histÓria dos 25 anos do tororomba - parte 2

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INTRODUÇÃO AOS 25 ANOS DO HOTEL TOROROMBA Cinco anos foi ontem. O Hotel Tororomba passou por muitas mudanças no período que separou a primeira (feita para comemorar os 20 anos de fundação) e a segunda, en- comendada para celebrar o Jubileu de Prata. São 25 anos de criação. Uma das características do resort foi sempre estar pronto para mudanças, estar aberto às surpresas. Quem acompanhou a trajetória sabe que o destino foi sinuoso para o empreendimento em Ilhéus. As coisas vão mudando com o passar do tempo. Afinal, não era para ser um resort. Geraldo de Castilho Freire tinha o sonho de ofe- recer uma chance de desenvolvimento para o seu povo, para a região em que nasceu. Seu filho se apaixonou pelo lugar e abraçou a causa. O negócio foi crescendo, crescendo e crescendo até se transformar em uma área de lazer de 50 mil metros quadrados. Pelo menos, o desejo do velho advogado que fez carreira em São Paulo se tornou realidade. Seu sonho ajudou a movimentar Ilhéus, no litoral da Bahia. Empreendimentos ao redor do Tororomba foram criados e fechados. Outros apare- ceram para ficar. Há a perspectiva de expansão imobiliária, do crescimento do progresso. O resort criado há 25 anos permanece no mesmo local, não imutável porque esta palavra não combina com quem já mudou (e muito) em mais de duas décadas. A vida é tão surpreendente que a prioridade, em algum momento nessa trajetória, chegou a ser uma barraca de praia, não o hotel em si. Ou que se pensou na possibilidade de o complexo de lazer ser vendido para uma grande rede hoteleira. Mas não era para ser. Porque, afinal, o dever sempre foi o mesmo: levar empregos e desenvolvimento para a região. São novos desafios porque administrar um hotel tão abundante em recursos natu- rais significa se apoiar em um visual que existe há milhares de anos. Mas, ao mesmo tempo, é preciso acompanhar o desenvolvimento, as mudanças da modernidade. Deve-se investir nas mudanças, mas sem mexer no tradicional. Estar atento à Internet, ao atendi- mento remoto e sem perder o charme do contato pessoal, da experiência humana. Ofere- cer o conforto real, mas ter a consciência de que se está lidando com os sonhos das pes- soas. O desafio é considerável. Manter o pé em um ideal e acompanhar o tempo. E o tempo é imperdoável. É para evitar que sejamos devorados que registramos a evolução da alegria que é o Hotel Tororomba chegar aos 25 anos de criação porque 25 anos foi ontem. Mas, ao mesmo tempo, faz bastante tempo e há muito para contar. Tenha uma boa leitura!

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Continuação do livro da História do Resort Tororomba em Ilhéus - BA

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  • INTRODUO AOS 25 ANOS DO HOTEL TOROROMBA

    Cinco anos foi ontem. O Hotel Tororomba passou por muitas mudanas no perodo que separou a primeira (feita para comemorar os 20 anos de fundao) e a segunda, en-comendada para celebrar o Jubileu de Prata. So 25 anos de criao. Uma das caractersticas do resort foi sempre estar pronto para mudanas, estar aberto s surpresas. Quem acompanhou a trajetria sabe que o destino foi sinuoso para o empreendimento em Ilhus. As coisas vo mudando com o passar do tempo. Afinal, no era para ser um resort. Geraldo de Castilho Freire tinha o sonho de ofe-recer uma chance de desenvolvimento para o seu povo, para a regio em que nasceu. Seu filho se apaixonou pelo lugar e abraou a causa. O negcio foi crescendo, crescendo e crescendo at se transformar em uma rea de lazer de 50 mil metros quadrados. Pelo menos, o desejo do velho advogado que fez carreira em So Paulo se tornou realidade. Seu sonho ajudou a movimentar Ilhus, no litoral da Bahia. Empreendimentos ao redor do Tororomba foram criados e fechados. Outros apare-ceram para ficar. H a perspectiva de expanso imobiliria, do crescimento do progresso. O resort criado h 25 anos permanece no mesmo local, no imutvel porque esta palavra no combina com quem j mudou (e muito) em mais de duas dcadas. A vida to surpreendente que a prioridade, em algum momento nessa trajetria, chegou a ser uma barraca de praia, no o hotel em si. Ou que se pensou na possibilidade de o complexo de lazer ser vendido para uma grande rede hoteleira. Mas no era para ser. Porque, afinal, o dever sempre foi o mesmo: levar empregos e desenvolvimento para a regio. So novos desafios porque administrar um hotel to abundante em recursos natu-rais significa se apoiar em um visual que existe h milhares de anos. Mas, ao mesmo tempo, preciso acompanhar o desenvolvimento, as mudanas da modernidade. Deve-se investir nas mudanas, mas sem mexer no tradicional. Estar atento Internet, ao atendi-mento remoto e sem perder o charme do contato pessoal, da experincia humana. Ofere-cer o conforto real, mas ter a conscincia de que se est lidando com os sonhos das pes-soas. O desafio considervel. Manter o p em um ideal e acompanhar o tempo. E o tempo imperdovel. para evitar que sejamos devorados que registramos a evoluo da alegria que o Hotel Tororomba chegar aos 25 anos de criao porque 25 anos foi ontem. Mas, ao mesmo tempo, faz bastante tempo e h muito para contar. Tenha uma boa leitura!

  • A POUSADA

    Do outro lado da pista havia algumas unidades tipo residenciais que eram utiliza-das como moradia pelos funcionrios. Com o passar do tempo, estes colaboradores dei-xaram de morar no local e a deciso tomada pela administrao foi reformar essas resi-dncias para que pudessem ser alugadas comercialmente. O aumento do nmero de quartos serviu de incentivo para a expanso. Alugar, porm, a rea anexa do hotel com o nome do Resort Tororomba comeou a ficar complicado exatamente pela caracterstica de estar do outro lado da pista da rodovia. Mesmo com as acomodaes oferecendo todo o conforto e livre acesso infraestrutura do local. A diferena em termos de conforto no era to grande em relao aos demais quartos do Hotel, mas os hspedes reclamavam porque era distante da praia. Isto tornou-se um problema. Todos eram avisados antecipadamente e em detalhes das configuraes desses quartos e que havia um tnel que passava sob a rodovia com acesso ao hotel, assim as crianas no correriam perigo para atravessar a pista. Toda a segurana era oferecida e jamais tivemos qualquer problema com isso. Existia, porm, o problema do local que tem uma configurao diferente do hotel, j que est situada em uma rea ecolgica, afirma Nelson Freire, que mora exatamente nesse espao h muitos anos. Uma das alternativas possveis era mudar o nome daquela regio para diferenci-lo do Hotel Tororomba. Foi quando surgiu outra ideia para os administradores do resort: oferecer um pacote turstico diferente para quem se hospedasse ali. Em vez do hotel, nascia a Pousada do Bosque Tororomba. Alterar o nome para uma pousada j deixava claro que haveria alguma mudana no estilo de acomodao. Por estar mergulhado em uma rea ecolgica, em constante contato com a nature-za, h passeios que so chamados de contemplao, onde o hspede pode ter uma interao mais direta com o meio ambiente do local e sem necessitar de longas caminha-das. Tudo est ali, a poucos metros de distncia. Para quem gosta mais do silncio, de animais e de um esprito natural, o ambiente perfeito. Oferecemos esse pacote e a aceitao muito boa. Evitamos a dor de cabea tambm porque se o cliente telefona para fazer uma reserva e no h quartos no hotel, ns informamos a existncia de outra empresa coligada, que fica do outro lado da pista. Falamos de toda a infraestrutura e do que oferecido, ento a pessoa j vem sabendo antecipadamente de todos os detalhes e tudo que oferecido. No apanhado de sur-presa em nenhum aspecto, completa Nelson. Foi uma sacada que serviu para oferecer uma alternativa de hospedagem com embalagem diferente e que ganhou aceitao imediata, tambm por ser oferta mais eco-nmica de estadia. Os 20 quartos disponveis apesar da decorao mais simples, possu-em TV a cabo, internet sem fio e ar condicionado. De resto, a estrutura usada derivada do resort. A recepo, a alimentao dos hspedes, o acesso praia... Tudo acontece pelo Hotel Tororomba, que est a poucos metros de distncia. De uma certa forma, a pousada tem uma sensao de isolamento que no real (j que o resort est muito pr-ximo), mas agrada a um tipo de pblico.

