henrique murachco, gramatica grega - teoria

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L Í N G U A G R E G AVisão Semântica, Lógica, Orgânica e Funcional

Volume I

Teoria

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Page 5: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

H E N R I Q U E M U R A C H C O

L Í N G U A G R E G AVisão Semântica, Lógica, Orgânica e Funcional

discurso editorial

Volume I

Teoria

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Page 6: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

Ficha catalográfica: Sonia Marisa Luchetti CRB/8-4664

Murachco, HenriqueLíngua grega: visão semântica, lógica, orgânica e

funcional / Henrique Murachco. – São Paulo: Discur-so Editorial / Editora Vozes, 2001.

2 v.

ISBN v.1: 85-86590-22-3ISBN v.2: 85-86590-23-1

1. Língua Grega Clássica 2. Semântica I. Título

CDD 481481.7485

Copyright © by Henrique Murachco, 2001

Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada,armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada,

reproduzida por meios mecânicos ou outros quaisquersem a autorização prévia da editora.

Produção gráfica: Logaria Brasil®

Projeto gráfico, editoração e capa: Guilherme Rodrigues Neto

Tiragem: 2.000 exemplares

discurso editorial

Av. Prof. Luciano Gualberto, 315 (sala 1033)05508-900 – São Paulo – SPTel. 3818-3709 (ramal 232)

Tel./Fax: 814-5383E-mail: [email protected]

M972

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Page 7: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

Agradeço:

Ao Prof. Robert H. AUBRETONMestre e amigo.

Todos nós de Letras Clássicas lhe devemos muito,e eu, quase tudo.

A todos os meus inumeráveis alunos, colegas e amigosde todos os lugares, de todas a idades,

que me proporcionaram o prazer de servir.Com um amor de amigo enorme.

A France, Cristina, Sílvia e Karine, esposa e filhas,começo, fim e razão de tudo,

pelo silencioso afeto,conivência afetuosa e compreensão paciente.

A Jean Baptiste e Arthur Aymeric,

meus netos, raios de sol.A Heloísa, minha neta, nos dedos-rosa da aurora.

Por existirem.

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Introdução:Guia do leitor

Depois de ter escrito e reescrito cerca de 600 laudas, depois de terlido e relido, sempre com a preocupação de encontrar uma falha, um va-zio, um lapso, e depois das cobranças dos alunos, ex-alunos, que nuncasão �ex-�, e sobretudo de meus colegas, sento-me à frente do computa-dor para escrever uma ou a �introdução� ao meu trabalho, que, também,devido à cobrança desses �amigos�, acabou sendo a tese de doutoramento.

Vou conseguir? O tempo dirá.Como começar? Pelo começo!O começo, perdido no tempo, situa-se em 1969, quando a reforma

curricular do Curso de Letras introduziu as matérias optativas. Essasmatérias visavam a um fim preciso: abrir os horizontes dos alunos; nãodeixá-los presos a esquemas fechados.

Viu-se então que o interesse pela Antigüidade Grega, pela Litera-tura Grega e pela Língua Grega era grande, e o número de interessadosfoi crescendo.

Mas, como fazer para que essa passagem de um, dois, três e até nomáximo quatro semestres pudesse deixar uma marca, ou, melhor dizen-do, para que professor e aluno não ficassem com a sensação de teremperdido seu tempo, e para que os créditos obtidos pelos alunos não seassemelhassem a tantos outros, em que, de um lado, se finge que se ensi-na e, de outro lado, se finge que se aprende: dá-se um programa de ummanual; repete-se em aula o que está escrito nele, sem comentário e semcontestação, e cobra-se no fim do semestre numa prova, em que o alunodevolve o que recebeu. E essa devolução em geral assume um sentido

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denotativo; isto é, devolve-se de fato! O aluno vai embora com seus cré-ditos e o professor fica com a sensação de tarefa terminada.

Mas, como minha postura na sala de aula sempre foi de diálogo,de querer saber se o aluno entendia ou não o que eu tentava passar-lhe,surgiram as primeiras perguntas e contestações, e aí começaram as primei-ras �apostilas� com redação pessoal, diferente dos manuais e gramáticas.

Mas, o que se dizia e se discutia na sala de aula era muito diferentedo que as �apostilas� traziam; ou melhor, o que se dizia na sala de aulaera não só diferente, mas muitas vezes mais extenso e variado do que oque estava na apostila. E as �edições� das apostilas foram se sucedendoem folhas avulsas, sempre com a intenção de servir aos alunos.

Nunca tive a idéia de escrever um método ou uma gramática degrego. Não era necessário! Havia tantas gramáticas no mercado! Todaselas lastreadas em tradição multissecular!

Era um respeito quase ou mais que religioso que me impedia dis-cuti-las e muito menos criticá-las. Eu mesmo devia meus conhecimen-tos de grego a elas.

Quantos helenistas não deviam seu sólido saber a elas?Mas eu não encontrava nelas as respostas às perguntas que os alu-

nos faziam: por que essa função se exprime por esse caso e aquela pelooutro. O que significa �nominativo�? O que significa �acusativo�? Porque o sujeito �vai� para o nominativo e o objeto direto �vai� para o acu-sativo? Por que a relação de lugar �para onde� vai também para o acusati-vo? Não é uma relação adverbial?

Fui buscar essas explicações nas gramáticas. Passei pelas gregas (alista delas está na Bibliografia); passei pelas latinas, pelas portuguesas,pelas francesas e sempre encontrei as mesmas coisas: uma nomenclaturafixa, com algumas variações superficiais, mas definindo e delimitando deuma maneira autoritária e final que as relações das palavras na frase esta-vam definidas e que o que o aluno deve fazer é aprendê-las de cor e, pelosexercícios, fixá-las na mente até que fiquem automáticas.

Todas as gramáticas são descritivas, historicistas, formalistas,prescritivas.

Ao criticá-las não quero desmerecê-las. Elas prestaram relevantesserviços à evolução cultural do Ocidente. Elas são preciosas sobretudoporque nos conservaram e passaram centenas de documentos, de textos,de testemunhos antigos, em todas as línguas. É um material imenso queestá à nossa disposição.

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11introdução: guia do leitor

Não quero discutir as metodologias e didáticas modernas, atuais,que usam de inúmeros instrumentos para o ensino de idiomas: desde ahipnopedia até as muitas variantes dos audiovisuais. Elas são destinadas aalunos e aprendizes de diversas idades: desde a pré-escola (jardim da in-fância) até a adultos, que, de repente, precisam do inglês, do francês, docastelhano, do alemão �instrumental�.

Mas nenhum desses métodos entra em profundidade na língua;nenhum deles faz �pensar a língua�. Todas as abordagens das gramáticase métodos tradicionais abordam o estudo das línguas de fora para dentro,isto é, da teoria para a prática, do abstrato para o concreto. Nós achamosque dessa maneira estamos na �contramão�.

As escolas despejam sobre as crianças uma série de conhecimentosabstratos, transformados em �regras�, muito antes de as crianças terem acapacidade de abstração. É por volta dos 12 aos 14 anos que o adolescen-te se torna capaz de pensamento abstrato.

Ora, desde a alfabetização até as regras de gramática, de acentua-ção, ortografia, são formas de conhecimento abstrato, �arbitrário�, dizemalguns, que a criança acaba �aprendendo� de cor, e devolvendo de cor,mas não entendendo1.

Na Grécia, a gramática surgiu no período alexandrino, depois dasconquistas de Alexandre Magno e da formação do seu império que nãochegou a comandar; mas o grande feito de Alexandre foi o de tornar alíngua grega a língua comum (² koin¯ glÇtta) de todo o Mediterrâ-neo, o que vale dizer, de todo o mundo antigo conhecido, ocidental, bementendido. E a gramática do grego foi concebida para que estrangeiros,isto é, os não gregos, aprendessem a língua de todos.

Pensou-se então em regras práticas: um conjunto de informaçõesnecessárias para que o falante de outra língua aprendesse rapidamente alíngua grega.

Essa é a origem da gramática descritiva. Ela dispensa o �porquê�;quer ser prática, objetiva.

1 Em grego a raiz may- desenvolve o verbo many�nv, que significa em primeirolugar �eu entendo�, e daí, naturalmente, o significado se ampliou para �eu apren-do�. Aprender, então, pressupõe necessariamente entender.

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A gramática de Dionísio Trácio é herdeira dessa gramática pri-meira. Ela é descritiva e já contém alguns vícios de nomenclatura, que osgramáticos latinos herdaram quando a traduziram, adaptaram e adotarampara o latim.

Durante a exposição das diversas partes deste trabalho, vamos co-mentar essa nomenclatura, como, por exemplo, a expressão �subjunti-vo�, para um modo que nem sempre exprime uma subordinação.

Mas os autores gregos, Platão, Aristóteles e outros, não estuda-ram a língua grega pela gramática. Mas sabiam muito bem a lingua grega!Muito mais do que isso: transformaram-na num instrumento perfeito,para exprimir com perfeição todos os matizes do pensamento humano.

Como, então, eles aprenderam a língua?Não vamos tratar disso com pormenores. Não é o tema deste tra-

balho. Mas não podemos furtar-nos de reproduzir a fala de Protágoras,quando explica a Sócrates, a função da educação2:

�Começando desde a tenra infância até o fim da vida (os pais) ensi-nam e exortam.

Assim que uma criança compreenda o que é dito, tanto a ama, quantoa mãe, o pedagogo e até o próprio pai discutem a respeito dela, de modo a queo menino seja o melhor possível; a cada gesto, a cada palavra eles dão liçõesdemostrando que isto é justo, aquilo é injusto, isto é bonito, isto é feio e queisto é permitido aquilo é proibido e faz isto, não faças aquilo. E se ele obedecede boa vontade, (...) se não, eles o endireitam com ameaças e com pancadas,como a uma vara torta e curva.

Depois disso, ao enviá-lo à escola, eles têm em vista mais cuidar dobom comportamento das crianças do que das letras e da cítara. Os mestres seencarregam dessas coisas, e quando, por sua vez, as crianças entendem as letrase passam a entender os escritos, como antes a fala, eles, os mestres, dispõemsobre as carteiras, para ler, os poemas dos bons poetas e os obrigam a aprenderde cor aqueles nos quais se encontram muitos preceitos, muitas digressões (nar-rativas), muitos conselhos e muitos elogios dos homens antigos bons, a fim deque o menino, por emulação, os imite e procure tornar-se igual a eles.

Os citaristas, por sua vez, empreendem outras coisas desse tipo; eles sepreocupam com a moderação e para que os jovens não se dirijam para o mal.

2 Platão, Protágoras, 325c5-326e6.

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13introdução: guia do leitor

Além disso, quando os meninos aprendem a tocar cítara eles ensinam poemasde outros poetas bons, os líricos, acordando-os ao som da cítara e condicionamas almas dos meninos a se habituarem com os ritmos e com a harmonia paraque eles sejam mais calmos e para que, tornando-se mais bem ritmados e maisharmoniosos, eles se tornem aptos para a fala e para a ação; pois toda a vidado homem precisa de bom ritmo e de harmonia...�

Pelo que se vê, a língua era aprendida nos textos e pelos textos.Essa passagem de Protágoras nos dá ainda outra idéia: que o me-

nino ateniense, depois de aprender muitos textos dos poetas épicos (Ho-mero e Hesíodo) e dos poetas líricos, que eram de toda a Grécia, ao pas-sar para as aulas de ginástica, ele não é mais um menino ateniense, ele éum menino grego! A unidade da Grécia, desde o Ponto Euxino até Mar-selha e mesmo às Colunas de Heraclés, se fez pela língua. Os Jogos Olím-picos a cada 50 lunações eram a expressão dessa Grécia3.

Foi essa a �gramática� de Platão, Aristóteles, Lísias, Demóstenes,Górgias e outros.

Mas, a gramática pensada para os estrangeiros passou também aser empregada nas escolas, e os meninos do período alexandrino, aos pou-cos, passaram a ter que aprender, além dos textos dos poetas, também asregras de gramática.

É essa a origem da gramática descritiva e impositiva, prescritiva.Ela se manteve intocável durante séculos; até agora mesmo. Como

exemplo poderíamos citar Konstantinos Láskaris, um dos intelectuais bi-zantinos que emigraram para Nápoles, por ocasião da tomada de Cons-tantinopla pelos turcos em 1453. Convidado por um nobre milanês paraensinar a língua grega para suas filhas, escreveu uma gramática, em 1476.

A base dela é a de Dionísio Trácio, com alguns acréscimos, massem aprofundar nada. Até os paradigmas são os mesmos!

No correr deste trabalho aludiremos muitas vezes a esses fatos, parao que, antecipadamente, pedimos desculpas. Mas é vício de professor. Arepetição à exaustão acaba por prevalecer. Além disso, essa desordem, senão foi pretendida no início, acabou prevalecendo, como uma conseqüên-

3 Conclui-se daqui que as diferenças dialetais, que as gramáticas valorizam tanto,eram sentidas como meras variantes da língua, sem nenhuma dificuldade de en-tendimento e de fixação.

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14 introdução: guia do leitor

cia natural do meu trabalho que foi se desenvolvendo de uma maneiraartesanal, diária, geralmente na sala de aula. E a cada nova abordagemesbarrávamos nos mesmos problemas de sempre: descritivismo, falta deexplicação e falta de coerência.

Nosso objetivo nesta Introdução (é preciso uma introducão! umaintrodução é preciso!) é tentar guiar o leitor pelo nosso caminho e du-rante o percurso mostrar-lhe que a língua grega é de uma coerência to-tal, a começar pelo enunciado, que é a base de todo o sistema.

O que é o enunciado?Podemos chamá-lo de frase, oração, período, discurso etc. O enun-

ciado é uma palavra ou um conjunto delas que exprime um pensamentointeiro, acabado.

A base do enunciado é, como já disse, a essência (oésÛa) e opredicado (kathgorÛa, kathgñreuma)4. Em outros termos: o sujeito(tò êpokeÛmenon), o de que se diz alguma coisa e o verbo (=°ma), oque é dito daquele de que se diz alguma coisa.5

O enunciado é a base do discurso. Ele repousa sobre dois pilares: osujeito e o predicado; o substantivo e o verbo; a essência e a ação.

O sujeito deve ser, necessariamente, um substantivo (êpokeÛme-non) e o predicado deve ser, necessariamente, um verbo (=°ma). Não háenunciado sem sujeito e predicado. É uma impossibilidade funcional,lógica, semântica.

O enunciado, então, só é completo se contém sujeito e predicado,num encadeamento de dependência: um não existe sem outro; a noçãodo sujeito supõe o predicado e a noção do predicado supõe o sujeito6.

4 Isto está na primeira obra do Órganon, de Aristóteles, chamada �As categorias�;na verdade são: uma �essência � oésÛa�, e nove �categorias � predicados�. O mes-mo acontece no enunciado: o sujeito: êpokeÛmenon � oésÛa, e �=°ma � kath-gorÛa / kathgñreuma�.

5 O significado de �verbo� nesta dicotomia �sujeito/verbo� não significa �ação� mas�resultado da ação�, isto é: o que é dito. O sufixo -ma significa resultado da ação,contrapondo-se ao sufixo -siw , que significa a ação, (sufixo -ção em português).

6 Às vezes pode acontecer que o sujeito ou o verbo não estejam expressos. Isso fezalguns gramáticos criarem as frases chamadas �nominais� / �frases sem verbo�, ou

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15introdução: guia do leitor

Mas o sujeito pode vir modificado, ampliado, enriquecido e o pre-dicado pode vir também modificado, ampliado, enriquecido. O sujeitopode ter adjunto adnominal (epíteto), predicativo, aposto, e o predicado(verbo) precisa ter sujeito, agente ou paciente; ele pode ser também am-pliado, modificado, enriquecido, completado; pode ter advérbio (que é oadjetivo do verbo), pode ter complemento direto, pode, com a ajuda dapreposição, exprimir relações espaciais etc.

Todas essas relações dentro do enunciado estão encadeadas orga-nicamente, logicamente, como os elos de uma corrente, com todos oselementos formando um todo e cada elemento ligado e dependente deum e ligando e condicionando um outro. Assim, se identificarmos umdesses elementos, nós teremos o fio da meada ou um elo da corrente, epor ele podemos chegar a outros e a todos.

Essa identificação se faz através do sujeito e do verbo, essencial-mente, e a seguir entre substantivos e verbos, no caso de desdobramen-tos de sujeito e predicado.

Em grego nós temos a tarefa facilitada pela identificação formaldas funções dos nomes. Eles estão em determinados casos, que corres-pondem a determinadas funções. Rigorosamente, sem desvios. Basta iden-tificarmos os casos para identificarmos as funções.

Identificada a função, passamos a procurar o que determinou essafunção: se é sujeito, porque está no nominativo, vamos procurar o verboque fala do sujeito; se o verbo está na voz ativa ou média, o sujeito éagente; se está na voz passiva, o sujeito é paciente. Se está na voz ativa oumédia, e o verbo é incompleto, isto é, transitivo, vamos buscar o seu com-plemento que estará no caso semanticamente compatível com a relaçãocom o verbo. Se o verbo está na voz passiva, o sujeito é paciente de umato verbal desencadeado por um agente externo, que é o agente da passi-va. E assim por diante. Os elementos acessórios, adjetivos e advérbios,serão reconhecidos a seu tempo.

Mas, para dar instrumentos para que o estudante de grego identi-fique as partes, é preciso que ele aprenda a flexão dos nomes e dos ver-bos, para que possa identificar exatamente a função dos nomes e a voz, apessoa, o modo, o aspecto do verbo.

as frases só com verbos. Na verdade o verbo está implícito nas �frases nominais�, eo sujeito está implícito nas frases �verbais�.

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16 introdução: guia do leitor

São a flexão nominal e a flexão verbal.Não vou chamá-las de �declinação� para os nomes e �conjugação�

para os verbos.Vou chamá-las de flexão nominal e flexão verbal. O leitor encon-

trará, no correr da obra, a justificativa dessa opção.No momento, basta dizer que os nomes7 e verbos flexionam-se com

base numa parte fixa, que eu denomino �tema�.Na flexão dos nomes, se a sucessão de casos é sobre o tema, não

existe, ipso facto, um caso que se possa chamar �reto�, que seria o ponto apartir do qual os outros se sucederiam, numa espécie de escada declinante(declinação) a que se deu o nome de caso oblíquo.

O tema nominal, enquanto não receber o caso (a ptÇsiw, desi-nência) que lhe determine a função, está fora do enunciado e contémnele apenas o significado virtual da palavra. Assim �nyrvpo- encerra osignificado de �homem, ser humano�; mas, quando recebe o -n, que é amarca do acusativo, ele recebe a função de completar o significado de umverbo, ou uma função análoga. Este é um fato da língua grega. Não éregra. Por isso não tem exceção.

Começaremos por definir o que entendemos por caso, e o que cadacaso representa. Procuraremos, a partir da relação significante-significa-do, explicar e justificar os nomes dos casos e mostrar que o nome quereceberam corresponde às funções que eles exercem.

Na medida em que formos explicando e identificando os casos, ire-mos arrolando exemplos hauridos em dezenas de gramáticas, procurandomostrar sempre que há uma coerência semântica no uso dos casos e queo uso deles é orgânico, lógico, semântico.

Não há regras; isto é, não há interferências externas, abstratas (asregras são interferências externas e abstratas). Há uma organicidade coe-rente, forte, contínua. Por isso a abundância de exemplos.

O leitor verá também que tivemos sempre a preocupação de tradu-zir os exemplos da maneira mais linear, concreta, denotativa, procurandosentir as relações. Não nos preocupamos com o estilo. Não é nem o mo-mento nem o lugar para isso.

7 Entendo por �nomes�, como Dionísio Trácio, tanto os substantivos como os ad-jetivos e os dêiticos todos (comumente chamados de pronomes-adjetivos).

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17introdução: guia do leitor

Mostraremos que o nominativo se chama assim porque identificao sujeito e as relações secundárias do sujeito.

Mostraremos também que o nominativo é um caso: isto é, recebeuma ptÇsiw que corresponde à sua função, e que a denominação �casoreto� é contraditória nos seus próprios termos. Se é �caso� não é reto e seé �reto� não é caso. Mostraremos também que essa denominação temorigem de má leitura da visão dos estóicos na relação do sujeito agenteôryñw, ereto, reto, em condições de agir, e sujeito paciente êptÛow, dei-tado, supino, passivo.

A partir da idéia de uma posição reta, ereta do sujeito agente, deu-se o nome de reto ao caso.

É uma visão meramente formal, externa, mas que teve desdobra-mentos ruins, porque permitiu a visão de outros casos, que caíam, que�declinavam� do caso reto, isto é, casos oblíquos. Daí se originou todo osistema de declinações, que consideramos falso.

Aproveitaremos o espaço para mostrar o que entendemos por�tema�.

Mostraremos também que o vocativo não é um caso, porque nãotem função e que, coerentemente, tem desinência zero, isto é, é o pró-prio tema. Diremos também que o vocativo �toma emprestado� as desi-nências do nominativo, quando a manutenção do tema em consoante,com a apócope delas, menos o -w, -r, -n, descaracteriza fonética e se-manticamente a palavra.

Por isso desdobraremos as explicações sobre o genitivo e acusativo.Separaremos no acusativo a relação do verbo transitivo (incom-

pleto) com o seu complemento (termo do ato verbal) e a relação espacial�para onde�, expressa com o auxílio das preposições.

Mostraremos também que no acusativo sempre está a idéia de mo-vimento, quer na sua expressão concreta, espacial, quer nas expressões me-tafóricas de expressão de duração de tempo e nas extensões referenciais,que costumamos chamar de �acusativo de relação� ou adverbial: �accusa-tivus graecus� das gramáticas latinas.

Demostraremos também que o nome �acusativo� não vem de casoda causa, culpa, mas caso da procura, da busca.

No genitivo identificaremos a relação nominal de definição, restri-ção, delimitação (complemento ou adjunto adnominal) como no genitivolatino, e a relação espacial de lugar �de onde� expressa por preposições (abla-tivo latino) e ainda, por analogia, incluiremos a relação do agente da pas-

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18 introdução: guia do leitor

siva, que é uma relação de origem, separação; por isso é relação de geniti-vo com preposição (ablativo latino com preposição).

Mostraremos também o valor semântico das relações do genitivonas �regências� de alguns verbos, como os verbos que significam poder,domínio, privação, necessidade, desejo, aspiração etc. Insistiremos mui-to sobre este fato da língua: os casos não são determinados por uma re-gra exterior, mas pelas relações semânticas entre as partes, sobretudo entreverbos e nomes.

Definiremos o dativo como o caso da dação, interesse, atribuição,lateralidade, simultaneidade, exatamente como o dativo latino. Não acei-tamos a inclusão das relações de instrumental e locativo sob a denomi-nação de �dativo� por contradição nos próprios termos.

Separaremos esses dois casos, embora os três tenham a mesmadesinência. Nisto seguimos uma sugestão preciosa de Quintiliano.

Mostraremos que o locativo é a expressão do lugar �onde�, com aidéia de estabilidade, de ausência de movimento. Ela pode ser concreta oumetafórica. Os exemplos confirmarão essas afirmações. Mostraremos tam-bém, pelos exemplos, que nos casos de dúvida, pela proximidade dos sig-nificados entre a noção de lateralidade e de locativo, o próprio texto daráa resposta certa.

Definiremos também o instrumental como o objeto inerte (que nãoage por si) pelo qual passa o ato verbal desencadeado por um agente quenão ele, o instrumento.

Mostraremos também que a distinção entre o �instrumental� ou�complemento de instrumento ou meio� e o �agente da passiva� não sópassa pela identificação formal (lugar de onde, expresso pelo genitivo comêpñ), mas também, e sobretudo, pela relação semântica.

Passaremos então para a parte formal, falando em primeiro lugarda flexão nominal.

A gramática da língua grega divide os nomes em declinações. Sãotrês (no latim são cinco).

A primeira declinação, análoga à latina, contém os nomes que fa-zem o genitivo singular em -aw/-hw (a latina faz em -ae).

A segunda declinação, análoga à latina, contém os nomes que fa-zem o genitivo singular em -ou (a latina faz em -i).

A terceira declinação, análoga à latina, contém os nomes que fa-zem o genitivo singular em -ow (a latina faz em -is).

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Mas há inúmeras exceções: na primeira, os nomes masculinos em-a/-h fazem o genitivo singular em -ou; na terceira, temos nomes fa-zendo o genitivo singular em -ouw, em -vw etc.

Cremos que a melhor forma de encarar a flexão dos nomes é verneles, como Aristóteles viu (Poética, 20), um composto de duas partes: otema e a desinência, isto é, uma parte fixa e outra móvel.

À parte fixa damos o nome de �tema� e à parte móvel damos onome de �casos�, para a flexão nominal.

A partir daí basta acrescentar os diversos casos, conforme as fun-ções que os nomes exercerem no enunciado, para termos a flexão deles.

Um estudo detalhado, mais profundo, poderá constatar que o gru-po de casos (desinências nominais) é um só, e que as diferenças que apre-senta para os nomes de tema em vogal e para os nomes de temas em con-soante ou semivogal são aparentes e são produto de acidentes fonéticos.

No momento, vamos manter os dois grupos: nomes de tema emvogal e nomes de tema em consoante e semivogal8.

Veremos que podemos construir toda a flexão dos temas em vogala partir de um quadro de desinências.

As dificuldades que surgirão serão de natureza fonética e nãomorfológica, que são conseqüências das alterações, acomodações fonéti-cas que acontecem na junção dos temas às desinências. Elas serão desta-cadas e explicadas sempre que aparecerem9.

É por isso que iniciamos o trabalho com uma introdução sobre osistema fonético da língua grega, mostrando todos os acidentes fonéticosque acontecem nos encontros dos sons: vogal + vogal, consoante +consoante.

Essas alterações fonéticas são constantes, mas não se deve temê-las. Elas têm causas físicas, fisiológicas, concretas e acontecem no apare-lho fonador, no momento da articulação dos diversos sons no ponto de

8 As semivogais são: o -i / u , e o -j / W , que são sentidas mais como consoantes doque como vogais. A prova é que nos temas verbais terminados em semivogais, aprimeira pessoa do indicativo infectum é -v como nos verbos de tema emconsoante.

9 Essas explicações estarão também no quadro geral sobre o alfabeto e os sons, noinício deste trabalho.

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20 introdução: guia do leitor

articulação e modo de articulação. Constataremos também que essas al-terações fonéticas são comandadas por duas �leis�: a lei do menor esfor-ço e a competência lingüística e preservação semântica.

Constataremos também que, se os componentes são os mesmos, oresultado é sempre o mesmo. É uma questão orgânica, natural.

Não há regras nem exceções.Devemos insistir, contudo, que não estaremos escrevendo um �tra-

tado de fonética grega�, mas, com finalidade exclusivamente prática, es-taremos registrando e explicando os vários acidentes fonéticos que acon-tecem na flexão nominal e verbal.

Ao tratarmos dos nomes de temas em vogal, apresentaremos umquadro geral das desinências com explicação detalhada de cada acidentefonético e, a seguir, para facilitar a consulta, apresentaremos vários qua-dros de flexão, sempre com as explicações necessárias.

Teremos sempre em mente que a flexão nominal e também a ver-bal são um sistema de construção, de montagem. Nunca pediremos aoaluno que decore paradigmas, embora não sejamos contra a que o alunomonte o seu, a partir da identificação das duas partes da palavra: tema edesinência.

Não faremos distinção entre substantivos, adjetivos, dêiticos (pro-nomes-adjetivos na nomenclatura corrente). Não há razão para isso, namedida em que a flexão se faz sobre tema e desinência, que são expres-sões de funções.

No grupo dos nomes de temas em consoante ou semivogal come-çaremos por traçar um quadro das desinências e a seguir mostraremoscomo elas se acoplam aos diversos temas.

Constataremos que a flexão desses nomes todos é absolutamenteregular e que todos os problemas que surgem são acidentes fonéticos quese originam desse acoplamento das desinências aos temas. Mas todos sãoexplicáveis e serão explicados.

Daremos a seguir vários quadros de flexão dos diversos temas, comoum referencial seguro para o leitor.

A seguir abordaremos a flexão verbalComeçaremos por afirmar que no verbo grego há apenas dois fatos

importantes: o aspecto e o modo. Diremos que o tempo medido, cursi-vo, determinante está fora da forma verbal. Ele é o enquadramento doato verbal.

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21introdução: guia do leitor

Por isso a noção de tempo só se exprime pelo indicativo: a marca dopassado não é uma desinência, mas uma forma exterior ao tema, e se usaapenas no indicativo.

Não há tempo nos outros modos verbais.A partir da idéia de que uma forma gramatical, nominal ou verbal

é semântica e sintaticamente autônoma, estudaremos os três aspectosverbais (que denominamos �tempo interno do verbo�), servindo-nos deinúmeros exemplos e frases que fomos buscar nas gramáticas.

Mais uma vez não seremos econômicos. Acreditamos que é pelarepetição que se aprende.

Tentaremos explicar o infectum, que, quase sempre, faremos acom-panhar da palavra �inacabado�, mostrando o leque de seus significados,que não são divergentes; todos mantêm a idéia da continuidade do pro-cesso verbal, desde a entrada no processo, até as relações de repetição,hábito etc.

O leitor verá nos exemplos que há uma coerência semânticacompleta.

Estudaremos também o aoristo, que à primeira vista parece difícil,mas se identificarmos no aoristo a �raiz-tema�, isto é, o ponto de partidapara o infectum e o perfectum, veremos mais uma vez que a relaçãosignificante-significado é muito clara.

Mostraremos que há dois aoristos no indicativo: um que é o atoverbal na sua essência, sem nenhuma conotação temporal, usado nas ex-pressões de caráter geral, máximas e provérbios (aoristo gnômico), e quehá o aoristo �narrativo, pontual, enquadrado�; dentro de um quadro nar-rativo, que dá o enquadramento temporal, o aoristo �pontual� que expri-me os fatos isolados, que incidem, �pontuam� a linha narrativa. A deno-minação de aoristo �pontual� é sugestiva, na medida em que ele incidesobre o processo narrativo, exprimindo apenas o ato verbal isolado, semidéia de duração ou acabamento.

Mostraremos também que, por coerência semântica, o tema doaoristo é a base para a formação dos temas do Infectum-Inacabado e doPerfectum-Acabado.10

10 Ao introduzirmos o estudo das flexões faremos menção especial para esses fatos.

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22 introdução: guia do leitor

Mostraremos que o perfeito, perfectum �acabado� também faz jusao nome: exprime o ponto de chegada do ato verbal, do processo internodo verbo, sem indicação de tempo externo.

Mostraremos também que o perfeito mais antigo é o perfeito mé-dio, intransitivo, que dá a idéia de resultado; o perfeito passivo derivadessa idéia. O perfeito ativo é mais recente; é menos usado e tem confli-tos semânticos com algumas formas em alguns verbos.

Mostramos também que, como o infectum tem o passado expres-so pelo imperfeito e o aoristo tem o passado expresso pelo aoristo enqua-drado, narrativo, o passado do perfeito é expresso pelo mais-que-perfeito.

Mostraremos que não há outros modos no passado; só o indicativo.Ao tratarmos da morfologia dos aspectos, veremos em primeiro

lugar que o infectum-inacabado, quando não tem o tema igual ao doaoristo, ele o tem alargado, ampliado, por prefixos (redobro), infixos esobretudo sufixos formadores. Nós vemos nisso uma nítida relação designificante e significado. O tema do infectum-inacabado nunca é me-nor11 do que o do aoristo. Isso não é mero acaso.

Começaremos apresentando o quadro geral das desinências, que sãopoucas, e mostraremos que não há desinências especiais para esse ou aqueletema verbal, e que a opção para -v ou -mi da 1a pessoa da voz ativa émero problema fonético: os temas em consoante e semivogal optam pelo-v, e os temas em vogal optam pelo -mi.

Constataremos também que as desinências não pertencem a esseou àquele quadro ou paradigma; elas pertencem, �são propriedades� daspessoas gramaticais. Isso é significativo e importante e explica por que ogrego não usa o sujeito-pronome. É que as desinências o representamsuficientemente.

Cada pessoa gramatical tem �suas� desinências:

11 Salvo alguns raros casos, antigos na língua, como ³gagon. Ver na flexão do aoristo.

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23introdução: guia do leitor

Quadro das desinências verbais

1ª pessoa sing. ativa prim. -v/-mi

secund. -m >-n (>a depois de consoante)

média/ pas. prim. -mai

secund. -mhn

2ª pessoa sing. ativa prim. -si / w

secund. -w

média/ pas. prim. -sai

secund. -so

3ª pessoa sing. ativa prim. -ti

secund. -t

média/ pas. prim. -tai

secund. -to

1ª pessoa pl. ativa prim. -men

secund. -men

média/ pas. prim. -meya

secund. -meya

2ª pessoa pl. ativa prim. -te

secund. -te

média/ pas. prim. -sye

secund. -sye

3ª pessoa pl. ativa prim. -nti

secund. -n (sa-n)

média/ pas. prim. -ntai

secund. -nto

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As desinências do imperativo apresentam apenas um problema: oimperativo singular (o verdadeiro, original, primeiro), na voz ativa do in-fectum, seria de desinência zero, naturalmente.12 Mas os temas em con-soante e semivogal precisaram de uma vogal de apoio -e que, por analo-gia, os outros verbos usam; krÛne/tÛ-ye-e > tÛ-yei.

No aoristo sigmático singular da voz ativa e média, usam-se anti-gas fórmulas, mas são de 2ª pessoa -so-n / -sai. E no aoristo passivosingular toma-se emprestada a desinência do locativo -yi sobre o tema deaoristo passivo.

Observe-se ainda a sintonia ou sinfonia fonética entre as consoan-tes das pessoas gramaticais e as desinências:

1o -m- dos pronomes de 1ª pessoa e o -m da primeira pessoa:no singular:me/mou/moi → -m-> -n/-mi/-mai/-mhn13;No plural, ²meÝw � ²m¡terow → -m-

2o -s- das 2as pessoas correspondem a tu > su → -w/-sai/-so

3o -t- das 3as pessoas do singular tñw e do plural (com -n- epentético) →-ti / -t/-nt/ntai/-nto

tñw é um antigo dêitico empregado por Homero e Heródoto comsignificado de �este�, um anafórico; e aï é um conetivo anafórico �tam-bém, por sua vez� são os formadores do �pronome� de 3ª pessoa, na ver-dade um dêitico: aï � tñw > aétñw.

Ao tratarmos da morfologia do aoristo, veremos que há um aoristoflexionado sobre a própria raiz do verbo. Chamaremos esse aoristo deaoristo de �raiz-tema�. É o aoristo que as gramáticas denominam �aoris-to segundo ou aoristo temático�. São denominações impróprias: a pri-meira porque é meramente administrativa, pois as gramáticas estudam o

12 Faria contraponto com o vocativo, que é o gancho do diálogo apenas; não temfunção e por isso não tem desinência (caso).

13 ¤gÅ é absoluto; não tem plural nem feminino, e as �flexões� dele são sobre temadiferente. Mas a variante -v de primeira pessoa não deve ser mera coincidência.

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aoristo sigmático antes desse aoristo; a segunda, como já dissemos, por-que confunde vogal temática com vogal de ligação.

Diremos também que esse aoristo de raiz-tema é o mais antigopor razões semânticas e arrolaremos uma lista de verbos homéricos, to-dos com significados dos atos primeiros, essenciais, concretos, do serhumano.

Estudaremos a seguir o aoristo em -h, que na origem tem um sig-nificado médio, intransitivo e depois serviu para exprimir a voz passiva,sobretudo dos verbos de tema em soante-líqüida, fazendo contrapontocom outra característica da passiva, mais tardia e mais forte, que passou aser a paradigmática, -yh- / syh.

Falaremos a seguir do aoristo e do futuro sigmáticos.Embora o aoristo sigmático esteja presente nos textos homéricos,

sua criação certamente é recente. Mas, por ser uma marca forte, acabouprevalecendo e passou a ser o aoristo-referência, e todos os verbos �no-vos� que foram sendo criados passaram a ter o aoristo sigmático.

Dentro do aoristo sigmático mostraremos o tratamento fonéticoque ele sofre depois de temas em soante-líqüida: l, m, n, r.

Vincularemos a flexão do futuro à do aoristo, mostrando que, porrazões semânticas, o futuro não poderia ser construído sobre o tema doinfectum-inacabado.

Provaremos também que morfologicamente ele se constrói sobre otema do aoristo.

Ao tratarmos do perfectum-acabado, mostraremos que formalmenteele se constrói sobre o tema do aoristo; falaremos sobre o redobro e suasvariantes e mostraremos que cronologicamente o perfeito médio-intran-sitivo é anterior ao passivo, que se serviu de suas desinências, e que operfeito ativo é o mais recente.

Diremos também que o perfeito ativo é mais difícil de formularem português, e que, estatisticamente, é o menos freqüente.

Ao pensarmos em português, temos dificuldades em diferenciar umpretérito perfeito simples de um aoristo narrativo (pontual). A diferençaexiste, mas só o contexto nos pode esclarecer.

O imperativo perfeito ativo, embora formalmente possível, exigeuma operação mental complexa: a noção do acabado, perfeito não se co-aduna com a noção eventual do imperativo. Não temos lembrança de atermos encontrado em textos.

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Passamos então a estudar os modos, numa seqüência que mante-remos sempre: indicativo, subjuntivo, optativo, imperativo, particípio einfinitivo.

O estudo dos modos em grego é precedido de algumas considera-ções sobre os modos em português e latim. Mostraremos que a nomen-clatura referente aos modos é discutível, e que esse problema já está emDionísio Trácio, em sua gramática que já sofre os vícios da gramáticadescritiva, que deixa de lado a relação significante-significado.

Explicaremos os modos a partir de seus nomes.É preciso ter em mente, antes de tudo, que o uso desse ou daquele modo

num enunciado qualquer depende do emissor da mensagem, ele é o �dono�da mensagem, e de como ele quer que o receptor a receba. Estamos fa-lando de uma mensagem �pensada� coerente, é claro.

Essa observação é muito importante porque, sempre que pensa-mos em estudar os modos verbais de determinada língua, pensamos na�sintaxe� dos modos. Essa visão a partir do abstrato para o concreto é acausadora principal da dificuldade do entendimento e do emprego dosmodos em qualquer língua.

Nós entendemos, e a prática na sala de aula nos confirmou, que aspalavras são autônomas, as expressões, quer verbais quer nominais, têmum significado em si mesmas e por si mesmas e dentro do enunciado sãoelos da cadeia e são interdependentes; o que os comanda é a linha se-mântica do enunciado, que é o que o emissor elaborou ou está elaboran-do em sua mente e está transmitindo ao receptor da maneira que ele querque o receptor a aceite. A interpretação e o entendimento dos modosempregados depende desse diálogo direto, sem intermediários, entre �lei-tor > texto�. Entendemos por �texto� o próprio emissor.

É por isso que não teremos um capítulo de �Sintaxe dos Modos�ou �Sintaxe do Subjuntivo, ou do Optativo� etc. ou da �Sintaxe das Ora-ções Temporais, Causais, Relativas, Participiais, Infinitivas.

Os inúmeros exemplos que arrolaremos nos levarão a entender osmodos gregos. Mostraremos, por exemplo, que um subjuntivo é eventual,e em português se traduz pelo presente ou futuro do subjuntivo quer eleesteja numa oração final, temporal, causal, modal etc.

Mostraremos que o indicativo é o modo da realidade objetiva e subje-tiva e, por coerência, ele é também o modo da irrealidade. Exemplificaremoscom algumas frases, estabelecendo as correspondências em português.

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O grego usa o mesmo modo, indicativo, quer na realidade objetivaou subjetiva enunciativa, quer na irrealidade supositiva, hipotética depresente e de passado, em que usa, respectivamente o imperfeito e aoris-to indicativos, apenas marcados por �eÞ� na condicionante e ��n� nacondicionada.

O português emprega o indicativo para a realidade objetiva ou sub-jetiva enunciativa presente; para a irrealidade presente, usa o imperfeitodo subjuntivo com marcador �se� na condicionante e o condicional sim-ples sem marcador na condicionada; e, para a irrealidade passada, o por-tuguês usa o mais-que-perfeito do subjuntivo com o marcador �se� nacondicionante e o condicional composto, sem marcador, na condiciona-da. Ver exemplos nas páginas 251 e 267.

Diremos também que a denominação subjuntivo/ conjuntivo éimperfeita, porque sugere que é o modo da subordinação, quando a su-bordinação é apenas uma parte de seu significado: nas expressões de de-liberação, exortação, pedido (voto), não há subordinação. Ela só está pre-sente na suposição da probabilidade, futura, com o se, ou caso, no caso de,quando na condicionante e subjuntivo presente ou futuro, e geralmentefuturo (indicativo) sem nada na condicionada; nas construções de finali-dade, ou se usa para que, a fim de que e o subjuntivo presente ou a cons-trução para com infinitivo.

Insistiremos no sentido da eventualidade do subjuntivo. O subjun-tivo é o modo do eventual, do provável, do fato futuro não determinado.É uma espécie de modo da antecipação.

Portanto, a tradução em português será ou pelo subjuntivo pre-sente ou pelo subjuntivo futuro ou pelo infinitivo precedido de para.

Essa eventualidade, no entanto, não é sentida em português nouso do quando eventual, isto é, quando exprime o fato repetido como pre-sente: cada vez que, sempre que. O português usa o indicativo. O gregonão. Usa coerentemente o subjuntivo, isto é, o eventual, porque, na me-dida em que um fato é sucessivo, repetido, ele não é um fato só, isto é,não é delimitado, e por isso o uso do indicativo é impróprio.

Esse sentido da eventualidade, fato futuro, explica o uso de desinênciasprimárias para todo o subjuntivo.

Ao tratarmos do optativo, diremos que é o modo da possibilidade ouda afirmação atenuada e que em português nós o traduziremos ou pelo

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imperfeito do subjuntivo ou pelo condicional simples, que são os modos queexprimem em português a possibilidade e a afirmação atenuada. Diremosque a denominação imperfeito do subjuntivo é imprópria, porque o optativoé o modo da possibilidade, do possível, da transmissão da afirmação deterceiros, do voto negativo, incerto, da imprecação negativa, incerta, ten-dente à irrealidade.

Esse sentido de possível, de incerteza, aproxima o optativo mais do ir-real do que do real ou eventual. Isso explica o uso de desinências secundáriasem todo o optativo.

Ao tratarmos do modo imperativo, diremos que é o modo do diálo-go, que é bipolar, horizontal, �singular� na relação eu/tu e que, por issomesmo, mais uma vez, a denominação �imperativo� não corresponde exa-tamente ao seu significado. Nem sempre, ou quase nunca, o �imperati-vo� contém uma ordem.

Mostraremos também que os outros imperativos são formaçõesanalógicas e que há dois imperativos: os de 2as pessoas (tu e vós), quedenominamos imperativo direto e os de 3as pessoas, também analógicos,que denominamos imperativo indireto, porque a 3ª pessoa não está no eixodo diálogo e a mensagem é dada indiretamente.

Ao tratarmos do particípio, mostraremos a riqueza do uso do par-ticípio em grego. Cada aspecto tem três particípios: da voz ativa, média epassiva: são doze (infectum, aoristo, futuro, perfeito), e cada um comtrês formas: masculino, feminino e neutro. São então, ao todo, trinta eseis particípios. Formalmente são trinta, porque no infectum e perfectuma voz média e a voz passiva têm a mesma forma

Mostraremos as correspondências em português, que não são cla-ras por causa da invasão do gerúndio, que ocupou as funções do particí-pio da voz ativa.

Em grego, o particípio é um verbo-adjetivo; é disso que ele tira seunome metox®, participação. Ele tem formas nominais, mas funcionamen-to e natureza verbal: ele pode ser adjunto adnominal (epíteto), predicativo(aposto, conjunto), pode ser substantivado, mas não perde sua naturezaverbal e pode ter objeto direto, pode exprimir relações de espaço, como overbo de que ele é a expressão nominal.

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O infinitivo é o último item desta seqüência, mas ele já terá sidotratado em parte no capítulo do infectum-inacabado, na voz ativa, por-que, como noção substantiva do verbo, isto é, um substantivo, pode exer-cer todas as funções de um substantivo, e mostraremos como o infinitivogrego descarrega todas as funções e todos os casos no artigo, contraria-mente ao latim que, não tendo artigo, foi obrigado a criar �casos� para oinfinitivo, e o gerúndio representa esses casos; e que, em português, ogerúndio representa os casos instrumental e locativo (raramente o geni-tivo-ablativo).

Mas, também no infinitivo, o grego é mais rico do que o latim e oportuguês: cada aspecto tem três infinitivos: ativo, médio e passivo:infectum, aoristo, futuro e perfeito. São 12 infinitivos, com seu signifi-cado próprio. Na verdade são então, ao todo, 12 infinitivos, semantica-mente, mas morfologicamente, formalmente, são 10, uma vez que no in-fectum e no perfectum a voz média e a voz passiva têm a mesma forma.

Completaremos a série falando dos adjetivos verbais em -tñw, -t®, -tñn, que correspondem aos adjetivos de sufixo bilis, e, em latim, e-vel, em português: �o que pode ser feito�; e -t¡ow, -t¡a, -t¡on, que cor-respondem aos adjetivos de sufixo -ndus, a, um do gerundivo em latim, eem português ao sufixo erudito -ndo do gerundivo latino, com o signifi-cado de �o que deve ser feito�, ambos construídos sobre o tema verbal puro,isto é, sobre o tema do aoristo.

Depois da flexão nominal e verbal, passaremos a tratar das�Invariáveis�.

Na verdade elas são a conexão na relação substantivo/verbo; elassão �circum-stanciais�, periféricas, �perittaÛ�.

Começaremos pelas preposições e mostraremos que todas elas sãoadvérbios com significado espacial. Não há nenhuma preposição com signi-ficado temporal.

Mostraremos também, individualmente, que os casos que as pre-posições �regem� são decorrentes da relação espacial que elas determi-nam e que, por �regerem� mais de um caso, não mudam necessariamentede significado, que permanece o mesmo, concreto, espacial. O que podeacontecer é elas serem usadas em outro plano, metafórico, figurado, mas,a relação espacial metafórica sendo a mesma, o caso será o mesmo. Há

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uma coerência total nessas construções. Mas para demostrá-la foram pre-cisos inúmeros exemplos que fomos buscar em várias gramáticas.

A seguir abordaremos as conjunções e conetivos em geral, que agramática grega denomina �sændesmoi�, �amarrações�.

Mostraremos que o que chamamos de �partículas� são, na base,conetivos da oralidade, que permaneceram na mente do homem grego.Por coincidência, nos textos em que a oralidade está mais presente, comono teatro ou nos diálogos de Platão, há mais desses conetivos do que nostextos de Aristóteles, por exemplo. Mas eles são mais instrumentais emarcadores, e por isso é difícil identificar neles um significado próprio,independente, permanente. Eles são mais conotativos. Os inúmeros exem-plos mostrarão isso com bastante clareza.

Mas não estudaremos as partículas separadas das conjunções; elasestarão na mesma lista, por ordem alfabética.

Nas conjunções propriamente ditas, vemos �amarrações� entre fra-ses, enunciados. Também aí, por meio de inúmeros exemplos, mostrare-mos que as conjunções não �regem� esse ou aquele modo verbal. Elastêm um significado próprio e o modo verbal é decorrente de como o enunciadoé passado do emissor para o receptor: se há uma realidade ou irrealidade é oindicativo; se há uma eventualidade, o modo é o subjuntivo ou futuro; sehá uma possibilidade, ou atenuação da mensagem, o modo é o optativo.

A seguir estudaremos os advérbios propriamente ditos; eles dife-rem das preposições, antigos advérbios, na medida em que não exigemuma relação espacial depois deles; são usados de maneira absoluta. Elessão os �adjetivos do verbo�, isto é, do =°ma, �o que é dito do sujeito�.

Eles são basicamente circunstanciais: modais, instrumentais, tem-porais e espaciais, em suas várias relações de acusativo, genitivo e locati-vo, e por isso muitos deles são formas petrificadas desses casos.

É este o roteiro da exposição de nossa teoria sobre a língua grega.Mas esta teoria quer ser essencialmente prática, porque foi da prá-

tica que ela nasceu, durante anos sucessivos, em que nenhuma aula sobreum determinado ponto foi igual à anterior ou à posterior. Além disso, aprática, isto é, o ensino foi a razão e causa deste nosso trabalho.

Por isso, apresentaremos aqui também a parte didática, na qual fo-ram aplicadas todas estas idéias sobre o funcionamento da língua grega.

Até agora ela foi apresentada nas diversas versões de nossas �apos-tilas�, na qual era apresentada a teoria e a prática, isto é, as frases que

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deviam ser traduzidas. Mas a teoria que estava nessas apostilas ou era su-mária ou estava em processo de elaboração, e por isso nós solicitávamosaos alunos que usassem a página anterior em branco para anotar nossaexposição oral que às vezes até contrariava a escrita.

As frases foram reunidas enfocando um ponto determinado damatéria, que foi dividida em unidades didáticas, ou módulos, na seguinteordem:

A/ Flexão dos nomes de tema em vogal e formas do verbo ser. São osTextos I e II.

Neles estão substantivos, adjetivos e dêiticos em -o e -a/-h nosdiversos casos, menos no acusativo, porque os verbos de ação serão dadosa seguir.14

Mas a �tradução� dessas frases não é um fim em si; ela só tem sen-tido se o enunciado foi entendido no relacionamento de suas partes. Porisso deve-se agir da forma seguinte:� copiar o texto, mas só a frase que vai trabalhar15;� identificar o sujeito e o verbo, e os outros casos, relacionando estreita-

mente caso e função. Por isso deve-se deixar uma linha em branco eregistrar isso nessa linha;

� só então traduzir, coerentemente com a análise feita.

As palavras estão no vocabulário de mais ou menos 5.000 palavras,que foi preparado para isso.

Traduzida essa frase, veremos a seguir propostas de versão, ou deuma frase imitando ou parodiando a que acabamos de traduzir, ou ainda

14 Procuramos registrar apenas frases abonadas, isto é, frases de autores gregos ou datradição grega. Frases pensadas e enunciadas em grego. Isto é extremamente im-portante: o aluno sente que está penetrando num mundo diferente e que esse mundoo envolve.

15 A transcrição manual é extremamente importante, essencial. Esse primeiro conta-to concreto com o texto tem um efeito muito importante, não só completando aalfabetização do estudante, mas familiarizando-o com o texto: a partir daí o textogrego não será o estranho com quem se bate ou de quem se foge.

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veremos alguns sintagmas em português, em que veremos as mesmas pala-vras que acabamos de usar na tradução. Poderá ainda haver uma propostapara manipular, transformar a frase, quer passando-a para o singular oupara o plural, ou ainda mudando-a da voz ativa para a passiva e vice-versa.

Esses exercícios complementares, que foram denominados versãoe ginástica nas edições anteriores, têm o objetivo de fazer fixar não só oscasos da flexão nominal e as desinências da flexão verbal, mas sobretudofazer fixar um vocabulário básico.

Na versão teremos em português todas ou quase todas as frasesque foram traduzidas do grego, mas em forma de glosa: muda-se o verbo,mudam-se as relações entre os nomes, muda-se o número. A versão visaa que se vejam as relações da língua a partir do lado do leitor. Na fraseexpressa em grego, ele tem os casos para os quais precisa encontrar a fun-ção; na frase expressa em português, ele deve identificar a função para lheaplicar o caso correspondente.

A versão tem também outra finalidade: fazer a revisão da frase gre-ga que acabou de ser traduzida, para se identificar nela a glosa em portu-guês. Isso propicia ver pelo menos duas vezes as palavras empregadas, fi-xar o significado delas e assim guardá-las mais facilmente na memória.

A ginástica, isto é, exercício com os sintagmas, é apresentada emduas partes:� a primeira compõe-se basicamente de sintagmas das relações nominais

que se encontram nas frases traduzidas. De novo, somos levados a releras frases, identificar as palavras e dar-lhes o caso compatível com a fun-ção que ele identifica no sintagma.

O objetivo dessa ginástica é familiarizar o leitor com o sistema decasos da língua grega e ajudá-lo a identificar sempre a relação função-caso / caso- função;

� a segunda parte consiste em registrar em grego algumas das frases tra-duzidas, pedindo ao leitor passá-las para o plural, se estão no singular,e vice-versa; passar para a voz passiva e vice-versa; passar as formas ver-bais do presente para o imperfeito ou futuro etc.

O objetivo dessa ginástica é obrigar o leitor a voltar uma terceiravez para as frases traduzidas, propiciando-lhe novo contato com as pa-lavras e as formas, ajudando-o a adquirir vocabulário e firmeza e cons-ciência no uso das formas nominais.

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B/ Todas as formas do infectum dos verbos são introduzidas nos Tex-tos Gregos II, III e IV, sempre com nomes de temas em vogal.

O modelo de tradução é o mesmo, mas, além do acusativo, entramaí todos os verbos, tanto em -v quanto em -mi. Aliás, mostramos que adivisão tradicional em duas categorias de verbos, com desinências di-ferentes não é verdadeira. A única desinência diferente é a da 1ª pessoada voz ativa, e isso decorre de fator fonético: os temas em consoante esemivogal têm a desinência -v, e os de temas em vogal têm a desinência-mi.

Nesses dois grupos de textos usamos todas as formas do infectumdas três vozes e de todos os modos, menos o particípio ativo, por ser umnome de tema em consoante do qual ainda não se viu a flexão.

Segue-se o mesmo esquema e traduzem-se as formas verbais de-pois de identificá-las e analisá-las; mas a tradução parte do texto, isto é, dosignificado da forma dentro do enunciado.

Cada um desses textos vem seguido de uma versão e de ginásticacom os mesmos objetivos dos textos I e II.

C/ As formas do imperfeito de todos os verbos estão nos Textos III eIV que introduzimos evidentemente depois de explicarmos a construçãodo passado em grego.

Novamente, passamos pela tradução das frases e depois pela versãoe ginástica.

Nesse ponto o leitor se surpreende e pergunta a razão por que ogrego não tem imperfeito do subjuntivo.

Com o texto IV, termina o Módulo I do curso.Em geral ele é dado em um semestre.

D/ A flexão dos nomes de temas em consoante e semivogal dá início aoMódulo II.

Damos o quadro geral das desinências e solicitamos ao leitores otrabalho de acoplar essas desinências aos diversos temas.

A primeira dificuldade é encontrar o tema: na maior parte dosnomes, o registro no genitivo singular ajuda a identificá-lo; mas nos te-mas em -w, -W, -j não.

Os Textos Gregos V e VI contêm essencialmente nomes de temasem consoante e semivogal e as formas do infectum dos verbos (presente eimperfeito), em todos os modos.

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34 introdução: guia do leitor

Não introduzimos aí o futuro, como fazem as gramáticas, porque ofuturo é construído sobre o tema do aoristo.

O �ritual� com os Textos Gregos V e VI é o mesmo dos outros: oaluno faz a tradução, depois a versão e ginástica. Os objetivos tambémsão os mesmos.

E/ O aoristo vem a seguir nos textos que denominamos Exercícios deaoristo e futuro, que seriam os Textos Gregos VII e VIII.

O �ritual� é o mesmo, mas, além da tradução, pede-se que se iden-tifique o tema verbal, para que se acostume com a idéia de que o verda-deiro tema verbal é o aoristo; a seguir pede-se que se construa o infectuma partir do aoristo. Percebe-se então com mais clareza que há uma rela-ção estreita de significante e significado nas formas verbais. Usa-se paraisso todo o quadro denominado Formação dos temas do infectum.

As diversas formas de aoristo que estão nessa série de frases levamo estudioso a identificar e se familiarizar com todos os aoristos e futurosnas três vozes e em todos os modos. Nunca a partir de paradigmas, mas apartir das frases, que apresentam as formas como elementos semântica esintaticamente autônomos.

Acontece então que, por iniciativa própria, o estudioso apresentadiversas construções do verbo grego, a partir do tema do aoristo!

Isto mostra que, afinal, ele está entendendo a estrutura da flexãoverbal!

F/ O perfeito. Finalmente, temos os Exercícios sobre o tema do perfeito.Inicialmente houve uma introdução, em que ficou demonstrado

que o perfeito, por ser um resultado presente de um ato passado, é umestado presente e que, por conseguinte, o perfeito médio-intransitivoteria sido o mais antigo, do qual derivou o passivo e finalmente cons-truiu-se o ativo.

São os Textos Gregos IX e X.O estudioso começa por transcrever e traduzir as frases, tendo em

vista sobretudo a identificação das formas verbais no perfeito. Ele en-contra as várias formas do perfeito, que estão explicadas no manual, e vaitentando traduzir uma a uma essas formas para o português.

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35introdução: guia do leitor

Depois de cada frase vêm a Versão e a Ginástica. Mas, já, juntocom o perfeito, estará enfrentando textos de autores, sobretudo de Platão,cuja tradução e leitura são instigantes e gratificantes.

É esse o projeto! Foi esse o projeto!

Resta ver agora se na teoria ele se justificou. A prática, ao que pa-rece, o aprovou!

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36 o alfabeto grego

O alfabeto grego

Signo grego som Denominação Exemplos fonéticosA - a16 a �lfa álpha altar, fadaB - b b b°ta béta belo, boloG - g gue g�mma gáma gato, guerraD - d d d¡lta délta dado, dedoE - e e ¦ cilñn e psilón17 mesa, medoZ - z dz z°ta dzéta Zeus (Dzeus/Zdeus)H - h é ·ta éta atleta, teseY - y th y°ta théta th (ingl. thing)I - i i ÞÇta ióta nadaK - k k k�ppa kápa Kant, KentL - l l l�mbda lámbda lado, lidoM - m m mè mû mês, malN - n n nè nû nadaJ, j ks jÝ ksî axiomaO - o o ö mikrñn o mikrón toloP - p p pÝ pî pedraR - r r /rh =ñ rhô rei, rato (vibrante)S - s, w18 s (ç) sÝgma sîgma sal, ser (sempre ç)T - t t tau tau tardeU - u y ë cilñn y psilon hypnose (u francês)F - f ph fÝ phî fugaX - x kh xÝ khî khárisC - c ps cÝ psî psicoseV - v ó Î m¡ga o méga hora

16 A fonte grega utilizada neste livro é a Athenian.17 Nós não seguimos a denominação tradicional dos grafemas gregos e, o, v, respec-

tivamente êpsilon, ômikron e ômega; preferimos denominá-los pelo que eles são:e psilón, e simples, desguarnecido, o mikrón, o pequeno, curto, breve e o méga, ogrande, longo.

18 O s- usa-se no início e no meio das palavras, e -w no final.

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37o alfabeto grego

Exercício de leitura e transcrição:

Leia com auxílio da transcrição em caracteres latinos as palavras abai-xo, todas existentes em português, e a seguir transcreva-as em caracteres gre-gos; os acentos na transcrição em português são para auxiliar a leitura: o acentocircunflexo não indica vogal fechada, que não existe em grego.19

�Omhrow Hómeros filanyrvp¤a philanthropíatr�peza trápeza drçma drâma�sbestow ásbestos biograf¤a biographíabiblÛon biblíon grafÆ graphégumn�sion gymnásion g°nesiw génesisdhmokratÛa demokratía diãgnvsiw diágnosisy°atron théatron labÊrinyow labyrinthos�ciw ópsis metaforã metaphoráéj¤vma aksíoma z�on zôion/zôonb¤ow bíos Ïbriw hybris20

=inok°rvw rhinokéros =eËma rheûma�dÆ oidé/odé cuxÆ psykhéxaraktÆr kharaktér »keanÒw okeanósnaËw naûs fainÒmenon phainómenoneÈgenÆw eugenés ploËtow ploûtosêggelow ángelos êgkura ánkyralãrugj lárynks Àra hórakr¤siw krísis F¤lippow Phílippos�moiow hómoios da¤mvn daímonÏmnow hymnos =uymÒw rhythmós_ppopÒtamow hippopótamos m�mow mîmosstoikÒw stoikós énvmal¤a anomalíadiãlogow diálogos _ppÒdromow hippódromosmousikÆ mousiké klinikÒw klinikósSpãrth Spárte sf�gj sphînksKa�sar Kaîsar ékrÒpoliw akrópolis

19 Há um equívoco quando se fala de vogais fachadas em grego: v / h são vogaislongas, articuladas, abertas; mas e /o são breves, simples, soltas não articuladas, enão são necessariamente fechadas.

20 O -y- não comporta acento nas línguas modernas.

�Omhrowtr�peza�sbestowbiblÛongumn�siondhmokratÛay¡atronöciw�jÛvmabÛow=inok¡rvwÄd®xarakt®rnaèweégen®w�ggelowl�rugjkrÛsiw÷moiowìmnowßppopñtamowstoikñwdi�logowmousik®Sp�rthKaÝsar

filanyrvpÛadr�mabiografÛagraf®g¡nesiwdi�gnvsiwlabærinyowmetafor�zÒonìbriw=eèmacux®Èkeanñwfainñmenonploètow�gkuraËraFÛlippowdaÛmvn=uymñwmÝmow�nvmalÛaßppñdromowklinikñwsfÝgj�krñpoliw

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38 o alfabeto grego

fvsfÒrow phosphóros polÊglvttow polyglottos§pitãfiow epitáphios §p¤gramma epígramma=eumatismÒw rheumatismós a_morrag¤a haimorragíaprofulatikÒw prophylatikós YeÒdvrow Theódorosd°rma dérma Ípote¤nousa hypoteínousakubernetikÆ kybernetiké ÉAy_nai AthénailÒgow lógos nÒmow nómoskan_n kanón k¤nhma kínemak¤nhsiw kínesis kvmikÒw komikósdiskobÒlow diskobólos kunikÒw kynikósgevrgikÒw georgikós c¤ttakow psíttakosparãdojow parádoksos duspec¤a dyspepsíakÊklvc kyklops fãntasma phántasmapaxÊdermow pakhydermos k°ntaurow kéntaurossËrigj syrinks fÒrmigj phórminkssÊgxronow synkhronos lÆyh léthekay°dra kathédra xrusostÒmow krysostómosboukolikÒw boukolikós aÂma haîma±x_ ekhó �noma ónoma·ppow híppos ¥liow hélios¹m_numow homónymos xrusãnyemon khrysánthemonmayhmatikÒw mathematikós t°tanow tétanostuf_n typhón èrmon¤a harmoníap°ntaylon péntathlon metevrolog¤a meteorologíamËyow mythos yumÒw thymóséylhtÆw athletés lurikÒw lyrikósgevmetr¤a geometría ériymhtikÆ arithmetiképolitikÒw politikós pÒliw pólisbiblioyÆkh bibliothéke ékrobãthw akrobátesêtomow átomos éster¤skow asterískosÙbel¤skow obelískos éstronom¤a astronomíaépolog¤a apología trag�d¤a tragoidía /tragodíakvm�d¤a komoidía/ _larÒw hilarós

komodíadespÒthw despótes y_raj thórakskatãlogow katálogos d¤skow dískosfilãnyrvpow philánthropos ceud_numow pseudónymosmustÆrion mysteríon kataklusmÒw kataklysmósdiãlektow diálektos aÈtÒxyvn autókhthon�roskÒpow horoskópos strathgÒw strategósaÈsthrÒw austerós ÍpokritÆw hypokrités

fvsfñrow¤pit�fiow=eumatismñwprofulatikñwd¡rmakubernetik®lñgowkanÅnkÛnhsiwdiskobñlowgevrgikñwpar�dojowkæklvcpaxædermowsèrigjsægxronowkay¡draboukolikñw±xÅáppowõmÅnumowmayhmatikñwtufÅnp¡ntaylonmèyow�ylht®wgevmetrÛapolitikñwbiblioy®kh�tomowôbelÛskow�pologÛakvmÄdÛa

despñthwkat�logowfil�nyrvpowmust®riondi�lektowÉroskñpowaésthrñw

polæglvttow¤pÛgrammaaßmorragÛaYeñdvrowêpoteÛnousa�Ay°nainñmowkÛnhmakvmikñwkunikñwcÛttakowduspecÛaf�ntasmak¡ntaurowfñrmigjl®yhxrusostñmowaåmaönoma´liowxrus�nyemont¡tanow�rmonÛametevrologÛayumñwlurikñw�riymhtik®pñliw�krob�thw�sterÛskow�stronomÛatragÄdÛaßlarñw

yÅrajdÛskowceudÅnumowkataklusmñwaétñxyvnstrathgñwêpokrit®w

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39o alfabeto grego

lejikÒn leksikón bãrbarow bárbarostojikÒw toksikós yrÒnow thrónosseismÒw seismós prÒblhma próblemafrãsiw phrásis ÙbolÒw obolósdÒgma dógma Perikl_w PeriklésPlãtvn Pláton Svkrãthw SokrátesDhmosy°nhw Demosthénes Al°jandrow AléksandrosDiog°nhw Diogénes EÈkl¤dhw EuklídesPuyagÒraw Pythagóras ÉArximÆdhw ArkhimédesLevn¤daw Leonídas ÉAxilleÊw AkhilleúsPr¤amow Príamos ÉAristot°lhw AristotélesMiltiãdhw Miltiádes ÉOdusseÊw OdysseúsÉAgam°mnvn Agamêmnon Sofokl_w SophoklésJenof_n Ksenophón ÉAristofãnhw AristophánesZeËw Zeûs Poseid«n PoseidónÑErm_w Hermés ÖArhw ÁresÉApÒllvn Apóllon ÜHfaistow HéfaistosÜHra Héra DhmÆthr DeméterÉEst¤a Estía ÉAfrod¤th AphrodíteÖArtemiw Ártemis ÉAyÆna AthénaKli_ Klió Melpom°nh MelpoméneOÈran¤a Ouranía EÈt°rph EutérpeTercixÒrh Terpsikhóre Kalli_ph KalliópeYal¤a Thalía ÉErat_ EratóPolumn¤a Polymnía

ZEUS ZEUS POSEIDVN POSEIDONERMHS HERMES ARHS ARESAPOLLVN APOLLON HFAISTOS HEPHAISTOSHRA HERA DHMHTHR DEMETERAFRODITH APHRODITE ARTEMIS ARTEMISAYHNA ATHENA KLIV KLIOMELPOMENH MELPOMENE OURANIA OURANIAEUTERPH EUTERPE TERPSIKHOREKALLIVPH KALLIOPE YALIA THALIAERATV ERATO POLUMNIA POLYMNIA

lejikñntojikñwseismñwfr�siwdñgmaPl�tvnDhmosy¡nhwDiog¡nhwPuyagñrawLevnÛdawPrÛamowMilti�dhw�Agam¡mnvnXenofÅnZeèw�Erm°w�Apñllvn�Hra�EstÛa�ArtemiwKliÅOéranÛaTercixñrhYalÛaPolumnÛa

ZEUS

ERMHS

APOLLVN

HRA

AFRODITH

AYHNA

MELPOMENH

EUTERPH

KALLIVPH

ERATV

b�rbarowyrñnowprñblhmaôbolñwPerikl°wSvkr�thwAl¡jandrowEéklÛdhw�Arxim®dhw�Axilleæw�Aristot¡lhw�OdusseæwSofokl°w�Aristof�nhwPoseidÇn�Arhw�HfaistowDhm®thr�AfrodÛth�Ay®naMelpom¡nhEét¡rphKalliÅph�EratÅ

POSEIDVN

ARHS

HFAISTOS

DHMHTHR

ARTEMIS

KLIV

OURANIA

TERCIXORH

YALIA

POLUMNIA

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40 o alfabeto grego

Normas de transliteraçãoPara comodidade do aluno, transcrevemos a seguir as Normas de

transliteração de palavras do grego antigo para o alfabeto latino acor-dadas pela Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos, com algumas dis-cordâncias de nossa parte, expressas nas Observações.

Signo grego Denominação Signo latino ExemplosA, a �lfa - alfa A, a �g�ph - agápeAi, & ióta suscrito ai �dv/�idv - ádo / áidoB, b b°ta - beta B, b b�rbarow - bárbarosG, g g�mma - gama G, g gevrgñw - georgósgg gama nasal ng �ggelow - ángelosgk nk ögkow - ónkosgj nks s�lpigj - sálpinksgx nkh �gxein - ánkheinD, d d¡lta - delta D, d dÛkh - díkeE, e ¦ cilñn - e psilón E, e eàdvlon - êidolonZ, z z°ta - dzéta/ zéta Z, z z®thsiw - zétesisH, h ·ta - éta E, e ´liow - héliosHi, ú ióta suscrito ei cux» / cux°i - psykhé / psykhéiY, y y°ta - théta Th, th yeñw - theósI, i ÞÇta - ióta I, i Þd¡a - idéaK, k k�ppa - kápa k kakñn - kakónL, l l�mbda - lámbda L, l l¡vn - léonM, m mè - mü / my M, m marturÛa - martyríaN, n nè - nü / ny N, n nñmow - nómosJ, j jÝ - ksi Ks, Ks julñn - ksylónO, o ö mikrñn - o mikrón O, o ôlÛgow - olígosP, p pÝ - pi P, p potamñw - potamós�R-, =- =Ç - rhô (inicial) Rh, rh =uymñw - rhythmós-r- rÇ - rô (interno) R, r �riymñw - arithmósS, -s-, -w sÝgma - sîgma S, s SfÝgj - SphînksT, t taæ - tau T, t taèrow - taûros

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41o alfabeto grego

U, u ï cilñn - y psilón Ü, ü læra - lyra / lüraau au aég® - augéeu eu eéagg¡lion - euangélionhu eu héj�mhn - euksámenou ou ploètow - ploûtosui ui ußñw - huiósF, f fÝ - phi Ph, ph f�rmakon - phármakonX, x xÝ - khi Kh, kh x�riw - khárisC, c cÝ - psi Ps, ps cux® - psykhéV, v v m°ga - o mega O, o Èmñw - omósVi, Ä ióta suscrito oi tragÄdÛa - tragoidía/

tragvidÛa - tragoidía � espírito brando -.- ôrg® - orgé � espírito rude h ßstorÛa - historía

Mantêm-se os acentos agudo, grave e circunflexo na forma e noslocais em que se encontram em grego, mas, respeitando-se a acentuaçãodiacrítica do português.

Por exemplo, os nomes gregos z°ta, ·ta, y°ta levam acentocircunflexo em grego não por terem vogais fechadas, mas por serem lon-gas (abertas). Acentuá-las com circumflexo em português induziria o lei-tor de língua portuguesa a pronunciá-las fechadas. Seria um erro. Porisso empregamos o acento agudo. Não é o caso de S, sÝgma, sîgma, quepoderá receber o circumflexo no -i-, e de ploètow, ploûtos, sem trans-tornos para a leitura.Exemplo:

tÒ tñjÄ önoma bÛow, ¦rgon d¢ y�natowtôi tóksoi ónoma bíos érgon dè thánatosAo arco o nome é vida, a obra, morte (Heráclito)

Observações:l. O leitor deve ter notado que, na transcrição para caracteres latinos, há, noportuguês e no latim, um deslocamento da vogal tônica:

a) nas palavras gregas oxítonas de mais de duas sílabas, como, metafor�a transcrição para o português se faz para �metáfora�, proparoxítona;

b) nas palavras gregas oxítonas de duas sílabas, como �Ód®�, a transcri-ção para o português se faz para �ode�, paroxítona;

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42 o alfabeto grego

c) nas palavras gregas proparoxítonas de três sílabas com a penúltima lon-ga, �jÛvma, a transcrição para o português se faz para �axioma�, pa-roxítona e as com a penúltima breve metafor� se faz para proparo-xítona.A explicação está na prosódia latina, intermediária entre o gre-go e o português, porque:� O latim não tem acentos.� O latim não tem oxítonas; por isso desloca a tônica das oxítonas

gregas de três sílabas para proparoxítonas:é o caso de metafor� > metáfora;e das oxítonas gregas de duas sílabas para paroxítonas:é o caso de: Ód® > ode;

� Nas palavras latinas de mais de duas sílabas, a posição da tônica édeterminada pela quantidade da penúltima sílaba:se a penúltima é longa, a palavra é paroxítona,�jÛvma (penúltima longa) > axioma;se é breve, a palavra é proparoxítona:�krñpoliw (penúltima breve) > acrópole.

2. Particularidades da sonoridade e representação gráfica das letras gregas:a) O som do G, g, gáma, se produz no pálato, isto é o céu, ou véu daboca; por isso ora é denominado gutural, ora palatal ora velar. Os lingüistaspreferem denominá-lo �velar�; nós o denominaremos palatal ou velar. Adificuldade está em lê-lo corretamente na transcrição de g¡now,gÛgnomai, isto é, seguido de -e- e -i-. Genos soa �guenos� e gígnomai soa�guígnomai�.b) A seqüência de um gama velar e uma outra consoante velar, sem vogalintermediária, leva necessariamente a primeira velar a sair pelas fossasnasais. Daí a existência do �g� nasal.c) A transcrição do J, j , ksi, deve ser exatamente k + s, que é seu verda-deiro som: a transcrição por �x�, dadas as várias pronúncias do x em por-tuguês, leva a pronúncias equivocadas.d) Ultimamente os editores dos textos gregos preferem o iota adscrito, epor isso é pronunciado; os textos mais antigos, antes dos anos 50, trazem oiota suscrito, não pronunciado. Pura convenção.e) É preferível a transcrição do u em �y� e não em �u�, porque este y cha-mado �y grego� evoluiu para �i� em grego.f) O ditongo "ou é apenas formal; não se lê como ditongo, o que é muitoincômodo; lê-se como um �u� longo (-ou- francês).

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43o alfabeto grego

Alguns dadosde fonética aplicadaConsiderações gerais

No curso deste trabalho, ao tomar contato com as flexões nominale verbal, o leitor verá repetidas vezes referências a alterações fonéticasque as formas nominais e verbais sofrerão.

Verá também que essas alterações ou acidentes fonéticos serão apre-sentados como normais, como se o autor supusesse que o leitor conhe-cesse fonética grega.

Esse comportamento pode ser explicado pela experiência que oautor adquiriu na sala de aula. Ao apresentar o sistema das �declinações�e �conjugações� da língua grega, o autor constatou que estaria repetindoas lições multisseculares de latim e grego, em que se apresentam os es-quemas numa certa ordem e o aluno decora um a um os paradigmas (de-clinações e conjugações) de flexão nominal e verbal, independentes umdo outro. E, ao notar que há �quebras� na sucessão das desinências, agramática e o professor afirmam que é uma regra da língua e que se deveaprender assim. Os alunos mais curiosos e teimosos iam procurar o por-quê, isto é, as explicações, nos tratados de fonética histórica ou de mor-fologia histórica, que são recentes.

Mas, ao estudar durante anos a fio a língua grega e também du-rante anos a ensinar (o que é a mesma coisa que aprender), tentamos noscolocar do outro lado da sala, isto é, do ponto de vista do aluno, e perce-bemos que devíamos explicar-lhe que uma língua é um conjunto de si-nais que têm a finalidade de comunicar, que uma língua é um idioma,isto é, a identificação cultural de um povo e que, por isso mesmo, ela éum todo sólido, concreto, orgânico, lógico, coerente, que o falante ad-quire, conserva e vigia, porque é o elemento de sua identificação dentrodo grupo, e que qualquer alteração, qualquer atentado que ela sofre, ime-diatamente é sentido e expulso como um elemento perturbador.

Nós sentimos isso na língua grega, que é a língua de uma civiliza-ção extraordinária, toda ela construída na oralidade. Toda a tradição cul-

43alguns dados de fonética aplicada

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44 alguns dados de fonética aplicada

tural grega foi transmitida oralmente, desde a tradição oral anterior aospoemas homéricos, os próprios poemas homéricos, as obras de Hesíodo,a introdução do alfabeto (séc. VIII e VII a.C.) e os líricos, para não ultra-passarmos o século VI a.C. Mas, mesmo depois da introdução do alfabe-to, os meios de transmissão da palavra escrita eram extremamente raros ecaros. A oralidade e a memória eram as grandes �armas� para a transmis-são e conservação do conhecimento.

É o que vemos na língua grega: uma língua só, com variantes lo-cais, mas que todos os gregos entendiam, durante os Jogos Olímpicos,por exemplo. É essa língua que o menino ateniense vai aprender ao de-corar passagens de Homero, Hesíodo e dos líricos na casa do mestre,segundo diz Protágoras (Platão, Protágoras, 325c6-326c6). E quando, de-pois de saber de cor esses poemas, aprender a cantá-los ao som da lira ouda cítara, o menino vai para o mestre de ginástica, ele não é um meninosó ateniense, circunscrito ao ambiente familiar, ele é um menino grego.E é esse o sentimento que o acompanha a vida toda.

Essa transformação, essa inserção do menino, do efebo, e depoisdo adulto, na nação grega, foi feita pela língua grega.

Pois bem, acreditando nessa coerência lingüística, nós começamosa passar aos alunos uma nova visão da língua grega.

Constatamos que o sistema de flexão da língua grega é simples,orgânico e lógico.

A flexão (nominal ou verbal) se constrói sobre uma parte fixa, quevamos chamar de tema, e outra parte variável, que vamos chamar dedesinências21.

Nós não vamos usar as expressões �declinação� nem �conjugação�,porque não vamos adotar a idéia de que existe um caso �reto� (que seria onominativo) e outros oblíquos.

Não há um caso reto, e por isso não há casos oblíquos.Os nomes se compõem de duas partes: de um tema, que é a sede

do significado, em que o nome está em estado virtual, isto é, sem função,

21 Para Aristóteles, todas as "quebras" no final das palavras são ptÅseiw, que osgramáticos latinos traduziram por "casus". Mas a tradição da gramática ocidentalreservou a palavra "caso" para a flexão nominal, com certa ampliação do significadono sistema das "declinações".

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45alguns dados de fonética aplicada

até que receba uma ptÇsiw, isto é, um �casus�, uma desinência, que lhedá essa função dentro do enunciado.

A flexão dos nomes é simples: consiste na identificação desse temae na aplicação das desinências que correspondam à função que o nomeexercerá no enunciado. Veremos isso na Flexão nominal.

A flexão verbal segue o mesmo modelo: haverá um tema, sede dosignificado virtual, e o sistema de desinências (são poucas) que darão aotema a pessoa, a voz (sujeito agente ou paciente), o número (se é singu-lar, dual ou plural) e o modo. Veremos isso na Flexão verbal.

Tanto a flexão nominal quanto a flexão verbal são absolutamenteregulares, normais. Bastaria, então, conhecer as ptÅseiw/casus/desi-nências nominais e verbais (que são muito poucas) e aplicá-las aos temasnominais ou verbais.

Há, contudo, um elemento complicador: a transformação fonéticaque a língua grega sofreu no correr dos séculos. Não vamos falar aqui desua derivação de um tronco indo-europeu e suas opções fonéticas; vamosfalar nas modificações internas da língua grega e sobretudo dos proble-mas fonéticos que surgiram na aplicação dessas ptÅseiw/casus/desinên-cias que são vocálicas, semivocálicas ou consonânticas, a temas tambémvocálicos, semivocálicos e consonânticos.

O encontro, por exemplo, de um tema vocálico com uma desinên-cia vocálica recebe tratamentos diversos segundo os dialetos. O jônico, odórico e o eólico, por exemplo, admitem hiatos; o ático, no entanto, optapela contração.

Também os encontros entre temas consonânticos com desinênciasconsonânticas apresentam problemas: ou as consoantes se acomodam,assimilam, dissimilam, ou sofrem síncope dependendo das condições, ouvão buscar uma vogal para ajudar a pronunciar os encontros consonânticosdifíceis. Essa vogal se chama vogal de ligação ou vogal de apoio.

Mas precisamos ter em mente que o que preside às modificaçõesem todas as línguas, e a língua grega não é exceção, são dois princípios,contraditórios mas harmônicos: de um lado o princípio da facilidade, quepoderíamos chamar de praticidade, acomodação ou mesmo preguiça, queos filólogos acordaram em denominar lei do menor esforço e, de outrolado, o significado da forma, a semântica, isto é, o fundamento do exer-cício da língua, que é a comunicação.

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46 alguns dados de fonética aplicada

Todo e qualquer ser humano, que usa da fala, quer comunicar al-guma coisa, e da maneira mais clara e prática possível. Esse princípio éainda mais fundamental na transmissão oral: a relação entre o emissor ereceptor da mensagem é momentânea, fugaz; então a maior brevidade eclareza são indispensáveis. É evidente que o código dos dois (emissor/receptor) deve ser o mesmo, e bem conhecido. Vemos, então, que clareza(significado) e praticidade (lei do menor esforço) se vigiam mutuamente.

As transformações e simplificações só se admitem quando não des-caracterizam as formas e a mensagem. Teremos ocasião de repetir isso inú-meras vezes no curso da apresentação das flexões. Mas esses comentá-rios, repetidos, exageradamente, propositadamente repetidos, estãodispersos.

Vamos agora agrupá-los num espaço apropriado, para que o leitortenha sempre onde buscar uma explicação, uma referência.

Finalmente, nós não nos incomodamos em usar uma terminologiatécnica ortodoxa. Não tivemos a intenção de fazer tratado de fonética oufonologia. Respeitamos a nomenclatura tradicional na medida em queela é significante, mas usamos do vocabulário do cotidiano para mostrarque essas modificações fonéticas são absolutamente normais, fisiológi-cas, concretas. Elas acontecem no aparelho fonador, isto é, na boca, la-ringe, fossas nasais, pulmões etc. A experiência na sala de aula nos mos-trou que os alunos não só aceitam essas explicações, mas não queremoutras.

Por isso vamos, neste capítulo, apresentar foneticamente a línguagrega.

Vamos, a seguir, estudar todos os elementos (stoix¡a) do alfabe-to grego, primeiro individualmente quanto à pronúncia e depois nas suascombinações entre si, nos seus diversos encontros: vogal com vogal; con-soante com vogal; soante com vogal, soante com soante, consoante comconsoante.

Esses encontros às vezes apresentam certas dificuldades que as gra-máticas tentam resolver enquandrando-as nas �leis fonéticas� que apre-sentam, mas não comentam.

Faremos algo parecido, mas insistiremos, como estamos fazendoem todo este trabalho, em não abusar do vocabulário �técnico�, preferin-do o uso de expressões do cotidiano, e procuraremos mostrar sempre que

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47alguns dados de fonética aplicada

esses fenômenos são naturais; acontecem e são produzidos na boca, quechamamos aparelho fonador, acima mencionado.

É preciso ter em conta que a língua grega foi transmitida por viaoral. Não havia outro registro. A escrita entrou tardiamente, quando jáhavia uma larga tradição cultural e literária.

Então, essas modificações fonéticas que constatamos foram aceitase transmitidas �porque� ou �quando� não causavam dano à mensagem,isto é, ao conteúdo da mensagem, e sobretudo não causavam dano à in-tegridade da língua grega, que era o fator de unificação daquele povo.

As vogaisAs vogais são modificações do som glotal, que é produzido pelas

cordas vocais superiores ou inferiores, com o sopro mais ou menos forteque vem dos pulmões.

Essas cordas vocais, obedecendo à vontade, ora se aproximam, orase afastam; se se aproximam, comprimem o ar e produzem um som quese pode chamar de som glotal; se se afastam, o ar sai livre sem ser modi-ficado e não produz som. A esse som glotal, produzido pelas cordas vo-cais, chamamos vogais. Como diz Aristóteles (Poética, 1456b): ¤sti tòfvn°en m¢n �neu prosbol°w ¦xon fvn¯n �koust®n... �a vogal éo que tem um som audível sem aplicação� (sem articulação, isto é, semaplicação da língua ou dos lábios).

Conforme é a abertura ou o fechamento do aparelho fonador (boca),no sentido vertical ou horizontal, é produzido esse ou aquele timbre davogal.

Os timbres extremos das vogais gregas são: a, da abertura máximae u, i, mínima, próxima à glote. O -i- é a vogal mais fraca; é a última dasvogais. Da posição máxima do a, posição anterior, da frente, até a míni-ma, posterior de u, i, há uma progressão de fechamento das vogais: asvariantes do som o velares, redondas, e as variantes do som e glotais late-rais (palatais).

Além de diferença de timbre, o grego reconhecia uma diferença deduração nas vogais: uma vogal longa tinha a duração de duas breves.

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48 as vogais

Essa duração de tempo era também sentida como um desdobra-mento do tom: uma elevação da voz na primeira metade da vogal (ársis) euma posição (thésis). Nós, que falamos as línguas ocidentais, não temosmais ouvido para sentir essas mudanças de tonalidade, e por isso mesmosomos incapazes de produzi-las.

Os timbres e e o têm grafias diferentes para longa e breve: e/h;o/v; os outros a, u, i, não; os gramáticos as chamam de dÛxrona, �dedois tempos�, ou �mfÛbola, �ambíguas�, e para serem reconhecidas gra-ficamente eram marcadas pelos sinais: m�kron longo -, e br�xia, bre-ve ­, curto.

Os fonemas vocálicos em grego são 12:a /a, e / e/ h, o /o /v, i / i, u /u.22

Além disso eles podem ser aspirados23 ou não.A marcação da aspiração das vogais iniciais das palavras teve altos e

baixos. Com a adoção do alfabeto jônico pelo ático empregava-se a letraH para indicar o pneèma dasæ, spiritus asper, espírito rude, �sopro for-te�, para marcar a aspiração. Posteriormente os gramáticos alexandrinospassaram a usar a metade esquerda do H, que foi se simplificando até serrepresentado por um sinal que se assemelha ao nosso apóstrofo, que usa-mos para marcar elisão, mas em sentido esquerda/direita. E por uma es-pécie de �isonomia� passaram a marcar também, com a outra metade doH, a ausência de aspiração, ou pneèma cilñn, spiritus lenis, espírito leve,suave, doce.

A representação gráfica das vogais foi tirada do alfabeto fenício, donome de alguns sons de consoante, ausentes no grego: aleph > A, het >H, yod > I, ayin > O, waw > Y. No início, havia só uma letra para o some. Foi em Mileto que começou o uso do H para o e longo, aberto, edepois, por analogia, criou-se V para o longo, aberto.

22 Devemos considerar os timbres do a longo e breve; do e breve e longo ei; do obreve e longo ou; do i breve e longo e do u breve e longo com diferenças detimbre imperceptíveis para nós.

23 O termo aspirado se presta a confusão, porque o ato de aspirar é chupar o ar. Otermo gramatical vem do latim ad spiratum, isto é soprado para (em cima) de spiritus,sopro. Então teremos vogais e consoantes aspiradas, isto é, sopradas, acompanha-das de uma lufada de ar. Todas as vogais podem ser sopradas e as consoantes oclusivassurdas (mudas), p, k, t.

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Os ditongos

Segundo A.C. Juret, �o ditongo é um timbre em movimento�. Éuma espécie de deslocamento do som vocálico de uma posição de abertu-ra, para a de fechamento; o ponto extremo do ditongo é a posição u/i,que são chamadas semivogais. Por isso se diz que o ditongo são dois sonspronunciados em uma só emissão de voz.

Na composição do ditongo a vogal é protática e a semivogal éhipotática24.

São basicamente 12, assim definidos pelos gramáticos antigos:

1. difyñggoi kat� kr�sin - �ditongos por fusão� (uma só emissão devoz); por isso são chamados kæriai, principais, e são:

au, eu, ou, ai, ei, oi (o u soa �u� em au, eu, ou).O ditongo �ou� soa �u�;em português: au, eu, ou (u), ai, ei, oi.

2. difyñggoi kat� di¡jodon - �ditongos pela saída�, porque a vogalprotática sendo longa, a voz permanece mais tempo sobre ela e só nofim (saída) é que vai para a hipotática, e são:

hu, vu, ui (u longo).Para os gramáticos, esses ditongos são kakñfvnoi, cacófonos, e

os primeiros �kat� kr�sin� são eëfvnoi, êufonos.

3. difyñggoi kat� ¤pikr�teian - ditongos por dominação, porque�prevalece o som de uma vogal só, a que se ouve�. São:

hi, vi, ai (a longo).O enfraquecimento do -i- desses ditongos já é completo desde o

IV séc. a.C. e passou a ser subscrito a partir do séc. XII:o -hi- se tornou e aberto25;o vi se tornou ó aberto (desde 150 a.C.);o ai se tornou a longo (desde 100 a.C.).

24 O verdadeiro ditongo começa com vogal e termina na semivogal (i/u); é o quealguns chamam de "ditongo decrescente"; o chamado "ditongo crescente", isto é,semivogal seguida de vogal é um hiato, e não ditongo.

25 No dialeto ático já se pronunciava e se escrevia �-ei� no séc. V. A maioria dosescritores dessa época escreve assim.

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As edições recentes dos textos gregos restabeleceram a grafia anti-ga, com o -i- adscrito e não subscrito, e nas salas de aula voltou a pro-núncia cacofônica.

Alternância vocálica

Chama-se alternância vocálica (metafonia/apofonia) a alteração dotimbre vocálico que se verifica no corpo de uma palavra, em suas diversaspartes (raiz/tema, sufixos, desinências), ligada aos diversos aspectos dosignificado que ela assume. Essas alterações nunca acontecem juntas, istoé, presas a um paradigma. Elas são sempre isoladas e na maior parte dasvezes acontecem na raiz ou no tema (radical).

Essa alternância não é exclusiva da língua grega. Muitas línguasantigas e mesmo as modernas as têm. Assim, em português, o verbo fa-zer sofre alternância vocálica em faço, fazemos, fiz, fez, feito.

A alternãncia pode ser qualitativa (variação do timbre), como fiz/fez/faço; e quantitativa (variação da duração - longas/breves), como emfez/feito, em português.

1. Alternância qualitativa:Em grego temos três graus de alternância vocálica, na alternância

qualitativa; é o que se chama de vocalismo;� vocalismo o (grau fraco);� vocalismo e (grau forte), e� vocalismo zero (reduzido), corresponde à ausência de vogal.

Assim os diversos temas dos verbos:-gn-/gen-/gon- tornar-se, vir a sergÛ-gn-o-mai eu me torno, venho a ser (presente, infectum)¤-gen-ñ-mhn eu me tornei, aconteci (aoristo)g¡-gon-a eu me tornei, nasci, sou (perfeito)leip-/lip-/loip- deixar, abandonarleÛp-v eu deixo, abandono (presente, infectum)¤-lip-o-n eu deixei, deixo (aoristo)l¡-loip-a eu deixei (perfeito)

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Alternância também na flexão dos nomes:T. - p�tr- / p�ter-toè patr-ñw - do pai (gen.) tòn pat¡r-a - o pai (acus.)T. - genes-tò g¡now - a raça (nom. voc. acus.)toè g¡nes-ow > g¡neow > g¡nouw - da raça (gen.)T. - �nyrvpo-õ �nyrvpo-w - o homem (nom.)Î �nyrvpe - ó homem (voc.)

2. Alternância quantitativa:É a alternância de duração (quantidade da vogal: longa/breve):

fhmÜ/ fam¢n digo / dizemostÛ-yh-mi / tÛ-ye-men coloco / colocamosdÛ-dv-mi / dÛ-do-men dou / damos

3. Observação:Na flexão nominal dos nomes e adjetivos de tema em soante / líqüida,

há uma falsa alternância vocálica; nos temas masculinos e femininos em vogalbreve, essa vogal se alonga no nominativo singular e permanece breve nos ou-tros casos. É um fato normal, porque no nominativo masculino e feminino oalongamento se faz compensando a apócope do sigma, marca do nominativodos seres animados, sobretudo dos masculinos. Não se trata pois de alternânciavocálica.

T. =°tor N. =®tvr o orador;T. daÝmon N. daÛmvn o nume;T. poim¡n N. poim®n o pastor;

Mas, quando o tema é longo, não há alternância vocálica;T. �gÅn N. �gÅn a luta.

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Vogal de ligação ou de apoio

É um recurso de que lançam mão todas as línguas, e não só a gre-ga, para desfazer encontros consonânticos difíceis e que não devem seconfundir, fundir ou assimilar, para não descaracterizar a palavra.

A vogal de ligação isola as duas consoantes e facilita a pronúncia.O -a- epentético que as raizes e temas trilíteres desenvolvem antes

da líqüida (visto acima) é um exemplo disso.T. stl ¤-st�l-h-n eu fui enviadoT. fyr ¤-fy�r-h-n eu fui destruídoT. �nr �nr-sin > �n-d-r-sin > �ndr�-sin aos homens26

As vogais de ligação básicas do grego são: e /o e às vezes -h- (nolatim são i/u e e antes do -r).

É importante lembrar que as vogais de ligação ou de apoio não fazemparte do corpo da palavra, como as vogais temáticas. Elas são meros re-cursos fônicos de que a língua oral faz uso sempre e na medida em queprecisa delas.

Elas também não são elementos da flexão; não são desinências nem su-fixos que, no sistema verbal, indicam a relação da pessoa gramatical com overbo, ao indicarem o singular/plural, a voz (ativa/média/passiva) e o modo.

Por exemplo, nos verbos de tema em consoante ou semivogal (cha-mados verbos em -v), a vogal de ligação se faz presente em todo o infec-tum-inacabado porque as desinências são consonânticas ou em soante(semivogal)27; e, por analogia, também no futuro ativo e médio por causada introdução da marca do futuro -s-.

f¡r-o-men nós portamos¤-f¡r-e-te vós portáveisf¡r-o-i-e-n eles portassem, portariamlæs-o-men nós desligaremoslæs-e-sye vós desligareis para vós

26 Nesse caso, o que vemos é uma consoante de ligação. O -d- se desenvolve natural-mente entre o ponto de articulação do -n- e do -r-. O castelhano e o francês tam-bém desenvolvem um d epentético na flexão verbal: je viendrais < venirais; yoviendria < veniria.

27 As semivocálicas são sentidas como consonânticas.

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Mas no aoristo ativo e médio, a vocalização da desinência -n, (-s-n> sa), no perfeito ativo (-k-n > ka), dispensa a vogal de ligação.¤-lus-n > ¦-lu-sa eu desliguei, eu desligo¤-læ-sa-men nós desligamos¤-lu-s�-meya nós desligamos para nósl¡-lu-kn > l¡-luka eu completei o ato de desligar, eu desligueile-læ-ka-men nós completamos o ato de desligar, desligamos

Na característica do aoristo passivo (-h-/yh-), a presença da vogaltambém dispensa a vogal de ligação:

¤-dñ-yh-sye vós fostes dados, sois dados¤-st�l-h-men nós fomos enviados, somos enviados

Mas, nas formas do perfeito médio-passivas, a língua prefere o en-contro entre as consoantes:p¡-prag-tai > p¡-prak-tai ele foi feito, está feitot¡-trib-sai > t¡-tricai tu foste esmagado, estás esmagadope-peÛy-meya > pe-peÛs-meya nós fomos convencidos, estamos convencidos

Mas, na 3a pessoa do plural:p¡-prag-ntai > pepr�g-a-tai, eles foram, estão feitos;o -n- interconsonântico se vocaliza em -a-.

Essa é a opção que encontramos nos líricos e em Heródoto; o di-aleto ático construiu uma forma analítica, em lugar de vocalizar o -n-interconsonântico:pe-prag-m¡noi, ai, a eÞsin eles foram, estão feitos

Veremos isso com mais detalhes quando tratarmos da flexão verbal.

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Encontro de vogais

O encontro de vogais é chamado hiato, isto é, vácuo, vazio; para todosos gramáticos o hiato é uma cacofonia e a tendência geral é eliminá-lo.

Essa é a tendência no dialeto ático; nos dialetos jônico, dórico eeólico o hiato permanece.28

No grego ático há três maneiras de eliminar um hiato:a) pela elisão da vogal anterior; um sinal � apóstrofo, no lugar da vo-

gal elidida, registra o fato;b) pela crase (fusão) de duas vogais entre duas palavras diferentes (entre

a última da anterior e a primeira da seguinte; é indicada por umsinal � igual ao apóstrofo, colocado sobre a vogal resultante da fu-são, chamado de coronis/corônide.

c) pela contração, que é a redução do hiato que se encontra no meioda palavra.

Elisão: (¦kyliciw)Na seqüência de duas palavras: a anterior terminando em vogal e a

seguinte começando por vogal, pode-se dar uma elisão, que é a apócope(corte) da vogal final da palavra anterior. Nesse caso essa apócope é mar-cada pelo apóstrofo.

1. Em geral a vogal elidida é uma breve; raramente um ditongo, e o-u- jamais se elide.

�ll� ¤gÅ > �ll� ¤gÅ mas eu�pò ¤moè > �p� ¤moè de mim, a partir de mim

2. Pode acontecer uma elisão invertida: em lugar de elidir a vogal fi-nal da palavra anterior elide-se a vogal inicial da seguinte. Esse pro-cesso se chama aférese (�faÛresiw), isto é, retirada.É rara e em geral só se usa na poesia e nos diálogos.

Î �naj > Î �naj ó senhor, ó chefeÎ �gay¡ > Î � gay¡ ó meu caro (bom)�gor� ¤n �Ay®naiw > �gor� �n �Ay®naiw mercado em Atenas

28 A conservação ou não do hiato é uma questão de �idiotismos�. Podemos estabele-cer um paralelo: o dialeto ático tende a reduzir os hiatos, como o português; odialeto jônico não se incomoda tanto com os hiatos, como o castelhano.

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3. Pode acontecer que haja mais de uma elisão. Também é um casoraro: só na poesia ( por necessidades métricas) e nos diálogos rápi-dos, sobretudo em Aristófanes.poè ¤sti õ Ploètow > poè � sy� õ Ploètow; onde está Plutos?µ ¤pÜ �spÛdvn > µ �p� �spÛdvn ou sobre os escudos

4. Pode acontecer, raramente também, a elisão de um ditongo (tam-bém nos mesmos casos dos anteriores; poesia e diálogos).

boælomai ¤gÅ > boælom� ¤gÅ sou eu que quero5. Quando a palavra seguinte começa por vogal aspirada e a consoante

anterior da vogal elidida for uma oclusiva, essa oclusiva, em conta-to com a vogal aspirada, se torna aspirada:�pò ²mÇn > �p� ²mÇn > �f� ²mÇn de nós, a partir de nósmet� ²mÇn > met� ²mÇn > mey� ²mÇn conosconækta ÷lhn > nækt� ÷lhn > næky� ÷lhn a noite inteira

6. A conjunção ÷ti e as preposições perÛ e prñ nunca sofrem elisão,mas prñ + e sofre contração prñu

Crase (fusão): (kr�siw)É um processo semelhante ao da elisão; na seqüência de duas pala-

vras, a anterior terminada em vogal e a seguinte iniciada por vogal, a úl-tima vogal da palavra anterior se funde com a primeira vogal da palavraseguinte, formando uma unidade fônica (uma longa ou um ditongo).

A crase (kr�siw - mistura, fusão) é marcada por um sinal seme-lhante ao apóstro sobre a vogal resultante da fusão. Esse sinal se chamacoronis, ou corônide (korvnÛw - ganchinho).

kaÜ ¤gÅ > k�gÅ e eu (por minha vez)¤gÆ oämai > ¤gÙmai quanto a mim, eu acho¤gÆ oäda > ¤gÙda eu seitoè �ndrñw > t�ndrñw do homem, do maridokalòw kaÜ �gayñw > kalòw k�gayñw belo e bomt� aét� > t�ut� as mesmas coisasõ �n®r > õn®r* o homem, o maridokaÜ õ > xÈ e elekaÜ êpñ > xépñ e sob (por)tò ßm�tion > yoÞm�tion a veste, o manto

* não há lugar para a corônide; o espírito rude ocupa o lugar dela.

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O -i- do primeiro elemento sofre síncope, o do segundo permane-ce, subscrito (ultimamente se usa adscrito), no caso de vogal longa. Nocaso acima ele é adscrito (forma ditongo).

A crase se usa regularmente para reunir uma palavra pouco impor-tante a uma outra com a qual ela faz uma unidade semântica.

A palavra resultante tem um acento só: o do segundo elementoPode-se ver que a crase é um recurso que facilita a métrica.

Eufonia

Quando, para a harmonia e o fluxo da frase, não há interesse nemem elisão nem em crase na seqüência de uma palavra terminada em vogale outra iniciada por vogal, usa-se um -n eufônico no final da palavra an-terior para evitar o hiato e por isso a elisão ou crase.

Isso acontece com freqüência:� na 3a pessoa do singular e plural dos verbos:

¤sti / ¤stin éeÞsi / eÞsin são¦krine / ¤krinen ele julgava

� no dativo, locativo e instrumental plural dos nomes em consoante ousemivogal:

sÅmasi / sÅmasin aos corpos, pelos corposÞsxæsi / Þsxæsin às forças, pelas forçaseàkosi / eàkosin vinte

Diante de pontuação e em fim de frase usa-se o -n (para proteger avogal).

É importante lembrar que esse -n não faz parte da desinência.Há outros casos de consoantes eufônicas:

oìtvw assim, dessa maneira diante de vogaloìtv diante de consoanteoé não diante de consoante surda ou sonoraoéx diante de consoante ou vogal aspiradaoék diante de vogal não aspirada¤k de dentro de diante de consoante¤j diante de vogal

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57as vogais

Contração

Na flexão verbal e nominal, quando um tema vocálico se encontracom uma vogal de ligação, formando um hiato, no dialeto ático esse hia-to é eliminado pela contração; no jônico não.

A contração se faz da maneira seguinte:1. a contração de duas vogais breves resulta numa longa;2. uma vogal longa absorve a breve e o resultado é uma longa;3. quando duas vogais longas se seguem, abrevia-se a vogal anterior, que

depois se contrai com a seguinte.

Damos a seguir o quadro das contrações:a + a > � e + e > ei o + o > oua + e > � e + a > ` h o + a > va + ei > &/ai e + ai > ú/hi o + h > va + o > v e + o > ou o + e > oua + v > v e + v > v o + ei > oui > oia + oi > Ä/vi e + oi > oui > oi o + oi > oui > oi

É preciso ter sempre em mente:1. que uma contração é um segundo tempo: isto é, antes da forma con-

trata existiu a não-contrata; a reconstrução e registro dela ajudam aencontrar a acentuação correta;

2. que a contração é um fenômeno físico, fisiológico, que se processa noaparelho fonador, governado sempre pela lei do menor esforço;

3. que uma vogal tônica, quando absorvida, leva consigo a tonicidade;quando a vogal absorvida não é tônica, o acento permanece no lugar,se as normas da acentuação permitirem.

fil¡-ei > fileÝ ele amafÛle-e > fÛlei ama (tu)tim�-ei > tim�/ tim�i ele honratÛma-e > tÛma honra (tu)

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58 as vogais

4. que duas vogais do mesmo timbre resultam numa longa do mesmotimbre:

e + e > ei29,o + o > ou,a +a > a

5. que duas vogais de timbre diferente têm o seguinte tratamento:5a) na sucessão a > e / e > a, predomina o timbre da vogal anterior:

a + e > � longoe + a > hMas a + h > h

5b) quando uma das vogais é de timbre �o� o resultado da contração éde timbre �o�.

a + o > ve + o > ouo + o > oue + oi > oui > oi

Mesmo no encontro de um �o� breve e um -h- ou um -a- longo o�o� breve será absorvido pela longa, mas imporá seu timbre: didñhte >didÇte - que vós deis, se derdes.6. Não há contrações especiais, exceções, etc. Não há diferenças nas con-

trações de formas nominais ou verbais.Sempre que os ingredientes fonéticos forem os mesmos a resul-

tante fonética será a mesmaTodos os casos de contração que acontecem nas flexões nominal e

verbal serão assinalados no momento em que acontecerem.

Alteração de vogais

Em determinadas posições, as vogais podem alterar a quantidade eo timbre:1. Quando duas vogais longas se seguem, a vogal anterior se abrevia. É um

produto da lei do menor esforço. Acontece com mais freqüência noático:

29 E não em -h-, que é de timbre aberto.

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basil®-W-vn > basil®-vn > basil¡vn30 dos reiste-y®-úw > tey¡úw > tey»w sejas colocadote-y®-v-men > tey¡vmen > teyÇmen sejamos colocados

2. Quando uma vogal longa é seguida de uma breve, em geral há uma trocade posições.Chama-se metátese de quantidade;

pñlh-ow > pñlevw da cidadebasil°-W-ow > basil°ow > basil¡vw do rei

3. Uma vogal longa se abrevia quando, numa mesma sílaba, é seguida deum grupo formado de soante (l, m, n, r, W) e oclusiva ou -s (Lei deOsthoff).

lu-y®-nt-vn > luy¡ntvn dos que foram desligadosb®-nt-vn > b�ntvn dos que caminharamgnÅ-nt-vn > gnñntvn dos que tomaram conhecimentobasil®-W-w > basil¡uw > basileæw o rei

As consoantes

Elas são sæmfvna, isto é, com-soantes , que �soam junto�.Aristóteles (Poética, 1456b) começa por chamá-las �áfonas = mudas�31:�... �fvnon d¢ tò met� prosbol°w kay� aêtò mhdemÛan ¦xonfvn®n, met� d¢ tÇn ¤xñntvn tin� fvn¯n gignñmenon �kous-tñn.� �... mudo (áfono, mudo) é o que não tem nenhum som por si pelaaplicação (dos lábios e da língua) mas que se torna audível com alguns quetêm som.� Ver, também, Platão, Crátilo, 424c.

30 Depois da síncope do W em posição intervocálica, só se contraem as vogais do mes-mo timbre.

31 Mais uma vez Aristóteles vê bem as coisas, embora não tenha a etiqueta degramático, filólogo ou lingüista. �Afvnon quer dizer "sem som", portanto, mudo.Vamos tratá-las assim: mudas, e não surdas.

59as consoantes

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60 as consoantes

Podemos classificá-las segundo:1. o modo de articulação: de acordo com a maneira com que o som é

produzido:1.1. pelo sopro, que escapa de repente, do canal propositadamente fe-

chado e comprimido: oclusivas (explosivas): p, b, f, m; t, d, y, n;k, g, x,

1.2. pelo ar comprimido, pressionado, que escapa aos poucos: constri-tivas, fricativas, sibilantes: W, s;

2. o ponto de articulação, isto é, de acordo com o ponto, o lugar doaparelho fonador, em que se produz o som:

labiais (na junção dos dois lábios): p, b, f, m;dentais ou linguodentais (nos alvéolos dos dentes ou na junção dalíngua com os alvéolos dos dentes): t,d,y,n;velares32 (na junção da glote com a abóboda bucal, �céu da boca�):k, g, x.

3. Segundo o ponto de vista do som glotal, as consoantes podem ser:mudas (sem nenhuma vibração glotal): p, f, t, y, k, x, ousonoras (acompanhadas de vibração glotal): b. d, g.Há duas oclusivas sonoras nasais: m (labial), e n (dental ou línguo-dental).As oclusivas sonoras eram chamadas de m¡sai, médias, medianas,

pelos antigos, por causa da menor energia na articulação, isto é, oclusãomenos forte do que a das mudas.

As oclusivas mudas eram chamadas de cilaÛ, desguarnecidas, sim-ples, porque desprovidas de qualquer acompanhamento de vibração glotal;e quando acompanhadas de um sopro de ar, chamavam-se das¡ai, �pe-ludas� aveludadas, espessas, isto é, revestidas. São as que chamamos de�aspiradas�, do latim ad spirare - �soprar a, para�, isto é, �assopradas, so-pradas�. São: f, y, x; em caracteres latinos: ph, th, kh.

32 Esses sons são chamados guturais pelos gramáticos. É uma denominação que per-siste há muito tempo e que se repete por rotina. Não há razão de chamá-los gutu-rais porque não são produzidos na garganta e sim na região da glote e palato duro(céu da boca). Os lingüistas atuais preferem denominá-las velares, de �véu palatino= céu da boca�.

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61as consoantes

As constritivas, por pressionarem o ar contra as paredes do apare-lho fonador, são também chamadas de:

� fricativas, por �apertarem, esfregarem� a saída do ar;� sibilantes, pelo ruído que produzem, próximo ao de um assobio.Não são nem labiais nem labiodentais. Em português e em latim

são o f e o v, que Quintiliano chama de tristes et horridae, quibus Graeciacaret33 (10.10, 28).

Há uma dental, ou linguodental: -s- (ss/ç, em português). Ela émuda.

Aristóteles (Poética, 1456b) diz que ela e o -r- são: �²mÛfvnontò met� prosbol°w ¦xon fvn¯n �koust®n, oåon tò S kaÜ R.��Semivogal (meio muda) é o que, com a aplicação (articulação), tem somaudível, como o S e R...�34

O -s- diante de uma consoante sonora se sonoriza: Smærna, tam-bém escrito Zmærna.

Entre as constritivas podemos incluir o -r- e -l- (vibrantes).O -z- foi sempre considerado consoante dupla.Dionísio Trácio e Dionísio de Halicarnasso atestam as pronúncias

[zd] e [z] no grego clássico, mas desde o século IV estabiliza-se uma pro-núncia [z] e [zz].

No latim arcaico transcreve-se [ss]: m�za > massa.O -r- era vibrante e pronunciado mais com a ponta da língua e

alvéolos dos dentes. Não são sons guturais, palatais ou velares.Dionísio de Halicarnasso diz: �tò d¢ R (¤kfvneÝtai) t°w glÅs-

shw �kraw �porrapizoæshw tò pneèma kaÜ pròw tòn oéranòn¤ggçw tÇn ôdñntvn �nistam¡nhw� - �o R se pronuncia com a pontada língua empurrando o ar e se colocando na direção do céu (da boca)junto aos dentes� (De comp. verb., 79R).

Essa vibração da ponta da língua faz um movimento de ar intenso,o que dá a impressão de consoante �soprada, ou assoprada�; é por issoque o -r- também é considerado aspirado, e, nas palavras com -r- inicial,põe-se um espírito rude: =eèma e se transcreve em português: rheuma.

33 �tristes e horríveis, de que a Grécia carece�.34 Alguns gramáticos incluem nessa categoria, além dessas duas, as outras líqüidas

(l, m, n) e as consoantes duplas (z, c, j). As líqüidas também são conhecidas porsoantes ou consoantes-vogais.

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62 as consoantes

O -l- se pronunciava com a parte anterior da língua aplicada atrásdos alvéolos. No português do Brasil, o modelo desse -l- seria o da pro-núncia do sul, sobretudo do Rio Grande do Sul. É sempre consoante,jamais vocalizado.

As soantes

É um nome genérico dado a algumas consoantes que ficam numazona limítrofe entre consoantes e vogais. O grego herdou do indo-euro-peu duas soantes: uma labiovelar, de som próximo do -u-, denominadadigama pela representação gráfica de dois gamas superpostos: W, que osespecialistas chamam de waw/vau, e outra, linguopalatal, de som próxi-mo do -i-, representada por um j, e por isso denominada yod. Elas tam-bém são chamadas de semivogais, provavelmente, porque em determina-das posições, sobretudo depois de consoantes, se vocalizam em -u- e -i-respectivamente.35

As vibrantes -r- e -l- e as oclusivas sonoras nasais -m- e -n- tam-bém são chamadas de soantes ou líqüidas, mas seu uso mais geral é comoconsoantes.

O -r- e o -l-, quando se encontram numa seqüência de três con-soantes, desenvolvem um -a- epentético, como:

�ndrsin > �ndr-�-sin aos homens¦stlhn > ¤st-�-lhn eu fui enviado¦fyrka > ¦fy-a-rka eu destruí, corrompi

As soantes l, m, n, r, seguidas de -s-, provocam a síncope do -s-e, por compensação, alongam a vogal anterior. Isso acontece sobretudono aoristo sigmático dos verbos de tema em soante/líqüida:

¦-stel-sa > ¦steila eu enviei, envio¦-fyer-sa > ¦fyeira eu destruí, eu destruo¦-nem-sa > ¦neima eu distribuí, distribuo¦-men-sa > ¦meina eu permaneci, permaneço

35 O -u- e o -i- também são chamados de semivogais, quando se juntam a vogais paraformarem ditongos.

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63as consoantes

Mas na flexão nominal o sigma do dat. loc. instr. plural -si nãosofre síncope, provavelmente para não confundir-se com o dat. loc. instr.singular -i.

Assim:=®tvr - =®tor-i - =®tor-si o orador - ao orador - aos oradores

O -n- :� ou desenvolve um -a- ou -h- epentéticos quando numa posição depois

ou entre consoantes oclusivas:yn-tñw > yn-h-tñw mortalyn-tñw > y-�-natow mortemay > ma-n-y-n-v > many-�-nv eu entendo eu aprendo

� ou vocaliza-se em-a- entre oclusivas:pe-pr�g-ntai > pepr�gatai foram feitos, estão feitos

� ou, em posição final, vocaliza-se depois de consoante:1. na 1a pessoa do singular do aoristo sigmático:

¦-lu-s-n > ¦lusa eu desliguei, desligo2. na 1a pessoa do singular do perfeito ativo:

l¡-lu-k-n > l¡luka eu desliguei, terminei o ato de desligar3. no acusativo singular e plural dos temas em consoante:

kñrak-n > kñraka corvokñrak-nw > kñrakaw corvos

Essas soantes/líqüidas quando em posição final, depois de vogal,permanecem, menos o -m, que passa a -n.

O yod (j) e o digama/waw/vau (W) sofrem tratamentos diferentesconforme a posição antes ou depois de consoante:1. Em posição inicial:

1.a. o yod (j) cai (aférese) e é substituído (compensação) por umaaspiração, peæma dasæ, spiritus asper, espírito rude:

jñw > ÷w que (relativo)jhpar > ¸par fígado

1.b. o digama/waw/vau (W) também cai (aférese), mas nem sempre ésubstituído por aspiração:Wesp¡ra > ¥sp¡ra (vesper em latim) tarde, vésperaWergon > ¦rgon (work inglês, werk alemão) obra, trabalho

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64 as consoantes

2. Em posição intervocálica:2.a. O yod (j) sofre síncope e as vogais postas em contato se contraem:

tim�-j-v > tim�v > timÇ eu honro

2.b. O digama/waw/vau (W) sofre síncope e as vogais postas emcontato:� quando do timbre -e- se contraem:

basileWew > basil¡ew > basileÝw os reis (nom.)� no caso de outros timbres, o hiato permanece:

boWñw > boñw do boi, da vacabasil®Wa > basil®a > basil¡a o rei (acus.)

3. Em contato com consoantes:3.a. O yod (j): depois de consoantes:

� depois de uma oclusiva dental (t,y) ou velar, muda ou aspira-da (k,x ), se funde com ela e produz o som soante -ss-(jônico), ou -tt- (ático):m¡lit-ja > m¡lissa / m¡litta abelhaful�k-jv > ful�ssv / ful�ttv eu vigio

� depois de uma oclusiva dental ou velar, (g, d) funde-se comela e produz zstÛg-jv > stÛzv eu marco¤lpÛd-jv > ¤lpÛzv eu espero

� depois de oclusiva labial, muda, sonora ou aspirada (p, b, f)> pt:kræp-jv > kræptv eu cubro, eu escondobl�b-jv > bl�ptv eu causo dano, eu prejudicot�f-jv > y�ptv eu enterro

� depois de um -l-, o -j- se assimila (> -ll-)�l-jow > �llow outrost¡l-jv > st¡llv eu envio

� depois de -n-, -r-, o yod se vocaliza em -i- e sofre metátese(desloca-se para o tema):mñr-ja > mñria > moÝra o destino, o quinhãom¡lan-ja > m=lania > m¡laina negrafy¡r-jv > fy¡riv > fyeÛrv eu destruo, corrompot¡n-jv > t¡niv > teÛnv eu estico, tendo

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65as consoantes

3.b O W digama (waw/vau):� diante de consoante:

vocaliza-se em -u-basil¡W-w > basileæw rei, senhorbñW-w > boèw boi, vaca

� depois de consoante:sofre síncope, se em situação interna, e, no ático, não provocaalongamento compensatório da vogal anterior; no jônico sim:

kñrW-a > kñra (att.) / koærh (jôn.) a jovem, menina-moçaj¡nW-ow > j¡now (att.) / jeÝnow (jôn.) o estrangeiro, hóspedegñnWata > gñnata (att.) /goænata (jôn.) joelhos

� se em situação final, vocaliza-se em -u-:�stW > �stu a cidadela, o centro

Encontro de consoantes

Quando duas consoantes se encontram entre duas palavras que seseguem ou no corpo mesmo da mesma palavra (na junção do tema comas desinências, nominais ou verbais), podem acontecer conflitos quantoao ponto ou modo de articulação.

Como no caso dos encontros entre vogais, também esses conflitossão resolvidos pela lei do menor esforço, sempre num processo de aco-modação, de facilidade, temperada pelo conteúdo semântico, que não podesofrer danos.

Vamos ver os diversos conflitos dos encontros entre consoantes:

Oclusiva + s:1. Para as labiais e velares o alfabeto grego já tem uma letra própria (con-

soante composta):� labiais: p, b, f + s > c� velares: k, g, x + s > j

2. As dentais seguidas de s acomodam-se ao s (assimilação), por causada proximidade do ponto de articulação, produzindo dois ss que de-pois se reduzem a um:

� t, d, y + s > ss > s

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66 as consoantes

3. O -t- em posição desinencial seguido de -i- átono se enfraquece e setorna fricativo-sibilante > -s- , e, a seguir, se em posição intervocálica,esse -s- sofre síncope, mas só quando a vogal anterior é de ligação ebreve.

� A vogal de ligação longa, característica do subjuntivo, tam-bém provoca a síncope do -s- intervocálico.

f¡r-e-ti > f¡resi > f¡rei ele porta, carregaf¡r-h-ti > f¡rhsi > f¡rhi > f¡rú ele porte, carregue

mas, se a vogal é temática, não há síncope:dÛ-dv-ti > dÛdvsi. ele dá

� A vogal temática e o consciente lingüístico impedem a evolu-ção (síncope do -s-), para não descaracterizar a forma, mas:f¡r-o-nti > f¡ronsi > f¡rousi eles portam, carregam

O -s- ficou em posição intervocálica após a síncope do -n-; umasimplificação maior levaria à descaracterização da forma.

Oclusiva seguida de oclusiva:As oclusivas das desinências são apenas duas: -t, -m.O -n desinencial se vocaliza em -a, depois de consoante ou soante.

1. Oclusiva labial ou velar, sonora ou aspirada, seguida de -t sofre umaassimilação parcial: perde a sonoridade ou a aspiração:

t¡-trib-tai > t¡trip-tai foi esmagado, está esmagadog¡-graf-tai > g¡graptai foi escrito, está escritot¡-tag-tai > t¡taktai foi ordenado, posto em fileiras·rx-tai > ·rktai foi comandado, está governado

2. Oclusiva labial, muda, sonora ou aspirada seguida de -m se assimila >mm:

t¡-trib-mai > t¡trimmai fui esmagado, estou esmagadog¡-graf-mai > g¡grammai fui escrito, estou escritol¡-leip-mai > l¡leimmai fui abandonado, estou abandonado

3. Oclusiva labial ou velar, muda ou sonora, seguida de -y sofre uma as-similação parcial, contamina-se da aspiração:

¤-tr¡b-yh > ¤tr¡fyh foi esmagado¤-p¡mp-yh > ¤p°mfyh foi enviado¤-pr�g-yh > ¤pr�xyh foi feito¤-ful�k-yh > ¤ful�xyh foi vigiado

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67as consoantes

4. Oclusiva dental muda, sonora ou aspirada seguida de outra dental sedissimila em -s :

¤-ceæd-yhn > ¤ceæsyhn eu fui enganado¤-pe¤y-yhn > ¤peÛsyhn eu fui persuadido¤-anæt-yh > ±næsyh foi completado�næt-tñw > �nustñw completado, completável

Exclui-se o duplo -tt- que é a variante ática do -ss-, resultado doencontro entre velar e -j-, yod, como:

pr�g-jv > pr�ssv / pr�ttv eu façom¡lit-ja > m¡lissa / m¡litta abelha

5. Oclusiva dental seguida de -m se enfraquece numa assimilação parcial,passando a -s-:

p¡-peiy-mai > p¡peismai eu fui, estou persuadido¦-ceud-mai > ¦ceusmai eu fui, estou enganado

6. Oclusiva velar, sonora ou aspirada, seguida de -t se assimila parcial-mente, ficando muda:

p¡-prag-tai > p¡praktai foi feito, está feito¦-arx-tai > ·rk-tai foi governado, está governado

7. Oclusiva velar muda, ou aspirada seguida de -m, se assimila parcial-mente, recebendo a sonoridade do -m:

de-dÛvk-mai > dedÛvgmai fui perseguido, estou perseguidope-fælak-mai > pefælagmai fui vigiado, estou vigiado

Oclusiva sonora ou aspirada, precedida de nasal:1. nasal antes de labial > -m:

¤n-pÛptv > ¤mpÛptv eu caio dentrogr�f-ma > gramma letra (coisa escrita)sun-fvnÛa > sumfvnÛa symphonia > sinfonía

2. nasal antes de dental > -n:¤n-tÛyhmi > ¤ntÛyhmi eu coloco em, eu imponho

3. nasal antes de velar > -g:¤n-kalæptv > ¤gkalæptv eu escondo emsun-kaleÝn > sugkaleÝn chamar junto, convocar

4. nasal antes de vibrante r / l > rr/ll:sun-l¡gein > sull¡gein reunirsun-=®gnumi > surr®gnumi romper, co-rromper

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68 as consoantes

Supressão de consoantes

1. Uma palavra grega não pode terminar por uma consoante, a não serpor -n, -r e -w (-c, -j), as outras sofrem apócope.

É por isso que vemos muitas palavras neutras de nominativo emvogal, mas de tema em consoante, sobretudo -t

T : svmat-, nom. sing.: sÇma, mas nom. pl.: sÅmat-aA razão disso é que o neutro tem desinência zero no nominativo,

isto é, é o próprio tema. E se o tema termina em qualquer consoante quenão seja n, r, w, essa consoante em posição final cai.

Apenas a preposição ¤k / ¤j e a negação oé / oék / oéx mantêma oclusiva final, por eufonia.2. Um s- inicial sofre aférese (prócope) diante de vogal ou -r.;

2.1. diante de vogal, foi substituído pelo espírito rude:sWaduw > sadæw > �dæw / ²dæw doce, suave (latim, suauis)s¡pomai > §pomai eu acompanho (latim, sequor)

2.2. diante de -r- cai simplesmente:sr¡v > =¡v eu fluo (a água)

2.3. Diante de uma nasal o -s- sempre cai:smÛa > mÛa umasmikrñw > mikrñw pequeno

3. O -s- entre duas consoantes sofre síncope:p¡-peiy-sye > p¡peiyye > p¡peisye fostes, estais convencidosp¡-prag-sye > p¡pragye > p¡praxye fostes, estais feitost¡-trib-sye > t¡tribye > t¡trifye fostes, estais esmagados

4. Na flexão verbal, em posição desinencial intervocálica, sendo a ante-rior vogal de ligação, o -s- sofre síncope, provocando um hiato, que,no ático é reduzido pela contração.

No jônico, o hiato permanece.faÛn-e-sai > faÛneai -jônico- tu aparecesfaÛn-e-sai > faÛneai > faÛnhi -ático- tu apareces

> faÛnú/-ei¤-yaum�sa-so > ¤yaum�sao -jônico- tu admiraste, tu admiras¤-yaum�sa-so > ¤yaum�sv -ático- tu admiraste, admiras¤-yaum�z-e-so > ¤yaum�zeo -jônico- tu estavas admirando¤-yaum�z-e-so > ¤yaum�zou -ático- tu estavas admirandofaÛn-e-so > faÛneo -jônico- aparece, manifesta-tefaÛn-e-so > faÛneo > faÛnou -ático- aparece, manifesta-te

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69as consoantes

4.1. mesmo se a vogal de ligação é longa, como a característica dosubjuntivo v, h, h, v, h, v, o -s- intervocálico sofre síncope:faÛn-h-sai > faÛnhai > faÛnhi/faÛnú apareças

4.2. Mas, quando a vogal anterior é temática ou no caso dos futurosde vogal longa, não há a síncope do -s-.

� quando a vogal é temática:dÛdv-ti > dÛdv-si ele dátÛyh-ti > tÛyh-si ele põe

� quando a vogal de ligação epentética é longa no futuro:may > may-®-somai eu hei de aprender

A síncope do -s- mutilaria completamente a forma.� também no futuro e aoristo dos verbos denominativos de tema em vo-

gal: (vogal temática alongada)tim®sv eu honrareidhlÅsv eu revelareipoi®sv eu farei

Nesses casos a síncope do -s- tornaria o futuro exatamente igualao presente e afetaria o significado.

5. Na flexão nominal, nos nomes de tema em -s, sempre que em posiçãointervocálica, o -s- sofre síncope e o hiato resultante é reduzido porcontração no ático, e permanece no jônico.g¡nes-ow > g¡neow > g¡nouw do gênero, da raçakr¡as-ow > kr¡aow > kr¡vw da carneaÞdñs-ow > aÞdñow > aÞdoèw do pudorSvkr�tes-ow > Svkr�teow > Svkr�touw de Sócrates�lhy¡s-a > �lhy¡a > �lhy° coisas verdadeiras�nyes-a > �nyea > �nyh flores

Nos exemplos acima, a forma intermediária é jônica.

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70 as consoantes

Supressão da aspiração

1. Sempre que duas sílabas subseqüentes começam por consoante aspira-da, uma delas, geralmente a primeira, é substituída pela muda corres-pondente:

¤-y¡-yh-n > ¤-t¡-yhn eu fui colocado, sou colocadoÉ uma espécie de dissimilação, comandada pela lei do menor es-

forço; é uma simplificação (psilose). Pronunciar duas sílabas seguidascomeçadas por aspirada �soprada� exige esforço!2. Quando numa flexão, verbal ou nominal, uma consoante aspirada, por

motivos fonéticos, tem a muda36 assimilada, a aspiração se desloca paraa consoante mais próxima compatível com a aspiração, ou mudando oespírito suave em rude da vogal anterior.

-T. trix- cabelo, peloNom. sing. trÛx-w > yrÛj,D.L.I. pl. trix-sÛ > yrijÛ

mas: trix-ñw, trix-Û, trÛx-ew, trix-Çn, trÛx-aw

-T. sx- eu seguro, eu tenhoPres. sex-v > §xv > ¦xvFut. ¦x-s-v > §jv

-T. tref- eu nutro, alimentoPres. tr¡f-vFut. tr¡f-s-v > yr¡cv,Aor. ¦-tref-sa > ¦yreca

-taxæw, æ velozComp. y�ttvn, on mais veloz

36 Deve-se lembrar sempre que as consoantes aspiradas são as consoantes oclusivasmudas: t, k, p, que se tornam respectivamente y, x, f.

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71as consoantes

A acentuação

I. Natureza do acentoNas palavras de mais de uma sílaba, com significado próprio, as

vogais não eram pronunciadas na mesma elevação de voz. SegundoDionísio de Halicarnasso, essa elevação era de uma quinta (De comp. verb.,11). Platão, em Crátilo, 416b fala de �rmonÛa - ajuste, acordo.

Usavam-se também as palavras tñnow - esticamento, tensão de umacorda, e prosÄdÛa - canto, para falar dessa modulação de vogais.

Aristóteles, Poét., 20, Platão, Crátilo, 399b, Dionísio Trácio, Bekker,II, 629, 27 falam, do acento ôjæw - agudo, pontudo, e baræw - grave, pesado.

Uma sílaba não acentuada se dizia grave, bareÝa; uma sílaba acen-tuada com acento agudo se dizia ôjeÝa - aguda; uma sílaba acentuada como acento circunflexo se dizia, perispvm¡nh, esticada por cima, ou tam-bém dÛtonow, de dois tons, m°sh, média ou ôjubareÝa, tônica-grave.

Havia apenas dois acentos: o acento agudo, em forma de ponta deagulha, � ´ � tñnow ôjæw ou prosÄdÛa ôjeÝa, canto (entonação) agu-do, e tñnow perispÅmenow, acento esticado por cima, envolvente: cir-cunflexo. Esse acento marcaria os dois tons da vogal longa: o primeiro,em elevação (�rsiw) de baixo para cima, inclinado para a direita, e a se-guir o segundo, marcando a posição (y¡siw), descendo em plano inclina-do para a esquerda. Isso daria um �chapéu� que equivale ao nosso acentocircunflexo � ^ �. A seguir passou-se a esticá-lo e arredondá-lo nas extre-midades, para diminuir o ângulo. Hoje, muitas vezes, na pressa e no des-cuido, fazemos um traço que se assemelha ao nosso til. Isso às vezes con-funde o principiante e fá-lo pensar que o grego tem vogais nasais.

Na escrita erasmiana37, que o mundo ocidental segue desde o sé-culo XVI, todas as palavras gregas são acentuadas. E, como os nossos

37 Não há nenhum sinal de acentuação nas inscrições gregas. Nos manuscritos emgeral, o emprego dos sinais de pontuação data das edições de Aristarco da Samotrácia(215-143 a.C.) e de Aristófanes de Bizâncio (257-180 a.C.), que inventou não sóos sinais de acentuação, mas também o espírito e a pontuação. A intenção erasempre diacrítica, isto é, evitar confusão na leitura das palavras e dos textos.

71a acentuação

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72 a acentuação

ouvidos não mais estão preparados para a variação de tonalidade, as síla-bas marcadas por um acento são sílabas tônicas.

Os acentos são:1. Agudo � ´ �, que pode aparecer nas três posições finais de uma palavra

e sobre vogais breves ou longas e ditongos; proparoxítonas (antepenúl-tima sílaba), �nyrvpow, homem; paroxítonas (penúltima sílaba),nñmow, costume, lei, e oxítonas (última sílaba), �gor�, mercado,praça.

2. Circunflexo � ^ �, que pode aparecer nas duas posições finais de umapalavra, mas só sobre vogais longas ou ditongos: properispômenas (pe-núltima sílaba), dÇron, dom, presente, e perispômenas (última síla-ba), ¤n t» �gor�, no mercado.

3. Grave � ` �, que não é um acento propriamente dito; ele é um acentosubstituto: só é usado nas palavras oxítonas, substituindo o acento agudono meio da frase, para marcar seqüência; kalòw kaÜ �gayñw belo e bom.

Os gramáticos antigos chamavam isso de �baritonização da tônicafinal�.

Como já dissemos, os acentos podem combinar com os espíritos:õ �nyrvpow o homem² ìbriw o descomedimento, a desmedida¤n Ú em que

II. Posição do acento:1. Os acentos são usados de conformidade com sua natureza:

� o agudo, por marcar uma só unidade de tempo: pode ser usadosobre uma vogal breve ou sobre uma longa ou ditongo;

� o circunflexo, por se estender sobre dois tons, só pode ser usadosobre uma vogal longa ou um ditongo.

2. A sílaba tônica não pode recuar além do terceiro tempo, a contar dofim da palavra38.

38 Esses �tempos� são unidades tônicas. A vogal da sílaba intermediária nas palavrasde três ou mais sílabas sempre conta um tempo, ou uma unidade tônica, mesmo selonga ou ditongo: �nyrvpow, o homem, ou ¦mpeirow, o continente.

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73a acentuação

3. Para efeito de acentuação, em grego, o que determina a posição datônica (e do acento) é a quantidade da última sílaba:

3.1. se a vogal é longa ou ditongo39, conta dois tempos, ou unidadestônicas40;

3.2. se a vogal é breve, conta um tempo, ou uma unidade tônica;3.3. As sílabas não finais, mesmo longas, contam um tempo para

efeito de acentuação: �nyrvpow.4. Nas formas verbais, segundo os gramáticos, o acento tem uma tendên-

cia regressiva, isto é, tende a fugir da última sílaba.Na verdade, se aceitarmos a idéia de que a tonicidade tem uma re-

lação com a ênfase, essa �tendência regressiva� seria apenas a busca dotema, que é a �base, o núcleo do significado�.5. Nas formas nominais, segundo os gramáticos, o acento permanece, na

medida do possível, na posição do nominativo singular.

Uma observação se faz necessária: essa afirmação de que �as formasnominais mantêm, na medida do possível, a posição (da tônica) do no-minativo singular� é talvez cômoda, mas repousa sobre a idéia do �casoreto�, que já demostramos que não existe. O que existe de fato é que ostemas nominais podem ser oxítonos, paroxítonos ou proparoxítonos.

Por exemplo, SÅkrates - é um tema proparoxítono e se tornaparoxítono em todos os casos, por causa das desinências que recebe, me-nos no vocativo, em que é o próprio tema. No nominativo singular nãorecebe desinência, mas alonga a vogal do tema, deslocando a tônica, e éparoxítono.

Contudo, para efeitos práticos, essa �regra� funciona bem e estáconsagrada pelo uso. O nominativo, por ser o caso da nomeação, da de-nominação, da identidade, passa a ser também o �caso da representação�.Os nomes e adjetivos não são apresentados sob forma temática (sem fun-ção), mas na forma da identificação, isto é, no nominativo. É o que ve-

39 Os ditongos finais -ai / -oi são considerados breves para efeito de acentuação(não na métrica), menos as formas do optativo læsai, eu desligaria, desligasse, po-deria desligar, e nos locativos oàkoi, em casa. Os -i i- do locativo e do optativo sãolongos.

40 Quando usamos a palavra tempo queremos dizer �unidade tônica�.

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mos nos dicionários e gramáticas. O acompanhamento do genitivo, jádissemos, é mero recurso didático-formalista, para que o leitor enquadreo nome na �declinação� a que o nome pertence.

Neste trabalho nós não seguimos essa regra; nós trabalhamos aflexão nominal e verbal a partir do tema.

No nosso vocabulário, contudo, submetemo-nos à tradição, que éirreversível.41

Como o nosso trabalho tem um objetivo mais prático, didático,pedagógico, vamos tratar desse assunto em outra ocasião.

Vamos adotar então a afirmação de que os nomes (substantivos,adjetivos, dêiticos) mantêm, na medida do possível, a tônica na posiçãodo nominativo singular.

Portanto, o avanço ou o recuo do acento, quer nas formas nomi-nais, quer nas formas verbais, depende da variação de quantidade da últi-ma sílaba.

Assim: õ �nyrvpow o homem, o ser humanonom.s. õ �nyrvpow nom. e voc.pl. �nyrvpoivoc.s. Î �nyrvpeacus.s. tòn �nyrvpon acus.pl. toçw �nyrÅpouwgen.s. toè �nyrÅpou gen.pl. tÇn �nyrÅpvndat.loc.instr.s tÒ �nyrÅpÄ dat.loc.instr.pl. toÝw �nyrÅpoiw.

O acento circunflexo, por marcar sílaba longa ou ditongo, isto é,duas unidades tônicas, não pode ser usado em penúltima sílaba em umapalavra em que a final é longa, porque marcaria uma quarta unidade tôni-ca, que não existe,

Assim: tñ dÇron: o dom, o presentenom.voc.acus.sing. tò dÇrongen.sing. toè dÅroudat.loc.instr.sing. tÒ dÅrÄnom.voc.acus.pl. t� dÇragen.pl. tÇn dÅrvndat.loc.instr.pl. toÝw dÅroiw

41 Pretendemos no vocabulario registrar o tema T, depois da entrada dos nomes nonominativo e genitivo.

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Para efeito de marcação e leitura, diremos que toda sílaba acentu-ada é tônica e inversamente toda sílaba tônica é acentuada. Toda pala-vra grega é acentuada (salvo algumas palavras átonas � enclíticas ou pro-clíticas � em determinadas posições).

Quanto à posição do acento, as palavras gregas são:� oxítonas, se levam o acento agudo na última sílaba;� paroxítonas, se levam o acento agudo na penúltima sílaba;� proparoxítonas, se levam o acento agudo na antepenúltima sílaba;� perispômenas, se levam o acento circunflexo na última sílaba;� properispômenas, se levam o acento circunflexo na penúltima sílaba.

Regras práticas (resumo):

1. Toda a acentuação grega se baseia no princípio dos três tempos, isto é,cada terceiro tempo deve ser acentuado; (corresponderia mais ou me-nos ao que nós temos em português: o último acento é o da proparo-xítona; não há nada além dele).

2. O que comanda a posição e a natureza do acento é a quantidade daúltima sílaba.

3. Para efeito de acentuação, a última sílaba conta um tempo, se é breve, edois tempos, se é longa. A natureza da penúltima sílaba nos trissílabos,para efeito de acentuação, não é levada em conta; vale sempre um tempo.

4. A sílaba tônica nunca recua mais do que três tempos da final.5. Os ditongos são naturalmente longos; excluem-se os ditongos -ai/oi

em posição final absoluta, isto é, não seguidos de -w. Isto acontece nosnomes em -o, a, h, por analogia com o nominativo singular, sobretu-do nos proparoxítonos e properispômenos.42

42 Menos no locativo oàkoi porque o -i- do locativo é longo e na terceira pessoa dosingular do optativo aoristo læsai, porque o -i-, marca do optativo, é longo.

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As enclíticas

O que são as palavras enclíticas? São as palavras �encostadas�, �dei-tadas em, apoiadas em�, isto é, palavras que, desprovidas de tonicidadeprópria, na prosÄdÛa canto da frase, precisam se �encostar� na palavraprecedente, anterior, para formar uma unidade tônica, prosódica.

Por serem �en-clíticas�, isto é, �encostadas em�, elas não podemcomeçar uma frase.

São enclíticas:1. as formas flexionadas do pronome da 1a e da 2a pessoa do singular:

mou / sou de mim / de timoi / soi me, a mim / te, a time / se me / te

2. Os indefinidos correspondentes aos advérbios interrogativos de lugare tempo e aos dêiticos interrogativos de identidade, qualidade, quan-tidade/dimensão, idade:tÛw; quem? tiw alguém, algum,poÝow; de que qualidade? poiow* de alguma/certa qualidadepñsow; de que dimensão? posow de alguma/certa dimensãopñsoi; quantos? posoi uma certa quantidadephlÛkow; de que idade phlikow de certa/alguma idadepñterow; quem dos dois? poterow algum dos doispoè; / poyÛ; onde? pou/poyi em algum lugar, de algum modopñyen; de onde? poyen de algum lugarpoÝ; para onde? poi para algum lugarp»; por que meio? como? pú por algum meio, de algum modopÇw; como? pvw/pv de algum modo, de alguma maneirapñte; quando? pote um dia, certa vez

3. As partículas:ge, yen, nu(n), per, te, toi

* As palavras enclíticas de duas sílabas fazem recair a tonicidade sobre a última síla-ba; assim, mesmo não acentuadas, elas se pronunciam como oxítonas:tinñw, poiñw, posñw, posoÛ.

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4. As formas verbais de e�nai (ser), e fãnai (falar), do presente do indi-cativo, menos a 2a pessoa do singular.

eÞmi, eä, ¤sti(n), ¤smen, ¤ste, eÞsi(n)fhmi, f»w, fhsi(n), famen, fate, fasi(n)

Acentuação das enclíticas

Na medida em que uma enclítica é uma �encostada em�, �apoiadaem�, na palavra anterior, ela passa a fazer corpo inteiro com ela, para efeitode prosódia e de acentuação.43

Por isso:1. Depois de uma oxítona ou perispômena a enclítica não se acentua:

�n®r tiw um certo homem�gayñw ¤stin é bom�ndrÇn tinvn de alguns homens

Não há baritonização da oxítona (acento grave) porque ela passa afazer parte de uma unidade prosódica, e fica numa posição interna e ostrês tempos são respeitados.2. Depois de uma paroxítona, a enclítica de duas sílabas é acentuada na

final, para evitar que haja três sílabas seguidas átonas;lñgou tinñw, de um (certo) discursolñgvn tinÇn de uns certos discursosfÛloi eÞsÛn são amigos

Mas, se a enclítica for monossilábica ela fica sem acento; porque aunidade prosódica é normal (três sílabas = três unidades):

lñgow tiw um certo discurso (como se fosse uma proparoxítona)3. Depois de uma proparoxítona ou properispômena, a enclítica obriga a

proparoxítona e properispômena a ter um acento agudo de apoio emposição de oxítona, para restabelecer uma unidade prosódica normal,evitando a seqüência de três sílabas átonas.

�nyrvpñw tiw um certo homem (nom.)�nyrvpñn tina um certo homem (acus.)dÇrñn ti um certo presentedÇr� tina alguns (certos) presentes

43 Nada mais é do que a lei dos três tempos, isto é, das três unidades tônicas, porquea enclítica faz uma unidade prosódica com a palavra anterior.

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As proclíticas

As proclíticas são palavras monossilábicas (em geral partículas) quese apóiam na palavra seguinte, na frente, formando com ela uma unidadeprosódica.

São as seguintes:1. Os artigos masculino e feminino no singular e no plural:

õ / oß - ² / aß2. As preposições: ¤n - em, eÞw/¤w - para, ¤k/¤j - de3. As conjunções: eÞ - se, Éw - para, como4. A negação: oé / oék / oéx

A pontuação

Os antigos não usavam sinais de pontuação; as partículas, herançaviva da língua oral, serviam para marcar as divisões e a entonação do discurso.

O uso da pontuação se desenvolveu muito tardiamente, com a in-trodução da escrita minúscula.

Os textos gregos editados a partir do sécula XV são pontuados deconformidade com as regras e os hábitos da língua do editor (francês,inglês, italiano, alemão, holandês).

Não há regras gregas de pontuação.Os sinais de pontuação usados na escrita erasmiana são os seguin-

tes, fazendo equivalência com o português:1. Ponto final � . � = igual ao português;2. vírgula � , � = igual ao português;3. ponto alto � : " em grego = ; ponto e vírgula em português;4. ponto alto � : " em grego = : dois pontos em português;5. ponto e vírgula � ; � em grego = ? ponto de interrogação em português;6. ponto e vírgula � ; � em grego = ! ponto de exclamação em português.

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Flexão nominal

Não é nosso objetivo discutir aqui as diversas teorias lingüísticassobre a flexão nominal e verbal. Há muitas delas, todas respeitáveis, in-teressantes, importantes mesmo. Mas fazem parte das teorias sobre a ori-gem da linguagem; não cabem num trabalho que quer ser especialmenteprático e objetivo.

Nossa intenção é oferecer os meios mais rápidos e racionais deaprender a língua grega.

Nos mais de trinta anos de magistério, sempre tentando trazer àsala de aula um clima de aprendizado e não de magistério, colocando-nosao lado do aluno, sentindo o lado de lá, fomos tentando encontrar cami-nhos. Mas todos eram barrados pelo esquema tradicional, descritivista eprescritivista da gramática do grego.

E o mesmo esquema descritivista está na gramática do latim, pri-meiramente herdeira da grega, cujo modelo era a gramática alexandrinade que o exemplo mais conhecido é a Gramática de Dioníso Trácio, e, aseguir, sobretudo a partir da divisão do Império Romano, com a domi-nação do latim como língua única no Ocidente. Com a queda do Impé-rio Romano no séc. V, a Igreja Romana recebeu a herança e durante 10séculos dominou todo o cenário cultural do Ocidente. O latim passou aser a língua da Igreja e da administração e o acesso à cultura se fez porintermédio do latim, que se aprendia em manuais e gramáticas que ti-nham como modelo a Gramática de Donato, que também é descritiva eprescritiva. Essa tradição se manteve em todo o Ocidente até nossos dias.

Mas, nos dias de hoje, o acesso ao latim e sobretudo ao grego nãose faz mais aos 10 ou 11 anos de idade, que era a idade do ingresso emum Seminário ou Colégio. O método era basicamente o mesmo e a dis-ciplina e a palmatória enquadravam os mais rebeldes. O seminarista leva-va uma �vantagem�: ele ouvia latim o dia todo, quer durante a missa querno canto gregoriano quer na sala de aula. No fim de sete anos, até osmenos dotados acabavam aprendendo latim, por �osmose�.

Nossa experiência se fez com ingressantes na Universidade, e de-pois com pós-graduandos e profissionais, sem que tivessem a menor idéiado que sejam casos e declinações, ou com pessoas mais maduras até de

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mais de 80 anos: matemáticos, historiadores, lingüistas, médicos, advo-gados e outros que querem ler no original os textos básicos do seu cam-po do saber.

Aos poucos, então, foi surgindo este método, que tem como ca-racterística principal encontrar a razão das coisas; enfrentar a língua gre-ga na sua organicidade e funcionalidade.

Costuma-se dizer que as línguas clássicas indo-européias (sânscrito,grego, latim, chamadas línguas mortas) e algumas modernas, como aslínguas eslavas, são línguas sintéticas, por trazerem no corpo da palavra,embutidas ou agregadas, certas modificações formais que refletem modi-ficações semânticas, sobretudo no que diz respeito às relações sintáticas,isto é, suas funções dentro do enunciado.

Por outro lado, as línguas modernas, derivadas das antigas, sãochamadas analíticas, por sofrerem poucas e pequenas modificações for-mais e porque exprimem as relações sintáticas, quer pelo uso de preposi-ções quer pela própria ordem das palavras na frase, na qual a anterior do-mina, �rege�, a seguinte; isto na relação dos nomes entre si � comple-mentos nominais ou adjuntos adnominais, na relação entre nomes everbos �, sujeito agente/paciente, objeto direto/indireto, nas relaçõesadverbiais marcadas por preposições ou advérbios.

Nas relações nominais, o determinado vem sempre antes do deter-minante: método de grego, agradável ao ouvido. Esse é um traço comumnas línguas latinas; nas línguas germânicas, mesmo nas que não têm de-clinação, o determinado pode vir depois do determinante, sobretudo nasrelações de partitivo, posse, origem etc.

Nas relações entre verbo e nome, a ordem analítica prevalece: osujeito vem antes do verbo e o objeto vem depois do verbo, quer na rela-ção de objeto direto, quer nas relações com a ajuda de preposições; eucomprei um livro ou eu gosto de ler ou eu andei pela cidade.

Assim, O homem persegue o lobo e O lobo persegue o homem sãofrases rigorosamente iguais quanto aos componentes, mas completamen-te distintas quanto à mensagem. Na primeira, o homem é sujeito, porqueé o assunto da frase, porque é aquilo de que se fala (sujeito lógico) e ésujeito gramatical, porque é sujeito lógico1 e porque pratica (sujeito agen-

1 Um dos fundamentos deste tabalho é exatamente a visão concreta, objetiva, lógi-ca, coerente dos fatos da língua. O próprio termo sujeito < subjectum < êpokeÛmenon

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te, voz ativa) a ação de perseguir, que se completa no lobo (termo da açãoverbal), chamado objeto direto.

Na segunda frase, acontece exatamente o contrário; as funções seinvertem: o que o lobo era na primeira frase, objeto direto, por vir depoisdo verbo transitivo perseguir e por completar-lhe o sentido, passa a ter afunção de homem, que na primeira era sujeito e estava antes do verbo eagora é objeto direto, por estar depois de perseguir e por completar-lhe osentido. Nas línguas analíticas, como o português, as funções de sujeitoe objeto direto são identificadas pelas posições respectivamente antes oudepois do verbo; daí a necessidade da análise lógica para se entrar nosignificado das frases. No grego, essas duas frases podem ser expressasmantendo-se as palavras (sujeito, verbo e objeto direto) na mesma posi-ção. O que vai mudar são as desinências. Assim nas frases �O lèko-wdiÅkei tò-n �nyrvpo-n e Tò-n lèko-n diÅkei õ �nyrvpo-w, asposições de lèko-w / lèko-n e �nyrvpo-w / �nyrvpo-n são as mes-mas, mas as funções, caracterizadas pelas desinências -w/-n, são diferentes.

Nessas duas frases, com dois nomes de tema em -o, �nyrvpo- eluko-, a desinência -w do nominativo identifica o sujeito õ lèkow, naprimeira, e õ �nyrvpow, na segunda; e a desinência -n do acusativoidentifica o objeto direto �nyrvpon, na primeira e lèkon, na segunda.Entre os sujeitos-nominativo lèkow e �nyrvpow e os objetos diretos-acusativo lèkon e �nyrvpon está o verbo diÅkei, terceira pessoa dosingular do presente do indicativo da voz ativa de diÅkv, eu persigo. Aoperguntarmos ao verbo quem persegue?, obteremos a resposta õ lèkow /õ �nyrvpow, isto é, no nominativo, porque o nominativo é o caso danomeação, da denominação, da identificação, daquilo de que se trata: õlèkow diÅkei, o lobo persegue e õ �nyrvpow diÅkei, o homem persegue.

Temos agora dois elementos essenciais do enunciado: o sujeito eo verbo, sujeito e predicado: aquilo de que se diz alguma coisa ou aquiloque diz alguma coisa daquilo de que se diz alguma coisa. Mas imediata-mente constatamos que um dos elementos está incompleto: õ lèkowdiÅkei / õ �nyrvpow diÅkei �o lobo persegue / o homem persegue�,

é um conceito concreto: �o que está disposto embaixo, disposto sob os olhos, o que estána mesa, submetido a exame�. É aquilo de que se trata. Essa aplicação do conceitode sujeito lógico para sujeito gramatical começou com os estóicos e se desenvolveuno período alexandrino.

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mas persegue quem?, persegue o quê? isto é, em quem ou em quê o atode perseguir, desencadeado respectivamente pelos sujeito-agente-nomi-nativo lobo - õ lèkow - e pelo sujeito-agente-nominativo homem - õ�nyrvpow - se completa? A resposta é tòn �nyrvpon / tòn lèkon,isto é, o complemento, o termo do ato verbal, o complemento-objetodireto de perseguir vai para o acusativo. E a gramática portuguesa chamaessa relação de objeto direto, porque não há entre ele e o verbo que elecompleta nenhum elemento intermediário (preposição). A supressão dapalavra complemento da nomenclatura da gramática portuguesa empobre-ceu-lhe o significado; nós preferimos manter a denominação complemen-to objeto direto e complemento objeto indireto.2

Essas duas frases, em grego, podem ser expressas de várias maneiras:�O lèkow diÅkei tòn �nyrvpon.Tòn �nyrvpon diÅkei õ lèkow.Tòn �nyrvpon õ lèkow diÅkei.DiÅkei tòn �nyrvpon õ lèkow.DiÅkei õ lèkow tòn �nyrvpon.�O lèkow tòn �nyrvpon diÅkei.Em todas essas variantes o significado do enunciado é o mesmo: o

lobo persegue o homem.O que pode variar aí é apenas a ênfase que o enunciante queira dar

a essa ou aquela palavra. É uma questão de estilo. Mas essa liberdade temseus limites que são: a lógica e o significado do enunciado. Por exemplo:nós podemos ver que em nenhuma das variantes os artigos se separaramdos nomes. O verbo não se coloca entre o artigo e o nome, porque oartigo é um adjunto adnominal e por isso deve ficar colado ao nome.

Por isso, a afirmação de que no grego e no latim a posição das pa-lavras é livre é um exagero. Não é bem assim. Cada língua tem o seucaráter, o seu ritmo de elocução, a sua modulação, a sua prosódia, sobre-tudo na expressão oral (as literaturas grega e latina, sobretudo a grega,são basicamente orais); há sempre a intenção, a necessidade de comuni-car, de enfatizar esta ou aquela palavra, e a posição das palavras na frase éum dos recursos da expressão.

2 Veremos, contudo, que as expressões �objeto direto, objeto indireto� em nada aju-dam a compreensão do discurso. São meramente descritivas, formalistas.

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Casos e funções

Pelo exposto, concluímos que, enquanto as línguas analíticas ex-primem as relações sintáticas basicamente pela ordem das palavras na frasee pelas preposições, o grego as exprime pelos casos.

A gramática tradicional afirma que o sânscrito tem 8 casos, o gre-go tem 5 e o latim tem 6.

É uma visão meramente descritivista. A primeira impressão que oaluno tem é que o número de casos é diretamente proporcional à com-plexidade das estruturas da língua estudada, o que daria, em escala de-crescente, o sânscrito, o latim e o grego. É um erro. Nossa experiênciamostra que a complexidade dessas línguas se manifesta ao estudioso nãona quantidade de casos, mas na falta de clareza de definição do que é umcaso. Os casos correspondem a funções; o enunciante associa os dois demaneira concreta, numa relação estreita entre significante e significado;ele pensa na função e depois no caso, isto é, na forma. E, se algumasformas � morfemas, desinências � exprimem mais de uma função, elenão se espanta porque em sua língua há inúmeras formas e sons conver-gentes, mas os elementos denotativos, circunstanciais, contribuem paraa compreensão do enunciado.

Assim, em grego, as relações de dativo, de instrumental e de loca-tivo são expressas pela desinência -i, e o falante grego, como os falantesdas línguas modernas, como as eslavas, não tem dificuldade em entendere se fazer entender, mesmo no plano da oralidade.

Mas os gramáticos, querendo classificar, organizar e ordenar os fa-tos da língua, por causa da desinência -i que eles viram primeiramenteno dativo (caso epistolar ou da atribuição), catalogaram junto com o dativoduas outras relações completamente distintas: o instrumental e o locativoe criaram essas �pérolas semânticas� dativo-instrumental e dativo-locativo.Essas expressões são contraditórias nos seus próprios termos e passam aidéia da arbitrariedade da nomenclatura gramatical, em que não existirianenhuma relação de significante-significado.

Mas o aluno brasileiro, e também o de todas as línguas ocidentais,está disposto a engolir mais essa definição gramatical. Aliás, ele está acos-tumado a receber obedientemente, passivamente, como dogmas, tudo oque dizem as gramáticas, e no seu subconsciente está registrado que nãose deve querer entender a gramática: ela se deve aprender e pronto. Há

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84 flexão nominal: casos e funções

sempre uma �autoridade� que não convém contestar. Por isso, nunca lhepassou pela cabeça que há uma relação de significante e significado emtudo o que dizemos. Voltaremos ao assunto na explicação dos casos.

O que é caso? Vem do latim casus: �queda, quebra�, do verbo cadere,�cair�. Mas toda a nomenclatura gramatical latina, e conseqüentementea portuguesa, é uma tradução, um decalque da nomenclatura grega, quese encontra na Gramática de Dionísio da Trácia (séc. II-I a.C.).

A palavra ptÇsiw, casus, �queda, quebra�, já foi empregada porAristóteles nas Categorias, I, 10, quando quer caracterizar a substituiçãosufixal dos derivados. É uma visão plástica da palavra, em que se vê umaparte fixa, invariável (tema) e uma parte final �quebradiça�, que se subs-titui em cascata declinante. Daí o nome klÛsiw - declinatio - declina-ção que se deu à sucessão dos diversos casos. A imagem que se queriapassar era a de um ponto fixo: caso reto, e casos oblíquos, descendentesdele. Essa denominação de caso reto ôry¯ ptÇsiw foi pensada pelosestóicos, talvez por associarem o sujeito agente com a voz ativa que elesdenominam ôry® �ereta, vertical�, por oposição à voz passiva êptÛa �der-rubada, deitada, supina�.3 Há ainda outras explicações para isso, todasmuito imaginativas. Cremos que o nominativo foi visto como caso retoporque é a relação direta da �identificação�, daí da �nomeação�, da �deno-minação� daquilo de que se fala; é a relação primeira, direta, entre o sig-nificado e o significante.4

Como as palavras caso, flexão, declinação vêm do latim, também osnomes dos casos têm a mesma origem: do grego, pelo latim. São umatradução linear, literal do grego, com um cuidado muito grande de nãodissociar o significado do significante.

Esses nomes não são meramente funcionais; eles significam, elesdefinem as relações, isto é, as funções das palavras na frase.

3 A posição ereta é a posição do sujeito agente e a deitada, supina, passiva é a posiçãodo sujeito paciente. A posição ôry® é a posição do sujeito.

4 Convém notar, contudo, que a gramática de Dionísio Trácio já é descritivista, so-bretudo na denominação dos modos verbais. E foi assim que os latinos a recebe-ram e passaram para nós.

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85flexão nominal: casos e funções

Uma vez criado o termo em grego e traduzido para o latim, defi-nindo quase sempre de uma maneira concreta e clara as relações e fatosgramaticais, o seu uso se generalizou.

Mas, aos poucos, perdeu-se o vínculo com o grego e também como significado etimológico, denotativo. A rotina do ensino gramatical es-vaziou essas palavras de seu sentido, tornando-as termos absolutos, re-presentando apenas uma série de regras, transformando o estudo da lín-gua em mero exercício formal, calcado na memorização e na submissão aparadigmas, que eram apresentados fechados, prontos. Ao aluno cabiaapenas aprendê-los de cor e não discuti-los e nem entendê-los.

Cremos que há uma outra maneira de abordá-los. As palavras sãoidentificáveis semanticamente pelo tema e funcionalmente pela flexão (ca-so-desinência). É o que vamos tentar.

O tema

Mas, o que é tema? Todas as gramáticas gregas falam de declinaçãoatemática ou temática, de aoristo temático e atemático etc. Não vamos en-trar em discussão com as várias interpretações lingüísticas da palavra tema.Vamos tentar entendê-la no seu significado etimológico, denotativo, evamos ver sua funcionalidade no sistema de flexão da língua grega.

A palavra tema vem da raiz the, yh do verbo tÛ-yh-mi, eu coloco,em ponho, mais o sufixo -ma, que é o resultado da ação. Significa, então:o que está colocado, posto diante de.

É assim que entendem, por exemplo, Quintiliano, IV, 2, 28 (temaou raiz de uma palavra) e Apolônio Díscolo, Sintaxe, 53, 4 (a palavra queserve para formar uma outra, como �mfv para �mfñterow. Aqui eleentende tema como base para um sufixo gramatical -terow, a, on queacrescenta uma idéia de comparação ao significado constante do tema.

Poderíamos chamar os sufixos de derivacionais semânticos, isto é,que ampliam, diminuem ou modificam o significado. Já Aristóteles emCategorias, I, 10, registra as ptÅseiw em grammatikñw/grammatik®,�ndreÝow/�ndreÛa.

As ptÅseiw derivacionais, chamadas sufixos, se dividem em:

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a) sufixo nominal alterando o significado:deil-ñw - covarde² deil-Ûa - a covardia (a qualidade do covarde)

b) sufixo nominal alterando o gênero:p�nt-w > p�w - todopant-ya > p�sa - toda

c) sufixo nominal alterando o grau:sofñw - sábiosof-Återow - mais sábiosof-Åtatow - o mais sábio

d) sufixo verbal alterando o aspecto:� de tema verbal puro: - prag - fazer, agirtema do infectum(inacabado): prag-yv > prattv - eu faço, eu ajo.� de tema nominal: - onomat - nomeverbo denominativo: ônomat-yv > ônom�zv - eu nomeio, denomino.

Na flexão nominal e verbal (declinação e conjugação) acontece amesma coisa: sobre um tema, acrescentam-se as várias desinências oumorfemas que dão ao significado-base a idéia de função na flexão dossubstantivos, adjetivos e pronomes, e pessoa, voz, modo, aspecto na fle-xão dos verbos. Isso quanto aos sufixos gramaticais.

Essas ptÅseiw da flexão são chamadas casos (desinências/morfe-mas) para os substantivos, adjetivos e pronomes e desinências (morfe-mas), para os verbos. Mas todas se acrescentam ao tema, que é a partefixa, sem quebra, tanto dos verbos quanto dos substantivos, adjetivos oupronomes.

Esse acréscimo, contudo, se faz respeitando-se as leis da fonéticade cada língua (o grego no nosso caso):� nos casos de desinências vocálicas acrescentadas a temas em vogal, há o

recurso da elisão ou contração (crase);� nos casos de desinências consonânticas (as verbais),

� quando acrescentadas a temas vocálicos, há a combinação naturalfazendo sílaba normalmente;

� quando acrescentadas a temas consonânticos servem-se de umavogal de apoio ou de ligação.

Aliás, a denominação de declinação ou conjugação �temática� ou�atemática� da gramática tradicional é imprópria. Ela surgiu provavel-

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mente da confusão que se estabeleceu entre vogal temática e vogal deapoio ou de ligação. Uma coisa é a vogal temática, isto é, que faz parte dotema, sobre o qual se acrescentam as desinências, como em logo-w otema é vocálico porque termina em -o, mas em læ-o-men temos três par-tes: o tema lu-, a desinência da primeira pessoa do plural da voz ativa doindicativo presente -men, e a vogal de ligação -o-.

A vogal de ligação não faz parte necessariamente das desinências;ela não é um morfema. Sua função é fonética; ela só aparece quando ne-cessária, para evitar conflitos fonéticos indesejáveis entre consoantes5. Elanunca aparece entre vogais por desnecessária, mas às vezes permanece aolado de semivogais, como vimos em læ-o-men. É que, para todo o siste-ma do infectum dos verbos em -v cujos temas são quase todos conso-nânticos, a língua criou essa vogal de ligação o / e para evitar o conflitoentre a consoante final do tema e as consoantes das desinências. A per-manência da vogal de ligação nos verbos de tema em semivogal indicaque, nesses casos, a �semivogal� é sentida como �semiconsoante� e, aolado da vogal desinencial ou de ligação, ela é mais �con-soante�6; aliás onúmero de verbos de tema em semivogal é reduzido.

E quando a língua, a partir de temas nominais terminados em vo-gal, criou verbos com o sufixo -j- como filej-, nikaj-, dhloj-, que setornaram temas do infectum e evoluíram para fil¡v > filÇ, tim�v >timÇ, dhlñv > dhlÇ.

Na flexão de todo o sistema do infectum, esse j também foi sentidocomo consoante, por isso recebe a desinência -v- na 1a pessoa e sofreusíncope em posição intervocálica entre a vogal temática e a vogal deligação.

5 Quem determina a presença ou não da vogal de ligação é o consciente lingüístico,que vigia sobretudo o significado. Quando uma acomodação entre consoantesdescaracteriza o significado, torna-se necessária a vogal de ligação. Veremos issomuitas vezes no correr deste trabalho.

6 Aliás, a seqüência fonética �i/u + mi� é extremamente incômoda; a acomodaçãocom o -v é bem mais fácil e natural. É por isso também que os verbos que têmum sufixo -numi / -nnumi no infectum têm uma variante em �æv�, como deÛknumi/ deiknæv.

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A síncope desse j provocou o surgimento do hiato que o dialetoático reduziu pela contração. As gramáticas chamam esses verbos de �con-tratos�, mas, na verdade, eles só são �contratos�, isto é, têm formas con-tratas apenas no sistema do infectum, �inacabado�, por causa da síncopedesse j, formador do tema do infectum. Nos outros temas (aoristo/futuroe perfeito) a vogal temática é alongada.

Os casos: definições

NOMINATIVO: �Onomastik¯ ptÇsiw (önoma - ônom�zv). Nomina-tiuus casus (nomen - nominare) - nome-nomear, nominativo.

É o �caso� da denominação, da nomeação, da identidade, da identi-ficação. É o caso do nome como ele é, na sua expressão referencial. É ode que se fala; é o assunto, o sujeito lógico, e daí sujeito gramatical: tòêpokeÛmenon - subjectum - o que jaz em baixo, o que está disposto embaixo.

O nominativo é então o caso do sujeito e das relações secundáriasdo sujeito, isto é, da expansão do sujeito nas relações adjetivas,

� quer na idéia de colagem, em que a noção adjetiva faz um todocom o nome: o cavalo branco, isto é, o epíteto, o adjunto adnominal,

� quer na relação de atribuição, isto é, uma idéia de qualidade ouestado atribuída, aplicada, em função de atributo; mas, nesse caso,não há idéia de colagem; daí a necessidade do verbo de ligação.Em grego, aliás, sobretudo até a época clássica, não se usa o ver-bo de ligação nas relações ditas predicativas: õ �nyrvpowpolitikòn zÒon - o homem (é) um ser (vivente) da pólis (urbano- político).

Essa idéia de atribuição pode ser percebida também nasaposições: õ lñgow, m¡gistow tærannow - A palavra (discurso/razão), o maior senhor ou õ lñgow m¡gistow tærannow - Apalavra é o maior senhor.

A proximidade conceitual e semântica entre um predicativo e oaposto faz com que, com freqüência, não seja fácil estabelecer distinçãoentre um e outro. Só o contexto resolverá o problema. Torna-se umaquestão conotativa.

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A identificação e o emprego do nominativo são de fundamentalimportância para a compreensão do enunciado, porque se trata do sujei-to, isto é, do assunto. As relações secundárias do sujeito (adjuntoadnominal, predicativo, aposto) complementam essa identificação.

O emprego do nominativo é pouco complexo, mas às vezessurpreende.

Contudo, o nominativo não identifica apenas o sujeito lógico,conceitual, sintático, gramatical do enunciado: o amigo é fiel, õ fÛlowpistñw / pistòw õ fÛlow. Por ser o caso da identificação, da denomi-nação, ele é empregado naturalmente também em sintagmas, em cita-ções, em enumerações, como: os amigos fiéis: oß pistoÜ fÛloi.

Nos exemplos a seguir, vamos registrar alguns desses empregos:1. Em títulos de obras, inscrições, relações, listas:

Nef¡lai - As Nuvens (de Aristófanes)Sf°kew - As Vespas (de Aristófanes)t�de par¡dosan:... st¡fanow... fi�lai...

Eles ofereceram estas coisas: diadema... taçasKallistÆ NikofÛlou

Cálisto, filha de Nicófilo (inscrição tumular)

2. Em citações e predicação:�n¯r genñmenow proseÛlhfe t¯n tÇn ponhrÇn koin¯n

¤pvnumÛan sukof�nthw - tendo-se tornado homem, ele adotou adenominacão comum dos malfeitores: �sicofanta�

toçw ¦xontaw tòn shmnòn önoma toèto tò kalñw tek�gayñw - os que têm o nome respeitável de �belo e bom�mèw kaÜ gal° m¡lleiw l¡gein; - �ratinho e doninha� queres dizer?�ll� ´de m¡ntoi m¯ l¡ge - Mas, então, não digas �esta�

3. Nas enumerações:T� d¢ t°w pñlevw oÞkodom®mata... toiaèta [÷ra] propæ-laia... stoaÛ... Peiraieæw... (Dem., 23, 207)[olha] as edificações da cidade tais como: os propileus... os pórti-cos... o Pireu...tÛyhmi dæo... poihtik°w eàdh: yeÛa m¢n kaÛ �nyrvpÛnh...[t¡xnai]Eu coloco duas formas de arte poética: a divina e a humana

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�llouw d�õ... NeÝlow ¦pemcen: Sousisk�nhw, PhgastagÆnAÞguptogen®w, ÷ te t°w ßer�w M¡mfidow �rxvn... (Ésq.,Pers., 33)Nilo enviou ainda outros: Susískanes, Pegastágon da estirpe de Egi-to, e o governante da sagrada Mênfis...

