há 50 anos, festa acelerou o crescimento bento gonÇalves | maio de … · temáticos na semana da...

24
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA BENTO GONÇALVES | MAIO DE 2017 | EDIÇÃO 190 | ANO 15 Acervo Itacyr Giacomello Há 50 anos, festa acelerou o crescimento de Bento Gonçalves A 1ª Fenavinho obteve repercussão nacional. A imperatriz Sandra Guerra (foto) e suas Damas de Honra tiveram a incumbência de divulgar o evento para todo o Brasil em rádios, jornais e tevês

Upload: buikhanh

Post on 04-Dec-2018

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

DIS

TR

IBU

IÇÃ

O G

RAT

UIT

AB

ENT

O G

ON

ÇA

LVES

| M

AIO

DE

2017

| E

DIÇ

ÃO

190

| A

NO

15

Acervo Itacyr Giacomello

Há 50 anos, festa acelerou o

crescimento de Bento

GonçalvesA 1ª Fenavinho obteve repercussão nacional.

A imperatriz Sandra Guerra (foto) e suas

Damas de Honra tiveram a incumbência

de divulgar o evento para todo o Brasil em rádios, jornais e tevês

Page 2: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

FENAVINHO 50 ANOS JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | maio 20172

Reportagem: Natália ZucchiEdição: Kátia Bortolini

Um dos fatos mais pitorescos da Fenavinho, presen-te no imaginário popular, aconteceu na terceira edição da festa, ocorrida de 15 de fevereiro a 9 de março de 1975. Um dos bonecos colocados pela organização em postes para enfeitar a cidade, teria sido furtado por uma turma de Caxias do Sul e pendurado na entrada daque-le município, portando um cartaz no pescoço com os dizeres: “Fuzi de Bento”.

Ao se deparar com a brincadeira, a prefeitura de Ca-xias do Sul, para evitar confusões, resgatou o boneco e

s estatutos que regem a Festa Nacional do Vinho (Fenavinho) foram mo-dificados em dezembro de 2016, em assembleia que reuniu represen-tantes do poder público municipal e do Centro da Indústria, Comércio

e Serviços de Bento Gonçalves (CIC/BG), entre outras entidades e setores repre-sentativos do município. Com a mudança, a prefeitura e a Câmara de Vereado-res voltaram a ser membros natos do evento que, ao todo, já teve 15 edições. O presidente da última Fenavinho, João Strapazzon, ocorrida em 2011, permanece temporariamente no cargo para convocar a assembleia que elegerá a diretoria da próxima edição, prevista para 2019. Há três comitês trabalhando nessa tentativa de retorno. O primeiro, formado por juristas e advogados, reviu os estatutos da festa, permitindo a participação do poder público. O segundo, é formado por profissionais que estão renegociando as dívidas deixadas pela última edição, na

Mudança nos estatutos com previsão de retorno em 2019

1ª edição da Fenavinho, em 1967, mobilizou Bento Gonçalves e foi um marco para a cidadeAcervo Moysés Michelon

ordem de R$ 1,2 milhão. O terceiro comitê tem a tarefa de projetar como a pró-xima edição sairá do papel. Conforme Strapazzon, parte do valor da dívida já foi abatido por empresas e pessoas físicas credoras que deixaram o valor do débito como contribuição à festa.

Para o decorrer deste ano estão previstas diversas ações alusivas ao cinquen-tenário do evento, considerado patrimônio da comunidade. Entre elas, desfiles temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves, em outubro. O projeto de comemoração dos 50 anos da Fenavinho, coordenado pela prefeitura, está envolvendo 40 entidades.

O Jornal Integração da Serra reporta, neste especial Fenavinho 50 anos, his-tórias e fatos pitorescos dos bastidores da festa que projetou Bento Gonçalves na-cionalmente, com destaque para acontecimentos da primeira edição do evento.

“Fuzide Bento”

Isaias Malta Reprodução Web

Reprodução Web

providenciou que voltasse ao seu poste de origem, em Bento Gonçalves. Três dias depois, o mesmo boneco aparece na entrada de Caxias, de novo no mesmo pos-te, com outro cartaz pendurado com os dizeres “Fuzi de novo”, e ficou por lá mesmo. Na época, a rivalidade entre os dois municípios era muito presente.

A história do boneco consta no livro de contos de causos “Frótole e Buzie”, dos escritores bento-gonçal-venses Ademir Antonio Bacca e Hary Dalla Colletta (in memoriam).

Festa Nacional do Vinho

Page 3: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | maio 2017 FENAVINHO 50 ANOS 3

A ideia da festa surgiu na Associa-ção de ex-Alunos do Colégio Marista Aparecida. A associação promovia dois a três eventos por ano, muito frequen-tados por jovens da época. Em 1965, por ocasião dos 25 anos da educação Marista em Bento Gonçalves, a asso-ciação optou por promover um even-to maior, designado Festa do Vinho, na época o principal produto da cadeia secundária do município.

A proposta, liderada pelo presi-dente da associação, engenheiro agrô-nomo Loreno Gracia e por seu vice, o empresário Moysés Michelon, conta-giou seus pares e a direção do colégio. Como o ano também coincidia com os

Outro fato inusitado na história da primeira Fenavinho foi o baile para a escolha da Impe-ratriz e Damas de Honra. Devido ao curto espaço de tempo para o evento, a data prevista para o baile coincidiu com a quaresma, período em que a igreja católica não permitia a promoção

A visita do então Presidente da República, Humber-to de Alencar Castelo Branco, à 1ª Fenavinho também foi articulada pelo padre Mânica. O padre era amigo e cabo eleitoral do político Daniel Faraco, Ministro da Indústria e Comércio de Castelo Branco, e solicitou a sua intervenção para convidar o Presidente. O Ministro salientou a Caste-lo Branco que na região estava concentrada a maior pro-dução de uvas e vinhos do Brasil. Também ressaltou que a maior parte da comunidade de Bento Gonçalves estava mobilizada em torno da organização da 1ª Festa Nacional do Vinho. O Presidente da República aceitou o convite e, na companhia do então Chefe da Casa Civil, General Ernesto Geisel, nascido em Bento Gonçalves, e do então governa-dor do Estado, Perachi de Barcelos, foi recebido com festa em Bento Gonçalves em 25 de fevereiro de 1967. Percorreu de carro o trajeto entre Porto Alegre e Bento Gonçalves, por estrada de chão, porque o mau tempo não permitiu o deslocamento aéreo da comitiva. No percurso, Castelo Branco perguntou ao então Governador como uma cida-de que estava promovendo uma festa nacional não tinha acesso asfáltico. Meses após, foi emitida a ordem de servi-ço do Estado para o asfaltamento dos 120 quilômetros de estrada entre Bento Gonçalves e a capital do Estado.

A primeira edição da Festa50 anos da instalação das Irmãs Carlis-tas do Colégio Medianeira no municí-pio e com os 75 anos de emancipação política de Bento Gonçalves, Gracia e o irmão marista Avelino Madalosso, di-retor do Colégio Aparecida na época, visitaram o então prefeito Milton Rosa e sugeriram a realização da Festa do Vinho, englobando as três comemora-ções. O Prefeito gostou da ideia e, algu-mas reuniões após, Gracia foi indicado para presidir a comissão organizadora da 1ª Festa Nacional do Vinho (Fenavi-nho), tendo como vice Enio Fasolo.

A Fenavinho então iria acontecer no ano seguinte, mas meses depois Gracia foi a trabalho aos Estados Uni-

dos e depois a Minais Gerais, ficando a festa acéfala. Mediante a situação, o padre Ernesto Mânica, pároco da Igre-ja Santo Antônio, que exercia forte li-derança na comunidade, procurou o Prefeito para propor a renovação da Diretoria da Fenavinho e indicou o em-presário Moysés Michelon para a presi-dência do evento. Michelon foi procu-rado pelo Prefeito e pelo Padre em seu escritório na empresa Massas Isabela, em maio de 1966, aceitando o desafio de preparar a festa em seis meses.

A missão foi cumprida com o au-xílio do poder público municipal, atra-vés da compra da área de terras para a instalação de um pavilhão para sediar

o evento, coordenada pelo então pre-feito em exercício, o médico Ervalino Bozzetto, que substituía Milton Rosa, afastado por problemas de saúde. O dinheiro da obra veio da promoção de um leilão, da Casa Civil do Governo do Estado e de contribuições de empre-sas locais que, ao todo, arrecadaram sete milhões e meio de cruzeiros. O Ba-talhão Ferroviário, na época instalado no município, disponibilizou soldados e oficiais para ajudar na construção do pavilhão e a comunidade se envolveu de forma maciça no projeto. O even-to, ocorrido de 25 de fevereiro a 12 de março de 1967, deu à cidade o título de Capital Brasileira do Vinho.

Acesso asfálticoAcervo Pedro Koff

Presidente da República Humberto de Alencar Castelo Branco visita a 1ª Fenavinho

A bebida do pecado

Escolha da Imperatriz e Damas de Honra da 1ª Fenavinho

Desfile de carros alegóricos na avenida Osvaldo Aranha

Acervo Vinícola Salton

de festas. Consultado sobre o assunto, o padre Mânica autorizou a realização do baile, ocorrido no Clube Ipiranga, com a escolha de Sandra Guerra como Imperatriz e Iegle Ghelen e Liana Mazzini como Damas de Honra. Além disso, o vinho, até então visto como potencial econômico e também como “a bebida do pecado”, pas-sou a ser enaltecido nos sermões de Mânica e de outros padres da Paróquia Santo Antônio. Eles liam nas missas passagens da Bíblia que citavam o vinho como “a bebida sagrada”. Além disso, o tema escolhido para o desfile de carros alegóricos foi “O Vinho na Bíblia”.

Acervo Moysés Michelon

Page 4: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | maio 2017FENAVINHO 50 ANOS4

“A união de Bento Gonçalves em torno da realização da primeira Fenavinho foi marcan-te. Ninguém se omitiu à festa”, afirma o empresário Moysés Michelon, que presidiu o even-to. “Conseguimos trazer, pela primeira vez, autoridades nacionais para a cidade, incluindo o Presidente da República, Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco e o proprietário do Diário Associados, o embaixador Assis Chateaubriand. A cobertura da imprensa nacional colocou o município no mapa de atrativos turísticos do Brasil”, recorda ele. Michelon observa que a 1ª Fenavinho foi um marco para a cidade, por projetá-la no cenário nacional, fortalecen-do a vitivinicultura e impulsionando o crescimento da economia secundária do município.

Michelon salienta que nos preparativos da primeira edição foram criados o brasão, o hino e a bandeira de Bento Gonçalves. A bandeira, com fundo branco, ressalta a paz e o trabalho. O brasão, em seus símbolos e cores, recorda a uva e o vinho e exalta o trabalho das famílias bento-gonçalvenses. Conforme diz a letra do hino, escrito por Maria Borges Frota e musicado por Rui Barros, “...uvas de várias castas, enriquecem a região, com teu doce vinho afastas, as mágoas do coração...”.

A historiadora Assunta de Paris, no Livro Memórias de Bento Gonçalves, ressalta que “a 1ª Fenavinho foi e é a expressão mais plena do esforço de todos, sem reservas. Empresários, tra-balhadores abnegados, exército, padres, mulheres, homens, crianças, todos, enfim, deixaram de lado suas diferenças para trabalhar incansavelmente na preparação da festa. Por isso, ela não pertence a ninguém de forma especial, é um patrimônio cultural de nossa comunidade”.

