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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA HENRIQUE BONAGURIO PAVAN Projeto de automação do envase de uma indústria química Lorena SP 2018

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

HENRIQUE BONAGURIO PAVAN

Projeto de automação do envase de uma indústria química

Lorena – SP

2018

HENRIQUE BONAGURIO PAVAN

Projeto de automação do envase de uma indústria química

Trabalho de conclusão de curso

apresentado à Escola de Engenharia de

Lorena da Universidade de São Paulo,

como exigência parcial para obtenção do

título de engenheiro químico.

Orientador: Prof. Dr. João Paulo Alves Silva

Lorena – SP

2018

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizado da Escola de Engenharia de

Lorena, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Dedico este trabalho à minha

família, amigos e a minha

namorada, gratidão pela

compreensão e apoio no período de

elaboração deste trabalho.

AGRADECIMENTOS

A todos os docentes da Escola de Engenharia de Lorena (EEL) que fizeram parte do meu

desenvolvimento científico e intelectual.

Em especial ao Professor Prof. Dr. João Paulo Alves Silva pela atenção e dedicação

durente a orientação de meu trabalho.

A empresa Wana Química pela oportunidade de desenvolvimento profissional e por

conceder o direito de desenvolver meu trabalho com informações da empresa.

Ao Diretor Operacional Ronaldo Batista pela dedicação e paciência nos ensinamentos

técnicos que foram fundamentais para a execução da Pesquisa Ação voltada a otimização

da empresa.

A minha namorada Caroline de Oliveira pela paciência, amor, carinho e apoio durante a

execução deste trabalho.

A meu parceiro de equipe Edgar Filho pelo auxílio na coleta de dados e na definição dos

parâmetros a serem abordados no presente trabalho.

A minha família pela paciência e apoio incondicional durante o período de

desenvolvimento deste trabalho.

Resumo

PAVAN, H. B.Projeto de um sistema de automação do envase de uma indústria

química.2018. 43 p. Monografia (Trabalho de conclusão de curso em Engenharia

Química) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2018.

A constante busca por inovação, desenvolvimento de novos produtos, redução de custo

operacional e busca por aumento de produtividade são meios que as indústrias químicas

estão buscando para combater à elevada competividade do mercado. A engenharia tem um

papel fundamental para alavancar as empresas perante as concorrentes, desenvolvendo

projetos para aumento da rentabilidade do produto no mercado. No presente trabalho foi

desenvolvido o projeto de automação do setor de envase da planta de Jacareí da empresa

Wana Química. A operação, foco da automação, é realizada manualmente, por meio do

fechamento das válvulas por um operador, quando o envase atinge o valor desejado pela

indicação do peso da embalagem em uma balança. Os principais desafios enfrenteados

pela empresa com o modo de trabalho manual são: a variabilidade da quantidade de

produto envasado, derramamento por falha operacional, procedimento não padronizado,

maior risco a ocorrência de problemas à saúde e ao meio ambiente e erro na definição das

variáveis do processo (temperatura, vazão, etc) uma vez que são manipuladas pelo

operador. A implementação do projeto propõem contornar as dificuldades decorrentes da

operação manual, refletindo diretamente no aumento da competitividade dos produtos no

mercado, na redução de desperdícios e no aumento da segurança dos colaboradores. Para

quantificar o cenário atual do envase foram coletados dados dos desperdícios nas

embalagens finalizadas com 95% de nível de confiança, foram analisados todos os tipos de

embalagens utilizadas pela empresa: barricas de 50 litros (n=61), bombonas de 200 litros

(n=44) e Bag in Box de 1000 litros (n=24). As perdas de produto resultantes da operação

manual chegavam a alcançar cerca de 33.297,9 kg de produto por ano. O custo de

implementação do projeto demandou um investimento total de R$ 42.438,00 para

automação dos cinco sistemas de envase da empresa. Mesmo diante do custo, o projeto de

melhoria apresentou uma elevada rentabilidade, tendo um tempo de payback inferior a 10

meses, assumindo erro máximo de 0,1% de excesso de produto no projeto automatizado.

Palavras Chave: rentabilidade, envase, automação e desperdício.

Abstract

PAVAN, H. B. Design of a packaging automation system for a chemical industry.

2018. 43 p. Monograph (Completion of a course in Chemical Engineering) - School of

Engineering of Lorena, University of São Paulo, Lorena, 2018.

The constant search for innovation, development of new products, reduction of operational

cost and search for increase of productivity are means that the chemical industries are

seeking to combat the high competitiveness of the market. Engineering plays a key role in

leveraging companies against competitors by developing projects to increase the

profitability of the product on the market. In the present work the automation project of the

packaging sector of the Jacareí plant of Wana Química was developed. The operation, the

focus of the automation, is performed manually, by closing the valves by an operator,

when the package reaches the desired value by indicating the weight of the package on a

scale. The main challenges faced by the company with the manual work mode are:

variability of the quantity of bottled product, spillage due to operational failure, non-

standardized procedure, greater risk of health and environmental problems, and error in the

definition of variables process (temperature, flow, etc.) once they are handled by the

operator. The implementation of the proposed project aims to overcome the difficulties

arising from the manual operation, directly reflecting the increase of the competitiveness

of the products in the market, reducing waste and increasing employee safety. In order to

quantify the current packaging scenario, data were collected on packaging waste finished

with a 95% confidence level, all types of packaging used by the company were analyzed:

50 liter barrels (n = 61), 200 liter bottles = 44) and Bag in Box of 1000 liters (n = 24).

Product losses resulting from manual operation reached about 33,297.9 kg of product per

year. The cost of implementing the project required a total investment of R $ 42,438.00 for

automation of the company's five filling systems. Even in view of the cost, the

improvement project presented a high profitability, with a payback time of less than 10

months, assuming a maximum error of 0.1% of excess product in the automated project.

Key-words: profitability, packaging, automation and waste.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Envasadora rotativa para líquidos de alta ou baixa viscosidade ......................... 12

Figura 2 - Automação industrial de um reator CSTR .......................................................... 14

Figura 3 - Válvulas com atuadores ...................................................................................... 15

Figura 4 – Rede de atuação de um CLP .............................................................................. 15

Figura 5 – Todos os niveis de hierarquia do sistema de automação.................................... 16

Figura 6 - Sistema de comunicação em um sistema de controle e automação .................... 17

Figura 7 – Exemplo genérico de uma malha de controle fechada (Feedback Control)....... 18

Figura 8 – Melhoria contínua: redução de anomalias e das causas comuns........................ 19

Figura 9 - Controle estatístico de processo para a barrica contendo a média, limite superior de

controle (LSC), limite inferior de controle (LIC), limite superior de especificação (LSE),

limite inferior de especificação (LIE) e os valores amostrados (data). ............................... 28

Figura 10 - Controle estatístico de processo para a bombona contendo a média, limite superior

de controle (LSC), limite inferior de controle (LIC), limite superior de especificação (LSE),

limite inferior de especificação (LIE) e os valores amostrados (data). ............................... 29

Figura 11 - Controle estatístico de processo para o Bag in Box contendo a média, limite

superior de controle (LSC), limite inferior de controle (LIC), limite superior de especificação