4. Predicativo de indefinido:n°sow dendr®essa, ye� d� ¤n dÅmata naÛeiuma ilha coberta de árvores, uma deusa dentro tem habitação.

5. Em posição de anacoluto:Oß fÛloi... tÛ f®somen aétoçw eänai;Os amigos... o que diremos serem eles?

Às vezes confundindo-se, aparentemente, com o vocativo:�V t�law ¤gÅ;Infeliz que eu sou!Dæsmorow;Coitado! [tu és]Sx¡tliow;Infeliz! [tu és]�O paÝw, �koloæyei deèro;Tu, o escravo, acompanha aqui!�V fÛlow;ó, amigo! [tu, o amigo!]FÛlow, Î Men¡lae;Amigo, ó Menelau!dialegñmenow aétÒ ¦doj¡ moi... (Platão, Apol., 21c)conversando com ele, pareceu-me...Ferr¡fatta d¡, polloÜ m¢n kaÜ toèto foboèntai tñ öno-ma (Platão, Crát., 412c)Ferréfatta, muitos temem esse nome.Prñjenow d¢ kaÜ M¡nvn... p¡mcate aétoçw deèro (Xen., An.,2, 5, 37)O Proxeno e Mênon... enviai-os para cá.

Em geral todos esses empregos do nominativo próximos do vocativosão demonstrativos, afirmativos.

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6. É também o que acontece nas interpelações, em que se aponta com odedo o objeto do chamado. Nas exclamações, o nominativo caracteri-za, o vocativo se dirige, chama, o acusativo enche o objeto de emoção e ogenitivo dá a fonte da esfera da emoção.

Nesses casos, muitas vezes o emprego do nominativo se confundecom o do vocativo :

Oðtow, s¡ kalÇ;Tu aí, é a ti que estou chamando!

�V oðtow, oðtow, OÞdÛpouw;Ei, tu, tu aí, o Édipo!

�nyrvpow ßerñw;santo homem! (é um santo homem)

l°row;bobagem!

Î mÇrow;que bobo!

Î d¡spot� �naj... lamprñw t� aÞy®r; (Aristóf., Nuvens, 1168)ó senhor patrão! e brilhante éter!

7. Em aposição a um vocativo ou em lugar dele:õ paÝw, �koloæyei deèro (Aristóf., Rãs, 521)Tu, o escravo, vem para cá!

�V Falhreæw, ¦fh, oðtow �Apollñdvrow, oé perimeneÝw;(Platão, Banq., 172a)Ó o de Falera, tu (esse) aí, Apolodoro! não vais esperar?

Prñjene kaÜ oß �lloi oß parñntew �Ellhnew, oék àste ÷ tipoieÝte; (Xen., An., 1, 5, 16)Proxeno (embaixador), e vós os outros gregos presentes, não sabeis oque estais fazendo?

sæ d�, ¦fh, õ tÇn �UrkanÛvn �rxvn, êpñmeinon (Xen., An.,4, 5, 22)E tu, disse ele, o comandante dos Hircânios, espera!

àyi m¢n oïn sæ, ¦fh, õ presbætatow, kaÜ ÞÆn taèta l¡ge(Xen., An., 4, 5, 17)Vai tu, então, o mais velho, e indo, dize [diz] essas coisas

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kaÜ p�ntew d¢ oß parñntew kaÜ oß �pñntew fÛloi, xaÛrete;(Xen., An., 8, 7, 28)E todos vós, os amigos presentes e ausentes, salve!

8. O sujeito de um verbo finito, na voz ativa, média ou passiva, está sem-pre no nominativo.

Kñnvn... ¤nÛkhsenKónon... obteve a vitória.

Na voz passiva o predicativo do sujeito vai para o nominativo. Em por-tuguês costuma-se uni-lo ao sujeito por uma preposição como, por, de.

�O Kèrow ¼r¡yh basileæwCiro foi eleito rei.

Al¡jandrow Ènom�zeto yeñwAlexandre era chamado [de] deus.

Há também quem afirme que o nominativo não é um caso, talvezpor influência do registro tradicional dos nomes, no nominativo e genitivoe dos adjetivos no nominativo nos dicionários e nas gramáticas. A formado nominativo seria a forma-referência, e o genitivo enquadraria o nomenos diversos paradigmas (declinações).

Não concordamos.O nominativo é um caso porque tem desinência7, e por isso tem

uma função. Essa confusão entre nominativo, caso-referência, identifican-do-o com o tema dos nomes, dá origem à maior parte das dificuldades queos alunos têm para aprender a flexão dos nomes em grego e em latim.

Contudo, os dicionários e as gramáticas estão aí. Vamos respeitá-los, embora não concordando.

A desinência básica do nominativo dos seres animados (masc. efem.) é -w. Ela está:� nos nomes masculinos e femininos de temas em consoante e semivogal

(a III declinação),� nos nomes masculinos e femininos de tema em -o,� nos nomes masculinos de tema em -a / -h.

7 A apresentação clássica dos nomes, quer nas gramáticas, quer na entrada dos dicio-nários se faz pelo nominativo e genitivo. O genitivo identifica a declinação a que a

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Os nomes de tema em soante ou líqüida substituem o -w pelo alon-gamento da vogal temática.

Os femininos de tema em -a / -h não têm desinência no nomi-nativo, e os neutros, por serem inanimados, sem identidade própria, têmdesinência zero no nominativo.

Não há neutros de temas em -a / -h; os de tema em -o tambémnão têm desinência. A �desinência� -n dos neutros em -o seria, na opi-nião dos gramáticos, um empréstimo do acusativo masculino. Pensamosque isso é improvável8. Nas palavras fortes como os dêiticos esse -n nãoaparece, por dispensável.

É o caso de tñ, toèto, tñde, ¤keÝno, �llo, aétñ.Aliás, os neutros não têm declinação própria: fora do nominativo-

vocativo-acusativo, em que se apresentam na sua forma de tema, os ou-tros casos se flexionam como os dos seres animados. Os neutros de temaem consoante, soante ou semivogal não têm desinência; eles se enunciampelo próprio tema.

VOCATIVO: Kletik¯ ptÇsiw (kal¡v) - Vocatiuus casus (uocare).

É o ato de chamar. O vocativo não é propriamente uma função;não faz parte do mecanismo da frase; é exterior a ela. É uma espécie deinterjeição, um chamado, um aceno; é o �gancho� do diálogo, que é bi-polar, singular. É próprio da oralidade. E a língua grega é coerente aorepresentá-lo sem ptÇsiw, isto é, sem desinência. Além disso, o vocativoautêntico é só o singular. A pluralidade se criou por expansão, por ana-logia, como veremos mais tarde. Por isso também o vocativo é pobre emrelações complementares (quase não tem predicativo e o aposto descambafreqüentemente para o nominativo); só o adjunto adnominal (epíteto),por se colar ao nome, fica no vocativo.

palavra pertence. Mais nada, tanto em latim quanto em grego. Cremos que se re-gistrássemos entre parênteses o tema ajudaríamos muito mais o estudioso.

8 É mais provável que esse -n seja eufônico, isto é, vem apenas para proteger a vogalátona final, como em ¤sti (-n), eÞsi(-n), ¦lue(-n).

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1. Usa-se o vocativo apenas nos diálogos e nas interpelações (que são umaforma de diálogo). Em geral aparece a interjeição Î, que precede onome:

[Î] �ndrew dikastaÛ;Senhores juízes!

Î �ndrew �AyhnaÝoi;Cidadãos [varões] Atenienses!

�eÜ ÷moiow eä, Î �Apollñdvre (Plat., Banq., 173d)Tu és sempre semelhante, Apolodoro! 9

Î fÛle FaÝdre; (Plat., Fedro, 277a)Ó amigo Fedro!

Î b¡ltiste SÅkratew;Ó excelente Sócrates!

2. Contudo, às vezes, a interjeição pode vir entre o vocativo e seu atributo:

megalopñliew Î Sur�kosai; (Pínd., Pít., 2, 1)Grande cidade, ó Siracusa!

xaÝre, p�ter , Î jeÝne; (i, 408)Salve, pai, ó hóspede!

fÛlow Î Men¡lae (D, 189)Ó amigo Menelau! [Menelau, meu amigo!]

3. Algumas vezes a interjeição é omitida, para dar mais vivacidade ao dis-curso. Demóstenes ora emprega a interjeição ora não, dependendo daênfase que quer dar ao discurso.

lhreÝt� �AyhnaÝoi; (Dem., 8, 31)Estais dizendo bobagens, atenienses.

�Andrew �AyhnaÝoi é mais freqüente do que Î �ndrew �AyhnaÝoi.Platão usa mais com a interjeição do que sem.

9 O uso da interjeição Î é constante. No Banquete, há 70 casos de Î e apenas 8sem a interjeição. No Protágoras, por volta de 100 vocativos com nomes própriossão precedidos de Î.

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4. A posição do vocativo não é necessariamente no começo da frase. Podevir posposto.

aìth m¡n ¤stin, Î TÛmarxe, �ndròw �gayoè �pologÛa(Ésquines, 1, 122)É essa, ó Timarco, a defesa de um homem de bem.

5. Vocativo nas exclamações e imprecações:

�Her�kleiw;Ó Heraclés!

Î Zeè kaÜ yeoÛ;Ó Zeus e deuses!

Î Zeè basileè;Ó Zeus rei!

Î Zeè DÛkh te Zhnòw �HlÛou te fÇw;Ó Zeus, Justiça de Zeus e Luz do Sol!

6. Predicativo do vocativo:�ntÜ g�r ¤kl®yhw �Imbrase ParyenÛou (Teócr., 17, 66)Tu foste chamado, Ímbraso, em lugar de Parthênios

ÞÆ ÞÆ dæsthne sæ, dæsthne d°ta di� pñnvn p�ntvn faneÛw;Ai! ai! infeliz, tu, tendo aparecido (que apareceste) infeliz atravésde todos os sofrimentos!

Por não ser função, o vocativo não é caso, isto é, não tem desinên-cia própria. É o próprio tema. Mas ele está intimamente ligado ao nomi-nativo, que é o caso da nomeação; ele não existe, ou está implícito, porexemplo nos pronomes pessoais, nos adjetivos possessivos, nos demons-trativos, por razões semânticas, é claro.

Essas categorias são identificadoras, com funções próximas das donominativo.

Nos nomes femininos de tema em -a / -h, ele é igual ao nomina-tivo e é o próprio tema nos masculinos.

Nos nomes de tema em -o, ele é o próprio tema, mas com vocalismo-e nos masculinos e femininos e é igual ao nominativo nos neutros.

Nos nomes neutros de tema em consoante, soante e semivogal, eleé igual ao nominativo, e nos masculinos e femininos ele é ou o própriotema, ou é igual ao nominativo.

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Quando o vocativo dos nomes masculinos e femininos é o própriotema?

Todas as vezes em que o enunciado do tema, em posição devocativo, não descaracteriza foneticamente o nome. Isto acontece com osnomes de tema em consoante.

Ora, nós sabemos que a língua grega mantém poucas consoantesem posição final: apenas -w, -n, -r. As outras todas caem.

Assim g¡rvn, ontow o ancião, cujo tema é g¡ront - faz o voca-tivo g¡ron. Na verdade deveria ser g¡ront, mas o -t em posição finalnão se sustenta em grego, contrariamente ao que acontece no latim.

Mas em aäj, aÞgñw a cabra, o vocativo deveria ser aäg que é o seutema; mas o -g em posição final também não se sustenta. Então tería-mos um vocativo -aä, o que mutilaria e descaracterizaria semanticamen-te a palavra. Nesses casos, o consciente lingüístico, isto é, a inteligênciada língua, que visa sempre ao significado, vem em socorro à palavra e lheempresta a desinência do nominativo, caso que semanticamente lhe épróximo, e temos o vocativo aäj, igual ao nominativo.

Mas ela não usa do mesmo recurso em paÝw, paidñw. O tema, epor conseguinte o vocativo, é paÝd; mas o -d em posição final sofreapócope, ficando a forma paÝ. O que ficou é representativo do núcleosemântico e a língua o mantém assim.

Essa �regra� de que o vocativo ora tem forma própria ora é igual aonominativo nunca foi e nem será bem explicada pelas gramáticas10. E oresultado disso, tanto em grego quanto em latim, são as listas de exce-ções, ou então soluções mais cômodas de gramáticos como KonstantinosLascaris, que registra dois vocativos para muitas palavras, como pñli epñliw.

As desinências do vocativo plural são todas iguais às do nominati-vo. O vocativo plural se fez por analogia, por extensão. O vocativo au-têntico, original, funcional é o singular, horizontal, bipolar.

10 A razão é que as gramáticas vêem �declinações�, a partir do �caso reto - nominati-vo�; nós vemos um tema, que contém o significado, e casos que lhe acrescentamfunções.

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ACUSATIVO: AÞtiatik¯ ptÇsiw (aÞt¡v-aÞtÛa) - Accusatiuus, causatiuuscasus (ad-causare).

A gramática tradicional diz que é o caso do objeto direto, que secaracteriza pela ausência de conetivo (preposição) entre o verbo transiti-vo e o seu complemento.

É uma visão formalista, imperfeita e inútil, porque não leva emconta a relação semântica. Ela não cobre, por exemplo, esse casuísmogramatical que costumamos chamar de �objeto direto preposicionado�,como amar a Deus, amar ao próximo. Esse uso se localiza em toda a Ibéria,sobretudo no castelhano. Na verdade esse a não seria propriamente umapreposição mas uma espécie de vogal de apoio. A preposição a em prin-cípio traz a idéia de referência ou de relação espacial ou equivalente, oque não existe nesse caso.

Cremos que, se derivarmos aÞtiatik® do verbo aÞt¡v eu procu-ro, busco, exijo, poderemos explicá-lo satisfatoriamente. A derivação deaÞtÛa �causa�, por ser abstrata, não é suficiente e destoa do conjunto dasdenominações dos outros casos, que são concretas.

Dionísio Trácio e depois alguns seguidores, como Apolônio Dís-colo e Querobosco, afirmam que usamos o acusativo quando solicitamos(aÞtoæmenoi) alguém: �Eu te (acus.) peço um livro (acus.)�. Te e livrosão causativos como em �Eu acuso Aristarco (acus.)�. Isso nos parece umajustificativa a posteriori, baseada em uma observação parcial e superficialdos mecanismos da língua. Contudo, o objeto de busca é também o ob-jeto da causa; é natural, então, que esses dois termos se confundam efaçam surgir a idéia de culpa e daí a idéia de acusação.

É o que acontece com os verbos transitivos que, por serem incom-pletos, partem à busca de seu complemento; esse complemento é o ter-mo, término do processo verbal; o ato verbal se completa, se fecha nele.A denominação de transitivo exprime bem esse fato.11

Essa busca do �complemento� pode ser verificada também nos ver-bos chamados de movimento ou de direção. A única diferença é que,nesse caso, há uma relação espacial.

11 A idéia de movimento é uma constante em todas as relações do acusativo.

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Nas frases Eu vou à cidade / Eu amo a cidade, a palavra cidade étermo, complemento tanto de amo quanto de vou. Há uma diferençaapenas: vou, por exprimir uma idéia de espaço, precisa de uma preposi-ção12. Mas a relação é a mesma, isto é, completar o verbo, e por issotambém o caso é o mesmo.

Nem sempre há coincidência entre o ponto de vista do portuguêse o ponto de vista do grego no entendimento da transitividade dos verbos.

Em português prevalece a análise formal: identifica-se o objetodireto pela ausência da preposição depois do verbo �regente�, e a presen-ça da preposição identifica o objeto indireto. Isso em pouco ou em nadacontribui para o entendimento do enunciado; ao contrário, às vezes atéconfunde. É que em português, nos verbos denominativos de expressãodos sentidos ou de ajuda, utilidade, proveito, conserva-se no verbo a es-trutura do complemento nominal, com as preposições de e a; assim: tergosto de, para gostar de, ser agradável a, para agradar a, fazer o bem a,dizer bem ou mal de são preferidos a beneficiar, bem-dizer, maldizer, que,aliás, assumem significados diferentes.

Em grego, a identificação do acusativo (objeto direto) se faz pelosignificado, tendo em vista o processo verbal em seu seguimento até suarealização e complementação no objeto, que é o termo do processo verbal.

Por exemplo, as idéias contidas nos verbos de expressão dos senti-dos, de ajuda, utilidade etc., mesmo compostos, são entendidos comoprocessos verbais transitivos e se completam no objeto direto (acusati-vo); mas, se a mesma idéia é expressa por um adjetivo ou substantivo, ocomplemento nominal vai para o caso de sua relação. Assim:

Èf¡limñw tini - útil a alguém (dat., mas.)ÈfelÇ tina - eu ajudo, auxilio alguém (acus.)

Como dissemos, nem sempre o ponto de vista grego coincide como ponto de vista português. Por causa de um processo diferente de for-mação de palavras, muitas vezes uma visão de dativo (atribuição) em por-tuguês é vista como acusativo (termo do ato verbal) em grego.

12 As preposições são advérbios de significado espacial. Por isso, em grego, quandohá uma relação espacial ela é expressa por uma preposição.

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Alguns exemplos ilustram esse fato:

Grego Em portuguêsÈfelÇ, ônÛnhmÛ tina eu sou útil a / ajudoeéergetÇ tina eu faço bem a / beneficioeï poiÇ, kalÇw poiÇ tina eu faço o bem aeï l¡gv, kalÇw l¡gv tin� falo bem delany�nv tin� eu escapo a, me escondo de�mænomaÛ tina eu me defendo de, afastoaÞdoèmai tin� eu me envergonho, respeitobl�ptv tin� eu causo dano, prejudico�dikÇ tina faço injustiça akakÇw poiÇ tina faço mal akakÇw l¡gv tin� falo mal deful�ttomaÛ tina eu me guardo de, evitoömnumaÛ tina eu juro por (em relação a)aÞsxænomaÛ tina eu me envergonho (diante) defoboèmaÛ tina eu tenho medo de, temotimvroèmaÛ tina eu me vingo de

O acusativo sintático, como termo ou complemento dos verbos deação, ditos transitivos, como eu amo a cidade, ou analógico a ele, como otermo do complemento nominal de um adjetivo que exprime qualidade,ou de um verbo que exprime um estado, que os gramáticos chamam deacusativo de relação, podem se situar na mesma idéia de movimento.Alguns também o chamam de acusativo adverbial, talvez por vir expressopelo neutro de alguns adjetivos e substantivos, como prÇton, em pri-meiro lugar, primeiramente, deæteron, em segundo lugar, (em) segundo.

Algumas vezes também, ele é expressso pelo plural neutro de umadjetivo de sentido geral, como �todo, outro, muito�, em que se senteum substantivo implícito, não expresso.

É como se o adjetivo funcionasse como predicativo desse subs-tantivo objeto omitido. Assim:

�Olæmpia nik�n vencer (uma modalidade esportiva)(�Olumpik¯n nÛkhn nik�n) em Olímpia²dç gel�n rir doce (em relação a algo bom)dein� êbrÛzein ofender (com ofensas) graves

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100 flexão nominal: casos e funções

p�nta nik�n vencer em tudo ( em todas as coisas)oéd¢n frontÛzein pensar nada (em nenhuma coisa)t�lla (t� �lla) quanto ao resto (a outras coisas)oéd¡n em nada (a nenhuma coisa)prÇton / tò prÇton em primeiro lugar (quanto à primeira coisa)tò p�lai / tò palaiñn antigamente (quanto à coisa antiga)�rx®n quanto ao começo, para começar,

antes de tudo�rx¯n oé/m® para começar não, de início nãot� poll� muitas vezes, quanto a muitas vezes,

freqüentementet¡low/tò t¡low quanto ao fim, em último lugar, finalmente/tò teleutaÝonprñteron antes (disto), primeiramentetoénatÛon (tò ¤nantÛon) ao contráriot¯n eéyeÝan em linha reta, direto, em frentetoèton tòn xrñnon por) aquele tempo, naquele tempotò nèn / t� nèn quanto ao momento presente,

em relação às coisas de agoratò loipñn quanto ao resto, daqui para frentet¯n taxÛsthn (õdñn) à maneira mais rápida

Podemos incluir também nesse acusativo de relação o acusativode objeto interno, isto é, o complemento da mesma raiz do verbo ou designificado próximo, que pode acontecer até com verbos intransitivos.Em português também existe esse uso. Por exemplo viver a vida.

Também a expressão de extensão, distância, trajeto, percurso noespaço e duração no tempo se exprimem pelo acusativo, uma vez que estáimplícita a idéia de movimento.

dein¯n nñson noseÝnadoecer de grave doença (obj. interno)

b¡ltiñn ¤sti sÇma µ cux¯n noseÝn - (Men.)É melhor sofrer no corpo do que na alma [em relação a]

noseÝn nñson �grÛan - (Sóf.)sofrer de uma doença cruel [em relação a (objeto interno)]

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101flexão nominal: casos e funções

k�mnein t®nde t¯n nñson (Eur.)sofrer dessa doença [em relação a (objeto interno)]

zÇ bÛon moxyerñneu vivo uma vida miserável (obj. interno)

lagÆ bÛon ¦zhwtu vivias uma vida de lebre (obj. interno)

koim®yhsan xalk¡on ìpnoneles adormeceram de um sono (de) bronze [eles dormiram um sono debronze (obj. interno - metonímia)]

¤n MarayÇni m�xhn nik�nvencer a batalha em Maratona (obj. interno)

pñdaw Èkçw �Axilleæw (Hom.)Aquiles rápido nos pés, quanto aos pés, em relação aos pés.

Svkr�thw toënomaSócrates de nome, Sócrates quanto ao nome, em relação ao nome.

�n¯r t� met¡vra frontist®w (Plat.)homem pensador em relação aos fenômenos celestes (obj. interno).

deinñw eÞmi taæthn t¯n t¡xnhn (Plat.)eu sou hábil nessa arte, em relação a essa arte (obj. interno)

õ �nyrvpow tòn d�ktulon �lgeÝesse homem tem dor de dedo [tem dor quanto ao dedo, em relação aodedo].

�petm®yhsan t�w kefal�w (Xen.)eles foram cortados em relacão às cabeças. [Eles tiveram as cabeçascortadas].

M¡letñw me ¤gr�cato t¯n graf¯n taæthn. (Plat.)Méletos me moveu esse processo [em relação a mim].

toèton tòn trñponem relação a essa maneira, dessa maneira

tÛ;em relação ao que? por quê�?

tÛna trñpon:;em relação a que maneira? de (por) que maneira.

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102 flexão nominal: casos e funções

O acusativo ilativo ou de direção, extensão ou movimento no es-paço, também pode ser usado como duração, extensão no tempo, e, nes-se caso, por ser uma noção menos concreta, dispensa a preposição.

T°w �Ell�dow oé meÝon µ mæria st�dia �peÝxonEstavam distantes da Grécia não menos do que 10.000 estádios.

Ceudñmenow oédeÜw lany�nei polçn xrñnonMentindo ninguém se esconde [por] muito tempo.

treÝw ÷louw m°naw par¡meinenEle estacionou [por] três meses inteiros.

oéd¡pv eàkosin ¦th gegonÅwNascido ainda não vinte anos [nascido um tempo de ainda não vinte anos].

trÛthn ²m¡ran ´kvÉ o terceiro dia que eu cheguei [passaram dois dias da minha chegada].

p�n ¸mar ferñmhnEu era transportado o dia todo [ao longo de].

Esse mesmo mecanismo de relação se encontra também nos ver-bos que exprimem duas ações: uma sobre a pessoa e outra sobre a coisa.As gramáticas grega e latina falam de verbos de �duplo acusativo� com�objeto direto� e �objeto indireto�. A portuguesa os chama ou de bitran-sitivos ou de transitivos relativos. Cremos que também esse �acusativoda coisa� poderia ser entendido como um acusativo de relação.

did�skv tin� tiEu ensino algo a alguém pode ser entendido como eu ensino alguémem (relação) a alguma coisa.

aÞtÇ, ¦romai, ¤rvtÇ tin� tiEu peço, eu exijo, eu pergunto, alguma coisa a alguém, ou alguémem alguma coisa.

¤kdæv tin� tiEu desvisto alguém de alguma coisa (em relação a).

¤ndæv tin� tiEu visto alguém de alguma coisa (em relação a).

kræptv tin� tiEu escondo algo de alguém [algo em relação a alguém].

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103flexão nominal: casos e funções

pr�ttomai tin� tiEu exijo algo de alguém [faço exigência em relação a algo].

Podemos incluir aqui também alguns verbos que significam nome-ar, escolher, eleger, ver como. O segundo acusativo é na verdade um predi-cativo do objeto direto:

Oß �AyhnaÝoi tòn Perikl¡a eálonto strathgñn.Os atenienses elegeram Péricles (como) comandante.

TÛ toèto l¡geiw ;Tu dizes isso o quê? O que é isso que dizes?

Essa visão metafórica do movimento, que sentimos como uma re-lação, está também numa construção bastante freqüente em grego e emlatim. É uma espécie de anacoluto construído a partir de uma apóstrofe,num movimento do pensamento dirigido a alguém, em que há uma elipsedo verbo, cujo sentido está implícito no gesto:

s¢ d®, s¢ t¯n neæousan ¤w p¡don k�rafºw µ katarn» m¯ dedrak¡nai t�de;Ei! tu!, tu que estás inclinando a cabeça para o chão, confirmas ounegas ter praticado estas coisas? (Sóf.) [É a ti que me refiro, tuque...]

No latim também:Me, me, adsum qui feciIn me convertite ferrum... (Virg.)Eu?! Eu?! eu, que fiz, estou aquiDirigi contra mim a lança...

É o mesmo acusativo que se usa nas interjeições ou imprecações:n¯ DÛa; por Zeus!me miserum! - coitado de mim.

Nas línguas modernas também existe essa construção, embora ocaso acusativo não se identifique formalmente. Mas no francês sim:

Moi? Je n�en sais rien!Eu? eu não sei de nada!

Moi é o acusativo latino me.

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GENITIVO: - É a genik¯ ptÇsiw - genitivus casus, genitivo.

A primeira referência que se viu foi a de �filho de, ou oriundo de�que era, e em muitas culturas ainda o é, o modo de identificação das pes-soas. É provável que o nome genik® tenha surgido daí, da palavra g¡now- família.

A segunda referência, não menos freqüente e concreta foi a de pos-se13; daí também o nome kthtik® ptÇsiw - caso possessivo - que al-guns lhe deram; de ktÇmai - eu adquiro, eu possuo.

O nome genitivus casus, decalque latino de genik¯ ptÇsiw, levoutambém alguns a verem no genitivo o caso-origem, isto é, o caso queenquadrava os nomes em seu paradigma de flexão, na sua declinação.

É assim que nós aprendemos nas gramáticas do latim e do grego.No latim, as �5 declinações� se identificam pela desinência do ge-

nitivo singular -ae, -i, -is, -us, -ei e, no grego, as �3 declinações� se iden-tificam pelos genitivos -aw/hw, -ou, -ow. Daí também é o uso de, nosdicionários e gramáticas, registrar o enunciado dos substantivos nonominativo e genitivo singular para indicar a sua declinação. Veremosadiante que não foi exatamente uma boa solução.

Mas, se adotarmos a expressão genik¯ ptÇsiw - genitiuus casusno seu significado denotativo, etimológico, como caso da origem, vere-mos que é correto. A metáfora e a metonímia se encarregam de ampliar oseu significado.

É a relação de origem, em todos os sentidos, concreto ou abstrato:origem, ponto de partida, parte de, proveniência, separação, afastamento, ca-rência, necessidade, diferença, superioridade, inferioridade, definição, deli-mitação, restrição, anseio, desejo, dominação, começo etc.

As gramáticas detalham um sem número de genitivos, fazendo dis-tinção entre genitivo �regido� por adjetivos e substantivos e genitivos�regidos� por verbos e preposições. Não estão erradas, mas, com excessode detalhes, elas obscurecem o aspecto semântico que é o principal. Se

13 O genitivo na idéia de �posse� pode ser sentido como um �partitivo�, isto é, demim, de ti; supõe a idéia de �partilha�, �parte que me cabe�; é uma relação subs-tantiva em que há uma delimitação. O objeto possuído é �parte� do todo: �possui-dor e posse�.

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105flexão nominal: casos e funções

observarmos bem o significado de todos esses genitivos, verificaremosque todos eles têm um significado próximo, concreto ou abstrato; a li-nha semântica se mantém, incólume, com variações metafóricas.

Nós aprendemos que o genitivo é o caso das relações com de. Écorreto mas incompleto. A preposição de, latina, na origem, tem o signi-ficado de separação, de cima para baixo; mas o significado se expandiupara significar qualquer separação. E é assim que em português ela é usa-da nas relações nominais (complemento nominal ou adjunto adnominal);é um uso correto, porque nesses casos de definição, delimitação, determi-nação, restrição, o sentido de separação permanece.

No latim, o genitivo se restringe a essas relações nominais.É, portanto, o genitivo restritivo, delimitativo do complemento

terminativo, do complemento nominal, do adjunto adnominal com to-das as variantes semânticas de origem, de filiação, de posse, de matéria,de lembrança, de esquecimento, de causa, de preço, de valor, de qualida-de, de matéria, de conteúdo, de parte.

Assim mesmo, importa menos a forma do que o significado. Porexemplo, nas relações de comparativo de superioridade ou inferioridade,o grego usa o genitivo no segundo elemento, porque uma superioridadeou inferioridade é uma diferença; o latim exprime essa relação peloablativo.

Nas relações de superlativo relativo, em grego, tanto podemos vera separação como uma relação partitiva: �o maior de todos, dentre todos�quanto à relação de superioridade e diferença. Em latim, a relação partitivaé expressa pelo genitivo e a segunda, de superioridade, pelo ablativo.14

O mesmo acontece com os verbos.Sempre que o significado sugere uma idéia de separação, ausência,

carência, parte, como: desejar, carecer, lembrar-se, esquecer-se, ter falta de,começar, mandar, dominar, leva-se o complemento para o genitivo. Emportuguês, temos de na maioria desses casos, com a idéia de partitivo co-mo: começar, gozar de, provar de, degustar, tocar e alguns verbos que ex-primem a percepção pelos sentidos, como ouvir, sentir.

14 Em grego, essas duas relações se exprimem pelo mesmo caso: genitivo.

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Nesses casos o que se sente não é o todo, mas uma parte. A relaçãosemântica é importante. Contudo, não é uma regra absoluta; o contextonos dirá, e também a presença ou não do artigo; a ausência do artigoexclui a visão do todo; ouvir barulho (genitivo partitivo) e ouvir o barulho(complemento objeto direto-acusativo)15:

pñnoi �ptontai toè sÅmatow os trabalhos atingem o corpo(tocam = parte de)

geæesyai m¡litow provar melgeæesyai toè melitow provar do/desse mel�koæein t°w s�lpiggow ouvir a trombeta

(o som da trombeta)

Os verbos cujo significado é mandar, dominar levam para o genitivoo seu complemento. À primeira vista é estranho para nós. Mas, se consi-derarmos bem, veremos que a relação de poder é uma relação de superio-ridade, de diferença. Mais uma vez é o conteúdo semântico que prevalece.

As mesmas relações de origem, ponto de partida etc, mas concre-tas, espaciais ou temporais se exprimem pelo genitivo com preposição.As preposições são, na verdade, advérbios com significado espacial, quedelimitam a relação espacial. Essas relações espaciais de separação, origem,o latim as leva para o ablativo. O grego, ao contrário, as leva todas, concre-tas ou abstratas, para o genitivo com preposição. Algumas gramáticas de-nominam esse caso de genitivo - ablativo.

A denominação genitivo-ablativo é confortável e semanticamentecorreta, porque exprime o ponto de partida ou separação espacial outemporal.

É um conceito híbrido greco-latino.Já vimos no acusativo de direção e extensão e veremos com o

locativo e o instrumental que as preposições acrescentam às relações sin-táticas a idéia do concreto, do espaço e do tempo (a relação temporal éuma metáfora da espacial).

Todas as preposições são antigos advérbios e têm um significado-base espacial. A palavra preposição do grego prñyesiw e do latim prae-positio tem cunho descritivista. Diz apenas que é uma y¡siw prñ, isto é,

15 Em português é difícil entender assim. A análise formal prevalece sobre a semântica.

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uma posicão diante de. Não se pensa na relação semântica, que é o essen-cial. É o que acontece nos compostos, tanto substantivos quanto adjeti-vos ou verbos.

A língua grega os considera sempre como unidades autônomas,semanticamente independentes, e o resultado final é a somatória do sig-nificado das partes.

¤ntÛyhmi é igual a tÛyhmi ¤n eu ponho em, eu imponhoeÞs�gv é igual a �gv eÞw eu conduzo para, eu induzo¤j�gv é igual a �gv ¤k eu tiro de dentro, eu exijo

A relação espacial irá respectivamente para o locativo, acusativo egenitivo-ablativo, e os complementos dos verbos irão para o acusativo, nosexemplos acima, ou para o caso que o significado pedir.

A relação genitivo-ablativo está também muito clara na função doagente da passiva, tanto em grego (genitivo) quanto em latim (ablativo).O ponto de vista do ato verbal em relação ao sujeito é diferente: o sujeitonão domina, não exerce, não desencadeia o ato verbal; ele não é ativo,não é o agente; ele é passivo, paciente, receptor, inerte. Mas ele é sujei-to; é dele que se fala.

O ato verbal é desencadeado fora, distante do sujeito, por um agente,sob a ação de uma força externa e recai sobre o sujeito, que é o centro, oassunto da oração, que recebe, aceita, sofre o ato verbal.

O grego tem consciência desse espaço imaginário percorrido peloato verbal, desde o ponto em que foi desencadeado sob o efeito de -êpñ-dessa força, desse agente: genitivo espacial (lugar de onde).

O latim também registra esse espaço imaginário entre o ponto departida (agente) e o ponto de chegada (paciente) do ato verbal: a / ab +ablativo.

DATIVO: É a dotik¯ ptÇsiw (dÛdvmi) - dativus (dare) casus, �dandicasus� de Varrão.

É o caso da �dação�, da atribuição.Acreditamos que, mais uma vez, a relação significante-significado

prevaleceu. Querobosco (I, ll, l8) o denomina caso epistolar, porque �seusa quando alguém dá ou envia algo�. Mas, numa definição mais tardiaencontramos uma interpretação bem mais coerente: Dativus aliquid ex-

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trinsecus addi demonstrat vel accedere: �O dativo demostra que algo de forase junta ou é acrescentado� (Ars Anonyma Bernensis, séc. VIII-IX).

É uma definição interessante que enfatiza a relação significante-significado. A metáfora e a metonímia fazem o resto. Mas ela é tambémabrangente, porque, a partir da idéia de �ser acrescentado ou se juntara�, podemos enumerar as relações de amizade, hostilidade, utilidade, pro-veito, interesse, comunidade, ajuda, agrado, serviço, servidão, afinidade, se-melhança, contigüidade, horizontalidade, igualdade, comparação, lateralidade,interesse, paralelismo, simultaneidade etc.

É esse o dativo propriamente dito em grego e em latim.

Mas, os gramáticos, por causa do morfema -i, que era também odo instrumental e do locativo, pensaram que era mais fácil e prático juntaras três relações sob a mesma desinência e denominação e fizeram a fusão.Querendo facilitar, eles complicaram e passaram para a cabeça dos alunosa idéia e a certeza de que a gramática não se entende, ela se estuda e seaprende de cor, e de que é inútil tentar entender a nomenclatura grama-tical. O arbítrio prevalece.

Ora, em todas as línguas, qualquer analfabeto e qualquer criançasabe que há palavras que soam igual mas que têm significados diferentes.O contexto esclarece e define.

Em latim, o genitivo singular e o nominativo e vocativo plural dosnomes em -o são em -i; o genitivo, o dativo singular e o nominativo evocativo plural dos nomes em -a são em -ae, e assim por diante. E nin-guém pensou em dar um nome só a todas essas funções!

É que isso não foi pensado na relação do instrumental e locativo ,que são conceitos do indo-europeu, que está muito longe, na poeira dotempo.

Temos uma prova disso em Quintiliano, segunda metade do séc. Id.C. (cerca de 30-100 d.C.), que sente o problema e não sabe comoresolvê-lo. Mas, honesto, como todo bom professor, sugere ao leitor,também professor, que atente para o fato:

Quaerat (magister) etiam sitne apud Graecos uis quaedam sexti casuset apud nos quoque septimi; nam quum dico hasta percussi non utor ablatiuinatura nec si idem Graece dicam datiui.

Procure (o mestre) também se entre os gregos existe uma certa necessi-dade de um sexto caso e também entre nós a de um sétimo; pois quando eu

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digo atingidos pela lança, eu não me sirvo da natureza do ablativo nem se eudisser o mesmo em grego, do dativo. Quint., Inst. Orat., I, IV, 26.

O que fez falta a Quintiliano foi o chamado �termo técnico�. Masnós o temos. É o instrumental.

Não é o termo técnico, escravizante, que os manuais nos passam,mas o termo exato, significante dessa função, distinta do dativo na suaessência, mas igual na sua forma.

O instrumental tem sua origem na questão p» em grego e qua emlatim.

A idéia primitiva é �por onde, por que�. O instrumento ou meioseria o objeto ou ser inerte, que não exerce o ato verbal, mas é por eleque o ato verbal passa: ele não pratica a ação porque é ou está inerte (umser animado também pode ser instrumento). Não se usa preposição por-que a idéia de espaço não é concreta, é muito tênue; na verdade a idéia deinstrumento está mais próxima da idéia de meio, de modo.

Por isso o grego, para exprimir a idéia de espaço concreto percorridoou atravessado, passa a usar a preposição di� (com acusativo), e o latim per.

Na prática, o reconhecimento das relações do dativo, do instru-mental e do locativo se faz pelo significado e não pela forma, nem pelacategoria da palavra �regente�, quer ela seja substantivo, adjetivo, verboou preposição.

Exemplos do uso do dativo:

² toè yeoè dñsiw ²mÝna doação (dação) da divindade para nós

² toÝw fÛloiw bo®yeiao socorro aos amigos

² mvrÛa dÛdvsi �nyrÅpoiw kak�a loucura dá males aos homens

oék ¦stin oédeÜw ÷stiw oéx aêtÒ fÛlownão há ninguém que não seja amigo a si mesmo

¤n taèya KærÄ basÛleia ·n kaÜ par�deisowNaquele lugar era para Ciro [Ciro tinha] um palácio real e um parque.

treÝw yugat¡rew eÞsÛ moitrês filhas são para mim [eu tenho...]

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önom� ¤stÛ moi MenÛppowo nome para mim é Menipo [o meu nome é Menipo / eu tenho onome Menipo]m®thr moÛ �AfrodÛtha mãe para mim é Afrodite [minha mãe é Afrodite / eu tenho comomãe Afrodite]xr®simoi t» pñleiúteis à cidadeoß aétoÜ öntew ¤keÛnoiwos que eram/são os mesmos que aquelesdÇron tÒ oàkÄum presente para o lar�rpag¯n kusÛnuma presa para os cãesoã ¤moÜ eënoios que me são favoráveis�poroènti d¢ aétÒ pros¡rxetai Promhyeæwa ele (que estava) em dificuldade aproxima-se Prometeuoé tÒ patrÜ kaÜ t» mhtrÜ mñnon geghn®meyanós não nascemos só para o pai e para a mãeõ p�ppow moÛ �p¡yanenmorreu-me o avô / meu avô morreukaÛ moi m¯ yorub®shtee não me façais barulhoÎ m°ter Éw kalñw moi õ p�ppow;mãe, como me é belo o avô! como é belo o meu avô!·lyon �ma t» ²m¡r&eles chegaram junto com o diaoÞmvg¯ õmoè kvkæmasingemidos junto com gritosoß P¡rsai kaÜ oß sçn aétoÝwos Persas e os com elessçn toÝw yeoÝwcom os deuses

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111flexão nominal: casos e funções

sæneimi (eÞmi sæn), sumf¡rv (f¡rv sæn) ktl, �regem� o dativode companhia, ou comitativo (simultaneidade).

Não se trata de uma regra da gramática, mas de uma exigência ba-seada na coerência, na relação semântica.

LOCATIVO - responde à pergunta onde? A referência é sobre o lugar emque se está ou em que se comete um ato; é estático, concreto, espacial:responde à questão �onde?�, poè; em grego, e ubi? em latim.

A idéia de espaço se transfere (metáfora) para a idéia de tempo,também estático, isto é, um espaço, um momento do tempo.

O uso da preposição se faz necessário sempre que se quer enfatizarou precisar o espaço.

Nas relações de tempo seu uso é menos freqüente.Há sobrevivências do locativo indo-europeu em -i em latim e em

grego, como:domi em casaruri no campoRomai > Romae em Romaoàkoi em casa

Em grego há um antigo sufixo -yi que Homero usa, mas deixou deser usado no ático.

t» trÛtú Ër& na (pela) terceira horat» êsteraÛ& no dia seguintetaætú t» ²m¡r& nesse diatet�rtÄ ¦tei no quarto ano

�En ¦tesin ¥bdom®konta ¤j°n soi �pi¡nainos 70 anos (no espaço de) era-te permitido (possível) emigrar (Pl.,Críton)

�En nuktÜ boul¯ toÝw sofoÝsi gÛgnetaiDe noite (na noite) o conselho acontece aos sábios

¤n t» �Ell�di / ¤n KæprÄna Grécia, em Chipre

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112 flexão nominal: casos e funções

¤n p�si eédñkimoi öntewentre todos (no meio de) sendo ilustres

oß ¤n t¡lei öntewos que estão no cargo

¤n tÒ aétÒno mesmo (tempo, fato, lugar)

¤n trisÜn ²m¡raiwem três dias (no espaço fechado de)

O locativo �regido� por verbos compostos deve ser entendido apartir do significado. A composição se faz de uma forma coerente e lógi-ca; deve haver compatibilidade semântica entre a preposição (que traz aidéia espacial) e o verbo, que não pode ter idéia de movimento. Se jun-tarmos o significado da preposição ao significado do verbo não precisa-mos de regra de �regência�. Saberemos que é o locativo.

Assim:¦neimi -eÞmi ¤n eu estou dentro, estou em -locativop�reimi -eÞmi par� estou ao lado de, estou presente -locativo

Às vezes, por causa do significado do verbo, não é fácil fazer dis-tinção entre dativo e locativo:

¤pidÛdvmi -dÛdvmi ¤pÛ eu dou em cima; eu dou além, eu acrescento.

Aqui é nítida a idéia de acrescentar; daí o dativo prevalece. Restaver, no entanto, se no contexto não há uma relação espacial, quando olocativo prevaleceria.16

16 Assim �podÛdvmi eu dou a partir de, eu atribuo (um nome a). Nas Categorias,Aristóteles o emprega com o significado de atribuir (dar) um nome a. Nesse caso,a idéia contida na preposição a partir de, de está implícita, mas não é relevante; aidéia de �dação� é mais forte e o caso então é dativo.

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113flexão nominal: casos e funções

INSTRUMENTAL: exprime o meio ou o instrumento com que um ato écometido.

Ele tem sua origem na questão p» ; �por onde, por que?�O meio ou o instrumento não age; ele é inerte, e por isso se usa com

seres não dotados de vontade própria, como espada, cajado, dinheiro, pedraetc. Mas às vezes um ser dotado de vontade própria pode ser usado comoinstrumento. As gramáticas dizem que o soldado é considerado um ins-trumento nas mãos do comandante. Sempre foi. Mas, quando o soldadoage por vontade própria, quando ele mata o comandante, não é mais meroinstrumento, é um agente da passiva: �O comandante foi morto pelo solda-do�. Mas um ser animado, uma pessoa pode servir de instrumento para umcrime, para uma intriga. Nesses casos o indivíduo se torna mero instrumento.

Essa idéia de passagem do ato verbal contida na questão p» preva-leceu a tal ponto que a expressão de trânsito, percurso, travessia, passoua ser expressa pela preposição di� em grego e per em latim.

Não é muito fácil, também, separar, com clareza, a idéia de meioou instrumento da idéia de maneira, modo.

O modo, a maneira podem ser considerados como uma metáforado meio ou instrumento. Daí o caso ser o instrumental.

As gramáticas falam de �dativo� de instrumento, de causa, de modo,de medida e até de diferença!

Nos exemplos a seguir, extraídos de Kaegi, todos eles podem serentendidos como instrumental.

OédeÜw ¦painon ²donaÝw ¤kt®satoninguém adquiriu glória com prazeres

Xr®setai ²mÝn õ basileçw ÷ ti �n boælhtaio rei se servirá de nós naquilo que (em relação ao que) queira [quequiser]

oé mñnÄ �rtÄ z» õ �nyrvpownem só de pão vive o homem

eénoÛ&, ìbrei, fyñnÄ, fñbÄ poieÝn tifazer alguma coisa por [com] benevolência, por insolência, por inveja,por medo

Causa?! Não!! É mero instrumento.

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114 flexão nominal: casos e funções

Podemos observar o mesmo nos exemplos seguintes:

�AboulÛ& t� poll� bl�ptontai brotoÛOs mortais são prejudicados na maior parte das vezes pela falta devontade/empenho

XalepÇw ¦feron oß stratiÇtai toÝw paroèsi pr�gmasinOs soldados tiveram problemas pelos [com os] acontecimentos presentes

A idéia de causa, por ser abstrata, é sempre metafórica, secundária;ela é abs-tracta.

A idéia de modo, maneira também deriva da idéia de instrumento,meio:

toætÄ tÒ trñpÄ dessa maneiraoédenÜ trñpÄ de maneira nenhumataætú t» gnÅmú dessa opiniãop�sú t¡xnú kaÜ mhxan» por toda arte e engenhopantÜ sy¡nei com todo o empenhotÒ önti ¦rgÄ pelo ato que é - na realidade

Alguns adjetivos no �dativo�, isto é, instrumental-modal, passarama ser empregados isoladamente e são por isso vistos como advérbios; nessescasos prevaleceu o significado do adjetivo sobre o do substantivo, quepassou a ser omitido, ficando implícito, como:

dhmosÛ& público/a; publicamente; em públicotaf» dhmosÛ& com / em obséquias públicasÞdÛ& em particular, em privadokoin» em comum

A idéia de medida, de comparação (igualdade), do quanto (preço)também é uma expressão do instrumental:pollÒ kreÝtton muito (em muito) melhorôlÛgÄ ¤l�ttouw triakosÛvn pouco (em pouco) menos do que trezentospolloÝw ¦tesi ìsteron muitos anos depoispñsÄ ¤stÛn; quanto é? (por quanto?)÷sÄ... tosoætÄ quanto (mais)... tanto (mais)

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115flexão nominal: casos e funções

Os gêneros

No sânscrito, no grego e no latim são três:�rsenikñn, masculinum, masculino;yhlikñn, femininum, feminino eoéd¡teron, m¡son, neutrum, neutrius generis, neutro.

Na verdade, o neutro não é propriamente um gênero, mas sim umaausência de gênero. Isso lembra certamente o gênero anímico: a referên-cia da dualidade macho/fêmea.

Os seres inanimados se definiam por analogia; mas nem sempre aanalogia agiu com coerência, porque os critérios de observação variamsegundo o momento, o meio, isto é, a cultura.

No grego há uma certa coerência, mas numa divisão binária: gêne-ro animado/gênero inanimado.

Essa diferença aparece na declinação: o neutro não tem a caracte-rização do nominativo do gênero animado, que é basicamente -w.

O nominativo dos neutros é o próprio tema.Isso é claro nos nomes de tema em consoante ou semivogal; nos

de tema em -o, sobretudo nos de sílaba final átona, para protegê-la, alíngua �toma emprestado o -n do acusativo�17, segundo os gramáticos.Mas esse -n tem uma função eufônica ou prosódica, como acontece nosdativos plurais e nas terceiras pessoas dos verbos quando em final de fra-se ou antes de palavras iniciadas por vogal, para proteger a vogal finalátona (não há neutro em -o oxítono).

É o que acontece nos neutros em -o.A explicação a posteriori de que esse -n seria um empréstimo do

acusativo não é muito satisfatória.Nos demonstrativos, que são palavras fortes, essa proteção é dis-

pensada:Assim temos: tñ, autñ, tñde, toèto, �llo, ¤keÝno, ktl.

17 Por ser oéd¡teron = nenhum dos dois, o neutro não tem desinências próprias:desinência zero nos casos síntáticos (N.V.A.) e desinências emprestadas dos gêne-ros animados nos outros casos.

115flexão nominal: os gêneros

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116 flexão nominal: casos e funções

Os números

Os números, �riymoÛ, são três:õ ¥nikñw, singularis, singular;õ duikñw, dualis, dual;õ plhyuntikñw, pluralis, plural.

O singular e o plural não trazem nenhuma dificuldade. É a mesmaidéia que temos em português.

Mas a língua grega tinha um dual, isto é, a designação do par, docasal, de uso bastante restrito. Usava-se apenas nos casos em que se que-ria insistir na concomitância de dois: dois olhos, duas mãos etc.

Os gramáticos afirmam que o dual deixou de ser usado bastantecedo.

Não é bem verdade. Usava-se sempre que necessário: na lingua-gem afetiva e quando se queria precisar a dualidade.

116 flexão nominal: os números

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Page 117: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

117flexão nominal: casos e funções

A flexão nominal:os temas nominais

Definidos os casos, as funções, os gêneros, os números, vamos pas-sar aos modelos, paradigmas de flexão.

Em grego podemos dividir os nomes em dois grandes grupos:� nomes de tema em vogal;� nomes de tema em consoante e soante/semivogal.

Temas em vogal� temas em -o� temas em -a/hOs de temas em -o são:� masculinos: õ lñgow-ou - a palavra, o discurso� femininos: ² õdñw-oè - o caminho� neutros: tò t¡knon-ou - a criança, o filhoNão há distinção formal entre os masculinos e femininos (gênero

anímico), mas os femininos são pouco numerosos.Os temas em a/h são:

� femininos: ² kefal®-°w a cabeça² �gor�-�w a praça, o mercado² paideÛa-aw a educação² glÅtta-hw a língua

� masculinos: õ polÛthw-ou o cidadãoõ neanÛaw-ou o rapaz, o jovem

adjetivos qualificativos de tema em -odêiticos de tema em -a / -h� adjetivos qualificativos:

dÛkaiow dikaÛa dÛkaion justomikrñw mikr� mikrñn pequenokalñw kal® kalñn belo, bom�dikow �dikow �dikon injusto, injusta

117a flexão nominal: os temas nominais

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Page 118: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

118 a flexão nominal: os temas nominais

� dêiticos:õ - ² - tñ o, a (artigo)÷de - ´de - tñde este, esta, istooðtow - aìth - toèto esse, essa, isso¤keÝnow-¤keÛnh-¤keÝno aquele, a, aquiloaétñw-aét®-aétñ ele, o mesmo�llow-�llh-�llo outro, outra

Notas:

1. A lista dos dêiticos (demonstrativos) não é completa, mas representativa;2. Os adjetivos podem ter três formas: uma para cada gênero (adjetivos

triformes); e duas formas: uma para o masc./fem., e outra para o neu-tro (adjetivos biformes); esses são basicamente os compostos.

Observações:

A variação -a / -h do feminino dos adjetivos se identifica da se-guinte maneira:� os de vogal temática precedida de semivogal i / u e r fazem o femini-

no em -a: dikaÛa, mikr�� os de vogal temática precedida de qualquer outra consoante o fazem em

-h: kal®

Essa norma é válida também para os nomes. Entretanto, há algunsnomes em que podem conviver o vocalismo -a e -h, como peÝna / peÛnha fome, dÛca / dÛch a sede.

Outros ainda, apesar de terem a vogal temática precedida de con-soante, mantêm o vocalismo -a no nom., voc., e acus. singular e -hw nogenitivo, -ú no dat. instr. loc.

A gramática os chama de nomes em -a impuro ou misto. Ex.:N.dñja, V.dñja, A.dñjan, G.dñjhw, D.L.I. dñjúTodo o plural dos nomes de tema em a/h é em -a.Há ainda alguns nomes próprios de origem dórica que mantêm o

vocalismo -a em toda a flexão, como:N.L®da, V.L°da, A.L®dan, G.L®daw, D.L.I. L®d&:Leda, mãe de Castor e Pólux, Helena e Clitemnestra;e Filom®la - rouxinol.

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119a flexão nominal: os temas nominais

Outros ainda, de origem jônica, mantêm o vocalismo -h em toda aflexão apesar de terem a vogal temática precedida de -r.

² �rrh - hw (�rsh) a face² ¦rsh - hw o orvalhokñrh - hw a menina-moça, a jovem

Essa variação a/h é, como vimos, de origem dialetal dórica-jônica.

O dialeto ático, que estudamos aqui, vem da Ática, região em quese localizava Atenas, e formou-se basicamente no século V, numa fusãodo dialeto jônico e dórico. Atenas se situa ao longo de uma linha imagi-nária norte-sul que separa a zona oeste de dialeto dórico da zona leste dedialeto jônico. Plutarco diz que Teseu reconheceu as fronteiras da Jôniae da Dórida ao erigir uma estela perto de Megara, fazendo gravar no ladooeste �Aqui termina a Dórida e começa a Jônia e do lado leste, �Aquitermina a Jônia e começa a Dórida�.

Assim mesmo, o vocalismo dórico é muito presente no dialeto ático;o vocalismo jônico penetrou quer pela proximidade geográfica quer pela in-fluência dos sábios que acorreram, sobretudo das costas da Ásia Menor, paraAtenas, que depois de duas vitórias contra os Persas passou a exercer umaliderança política, econômica e intelectual sobre todo o mundo grego.

O ático é o grego literário por excelência. É a língua de Platão, deAristófanes, de Ésquilo, de Sófocles, de Eurípides, de Lísias, de Isócra-tes, de Iseu, de Demóstenes, de Ésquines, de Aristóteles, de Tucídides,de Xenofonte, para citar os principais.

Posteriormente, com a constituição fugaz do império de Alexan-dre e posterior divisão em três, entre seus sucessores, o dialeto ático pas-sou a ser a língua comum ² koin¯ glÇtta, do Mediterrâneo, desde oPonto Euxino até o Egito e as Colunas de Heraclés (Gibraltar).

A expressão koin® tem sido usada para identificar a língua dos tex-tos bíblicos - o Antigo e o Novo Testamentos. Não é exato; as expres-sões grego bíblico, latim bíblico são bastante discutíveis.

A koin® é também a língua do comércio, da diplomacia, das rela-ções entre os homens em todo o Mediterrâneo oriental, e foi por essarazão que os rabinos decidiram traduzir os livros da religião judaica paraa língua comum, para que os judeus da diáspora tivessem acesso a eles naúnica língua que conheciam, o grego.

Mas o ático literário não perdeu o prestígio; ele continuou a ser alíngua da excelência, a língua padrão, que serviu de modelo para todos os

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120 a flexão nominal: os temas nominais

escritores em língua grega, desde o período alexandrino até o fim do Impé-rio Bizantino, em l453. Ainda hoje, a kayar¡ousa é uma tentativa de ma-nutenção do ideal ático.

Quadro geral das desinências

Temas em - o Temas em -a/-hCasos Masc./fem. Neutros Fem. Masc.SingularNom. -o-w -o-n -a/ h -aw/hwVoc. -e - * -o-n -a/-h -a/-hAcus. -o-n -o-n -a-n/-h-n -a-n/h-nGen. -o-sjo** -o-sjo -a-w/hw -ou (-a dórico)Dat. -o-i > vi /Ä -o-i > vi /Ä -a-i > &/h-i / ú -a-i > &/h-i / úLoc. -o-i > vi /Ä -o-i > vi /Ä -a-i > &/h-i / ú -a-i > &/h-i / úInstr. -o-i> vi / Ä -o-i > vi /Ä -a-i > &/h-i / ú -a-i > &/h-i / ú

PluralNom. -o-i -a -a-i -a-iVoc. -o-i -a -a-i -a-iAcus. -o-n-w > ouw -a -a-n-w > aw -a-n-w > awGen. -o-vn > vn -o-vn> vn -�-svn > -�-svn> �vn/Çn

> �vn/Çn***Dat. -o-is(in) -o-is(in) -a-is(in) -a-is(in)Loc. -o-is(in)**** -o-is(in) -a-is(in) -a-is(in)Instr. -o-is(in) -a�o-is(in) -o-is(in) -a-is(in)

DualN.V.A. -v -v -a -aG.D.L.I. -oin -oin -ain -ain

* O vocativo é o próprio tema (desinência zero); nos masc. e fem. em -o a vogaltemática sofre alternância vocálica -o/-e.

** -o-sjo > ojo > oio : no jônico (vocalização do j e síncope do -s-);-ojo >- oo > ou / v : no ático (síncope do j e contração).

*** desinência do demonstrativo (forte).**** -o-i-si -/ -a-i-si - antigo instrumental indo-europeu > -oiw /-aiw no ático.

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Page 121: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

121a flexão nominal: os temas nominais

Esse é o quadro básico da flexão dos nomes de tema em vogal.Podemos observar que a vogal temática sofre algumas alterações:

Nos nomes de tema em -o:� no vocativo sing. do masc./fem., que tem desinência zero, o que houve

foi apenas metafonia, isto é, alteração de timbre -o/e.� No genitivo sing. deu-se o seguinte:

-o-sjo > ojo > oio > oo >ou.Esta é a explicação mais aceita.Há algumas variantes dialetais -v / -oio. A última (jônica) é cons-

tante em Homero; no ático prevalece a forma contrata -ou.� No dat. loc. instr. singular o -i é longo; houve então uma metátese de

quantidade; a seguir o -i, que se tornou breve, passou a figurar em po-sição subscrita. Recentemente voltou a se grafar adscrito.

� No acus. plural -onw houve a queda do -n- antes do -w e a natural com-pensação pela ditongação em -ouw.

� No gen. plural dos temas em -o houve a elisão e não contração da vogaltemática antes da vogal longa da desinência.

� No dat. loc. instr. plural a desinência plural -oisin é constante em Ho-mero, Heródoto e nos poetas líricos. O ático generalizou o uso de -oiw.

� O neutro, como já dissemos, não tem desinências próprias. O -a donom. voc. acus. plural não é uma desinência, mas a marca do coletivoindoeuropeu. Vemo-la também em latim.

O -n dos mesmos casos no singular tem mera função prosódica eeufônica.

Os outros casos são iguais aos do masc./fem.Nos nomes de tema em -a/-h:-� O vocativo singular de todos esses nomes, inclusive dos masculinos é

em -a. Às vezes, alguns nomes próprios masculinos em -h mantêmessa vogal alternando com o vocativo em -a: �AtreÛda - �AtreÛdh.

� No dat. loc. instr. sing. deu-se o mesmo que nos nomes de tema em -o:- metátese de quantidade e posição subscrita do -i.

Nos temas de vogal longa aparentemente o -i- se abreviou e sesubscreveu.18

18 Aparentemente, apenas. O que houve foi o seguinte: a vogal longa antes do -i-longo se abreviou e a seguir houve metátese de quantidade, naturalmente, e o -i-,agora breve, se subscreveu ou se adscreveu.

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Page 122: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

122 a flexão nominal: os temas nominais

� No dat. loc. instr. plural deu-se o mesmo que nos nomes de tema em -o (-aisi > -aiw).

� A desinência -svn do genitivo plural é um empréstimo da flexão dosdêiticos; o -s- encontrando-se em posição intervocálica sofre uma sín-cope, provocando o hiato entre a vogal temática -a e-vn (-�-svn >�vn) que no ático se contrai > Çn.

É essa a razão do �deslocamento� da tônica no genitivo plural dosnomes de tema em -a/-h, de temas paroxítonos e proparoxítonos:

glÇtta > glvtt�-svn > glvtt�vn > glvttÇng¡fura > gefur�-svn > gefur�vn > gefurÇn19

� O nominativo singular dos masculinos tem -w.� O genitivo singular dos masculinos é em -ou e não em-aw/hw como

se espera (no dialeto dórico é -a). Seria um empréstimo da desinênciado artigo masculino; certamente por razões de clareza, para não con-fundir com o nominativo singular.

Nota importante:

Nos quadros de flexão das páginas seguintes, o aluno encontrará aspalavras flexionadas em sua forma final. Em alguns casos a separação en-tre vogal temática e desinência é complicada, como ficou demonstradono quadro geral das desinências. Seguiremos então o costume, destacan-do as variações visíveis da flexão, separando vogal temática da desinência,quando for possível. Convém no entanto não esquecer que a flexão é umacombinação de temas e desinências, o �caso� dos nomes.

19 As gramáticas tradicionais criaram uma regra: �todos os nomes da 1a declinaçãogrega têm o genitivo plural perispômeno�. É mais fácil mostrar como aconteceu. Émero problema fonético.

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Page 123: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

123a flexão nominal: os temas nominais

Quadro de flexão: masculinos em -o

T. dÛkaio- lñgo- õ dÛkaiow lñgow o discurso justoT. �gayñ- �nyrvpo- ô �gayòw �nyrvpow o homem bom

Singular Nom. õ dÛkaio-w lñgo-w õ �gayò-w �nyrvpo-wVoc. Î dÛkaie lñge Î �gay¡ �nyrvpeAcus tòn dÛkaio-n lñgo-n tñn �gayò-n �nyrvpo-nGen. toè dikaÛ-ou lñg-ou toè �gay-oè �nyrÅp-ouDat. tÒ dikaÛ-Ä lñg-Ä tÒ �gay-Ò �nyrÅp-ÄLoc. tÒ dikaÛ-Ä lñg-Ä tÒ �gay-Ò �nyrÅp-ÄInstr. tÒ dikaÛ-Ä lñg-Ä tÒ �gay-Ò �nyrÅp-Ä

Plural Nom. oß dÛkaio-i lñgo-i oß �gayo-Ü �nyrvpo-iVoc. Î dÛkaio-i lñgo-i Î �gayo-Ü �nyrvpo-iAcus. toçw dikaÛ-ouw lñg-ouw toçw �gay-oçw �nyrÅp-ouwGen. tÇn dikaÛ-vn lñg-vn tÇn �gay-Çn �nyrÅp-vnDat. toÝw dikaÛo-iw lñgo-iw toÝw �gayo-Ýw �nyrÅpo-iwLoc. toÝw dikaÛo-iw lñgo-iw toÝw �gayo-Ýw �nyrÅpo-iwInstr. toÝw dikaÛo-iw lñgo-iw toÝw �gayo-Ýw �nyrÅpoi-w

Dual N.V.A. tÆ dikaÛ-v lñg-v tÆ �gay-Æ �nyrÅp-vG.D.L.I. toÝn dikaÛo-in lñgo-in toÝn �gayo-Ýn �nyrÅpo-in

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Page 124: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

124 a flexão nominal: os temas nominais

Quadro de flexão: femininos em -o

T. =adÛa- õdñ- ² =adÛa õdñw o caminho fácilT. dein®- nñso- ² dein¯ nñsow a doença perigosa

Singular Nom. ² =adÛa õdñ-w ² dein¯ nñso-wVoc. Î =adÛa õd¡ Î dein¯ nñseAcus. t¯n =adÛa-n õdñ-n t¯n dein¯-n nñso-nGen. t°w =adÛ-aw õd-oè t°w dein-°w nñs-ouDat. t» =adÛ-& õd-Ò t» dein-» nñs-ÄLoc. t» =adÛ-& õd-Ò t» dein-» nñs-ÄInstr. t» =adÛ-& õd-Ò t» dein-» nñs-Ä

Plural Nom. aß =adÛa-i õdo-Û aß deina-Ü nñso-iVoc. Î =adÛa-i õdo-Û Î deina-Ü nñso-iAcus. t�w =adÛa-w õd-oæw t�w dein�-w nñs-ouwGen. tÇn =adi-Çn õd-Çn tÇn dein-Çn nñs-vn

Dat. taÝw =adÛa-iw õdo-Ýw taÝw deina-Ýw nñso-iwLoc. taÝw =adÛa-iw õdo-Ýw taÝw deina-Ýw nñso-iwInstr. taÝw =adÛa-iw õdo-Ýw taÝw deina-Ýw nñso-iw

Dual N.V.A. t� =adÛ-a õd-Å t� dein-� nñs-vG.D.L.I. taÝn =adÛa-in õdo-Ýn taÝn deina-Ýn nñso-in

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Page 125: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

125a flexão nominal: os temas nominais

Quadro de flexão: neutros em -o

T. kalñ- t¡kno- tò kalòn t¡knon - a bela criançaT. �diko- dÇro- tò �dikon dÇron - o presente injusto

Singular Nom. tò kalò-n t¡kno-n tò �diko-n dÇro-nVoc. Î kalò-n t¡kno-n Î �diko-n dÇro-nAcus. tò kalò-n t¡kno-n tò �diko-n dÇro-nGen. toè kal-oè t¡kn-ou toè �dÛk-ou dÅr-ouDat. tÒ kal-Ò t¡kn-Ä tÒ �dÛk-Ä dÅr-ÄLoc. tÒ kal-Ò t¡kn-Ä tÒ �dÛk-Ä dÅr-ÄInstr. tÒ kal-Ò t¡kn-Ä tÒ �dÛk-Ä dÅr-Ä

Plural Nom. t� kal-� t¡kn-a t� �dik-a dÇr-aVoc. Î kal-� t¡kn-a t� �dik-a dÇr-aAcus. t� kal-� t¡kn-a t� �dik-a dÇr-aGen. tÇn kal-Çn t¡kn-vn tÇn �dÛk-vn dÅr-vnDat. toÝw kalo-Ýw t¡kno-iw toÝw �dÛko-iw dÅro-iwLoc. toÝw kalo-Ýw t¡kno-iw toÝw �dÛko-iw dÅro-iwInstr. toÝw kalo-Ýw t¡kno-iw toÝw �dÛko-iw dÅro-iw

Dual N.V.A. tÆ kal-Æ t¡kn-v tÆ �dÛk-v dÅr-vG.D.L.I. toÝn kalo-Ýn t¡kno-in toÝn �dÛko-in dÅro-in

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Page 126: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

126 a flexão nominal: os temas nominais

Nomes e adjetivos �contratos� de tema em -o

Alguns nomes e adjetivos, todos antigos na língua, têm uma vogalo/e antes da vogal característica do tema e assim são encontrados semcontração em Homero, Heródoto e nos poetas anteriores ao século V,isto é, anteriores à formação do dialeto ático.

õ plñow a navegação õ nñow a inteligênciaõ �delfid¡ow o sobrinho õ =ñow a corrente, a torrenteõ xnñow a pluma tò kan¡on o cestotò ôst¡on o osso �plñow não navegávelxrus¡ow de ouro eënoow de bom caráter, amável�rgur¡ow de prata

No ático, esses hiatos se reduzem por contração em ditongos ouvogal longa:

oo > ou =ñow > =oèw ea > h xrus¡a > xrus»eo > ou ôst¡on > ôstoèn ea > a �rgur¡a > �rgur�*ev > v ôst¡v > ôstÇ ooi > oÝ =ñoi > =oÝov > v =ñv > =Ç eoi > oÝ xrus¡oi > xrusoÝ

* Quando a vogal pré-temática é precedida de vogal ou de r, a contração se faz em -a; nos outros casos, a contração se faz em h.

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Page 127: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

127a flexão nominal: os temas nominais

Quadro de flexão:

T nño- õ nñow a inteligência, o pensamento (só singular)T =ño- õ =ñow a torrente, corrente (só plural)T ost¡o- tò ôst¡on o ossoT xrus¡o- xrus¡ow de ouro

S. Nom. õ nño-w > noèw tò ôst¡o-n > ôstoèn xrus¡o-w > xrusoèw

Voc. Î nñe > noè Ù ôst¡o-n > ostoèn xrus¡o-w > xrusoèw

Acus. tòn nño-n>noèn tò ôst¡o-n > ôstoèn xrus¡o-n > xrusoèn

Gen. toè nñ-ou > noè toè ôst¡-ou > ôstoè xrus¡-ou > xrusoè

Dat. tÒ nñ-Ä > nÒ tÒ ôst¡-Ä > ôstÇ xrus¡-Ä > xrusÒ

Loc. tÒ nñ-Ä > nÒ tÒ ôst¡-Ä > ôstÇ xrus¡-Ä > xrusÒ

Instr. tÒ nñ-Ä > nÒ tÒ ôst¡-Ä > ôstÇ xrus¡-Ä > xrusÒ

Pl. Nom. oß =ño-i > =oÝ t� ôst¡-a > ôst� xrus¡-a > xrus°

Voc. Î =ño-i > =oÝ Î ôst¡-a > ôst� xrus¡-a > xrus°

Acus. toçw =ñ-ouw > =oèw t� ôst¡-a > ôst� xrus¡-a > xrus°

Gen. tÇn =ñ-vn > =Çn tÇn ôst¡-vn > ôstÇn xrus¡-vn > xrusÇn

Dat. toÝw =ño-iw >=oÝw toÝw ôst¡o-iw > ôstoÝw xrus¡o-iw > xrusoÝw

Loc. toÝw =ño-iw > =oÝw toÝw ôst¡o-iw > ôstoÝw xrus¡o-iw > xrusoÝw

Instr. toÝw =ño-iw >=oÝw toÝw ôst¡o-iw>ôstoÝw xrus¡o-iw > xrusoÝw

D. N.V.A. tÆ =ñ-v > =Ç tÆ ôst¡-v > ôstÇ xrus¡-v > xrusÇ

G.D.L.I. toÝn =ño-in > =oÝn toÝn ôst¡o-in > ôstoÝn xrus¡o-in > xrusoÝn

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Page 128: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

128 a flexão nominal: os temas nominais

�Declinação� flexão ática

Alguns nomes e adjetivos em -o, também antigos, têm em posiçãopré-temática uma vogal longa, mas essa vogal não absorveu a vogaltemática breve por causa da presença do digama, permanecendo o hiatonos dialetos jônico, eólico e dórico.

No ático, no entanto, sempre que houver uma seqüência vogal lon-ga-vogal breve haverá uma metátese de quantidade.

Assim: ho > ev / ao > av.nhWñw > nh-ñw > neÅw o templolhWñw > lh-ñw > leÅw o povoálhWow > álh-ow > álevw propício / homérico álaow´Wow > ´-ow > §vw , ² aurorataWñw > ta-ñw> taÅw, õ pavão�nÅghWon > �nÅghon > �nñgevn, tñ a sala de jantarMen¡lhWow > Men¡lhow > Men¡levw, õ Menelaus�Wow > s�ow > sÇw / sÇow são, salvo

pl¡vw cheio, repleto (por analogia)

A vogal temática, tornando-se longa, altera todo o relacionamen-to com as desinências, mas dentro dos padrões fonéticos do ático.

As formas originais, sem metátese, são encontradas em Homero,Heródoto e nos líricos.

Alguns nomes já têm um -v temático e se declinam também den-tro dos padrões fonéticos do ático20.

lagvñw - oè, õ > lagÅw a lebrek�lvw -ou, õ > k�lvw a corda, o cabo�lvw-ou ² > �lvw terreiro (redondo) de bater trigo,

o disco solar ou lunar.�Ayvw-ou, õ > �Ayvw o monte Athos

20 Nunca é demais lembrar que a língua é anterior à gramática. É um truísmo, sim,mas ninguém se lembra disso. Os chamados modelos lingüísticos nos passam para-digmas bem montados, segundo os quais uma língua é um sistema ao qual se devesubmeter. Não. Existe um organismo, uma consciência, uma inteligência que domi-

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Page 129: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

129a flexão nominal: os temas nominais

Na flexão de todos esses nomes, o v temático absorve as vogaisbreves das desinências, prevalecendo naturalmente o timbre -o, como sedá também no casos de tema em -o breve.

Quadro de flexão:

T nhñ- nhñw > neÅw o temploT ®o- ´ow > §vw auroraT álho- álhow > álevw propício (ático)/ álao- > álaow (Homero)

Singular Nom. nhñ-w > neÅw ´o-w > §vw álho-w > álevwVoc. nhñ-w > neÅw ´o-w > §vw álh-ow > álevwAcus. nhñ-n > neÅn ´o-n > §vn álh-on > álevnGen. nh-oè > neÅ ´-ou > §v álh-ou > álevDat. nh-Ò > neÐ ´-Ä > §Ä ßl®-Ä > ßl¡ÄLoc. nh-Ò > neÐ ´-Ä > §Ä ßl®-Ä > ßl¡ÄInstr. nh-Ò > neÐ ´-Ä > §Ä ßl®-Ä > ßl¡Ä

Plural Nom. nho-Û > neÐ ´o-i > §Ä álho-i > áleÄVoc. nho-Û > neÐ ´o-i > §Ä álho-i > áleÄAcus. nh-oæw > neÅw ´-ouw > §vw ßl®-ouw > ßl¡vwGen. nh-Çn > neÇn ´-vn > §vn ßl®-vn > ßl¡vnDat. nho-Ýw > neÐw ´o-iw > §Äw ßl®o-iw > ßl¡ÄwLoc. nho-Ýw > neÐw ´o-iw > §Äw ßl®o-iw > ßl¡ÄwInstr. nho-Ýw > neÐw ´o-iw > §Äw áßl®o-iw > ßl¡Äw

Dual N.V.A. nh-Å > neÅ ´-v > §v ßl®-v > ßl¡vG.D.L.I. nho-Ýn > neÒn ´o-in > §Än ßl®o-in > ßl¡Än

na as relações do discurso, mas no nível do concreto, a partir dos elementos. Vi-mos, na flexão dos �contratos�, como as formas se desenvolvem individualmente,dentro dos padrões da língua. Não há palavras contratas, há formas contratas. Aquitambém, na chamada declinação ática, vai acontecer o mesmo.

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Page 130: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

130 a flexão nominal: os temas nominais

Observação: Os gramáticos prescrevem a manutenção da tônica na posi-ção do nominativo singular. Isso pode ser verdadeiro para os oxítonos eparoxítonos. Assim mesmo nós poríamos acento circunflexo no dat. loc.instr. dos temas oxítonos. Nos temas proparoxítonos álhow > álevw ve-ríamos formas paroxítonas no:

gen. singular: ßl®ou > ßl¡vdat. loc. instr. singular: ßl®Ä > ßl¡Äacus. plural: ßl®ouw > Þl¡vwdat. loc. instr. plural: ßl®oiw > ßl¡Äw.

Nós sabemos que, no caso de contração entre vogais, a vogal tôni-ca leva a tonicidade para o ditongo ou a vogal longa resultante:

tim�-v > timÇ eu honrotim�-o-men > timÇmen nós honramospoi¡-o-men > poioèmen nós fazemospoi¡-e-te > poieÝte fazei, vós fazeis

Nos casos de metátese de quantidade, contudo, não acontece omesmo; permanece a tonicidade original, já que não se trata de contra-ção. Temos um exemplo bem conhecido:

pñlh-ow > pñlevw da cidade

Contudo é mais cômodo servir-se da analogia, como no caso dogenitivo plural: pñlevn � das cidades, que deveria ser: pol¡-j-vn >pol¡vn.

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Page 131: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

131a flexão nominal: os temas nominais

Quadro de flexão dos nomes femininosde tema em -a puro

T oÞkÛa- ² oÞkÛa a casa T xÅra- ² xÅra o país, a terraT n¡a- n¡a nova, jovem T ski�- ² ski� a sombraT mikr� mikr� pequena T g¡fura-² g¡fura a ponte

S. Nom. ² oÞkÛa xÅra n¡a ski� mikr� g¡furaVoc. Î oÞkÛa xÅra n¡a ski� mikr� g¡furaAcus. t¯n oÞkÛa-n xÅra-n n¡a-n ski�-n mikr�-n g¡fura-nGen. t°w oÞkÛ-aw xÅr-aw n¡-aw ski-�w mikr-�w gefær-awDat. t» oÞkÛ-& xÅr-& n¡-& ski-� mikr-� gefær-&Loc. t» oÞkÛ-& xÅr-& n¡-& ski-� mikr-� gefær-&Instr. t» oÞkÛ-& xÅr-& n¡-& ski-� mikr-� gefær-&

Pl. Nom. aß oÞkÛa-i xÇra-i n¡a-i skia-Û mikra-Ü g¡fura-iVoc. Î oÞkÛa-i xÇra-i n¡a-i skia-Û mikra-Ü g¡fura-iAcus. t�w oÞkÛa-w xÅra-w n¡a-w ski�w mikr�-w gefæra-wGen. tÇn oÞki-Çn xvr-Çn ne-Çn ski-Çn mikr-Çn gefur-ÇnDat. taÝw oÞkÛa-iw xÅra-iw n¡a-iw skia-Ýw mikra-Ýw gefæra-iwLoc. taÝw oÞkÛa-iw xÅra-iw n¡a-iw skia-Ýw mikra-Ýw gefæra-iwInstr. taÝw oÞkÛa-iw xÅra-iw n¡a-iw skia-Ýw mikra-Ýw gefæra-iw

D. N.V.A. t� oÞkÛ-a xÅr-a n¡-a ski-� mikr-� gefær-aG.D.L.I. taÝn oikÛa-in xÅra-in n¡a-in skia-Ýn mikra-Ýn gefæra-in

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Page 132: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

132 a flexão nominal: os temas nominais

Quadro de flexão dos nomes femininosde tema em -h e -a impuro

T nÛkh- ² nÛkh a vitória T dñja- ² dñja a glória, opiniãoT tim®- ² tim® a honra T dein®- dein® valente, perigosaT kal®- kal® bela T y�lassa- ² y�latta o mar

S. Nom. ² nÛkh tim® kal¯ dñja dein¯ y�lattaVoc. Î nÛkh tim® kal¯ dñja dein¯ y�lattaAcus. t¯n nÛkh-n tim®-n kal¯-n dñja-n dein¯-n y�latta-nGen. t°w nÛk-hw tim-°w kal-°w dñj-hw dein-°w yal�tt-hwDat. t» nÛk-ú tim-» kal-» dñj-ú dein-» yal�tt-úLoc. t» nÛk-ú tim-» kal-» dñj-ú dein-» yal�tt-úInstr. t» nÛk-ú tim-» kal-» dñj-ú dein-» yal�tt-ú

P. Nom. aß nÛka-i tima-Û kala-Ü dñja-i deina-Ü y�latta-iVoc. Î nÛka-i tima-Û kala-Ü dñja-i deina-Ü y�latta-iAcus. t�w nÛka-w tim�-w kal�-w dñja-w dein�-w yal�tta-wGen. tÇn nik-Çn tim-Çn kal-Çn doj-Çn dein-Çn yalatt-ÇnDat. taÝw nÛka-iw tima-Ýw kala-Ýw dñja-iw deina-Ýw yal�tta-iwLoc. taÝw nÛka-iw tima-Ýw kala-Ýw dñja-iw deina-Ýw yal�tta-iwInstr. taÝw nÛka-iw tima-Ýw kala-Ýw dñja-iw deina-Ýw yal�tta-iw

D. N.V.A. t� nÛk-a tim-� kal-� dñj-a dein-� yal�tt-aG.D.L.I. taÝn nÛka-in tima-Ýn kala-Ýn dñja-in deina-Ýn yal�tta-in

Algumas observações sobre a flexão dos femininos em a/h:1. A variação a/h só existe no singular; o plural é todo em -a.2. Todos os oxítonos no nom. sing. têm acento circunflexo no genitivo e

dat. loc. inst. singular e plural. Nos outros casos eles mantêm o acento agudo.3. Todos esses nomes têm o genitivo plural perispômeno (p. 122).4. O -a do nominativo singular dos nomes femininos é longo, mas é breve nos

derivados com o sufixo -ia / eia. Não há uma regra precisa sobre o assunto.5. O -a temático dos adjetivos cujo masculino e neutro são de tema em -o é

longo, por analogia com o -a dos nomes femininos: dÛkaiow, dikaÛa,dÛkaion - �jiow, �jÛa, �jion.

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Page 133: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

133a flexão nominal: os temas nominais

6. Um grande número de substantivos e adjetivos femininos se forma com osufixo -ja / es-ja > -eia de -a breve, sobre temas em soante / consoante:

eégen¡s- eégenew-ja eég¡neia berço nobre, nobrezapant- pant-ja p�sa todamelit- melit-ja m¡lissa abelhamaxar- maxar-ja m�xaira a facaglvx- glvx-ja glÇtta língua�mil- �mil-ja �mÛlla a pelejamelan- melan-ja m¡laina pretamor- mor-ja moÝra o destino

7. Um outro grupo se forma com o sufixo em -a longo:-ia / -sÛa / -tÛa

Em geral são nomes abstratos e significam a qualidade ou o conceito dotema do adjetivo:

kakñw, mau kakÛa, maldade, víciooäkow, casa oÞkÛa, habitação�ggelow, mensageiro �ggelÛa - notícia�gÅniow, combatente �gvnÛa, rivalidade�jiow, digno �jÛa, dignidadedeilñw, covarde deilÛa, covardiam�rtuw, o testemunha marturÛa, o testemunho

8. Em geral os nomes cuja vogal temática é precedida de vogal ou -r mantêmo -a (�gor�, mikr�); e aqueles cuja vogal temática é precedida de qual-quer consoante menos -r a têm em -h (kefal®, dein®).

Alguns, no entanto, mesmo com a vogal temática precedida de conso-ante, mantêm o -a, como dñja, glória, opinião, =Ûza, raiz, mas fazem ogenitivo e dativo (loc. instr.) em -hw, -ú:

dñja - dñja - dñjan - dñjhw - dñjú=Ûza - =Ûza - =Ûzan - =Ûzhw - =Ûzú

9. A desinência -aw < -anw do acusativo plural é longa (alongamento com-pensatório); por isso provoca deslocação do acento nos proparoxítonos e al-teração nos properispômenos.

m¡litta > melÛttaglÇtta > glÅttaw

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Page 134: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

134 a flexão nominal: os temas nominais

10. Os adjetivos cuja vogal temática é precedida de qualquer consoante menos-r fazem o feminino em -h; e aqueles, cuja vogal temática é precedidade vogal ou -r, fazem o feminino em -a longo. Por isso os adjetivos pro-paroxítonos no masculino e neutro se tornam paroxítonos no feminino.

dÛkaiow - dikaÛa - dÛkaion: justo§terow - ¥t¡ra - §tero(n): outro, alter

Quadro de flexão dos masculinosde tema em -aw/-hw

T naæta- / naæth- õ naæthw o nauta, marinheiroT mayht�- / mayht®- õ mayht®w o aprendiz, o discípuloT neanÛa- õ neanÛaw o rapaz, o jovemT �AtreÛda- /�AtreÛdh- õ �AtreÛdhw O Atrida, o filho de Atreu

S. Nom. õ naæth-w mayht®-w neanÛa-w �AtreÛdh-wVoc. Î naèta mayht� neanÛa �AtreÝda / -hAcus. tòn naæth-n mayht®-n neanÛa-n �AtreÛdh-nGen. toè naæt-ou mayht-oè neanÛ-ou �AtreÛd-ouDat. tÒ naæt-ú mayht-» neanÛ-& �AtreÛd-úLoc. tÒ naæt-ú mayht-» neanÛ-& �AtreÛd-úInstr. tÒ naæt-ú mayht-» neanÛ-& �AtreÛd-ú

P. Nom. oß naèta-i mayhta-Û neanÛa-i �AtreÝda-iVoc. Î naèta-i mayhta-Û neanÛa-i �AtreÝda-iAcus. toçw naæta-w mayht�-w neanÛa-w �AtreÛda-wGen. tÇn naut-Çn mayht-Çn neani-Çn �Atreid-ÇnDat. toÝw naæta-iw mayhta-Ýw neanÛa-iw �AtreÛda-iwLoc. toÝw naæta-iw mayhta-Ýw neanÛa-iw �AtreÛda-iwInstr. toÝw naæta-iw mayhta-Ýw neanÛa-iw �AtreÛda-iw

D. N.V.A. tÆ naæt-a mayht-� neanÛ-a �AtreÛd-aG.D.L.I. toÝn naæta-in mayhta-Ýn neanÛa-in �AtreÛda-in

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Page 135: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

135a flexão nominal: os temas nominais

Algumas observações sobre a flexão dos masc. em -aw/-hw:

1. O plural dos masculinos é todo em -a, igual ao dos femininos.2. O vocativo singular dos nomes comuns (em -aw ou -hw) é em -a breve, eprovoca alteração na acentuação; o dos nomes próprios em -hw é em -h.3. O genitivo singular é um empréstimo do artigo masc. (tema em -o).

Como nos nomes de tema em -o, há também alguns nomes e adjetivosque têm uma vogal pré-temática e ou a, formando hiato com a vogal temática,que o ático reduz pela contração.

Em princípio fazem a contração em a os que têm essa vogal precedidade r; os outros fazem a contração em h:

mnaa- ² mn� - mn�w a mina, (quantia de dinheiro)gal¡h- ² gal°-°w a doninha, o gambásuk¡h- ² suk°-°w a figueirag¡a- ² g°-°w a terrabor¡a- õ bor¡aw -bor¡ou o vento norte, borealborr�- õ borr�w, borr� o vento norte, boreal�Ayhn�a- �Ayhn�-�w Atena�Erm¡h/�Erm¡a- �Erm°w-�Ermoè Hermes

Aß �HermaÝ estátuas de Hermes:só o busto. São as Hermas

�rgur¡a > �rgur� argêntea, prateada, de prataxrus¡a > xrus° áurea, dourada, de ourokuan¡a > kuan° azul escuroxalk¡a > xalk° de bronze�plñh > �pl° simples, não composta,

não múltipladiplñh > dipl° dupla, dobradatriplñh > tripl° tripla, tríplice

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Page 136: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

136 a flexão nominal: os temas nominais

Quadro de flexão:

T. g¡a ² g° a terraT. mn�a ² mn� a minaT. �rgur¡a �rgur� prateada, de prataT. xrus¡a xrus° dourada, de ouroT. �Erm¡a �Erm°w Hermes

Singular Nom. g° mn� �rgur¡a > � xrus¡a > ° �Erm°-wVoc. g° mn� �rgur¡a > � xrus¡a > ° �Erm°Acus. g°-n mn�-n �rgur¡a-n > �n xrus¡a-n > °n �Erm°-nGen. g°w mn�w �rgur¡a-w>�w xrus¡a-w > °w �ErmoèDat. g» mn� �rgur¡& > � xrus¡& > » �Erm»Loc. g» mn� �rgur¡& > � xrus¡& > » �Erm»Instr. g» mn� �rgur¡& > � xrus¡& > » �Erm»

Plural Nom. mna-Ý �rgur¡a-i > aÝ xrus¡a-i > aÝ �Erma-ÝVoc. mna-Ý �rgur¡a-i > aÝ xrus¡a-i > aÝ �Erma-ÝAcus. mn�-w �rgur¡a-w > �w xrus¡a-w > �w �Erm�-wGen. mnÇn �rgur¡vn > Çn xrus¡vn > Çn �ErmÇnDat. mna-Ýw �rgur¡a-iw > aÝw xrus¡a-iw > aÝw �Erma-ÝwLoc. mna-Ýw �rgur¡a-iw > aÝw xrus¡a-iw > aÝw �Erma-ÝwInstr. mna-Ýw �rgur¡a-iw > aÝw xrus¡a-iw> aÝw �Erma-Ýw

Dual N.V.A. mn� �rgur¡a > � xrus¡a>� �Erm�G.D.L.I. mn�n �rgur¡a-in>�n xrus¡a-in>�n �Erm�n

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Page 137: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

137a flexão nominal: os temas nominais

Os adjetivos de tema em vogal

Embora já tenhamos visto a flexão de alguns adjetivos de temasem vogal junto com os nomes, vamos reapresentá-los num quadro emconjunto.

Quadro de flexão de adjetivos de tema em -o/-a:

T n¡o-, n¡a-, n¡o- n¡ow, n¡a, n¡on novo, jovemT mikrñ-, mikr�-, mikrñ- mikrñw, mikr�, mikrñn pequeno

S. Nom. n¡o-w n¡a n¡o-n mikrñ-w mikr� mikrñ-nVoc. n¡e/n¡o-w n¡a n¡o-n mikr¡ mikr� mikrñ-nAcus. n¡o-n n¡a-n n¡o-n mikrñ-n mikr�-n mikrñ-nGen. n¡-ou n¡-aw n¡-ou mikr-oè mikr-�w mikr-oèDat. n¡-Ä n¡-& n¡-Ä mikr-Ò mikr-� mikr-ÒLoc. n¡-Ä n¡-& n¡-Ä mikr-Ò mikr-� mikr-ÒInstr. n¡-Ä n¡-& n¡-Ä mikr-Ò mikr-� mikr-Ò

P. Nom. n¡o-i n¡a-i n¡-a mikro-Û mikra-Û mikr-�Voc. n¡o-i n¡a-i n¡-a mikro-Û mikra-Û mikr-�Acus. n¡-ouw n¡a-w n¡-a mikr-oæw mikr�-w mikr-�Gen. n¡-vn ne-Çn n¡-vn mikr-Çn mikr-Çn mikr-ÇnDat. n¡o-iw n¡a-iw n¡o-iw mikro-Ýw mikra-Ýw mikro-ÝwLoc. n¡o-iw n¡a-iw n¡o-iw mikro-Ýw mikra-Ýw mikro-ÝwInstr. n¡o-iw n¡a-iw n¡o-iw mikro-Ýw mikra-Ýw mikro-Ýw

D. N.V.A. n¡-v n¡-a n¡-v mikr-Å mikr-� mikr-ÅG.D.L.I. n¡o-in n¡a-in n¡o-in mikro-Ýn mikra-Ýn mikro-Ýn

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Page 138: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

138 a flexão nominal: os temas nominais

Quadro de flexão dos adjetivos de tema em -o/-h:

T mñno-, mñnh-, mñno- mñnow, mñnh, mñnon só, sozinho, únicoT deinñ-, dein®-, deinñ- deinñw, dein®, deinñn valente, terrível, forte

S. Nom. mñno-w mñnh mñno-n deinñ-w dein® deinñ-nVoc. mñne mñnh mñno-n dein¡ dein® deinñ-nAcus. mñno-n mñnh-n mñno-n deinñ-n dein®-n deinñ-nGen. mñn-ou mñn-hw mñn-ou dein-oè dein-°w dein-oèDat. mñn-Ä mñn-ú mñn-Ä dein-Ò dein-» dein-ÒLoc. mñn-Ä mñn-ú mñn-Ä dein-Ò dein-» dein-ÒInstr. mñn-Ä mñn-ú mñn-Ä dein-Ò dein-» dein-Ò

P. Nom. mñno-i mñna-i mñn-a deino-Û deina-Û dein-�Voc. mñno-i mñna-i mñn-a deino-Û deina-Û dein-�Acus. mñn-ouw mñna-w mñn-a dein-oæw dein�-w dein-�Gen. mñn-vn mon-Çn mñn-vn dein-Çn dein-Çn dein-ÇnDat. mñno-iw mñna-iw mñno-iw deino-Ýw deina-Ýw deino-ÝwLoc. mñno-iw mñna-iw mñno-iw deino-Ýw deina-Ýw deino-ÝwInstr. mñno-iw mñna-iw mñno-iw deino-Ýw deina-Ýw deino-Ýw

D. N.V.A. mñn-v mñn-a mñn-v dein-Å dein-� dein-ÅG.D.L.I. mñno-in mñna-in mñno-in deino-Ýn deina-Ýn deino-Ýn

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Page 139: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

139a flexão nominal: os temas nominais

Graus dos adjetivos

O comparativo e o superlativo dos adjetivos são expressos em gre-go por sufixos que se acrescentam ao tema.

Os sufixos são:-tero (-terow, a, on) / -ion (-ivn, ion) para o comparativo21;-tato (-tatow, h, on) / -isto (-istow, n, on) para o superlativo.

Assim: em -terow, a, on, - tatow, h, on

Tema Comparativo Superlativokoèfow - leve koufo-* koufñterow,a,on koufñtatow,h,on�giow - santo agio-** �giÅterow,a,on �giÅtatow,h,onglukæw - doce gluku- glukæterow,a,on glukætatow,h,onm¡law - preto melan mel�nterow,a,on mel�ntatow,h,oneéseb®w - piedoso eésebew- eéseb¡sterow,a,on eéseb¡statow,h,on

Alguns adjetivos em -aio suprimem a vogal temática antes dossufixos:

geraiñw - velho geraÛterow,a,on geraÛtatow,h,on***²suxaÝow - tranqüilo ²suxaÛterow,a,on ²suxaÛtatow,h,onpalaiñw - antigo palaÛterow,a,on palaÛtatow,h,onsxolaÝow - ocioso sxolaÛterow,a,on sxolaÛtatow,h,on

21 A flexão dos comparativos e superlativos não apresenta problemas, porque são ad-jetivos ou de tema em vogal ou de tema em consoante, e cada tema recebe seuscasos �sufixos� (ptÅseiw).

* quando a vogal da sílaba pretemática é longa, a vogal temática se mantém inalterada;** quando a vogal da sílaba pretemática é breve, a vogal temática é alongada.*** não é impossível encontrar: geraiñterow/geraiñtatow; é uma questão da

lei do menor esforço.

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Page 140: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

140 a flexão nominal: os temas nominais

Alguns outros seguem o mesmo modelo, aceitando o ditongo:eëdiow - sereno eédi-aÛ-terow,a,on eédi-aÛ-tatow,h,onàsow - igual Þs-aÛ-terow,a,on *Þs-aÛ-tatow,h,onm¡sow - do meio mes-aÛ-terow,a,on mes-aÛ-tatow,h,onöciow - tardio ôci-aÛ-terow,a,on ôci-aÛ-tatow,h,onplhsÛow - vizinho plhsi-aÛ-terow,a,on plhsi-aÛ-tatow,h,on

Outros fazem em -Ûsterow - -Ûstatow, com a elisão da vogaltemática:

l�low - tagarela lal-Ûsterow,a,on lal-Ûstatow,h,onkl¡pthw - ladrão *klept¡sterow,a,on klept-Ûstatow,h,onptÇxow - mendigo ptvx-Ûsterow,a,on *ptvxÛstatow,h,on

A maioria dos adjetivos em -vn, -on, antes do sufixo -terow,a,on/-tatow,h,on, tem um infixo -es-:eédaÛmvn - feliz eédaimon-¡s-terow,a,on eédaimon-¡s-tatow,h,onsÅfrvn - sensato svfron-¡s-terow,a,on svfron-¡s-tatow,h,on

Também os adjetivos de tema em -oo- fazem o comparativo e osuperlativo com esse infixo: -es-terow,a,on - -es-tatow,h,on, com ascontrações normais:�ploèw - simples T �ploo- �ploæsterow,a,on �ploæstatow,h,oneënouw - cordato T eënoo- eénoæsterow,a,on eénoæstatow,h,on

Os sufixos -terow,a,on/-tatow,h,on se apõem a algumas partí-culas interrogativas, pronomes, advérbios ou preposições formando adje-tivo comparativo22:pñ-terow - quem dos dois? êp¡r-terow - superior§terow,a,on - um dos dois (alter) êp¡r-tatow - supremo (ìpatow)prñ-terow - primeiro, anterior ìsterow - posterior¦sxatow (¤j) - o último, derradeiro ìstatow - último

22 O comparativo é basicamente uma relação entre dois.

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Page 141: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

141a flexão nominal: os temas nominais

O sufixo -terow,a,on aparece também na formação do possessivodos pronomes pessoais no plural:

²meÝw nós ²m¡terow,a,on nossoêmeÝw vós êm¡terow,a,on vossosfeÝw eles sf¡terow,a,on de si mesmos�mfv ambos �mfñterow,a,on de ambosoédeÛw ninguém oéd¡terow nenhum dos doismhdeÛw ninguém mhd¡terow nenhum dos dois

Poucos adjetivos fazem o comparativo em -ion e o superlativo em-isto:

kakñw - mau kakÛvn,on k�kistow,h,onaÞsxrñw - torpe, feio aÞsxÛvn,on aàsxistow,h,on¤xyrñw - inimigo ¤xyÛvn,on ¦xyistow,h,on²dæw - prazeroso ²dÛvn,on ´distow,h,onm¡gaw - grande meÛzvn,on m¡gistow,a,onoÞktrñw - deplorável oàktistowtaxæw - veloz y�ssvn,on (-ttvn) t�xistow,h,onkalñw - belo kallÛvn,on k�llistow,h,on=�diow - fácil =�vn,on =�stow,h,on

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142 a flexão nominal: os temas nominais

Alguns adjetivos (poucos) formam o comparativo e superlativosobre temas alternativos e que não se usam no grau normal. Seriam for-mas supletivas23. Ver à página 195.

Tema Comparativo Superlativo�gayñw - bom amen- �meÛnvn,on

ar- �ristow,h,onbelt- beltÛvn,on b¡ltistow,h,onkret-/krat- kreÛssvn-on (-ttvn) kr�tistow,h,onlv- lÐvn,on lÒstow,h,on

kakñw - ruim kako- kakÛvn,on �k�kistow,h,onxer-/xeir- xeÛrvn,on xeÛristow,h,on²k- ´ssvn,on (-ttvn) ´kistow,h,on

mikrñw - pequeno mikro- mikrñterow,a,on mikrñtatow,h,onme- meÛvn,on

ôlÛgow - pouco oligo olÛgistow,h,on¤laxu- ¤l�ssvn,on (-ttvn) ¤l�xistow,h,on

polæw - muito ple-/pol- pleÛvn,on pleÝstow,h,onpl¡vn,on

A flexão dos comparativos em -ivn, ion apresenta certas formassincopadas: síncope do -n- temático intervocálico e posterior contraçãodas vogais em hiato: kakÛvn, k�kion - pior.

Singular Pluralm./f. neutro m./f. neutro

N. kakÛvn k�kion kakÛonew > kakÛouw kakÛona > kakÛvV. k�kion k�kion kakÛonew > kakÛouw kakÛona > kakÛvAc. kakÛona > kakÛv k�kion kakÛonew > kakÛouw kakÛona > kakÛvG. kakÛonow kakÛonow kakiñnvn kakiñnvnD.L.I. kakÛoni kakÛoni kakÛosi kakÛosi

23 Na verdade, seriam formas independentes, com significado próprio, que pela pro-ximidade semântica passaram a figurar no quadro dos comparativos e superlativosde alguns adjetivos, que não criaram comparativos e superlativos �normais�, por-que já existiam esses outros. Seriam redundantes.

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143a flexão nominal: os temas nominais

Observações:

As formas sincopadas são as mais usadas, mas só se encontram noscasos �sintáticos�: nom., voc., acus.

Qualquer adjetivo no grau normal e no comparativo ou superlati-vo pode ser usado como advérbio. Na verdade, trata-se mais de umpredicativo do infinitivo sujeito, nas orações ditas de verbo impessoal.Contudo, quando usados adverbialmente, eles se comportam assim:

normal: o neutro singular do adjetivo deinñncomparativo: o neutro singular do comparativo deinñteronsuperlativo: o neutro plural do superlativo deinñtata

Adjetivos numerais

Os indicadores de número são os seguintes:1. cardinais: são adjetivos, mas só os 4 primeiros cardinais têm flexão;2. ordinais: são adjetivos triformes.

Além deles, o grego tem os multiplicativos adverbiais formados como sufixo -kiw.

Para registrar os cardinais, os gregos usavam as letras do alfabeto:� as 9 primeiras para as unidades a =1; b =2;� as 9 seguintes para as dezenas i = 20, k = 30;� as nove restantes para as centenas r = 100, s = 200.Os números até 999 têm no alto à direita um sinal ´:� a´ (1).Os números superiores a 999 têm esse índice em baixo à esquerda:� ,a (1000).

Quando o número contém várias unidades só a última unidade re-cebe o sinal (ápice) à direita; avmb� = 1842.

Ver o quadro dos numerais nas páginas seguintes.

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144 a flexão nominal: os temas nominais

Sinais Cardinais Ordinais Advérbio num.

a� 1 eåw,mÛa,§n prÇtow,h,on �paj

b� 2 dæo deæterow,a,on dÛw

g� 3 treÝw, trÛa trÛtow.h,on trÛw

d� 4 t¡ssarew,a (-tt-) t¡tartow,h,on tetr�kiw

e� 5 p¡nte p¡mptow,h,on pent�kiw

w� 6 §j §ktow,h,on ¥j�kiw

z� 7 ¥pt� §bdomow,h,on ¥pt�kiw

h� 8 ôktÅ ögdoow,h,on ôkt�kiw

y� 9 ¤nn¡a ¦natow,h,on ¤n�kiw

i� 10 d¡ka d¡katow,h,on dek�kiw

ia� 11 §ndeka ¥nd¡katow,h,on ¥ndek�kiw

ib� 12 dÅdeka dvd¡katow,h,on dvdek�kiw

ig� 13 triskaÛdeka triskaid¡katow,h,on triwkadek�kiw

id� 14 tessareskaÛdeka tessarakaid¡katow,h,on tessaradek�kiw

ie� 15 pentekaÛdeka pentekaid¡katow,h,on pentekaidek�kiw

iw� 16 ¥kkaÛdeka ¥kkaid¡katow,h,on ¥kkaidek�kiw

iz� 17 ¥ptakaÛdeka ¥ptakaid¡katow,h,on ¥ptakaidek�kiw

ih� 18 ôktvkaÛdeka ôktvkaid¡katow,h,on ôktvkaidek�kiw

iy� 19 ¤nneakaÛdeka ¤nneakaid¡katow,h,on ¤nneakaidek�kiw

k� 20 eàkosi eÞkostñw,®,ñn eÞkos�kiw

l� 30 tri�konta triakostñw,®,ñn triakos�kiw

m� 40 tessar�konta tessarakostñw,®,ñn tessarakont�kiw

n� 50 pent®konta penthkostñw,®,ñn penthkont�kiw

j� 60 ¥j®konta ¥jhkostñw,®,ñn ¥jhkont�kiw

o� 70 ¥bdom®konta ¥bdomhkostñw,®,ñn ¥bdomhkont�kiw

p� 80 ôgdo®konta ôgdohkostñw,®,ñn ôgdohkont�kiw

q� 90 ¤ne®konta ¤nehkostñw,®,ñn ¤nehkont�kiw

r� 100 ¥katñn ¥katostñw,®,ñn ¥katont�kiw

s� 200 diakñsioi,ai,a diakosiostñw,®,ñn diakosi�kiw

t� 300 triakñsioi,ai,a triakosiostñw,®,ñn triakosi�kiw

u� 400 tetrakñsioi,ai,a tetrakosiostñw,®,ñn tetrakosi�kiw

f� 500 pentakñsioi,ai,a pentakosiostñw,®,ñn pentakosi�kiw

x� 600 ¥jakñsioi,ai,a ¥jakosiostñw,®,ñn ¥jakosi�kiw

c� 700 ¥ptakñsioi,ai,a ¥pakosiostñw,®,ñn ¥ptakosi�kiw

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Page 145: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

145a flexão nominal: os temas nominais

v� 800 ôktakñsioi,ai,a ôktakosiostñw,®,ñn ôktakosi�kiw

Q 900 ¤nakñsioi,ai,a ¤nakosiostñw,®,ñn ¤nakosi�kiw

,a 1000 xÛlioi,ai,a xiliostñw,®,ñn xili�kiw

,b 2000 disxÛlioi,ai,a disxiliostñw,®,ñn disxili�kiw

,g 3000 trisxÛlioi,ai,a trisxiliostñw,®,ñn trisxili�kiw

,d 4000 tetrakisxÛlioi,ai,a tetrakisxiliostñw,®,ñn tetrakisxili�kiw

,e 5000 pentakisxÛlioi,ai,a pentakisxiliostñw,®,ñn pentakisxili�kiw

,w 6000 ¥jakisxÛlioi,ai,a ¥jakisxiliostñw,®,ñn ¦jakisxili�kiw

,z 7000 ¥ptakisxÛlioi,ai,a ¥ptakisxiliostñw,®,ñn ¥ptakisxili�kiw

,h 8000 ôktakisxÛlioi,ai,a ôktakisxiliostñw,®,ñn ôktakisxili�kiw

,y 9000 ¤nakisxÛlioi,ai,a ¤nakisxiliostñw,®,ñn ¤nakisxili�kiw

a 10000 mærioi,ai,a muriostñw,®,ñn muri�kiw

b 20000 dismærioi,ai,a dismuriostñw,®,ñn dismuri�kiw

g 30000 trismærioi,ai,a trismuriostñw,®,ñn trismuri�kiw

d 40000 tetrakismærioi,ai,a tetrakismuriostñw,®,ñn tetrakismuri�kiw

e 50000 pent�kismærioi,ai,a pentakismuriostñw,®,ñn pentakismuri�kiw

r 1000000 ¥katontakismærioi,ai,a¥katontakismuriostñw,®,ñn

¥katonmuri�kiw

Notas:

1. Para registrar 6, usa-se o stigma w�, interrompendo-se a seqüência nor-mal do alfabeto (seria o z)24:

� para registrar 90, usa-se o kopa q�;� para registrar 900, usa-se o sampi Q.

2. Os cardinais compostos de dois números podem ser expressos de trêsmaneiras:

25 - ke �- eàkosi kaÜ p¡nte25 - ke � - p¡nte kaÜ eàkosi25 - ke �- eàkosi p¡nte

24 Contudo, para numerar os cantos da Ilíada e da Odisséia, usa-se o alfabeto normal:o Canto VI da Ilíada é Z e o Canto VI da Odisséia é z. É uma convenção: oscantos da Ilíada são marcados com as letras maiúsculas do alfabeto grego, e os daOdisséia, com as minúsculas.

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Page 146: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

146 a flexão nominal: os temas nominais

Mas, em vez de acrescentar a unidade à dezena, usa-se também oprocesso de diminuição da dezena subseqüente:

49 - my´ - pent®konta ¥nòw d¡ontow / mui�w deoæshw = 50faltando um / uma; (reduzida de particípio = genitivo absoluto).

49 - mh´ - pent®konta duoÝn deñntoin / duoÝn deñntoinpent®konta = faltando dois para 50 / dois para 50.

Em geral, esse sistema só se usa com as duas últimas unidades dadezena.

3. Os ordinais compostos podem ser expressos de três maneiras:25 - p¡mptow kaÜ eÞkostñw25 - eÞkostòw p¡mptow25 - eÞkostòw kaÜ p¡mptow

4. Os adjetivos múltiplos se constroem acrescentando-se os sufixos -ploèw,°,oèn / -pl�siow,a,on.

�ploèw,°,oèn simplesdiploèw,°,oèn dipl�siow,a,on duplotriploèw,°,oèn tripl�siow,a,on triplo

5. Acima de 10.000, usam-se ou os compostos com mærioi,ai,a com oadvérbio multiplicativo, ou o substantivo muri�w-�dow, ², a miríade.

50.000 - pentakismærioi,ai,a / p¡nte muri�dew

6. Há também outros substantivos numerais, construídos por analogiacom muri�w-�dow.

mon�w-�dow ² a mônade / mônada, a unidadetri�w-�dow, ² a tríadedek�w-�dow, ² a décade,década¥katont�w-�dow,² a centenaxili�w-�dow, ² o milhar

7. Os quatro primeiros números cardinais são declináveis (em português,só os dois primeiros variam e, em latim, os três primeiros).

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Page 147: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

147a flexão nominal: os temas nominais

Quadro paradigmático:

T. ¥n- mia eåw, mÛa, §nT. duo dæoT. tri- treÝw, trÛaT. tessar / tettar- t¡ssarew,a

m. f. n. m. f. n. m. f. n. m. f. n.N. eåw mÛa §n dæo treÝw trÛa t¡ssar-ew / -aV.A. §n-a mÛa-n §n dæo/dæv treÝw trÛa t¡ssar-aw / -aG. ¥n-ñw mi�w ¥n-ñw duo-Ýn tri-Çn tri-Çn tess�r-vnD.L.I. ¥n-Û mi� ¥n-Û duo-Ýn/du-sÛ tri-sÛ tri-sÛ t¡ssar-si

7. Sobre eåw, mÛa, §n, um,uma, flexionam-se:oédeÛw, oédemÛa, oéd¡n, nenhum, nenhuma, ninguém, nada, e suavariante: mhdeÛw, mhdemÛa, mhd¡n.

N. oédeÛw oédemÛa oéd¡nV.A. oéd¡n-a oédemÛa-n oéd¡nG. oéden-ñw oédemi-�w oéden-ñwD.L.I. oéden-Û oédemi-� oéden-Û

8. O grego também possui um numeral dual, de uso específico mas cons-tante: �mfv, ambos os dois, ambo, em latim, e ambos, em português.Flexiona-se como dæo:

N.A. - �mfvG.D.L.I. - �mfoÝn

Há também um adjetivo derivado, possessivo:�mfñterow,a,on - de ambos, de cada um dos dois

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Page 148: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

148 a flexão nominal: os temas nominais

Relativos

O grego tem três relativos básicos (anafóricos), que podemos defi-nir assim:

Grego Português Latim÷w, ´, ÷ que relativo de identidade qui, quae, quodoåow, oáa, oåon qual relativo de qualidade qualis, e÷sow, ÷sh, ÷son quanto relativo de dimensão, valor quantus, a, um÷soi, ÷sai, ÷sa quantos plural do anterior,

relativo de quantidade quot

O relativo absoluto, de identidade, é ÷w, ´, ÷, que e tem comoantecedentes ÷de, ´de, tñde, este, esta, isto, oðtow, aìth, toèto, esse,essa, isso, e ¤keÝnow, ¤keÛnh, ¤keÝno, aquele, aquela, aquilo ou qualquernome; os outros têm como antecedente um dêitico de qualidade ou dedimensão, de tamanho ou de quantidade respectivamente.

Quadro de flexão dos relativos

T jo-/ja- ÷w, ´, ÷ que (qui, quae, quod)T oßo-/a- oåow, oáa, oåon qual (qualis, e)T õso-/a- ÷sow, ÷sh, ÷son quão grande (quantus,a,um)T õso-/a- ÷soi, ÷sai, ÷sa quantos (quot)

S. N. ÷-w ´ ÷ oåo-w oáa oåo-n ÷so-w ÷sh ÷so-nV.A. ÷-n ´-n ÷ oåo-n oáa-n oåo-n ÷so-n ÷sh-n ÷so-nG. oð ¸w oð oá-ou oá-aw oá-ou ÷s-ou ÷s-hw ÷s-ouD. Ú Ã Ð oá-Ä oá-& oá-Ä ÷s-Ä ÷sú ÷s-ÄL. Ú Ã Ð oá-Ä oá-& oá-Ä ÷s-Ä ÷sú ÷s-ÄI. Ú Ã Ð oá-Ä oá-& oá-Ä ÷s-Ä ÷sú ÷s-Ä

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Page 149: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

149a flexão nominal: os temas nominais

P. N. o-á a-á � oåo-i oåa-i oå-a ÷so-i ÷sa-i ÷s-aV.A. oìw �w � oá-ouw oáa-w oå-a ÷s-ouw ÷sa-w ÷s-aG. Ïn Ïn Ïn oá-vn oá-vn oá-vn ÷s-vn ÷s-vn ÷s-vnD. o-åw a-åw o-åw oáo-iw oáa-iw oáo-iw ÷so-iw ÷so-iw ÷so-iwL. o-åw a-åw o-åw oáo-iw oáa-iw oáo-iw ÷so-iw ÷so-iw ÷so-iwI. o-åw a-åw o-åw oáo-iw oáa-iw oáo-iw ÷so-iw ÷so-iw ÷so-iw

D. N.V.A. Ë � Ë oá-v oá-a oá-v ÷s-v ÷s-a ÷s-vG.D.L.I. o-ån a-ån o-ån oáo-in aáa-in oáo-in ÷so-in ÷sa-in ÷so-in

Notas:

1. Os relativos podem vir reforçados com o sufixo -per, (às vezes -ge ) -precisamente, exatamente:

÷sper, ´per, ÷per exatamente queoáosper, oáaper, oáonper exatamente qual÷sosper, ÷shper, ÷sonper exatamente quanto

2. Nas expressões:kaÜ ÷w, e ele¸ d� ÷w, e ele disse,

trata-se de uma antiga forma de artigo, com valor demonstrativo,anafórico (este, esse). Heródoto o emprega com freqüência.

3. O relativo ÷w, ´, ÷ se compõe também com os indefinidos:tiw, ti - poiow,a,on, - posow,posh, poson - phlikow, h, onpara exercerem duas funções:

a) de interrogativos indiretos de identidade, qualidade, dimensão/quan-tidade e idade, sobretudo nas interrogativas indiretas:

- eÞp¡ moi : tÛw eä; - Dize-me: - quem és? (interrogação direta)- oék oäda ÷stiw eä. - Eu não sei quem és. (interrogação indireta)

b) de relativo indefinido:mak�riow ÷stiw oésÛan kaÜ noèn ¦xei - feliz quem (qualquerum que) tem posses e juízo.

Veremos isso com mais detalhes no quadro dos correlativos (p. 162).

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150 a flexão nominal: os temas nominais

Quadro de flexão dos dêiticos

T o-, h-, to- (-de) ÷de, ´de, tñde* este, esta, istoT oðto-/ toèto-, aìth-, oðtow, aìth, toèto esse, essa, issoT ¤keÝnow-, h-, o-** aquele, aquela, aquilo

Sing. Nom. ÷de ´de tñde oðtw aìth toètoVoc.Acus tñnde t®nde tñde toèto-n taæth-n toètoGen. toède t°sde toède toæt-ou taæt-hw toæt-ouDat. tÒde t»de tÒde toæt-Ä taæt-ú toæt-ÄLoc. tÒde t»de tÒde toæt-Ä taæt-ú toæt-ÄInstr. tÒde t»de tÒde toæt-Ä taæt-ú toæt-Ä

Plural Nom. oáde aáde t�de oðto-i aìta-i taèt-aVoc.Acus. toæsde t�sde t�de toæt-ouw taæta-w taèt-aGen. tÇnde tÇnde tÇnde toæt-vn taut-Çn toæt-vnDat. toÝsde taÝsde toÝsde toæto-iw taæta-iw toæto-iwLoc. toÝsde taÝsde toÝsde toæto-iw taæta-iw toæto-iwInstr. toÝsde taÝsde toÝsde toæto-iw taæta-iw toæto-iw

Dual N.V.A. tÅde t�de tÅde toæt-v taæt-a toæt-vG.D.L.I. toÝnde taÝnde toÝnde toæto-in taæta-in toæto-in

* Na verdade, é a flexão do artigo seguido de -de.

** Flexão como os adjetivos triformes em -o / -a/-h.

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Page 151: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

151a flexão nominal: os temas nominais

Notas:

1. Há uma outra construção, analógica a ÷de, ´de, tñde, com a partícu-la restritiva-enfática -ge com o artigo õ, ², tñ > ÷ge, ´ge, tñge,com significado paralelo, e com a flexão só do artigo.

2. � O significado de ÷de, ´de, tñde corresponde ao demostrativo lati-no hic, haec, hoc, e ao portugês: este, esta, isto, isto é, referente à 1a

pessoa e aos advérbios aqui, agora.É catafórico: - minha opinião é esta: (a que vou expor)

� O significado de oðtow, aìth, toèto corresponde ao demons-trativo latino iste, ista, istud, e ao português esse, essa, isso, referen-te à 2a pessoa e ao advérbio aí. Também, como em latim e portu-guês, às vezes é usado com sentido depreciativo.É essa! (aponta-se com o dedo)É anafórico: é essa a minha opinião (a que acabei de expor)

� O significado de ¤keÝnow, h, o corresponde ao demonstrativo lati-no ille, illa, illud, e ao português aquele, aquela, aquilo, referente à3a pessoa e ao advérbio lá.

3. Tanto ÷de, ´de, tñde quanto oðtow, �uth, toèto são às vezes re-forçados com o sufixo -i (locativo), que, ou substitui a vogal final bre-ve: - õdÛ, ²dÛ, todÛ, este aqui ou se acrescenta à vogal longa: - aêthÛ,essa aí, toutouÛ, desse aí e à consoante final: - oêtosÛ, esse aí (nom.)toutonÛ, esse aí (acus.).

4. Os demostrativos de identidade ÷de, ´de, tñde e oðtow, aìth,toèto se compõem também com outros demonstrativos:

� de qualidade: toÝow,a,on de tal qualidade, tal� de dimensão: tñsow,h,on de tal dimensão, de tal valor, tanto� de quantidade: tñsoi,ai,a de tal quantidade, tantos� de idade: thlÛkow,h,on de tal idade25

para fazer os seguintes demonstrativos compostos:

25 Esses demostrativos simples são usados por Homero, Hesíodo e pelos líricos; naprosa e no ático só se usam as formas compostas (4.1 e 4.2).

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Page 152: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

152 a flexão nominal: os temas nominais

4.1. com ÷de, ´de, tñdetoiñsde, toi�de, toiñde desta qualidadetosñsde, tos°de, tosñde deste tamanho, deste valortosoÛde, tosaÛde, tos�de desta quantidade, tantosthlikñsde, telik°de, telikñde desta idade

4.2. com oðtow, aìth, toètotoioètow, toiaæth, toioèto dessa qualidade, desse tipotosoètow, tosaæth, tosoèto desse tamanho, desse valortosoètoi, tosaètai, tosaèta dessa quantidadethlikoètow, thlikaæth, thlikoèto dessa idade

5. Alguns outros adjetivos considerados demonstrativos (catafóricos) po-dem ser listados aqui, mas se declinam normalmente como nomes detemas em -o para o masculino e o neutro e -a/-h para o feminino:

�llow,h,o outro, outra (entre vários) alius§terow,a,on outro (de dois) alter§kastow,h,on cada, cada um¥k�terow,a,on cada um dos dois

6. O grego tem também um demonstrativo de relações mútuas, chamadorecíproco. Em português, a expressão dessa idéia passa pelo processoanalítico: - uns os outros, uns dos outros, uns aos outros.

Só tem o plural e o dual, evidentemente; e não tem nominativonaturalmente.

Plural Ac. �ll®louw,aw,a uns os outros (obj. d.)Gen. �ll®lvn uns dos outrosD �ll®loiw,aiw,oiw uns aos outrosL. �ll®loiw,aiw,oiw uns nos outrosI. �ll®loiw,aiw,oiw uns pelos outros

Dual Ac. �ll®lv,a,v uns os outros (obj. d.)G.D.L.I. �ll®loin,ain,oin uns dos/aos/pelos outros

No nominativo não aparece a reciprocidade, mas a alternativa;�llow m¢n... �llow d¢ (dentre muitos): um... outro�llow m¡n oänon �llow d� ìdvr pÛnei

um bebe vinho, outro, água§terow m¢n... §terow d¢ (de dois): um... outro

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Page 153: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

153a flexão nominal: os temas nominais

Interrogativos e indefinidos

1. O grego tem vários pronomes interrogativos:a) de identidade:

-tÛw, tÛ ; quem? o quê? quis, quae, quid, quod?-pñterow,a,on; quem (qual) dos dois?

b) de qualidade:-poÝow, poÛa, poÝon; qual? de que qualidade? qualis, quale?

c) de dimensão, valor (sing.):-pñsow, pñsh, pñson; quanto? quão grande? de que valor?quantus, a, um?

d) de quantidade (pl.):-pñsoi, pñsai, pñsa; quantos? quot?

e) de idade (tamanho):-phlÛkow,h,on; de que idade? (tamanho)?

f) de origem:-podapñw,®,ñn; de que país?

Com exceção de tÛw, tÛ, (T tin-), todos os outros são de tema em-o para o masculino e neutro e -a / -h para o feminino, e por isso nãoapresentam nenhuma dificuldade de flexão.

2. Para cada interrogativo há um correspondente indefinido, como em por-tuguês: - quem? / alguém, algum.

Em grego, esses indefinidos são os próprios interrogativos, mas naversão átona, enclítica, enquanto os interrogativos são tônicos.

Os de uso mais freqüente são:Interrogativos IndefinidostÛw, tÛ quem? o quê? tiw, ti alguém, algum, algopoÝow,a,on qual? poiow,a,on um qualquerpñsow,h,on de que tamanho? posow,h,on de um tamanho qualquerpñsoi,ai,a quantos? posoi,ai,a uns tantos

3. Os pronomes indefinidos (átonos) são enclíticos e se pronunciam comotais, dentro do ritmo da frase. Mas os de duas sílabas soam como sefossem oxítonos:

sofistaÛ tinew; - são uns sofistas! / (sophistaí tinés)/

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154 a flexão nominal: os temas nominais

4. Esses indefinidos se compõem com o relativo ÷w, ´, ÷ e se empregamquer como interrogativos indiretos, quer como relativos indefinidos:

de identidade, ÷stiw, ´tiw, ÷ti, que, qualquer umde qualidade, õpoÝow,a,on, de qualquer qualidadede dimensão, õpñsow,h,on, de qualquer dimensãode quantidade, õpñsoi,ai,a, de qualquer quantidadede idade, õphlÛkow,h,on, de qualquer idadede origem, õpodapñw,®,ñn, de qualquer origem

Veremos com mais detalhes no quadro dos correlativos (p. 162).

Quadro de flexão:

T. tin- tÛw, tÛ quem? o que?T. tin- tiw, ti alguém, alguma coisa

Interrogativo Indefinidom. f. n. m. f. n.

Sing. Nom. tÛ-w tÛ tiw tiVoc.Acus tÛn-a tÛ tina tiGen. tÛn-ow / toè tÛn-ow / toè tin-ow / tou tin-ow / touDat. tÛn-i / tÒ tÛn-i / tÒ tin-i / tÄ tin-i / tÄLoc. tÛn-i / tÒ tÛn-i / tÒ tin-i / tÄ tin-i / tÄInstr. tÛn-i / tÒ tÛni- / tÒ tin-i / tÄ tini- / tÄ

Pl. Nom. tÛn-ew tÛn-a tin-ew tin-aVoc.Acus. tÛn-aw tÛn-a tin-aw tin-a*Gen. tÛn-vn tÛn-vn tin-vn tin-vnDat. tÛ-si tÛ-si ti-si ti-siLoc. tÛ-si tÛ-si ti-si ti-siInstr. tÛ-si tÛ-si ti-si ti-si

Dual N.V.A. tÛn-e tÛn-e tin-e tin-eG.D.L.I. tÛn-oin tÛn-oin tin-oin tin-oin

* As gramáticas registram uma forma alternativa �tta. Não acreditamos que seja ocaso, isto é, uma forma alternativa, sincopada, ser igual ou maior do que a normal.Veremos �tta por �tina < � tina. É mais coerente.

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Page 155: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

155a flexão nominal: os temas nominais

Quadro de flexão:

T. õ-, ²-/�- tin- ÷stiw, ÷ti: o que, qualquer

masc. fem. neutroSing. Nom. ÷-s ti-w ´ ti-w ÷ ti

Voc.Acus ÷-n tin-a ´-n tin-a ÷ tiGen. oð tin-ow/÷tou ¸s tin-ow oð tin-ow/÷touDat. Ú tin-i / ÷tÄ Ãtin-i Ú tin-i / ÷tÄLoc. Ú tin-i / ÷tÄ Ã tin-i Ú tin-i / ÷tÄInstr. Ú tin-i / ÷tÄ Ã tin-i Ú tin-i / ÷tÄ

Pl. Nom. oá tin-ew aá tin-ew � tin-a / �ttaVoc.Acus. oìs tin-aw �s tin-aw � tin-a/�ttaGen. Ïn tin-vn Ïn tin-vn Ïn tin-vnDat. o-ås ti-si a-ås ti-si o-ås ti-siLoc. o-ås ti-si a-ås ti-si o-ås ti-siInstr. o-ås ti-si a-ås ti-si o-ås ti-si

Dual N.V.A. Ë tin-e � tin-e Ë tin-eG.D.L.I. o-ån tin-oin a-ån tin-oin o-ån tin-oin

Notas:

1. O pronome indefinido átono tiw, ti ficou em posição enclítica; osacentos são do relativo ÷w, ´, ÷n.

2. Todos esses relativos indefinidos podem receber mais um sufixo deindeterminação (-oun / -d®pote / -d®); nesses casos a indetermi-nação fica mais generalizada:õstis-oèn / õstis-d®pote / õstis-d® qualquer um, seja qual forõpoter-oèn seja qual for dos doisõpoios-oèn /-d® /-d®pote seja de que qualidade forõposos-oèn /-d®/ -d®pote seja do tamanho que forõpñsoi-oèn /-d® /-d®pote sejam quantos forem

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Page 156: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

156 a flexão nominal: os temas nominais

3. Há um outro indefinido, de uso poético, arcaico, deÛna, um tal, umqualquer, de aparência neutro e indeclinável nos três casos sintáticosdo singular; no plural há uma variação masc.fem./neutro. Mas é teó-rico; seu uso quase exclusivo é nos três casos sintáticos do singular:

Singular Pluralmasc./fem. neutro masc./fem. neutro

Nom. deÛna deÛna deÝnew deÝnaVoc.Acus. deÛna deÛna deÛnaw deÝnaGen. deÝnow deÝno deÛnvn deÛnvnDat. deinÛ deinÛ deisÛ deisÛLoc. deinÛ deinÛ deisÛ deisÛInstr. deinÛ deinÛ deisÛ deisÛ

Observação: embora classificado como indefinido ele vemfreqüentemente precedido de artigo õ, ², tñ.

4. Há alguns adjetivos que são difíceis de enquadrar: ou entre os determi-nativos, dêiticos, ou entre os indefinidos. Além disso, convém estaratentos para sua função ou de mero adjunto adnominal ou com o nomeimplícito, elíptico.

Assim:� §kastow,h,on cada um, cada:

¥k�sth pñliw - cada cidade� ¥k�terow,a,on cada um dos dois:

¥kat¡ra ² xeÛr - cada uma das duas mãos� �lloi outros� oß �lloi os outros (adj. substantivado), os outros (a outra parte):

² �llh �Ell�w - a outra Grécia (adjetivo, adjunto adno-minal) - o restante da Grécia.

� §terow,a,on um dos dois, alter� õ §terow,a,on aquele dos dois (adjetivo substantivado)

Atenção às crases: elas são estranhas:toè ¥t¡rou > yat¡routÒ ¥t¡rÄ > yat¡rÄt� §tera > y�teratò §teron > y�teron

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Page 157: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

157a flexão nominal: os temas nominais

� ¦nioi, ai, a alguns� p�w, p�sa, p�n todo, qualquer

p�w �nyrvpow todo homem, qualquer homem� oëtiw, oëti (oë-tiw, oë-ti) - não alguém, não algo = ninguém,

nada; Odisseu no canto IX da Odisséia.� oédeÛw, oédemÛa, oéd¡n (oud¡ eåw) - nem um, nem uma = nin-

guém, nada.

Quadro de flexão:

T. ¤keÝno- ¤keÛnh- ¤keÝno- ¤keÝnow, ¤keÛnh, ¤keÝno aquele, aquela, aquiloT. aétñ-, aét®-, aétñ- aétñw, aét®, aétñ mesmo (ipse), ele, ela

Sing. Nom. ¤keÝno-w ¤keÛnh ¤keÝno aétñ-w aét® aétñVoc.Acus. ¤keÝno-n ¤keÛnh-n ¤keÝno aétñ-n aét®-n aétñGen. ¤keÛn-ou ¤keÛn-hw ¤keÛn-ou aét-oè aét-°w aét-oèDat. ¤keÛn-Ä ¤keÛn-ú ¤keÛn-Ä aét-Ò aét-» aét-ÒLoc. ¤keÛn-Ä ¤keÛn-ú ¤keÛn-Ä aét-Ò aét-» aét-ÒInstr. ¤keÛn-Ä ¤keÛn-ú ¤keÛn-Ä aét-Ò aét-» aét-Ò

Pl. Nom. ¤keÝno-i ¤keÝna-i ¤keÝn-a aéto-Û aéta-Û aét-�Voc.Acus. ¤keÛn-ouw ¤keÛna-w ¤keÝn-a aét-oæw aét�-w aét-�Gen. ¤keÛn-vn ¤kein-Çn ¤keÛn-vn aét-Çn aét-Çn aét-ÇnDat. ¤keÛno-iw ¤keÛna-iw ¤keÛno-iw aéto-Ýw aéta-Ýw aéto-ÝwLoc. ¤keÛno-iw ¤keÛna-iw ¤keÛno-iw aéto-Ýw aéta-Ýw aéto-ÝwInstr. ¤keÛno-iw ¤keÛna-iw ¤keÛno-iw aéto-Ýw aéta-Ýw aéto-Ýw

Dual N.V.A. ¤keÛn-v ¤keÛn-a ¤keÛn-v aét-Å aét-� aét-ÅG.D.L.I. ¤keÛno-in ¤keÛna-in ¤keÛno-in aéto-Ýn aéta-Ýn aéto-Ýn

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Page 158: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

158 a flexão nominal: os temas nominais

Notas:

1. aétñw,®,ñ substitui ou é usado como 3a pessoa ou como aposto deoutras:

a) no nominativo, como aposto do sujeito implícito, reforçando aidentidade:

aétòw ¦fa [ele] mesmo, em pessoa, dizia [disse](expressão que os pitagóricos usavam)

aétòw ¤rÇ [eu] mesmo direiaétoÜ perÜ eÞr®nhw ¤chfÛsasye

[vós] mesmos votastes a respeito da paz.Nesses casos é fácil reconhecer a pessoa gramatical que está

implícita observando a desinência do verbo.b) nos outros casos substituindo o dêitico de 3a pessoa:

kaÜ sç öcei aétñn também tu o verásõ pat¯r aétoè o pai deleaétoÝw ¤rÇ eu lhes direi

2. Quando precedido de artigo, aétñw,®,ñ se comporta como um adje-tivo substantivado e significa o mesmo (e não outro), e em aposiçãosignifica o próprio, em pessoa.

aétòw aétoÝw t� aét� ¤rÇeu mesmo (aétòw) lhes (aétoÝw) direi as mesmas (t� aét�) coisasõ yeòw õ aétñw a divindade em pessoa, a própria divindadeNesse caso, no singular, há inúmeras crases resultantes do encon-

tro do artigo com o pronome (p. 55).No plural não há contrações, nem crases, salvo no neutro do

N.V.A.: t� aét� > taét�.

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Page 159: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

159a flexão nominal: os temas nominais

Quadro de flexão de õ aétñw

Sing. Nom. õ aétñw ² aét® tò aétñ > taétñ(n)

Voc.Acus. tòn aétñn t¯n aét®n tò aétñ > taétñ(n)

Gen. toè aétoè > taétoè t°w aét°w toè aétoè > taétoè

Dat. tÒ aétÒ > taétÒ t» aét» > taét» tÒ aétÒ > taétÒ

Loc. tÒ aétÒ > taétÒ t» aét» > taét» tÒ aétÒ > taétÒ

Instr. tÒ aétÒ > taétÒ t» aét» > taét» tÒ aétÒ > taétÒ

Pl. Nom. oß aétoÛ aß aétaÛ t� aét� > taét�

Voc.

Acus. toçw aétoæw t�w aét�w t� aét� > taét�

Gen. tÇn aétÇn tÇn aétÇn tÇn aétÇn

Dat. toÝw aétoÝw taÝw aétaÝw toÝw aétoÝw

Loc. toÝw aétoÝw taÝw aétaÝw toÝw aétoÝw

Instr. toÝw aétoÝw taÝw aétaÝw toÝw aétoÝw

Dual N.V.A. tÆ aétÅ t� aét� tÆ aétÅ

G.D.L.I. toÝn aétoÝn taÝn aétaÝn toÝn aétoÝn

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Page 160: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

160 a flexão nominal: os temas nominais

O mesmo acontece com os casos oblíquos dos pronomes pessoaisreflexivos no singular, quando aétñw,®,ñ está em aposição, significandomesmo. São crases ou elisões.

1a pessoa do s. Ac. me mesmo (o.d.) ¤m¢ aétñn> ¤mautñnGen. de mim mesmo ¤moè aétoè > ¤mautoèDat. a mim mesmo ¤moÜ aétÒ > ¤mautÒ

1a pessoa do p. Ac. nos mesmos (o.d) ²m�w aétoæwGen. de nós mesmos ²mÇn aétÇnDat. a nós mesmos ²mÝn aétoÝw

2a pessoa do s. Ac. te mesmo (o.d.) s¢ aétñn > saétñnGen. de ti mesmo soè aétoè > sautoèDat. a ti mesmo soÜ aétÒ > saétÒ

2a pessoa do p. Ac. vós mesmos êm�w aétoæwGen. de vós mesmos êmÇn aétÇnDat. a vós mesmos êmÝn aétoÝw

3a pessoa do s. Ac. se mesmo (o.d.) ¥-aétñn,®n,ñ > ¥autñn,®n,ñ /aêtñn,®n,ñ

Gen. de si mesmo ¥-autoè,°w,oè > ¥autoè,°w,oè /aêtoè,°w,oè

Dat. a si mesmo ¥-autÒ,»,Ò > ¥autÒ,»,Ò /aêtÒ,»,Ò

3a pessoa do p. Ac. se mesmos ¥-autoæw,�w,� > ¥autoæw,�w,� /aêtoæw,�w,�

Gen. de si mesmos ¥-autÇn > ¥autÇn /aêtÇn

Dat. a si mesmos ¥-autoÝw,aÝw,oÝw> ¥autoÝw,aÝw,oÝw/aêtoÝw,aÝw,oÝw

Dual N.V.A. os dois mesmos ¤-autÅ,�,Å > ¥autÅ,�,Å /aêtÅ,�,Å

G.D.L.I. dos/aos 2 mesmos ¥autoÝn,aÝn,oÝn > ¥autoÝn,aÝn,oÝn /aêtoÝn,aÝn,oÝn

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Page 161: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

161a flexão nominal: os temas nominais

Os correlativos

A palavra correlativo não deve nos prender ao quadro deles. Cadauma dessas palavras tem seu significado e função próprias. Contudo, háuma linha racional, semântica, relacional, que pode ser vista no processode composição (prefixação e sufixação).

Assim, de um interrogativo direto, vamos ao indireto e daí ao inde-finido e ao demonstrativo, que sugere o relativo e finalmente o relativoindefinido.

O quadro da página seguinte é ilustrativo de coerência semântica eformal.

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Page 162: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

162a flexão nom

inal: os temas nom

inaisInterr. Diretos Interr. Indir. Indefinidos Demonstrativos Relativos Relativos Indef.tÛw,tÛ ÷stiw, ´tiw, ÷ti tiw, ti ÷de,´de,tñde ÷w ,´, ÷ ÷stiw, ´tiw, ÷ti

oðtow, aëth, toèto ÷sper,¤keÝnow,h,o ´per, ÷sper õstisoèn,

õstisd®÷per õstisd®pou

quem? o que? quem, o que alguém, algo este, esse, aquele que qualquer quepoÝow, a, on õpoÝow, a, on poiow, a, on toÝow, toiñsde, toioètow oåow, a, on õpoÝowqual? qual de certa qualidade tal, desta, dessa qual. qual de qualquer

qualidadepñsow, h, on õpñsiw, h, on posow, h, on tñsow, tosñsde,

tosoètow ÷sow, õpñsowquanto? quanto, de algum tam./ tanto, deste tamanho/valor quanto seja de que tam. forde que valor de que valor val., um quanto, desse tamanho/valor quão grande forou tamanho? ou tamanho de certo tam./valor qq. que seja o tam.pñsoi ; õpñsoi posoi tñsoi ÷soi õpñsoiquantos? quantos uns tantos tantos quantos seja quantos foremphlÛkow ; õphlÛkow phlikow thlÛkow thlikñsde ²lÛkow õphlÛkow

thlikoètowde que idade? de que idade de alg. idade desta id.; dessa id. que idade de qualquer idade

que sejapñterow ; õpñterow poterow õ §terow õpñterowquem/ quem/ alg. dos dois um dos dois qualquer 1 dos 2qual dos dois? qual dos dois

¥k�terowcada 1 dos 2, nenhum dos 2

podapñw ; õpodapñw pantodapñw õpodapñwde que país? de que país de todo país de qualquer país

que seja

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Page 163: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

163a flexão nominal: os temas nominais

Pronomes pessoais

São os verdadeiros pronomes, isto é, vêm em lugar do nome; nemanafóricos nem catafóricos. Eles têm origem na oralidade e são basica-mente de 1a e 2a pessoas: eu, tu, numa linha horizontal, direta, binária esingular. Os outros pronomes: 1a e 2a pessoas do plural são analógicas; omesmo se pode dizer do dual.

O único e verdadeiro pronome (�ntinvmÛa) é ¤gÅ, eu, que nãotem gênero, nem plural (�nós� não significa vários �eu�) e não tem deri-vados (as formas de outras funções se constroem sobre uma outra raiz:

¤gÅ eu sujeito nominativo¤m¡ me objeto direto acusativo¤moè de mim complemento/adjunto adnominal genitivo¤moÛ a mim, mim, me complemento/adjunto adnominal dativo

A segunda pessoa tu, sæ, tu, o outro pólo do diálogo, tambémnão tem gênero nem número (�vós� não significa vários �tu�), mas temas formas oblíquas construídas sobre a mesma raiz:

sæ tu sujeito nominativos¡ te objeto direto acusativosoè de ti complemento/adjunto adnominal genitivosoÛ a ti, te complemento/adjunto adnominal dativo

As 3as pessoas, singular e plural, estão fora do eixo do diálogo; sãodêiticos. É essa a origem dos �pronomes� das 3as pessoas, desde o grego elatim até às línguas modernas.

Em grego, o sistema de flexão verbal era suficientemente forte paradispensar a menção do pronome pessoal agente ou paciente sujeito, a nãoser que se quisesse insistir sobre a pessoa, ela e não outra: - sou eu que...,és tu que... (e não outro).26

26 Ver a identificação das pessoas gramaticais nas desinências verbais à p. 23.

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Page 164: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

164 a flexão nominal: os temas nominais

Quadro de flexão dos pronomes pessoais

Primeira pessoaSingular Plural

Nom. ¤gÅ eu ²meÝw nósVoc.Acus. ¤m¡ / me me ²m�w nosGen. ¤moè / mou de mim ²mÇn de nósDat. ¤moÛ / moi a mim ²mÝn a nósLoc. ¤moÛ / moi em mim ²mÝn em nósInstr. ¤moÛ / moi por mim ²mÝn por nós

DualN.V.A. nÅ / nÇi nós doisG.D.L.I. nÒn / nÇin a, de nós dois

Segunda pessoaSingular Plural

Nom. sæ tu êmeÝw vósVoc.Acus. s¡ / se te êm�w vosGen. soè / sou de ti êmÇn de vósDat. soÛ / soi a ti êmÝn a vósLoc. soÛ / soi em ti êmÝn em vósInstr. soÛ / soi por ti êmÝn por vós

DualN.V.A. sfÅ / sfÇi vós doisG.D.L.I. sfÒn / sfÇin a, de vós dois

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Page 165: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

165a flexão nominal: os temas nominais

Notas:

1. As variantes não acentuadas, por serem átonas, são enclíticas e menosfortes.

2. A forma antiga do pronome de 2a pessoa é tæ (latim tu).

3. Como já foi visto, não há pronomes pessoais de 3a pessoa. Ela estáfora do eixo do diálogo. Então, naturalmente é um dêitico, anafórico.

Em grego é o dêitico oðtow, aìth, toèto - esse, essa, isso eaétñw, ®,ñ - mesmo, o mesmo, o próprio que o substituem. Uma ex-plicação possível da origem de aétñw é:- aé - por sua vez, também +to, esse, aquele.27 Vejam-se as notas no quadro das flexões dos dêiticos.

4. Às vezes, para dar ênfase à pessoa, em oposição a outra ou outras, usa-se acrescentar a partícula restritiva, enfática -ge.

¦gvge - eu, por mim ; ¤moÛge dokeÝ - a mim, pelo menos, parece

5. Em grego, como em latim, línguas de larga tradição oral, as expres-sões de tratamento são em 2a pessoa (singular e plural).

As expressões de tratamento em 3a pessoa têm origem litúrgica,palaciana, subserviente e servil e se baseiam no receio da abordagemdireta. Em alguns países e regiões de língua portuguesa e castelhana,esse tratamento prevalece e lembra as relações senhoriais de uma socie-dade escravocrata. A pñliw grega não concebia essas expressões detratamento.

6. Em Homero, existe um pronome de 3a pessoa, salvo no nominativo, eé considerado reflexivo, com significado forte.

A partir dele a língua usa às vezes uma forma não reflexiva, fraca,enclítica.

27 É a hipótese de A. Meillet, Traité de Grammaire Comparée du Grec et du Latin,p. 741.

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Page 166: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

166 a flexão nominal: os temas nominais

Quadro de flexão do pronome de 3a pessoa

Singular Plural DualN.V.A. §, mÛn se, o, a sf¡aw, sf¡ se, os, as sfv¡G. eåo ,§o, eð, §yen dele sfeÛvn, sf¡vn deles sfvÝnD.L.I. oå, ¥oÝ lhe sfÛsi, sfÝ lhes sfvÝn

No ático e na prosa jônica houve uma simplificação desse quadro.

Singular PluralN. sfeÝw - eles mesmos (suj.)A. § < sWe se sf�w se mesmos (o.d.)G. oð de si (sui) sfÇn de si mesmosD. oå / oß a si mesmo (sibi) sfÛsi a si mesmos

Mesmo assim, essas formas, sozinhas, se usam pouco; em geral vêmenfatizadas pelo pronome em aposição aétñw,®,ñ, nas segundas e so-bretudo na 3a pessoa, que é o uso mais comum, com valor reflexivo, istoé, quando o ato retorna ao seu agente.

�O sofòw ¤n aêtÒ perif¡rei t¯n oésÛan. (¥-autÒ)O sábio leva nele mesmo sua riqueza

�Or¡sthw feægvn ¦peisen �AyhnaÛouw ¥autòn kat�gein.Orestes, estando no exílio, persuadiu os Atenienses de trazê-lo devolta.

GnÇyi sautñn. (se-aétñn)Conhece te a ti-mesmo.

Tòn fÛlon pròw ¥autòn ¦labe. (¥-aétñn)Ele pegou o amigo para junto de si.

L¡gousi ÷ti metam¡lei aêtoÝw (¥-aétoÝw)Eles afirmam que [isso] lhes traz preocupação.

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Page 167: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

167a flexão nominal: os temas nominais

Temas em consoante e soante/semivogal

Pertencem a este grupo todos os substantivos masculinos, femini-nos e neutros e todos os adjetivos e dêiticos cujo tema termina em con-soante ou soante/semivogal.

Qualquer consoante pode servir de tema, menos m, j, c; as soantes/semivogais são: i, u, W, j.

Quadro geral das desinências

Masc./Fem. Neutros

SingularNom. -w/alongamento da vogal temática Tema puro/desinência zeroVoc. Tema puro/desinência zero

/igual ao nom. Tema puro/desinência zeroAc. -n > a Tema puro/desinência zeroGen. -ow -owDat. -i -iLoc. -i -iInstr. -i -i

PluralNom. -ew -aVoc. -ew -aAc. -nw > aw / enw> eiw -aGen. -vn -vnDat. -si -siLoc. -si -siInstr. -si -si

DualN.V.A. -e -eG.D.L.I. -oin -oin

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Page 168: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

168 a flexão nominal: os temas nominais

Notas:

1. Como se pode notar, apenas duas desinências são consonânticas: o no-minativo singular masc./fem.: -w e o dat./loc./inst. plural: -si.

O acusativo sing. e plural masc/fem. não é consonântico; ele é emlíqüida/soante -n que se vocaliza em -a sempre que, em posição final,vem depois de consoante (patrÛd-n > patrÛda) e sofre síncope, quan-do precedido de vogal e seguido de -w (Þxyæ-nw > Þxyæw).

Isso nos leva a concluir que a flexão desses nomes é bastante fácil:basta acrescentar as desinências vocálicas aos temas em consoante, comque fazem sílaba, e aos temas em semivogal, com que fazem ditongo.

2. Nas desinências em consoante (-w/-si), o encontro das consoantes te-máticas com essas desinências se resolve observando-se as normas fo-néticas comuns. Mostraremos isso em detalhe nos quadros de flexão.

3. Nos nomes de tema em u- (Þxyu-), o nominativo plural Þxyæ-ew podese contrair em Þxyæw; o mesmo acontecendo no acusativo plural Þxyæ-nw em Þxyæw.

Nesses dois casos há o alongamento compensatório do u. Nessecaso normalmente o acento deveria ser circunflexo, em se tratando desílaba final longa. Mas, por convenção, não se acentuam com circun-flexo os acusativos plurais longos, mesmo com sílaba final tônica:

õdoæw, deinoæw, �gor�w, kefal�w.

4. As gramáticas registram desinências iguais em -eiw para o nominativoe acusativo plural em alguns nomes e adjetivos: pñleiw - �lhyeÝw.

Na verdade, o ditongo -ei nos dois casos é um resultado aparente-mente igual, mas produto de componentes diferentes.

a) No caso do Nom. pl. pñleiw, é o resultado da contração de e-e:pñlejew > pñle-ew > pñleiw.

O -j- em posição intervocálica sofre síncope, pondo em contatoduas vogais, que o ático reduz em ditongo.

b) No caso do Acus. pl., pñleiw é o resultado da vocalização do -j-antes de consoante e posterior síncope do -n- diante de -w-:

pñlej-nw > pñleinw > pñleiw.c) No caso do Acus. pl. �lhyeÝw, a evolução é a seguinte:

�lhy¡s-nw > �lhy¡nw > �lhyeÝw.

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Page 169: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

169a flexão nominal: os temas nominais

Síncope das duas consoantes -sn- antes do -w e alongamento com-pensatório da vogal anterior.5. Os nomes de tema em es- (g¡nes-, �lhy¡s-, SÅkrates-), ao rece-

berem uma desinência vocálica, sofrem a síncope desse -s- e põem emcontato duas vogais, formando um iato, que, no dialeto ático, é redu-zido por contração:

g¡nes-a > g¡nea > g¡nhSvkr�tes-ow > Svkr�teow > Svkr�touw

6. Os nomes de tema em nt- têm dois tratamentos diferentes no nomi-nativo singular masculino:

a) os nomes de tema em -ont- (l¡ont-,) e os particípios do infec-tum em -ont- (læ-o-nt-), ao receberem o -w do nominativo mas-culino singular, sofrem apócope do -w e do -t-, e, por compensa-ção, alongam a vogal do tema:

T. l¡ont- l¡ont-w l¡vnT. læ-o-nt- læ-o-nt-w lævn.28

b) os outros temas em -nt-, ao receberem -w no masculino, sofrem asíncope29 do -nt- antes do -w e, por compensação, alongam a vo-gal do tema:

T. gÛgant- gÛgantw > gÛgawT. læ-sa-nt- læsantw > læsawT. lu-y®-nt- luy®ntw > luy¡ntw > luyeÛwT. deÛk-nu-nt- deiknæntw > deiknæw

(as vogais a, i, u têm o mesmo registro, quer sejam longas quer sejam breves).7. No dativo plural, as consoantes -nt- do tema sofrem síncope30 antes

do -si e alongam, por compensação, a vogal anterior:T. l¡ont- l¡ont-si > l¡ousiT. læo-nt- læont-si > læousiT. gÛgant- gÛgant-si > gÛgasiT. lu-y®-nt- luy¡nt-si > luyeÝsiT. deÛk-nu-nt- deÛknunt-si > deÛknusi.

28 Uma outra hipótese é que o -t do tema em posição final sofre apócope e a seguira vogal anterior se alonga no nominativo masc./fem., como os temas en -n.

29 Sucessivamente do t e do n.30 Sucessivamente do t e do n.

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170 a flexão nominal: os temas nominais

8. Os nomes masculinos e femininos de tema em líqüida (n, r) alongama vogal do tema no nominativo:31

T. =°tor- õ =®tvr =®torow o oradorT. daÝmon- õ daÛmvn daÛmonow o nume

9. Alguns nomes em líqüida têm o tema longo: �gÅn- �gÇn-ow. Nes-se caso, naturalmente, constroem toda a flexão sobre o tema longo:

T. �gÅn- : Nom. s. õ �gÅnDat. pl. toÝw �gÇnsi > �gÇsi

10. No dativo/locativo/instrumental plural os nomes em -n depois de vo-gal temática breve sofrem síncope do -n antes do -si, sem alongarema vogal anterior:

T. daÝmon - Nom.s õ daÛmvn Gen.s toè daÛmon-ow D.L.I.pl. toÝw daÛmosi;T. lim¡n - Nom.s õ lim®n Gen.s toè lim¡n-ow D.L.I.pl. toÝw lim¡si

Mas, quando houver síncope de -nt-, o alongamento compensa-tório é natural, por serem duas as consoantes suprimidas:

T. l¡ont- õ l¡vn toÝw l¡ont-si > l¡ousiT. luy¡nt- luyeÛw toÝw luy¡nt-si > luyeÝsi

11. Os neutros não têm desinência própria (desinência zero). Nos casossintáticos do singular (nom., voc., acus.) mantêm �desinência zero�,isto é, o próprio tema.

Nos casos concretos do singular e plural (gen., dat., loc., instr.)usam as desinências do masc./fem.

O -a do nom., voc., acus. plural é a marca do coletivo indo-europeu.Uma vez reconhecido o tema do substantivo ou adjetivo e identi-

ficado seu gênero, não será difícil flexionar todos esses nomes.As �irregularidades� que acontecem são problemas fonéticos que

se resolvem no aparelho fonador, dentro das normas fonéticas dogrego.

31 Seria uma espécie de compensação pela queda do -w final, que é a marca do nom.masc./fem.

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Page 171: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

171a flexão nominal: os temas nominais

Exercício prático de identificação dos temas

Instruções:

1. Na primeira coluna está o genitivo singular32.Isolada a desinência do genitivo, em princípio, teremos o tema.Convém notar, contudo, que, em algumas palavras, a desinência

do genitivo singular sofre alterações fonéticas, como nos temas em -w,W, e j.:T. g¡nes- g¡nes-ow > g¡neow > g¡nouw do gênero, da raçaT. �steW- �steW-ow > �ste-ow > �stevw da cidadelaT. pñlj-, ej-, hj- pñlhj-ow > pñlh-ow > pñlevw da cidade

Esse fato dificulta a identificação do tema.

2. Na segunda coluna está o nominativo singular:Se é igual ao tema, trata-se de um neutro, porque o neutro tem

desinência zero no nom. sing.Os neutros de tema em oclusiva não a mantêm em posição final:T. sÇmat- sÅmat-ow tò sÇma o corpoT. luy¡nt- luy¡nt-ow luy¡n desligado, solto

a) Os neutros de tema em -w e em -r têm a vogal anterior ao -s-breve, por serem o próprio tema, contrariamente aos masculinose femininos que a têm longa:

T. g¡nes- g¡nes- ow > g¡nouw tò g¡now raça, gêneroT. SÅkrates- Svkr�tes-ow > Svkr�touw õ Svkr�thw SócratesT. �lhy¡s- (masc. e fem.) �lhy®w, real, verdadeiro

(neutro) �lhy¡w

b) Se tem um -w combinado ou não com outra consoante oclusiva:T. fl¡b- > fleb-ñw fl¡c, ² a veiaT. aäg- > aÞg-ñw aäj, ² a cabraT. lamp�d- > lamp�d-ow lamp�w, ² a tocha, archotetrata-se de um masculino ou feminino.

32 Mantivemos essa norma tradicional, porque é assim que as gramáticas e dicioná-rios registram os nomes, para indicar a que �declinação� pertencem. Cremos que,ao lado disso, deveríamos registrar os temas.

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Page 172: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

172 a flexão nominal: os temas nominais

c) Se a vogal temática está alongada:T. =°tor > =®tor-ow =®tvr, õ o oradorT. l¡ont- > l¡ont-ow l¡vn, õ o leãoT. poim¡n > poim¡n-ow poim®n, õ o pastor

trata-se de um nome masculino ou feminino de tema em líqüida -r, -n ou -ont

d) Se tem um -w acrescentado à semivogal do tema:T. Þxyæ- > Þxyæw-æow, o o peixeT. á- > áw, ßñw, ² a força

trata-se de um masculino ou feminino em -i / -u

3. Na terceira coluna está o vocativo singular.Rigorosamente, deve ser o tema puro (desinência zero) igual ao da

primeira coluna, porque o vocativo não é caso e por isso não deve terdesinência (desinência zero).

Se o vocativo for igual ao nominativo, é porque o tema é em con-soante, e a apócope dela em posição final descaracterizaria fonética esemanticamente o nome33.

4. Na quarta coluna está o dativo, loc., instr., plural.O encontro da desinência -si com o tema deve produzir os mes-

mos resultados fonéticos que no nominativo singular do masc. e fem.a) nos temas em -r, o -si se adapta normalmente; =®tor-si;b) nos temas em -n há a síncope dessa consoante sem mais conse-

qüências; T. ²gemñn- ²gemñn-si > ²gemñsic) nos temas em -nt há síncope dessas duas consoantes e alonga-

mento da vogal anterior. T. l¡ont- l¡ont-si > l¡ousid) nos temas em oclusivas labiais e velares, o -w da desinência resulta

em c com as labiais e j com as velares; com as dentais há a assi-milação da dental >ss e posterior redução >s;

e) nos temas em -s, há a duplicação >ss e posterior redução >s.

33 Ver explicação mais detalhada no capítulo da flexão nominal (p. 95-6).

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Page 173: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

173a flexão nominal: os temas nominais

Gen. sing. Nom. sing. Voc. sing. Dat. pl.

paid-ñw paÝw paÝ paisÛ menino, meninafleb-ñw fl¡c fl¡c flecÛ a veiagup-ñw gæc gæc gucÛ o abutrekat®lif-ow kay°lic kay°lic kay®lici o sótãoaÞg-ñw aäj aäj aÞjÛ a cabrafælak-ow fælaj fælaj fælaji o vigiag¡ront-ow g¡rvn g¡ron g¡rousi o anciãolæont-ow lævn lèon læousi desligantelæont-ow lèon lèon læousi desliganteönt-ow Ên ön oïsi quem é - masc.önt-ow ön ön oïsi o que é - neut.ôdñnt-ow ôdoæw ôdñn ôdoèsi o dentepant-ñw p�w p�n p�si todo homem - masc.pant-ñw p�n p�n p�si toda coisa - neut.deiknænt-ow deiknæw deiknæn deiknèsi mostrante - masc.deiknænt-ow deiknæn deiknæn deiknèsi mostrante - neut.luy¡nt-ow luyeÛw luy¡n luyeÝsi desligado - masc.luy¡nt-ow luy¡n luy¡n luyeÝsi desligado - neut.gÛgant-ow gÛgaw gÛgan gÛgasi gigantelæsant-ow læsaw lèsan læsasi tendo desligado - m.læsant-ow lèsan lèsan læsasi tendo desligado - n.=®tor-ow =®tvr =°tor =®torsi o oradorgast¡r-ow gast®r g�ster gast¡rsi o estômagoyhr-ñw y°r y°r yhrsÛ a caça, presa, feraaÞy¡r-ow aÞy®r aÞy¡r aÞy¡rsi o étern¡ktar-ow n¡ktar n¡ktar n¡ktarsi o néctar�l-ñw �lw �lw �lsÛ o salfr¡at-ow fr¡ar fr¡ar fr¡asi o poço´pat-ow ¸par ¸par ´pasi o fígadogra-ñw graèw graè grausÛ a velham�nte-vw m�ntiw m�nti m�ntesi o adivinhopel¡ke-vw p¡lekuw p¡leku pel¡kesi o machado�st-evw �stu �stu �stesi a cidadelap®x-evw p°xuw p°xu p®xesi o côvado

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Page 174: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

174 a flexão nominal: os temas nominais

Gen. sing. Nom. sing. Voc. sing. Dat. pl.

²d¡-ow ²dæw ²dæ ²d¡si suave, doce - masc.²d¡-ow ²dæ ²dæ ²d¡si suave, doce - neut.bay¡-ow bayæw bayæ bay¡si profundotax¡-ow taxæw taxæ tax¡si rápidoÈk¡-ow Èkæw Èkæ Èk¡si veloztri®r-ouw tri®rhw trÛhrew tri®resi trirremeSvkr�t-ouw Svkr�thw SÅkratew SócratesDhmosy¡n-ouw Dhmosy¡nhw Dhmñsyenew DemóstenesPrajit¡l-ouw Prajit¡lhw PrajÛtelew Praxítelesg¡n-ouw g¡now g¡now g¡nesi gênero, raçab�y-ouw b�yow b�yow b�yesi profundidadeìc-ouw ìcow ìcow ìcesi altura�lhy-oèw �lhy®w �lhy¡w �lhy¡si verdadeiro - masc.�lhy-oèw �lhy¡w �lhy¡w �lhy¡si verdadeiro - neut.sun®y-ouw sun®yhw sun°yew sun®yesi habitual - masc.sun®y-ouw sun°yew sun°yew sun®yesi habitual - neut.ceud-oèw ceud®w ceud¡w ceud¡si falso - masc.ceud-oèw ceud¡w ceud¡w ceud¡si falso - neut.ceæd-ouw ceèdow ceèdow ceædesi a mentira�Hrakl¡-ouw �Hrakl°w �Hr�kleiw HeraclésaÞd-oèw aÞdÅw aÞdoÝ respeito, pudorpeiy-oèw peiyÅ peiyoÝ persuasão±x-oèw ±xÅ ±xoÝ ecoLht-oèw LhtÅ LhtoÝ Letô - LatonaSapf-oèw SapfÅ SapfoÝ Safokr¡-vw kr¡aw kr¡aw kr¡asi carneg®r-vw g°raw g°raw g®rasi velhiceg¡r-vw g¡raw g¡raw g¡rasi dom, presente�ndr-ñw �n®r �ner �ndr�si varãogunaik-ñw gun® gænai gunaijÛ mulher�Apñllvn-ow �Apñllvn �Apollon Apolo�Ar-evw �Arhw �Arew AresD®mhtr-ow Dhm®thr D®mhter DeméterDi-ñw Zeæw Zeè Zeus

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Page 175: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

175a flexão nominal: os temas nominais

Gen. sing. Nom. sing. Voc. sing. Dat. pl.

´rv-ow ´rvw ´rvw ´rvsi heróim�rtur-ow m�rtuw m�rtu m�rtusi testemunhak¡rat-ow k¡raw k¡raw k¡rasi chifre, alak¡r-vw k¡raw k¡raw k¡rasi chifre, alane-Åw naèw naè nausÛ nauôneÛrat-ow önar önar ôneÛrasi sonhoPoseidÇn-ow PoseidÇn Pñseidon Poseídonê-oè êñw ê¡ êoÝw filhoê¡-ow/êi¡-ow êñw ê¡ ê¡si filhoxeir-ñw xeÛr xeÛr xersÛ mãoxer-ñw xeÛr xeÛr xersÛ mão�kont-ow �kvn �kon �kousi invito - masc.�kont-ow �kon �kon �kousi invito - neut.¥kñnt-ow ¥kÅn ¥kñn ¥koèsi voluntárioxari¡nt-ow xarieÛw xari¡n xarieÝsi grato, graciosoxari¡nt-ow xari¡n xari¡n xarieÝsi grato, graciosot¡ren-ow t¡rhn t¡ren t¡resi tenro - masc.t¡ren-ow t¡ren t¡ren t¡resi tenro - neut.didñnt-ow didoæw didñn didoèsi dante, dando - masc.didñnt-ow didñn didñn didoèsi dante, dando - neut.lamp�d-ow lamp�w lamp�w lamp�si tochaörniy-ow örniw örni örnisi pássaro, avefrontÛd-ow frontÛw frontÛ frontÛsi mente, pensamentosÅmat-ow sÇma sÇma sÅmasi corpox�rit-ow x�riw x�ri x�risi graça, favor�gÇn-ow �gÅn �gÅn �gÇsi liça, combatelim¡n-ow - lim®n lim¡n lim¡si porto�hdñn-ow �hdÅn �hdñn �hdñsi rouxinol=in-ñw =Ûw =Ûw =isÛ narizeédaÛmon-ow eédaÛmvn eëdaimon eédaÛmosi contente, felizl¡ont-ow l¡vn l¡on l¡ousi leãom¡lan-ow m¡law m¡lan m¡lasi negro - masc.m¡lan-ow m¡lan m¡lan m¡lasi negro - neut.meÛzon-ow meÛzvn meÝzon meÛzosi maior - masc.

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Page 176: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

176 a flexão nominal: os temas nominais

Gen. sing. Nom. sing. Voc. sing. Dat. pl.

meÛzon-ow meÝzon meÝzon meÛzosi maior - neut.²dÛon-ow ²dÛvn ´dion ²dÛosi mais suave - masc.²dÛon-ow ´dion ´dion ²dÛosi mais suave - neut.del¡at-ow d¡lear d¡lear del¡asi iscap¡rat-ow p¡raw p¡raw p¡rasi limite, fimkñrak-ow kñraj kñraj kñraji corvo�lÅpek-ow �lÅphj �lÅphj �lÅpeji raposa§lminy-ow §lmiw §lmiw §lmisi lombrigakten-ñw kteÛw kt¡n ktesÛ penteÈt-ñw oïw oïw ÈsÛ ouvido�nakt-ow �naj �na �naji senhor²gemñn-ow ²gemÅn ´gemon ²gemñsi comandante, guiamhn-ñw m®n m®n mhsÛ mês, lua�ktÝn-ow �ktÝn �ktÝn �ktÝsi raionukt-ñw næj næj nujÛ noiteflog-ñw flñj flñj flojÛ chama¤sy°t-ow ¤sy®w ¤sy°w ¤sy°si veste, roupa�rmat-ow �rma �rma �rmasi carro, carruagemg�lakt-ow g�la g�la g�laji leitem¡lit-ow m¡li m¡li m¡lisi meldñrat-ow dñru dñru dñrasi lançad�kru-ow d�kru d�kru d�krusi lágrimapur-ñw pèr pèr pursÛ fogogñnat-ow gñnu gñnu gñnasi joelhokñruy-ow kñru kñru kñrusi elmo, capacetekleid-ñw kleÛw kleÛ kleisÛ chave�¡r-ow �®r �¡r �¡rsi arÞxyæ-ow Þxyæw Þxyæ Þxyæsi peixebñtru-ow bñtruw bñtru bñtrusi cacho de uvan¡ku-ow n¡kuw n¡ku n¡kusi morto, cadáversu-ñw sèw sè susÛ porcomu-ñw mèw mè musÛ rato, camondongox¡lu-ow x¡luw x¡lu x¡lusi tartarugadru-ñw drèw drè drusÛ carvalho

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Page 177: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

177a flexão nominal: os temas nominais

Gen. sing. Nom. sing. Voc. sing. Dat. pl.

pÛtu-ow pÛtuw pÛtu pÛtusi pinheirokrat°r-ow krat®r krat®r krat°rsi vaso, crateragumn°t-ow gumn®w gumn®w gumn°si ginastapñle-vw pñliw pñli pñlesi cidadedun�me-vw dænamiw dænami dun�mesi potência, forçaìbre-vw ìbriw ìbri ìbresi insolênciaAÞyÛop-ow AÞyÛoc AÞyÛoc AÞyÛoci Etíope�ndri�nt-ow �ndri�w �ndri�n �ndri�si estátua�Arab-ow �Arac �Arac �Araci Árabe¤l¡fant-ow ¦lefaw ¦lefan ¤l¡fasi marfim, elefantepatr-ñw pat®r p�ter patr�si paimhtr-ñw m®thr m°ter mhtr�si mãeyugatr-ñw yug�thr yægater yugatr�si filhabasil¡-vw basileæw basileè basileèsi reißer-¡vw ßereæw ßereè ßereèsi sacerdotebo-ñw boèw boè bousÛ boi, vacakun-ñw kævn kævn kusÛ cão, cadelatrix-ñw yrÛj yrÛj yrijÛ cabeloki-ñw kÝw kÝw kisÛ caruncho de trigoteÛx-ouw teÝxow teÝxow teÛxesi parede, muralhapel�g-ouw p¡lagow p¡lagow pel�gesi o mar�ny-ouw �nyow �nyow �nyesi a florbrab-¡vw brabeæw brabeè brabeèsi árbitrodrom-¡vw dromeæw dromeè dromeèsi corredorfæs-evw fæsiw fæsi(w) fæsesi naturezasin�p-evw sÛnapi sÛnapi sin�pesi mostardastÛmm-evw stÛmmi stÛmmi stÛmmesi antimôniopep¡r-evw p¡peri p¡peri pep¡resi pimenta

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Page 178: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

178 a flexão nominal: os temas nominais

Quadro geral das dificuldades fonéticas

Temas em Tema Nom. sing. D.L.I. pl.

velar (a) T. fulak- o vigia fælaj fælajiT. aig- a cabra aäj aÞjÛT. onux- a unha önuj önuji

labial (b) T. gup- o abutre gæc gucÛT. fleb- a veia fl¡c flecÛT. kathlif- o porão, sotão kat°lic kat®lici

dental (c) T. xarit- o favor x�riw x�risiT. paid- menino (a) paÝw paisÛT. orniy- a ave örniw örnisiT. svmat- o corpo sÇma sÅmasi

(a) Nominativo singular e dat. loc. instr. plural sigmáticos, combi-nando com a velar do tema: g, k, x - w > j

(b) Nominativo singular e dat. loc. instr. plural sigmáticos, combi-nando com a labial do tema: b, p, f - w > cNão há neutro de tema em labial

(c) Nominativo singular masc./fem. e dat. loc. instr. plural sigmáticos(a dental do tema se assimila e cai):

d,t,y -w > ss > w.Nos neutros, a dental temática em posição final no nomina-

tivo singular sofre apócope: sÅmat > sÇma;no dat. loc. instr. plural a dental do tema se assimila:sÅmat-si > sÅmassi > sÅmasi.

