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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA E DE COMPUTAÇÃO DEPARTAMENTO DE SISTEMAS E CONTROLE DE ENERGIA Laboratório de Condicionamento de Energia Elétrica SISTEMA SUPERVISÓRIO DE GESTÃO DE MÚLTIPLAS FONTES DE SUPRIMENTO PARA APLICAÇÕES EM VEÍCULOS ELÉTRICOS ANDRÉ AUGUSTO FERREIRA Mestre em Engenharia Elétrica PROF. DR. JOSÉ ANTENOR POMILIO Orientador Tese submetida à Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutor em Engenharia Elétrica. BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. José Antenor Pomilio FEEC / UNICAMP Prof. Dr. Ennio Peres da Silva IFGW / UNICAMP Prof. Dr. Hilton Abílio Gründling DELC / UFSM Prof. Dr. José Raimundo de Oliveira FEEC / UNICAMP Prof. Dr. Gilmar Barreto FEEC / UNICAMP Dr. Edson Adriano Vendrusculo FEEC / UNICAMP Campinas, SP – Brasil, 26 de fevereiro de 2007.

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Texto sobre projeto de veículos elétricos hibridos. Excelente auxilio em projetos.

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASFACULDADE DE ENGENHARIA ELTRICA E DE COMPUTAO

    DEPARTAMENTO DE SISTEMAS E CONTROLE DE ENERGIA Laboratrio de Condicionamento de Energia Eltrica

    SISTEMA SUPERVISRIO DE GESTO DE MLTIPLAS FONTES DE SUPRIMENTO PARA

    APLICAES EM VECULOS ELTRICOS

    ANDR AUGUSTO FERREIRA Mestre em Engenharia Eltrica

    PROF. DR. JOS ANTENOR POMILIO

    Orientador

    Tese submetida Faculdade de Engenharia Eltrica e de Computao da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

    como parte dos requisitos para a obteno do ttulo de Doutor em Engenharia Eltrica.

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. Dr. Jos Antenor Pomilio FEEC / UNICAMP

    Prof. Dr. Ennio Peres da Silva IFGW / UNICAMP

    Prof. Dr. Hilton Ablio Grndling DELC / UFSM

    Prof. Dr. Jos Raimundo de Oliveira FEEC / UNICAMP

    Prof. Dr. Gilmar Barreto FEEC / UNICAMP

    Dr. Edson Adriano Vendrusculo FEEC / UNICAMP

    Campinas, SP Brasil, 26 de fevereiro de 2007.

  • FICHA CATALOGRFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DA REA DE ENGENHARIA E ARQUITETURA - BAE - UNICAMP

    F413s

    Ferreira, Andr Augusto Sistema supervisrio de gesto de mltiplas fontes de suprimento para aplicaes em veculos eltricos / Andr Augusto Ferreira. --Campinas, SP: [s.n.], 2007. Orientador: Jos Antenor Pomilio. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Eltrica e de Computao. 1. Veculos eltricos. 2. Clulas a combustvel. 3. Energia - Armazenamento. 4. Energia - Fontes alternativas. 5. Sistemas difusos. 6. Sistemas de controle digital. 7. Eletrnica de potncia. I. Pomilio, Jos Antenor. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Eltrica e de Computao. III. Ttulo.

    Ttulo em Ingls: Energy management supervisory system of multiple power

    sources for electric vehicle applications. Palavras-chave em Ingls: Electric vehicles, Fuel cell, Energy storage, Alternative

    power sources, Fuzzy systems, Digital control systems, Power electronics.

    rea de concentrao: Automao Titulao: Doutor em Engenharia Eltrica Banca examinadora: Ennio Peres da Silva, Hilton Ablio Grndling, Jos Raimundo

    de Oliveira, Gilmar Barreto, Edson Adriano Vendrusculo Data da defesa: 26/02/2007 Programa de Ps-Graduao: Engenharia Eltrica

  • Este exemplar corresponde redao final da tese devidamente corrigida, submetida Faculdade de Engenharia Eltrica e de Computao da

    Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, defendida por Andr Augusto Ferreira e

    aprovada pela banca examinadora em 26 de fevereiro de 2007.

  • Dedico este trabalho aos meus pais Augusto e Maria Aparecida, minha amada esposa Adriana e aos meus familiares e, em especial, minha irm Edna.

  • iii

    Prefcio

    Esta tese o fruto da experincia do trabalho iniciado pelo professor Antenor na

    Universidade de Roma Trs, Itlia, durante o perodo de Licena Especial (Sabtico), no ano de

    2003, em que foram pesquisados o comportamento dinmico e o controle convencional do

    conversor eletrnico com mltiplas entradas que combina trs fontes de suprimento: clula a

    combustvel, bateria e supercapacitor.

    O enfoque principal desta tese foi desenvolver e implementar a estratgia de gesto de

    energia deste sistema com mltiplas fontes de suprimento. Cabe destacar a imprescindvel

    colaborao do professor Giorgio Spiazzi, da Universidade de Padova, Itlia, em especial na

    elaborao da estratgia de controle supervisrio nebuloso do sistema.

    A implementao experimental somente foi possvel graas taxa de bancada do CNPq,

    ao financiamento da FAPESP para a aquisio dos mdulos supercapacitores e do osciloscpio

    Agilent, a doao da plataforma de DSP (ADSP-21992) pela Analog Devices e a infra-estrutura

    do Laboratrio de Condicionamento de Energia Eltrica (LCEE) da UNICAMP.

    Atualmente, o presente autor prossegue sua pesquisa no LCEE, em um trabalho conjunto

    com o Laboratrio de Hidrognio (UNICAMP) e bolsa de ps-doutorado da FAPESP, para a

    incluso dos mdulos supercapacitores, implementao do conversor eletrnico com mltiplas

    entradas e avaliao experimental da estratgia de gesto de energia no sistema de suprimento do

    veculo eltrico VEGA.

  • iv Prefcio

  • v

    Resumo

    Este trabalho prope uma estratgia de gesto de energia, para aplicaes em veculos

    eltricos, baseado em um sistema supervisrio nebuloso que combina trs diferentes fontes de

    suprimento, em termos de densidade de energia e de densidade de potncia, a saber: clula a

    combustvel, bateria e supercapacitor.

    O sistema supervisrio coordena o fluxo de potncia entre os dispositivos de suprimento

    de energia e prov elevada qualidade de energia necessria para um bom desempenho do sistema

    de propulso do veculo eltrico.

    A estratgia proposta de gesto de energia do conversor eletrnico com mltiplas entradas

    possibilita o controle individual da transferncia de potncia das fontes de suprimento, em suas

    melhores regies da atuao.

    Um conveniente arranjo entre as fontes e alocao dos recursos disponveis permite

    reduzir o dimensionamento da clula a combustvel. Adicionalmente, a vida til destas fontes e a

    imunidade do sistema de suprimento a variaes bruscas de demanda de potncia so

    melhoradas.

    Um prottipo de 3 kW simulado e avaliado experimentalmente, incluindo um banco de

    baterias de chumbo-cido e supercapacitor, para comprovar a eficcia da estratgia de controle

    proposta.

  • vi Resumo

  • vii

    Abstract

    This work introduces an Energy Management strategy, for electrical vehicle applications,

    based on a fuzzy logic supervisory system that is able to combine three different power supply

    sources, i. e., fuel cell, battery and supercapacitor.

    The supervisory system coordinates the power flow between the power sources so that the

    system is able to provide high power quality, which is needed to achieve the desirable dynamic

    performance of the propulsion system.

    The proposed energy management strategy of a multiple input power electronic converter

    takes advantage of the individual characteristics of each power source and makes than operate at

    the best operation region.

    Through adequate power sources arrangements and use of the available resources, the fuel

    cell size is reduced. In addition, the power sources life time and the system ride-through at

    sudden load disturbances are increased.

    Simulation and experimental results of a 3 kW prototype, with real supercapacitor and

    lead-acid batteries bank, prove that the fuzzy logic is a suitable energy management control

    strategy.

  • viii Abstract

  • ix

    Agradecimentos

    Ao professor Jos Antenor Pomilio pela oportunidade, amizade, carter, competncia

    profissional, dedicao s atividades de pesquisa e excelente orientao durante todo o

    desenvolvimento desta tese de doutorado.

    Ao professor Giorgio Spiazzi pelas valiosas contribuies para a elaborao da estratgia

    de controle nebuloso, bem como as sugestes para reduzir a interferncia eletromagntica no

    prottipo desenvolvido e melhorar o estudo sobre o conversor elevador de tenso bidirecional em

    corrente.

    Ao professor Ennio Peres da Silva, pelas valiosas sugestes para melhorar a tese, o

    suporte financeiro aps o trmino da bolsa CNPq e oportunidade de trabalharmos em conjunto

    para o desenvolvimento de um veculo eltrico no meu ps-doutorado.

    Aos amigos Fellipe S. Garcia e Alexandre A. Mota, pela contribuio no ensaio das

    baterias de chumbo-cido e sugestes para a construo do algoritmo de controle nebuloso. Ao

    professor Simone Buso e ao Alessandro Lidozzi pelo auxlio e troca de informaes.

    Aos professores Jos Cludio Geromel, Pedro Peres e Gilmar Barreto, pelo auxlio no

    estudo da estabilidade dos controladores e do funcionamento das baterias.

    Aos meus orientadores de trabalho final de curso e de mestrado, Pedro G. Barbosa e

    Sigmar M. Deckmann, pela importante contribuio para minha formao acadmica. Ao Centro

    Regional de Inovao e Transferncia de Tecnologia (CRITT) e ao Laboratrio de Fsica da

    Universidade Federal de Juiz de Fora, em especial ao Andr Xand e aos professores Maurlio,

    Carmelita, Pablo e Scrates, pela proveitosa oportunidade de trabalho na iniciao cientfica.

    Aos amigos, Srgio, Fernando, Gustavo, Moiss, Clodoaldo, Ricardo, Kenji, Alexandre,

    Marelo, Luciana, Geomar, Massakit, Rodolfo, Helmo, Giuliano, Karina, Rafael, Roberto e Edson

    Vendrusculo, pela agradvel convivncia durante o mestrado e doutorado, em especial aos

    amigos Leonardo Silva que me auxiliaram de forma significativa na implementao do prottipo.

