hipnose em pacientes oncológicos

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  • 8/17/2019 Hipnose Em Pacientes Oncológicos

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    ARTIGOS

    Hipnose em pacientes oncológicos: um estudopsicossomático em pacientes com câncer de próstata

     

    Hypnosis in oncological patients: a psychossomatic study onprostate cancer patients

     

    Hipnosis en pacientes oncológicos: un estudio psicosomáticoen pacientes con cáncer de próstata

     

    Licia erreira !aire

    Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, Brasil

    Endereço para correspondência

     

    R"S#$O

    A presente pesquisa tem como o!etivo interpretar e compreender o impacto dasressi"nificaç#es vivenciais e$perienciadas em estado %ipnótico por pacientes comc&ncer de próstata sore a autopercepção de sa'de, crença no tratamento ecapacidade de prospectar o futuro( )oram acompan%ados *+ su!eitos durante sess#es de * %ora de %ipnoterapia escalonadas semanalmente( -s instrumentosconsistiram em entrevistas individuais, intervenç#es %ipnóticas e re"istros dasentrevistas( )oi eleita a ./cnica de An0lise .em0tica para a seleção de temas aserem analisados( -s discursos emer"idos nas entrevistas iniciais apresentaramsemel%anças no que concerne 1s vivencias coe$istenciais e os tópicos not0veisanalisados foram2 Sentimentos e impulsos ao impacto do dia"nóstico, Si"nificadodo c&ncer e crença na cura, Autopercepção da mel%ora do c&ncer, 3etomada dacapacidade de prospectar o futuro( A conclusão indicou que *445 dos pacientesacompan%ados referiram mel%ora na sa'de, certe6a da cura, retomada do %umor eincremento nas estrat/"ias de enfrentamento 1s situaç#es estressó"enas(

    %ala&ras'cha&e: Psicossom0tica7 8ipnose7 C&ncer de próstata(

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-82712012000100016#endhttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-82712012000100016#end

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    A(STRA!T

    .%is researc% aims at interpretin" and understandin" t%e impact of e$perientiale$perienced resi"nifications under t%e %9pnotic state 9 eac% prostate cancerpatient aout of t%e self:perception of %ealt%, t%rust in treatment and capailit9 ofprospectin" t%e future( *+ patients ;ere companied alon" one:%our sessions of

    %9pnot%erap9 ;eaeanin"s of cancer andt%rust in cure, Self:perception aout cancer improvement and 3esumption ofcapacit9 of prospectin" t%e future( Conclusion indicated t%at *445 of t%e follo;edpatients mentioned fellin" t%emselves etter aout t%e %ealt%, t%rust in cure,improvement in t%e %umor and increases on t%e strate"ies ;it% stressin" situations(

    )ey*ords: Ps9c%ossomatic7 89pnosis7 Prostate cancer(

    R"S#$"+

    ?a presente investi"ación tiene como o!etivo interpretar 9 comprender el impactode las resi"nificaciones vivenciales e$perienciadas en estado %ipnótico por pacientescon c0ncer de próstata sore la autopercepción de salud, creencia en el tratamiento9 capacidad de prospectar el futuro( )ueron acompa@ados *+ su!etos durante sesiones de * %ora de %ipnoterapia escalonadas semanalmente( ?os instrumentosconsistieron en entrevistas individuales, intervenciones %ipnóticas 9 re"istros de lasentrevistas( )ue esco"ida la ./cnica de An0lisis .em0tico para la selección de temasa seren anali6ados( ?os discursos emer"idos en las entrevistas iniciales presentaronseme!an6as en lo que respecta a las vivencias coe$istenciales 9 los tópicos notalesanali6ados fueron2 Sentimientos e impulsos al impacto del dia"nóstico, Si"nificadodel c0ncer 9 creencia en la cura, Autopercepción de la me!ora del c0ncer, 3etomadade la capacidad de prospectar el futuro( ?a conclusión indicó que *445 de lospacientes acompa@ados refirieron me!ora en la salud, certe6a de cura, retomada del%umor e incremento en las estrate"ias de enfrentamiento a las situacionesestresó"enas(