  • A pousada adotou um conceito que cada vez mais buscado por hspedes. Ele Pet Friendly. Quem possui cachorro ou outro animal de estimao tem dificuldade para se hos-pedar em hotis no Brasil. No qualquer lugar que aceita e a ideia do pet friendly no est to difundida. Achamos que este foi um caminho interessante para tornar a pousada mais atrativa para nossos clientes, ressalta Nelson. A propaganda da novidade tem sido no boca a boca entre as pessoas que se hospedam no local porque, apesar da procura, no h muitos locais para divulgao do servio. A receptividade para animais de estimao colocada com destaque no site cria-do para a pousada com link dentro do endereo eletrnico do hotel. O mesmo acontece em endereos eletrnicos que oferecem opes de hospedagens. Os animais podem ficar na pousada e na rea ecolgica. Tm acesso proibido rea principal do hotel. Outra aposta nasceu da leitura das grandes revistas de turismo do exterior. Obser-vou-se que, na Europa e Estados Unidos, h o crescimento do glamping, uma forma de camping para quem no quer passar pelas privaes de estar acampado ao ar livre e sem nenhum dos confortos da vida moderna. colocar um certo glamour em passar a noite em uma barraca em contato com a natureza. Muitas vezes, a pessoa tem vontade de acampar, mas no quer ou no sabe mon-tar a barraca e nem est disposta a carregar um monte de coisas. Deseja que a pessoa faa todas essas coisas para ela. Quer apenas ter a experincia, aquela sensao de a-ventura, mas com um certo conforto para si e para a famlia. Isso nasceu na frica do Sul, com aqueles passeios na savana em que as tendas podem ser mais luxuosas que o quar-to. um conceito que l deu muito certo, completa Nelson Freire. Este projeto, porm, aps dois anos de experincia foi abandonado pois no houve adeso dos clientes.. Como j havamos feito investimento em barracas e preparado o local, comeamos oferecer em janeiro de de 2.015 uma nova atividade ldica paras as crianas na faixa de 10 a 14 anos hospedadas no Hotel - O Acampamento na Mata. Os pais mediante termo escrito autorizam seus filhos a dormirem uma noite acampados acompanhados por moni-tores especializados. As crianas no dia do acampamento preparam a rea para a foguei-ra, as tochas e ajudam na armao das barracas. No final das atividades do Hotel, elas vem ao local com travesseiro e lenol e dormirem nas barracas. Antes de se recolherem nas barracas so feitas vrias brincadeiras em volta da fogueira. At o momento j reali-zamos cinco acampamentos e o feedback tem sido muito bom.

  • PASSEIOS

    A regio do Tororomba recheada de locais de interesses tursticos e culturais, a maioria deles desconhecida do grande pblico, s vezes at mesmo das pessoas que moram nas redondezas. Nos ltimos cinco anos, a administrao do hotel criou passeios para divulgar o local e difundir o que o litoral baiano tem a oferecer. H o componente cul-tural, alm de ser uma opo de lazer e sem custos adicionais para o hspede. H o passeio pelo Bosque Tororomba, Nele os hspedes conhecem a central de compostagem e a fbrica de sabo do Hotel. Tambm conhecen o local onde realizado o projeto Camping na Mata e as casas da Pousada do Bosque que so liberado para se hospedar com animais de estimao. Um passeio que ocorre todo sbado h mais de trs anos a caminhada pela Tri-lha Aldeia Taba Jairy. Quem est presente participa voluntariamente de uma atividade l-dica, em que carregam sacos e recolhem lixos atirados na mata. Quem coleta mais detri-tos, recebe um brinde do hotel Em determinado momento, a trilha se torna cada vez mais estreita, passando por cima do rio. um turismo de aventura, constata Nelson. Os hs-pedes podem tomar banho em uma cachoeira, algo que apenas agrega valor ao progra-ma que serve para todas as idades. No filnal da trilha os hspedes visitam uma aldeia indgena Tupinamb. Os ndios recebem os visitantes com roupas tpicas e contam a histria de como viveram na aldeia e tambm explicam como foi a colonizao dos portugueses. Quem quiser, pode comprar peas de artesanato fabricadas na aldeia, o que serve para colaborar com a tribo e a pre-servao da cultura local. A volta feita pela orla da praia e se tornou, em pouco tempo, um dos grandes su-cessos de pblico no Tororomba. No cobrada nenhuma taxa e se trata de uma oferta de turismo indita na regio de Ilhus, no encontrado em nenhum outro resort. O que me deixa feliz que na volta do passeio ns passamos pelo local onde meu pai pediu para que suas cinzas fossem jogadas. Muitas pessoas comearam a tirar fotos. Foi quando senti que se tornou parte do passeio, uma espcie de atrao turstica, expli-ca o Diretor do Hotel O encontro com um amigo oceangrafo fez Nelson ter a ideia de criar outro pas-seio a ser oferecido aos hspedes. Ele comentou trabalhar para uma ONG que realiza resgate de animais marinhos. A ONG Animais Mamferos Aquticos passou a fazer parte do roteiro oferecido aos hspedes do Tororomba. A entidade possui todo o know-how para cuidar de golfinhos encalhados na praia, baleias e outros mamferos que precisam de cuidados antes de voltarem ao habitat natu-ral. Falta a eles um pouco de marketing de projetos semelhantes, como o Tamar, que tem logotipo, vendem produtos, tem lojinhas. Mas um trabalho muito bonito e bem feito. S precisaria de um pouco mais de divulgao na regio e na mdia. Aos poucos, o Tororomba comeou a levar grupos de hspedes para conhecer o trabalho desenvolvido pela ONG. O hotel colabora financeiramente com a Animais Mam-feros Aquticos e convida os interessados a fazer o mesmo, o que resulta em arrecada-

