história do cristianismo v da página 328 a 452

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1 HISTÓRIA DO CRISTIANISMO V DA PÁGINA 328 a 452 Racionalismo, reavivamentismo e denominacionalismo, 1648 -1789. Capítulo 32. A conquista das Américas. Mesmo antes de Lutero ter alterado o mapa religioso da Europa, a descoberta das Américas por Colombo causou um impacto sobre o catolicismo 1 1 O catolicismo é um dos maiores representantes do cristianismo na contemporaneidade. O catolicismo é uma das mais expressivas vertentes do cristianismo e, ainda hoje, congrega a maior comunidade de cristãos existente no planeta. Segundo algumas estatística s recentes, cerca de um bilhão de pessoas professam ser adeptas ao catolicismo, que tem o Brasil e o México como os principais redutos de convertidos. De fato, as origens do catolicismo estão ligadas aos primeiros passos dados na história do cristianismo. Em sua organização, o catolicismo é marcado por uma rígida estrutura hierárquica que se sustenta nas seguintes instituições: as paróquias, as dioceses e as arquidioceses. Todas essas três instituições são submetidas à direção e ensinamentos provenientes do Vaticano, órgão central da Igreja Católica comandado por um pontífice máximo chamado de Papa. Abaixo de sua autoridade estão subordinados os cardeais, arcebispos, bispos, padres e todo o restante da comunidade cristã espalhada pelo mundo. Esse traço centralizado da administração eclesiástica católica acabou promovendo algumas rupturas que, de fato, indicam a origem da chamada Igreja Católica Apostólica Romana. Uma das primeiras e fundamentais quebras de hegemonia no interior da Igreja ocorreu no século XI, quando as disputas de poder entre o papa romano e o patriarca de Constantinopla deram origem à divisão entre o catolicismo romano e o catolicismo ortodoxo. As principais crenças do catolicismo estão embasadas na crença em um único Deus verdadeiro que integra a Santíssima Trindade, que vincula a figura divina ao seu filho Jesus e ao Espírito Santo. Além disso, o catolicismo defende a existência da vida após a morte e a existência dos céus, do inferno e do purgatório como diferentes estágios da existência póstuma. A ida para cada um desses destinos está ligada aos atos do fiel em vida e também determina o desígnio do cristão na chegada do dia do Juízo Final. A liturgia católica reafirma sua crença através dos sete sacramentos que simbolizam a comunhão espiritual do fiel junto a Deus. Entre esses sacramentos estão o batismo, a crisma, a eucaristia, a confissão, a ordem, o matrimônio e a extrema-unção. A missa é o principal culto dos seguidores do catolicismo. Neste evento, celebra-se a morte e a ressurreição de Cristo; e o milagre da transubstanciação no qual o pão e o vinho se transformam no corpo e no sangue de Cristo. Segundo consta nos ensinamentos católicos, a origem de sua igreja está relacionada ao nascimento de Jesus Cristo, líder judeu que promoveu uma nova prática religiosa universalista destinada à salvação de toda a humanidade. Após a morte de Cristo, a principal missão de seus seguidores era pregar os ensinamentos por ele deixados com o objetivo de ampliar o conhecimento de suas promessas. Nessa época, os primeiros cristãos tiveram que enfrentar a oposição ferrenha das autoridades romanas que controlavam toda Palestina. Entretanto, a crise do Império Romano e a franca expansão dos praticantes dessa nova religião acabaram forçando o império a ceder a essa nova situação no interior de seus territórios. Por isso, ao longo do século IV, o catolicismo se tornou a religião oficial do Império Romano, favorecendo enormemente a expansão dessa religião ao logo de uma vasta região compreendendo a Europa, a África e partes do mundo oriental. Com isso, a Igreja adentra os últimos séculos da Antiguidade com expressivo poder. Durante a Idade Média, a continuidade do processo de conversão religiosa se estendeu às populações bárbaras que invadiram os domínios romanos e consolidaram novos reinos. Entre esses reinos, destacamos o Reino dos Francos, onde se instituiu uma íntima relação entre os membros do clero e as autoridades políticas da época. A partir de então, a Igreja se tornou uma instituição influente e detentora de um grande volume de terras e fiéis. A grande presença do catolicismo durante o período medieval começou a sofrer um expressivo abalo quando os movimentos heréticos da Baixa Idade Média e, séculos depois, o Movimento Protestante,

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HISTÓRIA DO CRISTIANISMO V DA PÁGINA 328 a 452

Racionalismo, reavivamentismo e denominacionalismo, 1648 -1789.

Capítulo 32. A conquista das Américas.

