histórico da avaliação impactos ambientais

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho” Engenharia Ambiental Estudos de Impactos Ambientais História da Avaliação de Impactos Ambientais no Mundo Docente: Dra. Renata Ribeiro de Araujo Discentes: Adriano Yokoya André Della Libera Zanchetta Antonio Leonardo Costa Ariane Finotti

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Page 1: Histórico da Avaliação Impactos Ambientais

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA“Júlio de Mesquita Filho”

Engenharia AmbientalEstudos de Impactos Ambientais

História da Avaliação de Impactos Ambientais no Mundo

Docente: Dra. Renata Ribeiro de Araujo

Discentes: Adriano Yokoya André Della Libera Zanchetta Antonio Leonardo Costa Ariane Finotti

Presidente Prudente2014

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO............................................................................................................................3

1.1.Precedentes Históricos: os Tratados e Conferências..........................................................3

1.2.A avaliação dos impactos ambientais - AIA........................................................................5

2.A AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS NOS ESTADOS UNIDOS...........................................7

2.1.Antecedentes e a evolução da base legal...........................................................................7

2.2.Definições e Diretrizes do AIA estadunidense....................................................................9

2.3.Campo de Abrangência da NEPA........................................................................................9

2.4.Conteúdo e Forma............................................................................................................10

2.5.Procedimento e a participação popular e balanço de qualidade.....................................11

2.6. Comentários gerais sobre o AIA Americano....................................................................13

3. A AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS NA EUROPA.........................................................16

3.1.Introdução........................................................................................................................16

3.2.Conceito...........................................................................................................................16

Desenvolvimento...................................................................................................................16

4. A AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS NA AMÉRICA LATINA...........................................18

4.1.Introdução........................................................................................................................18

4.2.Conceitos..........................................................................................................................18

4.3.Desenvolvimento.............................................................................................................19

BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................................20

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1.INTRODUÇÃO

Ao discorrermos sobre a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) se mostra difícil não serem citados termos e conceitos das ciências jurídicas, ou seja, do Direito Ambiental, devido ao fato de que a mudança numa Política se dá através de Leis, Decretos e Normativas conforme estrutura judicial de cada Estado. Por sua vez, estas mudanças se dão devido às variações do modo de pensar da sociedade, que influenciam a política de seu país. Desta forma, se percebeu ao longo dos anos a necessidade de incluir a proteção dos bens ambientais nas legislações, isto devido a novas necessidades (externalização da degradação ambiental, recursos finitos e outros itens percebidos pela sociedade).

Desta forma se faz necessário introduzir, de forma sucinta, as evoluções no modo de pensar da sociedade num enfoco Global que levaram a repensar e decidir, modificar e adequar as legislações, criando assim uma Política aparte para tratar da questão ambiental, e a solução/instrumento encontrada pela nova Política, para gerir essa problemática, bem como suas as consequências geradas, sejam elas positivas ou negativas.

1.1.Precedentes Históricos: os Tratados e Conferências

Desde os primórdios de sua existência, a humanidade estabeleceu relações com o meio ambiente, de forma que tal relacionamento se desenvolveu de forma negativa para com o ambiente devido à busca incessante do homem em melhorar exclusivamente sua própria qualidade de vida. Logo se fez necessário criar normas e estabelecer tratados sobre a proteção do meio ambiente.

No âmbito internacional surge desde a Revolução Industrial, com o pensamento/doutrina da visão utilitarista do meio ambiente, que orienta a proteção ambiental, sobre os elementos do ecossistema que possuem utilidade para a produção, ou seja, dos elementos que possuem um valor econômico por ser um objeto de utilização comercial. Com a Convenção de Londres de 1933, começa a evoluir o modo de pensar, assim no inicio do século XX, começa a surgir a ideia da conservação da fauna e da flora no continente Africano, e marca a transição da visão utilitarista para um olhar mediado pelo paradigma preservacionista, segundo explica PIMENTA, 2012.

Essa alteração da visão humana só foi modificada devido ao fato de que o nosso planeta se encontrava seriamente “deteriorado” em consequências das atividades humanas. Tal despertar veio como resposta da sociedade civil e das instituições internacionais aos desastres ecológicos até então vivenciados, como por exemplo a destruição causada pela explosão das duas bombas atômicas quando do final da Segunda Guerra Mundial ou o naufrágio do navio petroleiro Torrey Canyon, dentre outros grandiosos desastres ambientais ocorridos nesse período.

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Logo, com esse novo modo de pensar e de se relacionar, observa-se o surgimento de variados progressos com foco na busca da regulamentação internacional a serviço da proteção do meio ambiente, onde PIMENTA (2012) cita alguns exemplo: Carta Européia da Água de 1968, Convenção Africana sobre a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, de 1968, Convenção de Bruxelas sobre Responsabilidade Civil por Danos Devidos á Poluição pelos Hidrocarbonetos, de 1969, que cria a Resolução 2398 (Resolução esta que através das da Assembleia Geral das Nações Unidas resolveram convocar uma Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente – Conferência de Estocolmo de 1972) e por último a Convenção de Londres sobre Poluição marinha de 1977.