Nossa capa mostra a naturalidade das jovens da época com a imagem de Sandra Guerra eleita a 1ª Imperatriz do Vinho, aos 16 anos de idade, no dia 26 de novembro de 1966, no salão de festas do Clube Ipiranga. Sandra Guerra Mocellin, hoje com 67 anos, moradora de Porto Alegre, recorda com carinho os mo-mentos vividos na ocasião.

“A Fenavinho nos proporcionou muitas experiências em via-gens feitas pelo Estado e em entrevistas para programas de TV, revistas e jornais. Também participamos, a Iegle, a Liane e eu, dos programas da Hebe Camargo e do impagável Chacrinha, no seu auge de audiência”, lembra ela.

Sandra acentua que a comunidade de Bento Gonçalves foi a maior beneficiada com a promoção da 1ª Fenavinho. “Por ser uma festa temática, divulgou ao país a cultura local e os produtos da região, com des-taque ao vinho”, afirma. Ela acrescenta que foi marcante vivenciar a união das pessoas organizadas de forma voluntária, seja em comissões ou individualmente, para disponi-bilizar hospedagem em casas de família, já que não havia hotéis e pensões suficientes. “Também, foi dada muita atenção à estrutura de alimentação para atender às milhares de pessoas que vieram conhecer a cidade. Foi tudo muito bonito”.

“O doce vinho que afastaas mágoas do coração”

Moysés Michelon, na foto acima com

o presidente Castelo Branco, afirma que

“a união de Bento Gonçalves em torno

da festa foi marcante, ninguém se omitiu”

Acervo Moysés Michelon

Natália Zucchi

Acervo Moysés Michelon

Nossa capa

Acervo Museu do Imigrante

Imperatriz Sandra Guerra em visita a vinícolas

Acervo Itacyr Giacomello

Sandra e suas Damas de

Honra, Iegle e Liane

Page 5: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | maio 2017 FENAVINHO 50 ANOS 5

“A Fenavinho foi fruto da coragem e da visão empresarial de muita gen-te. A primeira Fenavinho foi decisiva para mudar os rumos do desenvol-vimento de Bento Gonçalves, dando início a uma nova etapa social e eco-nômica do município”. A afirmação é do jornalista Itacyr Giacomello, que coordenou a Comissão de Impren-sa do evento durante suas primeiras edições. Ele salienta que, além de va-lorizar os vinhos e vinhedos da região, a festa abriu caminho e impulsionou os setores moveleiros, metalmecâni-co e de couros, dando início a atual diversificação do parque industrial de Bento Gonçalves. “A Fenavinho foi um evento irreversível, marcou para sem-pre Bento Gonçalves no Brasil. Foi um trabalho harmônico e abnegado por

Outros fatos importantes da pri-meira edição da festa que divulgaram o evento no cenário nacional foram a distribuição gratuita de vinhos e suco de uva no centro da cidade e a visita do presidente dos Diários e Emissoras Associadas, o embaixador Assis Cha-teaubriand, um dos brasileiros mais poderosos do século XX, dono de um vasto império de comunicação, res-ponsável por trazer a televisão para a América Latina, entre outros feitos. As estadas do Presidente da República e de Chateaubriand em Bento Gonçal-ves transformaram a Fenavinho em notícia nos principais meios de comu-nicação do Brasil.

A repercussão foi tanta que a Im-peratriz e as Damas de Honra foram recebidas em programas de televisão comandados por Hebe Camargo e Chacrinha. A revista O Cruzeiro, um dos veículos dos Diários Associados, de circulação nacional, dedicou a capa e várias páginas da edição de

Divulgação nacional1º de dezembro de 1970 à Fenavinho e às “Uvas de Bento”, representadas pela Imperatriz e Damas de Honra.

Castelo Branco e Chateaubriand foram recepcionados em datas dife-rentes na recém-inaugurada adega da vinícola Dreher. O vinho servido no almoço presidencial foi engar-rafado para a ocasião com o rótulo: “Especial para o almoço presidencial”. Chateaubriand também foi homena-geado pela Dreher com o “Velho Ca-pitão”. Ele esteve na cidade a convite do comendador Carlos Dreher Neto, que presidia o Clube Colibri, formado por grandes anunciantes dos Diários Associados.

Em 1967, Bento Gonçalves era o maior produtor de vinhos e uvas do Brasil. Também era o maior fabricante de acordeões da América Latina e o segundo no Estado em arrecadação pública. Era, ainda, um dos municí-pios de menor índice de analfabetis-mo do país.

Acervo Itacyr Giacomello

Fenavinho foi destaque em revistas nacionais

Visita de Assis Chateaubriand, em cadeira de rodas, à primeira Fenavinho

Trabalho harmônicotodos os envolvidos”, ressalta. Ele co-menta que, em 1967, o setor vinícola liderava a economia secundária do município, capitaneado pelas com-panhias Dreher, Mônaco, Cooperativa

Vinícola Aurora, Vinícola Salton, Vi-nhos Fontanive, Cooperativa Vinícola Tamandaré, Cia. Vinícola Riogranden-se e Vinícola Salgado. Acrescenta que o setor moveleiro despontava com as empresas de móveis Miolo, Sperotto, Zardo e, posteriormente, com os mó-veis Pozza e Barzenski.

“Encantados com o vinho, os tu-ristas, na maioria vindos de Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, não dispensavam o contato com os moradores locais para entender os detalhes da festa. Foi um evento que surpreendeu o Brasil inteiro”, destaca Itacyr.

A Imperatriz da 2ª Fenavinho, Naira Valenti e as damas de honra Maria Aparecida Soares e Vera Regina Pompermayer

Jornalista Itacyr Giacomello

Acervo Museu do Imigrante

Natália Zucchi

Page 6: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | maio 2017FENAVINHO 50 ANOS6

A distribuição do chamado vinho encanado no centro da cidade, que surpreendeu os moradores e visitan-tes, estava a cargo da Cooperativa Vinícola Aurora, que representava as vinícolas participantes da festa. Poste-riormente, cada uma devolvia a ela a porcentagem de vinho e suco de uva distribuído correspondente ao acordo feito entre as vinícolas. A explicação é de Vitalino Nichetti, então funcionário da Cooperativa Vinícola Aurora, que presidiu o trabalho de comissões cria-das para a organização da atração.

“O transporte dos vinhos tinto e branco e do suco e uva da Coopera-

Engenharia dovinho encanado

tiva até o centro de Bento Gonçalves, era feito com camionetes. Na primeira edição, as bebidas foram bombeadas até tanques instalados para armaze-namento no terceiro andar do Edifício Pozza, no Centro. Do terceiro andar, mangueiras desciam e percorriam a rua Marechal Deodoro até as três ten-das onde as bebidas eram distribuídas. A primeira tenda ficava no início da rua Marechal Deodoro, a segunda no meio e a terceira, em frente à Igreja Santo Antônio. Na segunda Fenavinho, o vinho ficou armazenado no Edifício Millan. Na terceira, no prédio da Viní-cola Salton. Já na quarta edição do

evento, os tanques foram alocados no Edifício Zanoni, permanecendo o mes-mo sistema de distribuição às tendas”, conta Nichetti.

Ele acrescenta que somente na 5ª Fenavinho, em 1985, o vinho passou a ser distribuído de forma centralizada na recém-inaugurada “Casa Del Vino”, ainda instalada no centro de Bento Gonçalves, próximo à prefeitura. “Na Casa Del Vino, os vinhos e suco de uva distribuídos passaram a ser refrigera-dos por um circuito fechado, através dos tanques de aço inoxidável reves-tidos por pipas de madeira, na par-te superior da Casa. Desses tanques, mangueiras conduziam as bebidas até as pequenas pipas fixadas nos balcões que circundam a Casa, onde os visi-tantes se serviam pelas torneiras. Nas

edições anteriores, tanto os vinhos quanto o suco de uva eram servidos em temperatura ambiente”, detalha.

Nichetti acrescenta que a Casa Del Vino, contendo 32 barris e 48 torneiras, demandava o trabalho de 24 pessoas entre atendentes, enólogos e técnicos para administrar o sistema. A refrige-ração dos tanques, que segundo ele, tinha um papel fundamental para a degustação das bebidas, era controla-da por Igino Bitarello. Nichetti ressalta que Hugo Justi, técnico em manuten-ção da Aurora, também ajudava de forma intensa no que era preciso para o sistema estar sempre em pleno fun-cionamento. Ele também lembra de Mauro Morbini e Dario Crespi como sendo os enólogos que mais trabalha-ram com o vinho encanado.Vitalino Nichetti

Natália Zucchi

Vinho encanado no centro da cidade

Acervo Vitalino Nichetti

Acervo Estúdio Zanchetti

Degustação de suco e vinho no centro da cidade durante a III Fenavinho

Page 7: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | maio 2017 7

INHASV

Vencedores do Mérito Lojista, realizado pela CDL/BG no dia 6 de abril: Lancheria Portuguesa, Serviços; Cristo Rei Materiais Elétricos e Grepar, categoria Comércio; Fábio

Brandalise, da Atitudes Esportes, como Jovem Empreendedor e Moysés Michelon, Mérito Lojista Personalidade, juntamente com a Diretoria da entidade

Carlos Ferrari

Carlos Ferrari

Presidente do Clube Caça e Pesca, Joni Schwab, com as filhas Camila e Marina e a esposa Marni, acompanhados por Serginho Moah e integrantes da banda Papas da Língua

Marco Antônio Salton com a esposa Adriane e a filha Amanda prestigiando a festa de 50 anos do Clube Caça e Pesca Santo Huberto

Os noivos Ana Paula Todeschini e Fabiano Romanato em preparativos para o grande dia!

André Pellizzari Fotografia

André Pellizzari Fotografia

Os pais Daiane e Diego e a mana Giorgia na festa de um aninho da linda Laura Agatti Gonçalves

Arquivo Pessoal

Casamento de Danusa Ribeiro Prestes e Alan Pfeifer, dia 22 de abril, no Santuário Santo

Antônio

Jeferson Soldi

Page 8: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | maio 2017

Filiado à ADJORI

Empresa Jornalística Integração da Serra Ltda.

Rua Refatti, 101 - Maria Goretti - Bento Gonçalves - RS

Fone: (54) 3454.2018 | 3451.2500

E-mail: [email protected]

www.integracaodaserra.com.br

Periodicidade: MensalCirculação: Na primeira semana de cada mês, em Bento Gonçalves, Santa Tereza, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira, São Pedro, Vale dos Vinhedos, São Valentim, Tuiuty e Faria Lemos

Diretora e Jornalista responsável: Kátia Bortolini - MTB 8374Redação: Natália ZucchiÁrea Comercial: Moacyr RigattiAtendimento: Sinval Gatto Jr.Diagramação: Vania Maria BassoEditor de Fotografia: André PellizzariColaboradores e Colunistas: Aldacir Pancotto, Ancila Dall´Onder Zat, Bruno Nascimento, Melissa Maxwell Bock, Padre Ezequiel Dal Pozzo, Paulo Capoani, Rogério Gava, Thompsson Didoné

8

ÓPICOST by Kátia Bortolini

BELO EXEMPLO

Adoro ser jornalista. A profissão permite entrar em contato com diversas realidades e também dá acesso a muitos resgates históri-cos, como a reportagem de capa desta publicação sobre a primeira Fenavinho, ocorrida há 50 anos. Ao todo, foram promovidas quinze edições do evento. Cada uma no seu perfil, com seus ganhos e per-das. Sobre as primeiras edições, eu tinha memórias de infância, agora ampliadas em função da reportagem. A primeira Fenavinho, organi-zada em seis meses, superou todas as expectativas, projetando Bento Gonçalves no cenário nacional. A população bento-gonçalvense, na época com cerca de 40 mil moradores, foi bastante envolvida pelo evento, tanto nos preparativos como na hospedagem e alimentação de milhares de turistas. Os visitantes tomaram o município atraídos pela divulgação da grande mídia sobre a distribuição gratuita de suco de uva e vinhos. O sucesso foi estrondoso.

