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Helder Zaluth Barbalho

Governador do Estado do Pará

Jarbas Vasconcelos do Carmo

Secretário Extraordinário para Assuntos Penitenciários

Superintendente do Sistema Penitenciário

João Claudio Tupinambá Arroyo

Diretor da Escola de Administração Penitenciária

Fábia Jacqueline da Silva Miranda

Coordenação de Educação em Serviços Penais (em exercício)

Tatiana Cordeiro de Jesus

Coordenação de Apoio Pedagógico

Vanda da Consolação Fernandez

Coordenação de Planejamento e Pesquisa

Sergio Ricardo Nunes Lustosa de Aragão

Secretário da Diretoria

Equipe Técnica Administrativa

André Silva de Oliveira

Adriana Rodrigues Caxias

Ana Rita de Nazaré Sarmento Bezerra

Anderson Marcel Souza Cals

Fernanda Carolina Matos Ferreira

Cleice Kelen Favacho da Rocha

Cleidy da Silva Lima

Gerson Haroldo Nobrega Barbosa

José Alvanderly Mesquita

Marcelo Sergio Genu Lima

Oberdan Pacheco Damasceno Silva

Renan Moraes de Araújo

Renata Maia Damasceno

Telma Maria Medeiros de Lima

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CURSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

PROFESSORES CONTEUDISTAS

FUNDAMENTOS JURÍDICOS DA RESPONSABILIZAÇÃO CRIMINAL

Andressa Nery Lamarão – Advogada na Superintendência do Sistema Penitenciário

do Pará – SUSIPE. Docente do Instituto de Ensino de Segurança do Pará.

ETICA, POSTURA PROFISSIONAL E RELAÇÕES INTERPESSOAIS

Profa. Veridiana Valente Pinheiro Castro

Graduação em Letras - Habilitação Língua Portuguesa pela Universidade Federal do

Pará

Mestrado em Teoria Literária

Doutora em Letras: Linguística e Teoria Literária

Membro do projeto de pesquisa Narrativa de Resistência: Formas, Performances e

Trajetos na Amazônia

Docente da Universidade da Amazônia (UNAMA)

DIREITOS HUMANOS NO CÁRCERE

Mário Célio da Silva Morais - Mestrando em Direitos Fundamentais/UNAMA. Curso

Superior Bacharel em Direito/Estácio. Especialização em Processo civil/LFG.

Especialização em Ciências Criminais/Estácio. Formação Técnica em Segurança do

Trabalho/Senac. Imobilizações Táticas. CATI/SWAT. Curso de operações na selva

Fuzileiros Navais. Patrulhamento Tático/Policia Militar

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SUMÁRIO

Apresentação ................................................................................................................................. 03

Informações do Professor Conteudista ...................................................................................... 04

Disciplina: Fundamentos Jurídicos da Responsabilização Crimina.......................................... 05

Disciplina: Direitos Humanos no Cárcere................................................................................... 06

Disciplina: Ética, Postura Profissional e Ralações Interpessoais.............................................. 07

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APRESENTAÇÃO Bem vindos/as à Susipe!

O Curso de Formação Profissional do concurso C-204 é mais uma porta de entrada para novos

servidores permanentes do Sistema Penitenciário no Estado do Pará e muito nos orgulha ter merecido sua

escolha em partilhar conosco o desafio de aperfeiçoá-lo cotidianamente.

O Govenador Helder Barbalho nos lidera na implementação de uma nova Doutrina de Segurança

baseada, de um lado, na garantia e ampliação do acesso aos direitos básicos de saúde, educação, cultura,

esporte, moradia e trabalho, principalmente para as famílias dos territórios mais vulneráveis à violência urbana.

De outro, na preparação dos profissionais do Sistema em um patamar elevado de combate e inteligência contra a

criminalidade, particularmente para o efetivo e ostensivo enfrentamento das organizações criminosas.

Este desafio, que em última instância está sustentado pelo inarredável compromisso de garantir

segurança pública à Sociedade como um todo, exige de cada um de nós, a consciência de que só será vencido se

avançarmos significativamente na Reinserção Social, a partir da garantia de oportunidades e da disciplina

restauradora da cidadania, esta é a missão do Sistema Penitenciário.

Neste sentido, os servidores precisam desenvolver a competência e a consciência de sua

responsabilidade individual e coletiva, desde as funções de suporte até as de combate, entendendo que estas se

complementam e formam uma cadeia de procedimentos interdependentes, daí a importância da capacidade de

trabalho em equipe.

As disciplinas que compõem o Eixo Introdutório, visam contextualizar os desafios do Sistema

Penitenciário. Conhecimentos fundamentais que deverão ser aperfeiçoados e atualizados ao longo da vida

funcional de cada servidor.

Aqui, apresentamos os Textos-base de cada disciplina, referência aos docentes enquanto conteúdo

mínimo a ser ministrado e, aos candidatos/as enquanto referência de conteúdo a partir do qual serão avaliados.

No mais, permanecemos à disposição através da EAP (Escola de Administração Penitenciária) para

juntos fazermos deste momento impar um momento de realização e sucesso pata todos e todas.

Belém, julho de 2019

Jarbas Vasconcellos do Carmo

Secretário Extraordinário para Assuntos Penitenciários do Estado do Pará

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DISCIPLINA: FUNDAMENTOS JURÍDICOS DA

RESPONSABILIZAÇÃO CRIMINAL

Carga Horária: 12h

Nível Médio

Eixo: Introdutório

Professor Conteudista: Andressa Nery Lamarão – Advogada na Superintendência do

Sistema Penitenciário do Pará – SUSIPE. Docente do Instituto de Ensino de Segurança do

Pará.

OBJETIVO DA DISCIPLINA: Ampliar conhecimentos de cunho sociológico sobre a história

das prisões a fim de possibilitar uma percepção das mudanças e transformações do

processo de

aprisionamento ao longo do tempo. a) Responsabilização criminal, respostas institucionais

alternativas à prisão e outros mecanismos de solução de conflitos. b) Teorias da punição e

penas: restritiva de direitos, privativa de liberdade e multa. c) Sociedade Brasileira e

prisões; o fenômeno do encarceramento massivo no Brasil contemporâneo. d) Sistema de

Justiça Penal. e) Lei de Execução Penal (LEP)

CONTEUDO PROGRAMÁTICO

I) RESPONSABILIZAÇÃO CRIMINAL, RESPOSTAS INSTITUCIONAIS ALTERNATIVAS À PRISÃO E

OUTROS MECANISMOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS.

II) TEORIAS DA PUNIÇÃO E PENAS: RESTRITIVA DE DIREITO, PRIVATIVA DE LIBERDADE E

MULTA ;

III) SOCIEDADE BRASILEIRA E PRISÕES; O FENÔMENO DO ENCARCERAMENTO MASSIVO NO

BRASIL CONTEMPORÂNEO.

IV) SISTEMA DE JUSTIÇA PENAL.

V) LEI DE EXECUÇÃO PENAL (LEP).

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I – RESPONSABILIZAÇÃO CRIMINAL

Responsabilização Criminal é o dever jurídico de responder pela ação delituosa que

recai sobre o agente imputável. Entretanto, cabe esclarecer o que seria a imputabilidade.

A imputabilidade está relacionada a capacidade civil da pessoa que praticou o ato

definido como crime. Seria a capacidade de entender o que está fazendo e de poder

determinar se, de acordo com esse entendimento, será ou não legalmente punida. Essa

capacidade pode ser absoluta ou relativa.

Absoluta: não importam as circunstâncias, o indivíduo definido como "inimputável" não

poderá ser penalmente responsabilizado por seus atos.

Ex: Menor de 18 anos.

Relativa: o indivíduo pertencente a certas categorias definidas em lei poderá ou não ser

penalmente responsabilizado por seus atos, dependendo da análise individual de cada

caso na Justiça, segundo a avaliação da capacidade do acusado, as circunstâncias

atenuantes ou agravantes, as peculiaridades do caso e as provas existentes.

Ex: Doença mental (crônica ou transitória);

Com o cometimento de um delito, uma pessoa considerada putável será

submetida a uma pena. Ao inimputável será aplicada uma medida de segurança, medida

esta que visa impedir o provável retorno ao crime sem caráter aflitivo, mas de índole

assistencial, preventiva e recuperatória.

A Constituição estabelece formas distintas de responsabilização pela prática de

condutas definidas em Lei como crime. O artigo 5º, XXXIX, da Constituição molda o sistema

jurídico-penal a partir do princípio da legalidade, fixando a pena como resposta ao ilícito -

"[...] não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal."

(BRASIL, 1988, art. 5º).

Como consequência da prática de um delito, a pena tem como destinatário o

sujeito capaz. A personificação do ilícito impõe e limita a sanção: "[...] nenhuma pena

passará da pessoa do condenado [...]" (BRASIL, 1988, art. 5º).

Observa-se assim que nossa Constituição nos mostra dois princípios para a

Responsabilização Criminal, Legalidade e Pessoalidade, ou seja, para cada crime uma pena

definida em lei, pena essa que não pode passar da pessoa do condenado.

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1. Respostas Institucionais Alternativas à Prisão

Desde 2011 a dinâmica adotada pelo Código de Processo Penal é distinta, pois a

liberdade é a regra e a prisão é a exceção. Antes de 2011 era diversa pois primeiro eram

analisados os elementos relativos a decretação da prisão, caso não estivessem presentes

esses requisitos, seria concedida a liberdade. A alteração se deu com a alteração pela Lei

12.403/2011, através do artigo 319 do Código de Processo Penal.

Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:

I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz,

para informar e justificar atividades; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por

circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante

desses locais para evitar o risco de novas infrações; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de

2011).

III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por

circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer

distante; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente

ou necessária para a investigação ou instrução; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o

investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de

2011).

VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza

econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de

infrações penais; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com

violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-

imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; (Incluído pela Lei nº

12.403, de 2011).

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VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos

do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada

à ordem judicial; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

IX - monitoração eletrônica. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 4o A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste

Título, podendo ser cumulada com outras medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº 12.403,

de 2011).

As medidas cautelares podem ser aplicadas isoladamente ou cumulativamente. É

possível ainda que elas sejam revogadas e posteriormente decretadas.

Há ainda as medidas cautelares previstas na Lei 11.340/2006 – Lei Maria da Penha.

Encontramos no artigo 22 da referida Lei as medidas impostas ao agressor, quais

sejam:

Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos

termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou

separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:

I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão

competente, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 ;

II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;

III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:

a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite

mínimo de distância entre estes e o agressor;

b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de

comunicação;

c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e

psicológica da ofendida;

IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe

de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;

V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.

§ 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas

na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o

exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público.

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§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições

mencionadas no caput e incisos do art. 6º da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o

juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de

urgência concedidas e determinará a restrição do porte de armas, ficando o superior

imediato do agressor responsável pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena

de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso.

§ 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz

requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial.

§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no

caput e nos §

§ 5º e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo

Civil).

As medidas impostas ao ofendido como forma de resguardarem os seus direitos

estão previstas no artigo 23:

Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:

I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário

de proteção ou de atendimento;

II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo

domicílio, após afastamento do agressor;

III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos

relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;

IV - determinar a separação de corpos.

A aplicação das medidas da referida lei será feita de maneira complementar as

medidas previstas no Código de Processo Penal.

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II – TEORIAS DA PUNIÇÃO E PENAS

Para que se possa conceituar a finalidade da pena, utiliza-se três grupos de teorias,

cada qual com seu grau de punição:

Teoria Absoluta – a pena é um castigo e uma conseqüência pelo crime realizado,

não possuindo qualquer outro desiderato, senão ser um fim em si mesma, e por aplicar as

sanções previstas na legislação, é considerada como uma forma de fazer justiça

Teoria Relativa – possui uma pretensão diversa da anterior, e têm por objetivo a

prevenção de novos delitos, ou seja, busca obstruir a realização de novas condutas

criminosas; impedir que os condenados voltem a delinqüir.

Teoria Mista – também conhecida como unificadora ou eclética, aderiu às outras

duas teorias, possuindo dois interesses, o primeiro retribuir ao condenado o mal causado,

e o segundo prevenir que o condenado e a sociedade busquem o cometimento de novas

condutas criminosas.

A pena tem por objetivo punir o condenado, retribuindo a este o mal causado em

decorrência de seu delito, simultaneamente a pena objetiva a prevenção de novas

condutas delituosas, fazendo com que o criminoso não realize novas condutas ilícitas, bem

como, que a própria sociedade tenha receio em desobedecer a legislação penal, logo,

concluir-se-á que mesmo havendo os três grandes grupos de penas indicadas, o

ordenamento jurídico brasileiro é adepto da teoria mista.

A – Penas Restritivas de Direito

As penas restritivas de direitos são (art.43 CP):

Prestação Pecuniária — é uma quantia fixada pelo juiz, entre 1 e 360 salários

mínimos, a ser paga em dinheiro à vítima, seus dependentes, entidades públicas ou

privadas de destinação social. Havendo aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária

pode ser de outra natureza (art. 45 §§1° e 2° CP);

Perda de Bens e Valores — é a perda em favor do Fundo Penitenciário Nacional

dos bens e valores pertencentes ao condenado em razão da prática do crime, nela sendo

incluída a maior quantia entre o prejuízo ou o provento obtido pelo agente ou por terceiro

(art.45, §3° CP);

Prestação de Serviços à Comunidade ou a Entidades Públicas — consiste no

cumprimento de tarefas gratuitas de acordo com a aptidão do condenado na razão de 1

hora de trabalho por 1 dia de condenação em entidades comunitárias ou estatais, como

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escolas, hospitais e orfanatos. O tempo mínimo de condenação para substituição por

prestação de serviços à comunidade é de 6 meses, podendo a condenação superior a 1

ano ser cumprida em tempo inferior ao previsto na sentença, desde que não menor que a

metade da pena privativa de liberdade aplicada (art.46 e §§ 1°, 2°, 3° e 4° CP);

Interdição Temporária de Direitos — consiste em proibições específicas que se

relacionam com a natureza do crime que o agente foi condenado, como (art.47 CP):

I — proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como do

mandato eletivo;

II — proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de

habilitação especial, de licença ou autorização do poder público;

III — suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo;

IV — proibição de frequentar determinados lugares;

Limitação de Fim de Semana — é a permanência aos sábados e domingos por 5

horas diárias em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado, em que poderão

ser ministradas palestras ou outras atividades educativas (art.48 e parágrafo único CP).