Sendo a mais significativa sendo a Conferência de Estocolmo de 1972, que surge como uma manifestação da real criação do Direito Internacional do Ambiente e também, segundo PIEMENTA (2012), sendo o ápice do início da chamada “Era Ecológica”, também denominada pelo autor de “Era Preservacionista”. Tal Conferência foi constituída por uma Declaração de Princípios e por um Plano de Ação, passando assim a exercer um papel de protagonista no que diz respeito à regulamentação do paradigma que ditará a relação entre o homem e a natureza, ou seja: o “paradigma preservacionista”.

Mesmo com esse grande avanço ainda havia muito a ser alcançado, e evoluções continuaram a ocorrer. Exemplo dos princípios da Conferencia de Estocolmo, que culminou no surgimento da óptica da normatização transversal, na qual o autor explica ter foco do estado num ambiente em setores bem delimitados, sendo os quais: a proteção do mar contra a poluição, das águas continentais e da atmosfera, e a preservação da flora e fauna selvagens.

Segue explicando que no final da década de setenta surge outro novo método que sobrepuja as metodologias que protegem o ambiente em setores, o qual o chama de “Método transversal”, baseado não mais na setorização, chegando à conclusão de que a poluição deve ser combatida em sua origem, ou seja, regulamentando os poluentes liberados nesses meios setorizados (onde exercem os efeitos negativos), e marcando, portanto, uma segunda etapa na evolução do direito internacional do ambiente. E diante essa nova concepção de regulamentação altera a visão preservacionista, migrando para uma perspectiva global, onde o meio ambiente é interligado e globalmente único, logo uma dimensão planetária explica PIEMENTA (2012).

A partir de tal visão global do problema ambiental (amplificada principalmente na Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática, 2010), dos progressos alcançados e a evolução da visão do problema, nasce, consequentemente, uma nova ordem ecológica internacional que coloca o meio ambiente como sendo um “patrimônio de toda a Humanidade”, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), e que convoca a Conferência do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, de 1992 (conhecida como Rio-92). Tal conferencia marca a transição da era Preservacionista para o atual paradigma do Desenvolvimento Sustentável, trazendo consigo variados princípios, dois convênios internacionais e um programa de ações que visa implementar nos anos seguintes tudo que foi decidido ao longo dessa Conferência.

Dentre os princípios da Rio 92 é importante citar três deles: o princípio do desenvolvimento sustentável (1º princípio), o Princípio da equidade internacional (3º princípio)

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e o princípio da avaliação de impacto ambiental (17º princípio). Sendo este último de interesse nesse trabalho que enfoca sobre o histórico da AIA no mundo, sob a óptica do novo paradigma do Desenvolvimento Sustentável.

1.2.A avaliação dos impactos ambientais - AIA

Com o surgimento atual do Desenvolvimento Sustentável, tem-se como sua influencia direta o surgimento de instrumentos jurídicos de gestão do meio ambiente, e o aparecimento da AIA juntamente com as Políticas ambientais de cada país, para ajudar a gerir os bens ambientais consumidos excessivamente e deteriorando o ambiente, refletindo na escassez e raridade do mesmo. Logo as economias capitalistas regidas por princípios liberais terão de modificar seus processos de produção, e passar a considerar a variável ambiental no sistema econômico, deixando de externalizar a poluição ambiental para a sociedade como custo, com esse intuito foi instituído a Avaliação dos Impactos Ambientais.

SILVA e SOARES (2012) apresentam uma definição geral de AIA antes do desenvolvimento de seu artigo: “O AIA como instrumento de Política Nacional de Meio Ambiente, de grande importância para a gestão institucional de planos, programas e projetos, a nível federal, estadual e municipal.” SÁNCHEZ (2008) também aborda as mais diferentes definições e conceitos sobre o AIA sobre diversas interpretações de cinco diferentes autores. A título de apenas citação, o autor transcreve também os conceitos de poluição, degradação ambiental, impacto ambiental, processos ambientais e recuperação ambiental, sempre buscando nos contextos internacionais.

Para este trabalho é interessante citar duas definições que SÁNCHEZ (2008) recorta da International Association for Impact Assessment (IAIA), uma mais geral outra mais sintética respectivamente sobre o AIA: “O processo de identificar, prever, avaliar e mitigar os efeitos relevantes de ordem biofísica, social ou outro de projetos ou atividades antes que decisões importantes sejam tomadas.” E a segunda: “avaliação de impacto, simplesmente definida, é o processo de identificar as conseqüências futuras de uma ação presente ou proposta”, Aqui se faz interessante citar também o princípio número 17 adotado pela ONU na Rio-92, onde PIMENTA (2012) nos dispõem: “A avaliação de impacto ambiental, como instrumento nacional, deve ser empreendida para as atividades planejadas que possam vir a ter impacto negativo considerável sobre o meio ambiente, e que dependam de uma decisão de autoridade nacional competente.” Logo para plena aplicação do AIA deve-se ter uma Política que ditará como deve transcorrer essa avaliação, e não de iniciativa pela iniciativa privada, que dificilmente se organizará para a realizar.

Desta forma a AIA é um poderoso instrumento de gestão do meio ambiente, visando procurar formas de recuperação do ambiente que tinha, ou que vai ser degradado devido a operação de algum empreendimento potencialmente poluidor. Segundo PIMENTA, 2012, a AIA é utilizada por mais de 80 países, onde cada um destes possuem suas próprias normas, procedimentos e legislações específicas, de acordo com a realidade ambiental e econômica de cada país, e demonstrando que se tornou globalmente aceito e cada vez mais disseminado.