Como diz uma das letras das tantas músicas de Raul Seixas: “so-nho que se sonha só é só um sonho que se sonho só, mas sonho que se sonha junto é realidade”. Fica o belo exemplo de garra e organiza-ção do povo da época para as atuais lideranças e moradores locais.

Fique Informado!Entretenimento, promoções,

músicas e muita notícia.

ORQUESTRA DE GARIBALDI EHIQUE GOMEZ

Sob a direção musical do ma-estro Luiz Carlos Zeni Junior e a participação especial de Hique Gomez, um dos grandes nomes da arte e da cultura do Rio Gran-de do Sul, a Orquestra Municipal de Garibaldi, apresenta seu Con-serto Anual no próximo dia 21. A apresentação será no Clube Integração, em Garibaldi, às 20 horas. A entrada é franca, mas os ingressos de cortesia devem ser retirados antecipadamente. Mais informações sobre o concerto são obtidas pelo endereço ele-trônico [email protected] ou www.facebook.com/orquestradegaribaldi.

ORQUESTRA AMERICANA

O anfiteatro da Fundação Casa das Artes de Bento Gonçalves, no próximo dia 25, às 20 horas, sedia a apresentação da orquestra de câmara ARCO Chamber, da Universidade da Geórgia, dos Estados Unidos. A orquestra, regida por Levon Ambartsumian, é reconheci-da internacionalmente pela cuidadosa seleção de seus integrantes. O repertório inclui desde músicas contemporâneas até atemporais. Mais informações, pelo telefone (54) 3454-5211.

Page 9: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | maio 2017 9EVENTOS

Essere Bella SalonRua Pará, 330 - sala 01Bento GonçalvesTelefone: (54) 3702.2648Whatsapp: (54) 99902.2648Facebook: essere-bella-salon

Você mais BellaA hair stylist da Essere Bella Salon, Simone Rossatto, esteve na

Hair Brasil 2017, em São Paulo, de 21 a 24 de abril, onde participou de várias oficinas, entre elas uma ministrada por Robson Trindade, especialista em cachos e outra por Paulo Persil, especialista em penteados.

Simone teve a oportunidade de conhecer novos produtos para colorimetria e tendências outono-inverno 2017 em maquiagem, estética, cortes, penteados, unhas e alongamento de cílios. Entre tantas opções, dedicou atenção especial a penteados para noivas.

SERvIçoSl Depilaçãol Corte unissexl Manicure e Pedicurel Unhas em Fibra de Vidrol Escovas e químicasl Penteados e Maquiageml Design de Sobrancelhal Estética facial e corporall Alongamento de cílios

Fotos: Divulgação

Monte Belo do Sul terá a 9ª edição do Polentaço nos dias 19, 20 e 21 de maio com uma programação variada e alusiva ao alimento homenageado da fes-ta: a polenta. Em paralelo ao evento, exposição de esculturas de polenta, feira de artesanato, vinhos e sucos e torneio de bocha.

As festividades iniciam às 18 horas da sexta-fei-ra, 19, com a 4ª Cantare in Monte Belo, encontro de corais e grupos de canto, na Igreja Matriz São Fran-cisco de Assis. A abertura oficial acontece às 20 ho-ras, no Clube 24 de Maio, seguida às 21 horas pelo Café com Polenta com Jeverson Carelli. No sábado, 20, o evento inicia às 10 horas, com o Encontro de Motos, Monte Belo em Duas Rodas, com show das bandas de rock Black Adder, Lennon Z and The Sick-boys Trio e Malvinas Rock Band na praça Padre José Ferlin, entre outras atrações programadas. Às 17h 30min acontece o tombo da polenta gigante de 800 quilos também na Praça, atração que será repetida no domingo, às 15 horas no local.

No domingo, às 9 horas, inicia a Missa em Ação de Graças na Igreja Matriz São Francisco de Assis. En-tre as atrações do dia, shows de dança italiana com Ballo D’Italia às 13h 30min e de dança japonesa com o Grupo Folclórico Shinsei às 14h30min. O encerra-mento acontece às 17 horas com show de Adriana de Los Santos e banda. Veja a programação comple-ta no site www.integracaodaserra.com.br.

Mais de 30 mil itens em oferta, shows, apre-sentações artísticas, musicais e culturais, além de projetos especiais, compondo uma agenda diária de atrações para todos os gostos. Assim é a ExpoBento 2017, maior feira multissetorial do país, que ocorre de 08 a 18 de junho no Parque de Eventos de Bento Gonçalves.

“Durante o último ano, a comissão organi-zadora esteve trabalhando com o cuidado per-manente de proporcionar ao público visitante uma feira que encante e emocione, não só na parte arquitetônica e decorativa, mas também no que diz respeitos a atrações culturais, shows e espetáculos. Buscamos a combinação ideal de oferecer um encontro que, além de lazer e entre-tenimento, proporcione vendas e um excelente resultado para aquelas empresas que aliaram a sua marca a ExpoBento. Teremos muitos atrati-vos surpreendentes para encantar os mais de 200 mil visitantes esperados neste ano”, adianta o diretor-geral, Roger Bellé.

Cerca de 450 expositores estarão orga-nizados em áreas temáticas, como o ‘Espaço da Moda’, Salão Automotivo, Espaço Vinícola, Agroindústria Familiar, Salão do Imóvel, Espaço Variedades e Espaço Kids.

Na Praça Gastronômica, remodelada para essa edição, o público poderá, além de degustar

9º Polentaço emMonte Belo do Sul

ExpoBento 2017 teráatrações para toda família

o melhor da culinária local, apreciar uma série de shows e atrativos artísticos – sem qualquer custo adicional –, o ingresso de acesso à feira permite, também, conferir as apresentações realizadas. “Inovamos nessa proposta para permitir que os visitantes realmente possam aproveitar toda a programação que estamos trazendo a Expo-Bento 2017. São inúmeros atrativos com acesso facilitado, o que reforça a proposta da feira de ser, realmente, um excelente roteiro para toda a família”, destaca Roger Bellé.

Entre as apresentações já confirmadas estão Tati Portella e Rodrigo Soltton (08); Claus e Va-nessa e o youtuber e comediante Elzinga (09); Thedy Corrêa (13); Invernada Gaúcha (14); Guri de Uruguaiana e espetáculo circense Menorah (15); Nei Van Soria (16); Oswaldir e Carlos Magrão (17). A programação tem uma série de outras apresentações e pode ser conferida, na íntegra no site www.expobento.com.br.

PRoJEtoS ESPEcIaISl Mostra quer casar comigo?l Buona Forchettal Salão Fenavinhol Motoserral Teatrol Show de Maiara e Maraisa (12 de junho)

Page 10: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

OPINIÃO JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | maio 201710

O mundo é imperfeito e limitado

PadreEzequiel

[email protected]

Dal Pozzo

ancilaDall onder

ProfessoraZat

Mães educadoras

e partirmos dessa ideia, compreenderemos me-lhor a existência do mal no mundo. Não dá para dizer que o mundo foi criado perfeito e depois se tornou imperfeito, só para desculpar Deus e

culpar o ser humano. Não precisa culpar ninguém. Nem Deus e nem o ser humano. Basta pensar e per-ceber que o Deus criador que é perfeito e ilimitado cria algo diferente de si, que é o mundo. Deus criou o mundo. O mundo é diferente de Deus. Não há como Deus criar um mundo perfeito e ilimitado. Perfeito só Deus. Ilimitado só Deus. O mundo é imperfeito e limitado desde o princípio de sua criação. Não há como ser de outra forma. Não é possível Deus criar algo perfeito porque Deus estaria criando a si mes-mo, o que é um absurdo. Deus é o eterno, o incriado. O princípio sem princípio. O perfeito e ilimitado. Isso faz perceber que o mundo que sai de suas mãos não pode ser perfeito e ilimitado, porque só Deus é assim. Só ele, repito mais uma vez. O mundo que sai dele

precisa ser diferente Dele. Senão Deus estaria se autocriando, o que é um absurdo. Sendo o mundo limitado e imperfeito, isto é, diferente de Deus, carrega em seu dinamismo os traços de Deus. Porque saiu de suas mãos carrega os traços, as marcas de Deus, mas não é perfeito como Deus é.

Agora já percebemos que aquilo que nós dizemos acerca da criação é inapropriado. Di-zemos que Deus criou o mundo perfeito e o ser humano o estragou. Essa ideia não está certa. Deus criou o mundo imperfeito, com traços de perfeição, limitado com traços do ilimitado que é ele mesmo, o criador. Essa ideia pode parecer um pouco chocante. Mas ela vai encontrando evidência e se clareando na medida que a sub-

alegria daquela mãe estava estampada no ros-to. Um largo sorriso ao contar que seus filhos haviam concluído o curso superior. A formação

dos meninos, que eu conhecera em outros tempos, permitia a um deles o exercício da medicina e, ao ou-tro, gerir a empresa da família.

Uma conquista, com certeza, porque o conheci-mento é o melhor investimento. Não pode ser sub-traído, embora possa ser compartilhado no pleno exercício da cidadania. Aliás, o conhecimento pode ser adquirido de várias formas desde a infância e du-rante toda a vida, contudo, ele é essencial na socie-dade da informação em que vivemos.

Entendi e me sensibilizei com essa mãe, que de-clarou não estar arrependida de ter insistido e, algu-mas vezes, obrigado seus filhos a estudarem. A preo-cupação desta mãe é a mesma de todas as mães que desejam o melhor para os seus filhos.

Este episódio fez-me lembrar o caso do famoso Dr. Carson, cirurgião americano, cuja mãe era analfa-beta e trabalhava em casas de família onde as pesso-as liam. Por isso, exigiu de seus filhos a tabuada, além de leituras semanais de livros da biblioteca pública. Estas leituras deveriam ser provadas com relatórios e, assim, aprenderam a gostar de estudar. Quando adultos, já com formação, sua mãe revelou-lhes que

era analfabeta, nunca havia lido os relatórios. Buscou alfabetizar-se.

As mães sempre percebem as possibilidades em potencial dos seus filhos porque os amam. Mesmo dis-pondo de poucos recursos ou em situações adversas, os orientam para o melhor caminho.

Thomas Alva Edison precisou deixar a escola, quan-do criança, em virtude de algumas experiências empí-ricas realizadas em sala de aula. Era um criativo, tinha curiosidades, queria descobrir algo. Sua mãe, que era professora, entendeu o desejo do filho e disponibilizou o porão da casa para a realização de mais experiências e o estudo das ciências exatas orientado por ela. Desco-briu como fazer a lâmpada que ilumina os ambientes e registrou mais de mil patentes.