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Page 179: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

179a flexão nominal: os temas nominais

Temas em Tema Nom. sing. D.L.I. pl.

líqüida -r (a) =htor- o orador =®tvr =®torsi¦ar- a primavera ¦ar ¦arsi

r/er (b) patr- o pai pat®r patr�si

líqüida -n (c) hgemon- o comandante ²gemÅn ²gemñsipoimen- o pastor poim®n poim¡si�gvn- o combate �gÅn �gÇsi

(a) Alongamento compensatório da vogal temática no nom. sing.masc./fem.; (=°tor- > =®tvr) desinência zero nos neutros(¦ar).

(b) A flexão se faz sobre tema em vocalismo zero (patr-) no genitivo(patr-ñw), dat. loc. e instr. sing. (patr-Û) e sobre vocalismo -e- nos outros casos, (p�ter, pat¡r-a, pat¡r-ew. pat¡r-aw,pat¡r-vn) e alongamento da vogal temática no nom. sing.(pat®r).

No dat.plural uma vogal epentética -a- desfaz a seqüênciadas três consoantes -trs- (patrsi > patr�si).

(c) Alongamento compensatório da vogal temática no nom. sing.masc. e fem. e síncope do n antes do s no dat. loc. instr. plural.

Temas em -nt-

Tema Nom. sing. D.L.I. pl.

-nt (a) gigant- gigante gÛgaw gÛgasiluyent- desligado luyeÛw (masc.) luyeÝsiluyent- desligado luy¡n (neutro) luyeÝsideiknunt- que mostra deiknæw deiknèsi

ont (b) leont- leão l¡vn l¡ousiluont- que desliga lævn (masc.) læousiluont- que desliga lèon (neutro) læousi

(a) Síncope das dentais -nt- diante do -w, no nominativo singularmasc. com alongamento compensatório da vogal temática, o mes-mo acontecendo no dat. loc. instr. plural masc. e neutro.

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Page 180: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

180 a flexão nominal: os temas nominais

� Apócope da dental final no nominativo singular neutro(luy¡nt > luy¡n).

(b) � Alongamento da vogal temática no nominativo singular mas-culino (síncope de -tw) leontw > l¡vn, læontw > lævn� Apócope da dental final no nominativo do neutro (desinênciazero) lèont- > lèon; no dat. loc. instr. plural, síncope das den-tais -nt- antes do -s, com alongamento compensatório da vogaltemática (o > ou).

Temas em Tema Nom. sing. D.L.I. pl.

-s genes- a raça g¡now (neutro) g¡nesikreas- a carne kr¡aw (neutro) kr¡asiaidos- o pudor aÞdÅw (fem.) *aÞdñsiSvkrates- Sócrates Svkr�thw (masc.)alhyes- verdadeiro �lhy®w (masc.) �lhy¡sialhyes- verdadeiro �lhy¡w (neutro) �lhy¡si

* aÞdñsi: é uma forma teórica (pudor, respeito não tem plural).

� Nos substantivos neutros de tema em -es: alternância fonética -ow noscasos sintáticos do singular e -es nos outros casos e no plural.

� Nos adjetivos neutros de tema em -es não há alternância vocálica.� Nos substantivos e adjetivos masculinos e femininos de tema em -s-:

alongamento da vogal temática no nominativo singular.

Em toda a flexão dos substantivos e adjetivos de tema em -s, o sem posição intervocálica sofre síncope e, no ático, as vogais em contatose contraem; no jônico não.

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Page 181: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

181a flexão nominal: os temas nominais

Temas em Tema Nom. sing. D.L.I. pl.

u (a) ixyu- peixe Þxyæw Þxyæsij/ej/hj (b) polj- cidade pñliw pñlesihW (c) fonhW- assassino foneæw foneèsi-W/eW (d) taxeW-/taxW- rápido taxæw taxeèsi

(a) Contração possível e freqüente no nominativo plural masc. e fem.(Þxyæew > Þxyèw) e síncope do n antes do s no acusativo plural(Þxyænw > Þxyæw).

(b) 1. vocalização do j final e não intervocálico (nom., voc., acus.sing.):

nom.: pñliw - voc.: pñli / pñliw - acus.: pñlin2. síncope do j intervocálico:

dat. sing.: poleji > pñle-i > pñlei3. síncope do j intervocálico e metátese de quantidade:

gen. sing.: pñlhjow > pñlhow/pñlevw4. síncope do j intervocálico e contração das vogais do mesmo

timbre:nom. pl.: pñlejew > pñleew > pñleiw

5. vogais de timbre diferente não se contraem:gen. pl.: pñlejvn > pñlevn (ditongação de -evn por ana-logia com o gen. sing.)

6. Vocalização do j depois de consoante e síncope do -n antes do -w:acus. pl.: pñlejnw > pñleinw > pñleiw

(c) 1. o W seguido de consoante se vocaliza em -u.2. metátese de quantidade: longa + breve > breve + longa.

fonhuw > foneæw3. as vogais do mesmo timbre se contraem; as outras não.4. no D.L.I. do singular fon®Wi > fon®i; na seqüência de duas

longas, a anterior se abrevia:fon®i > fon¡i> foneÝ

(d) temas em W com vocalismo zero/e1. vocalismo zero nos casos sintáticos do singular (nom., voc., acus.).2. vocalismo e nos outros do singular e em todo o plural3. vogais de tibre diferente não se contraem. O W não intervocá-

lico ou em posição final se vocaliza em u.

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Page 182: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

182 a flexão nominal: os temas nominais

Observação:

As informações necessárias para a flexão dos nomes em consoante esemivogal estão aí. Contudo, há uma lista de alguns nomes que apresentamuma certa anormalidade. Não são propriamente irregularidades; são algu-mas formas que evoluíram foneticamente e ficaram petrificadas, ao lado deoutras; mas são muito poucas e estão no quadro prático de reconhecimento dotema e na lista dos heteroclíticos (p. 216).

Quadros de flexão:

1. Nomes de tema em oclusiva velar:

T. fælak- õ fælaj fælakow o vigiaT. s�lpigg- ² s�lpigj s�lpigg-ow a trombetaT. önux- ² önuj önux-ow a unha, a garraT. b°x- ² b°j bhx-ñw a tosseT. trÛx- ² yrÛj trix-ñw o cabelo

Sing. Nom. fælaj s�lpigj önuj b°j yrÛjVoc. fælaj s�lpigj önuj b°j yrÛjAcus. fælak-a s�lpigg-a önux-a b°x-a trÛx-aGen. fælak-ow s�lpigg-ow önux-ow bhx-ñw trix-ñwDat. fælak-i s�lpigg-i önux-i bhx-Û trix-ÛLoc. fælak-i s�lpigg-i önux-i bhx-Û trix-ÛInstr. fælak-i s�lpigg-i önux-i bhx-Û trix-Û

Pl. Nom. fælak-ew s�lpigg-ew önux-ew b°x-ew trÛx-ewVoc. fælak-ew s�lpigg-ew önux-ew b°x-ew trÛx-ewAcus. fælak-aw s�lpigg-aw önux-aw b°x-aw trÛx-awGen. ful�k-vn salpÛgg-vn ônæx-vn bhx-Çn trix-ÇnDat. fælaji s�lpigji önuji bhjÛ yrijÛLoc. fælaji s�lpigji önuji bhjÛ yrijÛInstr. fælaji s�lpigji önuji bhjÛ yrijÛ

Dual N.V.A. fælak-e s�lpigg-e önux-e b°x-e trÛx-eG.D.L.I. ful�k-oin salpÛgg-oin ônæx-oin b®x-oin trÛx-oin

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Page 183: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

183a flexão nominal: os temas nominais

Notas:

1. Velar seguida de sigma (g,k,x + w > j), no nominativo singular e dat.loc. instr. plural.

2. Sempre que, na flexão, a aspirada do tema (aqui é x) é seguida de sigma,ela perde a aspiração, e a consoante surda que fica combina com o sigma,sendo representados pela consoante dupla j. trÛx-w > yrikw > yrÛj.

3. Nesses casos, a aspiração se desloca para a primeira consoante compatí-vel (trix-/yrÛj/ yrijÛ) (dissimilação). Contudo, quando esse deslo-camento descaracteriza a palavra, a compensação não se faz: b°j -bhxñw (e não *f°j).

4. A palavra gun® - gunaik-ñw (T. gunaik-) desloca a tônica para aposição de oxítona no genit. e dat. loc. instr. singular e plural como osmonossílabos e faz o nominativo singular -k (desinência zero), o quereduz o tema a gunai, por causa da apócope do -k final; essa é a for-ma do vocativo: gænai. O nominativo singular gun® é uma varianteoxítona do tema.

5. Todas as palavras de temas monossilábicos deslocam a tônica para umaposição de oxítonos ou perispômenos no dat. loc. instr. e gen. singu-lar e plural.

6. Não há neutros de tema em oclusiva velar.

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Page 184: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

184 a flexão nominal: os temas nominais

2. Nomes de tema em oclusiva labial:

T. �Arab- õ �Arac �Arab-ow o árabeT. gèp- õ gèc gup-ñw o abutre, gaviãoT. fl¡b- ² fl¡c fleb-ñw a veiaT. kat°lif- ² kay°lc kat®lif-ow o sótãoT. AiyÛop- õ AÞyÛoc AÞyÛop-ow o etíope

Sing. Nom. �Arac kay°lic AÞyÛoc fl¡c gècVoc. �Arac k�y°lic AÞyÛoc fl¡c gècAcus. �Arab-a kat®lif-a AÞyÛop-a fl¡b-a gèp-aGen. �Arab-ow kat®lif-ow AÞyÛop-ow fleb-ñw gup-ñwDat. �Arab-i kat®lif-i AÞyÛop-i fleb-Û gup-ÛLoc. �Arab-i kat®lif-i AÞyÛop-i fleb-Û gup-ÛInstr. �Arab-i kat®lif-i AÞyÛop-i fleb-Û gup-Û

Pl. Nom. �Arab-ew kat®lif-ew AÞyÛop-ew fl¡b-ew gèp-ewVoc. �Arab-ew kat®lif-ew AÞyÛop-ew fl¡b-ew gèp-ewAcus. �Arab-aw kat®lif-aw AÞyÛop-aw fl¡b-aw gèp-awGen. �Ar�b-vn kathlÛf-vn AÞyiñp-vn fleb-Çn gup-ÇnDat. �Araci kay®lici AÞyÛoci flecÛ gucÛLoc. �Araci kay®lici AÞyÛoci flecÛ gucÛInstr. �Araci kay®lici AÞyÛoci flecÛ gucÛ

Dual N.V.A. �Arab-e kat®lif-e AÞyÛop-e fl¡b-e gèp-eG.D.L.I. �Ar�b-oin kathlÛf-oin AÞyiñp-oin fl¡b-oin gæp-oin

Notas:

1. O vocativo singular é igual ao nominativo.É que o vocativo de desinência zero terminaria nas oclusivas p, b,

f, que, em posição final, sofreriam apócope com a conseqüente desca-racterização fonética e semântica da palavra.

2. A alternância t/y em kay°lic corresponde à alternância f/c dadesinência: assimilação da consoante surda p e deslocamento da aspi-ração sobre a dental próxima t > y.

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Page 185: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

185a flexão nominal: os temas nominais

3. Nomes de tema em dental (masc./fem.):

T. paÝd- õ/² paÝw paid-ñw o menino, meninaT. patrÛd- ² patrÛw patrÛd-ow a pátriaT. ¦rid- ² ¦riw ¦rid-ow a disputa, briga, rixaT. x�rit- ² x�riw x�rit-ow a graça, o favorT. örniy- ²/õ örniw örniy-ow o pássaro, a aveT. neñtht- ² neñthw neñtht-ow a mocidade, juventude

Sing. Nom. paÝw patrÛw ¦riw x�riw örniw neñthw

Voc. paÝ patrÛ ¦ri x�ri örni neñthw

Acus. paÝd-a patrÛd-a ¦rin x�rin örnin neñtht-a

Gen. paid-ñw patrÛd-ow ¦rid-ow x�rit-ow örniy-ow neñtht-ow

Dat. paid-Û patrÛd-i ¦rid-i x�rit-i örniy-i neñtht-i

Loc. paid-Û patrÛd-i ¦rid-i x�rit-i örniy-i neñtht-i

Instr. paid-Û patrÛd-i ¦rid-i x�rit-i örniy-i neñtht-i

Pl. Nom. paÝd-ew patrÛd-ew ¦rid-ew x�rit-ew örniy-ew neñtht-ew

Voc. paÝd-ew patrÛd-ew ¦rid-ew x�rit-ew örniy-ew neñtht-ew

Acus. paÝd-aw patrÛd-aw ¦rid-aw x�rit-aw örniy-aw neñtht-aw

Gen. paid-Çn patrÛd-vn ¤rÛd-vn xarÛt-vn ôrnÛy-vn neot®t-vn

Dat. paisÛ patrÛsi ¦risi x�risi örnisi neñthsi

Loc. paisÛ patrÛsi ¦risi x�risi örnisi neñthsi

Instr. paisÛ patrÛsi ¦risi x�risi örnisi neñthsi

Dual N.V.A. paÝd-e patrÛd-e ¦rid-e x�rit-e örniy-e neñtht-e

G.D.L.I. paÛd-oin patrÛd-oin ¤rÛd-oin xarÛt-oin ôrnÛy-oin neot®t-oin

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Page 186: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

186 a flexão nominal: os temas nominais

Notas:

l. O vocativo singular tem normalmente desinência zero; contudo, pode-remos encontrá-lo, com certa freqüência, igual ao nominativo (ver p.184, nota 1 - flexão dos temas em labial).

2. Os nomes de -i- temático e pré-desinencial átono (¦riw, x�riw, örniw)sofrem a síncope da consoante dental antes do -n e fazem o acusativocomo se fossem de tema em -i. ¦rin - x�rin - örnin, e os de -i- temá-tico e pré-desinencial tônico mantêm a dental patrÛdn > patrÛda.

3. No plural, a palavra örniw se encontra em duas variantes nos casossintáticos: örniyew / örneiw.

4. Também têm tema em dental:T. ¦rvt- õ ¦rvw ¦rvtow o amorT. ßdrÇt- õ ßdrÇw ßdrÇtow o suorT. xrvt- õ xrÇw xrvtñw (variante xrojñw) a peleT. g¡lvt- õ g¡lvw g¡lvtow (variante g¡lojow) o riso

5. Também têm tema em dental:T. nukt- ² næj nukt-ñw a noiteT. �nakt- õ �naj �nakt-ow o senhor, soberano

As formas �estranhas� do nom. sing. e dat. loc. instr. plural se ex-plicam foneticamente:

Nom. sing. nukt-w > nukw > næj �nakt-w > �nakw > �najVoc. sing. næj (seria: nu (nukt > nuk > nu)) �nakt > �nak > �na / �najD.L.I. plural nukt-si > nuksÛ > nujÛ �nakt-si > �naksi > �naji

No nominativo singular e dativo plural, a dental -t se assimila ao-s que, em contato da gutural -k, é representado pelo j.

No vocativo singular �nakt > �na há apócope sucessiva das con-soantes finais.

6. O vocativo singular é o próprio tema que sofre apócope da consoantefinal, mas sempre que isso represente uma descaracterização fonética(e semântica) da palavra, a opção é sempre pela analogia com o nomi-nativo. É o caso, por exemplo, em neñthw. A consoante final oclusivado vocativo de desinência zero neñtht- cairia; daí a opção por neñthw.

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Page 187: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

187a flexão nominal: os temas nominais

4. Nomes neutros de tema em dental:

T. stñmat- tò stñma stñmat-ow a bocaT. m¡lit- tò m¡li m¡lit-ow o melT. pr�gmat- tò pr�gma pr�gmat-ow o fato, o feito,

o negócio, a coisaT. g�lakt- tò g�la g�lakt-ow o leiteT. ´pat- tò ¸par ´pat-ow o fígadoT. ìdat- tò ìdvr ìdat-ow a água

S. Nom. stñma m¡li pr�gma g�la ¸par ìdvr

Voc. stñma m¡li pr�gma g�la ¸par ìdvr

Acus. stñma m¡li pr�gma g�la ¸par ìdvr

Gen. stñmat-ow m¡lit-ow pr�gmat-ow g�lakt-ow ´pat-ow ìdat-ow

Dat. stñmat-i m¡lit-i pr�gmat-i g�lakt-i ´pat-i ìdat-i

Loc. stñmat-i m¡lit-i pr�gmat-i g�lakt-i ´pat-i ìdat-i

Instr. stñmat-i m¡lit-i pr�gmat-i g�lakt-i ´pat-i ìdat-i

P. Nom. stñmat-a m¡lit-a pr�gmat-a g�lakt-a ´pat-a ìdat-a

Voc. stñmat-a m¡lit-a pr�gmat-a g�lakt-a ´pat-a ìdat-a

Acus. stñmat-a m¡lit-a pr�gmat-a g�lakt-a ´pat-a ìdat-a

Gen. stom�t-vn melÛt-vn pragm�t-vn gal�kt-vn ²p�t-vn êd�t-vn

Dat. stñmasi m¡lisi pr�gmasi g�laji ´pasi ìdasi

Loc. stñmasi m¡lisi pr�gmasi g�laji ´pasi ìdasi

Instr. stñmasi m¡lisi pr�gmasi g�laji ´pasi ìdasi

D. N.A.V. stñmat-e m¡lit-e pr�gmat-e g�lakt-e ´pat-e ìdat-e

G.D.L.I. stom�t-oin melÛt-oin pragm�t-oin gal�kt-oin ²p�t-oin êd�t-oin

Notas:

1. Os temas em -mat- (pr�gma-tow) são bastante numerosos e incon-táveis; são substantivos deverbais, construídos sobre o tema verbal purodo aoristo, e significam o resultado da ação.

Em princípio, qualquer tema verbal pode produzir um nome em -mat.

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Page 188: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

188 a flexão nominal: os temas nominais

2. O tema galakt- está incluído entre os temas em dental porque defato o é; contudo há um duplo acidente fonético com ele no dativoplural: a dental, em contato com o sigma, se assimila e sofre síncope:(galakt-si > galaks-si g�lak-si); a seguir, a gutural, em con-tato com o sigma, é expressa pela consoante dupla -j- (galak-si >g�laji). Ver næj e �naj na página anterior.

No nom. voc. acus. singular que é o tema puro g�lakt, as con-soantes finais sofrem apócope sucessivamente:

g�lakt > g�lak > g�la.

3. Não é demais lembrar que, pelo fato de a desinência do nominativosingular neutro ser zero, os temas de neutros em -t sofrem apócopedessa consoante nos casos sintáticos do singular:

stñmat > stñma a bocam¡lit > m¡li o melpr�gmat > pr�gma o fato, a açãog�lakt > g�lak > g�la o leite

4. Há um certo número de temas em -t (todos primitivos, neutros e designificado concreto, por serem nomes de objetos do cotidiano), quecompensam a desinência zero do nominativo singular e a apócope dadental, acrescentando uma das três consoantes finais que não sofremapócope, o -r certamente por analogia com ² d�mar-d�mart-ow, amulher, senhora, dona, e também por causa do vogal temática a.

Em geral são paroxítonos:T. fr¡at- fr¡ar fr¡at-ow poçoT. del¡at- d¡lear del¡at-ow iscaT. �leÛfat- �leifar �leÛfat-0w ungüentoT. eàdat- eädar eàdat-ow alimentoT. st¡at- st¡ar st¡at-ow toucinho, banha, graxa, seboT. ´pat- ¸par ´pat-ow fígado

Mas,ìpar (indecl.) visão, constatação com os olhosy¡nar y¡nar-ow palma da mão¦ar ¦ar-ow / ·r-·r-ow primaveran¡ktar n¡ktarow néctar

têm a flexão normal em -r que é o próprio tema.

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Page 189: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

189a flexão nominal: os temas nominais

5. Os de vocalismo em o preferem recorrer à consoante do mesmoponto de articulação (-t > -w).T. fvt- tò fÇw fvt-ñw luzT. Èt- tò oïw Èt-ñw ouvido, orelhaT. lelukñt- lelukÅw lelukñt-ow que acabou de desligar

(part. perfeito masc.)T. lelukñt- lelukñw lelukñt-ow que acabou de desligar

(part. p. neutro)Mas tò ìdvr ìdat-ow T. ìdr- > * ìdar / ìdvr, (como

´par, ´patow?) a água, e não *ìdvw.

6. Há também alguns poucos que, em lugar de acrescentar uma consoantepara proteger a vogal do tema, preferem a troca da vogal como se flexio-nassem sobre dois temas. Ver na lista dos heteroclíticos à página 216.

Assim:gñnu - gñnat-ow - joelhodñru - dñrat-ow - lança

São lembranças de formas homéricas (eólico-jônicas) gonWatow/dorWatow > goænatow /doæratow (jônicas)

7. Alguns ainda, optando pela consoante do mesmo ponto de articulação:k¡raw-k¡ratow - chifre, alap¡raw-p¡ratow - termo, limite

acabam por criar, no singular, duas flexões paralelas: uma sobre o temaem -t, e outro sobre o tema em -w.

N.V.A. p¡raw p¡rawG. p¡ras-ow > p¡raow > p¡rvw p¡rat-owD.L.I. p¡ras-i > p¡rai > p¡r& p¡rat-i

No plural predominam os temas k¡rat-, p¡rat-.

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Page 190: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

190 a flexão nominal: os temas nominais

5. Nomes de tema em -nt

T. l¡ont- õ l¡vn l¡ontow o leãoT. gÛgant- õ gÛgaw gÛgantow o giganteT. luy¡nt- luyeÛw luy¡ntow tendo sido desligado (part.aor.pas.)T. xari¡nt- xarÛeiw xarÛentow gracioso, grato, agradávelT. deiknænt- deiknæw deiknæntow demostrante, o que demostra

S. Nom. l¡vn gÛgaw luyeÛw xarÛeiw deiknæwVoc. l¡on gÛgan luy¡n xarÛen deiknænAcus. l¡onta gÛgant-a luy¡nt-a xarÛent-a deiknænt-aGen. l¡ont-ow gÛgant-ow luy¡nt-ow xarÛent-ow deiknænt-owDat. l¡ont-i gÛgant-i luy¡nt-i xarÛent-i deiknænt-iLoc. l¡ont-i gÛgant-i luy¡nt-i xarÛent-i deiknænt-iInstr. l¡ont-i gÛgant-i luy¡nt-i xarÛent-i deiknænt-i

P. Nom. l¡ont-ew gÛgant-ew luy¡nt-ew xarÛent-ew deiknænt-ewVoc. l¡ont-ew gÛgant-ew luy¡nt-ew xarÛent-ew deiknænt-ewAcus. l¡ont-aw gÛgant-aw luy¡nt-aw xarÛent-aw deiknænt-awGen. leñnt-vn gig�nt-vn luy¡nt-vn xari¡nt-vn deiknænt-vnDat. l¡ousi gÛgasi luyeÝsi xarÛeisi deiknèsiLoc. l¡ousi gÛgasi luyeÝsi xarÛeisi deiknèsiInstr. l¡ousi gÛgasi luyeÝsi xarÛeisi deiknèsi

D. N.A.V. l¡ont-e gÛgant-e luy¡nt-e xarÛent-e deiknènt-eG.D.L.I. leñnt-oin gig�nt-oin luy¡nt-oin xar¡nt-oin deiknænt-oin

Notas:

1. Pelo que se pode observar, sempre que há uma síncope de -nt- antesde -w, há um alongamento compensatório da vogal anterior:

-antw > aw -antsi > asi-entw > eiw -entsi > -eisi-untw > uw, untsi > usi -ontsi > ousi

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Page 191: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

191a flexão nominal: os temas nominais

Há apenas um tratamento especial: o nominativo singular mascu-lino dos temas em -ont-:

Onde nós esperávamos -ouw temos -vn.l¡ontw- > l¡vnlæontw- > lævn

Convém lembrar, entretanto, que isso acontece somente em posiçãofinal e com temas paroxítonos ou proparoxítonos.

Mas odñnt- (dente), tema oxítono, tem as duas formas no nomi-nativo singular:

ôdoæw (a mais usada) e ôdÅn; o vocativo é ôdñn.

2. As gramáticas registram variantes para o dativo plural:xarÛent-si > xarÛeisi / xarÛesi

3. Sobre esses modelos de tema em -nt se flexionam todos os particípiosativos em -nt e também o particípio aoristo passivo (que usa desinên-cias ativas).

Nomin. Gen.T. lè-o-nt- > lævn læont-ow (masc.) desligante, desligando,

que desligaT. lè-o-nt- > lèon læont-ow (neutro) desligante, desligando,

que desligaT. lè-s-o-nt- > læs-vn læsont-ow (masc.) havendo de desligar,

que haverá de desligar, que desligaráT. lès-ont- > lèson læsont-ow (neutro) havendo de desligar,

que haverá de desligar, que desligaráT. læ-sant- > læsaw læsant-ow (masc.) tendo desligadoT. lu-sa-nt- > lèsan læsant-ow (neutro) tendo desligadoT. lu-yh-nt- > luyeÛw luy¡nt-ow (masc.) tendo sido desligadoT. luy®nt- > luy¡n luy¡nt-ow (neutro) tendo sido desligadoT. stal-®-nt- > staleÛw stal¡nt-ow (masc.) tendo sido enviadoT. stal®nt- > stal¡n stal¡nt-ow (neutro) tendo sido enviado

A forma neutra desses particípios é o próprio tema com a apócopeda dental final.

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Page 192: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

192 a flexão nominal: os temas nominais

4. Diferentemente do latim e das línguas românicas, o grego tem o par-ticípio feminino ativo, que se constrói com o sufixo -ja sobre o temado particípio masculino.

luont-ja > luontia > luonsia > luonsa > læousa-shw desligante,que desliga

lusont-ja > lusontia > lusonsia > lusonsa > læsousa-shw havendo de desli-gar, que desligará

lusant-ja > lusantia > lusansia > lusansa > læsasa-shw que desligou,tendo desligado

luyent-ja > luyentia > luyensia > luyensa > luyeÝsa-shw que foi desliga-da, tendo sidodesligada

stalent-ja > stalentia > stalensia > stalensa > staleÝsa-shw que foi enviada,tendo sido envia-da, enviada

Os particípios femininos são de tema em -a impuro;(genitivo em -hw)

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Page 193: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

193a flexão nominal: os temas nominais

6. Nomes de tema em -n

T. daÝmon- õ daÛmvn daÛmon-ow o numeT. delfÝn- õ delfÝn delfÝn-ow o delfimT. poim¡n- õ poim®n poim¡n-ow o pastorT. m®n- õ m®n mhn-ñw o mês, a luaT. �gÅn- õ �gÅn agÇn-ow a luta, a liça, o combateT. �Ellhn- õ �Ellhn �Ellhn-ow o grego, o heleno

S. Nom. daÛmvn delfÝw poim®n m®n �gÅn �Ellhn

Voc. daÝmon delfÝn pom¡n m®n �g�Ån �Ellhn

Acus. daÛmon-a delfÝn-a poim¡n-a m°n-a �gÇn-a �Ellhn-a

Gen. daÛmon-ow delfÝn-ow poim¡n-ow mhn-ñw �gÇn-ow �Ellhn-ow

Dat. daÛmon-i delfÝn-i poim¡n-i� mhn-Û �gÇn-i �Ellhn-i

Loc. daÛmon-i delfÝn-i poim¡n-i� mhn-Û �gÇn-i �Ellhn-i

Instr. daÛmon-i delfÝn-i poim¡n-i� mhn-Û �gÇn-i �Ellhn-i

P. Nom. daÛmon-ew delfÝn-ew pom¡n-ew m°n-ew �gÇn-ew �Ellhn-ew

Voc. daÛmon-ew delfÝn-ew pom¡n-ew m°n-ew �gÇn-ew �Ellhn-ew

Acus. daÛmon-aw delfÝn-aw poim¡n-aw m°n-aw �gÇn-aw �Ellhn-aw

Gen. daimñn-vn delfÛn-vn poim¡n-vn mhn-Çn �gÅn-vn �Ell®n-vn

Dat. daÛmosi delfÝsi poim¡si mhsÛ �gÇsi �Ellhsi

Loc. daÛmosi delfÝsi poim¡si mhsÛ �gÇsi �Ellhsi

Instr. daÛmosi delfÝsi poim¡si mhsÛ �gÇsi �Ellhsi

D. N.A.V. daÛmon-e delfÝn-e poim¡n-e m°n-e �gÇn-e �Ellhn-e

G.D.L.I. damñn-oin delfÛn-oin pom¡n-oin m®n-oin �gÅn-oin �Ell®n-oin

Notas:1. Há temas em vogal breve e temas em vogal longa; os de vogal breve

alongam-na no nominativo singular e constroem o restante sobre temabreve: os de vogal longa não a alteram ao longo da flexão.

A vogal longa do nominativo singular masculino seria uma com-pensação pela ausência do -w. Mas em:

T. kten-w kteÝw kten-ñw penteT. ¥n-w eåw ¥n-ñw um, (cardinal masc.)T. =in-w =Ýw =in-ñw nariz

houve a síncope do -n- pré-sigmático e alongamento compensatório da vogal.2. No D.L.I. plural o -n temático sofre síncope antes de -si sem nenhu-

ma alteração na vogal anterior.

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Page 194: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

194 a flexão nominal: os temas nominais

7. Adjetivos de tema em -n (masc./fem. e neutro)

T. sÅfron- sÅfrvn, sÇfron prudente, moderadoT. t¡ren- t¡rhn, t¡ren delicado, tenro, moleT. m¡lan- m¡law, m¡lan negro, preto

m./f. neutro m./f. neutro m./f. neutroS. Nom. sÅfrvn sÇfron t¡rhn t¡ren m¡law m¡lan

Voc. sÇfron sÇfron t¡ren t¡ren m¡la(n) m¡lan

Acus. sÅfron-a sÇfron t¡ren-a t¡ren m¡lan-a m¡lan

Gen. sÅfron-ow sÅfron-ow t¡ren-ow t¡ren-ow m¡lan-ow m¡lan-ow

Dat. sÅfron-i sÅfron-i t¡ren-i t¡ren-i m¡lan-i m¡lan-i

Loc. sÅfron-i sÅfron-i t¡ren-i t¡ren-i m¡lan-i m¡lan-i

Instr. sÅfron-i sÅfron-i t¡ren-i t¡ren-i m¡lan-i m¡lan-i

P. Nom. sÅfron-ew sÅfron-a t¡ren-ew t¡ren-a m¡lan-ew m¡lan-a

Voc. sÅfron-ew sÅfron-a t¡ren-ew t¡ren-a m¡lan-ew m¡lan-a

Acus. sÅfron-aw sÅfron-a t¡ren-aw t¡ren-a m¡lan-ew m¡lan-a

Gen. svfrñn-vn svfrñn-vn ter¡n-vn ter¡n-vn mel�n-vn mel�n-vn

Dat. sÅfrosi sÅfrosi t¡resi t¡resi m¡lasi m¡lasi

Loc. sÅfrosi sÅfrosi t¡resi t¡resi m¡lasi m¡lasi

Instr. sÅfrosi sÅfrosi t¡resi t¡resi m¡lasi m¡lasi

D. N.A.V. sÅfron-e sÅfron-e t¡ren-e t¡ren-e m¡lan-e m¡lan-e

G.D.L.I. svfrñn-oin svfrñn-oin ter¡n-oin ter¡n-oin mel�n-oin mel�n-oin

Notas:

1. A alternância longa/breve da vogal temática identifica o masculino e oneutro (longa para o m./f. e breve para o neutro).

2. Os adjetivos em -vn/-on são biformes.

3. Mas os adjetivos em -hn/-en, -an/an fazem o feminino com o sufixo-ja:

t¡ren-ja > t¡renia > t¡reina-hwm¡lan-ja > m¡lania > m¡laina-hw

Esses femininos são temas em -a impuro e assim se declinam.

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Page 195: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

195a flexão nominal: os temas nominais

4. Declinam-se também sobre o modelo acima um certo número de ad-jetivos biformes em -vn/-on com significado comparativo, que nãotêm grau normal do mesmo tema e, supletivamente, servem de com-parativos para esses (ver p. 142).

São os seguintes:

Tema masc./fem. neutroameinon �meÛnvn �meinon melhor, mais nobreareion �reÛvn �reion melhor, mais nobre (poét.)beltion beltÛvn b¡ltion melhor, de mais valorkreitton kreÛttvn kreÝtton melhor, mais fortekresson kreÛssvn kreÝsson variante da anteriorlÄon lÐvn lÒon melhor, mais útilalgion �lgÛvn �lgion mais dolorosokakion kakÛvn k�kion pior, mais viciosoxeiron xeÛrvn xeÝron inferiorhsson ´ssvn ·sson menor, mais fraco, inferiorkallion kallÛvn k�llion mais belomeion meÛvn meÝon menor, mais curto, breve¤l�sson ¤l�ssvn ¦lasson menos numeroso, menorpleion pleÛvn pleÝon mais numeroso, maiorpleon pl¡vn pl¡on variante ática do anterior=&on =�vn =�on mais fácilexyion ¤xyÛvn ¦xyion pior, mais inimigo, repugnantemeizon meÛzvn meÝzon maior, mais volumoso

E ainda alguns comparativos de adjetivos de temas em -u;²dion ²dÛvn ´dion mais doce, mais agradáveltaxion taxÛvn t�xion� mais rápidoyatton y�ttvn y�tton variante do anterioryasson y�ssvn y�sson variante do anterior

5. É muito comum encontrarmos algumas formas contratas desses adje-tivos por causa da síncope do -n- intervocálico.

As mais constantes são as do acusativo singular e plural masc./fem.,e neutro e nominativo plural masc./fem. e neutro.

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Page 196: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

196 a flexão nominal: os temas nominais

beltÛona > beltÛv ac.sing. masc./fem. e n.v.ac. neutro pl.beltÛonew > beltÛouw n.v.masc./fem. pl.beltÛonaw > beltÛvw/beltÛouw ac.masc.fem. pl. (ver p. 142)

6. Os nomes próprios em -on - T. �Apollon-, T. Pñseidon-, T.�Ag�memnon- e outros fazem o nominativo singular longo, paroxítonoe o vocativo, que é o próprio tema, proparoxítono;

T. �Apollon- voc. -�Apollon nom. -�ApñllvnT. Pñseidon- voc. -Pñseidon nom. -PoseÛdvnT. �Ag�memnon- voc. -�Ag�memnon nom. -�Agam¡mnvn

O mesmo acontece com os adjetivos de mais de duas sílabas:o no-minativo singular é longo, paroxítono e o vocativo, que é o própriotema, proparoxítono:

T. kakñdaimon- voc. -kakñdaimon nom. -kakodaÛmvnT. eëdaimon- voc. -eëdaimon nom. -eédaÛmvnT. �pragmon- voc. -�pragmon nom. -�pr�gmvn

7. ² Pnæj, Puknñw - a Pnix, local das assembléias,sofre metátese das consoantes do tema no nom. e voc. singular; o temaé Pækn- (²)

Pnæj, Ï Pnæj, t®n Pækna, t°w Puknñw, t» PuknÛ

8. õ �r®n, �rn-ñw - o cordeiro,tem o tema �ren/�rn; então teria o nom. e voc. sing. respectiva-mente �r®n - �ren que quase não são usados, sendo substituídos por�mnñw; mas todos os outros casos flexionam normalmente sobre otema arn-

Sing. õ �r®n (õ �mnñw), Î �ren (�mn¡) mas: tòn �rna, toè �rnñw, tÒ �rnÛ

Pl. oß �rnew, Î �rnew, toçw �rnaw, tÇn �rnÇn, toÝw �rn�si(homérico �rnessi).

9. õ / ² fr®n - fren-ñw - a mente, o coração (tema:-fren- / frn-)tem flexão normal sobre o tema fren-;apenas no D.L.I. plural podemos encontrar uma variante sobre o temafrn- frn-si > frasÛ (vocalização do n).

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Page 197: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

197a flexão nominal: os temas nominais

8. Nomes e adjetivos de tema em -r e -l

T. fvr- õ fÅr fvr-ñw o gatuno, mão leve, ladrãoT. =®tor- õ =®tvr =®tor-ow o oradorT. y®r- õ y®r yhr-ñw o animal selvagem, bicho,

caça, presaT. gast¡r- ² gast®r gast¡r-ow o estômagoT. �pator- �p�tvr �p�tor-ow sem pai

masc./fem. neutroS. Nom. fÅr =®tvr y®r gast®r �p�tvr �pator

Voc. fÅr =°tor y®r g�ster �pator �pator

Acus. fÇr-a =®tor-a y°r-a gast¡r-a �p�tor-a �pator

Gen. fvr-ñw =®tor-ow yhr-ñw gast¡r-ow �p�tor-ow �p�tor-ow

Dat. fvr-Û =®tor-i yhr-Û gast¡r-i �p�tor-i �p�tor-i

Loc. fvr-Û =®tor-i yhr-Û gast¡r-i �p�tor-i �p�tor-i

Instr. fvr-Û =®tor-i yhr-Û gast¡r-i �p�tor-i �p�tor-i

P. Nom. fÇr-ew =®tor-ew y°r-ew gast¡r-ew �p�tor-ew �p�tor-a

Voc. fÇr-ew =®tor-ew y°r-ew gast¡r-ew �p�tor-ew �p�tor-a

Acus. fÇr-aw =®tor-aw y°r-aw gast¡r-aw �p�tor-aw �p�tor-a

Gen. fvr-Çn =htñr-vn yhr-Çn gast¡r-vn �patñr-vn �patñr-vn

Dat. fvr-sÛ =®tor-si yhr-sÛ gast¡r-si �p�tor-si �p�tor-si

Loc. fvr-sÛ =®tor-si yhr-sÛ gast¡r-si �p�tor-si �p�tor-si

Instr. fvr-sÛ =®tor-si yhr-sÛ gast¡r-si �p�tor-si �p�tor-si

D. N.A.V. fÇr-e =®tor-e y°r-e gast¡r-e �p�tor-e �p�tor-e

G.D.L.I. fÅr-oin =htñr-oin y®r-oin gast¡r-oin �patñr-oin �patñr-oin

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Page 198: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

198 a flexão nominal: os temas nominais

Notas:

1. Há apenas um nome de tema em -l- : �lw-�l-ñw (�l-), õ - o sal(tema �l).

2. Há também alguns neutros:y¡nar-y¡nar-ow, (tñ) palma da mão¦ar-¦ar-ow / ·r-·r-ow primavera·tor-³tor-ow pulmão, coração (sede dos sentimen-

tos e da inteligência) (ver p. 197).

3. A flexão de ² xeÛr, xeir-ñw, que apresenta inúmeras variantes emtodos os casos, pode ser vista como se tivesse dois temas:

S. P. D.N. xeÛr /x®r xeÝr-ew / x¡r-ew xeÝre / x¡reV. xeÛr / x¡r xeÝr-ew / x¡r-ew � �A. xeÝr-a / x¡r-a xeÛr-aw / x¡r-aw � �G. xeir-ñw / xer-ñw xeir-Çn / xer-Çn xeir-oÝn / xer/oÝnD. xeir-Û / xer-Û xeir-sÛ / xer-sÛ � �L. xeir-Û /xer-Û xeir-sÛ / xer-sÛ � �I. xeir-Û / xer-Û xeir-sÛ / xer-sÛ � �

Todas as variantes são possíveis.

4. O substantivo õ m�rtuw, m�rturow, a testemunha, embora de temaem -r, por analogia com os nomes em -uw, faz o nominativo singularm�rtuw e o dat. plural m�rtusi.

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Page 199: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

199a flexão nominal: os temas nominais

9. Nomes de tema em -r / -er

T. p�tr-/p�ter- õ pat®r patr-ñw o paiT. m®tr-/m®ter- ² m®thr mhtrñw a mãeT. �nr-/�ner-/�ndr- õ �n®r andr-ñw ovarão, maridoT. �ster- õ �st®r �st¡r-ow a estrela, astroT. yægatr-/yægater- ² yug�thr yugatrñw a filha

S. Nom. pat®r m®thr �n®r �st®r yug�thrVoc. p�ter m°ter �ner �ster yægaterAcus. pat¡r-a mht¡r-a �ndr-a �st¡r-a yugat¡r-aGen. patr-ñw mhtr-ñw �ndr-ñw �st¡r-ow yugatr-ñw

Dat. patr-Û mhtr-Û �ndr-Û �st¡r-i yugatr-ÛLoc. patr-Û mhtr-Û �ndr-Û �st¡r-i yugatr-ÛInstr. patr-Û mhtr-Û �ndr-Û �st¡r-i yugatr-Û

P. Nom. pat¡r-ew mht¡r-ew �ndr-ew �st¡r-ew yugat¡r-ewVoc. pat¡r-ew mht¡r-ew �ndr-ew �st¡r-ew yugat¡r-ewAcus. pat¡r-aw mht¡r-aw �ndr-aw �st¡r-aw yugat¡r-awGen. pat¡r-vn mht¡r-vn �ndr-Çn �st¡r-vn yugat¡r-vnDat. patr�-si mhtr�-si �ndr�-si �str�-si yugatr�-siLoc. patr�-si mhtr�-si �ndr�-si �str�-si yugatr�-siInstr. patr�-si mhtr�-si �ndr�-si �str�-si yugatr�-si

D. N.A.V. pat¡r-e mht¡r-e �ndr-e �st¡r-e yugat¡r-eG.D.L.I. pat¡r-oin mht¡r-oin �ndr-oin �st¡r-oin yugat¡r-oin

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Page 200: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

200 a flexão nominal: os temas nominais

Notas:

1. Essas são as formas mais usadas. No entanto, poderemos encontraroutras variantes; é como se fossem duas declinações paralelas: umasobre o tema de vocalismo zero e outra de vocalismo e.

�nr- �ner o varãop�tr- p�ter o paim®tr- m®ter a mãeyægatr- yægater a filha

2. No D.L.I. desses nomes, construído sobre o tema em vocalismo zero,para quebrar a seqüência de três consoantes, desenvolveu-se um aepentético.

�ndrsi > �ndr�si34 mhtrsi > mhtr�sipatrsi > patr�si yugatrsi > yugatr�sigastrsi > gastr�si �strsi > �str�si

3. Dhm®thr se declina assim:Dhm®thr, D®mhter, D®metra, D®metrow, D®metri.

4. O tema do nome ² d�mar-d�mart-ow - mulher é em dental; a for-ma d�mar é usada só no nominativo e vocativo singular.É a redução fonética de d�mart-w > d�marw > d�mar.

5. Também são em dental alguns neutros como ·par-´pat-ow já in-cluídos no quadro dos temas em dental (ver p. 188).

34 Na seqüência -nrs- desenvolveu-se um -d- epentético. Ver p. 44, nota.

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Page 201: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

201a flexão nominal: os temas nominais

10. Nomes e adjetivos de tema em semivogal: -u/- i

T. Þsxæ- ² Þsxæw Þsxæ-ow a forçaT. kÛ- õ kÛw ki-ñw o caruncho (de cereal)T. �Erinæ- ² �Erinæw �Erinæ-ow a/as EríneasT. d�kru- ² d�kruw d�kru-ow a lágrimaT. sæ- õ/² sèw/ðw su-ñw/êñw a porca, o javaliT. àdri- àdriw àdri- ow perito, hábil

masc./fem. neut.S. Nom. Þsxæw kÛw �Erinæw d�kruw sèw àdriw àdri

Voc. Þsxæ kÛ(w) �Erinu(w) d�kru sè(w) àdri àdri

Acus. Þsxæ-n kÛ-n �Erinæ-n d�kru-n sè-n àdri-n àdri

Gen. Þsxæ-ow ki-ñw �Erinæ-ow d�kru-ow su-ñw àdri-ow àdri-ow

Dat. Þsxæ-i ki-Û �Erinæ-i d�kru-i su-Û àdri-i àdri-i

Loc. Þsxæ-i ki-Û �Erinæ-i d�kru-i su-Û àdri-i àdri-i

Instr. Þsxæ-i ki-Û �Erinæ-i d�kru-i su-Û àdri-i àdri-i

P. Nom. Þsxæ-ew kÛ-ew �Erinæ-ew d�kru-ew sè-ew àdri-ew àdri-a

Voc. Þsxæ-ew kÛ-ew �Erinæ-ew d�kru-ew sè-ew àdri-ew àdri-a

Acus. Þsxæw kÛ-aw �Erinæw d�kruw sèw àdri-aw àdri-a

Gen. Þsxæ-vn ki-Çn �Erinæ-vn dakræ-vn su-Çn ÞdrÛ-vn ÞdrÛ-vn

Dat. Þsxæsi ki-sÛ �Erinæ-si d�kru-si su-sÛ àdri-si àdri-si

Loc. Þsxæsi ki-sÛ �Erinæ-si d�kru-si su-sÛ àdri-si àdri-si

Instr. Þsxæsi ki-sÛ �Erinæ-si d�kru-si su-sÛ àdri-si àdri-si

D. N.A.V. Þsxæ-e kÛ-e �Erinæ-e d�kru-e sè-e àdri-e àdri-e

G.D.L.I. Þsxæ-oin kÛ-oin �Erinæ-oin dakræ-oin sæ-oin ÞdrÛ-oin ÞdrÛ-oin

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Page 202: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

202 a flexão nominal: os temas nominais

Notas:

1. A forma do acusativo plural em geral aparece contrata, construída so-bre -unw/inw; as do nominativo plural também podem se contrair:

Acus. Pl. Nom. Pl.Þsxæ-nw > Þsxèw Þsxæ-ew > Þsxèwki-nw > kÝw kÛ-ew > kÝwàdri-nw > àdri-iw àdri-ew > àdriwd�kru-nw > d�kruw d�kru-ew > d�kruw�Erinæ-nw > �Erinèw �Erinæ-ew > �Erinèw

2. O nome d�kruw no plural aparece de preferência na forma neutra:d�krua.

3. Não são numerosas as palavras de tema em -u/-i.As mais usadas são as seguintes:

pñtriw-iow . ² a potranca kn°siw-iow, ² a coceira, a raspagemÞxyæw-æow, õ o peixe bñtruw-uow, õ o cacho de uvamèw-muñw o ratinho drèw-druñw, ² o carvalho

o camundongon¡kuw-uow, õ o cadáver x¡luw-uow, ² a tartaruga, a cítarapÛtuw-uow, ² o pinheiro öfruw-uow, ² a sobrancelha¦gxeluw-uow, ² a enguia* xlamæw-æow, ² a veste, o manto**

* Há um plural ¤gx¡leiw sobre um tema ¤gxeleW-** Há variantes em dental xlamæw-xlamæd-ow, bñtruw-bñtrud-ow

4. A palavra ² oäw, oÞ-ñw - a ovelha, tem o tema ôWi-.O -W- intervocálico sofre síncope: ôWi > ôi.Portanto, é um tema em -i, perfeitamente regular:

Singular Plural DualNom. ôWi-w > oäw ôWi-ew> oäewVoc. ôWi > oä / oäw ôWi-ew > oäewAcus. ôWi-n > oän ôWi-nw > oänw > oäw ôWi-e > oäeGen. ôWi-ñw > oÞñw ôWi-Çn > oÞÇnDat. ôWi-Û > oÞÛ > ôÛ ôWi-sÛ > oÞsÛ ôWi-oin > oÞoÝnLoc. ôWi-Û > oÞÛ > ôÛ ôWi-sÛ > oÞsÛInstr. ôWi-Û > oÞÛ > ôÛ ôWi-sÛ > oÞsÛ

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Page 203: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

203a flexão nominal: os temas nominais

11. Substantivos e adjetivos de tema em -es (masc./fem.)

T. trÛhres- ² tri®rhw - ouw a trirremeT. aÞdñs- ² aÞdÅw-oèw o respeito, pudor, vergonhaT. �lhy¡s- �lhy®w, ¡w real, verdadeiro (masc./fem.)

masc./fem.S. Nom. tri®rhw aÞdÅw �lhy®w

Voc. trÛhrew aÞdñw �lhy¡w

Acus. tri®res-a > ea > h aÞdñs-a > ña > Å �lhy¡s-a > ¡a > °

Gen. tri®res-ow > eow > ouw aÞdñs-ow > ñow > oèw �lhy®s-ow > ¡ow > oèw

Dat. tri®res-i > ei aÞdñs-i > ñi > oÝ �lhy¡s-i > ¡i > eÝ

Loc. tri®res-i > ei aÞdñs-i > ñi > oÝ �lhy¡s-i > ¡i > eÝ

Instr. tri®res-i > ei aÞdñs-i > ñi > oÝ �lhy¡s-i > ¡i > eÝ

P. Nom. tri®res-ew > eew > eiw �lhy¡s-ew > ¡ew > eÝw

Voc. tri®res-ew > eew > eiw �lhy¡s-ew > ¡ew > eÝw

Acus. tri®rew-nw > enw > eiw �lhy¡w-nw > ¡nw > eÝw

Gen. trihr¡s-vn > ¡vn > Çn �lhy¡s-vn > ¡vn > Çn

Dat. tri®res-si > tri®resi �lhy¡s-si > �lhy¡si

Loc. tri®res-si > tri®resi �lhy¡s-si > �lhy¡si

Instr. tri®res-si > tri®resi �lhy¡s-si > �lhy¡si

D. N.A.V. tri®res-e > ee > ei �lhy¡s-e > � > eÝ

G.D.L.I. trihr¡s-oin > ¡oin > oÝn �lhy¡s-oin > ¡oin > oÝn

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Page 204: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

204 a flexão nominal: os temas nominais

Notas:

1. Os nomes masculinos e femininos de temas em -w alongam a vogal te-mática breve no nominativo singular:

aÞdñw > aÞdÅw ; SÅkratew > Svkr�thw ; trÛhrew > tri®rhw.

2. Alguns nomes próprios, compostos com o sufixo derivado de kl¡ow <kl¡Wow - glória, renome, têm esse sufixo no vocalismo -ew-, (como�nyes-/ �nyow, tais como:

T. PerikleWew Perikl°w PériclesT. �HrakleWew �Hrakl°w Héracles - HérculesT. SofokleWew Sofokl°w Sófocles

Declinam-se normalmente com temas masculinos em -e.Nom. Perikl¡Whw > Perikl¡hw > Perikl°wVoc. PerÛkleWew > PerÛkleew > PerÛkleiwAcus. Perikl¡Wew-a > Perikl¡ea > Perikl¡aGen. Perikl¡Wes-ow > Perikl¡eow > Perikl¡ouwDat. Perikl¡Wes-i > Perikl¡-ei > PerikleÝ

5. Alguns nomes próprios de tema em -w, como Svkr�thw, Demos-y¡nhw, �Aristof�nhw, às vezes, por analogia com os temas em vogal-a/-h masculinos (-hw/-aw), fazem o acusativo singular em -n (-hn),ao lado do acusativo normal: -es-a > ea > h.

Svkr�thw Svkr�th e Svkr�thnDemosy¡nhw Demosy¡nh e Demosy¡nhn�Aristof�nhw �Aristof�nh e �Aristof�nhn

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Page 205: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

205a flexão nominal: os temas nominais

12. Nomes e adjetivos neutros de tema em -w

T. �nyes- tò �nyow �nyouw a florT. kr¡as- tò kr¡aw kr¡vw a carneT. �lhy¡s- �lhy¡w real, verdadeiro (neutro)

S. Nom. �nyow kr¡aw �lhy¡w

Voc. �nyow kr¡aw �lhy¡w

Acus. �nyow kr¡aw �lhy¡w

Gen. �nyes-ow > eow> ouw kr¡as-ow> aow> vw �lhy¡s-ow> ¡ow> oèw

Dat. �nyes-i > ei kr¡as-i > ai / & �lhy¡s-i > ¡i > eÝ

Loc. �nyes-i > ei kr¡as-i > ai / & �lhy¡s-i > ¡i > eÝ

Instr. �nyes-i > ei kr¡as-i > ai / & �lhy¡s-i > ¡i > eÝ

P. Nom. �nyes-a > ea > h kr¡as-a > aa > a �lhy¡s-a > ¡a > °

Voc. �nyes-a > ea > h kr¡as-a > aa > a �lhy¡s-a > ¡a > °

Acus. �nyes-a > ea > h kr¡as-a > aa > a �lhy¡s-a > ¡a > °

Gen. �ny¡s-vn > ¡vn > Çn kre�s-vn > �vn > Çn �lhy¡s-vn > ¡vn > �Çn

Dat. �nyes-si > �nyesi kr¡as-si > kr¡asi �ley¡s-si > �lhy¡si

Loc. �nyes-si > �nyesi kr¡as-si > kr¡asi �ley¡s-si > �lhy¡si

Instr. �nyes-si > �nyesi kr¡as-si > kr¡asi �ley¡s-si > �lhy¡si

D. N.A.V. �nyes-e > ee > ei kr¡as-e > kr¡ae > kr¡a �lhy¡s-e > ¡e > eÝ

G.D.L.I. �ny¡s-oin > ¡oin > oÝn kre�s-oin > �oin > Òn �lhy¡s-oin > ¡oin > oÝn

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Page 206: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

206 a flexão nominal: os temas nominais

Notas:

1. A característica maior desses nomes (substantivos, adjetivos) é a sín-cope do -w temático sempre que se encontrar em posição intervocálica.O hiato resultante do encontro das vogais, no ático resulta em contra-ção; no jônico e eólico o hiato permanece.

2. Nos casos nom. voc. ac. do singular os nomes neutros de tema em -ewsofrem metafonia alternando a vogal do tema de e para o: �nyew-/�nyow. Os outros casos do singular e todo o plural flexionam sobre otema �nyes-.

3. Dois nomes neutros de tema em dental: p¡raw - p¡rat-ow termo,limite e k¡raw - k¡rat-ow chifre, ala, por causa da opção do nomina-tivo singular p¡raw e k¡raw, em lugar de p¡ra e k¡ra, que seriamnormais com a apócope do -t, têm duas flexões paralelas no singular:uma analógica à de kr¡aw e outra em dental (ver o paradigma das den-tais, p. 189).

4. Os adjetivos de tema em -w são biformes: o masculino/feminino tem avogal do tema alongada no nominativo singular: - �lhy®w, e o neutromantém a vogal do tema breve em toda a flexão: �lhy¡s-.

5. Sobre o modelo kr¡aw declinam-se alguns nomes neutros antigos ede significado especial:

tò br¡taw a estátua, (ídolo) de madeiratò oïdaw o solo, o piso, o chãotò kn¡faw as trevas, a escuridãotò s¡law o brilho, o esplendor (que ofusca)tò d¡maw o corpotò s¡baw o prodígio, a veneraçãotò t¡raw o prodígio, o monstrotò d¡paw a taça

Desses nomes, alguns às vezes fazem a flexão com vocalismo -e-(kn¡faw, oïdaw, br¡taw), e outros, por causa do significado, só seusam nos casos sintáticos do singular (nom., voc. e acus.), o que levaos gramáticos a classificá-los como indeclináveis.

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Page 207: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

207a flexão nominal: os temas nominais

13. Nomes de tema em -j

T. pñlj-/pñlej-/pñlhj pñliw - pñlevw, ² a cidadeT. peiyñj- peiyÅ-peiyoèw, ² a persuasão

Flexão de ² pñliw ² peiyÅS. Nom. pñlj-w > pñli-w peiyoj�.> peiyÅi / peiyÐ / peiyÅ

Voc. pñlj > pñli (w) peiyñj > peiyoÝ

Acus. pñlj-n > pñli-n peiyñja > peiyña > peiyÅ

Gen. polhj-ow > pñlhiow peiyñjow > peiyñow > peiyoèw> pñlhow > pñlevw

Dat. polej-i > pñle-i > pñlei peiyñji > peiyoÝ

Loc. polej-i > pñle-i > pñlei peiyñji > peiyoÝ

Instr. polej-i > pñle-i > pñlei peiyñji > peiyoÝ

P. Nom. polej-ew > pñleew > pñleiw

Voc. polej-ew > pñleew > pñleiw

Acus. polej-nw > pñleinw > pñleiw

Gen. polej-vn > pñlevn

Dat. polej-si > pñlesi

Loc. polej-si > pñlesi

Instr. polej-si > pñlesi

D. N.A.V. polej-e > pñlee > pñlei

G.D.L.I. polej-oin > pol¡oin

Notas:

1. O -j depois de consoante se vocaliza; entre vogais sofre síncope e, noático, vogais do mesmo timbre se contraem.

nom. sing. pñlj-w > pñliwvoc. sing. pñlj- > pñli / pñliwacus. sing. pñlj-n > pñlinnom. pl. pñlej-ew > pñleew > pñleiw

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Page 208: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

208 a flexão nominal: os temas nominais

2. No ático, sempre que houver uma seqüência de vogal longa + vogalbreve, há uma metátese de quantidade; mas a posição da tônica ficainalterada:

gen. sing. - pñlhj-ow > pñlhow > pñlevw

3. Há muitas variantes da flexão de pñliw; há mesmo uma que se flexio-na sobre o tema poli- sem nenhuma complicação fonética:

Singular: pñliw - pñli(w) - pñlin - pñliow - pñlii > pñliPlural: pñliew - pñliew - pñli-nw > póliw/ pñliaw - polÛvn - pñlisi

Outras duas variantes arcaicas são as seguintes:tema poli- para os três casos sintáticos do singular e polh para osconcretos e para o plural:

Singular: pñliw - pñli(w) - pñlin - pñlhow - pñlhiPlural: pñlhew - pñlhew - pñlhaw - pol®vn - pñlhsi

4. Esse modelo é importante porque é sobre ele que se flexionam, alémde alguns temas nominais antigos na língua, também todos os nomesdeverbais em -siw, que significam a ação do verbo. Esses são tão incontá-veis quanto os deverbais em ma com quem fazem contraponto.Alguns temas nominais:

öfiw-evw, ² a serpentesÛnapi-evw, tñ a mostardaìbriw-ìbrevw, ² o descomedimentom�ntiw-evw, õ o adivinhop¡peri-evw,tò a pimenta

Alguns deverbais:dænamiw-evw,² potência, forçafæsiw-fæsevw, ² a naturezat�jiw-evw, ² (tag-) a fileira, ordempr�jiw-evw,² (prag-) o ato, a açãoöciw-evw, ² (op-) a visão, o examepñsiw-evw, ² (po-) a bebida (a ação)dñsiw-evw, ² (do-) a dação, o domy¡siw-evw, ²(ye-) a posição, a tese

5. Todos esses nomes são construídos sobre o tema verbal puro (aoris-to), porque significam a realização do ato verbal em si.

Em princípio todos eles podem ser traduzidos por nomes de sufixo-ção, do latim -tione.

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Page 209: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

209a flexão nominal: os temas nominais

6. Poucas palavras seguem modelo peiyñj-> peiyÅ; em geral são nomespróprios e mitolóligos, arcaicos em geral; os mais importantes são asseguintes:

feidÅ-feidoèw, ² a poupança±xÅ-±xoèw, ² Eco (ninfa), o ecoDhÅ-Dhoèw, ² DeméterLhtÅ-Lhtoèw Letô, LatonaPuyÅ-Puyoèw, ² Pythô, a pytonisa�HrÅ-�Hroèw, ² HerôGorgÅ-Gorgoèw, ² Gorgô, GorgonaMhtrÅ-Mhtroèw, ² MetrôSvsÅ-Svsoèw, ² Sosô�IÅ-�Ioèw, ² IôSapfÅ-Sapfoèw, ² SafoDidÅ - Didoèw DidoKalucÅ- Kalucoèw Calipso

14. Nomes masculinos de tema em -hW

T. basilhW / basileW õ basileæw - basil¡vw o rei

Singular PluralN. basil®W-w > basil®uw > basileæw basil®Wew > basil®ew > basil¡hw

> basil°w/bassileÝw

V. basil®W > basil®u > basileè basil®Wew > basil®ew > basil¡hw> basil°w/bassileÝw

A. basil®W-n > basil®a > basil¡a basil®Wnw > basil®aw > basil¡aw

G. basil®W-ow > basil®ow > basil¡vw basil®Wvn > basil®vn > basil¡vn

D. basil®W-i > basil®i > basileÝ basil®Wsi > basil¡Wsi > basileèsi

L. basil®W-i > basil®i > basileÝ basil®Wsi > basil¡Wsi > basileèsi

I. basil®W-i > basil®i > basileÝ basil®Wsi > basil¡Wsi > basileèsi

DualN.V.A. basil®We > basil®e > basil¡h

> basil°/basileÝ

G.D.L.I. basil®Woin > basil®oin > basil¡oin

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Page 210: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

210 a flexão nominal: os temas nominais

Notas:

1. O W seguido de consoante se vocaliza em -u.

2. Metátese de quantidade: longa + breve > breve + longa.

3. Depois da síncope do W as vogais do mesmo timbre se contraem; asoutras não.

4. No D.L.I. do singular basil®Wi > basil®i > basil¡i > basileÝ naseqüência de duas longas, a anterior se abrevia:

5. Sobre o modelo basil®W- declinam-se inúmeras palavras masculinasde profissões, alguns nomes geográficos e patronímicos.

6. Alguns nomes próprios e nomes masculinos de profissão ou atividade:�Axilleæw - ¡vw Aquiles�Odisseæw - ¡vw Odisseu, UlissesEéboeæw - ¡vw Euboeu, habitante da EubéiaPromhyeæw - ¡vw PrometeuPeiraieæw - ¡vw Pireu (o porto)ßppeæw - ¡vw o cavaleirogoneæw - ¡vw, õ o genitor, o paigoneÝw - ¡vn, oß os pais�lieæw - ¡vw, õ o pescadorbrabeæw - ¡vw, õ o árbitronomeæw - ¡vw, õ o pastorfoneæw - ¡vw, õ o assassinoxoeæw - ¡vw, õ a coé, medida para líqüidosßereæw - ¡vw, õ o sacerdote - que cuida do sagrado¥rmhneæw - ¡vw, õ o intérpretesuggrafeæw - ¡vw, õ o historiador, escritordromeæw - ¡vw, õ o corredor, o correio

São menos numerosos os nomes que seguem o modelo do neutro�stu (item l5) como:

² p¡lekuw - evw o machado T. p¡lekW-, p¡lekeW-õ p°xuw - evw o côvado T. p°xW-, p°xeWtò pÇu - evw o rebanho T. pÇW-, pÇeW- (ver p. 178,

quadro das dificuldades fonéticas)

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Page 211: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

211a flexão nominal: os temas nominais

15. Nomes de tema em W / eW

T. �stW- / �steW- tò �stu �stevw a cidadela, o centro, a séT. grhW�/graW- ² graèw gra-ñw a mulher velha (jônico grhèw)T. boW- õ / ² boèw bo-ñw o boi, a vaca

S. Nom. �stW > �stu graW-w > graèw boW-w > boèw

Voc. �stW > �stu graW > graè boW > boè

Acus. �stW > �stu graW-n > graèn boW-n > boèn

Gen. �steW-ñw > �stevw graW-ñw > grañw boW-ñw > boñw

Dat. �steW-i > �stei graW-Û > graÛ boW-Û > boÛ

Loc. �steW-i > �stei graW-Û > graÛ boW-Û > boÛ

Instr. �steW-i > �stei graW-Û > graÛ boW-Û > boÛ

P. Nom. �steW-a > �stea / h graW-ew > gr�ew boW-ew > bñew

Voc. �steW-a > �stea / h graW-ew > gr�ew boW-ew > bñew

Acus. �steW-a > �stea / h graW-nw > graèw boW-nw > boèw

Gen. �steW-vn > �stevn graW-vn > graÇn boW-vn > boÇn

Dat. �steW-si > �stesi graW-sÛ > grausÛ boW-si > bousÛ

Loc. �steW-si > �stesi graW-sÛ > grausÛ boW-si > bousÛ

Instr. �steW-si > �stesi graW-sÛ > grausÛ boW-si > bousÛ

D. N.A.V. �steW-e > �stee > �stei graW-e > gr�e boW-e > bñe

G.D.L.I. �st¡W-oin > �st¡oin graW-oin > graoÝn boW-oin > booÝn

Notas:

1. O -W-intervocálico sofre síncope:

gen. sing. dat. sing nom. pl. gen. pl.�steWow > �steow; �steWi > �ste-i > �stei� steWa �steWvn

> �stea / �sth > �stevn

graWñw > grañw graWÛ > graÛ gr�Wew > gr�ew graWÇn> graÇn

boWñw > boñw boWÛ > boÛ bñWew > bñew boWÇn > boÇn

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Page 212: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

212 a flexão nominal: os temas nominais

Se não é intervocálico, vocaliza-se em -u-:acus. pl. dat. loc. inst. pl.graWnw > gr�unw > graèw graWsÛ > grausÛbñWnw > bñunw > boèw boWsÛ > bousÛmas �st¡Wsi > �st¡si

2. Das vogais que formam hiato após a queda do -W-, só as de timbre -e-podem sofrer contração; com as outras o hiato se mantém.

3. Os genitivos singular e plural �stevw - �stevn são analógicos aosgenitivos pñlevw - pñlevn.

4. Sobre esse modelo declinam-se também os adjetivos de tema em -W/eW no masculino e neutro.

16. Adjetivos de tema em W- / eW

T. ²dW-/²deW-. Fem. ²deÛa ²dæw - ²deÛa - ²dæ agradável, doce

masc. fem. neutro

S. Nom. ²dWw > ²dæw ²deÝa ²dW > ²dæVoc. ²dW > ²dæ ²deÝa ²dW > ²dæAcus. ²dWn > ²dæn ²deÛan ²dW > ²dæGen. ²d¡W-ow > ²d¡ow ²deÛaw ²d¡W-ow > ²d¡owDat. ²d¡W-i > ²deÝ ²deÛ& ²d¡W-i > ²deÝLoc. ²d¡W-i > ²deÝ ²deÛ& ²d¡W-i > ²deÝInstr. ²d¡W-i > ²deÝ ²deÛ& ²d¡W-i > ²deÝ

P. Nom. ²d¡W-ew > ²d¡ew > ²deÝw ²deÝai ²d¡W-a > ²d¡aVoc. ²d¡W-ew > ²d¡ew > ²deÝw ²deÝai ²d¡W-a > ²d¡aAcus. ²d¡W-nw > ²d¡nw > ²deÝw ²deÛaw ²d¡W-a > ²d¡aGen. ²d¡W-vn > ²d¡vn ²deiÇn ²d¡W-vn > ²d¡vnDat. ²d¡W-si > ²d¡si ²deÛaiw ²d¡W-si > ²d¡siLoc. ²d¡W-si > ²d¡si ²deÛaiw ²d¡W-si > ²d¡siInstr. ²d¡W-si > ²d¡si ²deÛaiw ²d¡W-si > ²d¡si

D. N.A.V. ²d¡W-e > ²d¡e > ²deÝ ²deÛa ²d¡W-e > ²d¡e > ²deÝG.D.L.I. ²d¡W-oin > ²d¡oin ²deÛain ²d¡W-oin > ²d¡oin

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Page 213: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

213a flexão nominal: os temas nominais

Nota:

1. Vocalismo zero nos casos sintáticos do singular (nom., voc., acus.).

2. Vocalismo e nos outros do singular e em todo o plural.

3. Vogais de timbre diferente não se contraem.

4. Os femininos são formados sobre o tema do masculino eW com o sufi-xo -ja: ²deW-ja > ²deuia > ²deÝa. São temas em vogal.Eis alguns adjetivos que seguem esse modelo:

´misuw, ²mÛseia, ´misu meio, meia, metadeglukæw, glukeÝa, glukæ docebayæw, bayeÝa, bayæ fundo, profundoeéræw, eéreÝa, eéræ largo, anchoy°luw, y®leia, y°lu femininoôjæw, ôjeÝa, ôjæ pontudo, agudobradæw, bradeÝa, bradæ lento, vagaroso, lerdotaxæw, taxeÝa, taxæ rápidoÈkæw, ÈkeÝa, Èkæ velozbaræw, bareÝa, baræ pesado, gravebraxæw, braxeÝa, braxæ curto, brevepaxæw, paxeÝa, paxæ espesso, grosso

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Page 214: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

214 a flexão nominal: os temas nominais

17. Adjetivos de temas em W / o /a

polæw - poll® - polæ - muito, numeroso (T. polW-/pollo-/pollh-)

Singular PluralNom. polW-w > polæw poll® polW >polæ polloÛ pollaÛ poll�

Voc. polW > polæ poll® polW > polæ polloÛ pollaÛ poll�

Acus. polWn > polæn poll®n polW > polæ polloæw poll�w poll�

Gen. polloè poll°w polloè pollÇn pollÇn pollÇn

Dat. pollÒ poll» pollÒ polloÝw pollaÝw polloÝw

Loc. pollÒ poll» pollÒ polloÝw pollaÝw polloÝw

Instr. pollÒ poll» pollÒ polloÝw pollaÝw polloÝw

DualN.A.V. pollÇ poll� pollÇ

G.D.L.I. polloÝn pollaÝn polloÝn

Nota:

Esses adjetivos (²dæw, ²deÝa, ²dæ - polæw, poll®, pollæ) cha-mados mistos, por flexionarem o masculino e o neutro sobre um tema e ofeminino sobre outro, assustam às vezes o estudante, que está acostuma-do a estudar toda a flexão sobre paradigmas fechados, estáticos ou emcascata. Mas, para se libertar dessas amarras, basta atentar para o fato deque toda a flexão, quer nominal, quer verbal repousa sobre um tema.

Cada nome, cada verbo tem seu tema independente, e é sobre eleque se faz a flexão.

Há outros adjetivos que têm um tema comum para o masculino eneutro, e outro, derivado do primeiro, para o feminino, de tema em -a.Eis alguns deles:T. xarÛent- xarÛeiw, xarÛeissa, xarÛen gracioso, delicado, agradávelT. m¡gan- m¡gaw, meg�lh, m¡gan grandeT. f¡ront- f¡rvn, f¡rousa, f¡ron particípio infectum de f¡rv portarT. luy¡nt- luyeÛw, luyeÝsa, luy¡n particípio aoristo passivo de læv

soltarT. læsant- læsaw, læsasa, lèsan particípio aoristo ativo de læv soltarT. lelukot- lelukÅw, lelukuÝa, lelukñw part. perf. ativo de læv soltar

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Page 215: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

215a flexão nominal: os temas nominais

18. Nomes de tema em -vW

T. ´rvW- õ ´rvw ´rvow o heróiT. dmÅW- õ dmÅw dmvñw o escravo, o criadoT. p�trvW- õ p�trvw p�trvow o tio ou o avô paternos

S. Nom. ´rvWw > ³rvw dmÅWw > dmÅw p�trvWw > p�trvw

Voc. ´rvW > ´rv dmÅW > dmÅ p�trvW > p�trv

Acus. ´rvWa > ´rva/´rv dmÅWa > dmÅa p�trvWa > p�trva

Gen. ´rvWow > ´rvow dmvWñw > dmvñw p�trvWow > p�trvow

Dat. ´rvWi > ´rvi dmvWÛ > dmvÛ p�trvWi > p�trvi

Loc. ´rvWi > ´rvi dmvWÛ > dmvÛ p�trvWi > p�trvi

Instr. ´rvWi > ´rvi dmvWÛ > dmvÛ p�trvWi > p�trvi

P. Nom. ´rvWew > ´rvew dmÇWew > dmÇew p�trvWew > p�trvew

Voc. ´rvWew > ´rvew dmÇWew > dmÇew p�trvWew > p�trvew

Acus. ´rvWaw > ´rvaw dmÇWaw > dmÇaw p�trvWaw > p�trvaw

Gen. ²rÅWvn > ²rÅvn dm�vWvn > dmÅvn patrÅWvn > patrÅvn

Dat. ´rvWsi > ´rvsi dmvWsÛ > dmvsÛ p�trvWsi > p�trvsi

Loc. ´rvWsi > ´rvsi dmvWsÛ > dmvsÛ p�trvWsi > p�trvsi

Instr. ´rvWsi > ´rvsi dmvWsÛ > dmvsÛ p�trvWsi > p�trvsi

D. N.A.V. ´rvWe > ´rve dmÇWe > dmÇe p�trvWe > p�trve

G.D.L.I. ²rÅWoin > ²rÅoin dmÅWoin > dmÅoin patrÅWoin > patrÅoin

Notas:

O W - 1. em posição final ou antes de consoante sofre síncope;- 2. em posição intervocálica, sofre síncope.

Outros nomes que seguem o mesmo modelo:T. m®trvW- õ m®trvw m®trvow o tio ou o avô maternoT. MÛnvW- õ MÛnvw MÛnvow Minos, rei de KnososT. g¡lvW- õ g¡lvw g¡lvow / g¡lvtow o riso

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Page 216: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

216 a flexão nominal: os temas nominais

Nomes heteroclíticosHá finalmente alguns nomes que têm certas variantes em algumas

formas, como se flexionassem sobre dois temas distintos.Em geral não são duas flexões paralelas; são algumas formas

paralelas.Vamos relacioná-los em ordem alfabética, apresentando as formas

na ordem convencionada neste trabalho: nominativo, vocativo, acusati-vo, genitivo e dat./loc./inst.

São os seguintes:

�Arhw - �Arevw, õ - Ares (Marte) T. �Ares- / �AreW-N. �ArhwV. �Arew / �AreuA. �Arh / �ArhnG. �ArevwD. �Arei

gñnu - gñnatow, tñ - o joelho, T. gñnW- / gonat-Sing. Pl.

N. gñnu, N. gñnata,V. gñnu, V. gñnata,A. gñnu, A. gñnataG. gñnatow G. gon�tvnD.L.I. gñnati D.L.I. gñnasi

Dual gñnategon�toin

d�kru - uow, tñ - a lágrima, T. d�kru-Sing. Pl.

N. d�kru N. d�kruaV. d�kru V. d�kruaA. d�kru A. d�kruaG. d�kruow G. dakrævnD.L.I. d�krui D.L.I. d�krusi / dakræoiw

Dual d�kruedakræoin

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Page 217: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

217a flexão nominal: os temas nominais

d¡ndron - ou, tñ - a árvore, T. dendro- / d¡ndres-Sing. Pl.

N. d¡ndron N. d¡ndra / d¡ndreaV. d¡ndron V. d¡ndra / d¡ndreaA. d¡ndron A. d¡ndra / d¡ndreaG. d¡ndrou G. d¡ndrvn / d¡ndrevnD.L.I. d¡ndrÄ / d¡ndrei D.L.I. d¡ndroiw / d¡ndresi

Dual d¡ndred¡ndroin

dñru -atow, tñ - a lança, T. dñru-/dorat-Sing. Pl.

N. dñru N. dñrataV. dñru V. dñrataA. dñru A. dñrataG. dñratow / dorñw G. dor�tvnD.L.I. dñrati / dorÛ D.L.I. dñrasi

Dual dñratedor�toin

Zeèw - Diñw, õ - Zeus, T. ZeW- / DiW- / Z°n-Sing.

N. Zeèw N. Z°n,V. Zeè V. Z°n,A. DÛa A. Z°naG. Diñw G. ZhnñwD.L.I. DiÛ D.L.I. ZhnÛ

kleÛw - kleidñw, ² - a chave, T. kleid- / kleW-Sing. Pl.

N. kleÛw N. kleÝdew / kleÝwV. kleÛ, V. kleÝdew / kleÝw,A. kleÝda / kleÝn A. kleÝdaw / kleÝwG. kleidñw G. kleidÇnD.L.I. kleidÛ D.L.I. kleisÛ

Dual kleÝdekleidoÝn

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Page 218: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

218 a flexão nominal: os temas nominais

kævn - kunñw, õ / ² - o cão, a cadela, T. kæon- / kæn-Sing. Pl.

N. kævn N. kænewV. kæon V. kænewA. kæna, A. kænawG. kunñw, G. kunÇnD.L.I. kunÛ D.L.I. kusÛ

Dual kænekunoÝn

l�w - l�ow, õ / ² - a pedra, lasca, T. laWa-/ laW-Sing. Pl.

N. l�aw / l�w N. l�ewV. l�w V. l�ewA. l�an / l�n A. l,�awG. l�ow G. l�vnD.L.I. l�i D.L.I. l�esi / l�essi

Dual l�el�oin

önar - ôneÛratow, tñ - o sonho, T. öneirat- / ôneiro-Sing. Pl.

N. önar / öneirow N. ôneÛrata,V. önar / öneire, V. ôneÛrata,A. önar / öneiron A. ôneÛrata,G. ôneÛrou / ôneÛratow, G. ôneir�tvn,D.L.I. ôneÛrati / ôneÛrÄ D.L.I. ôneÛrasi / ôneÛroiw

Dual ôneÛrateôneir�toin

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Page 219: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

219a flexão nominal: os temas nominais

öxow-ou, õ / öxow-ouw, tñ - o carro, T. öxo- / öxes-

T. öxo-

Sing. Pl.N. öxow N. öxoi,V. öxe V. öxoi,A. öxon A. öxouwG. öxou G. öxvnD.L.I. öxÄ D.L.I. öxoiw

Dual öxvöxoin

T. öxes-

Sing. Pl.N. öxow, N. öxea > hV. öxow, V. öxea > hA. öxow, A. öxea > hG. öxes-ow > öxeow > öxouw G. ôx¡s-vn > ôx¡vn > ôxÇnD.L.I. öxes-i > öxei D.L.I. öxes-si > öxesi

Dual öxee > eiôx¡oin > oxoÝn

pr¡sbuw - pr¡sbevw, õ - o ancião,T. presbW- presbeW/ presbeut®-/-�-

Pl. - os embaixadores

Sing. Pl.N. pr¡sbuw / presbeut®w N. pr¡sbeiw / presbeutaÛ,V. pr¡sbu / presbeut� V. pr¡sbeiw / presbeutaÛA. pr¡sbun / presbeut®n A. pr¡sbeiw / presbeut�w,G. pr¡sbevw / presbeutoè G. pr¡sbevn / presbeutÇnD.L.I. pr¡sbei / prsbeut» D.L.I. pr¡sbesi / presbeutaÝw

Dual pr¡sbee / presbeut�presb¡oin / presbeutaÝn

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Page 220: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

220 a flexão nominal: os temas nominais

pèr - purñw, tñ - o fogo,

Pl. (fogos de bivaque, fogueira) T. pèr-

Sing. Pl.N. pèr N. pur�,V. pèr V. pur�A. pèr A. pur�G. purñw G. purÇnD.L.I. purÛ D.L.I. pursÛ

Dual pèrepuroÝn

skñtow-ou, õ / skñtow-ouw, tñ - as trevas,T. skoto- / skotes-

T. skñto-

Sing. Pl.N. skñtow N. skñtoi,V. skñte, V. skñtoi,A. skñton A. skñtouwG. skñtou G. skñtvnD.L.I. skñtÄ D.L.I. skñtoiw

Dual skñtvskñtoin

T. skñtes-

Sing. Pl.N. skñtow, N. skñtes-a > skñtea > skñth

V. skñtow, V. skñtes-a > skñtea > skñth

A. skñtow, A. skñtes-a > skñtea > skñth

G. skñtes-ow > skñteow > skñtouw G. skot¡s-vn > skot¡vn > skotÅn

D.L.I. skñtes-i > skñtei D.L.I. skñtes-si > skñtesi

Dual skñtee > ei

skotoÝn

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Page 221: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

221a flexão nominal: os temas nominais

skæfow-ou, õ / skæfow-ouw, tñ - a taça, T. skæfo- / skæfes-

T. skufo-

Sing. Pl.N. skæfow N. skæfoi,V. skæfe V. skæfoi,A. skæfon A. skæfouwG. skæfou, G. skæfvnD.L.I. skæfÄ D.L.I. skæfoiw

Dual skæfvskæfoin

T. skæfes-

Sing. Pl.N. skæfow N. skæfes-a > skæfea > skæfhV. skæfow V. skæfes-a > skæfea > skæfhA. skæfow A. skæfes-a > skæfea > skæfhG. skæfes-ow > skæfeow > skæfouw G. skuf¡s-vn > skuf¡vn > skufÇnD.L.I. skæfes-i > skæfei D.L.I. skæfes-si > skæfesi

Dual skæfee > eiskufoÝn

êiñw - êioè, õ - o filho, T. êio- / êieW /êiW-

Sing. Pl.N. êiñw N. êioÛ / êieÝwV. êi¡, V. êioÛ / êieÝwA. êiñn / êi¡a A. êioæw / êieÝw / êi¡awG. ußoè/êi¡ow/êiñw G. êiÇn / êi¡vnD.L.I. êiÒ / êieÝ D.L.I. êioÝw/ êi¡si

Dual êi¡e/êieÝêi¡oin

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Page 222: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

222 a flexão nominal: os temas nominais

Nomes que só têm plural:

�Ay°nai - Çn, aß Atenas, a cidade, T. �Ayhna-

N. �Ay°nai,V. �Ay°nai,A. �Ay®naw,G. �AyhnÇn,D.L.I. �Ay®naiw.

oß ¤tesÛai - Ûvn os ventos etésios, T. ¤tesÛa-aß Panay®naiai - Çn As Panatenéias (festas), T. Panay®naia-

Só nom. voc. e acus.

õ lÛw, o leão (poético)Î lÛw, tòn lÛn

Nomes indeclináveis:

tò d¡maw (poét.) o corpo (ver p. 188-9)tò öfelow o proveito, a utilidadetò ðpar a visão

Por serem neutros podem servir aos casos sintáticos: nom., voc., acus.

Os nomes das letras do alfabeto:tò �lfa, tò b°ta ktl.

Os números cardinais de 5 a 100:p¡nte (5), d¡ka (10), §ndeka (11), pentekaÛdeka (15),¥katñn (100).

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O verbo gregoPreliminares

É conhecida a ojeriza que o estudante de grego sente diante dosistema complicado da conjugação dos verbos gregos. Ele tem a sensaçãode estar pisando terreno movediço, que cede sempre lá onde ele pensapoder apoiar-se. Ele não vê coerência; por toda a parte é o arbítrio, sãoregras e sobretudo exceções.

O recurso é apelar para os métodos de memorização até que tudoentre na cabeça, pronto para ser usado. Mas, mesmo assim, permanece ainsegurança. Quando ele vai enfrentar um texto, além do dicionário, éindispensável a presença de uma gramática.

Qual é a causa disso?Não é difícil responder. É a incoerência do modelo �descritivista�

e �prescritivista� da flexão verbal e nominal, que desconhece a base dequalquer sistema de flexão, que é a identificação das duas partes:

� o tema, a parte fixa sobre a qual giram as desinências (o temanominal contém o significado virtual do nome, o tema verbalcontém o significado e o aspecto do verbo),

� as desinências (ptÅseiw, casus), que dão a função ao nome, e apessoa, o número, a voz e o modo ao verbo.

No caso do verbo, o grande erro da gramática foi o de construirtodo o sistema de flexão sobre o infectum, que é uma forma modificada,complexa, e por isso não pode ser ponto de partida para todo o sistema,porque, em geral modificada, o obriga a produzir exceções.

O ponto de partida para a flexão verbal deve ser o tema verbal puro,isto, é o tema aoristo do verbo. É nele que está a essência do significadoe é a partir dele que derivam os dois outros temas: o do infectum e o doperfectum1. Veremos isso pormenorizadamente à medida que estudar-mos cada tema.

1 É bom lembrar sempre que o tema é a parte fixa, sede do significado, sobre o quese sucedem as desinências. Se o tema absoluto, puro do verbo, é o tema do aoristo,

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224 o verbo grego

Como são três os aspectos: aoristo, infectum e perfectum, três tam-bém são os temas sobre os quais se constrói a conjugação verbal em gre-go. São temas �aspectuais� e não temas temporais (tempos primitivos dagramática tradicional).

O tempo delimitador dos fatos não está no verbo. O tempo está noenquadramento do ato verbal.

Ele é exterior ao verbo.

Aqui caberia observar o que diz Aristóteles (Poética, 20, 8), quan-do se refere ao nome (önoma) e ao verbo (=°ma):

��Onoma d�¤stÜ fvn¯ sunyet¯ shmantik¯, �neu xrñnou,¸w m¡row oéd¡n ¤sti kay�aêtò shmantikñn: ¤n g�r toÝwdiploÝw oé xrÅmeya Éw kaÜ aétò kay�aêtò shmaÝnon, oåon¤n tÒ YeodÅrÄ tò �dÇron� oé shmaÛnei.

�R°ma d¢ fvn¯ sunyet¯ shmantik¯ met� xrñnou ̧ w oéd¢nm¡row shmaÛnei kay�aêtò Ësper kaÜ ¤pÜ tÇn ônom�tvn:tò m¢n g�r ��nyrvpow� µ �leukòn� oé shmaÛnei tò tñte,tò d¢ �badÛzei� µ �beb�dike� prosshmaÛnei tò m¢n tònparñnta xrñnon tò d¢ tòn parelhluyñta�.

�Nome é um som composto, significante, sem tempo, de que nenhumaparte por si mesma é significativa; pois dos duplos não nos servimos como omesmo tendo um significado por si mesmo, como em Teodoro o �doro� (dom,dádiva) não tem significado.

Verbo é um som composto, significante com tempo de que nenhumaparte por si mesma é significativa, como acontece também nos nomes; pois,por um lado �homem� e �branco� não significam quando (= nesse tempo); poroutro, está andando e acabou de andar anunciam um o tempo presente, ooutro, o tempo decorrido�. (Arist., Poét., 1457a10-1457a18).

Nas expressões �com tempo� e �sem tempo�, Aristóteles não serefere ao tempo externo, medido, determinado, mas sim ao tempo que aelocução porta consigo ou em si mesma. O nome não tem tempo próprio;não porta a noção de tempo em si mesmo. O verbo sim, porque o verboé um processo (os exemplos de Aristóteles não são com verbos de estado).

que em geral coincide com a raiz, os temas do infectum e do perfectum são radi-cais, isto é raiz modificada.

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225o verbo grego

Nos dois exemplos temos um infectum = inacabado; badÛzei e operfectum = acabado: beb�dike. Curiosamente Aristóteles não exem-plifica aqui com um aoristo.

É que o aoristo não tem processo verbal, ou melhor, o processo verbalnão chega a eclodir; é o ato verbal em seu estado �pontual�; não tem �tempointerno�, que é o desenvolvimento da ação verbal.

No infectum e no perfectum há um processo, há um �tempo inter-no�, há um desenvolvimento da ação.

Também as expressões tòn parñnta xrñnon e tòn para-lhluyñta são expressões de tempo relativo (o tempo que corre e queacabou de correr) no próprio ato; o ponto de referência (enquadramentodo ato verbal) está fora.

Se Aristóteles tivesse a intenção de referir-se a um passado, teriautilizado uma forma com o aumento ¤-, que ele conhecia e usava; é, aliás,o que ele faz logo adiante (1457a18-23), em que ele chama de ptÇsiwtanto a flexão do nome (casos) quanto a flexão do verbo:

�PtÇsiw d� ¤stÜn ônñmatow µ =®matow, ² m¢n kat� tòtoætou µ toætÄ shmaÝnon kaÜ ÷sa toiaèta ² d¢ kat�tò ¤nÜ µ polloÝw, oåon �nyrvpoi µ �nyrvpow ² d¢ kat�t� êpokritik�, oåon kat�¤rÅthsin µ ¤pÛtajin: tò g�r¤b�disen; µ b�dize ptÇsiw =®matow kat� taèta t� eàdh¤stÛn�.

�Caso é de nome ou de verbo; um segundo o que significa: desse ou aesse e quantas coisas desse tipo; outro, segundo um ou muitos, como homens ehomem; outro segundo as expressões dos personagens, como numa interroga-ção ou numa determinação; pois �ele caminhou?� ou �caminha� é uma flexão(caso) do verbo, segundo essas formas�.

Aqui, o exemplo no indicativo aoristo ¤b�disen interroga sobreum ato cometido num ponto qualquer do tempo passado; o aumento re-vela isso. No outro b�dize, é apenas a emissão de uma ordem de inícioda ação: entra no ato de caminhar.

A única marca de tempo que a língua grega possui é o que cha-mam de aumento, que marca o passado e se antepõe ao tema verbal, comuso restrito ao indicativo, porque a marcação ou delimitação do tempo éuma noção dêitica, demonstrativa, objetiva. Por isso é natural que a línguagrega exprima essa relação somente pelo indicativo. Esse aumento (e-)seria um antigo advérbio de tempo, independente, e passou a ser usado

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como prefixo nos tempos da elaboração dos poemas homéricos. Na Ilíadae na Odisséia o seu uso é ainda hesitante. Ora aparece ora não, sem umalinha de coerência: freqüentemente por razões de metrificação.

Os aspectos verbais:tempo interno do verbo

Inacabado (infectum)

É o ato verbal que começou e está em movimento, na sua realiza-ção, em pleno processamento. Pode conter a idéia de hábito, iteração, fre-qüência, desdobramento, amplificação; pode dar a idéia de início do processoverbal e também da continuidade. Pode ser presente ou passado (imperfeito).

Convém lembrar que, quando dizemos �presente� não pensamosem tempo absoluto, mas em tempo relativo a um ponto, a um espaço e aum tempo. O nome �presente� é um particípio presente e por isso traz aidéia de simultaneidade; o nome �imperfeito� exprime um processo (ain-da) não acabado: passado em relação ao presente e presente, simultâneo aum processo (ato verbal) no passado.

A marca do passado está no aumento e só existe no indicativo: anoção de tempo é uma noção concreta, real; por isso não pode ser expressapor outro modo que não seja o modo da realidade, da afirmação, que é oindicativo. Isso está claro em todos os textos gregos, se nós os lermosdiretamente, não contaminados pela gramática.

De início não nos parece uma tarefa fácil desligarmo-nos da noçãode tempo; todos nós temos a cabeça cheia de presentes, perfeitos, imperfei-tos, mais que perfeitos do subjuntivo etc. da gramática portuguesa. Em to-das essas expressões aprendemos e entendemos que está embutido o tem-po. Em grego não! Na gramática grega, isto é, na língua grega, não háimperfeito do subjuntivo, pretérito perfeito do subjuntivo e mais-que-perfeitodo subjuntivo.

Fora do indicativo, as formas verbais só exprimem idéias de aspecto(tempo da ação) e modo.

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227o verbo grego

Por isso, elas nos parecem difíceis de traduzir. Mas, partindo doindicativo, vamos registrar alguns exemplos que as gramáticas nos forne-cem, dando-lhes uma tradução bem linear.

No infectum-inacabado há freqüente confusão com os termos pre-sente - imperfeito. É que ambos exprimem atos durativos, e a idéia de tem-po que nos transmitem é a de um tempo referencial, não absoluto; háum ponto de referência para o presente (simultaneidade no presente) eum ponto de referência para o imperfeito (simultaneidade no passado). Éo paratatikòw xrñnow, isto é, o �tempo esticado ao lado de� dos es-tóicos. No presente e imperfeito (tema do infectum-inacabado) podere-mos ver, nos exemplos a seguir, a idéia do permanente que inclui umpassado recente (atos freqüentes, repetição, costume) e uma projeção paraum vir a ser imediato (início ou tentativa �de conatus�, esforço, e conti-nuidade da ação). Com freqüencia não é fácil distinguir essas idéias numasó forma verbal.

Significados do infectum

1. Uma ação que se desenvolve no momento em que estamos falando,que começou há pouco mas que continua ou que está começando nomomento em que se fala;

DareÛou kaÜ Parus�tidow gÛgnontai paÝdew dæo(Xen., An., 4, 7, 7)De Dario e Parisátis nasceram [e estão vivos] dois filhos.

¤peid¯ ¤ggçw ·san ¤mpÛptousin (Tuc., 2, 81, 5)como estavam próximos, caem em cima.

ßketeæom¡n se p�ntewnós todos te suplicamos [estamos suplicando].

oäda ÷ti poll� paraleÛpv (Isócr., 16.22)eu sei que deixo [estou deixando] passar muitas coisas.(aqui há uma combinação do perfeito oäda, acabado e do presenteparaleÛpv, ingressivo-simultâneo)

taèta gr�fveu escrevo essas coisas [estou escrevendo, entro no ato de escrever].

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oïtiw me kteÛnei (Hom.)�ninguém� está me matando.

�Agam¡mnvn �jia dÇra dÛdvsin (Hom.)Agamêmnon dá [oferece, vai dar, está dando-entra no ato de dar]presentes dignos [de valor].

yaum�zveu me espanto [estou me espantando-entro no ato de ...].

peÛyveu tento convencer [eu entro no ato de convencer].

¤japat�w me, Î fÛltate �IppÛa; (Plat., Híp. Men., 369e)tu estás me enganando [tentando me enganar, tu me enganas] ca-ríssimo Hípias!

Éw ¤xyroçw �ll� oé pros®kontaw (²m�w) �pñllusi (Is., 5, 30)Ele nos arruina [está tentando nos arruinar] como [se fôssemos]inimigos e não parentes.

p¡peismai ¤gÆ ¥kñnta mhd¡na �dikeÝn �nyrÅpvn �ll�êm�w oé peÛyv (Plat., Apol., 37a)Eu estou convencido que nenhum homem/nenhum dos homenscomete injustiça voluntariamente mas a vós eu não convenço [nãoconsigo convencer, não estou convencendo].

¤peid¯ ¤teleæthse DareÝow Tissaf¡rnhw diab�llei tònKèronAssim que Dario morreu, Tissafernes calunia [começa a caluniar,se põe a caluniar] Ciro.

2. Uma ação que começou há pouco ou que se inicia, mas que continuaou que se tornou ou se torna um hábito, que se repete, ou uma afir-mação que vale para todos os tempos. Acontece sobretudo com ver-bos em cujo significado não se percebe a separação de início pontual econtinuidade da ação.

nikÇ = eu venço = venci = eu sou vencedor

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229o verbo grego

�pagg¡lete �AriaÛÄ ÷ti ²meÝw nikÇmen basil¡a kaÜ oédeÜw²mÝn ¦ti m�xetai. (Xen., An., II, 1, 4)anunciai (começai a anunciar) a Arieu que nós vencemos o rei [so-mos vencedores] e que ninguém mais nos combate [está lutandocontra nós].A diferença está no significado dos dois verbos vencer e combater.

²ttÇmai (a) = eu sou o vencido = sou derrotado = estou sendo vencido.�dikÇ (e) = eu sou o culpado = sou o réu.diÅkv (aétñn) = eu sou o acusador (no tribunal) = entro no ato deacusar.gr�fomai (autñn) = eu movo um processo = eu acuso (no tribu-nal) = sou o acusador = entrei e estou no ato de acusar.feægv = eu estou banido, exilado = estou no exílio, eu me exilo.´kv = eu estou aqui = eu cheguei, estou chegando, chego.oàxomai / oàxetai = estou / está viajando = parti, partiu.�koæv = eu ouço (ouvi) dizer = corre o boato que.puny�nomai = eu tenho a informação que.

Yemistokl¡a oék �koæeiw �ndra �gayòn gegonñta kaÜKÛmvna kaÜ Milti�dhn kaÜ Perikl¡a toutonÜ tòn nevstÜteteleuthkñta oð kaÜ sç �k®koaw;tu não ouves dizer [não sabes] que Temístocles veio a ser um ho-mem de bem e também Címon e Milcíades e esse Péricles, esserecentemente falecido de que também ouviste.

¦sti yeñwexiste uma divindade.

�HsÛodñw fhsin: ¦rgon d� oéd¢n öneidow �ergÛa d¡ t� öneidowDiz Hesíodo: atividade nenhuma é castigo, mas castigo é inatividade.

Pl�ttvn did�skei ÷tiPlatão ensina (contínuo) que.

Xenofñnta �nagignÅskveu leio Xenofonte [estou lendo e sempre leio].

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230 o verbo grego

p�ntew tòn Svkr�thn �gantaitodos admiram Sócrates.

�pany� õ limòw gluk¡a pl¯n aêtoè poieÝa fome torna todas as coisas doces, menos ela mesma.

PloÝon ¤w D°lon �AyhnaÝoi p¡mpousinOs Atenienses enviam [costumam enviar todos os anos] uma em-barcação para Delos.

õrÇmen t¯n m¡littan ¤f� �panta blast®mata kayÛzousannós vemos [costumamos ver] a abelha pousando sobre todas as plantas.

õ Svkr�thw ¦fh: �oß n¡oi poll�kiw ¤m¢ mimoèntai kaܤpixeiroèsin �llouw ¤jet�zein�Sócrates dizia: �os jovens muitas vezes me imitam e tomam nas mãosexcitar os outros�.

p�ntew oß tÇn �rÛstvn PersÇn paÝdew ¤pÜ taÝw basil¡vwyæraiw paideæontai. (Xen., An., I, 9, 3)todos os filhos dos nobres persas são educados às portas do rei.

oéd¢n yaumastñn, Î �ndrew �AyhnaÝoi, m¯ taét� ¤moÜ kaÜDhmosy¡nei dokeÝn: oðtow m¢n ìdvr ¤gÆ d� oänon pÛnvnada há de se admirar, cidadãos de Atenas, de as mesmas coisasnão parecerem bem a mim e a Demóstenes; eu bebo vinho e ele,água.

mñliw �fikneÝsye ÷poi ²meÝw p�lai ´komen (Xen., Cir., I, 3, 4)vós chegais [estais chegando] com dificuldade onde nós há muitochegamos [acabamos de chegar]

3. Um ato por vir, que se inicia - iniciará- imediatamente e continuará:

eÞ aìth ² pñliw lhfy®setai ¦xetai kaÜ ² p�sa SikelÛa(Tuc., VI, 91, 2)se essa cidade é tomada [for tomada], a Sicília toda está presa [será].

dÛdvmÛ soi Î Kère taæthn gunaÝka ¤m¯n oïsan yugat¡ra(Xen., Cir., VIII, 5, 19)Eu te dou [estou dando, entro no ato de dar, vou te dar], Ciro,essa mulher que é minha irmã.

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231o verbo grego

õ Kèrow eäpen: �All� ¤pÛ ge toætouw ¤gÆ aétòw par¡rxo-mai (Xen., Cir., VII, 1 ,2)Ciro disse: Mas, contra esses aí eu mesmo marcho [vou marchar].

¤peÜ d� ¤genñmhn õ pat¯r kteÛnei me (Eur., Fen., 1600)depois que eu nasci [desde que] meu pai me mata [está me matan-do, vai me matar].

lÛssomai s� êp¢r cux°w kaÜ goænvn (Hom., X, 339)eu te suplico [estou te suplicando] pela tua alma e pelos teus joe-lhos [sobre]

poll� g� ¦th ³dh eÞmÛ ¤n t» t¡xnú (Plat., Prot., 317c)muitos anos já estou [e continuo] nesta arte.

oé sæ g� ¦peita Tud¡ow ¦kgonñw ¤ssi (Hom., E, 813)tu não és , depois disso, filho de Tideu! [não continuas sendo]

õ pñlemow oéd¡n� �ndr� ¥kÆn aßreÝ ponhrñn, �ll� toçwxrhstoæw (Sóf., Fil., 436)a guerra por sua vontade não escolhe nenhum homem vil, mas osmelhores.

sç t¯n ¤m¯n gunaÝka kvlæeiw ¤m¡... ¤pÜ Sp�rthn �gein;(Aristóf., Tesm., 918)tu me impedes [estás tentando me impedir] de levar minha mulherpara Esparta?!

Todas essas situações podem se repetir no imperfeito do indicativo(o imperfeito não tem outros modos):

a) ação passada vista em sua extensão (duração)taèta l¡gousa ¤n¡due t� ÷pla kaÜ lany�nein m¢n ¤pei-r�to, ¤leÛbeto d¢ aét» t� d�krua kat� tÇn pareiÇn(Xen., Cir., 6, 4, 3)enquanto dizia essas palavras [essas coisas dizendo] ela vestia as ar-mas e tentava esconder, mas escorriam-lhe as lágrimas pelas faces.

pemfyeÜw di¡tribe par� Lus�ndrÄ treÝw m°naw (Xen., Hell.,2, 2, 16)[tendo sido] enviado, ele passou [começou a passar] três meses jun-to a Lisandro.

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232 o verbo grego

Kl¡arxow sun®gagen ¤kklhsÛan tÇn strativtÇn: kaÜprÇton m¢n ¤d�krue polçn xrñnon ¤stÅw: oß d¢ õrÇntew¤yaæmazon kaÜ ¤siÅpvn: eäta ¦leje t�de: (Xen.)Clearco reuniu a assembléia dos soldados; e aí, primeiro, de pé,chorava [pôs-se a chorar] por muito tempo; e os que o viam fica-ram admirados [entraram no ato de admirar] e em silêncio; a se-guir ele disse estas coisas:

b) ação passada concomitante a um outro fato passado:Kèrow ¤jelaænei ¤pÜ potamòn pl®rh Þxyævn meg�lvn oîwoß Særoi yeoçw ¤nñmizon.Ciro chega a um rio repleto de grandes peixes que os Sírios consi-deravam deuses.

÷te �p¡ynúsken ·n ¤tÇn Éw tri�konta (Xen., An., 2.6.20)No momento em que ele estava morrendo, ele tinha por volta detrinta anos.

² ²met¡ra pñliw pròw ¶n �fiknoènto prñteron ¤k t°w�Ell�dow aß presbeÝai (Ésquin., Contr. Ctes., 134)nossa cidade para a qual antes chegavam [vinham, costumavam vir]delegações de toda a Grécia.

Svkr�thw oék ¦pinen eÞ m¯ dicÐhSócrates não bebia, a não ser que tivesse sede.

¤peid¯ d¢ �noixyeÛh (tò desmvt®rion) es»men (Plat., Fedro, 59e)depois que [a prisão] se abria nós entrávamos [costumávamos entrar].

¤klegñmenow tòn ¤pit®deion ¦paien �n (Xen., An., 2.3.11)separando o mais próximo ele batia [começava a bater].

oëpote meÝon �pestratopedeæonto oß b�rbaroi tÇn�Ell®nvn ¤j®konta stadÛvn (Xen.)Os bárbaros nunca acampavam [costumavam acampar] a menos desessenta estádios dos gregos.

öfra m¢n ±Çw ·n kaÜ �¡jeto ßeròn ̧ mar tñfra m�l� �mfo-t¡rvn b¡le� ´pteto, pÝpt¡ te lañw. (Hom.)enquanto durava [era] a manhã e crescia o divino dia, durante essetempo intensamente de ambos os lados os dardos golpeavam e opovo caía.

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233o verbo grego

c) esforço, começo e continuidade ou repetição da ação no passado

N¡vn ¦peiyen aétoçw �potr¡pesyai: oã d¢ oéx êp®kouon.(Xen., Cir., V, 5, 22)Nêon tentava convencê-los a voltar; e eles não lhe obedeciam.

¦peiyon aétoçw kaÜ oîw ¦peisa toætouw ¦xvn ¤poreuñmhn,(Xen., An., VI, 5, 27)eu tentava convencê-los e tendo esses, os que eu convenci, iniciei amarcha.

di¡fyeiron prosiñntew toçw stratiÅtaw kaÜ §na geloxagòn di¡fyeiran (Xen., An., V, 7, 25)aproximando-se dos soldados eles tentavam corrompê-los [corrom-piam-nos] e até um capitão eles corromperam.

�pvllæmeyanós estávamos perdidos [corríamos perigo].

¤pnÛgetoele estava se afogando [ia se afogar].

paredæeto eÞw Pelopñnhson (Dem., Cor., 79)ele se introduzia [procurava entrar] no Peloponeso.

¤sp¡ndonto �naÛresin toÝw nekroÝw mayñntew d¢ tò �lhy¢w¤paæsanto (Tuc., 3, 244, 3)Eles estavam empenhados no recolhimento dos mortos, mas, ten-do-se informado da verdade, renunciaram.

d) dois imperfeitos seguidos não marcam simultaneidade da ação pas-sada (que seria expressa pelo particípio presente) mas sim uma açãopassada antes da outra:

�nemimn®skonto kaÜ Éw yæein ¤n AélÛdi tòn �AghsÛlaon oékeàvn (Xen., Hell., 3, 3, 5)Eles se lembravam também como em Aulis eles não tinham deixa-do (ação durativa e não pontual) Agesilau oferecer sacrifício.

Algumas vezes, ao narrarmos um fato passado, para darmos maisênfase à narrativa, usamos o presente, como para pôr diante dos olhos doouvinte/leitor o fato narrado. É o que as gramáticas chamam de presentehistórico.

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234 o verbo grego

Ele marca, na verdade, concomitância com o fato narrado.Heródoto (I, 10) diz que Giges, por insistência de Candaules, vai

ver a mulher deste se despir antes de se deitar. A narrativa é feita noimperfeito e aoristo; mas na hora de o intruso esgueirar-se para fugir,Heródoto escreve:

kaÜ ² gun¯ ¤por� min ¤jiñntae a mulher o avista saindo (J. Humbert, 234).

yn¹skei gunaikñw... dñlÒ... Aàgisyow d¢ basileæei (Eur., El., 9-11)ele [Agamêmnon] morre por um ardil da mulher, e Egisto é rei[reina].

keÛnh g�r Êles¡n nin eÞw TroÛan t��gei (Eur., Héc., 268)é ela que o perdeu e o leva para Tróia.

Aoristo

É o ato verbal em sua essência, expresso pelo tema verbal puro(freqüentemente a própria raiz), sem contornos, sem limites. É usado:(1) nas máximas e provérbios (aoristo gnômico, não enquadrado) e(2) nos quadros narrativos em que enumera fatos isolados (pontuais) queincidem sobre a linha do processo narrativo (aoristo narrativo, enquadrado).

1. Exemplos do primeiro uso

gnÇyi sautñnConhece-te a ti mesmo.

=Åmh met� fron®sevw Èf¡lhsenforça com sabedoria ajuda [é útil] (Isócrates).

mikròn ptaÝsma di¡luse p�ntapequeno acidente estraga tudo.

ùw m¡n t�aÞd¡setai koæraw Diòw �sson Þoæsaw,tòn d¢ m¡g�Ênhsan, kaÛ t�¦kluon eéjam¡noio (Hom., K, 509)quem respeitar as filhas de Zeus que chegam perto, esse elas o pro-tegem muito e o ouvem suplicante [tendo suplicado].

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235o verbo grego

oédeÜw ¦painon ²donaÝw ¤kt®satoninguém adquire elogio com prazeres.

tÒ xrñnÄ ² dÛkh p�ntvw ·ly� �potisam¡nhcom o tempo [pelo tempo] sempre chega a justiça vingadora.

kaÜ bradçw eëboulow eålen taxçn �ndra diÅkvnaté o lento, quando quer, perseguindo, pega o homem veloz.

t�w tÇn faælvn sunousÛaw ôlÛgow xrñnow di¡lusenum tempo curto dissolve as sociedades dos levianos.

k�tyan� õmÇw ÷ t� �ergòw �n¯r ÷ te poll� ¤orgÇw (Hom.)morre igualmente o homem inativo e o que fez muitas coisas.

k�llow xrñnow �n®lvseno tempo destrói a beleza.

tò dokeÝn eänai kalòn k�gayòn tòn lñgon pistñteron¤poÛhseno fato de parecer belo e bom [o parecer belo e bom, ter boa repu-tação] faz o discurso mais acreditável.

Esse uso do aoristo, expresso em português pelo presente sim-ples, não indica duração, hábito ou continuidade do ato verbal, mas ver-dades gerais e é por isso denominado aoristo gnômico pelas gramáticas,de gnÅmh - gnÇmai, máxima, provérbio.

2. No segundo uso, como foi assinalado, dentro de um quadro narrativo,o aoristo exprime um ato isolado, pontual no passado, igualmente semnenhuma conotação de duração, continuidade ou término do ato ver-bal. É uma enumeração de fatos isolados, �pontuando� o fio narrativo:�Hoje eu fui à cidade, almocei, comprei livros, encontrei amigos e fuià escola�. Todos são aoristos, enquadrados no passado pela palavra�hoje�, isto é: até este momento. Em português ele corresponde aonosso pretérito simples do indicativo.

É o aoristo que podemos chamar de narrativo, enquadrado. Apa-rece às vezes com conjunções ou com advérbios, que não �regem� oaoristo, mas apenas situam o ato verbal no tempo. Não se trata de umaregra gramatical, mas de uma relação normal, semântica, orgânica, ló-gica. As conjunções ou os advérbios mais comuns neste caso são:

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Page 236: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

236 o verbo grego

¤peÛ, Éw, ÷te - quando;¤peid® (t�xista) ¤peÜ prÇton - logo que, assim que;§vw, ¦ste, m¡xri - até que (trataremos disso no capítulo dos invariáveis).

Di� mikròn ¤polem®sateEntrastes em guerra por pequena coisa (o ato em si).

Peisistr�tou teleut®santow �IppÛaw ¦sxe t¯n �rx®n(Arist.)Tendo morrido Pisístrato Hípias obteve o poder (o ato em si).

¤gÆ ·lyon, eädon, ¤nÛkhsa, (Apiano)Eu vim, vi, venci.

Fica bem claro, desse último exemplo, que o uso do indica-tivo exprime o carácter da simples enumeração de fatos isolados, pon-tuais, no passado, sem marcar anterioridade de um em relação aooutro (a anterioridade seria expressa pelo particípio aoristo ou porum advérbio de tempo). É uma sucessão natural dos fatos, expres-sa pelo conteúdo semântico dos verbos.

Esse emprego do aoristo como ato isolado dentro de umprocesso narrativo explica o aumento e- (marca do passado) queele recebe no indicativo e que permanece no aoristo gnômico.

Danaòw ¤j AÞgæptou fugÆn �Argow kat¡sxen (Isócr., El.de Hel., 6)Dânaos tendo fugido do Egito se apoderou de Argos (fato isoladono passado, sem idéia de duração).

Polem�rxÄ par®ggeilan oß Tri�konta tò ¤p� ¤keÛnvneÞyism¡non par�ggelma (Lísias, Contr. Erat., 17)Os 30 deram a Polemarco a ordem habitual naqueles casos (atomomentâneo, pontual, isolado).

met� t¯n ¤n KorvneÛ& m�xhn oß �AyhnaÝoi ¤j¡lipon t¯nBoivtÛan p�sandepois da batalha na Coronéia os atenienses abandonaram toda aBeócia (fato isolado, sem idéia de duração ou resultado).

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237o verbo grego

PausanÛaw ¤k LakedaÛmonow strathgòw êpò �Ell®nvn¤jep¡mfyh met� eàkosi neÇn �pò Peloponn®sou, jun¡pleond¢ kaÜ �AyhnaÝoi tri�konta nausÜ kaÜ ¤str�teusan ¤wKæpron kaÜ aét°w t� poll� katestr¡cantoPausânias foi enviado [como] comandante (fato pontual) pelos He-lenos de Lacedemônia, a partir do Peloponeso, com 20 navios; na-vegavam (ação concomitante) também conjuntamente Ateniensescom trinta navios e partiram (fato pontual) para Chipre e submete-ram (fato pontual) a maior parte dela.

Tojik¯n kaÜ Þatrik¯n kaÜ mantik¯n �Apñllvn �neèren.Apolo inventou a arte do arco, a médica e a divinatória (mera men-ção do ato pontual no passado).

Éw õ Kèrow ¾syeto kraug°w, �nep®dhsen ¤pÜ tòn ápponËsper ¤nyousiÇnAssim que Ciro ouviu [percebeu] (fato momentâneo, pontual) oalarido, saltou (fato pontual, isolado) sobre o cavalo como inspira-do pela divindade. (Os dois atos são aoristo narrativo, porque en-quadrados no passado.)

oß Peloponn®sioi ôlÛgon m¢n xrñnon ¦meinan, ¦peita de¤tr�ponto ¤w tòn P�normon ÷yenper �nhg�gonto.os Peloponésios permaneceram por pouco tempo; a seguir toma-ram a direção de Panormos exatamente de onde reconduziram.

O último verbo poderia ser entendido em português como mais-que-perfeito do indicativo. Em grego, não; o mais-que-perfeito do indica-tivo grego nos daria a idéia de uma situação (resultado) no passado. Não éo caso; são três atos isolados no passado (aoristo narrativo).

Basileçw ¤peÜ ·lye t�xista ¤piy¡syai toÝw polemÛoiw¤k¡leuseno rei assim que chegou, imediatamente mandou atacar os inimigos(dois atos isolados).

¦deisan polloÜ kaÜ ¦feugon eÞw t¯n y�lattan (Xen., An., 6.6.7)muitos ficaram com medo (fato isolado da ação de ficar com medo= aoristo pontual) e se puseram a fugir para o mar (início e conti-nuidade do ato de fugir = imperfeito).

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238 o verbo grego

¤peid¯ Yhseçw ¤basÛleuse ¤w t¯n nèn pñlin oïsan p�ntawsunÐkise (Tuc., 2, 15, 2)quando Teseu se tornou rei ele fez todos coabitarem na cidade agoraexistente (fatos vistos isolados, como um todo pontual e não nasua realização).

ßeròn katest®santo oðper ¤poi®sato t¯n eéx®n (Isócr.,Evág., 15)Eles erigiram um templo exatamente no lugar em que ele fez [fize-ra] a oração.

Dois fatos isolados no passado, sem nenhuma intenção de marcaranterioridade de um em relação ao outro; a anterioridade está no contex-to (a anterioridade seria expressa pelo particípio aoristo na secundária e oresultado, pelo mais-que-perfeito).

toçw ¤k SerreÛou teÛxouw ¤j¡ballen oîw õ êm¡terow stra-thgòw ¤gkat¡sthsen (Dem., Fil., 3, 15)Ele se pôs a expulsar (início da ação que continuou - imperfeito) dafortificação de Sereion os que o vosso comandante lá instalou (numdeterminado momento: não relação direta de anterioridade; emportuguês poderíamos usar o mais-que-perfeito �tinha instalado/instalara� sem a idéia de resultado no passado).

Kèron metap¡mpetai ¤k t°w �rx°w ¸w aétòn satr�phn¤poÛhsen (Xen.)Ele revoca Ciro do governo de que o fez [fizera] sátrapa. (São doisfatos isolados: um isolado no passado = ¤poÛhse e outro presente= metap¡mpetai, e não �tendo feito sátrapa o revocou�; a anterio-ridade neste caso estaria expressa por um particípio aoristo, e ummais-que-perfeito: resultado no passado).

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239o verbo grego

Acabado (perfectum)

É o ato acabado. Perfeito. É o resultado presente de um ato queterminou. Sem conotação temporal nem espacial externa ou delimitada.

A conclusão do processo verbal é interna.É o ato verbal que está completo e cujo resultado perdura até agora.

1. Resultado presente: perfeitoeàrhka - eu disse: já disse, acabei de dizereìrhka encontrei (afinal), acheit¡ynhke ele morreu > está mortom¡mnhmai estou lembrado (veio-me à memória)k¡krage ele gritou - deu um grito, acabou de dar¤spoædaka estou cheio de ardor (enchi-me de...)ölvla perdi-me, estou perdido, arruinadoteyoræbhmai estou cheio de confusão, estou confusooäda eu vi > eu sei (resultado)teyaæmaka eu me espantei > estou espantadobebÛvke viveu (não mais está vivo), uixitd¡doika estou cheio (tomado) de temor > eu temo

¤piteyæmhka �koèsaifiquei cheio de ardor [estou cheio] de ouvir [estou desejoso de ouvir].

pefñbhmai t�w oÞkeÛaw �martÛaw µ t�w tÇn ¤nantÛvndianoÛawestou [fiquei] com medo mais de nossas próprias falhas do que dosprojetos dos adversários.

³dh g�r tet¡lestai � moi fÛlow ³yele yumñw (Hom).agora já acabou [ já se realizou, está realizado] o que meu queridocoração queria.

² pñliw ¦ktistai par� tÇn KorinyÛvna cidade foi fundada (o resultado está aí) pelos [da parte dos]Coríntios.

t� xr®mata toÝw plousÛoiw ² tæxh oé dedÅrhtai �ll�ded�neikenaos ricos a Fortuna não deu de presente os bens, mas emprestou-os.

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240 o verbo grego

õ pñlemow �p�ntvn ²m�w �pest¡rhken kaÜ g�r penest¡rouwpepoÛhkea guerra nos privou [e estamos privados] de tudo; na verdade nosfez mais pobres [e estamos pobres].

lñgow l¡lektai p�wtodo o discurso [já] está dito.

² �tajÛa polloçw ³dh �polÅleken (Xen., An., 3.1.38)a desordem já arruinou muitos (resultado constatado; o empregodo �já� reforça o sentido do ato terminado).

oß pefilosofhkñtew (Plat., Féd., 69b)os que assumiram a qualidade de filósofos [e continuam sendo].

oämai sumf¡rein bebouleèsyai kaÜ pareskeu�syai (Dem.,Quers., 3)Eu acho ser conveniente a deliberação já estar tomada [ter sido to-mada] e os preparativos já feitos.

t�w �llaw politeÛaw eìroi �n tiw metakekinhm¡naw kaÜ ¦tikaÜ nèn metakinoum¡naw (Xen., Rep. dos Lac., 15,1)poder-se-ia achar as outras constituições que já sofreram modifica-ções [ já modificadas = part. perf. pass.] e que ainda agora estão so-frendo modificações [estão sendo modificadas = part. pres. pass.].

beboæleusye oéd¢n aétoÜ prÜn µ gegenhm¡non µ gignom¡nonti pæyhsye. (Dem., Fil., I, 41)vós mesmos sobre nada deliberastes [não terminastes a deliberação]antes de vos informardes ou que algo já aconteceu (gegenhm¡non,part. perf.) ou estava acontecendo (gignom¡non, part. pres.).

² f�lagj diaspasy®setai eéyçw kaÜ toèto �yumÛan poi®sei÷tan tetagm¡noi eÞw f�lagga taæthn diesparm¡nhn õrÇsin(Xen., An., 4.8.10)imediatamente a tropa será dispersada e isso provocará perda decoragem quando, depois de [já] terem sido arranjados (tetagm¡noi,part. perf. pass.) em fileiras, virem a tropa dispersada [dispersa](diesparm¡nhn, part. perf. pass.).

Neste exemplo o quadro imaginado é futuro (eventual), mas o va-lor do part. perf. continua o mesmo, isto é, o resultado da ação.

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Page 241: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

241o verbo grego

¤�n toèto nikÇmen p�nta ²mÝn pepoÛhtaicaso vençamos isso [se vencermos isso], tudo está feito [fica feito]para nós (quadro futuro, eventual).

²g®sato aétoÝw �n¯r P¡rshw doèlow gegenhm¡now tÇn¤n �kropñlei tinòw frourÇn (Xen., Cir., 7, 2, 3)guiou-os um homem persa que se tinha tornado (e era ainda; gege-nhm¡now, part. perf.) servo de um dos que eram vigias da cidadela.

taèta ¦lege spoud�zousa tÒ ³yei Ëst� ¤m¢ taètapepeÝsyaiela dizia essas coisas com ar tão sério que eu me convenci delas [fi-quei convencido, na ocasião].

2. Resultado passado: mais-que-perfeito (só indicativo):

÷te ·lye õ fÛlow ¤gegr�fein t¯n ¤pistol®nQuando [no momento em que] chegou o [meu/nosso] amigo, eu[ já] tinha escrito/escrevera a carta.

² OÞnñh ¤teteÛxisto kaÜ aétÒ frourÛÄ oß �AyhnaÝoi¤xrÇnto (Tuc.)Enoé estava cercada [tinha sido] de muralhas e os Atenienses seserviam da própria guarnição.

©n ·n xvrÛon metrñpoliw aétÇn: eÞw toèto p�ntew suner-ru®kesan (Xen., An., 5.3.3.)havia um só lugar, metrópole [capital] deles; para lá todos tinhamacorrido.

oé polçn �n®lvse xrñnon �ll�eéyçw ¤pepeÛkei (Ésquines,C. Tim., 57)ele não gastou muito tempo; ao contrário, rapidamente já tinhapersuadido.

eéyçw tÇn sukofantoæntvn tòn KrÛtona �nhur®keipoll� �dik®mata (Xen., Mem., 2, 9, 5)rápido ele [ já] tinha descoberto muitas injustiças dos que calunia-vam Críton.

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Page 242: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

242 o verbo grego

¦legon ÷ti �AriaÝow pefeugÆw ¤n tÒ staymÒ eàh met� tÇn�llvn barb�rvn ÷yen t» proteraÛ& Ërmhnto (Xen., An.,2, 1, 3)diziam que Arieu estaria refugiado [teria-se refugiado, e estava] jun-to com os outros bárbaros no posto de onde no dia anterior elestinham atacado.

eðde lelasm¡now ÷ss� ¤pepñnyei (Hom.)ele dormia, esquecido (lelasm¡now, part. perf. méd.) do que ti-nha sofrido (¤pepñnyei, mais que perf. ativo).

¤n toÝw Dr�kontow nñmoiw mÛa �pasin Ëristo toÝw�mart�nousi zhmÛa: y�natownas leis de Drácon uma só pena estava determinada [tinha sidodeterminada] para todos os delinqüentes: morte.

¤peÜ �paj ³rjanto êpeÛkein, taxç d¯ p�sa ² �krñpoliw¦rhmow tÇn polemÛvn ¤geg¡nhtoassim que, por uma vez, começaram a se retirar, rapidamente a ci-dadela toda ficou [tinha ficado e estava] vazia de inimigos.

feægousin eÞw tòn staymòn ¦nyen Ërmhntoeles fogem [estão fugindo] para a parada de onde tinham atacado.

3. Resultado futuro: Futuro perfeito (um ato estará terminado em umasituação futura). Construído sobre o tema do perfeito, o seu uso não éfreqüente e é quase sempre empregado na voz passiva; é raro na vozativa.

oìtvw oß pol¡mioi pleÝston ¤ceusm¡noi ¦sontai (Xen., An.,3, 2, 31)dessa maneira os inimigos de preferência estarão enganados [esta-rão numa situação de terem sido enganados].

p�w õ parÆn fñbow lelæsetaitodo o medo presente estará dissipado [terá sido].

�n taèt� eÞdÇmen t� d¡onta ¤sñmeya ¤gnvkñtewse soubermos essas coisas [caso saibamos], estaremos em situação deconhecedores do que é necessário.

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Page 243: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

243o verbo grego

¤moÜ d¢ leleÛcetai �lgea lugr� (Hom.)os tristes sofrimentos me terão abandonado.

¤�n taèta pr�júw toÝw m¢n polemÛoiw ¤piteteixikÆw ¦sú,filÛan d¢ pñlin diasesvkÅw, eékle¡statow d¢ ¦súse executares essas coisas [caso executes] tu te terás fortificado di-ante dos inimigos, tu terás salvo uma cidade amiga e serás muitoglorioso.

fr�son ÷ ti me deÝ poieÝn kaÜ pepr�jetaidize-me o que me é preciso fazer e estará feito.

÷te �pei p�nta pepraxÆw ¦somaiquando [no momento em que] partires eu já terei executado tudo[estarei numa situação de ter executado].

÷tan �koæsúw toè salpigktoè lelukñtew ¤sñmeyaquando ouvires [caso ouças] o tocador de trombeta estaremos soltos[estaremos em situação de termo-nos livrado].

toÝw kakoÝw memÛjetai t� ¤syl�com as coisas más estarão misturadas [terão sido] coisas boas.

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Page 244: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

244 o verbo grego: os modos

Os modos

É a maneira como se realiza o ato verbal.É uma visão externa do processo verbal.É uma �species�, como diz Varrão.A palavra �aspecto� caberia melhor ao modo do que ao que con-

vencionalmente chamamos aspecto. O modo, na verdade, é um �eädow�isto é, uma aparência, uma forma exterior.

O modo depende do enunciante, que imprime ao processo verbal asua vontade, a sua visão, a sua intenção. Ele passa ao receptor uma reali-dade vista à maneira pela qual ele quer que o receptor a aceite.

Há quatro modos verbais em grego.

Indicativo

Exprime a realidade objetiva, como ela é de fato, e a realidadesubjetiva, como ela é no entendimento do emissor, mas que não o é ne-cessariamente na mente do receptor.

São as chamadas proposições enunciativas em que há uma declara-ção, uma afirmação:

As uvas estão verdes, diz a raposa - realidade subjetivaAs uvas estavam verdes, diz o narrador - realidade objetiva2

Do mesmo modo que o indicativo exprime a realidade, ele o faztambém com a irrealidade objetiva ou possível.

Não há dúvidas na irrealidade subjetiva ou objetiva:As uvas não estão / não estavam maduras.Mas,Se as uvas estivessem maduras eu as comeria (não estão maduras e

eu não as como/comerei) - irrealidade hipotética presente.Se as uvas tivessem caído no chão a raposa as teria comido (não

caíram no chão e a raposa não as comeu) - irrealidade hipotética passada.

2 Há inúmeros exemplos do indicativo real, na p. 248, entre outras.

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Page 245: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

245o verbo grego: os modos

Nesses dois casos o grego emprega:

� o indicativo imperfeito no primeiro caso (irrealidade hipotéticapresente), tanto na condicionante (prótase) quanto na condicio-nada (apódose).Há coerência, porque, se o indicativo exprime a realidade, ipsofacto deve exprimir também a irrealidade.

� o indicativo aoristo no segundo caso (irrealidade hipotética pas-sada), tanto na condicionante (prótase) quanto na condicionada(apódose).Como no caso da irrealidade presente, também aqui o uso doindicativo é semanticamente coerente.

Apenas o grego usa eÞ para introduzir a condicionante (prótase) e�n para introduzir a condicionada (apódose).

Em português clássico ou erudito, o emprego do indicativo nas fra-ses acima não é raro. O que mudou foi apenas o uso, que revestiu a irrea-lidade de uma atmosfera nebulosa expressa pelas formas �passadas� do sub-juntivo e pelo condicional, que, veremos mais adiante, são o optativo grego.

Mas, se disséssemos �Se as uvas eram (estavam) maduras eu as co-mia� (Não estão e eu não as como), não estaríamos incorrendo em erro.

Os exemplos a seguir (cerca de 70) têm por objetivo ressaltar queo indicativo exprime a certeza, a realidade em qualquer tipo de enuncia-do (consecutivo, causal, real, irreal, modal, concessivo) e que ele vale porsi mesmo e não porque o enunciado está classificado neste ou naquelemodo sintático.

Nos exemplos arrolados a seguir poderemos constatar que em gre-go, em qualquer contexto em que esteja, o indicativo é a expressão do realou do irreal, indicados de várias maneiras, com a partícula (conjunção)supositiva eÞ e a partícula potencial �n.

Expressão da irrealidade:

êpñ ken talasÛfron� per d¡ow eåleo medo teria [poderia ter] se apoderado até de um corajoso (masnão se apoderou; irreal do passado: indicativo aoristo).

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Page 246: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

246 o verbo grego: os modos

basileçw �smenow �n toçw �AyhnaÛouw eÞw t¯n summaxÛanprosed¡jatoO rei teria [poderia ter] aceito com prazer os Atenienses na alian-ça (mas não aceitou; irreal do passado: indicativo aoristo).

�EgÆ d� ¤boulñmhn �n aétoçw �lhy° l¡gein (Lísias)Eu queria [quereria] que eles estivessem dizendo a verdade. [Eu osqueria estarem dizendo a verdade (mas não estão).]

Eà ti eäxon ¤dÛdoun �n.Se eu tivesse algo eu daria. [Se eu tinha eu dava; mas não tenho.]

EÞ m¯ ³lyete ¤poreuñmeya �n ¤pÜ tòn basil¡a (Xen.)Se vós não tivésseis chegado nós estaríamos marchando contra o granderei. [Se vós não chegastes nós não estávamos marchando. Mas vóschegastes e nós estávamos marchando contra o rei.]

Oék �n n°son ¤kr�tei eÞ m® ti kaÜ nautikòn eäxen (Tuc.)Ele não estaria dominando a ilha se não tivesse algo e também umaesquadra. [Mas ele está dominando a ilha e tem a esquadra.]

�Wietñ tiw �nAlguém poderia acreditar [não acredita].

TÛ sig�w; oék ¤xr°n sig�n (Eur.)Por que silencias? Não deverias [devias] silenciar.

Pèr �n oé par°n (Sóf)O fogo faltava. [estaria faltando, às vezes, freqüentemente]. (o �nmarca o enfraquecimento da afirmação)

�R®mat� �n bñeia dÅdek� eäpen (Aristóf.)E lá disse ele [teria dito] uma dúzia de palavrões [do tamanho deum boi] (o �n marca a atenuação da afirmação).

Eàye soi tñte sunegenñmhn (Xen.)Oxalá eu tivesse encontrado contigo então! [mas não me encontrei.]

Eàye m®poy� ´martenOxalá ele nunca tivesse falhado! [mas falhou]

Freqüentemente nas exclamativas, ou interrogativas que exprimemou perplexidade ou uma descrença (irrealidade latente), o indicativo con-corre com o optativo, segundo o grau de firmeza ou dúvida do enunciante.

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Page 247: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

247o verbo grego: os modos

Di� toçw �nyistam¡nouw êmeÝw ¤st¢ sÇoi: ¤peÜ di� g� êm�waétoçw p�lai �n �polÅleite (Dem.)É por vossos adversários que estais sãos e salvos, porque por vósmesmos já há muito estaríeis arruinados (causa, fato real).

�Episteuñmhn êpò tÇn LakedaimonÛvn: oé g�r �n me¦pempon pròw êm�w (Xen.)Eu tinha a confiança dos Lacedemônios [era acreditado por], porque se não, eles não me enviariam para vós (real e depois irreal dopresente).

¦nya d¯ ¦gnv �n tiwNaquele momento alguém poderia ter tomado conhecimento [masnão tomou (irreal do passado = indicativo aoristo)].

�All� Êfele Kèrow z°n;Ah! se Ciro estivesse vivo! [mas não está (irreal do presente = indi-cativo imperfeito)].

Sun¡bh � m®pot� Êfele (sumbaÛnein)Aconteceram as coisas que não deveriam [não deviam acontecer].

±boulñmhn �neu quereria / quisesse eu / eu queria [mas não quero] (irreal do pre-sente / potencial = indicativo imperfeito).

±dun�mhn �neu poderia / pudesse eu [mas não posso] (irreal do presente / poten-cial = indicativo imperfeito).

E mais algumas expressões de uso muito constante:¤j°n seria (era) preciso, permitido, possíveleÞkòw ·n seria (era) natural, verossímil, justokalÇw eäxen seria (era) bonitokalÇw ·n seria (era) bonito�jion ·n seria (era) dignodÛkaion ·n seria (era) justo¦dei seria (era) preciso¤xr°n seria (era) bom, útil, precisopros°ke(n) seria (era) conveniente, decenteÊfele(n) seria (era) útil (ajudaria)

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Page 248: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

248 o verbo grego: os modos

Expressão da realidade:

Mas o uso desses mesmos verbos no presente, aoristo e futuro doindicativo sem �n exprime uma realidade. São enunciativas, afirmativas,declarativas.

T°w �ret°w ßdrÇta yeoÜ prop�roiyen ¦yhkanNa frente da virtude [excelência] os deuses colocaram o suor.

�Ar� oïn m¯ kaÜ ²mÝn ¤nantiÅsetai; (Xen.)Será então que ele não se oporá também a nós? (o futuro �indicati-vo� exprime sempre uma certa antecipação da certeza)

�Allo ti µ dianoeÝ ²m�w �pol¡sai; (Plat.)É outra coisa ou ele medita [trama] nos arruinar? [não é verdadeque?] (indicativo real)

TÛw soi dihgeÝto ; µ aétòw Svkr�thw;Quem te dizia isso? ou [não é?/a não ser] o próprio Sócrates? (in-dicativo real)

TÛ �dikhyeÜw ¤pibouleæeiw moi;Prejudicado em quê tu estás tramando [tramas] contra mim?

Pñy� � xr¯ pr�jete; ¤peid�n ti g¡nhtai; (Dem.)Quando fareis o que é preciso? (ind. real) Depois que algo aconte-cer [aconteça]? (eventual)

Oéd¢n ÷ ti m¯ ¤rg�thw ¦sú (Luc.)Tu não serás nada que não mão-de-obra (eventual com grau decerteza).

deÝ prò toè polemeÝn ¤sk¡fyai tÛw êp�rjei paraskeu¯ tÒgenhsom¡nÄ pol¡mÄÉ preciso, antes de empreender a guerra, já ter refletido que recur-sos estarão à disposição para a guerra vindoura.

�jion (¤sti) êm�w mou �koèsaié justo vós me ouvirdes.

�Hretñ me tÛw eÞmÛ. [eàhn]Ele me perguntou quem eu sou [seria]

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Page 249: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

249o verbo grego: os modos

Oäsya Eéyædhmon õpñsouw ôdñntaw ¦xei; (Plat.)Sabes quantos dentes tem Eutidemo?

DokÇ moi �koæein.Eu pareço estar ouvindo. [Parece-me que ouço.]

DokeÝ moi �mart�nein.Tu me parece errar. [Parece-me que está errando.]

L¡gv ÷ti yeñw ¤stin.Eu digo que existe um deus.

Oäda ÷ti yeñw ¤stin.Eu sei que existe um deus.

XaÛrv ÷ti eédokimeÝw (Plat.)Eu me alegro [por] que tens boa fama.

Oék aÞsxænomai eÞ tÇn nñmvn ¦latton dænamai. (And.)Eu não sinto vergonha se tenho menos poder do que as leis.

Oäda ÷stiw eäEu sei quem tu és.

�AnerÅta aétòn pñteron boæletai m¡nein µ oë. [µ m®]Pergunta-lhe de novo se ele quer ficar ou não.

TÛ g�r ¾dh eà ti k�keÝnow eäxe sid®rion; (Lísias)Pois em que eu sabia se também ele tinha um punhal?

Leæsete oåa pròw oávn �ndrÇn p�sxv; (Sóf.)Vede que coisas diante de que homens eu estou sofrendo.

�HrÅta §kaston eà tina ¤lpÛda ¦xei.Ele interrogava a cada um se tinha [tem] alguma esperança.

Oék oäd� ÷pvw �n ¦prajen. (Isócr.)Eu não sei como ele agiu [teria agido]

Foboæmeya m¯ �mfot¡rvn �ma ²mart®kamen (Tuc.)Nós temos receio que falhamos nos dois objetivos [na realidade jáfalhamos].

Eéyçw �nast�w, oìtv deèro ¤poreuñmhn (Plat.)Assim que me levantei [direto tendo-me posto de pé] pus-me acaminho daqui.

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Page 250: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

250 o verbo grego: os modos

Oéd¢n �llo ¦xv eÞ m¯ toèto.Não tenho nada outro a não ser [senão] isso (realidade).

�Ep¡pese xiÆn �pletow Ëste �p¡kruce t� ÷pla (Xen.)Caiu uma neve abundante que cobriu as armas [a tal ponto que(consecutiva, fato real)].

Tosoætou d¡v ôrgÛzesyai Ëste kaÜ eéfraÛnomai.Careço tanto de me irritar que até estou contente. (consecutiva, fato real)

�UmÝn p¡mcv �ndraw oátinew summaxoèntai (Xen.)Eu vos enviarei homens que combaterão junto [para combateremjunto]. (consecutiva, fato real)

TÛw oìtv maÛnetai ÷stiw oé boæletaÛ soi fÛlow eänai; (Xen.)Quem está delirando a tal ponto que não quer ser teu amigo?! (con-secutiva, fato real)

Oàontai politikoÜ eänai ÷ti ¤painoèntai épò tÇn pollÇn.(Plat.)Porque são elogiados pela massa eles se crêem homens de estado. [elescrêem ser homens] (causa, fato real)

Oék ·n kr®nh ÷ti m¯ mÛa ¤n t» �kropñlei (Tuc.)Não havia fonte a não ser uma na acrópole. (fato real)

EÞ kaÜ m¯ bl¡peiw froneÝ ÷mvw (Sóf.)Mesmo se és cego, assim mesmo tu pensas. (concessiva,fato real)

AÞsxunoÛmhn toèto õmologeÝn ¤peÜ polloÛ g¡ fasin (Plat.)Eu me envergonharia de admitir isso uma vez que [se] muitos afir-mam [afirmem]. (concessiva, fato real)

Taèta ¤poÛoun m¡xri skñtow ¤g¡neto (Xen.)Eles ficaram fazendo essas coisas até que chegou a noite.

Nèn ¤peÜ p¡nhw geg¡nhmai (Xen.)Agora porque [depois que] fiquei pobre...

Oék ³yele feægein prÜn ² gun¯ aétòn ¤peisen (Xen.)Ele não queria evadir-se antes que a mulher o persuadiu. [até que].

L¡ge d¯ t¯n ¤pistol¯n ¶n ¦pemce FÛlippow (Dem.)Dize, então, a mensagem que Felipe enviou.

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251o verbo grego: os modos

Nèn eÞl®famen ù p�lai kaÜ polloÜ tÇn sofÇn zhtoèntewprÜn eêreÝn kateg®rasan (Plat.)Nós agora entendemos [captamos] o que há muito muitos sábiosenvelheceram procurando antes de encontrar.

�Wsper t� xalkeÝa plhg¡nta ±xeÝ kaÜ oß =®torew oìtv(Plat.)Como os objetos de bronze ressoam quando batidos, assim tam-bém os oradores.

�OsÄ m�llon pisteæv êmÝn tosoætÄ m�llon �porÇ.(Plat.)Quanto mais eu confio em vós tanto mais fico sem saída [emdificuldade].

SoÛ sumf¡rei t� aét� kaÜ ¤moÛ.A ti interessam as mesmas coisas que a mim.

Yaumastòn poieÝw ùw oéd¢n dÛdvw (Xen.)Ages de maneira estranha, tu que não nos dás nada.

�A m¯ oäda oéd¢ oàomai eÞd¡nai (Plat.)Aquilo que por acaso não sei nem mesmo acho que sei. [não julgosaber].

Expressão da condição:

No item �irrealidade� há inúmeras frases hipotéticas, condicionais,supositivas. O uso do modo depende do significado da condição; se éreal, é indicativo (eÞ), se é irreal, indicativo (eÞ - �n); se potencial, ooptativo (eÞ - �n); se eventual, o subjuntivo ou futuro (eÞ - ¤�n).

EÞ �n�gkh ¤stÜ m�xesyai deÝ paraskeu�sasyai (Xen.)Se é necessário lutar [entrar na luta] é preciso preparar-se. (exprimeum fato afirmativo, da realidade subjetiva)

EÞ m¯ kay¡jeiw glÇssan ¦stai soi kak� (Eur.)Se não retiveres [caso não retenhas] a língua, desgraças vão te acon-tecer. (suposição eventual, com grande certeza)

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252 o verbo grego: os modos

EÞ m¢n oïn taèta l¡gvn diafyeÛrv toçw n¡ouw taèt��neàh blaber� (Plat.)Se dizendo [ao dizer] essas coisas eu corrompo os jovens, então es-sas coisas seriam danosas. (condição real no primeiro verbo; no se-gundo o optativo atenua a conclusão)

Poll� eÞpeÝn �n ¦xoien oß �Olænyioi nèn � tñt� eÞ proeÛdontooék �n �pÅlonto (Dem.)Os Olíntios poderiam dizer agora (potencial - atenuação da afir-mação) muitas coisas que, se tivessem previsto antes, não teriam su-cumbido. (irreal do passado)

Oék ¤dænat��n pr�ttein � ¤boæleto (Xen).Ele não podia [poderia] fazer o que queria [quisesse].

ôlÛgou t¯n pñlin eålonPor pouco [faltou pouco, de pouco] eles tomaram a cidade.

O emprego do indicativo é coerente: ele sempre exprime a realida-de objetiva ou subjetiva e também a irrealidade objetiva ou subjetiva (emportuguês às vezes sob forma supositiva).

Observação importante:

Nas orações supositivas (hipotéticas), a idéia de tempo não está presentenem no indicativo; o que há é apenas o aspecto; mas, quando o tema de qual-quer aspecto recebe o aumento ¤- passa a exprimir o passado de cada um deles:

o passado do presente: imperfeito, aumento anteposto ao tema doinfectum;

o aoristo narrativo (enquadrado ou pontual): (pretérito simplesem português) ou aoristo gnômico (presente simples em português),aumento anteposto ao tema do aoristo;

mais-que-perfeito: passado do perfeito (mais-que-perfeito simplesou composto em português), aumento anteposto ao tema do perfectum.

Outros exemplos de indicativo podem ser encontrados no capítuloque trata dos aspectos verbais. O objetivo do grande número de exem-plos é insistir no valor semântico autônomo das formas verbais. Oenquadramento sintático leva a esquemas formalistas, que provocam acriação de regras de regência e de correlação complexas, quando é muitomais facil se ater ao significado intrínseco da forma verbal.

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253o verbo grego: os modos

Subjuntivo

Exprime o fato eventual, provável, futuro. O nome �subjuntivo� ou�conjuntivo� cobre apenas uma parte do significado: quando exprime umafinalidade ou um fato futuro dependendo de uma eventualidade. Na pro-posição independente ele é volitivo (pedido, conselho) deliberativo,desiderativo, que são as várias facetas da eventualidade.

Trouxe água para que bebas. - finalSe trouxeres água eu beberei - eventualCaso tragas água eu beberei - eventualQuando (sempre que) os homens bebem eles são ricos, ajudam os ami-gos, são felizes - eventual

O subjuntivo exprime também a exortação e a deliberação (que sãofatos eventuais, futuros).

Corram que chegarão a tempo - exortativoVamos mais depressa? - deliberativoO que farei? O que faremos? - deliberativo

Por exprimir um fato eventual, provável, futuro ou uma antecipaçãonão há em grego o perfeito, o imperfeito e o mais-que-perfeito do subjuntivoque não exprimem eventualidade. Por isso devemos traduzir o subjunti-vo grego ou pelas formas do subjuntivo presente, do subjuntivo futuro oupelo infinitivo preposicionado (para) ou com conjunção (a fim de / que).

É inútil procurar outras traduções para o subjuntivo grego; a idéiado eventual-futuro permanece. Não é por mero acaso que em grego nãohaja subjuntivo futuro.

Sempre que leio Homero, eu sinto prazer.Esse �indicativo� leio, na medida em que não é uma realidade obje-

tiva única, mas um fato repetido, ou seja, eventual, o grego, coerente-mente, o exprime com ¤�n/�n e subjuntivo. Em português poderíamoschamá-lo de �indicativo eventual�

Outra observação incontestável: as desinências do subjuntivo sãoprimárias, qualquer que seja a voz e o aspecto. É que a noção da eventu-alidade tem o presente como ponto de partida e as desinências primáriassão do presente e do eventual, que é uma antecipação do futuro.

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254 o verbo grego: os modos

No latim, o eventual se exprime pelo presente do subjuntivo oupelo futuro (indicativo).

Em grego há tantos subjuntivos quantos são os aspectos e vozes,mas, como já foi dito, não há subjuntivo futuro! Seria redundante.

As três formas do subjuntivo são:� Subjuntivo presente (tema do infectum, inacabado): entrada no

ato verbal� Subjuntivo aoristo (tema do aoristo): isolado, pontual� Subjuntivo perfeito (tema do perfectum): ato verbal acabado.

Não há idéia de tempo no subjuntivo.

1. Nas orações independentes

a) DeliberativoPerÜ toætvn d¢ l¡gvn pñyen �rjvmai;E falando a respeito dessas coisas, de onde eu começarei? [vou co-meçar = incipiam] (subj. aoristo = apenas o ato verbal)

tÛ d¢ prÇton l¡gv; (Plat., Górg.)O que direi [vou dizer, dicam] primeiro? (subj. pres. = entrada noprocesso verbal)

PoÝ tr�pvmai;Para onde eu me dirijo? [Para onde eu vou me dirigir? Para ondeme viro?] (subj. aoristo = apenas o ato verbal)

Eàpvmen µ sigÇmen;Vamos falar [falaremos] ou permanecemos [permaneceremos] ca-lados? (Eàpvmen, subj. aoristo = apenas o ato verbal; sigÇmen,subj. pres. = entrada no ato verbal)

PoÝ katafeægvmen;Para onde vamos fugir? [iniciar a fuga?] (subj. pres. = entrada no atoverbal)

Boælei soi ônom�zv toçw ¥pt� sofoæw;Queres [que] eu te cite [nomeie] os sete sábios? (subj. pres. = inicieo ato de citar)

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255o verbo grego: os modos

Boælei soi ônom�sv toçw ¥pt� sofoæw;Queres [que] eu te cite os sete sábios? (subj. aoristo = ato pontualde citar)

� PÇw s¢ keÛrv;� SivpÇn.� Como vou fazer tua barba? (subj. pres.)� Calado.

toèton eÞr®nhn �gein ¤gÆ fÇ pròw êm�w;eu vou dizer para vós que esse homem está em paz?

b) Exortativo: exortação, persuasão positiva ou negativa. Pode ser ligadaa tonalidades de imperativo, no seu sentido de modo do diálogo e nãoda ordem ou proibição.

F¡re àdvmen eà ti ¤dÅdimon ² p¡ra ¦xei.Vamos, vejamos [vamos ver, veremos] se tua sacola tem algo co-mestível. (subj. aor. = o ato pontual de ver)

�Ivmen d¯ kaÜ m¯ m¡llvmen ¦ti;Vamos indo e não mais hesitemos! (subj. pres.)

�Ivmen;Vamos! [Eamus!] (subj. pres. = entrada no ato)

�Age d®, àdv;Vamos lá! que eu veja! (subj. aor.= ato pontual)

yumÒ g°w perÜ t°sde maxÅmeya kaÜ perÜ paÛdvn yn®skvmen;Com coragem lutemos por esta terra e morramos pelos nossos fi-lhos! (subj. pres.= iniciemos a luta e morramos)

FeidÅmey� �ndrÇn eégenÇn, feidÅmeya;Poupemos, poupemos os homens nobres! (subj. pres.= vamos poupar)

c) Desiderativo (positivo ou negativo)

M¯ lÛan pikròn eÞpeÝn  (Dem.)Que não seja muito duro [azedo] de dizer!

M¯ yorub®shte;Não façais barulho! (subj. aor. = o ato verbal em si)

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256 o verbo grego: os modos

M¯ oék  didaktòn �ret®. (Plat.)Que a virtude não seja algo ensinável! (subj. pres. = não há noçãoaorista do ser, mas pode haver a noção eventual)

M¯ poi®súw;Não faças! (subj. aor. = o ato em si)

Mhd¢n �yum®shte §neka tÇn gegenhm�tvn;Não vos desencorajeis diante do que aconteceu! (subj. aor. = o atoem si)

MhdenÜ sumfor�n ôneidÛsúw;A ninguém desejes desgraças! (subj. aor. = o ato em si)

MhdeÜw yaum�sú;Ninguém admire! (subj. aor.= o ato em si)

MhdeÜw êpol�bú me boælesyai layeÝn. (Plat.)Que ninguém suspeite que eu quero [estou querendo] dissimular.(subj. aor. = o ato em si)

SiÅpa, mhd¢n eàpúw n®pion; (Aristóf.)Cala-te, não digas nenhuma bobagem! (subj. aor.)

m®pv ¤keÝse àvmen, prÑ g�r ¤stin, �ll� deèro ¤janas-tÇmen eÞw t¯n aél®n (Plat., Prot., 311a)Não vamos ainda para lá, pois ainda é cedo, mas levantemo-nosaqui e vamos para o quintal

2. Nas orações dependentes

a) Intenção, finalidade: fato futuro, eventual

Conjunções usadas ána, Éw para que, que > subj.para > inf.

÷pvw (�n) de modo a que

Kr�zv ána mou �koæú.Estou gritando para que ele me ouça. [passe a me ouvir] (subj. pres.)

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257o verbo grego: os modos

Kñsmiow àsyi ÷pvw m¯ kol�zú.Sê bem comportado para que [de modo a que] não sejas punido. [pas-ses a ser punido] (subj. pres.)

Toçw n¡ouw eÞw paidotrÛbou p¡mpousin ána sÅmatabeltÛv ¦xvsin. (Plat.).Eles mandam os jovens ao mestre de ginástica para que tenham oscorpos melhores. [passem a ter, e mantenham] (subj. pres)

DeÝ tòn dhmotikòn �ndreÝon eänai ána m¯ par� toçwkindænouw ¤gkataleÛpú tòn d°mon. (Ésquines)É preciso o representante do povo ser corajoso para que não o aban-done nas situações de perigo. (subj. pres.= idéia permanente)

�Opvw m¯ �poy�nú ßk¡teuen. (Lísias)Ele suplicava para não morrer [para que não morresse] (subj. aor. =o ato em si)

M¯ fyñnei toÝw eétuxoèsin m¯ dok»w eänai kakñw.Não inveja [invejes] os felizes para que não pareças mau. [fiquesparecendo] (subj. pres.)

Toçw fÛlouw eï poÛei ána aétòw eï pr�ttúw.Faze [faça] o bem/sê benfazejo a teus amigos para que tu mesmopasses bem. (subj. pres. = entrada na ação)

L¡gv soi t�de ÷pvw �n m¯ ¤pil�yú.Eu te digo estas coisas para que não te esqueças. [de modo a quenão esqueças] (subj. aor.= o ato em si)

�Eprassen ÷pvw pñlemow g¡nhtai. (Tuc.)Ele trabalhava para que a guerra aconteça (subj. aor= o ato em si)

�EpimelÅmeya ÷pvw �n oß n¡oi mhd¢n kakourgÇsin. (Plat.)Tomemos cuidado para que [de modo a que] os jovens não façamnenhum mal. (subj. pres. = entrem no ato de)

Eélaboè m¯ p¡súw;Toma cuidado [para que] não caias! (subj. aor. o ato em si)

SugxvrÇ ána soi xarÛsvmai. (Plat.)Concordo [acompanho] para que te agrade [para te agradar]. (subj.aor. = o ato em si)

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b) Circunstâncias temporais de indeterminação (fato repetido no pre-sente ou no futuro) temporais, hipotéticas, relativas.

A partícula por excelência do eventual é ¤�n / ³n / �n, se, nocaso de, caso, e ela pode vir enfatizando outras conjunções ou adverbios:

÷tan (÷te �n) quando (eventual) - sempre que¤p®n (¤peÜ �n), desde que, depois que, assim que, a partir¤peid�n (¤peid® �n) do momento em que (eventual)§vw, ¦ste, m¡xri (�n) até que, até¤n Ú (�n) em que, no que, enquanto¤j oð, �f� oð (�n) do que, a partir do que, desde queprÛn (�n) antes, antes que

Não há necessidade de pormenorizar se a oração é causal, tempo-ral, final, concessiva ou condicional, embora seja útil para a compreensãodo contexto; mas não se trata de �regência�; desde que há uma eventua-lidade ela é expressa pelo subjuntivo. É o que importa.

Toçw �llouw õrÇ toçw kinduneæontaw ¤peid�n Îsi perÜt¯n teleut¯n t°w �pologÛaw ßketeæontaw. (Isócr.)Eu vejo os outros acusados, quando [sempre que] estão perto dofim da defesa, suplicantes. (subj. pres. = fato em si: eventual; indi-cativo em português.).

Tò g¡now tÇn Yr&kÇn ¤n Ú �n yars®sú fonikÅtatñn¤stin. (Tuc.)A raça dos Trácios, no que [enquanto, sempre que] está segura émuito sanguinária. (subj. aor. = fato em si: eventual)

Tò tettÛgvn g¡now g¡raw toèt� ¦labe �dein §vw �nteleut®sú. (Plat.)O gênero das cigarras recebeu esse dom de cantar até que morra[até morrer]. (subj. aor. = o ato em si = eventual)

�O m¢n oïn Pl�ttvn fhsÜ tñte t�nyrÅpeia kalÇw §jein÷tan µ oß filñsofoi basileæsvsi µ oß basileÝw filo-sof®svsin. (Pol.)Pois bem, Platão diz que os negócios dos homens estarão bem na-quele momento em que [quando, sempre que] ou os filósofos reina-rem ou os reis filosofarem. (subj. aor.)

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259o verbo grego: os modos

�E�n g�r ¤m¢ �pokteÛnhte oé =&dÛvw �llon toioètoneêr®sete. (Plat.)Na verdade, se vós me matardes [caso me mateis] não facilmenteachareis um outro igual. (subj. aor.)

��E�n zht»w kalÇw eêr®seiw. (Plat.)Se procurares [caso procures] bem, acharás. (subj. aor.)

�An glaçj �nakr�gú, dedoÛkamen. (Men.)Uma coruja pia e estamos com medo. [Se uma coruja pia estamoscom medo.] (subj. aor = o ato em si)

�Hn ¤ggçw ¦lyú y�natow oédeÜw boæletai yn¹skein. (Eur.)Se a morte chega perto, ninguém quer morrer. [caso chegue, sem-pre que] (subj. aor. = o ato em si)

Oé mñnon ¤n t»de t» pñlei dænatai pr�ttein ÷ ti boælh-tai �ll� ¤n p�sú t» �Ell�di. (Plat.)[Péricles] pode fazer o que quer [por acaso queira] não só nestacidade, mas em toda a Grécia. (subj. pres. = fato habitual)

M¯ �p¡lyhte prÜn �n �koæshte moè. (Xen.)Não vades [não vos retireis] antes que me ouçais. [de me ouvir] (subj.aor. = o ato em si)

�Apñmnusi mhd¢n pr�jein prÜn �n t¯n toè �Ektorow ke-fal¯n ¤pÜ tòn toè Patrñklou t�fon ¤n¡gkú. (Ésquines)[Aquiles] jura nada fazer [que nada fará] antes que traga [que trou-xer, de trazer] a cabeça de Heitor sobre o túmulo de Pátroclo. (subj.aor. = o ato em si)

�Otan keleæsú, ¤�n keleæsú, ù �n keleæsú pr�jv.Quando ele manda [sempre que mande], se ele mandar [caso elemande], o que ele mandar [o que mande], farei. (subj aor. = even-tual = o ato em si, pontual)

�Otan keleæú, ¤�n keleæú, ÷ ti �n keleæú pr�ttvQuando ele manda [sempre que] se ele manda, o que ele manda/mande eu faço. (subj. pres. = eventual, fato repetido, habitual; in-fectum, entrada e permanência no ato verbal)

�Epeid�n diapr�jvmai ´jv. (Xen.)Quando [depois que] terminar eu virei. (subj. aor., o ato em si)

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260 o verbo grego: os modos

�Epeid�n t�xista ßppeæein m�yúw diÅjei yhrÛa.Imediatamente assim que aprendas [aprenderes] cavalgar persegui-rás animais selvagens. (subj. aor. = o ato em si)

oß oÞnoxñoi ¤peid�n didÇsi t¯n fi�lhn eÞw t¯n �rister�nxeÝra ¤gxe�menoi katarroroèsin. (Xen.)Os escanções, assim que eles entregam a taça, derramando na mãodireita eles engolem. (subj. pres. = fato repetido, habitual)

�EgÅ se oék¡ti �f®sv prÛn �n moi � êp¡sxhsai �podeÛjúwEu não te deixarei partir antes que me mostres o que prometeste.(subj. aor. = o ato em si)

Periiñntew aétoè diatrÛcvmen §vw �n fÇw g¡nhtai. (Plat.)Passemos o tempo dando voltas no mesmo lugar, até que a luz [odia] apareça. (subj. aor. = o ato em si)

Strateæontai õpñtan tiw aétÇn d¡htai. (Xen.)Eles se engajam no exército quando [sempre que] alguém precisa[precise] deles. (subj. pres. = ato habitual)

Poi®somai t¯n �pologÛan Éw �n dænvmai. (Lísias)Farei a defesa como puder. [como possa]. (subj. pres.)

E�n Levkr�thn �polæshte prodidñnai t¯n pñlinchfieÝsye. (Lísias)Se absolverdes [caso absolvais] Leócrates vós votareis trair [estar tra-indo] a cidade. (subj. aor., o ato em si)

c) Interrogativas indiretas com idéia de eventualidade

Chamamos �interrogativas indiretas� as interrogativas dependentes,isto é, as orações completivas subordinadas com significado interrogativo:

Direta : �Quem fez isto?�Indireta: �Quero saber quem fez isto.�

�OrÇ se �poroènta poÛan õdòn ¤pÜ tòn bÛon tr�pú.Eu te vejo hesitante que caminho tomar [tomes] na vida. (subj. aor.= o ato em si)

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261o verbo grego: os modos

D¡doika m¯ oé ¤pilayÅmeya t°w oàkade õdoè.Tenho receio de que não nos esqueçamos do caminho para casa. (subjaor. =o ato em si)

M®thr ¤n oàkoiw, ¶n sç m¯ deÛsúw, (Sóf.)Minha mãe está nos aposentos; não a temas! (subj. aor. = o ato em si)

DeÛdv: m® ti p�yhsi; (Hom.)Estou com medo; que ele sofra algo! (subj. aor.= o ato em si)

Sæ m¢n �pñstixe, m® ti no®sú �Hrh; (Hom.)Tu, fica distante; que Hera não pense algo! (subj. aor.= o ato em si)

Foboèmai m¯ toèto �lhy¢w Â.Temo que isso seja verdade! (subj. pres. = seja e permaneça)

Optativo

Exprime, no presente, a possibilidade (possível), a afirmação atenu-ada, o voto não realizável (irreal do presente) ou o voto possível e, no pas-sado, o fato repetido e a afirmação atenuada ou opinião de terceiros.

Se eu fosse rico ajudaria os outros - fato possível 3

Se eu pudesse estaria viajando - impossível presenteEu diria / poderia dizer - afirmação atenuadaAh se eu fosse rico! voto não realizávelSempre que os homens se reuniam (reunissem) prejudicavam-se

mutuamente - fato repetido no passado.Vemos que essas noções se exprimem em português pelo imper-

feito do subjuntivo ou pelo condicional simples (futuro do pretérito emalgumas gramáticas).

3 Em português, a forma do possível (fato possível) e irreal do presente é a mesma.Em grego, o irreal do presente se exprime por eÞ + impf.- �n + impf.; o fato pos-sível (possível) por eÞ + opt. - �n + opt.

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262 o verbo grego: os modos

1. Desejo, voto possível

� optativo às vezes precedido de eàye, eÞ g�r, Éw. A negação é m®porque não é realidade objetiva.

A margem entre o voto possível, mera possibilidade e o realizável,na imaginação, é extremamente frágil e movediça. Muitas vezes só o con-texto e sobretudo o significado da mensagem podem definir. Na expres-são oral, é uma questão de entonação. De qualquer maneira prevalece osentido possível, do fato possível, simples operação do espírito.

Quando o voto é irrealizável, em que está patente a irrealidade, omodo é o indicativo (imperfeito ou aoristo). Ver página 245.

�W paÝ, g¡noio patròw eétux¡sterow;Menino, pudesses tu ser [oxalá fosses] mais feliz do que teu pai!(opt. aor. = o ato em si, mero voto)

M® moi g¡noiy� � boælom� �ll� � sumf¡rei;Que não me acontecesse [pudesse acontecer] o que eu quero, mas oque é útil! (opt. aor. = o fato em si, mero voto)

Eàye fÛlow ²mÝn g¡noio; (Xen.)Ah, se pudesses [tu poderias] tornar-te nosso amigo! (opt. aor. ofato em si, voto possível)

M¯ g¡noito;Ah, que isso não acontecesse! (opt. aor. o fato em si, mero voto)

Eï pr�ttoimi;Ah, que eu pudesse estar bem! (opt. pres. = entrar no ato, mero voto)

�W basileè, m¯ eàh �n¯r P¡rshw ÷stiw soi ¤pibouleæsei; eÞd� ¦sti �pñloito Éw t�xista; (Heród.)Ó rei, pudesse não existir um homem persa para conspirar contra ti!mas se existe, que ele perecesse [pudesse perecer] o quanto antes!(opt. pres. idéia permanente - opt. aor. = o ato em si, mero voto)

�Apñloio Î pñleme; (Aristóf.)Que morresses [pudesses tu morrer] ó guerra! (opt. aor. = o ato emsi, mero voto)

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263o verbo grego: os modos

Toèto m¯ g¡noito, Î p�ntew yeoÛ; (Sóf.)Que isso não acontecesse [pudesse acontecer], ó deuses todos! (opt.aor. = o fato em si)

Eàye m®pote gnoÛhw ùw eä; (Sóf.)Ah, que nunca soubesses [oxalá nunca soubesses] quem és! (opt. aor.= o ato em si)

EÞ g�r genoÛmhn �ntÛ sou nekrñw; (Eur.)Ah, se eu pudesse morrer em teu lugar! (opt. aor. = o fato em si)

�Ote keleæoi, eÞ keleæoi ÷ ti keleæoi ¦pratton.Quando [sempre que] ele mandava [mandasse], se ele mandava[mandasse] o que [quer que] ele mandava [mandasse] eu executava.(opt. pres. = fato habitual)

PÇw �n tiw � ge m¯ ¤pÛstaito taèta sofòw eÞh; (Xen.)Como (seria possível) que alguém poderia ser [fosse] hábil naque-las coisas que não conhecesse? (pÛstaito, opt. perf. = estado, resul-tativo - (eàh opt. pres. = idéia permanente)

TeynaÛhn ÷te moi mhk¡ti taèta m¡loi; (Mimn.)Pudesse eu estar morto quando essas coisas não mais me interessas-sem! (TeynaÛhn, opt. perf. = ato acabado - m¡loi, opt. aor. = o atoem si)

2. Afirmação atenuada

a) Com �n: suaviza a afirmação, transformando a realidade ou a ordemem mera possibilidade. É de uso freqüente na transmissão de opiniãode terceiros.

�Isvw �n tiw eàpoi;Talvez [certamente] alguém diria. [poderia dizer, dirá] (opt. aor. oato em si)XvroÝw �n eàsv; (Sóf.)Tu poderias entrar! [Por que não entras?! Entre!] (opt. pres. entrarna ação)

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264 o verbo grego: os modos

�Wra �n eàh suskeu�zesyai;Seria o momento de preparar-se. [Talvez fosse, seja] (opt. pres. =idéia permanente)

�Enya svfrosænhn katam�yoi �n tiw. (Xen.)Lá [então] se poderia aprender a moderação. (opt. aor. = o ato em si)

Poè d°t� �n eäen oß j¡noi; (Sóf.)Onde, então, estariam os estrangeiros? [poderiam estar, estão]. (opt.pres. = permanecer)

tÛ �n ÈfeloÝmi [ÈfeloÛhn] soi ;Em que eu te poderia ser útil? (opt. pres. = entrada no ato)

TÛnaw êpò tÛnvn eìroimen �n meÛzona eéergethm¡nouw µpaÝdaw êpò gon¡vn ;Quem nós poderíamos encontrar beneficiados em maiores coisas porquem a não ser [do que] os filhos pelos pais? (opt. aor. = o ato em si)

b) Podemos encontrar também o emprego do optativo, embora sem �n,nas orações dependentes de verbos declarativos, de expressão de von-tade ou de medo e em geral na caracterização do que se chama discur-so (interrogação) indireto. O verbo da principal em geral está no pas-sado. O optativo pode substituir qualquer outra forma verbal dacompletiva.

A gramática diz que esse uso não é obrigatório e o denomina deoptativo oblíquo ou de subordinação.

Não se trata de regra; trata-se da vontade do enunciante de ama-ciar, suavizar o conteúdo da mensagem contida na oração subordinada.

O contexto do passado enfraquece a afirmação dando-lhe um as-pecto nebuloso, de incerteza e, nesse caso, o optativo é o modo ideal.(Em português esses matizes se exprimem pelas formas do condicio-nal simples ou composto.)

�Elege ÷ti p¡nhw eàh.Ele afirmava que era pobre. [Seria pobre, isto é, é ele que dizia,não eu.] (opt. pres. = qualidade permanente)

�Elege ÷ti p¡nhw ·n.Ele afirmava que era pobre. [De fato era. Eu concordo.] (indicati-vo imperfeito, modo da realidade)

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265o verbo grego: os modos

ProselyÆn tÒ strathgÒ ¤d®lvsa ÷ti ¤strateum¡noweàhn [·n] ³dh.Tendo-me aproximado do comandante, revelei a ele que eu já te-ria feito campanha. [tinha feito]. (opt. perf. = fato realizado)

Sfñdra pi¡saw aétoè tòn pñda ¾reto eÞ aÞsy�noito[¼syeto]. (Plat., Fédon)Tendo-lhe apertado fortemente o pé, perguntou se estaria sentin-do [se sentia]. (opt. pres. = simultaneidade do ato)

�Ek¡leuse l¡gein ÷ ti gignÅskoiMandou [o] dizer o que estava sabendo [o que estaria sabendo, oque soubesse] (opt. pres. = fato permanente)

Oäsya ¤pain¡santa �Omhron �Agam¡mnona Éw basileçweàh �gayñw.Tu sabes que Homero elogiou Agamêmnon [dizendo] que [na opi-nião de Homero] ele era [seria] um bom rei. (opt. pres. = permanente)

�Efoboènto m® ti p�yoi.Eles temiam que ele sofresse algo. (opt. aor. = o ato em si)

�EpÛstasye, Ëste k�n �llouw eÞkñtvw �n did�skoite.(Xen.)Vós sabeis, e assim talvez poderíeis ensinar [estar ensinando] os ou-tros. (conseqüência possível, opt. pres.)

�Hretñ moi ÷stiw �n eàhn.Ele me perguntou quem eu seria [era] (opt. pres. = permanente)

�HrÅta §na §kaston eà tina ¤lpÛda ¦xoi (¦xei).Ele passou a perguntar a cada um se tinha [se teria] alguma espe-rança. (opt.pres. naquele momento, estado permanente)

�EpemeleÝto ÷pvw m¯ �sitoÛ pote ¦sointo. (Xen.)Ele cuidava para que [de modo a que] eles não pudessem haver deser um dia (futuro) privados de alimentos (opt. fut.)