(LSE), limite inferior de especificação (LIE) e os valores amostrados (data). ................... 30

Figura 12 - Correlação da precisão da operação pelo peso da embalagem ......................... 31

Figura 13 - Layout atual da empresa: tanque misturador (TQ-01), válvulas (HV-01, HV-02,

HV-03 e HV-04), filtros (FI-01 e FI-02), bomba (BO-01) e balança (BA-01). .................. 33

Figura 14 - Fluxograma com automação do sistema de envase: tanque misturador (TQ-01),

válvulas (HV-01, HV-02, HV-03, HV-04 e HV-05), filtros (FI-01 e FI-02), bomba (BO-01),

balança (BA-01), controlador (WC), transmissor (WT), set-point (SP) e indicador (WI). . 34

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Valor de referência para interpretação do valor de Cp ....................................... 20

Tabela 2 - Exemplo de tabela para orçamento de um projeto .............................................. 21

Tabela 3 – Custos da qualidade (conformidade e não-conformidades) ............................... 21

Tabela 4 - Cálculo do número de amostras por embalagem ................................................ 26

Tabela 5 - Informações básicas das embalagens (capacidade máxima e peso das embalagens

vazias) .................................................................................................................................. 27

Tabela 6 - Parâmetros estatísticos calculados (média, desvio padrão, LSC, LIC, LSE, LIE e

CP) ....................................................................................................................................... 27

Tabela 7 - Desperdício de produto no envase, indicado em kilogramas e valor monetário por

ano, partindo do erro absoluto da operação manual de envase calculado para cada tipo de

embalagem ........................................................................................................................... 32

Tabela 8 - Custo médio do projeto de automação ................................................................ 36

Tabela 9 - Desperdício do projeto automatizado por embalagem e anualizado .................. 36

LISTA DE SIGLAS

ABIQUIM Associação Brasileira da Indústria Química

BA Balança Digital

BO Bomba Pneumática

CEP Controle Estatístico de Processos

CLP Controlador Lógico Programável

CP Capabilidade do Processo

CTP Bag in Box container

CSTR Continuos Stirring Reactor

FI Indicador de Fluxo

HV Válvula de Posição

LIC Limite Inferior de Controle

LIE Limite Inferior de Especificação

LSC Limite Superior de Controle

LSE Limite Superior de Especificação

MIDP Monitor Indicador Digital de Peso

PPM Partes Por Milhão

TQ Tanque de Mistura

SDCD Sistema Digital de Controle Distribuído

VMA Valor Máximo Admissível

WC Controlador de Peso

WT Trasmissor de Peso

WI Indicador de Peso

SUMÁRIO

1. Introdução ................................................................................................................... 11

1.1. Contextualização ................................................................................................. 11

1.2. Justificativa .......................................................................................................... 12

1.3. Objetivos .............................................................................................................. 13

1.3.1. Objetivo Geral .................................................................................................... 13

1.3.2. ObjetivosEspecíficos .......................................................................................... 13

2. Revisão Bibliográfica ................................................................................................. 14

2.1. Automação na indústria química ...................................................................... 14

2.1.1. Sistemas de controle: dispositivos e funcionamento .......................................... 17

2.2. Controle estatístico de processos (CEP) ............................................................ 18

2.3. Custo das atividades e do projeto ...................................................................... 20

3. Métodos ....................................................................................................................... 22

3.1. Método dePesquisa ............................................................................................. 22

3.2. Coleta de dados ................................................................................................... 22

3.3. Análise de dados .................................................................................................. 23

3.4. Elaboração do projeto de automação ................................................................ 24

3.5. Análise de custos de impelnetação ..................................................................... 24

4. Resultados e Discussão ............................................................................................... 26

4.1. Cálculo amostral ................................................................................................. 26

Bag in Box .......................................................................................................................... 26

4.2. Controle estatístico do processo de envase atual .............................................. 26

4.3. Automação do envase ......................................................................................... 32

4.4. Custo do projeto de automação do envase e tempo de payback ..................... 35

5. Conclusão .................................................................................................................... 38

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 39

ANEXO A ........................................................................................................................... 43

11

1. Introdução

1.1. Contextualização

Com o crescimento exponencial da globalização no mundo todos os setores industriais

estão sendo forçados pela competividade do mercado a aumentara produtividade, reduzir os

custos e elevar nível de qualidade dos produtos e serviços (ABIQUIM, 2008). Para isso, as

empresas estão investindo em novas tecnologias, revendo os métodos utilizados para gestão

empresarial, diminuindo os custos com as atividades que não agregam valor e investindo em

procedimentos que visam redução de desperdícios e elevem o padrão de qualidade da empresa

(LOPES, 2017).

A indústria química se destaca na economia mundial, com expressivo crescimento

anual de mais de 4% posicionando-se entre os quatro setores com maiores taxas de

crescimento. O setor químico tem papel importante no desenvolvimento de novas ciências e

tecnologias, também no desenvolvimento de equipamentos que buscam aumentar a

produtividade e diminuir a interferência humana nos processos (GALEMBECK, 2017).

Assim como todas as etapas que compõem os processos químicos, o setor do envase

também é passível de aplicação de novas tecnologias e automação. Atualmente, todas as

etapas que compõem o envase tem a possibilidade de sustituição por sistemas automatizados,

desde a preparação da embalagem até as etapas de enchimento e finalização da embalagem. O

foco das pesquisas nessa área busca a criação de sistemas automatizados para redução da

variabilidade dos pesos nas embalagens, assim como aumentar a confiabilidade, limpeza e

qualidade da etapa final do processo produtivo (NAKAMURA, 2017).

Inúmeras patentes nesse setor foram desenolvidas no século XXI buscando atender a

crescente exigência das empresas por otimização dos processos atuais, por exemplo a patente

elaborada por Portscheler (2011) possibilita o aumento da produtivdade de empresas por meio

do envase com disposição rotativa. Na figura 1 seguinte segue a representação de uma

envasadora rotativa.

12

Figura 1 - Envasadora rotativa para líquidos de alta ou baixa viscosidade

Fonte: PORTSCHELER, 2011

Hoje, além do elevado nível tecnológico dos equipamentos, a automação de

processosvem sendo amplamente utilizada para a otimização do setor de envase. Muitas

empresas ainda não tem capacidade financeira de acompanhar o ritmo da evolução

tecnológica, com isso devem lidar com os seguintes problemas: falta de produto nas

embalagens finalizadas podendo resultar em reclamação de clientes, desperdício de produto

por excesso de peso nas embalagens, desperdício de produto por derramamento durante a

operação, procedimento operacional não padronizado, maior risco a ocorrência de problemas

à saúde e ao meio ambiente e sempre estará sucetível a interferência humana nas variáveis do

processo (temperatura, pressão, vazão e agitação) (NAKAMURA, 2017). O presente trabalho

demostra os beneficios que a automação pode trazer para processos industriais, com foco

para a redução de desperdícios provenientes de operações manuais.