A conversão da pena restritiva de direito em privativa de liberdade ocorre nas

hipóteses de descumprimento injustificado da restrição imposta ou de nova condenação

por outro crime, na forma dos §§ 4º e 5º do art. 44 do CP.

B – Penas Privativas de Liberdade

As penas privativas de liberdade são as que serão cumpridas nos Regimes fechado,

semiaberto e aberto (arts. 33 a 37 do CP).

Súmula Vinculante nº 56 do STF: A falta de estabelecimento penal adequado não

autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se

observar, nesta hipótese, os parâmetros fixados no Recurso Extraordinário (RE) 641320”

C – Multa

A multa como pena é o pagamento feito pelo condenado ao fundo penitenciário

nacional (art. 49 do CP).

A pena de multa vem expressamente prevista no tipo penal (princípio da

legalidade) de forma alternativa ou de forma cumulativa à pena privativa de liberdade.

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Ex: Art. 168 do CP. Apropriar-se de coisa alheia móvel de que tenha a posse ou a detenção:

Pena — reclusão, de 1 a 4 anos, e multa).

Art. 163 do CP. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Pena — detenção, de 1 a 6

meses, ou multa)

A pena de multa pode ser ainda substitutiva da pena privativa de liberdade (art.58,

parágrafo único c/c art. 44, §2° CP):

Para crimes dolosos cuja pena seja igual ou inferior a 1 ano;

Para crimes culposos ou dolosos cometidos sem violência ou grave ameaça, quando a

pena for maior de 1 ano e não superior a 4 anos, cumulada com pena restritiva de direitos.

Após o trânsito em julgado a pena de multa transforma-se em dívida de valor, não

podendo ser convertida em pena privativa de liberdade (art.51 CP).

IV) ENCARCERAMENTO BRASILEIRO

No que tange ao encarceramento Brasileiro, possuímos a 3º Maior População

Carcerária do mundo.

Segundo estudo divulgado em 10 de Setembro de 2018 pela Pastoral Carcerária, o

Brasil possui mais de 725 mil pessoas presas, ficando atrás apenas da China (1,6 milhão) e

dos EUA (2,1 milhão) em população carcerária. As prisões do país têm uma taxa de

ocupação de 200% – ou seja, elas têm capacidade para receber somente a metade do

número de presos.

O aumento da taxa de encarceramento é tão intensa que o quadro de

superlotação, na verdade, tende a se agravar, a despeito dos muitos presídios inaugurados

regularmente e que, na realidade, só fazem fomentar ainda mais a banalização das

prisões.

De acordo com especialistas, o Brasil deve diminuir o número de presos para evitar

tragédias como rebeliões e mortes de detentos e agentes de segurança em cadeias. Entre

as medidas estão a diminuição de presos provisórios que cometeram crimes sem

gravidade e que poderiam esperar pelo julgamento em liberdade.

Ainda com base nos dados fornecidos pela pesquisa realizada pela Pastoral

Carcerária, quase metade dos 725 mil detentos brasileiros não têm condenação definitiva,

mais da metade estão presos por crimes não violentos e mais de 70% estão nas

penitenciárias devido a crimes contra o patrimônio ou pequeno comércio ilegal de drogas.

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Outra medida seria a aplicação de mais penas alternativas, que atualmente são

previstas para condenações de até quatro anos e não são aplicadas com muita frequência

em casos envolvendo o tráfico de drogas. Além da revisão da Lei de Drogas de 2006, que é

uma das principais responsáveis pela superlotação das prisões brasileiras pelo fato de

endurecer as penas para pequenos traficantes que nem sempre representam perigo à

sociedade.

V) SISTEMA DE JUSTIÇA PENAL

O sistema de justiça penal abrange órgãos dos Poderes Executivo e Judiciário em

todos os níveis da Federação. O sistema se organiza em três frentes principais de atuação:

segurança pública, justiça criminal e execução penal. Ou seja, abrange a atuação do poder

público desde a prevenção das infrações penais até a aplicação de penas aos infratores. As

três linhas de atuação relacionam-se estreitamente, de modo que a eficiência das

atividades da Justiça comum, por exemplo, depende da atuação da polícia, que por sua vez

também é chamada a agir quando se trata do encarceramento – para vigiar externamente

as penitenciárias e se encarregar do transporte de presos, também à guisa de exemplo.

Os órgãos de Justiça criminal no Brasil organizam-se nos níveis federal e estadual:

juízes federais, Tribunais Regionais Federais, Ministério Público Federal e Defensoria

Pública da União, no primeiro caso, e juízes estaduais, Tribunais de Justiça, Ministérios

Públicos e Defensorias Públicas Estaduais, no último.

As competências de cada um destes órgãos são ditadas pela Constituição Federal e

pelas legislações específicas, como as leis estaduais de organização judiciária.

O Poder Judiciário no âmbito federal é composto pelas justiças especializadas –

Justiça do Trabalho, eleitoral e militar e Justiça comum, constituída pelos juízes federais e

pelos Tribunais Regionais Federais.

Os juízes de direito, em primeira instância, e os Tribunais de Justiça, em segunda

instância, integram o Poder Judiciário nos estados.

Os Tribunais de Justiça Estaduais atuam por meio das varas criminais, Juizados

Especiais Criminais e tribunais do júri. O número e a distribuição das varas criminais, das

varas não-especializadas que tratam das causas relacionadas a crimes, das varas de

execução penal e dos juizados especiais e tribunais do júri são determinados pela lei de

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organização judiciária de cada estado, complementada pelo regimento interno do Tribunal

de Justiça Estadual.

VI) LEI DE EXECUÇÃO PENAL – LEP – LEI Nº7.210, DE JUNHO DE 1982.

Art. 1o: “A execuc ão penal tem por objetivo efetivar as disposic ões de sentenc a ou

decisão criminal e proporcionar condic ões para a harmo nica integrac ão social do

condenado e do internado”.

Art. 2o: “A jurisdic ão penal dos u zes ou ribunais de ustic a, em todo o erritório

acional, será exercida no processo de execuc ão, na conformidade desta ei e do ódigo

de rocesso enal arágrafo nico Esta ei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e

ao condenado pela Justic a Eleitoral ou ilitar, quando recolhido a estabelecimento sujeito

jurisdic ão ordinária”.

1 –

ER E A A

REMIC E E A

R GRE E REG E

A A E R R A

REGRE E REG E

LIVRAMENTO CONDICIONAL

INDULTO

COMUTAC E E A

1.1 –

Art. 120. s condenados que cumprem pena em regime fechado ou semiaberto e

os presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante

escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos:

I – falecimento ou doenc a grave do co njuge, companheira, ascendente, descendente ou

irmão;

II – necessidade de tratamento m dico (parágrafo nico do artigo 14)

Pa . A permissão de sa da será concedida pelo diretor do estabelecimento

onde se encontra o preso.

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1.2 – REMIC

Art. 126. condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto

poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execuc ão da pena

1o A contagem do tempo para o fim deste artigo será feita razão de:

1 (um) dia de pena por 3 (tre s) de trabalho;

1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de freque ncia escolar;

§ 4o O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos,

continuará a beneficiar-se com a remic ão;

6o condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto, e o que usufrui

liberdade condicional poderá remir pela freque ncia, a curso de ensino regular ou de

educac ão profissional, parte do tempo da execuc ão da pena ou do per odo de prova

Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar at 1 3 (um terc o) do tempo

remido, observado o disposto no art. 57, recomec ando a contagem a partir da data da

infrac ão disciplinar

Em 2011 a Lei 12.433, surge com modificac ões ei de Execuc ão enal ao instituto da

remic ão onde se acrescentou que:

O tempo a remir em func ão das horas de estudo será acrescido de 1 3 (um terc o) no

caso de conclusão do ensino fundamental, m dio ou superior durante o cumprimento da

pena, desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educac ão

Possibilidade de acumulac ão dos casos de remic ão – trabalho + estudo -, desde que

exista compatibilidade das horas diárias (art 126, 3o, E )

1.3 –

Art. 112: A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a

transfere ncia para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso

tiver cumprido ao menos um sexto (1 6) da pena no regime anterior e ostentar bom

comportamento carcerário (requisito objetivo mais subjetivo), comprovado pelo diretor do

estabelecimento e dois quintos (2 5) para crimes hediondos, sendo r u primário e tre s

quintos (3/5) se for reincidente.

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1.4 –

Art. 122. s condenados que cumprem pena em regime semiaberto poderão obter

autorizac ão para sa da temporária do estabelecimento, sem vigila ncia direta, nos seguintes

casos:

I - visita fam lia;

II - frequ e ncia a curso supletivo profissionalizante, bem como de instruc ão do 2o grau ou

superior, na omarca do u zo da Execuc ão;

III - participac ão em atividades que concorram para o retorno ao conv vio social

Obs.1: Com a alterac ão da E , ocorrida em 2010, todos os internos, no momento da sa da

temporária, deverão ser submetidos ao monitoramento eletro nico para fins de controle

extramuros bs 2: intervalo entre uma sa da temporária e outra deve ser, no m nimo,

de 45 dias.

bs 3: A somatória das sa das temporárias durante 01(um) ano, não poderão ultrapassar

35 dias.

1.5 –

Art. 118: A execuc ão da pena privativa de liberdade ficará sujeita forma

regressiva, com a transfere ncia para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o

condenado:

I – Praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;

II – Sofrer condenac ão, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em

execuc ão, torne incab vel o regime.

1.6 – LIVRAMENTO CONDICIONAL

um benef cio previsto no art 3 do ódigo enal, ao preso condenado que: -

Cumpre 1/3 da pena para crime comum;

- Cumpre 2/3 da pena para crime hediondo;

- Cumpre metade da pena para o reincidente.

Reincidente: aquele que comete outro crime após ter sido condenado por crime

anterior.

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1.7 – INDULTO

Ato privativo do residente da Rep blica, atrav s de decreto, publicado sempre ao

final de cada ano, onde se tem “perdoada” a pena imposta pelo Estado, respeitando alguns

requisitos.

1.8 – COMUTAC

erdão de parte da pena, na frac ão de 1 4, se não reincidente e 1 5 se reincidente,

respeitando alguns requisitos.

2 – DIREITOS E DEVERES DA PESSOA PRESA:

2.1 – DIREITOS (Art. 41 – LEP):

I - alimentac ão suficiente e vestuário;

II - atribuic ão de trabalho e sua remunerac ão;

III - Previde ncia Social;

IV - constituic ão de pec lio;

V - proporcionalidade na distribuic ão do tempo para o trabalho, o descanso e a recreac ão;

- exerc cio das atividades profissionais, intelectuais, art sticas e desportivas anteriores,

desde que compat veis com a execuc ão da pena;

VII - assiste ncia material, sa de, jur dica, educacional, social e religiosa;

VIII - protec ão contra qualquer forma de sensacionalismo;

IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;

X - visita do co njuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados; XI -

chamamento nominal;

- igualdade de tratamento salvo quanto s exige ncias da individualizac ão da pena;

XIII - audie ncia especial com o diretor do estabelecimento;

XIV - representac ão e petic ão a qualquer autoridade, em defesa de direito;

XV - contato com o mundo exterior por meio de corresponde ncia escrita, da leitura e de

outros meios de informac ão que não comprometam a moral e os bons costumes

– atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da

autoridade judiciária competente

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2.2 – DEVERES (Art. 39 – LEP):

Comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentenc a;

Obedie ncia ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se;

Urbanidade e respeito no trato com os demais condenados;

onduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão

ordem ou disciplina;

Execuc ão do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;

ubmissão sanc ão disciplinar imposta;

Indenizac ão v tima ou aos seus sucessores;

Indenizac ão ao Estado, quando poss vel, das despesas realizadas com a sua

manutenc ão;

Higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;

Conservac ão dos objetos de uso pessoal.

3 – DISCIPLINA (Art. 44 e seguintes):

A disciplina consiste na colaborac ão com a ordem, na obedie ncia s determinac ões

das autoridades e seus agentes e no desempenho do trabalho.

Estarão sujeitos disciplina os presos condenados e o preso provisório.

poder disciplinar será exercido pela autoridade administrativa a que estiver sujeito o

condenado.

4 – FALTAS DISCIPLINARES

: Previstas no Regimento Interno da SUSIPE (arts: 29 e 30)

Graves: art. 50 da LEP.

As faltas graves, mesmo que de forma tentada, ou seja, não tenha sido

concretizada de forma plena, deverão ser apuradas e punidas.

obrigatório a instaurac ão do -PDP para

apurar as faltas graves praticadas pelos presos Após a instaurac ão do , a autoridade

administrativa comunicar o Juiz da Execuc ão enal, comunicando o fato e o

isolamento preventivo de 10 dias, se ocorreu a necessidade deste ltimo

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4.1 – Faltas graves (art. 50 da LEP)

I. Incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina;

II. Fugir/evadir-se;

III. Possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade f sica de outrem;

IV. Provocar acidente de trabalho;

V. Descumprir, no regime aberto, as condic ões impostas;

VI. Deixar de prestar obedie ncia ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva

relacionar-se;

VII. Deixar de executar o trabalho, as tarefas e as ordens recebidas;

VIII. Tiver em sua posse, utilizar, fornecer ou ocultar aparelho telefo nico, de rádio ou similar,

que permita a comunicac ão com outros presos ou com o ambiente externo;

5 – SANC

As sanc ões que poderão colocar em perigo a integridade f sica e moral do preso

são proibidas pela E endo vedado o emprego de cela escura e sanc ões coletivas (art

45 §1o)

De acordo com o art. 53 da LEP, as sanc ões disciplinares são:

Adverte ncia verbal;

Repreensão;

Suspensão ou restric ão de direitos;

solamento na própria cela ou em local adequado ( onselho isciplinar)

nclusão no Regime isciplinar iferenciado – RDD;

erda de at 1 3 (um terc o) do tempo remido;

6 – RECOMPENSAS

Elogio;

Concessão de regalias;

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REFERÊNCIAS

FRAGOSO, Heleno Cláudio, Lições de Direito Penal - A Nova Parte Geral, 7ª ed., Rio de

Janeiro, Forense, 1985, p. 203 apud Rodolfo Pamplona Filho "Responsabilidade civil do

empregador por ato do empregado". Jus Navegandi, novembro de 2000.

