história intelectual e a história de um intelectual da educação brasileira

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PANIZZOLO, C. A Revista ponto-e-vírgula, n. 10, 2011, p. 74- 88.

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  • ; ponto-e-vrgula, 10: 74-88, 2011.

    A Histria Intelectual e a histria de um intelectual da educao brasileira

    Claudia Panizzolo*

    ResumoA Academia de Direito de So Paulo funcionou, desde sua criao, como laboratrio em que os jovens das elites econmicas e polticas eram convertidos em aprendizes do poder. Este texto focaliza o perodo, entre as dcadas de 60 e 70 do sc. XIX, com destaque para um de seus membros: Joo Kpke que se notabilizou na cena nacional por meio do uso competente, das sociedades, da imprensa estudantil, bem como da criao de escolas e de impressos de destinao pedaggica. A pesquisa aponta como resultado, que tanto nas relaes institucionais, como nas formaes sociais, a Academia se converteu em celeiro para os intelectuais.Palavras-chave: histria intelectual; academia de direito; Joo Kpke.

    AbstractSo Paulos Law Academy has worked since its foundation as a laboratory where young people from political and economic elites were converted to learners of power. This article focuses on the period between the 60 and 70 decades of the XIX century, especially on one of its members: Joo Kpke who distinguished himself on the national scene by the competent use of students organizations and media, the mainstream press as well as the establishment of schools and educational press. The research results indicate that both institutional relations, as in the social groups, the Law Academy became a fertile place to intellectuals.Keywords: intellectual history; law academy; Joo Kpke.

    * Professora adjunta da Universidade Federal de So Paulo Unifesp. Doutorado e Mestrado em Histria da Educao pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo PUC-SP. Graduao em Pedagogia pela Universidade de So Paulo USP. E-mail: [email protected]

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    A Histria Intelectual e a histria de um intelectual da educao brasileira

    Sob a histria, a lembrana e o esquecimento. Sob a lembrana e o esquecimento, a vida. Mas escrever a vida outra histria. Uma histria inacabada. (Paul Ricoeur)

    Campo de estudo novo e pouco definido, a Histria Intelectual tem

    se constitudo, nas ltimas trs dcadas, em estimulante objeto de

    estudo e de investigao. Muitas vezes confundida com a histria

    das ideias, com a histria cultural e com a histria dos intelectuais,

    indistintamente associada Histoire Intellectuelle praticada na Frana e

    Intellectual History dos Estados Unidos.

    De acordo com Darnton (1990), a histria intelectual, por no

    apresentar uma problemtica norteadora, no se configura como um

    todo e seus praticantes no compartilham nenhum sentimento de terem

    temas, mtodos e estratgias conceituais em comum (p. 188). Mas como

    ento definir Histria Intelectual, essa nova rea que oscila entre ser

    uma disciplina em formao e um procedimento de anlise? Ainda que

    se reconhea que toda definio traga consigo o risco da impreciso e da

    ambiguidade,1 toma-se de emprstimo do prprio Darnton a definio

    formulada na obra O beijo de Lamourette. Esta definio, a que mais

    circulou no Brasil, distingue quatro reas da Histria Intelectual,

    escalonadas ao longo de um eixo imaginrio, em que as posies referem-

    se aos nveis de cultura onde se situam os objetos de investigao. De

    acordo com o renomado autor, a Histria Intelectual se apresenta como:

    [...] a histria das ideias (estudo do pensamento sistemtico, geralmente em tratados filosficos), a histria intelectual propriamente dita (o estudo do pensamento informal, os climas de opinio e os movimentos literrios), a histria social das ideias (o estudo das ideologias e da difuso das ideias) e a histria cultural (o estudo da cultura no sentido antropolgico, incluindo concepes de mundo e mentalits coletivas). (Darnton, 1990, p. 188)

    Pensar a Histria Intelectual a partir destes quatro nveis implica

    considerar o seu domnio pluridisciplinar, ou seja, reconhecer os

    diferentes enfoques, como o dos agentes socioprofissionais, o das correntes

    de pensamento, o dos contextos de produo de ideias e, portanto, a

    1 A respeito da impreciso e ambiguidade da definio de Darnton consultar Lacerda e Kirschner (2003).

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    A Histria Intelectual e a histria de um intelectual da educao brasileira

    interseco de diferentes disciplinas (Histria, Sociologia, Filosofia, etc).

    Cada uma dessas disciplinas propicia uma forma de elucidao do objeto.

