guião do consumidor

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  • 8/9/2019 Guio do Consumidor

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    escolaDireco-Geralde Inovao e de Desenvolvimento Curricular

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    Coleco

    Educao para a Cidadania

    Guio de Educao Ambiental: conhecer e preservar as forestas

    Guio de Educao do Consumidor

    Guio de Educao para o Empreendorismo

    Guio de Educao para a Sustentabilidade Carta da Terra

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    Guio de Educao do Consumidor

    Precio

    A Direco-Geral de Inovao e Desenvolvimento Curricular, no mbito das suas atribuies relativas componente pedaggica e didctica do ensino bsico e secundrio, tem procurado produzir um conjuntode orientaes e de materiais pedaggicos que apoiem os docentes na leccionao e no desenvolvimentode actividades e projectos com os seus alunos. Paralelamente, temos estabelecido uma cultura de parceriacom as mais diversas entidades pblicas, privadas e do terceiro sector com vista criao de sinergias quepermitam aproveitar o trabalho desenvolvido por aquelas instituies. neste mbito que inauguramosa edio de uma coleco de guies pedaggicos para a rea da Educao para a Cidadania. Estes guiesdedicados abordagem de temas especcos, de que a Educao do Consumidor exemplo, resultam querda nossa experincia de refexo interna relativa s reas curriculares disciplinares e no disciplinares querdo aproveitamento de competncias especcas que as entidades parceiras colocam ao nosso dispor.

    O guio de Educao do Consumidor resulta precisamente de um trabalho conjunto com o Instituto doConsumidor. A oportunidade da sua publicao decorre da importncia do tema para educao das nossascrianas e jovens e genericamente das nossas amlias. Sabemos, por experincia adquirida, o papel queaqueles tm desempenhado como multiplicadores de novas competncias que apelam para uma cidadaniaresponsvel junto das suas amlias. Por essa razo, consideramos que a Escola, entre outros actoresinstitucionais, tem um papel de ormao inestimvel que deve ser exercido e aproveitado em amplosdomnios que no apenas os dos saberes ormais e curriculares.

    A ormao de cidados activos e responsveis um desgnio de todos. O que amplamente se verica umaastamento progressivo das eseras que apelam participao e responsabilidade de todos na comunidade,no que poderamos apelidar por privatizao progressiva das nossas vidas. A Educao para a Cidadania nasnossas Escolas um dos espaos onde se deve trabalhar para travar este movimento. Este trabalho pode ser

    eito em domnios/temas associados participao na vida pblica, mas tambm noutros que se associama uma gesto responsvel das vidas privadas. A Educao do Consumidor insere-se neste mbito, mas vaimais alm. Na verdade, ormar consumidores responsveis implica tambm ormar cidados atentos quepodem, pela sua aco, exigir mais e melhor dos prestadores de servios e do comrcio apelando para atransparncia nas relaes entre empresas e cidados.

    Vivemos numa poca em que os nossos padres de consumo apresentam, por vezes, nos critrios deidentidade e de reconhecimento social, maior relevncia que o nosso papel produtivo. Daqui decorre umconjunto de comportamentos que so causa de alguns problemas com que se debatem as nossas sociedades,de que exemplo o nvel excessivo de endividamento das nossas amlias. O que se pretende com este Guio ornecer um conjunto de inormaes que podem conduzir a uma estratgia de consumo mais responsvele sustentvel que tenha em conta os impactos exteriores dos nossos comportamentos (p.e. sobre o meio

    ambiente) e as implicaes que as nossas escolhas de consumo tm sobre vrios aspectos das nossas vidas.

    Esperamos que esta proposta de trabalho se revele til para os nossos docentes e consequente para ormaoque queremos dar s nossas crianas e jovens.

    Teresa EvaristoSubdirectora-Geral da Direco Geral de Inovao e Desenvolvimento Curricular

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    Guio de Educao do Consumidor

    Nota de Autor

    Cidados responsveis, consumidores conscientesTodos os olhos esto postos na Escola. No h causa justa, preocupao social ou projecto cultural que no sevire para a Escola, na expectativa de que esta incorpore no seu core business a respectiva temtica. E assimvemos questes como a igualdade de gnero, a proteco do ambiente, a deesa do consumidor, a prevenorodoviria, o planeamento amiliar, o desenvolvimento sustentvel, o comrcio justo, a promoo da paz, osdireitos humanos e as organizaes que corporizam essas causas a perlarem-se porta da Escola.