Mesmo antes de Lutero ter alterado o mapa religioso da Europa, a

descoberta das Américas por Colombo causou um impacto sobre o catolicismo1

1 O catolicismo é um dos maiores representantes do cristianismo na contemporaneidade.

O catolicismo é uma das mais expressivas vertentes do cristianismo e, ainda hoje, congrega a maior comunidade de cristãos existente no planeta. Segundo algumas estatística s recentes, cerca de um bilhão de pessoas professam ser adeptas ao catolicismo, que tem o Brasil e o México como os principais redutos de convertidos. De fato, as origens do catolicismo estão ligadas aos primeiros passos dados na

história do cristianismo. Em sua organização, o catolicismo é marcado por uma rígida estrutura hierárquica que se sustenta nas seguintes instituições: as paróquias, as dioceses e as arquidioceses. Todas essas três instituições são

submetidas à direção e ensinamentos provenientes do Vaticano, órgão central da Igreja Católica comandado por um pontífice máximo chamado de Papa. Abaixo de sua autoridade estão subordinados os cardeais, arcebispos, bispos, padres e todo o restante da comunidade cristã espalhada pelo mundo. Esse traço centralizado da administração eclesiástica católica acabou promovendo algumas rupturas

que, de fato, indicam a origem da chamada Igreja Católica Apostólica Romana. Uma das primeiras e fundamentais quebras de hegemonia no interior da Igreja ocorreu no século XI, quando as disputas de poder entre o papa romano e o patriarca de Constantinopla deram origem à divisão entre o catolicismo

romano e o catolicismo ortodoxo. As principais crenças do catolicismo estão embasadas na crença em um único Deus verdadeiro que integra a Santíssima Trindade, que vincula a figura divina ao seu fi lho Jesus e ao Espírito Santo. Além disso, o catolicismo defende a existência da vida após a morte e a existência dos céus, do inferno e do

purgatório como diferentes estágios da existência póstuma. A ida para cada um desses destinos está l igada aos atos do fiel em vida e também determina o desígnio do cristão na chegada do dia do Juízo Final. A l iturgia católica reafirma sua crença através dos sete sacramentos que simbolizam a comunhão

espiritual do fiel junto a Deus. Entre esses sacramentos estão o batismo, a crisma, a eucaristia, a confissão, a ordem, o matrimônio e a extrema -unção. A missa é o principal culto dos seguidores do catolicismo. Neste evento, celebra-se a morte e a ressurreição de Cristo; e o milagre da

transubstanciação no qual o pão e o vinho se transformam no corpo e no sangue de Cristo. Segundo consta nos ensinamentos católicos, a origem de sua igreja está relacionada ao nascimento de Jesus Cristo, l íder judeu que promoveu uma nova prática religiosa universalista destinada à salvação de toda a humanidade. Após a morte de Cristo, a principal missão de seus seguidores era pregar os

ensinamentos por ele deixados com o objetivo de ampliar o conhecimento de suas promessas. Nessa época, os primeiros cristãos tiveram que enfrentar a oposição ferrenha das autoridades romanas que controlavam toda Palestina. Entretanto, a crise do Império Romano e a franca expansão dos praticantes dessa nova religião

acabaram forçando o império a ceder a essa nova situação no interior de seus territórios. Por isso, ao longo do século IV, o catolicismo se tornou a religião oficial do Império Romano, favorecendo enormemente a expansão dessa religião ao logo de uma vasta região compreendendo a Europa, a África

e partes do mundo oriental. Com isso, a Igreja adentra os últimos séculos da Antiguidade com expressivo poder. Durante a Idade Média, a continuidade do processo de conversão religiosa se estendeu às populações bárbaras que invadiram os domínios romanos e consolidaram novos reinos. Entre esses reinos,

destacamos o Reino dos Francos, onde se instituiu uma íntima relação entre os membros do clero e as autoridades políticas da época. A partir de então, a Igreja se tornou uma instituição influente e detentora de um grande volume de terras e fiéis.

A grande presença do catolicismo durante o período medieval começou a sofrer um expressivo abalo quando os movimentos heréticos da Baixa Idade Média e, séculos depois, o Movimento Protestante,

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ibérico2. O desafio missionário foi aceito pelas coroas da Espanha e de Portugal

juntamente com a sede pelo ouro.

I. Missões no século XVI.

A. Expansão Católica e Protestante.

O rei Fernando nomeou o conquistador Pedro Ária de Ávila (Pedrarias·) em

julho de 1513 para ser o governador do Novo Mundo. Com a armada pronta para zarpar,

os amigos dos índios conseguiram adiar a expedição por sete meses até que uma

solução pudesse ser elaborada sobre a questão de como proceder a uma guerra justa.

As missões no século XVI foram quase exclusivamente obra da Igreja Católica

Romana. Os protestantes estavam demasiadamente ocupados com sua própria

sobrevivência para pensarem muito em missões. No entanto, Lutero era contra as

missões, porque achava que Mateus 28.19-20 tinha sido cumprido pelos apóstolos. Mas

o luteranismo no século XVI cresceu mediante a adesão de reis, e não pelo esforço

missionário.

As Igrejas Reformadas também apelavam aos magistrados, mas boa parte do seu

crescimento foi devida à obra de pastores treinados em escolas como a de Calvino em

Genebra. O movimento anabatista foi propagado principalmente por leigos e pastores

itinerantes. De qualquer maneira o alcance protestante era limitado exclusivamente à

Europa.

Pode ser que as missões protestantes, nesse período, não tinham praticamente

nenhum contato com os nãos-cristãos para despertar um zelo evangelístico. O

questionaram o monopólio religioso e intelectual de seus clérigos. Nessa mesma época, a Igreja reafirmou suas concepções de fé por meio da Contrarreforma, a instalação da Inquisição e a expressiva participação na conversão das populações nativas encontradas no continente americano . Entre os séculos XVIII e XIX, o poder de intervenção da Igreja em questões políticas sofreu uma grande

perda com a eclosão do ideário i luminista e o advento das revoluções l iberais. A necessidade de instalação de um Estado laico favoreceu uma restrição das atividades da Igreja ao campo essencialmente religioso. Paralelamente, o surgimento do movimento comunista também estabeleceu outra frente de refutação ao catolicismo quando criticou qualquer tipo de prática religiosa.

