hiperatividade: um desafio À aÇÃo educacional · 3 superior e os da educação básica, através...

24
¹ Professora PDE 1ªfase – 2007/2008. Área: Educação Especial. Formada pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Especialização em Educação Especial, Pedagoga no Colégio Estadual Meneleu de Almeida Torres – Ponta Grossa. HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL Matilde Esteves Perez¹ RESUMO: este artigo trata da temática “Hiperatividade”. Os transtornos de comportamento em hiperativos, caracterizam-se por uma série de manifestações como instabilidade de atenção, agitação exagerada ou impulsividade, gerando problemas de aprendizagem, de relacionamento familiar, escolar e social. É necessário tentar entender o que se passa de diferente e especial nesses cérebros inquietos, os fatores envolvidos na gênese da hiperatividade e os problemas associados que interferem no desenvolvimento educacional e social dos alunos com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção/ Hiperatividade). O estudo foi realizado durante o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) - 1ªfase (2007 /2008). Os estudos com pesquisa bibliográfica densa, palestras, seminários, grupo de trabalho em rede, formação continuada de professores, alunos e pais do Colégio onde atuo, resultaram na elaboração deste artigo, onde a temática foi abordada com estudos que subsidiaram a organização de um Caderno Pedagógico, instrumento síntese que ancorou as implementações realizadas em palestras, seminários em turmas de graduação da UEPG, orientação do Grupo de Trabalho em Rede, cujos depoimentos selecionados de professores participantes fazem parte deste trabalho, estabelecendo relações teórico-práticas importantes para a ressignificação dos processos pedagógicos. O destaque maior deu-se no Colégio durante a implementação do projeto com alunos diagnosticados como hiperativos com instabilidade de atenção. Espera-se, que esse artigo possa contribuir para melhor conhecimento das situações que envolvem as crianças e adolescentes com Hiperatividade e Instabilidade de Atenção, despertando o contexto comunitário desses alunos para uma realidade vivencial mais saudável, num processo educacional eficaz, avançando pelos temas curriculares em estratégias pedagógicas que os interessem, facilitando sua concentração e aprendizagens. PALAVRAS-CHAVE. Hiperatividade. Instabilidade de Atenção. Escola Pública. ABSTRACT: this article deals with the thematic “hyperactivity”. The upheavals of behavior in hyperactive, characterize for a series of manifestations as instability of attention, exaggerated agitation or impulsiveness, generating learning problems, of familiar relationship, pertaining to school and social. It is necessary to try to understand what it is transferred of different and special in these uneasy brains, the involved factors in genesis of the hyperactivity and the problems associates who intervene with the educational and social development of the students with TDAH (Upheaval of the Deficit Attention/ Hyperactivity). The study was carried through during the Program of Educational Development (PDE) - first stage (2007 /2008). The studies with dense bibliographical research, lectures, seminaries, work group in net, continued formation of professors, students and parents of the College where act, had resulted in the elaboration of this article, where the thematic one was boarded with studies that had subsidized the organization of a Pedagogical Notebook, instrument synthesis that anchored the implementations carried through in lectures, seminaries in groups of graduation of the UEPG, orientation of the Work group in Net, whose selected depositions of participant teachers are part of this work, establishing important theoretician-practical relations for the resignification of the pedagogical processes. The prominence biggest was given in the College during the implementation of the project with students diagnosised as hyperactive with attention instability. The communitarian context of these pupils for a more healthful existential reality expects, that this article can contribute for better knowledge of the situations that involve the children and adolescents with Hyperactivity and Instability of Attention, awakening, in efficient an educational process, advancing for the curricular subjects in pedagogical strategies interest that them, facilitating to its concentration and learning. KEYWORDS: Hyperactivity. Attention Instability. Public School.

Upload: vuongphuc

Post on 30-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

¹ Professora PDE 1ªfase – 2007/2008. Área: Educação Especial. Formada pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Especialização em Educação Especial, Pedagoga no Colégio Estadual Meneleu de Almeida Torres – Ponta Grossa.

HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL

Matilde Esteves Perez¹

RESUMO: este artigo trata da temática “Hiperatividade”. Os transtornos de comportamento em hiperativos, caracterizam-se por uma série de manifestações como instabilidade de atenção, agitação exagerada ou impulsividade, gerando problemas de aprendizagem, de relacionamento familiar, escolar e social. É necessário tentar entender o que se passa de diferente e especial nesses cérebros inquietos, os fatores envolvidos na gênese da hiperatividade e os problemas associados que interferem no desenvolvimento educacional e social dos alunos com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção/ Hiperatividade). O estudo foi realizado durante o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) - 1ªfase (2007 /2008). Os estudos com pesquisa bibliográfica densa, palestras, seminários, grupo de trabalho em rede, formação continuada de professores, alunos e pais do Colégio onde atuo, resultaram na elaboração deste artigo, onde a temática foi abordada com estudos que subsidiaram a organização de um Caderno Pedagógico, instrumento síntese que ancorou as implementações realizadas em palestras, seminários em turmas de graduação da UEPG, orientação do Grupo de Trabalho em Rede, cujos depoimentos selecionados de professores participantes fazem parte deste trabalho, estabelecendo relações teórico-práticas importantes para a ressignificação dos processos pedagógicos. O destaque maior deu-se no Colégio durante a implementação do projeto com alunos diagnosticados como hiperativos com instabilidade de atenção. Espera-se, que esse artigo possa contribuir para melhor conhecimento das situações que envolvem as crianças e adolescentes com Hiperatividade e Instabilidade de Atenção, despertando o contexto comunitário desses alunos para uma realidade vivencial mais saudável, num processo educacional eficaz, avançando pelos temas curriculares em estratégias pedagógicas que os interessem, facilitando sua concentração e aprendizagens. PALAVRAS-CHAVE. Hiperatividade. Instabilidade de Atenção. Escola Pública.

ABSTRACT: this article deals with the thematic “hyperactivity”. The upheavals of behavior in hyperactive, characterize for a series of manifestations as instability of attention, exaggerated agitation or impulsiveness, generating learning problems, of familiar relationship, pertaining to school and social. It is necessary to try to understand what it is transferred of different and special in these uneasy brains, the involved factors in genesis of the hyperactivity and the problems associates who intervene with the educational and social development of the students with TDAH (Upheaval of the Deficit Attention/ Hyperactivity). The study was carried through during the Program of Educational Development (PDE) - first stage (2007 /2008). The studies with dense bibliographical research, lectures, seminaries, work group in net, continued formation of professors, students and parents of the College where act, had resulted in the elaboration of this article, where the thematic one was boarded with studies that had subsidized the organization of a Pedagogical Notebook, instrument synthesis that anchored the implementations carried through in lectures, seminaries in groups of graduation of the UEPG, orientation of the Work group in Net, whose selected depositions of participant teachers are part of this work, establishing important theoretician-practical relations for the resignification of the pedagogical processes. The prominence biggest was given in the College during the implementation of the project with students diagnosised as hyperactive with attention instability. The communitarian context of these pupils for a more healthful existential reality expects, that this article can contribute for better knowledge of the situations that involve the children and adolescents with Hyperactivity and Instability of Attention, awakening, in efficient an educational process, advancing for the curricular subjects in pedagogical strategies interest that them, facilitating to its concentration and learning.