  • o maior para a entidade. Os horrios coincidem com os de alimentao do lobo marinho, o que chama mais a ateno. A veterinria do projeto explica todo o funcionamento, com os animais chegaram at l, o processo de resgate, como a instituio trabalha. Cada passeio dura entre uma e duas horas, o que possibilita ao hspede ganhar conhecimentos culturais e da vida animal da regio. Como no ocupa todo o perodo da manh ou tarde, ainda possvel para quem participa da excurso aproveitar vrias ou-tras atraes que o resort tem a oferecer. Infelizmente este passeio deixou de ocorrer no final do ano de 2.014 porque a ONG foi desativada. Estamos, porm, sempre procurando outros passeios que possa haver interesse dos hspedes. Uma alternativa que est sendo negociada um passeio por uma trilha at a UDV, Unio da Vegetal. Esta organizao ocupa terreno atrs do hotel e prega a doutri-na espiritualista do Santo Daime. Os hspedes seriam levados at l e um representante explicaria como o ritual desta religio, sua histria, o que prega, etc. Estamos aguardando a autorizao dos dirigentes desta associao para comearmos a oferecer o passeio.

  • DESENVOLVIMENTO DA REGIO

    A expectativa de crescimento da regio de Ilhus pode ser vista pelo investimento imobilirio. Quem chega ao Tororomba pode constatar a construo de vrios condom-nios de alto padro, destinados a uma classe mdia em expanso. A regio est atraindo cada vez mais pessoas desta faixa econmica. Outras provas disso so os projetos para construo de um aeroporto internacional, o que ter a capacidade de incrementar o turismo e esperado pelo setor de servios da regio. O aeroporto tornar os deslocamentos mais geis e ser um atrativo a mais. Um porto tembm dever ser construdo para exportar minrios da regio sudoeste do estado. As obras no Porto Sul so o maior projeto porturio do Brasil e aps quatro anos de espera, enfim recebeu em 2014 a liberao de licena de instalao pelo Ibama, certi-ficando que no h qualquer ameaa ambiental. A expectativa que entre em operao em 2017, com investimentos de R$ 5,6 bilhes no decorrer dos 25 anos seguintes. Sero construdos dois terminais a serem operados pela Bahia Mineirao e por fundos privados, em associao com o governo baiano. Em Caetit, cidade a cerca de 390 km de Ilhus, est instalada a nica mina de urnio em atividade no pas. J foram produzidos 3,3 mil toneladas de minrio a cu aber-to. A mina subterrnea ter produo estimada em 400 toneladas por ano e tambm ser capaz de atrair mais investimentos e moradores. Manabi, Bahia Minerao e Ferrous Resources so trs empresas que anunciaram planos estratgicos de investir cerca de R$ 18 bilhes em projetos que podem se trans-formar, a partir de 2018, em uma produo de 60 milhes de toneladas de minrio de fer-ro por ano na Bahia e em Minas Gerais. A perspectiva para os prximos anos que a taxa de crescimento do Produto In-terno Bruto baiano seja de 3,5%. O nmero maior do que o estimado para o resto do pas, que fica em 2,3%. Para 2015, o oramento previsto de R$ 35,7 bilhes, de acordo com o Projeto de Lei de Diretrizes Oramentrias. A expectativa de crescimento baiano na economia se baseia na manuteno das baixas taxas de desemprego. Espera-se tambm o crescimento da renda mdia da popu-lao, alm de mais investimento em atividades econmicas no Estado. Entre elas, a mi-nerao, o turismo e a questo porturia. Obs As taxas e nmeros acimas foram obtidos antes da crise econmica de 2.015, o que torna um pouco incerto as perspectivas de crescimento da regio.

  • DEPARTAMENTO DE JORNALISMO Um dos diferenciais do Tororomba, o seu departamento de jornalismo, cresceu nos ltimos cinco anos. Isso graas evoluo tecnolgica e a facilidade para a transmisso de imagens, vdeos e mensagens informativas, claro. Mas, principalmente, pela vontade de inovar da administrao do hotel, superando qualquer possvel limitao. Isso faz com que o resort oferea servios que tambm esto presentes em con-correntes, mas com um toque pessoal, exclusivo. Uma destes servios foi criar um circuito indoor de TV. A ideia inicial era ter uma empresa fazendo isto para ns, porm as nego-ciaes no avanaram por diversos motivos. Foi quando resolvemos fazer o nosso pr-prio sistema interno para os hspedes, confessou Nelson. Em um canal nos aparelhos dos quartos, o hspede pode conferir informaes so-bre o hotel, programao de passeios, atraes etc. O toque pessoal que o hspede pode se ver na emissora. Se foi fotografado, fez aniversrio ou ganhou um torneio ou promoo promovida pelo Tororomba, sua ima-gem aparece em todos os quartos. Isso causa um impacto considervel. O hspede se sente valorizado, completa. Por no depender de uma empresa que est em outro estado do pas e vai atuali-zar as informaes remotamente, via internet, o Tororomba consegue dar um toque pes-soal e evitar que o servio seja pasteurizado, impessoal. Quando vou em outros hotis, mesmo no exterior, fico procurando este tipo de coisa, para comparar com o nosso servi-o e posso dizer que difcil encontrar qualquer coisa igual. Os outros tm apenas por ter, no oferecem nenhum diferencial, analisa Nelson, sem falsa modstia. As informaes ficam expostas 24 horas por dia, sete dias por semana em forma de looping sempre dando preferncia para informao que se refere ao hspede ou que seja til a ele. Na tela tambm aparecem dicas de sustentabilidade, alm de hora certa e cmeras que esto do lado de fora do resort em locais de grande concentrao de vecu-los. Para sair do hotel e chegar na cidade h uma ponte, a Ilhus-Pontal, que vive congestionada de carros, sempre tem algum problema por l. O trnsito complicado. Pesquisando na internet, descobri que existe uma cmera online nessa ponte. Consegui colocar as imagens no canal interno. Se o hspede quer ir para o centro, antes de sair pode ver como est o trnsito e decidir se aquele o melhor horrio ou no. um servio de utilidade pblica e muito usado por quem deseja ir cidade. A preocupao passa at mesmo pela trilha sonora deste canal. Normalmente, so oferecidas msicas ambiente. Algo que no tem muito a ver com a personalidade do re-sort no interior da Bahia. No Tororomba, a cada dia so colocadas canes de um ritmo diferente. A trilha sonora interrompida apenas para mensagens informativas e podcasts. O objetivo final sempre ter um servio diferencial, o mais pessoal possvel. O hotel uma atividade comercial diferente de uma academia de ginstica, salo de cabe-leireiro, um escritrio qualquer... Porque a pessoa mora com a gente durante um deter-minado perodo por 24 horas do dia. Ele dorme e e se diverte no Hotel. As vezes se hos-peda para para realizar um sonho, comemorar alguma data ou algo que tenha a ver com o lado emocional. Estando l com as pessoas, ns conseguimos colocar isso na TV.