No século XX, a Igreja sofreu uma profunda renovação de suas práticas quando promoveu o Concílio de Vaticano II, acontecido durante a década de 1960. Nesse evento – que mobilizou as principais l ideranças da Igreja – uma nova postura da instituição foi orientada em direção às questões socia is e injustiças que

afl igiam os menos favorecidos. Essa tônica social acabou dando origem à chamada Teologia da Libertação, que aproximou os clérigos das causas populares, principalmente na América Latina. Ultimamente, a ascensão de autoridades mais conservadoras na alta cúpula da Igreja enfraqueceu significativamente esse tipo de aproximação. Em contrapartida, existe um forte movimento que ainda

insiste na mudança de alguns preceitos, como o celibato entre os clérigos e o uso de métodos contraceptivos. Com isso, vemos que a trajetória dessa instituição foi marcada por várias experiências que a transformaram ao longo do tempo. 2 Relativo à península (porção de terra de certa extensão, cercada de água por todos os lados, salvo por um, através do qual se une a uma área maior de terreno) Ibérica (Espanha e Portugal); ibero.

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catolicismo, através dos seus missionários, alcançou o mundo todo, e especialmente,

mas não exclusivamente, as Américas. Mesmo como o catolicismo romano tenha se

alastrado mais do que o protestantismo antes de 1800, a vitalidade espiritual estava

faltando.

A falta de vitalidade é observada por dois fatores: 1ª os movimentos de

avivamentos religiosos são destacados pela sua ausência; 2ª as comunidades cristãs

latino-americanas não produziram nenhum missionário. Neste momento, a expansão do

cristianismo era distinta daquela da Europa. Com relação às tribos muitos abandonaram

o protestantismo logo os missionários europeus foram retirados.

B. Espanha e Portugal: países católicos.

Enrique Dussel observou o seguinte: “A Igreja hispânica ou latino-americana é o

produto de um processo vasto e longo que espelhava aquilo que acontecia no continente

europeu em várias etapas”. O pluralismo religioso não era aceito pela mentalidade

ibérica. Na Idade Média a inquisição para perseguir os judeus na Espanha durou muito

tempo. Mesmo através da força os mouros3 foram obrigados a se converterem através

do decreto de Carlos V.

A campanha de Carlos V atravessou o século XVI e chegou ao seu ápice com o

banimento de meio milhão de mouros em 1609. A Inquisição sufocou, na Espanha, os

avanços da Reforma. Outro ponto importante é que a Igreja Católica se tornou parceira

do governo na expulsão dos protestantes. Espanha e Portugal eram intolerantes à

liberdade religiosa. As suas colônias também agiam da mesma forma.

No século XVI, segundo Montenegro, a religião em Portugal não era um fator

cultural ativo. Ela era imbuída de crendices e superstições e isto não fazia parte do

catolicismo ortodoxo4. No fim do século XVI a Igreja em Portugal e na Espanha era

3 Mouros. Mouros são considerados os povos instalados na região da Península Ibérica durante a Idade Média. Os mais conhecidos eram os árabes e os berberes, mas existiam outros. Este termo fo i empregado de forma especial no que se refere aos que se encontrava em áreas cristãs por motivo de

cativeiro de guerra ou rendição de territórios. No início, os mouros eram aniquilados pelos povos que os conquistavam. Porém, após o século IX, eles passara m a serem poupados, alguns deles para serem util izados no trabalho escravo, com maior concentração em Portugal. 4 A Igreja Ortodoxa (do grego όρθος, reto, e δόξα, doutrina), também conhecida como Igreja Católica Ortodoxa Grega ou Igreja Cristã Ortodoxa, é uma das principais Igrejas cristãs da atualidade com aproximadamente dois mil anos. A Igreja Ortodoxa vê a si mesma como a verdadeira igreja instituída por Jesus Cristo, e a seus l íderes, sucessores dos apóstolos. Em que pesem diferenças teológicas,

organizativas e de espiritualidade não desprezáveis, no todo sua doutrina é semelhante à da Igreja Católica; preserva os sete sacramentos, o respeito a ícones e o uso de vestes l itúrgicas nos seus cultos (denominados de divina liturgia). Seus fiéis são chamados de cristãos ortodoxos.

A Igreja Ortodoxa e a Igreja Católica Apostólica Romana separaram-se no século XI. Por essa razão os ortodoxos não reconhecem a autoridade do Papa, não aceitam os dogmas proclamados pela Igreja

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profundamente dominada pelo Estado. Esses estados ibéricos, no século seguinte,

assimilaram e executaram plenamente a doutrina política do Concílio de Trento5.

