henrique maximiliano coelho neto

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  • 8/19/2019 Henrique Maximiliano COELHO NETO

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    HENRIQUE MAXIMILIANO COELHO NETO*ComprarOBRA SELETA ( ed. Aguilar)

    BIO ABLFundador da Cadeira 2. Recebeu os Acadêmicos Osório Duque-Estrada, Mário de Alencare Paulo Barreto. Coelho Neto (Henrique Maximiano C. N.), romancista, crítico e teatrólogo,nasceu em Caxias, MA, em 21 de fevereiro de 1864, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em28 de novembro de 1934.

    Cadeira:2

    Posição:Fundador

    Sucedido por:João Neves da Fontoura

    Data de nascimento:21 de fevereiro de 1864

    Naturalidade:Caxias - MABrasil

    Data de falecimento:28 de novembro de 1934

    Local de falecimento:Rio de Janeiro, RJ

    BIOGRAFIA

    Coelho Neto (Henrique Maximiano Coelho Neto), romancista, crítico e teatrólogo, nasceuem Caxias, MA, em 21 de fevereiro de 1864, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 28 de

    novembro de 1934.

    Foram seus pais Antônio da Fonseca Coelho, português, e Ana Silvestre Coelho, índia.Tinha seis anos quando seus pais se transferiram para o Rio. Estudou os preparatórios noExternato do Colégio Pedro II. Depois tentou os estudos de Medicina, mas logo desistiu docurso. Em 1883 matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo. Seu espíritorevoltado encontrou ali ambiente para expansões, e ele se viu envolvido num movimentodos estudantes contra um professor. Prevendo represálias, transferiu-se para Recife, ondefez o 1º. ano de Direito, tendo Tobias Barreto como o principal mestre. Regressando a SãoPaulo, entregou-se às ideias abolicionistas e republicanas, numa atitude que o

    incompatibilizou com certos mestres conservadores. Não concluiu o curso jurídico em1885, e transferiu-se para o Rio. Fez parte do grupo de Olavo Bilac, Luís Murat, Guimarães

    http://www.academia.org.br/academicos/joao-neves-da-fontourahttp://www.academia.org.br/academicos/joao-neves-da-fontoura

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    Praga (1894);

    Fruto proibido , contos (1895);

    Miragem, romance (1895);

    O rei fantasma , romance (1895);

    Sertão (1896);

    Inverno em or , romance (1897),

    Álbum de Caliban , contos (1897);

    A descoberta da Índia (1898);

    O morto , romance (1898);

    Romanceiro (1898);

    Seara de Rute (1898);

    A descoberta da Índia , narrativa histórica (1898);

    O rajá do Pendjab , romance (1898); A conquista , romance (1899);

    Saldunis (1900);

    Tormenta , romance (1901);

    Apólogos (1904);

    O bico de pena (1904);

    Água juventa (1905);

    Treva (1906);

    Turbilhão , romance (1906);

    As sete dores de Nossa Senhora (1907);

    Fabulário (1907);

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    Jardim das Oliveiras (1908);

    Esnge (1908);

    Vida mundana , contos (1909);

    Cenas e pers (1910);

    Mistério do Natal (1911);

    Banzo , contos (1913);

    Meluzina (1913);

    Contos escolhidos (1914);

    Rei negro, romance (1914);

    O mistério (1920);

    Conversa s (1922);

    Vespera l (1922);

    Amos (1924);Mano , livro da saudade (1924);

    O povo , romance (1924):

    Imortalidade , romance (1926);

    O sapato de Natal (1927);

    Contos da vida e da morte , contos (1927);

    Velhos e n ovos (1928);

    A cidade maravilhosa , contos (1928);

    Vencidos (1928);

    A árvore da vida (1929);

    Fogo fátuo , romance (1929).

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    Teatro:

    vol.I: O relicário , Ao raio X , O diabo no corpo (1911);

    vol. I I: As estações , Ao luar , Ironia , A mulher , Fim de raça (1907);

    vol. III: Neve ao sol , A muralha (1907);

    vol.IV: Quebranto e Nuvem (1908);

    vol.V: O dinheiro , Bonança, O intruso (1918);

    vol.VI: O patinho torto , A cigarra e a formiga , O pedido , A guerra , O tango , Os sapatos dodefunto (1924).

    Crônicas:

    O meio (1899);

    Bilhetes postais (1894);

    Lanterna mágica (1898);

    Por montes e vales (1899) ;

    Versa (1917);

    A política (1919);

    Atlética (1920);

    Frutos do tempo (1920);

    O meu dia (1922);

    Frechas (1923);

    As quintas (1924);

    Feira livre (1926);

    Bazar (1928).

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    TEXTOS ESCOLHIDOS

    O “FILÓSOFO”

    Cesário, debruçado sobre um grande atlas, aberto em cima da mesa, passeava o longo enodoso dedo pela carta, resmoneando. Sentindo os passos de Jorge, levantou a cabeça:

    - Estamos independentes, hem? Foram-se as gralhas? Pois, meu amigo, grandes everdadeiras foram as palavras que eu aqui te disse: Tenho os ouvidos atordoados ainda eatenta bem a ver se não escutas, de quando em quando, o eco abominável dasgargalhadas daquela partênia. Não sentes? São de assombrar, palavra! Precisamos recitaraqui dentro a Oração de Demóstenes ou alguma coisa de Cícero para puricar o ambiente.Dize-me: tens por aí alguma carta do mundo antigo? Ando a refazer o roteiro dos Árias,preciso disso para a minha obra e não encontro nesta carta sórdida senão coisas deontem, discriminações pulhas de lugarejos vis, sem história, sem tradição, sem passadocolônias inglesas, terras esterilizadas pela cobiça e pela crueza dos homens e dos taissítios nem menção. Vê se descobres por aí nos teus cabedais alguma coisa. Se não tens,dize de uma vez para que eu desça. É possível que encontre na Biblioteca o que preciso.Ainda assim prero que procures porque, como é coisa preciosa e útil, decerto não seráfácil achar nas estantes da Alexandria indígena.