  • uma coisa inusitada que a gente tem feito e que percebemos agradar a quem est conos-co, lembra Nelson Freire. Outro canal oferecido aos hspedes no dial 40. Nele so veiculadas matrias jornalsticas produzidas e editadas pela equipe do Tororomba. como se fosse a nossa verso do programa Amaury Jr, brinca Nelson. Quando h qualquer evento no resort, a equipe do hotel produz um reportagem em vdeo, com entrevistas e microfone que tem um cubo com a logo da tv do hotel. Seja R-veillon, Carnaval, concursos promovidos localmente, campeonatos de futebol, enfim... Todos os eventos so motivos para matrias. O que foi realizado mostrado no canal 40. Para alimentar a emissora e ter mais material disponvel, Nelson e a famlia produzem reportagens quando fazem viagens para o exterior. Como so atemporais, podem ser vei-culadas a qualquer momento, sendo editadas e mostradas em mdulos. Tudo continua atual, no final de tudo. Para completar, so introduzidos vdeos engraados, virais que esto na internet e que podem ser trocados constantememte, j que a velocidade de internet oferece quanti-dade infinita de material. Um canal pouco. Dois bom. Trs no demais. O Tororomba disponibilizou para os hspedes cmaras ao vivo de todas as reas comuns do hotel, como a piscina, a portaria e a cabana de praia. Sem sair do apartamen-to, a pessoa pode ver o movimento nesses locais. Neste canal tambm veiculada a playlist 2 da Rdio Web Tororomba. Eu sou morador do hotel e utilizo muito esses canais. Seja para ver alguma coisa, seja para ouvir msica. s vezes voc no quer assistir nada, s ouvir msica. Para isso, os canais tambm funcionam muito bem, finaliza Nelson. Como se no fosse suficiente, foi criado ainda mais um canal. O Netflix baiano: a TV Tororomba la carte. Conversando com um recepcionista, o diretor do Hotel descobriu que ele era cole-cionador de filmes novos e antigos e possua um acervo grande. Ele disse que cederia o acervo para o hotel. Foi quando surgiu a ideia de criar mais uma alternativa de entreteni-mento para os hspedes. Foi impresso um cardpio com todos os ttulos de filme dispon-veis neste canal. Tudo que o hspede precisa fazer escolher o filme que deseja ver e sintonizar o canal 2. O filme colocado no ar e exibido em todos os quartos. Se houver vrias solicitaes, os longa metragens so exibidos por ordem dos pedidos. O objetivo sempre produzir contedo que sirva como entretenimento para quem est hospedado. O Departamento de Jornalismo do Hotel tambm produz um jornal h 15 anos, que distribudo diariamente no caf da manh O Tororomba News. Ns temos arquivos prontos, claro, mas sempre h coisas novas para colocar. Temos arquivos de piadas, mensagens de auto-ajuda, completa o administrador do resort, que colabora com a publicao, feita em papel A4, mesmo quando est viajando. Dificilmente colocada qualquer coisa mais sria. Quem est em um resort no inte-rior da Bahia, beira da praia, no est to preocupado assim com as agruras do mundo contemporneo nas grandes cidades. Quer relaxar.

  • Quanto mais amenidade, melhor. A gente publica piadas, quando h muitas crian-as hospedadas, colocamos jogos... Como sempre tem um passeio acontecendo, fotogra-famos e publicamos. Percebemos que o hspede gosta de se ver no jornal. Leva para casa. D mais valor para aquilo do que para um folder do hotel, para dizer a verdade. a recordao de um momento ldico dele. Nossa aposta nisso e tem dado muito certo, constata Nelson.

  • REFORMAS Quando o hotel comeou a ser construdo, h 25 anos, o conceito do Tororomba no era apostar no luxo dos apartamentos. Claro, os 100 quartos tinham todo o conforto necessrio e atendiam s necessidades de quem se hospedava no local. Mas a aposta sempre foi, durante muito tempo, que o grande interesse seria a praia, os atrativos natu-rais da regio e a beleza contemplativa inerente ao litoral da Bahia. Nosso pensamento foi dar conforto, evidentemente. Mas acreditvamos, acima de tudo, que a pessoa no teria interesse em ficar trancada dentro do apartamento com tanta coisa a ser feita do lado de fora. Quem que faria uma coisa dessas e no aproveitaria os recursos naturais. Achvamos que ela estaria ali por causa disso, se recorda Nelson. Era um pensamento vlido. Tanto que a estrutura externa do Tororomba, a criao de passeios e a beleza natural da regio continuam sendo o grande carto de visitas para o hotel que completa um quarto de sculo. A aposta feita na construo do hotel no es-tava errada. Apenas era incompleta, o que foi percebido apenas com experincia e obser-vao. Depois de algum tempo, a administrao percebeu que o quadro que haviam pin-tado no era 100% preciso. Sim, as pessoas gostavam do que o hotel tinha a oferecer e queriam ir praia, aproveitar as piscinas, participar dos passeios, etc. Mas tambm gos-tavam de estar em apartamento bem decorados, com piso de porcelanto, aparelhos de televiso com tela plana e uma cama de alta qualidade. Apenas para citar alguns exem-plos. Enfim, se importavam tambm com luxo. Detectado isto, nos ltimos anos, o Toro-romba comeou a passar por um amplo processo de reforma para atender a essa de-manda dos seus clientes. Aps longo planejamento, foram instalados equipamentos sofisticados, pisos foram trocados e decoradores contratados para mudar o estilo dos apartamentos. Arquitetos planejaram mudanas estruturais onde era necessrio. Tudo isso apesar de os aparta-mentos serem diferentes entre si. As reformas so realizadas de acordo com os blocos de quartos que so semelhantes. Os mveis foram feitos sob medida por um marceneiro contratado exclusivamente para trabalhar para o Tororomba nesta empreitada. Como tambm ocupo a funo de diretor de marketing do hotel, sempre que aca-ba a reforma em um apartamento, passo uma noite nele. Uso toda a estrutura criada. Cer-tas coisas s podem ser notadas por quem hspede. s vezes, uma tomada para o ce-lular que no est l. A cortina que no escurece o apartamento suficientemente ou um aparelho que no est funcionando adequadamente. Eu fao o teste de uso e monto um checklist de qualquer problema que encontre. Est dando muito certo e percebemos isso pelo feedback dos hspedes, que tem sido excelente, comenta Nel-son. Aps notar a aprovao dos clientes, o Tororomba deu um passo adiante e criou o conceito de apartamentos VIP que deve ser expandido nos prximos anos. Existem clientes que pe-dem apartamentos com essa configurao ou seja que com maior rea til, banheira de hidromassagem e frente mar.

  • mais um diferencial do Tororomba porque, por incrvel que parea, os demais hotis da regio de Ilhus e que esto prximos praia, no privilegiaram a criao de quartos que tenham vista para o mar. A maioria tem salo de convenes, restaurantes ou campos de futebol na regio mais privilegiada. s vezes, determinadas solues e mudanas so bvias e ns no percebemos. Com a colaborao e observaes de nossos clientes, conseguimos dar um passo importante para melhorar a qualidade do servio oferecido pelo Tororomba nos ltimos anos, comen-ta e comemora Nelson Freire.