Nas Américas os espanhóis encontraram duas civilizações altamente

desenvolvidas. Os portugueses acharam estruturas tribais simples. Nesta época os

relacionamentos entre os índios e os caucásios6 permaneceram no nível de trocas de

mercadorias, não havia nenhum desiquilíbrio tribal. O índio se tornou obstáculo aos

portugueses quando estes queriam avançar além da troca para a agricultura. O anseio de

subjugar o índio ficou sendo “o elemento central da ideologia dominante no mundo

colonial lusitano”.

II. A América na época da conquista

Os astecas7 e os incas8 eram as civilizações que já estavam em florescimento

quando os espanhóis e os portugueses “descobriram” a América. A civilização maia9,

Católica Romana em séculos recentes, tais como o da Imaculada Conceição e o da infalibilidade papal, e

não consideram válidos os sacramentos ministrados por outras confissões cristãs. 5 Concílio de Trento é o nome de uma reunião de cunho religioso (tecnicamente denominado concílio ecumênico) convocada pelo papa Paulo III em 1546 na cidade de Trento, na área do Tirol italiano. Com o

surgimento e consequente expansão do protestantismo profundas modificações atingiram a Igreja Católica. Uma reação a tal expansão, vulgarmente denominada “Contrarreforma” foi guiada pelos papas Paulo III, Júlio III, Paulo IV, Pio V, Gregório XIII e Sisto V, buscando combater a expansão da Reforma Protestante. Além da reorganização de várias comunidades religiosas já existentes, outras foram

criadas, dentre as quais a Companhia de Jesus ou Ordem dos Jesuítas, tendo como fundador Santo Inácio de Loyola. 6 Diz-se de qualquer das l ínguas não indo-europeias faladas no Cáucaso (Sul da Rússia, Geórgia e Azerbaijão). 7 Astecas. Dentre os três principais povos da América pré-colombiana, os Astecas foram os mais poderosos e desenvolvidos. Eram índios que migraram para o Vale do México, para a i lha do Lago Texcoco. São originários de uma região dos Estados Unidos, onde viviam como nômades.

Foram os últimos a chegar ao planal to mexicano, fixaram-se no local, mesclaram-se com os toltecas e constituíram, assim, o “Império Asteca”. O centro do império era a cidade de Tenochtetlán, hoje a cidade do México. Cada cidade-estado possuía seu próprio rei, mas na época da ocupação espanhola, os indígenas obedeciam apenas a Montezuma, imperador asteca, provando o quanto eram organizados. 8 Incas. Fixados na região dos Andes, os incas constituem uma grande civil ização que dominou uma ampla faixa de terras pelo território sul -americano. De acordo com um relato de natureza mítica, o povo inca se fixou inicialmente na região de Cuzco e teve como primeiro grande líder Manco Capac. Por causa das condições geográficas mais favoráveis, a presença inca se concentrou primeiramente na região

central dos Andes. Por volta do século XV os incas estabeleceram um processo de expansão territorial que buscou os planaltos encravados entre as montanhas andinas e as planícies do litoral Pacífico. Sob a tutela do

imperador Pachacuti Yupanqui, outras populações foram militarmente subordinadas ao poderio inca. Com isso, a civil ização passou a tomar a feição de um grande império. “O Inca” era a mais importante autoridade política entre o povo inca. Venerado como o descendente do deus-sol Inti Raymi, o imperador era o principal guardião de todos os bens pertencentes ao Estado,

incluindo a propriedade das terras. Os terrenos cultiváveis eram divididos em três parcelas distintas: a terra do Inca, destinada ao rei e seus familiares; a terra do deus -sol, controlada pelos sacerdotes; e a terra da população.

Em um âmbito geral, a elite da sociedade inca estava composta pela família real e os ocupantes dos altos cargos político-administrativos (sacerdotes, chefes militares, juízes, governadores provinciais e

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anterior, já tinha sido absorvida pelos astecas. O reino inca se estendia do Chile à

Colômbia. Havia também índios americanos quase totalmente nômades e que usavam a

caça como meio de subsistência.

A. A origem e o desenvolvimento dos Impérios pré-espanhóis

1. A civilização maia começou em cerca de 600 a.C. O império maia tinha uma

unidade cultural e era edificado em função de cidades-estados10 que eram ligadas entre

si.

2. Os índios astecas vieram do norte e povoaram o Vale do México no século

XIII. No século XIV fundaram Tenochtitlan, em cujo sítio está localizado a Cidade do

México. No começo do século XV, Tenochtitlan tinha se tornado uma poderosa “cidade

estado”. Em 1502, quando Montezuma11 II subiu ao trono, o Império estava no auge. A

capital tinha uma população de aproximadamente 100.000 habitantes.

sábios). Logo abaixo, em posição mediana, temos os comerciantes e artesãos que garantiam a circulação

de mercadorias que atestaram a presença de uma rica cultura material. 9 Maias. Assim como os olmecas, a civil ização maia instiga uma série de questões não respondidas aos diversos paleontólogos, historiadores e antropólogos que investigam este povo pré-colombiano. Os

indícios da origem da civil ização maia repousam nos sítios arqueológicos da península do Iucatã, que datam entre 700 e 500 a.C. Contudo, novas pesquisas admitem uma organização mais remota, estabelecida em 1500 a.C.. Ao contrário de outras grandes civil izações, os maias não se organizaram politicamente através de uma

estrutura de poder político centralizado. Em um vasto território que ia da Guatemala até a porçã o sul do México, observamos a presença de vários centros urbanos independentes. Entre as principais cidades integradas a esse sistema podemos destacar Piedras Negras, Palenque, Tikal, Yaxchilán, Copán, Uxmal e Labná.