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Assim segue neste trabalho alguns históricos do desenvolvimento e estrutura da AIA de alguns países, como EUA, Comunidade Européia e alguns países da América Latina; com o intuito de levantar uma visão crítica e global da repercussão do AIA pelo mundo.

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2.A AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS NOS ESTADOS UNIDOS

2.1.Antecedentes e a evolução da base legal

Iniciando com o contexto precedente da legislação ambiental estadunidense, já se observa que na década de 1920, já se tinha algumas concepções de preocupação com o meio ambiente, nesse ano foi aprovado pelo Congresso, a Lei Federal de Energia. PIMENTA, 2012, explica que: “Nessa (Lei) aparece o primeiro esboço de uma preocupação com o meio ambiente quando, ao dispor sobre os recursos hídricos da nação, incluía a expressão propósitos recreativos entre as finalidades a serem resguardadas e contempladas em qualquer projeto relacionado”.

O autor salienta que apesar da criação dessa inédita legislação, não se teve uma modificação significativa das questões ambientais, observando que até a década de 1960, os problemas ambientais eram vistos como sendo pontuais e de responsabilidade de cada estado. Dessa forma o governo federal limitava-se no oferecimento de recursos financeiros com o objetivo de incentivar as pesquisas da área ambiental.

Diante da grande expansão econômica pós-segunda Guerra Mundial, que foi então verificado a crescente poluição que não tinha fronteira entre os estados estadunidense, e percebendo se tratar de um problema de âmbito nacional. E a partir de então inicia-se um processo sistemático da elaboração de uma legislação federal, que busque normatizar a gestão do meio ambiente, como no caso da Lei de Resíduos Sólidos, que surgiu em 1965.

Assim durante esse processo, teve-se uma série de acontecimentos relacionados e listado por PIMENTA, 2012, como a publicação do Livro da Rachel Carson intitulado: Silente Spring, em 1962, depois a descoberta de componentes de mercúrio no sword fish, além do vazamento de óleo em Santa Bárbara na Costa da Califórnia em 1969, e a inclusão da temática ambiental na mensagem do Presidente Kennedy ao Congresso, por último citando a crescente desenvolvimento das ONGs ambientais. Segundo explica o autor, tal processo teve seu ápice com a aprovação do congresso em dezembro de 1969, e entrando em vigência em 1 de fevereiro de 1970 a Nacional Environmental Policy Act (Política Nacional do Meio Ambiente) a NEPA, e entrando em vigor no dia 1º de janeiro de 1970. SÁNCHEZ, 2008, transcreve o Artigo 102 dessa Lei, onde se pede que “todas as agências do Governo federal” faça:

“(A) utilizar uma abordagem sistemática e interdisciplinar que assegurará o uso integrado das ciências naturais e sociais e das artes de planejamento ambiental nas tomadas de decisão que possam ter um impacto sobre o ambiente humano;

(B) identificar e desenvolver métodos e procedimentos, em consulta com o conselho de Qualidade Ambiental estabelecido pelo Título II desta lei, que assegurarão que os valores ambientais presentementes não quantificado serão

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levados adequadamente em consideração na tomada de decisões, ao lado de considerações técnicas e econômicas;

(C) incluir, em qualquer recomendação ou relatório sobre propostas de legislação e outras importantes ações federais que afetem significativamente a qualidade do ambiente humano, uma declaração detalhada do funcionário responsável sobre:

(i) o impacto da ação proposta,

(ii) os efeitos ambientais adversos quer não puderam ser evitados caso a proposta seja implementada,

(iii) alternativas à ação proposta,

(iv) a relação entre os usos locais e de curto prazo do ambiente humano e a manutenção e melhoria da produtividade a longo prazo, e

(v) qualquer comprometimento irreversível e irrecuperável e recursos que seriam envolvidos se a ação proposta fosse implementada.”

Logo essa nova legislação americana proporcionou um grande avanço no tratamento do tema ambiental devido ao fato de:

- impor que todas as agências federais passassem a ter o dever legal de incorporar o tema ambiental em seus projetos;

- estabelecer a obrigatoriedade de realização do procedimento de avaliação de impacto ambiental;

- ampliar o campo de interpretação das políticas, leis e regulamentos de forma a proporcionar uma incorporação da perspectiva ambiental;

- criar o Conselho de Qualidade Ambiental, do inglês Council on Environmental Quality, e também conhecido pela de sigla CEQ;

- abrir campo para o surgimento da Agência de Proteção Ambiental, a EPA, do inglês Environmental Protect Agency.

SILVA e SOARES, 2012, relatam que esta lei não teve nenhuma dificuldade para ser aprovada pelo Congresso em 1969, mas devido a imprecisão de certos aspectos dessa lei, fez com que durante sua implementação ocorresse dificuldades de interpretação, levantando uma sérias de duvidas. Exemplo que o autor cita é “A partir de quando pode-se dizer que uma tal ação afeta significativamente o meio ambiente humano?” O esclarecimento dessas dúvidas foram sendo sanadas através de dois procedimentos, um seria pelos tribunais encarregados de estabelecer o sentido exato da lei, e o segundo pela criação do CEQ.