  • INTERNET A comunicao e a velocidade desta tem sido uma das principais preocupaes do Tororomba nos ltimos anos. O captulo que fala do departamento de jornalismo do hotel j abordou, em parte, este assuto. A Internet tambm entra nesse bojo, porque constan-temente oferece novidades e recursos que podem ser aproveitados no resort. Um dos recursos implantados nos ltimos tempos foi a implantao de linhas tele-fnicas que ficam em provedores em grandes cidades. O cliente pode ligar para esse n-mero, pagando tarifa local, o provedor transforma a chamada em dados e repassa para o hotel. parecido com o Skype, mas falando pelo aparelho telefnico normal. So trs hotlines. Eles esto em Braslia, So Paulo e Belo Horizonte. O interessado liga, a cha-mada vai para a recepo do resort e ele pode falar o quanto achar necessrio, pagando tarifa de ligao local. As pessoas pensam at que temos escritrios nesses lugares. Como contratamos uma velocidade da internet maior com nosso provedor, a qualidade da ligao melhorou sensivelmente, afirma Nelson Freire, ressaltando que os nmeros podem ser encontra-dos no site do Tororomba. (www.tororomba.com.br). O chat tambm foi incrementado, para melhorar o atendimento sobre reservas ou informaes a interessados. Um nmero para Whatsapp, onde possvel trocar mensa-gens pelo celular, tambm foi criado, o que aumentou a rapidez para solucionar qualquer dvida sobre o Tororomba Est ocorrendo atualmente uma mudana de como as pessoas esto usando a internet. As pessoas no usaro tanto computador e sim o smartphone. Percebendo isto estamos buscando maneiras de melhorar a comunicao do hotel com seu pblico atra-vs do smatphone, completa o diretor de marketing, que fez todo o planejamento nesta rea e tambm responsvel pelas pesquisas e ideias a serem implementadas. Uma das ideias para que em 2015 seja disponibilizado um aplicativo do Hotel Tororomba para smartphone. No app, estariam disponveis todas as informaes que o cliente necessitaria saber sobre o resort. Eliminaria tambm os papis que so dados a ele na chegada, como o impresso com a programao do hotel, os canais de TV, os filmes la carte... o mapa. No momento da publicao deste livro, o aplicativo ainda est sendo planejado, assim como seus recursos. A ferramenta j poderia estar disponvel, mas vem sendo planejada com cuidado, em reunio com tcnicos que vo desenvolv-la, para que seja a mais completa possvel e por isso no foi lanada ainda. Poderia ter acontecido em 2014, mas achamos melhor no. sempre importante aguardar o momento certo. Quando a primeira edio desta obra foi concebida, em 2010, o conceito de rede social ainda no estava estabelecido e o site de relacionamento mais conhecido era o Orkut. Com a velocidade das mudanas na Internet, o Orkut nem existe mais. Foi soterra-do pelo Facebook, onde o Tororomba tem a sua fan page, com mais de cinco mil curtidas. Estamos sempre alimentando esta pgina e oferecendo informaes para os nos-sos clientes. Fazemos promoes exclusivas para quem curte a pgina no Facebook e

  • temos todo o interesse em expandi-la porque uma ferramenta de comunicao podero-sa, afirma Nelson Freire. Uma das novidades no setor hoteleiro em que o Tororomba j est inserido nos bancos de dados internacionais que unem todas as operadoras de turismo. Existem 4 empresas que administram estes banco de dados no Brasil. Estamos trabalhando com o motor de reservas Omnibees. Quando o cliente ou agente de viagem em potencial acessa o site e coloca a cidade ou regio que deseja se hospedar, o site procura apartamentos vagos em hotis que se encaixam naquela descri-o, regio, faixa de preo, etc. algo que as companhias areas j fazem h muito tem-po. Dependendo do momento que compra, pode encontrar uma promoo. Sabendo utilizar a ferramenta, possvel incluir promoes relmpagos que vo para o mundo todo, oferecer preos diferenciados e informar a ocupao do resort em determinado perodo do ano.

  • PROJETOS SOCIAIS E COLUNA ESPIRITUAL

    Na primeira edio da histria do Tororomba, feita para comemorar o aniversrio de 20 anos, o trabalho social feito por dona Dila, diretora do hotel, foi abordado, assim como os projetos implementados por ela desde a criao do resort baiano. Porque, por mais estranho que possa parecer, o complexo no foi criado para ganhar dinheiro. Foi para gast-lo. As pessoas ficam impactadas e no entendem muito bem do que estou falando quando digo que o hotel foi idealizado para gastar dinheiro, se diverte Nelson. No se trata de ingenuidade ou de discurso vazio. Claro que, com o passar dos anos e com a configurao que o complexo de lazer foi ganhando, o objetivo passou a ser ter lucro. Mas tambm preservar a ideia inicial que foi promover o desenvolvimento eco-nmico da regio de Ilhus, oferecendo empregos e crescimento profissional. Por este motivo, a afirmao de que o Tororomba no tem como objetivo principal apenas o lucro, tem validade. A ideia inicial de Geraldo de Castilho Freire era fazer um empreendimento no lugar em que nasceu. Por isso que comprou o terreno e comeou a investir, no comeo sem saber nem exatamente como seria a formatao do negcio. Dona Dila, mulher de Geraldo, ao se mudar para Ilhus, abraou esta causa e lide-rou projetos sociais. Primeiro com uma campanha de vasectomia para funcionrios do hotel que j tinham pelo menos dois filhos. O Tororomba tambm paga (parcialmente ou totalmente) cursos universitrios para colaboradores e j h uma gerao de empregados com diploma de ensino superior na rea de nutrio, enfermagem, administrao e conta-bilidade. Um sonho que, muitas vezes, eles no poderiam alcanar por causa de restri-es financeiras. Alguns continuam conosco at hoje. Outros saram e at foram trabalhar em ou-tros lugares. At em outros hotis, observa o diretor de marketing sem tom de mgoa por isso. Ele encara como uma consequncia natural. Cinco anos mais tarde, a ajuda passou para cursos profissionalizantes. O objetivo de dona Dila comeou a ser qualificar as pessoas para funes mais prticas que no exijam tanta especializao ou anos de estudo. Uma das alternativas foi pagar para que funcionrios tirassem habilitao de motorista. Uma viso mais com p na realidade do dia a dia. Pode parecer incrvel o que vou dizer, mas na nossa regio h poucas pessoas com carteira de motorista, constata Nelson. pensamento prtico porque o colaborador desfruta dos benefcios do curso de forma bem mais rpida. Para o hotel tambm importante porque pode ocorrer uma emergncia e o motorista contratado pelo resort pode no est perto do local. O custo tambm menor para qualific-lo, evidentemente. Dona Dila assina uma coluna espordica no jornal dirio do Tororomba, oferecendo dicas espirituais e trechos de livros, sempre deixando claro que as obras podem ser en-contradas na biblioteca do hotel.