CARNELUTTI, Francesco, Lições Sobre o Processo Penal, volume 1, 1º edição, Campinas:

Bookseller, 2004.

MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de Direto Penal, Parte Geral, 22º edição, São Paulo,

editora Atlas, 2005.

DISCIPLINA: DIREITOS HUMANOS NO CÁRCERE

Carga Horária: 12h

Nível Médio

Eixo: Introdutório

Professor Conteudista: Professor Conteudista: Mário Célio da Silva Morais - Mestrando

em Direitos Fundamentais/UNAMA. Curso Superior Bacharel em Direito/Estácio.

Especialização em Processo civil/LFG. Especialização em Ciências Criminais/Estácio.

Formação Técnica em Segurança do Trabalho/Senac. Imobilizações Táticas. CATI/SWAT.

Curso de operações na selva Fuzileiros Navais. Patrulhamento Tático/Policia Militar

OBJETIVO DA DISCIPLINA: Aprofundar conhecimentos básicos acerca dos Direitos

Humanos Aplicado ao Ambiente Prisional. Entender a finalidade e objetivos dos Direitos

Humanos Aplicado ao Ambiente Prisional. Ampliar conhecimento sobre Direito Humanos e

Cidadania em função do Estado Constitucional de Direito, a evolução dos preceitos, a

proteção dos direitos, os sistemas de garantias e as normas e tratados vigentes. Verificar a

importância dos Direitos Humanos Aplicado ao Ambiente Prisional na unidade e do

sistema Penal.

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Conteúdo programático

I) O ESTADO CONSTITUCIONAL DE DIREITOS E A SEGURANÇA DOS DIREITOS HUMANOS;

II) A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E OS DIREITOS HUMANOS;

III) PROTEÇÃO DOS DIREITOS;

IV) NORMAS E TRATADOS VIGENTES: TRATADOS E A PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS

DIREITOS HUMANOS;

V) A DICOTOMIA ENTRE DIREITO E A GARANTIA DE DIREITO;

VI) COMPREENSÃO DAS FORMAS DE TORTURA E VIOLAÇÃO DE DIREITOS NO

CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE;

VII) DADOS SOBRE VIOLÊNCIA E VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS NO SISTEMA

PENITENCIÁRIO;

VIII) GRUPOS VULNERÁVEIS NO CONTEXTO PRISIONAL;

IX) HUMANIZAÇÃO, ENCARCERAMENTO.

1. O ESTADO CONSTITUCIONAL DE DIREITOS E A

SEGURANÇA DOS DIREITOS HUMANOS 1.1. Conceito de Direitos humanos:

Conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento histórico,

concretizam as exigências de dignidade, liberdade e igualdade humanas, as quais devem

ser reconhecidas positivamente pelos ordenamentos jurídicos em nível nacional e

internacional.

Dignidade: base dos Direitos Humanos é a dignidade da pessoa.

1.2. ESTRUTURA NORMATIVA DOS DIREITOS HUMANOS

Possuem normatividade aberta, com maior incidência de princípios que de regras

NORMAS:

No âmbito internacional:

a) aos tratados internacionais;

b) aos costumes; e

c) aos princípios gerais do Direito Internacional.

No âmbito interno destaca-se:

a) Constituição Federal;

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b) Leis específicas; e

c) Atos normativos secundários (como decretos executivos).

Os Direitos Humanos não foram criados ou declarados apenas para determinadas

pessoas e sim para todos, por isso são tidos como universais.

Função: Garantem que os seres humanos não fiquem sob o total domínio dos

governantes.

1.3. Características e historicidade

Os Direitos Humanos decorrem de formação histórica, surgindo e se solidificando

conforme a evolução da sociedade são resultados de um longo processo histórico, de uma

lenta evolução. Eles não nasceram em uma data específica e nem foram engendrados em

um único país sua relevância gira em torno de interesses de ordem mundial

Nessa evolução histórica, vieram às várias declarações de direitos do homem,

como as já mencionadas Magna Charta Libertatum (1215), a Declaração americana (1776),

a francesa (1789), e a Declaração da ONU (1948), que, certamente, influenciaram o

surgimento das proteções jurídicas dos direitos fundamentais em outros países.

E essa evolução ainda se encontra em andamento, posto que à medida que a

humanidade avança outros direitos necessitam ser garantidos e outras tantas violações

desses direitos precisam ser coibidas.

Universalidade

Os direitos humanos destinam-se a todas as pessoas e abrangem todos os

territórios.

Não se deve desconsiderar as diferenças, mas com respeito às particularidades,

objetivas e encontrar um modo de proteger a condição humana, independentemente do

sexo, da cor, da religião ou condições econômicas e sociais.

Um dos seus objetivos mesmo é de garantir que todos os homens tenham acesso

aos direitos fundamentais, num tratamento isonômico que lhe preconiza, que deve ser

universal.

Relatividade

Os direitos humanos podem sofrer limitações para adequá-los a outros valores

coexistentes na ordem jurídica.

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Esta característica decorre da ideia de que os direitos fundamentais não podem ser

tidos como absolutos, de aplicação ilimitada. Ao se exercitar tais direitos, muitas vezes um

deles conflitará com outro.

O exercício do direito de informação pode encontrar óbice no direito à imagem. E assim

por diante. Alexandre de Moraes, afirma que:

“quando houver conflito entre dois ou mais direitos ou garantias fundamentais, o

intérprete deve utilizar-se do princípio da concordância prática ou da harmonização, de

forma a coordenar e combinar os bens jurídicos em conflito, evitando o sacrifício total de

uns em relação aos outros, realizando uma redução proporcional ao âmbito de alcance de

cada qual (contradição dos princípios), sempre em busca do verdadeiro significado da

norma e da harmonia do texto constitucional com a sua finalidade prec pua”

IRRENUNCIABILIDADE

Não poderão os titulares do direito humano dispor desse direito, ainda que

pretenda fazê-lo.

Uma marca dos direitos fundamentais é que os seus destinatários não podem a

eles renunciar. Têm a faculdade de escolher o momento de exercê-los, em certas

hipóteses, mas nunca de dispor dos mesmos de forma definitiva.

A dignidade humana deve ser observada e respeitada pela simples condição

humana. Desta feita renúncia a direito humano é fator nulo.

INALIENABILIDADE

Os Direitos Humanos não poderão ser comercializados pela pessoa tutelada por

esse direito assim tal característica relaciona-se com a irrenunciabilidade.

IMPRESCRITIBILIDADE

As normas de Direitos Humanos não se esgotam com o passar do tempo. Os

Direitos Humanos não se sujeitam a prazos prescricionais.

Apretensãoindenizatóriadecorrentedeviolaçãodadeterminadodireitohumanoestásu

jeitaàprescrição.

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INTERDEPENDÊNCIA

Constitui a relação mútua entre os direitos humanos protegidos pelos diversos

diplomas internacionais assim sendo tem condão com Proteção Internacional dos Direitos

Humanos por conseguinte tem relação com a parte do Direito Internacional Público, que

se responsabiliza pela temática dos direitos humanos, por meio de um conjunto de

normas e de medidas internacionais voltadas à proteção da dignidade da pessoa em

sentido amplo.

CONSTITUCIONALISMO – país governado por leis e não pelos homens.

O Constitucionalismo vem caracterizado por um sistema de freios e contrapesos

(idealizado por Montesquieu), que defende o regime constitucional, ou seja, que o Governo

e não apenas o cidadão seja regulado por uma Constituição. A Constituição, por sua vez, é

a legislação superior de um país e traz não só as informações administrativas e políticas

como também incluem normas e preceitos relativos à defesa dos Direitos Humanos nas

Constituições.

• bjetivo do constitucionalismo , sem d vida, a proteção dos direitos fundamentais do

ser humano.

“ exerc cio dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão os que

asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Esses limites

não podem ser determinados senão por lei ”

O pacto social precisa de um documento escrito, claro, preciso, com caráter

educativo e que contenha os direitos naturais e as limitações destes. A Constituição

estabelece o Poder Político, mas ela própria garante o cumprimento do Pacto Social onde

os direitos fundamentais são a própria limitação do poder.

Gerações de Direitos Humanos:

Primeira Geração:

Os direitos humanos de primeira geração marcam a passagem de um Estado

autoritário para um Estado de Direito e, nesse contexto, o respeito às liberdades

individuais. O seu reconhecimento surge com maior evidência nas primeiras constituições

escritas, frutos do pensamento liberal burguês do século XVIII.

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Liberdades Públicas (Coletivos):Liberdade, igualdade e fraternidade, Presunção de

Inocência (Princípio da Inocência) Sufrágio Universal (Direito ao voto)

Proteção internacional à dignidade da pessoa humana:

Características:

a) legitimidade ativado signatário do tratado para denunciar lesões a direito humanos;

b) possibilidade de peticionamento pelo indivíduo que teve seu direito violado junto aos

órgãos internacionais.

Organismos Internacionais: a) ONU; b) OEA.

Documentos: a) Cartadas Nações Unidas; b) Convenção Americana de Direitos Humanos.

Segunda Geração:

Direitos de segunda geração põem a ênfase nos direitos econômicos sociais e

culturais, nos quais existe como dívida da sociedade para com os indivíduos, e que só

podem ser desfrutados com o auxílio do estado, são o direito ao trabalho em condições

justas e favoráveis, o direito à educação e um nível adequado de vida.

São, portanto, os direitos de igualdade (substancial), a saber, os direitos sociais,

econômicos e culturais bem como os direitos coletivos ou de coletividade, evidenciando

em alguns documentos, como Constituição de Weimar, de 1919, na Alemanha, o Tratado

de Versalhes de 1919 (OIT) e, no Brasil, a Constituição de 1934

Direitos Econômicos e Sociais (Individuais – Direito Privado): Salário Mínimo,13

salário, Educação; Saúde e lazer.

Garantia de paz e segurança dos grupos vulneráveis em razão de conflitos militares

e bélicos.

Terceira Geração (Direitos de Solidariedade - Coletivos):

Os direitos fundamentais de terceira geração são os direitos de fraternidade,

dentre os quais, o direito ao desenvolvimento, a paz, ao meio ambiente, a comunicação e

ao patrimônio comum da humanidade.

A sua origem está relacionada com as mudanças da sociedade internacional, em

especial com o crescente avanço tecnológico e científico, identificando profundas

alterações nas relações econômico-sociais.

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- Direito ao meio ambiente sadio e equilibrado (Preservação do Meio Ambiente), Direito à

qualidade de vida.

Quarta Geração ou Dimensão

Os direitos de quarta geração ou dimensão, por sua vez, são os resultantes da

globalização como, por exemplo, o direito à informação e a democracia. Segundo Paulo

Bonavides, a globalização política na esfera da normatividade jurídica introduz os direitos

de quarta dimensão, que, aliás, corresponde à última fase da institucionalização do Estado

social e, ainda, acrescenta que esses direitos decorrem da globalização dos direitos

fundamentais, o que significa universalizá-los no campo institucional, caracterizando uma

nova fase no reconhecimento dos direitos humanos fundamentais

2. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E OS DIREITOS

HUMANOS Os Direitos Humanos partindo da ideia de que do momento em que os homens

passaram a viver em sociedade, este vínculo de direito estabeleceu-se entre eles e que o

seu grande marco, na história da humanidade, ocorreu no século XVIII com a Declaração

de Virgínia (1776) e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789). No tempo

contemporâneo, um diploma internacional, a Declaração Universal dos Direitos do Homem

(ONU, 1948), passou a guarnecer a humanidade.

Desta feita os direitos humanos estão consolidados na Constituição da República

Federativa do Brasil no título que trata dos princípios fundamentais, no título sobre os

direitos e garantias fundamentais e por último no art. 225, sobre o meio ambiente, sem

eliminar outros artigos. que possam ter matéria dos direitos fundamentais. Encontram-se

nesses dispositivos toda a evolução internacional dos direitos humanos.

Por conseguinte, em seu artigo 5º, traz um extenso rol de direitos, preponderando

as chamadas liberdades individuais, direitos do cidadão contra o Estado. Ao lado destes,

prescreve também direitos coletivos e deveres individuais coletivos. O art. 6º define os

direitos sociais a serem concretizados por todos os órgãos estatais. O art. 7º eleva os

direitos dos trabalhadores a nível constitucional, o que traz relevantes consequências

dogmáticas, como a incidência do dever estatal de tutela, sendo que a omissão ou não

cumprimento deste dever pelo Estado dá azo a ações constitucionais.

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A influência da Declaração Universal dos Direitos do Homem na Constituição

Brasileira de 1988 pontos relevantes.

Primordialmente Iniciado o processo de redemocratização, depois de 21 anos de

regime ditatorial, foi convocada pela Emenda Constitucional n. 26, em 27 de novembro de

1985, a Assembleia Nacional Constituinte, a qual desembocou na promulgação da

Constituição brasileira de 1988, propiciando um significativo avanço no que se refere

aos direitos e garantias fundamentais, pois pela primeira vez, na história do

constitucionalismo pátrio, a matéria foi tratada com a devida relevância.

or assim dizer a sedes mat ria e o tulo , que trata “ os ireitos e Garantias

Fundamentais”, regulamentando os direitos individuais, coletivos, sociais e políticos, assim

como as respectivas garantias. Não obstante, a Constituição de 1988 refere-se aos direitos

fundamentais em diversas partes de seu texto, não se caracterizando pela sistematicidade

Outrossim a seguir indicamos as devidas influencias seus correspondentes na

Constituição Brasileira de 1988:

DIGNIDADE HUMANA

Artigo 1°DUDH. Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos.

São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito

de fraternidade.

Art. 5º CF, I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos

termos desta Constituição. (destaques nossos).

NÃO DISCRIMINAÇÃO

Artigo 2º DUDH Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades

proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de

cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou

social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita

nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do

território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela,

autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania. (destacamos)

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Art. 5ºCF, XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e

liberdades fundamentais; (destaques nossos).

Art. 5º, XLII CF - a prática do racismo constitui crime inafiançável imprescritível,

sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; (destaques nossos).

VIDA, LIBERDADE, SEGURANÇA

Artigo 3° DUDH Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança

pessoal.

Art. 5º CF - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do

direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade(...)(destaques nossos).