1.2. Justificativa

A empresa Wana Química atua na produção de diversos produtos químicos utilizado

em inúmeros setores do comércio, tais como: saneantes, tintas, couro, textil e adesivos. A

empresa que teve seu parque fabril inaugurado em 2009 apresenta um crescimento

exponencial no mercado, em função do crescimento no mercado a empresa vem investindo na

automação e profissionalização para elevar a rentabilidade de seus produto.

O sistema de envase ainda é um processo operado manualmente, todas as outras etapas

do processo: carregamento dos tanques graduais, carregamento do reator, controle da vazão

13

de adição nos reatores, agitação e temperatura são operados automaticamente com elevado

nível de precisão e segurança. Em função do envase ainda estar sujeito a erros operacionais

causados pela interferência humana, essa etapa do processo muitas vezes é responsável pelo

elevado desperdíciode produto: derramamentos e imprecisão nos pesos, a causa raiz dos erros

estão diretamente relacionados ao procedimento manual de abertura e fechamento das

válvulas pelos operadores, assim como o controle manual da vazão da bomba de

descarregamento.

O projeto visa solucionar os problemas identificados no sistema de envase da empresa

Wana Química. A Pesquisa Ação tem a finalidade de propor um sistema automatizado para

redução dos desperdícios do processo (excesso de peso nas embalagens e derramamentos) por

meio de um sistema em que as variáveis do processo serão controladas não mais pelos

operadores.

1.3. Objetivos

1.3.1. Objetivo Geral

Este projeto teve como objetivo desenvolver um sistema de automação para uma etapa

de envase de um processo químico e realizar a avaliação técnico econômica da

implementação do sistema auomatizado quanto a sua variabilidade técnica e retorno

econômico .

1.3.2. Objetivos Específicos

➢ Coleta de dados da performance do processo atual;

➢ Análise dos dados coletados por meio do controle estatístico do processo;

➢ Levantamento dos equipamentos necessários para o design do sistema de automação

do envase;

➢ Design de um sistema de automação do setor de envase da empresa;

➢ Análise de custo para implementação do projeto, incluindo os instrumentos (sensores,

trasmissores, controlador, etc), válvulas, filtros, tubulação, bombas e custos gerais;

➢ Estimativa do lucro anual com a implementação do projeto de automação;

➢ Cálculo do tempo de Payback do projeto;

14

2. Revisão Bibliográfica

2.1. Automação na indústria química

Segundo Martins (2012), a automação é composta por três compontes básicos que

executam as seguintes funções: sensoriamento, comparação e controle e atuação. Na indústria

química a produtividade esta diretamente ligada com o grau de automação, por meio da

diminuição dos tempos de “set-up” (tempo para ajustes dos equipamentos), melhora na

utilização das matérias primas, informações, aumento de precisão dos processos, entre outros

(ZUGE, 2014). Na grande maioria das indústrias químicas o processo utilizado é o de

batelada, pois garante maior flexibilidade produtiva e controle efetivo das variáveis de

processo. O reator é o equipamento protagonista de todo o processo, contendo tubulações de

alimentação, descarregamento e também equipamentos de medição das variáveis. Seja em

uma adição no reator, uma medição nas variáveis de processo ou na abertura e fechamento de

válvulas, uma produção eficiente exige um elevado grau de automação, como ilustrado na

figura 2 seguinte (WANA QUÍMICA, 2018).

Figura 2 - Automação industrial de uma empresa química.

Fonte: WANA QUÍMICA, 2018

Essa nova era tecnológicachamada de Indústria 4.0 vem sendo um fator importante

para o crescimento das pequenas e médias industrias, impactando no crescimento da indústria

química no Brasil (SAT Automação, 2018).

15

A excelência operacional, segundo Duggan (2011), é sustentada por quatro pilares:

a. Controle dos processos

b. Gerenciamento da manutenção

c. Recursos humanos

d. Segurança e meio ambiente

Na busca da sustentação dos pilares descritos por Duggan, as indústrias

químicasautomatizam seusprocessos, buscando excelência no controle de processos e na

segurança e meio ambiente, com informações em tempo real das variáveis críticas dos

processos, redução de produtos fora de especificação e proporciona um ambiente de trabalho

mais seguro (COGHI, 2013).

Segundo Moraes e Castrucci (2007), a automação pode ser dividida em 5 níveis

interdependentes:

Nível 1 – Aquisição de dados e controle manual: dispositivos de campo (atuadores,

sensores, trasmissores, etc), para exemplificar segue na Figura 3 um atuador de uma válvula.

Figura 3 - Válvulas com atuadores

Fonte: SOLUTION, 2017

Nível 2 – Controle: equipamentos que controlam a planta, tais como o Controlador

Lógico Programável (CLP), Sistema Digital de Controle Distribuído (SDCD) e relés, na

figura 4 abaixo é indicado a hierarquia sistêmica entre o nível 1 (CLP) e os instrumentos do

nível 2 (sensores e atuadores) (MORAES; CASTRUCCI, 2007).

Figura 4–Rede de atuação de um CLP

Fonte: MORAES; CASTRUCCI, 2007

16

Nível 3 – Supervisão: destina-se ao monitoramento dos processos executados,

geralmente está ligado com um banco de dados do processo, em continuação à figura 4 acima,

a figura 5 adiciona o terceiro nível definido por Moraes e Castrucci (2007).

Figura 5–Todos os niveis de hierarquia do sistema de automação

Fonte: PEREIRA, 2015

Os Níveis 4 e 5 completam todo o sistema de automação, no entanto estão ligados a

parte gerencial da empresa, tais como: controle fabril e o planejamento estratégico. No

presente trabalho, serão estudados apenas os 3 primeiros níveis da automação e controle.

A automação industrial consiste na automatização de sistemas reduzindo a

possibilidade de interferência humana no processo. As principais razões para uma empresa

investir na automação são (ZUGE, 2014):

a. Redução do custo de produção dos produtos;

b. Diminuição da interferência humana na manipulação e controle dos processos;

c. Aumento da segurança do trabalho e meio ambiente;

d. Redução dos tempos produtivos e consequentemente aumento na produção;

e. Aumento da capabilidade dos processos;

f. Criação de banco de dados úteis para gerenciamento e planejamento;

As indústrias estão cada vez mais investindo na modernização de seus processos,

motivadas principalmente pelas razões citadas acima por Zuge (2014).

17

2.1.1. Sistemas de controle: dispositivos e funcionamento

O controle dos processos são realizados com objetivo de obter exatidão e precisão na

variável de saída por meio de um sistema com malha de controle, que se dividem em: malha

de controle aberta que funciona basicamente na medição e controle da variável de entrada e a

malha de controle fechada que mede a variável de saída e compara com um valor de desejado

manipulando a variável de entrada para correção do processo (Figura 6)(FRANCHI, 2011).

