hall, s. codificacao decodifficacao
TRANSCRIPT
-
7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao
1/14
S T U A R T H A L L
D A D I A S P O R A
I D E N I D A O E S E M E D I T E S C U L U R A I S
Liv
S O V K
delaine L a
Guardia
R e s e n d e
n a Carolina E s c o s t e g u y
Claudia l v a r e s
F r a n c i s c o R u d i g e r
S a y o n a r a
maral
Belo
Horizonte
Editora UFMG
Brasil ia
Representacao da
UNESCO
no
Brasil
2003
-
7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao
2/14
2003
dosoriginalsem
ingles
byStuart Hall
2003da
traducao
byEditorsU F M G
Estelivro
on partedelenaopodeser reproduzido por
q u a lq u e r
meiosem autorizatao
cscrita
do
Editor.
Oautore
responsavel pela escolha
epelaapresentacao dos fatos
contidos
nesla
publicafao
e pelas
opinioesaquicxpressas, que naosaonecessariamente as daUNESCOe naocompromeiema
Organizacao.As
designates
empregadase a
apresenta9ao
do materialnaoimplicama expressao de
qualquer opiniao que seja, por parte da UNESCO,no que dizrespeitoao statuslegalde qualquer pais,
terrii6rio,cidade
ou area, ou de
suas
autoridades, on no que diz
respeiloSdelimitacao
de
suas
fronteiras
ou de
seuslimites .
H179d
Hall.Stiiari
Da diaspora:Identidades
e
mediacoesculturais/ Stuart
Hall;
OrganizacaoLiv Sovik;
TraducaoAdelaine
LaGuardia
Resende
... let all.
-
Belo
Horizonte:
Editora
U F M G ;
Brasilia:
Representacao
da UNESCO no
Brasil,2003.
4Mp.(Humanitas)
ISBN:85-7041-356-4
I. Identidade
Social 2.Cultura 3.
Etnologia
I.Sovik,Liv
11.
Resende,Adelaine La Guardia III.Tftulo IV.Serie
C D D : 306
C D U : 316
Catalogacao
na publicacao:
Divisao
de
Planejamenlo
e Divulgacao da Biblioteca
U niversilaria
-
U F M G
ED1TORACAO DE TEXTO: AnaMar iade Moraes
PROJETO GRAFICO:GI6riaCampos-Mangd
CAPA: Stuart M cPhail Hall,
diptico de Dawoud
Bey,
acervo da
National Portrait Gallery,
Londrcs.
REV1SAO
E
NORMALIZACAO:
Simonede
Almeida Gomes
' VISAO
DE PROVAS: Cida Ribeiro e
Lfvia
Renala L.
Salgado
Rh .'TSAO TfiCNICA: LivSovik
P RODUCAO
GRAFICA:WarrenM .Santos
FORMATAgAODO MIOLO:Cassio
Ribeiro
U N 1 V E R S I D A D E FEDERAL DE MINAS GERAIS
Reitora: Ana Lu c ia Almeida Gazzola
Vice-Reitor:
Marcos Borato Viana
EDITORA
U F M G
Av.An to n io
Carlos, 6627
Ala direita
da
Biblioteca Central
-lerreo-
Camp u sPampulha
31270-901 -
BeloHori zonte/MG
Tel.:
31)
3499-4650 . Fax:
3D
3499-4768
www.editora.ufmg.br [email protected]
CONSELHO
EDITORIAL
T I T U L A R S
AntonioLuiz
Pinlio
Ribeiro, Bcairiz Rezende Danlas,
Cados
AntonioLeiteBrandao,HeloisaMariaMurgel
Starling,
LuizOtavioFagundesAmaral, Mariadas
Gracas
Santa Barbara,
Maria
Helena
Damascenee
Silva
Megale, Romeu
Cardoso
Guimaraes,
WanderMeioMiranda
(Presidente)
S UP LENTES
CristianoMachadoG o n t i jo,
Denise
Rib e i roScares,
Leonardo Barci Castriola ,Lucas Jose Bretas dos
Santos,Mar i a
Aparecidados
Santos
Paiva,
Maurf l io
Nunes Vieira ,
Newton
B ig n o t tode
Souza,
Rein a ld o Mar t in ian o M arq u es,Rkardo Castanheira
Pimenta
Figueiredo
50
SistemaIntegrado
de Bibliotecas/UFES
C ONSE L HO
EDITORIAL
DA
UNESCONOBRASIL
JorgeWertliein , Juan
Carlos
Tedcsco,
CeciliaBraslavsky, AdarnaQuane,
Celioda Cunha
Organizacao das Nafoes
Unidas
para a
Educacao, a
Ciencia
e a
Cultura
Representacao
noBrasil
S A S Quadra 5 BlocoH, Lote6, Ed. CNP q /
IBICT/UNESCO, 9andar
70070-914-Brasilia
- DE
-Brasil
Tel.: (55
61)
321-3525
Fax:
(55
61) 322-4261
UHBRZSuncsco.org.br
CREDITOS DOS
TE3
i
Idien^fdades
e
c u l t u r a i s
PARTE1 -CONTROV^RSL
198681/05
-
pensando
a diaspora:reflexoes sobreaterrano exterior
H A L L S.
Thinking
t he Diaspo ra: Home-T houghts
from
Abroad.
Small A xe
v.6, p. 1-18, Sept., 1999.
Indiana University
Press.
Quest5omulticultural
H A L L S. The
Multi-cultural
Question. In:
HESSE,
Earner(Org.). Un/settled
Multiculturalisms.London: Zed Books,2000.
Quando
foi o
p6s-colonial?
Pensando no
limlte
H A L L
S.
When
Was
The Post-colonial ?Thinking
at the
Limit.In :
CHAMBERS,
Iain;CURTI,
Lidia(Org.). Th e
Post-Colonial Question:
CommonSkies,Divided
Horizons.
L ondon: Routledge, 1996.
PARTE 2 - MARCOS PARAOS
ESTUDOS
CULTURAIS
EstudpsCulturais:dois paradigmas
Reprinted
by
permission
of
SagePublicationsfrom Stuart Hall, CulturalStudies:
Two Paradig ms , in
Media Culture
an d Society 2 57-72, 1980.
Sage Publication s 1980.
t
^.V
1
Significant), representacao,
Ideologia:
Althusser
e os
debates
pos-
estruturalistas.
H A L L S.
Signification,
Representation, Ideology: Althusser and the Post-
Structural is t
Debates.
Critical Studies in MassCommunication,
v. 2, n. 2,
p.
91-114, June 1985. Used
b y
permission
of the
NationalCom munica t ion
Association.
^Estudos
Culturaise seu
legadoteorico
H A L L S. Cultural
Studies
and Its
Theoretical Legacies.
In : GROSSBERG,
L a wre nc e et al.(Org.). Cultural Studies. NewY o r k : Routled ge 1992
p. 277-286.
Para
AUon
White:
metaforas de
transformacao
HALL,S. For
Allon
White: Metaphorsof Transformation. In:
WHITE,
Allon.
Carnival Hysteria and Wri ting.Oxford: Clarendon Press, 1993. Reprinted
by
permissionof Oxford
University
Press.
PARTE
3 - CULTURA POPULARE IDENTIDADE
-rNotassobreadesconstrucaodo popular
H A L L S.NotesonDeconstructing the Popular .
History Workshop
Journal
1981, by permission of
Oxford
University Press.
-
7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao
3/14
O
problema
daideologla:o
marxismo
sem
garantias
HALL,
S. The Problem of
Ideology: Ma rx i sm
W ithou t Gua ra n te e s . In :
MATTHEWS, B .(Org.).Marx: 1 00
Years
o n.
London: Lawrence
& Wishart ,
1983, P- 57-84.
Arelevancia deGramsci parao estudo de raca e etnicidade
HALL,S .Gramsci's Relevancefor the Studyof Raceand Ethnicity.Journalo f
Communication
Inquiry 10
(2), 5-27.