KEYWORDS: Hyperactivity. Attention Instability. Public School.

Page 2: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

2

INTRODUÇÃO

Os transtornos de comportamento em hiperativos com déficits de

atenção, TDAH, caracterizam-se por uma série de manifestações como

instabilidade de atenção, agitação exagerada ou impulsividade, gerando

problemas de aprendizagem, de relacionamento familiar, escolar e social,

segundo estudiosos especialistas pesquisadores, dentre eles: Antunes(2001),

Benczik (2002), Cypel (2000), Goldstein (1994), Mattos(2001), Silva (2003),

Topczewski (2001).

Nesse texto, inicialmente aborda-se alguns aspectos históricos da

Inclusão, para evidenciar a importância da efetivação dos processos inclusivos

no ambiente escolar. Estabelecer critérios para identificação de crianças e

adolescentes TDAH sempre foi um desafio enfrentado pela Psiquiatria e

Psicologia. Alguns critérios que devem ser usados na escola para compor a

avaliação multiprofissional do TDAH, também são abordados neste artigo.

Apresenta-se sugestões de alguns autores de como identificar as

possibilidades de amenizar os sintomas do TDAH através de estratégias de

intervenção no comportamento da criança ou adolescente, tendo em vista a

melhoria da aprendizagem; reflexões sobre a necessidade de desenvolver

metodologias alternativas, respeitando as potencialidades individuais do aluno.

Lidar com a criança ou adolescente com diagnóstico de TDAH na

escola, é um desafio, pois nessa instituição tem-se uma organização hierárquica

com horários fixos, lugares determinados e expectativas padronizadas de

comportamento do aluno.

A família é o elo de fortalecimento das relações no processo

inclusivo do aluno com TDAH, são feitas algumas considerações acerca da

importância da família encontrar seu ponto de equilíbrio no relacionamento com a

criança ou o adolescente.

O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), é uma política

pública do Estado do Paraná, que possibilita aos professores ampliar os

conhecimentos e provocar mudanças qualitativas na prática escolar da Escola

Pública Paranaense, estabelecendo o diálogo entre os professores da Educação

Page 3: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

3

Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados.

Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do Grupo

de Trabalho em Rede – GTR, que possibilita a integração do Professor PDE com

os Professores da Rede, por meio de encontros virtuais, para a discussão das

temáticas de sua área de formação e/ou atuação. Os participantes dos Grupos

puderam estabelecer relações teórico-práticas em sua área de conhecimento,

visando ao enriquecimento didático-pedagógico, por meio de leituras, reflexões,

troca de idéias e experiências. No artigo, aparecem algumas reflexões sobre o

Transtorno do Déficit de Atenção/ Hiperatividade de professores da Rede

Estadual de Ensino que participaram deste estudo através do Grupo de Trabalho

em Rede, considerando que estas experiências podem contribuir para a

ressignificação dos processos pedagógicos.

Também espera-se que este trabalho leve à ação. Do contrário não

terá cumprido seu real objetivo. É necessário envolver-se pessoalmente nos

desafios, sensibilizar-se, mobilizar-se, ousar acreditar que a escola pode se

renovar a cada dia e que o conhecimento pode romper com preconceitos e rótulos

associados aos alunos hiperativos, garantindo a eles o desenvolvimento de suas

potencialidades.

1 HIPERATIVIDADE E INSTABILIDADE DE ATENÇÃO

Todos conhecem crianças agitadas, que muitas vezes são rotuladas

de “pestinhas”, que as mães se sentem constrangidas e não sabem o que fazer,

que os professores ficam aliviados quando não comparecem às aulas e que

baseados no senso comum ouvimos os comentários. ”tudo se resolveria com

umas boas palmadas”.

As crianças ou adolescentes acometidas de TDAH têm dificuldade

em se concentrar em qualquer atividade. Em sala de aula, um ruído, um colega

que levante, podem distraí-las a ponto de não ouvirem mais a voz da professora.

O rendimento escolar freqüentemente deixa a desejar. Com os colegas, elas

tendem a querer controlar as brincadeiras. São também campeãs em acidentes

porque agem por impulso e não avaliam o perigo. O professor é quem geralmente

chama a atenção dos pais para o problema porque, antes de a criança alcançar a

Page 4: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

4

idade escolar, eles acham que aquela fase de excessos vai passar com o tempo,

o que não acontece.

As crianças e adolescentes com instabilidade de atenção e

hiperatividade têm problemas para controlar seu comportamento,

conseqüentemente seu rendimento escolar pode ser insuficiente, o que

representa um desafio para seus pais, professores, pediatras e para eles

mesmos. Vê-se segundo estatísticas, a incidência com maior freqüência nos

meninos que nas meninas e os afeta principalmente na idade pré-escolar. Sabe-

se que seu comportamento é de uma criança muito travessa e que é difícil

controlar-se, conduta que os pais e professores devem entender, para oferecer

todo o apoio.

Mudam de escola com freqüência, e há casos de pais que se

recusam a renovar a matrícula de seus filhos ao saber que naquela turma há um

hiperativo. Os pais de alunos com esse transtorno são obrigados a ouvir em

reuniões reclamações de outros pais que não conhecem o problema.

Quando vão com seus filhos a locais públicos, os pais de crianças

com TDAH costumam andar em estado de alerta para evitar as travessuras mais

inconvenientes.

Até há dez anos, segundo Mattos (2001), os médicos e terapeutas

acreditavam que o distúrbio de hiperatividade e déficit de atenção atingia apenas

as crianças, seus sintomas desapareciam com a idade.

Hoje, cada vez mais adultos recebem esse diagnóstico nos

consultórios. Em geral, ao descobrir que suas dificuldades têm um nome, ou seja,

são conseqüências de um distúrbio detectado pela medicina, costumam sentir-se

aliviados.

Existem adultos que fazem parte de comunidades de hiperativos

que, longe de lamentar a própria sorte, sentem até certo orgulho pela sua

condição. Muitos adultos com TDAH se gabam de ter mais energia para o

trabalho e se dizem capazes de tomar decisões mais rápidas. Muitos pais

também consideram suas crianças mais espertas que as outras apenas por causa

da energia inesgotável. Os médicos costumam advertir para o outro lado da

moeda: a possibilidade de alguém acenar ao fato de sofrer de TDAH para

Page 5: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

5

justificar os próprios fracassos profissionais ou as alterações de comportamento

dos filhos que obedecem a outras causas.