Não poderia deixar de mencionar minha mãe, que desejava ir além do Ensino Fundamental. Mas à época, as circunstâncias não permitiram, por isso tornou-se cos-tureira e lia sempre que possível. Seu incentivo foi deter-minante: “tente, crie, experimente, pois da experiência nasce a descoberta”.

Como todas as mães, Dona Ida preocupou-se para que seus filhos fossem cidadãos de bem. Obrigado por teres existido.

Minha homenagem a todas as mães que amam e educam seus filhos.

metemos a nossa razão. Nós pensamos que tudo aquilo que sai de Deus é perfeito. É uma ideia interessante na intenção. Porque se Deus é bom, amor e perfeito, tudo o que sai dele deve ser assim, bom, amor e perfeito. Só que essa ideia volta sempre a questão de que Deus não cria a si mesmo e que perfeito é só ele. Puro amor é só ele. Pura bondade só ele. Nós e a criação carregamos, na imperfeição e no limite de nossa natureza, traços dessa bondade, da perfeição e do amor de Deus.

Diante dessa ideia podemos dizer que o mal está como possibilidade pelo fato de o mundo ser imperfeito e limitado. Não é Deus e nem o ser humano a causa do mal. O mal acontece todo dentro do mundo. Sua causa está dentro do próprio mundo e não fora dele. É possível que o mal aconteça por causa do limite e da imperfei-ção. Onde existe limite e imperfeição pode haver cho-ques, doenças, catástrofes naturais, problemas e carên-cias. Por isso, dá para dizer que não dá para pensar esse mundo perfeito, sem nenhum mal. Esse mundo sempre foi e sempre será imperfeito. E isso em nada diminui sua beleza e maravilha. Não precisa dizer que foi perfeito e depois se tornou imperfeito, o que seria um absurdo. Ele sempre foi o que é, com seus males oscilando entre mais ou menos gravidade segundo os períodos diversos da história.

No limite e na imperfeição sempre haverá a possibi-lidade do mal. Digo possibilidade para não dizer neces-sidade. Porque é possível que aconteça fenômenos da natureza que tragam mal; é possível que vírus e bacté-rias provoquem doenças; é possível que as carências e imperfeições afetem a harmonia das coisas e se manifes-tam como mal para as pessoas ou comunidades. Se não acontece hoje poderá acontecer amanhã ou aqui algum tempo. Por isso, a possibilidade é sempre algo aberto. Impossível será impedir todo e qualquer mal.

Page 11: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | maio 2017 EMPRESAS 11

54 3452.4723 | [email protected] General Osório, 309 - Sala 904 - Centro - Bento Gonçalves - RS

Seguros são fundamentais para proteção do patrimônio

A contratação de seguros é um dos pilares do bom planejamento financei-ro pessoal. Para a maioria das pessoas, planejar as finanças tem a ver com cor-tar despesas, gastar menos do que ga-nha, montar orçamento e investir. Mas e quanto a proteger o patrimônio que você construiu?

Organizamos as finanças e pro-curamos desenvolver a nossa carreira para podermos poupar para os nossos sonhos. Investimos no carro novo, na viagem das férias, numa aposentado-ria tranquila, na casa própria, naquele curso no exterior. Mas a nossa aversão em pensar no pior nos faz esquecer que podemos perder, do dia para a noite, aquilo que lutamos tanto para conquistar.

Nosso carro pode ser roubado ou destruído em um acidente. Nosso imóvel pode pegar fogo. Um acidente pode nos deixar inválidos e nos obri-gar a consumir as nossas reservas.

E quanto à nossa família? A maio-ria de nós sonha em deixar algo para os filhos depois de morrer. Mas e se

Localizado no Vale dos Vinhedos, o Hotel Villa Michelon oferece uma infraestrutura voltada para seu bem-estar e conforto, com atrações que o tornam um lugar ideal para comemorações, feriados e férias.

Para este ano,o Hotel tem programado diversos pacotes especiais:l Dia das Mãesl Dia Estadual do Vinhol Corpus Christil Dia dos Namorados e Santo Antôniol Final de Semana no Vale dos Vinhedosl Férias de Invernol Dia dos Paisl Feriado da Independêncial Dia da Criançal Finadosl Natall Reveillón 2018Faça sua reserva através do site www.villamichelon.com.br, fones 0800

703 3800 ou (54) 2102-1800 ou email [email protected].

M&L Seguros

Rua Vitório Carraro, 251Fone (54) 3451-2797www.mlseguros.com.br

ainda estivermos construindo nosso patrimônio quando a hora chegar?

Os seguros existem justamen-te para garantir essas proteções. Por mais improváveis que alguns eventos pareçam, temos que nos preocupar não com a probabilidade de eles ocor-rerem, mas com a gravidade de suas consequências.

A Magnaguagno e Larentis Corre-tora de Seguros, há 14 anos no merca-do, oferece serviços de seguros para automóveis, residências, empresas, condomínios e também de vida, além de trabalhar com planos de previdên-cia e consórcios. A proposta é persona-lizada de acordo com as necessidades de cada cliente. A equipe é formada por profissionais qualificados, interes-sados em prestar bons serviços. São sete pessoas especializadas em dife-rentes áreas.

A empresa, que tem se destaca-do no cenário regional, presta atendi-mento de segunda a sexta-feira, das 8h30min às 11h45min e das 13h30min às 18 horas.

Leandro Magnaguagno e Eduardo Larentis, da M&L Seguros

Divulgação

Divulgação

Planeje sua estada no Hotel Villa Michelon

Page 12: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | maio 2017

Melissa

BockEngenheira agrônoma

Emater/RS-ascarPinto Bandeira

A gomose nopessegueiro

gomose tem ocorrido com certa frequência em pomares

de pêssego no Brasil. Essa doença debilita as plantas com o decorrer do tempo e, caso medidas de con-trole não sejam tomadas, pode le-var à morte das plantas. Os galhos de podas picados com roçadeira e deixados no pomar aumentam a fonte de inóculo.

Os sintomas iniciais aparecem como bolhas pequenas na casca do tronco e pernadas durante o outono e primavera. Posteriormente, o tamanho das bolhas aumenta, formando lesões necróticas, que mais tarde ficam deprimidas e é exsudada uma re-sina (goma). Lesões maiores que dois centímetros de diâmetro no tronco podem formar cancros que afetam os vasos de condução da planta.

A gomose é causada por um fungo que sobrevive, durante o inverno, na casca e em tecidos secos do tronco, infectando partes da planta no outono e na primavera. Os respingos de água de irrigação ou da chuva favorecem a disseminação do fungo.

O controle deve ser feito retirando os tecidos mortos da planta (tron-cos e pernadas) por meio da poda de inverno. Após, devem ser destruí-dos (queimados ou picados para que ocorra uma decomposição rápida) para a redução do inóculo primário do pomar. É necessário evitar o es-tresse por falta de água e nutrientes por meio de uma adubação equi-librada, pois o desequilíbrio pode deixar a casca do pessegueiro mais suscetível a infecções. Então, o controle da irrigação não deve ser feito somente na safra, mas também depois da colheita.

São também recomendadas pulverizações com fungicidas tebuco-nazol, cúpricos ou mancozebe, sobre o tronco das plantas nas épocas de maior infecção (após a queda das folhas e na primavera). Aplicações com fungicidas devem ser feitas logo após a poda, principalmente no verão, porque nesta época o fungo poderá estar presente em grande quantidade no pomar, também para evitar a entrada do mesmo pelos ferimentos da poda.

Para maiores informações procure o Escritório da Emater do seu mu-nicípio ou a assistência técnica de sua preferência.

AGRICULTURA12

Maxwell Arquivo Pessoal

A mais tradicional região produ-tora de uvas e vinhos do Brasil, a Serra Gaúcha, está reduzindo a sua supre-macia na produção de uvas, em fun-ção da expansão da cultura em outras regiões. Essa foi uma das informações apresentadas pela pesquisadora da Embrapa Uva e Vinho e Coordenado-ra Técnica do Cadastro Vitícola do RS, Loiva Maria Ribeiro de Mello, no último dia 24 de abril, na sede da Unidade de Pesquisa em Bento Gonçalves.

Segundo o levantamento, a tra-dicional Microrregião Caxias do Sul, que contempla 19 municípios na Ser-ra Gaúcha, no quinquênio 1996/2000, era detentora de 90% da área vitícola do Estado. Com os dados recém-pu-blicados na edição do Cadastro Vitíco-la do Rio Grande do Sul 2013-2015, a região ainda permanece em primeiro lugar, mas reduziu para 80% da área de produção de uvas no estado. Outro ponto interessante foi a expansão da viticultura para quase todas as áreas do Estado. Ela já atinge 161 municípios e está presente em 27 das 35 microrre-giões do Rio Grande do Sul, ocupando

Cadastro Vitícola mostra o novo mapa da viticultura no Rio Grande do Sul

uma área de aproximadamente 40.000 hectares de vinhedos em 2015, en-quanto que em 1995 estava presente em 11 Microrregiões e ocupava 21.542 ha.

A solenidade reuniu políticos e li-deranças ligadas ao setor vitícola. Na abertura do evento o Chefe-Geral da Embrapa Uva e Vinho, Mauro Zanus, destacou que o quadro da viticultura, na quantidade, distribuição geográ-fica e perfil de variedades, é bastante influenciado pelas vinícolas. “São elas que observam os mercados, incen-tivam a escolha da matéria-prima e instalam vinhedos em novas áreas ge-ográficas de produção”, pontuou. Se-gundo o dirigente, cabe às empresas, entidades, sindicatos e associações fazer uma leitura e análise dos núme-ros da produção apresentados no Ca-dastro e pensar uma visão estratégica para essa cadeia, identificando distor-ções e oportunidades de melhorias.

O Cadastro Vitícola é gratuito, po-dendo ser integralmente visualizado pelo link https://www.embrapa.br/uva-e-vinho/cadastro-viticola.

Page 13: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

Comércio à moda antiga

Caderno de Cultura e ArteJornal Integração da Serra

Nº 45 | Maio 2017

Foto

: Nat

ália

Zuc

chi

Desde 1948, a Casa Zandoná mantém as portas abertas, cultivando sua clientela fiel, num espaço de amizade e memória. Zeferino Zandoná, Pedro Borges e Célio Zandoná contam a trajetória do armazém. Página 9

Page 14: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

2 | Mosaico | Jornal Integração da Serra | maio 2017

Primeiras Palavras

RogérioGava

[email protected]

RetalhosO egoísmo é o pai de todos os males

ant, genial filósofo, há duzentos anos ma-tou a charada: “o egoísmo é o fundamen-

to de todo o mal”. Analiso as barbaridades di-árias estampadas nos jornais: me é claro que um ego desmedido está sempre por detrás dos males do mundo. A falta de amor, o “desa-mor”, a lacuna deixada lá onde falta o mínimo de compaixão pelo outro, dando lugar ao ego totalizante. O amado eu acima de tudo. Como pode dormir em paz o canalha, o crápula, o de-sonesto? Os corruptos que vicejam como inço em nosso tão maltratado país? Dormem, pois conhecem apenas o “eu” demoníaco. O eu que se funda e finda totalmente nele mesmo. Como diz de forma admirável o filósofo Luc Ferry, o mal vem da ilusão de um eu totalmente preso a suas posses, enquanto a lei do mundo é a lei da troca. Ou, pelo menos, deveria ser.