O esplendor da sociedade maia é fundamentalmente explicado pelo controle e as disciplinas empregadas no desenvolvimento da agricultura. Entre os vários alimentos que integravam a dieta alimentar dos maias, podemos destacar o milho, produto de grande consumo, o cacau, o algodão e o

agave. Para ampliar a vida útil de seus terrenos, os maias costumavam organizar um sistema de rotação de culturas. O processo de organização da sociedade era bastante rígido e se orientava pela presença de três classes sociais. No topo da hierarquia encontramos os governantes, os funcionários de alto escalão e os

comerciantes. Logo em seguida, temos funcionários públicos e os trabalhadores especializados. Na base da pirâmide ficavam os camponeses e trabalhadores braçais. Os maias tiveram uma ampla gama de conhecimentos desenvolvidos no interior de sua cultura. De acordo com algumas pesquisas, eles util izavam um sistema de contagem numérico baseado em

unidades vigesimais e, assim como os olmecas, util izavam do número “zero” na execução de operações matemáticas. Além disso, criaram um calendário bastante próximo ao sistema anual empregado pelos calendários modernos. 10 O que é Cidade-Estado: Cidade-Estado é uma cidade, um local independente, que possui seu próprio governo. A cidade-estado é uma cidade dentro de um país, onde ela sobrevive independente do local onde está inserida, com suas próprias leis. As cidades-estados existem desde a Antiguidade, como na Grécia Antiga, onde as mais famosas eram

Atenas, Esparta e Tróia. Essas cidades ficavam dentro da Grécia, mas funcionav am de forma independente, tinham seu próprio regime político, suas leis e foi um exemplo para outras cidades na Europa, como na Alemanha, Itália, e até mesmo na Ásia e África. 11 Nome Completo Motecuhzoma Xocoyotzin (Montezuma II)

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A civilização maia tinha uma unidade cultural, a asteca era heterogênea e incluía

muitas tribos que tinham sido sujeitadas por ela. O Império recebia pesados impostos na

forma de mercadorias das cidades conquistadas. Por causa do ressentimento do povo

Cortês conseguiu conquistar a cidade. A religião e a cultura dos astecas também

facilitou a tarefa dos conquistadores.

3. O Império Inca, com sua capital em Cuzco, chegou ao auge da sua extensão e

civilização dos reinados de Pachacuti e seu filho Topa Inca, que duraram de 1438 até

1493.

B. A religião pré-espanhola

O pluralismo religioso era inconcebível até cento e tantos anos. Deste período

para cá a religião tem sido formalmente separada da mentalidade essencial. No período

antes do pluralismo religioso os deuses eram sangrentos e os crentes tremem ao pensar

nas forças aterrorizantes que essas divindades personificam.

Até nos tempos modernos, esse núcleo ético-mítico era inseparável da religião.

Quer em termos de experiência espiritual quer em termos de inclinação pessoal as

religiões pré-espanholas tinham pouco ou nenhum lugar para o indivíduo. Na época da

conquista houve uma tremenda colisão entre o individualismo e essa solidariedade

Índia.

1. A religião maia integrava a totalidade do povo, e marcava cada passo da

puberdade a sepultura. Havia quatro deuses das chuvas, e o culto incluía o sacrifício

humano a esses deuses. Sua religião se desenvolveu a partir de um dualismo básico

entre os deuses bons e os deuses maus. O sumo sacerdote tinha autoridade igual à do

chefe da tribo.

2. A religião dominava os astecas mais do que os maias. Cada dia, noite,

semana, mês e ano tinha seu próprio deus (ou deusa). Negligenciar os deuses provocaria

o fim do mundo. Para os astecas, a religião tinha pouco a ver com os exercícios

Quem foi

Montezuma foi um importante governante asteca do começo do século XVI. Seu governo foi do ano de 1502 até 1520. Foi durante seu reinado com os astecas entraram em contato com os conquistadores espanhóis. Foi capturado pelo conquistador espanhol Hernan Cortez. A hipótese ma is aceita entre os historiadores atuais é a de que ele teria sido assassinado pelos seus súditos, por ter colaborado e feito

acordos com os conquistadores espanhóis. Nascimento Montezuma nasceu em 1466.

Morte Montezuma morreu na cidade asteca de Tenochtitl an (atual México) em 29 de junho de 1520.

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espirituais ou com a perfeição individual. Milhares de pessoas eram sacrificadas todos

os anos, sendo a maioria delas prisioneiras, para aplacar os deuses.

3. Como acontecia com os astecas, a religião inca centralizava-se em torno do

Deus Sol, a quem chamavam de Inti. Embora Inti não fosse o deus supremo ele era o sol

invictus, o deus dos vitoriosos. O deus peruano mais antigo era Viracocha (=

Pachacamac) que criou o céu e a terra do nada. Viracocha foi quase totalmente

eclipsado por Inti.

A adoração a Inti e a Viracocha era caracterizada pela dignidade e pelo profundo

respeito. Em sacrifícios eram também oferecidas crianças.