1986by Sage Publications. R eprinted by permission of Sage Public ations, Inc.
negro
e
esse
na
culturanegra?
HALL,
S.
What
i s
This
Black in
Black Po pular Culture?
1998Black-Popular
Culture: Discussions
in
Contemporary Culture
8,
edited by Michele
Wallace. Reprinted
by permission of The New Press.
(800) 233-4830. (Led.Seattle:BayPress,1992.)
PARTE
4 -
TEORIA
DA
RECEPgAO
Reflexoes sobre
o
modelocodificacao/decodifica^ao
HALL,
S. et
al. Reflections upon
theEncoding/Decoding
Model.
I n:
CRUZ,
Jon;
LEWIS,
Justin.
Viewing Reading Listening.
1994by
Westview Press. Reprinted
by
permission
of
Westview
Press, a
member of Perseus Books', LLC.
CodificacaWdecodificacao
HALL,
S .
Encoding/Decoding.
Culture Media Language-
Working Papers
in
Cultural
Studies, 1972-1979- London:
Hutchinson/CCCS,
1980.
PARTE 5 - STUART HALL
FOR
STUART HALL
Aformacao de um intelectualdiasporico:uma entrevlsta com Stuart
Hall, de Kuan-Hsing Chen
HALL,
S.; CHEN,
K. -H .
T he
Forma t ion
of a
Diasporic Inte llectual:
an
Interview With Stuart
Hal l by
K ua n-Hsing Che n .
In :
MORLEY, Da vid ;
CH EN ,
Kua n-Hsing(Org.). Stuart
Hall:
Dialogues
in
C ultura l Studies-
London: Routledge,1996.
N
O
Este livro tern suas origens na vinda de Stuart
Hall
ao
Brasil,
quando proferiu
um a
palestra
na
sessao
de
abertura
do
VIII Congresso
da
Associate Brasileira
de
Literatura
Comparada, realizado na Bahia em julho de 2000. Portanto,
sinceros agradecimentos se
fazem
a Diretoria da ABRALIC,
na gestao
de
1998-2000, particularmente
a su apresidente,
Evelina Hoisel,
e a vice-presidente, Eneida
Leal
Cunha. A
envergadura
deste
livro
deve muito ao
interesse
da
Editora
UFMG empublica-lo.
Adelaine
La
Guardia Resende
foi uma
excelente parceira
de
trabalho.
Ela traduziu
para
um
portugues claro
e
proximo
do
original
a
maioria
dos
textos
e
revisou comigo
todos eles.
A
revisao
tecnica
de textos
repletos
de metaforas, termino-
logias conceituais especializadas e referencias t i radas de
objetos os mais diversos que passam po r Volochinov, a
bandaT hePolice eHamlet
encontrou nelaum a interlocu-
tora
sempre disposta a discutir o que poderia parecer mero
detalhe,
concordando,
discordando
e
recomendando
solucoes.
Recebi generosas
con t r ibu icoes ,
tambem,
de
Nilza Iraci ,
na revisao de Quenegro' eesse na cu l tu ra negra? e na
transposicao
para o portugues do Brasil de Estudos culturais
e seu legado teorico ,e de Itania Gomes em Codificacao/
Decodif icacao .
Esta
obra ta lvez t ivesse naufragado nao fosse
a
dispo-
sicao
de Stuart Hall de sugerir textos e ver publicado no
Brasil
um livro unica men te de sua auto ria, coisa rara. Seu
apoioa o
projeto,
su a
generosidade
em
comentar
aapresen-
tacao
e sua
correspondencia
precisa
e
bem-humorada
durante
os
dois anos
em que
este
livro
fo i
gestado, foram
preciosos
incentives
aotrabalhoe ao bom humor.
-
7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao
4/14
u
O
APRESENTACAO
P A R A
LE R
STUART
H A L L
P
AjfR T E CONTROVERSIAS
J
PENSANDO A
DIASPORA
REFLEX OE5 SOBKE A TERRA NO EXTERIOR
A
QUESTAO
MULTICULTURAL
QUANDO FOI O P6S-COLONIAL?
PENSANDO
NO
LIMITE
25
51
101
P
A>K T E
MARCOS PARA
OS
ESTUDOS
CULTURAIS
ESTUDOS CULTURAIS
DOIS
PARADIGMAS
131
S1GN1FICACAO,
REPRESENTACAO, 1DEOLOGIA
ALTHUSSER E OS DEBATES
POS
ESTRUTURALTSTAS 160
ESTUDOS CULTURAIS E SEU LEGADO TE6RICO 199
P A R A ALLON WHITE
METAFORAS
D E
TRANSFORMAgAO
219
T
E CULTURA POPULAR
E
IDENTIDADE
NOTAS SOBRE
A
DESCONSTRUgAO
DO
P O P U L A R
247
O PROBLEMA DA IDEOLOGIA
O M A R X I S M O SEM G A R A N T 1 A S 265
-
7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao
5/14
A
RELEV ANCIA
DE
G R A M S C I P A R A O ESTUDO
DE R A A E
E T N I C I D A D E
294
QUE
NEGRO ESSE
NA
CULTURA
NEGRA?
335
T E TEORIA DA RECEPAO
R E F L E X O E S S O B R E
O
M O D E L O
DE
CODIFICAgAO/DECODIFICAgAO
UM A ENTREV1STA
COM
STUART H A L L 353
CODIFICAgAO/DECODIFICAgAO
387
P R E S E N T ^ O
P A R A m S T U R l H A L L
STUART HALL
FOR
STUART H ALL
A F O R M A g A O DE
UM
IN TEL ECTUA L
DIASP6RICO
LIMA ENTREVISTACOM
STUART
HALL,DE
KUAN
HS1NG CHEN 407
CLQiito de origem dp s Estudos_Culturais reza que Stuart
Ha]i_e__seju_pai.
Foi^dirjetor_^Q_Xatre_for_jC_Qntej2r3^_ajy
Culturaj_J?tudies
(CCCS)jda
Universidade de Birmingham,
na
Inglaterra, durante
se u
periodo
mais
fertil, qsjuios
70 .
Na verdade e um dos pais, pois o mito de origem inclui
RichardHoggart,
Raymond Williams
e as
vezes,
E. P.
Thompson
nesse papel. Mas foi Stuart Hall
quern
assumiu os Estudos
Culturais
como projeto instituciona l na Open Un iversity, e
continuou, periodicamente, a se pronunciar sobre os rumos
de
algo
que se
tornou
um
movimento
academico-intelectual
internacional .
Ao mesmo tempo, StuartHall recua diante da autoridade
qu e
Ih e
e
atribuida.
Faz de seu
estatutopa te rno^uma
van-
tagem
de testemunha ocular (cf.
LT).
1
Ou ironiza-o, como
fez em
palestra
no
congresso
da
Associacao Brasileira
de
Literatura Comparada (ABRALIC),
em
Salvador,
em
julho
de
2000,
ao
falar
da
importancia,
para
ele,
de
ler
Roger Bastide
e Gilberto Freyre nos anos 50. Os_Estudos
Culturais
teriam
origem, inclusive^_basileira. O recuo de Hall e
indicacao
de um a
atitude peculiar diante
do
trabalho intelectual,pela
qual
os
antepassados
e contemporaneosteoricos
sao,
a um
so tempo, aliados, interlocutores, mestres e adversaries, de
cuja forca Hall se apropria, sem se preocupar em denunciar
pontos
fracos
ou demonstrar devocao filial as suas ideias.
Npjnelhor sentido brasileiro, Hall e
antropofago.
Deglutiu
-
7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao
6/14
MA RX ,
K . 1857 - Introduction and 1859 -Prefaceto AContributionto
theCritique ofPoliticalEconomy. London: Lawrence & Wishan, 1971.
[Traducao brasileira: Sao
Paulo:Martins
Fontes,
1983J
M O R L E Y ,D. Th eNationwideAudience.
London:BFI,
1980.
MORLEY,D.Family Televison.
London: Comedia,
1986.
SA USSURE,F.