* * *

Sobre a (in) utilidade da poesia

latão, conta a história, não gostava de po-etas. Tanto que os expulsou da República.

Considerava-os uns inúteis, “mensageiros da fantasia”. Quase dois mil e quinhentos anos se passaram e a poesia, coitada, não ganhou muito em prestígio. A imagem que a maioria das pessoas faz de um poeta é de um ser exó-tico, um tanto destemperado, com a “cabeça no mundo da Lua”, sempre a inventar frases enigmáticas. Um coitado. Sejamos francos: a poesia, em nossa sociedade, é vista como algo totalmente inútil. E isso, temos que concordar, é a mais pura verdade. Mas é justamente nessa inutilidade, paradoxalmente, que mora a gran-de utilidade da poesia.

Manoel de Barros, sábio poeta pantanense, escreveu sobre isso uma frase admirável: “O poema é antes de tudo um inutensílio”. É precisamente pela sua inutilidade que a poesia mostra toda a sua potente serventia. Isso porque ela permite romper com a objetividade e a frieza da rotina, do dia-a-dia. A poesia descortina o véu sob o qual se esconde outra existência, viva, bem no cerne da realidade feita de paus e pedras.

Assim, de mansinho, a poesia mostra que a vida, por si só, não nos basta. É preciso enxergar nas coisas outros reflexos que não aqueles manifestos. É necessário des-cobrir essa “presença de uma ausência”, oculta, que ha-bita todos os momentos. E isso a poesia nos mostra. Ela, como arte que é, ajuda a suportar o “peso do mundo”, para usar a expressão do poeta Wordsworth. Para que serve a poesia, afinal? O escritor José Castello tem, ao meu ver, a resposta perfeita a tão importante indagação: “Ela não serve para nada. E, no entanto, é justamente porque escapa às amarras do pragmatismo e do utilita-rismo que caracterizam nosso mundo, que ela nos serve (...)”.

Poesia: a mais útil das inutilidades.

* * *

A ressureição dos livros

isse o Alberto Manguel, grande escritor e bibliófilo, que o leitor ideal é também aquele que anota nas

margens dos livros. Concordo cem por cento. Não con-sigo ler sem uma caneta às mãos. Meus livros são todos coloridos. Rabiscados. Com flechas, notas e asteriscos por todos os lados. Menos, é claro, os raros, que estão a salvo de minhas garatujas. Livros anotados ganham vida. Passam a ser, um pouco, também, do leitor. Um profes-sor de minha adolescência, dizia que os textos que en-tregava deveriam ser anotados, sublinhados, escritos às margens. Que aqueles textos “virgens” eram “letra mor-ta”. Sem serventia, portanto. Nunca mais esqueci dessa expressão. Textos rabiscados vivem. Ganham potência. Verdade da leitura: ressuscitamos os livros com nossas anotações.

Pequena gente grande

poeta Rainer Maria Rilke captou como ninguém a questão de que

ninguém cresce, de que, ao final, não existe isso que as crianças chamam de “gente grande”:

“Os adultos, que têm negócios e pre-ocupações e se atormentam com puras mesquinharias, aos poucos perdem total-mente o olhar para essas riquezas, que as crianças, se boas e atentas, logo no-tam e amam de todo o coração”.

A “gente grande” só existe para os pequenos e para aqueles que não apren-deram o essencial. Somos apenas crian-ças que cresceram, banidas para sempre do “Jardim da Infância”. Coadjuvantes da verdadeira vida. Exilados da fantasia. Re-fugiados do carrossel. Examine de perto: sob rugas e cabelos brancos, há, ao final e tão somente, uma criança.

* * *

Page 15: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

Dicas deFilmes

Programe-seMosaico | Jornal Integração da Serra | maio 2017 | 3

A redação leu

Repr

oduç

ão

Casa das Estrelas: o universo contado pelas crianças

Autor: Javier NaranjoPáginas: 128Editora: FozAno: 2013

12 Homens e Uma SentençaTítulo original: 12 Angry Men”Ano: 1957Direção: Sidney LumetRoteiro: Reginald RoseElenco: Henry Fonda, Lee J. Cobb, Martin Balsam, Edward Binns

Repr

oduç

ão

Casa das Estrelas: o universocontado pelas crianças

Durante mais de dez anos, o professor colombiano Javier Naranjo compilou as definições que seus alunos do curso pri-mário (entre 3 e 10 anos) davam para palavras, objetos, pes-soas e, principalmente, sentimentos, em suas aulas de espa-nhol. Esse dicionário tão insólito quanto encantador virou o livro “Casa das Estrelas: o universo contado pelas crianças“. A obra traz cerca de 500 definições para 133 palavras, de A a Z, com frases que literalmente nos desconcertam, como essa, dita por uma criança de oito anos: “Adulto: Pessoa que em toda coisa que fala, fala primeiro dela mesma”. Ou essa pérola expressa por uma menina de sete anos: “Água: Transparência que se pode tomar”.

O livro foi o sucesso número um da Feira Internacional do Livro de Bogotá, em abril de 2013. E não sem motivo. As frases que traz são poéticas, engraçadas, melancólicas. Riquezas em formas de palavras, dessas crianças que ainda não perderam a cegueira para o mistério, contraindicação característica do pro-cesso de crescer. Um livro admirável e que conquista a cada frase. Impossível largá-lo antes da última página.

Em uma tarde calorenta de Nova York, doze homens pre-cisam decidir a inocência de um garoto em julgamento. O processo parece simples, o menino assassinou o seu pai e não há dúvidas de sua culpabilidade. Mas um dos jurados decide defender sua inocência e fomenta uma discussão que pode mudar o rumo do tribunal.

Praticamente todo o longa-metragem se passa dentro de uma única sala. A primeira vista, esse fato pode fazer o filme parecer entediante, mas nem o ritmo lento pode deixar este clássico datado. É uma obra recente, um experimento ousa-do e diferente de qualquer longa já feito. Até que se prove o contrário, “12 Homens e Uma Sentença” é imune a refilma-gens.

Enquanto a sala fica mais quente – e o ventilador não liga –, os jurados começam a se questionar. É uma obra sobre discussão, fora e dentro da película. Como eles, nós também nos reposicionamos em relação ao caso. Entre os doze jura-dos existe um décimo terceiro indivíduo que também julga.

BrunoNascimento

[email protected]

Exposições

O quê: Exposição Bestiário - Diogo Carlet CariniVisitação: até 31 de maioHorário: 8h às 11h45 e das 13h30 às 21h Local: Salão Nobre Anastácio Casa das Artes

O quê: Exposição RecrearVisitação: até 31 de maioHorário: 8h às 11h45 e das 13h30 às 21hLocal: Galeria de Artes - Fundação Casa das Artes

Cultura italianaO quê: Settimana Italiana di BentoQuando: até 21 de maioLocal: Bento Gonçalves

CervejaO quê: Festival da Cerveja GaúchaQuando: 12 a 13 de maioLocal: Parque de Eventos

Elvis CoverO quê: Especial Dia das Mães - Elvis Cover em Viva Las VegasQuando: 13 de maio, às 20 horasLocal: Shopping Bento

VinhoO quê: Dia do VinhoQuando: 19 de maio a 4 de junhoLocal: Serra Gaúcha

PolentaçoO quê: 9º Polentaço Quando: 19, 20 e 21 de maio Horários: Sexta às 18h, sábados das 10 às 20 horas, domingo das 9 às 17 horasLocal: Monte Belo do Sul

Dal Pizzol O quê: Dal Pizzol Day Festival 2ª EdiçãoQuando: 20 de maio, das 11 às 19 horasLocal: Dal Pizzol Vinhos Finos

Atletismo O quê: VI Caixa Wine Run Quando: 20 de maioLocal: Vale dos Vinhedos

Vinho e SaúdeO quê: III Simpósio Internacional Vinho e SaúdeQuando: 01 a 03 de junhoLocal: Fundação Casa das Artes e Rua Coberta

LGTBO quê: Universo LGTB em debate Quando: 23 de maio, às 19h45minLocal: Dom Quixote Livraria e Cafeteria

Cave de PedraO quê: Winery & Food Quando: 03 de junho, das 11 às 18 horasLocal: Cave de Pedra - Linha Leopoldina - Vale dos Vinhedos

Page 16: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

4 | Mosaico | Jornal Integração da Serra | maio 2017

Sessões gratuitas

Nostalgia da Luz

Origem: FrançaGênero: DramaNo deserto de Atacama, no Chi-le, a três mil metros de altitude, astrônomos tiram proveito da transparência do céu para explorar galáxias longínquas em busca de vida extraterrestre. Paralelamente, aproveitando a secura do solo do local, que conserva intactos os restos de seres vivos, arqueólogos estudam múmias e outras relíquias pré-colombianas, e um grupo de mulheres procura os corpos de seus parentes desaparecidos du-rante o período da ditadura militar no país sob o regime de Pinochet.90 minutos, 12 anos

9maio

Durante o mês de maio, o Sesc de Bento Gonçalves exibe catálogo de filmes nacionais e internacionais

O CineSesc preparou mais um catálogo com obras cinematográficas nacionais e internacionais para as exibições nas terças-feiras, sempre às 20 horas, no Sesc de Bento Gonçalves. Totalmente gratuitas, as sessões iniciam no dia 9 de maio, com o título “Caverna dos Sonhos Esquecidos”, documentário dirigido pelo alemão Werner Herzog. No dia 16 é a vez de “O Fim e o Princípio”, documentário nacional rodado no nordeste do Brasil. Já no dia 23, o filme é sobre a vida de Cosme Alvez Netto, uma

das mais importantes figuras do cinema brasileiro, responsável pela con-servação e recuperação de diversas obras nacionais, também preso e torturado durante a Ditadura Militar. No dia 30, encerram as sessões do mês de maio com o drama “Nostalgia da Luz”, gravado no deserto do Atacama, no Chile.

Após cada sessão, um bate-papo com um convidado especial abor-dando as questões apresentadas no filme.

Caverna dos Sonhos Esquecidos

Origem: França/Canadá/EUA/Reino Unido/AlemanhaUm lugar extraordinário é revelado pelo diretor alemão Werner Herzog. A Caverna de Chauvet, no sul da França, um dos mais importan-tes sítios de arte pré-histórica do mundo, reúne as mais antigas criações pictóricas da humanidade. Filmado em 3D, capta a beleza dos desenhos. Descoberta apenas em 1994, Chauvet guarda centenas de pinturas rupestres intocadas que retratam 13 espécies diferentes, in-cluindo cavalos, bois, leões, ursos e rinocerontes, que remontam a mais de 30.000 anos.90 minutos, livre

O Fim e o Princípio

Origem: BrasilGênero: DocumentárioSem pesquisa prévia, sem persona-gens, locações nem temas defini-dos, uma equipe de cinema chega ao sertão da Paraíba em busca de pessoas que tenham histórias para contar. No município de São João do Rio do Peixe a equipe descobre o Sítio Araçás, uma comunidade rural onde vivem 86 famílias, a maioria ligada por laços de paren-tesco. Graças à mediação de uma jovem de Araçás, os moradores - na maioria idosos - contam sua vida, marcada pelo catolicismo popular, pela hierarquia, pelo senso de família e de honra.110 minutos, livre

Tudo por Amor ao Cinema

Origem: BrasilGênero: DocumentárioO documentário retrata a vida de Cosme Alvez Netto, uma das mais importantes figuras do cinema brasileiro, responsável pela con-servação e recuperação de diver-sas obras nacionais. Também foi curador da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janei-ro por mais de duas décadas. E, por tudo isso, foi preso e torturado durante a Ditadura Militar.97 minutos, livre

16maio

23maio

30maio

Page 17: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

Mosaico | Jornal Integração da Serra | maio 2017 | 5

Para agradar os paladares mais sofisticados e os amantes da boa comida, o My Way Cozinha Uni-versal nasceu com proposta al-ternativa em Bento Gonçalves, há quase dois anos. A casa que abriga o restaurante encontra-se na tranqui-lidade do bairro Barracão. Liderado pelo chef Maurício Crippa, o My Way serve pratos das mais deliciosas - e peculiares - culinárias do mundo. Um verdadeiro show de gastronomia in-diana, mexicana, árabe, tailandesa, italiana e peruana, entre tantas ou-tras.