4. A civilização maia desenvolvera-se paulatinamente no decurso de séculos, e já

ultrapassara seu auge antes da Conquista. Antes da chegada dos espanhóis os impérios

astecas e incas tinham chegado à sua expansão máxima. O desaparecimento dos

impérios índios levou ao renascimento da idolatria local. A Igreja espanhola não tinha

consciência exata daquilo que estava acontecendo.

5. Além desses três impérios com suas teogonias12 em desenvolvimento, havia

milhões de índios pelas Américas cuja religião era animista13. Os tupinambás

acreditavam que eram cercados por seres sobrenaturais de duas categorias: uns

comparados a demônios e outros a espíritos propriamente ditos. Os europeus tiveram a

conquista facilitada pelo mito do “herói-civilizador” que forneceu o fio comum que

ligava as tribos ameríndias.

Hernando Cortês utilizando do mito do “herói-civilizador” juntamente com seus

177 homens conseguiram marchar sem serem molestados até a capital asteca em

Tenochtitlan.

12 Teogonias. Os mitos narram à origem das coisas (origem do fogo, do vento, da água, das plantas, dos

animais do homem, etc.), por meio de eventos sobrenaturais. Podem retratar combates, uniões e matrimônios entre seres fabulosos, que tem o domínio das forças da natureza e governam o mundo e o destino de tudo que a nele. Os mitos sobre a origem do mundo são denominados como Cosmogonia e Teogonia.

O termo gonia vem do grego e quer dizer nascimento, geração ou descendência. Cosmos quer dizer ordem, organização, beleza ou harmonia. Sendo assim a Cosmogonia é uma narrativa que relata o nascimento e a evolução do mundo a partir de forças geradoras. Teogonia também vem do grego, em

que Theos significa deus ou deuses. Sendo assim a Teogonia é a narração da origem dos deuses a partir das forças geradoras. 13 Animismo. Filosofia. Ideologia ou crença de acordo com a qual todas as formas identificáveis da natureza (animais, pessoas, plantas, fenômenos naturais etc) pos suem alma. (Etm. anim(i) + ismo).

Os Animistas acreditam que existem espíritos que vivem por toda parte, dão vida e protegem todas as coisas. Assim, segundo a mentalidade animista há espíritos nas rochas, nas árvores, nas sementes, na água, e nas pessoas estejam estas últimas vivas ou mortas. Eles acreditam que esses espíritos podem

atrair tanto coisas ruins, como boas, assim os espíritos combatem as doenças e as secas, mas também castigam com enfermidades e tragédias.

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Na ocasião da conquista, os impérios asteca e inca tinham sido formados havia

muito pouco tempo. Eles não tiveram tempo de se integrarem as muitas religiões que

conquistaram. A dissolução desses impérios levou inevitavelmente ao renascimento do

animismo e do fetichismo14 locais. Nem mesmo o catolicismo conseguiu frear essa

reversão. Mas até os dias de hoje essas áreas permanecem católicas embora possa ser

chamado de “catolicismo folclórico”.

III. Os sacerdotes e os conquistadores.

A. A época e seus homens.

Aqueles que chegaram primeiramente ao Novo Mundo eram representantes

legítimos do espírito da Renascença, com toda a “concupiscência da carne, a

concupiscência dos olhos e a soberba da vida”. Estavam longe de representar a Espanha

mística de Santa Teresa. O grande reformador religioso espanhol, o arcebispo Ximenez

de Cisneros, possuía seus próprios palácios e exércitos.

Por causa da fraqueza do papado naquele tempo Ximenez teve que se entender

com o arcebispo. Todos que em primeiro lugar tiveram às terras de Santa Cruz eram

vassalos de El-Rei de Portugal. Eles tinham os olhos bem abertos para as cobiças

materiais. Antes eles foram colonizadores e mais tarde bandeirantes. Mais tarde, os reis

da Espanha, Carlos e Felipe, desenvolveriam um programa político de expansão

evangelística e econômica.

Para unir a Europa e o mundo sob o signo da Cruz dentro da Igreja Católica

Romana. Os reis da Espanha usaram os meios da conquista. Para isso eles trouxeram

das Américas os metais preciosos extraídos das minas. Na balança da conquista isto

pesou muito. Houve a decadência espanhola que foi ocasionada pelo triunfo francês

sobre os Hapsburgos no fim do século XVII.

B. O imperialismo e as missões.

Espanha e Portugal foram impulsionados por dois tipos de ação militante

naquele período momentoso da sua história: um era militar; o outro, religioso. Os dois 14 Fetichismo. S.m. 1 [OCULTISMO] culto de objetos que se supõe representarem entidades espirituais e possuírem

poderes de magia; 2 [por extensão] admiração exagerada, irrestrita, incondicional por uma pessoa ou coisa; veneração; 2.1 [PSICOPATOLOGIA] desvio do interesse sexual para algumas par tes do corpo do parceiro, para alguma função fisiológica ou para peças de vestuário, adorno etc.;

2.2 ato de tomar partido a favor de ou contra uma pessoa, uma fação etc., sem que importe a justiça ou a verdade; parcialidade; GRAM voc. considerado galicismo pelos puristas, que sugeriram em seu lugar: feiticismo;

ETIM fr. fétichisme 'id. '; Quanto à formação, fetichismo é uma palavra derivada por sufixação.