  • x Agradecimentos

    A todos que de alguma forma contriburam com sua experincia terica ou profissional

    em veculos eltricos ou em dispositivos de converso de energia qumica em eletricidade.

    A UNICAMP, a Faculdade de Engenharia Eltrica e de Computao, ao Departamento de

    Sistema e Controle de Energia e aos seus funcionrios pela infra-estrutura e apoio necessrios

    para a realizao deste trabalho.

    Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq) e a

    Fundao de Amparo a Pesquisa do Estado de So Paulo (FAPESP) pelo auxlio financeiro para

    custear a bolsa de doutorado e aquisio de componentes e equipamentos. A Analog Devices pela

    doao da plataforma do DSP utilizado.

    A Deus, aos familiares, aos irmos, a minha esposa e aos meus pais o reconhecimento

    pelo amor, carinho, dedicao e incentivo em todos os momentos e pelo grande orgulho e amor

    que possuo de cada um deles.

  • xi

    Sumrio

    Prefcio.......................................................................................................................................... iii

    Resumo ........................................................................................................................................... v

    Abstract ........................................................................................................................................ vii

    Agradecimentos ............................................................................................................................ ix

    1 Introduo ................................................................................................................................... 1

    1.1 Gesto coordenada de mltiplas fontes de potncia.............................................................. 1

    1.2 Aplicaes ............................................................................................................................. 4

    A. Veculos Eltricos............................................................................................................... 4

    B. Veculos Eltricos Hbridos ................................................................................................ 6

    C. Gerao Distribuda ............................................................................................................ 7

    1.3 Estrutura da tese..................................................................................................................... 8

    2 Dispositivos de converso e armazenamento de energia eltrica........................................... 9

    2.1 Clulas a Combustvel ........................................................................................................... 9

    A. Aspectos histricos ............................................................................................................. 9

    B. Princpio de funcionamento ............................................................................................ 10

    C. Aspectos fundamentais ..................................................................................................... 12

    2.2 Supercapacitores.................................................................................................................. 15

    A. Aspectos histricos ........................................................................................................... 15

  • xii Sumrio

    B. Capacitor eletroqumico de dupla camada........................................................................ 15

    C. Princpio de funcionamento .............................................................................................. 17

    2.3 Baterias ................................................................................................................................ 19

    A. Aspectos histricos ........................................................................................................... 19

    B. Princpio de funcionamento .............................................................................................. 19

    C. Aspectos Fundamentais .................................................................................................... 20

    2.4 Combinao das fontes de suprimento ................................................................................ 22

    2.5 Dimensionamento dos dispositivos de suprimento ............................................................. 24

    A. Demanda de potncia........................................................................................................ 24

    B. Ciclo de conduo............................................................................................................. 25

    C. Dimensionamento da clula a combustvel....................................................................... 26

    D. Dimensionamento da bateria ............................................................................................ 27

    E. Dimensionamento do supercapacitor ................................................................................ 31

    F. Discusso........................................................................................................................... 33

    2.6 Concluses........................................................................................................................... 33

    3 Inteterconexo entre as fontes de potncia............................................................................. 35

    3.1 Introduo............................................................................................................................ 35

    3.2 Arranjo dos dispositivos de suprimento .............................................................................. 36

    A. Arranjo srie ..................................................................................................................... 37

    B. Arranjo cascata.................................................................................................................. 38

    C. Arranjo paralelo ................................................................................................................ 40

    D. Outros arranjos ................................................................................................................. 40

    3.3 Estruturas bsicas de converso CC-CC ............................................................................. 42

    A. No isolada e unidirecional em corrente .......................................................................... 42

  • Sumrio xiii

    B. No isolada e bidirecional em corrente............................................................................. 43

    C. Isolada e bidirecional em corrente .................................................................................... 45

    D. Interleaved..................................................................................................................... 46

    3.4 Conversor eletrnico com mltiplas entradas ..................................................................... 47

    A. Introduo......................................................................................................................... 47

    B. Princpio de funcionamento .............................................................................................. 48

    3.5 Concluses........................................................................................................................... 49

    4 Anlise e controle dos subconversores do MIPEC ................................................................ 51

    4.1 Introduo............................................................................................................................ 51

    4.2 Conversor elevador de tenso bidirecional em corrente...................................................... 52

    A. Definio das variveis de estado..................................................................................... 52

    B. Linearizao do estgio de potncia ................................................................................. 53

    C. Equaes do comportamento esttico............................................................................... 56

    D. Projeto dos elementos do conversor ................................................................................. 60

    E. Equaes do comportamento dinmico para pequenos sinais .......................................... 62

    4.3 Projeto do MIPEC ............................................................................................................... 69

    A. Dimensionamento do indutor ........................................................................................... 70

    B. Dimensionamento do capacitor de sada .......................................................................... 72

    C. Dimensionamento do capacitor de entrada ....................................................................... 72

    D. Especificao do mdulo de potncia............................................................................... 73

    4.4 Anlise esttica dos subconversores.................................................................................... 73

    4.5 Anlise do comportamento dinmico .................................................................................. 75

    A. Resposta em freqncia .................................................................................................... 76

    B. Resposta transitria........................................................................................................... 78

  • xiv Sumrio

    C. Estudo da sensibilidade dos conversores a alguns parmetros ......................................... 80

    4.6 Projeto dos controladores .................................................................................................... 84

    A. Circuitos bsicos para implementao do controlador ..................................................... 85

    B. Sntese do controlador ...................................................................................................... 89

    C. Controle da corrente no indutor ........................................................................................ 92

    D. Controle da tenso de sada .............................................................................................. 94

    E. Implementao digital do controlador com saturao dinmica..................................... 101

    4.7 Concluses......................................................................................................................... 107

    5 Sistema supervisrio nebuloso de controle........................................................................... 109

    5.1 Introduo.......................................................................................................................... 109

    5.2 Controle nebuloso.............................................................................................................. 110

    5.3 Sntese do supervisrio nebuloso ...................................................................................... 111

    A. Estratgia de gesto da energia....................................................................................... 111

    B. Referncia de corrente da bateria.................................................................................... 113

    C. Variveis de entrada e de sada do controlador nebuloso............................................... 114

    D. Definio das funes de pertinncia nebulosa .............................................................. 114

    E. Definio da base de decises para o controle nebuloso ................................................ 118

    F. Definio do mtodo de inferncia nebulosa .................................................................. 122

    5.4 Resultados simulados ........................................................................................................ 123

    A. Descrio do circuito simulado ...................................................................................... 123

    B. Simulao com carga resistiva........................................................................................ 125

    C. Simulao para uma pequena demanda de potncia de um motor eltrico .................... 129

    D. Simulao para uma grande demanda de potncia de um motor eltrico....................... 131

    5.5 Resultados experimentais .................................................................................................. 133

  • Sumrio xv

    A. Descrio da bancada ..................................................................................................... 133

    B. Procedimento experimental ............................................................................................ 135

    C. Ensaio com carga resistiva.............................................................................................. 138

    D. Ensaio com o acionamento do motor eltrico................................................................. 141

    5.6 Ciclo de conduo urbano europeu (ECE 15) ................................................................... 144

    5.7 Concluses......................................................................................................................... 147

    6 Concluses e perspectivas ...................................................................................................... 149

    6.1 Concluso geral ................................................................................................................. 149

    6.2 Perspectivas de trabalhos futuros ...................................................................................... 152

    Bibliografia................................................................................................................................. 153

    Apndice A Divulgao da pesquisa ..................................................................................... 163

    Apndice B Circuitos esquemticos ...................................................................................... 165

    Apndice C Cdigo fonte do algoritmo de controle............................................................. 167

  • xvi Sumrio

  • xvii

    Lista de figuras

    Figura 1.1: Esboo esquemtico do sistema de propulso do VE. .................................................. 2

    Figura 2.1: Esboo simplificado do funcionamento de uma CaC tipo PEM................................. 11

    Figura 2.2: Curvas caractersticas de operao da clula a combustvel....................................... 13

    Figura 2.3: Limite de ondulao de corrente da CaC. ................................................................... 14

    Figura 2.4: Estrutura bsica em camadas de um supercapacitor (desenho a esquerda) e foto

    comparativa (a direita) entre o SC da Epcos de 10 F e 2,3 V e uma BT alcalina de 9 V.............. 16

    Figura 2.5: Estrutura interna e distribuio de cargas no SC. ....................................................... 17

    Figura 2.6: Foto ilustrativa do mdulo supercapacitor EPCOS de 150 F e 42 V.......................... 18

    Figura 2.7: Estrutura simplificada interna de uma bateria............................................................. 20

    Figura 2.8: Diagrama de Ragone, densidade de energia versus densidade de potncia................ 23

    Figura 2.9: Ciclo de conduo urbano europeu ECE15. ............................................................ 26

    Figura 2.10: Ensaio da BT com uma carga resistiva e tenso em circuito aberto de 145,8 V:

    variao da tenso terminal (grfico superior) e variao da corrente (grfico inferior). ............. 29

    Figura 2.11: Ensaio do SC com uma carga resistiva e tenso em circuito aberto de 109 V:

    variao da tenso terminal (grfico superior) e variao da corrente (grfico inferior). ............. 32

    Figura 3.1: Arranjo srie da conexo ativa do SC......................................................................... 38

    Figura 3.2: Arranjo cascata da conexo ativa da fonte primria. .................................................. 38

    Figura 3.3: Arranjo cascata da conexo ativa do supercapacitor. ................................................. 39

  • xviii Lista de figuras

    Figura 3.4: Arranjo cascata da conexo ativa do SC e da BT, localizado no ponto intermedirio.

    ....................................................................................................................................................... 39

    Figura 3.5: Arranjo cascata da conexo ativa da BT e do SC, localizado no ponto intermedirio.