A partir de cardápios fechados, atende jantares às sextas-feiras e sá-bados e esporadicamente almoços nos sábados e domingos. O espaço também atende festas, confrarias, formaturas e eventos fechados.

Com tantas especialidades, a primeira edição do Integração In-dica sugere o restaurante do Crippa para comemorar a data mais acolhe-dora do ano, o Dia das Mães. Para o domingo dedicado a elas, o cardápio é super especial - com direito ao fa-mosíssimo filé Wellington, o queridi-

I N D I C A

MENU DIA DAS MÃES

l ANTEPASTOPães e patês artesanais

l ENTRADACausa de salmão

l PRINCIPALFilé Wellington, acompanhado de risoto de palmito e alho poró e palha de batata

l SOBREMESAManjar de Santa Clara(pudim de coco e calda de morangos)

My WayCulinária comidentidade cultural

nho da casa e muito bem falado pela cidade. Acima da boa comida e da atmosfera única do local, o My Way é acolhedor e autêntico, como mãe: desde que abriu em junho de 2015, são mais de cinco mil refeições ser-vidas sem nunca repetir o cardápio.

Com a interpretação e a sensi-bilidade de Crippa, os pratos são criados a sua maneira, seguindo, principalmente, a base das receitas clássicas, mas adequadas a partir da leitura do chef. “Gosto de inter-pretar os pratos e aproximar para os gostos da culinária local. Quero que o cliente se sinta à vontade no meu restaurante para vivenciar as sensa-ções, a simplicidade e a beleza nas preparações culturais apresenta-das”, ressalta.

Em um relacionamento fiel com as panelas há 20 anos, o chef Crippa carrega experiências dos seus dez anos vividos no Nordeste brasileiro, onde cozinhou nos restaurantes Dom Quixote, “é” e El Chicano em Recife, Beijupira em Porto de Galinhas e na capital gaúcha, no Restaurante Mar-cos. Ao todo, foram 12 cidades na-

cionais e internacionais onde criou seus pratos, incluindo localidades da Índia e África.

Totalmente característico ao chef, a decoração do restaurante foi feita de forma gradativa e com objetos da família, transferindo a identidade que Crippa desejava. O ambiente cole-ciona experiências e lembranças de lugares que Maurício já visitou, além de mapas e fotografias, imagens de Deuses, Santos e Budas. Sobre as mesas, velas e literatura diversa em pequenas pilhas. Nas prateleiras, os discos de vinil e cds que fazem parte da vida do chef e são a trilha sonora do espaço.

Ao todo, o restaurante recebe confortavelmente 45 pessoas. A cada jantar ou almoço, são cerca de seis pratos servidos em porções bem satisfatórias. Prezando pela sustentabilidade, os jantares e almo-ços só acontecem mediante reserva, para evitar o desperdício. Mas isso não significa pouca comida servida. Conforme a boa tradição de quem vive em Bento, tem comida para se servir e repetir.

Rua Francisco Ferrari, 656 - Barracão(54) 98118-3398

Chef Maurício Crippa

Fotos: Divulgação

Page 18: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

6 | Mosaico | Jornal Integração da Serra | maio 2017

Nos últimos anos, um número crescente de mulheres de Bento Gonçalves tem buscado acompa-nhamento psicológico durante a gestação e também ao longo da maternidade. Elas procuram autoco-nhecimento para compreender sen-timentos e valores relacionados aos vários papéis atribuídos às mães. A afirmação é da psicóloga Maria Cris-tina Filippon, graduada pela Pontifí-cia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), com mes-trado pela UCS, que há mais de 20 anos tem clínica em Bento Gonçal-ves, onde também atua com profes-sora em escolas e universidades. De acordo com ela, é comum e aceitá-vel que a maternidade traga muitas dúvidas e medos, sem que isso des-mereça ou diminua o papel da mãe. O crescimento da procura por ajuda profissional para a lida com a prole é visto pela psicóloga como resultado da superficialidade da era digital.

Maria Cristina acrescenta que nos últimos dez anos, o consumis-mo, aliado ao narcisismo e ao poder de status social, tem levado as no-vas mães, e até as mães com filhos crescidos, a não perceberem com plenitude todos os desafios que

Mães contemporâneas

no divãAutoconhecimento para sentimentos e valores atribuídos ao papel de mãe

envolvem a maternidade. “Em um período que até os relacionamentos íntimos devem se mostrar persona-lizados, foras dos padrões e com caráter especial, surgiu uma corrida para o título de mãe mais autêntica, que envolve desde ter o melhor en-xoval, vestir a criança com roupas de marca, enfeitá-la com uma série de acessórios, verdadeiros adultos em miniatura. São comportamentos de mulheres que almejam o ‘suces-so’ da maternidade”, ressalta. Ela acrescenta que nesses casos, além do mito da maternidade feliz, os fi-lhos se tornam objetos para satisfa-zer as carências e anseios pessoais da mãe. “Colocar uma nova vida no mundo é construir uma relação, é um processo de doação e não de egoísmo. A essência de ser mãe é ter a capacidade de se doar e trocar afeto com uma vida que será parte da sua para sempre. A maternidade é um desafio diário, um novo apren-dizado a cada dia. Educar não é di-fícil, mas é constante. Ser mãe em essência é ter afeto”, afirma.

Conquista pessoalSegundo a psicóloga, muitas

mulheres acreditam, de forma fanta-

siosa, que o ápice da conquista pes-soal está na maternidade, sem per-das. “Passar pela maternidade traz todos os tipos de consequências para mulheres e, atualmente, várias não estão preparadas para enfren-tar os desafios e as dificuldades de criar filhos e formar uma família. In-felizmente, muitas delas conhecem pouco a si mesmas. É preciso per-ceber os pontos positivos e negati-vos na sua personalidade para me-lhorar e saber lidar consigo antes de construir a personalidade de outro indivíduo”, acentua. Ela acrescenta que, frente a realidade, uma série de frustrações podem ser desenca-deadas na vida dessas mulheres, diferente das idealizações formadas ao longo da vida acerca da mater-nidade. Afirma ainda que vem daí a importância do autoconhecimento e também do acompanhamento psi-cológico como apoio a essas mães.

Gravidez para garantirrelacionamento afetivoMesmo com a independência

financeira e emocional crescente da mulher contemporânea, outro fenômeno recorrente no consultório de Maria Cristina são os casos de

gravidez como forma de garantir um relacionamento afetivo. De acordo com ela, muitos atendimentos pres-tados no consultório entre janeiro de 2014 e abril de 2017 foram para mulheres que engravidaram para assegurar seus namoros, casamen-tos, ou então fazer com que o futu-ro pai permaneça por perto, crian-do um vínculo infindável a partir da criança. “Estamos passando por um período onde as pessoas se sentem muito sozinhas. O nível de carência afetiva é enorme em mulheres e ho-mens, de várias faixas etárias, sem exclusão. Infelizmente, a materni-dade vem como um escape para suprir essa carência. Às vezes os filhos nem são desejados, mas sim meramente uma ponte para assegu-rar um relacionamento amoroso. A partir desse fenômeno, nascem as relações disfuncionais e, com elas, uma série de transtornos psicológi-cos podem se desenvolver ou serem agravados tanto nos pais, quanto nos filhos”, alerta a psicóloga.

Exemplos valiosos A psicóloga enaltece o perfil ba-

talhador da mulher na região colo-nial italiana, ressaltando que esse foi o tema de sua tese de mestrado. Ela ressalta que Bento Gonçalves tam-bém está repleta de exemplos valio-sos de mães. “A maioria das mulhe-res da região é trabalhadora, criativa e persistente. Há vários exemplos de mães de valor no município, desde as que criam seus filhos sozinhas, enfrentando dupla jornada de tra-balho, até as que dedicam integral-mente seu tempo aos cuidados de filhos especiais ou doentes, não de-sistindo de tornar a vida deles me-lhor a cada dia. Essas e outras nos mostram a força da doação do amor maternal”, afirma Maria Cristina.

Natália Zucchi

Arquivo

A essência de ser mãe é ter a capacidade de se doar e trocar afeto com uma vida que será parte da sua para sempre.

Maria Cristina Filippon

Por Natália Zucchi

Page 19: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

Mosaico | Jornal Integração da Serra | maio 2017 | 7

Leitura e músicaFilha de Giuseppe Valentino e Ma-

ria Marqueto de Carli, imigrantes italia-nos da região de Trento e Vicenza que aportaram no Brasil em 1875, se es-tabelecendo nas terras onde hoje é a comunidade de São Valentim. Irma foi a caçula entre nove irmãos. Inteligente e destemida, identificou-se na função de professora muito jovem. Ao com-pletar o quinto ano do primário, aos 13 anos, iniciou sua profissão como professora substituta na Escola Muni-cipal Andrade Neves, na Linha Pradel distante cerca de dez quilômetros de sua casa. Ela percorria o trajeto com sua égua de cabeça branca, montada em seu selim, como lembra o seu ex--aluno Benjamim Comparin, 86 anos. Em 1948, foi nomeada titular. Lecio-nou também nas escolas municipais Felix Faccenda, na Linha Picadella, Barão do Rio Branco, em Tuiuty e Se-nador Salgado Filho, de São Valentim, onde permaneceu por 27 anos. Incen-tivada desde cedo pelos pais à leitu-ra e à música, sempre manteve suas leituras ativas, com jornais, revistas, romances e literaturas, como a Seletta e Monteiro Lobatto, o escritor favorito de Irma. Ela tinha uma memória privi-legiada.

Ainda no início da carreira, Irma ficou descontente ao ser transferida para a segunda escola onde lecionou, por estar localizada na estrada próxi-ma ao cemitério de São Valentim. Pas-sar pelo cemitério, ainda de madruga-da, deixava Irma muito apreensiva, a ponto de pensar em abandonar a pro-fissão. No entanto, sua mãe, sensibili-zada com a vocação da filha em lecio-nar, ensinou a ela uma reza em italiano e latim para afastar o medo durante o trajeto. “Ve saludo anime sante, non ve conosco perche sei tante, valtre ere come me e me vegno come valtre. Anime sante. Requiem eaterman dona eis. Domine, Et lux perpetua luceat eis Riquiescant in pace. Amém”. Em tra-dução livre: eu vos saúdo almas san-tas, não nos acompanhe porque são tantas, vocês eram como eu e eu serei como vocês. Almas santas. Descan-sem eternamente onde estão. Ó Se-nhor, deixe brilhar a luz perpétua sobre eles que descansam em paz. Amém.

