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Escola Profissional de Rio Maior 11º Ano

Português – módulo 6 “Textos argumentativos” Professora: Ana Patrícia Vicente

GUIÃO O texto argumentativo

1. O que é argumentar? Argumentar é desenvolver organizadamente um raciocínio, uma ideia, uma opinião, um ponto de vista ou uma convicção, de forma a influenciar, a convencer e a persuadir um auditório ou leitor. No nosso quotidiano, muitas vezes sem nos darmos conta, estamos argumentar: quando defendemos um ponto de vista, quando apresentamos a nossa opinião, quando propomos uma solução para um problema ou quando queremos convencer os outros a aceder a um pedido nosso… Por vezes, enfrentamos a oposição dos outros e, então, temos de argumentar ainda melhor para os convencer. E argumentar bem é um acto de inteligência que, para ser eficaz, tem as suas regras. Nos nossos dias, o discurso argumentativo assume com frequência a forma escrita em ensaios, teses, editoriais, artigos de opinião, cartas e manifestos, textos publicitários, onde a «arte de bem discorrer» de forma a convencer o leitor é praticada diariamente. Nos parlamentos, nos debates políticos, nas mesas redondas, nas campanhas eleitorais permanece a tradição de apresentação oral de ideias organizadas e fundamentadas, que se discutem, tendo em vista convencer o público da legitimidade de determinadas propostas. 2. Passos para desenvolver um texto argumentativo: Definir os argumentos mais pertinentes para a defesa de uma tese que se quer apresentar a um determinado auditório; Organizar e articular esses argumentos de forma a estruturar coerentemente o discurso; Organizar as palavras e as frases com enriquecimento estilístico; Escolher o tom certo para sublinhar a justeza das suas ideias, a pertinência dos seus argumentos e para valorizar as suas intenções. 3. Objectivos do discurso Um orador, quando produz o seu discurso, deve ter como objectivos: instruir o auditório, provando a veracidade do que afirma; agradar ao auditório pela justeza, beleza e brilho da sua argumentação; comover o auditório, despertando-lhe todas as emoções que seja possível suscitar em favor da causa defendida. 4. Estrutura argumentativa Há uma estrutura de base que se organiza em tese, antítese e síntese. O texto oratório (sermão e outros discursos) deve seguir os princípios clássicos que prevêem um plano desenvolvido em cinco partes (é o caso do Sermão de Santo António aos Peixes): Exórdio – apresenta o assunto do discurso ou do sermão; Narração ou Exposição – necessariamente breve, tem de ser clara e pode servir para situar a matéria num contexto preciso ou para apresentar os dados essenciais da questão em causa; Confirmação e Refutação – que discutem a matéria mostrando os argumentos favoráveis e os contrários.

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Peroração – apresenta a conclusão que se tirou da discussão feita e deve ser utilizada para comover os ouvintes e levá-los a seguirem as perspectivas e os objectivos do orador.

Um texto argumentativo não oratório segue, geralmente, uma estrutura triádica organizada em: introdução – onde se apresenta a tese a demonstrar, anunciando, ao mesmo tempo, o plano que se vai seguir na argumentação; desenvolvimento – onde se patenteiam os argumentos estabelecidos segundo princípios lógicos, articulados entre si, para confirmar a tese e refutar ou contradizer as objecções que venham a ser levantadas pelo leitor (antítese); os argumentos procuram convencer o leitor, persuadindo-o, implicando-o no ponto de vista de quem escreve, que deve ir apresentando provas e exemplos do que afirma, levantando hipóteses, inferindo causas e estabelecendo consequências; conclusão – realiza a síntese do exposto ou exprime os propósitos a seguir; pode apresentar um comentário geral à situação discutida ou uma reflexão que é ponto da situação do problema que foi tratado. ASSIM…. Introdução – parágrafo inicial que dá conta da matéria a tratar e da tese a provar; Desenvolvimento – que corresponde à antítese, ou seja, à prova e contra-prova da tese através da exposição dos argumentos; análise/explicitação da tese; apresentação dos argumentos que provam a verdade da tese: factos, exemplos, testemunhos, citações, dados estatísticos…. e os contra-argumentos Conclusão – corresponde à síntese, onde se manifesta o ponto a que se chegou depois da demonstração. Toda a arte tem as suas normas e a argumentação não foge à regra. As etapas para a construção do texto são: encontrar o problema, procurar os argumentos e os contra-argumentos, dispô-los adequadamente, usar as figuras de estilo que mais agradam, formular juízos de valor, etc. O encadeamento das ideias e dos argumentos deve respeitar uma progressão interna: levantamento e apresentação das características e dos traços marcantes da situação ou do problema a tratar; organização cronológica dos factos ou dos aspectos significativos; demonstração da validade da tese com argumentos pertinentes; inclusão de elementos de prova que validem as opiniões expressas (provas, exemplos, citações). 5. Reconhecimento dos argumentos No texto argumentativo encadeiam-se alegações, raciocínios lógicos, provas, exemplos, citações, alegorias, conselhos e ordens, de acordo com o fim que se tem em vista e a impressão que se quer provocar no leitor, sendo estes dois aspectos o objectivo último da argumentação. Esta pode desenrolar-se segundo um raciocínio lógico, ou não – escolha que é determinada pela atitude do autor e pelo destinatário que se quer convencer. Sempre que a apresentação de argumentos tem em vista suscitar uma discussão ou debate de ideias, é preferível a organização discursiva dialéctica através do esquema de tese – onde se define o que se quer provar; antítese – que dá lugar ao confronto e refutação de opiniões que suscitaram a discussão, agrupando-se argumentos (favoráveis e desfavoráveis);