Artigo 4° DUDH Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a

escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos.

Artigo 5° DUDH Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos

cruéis, desumanos ou degradantes.

Art. 5º, III CF - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou

degradante; (destaques nossos).

Art. 5º, XLIII CF- a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou

anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e

os crimes definidos como hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores

e os que, podendo evitá-los, se omitirem; (destaques nossos).

Art. 5º, XLIX CF - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

(destaques nossos).

Art. 5º, L – CF às presidiárias serão asseguradas condições para que possam

permanecer com seus filhos durante o período de amamentação; (destaques nossos).

PESSOA HUMANA

Artigo 6° DUDH Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares,

da sua personalidade jurídica.

Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e

Municípios e Distrito Federal, constituiu-se em Estado Democrático de Direito e tem como

fundamentos: (...)

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III - a dignidade da pessoa humana; (destaques nossos).

IGUALDADE

Artigo 7°DUDH Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual

proteção da lei. Todos têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole

a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Art. 5º, I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta

Constituição. (destaques nossos).

ACESSO À JUSTIÇA

Artigo 8°DUDHToda a pessoa tem direito a recurso efetivo para as jurisdições

nacionais competentes contra os atos que violem os direitos fundamentais reconhecidos

pela Constituição ou pela lei.

Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça

a direito; (destaques nossos).

INOCÊNCIA

Artigo 11°DUDH1. Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-se

inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo

público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.

Ninguém será condenado por ações ou omissões que, no momento da sua prática,

não constituíam ato delituoso face ao direito interno ou internacional. Do mesmo modo,

não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o ato

delituoso foi cometido.

Art. 5º, XXXIX CF- não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia

cominação legal; (destaques nossos).

Art. 5º, XL- CF - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; (destaques

nossos).

Art. 5º, XLVI - CFa lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, a

seguinte: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação

social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos; (destaques nossos).

Art. 5º, XLVII CF- não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada,

nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de

banimento; e) cruéis; (destaques nossos).

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Art. 5º, LVII CF- ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de

sentença penal condenatória. (destaques nossos).

Artigo 12° DUDH Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na

sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e

reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito à proteção da lei.

Art. 5º, X CF - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das

pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de

sua violação; (destaques nossos).

LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA

Artigo 18° DUDH Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de

consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de

convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em

comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos

ritos.

Art. 5º, VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o

livre exercício de cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção nos locais de

culto e as suas liturgias; (destaques nossos).

Art. 5º, VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas

entidades civis e militares de internação coletiva; (destaques nossos).

LIVRE EXPRESSÃO

Artigo 19°DUDH Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de

expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de

procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por

qualquer meio de expressão.

Art. 5º, IX – CF é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de

comunicação, independentemente de censura ou licença; (destaques nossos).

INSTRUÇÃO

Artigo 26° DUDH 1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser

gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino

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elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso

aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu

mérito. (destaques nossos)

A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço

dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a

tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem

como o desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a manutenção da paz

(destaques nossos).

Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o gênero de educação a dar

aos filhos.

Art. 205 – CF A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será

promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e a sua qualificação

para o trabalho. (destaques nossos).

3. PROTEÇÃO DOS DIREITOS

As cláusulas pétreas

Uma das normas mais importantes da Constituição de 1988, dentro da temática

dos direitos fundamentais, é a que implantou o sistema das cláusulas pétreas, fixadas no

art. 60, § 4º, da Lei Maior.

Impõe-se uma restrição material ao Poder Constituinte Reformador, como uma

manifestação, nas palavras de Ingo Wolfgang Sarlet, da chamada “eficácia protetiva” dos

direitos fundamentais, pois não se permitem alterações na Constituição que desvirtuem o

conteúdo desses direitos. Nas palavras do referido autor:

“A existência de limites materiais justifica-se, portanto, em face da necessidade de

preservar as decisões fundamentais do Constituinte, evitando que uma reforma ampla e

ilimitada possa desembocar na destruição da ordem constitucional, de tal sorte que por

detrás da previsão destes limites materiais se encontra a tensão dialética e dinâmica que

caracteriza a relação entre a necessidade de preservação da Constituição e os reclamos no

sentido de sua alteração”

Decerto observam-se, no corpo da Constituição, normas que enunciam direitos e

normas que prescrevem os instrumentos para assegurá-los

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Nesta matéria, a doutrina consagra a lição de Rui Barbosa, segundo o qual é

possível distinguir as disposições constitucionais meramente declaratórias, que positivam

os direitos e a estes reconhecem existência legal, das de natureza assecuratórias, que

protegem os direitos e limitam o poder.

Indubitavelmente, no atinente às garantias fundamentais, Uadi Lammêgo Bulos apresenta

a seguinte classificação:

“1ª) garantias fundamentais gerais: vêm convertidas naquelas normas

constitucionais que proíbem os abusos de poder e todas as espécies de violação aos

direitos que elas asseguram e procuram tornar efetivos. Consignam técnicas de limitação

das arbitrariedades do Poder Público, contra toda e qualquer forma de discriminação à

pessoa humana ” Esboçam-se através de princípios insculpidos pelo constituinte (art. 5º, II,

III,IV, VI,VII,X,XII XIII, XIV, etc.)

2ª) garantias fundamentais específicas – são as garantias propriamente ditas,

porquanto são estas que instrumentalizam, verdadeiramente, os direitos, fazendo valer o

conteúdo e a materialidade das garantias fundamentais gerais. Através das garantias

fundamentais específicas os titulares dos direitos encontram a forma, o procedimento, a

técnica, o meio de exigir a proteção, incondicional, de suas prerrogativas.

Veja-se o exemplo do habeas corpus, do mandado de segurança, do mandado de

segurança coletivo, do mandado de injunção, do habeas data, da ação popular, da ação

civil pública.

Por certo de outra forma, elucida as chamadas garantias institucionais, definidas

como “a proteção que a onstituição confere a algumas instituições, cuja importância

reconhece fundamental para a sociedade, bem como a certos direitos fundamentais

providos de um componente institucional que os caracteriza” omo exemplos de

garantias institucionais, vide as normas que protegem a propriedade (art. 5º, XXII), a

herança (art. 5º, XXX) e o Tribunal do Júri (art. 5º, XXXXVIII).

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4. NORMAS E TRATADOS VIGENTES: TRATADOS E A

PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS

HUMANOS O direito internacional dos direitos humanos

Pode-se definir o Direito Internacional dos Direitos Humanos como sendo aquele

que visa proteger todos os indivíduos, qualquer que seja a sua nacionalidade, sendo os

mesmos positivados em tratados ou costumes internacionais, ou seja, são aqueles direitos

que já ascenderam ao patamar do direito internacional público.

Além disso a internacionalização da proteção dos direitos humanos é um

fenômeno recente, que se iniciou após a Segunda Guerra Mundial. Os abusos perpetrados

contra os indivíduos naquela Guerra impulsionaram a criação de normas e princípios

concernentes em assegurar o respeito à dignidade humana, bem como a

responsabilização dos Estados no plano internacional.

ONU

A Organização das Nações Unidas, criada à época para diligenciar pela paz e

segurança mundial é que deu início ao movimento, sendo que no âmbito da ONU,

desenvolveu-se desde a sua criação, instrumentos de proteção aos direitos humanos que

dão forma a uma sistemática normativa internacional e universal de proteção desses

direitos.

Os principais instrumentos são a Carta das Nações Unidas, a Declaração Universal

dos Direitos do Homem e os Pactos e Tratados temáticos internacionais, que são frutos de

uma codificação das regras de proteção.

A declaração universal dos direitos do homem

A Declaração Universal dos Direitos do Homem, datada de 10 de dezembro de 1948, é

composta por 30 artigos além do preâmbulo, constitui o primeiro instrumento de âmbito

geral de direitos humanos adotado por uma organização internacional.

Em uma análise perfunctória, vemos primeiramente que a respectiva Declaração

determina direitos que pertencem a todas as pessoas, independentemente de limitações,

tais como: nacionalidade, raça, sexo, cor ou religião. Desta feita, incorpora-se a ideia de

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universalidade de direitos e liberdades pertencentes aos seres humanos e decorrentes de

sua própria existência.

Contribuição da Declaração de Viena

O caráter universal e a indivisibilidade dos direitos humanos foram confirmados de

forma expressa na Declaração de Viena (1993), quando da Conferência Mundial de direitos

de Viena.

Onde destacamos o artigo 5º Todos os direitos humanos são universais, indivisíveis

interdependentes e inter-relacionados. A comunidade internacional deve tratar os direitos

humanos de forma global, justa e equitativa, em pé de igualdade e com a mesma ênfase.

Embora particularidades nacionais e regionais devam ser levadas em consideração, assim

como diversos contextos históricos, culturais e religiosos, é dever dos Estados promover e

proteger todos os direitos humanos e liberdades fundamentais, sejam quais forem seus

sistemas políticos, econômicos e culturais. (destacou-se).

Da corte internacional de justiça

O Tribunal Internacional de Justiça ou Corte Internacional de Justiça é o principal

órgão judiciário da Organização das Nações Unidas (ONU). Tem sede em Haia, nos Países

Baixos. Por isso, também costuma ser denominada como Corte de Haia ou Tribunal de

Haia. Sua sede é o Palácio da Paz.

A Corte Internacional de Justiça, é o principal órgão judiciário das Nações Unidas, e

funciona conforme as normas previstas em seu Estatuto, que é parte integrante da Carta

da ONU.

A competência da referida Corte se estande às questões a ela submetidas pelos

Estados e a todos os assuntos previstos na Carta das Nações Unidas, e ainda, nos tratados

e convenções vigentes à época.

Ao proferir suas sentenças, a Corte recorre às fontes de direito previstas no Artigo

38 do Estatuto, vejamos:

Artigo 38

A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as

controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará:

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a. as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras

expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;

b. o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;

c. os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;

d. sob ressalva da disposição do Artigo 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas

mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das

regras de direito.

A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma

questão ex aequo et bono, se as partes com isto concordarem.

Por fim a Corte Internacional de Justiça é composta por 15 magistrados

independentes, sendo eleitos pela Assembleia Geral e pelo conselho de Segurança pelo

período de nove anos, com a possibilidade de reeleição, desempenhando um papel de

extrema importância na solução de controvérsias internacionais no tocante a matéria de

direitos humanos.

Dessa maneira, a proteção internacional de direitos humanos é assunto de

extrema importância no cenário atual. Os Estados nacionais têm promovidos diversos

acordos por meio de convenções e tratados internacionais de direitos humanos, no

sentido assegurarem o respeito e a dignidade humana de quaisquer violações de direitos.

Pois com o surgimento dos direitos humanos internacionais está relacionado com

a criação das Nações Unidas em 1945, após a Segunda Guerra Mundial, que em

decorrência das violações de direitos cometidos principalmente contra os judeus durante o

holocausto, o que fez com que as sociedades internacionais passassem a elaborar normas

e documentos capaz de proteger os indivíduos.

Assim no Brasil, com o advento da Constituição de 1988, os tratados internacionais

de direitos humanos, devidamente ratificados passaram a integrar o ordenamento jurídico

brasileiro com status de norma constitucional, em razão do seu art. 5º, § 2º, no qual os

direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do

regime e dos princípios por ela adotados.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do

direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

(...)

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§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros

decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais

em que a República Federativa do Brasil seja parte.

(...)

5. A DICOTOMIA ENTRE DIREITO E A GARANTIA DE

DIREITO Com o advento do homem Moderno a conduta de todas as pessoas no convívio

familiar, nas relações sociais, no ambiente de trabalho e nos vínculos religiosos

pressupõem-se direitos, deveres e obrigações. Baseada no direito e via mediação Estatal, a

solução de conflitos de interesses torna possível a convivência humana em sociedade.

O direito, conjunto de pressupostos e normas que disciplinam relações humanas

em busca do ideal de justiça, define a política, a economia e a sociedade de inúmeras

maneiras: o direito contratual determina tudo desde o preço da passagem de ônibus até

as regras do mercado de ações e da bolsa de valores; o direito administrativo gerencia as

atividades administrativas do Estado; o direito constitucional oferece parâmetros para a

criação de leis, para proteção dos Direitos Humanos e para as eleições; o Direito

Internacional regula as relações entre Estados desde comércio e políticas ambientais até

crimes internacionais e ações militares. O direito, portanto, Alicerça a organização humana

e é o mais instantâneo mediador social das relações entre indivíduos tendo afrente o

estado como disciplinador de tais direitos .

A ciência jurídica, no entanto, não objetiva apenas discernir, dentre as normas que

regem a conduta humana, aquelas que são especificamente jurídicas, mas focaliza,

também, questões importantes acerca do ideal da justiça, personificação da força moral

intrínseca ao direito que busca a imparcialidade a partir do equilíbrio de interesses

conflitantes.

A função do Direito é buscar a essência do direito enquanto fenômeno jurídico

relacionando-o com a sociedade. Definir, deontologicamente, aquilo que deveria ser o

direito é o grande dilema do estudo normativo-analítico do direito.

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Função primordial do Direito

Com o paradigma do Estado Democrático de Direito, surgem diversas questões

quanto a função primordial do direito e quanto à legitimidade do fenômeno jurídico. O que

pouco se vê, no entanto, é que o direito não pode ser um fenômeno totalmente

autônomo. A sociedade é dividida em diversos grupos que se relacionam, e o direito faz

parte do fenômeno social, embora não seja totalmente dependente da organização social.

Quanto as garantias de Direitos

O movimento humanista, que atravessou o século do Iluminismo, não só fazia do

homem o condutor da vida política, dando tamanho ímpeto ao indivíduo e à razão de que

é portador que este, tornado o único agente da potência e da autoridade políticas, era

saudado, em sua autonomia, como criador das normas da ordem jurídica e destinatário de

sua proteção.

SIMONE GOYARD-FABRE, salientados aspectos do constitucionalismo moderno

aduz que, no século XVI, a palavra Constituição era utilizada conjuntamente com a

metáfora "corpo político" para designar a organização do Poder.

Daí em diante, sua evolução culmina com a ideia de "lei fundamental", que se

consubstancia num corpo de normas superior a todas as outras, determinando sua

regularidade ou irregularidade e, em consequência, sua validade ou invalidade jurídica.