  • Parece uma coisa simples, no ? Mas deu muito certo. As pessoas gostam da coluna e a procuram para conhece-la, constata Nelson, filho de dona Dila e tambm dire-tor do hotel. As mensagens so compartilhadas tambm na fan page do Tororomba no Facebook. Estvamos em dvida se a divulgao desta coluna na fan page do Hotel fosse correto ou se a abordagem no deveria ser estritamente profissional, com divulgao de fotos, informaes e promoes. As mensagens de dona Dila tm carter pessoal e a li-gao com o hotel o fato de que os livros esto na biblioteca. A incerteza permaneceu at que a revista Veja, do incio de dezembro de 2014, publicou matria sobre mentes criativas. A primeira lio era: todo mundo que criou alguma coisa nova, recebeu muitas cr-ticas. Porque quebrou paradigmas. E para ser criativo, preciso errar. s vezes errar mui-to. Uma hora o acerto vem. Ns no somos hotel de rede. No temos de ficar engessado em um padro pr-determinado. No mnimo, somos diferentes dos outros fazendo isso. Criamos uma empatia com nossos clientes. O investimento no ensino superior do funcionrio no cessou. Apenas se tornou mais raro e seletivo. Isso aconteceu pela simples constatao que um curso profissionali-zante pode ser mais importante. O curso universitrio restrito, evidentemente, aos que completaram o ensino mdico. No raro, quem j colaborador ou quem pretende trabalhar no hotel precisa ganhar conhecimento especfico de maneira mais veloz. Sem esperar por quatro anos e sem ter condies imediatas de ingressar na faculdade. Um curso tcnico tambm opo mais prtica e til. Ns pensamos nisso depois do caso de uma funcionria que queria fazer enfer-magem. Era o sonho dela. O curso foi totalmente pago pelo Tororomba. Ela estudou por quatro anos, se formou e no encontrou mercado de trabalho para exercer a profisso. Teve de ir para o departamento de Recursos Humanos do resort. Foi uma lio aprendida por todos ns, relembra Nelson. Um curso de informtica pode ser mais importante. Ns recebemos pessoas que querem trabalhar conosco e, muitas vezes, no tem a menor noo de computao. E isso um problema. Uma qualificao nessa rea pode ser muito importante para o Hotel mas, principalmente, tambm para a pessoa. Mesma coisa vale para o princpio de aprender a lngua inglesa. No ramo da hotelaria, isso fundamental. Mas necessrio ter vontade de estudar e aptido. Ns procuramos despertar isso de alguma forma, completa.

  • A NOVA GERAO Em 2010, quando a histria do Tororomba comeou a ser colocada no papel, a ter-ceira gerao da famlia Castilho Freire no estava pronta para assumir o comando do resort. Nelson Bastos Freire, o Nelsinho, estava com 18 anos. Em 2015, administrador de empresas, ensaia tomar as rdeas do negcio da famlia e dar continuidade ao sonho do av. Comeou em uma funo burocrtica, alternando contabilidade, rea financeira e setor de contas. No era uma funo executiva e sim, burocrtica. "Isso levou muita discusso na famlia envolvendo questes de autonomia. O fato que cada vez mais ele est entrando na rea executiva e dando palpites. Cabea de jo-vem de 23 anos tem outras ideias, vem de uma escola de pensamento diferente e entra agora em reas que nunca entraria", revela Nelson pai. Tornou-se comum no Tororomba setores como o de compras, gerncia e outros setores se dirigem mais a Nelson filho do que Nelson pai, o que um choque cultural, mudana de hbitos que pode ser difcil para vrias empresas familiares, mas que no re-sort baiano transcorreu to tranquilamente quanto possvel. Ele ainda no assumiu totalmente o comando do hotel, j que se trata de um pro-cesso gradativo. Seu av teve a ideia e seu pai a colocou em prtica. Ser o responsvel por todo o empreendimento no algo que acontece do dia para a noite. Mas eu espero que acontea e cada vez ele assuma mais. Estarei sempre ali do lado, olhando. Porque eu tenho experincia, o que algo que ele ainda no tem, completa o pai. O desafio dar ao herdeiro a autonomia necessria para que ele aprenda tudo o que necessrio e tambm coloque em prtica suas ideias. Na juventude que as coi-sas acontecem, lembra Nelson. Oferecer um ambiente de liberdade, em que mudanas so possveis possibilita que funcionrios troquem de reas e tenham sucesso. Mesmo que sejam setores que no tinham nada a ver com a funo que passaram a assumir. H o caso do encarregado que era da rea de contabilidade e processamento de dados, mais acostumado com livros e nmeros. Quando o gerente do hotel deixou a em-presa, ele resolveu assumir a responsabilidade, o que para muitos seria um salto no des-conhecido. Ele est se dando muito bem na rea operacional, o que poucos imaginavam que seria capaz, constata o diretor de marketing. Curiosamente, ele um dos funcionrios que concluiu o curso superior financiado pelo Tororomba. contador formado e tambm cuida dos livros contbeis do resort. Dona Dila e Nelson Freire, que representam a velha guarda do hotel e levaram o empreendimento ao patamar que chegou em 2015, esto se afastando um pouco porque o ciclo natural da vida. A juventude traz mudanas e ideias que vo mudar todos os mercados em que estejam. A hotelaria no diferente. Com maior liberdade, Nelsinho comeou a abrir as asas para oferecer ideias admi-nistrativas e operacionais. O que no acontecia antes, por ser uma pessoa de personali-dade tmida e que se sentia intimidada.

  • No deixa de ser uma mudana cultural na maneira que o Tororomba vem sendo administrado. Algumas ideias so muito boas. Outras nem tanto, o que normal. Mas a partir do momento que ele tem boas sacadas, vai crescer, sem dvida. Ele no tem nada preso a coisas antigas. Tudo novo, declara Nelson. O Tororomba estuda fazer um novo organograma porque o que est em vigor foi atropelado pelas mudanas. Mesmo quem o conhece desde que foi criado sabe o funcio-namento dele at determinado setor. Mas se perde no meio do caminho. Queremos de-terminar melhor as competncias e quem quem na empresa. Queremos ver como as coisas ficaram porque as mudanas aconteceram espontaneamente, sem serem planeja-das, completa. importante at mesmo para determinar os rumos futuros do resort. Pode at ser um novo recomeo, j que os que chegaram h pouco tempo comeam do zero. No es-to atrelados a valores e ideias do passado. Nelson Freire tem outro filho, Rodrigo Bastos Freire, que decidiu seguir a carreira que durante muito tempo foi da famlia: a advocacia. Geraldo Castilho Freire fez fama em So Paulo e dos rendimentos do seu renomado escritrio saram os recursos para o incio do Tororomba. Nelson Freire tambm bacharel em Direito e, embora tenha exercido es-poradicamente a profisso, jamais a abraou como o pai. Ele de vez em quando fala em linguagem jurdica comigo porque gosta, vai a con-gressos. No tem a mesma ligao com o hotel, mas o importante estar feliz. Se faz o que gosta, a coisa mais importante, constata Nelson. A necessidade de estimular a veia empreendedora de Nelsinho tambm pa-ra que ele sinta que o hotel tambm o pertence e que pode ter uma influncia decisiva nos destinos do negcio. Ele pode sentir que aquilo no nasceu dele. J pegou o empre-endimento pronto e funcionando. O Nelsinho nasceu dentro do hotel, ento talvez no sinta uma realizao. Era a casa dele, simplesmente. No sente como um negcio e que-remos fazer com que sinta isso. Mas s o tempo vai dizer, analisou o pai.