    E curvou-se de novo, mas, sempre passeando o dedo pela carta, interpelou o amigo:

    - E a Cegonha, hem? Não foi. Já a vi pensativa e murcha ali na varanda a buscar sonhosno céu com os óculos radiantes. Mulher forte!

    - Detesta as Moretti. Julga-as como eu.

    - Ah! moralidade tem ela, isso tem. É mulher para exemplo. Deviam citá-la num Tesourodas meninas como modelo de virtudes, a fealdade inclusive, que é a maior das virtudes,porque repele o inimigo. Mas dize, como há de ser? E o roteiro?

    - Que queres, não tenho livro que te sirva.

    - Diabo! E eu que tencionava começar hoje a minha obra. É verdade... E se eu começassepelo segundo capítulo? Há exemplos. Eu, que aqui estou, nasci por um braço. Há quemtenha nascido pelos pés: o Cosme, por exemplo, deve ter nascido assim. Hem? que dizes?Se eu começasse pelo segundo capítulo? E aprumando-se: Mas fala, homem... Estás maistriste do que a irlandesa. Fala e trata de acender o gás ou de fazer com que o acendam,porque já não vejo nada na Ásia: tudo é sombra. E o Mommsen? Tens aí o Mommsen?

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    A sala clareou de jato e a luz forte do gás, esbatendo-se no jardim, como que ainda maislhe adensou as sombras crepusculares. Cesário passou a mão pela calva e,espreguiçando-se, bocejou estrondosamente:

    - Diabo! Estou com uma famosa courbature . Dobrou-se para trás, com as mãos nos rins e,rmando-se, estendeu o braço para a chama loura do gás: Bem andou Jeová criando a luzantes de mais nada. Entanto há na sua grande obra alguma coisa anterior ao Fiat... aavareza, por exemplo... que dizes? Essa claridade entra-nos pelos olhos e vai até o maisfundo do cérebro como o sol atravessando os vidros de uma claraboia. E ainda há luz láfora.

    Lançou o olhar ao exterior e, voltando-se:

    - Dize, que tal achas o pensamento que um dia procurei apertar em um soneto? eavançando com grandes gestos dramáticos, foi até a porta e levantou os olhos para o céude opala: Ouve lá, não está em metro ainda. Digo-te a coisa como a recebi do gênio. Acena do soneto simples, tristonha: um crepúsculo. Eu digo então: Expira o sol! e atirou obraço esticado para o teto. Expira o sol... e Deus!... arma no céu um catafalco: a noite,trazendo para cirial do morto o plenilúnio. Que te parece? indagou e, tando-o comgrandes olhos: Mas que tens, homem? Estou aqui a falar-te como Apuleio aos bárbaros.Que tens? Jorge caminhava ao longo da sala, de mãos para as costas, parando, deinstante a instante, para ouvir o “lósofo”. Que tens?

    - Estou aborrecido, contrariado.

    - Com a saída da menina? Não te preocupes. Descansa. Não lhe pegam os vícios dasoutras. Lembra-te da Marina do mestre. Onde é que Péricles a encontra? num alcouceinfame e retira-a pura, como se retira o lótus d’água pútrida. Não te preocupes. Vamoscuidar de atravessar estas horas de sombra a rir. Queres que te diga? se algum dia euprocurasse meus lhos haviam de conhecer tudo lhos e lhas, tudo! A menina é sisuda,e, quando ela chegar, entrega-a à Cegonha para um grande banho moral. Não tepreocupes. Anda daí. Olha a tarde que vai lá fora. Aposto que a Cegonha anda a gozá-la.Vem daí. E voltando-se de golpe: Anal nem julgaste o meu pensamento. Que tal?

    Jorge encostou-se à m esa e, brincando com a espátula de marm, enfezado, deixando cairlentamente as palavras, disse:

    - Nada me irrita tanto como essa amizade de Sara. Tenho insistido com ela para que vá,pouco a pouco, evitando tais relações... mas qual! É pior. Não a contrario, bem sabes;faço-lhe todas as vontades, basta, porém, que demonstre que não me agrada isto ouaquilo para que ela insista caprichosamente. E se me oponho, são maus modos, choros,não quer comer. Anal parece que lhe devo merecer alguma coisa.

    - Mas vem cá, não te aijas, isso não tem valor. Não consintas mais, aí tens. É dizer

    francamente, na cara, quando elas aqui tornarem com convites: Não! não! e não! És pai,estás no teu direito. E passando-lhe um braço pelo ombro: Mas vem cá e sê franco: Tu o

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    que sentes é falta da menina, e é natural: criaste-a. Mas, meu amigo, isso é bom em partepara que te vás acostumando porque, anal, ela não há de car solteira toda a vida. Equando casar?

    Houve uma pausa. Jorge afastou-se da mesa e, passando a mão pelo rosto, estacou nomeio da sala, a olhar a panóplia que rebrilhava à luz. Voltou-se por m dizendo, comresignação:

    - Ah! bem, quando casar!... Mas vê-la em companhia de tal gente!? - Enfureceu-se: - E nãosei que mais hei de fazer para que essas senhoras compreendam que não as tolero: evito-as, pouco lhes falo quando as encontro. Ainda hoje, viste? passaram aqui o dia e eudeixei-me estar a ler. Não sei mais que hei de fazer. - E caminhando, a sacudir os braços: -Não as aturo, fazem-me mal. No Catete, enquanto lá estivemos, nunca as visitei e elas nãome saíam de casa perturbando-me o t rabalho e a p az. Deves lembrar-te?

    Cesário sentara-se num pliant e acompanhava com o olhar os passos do amigo. Derepente, frenético, estrincando os dedos das mãos, bramiu:

    - Pois, meu caro, com tal gente nada de eufemismos: não compreendem? é dizer-lhes acoisa à bruta. - F orcejou nos dois braços e, escorregando pelo linho, levantou-sepachorrento: - É dizer-lhe francamente.

    Inocêncio apareceu à porta e, antes que falasse, Jorge despediu-o com um gesto:

    - Já vamos; e para Cesário:- É o que ainda faço, palavra de honra. E o que elas fazem com essa senhora...