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síntese – onde se apresentam as posições pessoais sobre o assunto. Os argumentos podem apelar à razão ou as emoções, ao bom senso, aos valores morais, aos conhecimentos, à capacidade de reflexão e de estabelecer juízos de valor. Ao autor importa convencer o leitor inteligente e persuadi-lo da legitimidade dos argumentos, levando-o a considerar válido, plausível e verdadeiro aquilo que é exposto de modo a se sentir predisposto a aceitar os pontos de vista apresentados. 5.1. Tipos de argumentos Genericamente, consideram-se cinco tipos: Afirmação axiomática – afirmação que considera como incontestáveis os aspectos desenvolvidos a partir dela. Um exemplo é o axioma cartesiano «Penso, logo existo». Ao ligar estas duas asserções – pensar e existir - Descartes criou uma verdadeira estrutura argumentativa. Raciocínio lógico – operação discursiva mental que nos permite determinar a validade ou a falsidade ou a probabilidade de uma ou várias proposições, tendo em vista convencer um destinatário da impossibilidade de refutar o encadeamento das ideias.

Obs. A argumentação por raciocínio lógico leva a que os termos se encadeiem gramaticalmente, o que é feito por intermédio dos conectores frásicos que indicam quer a simples sucessão das proposições, quer as relações de causalidade, de consequência, de temporalidade, de referência, estabelecidas entre aquelas.

provas, exemplos, citações – as provas retiram-se dos referentes reais: factos históricos, acontecimentos verídicos, investigações científicas, estatísticas, testemunhos pessoais, etc. Os exemplos funcionam como provas, mas apresentam ilustrações, explicações, aplicações concretas e confirmações. exemplos fictícios – são elementos com carácter de alegoria, fábula, parábola, que se utilizam como comparação com o que se apresenta, tornando-o quase incontestável. conselhos e ordens – que podem apresentar-se na forma de: * prescrições, utilizando o imperativo ou formas de conjuntivo; * sugestões, recorrendo ao condicional ou ao futuro dubitativo. 6. A Lógica dos argumentos 6.1. Escolha e ordenação dos argumentos Para uma correcta construção argumentativa é fundamental a escolha dos argumentos que suportam a demonstração da tese. Eles devem ser pertinentes e coerentes, apresentados de forma lógica e articulada e organizados por ordem crescente de importância. 6.2. Articulação e coesão do discurso As qualidades principais do discurso argumentativo são o rigor, a clareza, a objectividade, a coerência, a sequencialização e a riqueza lexical. Para tal, devem ter-se em conta os seguintes elementos linguísticos: Correcta estruturação e ordenação das frases; Uso correcto dos conectores do discurso (de causa-efeito-consequência, hipótese-solução, oposição, disjunção, etc.); Respeito pelas regras da concordância; Uso adequado dos deícticos (determinantes, pronomes, advérbios) que evitam as repetições dos nomes; Utilização de um vocabulário variado, com recurso a sinónimos, antónimos, etc…

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7. Síntese da metodologia para escrever um texto argumentativo

1. Preparação da argumentação: procura de argumentos (selecção, número, precisão) disposição dos argumentos (plano, encadeamento) procura de figuras de estilo 1.1 encontrar respostas para as seguintes perguntas: que quero eu provar? estes argumentos são realmente válidos? de que factos disponho? serão sólidos? quais vou utilizar? quais devo manter em reserva? haverá pontos fracos na minha argumentação? em que ponto posso ou devo ceder? 2. Etapas do texto argumentativo: encontrar o problema analisar os dados dispor adequadamente os argumentos e contra-argumentos reformular enunciar soluções e propostas usar figuras de estilo adequadas formular juízos de valor (concordância ou discordância final) 3. Qualidades do texto argumentativo: rigor, clareza, objectividade, coerência, sequencialização, riqueza lexical 4. Estrutura do texto argumentativo: Introdução: um parágrafo único; afirmação polémica Desenvolvimento: dois ou mais parágrafos; argumentos e contra-argumentos, exemplos (cada

parágrafo do desenvolvimento deve decompor-se em três elementos: ponto de partida, argumento e exemplo; os parágrafos devem ser encadeados uns nos outros pelos conectores lógicos)

Conclusão: um parágrafo único; retoma da afirmação inicial confirmada ou contrariada

Bibliografia útil A Arte de Argumentar, de Anthony Weston (tradução de Desidério Murcho;Revisão Científica de João Branquinho), Gradiva, Fevereiro 1996, 145 pp.

SUGESTÃO DE PRODUÇÃO DE TEXTO 1º parágrafo: TEMA + argumento 1 + argumento 2 + argumento 3 2° parágrafo : desenvolvimento do argumento 1 3° parágrafo: desenvolvimento do argumento 2 4° parágrafo: desenvolvimento do argumento 3 5° parágrafo: expressão inicial + reafirmação do tema + observação final.