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IPRI HEDLEY BULL A SOCIEDADE ANARQUICA Uni estudo da ordetn napdsia: mundisl

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I P R I HEDLEYBULL ASOCIEDADEANARQUICAUni estudoda ordetnnapdsia: mundisl COLEO CLSSICOSIPRI Comit Editorial: Celso LafcrMarcelodePaiva AbreuGelson Fonseca jnior CarlosHenrique Cardim A reflexo sobre a temtica dasrelaesinternacionais estpresente desde os pensadores daantigidade grega, como o caso deTucdides. Igualmente, obras como aUtopia,de TI10mas More, e os escritos deMaquiavel,Hobbes e Montesquieu requerem, para sua melhor compreenso. uma leitura sob a ticamaisampla dasrelaes entre estados epovos. No mundo moderno, como sabido, a disciplina RelaesInternacionais surgiu aps a Primeira GuerraMundial e, desde ento, experimentou notvel desenvolvimento, trans-formando-se em matria indispensvelparaoentendimento do cenrio a-tual.Assim sendo, asrelacoes internacionais constituem rea essencial do conhecimento que , aomesmo tempo, antiga, moderna e contempornea. No Brasil, apesar do crescente interesse nosmeios acadmio i,pcilitico, em-presarial,sindicalejornalsticopelos assuntos de relaes exteriores e polti-cainternacional, constata-se enorme carncia bibliogrfica nessa matria. Nesse sentido, olPRI, aEditoraUniversidade de Braslia e aImprensa Ofi-cial do Estado de So Paulo estabeleceram parceria para viabilizar a eclico sistemtica, sob a formade coleo, de obras b{ISiGISpara o estudo dasrela-coes internacionais. Algumas das obras includas nacoleo nunca foram traduzidas para oportugus, como ODireito elaPaz e elaGucrtude Hugo Grotius, enquanto outros ttulos, apesar de no serem inditos em lngua portuguesa, encontram-se esgotados, sendo de difcil acesso. Desse modo, a coleco OASSICOSIPUItem por objetivo facilitar ao pblico interessado o acesso a obras consideradas fundamentais para o estudo dasrelacoes inter-nacionais em seus aspectos histrico, conceitual e terico. Cadaum dos livros dacoleo contar com apresentao feita por um espe-cialista que situar a obra em seutempo, discutindo tambm suaimportncia dentro do panorama geral dareflexo sobre as relaesentre povos e naes. OsOAS'>ICOS IPRJdestinam-se especialmente ao meio universitrio brasilei-ro que temregistrado, nosltimos anos, um expressivo aumento nonmero decursos de graduao e ps-graduao na readerelacoes internacionais. ColeoCLSSICOSIPRl Tl1clllllES''Hi''lri:.1 dI GUt17:1ek> Prefcio: HlioJagllarilx:E.H.CAlm "VinteAnosc!cC!jsc 1919-19.39.Umalntnxlu- Prefcio:Eiiti Sato .1.M. Prefcio:Marcelo dePaiva Abreu I{i\Y:--f()[\DAHO'\l e GUCl7:1 cn/JeNa:')6).cap,I.COI11 respeito,IdeSirl lcnrvMame,vrdc.II/(/I'/I!I "IJ)'(Londres. .Iohlli\ 1urrav,1"/(,"/ 0/ l ntentatuma] [./O///d(]0/ I :m!lo////(I )CI'I'!OjJIIICII/(llarvardlI1IY.Prcss,llJC>( J). 204 Estclaroqueboapartedaatualdiscussodoproblemaecolgicoou ambientaldahumanidadetratadacomoumproblematcnico,que consistiriaem maximizar osinteressesdaespciehumana,eno como anecessriaconciliao deinteressesdiferentes. Aconseqncia detudo isso que em algumasreasdedebate internacionalonegociadorcedeulugaraoespecialista- otcnicoem assuntos militares, econmicos, sociais,educacionais, cientficos ou eco-lgicos.Tendnciaconfirmadapelasorganizaesinternacionaisque, sendopermanentes,refletemavontadedosestadosdeaceitar,sem questionamento,aexistnciadeuma comunidadedeinteressesem de-terminadossetores. Emterceirolugar,nosculoXXdeclinaramasinstituies diplomticas- asregraseconvenesquetornampossvelointer-cmbio diplomtico efacilitamoseufuncionamento. verdade que asprincipais instituies diplomticas conseguiram sobreviver stur-bulnciasdessesculo;deumponto de vistaestritamentelegal,po-der-se-iamesmodizerqueelassefortaleceram.Com efeito,osiste-madiplomticoassistiuaoaumentodonmerodeestadospara140!