    - Com a Cegonha? Ora! ela não dá por isso. É fria, não tem nervos. O que ela quer é quea deixem em paz. Pensas que se zanga? Pois sim!... E, travando-lhe do braço, berrou-lheao ouvido: Não tem nervos! E noutro tom: Vamos jantar... Vamos, e pelo jardim, porque airlandesa deve andar por lá extasiada, e assim, depois de nos deliciarmos com um poucode sublime, vamos preparados para mirar-lhe os ângulos da cara macerada.

    À porta Cesário estacou subitamente, apontando para o jardim:

    - Olha, que te dizia eu? Olha lá... não vês aquela sombra esguia? Que te dizia eu? E,ganhando o jardim, o "lósofo" levantou os braços para o céu límpido: Mas admira! admira,homem! Há lá céus que se comparem a este? e luares...? Qual Nápoles, qual carapuça!Céu é isto! E como a irlandesa viesse perto, Cesário saudou-a: Good evening, Miss !... Eela, de longe, com um risinho, correspondeu: Good evening !

    E tomando a frente, subiu as escadas, rija, ereta como um autômato. Cesário, de braçocom o amigo, sussurrava:

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    - Olha bem... Vai ali um admirável tipo étnico. Dize se por esta mulher um Spencer nãoreconstituiria a raça dessa grande mina de John Bull, como os naturalistas, com um osso,reconstroem o arcabouço de uma das bestas colossais das eras pródigas, anteriores aobanho universal. Mas olha bem. Ela vai ali para o jantar com a mesma serenidade fria comque os homens rijos do seu país vão para os gelos do pólo ou para os cálidos sertões daNúbia.

    Miss chegara à varanda e, voltando-se, lançou os olhos ao céu:

    - Esplêndida noite!

    Admirável, Miss !

    E, já no alto, de mãos aos ancos, o olhar erguido: Lembra-se, Miss? As lindas frases doidílio entre Lourenço e a lha do Judeu, no Mercador de Veneza, quando, olhando o luar,entram a recordar noites de amores?

    - Sim, sim...

    E Mamoaselle risonha, inando as bochechas, com uma voz máscula e cadente, recitou:

    The moon shines bright: in such a night as this ...

    Mas Cesário interrompeu-a delirante:

    - Isso! isso! Grande memória, Miss ! É fenomenal! Estupenda memória! E, como emmonólogo: The moon shines bright ... Exatamente. Mas é admirável! Jorge recostara-se àbalaustrada. Miss, de olhos altos, contemplava o luar e Cesário, em pequenos passeios,balançando os braços, repetia baixinho: The moon shines ... Súbito, porém, parando dianteda porta da sala iluminada, lembrou: E o jantar? Estamos aqui em hipnose e a sopaesfriando. Entrando, voltou-se exclamando: Mas que memória, Miss !

    Mamoaselle sorria.

    Folhagens e ores em vasos alegravam a mesa, arranjada caprichosamente como paraum festim, debaixo do grande lustre, o “alampadário” como dizia o lósofo que, de vez emvez, em assomos de entusiasmo, lamentava ter nascido em tempos tão vis, sem arte, sembravura, sem cavalheirismo e, gesticulando para o bronze, saudava-o como umrepresentante da arte pura, antes da invasão do mercantilismo na estética.

    Jorge e Cesário colocaram-se ao lado de Mamoaselle que se sentara à cabeceira.

    O copeiro serviu a sopa e, à primeira colherada, Cesário formulou a receita de uma futuraalimentação reconstituinte e breve, tendo por base a peptona. E explicou:

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    - O homem é o animal por excelência, o rei da fauna, culminando na escala zoológica. É oser que fala e ri, o único que se veste, e corta as unhas, os ca los e o cabelo, reconhece asdívidas e casa-se. É o depositário do espírito de Deus, etc., etc. E esse ente superior,apesar de milênios de cultura, vive ainda como o troglodita nutrindo-se de carniça... sóporque tem dentes, remanescentes da brutalidade primitiva. Mas, que diabo! assim como

    já não nos servimos das unhas nas lutas, tratando-as como enfeites dos dedos, que omanicuro enforma e pule, por que não havemos de fazer o mesmo aos dentes,conservando-os apenas como ornamentos? Há por aí quem os tenha encastoados emouro, com brilhantes... O homem, a princípio, caçou para comer, como o leão e o urso, eespostejava vorazmente a presa, devorando-lhe os tassalhos crus. Com o fogo inventou oassado e toda a complicada culinária, causa da dispepsia. Hoje, começa a preocupar-secom a alimentação sintética, podendo trazer no bolso uma caixa de pílulas para nutriçãode um ano e um frasco de essência uida de uva para emborrachar-se às g otas.

    Miss ouvia de olhos baixos, enlevada nas palavras sonoras do sábio suspendendo, àsvezes, a colherada que levava à boca. Jorge interveio:

    - Cesário, vê se concilias a palestra com a sopa, que está esfriando.

    O “lósofo” baixou a cabeça e, durante um momento, sorveu gorgulhantemente. Depois,passando o guardanapo pelas barbas, referiu-se a Sarita:

    - Se ela aqui estivesse já nos tínhamos travado em alguma discussão. Faz falta.

    Mamoaselle correu com os olhos rapidamente de um a outro. Jorge tamborilava com osdedos na borda da mesa, distraído. Notando que as suas palavras caíam na indiferença doamigo, como folhas secas num chão de areia, o “lósofo” calou-se, mas no momento delhe servirem o peixe, resmungou, amuado:

    - E dizer que isto é irmão da Afrodite.

    Partiu o pão, trincou uma lasca e dirigiu-se a Mamoaselle .

    - E eu posso falar, porque tenho um estômago de ferro. Como tutu de feijão com linguiça à

    meia-noite, deito-me e durmo como um abade. Não sou homem de resguardos aqui comoeste senhor, que anda sempre com bicarbonatos e elixires eupépticos e está aí que é umalástima. Tudo isso, esses enjoos pessimistas, essa melancolia, essas rugas, esses ca belosbrancos, precoces, tudo isso é estômago.

    Jorge contestou:

    - Enganas-te. Não tenho tão mau estômago assim. O que isto é é obra do tempo e do queele me tem trazido. São quarenta e seis anos puxados.