    ....................................................................................................................................................... 39

    Figura 3.6: Arranjo paralelo da conexo entre as fontes de energia e de potncia. ...................... 40

    Figura 3.7: Arranjo srie da conexo ativa da BT e SC. ............................................................... 40

    Figura 3.8: Topologia isolada da conexo ativa das fontes e carga. ............................................. 41

    Figura 3.9: Conversores elevador de tenso (esquerda) e abaixador-elevador de tenso (direita).42

    Figura 3.10: Conversores uk (superior), SEPIC (meio) e Zeta (inferior). .................................. 43

    Figura 3.11: Estruturas bsicas no isoladas de converso CC-CC bidirecional em corrente. ..... 44

    Figura 3.12: Estruturas bsicas isoladas de converso CC-CC bidirecional em corrente............. 45

    Figura 3.13: Estrutura trifsica de converso interleaved do conversor elevador de tenso

    bidirecional em corrente. ............................................................................................................... 46

    Figura 3.14: Conversor eletrnico com mltiplas entradas........................................................... 48

    Figura 4.1: Modelo ideal do conversor elevador de tenso bidirecional em corrente................... 52

    Figura 4.2: Modelo com perdas do conversor elevador de tenso bidirecional em corrente. ....... 52

    Figura 4.3: Formas de onda do conversor elevador de tenso bidirecional em corrente: tenso no

    indutor (vL), corrente no indutor (iL), tenso de sada (vo) e corrente chave S2 (iS2)...................... 56

    Figura 4.4: Circuito equivalente do conversor durante a conduo da chave S1........................... 62

    Figura 4.5: Circuito equivalente do conversor durante a no conduo da chave S1.................... 63

    Figura 4.6: Circuitos equivalentes do circuito durante a conduo da chave S1 (esquerda) e a no

    conduo da chave S1 (direita). ..................................................................................................... 65

  • Lista de figuras xix

    Figura 4.7: Circuitos equivalentes do conversor durante a conduo da chave S1 (esquerda) e a

    no conduo da chave S1 (direita)................................................................................................ 67

    Figura 4.8: Resultado do ensaio experimental do indutor acoplado CaC................................... 70

    Figura 4.9: Ganho esttico e rendimento do subconversor do SC. ............................................... 74

    Figura 4.10: Ganho esttico e rendimento dos subconversores para uma corrente de sada de 5 A.

    ....................................................................................................................................................... 75

    Figura 4.11: Circuito do conversor para simulao no domnio da freqncia no PSPICE.......... 76

    Figura 4.12: Resposta em freqncia da tenso de sada dos subconversores da CaC, BT e SC

    para variao na razo cclica........................................................................................................ 76

    Figura 4.13: Resposta em freqncia da corrente no indutor dos subconversores da CaC, BT e SC

    para variao na razo cclica........................................................................................................ 77

    Figura 4.14: Lugar das razes para a tenso de sada (esquerda) e corrente no indutor (direita). . 78

    Figura 4.15: Diagrama de simulao do conversor elevador de tenso bidirecional em corrente. 79

    Figura 4.16: Resposta transitria do conversor a uma pequena perturbao na razo cclica. ..... 80

    Figura 4.17: Efeito das perdas hmicas sobre a resposta em freqncia da corrente no indutor. . 81

    Figura 4.18: Efeito do capacitncia de entrada na resposta em freqncia da corrente no indutor.

    ....................................................................................................................................................... 82

    Figura 4.19: Efeito da variao da corrente de sada na resposta da corrente no indutor. ............ 83

    Figura 4.20: Efeito da variao da tenso de entrada na resposta em corrente do indutor para uma

    corrente de sada nula. ................................................................................................................... 84

    Figura 4.21: Esquema simplificado do controle da corrente no indutor. ...................................... 84

    Figura 4.22: Esquema simplificado do controle em cascata da tenso de sada. .......................... 85

  • xx Lista de figuras

    Figura 4.23: Circuito e resposta em freqncia do controlador PI................................................ 86

    Figura 4.24: Circuito e resposta em freqncia do controlador PI com filtro passa-baixas.......... 87

    Figura 4.25: Circuito e resposta em freqncia do controlador com avano de fase. ................... 88

    Figura 4.26: Avano de fase () para os controladores do tipo atraso de fase e avano de fase. . 91

    Figura 4.27: Controle em malha fechada da corrente no indutor. ................................................. 92

    Figura 4.28: Respostas em freqncia da malha aberta da corrente no indutor da BT para

    diferentes margens de fase............................................................................................................. 93

    Figura 4.29: Diagrama de blocos esquemtico do controle da corrente no indutor no SIMULINK.

    ....................................................................................................................................................... 93

    Figura 4.30: Resposta transitria do controle em malha fechada da corrente no indutor da BT para

    diferentes valores de margens de fase. .......................................................................................... 94

    Figura 4.31: Resposta transitria do controle em malha fechada da corrente no indutor para uma

    margem de fase de 75 e diferentes valores de correntes de sada. ............................................... 94

    Figura 4.32: Controle da tenso de sada com mltiplas malhas. ................................................. 95

    Figura 4.33: Diagrama de blocos equivalente da malha de controle da tenso de sada............... 96

    Figura 4.34: Respostas em freqncia da malha interna da corrente no indutor do SC................ 96

    Figura 4.35: Efeito da variao da corrente de sada na reposta em freqncia, em malha aberta,

    da tenso de sada, incluindo a malha interna de controle............................................................. 97

    Figura 4.36: Resposta em freqncia da malha aberta da tenso de sada para uma corrente de

    sada nula, freqncia de corte de 50 Hz e diferentes margens de fase......................................... 98

    Figura 4.37: Resposta em freqncia da malha aberta da tenso de sada para uma freqncia de

    corte de 50 Hz, margem de fase 75 e diferentes correntes de sada. ............................................ 99

  • Lista de figuras xxi

    Figura 4.38: Diagrama de blocos esquemtico do controle da tenso de sada no SIMULINK. 100

    Figura 4.39: Resposta transitria do sistema em resposta a um degrau de corrente de sada de 5 A

    para diferentes margens do controlador da tenso de sada......................................................... 100

    Figura 4.40: Diagrama de blocos esquemtico do controlador digital com saturao dinmica. 101

    Figura 4.41: Amostragem da corrente no indutor no meio do perodo de comutao: tenso de

    sada (superior), corrente no indutor (meio) e sinal de disparo da interrupo (inferior). .......... 104

    Figura 4.42: Resultado experimental do controle digital da tenso de sada e corrente no SC... 105

    Figura 4.43: Resposta experimental, em detalhe, da tenso de sada e corrente no indutor. ...... 105

    Figura 4.44: Partida suave da tenso de sada com uma carga resistiva conectada ao terminais do

    barramento de sada do conversor. .............................................................................................. 107

    Figura 5.1: Diagrama de blocos simplificado do sistema de gesto de energia. ......................... 112

    Figura 5.2: Circuito equivalente do comportamento dos subconversores do MIPEC................. 113

    Figura 5.3: Funes de pertinncia nebulosa das variveis de controle nebuloso. ..................... 115

    Figura 5.4: Diagrama esquemtico simplificado do processo de inferncia nebulosa................ 122

    Figura 5.5: Circuito esquemtico do MIPEC no PSIM............................................................... 124

    Figura 5.6: Grficos da tenso de sada, corrente nas fontes e corrente de sada em resposta a

    conexo de uma carga resistiva de 100 (ou 1 kW). ................................................................. 126

    Figura 5.7: Grficos das variveis de entrada do controlador nebuloso para uma carga de 100 ...................................................................................................................................................... 126

    Figura 5.8: Grficos das variveis de sada do controlador nebuloso para uma carga de 100 .126

    Figura 5.9: Grficos da tenso de sada, corrente nas fontes e corrente de sada em resposta a

    conexo de uma carga resistiva de 33 (ou 3,1 kW). ................................................................ 128

  • xxii Lista de figuras

    Figura 5.10: Grficos das variveis de entrada do controlador nebuloso para uma carga de 33 ...................................................................................................................................................... 128

    Figura 5.11: Grficos das variveis de sada do controlador nebuloso para uma carga de 33 .128

    Figura 5.12: Grficos da tenso de sada, corrente nas fontes e corrente de sada em resposta ao

    acionamento de um motor eltrico com pequena demanda de potncia. .................................... 130

    Figura 5.13: Grficos das variveis de entrada do controlador nebuloso.................................... 130

    Figura 5.14: Grficos das variveis de sada do controlador nebuloso. ...................................... 130

    Figura 5.15: Grficos da tenso de sada, corrente nas fontes e corrente de sada em resposta ao

    acionamento de um motor eltrico com grande demanda de potncia........................................ 132

    Figura 5.16: Grficos das variveis de entrada do controlador nebuloso.................................... 132

    Figura 5.17: Grficos das variveis de sada do controlador nebuloso. ...................................... 132

    Figura 5.18: Fotos da bancada experimental. .............................................................................. 135

    Figura 5.19: Resultado do ensaio da referncia de corrente da BT sem utilizar a atuao do termo

    de correo da referncia de corrente. ......................................................................................... 136

    Figura 5.20: Resultado do ensaio da referncia de corrente da BT, incluindo a atuao do termo

    de correo da referncia de corrente. ......................................................................................... 137

    Figura 5.21: Formas de onda do pulso de disparo da interrupo da rotina de controle e dos

    intervalos de tempo total de execuo da rotina de controle, do controlador nebuloso e do

    controlador PI com filtro passa-baixas, respectivamente. ........................................................... 138

    Figura 5.22: Grficos da tenso de sada e correntes nas fontes em resposta variao brusca de

    corrente imposta por uma carga resistiva de 100 (ou seja, 1 kW)........................................... 139

    Figura 5.23: Variao da corrente de sada para uma carga resistiva de 100 .......................... 139

  • Lista de figuras xxiii

    Figura 5.24: Grficos da tenso de sada e correntes nas fontes em resposta variao brusca de

    corrente imposta por uma carga resistiva de 33 (ou seja, 3,1 kW).......................................... 140

    Figura 5.25: Variao da corrente de sada para uma carga resistiva de 33 ............................ 140