A maioria dos médicos, no entanto, é cautelosa ao administrar

remédios a pacientes com sintomas de TDAH, principalmente em se tratando de

crianças. Primeiro, porque esses medicamentos têm efeitos colaterais

indesejáveis, como diminuição do apetite, insônia, irritabilidade e até mesmo

diminuição do ritmo de crescimento. Segundo, porque muitas vezes o

comportamento hiperativo ou a falta de concentração de uma criança podem ter

causas não diretamente ligadas ao TDAH. Os próprios neurologistas chamam

atenção também para o fato de que, com muita freqüência, se ministram remédios

a crianças hiperativas que poderiam ser tratadas apenas com psicoterapia e a

ajuda dos pais.

O diagnóstico de TDAH tem sido dificultado devido a discordâncias

sobre sua natureza: um distúrbio cerebral biológico ou uma resposta

comportamental a certos ambientes, tais como a escola ou outras situações onde

foram colocadas demandas sobre a criança. A falta de concordância sobre a

definição do TDAH também contribuiu para a controvérsia. A maioria dos

primeiros termos associados aos diagnósticos tinham alguma conexão com

problemas neurológicos. Isto deveu-se em parte ao fato de que crianças e

adultos que tinham sofrido algum tipo de lesão no cérebro mostravam-se

freqüentemente impulsivas, hiperativas e distraídas.

No início do século XX, esse distúrbio foi chamado de Disfunção

Cerebral Mínima, Síndrome da Ausência de Controle Moral, passando

posteriormente a ser chamado de Hipercinesia, ou Reação Hipercinética da

Infância, logo a seguir, Hiperatividade, nome que ficou mais conhecido e perdurou

por mais tempo. Em 1987, passou a ser chamado de Distúrbio de Déficit de

Atenção, ou ainda Transtorno de Déficit de Atenção/ Hiperatividade

(TDAH).(SILVA, 2003).

TDAH é um dos distúrbios neuro-comportamental mais

freqüentemente diagnosticado na infância, afetando crianças desde a primeira

infância, passando pelo período escolar e chegando à vida adulta. Os sintomas

de hiperatividade, impulsividade, ou desatenção aparecem antes dos sete anos e

Page 6: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

6

pessoas com TDAH geralmente apresentam os três tipos de sintomas, porém

com diferentes graus de intensidade. Esses sintomas devem estar presentes em

pelo menos dois ambientes diferentes (por exemplo: em casa, na escola, ou no

trabalho), e deve haver uma clara evidência de interferência com o adequado

desenvolvimento da funcionalidade social, acadêmica ou ocupacional. Atualmente

sabe-se que nenhum dos termos era exato quanto à origem ou às diversas

manifestações do comportamento TDAH e que a desatenção é o núcleo básico,

comum e unificador desse tipo de funcionamento mental, os sintomas de

hiperatividade, impulsividade, ou desatenção devem estar presentes antes dos

sete anos.

Goldstein (1993), relata que estimativas sugerem a ocorrência em

3% a 5% de todas as crianças em idade escolar e que o distúrbio está sendo

diagnosticado mais freqüentemente hoje em dia que há uma década atrás.

Entretanto, nenhuma deficiência neurológica tem sido constatada

para a maioria das crianças com TDAH, nem existe qualquer doença óbvia.

De acordo com CYPEL (2000), p.13:

As crianças hiperativas e desatentas sempre existiram na humanidade, sem que constituíssem um grupo reconhecido como apresentando alterações de comportamento. É possível que a educação familiar e os regimes escolares mais severos e rígidos, anteriores a esse século, de alguma forma tenham limitado o aparecimento desses comportamentos ou, então, os mantivessem contidos.( CYPEL, 2000, p.13).

As famílias não admitiam publicamente quando um filho apresentava

algum distúrbio, procuravam “camuflar”, algumas vezes colocando a criança em

um colégio interno. Se fosse do sexo feminino era mais fácil contornar a situação

já que a mulher não participava do mundo do trabalho competitivo e era

preparada para ser mãe e dona de casa.

Na gênese da hiperatividade, os fatores genéticos desempenham

importante papel, pois estudos mostram uma maior incidência da síndrome entre

parentes e crianças TDAH. Mas não existe um grau de probabilidade determinado

porque o distúrbio pode estar relacionado com algum tipo de dano no cérebro. Um

exemplo trazido por Silva (2003), são pessoas que tiveram encefalite letárgica;

Page 7: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

7

seria como se o cérebro tivesse uma porção de fios interligados e alguns deles

não estavam devidamente encapados, provocando um curto circuito.

De acordo com Silva (2003), substâncias neurotransmissoras,

apresentam-se alteradas no interior dos sistemas cerebrais. Trata-se de uma

disfunção e não de uma lesão, a diferença está no íntimo dos circuitos cerebrais

que são movidos e organizados pelos neurotransmissores que seriam os

combustíveis que alimentam, modulam as funções cerebrais.

Segundo Silva (2003), as investigações descrevem uma

hipoperfusão cerebral, localizada na região frontal e pré-motora do cérebro. Nas

pessoas TDAH, essa região frontal recebe um menor aporte sangüíneo e como

conseqüência, há uma diminuição do metabolismo nesta região, que, ao receber

menos glicose (do sangue), terá menos energia e funcionará com desempenho

reduzido. A forma como o lobo frontal regula o comportamento, ocorre pelo

exercício das funções: fazer manutenção dos impulsos sob controle; planejar

ações futura; regular o estado de vigília; filtrar estímulos irrelevantes, acionar

reações de luta e fuga; estabelecer conexão com o sistema límbico ( centro das

emoções); com o centro da fome e sede; regular a sexualidade e outros impulsos

de aspecto fisiológico. Cabe ao lobo frontal puxar o freio de mão do cérebro

humano no que diz respeito a seus pensamentos, impulso e velocidade de

atividades físicas e mentais. Sem freio o cérebro TDAH é bombardeado por

pensamentos e impulsos numa velocidade acima da média. Isso irá ocasionar

uma desorganização interna que pode encobrir potencialidades, aptidões, talento

e muita inteligência, num emaranhado mental.

Fatores do meio ambiente podem influenciar, como doenças

metabólicas infecciosas ou mesmo degenerativas do tecido nervoso. São

observadas mudanças de comportamento, quando as doenças estão no início.

Podem acontecer intoxicações com a ingestão de alimentos que

possuam aditivos químicos, álcool na gestação, ou chumbo, causando inquietude

e desatenção.

Em geral há dificuldades associadas a hiperatividade, como afirma

Mattos (2001), é importante a identificação dessas dificuldades, pois a sua

presença modificará o tratamento. A existência de outros transtornos é

Page 8: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

8

denominada de comorbidade.

Dentre eles têm-se: o transtorno opositivo desafiador (TOD), que é

um comportamento em que a criança desafia ativamente os pais e professores,

se opondo a regras e limites. Crianças com TOD, têm explosões de raiva,

magoam-se e magoam os outros com facilidade e também perturbam outras

pessoas deliberadamente. Os comportamentos agressivos, impulsivos e a pouca

habilidade social, falar sem pensar, podem resultar numa baixa aceitação ou

rejeição no meio social.

