hall, s. codificacao decodifficacao

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  • 7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao

    1/14

    S T U A R T H A L L

    D A D I A S P O R A

    I D E N I D A O E S E M E D I T E S C U L U R A I S

    Liv

    S O V K

    delaine L a

    Guardia

    R e s e n d e

    n a Carolina E s c o s t e g u y

    Claudia l v a r e s

    F r a n c i s c o R u d i g e r

    S a y o n a r a

    maral

    Belo

    Horizonte

    Editora UFMG

    Brasil ia

    Representacao da

    UNESCO

    no

    Brasil

    2003

  • 7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao

    2/14

    2003

    dosoriginalsem

    ingles

    byStuart Hall

    2003da

    traducao

    byEditorsU F M G

    Estelivro

    on partedelenaopodeser reproduzido por

    q u a lq u e r

    meiosem autorizatao

    cscrita

    do

    Editor.

    Oautore

    responsavel pela escolha

    epelaapresentacao dos fatos

    contidos

    nesla

    publicafao

    e pelas

    opinioesaquicxpressas, que naosaonecessariamente as daUNESCOe naocompromeiema

    Organizacao.As

    designates

    empregadase a

    apresenta9ao

    do materialnaoimplicama expressao de

    qualquer opiniao que seja, por parte da UNESCO,no que dizrespeitoao statuslegalde qualquer pais,

    terrii6rio,cidade

    ou area, ou de

    suas

    autoridades, on no que diz

    respeiloSdelimitacao

    de

    suas

    fronteiras

    ou de

    seuslimites .

    H179d

    Hall.Stiiari

    Da diaspora:Identidades

    e

    mediacoesculturais/ Stuart

    Hall;

    OrganizacaoLiv Sovik;

    TraducaoAdelaine

    LaGuardia

    Resende

    ... let all.

    -

    Belo

    Horizonte:

    Editora

    U F M G ;

    Brasilia:

    Representacao

    da UNESCO no

    Brasil,2003.

    4Mp.(Humanitas)

    ISBN:85-7041-356-4

    I. Identidade

    Social 2.Cultura 3.

    Etnologia

    I.Sovik,Liv

    11.

    Resende,Adelaine La Guardia III.Tftulo IV.Serie

    C D D : 306

    C D U : 316

    Catalogacao

    na publicacao:

    Divisao

    de

    Planejamenlo

    e Divulgacao da Biblioteca

    U niversilaria

    -

    U F M G

    ED1TORACAO DE TEXTO: AnaMar iade Moraes

    PROJETO GRAFICO:GI6riaCampos-Mangd

    CAPA: Stuart M cPhail Hall,

    diptico de Dawoud

    Bey,

    acervo da

    National Portrait Gallery,

    Londrcs.

    REV1SAO

    E

    NORMALIZACAO:

    Simonede

    Almeida Gomes

    ' VISAO

    DE PROVAS: Cida Ribeiro e

    Lfvia

    Renala L.

    Salgado

    Rh .'TSAO TfiCNICA: LivSovik

    P RODUCAO

    GRAFICA:WarrenM .Santos

    FORMATAgAODO MIOLO:Cassio

    Ribeiro

    U N 1 V E R S I D A D E FEDERAL DE MINAS GERAIS

    Reitora: Ana Lu c ia Almeida Gazzola

    Vice-Reitor:

    Marcos Borato Viana

    EDITORA

    U F M G

    Av.An to n io

    Carlos, 6627

    Ala direita

    da

    Biblioteca Central

    -lerreo-

    Camp u sPampulha

    31270-901 -

    BeloHori zonte/MG

    Tel.:

    31)

    3499-4650 . Fax:

    3D

    3499-4768

    www.editora.ufmg.br [email protected]

    CONSELHO

    EDITORIAL

    T I T U L A R S

    AntonioLuiz

    Pinlio

    Ribeiro, Bcairiz Rezende Danlas,

    Cados

    AntonioLeiteBrandao,HeloisaMariaMurgel

    Starling,

    LuizOtavioFagundesAmaral, Mariadas

    Gracas

    Santa Barbara,

    Maria

    Helena

    Damascenee

    Silva

    Megale, Romeu

    Cardoso

    Guimaraes,

    WanderMeioMiranda

    (Presidente)

    S UP LENTES

    CristianoMachadoG o n t i jo,

    Denise

    Rib e i roScares,

    Leonardo Barci Castriola ,Lucas Jose Bretas dos

    Santos,Mar i a

    Aparecidados

    Santos

    Paiva,

    Maurf l io

    Nunes Vieira ,

    Newton

    B ig n o t tode

    Souza,

    Rein a ld o Mar t in ian o M arq u es,Rkardo Castanheira

    Pimenta

    Figueiredo

    50

    SistemaIntegrado

    de Bibliotecas/UFES

    C ONSE L HO

    EDITORIAL

    DA

    UNESCONOBRASIL

    JorgeWertliein , Juan

    Carlos

    Tedcsco,

    CeciliaBraslavsky, AdarnaQuane,

    Celioda Cunha

    Organizacao das Nafoes

    Unidas

    para a

    Educacao, a

    Ciencia

    e a

    Cultura

    Representacao

    noBrasil

    S A S Quadra 5 BlocoH, Lote6, Ed. CNP q /

    IBICT/UNESCO, 9andar

    70070-914-Brasilia

    - DE

    -Brasil

    Tel.: (55

    61)

    321-3525

    Fax:

    (55

    61) 322-4261

    UHBRZSuncsco.org.br

    CREDITOS DOS

    TE3

    i

    Idien^fdades

    e

    c u l t u r a i s

    PARTE1 -CONTROV^RSL

    198681/05

    -

    pensando

    a diaspora:reflexoes sobreaterrano exterior

    H A L L S.

    Thinking

    t he Diaspo ra: Home-T houghts

    from

    Abroad.

    Small A xe

    v.6, p. 1-18, Sept., 1999.

    Indiana University

    Press.

    Quest5omulticultural

    H A L L S. The

    Multi-cultural

    Question. In:

    HESSE,

    Earner(Org.). Un/settled

    Multiculturalisms.London: Zed Books,2000.

    Quando

    foi o

    p6s-colonial?

    Pensando no

    limlte

    H A L L

    S.

    When

    Was

    The Post-colonial ?Thinking

    at the

    Limit.In :

    CHAMBERS,

    Iain;CURTI,

    Lidia(Org.). Th e

    Post-Colonial Question:

    CommonSkies,Divided

    Horizons.

    L ondon: Routledge, 1996.

    PARTE 2 - MARCOS PARAOS

    ESTUDOS

    CULTURAIS

    EstudpsCulturais:dois paradigmas

    Reprinted

    by

    permission

    of

    SagePublicationsfrom Stuart Hall, CulturalStudies:

    Two Paradig ms , in

    Media Culture

    an d Society 2 57-72, 1980.

    Sage Publication s 1980.

    t

    ^.V

    1

    Significant), representacao,

    Ideologia:

    Althusser

    e os

    debates

    pos-

    estruturalistas.

    H A L L S.

    Signification,

    Representation, Ideology: Althusser and the Post-

    Structural is t

    Debates.

    Critical Studies in MassCommunication,

    v. 2, n. 2,

    p.

    91-114, June 1985. Used

    b y

    permission

    of the

    NationalCom munica t ion

    Association.

    ^Estudos

    Culturaise seu

    legadoteorico

    H A L L S. Cultural

    Studies

    and Its

    Theoretical Legacies.

    In : GROSSBERG,

    L a wre nc e et al.(Org.). Cultural Studies. NewY o r k : Routled ge 1992

    p. 277-286.

    Para

    AUon

    White:

    metaforas de

    transformacao

    HALL,S. For

    Allon

    White: Metaphorsof Transformation. In:

    WHITE,

    Allon.

    Carnival Hysteria and Wri ting.Oxford: Clarendon Press, 1993. Reprinted

    by

    permissionof Oxford

    University

    Press.

    PARTE

    3 - CULTURA POPULARE IDENTIDADE

    -rNotassobreadesconstrucaodo popular

    H A L L S.NotesonDeconstructing the Popular .

    History Workshop

    Journal

    1981, by permission of

    Oxford

    University Press.

  • 7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao

    3/14

    O

    problema

    daideologla:o

    marxismo

    sem

    garantias

    HALL,

    S. The Problem of

    Ideology: Ma rx i sm

    W ithou t Gua ra n te e s . In :

    MATTHEWS, B .(Org.).Marx: 1 00

    Years

    o n.

    London: Lawrence

    & Wishart ,

    1983, P- 57-84.

    Arelevancia deGramsci parao estudo de raca e etnicidade

    HALL,S .Gramsci's Relevancefor the Studyof Raceand Ethnicity.Journalo f

    Communication

    Inquiry 10

    (2), 5-27.

    1986by Sage Publications. R eprinted by permission of Sage Public ations, Inc.

    negro

    e

    esse

    na

    culturanegra?