    Mas ser que a Escola, enquanto instncia socializadora, ainda o que era ou j no como soa? Ser que aEscola, a par da amlia, ainda detm esse papel enormador, ou j o cedeu consola multimdia, televisoe Internet?

    A cidadania, talvez mais do que um conjunto de direitos e responsabilidades, deve entender-se como umaverdadeira axiologia, estruturada em torno de valores undamentais, basilares e undadores - a democracia eos direitos humanos.

    A educao para a cidadania, por isso mesmo, ter necessariamente de se traduzir em literacia e em praxis,podendo assumir contornos diversicados em uno do habitat concreto. Em Portugal, a educao para acidadania h-de por a tnica na pertena comunidade (s diversas comunidades) e enatizar direitos, mastambm, e muito particularmente, responsabilidades. Recolocar o cidado como sujeito e actor da coisa p-blica, aastando a ideia, to enraizada quanto paternalista, de que o Estado, entidade distante e mtica, tudodeve azer e a quem tudo se pede e exige. Como se os cidados, pela sua aco, ou inaco, no ossem os re-sponsveis pelo viver e devir colectivos.

    Na nossa perspectiva, a educao para a cidadania comporta necessariamente uma componente de educao doconsumidor, multidisciplinar e transversal. A cabem os temas mais dspares, desde os consumos juvenis aospadres de consumo; do uncionamento do mercado segurana alimentar; das prticas comerciais agressivas descodicao da publicidade; das clusulas contratuais gerais gesto prudente do oramento e do crdito,para s citar alguns.

    Esta publicao insere-se no quadro da parceria, em boa hora rmada, entre o Instituto do Consumidor e oMinistrio da Educao, que tem permitido viabilizar diversos projectos e realizaes conjuntas no mbitoda educao do consumidor. tambm uma orma da deesa do consumidor bater porta da Escola. Mas acausa generosa e alicera-se na convico que a Escola, apesar da mudana de paradigma, uma instnciaundamental para a transmisso de saberes, para o desenvolvimento do pensamento crtico e para a induo decomportamentos socialmente responsveis.

    A viso do cidado/consumidor, entendido como sujeito consciente, inormado e responsvel, no podedeixar de estar presente no conceito de cidadania activa que almejamos e que nos cabe promover sem subtilezasnem tibiezas.

    Joaquim CarrapioPresidente do Instituto do Consumidor

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    ndice

    Introduo_______________________________________________________________________________________ 11

    Competncias na Educao do Consumidor e sugesto de temas para o seu desenvolvimento ________________ 13

    Desenvolvimento dos temas _________________________________________________________________________ 23A. Em que mundo compramos ________________________________________________________________ 23B. Somos aquilo que comemos ________________________________________________________________ 28C. O elogio do consumo sustentvel. Um consumidor ecolgico e apreciador dos bens recuperveis,

    reciclveis e reutilizveis __________________________________________________________________ 41D. Direitos e responsabilidades do cidado-consumidor _____________________________________________ 47E. Quanto vale o meu dinheiro ________________________________________________________________ 55F. Espelho mgico, espelho meu, h consumidor mais bonito do que eu?________________________________ 60G. Viver seguro e saber gerir o risco na sociedade de consumo _________________________________________ 65H. O elogio do consumo responsvel ___________________________________________________________ 68

    Glossrio ________________________________________________________________________________________ 74

    Anexos ________________________________________________________________________________________ 75A. Em que mundo compramos ______________________________________________________________ 75

    Textos de apoio compreenso do tema _______________________________________________________ 75Fichas para os alunos _____________________________________________________________________ 76

    B. Somos aquilo que comemos ______________________________________________________________ 77Textos de apoio compreenso do tema _______________________________________________________ 77Fichas para os alunos _____________________________________________________________________ 79