Por um exemplo, as células de cargasão dispositivos de medição da variável de saída

do processo, seu funcionamento é baseado natransformaçãodas forças queatuam sobre elas em

sinais eletrônicos, é um dispositivo com elevada precisão (0,03 a 0,25%).(OMEGA, 2018)

Além de indicar o valor do peso no monitor indicador digital de peso (MIDP), o sinal

eletrônico pode se comunicar com outros dispositivos, tais como: impressoras, válvulas

econtroladores. O sinal eletrônico do peso indicado pelas células de carga é a variável medida,

que em um sistema de malha fechada é transmitida para um controlador e comparada a um

set-point pré estabelecido, resultando em um sinal de resposta (elétrico ou pneumático) para

atuar um elemento final de controle. (CRUZ, 2015)

Figura 6 - Sistema de comunicação em um sistema de controle e automação

Fonte: Arquivo pessoal

Os elementos finais de controle são dispositivos que irão atuar em resposta ao valor

medido, no caso acima a célula de carga atua como unidade de medida e o elemento final de

controle é a válvula. Essa inter-comunicação é realizada pelo CLP (Controlador Lógico

Programável), equipamento que realiza o controle da variável, sendo o PID (Proporcional,

Integral e Derivativo) o método mais utilizado devido ao rápido tempo de resposta, precisão e

exatidão no controle da variável. (MASS, 2000) Com o sistema de controle descrito acima é

possível garantir que a valor da variável controlada (temperatura, pressão, vazão, peso, entre

outras) se mantenha próximo do valor estipulado como set-point. (OGATA, 1993) O sistema

18

de controle feedback ou de malha fechadaé o mais empregado pelas indústrias, esse método

só deixa de ser utilizado quando não é possível a medição da variável de saída do processo

(MASS, 2000), os elementos de controle e funcionamento de uma malha fechada estão

ilustrados na figura 7.

Figura 7–Exemplo genérico de uma malha de controle fechada (Feedback Control)

Fonte: SENAI, 1997

2.2. Controle estatístico de processos (CEP)

Todos processos apresentam variabilidade, a causa está na alteração das matérias

primas, condições dos equipamentos, mudança de operadores, condições ambientais, sistemas

de medição, alteração no método, entre outras mudanças intrínsecas de um procedimento de

produção. Produtos defeituosos são gerados por meio da variabilidade, portanto uma

diminuição das variações nas condições dos processos resultam em melhoria na qualidade do

produto. Para isso, é necessário coleta, processamento e disposição dos dados, ou seja,

ferramentas estatísticas para diminuir a variabilidade.(SALDANHA et al., 2013) Segundo

Werkema (2014)as causas da variação são dividas em duas: causas comuns (variabilidade

natural de todo processo) e causas especiais.Quando o processo está sujeito apenas a causas

comuns ele está sob controle estatístico, ou seja, o produto sempre estará em uma faixa

específica previsível. Por outro lado, processos fora de controle estatístico são identificados

quando alguma anomalia faz com que o produto fique fora da faixa especificada pelo controle

estatístico.

19

O grande objetivo das empresas é zerar as anomalias dos processos e reduzir a faixa de

especificação do controle estatístico por meio da redução das causas comuns de variação,

como segue ilustrado na figura 8.

Figura 8 – Melhoria contínua: redução de anomalias e das causas comuns

Fonte: Werkema, 2014

Segundo Camargo (2010) existem cinco razões para motivar as empresas a utilizar o

controle estatístico de processos (CEP):

a. Melhoria produtiva;

b. Prevenção de defeitos e tendências dos processos;

c. Garantem assertividade nos ajustes dos processos;

d. Indica o desempenho do processo;

e. Indica a capacidade dos processos;

O CEP atua em três vertentes essencias para as empresas: identificação de

variabilidade,monitoramento e analisar a capabilidade do processo.Segundo Paese (2011) o

controle estatístico permite a identificação de anomalias no processo, permitindo que as

tomadas de decisões corretivas sejam rápidas e eficientes, reduzindo a quantidade de lotes

fora de especificação, para isso é imprecindível o monitoramento das variáveis. Por meio do

controle estatístico também é possível quantificar os limites superior e inferior de controle e

confrontando esses limites com a exigência do mercado é possível determinar se existe

necessidade de mudanças no produto ou no processo de produção (ALMEIDA ET AL.,

20

2010).

Os parâmetros estatísticos utilizados para avaliar a capacidade do processo segundo

Saldanha et al (2013) são: a capabilidade do processo (cP) centraliza no valor nominal e a

interpretação do valor é itens em não conformidade (PPM), os valores de referência estão

indicados na Tabela 1. Para uma análise mais criteriosa do processo é necessário calcular os

limites inferior e superior de controle, limite inferior de especificação (LIE), desvio padrão

(σ) e a média (μ). As equações 1 e 2 são utilizadas para calcular os valores de Cp e os limites

de controle (LIC e LSC) , respectivamente (SALDANHA et al., 2013). Os limites de controle

correspondem aos valores ideais de especificação para que o processo seja aceitável, ou seja,

com capabilidade de processo (cP) maior ou igual a 1,0. A capabilidade do processo é um

valor adimensional e que quanto maior o seu valor maior será a capacidade do processo em

atender produtos dentro da especificação, na tabela 1 correlaciona o valor da capabilidade

com o número de ocorrências em um milhão de amostras.

𝐶𝑝 =𝐿𝑆𝐸−𝐿𝐼𝐸

6σ (1)

𝐿𝐼𝐶 = μ − 3 ∗ σ e LSC = μ + 3 ∗ σ (2)

Tabela 1 - Valor de referência para interpretação do valor de Cp

Cp Itens não-conforme (PPM) Interpretação

Cp< 1 Acima de 2700 Processo incapaz

1 <Cp< 1,33 64 a 2700 Processo aceitável

Cp> 1,33 Abaixo de 64 Processo capaz

Fonte: GONÇALEZ, 2009.

2.3. Custo das atividades e do projeto

Na elaboração de projeto, o investimento necessário é calculado por meio da soma do

capital necessário para conclusão detodas as atividades e recursos necessários para conclusão

do projeto. Os recursos são compostos pelos custos fixos por hora de trabalho (funcionários e

equipamentos em aluguel), pelos custos fixos por todo o serviço ou equipamento adquirido

21

(materiais utilizados no projeto e serviços prestados) e pelos custos indiretos (infraestrutura

administrativa). Para elaboração do orçamento de um projeto são somados os custos fixos,

diretos e indiretos para cada atividade que será realizada, como é mostrado na Tabela 2

(VARGAS, 2005).

Tabela 2 - Exemplo de tabela para orçamento de um projeto

Atividade Orçamento

Total Custo fixo Custo direto Custo indireto

A 3 7 1 11

B 2 12 0 14

C 6 30 9 45

Total 11 49 10 70

Fonte: Adaptado de VARGAS, 2005

As empresas também estão sujeitas aos custos com a qualidade, que são divididos em:

custo da conformidade e custo da não-conformidade, esses custos são subdividos conforme

indicado na Tabela 3:

Tabela 3 – Custos da qualidade (conformidade e não-conformidades)

Custos da qualidade

Conformidade Não-conformidade

Planejamento Refugos

Treinamento Retrabalho

Controle de processo Reparos na garantia

Testes Ações corretivas

Auditorias Atrasos no cronograma

Manutenção

Fonte: Adaptado de VARGAS, 2005

Com a finalidade de determinar a rentabilidade de um projeto utiliza-se a ferramenta

de payback, definido como sendo o tempo necessário para um projeto pagar todo o

investimento incial (GITMAN, 1997). Esse método retorna para a empresa interessada no

projeto um valor correspondente à velocidade de retorno do investimento, sendo assim uma

ferramenta para análise estratégica da gerência para definição da implementação do projeto

em questão (ROSA, 2015).

