os modelos utilizados para

determinar a taxa de sedimentação de ambientes aquáticos levam em conta apenas

o 210Pb em excesso, este pode ser determinado através da diferença entre a

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18

concentração de atividade total de 210Pb e a concentração de atividade do 210Pb

suportado presente nos sedimentos.

O 210Pb em excesso geralmente está fortemente associado ao material

particulado dos rios, principalmente os mais finos, o que o torna uma ferramenta útil

para reconstituir o histórico de poluição de uma determinada área, já que grande

parte dos poluentes também possui afinidade por este material (CONRAD et al.,

2007). Como a concentração de atividade 210Pb decai conforme sua meia vida, o

perfil de decaimento radioativo versus a profundidade pode fornecer informações

sobre a taxa de sedimentação de um determinado ambiente aquático. Ambientes

deposicionais que apresentaram taxa de sedimentação constante ao longo dos

últimos 100 anos e não possuem uma variação muito brusca da composição

granulométrica ao logo do perfil sedimentar, geralmente apresentam decaimento

radioativo exponencial. O modelo mais utilizado para determinar a taxa de

sedimentação deste tipo de ambientes, considerando ausência de bioturbação, é o

modelo CIC (Constant Initial Concentration) (REINIKAINEN et al., 1997). Neste

modelo as idades das camadas sedimentares (t) são calculadas conforme a

equação abaixo:

C(x)=C(0).e-kt Equação (2)

FIGURA 1 – Esquema do modelo CIC.

Onde, C(x) é a atividade do 210Pb em excesso na camada sedimentar a ser

datada, C(0) é a atividade inicial do 210Pb em excesso, k é a constante de

decaimento do 210Pb (0,031 ano-1).

Se a variação da concentração do 210Pb em excesso com a profundidade não

for exponencial, o método mais recomendado é o CRS (Constant Rate Supply). Este

Testemunho

C(x)

C(0)

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método assume que existe ausência de resuspensão do material depositado e um

fluxo constante de 210Pb em excesso na interface água-sedimento, independente da

variação da taxa de sedimentação (APPLEBY; OLDFIELD, 1978; ABRIL, 2004;

MIZUGAKI et al., 2006). No modelo CRS, a idade t de uma amostra de sedimento

em uma profundidade x é calculada como:

A(x)=A(0).e-kt Equação (3)

FIGURA 2 – Esquema do modelo CRS.

Onde A(0) e a A(x) é o inventário de 210Pb em excesso total e abaixo da

camada x (Bq/cm2), respectivamente.

Entretanto, a concentração ou fluxo de 210Pb em excesso pode não ser

constante devido a alguns fatores, tais com variações sazonais nas precipitações

pluviométricas, variações nas texturas dos sedimentos, bioturbação, resuspensão e

erosão dos sedimentos. Isto pode fazer com que a utilização do radioisótopo 210Pb

na datação de testemunhos de sedimentos possa ser dificultada, sendo necessário à

utilização de um marcador geocronológico independente, tal como 137Cs

(GOODBRED; KUEHL, 1998; SMITH, 2001). O 137Cs, um radioisótopo de 30,14

anos de meia vida, vem sendo largamente utilizado em testemunhos de sedimentos

para calibrar os resultados de datação com 210Pb. O 137Cs é um radionuclídeo

artificial que está presente no meio ambiente devido a depósito atmosférico

decorrente de testes de bombas nucleares, principalmente no hemisfério norte. O

primeiro registro de deposição atmosférica do 137Cs foi em 1954, tendo sido

registrado um aumento da concentração deste radioisótopo em 1963, devido ao

início e ao auge dos testes nucleares, respectivamente, seguido de um rápido

A(x)

A(0)

Testemunho

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declínio a partir de 1963 por causa da implementação de tratados mundiais para

banir tais testes (PFITZNER et al., 2004; RUIZ-FERNANDEZ et al., 2007; CONRAD

et al., 2007). Alguns trabalhos realizados no Hemisfério Norte também vêm

registrando um segundo aumento na concentração de 137Cs em 1986, devido ao

acidente ocorrido na usina nuclear de Chernobyl (MAHARA, 1993; MIZUGAKI et al.,

2006). Entretanto, a aplicação do 137Cs para datação de sedimentos no hemisfério

sul vem sendo limitada por dois fatores: (1) Uma quantidade pequena de 137Cs foi

depositada no hemisfério sul (121Bq até 2002) comparado com o hemisfério norte

(393Bq até 2002), já que a grande maioria dos testes nucleares foram realizados no

hemisfério norte; (2) existe uma falta de um sinal correspondente aos testes

atômicos em 1963 (PFITZNER et al., 2004).

Além disso, marcadores de atividades antrópicas registrados nos perfis

sedimentares em períodos de tempos conhecidos, tais como a variabilidade na

acumulação de metais pesados (CAÇADOR et al., 1996) e de compostos orgânicos

(HARTMANN et al., 2005), assim como variação na litologia dos sedimentos

ocasionados por furacões, dragagem, mudança do padrão de precipitação

pluviométrica e mudança do uso da terra, podem ser utilizados para determinar as

idades das camadas sedimentares, além de ser uma excelente ferramenta para a

avaliação da exatidão do método de datação utilizando radioisótopos (GOLDBERG

et al., 1977).

Alguns pesquisadores vêm utilizando o método de datação de testemunhos de

sedimentos, através de radioisótopos, para determinar as taxas de sedimentação de

regiões costeiras do Brasil. Sanders et al. (2006) e Saito et al. (2001) determinaram

as taxas de sedimentação da Baia de Guaratuba, no Paraná, e do estuário de

Guananeia-Iguape, em São Paulo, respectivamente. Sanders et al. (2006) utilizou o

resultado da taxa de sedimentação para estimar o fluxo de Hg desta região.

Diferentemente da maioria dos trabalhos realizados no Brasil, que geralmente obtém

os valores de atividade do radioisótopo 137Cs abaixo do limite de detecção, tanto

Sanders et al. (2006) quanto Saito et al. (2001) observaram um incremento na

concentração de 137Cs referente ao ano de 1963 em seus testemunhos de

sedimento, possibilitando-os calibrarem as idades das camadas sedimentares

estimadas através das análises de 210Pb. Além disso, Moreira; Rebello (1986),

Godoy et al. (1998) e Marques et al. (2006) utilizaram as taxas de sedimentação, por

eles estimadas, da região noroeste da Baia de Guanabara, região nordeste de Baia

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de Guanabara e na Baia de Sepetiba, respectivamente, utilizando o método do

radioisótopo 210Pb, para identificar quando foi aproximadamente o início do aporte

antrópico de contaminantes nestas regiões. Entretanto, ainda existe uma carência

de trabalhos sobre as taxas de sedimentação em áreas costeiras do Brasil, fazendo

com que não tenhamos conhecimento sobre como a ocupação humana alterou o

aporte de contaminantes e a transferência de material continental para as regiões

estuarinas nos últimos 100 anos.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

� Reconstruir o histórico de contaminação da região estuarina do Rio Iguaçu e da

região da Área de Proteção Ambiental de Guapimirim, segregando seus

componentes naturais e antrópicos.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

� Determinar as concentrações dos elementos maiores e traços nas camadas

sedimentares dos testemunhos;

� Determinar a qualidade da matéria orgânica sedimentar presente nas camadas

sedimentares das áreas de estudo;

� Determinar a cronologia de deposição de elementos-traço na área de estudo;

� Determinar os inventários, os fluxos e os fatores de enriquecimento de metais-

traço nos sedimentos das áreas estudadas.

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3 ÁREA DE ESTUDO

A Baía de Guanabara (Figura 3) é uma Baía eutrofizada da costa brasileira,

impactada pelo descarte de efluentes gerados pela região metropolitana do Rio de

Janeiro (JICA, 1994; KJERFVE et al., 1997). Essa grande carga de efluentes está

associada à intensa urbanização e industrialização ocorrida nas últimas décadas,

principalmente nas cidades do Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, Niterói, Duque de

Caxias e São Gonçalo, acarretando em um grande fluxo de poluentes para a Baía

de Guanabara (FARIA; SANCHEZ, 2001). A Baía de Guanabara possui

aproximadamente 28 km de comprimento de leste para oeste, 30 km de norte para o

sul, um perímetro de 131 km, uma média de volume de água de 1.87x109 m3, uma

área total de 384 km2, sendo 56 km2 de ilhas e 328 km2 de corpo d’agua e possui

sedimentos de fundo predominantemente fino (KJERFVE et al., 2001). A baía possui

4080 km2 de área de bacia de drenagem, sendo considerada estuário de 91 rios e

canais, no qual seis deles são responsáveis por cerca de 85% de descarga

(BAPTISTA-NETO et al., 2006)

Alterações na bacia de drenagem iniciadas no século XIX acarretaram em

severas degradações ambientais, tais como eutrofização das águas, aumento da

taxa de sedimentação e elevadas concentrações de metais (LIMA, 1996; AMADOR ,

1997). Até a metade do século XX, a média da taxa de sedimentação da Baía de

Guanabara era de 0,19 cm.a-1, estimada através da espessura média da camada

sedimentar e da estabilização do nível do mar dos últimos 300 anos (AMADOR ,

1997). Alguns pesquisadores, utilizando 210Pb, vêm mostrando em seus trabalhos

científicos que a taxa de sedimentação média atual na Baía de Guanabara esta na

faixa de 0,20-2,20 cm.a-1 (MOREIRA ; REBELLO, 1986; LIMA, 1996; GODOY , et al.,

1998; BORGES, 2006).

A região metropolitana do Rio de Janeiro possui mais de 11 milhões de

habitantes e cresce a uma taxa anual de 1,1%. O esgoto doméstico de cerca de 8

milhões destes habitantes chega à Baía de Guanabara sem tratamento prévio.

Existem mais de 6 mil industriais localizadas no entorno da Baía de Guanabara e

mais 6 mil na área da sua bacia de drenagem, além de uma refinaria de petróleo que

é responsável por 17% do óleo que é refinado no pais. Além disso, no entorno da

Baía ainda existem dois aeroportos e ela é atravessada por uma ponte de 12 km de

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comprimento que possui um grande fluxo diário de veículos (BAPTISTA-NETO et al.,

2006)

O rio Iguaçu possui sua foz na região noroeste da Baía de Guanabara. Ele é

um rio que tem 43 km de extensão e que possui sua nascente na serra do Tinguá,

na cidade de Nova Iguaçu. O rio Iguaçu possui como principais afluentes os rios

Tinguá, Pati, Capivari (margem esquerda), Botas e o Sarapuí (margem direita). JICA

(1994) mostrou que as águas do rio Iguaçu já eram impróprias para o consumo

humano. Além disso, JICA (1994) mostrou que o sedimento de fundo daquela área

tinha coloração preta ou cinza escuro, composto principalmente por silte e argila e

odor de esgoto e sulfeto, este último indicando condição anaeróbica do sedimento.

A maioria dos rios que desembocam na parte nordeste da Baía de Guanabara

nasce na Serra dos Órgãos e, em menor número, na Serra de Maricá. Na região

mais plana, os cursos baixos destes rios foram bastante modificados por obras de

desvio e retificação em vários trechos, causando certa controvérsia em relação aos

nomes destes rios na região (FARIA, 1997). Em 1947 o extinto Departamento

Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), com o objetivo de drenar as áreas

adjacentes freqüentemente inundadas, iniciou as obras de construção do canal de

Imunana para desviar o curso do rio Macacu, até então o rio mais volumoso da

região nordeste da Baía de Guanabara, para o rio Guapimirim. Sua área de

drenagem, por essa razão, foi enormemente aumentada e o rio Guapimirim, após

receber as águas do rio Macacu passou a ser chamado de Guapi até a sua foz na

Baía de Guanabara e a antiga foz do rio Macacu passou a pertencer ao rio Caceribu.

O rio Guarai nasce do lençol freático que aflora na própria baixada, situada entre o

rio Macau e o rio Caceribu, com uma área em torno de 23 km2 (FARIA, 1997). Este

rio tem 15 km de extensão, é bastante sinuoso, apresenta vários canais de maré e

uma foz bastante larga. Ele drena uma área totalmente preenchida por sedimentos

flúvio-marinhos recentes e solo orgânico do manguezal (FARIA, 1997). A Bacia do

Guapi/Macacu é responsável pelo abastecimento de cerca de 2,5 milhões de

habitantes dos municípios de Cachoeiras de Macacu, Guapimirm, Itaboraí, São

Gonçalo e Niterói, além de ser utilizada para irrigação e piscicultura (INSTITUTO

BAÍA DE GUANABARA, 2002).

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GMT 2008 May 28 20:12:15 OMC - Martin Weinelt

-43Ê 15©

-43Ê 15©

-43Ê 00©

-43Ê 00©

-23Ê 00© -23Ê 00©

-22Ê 45© -22Ê 45©

0 5 10

km

FIGURA 3 – Mapa da Baía de Guanabara

São Gonçalo

Niterói Rio de Janeiro

Oceano atlântico

Duque de Caxias

Magé

Baía de Guanabara

N Rio Guapi

Rio Guarai

Rio Iguaçu

Rio Sarapuí

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4 MATERIAIS E MÉTODOS:

4.1 AMOSTRAGEM

Para realização deste trabalho foram coletados dois testemunhos de

sedimentos, um no rio Iguaçu (denominado RED3) e o outro entre a foz do rio Guarai

e Guapi (denominado MAC) nas regiões noroeste e nordeste, respectivamente, da

Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Foram utilizados tubos de PVC (sete cm de

diâmetro), previamente lavados e descontaminados com HCl10%. Os pontos de

amostragem estão indicados na Figura 4.