    Mamoaselle ponderou:

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    - Não é muito, senhór doctór. Na Europa um homem de quarenta e seis anos é moço. E osenhor doctór tem-se em conta de velho?

    - Se tenho...!

    Cesário interveio:

    - Pois não vê? É a própria decrepitude, a anciania. É já um antepassado. Estás aí a pedirbordão e curatela. Velho...

    De ímpeto aprumou-se carrancudo, repeliu o t alher e levantando as mãos ambas à cab eçaexclamou:

    - E eu? E eu então? Eu que nem mais um o de cabelo tenho na cabeça, porque asfarripas que me restam refugiaram-se na zona do pescoço, como vês? E puxou as mechascom fúria. E, todavia, não tenho um cabelo branco, nem um o. Voltou-se arrebatadamentepara Mamoaselle : Conheci um rapaz, aliás um atleta, que, aos vinte anos, tinha a cabeçacom um capulho de algodão. Isso de cabelos brancos não quer dizer nada: é questão decouro, como a vegetação depende em muito do terreno. A velhice não está nos cabelos,mas no interior. Tu, por exemplo, Jorge: tens todas as faculdades íntegras, tens estro,entusiasmo, ideal, és são. Digeres bem, dormes oito horas a o, pensas com ideiaspróprias, que mais? Velhos caducos, monstros cacoquimos são esses cretinos que por aíandam como trambolhos entulhando a vida com ignorância e vícios. Esses sim! Chama aum de tais, pede-lhe uma noção. Responderá com ornejo e coice. Velhice... velhice...! É

    como a tal história das terras cansadas. A Europa dá pão e vinha, linho e azeite desde osprimeiros dias do mundo já não falo da Ásia veneranda e não há lá terras gastas. E aqui,com uns séculos de café, açúcar e mandioca já os lavradores queixam-se de exaustaçãodo solo e pedem orestas virgens para o machado e o fogo. Preguiça é que é! Aqui estoueu, à beira dos cinquenta... Pois tenho uma memória de anjo, menos para datas. Paradatas sou uma zebra!

    O copeiro entrava com uma terrina quando a campainha do telefone retiniu vivamente.

    - Deixa isso aí. Vai atender, disse-lhe Jorge. E os três imobilizaram-se, à escuta.

    Pelas armativas do criado: “Sim senhora. Estão jantando. Sim, senhora. Jáfoi”, Mamoaselle concluiu:

    - É Miss.

    Jorge pôs a ca beça a to e, mal o copeiro reapareceu risonho, perguntou:

    - Quem é?

    - É D. Sara que está pedindo a roupa.

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    - Já lha mandaram?

    - Já sim, senhor. O jardineiro saiu daqui ind’agorinha mesmo.

    O jantar foi rápido e só Cesário falou sobre a vanidade da ciência. Mamoaselle , recolhida,respondeu apenas a uma pergunta do “lósofo” à questão da Irlanda, aplaudindoGladstone, “o apóstolo venerado da liberdade de Erin”.

    O café foi servido na varanda, ao luar. Cesário passeava de um lado para outro, entourido.Jorge, em um dos bancos, fumava, d’olhos no céu. Miss deixara-se car na sala,embalando-se em uma cadeira, divertindo-se com as travessuras de Diana que saltavacom uma bola de papel, abocanhando-a, correndo assanhada e trêfega, a rosnar. Bá,arrastando os passos, fechava os armários, discutindo com os criados e, no silênciodiáfano do luar, vibravam silvos de locomotivas.

    - Ora aí tens a vida disse Cesário. O dia de hoje, se houvesse ponto na eternidade, deviaser marcado com a nota de falta para nós ambos, porque anal não aproveitamos um sóminuto em obra de espírito. Um dia que o pio Antonino consideraria perdido. Primeiro abeleza radiante da manhã, que inutilizou todas as minhas forças cerebrais, porque eu souincapaz de conceber diante do maravilhoso extasio-me e o meu êxtase é assim como umabeatitude besta. Linda manhã! E, por uma reminiscência estranha, caminhando de mãosnos bolsos, recitou baixinho: The moon shines bright ... Logo, porém, abandonando opoeta, repetiu enlevado: Linda manhã! Depois a estrondosa invasão das mulheres. E,escarafunchado nervosamente a orelha, perguntou frenético: Ó Jorge, não te parece que o

    mundo seria um paraíso se Deus, inspirado pelo diabo, não houvesse feito a mulher? Jásei que vens com a eterna cantiga da geração. Mas, que diabo! as árvores são todas deum sexo e, para feminino, aí está a terra venerável, perenemente fecunda. Nós faríamoscomo as árvores. À medida que fôssemos envelhecendo, em vez dessa hera ignóbil doscabelos brancos, as nossas cabeças cobrir-se-iam de sementes, que o sol fecundariacomo fecunda as outras do honesto mundo vegetal. No outono sacudiríamos a guedelha ea Terra encarregar-se-ia de criar os epígonos que, na primavera, sairiam das moitasdizendo “Papai! Mamãe!” e beijando a poeira maternal, como fez o romano.

    Seríamos senhores absolutos do planeta, habitaríamos ainda o Éden, sem preocupações

    de senhorio e venda, alfaiate e botica, cercados de ores sem espinhos e de animais semferocidade e o chão sagrado não se teria tingido clamorosamente com o sangue dofratricídio. Não haveria Vaidade e a Discórdia, mãe das guerras, não acharia onde pousar.Seria a delícia, a bem-aventurança. Todo o mal da Vida é de origem feminina. Está aí otestemunho da História. A tal criação de Eva foi uma espiga e tanto...! Que diabo! houveuma ilha só de mulheres: Lemos, e resistiu; por que não há de ser o mundo só doshomens? Se o Criador não fosse tão orgulhoso emendaria a sua obra eliminando Eva, nãote parece?

    Jorge falou baixinho como se não quisesse interromper o silêncio da noite:

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    - Sim... mas não haveria a bondade. O homem é egoísta, essencialmente egoísta, sufocatodos os sentimentos em favor do seu “eu”. É a mulher quem o faz amoroso, meigo,resignado, emprestando-lhe ternura, piedade e crença.