Course
in General Linguistics.London:Fontana,
1974.
[Traducao
brasileira: Sao Paulo:Cultrix,
1969.]
386
C O D I F I C A C A O D E C O D I F I C A g i O
Tradicionalmente, a^esc[ui^a em comunicacao de massa
te m
concebido
o
processo comuni ca t i vo
em
termos
de um
circuito.
Esse modelo tem sido criticadopela sua linearidade
emissor /men sagem/receptor ;
por sua concentracao no
nivel
da
troca
de raensagens; e
pela ausencia
de
uma con-
cepcao
e s t r u t u r a d a
d o s
d i f e r e n t e s
m e m e n t o s
e n q u a n t o
compiexa estrutura de relacoes. Mas etambem possivel (eutil)
pensaresse processo
em
termos
d e
^ma^e^r^tura^prflcU.r^ic^e
s .uster i tacUi.^Uajyes^d^^rr^uUcao de momentos
dist intos,
m as in te rHgados
pj;oducla.^irculaca
r
o,^Ustr^jj[cjg/con-
sjjmcx,^reprgcjucjo. Isto seria pensar
o
processo c o m o
um a
"compiexa est rutura em domin an cia" , sustentada at raves
d a art iculacao d e
p ra t i cas conec t adas ,
e m q u e
cada
qua l ,
no en t an t o , mante"m sua d i s t i ncao e t em sua modal i dade
especif ica , suas proprias formas
e
con dicoes
de
existencia.
Esta s e g u n d a a b o r d a g e m ,
homol oga
a que
forma
o e sque -
leto da producao dem ercadorias apresentada no s Grundrisse
de
M ar x
e em Ocapital, t em a van t agem de destacar mais
claramente a forma na
qual
u m contfnuo
circuito
producao-
d i s t r i bui cao -p roducao
pode
se r
sus t en t ado a t raves
de
um a "passagemde
formas".
1
Ela destaca tambem a especi fic i -
dade
das
fo rmas
n as
quais
o
p rodut o
do
processo "aparece"
em
cada m ome nto e , portanto , o que dist ingue a "producao"
discursiva
de outros t ipos de p roducao em nossa sociedade
e n os sistemas de meios d e comuni cagao modernos .
O "objeto" d e tais praticas ecomposto por significadose
men sagen s
sob a form a de signos-veTculo de um t ipo especi-
fico , organizados, como qualquer forma de
com uni cacao
ou
-
7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao
7/14
HngLiagem,
pe l a
operacao
de codigos
den t ro
da
co r ren t e
sintagmJ^a)de umdiscurso. O s aparatos, relacoes e praticas
d e producao, a p a r e c e m , a s s i m ,
n u m
c e r t o m o m e n t o (o
momento da
"producao/circulacao"),
sob a
forma
de
ve.ig.ulos
sim.b6UGs-.consti,tuid.osdentro da s reeras de " l i neuaeem".
*Iu
-S
w
pMB
rfM
J
O
E
nessa fo rma d i scurs i va que a
c i rcula ao
do "p rodut o"
se rea l i za . Oprocesso, des t a mane i ra , reque r , do l ado da
p r o d u c a o ,
seus
i n s t r u m e n t o sm a t e r i a ls seus "me i os"
bem c o m o
seus
pr6prios
conjuntos
de relagoes
sociais
(d e
p r o d u ca o ) a
organizacao
e
combi nacao
d e
praticas dentro
dos
aparatos
de
comun icacao .
M as e sob a forma
discursiva
que a
ci rculacao
do
produto
se
realiza,
be m
como
sua^distri-j
^yi^jg^^r^difcrentes^udiSncias. U m a ve z concluido, o
discurso deve entao
se r
t raduzido
t ransformado
de
novo
em
praticas sociais, para
que o
circuito
a o
mesmo tempo
se complete e produza efeitos.S enenhum "sentido"e apreen-;
dido, nao pode haver
"consume".
S e o sentido nao ea r t i cu- ;
lado
em
pratica, ele
na o
tern efeito.
O
valor dessa abordagem
e que,enquanto cada um dos moment os , em articulacao, e
n ecessa r io
ao
ci rcui to como
um
to d o , n e n h u m m o m e n t o
consegue garant i r intei ramenteo proximo, com o
qual
esta
a r t i cu lado .
J a
que cada moment o t e rn sua p ropr i a modal i -
d a d e
econdicoesde
existencia, cada
um
pode
cons t i tu irs ua
propria ruptura ou
in terrupcao
da "passagem das
fo'rmas"
de
cuja con t i nui dade o f luxo de p r o d u c a o efetiva (isto e, a
" reprodu^ao" ) depende.
Assim, embora
de modo
a lgum
se
queira restringir a pesquisa "a seguir apenas aquelas pistas
q ue
emergem
d as analises d e
con t eudo" ,
2
devemos r eco-
nhecer^u^^joj;ma_discursiva damenjsagejrijern uma.posicaci
iyAtesM da_mijtxQ^^ vista da
circiulacao) e que os momentos de "codificacao" e.
"de_co,difi-
cacao", embora apenas "relativamente autonornos^ern relacao
ao proce_ssp
comuni ca t i vo como
um
t odo , , .
s _ a o
moment os
^ g. ?.iS^O5. U m
even to historico "bruto"
na o
pode,
nessa
forma,
se r
transmitido, digamos,
por um
te lejornal .
Os
aconte-
cimentos so podemser significados[b e
signified}
dentro das
formasvisuais
e
audi t ivas
do
discurso televisivo.
errLgue um evento historicoejapsto sob osignod
a toda a
c ornpjexidade
das "regras" formais^gelas
jq u
ais
a.Jjnguagem significa.
Por
i sso , paradoxalment e ,
o
acont ec i ment o deve se t o rnar uma "narrativa" an t e s que
388
possa
se
tornar
um (gventocomunicativ^ Naquele
moment o ,
as sub-regras formais do discurso estao "em dominancia",
sem, e
c laro , subordinarem
a te seu
apagament o
o
evento
historico qu e esta sendo significado,as relacoes sociais na s
quais as regras sao postas em funcionamento ou as conse-
q uen cia s
poli t icas
e
sociais
do
evento terem sido significa-
das dessa ma neira. A
"forma-mensagem"
e a necessaria "forma
de aparencia" do evento na sua passagem da fonte para o re-
ceptor. A ssim, a
transposicao
para
dentrjxe,paKi-fera-daJlfotr
i
***^^-^-^
-
7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao
8/14
ta l
ponto sucintamente, dentro de um
referencialmais
tradi-
cional,em sua
discussao
do modo como a-audigncia6,.-a0-
rnSjTio^tempo,,,a^f^Xe^^
televi-
siva. Assim
usando os termos de
M a r x
circulacao
e
recepcaosao,de
fa to,
"mementos"doprocesso deproduce
na televisao
e sao
reincorporados
via um
certo numero
de
feedbacks
indiretos
eestruturados no
proprio processo
de
producao.
O
consume
ou a recepgao da mensagem da tele-
visao e
f
assim, tambemel amesmaum "momento" do processo
de
producao
no seu sentido mais amplo, embora este ultimo
seja "predominante" porque e "o ponto de partida para a
concretizacao"
da mensagem. Producao e recepcao da
mensagem televisivanaosao, portanto, identicas, masestao
relacionadas: sao momentos diferenciados dentro
da
iotali-
dade f o r m a d a
pelas
relacoes sociais
doprocesso
comunica-
tivo como
um
todo.
E m um certo ponto,contudo, as estruturas de radiodi-
fu s a o devem produzir mensagens codificadas na fo rma de
um discurso s igni f i ca t ive. As
relacoes
de producao ins t i tu -
cionais e sociais devem passar sob as regras discursivas da
linguagem para que seu produto
seja
"concretizado".