    Figura 5.26: Formas de onda da tenso de sada e correntes nas fontes para o acionamento do

    motor com uma demanda de carga mecnica pequena................................................................ 142

    Figura 5.27: Variao da corrente de sada para uma demanda de carga mecnica pequena. .... 142

    Figura 5.28: Formas de onda da tenso de sada e correntes nas fontes para o acionamento do

    motor com uma demanda de carga mecnica grande. ................................................................. 143

    Figura 5.29: Variao da corrente de sada para uma demanda de carga mecnica grande........ 143

    Figura 5.30: Resposta transitria da tenso de sada e das correntes nas fontes do MIPEC

    submetidas a demanda de carga estimada para o ciclo de conduo europeu (ECE 15). ........... 145

    Figura 5.31: Variveis de entrada normalizadas do controlador nebuloso.................................. 145

    Figura 5.32: Variveis de sada normalizadas do controlador nebuloso. .................................... 145

    Figura 5.33: Resultado experimental para um percurso simples de conduo............................ 146

    Figura 5.34: Variao da demanda da carga para um percurso simples de conduo. ............... 146

  • xxiv Lista de figuras

  • xxv

    Lista de Tabelas

    Tabela 2.1: Exemplo de demanda de potncia em um automvel eltrico [5].............................. 24

    Tabela 2.2: Estimativa do estado de carga da BT a partir da tenso em circuito aberto. .............. 30

    Tabela 4.1: Parmetros de projeto dos indutores........................................................................... 70

    Tabela 4.2: Resultados da anlise experimental dos indutores que compem o MIPEC............. 71

    Tabela 4.3: Indutncia e ESR dos indutores que compem o MIPEC. ......................................... 71

    Tabela 4.4: Parmetros dos subconversores utilizados nas simulaes. ....................................... 73

    Tabela 4.5: Margens de estabilidade da resposta em freqncia da tenso de sada..................... 98

    Tabela 4.6: Coeficientes dos controladores digitais da corrente no indutor e tenso de sada.... 103

    Tabela 4.7: Ganho dos sensores do MIPEC. ............................................................................... 103

    Tabela 5.1: Conjunto de regras para situaes de conduo normal........................................... 119

    Tabela 5.2: Conjunto de regras para situaes de conduo em subidas ou acelerao do VE. . 120

    Tabela 5.3: Conjunto de regras para situaes de conduo em descidas ou frenagem do VE. . 121

  • xxvi Lista de Tabelas

  • xxvii

    Lista de Siglas e Definies

    BT Bateria

    CaC Clulas a Combustvel

    GD Gerao Distribuda

    MCI Motor de Combusto Interna

    MIPEC Conversor Eletrnico com Mltiplas Entradas (do ingls, Multiple-Input Power Electronic Converter)

    SC Supercapacitor

    SoC Estado de Carga (do ingls, State of Charge)

    VE Veculo Eltrico

    VEH Veculo Eltrico Hbrido

    MIMO Mltiplas Entradas Mltiplas Sadas (do ingls, Multiple Input Multiple Outuput).

    PEM Membrana Trocadora de Prtons (do ingls, Proton Exchange Membrane), ou Membrana Eletroltica Polimrica (do ingls, Polimeric Electrolyte Membrane)

    ESR Resistncia Srie Equivalente (do ingls, Equivalent Series Resistance)

  • xxviii Lista de Siglas e Definies

  • 1

    Captulo 1

    Introduo

    1.1 Gesto coordenada de mltiplas fontes de potncia

    A integrao e a gesto de mltiplas fontes de suprimento com diferente densidade de

    energia e de potncia so caractersticas dos modernos veculos eltricos (VE). Estes aspectos so

    cruciais para alcanar elevada eficincia no uso da potncia gerada e melhorar o desempenho

    dinmico nas fases de acelerao e frenagem regenerativa do veculo.

    A princpio, as clulas a combustvel (CaC) poderiam substituir plenamente as baterias

    (BT) para propulsar o VE, em decorrncia da reduo do peso, do menor volume e da grande

    quantidade de energia disponvel para elevar a autonomia de percurso do veculo.

    No entanto, as CaC apresentam pouca eficincia em situaes de baixa demanda de

    potncia, lenta transferncia de energia em situaes transitrias e elevado custo por watt.

    evidente que alguma outra fonte de energia pode ser usada para transferir rapidamente

    potncia para mecanismo de trao eltrica. Com efeito, a CaC no precisa ser dimensionada para

    a potncia de pico, mas somente para a potncia mdia. E ainda, alm de uma CaC mais

    compacta e de menor custo, a vida til dos dispositivos de suprimento pode ser aumentada.

  • 2 Captulo 1 - Introduo

    As baterias possuem capacidade de energia suficiente para movimentar VE leves em

    baixas velocidades como, por exemplo, em trajetos urbanos, ou fornecer potncia adicional

    necessria por longos perodos de velocidade alta como, por exemplo, em estradas [1]. Todavia,

    variaes bruscas de demanda da carga produzem considervel perda de potncia que podem

    comprometer o desempenho e vida til da BT e da CaC.

    A CaC e a BT possuem um lento processo eletroqumico para realizar a converso de

    energia qumica em eletricidade. A soluo usual emprega o supercapacitor (SC) para melhorar a

    resposta transitria do sistema de suprimento durante variaes bruscas de potncia [2] e [3].

    Os dispositivos de armazenamento de energia, BT e SC, so usados juntos durante os

    perodos transitrios de acelerao e de desacelerao e para aumentar a acmulo de energia nas

    fases de frenagem regenerativa.

    Um Conversor Eletrnico com Mltiplas Entradas (MIPEC, do ingls Multiple-Input

    Power Electronic Converter) realiza a interconexo dos trs dispositivos de suprimento e o

    mecanismo de trao do veculo eltrico (VE), como mostrado na Figura 1.1.

    Motor eltrico

    T

    MIP

    EC

    Sistemasupervisrio

    CaC

    H2

    BT

    SC

    Inversor

    AC

    CC

    Figura 1.1: Esboo esquemtico do sistema de propulso do VE.

    A principal tarefa do sistema supervisrio assegurar a disponibilidade da potncia

    requerida para a trao do VE e coordenar a alocao dos recursos disponveis para aumentar o

    desempenho e vida til das fontes de suprimento.

  • Captulo 1 - Introduo 3

    Compensadores convencionais com atraso de fase (PI com filtro passa-baixas) regulam

    cada uma das entradas do conversor [4]. As referncias de corrente so atualizadas pelo sistema

    supervisrio, que coordena o fluxo da potncia gerada pela fonte primria (CaC) e a transferida

    pelos dispositivos acumuladores de energia (BT e SC) a fim de propiciar elevado desempenho ao

    sistema de propulso do VE.

    Diversos arranjos de fontes, topologias de conversores de eletrnica de potncia e

    estratgias de controle foram propostas, desenvolvidas, implementadas e testadas no intuito de

    aperfeioar o sistema de propulso de veculos eltricos hbridos (VEH) ou VE [5] - [8]. Mtodos

    de otimizao so amplamente empregados para atingir a situao de mxima eficincia

    energtica e/ou elevado nvel de desempenho dinmico do sistema. Neste caso, o principal

    desafio definir as variveis a serem otimizadas, enquanto satisfazem as restries impostas

    pelas caractersticas de operao dinmica dos dispositivos de suprimento e demanda de energia.

    Este trabalho prope a implementao de um algoritmo de gesto de energia baseado em

    um sistema de controle supervisrio nebuloso.

    Uma ampla pesquisa bibliogrfica foi realizada para identificar o potencial e as restries

    de operao das fontes de suprimento de energia, bem como os principais arranjos e topologia de

    conversores para combinar estas fontes.

    O dimensionamento, o comportamento esttico e dinmico e o controle do conversor

    eletrnico composto por mltiplas fontes de suprimento tambm so largamente investigados

    para subsidiar a elaborao da estratgia de coordenao do fluxo de potncia do sistema de

    suprimento do VE.

    Com efeito, um controlador nebuloso projetado para realizar a gesto da energia do

    sistema composto pelas trs fontes de suprimento, isto , para determinar o funcionamento da

    clula a combustvel e para controlar o estado de energia dos dispositivos acumuladores.

    Na parte final desta tese, so apresentados os resultados simulados e experimentais para

    um prottipo de 3 kW composto por mdulos supercapacitores, banco de baterias de chumbo-

    cido, conversor eletrnico com mltiplas entradas, inversor comercial e motor eltrico.

  • 4 Captulo 1 - Introduo

    1.2 Aplicaes

    A estratgia de gesto de energia baseado em lgica nebulosa um algoritmo flexvel,

    que possibilita migrar, de modo relativamente simples e rpido, a estratgia de controle do

    MIPEC para um razovel conjunto de aplicaes envolvendo diversas fontes de suprimento. Por

    exemplo, um grupo motor de combusto interna (MCI) e gerador CC sem escovas poderiam

    substituir a CaC. A roda de inrcia (flywheel), por sua vez, poderia substituir o SC.

    De outro modo, a adio de novas fontes de suprimento como, por exemplo, um gerador

    fotovoltaico ou um gerador elico, em aplicaes estacionrias, no iria requerer um enorme

    esforo do projetista necessrio para modelar a nova entrada.

    A. Veculos Eltricos

    Nos veculos puramente eltricos, a propulso do veculo realizada exclusivamente por

    motores eltricos. No entanto, prtica usual classificar os veculos eltricos hbridos (VEH)

    como um tipo de VE. Esta tese adota a denominao VE como sinnimo de veculos puramente

    eltricos, embora no VEH srie a trao tambm exercida exclusivamente por motores eltricos.

    Do ponto de vista histrico, os VE automotivos competiam com os veculos de MCI no

    final do sculo XIX. O elevado custo e limitada autonomia de percurso favoreceram a

    prevalncia do carro a gasolina em detrimento do carro movido a BT [1].