  • CONSOLIDAO DO DAY USE O crescimento do day user (o usurio que paga uma taxa para entrar no hotel e usufruir o que ele tem a oferecer durante o dia, sem o compromisso de se hospedar) uma das iniciativas mais polmicas do Tororomba e que teve evoluo entre a primeira e segunda edio deste livro. Um sucesso que foi inesperado para alguns. Mais uma vez, a aposta na criatividade e na capacidade de atra-vessar fronteiras. Pensar de forma independente do que normalmente praticado no ra-mo de atividade econmica. Quando o conceito de day user foi criado, o funcionrio responsvel pelo depar-tamento de marketing foi contra e tentou colocar vrios empecilhos. O mais forte que poderia arruinar a experincia dos hspedes, que pagam mais caro e teriam concorrn-cia de usurios de fora quando quisessem usar a piscina e outras reas comuns do re-sort. A opinio mais comum que os hotis no costumavam fazer aquilo. O argumento contrrio (e que acabou sendo vencedor) foi que a regio de Ilhus tem uma classe mdia em crescimento e que sedenta por opes de lazer, como um parque temtico onde possvel se divertir durante o dia inteiro e depois voltar para casa. Tudo o que um complexo como nosso resort tem a oferecer. Foi a ideia que, depois de consolidada, mais deu certo, constata Nelson Freire. To cerro que os outros hotis comearam a copiar, como aconteceu com outras iniciativas do Tororomba. Para evitar que o hspede seja prejudicado, a administrao do resort toma algu-mas medidas de controle de frequncia. H uma quantidade de pessoas que so admiti-das como day users, que varia de acordo com a ocupao do hotel. Para completar, h a possibilidade de aumentar ou reduzir o valor da taxa de acordo com a poca do ano, porque h estatsticas dos meses mais procurados. Os perodos de frias escolares, natu-ralmente, esto entre os perodos de maior movimentao. Feriados prolongados tambm esto entre os preferidos por famlias que esto na regio. lei de oferta e procura. O day use colabora para uma equao econmica. Para melhorar os seus servi-os e elevar a qualidade oferecida aos hspedes precisa de dinheiro. A receita do day use instantnea. Quando o usurio faz o pagamento para entrar, o dinheiro entra no caixa na hora e pode ser usado imediatamente. O hspede pode pas-sar no carto de crdito ou faturar em nome de uma empresa. Um recurso que vai entrar na conta do hotel apenas 15 ou 30 dias aps o cliente ter ido embora e gerado os naturais gastos de manuteno para o resort. Pode acontecer de, no vero, o hotel ter de ser fe-chado para os day users durante o dia porque a cota de pessoas no Hotel atingiu a ocu-pao mxima. A formatao do hotel ajuda porque no s o atrativo de estar de frente para a praia. H um lago, equipe de recreao, piscina, muitos atrativos que um morador da re-gio no tem. As pessoas que moram na regio j nos conhecem e recebemos muitos pedidos de festas de aniversrio. Foi uma coisa que 'pegou' entre os moradores. Porque a se a famlia faz a confraternizao em casa, tem que receber as pessoas, depois limpar tudo, de repente quebram alguma coisa... H todo o trabalho inerente a isso, afirma Nel-son Freire.

  • No Tororomba, todo esse problema evitado. A estrutura j est toda l, pronta. A famlia, as crianas e os convidados chegam no local e o bolo est pronto, as pessoas vo para piscina e aproveitam o dia inteiro de recreao. As duas partes ganham. Um outro mercado o de grupos, como os de melhor idade, por exemplo. A excur-so chega em nibus. No final do ano, o Tororomba um dos destinos preferidos para festas de confraternizao de empresas. Alguns com hospedagens, outros apenas usando o aparato do hotel durante o dia e outros mistos: uma parte das pessoas se hospedam por determinado perodo e ou-tra vai embora ao final do dia. Passamos a ter experincia que os gostos dos indivduos so os mais variados. H grupos que preferem churrascos, outros querem apenas o buffet que j est disponvel no hotel. Tudo combinado. H tambm uma aula da saudade. No ltimo ano de faculda-de, os alunos fazem uma festa e chamam os professores para comemorar. Empresas or-ganizam isso. Tudo muito relativo, ressalta Nelson. Um dos segredos no ser rgido. H diferentes pedidos para festas dos mais di-versos tipos e o resort deve estar pronto para atend-los na medida do possvel. Eviden-temente, h pocas especficas que a experincia conta que tipo de pblico estar pre-sente em excurses ou day users. Como Dia das Crianas, por exemplo ou o Natal. A linha tnue porque a administrao do hotel no quer, em hiptese alguma, atrapalhar o hspede. O sujeito que muitas vezes vem de longe, de outro Estado, em busca de alguns dias de diverso e sossego. Ele no quer ser perturbado por uma multido. Por isso, a conta de quantas pessoas podem ser admitidas para entrar importante. Isso fica mais evidente quando h grupos de day users. Essas excurses podem ser de difcil administrao. Em grupos, as pessoas fazem todas as atividades juntas. Vo piscina juntas, vo ao lago em grupo, se dirigem ao restaurante simultaneamente. mais fcil administrar quando no varejo. Uma famlia, um casal... Contando a hospedagem, com 100 apartamentos e a mdia de trs pessoas por apartamento, a capacidade de clientes no hotel de cerca de 300 pessoas. Alguns meses, como outubro, isso mais difcil porque escolas fazem reservas por causa dos feriados, mas o esforo contnuo para agradar aos dois pblicos. Viramos uma espcie de Disneylndia, brinca Nelson. No por acaso, um dos slogans usados pelo marketing do resort : Passe o dia no Tororomba a Disneylndia da costa do cacau. O smbolo do hotel um macaquinho e a criana um fator importante para levar os pais. As crianas costumam levar a famlia porque mesmo no tendo poder de compra, tem poder de convencimento. O desenvolvi-mento econmico da regio ajudou muito nisso. Um produto que est em estudo para ser implantado no Hotel um pesque pague, muito popular nas cidades do interior de So Paulo mas que no existe na regio. Acredi-tamos que isto posso atrair mais pessoas para day use e hspedagem.

  • Como em qualquer atividade sazonal, a conta da quantidade de hspedes e usu-rios d certo na maioria esmagadora das vezes. Mas em uma pequena porcentagem de dias, preciso limitar os day users e impedir as pessoas de entrarem, dando privilgio ao hspede. Porque a sazonalidade est presente em vrias atividades econmicas. Mas em poucas est to presente quanto no setor hoteleiro. Salrio, tributo, contribuies sociais no tm sazonabilidade. Ns temos de pagar na baixa e na alta estao, se resigna Nelson, confiante que o Tororomba vai continuar se equilibrando com sucesso nas duas cordas da hospedagem e dos usurios dirios. Principalmente com os passeios, city tours, visitas a aldeias indgenas e rea ecolgica, esse problema em potencial ficou mais fcil de ser administrado.