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eram sobreviventes à Fé. Na “Bula de Alexandre” às terras descobertas por Colombo

continha os direitos e as responsabilidades. Em 1501 os dízimos que eram cedidos à

coroa para fins eclesiásticos.

O controle da Igreja foi levado a sério por Isabel, Carlos V e Felipe II se

submeteram tanto que embora nenhum sacerdote nem frade tivessem navegado

juntamente com Colombo, a necessidade da sua presença de missionários fazia-se

necessária imediatamente após a descoberta das Américas. O governo pagava as

despesas dos sacerdotes, inclusive a edificação de mosteiros.

Os direitos eclesiásticos faziam parte da coroa espanhola e era uma dádiva do

papa. A coroa também reconhecia que o papa tinha o direito de exercer seus poderes

sobre o Novo Mundo como Vigário de Cristo. O monarca e o rei protegeram os índios

dos colonizadores e evitar que os mesmos fossem escravizados. Tudo o que acontecia

tinha que ser passado ao conhecimento eclesiástico.

No patronato espanhol nasceram às estruturas executivas até a criação do

Concílio Supremo das Índias este patronato possuía plena autoridade em todos os

aspectos da colônia. As coroas ibéricas por causa do compressor econômico operavam

contra os índios. Elas dependiam dos metais preciosos para sustentar suas guerras na

Europa. Então, os índios eram sacrificados dos seus bens para satisfazerem as

necessidades dos colonizadores.

C. O problema da justiça

1. O Clamor pela justiça. Embora Bartolomeu de Las Casas seja considerado o

pai da Teologia da Libertação, o primeiro clamor pela justiça do Novo Mundo foi

levantado em 1511 pelo frade dominicano Antônio de Montesinos da ilha de

Hispaniola. Montesinos foi um cavaleiro aventureiro com escravos índios. Montesinos

fez um discurso no qual defendia os índios até mesmo na religião.

O sermão de Montesinos fez com que houvesse uma disputa de quase cem anos

e que envolveu todas as colônias espanholas, inclusive as Filipinas. O frade de Las

Casas disse que o objetivo de Cristo e o Papa juntos buscam e devem ser buscado nas

Índias e, que os reis cristãos de Castela deviam para atingirem. Os nativos das Índias

deveriam ser evangelizados.

2. As Experiências de Justiça. O empreendimento colonial espanhol era julgado e

justificado pelo motivo missionário. Las Casas sempre usou de persuasões para uma

exigência de fé. Ele relacionou a salvação e a justiça. Ele lutou energicamente contra a

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encomienda15. Las Casas apresentou oito soluções para a situação nas Índias. A última

tratava da encomienda.

A coroa espanhola permitiu quatro tipos de experiências que visavam descobrir a

melhor de tratar e administrar os índios. Como o problema dos índios era a sua

capacidade de viver, então esta era determinada pelos padrões espanhóis. Os índios,

desta forma, eram obrigados a terem uma vida idêntica ao dos espanhóis com todas as

características destes inclusive a religiosa. Esta tentativa foi grandiosa.

As quatro tentativas fracassaram não por causa dos missionários e sim pelos

colonizadores espanhóis, pois estes não queriam vê-las ter êxito. A conquista ibérica

dizimou a população indígena no México. No Brasil mais de 7.000.000 de tupinambás

ao longo da orla marítima brasileira desapareceram no começo do século XVI tão

bruscamente que foi necessário a vinda de escravos africanos.

IV. A conquista religiosa do Novo Mundo

A. Introdução

Os conquistadores não planejaram o extermínio da população Índia. Os

sacerdotes não tiveram êxito em salvar os índios das mãos dos soldados. Os sacerdotes

também são acusados de contribuírem pela destruição dos índios. Para os sacerdotes

espanhóis a cultura espanhola e o cristianismo eram a mesma coisa. A evangelização

das Américas foi semelhante à evangelização da Europa. Primeiramente eles

procuravam atingir os líderes políticos. Com estes aceitos o povo também os seguia.

O cristianismo católico na América latina retém boa parte das antigas crenças

indígenas ou africanas por detrás de um exterior católico. Na América a cristianização

era diferente da Europa em um ponto, nesta na medida em que o cristianismo avançava

os sacerdotes eram recrutados dos povos que estavam sendo evangelizados. Na América

15 Encomienda. Inicialmente, na América Espanhola, a base econômica era a exploração do trabalho

indígena, sob duas formas diversas: a mita e a encomienda. Para se compreender este processo é preciso estar atento à visão do colono sobre os nativos. Para ele os índios eram tão somente uma raça vencida, primitiva, e cabia a ele civil izá-los, mesmo que fosse através de métodos compulsórios. Além do

mais, já nasciam condenados à escravidão, pois eles descendiam de Cam, fi lho de Noé, que teve o mesmo destino. Era natural, portanto, que eles fossem entregues como escravos aos espanhóis. Sem falar no próprio mecanismo do mercantil ismo, que exigia como requisitos principais o colonialismo e a política

escravocrata, embora a Metrópole proibisse a escravização dos índios, só permitindo posteriormente a dos negros africanos. Assim, dentro deste contexto, a encomienda consistia em um tipo de trabalho indígena obrigatório, particularmente encontrado nas zonas rurais. Como a Igreja não concordava com

esta forma de escravidão, os proprietários destes trabalhadores trocavam o trabalho dos nativos pela catequese dos mesmos, além de pagarem um tributo à Coroa por este direito.