(', incorporandotodoseles;nenhumrepudiouformalmenteomeca-nismo.AGuerraFriaealutadasnaesanti-imperialistascontra o Ocidentedesenrolou-sesemprovocar umcolapso geraldosistema, emesmosemasuaextinonotocanteaosprincipaisblocosem conflito.Aomesmotempo, asConvenesdeVienasobreRelaes Diplomticas, de1961, esobreRelaesConsulares, de1963, ambas assinadaseratificadaspor estados detodososprincipaisblocospo-lticos,representamumprogressolegalimportante,medidaque codificameformalizammuitasnormasqueatentoeramapenas regras consuetudinrias, e obtiveram a adeso demuitos estados fora datradioeuropia,cujaaceitaodoscostumesdiplomticospo-diaestarsujeitaadvidas,namedida em queessescostumesnose desenvolveramcomasuahistria. 1(,Aoterminar osculoXXhavianomundo cerca deduascentenas deestados independentes (N. doT.) 205A diplomacia eaordem internacional Masestefortalecimentoeampliaodasformaslegaisemque so expressas asregras ou instiruies dadiplomacia ocorreu aolado de umdeclniodasuaobservncia.DuranteaGuerraFriaasrelaccsdi-plomticasentreospasesdoOcidenteeosestadoscomunistasforam marcadaspor freqentesabusosdosprivilgiosdiplomticos,especial-menteparafinsdeespionagem,resultandonorecursodedeclararum diplomata personanon/!,m/a,usadocompetitivamente.Osestadosdeixa-ramderespeitaroprincpione impedia/urqueprevfacilitaro desempenhodasmisscsdiplomticas:embaixadasforamvtimasde escutaclandestina,manifestaes"espontneas"foramorganizadase, emalgunscasos,verificou-seomissodeproteopolicial.Nospases comunistasforamimpostasrcstricsaolivremovimentodosdiplo-matas.DuranteaGuerraFriaasrelaesconsularesentreospases ocidentaiseoscomunistasdesapareceramquasecompletamente.Mui-tosestadosantagnicosromperamrelaesentresi,ounopuderem encet-las.Osanos19Otestemunharamumaeclosodeataquess missesdiplomticas,resultandoporvezesnasuadestruio-notadamentenaIndonsiaenaChinaduranteaRevoluoCultural." Essadcada viutambmodesenvolvimentodoseqestrodiplomtico como umnovoperigoameaandoavidadosdiplomatas. Essasobservaessobreodeclniohavidonopapeldadiplo-maciaprofissional,ouamudanadoseucarter,nosignificaqueela deixou defazeruma contribuio importante para asustentao daor-dem internacional. ( ) declnio dadiplomacia profissional pode ser tanto causacomoresultadodeumdeclniomaisamplodascondiesdaor-dem internacional no sculo XX. Seconsiderarmos asfunes exercidas peladiplomaciacomrespeitoordeminternacional,jenumeradas, evidentequeemprincpiotodaselaspoderiamser exercidasdeoutras formasqueno por ummecanismo dadiplomacia profissionaldotipo hojeexistente.Masclarotambmqueomecanismotradicionalque Princpiopeloqualumestado(1uranada()NU, fontedeassistn-ciainternacionale,acimadetudo,comoumestadoquedesejachegar a um acordo poltico com osI.sradosUnidos numa base deih>ualdade.Sem levar em conta osinteresses dos seusassociados menos poderosos, todas essas caractersticas mostram a conduta deum membro doclube dasgran-despotncias,nodeUITIporta-vozdoproletariadointernacional.No obstante, ohiato entre a retrica e a realidade , nocaso daChina, maior do quenocasodaUnioSovitica,eoschinesesnotmumahistriade participao no clube dasgrandes potncias, queentre ossoviticos come-avaantesdaconquista dopoder pelo partido comunista. Portanto,seosdireitoseobrigaesespeciaisquecabemauma grande potncia so aceitosno spelosEstadosUnidosmas pela Chi-naetambmpelaUnioSovitica.Essa aceitaoapenastentativa,e noreconhecidadeformaexplcita.Anootradicionalde"grande potncia"temurnabaseprecrianapolticainternacional,assimcomo aidiamaisampla deumasociedade internacional queelaprcssupe. o PIP/:/_nl.