    - Egoísta! Egoísta, o homem! bradou Cesário. Em que é que somos egoístas, nós quedesistimos de tudo em favor da mulher? Em que é que somos egoístas?

    - Em tudo, Cesário armou Jorge pachorrentamente.

    - Pelo amor de Deus!... E que é o ciúme na mulher senão a explosão do egoísmo dacarne? E o amor materno, que é senão um egoísmo avaro, a manutenção eterna da posseda criatura que a mulher prende, a princípio, ao colo, depois nos braços, mais tarde retémcom afagos quando percebe o despontar do instinto de independência e, nalmente e é asogra! roncou soturno, a fúria trágica quando descobre que uma força superior lhe arrebatao escravo do coração? Que é a bênção senão uma prova de eterna submissão do lho?Egoísta, o homem? em quê? História!

    Jorge ergueu-se com lentidão e, debruçando-se à balaustrada, concluiu:

    - O teu caso já foi descrito por La Fontaine. E recitou baixinho:

    Certain renard gascon, d’autres disent normand,

    Mourant presque de faim, vit au haut d’un treille

    Des raisins ...

    Mas o lósofo atalhou-o esbravejando:

    - Estás enganado! Eu é que não tenho querido. Conheço o perigo e evito-o. Estásenganado. Apesar de toda a minha austeridade, já achei uma dama que solicitou a minhapresença em certo sítio misterioso, lá para as bandas da Tijuca, perdida por mim, por meter ouvido, uma noite, em casa não sei de quem, discutir a Revolução Francesa com umbacharel analfabeto.

    - E então?!

    - Então? Eu não frequento caramanchéis, à noite. Prero a robustez dos meus pulmões atodos os beijos das Circes que por aí andam. Demais, achei desaforada a proposta. Amulher não queria o homem, não se apaixonara pelo homem, senão pelas palavras dohomem. Assim, pois, em vez de levar para lá o meu corpo, mandei-lhe de presente umahistória de França, onde ela podia achar, e com a fulguração do estilo, tudo quando eurepetira combatendo o jurista que cortejava uma dama à custa dos heróis da campanhasanta.

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    Não fui e a senhora, para os que têm olhos libidinosos, passa por ser uma das maravilhasdo grande mundo. Não sou um despeitado, como pensas sou um homem de programa. Etambém não aborreço a mulher como criatura, não! Um corpo de mulher bem feito eesbelto encanta, não há dúvida, mas deixem-na car como ornato, levem toda essa graçadivina para um pedestal e eu serei o primeiro entre os seus admiradores. Como esposa éque não, isso não, porque com o seu espírito fútil vai, pouco a pouco, eliminando a energiado homem, conseguindo, as mais das vezes, torná-lo escravo dos seus nervos e dos seussorrisos. Esposa é que não! Olha para a história, meu amigo, e verás a mulher à frente detodas as calamidades. Acordes vieram interromper a facúndia do lósofo: Que é isso,Jorge?

    - Chopin.

    - É a Cegonha. Mulher horrenda! mas grande artista. Grande artista! Fossem todas comoela: só espírito. Porque anal essa pobre Miss não tem outra coisa senão espírito, não teparece? Essa, garanto eu, não pecará jamais pela carne por falta de matéria-prima.Horrenda, mas grande espírito, não há dúvida. E o noturno sentimental soava docementeno silêncio do luar. Súbito Cesário levantou-se:

    - Ficas aí? Eu desço, vou traçar o plano do livro. Estou em veia de trabalho. Vens?

    - Não, co ainda. Está fresco aqui.

    - Então até logo. E recitando: The moon shines bright ... foi-se lentamente pela escada.

    ( Inverno em or , capítulo V)

    SER MÃE

    Ser mãe é desdobrar bra por brao coração! Ser mãe é ter no alheioLábio que suga, o pedestal do seio,

    Onde a vida, onde o amor, cantando, vibra.

    Ser mãe é ser um anjo que se libraSobre um berço dormindo! É ser anseio,É ser temeridade, é ser receio,É ser força que os males equilibra!

    Todo o bem que a mãe goza é bem do lho,Espelho em que se m ira afortunada,Luz que lhe põe nos olhos novo brilho!

  • 8/19/2019 Henrique Maximiliano COELHO NETO

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    Ser mãe é andar chorando num sorriso!Ser mãe é ter um mundo e não ter nada!Ser mãe é padecer num paraíso!

    DISCURSO NA ÚLTIMA SESSÃO NO SILOGEUBRASILEIRO

    DISCURSO DO SR. COELHO NETO

    A Consagração da França

    A ACADEMIA Brasileira nasceu no escritório da Revista Brasileira, no primeiro andar deum prédio humilde na antiga Rua Nova do Ouvidor, hoje Sachet. Duas salasacanhadíssimas: redação em uma, secretaria em outra.

    Dos sócios da casa o menos assíduo era o sol, representado, quase sempre, pelo gás,porque, desde a escada, tinha-se a impressão de que, em tal cacifo, mal os galoscomeçavam a cantar Matinas, a Noite recolhia a sua sombra, pelo menos a parte com queescurecia o quarteirão logo que o sino grande de São Francisco, lentamente em sonsgraves, dobrava as Ave-Marias.

    Na redação reuniam-se, diariamente, chuchurreando um chá chilro, José Veríssimo, diretorda Revista, Paulo Tavares, secretário, Machado de Assis, Joaquim Nabuco, Lúcio deMendonça, Graça Aranha, Paula Ney, Domício da Gama, Alberto de Oliveira, Rodrigo

    Octavio, Silva Ramos e Filinto de Almeida.Por vezes apareciam Bilac, Guimarães Passos, Raimundo Correia, Valentim Magalhães,Pedro Rabelo e o utros.

    Andava eu, então, publicando na Revista um romance – AGARENO , – posteriormentecrismado em TORMENTA , e só me atrevia a afrontar-me com a treva da escadacarunchosa e rangente, na qual, mais duma vez, encontrei ratazanas pré-históricas,quando recebia chamado para rever provas.