Nesse mesmo sentido que a NEPA, foram surgindo novas outras legislações de cunho ambiental nos Estados Unidos, como a Lei do Ar Limpo de 1970, a Lei da Água Limpa de 1972, a Lei de Espécies Ameaçadas de 1973, de 1974, a Lei de Controle de Substâncias Tóxicas de

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1976, a Lei de Restauração e Conservação de Recursos de 1976 e Código de Regulamentação Federal de 1978, citados por PIMENTA, 2012.

2.2.Definições e Diretrizes do AIA estadunidense

O texto da NEPA que estabelece os princípios e linhas gerais da política ambiental nuca foi alterada, segundo explica SÁNCHEZ, 2008, mas ressalta que as aplicações das diretrizes fixadas pelo CEQ em 1973, se saíram insatisfatória, e levando a sua substituição para um regulamento, publicado em 28 de novembro de 1978, com a meta de unificar os procedimentos de preparação e análise dos chamados Environmental impact statement (EIS). Assim caberá a cada agência, seja ela ministérios, departamentos, serviços e outras instituições do governo, aplicar a NEPA. Para tanto cada uma dessa agência desenvolveu suas próprias diretrizes e procedimentos, e ao CEQ cabendo então estabelecer as diretrizes gerais, bem como zelar pela boa aplicação da lei e acompanhar sua aplicação, e em ocasiões especiais também lhe cabendo o papel de árbitro, explica SÁNCHEZ, 2008, isso quando ter-se algum desacordo entre as agências governamentais acerca dos impactos ambientais de certos projetos, tal caso é conhecido como “referral”, e segundo autor a CEQ registrou 27 casos até o ano de 2003, ou seja, poucos casos excepcionais.

SILVA e SOARES, 2012, apontam três objetivos principais do CEQ, sendo eles a redução das atividades administrativas e dos prazos a serem entregues bem como a formulação de melhores soluções. Agora sobre a redução das atividades administrativas (formalidades) os autores realizaram a seguinte listagem sobre as medidas previstas na CEQ sobre:

“ - limitação do número de páginas (os estudos de impacto ambiental devem ser concisos não ultrapassando 150 páginas);

- obrigação de se utilizar uma abordagem analítica e não descritiva;

- utilizar o mais cedo possível o processo de scoping no sentido de determinar o conteúdo do estudo de impacto ambiental;

- utilizar uma linguagem simples e ter uma apresentação clara que evidencie os pontos problemáticos e que coloque em destaque as principais alternativas propostas e as conclusões;

- eliminar as repetições; as agências federais podem preparar os relatórios em conjunto com as agencias estaduais (que tem o seu próprio NEPA), ou administrações locais.”

Não só o CEQ desenvolve a legislação sobre o AIA, mas também regulamentou as questões de controle de poluição, bem como atuando sobre a regulamentação de ambientes urbanos, desmatamento, uso de controle de predadores, e off-road do veículo.

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2.3.Campo de Abrangência da NEPA

O campo de aplicação da NEPA é muito amplo e complexo. SÁNCHEZ, 2008, resumi essa aplicação quando transcreve: “a lei aplica-se a decisões do governo federal que possam acarretar modificações ambientais significativas, o que inclui projetos de agências governamentais e também projetos privados que necessitem de aprovação do governo federal, como a mineração em terras públicas, usinas hidrelétricas e nucleares, etc.” Interessante citar o Processo de um caso de licenciamento nuclear da Comissão de Energia Atômica, que foi parado por mais de um ano, como resultado da implementação da NEPA, e a perfuração de petróleo foi realizada até que obter uma adequada declaração de impacto ambiental fosse apresentada. 

Para conseguir tal aplicação, o CEQ trabalha com metas, e para tanto fica sendo formado por três membros nomeados pelo presidente e aprovados no senado. Logo os cargos de poder da CEQ são subordinados diretamente ao presidente, e tal organização de cargos muito parecida ao Conselho de Atividades Econômicas, ou seja, permitindo que as considerações ambientais merecessem as mesmas importâncias que as questões econômicas nas decisões do governo.

Com o grande números de casos nos tribunais americanos sobre a aplicação do AIA, após os anos de início da aplicação do AIA regulamentada pelo CEQ em 1973, forçou o próprio CEQ a realizar um Código de Regulamentação Federal em 1978, onde cada agência federal assume a responsabilidade de determinar se uma atividade de sua competência está sujeita ou não ao procedimento de avaliação, e para os casos de indecisão, estabelece então uma avaliação prévia, limitada a um documento mais sintético que mostra os impactos típicos relativos à atividade e os resultados da consulta.

2.4.Conteúdo e Forma

A regulamentação de 1978 também dispõem de uma padronização da estrutura do AIA. Em relação a forma, a principal preocupação foi na redução de números de páginas, ou seja, deverá ser um estudo preciso sobre os problemas ambientais potenciais (abordagem sistemática e multidisciplinar) e a importância de um projeto de remediação do empreendimento, ao mesmo tempo ser conciso e claro (linguagem simples de maneira a ser fácil compreendido pelas autoridades, bem como a população).