    %ala,ras'cla&e: Psicosom0tica7 8ipnosis7 C0ncer de próstata(

     

    Uma questão curiosa na %istória da %ipnose / que, mesmo sem atender 1se$i"ências de cientificidade, ela sempre foi marcada pela eficiência terapêutica desuas aorda"ens, tendo a discussão sore a %ipnose sido inicialmente retomada,em termos clínicos, a partir da ora de >ilton Eric

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    e acordo com Ericacvean, uc%esne, Couper eNissane +44FD referem que ao se dar o dia"nóstico de c&ncer de próstata e deseus consequentes tipos de tratamentos, estamos colocando 1 disposição dopaciente e de seus cLn!u"es quest#es e$istenciais concernentes a possíveissequelas decorrentes de tais intervenç#es7 o que implica a capacidade deenfrentamento e de adesão do paciente ao tratamento e o desenvolvimento decomoridades de ordem psicoló"ica ou psiqui0trica( essa forma, os autores

    prop#em que as pesquisas sore o tema atentem para compor estrat/"ias deintervenção cu!o o!etivo se!am as necessidades psicoló"icas(

    Portanto, podemos oservar que %0 dois focos centrais quanto ao adoecimento nospacientes que receem o dia"nóstico de c&ncer de próstata2 o iom/dico, inerenteao fato de ter c&ncer, e os decorrentes desse dia"nóstico e das an"'stiase$istenciais que o mesmo defla"ra( Esse todo psicossom0tico demanda umaestrat/"ia de intervenção que implique a psique e o corpo de carne, como oservouSpie"el +44FD ao afirmar %aver a necessidade de se desenvolver uma ferramenta%olística que permita acessar tanto a cone$ão mente:corpo quanto o conte$toclínico(

    as palavras de >ac ou"all *HOID, o corpo, enquanto invólucro carnal que /,trata:se de um o!eto para a psique, o que implica o fato de que sem corpo não

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    %averia psique, e vice:versa( esse modo, não %0 como se entender nem mesmo oafeto como um Gacontecimento puramente psíquico ou puramente físico7 a emoção/ essencialmente psicossom0ticaG >ac ou"all, +444, p( *4FD, posto que, se"undoa autora, %0 uma relação entre os terrenos do soma e da psique, Gpropiciada pelador, que sur"indo em um destes terrenos, provoca inevitavelmente sofrimento aooutro7 pelo menos enquanto o psicossoma funcionar como um todo saud0velG

    *HOI, p( *+:*ID, ou se!a, inte"rado(

    Ainda, se"undo 3ossi +44ID, Gqualquer intromissão ou mudança feita pelo mundoe$terior pode desencadear uma doença cu!a característica / a de ser um esforçopara manter o equilírio %omeost0ticoG p( O+D( - autor e$plica essa din&micaadaptativa considerando que o ser %umano / dotado de um sistema detentor doGpapel central de mediar a comunicação entre a fenomenolo"ia da mente, tal comomemória, aprendi6a"em, emoç#es, comportamento e suas manifestaç#espsicossom0ticas no corpoG p( *JD(

    ?o"o, adotei uma postura terapêutica na qual considero a Gpsicossom0tica comouma ideolo"ia sore a sa'de, o adoecer e sore as pr0ticas de sa'de( Um campo de

    pesquisas sore esses fatos e, ao mesmo tempo, uma pr0tica(((G >ello )il%o Kcols(, *HH+, p( *HD, sendo Ga psicossom0tica uma nova visão da patolo"ia e daterapêutica, a qual foca a pr0tica assistencial em se tratar doentes e não doençasG,completa o autor p( *HD(

    >ediante tais concepç#es, neste traal%o ele"i a t/cnica da %ipnose comoferramenta para promover a ressi"nificação das vivências relacionadas 1 concepçãode sa'de7 insti"ar a ressi"nificação atriuída ao c&ncer de próstata e ao impactodesta na autopercepção de recuperação da sa'de e da crença na cura7 investi"arcomo a %ipnose contriuiu para o incremento da vontade de viver e,consequentemente, de pro!etar o futuro(