    Com o negrume do recinto contrastava o brilho da palestra que ali se tratava. Se as ideias

    fulgissem e as imagens relumbrassem, certo não haveria em toda a cidade casa maisiluminada do que aquela. Infelizmente, porém, apesar dos conceitos diamantinos deMachado de Assis, do esplendor dos períodos de Nabuco, da cintilação espírito de Lúcio edos paradoxos relampejantes de Paula Ney, era necessário manter sempre aceso um bico,ao menos, de gás, para que tantos luzeiros não andassem aos esbarros desmantelandopilhas de brochuras, abalroando nas mesas, que eram duas, uma das quais de pinho relese tripeta, claudicando sob o peso glorioso de obras-primas à espera de editores.Foi em tal pobreza obscura, como a do presepe ( HONNI SOIT QUI MAL Y PENSE! ), quenasceu a Academia e, se anjos não esvoaçaram no beco, anunciando o natal daInstituição, cá em baixo, na terra rasa, teve a recém-nascida vozes que, se não agloricaram com Hosanas, fartaram-se de a arrastar anunciando-lhe a morte comprognósticos ridículos.

  • 8/19/2019 Henrique Maximiliano COELHO NETO

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    Fraca, entanguida, morre, não morre, a Academia só não sucumbiu porque teve a desvelá-la a dedicação dos seus fundadores, que a aleitavam com esperanças, leite muitodessorado, e envolviam-na, para aquecerem-na, em faixas de entusiasmo.

    Lúcio era o mais corajoso e solícito dos aios da pobrezinha. Foi ele que a vacinou com alinfa da perseverança; foi ele que a curou da coqueluche, que lhe pôs ao pescoço o colarde âmbar para evitar as crises da dentição, que a batizou no templo das musas e que lheincutiu n’alma a grande Fé, tônico que a fortaleceu para vencer os percalços da primeirainfância. Um dia – já, então, a Academia andava por seu pé, falava e comia de garfo nosfamosos jantares da “Panelinha”, Machado de Assis, que era o seu Presidente, comunicouque o Governo resolvera dar à instituição, reconhecida de utilidade pública – instalaçãocondigna em uma das alas do Silogeu, dotando-a ainda com uma verba de vinte contosanuais para sua manutenção.

    Com tal benefício caram os acadêmicos dispensados da mensalidade com quecontribuíam e, em vez do que lhes sa ía do bolso, muito ratinhado, passaram a receber acédula de presença na importância de vinte mil réis.

    E a Academia começou a funcionar com regularidade, e cadeiras, no edifício da Lapa,onde o sol entra a jorros e com o sol o estrondo dos bondes e de mil outros veículosperturbadores do silêncio e da serenidade. Certo dia – a Política não tem entranhas! – oCongresso, por motivos que a História ainda não averiguou, resolveu suspender a cestados pastéis e a Academia voltou ao regime da penúria, celebrado por Aristófanes e Licurgo– e as sessões tornaram-se pouco frequentadas e desinteressantes. Foi nesse período deaperturas que a Morte, rebentando uma represa da Fortuna, fez com que rolasse para aAcademia um rio de ouro.

    O fenômeno causou surpresa, o macaréu chegou a provocar protestos e a Inveja açuloucontra a que se deitara em estrame e acordara em leito atálico, toda a matilha do seu ódio.O que se disse da herdeira, santo Deus! O interessante, porém (sempre a raposa dafábula!), é que muitos dos que mais se acirraram contra a vinha andam-lhe agora em volta,em cúpido farisco, d’olho nos cachos, que já lhes não parecem verdes, procurando meiosde guindar-se pela cepa até alcançarem lá em cima os bagos sumarentos.

    Eis que agora a França, não só acrescenta as posses da Academia com valores preciosos,como ainda lhe dá o prestígio de um prêmio de honra, fazendo-a legatária do palácio, queedicou para sua residência, na Avenida das Nações, com as riquezas que o exornam eque são exemplares, e dos mais belos, do seu patrimônio artístico, que ela, decerto, nãoconaria a quem não fosse digno de os possuir. Que dirão de tal gesto os que tudo nosnegam? Pois a França, a quem se não contesta a hegemonia intelectual, reconheceocialmente a Academia Brasileira? A França de Montaigne e de Racine, de Rabelais e deMolière, de Ronsard e de Hugo, de Voltaire e de Anatole, acolhe no seu girão o Brasil deGonçalves Dias e Alencar, de Castro Alves e Machado de Assis, de Álvares de Azevedo eBilac, de Aluísio e Raimundo Correia!? Mas então nós somos alguma coisa... Ora esta!Não há como o estrangeiro para descobrir o que temos, não só na terra, em belezasnaturais, como nas criações da inteligência.

  • 8/19/2019 Henrique Maximiliano COELHO NETO

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    É possível que, de hoje em diante, assim como já nos interessamos por certas paisagens,louvadas pelos que nos visitam, leiamos os nossos autores dignicados pela França. Jánão é sem tempo...E não terminarei sem algumas palavras à nossa Academia. Não as direi eu, mas o grandeBernardes, que mas emprestará de uma das suas mais formosas selvas. Medite-as aAcademia dos Felizes, porque há nelas conselho:

    Na Igreja Primitiva os Cálices eram de madeira, como consta do Concílio Triburiense,celebrado em tempo do Papa Formoso, ano 895, e destes usaram os Sagrados Apóstolos,como diz Honório Augustudunense, citado por Bernardo Bispo na sua Hierurgia. E essa éa razão daquele tão decantado apotegma de S. Bonifácio Mártir, bispo de Mogúncia, queperguntado se era lícito consagrar em cálice de pau, respondeu: “Antigamente os cáliceseram de pau, e os sacerdotes de ouro; agora os cálices são de ouro, e os sacerdotes depau.”

    Acadêmico relacionado :

    Coelho Neto

    BIO WIKIPEDIA

    COELHO NETOOrigem !i"ip#dia$ a e%&i&lop#dia li're.

    Nota: Para outros significados, veja Coelho Neto (desambiguação).

