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Augusto Moura Brito História do Brasão de Loriga LORIGA 2018

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Augusto Moura Brito

História do Brasão de Loriga

LORIGA 2018

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História do Brasão de Loriga 2

Introdução

…da simbologia anterior, por questões deontológicas e familiares, não vou tecer

qualquer comentário! Apenas referir que não obedecia às regras da ciência heráldica

e, também porque nunca foi aprovado pela Comissão de Heráldica da Associação

dos Arqueólogos Portugueses!

Quanto ao verdadeiro BRASÃO, este que acaba de ser legalizado, aprovado e

legitimado pela Assembleia de Freguesia de Loriga, em 12 de outubro de 2018,

depois do Parecer favorável da Comissão de Heráldica em 3/10/2018, tudo começou

quando da eleição de José Manuel Almeida Pinto para Presidente da Junta de

Freguesia de Loriga.

Recordo-me perfeitamente, quando publiquei um texto sobre o que era essencial

“reclamar” para Loriga, durante a campanha eleitoral para as eleições autárquicas de

2017. Após as eleições, o candidato eleito, solicitou-me ajuda para a questão do

Brasão, porque aquele que nos habituámos a usar, não obedecia às regras da

Heráldica em Portugal. Era imperioso, que este desiderato fosse ultrapassado e

vencido de vez. Loriga pretendia um Brasão aprovado pela Comissão de Heráldica.

O texto de apoio foi este que se segue, assinalado a azul:

Um conjunto de REFLEXÕES para quem triunfar nas AUTÁRQUICAS – 2017 na vila de

LORIGA…

Sem embargo e pretensão de qualquer espécie, apenas concentrado no FUTURO de

LORIGA, vou elencar um conjunto de INICIATIVAS - passíveis de implementação - que,

doravante, o futuro executivo comece por pugnar e exigir ao poder municipal, ao governo

central e aos privados, de modo a suscitar um clima de sustentabilidade local e que,

alicerçado em infraestruturas mobilizadoras, suscite e agilize bens duradouros de riqueza na

comunidade.

Assim começo por inventariar:

• Instalação de bombas de combustíveis (criando parecerias ou avançar

sozinha);

• Dotação na Praia Fluvial de aparcamento para mais utentes com carro;

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• Legalização de simbologia heráldica que obedeça às regras

institucionalizadas;

• Continuar a realização dos eventos: Loriga vila lusitana (anualmente) e

comemoração do Foral e realização da Feira Medieval (de 5 em 5 anos);

• Defender a criação de núcleos museológicos temáticos: da pastorícia, do

pão e do têxtil;

• Criar um banco de dados promocionais do turismo local e regional, nas

vertentes da Natureza ambiental, e defendendo com intransigência os

valores do Fontão de Loriga, do vale glaciar, das Caminhadas e dos

socalcos…

Mais coexistem, estamos recetivos à partilha e à participação!

Comunga connosco deste ideário realista…

Vamos AJUDAR no que for necessário…

JUNTOS serão a FORÇA indispensável para construir um FUTURO mais sustentável…

Com a vitória de José Manuel Almeida Pinto nas autárquicas de 2017, iniciámos o trabalho de imediato, começando por arrumar as múltiplas ideias que tínhamos inculcado e entesourado durante os anos de 1991 e 1993, os anos do nosso interesse pela temática.

Para esclarecimento dos leitores e interessados pela história do brasão, é nossa intenção chamar à coação, o assunto do novo Brasão e, começar por referir, que foi publicado na 1.ª página do jornal Garganta de setembro/outubro de 2018, um artigo intitulado “Loriga já adoptou um novo brasão” onde é utilizada, como é habitual e como convém, uma linguagem ambígua e titubeante, cito: (“…há mais de 24 anos procurou ajudar a concretizar… “) e, mais à frente volta a dizer, cito: (“…a ANALOR foi, que saibamos, a primeira, se não a única, instituição Loriguense a publicamente manifestar a necessidade e a propor uma metodologia de adopção de um novo brasão…”), sempre na tentativa de baralhar, para depois voltar a dar! O articulista, porque lhe interessa não dizer a verdade, profere algumas inverdades.

Quanto ao outro articulista, ao lhe atribuírem a última página do mesmo jornal, ou, não sabe avaliar simples comentários produzidos no Facebook, sem o cuidado e rigor necessários, ou, então, não sabe do que escreve, limitando-se a tecer comentários ocos a alguns dos comentários ali “postados”. Obras, não lhe conhecemos nenhuma, nem sequer o “manual do empreendedor loriguense”. Já o viram? Eu ainda não! Mas, quanto à narrativa da História do Brasão – uma narrativa que ainda não está concluída – fico-me com a parábola da cigarra e da formiga e, concluo afirmando: o senhor continua a desconhecer os trâmites da lei, porque não a releu, ou então, não

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compreendeu, o que é grave. Apelido isso de… arrogância degenerativa! Finalizo: Loriga necessita de pessoas que trabalhem…

Assim, para melhor elucidação dos contornos cronológicos da História do Brasão de Loriga, interessa em primeiro lugar, situarmo-nos nas premissas da verdade histórica assente em documentos. Para isso, e como é de inteira justiça, começamos por afirmar, sem ambiguidades, que a documentação1 que temos disponível, é bem esclarecedora dos pressupostos que estão na origem da temática do brasão nos anos 90 (noventa) e, divulgar que o que estava em causa, era simplesmente a legalização dos símbolos e as cores do que existia, desde os anos 40 (quarenta). O projeto de desenho2, foi realizado, como tinha sido o desenho inicial, pelo dr. António Gonçalves da Cruz, sendo muito idêntico ou mesmo igual, àquele que foi publicado e adotado pelo jornal a NEVE, em 1 de março de 1949.

Em 29/6/1991, realiza-se uma assembleia de freguesia onde vão ser analisados e aprovados os projetos - brasão dos anos 40 (quarenta) e as cores.

Em 5/7/1991, a Junta de Freguesia de Loriga envia uma carta para Augusto Moura Brito onde diz, cito: (“… informamos V. Exa. que em Assembleia de Freguesia do passado dia 29 de Junho de 1991 foram aprovadas as cores para o Brasão da Vila de Loriga, conforme cópia que junto anexamos. A mesma cópia foi enviada à Associação dos Arqueólogos para apreciação e aprovação…”).

Em 29/1/1992, a Junta de Freguesia envia nova carta para Augusto Moura Brito, onde se diz, cito: (“… Solicitamos a V. Exa., o favor dos seus bons ofícios junto da Associação dos Arqueólogos, uma vez que há já cerca de seis meses que aguardamos uma resposta, no que se refere ao assunto acima indicado - Brasão de Loriga…”).

Esta última solicitação fez com que reunisse três vezes com a Comissão de Heráldica, entre os anos de 1992 e 1994, fazendo-me acompanhar na última, por um elemento da Direção da Analor3 que tinha, entretanto, chamado para trabalharmos em conjunto - a união de esforços faz a força - era o epíteto.

Porque a Junta nunca chegou a satisfazer o pagamento à Comissão de Heráldica, a intenção de novo Brasão, morreria por aqui!

No ano de 1995, quando tivemos conhecimento do projeto enviado com a data de 25 de maio de 19934 pela Comissão de Heráldica e assinado pelo Presidente, arquiteto

1 No apêndice documental, existem documentos que atestam o interesse pelo Brasão, a partir de 1991. Temos disponível a correspondência entre a Junta Freguesia Loriga e Augusto Moura Brito (cartas: de 11/6/1991; de 5/7/1991 e de 29/1/1992. Existe também uma ata da Assembleia de Freguesia de Loriga, datada de 29/6/1991. 2 Temos uma imagem desse desenho. 3 Nessa reunião esteve também presente um representante da ANALOR, o senhor Carlos Amaro. 4 Carta cedida pelo então secretário da Junta de Freguesia de Loriga, António (Pisoeiro).

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Bernard Guedes, logo concluímos que não seria o nosso5. Como a ideia de um brasão legalizado nunca nos abandonou, uma vez mais tentei, junto do Presidente da Junta de Freguesia, José Manuel Almeida Pinto e, pedir-lhe algumas ideias. Portadores dessas ideias, voltámos a contatar o arquiteto Bernard Guedes no seu ateliê, situado na zona de Alvalade, nos Coruchéus em Lisboa e pedimos-lhe para realizar mais três esquiços, agora transmitindo-lhe as ideias de que éramos portadores. Realizados os esquiços em instantes, levámos para casa, onde ainda se encontram arquivados, mas sempre que havia oportunidade, partilhados com alguns loriguenses, mas nada de concreto resultou! A nossa ligação a esse projeto, não interessa aqui divulgar as razões, tinha também terminado por aí!