    HALL,

    S.

    What

    i s

    This

    Black in

    Black Po pular Culture?

    1998Black-Popular

    Culture: Discussions

    in

    Contemporary Culture

    8,

    edited by Michele

    Wallace. Reprinted

    by permission of The New Press.

    (800) 233-4830. (Led.Seattle:BayPress,1992.)

    PARTE

    4 -

    TEORIA

    DA

    RECEPgAO

    Reflexoes sobre

    o

    modelocodificacao/decodifica^ao

    HALL,

    S. et

    al. Reflections upon

    theEncoding/Decoding

    Model.

    I n:

    CRUZ,

    Jon;

    LEWIS,

    Justin.

    Viewing Reading Listening.

    1994by

    Westview Press. Reprinted

    by

    permission

    of

    Westview

    Press, a

    member of Perseus Books', LLC.

    CodificacaWdecodificacao

    HALL,

    S .

    Encoding/Decoding.

    Culture Media Language-

    Working Papers

    in

    Cultural

    Studies, 1972-1979- London:

    Hutchinson/CCCS,

    1980.

    PARTE 5 - STUART HALL

    FOR

    STUART HALL

    Aformacao de um intelectualdiasporico:uma entrevlsta com Stuart

    Hall, de Kuan-Hsing Chen

    HALL,

    S.; CHEN,

    K. -H .

    T he

    Forma t ion

    of a

    Diasporic Inte llectual:

    an

    Interview With Stuart

    Hal l by

    K ua n-Hsing Che n .

    In :

    MORLEY, Da vid ;

    CH EN ,

    Kua n-Hsing(Org.). Stuart

    Hall:

    Dialogues

    in

    C ultura l Studies-

    London: Routledge,1996.

    N

    O

    Este livro tern suas origens na vinda de Stuart

    Hall

    ao

    Brasil,

    quando proferiu

    um a

    palestra

    na

    sessao

    de

    abertura

    do

    VIII Congresso

    da

    Associate Brasileira

    de

    Literatura

    Comparada, realizado na Bahia em julho de 2000. Portanto,

    sinceros agradecimentos se

    fazem

    a Diretoria da ABRALIC,

    na gestao

    de

    1998-2000, particularmente

    a su apresidente,

    Evelina Hoisel,

    e a vice-presidente, Eneida

    Leal

    Cunha. A

    envergadura

    deste

    livro

    deve muito ao

    interesse

    da

    Editora

    UFMG empublica-lo.

    Adelaine

    La

    Guardia Resende

    foi uma

    excelente parceira

    de

    trabalho.

    Ela traduziu

    para

    um

    portugues claro

    e

    proximo

    do

    original

    a

    maioria

    dos

    textos

    e

    revisou comigo

    todos eles.

    A

    revisao

    tecnica

    de textos

    repletos

    de metaforas, termino-

    logias conceituais especializadas e referencias t i radas de

    objetos os mais diversos que passam po r Volochinov, a

    bandaT hePolice eHamlet

    encontrou nelaum a interlocu-

    tora

    sempre disposta a discutir o que poderia parecer mero

    detalhe,

    concordando,

    discordando

    e

    recomendando

    solucoes.

    Recebi generosas

    con t r ibu icoes ,

    tambem,

    de

    Nilza Iraci ,

    na revisao de Quenegro' eesse na cu l tu ra negra? e na

    transposicao

    para o portugues do Brasil de Estudos culturais

    e seu legado teorico ,e de Itania Gomes em Codificacao/

    Decodif icacao .

    Esta

    obra ta lvez t ivesse naufragado nao fosse

    a

    dispo-

    sicao

    de Stuart Hall de sugerir textos e ver publicado no

    Brasil

    um livro unica men te de sua auto ria, coisa rara. Seu

    apoioa o

    projeto,

    su a

    generosidade

    em

    comentar

    aapresen-

    tacao

    e sua

    correspondencia

    precisa

    e

    bem-humorada

    durante

    os

    dois anos

    em que

    este

    livro

    fo i

    gestado, foram

    preciosos

    incentives

    aotrabalhoe ao bom humor.

  • 7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao

    4/14

    u

    O

    APRESENTACAO

    P A R A

    LE R

    STUART

    H A L L

    P

    AjfR T E CONTROVERSIAS

    J

    PENSANDO A

    DIASPORA

    REFLEX OE5 SOBKE A TERRA NO EXTERIOR

    A

    QUESTAO

    MULTICULTURAL

    QUANDO FOI O P6S-COLONIAL?

    PENSANDO

    NO

    LIMITE

    25

    51

    101

    P

    A>K T E

    MARCOS PARA

    OS

    ESTUDOS

    CULTURAIS

    ESTUDOS CULTURAIS

    DOIS

    PARADIGMAS

    131

    S1GN1FICACAO,

    REPRESENTACAO, 1DEOLOGIA

    ALTHUSSER E OS DEBATES

    POS

    ESTRUTURALTSTAS 160

    ESTUDOS CULTURAIS E SEU LEGADO TE6RICO 199

    P A R A ALLON WHITE

    METAFORAS

    D E

    TRANSFORMAgAO

    219

    T

    E CULTURA POPULAR

    E

    IDENTIDADE

    NOTAS SOBRE

    A

    DESCONSTRUgAO

    DO

    P O P U L A R

    247

    O PROBLEMA DA IDEOLOGIA

    O M A R X I S M O SEM G A R A N T 1 A S 265

  • 7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao

    5/14

    A

    RELEV ANCIA

    DE

    G R A M S C I P A R A O ESTUDO

    DE R A A E

    E T N I C I D A D E

    294

    QUE

    NEGRO ESSE

    NA

    CULTURA

    NEGRA?

    335

    T E TEORIA DA RECEPAO

    R E F L E X O E S S O B R E

    O

    M O D E L O

    DE

    CODIFICAgAO/DECODIFICAgAO

    UM A ENTREV1STA

    COM

    STUART H A L L 353

    CODIFICAgAO/DECODIFICAgAO

    387

    P R E S E N T ^ O

    P A R A m S T U R l H A L L

    STUART HALL

    FOR

    STUART H ALL

    A F O R M A g A O DE

    UM

    IN TEL ECTUA L

    DIASP6RICO

    LIMA ENTREVISTACOM

    STUART

    HALL,DE

    KUAN

    HS1NG CHEN 407

    CLQiito de origem dp s Estudos_Culturais reza que Stuart

    Ha]i_e__seju_pai.

    Foi^dirjetor_^Q_Xatre_for_jC_Qntej2r3^_ajy

    Culturaj_J?tudies

    (CCCS)jda

    Universidade de Birmingham,

    na

    Inglaterra, durante

    se u

    periodo

    mais

    fertil, qsjuios

    70 .

    Na verdade e um dos pais, pois o mito de origem inclui

    RichardHoggart,

    Raymond Williams

    e as

    vezes,

    E. P.

    Thompson

    nesse papel. Mas foi Stuart Hall

    quern

    assumiu os Estudos

    Culturais

    como projeto instituciona l na Open Un iversity, e

    continuou, periodicamente, a se pronunciar sobre os rumos

    de

    algo

    que se

    tornou

    um

    movimento

    academico-intelectual

    internacional .

    Ao mesmo tempo, StuartHall recua diante da autoridade

    qu e

    Ih e

    e

    atribuida.

    Faz de seu

    estatutopa te rno^uma

    van-

    tagem

    de testemunha ocular (cf.

    LT).

    1

    Ou ironiza-o, como

    fez em

    palestra

    no

    congresso

    da

    Associacao Brasileira

    de

    Literatura Comparada (ABRALIC),

    em

    Salvador,

    em

    julho

    de

    2000,

    ao

    falar

    da

    importancia,

    para

    ele,

    de

    ler

    Roger Bastide

    e Gilberto Freyre nos anos 50. Os_Estudos

    Culturais

    teriam

    origem, inclusive^_basileira. O recuo de Hall e

    indicacao

    de um a

    atitude peculiar diante

    do

    trabalho intelectual,pela

    qual

    os

    antepassados

    e contemporaneosteoricos

    sao,

    a um

    so tempo, aliados, interlocutores, mestres e adversaries, de

    cuja forca Hall se apropria, sem se preocupar em denunciar

    pontos

    fracos

    ou demonstrar devocao filial as suas ideias.

    Npjnelhor sentido brasileiro, Hall e

    antropofago.

    Deglutiu

  • 7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao

    6/14

    MA RX ,

    K . 1857 - Introduction and 1859 -Prefaceto AContributionto

    theCritique ofPoliticalEconomy. London: Lawrence & Wishan, 1971.

    [Traducao brasileira: Sao

    Paulo:Martins

    Fontes,

    1983J

    M O R L E Y ,D. Th eNationwideAudience.

    London:BFI,

    1980.

    MORLEY,D.Family Televison.

    London: Comedia,

    1986.

    SA USSURE,F.

    Course

    in General Linguistics.London:Fontana,

    1974.