    Coelho Neto

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto_(desambigua%C3%A7%C3%A3o)https://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto_(desambigua%C3%A7%C3%A3o)https://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto_(desambigua%C3%A7%C3%A3o)

  • 8/19/2019 Henrique Maximiliano COELHO NETO

    18/25

    Data denascimento

    21 de fevereiro de 1864

    Local denascimento

    Caxias, Maranhão

    Nacionalidade

    brasileiro

    Data de

    morte

    28 de

    novembro de 1934 (70 anos)

    Local demorte

    io de !aneiro , "is#ri#o $ederal

    Ocupação %s&ri#or e 'ol #i&o

    Henrique Maximiano Coelho Neto (Caxias, 21 de fevereiro de 1864 io de !aneiro ,28de novembro de 1934) foi *mes&ri#or (&ronis#a, fol&loris#a, roman&is#a, &r #i&o e#ea#r+lo o),'ol #i&o e 'rofessor brasileiro, membro da -&ademia .rasileira de /e#ras ondefoi o f*ndador da Cadeira n mero 2 1

    $oi &onsiderado o Príncipe dos Prosadores rasileiros , n*ma vo#a5ão reali ada em 1928'ela revis#a Malho 1 -'esar dis#o, foi &onsideravelmen#e &omba#ido 'elosmodernis#as,sendo 'o*&o lido desde en#ão, em verdadeiro os#ra&ismo in#ele*al e li#er rio2

    as 'alavras de -rnaldo is:ier ; ! vit"ria do modernismo se fe# como se houvessenecessidade de abater um grande inimigo, no caso, Coelho Neto 3

    ÍNDICE es&onder

    https://pt.wikipedia.org/wiki/21_de_fevereiro#Nascimentoshttps://pt.wikipedia.org/wiki/1864https://pt.wikipedia.org/wiki/Caxias_(Maranh%C3%A3o)https://pt.wikipedia.org/wiki/Caxias_(Maranh%C3%A3o)https://pt.wikipedia.org/wiki/Maranh%C3%A3ohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Brasileiroshttps://pt.wikipedia.org/wiki/28_de_novembrohttps://pt.wikipedia.org/wiki/28_de_novembrohttps://pt.wikipedia.org/wiki/1934https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade)https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade)https://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_Federal_do_Brasil_(1891-1960)https://pt.wikipedia.org/wiki/Escritorhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Escritorhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADticohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADticohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Caxias_(Maranh%C3%A3o)https://pt.wikipedia.org/wiki/21_de_fevereirohttps://pt.wikipedia.org/wiki/1864https://pt.wikipedia.org/wiki/1864https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade)https://pt.wikipedia.org/wiki/28_de_novembrohttps://pt.wikipedia.org/wiki/28_de_novembrohttps://pt.wikipedia.org/wiki/28_de_novembrohttps://pt.wikipedia.org/wiki/1934https://pt.wikipedia.org/wiki/Escritorhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADticohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADticohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Brasilhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Brasilhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Academia_Brasileira_de_Letrashttps://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-abl-1https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Malhohttps://pt.wikipedia.org/wiki/O_Malhohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-abl-1https://pt.wikipedia.org/wiki/Modernismo_no_Brasilhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Ostracismohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-liter-2https://pt.wikipedia.org/wiki/Arnaldo_Niskierhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-niskier-3https://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Netohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Netohttps://pt.wikipedia.org/wiki/21_de_fevereiro#Nascimentoshttps://pt.wikipedia.org/wiki/1864https://pt.wikipedia.org/wiki/Caxias_(Maranh%C3%A3o)https://pt.wikipedia.org/wiki/Maranh%C3%A3ohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Brasileiroshttps://pt.wikipedia.org/wiki/28_de_novembrohttps://pt.wikipedia.org/wiki/28_de_novembrohttps://pt.wikipedia.org/wiki/1934https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade)https://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_Federal_do_Brasil_(1891-1960)https://pt.wikipedia.org/wiki/Escritorhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADticohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Caxias_(Maranh%C3%A3o)https://pt.wikipedia.org/wiki/21_de_fevereirohttps://pt.wikipedia.org/wiki/1864https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade)https://pt.wikipedia.org/wiki/28_de_novembrohttps://pt.wikipedia.org/wiki/28_de_novembrohttps://pt.wikipedia.org/wiki/1934https://pt.wikipedia.org/wiki/Escritorhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADticohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Brasilhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Academia_Brasileira_de_Letrashttps://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-abl-1https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Malhohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-abl-1https://pt.wikipedia.org/wiki/Modernismo_no_Brasilhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Ostracismohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-liter-2https://pt.wikipedia.org/wiki/Arnaldo_Niskierhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-niskier-3https://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto

  • 8/19/2019 Henrique Maximiliano COELHO NETO

    19/25

    • 1 .io rafia

    • 2 -&ademia .rasileira de /e#ras

    • 3 /i#era#*ra

    • 4 'inin&ias

    • 7 .iblio rafia

    • 8 /i a5

  • 8/19/2019 Henrique Maximiliano COELHO NETO

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    Coelho e#o, na ma#*ridade

    Caso*Dse em 1890 &om Maria abriela .randão, filha do 'rofessor -lber#o lKm'io.randão, &om G*em #eve &a#or e filhos es#e mesmo ano H nomeado se&re# rio de

    overno do es#ado e em 1891 o&*'a a dire5ão de e +&ios do %s#ado 1

    %m 1892 H nomeado 'ara o ma is#Hrio de is#+ria da -r#e na %s&ola a&ional de .elas -r#es "e'ois le&iona li#era#*ra no ColH io Iedro ??L nes#a a#ividade H nomeado, em 1910,'ara as & #edras de is#+ria do @ea#ro e /i#era#*ra "ram #i&a na %s&ola de -r#e "ram #i&ado io, da G*al foi mais #arde se* dire#or 1

    a 'ol #i&a #orno*Dsede'*#ado federal 'elo es#ado na#al, em 1909, reelei#o em 1917&*'o* ainda diversos &ar os, e in#e ro* diversas ins#i#*i5

  • 8/19/2019 Henrique Maximiliano COELHO NETO

    21/25

    Coelho e#o o'erando -r#*r de - evedo , n*ma en&ena5ão G*e imi#a a/i5ão de -na#omia de embrand# D &om lavo .ila& (G*e assina), en#re o*#ros in#ele*ais G*e formaram o

    r*'o f*ndador da -./

    Coelho e#o es#eve ao lado de / &io de Mendon5a, ideali ador da -&ademia .rasileira,nas 'rimeiras re*ni