Alterações mais graves estão presente nos transtornos de conduta,

medo intenso de fazer qualquer coisa, como falar em público ou escrever no

quadro negro, enquanto está sendo observado, tristeza, longos períodos quietos,

choro com facilidade.

Como afirma Benczik (2002, p.39)

O comportamento inadequado mostrado pelos alunos com TDAH freqüentemente interrompe a concentração de seus colegas e geralmente resulta em relações pobres com os demais alunos. Adicionalmente, esses problemas geralmente são acompanhados por outros associados (por exemplo, baixa auto-estima, depressão ) que pode afetar significativamente a aprendizagem. (BENCZIK, 2002, p.39).

Quando entram na adolescência, as crianças com TDAH

apresentam maior risco para uso de substâncias químicas como o álcool,

maconha e outros, acreditando que tais substâncias ajudam a concentrar e

focalizar melhor a sua atenção.

Também é comum que pessoas com TDAH tenham mais problemas

de comportamento do que de notas, mas podem existir outras dificuldades que

aumentam os problemas na escola, como dificuldade na leitura ou na escrita, com

trocas de fonemas, inversões de fonemas ou sílabas, junções de palavras,

omissões de sílabas ou palavras. As causas para essas dificuldades são

variadas. Entretanto, os elementos constantes são sempre em relação a falhas de

percepção visual e auditiva, além do conhecimento da língua.

Nos encontros realizados durante a implementação do projeto no

Colégio, com alunos diagnosticados como hiperativos, percebe-se que a escola

pode desempenhar um papel ativo nas fases de detecção dos distúrbios e de

Page 9: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

9

solicitação de diagnóstico, tratamento e reforço pedagógico. Pode-se também

estabelecer laços de colaboração entre professor, fonoaudiólogo e/ou outro

especialista, que esteja em contato para o assessoramento em tarefas

psicopedagógicas relacionadas à área da comunicação, linguagem e

aproveitamento escolar.

Foi possível estabelecer relações teórico-práticas com os

professores participantes do Grupo de Trabalho em Rede, considerando como

essas experiências podem ser importantes para a ressignificação dos processos

pedagógicos.

O comentário da professora reforça a idéia de que:

A observação e o registro diário do comportamento do aluno frente a aprendizagem, frente a frustração, a disciplina, ao não, o diálogo e o conhecimento do ambiente familiar do aluno, de suas relações, é que nos dá o respaldo necessário para solicitar uma avaliação diagnóstica, a fim de encontrarmos formas justas e eficazes juntamente com a equipe pedagógica para que possam realmente auxiliar esse aluno. Porém, há que se “falar todos a mesma linguagem”, todos os profissionais da educação devem estar capacitados, ter conhecimento suficiente e comprometimento com a educação para que haja realmente uma inclusão. Isso significa mudanças, transformações na prática pedagógica, afinal as pessoas cometem erros por ignorância. (Professora participante do GTR, 2007)

Diante do comentário da professora, percebe-se a necessidade da

equipe pedagógica realizar uma entrevista com o responsável pelo aluno assim

que ele inicia a quinta série, onde ingressa no sistema público SEED/PR. Muitas

vezes o diagnóstico do transtorno já existe desde os anos iniciais do Ensino

Fundamental, o que adiantará o processo da escola nos encaminhamentos

necessários para um desenvolvimento educacional eficaz. A escola, sobretudo a

escola pública, costuma receber uma demanda heterogênea. Para muitas

crianças talvez esta seja a primeira oportunidade de conviver com pessoas fora

do seu meio familiar e diagnosticar adequadamente o TDAH não é tarefa fácil,

mas de equipe com pareceres da família, da escola e outros especialistas,

liderados por médico neuropediatra.

Topczewski (2001), alerta que nem todas as crianças inquietas

sofrem de hiperatividade, logo é necessário um diagnóstico feito por profissionais

Page 10: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

10

adequados. Este diagnóstico deverá conter dados da escola, da casa e um

histórico familiar para diferenciar a TDAH de agitação natural.

Acredito na importância de profissionais como psicólogo, neuropediatra, psicopedagogo, para auxiliar pais e professores. Na minha experiência profissional tenho acompanhado casos em que os pais acatam as orientações dos profissionais habilitados e também do professor, o ganho de ambos é visível, a criança fica melhor amparada, tendo os devidos limites e na medida certa. (Professora participante do GTR, 2007)

Os professores geralmente percebem que algo não vai bem com

seus alunos com dificuldades de comportamento e aprendizagem e podem

identificar sinais de preocupação.

Segundo Goldstein (1994), para se constatar o distúrbio, o

indivíduo deve apresentar pelo menos 5 (cinco) das seguintes características:

TDAH – TIPO DESATENTO Não enxerga detalhes ou faz erros por falta de cuidado; Dificuldade em manter a atenção; Parece não ouvir; Dificuldade em seguir instruções e se organizar; Evita tarefas e não gosta das que exigem um esforço mental prolongado; Freqüentemente perde os objetos necessários para uma atividade; Distrai-se com facilidade; Esquece as atividades diárias. TDAH – TIPO HIPERATIVO Inquietação / mexe as mãos e os pés; Dificuldade em permanecer sentado; Corre sem destino ou sobe nas coisas excessivamente (em adultos, há um sentimento subjetivo de inquietação); Dificuldade em engajar-se numa atividade silenciosamente; Fala excessivamente; Responde às perguntas antes delas serem formuladas; Age como se fosse a motor; Dificuldade em esperar a vez; Interrompe e se intromete. TDAH – TIPO COMBINADO – apresenta os dois conjuntos de critérios, dos tipos desatentos e hiperativo/impulsivo. TDAH – TIPO NÃO ESPECÍFICO – A pessoa apresenta algumas características, mas de número insuficiente de sintomas para se chegar a um diagnóstico completo; estes sintomas porém, desequilibram a vida diária.(Goldstein, 1994,p.87).

A sociedade tem mecanismos de controle social, para garantir que a

maioria de seus membros se conforme com normas estabelecidas. Dessa forma,

Page 11: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

11

aqueles que não se adaptam, não são reconhecidos como membros efetivos do

corpo social, tornando-se marginalizados e excluídos.

É preciso entender o ambiente e a criança como um todo, e não

apenas tratar a hiperatividade, é necessário conhecer essa criança, seu mundo e

suas relações.

Antunes (2001), compara a vítima de TDAH, ao míope. Explica que

o míope resolve tudo com um simples óculos, mas que existem milhares de

crianças com inabilidades ainda invisíveis para seus professores. Pela

discriminação que sofrem os TDAH, é que é necessário que se fale muito da

¨miopia da atenção”, é imprescindível que se busquem depressa os “óculos” para

a TDAH e não faça de alunos com deficiências contornáveis, pessoas

predispostas à crítica, amarguradas pela culpa. Isso é um ponto negro na história

da nossa escola.