SILVA e SOARES, 2012, cita alguns exemplos de como deve ficar o conteúdo obrigatório e escopo do EIA:

“a) uma página de capa com o nome da lista das agências envolvidas: o título e a localização da ação; as coordenadas do responsável pelo estudo, bem como a data limite de recebimento de comentários;

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b) um resumo de aproximadamente 15 páginas enfatizando as questões centrais, os aspectos controvertidos, os problemas a serem resolvidos (compreendendo a escolha das alternativas) e as principais conclusões;

c) os objetivos e a justificativa do projeto;

d) um estudo de alternativas, que deve ser, segundo o CEQ o centro de estudo de impacto ambiental;

e) uma descrição das conseqüências ambientais que deve considerar: os impactos diretos e indiretos; os eventuais conflitos entre o projeto proposto e os objetivos dos planos de ocupação do solo, etc.“

Dessa forma os mecanismos de implementação do Environmental impact statement (EIS), não eram triviais, e segundo explica SÁNCHEZ, 2008, o objetivo do EIS não era meramente coletar dados ou preparar descrições, mas sim “forçar” uma grande mudança nas decisões administrativa do Estado Americano. Lembrando que assim como a regulamentação de 1978, em 1973 a própria CEQ apresenta as diretrizes (mais gerais), para a elaboração e apresentação, ou seja, o conteúdo e a forma do como deve ser feita o EIS.

2.5.Procedimento e a participação popular e balanço de qualidade

PIMENTA, 2012, coloca como objetivo central do procedimento administrativo, sendo a garantia que as decisões levassem em consideração a perspectiva ambiental em todas as vertentes, na orientação que nenhum efeito adverso seja encontrado no ambiente, ou limitar a escolha das alternativas para minimizar estas. E uma observação importante, também citada pelo autor, é que “o fato de que a aplicação da lei da Política nacional do Meio Ambiente restringe-se às ações e projetos que sejam, no todo ou em parte, executados, financiados ou aprovados por agências federais. Além disso, é necessário que tais empreendimentos sejam suscetíveis de provocar impactos ambientais significativos.”

O CEQ elabora 10 elementos que deve ser checados para tal estudo, e tais elementos fundamentados sob os aspectos físico, químico e biológico, do ambiente, a saúde e a segurança pública, lembrado por PIMENTA, 2008, que sempre levando em consideração a existência de um grau de incerteza em tais levantamentos, logo percebe-se a necessidade de se ter uma avaliação de qualidade desses estudos.

Agora quanto ao procedimento, se inicia com a apresentação da proposta, seja ela sobre um projeto, ou uma política, ou obtenção de licença, construção e diversas outras formas de empreendimento. Na sequência a agência federal deverá preparar e apresentar um “documento público que contém uma avaliação ambiental preliminar que determina o nível de significância dos impactos causados pela ação proposta.” Conforme explica PIMENTA, 2008. E tal documento denominado de Environmental Assessment, servindo basicamente para determinar se tem a necessidade ou não de uma submissão do projeto à avaliação de impacto ambiental propriamente dita. Tal documento pode ser elaborado pela agência responsável

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pela atividade, e no caso ser para um empreendimento privado, a agência a quem foi feito o pedido do AIA também é responsável pelo estudo, entretanto a iniciativa privada tem a liberdade de contratar uma empresa terceirizada de consultoria para a realização do EIS, e onde cabe a agência do governo avaliar e aprovar o estudo realizado.

Para facilitar o trabalho, a regulamentação de 1978, elaborou um processo base, denominado de scoping, que determina a extensão dos problemas a serem tratados no EIS, e identifica os mais importantes/graves impactos ligados a atividade a ser aplicada uma AIA. A partir desse scoping que se tem a versão preliminar do EIS (também podendo ser realizada pelas agências do governo ou empresas especializadas), e observando que nessa etapa que são também feitos os estudos de viabilidade técnica e econômica, além de obter comentários ou sugestões de outras agências federais que a tem jurisdição sobre o elemento impactado (comentários de agências estaduais, ou comunidades, como também de pessoas e ONGs interessadas) que devem ser feitos num período de 45 dias.

Determinado que seja importante a realização de um EIS, devido conclusão sobre o estudo preliminar, deve então ser encaminhado para a Agência de Proteção Ambiental (EPA) como também distribuída para as pessoas e instituições que receberam a primeira versão (preliminar), e então emitirá uma nota de recebimento no Registro Federal. E durante 90 dias nenhuma decisão sobre o projeto pode ser tomada ou 30 dias após desse mesmo registro pela EPA.

Dado início ao processo da elaboração do AIA, a agência deve torná-la pública, por meio de um documento sintético. Caso dado algum desacordo com a agência responsável e outra agência, entra um procedimento especial, onde a CEQ entrará como mediador e podendo tomar vários posicionamentos mediando os desacordos, promovendo pra isso reuniões e audiências públicas para obter informações e opiniões suplementares, entre outros tipos de intervenções.