Sunevnoènto tòn sÝton án� Éw �jiÅtaton êmÝn pvloÝen.(Lísias)Eles compravam o trigo em grande quantidade para que vos vendes-sem [para vos vender] o mais caro possível. (opt. aor. = o ato em si)

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266 o verbo grego: os modos

�Ek�kizon tòn Perikl¡a ÷ti oék ¤pej�goi. (Tuc.)Eles xingavam Péricles porque ele não saía -estava saindo- para ata-car. (opt. pres. = fato habitual)

Svkr�thw õpñte �nagkasyeÛh p�ntaw ¤kr�tei pÛnvn.(Plat.)Sócrates cada vez que foi [ fosse] forçado ele superava todos bebendo[na bebida]. (opt. aor. = o ato em si)

Periem¡nomen §vw �noixyeÛh tò desmvt®rion. (Plat., Fédon)Nós ficamos esperando até que fosse aberta a prisão [se abrisse]. (opt.aor. = o ato em si)

Svkr�thw oék ¦pinen eÞ m¯ dicÐh. (Xen.)Sócrates não bebia se não tivesse [tinha] sede. (opt. pres. = fatohabitual)

�EfobeÝto m¯ oé dænaito ¤k t°w xÅraw ¤jelyeÝn. (Xen.)4

Ele temia que não pudesse sair do país. (opt. aor. = o ato em si)

XenofÇn ¦legen ÷ti ôryÇw ¼tiÇnto, kaÜ aétò tò ¦rgonaétoÝw marturoÛh. (Xen.)Xenofonte afirmava que eles tinham feito a acusação corretamentee que a própria obra [era] lhes seria testemunha. (opt. pres. = fatosimultâneo)

�H m®thr dihrÅta tòn Kèron pñteron boæloito [boæ-letai] m¡nein µ �pi¡nai.A mãe perguntou [perguntava: entrada no ato verbal] a Ciro se elequeria [quereria, estaria querendo] ficar ou partir. (opt. pres. simul-taneidade do ato)

Oämai �n ²m�w toiaèta payeÝn oåa toçw ¤xyroçw oß yeoÜpoi®seian. (Xen.)Eu creio sofrer tais quais os deuses fariam sofrer os nossos inimi-gos. (opt. aor. = o ato em si)

4 Nos verbos de temor está implícita uma idéia do não eventual; por isso, em grego,eles vêm acompanhados do m®, como se estivesse �colado � ao verbo; a segundanegação pertence ao verbo complemento.

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267o verbo grego: os modos

�O Dionæsiow pròw tòn puyñmenon eÞ sxol�zoi eäpe:�Mhd¡pot¡ moi toèto sumbaÛh;�Dionísio disse a alguém que procurava saber se ele estava [estaria]de folga: �Isso jamais me acontecesse!� (opt. pres. = ato simultâneo,durativo - opt. aor. = o ato em si)

TÛw oìtvw Þsxuròw ùw limÒ kaÜ =Ûgei dænait� �n maxñmenowstrateæesyai; (Xen.)Quem é forte a tal ponto que pudesse [poderia] fazer uma expedi-ção militar combatendo com fome e com frio? (opt. pres.)

�Witini ¤ntugx�noien p�ntaw �p¡kteinon. (Tuc.)Com qualquer um que encontrassem [encontravam] eles matavamtodos. (opt. pres. fato repetido)

c) Um optativo futuro poderia, à primeira vista, parecer uma contradi-ção, uma vez que o futuro é um eventual. O que acontece, no entanto,e só nas orações dependentes num quadro de passado, é o enfraqueci-mento, a atenuação do conteúdo do verbo. Esse optativo é denominadooblíquo ou de subordinação e se usa sem partícula. É uma superposi-ção de modos: um enfraquecimento ou do indicativo ou do subjunti-vo/futuro eventual.

�O ti poi®soi [poi®sei] oék eäpe.Ele não disse o que faria [fará]. (opt. fut. = o ato em si)

3. Nas orações supositivas

Não se trata de um esquema rígido de correlação obrigatória detempos (não há tempo fora do indicativo e modos), mas sim da tonalida-de, isto é, do modo como é sentida e transmitida a mensagem, na supo-sição (condicionante) e na conseqüente (condicionada). O �modo� é pre-cisamente como o enunciante sente e transmite a mensagem. Trata-sede mera suposição.

Alguns exemplos serão suficientes.

EÞ sÅsaimi s�, eàsei moi x�rin; (Eur.)Se eu te salvasse, tu me serás grato? (opt. aor. = o ato em si, possível)

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268 o verbo grego: os modos

Oék �n forhtòw eàhw eÞ pr�ssoiw kalÇw (Ésquines)Tu não serias suportável se estivesses bem (opt. pres. = fato habitual,possível)

EÞ ¤moÜ pisteæoiw oék �n m¡noiw ¤ny�de.Se acreditasses em mim não permanecerias aqui. (opt. pres. = conti-nuidade do ato, possível)

�EgÆ aÞsxunyeÛhn �n eÞ di� �llo ti svzoÛmhn µ di� toçwlñgouw. (Isócr.)Quanto a mim, eu sentiria vergonha se eu fosse salvo por outra coisaque por meus discursos. (opt. aor. = o ato em si; opt. pres. = agora,entrada no ato, possível nos dois casos)

EÞ boæloio Þatròw gen¡syai tÛ �n poioÛhw;Se quisesses tornar-te médico o que farias? [se estivesses com von-tade - estarias fazendo: opt. pres. = possível]

�AdikoÛh �n ÷stiw toèto poioÛh.Cometeria uma injustiça aquele que [quem] fizesse isso. [estariacometendo, estaria fazendo: opt. pres. = possível]

Oék �n g¡nointo pñleiw eÞ olÛgoi aÞdoèw kaÜ dÛkhw met¡-xoien. (Plat., Prot.)Não aconteceriam cidades se poucos tivessem sua parte de respeito ejustiça. (opt. aor. = o fato em si; opt. pres. = o fato permanente;possível)

�All� eà moÛ ti pÛyoio: tñ ken (�n) polç k¡rdion eàh. (Hom.)Ah, se tu pudesses crer em mim! Isso seria muito mais vantajoso!(opt. aor. = o ato em si; opt. pres. = idéia permanente)

PÇw �n m� �delf°w xeÜr perist¡laien �nComo [seria] se a mão de minha irmã fizesse as obséquias! (opt. aor.= o ato em si)

As denominações gramaticais mais uma vez não correspondem aosignificado das formas. Num paralelismo: �Eu afirmo que irei.� // �Eleafirmou que viria.�. Não há o paralelo �futuro do presente� e �futuro dopretérito�; o que há no segundo elemento é o enfraquecimento da afirma-ção, uma afirmação de um terceiro que não se realizou. É um modo e nãoum tempo! Denominar �viria� futuro do pretérito é desconhecer o signi-

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269o verbo grego: os modos

ficado da forma verbal. A denominação tradicional de �condicional sim-ples�, embora não perfeita porque nem sempre exprime uma condição,não é tão contraditória como �futuro do pretérito�. Seria preferível chamá-la de �possível�.

Nas frases arroladas acima, o �futuro do pretérito� não apareceunenhuma vez. E nem poderia aparecer!

Em grego há tantos optativos quantos são os aspectos e vozes.Optativo presente: tema do infectum, inacabadoOptativo futuro: tema do aoristoOptativo aoristo: tema do aoristoOptativo perfeito: tema do perfectum, acabado

Por exprimir possibilidade, irrealidade presente e afirmação atenu-ada o optativo se serve de desinências secundárias, as mesmas do passado(imperfeito, aoristo narrativo e mais-que-perfeito).

Não há idéia de tempo no optativo.

Imperativo

É o modo do diálogo direto (segunda pessoa) e indireto (terceirapessoa - subjuntivo em português).

Exprime a mensagem direta, o gancho do diálogo, o chamamentoe também, subsidiariamente, a ordem.

O imperativo tem desinências próprias, que se repetem em todosos aspectos. Ver p. 338-40.

Em grego há tantos imperativos quantos são os aspectos e vozes:Imperativo presente: tema do infectum, inacabado);Imperativo aoristo: tema do aoristo)Imperativo perfeito: tema do perfectum, acabado

Não há idéia de tempo no imperativo: só de aspecto.

Não há imperativo futuro (impossibilidade semântica), e o impe-rativo perfeito ativo também é de um emprego muito raro.

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270 o verbo grego: os modos

Apenas o imperativo ativo singular, o único autêntico e original,que se exprime pelo próprio tema verbal, como em latim e português,apresenta alguns problemas fonéticos.

Læete tòn aÞxm�lvton.Soltai o prisioneiro. [agora] (imp. pres. entrada na ação)

�UmeÝw deÛjate ´ntina gnÅmhn ¦xete perÜ tÇn pragm�-tvn. (Lísias)Vós revelai que opinião tendes a respeito dos fatos. (imp. aor. o atoem si > pontual)

Toçw m¢n yeoçw foboè toçw d¢ gon¡aw tÛma toÝw d¢ nñmoiwpeÛyou. (Isócr.)Teme os deuses, honra os pais, obedece às leis [agora e sempre]. (imp.pres. ordem permanente)

�n�gnvyi tòn nñmonlê a lei (imp. aor. o ato em si > pontual);

p¡mcon t� ÷pla; ¤lyÆn lab¡;Entrega as armas! Vem e pega!

l¡ge §teron nñmon (Lísias)[e agora] lê a outra lei [passa a ler: imp. pres.]

SkopeÝte d¯ kaÜ logÛsasye toèto. (Dem.)Observai (imp. pres. entrai no ato ) então, e refleti isso (imp. aor. oato em si).

Boælou d� �r¡skein p�si m¯ sautÒ mñnon;Quere agradar a todos; não só a ti! (imp. pres. entrada no ato).

A ordem negativa, proibição, também se exprime pelo imperati-vo (negação m®), diferentemente do português que usa sempre o subjun-tivo exortativo.

M¯ yorubeÝte;Parai esse barulho! [estão fazendo barulho: imp. pres.]

M¯ peÛyesye toÝw �nosivt�toiw Tri�konta; (Xen.)Não obedecei [obedeçais] a esses infames Trinta! (imp. pres. entra-da no ato)

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271o verbo grego: os modos

MhdeÜw êmÇn prosdokhs�tv �llvw; (Plat.)Ninguém de vós prejulgue de outra maneira! (imp. aor. o ato em si)

MhdeÜw nomis�tv; (Xen.)Ninguém acredite! (imp. aor. o ato em si)

MhdeÜw toèto leg¡tv;Ninguém diga [dirá] isso. (imp. pres. entrada no ato)

O subjuntivo às vezes pode substituir o imperativo, sobretudo na proi-bição. Na verdade, passa a ser um pedido, uma súplica, que é uma anteci-pação, um eventual.

SiÅpa; mhd¢n eàpúw n®pion; (Aristóf.)Cala-te! (imp. pres. entrada no ato). Não digas nenhuma bobagem!(subj. aor. pedido, o ato em si)

MhdeÜw yaum�sú; (Dem.)Ninguém se admire! (subj. aor. pedido, o ato em si)

M¯ yorub®shte;Não façais barulho! (subj. aor. o ato em si)

M® me �pol¡shte �dÛkvw; (Lísias)Não me arruineis injustamente! (subj. aor. o ato em si)

Algumas vezes, no enunciado de uma ordem ou exortação, o gregoemprega o imperativo de alguns verbos como interjeição;

àyi; (Þ¡nai - ir) : vai!�ge - �gete (�gein - conduzir, levar) : vamos! (toca!)f¡re - f¡rete (f¡rein - portar, levar) : vamos! (em frente!)

Essas formas são como interjeições introdutórias para ordem ouexortação.

àyi; nèn parÛstasyon; (Aristóf.)Vamos lá! apresentem-se os dois! (imper. pres. entrada no ato)

F¡re; ¤kpæyvmai; (Eur.)Vamos! que eu me informe! (imper. presente, mera chamada deatenção)

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272 o verbo grego: formas nominais

Formas nominais do verbo

O particípio

1) Definição

É o verbo-adjetivo de uso intenso em grego. O fato de a idéia doverbo estar associada à forma e idéia nominal dá-lhe um significado maisconcreto.

Todos os aspectos e todas as vozes têm o seu particípio, contrari-amente ao latim que só tem um particípio ativo (infectum) e o supino,que deu origem ao particípio perfeito passivo.

Para nós há uma dificuldade inicial em entender o uso do particí-pio grego.

É que em grego, por ser um adjetivo, o particípio se comporta comotal: assume o caso do substantivo de quem é adjunto ou predicativo e étriforme; isto é, tem uma forma para cada gênero. No latim e no portu-guês o particípio presente ativo é uniforme.

Além disso, em português, por causa da invasão das formas do ge-rúndio na voz ativa, portanto sem gênero e sem número e com significa-do circunstancial (adverbial), é compreensível uma dificuldade de enten-dimento inicial.

Esse significado circunstancial, adverbial decorre do significado doparticípio �presente�, isto é, infectum, inacabado, do processo verbal noseu curso. É o significado do aspecto verbal. Mas, esse significado se deixacontaminar pela idéia de locativo-temporal e instrumental, pela idéia deextensão no tempo e no espaço, do locativo-temporal, e pela idéia depassagem do ato verbal pelo objeto inerte, do instrumental:

Eu vejo o menino corrente = correndo = a correrNo grego e no latim é um predicativo do objeto direto. Em portu-

guês, semanticamente também é, mas gramaticalmente é um adjuntoadverbial e formalmente é invariável na voz ativa. Já foi diferente: �Comose a não tivera merecida� (Camões).

Por ser um adjetivo em sua forma, ou melhor, em suas formas, oparticípio grego, quer ativo, quer médio, quer passivo, é triforme (mas-culino, feminino e neutro) e varia no singular e plural, concordando sem-pre com o substantivo em gênero, número e caso.

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273o verbo grego: formas nominais

Em português o particípio da voz ativa foi substituído pelo gerún-dio, que é invariável. Só o particípio passivo varia: masculino e feminino,singular e plural.Assim5:

õr�w tòn �ndra tr¡xonta : Vês o homem correndo (corrente)õr�w t¯n gunaÝka tr¡xousan : Vês a mulher correndo (corrente)õr�w tò t¡knon tr¡xon : Vês a criança correndo (corrente)õr�w toçw �ndraw tr¡xontaw : Vês os homens correndo (correntes)õr�w t�w gunaÝkaw trexoæsaw : Vês as mulheres correndo (correntes)õr�w t� t¡kna tr¡xonta : Vês as crianças correndo (correntes)

Do mesmo modo que, em grego, nas seis frases acima, o particí-pio, predicativo do objeto direto, variou e concordou em gênero, número ecaso com o objeto direto, e, com as mesmas funções, ele permaneceu inal-terado em português, assim também acontecerá quando o particípio es-tiver em função predicativa do sujeito (particípio conjunto, segundo asgramáticas):

õ �n¯r tr¡xvn ¦pesen o homem correndo (corrente, enquanto corria)caiu

² gun¯ tr¡xousa ¦pesen a mulher correndo (corrente, enquanto corria)caiu

tò t¡knon tr¡xon ¦pesen a criança correndo (corrente, enquanto corria)caiu

oß �ndrew tr¡xontew ¦peson os homens correndo (correntes, enquanto corriam)caíram

aß gunaÝkew tr¡xousai ¦peson as mulheres correndo (correntes, enquantocorriam) caíram

t� t¡kna tr¡xonta ¦peson as crianças correndo (correntes) caíram

Os dois quadros acima ilustram apenas as relações formais do parti-cípio-adjetivo; neles o verbo empregado, tr¡xv - eu corro, é intransitivo.

5 As frases a seguir são meras construções gramaticais; não são de autor nenhum. Oleitor não deve esperar nelas nenhuma mensagem filosófica.

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274 o verbo grego: formas nominais

Mas, como o próprio nome exprime, metox® - participação, o par-ticípio é nome (adjetivo) quanto à forma, mas não perde sua naturezaverbal e suas relações com o sujeito e complementos se mantêm intactas:ele pode ser ativo, médio e passivo. E, se é transitivo, continua a procu-rar ( aÞt¡v - eu busco) o seu complemento (termo do ato verbal).Por exemplo, na frase:

p�w �nyrvpow ´detai tò fÇw õrÇntodo homem sente prazer vendo a luz.

tò fÇw, a luz, é objeto direto de õrÇn, que está no particípio pre-sente, nominativo masculino singular, porque é aposto do sujeito p�w�nyrvpow.

Então, uma forma nominal do verbo (verbo adjetivo) é adjetivo emsuas formas e verbo em seu significado e rexão.

2) Aspecto e tempo no particípio

a) Generalidades:

Em grego há tantos particípios quantos são os aspectos e vozes.Sobre cada tema podem ser construídos os particípios ativo, médio epassivo.

O que os particípios têm de próprio é o aspecto, isto é o tempointerno do processo verbal:

O particípio não tem tempo próprio, mas sim tempo relativo:� o construído sobre o tema do infectum (inacabado) marca simultanei-

dade com o verbo da principal;� o construído sobre o tema do aoristo marca anterioridade em relação

ao verbo da principal, se é pontual, aoristo, ou posterioridade em rela-ção ao verbo da principal, se depende de verbo de movimento e inten-ção (vontade);

� o construído sobre o tema do perfectum (acabado) mantém seu signi-ficado próprio de ato acabado, terminado, sem nenhuma relatividade.

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275o verbo grego: formas nominais

b) Particípio presente:

Sobre o tema do infectum (inacabado), construímos os particípiosativo, médio e passivo: mesmas desinências para médio e passivo;Voz Tema Formas: m., f., n. Significadoativo læ-o-nt- lævn, læousa, lèon desligante-desligando, que desliga,

que está desligandomédio lu-o-meno- luñmenow,h,on desligante-desligando para si, que

desliga para si, que está desligandopara si

passivo lu-o-meno- luñmenow,h,on que está sendo desligado, que é(o mesmo da voz média) desligado, desligado

Ver no quadro de flexão do particípio o comportamento dos temasem vogal (verbos em -mi).

O particípio construído sobre o tema do infectum (inacabado) nãoexprime tempo absoluto, mas um tempo relativo: a simultaneidade de tem-po com o verbo principal, qualquer que seja o tempo deste.

Oék ¦sti m¯ nikÇsi svthrÛa.Não existe salvação para os que não vencem. [estão vencendo]

KaÛper p�nu �ndreÝow Ên nikhy®súMesmo sendo [ainda que sejas] muito corajoso serás vencido.

c) Particípio aoristo:

Sobre o tema do aoristo, que serve também para o futuro, cons-truímos os particípios ativo, médio e passivo do aoristo e do futuro:Voz Tema Formas: m. f. n. Significadoaoristoativo: lu-sa-nt- læsaw, læsasa, lèsan tendo desligado, que desligoumédio: lu-sa-meno- lus�menow,h,on tendo desligado para si, que desli-

gou para sipassivo: lu-yh-nt- > luyeÛw, luyeÝsa, luy¡n tendo sido desligado, que foi des-

luyent- ligadostal-h-nt staleÛw, staleÝsa, tendo sido enviado, que foi enviado

stal¡n

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Page 276: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

276 o verbo grego: formas nominais

Voz Tema Formas: m. f. n. Significadofuturo:ativo: lu-s-ont- læsvn, læsousa, havendo de desligar, que

lèson desligarámédio: lu-s-o-meno- lusñmenow,h,on havendo de desligar para si,

que desligará para sipassivo: lu-yh-s-o-meno- luyhsñmenow,h,on havendo de ser desligado, que

será desligadostal-h-s-o-meno- stalhsñmenow,h, on havendo de ser enviado, que

será enviado

O particípio construído sobre o tema do aoristo não exprime umaidéia de tempo absoluto, mas um tempo relativo, isto é, a anterioridadeem relação ao verbo principal, qualquer que seja o tempo deste.

O particípio construído sobre o tema do futuro não exprime umaidéia de tempo absoluto, mas um tempo relativo, isto é, a posterioridadeem relação ao verbo principal, qualquer que seja o tempo deste.

Via de regra o particípio futuro se encontra como complementode verbos de movimento ou intenção, às vezes precedido de Éw (para),sempre com a idéia do eventual.

d) Particípio perfeito:

Sobre o tema do perfectum (acabado) construímos os particípiosperfeitos ativo, médio e passivo (mesmas desinências para o médio epassivo):Voz Tema Formas: m. f. n. Significadoativo: le-lu-kot- lelukÅw, lelukuÝa, que terminou o ato de desligar,

lelukñw que desligoumédio: le-lu-meno- lelum¡now, h, on que terminou o ato de desligar

para si, que acabou de desligarpara si

passivo: le-lu-meno- lelum¡now, h, on(o mesmo que o médio) que foi e está desligado, desligado

O particípio construído sobre o tema do perfeito exprime o atoacabado, terminado (idéia de aspecto e não de tempo).

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277o verbo grego: formas nominais

3) Concordância do particípio

O particípio grego é um adjetivo; não podemos nos esquecer dissonunca. Por isso, salvo em situações em que está substantivado, concordacom o referente (substantivo ou equivalente).

O elenco abaixo, com todos os usos do particípio, permitirá ao lei-tor constatar a veracidade dessa afirmação.

As traduções que daremos serão quase sempre lineares, visandosempre à relação significante-significado. O fato de estarem fora do usoatual não impedirá o aluno de entendê-las e substituí-las por constru-ções equivalentes atuais.

Não levaremos em conta também o enquadramento das oraçõescom particípio ou gerúndio nas diversas categorias da sintaxe tradicional,por entendermos que elas, as reduzidas de particípio ou gerúndio, valempor si mesmas. A sintaxe (=coordenação) delas é interessante mas nãoessencial.

Se tivermos sempre presente na memória o que foi exposto sobreo significado linear dos particípios e se observarmos a concordância delescom os nomes a que se referem, não teremos grandes dificuldades emassimilar a �sintaxe do particípio�.

O uso do particípio grego corresponde, grosso modo, às oraçõesreduzidas de gerúndio no presente (voz ativa e passiva = amando / sendoamado) e reduzidas de particípio no passado (voz ativa e passiva = tendoamado / tendo sido amado) em português.

A diferença (e daí a dificuldade) está em que, em português, o ge-rúndio é invariável na voz ativa e variável na voz passiva, e, em grego, oparticípio, quer ativo, médio ou passivo é um adjetivo e por isso concor-da com o seu referente (sujeito ou complemento), numa espécie de apo-sição (por vir em geral depois).

No caso de omissão do sujeito em grego, o gênero e número sãoidentificados pelas formas do particípio, que têm os três gêneros em to-das as vozes e aspectos.

p�w �nyrvpow ´detai tò fÇw õrÇntodo homem sente prazer vendo [ao ver] a luz (p. pres. aposto dosujeito masculino)

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Page 278: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

278 o verbo grego: formas nominais

ChfÛsasye tòn pñlemon m¯ fobhy¡ntew tò aétÛka deinñn.(Tuc.)Votai a guerra, não tendo temido o perigo imediato [não temei evotai; votai sem temer]. (p. aor. aposto do sujeito do verbo: vós,sujeito masculino)

�Hn eérey»w ¤w t®nde m¯ dÛkaiow Ên. (Sóf.)Se fores encontrado não sendo justo para esta. (p. pres. aposto dosujeito: tu, masc.)

P�reimi õplÛtaw ¦xvn ¥katñn. (Xen.)Eu me apresento tendo 100 hoplitas [com 100 hoplitas]. (p. presaposto do sujeito: eu, masc.)

Deipn®santew �pelaænete. (Xen.)Tendo jantado, parti. [Parti depois de jantar.] (part. aor. aposto dosujeito: vós, masc.)

Oék �n dænaio m¯ kamÆn eédaimoneÝn. (Eur).Tu não poderias não tendo trabalhado [sem penar] ser feliz. (part.pres. aposto do sujeito: tu, masc.)

Sun¡lyomen ôcñmenoi.Nós nos reunimos para ver. [havendo de ver] (part. fut. aposto dosujeito: nós, masc.)

eäpe gel�sawEle riu e disse. [tendo rido] ele disse (p. aor.suj. masc. sing.)

¦tuxen ¤lyÅntendo vindo por acaso, [por acaso ele veio] (p. aor. suj. masc. sing)

¦layen ¤lyÅnpassou desapercebido tendo chegado [chegou sem ser percebido] (p.aor. suj. masc. sing.)

Lúzñmenoi zÇsin. (Xen.)Eles vivem [saqueando] saqueantes. [Vivem de saque]. (p. pres. suj.masc. pl.)

�Elaænvn Õxeto.Ele partiu cavalgando. (part. pres. suj. masc. sing.)

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279o verbo grego: formas nominais

�Em�xonto �ma poreuñmenoi. (Xen.)Eles combatiam marchando [enquanto marchavam]. (part. pres. suj.masc. pl.)

Eéyçw meir�kion Ên...Desde a adolescência [imediatamente em sendo adolescente] (part.pres. suj. masc. sing.)

�ApeÛxonto kerdÇn aÞsxr� nomÛzontew eänai. (Xen.)Eles se abstinham de lucro, julgando ser vergonhoso [porque jul-gavam]. (part. pres. suj. masc. pl.)

�Ww �phllagm¡noi tÇn kakÇn ²d¡vw ¤koim®yhsan. (Xen.)Porque estavam afastados [tinham sido afastados] dos perigos, re-pousaram com prazer. (part. perf. passivo suj. masc. pl.)

�Wrxoènto Ësper �lloiw ¤pideiknæmenoi. (Xen.)Eles dançavam como se oferecendo em espetáculo aos outros. (part.pres. suj. masc. pl.)

OàetaÛ ti eÞd¡nai oék eÞdÅw. (Plat.)Ele crê que sabe algo [mesmo] não sabendo. (part. perf. suj. masc.sing.)

Sullamb�nei Kèron Éw �poktenÇn. (Xen.)Ele prende Ciro para matá-lo. [havendo de matar] (part. fut. suj.masc. sing.)

T¯n pñlin labÆn ¤sælhse.Tendo tomado a cidade, ele saqueou. [Ele tomou e saqueou.] (part.aor. masc. sing.)

O particípio em função de aposto ou de predicativo concorda como referente em qualquer caso, mesmo se o referente está implícito.

Toèton oédeÜw xaÛrvn �dik®sei. (Plat.)Esse aí ninguém maltratará de alegre [alegrando-se] (part. pres. suj.masc. sing.)

�EpÜ xÛoni pesoæsúsobre a neve que caiu [tendo caído] (part. aor. - pred. do locativo)

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280 o verbo grego: formas nominais

Met� Surakoæsaw oÞkisyeÛsaw (Tuc.)Depois de Siracusa tendo sido fundada. [depois da fundação de](part. aor. pas. pred. do acus.)

Prò ²lÛou dænontow. Diante do sol que se punha [pondo-se] (part. pres. pred. do gen.).

�Ama ²lÛÄ �nat¡llontiJunto com o sol se levantando (part. pres. pred. do dat.)

Oék ¦sti toÝw m¯ nikÇsi svthrÛa. (Xen.)Não há salvação aos que não vencem [que não estão vencendo] (part.pres. masc. pl. pred. do dat. referente implícito)

DuoÝn kakoÝn oédeÜw tò meÝzon aßreÝtai ¤jòn tò ¦latton.(Plat.)De dois males ninguém escolhe o maior, sendo possível [escolher]o menor. (part. pres. predicativo do sujeito oracional)

OéxÜ ¤sÅsam¡n se oåñn te øn kaÜ dunatñn. (Plat.)Nós nem mesmo te salvamos [isso] sendo viável e sendo possível.(part. pres. predicativo do sujeito oracional)

�Hdesye...Éw periesom¡nouw ²m�w tÇn �Ell®nvn. (Her.)Vós sentis prazer... em nós havendo de dominar os gregos. (part.fut. predicativo do objeto direto)

Oß k�mnontew stratiÇtai ¤koim®yhsan. (Xen.)Os soldados que estavam cansados [estando cansados] deitaram-se(part. pres. adj. adn.)

Tòn ßeròn kaloæmenon pñlemon. (Tuc.)A guerra que chamam santa. [que está sendo chamada] (part. pres.pas. - adj. adn.)

�O kateilhfÆw kÛndunow t¯n pñlin. (Dem.)O perigo que surpreendeu [terminou o ato de] a cidade. (part. perf.adj. adn.)

Aß prò toè stñmatow n°ew naumaxoèsai. (Tuc.)Os navios que estavam combatendo diante da entrada [do porto].(part. pres. adj. adn.)

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281o verbo grego: formas nominais

² ônomazom¡nh �ndreÛaa chamada [que chamamos, que está sendo chamada, que costumamchamar] coragem (part. pres. pass. adj. adn.)

² nèn kaloum¡nh �Ell�wa chamada agora Grécia [que chamamos] (part. pres. pass. adj. adn.)

² MÛdou kaloum¡nh kr®nha fonte chamada [que chamamos, costumamos chamar] de Midas.(part. pres. pass. adj. adn.)

oß strathgoÜ oß oék �nelñmenoi toçw ¤k naumaxÛaw nekroçw¤krÛyhsanOs comandantes que não recolheram [os não tendo recolhido] oscadáveres da batalha naval foram julgados. (part. aor. substantivado,aposto do sujeito)

pñliw eéreÛaw �gui�w ¦xousauma cidade que tem [tendo] ruas largas (part. pres. apost do suj.)

Met� taèta �fiknoèntai �gg¡llontew. (Isócr.)Depois disso chegam pessoas anunciando [anunciantes] (part. pres.apost. do suj.)

m¡mnhso �nyrvpow Ênlembra-te que és homem, [seres humano; sendo homem] (part. pres.pred. do sujeito)

oß pleÝstoi oék aÞsy�nontai diamart�nontewa maioria não percebe que se engana [que está se enganando, fa-lhando] (part. pres. pred. do sujeito)

Pl¡omen ¤pÜ poll�w naèw kekthm¡nouw. (Xen.)Nós navegamos contra possuidores [que adquiriram] de muitas naus.(part. perf. subst. compl. preposicionado; acus. de direção)

mhd¡pote metem¡lhs¡ moi sig®santi, fyegjam¡nÄ d¢poll�kiw (Plat.)jamais eu me arrependi de ter ficado quieto, mas freqüentementede ter falado [arrependeu-me (latim: paenituit me) tendo silencia-do.. tendo falado] (part. aor. pred. do dat.)

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282 o verbo grego: formas nominais

gnÇte �nagkaÝon øn êmÝn �ndr�sin �gayoÝw gÛgnesyai(Tuc.)sabei que vos é necessário tornar-vos homens de bem [sendo-vosnecessário] (part. pres. pred. do obj. dir. oracional)

¤mautÒ sænoida oéd¢n ¤pistam¡nÄeu sei comigo mesmo não saber nada [não sabendo nada] (part. perf.apost. de dat. comitativo)

¥autòn oédeÜw õmologeÝ kakoèrgow Ên [kakoèrgon önta]ninguém concorda [confessa] que é malfeitor [sendo ele malfeitor](part. pres. apost. do suj: Ên ; pred. do obj. dir.: önta)

diat¡lei me �gapÇnele continua a me amar [amando-me] (part. pres. apost. do suj)

paæsate tòn �ndra êbrÛzontafazei cessar a insolência desse homem [sendo insolente, cometendoinsolência] (part. pres. pred. do obj. dir.)

m¯ k�múw fÛlon �ndra eéergetÇnnão te canses de fazer o bem a um homem amigo [fazendo o bem](part. pres. pred. do suj.)

O particípio, por ser adjetivo, pode ser substantivado (particípiocom artigo) qualquer que seja seu aspecto ou voz.Tem gênero e númeropróprios, e assume os casos das funções que tem na frase.

Nesses casos ou se traduz por uma oração relativa adjetiva:-õ l¡gvn - o que está falando, o falante, (p. pres.); ou por um substan-tivo, caso exista: o orador (de momento).

oß �rxontew:os que estão no poder, no comando, ou os arcontes, os governantes.(também em português se deu a substantivação do particípio!)

eÞsÜn oß oÞñmenoihá [existem] os que crêem [os crentes] (p. pres.)

tÛw �n pñliw êpò m¯ peiyom¡nvn �loÛh;que cidade poderia ser tomada por não obedientes! [que não obede-cem!] (sem artigo por ser indeterminado). (p. pres.)

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283o verbo grego: formas nominais

tò sumf¡ron: o que traz proveito, o juro, o lucro (p. pres.)

tò pros°kon: o que convém - o conveniente, o dever (p. pres.)

oß ¤rgasñmenoi: os que vão trabalhar, cultivar, os havendo de tra-balhar (p. fut.)

�O mhd¢n eÞdÆw oéd¢n �mart�nei.O que sabe nada [o ignorante] em nada se engana. (part. perf. esta-do atual, resultante)

Oß grac�menoi tòn Svkr�thn: Os acusadores de Sócrates [osque acusaram]. (p. aor. anterioridade)

�O tuxÅn: O que apareceu; o que [por acaso] chegou. (part. aor.)

oß pros®kontew: os �com-venientes�, os chegados, os parentes(part. pres.)

tò m¡llon: o que está para, o por vir [porvir] (part. pres.)

t� m¡llonta: as coisas que estão para vir, o futuro (part. pres.)

P�w õ boulñmenow: todo o que quer [que está querendo] (part.pres.)

�En°san ¤n t» xÅr& oß ¤rgasñmenoi. (Xen.)Havia no país os que haveriam de cultivar [os futuros cultivadores;os havendo de cultivar]. (part. fut. sujeito)

Oéd� õ kvlæsvn par°n. (Sóf.)Nem mesmo estava presente o que haveria [o havendo de] de impe-dir. (part. fut. sujeito.)

Di� ¤ndeÛan toè yerapeæsontow. (Isócr.)Por carência de quem haveria [do havendo de] de tratar. (part. fut.comp. nom.)

�H pñliw ¦rhmow ·n tÇn �munoum¡nvn. (Xen.)A cidade estava carente de defensores [dos havendo de defender, quehaveriam de defender]. (part. fut. comp. nom.)

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Page 284: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

284 o verbo grego: formas nominais

4) Funções do particípio

Ele pode ter todas as funções do adjetivo e do nome, como já vimos.Nos exemplos acima vimo-lo como substantivo nas funções de su-

jeito e objeto e como adjetivo nas funções de aposto (conjunto), adjuntoadnominal, predicativo do sujeito e predicativo do objeto direto.

São notáveis certas construções que, em português, usam o infini-tivo com preposição (em ou de) ou gerúndio do verbo complemento, e,em grego, exprimem a mesma idéia pelo particípio em função predicativaou apositiva.

a) Particípio nas orações completivas

Há um grande número de verbos neste caso, sobretudo os que sig-nificam: maneira de ser, determinada ou indeterminada

estar no começo ou no fimcessarestar cansado de fazer bem ou mal aser superior ou inferior emsentir alegria, tristeza, vergonha em ou de.É na verdade uma função predicativa.

O uso do particípio em lugar do infinitivo se explica porque o par-ticípio exprime o ato verbal de maneira concreta e delimitada; o infiniti-vo tem um significado aberto e indefinido. Em português, encontramoso gerúndio ou o infinitivo preposicionado.

Principais verbos que exprimem:

� maneira de ser, estadodi�gv eu permaneço (fazendo)diagÛgnomai eu fico continuamente (fazendo)diatelÇ(e) eu chego ao fim (fazendo)d°low, fanerñw eÞmi eu sou evidente (fazendo)lany�nv eu passo desapercebido (fazendo)tugx�nv eu me encontro por acaso (fazendo)faÛnomai eu me manifesto, apareço (fazendo)fy�nv eu me antecipo (fazendo)

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285o verbo grego: formas nominais

�Ept� ²m¡raw p�saw maxñmenoi diet¡lesanEles passaram todos os sete dias combatendo [combatentes; a com-bater]. (part. pres.)

ToÝw summ�xoiw pistoÜ öntew diam¡nomen.Nós permanecemos [sendo] fiéis aos aliados. (part. pres.)

diatelÇ eënoian ¦xvn êmÝnEu continuo tendo [a ter] benevolência para convosco (part. pres.)

pñlemon ¦xvn di�gei (tòn bÛon) õ tærannowO tirano passa a vida tendo guerra [fazendo, a fazer] (part. pres.)

�Efyhsan toçw Persaw �fikñmenoi eÞw t¯n pñlinEles se anteciparam aos Persas chegando à cidade [tendo chegado:part. aor.]

Fy�ne toçw fÛlouw eéergetÇnAntecipa beneficiando os amigos. [sê o primeiro a beneficiar] (part.pres.)

Oék �n fy�noiw l¡gvn.Tu não te anteciparias em falar [falando, já não seria sem tempode falares] (part. pres.)

Oék ¦fyasan t¯n �rx¯n katasxñntew kaÜ YhbaÛoiw eéyçw¤peboæleusan.Eles não se anteciparam tendo tomado o poder e imediatamenteconspiraram com os Tebanos [apenas tomaram o poder] (part. aor.)

�Elayen ²m�w �podr�wEle passou desapercebido de nós tendo escapado. [ele escapou semque nós tivéssemos percebido] (part. aor.)

�El�nyanon aêtoçw ¤pÜ tÒ lñfÄ genñmenoiEles passavam desapercebidos deles mesmos chegando ao topo dacolina. [eles chegavam ao topo da colina sem perceber] (part. aor.)

�Etuxen ²mÇn ² ful¯ prutaneæousa.Aconteceu [por acaso] a nossa tribo estar exercendo a função deprítane. [por acaso nossa tribo exercia a função de prítane] (part.pres.)

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286 o verbo grego: formas nominais

TÛw ¦tuxe paragenñmenow;Quem encontrou-se por acaso tendo estado presente? [quem por acasoesteve presente?] (part. aor.)

�O m¡n ¤sti faneròw ¤kb�w ¤k toè ploÛou kaÜ oék eÞsb�wp�lin.É evidente ele tendo saído da embarcação e não tendo entrado denovo. [É manifesto que ele saiu da embarcação e não entrou denovo] (part. aor.)

¤oÛkate turannÛsi m�lon µ politeÛaiw ²dñmenoiVós pareceis tendo prazer mais com tiranias do que com governospopulares (part. pres.)

toèto tò str�teuma ¤l�nyane trefñmenonesse exército passava desapercebido sendo sustentado. [esse exércitoera sustentado secretamente] (part.pres.)

Ùnto �faneÝw eänai �piñntewEles acreditavam estar invisíveis saindo (part. pres.)

Douleævn sautòn l¡lhyawTu passas desapercebido de ti mesmo sendo escravo [tu és escravosem perceberes] (part. pres.)

� começar, sofrer, cansar-se de (processo da ação)�n¡xomai eu agüento, eu suporto (fazendo)�pagoreæv eu desisto de (fazendo)�rxomai eu começo a (fazendo)k�mnv eu me canso de, eu cesso (fazendo)paæomai, l®gv eu paro, eu cesso de (fazendo)

Oëpote ¤pauñmhn êm�w oÞktÛrvn.Eu não parava de vos lamentar. [lamentando] (part. pres.)

M¯ k�mnúw fÛlon �ndra eéergetÇnNão cesses de fazer o bem a um amigo querido [fazendo o bem].(part. pres.)

Paæsomai toçw ¤xyroçw gelÇntaw.Eu farei os adversários pararem de rir. [rindo] (part. pres.)

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287o verbo grego: formas nominais

oß �AyhnaÝoi ¤m¢ êp°rjan �dika poioèntewOs atenienses começaram primeiro fazendo-me injustiça (part. pres.)

�Hrxñmeya dialegñmenoi.Começávamos a dialogar [dialogantes] (part. pres.)

oß Lakedaimñnioi oék ¤paæsanto t�w pñleiw kakÇwpoioèntewOs lacedemônios não pararam de prejudicar [prejudicando] as cida-des. (part. pres.)

�H pñliw oéd¡pote ¤kleÛpei toçw teleut®santaw timÇsaA cidade nunca deixa de honrar [honrando] os finados (part. pres.)

� verbos com sentido de estar certo ou errado, fazer o bem ou o mal,ser superior ou inferior a

aÞdoèmai (e) eu tenho pudor em (fazendo)aÞsxænomai eu sinto vergonha, pudor em�dikÇ(e) eu sou injusto em (fazendo)�ganaktÇ(a) eu me irrito, acho ruim�gapÇ(a) eu gosto (de fazer) fazendo�mart�nv eu ajo mal, eu falho, peco em�xyomai eu me indigno, acho ruim´domai eu tenho prazer em (fazendo)²ttÇmai(a) eu sou inferior emkakÇw poiÇ(e) eu faço (ajo) mal em (fazendo)kalÇw (eï) poiÇ(e) eu faço (ajo) bem em (fazendo)karterÇ (e) eu agüento, suporto (fazendo)kratÇ(e) eu domino em (fazendo)leÛpomai eu fico para trás emlupoèmai (e) eu me aflijo em (fazendo)nikÇ(a) eu venço em (fazendo)st¡rgv eu gosto (de fazer) fazendoxalepÇw f¡rv eu suporto mal (fazendo)xaÛrv eu me alegro em (fazendo)

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Page 288: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

288 o verbo grego: formas nominais

�AdikeÝte pol¡mou �rxontew kaÜ spond�w læontewVós agis mal [sois injustos] ao começar a guerra e romper os trata-dos [começando e rompendo entrada no ato verbal]

�Hdomai �koævn sou fronÛmouw lñgouw.Sinto prazer ouvindo palavras sábias de ti (simultâneo)

di� tÛ met� ¤moè xaÛrousÛ tinew diatrÛbontew; ÷ti xaÛrousi¤jetazom¡noiw toÝw oÞom¡noiw eänai sofoÝw.Por que alguns se alegram entretendo-se comigo? porque se alegramem pesquisar [pesquisando] com os que são considerados sábios.

p�w �n¯r ´detai tò fÇw õrÇntodo homem sente prazer vendo a luz (simultâneo)

õ d¢ fresÜ t¡rpet� �koævn (Hom.)ele se alegrava na mente ouvindo [ao ouvir, em ouvir, em ouvindo,enquanto ouvia]

kalÇw ¤poÛhsaw proeipÅnfizeste bem tendo falado antes [em falar antes, em ter falado antes]

kreÛssvn ·sya mhk¡t� Ìn µ zÇn tuflñwtu eras melhor não mais existindo do que vivendo cego [se não maisexistisses do que se vivesses cego]

¤moÜ xarÛzou �pokrinñmenowsê-me agradável respondendo-me [em responder]

karterÇ �koævneu agüento escutando [escuto pacientemente]

aÞsxænomai toèto l¡gvneu sinto vergonha dizendo isso

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Page 289: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

289o verbo grego: formas nominais

b) Particípio predicativo de sujeito oracional

Podemos incluir nessa construção de �particípio conjunto� aquiloque as gramáticas denominam de �acusativo absoluto�: na verdade sãosujeitos oracionais em que o particípio aparece como predicativo do sujeito- neutro, naturalmente.

A confusão se originou disto: o nominativo do particípio neutro éigual ao acusativo.

Vejamos os exemplos:

¤jòn eÞr®nhn �gein oédeÜw pñlemon aßr®setai.sendo permitido conduzir a paz, ninguém escolherá a guerra.¤jñn é nominativo neutro, predicativo do sujeito que é a frase toda.

DuoÝn kakoÝn oédeÜw tò meÝzon aßreÝtai, ¤jòn tò ¦latton(Plat.)De dois males [entre dois males] ninguém escolhe o maior, sendopermitido [escolher] o menor. (duoÝn kakoÝn é um dual)

poll�kiw ¤jòn êmÝn pleonektèsai oék ±yel®satemuitas vezes sendo-vos possível ficar grandes, não quisestes.

oß Surakoæsioi kraug» oék ôlÛgú ¤xrÇnto �dænaton øn¤n nuktÜ �llÄ tÄ shm°nai (Plat.)os Siracusanos se serviam de não pouco alarido, sendo impossívelfazer sinais durante a noite com um outro meio.

oéd¢ dÛkaiñn moi dokeÝw ¤pixeireÝn pr�gma, sautònprodoènai, ¤jòn svy°naiNão me pareces estar fazendo um negócio justo ao te entregares,sendo possível ser salvo.

oéxÜ ¤sÅsam¡n se oåñn te øn kaÜ dunatñn (Plat.)Nós não te salvamos, mesmo sendo viável e possível.

d°lon g�r ÷ti oäsya toèto, m¡lon g¡ soiPois é evidente que tu sabes isso, sendo tua preocupação.

eÞrhm¡non d�aétaÝw �pant�n, ¤ny�di eìdousi koéx ́ kousin(Aristóf.)(mesmo) estando dada a ordem de as mulheres se reunirem, elasestão dormindo e não vêm.

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290 o verbo grego: formas nominais

sundñjan tÒ patrÜ kaÜ t» mhtrÜ gameÝ t¯n Kuaj�rouyugat¡ratendo parecido bem igualmente ao pai e à mãe, [Ciro] casa-se com afilha de Ciáxares (part. aor. neutro, pred. do suj.).

São bastante freqüentes essas construções de particípio neutro comfunção predicativa. As mais comuns são as seguintes:

aÞsxròn ön sendo feio, vergonhoso�nagkaÝon ön sendo inevitável, forçosodedogm¡non dokÇ(e) tendo-se chegado à conclusãodñjan dokÇ(e) tendo parecido (bem)dokoèn parecendo bemdunatñn/�dænaton ön sendo possível/impossíveld¡on (d¡v) sendo necessário, precisoeÞrhm¡non tendo sido dito, está dito¤nñn (¦neimi), parñn (p�reimi) sendo possível, permitidokalÇw parasxÅn tendo sido oportunolegñmenon sendo dito, correndo o boato de quemetam¡lon havendo arrependimento dem¡lon (m¡lomai) havendo o cuidadopar¡xon (par¡xv) sendo oportunopr¡pon (pr¡pv) sendo decentepros°kon (pros®kv) sendo convenienteprostaxy¡n (prost�ttv) tendo sido estabelecido

Em todas essas construções, que correspondem às reduzidas de ge-rúndio ou de particípio em português, quer na voz ativa, média ou passi-va, basta traduzirmos os particípios em seu verdadeiro sentido e teremoso significado claro. Todos os particípios gregos são adjetivos e concor-dam com o sujeito, de quem são aposto e com os objetos de que sãopredicativos, em gênero, número e caso.

Esse �particípio conjunto� (= predicativo ou do sujeito da princi-pal ou do sujeito/objeto da subordinada completiva) pode ser visto tam-bém em uma série de orações subordinadas, complementos de verbos queexprimem percepção pelos sentidos ou pela mente:

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Page 291: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

291o verbo grego: formas nominais

�gnoÇ(e) eu ignoro, eu desconheço (que)�koæv eu ouço (que)�lÛskomai eu me convenço (sou cooptado)aÞsy�nomai eu percebo, eu sinto(�po)faÛnv eu revelo, anunciogignÅskv eu tomo conhecimentodeÛknumi eu mostro, demonstro (que)dhlÇ(o) eu mostro, eu revelo(¤j)agg¡llv eu anuncio, denuncio¤jel¡gxv eu convenço, eu provoeêrÛskv eu acho, encontro¤pilany�nomai eu esqueço de (que)¤pÛstamai, oäda eu sei (que)katalamb�nv eu compreendo, depreendo, percebolamb�nv eu �pego�, percebo, entendomany�nv eu entendo (que)m¡mnhmai eu me lembro, estou lembradojænoida ¤mautÒ tenho consciência que (sei comigo mesmo que)õrÇ(a) eu vejo (que)periorÇ(a) eu deixo passarpuny�nomai eu venho a saber, eu me informosunÛhmi eu entendo, eu percebo

A lista não é exaustiva, mas contém a maioria dos verbos de per-cepção pelos sentidos ou pela inteligência.

A expressão do objeto direto (ou indireto) desses verbos pelo parti-cípio (geralmente predicativo do objeto direto) deve ser entendida a par-tir do significado deles e do tipo de ação que eles exercem sobre o obje-to: o campo da percepção é limitado e dinâmico e só uma forma verbalao mesmo tempo processante e nominal, limitada e dinâmica, pode ex-primir essa relação. Daí o uso necessário do particípio.

Contudo, quando o objeto de alguns desses verbos não é fechado,circunscrito, com verbos de ligação, que acrescentam idéia de qualidadeou estado, esse objeto, ou oração objetiva é expresso por um infinitivo,com o sujeito dele no acusativo. Veremos nos exemplos que seguem:

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Page 292: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

292 o verbo grego: formas nominais

Éw eädon aétoçw pel�zontaw, oß leúlatoèntew eéyçw �f¡n-tew t� xr®mata ¦feugonAssim que os viram se aproximando [aproximantes, que se aproxi-mavam] os saqueadores rapidamente, jogando [tendo jogado] osobjetos, fugiram.

Xersñnhson kat¡maye pñleiw §ndeka µ dÅdeka ¦xousanEle veio a saber que Quersoneso tinha onze ou doze cidades

³kous� pote Svkr�touw perÜ fÛlvn dialegom¡nouOuvi certa vez Sócrates discutindo sobre amigos.

³kouse Kèron ¤n XilikÛ& öntaOuviu que Ciro estava na Cilícia.

¤peid�n aÞsy�nhsye ¤moè ¤pitiyem¡nou toÝw tò d¡jion k¡rawtñte kaÜ êmeÝw kay�êm�w ¤pixeireÝte.Quando perceberdes que eu estou fazendo carga sobre os da ala di-reita, então, também vós, por vós mesmos, tomai iniciativa.

pesñnta BrasÛdan oß m¢n �AyhnaÝoi oék aÞsy�nontai oß d¢plhsÛon �rantew �p®negkanOs atenienses não percebem que Brásidas caiu [tendo caído Brási-das], mas os que estavam perto tendo-o levantado levaram-no.

toÝw ¤pixeir®masin ¥Årvn oé katoryoèntew kaÜ toçwstratiÇtaw �xyom¡nouw t» mon», (Tucid.)[Os atenienses] viam não prosperantes com as iniciativas e os solda-dos aborrecidos com a demora.

�mfñter� oïn oäde kaÜ aêtòn êmÝn ¤pibouleænta kaÜ êm�waÞsyanom¡nouw. (Dem.)Ele sabe as duas coisas: que ele próprio está conspirando contra vós eque vós estais percebendo.

¤mautÒ g�r sun»dein oéd¢n ¤pistam¡nÄ (Plat.)Pois eu sabia em minha consciência [era ciente] que nada sabia[nada sabendo].

¤gÆ oëte m¡ga oëte smikròn jænoida ¤mautÒ sofòw Ên(Plat.)Por mim, eu sabia comigo mesmo que eu nem em pouco nem emgrande [coisa] era sábio [sendo].

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Page 293: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

293o verbo grego: formas nominais

¤keÝnoi junÛsasi Mel®tÄ m¢n ceudom¡nÄ ¤moÜ d¢ �lh-yeæonti (Plat.)Esses aí têm consciência com Meletos que ele está mentindo e co-migo que estou dizendo a verdade.

mas,

�koæv eänai ¤n tÒ strateæmati ²mÇn �RodÛouwOuço existirem ródios em nosso exército.

c) Genitivo absoluto

Há ainda algumas construções de orações reduzidas de gerúndioou de particípio, em que a oração participial ou gerundiva está isolada(ab-soluta) da oração principal por ter um sujeito diferente, solto, à par-te, ab-soluto.

De fato, são dois assuntos diferentes, dois sujeitos independentes,embora semanticamente interligados. A denominação �absoluto� é de cu-nho formalista; registra apenas a ausência do conetivo.

Essa separação, essa independência, essa soltura, quando expressapor uma oração reduzida de particípio é chamada pelos gramáticos de �ge-nitivo absoluto�, isto é, solto, desligado em grego, e �ablativo absoluto�em latim.

Nesses casos o grego e o latim têm um tratamento especial: pelofato de as orações subordinadas (participiais ou gerundivas) estarem dis-tantes, separadas (ab-solutas) da oração principal, o grego põe o particí-pio e seu agente (na voz ativa e média), ou seu paciente (na voz passiva)no genitivo, e o latim põe o particípio ou gerúndio no ablativo (genitivoe ablativo, repectivamente, sendo os casos de separação �ab-solutos�).

�Epi Kærou basileæontow.Em Ciro reinando [reinante, enquanto reinava, durante o reina-do]. (part. pres. aposto)

¼syñmhn aétÇn oÞom¡nvn eänai sofvt�tvn (Plat.)Eu percebia que eles acreditavam [eles acreditando] ser os mais sá-bios [que eram muito sábios] (part. pres.)

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294 o verbo grego: formas nominais

Diabebhkñtow ³dh Perikl¡ouw ¤w Eëboian ±gg¡lyh aétÒ÷ti M¡gara �f¡sthken. (Tuc.)Tendo já Péricles atravessado para a Eubéia, foi-lhe anunciado queMegara estava separada (distante).

xalepòn ÷ron ¤piyeÝnai taÝw ¤piyumÛaiw êphretoæshw¤jousÛawÉ difícil pôr um limite às paixões havendo excesso de riqueza [exis-tindo recursos, possibilidade].

oék �n ·lyon deèro êmÇn m¯ keleus�ntvneu não teria vindo aqui se vós não tivésseis ordenado [vós não tendoordenado].

Kèrow �n¡bh ¤pÜ t� örh oédenòw kvlæontow (Xen.)Ciro chegou ao topo da colina sem que ninguém o impedisse [nin-guém o impedindo].

tÇn svm�tvn yhlunom¡nvn kaÜ aß cuxaÜ polç �rrvstñ-terai gÛgnontai (Xen.)Os corpos efeminando-se também as almas se tornam muito maisfracas.

Éw ²dç tò z°n m¯ fyonoæshw t°w tæxhwcomo é agradável viver quando a Fortuna não tem inveja! [a Fortu-na não tendo inveja]

shmany¡ntvn ÷ti pol¡mioÛ eÞsin ¤n t» xÅr&, ¤jebo®yei.(Xen.)Tendo sido dados indícios de que os inimigos estavam [estão] nopaís, partiu em socorro.

Prospesñntow ußòn gegon¡nai tÒ basileÝ. (Plat.)Tendo caído [a notícia] de ter nascido um filho ao rei.

¤j°n soi ¥koæshw t°w pñlevw toèto poi°sai (Plat.)Era [te] possível, a cidade estando conivente, fazer isso.

Kærou basileæontow oß P¡rsai ¤kurÛeusan tÇn M®dvnCiro reinante [durante o reinado de Ciro], os Persas dominaramos Medos.

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295o verbo grego: formas nominais

Druòw pesoæshw p�w �n¯r juleæetaiO carvalho tendo caído [caído o carvalho, depois que o carvalho caiu]qualquer homem faz lenha.

toætvn �nagignvskom¡nvn pros¡xete tòn noènessas coisas sendo lidas - enquanto são lidas! - prestai atenção.

Perikl¡ouw ²goum¡nou poll� kaÜ kal� ¦rga �pedeÛjantooß �AyhnaÝoiPéricles dirigente [sob a direção de, no governo de Péricles], os Ate-nienses produziram muitas e belas obras.

g¡noit� �n p�n yeoè texnvm¡nouA divindade dando condições, tudo poderia acontecer.

�popleÝ oÞk�de kaÛper m¡sou xeimÇnowEle embarca para casa, mesmo sendo pleno [no meio do] inverno.

oé deÝ �yumeÝn Éw oék eét�ktvn öntvn �AyhnaÛvnNão é preciso perder ânimo como os Atenienses não estando bemorganizados.

¤gÆ toætouw eárhka lñgouw oéx Éw oédemi�w �llhw ¤noæ-shw ¤n toÝw pr�gmasi svthrÛaw �ll� boulñmenow (Isócr.)Eu pronunciei esses discursos não (por) não havendo na situaçãopresente nenhuma outra salvação, mas porque eu queria [querendo].

polloÛ kat¡bhsan kaÜ �te yevm¡nvn tÇn ¥taÛrvn poll¯filoneikÛa ¤gÛgnetoMuitos desceram [à arena] e [porque] os companheiros estando assis-tindo, originou-se uma grande emulação.

d) O particípio com conetivo

Como em português, em que as reduzidas de gerúndio e particípiopodem ser modificadas por uma conjunção que explicita o conteúdo dasubordinada, assim também, em grego, o particípio pode vir modificadopor uma conjunção que faz lembrar o modo que seria empregado se aoração permanecesse conjuncional.

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296 o verbo grego: formas nominais

� a idéia de causa (causal)conjunções: �te, oåon, oåa d®, (causa real, objetiva) Éw, (causa sub-jetiva, pessoal) Ësper (lat. quod).A conjunção nem sempre é expressa.

sunetòw pefukÆw feège t¯n panourgÛanTendo nascido inteligente, evita a malvadeza [porque nasceste in-teligente, inteligente de nascença] (p. perf.)

Kèrow, �te paÝw Ìn kaÜ filñkalow kaÜ filñtimow, ´detot» stol». (Xen.)Ciro, sendo criança e amante de belas coisas e de honras, comprazia-se com roupas [porque era] (p. pres.: simultaneidade com ação doverbo principal)

Éw oïn �phllagm¡noi tÇn kakÇn ²d¡vw ¤koim®yhsan(Xen.)Como se livrados de todos os males eles adormeceram com prazer[porque, como se] (p. perf. pas.: resultado da ação)

�Ate ¤jaÛfnhw ¤pipesñntew poll� �ndr�poda ¦labonTendo-se precipitado [caído em cima] de repente, fizeram muitosprisioneiros. [porque se precipitaram] (p. aor.: anterioridade)

� a idéia de tempo (temporal)conjunções: �ma - ao mesmo tempo; eéyæw, aétÛka - imediatamente;metajæ - nesse meio tempo, nesse intervalo; ¦ti - ainda; Ëw - assim que.A conjunção nem sempre é expressa.

²dç svy¡nta memn°syai pñnvn (Eur.)É agradável tendo sido salvo lembrar-se dos sofrimentos [depois deter sido salvo] (p. aor. pass. anterioridade)

�ma poreuñmenoi ¤m�xontoAo mesmo tempo que marchavam, lutavam [marchando] (part. pres.simultaneidade)

metajç deipnoèntew ¤jan¡sthsanenquanto almoçavam, levantaram-se [levantaram-se no meio da re-feição, almoçando] (p. pres. simultaneidade)

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297o verbo grego: formas nominais

eéyçw paÝdew öntewdesde a infância [direto sendo crinças] (part. pres. simultaneidade)

pollaxoè me ¤p¡sxe l¡gonta metajæ (Plat.)Muitas vezes [em muitas passagens] ele se intrometeu, enquanto eufalava [interrompeu minha fala, eu falando] (part. pres. simultaneidade)

Íw �ra fvn®saw �peb®seto (Hom.)assim que disse isso, foi embora [tendo dito] (part. aor.: anterioridade)

� a idéia de finalidade (final)Expressa-se pelo particípio futuro só ou com a conjunção: Éw se-

guida do particípio futuro = idéia de eventualidade:

sun®lyomen ôcñmenoiNós nos reunimos para ver [viemos havendo de ver]

sullamb�nei Kèron Éw �poktenÇnEle manda prender Ciro para matá-lo [havendo de matar]

oß �AyhnaÝoi pareskeu�zonto Éw polem®sontewOs atenienses estavam se preparando para a guerra [para guerrear;havendo de guerrear]

kataskecom¡nouw ¦pempe tÛ pr�ttoi KèrowEle enviou batedores [os havendo de observar] o que Ciro estava fazendo

� a idéia de concessão (concessiva)conjunções: kaÛper, kaÛ - ainda que, mesmo se, mesmo

÷mvw kaÛ - mesmo que

polloÜ g�r kaÜ öntew eégeneÝw eÞsi kakoÛMuitos, com efeito, mesmo sendo de boa origem, são maus (part.pres., estado permanente)

EÞs®lyete êmeÝw kaÛper oé didñntow nñmouVós chegastes, mesmo a lei não permitindo. (part. pres.)

sumbouleæv soi kaÛper neÅterow Ên (Xen.)estou te aconselhando, mesmo sendo mais jovem (part. pres.)

kaÛper p�nu �gayòw Ên (Plat.)mesmo sendo muito bom (part. pres.)

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298 o verbo grego: formas nominais

� a idéia de condição (condicional)conjunções: eÞ = se > supositivo potencial; ¤�n = se> supositivo even-tual na condicionante (prótase - subordinada) e �n na condicionadapotencial ou futuro na condicionada eventual (apódose - principal).

dÛkaia dr�saw summ�xouw §jeiw yeoæwTendo agido bem [tendo praticado coisas justas] terás os deuses alia-dos [caso ajas bem, tendo agido bem] (part. aor. anterioridade emrelação ao verbo principal e o eventual por ser uma proposição futura)

FÛlippow PoteÛdaian dunhyeÜw �n aétòw ¦xein eÞ ¤boul®yh�OlunyÛoiw par¡dvken. (Dem.)Felipe, tendo podido [teria podido], se assim o quisesse, manter Poti-deia, entregou-a aos Olíntios. (part. aor. com �n = irreal do passado)

oék �n dænaio m¯ kamÆn eédaimoneÝnTu não poderias ser feliz não tendo feito esforço [caso não tenhasfeito, se não fizeres] (part. aor.= anterioridade = irreal do passado)

fanerñw ¤sti toèto oék �n poi®saw eÞ m¯ katoryÅsein³lpizenÉ evidente ele não ter feito isso [não tendo feito] se não esperassehaver de dar certo. [é evidente que ele não teria feito] (part. aor.=anterioridade, irreal do passado)

�EgÅ eÞmi tÇn ²d¡vw �n ¤legj�ntvn eà tÛw ti m¯ �lhy¢wl¡goi. (Plat.)Sou dos que prazerosamente teriam refutado [mas não refutei] se al-guém não dissesse a verdade. (part. aor., irreal do passado)

Oék �n ·lyon deèro êmÇn m¯ keleus�ntvnEu não teria vindo aqui se vós não tivésseis mandado [vós não ten-do mandado] (part. aor., irreal do passado).

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299o verbo grego: formas nominais

Infinitivo

É o verbo-substantivo. É a noção substantiva do ato verbal, tam-bém de uso intenso em grego por trazer um significado mais concreto aoato verbal.

O infinitivo não é uma forma verbal propriamente dita; semanti-camente é a virtualidade, a essência, a noção substantiva do verbo (pro-cesso ou estado). Por isso ele é um substantivo e se comporta como tal.

A denominação �infinitivo� é mero decalque do grego �par¡m-faton, que os gramáticos latinos traduziram por �infinitiuus�, isto éinflexionável. É assim que deve ser entendido no latim e nas línguas ro-mânicas, por oposição aos modos finitos, isto é flexionáveis. É uma deno-minação de cunho descritivista. Mas ela é verdadeira só no grego; não oé nem em latim nem nas línguas românicas.

O termo grego �par¡mfaton não é formalista, é semântico;significa: �que não diz a partir de si mesmo�, �que não define claramen-te�, não determinativo ou indicativo, isto é, nele mesmo ele não tem re-lação nem com o agente ou paciente. Ele não é =°ma, isto é, não tem asdesinências pessoais que referem ao [são a marca de] sujeito agente oupaciente.

Essa denominação, contudo, foi perdendo seu conteúdo semânticotambém no grego, porque no grego o infinitivo é verdadeiramente infle-xionável, visto que o grego tem artigo e que todas as funções exercidaspelo infinitivo, que é verbo-substantivo, são expressas pela flexão do artigo.

Como substantivo, o infinitivo pode ter todas as funções do substan-tivo, mas ele é invariável, não tem casos (daí a denominação de �infinito�invariável por oposição às formas �finitas� variáveis). É que no grego oscasos do infinitivo se exprimem pela flexão do artigo, diferentemente dolatim. O latim não tem artigo e por isso se viu diante da necessidade decriar uma ptÇsiw, um caso para o verbo-substantivo, sobretudo nas re-lações concretas, criando as formas do gerúndio.

complemento de direção -ndumlugar onde -ndolugar de onde -ndoinstrumental -ndocomplemento limitativo (nominal) -ndi

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300 o verbo grego: formas nominais

Em grego, por causa da existência do artigo, o infinitivo pode serusado nas três vozes: ativa, média e passiva e nos três aspectos: infectum,aoristo e futuro e perfectum, porque o artigo assume todos os casos.

Em latim, o uso do infinitivo/gerúndio só se encontra na voz ativae nos depoentes, que são verbos de voz média, portanto ativos, mas só noinfectum.

Os outros infinitivos só se usam nos casos sintáticos (nom. e acus.de obj. direto); as funções expressas no grego pelo acusativo de direção epelo ablativo e instrumental são expressas em latim pelo supino (-tu /tum).

Nas línguas românicas, só restam as funções circunstanciais, ad-verbiais -ndo (menos no francês, que usa a forma invariável do particípioativo do infectum -nt mas o chama de �gérondif �).Podemos então formar um quadro da flexão do Infinitivo.

Português Grego LatimNom. (o) escrever (tò) gr�fein scribereVoc.Acus. (o.d.) escrever (tò) gr�fein scribereAcus. (dir.) para escrever eÞw tò gr�fein ad scribendumGen. de escrever toè gr�fein scribendiDat. ao escrever6 tÒ gr�fein scribendoLoc. no escrever7 ¤n tÒ gr�fein in scribendo

em escrevendoInstr. pelo escrever tÒ gr�fein scribendo

escrevendoAbl. de escrever8 �pò toè gr�fein a scribendo

6 É o dativo de complemento nominal; por exemplo: semelhante, igual ao escrever.7 A gramática latina nos passou as relações de locativo e instrumental incluídas no

ablativo. Nós já vimos que é um erro. Ao dizermos que em escrever/em escrevendo éum locativo, estamos pensando na relação concreta, espacial - dentro do ato de es-crever. Como se trata de um infectum, inacabado, a relação de duração > tempo énatural; por isso, na medida em que é uma incidência num processo, o locativonesse caso tem um sentido temporal.

8 O ablativo (separativo/de onde) significa eu venho de escrever, do ato de escrever.

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301o verbo grego: formas nominais

Pode-se ver que, em português, o gerúndio ablativo é menos fre-qüente do que o locativo/temporal e instrumental.

Há muita coerência nesses dois casos, porque a noção temporal deduração e instrumental de passagem do ato verbal pelo instrumento inertecombinam com o aspecto do infectum-durativo-presente, do ato verbal emseu desenvolvimento. A do ablativo, que é a noção de separação, pontode partida, é menos natural.

Só existe gerúndio no presente (infectum, inacabado, durativo).Em grego há tantos infinitivos quantos são os temas; são três os

temas, um para cada aspecto - infectum, perfectum, aoristo, e futuro,que é um desdobramento do aoristo e construído sobre o mesmo tema.E cada tema tem infinitivos das três vozes. Os infinitivos médios e passi-vos no infectum e no perfectum são formalmente idênticos.

Há quatro infinitivos em grego:� Infinitivo presente (tema do infectum, inacabado) ativo e médio /passivo;� Infinitivo aoristo (tema do aoristo) ativo, médio e passivo;� Infinitivo futuro (tema do aoristo) ativo, médio e passivo;� Infinitivo perfeito (tema do perfectum, acabado) ativo e médio /passivo.

Não há idéia de tempo no infinitivo; prevalece a noção de aspecto.

� o infectum (presente-inacabado) traz a idéia de ato em desenvolvimen-to e simultaneidade com o verbo principal.

� o aoristo (pontual) traz a idéia absoluta, pura do ato verbal; mas, numcontexto narrativo, pode exprimir uma anterioridade em relação ao verboprincipal (fato isolado, pontual).

� o futuro, sempre dependente de verbos de vontade ou intenção ou mo-vimento, remete o ato absoluto, puro, para frente.

� o perfectum (acabado) exprime o término (ativo e médio) e o resultadoda ação (passivo).

Resumindo, o infinitivo grego é um substantivo verbal neutro sin-gular que pode ser declinado com o artigo.

Por conseguinte:1. Ele não tem adjunto adnominal (epíteto), mas é modificado pelo ad-

vérbio; (a �qualidade� de um processo ou estado é uma idéia de modo/instrumento).

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302 o verbo grego: formas nominais

2. Todas as suas funções como nome são expressas pela flexão do artigo,já que ele é indeclinável (infinito).

3. Sendo verbo, ele pode ter sujeito, predicativo, complementos, e podeser sujeito e predicativo, porque é substantivo. Nesse caso o predicativoé neutro, porque o infinitivo é um substantivo neutro (isto é, não temgênero); e pode ter complementos, porque não perde sua natureza verbal.

Empregos do Infinitivo:

I. O infinitivo é substantivo e verbo

O fato de o infinitivo ser substantivo e verbo permite que ele te-nha todas as funções do substantivo semanticamente compatíveis e queao mesmo tempo ele possa ser o núcleo de uma oração a que chamare-mos de infinitiva.

1. O infinitivo como verdadeiro substantivo: teríamos o equivalente portu-guês: �o pôr-do-sol�, �o comer�, por exemplo.

�nyrÅpvn ¤stin tò �mart�neino errar é [próprio] dos homens (suj. de ¤stin)

2. O infinitivo como mero enunciado da ação: �precisa comer para viver�.¤pÛstamai neÝneu sei nadar (inf. comp. obj. dir.)

3. O infinitivo como núcleo de uma oração infinitiva: neste caso, ele temum sujeito, expresso ou não, mas diferente do verbo ou da oração daqual depende:

�Vejo os homens correr�. O verbo vejo é o verbo principal, cujo su-jeito não expresso é eu; os homens é sujeito de correr; os homens correré oração infinitiva complemento de objeto direto de vejo.

oék �n¡meinen ²m¡ran gen¡syaiele não esperou o dia acontecer (²m¡ran gen¡syai é complemen-to da principal cujo sujeito é ele; ²m¡ran é sujeito de gen¡syai eestá no acusativo)

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303o verbo grego: formas nominais

Não há diferenças essenciais nestas três construções; porém é pre-ciso fazer algumas observações a respeito da oração infinitiva:

a) Numa grande maioria de casos ela é uma completiva, e o sujeito doinfinitivo é geralmente o complemento de objeto direto do verbo prin-cipal: vejo os homems - cumprindo a ação de - correr, daí é normal ouso do acusativo no sujeito da oração infinitiva.

T°w �ret°w oéd¡na deÝ Þdivteæein (Plat.)É preciso ninguém ser leigo da virtude (suj. de deÝ )

b) O que reforça esta idéia de primazia de relação do sujeito da oraçãoinfinitiva com o verbo principal são os casos ditos de atração de casos:

nèn soi ¦jesti �ndrÜ [�ndra] gen¡syai9

Agora te é possível tornares-te homem (atração de caso: gen¡syaié inf. suj. de ¦jesti, seu predicativo: �ndrÜ está no mesmo casoque o comp. de atrib. soi do verbo ¦jesti, o sujeito acusativo degen¡syai não sendo expresso)

c) O predicativo do sujeito do infinitivo terá normalmente o mesmo caso(eventualmente o mesmo número e gênero se for adjetivo) que o su-jeito do infinitivo

strathgoè ¤sti maxom¡nou [maxñmenon] �poyaneÝné [dever] do comandante morrer lutando (inf. suj. de ¤sti; maxo-m¡nou é predicativo de strathgoè complemento de ¤sti e su-jeito, no genitivo, de �poyaneÝn)

4. Tanto o infinitivo como a oração infinitiva se comportam como umsubstantivo neutro singular e, se tiverem um predicativo adjetivo, eleserá neutro singular.

tò ceædesyai aÞsxrñn ¤stin(o) mentir [ser mentiroso] é feio (suj. de ¤stin)

As completivas se constroem com o predicativo do objeto diretoou predicativo do sujeito, se o sujeito da completiva e o da principal éo mesmo; nesse caso o sujeito da completiva nem sempre é expresso;e quando o é, seu caso depende de sua função: se predicativo do sujei-

9 Neste exemplo e no seguinte o normal seria �ndra predicativo do sujeito implí-cito se é maxñmenon.

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304 o verbo grego: formas nominais

to da principal, o caso é nominativo, se predicativo da subordinadacompletiva objetiva direta, o caso é acusativo.

¤keÝnoi [oß P¡rsai] ¤pÜ tÒ sÛtÄ oàontai deÝn frñnimoi kaÜm¡trioi faÛnesyaiEles [os Persas] crêem ser necessário mostrarem-se sensatos e come-didos às refeições [no comer]. (o suj. de oàontai (principal) e defaÛnesyai é o mesmo: e faÛnesyai é o sujeito de deÝn que éobjeto de oàontai; o sujeito de faÛnesyai é nominativo e nãoacusativo = frñnimoi kaÜ m¡trioi são predicativos do sujeito defaÛnesyai no nom.).

II. Funções do infinitivo e da oração infinitiva

Dentro da frase, o infinitivo e a oração infinitiva podem ter todasas funções do substantivo; vejamo-las.

1. Infinitivo sujeito:

a) Freqüentemente ele é sujeito da oração inteira.As gramáticas o apresentam como sujeito de �verbos ou expres-

sões impessoais�10, como:gÛgnetai - ¤g¡neto acontece, aconteceudeÝ (d¡on ¤stin) é preciso, é deverdiaf¡rei difere, importa (interest)dokeÝ parece (bem), agrada (placet)¦nestin está em, é possível¦jesti (¦sti) é possível, é permitidop�restin a ocasião se apresenta, é possívelpr¡pei, pros®kei convém (decet)sumbaÛnei sucede (que) acontecesumf¡rei é útil, proveitoso, bomxr® é bom, é necessário (opus est, oportet)

10 Admitir a impessoalidade é admitir a possibilidade de um enunciado sem sujeito,isto é, sem essência. O que acontece é que o sujeito do verbo �impessoal� é oenunciado todo; por isso o verbo está na terceira pessoa.

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305o verbo grego: formas nominais

Com predicativos neutros (adjetivos):

�dænaton / dunatñn impossível, possíveldÛkaion justo¤pÛdojon presumível¤pit®deion vantajoso, convenientekalñn / aÞsxrñn belo, feiooåon possível, viável¦sti / ·n / ¦stai / eàhn: é, era, será, seria

tò froneÝn eédaimonÛaw prÇton êp�rxeiO pensar a felicidade é a coisa que está em primeiro lugar (suj. deêp�rxei)

tò �mart�nein (aétoçw) �nyrÅpouw öntaw oéd¢n yaunastñnO falharem sendo homens, em nada é admirável (suj. de yau-mastñn [¤stin])

tò t�w ²don�w feægein kalñn ¤stinO evitar [fugir de] os prazeres é belo (suj. de kalñn ¤stin)

tò kalÇw z°n xalepñnO viver bem é difícil (suj.de xalepñn [¤stin])

sumbouleuñmey� soi tÛ xr¯ poieÝn (Xen.)Nós estamos nos aconselhando contigo [sobre] o que é preciso fazer.(suj. de xr¯ )

Xr¯ m®te xrhm�tvn feÛdesyai m®te pñnvn (Plat.)É preciso não poupar despesas nem sacrifícios (suj. de xr¯)

¦doj¡ moi eÞw lñgouw soi ¤lyeÝn (Xen.)Pareceu-me [bem] vir para uma conversa contigo (suj. de ¦doje)

�pi¡nai ¦jestinÉ permitido [possível] ir embora (suj. de ¦jestin )

�eÜ kr�tistñn ¤sti t�lhy° l¡geinÉ sempre muito melhor dizer a verdade (suj. de ¤sti )

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306 o verbo grego: formas nominais

õmoÛvw aÞxrñn �koæsanta xr®simon lñgon m¯ mayeÝn kaÜdidñmenñn ti �gayòn par� tÇn fÛlvn m¯ labeÝn (Isócr.)É semelhantemente feio não entender tendo ouvido uma palavraútil quanto não aceitar alguma coisa boa dos amigos (infinitivossujeitos de. aÞxrñn [¦stin])

¦doj¡ moi m¯ sÛga tò ploèn poieÝsyaiPareceu-me bem [eu decidi] não fazer a viagem em segredo. (inf.suj. de ¦doj¡)

¦doje pleÝn tòn �Alkibi�dhnDecidiu-se Alcibíades embarcar. [pareceu bem] (inf. suj. de ¦doje)

aÞsxròn tÒ parñnti kairÒ m¯ xr°syaiÉ uma vergonha não se apropriar da ocasião que se apresenta [domomento presente] (inf. suj. de aÞsxròn ¤stin).

DeÝ se yeoseb° eänaiÉ preciso tu seres piedoso [que sejas] (inf. suj. de deÝ).

xr° toçw eï pr�ttontaw t°w eÞr®nhw ¤piyumeÝn (Isócr.)É preciso os que estão bem desejar [em] a paz (suj. de xr° )

xr¯ tolm�n xalepoÝsin ¤n �lgesi keÛmenon �ndraÉ preciso o homem encontrando-se em dores cruéis ter coragem(suj. de xr¯ )

kaÜ �Ellhni kaÜ barb�rÄ ¤g¡neto �d¡vw poreæesyaiAconteceu ao grego e ao bárbaro viajar sem temor (suj. de ¤g¡neto)

dokeÝ d¡ moi kaÜ Karxhdñna m¯ eänai (Plut.)Parece-me [sou de opinião] também Cartago não existir [não de-ver] (suj. de dokeÝ )

oék ¦stin eêreÝn bÛon �lupon oédenÛ (Eur.)Não é possível [permitido] a ninguém encontrar uma vida sem so-frimento. (suj. de oék ¦stin)

oé d®pou tòn �rxonta tÇn �rxom¡nvn ponhrñteronpros®kei eänai (Xen.)Não é sem dúvida conveniente o comandante ser pior do que oscomandados (suj. de pros®kei)

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307o verbo grego: formas nominais

�W Zeè labeÝn moi g¡noito aétòn Éw ¤gÆ boælomaiÓ Zeus, pudesse me acontecer eu pegá-lo, como desejo! (suj. deg¡noito)

jun¡bhn Ëste pol¡mou mhd¢n ¦ti �casyai mhdet¡rouw(Tuc.)Aconteceu de nenhum dos dois [inimigos] em nada acenderem aguerra [recomeçarem a guerra]. (suj. de �casyai )

b) As construções em que o adjetivo aparece em função predicativa do sujeitooracional, com o verbo em 3a pessoa, são freqüentemente substituídaspor uma expressão em que o adjetivo é predicativo do sujeito do verbo sere o infinitivo (ou oração infinitiva) é complemento do adjetivo:

Î Prñdike, sòw SimvnÛdhw polÛthw : dÛkaiow eä [dÛkaiñn¤stin] bohyeÝn tÒ �ndrÛ. (Plat.)Pródico, Simônides é teu concidadão; és justo ajudares o homem[é justo tu ajudares] (compl. nom. de dÛkaiow eä)

dÛkaiñw eÞmi zhmioèsyai [dÛkaiñn ¤stin ¤m¢ zhmioèsyai] (Xen.)Eu sou justo em ser castigado. [é justo eu ser castigado / estarsendo castigado] (compl. nom. de dÛkaiñw eÞmi )

�ndraw tin�w �p¡kteinan oé polloçw oã ¤dñkoun ¤pit®deioieänai êpejairey°nai = oîw ¤dñkei ¤pit®deion eänai êpejai-rey°nai. (Tuc.)[Os 400] mataram alguns homens, não muitos, os que pareciamser convenientes para serem eliminados [os que pareciam convenien-tes de serem eliminados] (compl. nom. de ¤pit®deioi eänai)

¤pidojñw eÞmi tuxeÝn t°w tim°w taæthw [¤pidojñn ¤stin ¤m¡](Isócr.)eu sou provável de encontrar essa honraria [é provável eu encon-trar] (compl. nom. de ¤pidojñw eÞmi)

c) Encontramos essa mesma construção com substantivos em função de sujei-to ou predicativo; nesse caso eles mantêm o próprio gênero. Em portu-guês, às vezes somos tentados a usar o infinitivo como complementonominal (= é hora de sair) ou sujeito (comandar a frota duas vezes nãoera costume...)

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308 o verbo grego: formas nominais

kÛndunñw ¤stin há risco de, há perigo denñmow ¤stin é costume, é normaËra / kairñw ¤stin é hora, é o momento (de)

�All� g�r ³dh Ëra �pi¡nai./ �pi¡nai Ëra ¤stin/Mas já é hora de ir embora (compl. nom. em português).

Ëra ²mÝn bouleæesyai (Xen.)É tempo [hora de] para nós deliberarmos [estar deliberando] (compl.nom. em português)

oé g�r nñmow aétoÝw dÜw tòn aétòn nauarxeÝn (Xen.)Não é costume entre eles [de] o mesmo [homem] comandar a frotaduas vezes.

2. Predicativo (aposto = particípio conjunto) do sujeito da frase principal:O sujeito nem sempre é expresso quando o sujeito do verbo prin-

cipal e do infinitivo é o mesmo.

�dikeÝsyai nomÛzei êf�²mÇn [aétñw]Ele pensa estar sendo prejudicado por nós (pred. do suj. de nomÛzei).

oß oÞnoxñoi f�skontew eänai [oß f�skontew oÞnoxñoi eänai]Os que diziam ser escanções (pred. do suj. de f�skontew).

�pallageÜw toætvn tÇn faskñntvn dikastÇn eänaiLiberado desses que diziam ser juízes (pred. do suj. de faskñntvn).

3. Infinitivo complemento do objeto direto e orações completivas.

a) Complemento de verbos enunciativos, declarativos

a.1) Infinitivo

PeÛyesyai many�neinAprender a obedecer (obj. dir. acus.).

aétò tò �poyn¹skein oédeÜw fobeÝtaiO morrer mesmo (obj. dir. acus.) ninguém teme.

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309o verbo grego: formas nominais

t� pur� oék ¦fh ÞdeÝn (aétñw)Ele não disse ter visto a fogueira [ele negou ter visto].

Kèrow êp¡sxeto �ndrÜ ¥k�stÄ dÅsein p¡nte mn�w [aétñw]Ciro prometeu haver de dar cinco minas a cada homem [que daria].

õmologÇ d¢ s��dikeÝn (¤gÅ)Concordo ser-te injusto [que eu estou / estar prejudicante]

õmologeÝw oïn perÜ ¤m¢ �dikow gegen°syai;Tu concordas ter-te tornado injusto a meu respeito?

a.2) Oração infinitiva, ou substituindo o indicativo

tò proeid¡nai tòn yeòn tò m¡llon kaÜ tò prosshmaÛneinÚ boæletai kaÜ toèto p�ntew kaÜ l¡gousi kaÜ nomÛzousin.O fato de a divindade prever o porvir e assinalar além do mais an-tecipadamente com o que ela quer, também isso todos afirmam epensam. (obj. dir. de kaÜ l¡gousi kaÜ nomÛzousin. - ou apostode isso, ele mesmo obj. dir. de kaÜ l¡gousi kaÜ nomÛzousin; po-sição de anacoluto).

¤rvtÅmenow d¢ podapòw eàh, P¡rshw m¢n ¦fh eänaiSendo perguntado de que país era [seria], disse ser Persa [que eraPersa] (obj. dir. de ¦fh).

tòn kalòn k�gayòn �ndra kaÜ gunaÝka eédaÛmona eänaifhmi, tòn de �dikon kaÜ ponhròn �ylion. (Plat.)O homem e a mulher belo[s] e bom[s] eu afirmo ser[em] feliz[es];o injusto e malvado, infeliz (obj. dir. de fhmi).

¤k®ruje d¢ labñntaw t� ÷pla kaÜ t� skeæh toçw stra-tiÅtaw ¤ji¡nai[Anaxíbio] fez anunciar que os soldados pegassem as armas e baga-gens e partissem [tendo pegado... partirem] (inf. obj. dir. de ¤k®ruje).

sofist¯n ônom�zousi tòn �ndra eänaiChamam esse homem de ser sofista (inf. obj. dir. de ônom�zousi).

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310 o verbo grego: formas nominais

b) Complemento objeto de verbos volitivosNa expressão de um desejo ou de um ato de vontade (verbos volitivos),

o objeto se exprime com o infinitivo ou com uma oração infinitiva.Substitui ou o subjuntivo ou o optativo.

b.1) Infinitivo

ßk¡teue m¯ aétòn �pokteÝnai (Lís.)Ele me suplicava não matá-lo (inf. aoristo obj. dir. de ßk¡teue).

kalÇw �koæein m�llon µ plouteÝn y¡le (Men.)Deseja [tu] antes ser louvado que ser rico (inf. obj. dir. de y¡le).

b.2) Oração infinitiva

taæthn t¯n xÅran ¤p¡trece diarp�sai toÝw �Ellhsin ÉwpolemÛan oïsan. (Xen.)[Ciro] destinou aos gregos saquearem aquele país por ser inimigo[sendo país inimigo] (obj. dir. de ¤p¡trece).

keleæv se ¦rxesyaiEu te ordeno vir (obj. dir. de keleæv).

tÛw se kvlæsei deèro badÛzein;Quem te impedirá de vir aqui? (obj. dir. de kvlæsei )

Kèrow ¤k¡leuse g¡furan zeugnænaiCiro ordenou construir [unir] uma ponte (obj. dir. de ¤k¡leuse).

perainÇ soi sig�nEstou te aconselhando calar [que cales] (obj. dir. de perainÇ)

õ fñbow tòn noèn �peÛrgei m¯ l¡gein � boæletaiO medo impede o intelecto de exprimir o que quer (obj. dir. de�peÛrgei).

(Kl¡arxow) toçw õplÛtaw ¤k¡leusen aétoè meÝnai t�w�spÛdaw pròw t� gñnata y¡ntaw, (Xen.)[Clearco] ordenou aos hoplitas permanecer no mesmo lugar colocan-do os escudos diante dos joelhos (inf. aoristo obj. dir. de ¤k¡leusen).

�peiloèsi BoivtoÜ ¤mbaleÝn eÞw t¯n �Attik®n (Xen.)Os Beócios ameaçam invadir a Ática (obj. dir. de �peiloèsi).

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311o verbo grego: formas nominais

c) Completivas (objeto direto) de verbos que enunciam um julgamento, umponto de vista, uma necessidade, uma possibilidade. Substitui o indicati-vo, ou o subjuntivo/futuro no caso da eventualidade ou o optativo nocaso da possibilidade.

c.1) Infinitivo

polloè moi dokÇ deÝn t� êm¡tera ¦xein (Isócr)Eu pareço faltar por muito de ter as vossas coisas [parece que mefalta muito de ter as vossas coisas] (inf. obj. dir. de dokÇ)

nomÛzei �dikeÝsyaiEle considera [estar sendo] injustiçado. (obj. dir. de nomÛzei)

mikroè ¤d¡hsen õ Eé�goraw Kæpron �pasan katasxeÝn[mikroè ¤d¡hsen tòn Eé�goran]. (Isócr.)Evágoras faltou por pouco de se apoderar de toda Chipre (inf. obj.de ¤d¡hsen)

oék Õmhn kat��rx�w êpò soè ¥kñntow eänai ¤japathy®-sesyai, Éw öntow fÛlou. (Plat.)No começo eu não pensava ser [possível] eu haver de ser enganadopor ti voluntariamente, sendo amigo. (obj. dir. de Õmhn - futuroeventual)

Aß ponhrÛai tÇn faskñntvn eänai sofistÇn (sofistaÛ)As malvadezas [vícios] dos que diziam ser sofistas (inf obj. dir. defaskñntvn)

ômnæasi m¯ t¯n t�jin leÛceinEles juram não abandonar [haverem de] as fileiras. (obj. dir. deômnæasi, futuro > intenção, eventual)

¤lpÛzei dunatòw eänai �rxein (�rjesyai)Ele espera ser capaz de comandar [haver de comandar] (obj. dir. de¤lpÛzei, futuro > eventual)

¦doja �koèsaiEu pareci ouvir. [Pareceu-me ouvir; parece que ouvi] (obj dir. de¦doja)

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312 o verbo grego: formas nominais

c.2) Oração infinitiva

Õmhn t¯n ¤mautoè gunaÝka pasÇn svfronest�thn eänaitÇn ¤n t» pñlei. (Lís.)Eu acreditava que minha mulher era [minha mulher ser] a maisbem comportada de todas as da cidade (obj. dir. de Ömhn).

nomÛzv eänai yeoæwEu creio existirem deuses [que existem deuses] (obj. dir. de nomÛzv).

oämaÛ se sofòn eänaiEu creio [acho] que és sábio [seres sábio] (obj. dir. de oämaÛ)

¤dÛdaske toçw paÝdaw m¯ ceædesyaiEle ensinava os filhos [a] não serem mentirosos [não mentir] (inf.obj. dir. de ¤dÛdaske )

d¡omai êmÇn m¯ yorubeÝnEu vos peço não fazer[des] barulho (inf. obj. dir. de d¡omai)

boælomaÛ s¡ moi §pesyaiEu quero que tu me sigas [tu me seguires] (inf. obj. dir.)

eäpon t� teÛxh kayeleÝnEles disseram [para] destruir as muralhas (inf. obj. dir. de eäpon)

pisteævn yeoÝw pÇw oék eänai yeoçw ¤nñmizen;Acreditando nos deuses, como ele pensava não existirem deuses?!(inf. obj. dir. de ¤nñmizen)

oék ³lpizon [¤kpeseÝsyai] ¤kpeseÝn [�n] tòn Perikl¡aEles não esperavam Péricles cair [que P. caísse; na queda de Péri-cles; que Péricles poderia cair] (inf. obj. dir. de ³lpizon, futuro >eventual)

oék ¤lpÛzete aétoçw d¡jasyai [d¡jesyai] ²m�wVós não esperais eles nos aceitar [que eles nos aceitem; aceitarão;haverem de aceitar] (inf. obj. dir. de ¤lpÛzete futuro > eventual)

¤lpÛzv oéd¢ toçw polemÛouw meneÝn ¦ti.Eu espero que os inimigos não mais haverem de esperar[nos] [espera-rão]. (inf. obj. dir. de ¤lpÛzv futuro > intenção)

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313o verbo grego: formas nominais

÷ ti �n poi»w nñmiz�õr�n yeoæw tinawO que quer que faças considera alguns deuses estarem vendo [quealguns deuses estão vendo]. (inf. obj. dir. de nñmize)

oß ²gemñnew oë fasin eänai �llhn õdñnNossos guias afirmam que não há outro caminho [negam haveroutro caminho = negam existir um outro caminho] (inf. obj. dir. defasin)

d) Complemento dos verbos que significam poder ou ter a faculdade de, estarem condições de, saber, fazer de maneira a (que), obter, conseguir.

d.1) Infinitivo

m¡lleiw t¯n cux¯n t¯n sautoè parasxeÝn yerapeèsai�ndrÜ sofist»; (Plat.)Estás disposto a entregar [tu vais entregar] tua própria alma paracuidar a um homem [que é um] sofista? (obj. dir. de m¡lleiw)

oé dænamai m¯ gel�nEu não posso não rir (inf. comp obj. dir.)

¤pÛstamai ¤pistateÝnEu sei comandar (inf. comp. obj. dir.)

eéyçw paÝdew öntew many�nousin �rxein te �rxesyaiDesde crianças [logo sendo] eles aprendem a mandar e ser manda-dos (inf. comp obj. dir.)

oék aß trÛxew poioèsin aß leukaÜ froneÝnNão são os cabelos, os brancos, que fazem pensar (inf. obj. dir.poioèsin)

Oß �Ellhnew ¤bñvn �llhloiw m¯ yeÝn drñmÄ �ll� ¤n t�jei§pesyaiOs gregos gritavam uns aos outros de [para] não entrarem corren-do, mas [para] seguirem em fileiras. (inf. obj. dir. de ¤bñvn)

¤poÛhse tòn t°w KilikÛaw �rxonta Su¡nnesin m¯ dænasyaikat� g°n ¤nantioèsyai KærÄ poreuom¡nÄ ¤pÜ basil¡a.

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314 o verbo grego: formas nominais

Fez com que o governador da Cilícia Siníesis não pudesse [nãopoder] opor-se a Ciro que marchava [marchando], por terra, contrao rei. (inf. obj. dir. de dænasyai )

oék �n ¦xoimi toèto �pò stñmatow eÞpeÝnEu não poderia dizer isso de boca [de cor] (inf. obj. dir.)

�All�, m� tòn DÛa, ¦fh, oék �n ¦xoimÛ soi oìtvw ge �pòstñmatow eÞpeÝnMas, por Zeus, disse ele, eu não poderia dizer-te assim de boca[de memória]. (inf. comp obj. dir. de �n ¦xoimÛ > atenuação daafirmação)

d.2) Oração infinitiva

diepr�jato p¡nte m¢n strathgoçw Þ¡nai,Ele conseguiu [fez] cinco comandantes irem [que fossem] (inf. obj.dir. de diepr�jato)

4. O infinitivo com valor de possível (com �n): o significado possíveldo infinitivo é marcado por �n; indica também a atenuação da afir-mação (=condicional ou imperfeito do subjuntivo em português).

Sçn êmÝn �n oämai tÛmiow eänai ÷pou Î.Em vossa companhia eu creio que poderia ser estimado onde euestiver, [onde esteja]. (inf. comp obj. dir. de oämai > eventual)

nomÛzv, êmÇn ¦rhmow Ên, oék �n ßkanòw eänai ¤xyròn�l¡jasyai (Xen.)Eu considero, sendo eu privado de vós, não ser capaz, [que, sendoeu privado de vós, não seria capaz] de afastar o inimigo. (inf. comp.> possível)

m�lista oämai �n soè puy¡syaiEu creio que poderia ser informado sobretudo de [por] ti (inf. obj.dir. de oämai > possível)

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Page 315: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

315o verbo grego: formas nominais

dokoÝt¡ moi polç b¡ltion �n perÜ toè pol¡mou bou-leæsasyai eÞ tòn tñpon t°w xÅraw pròw ¶n polemeÝn¤nyumhyeÛhte.Vós me pareceis poder deliberar muito melhor a respeito da guerra[poderíeis deliberar] se vós refletísseis no espaço de terreno do paíscontra o qual guerreais. (inf. obj. dir. de dokoÝt¡ > possível)

P¡rsai oàontai toçw �xarÛstouw kaÜ perÜ yeoçw �n m�lis-ta �melÇw ¦xein kaÜ perÜ gon¡aw, kaÜ patrÛda kaÜ fÛlouw.Os Persas pensam que os ingratos tanto se descuidariam [poderiamdescuidar] dos deuses quanto dos pais, da pátria e dos amigos (inf.obj. dir. de oàontai > possível)

¤nñmizon par� KærÄ öntew �gayoÜ �jivt¡raw �n tim°wtugx�nein µ par� tÒ basileÝEles achavam que, sendo bons ao lado de Ciro, poderiam encontrarhonra maior do que junto ao rei [dos Persas]. (inf. obj. dir de¤nñmizon > possível)

Kèrow eÞ ¤bÛv �ristow �n dokeÝ �rxvn �n gen¡syai (¤gÛgneto)Ciro, se vivesse, parece que se tornaria o melhor dos governantes.(inf. obj. dir. de dokeÝ > irreal do presente)

eÞ xrus°n ¦xvn ¤tægxanon t¯n cux¯n, Î KalÛkleiw, oék�n oàei �smenon eêreÝn toætvn tin� tÇn lÛyvn oåw basa-nÛzousi tòn xrusòn, t¯n �rÛsthn; (Plat.)Se por acaso eu tivesse a alma de ouro, Cálicles, não seria agradávelpoder encontrar [que eu pudesse encontrar] uma daquelas pedras, amelhor, que testam o ouro? (inf. suj. de oàei > irreal do presente)

5. Infinitivo e oração infinitiva complemento nominal.

Com adjetivos que significam: (tornar, ser) apto a, bom de, bompara, difícil de, agradável a, digno de, capaz de, suficiente para etc. queem português exigem uma preposição antes do infinitivo (compl. no-minal), em grego fazem a relação direta: complemento nominal sempreposição.

Na verdade são as várias maneiras do acusativo de relação. Veracusativo de relação.

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Page 316: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

316 o verbo grego: formas nominais

ßkanòw �n¯r diagnÇnai (Plat.)Um homem capaz de discernir [de julgar] (compl. nom. de ßkanòw,quanto a, em relação a).

õpñsoi ßkanoÛ eÞsi t�w �kropñleiw ful�tteinQuantos são suficientes para montar guarda nas cidadelas (compl.nom. de ßkanoÜ).

oß l¡gein deinoÛOs aptos [que são aptos, capazes de] a falar. (compl. nom. de deinoÛ).

¦toimòw ·n peisy°naiEle estava pronto para ser persuadido [obedecer] (compl. nom. de¦toimow).

oß sofistaÜ ßkanoÜ ·san makroçw lñgouw kaÜ kaloçw eÞpeÝnOs sofistas eram capazes de pronunciar longos e belos discursos(compl. nom. de ßkanoÜ).

ôjætatoÛ ¤ste gnÇnai t� =hy¡ntaVós sois muito perspicazes em entender o que foi dito [as coisasditas] (compl. nom. de ôjætatoÛ.)

xalepòn eêreÝnDifícil de encontrar (compl. nom. de xalepòn).

�Ark�w tiw �Aræstaw önoma fageÝn deinñwUm arcádio chamado Aristas, terrível para comer [grande comilão](compl. nom. de deinñw).

deinòw g�r oänow kaÜ palaÛesyai baræw, (Eur.)Pois perigoso é o vinho e pesado de ser combatido (compl. nom. debaræw).

gun¯ eéprep¯w ÞdeÝnMulher bem conveniente de ver (compl. nom. de eéprep¯w).

Kl¡arxow õr�n stugnòw ·n kaÜ t» fvn» traxæw, (Xen.)Clearco era triste de ver e de voz rude (compl. nom. de stugnòw).

·n d¢ Yemistokl°w m�llon ¥t¡rou �jiow yaum�sai, (Tuc.)Mais do que outro Temístocles era digno de admirar (compl. nom.de �jiow).

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Page 317: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

317o verbo grego: formas nominais

õ xrñnow braxçw �jÛvw dihg®sasyaiO tempo é curto para discorrer dignamente (compl. nom. de braxçw).

¦fh ²g®sesyai dunat¯n kaÜ êpozugÛoiw poreæesyai õdñnEle afirmou haver de guiar [que guiará] por um caminho possível atépara bestas de carga passarem. (or. inf. compl. nom. de dunat¯n)

�jiñw ¤stin ¤pain¡saiEle é digno de elogio [de alguém elogiar] (compl. nom. de �jiñw)

pñteron tò par� soÜ ìdvr yermñteron pieÝn ¤stin µ tò¤n �Asklhpioè;Será que tua água [da tua casa] é mais quente para beber do que ado templo de Asclépios? (compl. nom. de yermñteron)

oÞkÛa ²dÛsth ¤ndiait�syaiCasa muito agradável de se viver [passar o tempo] (compl. nom. de²dÛsth)

6. Outras funções expressas pelos mais variados casos do infinitivo.Já vimos o infinitivo e a oração infinitiva como sujeito, como pre-

dicativo, como complemento objeto direto, como complemento no-minal de adjetivos, em construção direta.

O grego pode construir diretamente diversas funções do infiniti-vo, usando o verbo no caso sintaticamente conveniente, e exprime-aspela flexão do artigo, enquanto o latim e o português as expressampelas diversas formas do gerúndio ou do infinitivo preposicionado.

Mas, quando for semanticamente indispensável, o grego tambémpode usar o infinitivo preposicionado.

a) Genitivo

� Complemento de substantivos

paÝdew êmÝn ôlÛgou ²likÛan ¦xousi paideæesyai, (Plat.)Vossos filhos de [de pouco falta terem] pouco têm idade de sereminstruídos (inf. compl. nom. de ²likÛan)

¤keÝ ski� t� ¤stÜ kaÜ pneèma m¡trion kaÜ pña kayÛzesyai µ�n boulÅmeya katakliy°nai, (Plat.)Lá há sombra e uma brisa comedida e relva para sentar e, se qui-sermos, para deitar. (compl. nom.)

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Page 318: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

318 o verbo grego: formas nominais

Ëra bouleæsasyaiÉ hora de deliberar (compl. nom. de Ëra)

² proyumÛa toè l¡gein / toè ÞdeÝnA ambição [desejo] de falar/de ver (compl. nom. de proyumÛa)tò eï pr�ttein par� t¯n �jÛan �form¯ toè kakÇwfroneÝn toÝw �no®toiw gÛgnetaiO ser bem-sucedido, contrariamente à honra, torna-se aos estul-tos um incentivo de pensar mal (infinitivo comp. nom.).

eï àsyi ÷ti tò ceudñmenon faÛnesyai m�llista ¤mpodÆngÛgnetai �nyrÅpoiw toè suggnÅmhw tugx�neinSaibas [sabe tu] bem que o fato de se revelar mentiroso [aparecermentindo] se torna para os homens um maior obstáculo de en-contrar perdão (compl. nom.).

� Genitivo-ablativo

MÛnvw tò lústikòn kay¹rei ¤k t°w yal�sshw toè t�wprosñdouw m�llon Þ¡nai aétÒ. (Tuc., 1.6)Minos limpava [passou a eliminar] do mar a pirataria em troca de[por causa de] entrarem mais recursos para ele. (gen-abl.-const. dir.)

t�w aÞtÛaw toè pol¡mou proëgraca toè m® tina zht°sai(Tuc.)Eu escrevi as causas da guerra antes de alguém não procurá-las.(gen. separ. / causa / em troca de)

êp¢r toè m¯ doènai dÛkhnPor (em favor de) não ser sentenciado (gen.- abl. de separ.)

� Dativo

eÞ d¢ m¯ tò aétñ ¤sti tò eänai tÒ gen¡syai, (Plat., Prot., 340c)se o ser não é a mesma coisa que o tornar-se (vir a ser)

b) Instrumental

FÛlippow kekr�thke tÒ prñterow pròw toçw polemÛouwÞ¡naiFelipe venceu pelo fato de marchar [por marchar, ir primeiro contraos inimigos]. (inf. instr.)

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Page 319: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

319o verbo grego: formas nominais

nÛkhson ôrg¯n tÒ logÛzesyai kalÇwVence a cólera raciocinando bem [pelo raciocinar, instr.]

Kèrow di� tò filomay¯w eänai [tÒ filomayeÝ eänai ] poll�toçw parñntaw �nhrÅta.Ciro, por ser desejoso de aprender perguntava muitas coisas aos pre-sentes (instr > causal).

c) Locativo

pròw tÒ mhd¢n ¤k t°w presbeÛaw labeÝn toçw aÞxmalÅ-touw ¤k tÇn ÞdÛvn ¤lus�mhnalém de nada receber da embaixada [literal. em cima de = loc.] euresgatei os prisioneiros [a partir] de meus próprios recursos.

¤n tÒ §kaston dikaÛvw �rxein ² politeÛa sÅzetaiNo cada um governar com justiça a administração é salva (loc.)

d) Acusativo de relação

tò d¢ nèn eänai t¯n sunousÛan dialæsvmen (Plat.)Quanto a agora [por ser agora] interrompamos nosso encontro.

e) Acusativo de direção:

A idéia de finalidade, conseqüência, destinação de uma ação, tam-bém pode ser expressa pelo infinitivo ativo com os verbos que signifi-cam: destinação, fim, escolher para, pedir para, dar para, enviar para, dei-xar para, encarregar de (no latim freqüentemente se usa o particípio fu-turo passivo).

Com verbos de movimento ou intenção também é freqüente a cons-trução com o futuro ativo com ou sem Éw / ána

pròw tò metrÛvn deÝsyai kalÇw pepaÛdeumaiFui [estou] bem educado para necessitar de coisas comedidas (acus.de direção, intenção)

pñroi pròw tò polemeÝnRecursos para fazer a guerra (acus. de direção, intenção)

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Page 320: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

320 o verbo grego: formas nominais

pasÇn pñlevn �Ay°nai m�lista pefækasin ¤n eÞr®núaëjesyaiDe todas as cidades, Atenas sobretudo nasceu para crescer na paz(finalidade, const. direta)

kraug¯n poll¯n ¤poÛoun kaloèntew �ll®louw Ëste kaÜtoçw polemÛouw �koæein. (Xen.)Eles faziam um grande alarido ao se chamarem mutuamente a pontode os inimigos ouvirem. (comp. da princ. introduzido por Ëste)

·lye zht°saiele veio pesquisar (finalidade, const. direta)

eálonto Drakñntion Sparti�thn drñmou t� ¤pimelhy°naikaÜ toè �gÇnow prostat°nai.Eles escolheram [elegeram] o espartano Dracôntio para se encar-regar da corrida e presidir à luta. (intenção, finalidade)

�Arist�rxÄ ¦dote ²m¡ran �polog®sasyai (Xen.)Concedestes a Aristarco um dia para fazer a defesa (intencão, finalidade)

par¡xv ¤mautòn t¡mnein tÒ ÞatrÒOfereço-me [apresento] ao médico para cortar (intenção, finalidade)

par¡dvka aétòn paideæeinEntreguei-o para educar (intenção, finalidade)

pieÝn didñnaiDar de beber [para beber] (finalidade)

P�ntew aÞtoèntai toçw yeoçw t� faèla �potr¡peinTodos suplicam aos deuses afastarem as coisas ruins (intenção)

�Elegñn soi m¯ gameÝnEu te dizia para não casar. (intenção)

D¡omai êmÇn m¯ �koèsaÛ mou.Eu vos peço não me ouvirdes (intenção)

Perikl°w ²r¡yh l¡gein (Tuc.)Péricles foi escolhido para falar [na ocasião]. (intenção, finalidade)

oänon ¤gxeÝn pieÝnservir vinho para beber (intenção, finalidade)

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321o verbo grego: formas nominais

jun¡bhsan toÝw Plataieèsi paradoènai sf�w aétoçw kaÜt� ÷pla xr®sasyai ÷ ti �n boælvntai. (Tuc.)[Os Tebanos] chegaram a um acordo de eles mesmos se entrega-rem aos Plateenses e de (os Plateenses) se servirem das armas em(relação ao) que quisessem (intenção, finalidade)õ �rxein aßreyeÛwo escolhido para comandar (intenção, finalidade)

taæthn t¯n xÅran ¤p¡trece diarp�sai toÝw �Ellhsin ÉwpolemÛan oïsan. (Xen.)[Ciro] confiou aos gregos saquearem aquele país por ser inimigo[sendo país inimigo]. (intenção, finalidade)

III. Infinitivo com valor verbal

O Infinitivo pode ser o elemento de uma oração independente ouprincipal, substituindo outros modos.

1. Infinitivo com valor imperativo (exclamativo), comum nas saudaçõese nas imprecações:

trap¡zaw eÞsf¡rein; (Aristóf.)Trazer as mesas! [tragam/trazei as mesas]

Toèto par� êmÝn aétoÝw bebaÛvw gnÇnai; (Dem.)Conhecer isso seguramente em vós mesmos [na vossa cabeça]!

Em¢ payeÝn t�de; (Ésq.)Eu sofrer isto?!

ToioutonÜ tr¡fein kæna; (Aristóf.)Alimentar esse cachorro!? [um cachorro desses?!]

Tò ¤m¢ deèro tuxeÝn;O encontrar-me lá?!

yarsÇn nèn, Diñmhdew, ¤pÜ TrÅessi m�xesyai; (Hom.)Força [vamos!] aí, Diomedes, [ao]combater com os troianos!

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Page 322: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

322 o verbo grego: formas nominais

yeoÜ polÝtai m® me douleÛaw tuxeÝn; (Ésq.)Deuses da cidade! que eu não caia [não me deixeis cair] em escravidão!

tò g�r �ntil¡gein tolm�n êm�w; (Aristóf.)E vós ousar[des] me contradizer.

2. Infinitivo absoluto ou livre ou independente, isolado, sem ligação sin-tática aparente (às vezes com a conjunção Éw, como, por assim dizer).

Em geral ele se encontra num enclave (frases intercaladas, explica-tivas, restritivas, entre vírgulas).

É um uso comum em todas as línguas modernas: por isso não nosdeve espantar.

Daremos a seguir as expressões mais comuns:

Éw ¦pow eÞpeÝn para usar dessa expressão, por assim, dizer(ut ita dicam)

Éw suntñmvw eÞpeÝn para dizer em resumo (ut breviter dicam)Éw �plÇw eÞpeÝn para dizer simplesmenteÉw eÞpeÝn para dizer, por (assim) dizerÉw sunelñnti [moi] eÞpeÝn para dizer em poucas palavras (para eu resu-

mir em poucas palavras)Éw g� ¤n ²mÝn eÞr°syai para ser dito entre nósÉw ¤moÜ dokeÝn pelo que me parece (para me parecer)tò ¤p�¤moÜ eänai pelo que depender de mim÷son g¡ m�eÞd¡nai o quanto eu estar sabendo (o que depende)÷sa dokeÝn aétÒ o quanto lhe parecerÉw eÞk�sai como é a parecer, a figurar, imaginarnèn ÞdeÝn a ver agora¥kÆn (¥kñntew)eänai por vontade, voluntariamentekat� toèto eänai� por ser assim (conforme isso)tò nèn eänai por ser agoramikroè (ôlÛgou) deÝn por faltar pouco, faltando poucoÉw �lhy¢w eÞpeÝn para dizer a verdadeÉw oêtvsÛ �koèsai por (para) ouvir assim

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Page 323: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

323o verbo grego: formas nominais

�Alhy¡w ge, Éw ¦pow eÞpeÝn, oéd¢n eÞr®kasin[de] verdadeiro, por assim dizer, eles nada disseram

Tò ¤p�¤keÛnoiw eänai �polÅlateO estar sobre eles [de vos apoiardes] vós estáveis perdidos.

¦jv t°w oÞkoum¡nhw ôlÛgou deÝn p�shw meyeist®kei (Ésquines)fora de toda a terra habitada pouco falta [faltar] que [Alexandre]tivesse ultrapassado.oé fÛloiw oéd¢ j¡noiw ¥kÆn eänai g¡lvta par¡xeiw (Xen.)não ser por vontade que tu fazes rir amigos ou hóspedes

pÇw dokeÝ l¡gein; - Eï ge, ¦fh õ Men¡jenow, Ëw ge oêtvsÜ�koèsai (Plat.)Como lhe parece dizer? - Bem, disse Menexenos, pelo menos aoouvir dessa maneira

KaÜ st®lh §sthke par� tòn naòn gr�mmata ¦xousa: ßeròwõ xÇrow t°w�Art¡midow: tòn d¢ ¦xonta kaÜ karpoæmenont¯n m¢n dek�thn katayæein ¥k�stou ¦touw, ¤k d¢ toèperittoè tòn naòn ¤piskeu�zein: ¤�n d¡ tiw m¯ poi» taèta,t» yeÒ mel®sei. (Xen)Há uma coluna junto ao templo tendo esses dizeres: �é sagrado oterreno de Ártemis; [dever é de] o que o possui e usufrui consagrara cada ano o dízimo; do restante fazer a manutenção do templo; sealguém não fizer essas coisas, a deusa se ocupará�. [caberá à deusa].

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324 a flexão verbal

A flexão verbal

Como conclusão do que acabamos de expor, podemos afirmar semreceio de errar que há dois elementos essenciais no verbo grego: o aspec-to (tempo interno) do verbo e o modo (visão externa).

Vimos também que três são os aspectos do verbo: o aoristo, o in-fectum (inacabado) e o perfectum (acabado).

Vamos ver agora como esses três elementos se exprimem formalmente.Constataremos que, coerentemente, o aoristo, por ser o primeiro

aspecto, o aspecto-base, tem sua forma coincidente com o tema verbalpuro. Ele é ��-ñristow�, isto é não definido, não determinado, nãolimitado, tanto semanticamente quanto formalmente. Veremos isso comclareza, quando tratarmos dos quadros de flexão do aoristo, que chama-remos de �raiz-tema� e que as gramáticas tradicionais chamam de aoristoII ou aoristo temático. No aoristo de �raiz-tema� a flexão se faz sobre aprópria raiz, sem modificação nenhuma. É a raiz flexionada; isto é, a raizé o tema e sobre ela se juntam as ptÅseiw.

Mas, ao lado desse aoristo de raiz-tema, a língua grega criou umacaracterística formal para identificar o aoristo: foi o -s- que se juntou aotema. Esse aoristo chamado �sigmático� revelou-se muito produtivo,porque era mais cômodo e evidente, na medida em que é expresso poruma forma concreta. Por isso, aos poucos, ele foi se firmando até tomaro lugar do outro, de raiz-tema, o primeiro e mais antigo. Em Homero,os dois aoristos já convivem e, no dialeto ático, só se conservam algunsaoristos homéricos de raiz-tema. Todos os verbos que se foram criandopassaram a servir-se do aoristo sigmático.11

11 Ao lado desse aoristo em -s-n > -sa, a língua criou um outro, tomando de em-préstimo o -k-, marca do perfeito ativo, mas só para os verbos de raiz-temamonossilábicos: yh-, dv-,sth-, ². Esses temas deveriam flexionar-se como ¦-gnv-n, mas esse -k- só é usado no singular, com o tema longo; e se mantémtalvez pelo fato de o tema ser monossilábico, e as desinências de uma só letra (n, w,t). No plural, com as desinências silábicas, não há mais necessidade do k/ka.

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325a flexão verbal

Mas essa característica formal, -s-, se junta ao tema verbal puro enão ao tema do infectum como a gramática insinua. Isso deve ficar bemclaro na mente do estudioso, porque é o que acontece de fato. Acrescen-tar uma característica de aoristo a um tema de infectum ou perfectumseria uma incongruência, uma contradição nos próprios termos. E nãohá incongruência, não há contradição nos sistemas de flexão nominal everbal da língua grega. Há muita coerência, organicidade, lógica; a uni-dade semântica entre significante e significado é total.

Já vimos, na flexão nominal que os �casos� são a marca das funçõesdos nomes: não há nada de artificial, de arbitrário; há uma coerência to-tal. Confirmaremos isso no capítulo das preposições.

Vamos demonstrar agora essa mesma coerência semântica na rela-ção das formas verbais.

Sendo o aoristo o tema-base, os outros dois aspectos se constroema partir do tema do aoristo. São �radicais� no sentido denotativo; isto é:são derivados da raiz, que é a raiz-tema.

Por conseguinte, toda a flexão verbal grega repousa sobre esses 3 temas:1. tema do aoristo: aoristo puro-gnômico ou aoristo pontual-narrativo

(passado); sobre esse tema formou-se a flexão do futuro, que tem suaorigem no desiderativo (subjuntivo eventual). Veremos isso mais tar-de quando tratarmos da formação do futuro. Por ora fique claro apenasque o futuro se constrói sobre o tema do aoristo.

2. tema do infectum: infectum, inacabado: presente e passado (imperfei-to); é construído sobre o tema verbal puro (aoristo) ou, em algunscasos, é igual ao tema do aoristo.

3. tema do perfectum: acabado, perfeito e passado (mais-que-perfeito);também é construído sobre o tema verbal puro (aoristo)

O tema essencial, primeiro, é o tema do aoristo.Os outros, ou são iguais ao do aoristo (nos verbos �paradigmáticos�,

�regulares�), ou são diferentes; e, nesse caso, para maior:� no infectum (inacabado) ele é ampliado, alongado, inchado, ou por meio

de prefixos (redobro em -i-), ou de infixos, geralmente nasais, ou desufixos (-(i)sk-).

� no perfectum (acabado) ele recebe um redobro em -e ou equivalente.

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326 a flexão verbal

Toda a flexão dos verbos gregos é construída sobre esses temas:1. Sobre o tema do infectum se constroem todos os modos e todas asvozes e o passado (imperfeito) do infectum;2. Sobre o tema do aoristo se constroem todos os modos e todas as vozesdo aoristo e todos os modos e todas as vozes do futuro;3. Sobre o tema do perfectum se constroem todos os modos e todas asvozes e o passado (mais-que-perfeito e futuro perfeito) do perfectum.

Não há exceções. Não há irregularidades.Sobre os temas dos aspectos o verbo grego recebe as desinências12

(primárias ou secundárias/ativas ou médio-passivas) e as característicasmodais (morfemas).

Na tradição, os verbos gregos, para efeito de flexão, se dividem emdois grupos: verbos em -v e verbos em -mi.

Na verdade não se trata de duas categorias de verbos. A única dife-rença está na primeira pessoa da voz ativa, em que, como em latim -o / -m, no grego a variante é -v / mi.

As diferenças de flexão, muito poucas, são acidentes fonéticos, e se re-duzem praticamente ao sistema do infectum.

12 As desinências (ptÅseiw) pessoais são as expressões das relações das pessoas como verbo; são bem características e intransferíveis.

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Page 327: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

327a flexão verbal

Quadro das desinências verbais

� Primárias - para o presente real, eventual e futuro� Secundárias - para o passado, potencial e irreal

Pessoa Primárias Secundárias Imperativo

Ativas:Singular la mi/v13 n/a

2a si -w/sya tema/yi/w3a ti (t) tv

Plural la men/mew men2a te te te3a nti nt ntvn

Dual 2a ton thn ton3a ton thn tvn/

tvsan

Médias*:Singular 1a mai mhn

2a sai so so3a tai to syv

Plural 1a meya/mesya meya/mesya2a sye sye sye3a ntai nto syvn

Dual 1a meyon meyon2a syon syon3a syhn syhn syvn/

syvsan

* A voz passiva não tem desinências próprias; por isso se serve das desinências mé-dias. Então há formas médio-passivas, não uma voz médio-passiva.

13 Faremos a demostração da evolução fonética na medida em que apresentarmos osquadros de flexão.

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Page 328: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

328 a flexão verbal

O aoristo passivo, sobre o qual se constrói o futuro passivo, se for-mou com o sufixo -h-/-yh-/-syh-.

As desinências e suas particularidades

1. No quadro da página anterior, as desinências aparecem como elas são,sem alterações. As alterações acontecem no momento em que as desi-nências se colocam frente a frente com os temas verbais e a eles sejuntam: por exemplo, o encontro de um tema verbal terminado emconsoante e uma desinência iniciada por consoante; o aparelho fonadorfaz as adaptações necessárias. O mesmo processo se dá quando um temaverbal vocálico se encontra com uma desinência também vocálica.

São alterações fonéticas normais, freqüentes em todas as línguas.Elas serão explicadas quando aparecerem.

2. Como deve ter sido notado no quadro, só há desinências ativas e mé-dias; não há registro de desinências passivas. É que a voz passiva apa-receu tardiamente e se serviu das desinências médias.

No infectum (inacabado) e no perfectum (acabado) não há distinçãode formas entre passiva e média.

No sistema do aoristo, só o futuro passivo usa das desinências mé-dias, além da característica da passiva:

-h-/-yh-/-syh-.o futuro médio difere do futuro passivo pela ausência da caracte-

rística da passiva: -h- / -yh- / -syh-o aoristo passivo se constrói com a característica da passiva -h- / -

yh- / -syh- e se serve de desinências ativas.

3. Fazem a 1a pessoa da voz ativa em -v:

a) todos os verbos de tema em consoante, quer primitivos querderivados:

f¡r-v, eu porto,many�n-v, eu entendo, eu aprendo,gignÅskv, eu tomo conhecimento.

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Page 329: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

329a flexão verbal

b) os verbos de tema em semivogal (i, u, W, j) - a semivogal (soante)é sentida mais como semiconsoante:

tÛ-v, eu honro,yæ-v, faço fumaça, eu ofereço sacrifício,deik-næ-v, eu mostro.

Fazem a 1a pessoa em -mi:

a) os verbos de tema monossilábico em vogal longa:dÛ-dv-mi, eu dou,tÛ-yh-mi, eu coloco,á-sth-mi, eu ponho de pé,á-h-mi, eu lanço.

O redobro em -i é uma característica desses verbos, provavelmentepor serem monossilábicos; e o seu uso só no infectum é significante;é uma espécie de reforço ou uma compensação.

b) os verbos que recebem infixo -nu- / nnudeÛk-nu-mi, eu mostro, zÅ-nnu-mi, eu cinjo.

c) os verbos que recebem infixo -nh- também monossilábicosd�m-nh-mi, eu domo.

d) quatro verbos sem redobro nem infixo:fh-/ fami eu me manifesto, eu digo,±- ±mi eu digo,ei-/i- eämi eu vou, estou indo,es-/-s- eÞmi eu sou.14

14 Como podemos sentir, a opção pela 1a pessoa -v / -mi é de ajuste do aparelhofonador; mesmo nos temas em i- e -u a opção pelo -v é uma solução de facilidade.São mais fáceis as ditongações -iv e -uv do que -imi ou -umi. É por isso tambémque a língua criou, para os verbos que recebem o sufixo -nu / -nnu, uma flexãoparalela em -uv.

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330 a flexão verbal

4. Vogal de ligação

a) No sistema do infectum (inacabado) uma vogal de ligação se fazpresente nos verbos de 1a pessoa em -v, porque são temas emconsoante ou semivogal.

Mas, nos verbos derivados de nomes com tema vocálico, comotima-j-v, dhlo-j-v, e nos derivados com o sufixo -ej, como fil-ej-v, o -j- em posição intervocálica sofre síncope, tornando vocáli-cos os temas: tima-, dhlo-, file-.

O encontro dessa vogal temática com a vogal de ligação produzum hiato, que o dialeto ático reduz numa contração.

As gramáticas dão o nome de �contratos� a esses verbos. Não ébem assim. Eles têm formas contratas só no sistema do infectum, exata-mente por causa da presença da vogal de ligação, que, depois da sín-cope do -j-, faz hiato com a vogal temática. Essa vogal de ligação é:

e antes de todas as consoantes orais;o antes das consoantes nasais m/n.

f¡r-o-men nós portamosf¡r-e-te vós portais/portai vóstim�j-o-men > tim�-o-men > timÇmen nós honramostim�j-e-te > tim�-e-te > tim�te vós honrais/honrai vósdhlñj-e-te > dhlñ-e-te > dhloète vós revelais/revelai vós

5. Em situação desinencial, depois de vogal de ligação, na flexão verbal enominal, o -s- em posição intervocálica sofre síncope, e as vogaisremanescentes formam um hiato, que, no ático, é reduzido em umacontração.

læ-e-sai > læeai > læhi / læú (ei) és desligadog¡nes-a > g¡nea > g¡nh as raçaslæ-e-so > læeo > læou sê desligadostel-¡s-v > stel¡v > stelÇ eu enviarei

Mas não há síncope do -s- depois de uma vogal temática longa:y®-s-v eu colocareidÅ-s-v eu dareist®-s-v eu porei de pé´-s-v eu lançarei

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Page 331: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

331a flexão verbal

ou brevetÛ- ye-sai tu és colocadod¡-do-sai tu és dadoá-sta-sai tu és posto de péá-e-sai tu és lançado

mas no imperativo singular médio-passivo há síncope do -s- depois devogal temática e contração subseqüente, nos verbos de tema vocálico,por analogia com os verbos de tema em consoante (p. 339).

b) No aoristo, futuro e perfeito de temas em consoante, o gregousa a vogal de ligação: -h-

may-®-s-o-mai eu entenderei, eu aprendereime-m�y-h-ka eu entendi, eu aprendi

Nesses casos não há síncope do -s- intervocálico; mas no futuroem -es- dos temas em soante, o -s- encontrando-se depois de vogalde ligação breve sofre síncope:

stel-¡s-o-men > stel¡omen > steloèmen - enviaremosO -s- intervocálico depois da vogal de ligação longa, marca do sub-

juntivo, também sofre síncope nos verbos de tema em consoante,soante e semivogal:

læ-h-sai > læhai > læhi / læú - tu és desligado

6. O -n, precedido de uma consoante, vocaliza-se em -a.Em situação desinencial final:

patrÛd-n > patrÛda a pátria (acus.)l¡ont-n > l¡onta o leão (acus.)¤-lus-n > ¦lusa = aoristo eu desligo / desligueil¡lu-k-n > l¡luka = perfeito eu completei o ato de desligar

Em situação interna, o -n-

ou se vocaliza em -a-:g¡grap-ntai > gegr�patai foram escritos, estão escritos

ou desenvolve um -a- epentético:may- > manyn- > manyan-v eu entendo, eu aprendo

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332 a flexão verbal

7. Na seqüência nts, há síncopes sucessivas das dentais:- nts > ns > s

e um alongamento compensatório da vogal anterior15:- o em ou;- e em ei;

e as outras vogais a, i, u em sua longa correspondente do mesmo timbre.f¡r-o-nti > f¡ronsi > f¡rousi ( -nti > -nsi) eles portaml¡ont-si > l¡onsi > l¡ousi aos leõesluy¡nt-si > luy¡nsi > luyeÝsi aos que foram desligadosgÛgant-si > gÛgansi > gÛgasi aos gigantes¥lmÛny-si > ¥lmÛnsi > ¥lmÝsi às lombrigasdeiknænt-si > deiknænsi > deiknèsi aos que mostram

8. A língua grega só mantém três consoantes em posição final: n, r, w.As outras todas caem (menos na negação oék / oéx e na preposição¤k / ¤j).

No quadro das desinências secundárias ativas mantemos o (-t) emposição final; é mera reminiscência. Mas é para explicar a vogal de li-gação -e-.

9. O -n no final das 3as pessoas do singular das desinências secundáriasativas (-e-n) e plural das desinências primárias ativas dos verbos (nti >ousin/asin), bem como no dativo plural em -sin, é mero registroeufônico e se usa ou no fim da frase, �gayñw ¤stin, ou no meio,¤stin �gayñw, quando a palavra seguinte começa com vogal, paraevitar hiato ou elisão; mas, se a palavra seguinte começa com consoan-te, ele não aparece, ¤sti kalñw.

15 Esse �alongamento compensatório�, que os estudantes têm dificuldade de enten-der, nada mais é do que a permanência da duração da vogal que sustenta duas oumais consoantes com ela, e, depois da síncope das consoantes, o conscientelingüístico mantém a duração da vogal. É uma espécie de memória.

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333a flexão verbal

10. Nos verbos, os encontros consonânticos acontecem ou entre o sque caracteriza o aoristo e o futuro com os diversos temas verbais con-sonânticos, ou entre o k que caracteriza o perfeito e mais-que-perfeitocom os diversos temas verbais consonânticos.

Convém notar que todas essas alterações não são problemas grama-ticais, morfológicos. São problemas meramente fonéticos, que se produ-zem no aparelho fonador e nele mesmo são resolvidos. Não é porque setrata de um substantivo, adjetivo ou verbo que os problemas são di-ferentes; são exatamente os mesmos e são resolvidos da mesma ma-neira, porque são fonéticos e são resolvidos foneticamente.

Alguns problemas fonéticos

Vejamos os encontros mais comuns:

l. Encontros de consoantes16:

a) oclusiva + s = assimilação da oclusivalabiais b-p-f + s > c blab-s-v> bl�cv prejudicareivelares g-k-x + s > j �g-s-v > �jv conduzireidentais d-t-y + s > s* peiy-s-o-mai > peissomai > peÛsomai obedecerei* Dental antes de s se assimila em ss e se reduz a s.

b) oclusiva + k = aspiração da oclusiva (síncope da dental)labiais b,p,f + k .> f b¡-blab-ka > b¡blafa prejudiqueivelares g,k,x + k > x p¡-prag-ka > p¡praxa fizdentais d,t.y + k > k* p¡-peiy-ka > p¡peika convenci* Dental sofre síncope antes de k.

c) oclusiva + t = assimilação da oclusivalabiais b,p,f + t > pt b¡-blab-tai > b¡blaptai foi, está prejudicadovelares g,k,x + t > kt p¡-prag-tai > p¡praktai foi, está feitodentais d,t,y + t > st p¡-peiy-tai > p¡peistai foi, está convencido

16 Esses encontros consonânticos foram tratados no Capítulo �Fonética Aplicada�.Mas achamos conveniente expô-los aqui sucintamente, mais próximos dos qua-dros de flexão. Os exemplos contêm formas nominais e verbais justamente paramostrar que não são problemas morfológicos mas simplesmente fonéticos.

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334 a flexão verbal

d) oclusiva + m = assimilação da oclusivalabiais b,p,f + m > mm t¡-trib-mai > t¡trimmai fui, estou esmagadovelares g,k,x + m > gm p¡-prag-mai > p¡pragmai fui, estou feitodentais d,t, y + m > sm p¡-peiy-mai > p¡peismai fui, estou convencido

2. Encontros de vogais: os mais freqüentesa + e > a* o + e > oua + o > v o + o > oue + a > h* o + oi >oi (ooi > oui > oi)e + e > ei o + ei > oi (oei > oui > oi)e + o > ou** a, e, o + v > v***e + oi > oi (eoi > oui>oi)

* no encontro de a-e/e-a prevalece o timbre da vogal anterior: a-e > a; e-a > h.** em todos os encontros vocálicos em que aparecem as vogais o/v prevalece o

timbre �o� na contração resultante;*** uma vogal longa absorve a vogal breve (o timbre -o prevalece sempre).

Além do s, que caracteriza o aoristo ativo e médio e o futuro ati-vo, médio e passivo, e do k que caracteriza o perfeito ativo, isto é, carac-terísticas de aspectos, o verbo grego tem também uma forma de caracte-rizar os modos.

Características dos modos

� O INDICATIVO não tem característica especial, porque exprime a identi-dade e a própria realidade da ação. É o modo predominante, referencial,da realidade imediata, do significado positivo, e por isso o próprio enun-ciado das formas é a sua representação. Fala-se de um �morfema zero�no indicativo.

Sobre o tema de cada aspecto, acrescentam-se as desinências pri-márias ou secundárias, ativas ou médias (passivas) e, se necessárias, asvogais de ligação no infectum dos verbos de tema em consoante ousemivogal.

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335a flexão verbal

� O SUBJUNTIVO tem como característica a vogal de ligação longa na se-qüência: o,e,e,o,e,o > v,h,h,v,h,v, que é:

a) � ou a própria vogal de ligação (no infectum) nos verbos de temaem consoante ou semivogal:

ind. f¡r-o-men portamos, levamosind. fer-ñ-meya somos levadossubj. f¡rvmen portemos, levemossubj. fer-Å-meya sejamos levados

b) � ou, nos verbos de tema em vogal, (verbos em -v) em contraçãocom a vogal temática:

ind. fil¡-o-men > �filoèmen amamosind. file-ñ-meya > filoæmeya somos amadossubj. fil¡-v-men > filÇmen amemossubj. file-Å-meya > filÅ-meya sejamos amados

c) � ou, nos verbos de tema em vogal (verbos em -mi):ind. tÛyhsi > tÛyhi >tÛy úw/hiw colocasind. tÛye-men colocamosind. dÛdv-si ele dáind. dÛdo-men damossubj. tiy¡-h-si>tiy¡hi>tiy°iw/tiy»w coloquessubj. tiy¡-v-men > tiyÇmen coloquemossubj. didñ-h-si>didñhi>didÇi/didÒw ele dê17

subj. didñ-v-men> didÇmen demos

d) � ou nos temas do aoristo passivo:ind. ¤læyh-n fui, sou desligadoind. ¤-st�l-h-n fui, sou enviadosubj. luy®-v> luy¡v> luyÇ18 seja desligadosubj. stal®v> stal¡v> stalÇ seja enviado

17 Nos encontros vocálicos que resultam em contração, sempre que houver uma vo-gal de timbre -o-, o timbre -o- prevalece, mesmo que a outra vogal de outro tim-bre seja longa; o resultado nesse caso é -v.

18 No dialeto ático, na seqüência de duas vogais longas, a longa anterior se abrevia.

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336 a flexão verbal

e) � ou ainda, nos temas do aoristo sigmático (que não têm vogal deligação) acrescentam-se diretamente as desinências primárias:

ind. ¦lusa19 desligo, desligueiind. ¤-lu-s�-mhn desligo, desliguei para mimsubj. læ-s-v desliguesubj. læ-s-v-mai desligue para mim

Por ser eventual, isto é, fato futuro, o subjuntivo grego tem sem-pre desinências primárias e se traduz em português ou pelo �presente dosubjuntivo� ou pelo �futuro do subjuntivo�; no latim e nas outras línguasromânicas, pelo �presente do subjuntivo ou pelo �futuro do indicativo�.

O subjuntivo não exprime tempo; somente o aspecto, o que deveser levado em conta na tradução.

� O OPTATIVO tem como característica essencial o -i- / -ie /ih20, que seacrescenta ao tema do aspecto correspondente:

No sistema do infectum (inacabado), no perfectum (acabado) ativoe nas formas do futuro (ativo, médio ou passivo) e no aoristo de raiz-tema ele vem acompanhado de uma vogal de ligação permanente: o-i:

ativo médio passivoinfectum læ-oi-mi lu-oÛ-mhnfuturo læs-oi-mi lus-oÛ-mhn luyhs-oÛ-mhn

perfeito lelæk-oi-mi.aoristo de raiz-tema àd-oi-mi Þd-oÛ-mhn

Ver quadros de flexão: infectum, p. 341-69; futuro, p. 459; perfei-to, p. 509; aoristo, p. 426.

19 A construção do subjuntivo revela a origem do futuro: antigo desiderativo (even-tual) e a desinência primária se acrescenta diretamente ao tema; não como o indi-cativo, que, por ser passado, teve a desinência secundária -n vocalizada em -a > sa.

20 É bom lembrar que esse -i- do optativo é longo; isso é importante para a acentuação.

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337a flexão verbal

� No aoristo sigmático ativo e médio o -i- do optativo se acrescenta aopróprio tema do aspecto, sem vogal de ligação, por desnecessária, dadaa presença do -a.

læ-sa-i-mi - lu-sa-Û-mhn desligaria, desligaria para mim.Ver quadros de flexão, p. 445.

� No aoristo passivo, (a marca do aoristo passivo é vocálico -h- /-yh-) o-i- do optativo se acrescenta à marca da voz passiva na variação longa-singular / breve-plural -ih/i:

lu-yh-Ûh-n > lu-ye-Ûh-n - seria desligado lu-ye-Ý-men seríamos desligadosVer quadro de flexão, p. 477 e 479.

O mesmo acontece no infectum de todos os temas vocálicos (ver-bos em -mi):

tiye-Ûh-n, ye-Ûh-n / tiye-Ý-men, ye-Ý-mendido-Ûh-n, do-Ûh-n / dido-Ý-men, do-Ý-men;ße-Ûh-n, e-áh-n / ße-Ý-men, e-å-men

Ver quadros de flexão, p. 347 e 360.

Os verbos denominativos de tema em vogal com sufixo -j-, navoz ativa do infectum, mantêm a vogal de ligação única -o- e fazem ooptativo em -oi- ou o-Ûh-n.

tim�j- = tim�j-oi-mi > tim�-oi-mi > timÒmi /timaj-o-Ûh-n > tima-o-Ûh-n > timÅihn/timÐhnfil¡j- = fil¡j-oi-mi > filoÝmi > fil¡-oi-mi > filoÝmi /filej-o-Ûh-n > file-o-Ûh-n > filoÛhndhlñj- = dhlñj-oi-mi > dhlñ-oi-mi > dhloÝmi /dhloj-oÛh-n > dhlo-oÛh-n > dhloÛhn

Ver quadros de flexão, p. 376, 381, 383, 386, 388, 391 e 393,respectivamente.

Mas na voz média (passiva) constroem o optativo de uma só manei-ra: com a característica -i- em vocalismo zero e vogal de ligação única -o-.:

tim�j- = timaj-o-Û-mhn > tima-o-Û-mhn > timÅimhn / timÐmhnpoiej- = poiej-o-Û-mhn > poie-o-Û-mhn > poiouÛmhn > poioÛmhndhlñj- = dhloj-o-Û-mhn > dhlo-o-Û-mhn > delouÛmhn > dhloÛmhnVer quadros de flexão p. 375, 390 e 385, respectivamente.

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338 a flexão verbal

O optativo, por ser o modo do fato possível ou da atenuação daafirmação, isto é, mais próximo da irrealidade, tem desinências secundá-rias21 e se traduz em português ou pelo �imperfeito do subjuntivo� geral-mente na prótase (desejo irrealizável-irreal do presente) ou �condicionalsimples� na apódose (fato possível ou afirmação atenuada).

O optativo não exprime tempo; somente o aspecto, o que deve serlevado em conta na tradução.

� O IMPERATIVO tem suas desinências próprias, como vimos no quadro.O imperativo singular de 2a pessoa, por ser o primeiro, o verda-

deiro e de longe o mais empregado22, apresenta certas dificuldades, so-bretudo no aoristo da voz ativa e média.

Voz ativa:1. Uso da vogal de ligação:

Infectum: o próprio tema com vocal de ligação (de apoio) nos verbosde tema em consoante ou semivogal (verbos em -v):

læ-e desligaf¡r-e porta, carrega

Nos aoristos de temas-raiz em consoante dá-se o mesmo:Þd-¡ vêlab-¡ pega

Nesses casos há o deslocamento da tônica para a posição de oxítona.

Nos verbos denominativos em -j- a vogal temática, depois da sínco-pe do -j-, se contrai com essa vogal de ligação:

tÛmaj-e > tÛma-e > tÛma honrapoÛej-e > poÛe-e > poÛei fazd®loj-e > d®lo-e > d®lou revela

21 A desinência -mi é �primária�, da 1a pessoa �eu�; e, por razões fonéticas, de menosesforço, o �eu� do optativo �tomou emprestado� o -mi.:: é mais fácil pronunciarlæoimi do que læoin. Mas a desinência primitiva era -m > -n.

22 Compare-se com o vocativo; os dois são o eixo do diálogo primeiro, linear, bipolar,horizontal; os dois não têm desinência porque basta o tema. Depois, por analogia,a língua desenvolveu os outros imperativos.

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Page 339: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

339a flexão verbal

Por analogia, essa vogal de ligação se estende para os verbos detema em vogal (verbos em -mi):

tÛye-e > tÛyei põe, colocadÛdo-e > dÛdou dááe-e > áei lançaásta-e > ásth (ásta) põe de pédeÛknu-e > deÛknu mostra

2. O sufixo -yi:Mas com os verbos eämi - eu vou, eÞmi - eu sou, fhmi - eu falo e

nos aoristos de raiz de tema em vogal longa ¦gnvn - eu tomei conhe-cimento, ¦bhn - eu andei, �p-¡dran - eu saí correndo, ¦dun - euimergi, ¤x�rhn - eu me alegrei, usa-se o antigo sufixo locativo -yi:à-yi vai (latim: i) gnÇ-yi conhece (toma conhecimento)às-yi sê dè-yi mergulha, veste-tef�-yi fala �pñ-dra-yi afasta-teb°-yi anda x�rh-yi alegra-te

Esse sufixo -yi, por analogia, forma também o imperativo singulardos aoristos passivos em -h-, -yh / syh:¤-læ-yh-n eu fui (sou) desligado læ-yh-yi > læyhti sê desligado¤-st�l-h-n eu fui (sou) enviado st�lh-yi sê enviado

3. Os aoristos sigmáticos:No aoristo sigmático ativo usa-se a desinência de 2a pessoa -so,

com -n eufônico.¦-lu-sa > imper. lè-so-n desliga¦stel-sa > imper. st¡l-so-n > steÝl-on envia

Voz média:a) desinência -so de 2a pessoa, secundária, no infectum e no perfectum23;

23 Na voz média e passiva do infectum e perfectum só os temas são diferentes; asdesinências são as mesmas.

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340 a flexão verbal

b) desinência -sai de 2a pessoa, primária24, no aoristoInfectum

læ-e-so > læeo > læou desliga-te, desliga para ti /sê desligadodÛdo-so > dÛdou dá para ti /sê dado

Perfectuml¡-lu-so fica desligado para ti

Aoristolè-sai desliga para tist¡l-sai > steÝlai envia para ti

As outras formas do imperativo: 2a do plural (imperativo direto)e 3a pessoa sing. e pl. (imperativo indireto) são sempre as mesmas enão apresentam nenhum problema fonético digno de nota.

-te para a 2a p. do pl. da voz ativa-tv para a 3a p. do sing. da voz ativa (imperat. indir.)-ntvn para a 3a p. pl. da voz ativa (imperat. indir.)-sye para a 2a p. do pl. da voz média / pas.-syv para a 3a p. do sing. da voz m./p. (imperat. indir.)-syvn para a 3a p. do pl. da voz m./p. (imperat. indir.)

De posse dessas informações (temas, desinências, características)pode-se construir a conjugação de qualquer verbo grego.

Tendo um texto na frente, identificando primeiramente se é uma for-ma verbal ou nominal, podem-se separar as partes e encontrar o significado.

O aprendizado de cor dos quadros de declinações e conjugações temuma desvantagem: leva a aprender fórmulas vazias de significado, acumu-lando informações sem saber usá-las. É porque se tem a impressão de queos quadros são fixos, numa sucessão vertical, obedecendo a um padrão único.Não é exato. Todas as formas, quer nominais quer verbais, são construídassobre o tema (nominal ou verbal) dentro dos padrões fonéticos da língua.

Todavia, um quadro-referência de flexão é não só útil, mas tambémnecessário, sobretudo se é construído por aquele que está estudando.

Voltaremos a tratar disso, com mais detalhes, nos quadros dasflexões de todos os temas.

24 Certamente é outro caso de �empréstimo�; -sai é desinência própria de 2a pessoa;como o -so já foi usado na voz ativa, apelou-se para o -sai para a voz média.

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341a flexão verbal

Quadros da flexão verbal

Infectum (inacabado)

I. Presente

VOZ ATIVA:

Indicativo

læ-v eu desligo, eu estou desligandotÛ-yh-mi eu coloco, eu ponho, eu estou colocandodÛ-dv-mi eu dou, eu estou dandoá-sth-mi eu ponho de pé, eu estou pondo de péá-h-mi eu lanço, eu estou lançando

S. læv tÛ-yh-mi dÛ-dv-mi á-sth-mi á-h-mi

læ-eiw tÛ-yh-w dÛ-dv-w á-sth-w á-h-w

læ-ei tÛ-yh-si dÛ-dv-si á-sth-si á-h-si

P. læ-o-men tÛ-ye-men dÛ-do-men á-sta-men á-e-men

læ-e-te tÛ-ye-te dÛ-do-te á-sta-te á-e-te

læ-o-nti > ousi tÛ-ye-nti > ¡asi dÛ-do-nti > ñasi á-sta-nti > �si á-e-nti > �si

D. læ-e-ton tÛ-ye-ton dÛ-do-ton á-sta-ton á-e-ton

læ-e-ton tÛ-ye-ton dÛ-do-ton á-sta-ton á-e-ton

Notas:

1. A desinência da 1a pesssoa do singular é -v em læ-v e -mi nos outros.Exceto essa diferença, que é a mesma do latim (-o/-m), o resto dasdesinências é o mesmo para todos os verbos. As diferenças aparentespodem ser explicadas pela fonética.

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Page 342: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

342 a flexão verbal

2. As 2a e 3a pessoas do singular dos verbos em -v : læ-eiw, læ-ei são con-trações devidas à vogal de ligação25:o -w é desinência característica de 2a pessoa e foi acrescentado por ana-logia, para evitar confusão com a desinência da 3a.

Ver quadro demostrativo a seguir.

Quadro demostrativo de flexão dos verbosde tema em semivogal (soante) ou consoante:

S. læ-v f¡r-vlæ-e-si > læei > læeiw f¡r-e-si > f¡rei > f¡reiwlæ-e-ti > læ-e-si > læei f¡r-e-ti > f¡r-e-si > f¡rei

P. læ-o-men f¡r-o-menlæ-e-te f¡r-e-te

læ-o-nti > læonsi > læousi f¡r-o-nti > f¡ronsi > f¡rousi

D. læ-e-ton f¡r-e-tonlæ-e-ton f¡r-e-ton

As 2as e 3as pessoas do singular dos verbos em -mi- recebem o se-guinte tratamento:

2a pessoa: tÛ-yh-si > tÛyhi > tÛyú > tÛyú-w/tÛyh-wdÛ-dv-si > dÛdvi > dÛdÄ> dÛdÄw/dÛ-dvwásthsi > ásthi > ástú > ástúw/ásth-wáh-si > áhi > áú > áúw/áhw

O -w é a marca da 2a pessoa da voz ativa e por isso substitui -si.

25 Porque, dos verbos que têm a 1a pessoa do presente do indicativo em -v, mais de90% são de tema em consoante; os outros, ou são de tema em semivogal u- / i-,ou são de tema em W- vocalizado em u- ou em j-, resultando em várias conbinaçõesfonéticas (ver formação dos temas do infectum, p. 412. Os que recebem o sufixonu / nnu têm um tema alternativo em u- e têm a 1a pessoa -æv.

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Page 343: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

343a flexão verbal

3a pessoa: tÛyhti > tÛyhsidÛdvti > dÛdvsiásth-ti > ásth-siáhti > áhsi

3. Os verbos em -mi sofrem, no indicativo ativo, alternância de quantida-de na vogal temática: longa no singular e breve no plural.

4. na 3a pessoa do pl. a desinência -nti tem dois tratamentos:

a) læ-o-nti > læ-onsi > læ-ousi. O -n- sofre síncope antes da dental e alonga a vogal anterior;

b) tÛ-ye-nti > tiy¡-ati > tiy¡-asidÛ-do-nti > didñ-ati > didñ-asiá-sta-nti > ßst�-ati > ßst�-asi > ßst�si á-e -nti > ß¡-ati > ß-¡-asi > ß�-si

O -n-, diante da consoante -t- se vocaliza em -a-.: nti > ati > asi26.

5. Além dos verbos do quadro acima, fazem a 1a pessoa do indicativopresente em -mi:

a) alguns temas verbais em consoante, que recebem um infixo -nu-como:

deÛk-nu-mi - eu mostro

b) alguns temas verbais em vogal, que recebem um infixo -nnu- como:zÅ-nnu-mi - eu cinjo

c) alguns temas verbais em consoante, que recebem um infixo -nh-como:

d�m-nh-mi - eu domop¡r-nh-mi - eu vendo

26 Essa diferença de tratamento se deve à �competência lingüística�; nos verbos monos-silábicos a vogal é temática e por isso significativa. Não se faz a simplificação fo-nética. Por isso o -n- é soante, e em contato com a consoante se vocaliza em -a-.

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Page 344: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

344 a flexão verbal

d) quatro verbos sem redobro nem infixo:eämi eu vou, estou indoeÞmi eu soufhmi eu me manifesto, eu digo±mi eu digo

A flexão desses verbos se faz normalmente como nos quatro mo-delos em -mi.

Convém notar, porém, que todos esses verbos com infixo nh/nutêm uma forma alternativa em -v: deÛknumi / deiknæv, zÅnnumi /zvnæv, d�mnhmi / d�mnv, p¡rnhmi / p¡rnv. e é assim que flexionamtodas as formas do infectum fora do indicativo ativo. Mas, na 3a pessoa doplural, como o -u-é temático e dispensa vogal de ligação, na desinência -nti, o -n- vogaliza-se antes do -t-, e temos a desinência -nti > ati >asi.

Subjuntivo

læ-v-men = desliguemos (exortativo), vamos desligar? (delibera-tivo), se (¤�n/ �n / µn) começarmos a desligar, caso comecemos a des-ligar, se desligarmos, caso desliguemos (eventual).

Não há idéia de tempo nessas expressões; apenas aspecto e modo.

S. læ-v ti-yÇ di-dÇ ß-stÇ ß-Çlæ-ú-w ti-y»-w di-dÒ-w ß-st»-w ß-»-wlæ-ú ti-y» di-dÒ ß-st» ß-»

P. læ-v-men ti-yÇ-men di-dÇ-men ß-stÇ-men ß-Ç-menlæ-h-te ti-y°-te di-dÇ-te ß-st°-te ß-°-telæ-v-si ti-yÇ-si di-dÇ-si ß-stÇ-si ß-Ç-si

D. læ-h-ton ti-y°-ton di-dÇ-ton ß-st°-ton ß-°-tonlæ-h-ton ti-y°-ton di-dÇ-ton ß-st°-ton ß-°-ton

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Page 345: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

345a flexão verbal

Notas:

1. Notar a equivalência de sentidos entre o subjuntivo presente e o futuro,mesmo em português. Os dois são eventuais.

2. Para não ocupar espaço e cansar inutilmente o leitor, daqui para frentetraduziremos só as formas do verbo læv; As outras serão traduzidaspor analogia.

Para efeito de consulta, damos a seguir o quadro da flexão do Sub-juntivo, com a demostração das alterações fonéticas:

læv læ-v læ-vlæ-h-si > læhi / læú > læhiw / læúwlæ-h-ti > læhti > læhsi > læhi / læúlæ-v-men læ-v-menlæ-h-te læ-h-telæ-v-nti > lævnti > lævnsi > lævsilæ-h-ton > læ-h-tonlæ-h-ton > læ-h-ton

tÛyhmi tÛ-y¡-v > tiyÇti-y¡-h-si > tiy°si > tiy°i/tiy» > tiy°iw / tiy»wtÛ-y¡-h-ti > tiy°ti > tiy°si > tiy°i / tiy»ti-y¡-v-men > tiyÇmenti-y¡-h-te > tiy°teti-y¡-v-nti > tiyÇnti > tiyÇnsi > tiyÇsiti-y¡-h-ton > ti-y°-tonti-y¡-h-ton > ti-y°-ton

dÛdvmi di-dñ-v > didÇdi-dñ-h-si > didÇsi > didÇi /didÒ > didÇiw/ didÒwdi-dñ-h-ti > didÇti > didÇsi > didÇi / didÒdi-dñ-v-men > didÇmendi-dñ-h-te > didÇtedi-dñ-v-nti > didÇnti > didÇnsi > didÇsidi-dñ-h-ton > di-dÇ-tondi-dñ-h-ton > di-dÇ-ton

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Page 346: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

346 a flexão verbal

ásthmi ßst�-v > ßstÇßst�-h-si > ßst°si > ßst°i / ßst» > ßst°iw / ßst»wßst�-h-ti > ßst°ti > ßst°si > ßst°i / ßst»ßst�-v-men > ßstÇmenßst�-h-te > ßst°teßst�-v-nti > ßstÇnti > ßstÇnsi > ßstÇsißst�-h-ton > ß-st°-tonßst�-h-ton > ß-st°-ton

áhmi ß-¡-v > ßÇß-¡-h-si> ß°si > ß°i / ß» > ß°iw / ß»wß-¡-h-ti > ß°ti > ß°si > ß°i / ß»ß-¡-v-men > ßÇmenß-¡-h-te > ß°teß-¡-v-nti > ßÇnti > ßÇnsi > ßÇsiß-¡-h-ton > ß-°-tonß-¡-h-ton > ß-°-ton

Notas:

1. O subjuntivo tem duas características: vogal de ligação longa e desi-nências primárias por ser eventual nos três temas.

2. No verbo læv, isto é, nos verbos de tema em consoante ou semivo-gal (soante), essa vogal longa coincide com o alongamento da vogal deligação ou a substitui;nos outros, a vogal longa v, h, h, v, h, v, característica do subjun-tivo, se junta à vogal breve do tema e a absorve (contração), prevale-cendo sempre o timbre: o.

ti-y®-v > ti-y¡-v > tiyÇdi-dÅ-v > didñ-v > didÇ

3. A acentuação está dentro dos hábitos fonéticos da língua: sempre queuma vogal acentuada entra na contração leva consigo a tonicidade; e oacento da forma final, tônica, é circunflexo (perispômeno).

4. O subjuntivo grego se traduz em português quer pelo presente do sub-juntivo quer pelo futuro do subjuntivo. Mas, na repetição de presente,�quando� eventual, �sempre que�, �se�, o português usa o indicativo, ogrego não. Sempre o subjuntivo. (ver no capítulo do subjuntivo)

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Page 347: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

347a flexão verbal

Optativo

læ-o-i-men - poderíamos começar a desligar, poderíamos estar desli-gando, desligaríamos (potencial ou afirmação atenuada), (�n) ah se estivés-semos desligando! (eÞ -eàye) se desligássemos - oxalá desligássemos! oxalá pu-déssemos desligar! (desejo, anseio por uma possibilidade, voto).

Não há idéia de tempo nessas expressões, apenas aspecto e modo.

S. læ-oi-mi ti-ye-Ûh-n di-do-Ûh-n ß-sta-Ûh-n ß-e-Ûh-nlæ-oi-w ti-ye-Ûh-w di-do-Ûh-w ß-sta-Ûh-w ß-e-Ûh-wlæ-oi ti-ye-Ûh di-do-Ûh ß-sta-Ûh ß-e-Ûh

P. læ-oi-men ti-ye-Ý-men27 di-do-Ý-men ß-sta-Ý-men ß-e-Ý-menlæ-oi-te ti-ye-Ý-te di-do-Ý-te ß-sta-Ý-te ß-e-Ý-telæ-oi-en ti-ye-Ý-en di-do-Ý-en ß-sta-Ý-en ß-e-Ý-en

D. læ-oi-ton ti-ye-Ý-ton di-doÝ-ton ß-sta-Ý-ton ß-e-Ý-tonlu-oÛ-thn ti-ye-Û-thn di-do-Û-thn ß-sta-Û-thn ß-e-Û-thn

Notas:

1. Há um falso ditongo na seqüência da vogal breve do tema desses ver-bos e a característica -i- longa do optativo; isso explica a posição datônica.

No singular o -i- longo se abrevia diante de outra longa.A variante longa no plural é menos usada do que a curta.Lei do menor esforço.

2. A característica do optativo é i / ie-ih.

3. O optativo tem sempre desinências secundárias, por ser o modo dopossível e da atenuação da afirmação.

4. Nos verbos em -v, por serem de tema em consoante ou semivogal(soante), há uma vogal de ligação fixa -o- no infectum (pres.), futuro eperfeito ativo -oi-.

27 Variante: tiye-Ûh-men, tiye-Ûh-te, tiye-Ûh-san.

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Page 348: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

348 a flexão verbal

5. Nos outros, com temas terminados em vogal, a característica do op-tativo se junta diretamente, numa alternância -ih- singular e -i- plural.

6. A desinência da 1a pessoa do singular, em vez de -n é -mi, e a da 3a doplural, em vez de -n é -en.

É um recurso fonético e semântico: a seqüência dos sons -i- e na-sal é incômoda; por isso, na 1a pessoa há um empréstimo ou mesmouma opção pela desinência -mi28 e na 3a pessoa a vogal de ligação -e-desfaz a dificuldade fonética.

7. O optativo grego se traduz em português, quer pelo imperfeito do sub-juntivo, geralmente na condicionante (prótase), quer pelo condicionalsimples, na condicionada (apódose).

Imperativo

- lèe - læete - desliga, vai desligando, começa a desligar (tu); desligai,começai a desligar, ide desligando (vós);

- lu¡tv - luñntvn: desligue , vá desligando, comece a desligar (ele);desliguem, vão desligando, comecem a desligar (eles).

Não há idéia de tempo nessas expressões; apenas aspecto e modo.S.

lè-e tÛ-ye-e > ei dÛ-do-e > ou á-sta-e > h á-e-e > eilu-¡-tv ti-y¡-tv di-dñ-tv ß-st�-tv ß-¡-tv

P.læ-e-te tÛ-ye-te dÛ-do-te á-sta-te á-e-telu-ñ-ntvn ti-y¡-ntvn di-dñ-ntvn ß-st�-ntvn ß-¡-ntvnlu-¡-tvsan29 ti-y¡-tvsan di-dñ-tvsan ß-st�-tvsan ß-¡-tvsan

D. læ-e-ton tÛ-ye-ton dÛ-do-ton á-sta-ton á-e-tonlu-¡-tvn ti-y¡-tvn di-dñ-tvn ß-st�-tvn ß-¡-tvn

28 Esse �empréstimo� só é possível porque tanto -mi como -v são �propriedade� da1a pessoa e ela as usa como bem lhe convém, foneticamente, é claro. A desinênciaoriginal é -m- (todas as desinências de 1a pessoa começam por -m-); o -n é a formado -m- em posição final. A opção por -mi-, então é natural.

29 A forma lu-¡-tvsan de 3a pessoa do plural é menos freqüente do que lu-ñ-ntvn.

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Page 349: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

349a flexão verbal

Notas:

1. Não há uma desinência específica do imperativo singular; é o própriotema do verbo; esse -e é vogal de apoio para os verbos de tema emconsoante, soante e semivogal, nos outros verbos, é usado por analogia.

2. As outras desinências são próprias do imperativo; são fixas e serão en-contradas na voz ativa de temas dos outros aspectos. Mas mantêm acaracterização fonética das pessoas gramaticais:

-t- 3a pessoa do singular-nt- 3a pessoa do plural-te- 2a pessoa do plural

Particípio

lævn - desligante, desligando, que está desligando: sempre simul-tâneo ao ato expresso pelo verbo da oração principal.

Não há idéia de tempo próprio no particípio; apenas aspecto e modo.A simultaneidade não significa tempo próprio, mas tempo relativo,

isto é, do enquadramento do ato verbal.

T lu-o-nt- ti-ye-nt- di-do-nt- ß-sta-nt- ß-e-nt-M. lævn tiyeÛw-y¡ntow didoæw-dñntow ßst�w-�ntow ßeÛw-¡ntowF. læousa� tiyeÝsa-shw didoèsa-shw ßst�sa-shw ßeÝsa-shwN. lèon tiy¡n-y¡ntow didñn-dñntow ßst�n-�ntow ß¡n-¡ntow

Notas:

1. A característica do particípio ativo é -nt no grego e -nt- no latim elínguas latinas.

2. O nom. sing. masc. se faz com a desinência -w, e o encontro desse -wcom o -nt- do tema tem tratamentos diferentes:

a) - Com vocalismo o :T.: lu-o-nt- > læont-w > læ0n-w > læon> lævn

� alongamento compensatório o > v antes de -n, sobre o modelo de l¡vn- l¡ontow - l¡ousi, ou, mais provavelmente, para evitar um tritongonos temas verbais em u e i.

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350 a flexão verbal

Os particípios do infectum dos verbos de tema em consoante ousemivogal (verbos em -v) se constroem sobre esse modelo.

Mas: T.: di-do-nt- > didñnt-w > didñn-w > didoæw� alongamento compensatório o > ou antes de -w, sobre o modelo de

T.: ôdñnt- > ôdñnt-w > ôdñn-w > ôdoæw30

3. Com outras vogais: síncope sucessivamente do t e do n e alongamen-to compensatório:tiy¡ntw > tiy¡n-w > tiyeÛw alongamento compensatório -e > eiß¡nt-w > ß¡n-w > ßeÛw alongamento compensatório -e > eißst�ntw > ßst�n-w > ßst�w alongamento compensatório -adeiknæntw > deiknænw > deiknæw alongamento compensatório -u

4. O feminino de todos esses particípios se forma com o sufixo -jalu-o-nt-ja > luontia > luonsia > luousia > læousalæousa é um tema em -a impuro (faz o gen. sing. em -hw e o

dat./loc. instr. singular -ú).Também: tiyeÝsa - shw

ßeÝsa - shwßst�sa - shwdeiknèsa - shw

5. O neutro é o tema puro, e o -t em posição final sofre apócope nonominativo, vocativo e acusativo singular.

læ-o-nt- > lèont > lèondi-dñnt- > didñnt > didñntiy¡nt- > tiy¡nt > tiy¡nß¡nt- > ß¡nt > ß¡nst�nt- > st�nt > st�ndeiknunt- > deikænt > deiknæn

30 Os gramáticos não explicam esta diferença. Cremos que é por causa da tonicidadedo -o- em didñnt- e ôdñnt-. Mas há registro de didÅn, embora didoæw seja aforma mais empregada.

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351a flexão verbal

Infinitivo

læ-ein - estar desligando, estar começando a desligar, estar no processode desligar.

Não há idéia de tempo nessas expressões; apenas aspecto e modo.Infinitivos: læ-ein ti-y¡-nai di-dñ-nai ß-st�-nai ß-¡-nai

Há duas desinências do infinitivo ativo:- en /-een (-hn) e -nai- lu-e-en > læeen > læein- tiy¡-nai, - didñ-nai, - ßst�-nai, - ß¡-nai

II. Passado:

Imperfeito

¦-lu-o-n: eu desligava, eu estava desligando� O ¤- que se antepõe ao tema chama-se aumento: é a marca do passado.� Só se usa no indicativo.� O passado usa desinências secundárias.� Não há outros modos no passado; só o indicativo.

S. ¦-lu-o-n ¤-ti-yh-n/ein ¤-dÛ-dv-n/oun á-sth-n á-h-n/ein¦-lu-e-w ¤-tÛ-yhw/eiw ¤-dÛ-dv-w/ouw á-sth-w á-h-w/eiw¦-lu-e ¤-tÛ-yh/ei ¤-dÛ-dv/ou á-sth á-h/ei

P. ¤-læ-o-men ¤-tÛ-ye-men ¤-dÛ-do-men á-sta-men á-e-men¤-læ-e-te ¤-tÛ-ye-te ¤-dÛ-do-te á-sta-te á-e-te¦-lu-o-n ¤-tÛ-ye-san ¤-dÛ-do-san á-sta-san á-e-san

D. ¤-læ-e-ton ¤-tÛ-ye-ton ¤-dÛ-do-ton á-sta-ton á-e-ton¤-lu-¡-thn ¤-ti-y¡-thn ¤-di-dñ-thn ß-st�-thn ß-¡-thn

Notas:

1. Como no presente, os verbos em -mi, no singular do imperfeito ativo,têm vogal temática longa e no plural, breve.

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352 a flexão verbal

2. Nas três pessoas do singular, os verbos em -mi, menos ásthmi31, po-dem ditongar a vogal temática longa. Assim: -h-> ei ; -v- > ou

¤-tÛyei-n ¤-dÛ-dou-n á-ei-n¤-tÛ-yei-w ¤-dÛ-dou-w á-ei-w¤-tÛ-yei ¤-dÛ-dou á-ei

3. Na 3a pessoa do plural desses mesmos verbos, para não confundir coma 1a pessoa, usa-se emprestada a desinência -san da 3a pessoa do plu-ral do aoristo sigmático. Com lu-v não, porque seria igual ao aoris-to; nos outros, o aoristo não tendo redobro, a distinção se mantém.

O aumento

O imperfeito (passado do presente, infectum) recebe, no indicati-vo, a marca do passado.

Aliás é só pelo indicativo que o grego exprime o passado. Não háoutros modos no passado.

O grego só tem um passado para cada aspecto:o do infectum, inacabado: imperfeitoo do aoristo: aoristo narrativoo do perfectum, acabado: mais-que-perfeito

O aumento é um ¤-, que seria um antigo advérbio de tempo, ante-posto ao tema do verbo e pode ser silábico ou temporal.

É silábico quando, anteposto ao tema verbal iniciado por consoan-te, faz sílaba independente monovocálica:

¦-graf-o-n eu escrevia;e é temporal quando, anteposto ao tema verbal iniciado por vogal breve,provoca um hiato e a conseqüente contração:

¤-¡lpiz-o- n > ±lpizon eu esperava¤-¡x-o-n > eäxon eu tinha¤-�g-o-n > ·gon eu conduzia¤-orgiz-ñ-mhn > Èrgizñmhn eu me irritava

31 É que esses três verbos alternam a vogal temática longa/breve no mesmo timbre:h/e, v/o; mas ásthmi alterna com ástami.

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353a flexão verbal

O aumento não faz parte da flexão; não é uma ptÇsiw = casus =caso = desinência; é um prefixo ou afixo que não se funde com o tema;tem uma função própria e é usado quando se precisa dele, para marcar opassado32.

Aumentos temporais

Como se vê, contrações em posição inicial diferem um pouco dasem posição interna no encontro de ¤ - + -e e ¤- + -o;

Enquanto em posição média, interna, resultam respectivamente emditongo -ei- e -ou-, em posição inicial resultam em ±- e È-.

Alguns exemplos de aumentos temporais:

a)�gv eu conduzo ¦-agon > ·gon�dv eu canto ¦-&don > ÂdonaÞt¡v > aÞtÇ eu exijo ¤-aÛteon > ¾tounaÞsy�nomai eu sinto ¤-aisyñmhn > ¼syñmhn¤lpÛzv eu espero ¤-¡lpizon > ³lpizoneÞk�zv eu imagino ¤-eÛkazon > ¾kazonôrgÛzomai, eu me exalto ¤-orgizñmhn > ÈrgizñmhnoÞk¡v > oÞkÇ eu habito ¤-oÛkeon > Õkounoämai eu penso, eu acho ¤-oÛmhn > Õmhnßketeæv eu suplico ¤-ik¡teuon > ßk¡teuonêbrÛzv eu ofendo ¤-æbrizon > ìbrizonÈfel¡v > ÈfelÇ eu ajudo ¤-vf¡loun > Èf¡loun´kv eu venho ¤-°kon > ¸konaéj�nv eu aumento ¤-aæjanon > hëjanoneêrÛskv eu acho ¤-eæriskon > hìriskonoét�zv, eu machuco ¤-oætazon > oëtazon

32 O aumento não é flexão; não se relaciona com a pessoa gramatical como as desi-nências pessoais: é um acréscimo, um apêndice; é externo ao tema. Não é ummorfema. Isto mostra que o tempo não está na forma verbal.

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Page 354: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

354 a flexão verbal

b) Alguns verbos que começam com ¤- começavam primitivamente pors- ou W-. A síncope do -s- e do -W- em posição intervocálica depoisdo acréscimo do aumento provoca o hiato que se desfaz na contraçãoem -ei- e não em -h-.