    A histrica aborda prioritariamente a histria poltica dos intelectuais,

    sobretudo os manifestos e as manifestaes dos sujeitos histricos. A

    sociolgica enfatiza notadamente a cartografia dos intelectuais, as

    geraes intelectuais, as redes de sociabilidades e os modos de filiao

    dos sujeitos no campo intelectual. A filosfica referencia uma anlise das

    obras e da ideias dos sujeitos, como uma possvel verso da histria da

    filosofia.

    A Histria Intelectual visa, portanto, dois polos de anlise, de um lado

    o funcionamento do campo, suas prticas, suas regras de legitimao,

    seus habitus e suas estratgias, e de outro lado as caractersticas de um

    momento histrico e os modos de funcionamento e atuao da comunidade

    intelectual.

    Este texto tem por objetivo apresentar uma investigao que buscou,

    por um lado, a articulao entre a anlise externa dos acontecimentos

    histricos, polticos e sociais e a anlise interna das obras estudadas, e

    por outro lado, a articulao entre a abordagem da dimenso diacrnica

    dos eventos vividos ao longo da histria, e a abordagem sincrnica dos

    diferentes aspectos de um determinado conjunto.

    Este trabalho focaliza o perodo, entre as dcadas de 60 e 70 do

    sculo XIX, em que, na plena vigncia do regime imperial e da escravatura,

    se forma e se organiza uma gerao de intelectuais que converteu a

    instruo pblica na arma privilegiada de luta republicana e liberal.

    Daquela gerao, destaca-se um dos seus membros, Joo Kpke, que se

    distinguiu na cena nacional por meio do uso competente, primeiramente,

    das sociedades e da imprensa estudantis, depois da grande imprensa,

    bem como na criao de escolas e de impressos de destinao pedaggica.

    O retrato de uma poca

    Corre o ano de 1871 quando o jovem Joo Kpke chega a So Paulo,

    transferido da Faculdade de Direito de Recife, para continuar seus estudos

    na Academia do Largo. Encontra uma provncia em efervescncia, que j

    sonha com a modernidade.

    Os anos compreendidos entre 1870 e 1890 comportaram intensos

    contrastes e debates. Tem-se a crise da economia mercantil-escravista

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    A Histria Intelectual e a histria de um intelectual da educao brasileira

    e a substituio do trabalhador escravo pelo livre. A decadncia das

    lavouras tradicionais e o desenvolvimento paralelo do caf durante a

    segunda metade do sculo XIX deslocam a primazia econmica do pas

    do Nordeste para o Centro-Sul. O Oeste Paulista, regio mais recente das

    plantaes, comea a substituir em importncia o Vale do Paraba, regio

    ocupada na primeira fase da expanso cafeeira, agora em decadncia,

    entre outros motivos, pela diminuio da oferta de mo de obra e pelo uso

    imprprio do solo.

    Em 1872, com a nomeao para a presidncia de So Paulo de

    Joo Theodoro Xavier de Mattos, ex-acadmico, professor concursado de

    Direito Civil da Faculdade de Direito e jurista conceituado, a provncia

    comea a sofrer as primeiras transformaes em sua imagem urbana,

    passando, ainda nesse ano, a dispor de iluminao a gs. Logo no incio

    de seu governo, novas ruas foram abertas, velhas estradas prolongadas,

    largos ampliados, jardins pblicos foram criados, mudando a paisagem

    da provncia de So Paulo.

    Em 1875, com a aprovao do Cdigo de Posturas da Cmara

    Municipal da Imperial Cidade de So Paulo, a provncia, que crescera

    e se desenvolvera at ento de acordo com as imposies da geografia e

    dos interesses pessoais, passou a ter um planejamento que direcionava

    sua ordenao. Assim, em meio a disposies que incidiam sobre higiene,

    salubridade, ordem e segurana, o paulista, geralmente desconfiado, e

    algumas vezes pouco socivel (Zaluar, 1975, p. 124), teve que se adequar

    a uma nova mentalidade, que previa, por exemplo, alm da proibio do

    uso de rtulas e sacadas de madeira e a exigncia de pintar as frentes, ou

    outes, portas, janelas e batentes durante o segundo trimestre de cada

    ano.