Em 2002 a Junta de Freguesia de Loriga tenta de novo apresentar um novo projeto que encomendou a uma empresa. Dessa tentativa, mais uma vez rejeitada, confesso que nunca tive conhecimento.

Passados 26 anos (vinte e seis), voltámos de novo a pensar na temática, fazendo jus ao compromisso colocado no texto para as eleições autárquicas de 2017 e, também porque o candidato eleito nos solicitou apoio, decidimos avançar, na tentativa de resolver definitivamente, a questão do Brasão de Loriga.

A minha vontade era tão grande e intensa, que nunca me esqueci dos anos 90 (noventa) e, comecei de imediato a esboçar o que nos vinha à cabeça, num frenesim incessante e sem um final previsto, apesar de termos em mãos um livro que mais tarde intitulámos de, “Loriga Autárquica (1891-1955): Subsídios para a sua compreensão”, lançado em Loriga no dia 13 de julho de 2018.

Apesar desta azáfama e, estarmos ocupados nestas tarefas, nos intervalos, ainda

havia um tempinho para analisarmos a documentação que tínhamos solicitado à

Irmandade do Santíssimo Sacramentos e das Almas de Loriga, para mais uns

trabalhos que já têm nome (As Alminhas em Loriga: um património… uma memória

coletiva e a Irmandade do Santíssimo Sacramento e das Almas de Loriga)6.

Depois de alguns projetos e esboços gizados nos tais intervalos, que achávamos

serem os mais ajustados, de imediato eram enviados para o Presidente da Junta de

Freguesia de Loriga, José Manuel Almeida Pinto, que os mostrava ao Presidente da

Assembleia de Freguesia, José Francisco Lucas Romano, aos restantes elementos

da Junta de Freguesia e da Assembleia de Freguesia e, a mais alguns loriguenses.

5 Passou a ser o de António Conde e, abusivamente alterado. 6 Por imperativos de vária ordem metodológica, decidimos aglutinar estas temáticas numa só, e partilhá-

la num trabalho conjunto com, António Luís de Brito e Sérgio Brito, intitulando-o de Culto das Almas em Loriga.

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Acaso houvesse concordância, continuávamos a tarefa, no caso de discordância,

partíamos para uma fase seguinte.

I Parte

Arrumámos as ideias e, depois de alguns esquiços levados a cabo, decidimo-nos por

elaborar uma argumentação histórica que fosse capaz de defender a simbologia que

nos ocorria na mente.

Doravante, o nosso trabalho era começarmos por reler a síntese da história de Loriga

que tínhamos escrito para os livros: “Cancioneiro da Vila de Loriga” da autoria de

António Luís de Brito e Sérgio Brito e, “Da Philarmonica Loriguense à Sociedade

Recreativa Musical Loriguense: Um percurso histórico (1906-2016)” da autoria de

Augusto Moura Brito para, iniciarmos a realização de alguns esquiços que pudessem

atestar e reunir todas as ideias que tínhamos inculcado durante alguns anos.

Passámos à análise dos textos das duas sínteses, sendo certo que a segunda,

tínhamos ido mais longe e, por isso mesmo, foi o nosso suporte narrativo base! Por

ser tão importante no trabalho subsequente, vamos apresentá-la de seguida:

Loriga: das origens à atualidade

1.1 Síntese da história de Loriga7

Enquadramento geográfico

Loriga é uma vila do concelho de Seia, distrito da Guarda, situada na parte sudoeste

da Serra da Estrela e

dista 20 km de Seia, 80

km da Guarda e 9,2 km

da Lagoa Comprida.

Tem uma povoação

anexa o Fontão e faz

parte do Parque Natural

7 BRITO, Augusto Moura, texto - agora atualizado e colocado no livro: Da Philarmonica Loriguense à Sociedade Recreativa e Musical Loriguense: Um percurso histórico (1906-2016) do mesmo autor. Este texto foi realizado em março de 2013 para O Cancioneiro da Música de Loriga cujos autores BRITO, Sérgio e BRITO, António Luís e edição da ANALOR.

Loriga – Vista panorâmica – 2010 (Registo do autor).

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da Serra da Estrela. Está situada a cerca de 770m de altitude, é rodeada por

montanhas, das quais se destacam a Penha dos Abutres (1828m de altitude) e a

Penha do Gato (1771m) e duas ribeiras: a da Nave e a de São Bento que se unem

formando a ribeira de Loriga. Os seus socalcos majestosos conferem-lhe uma

configuração única e ímpar na região do vale glaciar.

Das origens à fundação da nacionalidade

Construir uma pré-história sobre Loriga é ainda nos nossos dias um desiderato

impossível, pelo facto de até à data não terem sido aí encontrados quaisquer

vestígios deste longo período que vai até à invenção da escrita, por volta de 4.000

a.C. na Mesopotâmia. Os primeiros vestígios localizados em Loriga são de um

período mais subsequente e foram localizados no denominado castelo/castelejo,

onde ainda por volta de 1759, como nos informam as Memórias fornecidas pelo padre

Luís Cardoso8 aos delegados do marquês de Pombal, ser ainda visível a existência

de vestígios dos alicerces dos muros9. Em 1966, Carminda Cavaco e Isabel

Marques10 referem também, cito: “(…) algumas cristas descarnadas fazendo lembrar

ruínas de castros, (…)”.

É neste contexto que assinalamos o desenvolvimento da cultura castreja que

percorre o I. Milénio a.C., determinando o cimo dos montes - as suas zonas de

preferência - os locais que melhor ofereciam a estas comunidades as condições

ideais de defesa, habitação e pastoreio.

Apesar da presença incerta dos celtas no interior do território português, sabemos

que a existência, de um bairro em Loriga com a designação de São Ginês poderá

estar certamente associado à origem do santo celta São Gens martirizado pelos

romanos.

Por questões de alteração demográfica entretanto observadas ao longo do I milénio

a.C. e também devido a importantes inovações determinadas pelos aspetos

económicos, sociais e espirituais destas comunidades de pastores, a zona do Chão

do Soito, foi uma área onde estas novas populações encontraram os recursos

naturais essenciais - água e melhores terras agrícolas e de pastoreio - para se

fixarem. Desse período ainda existe uma espécie de sepultura antropomórfica,

8 CARDOSO, Luís Padre - Diccionário Geographico de Portugal, Lisboa, 1759. 9 A este propósito deslocamo-nos ao local no ano de 1990 e não vislumbramos nenhum vestígio da existência de castros, apenas terras removidas, talvez devido a uma operação de florestação do lugar. 10 CAVACO, Carminda e MARQUES, Isabel - 1966 - “Os Vales de Loriga e de Alvoco na Serra da Estrela. Estudo de Geografia Humana”, Finisterra Vol. I, nº 2, pp. 188-239.

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História do Brasão de Loriga 8

popularmente conhecida, como o “caixão da moura”. Após a chegada dos romanos

à península ibérica - século II a.C. - os romanos vão-se fixando por todo o território

português procedendo à romanização do espaço que denominaram de Lusitânia,

uma das regiões políticas e administrativas da Hispânia.

O resultado desta romanização foi tão intenso e tão rico e autêntico que no ano de

1993, após termos procedido a uma prospeção “in sito” no local - Chão do Soito - os

vestígios da sua presença foram inequívocos. Como resultado desta intervenção,

podemos comprovar que alguns dos vestígios encontrados - antes e agora - se

destacam: fragmentos cerâmicos, imbrex e tegulae (telhas) e opus signinum

(argamassa feita de cal hidráulica) comprovam o uso e a utilização desta região como

de preferida inicialmente. Para atestar esta tese, também na zona circundante foram

encontradas mós, caulino e infraestruturas de uma rede viária que segundo Jorge

Alarcão, se julga ser a estrada de Aeminium que atravessava o interior da Beira. A

“estrada velha” como também é designada, construída segundo as técnicas e os

materiais usados pelos romanos, atravessa toda a localidade e vai constituir até à

construção - nos princípios e meados do século XX da estrada EN231 e em 2006 da

EN338 - o mais importante eixo de ligação desta região serrana.

Com a derrota dos romanos, o domínio da Hispânia foi nos princípios do século V e

até aos princípios do século VIII sucessivamente dominado, primeiro pelos suevos e

depois pelos visigodos até à invasão dos muçulmanos no ano de 711, substituindo

assim o reino visigodo pelo Al-Andaluz.

Loriga - Prospeções arqueológicas no Chão do Soito - 1993.