Uma escola para todos, em que todos são diferentes, exige dos

professores a capacidade e a flexibilidade para inovar, questionando as certezas

didáticas, valorizando o trabalho em equipe, trabalhando de forma

contextualizada, construindo uma mentalidade curricular que ultrapasse o

burocrático e o peso da rotina, utilizando o conhecimento sobre os diversos

grupos para organizarem um currículo de forma a estimular a aprendizagem de

todos os alunos, reconhecendo à igualdade e o direito de todos à educação.

2 SUGESTÕES PARA TRABALHAR-SE PEDAGOGICAMENTE COM CRIANÇAS

E ADOLESCENTES COM HIPERATIVIDADE E INSTABILIDADE DE ATENÇÃO

Estudos mostram que é possível atenuar os sintomas do TDAH

através de estratégias de intervenção no comportamento, com “feed-back”

freqüente e supervisão individual para ajudar a manter a atenção da criança.

Dimenstien (1997), ELENCA algumas sugestões para trabalhar com

alunos que demonstrem comportamento considerado inadequado, enfatizando

que deverá ser encaminhado para orientação específica, pois pode estar contido

em um espectro mais amplo, talvez até precisando de ajuda profissional

especializada.

Page 12: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

12

Olhar sempre nos olhos, você consegue "trazer de volta" uma

criança TDAH através dos olhos nos olhos . Isso ajuda a evitar a distração que

prejudica tanto estes alunos, dar explicações ou ordens claras, pedir para repetí-

las, pois necessitam ouvir as coisas mais de uma vez, são profundamente visuais.

Ser claro e objetivo ao definir as regras de comportamento dentro da sala de aula.

Criar, juntamente com os alunos, um código de conduta (simples, com poucas

palavras, para facilitar a memorização) e escrever em uma tabela visível.

Organizar as carteiras em círculos, ou em forma de U, ao invés de

fileiras, facilitando o contato com os demais membros da classe. Em geral esse

tipo de aluno costuma estar " na turma do fundão ", e, não podendo manter

contato direto com o professor nem visualizar os olhos dos companheiros de

estudo, torna-se ainda mais disperso.

Cuidar com as cores da pintura da sala, excesso de materiais visuais

pois o estímulo multi-colorido costuma deixá-los mais excitados e menos atentos

ainda, devendo ser evitadas cores fortes no ambiente (do espectro vermelho e

amarelo), inclusive na vestimenta da criança.

A memória é um grave problema para eles. Ensine mnemônicos,

quadrinhas, dicas, rimas, pois eles tem problemas com a Memória de Trabalho

Ativa e esses processos ajudam sobremaneira a aumentar essa memória.

Estabelecer para o aluno com TDAH tarefas de conclusão rápida.

Inicialmente, para que este comece a finalizar adequadamente as tarefas, e, aos

poucos, ir inserindo maior complexidade e maior duração nas tarefas dele

exigidas, visto que o aprendizado de organização para essas pessoas é

extremamente penoso.

Estimular a criatividade propondo tarefas que exijam a criatividade

do aluno (explorar, construir, criar) e não passivas (questionários com respostas

tipo x ). O desafio costuma motivar o portador de TDAH. Deve então o professor

estabelecer de antemão com o aluno qual a tarefa a ser feita, quando será

considerada concluída e quais os pontos para isso (check-list a ser verificado no

final da mesma). Isso dará aos poucos ao aluno TDAH formas de lidar com sua

ansiedade, eliminando falhas ao terminar as tarefas a que se propõe, pois em

geral ele concebe projetos grandiosos demais, os quais não consegue finalizar.

Page 13: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

13

Usar recursos e formas de apresentação do conteúdo não habituais,

isto porque crianças e adolescentes com TDAH adoram novidades; explorar o seu

cotidiano e fazer disso motivo para uma aula posterior ou mesmo criando um

"gancho" na aula atual, costuma ser muito proveitoso.

Elogiar o aluno com constância, não apenas quando ele termina a

tarefa, mas durante o transcorrer da mesma, incentivando o seu término, uma vez

que para o aluno com TDAH o concluir a tarefa é bastante difícil, exigindo quase o

triplo de concentração (praticamente inexistente) que os demais. Utilize uma

agenda de contato com a família, isso facilita a troca de informações.

Utilizar exercícios físicos. Exercícios ajudam a liberar o excesso de

energia, concentrar a atenção em um objetivo facilmente entendido e visualizado

(correr até a linha vermelha), estimula a fabricação de endorfina, além de ser

muito divertido. Adotar um ritmo dinâmico de aula de tal forma a criar

oportunidade para que todos os alunos participem, sempre com o cuidado de não

permitir que o aluno com TDAH se empolgue demais, observação essa que

exemplifica-se com a vivência relatada:

Para trabalhar com o aluno TDAH, tive que modificar minhas estratégias de ensino, de modo a adequá-las o mais próximo possível da realidade da minha classe. Ter muito entusiasmo, acreditar no potencial do meu aluno, desenvolvendo uma metodologia que facilite seu aprendizado e melhore seu comportamento. Tento trabalhar de forma dinâmica, com exercícios moderados que os mesmos tenham condições de concluí-los, sendo muitas atividades desafiadoras. Exercícios de respiração, relaxamento, técnicas de autocontrole também ajudam.(Professor participante do GTR, 2007).

Ou seja, não deixar que a “panela de pressão expluda”. Propiciar

uma válvula de escape como, por exemplo, sair da sala de aula por alguns

instantes, (isso se for permitido pela direção da escola) indo buscar algo na classe

vizinha; dar um recado para alguém que se encontra fora da sala de aula,

(inicialmente entregar um bilhete a uma pessoa, pois eles esquecem o recado a

ser dado ), ir ao banheiro, pois isso fará com que ele deixe (sob controle) a sala e

não fuja dela, além de começar a aprender meios de auto-observação e auto-

monitoramento.

Mas, como observa a professora:

Page 14: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

14

A escola ainda está longe do trabalho contextualizado. Existem professores que passam longos "pontos" sobre o Descobrimento do Brasil no quadro, e o aluno tem que copiar, reclamam de dores nos braços. Não seria a hora de buscar outras alternativas para mostrar a história ou outros temas. Sei que as alternativas estão disponíveis. (Professora participante do GTR, 2007).

A escola e professor no processo ensino-aprendizagem de alunos

TDAH, devem ser capaz de organizar seus tempos e espaços mais flexíveis e

modificar as estratégias de ensino, de modo a adequá-las ao estilo de

aprendizagem e as necessidades de todos os alunos, inclusive aos TDAH. O

corpo docente precisa ter entusiasmo, acreditar no potencial do seu aluno,

desenvolvendo metodologias desafiadoras que facilitem o aprendizado, já que

cada um aprende de maneira diferente onde o básico de cada área de

conhecimento precisa ser assegurado a cada um dos alunos, bem como o do

convívio social com cumprimento das obrigações.