    C. O elogio do consumo sustentvel. _________________________________________________________ 80

    Textos de apoio compreenso do tema ______________________________________________________ 80Fichas para os alunos _____________________________________________________________________ 81

    D. Direitos e responsabilidades do cidado-consumidor _________________________________________ 83Textos de apoio compreenso do tema ______________________________________________________ 83Fichas para os alunos _____________________________________________________________________ 86

    E. Quanto vale o meu dinheiro _____________________________________________________________ 87Textos de apoio compreenso do tema ______________________________________________________ 87Fichas para os alunos _____________________________________________________________________ 88

    F. Espelho mgico, espelho meu, h consumidor mais bonito do que eu? ________________________ 89Fichas para os alunos _____________________________________________________________________ 89

    G. Viver seguro e saber gerir o risco na sociedade de consumo __________________________________ 90

    Textos de apoio compreenso do tema ______________________________________________________ 90Fichas para os alunos _____________________________________________________________________ 94

    H. O elogio do consumo responsvel_________________________________________________________ 95Textos de apoio compreenso do tema ______________________________________________________ 95Fichas para os alunos _____________________________________________________________________ 96

    Bibliografa _______________________________________________________________________________________ 97

    Endereos electrnicos _____________________________________________________________________________ 100

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    Guia para a Educao do Consumidor

    Introduo

    A Educao do Consumidor (EC) procura dar resposta a dois tipos de solicitaes desta nossa sociedade

    de consumo e comunicao em que vivemos, e que so: por um lado, disponibilizar elementos

    que tornem as opes individuais de escolha mais criteriosas, contribuindo para comportamentos

    solidrios e responsveis; por outro, procura contribuir para que o consumidor (sobretudo o jovem)

    se sinta implicado num sistema socioeconmico e cultural onde se articulam os direitos do indivduo

    no mercado, as responsabilidades face ao desenvolvimento sustentvel e o bem comum.

    Em Portugal, a educao do consumidor est consignada na Lei de Bases do Sistema Educativo. O

    Decreto-Lei n286/89, de 29 de Agosto, com alteraes introduzidas pelo Decreto-lei n 6/2001,

    de 18 de Janeiro, integra a problemtica do consumo no mbito da educao para a cidadania. A

    educao para a cidadania, enquanto componente curricular transversal, em todos os ciclos de ensino,

    visa contribuir para a construo da identidade do indivduo e o desenvolvimento da conscincia

    cvica dos alunos.

    Enquanto temtica transversal, a educao do consumidor assume-se como dimenso de formao

    integral do indivduo contribuindo para o seu desenvolvimento pessoal e social, na medida em que

    promove a tolerncia, o respeito pela justia social e econmica, a proteco ambiental, a sade etc.

    O cidado-consumidorDemonstra uma tomada de conscincia de que a sociedade de consumo predispe a comprar, e que a escolha

    um momento de responsabilidade tanto para o indivduo como para a colectividade;

    uma informao mais objectiva sobre os mecanismos indutores da compra e onde a obter,bem como um conhecimento dos seus direitos e como os impulsionar;

    um comprometimento com o consumo responsvel, encarando-o como um dos instrumen-tos do desenvolvimento sustentvel;

    uma prtica que introduza um maior equilbrio entre os diferentes agentes do mercadoe que questione a responsabilidade do produtor, os diferentes problemas ambientais e a

    averiguao da observncia dos direitos humanos na cadeia de produo, distribuio econsumo.

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    As competncias na educao do consumidore sugesto de temas para o seu desenvolvimento

    No campo das competncias gerais espera-se que o aluno fque habilitado para:

    A construo e a tomada de conscincia da identidade pessoal e social;

    A participao na vida cvica de orma responsvel, solidria e crtica;

    O respeito e a valorizao da diversidade dos indivduos e dos grupos quanto s suas pertenas e opes;

    A construo de uma conscincia ecolgica conducente valorizao e preservao do patrimnio;

    Mobilizar saberes culturais, cientcos e tecnolgicos para compreender a realidade e para abordar

    situaes e problemas do quotidiano;

    Usar adequadamente linguagens das dierentes reas do saber cultural, cientco e tecnolgico para

    se expressar;

    A valorizao das dimenses relacionais da aprendizagem e dos princpios ticos que regulam o

    relacionamento com o saber e com os outros;

    Pesquisar, seleccionar e organizar a inormao para a tornar em conhecimento;

    Adoptar estratgias adequadas resoluo de problemas e tomada de decises; O treino, no universo do consumo, das atitudes de autonomia, cooperao e solidariedade;

    Desenvolver atitudes crticas ace aos produtos de consumo e tomar as opes que previnam o risco.