Isso
inicia um outro momento diferenciado, no qual as regras
fo rm a i s
do discurso e linguagem estao em dominancia. Antes
que
essa mensagem
possa ter
um^e^ito^j(gualqu^r_gue^seja
suadefin igao) , satisfacauma
"necessidade"
outenhaurn"uso",-
deve prirneiro
ser
apropriada comounxdiscursp significatjvp
-sgr_s.igmfi
c
atjyamente decodifica.da. J E . esse__cprijunto~;de
sj^r^i
s
ca^p^^ecp.ciifLca^s
.que
"tern um efei to" , inf juencia ,
entretem, i ns t ru iou persuade, com consequenciaspercep-
t ivas,
cognitivas,emocionais, ideologicas ou comportamentais.
muitocpmplexas.Em um
momento
"determinado", a
estru-
tura emprega
um codigo e
produz
uma
"mensagem";
em
outro momento determinado.^a "mensagem" de^emboca na
.e^trjjtura. ,4as_praticas_sociais_pela._.via, ,de.sua,
d&codtfica ao.
Estamos agora plenamente cientes
de que esse
retorno
as
praticas de recepcao e "uso" da audiencia nao pode ser
entendido em termos simplesmente comportamentais. Os
processes
tipicos identificados
na
pesquisa positivista sobre
elementos tsolados efeitos, usosegratificacoes saoeles
proprios ordenados
por
estruturas
de
compreensao,
bem
como
sao produzidos por relacoes economicas e sociais; que
390
moldam sua "concretizacao" no ponto
f i na l
darecepcao e
que permitem que os significados expresses no discurso
se j a m
transpostos para a pratica ou a consciencia (para
adquirir valor de uso social ou efetividade politica).
P R O G R A M A C O M O
D I S C U R S O
"SIGNIFICATIVO
codifica ao
est ruturas
desentido1
r e f e r e n c i a i s
;
de conhecimento
relacoes
de producao
i n f r a - e s t r u t u r a
tecnica
decodifica ao
es t ru turas
d esentido2
r e f e r e n c i a i s d e
conhecimento
relacoes
de
produao
i n f r a - e s t r u t u r a tecnica
Ni t i da m e n t e ,
o que chamamos no diagrama de "estruturas
de significado 1" e "estruturas de significado 2"
podem
nao
ser iguais. Elas nao constituent uma
"identidade imedia ta" .
|Os codigos
de
codificacao
e
decodificacao podem
nao ser
Iperfeitamente
simetricos. Qs_graus
de simetria ou seja,
os graus de "compreensao" e "ma-compreensao" na troca
comunicativa dependemdos graus de simetria/assimetria
(relacoes de equivalencia)
estabelecidos
entre as posicoes
das "personificacoes" _c)dificadoj^ptQd,utox_e
decodifi-
cador-receptor, Masisso,por suavez,dependedosgrausde
identidade/nao-identidade entre
os
codigos
que
perfeitamente
ou imperfeitamente
t ransmitem,
interrompem ou sistemati-
camente distorcem o que esta sendotransmitido. Afalta de
adequacao
entre os codigos tern a ver em grande parte com
as diferencas
estruturais
de
relacao
e posicao
entre
transmis-
sorese
audiencias,
mas
tambem tern
algo a ver com a
assi-
m e t r i a
entre,os
c6digosda^fontele_do
"receptor" no momento
da
transformacao
para.jdentro e para
fora
da f o r m a discur-
siva.O que sao chamadas de "distorcoes" ou "mal-enten-
didps" surgem precisamente dafalta
de equivalencia
entre
391
-
7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao
9/14
os dois
lados
na troca
comunicativa.
Mais uma vez, isso define
a "au ton omia re lat iva" , mas tamb em a
"de termin asao" ,
da
entradae
saida
da
mensagem
em
seus
mementos
discursivos.
A aplicacao desse pa rad igma rud imen ta r
ja
comegou a
transformar
nosso
en ten dimen to do velho termo "conteudo"
da televisao.
Estamos apenas
comecando a
entender como
ele
tambem
pode
transformar
nosso
entendimento
da
recepcao
da
audien c ia ,bem como sua
"leitura"
e resposta. Comegose
finais foram
anunciados anteriormente na pesquisa em comu-
nicagao,
portanto devemos
se r
cautelosos.
M as
parece haver
a lguma razao para se pensar que uma fase bem nova e insti-
gan te n a chamada pesq u isa d e a u d i e n c i a ,d e um novo t ipo
pode
estar
se
ab r in do .
E m
a m b a s
as
pontas
da
cadeia comu-
nicativa o uso do
paradigma
semiotico
promete dissipar
o
persis tente behaviorismo que
tern
perseguido a pesquisa dos
mass media
por
t a n t o t e m p o ,
sobretudona sua
abordagem
de
con teudo . E mb ora sa ib amos
que o
programa televisivo
nao e um es t i mulo compor tamen ta l , como um a b a t ida n a
' rotu la
do joelho, parece ter sido quase impossivel para os
pesquisadores
tradicionais conceituar
o processo
comun ica -
tivo
se m
cair
em uma ou
outra variante
de um
behaviorismo
camuf lado . Nos sabemos , como G erb n er observou, que as
representacoes
da violencia na tela da TV "nao sa o propria-
;
menteviolencia, m as
mensagens sobre
violencia" .
3
Porem,
cont i nuamos a pesquisar a questao da violencia, po r
exemplo,
como se
fossemos incapazes
de compreenderessa
distincao
x
epistemologica.
Q~s.ignp
teleyJ^iyo^^umL^gnocpm jglexo^Ele e consti tuido
pela
Qmbdn.a^aQ^ejdoJsjip
J
p^
c
^^Uc^rso
)
jg^visuai e o
audi-
Alem do
mais
e um
s igno iconico,
na
terminologia
de
Peirce, porque "possui a lgumas da s propriedades da coisa
representada"/
Este e um pon to que tern levado agrandes
con fusoes
e
tern
sido
o
terreno
de uma
in tensa controversia
no estudo da linguagem visual.U m ave z que odiscurso visual
t r aduz um
mundo
tr idimensional empianosb id imen s ion a is ,
ele naopode,e claro,ser o
referente
ou o
conceito
que
signi-|
Ejca._Qcao, no filme_
L
pode latir,
mas n ao con segue
morder
| A
real idade exis te
fora da
l in guagem,
mas e
con s tan temen te ** .
imediada pela linguagem
ou
atraves
dela:e o que nos podemos
taaber e
dizer
ternde ser
produzido
no
discurso
e
atraves
dele-P
JO "conhecimento"discursive e oprodu to nao datransparente
392
representagaodo "real"na linguagem, mas da articulagao da
'
linguagem em condicoes e rela^oes reais. 4.ssJni. .aaQ^ha.
iconicos sao, portanto, s ignos codif icados tambem mesmo
que
aq u i
os codigos
trabalhem
de
forma diferente daquela
de
outros s ignos.
Nao h a
grau zero
em
l in guag em . N a tu ra -
l ismoe"real ismo" a aparente f idel idadedarepresentacao
a coisa ou ao conceito representado e o resultado, o efeito,
de
uma
certa
ar t icu la^ao
especif ica
da
l in guagem
sobreo
l"real".
j_o_eauitado
de.uma
prau'ca
dis_cursiv.a.
_J
Certos
codigos
podem,
e
claro,
ser tao
amplamente dis tr i-
/ b u idose m u m a
cul tura
o u
comun idade
de
l inguagem
especi-
( fica , e serem aprendidos ta ocedo , que
apa ren tam
nao-terem
Isido
con s t ru idos o
efeito
de uma
ar t icu lacao
entre s igno e
I referente mas serem
dados
"naturalm ente" . Nesse sen tido,
s imples s ignos visuais parecem ter
alcan^ado
um a
"quase-
universal idade", embora permanecam evidencias de que ate
mesmo codigos visuais aparentem ente
"naturals"
sejam
espe-
cificos
de uma
dada
c ul tura . Is to nao
significa
q u e n e n h u m
c6digo
t en ha
interferido,
mas, antes ,
que^os
codigos
foram
pj^fun^mfiAte^^jMmfeadQ^-
A
operacao
de
codigos natu-
ra l izados revela
nao a t ransparenc i a e " na tu r a l id ad e" da
l inguagem, mas a
p r o f u n d id a d e ,
o carater
habitual
e a
quase-
universal idade do s codigos em uso.-Eles4>roduzem reconhe-
GtnxeatQS
ap
ar
e
n te
me
n te "naUorais". Isso produz o efeito
(ideologico)de enfobri r as
praticas
de
codificacao
presentes.