    No entanto, alm das mudanas fsicas da provncia e

    comportamentais de seus habitantes, as ideias tambm esto em plena

    ebulio. H uma intensa circulao de novas tendncias de pensamento2

    imortalizadas pela clebre frase de Silvio Romero: um bando de ideias

    2 Hilsdorf (2003) indicou a existncia de trs tendncias em circulao. Uma delas era o positivismo, que, de acordo com a autora, teve uma ampla aceitao na sociedade brasileira, devido unio de uma proposta de cultivo das cincias modernas, como esteio para o progresso, tica cvica de respeito lei e ao princpio do bem comum (p. 58). Outra era a do industrialismo cosmopolita presente desde a ltima dcada do sculo XIX e que promovia iniciativas econmicas e educacionais voltadas aos interesses dos industriais. Na direo oposta viria a terceira tendncia, denominada de ruralismo, que defendia a vida campesina como o ambiente ideal para a formao de homens perfeitos (p. 58).

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    A Histria Intelectual e a histria de um intelectual da educao brasileira

    novas , nascidas na Europa e nos Estados Unidos, que atravessaram o

    Atlntico e aqui aportaram.

    Esse perodo foi palco ainda de mais uma importante transformao:

    a mudana do regime poltico-administrativo de Imprio para Repblica.

    Embora o marco da Proclamao esteja fincado em 15 de novembro de

    1889, importante retroceder a 1870 para flagrar a diacronia republicana

    em momentos j de coexistncia, ora de cooperao ora de conflito com a

    instituio monarquista. Por outro lado, necessrio avanar em direo

    s duas primeiras dcadas ps-Proclamao para verificar as lutas e

    disputas, sobretudo as resistncias expressas pelos adeptos do antigo

    regime.

    Os republicanos defendiam o modelo federativo, preservando assim

    as foras regionais e locais. No entanto, no havia um projeto nico, pelo

    contrrio, existiam diferenas significativas entre os projetos dos vrios

    partidos republicanos do pas. Na provncia de So Paulo, o Partido

    Republicano Paulista (PRP) congregava, alm de advogados, jornalistas,

    engenheiros, mdicos e comerciantes (que constituam o ncleo mais

    importante do Partido nas outras regies do pas), tambm numerosos

    fazendeiros do Oeste Paulista.

    Ainda que unidos no combate monarquia, os republicanos se

    dividiam quanto aos mtodos a serem empregados para a conquista

    do poder. Havia duas tendncias: a revolucionria e a evolucionista.

    Os defensores da primeira preconizam a revoluo popular; os outros

    confiavam que a Repblica seria alcanada pelo controle pacfico do poder.

    A opo pela forma evolutiva de conquista do poder poltico j havia sido

    anunciada desde dezembro de 1870 com o Manifesto Republicano, mas,

    em So Paulo, venceu oficialmente no Congresso de maio de 1889. Com

    essa vitria, os republicanos sinalizavam ainda que fariam uma reforma

    pacfica das instituies, ao invs de uma radical revoluo social (...), e

    que sua mentalidade era predominantemente liberal moderada, com uma

    viso conservadora da democracia (Hilsdorf, 2003, p. 60).

    Ao longo da dcada de 1870, os republicanos paulistas investiram

    na configurao do campo doutrinrio dessa pedagogia republicana que

    se fez signo do progresso. De fato, foi preciso redesenhar e recriar todo o

    sistema de ensino pblico paulista, atravs da realizao de uma educao

    que atendesse as diversas camadas sociais e que definisse a pedagogia

    a ser praticada. Nesse sentido, alm de leis, decretos e regulamentos

  • ; ponto-e-vrgula 10 79

    A Histria Intelectual e a histria de um intelectual da educao brasileira

    definidores de polticas a serem adotadas e de estratgias institucionais a

    serem implementadas, os republicanos paulistas necessitaram configurar,

    consolidar e divulgar o seu modelo escolar por meio de conferncias,

    artigos e livros didticos, todos dirigidos aos professores com inteno de

    prescrever o que e como ensinar.

    Joo Kpke pertenceu a um grupo de intelectuais que, alm de defender

    a reforma social pela reforma da educao, empreendia experincias de

    escolarizao apropriando-se dos referenciais norte-americanos, tendo

    atuado incansavelmente na abertura e na manuteno de escolas, na

    difuso de prticas consideradas modernas e cientficas, e, sobretudo, na

    definio e na criao de um novo campo pedaggico, alicerado em um

    ensino cientfico, racional, leigo e seriado e em uma educao primria e

    secundria, popular e feminina.