O testemunho RED3 (22°43'45.8’’S 43°15'49.6”W) foi coletado em fevereiro de

2007, na planície de lama do Rio Iguaçu. O testemunho MAC (22°42'16.8’’S e

43°02'42.8”W) foi coletado em abril de 2007. Os testemunhos apresentaram

profundidades de 150 cm e 96 cm, respectivamente.

No laboratório, os testemunhos foram fatiados de 2 em 2 cm, transferidos para

sacos plásticos e armazenados no freezer. As partes do sedimento próximas à

parede do tubo de PVC foram descartadas para evitar alteração das características

físicas e químicas das camadas sedimentares, devido ao contato com o tubo.

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GMT 2008 May 28 21:06:54 OMC - Martin Weinelt

-43Ê 15©

-43Ê 15©

-22Ê 45©

0 5 10

kmGMT 2008 May 28 21:06:54 OMC - Martin Weinelt

-43Ê 15©

-43Ê 15©

-22Ê 45©

0 5 10

km

Rio Iguaçu

Rio Sarapuí

RED3

Refinaria REDUC

Baía de Guanabara

GMT 2008 May 28 20:12:15 OMC - Martin Weinelt

-43Ê 15©

-43Ê 15©

-43Ê 00©

-43Ê 00©

-23Ê 00© -23Ê 00©

-22Ê 45© -22Ê 45©

0 5 10

km

N

FIGURA 4 – Localização da área de coleta. Testemunho RED3: noroeste da Baía de Guanabara; Testemunho MAC: nordeste da Baía de Guanabara.

Baía de

Guanabara

GMT 2008 May 28 21:29:56 OMC - Martin Weinelt

-43Ê 00©

-43Ê 00©

-22Ê 45© -22Ê 45©

0 5 10

km

MAC MAC

Baía de

Guanabara

Rio Guapi

Rio Guarai

Brasil

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4.2 MÉTODOS DE ANÁLISES

4.2.1 Determinação da densidade aparente das amostras de sedimentos.

A densidade aparente das amostras de sedimentos foi estimada através da

secagem de sub-amostras de sedimento úmido a 50°C por 48h, em estufa, para

obtenção da massa seca dos sedimentos. Após 48 h, as amostras foram retiradas

da estufa, colocadas em um dessecador para esfriar e após 10 minutos foram

pesadas. As amostras voltaram para a estufa e este procedimento foi repetido até as

amostras obterem peso constante. A densidade foi determinada através da razão

entre o valor da massa seca obtida e o volume do recipiente utilizado.

4.2.2 Determinação da composição granulométrica das amostras de

sedimentos.

Para a determinação da composição granulométrica das amostras de

sedimentos utilizou-se cerca de 2g de amostra úmida. Foi realizado um pré-

tratamento das amostras com peróxido de hidrogênio para eliminar a matéria

orgânica, até não ser mais observado a evolução de gás. Em seguida as amostras

foram centrifugadas e eliminou-se o sobrenadante. Adicionou-se 10 mL de uma

solução de pirofosfato de sódio 40 g/L (agente dispersante) em cada tubo e agitou-

se a mistura por 24 h. A quantificação das frações granulométricas, entre 0,04 a

500µm, foi realizada pelo fenômeno de difração, utilizando um analisador de

partículas a laser, modelo Cilas 1064, que apresenta 100 virtuais peneiras entre as

faixas citadas, utilizando previamente 10 minutos de sonicação para dispersão da

amostra.

4.2.3 Determinação do conteúdo de carbono orgânico total (COT), nitrogênio

orgânico total (NOT) e dos isótopos estáveis 13C e 15N nas amostras de

sedimentos.

O conteúdo de carbono e nitrogênio orgânico total foi determinado com o

auxílio de um analisador elementar automático (CHN), na UC Davis Stable Isotope

Facility, California, USA. Para obtenção dos sinais isotópicos de carbono e nitrogênio

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29

estáveis das amostras, o analisador elementar automático foi acoplado a um

espectrômetro de massa. Primeiramente, fez-se um pré-tratamento das amostras

adicionando 20mL de HCl 1mol.L-1, em 1 g de amostra, para eliminar o carbono

inorgânico, deixando reagir durante 2 h. Em seguida centrifugou-se, descartou-se o

sobrenadante e adicionou-se mais HCl 1mol.L-1 para a eliminação total do

carbonato. Repetiu-se este procedimento até não mais ser observado evolução de

gás. Após eliminação do carbono inorgânico, o procedimento acima foi repetido

adicionando água ultra-pura para lavagem. Novamente as amostras foram

centrifugadas e o sobrenadante descartado. Em seguida, as amostras foram secas a

50° C em estufa até peso constante. Cera de 20 mg de cada amostra foi embalada

em cápsula de estanho e enviada para análise.

4.2.4 Determinação da taxa de sedimentação e taxa de acumulação de

sedimento.

As amostras secas foram armazenadas e pesadas em placas de Petri de 70

mL. Como a quantidade de amostra era insuficiente, não foi possível completar toda

a placa de Petri com sedimento. Deste modo, adicionou-se amostra até atingir uma

altura de 3 mm, com o objetivo de obter o mesmo volume para todas as amostras.

Em seguida as placas de Petri foram lacradas e enviadas para o laboratório de

Radioeocologia e Mudanças Globais (LARAMG), na UERJ, para a determinação da

atividade do 210Pb, 226Ra e 137Cs. As placas de Petri foram armazenadas por três

semanas, para prevenir a perda de 222Rn e permitir o estabelecimento do equilíbrio

secular entre 226Ra e os filhos de 222 Rn de meia vida curta (MOORE, 1984).

As amostras foram contadas individualmente por 24 h em detector de raios

gama de alta resolução, modelo CANBERRA GX2018; Eficiência relativa de 20%;

Resolução de 1,8 keV (FWHM) para 1,33 MeV e 0,850 keV (FWHM) para 122 keV,

contando a emissão de raios gama do 210Pb em 46.5KeV e do 137Cs em 661KeV. A

atividade do 210Pb suportado foi determinada através da quantificação do

radioisótopo 226Ra, considerando equilíbrio secular entre estas duas espécies.

A taxa de acumulação de sedimentos (g.cm-2.ano-1) foi calculada a partir da

equação: S x ρ onde S é a taxa de sedimentação (cm.ano-1) e ρ é a densidade

aparente (g.cm-3).

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30

4.2.5 Determinação das concentrações de metais maiores e traço nos

sedimentos.

A determinação das concentrações de metais-traço nos sedimentos foi

realizada após digestão de 0,5 g em um forno de microondas modelo Provecto,

utilizando de 10mL de HNO3 concentrado para promover a digestão da amostra,

conforme descrito no método EPA 3051(USEPA, 1994). Após a extração dos metais

das amostras, a solução resultante foi centrifugada e o sobrenadante foi avolumado

a 25mL. Os metais foram determinados por espectrometria de emissão ótica com

fonte de plasma indutivamente acoplado (ICP OES) Jobin Yvon, modelo Ultima 2.

Os resultados das análises foram obtidos em µg do elemento/g de sedimento (ppm).

As análises foram realizadas em duplicata. Para avaliarmos a exatidão e precisão do

método de extração descrito acima, utilizamos o mesmo procedimento para o

material certificado NIST (Industrial sludge 2782).

Os resultados obtidos, bem como a exatidão, precisão e limites de detecção

estão mostrados na Tabela 1. Os resultados obtidos nas análises do material de

referência certificado mostraram uma boa precisão (CV(%) de 0,78-2,85) e exatidão

(recuperação de 82-97%).

TABELA 1 – Resultados obtidos na análise do material certificado NIST (Industrial Sludge 2782), limite de detecção, exatidão e precisão das determinações dos metais (µg/g)± desvio padrão.

Ba Co Cu Fe Mn Ni Pb Zn

Limite de detecção

0,02

0,02

0,04

0,1

0,02

0,02

0,04

0,02

Valores certificados

152± 11

54,5± 4,6

2435± 47

254000± 16000

258± 15

95,9± 4,7

554± 36

1167± 57

Valores determinados

147±

4

48,1± 0,5

2119± 36

246066± 4186

228± 4

88,0± 0,8

435± 6

1022± 30

CV (%) 2,85

2,78

1,33

1,70

1,70

1,80

0,88

1,37

Recuperação (%)

97

88

87

97

88

92

78

88

FONTE: Este estudo (2008)

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31

4.2.6 Determinação dos níveis de concentração de background, massa

acumulada em excesso, inventário em excesso, fator de enriquecimento e

fluxo em excesso dos metais.

As concentrações de background dos metais-traço foram estimadas através da

média dos valores baixos e relativamente constantes encontrados nas maiores

profundidades, conforme realizado por Frignani et al, (1997). Os valores de

concentração em excesso dos metais em cada camada sedimentar foram calculados

através da diferença entre as concentrações dos metais em cada camada

sedimentar pelo seu respectivo valor de background médio (MACHADO, 2002).

A massa acumulada em excesso foi calculada pelo produto: [Me]exc x ρ x h,

onde [Me]exc= concentração do metal em excesso(µg.g-1), ρ= densidade aparente do

sedimento (g.cm-1) e h= altura da fatia do sedimento (cm), obtendo os valores das

massas acumuladas em (µg.cm-2). O somatório da massa em excesso acumulada

ao longo do testemunho nos dá o inventário dos metais (COCHRAN et al., 1998).

Os fluxos de metais em excesso foram calculados através do produto: [Me]exc x

ρ x s, onde s é a taxa de sedimentação (cm.ano-1), obtendo os fluxos em (µg.cm-

2.ano-1) (COCHRAN et al., 1998).

O uso de fatores de enriquecimento (FE) permite identificarmos a importância

relativa da contribuição de metais-traço relacionada à atividade antrópica. Para

estimar o FE dos metais-traço geralmente se faz uso de um elemento normalizador,

já que as amostras não foram peneiradas para realização da extração do metais-

traço (normalização física). O elemento normalizador além de apresentar uma boa

correlação com a fração fina do sedimento (Mil - Homens et al., 2006; Roussiez et

al., 2006), também deve apresentar correlação com os metais-traço (TAM ; YAO,

1998; ROACH, 2005).

Entretanto, como será mostrado posteriormente, como o testemunho RED3

apresentou granulometria praticamente formada por silte e argila ao longo de todo

testemunho (normalização física), não foi realizada normalização geoquímica das

concentrações dos metais-traço para a determinação do FE. Além disso, o perfil de

concentração do Fe (o único elemento normalizador determinado) não mostrou

correlação com o perfil de teor de argila.

Apesar de o testemunho MAC ter apresentado em algumas camadas teores

altos de areia (até 24%), como também será mostrado posteriormente, também não

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32

foi realizada normalização geoquímica dos valores de concentração dos metais-traço

para estimar o FE, pois o Fe não apresentou correlação com o teor de argila nem

com os metais-traço.

Os FE foram estimados conforme a equação:

FE= [Me] amostra Equação (3) [Me] background Onde Me é a concentração do metal-traço.

4.2.7 Tratamento estatístico dos resultados.

Foi realizado o tratamento estatístico dos resultados para obtenção das

médias, desvios padrões, coeficiente de variação, valores mínimos e máximos e

intervalo de confiança, utilizando o programa Statistica 5.5.

Para identificar possíveis associações dos metais-traço com a composição dos

sedimentos (granulometria, COT, compostos de Fe e Mn), foi realizado teste

estatístico de correlação de Pearson, também utilizando o programa Statistica 5.5.

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33

5 RESULTADOS

5.1 TAXA DE SEDIMENTAÇÃO E ACUMULAÇÃO

Os resultados das atividades total, suportada e em excesso dos testemunhos

RED3 e MAC são apresentadas no anexo 1. Os perfis das atividades de 210Pb em

excesso dos testemunhos RED3 e MAC são apresentados na Figura 5. A atividade

de 210Pb em excesso no testemunho RED3 foi detectada até 92 cm profundidade,

enquanto no testemunho MAC até 66 cm de profundidade. A partir destas

profundidades até as bases dos testemunhos o sinal de 210Pb corresponde apenas

ao 210Pb suportado.

Os valores da atividade do 137Cs dos testemunhos RED3 e MAC ficaram abaixo

do limite de detecção. Isto também foi verificado nos trabalhos realizados no

hemisfério sul por Moreira; Rebello (1986), Di Gregório et al. (2007), na região

noroeste da Baía de Guanabara e na Argentina, respectivamente. Sendo assim, não

foi possível calibrar os resultados das idades das camadas sedimentares utilizando o 137Cs.

Ambientes que possuem taxa de sedimentação constante geralmente

apresentam perfil exponencial de decaimento radioativo do radioisótopo 210Pb em

excesso (REINIKAINEM et al., 1997). Conforme a Figura 5b, o testemunho MAC

apresentou uma tendência de diminuir as atividades de 210Pb em excesso do topo

em direção a base do testemunho. Porém, podem ser verificadas algumas

descontinuidades ao longo do perfil, indicando talvez mudança na taxa de

sedimentação e/ou variação brusca da composição granulométrica dos sedimentos,

ao longo do tempo, na área de proteção ambiental de Guapimirim.