    A crise do petrleo na dcada de 70 gerou uma corrida mundial por fontes alternativas de

    energia que pudessem reduzir a dependncia de combustveis fsseis. Na dcada de 80, a melhora

    na tecnologia das BT e os avanos em eletrnica de potncia resultaram em modelos comerciais

    de carros eltricos a BT.

    No incio da dcada de 90 ficou claro para a indstria automobilstica que a baixa

    densidade de energia e elevado peso das BT minavam a autonomia e desempenho dinmico do

    carro eltrico de passeio, o que resultou em sua descontinuidade de fabricao [1].

    Por outro lado, as empilhadeiras eltricas se consolidaram no mercado, uma vez que as

  • Captulo 1 - Introduo 5

    BT so um contrapeso natural. Outra vantagem o menor custo de manuteno do motor eltrico.

    A legislao no setor farmacutico e alimentcio sobre emisso de gases poluentes tambm

    contribuiu para a adoo das empilhadeiras a BT. Em carros de golfe e de transporte de pessoas

    deficientes fsicas, a operao silenciosa e acelerao suave so caractersticas plenamente

    suportadas por estes VE a BT.

    Atualmente, novas tecnologias de BT com maior densidade de energia como, por

    exemplo, ons de ltio e cloreto de sdio metal, geralmente associado com SC, representam novas

    perspectivas para suprir o consumo de energia dos modernos veculos eltricos.

    Obviamente, os VE no esto limitados aos veculos a BT. O bonde eltrico, trlebus,

    metr e trens eltricos so exemplos de VE de transporte terrestre que empregam a rede eltrica

    como fonte primria de energia.

    O sucesso do uso da CaC no veculo lunar na misso Appolo 11, em 1969, foi um

    importante marco histrico e motivador para viabilizar o interesse no emprego desta tecnologia

    limpa de gerao de energia eltrica em VE. Do ponto de vista ambiental, o uso do hidrognio

    nas CaC um importante vetor energtico para substituir o uso dos combustveis fsseis e

    eliminar, ou pelo menos reduzir drasticamente, a emisso de gases poluentes.

    Atualmente, os preos associados aquisio e operao da CaC so relativamente

    elevados. No entanto, os benefcios ambientais e a tendncia de reduo de custos, a partir da

    fabricao em larga escala industrial, justificam os investimentos em pesquisa e desenvolvimento

    das CaC.

    A maior densidade de energia da CaC em relao a BT contribui para aumentar

    autonomia dos VE. Por outro lado, a baixa densidade de potncia do dispositivo limita o

    desempenho dinmico do acionamento. O uso combinado de outras fontes de energia, como a BT

    e o SC, assegura melhor comportamento do veculo nas fases de acelerao e frenagem, e ainda,

    garante maior vida til e menor dimensionamento da CaC.

    Neste contexto, imprescindvel aprimorar a gesto do fluxo de energia para aproveitar as

    melhores caractersticas de desempenho de cada fonte e assegurar elevada qualidade de energia

  • 6 Captulo 1 - Introduo

    necessria para um bom desempenho trao eltrica e demais cargas eltricas do veculo.

    B. Veculos Eltricos Hbridos

    Os VEH associam o potente MCI com o eficiente motor eltrico para diminuir a emisso

    de gases poluentes, reduzir o volume e o peso do motor de combusto e aumentar o desempenho

    energtico do sistema de propulso.

    At a primeira guerra mundial, a tecnologia hbrida foi usada para que um motor eltrico

    auxiliasse o MCI a apresentar desempenho dinmico satisfatrio e aumentar a autonomia de

    percurso. A melhora na densidade de potncia do motor a gasolina, associado aos riscos do cido

    das baterias, dificuldades no controle do motor eltrico e o custo do emprego de dois motores

    foram elementos chaves para a prevalncia do MCI [1].

    Somente na dcada de 90, com o fracasso dos carros eltricos a BT, foi retomado o

    interesse dos fabricantes de automveis por VEH. No ano de 2005, cerca de 206 mil carros e

    caminhonetes hbridos foram vendidos nos Estados Unidos, o que representa 1,2% deste mercado

    automobilstico norte americano [9].

    Existem basicamente trs arquiteturas para implementar o sistema de propulso dos VEH,

    que so: srie, paralela e srie-paralela [10]. Do ponto de vista de compatibilidade com a

    topologia de conversores e algoritmo de controle propostas neste trabalho, a configurao srie

    possibilita rpida e efetiva migrao da estratgia de coordenao fluxo de energia.

    Neste arranjo, o MCI acoplado a um gerador e opera, na maior parte do tempo, em uma

    combinao tima de velocidade e de conjugado. Quando as baterias esto plenamente

    carregadas, o motor de combusto pode ser desligado. Por outro lado, quando o estado de energia

    das BT baixo, o MCI ligado. O SC um elemento essencial para estender a vida til das BT.

    Com efeito, h uma diminuio no consumo de combustveis, menor dimensionamento do

    MCI, recuperao de parte da energia cintica na frenagem, acelerao suave, operao silenciosa

    e menor custo de manuteno, pois no h eixo de transmisso e engrenagens no VEH srie.

    Independente da topologia do arranjo hbrido do sistema de propulso, necessrio

  • Captulo 1 - Introduo 7

    assegurar a harmonia do fluxo de potncia entre as fontes e a carga, no intuito de aumentar a

    eficincia global do sistema sem comprometer o desempenho do VEH.

    C. Gerao Distribuda

    A Gerao Distribuda (GD) um dos mais promissores mercados para aplicaes da

    CaC. Diversas empresas do setor energtico nacional e internacional tm realizado investimentos

    para avaliar o emprego desta tecnologia de gerao limpa. H um forte interesse na viabilidade

    do uso da energia eltrica na produo de hidrognio e, at mesmo, em veculos eltricos plug-

    in para auxiliar a distribuir a demanda de energia do Sistema Eltrico de Potncia ao longo do

    dia.

    A gerao distribuda comumente definida como a gerao de energia eltrica, em

    unidades de pequeno porte (tipicamente de alguns kW at 50 MW), posicionadas prximas ao

    local de demanda. Dentre as aplicaes desta tecnologia destacam-se: reserva de potncia, co-

    gerao de eletricidade e calor, gerao de ponta, reforo de carga e gerao isolada [11].

    Por exemplo, em consumidores de pequeno e mdio porte, a GD pode reduzir a demanda

    de pico, diminuir o consumo de energia da rede eltrica, assegurar qualidade e confiabilidade da

    energia ou prover plenamente unidades de pequena demanda isoladas da rede eltrica. Para

    consumidores de grande porte e empresas do setor energtico, pode aumentar a confiabilidade do

    sistema, evitar grandes investimentos em novas linhas de transmisso e aumentar a capacidade de

    gerao para atender rapidamente o crescimento de demanda [11] - [13].

    O sistema de gesto de energia de um sistema de suprimento hbrido, composto por CaC,

    BT e SC, tambm imprescindvel para coordenar o uso de energia, controlar a conexo e

    desconexo com a carga e/ou rede e compensar transitrios de carga.

    Deste modo, possvel operar a CaC na sua regio de eficincia tima da curva tenso

    corrente, estender a vida til, compactar as dimenses da BT e da CaC, diminuir o consumo de

    combustvel (H2) e, conseqentemente, reduzir custos. Cabe ressaltar que o aproveitamento da

    energia trmica gerada pela CaC, aumenta a eficincia da CaC da faixa de 40 a 55 % para

    aproximadamente 80 % [12].

  • 8 Captulo 1 - Introduo

    1.3 Estrutura da tese

    O Captulo 2 contm uma breve reviso histrica, o princpio de funcionamento e as

    limitaes das trs fontes utilizadas. O dimensionamento dessas fontes de suprimento realizado

    com base no ciclo de conduo urbano europeu (ECE 15). Para finalizar o captulo, as

    resistncias internas da BT e do SC so obtidas experimentalmente.

    No Captulo 3 so investigadas as principais topologias de conversores, e de alguns

    possveis arranjo entre estes, propostos para realizar a interconexo entre as fontes e carga.

    No Captulo 4 so estudados o modelo e o comportamento esttico e dinmico das

    entradas do conversor, analisados isoladamente. Em seguida, o projeto e a anlise da estabilidade

    dos compensadores convencionais so apresentados.

    O Captulo 5 descreve o processo de sntese do sistema supervisrio de controle nebuloso

    proposto para a gesto de energia do conversor com mltiplas entradas. Resultados de simulao

    e experimentais validam a estratgia de controle em um prottipo de 3 kW.

    O Captulo 6 resume as concluses gerais deste trabalho e algumas sugestes para

    trabalhos futuros que possam resultar na continuidade desta pesquisa.

  • 9

    Captulo 2

    Dispositivos de converso e armazenamento de

    energia eltrica

    2.1 Clulas a Combustvel

    A. Aspectos histricos

    Em 1839, o jurista e fsico amador ingls William Robert Grove descobriu o processo

    reverso da eletrlise, ou seja, como combinar o hidrognio e o oxignio para produzir gua e

    gerar eletricidade.

    Acredita-se que Grove tenha fundamentado seu trabalho no artigo publicado, em 1838,

    pelo suo Christian Friedrich Schoenbein; com um enfoque mais prtico e empreendedor que seu

    futuro amigo e colaborador [14].

    Em 1842, Grove apresentou uma realizao prtica do seu experimento usando eletrodos

    de platina e, em 1845, consolidou o ensaio com uma publicao especfica sobre este assunto.

    Deste modo, Christian F. Schoenbein pode ser considerado o descobridor do fenmeno, enquanto

    William R. Grove o inventor da clula a combustvel.

  • 10 Captulo 2 - Dispositivos de converso e armazenamento de energia eltrica

    Uma experincia mais antiga com CaC descrita na literatura [15]. Em 1802, Humphrey

    Davy criou uma clula usando carbono e cido ntrico durante seus estudos em eletroqumica. No

    entanto, os resultados desta experincia no foram devidamente documentados.