    Pelo car0ter su!etivo dessas vivências e autopercepç#es, utili6ei o m/todoqualitativo e a t/cnica de an0lise tem0tica dos resultados como recursos científicospara a compreensão das propriedades en/ficas da %ipnose ante a dor, ansiedade,em:estar, qualidade de vida, mel%ora do c&ncer, dentre outras(

     A metodologia qualitativa

    Em termos "erais, euern +44HD salienta que os procedimentos metodoló"icosestatísticos e e$perimentais distanciam:se do conte$to relacional em que osprocessos %ipnóticos emer"em, para se centrar apenas nas respostas isoladas dosindivíduos( essa forma, a pesquisa qualitativa estaria a oportuni6ar que asemoç#es quanto ao processo e tudo o que possa contriuir para constituir asu!etivação presente na %ipnose se!a assumido dentro de sua comple$idade, queen"loa a autopercepção quanto ao fenLmeno %ipnótico(

    .urato +44ID ressalta como característica central da pesquisa qualitativa a atençãovoltada para se investi"arcomo os fenLmenos são vivenciados e interpretados pelossu!eitos da pesquisa, sendo al"umas peculiaridades inerentes ao m/todoqualitativo2 G*D a pesquisa / naturalística7 +D tem dados descritivos7 ID apreocupação / com o processo7 JD ela / indutiva e D a questão da si"nificação /essencialG .urato, +44I, p( +JD( Assim sendo, como pondera o próprio autor, tem:se que Gos sentidos e as si"nificaç#es dos fenLmenos são o cerne para ospesquisadores qualitativistas, de modo que devemos procurar captur0:lososervando os su!eitos da pesquisa, em como dar as interpretaç#esG p( +JD(

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    Assim, a fim de atender 1s premissas científicas qualitativistas e dar suporte aoo!etivo do presente traal%o, a amostra foi composta a partir do crit/rio desaturação de dados, considerando, portanto, que Gos su!eitos são incluídos ereunidos pelo crit/rio da %omo"eneidade ampla7 a amostra / fec%ada quando asrespostas de novos informantes tornam:se e$pressamente repetitivas, na avaliaçãodo pesquisadorG .urato, +44I, p( ID(

     A pesquisa

    )oram acompan%ados pacientes com c&ncer de próstata que reali6avam tratamentom/dico no Setor de -ncolo"ia do 8ospital de )orça A/rea do Maleão 8)AM( Estesreali6aram tratamento %ipnoter0pico consistindo de cinco sess#es, escalonadassemanalmente, com duração m/dia de uma %ora cada, tendo como crit/rio deinclusão ser paciente do Setor de -ncolo"ia do 8)AM, dia"nosticado com c&ncer depróstata, e não possuir dia"nósticos psiqui0tricos delineados nem fa6er uso desust&ncia psicoativa(

    Apresento a se"uir os participantes desta pesquisa .aela *D, com a finalidade deoportuni6ar ao leitor oservar o crit/rio de %etero"eneidade ampla que norteia osdados amostrais( o entanto, oservo que apesar desta característica %etero"êneados participantes, os dados otidos e analisados foram %omo"êneos(

    As entrevistas tiveram como norteadores dois roteiros de entrevista semidiri"idaQuadros *, e +D para a coleta de dados, sem contudo limitar:se a estes7 de modoa permitir que o flu$o fluísse naturalmente e que seu conte'do pudesse seraran"ido em maior profundidade(

    .omando por ase os conte'dos dos discursos emer"idos nas entrevistas quanto 1visuali6ação que cada paciente fa6ia de suas c/lulas oncoló"icas e do si"nificado deter c&ncer para cada um, e associando essas percepç#es 1s e$pectativas individuaisfoi conformada cada intervenção %ipnótica( A se"unda entrevista tin%a como funçãonortear as estrat/"ias de aprofundamento do transe em cada sessão, a fim defacilitar a ressi"nificação das vivências(

    Instrumento

    Concisamente pode:se compreender que Go processo da psicoterapia Ericomento2 Preparação=ndução