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latina eram quase 100% importados até parte do século XIX. Latourete afirmou que a

expansão da Igreja foi relativamente estéril.

B. A conquista e a implantação

A descoberta das Índias Ocidentais e as Américas pela conquista espanhola foi

praticamente completadas em 1550. A coroa espanhola conseguiu reinar sobre uma

população de mais de sete milhões de índios e cerca de 40.000 escravos negros. Isto foi

alcançado pela conquista dos impérios asteca e inca. Também centenas de missionários

que vieram da América Hispânica. Estes conquistaram a maioria dos índios para a fé

cristã.

Esta conquista foi facilitada pelo fato das tribos que já tinha sido sujeitada pelos

astecas e incas e obrigados a abandonarem a sua religião para seguir seus dominadores.

Outro fator também é que nem os impérios conquistados e nem os europeus

conquistadores podiam conceber a pluralidade religiosa. Estes achavam que o Estado, a

cultura e a religião faziam parte de uma mesma coisa.

O impacto da atividade missionária na Nova Espanha foi intenso de 1524 até

1574. No Brasil, nem a colonização nem a obra missionária começaram até meados do

século XVI. No Brasil a população era menor e havia uma estrutura imperial sedentária.

No Brasil a evangelização começou com seriedade em 1549. Anchieta no Brasil batizou

milhares de índios. Os jesuítas16 para protegeram os índios dos europeus os reuniram

em aldeias.

A expansão da Nova Espanha dependeu do avanço missionário. À medida que

os frades franciscanos e outros avançavam para os novos territórios e estes eram

amassados e reunidos em mosteiros, e isto, facilitava a administração civil espanhola na

sua expansão. Enrique Dussel afirmou que as nações que permaneceram essencialmente

pagãs foram indiretamente tocadas pela civilização hispânica. E as nações que não

tiveram nenhum contato com o Cristianismo permaneceram totalmente pagãs até o fim

do século XVIII. 16 Introdução. Os jesuítas eram padres da Igreja Católica que faziam parte da Companhia de Jesus. Esta ordem religiosa foi fundada em 1534 por Inácio de Loiola. A Companhia de Jesus foi criada logo ap ós a

Reforma Protestante (século XVI), como uma forma de barrar o avanço do protestantismo no mundo. Portanto, esta ordem religiosa foi criada no contexto da Contrarreforma Católica. Os primeiros jesuítas chegaram ao Brasil no ano de 1549, com a expedição de Tomé de Souza. Objetivos dos jesuítas:

- Levar o catolicismo para as regiões recém-descobertas, no século XVI, principalmente à América; - Catequizar os índios americanos, transmitindo-lhes as l ínguas portuguesa e espanhola, os costumes europeus e a rel igião católica;

- Difundir o catolicismo na Índia, China e África, evitando o avanço do protestantismo nestas regiões; - Construir e desenvolver escolas católicas em diversas regiões do mundo.

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Entre os colonizadores e os índios havia os sacerdotes que exerciam o papel de

mediadores. Os colonizadores às vezes tinham os espíritos pacificados e outras estes

eram refreadas a cobiça e a violência pelos sacerdotes. Às vezes as conversões eram

feitas pela força militar. Os aborígenes17 pouca vezes foram confrontados para

escolherem entre a espada e a cruz. Houve casos em que os índios foram obrigados

através das armas a aceitarem os missionários ou aceitarem o batismo. Somente nos

últimos séculos da Idade Média europeia.

No México o frei Juan de Zumarraga, o primeiro bispo deste país, foi nomeado

para a posição de mediador em 1530. Em 1546, o México foi elevado à posição de

arquidiocese. Foi estabelecida uma diocese18 no Panamá, e outra em Cuzco. Lima se

tornou arquidiocese19 em 1564. “O primeiro Concílio20 de Lima deu aos missionários

instruções exatas acerca de como cumprir sua tarefa”. Juntamente com o

desenvolvimento da hierarquia vieram à educação e a Inquisição.

17 Os Aborígenes australianos formam uma população, assim como os grupos indígenas, que foi vítima

de massacres pelos colonizadores e discriminados por parte da população dita civil izada. Os colonizadores ingleses foram os primeiros responsáveis pelos massacres das comunidades Aborígenes. Soldados ingleses aproximavam das aldeias e ofereciam agrados para a população local.

Entretanto, outros soldados envenenavam com arsênio a água e os alimentos dessa população. Vários Aborígenes morreram em consequência do envenenamento causado por esse elemento químico. 18 Território em que um bispo exerce jurisdição espiritual. 19 Arquidiocese. n substantivo feminino. Rubrica: termo eclesiástico. Diocese que exerce jurisdição sobre

outras e que se encontra sob o controle oficial de um arcebispo 20 Significado de Concílio. s.m. Assemblei a de dignitários religiosos. Nesta assembleia discutem-se questões práticas e problemas doutrinários. Para a Igreja Católica os concílios podem ser ecumênicos,

nacionais e provinciais. Sinônimos de Concílio: assembleia e junta