M as na o
devemos
deixar
que as aparencias nos
e n g a n e m .
Na
verdade,
o que os codigos
natural izados
demonstrame o
grau
de
fami l ia r idade
que se
produz q uan do
hS um
a l in hamen to
f u nd am enta l
e uma
reciprocidade
a consecucao de uma
equivalencia entre os lados codif icador e decodif icador
d e u m a troca de s ignif icados.Of u n c i o n a m e n t odo s
codigosl
no
lado
d a
de codif icacao, ira frequentemente assumir
o
status
-.djS^pc
^C^QQQ
es^jiatuEal-i-zaida^.
Isso
no s
leva
a
pensar
que o
signo visual para "vaca" realmente
e(em
vez de representa) o
an im al . Mas se nos
pen sa rmos
na
representacao visual
de
uma v aca em um ma n ua l de pecua r ia e , a in da ma is , no
signo lingiiistico "vaca" n o s
podemos
ver que amb os , em
graus diferentes ,
sa o
arfc^ran'os
em
rela^ao
ao
conceito
do
animal que
representam.
A,
seja visual
ou verbal c o m o conceitojie umjgferenje e o
393
-
7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao
10/14
p r o d u t o
n a o d a n a t u r e z a , m a s d e u m a c o n v e n c a o , e o
con v en cion a l i smo dos d i scur sos r eq uer a in t e rv en cao e
o
a p o i o
doscodigos.
Dessa
maneira ,
Eco
a rgumen ta
que os
signos
iconicos
"parecem
co mobjetosdo m un do r ea lporque
rep roduzem as conduces perceptivas (ou seja, oscodigos)
de quern os ve".
5
SContudo,
essas
"condicoes de percepcao"
sao o resul tado de
um conjunto
deoperacoes altamente codi-
f icadas , a inda qu e vir tualmen te inconscientes s a odeco-
dificacoes.
Isto e
verdade para
as imagens fotograficas ou
televisivas,
ass im como para qualquer outro s igno. Signos
iconicos sao, en tretanto, particularme nte vulneraveisa serem
"lidos" como
naturais,
porque os codigos de
percepcao
visual
sao ampl amen te d i s t r ib u idose p o r q u e esse t ipo de s igno
/ emenos a rb i t ra r i o d o q u e u m
signo l inguis t ico.
O s i g n o j
I l inguis t ico
"vaca" na o
possuinenbumadaspropriedades da f
I co i sa r epresen tada , ao passo q ue o
signo
v i sua l pa rece l
1
possuir algumas
dessas
propr i edades .
Isso no s ajuda aesclarecer uma confusao na
teoria
lingiais-
tica atual e a
definir
precisamente
como alguns conceitos-
ch ave
estao
sendo usados neste texto.
A
teoria linguistica
f r e q u e n t e m e n t e
emprega
a dist incao
entre
"cono t acao" e
"den otacao" . O
t e rmo
"_denotaca_o" e
ampl amen te eq u ipa -
rado co m o.,sentido4iteraLde_um signo:
ja
qu e
esse
sentido
i^er^alniej^^^
a
"denotacao"
tem
s ido muitas
vezes confundida
com a txanscricao
literaldaJ^r.ea_lidade^-pa-Fa-
aluiguagem e ,
por tan to ,
c o m u m
"signo
n a tu ra l " , que e
p r o d u z i d o
sem a intervenao de
codigos.
A
"conotacao"
e,
por outro lado
f
em pregada para simplesmen te referir-se aos
sentidos menos
fixos
e, por tanto,
mais
convencional izados e
mutav eis ,
sentidos associativos
que
var iam claramente
de
instancia
pa ra
instancia
e ,
por tan to , dev em depen der
da
in terv en cao d e codigos.
No s
na o
uti l izamos
a
dist incao
entre
den otacao
e cono-
tacao dessa forma. No
nosso
ponto de vista, a
distincao
e
somente analitica. Ela e util, na
anal ise,
po r permit i ro
usoj
de um me todo pratico que distingu e aqueles aspectos d e
um '
s igno que parecem ser considerados, em qualquer comuni- '
dade
de
l inguagem
e a
qua lquer tempo, como
o seu sentidoj
"literal"(denotacao), do s
significados
que se
geram
e m
asso-^
ciacao
com o s igno (conotacao). M as as dis tincoes analiticas
394
na o devem
se r
con fun didas
com as
distincoes
d o
mu ndo real.
Muito
poucas vezes os signos organizados em um discurso
s ign i f ica rao
somente seus sent idos
" l i tera ls" ,
isto ,
um
sent id o quase universalm ente consensual .
E m u m
discurso'
de
fato
emitido, a
m aior ia
d os
signoscombinara seus aspectos
den ota t iv os
e
conotat ivos ( confo rme r e d e f i n i d o acima)?.
Pode-se,
entao,
pergun ta r
por que
man ter essa
distincao. E,
em
grande medida,
u m a
questao
de
valor
analitico.E
porque
os
s ignos parecem adquir i r
se u
v a lor ideologico pl 'eno
parecem estar abertos a
articulacao
com discursos e sentidos
ideol ogicos
ma is ampl os n o
nivel
dos seus sent idos
"associat ivos" (ou
seja,
no nivelda conotacao)
pois aqui
os
sentidos na o
sa o
aparentemente f ixados numa
percepcao
natural (o u
seja,
eles na o
es tao plenamente natural izados)
e
a f luidez de seu sent ido e associacao pode ser m ais comple-
tamente explorada
e transformada.
6
Portanto,
e n o
mvelconoA
tativo do signo que as ideologias
a l teram
e t ransformama j
significacao. Nesse nivel, podemos ve r maisclaramenteainter-
vencao ativa da ideologia
dentro
do discurso e
sobre ele:
aqui
o signo esta
aberto
para novas
enfases
e, segundo Volochinov,
entra
p l en amen te
na
d i spu ta
pe l os
sen t idos
a luta de
classes na
l i nguagem.
7
Is to nao quer dizer que a denotacao
ou o sent ido " l i tera l" es teja fora da ideologia . Na v erdade ,
p o d e n a m o s
dizer
que seu
valor ideologico esta fortemente
fixado,
j us tamen te po r
ter-se tornad o tao plenam ente uni-
versal e "natural" . Desse modo, os termos "deno t acao" e
"cono t acao" sao
meram ente ferrame ntas anal i ticas uteis para
se
distinguir,
em
contextos especificos,
os
diferentes niveis
em
que as
ideologias
e os
discursos
se
cruzam,
e nao a presenca
ou
ausencia de
ideologia
na
linguagem.
8
O nivel de
conotacao
do signo
visual,
de sua
referencia
contextual
e de seu posicionamento em diferentes campos
discursivos
de sentido e
associagao,
e jus tamen te onde os
signos'ja codificados
se i n t e rsecc i onam com os
codigos
s e m a n t i c o s
p r o f u n d o s
d e u m a
cu l tu ra
e ,
a s s im, a s sumem
d i m e n s o e s ideo l ogicas ad ic ion a i s
e
ma is a t iv as . Podemos
t omar um
exemplo
do
discurso
publicitario.
A i, t ampouco ,
h a "deno t a^ao pura"
e
cer t amen te n en huma represen tacao
"natural".
Na
publicidade, todo signo
visual
conota
um a
qua-
lidade, situacao,valoro u inferencia que esta
presente
comou ma
implicacao
ou
sentido
implicito,
dependendo
do
posicionamento
395
-
7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao
11/14
conotativo. No exemplo de Barthes, o sueter sempre
significa
"uma
vestimenta
quente"(denotacao)e,
portanto,
a
atividade/
valor
de
"manter-seaquec i do" .