    Sente-se e procure uma posição o mais confortável possível... Perceba seu corpo...Relae... Solte os braços! libere as pernas. Relae o pescoço... "nc#a lentamenteos pulm$es de ar... e ve%a uma lu& branca passando por suas narinas e entrando

    em seu corpo... c#egando at' os pulm$es... (e%a seus pulm$es inflarem... Sopre oar pela boca. )entamente. (e%a uma fumacin#a saindo... )evando embora qualquer tensão! desconforto! preocupação... Sinta o peso do seu corpo sobre a poltrona...

    http://www.scielo.br/img/revistas/pusf/v17n1/a16tab01.jpghttp://www.scielo.br/img/revistas/pusf/v17n1/a16qua01.jpghttp://www.scielo.br/img/revistas/pusf/v17n1/a16qua02.jpghttp://www.scielo.br/img/revistas/pusf/v17n1/a16tab01.jpghttp://www.scielo.br/img/revistas/pusf/v17n1/a16qua01.jpghttp://www.scielo.br/img/revistas/pusf/v17n1/a16qua02.jpg

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    Sinta o cansaço do seu corpo... Relae. Sinta-se leve. "nc#a mais uma ve& os pulm$es de ar... (agarosamente... Solte! mais uma ve&! o ar pela boca. Perceba o peso de seu corpo... o cansaço... o peso leve de seu corpo... Sinta seu corpoficando leve! leve! leve... flutuando... " nesta leve&a voc* s+ ouve a min#a vo&! e osom da m,sica... calma e agradável... Segura. "nc#a mais uma ve& os pulm$es dear... )ibere o pensamento... Pensamento ' gaivota Passa. (oc* fica. (oc* '. ada

     pode afetar a sua alegria na vida... porque pensamento ' gaivota... passa... /movimento ' a grande constante... Seu coração bate no perfeito ritmo circadiano.Sua pressão arterial se mant'm na %usta medida a fim de que voc* possadescansar. 0escanse. Sua respiração abdominal está cada ve& mais plena. Sinta osangue dentro de seu corpo... / calor vital dentro de voc*... A sa,de. / sanguecirculando e levando calor! energia! vida! sa,de e #armonia desde a pontin#a deseu dedão at' a ponta do fio de cabelo mais distante... (e%a a un#a de seu dedãocorar. (oc* sente-se ainda mais relaado e com uma agradável vontade deadormecer para uma noite de sono aconc#egante e revigorante. 1ma noite na qualvoc* poderá son#ar e tornar realidade seus dese%os mais profundos... Permita-se.

    +R >omento2 Aprofundamento do .ranse

    (oc* pode dormir... 2 isso o que voc* quer! não '3 0urma pesado... profundamente. 4as a todo o tempo continuará escutando a min#a vo& e o som dam,sica ao fundo... seguro... em #armonia... 0urma... 0urma profundamente...0escanse... 0urma. Agora voc* se encontra em um belo campo. (e%a Aprecie...Sinta a brisa fresca da man#ã... Sinta o sol morno do aman#ecer...! como que teabraçando... 5ra&endo uma agradável sensação de carin#o! pertencimento!segurança... Pise o orval#o fresco do aman#ecer. / c'u está a&ul... este enormecampo #á muitas árvores... árvores altas! árvores baias! árvores com fol#as muitoverdes! árvores com fol#as mais secas... árvores com fol#as amareladas... mascada uma guarda a sua bele&a. /bserve Perceba... /uça o som dos pássaros...este enorme campo voc* tamb'm pode ver uma clareira... uma clareira rodeada

    de flores raras e muito belas... Sinta seu perfume. Assim ' feita a vida. 6eita deestaç$es! de momentos... 7á momentos para plantar. 4omentos para col#er...4omentos de espera. 4as cada um tem a sua bele&a... Sinta a tranquilidade e a#armonia. " voc* dorme cada ve& mais pesado8 mais profundo...8 não '3 Indo cadave& mais de encontro aos seus dese%os mais íntimos! mais inconscientes... estecampo voc* ouve um som de água... camin#e... camin#e em direção ao som deágua... Pode ser um rio! um mar! um riac#o! uma fonte... (á em direção ao somagradável e calmante da água. )á voc* encontra uma escada8 uma escada emespiral que desce8 uma escada em espiral com degraus de mármore branco8 ' umaescada curta... em espiral... que desce... São apenas cinco degraus de mármorebranco! muito branco... 2 uma escada fácil de descer...em espiral... " a cadadegrau que voc* desce! voc* dorme mais profundo! mais pesado... seu estágio de