    A trajetria intelectual de Joo Kpke

    Escrever a histria envolve sempre o desejo de conhecer, desvendar,

    desvelar e reconstruir o passado atravs da mobilizao de testemunhos

    que buscam dar vida narrativa que se produz. Uma questo que se

    levanta diz respeito escrita da histria de Kpke. Que gnero de histria

    esse que possibilita a reconstruo da trajetria pessoal e profissional

    de Joo Kpke sua atuao e produo pelos lugares por onde passou

    ao longo de uma vida dedicada em grande parte a assuntos, polmicas,

    empreendimentos e eventos da vida educacional do perodo?

    A princpio, a escrita da histria de Joo Kpke parece tratar-se de

    uma biografia, gnero que passou a ser revisitado desde 1980 a partir

    de um balano amplo e detalhado do itinerrio da historiografia e pelo

    alargamento temtico, que tem suscitado a constituio de novos objetos e

    a reconfigurao de antigos temas, articulados na frtil interlocuo entre

    os historiadores da educao e a produo historiogrfica contempornea.

    Entretanto a histria biogrfica no se reduz histria de vida, o

    que resultaria em uma armadilha, que Bourdieu (2003c) denominou

    de iluso biogrfica (p. 74). Para o autor, a histria de vida pressupe

    um conjunto coerente e orientado, que pode e deve ser apreendido como

    expresso unitria de uma inteno subjetiva, de um projeto (p. 74), como

    se o percurso da vida da pessoa fosse constitudo por um deslocamento

    linear, unidirecional e cronolgico, marcado por uma viso de vida como

  • ; ponto-e-vrgula 10 80

    A Histria Intelectual e a histria de um intelectual da educao brasileira

    existncia dotada de significao e de direo.

    Em termos cronolgicos, de fato, uma vida possui finitude: apresenta

    um comeo e um fim. Mas apenas nesse sentido que pode lhe ser atribuda

    unidade e totalidade, porque, quando se trata de vivncias, uma vida um

    sem-nmero de possibilidades, muitas vezes discrepantes, incoerentes,

    desordenadas e desprovidas de sentido. Tal como apresenta Bourdieu

    (2003c), a vida real constituda por possibilidades concretizadas e no

    concretizadas, formadas por elementos justapostos e sem razo, em

    mltiplos tempos e espaos, sendo, no entanto, cada elemento nico e

    imprescindvel, portanto uma vida impossvel de ser apreendida como

    totalidade.

    Escrever uma biografia significa, pois, narrar uma trajetria,

    compreendida aqui no no senso comum do termo, que a torna sinnimo

    de caminho, percurso, estrada a ser percorrida, tendo j sido dada de

    antemo, restando ao indivduo apenas uma sucesso de eventos num

    espao determinado. A noo de trajetria que sustenta esta investigao,

    ao mesmo tempo em que procura no sucumbir armadilha da iluso

    biogrfica, parte do pressuposto de que os acontecimentos se definem

    como alocao e deslocamentos no espao social, ou seja, se desdobram

    tanto no tempo e no espao quanto participam de sua construo (cf.

    Bourdieu, 2003c, pp. 81-82).

    Escrever sobre Joo Kpke tentar reconstruir sua trajetria,

    considerando-o como um personagem intelectual. Nesse sentido, busca-se

    em Sirinelli (1996) uma melhor compreenso acerca do termo intelectual.

    Em artigo intitulado Os intelectuais, o autor apresenta tanto o carter

    polissmico da definio quanto o aspecto polimorfo do meio intelectual,

    que acaba por gerar impreciso no estabelecimento de critrios definidores

    da palavra, alm, claro, da evoluo gerada pelas prprias mutaes

    societrias. Assim defende uma definio de geometria-varivel, mas

    baseada em invariantes (Sirinelli, 1996, p. 242), apresentando para tal

    duas acepes do termo intelectual.

    A primeira, de carter mais amplo e sociocultural, abrange os

    criadores, ou seja, todos os que participam na criao artstica e

    literria, ou no progresso do saber (Sirinelli, 1998, p. 261) e tambm

    os mediadores culturais, categoria composta pelos que contribuem para

    difundir e vulgarizar os conhecimentos dessa criao e desse saber

    (Sirinelli, 1998, p. 261). A segunda acepo, de carter mais restrito,

  • ; ponto-e-vrgula 10 81

    A Histria Intelectual e a histria de um intelectual da educao brasileira

    refere-se noo de engajamento na vida da cidade como autor, atravs

    da interveno do intelectual em questes que lhe legitime ou privilegie,

    tomando-as a servio das causas que defende.

    possvel pensar Joo Kpke como um intelectual em consonncia

    com essas duas acepes aqui descritas. Com relao primeira acepo,

    Kpke pode ser definido como um criador, se levarmos em conta critrios

    como notoriedade e reconhecimento dos contemporneos. Logo nas suas

    primeiras atividades como professor, adquiriu fama de talentoso mestre

    de reconhecida cultura (Meneses, 1984, p. 30) e, segundo Dvila (1943),

    tornou-se ainda no sculo XIX o mais apercebido mestre da Provncia (p.