  • 8/19/2019 Henrique Maximiliano COELHO NETO

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    %m selo 'os#al brasileiro de 1964

    a*#or, o mais lido no 'a s d*ran#e m*i#os anos, *so* de diversos'se*dEnimos ao lon ode s*a vida, nas '*bli&a5nero , 1 embora seJa &onsiderado in#e ran#edo'arnasianismo F*a fe&*nda 'rod*5ão vale*Dlhe a &r #i&a de ser *m fabricante deromances 2

    Mesmo nos #em'os a#*ais, s*a obra H vis#a &omo &heia de 'om'a e formalismos , do#adode ar#if &ios re#+ri&os G*e foram reJei#ados 'os#eriormen#e 'elos a*#oresre ionalis#as e

    modernis#as9

    /ima .arre#o, 'or exem'lo, &he o* a '*bli&ar ar#i os em 'eri+di&os li#er rios, &omoa evis#a Con#em'orQnea e - /an#erna em os G*ais dire&iona a#aG*es a Coelho e#o, es*a visão #radi&ional da li#era#*raL di ia G*e es#e 'reo&*'avaDse somen#e &om o es#ilo,vo&ab*l rio e 'assava ao lar o das G*es#mi&o, &on#in*o* mesmo a'+s a '*bli&a5ão em19=8, 'ela edi#ora ova - *ilar , de *ma &ole#Qnea em #r>s vol*mes in#i#*lada2bra 'eleta

    10

    %m s*a obra dis#in *eDse &laramen#e o roman#ismo, movimen#o vi en#e no final do sH&*loS?S e &ome5o do SS, eivado de sen#imen#os de forma5ão de *ma iden#idade na&ionalL#ambHm se 'ode ver o re is#ro do r*ral e o *rbano, &om os re#ra#os da en#ão &a'i#alfederal @eve &olabora5ão no seman rio ranco e Negro 11 (1896D1898)

    O N 2E/%"?@- A %"?@- CB"? D$ @%

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Pseud%C3%B4nimohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-abl-1https://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-abl-1https://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-abl-1https://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-abl-1https://pt.wikipedia.org/wiki/Parnasianismohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-liter-2https://pt.wikipedia.org/wiki/Regionalismohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-doce-9https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Revista_Contempor%C3%A2nea&action=edit&redlink=1https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Lanterna_(peri%C3%B3dico)https://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-doce-9https://pt.wikipedia.org/wiki/Gustave_Flauberthttps://pt.wikipedia.org/wiki/Gustave_Flauberthttps://pt.wikipedia.org/wiki/Madame_Bovaryhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Madame_Bovaryhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Irm%C3%A3os_Goncourthttps://pt.wikipedia.org/wiki/Irm%C3%A3os_Goncourthttps://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-doce-9https://pt.wikipedia.org/wiki/Livraria_Lello_e_Irm%C3%A3ohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Livraria_Lello_e_Irm%C3%A3ohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Portugalhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Portugalhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Porto_(Portugal)https://pt.wikipedia.org/wiki/Editora_Nova_Aguilarhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-ab-10https://pt.wikipedia.org/wiki/Branco_e_Negrohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Branco_e_Negrohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-11https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Coelho_Neto&veaction=edit&vesection=4https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Coelho_Neto&action=edit&section=4https://pt.wikipedia.org/wiki/Pseud%C3%B4nimohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-abl-1https://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-abl-1https://pt.wikipedia.org/wiki/Parnasianismohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-liter-2https://pt.wikipedia.org/wiki/Regionalismohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-doce-9https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Revista_Contempor%C3%A2nea&action=edit&redlink=1https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Lanterna_(peri%C3%B3dico)https://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-doce-9https://pt.wikipedia.org/wiki/Gustave_Flauberthttps://pt.wikipedia.org/wiki/Madame_Bovaryhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Madame_Bovaryhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Irm%C3%A3os_Goncourthttps://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-doce-9https://pt.wikipedia.org/wiki/Livraria_Lello_e_Irm%C3%A3ohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Portugalhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Porto_(Portugal)https://pt.wikipedia.org/wiki/Editora_Nova_Aguilarhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-ab-10https://pt.wikipedia.org/wiki/Branco_e_Negrohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Coelho_Neto#cite_note-11https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Coelho_Neto&veaction=edit&vesection=4https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Coelho_Neto&action=edit&section=4

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    $oi dos 'rimeiros a*#ores a manifes#ar 'reo&*'a5

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    24/25

    • Contos da vida e da morte , &on#os (1927)

    • ! Cidade aravilhosa , &on#os (1928)

    • a#ar , &rEni&as (1928)

    • *ogo *0tuo , roman&e (1929)

    • &eatrinho (190=), &ole#Qnea de #ex#os dram #i&os 'ara &rian5as, 'ar&eria &omlavo.ila&

    +E,E+3NC A/1 T Ir para:a b c d e f g h i j k l m n -&ademia .rasileira de /e#ras .io rafia Cons*l#ado em 21 de

    Janeiro de 2012

    2 T Ir para:a b c -de #alo Manoel Iinho (2009) Fis#ema /i#er rio de - ConG*is#a (I"$)evis#a /i#era#*ra em "eba#e N 3, n 4, ' 109D128 Cons*l#ado em 22 de Janeiro de 2012

    3 T Ir para:a b -rnaldo is:ier (12U2U2010) Coelho ne#o e a modernidade !ornal do Commer&ioCons*l#ado em 2= de Janeiro de 2012

    4 ?r 'ara &ima T CR V, - i 6egado de e#erra de ene#es ?F. 9788=7=13091D9

    = ?r 'ara &ima T Cronolo ia %s' ri#a; 1914D194= @em'os de Como5

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    • C R@? , -frQnioL F RF-, ! alan#e de /nciclop-dia de literaturabrasileira Fão Ia*lo ; lobal

    • C %/ %@ , Xi#aCoelho Neto, eu Pai e %rande !migo io de !aneiro;

    r ani a5ão Fim