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Dos inícios da nacionalidade à revolução industrial

Com a conquista da individualidade política de Portugal no século XII, Loriga

aparece-nos como um lugar, termo e identidade territorial próprias, surgindo a sua

alusão nas inquirições de D. Afonso III (1248-1279) como sendo um senhorio doado

a João Rhania; nas cartas de confirmação de privilégios no reinado de D. Pedro

(1357-1367); na carta de coutadas certas herdades e quintas concedidas a Rodrigo

Afonso Machado por D. João I (1385-1433); na carta de doação de D. Afonso V

(1448-1481) a Álvaro Machado em 1474; nas cartas de legitimação e na atribuição

do foral de 1514 no reinado de D. Manuel I (1495-1521)11. Este último - o foral12 -

constituiu até à promulgação do decreto de 24 de outubro de 1855, data da extinção

de 76 concelhos - de 360 em 1854 passam para 284 em 1855 - como o mais

importante e fundamental documento de compreensão da categoria do concelho e

da economia predominante.

Durante este período Loriga aparece-nos também incluída em outros registos com

destaque a partir de 1527, em rubricas sobre a evolução da população. Se nesse

ano se contabilizavam 78 fogos, em 1755 atingia 158 fogos com um total de 400

habitantes para em 1862 o número de fogos ser de 448 e uma população de 1702

habitantes para atingir o seu valor máximo em 1950 com uma população de 2981

habitantes, sendo 1569 mulheres e 1412 homens13.

Desde a baixa idade média que a economia de Loriga assentava numa agricultura

rudimentar, na pastorícia e na cultura da castanha para, nos primeiros anos de 1500,

passar a ser um importante centro de tratamento e comercialização de panos e lã. A

cultura do milho grosso em socalcos e a indústria têxtil chegam mais tarde, durante

os séculos XVIII e meados do século XIX, respetivamente.

Sabemos14 que Sebastião de Figueiredo por carta de 19/06/1536 era escrivão das

sisas dos panos de Loriga, Alvoco da Serra e Vila Cova e que em 27/5/1562, o seu

filho Henrique de Figueiredo, veio a suceder-lhe no cargo.

11 Temos todos estes documentos disponíveis em registo fotográfico, obtidos enquanto estudantes na F.L.L. 12 Documento que está transcrito, traduzido e interpretado por nós - BRITO, Augusto Moura – in, http://mourabrito.net/loriga.htm. 13 CAVACO, Carminda, e MARQUES, Isabel, “Finisterra” (Centro de Estudos Geográficos) vol. I n.º 2 Lisboa 1966. 14 Conclusões extraídas da obra: GONÇALVES, Eduardo Osório. Raízes da Beira – Genealogia e Património: Da serra da estrela ao vale do Mondego. Dislivro Histórica 2006.

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História do Brasão de Loriga 10

Cerca do ano de 1600 Francisco Mendes nascido em Loriga em 14/1/1638 e casado

em Valezim viveu de sua fazenda e trato de lã.

Alexandre Mendes, batizado em Loriga em 21/9/1649 e casado em Loriga em

3/4/1673, vivia da sua fazenda e dinheiro à razão de juro, ainda que nos anos

anteriores vivesse do seu trato de panos de lã, que era o negócio da terra.

António de Figueiredo, falecido em 26/9/1698 e casado com Maria da Fonseca,

natural de Loriga, é referido que aí viveram da sua fazenda e trato de lã. O seu filho

Miguel de Figueiredo da Fonseca, batizado em Loriga em 29-9-1657, também viveu

de sua fazenda e trato de lãs. O seu filho Manuel Mendes de Figueiredo, batizado

em 1721, foi tabelião em Loriga e familiar do Santo Ofício, viveu do contrato de lãs e

panos.

Também João de Figueiredo casado em Loriga em 17/9/1697, viveu em Loriga onde

era mercador de panos e, casado com Maria Mendes, batizada em Loriga em

13/4/1677, filha de Manuel João, batizado em Loriga em 25/3/1638, contratador de

panos de lã.

Da revolução industrial aos nossos dias

Com o aparecimento do fenómeno industrial em Inglaterra no ocaso - última década

- do século XVIII e a sua expansão pela europa ocidental incrementada pelo ideário

da revolução liberal de 1820 (perpetuada pelo cruzeiro na carreira), Loriga conheceu

a partir de 1856 e 1862 - data da criação das primeiras fábricas - a da Fonte dos

Amores e a da Fândega fundadas por Manuel Mendes Freire e José Marques

Guimarães respetivamente. Com esta fundação das fábricas em Loriga, consuma-se

e materializa-se, um passado manufatureiro tradicional surgido no século XVII data

da criação da primeira fábrica de panos na Covilhã. É comummente aceitar esta

ligação à Covilhã, pelo facto de em Loriga, o gado ser muito abundante, coexistirem

muitos vendedores de lã, se situar entre duas ribeiras com ótimas condições de

produção de energia, ter um quotidiano artesanal ligado ao têxtil e, mais tarde, o

retorno de emigrantes enriquecidos no Brasil (hoje recordados pela capela de Nossa

Senhora da Guia de 1884, o coreto em ferro forjado de 1905 e pelos três fontenários

existentes em Loriga de 1905-1907).

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Augusto Moura Brito 11

O ímpeto pelo têxtil possibilitaria ainda a criação de mais unidades: a fábrica do

Regato, em 1869; em 1872 a

fábrica das Tapadas; em 1878 a

fábrica da Redondinha mais

tarde Manuel Carvalho; a

Jomabril surge num destes

espaços em 1993; em 1899 a

fábrica Leitão & Irmãos, Cia.; em

1905 a fábrica Nova para em

1920 passar a sociedade Moura

Cabral & Cia.; em 1929 a fábrica

do Pomar da firma Nunes & Brito; em 1938 a Pina, Nunes & Cia.; em 1952 num local,

o “Escaldadeiro”, vai surgir a Gonçalves & Abreu, Limitada. mais tarde Gonçalves &

Nunes quando entra a irmã de José Nunes Abreu; em 1969 a Lorilan-Nunes & Cia,

Limitada.; em 1973 a Lorimalhas depois Loriseia em 1992; em 1988 a M.L.P.

empresa de Malhas Pinto Lucas, Limitada., depois comprada por HABIMADEIRAS,

José Mendes Pinto & Filhos - Alvoco da Serra em 1996, a única em atividade; em

1950 a fábrica das Lamas, passando em 1980 a denominar-se Metalúrgica Vaz Leal

- unidade de metalurgia desativada no ano de 2016 e reaberta em janeiro de 2017.

A religiosidade das gentes de Loriga foi sempre notória, suportada na sua igreja

matriz cujo orago é Santa Maria Maior, nas capelas

de Nossa Senhora da Guia, de São Sebastião, de

Nossa Senhora do Carmo, de Nossa Senhora da

Ajuda e de Nossa Senhora da Anunciada, bem como

numa fé inabalável colocada nas tradições da sua

Irmandade do Santíssimo Sacramento (1736)15, na

Ementa/Amenta das Almas durante o período da

Quaresma e nas várias procissões realizadas

durante o ano com destaque para as festas religiosas

e romarias ocorridas no segundo domingo do mês de

junho (Santo António); no último domingo de julho

(São Sebastião); no primeiro domingo de agosto

(Nossa Senhora da Guia) e no segundo domingo de

agosto no lugar do Fontão (Nossa Senhora da Ajuda).

15 A Bula que concede a sua fundação data de 1736 atribuída pelo Papa Clemente XII.

Loriga - Fábrica de lanifícios, Moura Cabral.

Loriga – Altar de N.ª Sr.ª da Guia.

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História do Brasão de Loriga 12

Na música e no desporto destacam-se a Sociedade Recreativa e Musical

Loriguense (1 de julho de 1906)16 e o Grupo Desportivo Loriguense (8 de abril de

1934).

De um passado exuberante norteado pelos lanifícios, Loriga volta a apostar no seu

território, nas suas gentes, na sua memória, nas suas tradições e no seu potencial

paisagístico, numa perspetiva de se revalorizar e tornar sustentável a sua economia

assente num turismo rural e nos novos paradigmas decorrentes da revitalização da

praia fluvial no verão, da neve no inverno e nas tradições em outras datas.

Leituras colocadas em ordem era então chegado o tempo para partirmos, decididos para a realização do Brasão. Começámos por realizar um primeiro esboço com recurso ao digital - programa paint.net - sempre vistoriados pelo amigo António Matias, porque na arte de desenhar, ele tem mais aptidões do que eu e, concretizámos aquele que se segue na II Parte desta História do Brasão de Loriga.

16 Data da 1.ª saída de rua (Procissão de S. S. Coração de Jesus em 1 de julho de 1906). O mesmo que Santíssimo Sacramento.

