"A casa da saudade chama-se memória: é uma cabana

pequenina a um canto do coração."( Coelho Neto )

SAUDADE E LEMBRANÇAS...

Solange Gouvêa

Podem parecer sinônimos, idéia igual, mas são diferentes no sentir.

Lembrança é da memória, saudade é da alma. Muitas lembranças, muitas saudades.

Lembranças surgem com um cheiro, uma música, uma palavra.

Saudade surge sozinha, emerge do fundo do peito onde é guardada com carinho.

Lembrança pode ser boa, mas quando não é, pode-se afastá-la convocando outra lembrança ou convocando outro pensamento para o lugar,

ligando a TV ou lendo o jornal.

Saudade é sempre boa, mesmo quando dói e não se apaga mesmo que outra pessoa tente ocupar o

lugar vazio. Ela pode coexistir com um novo amor, sem o magoar.

Lembrança é de algo real, de um lugar, de uma época, uma pessoa.

Saudade pode ser do que não houve, de uma possibilidade,

de lábios jamais tocados.

Lembrança pode ser contada, medida, localizada, e com algum esforço, pode até ser calculada com uma estúpida fórmula de

matemática.

Saudade é dos poetas, é pautada em rimas e melodias; vontade de ver outra pessoa, segundo os poetas,

teria outro nome, seria uma saudade com tempero, acho eu.

Lembrança pode ser sem som, pode não doer.

Saudade jamais é sem som.

Se ela não vier com música de fundo, nos colocamos, só para ficar mais bonita, mais linda de se sentir,

para preencher mais a alma vazia.

Lembrança vence a morte, mas conforma-se com a ausência, respeita convenções.

Saudade ignora a morte, vence distâncias, barreiras e preconceitos.

Lembrança aceita o nosso comando, vai e volta quando queremos.

Saudade é irreverente, independente e auto-suficiente. Segue

Nossos ente queridos.

O dia já se finda, deixando em nosso coração, muitas lembranças, muitas saudades....

Recolho-me, silencio, aquieto minha alma, oro....... Dedico minha oração àqueles que seguiram antes de nós, para tornarem-se uma estrela a mais,

neste céu divino, que nos abriga.

e, que apenas partiram antes de nós, nesta viagem, parecida com a do veleiro, que segue velejando mar a

dentro, chegando  onde o céu e o mar se encontram.

Agradeço a Deus, a oportunidade em tê-los tidocomo entes queridos, como amigos, como companheiros,

nesta jornada terrestre, enquanto aqui estiveram, e, conosco, dividiram e compartilharam momentos e

sonhos,

Não o vemos mais, e então pensamos que sumiu, que se acabou, mas... não... continua o mesmo, apenas não o

vemos mais, e quando dizemos "Ele se foi" outros lá adiante estão dizendo "Ele vem chegando!!"  

Assim,  somos nós... velejando pela vida!! Um dia,  nos encontraremos todos,  no mesmo porto!!

Thais S Francisco"beija-flor"

Música:Mike Rowland. Take my Hand

As lembranças têm mais poesia que as esperanças, assim como as ruínas são muito mais poéticas

que as etapas de construção de um edifício."( Jacinto Benavente )

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