M a s e
tambe"m
possivel , em
niveis
mais
conotat ivos,
significar
a "chegada do inverno"
ou "um dia frio". E,nos subcodigos especializados da moda,
o sue t e rpode cono t ar t ambemum estilo emvoga
na
haute
couture ou, a l ternativamente, um estilo
informal
de se vestir.
Mas,
colocado contra o
fundo
visual correto e posiciona do
pelosubc6digo
rom antico,
podeconotar
"longa
caminhada de
out ono
no bosque".
9
Codigos dessa
ordem
claramente
esta-
belecem
relacoes
para
o
signo
c o m o
un i ve rso mai s amplo
das i deo log i as em uma soc i edade .-.Pssp& ^codiflos sao os
meios
pelos
quais^pj3jdex^ajtegroig1^aQ4e^^
icar
em discursos
especificos. Eles_.r_emetem_Qs^ignQS.-aQS
e^entido'Ldentro
cada;
e
esses
"mapasda
realidade social"
conteni inscritoslioda
um a serie de significados sociais,
praticas
e
usos,
poder_
l interesse . Segundo
Barthes ,
os niveis con otat ivos dos signi-
|ficantes "tern uma est rei ta relacaocom a cu l tura,o conheci -
lento,
a
historia
e e
atraves deles,
po r
assim dizer,
que o
leio ambiente invadeo sistema lingiiistico esemant ico. Eles
> a o , de a l g u m a
forma,
os f ragment osd a ideologia."
10
O
c h a m a d o
nivel
denotat ive
do
signo televisivo
e
fixado
po r
certos codigos (restritos
ou
"fechados") bastante com-
plexes. Mas o nivel
conotat ivo,
apesar de t ambem se r
limi-
tado,
e
mais aberto ,
sendo
objeto
de
transformacoes mai s
ativas ,
qu e exploram seus valores pol issemicos. Q ualque r
signo jacon st i tuido
e
po t enc i a lment etransformavel
em
mais
de uma configuracao conotat iva. Polissemia, ent retanto , nao
deve ser confundida com plural ismo. Os codigos conotativos
na o sao
iguais entre
s i.
Toda sociedade
ou
cultura tende,
c om
diversos graus de c laus ura, a impor suas c lassificacoes do
m u n d o
social,
cu l tural
e politico. Essas
classificacoes
cons-
t i tuem
um a ordem cultural dominante,
apesar
de
esta
na o
se r ne m
univoca
nem incontestavel. Aquestao da
"estrutura
do s
discursos
em dominancia" e um
ponto
crucial. A s dife-
rentes areas da vida social parecem ser dispostas
dentro
de
dommiosdiscursivos h ierarquicam ente o rganizados at raves de
sentidosdom inantes oupreferenciais. Acontecimentos novos,
polemicosou problemat icos que rompem nossas expectat iva s
ou v ao con t ra o s "cons t ru t os d o senso
c o m u m " ,
o c o n h e -
c i ment o "dadocomocerto" das est ruturas sociais, devem
se r a t r i bui dos o u alocados ao s seus respect ivos domini-
os
discursivos, antes
qu e "facam
sentido".
A
mane i ra mai s
c o m u m de
"mapea- los"
e
a t r i bui r
onovo a
a lgum
d o m i n io
do s
"mapas existentes
da
realidade social problemat ica".
Di-
zemos
dominante
e n ao "determinado", porque e sempre
possivel ordenar, c lassi ficar, at ribuir e decodificar um acon-
tecimentodentrode mais de um "mapeamento". Masdize-
mos "dominante" porque, de
fato,
existe um
padrao
de "lei-
t uras p re fe renc i a i s" ,
e
a m b o s
d o m i n a n te
e
d e t e r m i n a d o
ternum a
ordem inst i tucional/poli tica/ ideologica impressa
neles e
ambos
se
institucionalizaram.
11
O s
dominios
do s
"sen-
tidos preferenciais"
tern,
embut ida, toda a ordem social en-
quan t o conjun t o de s i gn i f i cados , p ra t i cas e c rencas : o co -
nhecimento cotidiano dasestruturas sociais, do
"modo como
"as coisas func ionam para todos os propositos praticos nesta
cultura"; a o rdem
h iera rq u ica
dopoder e dos interesses e
a est rutura da s legitimates, restricoes e
sancoes .
P or isso,
para esclarecer um "ma -entendido" em relacao ao nivel co-
notat ivo,devemos
no s referir (atraves de
codigos)
as
orde-
n acoes da
vida social,
do
poder poli t ico
e economico e da
ideologia. Alem disso, comoesses
mapas
sao
"estrutura-
dos em domi nanc i a" mas nao sao
fech ados ,
o
processo
co-
municat ivo nao consiste na
a tr ibuicao
nao-problemat ica de
cada i tem visual a sua posicao dentro de um conjunto de
codigos
pre-arranjados,
mas sim em regrasperfomativas- ou
seja,
regras de competencia e uso, de logica aplicada que
buscam a t i vament e reforcar
ou
pre-ferir
um
dom i ni o seman-
tico a outro e incluire
excluir
itensdosconjuntosde sentido
apropriados. Asemiologia
formal tern
mui to
frequentemente
negligenciado essa pratica
de trabalhointerpretativo,
embora
isso c ons t i tua, de fato , as reais
relacoes
nas
prat icas
de
difusao
televisivas.
Ao falarmos
de sentidos
dominantes,
entao, nao estamos
no s
re fe r i ndo
a um
processo
de
mao un ica ,
qu e
governa
a
forma
como
todos
os acontecimentos
serao significados. Esse
processoconsiste no t rab alho necessario para fazer cumprir,
conqui s t a r p laus i b i l i dade para ex i g i r legit imamerUe u m a
decodificacao d o
even t o den t ro
do
l imite
das
def in icoes
396
397
-
7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao
12/14
dominances
nas quais esse evento tern
sido
slgnificado
conotativamente. Do ponto devista de
Terni:
Pela palavra leitura en tend emo s na osomente a capacidade d e
identificar e de
decodif icar
u m certo
n u m e r o
de
signos, mas,
t a mbe"m, a capacidade subjetiva de po-los em um a
re l acao
cr ia tiva entre s i e com ou tros signos: um a ca p a c id a d e que e ,
em si m e s m a , a c o n d i c a o da
p lena
consc ienc ia de todo o
a m b i e n t e
em que se
esta inserido.
12
Nossa discordancia aqui e em
relacao
a
n ocao
de "capaci-
dade sub jet iva", como se 6 r e feren te de um discurso te levi -
sivo fosse
um
fato
objetivo, mas o
mvelinterpretative fosse
um
assunto individual e p ar t i cu l a r . O caso parece ser o
cont ra r i o . A p ra t i ca te lev is i va assume re sponsab i l i dade
"objetiva" (isto
e ,
sistemica) precisamentepelas
relacoes que
os
signos
dist intos estabelecem un s com os out ros em
q u a l q u e r ocor ren c ia discursiva e, por isso, essa prat ica
cont i nuament e rearranja, delimita
e
prescreve
em
qual "cons-
ciencia detodo oam bi en t e"esses itens
estao
organizados.
Isso nos leva a questao dos mal-entendidos. Produtores
de televisao que
ach am
q ue n ao
conseguem passar
su a
mensagem f requent ement e
s e
preocupam
em
eliminar falhas
na cadeia de comunicacao, de modo a facil itar a "eficacia" de
su a comun icacao . Muita
pesquisa
que
d e f e n d e
a
objet ivi -
dade das "analises politicamente orientadas" reproduz
esse
objet ivo a dminist rat ivo ao tentar descobrir quanto da m en-
sagem a audiencia re lembra e ao tentar melhorar o grau de
se u en t end iment o . Nao ha duvida de que mal-entendidos do
t ipo literal existem. O telespectador na o
conhece
os termos
empregados, nao consegue acompanhar a complexa logica
argumentativa
ou da exposicao, nao esta familiarizado com a
Hnguagem, considera os conceitos demasiado estranhos ou
dificeis
ou as
exposicoes
narrat ivas vao alem de sua capaci -
dade
de
compreensao. Mais
frequentemente, no
entanto ,
os
produtores
se
preocupam
com a
possibilidade
de a
audiencia
falhar
em
captar
o
sentido
po r
eles pretendido.