Pois a Constituição, ao definir as bases sobre as quais se estabelece o estatuto orgânico do

Estado, , portanto, a regra ‘fundamental’ que a potência estatal impõe sobre si mesma o

governo só exerce um poder real na medida em que este é constitucional e reconhecido

por todos.

Desta forma só se estabelece a supremacia do Direito e do poder do Estado, se sua

estrutura se fundar na democracia; o Estado deve espelhar-se em sua constituição

democrática intermediando a dicotomia entre direito e garantias de direito. Está a

constituição democrática como superior – lei das leis –, se concretiza por um documento

escrito que prevê a organização e, de outro lado, sua própria limitação.

Nesse passo, NORBERTO BOBBIO, ressalta que "o reconhecimento e a proteção

dos direitos do homem estão na base das Constituições democráticas modernas. A paz,

por sua vez, é o pressuposto necessário para o reconhecimento e a efetiva proteção dos

direitos do homem em cada Estado e no sistema internacional.

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Ao mesmo tempo, o processo de democratização do sistema internacional, que é o

caminho obrigatório para a busca do ideal da ‘paz perp tua’, no sentido kantiano da

expressão, não pode avançar sem uma gradativa ampliação do reconhecimento e da

proteção dos direitos do homem, acima de cada Estado."

6. COMPREENSÃO DAS FORMAS DE TORTURA E

VIOLAÇÃO DE DIREITOS NO CUMPRIMENTO DA PENA

PRIVATIVA DE LIBERDADE. Considerações gerais sobre o crime de tortura

O art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 – CRFB/88

estabelece no inciso III que ninguém será submetido a tortura nem a tratamento

desumano ou degradante. Além disso, no inciso XLIII refere que:

Art. 5º, CF XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou

anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e

os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores

e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

Inquestionavelmente a CRFB/88 considera que a tortura é crime inafiançável e insuscetível

de graça e anistia.

Somando-se, o Brasil é signatário de tratados internacionais anteriores que obrigam que

os países criminalizem a tortura em seus respectivos ordenamentos jurídicos internos,

dentre eles a Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis,

Desumanos e Degradantes, de 1984; e a Convenção interamericana para Prevenir e Punir a

Tortura, de 1985. A CRFB/88 veio também nesse intento.

Segundo o art. 1º da referida Convenção Internacional contra a Tortura e Outras

Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos e Degradantes, define-se tortura da seguinte

forma:

ARTIGO 1º

1. Para os fins da presente Convenção, o termo "tortura" designa qualquer ato pelo qual

dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma

pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações ou confissões; de

castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter

cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo

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baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são

infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou

por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência. Não se considerará

como tortura as dores ou sofrimentos que sejam consequência unicamente de sanções

legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram. (destaque)

No Brasil a Lei n.º 9.455/97 – Lei de Tortura – adveio com o propósito de definir os

crimes de tortura, uma vez não foram previstos no Código Penal e ainda não constavam de

legislações extravagantes.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu

sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe

sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou

grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo

pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.(destaque)

§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de

segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em

lei ou não resultante de medida legal.

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou

apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de

quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - Se o crime é cometido por agente público; (destque)

(...)

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§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição

para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.(destaque)

§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. (destaque)

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o

cumprimento da pena em regime fechado.

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em

território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob

jurisdição brasileira.

Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

OS EFEITOS DA CONDENAÇÃO POR CRIMES DE TORTURA

Segundo Cleber Masson, efeitos da condenação são todas as consequências que

direta ou indiretamente atingem o condenado em razão de uma condenação definitiva.

São efeitos que ocorre principalmente na esfera penal, mas também na área cível,

administrativa, trabalhista dentre outros.

O pressuposto para que ocorram tais efeitos é justamente a existência de uma

condenação definitiva. Os efeitos da condenação em geral podem ser divididos em efeito

principal e efeitos secundários.

Por efeito principal considera-se a imposição da pena ou de da medida de

segurança. A pena poderá ser privativa de liberdade, restritiva de direitos ou de multa; a

medida de segurança poderá ser detentiva ou restritiva, a depender do caso concreto.

Efeitos Penais da Condenação

Os efeitos secundários, por sua vez, podem ter natureza penal ou extrapenal e

estarem previstos no Código Penal ou em outras leis penais.

Dentre os efeitos secundários de natureza penal previstos no Código Penal, MASSON

elenca os seguintes: caracterização da reincidência para crimes futuros (art. 63 e art. 64);

imposição do regime fechado se for praticado novo crime (art. 33, §2º); configuração de

maus antecedentes (art. 59);

Aumento em 1/3 do prazo da prescrição da pretensão executória (art. 110, caput, e

art. 117, VI); impedimento à concessão e revogação da suspensão condicional da pena e do

livramento condicional (art. 77, I e §1º; art. 81, I; art. 86, caput; art. 87); entre outros.

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Efeitos Extrapenais da Condenação Previstos na Lei de Tortura

A Lei de Tortura prevê no §5º do art. 1º efeitos extrapenais específicos, que se

aplicam exclusivamente aos crimes previstos na referida Lei. In verbis:

Art. 1º, § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a

interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

Trata-se de efeito da condenação que só pode ser aplicado após o trânsito em julgado da

sentença penal condenatória. São efeitos automáticos, que decorrem diretamente da

condenação, prescindindo-se de qualquer declaração expressa na sentença.

Gabriel Habib aponta importantes diferenças entre os efeitos previsto na Lei

9.455/97 e o previsto no art. 92, I do CP:

“ o art 92, do ódigo enal, a lei trata da perda do cargo que já era ocupado pelo

condenado. No art. 1º, §5º da lei 9.455/97, a lei trata não só da perda do cargo, como

também da interdição, que é a impossibilidade de se vir a ocupar cargo ou função pública,

com efeitos futuros. Ademais, no art. 92, I, do Código Penal a perda do cargo não é

automática, dependendo de motivação expressa na sentença, ao contrário do previsto na

lei de tortura, em que a perda do cargo é automática ”

7. DADOS SOBRE VIOLÊNCIA E VIOLAÇÃO DE DIREITOS

HUMANOS NO SISTEMA PENITENCIÁRIO. Os encarcerados no Brasil têm previsão de garantia de suas integridades física e

moral em diversas legislações, tanto nacionais quanto internacionais, destes últimos, como

exemplo as Regras Mínimas para tratamento de reclusos, instituída no I Congresso das

Nações Unidas para Prevenção do Crime e para o Tratamento de Delinqüentes (1955,

Genébra – Suíça).

Em 11 de julho de 1984, entra em vigor a Lei de Execucoes Penais, que também

trata das regras para tratamento dos presos, cumprimento da pena, condições de

clausura, do trabalho e da remição do preso. Pelos capítulos da Lei, é possível identificar a

preocupação do legislador com o caráter humanitário do cumprimento da pena

Os direitos fundamentais dos apenados no Brasil

A Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso XLIX, assegura ao preso o respeito à

integridade f sica e moral A arta consigna, ainda, que ‘ningu m será submetido a tortura

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nem a tratamento desumano ou degradante (art. 5º, III). A Lei de Execucoes Penais, em seu

capítulo II, elenca o rol de assistências assegurado aos presos.

A realidade carcerária brasileira aquém dos ideais internacionais

O Brasil é um dos países que mais ratifica Tratados de Direitos Humanos, sendo

por isso visto como um país com características humanitárias e preocupado com a

proteção aos direitos fundamentais.

Têm chamado atenção da comunidade internacional as graves violações aos

direitos humanos ocorridas nos presídios brasileiros. As regras internacionais vêm sendo

flagrantemente desrespeitadas, num total descaso das autoridades públicas.

Por conseguinte, a superlotação carcerária tem sido uma das maiores violações aos

direitos humanos dos presos no Brasil, sobretudo pelas péssimas condições dos

compartimentos de clausura. Celas em que se amontoam dezenas de presidiários, sem o

mínimo de conforto e higiene, conforme determinam tanto as Regras Mínimas para o

Tratamento de Reclusos quanto a Lei de Execução Penal Brasileira.

Desta feita a quantidade de presos provisórios aguardando julgamento é fator

decisivo na questão da superlotação carcerária. Essa categoria de detidos é alocada com

os presos condenados, justamente por não se ter estabelecimentos suficientes para esse

tipo de preso, o que acaba inflando as penitenciárias, em nítido desacordo com as Regras

Mínimas para o Tratamento de Reclusos, em que os presos provisórios deverão ser

mantidos separados dos condenados.

Os presos provisórios e as violações aos direitos humanos

Uma grave violação aos direitos humanos bem presente no cenário prisional

brasileiro é cometida face aos presos provisórios, que têm ultrapassado – em muito – seu

prazo de prisão preventiva. Nesse ínterim, ficam – sem o aparato da lei e, portanto,

ilegalmente – reclusos, aguardando julgamento em três, quatro e até quinze anos17.

Há grave violação aos direitos humanos no que diz respeito ao excesso de prazo da

prisão preventiva, pois fere o direito à liberdade do indivíduo, conforme ratifica o

posicionamento do Supremo Tribunal Federal nos acórdãos sobre a matéria:

Ementa: HABEAS CORPUS. EXCESSO DE PRAZO DA PRISÃO PREVENTIVA. CARACTERIZAÇÃO.

SITUAÇÃO INCOMPATÍVEL COM O PRINCÍPIO DA RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO (CF,

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ART. 5º, LXXVIII). CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. ORDEM CONCEDIDA. 1. A

jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que a demora para conclusão

da instrução criminal, como circunstância apta a ensejar constrangimento ilegal, somente

se dá em hipóteses excepcionais, nas quais a mora seja decorrência de (a) evidente desídia

do órgão judicial, (b) exclusiva atuação da parte acusadora, ou (c) outra situação

incompatível com o princípio da razoável duração do processo, previsto no art. 5º, LXXVIII,

da CF/88. Precedentes. 2. No caso, transcorridos mais de 4 anos sem que o paciente

sequer tenha sido levado a júri, é de se concluir que a manutenção da segregação cautelar

representa situação de constrangimento ilegal. 3. Ordem concedida, para que o paciente

seja posto em liberdade, salvo se por outro motivo estiver preso.

Em suma o Brasil tem demonstrado interesse em seguir a corrente de

reconhecimento e valorização desses direitos, ratificando inúmeros tratados de direitos

humanos frente à Comunidade Internacional. Um dos mais importantes, a Convenção

Americana de Direitos Humanos, subscrita pelo Brasil em 1992, trata de diversas matérias

sobre direitos humanos, dentre as quais a proteção da honra e da dignidade, e dos direitos

à vida e à integridade.

8. GRUPOS VULNERÁVEIS NO CONTEXTO PRISIONAL

O que é grupos de vulneráveis?

Conforme consenso majoritário é um grupo de pessoas que pertencem a uma

minoria que não tem o mesmo acesso a bens e serviços disponíveis para a maioria da

população. Esta pessoa tem pouca autossuficiência.

São pessoas que são excluídas da sociedade sofrendo socialmente e

psicologicamente com isto. Esta exclusão pode ocorrer por motivos de cor de pele,

incapacidade física, opção sexual e etc.

Exemplos: mulheres, homossexuais, idosos, negros, indignas dentre outros

Não obstante à posição brasileira, o País tem sido palco de graves violações aos

direitos humanos, especialmente dos indivíduos submetidos à privação de liberdade.

Assassinatos, propagação de doenças, constantes lesões corporais cometidas pelos

agentes estatais e por outros encarcerados, ocorridos dentro das unidades prisionais

reforçam a conclusão de que o sistema penitenciário brasileiro se encontra em grave crise.

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Sem dúvida os direitos humanos são considerados universais, isto é, inerentes a

todos os seres humanos independentemente de cor, sexo, raça, etnia, religião, tenha

nacionalidade ou não (apátrida). São interdependentes, inter-relacionados e indivisíveis.

No dizer de Hannah Arendt (1998) não são um dado, mas sim um construído, por meio de

um processo histórico de lutas e conquistas.

Ações afirmativas e convenções internacionais de proteção especial a grupos

vulneráveis

As ações afirmativas, também conhecidas como discriminação positiva por alguns

doutrinadores, é forma de discriminação para igualização de situações e pessoas, ou pelo

menos a tentativa desta. É utilizada como método de aplicação interpretativa do princípio

da igualdade em uma nova perspectiva.

Para Warbuton, a discriminação positiva significa: [...] recrutar ativamente pessoas

de grupos previamente em situação de desvantagem. Por outras palavras, a discriminação

positiva trata deliberadamente os candidatos de forma desigual, favorecendo pessoas de

grupos que tenham sido vítimas habituais de discriminação. O objetivo de tratar as

pessoas desta forma desigual é acelerar o processo de tornar a sociedade mais igualitária,

acabando não apenas com desequilíbrios existentes em certas profissões, mas

proporcionando também modelos que possam ser seguidos e respeitados pelos jovens

dos grupos tradicionalmente menos privilegiados. (WARBUTON, 1998, p. 112, (grifou-se)

O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos estabelece em seu art. 27 que:

No caso em que haja minorias étnicas, religiosas ou linguísticas, as pessoas pertencentes a

essas minorias não poderão ser privadas do direito de ter, conjuntamente com outras

membros de seu grupo, sua própria vida cultural, de professar e praticar sua própria

religião e usar sua própria língua.

(...)

ARTIGO 27 Nos Estados em que haja minorias étnicas, religiosas ou lingüísticas, as

pessoas pertencentes a essas minorias não poderão ser privadas do direito de ter,

conjuntamente com outros membros de seu grupo, sua própria vida cultural, de professar

e praticar sua própria religião e usar sua própria língua.

(...)

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9. HUMANIZAÇÃO, ENCARCERAMENTO

Pela humanização do sistema carcerário um Grupo de entidades e cidadãs tomou a

iniciática de expor publicamente os anseios que se buscam na Humanização em cárcere.

O Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo. De acordo com o

Ministério da Justiça, mais de 540 mil pessoas estavam presas no País. Só em São Paulo há

74 mil presos a mais do que a capacidade dos presídios. Para desafogar esse sistema,

seriam necessárias 93 novas penitenciárias.