O perfil do 210Pb em excesso do testemunho RED3 (Figura 5a) não mostrou

diminuição de sua atividade do topo em direção a base do testemunho. Isto pode ser

reflexo da elevada dinâmica do Rio Iguaçu, com oscilações entre processos de

erosão e sedimentação ao longo do tempo, indicando um ambiente de taxa de

sedimentação anual bem variada. Além disso, o processo de bioturbação e

redistribuição vertical de metais-traço, provocada pela diagênese da matéria

orgânica dos sedimentos, podem ter contribuído para a não observação do

decaimento exponencial do 210Pb em excesso no testemunho RED3.

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34

Sendo assim, já que ambos os testemunhos não apresentaram decaimento

exponencial radioativo do 210Pb em excesso, não foi utilizado o modelo CIC

(Constant Initial Concentration) para determinarmos as idades das camadas

sedimentares e as taxas de sedimentação. O modelo utilizado foi o CRS (Constant

Rate of Supply) que considera constante não a concentração inicial de 210Pb, mas

sim o fluxo de 210Pb em excesso, independentemente de variações na taxa de

sedimentação (APPLEBY; OLDFIELD, 1978).

Conforme Ruiz-Fernández, et al. (2003), o fluxo de 210Pb em excesso em

ambientes sedimentares é controlado pelas características do clima da região,

escoamento superficial e pela origem da massa de ar predominante da região

(oceânica ou continental). Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis (IBAMA, 2008), a dinâmica das massas de ar da

região da Baia de Guanabara é caracterizada pelo domínio da massa Tropical

Atlântica na maior parte do ano. Esta pode ser uma explicação para os baixos

valores de atividade de 210Pb em excesso encontrados em ambos os testemunhos,

visto que a massa de ar oceânica geralmente possui menor atividade de 210Pb do

que massas continentais (RUIZ-FERNÁNDEZ et al., 2003). Entretanto, os trabalhos

reportados por Moreira; Rebello (1986), realizado na região noroeste da Baia de

Guanabara, e o de Borges (2006), realizado no Rio Estrela, um rio que deságua na

região noroeste da Baía de Guanabara, mostraram valores atividades de 210Pb em

excesso cerca de 7 e 10 vezes, respectivamente, maiores do que as encontradas no

Rio Iguaçu e na APA de Guapimirim.

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35

(a) (b)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 5 10 15

210Pb excesso (mBq/g)

Pro

fundid

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

0 5 10 15

210Pb excesso (mBq/g)

Pro

fundid

ade

(cm

)

FIGURA 5 – Perfis da atividade do 210Pb em excesso dos testemunhos RED3 (a) e MAC (b).

As Figuras 6a e 6b apresentam os perfis das idades dos testemunhos RED3 e

MAC com a profundidade, respectivamente, calculados conforme o método CRS,

enquanto a Figura 6c apresenta o histórico da densidade demográfica do estado do

Rio de Janeiro. Os módulos dos coeficientes angulares das equações das retas das

Figuras 6a e 6b representam as taxas de sedimentação dos respectivos intervalos

de profundidade.

Apesar da atividade do 210Pb em excesso determinado no testemunho RED3

não ter mostrado decaimento exponencial com a profundidade, os resultados das

idades das camadas sedimentares plotados contra a profundidade parecem mostrar

duas taxas de sedimentação distintas. O testemunho apresentou uma taxa de

sedimentação de 0,28 cm/ano de 91 até 81 cm de profundidade. A partir desta

profundidade foi verificado um aumento na taxa de sedimentação de 0,28cm/ano

para 2,0 cm/ano. Conforme JICA (1994), Kjerfve et al. (1997), Kjerfve et al. (2001),

Baptista-Neto et al. (2006) e a Figura 6c, a partir da segunda metade do século XX

iniciaram-se os desenfreados processos de urbanização, industrialização e

crescimento demográfico do estado do Rio de Janeiro. Além disso, entre 1957 e

1963 foram realizadas obras da Petrobrás para a construção da refinaria Duque de

Caxias (REDUC) (CÂMARA MUNICIPAL DE DUQUE DE CAXIAS, 2008). Sendo

assim, o aumento na taxa de sedimentação em 81 cm de profundidade (equivalente

ao ano de 1964), verificado no testemunho RED3, deve ter sido influenciado tanto

pelo processo de industrialização e urbanização como pela construção da REDUC.

Rebello et al. (1986) estimaram em 2 cm/ano a taxa de sedimentação da região

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36

y = -2,03x + 4081,22

R2 = 0,98

y = -0,28x + 630,56

R2 = 0,99

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1900 1930 1960 1990

Ano

Pro

fun

did

ade

(cm

)

y = -0,42x + 853,09

R2 = 0,9914

y = -0,77x + 1545,2

R2 = 0,9905

0

10

20

30

40

50

60

70

1890 1920 1950 1980 2010

Ano

0

50

100

150

200

250

300

350

1870 1895 1920 1945 1970 1995

Ano

Hab

itant

es/K

(a) (b) (c)

(1964) (1954)

noroeste da Baía de Guanabara, corroborando o valor estimado a partir do

testemunho RED3.

FIGURA 6 – Taxa de sedimentação dos testemunhos RED3 (a) e MAC (b) – Modelo CRS (Constant Rate of Supply) e (c) Densidade demográfica do estado do Rio de Janeiro entre os anos 1872 e 2000 (FONTE: IBGE 2000).

O testemunho MAC apresentou um aumento na taxa de sedimentação em 41

cm de profundidade (equivalente ao ano de 1954) passando de 0,42cm/ano para

0,77cm/ano. Esta mudança na taxa de sedimentação pode estar relacionada com o

acelerado aumento da densidade demográfica ocorrido no Rio de Janeiro a partir da

segunda metade do século XX (Figura 3c) e/ou com a construção do canal de

Imunana iniciada a partir do final da primeira metade do século XX (INSTITUTO

BAÍA DE GUANABARA, 2002), onde as águas do rio Macacu foram desviadas para

o rio Guapimirim com a finalidade de drenar área alagadas.

Godoy et al. (1998) também verificaram uma mudança na taxa de

sedimentação na região na região da APA de Guapimirim. Eles estimaram que a

taxa de sedimentação de 0 a 39 cm foi de 0,86 cm/ano e a de 39 a 54 cm de 0,19

cm/ano. A taxa de sedimentação mais recente estimada por Godoy et al. (1998)

mostrou-se um pouco superior à taxa estimada a partir do testemunho MAC

(0,77cm/ano). Porém, a taxa de sedimentação mais remota observada no

testemunho MAC (0,41 cm/ano) mostrou-se mais do que o dobro da taxa estimada

por Godoy et al. (1998).

A Figura 7b mostra um início de aumento no acúmulo de sedimento a partir de

75 cm. É bem provável que durante este período ocorreram mudanças na taxa de

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sedimentação desta área, devido ao progressivo aumento no acúmulo de sedimento.

Porém, como só foi detectada a atividade de 210Pb em excesso nos sedimentos do

testemunho MAC acima de 65 cm de profundidade, não foi possível verificar se

realmente ocorreu mudança na taxa de sedimentação neste período.

As Figuras 7a e 7b mostram os perfis de massa de sedimento acumulada ao

longo do tempo, enquanto as Figuras 8 e 9 mostram as médias das precipitações

pluviométricas ao longo do tempo na região do rio Macacu e a correlação obtida

entre a vazão deste rio com a pluviosidade, respectivamente. Esta última Figura

mostra uma significativa correlação positiva entre a vazão do Rio Macacu com o

aumento das precipitações pluviométricas.

O testemunho RED3 mostrou um baixo e constante acúmulo de sedimento

(aproximadamente 0,5g/cm2/ano) até o ano 1964, quando, como foi discutido acima,

teve início o acelerado processo de urbanização e industrialização do estado do Rio

de Janeiro, passando a acumular cerca de 2g/cm2/ano. De 1960 até o final dos anos

80 do século passado, observou-se uma estabilidade no acúmulo de sedimento. A

partir do final dos anos 80 observou-se um novo aumento no acúmulo de

sedimentos.

O testemunho MAC mostrou um início de aumento no acúmulo de sedimentos

a partir de 1890. Provavelmente este incremento no acúmulo de sedimento possa

estar refletindo o início da ocupação humana na região de Guapimirim, pois as

últimas décadas do século XIX foram marcadas pelo início da construção da estrada

de ferro que liga o município de Guapimirim ao município de Barreira (GUAPIMIRIM

ON-LINE, 2008). Em 1954, outro aumento no acúmulo de sedimento foi observado

no testemunho MAC, relacionado com um incremento na taxa de sedimentação,

como discutido acima.

Assim como verificado no testemunho RED3, também foi observado

incremento no testemunho MAC na acumulação de sedimentos a partir do final da

década de 80 do século XX. Este aumento talvez possa ser explicado pelo aumento

da hidrodinâmica do Rio Iguaçu e dos Rios Guapi e Guarai, que desembocam na

região nordeste da Baía de Guanabara, já que a Figura 8 mostra que a precipitação

média em fevereiro de 1988 foi cerca de 600 mm, quatro vezes maior que a

precipitação média de janeiro do mesmo ano, que foi de 124 mm. Porém, como o

testemunho MAC mostrou maior conteúdo de areia ao longo do testemunho do que

o testemunho RED3 (como será mostrado no capítulo 5.3), parece que o aumento

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no acúmulo de sedimentos foi mais bem observado no testemunho RED3 do que no

MAC. Entretanto, como também será mostrado no capítulo 5.3, na Figura 13a, em

12 cm de profundidade ocorreu um aporte de areia fina, provavelmente por causa do

aumento da hidrodinâmica dos rios que deságuam na APA de Guapimirim,

reforçando a hipótese de que esta elevada precipitação pluviometria tenha sido

registrada por ambos os testemunhos.

Sendo assim, se considerarmos que a elevada precipitação observada em

fevereiro de 1988 foi a responsável pelo aumento na taxa de acumulação de

sedimentos em 31 cm de profundidade no testemunho RED3 e 13 cm no

testemunho MAC, e se considerarmos uma taxa de sedimentação constante entre

1988 e 2007, obteríamos uma taxa de sedimentação de 1,63cm/ano e 0,63cm/ano,

respectivamente, dividindo 31 cm e 12 cm por 19 anos (diferença entre 2007 e 1998,

ano em que foi coletado o testemunho e o ano da elevada precipitação

pluviométrica, respectivamente). Além disso, se considerarmos que a mudança da

taxa de sedimentação no testemunho RED3 observada em 81 cm de profundidade e

do testemunho MAC em 41cm de profundidade foram por conseqüência da

construção da REDUC entre 1957 e 1963 e do Canal de Imunana em 1947,

respectivamente, e se consideramos taxa de sedimentação constante, obteríamos

uma taxa de sedimentação entre 1,62 cm/ano e 1,84 cm/ano para o Rio Iguaçu

(considerando que a mudança ocorreu ou no ano de 1957 ou no ano 1963,

respectivamente) e 0,68 cm/ano na região da APA de Guapimirim. Sendo assim,

estes resultados parecem corroborar as taxas de sedimentação obtidas a partir dos

resultados obtidos das análises do 210Pb em excesso mostrados acima,

possibilitando a utilização destas taxas estimadas através de eventos históricos para

calibrar a taxa de sedimentação estimada através do método do 210Pb. Portanto, a

taxa de sedimentação mais recente do Rio Iguaçu e da APA de Guapimirim, que

foram estimadas através do método do 210Pb, foram corrigidas utilizando as taxas de

sedimentação estimadas segundo os eventos históricos citados acima, calculando

uma média destas taxas de sedimentação. Sendo assim, no rio Iguaçu a taxa de

sedimentação foi de 0,28 cm/ano (conforme o método do 210Pb) até 81 cm e de 1,78

cm/ano (uma média entre o valor estimado pelo método do 210Pb e os valores

estimados pelos eventos históricos) de 81 cm até o topo do testemunho. O mesmo

foi realizado para o testemunho MAC, que indicou que a região da APA de

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39

0

100

200

300

400

500

600

700

67 69 71 73 75 77 79 81 83 85 87 89 91 93 95 97 99 01 03 05 07Ano

Pre

cip

ita

çã

o (

mm

)

Guapimirim apresentou uma taxa de sedimentação de 0,42 cm/ano até 41 cm e

outra de 0,72 cm/ano.

010

2030

405060

7080

90100110

120130

140150

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,3 0,5 0,7 0,9 1,1

Pro

fun

did

ade

(cm

)

FIGURA 7 – Perfil de massa de sedimento acumulada (g.cm-2.ano-1) ao longo dos últimos 100 anos: RED3 (a) e MAC (b).

FIGURA 8 – Precipitação pluviométrica média do rio Macacu entre 1967 até 2007 (FONTE:Hidroweb, 2008)

(1964)

(1992)

(1954)

(1990)

(1890)

(a) (b)

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40

0

20

40

60

80

100

120

140

160

1710 1760 1810 1860 1910 1960

Ano

Pro

fun

did

ade

(cm

)

RED3

MAC

y = 0,5666x + 445263R2 = 0,4233

0,E+00

1,E+06

2,E+06

3,E+06

4,E+06

0,E+00 1,E+06 2,E+06 3,E+06 4,E+06

Chuvas (m3/dia)

Vaz

ão

m3 /d

ia

FIGURA 9 – Correlação entre a precipitação pluviométrica e a vazão do rio Macacu (FONTE:Hidroweb, 2008).