Uma listagem resumo desse procedimento é elaborada por AIA, SILVA e SOARES, 2012, sendo ela:

“ – na etapa do scoping, quando é definido o conteúdo do EIS;

- na etapa da integração dos comentários sobre a primeira versão do EIS;

- após a transmissão do documento á EPA, um prazo de 30 dias é dado, antes da tomada de decisão; nesse período popilação envolvida e as associações podem intervir;

- na audiência pública, eu geralmente é realizada antes da publicação da versão final do estudo; embora não seja obrigatória pela legislação, esta audiência é incentivada quando existem pontos conflitantes no estudo ou quando há a solicitação por outro departamento ministerial.”

Veja que o procedimento americano do AIA não tem ligação com uma decisão superior de autorização, sendo a agência responsável, a encarregada de autorizada ou não nas ações que devem ser promovidas, ou ações solicitadas por um empreendedor particular, de forma

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que cada agência é soberana em sua tomada de decisão e somente a CEQ pode intervir junto ao Presidente para anular uma decisão contestada.

A esfera judiciária também tem possibilidade de recurso e onde os tribunais podem exercer controle sobre todo o procedimento de avaliação. SILVA e SOARES, 2012, informa que em 1982, num levantamento feito pela CEQ, teve-se 169 recursos que foram parar no plano jurídico, onde 62 eram de pedidos individuais, 58 de associações ambientalistas, 17 de governos locais, 12 de proprietários diretamente afetados, 11 de grupos empresariais e 9 de governos estaduais.

SILVA e SOARES, 2012, aborda ainda o procedimento do AIA sob o aspecto da análise da qualidade dos estudos, onde lista possíveis ações para obter esse controle:

“- após a publicação da versão preliminar, quando a agência responsável deverá obter os comentários das diferentes agências e da população envolvida; o documento final deverá considerar os comentários recebidos;

- após a transmissão do documento a EPA, caso uma agência tenha jurisdição sobre um elemento a ser impactado e não está de acordo com o estudo, ela pode não aceitar os itens insatisfatórios; neste caso, todo um mecanismo é previsto para solucionar o problema;

- a EPA deve comentar a forma e o conteúdo da versão final do estudo de impacto ambiental, para emitir um parecer com relação a sua aceitabilidade; este organismo não tem o poder de decisão sobre o estudo.”

Informa também que tanto a EPA como outras agências do governo, possuem um corpo técnico especializado na revisão do AIA, e este sendo classificado em dois conjuntos de critério:

- Primeiro: Adequação do estudo de impacto ambiental, tendo como critérios: 1- adequado; 2- informação insuficiente e 3- inadequado;

- Segundo: Classificação do Impacto ambiental da Ação, tendo como critérios: LO (nenhuma objeção), EC (implicações ambientais), EO (objeções ambientais) e EU (ambientalmente insatisfatório).

Também na versão final das informações levantadas pelo EPA, passam por uma analise de qualidade, caraterizada sobre um sistema de pontuação que varia de 1 a 5, seguindo a seguinte relação:

Nenhum comentário;

Comentários Enviados à Agencia/ Nenhuma Objeção Levantada;

Restrições Ambientais/ Comentários Apresentados à Agência;

Ambientalmente Insatisfatório/ Comentários Enviados ao CEQ;

Relatório Final Irrespondível.

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2.6. Comentários gerais sobre o AIA Americano

O procedimento de avaliação ambiental americano inicialmente implantado e provocando inúmeras críticas, tendo em vista a complexidade do procedimento, dos custos e os prazos exigidos. E em reposta a estes pontos críticos que a regulamentação foi então revisada através de um processo democrático em 1978.

Tal modificação provocou uma mudança de atitude com relação ao procedimento, embora alguma insatisfação com a relação a certos pontos ainda permanecessem com relação ao caráter litigioso do procedimento, que favorece a disputa e confrontos entre os diferentes atores.

Cabe citar que durante os 13 primeiros anos de implementação da legislação, um total de 70 agências federais havia preparado 16mil estudos de impacto ambiental, sendo que aproximadamente 10% destes estudos tiveram encaminhamentos jurídicos.

Para alguns pesquisadores da área, um dos fatores que favoreceram a rápida difusão do procedimento de AIA em âmbito federal, e procedimentos similares nos estados e municípios, foi o mau funcionamento do sistema de planejamento territorial, que se limitava a um zoneamento do uso do solo e que assumia somente a uma atitude à economia de mercado.

Após a promulgação do NEPA, em 1969, nos EUA surgem legislações regulamentando políticas de gestão e proteção ambiental em vários países. Inicia-se então, uma disseminação global do instituto da AIA. Propagação esta, que continua em um ritmo acelerado até a década de 90. Período, na qual, a grande maioria dos países já possui, ao menos, alguma espécie de lei dispondo sobre o instrumento de gestão ambiental.

Durante os debates de 1969, a ideia de avaliar os efeitos sobre o meio ambiente ganhou força e transformou-se na redação da NEPA. Curiosamente a exigência de um EIS não provocou debate nem suscitou apoio ou objeções externas. Somente depois de aprovada a lei, que foram sendo vistos as consequências, onde empresários e os burocratas tiveram sido pegos de surpresa, e até mesmo o governo não levaram muito a sério até os tribunais começassem a exigir o cumprimento da lei no país.