Manifesto pelo Cárcere Cidadão

“ ós, cidadãos e entidades abaixo subscritos, no cumprimento do nosso

compromisso com os direitos fundamentais e com o primado da dignidade humana,

atento aos mandamentos constitucionais e considerando a deplorável situação da

segurança pública, como um todo, e do sistema penitenciário, em particular, vem, ladeado

das entidades e pessoas subscritoras, apresentar o manifesto abaixo”, nos seguintes

termos:

1. A Política Criminal deverá ser articulada entre os três poderes da república e a sociedade

civil, de modo a atingir a finalidade ressocializadora da pena;

2. A política criminal não deve buscar a solução para problemas sociais na criação de novos

crimes, mas sim na articulação de medidas que promovam a inclusão social;

3. As soluções de Política Penitenciária devem se basear em medidas alternativas ao

cárcere, mais do que na simples construção de novas vagas;

4. A Lei de Execução Penal e as resoluções do Conselho Nacional de Política Criminal e

Penitenciária devem ser rigorosamente observadas, sob pena de o Estado igualar-se ao

detento na violação de direitos;

5. O Estado deverá fornecer meios para formação profissional e educacional no cárcere,

além de medidas de individualização da pena;

6. Os três Poderes devem fixar parâmetros mais estáveis para as prisões processuais e

cautelares, de modo a solucionar o problema da alta percentagem de presos provisórios

por tão longo tempo;

7. A execução penal deverá ser informatizada, para agilizar os procedimentos e evitar o

prolongamento de penas juridicamente já cumpridas;

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8. É preciso estruturar medidas de acompanhamento dos egressos, com atenção aos

Patronatos, cujo apoio é fundamental em qualquer política de prevenção de reincidência;

9. As Ouvidorias e Corregedorias deverão ser fortalecidas e independentes, para que

sejam instrumento eficiente de prevenção e combate à corrupção e ao abuso de

autoridade;

10. O Estado deverá investir na estrutura física do sistema e na formação dos profissionais

que nele atuam, com o objetivo de respeitar as necessidades e individualidades dos

encarcerados.

É preocupante as questões de Humanização e encarceramento no Brasil. Pois no

campo dogmático e ideal do que seria realmente humanitário o Estado Democrático deixa

Muito desejar . Existe uma crise em nosso sistema penitenciário assim Fechar os olhos

para o que acontece dentro do cárcere significa também fechar os olhos para a violência

que persiste fora dele. Um Estado que abandona aqueles por quem mais deveria se

responsabilizar não pode esperar trazer paz e justiça, onde quer que seja.

Por conseguinte, a negligência em relação a essa pauta, tão fundamental para uma

democracia, vai de encontro ao próprio conceito de república. É o desafio da atual geração

fazer evoluir uma democracia conquistada a duras penas pelas gerações anteriores. Essa

missão não poderá ser cumprida sem que se questione a lógica do nosso sistema

carcerário, à luz do moderno direito penal e dos direitos humanos.

Entidade e colaboradoras do manifesto Cidadão Ações como tal manifesto tendem

a fomentar a opinião pública e sociedade em geral na busca de melhorias ao que estão em

estado de ressocialização:

Centro Acadêmico Visconde de Cairu (FEA-USP)

Centro Acadêmico André da Rocha (FD-UFRGS)

Centro Acadêmico Afonso Pena (FD-UFMG)

DCE Livre da USP Alexandre Vanucchi Leme – Gestão “ ão vou me adaptar

Instituto Brasileiro de Ciências Criminais – IBCCRIM

Instituto de Defesa do Direito de Defesa

Instituto Pró-Bono

Instituto Sou da Paz

Clínica de Direitos Humanos Luiz Gama

Alberto Toron (Advogado)

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Alexandre Pariol (Diretor do SINTUSP)

Prof. Alvino Augusto de Sá (Professor FD-USP Largo São Francisco)

Profa. Ana Elisa Bechara (Professora FD-USP Largo São Francisco)

Prof. Dalmo de Abreu Dallari (Professor TitularFD-USP Largo São Francisco)

Davi Tangerino (Advogado)

Prof. Diogo Coutinho (Professor FD-USP Largo São Francisco)

Prof. Enrique Ricardo Lewandowski (Professor Titular FD-USP Largo São Francisco)

Profa Eunice Aparecida de Jesus Prudente (Professora FD-USP Largo São Francisco)

Prof. Fabio Konder Comparato (Professor FD-USP Largo São Francisco)

Prof. Fernando Dias Menezes (Professor FD-USP Largo São Francisco)

Prof. Fernando Salla (Professor do NEV-USP)

Profa. Helena Lobo (Professora FD-USP Largo São Francisco)

Profa. Janaía Paschoal (Professora FD-USP Largo São Francisco)

Prof. Jorge Luiz Souto Maior (Professor FD-USP Largo São Francisco)

Prof. José Afonso da Silva (Professor Titular FD-USP Largo São Francisco)

Min. José Carlos Dias (Ex-Ministro da Justiça)

Marcelo Raffaini (Advogado)

Prof. Marcus Orione (Professor FD-USP Largo São Francisco)

Profa. Mariângela Magalhães (Professora FD-USP Largo São Francisco)

Profa. Maristela Basso (Professora FD-USP Largo São Francisco)

Prof. Min. Miguel Reale Jr. (Professor Titular FD-USP Largo São Francisco e ex-Ministro da

Justiça)

Prof. Pierpaolo Cruz Bottini (Professor FD-USP Largo São Francisco)

Prof. Renato de Mello (Professor Titular FD-USP Largo São Francisco)

Roberto Podval (Advogado)

Roberto Tardelli (Promotor de Justiça do Ministério Público)

Prof. Sebastião Botto de Barros Tojal (Professor FD-USP Largo São Francisco)

Prof. Sérgio Salomão Shecaira (Professor Titular FD-USP Largo São Francisco)

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REFERÊNCIAS:

AGRA, Walber de Moura. Manual de direito constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais,

2002.

BONAVIDES, Paulo. Os direitos humanos e a democracia. In: SILVA, Reinaldo Pereira e

(Org). Direitos humanos como educação para a justiça. São Paulo: LTr, 1998.

BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição Federal Anotada. São Paulo: Saraiva, 2003.

CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional. Coimbra: Almedina, 1993.

DIMOULIS, Dimitri; MARTINS, Leonardo. Teoria geral dos direitos fundamentais. São Paulo:

Revista dos Tribunais, 2007.

HERKENHOFF, João Batista. Gênese dos direitos humanos. Disponível em:

<www.dhnet.org.br/direitos/militantes/herkenhoff/livro1/dhbrasil>. Acesso em: 7 maio de

2007.

MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de direito internacional público. Rio de Janeiro:

Renovar, 2004.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2003.

SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. Porto Alegre: Livraria do

Advogado, 2007.

MELLO, Celso D. De Albuquerque. Curso de direito Internacional público. Vol. I, 15ª ed. Rev.

E aum. Rio de Janeiro: Renovar, 2004.

MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 9ª ed. São Paulo:

Editora Revista dos Tribunais, 2015.

PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado, 4ª ed.

Salvador: Editora jusPODVM, 2012.

FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos Humanos Fundamentais. São

Paulo: Saraiva, 2008. PLT

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DISCIPLINA: ETICA, POSTURA PROFISSIONAL E

RELAÇÕES INTERPESSOAIS Carga Horária: 12h

Nível Médio

Eixo: Introdutório

Professor Conteudista: Profa. Veridiana Valente Pinheiro Castro

Graduação em Letras - Habilitação Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Pará

Mestrado em Teoria Literária

Doutora em Letras: Linguística e Teoria Literária

Membro do projeto de pesquisa Narrativa de Resistência: Formas, Performances e Trajetos

na Amazônia

Docente da Universidade da Amazônia (UNAMA)

OBJETIVO DA DISCIPLINA:

Refletir sobre a postura profissional dos servidores, visando uma leitura crítica e criativa da

realidade, enfatizando o ambiente carcerário, para responderem aos desafios éticos e

posicionamento moral: Valores éticos; Ética e moral; Conceito de virtude; Conceito de

cidadania; Ética e globalização; Dimensões do agir profissional; Comportamento antiético

no local de trabalho; Práticas profissionais e suas consequências. Compreender a

importância de suas condições pessoais (físicas, psicológicas, éticas, relacionais) no

exercício das funções desempenhadas. Assimilar a importância de trabalho no âmbito da

cooperação. a) O espaço do trabalho nas Unidades Penitenciárias Estaduais: equipes e

comunicação. b) Equipes integradas, unidades eficientes e seguras. c) Comunicação

interpessoal e relacionamento profissional.

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

I) VALORES ÉTICOS: ÉTICA E MORAL

II) CONCEITO DE VIRTUDE

III) CONCEITO DE CIDADANIA

IV) ÉTICA E GLOBALIZÇÃO

V) DIMENSÕES DO AGIR PROFISSIONAL

VI) O ESPAÇO DO TRABALHO NAS UNIDADES PENITENCIÁRIAS ESTADUAIS: EQUIPES E

COMUNICAÇÃO.

VII) COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL E RELACIONAMENTO PROFISSIONAL

1. VALORES ÉTICOS: ÉTICA E MORAL

1. 1. ÉTICA

Nossa abordagem sobre o tema da ética será voltada para sua conceituação aplicada à

prática, contudo, acredito que é importante saber um pouco sobre os antecedentes

filosóficos que servirão como base para a construção do conceito que muitos autores utilizam

atualmente. Em sua obra, Sá (2009, p. 17) ensina que ética deve ser compreendida como “a

ciência da conduta humana perante o ser e seus semelhantes” Observe por este primeiro

conceito que se trata de um estudo científico, ou seja, baseado em normas e o devido rigor.

Ainda analisando este conceito, você vê que a ética relaciona a conduta de uma pessoa à sua

relação com outra pessoa. Podemos aqui nos lembrar daquela frase que todos conhecemos:

“a liberdade de uma pessoa termina quando começa a liberdade do outro” Existem limites

para nosso convívio, existem regras que impomos e que desejamos ver respeitadas.

Muito embora as questões éticas estejam a todo instante presentes na mídia, bem como

em materiais de comunicação como anúncios na mídia impressa, TV, rádio e internet feitas pelas

empresas, é bom que se saiba que se trata de um termo trazido pelos trabalhos de Pitágoras no

século VI a.C., ou seja, há mais de 2.600 anos atrás! Também Aristóteles, no século IV a.C., há

mais de 2 400 anos, falou sobre a tica em sua obra “ tica a icômaco”

Ética está presente na vontade e nas atitudes virtuosas de uma pessoa em relação a ela

mesma e àqueles com quem convive. A virtude está presente nas relações em que se busca o

bem comum. Assim sendo, a ética existe quando o indivíduo está na presença de outras

pessoas, mas também, principalmente, quando está sozinho. Imagine a seguinte cena, a

pessoa está dirigindo sozinha em seu carro e deseja se desfazer de um papel. Além disso, não

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há mais nenhum carro à sua volta. Aquele que respeita o fato de que a via é pública e que é

preciso respeitar os componentes éticos presentes na cidadania guardará este papel

consigo para jogá-lo num cesto de lixo.

Por outro lado, o indivíduo cujo respeito pelo bem comum é limitado ou inexistente,

simplesmente abre o vidro do carro e atira na rua o papel sem utilidade. O mesmo princípio

vale para CDs e DVDs piratas, quadros falsos, apropriação do que não lhe pertence, utilização

do bem público para benefício privado, entre outro.

O estudo da ética conforme ensina Srour (2003, p. 15) está vinculado “aos códigos e normas

que regulam as relações e condutas entre os agentes so- ciais, os discursos normativos que

identificam, em cada coletividade, o que é certo ou errado fazer” Observe que neste conceito,

temos presentes alguns componentes importantes para a compreensão da ética. São eles: as

normas reguladoras; a distinção da ética segundo o grupo social; a escolha entre o certo e o

errado. Ao normatizar a convivência entre os indivíduos, a ética examina a moral.

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1.2. Moral

É comum se dizer que ética e moral são a mesma coisa. Na verdade, são conceitos diferentes,

conforme veremos a seguir. Enquanto a ética diz respeito à disciplina teórica e à sistematização

por meio de regras a serem seguidas e que estabelecem o que é bom para a coletividade, já a

moral direciona a prática cotidiana. O senso comum ainda apresenta alguma confusão entre o

que é ética e o que é moral. Para resolver este impasse, veja a Figura a seguir.

A ética – disciplina teórica, estudo da moralidade é confundida com:

Figura: Terminologia para ética, moral e conduta

Fonte: SROUR, 2003.

Veja que a moral diz respeito ao indivíduo inserido no contexto social e que os padrões éticos

estabelecem a norma a ser seguida pelas pessoas na busca pelo convívio para o bem.

Outra confusão que existe, reside entre os termos: moral, imoral e amoral. Vamos observar na

figura abaixo alguns exemplos que nos ajudam a esclarecer este impasse.

Figura: Situações morais, imorais e amorais

Fonte: SROUR, 2003, pág. 30.

Padrões éticos

Norma (regra de

conduta, pauta de

ação

Falta de ética

Valor cultural

(qualidade

Minha ética Moral

(conjunto de

normas de

conduta)

É amoral É imoral

Positivo Neutro Negativo

Dirigir com cuidado

Ter um carro

Dirigir embriagado

É moral

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2. CONCEITO DE VIRTUDE

Virtude é uma palavra que tem origem no latim virtus e seu significado original é o de

força viril. Hoje o significado de virtude está mais ligado ao de uma qualidade manifestada por

um indivíduo, que tanto pode ser uma qualidade inata como adquirida. E nesse sentido

podemos distinguir as virtudes intelectuais e as virtudes morais, as primeiras relacionadas à

inteligência e as outras ligadas à ideia de fazer o bem.

A capacidade de aprendizagem, a reflexão, a capacidade de raciocinar, a lógica, o

pensamento abstrato, o diálogo, a busca pelo conhecimento, seriam virtudes intelectuais.

Agir de acordo com as noções de bem, dentro da ética e com justiça, fugindo das tentações e

buscando sempre a prudência e a temperança nas ações, são as virtudes morais. Assim, virtude

no sentido moral seria a inclinação de uma pessoa de buscar praticar o bem ou, em outras

palavras, tudo o que encontramos na personalidade de um indivíduo que o leve a fazer boas

ações.

Dentro do Cristianismo, encontramos ainda as virtudes teologais, teológicas ou

sobrenaturais, que seriam aquelas virtudes que são um dom de Deus. São elas: fé, esperança e

caridade; por outro lado temos as virtudes cardeais, que se adquirem pelo esforço e são de onde

todas as outras virtudes se originam. São elas: prudência, valentia, temperança e justiça.