    162). Outro critrio que tambm precisa ser considerado o da extenso

    de sua obra. Kpke escreveu, alm de cartilhas e livros de leitura, peas

    de teatro, fbulas e livros infantis que circularam predominantemente

    em So Paulo e no Rio de Janeiro.

    Mas, alm de criador, Kpke tambm pode ser definido como

    um mediador cultural, na medida em que tanto a sua atuao como

    educador, caracterizada pelo esprito bravo e retilneo (Dvila, 1943,

    p. 163), quanto o seu envolvimento com a causa republicana foram

    marcados pelo pioneirismo na divulgao de modernas ideias e prticas

    pedaggicas (Mortatti, 2002, p. 548).

    No que diz respeito segunda acepo, Kpke bacharelou-se em

    Direito em 1875, tendo sido nomeado promotor pblico nesse mesmo ano,

    carreira que logo abandonaria para dedicar-se ao magistrio. Dentre as

    preocupaes com a educao, Kpke e seus coetneos republicanos

    conferiam grande importncia ao ensino da leitura e da escrita, que passou

    a ser considerado fundamental para a viabilizao do regime republicano,

    atravs do ensino de contedos morais e instrutivos necessrios para a

    formao do novo cidado.

    provavelmente no ambiente efervescente da Academia de Direito,

    um verdadeiro ninho de republicanos histricos (Martins e Barbuy,

    1998, p. 62), que Joo Kpke tenha entrado em contato com as ideias

    republicanas, que devem ter sido discutidas e esclarecidas nas conversas

    com o amigo Francisco Rangel Pestana. A amizade slida e duradoura

    entre os dois possivelmente se iniciou na poca em que Kpke, ainda

    quintanista de Direito, trabalhava no jornal A Provncia de So Paulo,

    fazendo tradues do ingls, onde Rangel Pestana era o redator.

  • ; ponto-e-vrgula 10 82

    A Histria Intelectual e a histria de um intelectual da educao brasileira

    Alm de Rangel Pestana, Kpke manteve vnculos de amizade, ou

    ao menos de convvio profissional, com outros republicanos paulistas,

    como Antnio Caetano de Campos, Elias Fausto Pacheco Jordo, Amrico

    Brasiliense, Julio Ribeiro, Henrique de Barcellos, Joo Vieira dAlmeida,

    Herz Wichdorff, Campos de Paz, entre outros. interessante esclarecer

    que esses homens, alm de republicanos, eram maons.

    O tratamento das fontes primrias, bem como o estudo da bibliografia

    pesquisada, no permite afirmar se Joo Kpke era ou no membro da

    maonaria, no entanto tudo indica que era bastante estimado, tendo

    inclusive recebido o ttulo de Benemrito. Esse dado deve ser cotejado

    em relao posio pessoal e profissional de Kpke, considerando-se

    as regras de pertena e legitimidade social dos lugares por ele ocupado,

    como, por exemplo, seu cargo de professor no Colgio Culto Cincia

    cujas nomeaes saam do seio da maonaria, ou ainda sua meterica

    nomeao para a magistratura, ou a nomeao para o cartrio do Rio de

    Janeiro, que recebeu do Presidente Campos Salles, tambm membro da

    maonaria.

    Kpke foi diretor e professor de vrias matrias do ensino primrio

    e secundrio, dedicou-se a uma profcua produo intelectual escrita

    voltada a temas relativos educao e ao ensino, alm de ter participado

    dos principais eventos da vida educacional do perodo, proferindo

    conferncias pedaggicas e participando como crtico e polemista sempre

    a servio da santa causa republicana.

    Para Sirinelli (1988), a trajetria dos intelectuais remete

    obrigatoriamente histria poltica, por isso defende que o termo

    intelectual no seja depurado de sua conotao poltica, posto que, nas

    sociedades contemporneas, a condio poltica inerente ao intelectual,

    seja por uma insero direta, como testemunha de uma poca, seja em

    sua ao indireta, como homem portador da conscincia de seu tempo.