A Figura 10 mostra as idades das camadas sedimentares dos testemunhos

RED3 e MAC, calculadas utilizando a taxa de sedimentação mais recente, estimada

através da média descrita acima, onde foram extrapoladas as taxas de

sedimentação estimadas de 0,28 cm/ano e 0,42 cm/ano, respectivamente, até a

base dos testemunhos (considerando que as taxas de sedimentações mantiveram-

se constantes nos últimos 300 anos anteriores a 1950, conforme proposto por

Amador (1997). Desta maneira, o testemunho RED3 apresentou cerca de 300 anos,

enquanto o testemunho MAC apresentou cerca de 200 anos.

FIGURA 10 – Idade das camadas sedimentares do testemunho RED3 e MAC.

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41

5.2 DESCRIÇÃO VISUAL DOS TESTEMUNHOS

O testemunho RED3 apresentou coloração preta do topo do testemunho até 30

cm de profundidade, coloração marrom acinzentado escuro entre 30-32cm e uma

intercalação de variação de cinza muito escuro/cinza escuro até a base do

testemunho (Figura 11a). Os perfis apresentaram sedimentos com odor de sulfeto,

aparentando sedimentos ricos em matéria orgânica e granulometria

predominantemente fina.

O testemunho MAC apresentou coloração preta da superfície até 31 cm,

coloração cinza muito escuro de 31 cm até 71 cm e coloração cinza escuro de 71 cm

de profundidade até a base do testemunho (Figura 11b). Foi observado em algumas

profundidades pedaços de concha e madeira, principalmente entre as profundidades

72-82 cm e 88-90 cm. Os perfis apresentaram odor de sulfeto, aparentando serem

ricos em matéria orgânica, com granulometria predominantemente fina na base do

testemunho, com ligeira tendência de aumento na direção do topo.

Mudanças de coloração dos sedimentos indicam uma mudança das condições

de oxi-redução dos ambientes deposicionais. Segundo Clark et al. (1998),

mudanças da coloração dos sedimentos de tons marrom ou vermelho para tons

preto ou cinza indicam mudança de um ambiente oxidado para um ambiente

reduzido. Esta condição reduzida provavelmente foi a responsável pelo odor de

sulfeto observado nos testemunhos, pois nestes ambientes o íon sulfeto (S2-) é

gerado a partir da redução dos íons sulfato (SO42-), através de bactérias anaeróbicas

(CARVALHO, 2001).

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42

Preto

Acinzentado escuro

Cinza muito escuro

Cinza escuro

Preto

Cinza escuro esverdeado

Cinza muito escuro

FIGURA 11 – Descrição da coloração das camadas sedimentares dos testemunhos (Musell color) (a) testemunho RED3; (b) testemunho MAC.

5.3 GRANULOMETRIA, CONTEÚDO DE CARBONO ORGÂNICO E DENSIDADE

APARENTE DOS SEDIMENTOS.

Os resultados apresentados nas Figuras 12a e 12b mostram que o testemunho

RED3 apresentou granulometria fina (silte e argila) em praticamente todo o perfil

sedimentar.

A fração de areia foi quase inexistente no testemunho RED3, apresentando

apenas ocorrências da faixa de areia muito fina (Figura 12a). A areia apresentou

uma média de 0,08%, com máximo de 2,95% em 95 cm (equivalente ao ano de

1908). As ocorrências de areia em 95 cm, 85 cm e 31 cm (equivalente aos anos de

1908, 1944 e 1888, respectivamente) coincidem com as camadas sedimentares

mais claras verificadas durante a descrição visual dos testemunhos (Figura 11).

Conforme mostrado na Figura 8 e 9 e discutido no capítulo 5.1, parece que o

incremento de areia observado em 1988 pode ser explicado pelo aumento da

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43

hidrodinâmica do Rio Iguaçu, provocado pelo aumento da precipitação pluviométrica

neste ano.

FIGURA 12a – Características físicas dos sedimentos do testemunho RED3 - Granulometria acumulada.

Com relação à fração fina dos sedimentos do testemunho RED3, foram

observados valores médios de silte e argila de 78,1% e 21,9%, respectivamente

(Tabela 2). O conteúdo de silte variou entre silte muito grosso e muito fino. O valor

mínimo de silte (68,9%) e máximo de argila (31,1%) ocorreu na mesma

profundidade, a 125 cm de profundidade (equivalente ao ano de 1801). O mesmo foi

observado para o máximo de silte (89,2%) e mínimo de argila (7,9%), a 95 cm de

profundidade (equivalente ao ano de 1908).

Areia fina: 125-250µm Areia muito fina: 125-63µm Silte muito grosso: 63-31µm Silte Grosso: 31-16µm Silte médio: 16-8µm Silte fino: 8-4µm Silte muito fino: 4-2µm Argila<2µm

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73

Profundidade (cm)

% Argila

% Silte muito f ino

% Silte f ino

% Silte médio

% Silte grosso

% Silte muito grosso

% Areia muito f ina

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44

(a) (b) (c)

0102030405060708090

100110120130140150

0 10 20 30 40% Argila

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

65 70 75 80 85 90% Silte

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

0 1 2 3 4% Areia

Pro

fun

did

ade

(cm

)

(d) (e) (f)

0102030405060708090

100110120130140150

0 2 4 6 8% Carbono orgânico

0102030405060708090

100110120130140150

0,4 0,5 0,6 0,7 0,8Densidade (g/cm3)

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

45 50 55 60 65 70% umidade

Pro

fun

did

ade

(cm

)

FIGURA 12b – Características físicas dos sedimentos do testemunho RED3 - (a) Perfil de argila; (b) Perfil de silte; (c) Perfil de areia; (d) Perfil de carbono orgânico; (e) Densidade aparente e (f) % de umidade.

(1988)

(1908)

(1971)

(1944)

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45

TABELA 2 – Variabilidade das frações granulométricas do testemunho RED3.

Média (%) ±Desvio padrão Mínimo - Máximo

Parâmetro RED3 MAC Argila

20,0 ± 4,6 7,9 – 29,1

11,6 ±4,2 4,8 – 19,1

Silte

79,9 ± 4,4 70,9 – 89,2

79,2 ± 4,7 68,0 – 87,6

Areia

0,11± 0,36 0 – 3,0

9,3 ± 8,0 0 – 24,9

Carbono orgânico

4,3 ± 1,2 2,6 – 6,4

4,1 ± 0,9 2,6 – 7,5

FONTE: Este estudo (2008)

O perfil de carbono orgânico do testemunho RED3 (Figura 12b.d) também

mostrou uma grande oscilação, com uma pequena tendência de incremento de 20

cm de profundidade até o topo do testemunho. Esta tendência concorda com os

resultados reportados por Carreira et al. (2002), em seu trabalho realizado na região

noroeste da Baía de Guanabara, próximo à foz do Rio Iguaçu. Além disso, o

conteúdo superficial de carbono orgânico reportados por Baptista - Neto et al. (2006)

(entre 4-6% de carbono orgânico), também na região noroeste da Baía de

Guanabara, concorda com os valores encontrados neste trabalho (6,2 % de carbono

orgânico).

O perfil de densidade aparente dos sedimentos do testemunho RED3 (Figura

12b.e) não mostrou similaridade com o perfil de nenhum dos componentes dos

sedimentos, indicando que a variação da densidade aparente dos sedimentos do Rio

Iguaçu vem sendo influenciada pela variação geral dos componentes do sedimento

e não por apenas um componente.

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46

TABELA 3 – Coeficientes de correlação de Pearson entre as características físicas dos sedimentos do testemunho RED3. Valores - (p < 0,01N=75)

FONTE: Este estudo (2008)

Os resultados obtidos da determinação granulométrica dos sedimentos do

testemunho MAC (Figura 13ª e 13b) mostraram uma variação das frações argila,

silte e areia a longo do testemunho, com média de 11,61%, 79,15% e 9,24%,

respectivamente (Tabela 2). Este testemunho além de apresentar a presença de

areia muito fina, também apresentou em algumas camadas sedimentares um

pequeno aporte de areia fina. Conforme os perfis de argila, silte e areia (Figuras

13b.a, 13b.b e 13b.c), nos períodos entre 95cm a 75cm (equivalente aos anos de

1824 a 1872) e 21cm a 15cm (equivalente aos anos de 1979 a 1987), o testemunho

MAC apresentou alto teor de argila e silte e baixo de areia. Os sedimentos

apresentaram um progressivo incremento no teor de areia a partir de 75 cm

(equivalente ao ano de 1872) atingindo seu máximo em 43 cm (equivalente ao ano

de 1948), apresentando até o topo do testemunho períodos de maior e menor

conteúdo de areia. O testemunho MAC apresentou média de 4,08 % de carbono

orgânico (Tabela 2).

Os resultados dos teores de carbono orgânico presentes em sedimentos

superficiais da região nordeste da Baía de Guanabara reportados por Baptista - Neto

et al. (2006), (entre 4-6% de carbono orgânico), também concordam com os valores

superficiais encontrados no testemunho MAC (4,7% de carbono orgânico). Conforme

a Tabela 4, o carbono orgânico mostrou-se fortemente associado à fração de argila

dos sedimentos.

Variável %Argila %Silte %Areia %C.O.T.

% Argila

1,00

% Silte

-1,00

1,00

% Areia

-0,53

0,47

1,00

%C.O.T.

-0,13

0,15

-0,13

1,00

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47

FIGURA 13a – Características físicas dos sedimentos do testemunho MAC - Granulometria acumulada

Os resultados até aqui apresentados indicam que abaixo de 75 cm de

profundidade (equivalente a 1872) os sedimentos da região da APA de Guapimirim

apresentavam altos teores de silte, argila e matéria orgânica. A partir de 1872

iniciou-se um incremento de areia, provavelmente associado ao processo de

desmatamento, corroborados pela verificação de pedaços de madeira presentes nos

sedimentos nesta profundidade

Areia fina: 125-250µm Areia muito fina: 125-63µm Silte muito grosso: 63-31µm Silte Grosso: 31-16µm Silte médio: 16-8µm Silte fino: 8-4µm Silte muito fino: 4-2µm Argila<2µm

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

1 7 13 19 25 31 37 43 49 55 61 67 73 79 85 91

Profundidade (cm)

% Argila

% Silte muito f ino

% Silte f ino

% Silte médio

% Silte grosso

% Silte muito grosso

% Areia muito f ina

% Areia f ina

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48

(a) (b) (c)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

4 8 12 16 20% Argila

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

65 75 85% Silte

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 6 12 18 24 30% Areia

pro

fun

did

ade

(cm

)

(d) (e) (f)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

2 4 6 8% Carbono orgânico

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8Densidade (g/cm3)

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

40 46 52 58 64 70

% Umidade

Pro

fun

did

ade

(cm

)

FIGURA 13b – Características físicas dos sedimentos do testemunho MAC - (a) Perfil de argila; (b) Perfil de Silte; (c) Perfil de areia; (d) Perfil do conteúdo de carbono orgânico; (e) Densidade aparente e (f) % de umidade. TABELA 4 – Coeficientes de correlação de Pearson entre as características físicas dos sedimentos do testemunho MAC. Valores significativos em negrito - (p < 0,01N=48).

FONTE: Este estudo (2008)

Variável %Argila %Silte %Areia %C.O.T.

% Argila 100

% Silte 0,61 1,00

% Areia -0,88 -0,91 1,00

%C.O.T.

0,69 0,46 -0,63 1,00

(1948)

(1988)

(1872)

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49

5.4 CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA MATÉRIA ORGÂNICA

A caracterização da qualidade, quantidade e da taxa de deposição do material

orgânico sedimentar de sistemas lacustres e marinhos é de suma importância para

se reconhecer a origem, os processos e as características da composição

geoquímica do ambiente estudado (MEYERS, 1994). Os resultados das

características da matéria orgânica presente nos sedimentos dos testemunhos

RED3 e MAC são apresentados na Tabela 5 e nas Figuras 14 e 15.

TABELA 5 – Resultados da caracterização da matéria orgânica presentes nos sedimentos dos testemunhos RED3 e MAC.

Média (%) ±Desvio padrão Mínimo - Máximo

Parâmetro RED3

MAC

mmol C/g

3,4±1,0 1,3 – 6,5

3,4±0,8 2,2 – 6,2

mmol N/g

0,24±0,1 0,1 – 0,5

0,2±0,03 0,1 – 0,3

C/N (molar)

14,9 ±1,50 12,5 - 17,5

17,5±1,5 14,0 – 21,1

δ15N(‰)

4,7±0,7 3,2-5,9

5,1±0,5 3,2-6,3

δ13C(‰)

-24,6 ± 0,4 -26,1 - -24,1

-26,0 ± 0,4 -26,6 - -23,8

FONTE: Este estudo (2008)

Os perfis de concentração de carbono e nitrogênio orgânico do testemunho

RED3 (Figura 14a e 14b) mostraram uma forte similaridade, indicando uma mesma

fonte de carbono e nitrogênio orgânico para os sedimentos. A média da razão molar

C/N e do δ13C da matéria orgânica presente nos sedimentos do testemunho RED3

parecem indicar uma mistura de aporte de matéria orgânica alóctone e autóctone.