    son#o fica cada ve& mais profundo e pleno... 4as voc* sempre continuará ouvindoa min#a vo&! e s+ a min#a vo&. 0esça o primeiro degrau da escada em espiral quedesce! e o degrau de mármore branco se acende com a lu& laran%a... Sinta avitalidade desta cor... de um bril#o %amais visto por voc*... 0emore-se quantoquiser neste degrau... e re%uvenesça. 0esça agora o degrau de n,mero dois daescada em espiral que desce... 2 uma escada curta... Permita-se... Aceite de bomgrado o que as sensaç$es e os son#os te tra&em... (oc* pode se assim o dese%ar.São apenas cinco degraus... e quando voc* c#egar ao degrau de n,mero cinco voc*estará son#ando profundamente com a reali&ação de seus dese%os mais profundose inconscientes de pa&! #armonia! alegria! sa,de! %uventude! tranquilidade... 4asapenas quando eu falar o n,mero cinco. "ste degrau de n,mero dois se acendecom a lu& amarela. 2 como se um #olofote te iluminasse... 0esça o terceiro degraude mármore muito branco...! da escada em espiral que desce... "ste se iluminacom a lu& a&ul... o a&ul da pa&! da confiança! da certe&a da reali&ação... 1m a&ul

     %amais visto igual... Aprecie... Sinta... 0escanse... 0urma... 0esça agora o degrau

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    de n,mero quatro8 sabendo que tão logo voc* pisar o degrau de n,mero cinco voc*se encontrará deitado confortável e aconc#egantemente numa praia! ou sobre umanuvem... macia... 4as apenas quando eu falar o n,mero cinco. / degrau den,mero quatro se acende e se ilumina com a sua cor preferida! que se espal#a portodo o seu ser... " voc* se sente livre... como se flutuasse sobre uma nuvem... emuma nuvem muito macia... segura! e lá do alto voc* pode apreciar a terra! a sua

    vida... e voc* dorme ainda mais...descansa... (oc* agora ol#a para baio! para o,ltimo degrau da escada de mármore branco da escada em espiral que desce...Pise o degrau de n,mero cinco.

    T importante ressaltar que as estrat/"ias de aprofundamento de transe sofreramvariaç#es de acordo com as lemranças e relativas ima"ens relatadas pelospacientes durante as entrevistas, em como foram confi"uradas respeitando oestado de rela$amento atin"ido a partir da indução, o nível de tensão apresentadoem cada sessão e a maior facilidade ou não de se entre"ar ao processo%ipnoterapêutico(

    As entrevistas foram re"istradas, e as falas transcritas encontram:se fielmente

    reprodu6idas(

     

    Resultados e análise dos dados

    -s discursos emer"idos nas entrevistas iniciais apresentaram semel%anças no queconcerne 1s vivências coe$istenciais, como se pode oservar nos trec%os se"uintes(Associaç#es do c&ncer com sofrimento, preconceito, covardia, impotência, decretode morte, aprisionamento, dentre outras emoç#es, estiveram presentes em todosos relatos, assim como a dificuldade em contar o dia"nóstico para seus familiares(

    As falas a se"uir ilustram essas vivências(

    G9uando fala de c:ncer s+ lembra sofrimento... 7á pessoas que quando falam devoc* at' sentem no%o; (C(S(D( ;(e%o o c:ncer como algo que limita o indivíduo.Poda; 

    ;Aceitam entre aspas. Porque ningu'm aceita um problemas desses;... A min#amul#er foi min#a maior preocupação! porque ela ac#ava que eu não tin#ac:ncer;  A(S(S(D referindo:se sore como foi difícil lidar com a situação de contarpara seus familiares que tin%a receido o dia"nóstico de portador de c&ncer depróstataD(

    ;"sta doença ' covarde! sinistra;  V(A(D( "u não penso no c:ncer. ão gosto nemque comentem. Perguntam sobre outras coisas< coração! edema da perna...; 

    ;a #ora a gente s+ pensa no pior. =:ncer (C(S(D( ;/s m'dicos operam! masnão garantem... / pensamento s+ ' que c#egou ao fim;.