  • QUEBRANDO PARADIGMAS Em 2014, Nelson foi chamado para dar uma palestra no Rotary Clube de Ilhus para comemorar o Dia do Hoteleiro. Algo que ele sequer fazia ideia que existia. Foi em novembro/14. Nunca vi uma classe mais desunida que hoteleiro. No re-cebi nenhum parabns por ser o nosso dia, se diverte. Quando veio o convite, a imediata preocupao do diretor era montar uma palestra. O que dizer? Como sair do lugar-comum que as pessoas esto acostumadas a ouvir a respeito de profisses ou ramos de atividades comerciais? A sada no foi falar nada tcnico, j que os ouvintes eram pessoas dos mais vari-ados extratos da sociedade. O arquivo foi preparado no Power Point para ilustrar a pales-tra com o mote de quebrando paradigmas. Deu certo. Foi um sucesso porque as coisas que eu disse, serviram para todo mundo. O sujeito no precisa ser hoteleiro, ressalta. O pontap inicial da palestra foi a msica de Raul Seixas, Metamorfose Ambulan-te, que comea assim: Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinio formada so-bre tudo. o que acontece no Hotel. Sempre houve resistncia nas novidades e iniciativas implantadas no Tororomba, em maior ou menor grau. No tanto pelos clientes, mas entre os prprios funcionrios que j tinham experincia no setor em outros resorts. Na palestra, Nelson enumerou tudo o que o hotel fez que foge do lugar-comum, passando pelos passeios, o show pratas da casa, o conceito de pet friendly, o camping, as visitas guiadas para a tribo indgena e ONG ambiental. Passando pela ideia do gar-om vendedor. De tudo o que inovamos, estranhamente, o garom vendedora foi uma das iniciati-vas que encontrou mais resistncia, principalmente entre os prprios garons, completou Nelson Freire, que ainda no esconde o espanto com isso. Esta ideia nasceu de uma observao. Toda vez que o cliente queria pedir alguma coisa, tinha de ficar sinalizando repetidas vezes para o garom atende-lo ou ento o cha-mando em voz alta. O funcionrio era um tirador de pedidos, no um vendedor. Ns queramos que o garom vendesse, tomasse a iniciativa. Que ele chegasse no cliente e oferecesse o prato do dia ou alguma bebida... Algo varivel, mas que ele tomasse a dian-teira, explica o Diretor de Marketing. Em uma reunio com todo o staff e colaboradores do restaurante, foi explicado to-do o conceito e o que se esperava dos garons. No deu certo. As pessoas continuaram fazendo o que estavam acostumados. Os prprios chefes atrapalhavam a histria.

  • Para tentar mudar a mentalidade, o Diretor de Marketing passou a ser responsvel por um garom. Ele no seria mais subordinado ao maitre. Usando um uniforme diferente dos demais, era mais fcil ser identificado com o garom vendedor. O pedido era que ele esquecesse de ser garom nos moldes em que estava cos-tumado a trabalhar. Deveria mudar o comportamento, chegar do lado do cliente pergun-tando se ele aceitava uma cerveja ou um refrigerante. J chegar na mesa com um carri-nho de bebidas para poder servir na hora, lembra Nelson. Mesmo assim, tudo foi feito com dificuldade porque os colegas gozavam do funcio-nrio que ficava incumbido da funo. Ao garom vendedor foi oferecido uma comisso maior nas vendas. Fizemos isso porque ningum queria ser o vendedor. No sabemos o motivo. Como todo mundo sensvel a palavras como liquidao e promoo, o garom vendedor tem a autonomia para, em determinados momentos do dia, lanar descontos nos produtos. Se ele vai no microfone e anuncia que pelos prximos 15 minutos a caipiri-nha est com 20% de desconto, o hspede escuta a palavra 'desconto' e se anima a con-sumir. Mesmo que no esteja com a muita vontade. Assim tem sido, seja tambm com competies. Quem toca primeiro a campainha para chamar garom compra a cerveja com 20% de desconto, por exemplo... A observao de Nelson que, em Ilhus, h uma cultura de subordinao que maior do que em outras regies. As pessoas esperam a ordem superior para fazer alguma coisa. o esprito de maior dinamismo e de iniciativa que o Tororomba quer incutir em seus funcionrios dos mais variados nveis. Eu tenho uma teoria sobre isso at um pouco sociolgica. Ilhus uma cidade que teve durante muito tempo a cultura do coronelismo. O coronel era lei absoluta. S podia fazer o que o coronel mandava. Acho que os funcionrios tem muito medo de fazer algo que pode ser considerado errado. Vejo isso tambm nos empresrios da regio. Se proponho uma ao de marketing ou alguma campanha, a primeira reao de desconfi-ana, de querer que o prefeito ajude... Fica sempre esperando o Poder Pblico. Eu sinto isso. sempre um pensamento de 'quem que vai tomar conta da gente?', desabafa Nelson Freire. O desafio do Tororomba inovar o padro que seguido nos outros hotis e que-brar paradigmas, como se acostumou a fazer pelos ltimos 25 anos.

  • POSFCIO DA EDIO DE 25 ANOS difcil dizer o que o futuro reserva para o Hotel Tororomba. Na verdade, no sa-ber parte do charme do negcio. Claro que planos so feitos, na medida do possvel, mas a histria do resort encravado no litoral baiano mostra que as estratgias nem sem-pre correm da maneira como so traadas. Mesmo que costumem dar certo. Afinal, durante anos a famlia Freire no sabia o que seria melhor para ser feito com o terreno diante do nico objetivo determinado por Geraldo Castilho Freire: ajudar a regio onde havia nascido. Houve a poca em que at uma barraca de praia era prioritria, j que o hotel es-tava em construo e no tinha a configurao que veio a adotar anos depois. O incio foi modesto, at que o crescimento trouxe a necessidade de mudanas, mais investimentos e um certo gigantismo no tamanho. Mas a graa do Tororomba reside tambm em continuar tendo um toque familiar, pessoal. No um hotel de rede, padroni-zado. Tem suas caractersticas prprias e, por isso, pode mudar e inovar. Foi isso que essas pginas buscaram mostrar. As dificuldades sempre existiram e a recompensa pelo esforo sempre veio. Ao mesmo tempo que ensaia uma troca de comando, uma passagem de basto para uma nova gerao da famlia Freire, o Tororomba vive tempos excitantes, impulsio-nado pelo desenvolvimento econmico da regio, o que faz com que moradores da Bahia possam frequentar o resort, mesmo que seja no day use. Mudanas so inevitveis porque, como diria Otvio Frias, ex-diretor do jornal Fo-lha de So Paulo, quem olha para trs vira esttua de sal. O Tororomba olha para um fu-turo de inovaes, criatividade e crescimento.