Contudo, apesar de virtude tradicionalmente estar associada a moral, a questões intelectuais e

teológicas, é comum usar-se a palavra “virtude” para se referir a qualquer qualidade apresentada

por uma pessoa ou para designar alguma característica do caráter de alguém valorizado pela

sociedade.

Virtude também pode ser usada como sinônimo de causa, motivo ou consequência.

omo por exemplo, na frase: “A garota faleceu em virtude do acidente da ltima segunda-feira”

2.1 VIRTUDE NA FILOSOFIA

Virtude foi um tema recorrente na filosofia desde a sua origem. Para Platão, os

epicuristas e os estoicos as virtudes são as características essenciais que possibilitam a uma

pessoa ter uma vida feliz e proveitosa. Essas virtudes seriam sabedoria, coragem, temperança e

justiça, ideia muito semelhante a das chamadas virtudes cardeais.

Para Aristóteles não existem virtudes inatas, pois elas seriam adquiridas com a reflexão e

a experiência. Para ele tudo o que contribui para completar com excelência a natureza humana é

chamado de virtude, e agir conforme a razão seria a mais importante das virtudes.

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Na filosofia clássica grega as ideias de felicidade e de virtude sempre estiveram

conectadas. Entretanto, nunca houve um consenso se as virtudes eram as condições necessárias

para uma vida feliz ou se a felicidade é que era a condição para a virtude. O filósofo alemão do

século XVIII Immanuel Kant retoma o tema. Para ele as virtudes não fazem de ninguém uma

pessoa mais feliz, mas são elas que tornam alguém digno da felicidade.

As virtudes humanas são perfeições habituais e estáveis da inteligência e da vontade

humanas. Elas regulam os atos humanos, ordenam as paixões humanas e guiam a conduta

humana segundo a razão e a fé. Adquiridas e reforçadas por atos moralmente bons e repetidos,

os cristãos acreditam que estas virtudes são purificadas e elevadas pela graça divina.

Entre as virtudes humanas, são constantemente destacadas as virtudes cardeais, que são

consideradas as principais por serem os apoios à volta dos quais giram as demais virtudes

humanas:

1 - A prudência, que "dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem

e a escolher os justos meios para o atingir. Ela conduz a outras virtudes, indicando-lhes a regra e

a medida", sendo, por isso, considerada a virtude-mãe humana.

2- A justiça, que é uma constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido;

3 – A fortaleza que assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem;

4 - A temperança que "modera a atração dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os

instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados", sendo, por isso, descrita como

sendo a prudência aplicada aos prazeres.

Para contrariar e opôr-se aos sete pecados capitais, existe também um outro tipo de

organização das virtudes, que é baseada nas chamadas sete virtudes: castidade, generosidade,

temperança, diligência, paciência, caridade e humildade.

a) Castidade é a pureza espiritual em relação ao sexo, significando, assim, a abstenção de

conduta sexual desviante, conforme definido pelos padrões morais e diretrizes de uma cultura,

civilização ou religião. O termo pode ser associado com a abstinência sexual, especialmente no

contexto do sexo pré-marital e extraconjugal (e pode ser usado de forma intercambiável). Nas

religiões abraâmicas, a castidade é uma das regras para manter-se ao lado de Deus. Nas religiões

e crenças orientais, como o Budismo, a castidade é vista como o caminho para atingir a

libertação ou iluminação dos sofrimentos e decepções humanas.

b) Generosidade é a virtude em que a pessoa ou o animal tem quando acrescenta algo ao

próximo. Ela se aplica também quando a pessoa que dá algo a alguém tem o suficiente para

dividir ou não. Não se limita apenas em bens materiais. Generosos são tanto as pessoas que se

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sentem bem em dividir um tesouro com mais pessoas porque isso as fará bem, tanto quanto

aquela pessoa que dividirá um tempo agradável para outros sem a necessidade de receber algo

em troca.[carece de fontes].

Já segundo René Descartes, em Tratado das paixões e também nos Princípios de filosofia, a

generosidade é apresentada como uma despertadora do real valor do eu e ao mesmo tempo

como mediadora para que a vontade se disponha a aceitar o concurso do entendimento,

acabando assim a causa do erro. Neste caso, passa a ser um conceito de mediação entre a

vontade e o entendimento.

c) A temperança (em latim: temperantia de em latim: temperare "guardar o equilíbrio") é uma

das quatro virtudes cardinais, caracterizada pelo domínio de si e pela moderação dos desejos. As

noções de virtude e vício da ética clássica grega, presentes nos trabalhos de Hobbes e Platão,

foram sistematizadas por Aristóteles (384 a.C-322 a.C.) em Ética a Nicômaco, texto dirigido ao seu

próprio filho.

d) Paciência é a característica de manter um controle emocional equilibrado, sem perder a

calma, ao longo do tempo. Consiste basicamente na tolerância a erros ou fatos indesejados.

Também pode ser descrita como a capacidade de suportar incômodos e dificuldades de toda a

ordem, de qualquer hora ou em qualquer lugar; assim como a capacidade de persistir numa

atividade difícil, mantendo uma ação tranquila e acreditando que irá conseguir o que quer, de

ser perseverante, de esperar o momento certo para certas atitudes, de aguardar em paz a

compreensão que ainda não se tenha obtido, capacidade de ouvir alguém, com calma, com

atenção, sem ter pressa, capacidade de se libertar da ansiedade.

e) Caridade, é a doação voluntária de ajuda aos necessitados, como um ato humanitário.

f) Humildade vem do latim humilitas, e é a virtude que consiste em conhecer as suas próprias

limitações e fraquezas e agir de acordo com essa consciência. Refere-se à qualidade daqueles

que não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas. A

Humildade é considerada pela maioria das pessoas como a virtude que dá o sentimento exato

do nosso bom senso ao nos avaliarmos em relação às outras pessoas. Características como

cordialidade, respeito, simplicidade e honestidade, embora sejam frequentemente associadas à

humildade, são independentes. Portanto, quem as possui não precisa necessariamente ser

humilde.

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3. CONCEITO DE CIDADANIA

Para Camargo (2019), no decorrer da história da humanidade, surgiram diversos

entendimentos de cidadania em diferentes momentos – Grécia e Roma da Idade Antiga e Europa

da Idade Média. Contudo, o conceito de cidadania como conhecemos hoje insere-se no contexto

do surgimento da Modernidade e da estruturação do Estado-Nação.

Origem do termo

O termo cidadania, etimologicamente, tem origem no latim civitas, que significa "cidade".

Estabelece um estatuto de pertencimento de um indivíduo a uma comunidade politicamente

articulada – um país – e que lhe atribui um conjunto de direitos e obrigações, sob vigência de

uma Constituição. Ao contrário dos direitos humanos, que tendem à universalidade dos direitos

do ser humano na sua dignidade, a cidadania moderna, embora influenciada por aquelas

concepções mais antigas, possui um caráter próprio e possui duas categorias: formal e

substantiva.

Cidadania formal vs. Cidadania Substantiva

A cidadania formal é, segundo Camargo (2019) conforme o direito internacional,

indicativo de nacionalidade, de pertencimento a um Estado-Nação, por exemplo, uma pessoa

portadora da cidadania brasileira. Em segundo lugar, na ciência política e sociologia, o termo

adquire sentido mais amplo. A cidadania substantiva é definida como a posse de direitos civis,

políticos e sociais. Essa última forma de cidadania é a que nos interessa.

A compreensão e ampliação da cidadania substantiva ocorrem a partir do estudo clássico

de T.H. Marshall – Cidadania e classe social, de 1950 –, que descreve a extensão dos direitos civis,

políticos e sociais para toda a população de uma nação. Esses direitos tomaram corpo com o fim

da 2ª Guerra Mundial, após 1945, com o aumento substancial dos direitos sociais por meio da

criação do Estado de Bem-Estar Social (Welfare State), que estabeleceu princípios mais coletivistas

e igualitários. Os movimentos sociais e a efetiva participação da população em geral foram

fundamentais para que houvesse uma ampliação significativa dos direitos políticos, sociais e

civis, alçando um nível geral suficiente de bem-estar econômico, lazer, educação e político.

A cidadania esteve e está em permanente construção. É um referencial de conquista da

humanidade por meio daqueles que sempre buscam mais direitos, maior liberdade, melhores

garantias individuais e coletiva e não se conformando frente às dominações, seja do próprio

Estado, seja de outras instituições.

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A cidadania é, portanto, o conjunto de direitos e deveres exercidos por um indivíduo que

vive em sociedade, no que se refere ao seu poder e grau de intervenção no usufruto de seus

espaços e na sua posição em poder nele intervir e transformá-lo.

4. ÉTICA E GLOBALIZÇÃO

A ética deve ser a ideia orientadora para evitar que o processo globalizante não se tome

mais uma arma de dominação de poucos países. Porém, cabe a pergunta: como a ética pode

influenciar nações tão díspares para um mundo melhor?

O tema crucial do processo de integração mundial são os valores que presidem o

relacionamento internacional neste início de século e de milênio. O atentado ao World Trade

Center surpreendeu o mundo. Após a fase inicial de estupor e revolta diante da tragédia, o

desastre começou a ser esclarecido. Ao compasso das investigações sobre a ação terrorista,

surgiram tentativas de explicação e a ética nas relações internacionais tornou-se o tema do

momento.

A globalização, de acordo com Huntington, contribuiu para um cenário e tem a sua parte

de responsabilidade: “a globalização incentiva e permite que gente como Bin Laden trame seus

ataques ao centro de anhattan, enquanto está em uma gruta do Afeganistão pobre” ( Estado

de S. Paulo, 28/10/2001, pág. A23). O ataque terrorista, na opinião de Huntington, restituiu ao

Ocidente sua identidade comum.

A interpretação dos ataques aos Estados Unidos levantou a questão de saber quais são

os valores que presidem às diversas civilizações como elementos subjacentes à explicação dos

acontecimentos e da história. É preciso esclarecer, entretanto, que o responsável pela tragédia

não foi o mundo islâmico, mas apenas um grupo radical que não representa adequadamente o

slã omo apontou Henry Kissinger, “a Am rica e seus aliados precisam tomar cuidado para não

apresentar esta nova política como choque de civilizações entre o Ocidente e o Islã. A batalha é

contra uma minoria radical que macula os aspectos humanos manifestados pelo islamismo em

seus per odos grandiosos” (Folha de aulo, 20 11 2001, Especial, pág 6)

O episódio das Torres Gêmeas, entretanto, alertou o mundo quanto à importância dos

valores que presidem as culturas e civilizações. Ou seja, a ética nas comunicações, na economia,

na política e na cultura é o elemento-chave para o futuro do mundo. Este é o fator fundamental

que deve ser analisado na globalização.

Antes de avançar nesse estudo é necessário indagar: há uma única ética correta, aplicável

a uma determinada situação, ou a ética é passível de interpretação diversa em função de fatores

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circunstanciais? Mais: há valores universais, que se aplicam a todos os povos de todos os tempos,

ou os valores éticos são relativos?

O mundo presente vive mergulhado no relativismo ético. Sob a égide do relativismo, a

ética torna-se subjetiva, sendo impossível chegar a qualquer conclusão objetiva e permanente.

Esse é o grande dilema e limitação do mundo moderno: a ética esqueceu as suas origens como

estudo filosófico, na Grécia clássica, sob a poderosa luz da inteligência de Sócrates.

5. DIMENSÕES DO AGIR PROFISSIONAL

O funcionário que trabalha no Sistema Penitenciário realiza um importante serviço

público de alto risco, por salvaguardar a sociedade civil contribuindo através do tratamento

penal, da vigilância e custódia da pessoa presa no sistema prisional durante a execução da pena

de prisão, ou de medida de segurança, conforme determinadas pelos instrumentos legais.

Desta sorte, existe a necessidade de que os Agentes Penitenciários apresentem um perfil

adequado para o efetivo exercício da função, requer, pois um engajamento e um compromisso

para com a instituição a que pertençam.

Devem ter atitudes estratégicas e criteriosas, para corroborar com mudanças no trato do

homem preso, e realizá-las em um espírito de legalidade e ética.

Ter a humildade de reconhecer a incapacidade a respeito dos meios capazes de

transformar criminosos em não criminosos, visto que determinados condicionantes tendem a

impedir essa metamorfose, parecendo provável que algumas delas favoreçam o aumento do

grau de criminalidade das pessoas. (Thomphson, 1980).

É necessário, finalmente, aos Agentes Penitenciários reconhecerem as contradições

inerentes à própria função; as possíveis orientações que variam conforme os pressupostos

ideológicos de cada administração, pois, devem transcender a estas questões a fim de contribuir

para a promoção da cidadania e assumir definitivamente como protagonista de seu papel de

ordenador social, de funcionário público honrado.

É que suas práticas profissionais condizem com o seu agir profissional, ou o profissional

deve considerar ter no exercício de sua função:

01 – APTIDÃO: que tenha disposição inata, um dom natural de lidar com pessoas;

02 – HONESTIDADE: que seja íntegro. Precisa ser parte exemplar da instituição a que pertença e

conduta inatacável;

03 – CONHECER FUNÇÕES E ATRIBUIÇÕES: distinguir com clareza uma ação própria, de seus

direitos e prerrogativas;

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04 – RESPONSABILIDADE: que tenha capacidade de entendimento ético e uma determinação

moral;

05 – INICIATIVA: que seja capaz de propor ou empreender ações iniciais e principiar

conhecimentos;

06 – DISCIPLINA: que sua observância dos preceitos ou normas seja uma ação natural;

07 – LEALDADE: que não seja apenas sincero e franco, mas principalmente fiel aos seus

compromissos e honesto com seus pares;

08 – EQUILÍBRIO EMOCIONAL: que sua estabilidade mental seja definida por ações comedidas e

prudentes;

09 – AUTORIDADE: que não tenha apenas direito ao poder, mas que tenha o encargo de

respeitar as leis com competência indiscutível;

10 – LIDERANÇA: que seu comando tenha tom condutor, um representante de um grupo;

11 – FLEXIBILIDADE: que a destreza, bom senso e transigência estejam sempre a serviço do bem

comum;

12 – CRIATIVIDADE: que sua capacidade de criação e inovação possa superar as adversidades;

13 – EMPATIA: que saiba sempre se colocar no lugar do outro, antes de uma decisão importante;

14 – COMUNICABILIDADE: que se comunique de forma expansiva e franca;

15 – PERSEVERANÇA: que seja firme e constante em suas ações e ideais.