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Augusto Moura Brito 13

II Parte Como vamos ver de seguida, tínhamos ideias, mas nada de concreto realizámos,

senão um esboço onde se destacava a roda, feita pelo

António Cardoso Matias, um feixe de espigas de

milho, um ouriço de castanha, uma estrela, dois

cômoros e duas ribeiras. O resultado foi o seguinte:

ARMAS - Em chefe vemos uma roda que representa

a notável indústria de lanifícios existente desde a 2.ª

metade do século XIX, mas em declínio desde os

anos 70 do século XX.

No flanco direito temos um ouriço de castanha,

rachado e folhado de ouro que representa a importância económica que este produto

teve na idade média loriguense e, no flanco esquerdo, uma espiga de ouro, sustido

e folhado de verde simbolizando a agricultura e o pão ainda hoje em

desenvolvimento. A introdução do milho, entre o final do século XVIII e durante o XIX,

levou os camponeses de Loriga a procurarem água a todo o custo e, a concretizar

uma engenhosa organização dos regadios - levadas da Nave/Courelas/Penedas, de

São Bento e das Montesinhas - obrigando à intensificação da construção dos

socalcos.

No centro temos uma estrela de cor ouro simbolizando a Serra da Estrela.

Em ponta surgem duas montanhas de cor branca, representando: a Penha dos

Abutres e a Penha do Gato que fazem parte integrante da Serra da Estrela onde se

situa a vila de Loriga. O branco representa a neve.

No sainte das montanhas, vemos dois ondeados a branco e a azul simbolizando as

duas ribeiras: a da Nave e a de São Bento que se unem formando a ribeira de Loriga.

O campo do escudo das armas é azul blau que significa: zelo, lealdade, caridade,

justiça, beleza e boa reputação.

Em timbre, uma coroa mural, formada por quatro torres de prata. Listel branco com

a legenda: "LORIGA", a negro.

Mas, era importante receber opiniões, ideias e pareceres. Entre o mês de outubro e

dezembro, telefonámos para a Comissão de Heráldica e, agendámos uma reunião

para conversar e debater com os responsáveis, um conjunto de questões, sobre

quais seriam as melhores simbologias a adotar no brasão, levando connosco o que

tínhamos gizado e organizado.

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História do Brasão de Loriga 14

No caminho para a reunião, múltiplas ideias foram surgindo, com destaque para

aquela da memória da economia da baixa idade média e do século XVI que,

sintetizamos no texto seguinte:

Memórias da economia loriguense...

Desde a baixa idade média que a economia de Loriga assentava numa agricultura

rudimentar, na pastorícia e na cultura da castanha para, nos primeiros anos de 1500,

passar a ser um importante centro de tratamento e comercialização de panos e lã. A

cultura do milho grosso em socalcos e a indústria têxtil chegam mais tarde,

respetivamente durante os séculos XVIII e meados do século XIX, respetivamente.

Sabemos que Sebastião de Figueiredo por carta de 19-06-1536 era escrivão das

sisas dos panos de Loriga, Alvoco da Serra e Vila Cova e que em 27-5-1562, o seu

filho Henrique de Figueiredo, veio a suceder-lhe no cargo.

António de Figueiredo, falecido em 26-9-1698 e casado com Maria da Fonseca,

natural de Loriga, é referido que aí viveram da sua fazenda e trato de lã. O seu filho

Miguel de Figueiredo da Fonseca, batizado em Loriga em 29-9-1657, também viveu

de sua fazenda e trato de lãs. O seu filho Manuel Mendes de Figueiredo, batizado

em 1721, foi tabelião em Loriga e familiar do Santo Ofício, viveu do contrato de lãs e

panos.

Também João de Figueiredo casado em Loriga em 17-9-1697, viveu em Loriga onde

era mercador de panos e, casado com Maria Mendes, batizada em Loriga em 13-4-

1677, filha de Manuel João, batizado em Loriga em 25-3-1638, contratador de panos

de lã.

Cerca do ano de 1600 Francisco Mendes nascido em Loriga em 14-1-1638 e casado

em Valezim que viveu de sua fazenda e trato de lã.

Alexandre Mendes, batizado em Loriga em 21-9-1649 e casado em Loriga em 3-4-

1673, vivia da sua fazenda e dinheiro à razão de juro, ainda que nos anos anteriores

vivesse do seu trato de panos de lã, que era o negócio da terra.

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Augusto Moura Brito 15

III Parte

Durante a reunião e como a sugestão transportada não foi consentânea e aceite,

tínhamos colocado demasiados símbolos no escudo, afirmaria o secretário dr. João

Portugal. Excluir a estrela, em virtude de coexistir uma redundância e, também

porque já existiam demasiados brasões com ela. Aflorei a questão da carda ou

“cardeta” e, foi quando o secretário da Comissão de Heráldica, reconheceu que era

uma ideia interessante e, quiçá, inédita. Logo aí, se gizaram esquiços das peças a

colocar no escudo, bem como, as cores das mesmas.

Seguimos para casa com todas estas ideias e sugestões e solicitámos17 ao António

Cardoso Matias a elaboração do desenho, tal e qual como o secretário da Comissão

de Heráldica tinha sugerido. Os resultados foram os seguintes:

17 As opções resultantes da reunião com a Comissão de Heráldica foram as seguintes: Opção 1: Escudo de azul estrela de prata de cinco pontas e duas ripadeiras de ouro e as “cardetas” de negro, tudo em roquete; movente da ponta e dos flancos monte de dois cômoros de prata carregado de roda de azenha de negro. Bandeira esquartelada de azul e branco; Opção 2: Escudo de azul duas ripadeiras de prata as “cardetas” de negro e roda de azenha de ouro tudo bem ordenado; movente da ponta e dos flancos monte de dois cômoros de prata carregado de uma faixa ondada de três ondadas de azul e prata. Bandeira esquartelada de azul e branco; Opção 3: Escudo de prata dois esquis de negro passados em aspa, tendo brocantes dois bastões de ouro também passados em aspa, em chefe estrela de azul em cada flanco uma ripadeira de vermelho as “cardetas” de prata e em ponta roda de azenha de azul. Bandeira esquartelada de azul e branco.

Desenho de António Cardoso Matias Projeto de Augusto Moura Brito

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História do Brasão de Loriga 16

Duas “cardetas”, uma roda hidráulica, dois cômoros e duas ribeiras.

Não satisfeito com o resultado e porque o nosso amigo Matias andava adoentado,

solicitei colaboração ao amigo José Gonçalves Mendes para me elaborar uma

“cardeta”, como eu a imaginava. Forneci-lhe algum material (uma iluminura da idade

média) e disse-lhe que era uma peça semelhante que eu pretendia.

Feita a “cardeta” e colocadas duas no brasão, sugestão do secretário da Comissão

de Heráldica, logo conclui que não gostava, mas avançou…

Entretanto, tinha solicitado ao amigo José Mendes a sua colaboração e, quando viu

o resultado acima e lhe disse que não

gostava muito, disse-me: e porque não

uma espiga de milho a substituir uma

“cardeta”? Foi assim, que surgiu o

projeto seguinte e aquele que foi

enviado ao Presidente da Junta de

Freguesia de Loriga, mas com algumas

reservas minhas! Não me agradava de

todo este projeto e, elaborei o texto de

defesa com a argumentação

indispensável. Elaborado o texto com a

argumentação, enviámos novamente

para a Junta de Freguesia, para enviar

à Comissão de Heráldica. Este projeto

foi enviado pela Junta de Freguesia de Loriga, em 23 de março de 2018.

O projeto enviado pela Junta de Freguesia de Loriga foi o seguinte:

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Augusto Moura Brito 17

HERÁLDICA de LORIGA

ARMAS – Escudo azul, uma carda ou “cardeta” (nome pelo qual eram denominadas em Loriga) de prata, uma espiga de milho de ouro, folhadas de verde, roda de azenha de ouro tudo bem ordenado; movente da ponta e dos flancos monte de dois cômoros de prata carregado de uma faixa ondada de duas tiras ondadas de azul e prata.

BANDEIRA – esquartelada de azul e branco. Haste e lança de prata.

SELO BRANCO - Circular com as peças do escudo sem indicação de cores e metais onde corre a legenda nos termos da lei: - JUNTA DE FREGUESIA DE LORIGA.