Os verbos são os seguintes:¤�v eu permito ¤W¡aon > eàvn¤yÛzv eu costumo ¤W¡yizon > eàyizon¥lÛssv eu faço girar ¤W¡lisson > eálisson§lkv eu puxo, arrasto ¤W¡lkon > eålkon¤rg�zomai eu trabalho ¤Wergazñmhn > eÞrgzñmhn¥sti�v eu recebo em casa ¤WestÛaon > eßstÛvn§pomai eu acompanho ¤-sepñmhn > eßpñmhn§rpv, eu rastejo ¦-serpon > eårpon¦xv eu seguro, eu tenho ¦-sexon > eäxon

c) Em alguns verbos, também por causa da síncope do W intervocálico,mas entre vogais de timbre diferente, não se fez a contração, e o au-mento recai sobre a segunda vogal:

¥ort�zv eu festejo Weort�zv ¥-eñrtazon > ¥Årtazonõr�v > õrÇ eu olho, vejo Wor�v ¤-ñraon > ¥Årvn�n-oÛgv eu abro �nWoÛgv �n-¡-oigon > �n¡Ägon

d) Há outros também que, por causa do W inicial e depois em posiçãointervocálica com o acréscimo do aumento, não fazem a contração entrevogais de timbre diferente:�g-nu-mi eu quebro ¤W�gnuon > ¤�gnuon�lÛskomai eu sou pego ¤Waliskñmhn > ¥aliskñmhnÈy¡v > ÈyÇ eu empurro ¤WÅyeon > ¤ÅyounÈn¡omai > Ènoèmai eu vendo ¤Wvneñmhn > ¤vnoæmhn

e) Os três verbos seguintes fazem o aumento em ±- paralelamente aoaumento em ¤- :

dænamai eu posso ±-dun�mhn ¤-dun�mhnboælomai, eu quero ±-boulñmhn ¤-boulñmhnm¡llv estou para, eu vou ³-mellon ¦-mellon

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Page 355: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

355a flexão verbal

Aumento nos verbos compostos

Exatamente porque o grego entende os compostos como �com-postos�, ele põe o aumento antes do verbo e não antes da preposição.

prost�ttv, eu prescrevo, ordeno pros-¡-tatton¤mb�llv eu jogo dentro ¤n-¡-ballon¤kb�llv eu jogo fora ¤j-¡-ballonsuggignÅskv eu compreendo, eu perdoo sun-e-gÛgnvskon¤kf¡rv eu retiro ¤j-¡-feron¤gkalæptv eu cubro, envolvo ¤n-e-k�luptonsumbaÛnv, eu ando junto sun-¡-bainon

Acidentes fonéticos no encontro das preposições e do aumento:

a) Observe que, como em ¤mb�llv e em ¤n-¡-ballon, as consoantesfinais das preposições se assimilam parcialmente ou não com a conso-ante inicial do verbo; no imperfeito, com a presença da vogal-aumen-to, elas retomam sua forma normal.

b) Quando a preposição termina em vogal, ela sofre elisão antes do aumento;dia-speÛrv eu espalho, disperso di-¡-speiron¤pi-tr¡pv eu dirijo sobre ¤p-¡-trepon�po-tr¡pv eu afasto, desvio �p-¡-trepon

c) Mas, nos compostos com peri, não se faz a elisão da vogal final dapreposição, porque esse -i é a desinência do locativo e é longo.

peri-tr¡pv eu faço dar a volta peri-¡-trepon

d) Nos compostos com a preposição prñ normalmente se processa umacontração;

pro-tr¡pv eu excito proætreponmas não é rara a manutenção do hiato:

proÛsthmi ponho diante de, pro¡sthka

e) Em alguns casos, ou porque a composição é muito antiga, ou porque ofalante grego já a fundiu semanticamente e a sente como um todo, oaumento se antepõe à forma inteira, e não entre as partes:

�nti-dik¡v eu contradigo ±nti-dÛkoun�-dik¡v eu cometo injustiça ±dÛkoundus-tux¡v estou sem sorte ¤-dustæxoun

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Page 356: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

356 a flexão verbal

plhm-mel¡v eu cometo infração ¤-plhmm¡loun�mfis-bht¡v eu estou em dificuldade ±mfis-b®toun

f) Mas às vezes o falante grego hesita entre duas formas e usa um ou doisaumentos:

� um antes do verbo composto e outro entre o primeiro e o segundoelemento:

¤n-oryñv eu endireito ±n-Åryoundi-oik¡v eu administro ¤-di-Ðkoun�n-¡xomai eu agüento, suporto ±n-eixñmhn

� ou então só antes do segundo elemento:dus-arest¡v não estou mais contente dus-hr¡stoun

VOZ MÉDIA E PASSIVA:

Indicativo presente

læ-o-mai Voz média: eu estou desligando, desligo para mim.Voz passiva: estou sendo desligado, sou desligado.

S. læ-o-mai tÛ-ye-mai dÛ-do-mai á-sta-mai á-e-mailæ-e-sai > ú/ei tÛ-ye-sai dÛ-do-sai á-sta-sai á-e-sailæ-e-tai tÛ-ye-tai dÛ-do-tai á-sta-tai á-e-tai

P. lu-ñ-meya ti-y¡-meya di-dñ-meya ß-st�-meya ß-¡-meyalæ-e-sye tÛ-ye-sye dÛ-do-sye á-sta-sye á-e-syelæ-o-ntai tÛ-ye-ntai dÛ-do-ntai á-sta-ntai á-e-ntai

D. lu-ñ-meyon tÛ-y¡-meyon di-dñ-meyon ß-st�-meyon ß-¡-meyonlæ-e-syon tÛ-ye-syon dÛ-do-syon á-sta-syon á-e-syon

1. Na 2a pessoa do sing., nos verbos em -v, o -s- em posição desinencialintervocálica sofre uma síncope e, no ático, o hiato formado é reduzidopor uma contração -esai > eai > ú / ei; no jônico, o hiato permanece.

A variante -ei é ática e vamos encontrá-la com freqüencia, sobre-tudo em Platão e Aristófanes. À primeira vista, ela se presta a confu-são com a 3a pessoa do singular da voz ativa. Mas o contexto resolve oproblema.

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Page 357: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

357a flexão verbal

2. Nos verbos em -mi, por serem de tema em vogal, a desinência é -saiporque não há vogal de ligação e não há síncope do -s-. Essa distinçãoentre vogal de ligação e vogal temática é clara: a vogal temática é es-sencial; a vogal de ligação é apenas funcional, instrumental. A vogaltemática se mantém e a vogal de ligação se acomoda.

Já vimos na flexão da voz ativa essa diferença de tratamento entrevogal temática e vogal de ligação

læ-o-nti > læ-o-nsi > ousitÛ-ye-nti > tÛ-ye-ati > ¡asi

Subjuntivo

læ-v-mai - Voz média - vou desligar para mim? (deliberativo); des-ligue para mim! (exortativo); caso eu desligue para mim, se eu desligar paramim (¤�n) (eventual).

Voz passiva - vou ser desligado? (deliberativo); sejamos desligados!(exortativo), caso eu seja desligado, se eu for desligado (eventual - ¤�n/�n/µn).

A tradução do subjuntivo grego em português se faz quer pelo pre-sente do subjuntivo quer pelo futuro do subjuntivo.33

Não há idéia de tempo nessas expressões; apenas aspecto e modo.

S. læ-v-mai ti-yÇ-mai di-dÇ-mai ß-stÇ-mai ß-Ç-mailæ-h-sai> ú ti-y°-sai > » di-dÇ-sai > Ò ß-st°-sai > » ß-°-sai > »læ-h-tai ti-y°-tai di-dÇ-tai á-st°-tai ß-°-tai

P. lu-Å-meya ti-yÅ-meya di-dÅ-meya ß-stÅ-meya ß-Å-meyalæ-h-sye ti-y°-sye di-dÇ-sye ß-st°-sye ß-°-syelæ-v-ntai ti-yÇ-ntai di-dÇ-ntai ß-stÇ-ntai ß-Ç-ntai

D. lu-Å-meyon ti-yÅ-meyon di-dÅ-meyon ß-stÅ-meyon ß-Å-meyonlæ-h-syon ti-y°-syon di-dÇ-syon ß-st°-syon ß-°-syon

33 Nas expressões da repetição do presente, na medida em que o ato repetido não é�fechado� > indicativo, o grego, coerentemente, emprega o subjuntivo com �n,porque se trata de um eventual. Em português usa-se o indicativo: quando, sempreque ele vem (venha) > ÷tan/¤�n ¦lyú.

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Page 358: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

358 a flexão verbal

Notas:

1. O -s- da 2a pessoa do singular, -sai, está em posição desinencial emtodos os verbos acima (vogal longa, característica do subj. e desinên-cias pessoais); por isso ele sofre síncope em todos, o que, no ático,resulta em hiato e posterior contração.

læ-h-sai > læhai > læhi > læú / læhiti-y¡-h-sai > tiy°sai > tiy°ai > tiy°i > tiy» / tiy°idi-d ñ-h-sai > didÇsai > didÇai > didÇi > didÒ / didÇiß-st�-h-sai > ßst°sai > ßst°ai > ßst°i > ßst» / ßst°iß-¡-h-sai > ß°sai > ß°ai > ß°i > ß» / ß°i

2. Novamente, nos verbos em -mi, as formas do subjuntivo são contratas,porque a vogal longa do subjuntivo se acrescenta à vogal breve do tema.Ver quadro demostrativo de flexão a seguir.

Quadro demostrativo da flexãodo subjuntivo médio/passivo:

T. tÛyh- / tiye-

S. ti-y¡-v-mai > tiyÇmaiti-y¡-h-sai > tiy°sai > tiy°ai > tiy°i /tiy»ti-y¡-h-tai > tiy°tai

P. ti-ye-Å-meya > tiyÅmeyati-y¡-h-sye > tiy°syeti-y¡-v-ntai > tiyÇntai

D. ti-ye-Å-meyon > tiyÅmeyonti-y¡-h-syon > tiy°syon

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Page 359: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

359a flexão verbal

T. didv-/dido-

S. didñ-v-mai > didÇmaididñ-h-sai > didÇsai > didÇai > didÇi / didÒdidñ-h-tai > didÇtai

P. dido-Å-meya > didñmeyadidñ-h-sye > didÇsyedidñ-v-ntai > didÇntai

D. dido-Å-meyon > didÅmeyondidñ-h-syon > didÇsyon

T. ßsth- / ßsta-

S. ßst�-v-mai > ßstÇmaißst�-h-sai > ßst°sai > ßst°ai > ßst°i / ßst»ßst�-h-tai > ßst°tai

P. ßsta-Å-meya > ßstÅmeyaßst�-h-sye > ßst°syeßst�-v-ntai > ßstÇntai

D. ßsta-Å-meyon > ßstÅmeyonßst�-h-syon > ßst°syon

T. ßh- / ße-

S. ß¡-v-mai > ßÇmaiß¡-h-sai > ß°sai > ß°ai > ß°i / ߻ߡ-h-tai > ß°tai

P. ße-Å-meya > ßÅmeyaß¡-h-sye �> ß°syeß¡-v-ntai > ßÇntai

D. ße-Å-meyon > ßÅmeyonß¡-h-syon > ß°syon

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Page 360: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

360 a flexão verbal

Optativo

lu-oÛ-mhn - Voz média - eu poderia estar desligando para mim, eudesligaria para mim (�n) (possível, afirmação atenuada), eÞ/eàye (oxalá,possível, desejo, voto) eu pudesse estar desligando para mim, ah! se eu pu-desse desligar para mim.

Voz passiva - se eu pudesse, eu poderia ser desligado!- eÞ, eàye (possí-vel, desejo, voto) se eu pudesse, eu poderia estar sendo desligado.

A tradução do optativo grego em português se faz quer pelo im-perfeito do subjuntivo na condicionante (prótase), quer pelo condicionalsimples na condicionada (apódose).

O mesmo acontece nas orações independentes: imperfeito do sub-juntivo ou condicional. Também pelas locuções com o verbo poder, comoestá nas traduções acima34.

Não há idéia de tempo nessas expressões; apenas aspecto e modo.

S. lu-oÛ-mhn ti-ye-Û-mhn di-do-Û-mhn ß-sta-Û-mhn ß-e-Û-mhn

læ-oi-so > oio ti-ye-Ýs0 > eÝo di-do-Ý-so > oÝo ß-sta-Ý-so > aÝo ß-e-Ý-so > eÝo

læ-oi-to ti-ye-Ý-to di-do-Ý-to ß-sta-Ý-to ß-e-Ý-to

P. lu-oÛ-meya ti-ye-Û-meya di-do-Û-meya ß-sta-Û-meya ß-e-Û-meya

læ-oi-sye ti-ye-Ý-sye di-do-Ý-sye ß-sta-Ý-sye ß-e-Ý-sye

læ-oi-nto ti-ye-Ý-nto di-do-Ý-nto ß-sta-Ý-nto ß-e-Ý-nto

D. lu-oÛ-meyon ti-ye-Û-meyon di-do-Û-meyon ß-sta-Û-meyon ß-e-Û-meyon

lu-oÛ-syhn ti-ye-Û-syhn di-do-Û-syhn ß-sta-Û-syhn ß-e-Û-syhn

Notas:

1. O -s- em posição desinencial intervocálica na 2a pessoa do singular detodos os verbos sofre síncope e põe em contato duas vogais e umasemivogal, o que resulta em tritongo, dispensando a contração.

læoiso > læoio tiyeÝso > tiyeÝo, didoÝso > didoÝoßstaÝso > ßstaÝo, ßeÝso > ßeÝo

34 Ver notas sobre a morfologia do optativo no quadro de flexão da voz ativa.

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Page 361: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

361a flexão verbal

2. Há um falso ditongo na seqüência da vogal temática breve dos verbosde tema em vogal e o -i- longo da característica do optativo; isso ex-plica a posição fixa da tônica.

3. Primitivamente, as vogais temáticas de tiye-Ýs0, dido-Ýso, Þsta-Ýso,ße-Ýso deveriam ser pronunciadas separadamente da marca do optativo;mas nos verbos de tema em consoante, soante e semivogal, a vogal deligação fazia bloco com o -i- do optativo: læ-oi-so, f¡r-oi-men.

Imperativo

læ-e-so > læeo > læou - læ-e-sye -Voz média: desliga para ti/começa a desligar para ti - desligai para

vós, começai a desligar para vós; ele/eles desligue(m) para si/ comece(m) a des-ligar para si.

Voz passiva: tu sê desligado / começa a ser desligado; vós sede desliga-dos / começai a ser desligados; ele/eles seja(m) desligado(s) / comece(m) a serdesligados.

Não há idéia de tempo nessas expressões; apenas aspecto e modo.

S.læ-e-so > ou tÛ-ye-so > ou dÛ-do-so > ou á-sta-so > v á-e-so > ou

lu-¡-syv ti-y¡-syv di-dñ-syv ß-st�-syv ß-¡-syv

P.læ-e-sye tÛ-ye-sye dÛ-do-sye á-sta-sye á-e-sye

lu-¡-syvn / ti-y¡-syvn / di-dñ-syvn / ß-st�-syvn / ß-¡-syvn /

lu-¡-stvsan35 ti-y¡-stvsan di-dñ-stvsan ß-st�-stvsan ß-¡-stvsan

D. læ-e-syon tÛ-ye-syon dÛ-do-syon á-sta-syon á-e-syon

lu-¡-syvn ti-y¡-syvn di-dñ-syvn ß-st�-syvn ß-¡-syvn

35 Como na voz ativa, há uma variante de 3a pessoa do plural, mas é usada com me-nos freqüência; é um pouco rebuscada.

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Page 362: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

362 a flexão verbal

Notas:

1. Nas formas da 2a pessoa do singular apenas a dos verbos de tema emconsoante, soante e semivogal sofrem contração regular depois da sín-cope do -s- intervocálico, entre vogal de ligação e vogal desinencial; acontração nos outros verbos - de tema em vogal - aconteceu por ana-logia, porque o -s- intervocálico entre vogal temática e desinencialem geral não sofre síncope; por isso é muito comum encontrarem-seas formas não contratas.

2. Notar a presença coerente das desinências pessoais também no imperativo:2a pessoa do singular: -so2a pessoa do plural: -tye > sye3a pessoa do singular: -tyv > -syv3a pessoa do plural: -ntyvn > -tyvn > -syvn

Particípio

lu-ñ-menow:Voz média: estou desligando para mim (médio).Voz passiva: estou sendo desligado, sou desligado.

� Sempre simultâneo ao ato expresso pelo verbo da oração principal.� Não há idéia de tempo nessas expressões, apenas aspecto.� A simultaneidade não significa tempo próprio, mas relativo; isto é, o

enquadramento do ato verbal.

Tema lu-ñ-meno- ti-y¡-meno- di-dñ-meno- ß-st�-meno- ß¡-meno-Masc. lu-ñ-menow ti-y¡-menow di-dñ-menow ß-st�-menow ß-¡-menowFem. lu-o-m¡nh ti-ye-m¡nh di-do-m¡nh ß-sta-m¡nh ß-e-m¡nhNeut. lu-ñ-menon ti-y¡-menon di-dñ-menon ß-st�-menon ß-¡-menon

Notas:

1. O tema do particípio médio ou passivo é -meno/menh/meno para to-dos os aspectos, exceto para o aoristo passivo.

2. Nos verbos de temas em consoante ou soante (semivogal) há vogal deligação, nos outros não, por desnecessária.

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Page 363: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

363a flexão verbal

Infinitivo

læ-e-syai:Voz média: desligar para si, estar desligando para si.Voz passiva: estar sendo desligado, ser desligado.Não há idéia de tempo nessas expressões, apenas aspecto.læ-e-syai tÛ-ye-syai dÛ-do-syai á-sta-syai áe-syai

Notas:

1. A desinência do infinitivo médio ou passivo é -syai para todos osverbos, em todos os aspectos, exceto para o aoristo passivo.

2. Nos verbos de temas em consoante ou soante (semivogal) há vogal deligação, nos outros não, por desnecessária.

Imperfeito

¤-lu-ñ-mhn:Voz média: eu desligava, estava desligando para mim.Voz passiva: eu era desligado, eu estava sendo desligado.

S. ¤-lu-ñ-mhn ¤-ti-y¡-mhn ¤-di-dñ-mhn ß-st�-mhn ß-¡-mhn¤-læ-e-so > ou ¤-tÛ-ye-so ¤-dÛ-do-so� á-sta-so > v á-e-so¤-læ-e-to ¤-tÛ-ye-to ¤-dÛ-do-to á-sta-to á-e-to

P. ¤-lu-ñ-meya ¤-ti-y¡-meya ¤-di-dñ-meya ß-st�-meya ß-¡-meya¤-læ-e-sye ¤-tÛ-ye-sye ¤-dÛ-do-sye á-sta-sye á-e-sye¤-læ-o-nto ¤-tÛ-ye-nto ¤-dÛ-do-nto á-sta-nto á-e-nto

D. ¤-læ-e-syon ¤-tÛ-ye-syon ¤-dÛ-do-syon á-sta-syon á-e-syon¤-lu-¡-syhn ¤-ti-y¡-syhn ¤-di-dñ-syhn ß-st�-syhn ß-¡-syhn

Notas:

1. Observar novamente que o -s- sofre síncope apenas depois de vogal deligação na 2a pessoa do singular de læv:

¤-læ-e-so > ¤læeo > ¤læouNo caso de á-sta-so > á-sta-o > ástv é por analogia com o aoristosigmático, ¤læsaso > ¤læsao > ¤læsv, que se faz a contração.

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Page 364: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

364 a flexão verbal

2. Constatar que em toda a flexão do infectum nós tivemosa) � de um lado, 4 verbos de tema em vogal breve e por isso a vogal

de ligação é dispensável; na verdade poderiam ser chamados deverbos temáticos por terem toda a flexão construída sobre o tema;

b) � de outro lado, um verbo de tema em soante (lu-), (semivogal,tratada como consoante), que poderia ser em consoante (fer-) epor isso se fez necessária a vogal de ligação.

3. Observar também que os 4 verbos temáticos têm a vogal temática lon-ga apenas no singular da voz ativa do presente e imperfeito ativos; aqui avogal temática é breve.

4. Ainda, dentro do sistema do infectum, devemos incluir alguns temasde verbos denominativos, que as gramáticas chamam de verbos contratos.São formações verbais com sufixo -j- sobre temas nominais em vogal:

nika-j-v (nÛkh - vitória) eu vençodhlo-j-v (d°lo-w - claro) eu revelofile-j-v (fÛlo-w - amigo) eu amoôxe-j-v öxo-w - veículo) eu transporto em veículo, eu viajokoni-j-v kñni-w - cinza) eu faço cinza, eu reduzo a cinzaghru-j-v g°ri-w - grito) eu gritodakru-j-v (d�kru - lágrima) eu choro

Na flexão sobre o tema do infectum o -j- se encontra em posiçãointervocálica e naturalmente sofre síncope, pondo em contato a vogaltemática e a vogal de ligação.

No dialeto ático, o hiato resultante é eliminado pela contração, nojônico, o hiato permanece.

Nos temas em semivogal, depois da síncope do -j- já em posiçãointervocálica, formam-se os ditongos:

-Ûv / -æv; -Ûeiw / -æeiw ; -Ûei / -æei.

Na flexão sobre os outros dois temas, aoristo/futuro e perfeito nãohá contrações, porque não há vogal de ligação, mas, por uma espéciede compensação, as vogais temáticas são alongadas:

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Page 365: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

365a flexão verbal

presente futuro aoristo perfeitonik�-v > nikÇ nik®sv ¤nÛkhsa nenÛkhka36

dhlñ-v > dhlÇ dhlÅsv ¤d®lvsa ded®lvkafil¡-v > filÇ fil®sv ¤fÛlhsa pefÛlhka

Þ�-o-mai > iÇmai) eu curo fut. Þ�somai.*dr�-v > drÇ eu ajo, eu faço fut. dr�sv

Há alguns verbos antigos de tema em -a que fazem as contraçõescomo se fossem de tema em -h. Os mais usados são:

z�-v eu estou vivo, eu vivodic�-v eu tenho sedepein�-v eu tenho fomexr�-o-mai eu me sirvo de, eu usoc�v eu coço, eu raspo (as cordas da lira)

Ver quadro demostrativo de flexão nas p. 380.Nos verbos ßdrÅv - eu suo, =igÅv - eu tremo, tenho frissão, a

vogal temática longa -v absorve todas as vogais das desinências e o -idesinencial ou do optativo se subscreve ou se adscreve.

Alguns temas verbais monossilábicos em -W / -eW, com a síncopedo W em posição intervocálica, só fazem contrações entre vogais do mes-mo timbre.

Contudo, a maioria deles desenvolve uma forma paralela em que oW se vocaliza em -u- e forma ditongo com a vogal do tema;

d¡v eu amarro, eu prendo deW- deæ-vy¡v eu corro yeW- yeæ-vn¡v eu nado neW- neæ-vpl¡v eu navego pleW- pleæ-vpn¡v eu sopro pneW- pneæ-v=¡v eu fluo, escorro =eW- =eæ-vx¡v eu verto, sirvo xeW- xeæ-vd¡v eu careço, preciso deW- deæ-vj¡v eu raspo, lixo, aliso jeW- jeæ-v

36 Quando o -a temático é precedido de vogal ou -r- o alongamento se faz na vogaldo mesmo timpre -a- e não em -h-.

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Page 366: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

366 a flexão verbal

Os verbos:kaWv > kaæv/k�v / kaWjv > kaÛv - eu queimoklaWv > kl�v /klaWjv > klaÛv - eu choro

por causa da síncope do W intervocálico no infectum, só fazem as contra-ções das vogais do mesmo timbre; nos temas dos outros aspectos (aoristo.futuro e perfectum) vocalizam o W antes da consoante:

kaÛv /kaæv kaæsv ¦kausa k¡kaukaklaÛv /klaæv klaæsomai ¦klausa k¡klauka

O mesmo acontece com todos os verbos em -eW-; constroem-se oaoristo (futuro) e perfeito sobre o tema com o W vocalizado

pl¡v pleæsv ¦pleusa p¡pleuka

Podemos incluir aqui também os verbos denominativos formadoscom o sufixo eW / W sobre temas consonânticos:

õdñw õdeWv > õdeæv eu caminhopaid paideWv > paideæv eu educo

Quadro de flexão dos verbos denominativosde tema em vogal e sufixo -j-

Daremos a seguir o quadro geral DO INFECTUM dos verbos de temaem vogal e sufixo -j-.37

Deve-se notar que as contrações das vogais temáticas depois da sín-cope do -j- intervocálico com as duas vogais de ligação -e-/-o- são naturais:

Tema em -a: a + o > v - a + e > aTema em -o: o + o > ou - o + e > ou / - o+ei > oi*Tema em -e: e + o > ou - e + e > ei / - e +oi > oi*

37 Na verdade, não são verbos de tema em vogal, mas verbos de tema em soante(semivogal -j-). Nas formas-base apresentadas já houve a síncope do -j-; é a formafinal. Um quadro demostrativo completo será apresentado a seguir. Ele é instruti-vo, porque se o lermos com atenção, veremos que cada forma tem um comporta-mento individual, dentro das normas fonéticas do jônico e do ático.

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Page 367: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

367a flexão verbal

* De fato, a evolução dessa contração é a seguinte:-o + -e > ou + -i > oui > oi-e + -o > ou + -i > oui > oi

Vogal longa absorve vogal breve.No encontro de vogais a > e / e > a prevalece o timbre da vogal

anterior e o resultado é a longa correspondente h ou a longo.

VOZ ATIVA:

Indicativo presente

eu venço eu revelo eu amo

S. nik�-v > nikÇ dhlñ-v > dhlÇ fil¡-v > filÇnik�-eiw > nik�w / nik�iw dhlñ-eiw > dhloÝw fil¡-eiw > fileÝwnik�-ei > nik� / nik�i dhlñ-ei > dhloÝ fil¡-ei > fileÝ

P. nik�-o-men > nikÇmen dhlñ-o-men > dhloèmen fil¡-o-men > filoèmennik�-e-te > nik�te dhlñ-e-te > dhloète fil¡-e-te > fileÝtenik�-ousi > nikÇsi dhlñ-ousi > dhloèsi fil¡-ousi > filoèsi

D. nik�-e-ton > nik�ton dhlñ-e-ton > dhloèton fil¡-e-ton > fileÝtonnik�-e-ton > nik�ton dhlñ-e-ton > dhloèton fil¡-e-ton > fileÝton

Subjuntivo

vença/vencer revele/revelar ame/amar

S. nik�-v > nikÇ dhlñ-v > dhlÇ fil¡-v > filÇnik�-úw > nik�w dhlñ-úw>dhloÝw / dhlÒw fil¡-úw > fil»wnik�-ú > nik� dhlñ-ú > dhloÝ / dhlÒ fil¡-ú > fil»

P. nik�-v-men > nikÇmen dhlñ-v-men > dhlÇmen fil¡-v-men > filÇmennik�-h-te > nik�te dhlñ-h-te > dhlÇte fil¡-h-te > fil°tenik�-v-si > nikÇsi dhlñ-v-si > dhlÇsi fil¡-v-si > filÇsi

D. nik�-h-ton > nik�ton dhlñ-h-ton > dhlÇton fil¡-h-ton > fil°tonnik�-h-ton > nik�ton dhlñ-h-ton > dhlÇton fil¡-h-ton > fil°ton

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Page 368: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

368 a flexão verbal

Optativo

venceria/vencesse revelaria/revelasse amaria/amasse*

S. nika-oÛh-n > nikÐhn dhlo-oÛh-n > dhloÛhn/dhloÝmi file-oÛh-n > filoÛhn

nika-oÛh-w > nikÐhw dhlo-oÛh-n > dhloÛhw/dhloÝw file-oÛh-w > filoÛhw

nika-oÛh > nikÐh** dhlo-oÛh > dhloÛh/dhloÝ** file-oÛh > fileoÛh**

P. nik�-oi-men > nikÒmen dhlñ-oi-men > dhloÝmen fil¡-oi-men > filoÝmen

nik�-oi-te > nikÒte dhlñ-oi-te > dhloÝte fil¡-oi-te > filoÝte

nik�-oi-en > nikÒen dhlñ-oi-en > dhloÝen fil¡-oi-en > filoÝen

D. nik�-oi-ton > nikÒton dhlñ-oi-ton > dhloÝton fil¡-oi-ton > filoÝton

nika-oÛ-thn > nikÐthn dhlo-oÛ-thn > dhloÛthn file-oÛ-thn > filoÛthn

* Também: poderia/pudesse vencer, revelar, amar.** As três pessoas do singular têm variantes com o vocalismo zero do optativo:

tim�oimi > timÅimi / timÒmi - tim�oiw > timÇiw / timÇw / tim�oi > timÇi/ timÒ; dhlñoimi > dhloèimi > dhloÝmi - dhlñoiw > dhloèiw > dhloÝw -dhlñoi > dhloèi > dhloÝ; fil¡oimi > filoèimi > filoÝmi - fil¡oiw > filoèiw >filoÝw - fil¡oi > filoèi > filoÝ.

Imperativo

vence/vencei revela/revelai ama/amai*S.

nÛka-e > nÛka d®lo-e > d®lou fÛle-e > fÛlei

nika-¡-tv > nik�tv dhlo-¡-tv > dhloætv file-¡-tv > fileÛtv

P.nik�-e-te > nik�te dhlñ-e-te > dhloète fil¡-e-te > fileÝte

nika-ñ-ntvn dhlo-ñ-ntvn file-ñ-ntvn> nikÅntvn > dhloæntvn > filoæntvn

D. nik�-e-ton > nik�ton dhlñ-e-ton > dhloèton fil¡-e-ton > fileÝton

nika-¡-tvn > nik�tvn dhlo-¡-tvn > dhloætvn file-¡-tvn > fileÛtvn

* Imperativo de 3a pessoa:ele vença, revele, ameeles vençam, revelem, amem

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Page 369: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

369a flexão verbal

Particípio

vencendo, que vence revelando, que revela amando, que ama

tema nik�-o-nt- dhlñ-o-nt- fil¡-o-nt-Masc. nik�-vn > nikÇn dhlñ-vn > dhlÇn fil¡-vn > filÇnFem. nik�-ousa > nikÇsa dhlñ-ousa > dhloèsa fil¡-ousa > filoèsaNeut. nik�-on > nikÇn dhlñ-on > dhloèn fil¡-on > filoèn

Infinitivo

vencer, estar vencendo revelar, estar revelando amar, estar amandonik�en > nik�n dhloæen > dhloèn fil¡en > fileÝn

Indicativo imperfeito

vencia, estava vencendo revelava, estava revelando amava, estava amando

S. ¤-nÛka-o-n > ¤nÛkvn ¤-d®lo-o-n > ¤d®loun ¤-fÛle-o-n > ¤fÛloun

¤-nÛka-e-w > ¤nÛkaw ¤-d®lo-e-w > ¤d®louw ¤-fÛle-e-w > ¤fÛleiw

¤-nÛka-e > ¤nÛka ¤-d®lo-e > ¤d®lou ¤-fÛl-e > ¤fÛlei

P. ¤-nik�-o-men > ¤nikÇmen ¤-dhlñ-o-men > ¤dhloèmen ¤-fil¡-o-men > ¤filoèmen

¤-nik�-e-te > ¤nik�te ¤-dhlñ-e-te > ¤-dhloète ¤-fil¡-e-te > ¤fileÝte

¤-nÛka-o-n > ¤nÛkvn ¤-d®lo-o-n > ¤d®loun ¤-fÛle-o-n > ¤fÛloun

D. ¤-nik�-e-ton > ¤nik�ton ¤-dhlñ-e-ton > ¤dhloèton ¤-fil¡-e-ton > ¤fileÝton

¤-nika-¡-thn > ¤nik�thn ¤-dhlo-¡-thn > ¤dhloæthn ¤file-¡-thn > ¤fileÛthn

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Page 370: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

370 a flexão verbal

peinÇ (pein�v) eu tenho fome

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativoeu tenho fome eu tenha. (se) teria fome, tem (tu)

tiver fome tivesse fome* tende fome**

S. peinÇ peinÇ peinÅimhn/peinÐmhnpein°iw/pein»w pein°iw/pein»w peinÅihw/peinÐhw peÛnhpein°i/pein» pein°i/pein» peinÐih/peinÐh pein®tv

P. peinÇmen peinÇmen peinÒmenpein°te pein°te peinÅite/peinÒte pein°tepeinÇsi peinÇsi peinÅien/peinÒen peinÅntvn

D. pein°ton pein°ton peinÅinton/peinÒnto pein°tonpein°ton pein°ton peinÅithn/peinÐthn pein®tvn

* Também: poderia/pudesse ter fome.** Imperativo de 3a pessoa: tenha ele/tenham eles fome.

Imperfeito: tinha fome estava tendo fomeS. ¤peÛnvn P. ¤peinÇmen D.

¤peÛnhw ¤pein°te ¤pein°ton¤peÛnh ¤peÛnvn ¤pein®thn

Particípio: que tem fomeTema Masc. Fem. Neut.pein®ont- peinÇn-Çntow peinÇsa-Åshw penÇn-Çntow

Infinitivo: ter fomepein°-en > pein°n

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Page 371: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

371a flexão verbal

VOZ MÉDIA E PASSIVA:

Indicativo

Voz média: venço, revelo, amo para mim/estou vencendo, revelando,amando para mim.

Voz passiva: sou/estou sendo vencido, revelado, amado.

S. nik�-o-mai > nikÇmai dhlñ-o-mai > dhloèmai fil¡-o-mai > filoèmai

nik�-e-sai > nik� dhlñ-e-sai > dhlÒ fil¡-e-sai > fil»

nik�-e-tai > nik�tai dhlñ-e-tai > dhloètai fil¡-e-tai > fileÝtai

P. nika-ñ-meya > nikÅmeya dhlo-ñ-meya > dhloæmeya file-ñ-meya > filoæmeya

nik�-e-sye > nik�sye dhlñ-e-sye > dhloèsye fil¡-e-sye > fileÝsye

nik�-o-ntai > nikÇntai dhlñ-o-ntai > dhloèntai fil¡-o-ntai > filoèntai

D. nik�-e-syon > nik�syon dhlñ-e-syon > dhloèsyon fil¡-e-syon > fileÝsyon

nik�-e-syon > nik�syon dhlñ-e-syon > dhloèsyon fil¡-e-syon > fileÝsyon

Subjuntivo

Voz média: vença, revele, ame, esteja vencendo, revelando, amandopara mim.

Voz passiva: seja/esteja sendo vencido, revelado, amado.

S. nik�-v-mai > nikÇmai dhlñ-v-mai > dhlÇmai fil¡-v-mai > filÇmai

nik�-h-sai > tim� dhlñ-h-sai > dhlÒ fil¡-h-sai > fil»

nik�-h-tai > tim�tai dhlñ-h-tai > dhlÇtai fil¡-h-tai > fil°tai

P. nika-Å-meya > nikÅmeya dhlo-Å-meya > dhlÅmeya file-Å-meya>filÅmeya

nik�-h-sye > nik�sye dhlñ-h-sye > dhlÇsye fil¡-h-sye > fil°sye

nik�-v-ntai > nikÇntai dhlñ-v-ntai > dhlÇntai fil¡-v-ntai > filÇntai

D. nik�-h-syon > nik�syon dhlñ-h-syon > dhlÇsyon fil¡-h-syon > fil°syon

nik�-h-syon > nik�syon dhlñ-h-syon > dhlÇsyon fil¡-h-syon > fil°syon

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Page 372: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

372 a flexão verbal

Optativo

Voz média: venceria/vencesse, revelaria/revelasse, amaria/amasse esta-ria/estivesse vencendo, revelando, amando para mim.

Voz passiva: seria/fosse vencido, revelado, amado; poderia/pudesse ser(estar sendo) vencido, revelado, amado.

S. nika-oÛ-mhn > nikÐmhn dhlo-oÛ-mhn > dhloÛmhn file-oÛ-mhn > filoÛmhn

nik�-oi-so > nikÒ dhlñ-oi-so > dhloÝo fil¡-oi-so > filoÝo

nik�-oi-to > nikÒto dhlñ-oi-to > dhloÝto fil¡-oi-to > filoÝto

P. nika-oÛ-meya > nikÐmeya dhlo-oÛ-meya > dhloÛmeya file-oÛ-meya > filoÛmeya

nik�-oi-sye > nikÒsye dhlñ-oi-sye > dhloÝsye fil¡-oi-sye > filoÝsye

nik�-oi-nto > nikÒnto dhlñ-oi-nto > dhloÝnto fil¡-oi-nto > filoÝnto

D. nik�-oi-syon > nikÒsyon dhlñ-oi-syon > dhloÝsyon fil¡-oi-syon > filoÝsyon

nika-oÛ-syhn > nikÐsyhn dhlo-oÛ-syhn > dhloÛsyhn file-oÛ-syhn > filoÛsyhn

Imperativo

Voz média: vence, revela, ama para ti - vencei, revelai, amai para vós- vença, revele, ame (ele)/(eles) - vençam, revelem, amempara si.

Voz passiva: sê/sede vencido(s), revelado(s), amado(s).

S.nik�-e-so > nikÇ dhlñ-e-so > dhloè fil¡-e-so > filoè

nika-¡-syv > nik�syv dhlo-¡-syv > dhloæsyv file-¡-syv > fileÛsyv

P.nik�-e-sye > nik�sye dhlñ-e-sye > dhloèsye fil¡-e-sye > fileÝsye

nika-¡-syvn > nik�syvn dhlo-¡-syvn > dhloæsyvn file-¡-syvn > fileÛsyvn

D. nik�-e-syon > nik�syon dhlñ-e-syon > dhloèsyon fil¡-e-syon > fileÝsyon

nika-¡-syvn > nik�syvn dhlo-¡-syvn > dhloæsyvn file-¡-syvn > filoæsyvn

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Page 373: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

373a flexão verbal

Particípio

Voz média: vencendo, revelando, amando para si/que vence, revela,ama para si.

Voz passiva: sendo vencido, revelado, amado/que é (está sendo) venci-do, revelado, amado.

Tema nika-ñ-meno- dhlo-ñ-meno- file-ñ-meno-

Masc. nikÅmenow dhloæmenow filoæmenowFem. nikvm¡nh dhloum¡nh filoum¡nhNeut. nikÅmenon dhloæmenon filoæmenon

Infinitivo

Voz média: vencer, revelar, amar/estar vencendo, revelando, amandopara si.

Voz passiva: estar sendo/ser: vencido, revelado, amado.

nik�-e-syai > nik�syai dhlñ-e-syai > dhloèsyai fil¡-e-syai > fileÝsyai

Imperfeito

Voz média: estava vencendo, revelando, amando/vencia, revelava, ama-va para si.

Voz passiva: era / estava sendo vencido, revelado, amado.

S. ¤-nika-ñ-mhn > ¤nikÅmhn ¤-dhlo-ñ-mhn > ¤dhloæmhn ¤-file-ñ-mhn > ¤filoæmhn

¤-nik�-e-so > ¤nikÇ ¤-dhlñ-e-so > ¤dhloè ¤-fil¡-e-so > ¤filoè

¤-nik�-e-to > ¤nik�to ¤-dhlñ-e-to > ¤dhloèto ¤-fil¡-e-to > ¤fileÝto

P. ¤-nika-ñ-meya > ¤nikÅmeya ¤-dhlo-ñ-meya > ¤dhloæmeya ¤-file-ñ-meya > ¤filoæmeya

¤-nik�-e-sye > ¤nik�sye ¤-dhlñ-e-sye > ¤dhloèsye ¤-fil¡-e-sye > ¤fileÝsye

¤-nik�-o-nto > ¤nikÇnto ¤-dhlñ-o-nto > ¤dhloènto ¤-fil¡-o-nto > ¤filoènto

D. ¤-nik�-e-syon > ¤nik�syon ¤-dhlñ-e-syon > ¤dhloèsyon ¤-fil¡-e-syon > ¤fileÝsyon

¤-nika-¡-syhn > ¤nik�syhn ¤-dhlo-¡-syhn > ¤dhloæsyhn ¤-file-¡-syhn > ¤fileÛsyhn

mur05.p65 22/01/01, 11:37373

Page 374: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

374 a flexão verbal

xrÇmai (xr�omai): eu uso, eu me sirvo de

IndicativoVoz média: eu me sirvo, eu uso para mim.

SubjuntivoVoz média: eu me sirva, (se) eu me servir.

OptativoVoz média: eu me serviria, eu me servisse, poderia/pudesse servir-me.

ImperativoVoz média: serve-te, sirva-se, servi-vos, sirvam-se.Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativo

S. xrÇmai xrÇmai xrvÛmhn/xrÐmhnxr°i / xr» xr°i/xr» xrÅio/xrÒo xrÇxr°tai xr°tai xrÅito/xrÒto xr®syv

P. xrÅmeya xrÅmeya xrvÛmeya/xrÐmeyaxr°sye xr°sye xrÅisye/xrÒsye xr°syexrÇntai xrÇntai xrÅinto/xrÒnto xr®syvn

D. xr°syon xr°syon xrvÛsyhn/xrÐsyhn xr°syonxr°syon xr°syon xrvÛsyhn/xrÐsyhn xr®syvn

ParticípioVoz média: que se serve, que usa.Tema masc. fem. neut.xrañmeno- xrÅmenow xrvm¡nh xrÅmenon

InfinitivoVoz média: servir-se, usar.

xr°syai

ImperfeitoVoz média: servia-se, usava.S. ¤xrÅmhn P. ¤xrÅmeya D.

¤xrÇ ¤xr°sye ¤xr°syon¤xr°to ¤xrÇnto ¤xr®syhn

mur05.p65 22/01/01, 11:37374

Page 375: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

375a flexão verbal

Quadro demostrativo da evolução fonética

Tema: nika-j-

Indicativo ativo presente

S. nik�-j-v > nik�v > nikÇnik�-j-e-si > nik�esi > nik�si > nik�i+w > nik�iw /nik�wnik�-j-e-ti > nik�eti > nik�esi > nik�si > nik�i /nik�

P. nik�-j-o-men > nik�omen > nikÇmennik�-j-e-te > nik�ete > nik�tenik�-j-o-nti > nik�onti > nikÇnti > nikÇnsi > nikÇsi

D. nik�-j-e-ton > nik�eton > nik�tonnik�-j-e-ton > nik�eton > nik�ton

Subjuntivo ativo

S. nik�-j-v > nik�v > nikÇnik�-j-h-si > nik�hsi > nik�si > nik�i +w > nik�iw/nik�wnik�-j-h-ti > nik�hti > nik�ti > nik�si > nik�i/nik�

P. nik�-j-v-men > nik�vmen > nikÇmennik�-j-h-te > nik�hte > nik�te > nik�tenik�-j-v-nti > nik�vnti > nikÇnti > nikÇnsi > nikÇsi

D. nik�-j-h-ton > nik�hton > nik�tonnik�-j-h-ton > nik�hton > nik�ton

mur05.p65 22/01/01, 11:37375

Page 376: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

376 a flexão verbal

Optativo ativo

S. nika-j-o-Ûh-n > nikaoÛhn > nikvÛhn/nikÐhn38

nika-j-o-Ûh-w > nikaoÛhw > nikÅihw/nikÐhwnika-j-o-Ûh-(t) > nikaoÛh > nikÅih/nikÐh

P. nik�-j-o-i-men > nik�oimen > nikÅimen/nikÒmennik�-j-o-i-te > nik�oite > nikÅite/nikÒtenik�-j-o-i-e-n > nik�oien > nikÅien/nikÒen

D. nik�-j-o-i-ton > nik�oiton > nikÅiton/nikÒtonnika-j-o-Û-thn > nikaoÛthn > nikÅithn/nikÐthn

Imperativo ativo

S. 2a nÛka-j-e > nÛkae> nÛka3a nikaj-¡-tv > nika¡tv > nik�tv

P. 2a nik�-j-e-te > nik�ete > nik�te3a nika-j-ñ-ntvn > nikañntvn > nikÅntvn

D. 2a nik�-j-e-ton > nik�eton > nik�ton3a nika-j-¡-tvn > nika¡tvn > nik�tvn

Particípio ativo

Tema nik�-j-o-nt-> nik�ont- > nikÇnt-

Masc. nik�-j-o-nt-w > nik�ont > nikÇnt > nikÇn

Fem. nik�-j-o-nt-j-a > nik�ontia > nik�ousia > nik�ousa > nikÇsa

Neutro nik�-j-o-nt > nik�ont > nik�on > nikÇn

38 Variantes: nik�o-j-o-i-mi > nik�oimi > nikÅimi/nikÒmi;nik�-j-o-i-w > nik�oiw > nikÅiw/nikÒw; nik�-j-o-i-t > nik�oi > nikÅi/nikÒ

mur05.p65 22/01/01, 11:37376

Page 377: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

377a flexão verbal

Infinitivo ativo

nik�-j-en > nik�en > nik�n

Imperfeito ativo

S. ¤-nÛka-j-o-n > ¤nÛkaon > ¤nÛkvn¤-nÛka-j-e-w > ¤nÛkaew > ¤nÛkaw¤-nÛka-j-e-(t) > ¤nÛkae > ¤nÛka

P. ¤-nik�-o-men > ¤nik�omen > ¤nikÇmen¤-nik�-j-e-te > ¤nik�ete > ¤nik�te¤-nÛka-j-o-n > ¤nÛkaon > ¤nÛkvn

D. ¤-nik�-j-e-ton > ¤nik�eton > ¤nik�ton¤-nika-j-¡-thn > ¤nika¡thn > ¤nik�thn

Indicativo presente médio / passivo

S. nik�-j-o-mai > nik�omai > nikÇmainik�-j-e-sai > nik�esai > nik�eai > nik�hi > nik�iw / nik�wnik�-j-e-tai > nik�etai > nik�tai

P. nika-j-ñ-meya > nikañmeya > nikÅmeyanik�-j-e-sye > nik�esye > nik�syenik�-j-o-ntai > nik�ontai > nikÇntai

D. nik�-j-e-syon > nik�syon > nik�syonnik�-j-e-syon > nik�syon > nik�syon

mur05.p65 22/01/01, 11:37377

Page 378: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

378 a flexão verbal

Subjuntivo médio / passivo

S. nik�-j-v-mai > nik�vmai > nikÇmainik�-j-h-sai > nik�hsai > nik�hai > nik�hi > nik�i/nik�nik�-j-h-tai > nik�htai > nik�tai

P. nika-j-Å-meya > nikaÅmeya > nikÅmeyanik�-j-h-sye > nik�hsye > nik�syenik�-j-v-ntai > nik�vntai > nikÇntai

D. nik�-j-h-syon > nik�hsyon > nik�syonnik�-j-h-syon > nik�hsyon > nik�syon

Optativo médio / passivo

S. nika-j-o-Û-mhn > nikaoÛmhn > nikvÛmhn/nikÐmhnnik�-j-o-i-so > nik�oiso > nikÅio/nikÒnik�-j-o-i-to > nik�oito > nikÅito/nikÒto

P. nika-j-o-Û-meya > nikaoÛmeya > nikÅimeya/nikÐmeyanik�-j-o-i-sye > nik�oisye > nikÅisye/nikÒsyenik�-j-o-i-nto > nik�ointo > nikÅinto /nikÒnto

D. nik�-j-o-i-syon > nik�oisyon > nikÅisyon/nikÒsyonnika-j-o-Û-syhn > nikaoÛsyhn > nikÅisyhn/nikÐsyhn

Imperativo médio / passivo

S. 2a nik�-j-e-so > nik�eso > nik�eo > nik�v > nikÇ3a nika-j-¡-syv > nika¡syv > nik�syv

P. 2a nik�-j-e-sye > nik�esye > nik�sye3a nik�-j-¡-syvn > nika¡syvn > nik�syvn

D. 2a nik�-j-e-syon > nik�esyon > nik�syon3a nika-j-¡-syvn > nika¡syvn > nik�syvn

mur05.p65 22/01/01, 11:37378

Page 379: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

379a flexão verbal

Particípio médio / passivo

Tema nika-j-ñ-meno- > nikañmeno- > nikÅmeno-Masc. nika-j-ñ-meno-w > nikañmenow > nikÅmenowFem. nika-j-o-m¡nh > nikaom¡nh > nikvm¡nhNeutro nika-j-ñ-menon > nikañmenon > nikÅmenon

Infinitivo médio / passivo

nik�-j-e-syai > nik�esyai > nik�syai

Imperfeito médio / passivo

S. ¤-nik�-j-ñ-mhn > ¤nikañmhn > ¤nikÅmhn¤-nik�-j-e-so > ¤nik�eso > ¤nik�eo > ¤nik�o > ¤nÛkǤ-nik�-j-e-to > ¤nik�eto > ¤nik�to

P. ¤-nika-j-ñ-meya > ¤nikañmeya > ¤nikÅmeya¤-nik�-j-e-sye > ¤nik�esye > ¤nik�sye¤-nik�-j-o-nto > ¤nik�onto > ¤nikÇnto

D. ¤-nik�-j-e-syon > ¤nik�esyon > ¤nik�syon¤-nika-j-¡-syhn > ¤nika¡syhn > ¤nik�syhn

mur05.p65 22/01/01, 11:37379

Page 380: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

380 a flexão verbal

Tema: peinaj- / peinhj-

Indicativo ativo presente

S. pein®-j-v > pein®v > pein¡v > peinÇpein®-j-e-si > pein®esi > pein®ei > pein°i +w > pein°iw/pein»wpein®-j-e-ti > pein®eti > pein®esi > pein®ei > pein°i/pein»

P. pein®-j-o-men > pein®omen > peinÇmenpein®-j-e-te > pein®ete > pein°tepein®-j-o-nti > pein®onti > peinÇnti > peinÇnsi > peinÇsi

D. pein®-j-e-ton > pein®eton > pein°tonpein®-j-e-ton > pein®eton > pein°ton

Subjuntivo ativo

S. pein®-j-v > pein®v > pein¡v > peinÇ

pein®-j-h-si > pein®hsi > pein¡hsi > pein°si > pein°i +w > pein°iw/pein»w

pein®-j-h-ti > pein®hti > pein¡hti > pein°ti > pein°si > pein°i/pein»

P. pein®-j-v-men > pein®vmen > pein¡vmen > peinÇmen

pein®-j-h-te > pein®hte > pein®ete > pein°te

pein®-j-v-nti > pein®vnti > pein¡vnti > peinÇnti > peinÇnsi >peinÇsi

D. pein®-j-h-ton > pein®hton > pein¡hton > pein°ton

pein®-j-h-ton > pein®hton > pein¡hton > pein°ton

mur05.p65 22/01/01, 11:37380

Page 381: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

381a flexão verbal

Optativo ativo

S. peinh-j-o-Ûhn > peinhoÛhn > peinÅimhn/peinÐmhnpeinh-j-o-Ûhw > peinhoÛhw > peinÅihw/peinÐhwpeinh-j-o-Ûh > peinhoÛh > peinÐih/peinÐh

P. pein®-j-o-i-men > pein®oimen > peinÅimen > peinÒmenpein®-j-o-i-te > pein®oite > peinÅite/peinÒtepein®-j-o-i-en > pein®oien > peinÅien/peinÒen

D. pein®-j-o-i-ton > pein®ointon > peinÅinton/peinÒntopeinh-j-o-Û-thn > peinhoÛthn > peinÅithn/peinÐthn

Imperativo ativo

S. 2a peÛnh-j-e > peÛnhe > peÛnh3a peinh-j-¡-tv > peinh¡tv > pein®tv

P. 2a pein®-j-e-te > pein®ete > pein°te3a peinh-j-ñ-ntvn > peinhñntvn > peineÅntvn > peinÅntvn

D. 2a pein®-j-e-ton > pein®eton > pein°ton3a peinh-j-¡-tvn > peinh¡tvn > pein®tvn

Particípio ativo

Tema pein®-j-ont- pein®-ont- peinÇnt-

Masc. pein®-j-ont-w > pein®ontw >peinÇntw > peinÇn/Çntow

Fem. peinh-j-ñ-ntja >peinhñntia > peinÅntia > peinÅnsia > peinÇsa-shw

Neutro pein®-j-ont > pein°ont > peinÇn-Çntow

Infinitivo ativo

pein®-j-en > pein°en > pein°n

mur05.p65 22/01/01, 11:37381

Page 382: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

382 a flexão verbal

Imperfeito ativo

S. ¤-peÛnh-j-o-n > ¤peÛnhon > ¤peÛnvn¤-peÛnh-j-e-w > ¤peÛnhew > ¤peÛnhw¤-peÛnh-j-e > ¤peÛnhe > ¤peÛnh

P. ¤-pein®-j-o-men > ¤pein®omen > ¤peinÇmen¤-pein®-j-e-te > ¤pein®ete > ¤pein°te¤-pein®-j-o-nto > ¤pein®onto > ¤peinÇnto

D. ¤-pein®-j-e-ton > ¤pein®eton > ¤pein°ton¤-peinh-j-¡-thn > ¤peinh¡thn > ¤pein®thn

Tema: xraj- / xrhj-

Indicativo presente médio

S. xr®-j-o-mai > xr®omai > xrÇmaixr®-j-e-sai > xr®esai > xr®eai > xr°i / xr»xr®-j-e-tai > xr®etai > xr°tai

P. xrh-j-ñ-meya > xrhñmeya > xrÅmeyaxr®-j-e-sye > xr®esye > xr°syexr®-j-o-ntai > xr®ontai > xrÇntai

D. xr®-j-e-syon > xr®esyon > xr°syonxr®-j-e-syon > xr®esyon > xr°syon

mur05.p65 22/01/01, 11:37382

Page 383: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

383a flexão verbal

Subjuntivo médio

S. xr®-j-v-mai > xr®vmai > xr¡vmai > xrÇmai

xr®-j-h-sai > xr®hsai > xr¡hsai > xr°sai > xr°ai > xr°i/xr»

xr®-j-h-tai > xr®htai > xr¡htai > xr°tai

P. xrh-j-Å-meya > xrhÅmeya > xreÅmeya > xrÅmeya

xr®-j-h-sye > xr®hsye > xr¡hsye > xr°sye

xr®-j-v-ntai > xr®vntai > xr¡vntai > xrÇntai

D. xr®-j-h-syon > xr®hsyon > xr¡hsyon > xr°syon

xr®-j-h-syon > xr®hsyon > xr¡hsyon > xr°syon

Optativo médio

S. xrh-j-o-Û-mhn > xrhoÛmhn > xrvÛmhn/xrÐmhn

xr®-j-o-i-so > xr®oiso > xr®oio > xrÅio/xrÒo

xr®-j-o-i-to > xr®oito > xrÅito/xrÒto

P. xrh-j-o-Û-meya > xrhoÛmeya > xrvÛmeya/xrÐmeya

xr®-j-o-i-sye > xr®oisye > xrÅisye/xrÒsye

xr®-j-o-i-nto > xr®ointo > xrÅinto/xrÒnto

D. xrh-j-o-Û-syhn > xrhoÛsyhn > xrvÛsyhn/xrÐsyhn

xrh-j-o-Û-syhn > xrhoÛsyhn > xrvÛsyhn/xrÐsyhn

Imperativo médio

S. 2a xr®-j-e-so > xr®eso > xr°so > xr°o > xrÇ

3a xrh-j-¡-syv > xrh¡syv > xr®syv

P. 2a xr®-j-e-sye > xr®esye > xr°sye

3a xrh-j-¡-syvn > xrh¡syvn > xr®syvn

D. 2a xr®-j-e-syon > xr®esyon > xr°syon

3a xrh-j-¡-syvn > xrh¡syvn > xr®syvn

mur05.p65 22/01/01, 11:37383

Page 384: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

384 a flexão verbal

Particípio médio

Tema xrh-j-ñ-meno > xrhñmeno > xrÅmeno-Masc. xrh-j-ñ-menow > xrhñmenow > xrÅmenowFem. xrh-j-o-m¡nh > xrhom¡nh > xrvm¡nhNeutro xrh-j-ñ-menon > xrhñmenon > xrÅmenon

Infinitivo médio

xr®-j-e-syai > xr®esyai > xr°syai

Imperfeito médio

S. ¤-xrh-j-ñ-mhn > ¤xrhñmhn > ¤xrÅmhn¤-xr®-j-e-so > ¤xr®eso > ¤xr®eo > ¤xr®o > ¤xrǤ-xr®-j-e-to > ¤xr®eto > ¤xr°to

P. ¤-xrh-j-ñ-meya > ¤xrhñmeya > ¤xrÅmeya¤-xr®-j-e-sye > ¤xr®esye > ¤xr°sye¤-xr®-j-o-nto > ¤xr®onto > ¤xrÇnto

D. ¤-xr®-j-e-syon > ¤xr®esyon> ¤xr°syon¤-xrh-j-¡-syhn > ¤xrh¡syhn > ¤xr®syhn

mur05.p65 22/01/01, 11:37384

Page 385: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

385a flexão verbal

Tema: dhlo-j-

Indicativo ativo presente

S. dhlñ-j- v > dhlñ-v > dhlÇ

dhlñ-j- esi > dhlñ-e-si > dhlñei > dhloèi > dhloÝ+w> dhloÝw

dhlñ-j- eti > dhlñ-e-ti > dhlñesi > dhlñei > dhloèi > dhloÝ

P. dhlñ-j- omen > dhlñ-o-men > dhloèmen

dhlñ-j- ete > dhlñ-e-te > dhloète

dhlñ-j- onti > dhlñ-o-nsi > dhloènsi > dhloèsi

D. dhlñ-j- eton > dhlñ-e-ton > dhloèton

dhlñ-j- eton > dhlñ-e-ton > dhloèton

Subjuntivo ativo

S. dhlñ-j-v > dhlñ-v > dhlÇ

dhlñ-j- hsi > dhlñ-h-si > dhlñhi > dhlñúi+w> dhlÅiw/dhlÒw

dhlñ-j-hti > dhlñ-h-ti > dhlñhsi > dhlñhi/dhlÅi dhlÅi/dhlÒ

P. dhlñ-j- vmen > dhlñ-v-men > dhlÇmen

dhlñ-j- hte > dhlñ-h-te > dhlÇte

dhlñ-j- vnti > dhlñ-v-nti > dhlñvnsi > dhlñvsi > dhlÇsi

D. dhlñ-j- hton > dhlñ-h-ton > dhlÇton

dhlñ-j- hton > dhlñ-h-ton > dhlÇton

mur05.p65 22/01/01, 11:37385

Page 386: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

386 a flexão verbal

Optativo ativo

S. dhlo-j- oÛhn > dhlo-oÛ-hn > dhlouÛhn > dhloÛhn39

dhlo-j-oÛh-w > dhlo-oÛ-hw > dhlouÛhw > dhloÛhwdhlo-j-oÛh(t) > dhlo-oÛ-h > dhlouÛh > dhloÛh

P. dhlñ-j-oimen > dhlñ-oi-men > dhloæimen > dhloÝmendhlñ-j-oite > dhlñ-oi-te > dhloæite > dhloÝtedhlñ-j-oint > dhlñ-oi-n > dhloæin > dhloÝen

D. dhlñ-j- oiton > dhlñ-oi-ton > dhloæiton > dhloÝtondhlo-j- oÛthn > dhlo-oÛ-thn > dhloæithn > dhloÛthn

Imperativo ativo

S. 2a d®lo-j-e > d®lo-e > d®lou3a dhlo-j-¡-tv > dhlo-¡-tv > dhloætv

P. 2a dhlñ-j-ete > dhlñ-e-te > dhloète3a dhlo-j-ñntvn > dhlo-ñ-ntvn > dhloæntvn

D. 2a dhlñ-j-eton > dhlñ-e-ton > dhloèton3a dhlñ-j-¡tvn > dhlo-¡-tvn > dhloætvn

Particípio ativo

Tema dhlñ-j-o-nt-> dhlñont-> dhloènt-

Masc. dhlñ-j-o-nt- > dhlñvnt > dhlñvnt > dhlÇnt > dhlÇn

Fem. dhlo-j-ñ-nt-j-a > dhloñntia > dhloñnsia > dhloæsia > dhloèsa

Neutro dhlñ-j-o-nt > dhlñont > dhlñon > dhloèn

39 Variantes: dhlñ-j-o-i-mi > dhlñoimi > dhloæimi > dhloÝmi;dhlñ-j-o-i-w > dhlñoiw > dhloæiw > dhloÝw; dhlñ-j-o-i-t > dhlñoi > dhloæi > dhloÝ.

mur05.p65 22/01/01, 11:37386

Page 387: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

387a flexão verbal

Infinitivo ativo

dhlñ-j-en > dhlñen > dhloèn

Imperfeito ativo

S. ¤-d®lo-j-o-n > ¤-d®loo-n > ¤d®loun¤-d®lo-j-e-w > ¤-d®loe-w > ¤d®louw¤-d®lo-j-e-(t) > ¤-d®loe > ¤d®lou

P. ¤-dhlñ-j-o-men > ¤-dhlño-men > ¤dhloèmen¤-dhlñ-j-e-te > ¤-dhlñe-te > ¤-dhloète¤-d®lo-j-o-nt > ¤-d®loo-n > ¤d®loun

D. ¤-dhlñ-j-e-ton > ¤-dhlñe-ton > ¤dhloèton¤-dhlo-j- ¡-thn > ¤-dhlo¡-thn > ¤dhloæthn

Indicativo presente médio / passivo

S. dhlñ-j-o-mai > dhlñ-o-mai > dhloèmaidhlñ-j-e-sai > dhlñ-e-sai > dhlñeai > dhloèai > dhlÒdhlñ-j-e-tai > dhlñ-e-tai > dhloètai

P. dhlo-j-ñ-meya > dhlo-ñ-meya > dhloæmeyadhlñ-j-e-sye > dhlñ-e-sye > dhloèsyedhlñ-j-o-ntai > dhlñ-o-ntai > dhloèntai

D. dhlñ-j-e-syon > dhlñ-e-syon > dhloèsyondhlñ-j-e-syon > dhlñ-e-syon > dhloèsyon

mur05.p65 22/01/01, 11:37387

Page 388: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

388 a flexão verbal

Subjuntivo médio / passivo

S. dhlñ-j-v-mai > dhlñ-v-mai > dhlÇmai

dhlñ-j-h-sai > dhlñ-h-sai > dhlñhai > dhlñhi > dhlÒ/dhlÇi

dhlñ-j-h-tai > dhlñ-h-tai > dhlÇtai

P. dhlo-j-Å-meya > dhlo-Å-meya > dhlÅmeya

dhlñ-j-h-sye > dhlñ-h-sye > dhlÇsye

dhlñ-j-v-ntai > dhlñ-v-ntai > dhlÇntai

D. dhlñ-j-h-syon > dhlñ-h-syon > dhlÇsyon

dhlñ-j-h-syon > dhlñ-h-syon > dhlÇsyon

Optativo médio / passivo

S. dhl0-j-o-Û-mhn > dhlo-oÛ-mhn > dhlouÛmhn > dhloÛmhn

dhlñ-j-o-i-so > dhlñ-oi-so > dhlñoio > dhloæio > dhloÝo

dhlñ-j-o-i-to > dhlñ-oi-to > dhloæito > dhloÝto

P. dhlo-j-o-Û-meya > dhlo-oÛ-meya > dhlouÛmeya > dhloÛmeya

dhlñ-j-o-i-sye > dhlñ-oi-sye > dhloæisye > dhloÝsye

dhlñ-j-o-i-nto > dhlñ-oi-nto > dhloæinto > dhloÝnto

D. dhlñ-j-o-i-syon > dhlñ-oi-syon > dhloæisyon > dhloÝsyon

dhlo-j-o-Û-syhn > dhlo-oÛ-syhn > dhlouÛsyhn > dhloÛsyhn

Imperativo médio / passivo

S. 2a dhlñ-j-e-so > dhlñ-e-so > dhlñeo > dhloèo > dhloè

3a dhlo-j-¡-syv > dhlo-¡-syv > dhloæsyv

P. 2a dhlñ-j-e-sye > dhlñ-e-sye > dhloèsye

3a dhlo-j-¡-syvn > dhlo-¡-syvn > dhloæsyvn

D. 2a dhlñ-j-e-syon > dhlñ-e-syon > dhloèsyon

3a dhlo-j-¡-syvn > dhlo-¡-syvn > dhloæsyvn

mur05.p65 22/01/01, 11:37388

Page 389: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

389a flexão verbal

Particípio médio / passivo

Tema dhlo-j-ñ-meno- > dhlo-ñ-meno- > dhloæmeno-Masc. dhlo-j-ñ-meno-w > dhlo-ñ-menow > dhloæmenowFem. dhlo-j-o-m¡nh > dhlo-o-m¡nh > dhloum¡nhNeutro dhlo-j-ñ-meno-n > dhlo-ñ-menon > dhloæmenon

Infinitivo médio / passivo

dhlñ-j-e-syai > dhlñ-e-syai > dhloèsyai

Imperfeito médio / passivo

S. ¤-dhlo-j-ñ-mhn > ¤-dhlo-ñ-mhn > ¤dhloæmhn

¤-dhlñ-j-e-so > ¤-dhlñ-e-so > ¤-dhlñeo > ¤-dhloèo > ¤dhloè

¤-dhlñ-j-e-to > ¤-dhlñ-e-to > ¤dhloèto

P. ¤-dhlo-j-ñ-meya > ¤-dhlo-ñ-meya > ¤dhloæmeya

¤-dhlñ-j-e-sye > ¤-dhlñ-e-sye > ¤dhloèsye

¤-dhlñ-j-o-nto > ¤-dhlñ-o-nto > ¤dhloènto

D. ¤-dhlñ-j-e-syon > ¤-dhlñ-e-syon > ¤dhloèsyon

¤-dhlo-j-¡-syhn > ¤-dhlo-¡-syhn > ¤dhloæsyhn

mur05.p65 22/01/01, 11:37389

Page 390: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

390 a flexão verbal

Tema: file-j-

Indicativo presente ativo

S. fil¡-j-v > fil¡-v > filÇfil¡-j-e-si > fil¡-e-si > fil¡ei > fileÝ+w > fileÝwfil¡-j-e-ti > fil¡-e-ti > fil¡esi > fil¡ei > fileÝ

P. fil¡-j-o-men > fil¡-o-men > filoèmenfil¡-j-e-te > fil¡-e-te > fileÝtefil¡-j-o-nti > fil¡-o-nti > fil¡onsi > filoènsi > filoèsi

D. fil¡-j-e-ton > fil¡-e-ton > fileÝtonfil¡-j-e-ton > fil¡-e-ton > fileÝton

Subjuntivo ativo

S. fil¡-j-v > fil¡-v > filÇfil¡-j-h-si > fil¡-h-si > fil°si > fil°i+w> fil»w/fil°iwfil¡-j-h-ti > fil¡-h-ti > fil°si > fil»/fil°i

P. fil¡-j-v-men > fil¡-v-men > filÇmenfil¡-j-h-te > fil¡-h-te > fil°tefil¡-j-v-nti > fil¡-v-nti > fil¡vnsi > filÇnsi > filÇsi

D. fil¡-j-h-ton > fil¡-h-ton > fil°tonfil¡-j-h-ton > fil¡-h-ton > fil°ton

mur05.p65 22/01/01, 11:37390

Page 391: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

391a flexão verbal

Optativo ativo

S. file-j-o-Ûh-n > file-oÛh-n > filouÛhn > filoÛhn40

file-j-o-Ûh-w > file-oÛh-w > filouÛhw > filoÛhwfile-j-o-Ûh-(t) > file-oÛh > filouÛh > filoÛh

P. fil¡-j-o-i-men > fil¡-oi-men > filouÝmen > filoÝmenfil¡-j-o-i-te > fil¡-oi-te > filouÝte > filoÝtefil¡-j-o-i-nt > fil¡-oi-en > filouÝen > filoÝen

D. fil¡-j-o-i-ton > fil¡-oi-ton > filouÝton > filoÝtonfile-j-o-Û-thn > file-oÛ-thn > filouÛthn > filoÛthn

Imperativo ativo

S. 2a fÛle-j-e > fÛle-e > fÛlei3a file-j-¡-tv > file-¡-tv > fileÛtv

P. 2a fil¡-j-e-te > fil¡-e-te > fileÝte3a file-j-ñ-ntvn > file-ñ-ntvn > filoæntvn

D. 2a fil¡-j-e-ton > fil¡-e-ton > fileÝton3a file-j-¡-tvn > file-¡-tvn > fileÛtvn

Particípio ativo

Tema fil¡-j-o-nt-> fil¡-o-nt-> filoènt-Masc. fil¡-j-o-nt- > fil¡-v-nt > fil¡vnt > filÇnt > filÇnFem. file-j-ñ-nt-j-a > fileñntia > fileñnsia > fileñnsa > filoèsaNeutro fil¡-j-o-nt > fil¡-o-nt > filoènt > filoèn

40 Variantes: fil¡-j-o-i-mi > fil¡oimi > filoæi-mi > filoÝmi;fil¡-j-o-i-w > fil¡oiw > filoèiw > filoÝw; fil¡-j-o-i-t> fil¡oi > filoèi > filoÝ

mur05.p65 22/01/01, 11:38391

Page 392: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

392 a flexão verbal

Infinitivo ativo

fil¡-j-en > fil¡-en > fileÝn

Imperfeito ativo

S. ¤-fÛle-j-o-n > ¤-fÛle-o-n > ¤fÛloun¤-fÛle-j-e-w > ¤-fÛle-e-w > ¤fÛleiw¤-fÛle-j-e (t) > ¤-fÛle e > ¤fÛlei

P. ¤-fil¡-j-o-men > ¤-fil¡-o-men > ¤filoèmen¤-fil¡-j-e-te > ¤-fil¡-e-te > ¤fileÝte¤-fÛle-j-o-nt > ¤-fÛle-o-n > ¤fÛloun

D. ¤-fil¡-j-e-ton > ¤-fil¡-e-ton > ¤fileÝton¤-file-j-¡-thn > ¤file-¡-thn > ¤fileÛthn

Indicativo médio / passivo presente

S. fil¡-j-o-mai > fil¡-o-mai > filoèmaifil¡-j-e-sai > fil¡-e-sai > fil¡eai > fil¡hi > fil»/fil°ifil¡-j-e-tai > fil¡-e-tai > fileÝtai

P. file-j-ñ-meya > file-ñ-meya > filoæmeyafil¡-j-e-sye > fil¡-e-sye > fileÝsyefil¡-j-o-ntai > fil¡-o-ntai > filoèntai

D. fil¡-j-e-syon > fil¡-e-syon > fileÝsyonfil¡-j-e-syon > fil¡-e-syon > fileÝsyon

mur05.p65 22/01/01, 11:38392

Page 393: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

393a flexão verbal

Subjuntivo médio / passivo

S. fil¡-j-v-mai > fil¡-v-mai > filÇmaifil¡-j-h-sai > fil¡-h-sai > fil¡hai > fil¡hi > fil»/fil°ifil¡-j-h-tai > fil¡-h-tai > fil°tai

P. file-j-Å-meya > file-Å-meya > filÅmeyafil¡-j-h-sye > fil¡-h-sye > fil°syefil¡-j-v-ntai > fil¡-v-ntai > filÇntai

D. fil¡-j-h-syon > fil¡-h-syon > fil°syonfil¡-j-h-syon > fil¡-h-syon > fil°syon

Optativo médio / passivo

S. file-j- o-Û-mhn > file-oÛ-mhn > filouÛmhn > filoÛmhnfil¡-j-o-i-so > fil¡-oi-so > filoæio > filoÝofil¡-j-o-i-to > fil¡-oi-to > filoæito > filoÝto

P. file-j-o-Û-meya > file-oÛ-meya > filouÛmeya > filoÛmeyafil¡-j-o-i-sye > fil¡-oi-sye > filoæisye > filoÝsyefil¡-j-o-i-nto > fil¡-oi-nto > filoæinto > filoÝnto

D. fil¡-j-o-i-syon > fil¡-oi-syon > filoæisyon > filoÝsyonfile-j-o-Û-syhn > file-oÛ-syhn > filouÛsyhn > filoÛsyhn

Imperativo médio / passivo

S. 2a fil¡-j-e-so > fil¡-e-so > fil¡eo > fil¡ou > filoè3a file-j-¡-syv > file-¡-syv > fileÛsyv

P. 2a fil¡-j-e-sye > fil¡-e-sye > fileÝsye3a file-j-¡-syvn > file-¡-syvn > fileÛsyvn

D. 2a fil¡-j-e-syon > fil¡-e-syon > fileÝsyon3a file-j-¡-syvn > file-¡-syvn > fileÛsyvn

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Page 394: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

394 a flexão verbal

Particípio médio / passivo

Tema file-j-ñ-meno- > file-ñ-meno- > filoæmeno-Masc. file-j-ñ-menow > file-ñ-menow > filoæmenowFem. file-j-o-m¡nh > file-o-m¡nh > filoum¡nhNeutro file-j-ñ-menon> file-ñ-menon > filoæmenon

Infinitivo médio / passivo

fil¡-j-e-syai > fil¡-e-syai > fileÝsyai

Imperfeito médio / passivo

S. ¤-file-j-ñ-mhn > ¤-file-ñ-mhn > ¤filoæmhn¤-fil¡-j-e-so > ¤-fil¡-e-so > ¤-fil¡eo > ¤fil¡ou > ¤filoè¤-fil¡-j-e-to > ¤-fil¡-e-to > ¤fileÝto

P. ¤-file-j-ñ-meya > ¤-file-ñ-meya > ¤filoæmeya¤-fil¡-j-e-sye > ¤-fil¡-e-sye > ¤fileÝsye¤-fil¡-j-onto > ¤-fil¡-o-nto > ¤filoènto

D. ¤-fil¡-j-e-syon > ¤-fil¡-e-syon > ¤fileÝsyon¤-file-j-¡-syhn > ¤-file-¡-syhn > ¤fileÛsyhn

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Page 395: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

395a flexão verbal

Quadro de flexão de verbos em -micom sufixo nu/nnu

T. deik-nu - deÛk-nu-mi - eu mostro

VOZ ATIVA

Infectum:

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativomostro mostre/ mostraria/ mostra/mostrai*

mostrar mostrasse**S. deÛk-nu-mi deik-næ-v deik-næ-oi-mi

deÛk-nu-w *** deik-næ-úw deik-næ-oi-w deÛk-nu

deÛk-nu-si *** deik-næ-ú deik-næ-oi deik-næ-tv

P. deÛk-nu-men deik-næ-vmen deik-næ-oi-men

deÛk-nu-te deik-næ-hte deik-næ-oi-te deÛk-nu-te

deÛk-nu-nti>-næasi*** deik-næ-vsi deik-næ-oi-e-n deik-næ-ntvn/-tvsan

D. deÛk-nu-ton deik-næ-hton deik-næ-oiton deÛk-nu-ton

deÛk-nu-ton deik-næ-hton deik-nu-oÛ-thn deik-næ-tvn

* Imperativo de 3a pessoa: ele mostre/eles mostrem.

** Também: poderia/pudesse mostrar.

*** Ver flexão de tÛyhmi, p. 341.

Nota: O subjuntivo e o optativo são como os verbos de tema em -u-.

Imperfeito: mostrava estava mostrandoS. ¤-deÛk-nu-n* P. ¤-deÛk-nu-men D.

¤-deÛk-nu-w ¥-deÛk-nu-te ¤-deÛk-nu-ton¤-deÛk-nu ¤-deÛk-nu-san ¤-deik-næ-thn

* O sufixo -nu- dispensa vogal de ligação diante das desinências consonânticas.

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Page 396: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

396 a flexão verbal

Particípio: mostrando / que mostra

Tema Masc. Fem. Neut.deik-nu-nt- deiknæw - deiknæntow deiknèsa - deiknæshw deiknæn- deiknæntow

Infinitivo: mostrar/estar mostrandodeik-næ-nai

VOZ MÉDIA E PASSIVA

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativom. mostro pa- m. mostre, m. mostraria, m. mostra/mostraira mim; p. se mostrar mostrasse para ti/vós;sou mostrado para mim; para mim; mostre/mostrem pa-

p. seja, for p. seria, fos- ra si; sê mostrado(s)mostrado se mostrado* sejam mostrados

S. deÛk-nu-mai deik-næ-v-mai deik-nu-oÛ-mhn

deÛk-nu-sai deik-næ-h-sai > hai >ú deik-næ-oi-so > oio deÛk-nu-so

deÛk-nu-tai deik-næ-h-tai deiknæ-oi-to deik-næ-syv

P. deik-næ-meya deik-nu-Å-meya deik-nu-oÛ-meya

deÛk-nu-sye deik-næ-h-sye deik-næ-oi-sye deÛk-nu-sye

deÛk-nu-ntai deik-næ-vntai deik-næ-oi-nto deik-næ-syvn/syvsan

D. deÛk-nu-syon deik-næ-h-syon deik-næ-oi-syon deÛk-nu-syon

deÛk-nu-syon deik-næ-h-syon deik-nu-oÛ-syhn deik-næ-syvn

* Também: poderia/pudesse mostrar e poderia/pudesse ser mostrado.

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Page 397: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

397a flexão verbal

Imperfeito: eu mostrava, estava mostrando para mim/ eu era mostrado.

S. ¤-deik-næ-mhn* P. ¤-deik-næ-meya D.¤-deÛk-nu-so ¥-deÛk-nu-sye ¤-deÛk-nu-syon¤-deÛk-nu-to ¤-deÛk-nu-nto ¤-deik-næ-syhn

* O sufixo -nu- dispensa vogal de ligação diante das desinências consonânticas.

Particípio: mostrando para si/ que é, está sendo mostrado

Tema Masc. Fem. Neut.deik-næ-meno- deiknæ-menow deiknum¡nh deiknæ-menon

Infinitivo: mostrar para si/estar estar sendo mostradodeÛk-nu-syai

AORISTO ATIVO

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativomostro/mostrei mostre/se mostrar mostraria/ mostrasse** mostra, mostrai***

S. ¦-deija deÛj-v deÛja-i-mi

¦-deija-w deÛj-ú-w deÛja-i-w (seiaw) deÝj-son

¦-deij-e deÛj-ú deÛja-i (seien) deij�-tv

P. ¤-deÛja-men deÛj-v-men deÛja-i-men

¤-deÛja-te deÛj-h-te deÛja-i-te deÛja-te

¦-deija-n deÛj-v-si deÛja-i-en (jeian) lu-s�-ntvn

D. ¤-deij�-thn /jaton deÛj-h-ton deija-Û-thn/-ton) deÛja-ton

¤-deij�-thn deÛj-h-ton deija-Û-thn deij�-tvn

* O subjuntivo se constrói sobre o tema verbal+característica -s- do aoristo + carac-terísticas do subjuntivo v, h, h, v, h, v + desinências primárias ativas. (Ver oquadro demostrativo na página seguinte.)

** Também: poderia/pudesse mostrar.*** Imperativo de 3a pessoa: (ele) mostre / (eles) mostrem.

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Page 398: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

398 a flexão verbal

Quadro demostrativo do subjuntivo

S. deÛj-v > deÛjvdeÛj-h-si > deÛjhsi > deÛjhi/jú > deÛjúw/deÛjhiwdeÛj-h-ti > deÛjhsi > deÛjú/deÛjhi

P. deÛj-v-men > deÛjvmendeÛj-h-te > deÛjhtedeÛj-v-nti > deÛjvnsi > deÛjvsi

D. deÛj-h-ton > deÛjhtondeÛj-h-ton > deÛjhton

Particípio: tendo mostrado

Tema Masc. Fem. NeutrodeÛja-nt- deÛja-nt-w > deÛja-nt-j-a > deÛja-nt >

deÛjaw - deÛjant-ow deÛjasa - deij�s-hw deÝjan - deÛj-ant-ow

Infinitivo: mostrar: deÝj-ai

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Page 399: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

399a flexão verbal

AORISTO MÉDIO

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativomostro/mostrei mostre/se mostrar mostraria/ mostra para ti /para mim para mim mostrasse para mim** mostrai para

vós****

S. ¤-deij�-mhn deÛj-v-mai* deija-Û-mhn

¤-deÛja-so > sao > sv deÛj-h-sai >sú** deÛja-i-so > saio deÝj-ai

¤-deÛja-to deÛj-h-tai deÛja-i-to deij-�-syv

P. ¤-deij�-meya deij-Å-meya deija-Û-meya

¤-deÛja-sye deÛj-h-sye deÛja-i-sye deÛj-a-sye

¤-deÛja-nto deÛj-v-ntai deÛja-i-nto deij-�-syvn

D. ¤-deÛja-syon deÛj-h-syon deÛja-i-syon deÛj-a-syon

¤-deij�-syhn deÛj-h-syon deija-Û-syhn deij-�-syvn

* O subjuntivo aoristo médio se constrói sobre o tema verbal + característica dosubjuntivo v, h, h, v, h, v, + desinências primárias médias.

** A 2a pessoa do singular é: deÛj-h-sai> deÛjhai> deÛjhi> deÛjú.

*** Também: poderia/pudesse mostrar para mim.

**** Imperativo de 3a pessoa:(ele/eles) mostre/mostrem para si.

Particípio: tendo mostrado para mim

Tema Masc. Fem. Neutrodeij�-meno- deij�-menow-ou deija-m¡nh-hw deij�-menon-ou

Infinitivo:deÛja-syai mostrar para si

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Page 400: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

400 a flexão verbal

FUTURO ATIVO

Tema: deik-s

Indicativo Optativomostrarei* poderia/pudesse haver de mostrar

S. deÛjv deÛj-oi-mideÛj-eiw deÛj-oi-wdeÛj-ei deÛj-oi

P. deÛj-o-men deÛj-oi-mendeÛj-e-te deÛj-oi-tedeÛj-ousi deÛj-oi-en

D. deÛj-e-ton deÛj-oÛ-thndeÛj-e-ton deÛj-oÛ-thn

* Também: hei de mostrar

Particípio: havendo de mostrar, que há de mostrar, que mostrará

Tema Masc. Fem. NeutrodeÛj-o-nt deÛj-vn,ontow deÛj-ousa,shw deÝj-on,ontow

Infinitivo: deÛj-ein haver de mostrar

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Page 401: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

401a flexão verbal

FUTURO MÉDIO

Indicativo Optativomostrarei / hei de mostrar para mim poderia / pudesse haver de mostrar para mim

S. deÛjo-mai deij-oÛ-mhndeÛj-e-sai> ú deij-oi-so > soiodeÛj-e-tai deÛj-oi-to

P. deij-ñ-meya deij-oÛ-meyadeÛj-e-sye deÛj-oi-syedeÛj-o-ntai deÛj-oi-nto

D. deÛj-e-syon deÛj-oi-syondeÛj-e-syon deij-oÛ-syhn

Particípio: havendo de mostrar para si, que há de mostrar /que mostrarápara si

Tema Masc. Fem. Neutrodeij-ñ-meno- deij-ñ-menow deij-o-m¡nh deij-ñ-menon

Infinitivo:deÛj-e-syai haver de mostrar para si

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Page 402: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

402 a flexão verbal

AORISTO PASSIVO

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativofui/sou mostrado seja/for mostrado seria/fosse mostrado* sê/sede mostrado**

S ¤-deÛx-yh-n deix-yÇ**** deix-ye-Ûh-n

¤-deÛx-yh-w deix-y»-w/-y°iw deix-ye-Ûh-w deÛx-yh-ti

¤-deÛx-yh deix-y»/-y°i deix-ye-Ûh deix-y®-tv

P ¤-deÛx-yh-men deix-yÇ-men deix-ye-Ûh-men (-yeÝmen)***¤-deÛx-yh-te deix-y°-te deix-ye-Ûh-te (-yeÝte) deÛx-yh-te

¤-deÛx-yh-san deix-yÇ-si deix-ye-Ûh-san (-yeÝen) deix -y¡-ntvn

D ¤-deÛx-yh-ton deix-y°-ton deix-ye-Ûh-ton (-yeÝton) deÛx-yh-ton

¤-deÛx-y®-thn deix-y®-tvn deix-ye-i®-thn (-yeÛthn) deix-y®-tvn

* Também: poderia/pudesse ser mostrado.** Imperativo de 3a pessoa: (ele) seja mostrado, (eles) sejam mostrados.*** As formas sincopadas, reduzidas são as mais usadas. Lei do menor esforço.**** O subjuntivo é construído sobre o tema verbal + característica do passivo -yh- +

característica do subjuntivo v, h, h, v, h, v e desinências primárias ativas. Naseqüência de duas vogais longas a anterior se abrevia, e aqui há a absorção dabreve pela longa (contração), o que explica as formas perispômenas eproperispômenas.

Particípio: tendo sido mostrado, que foi mostrado

Tema Masc. Fem. Neutrodeix-y¡nt- deix-yeÛw-y¡ntow deix-yeÝsa-yeÛshw deix-y¡n-y¡ntow

Infinitivo:

deix-y°nai ser mostrado

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Page 403: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

403a flexão verbal

FUTURO PASSIVO

Indicativo Optativoserei mostrado pudesse/poderia haver de ser mostrado

S deix-y®-s-o-mai deix-yh-s-oÛ-mhndeix-y®-s-e-sai > sú/-ei deix-y®-s-oi-so> soiodeix-y®-s-e-tai deix-y®-s-oi-to

P deix-yh-s-ñ-meya deix-yh-s-oÛ-meyadeix-y®-s-e-sye deix-y®-s-oi-syedeix-y®-s-o-ntai deix-y®-s-oi-nto

D deix-y®-s-e-syon deix-yh-s-0Û-syhndeix-y®-s-e-syon deix-yh-s-oÛ-syhn

Particípio: havendo de ser mostrado, que será mostrado

Tema Masc. Fem. Neutrodeix-yh-s-ñ-meno- deix-yh-s-ñ-menow deix-yh-s-o-m¡nh deix-yh-s-ñ-menon

Infinitivo:

deix-y®-s-e-syai haver de ser mostrado

Outros verbos cuja conjugação é análoga à de deÛknumi.

Todos os verbos que recebem um sufixo -nu-/nnu/nh seguem essemodelo no sistema do infectum; no aoristo/futuro e no perfectum elestambém não têm mais esse sufixo. Contudo, a maioria dos verbos de su-fixo -nu-/nnu desenvolveram uma outra flexão em -v por ser mais fácil.Ver página 329, nota 14.

Podemos incluir aqui dois verbos (e seus compostos) que só têm aconjugação do infectum (inacabado):

eä-mi eu vou, estou indo T. ei-/ i- (lat. i-re)eÞ-mi < ¤s-mi eu sou T. ¤s-/s- (lat. esse)

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Page 404: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

404 a flexão verbal

eä-mi - eu vou, estou indo - T. ei / i

Presente

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativovou vá iria/fosse* vai/ide/vade

S. eä-mi à-v à-oi-mi / Þ-oÛ-hneä-si >eäi > eä à-ú-w à-oi-w / Þ-oÛ-hw à-yieä-ti > eä-si à-ú à-oi / Þ-oÛ-h à-tv**

P. à-men *** à-v-men à-oi-menà-te à-h-te à-oi-te à-teà-nti > àati > àasi à-v-si à-oi-e-n Þ-ñ-ntvn / àtvsan

D. à-ton à-h-ton à-oi-ton à-tonà-ton à-h-ton Þ-oÛ-thn à-tvn

* Também: poderia/pudesse ir.** Imperativo de 3a pessoa: vá ele/ vão eles.*** Alternância longa no singular/breve no plural do tema no indicativo ativo, como

em fhmi - famen.

Particípio: indo

Tema Masc. Fem. Neut.Þ-o-nt- Þ-Ån - Þ-ñ-nt-ow Þ-oèsa- Þoæshw Þ-ñn - Þ-ñ-nt-ow

Infinitivo: ir Þ-¡-nai

Adjetivo verbal:í-vel/que pode ir Þ-tñw,®,ñnque deve ir Þ-t¡ow,a,on / Þ-tht¡on

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Page 405: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

405a flexão verbal

Imperfeito: ia/estava indo

S. ¾-ein Âa P. ¾-ei-men Â-men D.¾-eiw ¾-ei-sya ¾-ei-te Â-te ¾-ei-ton Â-ton¾-ei ¾-ein ¾-e-san Â-san ±-eÛ-thn ¾-thn

As gramáticas afirmam que este verbo se emprega no presente comsignificado futuro. É um problema semântico. Em português nem sem-pre �eu vou� significa �estou indo�. É uma questão conotativa; o contex-to resolve o problema.

Ainda os dois verbos seguintes, de temas monossilábicos sem re-dobro no infectum:

fh-mÛ eu digo, eu me manifesto T. fa- / fh- (lat. fa-ri)±-mi eu digo T. ±- (lat. aio)

fh-mi - eu digo, eu me manifesto. T. fh-/fa-

Presente

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativodigo diga diria/dissesse* dize/dizei*

S. fh-mÛ fÇ fa-Ûh-nfhsÛ > fhÛ > f»w f»-w fa-Ûh-w f�-yifh-tÛ > fhsÛ f» fa-Ûh f�-tv

P. fa-m¡n*** fÇ-men fa-Ý-menfa-t¡ f°-te fa-Ý-te f�-tefa-sÛ fÇ-si fa-Ý-e-n f�-ntvn/f�tvsan

D. fa-tñn f°-ton fa-Ûh-ton f�-tonfa-tñn f°-ton fa-i®-thn f�-tvn

* Também: poderia/pudesse dizer.** Imperativo de 3a pessoa: diga ele / digam eles.*** Alternância longa no singular/breve no plural do tema no indicativo ativo.

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Page 406: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

406 a flexão verbal

Nota:

Excetuando-se a 2a pessoa do singular, todas as outras formas (dis-silábicas) do indicativo são enclíticas. (Os enclíticos dissilábicos, quan-do acentuados, são oxítonos.)

Particípio: dizendo/que diz

Tema Masc. Fem. Neut.fant- f�w - f�-nt-ow* f�sa-f�shw f�n-f�nt-owf�skont- f�skvn f�skousa f�skon

* Essa forma não é usada; usa-se a forma do incoativo: f�skvn, f�skousa,f�skon.

Infinitivo: dizer: f�-nai

Adj. verbal: dizível : fa-tñw,®,ñn que deve ser dito : fa-t¡ow,¡a,¡on

Imperfeito: dizia / disse

S. ¦-fh-n P. ¦-fa-men D.¦-fh-sya / ¦-fh-w ¦-fa-te ¦-fa-ton¦-fh ¦-fa-san ¤-f�-thn

Notas:

1. O aoristo e o futuro são pouco usados, mas constroem-se normalmentesobre o tema fh-s-.

2. Nos diálogos, essa forma significa �disse eu / disse ele - dizia eu / diziaele�; não que ela possa ser traduzida indiferentemente pelo aoristo ouimperfeito, mas, certamente, porque ¦fh / ¦fhn tanto podem serflexão de um aoristo de raiz-tema, como ¦-bh-n/ ¦-gnv-n, quanto aflexão do imperfeito sobre o tema sem redobro do infectum fh-.

3. oë fhmi quer dizer �não, digo�, isto é, �digo não, nego�.

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Page 407: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

407a flexão verbal

±-mi - eu digo - T. ± / ¤

Só se usa em discurso indireto, em narrativas, para intercalação deopinião: digo eu: - ±mÛ,

disse / dizia eu: - ·n d�¤gÅdisse / dizia ele: - · d�÷w

Verbo Ser

Convém lembrar que o emprego do verbo ser em grego não cor-responde exatamente ao seu emprego em português. Em grego, no iní-cio, o verbo ser tem um sentido existencial, forte, absoluto; não é usadono sentido em que nós o usamos; ele não é necessário para �fazer a liga-ção� com o predicativo, isto é, como verbo de ligação. Só mais tarde, apartir do século V, é que seu uso se generalizou, passando a ser usado,não só como verbo de ligação, como também como verbo auxiliar, inicial-mente para a construção do perfeito médio-passivo, para exprimir umestado:-está, esteja, estaria, estivesse desligado.

Não há uma regra para o uso ou não do verbo ser na sua função deverbo de ligação.

Não há problemas para as 1a e 2a pessoas do singular e plural; mas,na 3a pessoa singular e plural, é mais freqüente a omissão do que a pre-sença. É uma questão de contexto, conotativa: se há ênfase, se há umaafirmação categórica, usa-se o verbo; se não, não.

No quadro a seguir, vamos constatar que o verbo ser carece de todoo sistema do aoristo e do perfeito.

Trata-se de uma impossibilidade semântica: o ser é o conceito doque é, era e continua, continuará sendo, que só pode ser expresso pelo in-fectum, inacabado, no presente e no passado (imperfeito); ele marca a en-trada e permanência no ato ou no estado, que o verbo exprime.

É um problema de aspecto e está presente em todas as línguas. Agramática descritiva �preenche� os quadros restantes do paradigma idealcom formas de outros verbos: gÛgnomai no grego, fieri no latim, e as-sim por diante.

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Page 408: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

408 a flexão verbal

O próprio futuro, que é uma forma de aoristo, foi criado por ana-logia, acrescentando-se a característica -s- do aoristo/futuro ao tema es-do verbo; é que o futuro é um antigo desiderativo, um modo e não umtempo, com sentido eventual e por isso não leva consigo o aspectodurativo.

Quadro de flexão do verbo eänai

Tema: es- / s

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativosou seja seria/fosse* sê/sede**

S. ¤s-mi > eÞ-mi Î e-àh-n¤s-si > ¤si > eä Âw e-àh-w às-yi (si-s-yi)¤s-ti > ¤s-ti (n) Â e-àh ¦s-tv

P. ¤s-men > ¤s-men Î-men e-àh-men/e-ä-men¤s-te > ¤s-te ·-te e-àh-te/e-ä-te ¦s-te¤s-nti > eÞ-si(n) Î-si(n) e-àh-san/e-ä-e-n ö-ntvn/¦stvsan

D. ¤s-tñn ·-ton e-àh-ton/eä-ton ¦s-ton¤s-tñn ·-ton e-à-thn ¦s-tvn

* Também: poderia/pudesse ser.** Imperativo de 3a pessoa: ele seja/ eles sejam.

Particípio: sendo/que é

Tema Masc. Fem. Neut.

-o-nt- Ên - önt-ow oïsa-oëshw ön-önt-owHomero ¦vn-¤ñnt-ow ¦ousa-¤oæshw ¦on-¤ñntow

Infinitivo: ser: eä-nai (¤s-nai) - Homero: ¦mmenai

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409a flexão verbal

Passado do Infectum: Imperfeito: era

S. ±(s)n > ·/·n P. ±s-men > ·-men D.·s-ya ·s-te/ ·-te ³s-thn±(s)e(t) > ³(e)n > ·-n ·-san ³s-thn

Futuro: serei, continuarei sendo

Indicativo Optativoserei haveria de haver de ser

S. ¦s-o-mai ¤s-o-Û-mhn¦s-e-sai - ¦sú/¦sei ¦s-o-i-so > ¦soio¦s-tai ¦s-o-i-to

P. ¤s-ñ-meya ¤s-o-Û-meya¦s-e-sye ¦s-o-i-sye¦s-o-ntai ¦s-o-i-nto

D. ¦s-e-syon ¦s-o-i-syon¦s-e-syon ¤s-o-Û-syhn

Particípio: havendo de ser, que continuará sendo, que será:¤s-ñ-menow, ¤s-o-m¡nh, ¤s-ñ-menon

Infinitivo: haver de ser, continuar sendo: ¦s-e-syai

Notas:

1. No futuro, houve o emprego da característica -s- do aoristo/futuro,que se somou ao tema es-s. > ¦ssomai (dialeto homérico e jônico),havendo posterior simplificação no ático: ¦ssomai > ¦somai.

2. Todas as formas do indicativo presente, com exceção da segunda do sin-gular são enclíticas; isto é, não têm acento próprio e por isso se apóiamna anterior (¤n-klÛnv); nesse caso elas podem receber um acento ounão, dependendo da lei dos três tempos. Contudo, acentuadas ou não,

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Page 410: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

410 a flexão verbal

essas formas, como todos os enclíticos de duas sílabas, pronunciam-secomo se fossem oxítonas.

3. Contudo, quando usado em seu sentido primeiro; sou, existo, estou, oucom significados derivados desses: é permitido, é possível, recebe o acentono tema: ¦stin. Também depois de toèto (isso), �ll� (mas), Éw(como): toèt� ¦stin - isso é, Éw ¦stin - como é, �ll� ¦stin - mas é.

Quadro demostrativo de flexão

Subjuntivo OptativoS. ¦s-v> ¦v > Î ¤s-Ûh-n > eàhn

¦s-h-si > ¦shi > ¦hi > ·iw > ·iw/Âw ¤s-Ûh-w > eàhw

¦s-h-ti > ¦shsi > ¦shi ¦hi ¦hi/Â ¤s-Ûh-(t) > eàh

P. ¦s-v-men > ¦vmen > Îmen ¤s-Ûh-men > eàhmen/¤s-Ý-men > e-ä-men

¦s-h-te > ¦hte > ·te ¤s-Ûh-te > eàhte/¤s-Ý-te > e-ä-te

¦s-v-nti > ¦svnsi > ¦vsi > Îsi ¤s-Ûh-san > eàhsan/¤s-Ý-en > e-ä-e-n

D. ¦s-h-ton > ¦hton > ·-ton ¤s-Ûh-ton > eàhton/¤s-Ý-ton > eä-ton

¦s-h-ton > ¦hton > ·-ton ¤s-Ûh-thn > eàhthn/¤s-Ý-thn > eà-thn

Imperativo

2a S. redobro de pres. em -i- > P. ¦s-te D. ¦s-ton

-si-> sÛ-s-yi > à-s-yi > à-s-yi

3a ¦s-tv ¤s-ñntvn > ¤ñntvn > öntvn ¦s-tvn

¦s-tvsan

Particípio

Tema ¤s-o-nt- > ¤s-o-nt- > önt-Masc. ontw > ÊnFem. öntja > öntia > önsia > önsa > oïsaNeutro ont > ön

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Page 411: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

411a flexão verbal

Compostos de eänai

Como todos os verbos gregos, também o verbo eänai se compõecom todas as preposições semanticamente compatíveis. A língua grega temuma consciência clara da �com-posição�, isto é, o significado final é umasomatória do significado dos dois componentes. Eles são independentes etêm um significado próprio; por isso, ora estão juntos, ora separados. Osgramáticos viram nessa separação uma tm°siw (tmese - corte).

Vejamos alguns exemplos:

par� ao lado de p�reimi = eÞmi par� estou ao lado de,estou presente

sun junto, com sæneimi = eÞmi sæn estou junto,em companhia de

¤n em, dentro de ¦neimi = eÞmi ¤n estou dentro, estou em�pñ de, distante �peimi = eÞmi �pñ estou distante,

estou ausente¤k/¤j de dentro de, para fora de ¦jeimi = eÞmi ¤k estou (saí) fora (de

dentro para fora)41

perÛ em volta de, em torno de perÛeimi = eÞmi perÛ estou em volta de,estou em torno de,eu cerco, envolvo,domino

41 Da idéia �de dentro para fora� é fácil passar-se à idéia de �deus ex machina�, dosurgimento abrupto; daí o uso constante de ¦jesti com o sentido de é possível, épermitido com sujeito oracional. Não há nada de estranho nisso e nem é um sig-nificado especial; é apenas o jogo da metáfora ou da metonímia e pode acontecercom todos esses compostos; é a passagem do concreto para o abstrato, o figurado.

Esses exemplos são suficientes; basta aplicar o mesmo sistema a todas as pre-posições semanticamente compatíveis com a idéia do ser, isto é, que não conte-nham idéia de movimento. Mas a preposição traz ao verbo ser uma relação deespaço, e neste caso, em português, nós usamos o verbo estar.

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Page 412: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

412 a flexão verbal

Formação dos temas do infectum

Como já vimos, o tema verbal puro é o tema do aoristo, que é porisso mesmo o aspecto puro, o aspecto referência.

Em grande parte o tema verbal e o tema aoristo se confundem.O que vai trazer algum diferença é a presença do -s-42 que passa a

ser o elemento formador do tema do aoristo para a maioria dos verbos.Nesse caso, o -s-/sa passa a exercer o mesmo papel do sufixo

formador do infectum -j-.Mas, todos os formadores dos temas dos três aspectos são sufixos

sobre o tema verbal puro.tema verbal puro: prag-

aoristo: ¦-prag-sa > ¦prajafuturo: prag-sv > pr�jv

infectum: prag-j-v > pr�ssv/pr�ttvperfectum: pe-prag-ka > p¡praxa

Como podemos ver, o encontro dos formadores dos temas com otema verbal apresenta problemas fonéticos, que se resolvem dentro dasnormas e hábitos fonéticos do grego, precisamente do dialeto ático, quenos interessa neste trabalho.

Vamos ver como se forma o tema do infectum; a formação dos te-mas do aoristo/futuro e do perfeito será estudada nos capítulos a elesdestinados.

Pormenorizaremos aqui somente a formação do tema do infectum.

42 E o -k- nos temas monossilábicos em vogal yh-, dv-, sth-, ²- só no indicativosingular.

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Page 413: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

413a flexão verbal

1.Temas consonânticos, monossilábicos, geralmente de vocalismo -e-f¡r- v eu porto, eu levo, carregol¡g-v digo, afirmog¡m-v estou saciadod¡r-v eu esfolo, tiro a peledr¡p-v eu colho, eu gozo¦p-v eu digo, enuncioleÛp-v eu abandono, eu deixoleÛb-v eu derramo, verto, faço libaçãon¡m-v eu distribuo, faço partilhafeæg-v eu evito, fujopeÛy-v eu persuadok¡l-v eu anuncio, exorto, mando¤reÛd-v eu apóio, escoro, estaqueio, fixo¤reÛk-v eu rasgo, despedaço, ralo�g-v eu conduzo, toco (o gado)�rx-v eu começo, eu comandogr�f-v eu gravo, eu escrevotrÛb-v eu trituro, esmagobñl-omai/boæl-omai eu quero÷r-v eu estou alerta, vigilanteoàx-v / oàxomai eu viajo de carro, eu conduzotrÅ-v eu furotrÅg-v eu devoro, eu pastos¡x-v/ àsx-v eu seguro, levo, porto*m¡n-v/ mimn-v eu permaneço, fico*

* Estes dois verbos têm uma forma com redobro e uma forma sem ele.

Notas:

1. São temas verbais puros e fazem o indicativo do infectum, inacabado,simplesmente acrescentando a desinência -v à 1a pessoa e às outras,as desinências primárias comuns, que, por serem consonânticas, têmnecessidade da vogal de ligação.

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Page 414: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

414 a flexão verbal

2. Alguns temas de vocalismo -e- fazem o presente em vocalismo zero epor isso recebem um redobro em -i.

Esse redobro compensa de alguma forma o vocalismo zero, que nor-malmente deve ser o do aoristo.

T. gn-/gen- gÛgn-omai eu venho a ser, eu me torno, ficoT. ¦d- àz-v eu comerei / eu comoT. pt-/ pet- pÛ-pt-v eu caioT. tk-/tek- tÛ-tkv > tÛkt- v eu dou à luz, crio

3. Temas em semivogal: -u-, -i-São pouco numerosos na origem, mas há um grupo deles criados

como alternativa para os verbos em -nu-mi (ver pg.313, nota 90), etêm a 1a pessoa do presente em -v e desinências primárias (consonân-ticas), com vogal de ligação.

yæ-v eu faço fumaça, eu ofereço sacrifíciolæ-v eu solvo, desligotÛ- v eu aprecio, honro

4. Raízes monossilábicas de vocalismo longo/breve, com redobro em -i-da consoante inicial e desinência de 1a pessoa -mi. Por serem temasvocálicos dispensam a vogal de ligação quando se lhes acrescentam asdesinências pessoais consonânticas, por desnecessária.

T. dh - dÛ-dh-mi eu amarroT. nh - ônÛ-nh-mi eu ajudo, eu sou útilT. xrh - kÛ-xrh-mi eu emprestoT. plh - pÛ-m-plh-mi eu enchoT. prh - pÛ-m-prh-mi eu incendeioT. dv - dÛ-dv-mi eu douT. yh - tÛ-yh-mi eu colocoT. sth - á-sth-mi eu ponho de péT. ² - á-h-mi eu lançoT. zh - dÛ - zh-mi - ( zht¡v ) eu procuro

Podemos incluir aqui alguns temas sem redobro:fhmi eu me manifesto, eu digo eÞmi, eu soueämi eu vou ±mi, eu digo

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Page 415: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

415a flexão verbal

5. Temas consonânticos, na maioria monossilábicos, que recebem o sufixo-na-/-nu-./-nnu. Os temas consonânticos recebem o sufixo -nu-.; osvocálicos, o sufixo -nnu-.

Têm a 1a pessoa em -mi e as outras desinências consonânticas semvogal de ligação, por desnecessária.

kÛr-nh-mi eu misturop¡r-nh-mi eu vendosk¡d-na-mai eu espalhopÛl-na-mai eu me aproximoskÛd-na-mai eu me dispersosked�-nnu-mi eu disperso, eu espalhozeæg-nu-mi eu ato, eu junto, eu amarrostñr-nu-mi eu estendo (esteira, tapete)¦r-nu-mi eu surjo, levanto�g-nu-mi eu quebro, eu rompod�m-na-mi/-nhmi eu domokr®m-nh-mi eu suspendopÛt-nh-mi eu estendom�r-na-mai eu combatodeÛk-nu-mi eu mostrozÅ-nnu-mi eu cinjopt�r-nu-mai eu espirro�-nu-mi eu proclamo�r-nu-mai eu pego�x-nu-mai eu me aflijo

Muitos desses temas em -nu-/-nnu-, por causa do -u, por analogiacom læ-v, têm a 1a pessoa em -v e uma flexão como o tema em soante:

deiknæ-v, / deÛk-nu-mi eu mostro, etc. (Ver página 329, nota 14.)

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Page 416: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

416 a flexão verbal

6. Temas em consoante, com sufixo -n- (alargamento da raiz)kam- k�m-n-v eu me canso, estou doentetem- t¡m-n-v eu cortodak- d�k-n-v eu mordoti- tÛ-n-v eu honropi- pÛ-n-v eu bebofyi- fyÛ-n-v eu destruo, faço perecerlhy- lhy-n-v > lhy�nv/lay- lay-n-v > lany�nv eu passo desapercebido�mart- �mart-n- > �mart�nv eu peco, eu falhoßk- ßk�nv/ßknv/ßkv eu chego, atinjoÞd-j- Þzv/ Þz�nv eu assento , estabeleço¤ruk- ¤rækv/ ¤ruk�nv eu seguro, retenho (as rédeas)Þyæ- Þyæ-n-v eu endireito, ponho na reta

Alguns têm uma variante sem o sufixo:keuy-�n-v / keæyv eu escondo, eu fecholhy-�n-v / l®yv eu passo desapercebidoaéj-�n-v / aéjv eu aumento, eu acresçooÞd-�n-v / oÞd¡v eu incho

Temas em consoante com um infixo e um sufixo nasais.� antes da consoante -n-,� depois da consoante -n- > an

puy- > pu-n-y-�n-omai eu pergunto, eu me informolip- > li-m-p-�n-v eu deixo, abandonoxad- > xa-n-d-�n-v eu contenholax- > la-g-x-�n-v eu obtenho por sortemay- > ma-n-y-�n-v eu entendo, eu aprendolab- > la-m-b-�n-v eu tomo, eu pegolay-> la-n-y-�n-v eu passo desapercebidotux-/teux- > tugx-�n-v eu estou por acaso, eu encontro

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Page 417: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

417a flexão verbal

7. Temas com dupla sufixação: -sk-/-isk-+-n-.O sufixo -sk-/-isk- é incoativo, exprime o desdobramento da ação.O sufixo -n- exprime o alargamento, continuidade, extensão da ação.

�l-usk-n �lu-sk-n-v > �lusk�nv eu escapo, eu evitoôfl-isk-n ôfli-sk-n-v > ôflisk�nv eu devo, sou devedorsx-> sisx-> -ásx- > àsxv eu seguro, retenhosx- > sisx-n > -ásxn > àsx-a-n > Þsx�nv

8. Temas com sufixo -sk-/ -isk- (desdobramento da ação verbal, incoa-tivo), às vezes com redobro em -i-:

blv-sk-v eu venho, voubñ-sk-v eu pastoghr�-sk-v eu envelheço²b�-sk-v eu entro na adolescênciap�y-sk-v > p�sxv eu passo a sofrer, eu sofroyn-®-sk-v eu morro, estou morrendo�l-Ûsk-o-mai estou sendo presoster-Ûsk-o-mai estou sendo privadoeêr-Ûsk-v encontro, eu estou encontrando�rar-Ûsk-v eu adapto, eu ajusto�p-ar-Ûsk-v eu enganomeyæ-sk-o-mai eu me embebedoki-kl®-sk-v eu chamo repetidamenteti-trÅ-sk-v eu encho de ferimentos (furos)bi-b�-sk-v eu saio andando, eu passeiodi-d�-sk-v eu ensino (repetição)mi-mn®-sk-v eu me lembrogi-gnÅ-sk-v eu tomo conhecimento de�po-di-dr�-sk-v eu saio correndob�-sk-v -/baÛnv eu andof�-sk-v / fhmi /fami eu estou falando

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Page 418: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

418 a flexão verbal

9. Esse sufixo -sk- assume um sentido iterativo quando recebe desinên-cias secundárias (no imperfeito) e, às vezes, no aoristo (pontualidaderepetida), como nestes exemplos em Homero:

R 461 feæge-sk-en ele fugia (repetidamente)R 462 ¤paÛja-sk-e ele irrompia (repetidamente)t 574 ásta-sk-e fazia uma parada (e recomeçava)H 141 =®gnu-sk-e ele ia romper (e voltava)Y 271 dæ-sk-e ele ia se esconder (e voltava)G 217 àde-sk-e ele olhava repetidamente (e recomeçava)

10. Temas com sufixos t, y, k, x, g;São em geral remanescentes de um estado antigo da língua. Mui-

tos deles têm variantes sem o infixo:�næ-t-v / �næv eu completo, acabo�ræ-t-v / �ræv eu tiro água¦syv < ¦d-y-v / ¦dv eu como (impf. ·syon)diÅ-k-v - eu persigofyi-næ-yv / fyinÇ (e) eu faço perecerôl¡-k-v / öllumi eu arruíno, eu faço perecerpl®-y-v / plhyæv eu encho¤ræ-k-v / ¤ræv eu retenho (as rédeas), impeçot®-k-v eu fundo, eu derretotm®-g-v / t¡mnv eu cortosm®-x-v / sm®v eu enxugo, limpoc®-x-v / c®v/c�v eu esfrego, raspo, coçotræ-x-v / træv eu gasto, desgasto, consumon®-x-v / n¡v eu nadosten�-x-v / st¡nv eu gemo

11. Sufixo -j- (temas vocálicos: tÛma-, d®lo-, fÛle- + -j-).É o mais produtivo dos formadores de infectum, quer a partir de

temas verbais, quer a partir de temas nominais. Essa divisão, no en-tanto, é teórica, embora interessante.

A forma final (tema do infectum) é resultante do tratamento queo -j- recebe em contato com as consoantes ou vogais do tema e isso édo domínio da fonética.

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Page 419: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

419a flexão verbal

Os verbos que chamam mais a atenção são os verbos que as gramá-ticas chamam de �contratos�, que dão tanto trabalho para aprendê-los.

São verbos denominativos (construídos sobre temas nominais,substantivo ou adjetivo), com o sufixo -j-. Como o tema verbal em soantepede uma vogal de ligação, o -j- acaba se colocando em posição inter-vocálica, e sofre síncope, deixando em contato duas vogais que, no ático,tendem a contrair-se. Vimos o modelo dessa flexão nas páginas 366-94.

a) Oclusiva dental ou velar surda + -j- > ss / ttlit-j-omai > lÛssomai /-ttomai eu suplicoplay-j-v > pl�ssv/-ttv eu modelo, moldofrik-j-v > frÛssv/-ttv eu me arrepio, frissonoôrux-j-v > ôræssv/-ttv eu cavo, escavoptux-j-v > ptæssv/-ttv eu dobrotarax-j-v > tar�ssv/-ttv eu turvo, eu perturbophk-j-v > p®ssv/-ttv eu cozinho, faço ferverbhk-j-v > b®ssv/-ttv eu tussomlit-j-v > blÛssv/-ttv eu colho melkhruk-j-v > khræssv/-ttv eu proclamo, anunciotuflvk-j-v > tuflÅssv/-ttv eu cegoplhk-j-v > pl®ssv/-ttv eu bato�rmñt-j-v> �rmñssv/-ttv eu ajustobr�t-j-v > br�ssv/-ttv eu expilo, eu peneiro¤r¡t-j-v > ¤r¡ssv/-ttv eu desfraldo (asas, remos)p�t-j-v > p�ssv/-ttv eu verto, derramo, espalhoptÛt-j-v > ptÛssv/-ttv eu soco, eu trituro

b) Oclusiva dental ou velar sonora + j > zsxid-j-v > sxÛzv tiro lasca, eu fendoônomat-j-v ônomazv nomeio, denominosfag-j-v > sf�zv degolonig-j-v > nÛzv lavoklagg-j-v> kl�gzv/kl�zv clamo, gritoliyad-j-v > liy�zv apedrejo¤lpid-j-v> ¤lpÛzv esperofrad-j-v> fr�zv explico, sinalizo

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Page 420: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

420 a flexão verbal

ôd-j-v > özv exalo odor, tenho cheiro¤d-j-v> ¦zv/¦zomai comofrontid-j-v > frontÛzv medito, tenho em mente�rpag-j-v> �rp�zv arrebato, roubo�g-j-omai > �zomai veneroplag-j-v > pl�zv faço errar, faço vacilarstag-j-v > st�zv faço gotejar, destilostig-j-v > stÛzv pico, furo=eg-j-v> =¡zv faço, executo, cumpro

O uso desse sufixo -zv, -azv / -izv estendeu-se também a al-guns temas em vogal, criando às vezes uma forma paralela, como se fosseconstruída sobre um tema em -dj-/-tj-.43

ktÛv / ktÛ-zv construo, edifico, fundodam�v / dam�-zv - domo, submetopel�v / pel�-zv - aproximokal¡v / kal®-zv - chamokom¡v / komæ-zv - cuido, trago juntopor¡v / porÛ-zv - abro caminho, dou passagemporeæomai providencio

c) Oclusiva labial + j > ptblab-j-v > bl�ptv prejudicoklep-j-v > kl¡ptv roubo, furtokruf-j-v > kræptv escondonib-/nif-j-v > nÛptv lavoskep-j-v > sk¡ptomai examino, observo

43 Só a analogia explica o futuro dam�sv, o aoristo ¤d�masa e o perfeitoded�maka, porque o -j- é formador do infectum (e o z é uma consoante dupla,resultante do encontro de dental e -j-). Ora, isso só acontece no infectum; nofuturo, aoristo e perfeito teríamos o tema em dental; talvez * damat- ? ou sim-plesmente dama-.

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421a flexão verbal

d) Oclusiva velar sonora + j > ss / tt ou zprag-j-v > pr�ssv/-ttv faço, executotag-j-v > t�ssv/-ttv ordeno, enfileirophg-j-v > p®ssv/-ttv batomag-j-v > m�zv amasso, faço pão

e) Sufixo nasal -n- + -j-> -ani > ain: vocalização do -j- e posteriormetátese ou síncope do -i-;

tekt-n-j-v > tektaniv > tektaÛnv trabalho com madeira44

poim-n-j-v > poimaniv> poimaÛnv sou pastorban-j-v > b�niv > baÛnv ando, eu marchoônom-n-j-v > ônomaniv > ônomaÛnv nomeiomelan-j-v > melaniv > melaÛnv pretejo, pinto de pretokten-j-v > kteniv > kteÛnv matoyen-j-v > yeniv > yeÛnv batoten-j-v > teniv > teÛnv estico, estendoklin-j-v > klÛniv klÛnv deito*ôtrun-j-v > ôtræniv ôtrænv empurro, aperto*õlofur-j-v > õlofuriv > õlofærv lamento*ôdur-j-omai > ôdæriomai ôdæromai choro, eu lamento*fur-j-v > færiomai færv ponho de molho*

* Quando a vogal temática é -i-/-u-, a metátese é imperceptível foneticamente, porisso parece uma síncope. Mas há metátese e contração, porque a vogal temática setorna longa.

f) Tema em -ar-/er- + j : -ari- > air- , - eri- > eir-. Vocalizaçãodo -j- e posterior metátese do -i-;tekmar-j-v > tekm�riv > tekmaÛrv assinalo, provokayar-j-v > kay�riv > kayaÛrv purifico, lavofyer-j-v > fy¡riv > fyeÛrv corrompo, destruomer-j-omai > m¡riomai > meÛromai distribuoder-j-v > d¡riv > deÛrv tiro a pele

44 Nos temas de vocalismo zero, o -n- vocaliza-se em -a-.

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422 a flexão verbal

g) Tema em: al + -j- > ll�l-j-omai > �llomai me lanço, saltobal-j-v > b�llv atiro, eu jogoyal-j-v > y�llv broto, floresço, fico verdeskal-j-v > sk�llv cavouco, fuço, cavosfal-j-v > sf�llv deslizo, escorrego

h) Alguns temas monossilábicos em líquida (r, n, l) fazem o infec-tum com redobro pleno (expressivo, enfático), mas mantêm omesmo comportamento dos itens anteriores

gar- gargar-j-v > gargaÛrv envelheçofur- por-fur-j-v > porfærv levanto ondasmur- mor-mur-j-v > mormærv murmurofan - pam-fan-j-v > pamfaÛnv resplandeço todomul- moi-mul-j-v > moimællv mamo, chupo

i) Tema em -as- + -j- : -j-v > -siv > aiv.Vocalização do -j- e posterior síncope do -s- intervocálico.nas-j-v > nasiv > naÛv - habitomas-j-omai > masiomai > maÛomai estou cheio de ardor,

desejo ardentemente, busco

Pelo que acabamos de ver, a formação do tema do infectum é vari-ada, porém não complexa.

Basicamente, exceto em um pequeno número de verbos, houve umalargamento45 do tema verbal por três processos: redobro, infixação esufixação. O número desses elementos não é excessivo. O que nos dá aidéia de complexidade são os metaplasmos, isto é, acidentes fonéticosque se sucederam no encontro desses temas com as desinências.

45 Como temos insistido, há sempre uma razão semântica para uma alteraçãomorfológica. Não é por mero acaso que a forma mais reduzida do tema seja o temado aoristo (pontualidade); e o infectum, se não é da mesma dimensão do aoristo, ésempre mais extenso: a extensão da forma coincide com a extensão do significado.

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423a flexão verbal

Contudo, fica evidente que o sistema vigente de basear a conjugaçãoverbal sobre o tema do infectum causa mais problemas do que soluções.O ponto de partida é sempre o tema verbal, isto é, o tema do aoristo.

A partir daí, as formas se constroem, isoladamente, e não em blo-co ou quadro, à maneira dos gramáticos.

O modelo existia, sim, na mente do grego, mas orgânico, dinâmi-co, coerente, significativo, ágil, e não petrificado, imóvel, imperativo.

Aoristo

Como já foi dito, o aoristo é o aspecto primeiro, a raiz-tema, deonde derivam os outros dois aspectos: infectum-inacabado e perfectum-acabado.

É importante ater-se a essa idéia para entender todo o sistema deconjugação do verbo grego e principalmente o do aoristo.

A gramática não é unânime na sua visão do aoristo.Basicamente, ela faz uma divisão em dois grupos:

l. Aoristo sigmático (ou Aoristo I)46

Com uma série de subdivisões, segundo a soante ou a consoantedo radical (velar, labial, dental, líquida).

2. Aoristo II� sobretudo o chamado �temático� (tema em consoante) por causa da

vogal de ligação: �e�, �o�.� o aoristo �radical�, em que a vogal de ligação não aparece, por se tra-

tar de temas de vogais longas.

46 As gramáticas não têm um �aoristo I�. Elas falam do aoristo sigmático e o apre-sentam em primeiro lugar, como paradigmático, regular; e ipso facto os outros sãosentidos como não paradigmáticos, irregulares, levando a numeração II, III, IV.

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424 a flexão verbal

Cremos que há um modo mais simples e objetivo de abordar oaoristo:

Por ser o aspecto primeiro, isto é, indeterminado, pontual, semconotação temporal, com significado absoluto do ato verbal, o aoristo seconstrói sobre a própria raiz do verbo, de quatro maneiras;I. acrescentando-se as desinências secundárias à raiz-tema (aoristo II nas

gramáticas) e vogal de ligação nos temas em consoante.II. acrescentando-se as desinências secundárias diretamente à raiz (tema

verbal), sem vogal de ligação, nos temas em vogal longa.III. acrescentando-se um kapa (k) (empréstimo do perfeito?) e desinên-

cias secundárias à raiz (tema verbal) só no singular.IV. acrescentando-se um sigma (s) e desinências secundárias à raiz, que

é o próprio tema verbal.

a) Pertencem ao grupo I:Os aoristos de raiz-tema em consoante, tipo id-, lip-, ely, aos

quais se acrescentam as desinências secundárias, que, por serem em con-soante, pedem a presença de uma vogal de ligação;

A denominação de �aoristo temático� repousa sobre este equívo-co: �vogal de ligação = vogal temática�.47

Essa vogal de ligação e/o é a mesma do infectum (inacabado) dosverbos em -v ; esse fato provoca, às vezes, no principiante, alguma con-fusão entre o imperfeito e o aoristo indicativo.

Mas a distinção não é difícil de ser feita.É preciso identificar o tema.Por exemplo, nos verbos de aoristo de raiz-tema a diferença se nota

nos temas:tema do aoristo: may- > ¦-may-o-n

tema do infectum: manyan- > ¤-m�nyan-o-n (imperfeito).

47 A vogal temática pertence ao corpo do tema; ela não é flexional. Vogal de ligação éa vogal que �amacia� o contato entre duas consoantes: a do tema e a da desinência.Vogal de apoio é a vogal que se coloca em posição final, para proteger uma conso-ante; é mais ou menos uma vogal eufônica, como a do imperativo singular da vozativa: krÛn-e.

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425a flexão verbal

b) Pertencem ao grupo II:Os aoristos de raiz-tema em vogal longa: -v,-h,-a,-uNa verdade, esses verbos não apresentam dificuldade alguma na

flexão: na medida em que terminam em vogal longa, a vogal de ligação sefaz desnecessária; é só acrescentar as desinências correspondentes.

c) Pertencem ao grupo III:Os aoristos em -ka, no indicativo.São 4 aoristos de verbos com redobro no infectum (inacabado):

tÛ-yh-mi, dÛ-dv-mi, á-h-mi, ásthmiAté certo ponto, esses temas poderiam estar enquadrados no item

b) (raiz-tema em vogal longa). Mas, tratando-se de temas monossilábicos,a opção por uma característica forte é normal; mas isso só acontece nosingular, que tem desinências fracas monolíteres.

No plural, sem o -ka e com desinências silábicas, o tema volta aser breve.

d) Pertencem ao grupo IV:Os aoristos em -s-: nestes verbos não há o problema com similitude

com o imperfeito, visto que o imperfeito se constrói sobre o tema doinacabado, que pode ser igual ao do aoristo, mas sem a marca deste:

imperfeito: ¦-lu-o-naoristo: ¦-lu-s-a

Convém notar que um bom número dos aoristos de raiz-tema, porrazões semânticas, não tem o inacabado. A gramática �solucionou� o pro-blema cobrindo essa lacuna com outros temas, quer no inacabado, querno acabado. É essa a origem dessas listas intermináveis de �verbos irre-gulares�, suplício dos estudantes de grego.48

48 O fato de um verbo não ter esse ou aquele aspecto obedece a razôes semânticas: otema fer- de �portar, carregar� só tem o tema de infectum, tanto em grego quan-to em latim: não se concebe uma idéia aorista nem perfeita do ato de portar. Otema id significa o ato aoristo de �ver�; não é �olhar�, mas admite um perfeito, istoé, o resultado do ato. (A idéia busca a forma); ¤pÛstamai significa o saber-resul-tado, o saber empírico, não tem nem infectum nem aoristo. Por razões semânticase não por obedecer a essa ou aquela regra.

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426 a flexão verbal

Quadro de flexão dos aoristos: voz ativa e média

Quadro de flexão dos aoristos de raiz-tema:Raiz-tema em consoante: id-, lip-, ely

VOZ ATIVA:

lip- (leÛpv - eu deixo)

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativodeixo/deixei deixe/deixar deixaria* deixasse deixa/deixai**

S. ¦-lip-o-n lÛp-v lÛp-o-i-mi¦-lip-e-w lÛp-úw lÛp-o-i-w lip-¡¦-lip-e lÛp-ú lÛp-o-i lip-¡-tv

P. ¤-lÛp-o-men lÛp-v-men lÛp-o-i-men¤-lÛp-e-te lÛp-h-te lÛp-o-i-te lip-¡-te¦-lip-0-n lÛp-v-si lÛp-o-i-en lip-ñ-ntvn

D. ¤-lip-¡-thn lÛp-h-ton lÛp-0-i-ton lip-¡-ton¤-lip-¡-thn lÛp-h-ton lip-o-Û-thn lip-¡-tvn

* ou: pudesse/poderia deixar** imperativo de 3a pessoa:(ele) deixe/(eles) deixem

Particípio: tendo deixado

Tema Masc. Fem. Neutro

lip-o-nt- lip-Ån - lip-ñnt-ow lip-oèsa - lip-oæshw lip-ñn - lip-ñnt-ow

Infinitivo: deixar: lip-eÝn

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Page 427: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

427a flexão verbal

VOZ MÉDIA:

deixar para mim

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativodeixo/ deixe/deixar deixaria/ deixa para ti-deixaideixei para mim para mim deixasse* para mim para vós**

S. ¤-lip-ñ-mhn lÛp-v-mai lip-o-Û-mhn¤-lÛp-e-so (ou) lÛp-h-sai (ú) lÛp-o-i-so (oio) lip-¡-so (oè)¤-lÛp-e-to lÛp-h-tai lÛp-o-i-to lip-¡-syv

P. ¤-lip-ñ-meya lip-Å-meya lip-o-Û-meya¤-lÛp-e-sye lÛp-h-sye lÛp-o-i-sye lip-¡-sye¤-lÛp-o-n-to lÛp-v-ntai lÛp-o-i-nto lip-¡-syvn

D. ¤-lip-¡-syhn lÛp-h-syon lip-o-Û-syhn lip-¡-syon¤-lip-¡-syhn lÛp-h-syon lip-o-Û-syhn lip-¡-syvn

* poderia/pudesse deixar** Imperativo de 3a pessoa: (ele/eles) deixe(m) para si

Particípio: tendo deixado para mim

Tema Masc. Fem. Neutrolip-ñ-meno- lip-ñ-menow lip-o-m¡nh lip-ñ-menon

Infinitivo: deixar para mim: lip-¡-syai

Adj. verbal:liptñw, ®, n / leiptñw, ®, ñn deixável/ que pode ser deixadolipt¡ow, h, on / leipt¡ow, h, on que deve ser deixado

Notas:

1. Sobre o modelo acima conjugam-se todos os verbos que fazem o ao-risto sobre a raiz-tema: os terminados em consoante, como id-, ely-,

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Page 428: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

428 a flexão verbal

gen- e os de raiz-tema em vogal longa, como gnv, bh/ba, dra,du, cuja flexão veremos a seguir;

2. No imperativo, particípio e infinitivo da voz ativa, a sílaba tônica, emvez de manter a norma na flexão verbal, ou seja, permanecer no tema,avança para posição de oxítona:imperativo:- lip¡, lip¡tv, lip¡te, lipñntvn, lip¡ton, lip¡tvnparticípio:- lipÅn, lipoèsa, lipñninfinitivo:- lipeÝn

na voz média, o deslocamento da tônica se dá só no imperativo e infinitivo:imperativo:- lipoè, lip¡syv, lip¡sye, lip¡syvninfinitivo:- lip¡syai

3. Algumas raízes-tema (poucas), em oclusiva ou líqüida, fazem o aoristoativo sem vogal de ligação; juntando diretamente o -n da la pessoa àraiz-tema.

O -n, em contato direto com a consoante ou o W da raiz-tema, sevocaliza em -a.

Em princípio, só se usam na la e 3a pessoa do singular; emborapossamos encontrá-los, raramente, em outras pessoas.

Os verbos são estes:

Tema aoristo jônico aoristo áticoxW > xu/xeW > xeu(verter água) ¦xeWa>¦xea/¦xeua

sW > su/seW > seu(empurrar, repelir) ¦sseua

kaW/keW > kau/keu > kaÛv(acender, embrasar-se, consumir) ¦khWa > ¦kha/¦kausa

eneik/enik(serve de aoristo para f¡rv) ³neika/³nika/±nÛxyhn ³negka/³negkon

Weip > eäp(dizer) eäpa, eäpaw / eäpon, eäpew

4. Os verbos de raiz-tema só têm as vozes ativa e média. Apenas algunsdeles desenvolveram, mais tarde, uma forma para a voz passiva. Prova-velmente é porque esses verbos já existiam antes do surgimento da vozpassiva.

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429a flexão verbal

5. Há um bom número de aoristos de raiz-tema arcaicos, encontradossobretudo em Homero, que o ático não conservou.

Os dicionários e as gramáticas registram essas formas sob a rubrica�épica�. Não são necessariamente épicas; diríamos melhor �arcaicas�,por se tratar de formas antigas; e se lembrarmos que a prosa e o diale-to ático só aparecem em meados do séc. V, o que vem antes é poesia,mas não exclusivamente épica.

Esses aoristos, construídos sobre raiz-tema, todos registrando atose atos primeiros da vida, ou ficaram petrificados, não reproduzindotemas do perfectum ou do infectum no ático, ou, se o significado per-mitiu, reproduziram os temas ou do infectum ou do perfectum ou osdois; mas, tanto o infectum quanto o perfectum sofrem alterações nasua forma: (prefixação/sufixação/infixação).

Assim:raiz-tema aoristo infectum perfectummay → ¦-may-o-n many�n → many�nv; mem�yhka eu entendo, aprendo

¤-m�nyan-onid → eädon oäda eu vifag → ¦fagon eu comi

Nos três exemplos acima, vemos que o primeiro desenvolveu umtema de infectum, alargando a raiz-tema com dois infixos nasais, porqueo significado permite: o ato de entender pode ser pontual, inacabado eterminado, por isso desenvolveu também o tema do perfectum.

O segundo é a noção aorista do ver, a percepção momentânea pelavisão, mais da mente do que do olhar (que necessariamente seria atoinacabado); por isso a impossibilidade de existir um tema do infectum;mas �a idéia busca a forma�, e a percepção visual pela mente leva ao co-nhecimento (resultado); é por isso que é possível um tema do perfeito:eu vi, donde eu sei.

O terceiro não admite nem um tema do infectum nem um temado perfectum, porque exprime o ato aoristo (pontual) de �deglutir, co-mer� e não de �almoçar ou jantar�, que é o comer social.

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Page 430: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

430 a flexão verbal

Eis alguns desses verbos:

Tema Aoristo Infectum Perfeito Significado

�d �don/§adon �nd�nv agrado(§ada)

bal/bl ¦balon b�llv ¦blhfa eu atiro, jogotek ¦tekon tÛktv t¡toka eu dou à luz, gero�r �retñmhn �rnumai tento pegar,

conquistar�mart ³marton �mart�nv ±m�rthka eu erro o caminho,

eu falho, eu pecosx ±nesxñmhn �n¡xomai eu tolero¤xy �phxyñmhn �p¡xyomai eu sou odiosodrk /dark ¦drakon d¡rkomai brilho, olhodÛe /dWi dÛomai* deÛdv temo¤rik ³rikon ¤reÛkv quebro, rasgo¤rip ³ripon ¤reÛpv derrubo, abatogr/ger ¤gretñmhn ¤geÛrv ¤gr®gora desperto (intr. e tr.)ktup ¦ktupon ktup¡v percuto, ressôolak l�kon l�skv/lhk¡v gritople/pl ¤pletñmhn p¡lomai movo-me, chego pertopry/pary ¦prayon p¡ryv/pory¡v arraso§l eålon eu pego, eu escolho¦ly ·lyon ¤l®luya eu chego, chegueifag ¦fagon eu comi, comoyal ¦yalon y�llv eu floresçokan ¦kanon kaÛnv eu matokuy ¦kuyon keæyv eu escondokrg/krag ¦kragon kr�zv eu gritokrub ¦krubon kræptv eu escondostix ¦stixe steÛxv avanço, andostug ¦stugon stug¡v odeio, horrorizotrp/tarp tarpñmhn alegro-metrp/tra ¦trapon tr¡pv viro, desviotrf/traf ¦trafon tr¡fv t¡trofa nutro, enchotrag ¦tragon trÅgv eu devoro

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Page 431: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

431a flexão verbal

Tema Aoristo Infectum Perfeito Significado

xad ¦xadon xand�nv contenho, pegodak ¦dakon d�knv mordodram ¦dramon didr�skv ponho-me a correrdrp/drap dr�pon dr¡pv colho, ceifosep sp¡syai/ §pomai acompanho

spñmenow

rug ³rugon ¤reægomai/ ronco, ressôo, arroto¤rugg�nv

Wid/id eädon oäda vejolab ¦labon lamb�nv eàlhfa pego, tomolay/lhy ¦layon/ lany�nv oculto-me,

l¡-layon não sou percebidolax ¦laxon lagx�nv obtenho por sorte,

atinjolip ¦lipon leÛpv l¡loipa deixo, abandonomay ¦mayon many�nv mem�yhka entendo, aprendopiy ¤piyñmhn peÛyv p¡poiya persuado-me, obedeçopuy ¤puyñmhn puny�nomai/ informo-me, inquiro

peæyomai

ptar ¦ptaron ptaÛrv / espirropt�rv / pt�rnumi

sx/sex ¦sxon **s¡xv > ¦xv seguro, tenhotux ¦tuxon tugx�nv tetæxhka encontro-me por acasofug ¦fugeon feægv p¡feuga evito, fujokam ¦kamon k�mnv k¡kmhka trabalho, canso-metm/tam ¦tamon /¦temon t�mnv /t¡mnv t¡tmhka corto, amputoyn/yan ¦yanon yn¹skv t¡ynhka morroktn/ktan ¦ktato/ kten > tkeÛnv quero matar, mato

¦ktanon

klu klèyi-¦kluon klæv ouço, sintopi pÝyi -¦pion pÛnv p¡pvka bebopay ¦payon p�sxv p¡ponya eu sofrostix ¦stixon steÛxv eu caminho, vouml/mel ¦molon (m)blÅskv estou a ponto de, vou

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Page 432: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

432 a flexão verbal

Tema Aoristo Infectum Perfeito Significado

pr/per ¦poron pñrv forneço, mandobuscar, busco

ol/Wol Êleto öllumi pereceuyor ¦yoron ti)yrÅskv atiro-me, lançoofl Êflon ôfeÛlv/ sou devedor, devo

ôflisk�nv

gn/gen ¤g¡neto gÛgnomai g¡gona/ tornou-se, aconteceugeg¡nhmai

blasy ¦blaston blast�nv eu germinopt/pet ¦peson/¦peton pÛptv p¡ptvka caioyen ¦yenon yeÛnv bato�l ²lñmhn �lomai eu saltoaÞsy ¼syñmhn aÞsy�nomai percebo pelos sentidosfen/fon ¦pefnon bato, matoeêr hðron eêrÛskv hìrhka encontro, acho¤negk ¦negkon/¦negka ¤n®noxa eu levo, levei¤ly ·lyon ¤l®luya venho, chegotup ¦tupon tæptv eu batoki kÛe/kiÅn kÛnv movo, agitolit litñmhn lÛtomai/lÛssomai oro, suplicokel/kl ¤-k¡kleto k¡lomai (keleæv) ponho em movimento,

mando, ordeno�g ³gagon �gv ·xa conduzo, levoar ³raron aàrv/�rarÛskv pego, escolhoôr Êroron örnumi faço levantar, nasçoôsfr Èsfrñmhn ôsfraÛnomai eu cheiro

* As gramáticas chamam estas formas (dÛomai, pÛomai, eàpomai) �sub-juntivo com vogal breve� ou �futuro sem sigma�.

** s¡xv > §xv > ¦xv.

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Page 433: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

433a flexão verbal

Raízes-tema em vogal longa:

-v, -h, -a, -u - (gnv/bh/dra/du)

VOZ ATIVA:

Tema: gnv/gno: tomo conhecimento

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativotomo/tomei tome/tomar tomaria conhecimento** toma/tomaiconhecimento conhecimento conhecimento***

S. ¦-gnv-n gnÇ* gno-Ûh-n/gnÐhn

¦-gnv-w gnÒw gno-Ûh-w/gnÐhw gnÇ-yi

¦-gnv gnÒ gno-Ûh/gnÐh gnÅ-tv

P. ¦-gnv-men gnÇ-men gno-Ûh-men (gnoÝmen)

¦-gnv-te gnÇ-te gno-Ûh-te (gnoÝte) gnÇ-te

¦-gnv-san gnÇ-si gno-Ûh-san (gnoÝen) gnñ-ntvn/tvsan

D. ¦-gnv-ton gnÇ-ton gnoÛhton/gno-Ý-ton gnÇ-ton

¦-gnv-ton gnÇ-ton gnoi®thn/gno-Û-thn gnÅ-tvn

* O subjuntivo se constrói sobre o tema verbal gnv- + característica dosubjuntivo v, h, h, v, h, v, (vogal longa seguida de longa se abrevia)+ desinências primárias.Nas contrações prevaleceu o vocalismo o da raiz-tema.

** Também: poderia/pudesse tomar conhecimento.A vogal do tema se abrevia diante da característica longa do optativo.

*** Imperativo de 3a pessoa: (ele / eles) tome(m) conhecimento.

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Page 434: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

434 a flexão verbal

Quadro demostrativo da flexão do subjuntivo

gnÅ-v > gnñv > gnÇgnÅ-h-si > gnñhsi > gnÅsi > gnÇi/gnÒ > gnÇiw/gnÒwgnÅ-h-ti > gnñhti > gnÅti > gnÅsi > gnÇi/gnÒgnÅ-v-men > gnñvmen > gnÇ-mengnÅ-h-te > gnñhte > gnÇ-tegnÅ-v-nti > gnñvnti > gnÇnti > gnÇnsi > gnÇ-signÅ-h-ton > gnñhton > gnÇ-tongnÅ-h-ton > gnñhton > gnÇ-ton

Particípio:

Tema gnv-nt-.> gno-nt-*Masc. gno-nt-w > gnoæw-gnñnt-owFem. gnont-j-a > gnoèsa-gnoæs-hwNeutro gnñnt- gnñn-gnñnt-ow

* Vogal longa seguida de soante e oclusiva se abrevia.

Infinitivo:

gnÇ-nai tomar conhecimento

Adjetivo verbal:

gno-stñw,®,ñn conhecívelgno-st¡ow,a,on que deve ser conhecido

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Page 435: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

435a flexão verbal

Tema: ba- / bh: ando

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativoando/andei ande/andar andaria/andasse** anda/andai***

S. ¦-bh-n bÇ* ba-Ûh-n¦-bh-w b»-w ba-Ûh-w b°-yi¦-bh b» ba-Ûh b®-tv

P. ¦-bh-men bÇ-men ba-Ûh-men/ba-Ý-men¦-bh-te b°-te ba-Ûh-te/ba-Ý-te b°-te¦-bh-san bÇ-si ba-Ûh-san / ba-Ý-en ba-ntvn/ntvsan

D. ¤-b®-thn b°-ton ba-Ûh-ton/ba-Ý-ton b°-ton¤-b®-thn b®-tvn ba-i®-thn/ba-Û-thn b®-tvn

* O subjuntivo se constrói sobre o tema verbal bh- + característica dosubjuntivo v, h, h, v, h, v, (vogal longa seguida de longa se abrevia)+ desinências primárias.

** Também: poderia/pudesse andar.A vogal do tema se abrevia diante da característica longa do optativo.

*** Imperativo de 3a pessoa: (ele) ande; (eles) andem.

Quadro demostrativo da flexão do subjuntivo

b®-v > b¡v > bÇb®-h-si > b¡hsi > b°si > b°i/b» > b°iw/b»wb®-h-ti > b¡hti > b¡hsi > b°si > b°i/b»b®-v-men > b¡vmen > bÇmenb®-h-te > b¡hte > b°teb®-v-nti > b¡vnti > bÇnti > bÇnsi > bÇsib®-h-ton > b¡hton > b°tonb®-h-ton > b¡hton > b°ton

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Page 436: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

436 a flexão verbal

Particípio: tendo andado

Tema: bh-nt- > ba-nt-*Masc.: ba-nt-w > b�w - b�nt-owFem.: bant-ja > b�sa - b�s-hwNeutro: bant- > b�n - b�nt-ow

* Vogal longa seguida de soante e oclusiva se abrevia.

Infinitivo: b°-nai: andar

Adjetivo verbal: ba-tñw,®,ñn: andável, passávelba-t¡ow,a,on: que deve ser andado, atravessado

Tema: du-: eu imerjo dæv / dæomai

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativoeu imerjo, imerja, imergeria, imerge, imergieu imergi imergir imergisse*

S. ¦-du-n dæ-v dæ-o-i-mi¦-du-w dæ-ú-w dæ-o-i-w dæ-yi¦-du dæ-ú- dæoi dæ-tv

P. ¦-du-men dæ-v-men dæ-o-i-men¦-du-te dæ-h-te dæ-o-i-te dè-te¦-du-san dæ-v-si dæ-o-i-en dæ-ntvn/dæ-tvsan

D. ¤-dæ-thn dæ-h-ton du-o-Û-thn dè-ton¤-dæ-thn dæ-h-ton du-o-Û-thn dæ-tvn

* Também pudesse, poderia imergir

Particípio: que imerge

Tema Masc. Fem. Neutrodu-nt- dèw-dèntow dèsa-dæshw dèn-dèntow

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Page 437: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

437a flexão verbal

Infinitivo: dè-nai: imergir

Adj. verbal:du-tñw, du-t®, du-tñn: imergíveldu-t¡ow, du-t¡a, du-t¡on: o que deve, vai ser imergido

Seguem os modelos acima de alguns outros aoristos em vogal longa:¥-�lv-n/´lvn �lÛskomai sou preso, sou apanhado�p-¡-dra-n �po-di-dr�sk-v safo-me, saio correndo¦-brv-n bi-brÅ-sk-v como, devoro¤-bÛv-n bi-Ç vivo, levo a vida¤-g®ra-n ghr�-sk-v eu envelheço¦-du-n dæ-o-mai mergulho, visto-me¦-sth-n á-sth-mi (ástamai) ponho (-me) de pé¦-pth-n/ pta-n p¡t-o-mai eu vôo¤-rræh-n =¡-v fluo, corro (água)¦-sklh-n sk¡ll-v eu seco, eu resseco¦-tlh-n tl�-v eu sofro¤-x�rh-n xa-Û-r-v alegro-me¦-fyh-n fy�-n-v eu me antecipo¦-fu-n fæ-o-mai nasço, sou de nascença

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Page 438: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

438 a flexão verbal

Aoristo em -ka (só no indicativo)

Temas monossilábicos

Os verbos de temas monossilábicos (yh-/ye-, dv-/do-/, sth-/sta-, ²-/¥-), que, no infectum, inacabado, sofrem um redobro em -i,poderiam fazer o aoristo seguindo os modelos acima. Mas só ásthmi ofaz.49

Os três outros recebem a característica -k- sobre o tema longo;essa característica é emprestada do perfeito ativo e a flexão se faz analogi-camente aos aoristos ativos sigmáticos.

Mas o -k- só se usa no singular50; no plural a flexão se faz sobre otema breve, como se fossem aoristo de raiz-tema.

Quadro de flexão do aoristo em -ka

Temas: yh/ye dv/do ²/¥ sth/sta

VOZ ATIVA

Indicativo

coloco/coloquei dou/dei lanço/lancei ponho/pus de péS ¦-yh-ka ¦-dv-ka ¸-ka ¦-sth-n

¦-yh-ka-w ¦-dv-ka-w ¸-ka-w ¦-sth-w¦-yh-ke ¦-dv-ke ¸-ke ¦-sth

P ¦-ye-men ¦-do-men eå-men ¦-sth-men¦-ye-te ¦-do-te eå-te ¦-sth-te¦-ye-san ¦-do-san eå-san ¦-sth-san

D ¦-ye-ton ¦-do-ton eå-ton ¦-sth-ton¤-y¡-thn ¤-dñ-thn eá-thn ¤-st®-thn

49 §sthka significa: estou de pé ou pus de pé (perfeito).50 Em Homero encontram-se formas também no plural e nos outros modos.

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Page 439: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

439a flexão verbal

Subjuntivo

coloque/colocar dê/der lance/lançar ponha/puser de péS. yÇ* dÇ* Ï* stÇ*

y»-w dÒ-w Ã-w st»-wy» dÒ Ã st»

P. yÇ-men dÇ-men Ï-men stÇ-meny°-te dÇ-te ¸-te st°-teyÇ-si dÇ-si Ï-si stÇ-si

D. y°-ton dÇ-ton ¸-ton st°-tony°-ton dÇ-ton ¸-ton st°-ton

* O subjuntivo se constrói sobre os temas breves (ye, do, ¥, sta ) com oacréscimo da característica do subjuntivo v,h,h,v,h,v, que absorvema vogal temática (contração) e desinências pessoais. As contrações re-sultam em formas perispômenas. Veja o quadro demostrativo abaixo.

Quadro demostrativo das modificações fonéticas do subjuntivo

S. y¡-v > yÇ dñ-v > dÇ

y¡-h-si > y¡hi /y» > y°iw/y»w dñ-h-si > dÇsi>dÇi/dÒ > dÇiw/dÒw

y¡-h-ti > y¡hsi >y¡hi > y°i /y» dñ-h-ti > dvhsi >dÇsi > dÇi /dÒ

P. y¡-v-men > yÇmen dñ-v-men > dÇmen

y¡-h-te > y°te dñ-h-te > dÇte

y¡-v-nti > y¡vnsi > y¡vsi > yÇsi dñ-v-nti > dÇnti > dÇnsi > dÇsi

D. y¡-h-ton > y°ton dñ-h-ton > dÇton

y¡-h-ton > y°ton dñ-h-ton dÇton

S. §-v > Ï st�-v > stÇ

§-h-si > ¸si > ¸i/ Ã ¸iw/Ãw st�-h-si > st�hi > st°i/st» > st°iw/st»w§-h-ti > §-hsi > ¸si ¸i/ Ã st�-h-ti > st�hsi > st�hi > st°i/st»

P. §-v-men > Ïmen st�-v-men > stÇmen§-h-te > ¸te st�-h-te > st°te§-v-nti > §vnsi>Ïnsi > Ïsi st�-v-nti > st�vnsi > stÇnsi > stÇsi

D. §-h-ton > ¸ton st�-h-ton > st°ton§-h-ton > ¸ton st�-h-ton > st°ton

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Page 440: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

440 a flexão verbal

Optativo:

colocaria /colocasse* daria /desse lançaria /lançasse poria/pusesse de pé

S. ye-Ûh-n do-Ûh-n e-áh-n sta-Ûh-n

yeÛh-w do-Ûh-w e-áh-w sta-Ûh-w

ye-Ûh do-Ûh e-áhstaÛh

P. ye-Ûh-men/ye-Ý-men do-Ûh-men/do-Ý-men e-áh-men/e-å-men sta-Ý-men

ye-Ûh-te/ye-Ý-te do-Ûh-te/do-Ý-te e-áh-te/ e-å-te sta-Ý-te

ye-Ûh-san/ye-Ý-en do-Ûh-san/do-Ý-en e-áh-san/e-å-en sta-Ý-en

D. ye-Ý-ton do-Ý-ton e-å-ton sta-Ý-ton

ye-Û-thn do-Û-thn e-á-thn sta-Û-thn

* Também: poderia/pudesse colocar, dar, lançar, pôr de pé

Imperativo:

coloca colocai dá dai lança lançai põe-te/ponde-vos de pé*

S. y¡w** dñw** §w** st°-yiy¡-tv dñ-tv §-tv st®-tv

P. y¡-te dñ-te §-te st°-tey¡-ntvn dñ-ntvn §-ntvn st�-ntvn/st®tvsan

D. y¡-ton dñ-ton §-ton st°-tony¡-tvn dñ-tvn §-tvn st®-tvn

* Imperativo de 3a pessoa: (ele) coloque, dê, lance, ponha-se de pé; (eles)coloquem, dêem, lancem, ponham-se de pé.

** O imperativo singular seria o próprio tema, mas por ser vocálico, o -w(marca de 2a pessoa) protege a vogal.

Particípio: tendo colocado, tendo dado, tendo lançado, tendo-me posto de pé

Tema ye-nt- do-nt- ¥-nt- sta-nt-Masc. yeÛw-y¡ntow doæw-dñntow eåw-§ntow st�w-st�ntowFem. yeÝsa-yeÛshw doèsa-doæshw eäsa-eáshw st�sa-st�shwNeut. y¡n-y¡ntow dñn-dñntow §n-§ntow st�n-st�ntow

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Page 441: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

441a flexão verbal

Infinitivo: colocar dar lançar pôr de péye-e-nai > yeÝnai do-e-nai > doènai ¥-e-nai > eänai st°-nai

VOZ MÉDIA

Indicativo:

coloco/colo- dou/dei para mim lanço/lancei para mim ponho-me de péquei para mim

S. ¤-y¡-mhn ¤-dñ-mhn eá-mhn ¤-st�-mhn*¦-ye-so> ¦you ¦-do-so > ¦dou eå-so ¦-sta-so > ¦stv¦-ye-to ¦-do-to e-to ¦-sta-to

P. ¤-y¡-meya ¤-dñ-meya eá-meya ¤-st�-meya¦-ye-sye ¦-do-sye eä-sye ¦-sta-sye¦-ye-nto ¦-do-nto eá-nto ¦-sta-nto

D. ¤-y¡-syhn ¤-dñ-syhn eá-syhn ¤-st�-syhn¤-y¡-syhn ¤-dñ-syhn eá-syhn ¤-st�-syhn

* Esse aoristo médio, embora formalmente normal, não é usado. Em lu-gar dele a língua desenvolveu um aoristo em -s-. Assim temos:Indicativo: - ¤sth-s�mhn, saso(sv), sato, s�meya, sasye, santoSubjuntivo: - st®-svmai, shsai(sú), shtai, sÅmeya, shsye, svntaiOptativo: - sth-saÛmhn, saiso(saio), saito, saÛmeya, saisye, saintoImperativo: - st°-sai, sths�syv, st®sasye, sths�syvnParticípio: - sth-s�menow,n,onInfinitivo: - st®-sasyai

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Page 442: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

442 a flexão verbal

Subjuntivo

coloque/ dê/der para mim lance/lançar ponha-me /puser de pécolocar para mim para mim

S. yÇ-mai* dÇ-mai Ï-mai stÇ-maiy» dÒ Ã st»y°-tai dÇ-tai ¸-tai st°-tai

P. yÅ-meya dÅ-meya Ë-meya stÅ-meyay°-sye dÇ-sye ¸-sye st°-syeyÇ-ntai dÇ-ntai Ï-ntai stÇ-ntai

D. yÅ-meyon dÅ-meyon Ë-meyon stÅ-meyony°-syon dÇ-syon ¸-syon st°-syon

* O subjuntivo forma-se sobre o tema verbal breve (ye, do, ¥, sta), como acréscimo da característica do subjuntivo (v, h, h, v, h, v ) e desi-nências primárias. A absorção da vogal temática pela vogal longa, ca-racterística do subjuntivo, resulta em contração, o que explica as for-mas perispômenas e properispômenas.

Quadro demostrativo da evolução fonéticado subjuntivo da voz média

S. y¡-v-mai > yÇmai dñ-v-mai > dÇmai

y¡-h-sai > y¡hai > y°ai > y°i/y»* dñ-h-sai > dñhai > dÇai dÇi/dÒ*y¡-h-tai > y°tai dñ-h-tai > dÇtai

P. ye-v-meya > yÅmeya do-Å-meya > dÅmeya

y¡-h-sye > y°sye dñ-h-sye > dÇsye

y¡-v-ntai > yÇ-ntai dñ-v-ntai > dÇntai

D. ye-Å-meyon > yÅmeyon do-Å-meyon > dÇsyon

y¡-h-syon > y°syon dñ-h-syon > dÇsyon

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Page 443: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

443a flexão verbal

S. §-v-mai > Ïmai st�-v-mai > stÇmai

§-h-sai > §hai > ¸ai > ¸i/Â* st�-h-sai > st�hai > st°ai > st°i/st»*§-h-tai > ¸tai st�-h-tai > st°tai

P. §-v-meya > Ëmeya sta-Å-meya > stÅmeya

§-h-sye > ¸sye st�-h-sye > st°sye

§-v-ntai > Ïntai st�-v-ntai > stÇntai

D. §-Å-meyon > Ëmeyon sta-Å-meyon > stÅmeyon

§-h-syon > ¸syon st�-h-syon > st°syon

* Estas formas da 2a pessoa do singular média são iguais às de 3a pessoado singular ativa. Só o contexto resolve.

Optativo

colocaria/colocasse* daria/desse lançaria/lançasse me poria/pusesse de pé

S. ye-Û-mhn do-Û-mhn e-á-mhn sta-Û-mhnye-Ý-so > yeÝo do-Ý-so > doÝo e-å-so > eåo sta-Ý-so > staÝoye-Ý-to do-Ý-to e-å-to sta-Ý-to

P. ye-Û-meya do-Û-meya e-á-meya sta-Û-meyaye-Ý-sye do-Ý-sye e-å-sye sta-Ý-syeye-Ý-nto do-Ý-nto eä-nto� sta-Ý-nto

D. ye-Û-syhn do-Û-syhn e-á-syhn sta-Û-syhnye-Û-syhn do-Û-syhn e-á-syhn sta-Û-syhn

* Também: poderia/pudesse colocar, dar, lançar, pôr-me de pé.

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Page 444: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

444 a flexão verbal

Imperativo:

coloca/colocai dá/dai para ti lança/lançai põe-te/ponde-vos de pé*para ti/vós /vós para ti/vós

S. y¡-so > yoè dñ-so > doè §-so > oð st�-so > stÇy¡-syv dñ-syv §-syv st�-syv

P. y¡-sye dñ-sye §-sye st�-syey¡-syvn/ dñ-syvn/ §-syvn/ st�-syvn/y¡syvsan dñsyvsan §syvsan st�-syvsan

D. y¡-syon dñ-syon §-syon st�-syony¡-syvn dñ-syvn §-syvn st�-syvn

* Imperativo de 3a pessoa:(ele) coloque, dê, lance, ponha de pé para si;(eles) coloquem, dêem, lancem, ponham de pé para si

Particípio: tendo colocado para mim, tendo dado para mim, tendo lançadopara mim, tendo-me posto de pé.

Tema ye-meno- do-meno- §-meno- sta-meno-y¡-menow,h,on dñ-menow,h,on §-menow,h,on st�-menow,h,on

Infinitivo: colocar para mim, dar para mim, lançar para mim, pôr-se de pé

y¡-syai dñ-syai §-syai st�-syai

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Page 445: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

445a flexão verbal

Aoristo sigmático

O aoristo sigmático também é antigo na língua e, em Homero,convive com os outros tipos de aoristo; mas, por ter uma característicamarcante, o -s-, que passa a ser o sinal distintivo de fácil identificação,começou a ser usado com mais intensidade, a ponto de se tornar o aoris-to paradigmático, �regular�, e, a partir do século V, todos os verbos quese foram criando adotaram esse aoristo.

Esse -s-, acrescentado ao tema verbal, sem vogal de ligação, lu-s-,marcaria o aoristo; mas é no indicativo que ele se identifica mais clara-mente e é a partir do indicativo que se constrói o tema do aoristo, damaneira seguinte:

O aoristo indicativo, recebendo um aumento, por ser pontual noprocesso narrativo, tem desinências secundárias. Assim, em ¤-lu-s-n: asoante -n, posta ao lado da consoante -s-, se vocaliza em -a, resultandodaí a sílaba -sa, que passa a ser a característica identificadora desse tipode aoristo. É assim que as gramáticas o denominam: aoristo sigmático,ou aoristo em -sa.

Quadro de flexão do aoristo sigmático

VOZ ATIVA

Tema em semivogal:

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativodesligo/desliguei desligue / desligaria/ desliga/

desligar* desligasse** desligai***

S. ¦-lu-sa læ-s-v læ-sa-i-mi

¦-lu-sa-w læ-s-ú-w læ-sa-i-w (seiaw) lè-son

¦-lu-se læ-s-ú læ-sa-i (seien) lu-s�-tv

P. ¤-læ-sa-men læ-s-v-men læ-sa-i-men

¤-læ-sa-te læ-s-h-te læ-sa-i-te læ-sa-te

¦-lu-sa-n læ-s-v-si læ-sa-i-en (seian) lu-s�-ntvn

D. ¤-lu-s�-thn (ston) læ-s-h-ton lu-sa-Û-thn(-ton) læ-sa-ton

¤-lu-s�-thn læ-s-h-ton lu-sa-Û-thn lu-s�-tvn

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Page 446: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

446 a flexão verbal

* O subjuntivo se constrói sobre o tema verbal+característica -s- do ao-risto + características do subjuntivo v, h, h, v, h, v + desinênciasprimárias ativas. (Ver o quadro demostrativo abaixo.)

** Também: poderia/pudesse desligar.*** Imperativo de 3a pessoa:(ele) desligue/(eles) desliguem.

Quadro demostrativo do subjuntivo:

S. læ-s-v > læsvlæ-s-h-si > læshsi > læshi/læsú > læsúw/læshiwlæ-s-h-ti > læshti > læshsi > læsú/læshi

P. læ-s-v-men > læsvmenlæ-s-h-te > læshtelæ-s-v-nti > læsvnti > læsvnsi > læsvsi

D. læ-s-h-ton > læshtonlæ-s-h-ton > læshton

Particípio: tendo desligado

Tema Masc. Fem. Neutrolu-sa-nt- lu-sa-nt-w > lu-sa-nt-j-a > lu-sa-nt >

læsaw - læsant-ow læsasa - lus�s-hw lèsan - læsant-ow

Infinitivo: desligar: lè-sai

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Page 447: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

447a flexão verbal

VOZ MÉDIA

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativodesligo/ desligue/des- desligaria/des- desliga para ti/desliguei para mim ligar para mim ligasse para mim** desligai para vós***

S. ¤-lu-s�-mhn læ-s-v-mai* lu-sa-Û-mhn

¤-læ-sa-so > sao > sv læ-s-h-sai > sú læ-sa-i-so > saio lè-sai

¤-læ-sa-to læ-s-h-tai læ-sa-i-to lu-s�-syv

P. ¤-lu-s�-meya lu-s-Å-meya lu-sa-Û-meya

¤-læ-sa-sye læ-s-h-sye læ-sa-i-sye læ-sa-sye

¤-læ-sa-nto læ-s-v-ntai læ-sa-i-nto lu-s�-syvn

D. ¤-læ-sa-syon læ-s-h-syon læ-sa-i-syon læ-sa-syon

¤-lu-s�-syhn læ-s-h-syon lu-sa-Û-syhn lu-s�-syvn

* O subjuntivo aoristo médio se constrói sobre o tema verbal + caracte-rística do subjuntivo v, h, h, v, h, v, + desinências primárias médias.A 2a pessoa do singular é: læ-s-h-sai> læshai> læshi> læsú.

** Também: poderia/pudesse desligar para mim.*** Imperativo de 3a pessoa:(ele) desligue para si; (eles) desliguem para si.

Particípio: tendo desligado para mim

Tema Masc. Fem. Neutrolu-s�-meno- lu-s�-menow-ou lu-sa-m¡nh-hw lu-s�-menon-ou

Infinitivo: læ-sa-syai desligar para mim

No modelo acima, o -s- se mantém porque segue a semivogal dotema verbal lu-; mas, quando o tema verbal é em consoante, sofre o pro-cesso de assimilação, segundo as normas fonéticas da língua, como acon-teceu na flexão nominal dos temas em consoante.

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Page 448: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

448 a flexão verbal

Assim, nos temas em oclusiva:

Dental + sigma: a dental se assimila e caipeiy ¦-peiy-sa > ¦-peis-sa > ¦peisayaumat ¤-yaæmat-sa > ¤-yaæmas-sa > ¤yaæmasaspeud ¦-speud-sa > ¦speus-sa > ¦speusa

Velar + sigma: a velar combina com s > jarx ¦-arx-sa > ·rjaprag ¦-prag-sa > ¦prajafulak ¤-fælak-sa > ¤fælaja

Labial + sigma: a labial combina com s > ctref ¦-tref-sa > ¦yrecatrib ¦-trib-sa > ¦tricatrep ¦-trep-sa > ¦treca

Aoristo sigmático com temas em oclusivas

Tema em oclusiva: peiy-; prag-; tref-.

VOZ ATIVA

Indicativo

eu convenci/convenço eu fiz/eu faço eu nutri/eu nutro

S. ¦peiy-sa > ¦peisa ¦prag-sa > ¦praja ¦tref-sa > ¦yreca*

¦peiy-saw > ¦peisaw ¦prag-sw > ¦prajaw ¦tref-saw > ¦yrecaw

¦peiy-se > ¦peise ¦prag-se > ¦praje ¦tref-se > ¦yrece

P. ¤peÛy-samen > ¤peÛsamen ¤pr�g-samen > ¤pr�jamen ¤tr¡f-samen > ¤yr¡camen

¤peÛy-sate > ¤peÛsate ¤pr�g-sate > ¤pr�jate ¤tr¡f-sate > ¤yr¡cate

¦peiy-san > ¦peisan ¦prag-san > ¦prajan ¦tref-san > ¦yrecan

D. ¤peÛy-saton > ¤peÛsaton ¤pr�g-saton > ¤pr�jaton ¤tr¡f-saton > ¤yr¡caton

¤peiys�thn > ¤peis�thn ¤prag-s�thn > ¤praj�thn ¤trefs�thn > ¤yrec�thn

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Page 449: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

449a flexão verbal

* A oclusiva aspirada seguida de -s- compõe a consoante dupla -c- fa-zendo com que a aspiração se desloque para a oclusiva anterior: t > y.

Subjuntivo

eu convença/convencer eu faça/fizer eu nutra/nutrir

S. peÛy-sv > peÛsv pr�g-sv > pr�jv* tr¡f-sv > yr¡cv

peÛy-súw > peÛsúw pr�g-súw > pr�júw tr¡f-súw > yr¡cúw

peÛy-sú > peÛsú pr�g-sú > pr�jú tr¡f-sú > yr¡cú

P. peÛy-svmen > peÛsvmen pr�g-svmen > pr�jvmen tr¡f-svmen > yr¡cvmen

peÛy-shte > peÛshte pr�g-shte > pr�jhte tr¡f-shte > yr¡chte

peÛ-svsi > peÛsvsi pr�g-svsi > pr�jvsi tr¡f-svsi > yr¡cvsi

D. peÛy-shton > peÛshton pr�g-shton > pr�jhton tr¡f-shton > yr¡chton

peÛy-shton > peÛshton pr�g-shton > pr�jhton tr¡f-shton > yr¡chton

* Ver modelo fonético no quadro de læ-v, læs-v, p. 404.

Optativo

eu convenceria/ eu faria/fizesse eu nutriria/nutrisse*convencesse

S. peÛy-saimi > peÛsaimi pr�g-saimi > pr�jaimi tr¡f-saimi > yr¡caimi

peÛy-saiw > peÛsaiw/eiaw pr�g-saiw > pr�jaiw/eiaw tr¡f-saiw > yr¡caiw/eiaw

peÛy-sai > peÛsai/eie pr�g-sai > pr�jai/eie tr¡f-sai > yr¡cai/eie

P. peÛy-saimen > peÛsaimen pr�g-saimen > pr�jaimen tr¡fsaimen > yr¡caimen

peÛy-saite > peÛsaite pr�g-saite > pr�jaite tr¡fsaite > yr¡caite

peÛy-saien > peÛsaien/eian pr�gsaien > pr�jaien/eian tr¡fsaien > yr¡caien/

eian

D. peiy-saÛthn > peisaÛthn prag-saÛthn > prajaÛthn trefsaÛthn > yrecaÛthn

peiy-saÛthn > peisaÛthn prag-saÛthn > prajaÛthn trefsaÛthn > yrecaÛthn

* Também: poderia/pudesse convencer, fazer, nutrir.

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Page 450: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

450 a flexão verbal

Imperativo

convence/convencei faze/fazei nutre/nutri*

S.peÝy-son > peÝson pr�g-son > pr�jon tr¡f-son > yr¡con

peiy-s�tv > peis�tv prag-s�tv > praj�tv tref-s�tv >yrec�tv

P.peÛy-sate> peÛsate pr�g-sate > pr�jate tr¡fsate >

yr¡cate

peiy-s�ntvn > prag-s�ntvn > trefs�ntvn >peis�ntvn51 praj�ntvn yrec�ntvn

D. peÛy-saton > peÛsaton pr�g-saton > pr�jaton tr¡fsaton >yr¡caton

peiy-s�tvn > peis�tvn prags�tvn > praj�tvn trefs�tvn >

yrec�tvn

* Imperativo de 3a pessoa:(ele) convença, faça, nutra; (eles) convençam, façam, nutram.

Particípio

tendo convencido tendo feito tendo nutrido

Tema peÛysant > peÛsant- pr�gsant > pr�jant- tr¡fsant > yr¡cant-

Masc. peÛsaw-santow pr�jaw-jantow yr¡caw-cantow

Fem. peÛsasa-s�shw pr�jasa-j�shw yr¡casa-c�shw

Neut. peÝsan-santow pr�jan-jantow yr¡can-cantow

Infinitivo

convencer fazer nutrirpeÝysai > peÝsai pr�gsai > pr�jai tr¡fsai > yr¡cai

51 Também peiy-s�tvsan > peis�tvsan (menos usada, rebuscada).

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Page 451: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

451a flexão verbal

VOZ MÉDIA

Indicativo

convenci/ fiz/faço para mim nutri/nutro para mimconvenço para mim

S. ¤peiys�mhn > ¤peis�mhn ¤prags�mhn > ¤praj�mhn ¤trefs�mhn > ¤yrec�mhn

¤peÛysaso > ¤peÛsaso > sv ¤pr�gsaso > ¤pr�jaso > sv ¤tr¡fsaso > ¤yr¡caso> sv

¤peÛysato > ¤peÛsato ¤pr�g-sato > ¤pr�jato ¤tr¡fsato > ¤yr¡cato

P. ¤peiys�meya > ¤peis�meya ¤prags�meya > ¤praj�meya ¤trefs�meya > ¤yrec�meya

¤peÛysasye > ¤peÛsasye ¤pr�gsasye > ¤pr�jasye ¤tr¡fsasye > ¤yr¡casye

¤peÛysanto > ¤peÛsanto ¤pr�gsanto > ¤pr�janto ¤tr¡fsanto > ¤yr¡canto

D. ¤peiys�syhn > ¤peis�syhn ¤prags�syhn > ¤praj�syhn ¤trefs�syhn > ¤yrec�syhn

¤peiys�syhn > ¤peis�syhn ¤prags�syhn > ¤praj�syhn ¤trefs�syhn > ¤yrec�syhn

Subjuntivo

eu convença / faça / fizer para mim nutra / nutrir para mimconvencer para mim

S. peÛysvmai > peÛsvmai pr�gsvmai > pr�jvmai tr¡fsvmai > yr¡cvmai

peÛyshsai > peÛshsai> sú pr�gshsai > pr�jhsai > jú tr¡fshsai > yr¡chsai > cú

peÛyshtai > peÛshtai pr�gshtai pr�jhtai tr¡fshtai > yr¡chtai

P. peiysÅmeya > peisÅmeya pragsÅmeya > prajÅmeya trefsÅmeya > yrecÅmeya

peÛyshsye > peÛshsye pr�gshsye > pr�jhsye tr¡fshsye > yr¡chsye

peÛysvntai > peÛsvntai pr�gsvntai > pr�jvntai tr¡fsvntai > yr¡cvntai

D. peÛy-shsyon > peÛshsyon pr�gshsyon > pr�jhsyon tr¡fshsyon > yr¡chsyon

peÛy-shsyon > peÛshsyon pr�gshsyon > pr�jhsyon tr¡fshsyon > yr¡chsyon

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Page 452: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

452 a flexão verbal

Optativoconvenceria / faria / fizesse para mim nutriria /convecesse para mim nutrisse para mim*

S. peiysaÛmhn> peisaÛmhn pragsaÛmhn > prajaÛmhn trefsaÛmhn > yrecaÛmhn

peÛysaiso > peÛsaiso pr�gsaiso > pr�jaiso tr¡fsaiso > yr¡caiso

> saio** > aio > aio

peÛysaito > peÛsaito pr�gsaito > pr�jaito tr¡fsaito > yr¡caito

P. peiysaÛmeya > peisaÛmeya pragsaÛmeya > prajaÛmeya trefsaÛmeya > yrecaÛmeya

peÛysaisye > peÛsaisye pr�gsaisye > pr�jaisye tr¡fsaisye > yr¡caisye

peÛysainto > peÛsainto pr�gsainto > pr�jainto tr¡fsainto > yr¡cainto

D. peiysaÛsyhn > peisaÛsyhn pragsaÛsyhn > prajaÛsyhn trefsaÛsyhn > yrecaÛsyhn

peiysaÛsyhn > peisaÛsyhn pragsaÛsyhn > prajaÛsyhn trefsaÛsyhn > yrecaÛsyhn

* Também: poderia/pudesse convencer, fazer, nutrir para mim.** O -s- intervocálico da desinência sofre síncope provocando um tri-

tongo, de pronúncia fácil; por isso permanece.