    No ano de 1932, o engenheiro britnico Francis Thomas Bacon construiu o primeiro

    prottipo funcional de CaC, que possua eletrlito alcalino, operava em alta temperatura (200C),

    sob presso e utilizava eletrodos de nquel. Em 1959, utilizando eletrodos porosos, Bacon

    alcanou uma potncia considervel de 5 kW para alimentar uma mquina de solda [16] e [17].

    Tambm no ano de 1959, Harry Karl Ihrig, da empresa fabricante de equipamentos para

    fazendas Allis-Chalmers, demonstrou o primeiro veculo terrestre movido a CaC. Esta CaC

    consistia de 1008 clulas empilhadas, com capacidade de gerar 15 kW para alimentar um trator.

    A CaC desenvolvida por Bacon foi fundamental para o desenvolvimento e uso destes

    dispositivos geradores de eletricidade pela NASA, durante a dcada de 60, para fornecer energia

    de forma limpa, silenciosa e compacta aos equipamentos embarcados nas misses espaciais

    Gemini e Appolo e prover gua limpa e calor aos astronautas.

    Durante a dcada de 70, em resposta s crises de petrleo de 1973 e 1979, o governo dos

    EUA incentivou a pesquisa e o desenvolvimento de CaC para veculos terrestres como estratgia

    para reduzir a sua dependncia em relao ao petrleo importado.

    Nos dias atuais, a CaC ainda se encontra em desenvolvimento e no economicamente

    competitiva com relao a outras tecnologias de converso de energia existentes. No entanto, as

    perspectivas de avanos tecnolgicos e de menores custos de aquisio e manuteno so

    promissores para as prximas dcadas.

    B. Princpio de funcionamento

    A CaC um dispositivo eletroqumico que gera eletricidade, calor e vapor de gua a partir

    do processo de oxidao (perda de eltrons) do hidrognio e reduo do oxignio. Em outros

    termos, a CaC uma clula galvnica em que a energia qumica de um combustvel (hidrognio)

    convertida diretamente em eletricidade por meio de um processo eletroqumico de reao com

  • Captulo 2 - Dispositivos de converso e armazenamento de energia eltrica 11

    um agente oxidante [1].

    As CaC so tipicamente classificadas de acordo com o tipo de eletrlito de suporte, que

    particularmente define sua temperatura de funcionamento. Os principais tipos de CaC so:

    alcalina , cido fosfrico, membrana trocadora de prtons, metanol direto, carbonato fundido e

    xido slido [11].

    A CaC de membrana trocadora de prtons, ou simplesmente PEM (do ingls, Proton

    Exchange Membrane), atualmente a tecnologia mais vivel para aplicaes em VE terrestres.

    Elas apresentam elevada densidade de energia, funcionam em baixa temperatura, em torno de

    80C, possibilitam partida rpida e praticamente no emitem gases poluentes. No entanto, este

    tipo de clula a combustvel requer elevado grau de pureza do combustvel (tipicamente superior

    a 99,99 %) e catalisador base de platina.

    A Figura 2.1 mostra um desenho esquemtico simplificado da estrutura e do

    funcionamento de uma CaC do tipo PEM. O gs hidrognio pressurizado bombeado para os

    canais de fluxo e flui para o anodo (eletrodo negativo). O catalisador acelera o processo de

    separao das molculas de H2 em dois ons positivos (prtons) e dois eltrons.

    OH

    H

    OH

    H

    PEM

    Cat

    alis

    ador C

    atal

    isad

    or

    Anodo Catodo

    H2

    2H2O2

    O2

    H2O

    Figura 2.1: Esboo simplificado do funcionamento de uma CaC tipo PEM.

  • 12 Captulo 2 - Dispositivos de converso e armazenamento de energia eltrica

    A membrana trocadora de prtons (PEM) permite o livre fluxo de ons, mas inibe o

    trnsito de eltrons. Deste modo, os eltrons fluem do anodo em direo ao catodo atravs de um

    circuito externo, representado pelo resistor, produzindo corrente eltrica. Os ons de hidrognio

    atravessam a PEM e combinam-se, no catodo, com as molculas de oxignio e com os eltrons

    que retornam do circuito externo, gerando vapor de gua aquecido [18].

    As reaes de oxidao do hidrognio e posterior reduo do oxignio ocorrem na

    superfcie dos catalisadores do anodo e do catodo, conforme a expresso (2.1), respectivamente.

    Estes catalisadores so base de platina e aceleram significativamente as reaes qumicas.

    Como metal nobre, a platina um material to raro quanto caro.

    OHe2H2O21

    e2H2H

    22

    2

    +++

    ++

    (2.1)

    A reao eletroqumica, conhecida como combusto a frio, ocorre sem haver qualquer

    processo de queima, ou seja, no envolve a converso da energia trmica em energia mecnica

    como em um MCI. Com efeito, as CaC no esto sujeitas ao ciclo de Carnot, isto , temperaturas

    elevadas no so necessrias para atingir um elevado grau de eficincia [11] e [19].

    Na CaC os gases reagentes so continuamente supridos por um tanque de hidrognio e

    pelo ar retirado da atmosfera. Em relao s baterias, as CaC so mais compactas e possibilitam

    maior autonomia de percurso ao VE, de acordo com a capacidade do tanque de hidrognio.

    C. Aspectos fundamentais

    A Figura 2.2 ilustra as curvas caractersticas de operao da CaC [1], [20] e [21]. De

    acordo com a curva de tenso-corrente da clula existem trs regies distintas de operao do

    dispositivo, associadas aos fenmenos de polarizao que ocorrem em clulas eletroqumicas

    [11].

    As perdas na regio de polarizao por ativao esto diretamente relacionadas com a

    velocidade em que ocorrem as reaes na superfcie do eletrodo. So resultantes da energia

    necessria para romper a barreira de ativao das reaes qumicas.

  • Captulo 2 - Dispositivos de converso e armazenamento de energia eltrica 13

    0 5 10 15 20 25 300

    0,2

    0,4

    0,6

    0,8

    1,0

    1,2

    1,4

    0 5 10 15 20 25 300

    5

    10

    15

    20

    Regio de polarizaopor ativao

    Regio de polarizaohmica

    Regio de polarizaopor concentrao

    Perd

    as

    Tenso ideal da clula

    Potnc

    ia da c

    lula

    Tenso da clula

    Rendimento do sistema

    Regio deoperao tima

    Corrente (A)

    Ren

    dim

    ento

    e te

    nso

    term

    inal

    da

    clu

    la (V

    )

    Pot

    ncia

    da

    clu

    la (W

    )

    Figura 2.2: Curvas caractersticas de operao da clula a combustvel.

    As perdas na regio de polarizao por concentrao, ou perdas por transporte de massa,

    esto relacionadas a um insuficiente aumento do fluxo de combustvel em conseqncia de uma

    elevada demanda de corrente.

    As perdas na regio de polarizao hmica apresentam comportamento linear, elevado

    rendimento e so relativas s resistncias ao fluxo de ons no eletrlito e ao fluxo de eltrons nos

    eletrodos.

    Valores de corrente muito elevados resultam em grande perda de potncia na forma de

    calor, que pode ressecar a membrana da CaC. E ainda, variaes bruscas de corrente podem levar

    a clula a operar na regio de perdas de polarizao por concentrao, uma vez que a dinmica de

    ajuste de suprimento dos gases reagentes um processo lento.

  • 14 Captulo 2 - Dispositivos de converso e armazenamento de energia eltrica

    A curva de rendimento da CaC difere sensivelmente da curva de uma clula isolada, pois

    h consumo de energia pelos dispositivos auxiliares necessrios ao funcionamento da CaC [1].

    Do ponto de vista de durabilidade e de consumo de combustvel, a CaC deve funcionar

    dentro da regio de operao tima. A definio dos limites depende do compromisso com o

    mximo rendimento que o dispositivo deve apresentar.

    Para alcanar tenses e potncias mais elevadas, as clulas so conectadas em srie,

    formando uma pilha a combustvel. Com efeito, este o outro nome que a CaC recebe.

    Em geral, as CaC so acopladas a conversores eletrnicos para sua utilizao prtica. Os

    efeitos da ondulao de corrente (ripple), em freqncias elevadas (10 kHz), ainda no esto

    claramente demonstrados [22]. No entanto, possvel que a ondulao de corrente possa causar

    degradao da membrana da CaC, de acordo com [23]. Em freqncias baixas (120 Hz), a

    ondulao de corrente pode resultar em importantes perdas de potncia [24].

    Os limites de ondulao de corrente especificados para uma CaC de 48 V e 10 kW para a

    competio Future Energy Challenge 2001 Competition esto esboadas na Figura 2.3 [25].

    Esta curva pode ser usada como diretriz para o projeto dos filtros do conversor eletrnico

    conectado clula a combustvel.

    100 1 k 10 k0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    20Freqncia (Hz)

    Ond

    ula

    o d

    e co

    rren

    te (%

    )

    Figura 2.3: Limite de ondulao de corrente da CaC.

  • Captulo 2 - Dispositivos de converso e armazenamento de energia eltrica 15

    2.2 Supercapacitores

    A. Aspectos histricos

    Em 1853, Hermann Helmholtz descreveu que ao aplicar uma tenso entre dois eletrodos

    imersos em um fluido condutor no h circulao de corrente at que uma determinada tenso

    limiar seja atingida. Ao iniciar a conduo ocorre a formao de gases, devido s reaes

    qumicas na superfcie do eletrodo. Abaixo desta tenso limiar o dispositivo comporta-se como

    um capacitor [26].

    A primeira gerao de SC, disponvel comercialmente no final da dcada de 70, era

    apropriada para produtos eletrnicos, em razo da pequena tenso que as clulas de SC suportam

    (inferior a 2,5 V). Com o advento de mdulos SC, foi possvel empreg-los em aplicaes com

    tenses mais altas. Somente na dcada de 90 seu uso comeou a se difundir, graas ao emprego

    do SC em VE e em VEH [27]. Neste tipo de aplicao, o dispositivo funciona como uma fonte de

    transferncia rpida de energia, o que possibilita a compactao e a melhora de desempenho do

    sistema de armazenamento e de converso de energia.