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História do Brasão de Loriga 18

Descrição Heráldica

Escudo azul, uma carda ou cardeta (nome pelo qual eram denominadas em Loriga) de prata, uma espiga de milho de ouro, folhadas de verde, roda de azenha de ouro tudo bem ordenado; movente da ponta e dos flancos monte de dois cômoros de prata carregado de uma faixa ondada de duas tiras ondadas de azul e prata. A afirmação da carda18 decorre desde o século XVI quando em Loriga no ano de 1536 existia um escrivão das sisas19 – Sebastião de Figueiredo – que tinha a incumbência dos registos lavrados pela produção e comercialização dos panos e lã de Loriga, Alvoco da Serra e Vila Cova e, continuado até ao século XIX. A espiga simboliza a agricultura em terras de socalcos. A roda representa o notável desenvolvimento industrial de lanifícios iniciado no ano de 1856, mas em declínio desde os anos 70 do século XX. Movente da ponta e dos flancos monte de dois cômoros de prata carregado de uma faixa ondada de duas tiras ondadas de azul e prata. Os cômoros simbolizam a Penha dos Abutres e a Penha do Gato que fazem parte integrante da serra da estrela onde se situa a vila de Loriga. As duas tiras a azul representam as duas ribeiras: a da Nave e a de São Bento que se unem formando a ribeira de Loriga. O campo do escudo das armas é azul blau que significa: zelo, lealdade, caridade, justiça, beleza e boa reputação. Em timbre, uma coroa mural, formada por quatro torres de prata. Listel branco com a legenda: "LORIGA", a negro. As cores, azul blau e branco na bandeira, representam respetivamente, o azul do céu e da água e, o branco, a neve… A coroa mural de quatro torres é a que está estabelecida para a categoria de Vila. Aguardámos pacientemente durante um tempo demasiado longo - foram 6 (seis) meses - para o que tínhamos pensado e, sempre com muitas ideias na cabeça! Nos primeiros dias de setembro, tivemos notícias da Comissão de Heráldica…

18 Na cardação manual, uma pessoa segura uma das cardas com a mão esquerda sobre a perna esquerda (Ao contrário se for canhota). Nessa carda é colocada uma pequena quantidade de fibras. A carda segura, está à direita, e passa através das fibras. A carda móvel, separa, endireita e alinha as fibras. As impurezas são libertadas e caem à medida que as fibras se alinham. Este passo tem de ser repetido as vezes necessárias pela mão, até que todas as fibras sejam transferidas da carda fixa para a carda móvel. Assim que todas as fibras tenham sido transferidas, neste momento as cardas são trocadas e o processo é novamente repetido, até que as fibras estejam satisfatoriamente alinhadas e limpas de impurezas. Para retirar as fibras da carda, basta passar a carda no sentido inverso ao usado na cardação. 19 Sisa era o imposto direto que incidia sobre as transmissões, a título oneroso, do direito de propriedade e de outros direitos equiparáveis sobre bens imobiliários em Portugal.

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Augusto Moura Brito 19

IV Parte

Em setembro de 2018 recebemos o Parecer da Comissão de Heráldica que apresentamos em seguida: Ordenação heráldica do brasão, bandeira e selo da freguesia de Loriga, do concelho de Seia. PARECER N.º 009/2018 (Lei n.º 53/91, de 7 de agosto) A freguesia de Loriga, do concelho de Seia, solicitou a emissão de parecer sobre os

símbolos heráldicos que pretendia assumir.

Para além da representação da orografia local e de duas ribeiras, a proposta apresentada baseia-se numa figura principal (a roda de azenha, aliás erradamente colocada de perfil) e de duas figuras claramente subordinadas: a carda ou cardeta e a espiga de milho. A harmonia do conjunto não é facilitada pela distinta volumetria destas três figuras e, quanto às duas últimas, pela sua posição, em banda e em barra, respetivamente.

Simbolicamente, há a notar a redundância patente na utilização de duas figuras, a roda de azenha e a cardeta, como alusão à mesma (e deveras importante, sublinhe-se) atividade dos lanifícios, aspeto a corrigir.

Sugere-se manter a cardeta (terminologia que se aceita neste contexto, pelo uso local referenciado) como elemento claramente mais original, promovendo-a a figura central do ordenamento, acompanhada em chefe pelos dois cereais tidos como mais significativos na fundamentação enviada.

Assim, é esta Comissão do parecer que os símbolos heráldicos da freguesia de Loriga devem ser por esta forma constituídos: Brasão: escudo de azul, cardeta de ouro posta em pala tendo nos cantões do chefe uma espiga de milho de prata, folhada de ouro, e um feixe de três espigas de centeio de prata; em campanha, monte de dois cômoros de prata, movente dos flancos e da ponta, carregado de uma gémina ondada de azul. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel de prata com a legenda a negro “LORIGA”.

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Bandeira: esquartelada de branco e azul; cordões e borlas de prata e azul. Haste e lanças douradas. Selo: nos termos do art.º 18.º da Lei n.º 53/91, com a legenda: “Loriga”. Lisboa, 3 de setembro de 2018

O Secretário da Comissão de Heráldica, João Portugal

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Augusto Moura Brito 21

V Parte Confrontados com este Parecer da Comissão de Heráldica, imediatamente telefonámos ao Presidente da Junta de Freguesia - era o que estava combinado entre nós - e decidimos, com a autorização do Presidente da Junta de Freguesia, avançar com uma nova proposta, defendendo a existência da roda hidráulica, mas seguindo as orientações da Comissão de Heráldica, que exigia que a roda fosse desenhada de frente e nunca de perfil ou em perspetiva. Foi uma “luta” que travámos para chegarmos à conclusão do desenho da roda hidráulica.

Em 11/9/2018 fizemos um ofício que enviámos para a Junta de Freguesia de Loriga para enviar para a Comissão de Heráldica. O ofício é o que apresentamos em seguida: Assunto: Ordenação heráldica do brasão, bandeira e selo da freguesia de Loriga, do

concelho de Seia.

Parecer n.º 009/2018

Loriga, 11 de setembro de 2018

Ex.mos senhores

Na sequência das sugestões apresentadas no Parecer n.º 009/2018, vimos pelo

presente informar que estamos de acordo, não obstante aproveitarmos este ofício,

para solicitar de V. Exas, que seja concretizada a substituição da “carda/cardeta” pela

roda hidráulica, porque esta última, inequivocamente, representa e constitui sem

embargo, um ícone de uma tradição histórica que é duradoura e já está muito

enraizada no imaginário coletivo dos loriguenses.

Desde os meados do século XIX que as Gentes de Loriga têm consubstanciado nas

suas mentes e no seu diálogo vivencial permanente, este primado da utensilagem

industrial, materializado pela existência de 10 rodas hidráulicas para a produção da

força motriz, indispensável para a laboração das inúmeras fábricas de lanifícios

localizadas na vila de Loriga.

A omissão deste desiderato, decerto que iria constituir para o porvir e, quiçá, para a

história local e regional, uma falha incomensuravelmente grave e, deste modo, ajudar

a tornar mais difícil a sua convivência com um passado de gerações de Gentes que

labutaram neste setor industrial caraterizador de Loriga, iniciado em 1856 e,

observável de forma persistente e duradoura no mobiliário arquitetural ainda visível

na nossa terra.

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História do Brasão de Loriga 22

De uma forma resumida, apresentamos em anexo a nossa fundamentação para que

essa substituição seja atendida, pois só assim, o desígnio material (os locais de

laboração ainda existem) e imaterial (nomes e “alcunhas” que teimam continuar a

identificar pessoas e famílias, como por exemplo: os Cardeiras, os Pisoeiros, os

Fiandeiros) poderão conviver harmoniosamente e fazer parte ativa e atuante da

antropologia de Loriga.

Nota: Este ofício é acompanhado de dois documentos (A Descrição Heráldica com a

Resenha Histórica e o Esboço do Projeto de Brasão).

Muito obrigado. Os nossos melhores cumprimentos, O Presidente da Junta de Freguesia de Loriga _____________________________________ José Manuel de Almeida Pinto Descrição Heráldica

A roda hidráulica representa o notável desenvolvimento industrial de lanifícios iniciado no ano de 1856, mas em declínio desde os anos 70 do século XX. A roda hidráulica faz parte da história e do imaginário coletivo de Loriga e dos loriguenses - num número de 10 rodas hidráulicas – e, servidas todas elas pelas águas da ribeira de São Bento (na outra ribeira designada por ribeira das Courelas, apenas foram construídas 2 fábricas e a força motriz era a eletricidade).