    ;/ impacto do diagn+stico foi terrível...; A(C(D( ;ingu'm gosta de lembrar...=#orava no metr> igual criança... Para sair so&in#o tin#a dificuldade;.

    ;9uando o m'dico disse encarei com naturalidade... mas quando c#eguei para afamília... Poa 4uito grave a min#a situação. 9uase que eu fi& um testamento. 6oi como uma sentença de morte;  =(-(B(D(

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    As cate"orias que mereceram destaque de an0lise de conte'do em virtude da"rande recorrência e an"'stia que despertavam nos pacientes foram as se"uintes2*D Sentimentos e impulsos ao impacto do dia"nóstico7 +D Si"nificado do c&ncer ecrença na cura7 ID A auto:percepção da mel%ora do c&ncer7 JD 3etomada dacapacidade de prospectar o futuro(

    Sentimentos e impulsos ao impacto do diagn+stico

    Bloc% e cols( +44FD pontuam que a adaptação psicoló"ica ao dia"nóstico de c&ncerde próstata trata:se de al"o comple$o, pela tra!etória em potencial defla"radadesde o momento do dia"nóstico, considerando desde o seu impacto imediato at/ afase de cuidados paliativos, a qual / acompan%ada por v0rias quest#es e$istenciais,conforme indicam as falas a se"uir2

    ;6oi um susto muito grande. A primeira coisa que eu fi& foi parar! sentar e ficar pensando...; (S(D

    ;a #ora a gente s+ pensa no pior< c:ncer / pensamento s+ ' que c#egou aofim... 5en#o con#ecidos que venderam tudo quando souberam dodiagn+stico; (C(S(D

    ;Pensei logo em deiar tudo... Passei carro! casa! telefone... tudo para min#aesposa! porque não ten#o seguro de vida... ão quero dar trabal#o para min#aesposa.; ? ?(A(S(D

    Sendo assim, atentei para o estado de an"'stia e de desesperança verali6ado ounão pelo paciente no momento inicial ao tratamento %ipnoter0pico( Esse cuidado se

     !ustificou porque quanto mais intensa a car"a afetiva que uma situação desperta,mais conflitos, d'vidas e inse"uranças o indivíduo tende a apresentar, em como

    maior ser0 a sua descrença na possiilidade de ser a!udado e, portanto, retomar acura e a sa'de(

    os relatos col%idos e analisados, a palavra c&ncer possuía si"nificado de morteiminente( Compreender o c&ncer como sentença de morte apresentou repercuss#esnocivas aos pacientes, dificultando, num primeiro momento, a elaoração dodia"nóstico e a verali6ação clara de suas an"'stias quanto ao dia"nóstico e 1slimitaç#es e efeitos colaterais dos tratamentos( -s pacientes precisavam manter umcontrole rí"ido de seus e"os, a fim de evitar uma psicossomati6ação querepercutisse em sua capacidade de racionali6ar a situação, e então tivessem forçaspara superar o trauma( essa forma, uma intervenção psicoló"ica com roupa"em%ipnótica foi al"o muito em receido por todos, uma ve6 que não os dei$ava emdescoerto com eles mesmos num momento de intenso conflito e"oico( Ao mesmotempo, oferecia:l%es a oportunidade de dividir suas an"'stias e posteriormenteescut0:las de si próprios e permitir que as mesmas pudessem ser vivenciadas eresi"nificadas(

    ;9uando o m'dico falou do n+dulo! eu pensei< eu posso estar... então eu me preparei para o pior...