O que eles
realmente
estao dizendo
e que os
telespectadores
na o
estao
operando dentro
do
c6digo "preferential"
ou "dominante" .Se u
ideal
e o de uma
"comunicacao perfeitamente transparente".
A o
contrario aquilo
com queeles tern
realmente
de se
con-
frontar e com a "comunicacao sistematicamente
distorcida".
13
398
Nos ultimos anos, diferencasdesse tipo tern sido habitual-
mente explicadas pe l a r e feren da a "percepcao
selet iva".
Essa e a
brecha
pela qual o pluralismo residual evi ta as
compul soes
de um
processo altamente estruturado, assime-
trico e nao -equi va len t e . E
claro
que
sempre
havera
le i turas
individuals ,
part iculare s ou variantes. Mas a
"percepcao
sele-
tiva"quase nu nca e tao seletiva,aleatoriaou privatizada quanto
o
conceito sugere.
Os padroes
exib 'em agrupame ntos signifi-
cativos ao longo das variantes individuais. Qualquer nova
abordagem para
o
estudo
da s
audiencias
tera,
portanto,
qu e
comecar com uma criticaa teoria da " percepcao seletiva".
Argumentou-se anteriormente que, ja que nao existe uma
necessaria correspondencia entre codificacao edecodificacao,
a
primeira pode tentar "pre-ferir", mas nao pode prescrever
ou
garant i r
a
segunda,
qu e
tern suas proprias
condicoes de
existencia.
A
m e n o s
qu e
seja disparadamente aberrante ,
a
codificacao produz
a
formacao
de
alguns
do s
limites
e
para-
metros dentro
do s
quais
as
decodificacoes
va o
operar.
S e nao
houvesse l imi tes, as audiencias poderiam simplesmente
le r
qualquer coisa qu e quisessem dentro das mensagens. S em
duvida, alguns mal-entendidosdessetipo existem . M as a vasta
gama
deve
conter
algum
grau
de
reciprocidade ent re
o s
m e m e n t o s d acodificacao e
deco di f icacao;
do contrario na o
poder iamos falar de uma efet iva t roca comunicat iva. Apesar
disso, essa "correspondencia"
nao e
dada ,
m as
const ruida.
Na o e
"natural" ,
m as
produto
de uma art iculacao
entre dois
momen tosdistintos. E a codificacao na opode deterrninar ou
garan t i r ,
d e
f o r m a simples, quais
o s
c o d i g o s
de
decodifi -
cacao que
serao
em pregados. D eoutromodo, a
comunicacao
seria um circuito perfeitamente equivalente e cada mensagem
seria uma
instancia
de "comunicacao perfei tamente t ranspa-
rente". Portanto, devemos pensar nas varias articulacoes em
que a codificacao/decodificacao
podem
s ercombinadas. Para
explicar isso oferecemos uma analise hipotetica de algumas
possiveis posicoes de decodificacao, de modo a reforcar a
idia
da
"nao necessaria
correspondencia" .
1
^
Identif icamos
tres
posicoes hipoteticas
a
partir
da s
quais
a
decodificacao de um discurso televisivopode se rconst ruida.
Estas precisam ser em piricamente testadas e refinada s. Mas o
argumento
de que as decodificacoes nao
derivam inevi tavel-
mente das codificacoes, que elas nao sao
identicas ,
reforca o
399
-
7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao
13/14
a rgumen to da
correspondencia
"nao necessaria".
Isso t am bem
ajuda
a
desconstruir
o
sen tido comu m
d e
"mal-entendido"
e m
termos de uma teor ia da " c o m u n i c a ^ ao s i s t e m a t i c a m e n t e
d i s t o r c i d a " .
A
primeira
posigao hipote'tica
refere-se
aposicao hege-
monica-dominante, Q u a n d oo telespectador seapropr iado
sentido conotado de, digamos,
um
telejornal ou
um
programa
de a tual idades,de forma diretae in tegral ,e decodif icaa men-
sagem nos termos do codigo referencial no
qu a l
ela foi codi-
ficada,
podemos
dizer que o telespectador estd
operando dentro
do codigo dominante. Essee o caso ideal-tipicode
"comuni-
cacao per fe i tamen te
t ransparence"
ou o caso mais proximo,
p ar a todos
os e fe i tos . Den t ro d i s so , podemos d i s t in gu i ras
posigoesproduzidas
pelo
codigo
professional.
Essa e aposicao
(produz ida
pelo
que, ta lvez ,
devessemos
identif icar
como
a
operacaode um "metacodigo") que osprofiss ionaisda radio-
difusao assumem quando codif icamuma men sagem que
jd
r eceb eu s ign i ficado de uma man ei ra hegemon ica . O codigo
p r o f i s s i o n a l e " r e l a t i v a m e n t e independente" do cod igo
dominante, ja
que
aplica criterios
eoperatesde transformagao
proprios, especialmente aquelesdenatureza tecnicaeprat ica.
O
codigo profissional, contudo, opera
dentro
da "hegemonia"
do codigo do minante. Na verdade ,
ele
serve para reproduzir
as defin icoes dominantes precisamenteporque coloca entre
parenteses seu
ca ra te r hegemon ico
e
opera
com
codigos
prof i s s ion a is
deslocados, que destacam questoes aparente-
mente
tecnicas e neutras , como as da qual idade visual , dos
valores d a
notfcia
e da apresentacao, da qual idade televi-
siva, do "prof iss ional ismo" e tc . As in te rpre tacoes hegemo-
nicas ,
digamo s, da politica da Irlanda do
Norte ,
ou do
golpe
chileno ou,
a ind a ,
do
Estatuto
sobre as
Relac.6es Industrials,
sao geradas, sobretudo,
pelas
elites politicae militar:a escolha
especifica
d a ocasiao e do
formato
de umaexposicao,a
selecao
de pessoal, aescolha de imagen se aencenacaodos debates
saofei tose combinados a travesdaoperagaodo codigo profis-
sional . Como
os
profissionais
da
televisao
sao
capaz es
de
operar
com
codigos proprios "rela t ivame nte autonom os"
e ao
mesmo tempo
agir de
tal forma
que reproduzem (nao sem
contradicoes)
a
significagao hegemon ica
dos
acon tec imen tos
e uma questao
complexa,
que naopodeser
melhor explici-
tada
a qui. Basta dizer que os profiss io nais estao l igados as
elites decis6rias nao somente atraves da
posicao
in s t i tuc ion a l
das proprias emissoras enq uanto "aparelho ideologico",
15
mas
tambem pela estruturade
acesso
(ou
seja,
or ecursoexcessive
esistematico a
pessoas
da elite e a sua
"definic.ao
da
situac.ao"
na
televisao). Podemos inclusive dizer que os codigos profis-
sionaisservempara reproduzir
definicoes
hegemonicas, especi-
ficamente por
nao
inclinarem
abertamente
suasoperacoesem
u m a
d i recao domin an te : a r eproducao ideo logica ,
p o r t an to ,
acontece aqui inadvertidamente, inconscientemente, "pe la s
costas dos homens".
16
Ob v iamen te , con f l i tos ,
contradicoes
e ate
mesmo mal-entendidos surgem regularmente entre
as
significances
profissionaise dominantese seus agenciamentos
signif icativos.
A segundaposicao qu e identificariamos e a do codigo nego-
ciado.
Provavelmente, a
maioria
das audiencias compreende
b as tan te bem o que foi def in ido de man ei ra domin an te e
recebeu um signif icado de forma profiss ional . Entretanto, as
defin icoes
dom in an tes
sao
hegemonicas precisamenteporque
r epresen tam def in icoesde s i tuagoese eventosque estao "em
domin an cia" , (globais^).