Em apenas 2 anos, as agências federais produziram 3.635 EIS, e foram contestadas 149 ações judiciais. Nove anos mais tarde, já havia cerca de 11mil estudos e nada menos que 1.052 ações na justiça. Alguns têm garantido que o processo da NEPA também foi usado com outro objetivo, em alguns casos. Por exemplo, do EIS têm sido usados para desarticular projetos habitacionais públicos. As preocupações reais nesses casos foram apenas parcialmente ambiental, onde muitos dos bloqueios eram predominantemente problemas de vizinhança, devido a questões raciais.

Em alguns casos, os programas genéricos de planejamento ambiental de captação e tratamento de esgoto têm sido fundamentalmente alterados, por causa de preocupações

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NEPA. Assim a concessão de tratamento de esgoto de grandes proporções para uso regionais, foi contestada e negada pela NEPA, que incentivou unidades menores.  Esta estratégia resultou em grande parte, preocupações sobre estimular a expansão e desenvolvimento urbano em áreas sensíveis, através do financiamento de interceptores longos em áreas subdesenvolvidas.

Devido a NEPA, diversos estados dos EUA aprovaram suas próprias leis nos anos que se seguiram à aprovação dessa nova política. Por exemplo, em 2008, 17 dos estados americanos elaboraram seus requisitos de planejamento ambiental similares a NEPA, e sendo a Califórnia, Washington e Nova York reconhecidos como sendo os mais avançados. A título de exemplo, o ultimo estado citado elaborou sua Lei de Revisão da Qualidade Ambiental Do Estado de nova York, que trouxe muitos benefícios de qualidade ambiental.

Tal legislação que teve origens em 1969, chega alcançar hoje 45 anos de busca pelo desenvolvimento sustentável. Modificando a maneira de gerir os recursos naturais, e onde também a economia americana teve que se adaptar a esse novo cenário, criado pela NEPA.

Por fim, para uma melhor compreensão da aplicação dessa política, bem como de todo o seu arcabouço legal e judicial estadunidense, importante anotar que o entendimento norte-americano não remete o direito ao ambiente para o nível dos direitos do homem como faz o entendimento europeu e brasileiro, sendo que o modelo americano inclui o ambiente somente no contexto dos direitos civis.

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3. A AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS NA EUROPA

3.1.Introdução

Inicialmente, a preocupação na Comunidade Europeia (hoje UE), teve como objetivo de resolver o problema da competividade, ou seja, a economia de alguns países se beneficiando de exigência ambientais menos restritivas que outros. E para se estabelecer um equilibro entre a responsabilidade ambiental (manter o meio ambiente em equilíbrio dentro de padrões pré-estabelecidos) e o desenvolvimento econômico dos países que compunham a Comunidade Europeia na época.

3.2.Conceito

Apesar da adoção da AIA na Europa ter acontecido somente em 1985, as primeiras políticas ambientais desse continente surgiram no início da década de 70, com base inicial em modelo norte americano. A Comissão das Comunidades Europeias, publicou em 1973 o primeiro Programa de Ação no Ambiente, este, visualizava harmonizar a competição pelo uso do solo. Esta ação pioneira deu início para as legislações ambientais que passaram a tratar da poluição da água e do ar, disposição de lixo, e assim, a avaliação de impactos ambientais.

As legislações tiveram grandes evoluções e avanços em países influentes da Europa, como Alemanha, França, Suíça, e Reino Unido. Este último já havia adotado algumas legislações vigentes desde a década de 70, um departamento do governo que cuidava das questões ambientais exigia a realização da AIA com bases nas primeiras versões da diretiva europeia. Entretanto, apresentava normas próprias para os processos de AIA e que veio mais tarde contribuir para a forma final da diretiva europeia.

Desenvolvimento

Em 1985, quando foi oficialmente aprovada e divulgada aos países membros da Comunidade Europeia, neste período, a diretiva já sofreu várias alterações, emendas e críticas, principalmente, por ter tomado como base inicial como citado anteriormente, no modelo norte americano. Várias versões foram adotadas até a aprovação da versão final em 1985, que só ocorreu após ser alterada com base na emenda da diretiva adotada pelo governo britânico em 1983.

Enfim, atualmente para a realização da AIA na Europa, tem como base em algumas diretivas 85/337/EEC de 1985, com alterações dadas pelas diretivas 97/11/EC de 1997 e 2003/35/EC. Com bases nessas diretivas, segue uma breve descrição do processo do estudo da AIA:

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A diretiva da Europa é uma legislação base e comum a todos os estados que são membros da atual União Europeia, assim, ela exige os procedimentos mínimos obrigatórios para a realização do processo da AIA, que garantam a padronização dos mesmos e que as tomadas decisões assegurem a proteção do ambiente. Podendo se diferenciar da concepção do NEPA e da legislação de alguns outros países, esta diretiva não considera os ambientes social e econômico, nos processos de AIA.

Se encaixam às exigências da diretiva, projetos públicos e privados, que tenham um potencial causador de impactos significativos ao ambiente. Esta mesma diretiva traz uma lista de tipos de projetos que são potencialmente impactantes, que são necessários a AIA, e uma outra lista que contém projetos que possam estar sujeitos ao AIA, esta depende de uma análise prévia.