    ;2 uma sentença. "u não entendi por que eu estava o tempo todo tãotranquilo.; A(S(B(D

    ;... Impot*ncia em todos os sentidos. " agora3 =omo ' que vai ser3 "u me senti

    acuado. =omecei a pensar em morte... ão pensei em vida.; =(-(B(D

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    ;0r.< Perdi! n'3;  (S(D

    As quei$as relativas a alteraç#es de %umor, aparecimento de dores diversas,edemas e outras, após o dia"nóstico, tam/m foram recorrentes( .odasdesempen%avam função de sintoma encoridor de uma an"'stia ou conflitoinomin0vel inerente 1quela con!untura eou atuavam como v0lvula de descar"a

    psíquica para as inquietaç#es e$istenciais que o dia"nóstico de c&ncer defla"rou, asquais representaram estrat/"ia inconsciente crucial no restaelecimento da sa'de,provavelmente por duas ra6#es2 seus sintomas despertaram a a!uda familiar e ausca pelo au$ílio m/dico, ao mesmo tempo em que espiaram uma parte da car"aaflitiva não:elaor0vel naquele momento de vivência de sentença de morte(

    Ainda, a an0lise qualitativa dos conte'dos das falas dos pacientes indicoue$atamente o que >ac ou"all +444D afirma2 que aqueles pacientes que Gforamcapa6es de somati6ar suas dores mentais nos momentos em que suas defesas%aituais fal%aram diante do sofrimento psíquicoG p( D foram aqueles cu!osmel%ores resultados de cura se sucederam(

    Enquanto psicoterapeuta, Gtudo o que se teve de fa6er foi recon%ecer as dei$as e avariedade da conduta %umana, das respostas corporais, das respostas neuroló"icase depois se dar conta de que para todas estas respostas som0ticas e$iste umcomponente psicoló"ico de al"um tipoG Eric

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    si"nificado do c&ncer e, consequentemente, o do que / ter c&ncer, foi semodificando( E o dia"nóstico, o "rande vilão, passou a produ6ir uma din&micapsíquica com ase em conte'dos traum0ticos verali60veis, portanto, elaor0veis(

    Assim sendo, coue:me oportuni6ar um estado de transe o qual sinteti6assevisualmente, em forma de vivências reor"ani6adoras, a re"ulação dos estados

    físicos neuroendócrinos, a transdução de informaç#es celulares e,consequentemente, uma mel%ora no %umor "eral( Ao mesmo tempo, era de sumaimport&ncia que lo"o num primeiro momento as e$periências sensoriais a seremreaprendidas, em forma de sentimentos, fossem vivenciadas so %ipnose de formaa"rad0vel emocionalmente e, consequentemente, inte"radas ao todopsicossom0tico( Essas vivências repercutiriam nas aprendi&agens dependentes deestado 3ossi, +44ID, ou se!a, nos estados psicoendocrinoneuroimunoló"icos, osquais refletem na sa'de psique:soma(

    o que concerne ao %umor, a primeira mudança constatada foi a do car0terpessimista do pensamento quanto 1 mali"nidade e autonomia das c/lulasoncoló"icas, refletindo num %umor mais autoconfiante e oportuni6ando a

    elaoração de novos conceitos e compreens#es sore as mesmas(

    ;"la a c'lula oncol+gicaB ' igual Cs outras do organismo! mas mais fraquin#a...4ais debilitada.; (C(S(D

    ;2 como se eu não tivesse nada. "u t> engordando de novo... não tá meatrapal#ando em nada. "u sei que o problema eiste nos eames! mas fisicamente' como se eu não tivesse.; =(-(B(D(

     Autopercepção da mel#ora do c:ncer 

    3oles +44D pondera que, para que um tratamento %ipnoter0pico atin!a seuo!etivo, / necess0rio que este possua uma meta7 apenas dessa maneirasaeremos para onde devemos levar a psicoterapia( Portanto, fa6:se necess0ria ainvesti"ação dos si"nificados, das an"'stias e das e$pectativas de cada pacientequanto a sua doença e sua vida, durante todo o processo do tratamento%ipnoter0pico(

    Uma ve6 que Ga %ipnose fa6 com que o paciente ten%a 1 sua disposição os seuspróprios potenciais para a auto:a!udaG Wei", +44I, p( ID, pude constatar que,conforme se revive %ipnoticamente o episódio traum0tico do dia"nóstico e dospossíveis pro"nósticos que o mesmo pode representar, oportuni6a:se que opaciente ressi"nifique essa vivência de uma maneira mais aceit0vel para si próprio,com uma roupa"em mais amena, a qual permita a elaoração do trauma(