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Resenha histórica:

1. Fábrica da Fonte dos Amores (2 rodas). A mesma água movia as 2 rodas.

Fundada em 1856 por Manuel Mendes Freire, Manuel Moura Luís e Abílio Luís Brito Freire, cardava e fiava lã para frises, saragoças e palmilhas. Possuía uma roda hidráulica de madeira com força de 16 cavalos. Em 1899 passou a designar-se, Leitão & Irmãos e Companhia. Tinha Secção de Cardação; Secção de Tinturaria e Secção de Ultimação. Em 1939, foi construída a parte nova, reconstruído o prédio que tinha ardido e a secção de tinturaria em 1954. Consumia mensalmente em energia motriz e iluminação 11.477 KVH, equivalente a 6.923$00, ocupando uma área de 2.810 m2. As máquinas que trabalhavam a vapor eram

alimentadas por uma caldeira horizontal de vapor, que consumia 1.000 quilogramas de lenha por dia de oito horas. Fabricava todo o género de artigos cardados, tanto para homens como para senhoras, passando mais tarde a dedicar-se a artigos leves para senhoras, como crepes, popelinas etc., e também a fazenda de agasalho para inverno. Em 1948 passou a ser gerida sob a firma Leitão & Irmãos. Foi ampliada no ano de 1939, parte das instalações foi devastada por um incêndio, tendo depois, em 1954, sido restaurada. Encerrou em 1967 e, anos mais tarde, ali se instalaram várias firmas de malhas, mantendo assim em laboração todas as dependências desta antiga fábrica. A fábrica Leitão & Irmãos, tinha duas rodas hidráulicas, uma no prédio de cima, outra no edifício de baixo. A roda de cima, foi retirada e no mesmo lugar foi construído um tanque hoje ainda existente. O prédio dos "bicos" assim chamado, nunca teve qualquer roda. Em 1929 a fábrica de lanifícios da Estrela Leitão & Irmãos e Companhia, foi premiada com a medalha de prata na II Exposição das Beiras. Em 1932 foi também premiada com a medalha de prata na Grande Exposição Industrial Portuguesa. Em 1969 foi vendida em haste pública no tribunal pelo melhor preço.

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História do Brasão de Loriga 24

2. Fábrica da Fândega. (2 rodas). A mesma água movia a 1ª e logo de seguida a 2ª, para logo seguir para a ribeira.

Fundada em 1862 por José Marques Guimarães. Na década de 1920, esta fábrica passou a pertencer à Sociedade Carlos Nunes Cabral & Companhia e, mais tarde, passou a ser propriedade da firma Moura Cabral & Companhia. Tinha duas rodas hidráulicas ambas no mesmo edifício junto à ribeira, uma roda de madeira com força de 30 cavalos, colocada no topo do edifício virado para o caminho, ou seja, para o sul, e outra situada a nascente do edifício. Produzia frises, saragoças e palmilhas. Encerrou definitivamente em 1949. Sendo a primeira das fábricas, a paralisar, devido à impossibilidade de boas vias de acesso.

3. Fábrica do Regato, de A. Pina, Lda. (2 rodas). A mesma água movia a

1.ª roda, 3 moinhos e por último a roda que se situava na outra fábrica correndo depois para a ribeira.

Foi organizada em 1869 pela firma Plácido Luís de Brito & Companhia. O seu nome deve-se ao facto de ter sido construída na propriedade do mesmo nome. Tinha uma roda hidráulica com força de 15 cavalos. Esta roda foi dali retirada pouco depois do 25 de Abril de 1974, tendo sido a última das rodas a desaparecer, da chamada indústria de lanifícios de Loriga. Foi também construída a chamada "Fábrica de Cima" tendo sida edificada nesta um anexo em 1937. Substituiu a tecelagem manual pela mecânica em 1934 e, em 1938, passou a ser a firma - Pina Nunes & Companhia, sociedade que viria a terminar em 1950. Este edifício tinha também uma roda hidráulica, que tendo depois sido retirada foi substituída por um motor a gasóleo. Em 1962 encerrou definitivamente, como fábrica de lanifícios. Ocupava uma área total de 1.180 m2, sem contar com o anexo chamado “Escaldadeiro”. Tinha Secção de cardação e Secção de Ultimação. Produzia por mês (em horário de 8 oitos diárias) 5.000 quilogramas de fio Nr.50, consumindo por ano cerca de 50.000 quilogramas de matérias primas (lã e outras fibras). Fabricava todos os artigos para homem e senhora, especialmente artigos cardados. Mais tarde e até aos nossos dias, estas dependências passaram a laborar na atividade de malhas.

4. Fábrica das Tapadas (1 roda). A água que vinha da ribeira, de novo entrava nela, depois de cumprir a sua função.

Foi das primeiras fábricas a ser construída em Loriga, sendo atribuída a sua fundação a diversas pessoas. Em registos escritos de 1872, dão conta nesse ano da construção de uma casa bastante espaçosa e pertencente a diversos indivíduos, no

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sentido de sediarem ali uma fábrica. Este local hoje chamado "Tapadas" na altura da construção desse prédio era mais conhecido por "Águas Limpas". Esta fábrica durante a sua existência pertenceu a várias pessoas ou firmas e teve maior laboração a partir de 1918. Entre algumas, aqui se regista ter por ali passado uma firma que teve como nome "Fábrica Nacional de Lanifícios de Albano de Pina Mello". Possuía uma roda de madeira, que durante grande tempo permitiu a sua atividade. O último proprietário da Fábrica das Tapadas, foi Valério Cardoso, conhecido industrial e comerciante de lãs, natural de Alvoco da Serra, casado com a senhora Filomena Santos Conde, de Loriga. Encerrou definitivamente as suas portas, nos meados da década de 1960. Alguns anos depois esta fábrica das Tapadas foi transformada em casa de habitação.

5. Fábrica da Redondinha. Fundada por Augusto Luiz Mendes & Cª (2 rodas). A mesma água movia as 2 rodas.

Entrou em laboração depois de 1878, e durante muitos anos pertenceu ao industrial Augusto Luís Mendes, que a geriu sob a firma Augusto Luís Mendes & Companhia Limitada. Consumia mensalmente de energia elétrica motriz e de iluminação 68.631 KWH, equivalente a 5.117$00 escudos. Ocupando uma área de 2.000 m2. Tinha duas rodas hidráulicas, uma no edifício (onde até há poucos anos esteve instalada a firma Jomabril) e outra na casa de baixo onde até há poucos anos esteve instalada a firma de Manuel Carvalho. O prédio de baixo, era o único quando iniciou a laboração. Em 1939, foram construídas novas instalações, tendo sido uma parte delas devorada por um incêndio na década de 1950. Essas instalações, de imediato reconstruídas, entraram novamente em laboração em 1954.Tinha Secção de Cardação, Tecelagem, Tinturaria e Ultimação. Encerrou em definitivo as suas portas, em princípios da década de 1970.

6. Moura, Cabral & Cª Lda. (1 roda).

Iniciou a sua atividade laboral em 1905 e foi fundada pelos sócios Augusto César Mendes Lages & José Gouveia Júnior, que mandaram construir um prédio de laboração e um outro separado do primeiro, por roda hidráulica. No ano 1920 passou a chamar-se de “Moura Cabral & Companhia” tendo em 1939, mandado construir outro prédio muito mais amplo e sobranceiro aos prédios iniciais. Mais tarde, em 1956, procederam a nova ampliação das instalações, fazendo novo prédio ainda de maiores dimensões. Consumia mensalmente em energia motriz e

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iluminação 17.784 KVH, equivalente a 8.811$00 escudos, ocupando uma área total de 2.750 m2. Tinha Secção de Cardação, Fiação, Tecelagem, Lavagem, Tinturaria e Ultimação.

Um total de 10 Rodas Hidráulicas que constitui, sem qualquer equívoco, uma razão histórica para que nos seja atendida a pretensão. As rodas mais potentes (cavalos) dependiam do maior diâmetro, estavam destinadas à cardação fiação, embora a quantidade de água disponível seja sempre considerada importante para a tipologia de rodas. HERÁLDICA de LORIGA

Brasão: escudo de azul, roda hidráulica de ouro posta em pala tendo nos cantões do chefe uma espiga de milho de prata, folhada de ouro, e um feixe de três espigas de centeio de prata; em campanha, monte de dois cômoros de prata, movente dos flancos e da ponta, carregado de uma gémina ondada de azul. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel de prata com a legenda a negro “LORIGA”.