    Com relao a esse segundo aspecto, o autor afirma que, ainda que o

    engajamento no seja em sentido estrito, o intelectual um agente da

    circulao das massas de ar culturais que determinam a instalao

    das grandes zonas ideolgicas de uma poca (p. 9) podendo imprimir

    marcas na classe qual pertence com sua viso de mundo alm de sua

    interveno poltica.

    Pensar o poder de ressonncia do intelectual revelou-se instrumento

    eficaz. Joo Kpke no era um homem do Partido, no sentido estrito,

  • ; ponto-e-vrgula 10 83

    A Histria Intelectual e a histria de um intelectual da educao brasileira

    e, ainda que comungasse dos ideais republicanos, no se converteu em

    porta voz ou liderana desse grupo. Joo Kpke foi um pedagogista, um

    homem que dedicou parte significativa de sua vida criao de teorias,

    prticas e instrumentos que fossem capazes de educar os cidados

    que um dia guiariam a Repblica. Expressou seu pensamento poltico-

    pedaggico pondo em circulao, na imprensa, nas escolas, nos livros

    para crianas e nas conferncias que proferiu uma pedagogia moderna,

    que, ao mesmo tempo, tornou-se sinnimo de cientfica e republicana.

    Alm de membro do estrato intermedirio dos intelectuais, Kpke exerceu

    papel fundamental para a formao de homens que anos depois viriam se

    consagrar sob a insgnia de escolanovistas.

    De acordo com Sirinelli (1996), os processos de transmisso cultural

    so essenciais para se pensar o intelectual, na medida em que ele se

    define sempre por referncia a uma herana, como legatrio ou como

    filho prdigo (p. 255), ora atravs de um fenmeno de intermediao,

    ora por um processo de ruptura, mas de qualquer forma o patrimnio

    herdado dos mais velhos elemento de referncia explcita ou implcita

    (p. 255).

    Analisar o itinerrio de um intelectual remete tambm ao conceito

    de gerao de Mannheim (1982). Esse conceito apresenta basicamente

    duas interpretaes. A primeira refere-se sequncia das geraes,

    que demanda uma relao de domnio dos predecessores, dos

    contemporneos e dos sucessores, o que implica, ao mesmo tempo, a

    ideia de aquisio e de transmisso. A segunda interpretao, por sua

    vez, diz respeito ao pertencimento a uma mesma gerao, ou seja,

    considera como pertencentes a uma mesma gerao contemporneos

    que viveram determinados acontecimentos e foram expostos s mesmas

    transformaes. No entanto, viver em um mesmo espao de tempo no

    significa a necessidade de partilhar as mesmas experincias de vida e a

    mesma forma de pensar preciso mais.

    Mannheim (1982), ao lado de critrios biolgicos de pertencimento a

    uma mesma gerao, j havia acrescentado a necessidade de existncia

    de um lao de gerao, que dependeria de um conjunto de sensibilidades

    e afinidades comuns, herdadas e vivenciadas com a capacidade de criar

    um sentimento de partilha de um mesmo destino.

    Portanto, mais do que gerao, interessa aqui a unidade de gerao,

    posto seu efeito formador e modelador do grupo. partindo da adoo

  • ; ponto-e-vrgula 10 84

    A Histria Intelectual e a histria de um intelectual da educao brasileira

    da unidade de gerao como categoria de anlise que se pode entender

    Joo Kpke como membro de um grupo, definido desde o convvio

    acadmico, e ao qual se manteve unido em diferentes espaos, quer seja

    no jornal A Provncia de So Paulo, pela impresso de uma linha comum

    de argumentao, quer seja pela atuao no ramo educacional atravs

    da iniciativa particular, concretizando a crena no poder do ensino como

    elemento transformador da sociedade.

    Sirinelli (1996) tambm destaca a organizao do grupo de

    intelectuais em torno de uma sensibilidade ideolgica ou cultural, criadora

    de uma vontade e um prazer pela convivncia, denominada estrutura de

    sociabilidade. Para o autor, em verdade, o termo comumente utilizado

    para referir-se a essa estrutura o de redes, que pode ser compreendido

    de duas formas. Ao mesmo tempo em que redes estruturantes do espao

    intelectual, tambm como microclima caracterstico de um microcosmo

    intelectual bastante especfico.

    A trajetria ou o itinerrio de formao de Joo Kpke foi crivada

    pelas experincias vivenciadas em So Paulo, fundamentalmente em

    torno da Academia de Direito. Quando Kpke chegou em 1871, encontrou

    uma So Paulo dos bacharis envolta em nvoas e povoada pelas ideias

    liberais, democrticas, republicanas e positivistas. No encontrou apenas

    ideias, mas participou dos grupos e das redes onde elas eram criadas,

    formuladas, debatidas e difundidas.