Imperativoconvence para ti / faze para ti / nutre para ti /convencei para vós fazei para vós nutri para vós

S. peÝy-sai > peÝsai pr�g-sai > pr�jai tr¡f-sai > yr¡cai

peiy-s�syv > peis�syv prag-s�syv > praj�syv tref-s�syv >

yrec�syv

P. peÛy-sasye> peÛsasye pr�g-sasye > pr�jasye tr¡fsasye >

yr¡casye

peiy-s�syvn > peis�syvn52 prag-s�syvn > praj�syvn trefs�syvn >

yrec�syvn

D. peÛy-sasyon > peÛsasyon pr�g-sayon > pr�jasyon tr¡fsasyon >

yr¡casyon

peiy-s�syvn > peis�syvn prags�syvn > praj�syvn trefs�syvn >

yrec�syvn

* Imperativo de 3a pessoa:(ele) convença, faça, nutra; (eles) convençam, façam, nutram para si.

52 Também peiy-s�tvsan > peis�tvsan (menos usada, rebuscada).

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Page 453: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

453a flexão verbal

Particípio

tendo convencido tendo feito tendo nutridopara mim para mim para mim

Tema peiys�meno -> peis�meno- prags�meno -> praj�meno- trefs�meno ->

yrec�meno-

peis�menow, h, on praj�menow, h, on yrec�menow, h, on

Infinitivo

convencer para si fazer para si nutrir para si

peÛysasyai > peÛsasyai pr�gsasyai > pr�jasyai tr¡fsasyai > yr¡casyai

Temas em líqüida / soante / nasal:

Na flexão nominal dos temas em líquida, só a soante nasal seguidade -s- cai, sem compensação de alongamento. O -r- e o -l- permanecem.assim: daÛmon-si > daÛmosi aos numes

²gemñn-si > ²gemñsi aos guiasmas: =®tor-si aos oradores

�lw o sal

Na flexão verbal, nos verbos cujo tema termina por l, r, m, n, o -s-do aoristo sofre síncope, e, em compensação, a vogal do tema é alongada.

Tema Aoristostel- ¦-stel-sa > ¦-steil-a envieifyer- ¦-fyer-sa > ¦-fyeir-a corrompimen- ¦-men-sa > ¦-mein-a permanecinem- ¦-nem-sa > ¦-neim-a distribuíkayar- ¤-k�yar-sa > ¤-k�yhr-a purifiqueifan- ¦-fan-sa > ¦-fhn-a fiz aparecer

Para maior clareza vamos dar a seguir o paradigma construído so-bre o tema stel-.

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Page 454: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

454 a flexão verbal

VOZ ATIVA

Tema: ¦-stel-sa > ¦-steil-a

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativoenvio/enviei envie/enviar enviaria /enviasse** envia/enviai***

S. ¦-steil-a steÛl-v* steÛl-a-i-mi

¦-steil-aw steÛl-úw steÛl-a-i-w (-eiaw) steÝl-on

¦-steil-e steÛl-ú steÛl-a-i (-eie) steil-�-tv

P. ¤-steÛl-a-men steÛl-v-men steÛl-a-i-men

¤-steÛl-a-te steÛl-h-te steÛl-a-i-te steÛl-a-te

¦-steil-an steÛl-v-si steÛl-a-i-en (-eian) steil-�-ntvn

D. ¤-steil-�-thn steÛl-h-ton steil-a-Û-thn/ton steÛl-a-ton/aton

¤-steil-�-thn steÛl-h-ton steil-a-Û-thn steil-�-tvn

* O subjuntivo aoristo ativo se constrói sobre o tema verbal + caracterís-tica -s- do aoristo, que sofre síncope, alongando por compensação avogal do tema + característica do subjuntivo v, h, h, v, h, v, + desi-nências primárias.

** Também: poderia/pudesse enviar.*** Imperativo de 3a pessoa: ele envie / eles enviem.

Particípio: tendo enviado

Tema Masc. Fem. Neutro

stel-sa-nt- > steil-a-nt-w > steilant-j-a > steilantia > steil-a-nt

steilant > steÛlaw-steÛlant-ow steÛlasa-steil�s-hw steÝlan-steÛlant-ow

Infinitivo: enviarstel-s-nai > steil-nai > steÝlai

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Page 455: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

455a flexão verbal

VOZ MÉDIA

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativoenvio/enviei envie/enviar enviaria/enviasse envia para tipara mim para mim para mim** enviai para vós***

S. ¤-steil-�-mhn steÛl-v-mai* steil-a-Û-mhn

¤-steÛl-a-so > v steÛl-h-sai > ú steÛl-a-i-so > aio steÝl-ai53

¤-steÛl-a-to steÛl-h-tai steÛlai-to steil-�-syv

P. ¤-steil-�-meya steil-Å-meya steil-a-Û-meya

¤-steÛl-a-sye steÛl-h-sye steÛl-a-i-sye steÛl-a-sye

¤-steÛl-a-nto steÛl-v-ntai steÛl-a-i-nto steil-�-ntvn

D. ¤-steil-�-syhn/syon steÛl-h-syon steil-a-Û-syhn/syon steÛl-a-syon

¤-stel-�-syhn steÛl-h-syon steil-a-Û-syhn steil-�-syvn

* O subjuntivo aoristo médio se constrói sobre o tema verbal + caracte-rística -s- do aoristo que sofre síncope, alongando por compensação avogal do tema + características do subjuntivo v, h, h, v, h, v, + de-sinências primárias médias.

** Também: poderia/pudesse enviar para mim.*** Imperativo de 3a pessoa: ele envie para si / eles enviem para si.

Particípio: tendo enviado para mim

Tema Masc. Fem. Neutro

stel-sa-meno- > steil-a-meno- steil-�-menow steil-a-m¡nh steil-�-menon

Infinitivo: enviar para mim

stel-sa-syai > steÛl-a-syai

53 Observe o acento properispômeno, como no infinitivo aoristo ativo na p. 402; masa 3a pessoa do optativo ativo steÛlai é paroxítona, porque o -i- do optativo élongo.

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Page 456: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

456 a flexão verbal

Note-se que o -a-, remanescente da queda do -s- da característi-ca, mantém-se em todos os modos, exceto no subjuntivo. O subjuntivotem como característica a vogal de ligação longa: v, h, h, v, h, v, quese acrescenta diretamente à característica -s- do aoristo (sem o -n-, desi-nência secundária do indicativo que se vocalizou em -a). Além disso,por ser eventual, o subjuntivo tem desinências primárias.

O quadro de flexão acima serve de modelo para todos os verbos detema em líquida: l, m, n, r.

O futuro

O futuro não é propriamente um tempo. É um vir-a-ser, isto é:uma eventualidade, uma antecipação.

As gramáticas ora dizem que o futuro se originou de um antigodesiderativo, ora que é um subjuntivo eventual.

Não há erro nessas informações.Não é nossa intenção fazer gramática histórica, mas cremos que

não seria errado afirmar que o futuro é uma noção secundária, associadaao aoristo; é uma mera projeção do ato verbal, a formulação de um desejonum certo grau de intensidade; (daí o uso do indicativo, e, no portugu-ês, a criação do subjuntivo futuro). A noção de eventualidade, devirtualidade da ação se exprime pelo subjuntivo.

Mas o futuro não contém a idéia de inacabado, infectum, que conflitacom a idéia aorista da pontualidade. Não é por mero acaso que, nos para-digmas de conjugação, o lugar do futuro do subjuntivo é o mesmo que odo subjuntivo aoristo.

É por isso que vamos mostrar que a construção do futuro se fazsobre o tema do aoristo.

Construir o futuro a partir do tema do infectum (inacabado), comose faz tradicionalmente é um contra-senso, além de obrigar o estudioso adecorar listas de �futuros irregulares�54.

54 Mas, às vezes, tem-se a impressão de que o futuro é a continuidade do presente,como no verbo eänai que não tem aoristo. A construção do futuro sobre o temado infectum exprime a continuidade do ser.

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Page 457: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

457a flexão verbal

Basta citarmos alguns exemplos para provar que o futuro nem se-manticamente nem morfologicamente deriva do tema do infectum:

Vejamos o verbo gignÅskv: o futuro é gnÅ-s-o-mai.O que aconteceu? O futuro foi construído sobre a raiz-tema: gnv

com o auxílio da característica -s- do futuro, sem levar consigo o redobro emi, que é exclusivo do infectum, e sem levar o sufixo incoativo -sk- que seman-ticamente está ligado ao infectum (inacabado).

Note-se também a forma média, característica do envolvimentodo sujeito na ação verbal.

Muitos verbos ativos têm um futuro médio.Não se deve procurar explicação gramatical para esse fato, mas sim

semântica. Por exemplo, o verbo entender, aprender: Ao dizermos �euaprenderei�, o que estamos dizendo é �eu hei de aprender� (aprenderei <aprender-ei < aprender-hei) como uma promessa (futuro promissivo) euma certa antecipação de certeza.

Aliás, toda a formação do futuro nas línguas românicas é seme-lhante à do português, com os auxiliares semelhantes a �eu tenho, eu hei,eu devo�.

Na verdade, é uma voz média, embora não tenhamos uma formaespecial que reflita isso.

No grego é claro: may > may-®-s-o-mai, eu hei de aprender.Novamente aqui podemos notar que na voz média grega o sujeito é

agente do ato verbal, isto é, uma forma média em grego dever ser traduzidana voz ativa em português. O que diferencia a voz ativa da voz média é oenvolvimento ou não do agente no ato verbal. Em português tambémtemos a voz média, semanticamente, não morfologicamente.

Então não é mera coincidência o uso do mesmo -s- no futuro e noaoristo: os problemas que vamos encontrar estão na fórmula usual de apre-sentar os �tempos primitivos� dos verbos nas gramáticas e nos dicionários.Contudo, se tivermos o cuidado de isolar o aoristo, veremos que o futurotem o mesmo tema e a mesma característica do aoristo.

A diferença está no tratamento do -s-:1. no futuro, as desinências primárias se juntam ao tema pela vogal de

ligação;2. no aoristo, a desinência secundária de 1a pessoa -n se junta sem vogal

de ligação ao tema, vocalizando-se em -a, passando a ser esse o temapara todos os modos do aoristo, menos para o subjuntivo, que é even-tual e tem desinências primarias.

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Page 458: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

458 a flexão verbal

Assim: ¦-lu-s-n > ¦-lu-sa / ¤-lu-s�-mhn : aoristolæ-s-v / læ-s-o-mai : futuro

Em princípio, não é difícil construir o futuro dos verbos gregos;basta acrescentar o -s- ao tema verbal (tema do aoristo) e observar asnormas fonéticas, uma vez que podem acontecer encontros entre o -s- eas consoantes dos temas e também a síncope do -s-, quando em situaçãointervocálica.

Convém notar, entretanto, que a noção de futuro (vir-a-ser, even-tual) não se coaduna com o modo optativo, que é o modo do potencial, eé pleonástica com o subjuntivo aoristo por serem os dois (subjuntivoaoristo e futuro) o mesmo eventual; e também com o imperativo futuro(também essencialmente um fato futuro, portanto eventual), embora for-malmente todas essas formas sejam possíveis.

As gramáticas omitem o imperativo e subjuntivo futuros, mas re-gistram o optativo. Creio que esse optativo futuro faz duplo uso com ooptativo aoristo, uma vez que o aspecto é o mesmo. Como já foi demons-trado, o futuro não se faz sobre o tema do infectum e, ipso facto, nãocontém esse aspecto. Contudo, nos quadros de flexão a seguir, daremosas formas do optativo futuro, com sua tradução linear. O leitor verá queé um significado incomum, embora possível.

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Page 459: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

459a flexão verbal

Flexão do futuro

1. Quadro de flexão do futuro dos temas em semivogal: -u-/-i-

Os temas em semivogal acrescentam o -s- e desinências primáriassem maiores problemas.

Tema: læ- fut.: lu-s-v / læ-s-o-maiTema: ti- fut.: tÛ-s-v / tÛ-s-o-mai

Tema: læ-; Verbo: læv

VOZ ATIVA

Indicativo Optativodesligarei* poderia/pudesse haver de desligar

S. læ-s-v læ-s-oi-milæ-s-eiw læ-s-oi-wlæ-s-ei læ-s-oi

P. læ-s-o-men læ-s-oi-menlæ-s-e-te læ-s-oi-telæ-s-ousi læs-oi-en

D. læ-s-e-ton lu-s-oÛ-thnlæ-s-e-ton lu-s-oÛ-thn

* Também: hei de desligar

Particípio: havendo de desligar, que há de desligar, que desligará.

Tema Masc. Fem. Neutrolæ-s-o-nt læ-s-vn,ontow læ-sousa,shw lè-s-on,ontow

Infinitivo: haver de desligar: læ-s-ein

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Page 460: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

460 a flexão verbal

VOZ MÉDIA

Indicativo Optativodesligarei / poderia / pudesse haverhei de desligar para mim de desligar para mim

S. læ-s-o-mai lu-s-oÛ-mhnlæ-s-e-sai> ú læ-s-oi-so > soiolæ-s-e-tai læ-s-oi-to

P. lu-s-ñ-meya lu-s-oÛ-meyalæ-s-e-sye læ-s-oi-syelæ-s-o-ntai læ-s-oi-nto

D. læ-s-e-syon lu-s-oÛ-syhnlæ-s-e-syon lu-s-oÛ-syhn

Particípio: havendo de desligar para si, que há de desligar /que desligará para si

Tema Masc. Fem. Neutrolu-s-ñ-meno- lu-s-ñ-menow lu-s-o-m¡nh lu-s-ñ-menon

Infinitivo:læ-s-e-syai haver de desligar para si.

2. Quadro de flexão dos temas monossilábicos em vogal longa

Os temas em vogal longa acrescentam o -s-, que não sofre sínco-pe, em posição intervocálica.

Esse alongamento da vogal temática tem objetivo de ordem foné-tica: evitar a síncope do -s- intervocálico, e é comandado por motivaçãomorfológica e semântica. Naturalmente, é para não repetir a forma finaldo infectum.

Por isso é que, sempre que a língua não quer eliminar o -s- inter-vocálico, sobretudo no futuro, alonga a vogal temática, como no caso

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Page 461: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

461a flexão verbal

dos denominativos e nos temas monossilábicos ye-, do-, ¤-, sta- doquadro a seguir.

O mesmo acontece com as vogais de ligação longas de may®somai,gnÅsomai, b®somai, dæsomai. O -s- mantém-se.

VOZ ATIVA

Tema: -y®- Verbo: tÛyhmi Tema: -dÅ- Verbo: dÛdvmi

Tema: -´- Verbo: àhmi Tema: -st®- Verbo: ásthmi

Indicativo

colocarei darei lançarei pôr-me-ei de pé

S. y®-s-v* dÅ-s-v ´-s-v st®-s-vy®-s-eiw dÅ-s-eiw ´-s-eiw st®-s-eiwy®-s-ei dÅ-s-ei ´-s-ei st®-s-ei

P. y®-s-omen dÅ-s-omen ´-s-omen st®-s-omeny®-s-ete dÅ-s-ete ´-s-ete st®-s-etey®-s-ousi dÅ-s-ousi ´-s-ousi st®-s-ousi

D. y®-s-eton dÅ-s-eton ´-s-eton st®-s-etony®-s-eton dÅ-s-eton ´-s-eton st®-s-eton

* Note-se que o redobro do presente não vem para o futuro.

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Page 462: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

462 a flexão verbal

Optativo

poderia/pudesse haver de:

colocar dar lançar pôr-me de pé

S. y®-s-oi-mi dÅ-s-oi-mi ´-s-oi-mi st®-s-oi-miy®-s-oi-w dÅ-s-oi-w ´-s-oi-w st®-s-oi-wy®-s-oi dÅ-s-oi ´-s-oi st®-s-oi

P. y®-s-oi-men dÅ-s-oi-men ´-s-oi-men st®-s-oi-meny®-s-oi-te dÅ-s-oi-te ´-s-oi-te st®-s-oi-tey®-s-oi-en dÅ-s-oi-en ´-s-oi-en st®-s-oi-en

D. y®-s-oi-ton dÅ-s-oi-ton ´-s-oi-ton st®-s-oi-tonyh-s-oÛ-thn dv-s-oÛ-thn ²-s-oÛ-thn sth-s-oÛ-thn

Particípio: havendo de / que vai colocar; dar; lançar; pôr-se de pé

Tema y°-s-o-nt dÇ-s-o-nt ¸-s-o-nt st°-s-o-nt

Masc. y®svn - sontow dÅsvn - sontow ´svn - sontow st®svn - sontow

Fem. y®sousa - shw dÅsousa -shw ´sousa - shw st®sousa - shw

Neut. y°son - sontow dÇson - sontow ¸son - sontow st°son - sontow

Infinitivo

haver de colocar dar lançar pôr-se de péy®-s-ein dÅ-s-ein ´-s-ein st®-s-ein

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Page 463: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

463a flexão verbal

VOZ MÉDIA

Indicativo

colocarei para mim darei para mim lançarei para mim pôr-me-ei de pé

S. y®-s-o-mai dÅ-s-o-mai ´-s-o-mai st®-s-o-mai

y®-s-e-sai > sú/ei dÅ-s-e-sai > sú/ei ´-s-e-sai > sú/ei st®-s-e-sai > sú/ei

y®-s-e-tai dÅ-s-e-tai ´-s-e-tai st®-s-etai

P. yh-s-ñ-meya dv-s-ñ-meya ²-s-ñ-meya sth-s-ñ-meya

y®-s-e-sye dÅ-s-e-sye ´-s-e-sye st®-s-esye

y®-s-o-ntai dÅ-s-o-ntai ´-s-o-ntai st®-s-o-ntai

D. y®-s-e-syon dÅ-s-e-syon ´-s-e-syon st®-s-e-syon

y®-s-e-syon dÅ-s-e-syon ´-s-e-syon st®-s-e-syon

Optativo

poderia/pudesse haver de:

colocar para mim dar para mim lançar para mim pôr-me de pé

S. yh-s-oÛ-mhn dv-s-oÛ-mhn ²-s-oÛ-mhn sth-s-oÛ-mhn

y®-s-oi-so > soio dÅ-s-oi-so > soio ´-s-oi-so > soio st®-s-oi-so > soio

y®-s-oi-to dÅ-s-oi-to ´-s-oi-to st®-s-oi-to

P. yh-s-oÛ-meya dv-s-oÛ-meya ²-s-oÛ-meya sth-s-oÛ-meya

y®-s-oi-sye dÅ-s-oi-sye ´-s-oi-sye st®-s-oi-sye

y®-s-oi-into dÅ-s-oi-nto ´-s-oi-nto st®-s-oi-nto

D. y®-s-oi-syon dÅ-s-oi-syon ´-s-oi-syon st®-s-oi-syon

yh-s-oÛ-syhn dv-s-oÛ-syhn ²-s-oÛ-syhn sth-s-oÛ-syhn

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Page 464: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

464 a flexão verbal

Particípio: havendo de, que vai colocar para si; dar para si; lançar para si;pôr-se de pé

Tema yh-s-o-meno- dv-s-o-meno- ²-s-o-meno- sth-s-o-meno-Masc. yhsñmenow dvsñmenow ²sñmenow sthsñmenowFem. yhsom¡nh dvsom¡nh ²som¡nh sthsom¡nhNeut. yhsñmenon dvsñmenon ²sñmenon sthsñmenon

Infinitivo: haver de

colocar para si dar para si lançar para si pôr-se de péy®-s-e-syai dÅ-s-e-syai ´-s-e-syai st®-s-e-syai

3. Quadro de flexão dos temas em oclusiva: - g,k,x / b,p,f /d,t,y

Os temas em oclusiva comportam-se como no aoristo sigmático.Ver o quadro de flexão do aoristo sigmático nas páginas 445 e seguintes.

VOZ ATIVA

Indicativo

eu farei olharei convencerei

S. pr�g-s-v > jv bl¡p-s-v > cv peÛy-s-v > svpr�g-s-eiw > jeiw bl¡p-s-eiw > ceiw peÛy-s-eiw > seiwpr�g-s-ei > jei bl¡p-s-ei > cei peÛy-s-ei > sei

P. pr�g-s-o-men > jomen bl¡p-s-o-men > comen peÛy-s-o-men > somenpr�g-s-e-te > jete bl¡p-s-e-te > cete peÛy-s-e-te > setepr�g-s-ousi > jousi bl¡p-s-ousi > cousi peÛy-s-ousi > sousi

D. pr�g-s-e-ton > jeton bl¡p-s-e-ton > ceton peÛy-s-e-ton > setonpr�g-s-e-ton > jeton bl¡p-s-e-ton > ceton peÛy-s-e-ton > seton

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Page 465: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

465a flexão verbal

Optativo

poderia/pudesse

haver de fazer haver de olhar haver de convencer

S. pr�g-s-oi-mi > joimi bl¡p-s-oi-mi > coimi peÛy-s-oi-mi > soimi

pr�g-s-oi0w > joiw bl¡p-s-oi-w > coiw peÛy-s-oi-w > soiw

pr�g-s-oi > joi bl¡p-s-oi > coi peÛy-s-oi > soi

P. pr�g-s-oi-men > joimen bl¡p-s-oi-men > coimen peÛy-s-oi-men > soimen

pr�g-s-oi-te > joite bl¡p-s-oi-te > coite peÛy-s-oi-te > soite

pr�g-s-oi-en > joien bl¡p-s-oi-en > coien peÛy-s-oi-en > soien

D. prag-s-oÛ-thn > joÛthn blep-s-oÛ-thn > coÛthn peiy-s-oÛ-thn > soÛthn

prag-s-oÛ-thn > joÛthn blep-s-oÛ-thn > coÛthn peiy-s-oÛ-thn > soÛthn

Particípio: havendo de fazer, olhar, convencer*

Tema pr�g-s-o-nt bl¡p-s-o-nt peÝy-s-o-nt> pr�jont > bl¡cont > peÝsont

Masc. pr�jvn-ontow bl¡cvn-ontow peÛsvn-ontowFem. pr�jousa-shw bl¡cousa-shw peÛsousa-shwNeut. pr�jon-ontow bl¡con-ontow peÝson-ontow

* Também: que há de fazer / que fará, olhará, convencerá

Infinitivo: haver de

fazer olhar convencerprag-s-ein > pr�jein blep-s-ein > bl¡cein peÛy-s-ein > peÛsein

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Page 466: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

466 a flexão verbal

VOZ MÉDIA

Indicativo

farei para mim olharei para mim convencerei para mim

S. pr�g-s-o-mai > jomai bl¡p-s-o-mai > comai peÛy-s-o-mai > somai

pr�g-s-e-sai > jú/ei bl¡p-s-e-sai > cú/ei peÛy-s-e-sai > sú/ei

pr�g-s-e-tai > jetai bl¡p-s-e-tai > cetai peÛy-s-e tai > setai

P. prag-s-ñ-meya > jñmeya blep-s-ñ-meya > cñmeya peiy-s-ñ-meya >sñmeya

pr�g-s-e-sye > jesye bl¡p-s-e-sye > cesye peÛy-s-e-sye > sesye

pr�g-s-o-ntai > jontai bl¡p-s-o-ntai > contai peÛy-s-o-ntai > sontai

D. pr�g-s-e-syon > jesyon bl¡p-s-e-syon > cesyon peÛy-s-e-syon > sesyon

pr�g-s-e-syon > jesyon bl¡p-s-e-syon > cesyon peÛy-s-e-syon > sesyon

Optativo

Poderia/pudesse haver de

fazer para mim olhar para mim convencer para mim

S. prag-s-oÛ-mhn > joÛmhn blep-s-oÛ-mhn > coÛmhn peiy-s-oÛ-mhn > soÛmhn

pr�g-s-oi-so > joio bl¡p-s-oi-spo > coio peÛy-s-oi-so > soio

pr�g-s-oi-to > joito bl¡p-s-oi-to > coito peÛy-s-oi-to > soito

P. prag-s-oÛ-meya>joÛmeya blep-s-oÛ-meya> coÛmeya peiy-s-oÛ-meya >soÛmeya

pr�g-s-oi-sye > joisye bl¡p-s-oi-sye > coisye peÛy-s-oi-sye > soisye

pr�g-s-oi-nto > jointo bl¡p-s-oi-nto > cointo peÛy-s-oi-nto > sointo

D. prag-s-oÛ-syhn> joÛsyhn blep-s-oÛ-syhn> coÛsyhn peiy-s-oÛ-syhn >soÛsyhn

prag-s-oÛ-syhn> joÛsyhn blep-s-oÛ-syhn> coÛsyhn peiy-s-oÛ-syhn >soÛsyhn

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Page 467: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

467a flexão verbal

Particípio: havendo de fazer para si/ havendo de olhar para si/ havendo deconvencer para si, também: que há de fazer / que fará para si etc.

Tema prag-s-ñ-meno- blep-s-ñ-meno- peiy-s-ñ-meno-> jñmeno- > cñmeno- > sñmeno-

Masc. prajñmenow blecñmenow peisñmenowFem. prajom¡nh blecom¡nh peisom¡nNeut. prajñmenon blecñmenon peisñmenon

Infinitivo: haver de fazer, de olhar, de nutrir para si

fazer para si olhar para si convencer para sipr�g-s-e-syai > jesyai bl¡p-s-e-syai > cesyai peÛy-s-e-syai > sesyai

Contudo, nem sempre é fácil identificar o tema verbal na formapela qual os verbos dão entrada nos dicionários, vocabulários e gramáti-cas, isto é, pela forma do presente. Mas, se observarmos bem a forma doaoristo, conseguiremos identificar o tema verbal. Assim:

Verbo Tema Tema do Futuro Aoristoverbal infectum

kl�gzv / kl�zv klagg- klagg-jv kl�gg-s-v ¦klagg-saeu grito > kl�gzv > kl�gjv > ¦klagja

klag- klag-jv kl�g-sv ¦klag-sa

> kl�zv > kl�jv > ¦klaja

nÛzv / nÛptv nif- nif->nif-jv nÛf-sv ¦nif-saeu lavo > nÛptv > nÛcv > ¦nica

nib- nib-jv nÛb-sv ¦nib-sa> nÛzv > nÛcv > ¦nica

sxÛzv sxid- sxid-jv sxÛd-sv ¦sxid-saeu fendo, eu racho > sxÛzv > sxÛsv > ¦sxisa

sf�zv sfag- sfag-jv sf�g-sv ¦sfag-saeu degolo > sf�zv > sf�jv > ¦sfaja

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Page 468: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

468 a flexão verbal

Nesses quatro casos, a construção do aoristo e futuro (ativo e mé-dio) é normal:

klagg - s > klagj nif/nib - s > nicsxid-s > sxiss > sxis sfag-s > sfaj

Também não haverá problemas na construção da voz passiva (aoris-to e futuro) com o sufixo -h-/-yh-. (Ver no quadro de flexão próprio).

4. Quadro de flexão do futuro em -es- dos temas em líquida / soante

Nos casos dos temas em soante, nasal ou líquida, (l, m, n, r), o -s- do futuro vem com vocalismo e, como se fosse uma vogal de ligação -es-; é um tratamento diferente daquele dispensado para esse mesmo en-contro consonântico, no aoristo. Certamente para não causar confusãocom o tema do infectum.

Com a presença de -es-, das desinências primárias e da vogal deligação, o -s- fica em posição intervocálica e sofre síncope. Isso transfor-ma esse tema de futuro em um tema em vogal e-, igual ao tema do verbodenominativo em e- (file-), e normalmente a flexão se faz da mesmaforma, isto é, como o verbo fil¡-v.

Assim:�ggel-¡s-v > �ggel¡v > �ggelÇ,eÝw,eÝ;nem-¡s-v > nem¡v > nemÇ,eÝw,eÝ;fan-¡s-o-mai > fan¡omai > fanoèmai,»,eÝtai;kayar-¡s-v > kayar¡v > kayarÇ,eÝw,eÝ

Veja os quadros de flexão a seguir.

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Page 469: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

469a flexão verbal

VOZ ATIVA

Indicativo

destruirei enviarei repartirei permanecerei

S. fyer-¡s-v > Ç stel-¡s-v > Ç nem-¡s-v > Ç men-¡s-v > Ç

fyer-¡s-eiw > eÝw stel-¡s-eiw > eÝw nem-¡s-eiw > eÝw men-¡s-eiw > eÝw

fyer-¡s-ei > eÝ stel-¡s-ei > eÝ nem-¡s-ei > eÝ men-¡s-ei > eÝ

P. fyer-¡s-omen > oèmen stel-¡s-omen > oèmen nem-¡s-omen > oèmen men-¡s-omen > oèmen

fyer-¡s-ete > eÝte stel-¡s-ete > eÝte nem-¡s-ete > eÝte men-¡s-ete > eÝte

fyer-¡s-ousi > oèsi stel-¡s-ousi > oèsi nem-¡s-ousi > oèsi men-¡s-ousi > oèsi

D. fyer-¡s-eton > eÝton stel-¡s-eton > eÝton nem-¡s-eton > eÝton men-¡s-eton > eÝton

fyer-¡s-eton > eÝton stel-¡s-eton > eÝton nem-¡s-eton > eÝton men-¡s-eton > eÝton

Optativo: poderia/pudesse haver de

destruir enviar repartir permanecer

S. fyeroÛhn* steloÛhn nemoÛhn menoÛhnfyeroÛhw steloÛhw nemoÛhw menoÛhwfyeroÛh steloÛh nemoÛh menoÛh

P. fyeroÝmen steloÝmen nemoÝmen menoÝmenfyeroÝte steloÝte nemoÝte menoÝtefyeroÝen steloÝen nemoÝen menoÝen

D. fyeroÝton steloÝton nemoÝton menoÝtonfyeroÛthn steloÛthn nemoÛthn menoÛthn

* fyer-es-o-Û-hn > fyereoÛhn > fyeroÛhn igual ao modelo filoÛhndas páginas 391 e 393.

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Page 470: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

470 a flexão verbal

Particípio: havendo de destruir, enviar, repartir, permanecer*

Tema fyer-¡sont >-¡ont stel-¡sont >-¡ont nem-¡sont >-¡ont men-¡sont >-¡ont

Masc. fyerÇn, oèntow� stelÇn, oèntow nemÇn, oèntow menÇn, oèntow

Fem. fyeroèsa, shw steloèsa, shw nemoèsa, shw menoèsa, shw

Neut. fyeroèn, oèntow steloèn, oèntow nemoèn, oèntow menoèn, oèntow

* Também: que há de destruir, enviar, repartir, permanecer; que destruirá,enviará, repartirá, permanecerá.

Infinitivo: haver de

destruir enviar repartir permanecerfyer-¡s-ein > eÝn stel-¡sein > eÝn nem-¡sein > eÝn men-¡s-ein > eÝn

VOZ MÉDIA

Indicativo

destruirei para mim enviarei para mim aparecerei

S. fyer-¡s-omai > oèmai stel-¡somai > oèmai fan-¡somai > oèmai

fyer-¡sesai > » / eÝ stel-¡sesai > » / eÝ fan-¡sesai > » / eÝ

fyer-¡setai > eÝtai stel-¡setai > eÝtai fan-¡setai > eÝtai

P. fyer-esñmeya > oæmeya stel-esñmeya > oæmeya fan-esñmeya > oæmeya

fyer-¡sesye > eÝsye stel-¡sesye > eÝsye fan-¡sesye > eÝsye

fyer-¡sontai > oèntai stel-¡sontai > oèntai fan-¡sontai > oèntai

D. fyer-¡sesyon > eÝsyon stel-¡sesyon > eÝsyon fan-¡sesyon > eÝsyon

fyer-¡sesyon > eÝsyon stel-¡sesyon > eÝsyon fan-¡sesyon > eÝsyon

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Page 471: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

471a flexão verbal

Optativo

poderia/pudesse haver de

destruir para mim enviar para mim aparecer para mim

S. fyer-esoÛmhn > oÛmhn stelesoÛmhn > oÛmhn fan-esoÛmhn > oÛmhn

fyer-¡soiso > oÝo stel-¡soiso > oÝo fan-¡soiso > oÝo

fyer ¡soito > oÝto stel-¡soito > oÝto fan-¡soito > oÝto

P. fyer-esoÛmeya > oÛmeya stel-esoÛmeya > oÛmeya fan-esoÛmeya > oÛmeya

fyer-¡soisye > oÝsye stel-¡soisye > oÝsye fan-¡soisye > oÝsye

fyer-¡sointo > oÝnto stel-¡sointo > oÝnto fan-¡sointo > oÝnto

D. fyer-¡soisyon > oÝsyon stel-¡soisyon > oÝsyon fan-¡soisyon > oÝsyon

fyer-esoÛsyhn > oÛsyhn stel-esoÛsyhn > oÛsyhn fan-esoÛsyhn > oÛsyhn

Particípio: havendo de destruir, enviar, aparecer para si

Também: que há de destruir/que destruirá para sique há de enviar/que enviará para sique há de aparecer/que aparecerá para si

Tema fyer-esñmeno stel-esñmeno fan-esñmeno- > oæmeno- - > oæmeno- - > oæmeno-

Masc. fyeroæmenow steloæmenow fanoæmenowFem. fyeroum¡nh steloum¡nh fanoum¡nhNeut. fyeroæmenon steloæmenon fanoæmenon

Infinitivo: haver de

destruir para si enviar para si aparecerfyer-¡s-esyai stel-¡s-esyai fan-¡s-esyai> fyereÝsyai > steleÝsyai > faneÝsyai

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Page 472: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

472 a flexão verbal

5. Flexão do futuro ático

Por analogia com os temas em líqüida, alguns verbos de temas dissi-lábicos em dental precedida de -i-, que fazem o infectum em -izv, e fa-riam o futuro -isv, elidem o -s- intervocálico e decalcam a flexão sobreo futuro em -es-, e, a seguir, analogicamente, seguem o modelo dos ver-bos denominativos de tema em -e, como fil¡v > filÇ.

Infectum Futuro

eu voto chfid-jv > chfÛzv chfÛdsv > chfÛsv >

chfÛv > chfiÇ, eÝw,eÝ..

eu mentalizo, penso frontid-jv > frontÛzv frontÛdsv > frontÛsv >

frontÛv > frontiÇ, eÝw,eÝ..

eu penso, considero nomid-jv > nomÛzv nomid-sv > nomÛsv >

nomÛv > nomiÇ,eÝw,eÝ..

eu agrado xarit-jv > xarÛzomai xarit-somai > xarÛsomai >

xariomai > xarioèmai, », eÝtai.

Em geral, isso se dá com os temas de duas sílabas ou mais.As gramáticas denominam esse futuro de futuro ático.Esse uso, contudo, não é absoluto:

� O verbo ¤lpÛzv, por exemplo, tem ¤lpÛsv no futuro, normalmente.� Há também alguns verbos, como:

eÞsbib�zv, eu faço entrar, eu embarco,¤laænv, eu empurro, eu toco para frente, que fazem o futuro

respectivamente:eÞsbib�sv > eÞsbibÇ,�w,�,Çmen,�te,Çsi, e¤l�sv> ¤lÇ,�w,�,Çmen,�te,Çsi,

isto é, o -s- intervocálico sofre síncope e o hiato resultante torna otema igual ao tema dos verbos denominativos em -a, e por isso fazem aflexão como tim�-v.

� Isso acontece também com alguns verbos de tema em -a, mas que re-cebem o sufixo -nnumi no infectum.

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Page 473: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

473a flexão verbal

Por exemplo:

Infectum Futuro

eu misturo ker�-nnumi ker�-s-v > kerÇ,�w,�,Çmen,�te,Çsi

eu abro as asas �napet�-nnumi pet�-s-v > petÇ.�w,�,Çmen,�te,Çsi

eu disperso sked�-nnumi sked�-s-v > skedÇ,�w,�,Çmen,�te,Çsi

eu suspendo krem�-nnumi krem�-s-v > kremÇ,�w,�,Çmen,�te,Çsi

Quadro de flexão

Indicativo Optativoeu dispersarei eu poderia / pudesse haver de dispersar

S. sked�sv > sked�v > skedÇ sked�soimi > sked�oimi > skedÒmi

sked�seiw > sked�eiw > sked�w sked�soiw > sked�oiw > skedÒw

sked�sei > sked�ei > sked� sked�soi > sked�oi > skedÒ

P. sked�somen > sked�omen > skedÇmen sked�soimen > sked�oimen > skedÒmen

sked�sete > sked�ete > sked�te sked�soite > sked�oite > skedÒte

sked�sonsi > sked�onsi > skedÇsi sked�soien > sked�oien > skedÒen

D. sked�seton > sked�eton > sked�ton sked�soiton > sked�oiton > skedÒton

sked�seton > sked�eton > sked�ton skedasoÛthn > skedaoÛthn > skedÐthn

Particípio: havendo de dispersar/que há de dispersar/que dispersará

Tema Masc. Fem. Neutro

sked�-s-o-nt skedÇn-Çntow skedÇsa-Åshw skedÇn-Çntow

> sked�ont- > skedvnt-

Infinitivo: haver de dispersar: sked�-s-en > sked�en > sked�n

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Page 474: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

474 a flexão verbal

6. Flexão do futuro dos temas em vogal

Há também alguns poucos verbos, encontrados sobretudo em Ho-mero, de tema em vogal, que fazem o futuro em -s-, o que faz com queesse -s- se encontre em posição intervocálica e tenda a cair, provocandoa seguir, no dialeto ático, a contração das vogais em contato, resultandoem formas que podem ser confundidas com as do presente dos verbosdenominativos de temas em vogal (e-,a-,o-).

kal¡v - kal¡sv > ático - kalÇmax¡omai - max¡somai > ático - maxoèmai¤l�v - ¤l�sv > ático - ¤lÇ

Em Homero, e no dialeto jônico em geral, predominam as formasnão contratas; isto é, o hiato permanece.

Esses verbos não se confundem com os denominativos, de forma-ção recente, que só se contraem no sistema do presente (encontro da vogalcom a vogal de ligação).

No futuro/aoristo e no perfeito, os denominativos alongam a vogaltemática. filÇ - fil®sv - ¤fÛlhsa - pefÛlhka

timÇ - tim®sv - ¤tÛmhsa - tetÛmhkadhlÇ - dhlÅsv - ¤d®lvsa - ded®lvka

Nota:

Convém notar que as contrações que acontecem no modelo acimasão conseqüência da queda do -s- em posição desinencial intervocálica.

Nos verbos que a gramática chama de �contratos�, essas contra-ções acontecem só no tema do infectum, e são conseqüência da quedado sufixo formador do tema do infectum -j- (jod), que fica em posiçãointervocálica, na formação do infectum dos verbos denominativos de temaem vogal, como:

fil¡-j-v > fil¡-v > filÇ eu amodhlñ-j-v > dhlñ-v > dhlÇ eu revelotim�-j-v > tim�-v > timÇ eu honroÞ�-j-omai > Þ�omai > ÞÇmai eu curopeir�-j-omai > peir�omai > peirÇmai eu tento

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Page 475: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

475a flexão verbal

Essas contrações se fazem para reduzir o hiato provocado pelo en-contro da vogal temática e a vogal de ligação depois da síncope do -j-.

Todos esses verbos alongam a vogal temática nos outros dois as-pectos: futuro e aoristo sigmáticos ativos, médios e passivos e perfeito emais-que-perfeito, ativos, médios e passivos:

e> h, o > v, a > a/h.

Futuro Aoristo Perfeito +p. Perfeito

V. Ativ. filÇ(e) fil®sv ¤fÛlhsa pefÛlhka ¤pefil®khn/ein

V. Med. fil®somai ¤filhs�mhn pefÛlhmai ¤pefil®mhn

V. Pass. filhy®somai ¤fil®yhn

V. Ativ. dhlÇ(o) dhlÅsv ¤d®lvsa ded®lvka ¤dedhlÅkhn/ein

V. Med. dhlÅsomai ¤dhlvs�mhn ded®lvmai ¤dedhlÅmhn

V. Pass. dhlvy®somai ¤dhlÅyhn

V. Ativ. timÇ(a) tim®sv ¤tÛmhsa tetÛmhka ¤tetim®khn/ein

V. Med. tim®somai ¤timhs�mhn tetÛmhmai ¤tetim®mhn

V. Pass. timhy®somai ¤tim®yhn

Mas os temas em a-, precedidos de vogal ou r, ao alongarem avogal não mudam o seu timbre, permanecendo a:

ÞÇmai (a) Þ�somai Þas�mhnpeirÇmai peir�somai ¤peiras�mhn

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Page 476: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

476 a flexão verbal

Aoristo passivo

Os modelos ¦gnvn/¦bhn também servem de paradigma para umacategoria de aoristos em h/v, intransitivos e médios na origem, marcan-do o ponto de partida da ação em que o sujeito está envolvido; diferentedas formas ativas.

A partir daí passou a ser sentido como forma e significado passi-vos, como:

¥�lvn, eu caí nas mãos, fui preso¦sbhn, eu me apaguei, fui apagado

A voz média é essencialmente intransitiva, na medida em que osujeito, envolvido na ação, não sai do ato verbal; por isso, esses verbosnão têm voz passiva; e, com o objeto direto, a voz ativa aparece mais tar-de, com o ato verbal rompendo o círculo da intransitividade.

Assim faÛnomai eu apareço desenvolveu uma forma ativa faÛnveu mostro, faço aparecer.

Há um bom número de verbos transitivos que têm esse aoristo em-h-.

São verbos essenciais, isto é, verbos que exprimem atos fundamen-tais, concretos, cotidianos e que desenvolveram posteriormente uma for-ma de aoristo em -yh.-

Em sua maioria são verbos em líqüida e nesses casos esse aoristose constrói sobre a raiz no vocalismo zero, desenvolvendo depois um a:

fyr > ¤-fy�r-hn sou, fui corrompidostl > ¤-st�l-hn sou, fui enviado

Os de tema em labial55 também fazem esse aoristo desenvolvendoo mesmo a, como:

trp> tr¡pv > ¤-tr�p-hn sou, fui viradotrf > tr¡fv > ¤-tr�f-hn sou, fui nutrido

55 Nos grupos de 3 consoantes há sempre uma líquida e duas oclusivas.

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Page 477: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

477a flexão verbal

Com a extensão do seu uso para a voz passiva, a língua desenvol-veu um aoristo foneticamente mais forte, em -yh-, sobretudo com ostemas em vogal. Este revelou-se tão produtivo que se tornou o aoristopassivo mais comum.

Em alguns verbos convivem os dois aoristos: o em -h-, com significa-do de estado (intransitivo), e o aoristo em yh /syh, com significado passivo.

Alguns aoristos acima citados, como ¥�lvn, ¦pthn são repre-sentativos dessa passagem da noção média, intransitiva para a passiva.

O aoristo, contrariamente ao infectum e ao perfectum, tem uma mar-ca distintiva na voz passiva.

O que marca o aoristo passivo é o sufixo -yh/-syh ou o sufixo -hNotar também que o aoristo passivo se serve de desinências ativas;

mas isso não representa problema, porque a característica -h-/-yh,-syhé suficiente para marcar a passividade.

Quadro de flexão do aoristo passivo em yh

Temas em semivogal: lu-yh

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativofui/sou desligado seja/for desligado seria/fosse desligado* sê/sede desligado**

S. ¤-læ-yh-n lu-yÇ*** lu-ye-Ûh-n

¤-læ-yh-w lu-y»-w/lu-y°iw lu-ye-Ûh-w læ-yh-ti

¤-læ-yh lu-y»/lu-y°i lu-ye-Ûh lu-y®-tv

P. ¤-læ-yh-men lu-yÇ-men lu-ye-Ûh-men (yeÝmen)****¤-læ-yh-te lu-y°-te lu-ye-Ûh-te (yeÝte) læ-yh-te

¤-læ-yh-san lu-yÇ-si lu-ye-Ûh-san (yeÝen) lu-y¡-ntvn

D. ¤-læ-yh-ton lu-y°-ton lu-ye-Ûh-ton (luyeÝton) læ-yh-ton

¤-lu-y®-thn lu-y®-tvn lu-ye-i®-thn (luyeÛthn) lu-y®-tvn

* Também: poderia/pudesse ser desligado.** Imperativo de 3a pessoa: (ele) seja desligado, (eles) sejam desligados.*** O subjuntivo é construído sobre o tema verbal + característica do

passivo -yh- + característica do subjuntivo v,h,h,v,h,v e desinên-

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Page 478: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

478 a flexão verbal

cias primárias ativas. Na seqüência de duas vogais longas a anteriorse abrevia, luy®-v-men > luy¡-v-men > luyÇmen e aqui há a ab-sorção da breve pela longa (contração), o que explica as formas peris-pômenas e properispômenas.

**** As formas sincopadas, reduzidas são as mais usadas. Lei do menoresforço.

Quadro demostrativo da evolução fonética do subjuntivo:

lu-yh- > luye-

S. lu-y¡-v* > luyÇ*lu-y¡-h-si > luy¡hiw > luy°i/luy» > luy°iw/luy»w**lu-y¡-h-ti > luy¡hsi > luy¡hi > luy°i/luy»

P. lu-y¡-v-men > luyÇmenlu-y¡-h�te > luy°telu-y¡-v-nti > luyÇnti > luyÇnsi > luyÇsi

D. lu-y¡-h�ton > luy°tonlu-y¡-h�ton > luy°ton

* Vogal longa seguida de vogal longa se abrevia e, a seguir, é absorvida:lu-y®-v > lu-y¡-v > luyÇ.

** O -w é característica de 2a pessoa do singular da voz ativa; ele deveaparecer.

Particípio: tendo sido desligado

Tema Masc. Fem. Neutro

lu-y®-nt- > lu-y¡-nt-* luyeÛw, luy¡ntow luyeÝsa, luyeÛshw luy¡n, luy¡ntow

* Vogal longa seguida de soante e oclusiva se abrevia.

Infinitivo: lu-y°-nai: ser desligado

mur05.p65 22/01/01, 11:38478

Page 479: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

479a flexão verbal

Adjetivos verbais:lu-tñw,®,ñn : desligávellu-t¡ow,a,on : que deve ser desligado

Temas monossilábicos

Indicativo

sou/fui colocado sou/fui dado sou/fui lançado sou/fui posto de pé

S. ¤-t¡-yh-n* ¤-dñ-yh-n eá-yh-n ¤-st�-yh-n¤-t¡-yh-w ¤-dñ-yh-w eá-yh-w ¤-st�-yh-w¤-t¡-yh ¤-dñ-yh eá-yh ¤-st�-yh

P. ¤-t¡-yh-men ¤-dñ-yh-men eá-yh-men ¤-st�-yh-men¤-t¡-yh-te ¤-dñ-yh-te eá-yh-te ¤-st�-yh-te¤-t¡-yh-san ¤-dñ-yh-san eá-yh-san ¤-st�-yh-san

D. ¤-t¡-yh-ton ¤-dñ-yh-ton eá-yh-ton ¤-st�-yh-ton¤-te-y®-thn ¤-do-y®-thn eß-y®-thn ¤-sta-y®-thn

* No caso de duas sílabas seguidas começarem por oclusiva aspirada, aanterior perde a aspiração e é expressa pela surda correspondente:psilose.

mur05.p65 22/01/01, 11:38479

Page 480: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

480 a flexão verbal

Subjuntivo

seja/for colocado seja/for dado seja/for lançado seja/for posto de pé

S. te-yÇ* do-yÇ ¥-yÇ sta-yÇte-y»w do-y»w ¥-y»w sta-y»wte-y» do-y» ¥-y» sta-y»

P. te-yÇ-men do-yÇ-men ¥-yÇ-men sta-yÇ-mente-y°-te do-y°-te ¥-y°-te sta-y°-tete-yÇ-si do-yÇ-si ¥-yÇ-si sta-yÇ-si

D. te-y°-ton do-y°-ton ¥-y°-ton sta-y°-tonte-y°-ton do-y°-ton ¥-y°-ton sta-y°-ton

* O subjuntivo é construído sobre o tema breve + característica da vozpassiva -yh- + característica do subjuntivo -v-h-h-v-h-v, e desinên-cias primárias ativas. Na seqüência de duas vogais longas, a anterior seabrevia y®-v > y¡-v > yÇ, e depois há a contração, o que explica asformas perispômenas e properispômenas.

Quadro demostrativo da evolução fonética

S. te-y¡-v* > teyÇte-y¡-h-si > tey¡hi > tey°i/tey» > tey°iw/tey»wte-y¡-h-ti > tey¡hsi > tey¡hi > tey°i/tey»

P. te-y¡-v-men > teyÇmente-y¡-h�te > tey°tete-y¡-v-nti > teyÇnti > teyÇnsi > teyÇsi

D. te-y¡-h�ton > tey°tonte-y¡-h�ton > tey°ton

* ye-y®-v > yey¡v > tey¡v.

mur05.p65 22/01/01, 11:38480

Page 481: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

481a flexão verbal

S. do-y¡-v > doyÇdo-y¡-h-si > doy¡hi > doy°i/doy» > doy°iw/doy»wdo-y¡-h-ti > doy¡hsi > doy¡hi > doy°i/doy»

P. do-y¡-v-men > doyÇmendo-y¡-h-te > doy°tedo-y¡-v-nti > doyÇnti > doyÇnsi > do-yÇ-si

D. do-y¡-h-ton > doy°tondo-y¡-h-ton > doy°ton

S. ¥-y¡-v > ¥yÇ¥-y¡-h-si > ¥y¡hi > ¥y°i/¥y» > ¥y°iw/¥y»w¥-y¡-h-ti > ¥y¡hsi > ¥y¡hi > ¥y°i /¥y»

P. ¥-y¡-v-men > ¥yÇmen¥-y¡-h-te > ¥y°te¥-y¡-v-nti > ¥yÇnti > ¥yÇnsi > ¥-yÇ-si

D. ¥-y¡-h-ton > ¥y°ton¥-y¡-h-ton > ¥y°ton

S. sta-y¡-v > stayÇsta-y¡-h-si > stay¡hi > stay°i/stay» > stay°iw/sta-y»wsta-y¡-h-ti > stay¡hsi > stay¡hi > stay°i /stay»

P. sta-y¡-v-men > stayÇmensta-y¡-h-te > stay°testa-y¡-v-nti > stayÇnti > stayÇnsi > stayÇsi

D. sta-y°-ton > stay°tonsta-y°-ton > stay°ton

mur05.p65 22/01/01, 11:38481

Page 482: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

482 a flexão verbal

Optativo

seria/fosse colocado* seria/fosse dado seria/fosse lançado seria/fosse posto de pé

S. te-ye-Ûh-n do-ye-Ûh-n ¥-ye-Ûh-n sta-ye-Ûh-n

te-ye-Ûh-w do-ye-Ûh-w ¥-ye-Ûh-w sta-ye-Ûh-w

te-ye-Ûh do-ye-Ûh ¥-ye-Ûh sta-ye-Ûh

P. te-ye-Ûh-men/eÝmen** do-ye-Ûh-men/eÝmen ¥-ye-Ûh-men/eÝmen sta-ye-Ûh-men/eÝmen

te-ye-Ûh-te/eÝte do-ye-Ûh-te/eÝte ¥-ye-Ûh-te/eÝte sta-ye-Ûh-te/eÝte

te-ye-Ûh-san/eÝen do-ye-Ûh-san/eÝen ¥-ye-Ûh-san/eÝen sta-ye-Ûh-san/eÝen

D. te-ye-Ûh-ton/eÝton do-ye-Ûh-ton/eÝton ¥-ye-Ûh-ton/eÝton sta-ye-Ûh-ton/eÝton

te-ye-i®-thn/eÛthn do-ye-i®-thn/eÛthn ¥-ye-i®-thn/eÛthn sta-ye-i®-thn/eÛthn

* Também: poderia/pudesse ser: colocado, dado, lançado, posto de pé.** As formas sincopadas, reduzidas são as mais usadas. Lei do menor

esforço.

Imperativo

sê/sede colocado sê/sede dado sê/sede lançado sê/sede posto de pé*

S.t¡-yh-ti** dñ-yh-ti §-yh-ti st�-yh-tite-y®-tv do-y®-tv ¥-y®-tv sta-y®-tv

P.t¡-yh-te dñ-yh-te §-yh-te st�-yh-tete-y¡-ntvn*** do-y¡-ntvn ¥-y¡-ntvn sta-y¡-ntvn

D. t¡-yh-ton dñ-yh-ton §-yh-ton st�-yh-tonte-y®-tvn do-y®-tvn ¥-y®-tvn sta-y®-tvn

* Imperativo de 3a pessoa:(ele) seja colocado, dado, lançado, posto de pé;(eles) sejam colocados, dados, lançados, postos de pé.

** Psilose: t¡-yh-yi > t¡-yh-ti.*** Vogal longa seguida de soante e oclusiva se abrevia.

mur05.p65 22/01/01, 11:38482

Page 483: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

483a flexão verbal

Particípio: tendo sido colocado, dado, lançado, posto de pé

Tema te-y®-nt > tey¡nt-* do-y®-nt > doy¡nt- ¥-y®-nt > ¥y¡nt- sta-y®-nt > stay¡nt-

Masc. teyeÛw - y¡ntow doyeÛw - y¡ntow ¥yeÛw - y¡ntow stayeÛw - y¡ntow

Fem. teyeÝsa - shw doyeÝsa - shw ¥yeÝsa - shw stayeÝsa - shw

Neut. tey¡n - y¡ntow doy¡n - y¡ntow ¥y¡n - y¡ntow stay¡n - y¡ntow

* Vogal longa seguida de soante e oclusiva se abrevia.

Infinitivo

ser colocado ser dado ser lançado ser posto de péte-y°-nai do-y°-nai ¥-y°-nai sta-y°-nai

Temas em oclusivas

Tema: peiy pr�g tr¡f

Indicativo

fui/sou convencido fui/sou feito fui/sou nutridoS. ¤peÛyyhn > ¤peÛsyhn* ¤pr�gyhn > ¤pr�xyhn** ¤tr¡fyhn***

¤peÛyyhn> ¤peÛsyhw ¤pr�gyhw > ¤rp�xyhw ¤tr¡fyhw

¤peÛyyh > ¤peÛsyh ¤pr�gyh > ¤pr�xyh ¤tr¡fyh

P. ¤peÛyyhmen > ¤peÛsyhmen ¤pr�gyhmen > ¤pr�xyhmen ¤tr¡fyhmen

¤peÛyyhsye > ¤peÛsyhsye ¤pr�gyhsye > ¤pr�xyhsye ¤tr¡fyhsye

¤peÛyyhsan > ¤peÛsyhsan ¤pr�gyhsan> ¤pr�xyhsan ¤tr¡fyhsan

D. ¤peiyy®thn > ¤peisy®thn ¤pragy®thn > ¤praxy®thn ¤trefy®thn

¤peiyy®thn > ¤peisy®thn ¤pragy®thn > ¤praxy®thn ¤trefy®thn

* Dental seguida de dental se dissimila/suaviza em -s-.** Oclusiva gutural ou labial, surda ou sonora seguida de aspirada se aspira.*** O -f- temático não sofreu alteração, porque combina com a aspirada

seguinte.

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Page 484: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

484 a flexão verbal

Subjuntivo

seja/for convencido seja/for feito seja/for nutrido

S. peiyyÇ > peisyÇ* pragyÇ > praxyÇ trefyÇ

peiyy»w > peisy»w pragy»w > praxy»w trefy»w

peiyy» > peisy» pragy» > praxy» trefy»

P. peiyyÇmen > peisyÇmen pragyÇmen > praxyÇmen trefyÇmen

peiyy°te > peisy°te pragy°te > praxy°te trefy°te

peiyyÇsi > peisyÇsi pragyÇsi > praxyÇsi trefyÇsi

D. peiyy°ton > peisy°ton pragy°ton > praxy°ton trefy°ton

peiyy°ton > peisy°ton pragy°ton > praxy°ton trefy°ton

* O subjuntivo aoristo passivo se constrói sobre o tema puro do verbo +característica do passivo -yh- + característica do subjuntivo (vogal lon-ga) v, h, h, v, h, v, o que faz uma seqüência de duas longas e conse-qüente abreviação da anterior e posterior contração. É o que explica asformas perispômenas e properispômenas. (Ver o modelo fonético aci-ma - quadro demostrativo de læv. Ver página 478.)

Optativo

seria/fosse convencido* seria/fosse feito seria/fosse nutrido

S. peiyyhÛhn > peisyeÛhn pragyhÛhn > praxyeÛhn trefyhÛhn > trefyeÛhn**

peiyyhÛhw > peisyeÛhw pragyhÛhw > praxyeÛhw trefyhÛhw > trefyeÛhw

peiyyhÛh > peisyeÛh pragyhÛh > praxyeÛh trefyhÛh > trefyeÛh

P. peiyyhÝmen > peisyeÝmen pragyhÝmen > praxyeÝmen trefyhÝmen > trefyeÝmen***

peiyyhÝte > peisyeÝte pragyhÝte > praxyeÝte trefyhÝte > trefyeÝte

peiyyhÝen > peisyeÝen pragyhÝen > praxyeÝen trefyhÝen > trefyeÝen

D. peiyyhÛthn > peisyeÛyhn pragyhÛthn > praxyeÛthn trefyhÛthn > trefyeÛthn

peiyyhÛthn > peisyeÛyhn pragyhÛthn > praxyeÛthn trefyhÛthn > trefyeÛthn

* Também: poderia/pudesse ser convencido, feito, nutrido.** Vogal longa seguida de longa se abrevia; o -i- do optativo é longo; por

isso o -h- da marca da passiva se abrevia; depois, por sua vez, o -i- seabreviará diante do -h-. do vocalismo longo do optativo.

mur05.p65 22/01/01, 11:38484

Page 485: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

485a flexão verbal

*** Essas formas são mais usadas do que as longas: trefyeÛhmen, trefyeÛhte, trefyeÛhsan, para todos os verbos.São mais cômodas. Lei do menor esforço.

Imperativo

sê/sede convencido(s) sê/sede feito(s) sê/sede nutrido(s)*S.

peÛy-yhyi > peÛsyhti** pr�gyhyi > pr�xyhti tr¡fyhyi > tr¡fyhti

peiy-y®tv > peisy®tv pragy®tv > praxy®tv trefy®tv

P.peÛyyhte > peÛsyhte pr�gyhte > pr�xyhte tr¡fyhte

peiyyhntvn > peisy¡ntvn*** pragy®ntvn > praxy¡ntvn trefy¡ntvn

D. peÛyyhton > peÛsyhton pr�gyhton > pr�xyhton tr¡fyhton

peiy-y®tvn > peisy®tvn pragy®tvv > praxy®tvn trefy®tvn

* Imperativo de 3a pessoa:(ele) seja convencido, feito, nutrido;(eles) sejam convencidos, feitos, nutridos.

** A desinência do imperativo seria um locativo antigo -yi, para enfatizar,porque o imperativo singular normalmente não teria desinência. A se-guir houve uma psilose, porque as duas sílabas começam com aspira-da. Lei do menor esforço.

*** Vogal longa seguida de soante (líquida) e oclusiva se abrevia.

Particípio: tendo sido convencido, tendo sido feito, tendo sido nutrido*Tema peiyy®nt-> peisy¡nt- ** pragy®nt> praxy¡nt- trefy®nt> trefy¡nt-

Masc. peisyeÛw-y¡ntow praxyeÛw-y¡ntow trefyeÛw-y¡ntow

Fem. peisyeÝsa-shw praxyeÝsa-shw trefyeÝsa-shw

Neut. peisy¡n-y¡ntow praxy¡n-y¡ntow trefy¡n-y¡ntow

* Também: que foi convencido, feito, nutrido.** Vogal longa seguida de soante (líquida) e oclusiva se abrevia.

Infinitivo

ser convencido ser feito ser nutridopeiyy°nai > peisy°nai pragy°nai > praxy°nai trefy°nai

mur05.p65 22/01/01, 11:38485

Page 486: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

486 a flexão verbal

Quadro de flexão do aoristo passivo em -h-

Aoristo sigmático de tema em líquida

Todos os verbos em líquida fazem o aoristo passivo em -h-.Os de raiz monossilábica trilítere, em geral composta de duas con-

soantes e uma soante, líqüida, fazem o aoristo passivo sobre o vocalismozero da raiz, desenvolvendo a seguir um -a- epentético.T: stl/stel; aoristo ativo: ¦-steil-a aoristo passivo: ¤-st�l-h-n

T: fyr/fyer; aoristo ativo: ¦-fyeir-a aoristo passivo: ¤-fy�r-h-n

stl > stal-h

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativosou/fui enviado seja/for enviado seria/fosse enviado** sê/sede enviado***

S. ¤-st�l-h-n stal-Ç* stal-eÛ-h-n¤-st�-l-h-w stal-»-w stal-eÛ-h-w st�l-h-yi¤-st�l-h stal-» stal-eÛ-h stal-®-tv

P. ¤-st�l-h-men stal-Ç-men stal-eÝ-men¤-st�l-h-te stal-°-te stal-eÝ-te st�l-h-te¤-st�l-h-san stal-Ç-si stal-eÝ-en stal-¡-ntvn****

D. ¤-st�l-h-ton stal-°-ton stal-e-Ûh-ton/eÝton st�l-h-ton¤-stal-®-thn stal-°-ton stal-e-i®-thn/eÛthn stal-®-tvn

* O subjuntivo se constrói sobre o tema verbal puro + característica pas-siva -h- + característica do subjuntivo v, h, h, v, h, v, o que resultanuma seqüência de duas vogais longas; nesses casos a longa anterior seabrevia e a seguir se dá a contração. É isso que explica as formas peris-pômenas e prosperispômenas.

** Também: poderia/pudesse ser enviado.*** Imperativo de 3a pessoa: (ele) seja enviado; (eles) sejam enviados.**** Vogal longa seguida de soante e oclusiva se abrevia.

mur05.p65 22/01/01, 11:38486

Page 487: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

487a flexão verbal

Quadro demostrativo da evolução fonética no subjuntivo

S. stal®-v > stal¡v > stalÇ*stal¡-h-si > stal¡hi > stal°i/stal» > stal°iw/sta-l»w**stal¡-h-ti > stal¡hsi > stal¡hi > stal°i/stal»

P. stal¡-v-men > stalÇmenstal¡-h-te > stal°testa-l¡-v-nti > stalÇnti > stalÇnsi > stalÇsi

D. stal¡-h-ton > stal°tonstal¡-h-ton > stal°ton

* Vogal longa seguida de vogal longa se abrevia e, a seguir, é absorvida.** O -w é característica de 2a pessoa do singular da voz ativa; por isso

aparece aí.

Particípio: tendo sido enviado

Tema Masc. Fem. Neutro

stal-®-nt > stal¡nt-w > stal¡ntja > stal¡ntia stal¡nt >

stal¡nt-* staleÛw, stal¡ntow staleÝsa, staleÛshw stal¡n, stal¡ntow

* Vogal longa seguida de soante e oclusiva se abrevia.

Infinitivo: stal-°-nai ser enviado

Adjetivos verbais:

stal-tñw, ®, ñn: enviávelstal-t¡ow, a, on: que deve ser enviado

mur05.p65 22/01/01, 11:38487

Page 488: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

488 a flexão verbal

Quadro de flexão do futuro passivo em -yh-

Temas em semivogal (i, u)

Indicativo Optativoserei desligado pudesse/poderia haver de ser desligado

S. lu-y®-s-o-mai lu-yh-s-oÛ-mhnlu-y®-s-e-sai > sú/-ei lu-y®-s-oi-so> soiolu-y®-s-e-tai lu-y®-s-oi-to

P. lu-yh-s-ñ-meya lu-yh-s-oÛ-meyalu-y®-s-e-sye lu-y®-s-oi-syelu-y®-s-o-ntai lu-y®-s-oi-nto

D. lu-y®-s-e-syon lu-yh-s-0Û-syhnlu-y®-s-e-syon lu-yh-s-oÛ-syhn

Particípio: havendo de ser desligado, que será desligado

Tema Masc. Fem. Neutrolu-yh-s-ñ-meno- lu-yh-s-ñ-menow lu-yh-s-o-m¡nh lu-yh-s-ñ-menon

Infinitivo: lu-y®-s-e-syai haver de ser desligado

Nota:A vogal dos verbos denominativos de temas em a, e, o se alonga

no aoristo, futuro e perfeito ativos, médios e passivos:tim�-v - fut. tim®sv tim®somai timhy®somai

aor. ¤tÛmhsa ¤timhs�mhn ¤tim®yhnperf. tetÛmhka tetÛmhmai

fil¡-v - fut. fil®sv fil®somai filhy®somaiaor. ¤fÛlhsa ¤filhs�mhn ¤fil®yhnperf. pefÛlhka pefÛlhmai

dhlñ-v - fut. dhlÅsv dhlÅsomai dhlvy®somaiaor. ¤d®lvsa ¤dhlvs�mhn ¤dhlÅyhnperf. ded®lvka ded®lvmai

mur05.p65 22/01/01, 11:38488

Page 489: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

489a flexão verbal

Futuro passivo dos monossilábicos

Tema: ye-, do-, ¥-, sta-.

Indicativo

serei colocado serei dado serei lançado serei posto de pé

S. te-y®-somai do-y®-somai ¥-y®-somai sta-y®-somai

te-y®-sesai > sú/ei do-y®-sesai > ú/ei ¥-y®-sesai > ú/ei sta-y®-sesai > ú/ei

te-y®-setai do-y®-setai ¥-y®-setai sta-y®-setai

P. te-yh-sñmeya do-yh-sñmeya ¥-yh-sñmeya sta-yh-sñmeya

te-y®-sesye do-y®-sesye ¥-y®-sesye sta-y®-sesye

te-y®-sontai do-y®-sontai ¥-y®-sontai sta-y®-sontai

D. te-y®-sesyon do-y®-sesyon ¥-y®-sesyon sta-y®-sesyon

te-y®-sesyon do-y®-sesyon ¥-y®-sesyon sta-y®-sesyon

Optativo

poderia/pudesse haver de ser

colocado dado lançado posto de pé

S. te-yh-soÛmhn do-yh-soÛmhn ¥-yh-soÛmhn sta-yh-soÛmhn

te-y®-soiso do-y®-soiso ¥-y®-soiso sta-y®-soiso

> soio > soio > soio > soio

te-y®-soito do-y®-soito ¥-y®-soito sta-y®-soito

P. te-yh-soÛmeya do-yh-soÛmeya ¥-yh-soÛmeya sta-yh-soÛmeya

te-y®-soisye do-y®-soisye ¥-y®-soisye sta-y®-soisye

te-y®-sointo do-y®-sointo ¥-y®-sointo sta-y®-sointo

D. te-yh-soÛsyhn do-yh-soÛsyhn ¥-yh-soÛsyhn sta-yh-soÛsyhn

te-yh-soÛsyhn do-yh-soÛsyhn ¥-yh-soÛsyhn sta-yh-soÛsyhn

mur05.p65 22/01/01, 11:38489

Page 490: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

490 a flexão verbal

Particípio: havendo de, que haverá de ser

colocado dado lançado posto de pé

Tema te-yh-s-ñ-meno- do-yh-s-ñ-meno- ¥-yh-s-ñ-meno- sta-yh-s-ñ-meno-

Masc. teyhsñmenow doyhsñmenow ¥yhsñmenow stayhsñmenow

Fem. teyhsom¡nh doyhsom¡nh ¥yhsom¡nh stayhsom¡nh

Neut. teyhsñmenon doyhsñmenon ¥yhsñmenon stayhsñmenon

Infinitivo: haver de ser

colocado dado lançado posto de péte-y®-sesyai do-y®-sesyai ¥-y®-sesyai sta-y®-sesyai

Quadro de flexão do futuro passivo em -h-s-

Temas em líquida

Indicativo Optativoserei enviado poderia/pudesse haver de ser enviado

S. stal-®-s-o-mai stal-h-soÛ-mhnstal-®-s-e-sai > sú/-ei stal-®-s-oi-so > soiostal-®-s-e-tai stal-®-s-oi-to

P. stal-h-s-ñ-meya stal-h-s-oÛ-meyastal-®-s-e-sye stal-®-s-oi-syestal-®-s-o-ntai stal-®-s-oi-nto

D. stal-®-s-e-syon stal-h-s-oÛ-syhnstal-®-s-esyon stal-h-s-oÛ-syhn

Particípio: havendo de ser enviado, que será enviado

Tema Masc. Fem. Neutro

stal-h-s-ñ-meno stalhsñmenow stalhsom¡nh stalhsñmenon

mur05.p65 22/01/01, 11:38490

Page 491: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

491a flexão verbal

Infinitivo: stal-®-s-e-syai haver de ser enviado

Notas:

1. Todos os verbos de tema em soante-líquida fazem o aoristo e futuropassivos em -h-.

2. A maioria dos verbos que têm o aoristo passivo em -h- não têm umoutro em -yh-; alguns, contudo, ao lado de um aoristo em -h- desen-volveram um aoristo em -yh-, como o tema plhg/plag, que tem oduplo ¤-pl�g-h-n / ¤-pl®x-yh-n.

3. Como se pode notar, o aoristo em -h-, não traz problemas fonéticos,uma vez que a vogal forma sílaba com a consoante temática; outro tantonão acontece com o aoristo em -yh-; o -y-, em contato com as diver-sas consoantes oclusivas temáticas sofre e provoca um processo de as-similação, quer progressiva quer regressiva. Esse processo já nos é fa-miliar, uma vez que o enfrentamos na flexão nominal de temas emconsoante.

O quadro abaixo dá o modelo dessa assimilação entre consoantes oclu-sivas (dentais, labiais, velares) e a característica do aoristo passivo -yh-.

Dentais diante de yh*gumnad- > ¤-gumn�s-yh-n�rmot- > ²rmñs-yh-npeiy- > ¤-peÛs-yh-n

* Dental, seguida de dental, dissimila-se em -s-

Labiais diante de yh*trib- > ¤-trÛf -yh-npemp- > ¤-p¡mf-yh-nkruf- > ¤-kræf-yh-n

* Oclusiva sonora ou surda, seguida de aspirada, acomoda-se (contami-na-se) e se torna aspirada.

Velares diante de yh*prag- > ¤-pr�x-yh-nfulak- > ¤-ful�x-yh-narx- > ³rx-yh-n

* Oclusiva sonora ou surda seguida de aspirada acomoda-se (contamina-se) e se torna aspirada.

mur05.p65 22/01/01, 11:38491

Page 492: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

492 a flexão verbal

O perfeitoPreliminares

1. O perfeito é uma forma verbal antiga e exprime noção de ato verbalcompleto, terminado, com idéia de resultado. É a expressão da ação que estácompleta no presente. Por isso, ele é chamado algumas vezes de �perfeitopresente�.

Perfeito é aspecto (acabado) e não tempo.Pode-se afirmar daí que o perfeito nos dá a idéia de intransitivida-

de, de estado.Esse é o perfeito em sua forma mais antiga: fica entre a voz ativa e

a voz passiva.Há inúmeras formas com esse significado:

oäda eu sei (por ter visto)t¡ynhke ele morreu, está mortop¡poiya eu tenho confiança (eu me convenci)§sthka eu estou de pé (eu me pus de pé)p¡fuka eu sou de nascença (naturalmente), eu nascig¡gona eu nasci, eu soudi¡fyora eu estou perdido

Essa noção de estado, de ato acabado, é certamente a origem doredobro56; isto é, da repetição da consoante inicial do tema-raiz acompa-nhada da vogal -e.

A idéia de estado, de resultativo, de permanência, de presente, nosleva a crer que o perfeito intransitivo, médio, é anterior ao perfeito ativo.

56 O redobro (consoante repetida acompanhada de -i- ou de -e-) tem certamente umvalor semântico, psicológico, enfático: o do infectum, em -i- funciona comoalongador do tema verbal monossilábico, como yh > tÛyh-mi, dv > dÛdv-mi, sth> sisth-mi > ásth-mi , gn > gÛgn-o-mai, às vezes, associado a um sufixo alongadorcomo -sk- p. ex.: gnv > gignv-sk-v. O redobro do perfectum em -e- tem umcaráter confirmativo, da martelada a mais que damos quando pregamos um prego.Essa martelada �a mais�, às vezes duas, quer dizer: �está pregado�, acabou. É esse,exatamente, o significado do redobro do perfeito.

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493a flexão verbal

As formas do perfeito nos mostram isso: o perfeito médio, intran-sitivo e depois passivo se forma basicamente sobre a raiz-tema + redobro +desinências primárias médias.

lu- > l¡-lu-mai fui desligado, estou desligadopeiy- > p¡-peis-mai fui convencido, estou convencidoprag- > p¡-prag-mai fui feito, estou feitotrib- > t¡-trim-mai fui esmagado, estou esmagado

Como ficou dito no capítulo do aoristo, também no perfeito ostemas sofrem alterações fonéticas.

dia - fyr- > di-¡-fyor-a/di-¡-fyar-mai eu destruí/eu fui destruídote-trib- > t¡-trif-a/t¡-trim-mai eu esmaguei/eu fui esmagado

Essas alterações fonéticas acontecem por ação da metafonia (alter-nância vocálica). Muitas raízes-tema, sobretudo aquelas que formam oaoristo sobre a raiz-tema, sofrem essa alternância (zero/e/o).

Em geral, no perfeito prevalece o vocalismo o, com algumas varian-tes em a (que na verdade é um a epentético) nas raízes em líqüida; ovocalismo do aoristo, em geral, é zero, e o vocalismo do presente (inaca-bado, infectum) é e.

Há também algumas variantes de vocalismo e no aoristo e de voca-lismo zero no infectum.

Nesses casos o vocalismo zero no infectum vem compensado peloredobro em -i.Assim: pres. leÛp- aor. lip- perf. le-loip- deixarMas: pres. gi-gn - aor. gen- perf. ge-gon- vir a ser

Note-se que, no segundo caso, o vocalismo zero no infectum (de-veria ser �e� e o do aoristo deveria ser zero) teve a compensação pelo re-dobro em -i.

Ao lado do perfeito intransitivo, médio, havia também um perfeitoque se construía sobre a raiz-tema, no vocalismo do perfeito, com as de-sinências secundárias ativas, sem auxílio de nenhuma característica.

Assim: ge-gon-n > g¡-gon-ape-prag-n > p¡praga

Do mesmo modo como aconteceu na formação do aoristo sigmá-tico, em que a desinência consonântica -n se vocalizou, em contato com

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494 a flexão verbal

a consoante do tema, formando a sílaba -sa, sobre o que se flexionoutodo o aoristo ativo e médio, assim também teria acontecido com esseperfeito, que as gramáticas denominam �segundo�: esse -a, que é a voca-lização do -n desinencial, formou sílaba com a consoante da raiz-tema eserviu de base para a flexão.

Veremos o quadro de flexão mais adiante.Esse perfeito em -a seria o perfeito mais antigo. Na origem tinha

um significado intransitivo.Aliás, não é fácil associar a idéia de voz ativa com a idéia do resul-

tado, acabado, perfeito; contudo, em muitos casos, torna-se necessáriocompletar o ato verbal.

Como a transitividade ou intransitividade do verbo está no seuconteúdo semântico e na relação do sujeito agente (ou paciente) com oprocesso verbal e determina a voz ativa ou média, é natural, nos verbostransitivos, ativos ou médios, o complemento ou termo do ato verbalexpresso pelo acusativo do objeto direto.

À maneira do aoristo com característica forte -s-, a língua gregadesenvolveu um perfeito ativo com característica forte -k- que, no indi-cativo, recebe desinências secundárias.

Também aí, a presença do -n desinencial de 1a pessoa, em contatodireto com o k-, forma a sílaba -ka, base para a flexão do indicativo.

Note-se, porém, que, nos outros modos, a flexão se faz só sobre acaracterística k-, ao contrário do que acontece no aoristo sigmático (-sa-).

A explicação está, provavelmente, no fato de que o perfeito indi-cativo ativo sugere uma idéia de tempo no ato verbal, justificando a pre-sença de desinências secundárias e os outros modos do perfeito não.

Esse perfeito ativo em -k-, por ser uma marca forte, passa a ser operfeito paradigmático. Exatamente como aconteceu com o aoristo em s.

De qualquer modo, fora do indicativo perfeito, os outros modosdo perfeito não têm uma tradução fácil em português, porque associa-mos sempre uma idéia de tempo à palavra �perfeito�, o que é absoluta-mente fora de propósito.

Assim na voz ativa:Perfeito indicativo = l¡-lu-ka - eu desliguei, eu completei o ato de desligar;Perfeito subjuntivo = le-læ-kv - que eu tenha completado o ato de desligar;Perfeito optativo = le-læ-k-oi-mi - que eu pudesse ter completado o ato dedesligar; ou eu poderia ter completado o ato de desligar;

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495a flexão verbal

Perfeito imperativo = le-lu-kÅw, uÝa, ñw àsyi/¦stv - sê/seja numasituação de ter completado o ato de desligar; le-lu-kñtew, uÝaw, ñta ¦ste/¦stvn [¦stvsan] - sede/sejam numa situação de terdes completado o atode desligar;Perfeito particípio = le-lu-kÅw, uÝa, ñw - que está em um estado de tercompletado o ato de desligar;Perfeito infinitivo = le-lu-k¡nai - ter completado o ato de desligar57.

Morfologia do perfeito

Constrói-se o perfeito:

1. Sobre o tema verbal puro (aoristo);

2. Com redobro em -e:58

a) nos temas iniciados por consoante, repete-se a consoante inicial,seguida de -e;

b) nos temas iniciados por vogal, esse redobro é substituído porum e- que se contrai com a vogal inicial do tema;

c) nos temas iniciados por duas consoantes, esse redobro é substi-tuído por um e- só.

3. Na voz ativa: característica -kn > -ka/-a + desinências. secundáriasativas;

4. Na voz média/passiva: desinências primárias médias/passivas, acrescen-tadas diretamente ao tema.

57 Nos quadros de flexão do perfeito, todas as formas estarão com o correspondenteem português.

58 Quando se fala em �redobro�, fala-se da repetição da consoante inicial do tema ver-bal seguida de -i- (infectum) ou seguida de -e- (perfectum): �redobro em -i-� e �re-dobro em -e-�. O redobro em �-e-� pode ser substituído pela vogal simples �-e-�.

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496 a flexão verbal

Variedades de redobro

1. Tema em consoante inicial:a) nos temas iniciados por oclusiva, repete-se a consoante inicial seguida

de -e:ti- t¡-ti-k-a t¡-ti-mai eu honrei/eu fui (estou) honradopeiy- p¡-pei-k-a p¡peismai eu persuadi/eu fui (estou) persuadidokale- k¡-klh-k-a k¡-klh-mai eu chamei/eu fui (estou) chamado

b) se a oclusiva for aspirada, redobra-se a surda correspondente:yu- t¡-yu-k-a t¡-yu-mai eu sacrifiquei/eu fui (estou) sacrificadofu- p¡-fu-k-a eu nasci/sou de nascençaxri- k¡-xri-k-a k¡-xri-mai eu ungi/eu fui (estou) ungido

c) se o tema começa por oclusiva seguida de outra consoante, redobra-sea primeira consoante, seguida de -e:

graf- g¡-graf-a g¡-gram-mai eu gravei/eu fui (estou) gravadoklei- k¡-klei-mai eu fui (estou) chamadopt- p¡-ptv-ka eu caí, estou caídoyn- t¡-ynh-ka eu morri, estou mortokta/kth- k¡-kth-mai eu adquiri/eu possuo

d) em alguns casos substitui-se o redobro pelo aumento59:fyr ¦-fyor-a eu destruí, eu corrompistel- ¦-stal-ka eu envieisx- ¦-sxh-ka eu segurei, eu estou numa situaçãognv- ¦-gnv-ka eu tomei conhecimento, eu seisper- ¦-spar-ka eu espalhei, eu semeei

e) se o tema começa por consoante dupla, também não há redobro, masaumento:

zhte- ¤-z®th-ka eu procureic�l- ¦-cal-ka eu puxei (a corda), eu entoei

59 Esse -e- é chamado de �aumento� por força do hábito e reflete uma visão materialda palavra; de fato a forma verbal aumenta. É um substitutivo do redobro nosverbos iniciados por vogal, sibilante e vibrante.

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Page 497: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

497a flexão verbal

f) se o tema começa por r, não há redobro, mas aumento e duplicação do r:=ap- §-rrap-mai > ¦-rram-mai eu costurei, eu amarrei

2. Se o tema começa por vogal, o redobro é compensado pelo aumentoem e- mas, contrariamente ao aumento temporal (marca do passado)que é usado só no indicativo, esse aumento, substituto de redobro, seestende para todos os modos:

aÞte- ¾th-ka eu exigi ´th-mai eu fui (estou) exigido�g- ·x-a eu conduzi ·g-mai eu fui conduzido�rx- ·rx-a governei ·rg-mai eu fui(estou) governado

Nota: em alguns temas iniciados por vogal (a, e, o) seguida de consoante,no ático, redobra-se essa vogal com a consoante que segue (redobro ático).ör- numi eu surjo (levanto) ör-vr-a eu surgi (levantei)�koæ-v eu ouço �k-®ko-a eu ouvi�leÛf-v eu unto �l-®lif-a eu untei¤geÛr-v eu acordo ¤gr-®gor-a eu acordeiöz-v odj- eu cheiro a öd-vd-a eu exalei um cheiroôræssv orugj- eu cavo ôr-Årux-a > eu cavei

ôr-Årug-mai

(ap)ñllumi olj- eu faço perecer, (ap)ol-lÅle-ka eu fiz perecer,eu pereço (�p-ñlvl-a) eu pereci, estou perdido

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Page 498: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

498 a flexão verbal

Quadro de flexão do perfeito

VOZ ATIVA

Indicativo: eu acabei de, eu completei o ato de

desligar dar colocar pôr de pé lançardesliguei dei coloquei pus de pé lancei

S. l¡-lu-ka d¡-dv-ka t¡-yh-ka §-sth-ka eå-ka

l¡-lu-ka-w d¡-dv-ka-w t¡-yh-ka-w §-sth-ka-w eå-ka-w

l¡-lu-ke d¡-dv-ke t¡-yh-ke §-sth-ke eå-ke

P. le-læ-ka-men de-dÅ-ka-men te-y®-ka-men ¥-st®-ka-men eá-ka-men

le-læ-ka-te de-dÅ-ka-te te-y®-ka-te ¥-st®-ka-te eá-ka-te

le-læ-ka-si de-dÅ-ka-si te-y®-ka-si ¥-st®-ka-si eá-ka-si

D. le-læ-ka-ton de-dÅ-ka-ton te-y®-ka-ton ¥-st®-ka-ton eá-ka-ton

le-læ-ka-ton de-dÅ-ka-ton te-y®-ka-ton ¥-st®-ka-ton eá-ka-ton

Subjuntivo: eu tenha completado o ato de, tenha acabado de

desligar dar colocar pôr de pé lançar

S. le-læ-kv* de-dÅ-kv te-y®-kv ¥-st®-kv eá-kv

le-læ-kúw de-dÅ-kúw te-y®-kúw ¥-st®-kúw eá-kúw

le-læ-kú de-dÅ-kú te-y®-kú ¥-st®-kú eá-kú

P. le-læ-kvmen de-dÅ-kvmen te-y®-kvmen ¥-st®-kvmen eá-kvmen

le-læ-khte de-dÅ-khte te-y®-khte ¥-st®-khte eá-khte

le-læ-kvsi de-dÅ-kvsi te-y®-kvsi ¥-st®-kvsi eá-kvsi

D. le-læ-kh-ton de-dÅ-kh-ton te-y®-kh-ton ¥-st®-kh-ton eá-kh-ton

le-læ-kh-ton de-dÅ-kh-ton te-y®-kh-ton ¥-st®-kh-ton eá-kh-ton

* O subjuntivo se constrói sobre o tema do perfeito (com redobro ouequivalente) + característica do perfeito ativo -k- + característica do sub-juntivo v, h, h, v, h, v, + desinências primárias: -v, -si, -ti. -men,-te, -nti.

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Page 499: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

499a flexão verbal

Quadro demostrativo da flexão do perfeito do subjuntivo

S. le-læ-k-v > lelækvle-læ-k-h-si > lelækhi/ú > lelækhiw/úwle-læ-k-h-ti > lelækhsi > lelækhi/ú

P. le-læ-k-v-men > lelækvmenle-læ-k-h-te > lelækhtele-læ-k-vnti > lelækvnsi > lelækvsi

D. le-læ-kh-ton > lelækhtonle-læ-kh-ton > lelækhton

Optativo: eu poderia/ pudesse ter acabado o ato de

desligar dar colocar pôr de pé lançar

S. le-læ-k-oi-mi de-dÅ-k-oi-mi te-y®-k-oi-mi ¥-st®-k-oi-mi eá-k-oi-mi

le-læ-k-oi-w de-dÅ-k-oi-w te-y®-k-oi-w ¥-st®-k-oi-w eá-k-oi-w

le-læ-k-oi de-dÅ-k-oi te-y®-k-oi ¥-st®-k-oi eá-k-oi

P. le-læ-k-oi-men de-dÅ-k-oi-men te-y®-k-oi-men ¥-st®-k-oi-men eá-k-oi-men

le-læ-k-oi-te de-dÅ-k-oi-te te-y®-k-oi-te ¥-st®-k-oi-te eá-k-oi-te

le-læ-k-oi-e-n de-dÅ-k-oi-e-n te-y®-k-oi-e-n ¥-st®-k-oi-e-n eá-k-oi-e-n

D. le-læ-k-oi-ton de-dÅ-d-oi-ton te-y®-k-oi-ton ¥-st®-k-oi-ton eá-k-oi-ton

le-lu-k-oÛ-thn de-dv-k-oÛ-thn te-yh-k-oÛ-thn ¥-sth-k-oÛ-thn eß-k-oÛ-thn

Imperativo

Singular: sê tu/seja (esteja) ele numa situação (estado) de ter acabado o ato de2a pessoa 3a pessoa

desligar le-lu-kÅw, le-lu-kuÝa, lelukñw àsyi ¦stvdar de-dv-kÅw, de-dv-kuÝa, de-dv-kñw àsyi ¦stvcolocar te-yh-kÅw, te-yh-kuÝa, te-yh-kñw àsyi ¦stvpôr de pé ¥-sth-kÅw, ¥-sth-kuÝa, ¥-sth-kñw àsyi ¦stvlançar eß-kÅw, eß-kuÝa, eß-kñw àsyi ¦stv

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Page 500: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

500 a flexão verbal

Plural: sede vós / sejam (estejam) eles numa situação (estado) de ter acabadoo ato de desligar, dar, colocar, pôr de pé, lançar

2a pessoa 3a pessoadesligar le-lu-kñtew, le-lu-kuÝai, le-lu-kñta ¦ste ¦atvn (¦stvsan)

dar de-dv-kñtew, de-dv-kuÝai, de-dv-kñta ¦ste ¦stvn (¦stvsan)

colocar te-yh-kñtew, te-yh-kuÝai, te-yh-kñta ¦ste ¦stvn (¦stvsan)

pôr de pé ¥-sth-kñtew, ¥-sth-kuÝai, ¥-sth-kñta ¦ste ¦stvn (¦stvsan)

lançar eß-kñtew, eß-kuÝai, eß-kñta ¦ste ¦stvn (¦stvsan)

Muitas gramáticas não registram o imperativo perfeito ativo. E têmrazão.

É muito difícil pensar em imperativo, que encerra uma idéia deeventualidade, que pode ser uma ordem, mas, de conformidade com otom e o conteúdo do enunciado, pode ser uma exortação, uma permis-são, um pedido perfectum, pois o fato comandado é posterior à emissãoda ordem ou conselho e é incompatível com a noção do acabado, resultati-vo. É, pois, uma forma artificial.

Particípio: que está numa situação de ter acabado o ato de desligar, que des-ligou, que completou o ato de desligar, dar, colocar, pôr de pé, lançarTema le-lu-kñt- de-dv-kñt- te-yh-kñt- ¥-sth-kñt- eß-kñt-

Masc. le-lu-kÅw de-dv-kÅw te-yh-kÅw ¥-sth-kÅw eß-kÅw

Fem. le-lu-kuÝa-aw de-dv-kuÝa-aw te-yh-kuÝa-aw ¥-sth-kuÝa-aw eß-kuÝa-aw

Neut. le-lu-kñw de-dv-kñw te-yh-kñw ¥-sth-kñw eß-kñw

Infinitivo: ter acabado o ato de

desligar dar colocar pôr de pé lançar

le-lu-k-¡-nai de-dv-k-¡-nai te-yh-k-¡-nai ¥-sth-k-¡-nai eß-k-¡-nai

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Page 501: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

501a flexão verbal

Mais-que-perfeito

VOZ ATIVA

Indicativo: eu desligara, eu tinha acabado o ato de

desligar dar colocar pôr de pé lançar

S. ¤-le-læ-kein* ¤-de-dÅ-kein ¤-te-y®-kein ¥-st®-kein eá-kein

¤-le-læ-keiw ¤-de-dÅ-keiw ¤-te-y®-keiw ¥-st®-keiw eá-keiw

¤-le-læ-kei ¤-de-dÅ-ke ¤te-y®-kei ¥-st®-kei eá-kei

P. ¤-le-læ-kei-men ¤-de-dÅ-kei-men ¤-te-y�®-kei-men ¥-st®-kei-men eá-kei-men

¤-le-læ-kei-te ¤-de-dÅ-kei-te ¤-te-y®-kei-te ¥-st®-kei-te eá-kei-te

¤-le-lu-kei-san** ¤-de-dÅ-kei-san ¤-te-y®-kei-san ¥-st®-kei-san á-kei-san

D. ¤-le-læ-kei-ton ¤-de-dÅ-kei-ton ¤-te-y®-kei-ton ¥-st®-kei-ton eá-kei-ton

¤-le-lu-keÛ-thn ¤-de-dv-keÛ-thn ¤-te-yh-keÛ-thn ¥-sth-keÛ-thn eß-keÛ-thn

* As três pessoas do singular também se encontram flexionadas assim:¤-le-læ-kh-n ¤-de-dÅ-kh-n ¤-te-y®-kh-n ¥-st®-kh-n eá-kh-n¤-le-læ-khw ¤-de-dÅ-khw ¤-te-y®-khw ¥-st®-khw eá-khw¤�le-læ-kh ¤-de-dÅ-kh ¤-te-y®-kh ¥-st®-kh eá-kh

** Esta forma também se encontra em outra variante:¤-le-læ-ke-san ¤-de-dÅ-ke-san ¤-te-y®-ke-san ¥-st®-ke-san eá-ke-san

Nota:

O mais-que-perfeito é o passado do perfeito. Por isso, além do re-dobro (ou os substitutos do redobro) do perfeito, ele tem o aumento e-que é a marca do passado.

O mais-que-perfeito, que exprime um passado, só pode existir noindicativo.

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Page 502: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

502 a flexão verbal

VOZ MÉDIA / PASSIVA

Indicativo

Voz média: eu acabo de desligar, de dar, de colocar, de pôr de pé, de lançarpara mim;

Voz passiva: eu acabo de ser, eu fui, eu estou desligado, dado, colocado, postode pé, lançado.

desligado dado colocado posto de pé lançado

S. l¡-lu-mai d¡-do-mai t¡-ye-mai §-sta-mai* eå-mail¡-lu-sai d¡-do-sai t¡-ye-sai §-sta-sai eå-sail¡-lu-tai d¡-do-tai t¡-ye-tai §-sta-tai eå-tai

P. le-læ-meya de-dñ-meya te-y¡-meya ¥-st�-meya eá-meyal¡-lu-sye d¡-do-sye t¡-ye-sye §-sta-sye eå-syel¡-lu-ntai d¡-do-ntai t¡-ye-ntai §-sta-ntai eå-ntai

D. l¡-lu-syon d¡-do-syon t¡-ye-syon §-sta-syon eå-syonl¡-lu-syon d¡-do-syon t¡-ye-syon §- sta-syon eå-syon

* As formas do perfeito médio ou passivo desse verbo são teoricamentepossíveis, mas, por razões semânticas, não são usadas.

Nos outros modos deixaremos de registrá-las.

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Page 503: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

503a flexão verbal

Subjuntivo

Voz média Voz passiva

S. le-lu-m¡now, h Î tenha acabado tenha sido/esteja desligado*de desligar para mim

le-lu-m¡now, h Âw tenhas acabado tenhas sido/estejas desligadode desligar para ti

le-lu-m¡now, h  tenha acabado de tenha sido/esteja desligado*desligar para si

P. le-lu-m¡noi, ai Îmen tenhamos desligado tenhamos sido/estejamospara nós desligados

le-lu-m¡noi, ai ·te tenhais desligado tenhais sido/estejaispara vós desligados

le-lu-m¡noi, ai Îsi tenham desligado para si tenham sido/estejamdesligados

D. le-lu-m¡nv, a, v ·ton tenhais os dois (os dois) tenhais sido/desligado para vós estejais desligados

le-lu-m¡nv, a, v ·ton tenham os dois (os dois) tenham sido/desligado para si estejam desligados

Voz média Voz passiva

S. de-do-m¡now, h Î tenha dado para mim tenha sido/esteja dadode-do-m¡now, h Âw tenhas dado para ti tenhas sido/estejas dadode-do-m¡now, h  tenha dado para si tenha sido/esteja dado

P. de-do-m¡noi, ai Îmen tenhamos dado para nós tenhamos sido/estejamos dadosde-do-m¡noi, ai ·te tenhais dado para vós tenhais sido/estejais dadosde-do-m¡noi, ai Îsi tenham dado para si tenham sido/estejam dados

D. de-do-m¡nv, a, v ·ton tenhais os dois dado (os dois) tenhais sido/para vós estejais dados

de-do-m¡nv, a, v ·ton tenham os dois (os dois) tenham/dado para si estejam sido dados

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Page 504: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

504 a flexão verbal

Voz média Voz passiva

S. te-ye-m¡now, h Î tenha colocado para mim tenha sido/esteja colocadote-ye-m¡now, h Âw tenhas colocado para ti tenhas sido/estejas colocadote-ye-m¡now, h  tenha colocado para si tenha sido/esteja colocado

P. te-ye-m¡noi, ai Îmen tenhamos colocado tenhamos sido/para nós estejamos colocados

te-ye-m¡noi, ai ·te tenhais colocado para vós tenhais sido/estejais desligados

te-ye-m¡noi, ai Îsi tenham colocado para si tenham sido/estejam colocados

D. te-ye-m¡nv, a, v ·ton tenhais os dois colocado (os dois) tenhais sido/para vós estejais colocados

te-ye-m¡nv, a, v ·ton tenham os dois colocado (os dois) tenham sido/para si estejam colocados

Voz média Voz passiva

S. eß-m¡now, h Î tenha lançado para mim tenha sido/esteja lançadoeß-m¡now, h Âw tenhas lançado para ti tenhas sido/estejas lançadoeß-m¡now, h  tenha lançado para si tenha sido/esteja lançado

P. eß-m¡noi, ai Îmen tenhamos lançado tenhamos sido/para nós estejamos lançados

eß-m¡noi, ai ·te tenhais lançado para vós tenhais sido/estejais lançadoseß-m¡noi, ai Îsi tenham lançado para si tenham sido/estejam lançados

D. eß-m¡nv, a, v ·ton tenhais os dois lançado (os dois) tenhais sido/para vós estejais lançados

eß-m¡nv, a, v ·ton tenham os dois lançado (os dois) tenham sido/para si estejam lançados

* Foi a partir das formas do perfeito que a língua grega começou a cons-truir formas analíticas: o imperativo perfeito ativo, visto acima, o sub-juntivo perfeito médio ou passivo, no quadro acima, e o optativo per-feito passivo, a seguir.

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Page 505: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

505a flexão verbal

Optativo

Voz média Voz passiva

S. le-lu-m¡now eàhn pudesse, poderia ter aca- pudesse, poderia ter sido/bado de desligar para mim estar desligado

le-lu-m¡now eàhw pudesses, poderias ter pudesses, poderias ter sido/acabado de desligar para ti estar desligado

le-lu-m¡now eàh pudesse, poderia ter pudesse, poderia ter sidoacabado de desligar para si /estar desligado

P. le-lu-m¡noi,ai,a eämen pudéssemos, poderíamos ter pudéssemos, poderíamos teracabado de desligar para nós sido/estar desligados

le-lu-m¡noi,ai,a eäte, pudésseis, poderíeis ter aca- pudésseis, poderíeis ter sido/bado de desligar para vós estar desligados

le-lu-m¡noi,ai,a eäen pudessem, poderiam ter pudessem, poderiam ter sido/acabado de desligar para si estar desligados

D. le-lu-m¡nv,a,v eàthn / pudésseis, poderíeis ter aca- pudésseis, poderíeis ter sido/eÞ®thn bado de desligar para vós estar desligados

le-lu-m¡nv,a,v eàthn / pudessem, poderiam ter pudessem, poderiam ter sido/eÞ®thn acabado de desligar para vós estar desligados

S. de-do-m¡now,h,on eàhn pudesse, poderia ter acabado pudesse, poderia ter sido/de dar para mim estar dado

de-do-m¡now,h,on eàhw pudesses, poderias ter aca- pudesses, poderias ter sido/bado de dar para ti estar dado

de-do-m¡now,h,on eàh pudesse, poderia ter aca- pudesse, poderia ter sido/bado de dar para si estar dado

P. de-do-m¡noi,ai,a eämen pudéssemos, poderíamos ter pudéssemos, poderíamos teracabado de dar para nós sido/estar dados

de-do-m¡noi,ai,a eäte pudésseis, poderíeis ter aca- pudésseis, poderíeis ter sido/bado de dar para vós estar dados

de-do-m¡noi,ai,a eäen pudessem, poderiam ter aca- pudessem, poderiam ter sido/bado de dar para si estar dados

D. de-do-m¡nv, a, v eàthn / pudésseis, poderíeis ter aca- pudésseis, poderíeis ter sido/eÞ®thn bado de dar para vós estar dados

de-do-m¡nv, a, v eàthn / pudessem, poderiam ter aca- pudessem, poderiam ter sido/eÞ®thn bado de dar para si estar dados

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Page 506: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

506 a flexão verbal

Voz média Voz passiva

S. te-ye-m¡now, h,on eàhn pudesse, poderia ter aca- pudesse, poderia ter sido/bado de colocar para mim estar colocado

te-ye-m¡now, h,on eàhw pudesses, poderias ter aca- pudesses, poderias ter sido/bado de colocar para ti estar colocado

te-ye-m¡now, h,on eàh pudesse, poderia ter aca- pudesse, poderia ter sido/bado de colocar para si estar colocado

P. te-ye-m¡noi ai,a eämen pudéssemos poderíamos ter pudéssemos, poderíamos teracabado de colocar para nós sido/estar colocados

te-ye-m¡noi, ai,a eäte pudésseis, poderíeis ter aca- pudésseis, poderíeis ter sido/bado de colocar para vós estar colocados

te-ye-m¡noi, ai,a eäen pudessem, poderiam ter pudessem, poderiam ter sido/acabado de colocar para si estar colocados

D. te-ye- m¡nv, a, v eàthn/ pudésseis, poderíeis ter aca- pudésseis, poderíeis ter sido/eÞ®thn bado de colocar para vós estar colocados

te-ye- m¡nv, a, v eàthn/ pudessem, poderiam ter aca- pudessem, poderiam ter sido/eÞ®thn bado de colocar para si estar colocados

S. eß-m¡now,h,on eàhn pudesse, poderia ter aca- pudesse, poderia ter sido/bado de lançar para mim estar lançado

eß-m¡now,h,on eàhw pudesses, poderias ter aca- pudesses, poderias ter sido/bado de lançar para ti estar lançado

eß-m¡now,h,on eàh pudesse, poderia ter aca- pudesse, poderia ter sido/bado de lançar para si estar lançado

P. eß-m¡noi, ai,a eämen pudéssemos, poderíamos ter pudéssemos, poderíamos teracabado de lançar para nós sido/estar lançados

eß-m¡now,h,on eäte pudésseis, poderíeis ter aca- pudésseis, poderíeis ter sido/bado de lançar para vós estar lançados

eß-m¡now,h,on eäen pudessem, poderiam ter pudessem, poderiam ter sido/acabado de lançar para si estar lançados

D. eß-m¡nv, a, v eàthn / pudésseis, poderíeis ter aca- pudésseis, poderíeis ter sido/eÞ®thn bado de lançar para vós estar lançados

eß-m¡nv, a, v eàthn / pudessem, poderiam ter pudessem, poderiam ter sido/eÞ®thn acabado de lançar para si estar lançados

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Page 507: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

507a flexão verbal

Imperativo

Voz média: Singular sê tu / seja elePlural sede vós/sejam eles numa situação de ter acabado

de desligar, dar, colocar, lançar para ti/ele/vós/eles

Voz passiva: Singular sê tu / seja elePlural sede vós/sejam eles numa situação de estar desligado,

dado, colocado, lançado; estejas/esteja, fica/fiquedesligado, dado, colocado, lançado

desligar dar colocar lançarS. 1a

2a l¡-lu-so d¡-do-so t¡-ye-so eå-so3a le-læ-syv de-dñ-syv te-y¡-syv eå-syv

P. 1a

2a l¡-lu-sye d¡-do-sye t¡-ye-sye eå-sye3a le-læ-syvn de-dñ-syvn te-y¡-syvn eá-syvn

D. C. l¡-lu-syon d¡-do-syon t¡-ye-syon eå-syonS. le-læ-syvn de-dñ-syvn te-y¡-syvn eá-syvn

Particípio*

Voz média: que completou o ato de desligar, dar, colocar, lançar para si

Voz passiva: que foi desligado, está desligado, dado, colocado, lançado

le-lu-m¡now,h,on de-do-m¡now,h,on te-ye-m¡now,h,on eß-m¡now,h,on

* O particípio perfeito médio/passivo é paroxítono; (tem a penúltima sílabatônica: -m¡now, h, on, diferentemente dos outros particípios em -menow,h, on (infectum médio/passivo e aoristo e futuro médios), que têm apenúltima átona. Essa tonicidade mais forte tem algo a ver com o sig-nificado do particípio perfeito, acabado, resultativo, de estado presenteresultante.

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Page 508: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

508 a flexão verbal

Infinitivo

Voz média: ter completado o ato de desligar, dar, colocar, lançar para siVoz passiva: ter sido desligado, estar desligado, dado, colocado, lançado

le-læ-syai de-dñ-syai te-y¡-syai eå-syai*

* Também no infinitivo perfeito médio e passivo a tonicidade na penúlti-ma (poderia ser na antepenúltima) tem a ver com o significado de esta-do final, resultativo.

Mais-que-perfeito

Indicativo

Voz média: eu tinha completado o ato de desligar, dar, colocar, lançar paramim

Voz passiva: eu tinha sido desligado, eu estava desligado, dado, colocado,lançado

S. ¤-le-læ-mhn ¤-de-dñ-mhn ¤-te-y¡-mhn eá-mhn¤-l¡-lu-so ¤-d¡-do-so ¤-t¡-ye-so eå-so¤-l¡-lu-to ¤-d¡-do-to ¤-t¡-ye-to eå-yo

P. ¤-le-læ-meya ¤-de-dñ-meya ¤-te-y¡-meya eá-meya¤-l¡-lu-sye ¤-d¡-do-sye ¤-t¡-ye-sye eå-sye¤-l¡-lu-nto ¤-d¡-do-nto ¤-t¡-ye-nto eå-nto

D. ¤-l¡-lu-syon ¤-d¡-do-syon ¤-t¡-ye-syon eå-syon¤-le-læ-syhn ¤-de-dñ-syhn ¤-te-y¡-syhn eá-syhn

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Page 509: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

509a flexão verbal

Particularidades fonéticas do sistema do perfeito

VOZ ATIVA:

1. Os verbos denominativos de tema em vogal (a-e-o) alongam essa vo-gal no perfeito e mais-que-perfeito:

Presente do Infectum Perfeito Mais-que-perfeitotim�-v eu honro te-tÛmh-ka ¤-te-tim®- keinpoi¡-v eu faço pe-poÛh-ka ¤-pe-poi®-keindhlñ-v eu revelo de-d®lv-ka ¤-de-dhlÅ-kein

2. Os verbos de tema em dental (t-d-y) perdem essa dental antes do -k.peÛy-v eu persuado p¡-pei-ka ¤-pe-peÛ-keinceæd-v eu engano p¡-ceu-ka ¤-pe-ceæ-kein

Podemos incluir nesse grupo alguns verbos que formam o infec-tum, inacabado, com sufixos -tv e -yv.

Estes verbos, em geral, têm uma variante sem o t ou o y, de modoque, no perfeito e aoristo, nos verbos em -tv/yv, essa dental cai antesdo -s e do -k; e, nos verbos da variante sem essas dentais, o aoristo eperfeito se fazem naturalmente.

Infectum Aoristo Perfeito Mais-que-perfeito�næv / �nutv* eu termino ´nu-sa ´nu-ka ²næ-kein�ræv / �rætv eu esgoto ³ru-sa ³ru-ka ±ræ-keinpl®yv (pÛm-plh-mi) eu encho ¦-plh-sa p¡-plh-ka ¤-pepl®-keinpr®yv (pÛm-prh-mi) eu incho ¦-prh-sa p¡-prh-ka ¤-pepr®-kein

* Há uma variante não ática de vogal não aspirada.

Notas:

1. Nem sempre os verbos que no infectum, inacabado, têm o tema em -ttv/-ssv e zv (-izv -azv-ozv) são verbos de tema em dental.

Na realidade são temas de inacabado formados com o sufixo -j-,sobre temas em velares ou dentais, e o perfeito se constrói sobre otema verbal puro, isto é, sobre o tema do aoristo.

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Page 510: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

510 a flexão verbal

Tema Perfeitoplay- play-j-v > pl�ssv (tt) eu fabrico, moldo p¡-play-a p¡-plaka

prag- prag-j-v > pr�ssv eu faço p¡-prag-a p¡-praxa

frik- frik- j-v > frÛssv (tt) estremeço, arrepio p¡-frik-a

ôrux ôrux- j-v > ôræssv (tt) eu cavo, escavo Êrux-a

2. Também os temas em -pt- no infectum, inacabado, nem sempre sãoem dental: são, de fato, temas verbais puros, em labial (tema do aoristo):

klep-j-v > kl¡pt-v eu roubo k¡-klop-ablab-j-v > bl�pt-v eu prejudico b¡blaf-a/b¡-blhf-akruf-j-v > kræpt-v eu escondo k¡-kruf-akuf-j-v > kæpt-v eu me abaixo k¡-kuf-akñp-j-v > kñpt-v eu bato k¡-kof-a

Como vimos acima, alguns desses verbos de tema em labial e vogaltemática e fazem alternância em o no perfeito ativo.

3. Os temas em líquida/soante não levam o sufixo do infectum, inacabadopara o perfeito, porque o perfeito se constrói sobre o tema verbal puro,isto é, o tema do aoristo e o constroem quer em -k- quer em -a:T. fan fan-jv > faÛn-v eu mostro, revelo p¡-fag-k-aT. fan fan-jomai faÛnomai eu surjo, apareço p¡-fhn-aT. man/mhn man-jomai > maÛn-o-mai eu estou furioso m¡-mhn-aT. kten/kton kten-jv > �po-kteÛn-v eu mato �p-¡kton-a

Também nos temas em nasal a alternância vocálica não é rara.

4. Alguns verbos de tema em vogal sofrem no infectum, inacabado, umalargamento por intermédio da nasal -n-/ne, que permanece só no in-fectum, inacabado.

O aoristo e o perfeito constroem-se sobre o tema puro.T. du- dæ-n-v eu mergulho ¦-du-sa d¡-du-kaT. ti- tÛ-n-v eu pago ¦-ti-sa t¡-ti-kaT. fya- fy�-n-v eu antecipo ¦-fya-sa ¦-fya-kaT. ßk- ßk-ne-omai eu venho ßk-ñ-mhn åg-maiT. ku- ku-n¡-v eu beijo ¦-ku-sa k¡-ku-kaT. ¤la- ¤la-æn-v eu empurro ³-la-sa ¤-l®-la-ka

Os temas em -n: faÛnv - m¡nv - n¡mv serão tratados junto comos outros temas em líquida: fyeÛrv - st¡llv.

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Page 511: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

511a flexão verbal

5. Os verbos de tema em oclusiva labial ou velar (p-b-/k-g-), surdas ousonoras, aspiram a oclusiva e absorvem o -k.

Os temas em oclusiva labial ou velar aspirada absorvem o -k emantêm a aspiração.

Em alguns desses verbos de tema em labial nota-se a alternânciada vogal do tema: e/o presente/perfeito ativo.Presente Perfeito mais-que-perfeito

trÛb-v eu trituro ¡-trif-a ¤-te-trÛf-einp¡mp-v eu envio p¡-pomf-a ¤-pe-pñmf-eindiÅk-v eu persigo de-dÛvx-a ¤-de-diÅx-ein�g-v eu conduzo ·x-a ³x-eingr�f-v eu escrevo g¡-graf-a ¤-ge-gr�f-einôrætt-v (x-jv) eu cavo Êrux-a Èræx-eintr¡p-v eu viro t¡-trof-a ¤-tetrñf-ein

6. Os verbos de tema em líqüida constroem o perfeito sobre o tema doaoristo, naturalmente:

aggel- anuncio ³ggel-ka ³ggel-maifan - revelo, apareço p¡-fag-ka p¡-fas-mai*kri(n-) - julgo k¡-kri-ka k¡-kri-maiar-(ar-j-v) pego, ergo ·r-ka ·r-mai

* Alguns temas mantêm a nasal no perfeito; nesses casos há uma dissi-milação n > s antes de -m.eu me manifestei, apareçop¡-fan-mai > p¡-fas-mai pe-f�n-meya > pe-f�s-meya

p¡-fan-sai p¡-fas-yep¡-fan-tai p¡-fan-tai > pef�natai ou

pe-fan-m¡noi eÞsÛ > pe-fas-m¡noi eÞsÛn

7. Nos verbos de raízes com oclusiva+líqüida, desenvolve-se um -a- epen-tético antes da líqüida:

fyr ¦-fyar-ka eu destruí ¦-fyar-mai eu fui (estou) destruído, corrompidostl ¦-stal-ka eu enviei ¦-stal-mai eu fui (estou) enviadotn t¡-tn-ka > eu estiquei t¡-tn-mai > eu fui (estou) esticado (tenso)

t¡-ta-ka* t¡-ta-mai*

* O que houve, neste caso, foi a vocalização do -n depois da consoante.

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Page 512: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

512 a flexão verbal

O mesmo acontece na formação do aoristo passivo, que eles fazemem -h-.

fyr ¤fy�r-hn eu fui destruídostl ¤st�l-hn eu fui enviadotn ¤t�n-hn eu fui esticado, tendido

8. Em outros temas em líquida (m-, n-, l-), uma vogal de ligação -h-facilita a flexão.

nem- ne-n¡m-h-ka eu distribuíne-n¡m-h-mai eu fui, estou distribuído

men- me-m¡n-h-ka eu permaneci, eu fiquei

yn- t¡-yn-h-ka eu morri, estou morto

bl/bal b¡-bl-h-ka eu atireib¡-bl-h-mai eu fui (estou) atirado

9. Os verbos (apo-) yn¹skv (eu morro) e ásthmi (eu estou, me ponhode pé), além das formas normais em -kn > ka, têm outras mais anti-gas, reduzidas, sem essa característica, mas que são bastante usadas.

São as seguintes:

�po-yn¹skv

Indicativo: te-yn-®-ka-men t¡-yn-a-men nós morremos, estamos mortos

te-yn-®-ka-si te-yn-�-si/ eles morreram, estão mortosteyn�konti

Imperativo: não usada t¡-yn-a-yi sê (estejas) morto

id. teyn-�-tv

Optativo: id. te-yn-a-Ûh-n estaria, estivesse morto

id. te-yn-a-Ûh-w estarias, estivesses morto

Infinitivo: te-yn-h-k¡-nai te-yn-�-nai estar morto

Particípio: te-yn-h-kÅw-kñtow te-yn-e-Åw, ñtow que está morto, morto

te-yn-h-kuÝa-aw te-yn-e-Çsa, Åshw

te-yn-h-kñw te-yn-e-ñw, ñtow

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Page 513: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

513a flexão verbal

á-sth-mi - eu estou de pé

Indicativo: ¥-st®-ka-men §-sta-men pusemo-nos, estamos de pé¥-st®-ka-te §-sta-te puseste-vos, estais de pé¥-st®-ka-si ¥-st�-si/§-sta-n puseram-se, estão de pé

Imperativo: não usada §-sta-yi de pé, fica de péid. ¥-st�tv de pé, fique de péid. §-sta-te de pé, ficai de pé

Subjuntivo: ¥-st®-k-v-men ¥-stÇ-men fiquemos, estejamos de pé ¥-st®-k-v-si ¥-stÇ-si fiquem, estejam de pé

Optativo: ¥-st®-k-oi-mi ¥-sta-Ûh-n eu ficaria, pudesse ficar de pé

Infinitivo: ¥-sth-k-¡-nai ¥-st�-nai ter ficado, estar de pé

Particípio: ¥-sth-k-Åw,kñtow ¥-stÅw,ñtow de pé, que ficou, está de pé¥-sth-k-uÝa,aw ¥-stÇsa,shw

¥-sth-k-ñw,ñtow ¥-stñw,ñtow (¥-stÇw)

+ que Perf.: eß-st®-k-eisan §-sta-san eles tinham ficado, estavam de pé

Perfeitos de flexão especial com alternância e/o

1. T id- > oäda: eu vi > eu sei

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativoeu vi/eu sei eu saiba eu soubesse, saberia sabe /sabei

S. o-äd-a e-Þd-Ç e-Þde-Ûh-n

o-äd-ya > o-äs-ya e-Þd-»-w e-Þd-e-Ûh-w àd-yi > às-yi

o-äd-e e-Þd-» e-Þd-e-Ûh àd-tv > às-tv

P. àd-men > às-men e-Þd-Ç-men e-Þd-e-Ý-men

àd-te > às-te e-Þd-°-te e-Þd-e-Ý-te àd-te > às-te

àd-nti > àdati > àd-asi e-Þd-Ç-si e-Þd-e-Ý-en àd-tvn > às-tvn

D. àd-ton > àston e-Þd-°-ton e-Þd-e-Ý-thn às-ton

àd-ton > àston e-Þd-°-ton e-Þd-e-Ý-thn às-tvn

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Page 514: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

514 a flexão verbal

Particípio: sabendo, sabedor

Tema Masc. Fem. Neutro

eÞdñt- e-Þd-Åw, e-Þdñt-ow e-Þd-uÝa, aw e-Þd-ñw, e-Þdñt-ow

Infinitivo: e-Þd-¡-nai saber

Adjetivo verbal:que se pode saber (sabível): Þd-tñw > Þs-tñw, ®, ñnque se deve saber (ser sabido): Þd-t¡ow > Þs-t¡ow, a, on

Notas:

1. O vocalismo o só aparece no indicativo singular; no plural é o vocalismozero.

2. A segunda pessoa do indicativo singular, -ya, é uma antiga desinên-cia, -sya/ya, que aparece em algumas formas antigas, como ·sya,eras e ¦fhsya, dizias. A 2a pessoa do singular tem a marca -s-.

3. Alguns gramáticos costumam derivar, do tema do perfeito, um futuroeàsomai ( < e-id-s-o-mai ) e também formas de um �subjuntivo comvogal breve�: eàdomen (A 363), eàdete (Y 18).

Cremos que são formas derivadas do tema do aoristo, refeitas comvocalismo e e com o s do futuro para eàsomai.

Quanto às formas eàdomen, eàdete, na voz ativa, são mais difíceisde explicar do que pÛomai, eu beberei (vou beber), que os dicionáriosregistram também como �subjuntivo com vogal breve�.

Na medida em que o futuro é um eventual como o subjuntivo, àsvezes não é fácil encontrar o limite entre um e outro. Para o grego,praticamente não havia diferença, porque o futuro é um modo (desi-derativo > eventual).

Em português, desde cedo, aprendemos que o futuro é um tempo.Não é. Veja outras explicações no capítulo do futuro.

4. O subjuntivo e o optativo se constroem sobre um tema eÞdh (futuroeÞd®sv).

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Page 515: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

515a flexão verbal

Subjuntivo

S. eÞd®-v > eÞd¡v > eÞdÇeÞd®-h-si > eÞd¡hsi > eÞd°si > eÞd°i > eÞd°iw/eÞd»weÞd®-h-ti > eÞd¡hti > eÞd°ti > eÞd°si > eÞd°i/eÞd»

P. eÞd®-v-men > eÞd¡vmen > eÞdÇmeneÞd®-h-te > eÞd¡hte > eÞd°teeÞd®-v-nti > eÞd¡vnti > eÞdÇnti > eÞdÇnsi > eÞdÇsi

D. eÞd®-h-ton > eÞd¡hton > eÞd°toneÞd®-h-ton > eÞd¡hton > eÞd°ton

Optativo

S. eÞdh-Ûh-n > eÞdeÛhneÞdh-Ûh-si > eÞdeÛhsi > eÞdeÛhw > eÞdeÛhweÞdh-Ûh-ti > eÞdeÛhti > eÞdeÛsi > eÞdeÛ°i > eÞdeÛ°

P. eÞdh-Ûh-men > eÞdeÛhmen > eÞdeÛhmeneÞdh-Ûh-te > eÞdeÛhte > eÞdeÛhteeÞdh-Ûh-san> eÞdeÛhsan > eÞdeÛhsan

D. eÞdh-ih-ton > eÞdeÛhton > eÞdeÛhtoneÞdh-Ûh-ton > eÞdeÛhton > eÞdeÛhton

No optativo, houve apenas a abreviação da vogal temática longa -h- diante do -i- longo da característica do optativo.

Mais-que-perfeito: eu tinha visto > eu sabia

S. ¤-eid-ein > ¾d-ei-n / ¾d-h¾d-ei-s-ya / ¾d-h-s-ya / ¾d-hwÂd-ei / ¾d-h

P. ¾d-ei-men / Âs-men¾d-ei-te / Âs-te¾d-e(i)-san / Â-san

D. Âs-thnÂs-thn

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Page 516: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

516 a flexão verbal

Nota:

As formas do mais-que-perfeito são bastante normais:o tema é eid-, e com o aumento: e-eid > úd-/hid-.

As desinências são normais, sem o -k- (-kein/-khn // -ein/-hn)e -san na terceira pessoa do plural.

Na segunda pessoa do singular, à semelhança do perfeito, a desi-nência é -s-ya.

2. eàkv - ¦oika - ¤Ðkein

Indicativo perfeito Mais-que-perfeitoeu pareço, tenho a imagem de eu parecia, eu tinha a imagem de

S. ¦-oik-a ¤-Ðk-ein / ¤-Ðk-h > ático ¾-kein

¦-oik-aw ¤-Ðk-eiw / ¤-Ðk-úw > ¾-keiw

¦-oik-e ¤-Ðk-ei / ¤-Ðk-ú > ¾-kei

P. ¤-oÛk-amen ¤-Ðk-eimen / ¤-Ðk-hmen > ¾k-eimen

¤-oÛk-ate ¤-Ðk-eite / ¤-Ðk-hte > ¾k-eite

¤-oÛk-asi / eàkasi ¤-Ðk-eisan / ¤-Ðk-hsan > ¾k-eisan

D. ¤-oÛk-aton ¤-Äk-eÛthn ¼k-eÛthn

¤-oÛk-aton ¤-Äk-eÛthn ¼k-eÛthn

Particípio: que parece

TemaMasculino ¤oikñt-/eÞkñt- ¤-oik-Åw/eÞkÅw-kñtowFeminino ¤oikuÝa-/eÞkuÝa- ¤-oik-uÝa, aw/eÞkuÝaNeutro ¤oikñt-/eÞkñt- ¤-oik-ñw/eÞkñw-kñtow

Infinitivo: ¤-oik-¡-nai /¤-ik-¡nai parecer

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Page 517: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

517a flexão verbal

Voz média / passiva

A construção da voz média (e passiva) não apresenta grandes difi-culdades.

Basta acrescentar ao tema verbal (tema do aoristo) o redobro daprimeira consoante ou seu equivalente, no caso dos temas iniciados porvogal ou duas consoantes, juntar as desinências primárias médias, semvogal de ligação, e respeitar as normas fonéticas.

prag- > p¡-prag-mai eu fui (estou) feitolu- > l¡-lu-mai eu fui (estou) desligadotrib- > t¡-trib-mai > t¡-trim-mai eu fui (estou) esmagadopeiy- > p¡-peiy-mai > p¡-peis-mai eu fui (estou) convencidodo- > d¡-do-mai eu fui (estou) dadoye- > �t¡-ye-mai eu fui (estou) colocado, posto¥- > ¥-e-mai > eå-mai eu fui (estou) lançado

Como se vê, em alguns casos, a ausência da vogal de ligação põeem contacto as consoantes do tema com as consoantes das desinências,de pontos de articulação diferentes.

A língua resolve esses casos pelo processo de assimilação.

Tema em labial

trib- eu fui esmagado, estou esmagado

S. t¡-trib-mai > t¡-trim-mai1

t¡-trib-sai > t¡-tric-ai2

t¡-trib-tai > t¡-trip-tai3

P. te-trÛb-meya > te-trÛm-meyate-trib-sye > t¡-trib-ye > t¡-trif-ye4

te-trib-m¡noi eÞsÛn te-trim-m¡noi eÞsÛntetrib-n-tai > te-trÛba-tai5

D. t¡-trib-syon > t¡-trib-yon > t¡-trif-yont¡-trib-syon > t¡-trib-yon > t¡-trif-yon

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Page 518: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

518 a flexão verbal

1. Oclusiva labial, antes de m assimila-se: bm > mm.2. Oclusiva labial mais s > c: bs, ps, fs > c.3. Oclusiva sonora, antes de oclusiva surda assimila-se bt > pt.4. s, entre consoantes oclusivas, sofre síncope: bsy > by; oclusiva surda

ou sonora, antes de oclusiva aspirada, assimila-se: by > fy.5. A forma mais comum é a analítica: particípio e verbo ser. Mas a va-

riante sintética, resultante da vocalização do -n- entre consoantes:tetrib-n-tai > tetrÛbatai encontra-se com freqüência em Heró-doto, Hipócrates (dialeto jônico) e nos líricos.

Tema em dental

peiy- eu fui persuadido, estou persuadido

S. p¡-peiy-mai > p¡-peis-mai1

p¡-peiy-sai > p¡-peis-sai > p¡-pei-sai2

p¡-peiy-tai > p¡-peis-tai3

P. pe-peÛy-meya > pe-peÛs-meyap¡-peiy-sye > p¡-peiy-ye > p¡-peis-ye4

p¡-peiy-ntai >pe-peiy-m¡noi eÞsÛn pe-peÛy-atai/pepeÛsatai5

pe-peis-m¡noi eÞsÛn

D. p¡-peiy-syon > p¡-peiy-yon > p¡-peis-yonp¡-peiy-syon>p¡-peiy-yon > p¡-peis-yon

1. Oclusiva dental, antes de m, suaviza-se: ym > sm;2. Oclusiva dental, antes de s, assimila-se: ys, ds, ts > ss, depois ss > s;3. Oclusiva dental, antes de outra dental, suaviza-se: yt > st;4. s, entre consoantes oclusivas, sofre síncope: ysy > yy; oclusiva dental,

antes de outra oclusiva dental, suaviza-se: yy > sy;5. Ver nota 5 nos temas em labial.

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Page 519: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

519a flexão verbal

Tema em velar

prag- eu fui feito, estou feito

S. p¡-prag-mai p¡-prag-maip¡-prag-sai > p¡-praj-ai1

p¡-prag-tai > p¡-prak-tai2

P. pe-pr�g-meya pe-pr�g-meyap¡-prag-sye>p¡-prag-ye > p¡-prax-ye3

p¡prag-ntai >pe-prag-m¡noi eÞsÛn pepr�gatai4

pe-prag-m¡noi eÞsÛn

D. p¡-prag-syon> p¡-prag-yon > p¡-prax-yonp¡-prag-syon> p¡-prag-yon > p¡-prax-yon

1. Oclusiva velar mais s > j; gs, ks. xs > j;2. Oclusiva sonora, antes de oclusiva surda, assimila-se: gt > kt;

Também acontece o contrário (surda > sonora): oclusiva surda,antes de oclusiva sonora, assimila-se:

pe-fælak-mai > pe-fælag-mai; a anterior se assimila à posterior;3. O s, entre consoantes oclusivas, sofre síncope: gsy > gy; a seguir, a

consoante oclusiva, surda ou sonora, antes de aspirada, assimila-se:gy > xy (no caso em tela a oclusiva é sonora).

4. Ver nota 5 dos verbos em oclusiva labial.

Essa é a flexão do indicativo. Os mesmos acidentes fonéticos podemacontecer em toda a flexão e sempre serão resolvidos da mesma maneira.

Nos temas em vogal nada disso acontece.

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Page 520: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

520 a flexão verbal

Perfeito dos temas em vogal

Indicativo: eu fui/estou

dado feito honrado revelado

S. d¡-do-mai pe-poÛh-mai te-tÛmh-mai de-d®lv-mai

d¡-do-sai pe-poÛh-sai te-tÛmh-sai de-d®lv-sai

d¡-do-tai pe-poÛh-tai te-tÛmh-tai de-d®lv-tai

P. de-dñ-meya pe-poi®-meya te-tim®-meya de-dhlÅ-meya

d¡-do-sye pe-poÛh-sye te-tÛmh-sye de-d®lv-sye

d¡-do-ntai pe-poÛh-ntai te-tÛmh-ntai de-d®lv-ntai*

D. d¡-do-syon pe-poÛh-syon te-tÛmh-syon de-d®lv-syon

d¡-do-syon pe-poÛh-syon te-tÛmh-syon de-d®lv-syon

* Essas formas sintéticas dos verbos de tema em vogal, apesar de foneti-camente viáveis, são pouco usadas.

A construção analítica de particípio passivo + verbo auxiliar, co-mentadas nos verbos de tema em oclusivas (ver a nota 5 dos temas emlabial), por serem mais cômodas e mais concretas, embora mais longas,passaram a ser mais usadas e aos poucos substituíram completamente assintéticas.

de-do-m¡noi eÞsÛ pe-poih-m¡noi eÞsÛ te-timh-m¡noi eÞsÛ de-dhlv-m¡noi eÞsÛ

Outros modos do perfeito médio / passivo

Subjuntivo

tenha sido dado/esteja dado

S. dedom¡now, h, on Î, Âw, ÂP. dedom¡noi, ai, a Îmen, ·te, ÎsinD. dedom¡nv, a, v ·ton, ·ton

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Page 521: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

521a flexão verbal

tenha sido feito/esteja feito

S. pepoihm¡now, h, on Î, Âw, ÂP. pepoihm¡noi, ai, a Îmen, ·te, ÎsinD. pepoihm¡nv, a, v ·ton, ·ton

tenha sido honrado/esteja honrado

S. tetimhm¡now, h, on Î, Âw, ÂP. tetimhm¡noi, ai, a Îmen, ·te, ÎsinD. tetimhm¡nv, a, v ton, ton

tenha sido revelado/esteja revelado

S. dedhlvm¡now, h, on Î, Âw, ÂP. dedhlvm¡noi, ai, a Îmen, ·te, ÎsinD. dedhlvm¡nv, a, v ton, ton

Optativo

poderia/pudesse ter sido dado/estar dado

S. dedom¡now, h, on eàhn, eàhw, eàhP. dedom¡noi, ai, a eàhmen/eämen, eàhte/ eäte, eàhsan/eäenD. dedom¡nv, a, v eàhton/eäton, eàthn

poderia/pudesse ter sido feito/ estar feito

S. pepoihm¡now, h, on eàhn, eàhw, eàhP. pepoihm¡noi, ai, a eàhmen/eämen, eàhte/eäte, eàhsan/eäenD. pepoihm¡nv, a, v eàhton/eäton, eàthn

poderia/pudesse ter sido honrado/estar honrado

S. tetimhm¡now, h, on eàhn, eàhw, eàhP. tetimhm¡noi, ai, a eàhmen/eämen, eàhte/eäte, eàhsan/eäenD. tetimhm¡nv, a, v eàhton/eäton, eàthn

poderia/pudesse ter sido revelado/estar revelado

S. dedhlvm¡now, h, on eàhn, eàhw, eàhP. dedhlvm¡noi, ai, a eàhmen/eämen, eàhte/eäte, eàhsan/eäenD. dedhlvm¡nv, a, v eàhton/eäton, eàthn

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Page 522: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

522 a flexão verbal

Imperativo

S.: sê/estejas tu, seja/esteja (fique) ele num estado de ter sido/estar

dado feito honrado revelado

d¡-do-so pe-poÛh-so te-tÛmh-so de-d®lv-sode-dñ-syv pe-poi®-syv te-tim®-syv de-dhlÅ-syv

P.: sede/estejais vós, sejam/estejam (fiquem) eles num estado de ter sido/estar

dados feitos honrados revelados

d¡-do-sye pe-poÛh-sye te-tÛmh-sye de-d®lv-syede-dñ-syvn pe-poi®-syvn te-tim®-syvn de-dhlÅ-syvn

D.: sede/estejais (os dois)

dados feitos honrados revelados

de-dñs-yon pe-poi°-syon te-tim°-syon de-dhlÇ-syonde-dñ-syvn pe-poi®-syvn te-tim®-syvn de-dhlÅ-syvn

Particípio: que foi/que está

dado feito honrado revelado

de-do-m¡now, h, on pe-poih-m¡now, h, on te-timh-m¡now, h, on de-dhlv-m¡now, h, on

Infinitivo: ter sido/estar

dado feito honrado revelado

de-dñ-syai pe-poi°-syai te-tim°-syai de-dhlÇ-syai

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Page 523: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

523a flexão verbal

Mais-que-perfeito médio / passivo:

tinha sido/estava

desligado dado colocado lançado

S. ¤-le-læ-mhn ¤-de-dñ-mhn ¤-te-yeÛ-mhn eá-mhn¤-l¡-lu-so ¤-d¡-do-so ¤-t¡-yei-so eå-so¤-l¡-lu-to ¤-d¡-do-to ¤-t¡-yei-to eå-to

P. ¤-le-læ-meya ¤-de-dñ-meya ¤-te-yeÛ-meya eá-meya¤-l¡-lu-sye ¤-d¡-do-sye ¤-t¡-yei-sye eå-sye¤-l¡-lu-nto ¤-d¡-do-nto ¤-t¡-yei-nto eå-nto*

D. ¤-l¡-lu-syon ¤-d¡-do-syon ¤-t¡-yei-syon eå-syon¤-le-læ-syhn ¤-de-dñ-syhn ¤-te-yeÛ-syhn eá-syhn

* Como aconteceu com as formas sintéticas de 3a pessoa do plural doperfeito passivo, também no mais-que-perfeito passivo elas se encon-tram freqüentemente construídas analiticamente com particípio passi-vo + verbo auxiliar.

le-lu-m¡noi ·san de-do-m¡noi ·san te-ye-m¡noi ·san eß-m¡noi ·san

Nota: O mais-que-perfeito exprime uma ação completa no passado. Podeser definido como o passado do perfeito, num paralelismo com oimperfeito que é o passado do presente.

Verbos que têm só o perfeito

Alguns verbos, por razões semânticas, só têm o tema do perfeito,como acontece com outros, que só têm o tema do inacabado (f¡rv) ousó o do aoristo (fag-).

Algumas gramáticas apresentam-nos como �formas de perfeito comsignificado de presente�.

São os seguintes (entre outros):dænamai eu posso¤pÛstamai eu sei�gamai eu admiro, estou admirado

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Page 524: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

524 a flexão verbal

k�yhmai eu estou sentado¸mai eu estou sentado, pousado (arc.)keÝmai eu estou deitado¦ramai eu amo, estou tomado de amorkr¡mamai estou suspenso, dependurado

Esses verbos podem ter formas do passado: basta acrescentar-lhesum aumento e desinências secundárias. Naturalmente serão �formas domais-que-perfeito com significado de imperfeito�.

eu posso eu podiaS. dæna-mai ¤-dun�-mhn

dæna-sai ¤-dæna-so > ao > vdæna-tai ¤-dæna-to

P. dun�-meya ¤-dun�-meyadæna-sye ¤-dæna-syedæna-ntai ¤-dæna-nto

D. dæna-syon ¤-dæna-syondæna-syon ¤-dun�-syhn

Mas não são problemas meramente formais; são semânticos, e porserem verbos de uso constante, desenvolveram outras formas compatí-veis com seu significado, analogicamente, dentro das características mor-fo-sintáticas da língua.

�ga- �gamai eu estou admirado, admiro±g�mhn eu estava admirado, admirava (estado)�g�somai eu admirarei (fato pontual futuro)±gas�mhn eu admirei (pontual pas.: aoristo)±g�syhn eu fiquei admirado/fui admirado (fato pontual passado)

duna- dænamai tenho a possibilidade, capacidade de, eu possodun®somai eu poderei, estarei em condições dedænvmai eu possa, eu poderei (eventual: desiderativo)dunaÛmhn eu poderia, eu pudesse (fato potencial)dænaso pode tu (imperativo)

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Page 525: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

525a flexão verbal

dænasyai poder, estar em condições de¤dun�mhn eu estava em condições de¤dunas�mhn eu estive em condições de (fato pontual passado)¤dun�syhn/¤dun®yhn/±dun®yhn eu estive em condições de fato pontual

¤pi-sta- ¤pÛstamai eu sei (por experiência)±pist�mhn eu sabia, estava em situação de saber¤pist®somai estarei em situação de saber

¤ra- ¦ramai/ ³rasmai estou tomado de amor±r�mhn eu estava tomado de amor±ras�mhn eu estive tomado de amor (fato pontual)±r�syhn eu estive tomado de amor (fato pontual)

São formas analógicas construídas sobre o tema do perfeito comose fosse infectum.

O verbo ¤pÛstamai - eu sei (por experiência), para as outras for-mas do perfeito, serve-se do modelo ástamai.-eu estou de pé; ásthmi -eu ponho de pé.

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativoestou de pé esteja de pé poderia/ fica/ficai de pé

pudesse estar de pé

S á-sta-mai ß-st�-v- mai > Ç-mai* ß-sta-Û-mhn

á-sta-sai ß-st�-h-sai > »** ß-sta-Û-so > aÝo á-sta-so (ástv)

á-sta-tai ß-st�-h tai > °-tai ß-sta-Ý-to ß-st�-syv

P ß-st�-meya ß-sta-Å-meya > Ç-meya ß-sta-Û-meya

á-sta-sye ß-st�-h-sye > °-sye ß-sta-Ý-sye á-sta-sye

á-sta-ntai ß-st�-v-ntai > Ç-ntai ß-sta-Ý-nto ß-st�-syvn

D á-sta-syon ß-st�-h-syon > °-syon ß-sta-Û-syhn á-sta-syon

á-sta-syon ß-st�-h-syon > °-syon ß-sta-Û-syhn ß-st�-syvn

* O subjuntivo se constrói sobre o tema sta- + vogal longa característi-ca, v, h, h, v, h, v e desinências primárias; daí as formas contratas:

** ß-st�-h-sai > ß-st�-h-ai > ßst�hi > ßst» / ßst°i.

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Page 526: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

526 a flexão verbal

Particípio: de pé, estando de pé, que está de pé: ßst�-menow,h,on

Infinitivo: estar de pé: ásta-syai

Mais-que-perfeito:

estava de pé

S. ß-st�-mhn P. ß-st�-meya*á-sta-so á-sta-sye* D. ß-st�-syhná-sta-to á-sta-nto ß-st�-syhn

* Essas duas formas são iguais às do perfeito; só o contexto poderá dis-tinguir-lhes o significado.

Além das formas acima, poderemos encontrar alguns desses ver-bos flexionados no aoristo com o sufixo passivo -yh-, mas com significa-do intransitivo, médio. (Ver o quadro de flexão do aoristo passivo). É umproblema semântico complexo em que entram:� o significado do verbo �pôr, pôr-se, estar de pé�;� o significado da voz média, em que o sujeito está envolvido no ato verbal;� e o significado da voz passiva, em que o sujeito é receptáculo, paciente

do ato verbal.Isto não acontece só com ásthmi, ástamai, mas também com os

principais verbos que, pelo significado, são classificados de verbos que �sótêm o perfeito�. Na medida em que o perfeito é uma situação acabada nopresente (perfeito = presente), desenvolveu-se uma flexão analógica, comovimos na página 524. Algumas dessas formas são iguais às do aoristo (p.525).

São formas tardias, refeitas, e o aoristo indicativo significa o atopontual. Sobre ele construiu-se também um futuro, que, embora comcaracterística de passivo, mantém o significado intransitivo.

O quadro é o seguinte:

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Page 527: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

527a flexão verbal

Aoristo:

Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativopôs-se de pé ponha-se de pé poderia/pudesse põe-te, ponde-vos

por-se de pé de pé

S. ¤-st�-yh-n sta-yÇ* sta-ye-Ûh-n¤-st�-yh-w sta-y»-w sta-ye-Ûh�w st�-yh-ti¤-st�-yh sta-y» sta-ye-Ûh sta-y¡-tv

P. ¤-st�-yh-men sta-yÇ- men sta-ye-Ûh-men60

¤-st�-yh-te sta-y°-te sta-ye-Ûh-te st�-yh-te¤-st�-yh-san sta-yÇ-si sta-ye-Ûh-san sta-y¡-ntvn

D. ¤-st�-yhn sta-y°-ton sta-ye-Ûh-ton st�-yh-ton¤-st�-yhn sta-y°-ton sta-ye-i®-thn sta-y®-tvn

* As formas do subjuntivo passivo (médio) são construídas com o sufixo-yh- e vogal longa característica do subjuntivo.

Na seqüência de duas vogais longas, a anterior se abrevia e depois éabsorvida pela longa remanescente, o que resulta em formas contratas.

Quadro demonstrativo da flexão do subjuntivo:

sta-y®-v > sta-y¡-v > sta-yÇsta-y®-h-si > sta-y¡-h-si > sta-y°i > stay°iw/»wsta-y®-h-ti > sta-y¡-h-ti > sta-y°-ti > sta-y°si > stay°i/»sta-y®-v-men > sta-y¡-v-men > stayÇmensta-y®-h-te > sta-y¡-h-te > stay°testa-y®-v-nti > sta-y¡-v-nti > stayÇnti > stayÇnsi > stayÇsista-y°-h-ton > sta-y¡-h-ton stay°tonsta-y°-ton > sta-y¡-h-ton stay°ton

60 Há variantes com a característica do optativo -i-: stayeÝmen, stayeÝ-te,stayeÝsan, stayeÛthn, stayeÛthn.

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Page 528: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

528 a flexão verbal

Particípio: tendo-se posto de pé, tendo sido posto de pé

Tema Masc. Fem. Neutro

sta-yh-nt > stay¡nt-w > stayent-ja > stay¡nt- >stay¡nt-* stayeÛw-y¡ntow stayeÝsa-shw stay¡n-y¡ntow

* Uma vogal longa, seguida de soante + oclusiva, abrevia-se.

Infinitivo: pôr-se de pé sta-y°-nai

Futuro

Indicativo: eu me porei de pé, serei posto de pé, estarei de pésta-y®-s-omai, ú, etai, ñmeya, esye, ontai

Subjuntivo: é o do aoristo

Optativo: poderia/pudesse haver de me pôr de pé/ser posto, estar de pésta-yh-so-Û-mhn, soio, soito, soÛmeya, soisye, sointo

Imperativo: não é possível

Particípio: havendo de se pôr de pé, de ser posto de pé, que será posto de pé,que estará de pésta-yh-s-ñ-menow, h, on

Infinitivo: haver de se pôr de pé, de estar de pésta-y®-s-e-syai

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Page 529: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

529a flexão verbal

Futuro Anterior

Exprime um estado, um ato acabado no futuro, isto é, um resulta-do futuro. Emprego raro. É o perfeito (aspecto e não tempo) transferidopara o futuro, uma antecipação de um ato acabado.

Por exprimir uma situação, um estado a partir do qual se fará algu-ma coisa, o futuro do perfeito se constrói, naturalmente, sobre o temado perfeito.

Na voz ativa, constrói-se com o particípio perfeito ativo, em funçãopredicativa, e futuro de eänai:

pepraxÆw ¦somai: eu terei feito, estarei numa situação de ter feito

Na voz média, também:pepragm¡now ¦somai: eu terei feito para mim, estarei numa situ-ação de ter feito para mim.

Na voz passiva, constrói-se, como na voz média, com o particípio perfei-to passivo e o futuro do verbo eänai:

pepragm¡now ¦somai: estarei numa situação de estar feito.

Há também a construção sintética do futuro anterior na voz ativae média, com significado de estado futuro, sobre o tema do perfeito, acres-centando-se a característica do futuro -s- e desinências primárias médias.

p¡praxa peprag- pepr�jomai eu terei realizadok¡klaka kekla- kekl®somai eu terei sido chamadod¡dhka dedh- ded®setai ele estará preso (Plat., Rep., 3612)

Não confundir com o futuro passivo, construído sobre o tema doaoristo: de-y®-s-e-tai: ele será preso.

Apenas dois verbos (ásthmi: eu ponho de pé e yn®skv: eu morro)constroem um futuro anterior sobre o tema do perfeito ativo:

§sthka eu me pus de pé, estou de pé¥st®jv eu estarei de pé, terei ficado de pét¡ynhka eu morri, estou mortoteyn®jv eu terei morrido, estarei morto

¥st®jv par� aétñn: (Aristof., Lis., 654) - eu estarei de pé ao lado dele.teyn®jeiw: (Aristof., Vesp., 654) - Tu serás/estarás (um homem) morto.

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Page 530: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

530 os invariáveis: preposições

Os invariáveispreposições, conjunções, partículas, advérbios

Preposições

O sistema de flexão nominal, isto é, o relacionamento de dependên-cia e de determinação dos nomes entre si (complemento nominal, epí-teto, adjunto adnominal, aposto) e entre nomes e verbos (atributo-pre-dicativo, objeto direto, indireto: termo do ato verbal), todos eles expressospelas ptÅseiw - casus - casos, foram se enfraquecendo, sobretudo nasrelações concretas de espaço, tempo e modo, enfim, em todas as relaçõesconcretas, que costumamos chamar de adverbiais ou circunstanciais.

A língua grega lançou mão então de um grupo de palavras fixas,invariáveis, que significavam espaço e, por metáfora, tempo, sobretudoespaço e tempo relativos.

Inicialmente podemos identificar um número pequeno delas (cer-ca de 18), que passaram a chamar-se:

proy¡seiw - praepositiones - preposições.

Mera denominação formal, descritivista, porque elas acrescenta-vam ao significado verbal (ação ou estado) a relação espacial e se coloca-vam em geral antes do verbo.

Mas esse uso se generalizou por ser cômodo: dava maior precisão econcretude às relações de espaço e tempo, a tal ponto que essas �pré-posições� passaram a ser sentidas e usadas como se estivessem coladasaos temas verbais, formando palavras compostas; passaram então a serdenominadas, novamente pelo modelo formalista-descritivista, de pre-vérbios; mas essa última denominação é mais recente; não é dos gramá-ticos gregos.

É dos gramáticos modernos e traz mais malefícios do que benefí-cios, uma vez que atribui à preposição-advérbio uma função meramenteformal, quase esvaziada de significado. Ora, os gregos não entendiam as-

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Page 531: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

531os invariáveis: preposições

sim, isto é, coladas, fundidas com o tema verbal; tanto é que para expri-mir o passado, serviram-se do aumento ¤- anteposto ao tema verbal, e,nos verbos compostos, esse aumento figura entre a preposição/prevérbioe o verbo.

Isso mostra que identificavam significado nas duas partes. Alémdisso, freqüentemente, quando querem enfatizar o significado contido napreposição, os autores a separam, �de-compondo� o verbo �com-posto�:separam novamente a preposição-advérbio do verbo, restabelecendo ovalor individual de cada um.

Isto significa que os dois elementos da composição tinham e têmsignificados próprios. Essa mobilidade da preposição, colocando-se antesdo verbo, colada ou depois dele, separada, os gramáticos a chamam detmese = corte.

Exemplos:

tòn aét�delfon ¤n t�fÄ tiyeÝsa [¤ntiyeÝsa]1

colocando o próprio irmão no túmulo

tñnde ¤w taf�w ¤gÆ y®sv [eÞsy®sv taf�w]2

este, eu mesma colocarei na sepultura [levarei à]

Os exemplos acima nos fazem deduzir uma �regra de regência� dosverbos compostos, tão a gosto de alguns gramáticos e professores. Naverdade não há regra de regência: no primeiro exemplo, o locativo se faznecessário, porque é essa a relação que está no significado de ¤n [dentrode - imóvel]; no segundo exemplo o mesmo verbo vem associado à idéiacontida em ¤w / eÞw, acusativo de direção [para dentro de].

Essa �regra� de que não há regra de regência não tem exceção, por-que não é regra! Restabelece apenas a relação lógica, orgânica, funcional,semântica entre os elementos do enunciado. Os casos são expressões formaisdessas relações.

1 Nos verbos �com-postos� podemos identificar dois complementos: o da preposi-ção-advérbio, isto é, o locativo, e o do verbo �colocar� no acusativo.

2 A mesma observação da nota anterior: apenas muda a relação de lugar; agora é�para onde�, com acusativo. O verbo é o mesmo e o complemento é o mesmo:acusativo.

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Page 532: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

532 os invariáveis: preposições

Os casos são determinados pelas relações espaciais ou temporaisque as preposições/prevérbios trazem ao tema verbal. Na verdade tudo écomandado pelo significado e pela função. Veremos isso com mais deta-lhes quando tratarmos individualmente das preposições.

Algumas gramáticas (J. Humbert) dividem as preposições em �pre-posições propriamente ditas�, as que se associam a temas verbais ou no-minais e então elas passam a ser �prevérbios�, e �preposições impropria-mente ditas�, as que permanecem com seu significado adverbial e não seprestam a composições, isto é, não se tornam �prevérbios�.

É importante salientar também que o processo de composição ésimples: no caso de preposição (prevérbio) + verbo, o prevérbio se ante-põe aos temas verbais, com as adaptações fonéticas convencionais, comoficou demostrado no parágrafo que trata do aumento na formação do pas-sado (p. 351), e, no caso de preposição+tema nominal, o procedimento éo mesmo e as desinências (das funções) se acrescentarão ao tema nomi-nal puro.

Trataremos, em primeiro lugar, das �preposições propriamente di-tas�, isto é, das preposições que podem servir de prevérbios. Faremos issonum bloco só, porque consideramos que essa distinção é meramenteformalista-descritivista e induz ao erro seguinte: conforme o caso que apreposição �rege�, ela adquire um significado diferente, embora próxi-mo. Não é verdade. Não há alteração de significado. Há apenas um pro-cesso de metaforização: o significado adquire coloração diferente segun-do o plano e a relação espacial em que a preposição é usada.

Veremos isso nas preposições que �regem� mais de um caso.Na verdade, todas as preposições são antigos advérbios de signifi-

cado espacial. Esse significado não muda na sua base; o que dá idéia demudança é o uso metafórico, figurado, ou a sua associação com o signifi-cado dos temas verbais.

Por exemplo: par� significa exatamente: ao lado de excluída aidéia de dentro de.

Os atenienses enviam embaixadores à corte persa, isto é, para juntodo rei par� tòn basil¡a (acusativo de direção); mas a relação expressana expressão junto de / a, se refere ao rei, e não ao palácio ou à cidade(metonímia).

Pode também já haver uma embaixada ateniense junto ao rei, nacorte persa, par� tÒ basileÝ (o locativo se refere à idéia de lugar onde,imóvel, estático, ou dativo se se quer insistir na idéia de lateralidade).

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Page 533: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

533os invariáveis: preposições

Os atenienses podem também receber embaixadores da Pérsia, dacorte persa, do rei da Pérsia, isto é da parte do rei, de junto de, par�toè basil¡vw (genitivo de origem, de separação, genitivo-ablativo).

Por esse exemplo podemos constatar que o significado da preposi-ção se manteve: junto a, ao lado de; o que mudou foram as relações:

� lugar onde > locativo; ou lateralidade > dativo;� lugar para onde > acusativo de direção;� lugar de onde > genitivo de origem.

É evidente que nem sempre traduzimos literalmente, linearmente,par� por ao lado de; há muitas opções de traduções conotativas [na cor-te de, na casa de etc.]; mas elas nunca devem se afastar do significadoprimeiro, original, concreto: ao lado de. Mesmo no emprego metafórico,figurado, podemos reconstituir, seguindo os vários níveis da metáfora, osignificado original, concreto, espacial.

Daremos a seguir, em ordem alfabética, as principais preposições,dando prioridade ao significado primeiro, concreto, espacial.

Incluiremos também nessa lista as que muitos gramáticos chamamde �preposições impropriamente ditas�, porque, na opinião deles, não seprestam a composição com verbos.

De um modo geral, são advérbios (como todas as preposições são),mas que não enfocam em si mesmas o desenvolvimento da relação espa-cial (onde, de onde, para onde), embora essas relações estejam no signi-ficado. São formas nominais, são antigos casos que se petrificaram epriviligiam a relação de complemento limitativo, restritivo.

A razão de entrarem no rol das preposições é que elas têm um sig-nificado relativo e precisam de complemento (limitativo, determinativo,restritivo) que estão neste ou naquele caso; o mais freqüente é o genitivo.

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Page 534: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

534 os invariáveis: preposições

�Ama

Juntamente, ao mesmo tempo.

É uma idéia de acompanhamento (comitativo), mas que, na rela-ção paralela, não implica em um movimento, é uma simultaneidade, umparalelismo, pode ser espacial ou temporal.

Por isso, a designação de �dativo instrumental� não tem sentido;no instrumental o ato verbal passa pelo objeto inerte (instrumento oumeio). Podemos então identificar no significado de �ma ou um dativo,que é o mais certo, ou um locativo (imobilidade na simultaneidade, lugaronde).

Dativo comitativo.Locativo.Pode vir também empregado isoladamente; sem �regência�, e sig-

nifica, ao mesmo tempo, simplesmente advérbio.

�ma tÒ ²lÛÄ duom¡nÄ eÞw t�w ¤ggut�tv kÅmaw kates-k®nvsen (Xen., An., 2, 2, 16)ao pôr do Sol [juntamente com o sol se pondo], (Clearco) acampoupelas aldeias que estavam mais perto.

¤k d� ¦feron zugñdesmon �ma zugÒ ¤nne�phxu (V, 270)junto com o jugo [a parelha] (eles), levavam uma correia de novecôvados.

�m� ²m¡rú diafvskoæsú (Hdt., 3, 86)junto com o dia clareando / clareante [ao clarear o dia].

�ma tÒ sÛtÄ �km�zonti ¤str�teusan eÞw t¯n �Attik®n(Tuc., 3, 1, 1)junto com o trigo amadurecendo, eles fizeram a expedição contra aÁtica [ao mesmo tempo que o trigo amadurecia].

�ma toÝw �AntandrÛoiw toè teÛxouw ti ¤pet¡lesan (Xen., 2,66, 1)eles completaram algo da muralha, junto com os habitantes de An-tandros [em companhia de].

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Page 535: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

535os invariáveis: preposições

�AmfÛ - de �mfv, ambos, os dois (lat. ambo).

O -i é do locativo; os dois lados do cadáver, lutando pelos despojos- genitivo de limitação espacial, daí, por causa de, em torno de:

Locativo: posição imóvel.Acusativo de expansão espacial.

oã d¢ pros¹esan pollÒ yoræbÄ �mfÜ Ïn eäxon diafe-rñmenoi (Xen., An., IV, 5, 1)[os bárbaros] avançavam com muito barulho disputando em tornodo que seguravam [arrancavam-se mutuamente, cada um de um ladoda presa] (genitivo).

�mfÜ porfur¡vn p¡plvn... jÛfh sp�santew (Eur., Or., 1427)[eles] tendo tirado as espadas de dentre as vestes de púrpura [as ves-tes estão dos dois lados da espada] (genitivo).

diaf¡resyai �mfÛ tinowentrar em disputa a propósito de alguma coisa [ou pessoa] [dos doislados] (genitivo).

lñgow �mfÛ tinowdiscurso a respeito [sobre, em torno de algo/alguém, dos dois lados](genitivo).

�mfÜ t°w pñlevwsobre a cidade, no que diz respeito à cidade [falando dos dois lados](genitivo).

Sarp®donow �mfim�xesyai (P, 496)combater por Sarpédon [dos dois lados de] (genitivo).

KaustrÛou �mfÜ =¡eyra...potÇntai (B, 461)de cada lado [ao longo de cada lado: acus. de extensão] das torren-tes do Cáustrio voam [as aves].

toçw �mfÜ g°n ¦xontaw, (Xen., Ec., 6, 7)os que se ocupam da terra [que se mantêm nela e em torno dela](acus. de extensão).

peltastaÜ �mfÜ toçw disxilÛouw, (Xen., An., 1, 2, 9)por volta de dois mil peltastas (acus. de extensão).

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Page 536: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

536 os invariáveis: preposições

�mfÜ d¢ s¢ TrÄaÛ... klaæsontai (S, 339)em torno de ti [dos dois lados] troianas chorarão (acus. de exten-são, relação).

sull¡getai tò str�teuma �mfÜ tòn Paktvlñn, (Xen.,Cir., 6, 2, 11)o exército se reúne ao longo do Páctolo [às margens, dos dois lados](acus. de extensão).

katalamb�nousi toçw fælakaw �mfÜ pèr kayhm¡nouw,(Xen., An., 4, 2, 5)eles surpreendem (agarram) os vigias sentados em torno do fogo(acus. de extensão).

·n �mfÜ �gor�n pl®yousan, (Xen., An., 1, 8, 1)era por volta [na hora] de o mercado se enchendo [em que o mercadose enchia] (acus. de extensão).

�fiknoèntai eÞw prÇton staymòn �mfÜ m¡shn nækta (Xen.,Intend., 4, 43)eles chegam à primeira parada por volta da meia noite (acus. deextensão).

�p¡xei taèta t� teÛxh �p� �ll®lvn �mfÜ t� ¥j®kontast�dia (Xen., Cir, 7, 1, 1)essas fortificações distam entre si por volta de 60 estádios (acus. deextensão).

eänai �mfÜ t� ßer� (Xen., Ec., 6, 7)estar ocupado dos rituais [em torno, às voltas com os sacrifícios,envolvido com] (acus. de extensão).

�mfÜ t¯n pñlinem volta da cidade (acus. de extensão).

�mfÜ t¯n SikelÛanpela Sicília (acus. de extensão).

�mfÜ deÛlhnpela tarde, por volta de (acus. de extensão).

�mfÜ toèton tòn xrñnonpor esse tempo (acus. de extensão).

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Page 537: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

537os invariáveis: preposições

t� �mfÜ tòn spñron, t� �mfÜ t¯n futeÛan ¤pÛstasyai,(Xen. Ec., XIX, 1)ter conhecimento em relação à semeadura e ao plantio [o que se re-fere a: acus. de extensão].

¤peyæmhsen õ d°mow ...¤nn¡a strathgoçw ...toçw �mfÜ Yr�-sullon kaÜ �ErasinÛdhn �pokteÝnai, (Xen., Mem., 1, 1, 18)o povo desejou matar [condenar à morte] nove comandantes dacompanhia de Trásilo e Erasinides. [em torno de, em volta de: acus.de extensão].

�Hliow m¡son oéranòn �mfibeb®kei, (Y, 68)O sol já tinha percorrido meio céu [mais ou menos, por volta de:acus. de extensão].

�AxaioÜ ¦stasan �mfÜ Menoiti�dú, (R, 267)Os Aqueus estavam de pé em volta [dos dois lados] de Menetiades(locativo).

O mesmo significado está nos compostos:

Alguns nomes e verbos compostos:�mfÛ-biow anfíbio, que vive na terra e na água�mfÛ-logow ambíguo, palavra/discurso de dois (significados opostos)�mfignoÒ(e) estou duvidando, estou tomando conhecimento (dos dois lados)�mfi¡nnumÛ tina ti eu visto alguém de, eu envolvo alguém em (alguma coisa)

�An�

�An� diante de consoante e �An� diante de vogal.� Levantar de baixo para cima, acima num plano inclinado (o mo-

vimento do cavaleiro com um pé apoiado no estribo e lançando ocorpo para cima);

� esforço repetido de baixo para cima, a partir do contato com asuperfície, esforço repetido, recomeçando (daí um sentido dis-tributivo, extensivo), subindo, percorrendo - oposto a kat�.

� Acusativo de extensão, movimento, relação.� Locativo.

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Page 538: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

538 os invariáveis: preposições

�n� =ñon[navegar] corrente acima, rio acima, [contra a corrente].

�n� potamòn pleÝnnavegar rio acima.

�n� p�san t¯n g°npor toda a extensão da terra [por cima, por toda a superfície].

�n� stñma ¦xeinter na [por sobre] boca [na ponta da língua, por sobre os lábios].

�n� ¥k�sthn ²m¡rana cada dia, repetidamente.

�n� t¡ttarawa cada quatro, por cada quatro.

�n� næktapela noite, por volta da noite.

�n� lñgonconforme o raciocínio, seguindo o raciocínio.

�n� kr�towconforme, segundo o poder.

eðde pat¯r �n� Garg�rÄ �lrÄ (J, 352)o pai [dos deuses] estava dormindo no cimo do Gárgaros [por cimade] (loc.).

kiñn� �n� êchl¯n ¦rusan (X, 192)eles o alçaram sobre uma alta coluna [por sobre] (extensão, movi-mento: acus.).

oé g�r tiw n¡mesiw fug¡ein kakñn, oéd��n� nækta (J, 80)não é possível [não há permissão alguma] de evitar o mal, nemmesmo de noite [pela noite] (extensão: acus.).

�nabib�saw toçw paÛdaw ¤f� áppouw (Hdt., 1, 63) [bib�saw�n�]tendo feito os filhos montarem sobre os cavalos (movimento: acus.)

÷te �pò DhlÛou fug» �nexÅrei tò stratñpedon (Plat.,Banq., 220e) [¤xÅrei �n�]

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Page 539: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

539os invariáveis: preposições

quando, de Délion, em fuga, debandava o acampamento [corriapelo... extensão].

eÞ ôrrvdeÝw tò �nachfÛsai, (Tuc., 6, l4) [chfÛsai �n�]se te aterrorizas em se votar novamente

keklhm¡nouw m¢n �nakaloæmey� aï yeoæw (Eur., Supl., 626)[kaloæmeya �n�]estamos invocando de novo os deuses que já invocamos [já invocados].

plan�syai �n� t� örh (Xen., Cir., 2, 4, 27)vagar pelas montanhas [subindo] (extensão: acus.).

�n� p�san g°n eÞr®nh ¦stai (Xen., Rec. da Át., 6)existirá paz por toda a terra [por toda a extensão].

pleÛstouw fÛlouw kaÜ �rÛstouw �n� p�san t¯n g°n k¡kth-tai (Xen., Ages., 9, 7).ele possui [por ter adquirido] muitíssimos e ótimos amigos por todaa terra [por toda a extensão de: acus.].

oß strathgoÜ ¤poÛhsan §j lñxouw �n� ¥katòn �ndraw,(Xen., An., 3, 4, 21)os comandantes formaram seis batalhões de cem homens cada um[por cem homens, cada um de cem homens].

¤poreæyhsan ¥pt� staymoçw �n� p¡nte paras�ggaw,(Xen., An., 4, 6, 5)eles percorreram 7 etapas de [por volta] cinco parasangas3 cada uma.

¥st�nai kæklÄ �n� p¡nte kaÜ d¡ka �ndraw (And., Mist., 38).ficar [de pé] em círculo por 15 homens [em grupos de].

3 Medida itinerária da Pérsia: 5.250m; a etapa (jornada), então, era de 26.750m. Aotodo foram 187.250m.

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Page 540: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

540 os invariáveis: preposições

�Aneu

Sem, separado, longe de, exceto.

Sempre com idéia de separação, distância, privação.Por isso o genitivo é natural.Às vezes pode vir reforçada com prefixos ou sufixos adverbiais. Mas

o que muda é apenas uma extensão ou amplificação do significado; a idéiade separação continua sendo expressa pelo genitivo.

Não se presta à composição com verbos. Por isso alguns gramáticosnão a incluem entre as preposições.

Às vezes vem enfatizada com o sufixo -yen.

oé m¢n g�r pot� �neu dhÛvn ·n (N, 556)na verdade ele jamais estava distante dos saqueadores.

p�nta �neu xrusoè (Plat., Crítias, 112c)todas as coisas com exceção do ouro.

�neu �koloæyou mñnow (Plat., Banq., 217a)só sem acompanhante.

�ll� sçn toÝw yeoÝw deÛjvmen toÝw barb�roiw ÷ti kaÜ �neutoè ¤keÛnouw yaum�zein dun�meya toçw ¤xyroçw timvreÝs-yai (Xen., Hel., 1, 6, 11)mas, com os deuses [com a ajuda dos deuses] mostremos aos bár-baros que mesmo sem admirá-los nós podemos nos vingar dosinimigos.

oé g�r y¡miw z°n pl¯n yeoÝw �neu kakÇn (Prov.)na verdade não é lícito viver sem males, a não ser aos deuses.

oék �neu lñgou eäxon ¥toÛmvw pròw ¤leuyerÛan oß �Ellhnew(Dem., Fil., 3, 36)não sem razão os gregos estavam preparados para a liberdade.

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Page 541: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

541os invariáveis: preposições

�AntÛ

Em face de, contra, em lugar de (Antipapa, Anticristo), pelo preçode, (na compra, na troca, no ato de pagar há uma substituição de umacoisa por outra, uma toma o lugar da outra: o dinheiro pela mercadoria),de preferência a.

Genitivo de separação.

bouleæetai ÷pvw m®pote ¦ti ¦stai ¤pÜ tÒ �delfÒ �ll�basileæsei �nt� ¤keÛnou (Xen., An., 1, 1, 4)Ele delibera [trama] de modo a que não mais estará [esteja] sobreo irmão [apoiado, amparado] mas, [ao contrário], reinará [reine]em lugar dele.

�ntÜ toè �r®gein toÝw summ�xoiw feægvn Õxeto (Xen.,Cir., 6, 2, 19)em vez de [em lugar de] socorrer os aliados, ele empreendeu viagemfugindo.

¥l¡syaÛ ti �ntÛ tinowescolher algo em lugar de algo [preferir algo a algo].

�ntÜ pol¡mou eÞr®nhn eßlÅmeya (Tuc., 4, 20, 2)Em lugar da guerra escolhamos a paz.

�n¯r �nt� �ndròw luyeÛwsolto [libertado] homem contra homem [um homem contra outro,em lugar de].

�nt� �gayÇn kakoÜ geg®nhntai (Tuc., 1, 86, 1)Em vez de bons eles se tornaram maus.

�ntÜ kunòw eä fælaj (Xen., Mem., 2, 7, 14)Tu és guarda em lugar de cão [como um cão].

�nt� �rgurÛou �ll�jasyaÛ ti (Plat., Rep., 371c)trocar algo por dinheiro, alienar.

tÛ ²mÝn �ntÜ toætvn êperet®seiw; (Xen., Cir., 4, 6,8)o que nos servirás em lugar dessas coisas?

Èfel®sv aétòn �ny� Ïn eï ¦payon êp� ¤keÛnou (Xen., An., 3, 5)Eu o ajudarei em troca das coisas que senti [sofri] dele [sob o efeitode, por causa de].

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Page 542: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

542 os invariáveis: preposições

÷son pl¡yron dasç pÛtusi dialeipoæsaiw meg�laiw �ny�Ïn ¥st®kontew �ndrew tÛ �n p�sxoien; (Xen, An., 4, 7)espesso numa extensão de um pletro [100 pés] de grandes pinhei-ros remanescentes, contra os quais, os homens de pé, o que pode-riam sofrer?

�fÛkonto oß �nt� ¤keÛnvn strathgoÛ (Xen., Hel., 1, 1, 27)chegaram os comandantes em lugar daqueles.

êmeÝw �ntÜ patròw ¤moÜ g¡nesye (And., Mist., 149)Vós, tornai-vos para mim em lugar de meu pai [sede para mim].