Os perfis de concentração de carbono e nitrogênio orgânico, razão molar C/N, δ13C

e δ15N do testemunho RED3 mostraram uma grande oscilação ao longo de todo

testemunho. Como foi mencionado no capítulo 5.1, para a não observação de um

decaimento exponencial do 210Pb em excesso no testemunho RED3, parece que

esta oscilação está refletindo a dinâmica do rio Iguaçu ao longo do tempo, ora com

maior energia, carreando maior quantidade de material orgânico alóctone e

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50

promovendo maior erosão do material sedimentado, ou ora com menor energia,

contribuindo com menor conteúdo de material terrígeno.

Em relação aos perfis da razão C/N e do δ15N, estes demonstraram uma

pequena tendência de diminuir da base em direção ao topo do testemunho. Esta

tendência da razão C/N sugere um progressivo aumento da produtividade primária

promovida pela comunidade fitoplantônica, provavelmente influenciada por descarga

de esgoto doméstico. Esta hipótese parece ser corroborada pela diminuição dos

valores de δ15N, já que a tendência de diminuição dos valores de δ15N pode sugerir

um aporte de esgoto doméstico de uma fonte próxima ao ponto amostrado, fazendo

com que a matéria orgânica derivada do esgoto seja pouco trabalhada, contribuindo

com uma carga de nitrogênio inorgânico com baixo teor de 15N. Carreira et al. (2002)

mostraram em seu trabalho que o sinal de δ15N de rios que deságuam na Baía de

Guanabara, não contaminados por esgoto doméstico, apresentavam maiores valores

de δ15N no material em suspensão do que os rios contaminados.

O perfil dos valores de δ13C não mostrou tendência de aumento gradual na

contribuição de material algal ao longo do testemunho, pois não foi observado um

aumento nos valores de δ13C característicos de material algal (aproximadamente

δ13C = -22‰).

Os perfis de concentração de carbono e nitrogênio orgânicos do testemunho

MAC (Figura 15a e 15b) também mostraram uma forte similaridade, indicando uma

mesma fonte de carbono e nitrogênio orgânico para os sedimentos.

A razão C/N e o δ15N apresentaram um perfil relativamente constante da base

do testemunho MAC até 41 cm de profundidade. O perfil da razão C/N mostrou dois

incrementos, um em 89 e o outro em 71 cm de profundidade, enquanto o δ13C

mostrou duas diminuições em seus valores nas mesmas profundidades, indicando

aporte de material orgânico terrígeno. De 41 cm até 3 cm o perfil da razão C/N

mostrou uma tendência de diminuir seus valores e o de δ15N de aumentar. De 3 cm

até a superfície foi observado um aumento da razão C/N de 14,0 para 18,8.

O perfil de δ13C mostrou-se praticamente constante da base do testemunho até

3 cm de profundidade. Da base do testemunho até 3 cm de profundidade o perfil de

δ13C variou de -26,6‰o e -25,8‰, aumentando de -26,2‰ para -23,82‰ de 3 cm

até a superfície.

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51

FIGURA 14 – Características da matéria orgânica presente nos sedimentos do testemunho RED3 - (a) Perfil de carbono orgânico (b) Perfil de nitrogênio orgânico (c) Perfil da razão molar C/N; (d) Perfil do δ13C e (e) perfil do δ15N.

Estes resultados sugerem uma mistura de material autóctone e alóctone da

base do testemunho até 41 cm de profundidade (equivalente ao ano 1954). De 41cm

até 3cm de profundidade o perfil da razão C/N indica um incremento de material

algal nos sedimento, provavelmente ocasionado pelo início do aporte de esgoto

doméstico para aquela região da Baía de Guanabara. Os valores de δ13C entre

estas mesmas profundidades parecem também mostrar uma mistura de material

terrígeno e algal, porém não mostrou tendência de aumento gradual na contribuição

de material algal de 41 cm até 3 cm de profundidade, pois não foi observado um

aumento nos valores de δ13C característicos de material algal (aproximadamente

δ13C = -22‰). O perfil de δ15N mostrou um incremento em seus valores de 41 cm

até 3 cm de profundidade. Este comportamento pode ser reflexo do aporte de

0102030405060708090

100110120130140150

0 2 4 6 8mmol C/ g

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5mmol N/ g

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

7 11 15 19 23 27C/N

Pro

fun

did

ade

(cm

)

(a) (b) (c)

0102030405060708090100110120130140150

-26-25-24-23δ13C(d)

0102030405060708090

100110120130140150

2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 δ15N

pro

fun

did

ade

(cm

)(e)

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52

matéria orgânica derivada de esgoto doméstico bem trabalho, provavelmente devido

à longa distância da fonte de esgoto (os municípios de Guapimirim e Cachoeira de

Macacu), fazendo com que o “pool” de nitrogênio inorgânico que chega à região da

APA de Guapimirim esteja mais enriquecido em 15N (TERANES ; BERNASCONI,

2000; TERANES ; BERNASCONI, 2000; ELLEGAARD et al., 2006), corroborando os

resultados do perfil da razão C/N. Como foi dito anteriormente, Carreira et al. (2002)

mostraram em seu trabalho que o sinal de δ15N de rios que deságuam na Baía de

Guanabara, não contaminados por esgoto doméstico, apresentavam maiores valores

de δ15N no material em suspensão do que os rios contaminados.

Em relação à variação da razão C/N e do δ13C de 3 cm de profundidade até a

superfície, Carreira, et al. (2002), determinou o valor isotópico do δ13C em material

em suspensão do Canal do Mangue na Baía de Guanabara, um ambiente que

recebem uma grande carga de esgoto e observou que um valor de -23,3‰ para

δ13C. Talvez o valor de δ13C encontrado na superfície do testemunho MAC possa

estar refletindo uma descarga recente de esgoto, pois foi observado um valor de -

23,8‰.

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53

FIGURA 15 – Características da matéria orgânica presente nos sedimentos do testemunho MAC - (a) Perfil de carbono orgânico/ (b) perfil de nitrogênio orgânico (c) perfil da razão molar C/N; (d) perfil do δ13C e (e) perfil do δ15N.

5.5 PERFIS DE CONCENTRAÇÃO, MASSA ACUMULADA, FLUXO E FATOR DE

ENRIQUECIMENTO DOS METAIS-TRAÇO.

Os perfis de concentração dos metais-traço, Fe e Mn dos testemunhos RED3 e

MAC são apresentados abaixo nas Figuras 16 e 17, respectivamente.

A tabela 6 apresenta as médias das concentrações dos metais Fe e Mn,

respectivamente. A média das concentrações dos metais Fe e Mn dos testemunhos

RED3 e MAC são estatisticamente similares.

A utilização da variabilidade dos perfis de concentração de metais em

testemunho de sedimentos vem sendo largamente utilizada como indicador de

contaminação ambiental (ABRAHIM; PARKER, 2002; BILALI, et al., 2002),

baseando-se na simples observação das tendências de aumentos das

concentrações, associando-as a eventos e/ou fonte(s) poluidora(s) (CAÇADOR et

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

-27-26-25-24-23δ13C

pro

fun

did

ade

(cm

)

(d)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

3 4 5 6 7δ15N

pro

fun

did

ade

(cm

)

(e)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

2 3 4 5 6 7 mmol C/ g

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,1 0,15 0,2 0,25 0,3mmol N/ g

pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

13 15 17 19 21C/N (molar)

pro

fun

did

ade

(cm

)

(a) (b) (c)

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54

al., 1996). Porém, o perfil de concentração de metais em testemunhos de

sedimentos além de ser influenciado por fontes antrópicas, ele também ser

influenciado pela variação na granulometria, na mineralogia e no conteúdo de

matéria orgânica (ALVAREZ-IGLESIAS et al., 2007). Além disso, outros processos

podem influenciar a acumulação de metais nos sedimentos. Uma remobilização

vertical de metais associados à matéria orgânica e aos óxidos e sulfetos podem

ocorrer devido a processos metabólicos bacterianos ou dissolução química durante a

diagênese dos sedimentos (COCHRAN, et al., 1998).

TABELA 6 – Média das concentrações de Fe e Mn determinados nos testemunhos RED3 e MAC.

Média (ppm)±Desvio padrão Mínimo - máximo

Metais RED3 MAC

Fe 38016 ± 3095 31607 - 49250

41866 ± 3829 33457 - 51433

Mn 214 ±32

146 - 336

297 ± 34 216 - 347

FONTE: Este estudo (2008)_

As concentrações dos metais Zn, Cu, Pb e Ni na superfície do testemunho

RED3 (aproximadamente 359 ppm, 72 ppm, 58 ppm e 15 ppm, respectivamente)

concordam com os valores de concentração destes metais nos sedimentos

superficiais da região noroeste da Baía de Guanabara reportados por Baptista - Neto

et al., (2006) (200-300 ppm, 80-100 ppm, 20-60 ppm e 10-20 ppm, respectivamente).

As concentrações dos mesmos metais nos sedimentos superficiais do testemunho

MAC (aproximadamente 117 ppm, 11 ppm, 65 ppm e 8 ppm, respectivamente),

também concordaram com os valores de concentração dos sedimentos superficiais

reportados por Baptista-Neto et al. (2006) (100-200 ppm, 0-40 ppm, 20-60 ppm, 20-

30 ppm, 100 ppm, respectivamente) em seu trabalho realizado na mesma região do

testemunho MAC, exceto a concentração de Ni, pois a concentração encontrado por

Baptista-Neto et al. (2006) foi mais que o dobro do encontrado no testemunho MAC.

Isto talvez seja por conta das diferentes extrações realizadas entre os dois trabalhos,

já que Baptista–Neto et al. (2006) realizaram abertura total dos sedimentos,

enquanto neste presente trabalho foi realizado abertura parcial (método EPA 3051).

Da mesma forma que foi verificada nos perfis da qualidade da matéria

orgânica, mostrado no capítulo 5.4, todos os perfis de concentração dos metais do

Page 55: HISTÓRICO DE ACUMULAÇÃO DE METAIS-TRAÇO EM …§ão Monteiro.pdf · testemunho, sugerindo uma elevada dinâmica do Rio Iguaçu. Foi verificado um incremento na concentração

55

testemunho RED3 também mostraram uma elevada oscilação ao longo do

testemunho, reforçando a hipótese de elevada dinâmica do Rio Iguaçu ao longo do

tempo.

Apesar de possuir aproximadamente 300 anos (segundo a extrapolação da

taxa de sedimentação até a base do testemunho), o testemunho RED3 não mostrou

valores de concentração dos metais-traço baixos e constantes nas maiores

profundidades, não permitindo assim a determinação dos níveis de background

destes metais nesta área de estudo.

Com exceção do Zn e do V, que apresentaram uma pequena tendência de

aumentar suas concentrações a partir de 81 cm de profundidade (equivalente ao ano

de 1958) até 35 cm (equivalente ao ano de 1987), os outros metais-traço não

mostraram incremento em suas concentrações a partir do início da segunda metade

do século passado, onde conforme JICA (1994) e Perin et al. (1997), foi o início do

acelerado processo de industrialização e urbanização da região metropolitana do

Rio de Janeiro. O incremento na concentração de Zn a partir de 1958 provavelmente

está associado ao despejo de efluente industrial e esgoto doméstico (RUIZ-

FERNANDEZ et al., 2003; MUNIZ et al., 2003 apud BAPTISTA NETO, et al., 2006)

e/ou a atividade da refinaria REDUC, já que Zn e V são geralmente encontrados em

efluentes de refinaria (MARIANO, 2001).

Foi verificado um incremento nas concentrações dos metais maiores e traço

por volta de 1987 no testemunho RED3 e seguida diminuição em suas

concentrações em 1989. Este incremento pode ter ocorrido:

• Por aporte antrópico. Mariano (2001) mostrou em seu trabalho uma lista de

componentes tóxicos normalmente encontrados em efluentes de refinarias. Segundo

este trabalho, além dos compostos como fenóis e mercaptans, habitualmente

presentes nos efluentes não tratados das refinarias, são também geralmente

encontrados metais como Fe, Pb, Cd, Cu, V, Ni, Cr e Zn, porém em baixas

concentrações. Além disso, segundo Bezerra et al. (2007), o V é um dos metais-

traço encontrados no petróleo em concentrações na ordem de ng/kg. Por outro lado,

os metais Pb, Co, Cd, Cu, Ni e Zn geralmente estão associados a esgoto urbano e

industrial (RUIZ-FERNANDEZ et al., 2003; MUNIZ et al., 2003 apud BAPTISTA-

NETO et al., 2006).