    Entender a unio de um grupo e os laos e elos construdos por

    seus membros remete anlise da singularidade das regras que regem

    as redes intelectuais, que, se por um lado, no so leis impostas aos

    indivduos, por outro tambm no so dadas ao acaso, fruto do imprevisto

    e do casual, mas ao contrrio, se constituem pelo sentimento de partilha,

    pertena e incluso a determinados ideais comuns.

    Com esse referencial que se analisou o envolvimento do grupo em

    diversas atividades ligadas educao. Assim, por exemplo, encontra-se

    Joo Kpke lecionando com Francisco Rangel Pestana, Julio Ribeiro e

    com o Engenheiro Campos da Paz no Colgio Culto Sciencia e no Colgio

    Florence, ambos em Campinas. Kpke trabalhou com Antonio Caetano de

    Campos, Elias Fausto Pacheco Jordo, Amrico Brasiliense, Amrico de

    Campos e Jos Rubino de Oliveira no Colgio Pestana, de propriedade de

    Rangel Pestana, e na Escola Primria Neutralidade, criada e dirigida por

  • ; ponto-e-vrgula 10 85

    A Histria Intelectual e a histria de um intelectual da educao brasileira

    Kpke e Antonio da Silva Jardim, lecionaram Rangel Pestana, Antonio

    Caetano de Campos e Narciso Figueiredo.

    A compreenso da participao de alguns membros do grupo nos

    mesmos colgios ganha clareza medida que se presta ateno a mais

    de uma dimenso da rede, quer seja, a de se converter em um coletivo

    articulado de agncias e agentes (Sirinelli, 1996, p. 150), que atua como

    veculo de acesso a um determinado conjunto de ferramentas mentais, ou

    seja, os pensamentos e as ideias socialmente determinados, das quais o

    indivduo portador e que instrumentam seu pensar e agir.

    Ainda nesse sentido, a rede, ao mesmo tempo em que valida e

    legitima as ferramentas mentais, tambm apresenta objees a outros

    conjuntos de ferramentas. Assim, funciona tanto como base de apoio

    para as iniciativas individuais de seus membros como filtro regulador e

    inibidor de novas investidas e arranjos morfolgicos.

    Aliado a esse quadro terico e ao entendimento de que Joo Kpke,

    unido pelo sentimento de partilha e pertena, participou efetivamente

    da rede intelectual e poltica que, em fins do sculo XIX, comungava os

    mesmos ideais liberais, democrticos, republicanos e maons, escrever

    sobre a trajetria de Joo Kpke remete discusso acerca de sua

    singularidade biogrfica. Nesse sentido, caberia interrogar se Joo Kpke

    seria um sujeito mecanicamente determinado pelas condies objetivas,

    como, por exemplo, o contexto familiar, ou, ao contrrio, se sua trajetria

    seria fruto exclusivo de seu talento pessoal.

    Para responder a essa questo, recorreu-se a Bourdieu (1990; 2003c),

    que afirma, com absoluta pertinncia, que o trabalho biogrfico deve ser

    investigado como resultado e produto de uma estrutura social, ou seja,

    atravs da mediao entre indivduo e sociedade.

    Parte-se, portanto, do princpio de que todo e qualquer indivduo

    constitudo por uma bagagem socialmente herdada. Essa bagagem inclui

    alguns componentes objetivos, que so externos ao indivduo e que podem

    vir a ser postos a servio do sucesso escolar. Constituem essa bagagem o

    capital econmico, o capital social e o capital cultural institucionalizado.

    Enquanto o capital econmico refere-se especificamente s

    propriedades e aos bens, o capital social diz respeito ao conjunto de

    relacionamentos sociais mantidos, nesse caso, pela famlia. Alm dos

    bens e propriedades e da extenso da rede de relaes, h ainda o capital

    cultural institucionalizado, constitudo basicamente pelos certificados,

  • ; ponto-e-vrgula 10 86

    A Histria Intelectual e a histria de um intelectual da educao brasileira

    diplomas e ttulos escolares, outro componente que, por seu carter

    objetivo, mantm relativa autonomia em relao ao seu portador.