    [Traducao

    brasileira: Sao Paulo:Cultrix,

    1969.]

    386

    C O D I F I C A C A O D E C O D I F I C A g i O

    Tradicionalmente, a^esc[ui^a em comunicacao de massa

    te m

    concebido

    o

    processo comuni ca t i vo

    em

    termos

    de um

    circuito.

    Esse modelo tem sido criticadopela sua linearidade

    emissor /men sagem/receptor ;

    por sua concentracao no

    nivel

    da

    troca

    de raensagens; e

    pela ausencia

    de

    uma con-

    cepcao

    e s t r u t u r a d a

    d o s

    d i f e r e n t e s

    m e m e n t o s

    e n q u a n t o

    compiexa estrutura de relacoes. Mas etambem possivel (eutil)

    pensaresse processo

    em

    termos

    d e

    ^ma^e^r^tura^prflcU.r^ic^e

    s .uster i tacUi.^Uajyes^d^^rr^uUcao de momentos

    dist intos,

    m as in te rHgados

    pj;oducla.^irculaca

    r

    o,^Ustr^jj[cjg/con-

    sjjmcx,^reprgcjucjo. Isto seria pensar

    o

    processo c o m o

    um a

    "compiexa est rutura em domin an cia" , sustentada at raves

    d a art iculacao d e

    p ra t i cas conec t adas ,

    e m q u e

    cada

    qua l ,

    no en t an t o , mante"m sua d i s t i ncao e t em sua modal i dade

    especif ica , suas proprias formas

    e

    con dicoes

    de

    existencia.

    Esta s e g u n d a a b o r d a g e m ,

    homol oga

    a que

    forma

    o e sque -

    leto da producao dem ercadorias apresentada no s Grundrisse

    de

    M ar x

    e em Ocapital, t em a van t agem de destacar mais

    claramente a forma na

    qual

    u m contfnuo

    circuito

    producao-

    d i s t r i bui cao -p roducao

    pode

    se r

    sus t en t ado a t raves

    de

    um a "passagemde

    formas".

    1

    Ela destaca tambem a especi fic i -

    dade

    das

    fo rmas

    n as

    quais

    o

    p rodut o

    do

    processo "aparece"

    em

    cada m ome nto e , portanto , o que dist ingue a "producao"

    discursiva

    de outros t ipos de p roducao em nossa sociedade

    e n os sistemas de meios d e comuni cagao modernos .

    O "objeto" d e tais praticas ecomposto por significadose

    men sagen s

    sob a form a de signos-veTculo de um t ipo especi-

    fico , organizados, como qualquer forma de

    com uni cacao

    ou

  • 7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao

    7/14

    HngLiagem,

    pe l a

    operacao

    de codigos

    den t ro

    da

    co r ren t e

    sintagmJ^a)de umdiscurso. O s aparatos, relacoes e praticas

    d e producao, a p a r e c e m , a s s i m ,

    n u m

    c e r t o m o m e n t o (o

    momento da

    "producao/circulacao"),

    sob a

    forma

    de

    ve.ig.ulos

    sim.b6UGs-.consti,tuid.osdentro da s reeras de " l i neuaeem".

    *Iu

    -S

    w

    pMB

    rfM

    J

    O

    E

    nessa fo rma d i scurs i va que a

    c i rcula ao

    do "p rodut o"

    se rea l i za . Oprocesso, des t a mane i ra , reque r , do l ado da

    p r o d u c a o ,

    seus

    i n s t r u m e n t o sm a t e r i a ls seus "me i os"

    bem c o m o

    seus

    pr6prios

    conjuntos

    de relagoes

    sociais

    (d e

    p r o d u ca o ) a

    organizacao

    e

    combi nacao

    d e

    praticas dentro

    dos

    aparatos

    de

    comun icacao .

    M as e sob a forma

    discursiva

    que a

    ci rculacao

    do

    produto

    se

    realiza,

    be m

    como

    sua^distri-j

    ^yi^jg^^r^difcrentes^udiSncias. U m a ve z concluido, o

    discurso deve entao

    se r

    t raduzido

    t ransformado

    de

    novo

    em

    praticas sociais, para

    que o

    circuito

    a o

    mesmo tempo

    se complete e produza efeitos.S enenhum "sentido"e apreen-;

    dido, nao pode haver

    "consume".

    S e o sentido nao ea r t i cu- ;

    lado

    em

    pratica, ele

    na o

    tern efeito.

    O

    valor dessa abordagem

    e que,enquanto cada um dos moment os , em articulacao, e

    n ecessa r io

    ao

    ci rcui to como

    um

    to d o , n e n h u m m o m e n t o

    consegue garant i r intei ramenteo proximo, com o

    qual

    esta

    a r t i cu lado .

    J a

    que cada moment o t e rn sua p ropr i a modal i -

    d a d e

    econdicoesde

    existencia, cada

    um

    pode

    cons t i tu irs ua

    propria ruptura ou

    in terrupcao

    da "passagem das

    fo'rmas"

    de

    cuja con t i nui dade o f luxo de p r o d u c a o efetiva (isto e, a

    " reprodu^ao" ) depende.

    Assim, embora

    de modo

    a lgum

    se

    queira restringir a pesquisa "a seguir apenas aquelas pistas

    q ue

    emergem

    d as analises d e

    con t eudo" ,

    2

    devemos r eco-

    nhecer^u^^joj;ma_discursiva damenjsagejrijern uma.posicaci

    iyAtesM da_mijtxQ^^ vista da

    circiulacao) e que os momentos de "codificacao" e.

    "de_co,difi-

    cacao", embora apenas "relativamente autonornos^ern relacao

    ao proce_ssp

    comuni ca t i vo como

    um

    t odo , , .

    s _ a o

    moment os

    ^ g. ?.iS^O5. U m

    even to historico "bruto"

    na o

    pode,

    nessa

    forma,

    se r

    transmitido, digamos,

    por um

    te lejornal .

    Os

    aconte-

    cimentos so podemser significados[b e

    signified}

    dentro das

    formasvisuais

    e

    audi t ivas

    do

    discurso televisivo.

    errLgue um evento historicoejapsto sob osignod

    a toda a

    c ornpjexidade

    das "regras" formais^gelas

    jq u

    ais

    a.Jjnguagem significa.

    Por

    i sso , paradoxalment e ,

    o

    acont ec i ment o deve se t o rnar uma "narrativa" an t e s que

    388

    possa

    se

    tornar

    um (gventocomunicativ^ Naquele

    moment o ,

    as sub-regras formais do discurso estao "em dominancia",

    sem, e

    c laro , subordinarem

    a te seu

    apagament o

    o

    evento

    historico qu e esta sendo significado,as relacoes sociais na s

    quais as regras sao postas em funcionamento ou as conse-

    q uen cia s

    poli t icas

    e

    sociais

    do

    evento terem sido significa-

    das dessa ma neira. A

    "forma-mensagem"

    e a necessaria "forma

    de aparencia" do evento na sua passagem da fonte para o re-

    ceptor. A ssim, a

    transposicao

    para

    dentrjxe,paKi-fera-daJlfotr

    i

    ***^^-^-^

  • 7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao

    8/14

    ta l

    ponto sucintamente, dentro de um

    referencialmais

    tradi-

    cional,em sua

    discussao

    do modo como a-audigncia6,.-a0-

    rnSjTio^tempo,,,a^f^Xe^^

    televi-

    siva. Assim

    usando os termos de

    M a r x

    circulacao

    e

    recepcaosao,de

    fa to,

    "mementos"doprocesso deproduce

    na televisao

    e sao

    reincorporados

    via um

    certo numero

    de

    feedbacks

    indiretos

    eestruturados no

    proprio processo

    de

    producao.

    O

    consume

    ou a recepgao da mensagem da tele-

    visao e

    f

    assim, tambemel amesmaum "momento" do processo

    de

    producao

    no seu sentido mais amplo, embora este ultimo

    seja "predominante" porque e "o ponto de partida para a

    concretizacao"

    da mensagem. Producao e recepcao da

    mensagem televisivanaosao, portanto, identicas, masestao

    relacionadas: sao momentos diferenciados dentro

    da

    iotali-

    dade f o r m a d a

    pelas

    relacoes sociais

    doprocesso

    comunica-

    tivo como

    um

    todo.

    E m um certo ponto,contudo, as estruturas de radiodi-

    fu s a o devem produzir mensagens codificadas na fo rma de

    um discurso s igni f i ca t ive. As

    relacoes

    de producao ins t i tu -

    cionais e sociais devem passar sob as regras discursivas da

    linguagem para que seu produto

    seja

    "concretizado".