22

3. Métodos

3.1. Método de Pesquisa

O método de pesquisa que foi utilizado é Pesquisa Ação com abordagem qualitativa

com objetivo de propor um projeto para otimização do setor de envase da planta industrial da

Wana Química em Jacareí (Westbrook, 1995; Coghlan e Coughlan, 2003). O autor desse

presente trabalho teve atuação direta na coleta dos dados e na apresentação e aplicação do

projeto de melhoria na empresa. Por se tratar de uma proposta de melhoria envolvendo

automação de processoo presente trabalho não compromete informações sigilosas de

propriedade da Wana Química, as informações utilizadas estão suportadas pela Diretoria

Administrativa da empresa, conforme suportado pelo Anexo A.

O projeto de melhoria para o setor de envase da empresa foi dividido nas seguintes

etapas: entendimento do tamanho do problema atual por meio da quantificação de

desperdícios, entendimento de todas as variáveis de processo que influenciam na operação,

definição da proposta para solucionar o problema e implementação do projeto na empresa. A

implementação do projeto foi realizado inicialmente por meio de reuniões com o setor de

engenharia de projetos para inclusão do projeto de automação do envase na listagem de

projetos pendentes e está incluso no budget (recurso financeiro disponível para investimento

em projetos) para implementação no ano de 2019.

3.2. Coleta de dados

A coleta de dados foi realizada em campo, inicialmente foi analisada a disposição do

sistema de envase atual da empresa, levando em consideração as etapas em que existe

interferência humana e possíveis melhorias com a automação. Com a finalidade de reduzir o

custo final do projeto, foram analisados os equipamentos já instalados para uma posterior

análise da viabilidade de utilização no projeto proposto, tais como controladores, válvulas,

bombas, balanças e tubulações.

Para a quantificação do desperdício de produto no envase foram realizadas repesagens

23

das embalagens finalizadas, a amostragem foi realizada de forma aleatória para garantir

idoneidade da amostragem. A coleta de dados teve um nível de confiança de 95% na

amostragem e foi segmentada entre os tipos de embalagens que a empresa utiliza atualmente,

são elas: barricas de papelão de 50 kg, bombonas plásticas de 200 kg e Bag in Box de 1000

kg. O presente trabalho não considerou os custos de não-conformidades com clientes por

problemas de falta de produto nas embalagens ou por baixa qualidade oriunda da influência

da operação manual do envase.

Outras informações adicionais necessárias para a elaboração do projeto também foram

analisadas, tais como: levantamento do custo dos equipamentos e serviços.

O cálculo amostral é uma ferramenta que foi utilizada como meio de garantir

confiança nos dados apresentados, para isso as amostras foram coletadas partindo de um nível

de confiança e erro amostral pré-determinados. O trabalho partiu da premissa de que a

população de amostras é igual a média diária de embalagens utilizadas (p). A equação 3,

baseada em Santos (2018) foi utilizada para realizar o cálculo do número de amostras,

considerando 95% de nível de confiança e erro amostral igual a 10%.

𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎𝑠 =

𝑧2∗𝑝∗(1−𝑝)

𝑒²

1 +𝑧2∗𝑝∗(1−𝑝)

𝑒2∗𝑁

(3)

Onde: e: margem de erro; z = escore z; N = tamanho da população; p = proporção esperada;

3.3. Análise de dados

Para a definição do nível de desperdício no processo atual, os dados coletados foram

analisados por meio do controle estatístico de processo, definindo os limites de controle,

média, desvio padrão e a capabilidade do processo de envase atual. Para cálculo do

desperdício total, foi considerada a produção anual de 2017 da empresa para cada tipo de

embalagem, multiplicado pelo desperdício médio por embalagem.

Para comprovar a elevada rentabilidade com do projeto de automação proposto foi

assumido o desperdício máximo aceitável de 0,1% de erro em excesso. Esse valor será

considerado devido a impossibilidade de coleta de dados do sistema futuro, pois as etapas de

24

finalização e implementação do projeto na empresa só irão ocorrer no ano de 2019.

O controle estatístico de processo foi a ferramenta estátistica utilizada para fazer a

análise dos dados coletados, os parâmetros calculados foram: média, desvio padrão, limites

inferior e superior de controle, limites inferior e superior de especificação e capabilidade do

processo estão descritas acima na Revisão Bibligráfica. Esses parâmetros foram essenciais na

caracterização do processo atual, se a operação executada estava envasando produto em falta

ou excesso nas embalagens, por exemplo. Para contabilizar o desperdício anual da operação

foi calculado o erro percentual global, que é igual ao valor amostrado menos o valor desejado,

assim se o erro calculado foi positivo irá indicar que o processo desperdiça produto por

excesso, caso contrário, o envasedeixa as embalagens comfalta de produto.

3.4. Elaboração do projeto de automação

O primeiro passo para a elaboração do projeto foi o acompanhamento em campo da

operação que vinha sendo realizada manualmente, o objetivo foi identificar as principais

fontes da variação nos pesos, assim como as variáveis que eram manipuladas pelo operador.

Com essa análise criteriosa finalizada foi iniciado o trabalho de automação das variáveis que

são manipuladas, tais como: vazão e posicionamento das válvulas. O fluxograma proposto foi

gerado com objetivo de realizar as alterações mínimas necessárias, justificando assim o baixo

custo de implementação do projeto e consequentemente baixo tempo de payback.

3.5. Análise de custos de implementação

O orçamento proposto foi elaborado a partir de valores médios para cada item

considerado essencial para a implementação do projeto, o orçamento prevê um adicional de

20% como sendo contigência para aquisições não previstas. O custo do serviço de

implementação é equivalente ao salário de um instrumentista da empresa Wana Química,

valor proporcional ao tempo médio previsto para a conclusão do serviço, a equipe de

profissionais de instrumentação da Wana Química é capacitada para executar todas as

25

atividades necessárias para a conclusão do projeto. A equação 4 demostra o cálculo do tempo

de Payback efetuado para determinar a taxa de retorno do projeto a ser implementado, em que

o retorno financeiro do projeto é a subtração do desperdício do projeto automatizado do

desperdício atual do processo.

𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 =𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜 [𝑅$]

𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑗𝑒𝑡𝑜 [𝑅$/𝑚ê𝑠] (4)

26

4. Resultados e Discussão

4.1. Cálculo amostral

A Tabela 4 exibe o resultado do cálculo amostral para os três tipos de embalagem

estudadas. Para Barrica, Bombona e Bag in Box os cálculos indicaram que serão necessárias

61, 44 e 24 unidades amostrais, respectivamente. Estas amostras foram então coletadas e

utilizadas para as medições consideradas no controle estatístico, descrito no item a seguir

deste trabalho.

Tabela 4 - Cálculo do número de amostras por embalagem

Embalagem Produção diária (unid.) Número de

amostras (unid.)