\G/(-L\DI:SPOT!:,\'C!.IS Acontribuio dasgrandespotnciasordeminternacionalderi-vadeumsimplesfatoqueadesigualdadedepoder entreosestados queparticipam do sistema internacional. Seosestados tivessem todos o mesmo poder,como soiguaisperante alei,etodospudessem afirmar suaspretensescomamesmaforadosdemais,difcilvercomoos conflitos internacionais poderiam ser resolvidos, e as prctenscs dequal-querestadoatendidasounegadasdefinitivamente,anosermediante alianasqueintroduzissemumelemento dedesigualdade. 236HFDLI':YBl'"'' Como osestadossobastantedesiguaisem poder, salgunspro-blemasinternacionaissoresolvidos.Asdemandasdecertosestados (osfracos)podemsernaprticaignoradas,enquantoasdeoutros(os fortes)so admitidascomo asnicas relevantesnapauta do que precisa serresolvido.Como osEstadosUnidosno so apenasuma daspotn-ciasdentro daalianado Ocidente, mas go7,amdeposio deliderana ou primazia, certos conflitosdentro daalianasomantidosdentrode limites,ouimpedidosdeatingirasuperfciedaatividadepolticacons-ciente.ComoaUnioSoviticadesfrutadeumaposiohegemnica naEuropa Oriental,queestpronta adefender pelafora,certoscon-flitosdeinteresse naquela regioso,por essa razo, resolvidosou con-tidos.AsreivindicaesqueaPolnia, Tchecoslovquia,Repblica De-mocrticaAlem,Hungria,BulgriaeRomniapossamter, reciprocamente, ou com relao prpriaUnio Sovitica,no chegam sequer aser levantadas,porque aexpectativa deque no sejam atendi-das.Quando asduas alianasnegociam asquestespolticas europias,ou oequilbriodos armamentosnaI Central, sabido que asopinies dos EstadosUnidos e daUnio Sovitica tm maispeso do queas daBlgi-ca ouda Bulgria, por exemplo e, por isso, essas negociaes so estruturadas deforma que,em outrascircunstncias,noseriam asmesmas. Em outras palavras,adesigualdadedosestados em termosdepoder tem oefeito desimplificar opadro dasrelaes internacionais, garantindo que a opinio decertos estados prevalea sobre a deoutros e que determi-nados conflitos constituiro atemticafundamentaldapoltica internacio-nal,enquantooutrosseromarginalizados.PorissoRankepdenarrara histria internacional daEuropa (aindaque com uma certa distoro) como ahistriadasrelaesentreasgrandespotncias.Hoje,aocontemplaro corpo vastoeamorfodapolticamundial,oestudanteouparticipanteda polticainternacionalcontemporneapode distinguirnasrelaesentreas grandespotncias oseuesqueletoessencial. Mas,acimadessacontribuio,pode-sedizerque,simplesmente em virtudedasuamaiorfora,asgrandespotnciaspodemcontribuir parasimplificarasrelaesinternacionaisedesempenhar umpapelna promoodaordementreasnaesaoadotarpolticasfavorveis,e 237Asgrandespotnciaseaordem internacional nocontrrias,aessaordem.Assim,asgrandespotnciascontribuem paraaordeminternacionaldeduasformasprincipais:administrando seurelacionamento bilateral eexplorando asua preponderncia no sen-tidodecentralizar osassuntosdoconjuntodasociedadeinternacional. Demodomaisespecfico,asgrandespotnciasadministramsuasrela-coes bilaterais deacordo com osinteresses da ordem internacional quan-do i)preservam oequilbrio geraldepoder; ii) procuram evitar ou con-trolarascrisesnoseurelacionamentorecproco;iii)buscamlimitar ou conter asguerrasentresi.Por outrolado,exploramsuapreponderncia corn relao do restante dasociedade internacional aoi) explorar deforma unilateralessapreponderncia local;ii) respeitar mutuamente suasrespecti-vasesferasdeinfluncia;iii)agirem conjunto, como estimplcitonaidia deum grande concerto ou condomnio degrandespotncias. Como natural, esta no uma descrio do modo como asgran-despotnciasagen1efetivamente,esimumadescriodospapisque elaspodem desempenhar em apoio ordem internacional,equesve-zesdesempenham.C0t11 efeito,asgrandespotncias,cornoaspotn-ciasmenores, agem muitasvezesdeforma apromover adesordem, em lugar daordem; prOCUrat11destruir oequilbrio geral, em vezdepreserv-lo;fomentamcrises,emlugar decontrol-las; desejamser vitoriosasna guerra,em vezdelimitar oscontlitosarmados,etc. Poroutrolado,estatambmno(,umadescriodospapisou funccsdasgrandespotnciascomrelaoordeminternacional,ou umasriederecomendaessobrecomoelasdevemagir.Tratar deste modo oque dissemos seria tentar estabelecer UIn padro de valor ou de importnciadaordem internacionalcomoumobjetivohumano, ou de tentar atribuirumlugarnahierarquiadessesobjetivos. Asduasfunesprincipaisestointimamenteinterligadaseso difceis de separar narealidadehistrica.