    Isso

    inicia um outro momento diferenciado, no qual as regras

    fo rm a i s

    do discurso e linguagem estao em dominancia. Antes

    que

    essa mensagem

    possa ter

    um^e^ito^j(gualqu^r_gue^seja

    suadefin igao) , satisfacauma

    "necessidade"

    outenhaurn"uso",-

    deve prirneiro

    ser

    apropriada comounxdiscursp significatjvp

    -sgr_s.igmfi

    c

    atjyamente decodifica.da. J E . esse__cprijunto~;de

    sj^r^i

    s

    ca^p^^ecp.ciifLca^s

    .que

    "tern um efei to" , inf juencia ,

    entretem, i ns t ru iou persuade, com consequenciaspercep-

    t ivas,

    cognitivas,emocionais, ideologicas ou comportamentais.

    muitocpmplexas.Em um

    momento

    "determinado", a

    estru-

    tura emprega

    um codigo e

    produz

    uma

    "mensagem";

    em

    outro momento determinado.^a "mensagem" de^emboca na

    .e^trjjtura. ,4as_praticas_sociais_pela._.via, ,de.sua,

    d&codtfica ao.

    Estamos agora plenamente cientes

    de que esse

    retorno

    as

    praticas de recepcao e "uso" da audiencia nao pode ser

    entendido em termos simplesmente comportamentais. Os

    processes

    tipicos identificados

    na

    pesquisa positivista sobre

    elementos tsolados efeitos, usosegratificacoes saoeles

    proprios ordenados

    por

    estruturas

    de

    compreensao,

    bem

    como

    sao produzidos por relacoes economicas e sociais; que

    390

    moldam sua "concretizacao" no ponto

    f i na l

    darecepcao e

    que permitem que os significados expresses no discurso

    se j a m

    transpostos para a pratica ou a consciencia (para

    adquirir valor de uso social ou efetividade politica).

    P R O G R A M A C O M O

    D I S C U R S O

    "SIGNIFICATIVO

    codifica ao

    est ruturas

    desentido1

    r e f e r e n c i a i s

    ;

    de conhecimento

    relacoes

    de producao

    i n f r a - e s t r u t u r a

    tecnica

    decodifica ao

    es t ru turas

    d esentido2

    r e f e r e n c i a i s d e

    conhecimento

    relacoes

    de

    produao

    i n f r a - e s t r u t u r a tecnica

    Ni t i da m e n t e ,

    o que chamamos no diagrama de "estruturas

    de significado 1" e "estruturas de significado 2"

    podem

    nao

    ser iguais. Elas nao constituent uma

    "identidade imedia ta" .

    |Os codigos

    de

    codificacao

    e

    decodificacao podem

    nao ser

    Iperfeitamente

    simetricos. Qs_graus

    de simetria ou seja,

    os graus de "compreensao" e "ma-compreensao" na troca

    comunicativa dependemdos graus de simetria/assimetria

    (relacoes de equivalencia)

    estabelecidos

    entre as posicoes

    das "personificacoes" _c)dificadoj^ptQd,utox_e

    decodifi-

    cador-receptor, Masisso,por suavez,dependedosgrausde

    identidade/nao-identidade entre

    os

    codigos

    que

    perfeitamente

    ou imperfeitamente

    t ransmitem,

    interrompem ou sistemati-

    camente distorcem o que esta sendotransmitido. Afalta de

    adequacao

    entre os codigos tern a ver em grande parte com

    as diferencas

    estruturais

    de

    relacao

    e posicao

    entre

    transmis-

    sorese

    audiencias,

    mas

    tambem tern

    algo a ver com a

    assi-

    m e t r i a

    entre,os

    c6digosda^fontele_do

    "receptor" no momento

    da

    transformacao

    para.jdentro e para

    fora

    da f o r m a discur-

    siva.O que sao chamadas de "distorcoes" ou "mal-enten-

    didps" surgem precisamente dafalta

    de equivalencia

    entre

    391

  • 7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao

    9/14

    os dois

    lados

    na troca

    comunicativa.

    Mais uma vez, isso define

    a "au ton omia re lat iva" , mas tamb em a

    "de termin asao" ,

    da

    entradae

    saida

    da

    mensagem

    em

    seus

    mementos

    discursivos.

    A aplicacao desse pa rad igma rud imen ta r

    ja

    comegou a

    transformar

    nosso

    en ten dimen to do velho termo "conteudo"

    da televisao.

    Estamos apenas

    comecando a

    entender como

    ele

    tambem

    pode

    transformar

    nosso

    entendimento

    da

    recepcao

    da

    audien c ia ,bem como sua

    "leitura"

    e resposta. Comegose

    finais foram

    anunciados anteriormente na pesquisa em comu-

    nicagao,

    portanto devemos

    se r

    cautelosos.

    M as

    parece haver

    a lguma razao para se pensar que uma fase bem nova e insti-

    gan te n a chamada pesq u isa d e a u d i e n c i a ,d e um novo t ipo

    pode

    estar

    se

    ab r in do .

    E m

    a m b a s

    as

    pontas

    da

    cadeia comu-

    nicativa o uso do

    paradigma

    semiotico

    promete dissipar

    o

    persis tente behaviorismo que

    tern

    perseguido a pesquisa dos

    mass media

    por

    t a n t o t e m p o ,

    sobretudona sua

    abordagem

    de

    con teudo . E mb ora sa ib amos

    que o

    programa televisivo

    nao e um es t i mulo compor tamen ta l , como um a b a t ida n a

    ' rotu la

    do joelho, parece ter sido quase impossivel para os

    pesquisadores

    tradicionais conceituar

    o processo

    comun ica -

    tivo

    se m

    cair

    em uma ou

    outra variante

    de um

    behaviorismo

    camuf lado . Nos sabemos , como G erb n er observou, que as

    representacoes

    da violencia na tela da TV "nao sa o propria-

    ;

    menteviolencia, m as

    mensagens sobre

    violencia" .

    3

    Porem,

    cont i nuamos a pesquisar a questao da violencia, po r

    exemplo,

    como se

    fossemos incapazes

    de compreenderessa

    distincao

    x

    epistemologica.

    Q~s.ignp

    teleyJ^iyo^^umL^gnocpm jglexo^Ele e consti tuido

    pela

    Qmbdn.a^aQ^ejdoJsjip

    J

    p^

    c

    ^^Uc^rso

    )

    jg^visuai e o

    audi-

    Alem do

    mais

    e um

    s igno iconico,

    na

    terminologia

    de

    Peirce, porque "possui a lgumas da s propriedades da coisa

    representada"/

    Este e um pon to que tern levado agrandes

    con fusoes

    e

    tern

    sido

    o

    terreno

    de uma

    in tensa controversia

    no estudo da linguagem visual.U m ave z que odiscurso visual

    t r aduz um

    mundo

    tr idimensional empianosb id imen s ion a is ,

    ele naopode,e claro,ser o

    referente

    ou o

    conceito

    que

    signi-|

    Ejca._Qcao, no filme_

    L

    pode latir,

    mas n ao con segue

    morder

    | A

    real idade exis te

    fora da

    l in guagem,

    mas e

    con s tan temen te ** .

    imediada pela linguagem

    ou

    atraves

    dela:e o que nos podemos

    taaber e

    dizer

    ternde ser

    produzido

    no

    discurso

    e

    atraves

    dele-P

    JO "conhecimento"discursive e oprodu to nao datransparente

    392

    representagaodo "real"na linguagem, mas da articulagao da

    '

    linguagem em condicoes e rela^oes reais. 4.ssJni. .aaQ^ha.

    iconicos sao, portanto, s ignos codif icados tambem mesmo

    que

    aq u i

    os codigos

    trabalhem

    de

    forma diferente daquela

    de

    outros s ignos.

    Nao h a

    grau zero

    em

    l in guag em . N a tu ra -

    l ismoe"real ismo" a aparente f idel idadedarepresentacao

    a coisa ou ao conceito representado e o resultado, o efeito,

    de

    uma

    certa

    ar t icu la^ao

    especif ica

    da

    l in guagem

    sobreo

    l"real".

    j_o_eauitado

    de.uma

    prau'ca

    dis_cursiv.a.

    _J

    Certos

    codigos

    podem,

    e

    claro,

    ser tao

    amplamente dis tr i-

    / b u idose m u m a

    cul tura

    o u

    comun idade

    de

    l inguagem

    especi-

    ( fica , e serem aprendidos ta ocedo , que

    apa ren tam

    nao-terem

    Isido

    con s t ru idos o

    efeito

    de uma

    ar t icu lacao

    entre s igno e

    I referente mas serem

    dados

    "naturalm ente" . Nesse sen tido,

    s imples s ignos visuais parecem ter

    alcan^ado

    um a

    "quase-

    universal idade", embora permanecam evidencias de que ate

    mesmo codigos visuais aparentem ente

    "naturals"

    sejam

    espe-

    cificos

    de uma

    dada

    c ul tura . Is to nao

    significa

    q u e n e n h u m

    c6digo

    t en ha

    interferido,

    mas, antes ,

    que^os

    codigos

    foram

    pj^fun^mfiAte^^jMmfeadQ^-

    A

    operacao

    de

    codigos natu-

    ra l izados revela

    nao a t ransparenc i a e " na tu r a l id ad e" da

    l inguagem, mas a

    p r o f u n d id a d e ,

    o carater

    habitual

    e a

    quase-

    universal idade do s codigos em uso.-Eles4>roduzem reconhe-

    GtnxeatQS

    ap

    ar

    e

    n te

    me

    n te "naUorais". Isso produz o efeito

    (ideologico)de enfobri r as

    praticas

    de

    codificacao

    presentes.