A s
def inicoes domin an tes con ec tam
eventos ,
impl ici tamente ou explici tamente, a
grandes
totali-
zagoes, as grandes visoes d e m u n d o s i n t a g m a t i c a s . Elas
a s s u m e m
"perspectivas
globais" sobre
as
questoes , associam
os acon tec imen tos ao "interesse
nacional"
ou a geopoli t ica ,
m e s m o que
essas
re lagoes sejam estabelecidas de man ei ra
t r u ncad a , invertida ou mist i f icada. Adefin i^ao de um ponto
de
v is ta hegemonico
e: (a) que
define dentro
de
seus termos
o
hor iz on te men ta l ,
o universe de
significados possiveis
e de
todo
um setor de relacoes em uma sociedade ou cul tura;e
(b ) q ue ca r rega con s igo o se lo da l eg i t imid ade pa rece
coincidir com o que e
"natural" , " inevi tavel"
ou "obvio"a
respeito
da ordem s o c i a l . D e c o d i f i c a r , d e n t r o da
versao
negociada,
contem uma
mistura
de elementos de ad ap tag ao
e de oposigao: reconhece a legit imidadedas defin i^oes hege-
monicas para produzir as grandes significances (abstratas),
ao
passo
q ue , em um
nivel
mais restr i to, s i tuacion al ( locali-
zado), faz suas proprias regras funciona com as excefoes
a r e g r a . C o n f e r e posigao p r i v i l e g i a d a as
d e f i n i ^ o e s
d o m i -
n a n t e sdosacontecimentos, en q uan tosereservao direitode
fazer uma apl icafao mais negociada as
"condi^oes
locais" e
as
suas pr6 pr ia s
posigoes
ma is
corporativas.
Essa
versao
negociada da ideologia dom inante esta , portanto , a travessada
por contradic.6es, apesar de que isso so se torna vis ivelem
401
-
7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao
14/14
algumas
ocasioes.O s
codigos
negociados operam atraves do
qu e
podemos chamar
de
logicas
especificas ou
localizadas:
essas 16gicas sao
sustentadas
por sua
relacao diferencial
e
desigualcom os
discursos
e as
logicas
do
poder.
O
exemplo
mais
simples de
um
codigo negociado e a quele que g overna
a resposta de um trabalhador a
ideia
de que um Es ta tu to
sobre Relacoes
Indus t r i a l s
limite o direito de greve ou a
proposta de um congelamento dos
salaries.
Em termos do
debate economico
sobre o "interesse nacional" , o
decodif i-
cador
pode
ado ta r a
definicao
hegemonica , concordando
qu e
"todos devemos
no s remunera r
me nos para combater
a inflacao".
C ontudo, isso pode
te r
pouca
ou
nenhuma
relagao
com
sua vontade de entrarem greve por melhor pagam ento e
condicoes,
ou de se opor, no
chao
d e fabrica ou no sindicato,
ao
Estatuto
sobre
Relacoes Ind ustriais . Desconfiamos
que a
grande maioria dos ditos "ma -entendidos" surge das contra-
dicoes
e disjuncoesentrecodificacoes hegemonico-dominantes
e decodificacoes
negociadas
corpora t ivamente . Sao
esses
desencontros
de
niveis
que levam as
elites
e os
profissionais
a
identificarem
a
"falha
na comunicacao".
Finalmente, e possivel para um telespectador entender
perfei tamente tan to
a
inflexao cono ta t iva quan to
a
literal
conferida a um discurso, mas, ao
mesmo tempo,
decodificar a
mensagem de uma
maneira
globalmentecontraria.Ele ou
ela
destotaliza a
mensagem
no
codigo preferen cial para retota-
l iza-la dentro de algum refere ncial alternativo. Esse e ocaso
do telespectador que ouve um debate sobre a necessidade
de
Hmita r
os salaries, mas
"le" cada mencao
ao
"interesse
nacional"
como"interessede classe". Ele ou ela esta operando
com o quechamamosde codigo
d e
oposifao. Um dos momentos
politicos
mais
significativos
(eles
tambem
coincidem
com os
momentos
de
crise dentro
da s
proprias
empresas de
televisao,
por razoes
obvias) e
aquele
em que os
acontecimentos
qu e
sa o normalmente signif icados e decodificados de maneira
negociada comecam a ter uma leitura
contestataria.
Aqu i se
trava a "politica da
significacao"
a
luta
no discurso.
[ H A I L , S.
E nc o d ing / D e c o d ing .
Culture Media Language
W o r k i n g
Pa p e r s in C u l t u r a l S tudies ,
1972-1979-
L o n d o n :
H u t c h i n s o n ,
1980.
T r a d u c a o d e An a
C a ro l i na E sc o s te guy
e Francisco R u d i g e r ]
NOTAS
1
Parau m aexplicate-e um comentariosobrea simplicatesmetodologicas
do a rgumentode Marx, ver:
H AL L ,
S. A Reading of M arx's 1857
Introduction
to the
Grundrisse .
W P C S n. 6, 1974.
H A L L O R A N ,
J . D, Unders ta nding Television Univers i ty of Leices ter ,
1973. Trabalho
apresentado no Co loqu iodo Conselho de
Europ a
sobre
"Compreender aTelevisao .
3
GE RBNE R,
G . et
al .
Violencei n TV Drama:A Study of Trends and Symbolic
Functions.
The
Annenberg School,
University
of
Pennsylv ania, 1970.
4
PEIRCE,
Charles. Speculative Gra mm ar.
Collected Papers
Cambridge, Mass . :
H arvard Univers i ty Press, 1931-1958.
5
E C O ,Um ber to.A r t iculat ionsof the CinematicCode.Cinematics n. 1.
6
Ve ressadiscussaoem HALL,S. Determinations of N ews Photographs.
WPCS
n. 3,
1972.
7
VOL OC HI N OV. Marxism and
the
Philosophy of
Language. Th e
Seminar
Press, 1973-
8
Para
u mesclarecimento
parecido, ver: HE CK ,M arina Camargo. Ideological
D i m e n s i o n s
of
M e d i a M e s s a g e s . CCCS.
Culture
Media Language:
Working Papers
in
Cultural Studies
1972-1979.
London: Hu tchinson, 1980.
p.
122-127.
9
BA RTHE S ,
Roland. Rhetoric of the Image.
WPCS
n. 1, 1971.
10
BARTHES,
Roland.
Elements ofSemiology.
Cape, 1967. [Traducao brasileira:
9. ed. Sao Paulo:
Cul t rix ,
1988.1
11
Pa r a uma cri tica extensa de " lei tura preferencial" , ver : O ' S H E A ,A l a n .
Preferred R eading. CCCS. Univers i ty of Birm ingham . Mimeografado.
12
TE RNI ,P .
Mem orandum. Un ive r s i ty
of
Leicester, 1973. (Trabalho apresen-
tado no C ol6quio doConselhode Europasobre
"Compreender
a Televisao".)
13
H AB ERM AS, J. Systematically Distorted Communications. In:
DRETZEL,
P.
(Org.). Recent Sociology 2 Collier-M acmilla n, 1970.
A
frase
e de
H abe rmas ,
contudo,usa-seaqui em outro sentido.
Paraumaformulacao
sociologica
que seap roxima ,de a lgumas maneiras ,
as posi^oesesbo9adasaqui , se mpassarpeladiscussao da teoria do discurso,
ver : PARKIN , F r ank . Class Inequality an d Political Order. Macgibbon
an d
Kee, 1971.
15
Ver :
ALTH USSER,
Louis. Ideology
an d
Ideological State Ap paratuses.
In :
.LeninandP hi losophy and O ther Essays . London: New
Left
Books ,
1971. [Aparelhos ideoldgicos
d e
Estado.2. ed.
Tr aducao
de
Walter
Jos Evan -
gelista
e
Maria Laura Viveiros
de
Castro.
Rio de
Janeiro: Graal, 1985-1
402
40 3