( )s passos dados pelas grandes potnciasparaadministraroseurelacionamentomtuolevamdireta-mentetentativadeproporcionarumsentidocentralaosassuntosdo conjunto dasociedadeinternacionaleospassosque dopara explorar suaprepondernciacomrelaoaosoutrosestadospressupemum gerencian1entoefetivodoseurelacionamentorecproco. 111'[) II, ')BtI. I. J\ primeiraemaisimportantecontribuiodasgrandespotncias ,1ordem internacionalomodo como manejam mutuamente suasrcla-(-h'S.!.sta afunoC]lleexercemcomrespeitoordeminternacional maisamplamente reconhecida nasociedade dos estados e a que propor-cu maabase paraaaceitaopelosoutros estados dos direitoseobriga-coesespeciaisdasgrandespotncias. Lsscmanejodasrclacocsmtuasentreasgrandespotnciasim-plica,antesdemaisnada,aesquepodemser tomadasparapreservar oequilbriogeraldopoder,proporcionandoassimcondiessobas (]uaisosistema deestadospode perdurar (assuntoj discutidono Cap-tulo.s).Neste ponto cabe apenas observar (!ue as grandes potncias cons-tituemoelementofundamental,equeasacocstornadasnessesentido de-pendemsobretudo demedidasengenhosastomadaspor elas,inclusivede colaborao.Dentre estas,nosdias dehoje,incluem-se as aes dasgrandes p(ircnciasdestinadasapreservar acontcnconuclearrecproca. iI)I.ritar c controlar 07JCJ (:0!110jfoimencionado,porsis,apreservaodoequilbrio geraldepoder nogarantequehaverrclaccspacficasentreasgran-despotnciaseasimplesexistnciadeuma contenonuclearrecpro-caestveltambmnosignificauma garantia depaznuclear entreelas. Portanto,aadministraodasrelaesentreasgrandespotnciasno interesse da ordeminternacionalprecisaabrangertambmasaesto-madasparaevitarouparacontrolarascrisesquecontenhamoperigo dedeflagrar uma t-,ruerraentreessaspotnciasquandoelasocorrem.() quetenhoemmentealgodistintodoqueconhecidocomo "gerenciamentodecrises".()yueestavasubjacenteaoempregodessa expresso,quandoelaesteveemmodanosEstadosUnidos,depoisda crise dos msseis deCuba de1962, era osentimento de que oPresidente Kcnnedytinhaadministradoaquelasituaocrticademodoaconse-guiruma grandevitriadiplomtica,aomesmotempoemqueevitava I\Sgrandespotncias eaordeminternacional uma guerra, ellue asdecisesljUe tomarapodiam ser estudadas egene-ralizadasparaservir como orientaonofuturo.I contraste,ocupo-me aquidasprovidnciaslluepodem ser tomadaspelasgrandespotn-cias, separadamente ou em conjunto, para promo\'er ointeresse comum lJuetm no sentido deevitar econtrolar crises que impliquem perigo de umaguerraquandoocorrem. Esteumcampodaexperinciainternacionalllueaindanofoi mapeadodeformasatisfatoria,"ehcertasconcepesequivocadas ljUeprecisoevitar.Assim,seriailusrioimaginarllueasgrandespo-tnciasestosemprepreocupadasemevitarascrisesperigosasou moder-lasquando ocorrem.Na verdade,svezes,ascrisessocriadas deliberadamentepelasgrandespotncias,ouconscientementeagrava-dasat aproximidade deuma guerra, porque sua preocupao conse-guir umavitoriadiplomtica.Na eradasarmasnucleares,aconscincia das grandes potncias de que tm um interesse comum em evitar a ?Ul'rr;l pode ser maior do que antes, eno por acaso lJueesseponto pao/il/(J,IX. 4- (julholk1(57) . 