    M as na o

    devemos

    deixar

    que as aparencias nos

    e n g a n e m .

    Na

    verdade,

    o que os codigos

    natural izados

    demonstrame o

    grau

    de

    fami l ia r idade

    que se

    produz q uan do

    hS um

    a l in hamen to

    f u nd am enta l

    e uma

    reciprocidade

    a consecucao de uma

    equivalencia entre os lados codif icador e decodif icador

    d e u m a troca de s ignif icados.Of u n c i o n a m e n t odo s

    codigosl

    no

    lado

    d a

    de codif icacao, ira frequentemente assumir

    o

    status

    -.djS^pc

    ^C^QQQ

    es^jiatuEal-i-zaida^.

    Isso

    no s

    leva

    a

    pensar

    que o

    signo visual para "vaca" realmente

    e(em

    vez de representa) o

    an im al . Mas se nos

    pen sa rmos

    na

    representacao visual

    de

    uma v aca em um ma n ua l de pecua r ia e , a in da ma is , no

    signo lingiiistico "vaca" n o s

    podemos

    ver que amb os , em

    graus diferentes ,

    sa o

    arfc^ran'os

    em

    rela^ao

    ao

    conceito

    do

    animal que

    representam.

    A,

    seja visual

    ou verbal c o m o conceitojie umjgferenje e o

    393

  • 7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao

    10/14

    p r o d u t o

    n a o d a n a t u r e z a , m a s d e u m a c o n v e n c a o , e o

    con v en cion a l i smo dos d i scur sos r eq uer a in t e rv en cao e

    o

    a p o i o

    doscodigos.

    Dessa

    maneira ,

    Eco

    a rgumen ta

    que os

    signos

    iconicos

    "parecem

    co mobjetosdo m un do r ea lporque

    rep roduzem as conduces perceptivas (ou seja, oscodigos)

    de quern os ve".

    5

    SContudo,

    essas

    "condicoes de percepcao"

    sao o resul tado de

    um conjunto

    deoperacoes altamente codi-

    f icadas , a inda qu e vir tualmen te inconscientes s a odeco-

    dificacoes.

    Isto e

    verdade para

    as imagens fotograficas ou

    televisivas,

    ass im como para qualquer outro s igno. Signos

    iconicos sao, en tretanto, particularme nte vulneraveisa serem

    "lidos" como

    naturais,

    porque os codigos de

    percepcao

    visual

    sao ampl amen te d i s t r ib u idose p o r q u e esse t ipo de s igno

    / emenos a rb i t ra r i o d o q u e u m

    signo l inguis t ico.

    O s i g n o j

    I l inguis t ico

    "vaca" na o

    possuinenbumadaspropriedades da f

    I co i sa r epresen tada , ao passo q ue o

    signo

    v i sua l pa rece l

    1

    possuir algumas

    dessas

    propr i edades .

    Isso no s ajuda aesclarecer uma confusao na

    teoria

    lingiais-

    tica atual e a

    definir

    precisamente

    como alguns conceitos-

    ch ave

    estao

    sendo usados neste texto.

    A

    teoria linguistica

    f r e q u e n t e m e n t e

    emprega

    a dist incao

    entre

    "cono t acao" e

    "den otacao" . O

    t e rmo

    "_denotaca_o" e

    ampl amen te eq u ipa -

    rado co m o.,sentido4iteraLde_um signo:

    ja

    qu e

    esse

    sentido

    i^er^alniej^^^

    a

    "denotacao"

    tem

    s ido muitas

    vezes confundida

    com a txanscricao

    literaldaJ^r.ea_lidade^-pa-Fa-

    aluiguagem e ,

    por tan to ,

    c o m u m

    "signo

    n a tu ra l " , que e

    p r o d u z i d o

    sem a intervenao de

    codigos.

    A

    "conotacao"

    e,

    por outro lado

    f

    em pregada para simplesmen te referir-se aos

    sentidos menos

    fixos

    e, por tanto,

    mais

    convencional izados e

    mutav eis ,

    sentidos associativos

    que

    var iam claramente

    de

    instancia

    pa ra

    instancia

    e ,

    por tan to , dev em depen der

    da

    in terv en cao d e codigos.

    No s

    na o

    uti l izamos

    a

    dist incao

    entre

    den otacao

    e cono-

    tacao dessa forma. No

    nosso

    ponto de vista, a

    distincao

    e

    somente analitica. Ela e util, na

    anal ise,

    po r permit i ro

    usoj

    de um me todo pratico que distingu e aqueles aspectos d e

    um '

    s igno que parecem ser considerados, em qualquer comuni- '

    dade

    de

    l inguagem

    e a

    qua lquer tempo, como

    o seu sentidoj

    "literal"(denotacao), do s

    significados

    que se

    geram

    e m

    asso-^

    ciacao

    com o s igno (conotacao). M as as dis tincoes analiticas

    394

    na o devem

    se r

    con fun didas

    com as

    distincoes

    d o

    mu ndo real.

    Muito

    poucas vezes os signos organizados em um discurso

    s ign i f ica rao

    somente seus sent idos

    " l i tera ls" ,

    isto ,

    um

    sent id o quase universalm ente consensual .

    E m u m

    discurso'

    de

    fato

    emitido, a

    m aior ia

    d os

    signoscombinara seus aspectos

    den ota t iv os

    e

    conotat ivos ( confo rme r e d e f i n i d o acima)?.

    Pode-se,

    entao,

    pergun ta r

    por que

    man ter essa

    distincao. E,

    em

    grande medida,

    u m a

    questao

    de

    valor

    analitico.E

    porque

    os

    s ignos parecem adquir i r

    se u

    v a lor ideologico pl 'eno

    parecem estar abertos a

    articulacao

    com discursos e sentidos

    ideol ogicos

    ma is ampl os n o

    nivel

    dos seus sent idos

    "associat ivos" (ou

    seja,

    no nivelda conotacao)

    pois aqui

    os

    sentidos na o

    sa o

    aparentemente f ixados numa

    percepcao

    natural (o u

    seja,

    eles na o

    es tao plenamente natural izados)

    e

    a f luidez de seu sent ido e associacao pode ser m ais comple-

    tamente explorada

    e transformada.

    6

    Portanto,

    e n o

    mvelconoA

    tativo do signo que as ideologias

    a l teram

    e t ransformama j

    significacao. Nesse nivel, podemos ve r maisclaramenteainter-

    vencao ativa da ideologia

    dentro

    do discurso e

    sobre ele:

    aqui

    o signo esta

    aberto

    para novas

    enfases

    e, segundo Volochinov,

    entra

    p l en amen te

    na

    d i spu ta

    pe l os

    sen t idos

    a luta de

    classes na

    l i nguagem.

    7

    Is to nao quer dizer que a denotacao

    ou o sent ido " l i tera l" es teja fora da ideologia . Na v erdade ,

    p o d e n a m o s

    dizer

    que seu

    valor ideologico esta fortemente

    fixado,

    j us tamen te po r

    ter-se tornad o tao plenam ente uni-

    versal e "natural" . Desse modo, os termos "deno t acao" e

    "cono t acao" sao

    meram ente ferrame ntas anal i ticas uteis para

    se

    distinguir,

    em

    contextos especificos,

    os

    diferentes niveis

    em

    que as

    ideologias

    e os

    discursos

    se

    cruzam,

    e nao a presenca

    ou

    ausencia de

    ideologia

    na

    linguagem.

    8

    O nivel de

    conotacao

    do signo

    visual,

    de sua

    referencia

    contextual

    e de seu posicionamento em diferentes campos

    discursivos

    de sentido e

    associagao,

    e jus tamen te onde os

    signos'ja codificados

    se i n t e rsecc i onam com os

    codigos

    s e m a n t i c o s

    p r o f u n d o s

    d e u m a

    cu l tu ra

    e ,

    a s s im, a s sumem

    d i m e n s o e s ideo l ogicas ad ic ion a i s

    e

    ma is a t iv as . Podemos

    t omar um

    exemplo

    do

    discurso

    publicitario.

    A i, t ampouco ,

    h a "deno t a^ao pura"

    e

    cer t amen te n en huma represen tacao

    "natural".

    Na

    publicidade, todo signo

    visual

    conota

    um a

    qua-

    lidade, situacao,valoro u inferencia que esta

    presente

    comou ma

    implicacao

    ou

    sentido

    implicito,

    dependendo

    do

    posicionamento

    395

  • 7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao

    11/14

    conotativo. No exemplo de Barthes, o sueter sempre

    significa

    "uma

    vestimenta

    quente"(denotacao)e,

    portanto,

    a

    atividade/

    valor

    de

    "manter-seaquec i do" .