�ntÜ tÇn martærvndiante de testemunhas [face a face].

�Antikræ / kat-antikræ

Em face de, em frente a, do lado oposto (em linha reta).Genitivo de separação.

�llon oÞstñn . . . àallen �Ektorow �ntikræ (Y, 300)ele lançou um outro dardo, de frente a Heitor [estando em face dee de lá lançando o dardo].

diab�w eÞw Shstòn katantikrç önta �Abædou (Xen., Hel.,4, 8, 5)tendo passado para Sestos, que está em frente de Ábidos.

�ntikruwdiretamente, em face, em linha reta.

oéd¡n µ �ntikruw douleÛan, (Tuc., 1, 122)nada a não ser (do que) a servidão direta.

² �ntikruw ¤leuyerÛa, (Tuc., 8, 64)a liberdade em face (diretamente do outro lado).

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Page 543: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

543os invariáveis: preposições

�Antip¡raw / �ntip¡ran / kat-antip¡raw

Em face de, do lado oposto.Genitivo de separação, naturalmente.

[Z�kunyow] keÝtai �ntip¡raw�Hlidow (Tuc., 2, 66, 1)Zácintos está situada em frente à Élide [na margem oposta].

�Anv

Subindo (em cima) na posição de cima.Privilegia a idéia de situação estável, mas relativa a; por isso pede

um complemento limitativo, restritivo.O genitivo exprime essa relação.

õrÇsi pezoçw ¤pÜ taÝw öxyaiw �nv tÇn ßpp¡vn parate-tagm¡nouw, (Xen., An., 4.3.3)eles vêem a infantaria enfileirada sobre as margens, por cima (aci-ma) dos cavaleiros [acima de].

�Apñ

�Apñ diante de consoante; �Ap� diante de vogal não aspirada; �Af�diante de vogal aspirada.

Afastando-se de, de (latim: a, ab), ponto de partida (espaço e tempo).Genitivo de separação, de ponto de partida.

�p� ¤keÛnhw t°w ²m¡rawa partir daquele dia.

�pò deÛpnouapós a refeição [a partir da].

eéyçw �f� ¥sp¡rawimediatamente [direto] a partir da tarde.

�pò skopoèlonge [fora] do alvo, da meta.

�pò gnÅmhwlonge [fora] da opinião comum [contra].

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Page 544: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

544 os invariáveis: preposições

oß �pò skhn°wos da cena [do teatro], os atores.

oß apò t°w sto�wos do pórtico [que vêm de], os estóicos.

�pò toè aétom�toua partir da própria interpretação [por si mesmo, espontaneamente].

�pò toætou toè xrñnoudesde [a partir de] esse tempo.

�f� oðdesde que, [ex quo].

oß �pò �IvnÛawOs jônios [os que vieram da Jônia, os da Jônia].

�pò yal�sshw eÞw y�lassande um mar a outro.

�f� áppvn �lto xam�zesaltou (saltaram?) dos cavalos [carruagem] para o chão.

kaleÝsyai �pñ tinowser chamado [receber um nome] a partir de algo.

aétñnomow �pò t°w eÞr®nhwindependente a partir da paz.

tòn bÛon ¦xein (poieÝsyai, porÛzesyai) �pñ tinowter uma vida [levar, fazer, ganhar] a vida a partir de algo.

�pò oàkou eänaiestar fora do país [longe, distante de casa].

logÛzesyai �pò xeirñwcontar [calcular] a partir da mão [com os dedos].

�llai gnÇmai �f� ¥k�stvn ¤l¡gontooutras opiniões eram ditas a partir de cada um.

katesp�syh �pò toè áppou (Xen., An., 1, 9, 4)ele foi arrancado [puxado para baixo] do cavalo.

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Page 545: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

545os invariáveis: preposições

yhreæein �f� áppoucaçar a cavalo [a partir de].

�pò toè ìdatow eärgon oß Yr�kew (Xen., An., 6, 3, 8)Os trácios os afastavam [procuravam afastá-los] da água.

læonto d¢ teæxe� �p� Êmvn (R, 318)eles soltavam as armas [as armaduras] dos ombros.

¦th ¤stÜ m�lista tetrakñsia... �f� oð Lakedaimñnioi t»aét» politeÛ& xrÇntai (Tuc., 1, 18)já são 400 anos... a partir do que os Lacedemônios se servem [têm]o mesmo governo [constituição].

eà tiw ... paraineÝ êmÝn ¤kpleÝn tò ¥autoè mñnon skopÇn...÷pvw yaumast» �pò t°w ßppotrofÛaw (Tuc., 6, 12)Se alguém vos aconselha a fazer uma expedição naval só levandoem conta o seu próprio ponto de vista de modo a que seja admira-do a partir de sua escuderia...

¾desan Svkr�th �p� ¤laxÛstvn xrhm�tvn aétark¡s-tata zÇnta (Xen., Mem., I, 2, 14)Eles sabiam que Sócrates, a partir de meios reduzidíssimos, vivia damaneira mais suficiente.

¤pr�xyh �p� aétÇn oéd¢n ¦rgon �jiñlogon (Tuc., 1, 17)a partir deles nem um ato foi realizado digno de registro.

oäda g�r ÷ti kakoÜ m¢n �poÛxontai pol¡moio (L, 408)[oàxontai apñ]eu sei que os maus [covardes] se afastam do combate.

�pò toè bouleuthrÛou �pelyÅn (Tuc., 8, 92) [¤lyÆn �pñ]Tendo saído do Conselho, da Assembléia.

toçw �rgurÛou tÒ boulom¡nÄ pvloæntaw sofist�w �po-kaloèsin (Xen., Mem., 1, 6, 13) [kaloèsin �pñ = de-nominam]Os que em troca de dinheiro vendem ao que quer, chamam-nos desofistas. [de-nominam, chamam a partir de].

eålke [Yhram¡nhn] �pò toè bvmoè õ S�turow (Xen., Hel., 2.3)Sátiro puxava Teramenes para longe do altar.

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Page 546: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

546 os invariáveis: preposições

Yeait®tÄ ¤n¡tuxon ferom¡nÄ �pò toè stratop¡dou(Plat., Teet., 142a)Eu me encontrei com Teeteto sendo conduzido do acampamento.

tò mimeÝsyai perÜ trÛton ¤stÜn �pò t°w �lhyeÛaw (Plat.,Rep., 599a)o imitar está em terceiro lugar a partir da verdade.

m¡xri §j ¤tÇn �pò gene�w oß paÝdew taèta pr�ttousi,(Xen., Cir., 1, 2, 8)até seis anos a partir do nascimento os meninos fazem essas coisas.

�pò jummaxÛaw aétñnomoi (Tuc., 7, 57)livres [soberanos] a partir dessa aliança.

�pò toætvn ¤zetazom¡nvn eêrey®setai eÞ �lhy° g¡gra-fe (Dem., Cor., 57)a partir do exame dessas coisas [dessas coisas examinadas] será des-coberto se ele escreveu coisas verdadeiras.

numfÇn ßeròn �pò tÇn �galm�tvn ¦oiken eänai (Plat.,Fedr., 230b)a partir das estátuas pareceu ser um templo de ninfas.

Além da idéia de afastamento, separação, ponto de partida, �pñpode ser vista como esgotamento do ato verbal desde o ponto de partida:

�po-kteÛnv = eu esgoto o ato de matar, eu mato completamente;�po-yn¹skv = eu morro completamente (enfático).

tò d¢ met� toèto... peirÅmeya... �podeiknænai, (Plat., Rep.,473b)quanto ao que vem depois disso, tentemos demonstrar (mostrarcompletamente, provando).

�t�r tÛ m¡lleiw poieÝn; - �pojureÝn tadÛ (Aristóf., Tesm., 215)Então, o que pretendes fazer? - Raspar completamente estas coisasaqui. [fazer completamente a barba].

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Page 547: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

547os invariáveis: preposições

Notar alguns verbos:�podidr�skein sair correndo, fugir completamente�pob�llein perder, jogar fora, jogar ao mar�potr¡pein desviar de, remover�pokaleÝn denominar, dar um nome a [partindo de quem dá o nome]�pokalæptein des-cobrir, revelar�pagoreæein denunciar [um contrato], proibir�podidñnai dar a partir de, restituir, atribuir, devolver, pagar�potiy¡nai de-por, renunciar�paiteÝn exigir [pedir até o fim]

Pode também exprimir renúncia, demissão, desistência do ato verbal.

¤peid¯ �peÛrhka tòn önta skopÇn (Plat., Féd., 99d) [eàrhka�pñ]depois que eu renunciei à procura [procurando, visando] do Ser.

�Apvyen

Distante de; numa situação a partir de.Genitivo de separação. A partícula -yen é enfática.

�pvyen toè teÛxouw §ndeka st�dia (Tuc., 1, 22, 3)distante da muralha onze estádios.

�Ater

Distante de, longe de.Genitivo, naturalmente.Poucos exemplos; arcaica. Não se presta a composição.

KronÛdhn �ter §menon �llvn (A, 498)o Cronida sentado afastado dos outros [longe de].

oé gúr �ter ge Zenñw (O, 292)pois não sem [a ajuda de] Zeus.

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Page 548: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

548 os invariáveis: preposições

�Axri (-w)

Até a (um ponto, posição de contato > partitivo).Sentido espacial e temporal.Genitivo, naturalmente.Às vezes pode vir enfatizada com pròw, eÞw, com enfoque sobre a

direção, movimento, intenção; aí o caso é pedido pelo valor predominante(acusativo se houver movimento ou direção) ficando �xri com signifi-cado e função adverbial, sem relação de casos.

�xri t°w ¤sñdou toè ßeroè ¥kat¡rh [diÇruj] ¤s¡xei (Hdt.,2, 138)cada um dos dois [canais] fluem até a entrada do santuário (marcao ponto de chegada, não a chegada).

n®stiew �xri m�la kn¡faow (S, 369)jejunos até bem dentro da noite [na obscuridade: ponto de chegada].

�xri toè m¯ pein°n (Xen., Banq., 4.37)até não ter fome [até matar a fome: ponto de chegada].

pepoÛhken �xri t°w �Attik°w (Dem., Emb., 334)ele fez (um caminho) até à Ática (ponto de chegada).

poreuñmenow �xri pròw t¯n pñlin, (Luc., Herm., 24, 6)percorrendo (um caminho) até diante da cidade (o acusativo é domovimento, direção contido em prñw).

Pl°yow t°w katab�sevw t°w õdoè �pò t°w ¤n BabulÇnim�xhw �xri eÞw Kotævra staymoÜ ¥katòn eàkosi dæo, (Xen.,Anáb., 5, 5, 4)A extensão do caminho da descida a partir da batalha na Babilôniaaté chegar a Cotíora era de cento e vinte dois marcos.

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549os invariáveis: preposições

BÛ&

Por força de.É um instrumental petrificado e por isso requer um complemento

delimitativo, restritivo, no genitivo naturalmente.Do significado concreto �por força de� podem derivar �por causa

de, apesar de�, abstrato.

KerkuraÛouw m¯ summ�xouw d¡xesye bÛ& ²mÇn (Tuc., 1, 43, 3)não aceiteis os corcirenses como aliados por força de nós [forçadospor nós, por causa de nós].

Di� - (dæo > dÛw)

Através, por meio de.Primitivamente: espaço intermediário entre dois pontos (o ponto de

partida e o de chegada), daí o elemento separador ou intermediário entreo emissor do ato e o receptor: (falar por mensageiros); o elemento queatravessa, cortando, separando em dois (diâmetro).

Em alemão zwischen (entre dois objetos) de zwei, (dois).Essa idéia permanece em português, pelo latim: - dis-córdia, di-

ferença, dis-cernir etc.Em grego o genitivo se faz presente, naturalmente. Mas aqui não

há a idéia do percurso, travessia, como um projétil que atravessa, perfu-rando um corpo do começo ao fim, de um lado a outro; nesse caso apare-ce o acusativo, porque exprime o movimento (é a idéia de per em latim).

O genitivo marca o espaço entre o ponto de partida e o ponto dechegada, mas sem atravessar, furar, como um projétil. Poderíamos pen-sar em uma idéia de �estar no meio de, atravessado, separando�, às vezesse associando a outras preposições: ¤k, prñ.

dñru d� ôfyalmoÝo diaprñ...·lyen (J, 494)a lança chegou diante [de frente] atravessando o olho [abrindo emdois].

aàglh ...di� aÞy¡row oéranòn åke (B, 458)o brilho chegou ao céu atravessando o éter [mas o céu é o éter, por-tanto não ultrapassou].

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550 os invariáveis: preposições

di� t¡louw d¡ soi ¤ggçw parestÅw (Ésq., Eum., 64)até o fim [não ultrapassando] eu te serei/sou guarda, [presente ao lado].

keÝt� ¦ntosy� �ntroio tanuss�menow di� m®lvn (P, 298)ele [o Ciclope] estava deitado dentro do antro no meio do rebanho[estava atravessado, separando].

�p®gagon tòn �ndra di� t°w �gor�w (Xen., Hel., 2, 3, 56)eles levaram embora o homem pela praça. [não de um lado ao outro].

¤boæleto NikÛaw t¯n fulak¯n di� ¤l�ssonow eänai (Tuc., 3,51, 2)Nícias queria que o posto de guarda estivesse num intervalo menor.

filosofeÝn di� pantòw toè bÛou (Plat., Banq., 203c)filosofar durante [através] a vida toda [ela não acabou].

taèta met� kindænvn di� ÷lou aÞÇnow moxyoèsi (Tuc., 1, 70, 8)essas coisas em meio a perigos eles tentam obter durante toda exis-tência. [em meio a].

õ yeòw aétñw ¤stin õ l¡gvn di� toætvn d¢ [tÇn poihtÇn]fy¡ggetai (Plat., Íon, 534d)é a própria divindade que fala, mas ele se faz ouvir através desses, ospoetas [intermediários entre a divindade e os homens, não agentesda passiva].

di®negke tÇn �llvn basil¡vn tÇn �rx�w di� ¥autÇnkthsam¡nvn (Xen., Cir., 1, 1, 4)ele se distinguiu dos outros reis que tinham adquirido o poder poreles mesmos.

¤poreæonto di� xiñnow poll°w (Xen., An., 1, 8, 26)eles marchavam em meio a muita neve [através de].

di� dikaiosænhw Þ¡nai kaÜ svfrosænhw (Plat., Prot., 323a)ir através de justiça e moderação [por vias justas e sensatas].

p�ntew tòn Kèron di� stñmatow eäxon (Xen., Cir., 1, 4, 25)todos tinham [o nome de] Ciro na boca [atravessado].

di� makrÇn, di� braxut�tvn toçw lñgouw poieÝsyai(Plat., Górg., 449b)fazer discursos com coisas longas, com coisas muito curtas [através de].

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551os invariáveis: preposições

di� tax¡vn tòn pñlemon poieÝsyai (Xen., An., 1, 5, 9)fazer guerra com muita rapidez (por coisas rápidas).

di� makroè kaÜ m¯ ßkanÇw õrÇn ti (Plat., Teet., 193c)olhando algo [observando] de longe e não suficientemente.

¦lege di� ¥rmhn¡vw toi�de: (Xen., An., 2, 3, 17)através de um intérprete [por intermédio] ele dizia estas coisas.

¤y¡lousi di� ¤piorkÛaw te pròw toçw yeoçw kaÜ [di� ] �pistÛawpròw �nyrÅpouw pr�ttein ti (Xen., An., 2, 5, 11)eles querem realizar algo [tirar proveito] por meio de perjúrios diantedos deuses e de má fé diante dos homens.

di� m¢n �spÛdow ·lye faein°w öbrimon ¦gxow (Hom.)a poderosa lança chegou através do escudo brilhante [separando].

di� polemÛaw [xÅraw] poreæesyaimarchar através de país inimigo [não atravessando inteiro].

skñpei, �pñkrisiw pot¡ra ôryot¡ra, Ú õrÇmen, toètoeänai ôfyalmoæw µ di� oð õrÇmen (Plat., Teet., 184c)vê bem qual das duas respostas é mais correta: os olhos são aquilocom o que nós vemos, ou através do que nós vemos [por intermé-dio do que].

O acusativo está sempre ligado à idéia de movimento. Com a pre-posição di� acontece o mesmo; ela marca a travessia de um lado ao ou-tro, como se perfurasse com uma bala.

No sentido figurado também.Muitos gramáticos identificam aí uma idéia de causa: as guerras

acontecem pela posse de riquezas; o ato da guerra passa pela posse dasriquezas (em latim per, propter).

basileçw aßreÝtai oéx ána ¥autoè kalÇw ¤pimel°tai �ll� ánakaÜ oß ¥lñmenoi di� aétòn eï pr�ttvsin, (Xen. Mem., 3, 2, 3)Um rei é escolhido [escolhe-se um rei] não para que se ocupe bemde si mesmo, mas para que os que o escolheram, por meio dele, pas-sem bem. [passando por ele].

sÐzesyai di� ²m�w (Xen., An., 5, 8, 13)ser salvos por nosso intermédio [passando por nós].

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552 os invariáveis: preposições

di� ²m�w ¦xete t®nde t¯n xÅran (Xen., An., 7, 7, 7)Vós tendes [possuis] esta terra por nós [graças a nós].

toçw nñmouw, di� oîw oÞkoèmen t¯n pñlin, parab¡bhke(Dem., 19, 74 e 90)Ele transgrediu as leis, pelas quais administramos a cidade.

¤tetÛmhto êpò Kærou di� eënoian kaÜ pistñthta (Xen., An.,1, 8, 29)ele fora estimado [honrado] por Ciro, por seu bom caráter [boamente] e fidelidade.

di� tò filomay¯w eänai poll� �eÜ toçw parñntaw �nhrÅ-ta (Xen., Cir., 1, 4, 3)por ser desejoso de aprender, ele sempre perguntava muitas coisasaos presentes (aos que o acompanhavam).

¤keÝ di� kaèma oé dænantai oÞkeÝn �nyrvpoi (Xen., An., 1, 7, 6)por causa da canícula, homens não podem habitar lá.

duskolÅterow di� t¯n nñson (Isócr., 19, 26)muito mal humorado, por causa da doença.

di� t¯n tÇn xrhm�tvn kt°sin oß pñlemoi gÛgnontai (Plat.,Féd., 66b)as guerras acontecem, por causa da posse de riquezas [pela posse].

Milti�dhn eÞw tò b�rayron ¤mbaleÝn ¤chfÛsanto, kaÜ eÞm¯ di� tòn prætanin, ¤n¡pesen �n (Plat., Górg., 516e)haviam votado lançar Milcíades no báratro, e se não fosse pelopritane, ele teria caído lá.

st®laiw dialabeÝn toçw ÷rouw (Dem., 18, 154)tomar os limites na sua extensão com marcos.

yeoÜ di¡yesan t� önta (Xen., Mem., 2, 1, 27)as divindades dispuseram os seres [dis-puseram].

Observação:

Os gramáticos chamam de prevérbio pleno, isto é, com significa-do, mas sem relação, todas as vezes em que a preposição (prevérbio) nãotem um complemento expresso, isto é, uma relação espacial definida. Na

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553os invariáveis: preposições

verdade, nestes casos, a �preposição-prevérbio� está em seu sentido efunção original: advérbio.

Às vezes, também, o significado do advérbio (preposição/prevérbio)se fundem totalmente com o significado do verbo. Nesses casos, deno-minam o prevérbio/preposição de �vazios�.

Isso é ilógico. Não há significado vazio; a preposição/ prevérbioamplia, precisa o significado do verbo.

Já vimos alguns exemplos com a preposição �pñ; vamos ver agoracom a preposição di�.

tò �eÜ diam�xesyai l¡gonta t� b¡ltista (Plat., Górg., 503a)o fato de sempre lutar até o fim dizendo as coisas melhores: di�nos dá a idéia do ato de lutar do começo até o fim.

diapl¡jantow tòn bÛon eï (Hdt., 5, 92)tendo tramado completamente [até o fim] bem sua vida.

ù d¯ nekròn kaloèmen, Ú pros®kei dialæesyai kaÜ dia-pÛptein kaÜ diapneÝsyai (Plat., Féd., 80c)o que na verdade denominamos cadáver, é o que convém se dissol-ver completamente, cair completamente e se evaporar completamente.

oéd� õ xrñnow aét�w dies�fhs� oësaw ken�w (Eur., Fen., 398)nem mesmo o tempo revelou-as sendo completamente vazias.

¦fh diadej�menow tòn lñgon õ Glaækvn (Plat., Rep., 576b)e, recebendo a palavra por sua vez [de través], Glauco disse.

A diferença semântica no emprego do genitivo e acusativo aparecemais nitidamente na série de construções a seguir:

a) com genitivo:

di� dikaÛou /dikaiosænhw poreæesyaiandar pela via do justo/ da justiça; [não atravessá-la].

di� filÛaw Þ¡nai tinÛir [estar] em amizade com alguém, ser amigo de alguém [estar emmeio à amizade].

di� ôrg°w ¦xein tin�ter alguém em cólera [atravessado], [estar com raiva de alguém].

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554 os invariáveis: preposições

di� fñbou eänaiestar com medo [em meio ao medo, cercado de, numa situação demedo].

di� oédenòw poieÝsyaifazer de conta de nada [levar na conta de nada].

di� t�xouwcom pressa, em meio à pressa.

di� kefalaÛvnpelos topos, pelas cabeças, por cima, sumariamente.

di� braxut�tvn / diú brax¡vncom brevidade, pelos pontos mais curtos / por pontos rápidos.

di� tax¡vn tòn pñlemon poieÝsyaifazer a guerra com rapidez [por espaços curtos].

di� m¡yhwpor embriaguês, na embriaguês, em meio à embriaguês, daí: por causade.

di� �kribeÛawcom exatidão, por exatidão.

di� m�xhw Þ¡naiestar oferecendo batalha, estar em meio à batalha.

di� xeirÇn ¦xeinter nas mãos, ter entre as mãos.

di� stñmatow ¦xeinter na boca [atravessado na boca].

di� makroènum grande intervalo [em meio a].

di� nuktñwdurante a noite, no meio de [no correr da noite, mas não ultrapassando].

di� eàkosin ¤tÇnpor vinte anos [no intervalo de vinte anos].

di� trÛtou ¦touwjá é o terceiro ano [no intervalo de 3 anos].

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555os invariáveis: preposições

b) com acusativo:

di� toètopor isso [passando por] > causa.

di� taètapor essas coisas [passando por] > causa.

di�ù / diñpelo que/por que [passando por] > causa.

dia tÛ;por quê? > causa.

di� dÅmataatravés dos aposentos, [o ato de passar].

di� næktadurante a noite [atravessando a noite, a noite toda].

di� t¯n nñson xrÅmeya tÒ ÞatrÒpela doença [por causa de] servimo-nos do médico.

�dikÛa aét¯ di� ¥aut¯n kakñn ¤stina injustiça ela mesma [por ela mesma] é um mal [passando por elamesma].

Nos verbos compostos, nos casos em que os gramáticos chamamde prevérbios ou prefixos, di� significa movimento, extensão até o fimdo ato verbal e também difusão no espaço e no tempo, uma espécie dedivisão, que podemos ver com dis latino:

diabaÛnein passar por, percorrer, atravessardiaskopeÝn observar a fundo, atravessando, até o fim, completamentediapr�ttein realizar, fazer até o fim, completamentediapr�ttesyai realizar para si, obter, realizar [finalmente]diadidñnai dar em volta, distribuirdiaireÝn pegar por partes, distribuirdiaf¡rein levar através separando, separar, distinguirdi�gein conduzir através, atravessar [um rio, a vida]diam¡nein per-manecer, ficar até o fimdiafyeÛrein destruir completamente, corromper

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Page 556: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

556 os invariáveis: preposições

Convém notar ainda, e isso é válido para todos os verbos compos-tos, que eles têm dupla �regência�:a) o complemento do verbo, quando expresso, no caso de verbos transitivos;b) o complemento da relação espacial:

relações onde, para onde, de onde, por onde, respectivamente locativo,acusativo, genitivo e acusativo.

No caso de verbos intransitivos, prevalece a relação expressa pelapreposição:

baÛnein, andar, é intransitivo; mas, parabaÛnein toçw nñmouw- transgredir as leis, �as leis - toçw nñmouw� está no acusativo não porcausa do verbo, mas por causa da preposição, que transmite ao verbo aidéia de movimento: passar ao lado das leis.

O acusativo é pedido pela relação espacial �ao longo de, marginala�; traduzindo a expressão por �transgredir� estamos nos servindo de umametonímia: se está ao lado, se é marginal a, não está dentro, e, se nãoestá dentro, está fora, e, se está fora da lei, está contra a lei.

DÛkhn

É um acusativo de relação, adverbial petrificado, com significadode �por indicação, à maneira de�.

Pede um complemento delimitativo, restritivo: genitivo.

örniyow dÛkhn bl¡pvn �nv (Plat., Fedro, 249d)olhando lá em cima à maneira de um passarinho.

DÛxa

Em dois, cortado, separado em dois; daí a idéia de distância, afasta-mento; daí poderá vir a idéia de diferente, contrário.

Genitivo, naturalmente.Não se presta a composição.

dÛxa �riymeÝncontar separando em dois, dois grupos.

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Page 557: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

557os invariáveis: preposições

oåow �AtreidÇn dÛxa (Sóf., Aj., 750)só, sem os Atridas [afastado].

dÛxa pñlevw (Sóf., Éd. Col., 48)sem a cidade, longe [contrário] à cidade.

Eggæw / Meshgæ (-w)

Perto de (situação de toque), no meio de; a idéia de proximidadeleva à idéia de parentesco e parecença, mas com a idéia partitiva do toque,contato.

Genitivo partitivo.

¤ggçw õdoÝo (K, 274)próximo ao caminho [encostado a].

toÝw ¤ggut�tv g¡nouw meteÝnai tÇn xrhm�tvn (Aristóf.,Aves, 1665)aos em situação mais próxima da família [aos parentes mais próxi-mos] participar dos bens.

�mbliÅtousÛ te kaÜ ¤ggçw faÛnontai tÇn tuflÇn (Plat.,Rep., 508c)[os olhos] se obscurecem e aparecem próximos dos [olhos] cegos.

Êmvn messhgæw (Y, 259)entre os ombros [no intervalo das espáduas].

oß ßppeÝw �eÜ ¤ggæteron ¤gÛgnonto toè �rxontow (Xen.,Cir., 7, 5, 5)os cavaleiros sempre se encontravam próximos do comandante.

¤ggçw tÇn ¤nen®konta ¤tÇn (Plat., Tim., 21b)próximo dos noventa anos

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Page 558: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

558 os invariáveis: preposições

EÞw / ¤w < ¤nw

Para dentro de, na direção de (visando entrar), na intenção de, com afinalidade de (sentidos concreto e abstrato / figurado).

Acusativo de direção.

�deiw eÞw sautòn ¤gkÅmion (Plat., Lísis, 205d)tu estás cantando um elogio para ti mesmo [na tua direção, inten-ção, proveito].

eÞkñw se eÞw p�nta prÇton eänai (Plat., Cárm., 198a)é natural tu seres o primeiro em todas as coisas [para todas as coi-sas, para tudo].

oß Lakedaimñnioi eÞs¡balon eÞw t¯n �Attik®nOs Lacedomônios se lançaram na direção da Ática [para a Ática,contra a Ática]

¦pemcan aétoçw eÞw LakedaÛmona (Xen., Hel., 2, 2, 1)enviaram-nos para a Lacedemônia.

¤tolm®sate Þ¡nai eÞw aétoæw (Xen., 3, 2, 16)tivestes a ousadia de ir [marchar para, na direção] contra eles.

polloÜ ¦fugon eÞw M¡garamuitos se refugiaram em [fugiram para] Mégara [a idéia de movi-mento está contida em fugir, na direção de].

eÞw dikast®rion eÞsi¡naiapresentar-se ao tribunal [ingressar no tribunal, ir para dentro dotribunal].

l¡gein eÞw tò pl°yowfalar à multidão [na direção, na intenção de].

eÞw �ndraw ¤ggr�feininscrever entre os homens [para dentro do grupo dos homens].A idéia de �in-screver� é locativa, mas o resultado é a saída (implícita)

do jovem do grupo dos efebos, e �in-gresso� (para dentro) do grupo doshomens.

O português nos confunde com freqüência porque herdou do latima preposição in com dois significados e �regências�: com locativo (abla-tivo de lugar �onde� nas gramáticas) e com acusativo (�lugar para onde�).

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Page 559: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

559os invariáveis: preposições

No grego não há confusão possível; o caso é bastante claro e signi-ficativo. Assim:

¤n-pÛptv > ¤mpÛptv - eu caio dentro - locativo, em que o enfoqueé sobre o lugar da queda > locativo, eeÞspÛptv - eu caio para dentro > acusativo em que o enfoque estáno movimento da queda.

Um outro exemplo: �gravar em pedra�:Oß �AyhnaÝoi toçw nñmouw eÞw lÛyouw ¦grafonOs atenienses gravavam as leis em pedras.

Em português não percebemos que no ato de gravar o gravadorintroduz os caracteres dentro da pedra: há um movimento �para dentro�;em grego esse movimento está bem expresso:

eÞw lÛyouw gr�fein toçw nñmouw (acusativo)gravar as leis nas [para dentro de] pedras.

mas,

¤n lÛyoiw gegramm¡noi [oß nñmoi] (locativo)as leis estão gravadas em pedras [in-scritas].

tñte d� ¦mbh nhÛ Pælonde (D, 656)então ele embarcou num barco [navio] para Pilos [não repete a pre-posição: ¦mbh = ¦bh ¤n (enfoque na questão do lugar onde > locativoe não para onde)]

Ërh �n eàh . . . ²m¡aw ¤w t�w n¡aw ¤mbaÛnein t�w ²met¡raw(Hdt., 5.109)seria [era] o momento de nós embarcarmos nos nossos navios (enfo-que na questão de lugar para onde > acusativo).

¤n¡bh ¤w aét¯n [t¯n penthkñnteron] (Hdt., 3.41)ele embarcou [para dentro] nele [no navio de 50 remos].

taèt� �ra, eÞpeÝn tòn Kèron, kaÜ ¤neÅraw moi (Xen., Cir.,1, 4, 27)por essas coisas então, disse Ciro, tu me olhavas [olhavas em mim,pousavas os olhos em, locativo].

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Page 560: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

560 os invariáveis: preposições

suni¡nai eÞw tò ßerñnreunir-se no templo [a idéia da reunião supõe um movimento para,contrariamente à idéia de estar reunido no templo, ¤n tÒ ßerÒ -locativo].

lñgow diedñyh eÞw t¯n pñlino boato foi espalhado [distribuído, dado] pela [para] cidade.

eÞw t�w ¤pistol�w gr�fei (Dem., Fil., 3, 27)ele escreve [registra] nas cartas [para dentro].

¤sfagÛzonto eÞw tòn potamñn (Xen., An., 43, 3, 18)eles imolavam [as vítimas] no rio [o sangue escorria para].

�lÛskesyai eÞw �Ay®naw (Xen., Hel., 1, 1, 23)ser preso [e enviado] para Atenas.

lamb�nesyai eÞw polemÛouw (Iseu, 7, 8)ser preso [tomado e levado] para os inimigos.

eÞw t¯n êsteraÛan [²m¡ran] oék ´ken (Xen., An., 2, 3, 25)para o dia seguinte [pelo, no dia seguinte] ele não veio.

eÞw êsteraÛan gÛgnetai xeimÆn polæw (Xen., An., 4, 1, 15)no [pelo] dia seguinte aconteceu uma grande tempestade.

f�t� ¤leæsesyai µ ¤w y¡rouw µ ¤w ôpÅrhn (J, 384)ele disse haver de vir ou pelo verão ou pelo outono.

Sñlvn tòn d°mon ±leuy¡rvse kaÜ ¤n tÒ parñnti kaÜ eÞwtò m¡llon (Arist., Gov. dos At., 6, 1)Sólon libertou o povo no presente e também para o futuro.

¤dñkei eÞw t¯n ¤pioèsan §v ´jein basil¡a (Xen., An., 1, 7, 1)parecia que o rei haveria de chegar na aurora seguinte [pela aurora].

eÞw trÛthn deipn®sv ¤n t» ²met¡r& (Xen., Cir., 5, 3, 27)em dois dias [pelo terceiro dia] eu jantarei em nossa casa.

eÞw tñte (Plat., Leis, 845c)até então, até aquele tempo.

¤k paidòw eÞw g°raw (Ésqn., C. Tim., 180)desde a infância até a velhice.

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Page 561: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

561os invariáveis: preposições

eÞw t¯n nækta oß �Akarn�new �p°lyon (Xen., Hel., 4, 6, 7)pela [na entrada da] noite os Acarneanos se retiraram.

eÞw ¥sp¡ranpela tarde [para a tarde].

¦tow eÞw ¦towano para ano [entra ano sai ano, de ano a ano].

eÞw kairñn[cai, vem] no [para o] momento oportuno.

eÞw dæopor dois, dois a dois.

eÞw d¡onpara o que é preciso.

eÞw kalñna propósito, caiu bem, para bem.

eäxe tojñtaw kaÜ sfendon®taw eÞw tetrakosÛouw (Xen., An.,3, 6)[Mitridates] tinha cerca de 400, [lá pelos, 400 mais ou menos] ar-queiros e besteiros [fundibulários].

eÞw dænaminna direção da capacidade [para a capacidade segundo a].

xr®simon eÞw tòn pñlemonútil para a guerra [para a finalidade de]. Poderia ser também merarelação nominal (complemento nominal, com dativo).

xr®simon tÒ pol¡mÄ: nesse caso não haveria a idéia de finali-dade, intenção; seria complemento nominal (em português a dife-rença é muito sutil).

xr®mata �nalÛskein eàw tigastar recursos para alguma coisa [com a finalidade de].

eÞw tòn pròw ²m�w pñlemon pl¡on µ pentakisxÛlia t�lan-ta par¡sxepara essa guerra contra nós [o rei dos persas] forneceu [aos esparta-nos] mais do que 5.000 talentos.

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Page 562: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

562 os invariáveis: preposições

eålon tri®reiw t�w p�saw ¤w t�w diakosÛaw (Tuc., 1, 100, 1)eles tomaram todas as trirremes até 200.

oék eÞw periousÛan ¤pr�ttet� aétoÝw t� t°w pñlevw (Dem.,Ol., 3, 26)as coisas da cidade não se lhes faziam para enriquecimento.

eÞw x�rin �podoènai (Tuc., 2, 40, 5)pagar [retribuir] para agradecimento [em vista de].

eÞw �ndreÛan �Ervti oéd¢ �Arhw �nyÛstatai (Plat., Banq., 196d)para a coragem [em relação à coragem] para o Amor nem mesmoAres se coloca contra.

�AyhnaÝow eä, pñlevw t°w megÛsthw kaÜ eédokimvt�thw eÞwsofÛan kaÜ Þsxæn. (Plat., Apol., 29d)tu és ateniense [de Atenas], da cidade que é a maior e a mais afa-mada para a sabedoria e para o poder.

eÞw tñde ´komenchegamos a isto [para isto].

eÞw toèto yr�souw kaÜ �naideÛaw �fÛketo (Dem., 21, 194)ele chegou a isso [esse ponto] de audácia e impudência.

eÞw tosoètñn eÞsi tñlmhw �figm¡noi (Plat., Lís., 12, 22)eles chegaram a um ponto tão grande de ousadia.

frñnimow eÞw tú t°w pñlevwsensato [moderado, prudente] para as coisas da cidade [em relação a].

eÞw êm�w l¡geindirigir a palavra a [para] vós.

YesmoforÛoiw Õxeto eÞw tò ßerñn (Plat., Lís., 1, 20)nas Tesmofórias ele se dirigia ao templo.

�ndrÇn sç faælvn örkouw eÞw ìdvr gr�fe (Prov.)Juramentos de homens levianos inscreve [tu] na água [para].

eÞw �Ell®sponton eÞs¡plei (Xen., Hel., 1, 1, 2)[Dorieu] entrou [navegando, de barco] no Helesponto [para dentro do]

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563os invariáveis: preposições

Eàsv

Para dentro de, para dentro do espaço de.Não é uma preposição, na medida em que não se presta a composição.Mas tem um valor espacial, adverbial e se usa nas relações de tem-

po e espaço com complemento restritivo, limitativo.Daí o emprego do genitivo.O enfoque é sobre o complemento limitativo e não sobre o movimento.

tò M¡nvnow str�teuma ·n eàsv tÇn ôrÇn (Xen., An., 1, 2,21)a expedição de Mênon estava dentro [no interior] das montanhas.

par°lyon eàsv aétoè [toè teÛxouw] (Xen., An., 2, 4, 12)eles fizeram o caminho [acompanhando] por dentro da própriamuralha.

aß eàsv st¡ghw (Sóf., Traq., 202)as [que estão] dentro da morada [teto]

�Ek / ¤j

¤k diante de consoante; ¤j diante de vogal; de (oposto a eÞw), (la-tim: ex/e): de dentro para fora (no espaço e no tempo), a partir de, de,origem, ponto de partida, de iniciativa.

Naturalmente pede genitivo (genitivo-ablativo), porque significaseparação, origem, ponto de partida, parte. Concreto e abstrato (figurado).

¤k Sp�rthw feægeiem exílio de Esparta [banido de Esparta].

¤k deji�wà direita [a partir da direita].

¤k yal�tthwdo mar [a partir do mar].

¤k paÛdvndesde a infância [a partir da infância].

¤k palaioè [xrñnou]desde antigamente, desde o tempo antigo.

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564 os invariáveis: preposições

¤k toè deÛpnouda refeição [imediatamente] depois da refeição [de dentro de].

¤k patròw xrhstoè paÝdew faèloi gÛgnontaide pai honesto nascem filhos vis.

·san aß �IvnikaÜ pñleiw Tissaf¡rnouw, tò �rxaÝon, ¤k ba-sil¡vw dedom¡nai, (Xen., An., 1, 1, 6)As cidades jônicas eram, antigamente, de Tissafernes, doadas pelorei [da parte do rei].

lñgon ¤k lñgou l¡geinfazer um discurso a partir de outro [tirando do outro, segundo, se-guindo o outro].

¤k tÇn õmologoum¡nvna partir das coisas acordadas.

¤j àsouigualmente [a partir de igual, de igual].

¤j �¡lptoude improviso [a partir do inesperado].

¤j �prosdok®toude improviso [a partir do não conveniente].

t� ¤k t°w g°w fuñmena (Xen., Mem., 4, 3, 10)as coisas que nascem da terra [a produção da terra].

paÝdew aétÒ oék ¤gÛgnonto ¤k t°w gunaikñw (Xen., Hel., 6,4, 37)não lhe nasceram filhos dessa mulher.

¤k xrusÇn pÛnomen fialÇn (Xen., Cir., 5, 3, 3)nós bebemos de taças de ouro.

J¡rjew ¤k t°w �Ell�dow �pexÅrei (Xen., An., 1, 2, 9)Xerxes saia da Grécia [estava abandonando a Grécia].

pÇw ¦xei ¤k toè traæmatow ; (Xen., Cir., 5, 4, 10)como ele está depois do ferimento? [a partir de].

¤bouleæonto ¤k tÇn parñntvn (Tuc., 3, 29, 2)eles deliberavam a partir dos acontecimentos presentes.

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Page 565: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

565os invariáveis: preposições

boælontai ¤k pantòw trñpou kakÇw me poieÝn (Lís., 14, 1)eles querem de toda maneira [a partir de] me prejudicar.

toçw ¤pistrateuom¡nouw ¤k t°w xÅraw ¤j¡bale (Licof. c.Leócr., 98)ele expulsou do país os que avançavam sobre ele [o país].

�fiknoènto ¤k t°w �Ell�dow aß presbeÝai (Xen., An., 6, 1, 4)da Grécia chegavam as embaixadas.

¤j �gor�w ¤kp¡pratai taèta (Dem., Fil., 3, 36)essas coisas são compradas no mercado (do mercado).

¤k t°w yal�tthw �pasa êmÝn ³rthtai ² svthrÛa (Xen.,Hel., 7, 1, 6)toda a vossa salvação depende do mar [está dependurada, depen-dente de, é a partir de].

¤j �d�mantow (Plat., Rep., 616c)de aço [coisa dura].

¤j �rx°wdesde [do] princípio.

¤j ÷toudesde o que.

oß ¤j ¤keÛnvn gegonñtew (Lís., 2, 17)os que nasceram deles.

oék ¤k xrhm�tvn �ret¯ gÛgnetai, �ll� ¤j �ret°w xr®-mata (Plat., Ap., 30b)a virtude não se origina dos bens, mas os bens, da virtude.

toèto ¤poÛei ¤k toè xalepòw eänai (Xen., An., 1, 6, 9)ele fazia isso por ser severo [do fato de, a partir de].

z°n ¤k toè sukofanteÝnviver da delação [de ser sicofanta].

ploæsioi gegñnasin ¤k tÇn êmet¡rvn (Lís., 28, 8)eles ficaram ricos às vossas custas [a partir de vossos bens].

¤j �n�gkhwpor necessidade, a partir da necessidade.

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Page 566: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

566 os invariáveis: preposições

¤k xeirñwde perto [ao alcance da mão, a partir da mão].

¤k tÇn parñntvna partir das coisas [circunstâncias] presentes.

¤k tÇn loipÇna partir do restante [para o futuro].

¤k toè ¤mfanoèwa partir do manifesto, a descoberto.

Como as outras preposições, ¤k / ¤j se presta a composições comverbos, semanticamente compatíveis; também nesse caso podemos ob-servar duas �regências�, isto é, se a relação de lugar está expressa, ela estáno genitivo-ablativo:

¤j¡lyete dñmvnsaí dos aposentos.

mas se, além da relação espacial houver um complemento do verbo, esseestará no caso conveniente:

¤j�gete dñmvn tòn doèlonretirai dos aposentos o escravo.

Pode acontecer também que o significado da preposição se fundacom o significado verbal e com ele produza um todo significativo; nessecaso observamos que ¤k / ¤j trazem ao verbo uma idéia:

� ou de um início abrupto da ação:¤kgel�v irrompo numa gargalhada

� ou de um acabamento, esgotamento da ação:¤jerg�zomai eu executo, realizo, completamento (a obra).

Vê-se aí uma fusão de significados, o que leva alguns gramáticos adenominar essas preposições de prevérbios vazios.

Não cremos que a multiplicação de epítetos contribua de maneiraeficiente para tornar claras as relações entre as palavras.

O que acontece nesse caso, como em muitos outros de verbos ounomes compostos, é uma ampliação do significado primeiro, original, doadvérbio/preposição; mas nunca há um esvaziamento do significado. Alinha semântica se mantém; só ela é a segurança do falante.

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Page 567: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

567os invariáveis: preposições

�Ek�w, §kaw

Longe, distante.Genitivo, naturalmente.

lÛhn g�r nhÇn ¥k�w ·lyomen (J, 469)pois chegamos bem longe das naus.

�Ektñw [¦ktos-yen] fora de.

Relação espacial em que o enfoque não está na relação �para forade�, mas sim sobre o complemento restritivo, limitativo: fora do quê?

Genitivo, naturalmente.

¤ktñw tinvn ôlÛgvn �posb¡nnuntai (Plat., Rep., 498a)fora um pequeno número, eles se estinguem.

¤ktòw t°w ²met¡raw öcevw (Plat., Rep., 499c)fora de nossa visão [do alcance de].

kæmatow ¤ktòw ¦erge n°a (M, 219)segura a nau fora da onda [do alcance de].

zhlÇ s� õyoænek� ¤ktòw aÞtÛaw kureÝw (Ésquilo, Prom., 330)eu te invejo pelo que te achas fora de culpa.

�En

-¤g- antes de g,k,x, -¤m- antes de b,p,f - (Hom. ¤nÛ, eÞnÛ, eÞn)-(latim: in, inter), em, dentro de (estático), no meio de (estático), nas rela-ções de espaço e de tempo, sentido concreto ou figurado.

Locativo (dativo de lugar para as gramáticas).

¤n �Ay®naiwem Atenas.

¤n t» pñleina cidade [nesta cidade].

¤n t» �Ell�dina Grécia.

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Page 568: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

568 os invariáveis: preposições

¤n �Aidou (oàkÄ)no Hades [na casa de].

² ¤n SalamÝni naumaxÛaa batalha naval em [de] Salamina.

² ¤n MarayÇni m�xha batalha de [em] Maratona.

tñte t¯n ¤n NotÛÄ ¤nÛkhse naumaxÛan (Xen., Hel., 2, 1, 6)Então [Lisandro] foi vencedor da batalha naval em Notium.

¤n d®mÄ l¡geinfalar no meio do povo.

¤n nomoy¡taiw nñmon y¡syaicolocar [estabelecer, fazer] uma lei, entre legisladores [nas mãos de],[no meio de].

¤n m�rtusinentre as testemunhas.

¤n toætoiwentre esses, entre essas coisas.

¤n p¡ltaiw, tñjoiw diagvnÛzesyaicombater em meio a escudos, arcos.

¤n ÷ploiw pareÝnaiestar em armas [de prontidão].

¤n ôfyalmoÝw õr�nver diante dos olhos, nos olhos.

¤n toætÄ tÒ ¦teinesse ano.

¤n ôlÛgaiw ²m¡raiwem poucos dias [dentro de].

¤n tÒ ¤mÒ lñgÄ me ¤legj�tv (And., Mist., 35)que ele me refute no meu discurso [meu tempo de falar].

¤n tÒ ¤mÒ ìdati (Dem., Cor., 139)na minha água [durante o meu tempo da clepsidra].

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Page 569: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

569os invariáveis: preposições

¤n ôrg» ¦xein tin�ter alguém em ódio [guardar raiva de alguém].

¤n soÜ p�nta ¤stÛn (Xen., Ec., 7, 14)tudo está [apoiado] em ti [tudo depende de ti].

¤n tÒ yeÒ tò t°w m�xhw t¡lowo fim [êxito] da batalha está na divindade [apoiado em, nas mãosde].

¤n soÜ túw ¤lpÛdaw ¦xousi t°w aêtÇn svterÛawEm ti eles colocam as esperanças de sua própria [deles mesmos]salvação, (Isócr., 5, 55)

¤n tÒ dikaÛvw �rxein ² pñliw sÅzetaino governar com justiça a cidade é salva.

Kèrow ¤paideæyh ¤n PersÇn nñmoiwCiro foi educado nas leis dos persas.

¤n t¡xnú tinÜ eänaiser [estar] hábil em alguma arte.

¤n kairÒno momento oportuno.

¤n t�jeiem fileira, [em ordem unida].

Como as outras preposições, também ¤n se compõe com verbossemanticamente compatíveis e acrescenta o seu significado ao do verbo.

Algumas vezes, contudo, há uma aparente inflexão à regra: noscasos em que ¤n, que tem significado estático, se compõe com verbos demovimento. Já vimos isso ao comentarmos a preposição eÞw (¤mpÛptv/ eÞspÛptv); depende do ponto de vista, em que o enfoque se faz: sobreo movimento ou sobre o lugar onde:

cair para dentro / cair dentro

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Page 570: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

570 os invariáveis: preposições

�En-anta / ¦nanti / ¤nantÛon

Em face de, em presença de.Seriam dois acusativos adverbiais ou acusativos de relação, petrifi-

cados (¦nanta - ¤nantÛon) e um locativo petrificado (¦nanti).O genitivo de complemento nominal delimitativo, restritivo, de

separação é natural.

¤nantÛon �p�ntvn l¡gein (Tuc., 6, 25, 1)falar diante de todo o mundo, do lado oposto, contrário.

oß m¢n yeoÜ �nta yeÇn àsan (U, 75)os deuses foram contra deuses.

² kardÛa sou oék ¦stin eéyeÛa ¦nanti toè Yeoè (Atos Apóst.,8, 21)o teu coração não está direito diante de Deus.

�Eneka / eáneka / §neken

Por causa de, pela razão de ser de um fato, em vista de.Também seria um acusativo petrificado e o genitivo se explica pela

necessidade do complemento delimitativo, determinativo, restritivo oude separação, na medida em que a idéia de �por causa de� implica tam-bém na idéia de �em troca de�.

Sempre posposto ao nome.Repousaria sobre um antigo tema significando vontade *Wekat-,

*Wekht-, §kati/§khti.

ìbriow §neka t°sde (A, 110)por causa desta ofensa [em razão de].

dokeÝ... oðtow... dedhlvk¡nai ÷ti �ret°w g � §neka kaÜ toè bel-tÛvn gen¡syai p�n �n pantÜ proyumhyeÛh (Plat., Banq., 195b)ele parece ter deixado claro que por causa da virtude e de se tornarmelhor desejaria tudo por tudo.

�Apñllvnñw g� §khti (u, 86)por vontade de Apolo.

¦rgou d� §kati toède mhnÛsaw (Sóf., Traq., 274)tendo-se irritado por causa deste ato

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Page 571: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

571os invariáveis: preposições

�Entñw

Dentro de (latim - intus)O enfoque está na relação locativa �dentro de�, situação de imobilida-

de, mas sobretudo no complemento limitativo, restritivo: dentro do quê?Genitivo, naturalmente.

¤yn¡vn tÇn ¤ntòw �Aluow potamoè (Hdt., 1, 6)dos povos de dentro do rio Hális [do lado de cá].

¤ntòw ¥sp¡raw (Xen., Cir., 4, 11)dentro da tarde [antes da noite].

¤ntòw draxmÇn pent®konta (Plat., Leis, 953)dentro de 50 dracmas [não passa de].

katoikoèmen ¤ntòw ÷rvn �HrakleÛvn (Plat., Tim., 24c)nós habitamos dentro, [do lado de dentro, de cá] das colunas deHércules.

¤ntòw oé polloè xrñnou (Antif., Assas. de Her., 69)dentro de [no decorrer de] não muito tempo.

¤ntòw triÇn mnÇn kekt°syai (Arist., Gov. dos At., 49, 4)possuir [estar de posse de] dentro de (cerca de) 3 minas [não além de].

�Ejv

Fora de (latim foras, foris)O enfoque não está na relação de lugar �de onde� no sentido de

proveniência, mas no enfoque sobre o complemento limitativo, restritivo:fora do quê?

Genitivo, naturalmente.

¦jv teÛxouw Þ¡nai, (Plat., Fedro, 230b)ir fora das muralhas [do lado de fora].

¦jv toætvn Ïn eàrhkaw (Xen., Hier., 1, 7)fora dessas coisas que disseste.

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Page 572: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

572 os invariáveis: preposições

�Ejvyen

O mesmo que o anterior, apenas reforçado com a partícula -yen,que enfatiza a idéia de separação.

Genitivo naturalmente.

sugkay®menoi ¦jvyen tÇn ÷plvn ¤jaÛfnhw �koæomenyoræbou polloè (Xen., 5, 7, 21)reunidos, instalados desarmados (fora dos equipamentos), de repen-te ouvimos muita algazarra.

�Ep¡keina

Do lado de lá, ultrapassando, ulteriormente; idéia de separação.Genitivo, naturalmente.

�n¡bainon toè �HerakleÛou ¤p¡keina (Xen., Hel., 5, 1, 10)eles subiram além do [templo] de Heraclés.

õrm�n eÞw tò ¤p¡keina t°w g°w (Plat., Féd., 112b)dirigir-se até além da terra.

�EpÛ

¤p- diante de vogal não aspirada, ¤f- diante de vogal aspirada).Em cima, sobre (contato pleno, estático) > locativo (dat. nas gra-

máticas), idéia de acréscimo, superposição.Sentido figurado: acréscimo; sobre, apoio parcial (pontual) > geniti-

vo (partitivo).Sobre / para cima de, com movimento, direção, intenção > acusativo.

Locativo:

¤pÜ xyonÜ sÝton ¦dontewque comem pão no chão [sentados no chão].

oß �AyhnaÝoi eäxon ¤mpñrion ¤pÜ tÒ stñmati toè Strumñnowos atenienses mantinham um entreposto na embocadura do Strimon.

¤pÜ t» yal�ttú oÞkeÝnhabitar sobre o mar [à margem de, na orla, em cima].

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Page 573: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

573os invariáveis: preposições

oß ¤pÜ p�sios sobre todos [os que seguem o exército], a retaguarda.

¤pÜ tÒ trÛtÄ shmeÛÄ §pesy¡ moi[no] sobre o terceiro sinal, [em cima do terceiro sinal] acompanhai-me.

oß ¤pÜ toÝw kam®loiwos sobre os camelos [os que vigiam sobre, os encarregados].

¤pÜ toÝw ¦rgoiw diatrÛbeinocupar-se com os trabalhos [passar o tempo sobre os trabalhos].

¤pÜ toÝw polemÛoiw eänaiestar sobre os inimigos [sobre os inimigos, em cima de, em posiçãode ataque].

xaÛrein ¤pÛ tinialegrar-se com alguma coisa [baseado em].

�ganakteÝn ¤pÛ tinicontrariar-se com [sobre] alguma coisa, [reclamar].

¤pÜ tñkoiw daneÛzeinemprestar sobre juros.

¤pÜ êmÝn keÝtai õ nñmowsobre [contra] vós jaz [está disposta] a lei.

l¡gein ¤pÛ tinifazer um discurso sobre algo/alguém.

tò ¤p� ¤moÛno que está sobre mim [quanto a mim, no que me concerne].

tò ¤pÜ p�si toÝw sÅmasi k�llow (Plat., Banq., 210a)a beleza que está em [sobre] todos os corpos.

toÝw polemÛoiw �p®nthsan ¤pÜ toÝw ôrÛoiw t°w BoivtÛaw(Licof., C. Leócr., 47)eles se encontraram com os inimigos sobre as fronteiras da Beócia[perto de].

¤f� �pasin ²mÝn �nÛstatai Dhmosy¡nhw (Ésqn., Emb., 49)sobre todos nós Demóstenes se sobrepõe [está por cima].

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Page 574: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

574 os invariáveis: preposições

semnænesyai ¤pÜ taÝw tÇn progñnvn �retaÝw, (Isócr., 16, 29)orgulhar-se sobre as virtudes dos antepassados.

gevrgÛai ¤pÜ metrÛaiw misyÅsesi (Isócr., Aerop., 32)arrendamentos sobre contratos [pagamentos] moderados.

¤pÜ àsú kaÜ õmoÛ& (Tuc., 1, 27, 1)sobre [condição] igual e parecida [semelhante].

tÒ g�r ¤pÜ fresÜ y°ke ye� leukÅlenow �Hrh (A, 55)a este a deusa de braços alvos, Hera, pôs na mente [por inteiro].

fñnow ¤pÜ fñnÄ �xea t� �xesin (Eur., If. T., 197)assassinato sobre assassinato, dores sobre dores.

�p®ggellon oß pr¡sbeiw ¤f� oåw oß Lakedaimñnioi poioÝn-to t¯n eÞr®nhn (Xen., Hel., 2, 4, 32)Os embaixadores passaram a anunciar sobre que [condições] os La-cedemônios fariam a paz.

¤pÜ soÜ m�la poll� ¦payon (I, 492)sobre ti [em cima de ti, por causa de ti] eu sofri muitas coisas.

t¯n genom¡nhn ¤pÜ tÒ M®dÄ summaxÛan (Tuc., 1, 102)a aliança acontecida sobre o Medo [rei da Pérsia] [às custas de].

Éw ·n ´liow ¤pÜ dusmaÝw (Xen., An., 7, 3, 34)como o sol estava sobre seu poente.

¤pÜ soÛ ¤sti l¡gein (Xen., Mem., 6, 36)está sobre ti falar [tu podes, está em teu poder ...].

¤pÜ tÒ sÛtÄ eéyæw �rxÅmeya pÛnein ìdvr (Xen., Cir., 6, 2, 27)sobre os alimentos [depois de] imediatamente [direto] comecemos atomar água.

¤pÜ toætoiwem cima dessas coisas, sobre, depois.

plhg�w labeÝn ¤pÛ tini (Xen., Cir., 1, 3, 16)receber pancadas a propósito de algo [sobre, por causa de].

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Page 575: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

575os invariáveis: preposições

¤pÜ m¢n ¤pÇn poi®sei �Omhron m�lista teyaæmaka, ¤pÜd¢ tragÄdÛ& Sofokl¡a ¤pÜ d¢ �ndriantopoiÛ& Polæklei-ton ¤pÜ d¢ zvgrafÛ& Zeèjin (Xen., Mem., 1, 4, 3)sobre [na] a poesia épica eu admiro [estou admirado] sobretudo Ho-mero; sobre [na] a tragédia, Sófocles; sobre [na] a escultura [esta-tuária] Políclito e sobre [na] a pintura [de animais] Zeúxis.

Genitivo: (partitivo, metafórico).

Kèrow proéfaÛneto ¤f� �rmatowCiro aparecia na frente sobre a carruagem (apoio parcial).

t» ¤pÜ Yr�khwas regiões sobre a Trácia (limítrofes a/uma parte de).

¤pÜ S�mou pleÝnnavegar sobre Samos (metonímia > um ponto qualquer de Samos).

O genitivo marca com freqüência a idéia contrária (contra), tam-bém com outras preposições.

Há coerência nisso; na relação contra, além do impulso, movimen-to (acusativo) podemos ver o espaço que separa, o ponto de partida ou adiferença de cima para baixo (genitivo).

¤pÜ KroÛsou �rxontowsobre Creso reinante [num ponto qualquer do reinado de Creso, emCreso reinante, no reinado de Creso].

¤pÜ toè prot¡rou pol¡mounum momento, num ponto qualquer da guerra anterior.

oß ¤pÜ pragm�tvnos que estão sobre os negócios (metafórico).

�Alkibi�dhw ¦plei ¤pÜ t°w ¤m°w neÅw (Lís., 21, 6)Alcibíades viajava no meu barco (apoio pontual, parcial).

yæein ¤pÜ tÇn bvmÇn (Xen., Mem., 1, 1, 12)oferecer sacrifício sobre os altares (apoio pontual).

õr�n ·n ¤pÜ tÇn yurÇn gunaÝkaw (Licof. C, Leócr., 40)era possível ver mulheres nas portas (apoio pontual).

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Page 576: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

576 os invariáveis: preposições

kat�skopon p¡mcai ¤pÜ LudÛaw (Xen., Cir., 6, 1, 31)enviar um espião à Lídia (metonímia, pontual).

�nexÅrhsan ¤p� oàkou (Tuc., 1, 30, 2)eles se retiraram para casa (metonímia).

parelyÆn ¤pÜ Yr�khw (Dem., Cor., 87)tendo-se apresentado na Trácia (metonímia).

¤p� ¤jousÛaw kaÜ ploætou poneròn eänai (Dem., Mid., 138)ser malvado no poder e na riqueza (metonímia).

�ll� ¤pÜ p�ntvn faÛnetai proúrhm¡now m� êbrÛzein (Dem.,Mid., 38)mas é visível que sobre todas as coisas ele, deliberadamente se dispõea me provocar (metafórico).

eäpen, ¤pÜ kaloè l¡gvn paidñw eélabeÝsyai (Plat., Cárm., 155b)ele disse, falando sobre um belo rapaz, para tomar cuidado (metafórico)

¤pÜ tÇn �delfÇn tò aétò toèto �gnooèsin (Xen., Mem.,2, 3, 2)essa mesma coisa eles desconhecem sobre [seus] irmãos (metafórico).

� ¤pÜ tÇn �llvn õr�te taèt� ¤f� êmÇn aétÇn �gnoeÝte(Isócr., Paz, 114).as coisas que vós olhais [vedes] sobre os outros, essas vós ignoraissobre vós mesmos (metafórico).

¤pÜ k¡rvnem colunas [alas] (metafórico).

¤pÜ kairoèa propósito [sobre a oportunidade] (metafórico).

¤pÜ kefalaÛvnpor capítulos [por resumos] (metafórico).

¤pÜ t°w ôligarxÛawsob a oligarquia, [na oligarquia] (num momento > pontual > partitivo).

¤pÜ t°w dhmokratÛawsob a democracia, [na democracia] (num momento > metafórico/pontual).

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Page 577: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

577os invariáveis: preposições

¤f� ²mÇnnos nossos dias (num momento > metafórico/pontual).

¤pÜ kefal°w f¡rein ti (Xen. An.4.3.6)portar algo sobre [na] cabeça (metafórico/pontual).

Acusativo: sobre, em cima de, associado à idéia de movimento, fi-nalidade, intenção.

�nabaÛnein ¤f� ápponmontar a cavalo, subir no cavalo (movimento).

¤pÜ p�san t¯n �AsÛanpor toda a Ásia (extensão).

¤pÜ d¡ka ¤tÇn misyoèncontratar por dez anos (extensão).

strateæein ¤pÛ tinafazer uma expedição contra [sobre] alguém (movimento).

bohyeÝn ¤pÛ tinavir em socorro a alguém.

¤pÜ y®ran Þ¡naiir com intenção de caçar.

¤p� aétò toèto p�reimié para isso mesmo que estou presente.

Éw ¤pÜ tò polæcomo muitas vezes, [como sobre outras vezes].

tò ¤p� ¤m¡no que me concerne.

àtv tiw ¤f� ìdvr (Xen., Cir., 5, 3, 50)alguém vá à água [vá buscar água, vá por água].

yuom¡nÄ aétÒ ¤pÜ treÝw ²m¡raw oék ¤gÛgneto t� ßer�(Xen., An., 6)a ele [Cleandro] que oferecia sacrifícios por três dias [sobre trêsdias] não aconteciam sinais sagrados [presságios].

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Page 578: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

578 os invariáveis: preposições

õ �Efi�lthw kayÛzei ¤pÜ tòn bvmñn, (Arist., Gov. dos At., 25, 3)Efialtes vai sentar-se sobre o altar (mov.).

¤p� �ret¯n �gein toçw n¡ouw (Xen. Caça, 13, 1)conduzir os jovens para a virtude.

¤p� �spÛda (Xen., Cir., 7, 5, 6)sobre [contra] o escudo [isto é, sobre a esquerda]

¤pistrateæein ¤pÜ toçw ¤nageÝw, (Ésqn., C. Ctes., 108)fazer uma expedição sobre [contra] os ímpios.

tò ömma dænatai ¤pÜ poll� st�dia ¤jikneÝsyai (Xen.,Mem., 1, 4, 17)a vista é capaz de chegar [completamente] (alcançar) sobre muitosestádios.

¤pÜ §j µ ¥pt� ²m¡raw �nyÅrmoun (Tuc., 2, 86, 5)por [sobre = duração] 6 ou 7 dias eles estavam ancorados.

¤pÜ ¦th trÛa toçw tÇn tur�nnvn fÛlouw Èstr�kizon(Aristót., Gov. dos At., 22, 6)por três anos [sobre] eles exilavam os amigos dos tiranos.

aßroèntai d¡ka tÇn politÇn aétokr�toraw ¤pÛ t¯n toèpol¡mou kat�lusin (Aristót., Gov. dos At., 38, 1)eles escolhem dez plenipotenciários dentre os cidadãos para a ces-sação da guerra.

oß YhbaÝoi p¡mpousin ¤pÜ duoÝn tri®roin �ndraw ¤pÜ sÝton(Xen., Hel., 5, 4, 56)os tebanos enviam homens sobre duas trirremes para [buscar] tri-go, [por trigo].

¤pÜ p�nsobre tudo [em relação a tudo].

¤pÜ pñdapé sobre pé.

¤p� àson[sobre igual] igualmente.

·lye ¤pÜ n°aw �AxaiÇn (A, 12)ele chegou às [sobre] naus dos Aqueus.

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Page 579: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

579os invariáveis: preposições

÷ss� te gaÝan ¦pi pneÛei te kaÜ §rpei (P, 447)quantos [seres] respiram e rastejam [por] sobre a terra.

²meÝw g�r �gnoÜ toépÜ [tò ¤pÜ] t®nde t¯n kñrhn (Sóf., Ant.,889)na verdade nós estamos puros no que se refere a [no que é sobre]esta jovem.

EéyeÛan

eéyæ, eéyæwDireto, rumo a, na direção de, com complemento limitativo, restri-

tivo, partitivo, pontual.Genitivo, naturalmente.

eéyeÛan é um acusativo de relação e contém implícita õdñn (ca-minho, rota, roteiro). Eéyæ é o neutro no acusativo de relação e eéyæw éuma variante do anterior, apenas com o -w protegendo a vogal.

¦pleon eéyç L¡sbou (Xen., Hel., 1, 2, 11)eles navegavam direto para Lesbos [para um ponto de Lesbos - noçãopartitiva].

�Evw

Até, na direção de.Com idéia de movimento sugere um acusativo de direção.Mas quando prevalece o enfoque do ponto de chegada, a idéia de

contato sugere o genitivo partitivo.

§vw oð �p¡dejan �p�saw aét�w (Hdt., 2, 143)até que (o que) eles fizeram a exposição de todas (as estátuas).

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Page 580: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

580 os invariáveis: preposições

Kat�

kat� antes de vogal não aspirada, kay� antes de vogal aspirada.� de cima para baixo, extensão sobre uma coisa, deslizante; daí às vezes

tem um sentido distributivo, em relação a alguma coisa, uma direção paraalguma coisa, no tempo e no espaço, acusativo (concreto e figurado);

� de cima para baixo, perpendicular (ou partitivo, contato com a super-fície), abrupto (adv. k�tv - em baixo), daí contra (concreto e figura-do), genitivo.

Genitivo:

b° d¢ kat� Oélæmpoio kar®nvn (A, 44)ele desceu dos cimos do Olimpo.

taèta m¢n d¯ kat� p�ntvn PersÇn ¦xomen l¡gein (Xen.,1, 2, 16)são, na verdade, essas as coisas que temos a dizer contra os Persas todos.

kat� xyonòw ¦kruce (Sóf. Ant. 24)ela enterrou [o irmão] debaixo da terra [para baixo da terra >partitivo].

tòn kat� g°w (Xen., Cir., 4, 6, 5)o debaixo da terra [para baixo > partitivo].

áento kat� pranoèw ghlñfou (Xen., An., 1, 5, 8)eles se lançavam da descida da colina.

¤leÛbeto aét» t� d�krua kat� tÇn pareiÇn (Xen. Cir.,6, 4, 3)As lágrimas escorriam-lhe pelas faces.

mæron kat� t°w kefal°w kataxeÝn (Plat., Rep., 398a)fazer escorrer perfume de sobre a cabeça.

² d¢ �AtlantÜw n°sow kat� t°w yal�tthw dèsa ±fanÛsyh(Plat., Tim., 24c)a ilha Atlantis [Atlântida] tendo mergulhado no mar [para baixo,mar abaixo] desapareceu.

oék Êknoun kat� aétoè l¡gein FilÛppou (Ésqn., Emb., 30)eu não tinha medo de falar contra o próprio Filipe.

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Page 581: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

581os invariáveis: preposições

t¯n eÞr®nhn kat� t°w patrÛdow throèsin (Dem., Cor., 89)eles procuram a paz contra a pátria.

trñpaion st®somen kay� ²mÇn aétÇn (Isócr., Arq., 10)nós levantaremos um troféu contra nós mesmos.

polçw ¦painow ·n kat� t°w ²met¡raw pñlevw (Ésqn., C.Ctes., 124)havia um grande louvor �contra� nossa cidade (na direção de, a res-peito de: metáfora].

kat� t°w g°w êpodæomai épò t°w aÞsxænhw �koævn taèta(Xen., An., 7, 7, 11)eu me enfio na terra [sob a terra] sob efeito de vergonha ouvindo[ao ouvir] essas coisas.

prÇton m¢n mnhsy®somai, Î �ndrew, ù teleutaÝon kat�¤moè eäpe (Xen., Hel., 2, 32, 35)em primeiro lugar vou relembrar, senhores juízes, o que por últi-mo ele [Crítias] falou contra mim.

m�rturaw parasxeÝsyai kat� tinow (Plat., Górgias, 472a)apresentar testemunhas contra alguém.

Acusativo:

¦pleon kat� tòn potamñn (Hdt., 3, 109)eles navegavam descendo o rio.

kat� t¯n poreÛan (Ésqn., Emb., 56)no curso da expedição [acompanhando].

tò ìdvr kat� toçw t�frouw ¤xÅrei (Xen., Cir., 7, 5, 16)a água se escorria pelas trincheiras.

proelyeÝn kat� t¯n õdñn (Xen., An., 4, 2, 16)avançar pelo caminho [seguindo o caminho].

¦sthsen �Erm�w kat� t�w õdoæw (Plat., Híp., 228b)ele erigiu Hermas ao longo dos caminhos.

plan�tai f®mh kat� t¯n pñlin (Ésqn., C. Tim., 127)um boato paira sobre a cidade (se estende).

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Page 582: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

582 os invariáveis: preposições

¦xidnai kat� p�san t¯n g°n eÞsi (Hdt., 4, 44)há víboras por todo o país.

kat� g°n kaÜ kat� y�lattan (Xen., Hel., 2, 1, 10)por terra e por mar.

¦kplhjin kat� te toçw �groçw kaÜ ¤n t» pñlei ¤poÛhse(Xen., Hel., 4, 7, 3)ele provocou uma estupefação nos campos [pelos campos: acusativode extensão] e também na cidade (locativo).

keÝtai ² KefallhnÛa kat� �AkarnanÛan (Tuc., 2, 30, 2)a Cefalênia está situada à altura da Acarnânia.

Éw kat� �Abrad�tan ¤g¡neto ¦sth (Xen., Cir., 7, 1, 13)assim que ele �aconteceu� [chegou] à altura de Abradata, estacionou.

¦yento t� ÷pla kat� t¯n õdòn t¯n ¤pÜ t¯n �kr�n f¡rou-san (Xen., An, 5, 2, 19)colocaram as armas ao longo da rua que levava à parte alta da cida-de [cidade alta].

oß kat� toçw �Ellhnaw tetagm¡noi (Xen., An., 2, 3, 19)os que estavam organizados [enfileirados] contra os gregos. Aqui o acu-sativo enfoca mais o movimento, a intenção, do que o espaço que separa.

õ Lukoèrgow kat� toçw �HrakleÛdaw l¡getai gen¡syai(Xen., Rep. dos Lac., 10, 8)dizem que Licurgo existiu no tempo dos Heráclidas.

m¡gistow ·n tÇn kay� aêtñn (Xen., Hel., 6, 4, 28)[Jasão] era superior aos do seu tempo (relação).

¤�n tiw kat� ti kakòw gÛgnhtai kolast¡ow ¤stÛn (Plat.,Górg., 527b)se alguém se torna mau em alguma coisa [segundo, quanto a] deveser punido.

eédaÛmonew gegñnasi kat� p�nta (Hipér., Or. Fún., 42)eles se tornaram [estão] felizes sob todos os pontos de vista [segundotodas as coisas].

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Page 583: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

583os invariáveis: preposições

tÇn kay� ¥autoçw �nyrÅpvn �risteæsantew (Xen., Mem.,3, 5, 10)tendo-se distinguido como os melhores dentre os homens de seutempo [em relação a eles mesmos, segundo eles mesmos].

deÝpnon kat� fÇw ¤poioèto pur� d¢ næktvr oék ¦kaon(Xen., Cir., 3, 3, 25)eles faziam [tomavam] as refeições com a luz (do dia) e não acendi-am fogueiras à noite.

poreæesyai kat� t� àxnh (Xen., Caça, 8, 2)marchar (caminhar) seguindo (segundo) as pegadas.

kat� t¯n manteÛan toè yeoè (Ésqn., C. Ctes., 108)segundo [conforme] o oráculo da divindade.

kat� dñgma boul°w (Xen., Hel., 6, 5, 33)conforme decisão [parecer] do Conselho.

kat� PÛndaron (Plat., Fedr., 227b)segundo Píndaro.

kay� ÷son oåñw te eÞmÛ (Plat., Banq., 212b)o quanto eu sou capaz [segundo, conforme o quanto].

kat� spoud¯n feægein (Xen., An., 7, 6, 28)fugir com presteza.

¤gÆ y¡lv diabib�sai êm�w kat� tetrakisxilÛouw õplÛtaw(Xen., An., 3, 5, 8)quanto a mim, eu quero vos passar à razão de 4.000 soldados por vez(distributivo).

�poina...dæo mn¡ai tatagm¡nai kat� �ndra aÞxm�lvton¤ktÛnein (Hdt., 6, 76)estavam estipuladas como resgate duas minas a pagar por cada ho-mem prisioneiro (distributivo).

kay� ¥k�sthn t¯n ¤kklhsÛan (Dem., Emb., 170)a cada assembléia (distributivo).

krin¡syvn oß �ndrew kay� §na §kaston (Xen., Hel., 1, 7, 23)que esses homens sejam julgados um por um (distributivo).

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Page 584: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

584 os invariáveis: preposições

kat� m¡row ful�ttein (Xen., An., 5, 1, 9)montar a guarda por partes [por destacamento > distributivo].

kat� smikròn �pokrÛnesyai (Plat., Prot., 338c)responder por partes [em detalhes] (distributivo).

toçw kat� xilÛouw �poyn¹skontaw tÛw �n �riym®seien(Isócr., Paz, 87)os que morrem [morriam] aos milhares (distributivo) quem os con-taria [poderia contar]?!

¤j¡pemc¡n me �ma kat� ¤mporÛan kaÜ kat� yevrÛan (Isócr.,Trapez., 4)ele me enviou em vista de comércio e ao mesmo tempo para observa-ção (em relação a).

kat� kr�tow (Dem.)à força.

kat� mñnaw (Xen.)a cada uma, separadamente.

kat� ôlÛgouw (Tuc.)pouco a pouco [aos poucos].

kat� mikrñn (Aristót.)pouco a pouco [aos poucos].

kay� ²suxÛan (Dem.)em paz [em tranqüilidade].

kat� m¡row (Tuc.)em parte.

kat� m¡rh (Plat.)por partes [em detalhe].

kat� trñpon (Isócr.)com modo [de maneira conveniente].

kat� braxæ (Tuc.)aos poucos [pouco a pouco].

kat� t�xow (Tuc.)às pressas [com pressa].

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Page 585: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

585os invariáveis: preposições

kat� pñdaw (Tuc.)rapidamente [segundo os pés].

aétòw kay� aêtñn (Isócr.)ele por ele mesmo [ele por si].

kat� =ñonsegundo [seguindo] a corrente.

kat� tò eéÅnumon k¡rawpela ala esquerda [seguindo a ala].

kat� ¤keÝnon tòn xrñnonnaquele tempo, por aqueles tempos.

oß kay� ²m�wos no nosso tempo [os segundo nós].

tò kat� �rx�wdo começo, quanto ao começo, pelo começo.

kat� treÝwtrês a três.

kat� fèlapor [cada] tribo.

kay� ²m¡randurante o dia [segundo o dia].

Em composição com verbos, kat� significa para baixo descendo,seguindo o processo, e por isso às vezes, �seguindo até o fim, esgotando oprocesso verbal� (acusativo) ou então com enfoque sobre o ponto de partidase exprime pelo genitivo-ablativo; nesses casos a idéia de contra aparecenaturalmente; com verbos de opinião ou sensação passa a exprimir opi-nião ou sensação desfavorável, contrária.

Aqui também, como nos outros compostos, podem aparecer doiscasos: o exigido pela relação da preposição e outro exigido pela relaçãodo verbo com seu complemento.

katab®seo dÛfrou (E, 109)desce da carruagem! (ponto de partida).

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Page 586: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

586 os invariáveis: preposições

oéd¢n �genn¢w êmÇn katagignÅskv (Dem., 21, 152)eu não penso contra vós nada infamante (julgamento desfavorável,acusação, contra).

tÛnew kat°rjan, pñteron �Ellhnew, m�xhw; (Ésq., Pers., 351)quem começou [começaram] a guerra, acaso foram os gregos? (en-trada no processo verbal).

oìtv l¡geiw µ ¤gÆ oék ôryÇw katamany�nv; (Plat., Parm.,128a)tu estás afirmando assim ou sou eu que não estou entendendo bem(extensão e acabamento do processo verbal).

pñteron... toçw fælakaw kayistÇmen (Plat., Rep., 421b)ou nós vamos estabelecer (deliberativo) os guardiães [completamente].

katabaÛnein descer, (andar para baixo)kat¡rxesyai chegar descendo, voltarkatakñptein abater, cortar completamentekatak�ein pôr fogo, incendiar (e queimar) completamentekatafageÝn comer completamente, consumirkatagoreÝn acusar, falar de cima para baixokatagoreæein de-clamar, de-nunciar, de-nominar (praedicare)katagel�n rir de cima para baixo, zombar, ridicularizarkatadik�zein proferir sentença contra (de cima), condenarkatapolemeÝn guerrear completamente, vencer na guerrakatadapan�n gastar tudo, esbanjarkatatiy¡nai de-por

Katantikræ (ver �ntikræ)

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Page 587: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

587os invariáveis: preposições

Katñpin

Atrás, depois, mais tarde.Acusativo petrificado.Idéia de separação no espaço e no tempo.Genitivo, naturalmente.

katñpin ¥ort°w ´komen (Plat., Górg., 447a)chegamos depois da festa.

katñpin ²mÇn ¤peis°lyon �Alkibi�dhw te kaÜ KritÛaw(Plat., Prot., 216a)depois [atrás] de nós sobrevieram Alcibíades e Crítias.

Kræfa / kræpta

Às escondidas, à socapa.Idéia de afastamento, separação.Acusativo petrificado.Genitivo, naturalmente.

êp¡sxonto kræfa tÇn �AyhnaÛvn (Tuc., 1, 101, 2)eles prometeram às escondidas dos atenienses.

kræfa patrñw (Pínd., Pít., III)às escondidas do pai.

L�yra / l�yr&

Escapando ao conhecimento de, sem o conhecimento de.Idéia de separação.Acusativo e instrumental petrificados.Genitivo, naturalmente.

taèt� ¤poi®sato l�yr& toè �ndrñw (Xen., Cir., 6, 4, 2)ela fez [fizera] essas coisas sem o conhecimento do marido.

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Page 588: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

588 os invariáveis: preposições

Met�

met� antes de vogal não aspirada, mey� antes de vogal aspirada.� no meio de, participação dos dois, contato físico de parte (partitivo), me-

tope: espaço (que se vê) entre dois triglifos� no meio de, entre, com (alguém carregado, entre, no meio de pacotes >

com):Genitivo, naturalmente.Essa idéia favorece o emprego no sentido figurado igual a com, no

meio de, entre, contato, participação; sinônimo de em, dentro de comenfoque sobre o espaço e não sobre o contato:

� Locativo (dativo locativo nas gramáticas); é pouco usado por haver ou-tras preposições que exprimem essa idéia.

� Com movimento, mudando de um para outro, entrada num (outro) gru-po; mudança de posição interna ou externa; transformação com idéia tem-poral de seqüência e posterioridade, sucessão (depois de): Acusativo

Nos verbos compostos: mudança, transformação, participação.

Genitivo:

met� ¤moè xaÛrousi diatrÛbontew (Plat., Apol., 33b)eles se comprazem passando o tempo comigo [entretendo-se].

mey� êmÇn kekinduneækamen (Xen., Hel., 2, 4, 20)nós corremos risco convosco [no meio de vós, participantes].

met� parrhsÛaw l¡gv (Dem., Fil., 3, 3)eu estou falando com franqueza.

d¡omai êmÇn met� eénoÛaw �kro�sasyai (Iseu, 6, 1)eu vos peço [de vós] (de) me ouvirdes com benevolência.

met� toè nñmou Õmhn m�llñn me deÝn diakinduneæein µ mey�êmÇn gen¡syai (Plat., Apol., 32b)eu pensava dever suportar os perigos mais com a lei (participante)do que estar junto a vós [no meio de].

�IndÇn basileçw met� toè ±dikoum¡nou ¦stai (Xen., Cir., 2,4, 7)o rei dos hindus estará ao lado do injustiçado (participante).

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Page 589: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

589os invariáveis: preposições

ßppeÝw ¤�n ²meÝw met� aétÇn genÅmeya ¦sontai pleÛouw µxÛlioi (Xen., Hel., 5, 2, 14)[em] cavaleiros, se nós estivermos junto com eles, seremos mais doque mil.

aétòw kaÜ oß met� aétoè (Xen., Hel., 3, 3, 11)ele e os com ele [ juntos].

met� tÇn summ�xvn kinduneæeincombater [correr risco] junto com os aliados [em meio a].

oß met� �AriaÛou (Xen., An., 1, 10, 1)os com Arieu [do bando de].

pleÝn met� d¡ka tri®rvn (Xen., Hel., 4, 9, 24)navegar com dez trirremes [em meio a; a idéia do instrumental deveser afastada].

ßketeæein met� pollÇn dakrævn (Plat., Apol., 34c)suplicar com muitas lágrimas [em meio a; não é instrumental].

met� kindænvn t�w mel¡taw poeÝsyai (Tuc., 1, 18, 7)exercer as atividades com perigo [em meio a perigos, no meio de].

toætvn oéd¢n �n y¡loimi kt�syai met� �dikÛaw (Xen., An.,2, 6, 18)dessas coisas eu nada queria [quereria] possuir com injustiça [ juntocom; não é instrumental].

Acusativo:

met� toèto Musòw eÞs°lyen (Xen., An., 6, 1, 9)depois disso entrou um Mísio.

met� t� must®ria d¡ka naèw �pesteÛlate (Dem., Ol., 3, 4)depois dos mistérios enviastes dez navios.

Em composição:met¡xv tinñw eu tomo parte de, eu participo de alguma coisa ou

com alguémmetap¡mpomaÛ tina eu mando buscar alguém (mando atrás de)metanoÇ (e) eu penso (reconheço) depois > eu lamento, me

arrependo, mudo de opinião

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Page 590: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

590 os invariáveis: preposições

metaf¡rv eu transporto, faço mudarmetafor�-�w, ² transportemetatÛyhmi eu faço mudar de posiçãomet�yesiw-evw, ² mudança, troca de posição (lit.: para o espaço

seguinte)metab�llv eu lanço um depois do outro, eu manipulo algo (ti),

eu lido com (tini)

Metajæ

No espaço interno entre dois pontos; idéia de partitivo, porque tocaos dois lados; no intervalo de (tempo e espaço).

Genitivo, naturalmente.

polçw xrñnow ¤g¡neto õ metajç t°w dÛkhw te kaÜ toèyan�tou (Plat., Féd., 58c)um longo tempo aconteceu, o no intervalo da sentença e a morte[entre a sentença e a morte].

FilÛppÄ ·n sumf¡ron Éw pleÝston tòn metajç xrñnongen¡syai tÇn ÷rkvn (Dem., Cor., 26)para Filipe era interessante o maior tempo possível acontecer nointervalo dos juramentos [até os juramentos, isto é, entre o momentode Filipe e os juramentos; um dos pontos está implícito].

metajç toætoin �mfoin ¤n m¡sÄ ön (Plat., Rep., 583c)estando no meio, entre essas duas coisas (Gen. do dual).

metajç tÇn lñgvn (Plat., Fedro, 230a)no intervalo dos discursos, durante a conversa.

skeu¯n metajç t°w te Persik°w kaÜ t°w Paktuik°w (Hdt.,7, 85)um equipamento entre o dos persas e o dos páctios.

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Page 591: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

591os invariáveis: preposições

M¡xri ( -w ) (Hom., m¡sfa)

Até (que), idéia de contato, toque no ponto de chegada.Genitivo (partitivo), naturalmente.

�pò toè Pñntou m¡xri Sardoèw (Aristóf., Vespas, 700)do Ponto até à Sardenha.

m¡xri t°w ¤keÛnou zv°w (Hdt., 3, 160)até a vida dele (o ponto final de).

m¡xri mn�w (Plat., Leis, 764)até uma mina (o limite de).

m¡xri t°w t®meron ²m¡raw (Dem., Emb., 328)até o dia de hoje.

Nñsfi (-n)

Longe de, separado de.Seria um antigo locativo; o -n é apenas eufônico.O complemento delimitativo, restritivo, pede o genitivo, naturalmente.Não aparece no dialeto ático; apenas em Homero e em alguns líricos.

nñsfin �AxaiÇn (E, 803)longe dos aqueus [afastado de].

oëte tiw oïn potamÇn �p¡hn, nñsf� �Vkeanoè (U, 7)nem mesmo algum dos rios estava ausente, exceto Oceano.

�Omoè

Junto de, perto de; idéia de lateralidade.Dativo, naturalmente. Ver �ma.

õmoè toÝw �Hllhsin ¤stratopedeæsanto (Xen., Hel., 3, 2, 5)eles [os odrisos] acamparam junto aos gregos [perto de].

õmoè tÒ tÛktein pareg¡ney� ² kñrh (Plat., Teag., 129d)a jovem tinha chegado perto de parir.

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Page 592: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

592 os invariáveis: preposições

õmoè pñlemñw te dam� kaÜ loimñw �Axaioæw (A, 61)a guerra e a peste junto [juntas, ao mesmo tempo] domam osaqueus (uso adverbial, sem relação: sem caso)

¦pipton nekroÜ õmoè TrÅvn kaÜ DanaÇn (R, 362)caíam mortos juntamente dos troianos e dânaos [adverbial; os geni-tivos TrÅvn - DanaÇn são complementos nominais de nekroÛ].

�Opisyen / öpisye

Literalmente: de trás, atrás (separado) a partir de trás.Genitivo, naturalmente.

öpisyen p¡mpen oïron (O, 34)de trás ele enviou um vento (uso adverbial).

öpisyen ¤moè eÞsi¡nai (Plat., Banq., 174e)entrar de trás de mim, depois de mim.

Þd¡ fÇw kañmenon öpisyen aétÇn (Plat., Rep., 514b)olha [com a mente] uma tocha acesa atrás deles [por de trás].

Par� (paraÛ)

Ao lado de (ao longo de, lado a lado) sem contato, com todas asvariantes espaciais (questões poè, onde?, poÝ, para onde? pñyen, de onde?),respectivamente locativo, acusativo, genitivo-ablativo).

Locativo: junto a, ao lado de, na casa de (by, inglês; bei alemão;chez, francês; apud, prae, latim).

oé par� mhtrÜ sitoèntai oß paÝdew �ll� par� tÒ didas-k�lÄ (Xen., Cir., 1, 2, 8)os meninos não fazem a refeição junto à mãe [em casa], mas juntoao mestre [na casa do mestre].

oß par� basileÝ öntew (Xen., An., 1, 5, 1)os que estão ao lado do rei [a corte, os áulicos, os chegados ao rei].

t� par� ¤moÛ (Xen., An., 1, 7, 4)as coisas em casa [quanto ao que me concerne].

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Page 593: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

593os invariáveis: preposições

timÇmai m�lista p�ntvn kaÜ par� yeoÝw kaÜ par� �n-yrÅpoiw (Xen., Mem., 2, 1, 32)eu [a virtude] sou honrada muito mais do que todos, quer juntoaos deuses quer junto aos homens.

dokeÝw par� ²mÝn oé bebouleèsyai kakÇw (Sóf., Traq.)tu pareces não teres deliberado mal junto a nós [entre nós].

par� nhusÜ korvnÛsi mimn�zein (Hom.)permanecer junto às curvas naus.

oé taét� par� toÝw M®doiw kaÜ ¤n P¡rsaiw dÛkaia õmolo-geÝtai, (Xen.)não as mesmas coisas são concordadas [acordadas] [serem] justasjunto aos Medos e entre os Persas.

kaÜ par� ¤moÜ tiw ¤mpeirÛa ¤stÛntambém [até] em mim [ junto a mim] existe uma certa experiência.

oã �n paideuyÇsi par� toÝw dhmosÛoiw didask�loiw, ¦jestinaétoÝw ¤n toÝw ¤f®boiw neaniskeæesyai (Xen., Cir., 1, 2, 15)é possível [permitido] aos que por acaso são educados (aoristo) juntoa mestres públicos passar a juventude entre os efebos.

oß par� ²mÝn (Plat., Féd., 64b)os junto a nós [os nossos, a nossa gente, os do nosso tempo].

Acusativo: para junto de, para as vizinhanças de, passar ao lado de,ao longo de

õ XeirÛsofow p¡mpei par� JenofÇnta toçw peltast�w(Xen., An., 4, 3, 27)Querísofo envia seus peltastas para junto de Xenofonte

·n par� t¯n õdòn kr®nh (Xen., An., 1, 2, 13)havia uma fonte ao longo do caminho [às margens, à beira].

par� gnÅmhn ¤m®n (Ésql., Supl., 454)contra a minha exspectativa [ao lado, e não dentro, da minha opinião].

par� ¤l�xiston d¯ ·lye tò �AyhnaÛvn kr�tow t°w yal�s-shw �fel¡syai, (Tuc., 8, 76)faltou muito pouco (passou por muito perto, ao lado) de o podermarítimo dos atenienses ser tirado [por Samos].

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Page 594: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

594 os invariáveis: preposições

ÉmologeÝto par� toèton gen¡syai t¯n svterÛan aêtoÝw(Isócr., 6, 52)concordou-se que a própria salvação estava ao lado deles [passavajunto a eles].

par� t� �lla zÒa Ësper yeoÜ oß �nyrvpoi bioteæousin(Xen., Mem., 1, 4, 14)junto aos outros animais [comparando com] os homens vivem comodeuses.

par� taæthn t¯n pñlin ·n puramÜw liyÛnh (Xen., An., 3, 4, 9)junto [ao lado, ao longo] dessa cidade havia uma pirâmide de pedra.

¦pemcan pr¡sbeiw par� �Agin (Xen., Hel., 2, 2, 11)eles enviaram embaixadores para junto de Ágis.

·san �llai kÇmai par� tòn TÛgrhta potamñn (Xen., An.,3, 5, 1)havia outras aldeias ao longo do rio Tigre.

÷ra par� toèto tò teixÛon f¡rontaw �nyrÅpouw skeæhpantodap� (Plat., Rep., 514b)observa ao longo dessa mureta homens portando toda espécie deobjetos.

m¯ par� t� dein� ¤gkatalipeÝn tòn d°mon (Ésqn., C. Ctes,170)não abandonar o povo no perigo [ao longo do perigo].

par� taæthn t¯n �podhmÛan p�nta t�nant� ¦pratton(Dem., Emb., 172)durante [ao longo de] aquela viagem eu praticava todas as coisascontrárias.

par� mikròn ·lyon �poyaneÝn (Isócr., 19, 22)por pouco [passando por perto] eu cheguei a morrer.

par� dæo c®fouw �p¡fuge (Hipér., P. Eux., 28)por dois votos [passando por perto] ele escapou [foi absolvido].

kaÜ par� dænamin (Tuc., 8, 2, 2)mesmo além do seu poder [passando ao lado > ultrapassando].

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Page 595: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

595os invariáveis: preposições

sæ d� �Aristñdhme par� �ErujÛmaxon kataklÛnou (Plat.,Banq., 175a)e tu, Aristodemo, vai deitar-te ao lado de Erixímaco [ao longo de].

·ge toçw neanÛskouw par� tòn XeirÛsofon (Xen., An., 4, 3, 14)ele levou os rapazes para junto de Querísofo.

¦pleon par� g°n (Xen., An., 3, 5, 1)navegavam ao longo da terra [costeando].

² par� �Ell®sponton FrugÛa (Xen., Cir., 4, 2, 30)a Frígia [situada] ao longo do Helesponto.

¥kÇn ¤pñnei par� toçw �llouw (Xen., Ages., 5, 3)ele trabalhava de boa vontade além dos outros [passando por].

par� toçw nñmouwao lado da lei [marginal > contra as leis].

par� pñtondurante a bebiba [bebendo, ao longo de].

Nos verbos compostos, essa preposição mantém o seu significadode passar ao lado, ultrapassar, exceder.

pareÝnai estar ao lado, presente (ad esse)parakaleÝn chamar para o lado de, invocar, (in vocare)parapleÝn navegar ao lado, costearpar¡rxesyai passar ao longo, ultrapassarparabaÛnein passar ao lado, marginar > transgredir

Genitivo-ablativo: da parte de, a partir do lado de, da casa de, con-creto e figurado.

�HÆw d� ¤k lex¡vn par� �gauoè TiyvnoÝo Êrnuy� (L, 1)A aurora se levantava de seu leito, [a partir] do lado do radianteTiton.

t� par� soè legñmena (Xen., Cir., 6, 1, 42)as palavras que vêm de ti (ditas de tua parte, a partir de ti: não éexatamente um agente da passiva; é um enfoque diferente).

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Page 596: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

596 os invariáveis: preposições

taèta oß �Ellhnew puny�nontai par� pursÇn (Hdt., 7,182)os gregos se informam dessas coisas a partir de sinais de fogo.

par� ¤keÛnou mayeÝn Éw xr¯ polemeÝn (Isócr., 16, 11)aprender dele [de junto dele] como é preciso fazer a guerra.

² par� tÇn yeÇn eënoia a benevolência dos deuses [da parte de, de junto de].

par� basil¡vw polloÜ pròw Kèron �p·lyon (Xen., An.,1, 9, 29)muitos passaram, do rei [de junto do rei], para Ciro.

par� Kærou ¦labe trisxilÛouw dareikoæw (Xen., An., 5, 6,18)[Silanos] pegou três mil dáricos de Ciro [da parte de].

taèta par� soè ¤m�yomen (Xen., Cir., 2, 2, 6)essas coisas nós aprendemos de ti [de junto de, a partir de].

¤y¡lv par� soè ¤jagg¡llein (Xen., Cir., 7, 5, 54)eu quero fazer o anúncio em teu nome [da tua parte].

par� ¥autoè prostiy¡naÛ ti (Xen., Hel., 5, 1, 3)acrescentar algo de seu [de seus próprios bens].

P�row

Diante de, antes.Seria uma variante de par�, mas em situação frontal, de separa-

ção; pedindo um complemento limitativo, restritivo.Pede genitivo, naturalmente.Seu uso é arcaico (Homero e alguns poetas líricos), e se pospõe ao

determinado.

oë tiw... DanaÇn... eëjato TudeÛdao p�row sx¡men Èk¡awáppouw (Y. 254)nem algum dos dânaos se vangloriou diante do filho de Tideu deter cavalos rápidos.

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Page 597: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

597os invariáveis: preposições

P¡ran / P¡ra / P¡r&

Construídas sobre a raiz pr / per / por significando passagem,de um elemento para outro; mas p¡ran / p¡ra seriam um antigo acusa-tivo e p¡r&, instrumental, petrificados, e por isso pedem depois de si umcomplemento limitativo, restritivo.

Genitivo, naturalmente.

¦sti tò xvrÛon toèto p¡ran toè potamoè (Tuc., 5, 6)essa região está do outro lado do rio (passando o rio).

p¡ra mesoæshw ²m¡raw (Xen., An., 6, 5, 7)além do meio dia [passando de].

p¡ra toè d¡ontow (Plat., Górg., 487d)além do que é preciso [para lá do necessário].

tÇn kakÇn pepeÛramai p¡r& toè pros®kontow (Antif.,Assas. de Her., 1)dos males eu já experimentei além do conveniente.

PerÛ

Em torno de (com idéia de passagem - nem sempre em redor de).Construído sobre a raiz pr / per / por

Acusativo: direção, extensão, relação, movimento (para cercar, en-volver) dar voltas, proximidade.

perÜ toçw pñdaw perieileÝn ti (Xen., An., 4, 5, 36)enrolar alguma coisa em torno dos pés.

perÛ ti eänaiocupar-se de algo (estar em volta de algo, às voltas com).

�dikow perÛ tinainjusto em relação a alguém, para com alguém, em torno de.

perÜ t� Mhdik�no tempo das guerras médicas, por volta de.

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Page 598: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

598 os invariáveis: preposições

¤k¡leuse toætouw y¡syai t� ÷pla perÜ t¯n aêtoè skhn®n(Xen., An., l, 6, 4)ele mandou-os colocarem as armas em torno de sua própria tenda.

³dh ·n perÜ pl®yousan �gor�n (Xen., An., 2, l, 7)era já por volta [em torno] de o mercado se encher.

perÜ toçw aétoçw xrñnouw (Isócr., 16, 33)por aqueles mesmos tempos [por volta de].

perÜ deÛlhn ôcÛan (Licofr. c. Leócr., 16)por volta do cair da tarde, [em torno de].

perÜ tò fyinñpvron (Tuc., 3, 100, 2)lá pelo fim [por volta de] do outono [ao desfazer-se].

�p¡yanon perÜ pent®konta kaÜ diakosÛouw (Xen., Hel., 4, 5,l7)morreram por volta [ao redor] de duzentos e cinqüenta.

õ perÜ tòn áppon (Xen., Equit., 6, 3)o cavalariço [o que se ocupa, que está em torno do cavalo].

kaÜ oðtoi m¢n perÜ taèta ·san (Xen., 2, 2, 4)também esses estavam em volta dessas coisas [estavam preocupadoscom, estavam voltados para].

spoud�zein perÜ t¯n politeÛan (Isócr., 8, 5l)ter interesse, solicitude em relação ao governo [quanto à forma degoverno, em torno de].

t� perÜ tòn pñlemon (Plat., Rep., 467a)as coisas referentes [que concernem, em torno de] à guerra.

t� perÜ t�w t¡xnaw (Plat., Rep., 467a)as coisas referentes [que concernem] às artes.

perÜ tòn ßeròn tòn ¤n DelfoÝw ±s¡boun (Ésquin. c. Ctes., 107)eles estavam em situação de impiedade [eram sacrílegos] em rela-ção ao templo de [em] Delfos [em torno de].

perÜ toèton sfñdra ¤spoud�kasin (Licofr. c. Leócr., 106)eles já tiveram [e continuam tendo] muito interesse por ele [emtorno de, em relação a].

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Page 599: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

599os invariáveis: preposições

t¯n perÜ toçw n¡ouw ¤pim¡leian sunet�janto (Licofr. C.,Leócr., 108)eles regulamentaram o cuidado [os assuntos, a educação] que con-cerne aos jovens [referente aos jovens].

kakÛouw (kakÛonew) eÞsÜ perÜ ²m�w (Xen., An., 1, 4, 8)eles são piores em relação a nós [para conosco, em torno de].

t� perÜ toçw yeoæw (Xen., Cir., 1, 23)as coisas referentes aos deuses [o culto dos deuses, que envolvem osdeuses, em torno de].

mayeÝn t� perÜ t¯n gevrgÛan (Xen., Econ., 20, l)entender [aprender] as coisas referentes à agricultura [que giram emtorno].

oß perÛ tinaos em torno de alguém [os companheiros, os sequazes, a corte].

t�fron Êrutte perÜ t¯n pñlin (Xen., Hel., 5, 2, 4)ele cavava [mandou cavar] um fosso em torno da cidade.

² PenÛa ·n perÜ t�w yæraw (Plat., Banq., 203b)Pobreza estava às portas [rondava as portas].

eìroi �n tiw aét�w oék ¤l�ttouw perÜ toçw barb�rouw(Plat., Rep., 544d)alguém as encontraria [poderia achar] não menores entre os bárba-ros [lá pelo meio de].

oß perÜ tò �stu tÇn politÇn (Plat., Híp., 228b)dos cidadãos, os em volta da cidadela [os do centro].

kÇmai pollaÜ perÜ tòn potamòn ·san (Xen., An., 4, 4, 3)havia [existiam] muitas aldeias nas cercanias do rio.

Genitivo: figurado / poético / abstrato: sobre, a respeito de (< emtorno de).

A abstração, o sentido figurado, contém a idéia de distancia-mento, dando uma visão global que só é possível pela distância; é issoque explica o uso do genitivo.

perÜ toè dikaÛou diam�xesyai (Lís., 2, 17)lutar pela coisa justa, pelo direito [a respeito, em torno de].

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Page 600: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

600 os invariáveis: preposições

perÜ tÇn koinÇn Émognñoun (Isócr., Aerop., 145)eles estavam de acordo a respeito das coisas comuns [públicas].

² ²met¡ra pñliw �gvnÛzetai perÜ toè t°w patrÛdow ¤d�-fouw (Ésquin., C. Ctes., 132)nossa cidade está lutando pelo solo da pátria [a respeito de].

l¡gein, bouleæesyai perÛ tinowfalar, deliberar sobre, [a respeito de] algo.

Demosy¡nouw êp¢r KthsifÇntow perÜ toè stef�nou lñgowo discurso de Demóstenes sobre a coroa, em favor de Ctesifonte.

k®rukaw ¦pemce perÜ spondÇn (Xen., An., 3, 1)ele enviou mensageiros a respeito dos tratados.

õ perÜ t°w cux°w pròw toçw polemÛouw �gÅn (Xen., Mem.,12, 1)o combate a respeito da vida [pela vida] contra os inimigos.

¤foboènto perÜ t°w xÅraw ÷ti ³kouon dúoum¡nhn (Xen.,An., 5, 5, 7)eles temiam pelo país [estavam com medo a respeito], porque o ou-viam devastado [que estava sendo devastado].

tetim°syai perÜ p�ntvn (Y, 38)estar honrado [receber honra] acima de todos [em conjunto] (sen-tido figurado).

perÜ p�ntvn ¦mmenai �llvn (A, 287)estar acima de todos os outros [de todos em conjunto] (sentidofigurado).

t� pleÛstou �jia perÜ ¤laxÛstou poieÝtai (Plat., Apol., 30)ele faz o menor caso das coisas dignas de mais valor [ele faz para simuito pouco caso, faz de muito pouco].

õ Kèrow perÜ pantòw ¤poieÝto diapr�ttesyai, (Xen., Cir.,1, 4, 1)Ciro fazia grande caso [fazia acima de tudo (sentido figurado) faziapara si de muito valor] vencer [levar a cabo, executar].

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Page 601: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

601os invariáveis: preposições

Locativo: em torno de (sem movimento, estático, como um anel)

oß Yr�kew xitÇnaw foroèsin oé mñnon perÜ toÝw st¡rnoiw�ll� kaÜ perÜ toÝw mhroÝwOs trácios portam mantos não só sobre o peito [o tórax] mas tam-bém sobre os membros [em torno de].

dedi¡nai, yarreÝn perÛ tinitemer, não temer [confiar em, sobre] alguém [algo].

perÜ toÝw filt�toiw kubeæeinjogar dados sobre as coisas mais caras [os mais queridos].

yÅraka ¦xousi perÜ toÝw st¡rnoiw (Xen., Cir., 1, 2, 13)eles portam uma couraça em torno do peito.

streptoçw eäxon perÜ toÝw trax®loiw kaÜ c¡lia perÜ taÝwxersÛn (Xen., An., 1, 5, 8)eles tinham [portavam] colares em volta do pescoço e braceletes emtorno das mãos [braços].

Zeçw ¦deise perÜ tÒ g¡nei ²mÇn m¯ �pñloito p�n (Plat.,Prot., 322c)Zeus temeu sobre [em torno] de nossa raça que não perecesse toda.

ptaÛein perÛ tinitropeçar em algo [contra algo, em volta de].

sf�llesyai perÛ tinifalhar [escorregar em] em torno de algo.

¤pÛstasye tòn b�rbaron aétòn perÜ aêtÒ t� pleÛvsfal¡nta (Tuc., 1, 69, 5)vós sabeis que o bárbaro falhou nele [em si mesmo, em torno de simesmo] na maior parte das coisas.

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Page 602: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

602 os invariáveis: preposições

Pl®n

Seria um antigo acusativo petrificado (J. Humbert), com signifi-cado de �ao lado de, quase, perto de�, daí o significado mais comum de�fora de, exceto, salvo�, com idéia de exclusão, separação.

O próprio significado exige um genitivo.

t°w ÞdÛaw ¤lpÛdow pl¯n ¥nòw �ndròw �pantew ¤ceæsyhsan(Isócr., Elogio de Hel., 41)todos foram desenganados [frustrados] de sua própria esperança,exceto um homem só.

skuleæein... toçw teleut®santaw pl¯n ÷plvn (Plat., Rep.,469c)despojar os que morreram exceto as [das] armas.

PlhsÛon

É outro acusativo petrificado (de relação, adverbial) do adjetivoplhsÛow,a,on, próximo, vizinho.

Por isso a necessidade de um complemento nominal restritivo, li-mitativo, no genitivo.

tò dikast®rion plhsÛon ·n toè desmothrÛou (Plat., Féd.,59d)o tribunal estava próximo (perto) da prisão.

Pñrrv / Pñrsv / Prñssv

Para frente, na frente de (distante do objeto referente).A situação de distanciamento sugere o genitivo de separação. Às

vezes prevalece a idéia de distância apenas, sem localização precisa.Mas, com sentido figurado, é comum a idéia de avanço, ousadia; aí

o genitivo tem a característica de partitivo ou restritivo.

boulñmenow ¤mautòn Éw porrvt�tv poi°sai tÇntoioætvn êpociÇn (Isócr., Nicocl., 38)querendo me colocar [fazer] o mais distante possível desse tipo desuspeitas.

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Page 603: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

603os invariáveis: preposições

õ d¢ StrumÆn (eàh) oé pñrrv toè �Ellhspñntou (Hdt., 5,13)[ele dizia que] o rio Strimon não estaria distante do Helesponto [apartir de].

dielegñmhn pñrrv tÇn nuktÇn (Plat., Banq., 217d)eu discutia até bem tarde da noite [até uma avançada a partir docomeço da noite, noite adentro].

(¦doj¡ moi) prob®sesyai... pñrrv moxyhrÛaw (Xen., Ap., 30)ele me pareceu que avançaria muito além no [de] vício.

Prñ

Diante de, na frente de > antes (de), (ante e pro em latim).Lutar na frente de (pôr-se à frente de, para defender > pro-filaxia)Genitivo de separação (espaço e tempo).No sentido figurado significa: no interesse de, e de preferência a (sem-

pre com a idéia de interpor-se).Mas, às vezes, em lugar do enfoque sobre a separação priviligia-se

a relação de estabilidade em uma posição.Nesse caso pode aparecer o locativo, como neste exemplo:

toèto tò �Argow toèton tòn xrñnon proeÝxe p�si (Hdt.,1, 1, 5)essa Argos por esse tempo estava à frente [na frente] de todos.

Mas é mais comum a idéia de em frente separando, antepondo-se aalguém ou alguma coisa:

Genitivo:

prò tÇn teixÇn ¤peji¡nai toÝw polemÛoiw (Isócr., Paz, 77)fazer uma incursão sobre os inimigos diante [separando, adiantan-do-se] das muralhas.

prò ²lÛou dedukñtow (Ésquin., C. Tim., l0)antes do sol posto [antes que o sol se pôs].

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Page 604: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

604 os invariáveis: preposições

loipoÜ ²mÝn eÞsin oß prò ²mÇn genñmenoi (Isócr., C. os Sof.)restam-nos os nascidos [os que nasceram] antes de nós.

prò t°w patrÛdow �poyn¹skein (Licof., C. Leócr., 106)morrer pela pátria [pondo-se na frente de].

oëte ¤gÆ �rk¡sv pr�ttvn ti prò êmÇn (Xen., Cir., 4, 5,44)nem eu cessarei de fazer algo em favor de vós [por vós].

m¯ perÜ pleÛonow poioè mhd¢n prò toè dikaÛou (Plat., Críton,54b)não faze muito (não faze para ti acima de mais nada) na frente doque é justo [não dês mais importância a nada antes da justiça].

strateæesyai prò t°w xÅraw (Xen., Cir., 8, 8, 20)fazer expedição militar pelo país [em defesa de, pondo-se à frentede, diante do inimigo].

prò pollÇn xrhm�tvn tim�syai (Isócr., C. os Sof., 11)ter valor [ser estimado] na frente de muitas riquezas [de preferência a].

prò toætou teyn�nai �n poll�kiw §loito (Plat., Banq.,178a)antes disso [em lugar disso, de preferência a isso] ele preferiria mor-rer muitas vezes.

t� prò podÇn (Xen., An., 6, 12)as coisas diante dos pés [óbvias ?!].

teyam¡noi eÞsÜ prò tÇn pulÇn ¤n KerameikÒ (Xen., Hel., 2, 4,33)eles estão enterrados diante das portas no Cerâmico.

tò prò t°w KilikÛaw teÝxow (Xen., An., 1, 4, 4)a muralha antes [diante de] da Cilícia.

MinÅan t¯n n°son ¶ keÝtai prò Meg�rvn (Tuc., 3, 51)a ilha de Minos que está situada diante de Megara.

�n¯r poll� prò êmÇn �grupn®saw (Xen., An., 7, 6, 36)um homem que fez muitas vigílias por vós [em vosso favor].

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Page 605: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

605os invariáveis: preposições

p�ntew �jiÅsousi s¢ prò ¥autÇn bouleæesyai (Xen., Cir.,1, 6, 42)todos acharão bom tu deliberares em favor deles [na frente deles].

¤n taÝw m�xaiw aßreÝsyai prò ´tthw te kaÜ douleÛaw y�na-ton (Plat., Rep., 386b)escolher nas batalhas antes da derrota e da escravidão a morte [pre-ferir a morte à derrota e à escravidão].

prò polloè poihsaÛmhn �n soi kexarism¡nvw eÞpeÝn (Isócr.,5, 14)eu faria [questão] antes de muito [de muito] falar de maneira a teter agradado.

t� prò tÇn MhdikÇn �Ellhnik� (Tuc., 1, 97)as coisas [a história] gregas antes das [guerras] médicas.

÷ssa d� �mf� �¡yloiw TimodamÛdai ¤joxÅtatoi prol¡gon-tai (Pind., Nem., 2, 28)em relação a quantas coisas se referem às lutas, os filhos de Timo-demos são citados na frente [dos outros, como os primeiros].

gnÇmai... prol¡gousai KroÛsÄ µn strateæhtai ¤pÜ P¡-rsaw meg�lhn �rx¯n min katalèsai (Hdt., 1, 53)sentenças [oráculos]... que prediziam [diziam antes] a Creso se mar-chasse contra os Persas que ele destruiria um grande reino.

prol¡gomen êmÝn ... �pi¡nai ¤k t°w xÅraw (Xen., An., 7, 7, 3)nós estamos vos prevenindo [falando antes] de sair do território.

oß �AyhnaÝoi prolelegm¡noi (N, 689)os atenienses escolhidos antes [que estavam pré-escolhidos].

prò t°w m�xhw kaÜ met� t¯n m�xhn (Xen., An., 1, 7, 13)antes da batalha e depois da batalha.

oß polç prò ²mÇn gegonñtew (Xen., Mem., 3, 5, 11)os que nasceram muito antes de nós.

prò ²m¡raw (Xen., Cir., 4, 4, 14)antes do dia.

prò toèantes disto [outrora].

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Page 606: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

606 os invariáveis: preposições

Prñw

protÛ (Hom.), portÛ (cret.), potÛ (dór.) e outras variantes:pr¢w, pertÛ, pñw.

Diante de, a partir de, ponto de partida da ação; em presença fron-tal de.

Genitivo, naturalmente.pròw tÇn yeÇn - (jurar) diante dos deuses (os deuses como teste-

munhas presentes; a tradução convencional: jurar pelos deuses não resti-tui a idéia original de �na presença de).

Na direção (frontal) de, visando a, em vista de; questão poÝ (paraonde): Acusativo.

Na frente de (enfoque local; ausência de movimento); idéia de acrés-cimo, aplicação, adição: Locativo ou dativo.

Genitivo:

oÞk¡ousi pròw nñtou �n¡mou (Hdt., 3, 101)eles habitam do lado do vento sul [face a].

prñgonoi µ pròw �ndrÇn µ pròw gunaikÇn (Plat., Teet.,173b)antepassados quer do lado dos homens [diante de] quer do lado dasmulheres [diante de].

õ pat¯r pròw m¢n �ndrÇn ·n EépatridÇn... pròw gu-naikÇn d� �AlkmevnidÇn (Isócr., 16, 25)o pai, da parte [do lado] dos homens era dos Eupátridas... da partedas mulheres, dos Alkmeônidas.

�Alkibi�dhw l¡getai pròw patròw m¢n �AlkmaivnidÇneänai pròw d¢ mhtròw �IpponÛkou (Dem., XXI, 144)dizem que [é dito] Alcibíades, da parte do pai, é dos Alcmeônidase, da parte da mãe, de Ipônico.

�AyhnaÝñw eÞmi kaÜ t� pròw patròw kaÜ t� pròw mhtrñw(Dem., LVII, 17)sou ateniense quer por parte do pai quer por parte da mãe [da partede, diante de].

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Page 607: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

607os invariáveis: preposições

deinñn ti ¦sxe �tim�zesyai pròw Peisistr�tou (Hdt., 1, 61)ele tinha como algo terrível ser desonrado por Pisístrato [diantede, a partir de Pisístrato].

dikaspñloi, oá te y¡mistaw pròw Diòw eÞræetai (A, 239)juízes, os que da parte de Zeus [diante de] conservam as leis.

[goun�zomai] prñw t� �lñxou kaÜ patrñw (l, 66)[eu imploro de joelhos] diante da esposa e do pai [em nome de].

pròw Diòw kaÜ yeÇn peir�sye sundiamnemoneæein (Dem.,Emb., 19)diante de Zeus e dos deuses, tentai rememorar comigo!

�koæsate oïn mou pròw tÇn yeÇn; (Xen., An., 5, 7, 5)ouvi-me, então, diante dos deuses! [pelos deuses].

sÅsate, ¥le®sate: ßketeæv, �ntibolÇ pròw paÛdvn, pròwgunaikÇn, pròw tÇn öntvn �gayÇn êmÝn; (Dem., XXVIII,20)salvai, tende piedade; eu vos suplico, eu vos conjuro, diante de vos-sos filhos, de vossas mulheres [em nome de, por], dos bens que possuis!

pròw tÇn yeÇn patrÐvn paæsasye �mart�nontew (Xen.,Hel., 2, 4, 21)diante [em nome de] dos deuses de nossos pais, cessai de cometererros.

drÒmen �n �dikon oéd¡n oëte pròw yeÇn ôrkÛvn oëte pròw�nyrÅpvn tÇn aÞsyanom¡nvn (Tuc., 1, 71, 5)nós não faríamos nada de injusto nem diante dos deuses que presi-dem os juramentos nem diante de homens de sentimento.

÷ ti dÛkaiñn ¤sti kaÜ pròw yeÇn kaÜ pròw �nyrÅpvn (Xen.,An., 1, 6, 6)o que é justo é diante de deuses e diante de homens.

�topa l¡geiw, Î SÅkratew, kaÜ oédamÇw pròw soè (Xen.,Mem., 2, 3, 15)tu estás dizendo coisas descabidas, Sócrates, e de nenhum mododa parte de ti.

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Page 608: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

608 os invariáveis: preposições

¤leæyeron eänai kaÜ pròw patròw kaÜ pròw mhtrñwser livre tanto da parte do pai quanto da parte da mãe.

lñgon �gayòn ¦xein prñw tinowter [levar, receber] uma boa palavra [um elogio] de alguém.

�n¯r pròw p�ntvn ¤ponomazñmenow kalòw kaÜ �gayñw(Xen., Econ., 6, 17)um homem denominado da parte de todos [por todos/diante de to-dos] belo e bom.

¦sti pròw tÇn ±dikhkñtvn m�llon (Tuc., 3, 38, 1)[isto] é mais do lado dos culpados [em proveito de].

¤stratopedeæonto pròw �Olænyou ¤n tÒ ÞsymÒ (Tuc., 1,62, 1)eles estavam acampados face a Olinto [perto de] no istmo.

pròw g�r Diñw eÞsin �pantew jeÝnoÛ te ptvxoÛ te (Z, 207)pois diante de Zeus [sob os olhares de] estão todos, estrangeiros emendigos.

kaÛ ken ¤n �Argei ¤oèsa pròw �llhw àston êfaÛnoiw (Z, 456)e talvez estando em Argos tu trabalharias o tear diante de uma ou-tra [sob os olhares, sob as ordens de].

PenelopeÛh - tim®essa - pròw pñsiñw te kaÜ uß¡ow (S, 162)Penélope, honrada, diante do esposo e do filho.

trñpow pròw yeÇn �seb¯w pròw �nyrÅpvn aÞsxrñw (Xen.,An., 2, 5, 20)um modo [postura, comportamento] ímpio diante dos deuses, e ver-gonhoso diante dos homens.

¦xvn ¦painon polçn pròw êmÇn (Xen., An., 7, 6, 33)tendo [gozando de] grande consideração diante de vós.

pròw �ndròw �gayoè mhd¢n ¤nnoeÝn kakñn (Prov.)diante de homem bom nada pensar de ruim.

�lloi pròw �rktou te kaÜ bor¡v �n¡mou katoik®menoi(Hdt., 3, 101)outros [hindus] habitando diante da ursa [norte] e o vento boreal.

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Page 609: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

609os invariáveis: preposições

§pesye t� m¢n êpozægia ¦xontew pròw toè potamoè t� de�÷pla ¦jv (Xen., An., 2, 2, 4)segui, tendo as bestas do lado do rio [diante de] e os armamentosdo lado de fora.

Locativo e dativo:

pròw t» oÞkÛ& lÛmnh ìdatow �fyonÛan par¡xei (Xen., Rep.dos Esp., 15, 6)diante da casa [perto] um lago fornece abundância de água.

�eÜ pròw Ú eàhn ¦rgÄ toèto ¦pratten (Xen., Hel., 4, 8, 22)sempre diante de que obra ele estava, essa ele executava.

str�teuma polç pròw Ú eäxe prñsyen metep¡mpeto (Xen.,Hel., 3, 4, 6)ele fez juntar um grande exército àquele que ele tinha antes (adi-ção, acréscimo, dativo).

pròw toætoiw many�nousi kaÜ tojeæein (Xen., Cir., 1, 2, 8)depois dessas coisas [exercícios, além desses exercícios] eles apren-dem também a lançar dardos (adição, acréscimo, dativo).

Kèrow ·n pròw BabulÇniCiro estava diante de Babilônia (enfoque locativo).

õ FÛlippow oédenÜ pl¡on ¤kr�thsen µ tÒ prñterow pròwtoÝw pr�gmasi gÛgnesyaiFilipe em nada mais era superior do que pelo encontrar-se antes[mais primeiro] diante dos fatos (enfoque locativo).

potÜ d¢ sk°ptron b�lh gaÛú (Hom.)e diante, na terra, ele jogou o cetro (enfoque sobre o ponto de che-gada, locativo).

¤w m�xhn kayÛstantai oß �AyhnaÝoi pròw aét» t» pñlei(Tuc., 2, 79)os atenienses se alinham para a luta na frente da própria cidade (en-foque locativo).

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610 os invariáveis: preposições

oék �n meÛzv pròw toÝw ÷rkoiw bebaÛvsin l�boite (Tuc.,4, 87)vós não pegaríeis uma maior segurança acima dos juramentos (além> adição, dativo).

pròw tÒ eÞrhm¡nÄ lñgÄ ·n (Plat., Féd., 84c)ele estava em cima [se acrescentava] do argumento citado (adição,dativo).

pròw toætoiwem cima dessas coisas, além dessas coisas (adição, dativo).

Acusativo:

eäm� aét¯ pròw �Olumpon (A, 420)e eu mesma vou na direção do Olimpo.

² m�xh M®dvn pròw �AyhnaÛouw (Tuc., 1, 18)a batalha dos medos contra os atenienses.

oß �ndrew pròw �ndreÛan ¤paideæyhsan (Isócr., 16, 27)os homens foram educados visando à coragem.

pròw t¯n öcin taæthn tòn g�mon toi toèton ¦speusa(Hdt., 1, 38)foi em função dessa visão que eu apressei esse teu casamento.

tò ÷lon sÇma oìtv l¡gomen kalòn eänai, tò m¢n pròwdrñmon tò d¢ pròw p�lhn (Plat., Híp. Maior)o corpo inteiro nós dizemos ser belo assim: este para a corrida,aquele para o pugilato.

¦rxontai pròw ²m�w pr¡sbeiwembaixadores estão chegando em nossa direção.

pròw tòn d°mon �goreæeindirigir a palavra na direção do povo [falar ao povo].

�pologÛan poieÝsyai pròw toçw dikast�wfazer [sua própria] defesa diante dos juízes [na direção de, na inten-ção de].

pròw Borr�ncontra [na direção de] o vento norte.

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Page 611: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

611os invariáveis: preposições

¤peid¯ pròw ²m¡ran ·numa vez que estava para se fazer dia.

kaÜ ¤gÆ ´kv prñw se, Î �Hr�kleiw (Xen., Mem., 1, 27)também eu estou chegando a ti, ó Heraclés [na tua direção, diantede].

êmeÝw pròw FÛlippon perÜ eÞr®nhw pr¡sbeiw ¤p¡mpete(Dem., XVIII, 24)vós estáveis enviando embaixadores a Filipe a respeito da paz.

Þ¡nai pròw toçw polemÛouw (Xen., An., 2, 6, 10)marchar contra os inimigos.

di¡bainon tòn potamòn brexñmenoi pròw tòn ômfalñn(Xen., Hel., 4, 3, 22)passavam o rio molhados até o umbigo.

l¡jate oïn prñw me tÛ ¤n nÒ ¦xete (Xen., An., 3, 3, 2)dizei-me então o que tendes em mente.

tÇn �pñntvn fÛlvn m¡mnhso pròw toçw parñntaw (Isócr.,1, 26)lembra-te dos amigos ausentes diante [para] dos presentes.

¤n taÝw pròw meshmbrÛan blepoæsaiw oÞkÛaiw (Xen., Mem.,3, 8, 9)nas casas que olham para o meio dia.

¦ynow oÞkhm¡non pròw ±Ç te kaÜ ²lÛou �natol�w (Hdt., 1,201)um povo que habita na direção da aurora e do nascer do sol.

katalèsai pròw �riston (Xen., An., 1, 10, 19)[desfazer] soltar as fileiras para o jantar [em função do jantar].

toÝw polloÝw pròw x�rin l¡gein (Eur., Héc., 257)falar à multidão na intenção de agradar.

pròw tÛ me taèt� ¤rot�w;por que tu estás me perguntando isso?

pròw filÛan, pròw bÛan, pròw ôrg¯n poieÝn tifazer algo em função de [por] amizade, violência, cólera.

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Page 612: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

612 os invariáveis: preposições

kiyarÛzein pròw t¯n Ód®n (Plat., Alc., 108a)tocar a cítara para o canto [para acompanhar].

oé pròw �rgærion t¯n eédaimonÛan ¦krinon (Isócr., Pan., 70)eles não julgavam a felicidade em relação ao dinheiro [frente a, parao dinheiro].

pròw dñjan oë moi dokeÝ kalòn eänai, (Plat., Apol., 34e)não me parece ser belo para a glória [em relação à].

pròw taèta µ �fÛete µ m¯ �fÛete (Plat., Apol., 30b)para essas coisas [dirigindo-vos para] ou vós me deixais ir ou nãodeixai/deixeis ir [absolver].

¤pimeloèntai ÷pvw oß mulvyroÜ pròw t�w tim�w tÇnkriyÇn t� �lfita pvl®sousin (Aristot., Gov. dos Aten., 51.3)eles providenciam a que os moleiros vendam a farinha em relaçãoao preço dos grãos.

l¡gv pròw toçw ¤moè katachfisam¡nouw (Plat., Apol., 38d)eu estou falando aos [na direção de, na intenção de] que votaramcontra mim [me condenaram].

pròw cæxh kaÜ pròw y�lph paraskeu�sasyai (Xen., Rep.dos Lac., 2)preparar-se para o frio [as coisas frias] e para o calor [as coisas quentes].

Sun / jun

As duas são usadas no ático; a segunda é mais antiga do que a pri-meira, que depois se generalizou.

Traz a idéia de lateralidade, companhia (não em contato, como met�com genitivo partitivo).

O uso mais comum é o comitativo: dativo, com pessoas.Mas, a partir da idéia sçn toÝw yeoÝw = com os deuses > com a ajuda

dos deuses, desenvolveu-se a idéia do instrumental, mas de uso restrito,porque a idéia do instrumental se baseia na �passagem da ação por umobjeto inerte: meio ou instrumento�.

Apenas Xenofonte a usa com alguma freqüência.Nos verbos compostos às vezes significa a globalização da ação.

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Page 613: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

613os invariáveis: preposições

³luye dÝow �Odusseæw ... sçn �ArhifÛlÄ Menel�Ä (G, 206)veio o divino Odisseu com [em companhia] de Menelau querido deAres.

¤gÆ t¯n p¡rsa meyormhyeÜw sçn �Ay®nú (U, 192)eu empreendi a devastação com Atena [com o auxílio de].

¤dÛvkon sçn pollÒ g¡lvti (Xen., Cir., 2, 3, 17)eles perseguiam com muito riso [rindo muito, acompanhado de].

oß �Ellhnew sçn g¡lvti ¤pÜ t�w skhn�w ·lyon (Xen., An., 1,2, 18)os gregos chegaram às tendas com risadas [em meio a rizadas, rindo].

kñsmion meyeÝsa sun t�xei moleÝn (Sóf., El., 872)aviar-se com [acompanhada de] rapidez tendo deixado de lado aconveniência.

sænagen nef¡law (E, 291)ele reunia as nuvens [conduzia-as para ficarem juntas].

sumpñnei patrÜ sægkam� �delfÒ (Sóf., El., 986)sofre com o pai, cansa com o irmão!

sumparekteÛnein t¯n nñhsin toÝw legom¡noiw (M. Aur., 7, 30)pôr lado a lado o pensamento com o que se diz.

KÇn... �teÛxiston oïsan kaÜ êpò seismoè jumpetvkuÝan(Tuc., 8, 41)Cós... sendo sem muralhas e completamente arrasada sob o efeitode um terremoto (globalização da ação).

mÛan me meÝnai t¯nd� ¦ason ²m¡ran kaÜ jumper�nai fron-tÛd� Ã feujñmeya (Eur., Med., 340)deixa-me ficar só este dia [hoje] e percorrer completamente o meupensamento de que maneira partiremos para o exílio.

aägaw �p¡doto sçn aÞpñlÄ triÇn kaÜ d¡ka mnÇn (Iseu, 6,33)ele vendeu as cabras junto com o cabreiro por 13 minas.

kl¡ptei ... t¯n ¦ntexnon sofÛan sçn purÛ (Plat., Prot., 321d)[Prometeu] rouba [de Hefesto e Atena] a sabedoria prática com ofogo [ junto com o fogo].

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Page 614: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

614 os invariáveis: preposições

sçn tÒ nñmÄ t¯n c°fon tÛyesyai (Xen., Cir., 1, 3, 17)colocar o voto com a lei [de conformidade com].

sçn toÝw yeoÝw oédenòw �por®somen (Xen., Cir., 5, 3, 5)com os deuses [em companhia > com o auxílio dos deuses], teremosfalta de nada.

¤paideæeto sçn tÒ �delfÒ kaÜ sçn toÝw �lloiw paisÛn(Xen., An., 1, 9, 2)ele era educado junto com o irmão e com os outros meninos.

sçn toÝw �dikoum¡noiw ²meÝw ¤sñmeya (Xen., Cir., 3, 2, 22)quanto a nós, estaremos junto com os injustiçados.

�dikoènta peirasñmeya sçn toÝw yeoÝw �mænasyai (Xen.,An., 2, 3, 23)junto com os deuses [com o auxílio de] tentaremos afastar o que nosestiver causando mal.

basileçw kaÜ oß sçn aétÒ (Xen., An., 1, 10, 2)o rei e os junto com ele [os acompanhantes, o séquito].

T°le

Longe, distante.Genitivo, naturalmente.É homérico; não é usado no ático.

t°le fÛlvn kaÜ patrÛdow aàhw (L, 817)distante dos amigos e da terra pátria.

t°le �p� aétoè aÞxm¯... bñmbhse (P, 117)longe dele a lança... ressoou.

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Page 615: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

615os invariáveis: preposições

�Up¡r

Por sobre, por cima de, acima de (contato parcial: partitivo, genitivo).A idéia de em favor de, por (pro com ablativo em latim), vem da

imagem de alguém cobrir o outro para protegê-lo e por isso morrer porele, como na cena da luta pelo cadáver e despojos de Pátroclo na Ilíada,ou (visão latina) de alguém pôr-se à frente, para proteger (pro + abl.):

Genitivo em grego.Por cima de, além (ultrapassagem, excelência, superioridade) com

idéia de movimento ou extensão:Acusativo.

Genitivo:

tojeæontew êp¢r tÇn prñsyen (Xen., Cir., 6, 3, 24)atirando [flechas] por cima dos de frente [vanguarda] (idéia de sepa-ração (genitivo) e não de movimento, extensão).

oß SikeloÜ oß êp¢r �krvn (Tuc., 4, 25)os sículos que estavam sobre os cumes [por cima: toque: partitivo,genitivo].

maxñmenoi p�traw ìper (Eur., Fil., 1002)combatendo pela pátria [em defesa de].

êp¢r tÇn ful�kvn foboæmeya m¯... malakÅteroi g¡nvn-tai, (Plat., Rep., 387c)nós tememos pelos guardas... que [não] se tornem mais fracos/mo-les [do que é necessário] (figurado, noção de distância).

õ ´liow toè y¡rouw êp¢r ²mÇn aétÇn kaÜ tÇn stegÇnporeuñmenow ski�n par¡xei (Xen., Mem., 3, 8, 9)o sol do verão passando por sobre nós mesmos e por sobre os telhadosproduz sombra (idéia de separação; a de movimento é deixada delado).

katalabeÝn tò êp¢r t°w õdoè �kron (Xen., Hel., 4, 47)apoderar-se da elevação que estava por sobre a estrada [acima].

êp¢r toætou �poyaneÝn (Xen., An., 7, 4, 9)morrer por essa [criança].

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Page 616: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

616 os invariáveis: preposições

nèn êp¢r cuxÇn tÇn êmet¡rvn õ �gÆn kaÜ êp¢r g°w ¤n æfute kaÜ êp¢r oàkvn ¤n oåw ¤tr�fhte (Xen., Cir., 3, 3, 44)agora o combate é por vossas vidas e pela terra em que nascestes epelos lares em que sois [fostes] criados.

¤gÆ êp¢r soè �pokrinoèmai (Plat., Górg., 515c)eu vou responder por ti [em teu nome, em teu favor].

¾reto tò ìdvr êp¢r tÇn yemelÛvn (Xen., Hel., 5, 2, 5)a água se elevava acima das fundações.

¦sti lim¯n kaÜ pñliw êp¢r aétoè keÝtai (Tuc., 1, 46, 4)há um porto e uma cidade está situada acima dele.

³rjato ¤j AÞyivpÛaw t°w êp¢r AÞgæptou (Tuc., 2, 48)começou a partir da Etiópia, a [que se situa] acima [além] do Egito.

KleofÇn êp¢r êmÇn �p�ntvn �nteÝpen (Lís., 13, 5)Cleofonte protestou [respondeu] em nome de [por] todos vós.

Acusativo:

¤pol¡mei toÝw Yr&jÜ toÝw êp¢r �Ell®sponton oÞkoèsin(Xen., An., 1, 1, 9)ele foi guerrear com os trácios, que habitam além [para lá] doHelesponto.

êp¢r ´misu toè ÷lou strateæmatow (Xen., An., 6, 2, 10)além da metade [mais do que] de todo o exército.

oß êp¢r t� strateæsima ¦th gegonñtew (Xen., Cir., 1, 2, 4)os nascidos além dos anos do serviço militar [passaram da idade].

êp¢r ²m�w faÛnetai ²mÝn t� eÞrhm¡na eÞr°syai (Plat., Parm.,128b)o que foi dito parece estar dito acima de nós [além de nosso entendimento].

toÝw êp¢r �HrakleÛaw st®law... katoikoèsin (Plat., Crítias, 108e)aos que habitam além das colunas de Heraclés.

nñhson naæklhron meg¡yei kaÜ =Åmú êp¢r toçw ¤n t» nhÛp�ntaw (Plat., Rep., 488a)pensa um comandante acima de todos os que estão no navio, pelotamanho e pela força.

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Page 617: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

617os invariáveis: preposições

�Upñ

�Up� diante de uma vogal não aspirada, �Uf� diante de uma vogalaspirada.

Sob, em baixo de, por baixo de.� Associado à idéia de origem, de separação, de ponto de partida

ou de partitivo: Genitivo.A construção da relação do agente da passiva e colaterais se enqua-

dra nesse uso do genitivo com êpñ.Com freqüência usa-se a voz ativa: a idéia-base é �sob o efeito de�, à

qual está associado um verbo de ação.O genitivo (ablativo em latim) se explica pela idéia de que a ação,

de que o sujeito é paciente, é desencadeada distante do sujeito, por umaforça estranha a ele. Esse �espaço� percorrido (entre o sujeito paciente eo ponto de partida da ação, desencadeada pelo agente da passiva), natu-ralmente, é figurado.

� Associado à idéia de lugar onde, sem movimento, estático: Locativo.� Associado à idéia de movimento, de extensão, no tempo e no es-

paço: Acusativo.Toda e qualquer expressão que contenha explícita ou implícita a

idéia de movimento para, de baixo de (aproximação no tempo ou no es-paço), bem como a idéia de submissão ou tutela (figurado) também re-quer o acusativo.

Genitivo:

phg¯ êpò t°w plat�nou =eÝ (Plat., Fedro, 230b)uma fonte corre de sob o plátano [sai de baixo de].

¤jepl�ghsan êf� ²don°w (Plat., Fedro, 259b)eles foram [ficaram] completamente batidos [per-plexos] pelo pra-zer [sob o efeito de].

aét�r ¤pÜ kratòw lim¡now =¡ei �glaòn ìdvr kr®nh êpòspeÛouw (I, 140)porém à entrada do porto flui uma água límpida, uma fonte de soba gruta [saindo de baixo de].

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Page 618: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

618 os invariáveis: preposições

² kardÛa [mou] ped� êpò tÇn lñgvn tÇn toætou (Plat.,Banq., 215e)meu coração dá saltos sob o efeito dos discursos desse aí.

êpñ tinow �llou ¤pelayñmhn (Plat., Prot., 310b)eu me esqueci sob o efeito de alguma outra coisa.

oék ¦ti �poxvreÝn oåñn te ·n êpò tÇn ßpp¡vn (Tuc., 2,85)ainda não era possível bater em retirada sob o efeito dos cavaleiros[por causa de].

�nyrvpoi �pÅllunto êpò tÇn yhrÛvn (Plat., Prot., 322b)homens pereciam sob o efeito [sob, pela ação] das feras.

êpò tÇn tri�konta ¤j¡peson (Isócr., 16, 45)eles �caíram fora� sob o efeito dos 30 [foram banidos].

xvreÝn êp� aélhtÇn (Tuc., 5, 70)marchar sob o efeito dos flautistas [ao som da flauta].

êpò tÇn =abdoæxvn plhg�w ¦laben (Tuc., 5, 50, 4)ele recebeu golpes sob o efeito dos portadores de varas [recebeu dos,foi surrado com varas].

sofòw �n¯r t� te met¡vra frontist¯w kaÜ t� êpò g°w�panta �nezhtikÅw (Plat., Apol., 18b)um homem sábio, pensador nas coisas celestes e pesquisador detodas as coisas sob a terra (partitivo, não é de toda a terra).

jifÛdia êpò m�lhw eäxon (Xen., Hel., 3, 23)eles portavam punhais [facas] sob as axilas (partitivo).

labÆn boèn êpò �m�jhw ¤sfagÛsato (Xen., An., 4, 25)ele pegou um boi de sob o carro e degolou-o [de sob o jugo](partitivo).

oék ¤dænato sig�n êpò t°w ²don°w (Xen., Cir., 6, 1, 35)ele não podia calar-se sob o efeito do prazer.

�nñrous� êpò x�rmatow (Hino a Dem., 371)tendo saltado de alegria [sob o efeito da alegria].

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Page 619: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

619os invariáveis: preposições

Acusativo:

Kl¡arxow oék �nebÛbazen ¤pÜ tòn lñfon �ll� êp� aétònst®saw tò str�teuma p¡mpei Lækion ¤pÜ tñn lñfon (Xen.,An., 1, 10, 14)Clearco não estava subindo a colina, mas tendo feito estacionar oexército ao pé dela [na direção de], manda Lucios subi-la.

�p°lyon êpò t� d¡ndra �nyrvpoi Éw ¥bdom®konta (Xen.,An., 4, 7, 8)uns 70 homens se foram sob [para baixo] as árvores.

�kontÛzei tiw aétòn êpò tòn ôfyalmñn (Xen., 1, 8, 27)alguém o (Ciro) atinge sob o olho, com um dardo.

Aàguptow p�lin êpò basil¡a ¤g¡neto (Tuc., 1, 110)O Egito voltou a ficar sob o rei.

êpò toçw aétoçw xrñnouw (Tuc., 1, 110, 1)por aqueles tempos [sob aqueles tempos].

êpò nækta (Tuc., 1, 115, 4)sob a noite [à entrada da noite].

êpò t¯n �pñlusin toè pol¡mou (Xen., Mem., 2, 8, 1)lá pelo fim [solução] da guerra [proximidade].

tò Pelasgikòn kaloæmenon (teÝxow) tò êpò t¯n �krñpo-lin (Tuc., 2, 17)o muro chamado pelásgico, aquele sob [ao longo da] a acrópole.

÷ti sfÇn eéerg¡tai ·san êpò tòn seismñn (Tuc., 2, 27)porque eles os tinham ajudado sob o terremoto [depois de].

·lyon êpò turannÛda (Plat., Carta 7, 329b)eu fui [viver] sob uma tirania.

�niÆn ¤k PeiraiÇw êpò tò bñreion teÝxow (Plat., Rep., 439e)subindo do Pireu sob o muro norte [ao longo de].

êpost°nai kÛndunonficar sob um perigo [submeter-se a um perigo].

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620 os invariáveis: preposições

Locativo:

pro¡trexen �pò toè d¡ndrou êf� Ú ·n dæo µ trÛa b®mata(Xen., An., 4, 7, 10)[Calímaco] avançou dois ou três passos a partir da árvore sob a qualestava.

oß kat� t¯n �AsÛan êpò basileÝ öntew (Xen., Cir., 8, 1, 6)os que na Ásia [na extensão da çsia] estavam sob o rei.

êpò paidotrÛbú �gayÒ pepaideum¡now (Plat., Láq., 184e)educado sob um bom mestre [sob o olhar de; o enfoque não é sobreo agente do ato verbal (genitivo), mas sobre a situação - sentidofigurado].

¾reto tò ìdvr êp¢r tÇn êpò tÒ teÛxei yemelÛvn (Xen.,Hel., 5, 2, 5)a água se elevava por sobre as fundações, sob a muralha.

¤�n êpñ soi kataklÛnú �Ag�yvn oé d®pou ¤m¢ p�lin¤pain¡setai (Plat., Banq., 222e)caso Agáton se recline abaixo de ti [depois de ti] certamente nãome tecerá louvores de novo.

¦xein ti êpò tÒ ßmatÛÄ (Plat., Fedro, 228e)ter [portar, manter] alguma coisa sob o manto.

kinduneæsaim� �n êpò t» dusxerest�tú gen¡syai tæxú(Lís., 24, 6)eu correria o risco de me encontrar sob a sorte mais infeliz.

tÇn �Ell®nvn oß m¢n êf� ²mÝn oß d� êpò LakedaimonÛoiweÞsÛn (Isócr., Pan., 16)dos gregos uns estão sob nós [nossa influência, poder] outros estãosob os Lacedemônios.

tÇn êpò possÜ m¡ga stenaxÛzeto gaÝa (Hom.)sob os pés deles a terra soltava grandes gemidos.

�Axilleçw êpò tÒ XeÛrvni ¤tr�fhAquiles foi criado sob [a vigilância, os olhares de] Quiron.

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621os invariáveis: preposições

Nas composições com verbos, êpñ, mantendo o seu significadodenotativo de sob, em baixo, de baixo de, assume um sentido figurado(metafórico), mais diluído, menos concreto, mas nunca sai da linha dosignificado primeiro:

êf�- õr�n suspeitar (olhar de soslaio, por baixo)ìp-optow suspeito (olhado por baixo)êp-opteæein suspeitar, olhar por baixo (de soslaio)êpo-p¡mpein enviar por baixo (à socapa, em segredo)êp-agein sub-conduzir, sub-avançar (não inteiramente)êpo-lamb�nein pegar por baixo, sub-entender, perceber não concretamente,

não inteiramenteêpo-tiy°nai sub-ponere, sub-por - por apoiando em baixo, não chegando

ao fim (aproximação) - suposição, isto é, quase posição ouposição tendo uma base: hipótese

X�rin

É um acusativo (de relação, adverbial) petrificado e por isso neces-sita de um complemento limitativo, restritivo, adnominal:

Graças a, por causa de (lat. gratia).Genitivo, naturalmente.

toèto ¤poÛei duoÝn x�rin (Arist., Gov. dos At., 16, 3)ele fazia isso por duas razões.

Quando o delimitativo é uma pessoa (eu/tu; nós/vós) é mais fre-qüente o adjetivo possessivo em lugar do genitivo do pronome.

sugxvrht¡on x�rin s®n (Plat., Fedro, 234e)deve-se concordar para te agradar [por amor de ti, por tua graça].

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622 os invariáveis: preposições

XvrÛw

Significa fora de, além de, exceto, à parte, sempre com a idéia deexclusão, separação.

Genitivo, naturalmente.

xvrÜw t°w dñjhw oéd¢ dÛkaiñn moi eänai deÝsyai toè dikas-toè (Plat., Apol., 35b)fora da glória [exceto a glória] não me é justo precisar [pedir] dojuiz.

xvrÜw sofÛa ¤stÜn �ndreÛaw (Plat., Láq., 195a)a sabedoria está distante da coragem.

² cux¯ xvrÜw toè sÅmatow (Plat., Féd., 98c)a alma, fora [separada, distinta] do corpo.

xvrÜw toætvn (Xen., Cir., 1, 5, 5)fora essas coisas [exceto isso, além disso].

�Ww

Na direção de, para.Pouco empregada, quase só no dialeto ático, em geral com nome

de pessoas, raramente com nome de países. Ver também §vw.Acusativo, naturalmente.

sunelhlæyasin Éw ¤m¢ �delfaÛ (Xen., Mem., 2, 7, 2)minhas irmãs tinham-se reunido [estavam reunidas] na minha casa[tinham vindo a mim].

�fÛketo Éw PerdÛkkan kaÜ ¤w t¯n Xalkidik®n (Tuc., 4, 79)ele partiu para [ junto] de Perdicas e para a Calcídica.

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623os invariáveis: conjunções e partículas

Conjunções - Partículas - Sændesmoi

Mais uma vez a nomenclatura gramatical fixa, petrificada, não nosesclarece suficientemente sobre qual é a função da categoria denominada.

Cremos que a palavra grega sændesmow, amarra, ligação, coneti-vo, seria suficiente para identificar o papel tanto das conjunções quantodas partículas.

Na verdade são sændesmoi, isto é, conetivos, para usarmos do ter-mo empregado com mais freqüência e propriedade.

São de fato ligações entre dois enunciados completos, isto é, frasescom sujeito e predicado, que originalmente são independentes. Essa in-dependência primitiva aos poucos foi se estruturando e as partículas foramsurgindo para marcar essas ligações. Sabemos que em Homero - poesianarrativa- predomina a parataxe, isto é, a coordenação, num enunciadolinear e as dependências, isto é, o que se poderia chamar �subordinação�,se fazem sentir pelo significado e sucessão das partes, como nas narrati-vas populares.

Essa coordenação, parataxe, foi feita inicialmente por partículas.Inicialmente eram simples meios de insistência, apoios tônicos, verda-deira pontuação oral, sem significado, e serviam para marcar a formaçãode grupos dentro da frase, mas também a sucessão e a ligação entre elas.1

É importante insistir sempre sobre a oralidade que predominounão só antes da adoção da escrita (séc. VII a.C.), mas mesmo depois.Todos os autores gregos, que conhecemos agora pelos livros, pensavamna transmissão oral.2

Esse fato é extremamente importante. O autor (emissor) tinha emmente que o �leitor� (receptor da mensagem oral) tinha �aquele momento�para receber e fixar a mensagem. Por isso ela devia ser bem clara e refletirexatamente o que e como o emissor queria que a mensagem fosse recebida.

1 A. Meillet, no Traité de grammaire comparée des langues classiques, § 916 e seguin-tes, nos dá uma visão bastante clara sobre o assunto.

2 Talvez um autor que pensou numa obra para a escrita, isto é, pensou e escreveu,foi Tucídides. Há também o caso de Isócrates, que nunca teria pronunciado seusdiscursos. Mas, assim mesmo, um e outro não perderam de vista a oralidade.

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624 os invariáveis: conjunções e partículas

É essa a origem da pontuação expressiva da oralidade. É essa a ori-gem tanto das �partículas� quanto das �conjunções�.

A diferença de denominação se deve talvez ao caráter átono e porisso enclítico das partículas. Mas mesmo as enclíticas, isto é, formandouma palavra fonética com a antecedente, ao ligarem expressões ou sin-tagmas entre si, se contaminaram com o significado deles.

Não convém, contudo, dar um significado particular a essas partí-culas; vamos identificar nelas o papel que exercem; o significado de cadauma vai surgir do contexto.3

Vamos, então, em primeiro lugar relacioná-las (partículas e con-junções), identificando as partículas pelo papel que exercem no enunciadoe as conjunções pelo seu significado que condiciona a função que exercem.

Convém notar ainda que essa função - de coordenação ou subordi-nação -, que elas exercem, é decorrente do seu significado e deve ser vis-ta em sua organicidade, de modo concreto, lógico e coerente.

Isto tem grande importância para se entender o uso e o significadodos modos verbais.

A visão teórica que as gramáticas nos transmitem é muito abstratae rígida, cheia de regras e muito mais, de exceções.

As partes do enunciado são independentes, e o uso dessa ou da-quela expressão e sobretudo desse ou daquele modo verbal decorre dovalor semântico inerente, independente, autônomo dele.

Também o valor dos modos verbais não muda, porque o verbo estána principal ou na subordinada: eles variam em função do contexto, doquadro em que estão inscritos e da maneira como o ato verbal deve serexpresso.

Vamos expor a seguir uma relação, em ordem alfabética, dessesconetivos (partículas e conjunções), identificando-lhes a função e tam-bém o significado e daí indicar também o modo verbal, se for o caso.

Veremos que nessa relação constarão algumas palavras que estãotambém na relação das preposições. É que o seu significado permite essadupla função.

Não deixaremos de assinalar os casos específicos.

3 Além de A. Meillet, acima citado, uma leitura de J. Humbert, Syntaxe grecque,§ 657 e seguintes, e J. Denniston, The greek particles, dará uma visão ampla sobreo assunto.

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625os invariáveis: conjunções e partículas

�All�

Partícula adversativa por excelência. Marca a ruptura, oposição, con-tradição, na ordem do enunciado; geralmente é a contradição da negação.

Etimologicamente está ligada a �llow, outro.Nem sempre, no entanto, a negação anterior está formalmente ex-

pressa; a oposicão (ruptura) pode ser na linha do significado. Traduz-sepor mas, ao (pelo) contrário, entretanto, não obstante etc. (lat. sed, verum).

Vejamos alguns exemplos:

1. mas, ao contrário (lat. sed, verum), freqüentemente associado a kaÛ(também) nas oposições oé / m¯ mñnon... �ll� kaÛ não só... mastambém.

taèta p�nta g¡gone di� t¯n ²met¡ran �gnoÛan �ll� oédi� t¯n ¤keÛnou dænamin (Isócr., 4, 1, 37)todas essas coisas aconteceram por nossa falta de juízo, mas [e] nãopela capacidade dele.

2. entretanto, pelo menos, contudo. Associada a outras partículas enfá-ticas ou restritivas.

�ll� ge mas, pelo menos�ll� oïn mas então, contudo�ll� oïn... ge mas então... pelo menos

many�nv, · d� ÷w: �ll� eëxesyaÛ ge pou toÝw yeoÝw ¦jestin(Plat., Féd., 117b)estou entendendo, disse ele, mas pelo menos é possível orar aos deuses.

poll�kiw m¢n �gayoè aélhtoè faèlow �n �p¡bh poll�-kiw d��n faælou �gayñw: �ll� oïn aélhtaÛ g� �n p�ntew·san Éw pròw toçw ÞdiÅtaw (Plat., Prot., 327c)muitas vezes, de um bom flautista poderia nascer um mau; muitasvezes também de um mau um bom; mas pelo menos poderiam to-dos ser flautistas em relação aos leigos.

�pokteneÝ m¢n �n boælhtai �ll� ponhròw Ìn kalòn k�-gayòn önta (Plat., Górg., 511b)ele o matará se quiser, mas sendo [por ser] um mau (matando) o queé um homem honesto [mas será um bandido matando um bom].

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626 os invariáveis: conjunções e partículas

3. Nas respostas, �ll� marca a surpresa pela pergunta, que, na mentede quem responde, tem uma dúvida implícita.

� kaÛ moi ¤pÛdeijin t°w braxulogÛaw poÛhsai;� �All� poi®sv (Plat., Górg., 449c)� então faça-me uma demostração de tua concisão.� Pois bem, farei. (Mas, sim, farei!)

4. �ll� marca também um corte brusco do curso de uma exposição oude um diálogo (como em português).

tÛ deÝ ¦ti l¡gein: �ll� àte eÞw M®douw (Xen., Cir., 1, 5, 14)[por] que é preciso falar ainda?! - Mas, ide contra os medos!

� oðtow öpisyen kat¡rxetai: �ll� perim¡nete.� �All� perimenoèmen (Plat., Rep., 327b)� esse aí está chegando atrás (de trás); (ele) mas esperai!� Mas esperaremos.

�ll� õr�te nèn eÞ toèton ¤r�te (Plat., Banq., 192e)mas vede agora se é esse que desejais.

5. Associado a ³ (ou / que, do que) marca o contraste entre dois ele-mentos ou propostas: a não ser, senão que.

m¯ xr°syai ¤laÛÄ �ll� µ ÷ti smikrot�tÄ (Plat., Prot., 334c)não se servir de óleo, a não ser (senão) do mínimo possível.

�rgærion oék ¦xv �ll� µ mikrñn ti (Xen., An., 7, 7, 53)dinheiro eu não tenho, a não ser um pouquinho.

6. Associado a m®n tem o significado adversativo enfatizado, quase des-dobrado: mas, não obstante; e no entanto.

�Epeid¯ d�oé tñte �ll� nèn deÝjon: eÞp¡ tÛw µ lñgow ÷nti-na ¤xr°n eéporeÝn, µ kairòw sumf¡rvn êp� ¤moè pare-leÛfyh t» pñlei: tÛw d¢ summaxÛa, tÛw pr�jiw ¤f� ¶n m�llon¦dei m� �gnoeÝn toutousÛ; �All� m¯n tò parelhluyòw �eÜpar� p�sin �feÝtai. (Dem., Cor., 191-2)Uma vez que naquela época não (mostraste), pelo menos mostraagora: dize [me] ou que discurso [argumento] de que era necessá-rio lançar mão ou que ocasião propícia à cidade foi deixada de lado

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627os invariáveis: conjunções e partículas

por mim? Que aliança, que ação sobre a qual me era preciso desco-nhecer mais do que o momento presente? Mas, ao contrário, o pas-sado é sempre deixado de lado diante de outras coisas.Obervação: constata-se em todos esses exemplos e muitos outros quedeixamos de registrar, por serem longos, que �ll� mantém sempreseu significado de ruptura, oposição, contradição e que as outras par-tículas quando se lhe acrescentam trazem também sua contribuiçãosemântica.

�Allvw

kaÜ �llvw: de outro modo, também além disso, por outro lado.�llvw te kaÛ: de outra maneira / por outro motivo e também. Pode

vir seguido de µ, que, do que, numa relação entre dois termos.�llvw d¢: aliás.

´de ² teleut¯ toè ¥taÛrou ²mÝn ¤g¡neto �ndròw tÇn tñteÏn ¤peir�yhmen �rÛstou kaÜ �llvw fronimvt�tou (Plat.,Féd., 118a)este foi o fim de nosso companheiro, homem dentre os com quetratamos o melhor e por outro lado [além disso] o mais sensato.

�Ama

Ao mesmo tempo, juntamente.Vimo-la no rol das preposições, construída com dativo. Aqui ela

liga um particípio infectum a um verbo infectum.

¤m�xonto �ma poreuñmenoi oß �Ellhnew (Xen., 6, 3, 5)os gregos combatiam enquanto [ao mesmo tempo] continuavam amarcha.

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Page 628: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

628 os invariáveis: conjunções e partículas

�Am¡lei

Forma petrificada de imperativo singular de �melÇ (e): não te-nhas cuidado, fica tranqüilo, sossega; daí o significado de seguramente, semdúvida, certamente.

Funciona como uma frase intercalada; por isso muitas gramáticasa ignoram.

� sç d� àsvw di� tò polumay¯w eänai perÜ tÇn aétÇn oéd¡-pote t� aét� l¡geiw,� �Am¡lei, ¦fh, peirÇmai kainñn ti l¡gein �eÛ, (Xen., Mem.,4, 4, 6)� Tu, talvez por seres muito instruído, nunca dizes as mesmas coi-sas a respeito dos mesmos assuntos.� Não tenhas cuidado [não te preocupes], estou tentanto sempredizer algo de novo.

�An (ken em Homero)

Partícula indicadora de:� possibilidade ou afirmação atenuada:Em grego: optativo com �n;Em português: �imperfeito do subjuntivo� e condicional. Simples /

�futuro do pretérito�.� irrealidade:Irreal do presente:Em grego: eÞ com imperfeito e �n com imperfeito;Em português: se com �imperfeito do subjuntivo� na prótase e con-

dicional simples/�futuro do pretérito� na apódose.Irreal do passado:Em grego: eÞ com aoristo do indicativo e �n com aoristo do indicativo.Em português: se com �mais-que-perfeito do subjuntivo� na prótase

e condicional composto na apódose.Não confundir esse �n/ken com a forma contrata �n/³n por ¤�n,

partícula supositiva (hipotética) de eventualidade (subjuntivo/futuro em grego).

Nota: Os exemplos de possível e de irreal do presente e do passado seencontram sob a rubrica de eÞ.

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629os invariáveis: conjunções e partículas

�Ara / =a / �r

Repousa claramente na raiz *r/ar, cujo significado é ajuste (har-monia), numa simples transição (e, então).

Esse conetivo tem dois tempos:

1. Homérico (próximo do significado etimológico), com função mera-mente aditiva, seqüencial, sem o enfoque de causa e efeito. Pode-setraduzir por: e então, então, e (naturalmente).

Ëw fato b° d� �r� �Oneirow (B, 16)assim falou [Zeus] e Sonho se pôs a caminho.

nhle¡w, oék �ra soÛ ge pat¯r ·n ßppñta Phleæw (P, 33)impiedoso! então não é teu pai o cavaleiro Peleu.Aqui já aparece o enfoque inferencial (causa e efeito).

Ónoxñei glukç n¡ktar �pò krht°row �fæssvn: �sbestowd� �r ¤nÇrto g¡lvw mak�ressi yeoÝsi (A, 598)tirando da cratera [Hefesto] pôs-se a servir doce néctar; e um sor-riso inextingüível surgiu nos deuses bem-aventurados.

2. Na prosa, sobretudo nos diálogos, prevalece, o sentido inferencial (causae efeito), com significado de: então, pois bem, ora, a seguir (conclusãoglobalizante).

É usado sobretudo nos silogismos, para ajustar a primeira premis-sa à segunda e para levar a uma conclusão. Pode aparecer às vezes acom-panhado de outras partículas, sem que seu significado sofra grandesdanos.

¤nenñhsa tñte �ra katag¡lastow Ên ²nÛka ¦fhn eänaideinòw t� ¤rvtik� oéd¢n eÞdÆw �ra toè pr�gmatow (Plat.,Banq., 198c)naquele momento então eu pensei que eu era ridículo quando eudisse que era entendido nas coisas do amor, ora, eu não entendianada da coisa!

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Page 630: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

630 os invariáveis: conjunções e partículas

� t�gay� oé kaÜ kal� dokeÝ soi eänai;� �EmoÛ ge.� EÞ �ra õ �Ervw tÇn kalÇn ¤nde®w ¤stin k�n tÇn�gayÇn ¤nde¯w eàh; (Plat., Banq., 201c)� as coisas boas não te parecem ser belas?� A mim, pelo menos, sim.� Então, se o Amor é carente das coisas belas, ele não seria carentetambém das coisas boas?

eÞ �ra g¡gonen Éw oðtoi l¡gousin (Dem., LVI, 28)se, então, essas coisas aconteceram como esses aí dizem.

3. Alguns gramáticos dissociam �ra de �ra, fazendo a segunda fundir-se com a partícula interrogativa ·.

Foneticamente é difícil, porque a vogal longa absorveria a breve.Dever-se-ia esperar uma contração em h e não em a. J. Humbert ad-mite que os manuscritos são vacilantes: num mesmo texto ora regis-tram �ra, ora �ra.

Mesmo assim, em função interrogativa, �ra não se afasta do sig-nificado de ajuste, inferencial de �ra.

Em geral são perguntas que levam em conta o antecedente e o ajus-tam ao conseqüente, para chegar a uma conclusão.

¦melon s� �ra kin®sein ¤gÅ (Aristóf., Nuvens, 1301)então [conclusivo] eu devia te fazer mover.

�V fÛlh m°ter pñt� �ra sòn öcomai d¡maw; (Eur., Íon, 503)Querida mãe, quando então [afinal] eu verei a tua pessoa?

�ra katagel�sesy¡ mou Éw meyæontow; (Plat., Banq., 212b)rireis, então, de mim como de um bêbado! [a partir do que vedes].

�r� oé meg�lhn �rx¯n �rxv; (Aristóf., Vespas, 620)então não é grande o cargo que estou exercendo?! [inferencial].

TÛ oïn; õ naæthw �ra m¯ �w prÇran fugÆn præmnhyenhëren mhxan¯n svthrÛaw ; (Ésquilo, Sete contra Tebas, 208)O que então? Será que o marinheiro fugindo da popa para a proanão encontrou um meio de salvação?!

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631os invariáveis: conjunções e partículas

�At�r / Aét�r

São compostas de �r- (significado de ajuste, adição) e de aïte,com significado de uma simples transição (ora, pois), ou oposição fraca,comparável às vezes ao conetivo de (e, por sua vez, aliás, contudo:adversativa fraca).

ôktÆ, �t�r m®thr ¤n�th ·n (B, 313)eles [os filhotes] eram oito, e a mãe [por sua vez] era a nona.

tÆ d¢ oß Êmv kurtÅ... aét�r ìperye fojòw ¦hn kefal®n(B, 218)eram-lhe dois ombros curvados e ainda em cima era pontudo decabeça [ele tinha os dois ombros curvados e ainda tinha um crâniopontudo].

kaÜ �lloi tin¡w me ³dh ³ronto �t�r kaÜ Eëhnow prÐhn...(Plat., Féd., 60d)alguns outros também me perguntaram, e ainda outro dia, Eueno.

�Ektor, �t�r pou ¦rhw Patrvkl°� ¤jenarÛzvn sÇw¦ssesy� (X, 331)Heitor, aliás de algum modo tu dizias ao despojar [despojando]Pátroclo que tu serias salvo.

tÇn kakÇn oávn ¤r�w: �t�r ¦sti g� õpoÛan l¡geton eé-daÛmvn pñliw; (Aristóf., Aves, 144)que males desejas ardentemente! aliás, existe uma cidade feliz dotipo de que vós duas falais?!

�Ate - < � te

Na verdade é um relativo (neutro plural) com sua função e signifi-cado natural. Essa função e sentido anafórico fazem parte da natureza dorelativo; por isso a frase que se segue pode ter nuances de causal, compa-rativa, explicativa (uma vez que, porque, como).

É claramente um acusativo de relação (adverbial) petrificado.Essa causalidade freqüentemente é simultânea ao efeito; por isso é

comum o uso do particípio do infectum.Ver também Ëste, ¤f� Ú te, ÷ste / ÷w te, oåñw te, ÷ti / ÷ ti.

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632 os invariáveis: conjunções e partículas

�te tòn xrusòn ¦xvn... ¤pikoærouw ¤misyoèto (Hdt., 1, 154)em que [em relação ao que] ele tinha o dinheiro [porque tinha, emtendo] ele contratava [pôs-se a contratar] mercenários.

õ d¢ Kèrow �te paÝw Ìn kaÜ filñkalow kaÜ filñtimow ́ detotÒ stol» (Xen., Cir., 1, 3, 3)Ciro em sendo menino [em que, por que] e amante do belo e dashonras se comprazia com sua veste.

Aï /aï te / aïte (aïtiw / aïyiw)

Marca uma sucessão, com uma idéia fraca de oposição: por outrolado, por sua vez, (uma espécie de retomada do discurso).

Às vezes pode vir enfatizada por de, o que lhe dá uma versão dealternativa.

kaÜ tÛ tiw �n aï eÞpÆn §teron oék ¤jam�rtoi (Plat., Sof.,225e)e, por outro lado, que outra coisa alguém tendo dito, não se enganaria

tòn m¢n... b�le dourÛ, �Antifon aï... ¦lase (L, 108)ele atacou um com a lança e... por outro lado atingiu ântifos.

dokeÝ... xr°nai... prñteron K¡bhtow akoèsai tÛ aï ÷de ¤g-kaleÝ tÒ lñgÄ (Plat., Féd., 86e)parece-me ser preciso ouvir primeiro [de] Cebes o que, por sua vez,ele atribui ao argumento.

kaÜ àsvw aï êmeÝw ¤m¢ ²geÝsye kakodaÛmona eänai (Plat.,Banq., 173c)e talvez, por outro lado, vós pensais que eu sou infeliz.

oß �Ellhnew ¤p¹esan oß d� aï b�rbaroi oék ¤d¡xonto (Xen.,1, 10, 11)os gregos atacaram, os bárbaros por sua vez, não aceitaram (nãoesperaram o ataque).

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Page 633: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

633os invariáveis: conjunções e partículas

Aïyiw

De volta, em sentido contrário, de novo.

kay� ù ²d¡a ¤stÛn �ra kat� toèto oék �gay�; kaÜ aïyiwaï t� �niar� oé kay� ÷son �niar� kak�; (Plat., Prot., 351c)segundo o que as coisas dão prazer, será que, segundo isso, elasnão são boas? e por outro lado, segundo o quanto são desagradá-veis, elas são más? [pelo que as coisas são agradáveis por isso elasnão são boas? e por outro lado, as coisas desagradáveis, elas nãosão más na proporção de desagradáveis?].

AétÛka

No ato, imediatamente; por exemplo, isto é.

´jei aétÛka Éw ¤gÙmai, [¤gÆ oämai] (Plat., Banq., 175b)ele virá logo, como eu penso.

eÞ g�r tiw aétÛka d¯ m�la eàpoi Éw ¤k tÇn nevt�tvn toçwl¡gontaw eänai deÝ �pokteÛnait� �n aétñn (Dem., C. Aristóg.,29)na verdade se alguém, no ato, afirmasse que é preciso que os ora-dores sejam dentre os mais jovens, vós o mataríeis.

¤dÛdaske m¡xri ÷tou d¡oi ¦mpeiron eänai ¥k�stou pr�g-matow tòn ôryÇw pepaideum¡non: aétÛka gevmetrÛanm¡xri toætou ¦fh deÝn many�nein §vw... (Xen., Mem., 4, 7, 2)[Sócrates] ensinava até o que era [fosse] preciso o homem educa-do estar apto em cada coisa, por exemplo a geometria, dizia, era pre-ciso entender até o ponto de...

Aïtiw (ver aïyiw)

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634 os invariáveis: conjunções e partículas

G�r < ge �r / ge �ra

É uma somatória de uma partícula enfática, restritiva, intensiva ge,e uma aditiva (de ajuste) �r / �ra.

É a partícula anafórica explicativa por excelência. Aristóteles ausa constantemente para explicar ou demonstrar um postulado.

É muito próxima do car francês.Podemos traduzi-la por pois, na verdade, com efeito, de fato.Às vezes, poucas, ela pode ser meramente expletiva.Nas respostas, muitas vezes ela sublinha o sim ou o não: pois é.Por causa do ge (enclítico) g�r nunca começa uma frase.

oéd¢n pr�gma, Î SÅkratew: ¤gÆ g�r kaÜ Þ�somai. FÛ-low g�r moi GorgÛaw (Plat., Górg., 447b)não é nada, Sócrates, pois também sou eu que vou reparar. Na ver-dade Górgias é meu amigo.

dihg®somai t� pr�gmata: ¤moÜ g�r, Î �ndrew dikastaÛ,pat®r ¤sti SvpaÝow (Isócr., Trap., 3)vou expor os fatos: pois bem, meu pai, senhores juízes, é Sopeu...

dhloÝ d¡ moi tñde tÇn palaiÇn �sy¡neian oéx ´kista:prò g�r TrvikÇn oéd¢n faÛnetai prñteron koin» ¤rgas-m¡nh ² �Ell�w (Tuc., 1, 3)isto revela a mim, não minimamente, a fraqueza dos antigos [gre-gos]: na verdade, antes dos feitos de Tróia, a Grécia aparece [é evi-dente] antes não ter feito nada em comum.

� �OmologeÝw, oïn, perÜ ¤m¢ �dikow gegen°syai;� �H g�r �n�gkh (Xen., An., 1, 6, 8)� Então tu estás de acordo que tu te tornaste injusto comigo?� Pois é, é forçoso.

� oëtoi kaÜ l¡gontai polç dienegkeÝn tÇn kay� ¥autoçw�nyrÅpvn;� L¡gontai g�r, ¦fh (Xen., Mem., 3, 5, 11)� e também não se diz [eles não são ditos] que eles se distinguirammuitos dos homens de seu tempo?� Pois se diz [são ditos], disse ele.

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635os invariáveis: conjunções e partículas

� aß mht¡rew t� paidÛa m¯ ¤kdeimatoæntvn.� M¯ g�r, ¦fh (Plat., Rep., 381)� que as mães não aterrorizem os filhos.� Não, não, disse ele [na verdade não; de fato não].

taxç g � �n xarÛsainto; oé g�r; (Dem., Mid., 209)eles depressa iriam agradá-lo? Pois não é?4

eàper tiw �pokteÛnei tin�, oðtow d®pou poieÝ � dokeÝ aétÒ;· g�r; (Plat., Górg., 468d)se alguém mata um outro, esse com certeza está fazendo o que lheparece [bem]. Pois sim?