272 aosoutrosestadosoublocos,sempoder impedir contudoqUL fossem vitimadosporumataquenuclear, Assim,acaractersticaprincipaldessesistemaacapacidadede cada estado ou bloco devetar orecurso deliberado e"racional" gULrra nuclear ilimitada, a exemplo do aCLSSOpelos":stados Unidos e pela Unio Soviticaaessetipodeveto,nasuarelao(ILcontenomtua.No entanto,importanteobservar que estauma descriomuitoincom-pleta do comportamento dos estados em talsistema, edela spodemos derivarirnplicaocsmuitolimitadas.Kaplanprecisarecorrerapremis-sasestranhasaoseumodeloparaargumentarqUL osistemade"veto unitrio"corrcspondcriaao"estadodanatureza"dequefalaHobbes, em qULhuma oposio aosinteressesdetodo os atores, em qUL LStLS spodemexistiremumniconvel,emquedesapareceriamascoali-ZLS,oequilbrio easmudanas dealianaseno qualno haveria lugar paraatoresuniversais,comoasNaesUnidas.Deacordocomesse argumento,osistemaperpetuariaasituaoexistente,seriaaltamente no-intcgradoeno-solidrio,marcadopor umatensoextrema." Seaceitssemos a premissa de(Iueno "sistema deveto unitrio" as armas nucleares estratgicas so osnicosinstrumentos disponveis aos atores,paraaprornocodosseusobjetivos,estclaroqueapossedo poder deveto sobre ouso desse instrumento por todos osatoreslevaria sconseqncias descritas,No entanto, esta no uma premissa razo-vel.Seo"sistema (ILvetounitrio"incorporasseem escalauniversalas caractersticasdosistemadevetomtuoentreosI.sradosUnidosca UnioSovitica,cadaumdosatorespoderianeutralizaroemprLgode armasnuclearesestratgicaspelooutromascontinuariatendocondi-cesdeutilizardiferentesinstrumentosdepoder einfluncia(milita-res,polticosL econmicos), mediante osquaispersistiriamacolabora-oeoconflitodiplomticos.Nosedevepresumir,portanto,que deixariadeexistirumagradaodepodereinflunciaentreosvrios atores,assimcomoascoalizesLmudanasdealinhamento;ouque deixariadehavermudanasnostatusquo.Noprevalecerianecessria-273Alternativasparaosistema deestadosconrcmpornco menteo"estadodanatureza"hobbesiano,marcadoportensoextre-ma,nematoresuniversaiscomo asNaesUnidasestariamimpedidos dedesempenharumpapel.Noinconcebvelquenessesistemaos atorespudessemcontereatmesmoresolverseusconflitospolticos, neutralizandoaomesmotemposeusinstrumentosnuclearesestratgi-cos.Pode-semesmo imaginar que um sistema internacionalqueperdu-rassepor vriasgeraessobadisciplinadomedo,pudesseeventual-mentedescobrirqueaordemassimalcanadaexistiriaindependen-tementedaqueladisciplina;queosmeiosdecontenonuclearuniver-salsetornassemsuprfluos,podendo ser abandonados.Naturalmente, istoespeculativo,eomeupontoqueumacondutadessetiposeria to consistente com apremissa do "sistema deveto unitrio" quanto as deduesfeitasporKaplan, Haver algumarazoparaconsiderar queummundo commuitas potncias nucleares uma modalidade desistema deestados maisapro-priada ordem mundial do que a hoje existente?H oargumento fami-liardelJuequanto maisestadostiverem armasnuclearesmaisosistema internacionalsercapazdealcanarosobjetivosdapazesq,rurana, poisdessaformasegeneralizaria ofator deconteno nuclear recpro-ca,que ajudou apreservar apaz nasrelaesentre osEstadosUnidos e aUnioSovitica.Esseargumentoexageraaestabilidadedaquelerela-cionamento demtua conteno nuclear, sujeito a alteraes introduzidas pormudanastcnicasoupolticas,equenotornaaguerranuclear impossvel,masapenas"irracional"(videCaptulo5).Almdisso,ele parte do equvoco depresumir que a difuso dasarmas nucleares resul-tar necessariamente naduplicao, em outros relacionamentos, do con-flitointernacionalexistentenarelaodecontenonuclearrecproca entreasduassuper-potncias.Em outraspalavras,presume queadifu-sodasarmas nucleareslevarobrigatoriamente aum"sistema deveto unitrio",oqueno correto. Houtroargumentomaisforte:leveounoaoaumentodase-gurana internacional, adifuso dearmas nucleares promoveria a cau-sadajustiainternacional,setodososestadosoublocosdeestados tivessemacessoaessasarmas.Nosentidorepresentadopelaigualda-274 decom respeito posse dearmas nucleares,ajustia