    O elevado custo dos SC ainda um empecilho para uma ampla utilizao do dispositivo

    em aplicaes que requerem nveis de tenso mdia ou elevada. No entanto, em sistemas com

    mltiplas fontes de energia, ou seja, em conjunto com baterias ou clulas a combustvel, podem

    resultar em solues tcnicas e econmicas mais viveis [28].

    Atualmente, os supercapacitores so uma das tecnologias mais promissoras para melhorar

    a gesto, aumentar a eficincia, otimizar o desempenho e prolongar a durabilidade dos sistemas

    de armazenamento e de gerao de energia eltrica.

    B. Capacitor eletroqumico de dupla camada

    Em um capacitor de placas paralelas, o acmulo de energia se d diretamente no campo

    eltrico, devido separao entre as cargas. O valor da capacitncia uma grandeza que reflete a

    capacidade do dispositivo de armazenar energia e depende somente de parmetros dimensionais e

    da rigidez dieltrica.

  • 16 Captulo 2 - Dispositivos de converso e armazenamento de energia eltrica

    Os supercapacitores, tambm denominados ultracapacitores ou capacitores eletroqumicos

    de dupla camada, obedecem ao mesmo princpio. O valor extremamente elevado de capacitncia

    alcanado graas enorme rea superficial dos eletrodos e mnima distncia entre as cargas.

    Com efeito, os SC so capazes de armazenar uma quantidade de energia muito maior do que

    qualquer capacitor convencional de massa ou volume equivalente.

    Atualmente, cada eletrodo do SC composto por uma pelcula metlica revestida por uma

    fina camada, em geral de carbono ativado, que possui imensa rea superficial (alcanado pela

    elevada porosidade de seus ndulos microscpicos), condutividade eltrica, qumica inerte e

    baixo custo. Entre dois eletrodos interposto um material separador (papel, membrana ou fibra

    de vidro) que impede o contato eletrnico (conduo de corrente) entre os eletrodos, mas permite

    o livre trnsito de ctions e nions [29]. O conjunto formado pelas camadas de carbono ativado e

    separador encharcado por um eletrlito altamente condutivo (aquoso ou solvente orgnico) que

    prov instantaneamente alta concentrao de ons mveis [30].

    No estado carregado, cada um dos eletrodos possui cargas (do eletrodo e do eletrlito) de

    polaridades opostas, as quais esto muito prximas entre si (2-5 nm). Este fato, aliado imensa

    rea superficial do carbono ativado poroso (at 2000 m2/g), possibilita obter capacitncias na

    ordem de milhares de Farads.

    Na parte esquerda da Figura 2.4 mostrada a estrutura bsica em camadas de um

    supercapacitor [31]. No canto inferior direito est a foto de um SC de 10 F e 2,3 V da empresa

    Epcos e, na parte superior da foto, est uma BT alcalina de 9V, para efeitos de comparao.

    Supe

    rcap

    acito

    r

    Car

    bono

    Ativ

    ado

    Car

    bono

    Ativ

    ado

    Sepa

    rado

    r

    Pelc

    ula

    de M

    etal

    (Al)

    Pel

    cul

    a de

    Met

    al (A

    l)

    Eletrodo NegativoEletrodo Positivo

    Figura 2.4: Estrutura bsica em camadas de um supercapacitor (desenho a esquerda) e foto

    comparativa (a direita) entre o SC da Epcos de 10 F e 2,3 V e uma BT alcalina de 9 V.

  • Captulo 2 - Dispositivos de converso e armazenamento de energia eltrica 17

    C. Princpio de funcionamento

    No procedimento de armazenamento de energia, ao submeter os eletrodos do SC a uma

    fonte, os eltrons acumulam-se no carbono acoplado pelcula metlica ligada ao terminal

    negativo do dispositivo. No outro eletrodo h o acmulo de cargas positivas. Sob influncia do

    campo eltrico criado pelas cargas nos eletrodos, os ons provindos do eletrlito movem-se

    livremente, inclusive pelo material separador, em direo ao interior dos poros do carbono

    ativado e em sentido oposto polaridade das cargas dos eletrodos [32].

    Internamente, a estrutura de uma clula de SC a de dois capacitores conectados em srie

    via eletrlito, haja vista que em cada eletrodo existem cargas opostas muito prximas entre si,

    conforme possvel observar na Figura 2.5 [33].

    on negativo

    Carga negativa

    on positivo

    Carga positiva

    Carbono Ativado

    Carbono Ativado

    Separador

    Figura 2.5: Estrutura interna e distribuio de cargas no SC.

    Como o processo de carga e de descarga do dispositivo se d pelo movimento dos ons

    no eletrlito, sem haver reaes qumicas, o SC apresenta uma resistncia srie equivalente (ESR,

    do ingls Equivalent Series Resistance) muito pequena, tornando o limite de corrente de carga

    e de descarga bastante elevado.

    O limiar de tenso para operao segura de uma clula de supercapacitor determinado

    pela composio do eletrlito. Em eletrlito aquoso a tenso de 1 V, enquanto que em eletrlito

    de solvente orgnico a tenso de 2,3 V. Excedido o limite haver a eletrlise do eletrlito,

    ocasionando a formao de gases, que danificar o dispositivo.

  • 18 Captulo 2 - Dispositivos de converso e armazenamento de energia eltrica

    A Figura 2.6 mostra a foto de um mdulo supercapacitor da empresa EPCOS 42 V e

    150 F. Este dispositivo possui circuitos de balanceamento ativo para 18 clulas de 2700 F

    conectadas em srie. Para efeitos de comparao, no canto inferior direito est um capacitor

    eletroltico da SIEMENS de 3700 F e 200 V e, em sua base, o SC de 10 F e 2,3 V descrito previamente.

    Figura 2.6: Foto ilustrativa do mdulo supercapacitor EPCOS de 150 F e 42 V.

    Para alcanar tenses de operao mais elevadas, os SC so combinados em srie. Para

    distribuir uniformemente as tenses, so empregados circuitos de balanceamento de tenso. Estes

    circuitos podem ser passivos (resistores em paralelo), ativos (circuitos eletrnicos) ou uma

    combinao de ambos [27], [31] e [34].

    Em termos de comportamento dinmico, o SC um dispositivo robusto a variaes

    bruscas e elevadas de corrente, no apresenta efeito de memria, trabalha em uma ampla faixa de

    temperatura e de tenso e apresenta tendncia de custos decrescente.

    O estado de carga do SC pode ser determinado com base na tenso do dispositivo. No

    entanto, a energia acumulada (ESC) proporcional ao valor quadrtico da tenso do

    supercapacitor, que uma informao mais conservativa. A partir das tenses terminal (vSC), da

    sua resistncia interna (RiSC), da sua corrente (iSC) e da tenso mnima (VminSC) e mxima (VmaxSC)

    de operao, possvel determinar a energia, em pu, acumulada no SC, de acordo com (2.2).

    ( ) ( ) ( )[ ]2

    SCmax

    2SCmin

    2SCiSCSC

    SC VVtiRtvtE += (2.2)

  • Captulo 2 - Dispositivos de converso e armazenamento de energia eltrica 19

    2.3 Baterias

    A. Aspectos histricos

    Alguns estudiosos especulam que os egpcios utilizavam dispositivos galvnicos para

    gerar eletricidade, denominados baterias de Bagd. No entanto, a hiptese mais provvel de que

    estes artefatos teriam sido usados para galvanizar objetos [35].

    Em 1799, o fsico italiano Alessandro Volta desenvolveu a primeira bateria eltrica. A

    bateria, tambm denominada de clula voltaica, consistia de uma pilha de placas metlicas

    diferentes (discos de zinco e cobre), intercaladas por um pedao de pano ou papelo, imersas em

    uma soluo de cido fraco e conectadas por um fio condutor [36].

    Somente em 1860 as baterias deixaram de ser uma curiosidade de laboratrio, com a

    inveno da clula seca. J no incio de 1900, o engenheiro Thomas Edison utilizava BT

    alcalinas mover veculos eltricos [37].

    Atualmente, as BT de chumbo-cido ainda possuem a melhor relao custo benefcio para

    diversas aplicaes. As BT de nquel-cdmio possuem baixo tempo de recarga e so to txicas

    quanto as de chumbo-cido. As baterias de nquel-metal hidreto possuem moderada densidade de

    energia e reduzido ciclo de vida. As baterias de ons de ltio proporcionam elevada densidade de

    energia e baixa toxidade, tornando-as uma tecnologia bastante promissora para aplicaes em

    veculos eltricos [38].

    B. Princpio de funcionamento

    A bateria um dispositivo eletroqumico que converte diretamente a energia armazenada

    na forma qumica em eletricidade. Na bateria recarregvel, a energia fornecida por uma fonte

    externa recompe as caractersticas qumicas do dispositivo.

    A Figura 2.7 ilustra o esquema simplificado da estrutura interna de uma bateria de

    chumbo cido. O eletrodo positivo, anodo, constitudo por uma placa de perxido de chumbo e

    o eletrodo negativo, catodo, composto por uma placa de chumbo esponjoso.

  • 20 Captulo 2 - Dispositivos de converso e armazenamento de energia eltrica

    Anodo Catodo

    PbO2 Pb

    H2S

    O4+

    H2O

    H2S

    O4+

    H2O

    Sepa

    rado

    r

    Figura 2.7: Estrutura simplificada interna de uma bateria.

    Os eletrodos so isolados por um material separador poroso que impede a conduo

    eletrnica entre as placas e permite o livre trnsito de ons imersos em um eletrlito (cido

    sulfrico diludo em gua pura) [39]. Na soluo do eletrlito ocorre a dissociao eletroltica, ou

    seja, a decomposio da molcula de cido sulfrico em ons de hidrognio (positivo) e ons de

    sulfato (negativo).

    No processo de descarga, os eltrons migram do catodo em direo ao anodo via condutor

    externo, enquanto os ons do anodo fluem em direo ao catodo atravs do eletrlito. Os dois

    eletrodos reagem com o eletrlito, que possui alta concentrao de cido sulfrico, convertendo

    os dois eletrodos em sulfato de chumbo (PbSO4) e o eletrlito parcialmente em gua.