3 A FAMÍLIA E A HIPERATIVIDADE

É possível os professores ajudarem os pais a entenderem que as

deficiências de atenção, controle do impulso e nível de atividade , quanto mais

cedo forem percebidas, mais chance de ajudar essa criança. O apoio que hoje

receberem, será fundamental para se tornarem adultos felizes e comprometidos.

Segundo Silva (2003), os medicamentos que melhoram a atenção

são muito úteis em seu tratamento. O medicamento que mais se usa para as

crianças em idade escolar é a Ritalina (hidrocloruro de metilfenidato), outros são

Dexedrina (dextroanfetamina), tricíclicos e clonidina. Estes medicamentos não

são aditivos, mas podem ter efeitos colaterais como dor de cabeça, perda de sono

e apetite e depressões; devem ser utilizados unicamente sob a vigilância do

médico, necessária para ter a segurança na ação.

O momento de transição global em que nos encontramos, acarreta

mudanças aceleradas que influenciam as relações sociais. Neste contexto

evidencia-se que o processo familiar ainda não encontrou o seu ponto de

equilíbrio frente às novas imposições da vida contemporânea. Há ainda muita

confusão quanto aos papéis de cada um na família; à divisão de trabalho; à

Page 15: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

15

competição pelo poder; ao exercício da autoridade; à diminuição do tempo de

convívio entre cônjuges, pais e filhos.

Tudo isto colabora para o aumento dos conflitos conjugais, da

insegurança quanto à educação dos filhos, geradora de sentimento de culpa. Se

este sentimento é exagerado, ocorre um excesso de indulgências, que acaba por

conceder aos filhos um poder que eles não estão maduros para assumir,

reforçado pelos comportamentos agitados e violentos veiculado pelas mídias.

Segundo Gotman (1995), o alerta é feito aos educadores pois os

problemas psico-afetivos geram inquietude nas crianças, e podem se acentuar e

evoluir para um comportamento hiperativo.

Dentre as diversas condições psico-afetivas existentes, as que cursam com uma ansiedade crescente são as que mais contribuem para a instalação de um comportamento hiperativo. Por isso, cabe observar quais os principais fatores ansiogênicos na infância: separação dos pais, desavenças familiares que terminem em violência, a utilização de Deus, da culpa e do pecado como instrumento de manipulação e coação visando atingir um determinado comportamento por parte da criança, família muito numerosa, estimulação ambiental inadequada, falta de interação dos pais para com os filhos.(Gotman, 1995,p.82)

Pode-se observar nos casos de crianças e adolescentes com TDAH,

através da entrevista realizada com os responsáveis, que grande parte delas

apresentam fatores ansiogênicos, pais separados e violência são fatores que

ocorrem com mais freqüência. Geralmente é a mãe que fica com a

responsabilidade da educação da criança, muitas vezes sem o entendimento

adequado sobre o transtorno. Então destaca-se a importância da escola na

formação e interação com os responsáveis sobre temas importantes que devem

ser esclarecidos e debatidos no ambiente escolar. É surpreendente como ações

pequenas, podem ser transformadoras. Na verdade, falta esclarecimento, também

para os pais de crianças que não são hiperativas, é função da escola como

mediadora na formação do homem e transformadora da sociedade promover

esses esclarecimentos, lutando pela não exclusão em todos os sentidos.

A interação do hiperativo com o meio pode resultar em dois tipos de

Page 16: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

16

condutas distintas: ou ele se submete, retrai-se e torna-se introvertido e

depressivo, ou ele confronta e desenvolve um comportamento opositivo e

ansioso.

Nas crianças hiperativas há um predomínio da tendência ao

isolamento, baixo nível de envolvimento social, dificuldade na tomada de decisões

e maior dependência.

Há que se diferenciar bem: a criança até os seis anos é

normalmente "hiperativa", na acepção literal do termo, e se essas crianças forem

educadas sem noção de limites, passam a apresentar um comportamento visto

como "patológico”.

De acordo com Tiba (1996), a força dos pais está em transmitir aos

filhos a diferença entre o que é aceitável ou não, adequado ou não, entre o que é

essencial e supérfluo e assim por diante. É importante estabelecer limites bem

cedo e de maneira bastante clara.

De acordo com Gotman (1995), podem ser identificados dois

extremos de educação familiar: Existem pais hiperautoritários, o excesso de

autoridade geralmente aparece em pais que têm dificuldades de aceitar seu

filho tal como ele se apresenta, idealizando sempre um modelo de

comportamento conforme suas conveniências ou idéias pré-estabelecidas.

Muitas vezes projetam nos seus filhos suas frustrações e ideais reprimidos.

Dependendo do temperamento dos filhos, estes podem se rebelar e desenvolver

sentimentos de ódio, agressividade e revolta ou, como ocorre na maioria dos

casos de pais dominadores, os filhos tornam-se submissos na frente dos pais,

porém, longe destes, mantêm a desobediência, geralmente ocultada por mentiras

e corrupções. Há os pais hiperindulgentes, aqueles que tentam realizar todos os

desejos da criança, atitude desencadeada pelos mais diversos motivos, entre

eles: sentimento de culpa, vontade de proporcionar aos filhos o que não tiveram

na infância, indulgentes são também permissivos, isto é, permitem que a criança

faça tudo o que bem entender desde que não incomode o adulto, numa condição

de submissão dos pais aos filhos. A indulgência tem uma certa relação com

"querer se ver livre dos filhos". Por exemplo: a mãe que permite ao filho comer

quantos doces desejar, contanto que não a incomode ou atrapalhe por

Page 17: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

17

determinado momento.

A atitude inadequada dos pais frente a filhos hiperativos geralmente

é bastante variável. Situada entre a extrema rigidez e a extrema tolerância, varia,

na mesma pessoa, entre um extremo e outro, em função do próprio estado de

humor, acarretando um sentimento de insegurança crescente na criança, o que

agrava o quadro.

O exemplo mais comum de problemas no lar, consiste na

incapacidade dos pais em colocar limites aos seus filhos. Ser demasiadamente

conivente com todo o tipo de expressão dos sentimentos da criança. ( birra, choro

excessivo, agressividade, manha).

Segundo Gotman (1995), a manifestação da falta de limites,

principalmente através de um comportamento hiperativo, pode ser interpretada

como um pedido de ajuda, visando à realização de determinado aprendizado e

aquisição da compreensão necessária para ter a segurança na ação.

O comportamento hiperativo desencadeado pela falta de limites

pode não levar a criança a apresentar instabilidade de atenção e, se o fizer, será

mais por distraibilidade do que por incapacidade de focar a atenção.

A falta de limites gera angústia e incerteza, que pode levar a um

comportamento inadequado, o qual, por sua vez, gerará mais angústia e também

culpa, revolta, sensação de impotência e talvez agressividade. O comportamento

hiperativo pode ser apenas uma conseqüência da repetição crônica desse

processo.