Ge

Partícula átona, por isso enclítica e pospositiva; chama a atençãopara a palavra anterior.

É uma das partículas mais empregadas em grego.É nitidamente uma pontuação oral, que se põe depois de uma pa-

lavra para marcar uma pausa, uma inflexão e por isso mesmo pode teruma força restritiva e enfática.

Homero se serve dela juntando-a aos pronomes pessoais edemonstrativos.

Muitas vezes fica intraduzível no contexto.Nos diálogos (Platão) e no teatro, ge é de uso muito freqüente;

ela acrescenta muita vivacidade e intensidade à fala.Poderíamos apresentar centenas de exemplos, que os gramáticos

colheram e tentam explicar, mas voltaríamos sempre à situação primeira,isto é, à sua função de pontuação oral, enfática, restritiva, muito próximado sim, lançando uma luz especial sobre a palavra sobre a qual incide.Alguns exemplos serão suficientes.

4 G�r vem combinada com uma série de partículas; o que leva muitos gramáticos aprocurar um sentido especial para essas combinações. Não vemos muita necessida-de disso. Essas combinações respeitam o significado base, denotativo de cada ele-mento; portanto, basta respeitar o significado de cada um e enquadrá-los no con-texto, e a solução aparecerá.

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636 os invariáveis: conjunções e partículas

oéd¢ s� ¦gvge lÛssomai eánek� ¤meÝo m¡nein. (A, 173)por mim, eu nem mesmo vou te pedir para permanecer.

naÜ d¯ taèt� ge p�nta... ¦eipew (A, 286)sim, sim, pelo menos essas coisas todas... tu disseste.

�t�r m¡teimÛ g � aétñn (Aristóf., Nuvens, 801)a propósito, eu vou [sim] à busca dele.

makarÛa g � �r ² pñliw ¦stai (Aristóf., Assemb., 558)então a cidade será pelo menos feliz.

fñbon ge, eÞ mhd¢n meÝzon, polemÛouw dænasyai parasxeÝn(Plat., Leis, 806b)poder inspirar nos inimigos, na falta de melhor, pelo menos o medo.

�r� oéx oðtvw; � p�nu ge (Plat., Eutifr., 8e)então não é assim? � Perfeitamente!

§terai d¡ g � eÞsi tÇn texnÇn aã di� lñgou p�n peraÛnousi(Plat., Górg., 450d)pelo menos há outras artes que realizam tudo pela palavra.

Goèn (ge oïn)

Mais forte do que ge; também pospositiva:em todo caso, pelo menos, certamente.

²m�w deÝ �dikoum¡nouw, t°w goèn �Ell�dow m¯ st¡resyai(Xen., An., 7, 1, 30)é preciso nós, sendo injustiçados, pelo menos então não sermos pri-vados da Grécia.

êp�rgurñw ¤sti safÇw yeÛ& moÛr&: pollÇn goèn pñlevnparoikousÇn eÞw oédemÛan toætvn oéd¢ mikr� fl¡c�rgurÛtidow di®kei (Xen., Rec. da Át., 1, 5)[a Ática] tem o subsolo rico de prata, claramente por quinhão di-vino; em todo caso [pelo menos], das muitas cidades vizinhas, paranenhuma delas corre nem mesmo um pequeno veio de minério deprata.

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637os invariáveis: conjunções e partículas

�V SÅkratew, ¤gÆ m¢n Õmhn toçw filosofoèntaw eédai-monest¡rouw xr°nai gÛgnesyai : sç d¡ moi dokeÝw t�nan-tÛa t°w filosofÛaw �polelauk¡nai : z»w goèn oìtvw, Éwoéd� �n eãw doèlow êpò despñtú diaitÅmenow meÛneie (Xen.,Mem., 1, 6, 2)Sócrates, eu pensava que os amantes da filosofia devessem se tor-nar mais felizes; mas tu me pareces ter tirado da filosofia o contrá-rio disso; pelo menos é assim que vives: como nem mesmo um es-cravo, se levasse esse regime, permaneceria submisso ao patrão.

boælei skopÇmen �rj�menoi �pò t°w trof°w Ësper �pòtÇn stoixeÛvn; kaÜ õ �ArÛstippow ¦fh :� DokeÝ goèn moÛ ² trof¯ �rx¯ eänai (Xen., Mem., 3, 3, 5)queres analisemos, começando da alimentação, como dos [primei-ros] elementos? E Aristipo disse:� pelo menos me parece a alimentação ser um princípio.

� F¡re, poÝai g�r tin¡w eÞsin;� oék oäda safÇw: eàjasin goèn ¤rÛoisin (Aristóf., Nuvens, 343)� Vamos lá, na verdade de que tipo eram essas umas?� Não sei com segurança; pareceram em todo caso com flocos de lã.

DaÛ

Seria uma partícula construída sobre a partícula de, mas, mais en-fática, mais expressiva. Em geral sublinha um termo interrogativo, comoque?, como?

Podemos traduzi-la, por então.

tÛ daÛ; · d� ÷w, oé filñsofow Eëhnow; (Plat., Féd., 61c)O que então?! disse ele, Eveno não é filósofo?!

tÛ l®kuyow kaÜ strñfion; tÛw daÜ katñptrou kaÜ jÛfouwkoinvnÛa; (Aristóf., Tesm., 141)o que é um vaso de azeite e um porta-seio? O que há então de co-mum entre um espelho e uma espada?!

tÛ daÛ; tòn DaÛdalon oék �k®koaw ÷ti �nagk�zeto dou-leæein; (Xen., Mem., 4, 2, 33)o quê?! não ouviste dizer que Dédalo era obrigado a servir comoescravo?!

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638 os invariáveis: conjunções e partículas

É também uma pontuação oral. É pospositiva.Como todas as pontuações orais, não teria um significado próprio,

mas tem um valor aditivo-intensivo, às vezes com nuances opositivas dedesigualdade.

� Empregada sozinha, sem ter sido anunciada por m¡n, ela dá umaleve inflexão à linha narrativa ou expositiva do segmento anterior do enun-ciado.

Muitas vezes pode ser traduzida por e, ou então, se o significadodo segundo segmento encerra uma idéia contrária à do segmento anterior,pode ser traduzida por mas.

Mas não há uma antítese; apenas uma nova idéia, marcada por umapausa, alguma coisa de diferente. Não há uma regra absoluta para seuuso, nem ela tem um significado absoluto.

As traduções mais comuns são as seguintes: e, por outro lado, porém.Ou então não se traduz; uma vírgula marca a pausa.� Anunciada por m¡n, exprime um paralelismo, um contraponto. Ora

põe lado a lado enunciados paralelos, numa mesma linha de significado,e não se traduz, ora o segundo segmento encerra uma idéia diferente oucontrária e pode ser traduzida por mas, porém; por isso o uso de m¢n...d¢é impossível em uma relação principal-subordinada.

oðtow d� Aàaw ¤stÜ pelÅriow... (G, 229)E esse aí, é o Ajax, enorme.

Î P¡rsh, sç d� �koue dÛkhw mhd� ìbrin öfelle (Hes., Trab.,213)Perses, tu [por tua vez] ouve a justiça e não alimentes a insolência.

Strep. � tÛ pot� ¤w t¯n g°n bl¡pousin oêtoiÛ;Disc. � Zhtoèsin oðtoi t� kat� g°w.Strep. � Bñlbouw �ra zhtoèsin...tÛ g�r oåde drÇsi oßsfñdr� ¤gkekufñtew;Disc. � oðtoi d� ¤rebodifÇsin êpò tòn T�rtaron.Strep. � porque [em relação ao que] esses aí estão olhando para aterra [chão]?Disc. � Eles estão procurando as coisas debaixo da terra [dentro].

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639os invariáveis: conjunções e partículas

Strep. � Então eles estão procurando cebolas... E estes, os que es-tão completamente curvados para o chão?Disc. � Esses, [pausa=restrição] eles estão perscrutando o Érebo atédebaixo do Tártaro.

�Isymòn d¢ m¯ purgoète med� ôræssete (Hdt., 1, 174)E o Istmo, (pausa=restrição) não o fortifiqueis com torres e nemfaçais escavações.

oáh per fællvn gene® toÛh d¢ kaÜ �ndrÇn (Z, 146)exatamente qual a geração das folhas tal também a dos homens(paralelismo).

eÞsÛn ¦fh M®dvn m¢n ßppeÝw m¢n pleÛouw tÇn murÛvn:pelt�stai d¢ kaÜ tojñtai g¡noint� �n Éw ¤pÜ t°w ²met¡raw¥jakismærioi. �ArmenÛvn d� ¦fh par¡sontai ßppeÝw m¢n te-trakisxÛlioi pezoÜ d¢ dismærioi (Xen., An.)existem [nós temos] dos medos, de um lado, [m¡n], cavaleiros, [m¡n]mais de dez mil, e [de] os peltastas e arqueiros de nosso país che-gariam por volta de sessenta mil; E [de] dos armênios, por outrolado, disse ele, estarão presentes cavaleiros [men] quatro mil e pe-destres [infantaria] [d¡] vinte mil.

toÝw m¢n poihtaÝw polloÜ d¡dontai kñsmoi toÝw d¢ perÜ toçwlñgouw oéd¢n ¦jestin tÇn toioætvn (Isócr., Evág., 9)aos poetas (de um lado) foram dados muitos ornamentos e (por outrolado) aos oradores nenhuma dessas coisas é permitido.

�rxaiñtropa êmÇn t� ¤pithdeæmat� ¤stin: �n�gkh d¢ �eÜt� ¤pigignñmena krateÝn (Tuc., 1, 71, 2)vossos métodos de administração são à moda antiga, ora [porém] énecessário que os que sobrevêm levem a melhor.

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640 os invariáveis: conjunções e partículas

É um conetivo forte, demostrativo; tem um valor intensivo, demons-trativo, retomando (anafórico) e confirmando as indicações (de tempo eoutras) da frase anterior.

Enfatiza e ressalta a palavra anterior.É uma partícula preferencialmente usada na prosa, por sua preci-

são: eis, então, precisamente.Assim d® se juntou a inúmeros conetivos (partículas) e expres-

sões, formando conetivos novos, compostos, como: dhlond®, dhlad®,d°ta, d°yen, d®pote, d®pou, d®pouyen, ¤peid®.

Trataremos deles todos na seqüência da ordem alfabética.

oéx oìtvw ¦xei; - ¦xei d®.não é assim? � É, sim (é claro).

TÛ d®;Por que então? (em relação ao quê?).

Aërion d® ¦fh àsvw Î FaÛdvn t�w kal�w taætaw kñmaw�poker»; (Plat., Féd., 89b)É amanhã, não é, disse ele, Fédon, que cortarás essa bela cabeleira?

Aìth d® ¦fh ² Svkr�touw sofÛa; (Plat., Rep., 338b)É essa aí, disse ela, a sabedoria de Sócrates?

Prñage d®; (Plat., Fedro, 227c)Avança então!

PollÒ d¯ ·n �syen¡staton tÇn ¤yn¡vn tò �Ivnikñn (Hdt.,1, 143)E em muito o mais fraco dos povos (helênicos) era o jônico.

Nèn aï mñna d¯ nÆ leleimm¡na; (Sóf., Ant., 58)E agora nós duas estamos abandonadas sozinhas, não é?

nèn d� õr�te d¯ kaÜ aétoÛ (Plat., Ap., 31b)agora, vede então vós mesmos.

�Akoæeiw d® ¦fhn ¤gÅ... ProdÛkou toède (Plat., Prot., 341c)Estás ouvindo o Pródico aqui, não é?, disse eu?!

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641os invariáveis: conjunções e partículas

KoÛú d¯ krÛneiw T¡llon eänai ôlbiÅtaton; (Hdt., 1, 30)Por que (de que maneira), então, tu julgas que Telos é o mais feliz?

÷tan eÞw tò aétò ¦lyvsin ¤rast®w te kaÜ paidik�... tñted¯ (Plat., Banq., 184e)quando (sempre que) o amante e o amado chegam ao mesmo pon-to... nesse momento então...

oékoèn ¤peid¯ oé didaktñn ¤stin, oéd� ¤pist®mh d¯ ¦tigÛgnetai �ret®; (Plat., Mên., 99a)não é verdade que, uma vez que não é algo ensinável, então, a vir-tude não chega a ser nem mesmo ciência?

¤rvt�w... ána d¯ eéyçw faÛnvmai aétòw ¤mautÒ t�nantÛal¡gvn (Plat., Mên., 82a)tu me estás interrogando para que eu apareça direto dizendo coisascontrárias a mim mesmo, não é?!

fvn¯n ¦doja �koèsai... eÞmÜ d¯ oïn m�ntiw (Plat., Fedro, 242c)pareceu-me ouvir uma voz... pois então eu sou um adivinho.

D°yen (d® - yen)

A partir daí, então. É um reforço, uma ênfase sobre o sufixo adver-bial de lugar de onde, com inferências causais ou temporais.

tÛ d¯ �ndrvy¡ntew d°yen poi®sousin; (Hdt., 6, 138)tendo-se tornado adultos, a partir daí [então], o que farão?

oá min ±y¡lhsan �pol¡sai d°yen... (Hdt., 1, 59)os que então quiseram fazê-lo perecer...

Dhlad® (d°la d®) / dhlond® (d°lon d®)

Enfático sobre �é evidente, é claro, é manifesto�.

pñyen, Î SÅkratew, faÛnei ; µ dhlad¯ �pò kunhgesÛou;(Plat., Prot., 309a)De onde, Sócrates tu apareces?! Não é evidente que é de caçada?!

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642 os invariáveis: conjunções e partículas

D®pote (d® pote)

Então, por acaso.Nas perguntas, é um acréscimo de uma noção de incerteza, pedin-

do confirmação.

tÛ d®pote nomÛzete t¯n tÇn PanayhnaÛvn ¥ort¯n �eÜ toèkay®kontow xrñnou gÛgnesyai; (Dem., Fil., 1, 35)Então por que por acaso pensais que as festas das Panatenías se rea-lizam sempre na data conveniente?

÷stiw d® pote Ên (Plat., Fedro, 373c)sendo enfim aquele que por acaso é.

D®pou (d® pou)

Com certeza, naturalmente, sem dúvida, associado à partícula -d®acrescenta um tom confirmativo, conclusivo, com um leve toque de iro-nia: certamente, na verdade, sem dúvida então, talvez, não é?

oé d®pou kaÜ sæ eä tÇn toioætvn �nyrÅpvn oã xrhsimñ-teron nomÛzousi xr®mata µ �delfoæw; (Xen., Mem., 2, 3, 1)Com certeza também tu não és desse tipo de homens que conside-ram as riquezas [os bens] mais úteis do que os irmãos!?

� pñteron õ aétòw µ �llow;� �O aétòw d®pou (Plat., Íon, 531e)� é ele mesmo ou um outro?� É o mesmo, com certeza [naturalmente].

àste d®pou ÷ti oédeÜw pÅpote õmologÇn �dikeÝn ¥�lv(Dem., Emb., 215)vós sabeis com certeza que ninguém jamais foi pego confessandoque é injusto [que é réu, culpado].

àste g�r d®pou (Dem., 25, 15)pois vós sabeis certamente.

oédeÜw d®pou �gnoeÝ (Dem., 356, 9)ninguém ignora, sem dúvida.

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643os invariáveis: conjunções e partículas

d®pouyen (d® pou -yen)

Pospositiva.Poderíamos dizer que é uma composição confirmativa (d®) e ilativa

(-yen): sem dúvida então.

oédamÇw d®pouyen (Dem., 832, 15)sem dúvida, de modo algum.

� tÇn kakÇn êmeÝw aàtioÛ ¤ste;� oé d®pouyen (Lís., 6, 36)� de nossos males os culpados sois vós?� não, com certeza [é claro que não].

D°ta

É uma partícula de afirmação mais forte do que d®.Nas interrogações insistentes, conclusivas, sublinha a palavra

anterior.Então, com certeza.

� oédamÇw �ra deÝ �dikeÝn;� Oé d°ta (Plat., Críton, 49b)� Então não se deve cometer injustiça de nenhuma forma?� É claro que não. [não, evidentemente].

oé d°ta ¦gvgeeu não, com certeza [é claro].

tÛ oïn d°ta �n eàh ¤pist®mh lekt¡on; (Plat., Teet., 164b)pois bem, então o que deveria ser dito ciência?

Ëw me �pÅlesaw; �pÅlesaw d°ta (Sóf., El., 1164)como tu me arruinaste! sem dúvida arruinaste.

� oék �ra perÜ p�ntaw ge toçw lñgouw ² =htorik® ¤stin;� Oé d°ta (Plat., Górg., 449e)� Então a retórica não é pelo menos em relação a todos os discursos?� Não, com certeza.

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644 os invariáveis: conjunções e partículas

Diñti (di� ÷ti)

Porque, por que razão.

�E�n (eÞ �n) / �n / µn

Partícula supositiva de eventualidade.Em grego: sempre com o subjuntivo.Em português: presente ou futuro do subjuntivo: se, caso (no caso de);

eventual de repetição do presente (sempre que): subjuntivo em grego epresente do indicativo em português.

É a partícula supositiva por excelência; em grego introduz sempre ahipótese real, ou irreal, sempre no indicativo.

A tradução em português é se.� Em português, há confusão e incerteza no emprego do se. A razão

disso é que os gramáticos consideram o se como uma conjunção regentedesse ou daquele modo verbal.

� Em grego, as coisas são bem claras:A hipótese real e a irreal não trazem problemas.A real só se realiza no presente:�Se os deuses fazem algo feio, não são deuses.�E a irreal no passado:�Se os cidadãos votaram bem, não elegeram aquele presidente.�� Em grego, coerentemente, o modo da realidade e o da irrealidade

é o mesmo: indicativo.� Em português, há um certo equívoco entre o enunciado de uma

irrealidade presente (se com imperfeito do subjuntivo na condicionante,e condicional simples na condicionada)e o potencial. Para o possível, oportuguês usa a mesma construção do irreal do presente. Só o contexto ea entonação podem resolver o problema.

�Se eu tivesse dinheiro eu te emprestaria� tanto pode significar: �eunão tenho dinheiro e não te empresto�, e escolho uma forma delicada (opta-tivo grego e condicional português) para dizer isso, quanto o enunciadode uma mera possibilidade sem insistir na realidade ou não.

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Page 645: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

645os invariáveis: conjunções e partículas

� No grego, a irrealidade do presente é expressa pelo imperfeito doindicativo com eÞ na condicionante e imperfeito do indicativo com �n nacondicionada; mas a possibilidade é expressa pelo optativo com eÞ na con-dicionante e optativo com �n na condicionada.

Numa situação narrativa do passado, quando há repetição do fato(sempre que, cada vez que) e não um momento preciso (indicativo), en-contramos eÞ com optativo, que as gramáticas denominam optativo oblí-quo ou de subordinação.

eÞ tou fÛlvn bl¡ceien oÞketÇn d¡maw ¦klaen ² dæsthnoweÞsorvm¡nh (Sóf., Traq., 908)se [cada vez que] olhava um de seus queridos servos, olhando-os ainfeliz chorava.

potòn d¢ p�n ²dç ·n tÒ Svkr�tei di� tò m¯ pÛnein, eÞ m¯dicÐh (Xen, Mem., 1, 3, 5)toda bebida era agradável a Sócrates pelo fato de ele não beber senão tinha sede [a menos que - repetição].

faÛh d� �n ² yanoèsa eÞ fvn¯n l�boi (Sóf., El., 548)a que morreu [Ifigênia] diria [como eu] se retomasse a voz (irrealdo presente).

eÞ bouloÛmeya M¡nvna tñnde �gayòn Þatròn gen¡syaipar� tÛnaw �n p¡mpoimen didask�louw; (Plat., Mên., 90c)se nós quiséssemos que Mênon que aqui está se tornasse um bommédico, junto a que mestres nós o enviaríamos? (possibilidade).

eÞ d� �nagkaÝon eàh �dikeÝn µ �dikeÝsyai ¥loÛmhn �n m�llon�dikeÝsyai (Plat., Górg., 469c)se fosse necessário cometer ou sofrer injustiça eu escolheria de pre-ferência sofrer (possibilidade).

fÇw eÞ m¯ eàxomen ÷moioi toÝw tufloÝw �n ·men (Xen., Mem.,4, 3, 3)se nós não tivéssemos luz (possibilidade), seríamos iguais aos ce-gos (irreal do presente).

eÞ tò ¦xein oìtvw Éw tò lamb�nein ²dç ·n polç �n di¡fe-ron eédaimonÛ& oß ploæsioi (Xen., Cir., 8, 3, 44)se o ter fosse (irreal: não é) tão agradável como o tomar, os ricos sedistinguiriam muito em felicidade (possibilidade).

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Page 646: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

646 os invariáveis: conjunções e partículas

oék �n ¤poÛhsen �AgasÛaw taèta eÞ m¯ ¤gÆ aétòn ¤k¡leu-sa (Xen., An., 6, 6, 15)Agásias não teria feito essas coisas, se eu mesmo o não tivesse or-denado [irreal do passado: ele fez porque eu ordenei].

eÞ tñte ¤bohy®samen =�oni kaÜ polç tapeinot¡rÄ nèn �n¤xrÅmeya tÒ FilÛppÄ (Dem., Fil., 1, 9)se nós tivéssemos socorrido [os aliados], nós estaríamos tratandoagora com um Filipe muito mais brando e humilde (irreal no pas-sado; irreal no presente).

eÞ oß �lloi ³yelon toioètoi eänai ôry¯ �n ²mÇn ² pñliw ·nkaÜ oék �n ¦pesen tñte toioèton ptÇma (Plat., Láq., 181b)se os outros quisessem [agora irreal do presente] ser desse tipo[como Sócrates], nossa cidade estaria (irreal do presente) em boascondições e não teria sofrido na ocasião tamanha queda [mas so-freu, irreal do passado].

Observação: Na verdade o modo a ser empregado depende do sujeitodo enunciado, que é o senhor da mensagem; o conetivo traz seu signifi-cado e faz a ligação. Podemos ver isso também nos casos em que eÞ vemassociada a outras partículas. Há várias combinações:eÞ kaÛ, kaÛ eÞ, Ësper eÞ, eÞ �n, eà ge, eÞ m®, eàper, eÞ g�r, eàye,ktl

õ Kèrow eéyçw ±sp�zeto aétòn Ësper �n eà tiw p�lai fi-lÇn �sp�zoito (Xen., Cir., 1, 3, 2)Ciro beijou de imediato (Astíages), como alguém beijaria amandohá muito tempo.

¤moÜ m¢n �rkeÝ oàkoi m¡nein kaÜ eàte Læsandrow eàte �llowtiw ¤mpeirñterow perÜ t� nautik� boæletai eänai oé kv-læv (Xen., Hel., 1, 6, 5)a mim me é suficiente permanecer em casa e se Lisandro ou umoutro qualquer quer ser mais competente nas coisas náuticas, eunão impeço [se e se].

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647os invariáveis: conjunções e partículas

EÞ g�r (ver eàye)

EÞ d¢ m®

E se não, com modo volitivo (eventual) ou indefinido.

eÞ boælesye sunapi¡nai, ´kein ³dh keleæei t°w nuktñw: eÞ d¢m¯ aërion prvÜ �pi¡nai fhsÛn (Xen., Anáb., 2, 2, 1)se vós quereis partir com ele, ele diz para chegar de noite [estanoite]; se não, ele diz que parte amanhã cedinho.

m¯ oìtv l¡ge, eÞ d¢ m®, oé yarroènt� me §jeiw (Xen., Cir.,7, 1, 35)não fala [fales] assim, se não, tu me terás sem coragem.

Eàye

eàye e eÞ g�r introduzem orações de expressão de voto ou desejo(oxalá, tomara que) em que o uso do optativo diz que o sujeito duvida darealização do voto, mas expõe como mera possibilidade.

eày�, Î lÒste, sç toioètow Ìn fÛlow ²mÝn g¡noio (Xen., Hel.,4, 1, 38)oxalá, excelente homem, tu que és dessa qualidade, te tornassesnosso amigo!

eàye m®pote gnoÛhw ùw eä (Sóf., Édipo R., 1068)oxalá nunca soubesses quem és!

eày� eäxew beltÛouw fr¡naw; (Eur., El., 1061)ah! se tivesses melhores pensamentos [sentimentos, intenções].

EÞ m®

Exceto, se não (lat. nisi)

tò te str�teuma õ sÝtow ¤p¡lipe kaÜ prÛasyai oék ·n, eÞm¯ ¤n t» LudÛ& �gor� (Xen., Anáb., 1, 5, 6)os suprimentos [o trigo] abandonaram a expedição e não era pos-sível comprar, exceto no mercado na Lídia.

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648 os invariáveis: conjunções e partículas

EÞ m¯ �ra

A menos, contudo que, se é que não (lat. nisi, forte).

pÇw �n õ toioètow �n¯r diafeÛroi toçw n¡ouw; eÞ m¯ �ra ²t°w �ret°w ¤pÛm¡leia diafyor� ¤stin (Xen., Mem., 1, 2, 8)Como um homem dessa qualidade poderia corromper os jovens?!a menos que o estudo da virtude é [seja] uma corrupção.

Eàper

Se é que, se é verdade que (lat. si quidem).

Eäta

E então, a seguir.

¦fasan oé dunam¡nouw eêreÝn tò �llo str�teuma oéd¢ t�wõdoçw eäta planvm¡nouw �pol¡syai (Xen., An., 1, 2, 25)eles disseram que, não podendo encontrar o resto do exército nemas trilhas [de volta], então [a seguir] eles vagando, pereceram.

eäta oék aÞsxænei Î SÅkratew; (Plat., Apol., 28b)e depois disso, não te envergonhas, Sócrates?!

Eàte... eàte

Se... e se; seja que... seja que; quer... quer; ora... ora.

�EpeÛ

Conjunção temporal: quando, depois que.Causal: como, uma vez que, porque.Concessiva: ainda que, se bem que, bem que, como.Em geral o nosso como cobre os vários significados de ¤peÛ.

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649os invariáveis: conjunções e partículas

�Epeid®

Mesmo significado do conetivo anterior, apenas enfatizado por -d®; também pode ser traduzido por um como genérico. Às vezes pode virassociado à partícula do eventual �n, ¤peid�n; o subjuntivo seráconseqüente.

�Epeita (¤peÛ eäta)

A seguir, depois disso.O modo depende da idéia de realidade (indicativo), eventualidade

(subjuntivo) e possibilidade (optativo).

�Este

Até, até que.Usa-se como sinônimo de m¡xri, m¡xri oð, §vw, t¡vw, �xri,

�xri oð.Como preposição se constrói com o genitivo partitivo (de ponto de

contato), e como conjunção se constrói com o modo da relação do con-texto: indicativo da realidade, subjuntivo da eventualidade e optativo dapossibilidade.

�Este é menos freqüente do que m¡xri, §vw e t¡vw

perim¡nete ¦st� �n ¦lyv (Xen., Anáb., 5, 1, 4)esperai até que eu chegue (a eventualidade está marcada por �n).

�Eti (oék¡ti / mhk¡ti)

Ainda, enquanto.Relação temporal de duração (acréscimo: e mais). Afirmativa.Em geral se usa com indicativo: constatação da realidade.

¦ti moi m¡now ¤mpedñn ¤stin (E, 254)há ainda em mim um coração firme.

¦ti kaÜ d¯ ¤m�xonto (Hdt., 9, 102)eles combatiam ainda naquele momento.

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650 os invariáveis: conjunções e partículas

�Evw

Até, enquanto, enquanto que.Sinônimo de m¡xri, m¡xri oð, t¡vw, �xri, �xri oð, ¦ste.O modo depende da idéia de realidade (indicativo), eventualidade

(subjuntivo) e possibilidade (optativo) do contexto.

tò tettÛgvn g¡now... mhd¢n trof°w deÝsyai genñmenon �ll��sitñn te kaÜ �poton eéyçw �dein §vw �n teleut®sú (Plat.,Fedro, 259c)a raça das cigarras, tendo nascido para não precisar de nenhum ali-mento; ao contrário, para cantar direto, sem comer nem beber, atéque morra (a eventualidade está marcada por �n).

periem¡nomen oïn ¥k�stote §vw �noxyeÛh tò desmot®rion(Plat., Féd., 59d)nós esperávamos cada vez até que a prisão se abrisse (o optativo seusa para exprimir um fato repetido no passado; não é nem um fatoreal nem eventual).

§vw ge m¡nomen aétoè skept¡on moi dokeÝ eänai ÷pvw �s-fal¡stata menoèmen (Xen., Anáb., 1, 3, 11)pelo menos até que [enquanto] permanecemos aqui parece-me que sedeve olhar para que [de modo a que] permaneçamos [permanece-remos] com a maior segurança possível (indicativo da realidade:durante o tempo em que).

m¯ oïn �nameÛnvmen §vw �n pleÛouw oß pol¡mioi g¡nvntai�ll� àvmen §vw ¦ti oÞñmeya eépetÇw �n aétÇn krat°sai(Xen., Cir., 3, 3, 46)então não esperemos até que os inimigos se tornem mais numero-sos, mas avancemos até que (enquanto ainda) pensamos que podere-mos dominá-los facilmente (até que se tornem: subjuntivo even-tual; enquanto ainda pensamos: indicativo).

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651os invariáveis: conjunções e partículas

��H / ±¢ / ±æte

Ou, do que: basicamente uma relação entre dois, de diferença (doque) comparativo ou não.

³... ³

Ou... ou, quer... quer: paralelismo.Também usado nas interrogativas disjuntivas. Às vezes pode fazer

contraponto com pñteron (qual das duas coisas: isto ou aquilo?)Esse conetivo não traz em si o significado da diferença. É uma re-

lação entre dois. Ele apenas põe lado a lado as palavras ou expressões. Acomparação (diferença) para maior ou menor está nas próprias palavras,no próprio conteúdo semântico dos segmentos.

Na ausência do conetivo, o complemento da comparação (diferen-ça) vai naturalmente para o genitivo (ablativo em latim).

Quando se fala de conetivo é preciso lembrar que o conetivo conecta,liga, mas não funde; ele é uma ponte entre dois, um registro apenas. Por-tanto, se ele não funde, também não separa, não tem poder de disjunção,não desconecta.

Essa disjunção está no conteúdo das frases ou segmentos ou empalavras, como outro, contrário, diferente.

deÝ �Eratosy¡nhn �podeÝjai µ Éw oék �p®gagen aétòn µÉw dikaÛvw toèt� ¦prajen (Lís., 12, 34)é preciso Eratóstenes provar que ou não o levou [preso] ou fez issodentro da lei.

eàte LusÛaw ³ tiw �llow (Plat., Fedro, 277d)se [foi] Lísias ou um outro qualquer.

§loimÛ ken ³ ken ¥loÛhn (X, 253)eu te poderia pegar ou poderia ser pego.

gæpessin polç fÛlteroi µ �lñxoisin (L, 162)mais amigos dos abutres do que das esposas.

mel�nteron ±æte pÛssa (D, 277)mais negro do que o piche.

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652 os invariáveis: conjunções e partículas

MhonÜw ±¢ K�eira (D, 141)é uma [mulher] meônia ou cária.

oék ¦jestin aétÒ eÞw ßeròn eÞsi¡nai µ �poyaneÝsyai (And.,Mist., 33)não lhe é permitido entrar no templo, ou haver de morrer.

Ërisan toÝw ôstrakizom¡noiw ¤ktòw Geraistoè kaÜ Skul-laÛou katoikeÝn µ �tÛmouw eänai kay�paj (Arist., Gov. dosAten., 22, 8)eles determinaram aos que eram exilados [ostrakizados] de residirfora dos cabos Geraistos e Squileu, ou então perder a cidadania devez.

pñteron dokeÝ soi k�kion eänai, tò �dikeÝn µ tò �dikeÝsyai;(Plat., Górg., 474c)qual das duas coisas te parece pior: cometer ou sofrer injustiça?

oék oàei aétòn �n ²geÝsyai t� tñte õrÅmena �lhy¡steraµ t� nèn deiknæmena; (Plat., Rep., 515d)não achas que ele julgaria as coisas que eram vistas então mais ver-dadeiras [reais] do que as que estão sendo mostradas agora?

toçw ¤nantÛouw lñgouw µ aétòw katedñkee (Hdt., 1, 22)discursos contrários a que [do que] ele mesmo suspeitava (o conetivonão traz a idéia de diferença/comparação; ela está no significado de�contrários�).

Também aqui:

polç oß lñgoi oðtoi �ntÛoi eÞsÜn µ oîw ¤gÆ ³kouon (Xen.,6, 6, 34)essas palavras são em muito contrárias às que eu ouvia.

kaÛ moi deèro, Î M¡lhte, eÞp¡: �llo ti µ perÜ polloè poieÝ÷pvw b¡ltistoi oß neÅteroi ¦sontai; (Plat., Apol., 24c)dize-me também aqui, Mêletos, há alguma outra coisa a que dásmais importância do que para que os mais jovens sejam melhores?

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�H

Exprime um idéia de confirmação, uma espécie de certeza decor-rente de uma convicção a partir do que foi dito, projetando-se para o quesegue.

Desse modo também é usada na formulação de uma pergunta ba-seada numa pré-condição de resposta afirmativa. Nesse caso, às vezes seassocia a �ra/�ra, que exprime ajuste.

Em português podemos vê-la assim: �uma vez feitas as contas, en-tão...�; o significado não muda nas interrogativas: �uma vez feitas as con-tas, então / será que?...� exprime a convicção de uma resposta afirmativa.

· kalÇw l¡gete (Plat., Banq., 176b)é, então vós dizeis bem.

XaÛreton: · fÛloi �ndrew ßk�neton (I, 197)saudações aos dois; então vós dois viestes como homens amigos.

kaÛtoi eÞ ¤keÝnow �p¡yanen · pou �Agñratñw ge dikaÛvw�poyaneÝtai (Lís., 13, 57)pois bem, se aquele homem morreu, então certamente Agóratoshá de morrer por justiça.

· sæ g� �Odusseæw ¤ssi polætropow; (K, 330)então és tu o engenhoso Odisseu?

�ll� tÛw soi dihgeÝto; · aétòw Svkr�thw; (Plat., Banq.,173a)mas, quem te contava isso? Acaso [não é] o próprio Sócrates?

· ti perÜ TrÅvn kaÜ �AxaiÇn mermhrÛzeiw; (U, 17)sem dúvida tu te preocupas a respeito dos troianos e dos aqueus?

pÇw eäpaw; · t¡ynhke Pñlubow; (Sóf., Édip. R., 943)como dizes? então [será que] Pólibos morreu?

kaÜ n¯ tòn kæna, Î �ndrew �AyhnaÝoi, - deÝ g�r pròw êm�wt�lhy° l¡gein - · m¯n ¤gÆ ¦payñn ti toioèton; (Plat., Apol.,22a)e, pelo cão, senhores atenienses [pois é necessário dizer a verdadediante de vós], será que, então eu percebi algo assim?

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· se associa a várias outras partículas, onde atua como uma confir-mação do sentido das outras; ela aparece aí como um enfático. As princi-pais combinações são as seguintes:· �ra (�r / =a), · g�r, · d®, ³ toi / ·toi, · m¢n... · d¢ / ±m¢n...±d¢, · pou, · pou d¯, · m¯n, ¤pei®, ti®, õti®

tÛ l¡geiw, f�nai, Î Kère, · g�r sç taÝw xersÜ toætvn ti¤fæteusaw; (Xen, Ec., 4, 23)o que estás dizendo, disse, Ciro? pois então tu, com tuas mãos plan-taste alguma dessas [árvores]?

· pou, ·n d� ¤gÅ, Î Læsi, sfñdra fileÝ se õ pat¯r kaÜ ²m®thr; (Plat., Lísis, 207b)então, disse eu, Lísis, certamente teu pai te ama muito e tambémtua mãe?

· �ra sçn meg�lú �ret» ¤kt®sv �koitin; (V, 193)então [estou vendo], tu fizeste uma aquisição de uma esposa comgrande virtude.

eÞ t� deinñtata tÇn kathgorhy¡ntvn perifanÇw ¤l¡g-xontai ceudñmenoi · pou t� ge pollÒ faulñtera =&dÛvwêmÝn �podeÛjv ceudom¡nouw aétoæw (Andóc., Mist., 24)se em relação às mais graves das acusações eles estão sendo muitomanifestamente persuadidos de estarem mentindo, então [com cer-teza], pelo menos em relação das muito mais leves eu vos demons-trarei que eles estão mentindo.

¤n eÞr®nú · pou d¯ ¤n pol¡mÄ (Tuc., 1, 142, 3)na paz, então com certeza também na guerra.

deÝ aétoçw ³toi �mayest�touw eänai (Andóc., Sobre a volta, 2)então com certeza é necessário eles serem bem ignorantes.

õ aétòw d¡ pou oïtow tugx�nei Ìn kaÜ filoxr®matow kaÜfilñtimow ³toi t� §tera toætvn µ �mfñtera; (Plat., Fedro,68c)de alguma forma esse mesmo homem se encontra sendo por acasotanto amigo das riquezas quanto das honras, ou então [na verdade]de uma delas ou de ambas.

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655os invariáveis: conjunções e partículas

�HnÛka

Conjunção temporal relativa: quando, no momento em que, e corre-lativa às conjunções demostrativas thnÛka (neste tempo), ou interrogati-va phnÛka (quando?).

�Ina

Na origem é um advérbio relativo de lugar �lá onde� a que se asso-ciou uma idéia de eventual; surge a partir daí a idéia de finalidade, do fatofuturo.

De uma superposição de expressões semanticamente independen-tes (lugar onde e eventual) vem a idéia da finalidade.

No ático, ána aparece como o conetivo final por excelência. Comoa idéia de finalidade é uma eventualidade, as gramáticas estabelecem comoregra que ána se constrói com o subjuntivo (eventualmente com o opta-tivo potencial ou de subordinação). Na verdade, mais uma vez, o mododepende do conteúdo e da maneira como o emissor quer exprimir suamensagem.

Em geral encontramos o subjuntivo por causa da eventualidade la-tente no significado de ána: lá onde; não é uma localização precisa, indi-cativa, demostrativa.

Mas, se há uma idéia de possível ou atenuação da afirmação pode-mos encontrar o optativo (com ou sem �n); e se se insiste sobre a reali-dade, podemos encontrar o indicativo.

Î yaum�sie M¡lhte ána tÛ taèta l¡geiw; (Plat., Apol., 26c)ó maravilhoso Mêletos, para que dizes essas coisas? [e aqui, porquedizes essas coisas?].

kænaw tr¡feiw ána soi toçw lækouw �pò tÇn prob�tvn�perækvsin. (Xen., Mem., 2, 9, 2)tu crias cães para que [no que] eles afastem os lobos dos rebanhos.

m¯ speède plouteÝn ána m¯ taxç p¡nhw g¡nú (Prov.)não te apresses em enriquecer, para que não tornes rapidamentepobre.

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656 os invariáveis: conjunções e partículas

t� ploÝa tñte �Abrokñmaw proiÆn kat¡kausen ána m¯Kèrow diab» (Xen., An., 1, 4, 18)então Abrocomas avançando incendiou as embarcações a fim de queCiro não atravesse [no que não atravesse].

eÞ g�r Êfelon Î KrÛtvn oäoÛ te eänai oß polloÜ t� m¡gis-ta kak� ¤jerg�zesyai ána oäoÛ te ·san aï kaÜ �gay� t�m¡gista (Plat., Críton, 44d)ah seria bom, Críton, o povo ser capaz de realizar os maiores malesa fim que também fosse [não é] por sua vez também capaz de reali-zar os maiores bens. (imperf. do irreal do presente).

ána m® min limòw ákhtai (T, 348)a fim de que a fome não me chegue.

toçw n¡ouw eÞw paidotrÛbou p¡mpousin ána sÅmata bel-tÛv ¦xvsin (Plat., Prot., 326)eles mandam os jovens ao mestre de ginástica para que tenham oscorpos melhores.

[õ tærannow] pol¡mouw �eÜ kineÝ án� ¤n xreÛ& ²gemñnow õd°mow  (Xen., An., 2, 4, 17)O tirano sempre provoca guerras para que o povo esteja em neces-sidade de um comandante

dihrÅtvn �n aétoçw tÛ l¡goien án� �ma ti kaÜ many�noimi(Plat., Apol., 22b)eu os interrogava [em relação a] o que diziam a fim de que ao mes-mo tempo eu também aprendesse algo

polçn d¢ sçn ¤moÜ xrusòn ¤kp¡mpei l�yr&pat®r, án�, eà pot� �IlÛou teÛxh p¡soitoÝw zÇsin eàh paisÜ m¯ sp�niw bÛou (Eur., Héc., 10-2)meu pai envia às escondidas muito ouro comigo a fim de que, sepor acaso Ílion caísse, não houvesse penúria aos filhos vivos, [numquadro do passado, o fantasma de Polidoro conta, em cena, fatospassados; por isso o optativo em lugar do subjuntivo].

oàxontai ána m¯ doÝen dÛkhn (Lís., 20-1)eles estão viajando [foram embora] a fim de não enfrentar a justiça[que possam não enfrentar; possível].

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657os invariáveis: conjunções e partículas

boæloint� �n ²m�w ¤jvl¡nai ána t�w telet�w l�boienaétoÜ tÇn yeÇn (Aristóf., Plut., 412)eles [os deuses] gostariam de nos ver mortos a fim de eles entre osdeuses pegarem [pudessem pegar] as oferendas

p�ntaw �n bouloÛmhn perÜ ¤moè taæthn t¯n gnÅmhn ¦xeinána ²g°sye... (Lís., 7, 12)eu gostaria de todos terem a meu respeito essa opinião, a fim deque penseis...

[Þxyæew] t°w aét°w [g°w] �nt¡xontai ¤gxriptñmenoi kaÜcaæontew Éw m�lista ána d¯ m¯ �m�rtoien t°w õdoè di�tòn =ñon (Hdt., 2, 93)[os peixes] dessa mesma região se mantêm contra [à margem],encostando-se e tocando-a o mais possível para que não falhem [pos-sam falhar] da rota por causa da corrente [pela] (o optativo expri-me a possibilidade de os peixes se afastarem da rota).

tÇnde d¢ eáneken �n°gon t�w n¡aw ána d¯ toÝw �Ellhsi mhd¢fugeÝn ¤j» �ll� �polamfy¡ntew ¤n t» SalamÝni doÝen tÛsintÇn ¤p� �ArtemisÛÄ �gvnism�tvn (Hdt., 8, 76)eles (os persas) espalharam os navios por causa destas coisas: a fimde que não seja possível nem mesmo fugir aos gregos ([eventualpara os gregos], mas se fossem tomados [tendo sido dominados]em Salamina pagassem tributo dos combates em Artemísio.

KaÛ

É o conetivo horizontal por excelência; na origem é um advérbio:também, mesmo, até, que depois se enfraqueceu.

Liga duas palavras, duas frases, duas orações que estão no mesmoplano.

É o conetivo somatório, aditivo, e por isso separativo (na mesmamedida em que dois objetos precisam de um conetivo, nessa mesma medi-da eles revelam que estão separados).

Quando se coloca à frente de uma palavra, uma frase, uma oração,isto é, quando não reflete a horizontalidade, o paralelismo kaÛ assume osignificado de conetivo forte (de antigo advérbio, como ¦ti: também,ainda, até, mesmo.

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658 os invariáveis: conjunções e partículas

Fazendo contraponto com um outro kaÛ ele significa: de um lado...de outro, tanto... quanto, não só... mas também.

Às vezes kaÛ pode vir acompanhado de outras partículas. Nessescasos há uma combinação dos significados; sempre com uma ênfase ouprecisão; as diversas partes mantêm e combinam os significados.

As principais combinações são: kaÜ d®, kaÜ d¯ kaÛ, kaÜ m¢n d®,kaÜ m®n, kaÛtoi, te...kaÛ, kaÛper, eÞ kaÛ.

Nesses casos kaÛ volta a ter o significado forte, adverbial.

ôlÛgou tinòw �jÛa kaÜ oédenñw (Plat., Apol., 23)[a sabedoria humana] digna de pouca coisa, de nada [mesmo] até.

dielyñntvn ¤tÇn dæo kaÜ triÇn (Tuc., 1, 82)passados dois, mesmo três anos [até]

kaÜ dÜw kaÜ trÜw pÛnein (Plat., Fedro, 63e)beber duas, mesmo três vezes [até].

N¡stvr ²duep®w... toè kaÜ �pò glÅsshw m¡litow glukÛvn=¡on aéd® (A, 429)Nestor de fala suave, de que até da língua fluindo uma voz maisdoce do que o mel.

oé dein�; kaÜ p¡mpousin ³dh �piskñpouw eÞw t¯n pñlin;(Aristóf., Aves, 1033)não é terrível?! eles até mandam inspetores para nossa cidade!

· kaÜ taæthn oïn ¦fhn ¤gÅ t¯n dikaiosænhn sç did�skeiw;(Xen., Econ., 14, 3)então, disse eu, até essa justiça tu ensinas?!

�Hr�kleiw kaÜ k¡ntr� ¦xousin. Oéx õr�w d¡spota; (Aristóf.,Vespas, 420)Por Heraclés, até ferrões eles têm! Não estás vendo, patrão?!

kaÛ moi l¡ge t¯n graf¯n labÅn (Dem., 18, 53)pois bem, pega o decreto e lê também para mim.

¤moÛ, Î �riste, eÞsin m¡n poæ tinew kaÜ oÞkeÝoi (Plat., Apol.,34d)ó caríssimo, para mim existem em algum lugar alguns, mesmo dafamília [até].

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659os invariáveis: conjunções e partículas

oëtoi... dænamai m¯ gel�n: kaÛtoi d�knv g� ¤mautñn(Aristóf., Rãs, 43)não! eu não consigo não rir; e ainda que eu mesmo me morda!

kaÛtoi ¦gvg� oämai kaÜ t¯n læran mou kreÝtton eänai �nar-mosteÝn µ §na önta ¤m¢ ¤mautoè �sæmfvnon eänai (Plat.,Górg., 482b)pois bem, (Cálicles), por mim eu acho ser melhor até minha liraestar desafinada do que, sendo um só, estar em falta de sintoniacomigo mesmo.

l¡gv d¯ kaÛtoi oék oäda õpoÛ& tñlmú... xrÅmenow ¤rÇ kaܤpixeir®sv (Plat., Rep., 414d)sim eu digo, mesmo que não sei usando de que ousadia eu vou di-zer; ainda assim vou tentar.

pantÜ yumÒ kaÜ fileÝ kaÜ miseÝ (Dem., Emb., 227)de todo o coração ele ama e odeia [tanto ama quanto odeia].

teyaæmaka ù kaÜ prÅhn tinòw ³kousa (Dem., Quers., 4)eu admirei o que mesmo antes eu ouvi de alguém.

Î K¡fale, xaÛrv ge dialegñmenow toÝw sfñdra pres-bætaiw: kaÜ d¯ kaÜ soè ²d¡vw �n puyoÛmhn ÷ ti soi faÛnetaitoèto. (Plat., Rep., 328d)Kéfalos, eu me alegro discutindo com os bem idosos, e então tam-bém com prazer eu poderia saber de ti o que te parece isso.

kaÜ m¢n d¯ oék ¤n t» oÞkÛ& �ll� ¤n õdÒ sullabÆn �p®ga-ge (Lís., 12, 30)e também na verdade ele o levou preso tendo pegado não dentro decasa, mas na rua.

�Aghsil�Ä ¥autòn kaÜ t¯n gunaÝka kaÜ t� t¡kna kaÜ t¯ndænamin ¤nexeÛrise (Xen., Ages., 3, 3)[o persa Spithridates] pôs à disposição de Agesilau e a sua pessoa,e a mulher e os filhos e sua capacidade [tanto quanto].

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M�

É uma intensiva forte; enfatiza, sublinha uma afirmação ou nega-ção. É mais oral do que escrita. Em português nem sempre se traduz.

É bastante usada nas afirmações categóricas e nos juramentos.Às vezes é substituído por n® (sim).

oé m� toçw yeoæw oék oäda (Xen., Cir., 5, 4, 12)não, pelos deuses, eu não sei! [certamente].

�ll� m� toçw yeoæw oék ¦gvge aétoçw diÅjv (Xen., Anáb.,1, 4, 8)mas, pelos deuses, eu não os perseguirei [certamente].

� �p¡fugon oß krinñmenoi;� M� tòn Kæna ¤peÜ yan�tÄ ¤zhmiÅyhsan; (Plat., Rep., 591c)� os que estavam sendo julgados escaparam?� Sim, pelo cão, uma vez que foram condenados à morte! [claro].

M¡n

É pospositiva e a esse título podemos considerá-la enclítica. É umdos conetivos mais fracos; ele isola, restringe a palavra anterior, ligando-aao que se segue (às vezes se confunde com m®n); ele se pospõe a umnome, pronome, advérbio ou verbo, destacando-os, restringindo-os.

Funciona como uma verdadeira pontuação oral, e nesse caso pode-ríamos �traduzi-la� por uma vírgula.

É um conetivo que tira seu significado do contexto. Por isso é emvão que os gramáticos tentam encontrar-lhe uma tradução: na verdade,sem dúvida, mas e outras.

Vem freqüentemente associada ou composta com outras partículas:m¢n... d¢, m¢n oïn, m¢n d¯, kaÜ m¢n d¯, kaÜ m¢n, m¢n toi, m¡ntoi,m¢n... te, m¢n... kaÜ

A associação mais freqüente é com d¢, em um paralelismo de doissegmentos (frases, sintagmas) colocados em um mesmo plano, em umarelação equivalente a �de um lado (m¢n)... de outro lado (d¢)�. As duaspartículas, pospositivas, realçam, restringem, enfatizam as palavras sobreas quais se �encostam� (enclíticas).

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O caso mais significativo está no uso sobre o artigo: õ m¢n...õ d¢,em que, ao enfatizar o artigo, faz com que ele volte ao significado pri-meiro, de demonstrativo: este... aquele/um... outro. Quando o paralelismose estende, repete-se apenas o segundo conetivo (d¢).

aét�r ¦peita, �AtreÛdh, sç m¢n �rxe: sç g�r basileæ-tatow (I, 69)mas então, Atrida, comanda tu [e não outro], pois és o maior rei.

Zeçw m¡n pou tñ ge oäde... (G, 308)Zeus, ele, sabia isto...

¦sth sk°ptron ¦xvn tò m¢n �Hfaistow k�me teæxvn (B,101)[Agamêmnon] de pé segura o cetro, aquele [mesmo] que Hefestofabricou trabalhando [se cansou fazendo].

� �r� oé tñde ·n tò d¡ndron ¤f� ÷per ·gew ²m�w;� toèto m¢n oïn aétñ (Plat., Fedro, 230a)� Então não era essa a árvore para a qual tu nos conduzias?� Exatamente [era] essa mesma.

� Éw �topon tò ¤næpnion, Î SÅkratew.� �Enarg¢w m¢n Ëw g � ¤moÜ dokeÝ, Î KrÛtvn (Plat., Críton, 44b)� como é estranho esse sonho, Sócrates.� e [também] claro, Críton, como, pelo menos a mim, parece.

p�ntvn m¢n krat¡ein ¤y¡lei p�ntessin d� �n�ssein (A, 288)todos ele quer comandar, sobre todos ele quer reinar.

fhmÜ d¯ deÝn ²m�w �ma toÝw m¢n �OlunyÛoiw bohyeÝn pròwd¢ Yhttaloçw presbeÛan p¡mpein (Dem., 2, 11)eu afirmo que é preciso ao mesmo tempo, de um lado socorrermosos olíntios e de outro enviarmos uma embaixada aos tessálios.

[mi�w d¢ oëshw] t°w toè sÅmatow yerapeÛaw dæo mñria l¡-gv t¯n m¢n gumnastik¯n t¯n d¢ Þatrik®n (Plat., Górg., 464b)sendo uma só a cultura do corpo [mesmo que seja], eu afirmo quehá duas partes: uma a ginástica e outra a da cura [medicina].

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pñlin m¢n, eÞ kaÜ m¯ bl¡peiw froneÝw d� ÷mvw oá& nñsÄsænestin (Sóf., Édipo R., 304)nossa cidade, ainda que não enxergas, mesmo assim compreendes comque tipo de doença ela convive.

tò d� aàtion oäda m¡n, l¡gein d� oéd¢n d¡omai (Ésquines, C.Ctes., 139)a causa [o que causa] eu sei, agora [mas], nada dizer eu preciso.

tòn sæmbant� ¤n t» pñlei yñrubon àste m¢n p�ntew: mikr�d� �koæsay� ÷mvw (Dem., Coroa, 168)o rumor que corre na cidade vós sabeis todos, mas, mesmo assim,vós ouvis poucas coisas.

patròw m¢n d¯ l¡getai õ Kèrow gen¡syai Kambæsou: õ d¢K�mbusow toè PerseidÇn g¡nouw ·n (Xen., Cir., 1, 2, 1)[por parte] de pai, diz-se que Ciro nasceu de Cambises; e [esse]Cambises era da raça dos Perseidas.

¤gÆ d¢ sæneimi m¢n yeoÝw sæneimi d� �nyrÅpoiw toÝw �gayoÝw(Xen., Mem., 2, 1, 32)quanto a mim, eu estou [freqüento] com deuses, eu estou com ho-mens, os bons.

¤ntaèya hêrÛskonto pollaÜ m¢n klÝnai poll� d¢ kibÅtiapollaÜ d¢ bÛbloi gegramm¡noi (Xen., Anab., 7, 5, 14)naquele lugar se encontravam muitos leitos, muitos cofres, muitosvolumes [livros] escritos.

� oäsya õpñsa aétÒ ¤sti;� m� tòn DÛa, ¦fh õ Kèrow, oé m¢n d® (Xen., Cir., 1, 6, 9)� tu sabes quanto [quantos bens] ele tem?� Por Zeus, disse Ciro, não, é claro.

M¡ntoi

É a somatória da partícula intensiva, enfática, restritiva, m¢n com apartícula afirmativa, subjetiva, toi.

Seria então uma �intensiva-confirmativa�. Ela pode estar em todotipo de proposições; afirmativas, negativas, interrogativas etc.

Traduções mais comuns: sim, é claro, certamente, então, entretanto.

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õ Kèrow ³reto:� · oðtoi pol¡mioÛ eÞsin;� Pol¡mioi m¡ntoi (Xen., Cir., 1, 4, 19)Ciro perguntou:� Será que esses aí são inimigos?� Inimigos sim, é claro.

� oék oàei, Î SÅkratew;� oé m¡ntoi m� DÛa (Plat., Menex., 235d)� não achas, Sócrates?� não, não acho, por Zeus.

� oé sç m¡ntoi �Om®rou ¤pain¡thw eä; (Plat., Prot., 309a)� então tu não és um admirador [elogiador] de Homero?

� ¤n dikasthrÛoiw oß �ntÛdikoi tÛ drÇsin;� oék �ntil¡-gousin m¡ntoi; (Plat., Fedro, 261c)� nos tribunais, o que fazem as partes contrárias? Elas, sem dúvida,não fazem controvérsia?

M¡xri (-w ) (hom. m¡sfa)

Tem o significado de �até, até que...�.Pode aparecer também como preposição (até, com genitivo parti-

tivo, significando o toque do ponto de chegada). O modo a ser usadodepende da relação de real (indicativo), eventual (subjuntivo) e possível(optativo) que estiverem no contexto.

taèta ¤poÛoun m¡xri skñtow ¤g¡neto (Xen., Anáb., 4, 2, 4)eles estavam fazendo essas coisas até que se fez escuro [noite].

¤naum�xhsan m¡xri oð ¦fugon (Xen., Hel., 1, 5, 11)eles travaram o combate naval até que [o ponto que] fugiram (gen.partitivo oð da preposição e indicativo da constatação da realidade).

¦fh t¯n �sf�leian eänai mhd¡na ¤kb°nai ¤k t°w neÇw m¡xrioð ploèw g¡nhtai (Tuc., 1, 137, 2)ele afirmou que havia uma segurança de ninguém sair da embarca-ção, até que aconteça a partida [navegação] - (relação de eventuali-dade > subjuntivo).

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M® / mhd¡ / m®te...m®te

Não eventual, volitivo, indeterminado.É a negação eventual por excelência, volitiva, subjetiva, nas expres-

sões de desejo, exortação, finalidade, ordem negativa, temor, apreensão,inquietação. Não nega a realidade objetiva ou subjetiva (constatação ouafirmação).

Quando introduz uma interrogativa usando o indicativo, espera umaresposta afirmativa (lat. nonne).

m¯ tòn �Axill¡a oàei frontÛsai yan�tou kaÜ kindænou;(Plat., Apol., 28d)acaso crês que Aquiles se inquietava da morte e do perigo?

Mhd¡

E não. Nem mesmo.É a negação volitiva enfatizada, reforçada.

M®te

m®te... m®te: Não... e não; nem... nem.Repetição da negação volitiva, eventual.

M®n / m�n (m¡n)

É também uma partícula intensiva forte, muito próxima de m�.Ela enfatiza e sublinha uma afirmação, uma negação ou uma interroga-ção: realmente, com certeza, de fato, então; às vezes essa ênfase ou desta-que tem um caráter restritivo e daí adversativo, contraditório.

Por vezes mesmo introduz uma nova idéia sob forma de antítese:contudo, não obstante, entretanto.

Por isso é muito usada nos diálogos (Platão, os trágicos e Aristófanes).É uma partícula pospositiva.Como outras partículas, ela também tem combinações:

kaÜ m®n, ge m®n, m®n ge, tÛ m®n, �llú m¯n, oé m¯n �ll�, · m®n.

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� tÛ oïn �n eàh õ �Ervw; ynhtñw;� �Hkista.� �All� tÛ m®n;� o que então poderia ser o Amor? Mortal?� Absolutamente não [minimamente].� Mas, afinal, o quê?

tÛnow m¯n §neka ¤many�nete tojeæein; (Xen., Cir., 1, 6, 28)por causa do que então aprendíeis a atirar com arco?

� fhmÜ mhd¡na �n ¤n braxut¡roiw ¤moè t� aét� eÞpeÝn.� toætou m¯n deÝ (Plat., Górg. 449c)� eu afirmo que niguém diria as mesmas coisas em menos palavrasdo que eu.� é disso precisamente que eu preciso.

dokeÝ yeòw m¢n �n¯r oédamÇw eänai, yeÝow m®n (Plat., Sof.,216b)esse homem parece de nenhum modo ser um deus, (mas) divino écertamente.

kaÜ m®n, Î fÛle �Ag�yvn, kalÇw moi ¦dojaw kayhg®sas-yai, (Plat., Banq., 199c)Pois bem, meu caro Agaton, tu me pareces começar bem o discurso.

� ¤mpeirÛaw §neka k�llista tÇn �ndrÇn krÛnei oðtow� polæ ge. KaÜ m¯n met� fron®sevw mñnow ¦mpeirow gego-nÆw ¦stai, (Plat., Rep., 582c)� por causa da experiência esse homem julgará muito melhor doque os outros homens.� Muito melhor. E ainda mais, ele será o único que estará commoderação.

� kinduneæv, Î SÅkratew, oéd¢n eÞd¡nai Ïn tñte eäpon� kaÜ m¯n kalÇw ge eäpew (Plat., Banq., 201b)� eu receio, Sócrates, que não sei nada do que disse então.� entretanto [e na verdade] falaste bem.

�gayòw õ yeòw tÒ önti kaÜ lekt¡on oìtvw; - tÛ m®n;a divindade na realidade é boa e é assim que se deve dizer? � E oquê, na verdade? [certamente]

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� ¦stin oé toè kaloè õ ¦rvw, Éw sç oàei� �ll� tÛ m®n;� t°w gen®sevw ¤n tÒ kalÒ. (Plat., Rep., 585a)� o amor não é do belo [não pertence ao belo], como tu pensas.� mas, o que é, então?� é da geração no belo.

õ áppow pÛptei eÞw gñnata kaÜ mikroè k�keÝnon ¤jetrax®-lisen oé m¯n �ll� ¤p¡meinen õ Kèrow (Xen., Cir., 1, 4, 8)o cavalo caiu de joelhos e por pouco não o estrangulou; Ciro noentanto o esperou.

�eÜ m¯n oïn oß y� ²m¡teroi prñgonoi kaÜ oß LakedaimñnioifilotÛmvw pròw �ll®louw eäxon oé m¯n �ll� perÜ kallÛs-tvn ¤n ¤keÛnoiw toÝw xrñnoiw (Isócr., 4, 85)Na verdade, sempre os nossos antepassados e os lacedemônios ri-valizaram entre si em ambição [amor à glória], com certeza, naque-les tempos, não pelos mais belos motivos.

MÇn (m¯ oïn)

Então não? Por acaso não? (lat. num); oïn traz a idéia de conseqüên-cia, conclusão. Espera-se uma resposta negativa.

NaÛ

Sim. Está certo.É a resposta afirmativa por excelência. Convive com outras expres-

sões mais enfáticas, como:m�lista: sobretudo, maximamente; sim, com certeza;p�nu m¢n oïn, p�nu ge: mas sim, certamente que sim;¦gvge: eu, por mim (está implícito o verbo condutor da pergun-

ta: tu pensas assim? - eu, por mim [penso], fhmi, f�skv, eu digo, es-tou dizendo [que sim]).

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Partícula de protesto, isto é, partícula enfática incidindo sobre umaafirmação categórica, como um juramento.

Uso comum como m�.

� · kaÜ dÛdvw p�nta taèt� moi t� kr¡a;� N¯ DÛa, ¦gvg¡ soi (Xen., Cir., 1, 3, 6)� acaso tu estás dando toda essa carne para mim?!� Sim! Por Zeus, estou te dando!

Nèn

Agora, neste momento, agora mesmo, há apenas um instante.

yæomai m¢n Éw õr�te õpñsa dænamai, kaÜ nèn ¤yuñmhn pe-rÜ aétoè toætou (Xen., Anáb., 5, 6, 28)eu estou oferecendo sacrifício, como estais vendo, quantas eu possoe há pouco eu estava oferecendo sacrifício a respeito disso mesmo.

Nèn d¡

Depois de um período condicional de irrealidade, a oposição aoque precedeu se exprime por nèn d¡: mas agora, mas eis que, só que (lat.nunc vero).

eÞ ¤gÆ toætvn tÇn pragm�tvn aàtiow ·n eÞkñtvw �n aé-tÒ m¡llonti zhmiÅsesyai sun®xyesye: nèn d� oðtñw ¤stinõ sukofantÇn (Isócr., 18, 37)se fosse eu o culpado desses fatos seria normal que vós vos compa-decêsseis com ele em vias de ser punido, mas na verdade é ele queme está caluniando.

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Nun

Enclítica e pospositiva.Então: partícula de afirmação, assentimento.

� j¡non se, Î �AgesÛlae, poioèmai.� �EgÆ d¡ ge d¡xomai.� M¡mnhsñ nun. (Xen., Hel., 4, 2, 3)� Eu te faço meu hóspede, Agesilau.� E eu aceito.� Lembra-te então.

�EpÜ toætoiw p�lin ¤p®reto tòn Mhdos�dhn eÞ ¦lege taè-ta. �O d¢ sun¡fh kaÜ taèta.

� �Iyi nun , ¦fh, �f®ghsai toætÄ tÛ soi �pekrin�mhn...(Xen., Anáb., 7, 2, 2)A seguir ele voltou a perguntar a Medosades se dizia [tinha dito]essas coisas. Este confirmou também essas coisas.� Vai, então, disse ele, contar a ele o que eu te respondi.

�Omvw

Entretanto, contudo, todavia, apesar disso (lat. tamen). Em geral seusa depois de uma concessiva.

kaÜ Kardoæxouw kaÛper basil¡vw oéx êphkñouw öntaw÷mvw polemÛouw kths�meya (Xen., Anáb., 5, 5, 1)também os carducos, mesmo não sendo súditos do rei, contudo [as-sim mesmo] nós os fizemos nossos inimigos.

· g�r dokeÝ tÛw soi, Î M¡nvn, gignÅskvn t� kak� ÷tikak� ¤stin ÷mvw ¤piyumeÝn aétÇn; (Plat., Mênon, 77)Mênon, não te parece que alguém, conhecendo os males no quesão males, apesar disso os deseje ardentemente?

sçn soÛ ÷mvw kaÜ ¤n t» polemÛ& öntew yarroèmen (Xen.,Cir., 5, 1, 2)na tua companhia, mesmo estando em país inimigo, nós temoscoragem.

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669os invariáveis: conjunções e partículas

oék oäd� ÷ti deÝ m�rturaw parasx¡syai: ÷mvw d¡: ¤gÆ g�rd¡omai �napaæsasyai. (Lísias, 12.6)eu não vejo em que é preciso apresentar testemunhas; apesar disso[eu o farei], na verdade eu preciso descansar.

Lakedamñnioi ¦gnvsan ÷mvw tñte ¤xyroÜ öntew sÅzeint¯n pñlin (Andóc, Mist., 14)os lacedemônios souberam, mesmo na época sendo nossos inimi-gos, salvar nossa cidade.

�Opvw

É basicamente um advérbio relativo de modo, o equivalente indefi-nido do interrogativo pÇw - como? O significado seria então: como (inte-grante), do modo que, de que modo (interrogativa indireta). Nesses sentidosele é catafórico. Mas, se o verbo da principal sugere uma eventualidade,como querer, aconselhar, temer, precaver-se, ÷pvw deverá ser traduzidopor: de modo a que.

oék ¦stin ÷pvw ²m�rtete, �ndrew �AyhnaÝoi (Dem., Coroa,20)não há/não é possível como falhastes, cidadãos de Atenas.

oék ¦sy� ÷pvw olÛgoi polloÝw eïnoi g¡noit� �n (Dem., Lib.dos R., 1)não há como oligarcas se tornariam benevolentes para com o povo.

oék ¦sy� ÷pvw oék ±nantiÅyh �n moi tò eÞvyòw shmeÝon(Plat., Apol., 40)não há como meu sinal costumeiro não se me opusesse [opôs].

m�llon µ prñsyen eÞs¹ei aétoçw ÷pvw �n kaÜ ¦xont¡w tioàkade �fÛkvntai (Xen., Anáb., 6, 1, 1)mais do que antes invadiu-lhes a mente de como voltarem para casatendo mesmo [que fosse] alguma coisa.

par®lyomen ÷pvw m¯ =&dÛvw perÜ meg�lvn pragm�tvnxeÝron bouleæshsye (Tuc., 1, 73)nós nos apresentamos de modo a que [para que] sobre negócios im-portantes não delibereis mais levianamente [pior].

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[õ tærannow]... �n g¡ tinaw êpopteæú ¤leæyera fron®ma-ta ¦xontaw ÷pvw �n toætouw met� prof�sevw �pollæú(Plat., Rep., 566)[o tirano]...quando ele suspeita [caso suspeite] que alguns têm pen-samentos livres, de modo a que ele os faça perecer com pretexto [te-nha pretexto para...].

M¡nvn d°low ·n ¤piyumeÝn �rxein ÷pvw pleÛv lamb�noi(Xen., Anáb., 2, 6, 2)Era evidente que Mênon tinha ambição de comandar, de modo aque pegasse mais coisas.

frñntize ÷pvw mhd¢n �n�jion pr�jeiw (Isócr., Nic., 3)pensa de modo a que nada indigno faças (farás).

oß kiyaristaÜ ¤pimeloèntai ÷pvw �n oß n¡oi mhd¢n kakour-gÇsin (Plat., Prot., 326)os citaristas se preocupam de modo a que [com que] os jovens nãocometam nenhum delito.

¤peidún d¢ p�lin �lisy» aétÒ ² stratiú oék ¦stin ÷pvwoék ¤piy®setai ²mÝn (Xen., Anáb., 2, 4.)assim que o exército estiver reunido, não há como ele não nos ata-cará [ataque].

m¯ ÷pvw ôrxeÝsyai ¤n =uymÒ �ll� oéd� ôryoèsyai ¤dænas-ye (Xen., Mem., 2, 7, 11 )vós não tínheis condições de [como] dançar no ritmo mas nemmesmo de ficar de pé.

paragg¡llei õ yeòw ÷pvw oìtv sfñdra ful�jousi mhd¢nÉw toçw ¤kgñnouw (Plat., Rep., 415b)a divindade prescreve de modo a que guardem [guardarão] nada [tão]assim seriamente [quanto] como as crianças.

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671os invariáveis: conjunções e partículas

�Oti (÷ ti)

Que, conjunção integrante depois de verbos declarativos ou de sen-sação, quando o conteúdo da completiva completa objetivamente o sig-nificado do verbo da principal (realidade objetiva), ver Éw.

Na verdade ÷ ti é o acusativo de relação (adverbial) do pronomerelativo indefinido ÷ti (em relação ao que, por que). Essa é a origem denossa �conjunção integrante� que.

Ver também o relativo latino quod com os mesmos significado efunção.

O modo verbal a ser usado depende do tom do enunciado: indica-tivo da realidade objetiva, subjuntivo da eventualidade ou o optativo dopossível ou afirmação atenuada.

Oé / oék / oéx / oéxÛ

Não. É a negação objetiva, da realidade, do indicativo; faz contra-ponto com m®, negação volitiva, subjetiva, da eventualidade, do subjuntivo.

Pode estar tanto numa oração declarativa quanto interrogativa epode vir associada ou composta com muitas partículas, sem que perca suaidentidade semântica:�r� oé, oé g�r, oéd¡, oéd¡pote, oédepÅpote, oé d°ta, oékoèn/ oëkoun, oé m¢n d®, oé m¡ntoi, oé m®, oé m¯n �ll�, oépv ktl.

Nesses casos, não é conveniente procurar um significado especial,mágico para essas combinações; é melhor sempre somar as partes; cadapartícula tem o seu significado e função; na soma final aparecerá o signi-ficado e o contexto dará a palavra final.

� ¦jesti d¢ ùn �n tiw boælhtai trñpon toçw yeoçw tim�n;� Oék: �ll� nñmoi eÞsÛ kay� oîw deÝ toèto poieÝn (Xen.,Mem., 4, 6, 2)� é permitido alguém honrar os deuses segundo a maneira quequeira?� Não, ao contrário, existem normas segundo as quais é precisofazer isso.

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� oé t� politik� ¤yel®sei pr�ttein;� n® tòn Kæna ¦n ge t» ¥autoè pñlei (Plat., Rep., 591c)� não quererá ele exercer a política?� sim, pelo Cão, pelo menos na cidade dele.

�r� oék �jiñn ¤stin eÞrhnofælakaw kayist�nai; (Xen., Rec.da Ática, 5, 1)será que não vale a pena instituir guardiães da paz?

oé p�lai àste ÷ti katechfism¡now ·n mou õ y�natow êpòt°w fæsevw; (Xen., Apol., 27)sabeis não há muito tempo que minha morte estava decretada pelanatureza?

oé repetido / oé antecipado

Com o verbo fhmÛ (eu digo, afirmo) e seus compostos e derivados(f�skv) em lugar de a negação recair sobre o objeto negado, ela se an-tecipa ao verbo, porque é o verbo que está sendo negado, e não o comple-mento dele: oék ¦fasan significa �eles disseram não, ou, eles disseramque não�.

oß �gayoÜ �ndrew oék ¦fasan ¤pitr¡cai t¯n eÞr®nhn poi®-sasyai (Lís., 13, 47)os bons cidadãos disseram não dirigir-se para fazer a paz [se elesnão disseram que vão fazer, eles não vão fazer].

oß stratiÇtai oék ¦fasan Þ¡nai (Xen.)os soldados disseram não ir [que não iriam].

oéd¡ / mhd¡

Nem mesmo, e não.

oéxÜ badÛzeiw oéd¢ presbeæeiw (Dem., Emb., 124)tu não andas (vais embora) nem partes em embaixada.

êp¢r FilÛppou oéx oìtvw ¦xousin oéx �Ellhnow öntowoéd¢ pros®kontow toÝw �Ellhsin (Dem., Fil., 3, 31)não é dessa maneira que eles se comportam sobre Filipe, mesmoele não sendo grego, nem mesmo tendo parentesco com os gregos.

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673os invariáveis: conjunções e partículas

�V yaumasiÅtate �nyrvpe, sæge oéd¢ õrÇn gignÅskeiwoéd¢ �koævn m¡mnhsai (Xen., Anáb., 3, 1, 27)ó homem mais admirável, tu, nem vendo estás entendendo, nemouvindo te lembras.

Oékoèn (oék oïn)

É a composição da negação oék e a partícula ilativa, inferencialoïn com enfoque sobre a última, que se apóia sobre o que acabou de serdito e encadeia com o que se segue;

oékoèn se usa para introduzir uma pergunta conclusiva, cuja res-posta só pode ser uma, isto é, a que o interrogante preparou (lat. nonne).

tÛ f®somen; · kaÜ toçw �mænesyai keleæontaw pñlemonpoeÝn f®somen; oékoèn êpñloipon douleæein; (Dem., Quers.,59)o que diremos? diremos que os que aconselham defender-se estãofazendo a guerra? então o que resta não é servir como escravos?

� �ll� �mhx�nvn ¤r�w� oékoèn, ÷tan d¢ m¯ sy¡nv pepaæsomai (Sóf., Ant., 91)� mas tu amas, em sendo impraticável.� Então, quando eu não tiver forças terei parado.

oékoèn oéd� �n eåw �nteÛpoi (Dem., 16, 4)pois então nem mesmo um poderia se opor.

� õ t� tektonik� memayhkÆw tektonikòw µ oë;� NaÛ� Oékoèn kaÜ õ t� mousik� mousikñw;� NaÛ (Plat., Górg., 460b)� o que aprendeu as coisas da carpintaria é carpinteiro, ou não?� Sim.� Então, o que aprendeu as coisas da música é músico?� Sim.

oékoèn oék �n eàh tò m¯ lipeÝsyaÛ pote taétòn tÒ xaÛ-rein; (Plat., Fil., 43)então não seria o não sofrer a mesma coisa que o alegrar-se?

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674 os invariáveis: conjunções e partículas

Oëkoun (oék oïn)

Diferentemente da anterior, agora o enfoque é sobre a negação:então não é? com certeza não é? portanto não é? Espera-se uma respostaafirmativa.

oëkoun eÞkòw g� ¤j Ïn sç l¡geiw; (Plat., Fedro, 258c)então não é natural, pelo menos a partir do que tu estás dizendo[que]...?

oëkoun xr°n s� õmoioèsyai kakoÝw; (Eur., Med., 890)então não era necessário tu [me] imitares nos males?

oëkoun, Promeyeè, toèto gignÅskeiw ÷ti ôrg°w nosoæshweÞsÜn ÞatroÜ lñgoi; (Ésquilo, Prometeu, 379)então, Prometeu, tu não conheces isto que há palavras curadoras decólera enferma?

oëkoun ¤�seiw oéd� êp� eéf®mou bo°w yèsai me...; (Sóf., El.,631)então não me deixarás oferecer sacrifício nem mesmo sob um pres-ságio favorável?

Oïn / În

No ático e em Homero, prevalece oïn; nos líricos em geral e emHeródoto, În; em Hipócrates, que sofreu a influência do ático, ora éoïn ora é În.

É pospositiva.É a partícula conclusiva por excelência; liga conclusivamente um

fato ou um argumento concreto anterior ao que se segue: então, nessascondições portanto, por isso, afinal.

De uma relação de seqüência temporal chega-se a uma conseqüên-cia, um resultado. Ela se associa e se compõe com várias outras partículas:m¢n oïn, d� oïn, g� oïn, g�r oïn, �ll� oïn, oé m¢n oïn, toigaroènktl.

Oïn pode ser acrescentado como sufixo a pronomes ou advérbiosrelativos indefinidos; nesses casos, por causa de seu significado forte, eleretira a função relativa do indefinido;

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675os invariáveis: conjunções e partículas

õstisoèn um indíviduo qualquer, qualquer que seja eleõpvsoèn de uma maneira qualquer, de qualquer modo que sejaoéd� ôpvsoèn de maneira nenhuma, absolutamente não

dikastaÜ zÇntew ·san zÅntvn. KakÇw oïn aß dÛkai¤krÛnonto.�O te oïn Ploætvn kaÜ oß ¤pimeletaÜ ¦legon pròw tòn DÛa÷ti foitÒ¡n sfin �nyrvpoi ¥kat¡rvse �n�jioi.Eäpen oïn õ Zeæw: �ll� ¤gÅ, ¦fh, paæsv toèto gignñmenon(Plat., Górg., 523b)Vivos eram juízes de vivos. Por isso [então, portanto] as sentençaseram mal julgadas.Plutão, por isso [então] e os assistentes começaram a dizer a Zeusque homens indignos os cercavam de todos os lados.Então Zeus lhes disse: Mas eu, disse, vou parar com isso que estáacontecendo.

�Epæajaw ¤l¡geto KærÄ doènai xr®mata poll�. T» d�oïn strati� tñte �p¡dvke Kèrow misyòn tett�rvnmhnÇn (Xen., Anáb., 1, 2, 12)Diziam que Epiaxes deu muito dinheiro a Ciro. Então é certo queCiro pagou ao exército o soldo de quatro meses.

eÞ mhd� õntinoèn misyòn prosait®saw Seæyhn sæmmaxonêmÝn pros¡labon (Xen., Anáb., 7, 6, 27)se eu, não tendo exigido antes nenhuma espécie de pagamento, vosoferecesse Seutes como aliado...

eÞ ¦stin, Ësper oïn ¦stin, yeòw õ �Ervw oéd¢n �n kakòneàh (Plat., Fedro, 242e)se é, como na verdade é, uma divindade o Amor, não seria nenhummal.

kaÜ toèto toënoma ¦xonta eàt� oïn �lhy¢w eàt� oïn ceud¡w(Plat., Apol., 34e)e que leva esse nome, então verdadeiro ou então falso.

oët� În kain� oëte palai� (Hdt., 9, 26)portanto, nem recentes nem antigas.

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� ¤j oïn toè zÇntow tÛ tò gignñmenon;� tò teynhkñw, ¦fh (Plat., Fédon, 71d)� por conseguinte [então], do ser vivo o que se origina?� o morto, disse ele.

tò str�teuma õ sÝtow ¤p¡lipe: kaÜ prÛasyai oék ·n... Kr¡aoïn ¤syÛontew oß stratiÇtai diegÛgnonto (Xen., Anáb., 1, 5,6)o exército, o trigo lhe faltou; e não era possível comprar... Por issoos soldados sobreviviam comendo carne.

Kl¡arxow m¢n oïn tosaèta eäpe. Tissaf¡rnhw d¢ Ïde�phmeÛfyh (Xen., Anáb., 5, 5, 15)Clearco, então, disse essas tantas coisas. Tissafernes por sua vezrespondeu assim:

fvn¯n ¦doja �koæein... eÞmÜ d¯ oïn m�ntiw (Plat., Fedro, 242c)parece que estou ouvindo uma voz [eu pareço]... então [por conse-guinte] eu sou um adivinho.

pÇw oïn d¯ ÈfelimÅtatoi ¦sontai; (Plat., Rep., 459a)como então eles serão mais úteis?

÷ m¢n oïn ¤gÅ fhmi t¯n =htorik¯n eänai �k®koaw: �ntÛs-trofon ôcopoÛaw ¤n cux» Éw ¤n sÅmati (Plat., Górg., 465d)então, o que eu digo que é a retórica tu acabaste de ouvir; é equiva-lente na alma à cozinha no corpo.

Oëte... oëte / m®te... m®te

Não e não, nem... nem.Mesmo emprego que oé e m®.

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677os invariáveis: conjunções e partículas

Per

É uma enclítica usada como sufixo em algumas palavras.Ele tem uma função de precisar, dar exatidão, enfatizar a palavra a

que se acrescenta (relativos e advérbios): ÷sper, ¤peÛper, ÷teper,eàper, kaÛper.

Seria um antigo locativo, do qual se originou perÛ.A tradução: justamente, precisamente.

oéd� êmÝn potamñw per eërroow... �rk¡sei (F, 130)e nem o rio mesmo de belas correntes... vos defenderá.

nèn d® p¡r meu �kouson (Z, 325)agora pelo menos ouve-me.

gignÅskv safÇw kaÛper skoteinñw, t¯n s¯n aéd¯n ÷mvw(Sof., Édipo R., 1326)eu reconheço mesmo no obscuro, assim mesmo a tua voz.

oß d¢ kaÜ �xæmenoÛ per ¤p� aétÒ ²dç g¡lassan (B, 270)e eles, ainda que envergonhados, riram com prazer sobre ele.

�per tñt� ¤tñlma l¡gein... kaÜ nèn ¤reÝn (Dem., 21, 193)[eu acho] que ele haverá de dizer agora exatamente as coisas queousava dizer naquela época.

Pote (pot¡)

É átona, portanto enclítica (pospositiva).É o indefinido do advérbio de tempo relativo pñte (quando, no mo-

mento em que), portanto tem o significado:certa vez, uma vez, então, por acaso, em algum momento.

Às vezes é apenas expletiva; serve para deixar um ar de dúvida nafrase, e ocupa o mesmo espaço de pou, pú.

Às vezes também pode vir reforçado da intensiva d®.Pode vir num paralelismo; nesse caso, embora mantenha o signifi-

cado de tempo indefinido, não é enclítico.

tÛ d®pote oìtvw ¤p¹nese tòn �Agam¡mnona; (Xen., Mem.,3, 2, 2)por que então [por acaso] ele louvou assim Agamêmnon?

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poll�kiw ¤yaæmasa tÛsi pot¢ lñgoiw �AyhnaÛouw ¦peisanoß grac�menoi Svkr�thn Éw �jiow eàh yan�tou t» pñlei(Xen., Mem., 1, 1, 1)muitas vezes eu fiquei surpreso com que discursos [então, por aca-so] os que acusaram Sócrates convenceram os atenienses de queele, para a cidade, era digno de morte.

tÛ pot� ¤sti tò aàtion: (Dem., Emb., 208)o que, então [por acaso] é o causador [culpado]?

taèta pot¢ m¢n Èfeloènta pot¢ d¢ bl�ptont� ¤stin(Xen., Mem., 4, 2, 32)essas coisas são ora úteis ora prejudiciais.

Pou

Átona e pospositiva (enclítica)É o indefinido correspondente à questão poè - onde? em que lugar?Significa, então:

em algum lugar, por aí e por extensão:de algum modo, pode ser, por acaso, talvez.

É preciso notar, contudo, que o significado original (em algumlugar) é o ponto de partida para os outros.

Como indefinido ele ocupa mais ou menos o mesmo espaço depote, pú.

¤pÛstasy¡ pou ÷ti (Xen., 5, 7, 13)vós talvez [por acaso] sabeis que...

oédeÛw pou toèt� �nyrÅpvn �gnoeÝ (Plat., Fil., 64d)ninguém dentre os homens talvez ignora isso.

Læsandrow toæw te frouroçw tÇn �AyhnaÛvn kaÜ eà pou�llon àdoi �AyhnaÛvn �n¡pempen eÞw t�w �Ay®naw (Xen.,Hel., 2, 2, 2)Lisandro passou a enviar de volta para Atenas a guarnição ateniensee também o que ele por acaso viu [visse] dos atenienses.

yeñw poæ soi tñg� ¦dvken (A, 178)talvez é uma divindade que te deu isso.

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679os invariáveis: conjunções e partículas

· poæ me TelamÅn... d¡jait� �n eéprñsvpow; (Sóf., Aj.,1008)Será que por acaso Telamon me receberia com boa cara?

Associado a d®

A partícula -d® acrescenta um tom confirmativo, conclusivo, comum leve toque de ironia: certamente na verdade, sem dúvida então, talvez,não é?

oé d®pou kaÜ sæ eä tÇn toioætvn �nyrÅpvn oã xrhsimñ-teron nomÛzousi xr®mata µ �delfoæw; (Xen., Mem., 2, 3, 1)Com certeza também tu não és desse tipo de homens que conside-ram as riquezas mais úteis do que os irmãos!?

pñteron õ aétòw µ �llow; � �O aétòw d®pou (Plat., Íon,531e)é ele mesmo ou um outro? � É o mesmo, com certeza [naturalmente].

àste d®pou ÷ti oédeÜw pÅpote õmologÇn �dikeÝn ¥�lv(Dem., Emb., 215)vós sabeis com certeza que ninguém jamais foi pego confessandoque é injusto.

PrÛn

Antes que, antes de.Provavelmente construído sobre um comparativo formado da pre-

posição prñ - diante de: prñ-ion (lat. prius).� Por isso pode-se construir com a partícula de ligação entre dois

(disjuntiva) µ (lat. quam).� Pode também ser anunciada por prñteron, prñsyen: mais, pri-

meiramente que.� Além disso pode ser usado como advérbio de tempo absoluto:

antes, outrora.Numa relação sintática de subordinação prÛn pode se construir

com qualquer modo. Isso depende do significado: realidade, constatação(indicativo), eventualidade (subjuntivo) e possibilidade, afirmação atenua-da (optativo); também pode vir construída com particípio ou infinitivo.

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¤pÜ tò �kron �nabaÛnei XeirÛsofow prÛn tina aÞsy¡syaitÇn polemÛvn (Xen., Anáb., 4, 1, 7)Querísofo sobe até o cimo antes de algum dos inimigos perceber.

polloÜ �nyrvpoi �poyn®skousi prñteron prÜn d°loigÛgnesyai oåoi ·san (Xen., Cir., 5, 2, 9)muitos homens morrem antes de tornarem-se evidentes [de se mos-trarem] de que qualidade eram.

ôlÛgon prÜn ²m�w �pi¡nai m�xh ¤gegñnei ¤n PoteidaÛ&(Plat., Cárm., 153a)pouco antes de nós irmos embora aconteceu [acontecera] uma ba-talha em Potidéia.

kathgoreÝw g�r prÜn mayeÝn tñ pr�gm� mou (Aristóf., Plut.,376)tu estás me acusando antes de entender o meu problema.

di¡bhsan prÜn toçw �llouw �pokrÛnasyai (Xen., Anáb., 1,4, 16)eles atravessaram [o rio] antes de os outros responderem.

prÜn l¡gein ¤per®somaÛ ti smikrñn (Aristóf., Lis., 97)antes de falar eu vou te perguntar uma coisinha.

oé prñteron ¤paæsato prÜn tòn pat¡ra ¤k toè strato-p¡dou metemp¡mcato (Isócr., 16, 8)Ele não descansou antes de [que] mandar de volta seu pai do acam-pamento (fato real).

toætou toè ¦peow LudoÛ te kaÜ oß basileÝw aétÇn lñgonoéd¡na ¤poieènto prÜn d¯ ¤petel¡syh (Hdt., 1, 13)nem os lídios nem seus reis fizeram grande conta desse oráculoantes que ele se realizou (fato real > indicativo).

�pñmnusi mhd¢n pr�jein prÜn �n t¯n toè �Ektorow kefa-l¯n ¤pÜ tòn toè Patrñklou t�fon ¤n¡gkú (Ésquines, C.Tim., 145)ele jura que não fará nada antes de que leve (antes de levar) a cabeçade Heitor sobre o túmulo de Pátroclo (fato futuro, eventual >subjuntivo).

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681os invariáveis: conjunções e partículas

deÝtai aétoè m¯ prñsyen katalèsai pròw toçw �ntis-tasiÅtaw prÛn �n aétÒ sumbouleæshtai (Xen., Anáb., 1,1, 10)ele exige dele não relaxar diante dos adversários, antes que com eletome conselho (fato eventual > subjuntivo).

oé prñteron kakÇn paæsontai aß pñleiw prÜn �n ¤n aé-taÝw oß filñsofoi �rjvsi (Plat., Rep., 487e)as cidades não terão sossego de seus males, antes que os filósofosexerçam o poder nelas (fato eventual > subjuntivo).

oé prñteron oåñw te poieÝn [õ poiht®w] prÜn �n ¦nyeow g¡-nhtai (Plat., Íon, 534b)[o poeta] não é capaz de criar, antes que se torne possuído do deus(fato eventual, futuro > subjuntivo).

prÜn �n �mfoÝn mèyon �koæsúw oék �n dik�saiw (Aristóf.,Vespas, 725)tu não poderias proferir uma sentença, antes que ouças [antes deouvires] a história de ambas as partes (fato eventual > subjuntivo).

prÜn t¯n boul¯n probouleèsai p�w õ d°mow kay°to(Dem., Cor., 169)antes de a assembléia deliberar, todo o povo se sentou.

oé prñteron �p°lyon prÜn µ tÒ limÒ �p¡kteinan (Licur-go, C. Leócr.)eles não se afastaram, antes que os mataram pela fome (fato real >indicativo).

�phgñreue mhd¡na b�llein prÜn Kèrow ¤mplhsyeÛh yhrÇn(Xen., Cir., 1, 4, 14)ele proibia alguém atirar, antes que Ciro se enchesse de caça. [comoem português, num quadro do passado o verbo da subordinada podeir para o subjuntivo imperfeito, ou condicional (optativo grego):até que se encha de caça].

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Pvw / pv / -pv

Átono e pospositivo.É o indefinido do interrogativo pÇw; - como? de que modo? de

que maneira?Significa então: de algum modo, mais ou menos, assim assim, quase.Às vezes se aproxima do significado de pou.Mas nesses dois casos é mero indeterminado, indefinido.

misyòw oédeÛw pv ¤faÛneto (Xen., Anáb., 7, 5, 16)salário por assim dizer nenhum aparecia.

oék àsasi pv t¯n ²met¡ran summaxÛan (Xen., Anáb., 7, 3,35)eles quase não sabem de nossa aliança.

¤peÜ ¼syñmhn ÷ti tÒ önti pepaum¡now eàh mñgiw... pvw¤mautòn ÉspereÜ sunageÛraw eäpon (Plat., Prot., 328d)assim que eu vi que realmente ele tinha parado com alguma difi-culdade... de algum modo, como tendo acordado a mim mesmo,disse.

Te / T¡

t¡... t¡ / t¡... kaÛ (lat. -que);Átono e pospositivo (enclítico): é um conetivo que pode coorde-

nar tanto duas palavras em uma frase quanto duas frases num período.Mas a ação de te é mais globalizante, mais adicionante do que kaÛ, que émais enumerativa, mais solta.

A tradução mais comum é: e, também, e também.

pat¯r �ndrÇn te yeÇn te (A, 344)pai dos deuses e dos homens [tanto dos homens, quanto dos deu-ses / e também...].

s�kow m¡ga te stibarñn te (G, 335)um escudo que era grande e sólido [e também].

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683os invariáveis: conjunções e partículas

met� ¤keÝnow d¢ eÞw ìdvr b�ptei p�lin d¢ eÞw pèr aïyÛw teeÞw ìdvr (Plat., Tim., 73e)depois, ele [o] mergulha na água, de novo no fogo, e ainda nova-mente na água.

Svkr�thw toè sÅmatow aétñw te oék ±m¡lei toçw t� �me-loèntaw oék ¤p¹nei (Xen., Mem.)Sócrates não se descuidava do corpo e não louvava os que descui-davam [e também].

�p¡bainon t°w n®sou ¥kat¡rvyen ¦k te toè pel�gouw kaÜpròw toè lim¡now (Tuc., 4, 31, 1)eles desembarcaram dos dois lados da ilha, a partir do mar e nafrente do porto [e também, ao mesmo tempo].

÷stiw te êmÇn toçw oÞkeÛouw ¤piyumeÝ ÞdeÝn memn®syv �n¯r�gayòw eänai: ÷stiw te z°n ¤piyumeÝ peir�syv nik�n (Xen.,Anáb., 3, 2, 39)dentre vós o que deseja rever os familiares lembre-se de ser umhomem de bem e o que deseja viver tente vencer.

¤y®reuen �pò áppou õpñte gumn�sai boæloito ¥autñn tekaÜ áppouw (Xen., Anáb., 1, 2, 7)ele caçava a cavalo sempre que queria [quisesse] exercitar-se a simesmo e os cavalos [cavalo e cavaleiro juntos].

TeisÛan d¢ GorgÛan te ¤�somen eìdein (Plat., Fedro, 267a)nós deixaremos Górgias e Tísias repousarem [e também, juntos].

É freqüente o uso de te acoplado:� às negações: oé, m®, (oëte... oëte / m®te... m®te).� aos conetivos (conjunções): eÞ, ¤�n / �n / µn (eàte... eàte / ¤�nte...

¤�nte / ³nte... ³nte / �nte... �nte), Éw (Ëste consecutivo oucomparativo).

� aos relativos: ÷ste, ´te, ÷te ktl.Nesse tipo de construção te enfatiza, destaca ou sublinha o paralelismo.

oëte tiw m�ntiw ¤Æn oët� oÞvnÇn s�fa eÞdÅw (A, 202)nem sendo um adivinho nem sabedor de coisas seguras dos presságios.

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684 os invariáveis: conjunções e partículas

tÇn oë ti... �legÛzv eàt� ¤pÜ dejÛ� àvsi... eàt� ¤p� �rister�(M, 239)[desses pássaros]... eu não me importo se eles vão para a direita...se vão para a esquerda [quer... quer].

eÞ d� ¦t� ¤stÜn ¦mcuxow gun¯ eàt� oïn ölvlen eÞd¡nai bou-loÛmey� �n (Eur., Alc., 140)se essa mulher ainda está viva e se então já morreu nós gostaríamosde saber.

eàte pou yeoÜ µ paÝdew yeÇn aét¯n oÞkoèsin (Plat., Leis, 739d)se por acaso deuses a habitam ou filhos dos deuses.

àsoi öntew maxoæmeya ³nte ¤ny�de ¤piñntaw aétoçw dexÅ-meya ³nte ¤p� ¤keÛnouw sun�ptvmen. (Xen., Cir., 3, 3, 17)sendo iguais, nós combateremos quer os esperemos [aceitemos]avançando aqui, quer partamos sobre eles para confronto.

Toi

Teria havido na origem dois toi:� um, antiga forma átona de um dativo de posse que passou a dativo ético

do pronome de segunda pessoa sæ (soi, toi), que se usa bastante nosdiálogos, onde funciona como um intensivo, sublinhando a convicçãodos interlocutores: certamente, precisamente, às vezes muito próximo doge restritivo;

� outro, tônico, com função e significado semelhante ao primeiro; apenasa posição do segundo, tônica, não enclítica faz a diferença.

Toi se associa ou se compõe com inúmeras outras partículas, quercomo primeiro quer como segundo elemento: toig�r, toig�rtoi,toigaroïn, toÛnun, kaÜ g�r toi, m¡ntoi.

eÞ ktenoèmen �llon �nt� �llon sæ toi prÅth y�noiw �n(Sóf., El., 582)se matarmos um pelo [contra] outro, então tu serias a primeira amorrer!

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685os invariáveis: conjunções e partículas

xal�te... ÷pvw tò suggen¡w toi k�p� ¤moè yr®nvn tæxú(Sóf., El., 1469)levantai o véu... de modo a que o que nasceu comigo pelo menostambém encontre de mim os lamentos.

�eÛ toi ¦fh õ K¡bhw lñgouw tin�w �nereun� (Plat., Fédon,63a)o Cebes pelo menos, disse ele, está sempre à procura de discursos.

� ¤piyumeÝ Svkr�thw �koèsai GorgÛou;� ¤p� aétñ g¡ toi toèto p�resmen (Plat., Górg., 447b)� Sócrates deseja ouvir Górgias?� é exatamente por isso mesmo que estamos aqui.

õ Kèrow ³reto: · oðtoi pol¡mioÛ eÞsin;� Pol¡mioi m¡ntoi (Xen., Cir., 1, 4, 19)Ciro pergunta: acaso esses são inimigos?- Inimigos com certeza. [Sim, inimigos].

� oék oàei Î SÅkratew;� Oé m¡ntoi, m� DÛa (Plat., Menex., 235d)� Tu não achas, Sócrates?� Não, por Zeus, não acho.

oé sç m¡ntoi �Om®rou ¤pain¡thw eä; (Plat., Prot., 309a)tu, então, não és um admirador de Homero?

Toigaroèn (toÛ g�r oïn)

Conetivo forte, conclusivo.Somatória dos significados de toÛ, g�r, oïn: eis por que, então,

por conseguinte.

oß dikastaÜ t�w oésÛaw aétÇn [tÇn met�llvn] ¤n �sfa-leÛ& kat¡sthsan. Toigaroèn aß kainotomÛai nèn ¤nergoÛ,(Hipér., P. Eux., 36)os juízes colocaram em segurança o capital [as propriedades] dasminas. Em conseqüência, as concessões estão ativas agora.

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686 os invariáveis: conjunções e partículas

Toig�rtoi (toÛ g�r toi)

Conetivo forte, conclusivo-restritivo de acréscimo: eis por que também.

pareÝxon sf�w aétoçw toÝw m¢n �Ellhsi pistoçw toÝw d¢barb�roiw foberoæw: Toig�rtoi di� taèta met� tosaæ-thw �sfaleÛaw di°gon. (Isócr., Aerop., 52)eles se mostravam confiáveis [fiéis] aos gregos e temíveis aos bár-baros; em conseqüência então, por esse motivo, eles viviam comtamanha segurança.

ToÛnun (toi nun)

Pospositiva, composta de toÛ e næn.É uma partícula de transição que liga dois membros de um racio-

cínio; por exemplo:� a primeira premissa à segunda: ora;� ou a segunda à conclusão: portanto, então, nesse caso.

Às vezes tem um sentido próximo do d¡: por outro lado, ora, então.

¦ti toÛnun kakeÝno skopeÝte (Dem., Emb., 221)examinai então ainda esse ponto.

� l¡ge d¯ tÛ f»w eänai tò ÷sion;� L¡gv toÛnun ÷ti tò ÷siñn ¤sti tÒ �dikoènti ¤peji¡nai(Plat., Eutifr., 5d)� dize-me então o que afirmas ser o piedoso?� Ora, eu afirmo que o piedoso é perseguir (pela justiça) o quecomete um crime.

soÜ tò m¯ sig°sai loipòn ·n �ll� dhloèn toætoiw: oé toÛ-nun ¤poÛhsaw (Dem., Cor., 232)a ti restava não guardar silêncio mas prestar esclarecimentos a eles;ora, tu não fizeste isso.

¤keÝnow õ kairòw �ndr� ¤k�lei parhkolouyhkñta toÝw pr�-gmasin... ¤f�nhn toÛnun oðtow ¤n ¤keÛnú t» ²m¡r& ¤gÅ(Dem., Cor., 173)aquele momento pedia um homem que tinha acompanhado osacontecimentos; ora, apareceu esse homem naquele dia, era eu.

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687os invariáveis: conjunções e partículas

duoÝn m¢n toÛnun lñgoin �khkñate: boælomai d¢ kaÜ toètrÛtou mikr� dielyeÝn (Isócr., 15, 67)ora, pois bem, acabastes de ouvir [passagens] de dois discursos; euquero agora citar umas poucas do terceiro.

� õrÇ g�r ²m�w oéd¢n öntaw �llo pl¯n eàdvl� ÷soiperzÇmen µ kouf¯n ski�n.� Toiaèta toÛnun eÞsorÇn êp¡rkopon mhd¡n pot� aétòweÞw yeoçw ¦pow (Sóf., Ájax, 125)� na verdade eu vejo que nós, quantos estamos vivos, não somosnada além do que imagens ou sombra vazia.� então ao contemplares essas coisas não há nenhuma palavra arro-gante contra os deuses.

�Ww

1. Conetivo entre dois: na relação comparativa tanto ligando palavrasquanto frases: como, do mesmo modo que, na qualidade de.

kin®yh d� �gor¯ Éw kæmata makr� yal�sshw (B, 144)movia-se a assembléia como as grandes ondas do mar.

Éw d� �nemow �xnaw for¡ei... Ëw tñt �AxaÛoi... (E, 499 )como o vento carrega a palha... assim os aqueus...

Éw d¢ dr�kvn �ndra m¡núsin... Ëw �Ektvr (X, 93)como uma serpente espera um homem... assim Heitor...

Éw polemÛoiw aétoÝw xrÇntai, (Xen., Cir., 3, 1, 22)eles os tratam como inimigos.

Éw �dænaton öncomo sendo impossível.

�ganaktoèsin Éw meg�lvn tinÇn �pesterhm¡nvn (Plat.,Rep., 329a)eles se zangam como estando privados de algumas coisas grandes[como se estivessem].

Éw kævn nebròn (oìtvw) ¤kmasteæomen (Ésquilo, Eum., 237)como um cão [persegue] o veado, [assim] nós estamos perseguindo.

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yeòw d� Íw ¤tÛeto (E, 78)ele era honrado como um deus [e como deus era ele era venerado].

sæew Éw �gridñntew (L, 413)como porcos de alvos dentes.

³rte d� Éw ÷te tiw drèw ³ripe (N, 389)ele caiu como quando cai um carvalho.

Éw pròw �stronomÛan ömmata p¡phgen Íw pròw ¤narmo-nÛan for�n Îta pag°nai (Plat., Rep., 530d)como a vista está fixa para o movimento dos astros, assim [tam-bém] fixar os ouvidos para condução harmoniosa.

2. em correlativo temporal

Enquanto, em quanto que, durante o tempo em que.Em relação de quantidade: na medida em que.

tÆw �pexy®sv Éw nèn s� ¦kpagl� ¤fÛlhsa (G, 415)eu te odiarei tanto quanto estranhamente te amei até agora.

¥lÆn kr¡aw Ëw oß xeÝrew ¤x�ndanon (J, 344)tendo pegado carnes como [na medida em que] suas mãos podiamconter.

braxætera ±kñntizon µ Éw ¤jikneÝsyai tÇn sfendonhtÇn(Xen., 3, 3, 7)eles lançavam os dardos mais curto do quanto alcançassem osfundistas.

3. em relação; assim... como

oìtv nèn kaÜ ¤gÆ no¡v Éw sç ¤iskeiw (D, 148)assim eu também penso agora como tu pensas.

Éw p�ntew ¤pist�meya (Xen., Hier., 10, 4)como todos nós sabemos.

4. como, segundo, conforme

Éw õ m�ntiw fhsÛn (Ésquilo, Sete, 24)como [conforme, segundo] diz o adivinho.

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t¯n ¤pistol¯n dÛdvsi pistÒ �ndrÜ Éw Õeto (Xen., Anáb.,1, 6, 3)ele entrega a mensagem a um homem de confiança, como ele pensava.

proshgñreue t� m¢n poieÝn t� d¢ m¯ poieÝn Éw toè daimo-nÛou proshgoreæontow (Xen., Mem., 1, 1, 4)ele aconselhava a fazer estas coisas e não fazer aquelas, como o numeestava aconselhando.

Éw d¢ Skæyai l¡gousi neÅtaton �p�ntvn ¤yn¡vn eänaitò sf¡teron (Hdt., 4, 5)como dizem os citas o vosso povo é o mais jovem de todos.

5. na medida em que, tanto que, como, quanto a, à maneira de

Éw ¤moÛquanto a mim.

Éw �p� ômm�tvn [eÞk�sai] (Sóf., Éd. Col., 15)a imaginar como a partir da vista.

Éw ¤pÜ pleÝstoncomo [à maneira de] sobre o máximo [possível].

Éw ¤pÜ tò polæ,como, quanto muito.

Éw ¤pÛ tò pl°yow,como na maioria.

·san Éplism¡noi Éw ¤n öresin ßkanÇw pròw tò ¤pidrameÝn(Xen., Anáb., 4, 3, 31)eles estavam equipados de maneira a (quanto a) apropriadamentecorrer sobre as montanhas.

Éw ¤m¢ eï memn°syai (Hdt., 2, 125)na medida de eu me lembrar bem.

6. à maneira de, como se, dando a impressão de (freqüentemente comparticípios). Expressa a opinião da personagem e não do narrador, quenão quer passar a idéia de fato objetivo, real.

Essa construção se encontra também nas orações finais, em que overbo da principal é um verbo de movimento ou intenção.

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Nesses casos, o particípio futuro da subordinada pode vir enfatizadopor Éw.

Nas orações completivas dependentes dos verbos dizer e sentir (ver-ba dicendi, sentiendi), é muito comum também o uso de Éw (opiniãodo sujeito do verbo principal, subjetiva), em lugar de ÷ti (opinião donarrador, fato real, objetivo).

Nessa mesma linha de raciocínio, podemos dizer que pode apare-cer também uma relação de causa.

dedÛasin Éw eÞdñtew, (Plat., Apol., 29a)eles temem como sabedores [como se soubessem, à maneira dosque sabem].

Éw eÞw PisÛdaw boulñmenow strateæesyai (Xen., Anáb., 1, 1, 11)como querendo [na vontade dele, Ciro] fazer um expedição contraos pisidas.

suskeu�zesyai Éw eÞw strateÛan (Xen., Hel., 3, 4, 11)preparar-se como [se fosse] para uma expedição.

tÛ pote l¡geiw Î t¡knon; Éw oé many�nv (Sóf., Fil., 914)o que estás dizendo, criança?, é que, [na tua opinião], eu não estouentendendo [porque].

ful�jasyai deÝ tò ¤f� �rpag¯n trap¡syai Éw õ toètopoiÇn oék¡t� �n®r ¤stin (Xen., Cir., 4, 2, 25)é preciso precaver-se (guardar-se) de se dirigir para o roubo, por-que o que faz isso não é mais homem.

7. Como conjunção final, para, para que, de modo a que, com subjuntivoeventual, ou optativo, às vezes composta.

÷pvw krÝn� �ndraw Éw fr®trh fr®trúfin �r®gú (B, 363)escolhe de algum modo homens para que uma tribo socorra outra.

eäxon dr¡pana Éw diakñpoien (Xen., Anáb., 1, 8, 10)eles tinham foices de modo a que pudessem ceifar.

8. Como conjunção consecutiva: de modo a que (indicativo ou optativose a conseqüência é real ou hipotética respectivamente), e de modo a(infinitivo, se a conseqüência fica em aberto, na intenção).

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Também Ëste.

eïrow Éw dæo tri®reiw pl¡ein õmoè (Hdt., 7, 24)largo de modo a duas trirremes navegarem ao mesmo tempo.

¤netægxanon t�froiw pl®resin ìdatow Éw m¯ dænasyaidiabaÛnein (Xen., Anáb., 2, 3, 10)eles encontravam fossas cheias de água, de modo a não poderematravessar.

oìtvw ¤moÜ ¤bñhsaw Éw nèn s¡svsmai (Xen., Cir., 5, 4, 6)tu me socorreste de tal maneira, que agora estou salvo.

nomÛzv oìtvw ¦xein Éw �post®sontai aétoè aß pñleiw(Xen., Hel., 6, 1, 4)eu creio que a situação está em tal ponto, que as cidades se afastarãodele.

oìtv ÞsxuraÜ [Éw]... �n lÛyÄ paÛsaw diarr®jeiaw (Hdt.,3, 12)elas são tão resistentes que batendo com uma pedra [não] asquebrarias.

9. Pode também significar: assim que, depois que, sobretudo precedidade um termo que signifique tempo: eéyæw (direto, imediato), t�xista(rapidamente).

É uma espécie de consecutiva.

Éw eädon aétoçw, eéyçw ¦fugon (Xen., Cir., 3, 1, 4)assim que os viram, direto fugiram [como viram].

Éw d¢ t�xista �fÛketo, eéyæw... (Xen., Cir., 1, 3, 2)assim que [imediatamente] chegou, direto...

10. Introduzindo orações ou expressões imprecativas (voto), ah! se, (co-mo desejaria que!...)

Éw ¦riw �pñloito; (S, 107)ah se rixa perecesse!

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11. Introduzindo uma exclamativa: como!

Éw �noon kardÛhn ¦xew; (F, 441)como insensato tens o coração!

Éw kalñw moi õ p�ppow; (Xen., Cir., 1, 3, 2)como é belo o meu avô!

Ëw moi d¡xetai kakòn ¤k kakoè aÞeÛ (T, 290)como para mim um mal sucede sempre a partir de um mal]!

�WsaneÛ (Éw �n eÞ)

Como se, por assim dizer.

�Wsei (Éw eÞ)

Como se, como quando.

�Wsper (Éw per)

Como, do mesmo modo que, da maneira que etc.Tem os mesmos sentidos e as mesmas funções de Éw, mas enfati-

zadas pela partícula -per.

�WspereÛ (Ësper ei)

De alguma maneira, como se fosse, por assim dizer.

�Wsperoèn (Ësper oïn)

Como então, como de fato, como na realidade.

�Wste (Éw te)

Como (comparativo), na qualidade de (apenas mais incisivo do que Éw).Às vezes: Ësper ei : como se.Que (consecutivo), de maneira que, de modo que.Nas mesmas condições de Éw consecutivo (ver n. 8).

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Advérbios: - ¤pÛrrhma

Dionísio Trácio, 19.1. diz:��EpÛrrm� ¤sti m¡row lñgou �kliton kat� =®matow legñ-menon µ ¤pÛlegñmenon =®mati�.�Advérbio é uma parte não flexionada da frase, dita com referên-cia ao verbo ou sobre ele aplicada (posta)�.

Podemos comparar essa definição com a que ele dá ao �önoma¤pÛyeton�, �nome epíteto, sobreposto (adjetivo)�:

��EpÛyeton d¡ ¤sti tò ¤pÜ kurÛvn µ proshgorikÇn õmv-næmvw tiy¡menon kaÜ dhloèn ¦painon µ cñgon...,� (12, 64)�Epíteto (adjetivo) é o que é colocado de maneira semelhante so-bre nomes próprios ou apelativos e que revela elogio ou censura.�

Ele desdobra essa definição em 12, 80, quando fala dos epônimos:

��EpÅnumon d¡ ¤stin ù kaÜ diÅnumon kaleÝtai tò mey�¥t¡rou kurÛou kay� ¥nòw legñmenon Éw �EnosÛxyvn õPoseidÇn kaÜ FoÝbow õ �Apñllvn�.�Epônimo (sobrenome) é o que também é chamado duplo nome, o que,com um outro nome próprio, é dito sobre um só, como Poseidon, o quefaz tremer a terra, e Febo, Apolo.�

É lamentável que nesse detalhismo sobre o nome, Dionísio Trácio,e certamente outro gramático antes dele, tenham usado de um modo tãoespecífico a palavra ¤pÅnumon: sobrenome > epíteto > adjetivo, o quedaria um perfeito contraponto a ¤pÛrrhma: sobreverbo > advérbio.

�Sobreverbo / sobrenome� dariam a exata noção das funções do�sobreverbo > advérbio� e do � sobrenome > adjetivo�. Isto é: o advérbioé para o verbo exatamente o que o adjetivo é para o nome: os dois trazemnoções acessórias, que não modificam a natureza do verbo ou do nome.

As diferenças são de categoria: os adjetivos acrescentam ao nomenoções secundárias nominais de qualidade ou estado, e os advérbios acres-centam ao verbo noções secundárias circunstanciais de espaço e modo.

Segundo A. Meillet, �Pode-se definir o advérbio como uma pala-vra invariável que se coloca ao lado das outras palavras da frase (sobretu-do ao lado de verbos e adjetivos) para acrescentar uma noção acessória.�

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Essa �noção acessória� é de natureza circunstancial, isto é, noçãoou idéia de modo, lugar ou tempo (genitivo partitivo, genitivo-ablativo,instrumental-modal, locativo espacial-temporal e acusativo de relação).

É por isso que em grego há muitos advérbios que são formas nomi-nais flexionadas, de relações concretas, que se petrificaram, adquirindoum significado autônomo, a tal ponto que parecem casos absolutos.

1. No acusativo (de relação ou adverbial)�rx®n primeiramente, do começo, quanto ao começodvre�n de graça, de presente, em vãom�thn em vão, debaldeproÝka de graça, de dom (doação)sxedÛhn imediatamente, a seguirprñfasin a pretexto, por pretextot¡low por fim, afinal, em fim de contasmakr�n longe, distante, longo tempoeéyeÛan direto, em frente, retoceèdow de mentira, falsamentedeæteron em segundo lugar, segundamente, em seguidaprÇton / prÇta em primeiro lugar, primeiramente(t�) prÅtista em primeiríssimo lugar, antes de tudo¦lasson menos (comparativo de ¤laxæ)eï bem (de ¤æ, bom )¸sson menos (comp. de ¸ka)´kista minimamente, o menos possívelm�la muitom�lista muitíssimom�llon maispl¡on mais (em número)ôlÛgon poucopolæ muitotaxæ depressa, rápido²dæ com prazer, agradavelmentesofÅteron mais sabiamente,sofÅtata muito sabiamente, sapientissimamentedein� terrivelmente

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695os invariáveis: advérbios

dÛkhn na indicação de, à maneira dex�rin em favor de, graças a, por causa det¯n �llvw de maneira contrária, em vãom¡ga grandemente, grandemñnon só, somenteoåon tal qual(mente), por exemplo

Podemos acrescentar a essa relação os advérbios construídos comos sufixos -don / -dhn, que trazem a idéia de relação ou maneira:

botrudñn em cachos�gelhdñn com tropas, em massasxedñn (segurando) perto, quaseb�dhn passo a passolægdhn soluçando, aos soluçosspor�dhn esparsamente, disseminadamente

Depois dessa relação bastante extensa de advérbios expressos peloacusativo, não podemos deixar de fazer alguns comentários:a) nas formas expressas por substantivos no acusativo femininos e neu-

tros, como �rx®n, t¡low, ceèdow, não será difícil identificarmosum acusativo de relação, ou acusativo adverbial;

b) nas formas expressas pelo acusativo do adjetivo feminino, como ma-kr�n, eéyeÛan, não será difícil identificar uma expressão elíptica, emque há um nome implícito, como õdñn, o que leva novamente à iden-tificação do acusativo de relação ou adverbial.

Essa relação adverbial de movimento, sempre presente no acusati-vo, também pode ser expressa com o sufixo -de/-ze/-se.¤keÝse para lá�llose para outro lugar, alhures (alio)oàkade para casa�Ay®naze / �Ay®naw- de para Atenas

c) contudo, cremos que é muito difícil entendermos como um acusativoas formas expressas �pelo acusativo neutro do adjetivo�.

Na medida em que o uso de um caso deve corresponder sempre auma função, não poderemos encontrar aí uma função de acusativo. Cre-mos que a língua emprega o adjetivo no neutro, diretamente sobre overbo a ser qualificado.

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O uso do neutro se explica pelo fato de não haver nessa relaçãonenhuma noção de modo, meio, lugar, ou tempo.

Isso corresponde a um uso muito comum em português, como:ele canta bonito, ele anda torto, ou ele canta mais bonito, ele anda maistorto. Não é nem �bonitamente, tortamente, ou mais bonitamente oumais tortamente�. A idéia de qualidade incide diretamente sobre a açãoverbal. Podemos ver isso em grego nas variantes: prÇton / prÅtvw.

É uma ligação direta da expressão de qualidade ao verbo; mas como aforma verbal não tem gênero, o neutro se faz presente (em grego o ad-jetivo neutro em -o com o -n eufônico se confunde com o acusativo mas-culino dos adjetivos de tema em -o), e no português, �bonito, torto, maisbonito, mais torto são neutros, embora a gramática não os registre assim.

Em grego temos mñnon, deinñn, kalñn ktl, em que o -n não édesinência do acusativo, mas meramente eufônico.

Nos adjetivos gregos de tema em consoante ou semivogal consta-ta-se o mesmo fato: é o tema puro (neutro) que se usa: polæ, eéyæ,saf¡w ktl.

Quando alguns adjetivos de tema em semivogal ou consoante emposição precária, isto é, que a língua grega não mantém em posiçãofinal, são usados adverbialmente, com freqüência usa-se um -w para re-forçar a vogal ou proteger a consoante. Assim às vezes podem conviverduas formas, uma sem o -w, e outra com o -w.5

eéyæ / eéyæw direto, imediato (-mente)likrifÛw oblíquo (-mente)�mfÛ / �mfÛw de ambos os lados, em tornom¡xri / m¡xriw até�paj uma vezl�j com o calcanharkourÛj pelos cabelosôd�j com os dentes, a dentepæj com os punhos, a soco

5 Já repetimos várias vezes no curso deste trabalho que a língua grega mantém emposição final só três consoantes: -r, -w, -n e por eufonia o -k/-x na negação oé /oék /oéx e na preposição ¤k/¤j.

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697os invariáveis: advérbios

p¡rij em redorxvrÛw em separado, a parte¤ggæw próximo, pertometajæ no intervalo (met� - jun)�ntikræ em frente, em face�liw bastantepoll�ki / poll�kiw muitas vezes

Dentro dessa mesma linha de raciocínio vemos também o compa-rativo do advérbio expresso pelo tema do neutro: (acusativo singular) e osuperlativo do advérbio expresso pelo neutro plural (acusativo plural).

O tema neutro no singular do comparativo se explica pela relaçãohorizontal entre dois: um em relação ao outro; no superlativo, contudo, arelação é partitiva no superlativo relativo (um entre muitos) e no superla-tivo absoluto é um entre todos. Por isso a preferência pelo plural neutro -a, que não é a desinência do acusativo plural, mas sim a marca do coletivoindo-europeu.

2. No genitivonuktñw de noite (num ponto da noite)²m¡raw de dia (num ponto do dia)polloè muito (de muito) relação de valor, preçotim�syai polloè estimar muito, dar muito valor aôlÛgou deÝn faltar pouco, de poucomikroè de pouco¤pipol°w na superfície (partitivo)¤jaÛfnhw de repente (partitivo)¥j°w direto, imediatamente (ponto de partida)¤fej°w de imediato, na seqüência (ponto de partida)

Todos esses advérbios são genitivos petrificados, de delimitação.As gramáticas costumam arrolar aqui uma série de advérbios em -

ou como se fossem genitivos.Não são.Todos eles se relacionam com a questão poè; - ubi? - onde? Essa

semelhança com o genitivo dos nomes em -o é enganosa. Nós vamosrelacionar todos esses advérbios, quando tratarmos da questão poè/poyÛ- ubi? onde? (p. 703-4).

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698 os invariáveis: advérbios

3. No genitivo-ablativo6

Nas relações de lugar �de onde� - pñyen - unde? - �de onde?� o gregousa um sufixo -yen, que exprime origem e ponto de partida.

São numerosos esses advérbios e podemos dizer que não há um�numerus clausus�; isto é, estão em aberto.

Mas os mais comuns são os seguintes:oéranñyen do céu±Çyen desde a aurora

Uma relação maior será fornecida quando tratarmos dos advérbiosdêiticos.

4. No locativoHá duas marcas do locativo: -i/-yi. A primeira se manteve, e, na

flexão, se confundiu com o dativo, a ponto de as gramáticas não mais aconsiderarem como locativo, mas como �dativo de lugar�. Contudo, esselocativo em -i se manteve em algumas formas petrificadas, tanto no gre-go como em latim.

Também aqui não há �numerus clausus�.Quando tratarmos dos advérbios dêiticos, forneceremos uma lista

deles.As formas com -yi também se mantiveram no período arcaico (so-

bretudo em Homero) e depois cederam o lugar para as formas em -ou; deuma equivalência inicial poè/poyi - ubi? �onde?�, as formas em -ouprevaleceram.

Trataremos delas quando tratarmos dos advérbios dêiticos.

5. No InstrumentalA marca do antigo instrumental era um -a longo ou -h (ático) e a

variante silábica -da / -dh.Há inúmeras formas assim:

6 Não se trata de �caso genitivo-ablativo�, mas sim da relação �de onde�, que pode-mos chamar de �genitivo espacial� ou �genitivo-ablativo� expresso pelo sufixo ad-verbial -yen.

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699os invariáveis: advérbios

kruf° / kræpta em segredooédam° de modo algum, de nenhum modo²sux° em repouso, calmamentep�nth de todas as maneiraspantax° de todas as maneiraspez° a pé÷ph da maneira que, de que maneirap® de alguma maneira�ma juntamente, ao mesmo tempol�yra / l�yrh às escondidassfñdra fortemente, intensamente¸ra em favor de§neka por causa deped� com os pés, a pékræbda em segredo, secretamentemÛgda confusamente, tudo misturadofægda em fuga

Esse instrumental em -a / -h se prestou a confusões por causa darelação de lugar �por onde�, questão p»/phi/p° (qua, em latim).

Houve coincidência formal e semântica, uma vez que na relaçãoinstrumental pode-se ver a idéia de o ato verbal passar pelo objeto/instru-mento inerte; a partir daí torna-se fácil evoluir para a idéia de meio edepois de modo.

Trataremos disso neste mesmo capítulo, quando estabelecermos oquadro dos correlativos.

Há também um certo número de advérbios em -ka e -ya (²nÛka,thnÛka, aétÛka, ¦nya) com significado de tempo ou lugar, mas queserão tratados no quadro dos demonstrativos, dêiticos.

Além disso, há ainda uma antiga desinência-sufixo instrumental em-fi, freqüente em Homero, mas que tendeu a desaparecer. As expressõesmais comuns são as seguintes:

�mfÛ / �mfÛw dos dois lados, em tornobÛhfi/bÛafi com violência, violentamenteàfi com forçanñsfi separadamente

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700 os invariáveis: advérbios

Ver Homero: àfi (A, 38), com força, dakruñfi (R, 696), comlágrimas, klisÛhfi (N, 168), na tenda, stratñfi (K, 347), com o exér-cito, yeñfi (C, 347), com a divindade, fr®trhfi (B, 363), na fratria(em comum) öresfi (D, 452), na montanha.

Nem sempre a relação instrumental está clara: às vezes se confun-de com o locativo -yi e genitivo-ablativo -yen.

Havia um outro sufixo de instrumental/modal em -ti, que aospoucos foi abandonado. Restam contudo algumas formas que se mantêmvivas. Também aqui a lista não é exaustiva.

ônomastÛ pelo nome, nominalmentedvristÛ à moda dos dórios¥llhnistÛ à moda dos gregos, à greganevstÛ recentemente

Dentro desses instrumentais podemos incluir também os advér-bios de modo, construídos com o advérbio Éw < Wvw: como, assim sobretemas nominais, adjetivos, que é visto como sufixo -vw acrescentado aotema do adjetivo. Esse sufixo corresponde grosso modo aos nossos ad-vérbios em -mente. Ele tem sua origem num sufixo indo-europeu *yo-,de valor anafórico, de que derivam o relativo ÷w, ÷ e algumas conjun-ções, como Éw.

Esses advérbios se constroem sobre temas de adjetivos (tema do ad-jetivo + -vw), com as adaptações fonéticas necessárias.

T. sofñ- sofñw,®,ñn sofÇw sabiamenteT. pr�o- pr�ow,a,on pr�vw calmamenteT. sÅfron sÅfrvn,on svfrñnvw prudentementeT. �lhy¡w �lhy®w,¡w �lhyÇw verdadeiramenteT. önt- Ên,oïsa,ön öntvw realmenteT. ²dW/²d¡W ²dæw,eÛa,æ ²d¡vw suavementeT. pant- p�w,p�sa,p�n p�ntvw totalmente

Assim também:kalÇw bem, belamentebrad¡vw lentamenteeéprepÇw decentemente, convenientementeõmoÛvw semelhantementeõmÇw igualmenteoìtvw / oìtv dessa maneira, desse modo, assim

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701os invariáveis: advérbios

tax¡vw em velocidade, rapidamenteêperfuÇw desmedidamente, maravilhosamenteÏde assim, desta maneira

Paralelamente a essas formações de advérbios de modo em -vw,que lembram vivamente a ligação com o significado da conjunção: como,à maneira de, a língua formou inúmeros advérbios de lugar em -v, cons-truídos sobre temas de significado espacial, sobretudo preposições, anti-gos advérbios de lugar.7

Assim:�nv acima, em cima�fnv de repente, subitamenteoëpv / m®pv ainda não�nvyen de cima, do altok�tv abaixo, embaixoperait¡rv mais distante, mais longethlot¡rv mais longe, mais distantethlot�tv muito mais longe¦jv fora, do lado de foraeàsv no interior de, dentroôpÛsv atráspñrrv à frente, na frente

7 Atenção para a acentuação desses advérbios:1. Nos adjetivos de tema em -o a vogal temática sobre elisão antes do sufixo modal -

vw, como em tema oxítono: kalñ-vw > kalÇw, e o advérbio de modo será pe-rispômeno; se o tema for paroxítono, o advérbio de modo será também paroxítonoou proparoxítono, o advérbio de modo será paroxítono: �diko-vw > �dÛkvw.

2. Nos adjetivos de tema em -w, o -s-, encontrando-se em posição intervocálica,sofre síncope e as vogais em contato se contraem, prevalecendo o timbre -o-:�lhy¡s-vw > �lhy¡vw > �lhyÇw, perispômeno, se o tema for oxítono, e paro-xítono se o tema for paroxítono ou proparoxítono.

3. Nos de tema em outra consoante, dá-se o mesmo: sÇfron-vw > svfrñnvw:;eëdaimon-vw > eédaimñnvw; önt-vw.

4. Nos de tema em eW-, o -W-, encontrando-se em posição intervocálica, sofre sínco-pe, e as vogais em contato se contraem se são do mesmo timbre, e, se de timbrediferente permanecem em hiato: tax¡W-vw > tax¡vw.

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702 os invariáveis: advérbios

Advérbios demonstrativos,dêiticos, de lugar e tempo

Na mesma linha dos nomes e adjetivos demonstrativos, dêiticos,que os gramáticos costumam chamar de �pronomes-adjetivos�, a línguagrega possui um grande número de palavras exprimindo noções de espa-ço e tempo, chamadas comumente de �advérbios de lugar, de tempo, demodo�.

Vamos dar a seguir o quadro delas, na mesma seqüência em quedemos o quadro dos nomes e adjetivos demonstrativos.

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703os invariáveis: advérbios

Interrogativos direto/indir. Demonstrativos Relativos Indefinidos Relativos - Indefinidos

poè; */pñyi; ÷pou; aétoè/aétñyi oð/oðper/÷yi/ ¦nya poæ / poyÛ *** ÷pou /õpouoèn / oêd®pote ÷pou

onde? aqui mesmo onde/em que em algum lugar em qualquer lugar (que seja)

poÝ; /pñse, ÷poi; / õpñse; aétoÝ/aétñse oå /÷se poÛ / pos¡ ÷poi / õpoioèn / õpoid®pote

para onde? para aqui mesmo para o lugar que para algum lugar que para qualquer lugar (que seja)

pñyen; õpñyen; aétñyen ÷yen poy¡n ÷poyen/ õpoyenoèn/ õpod®pote

de onde? do mesmo lugar do lugar que de algum lugar de qualquer lugar (que seja)

p»; / ÷pú; aét»** Ã p¹ ÷pú/õpúoèn/ õpúd®pote

por onde? por quê? pelo mesmo lugar pelo lugar q., pelo que por algum lugar por qualquer lugar (que seja)

pñte; / õpñte; tñte ÷te pot¡ õpotoèn / õpoted®pote

quando? em que tempo? então, naquele tempo quando, no tempo em que um dia, certa vez, em qualquer tempo (que seja),

alguma vez em um tempo qualquer

phnÛka; õphnÛka; thnÛka thnik�de ²nÛka õphnÛka õphnikoèn/ õphnikad®pote

em que hora? nesta hora na hora em que em algum momento em qualquer hora (que seja)

pÇw; / ÷pvw; Ïde /oìtv (w) Éw/Ëste pvw õpvsoèn / õpvsd®pote /÷pvw

como? deste modo como/assim, do modo que de algum modo de qualquer modo que

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704 os invariáveis: advérbios

* Várias formas que respondem à questão poè se constroem com essesufixo, como veremos abaixo. Chamamos a atenção do leitor para nãodenominá-las de �genitivo locativo� ou de �genitivo de lugar onde�.Essa denominação não é lógica; ela se guia pelas aparências, isto é, osufixo -ou faz lembrar o genitivo singular dos nomes em -o. É meracoincidência formal.

** Vale a mesma observação do item anterior. A resposta à questão p»encontra resposta nos temas de adjetivos dêiticos, como aét», t»de,aìtú, ¤keÛnú.

Também aqui não se trata de um �dativo de modo, ou dativo ins-trumental�; trata-se de respostas à questão p», �por que lugar, porquê?�; �qua�, em latim.

Ressalte-se, contudo, que, a partir da idéia �por onde, por que�,passa-se facilmente para a idéia de instrumento ou modo. Mas, trata-se de sufixo adverbial e não de flexão nominal.

*** É preciso notar que a acentuação dos indefinidos é meramente indi-cativa, porque todos são enclíticos e só se acentuam quando formam uni-dade tônica com a palavra anterior.

O quadro acima é apenas indicativo. Se a primeira coluna só temduas alternativas: pergunta direta e indireta, as outras colunas ficariamlongas demais com uma quantidade muito grande de formas. Preferimos,então, alinhá-las verticalmente a seguir, ressalvando contudo que não sãolistas exaustivas.

A. Respostas à questão poè;/ pñyi; - onde? em que lugar?

1. sufixo -oè e -yioédamoè em nenhum lugar, em parte nenhumapantaxoè em toda parte, em todos os lugarespollaxoè em muitos lugares�llou em outro lugar�lloyi em outro lugar¤keÝyi lá, naquele lugar�llaxoè em outro lugarõmoè junto, juntamentethloè longe, distante

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705os invariáveis: advérbios

thlñyi longe, distante�Iliñyi em Ílion (Tróia)Korinyñyi em Corinto

2. Alguns com sufixo locativo -i / si (-i longo)oàkoi em casaxamaÛ por terra, no chão �humi�pedoÝ no chão, por terra�Ay®nhsi em Atenas�OlumpÛasi em OlímpiaPlatai�si em PlatéiasMegaroÝ em MégaraPuloÝ em PilosSalamÝni em Salamina¤keÝ lá, naquele lugarpandhmeÛ em massa, em todo o povop�lai outrora, antigamente�rti há pouco, agora mesmo¦ti / oék¡ti ainda, ainda não, não maisprÐ / prvÛ bem cedo, cedinhoyærasi às portas, �foris�

3. Outros dêiticos que respondem à questão �onde?�¦nya aqui, neste lugar, �hic�t»de aqui, neste lugar, �hic�, por aquí¤ntaèya nesse lugar, aí, �ibi�

4. Outros sufixospar¡j fora, do lado de fora¤ntñw dentro¤ktñw fora, de fora¤ggæw perto, próximop¡law perto, próximop¡rij em toda a volta, em tornoxvrÛw à parte, em separadop¡ra além, do lado de lá

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706 os invariáveis: advérbios

B. Respostas à questão poÝ; -de / -ze / -se / ya: para onde? �quo�¤keÝse para lá, �illuc, eo�¤ny�de para aqui, �huc�oàkade /-ze/-se para casa�llose para outro lugar�Ay®naze para Atenasoédamñse para nenhum lugaroédamoÝ para nenhum lugarpantaxñse para todo lugarpantaxoÝ/se para todo lugarpantñse / -oÝ para todo lugarpollaxñse/ -oÝ para muitos lugaresõmñse/ -oÝ para o mesmo lugar, para juntoaétñse/ -oÝ para o mesmo lugarxam�ze por terra, para o chãoMegar�de para Megarayæraze /-sde para a porta

C. Respostas à questão pñyen; de onde, �unde�¤keÝyen de lá. �illinc�oàkoyen de casa�lloyen de outro lugar �aliunde��Ay®nhyen de AtenasMegarñyen de Megara¦nyen daqui �hinc�¤ny¡nde daqui �hinc�¤nteèyen daí, �inde�oédamñyen de nenhum lugar, de lugar algumpantaxñyen de toda parte, de todos os ladosp�ntoyen de tudo, de toda partepollaxñyen de muitos lugaresõmñyen de junto, do mesmo lugaraétñyen do mesmo lugarxam�yen do chão, da terra¦mprosyen à frente, na frente (adiante)

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707os invariáveis: advérbios

öpisyen atrás, de trás�nvyen de cima, a partir de cimak�tvyen de baixo, a partir de baixo¦ndoyen de dentro¦jvyen de forapñrrvyen de longe, a partir de longe¦gguyen de perto, a partir de perto

D. Respostas à questão p»; - por que lugar?, por que meio?, por que modo?,de que maneira, �qua/quo modo�.

t»de por aqui, �hac�, deste modo, desta maneirataætú por aí, �istac� desse modo, dessa maneira¤keÛnú por lá �illac�, daquele modo, daquela maneiraaét» pelo mesmo lugar, do mesmo modo,

da mesma maneira�llú por outro lado, de outra maneiraoédam» por nenhum lugar, meio, modopantax» por todo lugar, meio, modop�ntú/p�nth por tudo, de todo modopollax» por muitos lugares, meios, modos

Podemos incluir aqui alguns instrumentais petrificados, em geralconstruídos sobre temas de adjetivos, que, aos poucos, dispensaram onome que fica implícito.

dhmosÛ& (taf») exéquias públicas (pelo erário público)ÞdÛ& em particularkoin» em comumkomid» com cuidado, perfeitamentepez» a pé, como pedestreeÞk» ao acaso, à aventura, pela aparência�m» / �m° ao acaso, de roldão, a rodo²sux°/ -» com tranqüilidade, placidamente

E. Respostas à questão pÇw; - como? �quo modo�?Ïde deste modo, assim �ita, sic�oìtv(w) desse modo, assim �ita, sic�

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708 os invariáveis: advérbios

¤keÛnvw daquele modoÉsaætvw da mesma maneira�llvw de outra maneiraoédamÇw de modo algum, de nenhum modomhdamÇw de modo algum, de nenhum modop�ntvw completamente, totalmenteaÞfnidÛvw subitamente, de repente

Ver a formação dos advérbios de modo (p. 700).

F. Respostas à questão pñte; quando? em que tempo? �quando?�tñte* então, naquele tempo �tum�÷te quando (rel.) no tempo em que �cum�¥k�stote cada vezpot¡ um dia, algum dia, �aliquando, unquam�¤nÛote algumas vezesoëpote em tempo algum, jamais, nunca (indicativo)m®pote em tempo algum, jamais, nunca (eventual)oéd¡pote em tempo algum, jamais, nunca (indicativo)mhd¡pote em tempo algum, jamais, nunca (eventual)�llote uma outra vez

* Esses dêiticos de tempo podem vir compostos com a partícula eventual-an (÷tan: quando, sempre que), com o modo eventual correspondente.

Outras respostas à questão: pñte; quando?prvÛ / prÐ cedo, cedinhoôc¡ à tarde, tardes®meron/t®meron hoje (este dia)aërion amanhãxy¡w ontemnèn / nunÛ agora, neste momentom¡xri nèn até agoranèn d® agora mesmo�rti há pouco, ultimamenteeäta a seguir, em seguidaprÛn antes³dh já¦ti ainda

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709os invariáveis: advérbios

aétÛka imediatamente, logonæktvr de noite�ma ao mesmo tempoprÅhn anteontem, há tempos

A idéia de quantidade, valor, dimensão, intensidade que se atribuiao verbo ou ao adjetivo, se exprime pelo neutro dos nomes-adjetivos quetêm esses significados (ver advérbios no acusativo).

pñson quão grandemente, quanto÷son (tão) quão grandementeôlÛgon poucomikrñn poucopolæ muitom¡ga grande(mente)oåon qual(mente), por exemplopl¡on / pleÝn mais (quantidade, número)m�llon mais (valor, dimensão)pleÝston muito mais (número)meÝon menos (valor)¦latton menos (número)tosoèto(n) tantom�lista muito intensamente, sobretudopleÝsta em grande quantidade, número�gan demais, em excessolÛan muito (intensamente)�dhn em abundância, abundantemente�liw assaz, bastantep�nu muito, intensamente

Com os verbos de valor ou de preço, freqüentemente se usa o ge-nitivo dos nomes-adjetivos de quantidade-valor. É a idéia �em troca/trocode quê?� (�ntÛ) > pñsou; que explica o uso do genitivo.

Em troca:de tanto, ÷sou,de muito, polloè,de pouco, ôlÛgou,de mais, pl¡onow.

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710 conclusão

Conclusão

Ir a Ítaca é importante; mas, mais importante ainda é o caminho.Este trabalho está chegando ao fim, e precisa de uma conclusão.

Mas ele terá um fim? Ou ele é como aqueles diálogos aporéticos de Platão,em que o mais importante não é o fim, mas a m¡yodow, o caminho?

Como dissemos na Introdução, dizemos também agora: este traba-lho não é um projeto fechado, ou uma tese programada. Se nós tivéssemosfeito deste trabalho um projeto ou se tivéssemos feito um projeto paraeste trabalho, teríamos fracassado tantas vezes quantas tivéssemos co-meçado; teriam sido tantos fracassos quantos os projetos. A razão disso éque ele sempre foi uma m¡yodow, um caminho, e não um t¡low, um fim.

Mas, depois de chegarmos ao ponto em que estamos, algumas per-guntas povoam a nossa cabeça: o que fizemos? O caminho percorrido valeua pena? O resultado é o quê? Foi apenas um passeio sem pretensão, semcompromisso pela língua grega, ou ficou algo, ficou uma mensagem, emsuma, este trabalho foi útil e será útil. Enfim, há uma conclusão?

A resposta é sim, há uma conclusão.Se o leitor está lembrado, no curso do trabalho insistimos sempre

sobre a relação significante-significado da nomenclatura gramatical. Cre-mos que conseguimos o nosso objetivo.

Desde a apresentação do alfabeto, procuramos encontrar o porquêdos nomes de certas letras (grafemas): preferimos chamar o e de e cilñn�e psilón�, isto é, �e desguarnecido�, �e simples�, e não �êpsilon�, quenão diz nada. Fizemos o mesmo com o o mikrñn e com o v m¡ga, res-pectivamente � o pequeno� e �o grande�, o que eles são foneticamente, enão �ômicron� ou �ômega�, que também nada dizem. Essas denomina-ções das gramáticas se prendem à tradição descritivista, que já na gramáticagrega alexandrina pronunciava ¤cilñn, ômikrñn, Èm¡ga; os gramáti-cos latinos transcreveram os dois primeiros �êpsilon, ômicron�, transfor-mando palavras gregas oxítonas em palavras latinas proparoxítonas, e oúltimo, por causa da penúltima breve, passou, de paroxítono em grego aproparoxítono em latim.

Nossa opção é significante e clara.

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711conclusão

No capítulo da Fonética Aplicada procuramos mostrar que os meta-plasmos, isto é, os acidentes fonéticos que as palavras gregas sofreram nocurso de sua história, podem ser explicadas rigorosamente pelas funçõesdos componentes do aparelho fonador, sobretudo na junção dos temasnominais com os casos [as desinências dos casos] e dos temas verbais comas desinências pessoais.

A língua grega, como qualquer outra língua, tem uma caraterísticafonética determinada, que é um idiotismo, uma peculiaridade que a dife-rencia das outras. A língua grega como um todo sempre foi ciente e ze-losa disso. Em toda a tradição oral, a unidade da língua grega foi perfei-ta. As Olimpíadas foram testemunhas disso: lá todos se entendiam e nãoprecisavam de outro documento; o �falar grego� ¥llhnÛzein lhes dava odireito de participar delas. As diferenças lingüísticas que nós chamamosde dialetos, a que os gramáticos costumam dar grande importância, de-masiada importância, não eram tão importantes assim para os gregos. Issopode ser notado, por exemplo, nas inúmeras citações que se encontramnos diálogos de Platão. Há citações freqüentes de Homero, Hesíodo, Si-mônides, Píndaro, Sapho, em que se misturam os dialetos jônico, eólicoe dórico, que os interlocutores absorvem naturalmente. Mesmo o meni-no Lísis, que tem 12 anos, diz a Sócrates que conhece a passagem deSólon que ele cita (212a2), de Homero, Od., XVII, 218 (214a6) e deHesíodo, Os trabalhos e os dias, 25 (215c7). Protágoras (325e) diz que osmeninos atenienses aprendiam de cor os poemas de Homero, Hesíodo eos dos líricos. Então os principais dialetos gregos não soavam estranhoao menino ateniense do século V a.C., e o dialeto ático, formado pelossofistas e pela retórica, é a combinação do dialeto jônico, substrato naÁtica, e dialeto de todos os sábios da Jônia que acorreram a Atenas, e dodialeto dórico, geograficamente fronteiriço.

Dentro dessa linha de raciocínio, tentamos, primeiro no capítuloda Fonética Aplicada, e depois em todas as desmostrações fonéticas dasflexões nominal e verbal, mostrar ao leitor e eventual aluno, que todas asformas �estranhas� que os gramáticos classificam em separado são formasperfeitamente normais, que evoluíram naturalmente, dentro dos hábitosfonéticos da língua grega; e muitas das formas intermediárias estãoregistradas neste ou naquele dialeto.

Por isso, também aqui, não fomos econômicos nessas demostrações.Todas as vezes em que julgamos que essas desmostrações seriam úteis ounecessárias nós as fizemos.

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712 conclusão

Dedicamos um espaço pequeno à acentuação. Registramos apenasque os temas nominais têm tonicidade própria e que a sílaba tônica podedeslocar-se, se a quantidade da última vogal sofrer alteração: registramostambém que os temas verbais não têm tonicidade própria, mas, por se-rem a sede do significado virtual, atraem para eles a tônica, cuja posiçãoé regulada pela quantidade da última vogal; e que, tanto a acentuação dosnomes quanto a dos verbos obedecem à �lei dos três tempos�, isto é, dastrês notas musicais, a partir da última sílaba. Não há tônica anterior àantepenúltima.

Quando tratamos da flexão nominal, procuramos mostrar, sempre,a relação estreita entre significante e significado e procuramos resgatar osignificado original do nome dos casos.

Mostramos também que cada caso tem o nome da função da pala-vra e que não há arbítrio algum nessa relação; há uma constante semân-tica em tudo. Por isso, não há regras especiais para esse ou aquele caso.Cada relação tem o caso da função das partes.

Na flexão verbal, demostramos que o verbo tem apenas dois com-ponentes essenciais: o aspecto, que definimos como �tempo interno doverbo� e o modo, que é a maneira como o dono do discurso quer passarao receptor o ato verbal.

Definimos também, em várias passagens, o que é �verbo-=°ma�.�R°ma é �o verbo-predicado do sujeito�, isto é, é o tema verbal (do infec-tum-inacabado, aoristo-pontual/futuro ou perfectum-acabado) acresci-do das desinências pessoais, ativas, se o sujeito é agente; ou médias, se osujeito é agente envolvido, interessado no ato verbal, e passivas, se o su-jeito é paciente do ato verbal. Demostramos também que essa presençado sujeito no verbo é manifesta foneticamente.

Mostramos também que o tema verbal puro, original, é o temado aoristo, e que, por isso mesmo, se chama �ñristow, isto é �sem li-mites, sem horizonte� e que por isso é pontual, tanto o chamado �aoristognômico� quanto o �aoristo enquadrado, narrativo�, como nós o chama-mos, e que sobre ele se constrói o futuro; demostramos também que,dele, derivam o tema do infectum-inacabado e o do perfectum-acabado,e que essa derivação pelo acréscimo de sufixos ou prefixos tem a ver como significado.

Verificamos também que o �tempo dêitico� não está no verbo, massim no enquadramento do ato verbal, e que a única marca de tempo é o

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Page 713: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

713conclusão

aumento, que marca o passado, e é exterior ao verbo. O e não é umaptÇsiw, não é uma desinência; é apenas um apêndice; está fora do temaverbal. Constatamos também que, por coerência, esse aumento só existeno indicativo, porque só o indicativo comporta a noção de tempo dêitico.Não há tempo no subjuntivo e optativo nem no particípio ou infinitivo.

Demostramos ainda que, formalmente, há apenas dois modos ver-bais diferentes do indicativo: o eventual e o possível, e que cada um de-les tem sua marca própria e que a tradução em português é fácil e semprea mesma: o subjuntivo presente ou futuro e indicativo eventual (da repe-tição do ato presente) do português traduzem o eventual grego, e o im-perfeito do subjuntivo ou condicional simples do português traduzem opossível grego.

O imperativo é apenas o modo da interpelação ou do diálogo e sóo imperativo singular direto tem formas próprias. O imperativo diretoplural e os imperativos indiretos são construções analógicas e se baseiamsobre o tema do indicativo.

Dedicamos grandes espaços para o verbo-adjetivo (particípio) e parao verbo-substantivo (infinitivo).

A razão disso é que em português o uso dessas formas nominais doverbo é muito confuso e mal tratado pelas gramáticas.

Insistimos sobretudo que, todas as formas verbais têm significadoautônomo (significante-significado), pouco importando o lugar em queapareçam. Por isso não temos espaço reservado para a sintaxe desse oudaquele modo, nem tampouco para esse ou aquele tipo de orações (coor-denadas, subordinadas, adversavivas, causais, temporais etc.); entendemosque essas denominações são etiquetas aplicadas por fora. Entendemos que�sintaxe� é �ordenação�, e ordenação é um segundo tempo. Preferimos,como sempre, insistir na organicidade da mensagem, na autonomia se-mântica das formas. Na escolha dos modos vale a vontade do �dono dodiscurso�, emissor da mensagem. Se há uma constatação ou afirmação(indicação) de uma realidade objetiva ou subjetiva ou a sua negação (ir-realidade), o modo será o indicativo, pouco importanto se está na oraçãoprincipal, coordenada, subordinada ou independente.

Os conetivos (conjunções, partículas) não �regem� esse ou aquelemodo; eles são a manifestação do modo com que a mensagem é enviada.

Se o emissor quer passar a idéia de um fato eventual, provável, futu-ro, ele vai usar o modo eventual (subjuntivo presente ou futuro em por-

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714 conclusão

tuguês). Afirmamos também que o termo �subjuntivo� é uma improprie-dade semântica, porque nem sempre ele está ou sugere uma subordina-ção. Contudo, mantivemos essa denominação, provisoriamente, porqueexiste uma nomenclatura oficial prescritiva.

O mesmo acontece com relação às formas do �optativo�, que tam-bém é uma impropriedade semântica.

Se o emissor quer passar a idéia de possibilidade, de afirmação ate-nuada, de desejo (voto-suspiro-devaneio), mera operação do espírito, eleusa o possível. Em português, ele usaria o �imperfeito do subjuntivo� ouo �condicional simples� (futuro do pretérito).

Tudo isso está demostrado concretamente nos inúmeros exemplosque arrolamos e traduzimos, explicando e justificando o emprego desteou daquele modo.

Terminamos o trabalho com o capítulo que denominamos �Os In-variáveis�. Nele incluimos as preposições (proy®seiw), os conetivos (sæn-desmoi), que são as partículas e conjunções, e os advérbios (¤pirr®ma-ta), e demos a todos eles o mesmo tratamento semântico e orgânicodado aos nomes e verbos.

Explicamos que a denominação prñyhsiw > praepositio > preposi-ção é meramente formalista, descritivista e não leva à compreensão dasrelações que as preposições estabelecem. Afirmamos que todas as prepo-sições, na origem, são advérbios com significado espacial, e que a �regên-cia� desta ou daquela preposição não vai além da relação espacial que elaempresta ao verbo, e que o caso decorrente é o dessa relação:

a) lugar onde > locativo;b) lugar para onde, e todas as relações de movimento > acusativo;c) lugar de onde, em todas as suas acepções > genitivo.

Os exemplos citados demostram isso com clareza, mesmo quandoas preposições são empregadas metaforicamente.

Os conetivos também foram apresentados em ordem alfabética, ecada um deles tratado individualmente sob o ponto de vista semântico, etambém aí mostramos que é o significado que vai determinar o modoverbal que será empregado.

Finalmente estudamos os advérbios, também em ordem alfabéti-ca, e mostramos como se formaram os advérbios de lugar e de tempo e osde modo, que são os verdadeiros ¤pirr®mata > ad-vérbios e que eles

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715conclusão

são sobre-posições aos verbos, como os adjetivos, ¤pÛyeta, o são para osnomes. O advérbio qualifica o verbo e o adjetivo qualifica o nome.

Eis aí, então, as conclusões do nosso trabalho; tememos, contudo,que não sejam realmente conclusões, porque não há conclusões; há mui-ta coisa ainda a ser feita; há desdobramentos de todas as questões coloca-das, que podem, devem e serão retomadas. Este nosso trabalho é apenaso começo de tudo.

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717bibliografia

BibliografiaUma explicação necessária:

Costuma-se afirmar que uma das partes mais importantes de umatese é a bibliografia, isto é, a lista de livros e artigos que o pesquisadorafirma ter lido para redigir sua tese. Há algo contraditório nisso: se éuma tese, isto é, uma posição, não deve apoiar-se em ninguém e em nada!

Mas, o que acontece é exatamente o contrário: é a partir de umabibliografia que se redige uma tese! Seria por antífrase?!

Na minha opinião são teses de compilação. Teriam o seu valor, éclaro! Elas teriam como finalidade apresentar o estado atual das pesqui-sas na área estudada.

O caso em tela é especial, diferente. De início não se pretendeufazer uma tese! O autor nunca pretendeu escrever uma obra nesse senti-do. O trabalho e o prazer dele começavam e se encerravam, começam e seencerram ainda, na sala de aula. Era e é o enthousiasmós, isto é, aqueleestado de inspiração de que fala Platão no Íon, na discussão sobre a ins-piração poética entre Sócrates e o rapsodo Íon.

O trabalho do professor era diuturno: a partir da língua, dos tex-tos, encontrar e explicar todos os esquemas dela. Esses exemplos, na for-ma de frases e textos, ou ele encontrava nas gramáticas ou encontravanos textos de leitura.

Os exemplos encontrados nas gramáticas foram usados para análi-se, interpretação e conclusões na sala de aula. Seria injusto omiti-los.

Portanto, a lista bibliográfica a seguir não é exatamente uma listabibliográfica por antífrase, mas é uma lista bibliográfica que indica as fon-tes de onde fomos haurir os exemplos usados. A interpretação e o usosão nossos.

Procuramos também usar exemplos confirmados, abonados. Por is-so, muitas vezes fomos aos originais e modificamos ou completamos ascitações.

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Page 718: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

718 bibliografia

ALLARD, J, et FEUILLÂTRE, E. Exercices grecs. Classe de 2ème. Paris,Librairie Hachette, 1950.

ALLARD, J. et FEUILLÂTRE, E. Exercices grecs à l�usage de la classe de3ème. Paris, Librairie Hachette, 1948.

ALLARD, J. et FEUILLÂTRE, E. Exercices grecs - Classe de 1ère. Paris,Librairie Hachette, 1950.

ALLARD, J. et FEUILLÂTRE, E. Grammaire grecque. Paris, LibrairieHachette, 1944.

ALSTON HURD CHASE & HENRY PHILLIPS JR. A new introduc-tion to greek. Cambridge, Massachusetts Harvard University Press, 1969.

ALVES DE SOUSA, DR P.A.B. Gramática grega. Niterói, Escolas Profis-sionais Salesianas, 1942.

AMENÓS, Jaime Berenguer. Gramática griega. Barcelona, Bosch, Casa Edi-torial, 1958.

ARISTOTE. Poétique. Texto estabelecido e traduzido por J. Hardy. Paris,Société D�Édition �Les Belles Lettres�, 1969.

BARROS, Hilda Penteado de. Propedêutica ao grego. São Paulo, EditoraHerder, 1962.

BENVENISTE. É. Le vocabulaire des institutions indo-européennes. Paris,Les Éditions de Minuit, 1989.

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mur08.p65 22/01/01, 11:39723

Page 724: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

724 sumário

sumário

Introdução: Guia do leitor 9

O alfabeto grego 36Exercício de leitura e transcrição 37Normas de transliteração 40

Alguns dados de fonética aplicada 43Considerações gerais 43

As vogais 47Os ditongos 49Alternância vocálica 50Alternância qualitativa 50Alternância quantitativa 51Vogal de ligação ou de apoio 52Encontro de vogais 54Eufonia 56Contração 57Alteração de vogais 58

As consoantes 59As soantes 62Encontro de consoantes 65Supressão de consoantes 68Supressão da aspiração 70

A acentuação 71As enclíticas 76Acentuação das enclíticas 77As proclíticas 78

A pontuação 78

mur09Sum.p65 22/01/01, 11:39724

Page 725: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

725sumário

Flexão nominal 79

Casos e funções 83O tema 85Os casos: definições 88Nominativo 88Vocativo 93Acusativo 97Genitivo 104Genitivo-ablativo 106Dativo 107Locativo 111Instrumental 113

Os gêneros 115

Os números 116

A flexão nominal: os temas nominais 117

Temas em vogal 117Quadro geral das desinências 120Quadro de flexão: masculinos em -o 123Quadro de flexão: femininos em -o 124Quadro de flexão: neutros em -o 125Nomes e adjetivos �contratos� de tema em -o 126�Declinação� flexão ática 128Quadro de flexão dos nomes femininos de tema em -a puro 131Quadro de flexão dos nomes femininosde tema em -h e -a impuro 132Quadro de flexão dos masculinos de tema em -aw/-hw 134Os adjetivos de tema em vogal 137Quadro de flexão de adjetivos de tema em -o/-a 137Quadro de flexão dos adjetivos de tema em -o/-h 138

Graus dos adjetivos 139Adjetivos numerais 143Flexão dos numerais 147

Relativos 148Quadro de flexão dos relativos 148Quadro de flexão dos dêiticos 150

mur09Sum.p65 22/01/01, 11:39725

Page 726: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

726 sumário

Interrogativos e indefinidos 153Flexão dos interrogativos e indefinidos 154Flexão dos relativos indefinidos 155Flexão de ¤keÝnow 157Flexão de õ aétñw 159Flexão dos reflexivos 160

Os correlativos 161Quadro dos correlativos 162

Pronomes pessoais 163Quadro de flexão dos pronomes pessoais 164Quadro de flexão do pronome de 3a pessoa 166

Temas em consoante e soante/semivogal 167Quadro geral das desinências 167Exercício prático de identificação dos temas 171Quadro geral das dificuldades fonéticas 178Quadros de flexão 182

1. Nomes de tema em oclusiva velar 1822. Nomes de tema em oclusiva labial 1843. Nomes de tema em dental (masc./fem.) 1854. Nomes neutros de tema em dental 1875. Nomes de tema em -nt 1906. Nomes de tema em -n 1937. Adjetivos de tema em -n (masc/fem. e neutro) 1948. Nomes e adjetivos de tema em -r e -l 1979. Nomes de tema em -r / -er 19910. Nomes e adjetivos de tema em semivogal: -u / - i 20111. Substantivos e adjetivos de tema em -es (masc./fem.) 20312. Nomes e adjetivos neutros de tema em -w 20513. Nomes de tema em -j 20714. Nomes masculinos de tema em -hW 20915. Nomes de tema em W / eW 21116. Adjetivos de tema em W- / eW 21217. Adjetivo de tema em W / o /a 21418. Nomes de tema em -vW 215

Nomes heteroclíticos 216

mur09Sum.p65 22/01/01, 11:39726

Page 727: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

727sumário

O verbo grego 223

Preliminares 223

Os aspectos verbais: tempo interno do verbo 226Inacabado (infectum) 226Significados do infectum 227Aoristo 234Acabado (perfectum) 239

Os modos 244Indicativo 244

Realidade objetiva e realidade subjetiva 244Expressão da irrealidade 245Expressão da realidade 248Expressão da condição 251

Subjuntivo 2531. Nas orações independentes 254

a) delibertativo 254b) exortativo 255c) desiderativo 255

2. Nas orações dependentes 256a) Intenção, finalidade: fato futuro, eventual 256b) circunstâncias temporais de indeterminação 258c) Interrogativas indiretas com idéia de eventualidade 260

Optativo 2611. Desejo, voto possível 2622. Afirmação atenuada 2633. Nas orações supositivas 267

Imperativo 269Ordem negativa, proibição 270

Formas nominais do verbo 272

O particípio 2721) Definição 2722) Aspecto e tempo no particípio 274

a) Generalidades 274b) Particípio presente 275c) Particípio aoristo 275d) Particípio perfeito 276

mur09Sum.p65 22/01/01, 11:39727

Page 728: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

728 sumário

3) Concordância do particípio 277Participio substantivado 282

4) Funções do particípio 284a) Particípio nas orações completivas 284

. maneira de ser, estado 284

. começar, sofrer, cansar-se de 286

. estar certo ou errado, fazer o bem ou o mal, ser superior ou inferior a 287

b) Particípio predicativo de sujeito oracional 289c) Genitivo absoluto 293d) O particípio com conetivo 295

. com idéia de causa e tempo 296

. com idéia de finalidade e concessão 297

. com idéia de condição 298

Infinitivo 299I. O infinitivo é substantivo e verbo 302II. Funções do infinitivo e da oração infinitiva 304

1. Infinitivo sujeito 3042. Infinitivo predicativo 3083. Infinitivo complemento do objeto direto e orações completivas 3084. Infinitivo com valor de possível 3145. Infinitivo e oração infinitiva complemento nominal 3156. Outros casos do infinitivo 317

a) Genitivo 317. Complemento de substantivos 317. Genitivo-ablativo 318. Dativo 318

b) Instrumental 318c) Locativo 319d) Acusativo de relação 317e) Acusativo de direção 317

III. Infinitivo com valor verbal 3211. Infinitivo com valor imperativo 3212. Infinitivo absoluto, livre ou independente 322

mur09Sum.p65 22/01/01, 11:39728

Page 729: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

729sumário

A flexão verbal 324

Quadro das desinências verbais 327As desinências e suas particularidades 328Alguns problemas fonéticos 333Características dos modos 334Quadros da flexão verbal 341

Voz ativaI. Presente 341

Indicativo 341Subjuntivo 344Optativo 347Imperativo 348Particípio 349Infinitivo 351

II. O passado 351Imperfeito 351

O aumento 352Os aumentos temporais 353O aumento nos verbos compostos 355

Voz média e passivaIndicativo presente 356Subjuntivo 357Quadro demostrativo da flexão do subjuntivo médio/passivo 358Optativo 360Imperativo 361Particípio 362Infinitivo 363Imperfeito 363Verbos denominativos / �contratos� 364Quadro de flexão dos verbos denominativosde tema em vogal e sufixo -j- 366

Voz ativanikaj- dhloj-filej-peinaj-/peinhj 367

Voz média e passivanikaj- dhloj-filej-xraj-/xrhj 371Quadro demostrativo da evolução fonética 375

Tema: nika-j- 375Tema: peina- / peinh-j- 380Tema: dhlo-j- 385Tema: file-j- 390

mur09Sum.p65 22/01/01, 11:39729

Page 730: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

730 sumário

Quadro de flexão de verbos em -mi com sufixo nu/nnu 395deÛk-nu-miVoz Ativa 395Voz média e passiva 396Aoristo ativo 397

Quadro demostrativo do subjuntivo 398Aoristo médio 399Futuro ativo 400Futuro médio 401Aoristo passivo 402Aoristo passivo 403

Quadro de flexão de eä-mi 404Quadro de flexão fh-mi 405Quadro de flexão ±-mi 407

Verbo Ser 407Quadro de flexão do verbo eänai 408Quadro demostrativo de flexão 410Compostos de eänai 411

Formação dos temas do infectum 412Temas consonânticos, monossilábicos 413Temas em vocalismo zero, com redobro no presente 414Temas em semivogal -i-/-u- 414Temas de raízes monossilábicas com redobro 414Temas consonânticos com sufixos na-/nh-/nu-/nnu 415Temas em consoante com sufixo/infixo -n- 416Temas com dupla sufixação -sk-/-isk-+-n- 417Temas com sufixo -sk-/-isk- 417Sufixo iterativo no passado 418Temas com sufixo t, y, k, x, g 418Sufixo -j- 418

Aoristo 423Quadro de flexão dos aoristos: voz ativa e média 426

Raiz-tema em consoante: id-, lip-, ely 426Raízes-tema em vogal longa: -v, -h, -a, -u - (gnv/bh/dra/du) 433

Aoristo em -ka (só no indicativo) 438Aoristo sigmático 445

Quadro de flexão 445Voz ativa 445Voz média 447

mur09Sum.p65 22/01/01, 11:39730

Page 731: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

731sumário

Aoristo sigmático com temas em oclusivas 448Temas em líqüida / soante / nasal: 453

O futuro 456Flexão do futuro 459

1. Flexão do futuro dos temas em semivogal: -u-/-i- 4592. Flexão dos temas monossilábicos em vogal longa 4603. Flexão dos temas em oclusiva: - g,k,x / b,p,f /d,t,y 4644. Flexão do futuro em -es- dos temas em líqüida / soante 4685. Flexão do futuro ático 4726. Flexão do futuro dos temas em vogal 474

Aoristo passivo 476Quadro de flexão do aoristo passivo em yh 477Temas em semivogal: lu-yh 477Temas monossílabicos 479Temas em oclusivas 483Quadro de flexão do aoristo passivo em -h- 486Quadro de flexão do futuro passivo em -yh- 488Temas em semivogal (i, u) 488Futuro passivo dos monossilábicos 489Quadro de flexão do futuro passivo em -h-s- 490

O perfeito 492Preliminares 492Morfologia do perfeito: 495Quadro de flexão do perfeito 498

Mais-que-perfeito 501Particularidades fonéticas do sistema do perfeito 509Perfeitos de flexão especial com alternância e/o 513Voz média e passiva 517Tema em labial 517Tema em dental 518Tema em velar 519Perfeito dos temas em vogal 520Outros modos do perfeito médio / passivo 520Mais-que-perfeito médio / passivo 523Verbos que têm só o perfeito 523Futuro 528Futuro anterior 529

mur09Sum.p65 22/01/01, 11:39731

Page 732: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

732 sumário

Os invariáveis: preposições, conjunções, partículas, advérbios 530

Preposições�Ama 534�AmfÛ 535�An� 537�Aneu 540�AntÛ 541�Antikræ / kat-antikræ 542�Antip¡raw / �ntip¡ran / kat-antip¡raw 543�Anv 543�Apñ 543�Apvyen 547�Ater 547�Axri (-w) 548BÛ& 549Di� - (dæo > dÛw) 549DÛkhn 556DÛxa 556�Eggæw / Meshgæ (-w) 557EÞw / ¤w < ¤nw 558Eàsv 563�Ek / ¤j 563�Ek�w, §kaw 567�Ektñw [¦ktos-yen] 567�En 567�En-anta / ¦nanti / ¤nantÛon 570�Eneka / eáneka / §neken 570�Entñw 571�Ejv 571�Ejvyen 572�Ep¡keina 572�EpÛ 572EéyeÛan (eéyæ, eéyæw) 579�Evw 579Kat� 580Katantikræ (ver �ntikræ) 586Katñpin 587Kræfa / kræpta 587L�yra / l�yr& 587Met� 588Metajæ 590M¡xri ( -w ) (Hom., m¡sfa) 591

mur09Sum.p65 22/01/01, 11:39732

Page 733: Henrique Murachco, gramatica grega - teoria

733sumário

Nñsfi (-n) 591�Omoè 591�Opisyen / öpisye 592Par� (paraÛ) 592P�row 596P¡ran / P¡ra / P¡r& 597PerÛ 597Pl®n 602PlhsÛon 602Pñrrv / Pñrsv / Prñssv 602Prñ 603Prñw 606Sun / jun 612T°le 614�Up¡r 615�Upñ 617X�rin 621XvrÛw 622�Ww 622

Conjunções - Partículas - Sændesmoi 623�All� 625�Allvw 627�Ama 627�Am¡lei 628�An (ken em Homero) 628�Ara / =a / �r 629�At�r / Aét�r 631�Ate - < � te 631Aï /aï te / aïte (aïtiw / aïyiw) 632Aïyiw 633AétÛka 633Aïtiw (ver aïyiw) 633G�r < ge �r / ge �ra 634Ge 635Goèn (ge oïn) 636DaÛ 637D¡ 638D® 640D°yen (d® - yen) 641Dhlad® (d°la d®) / dhlond® (d°lon d®) 641D®pote (d® pote) 642D®pou (d® pou) 642

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734 sumário

d®pouyen (d® pou -yen) 643D°ta 643Diñti (di� ÷ti) 644�E�n (eÞ �n) / �n / µn 644EÞ 644EÞ g�r (ver eàye) 647EÞ d¢ m® 647Eàye 647EÞ m® 647EÞ m¯ �ra 648Eàper 648Eäta 648Eàte... eàte 648�EpeÛ 648�Epeid® 649�Epeita (¤peÛ eäta) 649�Este 649�Eti (oék¡ti / mhk¡ti) 649�Evw 650��H / ±¢ / ±æte 651³... ³ 651�H 653�HnÛka 655�Ina 655KaÛ 657M� 660M¡n 660M¡ntoi 662M¡xri (-w ) (hom. m¡sfa) 663M® / mhd¡ / m®te...m®te 664Mhd¡ 664M®te 664M®n / m�n (m¡n) 664MÇn (m¯ oïn) 666NaÛ 666N® 667Nèn 667Nèn d¡ 667Nun 668�Omvw 668�Opvw 669�Oti (÷ ti) 671

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Oé / oék / oéx / oéxÛ 671oéd¡ / mhd¡ 672Oékoèn (oék oïn) 673Oëkoun (oëk oïn) 674Oïn / În 674Oëte... oëte / m®te... m®te 676Per 677Pote (pot¡) 677Pou 678PrÛn 679Pvw / pv / -pv 682Te / T¡ 682Toi 684Toigaroèn (toÛ g�r oïn) 685Toig�rtoi (toÛ g�r toi) 686ToÛnun (toi nun) 686�Ww 687�WsaneÛ (Éw �n eÞ) 692�Wsei (Éw eÞ) 692�Wsper (Éw per) 692�WspereÛ (Ësper ei) 692�Wsperoèn (Ësper oïn) 692�Wste (Éw te) 692

Advérbios: - ¤pirr®mata 693Advébios petrificados 693

1. No acusativo 6942. No genitivo 6973. No genitivo-ablativo 6984. No locativo 6985. No instrumental 698

Advébios de modo em -vw 700Advébios de lugar em -v 701Advérbios demonstrativos, dêiticos, de lugar e tempo 702

Respostas à questão poè/pñyi 704Respostas à questão poÝ/-de/-ze/-ya 706Respostas à questão pñyen 706Respostas à questão p» 707Respostas à questão pÇw 707Respostas à questão pñte 708

Conclusão 710Bibliografia 717

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