Barrica 160 61

Bombona 80 44

Bag in Box 30 24 Fonte: Arquivo pessoal

4.2. Controle estatístico do processo de envase atual

Neste capítulo foram estudados os três tipos de embalagens (barrica de 50 kg,

bombona de kg litros e Bag in Box de kg litros) amostradas do atual processo de envase da

empresa. Os dados estatísticos representam a variação dos pesos nas embalagens, partindo-se

do princípio de que o VMA (Valor máximo admissível), soma da incerteza com o erro do

instrumento utilizado para calibração, para as balanças é de mais ou menos 0,2 kg e de que as

amostras foram selecionadas randomicamente e estratificadas entre os três tipos de

embalagem

Os pesos brutos dos produtos já embalados foram os valores base para o controle

estatístico do processo de envase, se necessário determinar o peso líquido é possível subtrair o

peso das embalagens que são valores pré-determinados pelo fornecedor do peso bruto

27

amostrado. Todos os valores do trabalho serão mencionados na unidade de kilograma, que é a

utilizada comercialmente pela empresa. Na Tabela 5 são apresentadas as informações base

dos pesos das embalagens, tais como: peso da embalagem vazia, peso líquido comercializado

nas embalagens e o peso bruto das embalagens cheias.

Tabela 5 - Informações básicasdas embalagens (capacidade máxima e peso das embalagens vazias)

Embalagem Peso da embalagem

vazia (Kg) Peso líquido das embalagens (Kg)

Peso bruto das embalagens (Kg)

Barrica 2,2 50,0 52,2

Bombona 9,0 200,0 209,0

Bag in Box (CTP) 42,0 1000,0 1042,0

Fonte: Arquivo pessoal

Com base nos valores acima foram calculados os seguintes parâmetros estatísticos:

média, desvio padrão, limite inferior de controle (LIC), limite superior de controle (LSC),

limite superior de especificação (LSE), limite inferior de especificação (LIE) e capabilidade

do processo (CP). Para o cálculo da capabilidade do processo foi definido que a

rangeabilidade da especificação é igual a mais ou menos o valor máximo admissível (VMA)

das balanças utilizadas, que é equivalente a mais ou menos 0,2 kg. Na Tabela 6 são indicados

os valores dos parâmetros estatísticos mencionados acima para cada tipo de embalagem,esses

valores serão fundamentais na determinação do desperdício do processo manual que será

mencionado no capítulo seguinte.

Tabela 6 - Parâmetros estatísticos calculados (média, desvio padrão, LSC, LIC, LSE, LIE e CP) para

as amostras coletadas na linha de produção para Barrica, Bombona Plástica e Bag in Box.

Parâmetros estatísticos Barrica Bombona plástica Bag in Box (CTP)

Média 52,39 kg 209,5 kg 1042,74 kg

Desvio padrão 0,51 kg 0,58 kg 1,45 kg

Limite superior de controle (LSC) 53,93 kg 211,24 kg 1047,1 kg

Limite inferior de controle (LIC) 50,85 kg 207,76 kg 1038,8 kg

Limite superior de especificação (LSE) 52,4 kg 209,2 kg 1042,2 kg

Limite inferior de especificação (LIE) 52,0 kg 208,8 kg 1041,8 kg

Capabilidade do processo (CP) 0,13 0,12 0,05

Fonte: Arquivo pessoal

28

Segundo GONÇALEZ (2009) um processo aceitável tem capabilidade de processo

maior do que 1,0, no processo de envase manual nenhuma das embalagens atingiu esse valor

indicando a baixa capacidade do processo em atender a especificação. Em todos os casos é

possível observar que a média é maior do que o valor desejado no processo, isso indica para

um erro crônico da operação manual de envase que será mencionada abaixo.

As figuras 9, 10 e 11 abaixo mostrama distribuição dos dados e os parâmetros

estatísticos para cada tipo de embalagem estudada. Para contabilizar o tamanho do

desperdício, foi calculada a somatória dos erros individuais dos pesos amostrados, assim

como identificar a porcentagem de embalagens com excesso de peso.

Figura 9 - Controle estatístico de processo para a barrica contendo a média, limite superior de controle

(LSC), limite inferior de controle (LIC), limite superior de especificação (LSE), limite inferior de

especificação (LIE) e os valores amostrados (data).

Fonte: Arquivo pessoal

O impacto da imprecisão dos pesos das barricas para a empresa é significante, com

peso médio de 52,4 kg por embalagem, 0,2 kg acima do peso desejado, sendo que 68,9% das

barricas estavam com peso acima do desejado. A somatória dos erros resulta em um excesso

de 0,38% de produto por embalagem envasada no procedimento atual. Considerando a

produção anual de aproximadamente 2880 toneladas de produto em barrica esse desvio

50.50

51.00

51.50

52.00

52.50

53.00

53.50

54.00

1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56 61

Pe

so d

as b

arri

cas

(Kg)

número de amostras

CEP da embalagem: Barrica de 50 Kg

Média LSC LIC LSE LIE Data

29

operacional resulta na perda de10953,4 kilogramas de produto por ano. Considerando um

custo médio de 4 reais/ kg resulta no custo total de R$ 43.813,80.

Figura 10 - Controle estatístico de processo para a bombona contendo a média, limite superior de

controle (LSC), limite inferior de controle (LIC), limite superior de especificação (LSE), limite

inferior de especificação (LIE) e os valores amostrados (data).

Fonte: Arquivo pessoal

Realizando análise similar para as bombonas, com média de 209,5 kilogramas, 0,5

kilogramas acima do valor desejado, sendo 79,5% das embalagens com excesso de peso. A

somatória dos erros resulta em um excesso de 0,25% de produto por embalagem envasada no

procedimento atual. Considerando a produção anual de aproximadamente 5860 toneladas de

produto em bombona esse desvio operacional resulta na perda de 14334,5 kilogramas de

produto por ano, com um custo total de R$ 57.338,20.

207.00

207.50

208.00

208.50

209.00

209.50

210.00

210.50

211.00

211.50

212.00

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43

Pe

so d

as b

om

bo

nas

(K

g)

Número de amostras

CEP da embalagem: Bombona plástica 200 Kg

Média LSC LIC LSE LIE Data

30

Figura 11 - Controle estatístico de processo para o Bag in Box contendo a média, limite superior de

controle (LSC), limite inferior de controle (LIC), limite superior de especificação (LSE), limite

inferior de especificação (LIE) e os valores amostrados (data).

Fonte: Arquivo pessoal

O mesmo estudo estatístico foi realizado para a embalagem Bag in Box, os parâmetros

estatísticos foram graficados na figura 11, com peso médio igual a 1042,74 kilogramas, 0,74

kilogramas acima do valor desejado, sendo que 75,0% das embalagens continham excesso de

peso. A somatória dos erros resulta em um excesso de 0,074% de produto por embalagem

envasada no procedimento atual. Considerando a produção anual de aproximadamente 10800

toneladas de produto em Bag in Box (CTP) esse desvio operacional resulta na perda de 8010

kilogramas de produto por ano, com um custo total de R$ 32.040,00.