As chamadas "mães de profissão", isto é, aquelas que investem toda

a sua vida unicamente na educação dos filhos, apresentam maior dificuldade de

colocar limites devido principalmente à necessidade que elas têm de satisfazer os

desejos dos filhos para se auto-realizarem no seu papel de mãe, não permitindo a

aquisição de maior autonomia por parte do filho.

Sucupira (1998, p.5), pediatra e pesquisadora da USP, em artigo

publicado no jornal de pediatria comenta que:

Não querendo admitir o seu fracasso, o sistema necessitou medicalizar um problema social (psicopedagógico) que é o mau rendimento escolar.Virou modismo levar as dificuldades escolares para o consultório médico. A medicalização do

Page 18: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

18

fracasso escolar é uma ótima saída para isentar o sistema escolar e as condições familiares e sociais, transferindo para o nível individual e orgânico a responsabilidade pelo mau rendimento escolar. Em outras palavras, podemos entender que a medicalização da hiperatividade infantil é uma forma dissimulada de controle social. ( SUCUPIRA, 1998, p.5)

Observa-se que na escola, o professor geralmente não está

preparado para trabalhar com alunos TDAH, isenta-se da responsabilidade, nem

mesmo esgota suas possibilidades em sala de aula, percebe-se falta de

empenho, persistência e desejo de contribuir à humanização do processo

educativo. É necessário coragem e confiança, associadas à disposição de no

coletivo da escola, percorrer novos caminhos, possibilitando a descoberta de

novas maneiras de aprender e ensinar.

Existem muitas barreiras à procura de ajuda e tratamento para o

TDAH, que vão desde a dificuldade que pais e professores têm de reconhecer a

necessidade de procurar ajuda profissional, à dificuldades financeiras, à

expectativas negativas quanto ao tratamento e temor do estigma, às dificuldades

de encaminhamento pela Rede Pública de Ensino.

As iniciativas educacionais podem melhorar as possibilidades de

detecção e encaminhamento precoce do TDAH para o tratamento. Educadores

lidam diariamente com a relação entre aprender, ensinar, trabalhar com os

valores diferenciados, limites, atenção e tantos outros detalhes, mas estes são

exemplos de conceitos muito amplos e não temos por hábito de formação,

pesquisar ou definir dentro dos nossos grupos de trabalho, para que nossas

atividades se diversifiquem dentro de um mesmo ideal, objetivo e com a mesma

direção nos conceitos a serem avaliados.

É incontestável a existência de indivíduos que, já nos primeiros

anos de vida, apresentam uma dificuldade maior em manter o foco de seu

interesse em uma determinada atividade, mesmo as de natureza lúdica.

Por outro lado, para muitas das crianças ditas "hiperativas", seu

comportamento é tão ativo quanto sua dinâmica interna a impele a ser e qualquer

exigência em contrário resultará em respostas comportamentais e motoras

prejudiciais à própria criança.

Page 19: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

19

As crianças que apresentam este distúrbio não são menos

inteligentes ou capazes, apenas precisam de atenção especial e que sejam

integradas na sociedade em condições normais.

A autora Silva (2003), e diversas publicações relatam sobre

características de personalidades famosas na história com suposto transtorno de

déficit de atenção /hiperatividade.

Sabe-se da irreverência de Albert Einstein, questionador, não

suportava decorar os conteúdos; de Fernando Pessoa que em suas obras desafia

os conceitos estabelecidos. Apresentavam um sintoma encontrado no TDAH, a

hiperconcentração. Sabe-se que o TDAH faz com que a pessoa se concentre por

horas em temas que sejam do seu interesse.

Existem aqueles que têm uma atração irresistível em correr riscos,

vivendo sempre no limite. James Dean, astro e mito do cinema americano e

mundial, morto aos 24 anos, dirigindo em alta velocidade; Ayrton Senna,

tricampeão mundial de corridas da “fórmula 1” na década de 1990, são exemplos

que sugerem comportamento TDAH.

Leonardo da Vinci, também apresentava uma mente inquieta, além

de grande mestre da pintura, foi também arquiteto, botânico, urbanista, cenógrafo,

cozinheiro, inventor, geógrafo, físico e até músico. Começava vários projetos ao

mesmo tempo, uma característica bem comum em mentes com funcionamento

TDAH. Muitos o julgavam fracassado por deixar tantas obras incompletas.

Ludwig Van Beethoven era o sexto filho de uma família de cinco

irmãos deficientes. Seu professor de composição, Albrechtsberger, dizia que era

um indisciplinado e nunca aprenderia nada de música. Dizia que Beethoven era

um caso perdido como compositor. O tempo passou e o genial maestro, inquieto,

polêmico e incompreendido – semelhante a uma mente com funcionamento

TDAH –, presenteou o mundo com seu talento.

O depoimento de outra professora indica caminhos:

Que nós professores possamos desenvolver uma educação com capacidade crítica e criativa, a fim de promover mudanças que representam o propósito maior do processo educativo, levando o aluno a interar-se sobre o assunto, desenvolvendo sua atenção e interesse, aprendendo a lidar com seus conflitos

Page 20: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

20

e descobrindo suas habilidades e potencialidades. (Professora participante do GTR, 2007).

O professor é o condutor do processo pedagógico, deve abrir

discussões e junto com seus alunos levá-los a refletir, tomar decisões e fazerem

opções.

Vê-se que o tema “Hiperatividade” é uma problemática, que interfere

na vida da criança e do adolescente TDAH e está presente no meio familiar e na

escola e que aflige os educadores. O estudo discutido com pais de alunos do

Colégio, durante a implementação do projeto, procurou estimular o respeito

mútuo, a justiça, o diálogo, a auto-estima, reafirmando a importância de não

exclusão, pois todas as pessoas são dignas de respeito, possuem seu estilo e

ritmo pessoal, não importa sexo, idade, cultura, raça, religião, classe social ou

grau de instrução.

CONCLUSÃO

O trabalho teórico-prático realizado apontou os indicadores

validados comentados a seguir.

Os estudos com pesquisas, intervenções realizadas em palestras,

seminários, grupo de trabalho em rede, formação continuada de professores,

alunos e pais no Colégio, resultaram na elevação do nível de consciente dos

atingidos e culmina na elaboração deste artigo, que espera-se, possa contribuir

para melhor conhecimento das situações que envolvem as crianças e

adolescentes com Hiperatividade e Instabilidade de Atenção – TDAH.

A necessidade de abordagem educativa que pode ser implementada

na escola e na família, levando em conta técnicas pedagógicas, com criação de

estratégias que melhorem as condições do clima educacional familiar e escolar e

de trabalho dos profissionais da educação para com alunos TDAH, já que se

sabe que eles apresentam dificuldades de aprendizagem, de relacionamento

familiar, escolar e social, necessitando na maioria das vezes de acompanhamento

especializado.