Nota: No PROJETO FINAL haverá uniformidade da tonalidade de cada cor (Prata,

Ouro, Azul) e correção de eventuais sugestões. Obrigado. Aguardamos por uma

resposta célere…

Augusto Moura Brito – Coordenação geral, Ideia e Organização do Projeto

José Gonçalves Mendes: Desenhador

Joana Mendes: Designer

Loriga 11/09/2018

Em 4/10/2018 recebemos o Parecer da Comissão de Heráldica emitido em 3 de

outubro de 2018 e a tramitação subsequente, ora vejamos:

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PARECER I

Comissão de Heráldica Ordenação heráldica do brasão, bandeira e selo da freguesia de Loriga, do concelho de Seia. PARECER N.º 010/2018 (Lei n.º 53/91, de 7 de agosto) A freguesia de Loriga, do concelho de Seia, solicitou a emissão de parecer sobre os símbolos heráldicos que pretendia assumir. Emitido que foi o Parecer n.º 009/2018, veio a Junta de Freguesia peticionar a modificação do símbolo principal, substituindo a “cardeta” pela roda dentada. Não querendo deixar de se significar a maior especificidade da primeira, a segunda representando em termos mais latos qualquer indústria, como oportunamente se aduziu no citado Parecer, não se vê razão para obstar a esta pretensão. Assim, em substituição do seu Parecer n.º 009/2018, é esta Comissão do parecer que os símbolos heráldicos da freguesia de Loriga devem ser por esta forma constituídos: Brasão: escudo de azul, roda dentada de ouro tendo nos cantões do chefe uma espiga de milho de prata, folhada de ouro, e um feixe de três espigas de centeio de prata; em campanha, monte de dois cômoros de prata, movente dos flancos e da ponta, carregado de uma gémina ondada de azul. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel de prata com a legenda a negro “LORIGA”. Bandeira: esquartelada de branco e azul; cordões e borlas de prata e azul. Haste e lanças douradas. Selo: nos termos do art.º 18.º da Lei n.º 53/91, com a legenda: “Loriga”. Lisboa, 03 de outubro de 2018 O Secretário da Comissão de Heráldica, João Portugal

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TRÂMITES Comissão de Heráldica

II

TRAMITAÇÃO DO PROCESSO APÓS EMISSÃO DO PARECER PELA COMISSÃO DE HERÁLDICA

1. O parecer da Comissão de Heráldica, emitido nos termos da Lei n.º 53/91, de 7 de agosto, e para cumprimento do disposto no artigo 9.º, n.º 1, p), da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, vincula os órgãos da freguesia, não podendo ser por estes modificado.

2. Conforme preceitua o citado artigo 9.º, n.º 1, p), da Lei n.º 75/2013, cabe à Assembleia de Freguesia, por proposta da Junta de Freguesia, estabelecer os símbolos heráldicos (brasão, bandeira e selo).

3. Assim, cabe à Junta de Freguesia, munida do parecer e conformando-se com os seus termos, apresentar a referida proposta, competindo à Assembleia de Freguesia aprová-la ou não.

4. No caso de existir concordância por parte da Assembleia de Freguesia, a Junta promove a publicação dos símbolos heráldicos, estabelecidos pela Assembleia de Freguesia, em Diário da República. Para o efeito, corresponde-se com a Imprensa Nacional (https://dre.pt/eap/index.html), cumprindo o disposto no Regulamento de Publicação de Atos no Diário da República, aprovado pelo Despacho Normativo n.º 13/2009, de 1 de abril (2.ª série).

5. Por último e após a publicação, deverá ser efetuado o registo dos símbolos na Direcção-Geral das Autarquias Locais: Rua Tenente Espanca, N.º 22 - 1050-223 Lisboa, com o telefone 213 133 000, fax 213 528 177, correio eletrónico [email protected] www.portalautarquico.pt().

Bibliografia:

• Brito, Augusto Moura. Da Philarmonica Loriguense à Sociedade Recreativa Musical Loriguense. Águeda: Artipol – Artes Tipográficas, Lda, 2017

• Brito, António Luís de. Texto manuscrito sobre o número de rodas. Águeda. 2018

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• Pina, Adelino (www.loriga.de)

Em 9 de outubro de 2018 mandámos fazer uma Bandeira e um galhardete na Casa

das Bandeiras, para uso pessoal e uma Bandeira para o José Gonçalves Mendes.

Informaram-nos de que nos enviariam por email o logotipo e, se tudo estivesse bem,

iriam aguardar por uma resposta para avançarem.

No dia 10 de outubro pela 17H40M recebemos o logotipo e logo reparámos que a

Bandeira, estava ainda mais espetacular. Pedimos para nos enviarem também o

Brasão.

Estava terminada esta fase, mas faltavam ainda 3 (três) etapas decisivas e

determinantes: a aprovação pela Assembleia de Freguesia, o envio para o Diário da

República para publicação e, o registo, na Direção Geral das Autarquias Locais.

No dia 12 de outubro de 2018, realizou-se uma Assembleia de Freguesia

Extraordinária para analisar e aprovar a proposta da Junta de Freguesia de Loriga

de Ordenação dos símbolos heráldicos: o Brasão, a Bandeira e o Selo. Esta proposta

foi aprovada por UNANIMIDADE.

Antes de terminar, jamais olvidarei este parágrafo publicado no Facebook por Pedro

Mendes, cito: ”(… ontem foi dito na assembleia de freguesia, pelo Sr. Presidente da

Assembleia, que o tempo e a altura para apresentar sugestões já passou. Essas

atitudes, ou mesmo birras, podem continuar por que irão cair em saco roto. O brasão

foi aprovado por unanimidade e será enviado para o Diário da República. Dentro de

algum tempo será o nosso símbolo... Viva Loriga!!!)”.

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VI Parte

No dia 13/10/2018 enviámos para o Presidente da Junta de Freguesia de Loriga, o

texto para publicação no Diário da República que apresentamos em seguida:

Diário da República

Ordenação Heráldica do Brasão, Bandeira e Selo da freguesia de Loriga

José Manuel Almeida Pinto, presidente da Junta de Freguesia de Loriga, do município de Seia.

Torna pública a ordenação heráldica do brasão, bandeira e selo da freguesia de Loriga, do município de Seia, tendo em conta o parecer emitido em 03 de outubro de 2018, pela Comissão de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses e sob proposta desta Junta de Freguesia, em sessão da Assembleia da Freguesia de 12 de outubro de 2018.

Brasão: escudo de azul, roda dentada de ouro tendo nos cantões do chefe uma espiga de milho de prata, folhada de ouro, e um feixe de três espigas de centeio de prata; em campanha, monte de dois cômoros de prata, movente dos flancos e da ponta, carregado de uma gémina ondada de azul. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel de prata com a legenda a negro “LORIGA”.

Bandeira: esquartelada de branco e azul; cordões e borlas de prata e azul. Haste e lanças douradas.

Selo: nos termos do art.º 18.º da Lei n.º 53/91, com a legenda: “Loriga”.

Loriga, 15 de outubro de 2018 O Presidente da Junta de Freguesia _________________________________________________ José Manuel Almeida Pinto

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No dia 14/10/2018 surgia no Facebook o primeiro verso da autoria de José Caçapo,

ora vejamos:

Temos o pão do dia a dia a roda do trabalho de anos infindos

os cômoros e os peitos lindos das mulheres da terra que são as nossas Penhas:

Perfeito. E até o azul é a cor do céu da nossa Loriga.

Ponham a bandeira ao vento soprará Loriga a nossa terra amada.

O segundo verso surgia no dia 20/10/2019, da autoria de Nuno Mendes:

Aqui está a nossa bandeira

Sempre sonhada e desejada

Esvoaçando sempre altaneira

Com bairrismo seja sempre bafejada...

O terceiro verso surgia também no dia 20/10/2019, da autoria de Maria da Luz

Cardoso:

E ser bafejada é ser acariciada

admirá-la, olhar com deleite.

Sentir o respeito pela amada

Bandeira, de Loriga por nós aceite!

No dia 15 de outubro de 2018 foi colocado o texto que tínhamos enviado para a

Junta de Freguesia no Diário da República Eletrónico - INCM cujo

URL é: www. dre.pt, na área dos atos para publicação.

No dia 16 de outubro de 2018 fizemos o texto para ser publicado no jornal A NEVE,

aqui está:

BRASÃO de LORIGA

Um Brasão, é um desenho criado num escudo, com

elementos identitários de uma Freguesia e regidos por

um conjunto de regras e normas que obedecem às leis

da heráldica.

No caso específico de Loriga, os elementos

preponderantes que melhor criam e suscitam essa

ambiência caraterizadora da sua especificidade

orográfica e histórica predominantes da agricultura e

da indústria, estão representados através das espigas

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de milho e de centeio e a roda. Temos na campanha, parte inferior do escudo, os

cômoros das Penhas d´Águia e dos Abutres e as duas ribeiras respetivamente, da

Nave e de São Bento. As cores da Bandeira, azul e branco, significam o céu e a

neve.

Em Portugal, a entidade responsável pela emissão dos Pareceres é a Comissão de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses que, em 3 de outubro de 2018, emitiu o seu Parecer favorável de ordenação heráldica do brasão, bandeira e selo da freguesia de Loriga, do concelho de Seia, ao abrigo da (Lei n.º 53/91, de 7 de agosto) que, apresentamos:

Brasão: escudo de azul, roda dentada de ouro tendo nos cantões do chefe uma espiga de milho de prata, folhada de ouro, e um feixe de três espigas de centeio de prata; em campanha, monte de dois cômoros de prata, movente dos flancos e da ponta, carregado de uma gémina ondada de azul. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel de prata com a legenda a negro “LORIGA”.