    Contudo, o patrimnio transmitido pela famlia inclui, alm desses

    componentes objetivos, certos elementos que so adicionados prpria

    subjetividade do indivduo, como o capital cultural em seu estado

    incorporado e objetivado. Os elementos constitutivos do capital cultural

    incorporado que merecem destaque aqui so os saberes voltados

    formao de uma cultura geral; o domnio em maior ou menor grau da

    lngua culta; o gosto por assuntos voltados arte, msica, ao lazer, ao

    vesturio, aos esportes, ao paladar, etc., alm, claro, das informaes

    sobre o mundo escolar.

    Joo Kpke, filho de uma famlia da elite intelectual, conviveu e

    aprendeu a conviver desde a mais tenra idade, e enquanto residiu em

    Petrpolis, com crianas tambm oriundas de famlias como a sua,

    legtimos representantes da elite, fosse intelectual, econmica ou

    poltica. Provavelmente acompanhou seus pais a festas e comemoraes

    importantes da localidade, alm de ter convivido na sua prpria casa com

    pessoas, parentes, amigos e visitas tambm pertencentes a sua classe

    social, ou melhor, a sua frao de classe. A partir dessa convivncia, ao

    longo de sua infncia e mesmo na adolescncia, estabeleceu um conjunto

    de relacionamentos sociais influentes mantidos na esfera de ligaes de

    sua famlia.

    Esses relacionamentos trazidos desde o bero e acumulados ao longo

    de sua trajetria social se converteram em capital social, e se tornaram

    fundamentais no sentido de assegurar determinada posio no espao

    social. (cf. Bourdieu, 2003a, 2003b). No entanto, o capital cultural,

    sobretudo no seu estado incorporado, constituiria o elemento da herana

    familiar a produzir maior impacto na definio do destino escolar.

    Pode-se afirmar que a posse de capital cultural herdado de sua

    famlia favoreceu o desempenho escolar de Joo Kpke, de modo a facilitar

    a aprendizagem tanto dos contedos curriculares quanto dos cdigos

    lingusticos, intelectuais e mesmo disciplinares veiculados e sancionados

    pela escola, alm de ter sido fundamental para a criao de certos

    esquemas mentais ou modos de pensar o mundo, que possibilitaram a

    criao de referncias culturais e, sobretudo, o domnio da lngua culta.

    Cabe destacar que, ao referir-se ao capital cultural, Bourdieu (2003b)

    o define como um ter que se tornou ser, uma propriedade que se fez corpo

  • ; ponto-e-vrgula 10 87

    A Histria Intelectual e a histria de um intelectual da educao brasileira

    e tornou-se parte integrante da pessoa, um habitus (pp. 74-75). Nesse

    sentido, Joo Kpke no seria de maneira alguma um ser autnomo e

    autoconsciente, mas tambm, de forma alguma, um ser mecanicamente

    determinado por foras objetivas. Joo Kpke, pelo contrrio, agiria

    orientado por uma estrutura incorporada, denominada habitus, que,

    seguramente, refletiria as caractersticas da realidade social na qual

    foram socializados.

    Consideraes finais

    A crena generalizada na instruo e na educao fez com que

    homens das dcadas de 1860 e 1870, como Joo Kpke e seus coetneos

    se propusessem a ilustrar, investindo e definindo acerca dos assuntos

    educacionais, tomando a escolarizao elementar como uma de suas

    mais fundamentais bandeiras de luta. Assim, essa gerao de intelectuais

    esteve frente das iniciativas no mbito da imprensa republicana, onde,

    como redatores ou colaboradores, escreveram, defenderam e propuseram

    medidas relativas s questes educacionais. Esses homens exerceram

    tambm liderana e destaque nas associaes literrias e cientficas,

    proferindo conferncias, palestras, inaugurando gabinetes de leitura e

    lecionando em cursos noturnos. Dedicaram-se ao ensino privado, atravs

    da criao, direo, apoio e docncia em escolas de carter inovador e

    cientfico.

    Em especial, Joo Kpke nas mltiplas atividades que realizou ao

    longo de mais de setenta anos de vida, mostrou-se movido por um projeto

    poltico-intelectual bastante caracterstico, garantia de uma unidade de

    sentido, presente em suas atitudes e em seus escritos. Joo Kpke a todo

    tempo demonstrou-se preocupado com problemas e temas relativos

    organizao poltico-educacional do Brasil, do que resultou a elaborao

    de uma metodologia especialmente voltada para o ensino da leitura e da

    escrita com base nos ideais republicanos.

  • ; ponto-e-vrgula 10 88

    A Histria Intelectual e a histria de um intelectual da educao brasileira

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