Através do Programa de Desenvolvimento Educacional e a partir da

Page 21: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

21

realidade da escola a qual estou inserida foi possível utilizar o material

pedagógico construído através deste estudo, o Caderno Pedagógico (Sacir,

2007), incentivando a prática de formação continuada no contexto escolar, levada

à sério e com abordagem ancorada na realidade vivenciada.

O projeto foi enriquecido através da integração do Professor PDE

com os professores participantes do Grupo de Trabalho em Rede, estabelecendo

relações teórico-práticas importantes para a ressignificação dos processos

pedagógicos.

A participação dos pais e professores neste projeto foram validadas,

porque ao tomar conhecimento das dificuldades que ocorrem com crianças e

adolescentes TDAH, é provável que os professores comecem a entender a

atitude dos pais, da mesma forma que os pais podem se sensibilizar com a

situação dos professores se souberem das reais dificuldades que seus filhos

encontram na escola. Pais e professores necessitam compreender que devem ser

parceiros, pois o objetivo de todos é garantir um futuro de qualidade para essas

crianças e jovens, e isso só é possível se houver estreita colaboração entre a

família e a escola. A escola que melhor atende as necessidades dos alunos

TDAH é aquela cuja preocupação maior está em desenvolver o potencial

específico de cada aluno, em atender às suas características únicas, em perceber

seus pontos fortes e tentar superar as fragilidades.

Através dos encontros realizados com alunos TDAH, foi possível

oportunizar reflexões sobre a importância de aprender a valorizar a diversidade

presente na vida; técnicas de relaxamento e jogos contribuíram para provocar o

conhecimento e a aceitação intra-grupal, remetendo a mudanças de hábitos e

atitudes, se necessário, melhorando a auto-estima desses alunos e fortalecendo o

relacionamento interpessoal entre alunos e professores.

É importante ressaltar a participação da equipe gestora, como

parceira no enfrentamento das dificuldades desses alunos TDAH, na formação

continuada e encontros com pais, considerando que o papel da escola é preparar

os alunos para inserí-los no contexto social e político em que vivem.

Desta forma, espera-se que este estudo, que já sensibilizou a

comunidade escolar onde foi desenvolvido o projeto e profissionais envolvidos,

Page 22: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

22

seja disponibilizado em Rede, sendo uma importante ferramenta neste campo de

conhecimento e possa colaborar com outros profissionais da educação, que

acreditam que é possível romper com preconceitos e rótulos associados aos

hiperativos, garantindo a eles o desenvolvimento de seus talentos, potencial e

independência.

Isto porque, é dever de todos aqueles que participam do processo

educativo, questionar o preconceito, ter critérios para selecionar e justificar os

conteúdos; preocupar-se com a repetição de apelidos, piadas e ironias que

encobrem idéias preconceituosas; tratamento afetivo diferente; banalização de

situações de discriminação e preconceito. Deve-se construir uma relação

democrática, que supere o autoritarismo, que repense os diferentes aspectos da

cultura escolar e o sistema de ensino como um todo, que nos faça refletir sobre

nossas práticas.

Há necessidade de se formar educadores preparados para lidar com

a diversidade em sala de aula, e também para criticar o currículo e suas práticas.

Educadores reflexivos, que busquem modificar o ambiente escolar a fim de torná-

lo menos opressor, o que não seria uma ação isolada, que apenas reforça as

diferenças. A bagagem de conhecimento do educador deve ser articulado às

mudanças gerais, sendo importante estar alerta para o fato de que apenas formar

e conscientizar o professor não é o suficiente pois, embora muitos deles tenham

certa consciência da necessidade de enfrentar as questões que dizem respeito à

diversidade e até venham tomando iniciativas nesse sentido, também fica claro

que pouco pode ser feito se o projeto pedagógico da escola não incorporar essa

perspectiva e a equipe gestora não oportunizar condições físicas, materiais, de

formação continuada e contatos com os responsáveis na família.

A educação, o conhecimento e o cérebro continuam sendo os

maiores pontos de estudo científico, a fim de melhorar e entender a vida no seu

todo. Cabe a nós educadores entrarmos nesta ciranda de pesquisa, afinal o futuro

somos todos nós; hiperativos ou não, dando agora o primeiro passo, já adianta-se

uma parte do caminho.

Page 23: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

23

REFERÊNCIAS

ANTUNES, C. Miopia da atenção: problemas de atenção e hiperatividade em

sala de aula. São Paulo: Salesiana, 2001.

BENCZIK, E. B. P. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade:

atualização diagnóstica e terapêutica. São Paulo: Casa do Psicólogo Livraria e

Editora Ltda, 2002.

CYPEL, S. A criança com déficit de atenção e hiperatividade: atualização para

pais, professores e profissionais da saúde. São Paulo:Lemos Editorial, 2000.

DIMENSTIEN, G. Como lidar com alunos agitados e dispersivos. Coluna

Aprendiz do Futuro, acesso em http://www.aprendiz.com.br.

GOLDSTEIN, S. GOLDSTEIN, M. Hiperatividade: Como desenvolver a

capacidade de atenção da criança. São Paulo: Papirus, 1994.

GOTMAM, J. Inteligência emocional e a arte de educar nossos fi lhos. São

Paulo: Objetiva, 1995.

MATTOS, P. . No mundo da lua: perguntas e respostas sobre transtorno do

déficit de atenção com hiperatividade em crianças, adolescentes e adultos. São

Paulo:Lemos Editorial, 2001.

SILVA, A. B. B. Mentes inquietas: entendendo melhor o mundo das pessoas

distraídas, impulsivas e hiperativas. São Paulo: Ed. Gente, 2003.

SUCUPIRA, A. C. S. L. A Criança Hiperativa. Jornal de Pediatria, São Paulo.

V.64(5), 1998.

TIBA, Içami. Disciplina, limite na medida certa. São Paulo: Ed. Gente, 1996.

TOPCZEWSKI, A. Hiperatividade: Como lidar? São Paulo: Casa do Psicólogo

Livraria e Editora Ltda, 2001.

Page 24: HIPERATIVIDADE: UM DESAFIO À AÇÃO EDUCACIONAL · 3 Superior e os da Educação Básica, através de estudos orientados. Dentre as atividades previstas no PDE/PR, destaca-se a do

24

Agradecimentos

___________________________________

À Secretaria Estadual de Educação por incentivar a Formação Continuada dos

Professores da Rede Pública Estadual do Paraná.

Aos Professores da Universidade Estadual de Ponta Grossa, que apoiaram a

nossa formação.

Em especial à Professora Orientadora Marinê Fecci Batistão Leite, por sua

sabedoria, dedicação e estímulo.

À toda Equipe de Coordenação do PDE, pela dedicação inesgotável.

Ao Grupo de Trabalho em Rede, pela participação e inspiração contagiante.

Aos colegas PDE, pela cumplicidade profissional, entusiasmo e amizade.