Comparando o peso médio dos três tipos de embalagem, todos mostraram que o

processo atual tende a errar por excesso de peso, com objetivo de identificar a causa desse

problema o autor fez uma análise em campo da operação. No local foi possível identificar que

o excedente se deve a operação cotidiana dos auxiliares de produção de fechar a válvula

durante o envase apenas quando visualizam o peso desejado no visor da balança, no entanto

uma pequena quantia de produto presente nas tubulações continuam a escoar para as

embalagens até o momento em que o auxiliar realiza a troca por uma embalagem vazia.

Um parâmetro importante a ser analisando é a capabilidade do processo atual de

1034.00

1036.00

1038.00

1040.00

1042.00

1044.00

1046.00

1048.00

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Pe

so d

o B

ag in

Bo

x (K

g)

Número de amostras

CEP da embalagem: Bag in Box (CTP)

Média LSC LIC LSE LIE Data

31

envase que sugere que a operação manual de envase atual não é capaz de atender as

especificações, uma vez que os valores são menores do que 0,13 distante de processos

capazes que tem capabilidade igual ou maior a 1,0 (GONÇALEZ, 2009). Outro meio de

analisar a capabilidade do processo é analisando o intervalo entre os limites de controle (LIC

e LSC). Para os três casos estudados o intervalo é maior do que o intervalo de especificação,

ou seja, uma parte dos pesos não atenderam a especificação do processo.

Comparando o erro entre os três tipos de embalagens, é possível comparar a precisão

da operação manual atual com o peso bruto da embalagem, comparação identificada na Figura

12.

Figura 12 - Correlação da precisão da operação pelo peso da embalagem

Fonte: Arquivo pessoal

Os valores plotados no gráfico da Figura 12 são os valores máximos (excesso de

produto) e mínimos (falta de produto) para cada tipo de embalagem estudada, há um grande

aumento da precisão no envase de 98,08% para as barricas de 50 kg para aproximadamente

99,7% kg para embalagens com volume acima de 200 kg (bombonas e bag in box). Essa

relação entre o peso bruto da embalagem com a precisão nos pesos, considerando que o

procedimento de envase é igual para os três tipos, é justificada pelo fato de 1 kilograma de

produto representar 2% do volume das barricas e apenas 0,1% do volume de um Bag in Box.

A Tabela 7 indica o desperdício total da operação manual de envase atual da empresa,

97.50%

98.00%

98.50%

99.00%

99.50%

100.00%

100.50%

101.00%

101.50%

102.00%

102.50%

0 200 400 600 800 1000

Pre

cisã

o d

o p

eso

Peso total da embalagem (Kg)

Precisão mínima Precisão máxima Valor desejado

Peso desejado

32

valor expressivo de R$ 133.192,00 por ano, equivalente a 33.297,9 kilogramas de produto.

Além desse expressivo montante, o presente trabalho não contabilizou os desperdícios

oriundos de derramamentos e valores atípicos devido a erros operacionais. Esse valor será

base para o cálculo do tempo de payback do projeto.

Tabela 7 - Desperdício de produtono envase, indicado em kilogramas e valor monetário por ano,

partindo do erro absoluto da operação manual de envase calculado para cada tipo de embalagem

Embalagem Erro absoluto

(%) Perda por excesso

(kg/ ano) Perda monetária por

excesso (R$/ano)

Barrica 0,380% 10953,4 R$ 43.813,8

Bombona 0,250% 14334,5 R$ 57.338,2

Bag in Box (CTP) 0,074% 8010,0 R$ 32.040,0

Total --- 33297,9 R$ 133.192,0

Fonte: Arquivo pessoal

4.3. Automação do envase

O design atual do envase é composto pelo tanque de finalização, ilustrado na figura 13

como TQ-01, a válvula pneumática atuada via PLC de fundo do tanque HV-01, a válvula

manual de recirculação HV-02, a válvula manual HV-03 para facilitar a limpeza do pré-filtro

FI-01, uma bomba pneumática BO-01, um filtro de linha FI-02, a válvula manual HV-04 e a

balança BA-01. Se trata de um sistema operado manualmente, uma vez que o operador

visualiza o peso na BA-01 e quando atingir o peso desejado fecha a válvula manual HV-04.

Outra variável manipulada pelo operador é a vazão da bomba, que por meio da atuação

manual na válvula HV-04 o operador determina a vazão de produto a ser envasado. Durante o

acompanhamento em campo foi observado grande divergência entre os auxiliares de envase

da empresa, alguns mantém a válvula parcialmente aberta enquanto que outros totalmente

aberta.

33

Figura 13 - Layout atual da empresa: tanque misturador (TQ-01), válvulas (HV-01, HV-02, HV-03 e

HV-04), filtros (FI-01 e FI-02), bomba (BO-01) e balança (BA-01).

Fonte: Arquivo pessoal

O projeto de automação visa sanar o problema com variação no peso, para isso foi

realizado um acompanhamento do procedimento realizado pelos operadores e foram

identificados as seguintes variáveis:

a) identificado que a maior dificuldade é fechar a válvula manual HV-04 e desligar a

bomba BO-01 no momento certo. Essa dificuldade faz com que o produto presente nas

tubulações e na mangueira utilizada escoe para a embalagem excedendo o peso, dados

apresentados no item acima do presente trabalho;

b) Cada operador criou uma técnica pessoal para aumentar a precisão dos pesos,

causando assim alta variação dos pesos entre operadores do mesmo setor;

c) Cada operador determinava a vazão desejada da bomba pneumática BO-01 e também

na atuação na válvula HV-04, como descrito acima;

a. Altas vazões podem causar rompimento do elemento filtrante inserido no FI-

02, formação excessiva de espuma, arraste de impurezas, elevada

pressurização do sistema de filtragem, etc.

b. Baixas vazões prejudicam o tempo total do processo, afetando diretamente a

produtividade do setor;

d) Variação entre os operadores do procedimento de tara da balança, alguns taravam o

sistema a cada embalagem preenchida outros taravam com mangueiras e outros

aparatos apoiados nas embalagens, apesar do procedimento operacional exigir a tara

da balança a cada embalagem envasada;

34

A solução para os problemas identificados acima é a implementação da automação na

válvula HV-04 da figura 13, removendo a principal fonte de variabilidade do processo:

interferência humana. Na Figura 14 sugere-se a utilização de todos os equipamentos já

utilizados atualmente na empresa com adição de uma válvula pneumática HV-05. A

automação será definida por meio da comunicação do sinal indicado na balança BA-01 com

um painel controlador, por meio do cálculo diferencial do valor medido com o set-point o

controlador emite um sinal para atuar fechando a válvula pneumática HV-05 com

antecedência (delay) a ser determinado para garantir precisão nos pesos. No fluxograma

também sugere-se o controle da vazão da bomba pneumática pelo controlador, garantindo a

padronização da vazão definida para remover a interferência humana. Para garantir a

segurança da operação automática, inicialmente o controlador irá desligar a bomba com um

delay maior do que o tempo determinado para o fechamento da válvula HV-05, com a

finalidade de evitar a pressurização da tubulação. O projeto mantêm a válvula manual HV-04

para facilitar a operação, ou em caso de falha do sistema de automação o operador conseguir

operar manualmente. Todas as propostas de alteração para a automação do sistema indicado

na Figura 13 estão destacadas em vermelho na Figura 14 que segue:

Figura 14 - Fluxograma com automação do sistema de envase: tanque misturador (TQ-01), válvulas

(HV-01, HV-02, HV-03, HV-04 e HV-05), filtros (FI-01 e FI-02), bomba (BO-01), balança (BA-01),

controlador (WC), transmissor (WT), set-point (SP) e indicador (WI).