    M a s e

    tambe"m

    possivel , em

    niveis

    mais

    conotat ivos,

    significar

    a "chegada do inverno"

    ou "um dia frio". E,nos subcodigos especializados da moda,

    o sue t e rpode cono t ar t ambemum estilo emvoga

    na

    haute

    couture ou, a l ternativamente, um estilo

    informal

    de se vestir.

    Mas,

    colocado contra o

    fundo

    visual correto e posiciona do

    pelosubc6digo

    rom antico,

    podeconotar

    "longa

    caminhada de

    out ono

    no bosque".

    9

    Codigos dessa

    ordem

    claramente

    esta-

    belecem

    relacoes

    para

    o

    signo

    c o m o

    un i ve rso mai s amplo

    das i deo log i as em uma soc i edade .-.Pssp& ^codiflos sao os

    meios

    pelos

    quais^pj3jdex^ajtegroig1^aQ4e^^

    icar

    em discursos

    especificos. Eles_.r_emetem_Qs^ignQS.-aQS

    e^entido'Ldentro

    cada;

    e

    esses

    "mapasda

    realidade social"

    conteni inscritoslioda

    um a serie de significados sociais,

    praticas

    e

    usos,

    poder_

    l interesse . Segundo

    Barthes ,

    os niveis con otat ivos dos signi-

    |ficantes "tern uma est rei ta relacaocom a cu l tura,o conheci -

    lento,

    a

    historia

    e e

    atraves deles,

    po r

    assim dizer,

    que o

    leio ambiente invadeo sistema lingiiistico esemant ico. Eles

    > a o , de a l g u m a

    forma,

    os f ragment osd a ideologia."

    10

    O

    c h a m a d o

    nivel

    denotat ive

    do

    signo televisivo

    e

    fixado

    po r

    certos codigos (restritos

    ou

    "fechados") bastante com-

    plexes. Mas o nivel

    conotat ivo,

    apesar de t ambem se r

    limi-

    tado,

    e

    mais aberto ,

    sendo

    objeto

    de

    transformacoes mai s

    ativas ,

    qu e exploram seus valores pol issemicos. Q ualque r

    signo jacon st i tuido

    e

    po t enc i a lment etransformavel

    em

    mais

    de uma configuracao conotat iva. Polissemia, ent retanto , nao

    deve ser confundida com plural ismo. Os codigos conotativos

    na o sao

    iguais entre

    s i.

    Toda sociedade

    ou

    cultura tende,

    c om

    diversos graus de c laus ura, a impor suas c lassificacoes do

    m u n d o

    social,

    cu l tural

    e politico. Essas

    classificacoes

    cons-

    t i tuem

    um a ordem cultural dominante,

    apesar

    de

    esta

    na o

    se r ne m

    univoca

    nem incontestavel. Aquestao da

    "estrutura

    do s

    discursos

    em dominancia" e um

    ponto

    crucial. A s dife-

    rentes areas da vida social parecem ser dispostas

    dentro

    de

    dommiosdiscursivos h ierarquicam ente o rganizados at raves de

    sentidosdom inantes oupreferenciais. Acontecimentos novos,

    polemicosou problemat icos que rompem nossas expectat iva s

    ou v ao con t ra o s "cons t ru t os d o senso

    c o m u m " ,

    o c o n h e -

    c i ment o "dadocomocerto" das est ruturas sociais, devem

    se r a t r i bui dos o u alocados ao s seus respect ivos domini-

    os

    discursivos, antes

    qu e "facam

    sentido".

    A

    mane i ra mai s

    c o m u m de

    "mapea- los"

    e

    a t r i bui r

    onovo a

    a lgum

    d o m i n io

    do s

    "mapas existentes

    da

    realidade social problemat ica".

    Di-

    zemos

    dominante

    e n ao "determinado", porque e sempre

    possivel ordenar, c lassi ficar, at ribuir e decodificar um acon-

    tecimentodentrode mais de um "mapeamento". Masdize-

    mos "dominante" porque, de

    fato,

    existe um

    padrao

    de "lei-

    t uras p re fe renc i a i s" ,

    e

    a m b o s

    d o m i n a n te

    e

    d e t e r m i n a d o

    ternum a

    ordem inst i tucional/poli tica/ ideologica impressa

    neles e

    ambos

    se

    institucionalizaram.

    11

    O s

    dominios

    do s

    "sen-

    tidos preferenciais"

    tern,

    embut ida, toda a ordem social en-

    quan t o conjun t o de s i gn i f i cados , p ra t i cas e c rencas : o co -

    nhecimento cotidiano dasestruturas sociais, do

    "modo como

    "as coisas func ionam para todos os propositos praticos nesta

    cultura"; a o rdem

    h iera rq u ica

    dopoder e dos interesses e

    a est rutura da s legitimates, restricoes e

    sancoes .

    P or isso,

    para esclarecer um "ma -entendido" em relacao ao nivel co-

    notat ivo,devemos

    no s referir (atraves de

    codigos)

    as

    orde-

    n acoes da

    vida social,

    do

    poder poli t ico

    e economico e da

    ideologia. Alem disso, comoesses

    mapas

    sao

    "estrutura-

    dos em domi nanc i a" mas nao sao

    fech ados ,

    o

    processo

    co-

    municat ivo nao consiste na

    a tr ibuicao

    nao-problemat ica de

    cada i tem visual a sua posicao dentro de um conjunto de

    codigos

    pre-arranjados,

    mas sim em regrasperfomativas- ou

    seja,

    regras de competencia e uso, de logica aplicada que

    buscam a t i vament e reforcar

    ou

    pre-ferir

    um

    dom i ni o seman-

    tico a outro e incluire

    excluir

    itensdosconjuntosde sentido

    apropriados. Asemiologia

    formal tern

    mui to

    frequentemente

    negligenciado essa pratica

    de trabalhointerpretativo,

    embora

    isso c ons t i tua, de fato , as reais

    relacoes

    nas

    prat icas

    de

    difusao

    televisivas.

    Ao falarmos

    de sentidos

    dominantes,

    entao, nao estamos

    no s

    re fe r i ndo

    a um

    processo

    de

    mao un ica ,

    qu e

    governa

    a

    forma

    como

    todos

    os acontecimentos

    serao significados. Esse

    processoconsiste no t rab alho necessario para fazer cumprir,

    conqui s t a r p laus i b i l i dade para ex i g i r legit imamerUe u m a

    decodificacao d o

    even t o den t ro

    do

    l imite

    das

    def in icoes

    396

    397

  • 7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao

    12/14

    dominances

    nas quais esse evento tern

    sido

    slgnificado

    conotativamente. Do ponto devista de

    Terni:

    Pela palavra leitura en tend emo s na osomente a capacidade d e

    identificar e de

    decodif icar

    u m certo

    n u m e r o

    de

    signos, mas,

    t a mbe"m, a capacidade subjetiva de po-los em um a

    re l acao

    cr ia tiva entre s i e com ou tros signos: um a ca p a c id a d e que e ,

    em si m e s m a , a c o n d i c a o da

    p lena

    consc ienc ia de todo o

    a m b i e n t e

    em que se

    esta inserido.

    12

    Nossa discordancia aqui e em

    relacao

    a

    n ocao

    de "capaci-

    dade sub jet iva", como se 6 r e feren te de um discurso te levi -

    sivo fosse

    um

    fato

    objetivo, mas o

    mvelinterpretative fosse

    um

    assunto individual e p ar t i cu l a r . O caso parece ser o

    cont ra r i o . A p ra t i ca te lev is i va assume re sponsab i l i dade

    "objetiva" (isto

    e ,

    sistemica) precisamentepelas

    relacoes que

    os

    signos

    dist intos estabelecem un s com os out ros em

    q u a l q u e r ocor ren c ia discursiva e, por isso, essa prat ica

    cont i nuament e rearranja, delimita

    e

    prescreve

    em

    qual "cons-

    ciencia detodo oam bi en t e"esses itens

    estao

    organizados.

    Isso nos leva a questao dos mal-entendidos. Produtores

    de televisao que

    ach am

    q ue n ao

    conseguem passar

    su a

    mensagem f requent ement e

    s e

    preocupam

    em

    eliminar falhas

    na cadeia de comunicacao, de modo a facil itar a "eficacia" de

    su a comun icacao . Muita

    pesquisa

    que

    d e f e n d e

    a

    objet ivi -

    dade das "analises politicamente orientadas" reproduz

    esse

    objet ivo a dminist rat ivo ao tentar descobrir quanto da m en-

    sagem a audiencia re lembra e ao tentar melhorar o grau de

    se u en t end iment o . Nao ha duvida de que mal-entendidos do

    t ipo literal existem. O telespectador na o

    conhece

    os termos

    empregados, nao consegue acompanhar a complexa logica

    argumentativa

    ou da exposicao, nao esta familiarizado com a

    Hnguagem, considera os conceitos demasiado estranhos ou

    dificeis

    ou as

    exposicoes

    narrat ivas vao alem de sua capaci -

    dade

    de

    compreensao. Mais

    frequentemente, no

    entanto ,

    os

    produtores

    se

    preocupam

    com a

    possibilidade

    de a

    audiencia

    falhar

    em

    captar

    o

    sentido

    po r

    eles pretendido.