Uma mulher à frente do seu tempo, que doou sua vida a família e a educação. Co-meçou e terminou sua passagem na terra de forma sublime. Na quinta-feira santa do dia 5 de abril de 1923 nascia Irma de Carli. Olhos azuis e sorriso espontâneo. Vaidosa, mas simples, viveu de acordo com o pensamento de Augusto Curry. “Construi amigos, enfrentei derrotas, venci obstáculos, bati na porta da vida e disse-lhe: não tenho medo de vivê-la”. Dedicada ao saber, Irma lecionou durante cerca de 40 anos em escolas da linha Pradel, de Tuiuty e São Valentim. No decorrer de sua vida profissional, arrecadou mais de 70 certificados de cursos, aprofundando-se na gramática. Irma deu seu último adeus, aos 94 anos, na última quinta-feira santa de 13 de abril, sendo enterrada na sexta-feira santa, totalmente lúcida, deixando paixão pela vida, força e sua história.

FamíliaCasou-se somente aos 38 anos,

com Waldyr Moro, com quem teve cinco filhos: Mauro Marcos casado Maria Inês, Mauri Miguel, casado com Mara Ficagna, Amarildo, casado com Geni Cainelli, Rosa Maria, casada com Ademar Titton e Vânius Attílio casado com Helena Szimanski, que lhes de-ram os netos Marcelo, Maisa, Caroli-na, Gabriel, Alana, Maurício e Vitória. Perdeu seu pai muito cedo, fazendo com que o matrimônio trouxesse a ela uma nova família, tratando seus so-gros como pai e mãe. Irma ficou viúva em novembro de 2015, após 54 anos de casamento, guardando saudade e amor ao seu marido, por quem tinha muito afeto. Também se dedicava ao serviço do lar.

Nos últimos anos, tinha alegria ao cultivar a horta e ver seus filhos felizes com suas esposas e seus netos, rea-lizados no trabalho. Gostava ainda de ligar para as rádios pedindo orações e músicas antigas que a faziam lem-brar dos momentos especiais com o marido e de suas serenatas. Ela tam-bém se dedicou a agricultura familiar, ajudando o marido e o filhos na poda e colheita da uva, além de cuidar da horta que garantia os alimentos da família. Em 2016, aos 93 anos, Irma recebeu uma homenagem da Coope-rativa Vinícola Aurora por ser a agricul-tora mais idosa entre os associados.

Versos e cançõesMuito religiosa, Irma era católica,

devota a Nossa Senhora do Carmo e usava seu escapulário diariamente. Em dias de temporais, Irma abria a ja-nela, invocava Santa Bárbara, benzia fazendo o sinal da cruz com o esca-pulário ou água benta, queimava fo-lhas de oliva e rezava para distribuir tranquilidade ao lar. Também devota

a Santo Antônio, rezava o sequeri, para achar objetos perdidos. Mulher de muita fé, sempre fez orações em nome da família e buscava atrair o melhor para quem amava. Segundo a nora Maria Inês Sgarioni, Irma man-tinha sempre seu pé de oliveira perto de casa como forma de proteção con-tra temporais. A família relembra que Irmã era muito alegre, sempre de bom humor, cantarolando e declamando versos carinhosos para as pessoas que tanto gostava. A visita dos netos toda a semana sempre a deixava de alto astral. Administrou a casa até seus 85 anos, mesmo com dificulda-des em caminhar.

Sala de aulaGrande parte das pessoas que

residem em Tuiuty e São Valentim fo-ram educados por Irma. Segundo re-latos dos ex-alunos e familiares, Irmã era exigente e acreditava nos diálogos em sala de aula. Não costumava cas-tigar seus alunos com as torturas da época, como as reguadas nos dedos ou o milho moído espalhado no chão para as crianças ajoelharem. Mas, mantinha uma vara de marmelo atrás da porta da sala de aula, que servia para intimidação. Na educação criou laços de amizade. De acordo com o filho Mauro, ex-alunos a encontravam na rua e puxavam conversa amigá-vel, relembrando os tempos de aula e apresentando a professora aos filhos e aos netos.

Aluno de Irma em 1950, o viticultor Valdir Postal, 74 anos, lembra que ela frequentava sua casa para tomar café com seus pais. “Ela era a única pro-fessora que ia para escola a cavalo, achava aquilo muito diferente. Aprendi com ela matemática, ortografia, portu-guês e tabuada. Ela gostava dos alu-nos, sempre foi atenciosa e brincava

com a gente”, declara.A professora aposentada Terezi-

nha Lunelli Tureck, 64 anos, aluna de Irma durante a década de 60, em São Valentim, lembra que ela era muito di-nâmica e criativa. “Devo a ela minha alfabetização. Ela atendia toda as tur-mas, do primeiro ao quinto ano, numa única sala. Mesmo com tantos alunos, ensinava a todos com paciência. Era uma mulher muito querida e sabia en-sinar. Na época não tínhamos material didático, nem quadro, então a meto-dologia era ensinar através da orto-grafia, com exercícios de repetição das palavras. Lembro que adorava ver ela cantar os hinos, nacional, rio-gran-dense e do exército brasileiro. Acabei aprendendo todos eles. Conheci um pouco de tudo e ficava encantada por ela saber tanto”. Terezinha lecionava na Escola São Valentim que, em 9 de outubro do ano passado, em homena-gem aos Avós, recebeu a professora Irma. Na ocasião, declamou versos e com outros vovôs da região, cantou cantigas que hoje são esquecidas. Ainda na ocasião, os convidados an-ciões contaram aos estudantes e pro-fessores como eram suas rotinas es-colares nas décadas passadas.

Irma faleceu como viveu, lúcida, tendo recebido a Eucaristia e por últi-mo a Unção dos Enfermos.

Vá em paz esposa, mãe, sogra, avó e professora! Te amamos para sempre!

Homenagem póstuma

Irma de Carli MoroUma mulher à frente do seu tempo

Fotos: Arquivo da Família

Irma e seus cinco filhos

Page 20: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

8 | Mosaico | Jornal Integração da Serra | maio 2017

Via del Vino 3452.4163 | Shopping Bento 3055.2218 | L´América Shopping 3451.7696

Seja um

Ligue

Maternidade em Família

No dia 12 de maio acontecerá o segundo Dall’Onder é Mais Saúde e Bem-estar com Laura Medina, evento especial de Dia das Mães, aberto também para pais, avós e familiares. Descontraído e regado a espumante, o bate-papo abordará a maternidade e a maternagem nas diversas configurações familiares hoje existentes. O evento inicia às 20 horas, com a presença da jornalista Laura Medina e com as convidadas, a psicóloga e terapeuta de casais Iara L. Camaratta e a coaching Marlise Dussin Bampi.

A rede de hotéis Dall´Onder vem aplicando uma série de atividades e eventos dire-cionado a saúde e bem estar-estar dos seus hóspedes e da comunidade. Coordenado por Denise Araújo, o projeto Dall’ Onder é Mais Saúde e Bem-estar traz profissionais da área da saúde, lazer e desenvolvimento pessoal. Segundo Denise, esses encontros futuramente serão cursos e workshops com a mesma temática. Dentro da programa-ção, eventos com Laura Medina já estão sendo agendados no decorrer de 2017. “É um projeto que estou lidando com muito amor. Estamos unidos para levar qualidade de vida às pessoas”, declara Laura.

Os ingressos custam entre R$ 60 e R$ 70 para casais e entre R$ 35 e R$ 45 individu-al, podendo ser adquiridos na loja Lilica Ripilica, Dall’Onder Vittoria Hotel e Dall’Onder Grande Hotel, ou pelo site www.sympla.com.br/eventosdallonder.

Dall’Onder é Mais Saúde e Bem-Estar com Laura Medina

Laura Medina e Denise Araújo

Natália Zucchi

Page 21: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

Mosaico | Jornal Integração da Serra | maio 2017 | 9

Casa Zandoná

Casa Zandoná, com 69 anos de história no comércio de

Bento Gonçalves, estilo armazém, mantém suas portas abertas na rua Góes Monteiro, 302, bairro São Francisco, cultivando sua clientela fiel e mantendo sua tradição fami-liar. A história do armazém iniciou em 1948, quando o carreteiro Ange-lo Zandoná, de 27 anos, deixou de fazer frete com carroça na região de Bento Gonçalves, para abrir um bar na localidade chamada de “loti” (lo-tes) pelos moradores do município. O bar, que inicialmente vendia bebi-das como vinho, cerveja, graspa e suco de uva logo transformou-se em um armazém com oferta de diversos produtos alimentícios e de limpeza, entre outras utilidades domésticas. Em meados de 1949, Zeferino Maria Zandoná, sobrinho de Angelo, de 14 anos, passou a ajudar seu tio nos ne-gócios do armazém. No mesmo ano, a Casa Zandoná amplia sua oferta de produtos, entrando no ramo de armarinhos, ferramentas agrícolas e ferragens. O irmão do Zerefino, Cé-lio Antônio, entra no negócio familiar em 1973, aos 19 anos. Com o fale-cimento de Angelo, em 2008, aos 87 anos, o estabelecimento ficou a car-go de Zeferino e Célio. Nessa traje-tória, fatos pitorescos como garrafas resfriadas em fonte de água e ran-chos entregues de cariola (carrinho de mão) fizeram parte da rotina do estabelecimento e de seus clientes.

Espaço de amizade e memóriaA Casa Zandoná é hoje espaço

de amizade e memória. “Muitas pes-soas que saíram da cidade há 30, 40 anos, voltam para relembrar os bons tempos vividos no nosso armazém”, ressalta Zeferino, hoje com 86 anos. Prova disso: no momento da entre-

Comércio à moda antiga sobrevive ao tempo

os ovos. “Não sobrou um inteiro. O estado do carro era de dar pena”, contam eles às gargalhadas.

Os comerciantes também relem-bram com carinho as edições da Fes-ta Nacional do Vinho (Fenavinho), na década de 80. Segundo eles, muitos turistas de São Paulo e do Rio de Ja-neiro visitavam o armazém à procura da graspa, na época produzida por Bigolin, de Pinto Bandeira. “Eles en-chiam o porta-mala de seus Monzas com a bebida para animar as festas em seus estados de origem, diziam”, complementa Célio.

Bebidas resfriadas em fonte de água Em 1948, tudo era comercializa-

do a granel no armazém Zandoná. Sacos de grãos diversos, com média de 60 quilos, eram dispostos em ga-vetões em um amplo balcão de ma-deira. Na época, nem existia sacola plástica. Os produtos eram empa-cotados em sacos de papel. Muitos clientes levavam suas sacolas para as compras.

Com a clientela estabelecida, o

armazém atendia do período da ma-nhã até o final da noite. Zeferino con-ta que, na década de 50, na ausên-cia de refrigeradores, os Zandoná faziam buracos numa fonte de água no barranco atrás do armazém para resfriar garrafas de refrigerante e cer-veja. “Era o jeito e dava certo”, con-firma Zeferino. Ele também salienta que entregava ranchos na vizinhan-ça de cariola. Entre tantos destaques para um comércio da época, a fama virou credibilidade e o armazém che-gou a ter 120 cadernetas fixas duran-te anos.