internacional s podeseralcanadaplenamentemedianteocompletodesarmamento nuclearou,ento,porumsistemaquetornassedisponveisessasar-masatodososestadosou blocos deestados.Sobesteponto devista, qualquerregimequecriedistinesentreosestadosnuclearizadose osnonuclearizadosestarsujeito aobjees.importante observar quenodebateentreaspotnciasqueaprovamoTratadodeNo-ProliferaoNuclearde1968easqueaeleseopem,oudemodo geralentreosestadosquedispemdearmasatmicaseosdemais,o que est emjogo no traar uma linhaseparando essasduascatego-rias,massaber onde eladevesertraada:quaisospasesmembros do clubeequaisosquenoseriamreconhecidoscomomembros?Em-bora tenham por vezes justificado a proliferao com argumentos apli-cveisaosoutrospases,almdelesprprios,osprincipaisestados "recalcitrantes"(China,Frana endia)emnenhummomento defen-deram uma proliferao nuclear generalizada ecompleta, mas preocu-param-seprincipalmenteemremoverobstculossuainclusono cluberestritodospasesnuclearizados.Estaumareaemqueos objetivosdaordem internacionaledajustiainternacional(ouseja, daigualdadedetratamento)entramemcontlito. Sejaou no omundo de muitas potnciasnucleares uma alterna-tivadesejvel presente forma dosistema internacional, preciso ad-mitirquesetratadealternativaquetemumaboapossibilidadede realizao.Comoavisodeummundodesarmado,avisodeum mundocommuitaspotnciasnucleares,emsimesma,incompleta. Na formaalternativadeumsistemadeestados commuitaspotncias nucleares,asperspectivasdeordemejustiadependeriamdeoutros fatoresalm datecnologia militar prevalecente eonmero de estados com acessoaela. Ahomogeneidadeideolgica Outra forma alternativa para osistema deestados a marcada pela homogeneidade ideolgica,diferentemente daheterogeneidadeideol-Alternativasrara osistemadeestadoscontempornco275 gicaprevalecentenosistemaatual.Osexpoentesdasideologiaspolti-cassustentammuitasvezesqueotriunfodasuadoutrinaemtodoo sistemainternacionaltraria,entreoutrosbenefcios,odeeliminarou reduzir asfontesdeguerra econflito, levando aummundo maisorde-nado.Assim, osdefensores daReforma e daContra- Reforma, daRevo-luoedaContra-Revoluo,e,nanossapoca, osapologistasdoCo-munismo e do Anti-Comunismo sustentam que a suacausa a causa da paz,mesmo quandopreconizam aguerra. Conforme setem observado,essesrevolucionriosecontra-revo-lucionriosideolgicos adotam, svezes,ameta deuma sociedadeuni-versal,quesubstituiriaosistemadeestados(videCaptulo2).Masem outrasoportunidades aderem aumavisodomundo queainda orga-nizada como um sistema deestados, masnaqual todos osestados acei-tam a nica ideologia verdadeira e, por isso,podem manter entre si rcla-esharmoniosas.estavisoquenosinteressaaqui. A adeso deKant ideologiadaRevoluo Francesa levou-o noo de quea paz deveriater como fundamento umarepblica mundial, ouaiitas gentium,masemPaz Perptuaofilsofomostra seudesapontamento com a idia, voltando-se paraa suasubstituio por umaliga deestados "republi-canos" ouconstitucionais, queevitassea guerra e se difundissepor todo o globo.H Os "legitimistas" daera ps-napolenica viama perspectiva dapaz internacional, com tranqilidadeinterna, emumaSantaAliana deestados soberanos, unidos pela piedade e os direitosdinsticos.ParaMazzini a pers-pectivadapaztinhapor baseotriunfo universal do nacionalismo, queseria assistidopor umaSantaAliana dosPovos, entre os quaisnohaveria qual-querconflitodeinteresse.Demododiferente,tantooPresidenteWil-son,nosEstadosUnidos,comoosmembrosdaUnionforJ)emocratic Contrai;naInglaterra,eosbolchevistas,naRssia,sustentavamyueo controledapolticaexteriorporforasdemocrticasoupopularesera umafontedepazeconcrdia entreosestados. Marxconsideravaqueaperspectivadepazdependiadaabolio do capitalismo edalutadeclasses.Achava que oestado no passava de xKant,Pcrj!d/((/!PC(/CC,pgs.I