Fonte: Arquivo pessoal

35

O funcionamento do sistema ilutrado na Figura 14 se baseia na seguinte lógica, o

indicador de peso (WI) transmite a informação para o transmissor (WT) que repassa o valor

para o controlador (WC) que compara com um set-point (valor digitado no painel pelo

operador) e emite um sinal que atua sobre o elemento final de controle (HV-05) por meio de

um atuador pneumático. Além do controle da válvula, o controlador iráemitir um sinal elétrico

que será convertido em um sinal pneumático por meio de um solenóide para atuarna vazão da

bomba BO-01. Com a implementação desse sistema, não haverá influência humana nas

variáveis do processo de envase (peso da embalagens e vazão da bomba) o que irá reduzir

significativamente as chances de erro operacional e consequentemente redução dos custos

com retrabalho e derramamentos.

Para determinar o tempo de payback do projeto, iremos considerar o erro máximo do

processo futuro como sendo igual a 99,9%, assumindo a pior situação possível, em que todos

os erros de 0,1% são para excesso de produto. Durante operação normal após a

implementação do sistema os valores mássicos devem ter a média dos pesos próximo ao valor

desejado (set-point) com flutuação de valores em mais ou menos 0,1% do valor desejado, ou

seja, a somatória dos erros ficará próxima a zero.

4.4. Custo do projeto de automação do envase e tempo de payback

Para analisar a viabilidade do projeto, na Tabela 8 é apresentado o orçamento médio

para implementar o sistema de automação para um sistema de envase. O orçamento foi

realizado partindo das seguintes premissas:

a) A lista de instrumentos na Tabela 8 contempla a automação de apenas um sistema de

envase;

b) O levantamento de custo foi baseado na cotação de Setembro de 2018;

c) O valor de contingência foi de 20% do valor do projeto;

d) A somatória do erro do sistema com automação foi assumido como sendo igual a 0,1%

de excesso em todas as embalagens, ou seja, pior situação possível para o projeto

futuro que será implementado;

36

Tabela 8 - Custo médio do projeto de automação

Descrição do instrumento Unidades Preço médio

Válvula esfera 2'' aço inox 304 1 R$ 302,00

Transmissor de sinal 1

R$ 4.000,00 Controlador – PLC 1

Cabeamento elétrico

Atuador pneumático para válvula 2'' 1 R$ 310,00

Atuador para ar comprimido 1 R$ 276,00

Válvula esfera 3/4'' aço inox 304 1 R$ 185,00

Mão de obra 1 R$ 2.000,00

Contingência (20%) R$ 1.414,60

Total R$ 8.487,60

Fonte: Arquivo pessoal

Para implementação na empresa Wana Química que contém 5 sistemas de envase em

sua planta em Jacareí, o valor total para implementação do projeto seria de R$ 42.438,00. Para

argumentar a implementação do sistema de automação no envase, segue abaixo o cálculo do

tempo payback, ou seja, tempo necessário para o projeto pagar seu próprio investimento.

Com base na premissa de que o projeto futuro terá excesso de peso nas embalagens em

0,1%, para o pior dos casos, segue na Tabela 9 o total de desperdício em kilograma para cada

de embalagem e o total desperdiçado em um ano.

Tabela 9 - Desperdício do projeto automatizado por embalagem e anualizado

Embalagem Desperdício em cada

embalagem (kg) Perda por excesso

(kg/ ano) Perda monetária por

excesso (R$/ano)

Barrica 0,05 2880,00 R$ 11.520,00

Bombona 0,20 5760,00 R$ 23.040,00

Bag in Box (CTP) 1,00 10800,00 R$ 43.200,00

Total --- 19440,00 R$ 77.760,00

Fonte: Arquivo pessoal

A Tabela 9 mostra que com o processo automatizado, no pior dos casos terá R$

77.760,00 de desperdício com excesso de produto nas embalagens, valor que será utilizado no

cálculo do tempo de payback do projeto.

37

𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 (𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠) = 42.438,00

11.099,33 − 6.480,00= 9,18 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠

Portanto, o projeto de automação dos 5 sistemas de envase da empresa Wana Química

irá retornar o valor investido em aproximadamente 9,18 meses de uso. Esse valor indica

elevado retorno financeiro para a empresa devido ao grande desperdício que o processo atual

gera, além de ter utilizado como desperdício futuro a pior situação em que todas as

embalagens envasadas na fábrica fiquem com excedente de produto igual a 0,1%, equivalente

ao erro máximo do sistema com automação. Em condições normais, o projeto futuro terá

desperdício próximo a zero, sendo que os erros por excesso de até 0,1% irão balancear com os

erros por falta de produto.

38

5. Conclusão

O desenvolvimento do presente projeto possibilitou uma análise criteriosa da operação

manual de envase na empresa Wana Química, as duas principais variáveis que foram

analisadas em campo que influenciam no processo são a vazão e ofechamento da válvula

manual HV-04 dos fluxogramas acima. Para identificar a precisão da operação manual o

trabalho amostrou e realizou o controle estatístico de processo para as três principais

embalagens utilizadas pela empresa: barrica com capacidade de 50 kilogramas, bombona

plástica com capacidade de 200 kilogramas e Bag in Box (CTP) com capacidade de 1000

kilogramas, todas apresentaram capabilidade inferior a 0,13 sugerindo que o processo não é

capaz de envasar no peso desejado.

Ao analisar o procedimento utilizado pelos operadores foi constatado um erro

absoluto, que apresentou um valor positivo, ou seja, a operação estava colocando produto em

excesso. Por meio do erro absoluto e do volumeprodutivo médio anual da empresa

determinou-se o desperdício anual de 33.297,9 kilogramas de produto que é equivalente a um

desperdício de R$ 133.192,00.

O projeto para automação de todos os sistemas contemplando uma contigência de 20%

irá custar aproximadamente R$ 42.438,00, considerando sua implementação nos cinco

sistemas de envase.O tempo de payback estimado para o projeto foi inferior a 10 meses, valor

que indica a elevada viabilidade e baixo tempo de retorno financeiro do projeto. Além da

elevada rentabilidade, o projeto irá agregar no aumento significativo da segurança durante a

operação e a redução das não-conformidades no envase, tais como: rompimento de filtros ou

aeração excessiva do produto.

A implementação do projeto proposto como resultado deste estudo irá reduzir uma

grande fonte de desperdício do processo, proporcionando maior competitividade dos produtos

no mercado. Além de ser um trabalho base para outras empresas visualizarem a importância e

elevada taxa de retorno de projetos que visam a implementação de sistemas de automação em

seus sistemas de envase ou até mesmo de outras operações manuais essesnciais para seus

processos.

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ANEXO A