A variedade de produtos na Casa Zandoná ainda é comentada entre muitos moradores da região. Até hoje o local é lembrado por dis-por produtos e utensílios de marcas antigas, de boa qualidade. O arma-zém comercializa panelas de ferro, de alumínio econômica, lampiões e urinol de esmalte que, segundo Zefe-rino, tem boa saída. Na infraestrutura do estabelecimento se destaca um grande baleiro, o mesmo da época da abertura do armazém. Para fazer os cálculos do estabelecimento, os irmãos Zandoná usam uma soma-dora datada de 1950. Eles acentuam que aprenderam a consertar essa somadora para prolongar seu uso. Com a atmosfera de saudades das décadas passadas, Célio e Borges concordam com a afirmação de Ze-ferino: “Foi um tempo muito bom, de muitas histórias”.

vista chega ao armazém para uma visita corriqueira, Pedro Borges, 83 anos, conhecido como bananeiro. Pedro Borges era proprietário de um comércio de frutas com seu nome na rua Gomes Carneiro, centro de Bento Gonçalves. Ele forneceu bananas ao armazém Zandoná durante 40 anos e hoje está aposentado. “O Zandoná foi o único que sobreviveu ao tem-po”, observa Borges.

Nesse encontro, Zeferino, Bor-ges e Celio se divertiram ao relem-brar os acontecimentos pitorescos ocorridos no armazém ao longo dos anos. Célio, hoje com 63 anos, lembra de uma manhã em que um saco de milho chegado ao estabele-cimento acabou rasgando em frente à Casa Zandoná. “Um dos vizinhos, indignado com o desperdício do ali-mento, trouxe suas galinhas para bi-car no local. A movimentação durou uma semana”, comenta aos risos. Houve também o episódio dos ovos, no qual um cliente antigo comprou cerca de seis dúzias, levou até seu carro, deixou no banco do motoris-ta e voltou às compras. Ao retornar ao veículo, distraído, sentou sobre

Por Natália Zucchi

Pedro Borges, Célio e Zeferino Zandoná Somadora usada desde 1950

Fotos: Natália Zucchi

Page 22: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

Nos dias 22 e 23 de maio, às 19 horas, a Fundação Casa das Artes sedia o Fórum Setorial de Cultura, evento promovido pela Secretaria Municipal de Cultura de Bento Gonçalves. O evento reunirá artistas e produtores nos segmentos das artes visuais, literatura, patrimônio histórico, artístico e cultura, folclore, cul-turas populares, etnias, empresas e agentes culturais, com o in-tuito de ampliar e democratizar as ações do governo municipal e da sociedade civil na esfera cultural.

Na ocasião, também será realizada a eleição dos conselhei-ros de cada segmento cultural para integrar o Conselho Munici-pal de Cultura e eleição para a Comissão de Análise Municipal de

Incentivo à Cultura.As inscrições dos

candidatos poderão ser efetuadas a partir do dia 22 de maio, pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (54) 3454-5211.

10 | Mosaico | Jornal Integração da Serra | maio 2017

Com o tema “Contos para ler e brincar”, a comunidade de Bento Gonçalves recebe na Via del Vino, de 10 a 14 de maio, a Fei-ra do Livro Infantil do Sesc. O evento, que tem como patrona a professora, escritora e contadora de histórias, Marô Barbieri, busca contribuir com a formação de novos leitores por meio de ações direcionadas para crian-ças dos anos iniciais (educação infantil, 1º ao 3º ano), ensino fundamental e professo-res. Dentre as atividades programadas, en-contros com autores, oficinas e contação de histórias. O espaço também estará aberto para manifestações culturais e artísticas.

Confira a programação completa no site www.integracaodaserra.com.br.

Durante o mês de maio, vinte telas do pu-blicitário Diogo Carini Carlet, também conheci-do como “Diabones”, ficam expostas na Fun-dação Casa das Artes. Carini trabalhou nessas criações com materiais palpáveis para trans-mitir seus desenhos, fugindo assim da produ-ção virtual, comum em sua profissão. Lápis, papel, tintas, telas e demais materiais serviram de base para a expressão de sua inquietan-te arte, assim como as técnicas lápis de cor,

Obras de Diabones em exposição na Casa das Artes

ExposiçãoBestiário

aquarela, nanquim e sanguínea. Ele ressal-ta que nessas obras buscou resgatar o lado mais sombrio, amedrontador e angustiante do âmago de todo ser humano. Estabelecen-do paralelos entre o mundo natural e supra-natural, sua arte estimula à imaginação.

A exposição pode ser visitada na Casa das Artes, de segundas às sextas-feiras, das 8 horas às 11h45min e das 13h30min às 17h45min.

Fórum Setorial de Cultura reunirá artistas e produtores

Imagens: Divulgação

Feira do Livro Infantil do Sescna Via del Vino

Page 23: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

Mosaico | Jornal Integração da Serra | maio 2017 | 11

O município de Garibaldi está preparando mais uma edição do Festival Colonial Italiano para os dias 3 e 4 de junho deste ano, como ati-vidade da programação do Dia do Vinho 2017. O evento, em sua 31ª edição, apresenta farta gastronomia, shows, comercialização de produtos coloniais e de artesanato nos Pavi-lhões da Fenachamp.

No sábado (3) a festa inicia às 19 horas e no domingo (4), às 11 horas. O Festival Colonial Italiano nasceu em 1981, com o objetivo de divulgar a primeira Fenachamp. No início, o bosque do Parque da Fenachamp foi escolhido como cenário do even-

Gastronomia típica italiana em Garibaldi

FestivalColonial

to. As edições do Festival Colonial iniciavam nas sextas-feiras à noite e terminavam no domingo. A inicia-tiva foi um sucesso. Porém, muitas vezes, as intempéries do tempo di-ficultavam a execução ao ar livre e o evento começou a ser realizado den-tro dos pavilhões.

No cardápio das refeições, mas-sa, galeto, polenta e morcela, entre outros alimentos preparados pela Associação de Veteranos (AGV), com vinho e suco de uva. A AGV, tradicional na região na preparação de almoços e jantares para grandes públicos, serve até duas mil e qui-nhentas pessoas por evento, com

um consumo de mil quilos de frango, 200 quilos de salame, 200 quilos de queijo, 150 quilos de farinha de milho para a polenta, 50 quilos de morce-la, mil litros de suco e 800 litros de vinhos.

Nos dois dias, a animação ficará por conta da Banda Zabadak, que apresentará músicas populares e do folclore da imigração italiana, típicas da região. Os ingressos estão sendo comercializados ao valor de R$ 35, com os integrantes da AVG. Crian-ças de até 6 anos pagam R$ 5 e até 12 anos, R$ 20.

O Festival é uma realização da Prefeitura de Garibaldi, por meio da

Secretaria de Turismo e Cultura e As-sociação de Veteranos de Garibaldi (AVG), com apoio das Secretarias de Agricultura e Pecuária, Obras, Se-gurança e Mobilidade Urbana e da Emater/RS - Ascar. Mais informações na Secretaria de Turismo e Cultura pelo telefone (54) 3462 8235.

Fotos: Divulgação

Page 24: Há 50 anos, festa acelerou o crescimento BENTO GONÇALVES | MAIO DE … · temáticos na Semana da Pátria, em setembro, e no aniversário de emancipação política de Bento Gonçalves,

12 | Mosaico | Jornal Integração da Serra | maio 2017

Desde março deste ano, o Desa-fio da Baleia Azul, criado na Rússia com 50 desafios que culminam no suicídio, e a série Thirteen Reasons Why da Netflix, ganharam espaço nas redes sociais e tornaram-se pau-ta para discutir um assunto ainda tabu na mídia e também na socie-dade: o suicídio. A visibilidade im-pulsionou a curiosidade dos jovens, a preocupação das famílias, mobili-zando a sociedade para enfrentar o tema, com olhos mais atentos.

O Rio Grande do Sul é o estado brasileiro com maior incidência de suicídios do país. Segundo o Mapa da Violência de 2013, 11 das 20 cida-des com mais casos de suicídio são gaúchas. Na Serra Gaúcha, o Centro de Valorização à Vida de Garibaldi, inaugurado em fevereiro deste ano, é uma porta para quem precisa de aju-da psicológica. Através do número 188, ligações são atendidas por 20 voluntários plantonistas, durante 24 horas. Recebendo ligações desde o dia 6 de março, somente nos pri-meiros 26 dias o CVV prestou 1.306 atendimentos. O Rio Grande do Sul possui sete CVVs, nas cidades de Porto Alegre, Novo Hamburgo, Santa Maria, Santa Cruz do Sul, Caxias do Sul e, agora, em Garibaldi.

Mantido pelo Núcleo de Apoio à Vida de Garibaldi (NAVIGA), o CVV Garibaldi foi idealizado pela médica psiquiátrica e presidente do NAVIGA,

COMPORTAMENTO

Jogo Baleia Azul e série da Netflixtrouxeram à tona um tabu: o suicídio

Centro de Valorização à VidaO Centro de Valorização à Vida existe no Brasil desde 1962. É uma

associação civil sem fins lucrativos e filantrópica, que presta serviço volun-tário e gratuito de apoio emocional e prevenção ao suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo. O CVV realiza mais de um milhão de atendimentos anuais, por aproximadamente 2.000 voluntários em 18 estados. Esses atendimentos são feitos pelos telefones 188, no Rio Grande do Sul e 141 nos demais Estados, 24 horas por dia, em 76 postos espalhados pelo país. Além disso, o CVV oferece atendimentos por chat, Skype, email e através do site www.cvv.org.br.

Para ser um voluntárioTer mais de 18 anos, disponibilidade de tempo de quatro horas sema-

nais e capacidade para escutar o outro de forma isenta de preconceitos e julgamentos. Contato: email [email protected] ou fanpage CVV Garibaldi.

Cristina Pont Ferreira, 48 anos. Com a ideia bem recebida pela gestão municipal, em assembleia com 20 sócios fundadores, foi eleita a Direto-ria do Núcleo de Apoio à Vida de Ga-ribaldi, em julho de 2016. Em segui-da, a equipe dedicou-se a seleção e treinamento dos voluntários para atuarem no CVV. Até maio deste ano, entre o NAVIGA e o CVV, são cerca de 40 voluntários, entre eles, 20 plan-tonistas, que se revezam em turnos de quatro horas semanais.

O CVV Garibaldi está interligado à Central 188, que liga todos os pos-tos do CVV no Rio Grande do Sul, po-dendo receber chamadas de todo o Estado, uma vez que as ligações são direcionadas ao posto onde houver plantonista disponível. Os atendi-mentos são sigilosos. Nome, idade e cidade não são identificados, garan-tindo o anonimato.

Segundo a psiquiatra Cristina, a depressão e a solidão estão en-tre os desabafos mais comuns nos atendimentos. O volume de ligações aumentou consideravelmente entre os últimos meses de março e abril, em todos os postos do CVV. “Preci-samos deixar claro a importância de falarmos sobre o suicídio. Para mui-tas pessoas em intenso sofrimento, essa parece ser a única saída para interromper a dor. Um dos papéis primordiais do CVV é mostrar que sempre há opção. Por mais irrever-

sível que pareça a situação em que a pessoa se encontra, por mais dolo-roso que seja acordar todos os dias, sempre há opção”. Cristina também

alerta que situações envolvendo au-tomutilação podem ser tentativas de suicídio, mas também uma forma de pedir ajuda.

Divulgação

para conversar188

Disque

Sócios-fundadores do Núcleo de Apoio à Vida de Garibaldi (NAVIGA)