    O que eles

    realmente

    estao dizendo

    e que os

    telespectadores

    na o

    estao

    operando dentro

    do

    c6digo "preferential"

    ou "dominante" .Se u

    ideal

    e o de uma

    "comunicacao perfeitamente transparente".

    A o

    contrario aquilo

    com queeles tern

    realmente

    de se

    con-

    frontar e com a "comunicacao sistematicamente

    distorcida".

    13

    398

    Nos ultimos anos, diferencasdesse tipo tern sido habitual-

    mente explicadas pe l a r e feren da a "percepcao

    selet iva".

    Essa e a

    brecha

    pela qual o pluralismo residual evi ta as

    compul soes

    de um

    processo altamente estruturado, assime-

    trico e nao -equi va len t e . E

    claro

    que

    sempre

    havera

    le i turas

    individuals ,

    part iculare s ou variantes. Mas a

    "percepcao

    sele-

    tiva"quase nu nca e tao seletiva,aleatoriaou privatizada quanto

    o

    conceito sugere.

    Os padroes

    exib 'em agrupame ntos signifi-

    cativos ao longo das variantes individuais. Qualquer nova

    abordagem para

    o

    estudo

    da s

    audiencias

    tera,

    portanto,

    qu e

    comecar com uma criticaa teoria da " percepcao seletiva".

    Argumentou-se anteriormente que, ja que nao existe uma

    necessaria correspondencia entre codificacao edecodificacao,

    a

    primeira pode tentar "pre-ferir", mas nao pode prescrever

    ou

    garant i r

    a

    segunda,

    qu e

    tern suas proprias

    condicoes de

    existencia.

    A

    m e n o s

    qu e

    seja disparadamente aberrante ,

    a

    codificacao produz

    a

    formacao

    de

    alguns

    do s

    limites

    e

    para-

    metros dentro

    do s

    quais

    as

    decodificacoes

    va o

    operar.

    S e nao

    houvesse l imi tes, as audiencias poderiam simplesmente

    le r

    qualquer coisa qu e quisessem dentro das mensagens. S em

    duvida, alguns mal-entendidosdessetipo existem . M as a vasta

    gama

    deve

    conter

    algum

    grau

    de

    reciprocidade ent re

    o s

    m e m e n t o s d acodificacao e

    deco di f icacao;

    do contrario na o

    poder iamos falar de uma efet iva t roca comunicat iva. Apesar

    disso, essa "correspondencia"

    nao e

    dada ,

    m as

    const ruida.

    Na o e

    "natural" ,

    m as

    produto

    de uma art iculacao

    entre dois

    momen tosdistintos. E a codificacao na opode deterrninar ou

    garan t i r ,

    d e

    f o r m a simples, quais

    o s

    c o d i g o s

    de

    decodifi -

    cacao que

    serao

    em pregados. D eoutromodo, a

    comunicacao

    seria um circuito perfeitamente equivalente e cada mensagem

    seria uma

    instancia

    de "comunicacao perfei tamente t ranspa-

    rente". Portanto, devemos pensar nas varias articulacoes em

    que a codificacao/decodificacao

    podem

    s ercombinadas. Para

    explicar isso oferecemos uma analise hipotetica de algumas

    possiveis posicoes de decodificacao, de modo a reforcar a

    idia

    da

    "nao necessaria

    correspondencia" .

    1

    ^

    Identif icamos

    tres

    posicoes hipoteticas

    a

    partir

    da s

    quais

    a

    decodificacao de um discurso televisivopode se rconst ruida.

    Estas precisam ser em piricamente testadas e refinada s. Mas o

    argumento

    de que as decodificacoes nao

    derivam inevi tavel-

    mente das codificacoes, que elas nao sao

    identicas ,

    reforca o

    399

  • 7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao

    13/14

    a rgumen to da

    correspondencia

    "nao necessaria".

    Isso t am bem

    ajuda

    a

    desconstruir

    o

    sen tido comu m

    d e

    "mal-entendido"

    e m

    termos de uma teor ia da " c o m u n i c a ^ ao s i s t e m a t i c a m e n t e

    d i s t o r c i d a " .

    A

    primeira

    posigao hipote'tica

    refere-se

    aposicao hege-

    monica-dominante, Q u a n d oo telespectador seapropr iado

    sentido conotado de, digamos,

    um

    telejornal ou

    um

    programa

    de a tual idades,de forma diretae in tegral ,e decodif icaa men-

    sagem nos termos do codigo referencial no

    qu a l

    ela foi codi-

    ficada,

    podemos

    dizer que o telespectador estd

    operando dentro

    do codigo dominante. Essee o caso ideal-tipicode

    "comuni-

    cacao per fe i tamen te

    t ransparence"

    ou o caso mais proximo,

    p ar a todos

    os e fe i tos . Den t ro d i s so , podemos d i s t in gu i ras

    posigoesproduzidas

    pelo

    codigo

    professional.

    Essa e aposicao

    (produz ida

    pelo

    que, ta lvez ,

    devessemos

    identif icar

    como

    a

    operacaode um "metacodigo") que osprofiss ionaisda radio-

    difusao assumem quando codif icamuma men sagem que

    jd

    r eceb eu s ign i ficado de uma man ei ra hegemon ica . O codigo

    p r o f i s s i o n a l e " r e l a t i v a m e n t e independente" do cod igo

    dominante, ja

    que

    aplica criterios

    eoperatesde transformagao

    proprios, especialmente aquelesdenatureza tecnicaeprat ica.

    O

    codigo profissional, contudo, opera

    dentro

    da "hegemonia"

    do codigo do minante. Na verdade ,

    ele

    serve para reproduzir

    as defin icoes dominantes precisamenteporque coloca entre

    parenteses seu

    ca ra te r hegemon ico

    e

    opera

    com

    codigos

    prof i s s ion a is

    deslocados, que destacam questoes aparente-

    mente

    tecnicas e neutras , como as da qual idade visual , dos

    valores d a

    notfcia

    e da apresentacao, da qual idade televi-

    siva, do "prof iss ional ismo" e tc . As in te rpre tacoes hegemo-

    nicas ,

    digamo s, da politica da Irlanda do

    Norte ,

    ou do

    golpe

    chileno ou,

    a ind a ,

    do

    Estatuto

    sobre as

    Relac.6es Industrials,

    sao geradas, sobretudo,

    pelas

    elites politicae militar:a escolha

    especifica

    d a ocasiao e do

    formato

    de umaexposicao,a

    selecao

    de pessoal, aescolha de imagen se aencenacaodos debates

    saofei tose combinados a travesdaoperagaodo codigo profis-

    sional . Como

    os

    profissionais

    da

    televisao

    sao

    capaz es

    de

    operar

    com

    codigos proprios "rela t ivame nte autonom os"

    e ao

    mesmo tempo

    agir de

    tal forma

    que reproduzem (nao sem

    contradicoes)

    a

    significagao hegemon ica

    dos

    acon tec imen tos

    e uma questao

    complexa,

    que naopodeser

    melhor explici-

    tada

    a qui. Basta dizer que os profiss io nais estao l igados as

    elites decis6rias nao somente atraves da

    posicao

    in s t i tuc ion a l

    das proprias emissoras enq uanto "aparelho ideologico",

    15

    mas

    tambem pela estruturade

    acesso

    (ou

    seja,

    or ecursoexcessive

    esistematico a

    pessoas

    da elite e a sua

    "definic.ao

    da

    situac.ao"

    na

    televisao). Podemos inclusive dizer que os codigos profis-

    sionaisservempara reproduzir

    definicoes

    hegemonicas, especi-

    ficamente por

    nao

    inclinarem

    abertamente

    suasoperacoesem

    u m a

    d i recao domin an te : a r eproducao ideo logica ,

    p o r t an to ,

    acontece aqui inadvertidamente, inconscientemente, "pe la s

    costas dos homens".

    16

    Ob v iamen te , con f l i tos ,

    contradicoes

    e ate

    mesmo mal-entendidos surgem regularmente entre

    as

    significances

    profissionaise dominantese seus agenciamentos

    signif icativos.

    A segundaposicao qu e identificariamos e a do codigo nego-

    ciado.

    Provavelmente, a

    maioria

    das audiencias compreende

    b as tan te bem o que foi def in ido de man ei ra domin an te e

    recebeu um signif icado de forma profiss ional . Entretanto, as

    defin icoes

    dom in an tes

    sao

    hegemonicas precisamenteporque

    r epresen tam def in icoesde s i tuagoese eventosque estao "em

    domin an cia" , (globais^).