    No processo reverso, de carregamento, a injeo de corrente recompe os eletrodos em

    chumbo esponjoso (Pb) e perxido de chumbo (PbO2), e a gua em cido sulfrico. As reaes

    que ocorrem no dispositivo so resumidas pela expresso (2.3) [40].

    424242 PbSOOH2PbSOPbOSOH2Pb ++++ (2.3)

    C. Aspectos Fundamentais

    A BT e a CaC so dispositivos eletroqumicos muito eficientes que produzem eletricidade

    diretamente a partir de reaes qumicas nos eletrodos. Na BT os reagentes esto armazenados

    internamente e o processo de converso de energia pode ser revertido.

  • Captulo 2 - Dispositivos de converso e armazenamento de energia eltrica 21

    As curvas tenso-corrente e potncia-corrente da CaC e BT so semelhantes (Figura 2.2),

    uma vez que ambos dispositivos esto sujeitos aos mesmos processos de polarizao [41] [42]. A

    descarga profunda pode reduzir permanentemente o desempenho da BT, em virtude do efeito

    acumulativo da fadiga trmica dos materiais durante o processo de reverso do estado de carga.

    Em geral, as restries para restabelecer o estado de carga da BT so tipicamente mais

    severas que no processo de descarga. Se o processo de recarga no for devidamente controlado,

    existe o risco de reduzir o ciclo de vida da BT por fadiga trmica ou por fadiga decorrente da

    saturao de carga [43].

    A dissipao trmica proporcional resistncia interna da BT e ao quadrado da corrente,

    ou seja, h um significativo aumento de temperatura em correntes elevadas. Se a quantidade de

    energia fornecida BT for superior sua capacidade de absoro, haver sobrecarga nas reaes,

    elevao rpida da tenso da BT e aumento de temperatura.

    O funcionamento da BT fora dos limites adequados de temperatura acelera o seu processo

    de envelhecimento. Em BT de chumbo cido selada, a corrente de recarga deve ser limitada em

    20 % da capacidade da BT e a tenso no deve superar o limite de 2,4 V por clula, devido ao

    risco de corroso do anodo [38] e [40]. Mtodos mais sofisticados de controle de carga da BT,

    utilizam a temperatura, a tenso e a corrente da BT como variveis de controle [43].

    A capacidade de uma bateria indica a quantidade total de carga disponvel e comumente

    expressa na unidade ampre-hora (Ah). A corrente de carga e descarga da BT comercialmente

    especificada em termos da taxa C (C rate). Por exemplo, para uma BT de 10 Ah e taxa C/5,

    previsto fluxo contnuo de 2 A de corrente por um perodo de 5 horas. No entanto, a capacidade

    da BT varia de forma inversa taxa de descarga, ou seja, elevadas correntes de descarga resultam

    em menor capacidade [1].

    Determinar o estado de carga de uma BT em funcionamento extremamente complicado

    [40]. Existem diversos componentes eletrnicos implementados para esta tarefa. O estado de

    carga de uma BT (SoCBT) pode ser calculado a partir da sua capacidade (QBT), em ampre-hora, e

    da corrente de descarga (iBT), conforme a equao (2.4) [1].

  • 22 Captulo 2 - Dispositivos de converso e armazenamento de energia eltrica

    ( ) ( ) ( )( ) =t

    0BT

    BTBTBT dtiQ

    ti0SoCtSoC (2.4)

    No entanto, a tenso em circuito aberto fornece uma boa estimativa da quantidade

    remanescente de carga na BT. Por outro lado, quando a BT est em funcionamento, a medida

    extremamente imprecisa, em virtude do comportamento no-linear da resistncia interna da BT.

    A soluo utilizar o balano do fluxo de energia da bateria, que pode ser determinado a

    partir da sua tenso terminal (vBT) e da sua corrente de descarga (iBT). Portanto, o estado de

    energia da BT (EBT), em pu, pode ser estimado de acordo com (2.5).

    ( ) ( ) ( ) ( )3600VQ

    dttitv3600VQ0SoCtE

    BTBT

    t

    0 BTBTBTBTBT

    BT = (2.5)

    A energia inicial da bateria obtida a partir da estimativa do seu estado de carga inicial,

    que baseado na sua tenso terminal em circuito aberto. As constantes QBT e VBT representam os

    dados nominais de tenso e capacidade, em ampre-hora, respectivamente.

    2.4 Combinao das fontes de suprimento

    A principal motivao para realizar a combinao de fontes de energia, que apresentam

    diferentes caractersticas de densidade de energia e de densidade de potncia, aumentar a vida

    til e o desempenho do sistema de suprimento e melhorar a qualidade da energia fornecida, a fim

    de propiciar adequado funcionamento das diversas cargas eltricas do VE.

    Os critrios para a seleo e dimensionamento das fontes de suprimento de energia para

    VE so: custos de aquisio e de manuteno, grau de compactao, confiabilidade, autonomia

    de percurso e desempenho dinmico.

    O Diagrama de Ragone [27], mostrado na Figura 2.8, ordena os dispositivos de converso

    e de armazenamento de energia de acordo com a densidade de energia e a densidade de potncia

    que apresentam.

  • Captulo 2 - Dispositivos de converso e armazenamento de energia eltrica 23

    107

    100

    101

    102

    103

    104

    105

    106

    10-2

    10-1

    100

    101

    102

    103

    Densidade de Potncia (W/kg)

    Den

    sida

    de d

    e E

    nerg

    ia (W

    h/kg

    ) Clulas acombustvel

    Baterias

    Supercapacitores

    Capacitores convencionais

    Figura 2.8: Diagrama de Ragone, densidade de energia versus densidade de potncia.

    Quanto mais elevada a densidade de energia, maior a quantidade de energia disponvel

    por unidade de massa ou volume. E, quanto maior a densidade de potncia, maior a velocidade de

    transferncia energia por unidade de massa ou volume.

    O sistema proposto nesta tese integra trs diferentes fontes de suprimento para atender a

    demanda de potncia de um VE, conforme o esboo esquemtico mostrado na Figura 1.1.

    A fonte primria de energia deve garantir uma elevada autonomia de percurso para o

    veculo. Em termos de compactao, a CaC a opo mais adequada para suprir a demanda

    mdia de potncia do VE.

    Uma fonte secundria de energia assegura o complemento da potncia requerida pela

    carga fornecida pela fonte primria, ou armazena a energia gerada em excesso ou recuperada pela

    frenagem regenerativa.

    A quantidade de energia disponibilizada pela fonte secundria deve ser suficiente para

    sustentar o consumo extra de potncia por longos perodos de tempo como, por exemplo, para o

    veculo subir uma montanha ngreme. Neste caso, a BT possibilita obter razovel grau de

    compactao da fonte primria.

  • 24 Captulo 2 - Dispositivos de converso e armazenamento de energia eltrica

    Em virtude da limitada capacidade da CaC e da BT em relao a variaes bruscas de

    potncia, uma fonte terciria requerida para transferncia rpida de energia.

    O capacitor eletroltico, em detrimento de sua imensa densidade de potncia, no

    apresenta quantidade de energia compatvel com a demanda do mecanismo de trao eltrica.

    Deste modo, o SC permite atender a demanda mxima de potncia durante o intervalo de

    tempo necessrio para aumentar a injeo de potncia da BT e da CaC, respeitando-se a taxa de

    variao de corrente destas fontes.

    2.5 Dimensionamento dos dispositivos de suprimento

    A. Demanda de potncia

    O dimensionamento dos dispositivos de suprimento pode ser realizado com base na

    estimativa de demanda de potncia das diversas cargas eltricas em um VE. Tipicamente, a

    demanda mdia de potncia aproximadamente um tero da demanda mxima potncia,

    conforme pode ser constatado na Tabela 2.1.

    Tabela 2.1: Exemplo de demanda de potncia em um automvel eltrico [5].

    Caga eltrica Potncia mxima (kW) Potncia mdia (kW)

    Mecanismo de propulso 100 30

    Compressor de ar da CaC 12 8

    Suspenso ativa 12 0,36

    Compressor eltrico do ar condicionado 4 1

    Direo eltrica 1,5 0,1

    Comando de vlvula varivel 3,2 1,0

    Aquecedor da janela frontal 2,5 0,25

  • Captulo 2 - Dispositivos de converso e armazenamento de energia eltrica 25

    B. Ciclo de conduo

    O ciclo de conduo uma curva de perfil de velocidade desenvolvida por diferentes

    pases e entidades para emular o comportamento do veculo em situaes de trfego real. Em

    geral, so utilizadas para avaliar o consumo de combustvel e emisso de gases poluentes.

    Nesta tese, o ciclo de conduo usado para estimar a curva de demanda de potncia do

    mecanismo de trao eltrica em um veculo hipottico, cujo valor mximo especificado para

    ser de 3 kW, a fim de simplificar o projeto do conversor eletrnico.

    A demanda de potncia do mecanismo de trao eltrica varia bastante ao longo do trajeto

    que o veculo percorre. A potncia (P) requerida para a trao do veculo pode ser estimada a

    partir da expresso [1] e [44]:

    ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )tvdt

    tdvmtvAC21cosfgmsengmtP 2fDr

    +++= , (2.6)

    em que, m a massa total do veculo, g a acelerao da gravidade, fr o coeficiente de

    resistncia dos pneus, o ngulo de inclinao da pista, a densidade do ar, CD o coeficiente de arrasto aerodinmico, Af a rea frontal do veculo e v a velocidade.

    Para veculos de passeio, em pistas de concreto, o coeficiente de arrasto aerodinmico

    pode ser calculado em termos da velocidade, de acordo com:

    ( ) ( )( )tv01,0101,0tfr += . (2.7) Ser admitido que a massa total do veculo hipottico de 300 kg, a pista de prova no

    possui inclinao, o coeficiente de arrasto aerodinmico de 0,19, a rea frontal do veculo de

    1,5 m2 e a velocidade mxima alcanada de 60 km/h. A acelerao da gravidade de 9,8 m/s2 e a

    densid