Bandeira: esquartelada de branco e azul; cordões e borlas de prata e azul. Haste e lanças douradas.

Selo: nos termos do art.º 18.º da Lei n.º 53/91, com a legenda: “Loriga”.

Em sessão da Assembleia de Freguesia de Loriga realizada extraordinariamente no

dia 12 de outubro de 2018, a Proposta da Junta de Freguesia consubstanciada no

Parece da Comissão de Heráldica, foi votada por UNANIMIDADE.

O envio para a publicação no Diário da República foi entregue no dia 15 de

outubro de 2018.

LORIGA tem um BRASÃO oficial…

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No dia 26/10/2018 foi publicado no Diário da República a Ordenação Heráldica do

Brasão, Bandeira e Selo da Junta de Freguesia de Loriga, do município de Seia.

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VII Parte

Em 5/12/2018 recebo um GUIÃO de Loriga que a Junta de Freguesia de Loriga mandou fazer na Casa das Bandeiras. Inicia-se a comercialização do Guião pelo preço de 6,50€ em Loriga, no Posto de Turismo de Loriga, na sede da Junta de Freguesia de Loriga e nos CTT de Loriga. Neste mesmo dia, publico no Facebook, este registo alusivo à venda.

Em 11/12/2018 pelas 10H30M deslocámo-nos (Augusto Moura Brito, José Gonçalves Mendes e António Cardoso Matias) à Casa das Bandeiras e, mandámos fazer a 1.ª Bandeira bordada para a Junta de Freguesia de Loriga. O preço foi de 240€ + IVA… Em 14/12/2018 realiza-se a Assembleia de Freguesia de Loriga e aprova-se a ata de aprovação dos símbolos heráldicos da vila de Loriga. Em 17 de dezembro de 2018 recebemos um postal de Boas Festas da Junta de Freguesia de Loriga com o Brasão de Loriga, o primeiro com o Brasão, ver na página seguinte…

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Em 18 dezembro 2018 é cumprida a última etapa do processo “Símbolos Heráldicos de Loriga” com o envio para a Direção Geral das Autarquia Locais, de toda a documentação necessária e exigida:

a. cópia do Parecer da Comissão de Heráldica;

b. desenho colorido do escudo;

c. cópia da deliberação da Assembleia de Freguesia sobre o estabelecimento dos símbolos heráldicos;

d. cópia da publicação dos símbolos heráldicos em Diário da República.

O texto que elaborámos é o seguinte:

Assunto: Registo dos símbolos heráldicos do brasão, bandeira e selo da freguesia

de Loriga, do município de Seia.

Loriga,18 de dezembro de 2018

Ex.mos senhores

Direção Geral das Autarquia Locais

José Manuel Almeida Pinto, presidente da Junta de Freguesia de Loriga, do município de Seia, vem por este meio enviar para efetuar o respetivo registo, da Ordenação Heráldica do Brasão, Bandeira e Selo da freguesia de Loriga, município de Seia, tendo em conta o parecer emitido em 03 de outubro de 2018, pela Comissão de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses e, sob proposta desta Junta de Freguesia aprovada por unanimidade em sessão da Assembleia da Freguesia de 12 de outubro de 2018.

Brasão: escudo de azul, roda dentada de ouro tendo nos cantões do chefe uma espiga de milho de prata, folhada de ouro, e um feixe de três espigas de centeio de prata; em campanha, monte de dois cômoros de prata, movente dos flancos e da

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ponta, carregado de uma gémina ondada de azul. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel de prata com a legenda a negro “LORIGA”.

Bandeira: esquartelada de branco e azul; cordões e borlas de prata e azul. Haste e lanças douradas.

Selo: nos termos do art.º 18.º da Lei n.º 53/91, com a legenda: “Loriga”.

A documentação, respetivamente: a. cópia do Parecer da Comissão de Heráldica;

b. desenho colorido dos símbolos heráldicos; c. cópia da deliberação da

Assembleia de Freguesia sobre o estabelecimento dos símbolos heráldicos; d.

cópia da publicação dos símbolos heráldicos em Diário da República, seguem em

anexo.

Os nossos cumprimentos,

O Presidente da Junta de Freguesia de Loriga,18 de dezembro de 2018. _________________________________________________ José Manuel Almeida Pinto

Nas próximas 5 (cinco) páginas, colocámos os símbolos que, certamente ajudarão a relembrar uma memória que foi concretizada neste presente, na convicção de uma firme predisposição de acautelar um futuro com rosto e imagem… sem ambiguidades e subterfúgios. A preservação deste legado, contribuirá decerto para que a identidade da vila de LORIGA seja mais realista, autêntica e personalizada… e, sem preconceitos identitários… Por último, fica o nosso agradecimento para todos os que acreditaram na concretização desta realização, estando certos de que o futuro de LORIGA… continuará nas mãos de TODOS os que desejam trabalhar por ELA!

Muito OBRIGADO…

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BRASÃO Brasão: escudo de azul, roda dentada de ouro tendo nos cantões do chefe uma espiga de milho de prata, folhada de ouro, e um feixe de três espigas de centeio de prata; em campanha, monte de dois cômoros de prata, movente dos flancos e da ponta, carregado de uma gémina ondada de azul. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel de prata com a legenda a negro “LORIGA”.

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BANDEIRA Bandeira: esquartelada de branco e azul

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BANDEIRA

Bandeira: esquartelada de branco e azul; cordões e borlas de prata e azul. Haste e lanças douradas.

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SELO

Selo: nos termos do art.º 18.º da Lei n.º 53/91, com a legenda: “Loriga”.

Elementos intervenientes na elaboração do Brasão:

Augusto Moura Brito – Coordenação geral, Ideia e Organização do Projeto

António Cardoso Matias e José Gonçalves Mendes: Desenhadores

Joana Mendes: Designer

Casa das Bandeiras: Arranjos finais

27/10/2018

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GUIÃO

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Conclusão

A saga chegou ao fim e com ela LORIGA conhece a sua identidade própria, afirmada no seu Brasão, na sua Bandeira e no seu Selo, mas não pensem que foi fácil contornar os escolhos que foram surgindo. Era uma tarefa árdua aquela que tínhamos de ultrapassar com um ícone, ao qual nos habituámos a chamar de “Brasão”, surgido nos anos quarenta, feito pelo amigo António Gonçalves da Cruz para o jornal A NEVE, cujo primeiro número, saiu com o seguinte corpo redatorial: Diretor e proprietário: Dr. Carlos Leitão Bastos em 1 de março de 1949.

Durante algum tempo tentámos abordar a questão da institucionalização deste ícone, mas foi rejeitado pela Comissão de Heráldica e, as conversas sobre a temática, no restaurante o Valenciana, em frente do consultório do amigo Carlos Leitão Bastos, médico em Campolide, jamais resultaram num projeto credível.

Apesar disso, pensamos que o novo imaginário identitário de Loriga, contempla uma pluralidade de símbolos caraterizadores do contexto orográfico, hidrográfico, económico e histórico em que a vila de Loriga se contextualiza e, afirma pela positiva.

Importa agora assimilá-lo… ele é de TODOS os loriguenses e não de alguns. É, e será dos loriguenses que defendem e lutam por um território onde nasceram, cresceram e voltam quando lhes é possível.

Loriga continuará a ser bela, majestosa, ímpar e sumptuosa, quer queiram quer não queiram e, a sua sustentabilidade só é garantida com a união, a simplicidade e com as mãos dadas, em prol da criação de conceitos que valorizem e potenciem a sua grandeza e desenvolvimento, assentes numa Natureza de que nos orgulhamos e, num bem-estar pelo qual lutamos diariamente.

Este Brasão é, agora, o símbolo oficial de Loriga e devemos por isso aceitá-lo, respeitá-lo e começar a gostar dele como afinal gostamos de Loriga porque… Loriga merece-nos… MUITO!

Obrigado a TODOS os loriguenses e amigos…

Augusto Moura Brito 30/10/2018

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Apêndice documental

Carta de 16-06-1991 Carta de 5-07-1991

Carta de 29-01-1992

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Ata da Assembleia de Freguesia de Loriga de 29-06-1991

Carta da Comissão de Heráldica 25-05-1993

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Carta de 29-04-1994 Imagem do desenho de António

Gonçalves da Cruz

Anexo que acompanhava a carta da Comissão de

Heráldica 25-05-1993