A diretiva diz que cada estado membro da UE, é responsável, a seu critério, a realização da AIA, e fica a seu critério, julgar necessário a aplicação do AIA. Na Europa, os empreendimentos, ações, e obras que necessitam ou não do AIA estão dispostos em Anexos separados dentro da Diretiva Europeia. Anexo 1 são os empreendimentos que obrigatoriamente necessitam do AIA, e no Anexo 2 são os empreendimentos que passam por uma análise prévia para ver se há necessidade de um AIA.

Toda responsabilidade pela elaboração do relatório da AIA, é do interessado, que deve apresentar detalhamento completo do projeto, conforme o estabelecido em Anexo da diretiva. Quando apresentado o relatório, o projeto é submetido a avaliação das autoridades competentes, estas fazem as devidas observações e possíveis exigências, e só assim segue a emissão da autorização para a implantação do projeto.

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4. A AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS NA AMÉRICA LATINA

4.1.Introdução

Segundo SÁNCHES (2008), o processo de institucionalização da Avaliação de Impactos Ambientais se desenvolveu em resposta à necessidade de atendimento dos requisitos exigidos para a concessão de créditos por parte de organismos financeiros internacionais, tais como o BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, e o Banco Mundial.

Tais exigências ocorreram tanto em função das repercussões internacionais dos impactos ambientais causados pelos grandes projetos de desenvolvimento implantados na década de 70, como dos desdobramentos da Conferência de Estocolmo, em 1972, que recomendou aos países, de um modo geral, a inclusão da AIA no processo de planejamento e decisão de planos, programas e projetos de desenvolvimento.

4.2.Conceitos

Segundo Oliveira(2008), o país latino americano pioneiro no processo de implantação e regulamentação da Avaliação de Impactos Ambientais foi a Colômbia, em 1974, com a promulgação do Decreto Lei 2811, que estabeleceu seu Código Nacional de Recursos Naturais Renováveis e de Proteção do Meio Ambiente. Nesta lei, apesar de não se encontrarem, especificamente, nem o termo “Estudo de Impacto Ambiental” ou “Avaliação de Impactos Ambientais”, são citadas as bases que regem tais princípios, conforme pode-se observar no artigo 28:

“Para a execução de obras, o estabelecimento da indústria ou o desenvolvimento de qualquer outra atividade que, por suas características, possa produzir deterioração grave aos recursos naturais renováveis ou ao meio ambiente ou introduzir modificações consideráveis ou notórias à paisagem, será necessário o estudo ecológico e ambiental prévio, além de se obter licença. No respectivo estudo, se terá levará em conta, além dos fatores físicos, os de ordem econômica e social para determinar a incidência que a execução das obras mencionadas possa ter sobre a região.”

(tradução livre - COLÔMBIA, 1974)

No entanto, é apenas no Decreto Lei 99, de 1993, que se define Estudo de Impacto Ambiental por “Se entende por Estudo de Impacto Ambiental o conjunto de informações que deverá presentar, ante a autoridade ambiental competente, o requerente de uma Licença Ambiental” (tradução livre) e se estabelece que o estudo de impacto ambiental será “o instrumento básico para a tomada de decisões com respeito à construção de obras e

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atividades que afetem significativamente o meio ambiente natural ou artificial” (tradução livre).

De acordo com Oliveira(2008), o segundo país a incorporar o conceito de avaliação de impactos ambientais em sua legislação foi a Venezuela, em 1976, a partir do estabelecimento da Lei Orgânica do Ambiente. Apesar de não empregar o termo “impacto ambiental” ou outros derivados, apresenta questões relacionadas à consideração de danos ambientais tolerantes e permissíveis (artigo 83). A citação da aplicação de técnicas de estudos de impacto ambiental propriamente dita é apresentada apenas em 1999 com a redação da Carta Magna, sendo parcialmente regularizada em 1991 por meio do Decreto de Lei 1741 e concluída sua regularização em 1996 por meio do Decreto Lei 1257.

A título de comparação, a incorporação da preocupação com a proteção ambiental na legislação brasileira se deu em 1981, por meio da Lei Federal 6938, que estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente (que já previa o licenciamento ambiental como instrumento), enquanto que a incorporação do Estud o Ambiental propriamente dito ocorre em 1986.

Como pudemos observar, em países como a Colômbia, o processo de Avaliação de Impacto Ambiental foram instaurados simultaneamente ao processo de licenciamento ambiental, sendo o primeiro concebido automaticamente como uma ferramenta para o segundo. O Brasil se diferencia pelo fato de que a AIA se associou ao processo de licenciamento previamente existente: inicialmente se previu o licenciamento ambiental por meio do estabelecimento da Política Nacional do Meio Ambiente em 1981, sendo que a regulamentação do AIA enquanto seu componente se deu por meio da Resolução CONAMA 01/1986.

4.3.Desenvolvimento

A predominante vulnerabilidade dos países sul americanos em questão econômica resulta na situação em que o debate a respeito das leis ambientais comuns entre seus membros seja relegada a um segundo plano quando comparadas ao estabelecimento dos acordos comerciais.

Segundo Irachande et al. (2009), o Mercosul, apesar de ter se estruturado em 1991 e se ter estabelecido grupos de trabalho para o tratamento de questões ambientais de interesse comum, até o ano de 2009, ainda não havia estabelecido um conjunto comum de normas para a elaboração de Estudos de Impacto Ambiental para obras trans-fronteiriças.

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BIBLIOGRAFIA

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