    )oi, de fato, o que ocorreu, como indicam as se"uintes percepç#es2

    ;A min#a epectativa ' que eu ven#a a recuperar toda a min#a sa,de! que estáabalada.; A(S(S(D

    ;"ssa c'lula do c:ncerB ' de acordo com aquilo que a gente sente! com o estadode #umor;. =(-(B(D

    ;=omo eu Dt>D criando alguma coisa! eu ten#o que a%udar tamb'm.; A(S(B(D

    ;A min#a tranquilidade aumentou... A gente fica mais seguro.;  (C(S(D

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    Ao permitir a elaoração do trauma, automaticamente o indivíduo pode prescindirdo recurso de "erar atos:sintoma, sintomas encoridores, somati6aç#es,transtornos de %umor e de ansiedade7 o que por outro lado possiilita que oindivíduo encare com maior serenidade e destituído de pr/:conceitos socialmentecompartil%0veis 1s e$pectativas diante das oportunidades e possiilidades dofuturo, apesar de ter o dia"nóstico de c&ncer(

    Retomada da capacidade de prospectar o futuro

    Cada nova autopercepção funcionou para mim, enquanto psicoterapeuta, comouma dica de que passei a ter a meu dispor mais uma ferramenta terapêutica, postoque Gqualquer comportamento, qualquer manifestação((( podem ser utili6ados comoferramenta terapêuticaG Wei", +44I, p( OD(

    =sso porque, se relemrarmos que os prolemas psicossom0ticos Gsão disfunç#esda comunicação mente:corpo num &mito virtualG 3ossi, +44I, p( H*D, uma ve6%avendo a sincronia mente:corpo, os pacientes readquiririam a capacidade de"erenciar e plane!ar novamente suas vidas( Assim, ressi"nificando a autopercepçãoda doença, do adoecimento e da sa'de fe6:se possível a aquisição de um estadopsicossom0tico apto a elaorar as implicaç#es decorrentes do dia"nóstico e dostratamentos, assim como uma diminuição da dor inconsciente ante essas quest#es(

    Estando esta sincronia estaelecida, as prospecç#es sore o aman%ã retornaram eos pacientes começaram a apresentar pro!etos de retornar ao traal%o, de via!ar,de comprar a tão esperada casa de praia da aposentadoria, ou um carro novo((( Avida após o c&ncer passou a e$istir, ou se!a, a crença de que o c&ncer erapassa"eiro, cami0vel e destrutível(

     

    !onsidera-.es /inais

    - tratamento %ipnoter0pico desencadeou, com o transcorrer das sess#es, umareapro$imação de cada indivíduo consi"o mesmo, e uma decorrente compreensãode que seu estado atual de sa'de era passa"eiro e cami0vel( Estes,"radativamente se apropriaram do lu"ar de Gser uma personalidade totalrecuperando:seG Eric

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    A %ipnoterapia so medida Eric

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    >ac ou"all, ( *HOID( "m defesa de uma certa anormalidade. Porto Ale"re2 Artes>/dicas( X ?inac ou"all, ( +444D( 5eatros do =orpo( São Paulo2 >artins )ontes( X ?inasson, S( *HOD( /s relaamentos( São Paulo2 >anole( X ?inello )il%o, (, K cols( *HH+D( Psicossomática #o%e( Porto Ale"re2 Art>ed(  X ?inina9o, >( C( S(, 8art6, W( >( A(, K Buss, P( >( +444D( Qualidade de vida e sa'de2um deate necess0rio(=i*ncia J Sa,de =oletiva! K *D, F:*O( X ?in( S( +44D( 8ipnose e psicolo"ia clínica2 retomando a %istória nãocontada( Psicologia< Refleão e =rítica ! HID, IJ:IJ( X ?in( S( +44HD( 8ipnose e dor2 proposta de metodolo"ia clínica e qualitativa

    de estudo( Psico-1S6! HL+D, +4*:+*4( X ?in