• Ocasionado por um incremento nos teores de argila, mostrando que o incremento

na concentração dos metais-traço foi um processo natural e não um aporte de

Page 56: HISTÓRICO DE ACUMULAÇÃO DE METAIS-TRAÇO EM …§ão Monteiro.pdf · testemunho, sugerindo uma elevada dinâmica do Rio Iguaçu. Foi verificado um incremento na concentração

56

origem antrópica, já que a argila geralmente apresenta um importante papel no

controle da deposição dos metais-traço em sedimentos estuarinos (Ip et al., 2006;

ACEVEDO-FIGUEROA et al., 2006). Porém, não é verificada semelhança entre os

perfis dos metais-traço (Figura 16) e do teor de argila (Figura 12b). Entretanto, é

verificado um incremento tanto de metais-traço quanto de argila neste período,

indicando talvez que a argila tenha sido a fase geoquímica mais importante na

acumulação de metais-traço neste período;

• Por causa de um incremento relacionado a uma redistribuição vertical destes

metais, provocado pelo processo de diagênese dos sedimentos – Fe e Mn são

geralmente utilizados como indicadores de características dos sedimentos, pois

ambos são sensíveis a mudanças de condições de oxi-redução de ambientes

estuarinos (BILALI et al., 2002; RUIZ-FERNÁNDEZ et al., 2003). Os metais-traço

presentes nos sedimentos podem estar complexados pela matéria orgânica e/ou

adsorvidos pelas partículas de óxidos de ferro e manganês. A degradação da

matéria orgânica (DUCHART et al., 1973 apud BILALI et al., 2002) e/ou a dissolução

dos óxidos de ferro e manganês em ambientes redutores (TESSIER et al., 1985

apud RUIZ-FERNÁNDEZ et al., 2007) podem liberar os metais-traço, antes

associados a essas fases geoquímicas, para a água intersticial. Dependendo da

condição redox dos ambientes, os metais liberados para a água intersticial podem

voltar a precipitar na forma de sulfeto, ou com a contínua sedimentação, pode

ocorrer um aumento da compactação e/ou um gradiente de concentração,

resultando num processo de migração desses metais pelos poros até os sedimentos

superficiais (CEARRETA et al., 2000). Na superfície, em condições mais oxidantes,

esses metais podem ser adsorvidos pelo material húmico (BILILAI et al., 2002) ou

podem ser co-precipitado com os óxidos de ferro e manganês (TESSIER et al.,

1996).

Os metais Ba e Co mostraram tendência de aumentar suas concentrações a

partir de 1981 até 1987, provavelmente associado ao incremento de argila nestas

profundidades. Valores baixos e constantes de Cd foram observados da base do

testemunho RED3 até 60 cm de profundidade (equivalente ao ano de 1972). De 60

cm a 40 cm de profundidade (equivalente ao ano de 1972 a 1984) o Cd apresentou

seus valores de concentração abaixo do limite de detecção (0,01 µg/g).

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57

010

2030

405060

7080

90100110

120130

140150

30000 36000 42000 48000Fe(ppm)

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

160 200 240 280 320Mn(ppm)

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

25 40 55 70 85Pb(ppm)

Pro

fun

did

ade

(cm

)

01020

3040506070

8090

100110120

130140150

180 280 380 480 580 680Zn(ppm)

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

8 11 14 17 20Ni(ppm)

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

40 60 80 100 120 140Cu(ppm)

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

30 40 50 60 70V(ppm)

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

50 75 100 125 150Ba (ppm)

Pro

fun

did

ade

(cm

)

FIGURA 16 – Perfil de concentração de (a) Fe, e dos metais-traço,((b) Mn, (c) Pb, (d) Zn, (e) Ni, (f) Cu, (g) V, (h) Ba, (i) Co, (j) Cd, do testemunho RED3 (ppm = mg/kg). (Lacunas no perfil do Cd indicam concentrações abaixo do limite de detecção).

(1958)

(1987)

(1987)

(1958)

(1981)

(a) (b)

(c) (d) (e)

(f) (g) (h)

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58

0102030405060708090

100110120130140150

4,5 5,5 6,5 7,5 8,5 9,5Co(ppm)

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2Cd(ppm)

Pro

fun

did

ade

(cm

)

FIGURA 16 – Perfil de concentração de (a) Fe, e dos metais-traço,((b) Mn, (c) Pb, (d) Zn, (e) Ni, (f) Cu, (g) V, (h) Ba, (i) Co, (j) Cd, do testemunho RED3 (ppm = mg/kg). (Lacunas no perfil do Cd indicam concentrações abaixo do limite de detecção). (CONTINUAÇÃO).

Com exceção do Ni, que se mostrou praticamente constante ao longo de todo

testemunho, e do Cd que apresentou grande parte das concentrações ao longo do

testemunho abaixo do limite de detecção, os demais metais-traço determinados no

testemunho MAC mostraram baixos valores de concentração abaixo de 75 cm de

profundidade. A partir de 75 cm observou-se um incremento em suas

concentrações, que após atingirem certa concentração, mantiveram-se constantes

até o topo do testemunho (com exceção do Zn e do Pb que mostraram um

incremento em suas concentrações de 3 cm até o topo do testemunho).

Os resultados mostrados nos capítulos anteriores do testemunho MAC (taxa de

sedimentação, descrição visual do testemunho, granulometria, carbono e nitrogênio

orgânico, δ13C e δ15N) e os perfis obtidos dos metais-traço, parecem indicar três

períodos sedimentares distintos ao longo do tempo na região da APA de

Guapimirim:

• O primeiro anterior ao ano de 1872, no qual os sedimentos eram compostos

principalmente por silte, argila, uma mistura de matéria orgânica alóctone e

autóctone e baixas concentrações de metais-traço. Isto parece indicar que a bacia

de drenagem dos rios que desembocam na região nordeste da Baía de Guanabara,

que ficam principalmente na Serra dos Órgãos, não apresentava atividade antrópica

(ou atividade antrópica irrelevante), com baixa erosão do solo. O aporte de metais-

traço para os sedimentos estuarinos daquela região da baia provavelmente era

originado apenas pelo intemperismo das rochas que compõe a bacia. Estas

(1987)

(i) (j)

Page 59: HISTÓRICO DE ACUMULAÇÃO DE METAIS-TRAÇO EM …§ão Monteiro.pdf · testemunho, sugerindo uma elevada dinâmica do Rio Iguaçu. Foi verificado um incremento na concentração

59

concentrações dos metais-traço correspondem a valores de background referente às

condições ambientais deste período na bacia de drenagem;

• O segundo período começa a partir de 1872, quando ocorreu um incremento de

areia e de metais traço, provavelmente ocasionado pelo processo de desmatamento

da bacia hidrográfica dos rios Guapi e/ou Guarai. Esta hipótese é corroborada pela

observação de pedaços de madeira encontrados nesta profundidade durante a

descrição do testemunho. Porém, este incremento em metais-traço provavelmente

não foi ocasionado por descarga de esgoto doméstico e nem por efluente industrial,

mas sim por um aumento da erosão e do intemperismo. Isto fez com que mudassem

as condições da bacia hidrográfica deste(s) rio(s), o que acarretou também na

mudança dos níveis de background dos metais-traço;

• O terceiro período começa a partir de 1954 até o ano de 2007, quando ocorreu

uma mudança na taxa de sedimentação e um progressivo aumento da produtividade

primária, provocando um incremento na deposição de material orgânico algal para

os sedimentos. Este incremento de matéria orgânica com maior conteúdo de

nitrogênio, provavelmente está refletindo o início de aporte significativo de esgoto

doméstico. Porém, não foi observada nenhuma alteração no perfil de concentração

dos metais-traço neste período. Sendo assim, com exceção do Pb e Zn que

apresentaram incremento em suas concentrações de 3 cm até o topo do

testemunho, os valores constantes de concentração dos metais-traço observado

neste período parece tratar dos níveis atuais de background, por conseqüência da

modificação da bacia de drenagem dos rios que desembocam naquela região.

Sendo assim, foram estimados os níveis de background do testemunho MAC,

tanto do período anterior ao desmatamento, quanto das novas condições ambientais

da bacia de drenagem dos rios que deságuam na região nordeste da baía,

calculando a média dos valores de concentração mais baixos e constantes

observados nos dois intervalos de profundidade e estes são apresentados na Tabela

7. Os resultados mostraram que o nível de background do segundo período para Ba,

Co e V é o dobro dos valores encontrados para o primeiro período, enquanto que o

do Cu foi quase quatro vezes maior que o do primeiro período. O Ni apresentou a

mesma concentração e o Zn e Pb mostram valores um pouco mais elevados do que

os do primeiro período.

Por tanto, para futuros monitoramentos ambientais na região da APA de

Guapimirim sobre acumulação de metais-traço, promovido por atividade antrópica,

Page 60: HISTÓRICO DE ACUMULAÇÃO DE METAIS-TRAÇO EM …§ão Monteiro.pdf · testemunho, sugerindo uma elevada dinâmica do Rio Iguaçu. Foi verificado um incremento na concentração

60

os valores de background mais recomendados a serem utilizados são os valores

referentes à nova condição da bacia de drenagem dos rios que possuem foz na

região da APA de Guapimirim.

A tabela 7 também mostra valores de nível de background determinados por

outros autores, também na Baía de Guanabara. Entretanto, é necessário ter um

pouco de cautela nas comparações entre os níveis de concentrações de poluentes

entre áreas diferentes devido às diferenças na geologia entre as diferentes bacias

hidrográficas, entre a textura dos sedimentos e nos métodos de preparo das

amostras.

Os resultados de níveis de background de metais-traço reportados por Baptista

- Neto et al. (1999), Machado et al. (2002) e por Godoy et al. (1998), nas regiões

sudeste, noroeste e nordeste da Baía de Guanabara, respectivamente, mostraram

alguns níveis de background bem próximos aos valores estimados por este presente

trabalho. O nível de background para o Ni estimado por Baptista - Neto et al. (1999)

mostrou-se mais elevado que o estimado a partir do testemunho MAC, porém esta

diferença pode ser talvez explicada pela diferença entre a geologia das duas bacias

hidrográficas e/ou por causa dos diferentes métodos de preparo de amostra utilizado

antes da determinação das concentrações dos metais, já que Baptista-Neto et al.

(1999) realizaram uma digestão total da amostra, enquanto neste presente trabalho

foi realizado digestão parcial. Os valores de Background reportados por Rebello et

al. (1986), Godoy et al. (1988) e Machado et al. (2002) para o Cu, mostraram-se bem

similares ao estimado pelo testemunho MAC no período anterior ao ano de 1872. Já

o nível de background do Cu estimado por Baptista-Neto et al. (1999) mostrou

similaridade ao estimado pelo testemunho MAC para o período após 1872.

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61

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

30000 38000 46000Fe(ppm)

pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

200 250 300 350 400Mn(ppm)

pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

10 15 20 25 30 35 40 45Pb(ppm)

pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

50 70 90 110 130Zn(ppm)

pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

6 7 8 9 10Ni(ppm)

pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 2 4 6 8 10 12 14Cu(ppm)

pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

20 30 40 50 60V(ppm)

pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

20 30 40 50 60 70 80Ba(ppm)

pro

fun

did

ade

(cm

)

FIGURA 17 – Perfil de concentração de (a) Fe, e dos metais-traço,((b) Mn, (c) Pb, (d) Zn, (e) Ni, (f) Cu, (g) V, (h) Ba, (i) Co, (j) Cd, do testemunho MAC (ppm = mg/kg).

(1872)

(1872)

(1872)

(a) (b)

(f) (g)

(c) (d) (e)

(h)

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62

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

4 5 6 7 8 9 10Co(ppm)

pro

fun

did

ade

(cm

)

FIGURA 17 – Perfil de concentração de (a) Fe, e dos metais-traço,((b) Mn, (c) Pb, (d) Zn, (e) Ni, (f) Cu, (g) V, (h) Ba, (i) Co, do testemunho MAC (ppm = mg/kg). (CONTINUAÇÃO)

Cardoso et al. (2001) analisaram sedimentos superficiais da Baía da Ribeira,

no estado do Rio de Janeiro e concluíram que os valores por eles estimados podem

ser utilizados como valores de referência de uma área não impactada por metais-

traço. Se compararmos os níveis de background estimados a partir do testemunho

MAC com os valores estimados por Cardoso et al. (2001), podemos verificar que

todos os níveis de background de metais-traço estimados para a APA de Guapimirim

(tanto os anteriores a 1872, quanto os a partir de 1872) mostraram-se mais baixos

do que os para a Baía da Ribeira, reforçando a hipótese de que os valores de

concentração do testemunho MAC tratam-se realmente de valores de background.

(1872)

(i)

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63

TABELA 7 – Níveis de background dos metais da APA de Guapimirim e de outras regiões da Baía de Guanabara e do Brasil (mg.kg-1)(Média – Mínimo e máximo).

AUTOR LOCAL

(TIPO DE EXTRAÇÃO)

Ba Co Cu Ni

Pb

V

Zn

Este estudo Testemunho MAC (até o ano de 1872)

(USEPA 3051) (2008)

24,8 21,1-34,4

4,6 4,2-4,9

2,7 1,7-4,4

8,3 6,2-9,6

14,9 14,1-15,7

22,3 20,7-30,9

70,2 60,9-75,7

Este estudo Testemunho MAC (de 1872 até 2006)

(USEPA 3051) (2008)

55,9

35,2-70,0

7,7

6,7-9,1

10,0

8,6-11,5

8,3

7,0-9,1

20,9

18,4-24,0

47,4

37,8-55,2

88,3

74,7-99,5

Baptista - Neto et al. (1999) Enseada de Jurujuba, RJ

(Digestão total)

n.a.

n.a

9 6,3-17,9

40 14-70

24,4 15-40

n.a.

58,4 21,2-132

Machado, et al. (2002) Manguezal de Jardim Gramacho

(Água régia)

n.a. n.a. 5,6±0,7 n.a. n.a. n.a 54,8±8

GODOY , et al. (1998) Guapimirim, RJ (Digestão total)

n.a. n.a. 2,5 n.a. n.a. n.a. n.a.

REBELLO et al. (1986) Sul da Ilha do Governador, RJ (Digestão parcial com HNO3)

n.a. n.a. 2,4 n.a. 3,6 n.a. n.a.