    A s

    def inicoes domin an tes con ec tam

    eventos ,

    impl ici tamente ou explici tamente, a

    grandes

    totali-

    zagoes, as grandes visoes d e m u n d o s i n t a g m a t i c a s . Elas

    a s s u m e m

    "perspectivas

    globais" sobre

    as

    questoes , associam

    os acon tec imen tos ao "interesse

    nacional"

    ou a geopoli t ica ,

    m e s m o que

    essas

    re lagoes sejam estabelecidas de man ei ra

    t r u ncad a , invertida ou mist i f icada. Adefin i^ao de um ponto

    de

    v is ta hegemonico

    e: (a) que

    define dentro

    de

    seus termos

    o

    hor iz on te men ta l ,

    o universe de

    significados possiveis

    e de

    todo

    um setor de relacoes em uma sociedade ou cul tura;e

    (b ) q ue ca r rega con s igo o se lo da l eg i t imid ade pa rece

    coincidir com o que e

    "natural" , " inevi tavel"

    ou "obvio"a

    respeito

    da ordem s o c i a l . D e c o d i f i c a r , d e n t r o da

    versao

    negociada,

    contem uma

    mistura

    de elementos de ad ap tag ao

    e de oposigao: reconhece a legit imidadedas defin i^oes hege-

    monicas para produzir as grandes significances (abstratas),

    ao

    passo

    q ue , em um

    nivel

    mais restr i to, s i tuacion al ( locali-

    zado), faz suas proprias regras funciona com as excefoes

    a r e g r a . C o n f e r e posigao p r i v i l e g i a d a as

    d e f i n i ^ o e s

    d o m i -

    n a n t e sdosacontecimentos, en q uan tosereservao direitode

    fazer uma apl icafao mais negociada as

    "condi^oes

    locais" e

    as

    suas pr6 pr ia s

    posigoes

    ma is

    corporativas.

    Essa

    versao

    negociada da ideologia dom inante esta , portanto , a travessada

    por contradic.6es, apesar de que isso so se torna vis ivelem

    401

  • 7/21/2019 HALL, S. Codificacao Decodifficacao

    14/14

    algumas

    ocasioes.O s

    codigos

    negociados operam atraves do

    qu e

    podemos chamar

    de

    logicas

    especificas ou

    localizadas:

    essas 16gicas sao

    sustentadas

    por sua

    relacao diferencial

    e

    desigualcom os

    discursos

    e as

    logicas

    do

    poder.

    O

    exemplo

    mais

    simples de

    um

    codigo negociado e a quele que g overna

    a resposta de um trabalhador a

    ideia

    de que um Es ta tu to

    sobre Relacoes

    Indus t r i a l s

    limite o direito de greve ou a

    proposta de um congelamento dos

    salaries.

    Em termos do

    debate economico

    sobre o "interesse nacional" , o

    decodif i-

    cador

    pode

    ado ta r a

    definicao

    hegemonica , concordando

    qu e

    "todos devemos

    no s remunera r

    me nos para combater

    a inflacao".

    C ontudo, isso pode

    te r

    pouca

    ou

    nenhuma

    relagao

    com

    sua vontade de entrarem greve por melhor pagam ento e

    condicoes,

    ou de se opor, no

    chao

    d e fabrica ou no sindicato,

    ao

    Estatuto

    sobre

    Relacoes Ind ustriais . Desconfiamos

    que a

    grande maioria dos ditos "ma -entendidos" surge das contra-

    dicoes

    e disjuncoesentrecodificacoes hegemonico-dominantes

    e decodificacoes

    negociadas

    corpora t ivamente . Sao

    esses

    desencontros

    de

    niveis

    que levam as

    elites

    e os

    profissionais

    a

    identificarem

    a

    "falha

    na comunicacao".

    Finalmente, e possivel para um telespectador entender

    perfei tamente tan to

    a

    inflexao cono ta t iva quan to

    a

    literal

    conferida a um discurso, mas, ao

    mesmo tempo,

    decodificar a

    mensagem de uma

    maneira

    globalmentecontraria.Ele ou

    ela

    destotaliza a

    mensagem

    no

    codigo preferen cial para retota-

    l iza-la dentro de algum refere ncial alternativo. Esse e ocaso

    do telespectador que ouve um debate sobre a necessidade

    de

    Hmita r

    os salaries, mas

    "le" cada mencao

    ao

    "interesse

    nacional"

    como"interessede classe". Ele ou ela esta operando

    com o quechamamosde codigo

    d e

    oposifao. Um dos momentos

    politicos

    mais

    significativos

    (eles

    tambem

    coincidem

    com os

    momentos

    de

    crise dentro

    da s

    proprias

    empresas de

    televisao,

    por razoes

    obvias) e

    aquele

    em que os

    acontecimentos

    qu e

    sa o normalmente signif icados e decodificados de maneira

    negociada comecam a ter uma leitura

    contestataria.

    Aqu i se

    trava a "politica da

    significacao"

    a

    luta

    no discurso.

    [ H A I L , S.

    E nc o d ing / D e c o d ing .

    Culture Media Language

    W o r k i n g

    Pa p e r s in C u l t u r a l S tudies ,

    1972-1979-

    L o n d o n :

    H u t c h i n s o n ,

    1980.

    T r a d u c a o d e An a

    C a ro l i na E sc o s te guy

    e Francisco R u d i g e r ]

    NOTAS

    1

    Parau m aexplicate-e um comentariosobrea simplicatesmetodologicas

    do a rgumentode Marx, ver:

    H AL L ,

    S. A Reading of M arx's 1857

    Introduction

    to the

    Grundrisse .

    W P C S n. 6, 1974.

    H A L L O R A N ,

    J . D, Unders ta nding Television Univers i ty of Leices ter ,

    1973. Trabalho

    apresentado no Co loqu iodo Conselho de

    Europ a

    sobre

    "Compreender aTelevisao .

    3

    GE RBNE R,

    G . et

    al .

    Violencei n TV Drama:A Study of Trends and Symbolic

    Functions.

    The

    Annenberg School,

    University

    of

    Pennsylv ania, 1970.

    4

    PEIRCE,

    Charles. Speculative Gra mm ar.

    Collected Papers

    Cambridge, Mass . :

    H arvard Univers i ty Press, 1931-1958.

    5

    E C O ,Um ber to.A r t iculat ionsof the CinematicCode.Cinematics n. 1.

    6

    Ve ressadiscussaoem HALL,S. Determinations of N ews Photographs.

    WPCS

    n. 3,

    1972.

    7

    VOL OC HI N OV. Marxism and

    the

    Philosophy of

    Language. Th e

    Seminar

    Press, 1973-

    8

    Para

    u mesclarecimento

    parecido, ver: HE CK ,M arina Camargo. Ideological

    D i m e n s i o n s

    of

    M e d i a M e s s a g e s . CCCS.

    Culture

    Media Language:

    Working Papers

    in

    Cultural Studies

    1972-1979.

    London: Hu tchinson, 1980.

    p.

    122-127.

    9

    BA RTHE S ,

    Roland. Rhetoric of the Image.

    WPCS

    n. 1, 1971.

    10

    BARTHES,

    Roland.

    Elements ofSemiology.

    Cape, 1967. [Traducao brasileira:

    9. ed. Sao Paulo:

    Cul t rix ,

    1988.1

    11

    Pa r a uma cri tica extensa de " lei tura preferencial" , ver : O ' S H E A ,A l a n .

    Preferred R eading. CCCS. Univers i ty of Birm ingham . Mimeografado.

    12

    TE RNI ,P .

    Mem orandum. Un ive r s i ty

    of

    Leicester, 1973. (Trabalho apresen-

    tado no C ol6quio doConselhode Europasobre

    "Compreender

    a Televisao".)

    13

    H AB ERM AS, J. Systematically Distorted Communications. In:

    DRETZEL,

    P.

    (Org.). Recent Sociology 2 Collier-M acmilla n, 1970.

    A

    frase

    e de

    H abe rmas ,

    contudo,usa-seaqui em outro sentido.

    Paraumaformulacao

    sociologica

    que seap roxima ,de a lgumas maneiras ,

    as posi^oesesbo9adasaqui , se mpassarpeladiscussao da teoria do discurso,

    ver : PARKIN , F r ank . Class Inequality an d Political Order. Macgibbon

    an d

    Kee, 1971.

    15

    Ver :

    ALTH USSER,

    Louis. Ideology

    an d

    Ideological State Ap paratuses.

    In :

    .LeninandP hi losophy and O ther Essays . London: New

    Left

    Books ,

    1971. [Aparelhos ideoldgicos

    d e

    Estado.2. ed.

    Tr aducao

    de

    Walter

    Jos Evan -

    gelista

    e

    Maria Laura Viveiros

    de

    Castro.

    Rio de

    Janeiro: Graal, 1985-1

    402

    40 3