Obs: Comportamento antiético nos locais de trabalho.

Levar um objeto da empresa para casa, tirar vantagem de um colega e divulgar

informações falsas são apenas alguns exemplos do que podemos chamar de comportamento

antiético. Infelizmente, alguns já são tão recorrentes, principalmente nas empresas, que acabam

sendo ignorados por boa parte das pessoas.

nclusive, o tão conhecido “jeitinho brasileiro” apenas mais uma prova de que a falta de

ética pode se esconder mesmo nas pequenas ações, não apenas nos atos criminosos. E, com

frequência, eles são vistos como aceitáveis e até são valorizados por aqueles que acreditam se

tratar de esperteza.

Infelizmente, até mesmo alguns gestores de empresas valorizam essas atitudes, por

julgarem que elas contribuem para o crescimento da organização. No entanto, o que pode

parecer vantajoso a princípio, a longo prazo pode comprometer a cultura organizacional e o

funcionamento do negócio como um todo.

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6. O ESPAÇO DO TRABALHO NAS UNIDADES

PENITENCIÁRIAS ESTADUAIS: EQUIPES E COMUNICAÇÃO. Material consta no: Levantamento Nacional DE INFORMAÇÕES PENITENCIÁRIAS -

Atualização - Junho de 2016. Disponível em: http://depen.gov.br/DEPEN/noticias-

1/noticias/infopen-levantamento-nacional-de-informacoes-penitenciarias-

2016/relatorio_2016_22111.pdf. Acesso em: 05-06-2019.

6.1. EQUIPES INTEGRADAS, UNIDADES EFICIENTES E SEGURAS

O que é e como funciona uma equipe

o dicionário Aur lio (2010, p 216), a definição de equipe : “grupo de pessoas que

juntas participam duma competição esportiva ou se aplicam a uma tarefa ou trabalho ”

onnellon (2006, p 4) indica que equipe um “grupo de pessoas organizadas de forma a

trabalhar em conjunto, ou como um grupo que executa tarefas semelhantes ou se reporta a uma

mesma pessoa ”

Veja a equipe em que você trabalha e/ou a equipe que você lidera. Com- pare com outras

equipes que existem na organização em que você trabalha. O que você observa? Considerando

que a diversidade é um elemento presente nas organizações, então as equipes são diferentes,

certo? Seu comportamento, os resultados que obtem, o relacionamento com seu líder, entre

outros.

Observe na Tabela a seguir, os diferentes tipos de equipes descritos por Donnellon

(2006, p. 5). Reflita sobre as facilidades e dificuldades no re- lacionamento interpessoal de cada

um destes tipos de equipes. Como a liderança deve se comportar em cada um destes modelos

para ser eficien- te e eficaz?

Já ouvi pessoas dizerem que não conseguem trabalhar em equipe, outras se questionam como é

possível que alguém prefira fazer tudo sozinho. Veja como é difícil a tarefa da liderança. Como

manter um ambiente harmonioso de trabalho com tanta diversidade?

Tabela: Tipos de equipes e suas descrições

Tipos de equipes Descrição da equipe

Equipe funcional

Um grupo organizado que se reporá a um único chefe e pode ou não ser

obriga- do a trabalhar em conjunto, para atingir os objetivos do

grupo.

Equipe multifuncional

Um grupo formado por membros provenientes de diferentes áreas de

uma mesma organização cujo tempo é em parte dedicado ao trabalho em

equipe e, em parte, dedicado a outras responsabilidades funcionais.

Equipe de ataque

Um grupo formado por membros provenientes de diferentes áreas de

uma mesma organização cujo tempo é totalmente dedicado ao

trabalho em equipe.

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Equipe ad-hoc ou força tarefa Um grupo temporariamente reunido, a fim de resolver determinado

problema ou aproveitar determinada oportunidade.

Comitê ou comissão

Um grupo constituído em caráter permanente, que desenvolve e

monitora deter- minada filosofia ou política de trabalho ou ainda um

conjunto de procedimentos.

Fonte: DONNELLON, 2006.

Diante das mudanças constantes nos ambientes organizacionais, equipes de alto

desempenho necessitam desenvolver habilidades extras para que possam interagir na busca de

um mesmo objetivo obtendo sucesso. Tais habilidades associadas a um senso de

responsabilidade coletivo, experiências e motivação empoderam de tal maneira o grupo tornando-

o capaz de agir com presteza diante da dinâmica organizacional e assim obtendo melhores

resultados na execução das tarefas.

Executar processos e construir projetos de forma eficiente e em alto nível, requer

empenho no aprimoramento de algumas qualidades:

a) Autogerenciamento: Todos os membros da equipe devem conhecer claramente as funções a

ele destinadas e saber como executá-las de forma eficiente.

b) Antecipação: Os membros necessitam de uma visão ampla, sistêmica, e possuir a percepção

para variáveis que venham a surgir, criando maneiras objetivas, criativas e eficazes de lidar com

elas, cientes de que há situações que podem ser evitadas ou controladas já que dependem

exclusivamente de fatores internos e também existem contingências inevitáveis, pois organizações

estão inseridas em ambientes que sofrem influencias externas e para tais a equipe deve estar

preparada para enfrentá-las. Em ambos os casos deve-se evitar ao máximo o improviso, cercando-

se o quanto possível de um ambiente seguro.

c) Adaptação: A capacidade de se adaptar é essencial, encarar o imprevisível de maneira positiva.

Os ambientes organizacionais estão em constante mudanças e adaptar-se a elas é muito

importante, essencial mesmo.

d) Cooperação: A individualidade deve dar lugar à cooperação e o trabalho em equipe. Juntos um

grupo se torna forte e mais capaz.

e) Desenvolvimento: Constante treinamento, capacitação e aperfeiçoamento deve ser

preocupação prioritária para uma equipe que pretende se manter com alta performance e

evolução. Nesse contexto deve-se considerar a importância de preparar pessoas para sucessão

garantindo assim a continuidade, o nível de excelência e a vantagem competitiva das

organizações.

f) Desenvolver e motivar o espírito empreendedor de cada membro das equipes, estimulando

para que a criatividade dentro das empresas seja potencializado.

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g) Empowerment: A liberdade dada aos membros da equipe para que tragam e exponham suas

idéias, conhecimentos, experiências e motivação é extremamente bem vinda, pois enriquece o

capital intelectual de toda a equipe que compartilhará das informações.

h) Diversidade: Diferentes tipos de pessoas formam uma Equipe de Alta Performance,

apresentam diferentes habilidades, complementando-se e aprimorando o trabalho, com o

potencial de cada um. Talentos individuais, juntos, podem resultar em tarefas bem sucedidas.

i) Relacionamento e Feedback: A amizade não é um fator essencial numa Equipe de Alta

Performance, o essencial é que cada membro saiba respeitar o outro e criar uma relação de

confiança. Pessoas possuem crenças, culturas e valores diferentes, o que resulta em

comportamentos diversos. Para que pessoas diferentes possam conviver em harmonia, o uso do

feedback e a redução dos ruídos na comunicação são ferramentas bastante eficazes promovendo

o desenvolvimento dos membros e evidenciando a diferenção entre processos e pessoas.

j) Interdependência: Uns auxiliando os outros, esforço conjunto e cada um caminhando para

que juntos alcancem um mesmo objetivo. Foco sempre no futuro, enxergar além o horizonte, criar

estratégias embasadas no máximo possível de informações seguras, e mesmo tentar prever e/ou

reagir em improváveis cenários.

Estar ciente da diversidade de personalidades, e que todos possuem sua autonomia, expressam

suas opiniões sem objeções, aumentando, através desse ato, o nível intelectual dos diálogos nas

organizações.

Usar de forma inteligente as ferramentas contemporâneas de gestão, como benchmarking,

Empowerment, Downsizing Endomarketing etc. de forma a acompanhar o mercado.

Identificar e investir em fatores que motivacionais para os colaboradores, considerando a

importância de sua realização pessoal, facilitando a instalação de ambiente amigável de parceria e

colaboração.

Vantagem competitiva no mercado se obtém através do fortalecimento das equipes, o que faz o

diferencial entre o fracasso e o sucesso tanto individual de seus membros quanto da equipe como

um todo.

Uma Liderança comprometida e que possua tal visão tem grandes possibilidade no êxito da

construção de uma Equipe de Alta Performance. Cabe ao líder a maior parte da responsabilidade

no desenvolvimento de sua equipe.

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7. COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL E RELACIONAMENTO

PROFISSIONAL Trata-se da oportunidade que é oferecida para que lideranças e integrantes da equipe conversem

claramente sobre as questões envolvidas no cotidiano das organizações. Nestes encontros, são

valorizadas as trocas simultâneas de informações, o feedback e o esclarecimento de dúvidas

importantes. Por que estamos mencionando este tema nesta nossa disciplina? Porque hoje, temos

um grande vilão nos processos de comunicação, do ponto de vista de Macedo (2007, p. 83): o

email.

Figura 11.1: Email

Fonte: http://www.mundodastribos.com

Quantas e quantas vezes você já recebeu um email do seu colega de trabalho que está sentado

na sua frente! enho certeza de que você já se perguntou: “por que ele não veio falar comigo

pessoalmente?” As respostas para esta pergunta passam: pela dificuldade das pessoas em falar

abertamente, olhando para as outras; pela falta de gestão adequada do tempo; ou ainda pela

necessidade que muitos têm de deixar tudo registrado, caso precisem de uma “prova” ostumo

dizer que as pessoas têm tempo, o que lhes falta é saber administrá-lo adequadamente. Muitas

vezes, porque é mais prático, envia-se um email. Pode ser mais prático, é verdade, mas não

proporciona a comunicação interpessoal que é fundamental para o ambiente harmonioso entre

os indivíduos.

Outro problema s rio que as organizações enfrentam o “mal das reuni- ões” ara tudo, se

marca uma reunião, já percebeu isso? Para ser produtiva, uma reunião tem que ter: objetivo;

planejamento; condução firme; prepa- ração prévia dos participantes; participação ativa de

todos, finalização e en- caminhamento o contrário, fica um “bate papo” sem resultados

práticos além do desperdício de recursos finitos como tempo, energia e dinheiro.

Via email é impossível fazer uma comunicação interpessoal eficiente e eficaz porque dela fazem

parte movimentos como: esclarecimento de dúvidas, per- suasão, monitoramento da

compreensão de todos. E não adianta fazer um email extenso! Você lê emails extensos?

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Enfim, minha sugestão é que você privilegie a comunicação interpessoal pla- nejada, fale com as

pessoas olhando nos olhos. Seja objetivo, busque um resultado final. Use o email para

comunicações breves.

7.1 - COMO DEVE SER UM FEEDBACK

Muitas pessoas acreditam que dar um feedback consiste em chamar para conversar

abertamente. Pode ser verdade....em parte. Existem técnicas para que o feedback seja positivo

para ambas as partes. Observe que Moscovici (2008, p. 95-96) ensina que um feedback deve ser:

•Descritivo e não avaliativo – é feito o relato de uma situação e não um julgamento sobre ele. O

interlocutor se sente à vontade para oferecer elementos para uma discussão positiva.

•Específico ao invés de geral – indique o comportamento da pessoa, descrevendo uma situação

ao invés de qualificá-la ão diga “você desatento” escreva alguma situação que a própria

pessoa chegue a esta conclusão.

•Compatível com as expectativas do emissor e do receptor da mensagem – é o caso comum que

ocorre quando um l der quer “cha- mar a atenção” de algu m e você quer construir, então

converse.

•Dirigido – pense em comportamentos que o interlocutor possa mudar para melhorar o

relacionamento interpessoal.

•Solicitado e não imposto – o próprio interlocutor pode solicitar um

feedback se perceber que tem esta oportunidade.

•Oportuno – não espere até a poeira baixar completamente, senão o fato cai no esquecimento e

você tem que relembrar a pessoa o que faz com que a força do feedback se perca.

•Claro e preciso – procure fazer com que o interlocutor faça um resumo do que foi dito durante

este encontro de feedback. Lembre-se que o ob- jetivo é fazer as correções necessárias para que

o fato ruim não se repita e o fato bom seja um exemplo.

8. DIFICULDADES EM DAR E RECEBER FEEDBACK

amos relembrar aqui uma frase sábia: “elogios se faz em p blico e reprimendas, em particular”

Só com esta indicação, boa parte das dificuldades estará resolvida. Ninguém gosta de ser

criticado em público, nem as crianças, nem os adultos. Se você precisa dizer algo difícil para

alguém, se prepare, chame a pessoa e converse seguindo o que dissemos no item anterior. Se

for elogiar, aí sim aproveite a melhor ocasião e torne esta pessoa um exemplo.

Você participa com entusiasmo durante as reuniões de equipe e nunca hesitou em oferecer

sugestões criativas ou opinião. Isso tem que parar!!

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Quando o feedback negativo, o receptor, conforme ensina oscovici (200 :96) ”nega a validade

do feedback”, para de ouvir, parte para a agres- são apontando as deficiências do emissor.

Também não é fácil dar feedback. Muitas pessoas se sentem poderosas, impor- tantes ao

chamar algu m para “conversar” com o objetivo de chamar a aten- ção para problemas. O que

estas pessoas não percebem é que ao acreditarem que se trata de um poder, elas deixam de se

preparar adequadamente. Com isso, não analisam previamente o seu interlocutor e não

preveem suas reações.

Outra situação é a da pessoa que teme as reações do outro e vai para a reunião de feedback na

defensiva, já começa se explicando, justificando as coisas que vai dizer.

REFERENCIAS

CAMARGO, Orson. "Conceito de Cidadania"; Brasil Escola. Disponível em:

https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/cidadania-ou-estadania.htm. Acesso em 08 de julho de

2019

Levantamento Nacional DE INFORMAÇÕES PENITENCIÁRIAS - Atualização - Junho de 2016.

Disponível em: http://depen.gov.br/DEPEN/noticias-1/noticias/infopen-levantamento-nacional-

de-informacoes-penitenciarias-2016/relatorio_2016_22111.pdf. Acesso em: 05-06-2019.

http://www.mundodastribos.com