Cardoso et al. (2001) Baia da Ribeira, RJ

(Digestão parcial com HNO3)

n.a. n.a. 14 3-32

45 27-73

n.a. 87 20-166

113 29-189

FONTE: Este estudo (2008);

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64

As concentrações dos metais Pb e Zn mostraram um incremento significativo a

partir de 3 cm até a superfície do testemunho, principalmente para o Pb que

apresentou o dobro da concentração na camada superficial em relação à camada

subsuperficiais. Este incremento pode estar associado a um aumento no teor de

argila na superfície do testemunho (Figura 13a). Porém, como foi discutido no item

5.4, esse incremento de Pb e Zn na superfície do testemunho MAC pode estar

relacionado a uma descarga de esgoto doméstico (RUIZ-FERNANDEZ et al., 2003;

MUNIZ et al., 2003 apud BAPTISTA-NETO et al., 2006), corroborando o valor de

δ13C -23,8‰ encontrado nos sedimentos superficiais do testemunho MAC.

Conforme a Tabela 8, com exceção do Co e do Ni, o testemunho RED3

apresentou média de concentração dos demais metais-traço superiores as do

testemunho MAC. Vale a pena destacar os metais Zn e Cu, que as médias das

concentrações do testemunho RED3 foram 4 e 10 vezes, respectivamente, maiores

que as do testemunho MAC.

Em relação aos dois testemunhos, Co e Ni mostraram praticamente as

mesmas médias de concentração. Considerando que o testemunho MAC apresentou

valores de background destes dois metais ao longo de todo testemunho, isto pode

indicar que a variação destes dois metais ao longo do testemunho RED3 tenha

ocorrido através de um processo natural, ou então, um menor aporte destes metais

relacionado à atividade antrópica. Baptista-Neto et al. (2006) e Machado et al.

(2002), analisaram sedimentos superficiais da Baía de Guanabara e um testemunho

de sedimento do manguezal de Jardim Gramacho, respectivamente, e verificaram

que o Ni apresentou média dos valores de concentração próxima ao seu nível de

background, concluindo assim que este metal tem uma variação natural em toda

Baía de Guanabara.

Se compararmos os resultados obtidos com os de outros trabalhos realizados

em outras partes do mundo, os valores de concentração média de Ni e Co aqui

apresentadas para o testemunho RED3 parece realmente mostrar um menor

enriquecimento destes metais. Os valores das médias de concentração dos metais

Cu, Pb e Zn do testemunho MAC apresentaram-se menores que os reportados nos

outros trabalhos realizados no mundo, mostrando que a região nordeste da Baía de

Guanabara aparenta ser um ambiente menos degradado em relação à acumulação

de metais-traço.

Page 65: HISTÓRICO DE ACUMULAÇÃO DE METAIS-TRAÇO EM …§ão Monteiro.pdf · testemunho, sugerindo uma elevada dinâmica do Rio Iguaçu. Foi verificado um incremento na concentração

65

As médias das concentrações dos metais-traço Cu, Zn e Pb determinadas nos

testemunhos RED3 demonstraram-se cerca de 2 vezes maiores do que os valores

do folhelho médio (Tabela 9), enquanto as de Ni e V demonstraram-se cerca de 3

vezes menores que a média mundial do folhelho. O testemunho MAC apresentou

concentrações médias de Cu, Zn, V, Ni, Cd e Pb mais baixas do que as da média

mundial do folhelho (Tabela 9).

Estas comparações acima parecem reforçar a hipótese de que os perfis de

concentração dos metais-traço do testemunho MAC mostraram realmente valores de

concentração confiáveis para serem utilizados como os níveis de background.

Baptista-Neto et al. (2006) utilizaram os níveis de background de metais da

região sudeste da Baía de Guanabara, estimados por Baptista-Neto et al. (1999),

para calcular os fatores de enriquecimento em sedimentos superficiais de toda Baía

de Guanabara, inclusive da região noroeste e nordeste da Baía. Sendo assim, como

não foi possível determinar as concentrações de background do testemunho RED3 e

como os valores de background de outros trabalhos realizados na Baia de

Guanabara mostraram-se similares aos valores aqui apresentados, serão utilizados

os valores de background encontrados no testemunho MAC para os cálculos dos

inventários em excesso, fluxo em excesso e dos fatores de enriquecimento do

testemunho RED3. Além disso, serão utilizados os valores de background referentes

às condições atuais da bacia de drenagem dos rios que deságuam na região

nordeste da Baía de Guanabara, como discutido anteriormente.

Como foi discutido no item 4.2.6, não foi utilizado nenhum elemento

normalizador para os cálculos dos de FE para os metais-traço no testemunho RED3.

Para o testemunho MAC serão calculados as massas acumuladas e fluxos de

metais-traço totais e não em excesso. Além disso, serão calculados fatores de

enriquecimento apenas para o Zn e Pb no topo do testemunho MAC.

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66

TABELA 8 – Comparação entre as concentrações dos metais (ppm) da área de estudo com outras áreas AUTORES

LOCAL (TIPO DE EXTRAÇÃO)

Ba Co Cu Ni Pb V Zn Cd

Este estudo Testemunho RED3 - Rio Iguaçu, RJ

(USEPA 3051) (2008)

83 55- 145

6,3 4,8-9,4

74,6 47-126

12,8 8,9-21,2

47,4 31 - 77

51,0 35 – 71

313,1 201-661

0,31 <0,01-1,12

Este estudo Testemunho MAC - APA de Guapimirim, RJ

(USEPA 3051) (2008)

47,4 21 - 69

6,8 4,2- 9,1

7,9 1,7 - 11

8,4 6,2 -9,6

20,3 14 -41

40,8 20 - 55

84,3 60-117

<0,01 <0,01- 0,18

HORNBERGER et al.,1999 Baía de São Francisco, USA

(HNO3 na fração menor que 63µm)

n.a. n.a. n.a. 105±11 n.a. 104±10 n.a. n.a.

RUIZ-FERNÁNDEZ et al., 2003 Rio Culiacan, México

(Abertura total)

n.a. 0,4-11 0,9-55 0,7-91 0,4-58 n.a. 1-231 0,2-0,9

IP et al., 2006 Estuário do rio Pearl, China

(HNO3 e HClO4)

n.a. 14,6 7,4-24,0

46,8 6,2-100

34,8 10-54

47,9 16-96

n.a. 140 55,1-268

n.a.

CEARRETA et al., 2000 Estuário de Bilbao, Espanha

(fluorescência de raio x)

n.a. n.a. 176 41-433

34 23-51

180 75-356

n.a. 468 167-1000

n.a.

KFOURI et al., 2005 Região noroeste da Baía de Guanabara, RJ

(análise de ativação neutrônica)

317,1

10,8

n.a. n.a. n.a. n.a. 344,4

n.a.

KFOURI et al., 2005 Região nordeste da Baía de Guanabara, RJ

(análise por ativação neutrônica)

277,4

11,1

n.a. n.a. n.a. n.a. 162,4

n.a.

FONTE: Este estudo (2008)

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67

TABELA 9 – Valores de concentrações do folhelho médio (µg/g) V Cu Ni Pb Cd Zn

130 39 68 23 0,22 120

FONTE: BOWEN,1979 apud CARDOSO et al., 2001

Inventários são considerados os mais confiáveis indicadores de acumulação de

poluentes, pois eles são dependentes tanto das concentrações dos poluentes como

da taxa de acumulação dos sedimentos (FRIGNANI et al., 1997).

A Figura 18 mostra os perfis das massas totais acumuladas de metais-traço no

testemunho MAC. Os perfis de massa acumulada total dos metais-traço mostraram

que por volta de 1872 iniciou-se um incremento no acúmulo de metais-traço.

Conforme já mostrado nos capítulos anteriores, esse incremento no acúmulo dos

metais-traço provavelmente está relacionado ao processo de desmatamento, por

conseqüência aumentando os processos de erosão e intemperismo, e não por uma

descarga de esgoto doméstico ou efluente industrial. Este aumento na acumulação

dos metais-traço também está sendo influenciado pela mudança na qualidade dos

sedimento, promovendo alteração da densidade aparente dos sedimentos (Figura

13f). Por volta de 1954 ocorreu um novo incremento na acumulação dos metais-

traço, influenciado não por um aumento real nas concentrações dos metais, mais

sim pelo aumento da densidade aparente dos sedimentos. Deste período até o topo

do testemunho o perfis das massas acumuladas mostram uma diminuição e um

seguido incremento, como também observado nos perfil de densidade aparente.

A Figura 19 mostra os perfis de massa acumulada em excesso dos metais-

traço do testemunho RED3. Não serão apresentados perfis de massa acumulada em

excesso, fluxo em excesso e fator de enriquecimento do Cd no testemunho RED3

porque não foi estimado nível de background deste metal através do testemunho

MAC, pois este metal apresentou concentração, ao longo de quase todo

testemunho, abaixo do limite de detecção. Não foi verificada nenhuma mudança nas

tendências entre os perfis de concentração e os perfis de massa acumulada do

testemunho RED3. Entretanto, o perfil de massa acumulada de metais-traço atenuou

um pouco o pico observado em 35 cm de profundidade, possivelmente por causa da

menor densidade aparente dos sedimentos nesta profundidade do que em relação à

profundidade de 31 cm (Figura 12f).

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68

A Figura 20 mostra os fatores de enriquecimento do testemunho RED3. Pode

ser observado que os fatores de enriquecimentos para os metais Pb, Zn, Ni e Cu do

testemunho RED3 são semelhantes. Este tipo de comportamento pode sugerir talvez

uma afinidade geoquímica similar ou uma mesma fonte (RUIZ-FERNANDEZ et al.,

2003). Porém, a interpretação de enriquecimento de metais-traço em testemunhos

de sedimentos não é uma tarefa fácil, desde que existem alguns fatores que podem

interferir na interpretação, tais como a deformação das camadas sedimentares

devido à utilização inadequada da técnica de amostragem de testemunhos,

bioturbação e mistura física dos sedimentos. Além disso, o processo de

enriquecimento dos sedimentos por metais-traço através redistribuição vertical dos

metais, ocasionado pelo processo de diagênese da matéria orgânica, pode nos levar

a uma falsa interpretação dos dados (MACHADO et al., 2002; RUIZ-FERNANDEZ et

al., 2004).

Não foram estimados os fatores de enriquecimento para os metais-traço do

testemunho MAC, pois este testemunho apresentou valores de background ao longo

do testemunho. Porém, Pb e Zn mostraram um grande incremento em suas

concentrações de 3 cm até o topo do testemunho. Sendo assim, foram calculados os

fatores de enriquecimento destes metais na superfície do testemunho, onde o Pb

mostrou um valor de enriquecimento de 2,0, enquanto o Zn um valor de1,3. Estes

resultados corroboram a hipótese de uma descarga de esgoto doméstico recente

nesta região.

A Tabela 10 mostra os resultados dos inventários em excesso, fatores de

enriquecimento e fluxo em excesso dos metais-traço do testemunho RED3, de

outros trabalhos realizados na Baía de Guanabara, além dos valores encontrados no

Rio Culiacan no México.

Os valores de inventário de Cu e Zn reportados por Machado et al. (2002) em

uma área de manguezal degradada localizada em Jardim Gramacho, região

noroeste da Baía de Guanabara, que possivelmente recebe um aporte de metais

vindos da Baía de Guanabara, de escoamento superficial, água subterrâneas do

Aterro Sanitário de Gramacho e também das águas do Rio Iguaçu, mostraram-se

cerca de 10 e 20 vezes menores, respectivamente, do que os encontrados no

testemunho RED3, coletado no rio Iguaçu. Entretanto, os valores de fator de

enriquecimento destes dois metais, reportados por Machado et al. (2002),

mostraram-se estatisticamente similares aos estimados através do testemunho

Page 69: HISTÓRICO DE ACUMULAÇÃO DE METAIS-TRAÇO EM …§ão Monteiro.pdf · testemunho, sugerindo uma elevada dinâmica do Rio Iguaçu. Foi verificado um incremento na concentração

69

RED3. Uma possível explicação para isto seria a atenuação dos máximos de

enriquecimento de metais provocado por bioturbação ou que os níveis de

background estimados da região nordeste da Baía de Guanabara não sejam

apropriados a serem utilizados na região noroeste da Baía de Guanabara . Estes

dois metais, como já foi discutido anteriormente, são encontrados geralmente em

efluentes domésticos e efluentes industriais (RUIZ-FERNANDEZ et al., 2003; MUNIZ

et al., 2003 apud BAPTISTA-NETO et al., 2006) e em efluentes de refinaria

(MARIANO, 2001). Sendo assim, os maiores valores de inventário do testemunho

RED3, em relação à área de manguezal degradada, parece mostrarem que o rio

Iguaçu vem recebendo uma grande carga de esgoto industrial e doméstico ao longo

do tempo.

FIGURA 18 – Massa acumulada total dos metais-traço do testemunho MAC.

(a) (c) (b)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

10 20 30 40 50 60Pb(g/cm 2)

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

50 80 110 140Zn(g/cm2)

pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

5 8 11 14Ni(g/cm 2)

pro

fun

did

ade

(cm

)

(1872)

(1854)

(f) (e) (d)

(1854)

(1872)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 3 6 9 12 15Cu(g/cm2)

pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

15 30 45 60V(g/cm2)

pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

10 30 50 70 90Ba(g/cm2)

pro

fun

did

ade

(cm

)

Page 70: HISTÓRICO DE ACUMULAÇÃO DE METAIS-TRAÇO EM …§ão Monteiro.pdf · testemunho, sugerindo uma elevada dinâmica do Rio Iguaçu. Foi verificado um incremento na concentração

70

(g)

FIGURA 18 – Massa acumulada total dos metais-traço do testemunho MAC (CONTINUAÇÃO).

Se compararmos os valores de inventário do testemunho RED3 com os valores

encontrados por Ruiz-Fernández et al. (2003), no rio Culiacan, no México, com

exceção do Co, podemos verificar que o testemunho RED3 apresentou maiores

valores de inventário para todos os metais. Vale à pena destacar os valores de

inventário de Cu, Pb e Zn do testemunho RED3 que foram cerca de 10 vezes

maiores do que os encontrados no Rio Culiacan. Entretanto, apesar de apresentar

inventário muito maior, o testemunho RED3 novamente mostrou valores de fator de

enriquecimento iguais aos do Rio Culiacan. Como discutido anteriormente, estes

resultados mostram que ou os valores de concentração de metais-traço foram

atenuados por causa da bioturbação dos sedimentos ou que os valores de

concentração de background utilizados para calcular os fatores de enriquecimentos

dos sedimentos do testemunho RED3 não são apropriados.

O Co mostrou um valor de inventário muito baixo no testemunho RED3 do que

no Rio Culiacan, reforçando a hipótese de que este metal não está associado à

atividade antrópica.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

2 5 8 11 14Co(g/cm2)

pro

fun

did

ade

(cm

)

(1872)

(1854)

Page 71: HISTÓRICO DE ACUMULAÇÃO DE METAIS-TRAÇO EM …§ão Monteiro.pdf · testemunho, sugerindo uma elevada dinâmica do Rio Iguaçu. Foi verificado um incremento na concentração

71

01020

3040506070

8090

100110120

130140150

10 30 50Pb(µg/cm 2)

pro

fun

did

ade

(cm

)

010

203040

506070

8090

100

110120130

140150

100 200 300 400 500Zn(µg/cm 2)

pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030

405060708090

100110

120130140150

0 5 10 15Ni(µg/cm 2)

pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

40 60 80 100 120Cu(µg/cm2)

pro

fun

did

ade

(cm

)

010

20304050

60708090

100110120130140150

0 5 10 15 20V(µg/cm 2)

pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

0 40 80 120Ba(µg/cm 2)

pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

0 0,5 1 1,5 2Co(µg/cm 2)

pro

fun

did

ade

(cm

)

FIGURA 19 – Massa acumulada em excesso de metais-traço no testemunho RED3.

(a) (b)

(e) (d)

(c)

(f)

(g)

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72

TABELA 10 – Inventário em excesso (µg/cm2), Fluxo em excesso (µg/cm2/ano) e fator de enriquecimento dos metais dos testemunhos RED3 e de outros trabalhos realizados no mundo.

AUTORES LOCAL

Ba Co Cu Ni Pb V Zn

Este estudo Testemunho RED3a

inventárioΣ (média)

F.E.

Média Mi.-Ma

Fluxo Média

Mi.-Ma.

2273 30,3

1,5 1,0-2,6

20 0-91

1,4 0,9

0,8 0,6-1,2

0,79 0,3-1,3

5410 72

7,5 4,8-12,6

40,4 6,6-103

369 4,9

1,5 1,0-2,6

2,6 0,2-9,9

2205 29,4

2,3 1,5-3,7

16,3

2,1-43,2

246 3,3

1,1 0,8-1,5

2,9 0-17,5

18528 247

3,6 2,3-7,5

151 18-437

MACHADO, et al., 2002 Manguezal de Jardim Gramacho, RJ

inventárioΣ (média)

F.E. Média Mi.-Ma

n.a

n.a

240

6,2

5,4-7,0

n.a

n.a

n.a

860

3,2

3,2-3,3 RUIZ-FERNÁNDEZ et al., 2003

Rio Culiacan, México

inventárioΣ (média)

F.E. (Ma.)

Fluxo (Média)

n.a

21,5 2,0

2,0

0,7

576 3,0

3,0

13,8

162,2 1,4

1,4

3,6

157,3 1,4

1,4

3,8

n.a

1538 3,2

3,2

35,7

FONTE: Este estudo (2008)

∑ (inventário) = Somatório (µg.cm-2) das massas acumuladas dos metais-traço em excesso ao longo do testemunho; Mi. = Mínimo; Ma. = Máximo

Page 73: HISTÓRICO DE ACUMULAÇÃO DE METAIS-TRAÇO EM …§ão Monteiro.pdf · testemunho, sugerindo uma elevada dinâmica do Rio Iguaçu. Foi verificado um incremento na concentração

73

0102030

405060708090

100110

120130140150

1,5 2 2,5 3 3,5 4Pb

pro

fun

did

ade

(cm

)

010

20304050

60708090

100110120130140150

2 4 6 8Zn

pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

1 1,5 2 2,5 3Ni

pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

3 6 9 12 15Cu

pro

fun

did

ade

(cm

)

01020

3040506070

8090

100110120

130140150

0,7 0,9 1,1 1,3 1,5V

pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

0,5 1 1,5 2 2,5 3Ba

pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

0,6 0,8 1 1,2Co

pro

fun

did

ade

(cm

)

FIGURA 20 – Fatores de enriquecimento das camadas sedimentares do testemunho RED3.

A Tabela 10 mostra as médias, os máximos e os mínimos dos fluxos dos

metais dos testemunhos RED3, enquanto as Figuras 21 e 22 mostram os perfis do

(f) (e) (d)

(c) (b) (a)

(g)

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74

fluxo total dos metais-traço do testemunho MAC e o fluxo em excesso do

testemunho RED3, respectivamente.

Se compararmos os fluxos dos metais dos testemunhos RED3 com o trabalho

realizado por Ruiz-Fernández et al., (2003), com exceção de cobalto e Ni, todos os

fluxos do testemunho RED3 foram superiores aos fluxos do Rio Culiacan.

Conforme a figura 21, o testemunho MAC apresentou um início de aumento no

fluxo total dos metais-traço a partir do ano de 1872 provocado pelo incremento em

suas concentrações. Em 1954, foi verificado um novo aumento nos fluxos dos

metais, provocado desta vez não por incremento nas concentrações, mas sim por

causa da mudança na taxa de sedimentação. A partir daí até o topo do testemunho,

os perfis de fluxo dos metais-traço mostram uma grande similaridade com o perfil da

densidade aparente dos sedimentos, indicando que estas mudanças não estão

relacionadas com as concentrações dos metais-traço, mas sim com a mudança da

granulometria dos sedimentos.

Conforme a Figura 22, o testemunho RED3 apresentou um fluxo baixo e

constante de metais da base do testemunho até o ano 1958. A partir deste ano

houve um grande aumento nos fluxos de todos os metais, com exceção do Cd.

Entretanto, conforme os perfis de concentração dos metais-traço, com exceção do

Zn e do V, os metais não apresentaram tendência de aumentar suas concentrações

a partir de 1960. O aumento no fluxo de metais a partir de 1958 foi influenciado pelo

aumento na taxa de sedimentação, como discutido no item 5.1.

Page 75: HISTÓRICO DE ACUMULAÇÃO DE METAIS-TRAÇO EM …§ão Monteiro.pdf · testemunho, sugerindo uma elevada dinâmica do Rio Iguaçu. Foi verificado um incremento na concentração

75

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 5 10 15 20Pb (µg/cm 2/ano)

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

10 20 30 40 50 60Zn (µg/cm 2/ano)

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1,0 2,0 3,0 4,0 5,0Ni (µg/cm 2/ano)

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 1 2 3 4 5 6Cu (µg/cm 2/ano)

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 5 10 15 20 25 30V (µg/cm2/ano)

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 10 20 30 40Ba (µg/cm 2/ano)

Pro

fun

did

ade

(cm

)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 1 2 3 4 5Co (µg/cm2/ano)

Pro

fun

did

ade

(cm

)

FIGURA 21 - Fluxo total dos metais-traço do testemunho MAC.

(1872)

(1954)

(1872)

(1954)

(f) (e) (d)

(c) (b) (a)

(g) (h)

(1954)

(1872)

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0102030405060708090

100110120130140150

0 10 20 30 40 50Pb (µg/cm 2/ano)

pro

fun

did

ade

(cm

)

01020

3040506070

8090

100110120

130140150

0 100 200 300 400 500Zn (µg/cm 2/ano)

pro

fun

did

ade

(cm

)

010203040506070

8090

100110120130140150

0 2 4 6 8 10Ni (µg/cm2/ano)

pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

0 30 60 90Cu (µg/cm2/ano)

pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030

405060708090

100110

120130140150

0 5 10 15 20V (µg/cm 2/ano)

pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

0 40 80 120Ba(µg/cm 2/ano)

pro

fun

did

ade

(cm

)

0102030405060708090

100110120130140150

0 0,5 1 1,5 2Co (µg/cm 2/ano)

pro

fun

did

ade

(cm

)

FIGURA 22 - Fluxo em excesso dos metais-traço do testemunho RED3.

(1958)

(1958) (1958)

(1987)

(a) (c) (b)

(d) (f) (e)

(g)

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6 CONCLUSÕES

De acordo com resultados obtidos ao longo deste trabalho, podemos concluir

que:

• O testemunho RED3 apresentou resultados que parecem indicar que o rio Iguaçu

possui um ambiente deposicional de elevada dinâmica, com oscilações entre os

processos de erosão e sedimentação. Essas mudanças possivelmente são as

responsáveis pela alta variação nos perfis de concentração dos metais-traço, teor de

carbono e nitrogênio orgânico, δ13C e δ15N observadas neste testemunho.

• Apesar dos baixos valores de concentração de atividade de 210Pb e a não

observação de decaimento exponencial do perfil de concentração de atividade de 210Pb, as idades das camadas sedimentares, de ambos os testemunhos, estimadas

através método do 210Pb, utilizando o método CRS, parecem concordar com eventos

históricos ocorridos no entorno da Baía de Guanabara ou dentro das bacias

hidrográficas dos rios que influenciam os ambientes estudados. Porém, é necessária

a realização de mais estudos nestas regiões para o refinamento destes resultados;

• Ambos os testemunhos mostraram mudanças em suas taxas de sedimentação e

nas taxas de acumulação de sedimentos a partir da segunda metade do século XX,

provavelmente promovidas pelo início do acelerado processo de urbanização no

entorno da Baia de Guanabara. Além do processo de urbanização, a mudança na

taxa de sedimentação na APA de Guapimirim pode ter sido influenciada também

pelo desvio do curso do rio Macacu para o rio Guapimirim;

• Ambos os testemunhos mostraram uma mistura de matéria orgânica alóctone e

autóctone. O testemunho MAC apresentou um incremento de material algal para os

sedimentos a partir da segunda metade do século XX, indicando uma maior

produtividade primária fitoplantônica, provavelmente influenciada por despejo de

esgoto doméstico. Devido à elevada oscilação, o testemunho RED3 não refletiu

nenhuma tendência clara quanto ao processo de eutrofização das águas do rio

Iguaçu;

• O testemunho MAC mostrou dois períodos de níveis de background para os

metais-traço, sendo o primeiro período de uma condição preservada da bacia de

drenagem e o outro depois do início do processo de desmatamento a partir do final

do século XIX. Porém, as alterações ocorridas a partir da metade do século XX no

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entorno da Baía de Guanabara, tais como um incremento na carga de esgoto para a

Baía de Guanabara, não influenciaram as concentrações dos metais-traço Cu, Zn,

Pb, V, Ba, Co, Cu, e Ni na região da APA de Guapimirim, sugerindo que estas

concentrações dos metais-traço do final do século XIX até 2006 podem ser utilizadas

como referências de ambiente não contaminado por estes metais-traço.

• Os resultados obtidos neste trabalho concordam com estudos anteriores,

indicando que a região nordeste da Baía de Guanabara possui uma melhor

qualidade ambiental do que a região noroeste, no que diz respeito à acumulação de

metais-traço.

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8 APÊNDICE Apêndice A – Atividade de 210Pb em excesso nos sedimentos dos testemunhos RED3 e MAC.

FONTE: Este estudo.

RED3 MAC

Z (cm)

210Pb Total

(mBq g-1)

210Pb Suportado (mBq g-1)

210Pb excesso (mBq g-

1) Z (cm)

210Pb Total

(mBq g-1)

210Pb Suportado (mBq g-1)

210Pb excesso

(mBq g-1)

0-2 19,28 6,11 13,17 0-2 19,34 5,24 14,11 6-8 16,76 8,68 8,08 6-8 15,12 4,78 10,33

12-14 11,27 4,33 6,94 10-12 12,52 5,26 7,27 20-22 15,16 6,05 9,11 16-18 13,93 5,29 8,64 28-30 12,85 2,90 9,95 22-24 16,98 6,51 10,47 30-32 14,87 5,31 9,56 28-30 8,23 5,15 3,09 34-36 7,62 3,81 3,81 34-36 9,70 5,34 4,37 44-46 13,29 3,10 10,19 40-42 11,81 4,11 7,70 60-62 13,04 3,17 9,87 48-50 9,21 4,70 4,51 72-74 14,31 2,55 11,75 64-66 7,64 4,69 2,95 80-82 15,84 3,28 12,56 84-86 9,49 2,37 7,11 90-92 12,23 2,01 10,22