    As competncias especfcas a adquirir pelo aluno so identicadas a partir dos temas sugeridos e

    que pretendem dar uma viso alargada e transversal dos principais domnios da EC e, em particular,

    daqueles que mais directamente podero contribuir para a ormao do cidado-consumidor.

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    As competncias especfcas

    A. Em que mundo compramos Refectir sobre o historial da sociedade de consumo, osmecanismos de organizao do mercado de consumo, a

    emergncia do estatuto de consumidor e o seu desequilbrio

    na lgica da oerta e da procura;

    Predispor para hbitos de consumo prudentes e solidrios com

    os demais consumidores;

    Conhecer os mecanismos da compra antes da sociedade de

    consumo;

    Identicar necessidades primrias e secundrias;

    Problematizar o estatuto do Homem-produtor e do

    Homem-consumidor (como passmos de produtores a

    consumidores);

    Caracterizar a sociedade de consumo, desde a sua gnese at

    actualidade;

    Identicar o estatuto de consumidor (aprender a distinguir o

    consumidor nal de outros operadores econmicos);

    Classicar os espaos e as comunicaes comerciais para

    conhecer como se vive hoje a sociedade de consumo (saber

    observar os problemas dos consumidores na sociedade actual);

    Destacar a importncia do digital na sociedade de escolha

    mltipla;

    Distinguir entre a uncionalidade e o imaginrio dos bens e

    servios de consumo.

    Temas Competncias especfcas

    B. Somos aquilo que comemos Conhecer o signicado da alimentao para o consumidor dehoje, comparativamente aos interesses que movem os outros

    agentes econmicos;

    Compreender as dierentes dimenses da segurana alimentare da sua importncia para o consumidor;

    Consciencializar-se do signicado de uma higiene da

    alimentao.

    Valorizar o signicado de uma alimentao segura, no contexto

    de uma sociedade de risco;continua

    As competncias na educao do consumidor e sugesto de temas para o seu desenvolvimento

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    Temas Competncias especfcas

    B. Somos aquilo que comemos Identicar procedimentos para dispor mesa de umaalimentao segura, por sua iniciativa;

    Saber tratar a inormao do consumidor na vertente alimentar,

    seja na rotulagem, seja nas alegaes de sade;

    Compreender, a partir da composio dos alimentos, o papel

    dos dierentes ingredientes e substncias e a sua importncia

    num regime alimentar equilibrado;

    Compreender o signicado da rastreabilidade dos gneros

    alimentcios;

    Distinguir entre o uncional e o imaginrio na alimentao nas

    sociedades contemporneas;

    Adoptar comportamentos alimentares orientados para estilos de

    vida saudveis e que previnam a obesidade e o excesso de peso;

    Adoptar comportamentos adequados compra correcta dos

    gneros alimentcios, incluindo o transporte, acondicionamento,

    conservao e congelao.

    C. O elogio do consumo

    sustentvel

    Um consumidor ecolgico e

    apreciador dos bens recuperveis,

    reciclveis e reutilizveis

    Refectir sobre hbitos e atitudes de consumo responsvel

    desenvolvendo sensibilidade e atitude crtica perante o eco-consumo;

    Desenvolver sensibilidade e atitude crtica perante o eco-

    consumo;

    Ter conscincia da necessidade de conservao da paisagem e

    do meio sico;

    Descobrir que as decises de compra no so tomadas de

    orma neutra, e que infuem no ambiente de orma positiva

    ou negativa;

    Adquirir estilos de vida sustentveis; Descobrir alternativas de compra ecolgica e socialmente

    responsveis.

    Conhecer os componentes do lixo (designadamente matria

    orgnica, papel, plsticos, vidro, metais) e a possibilidade de

    o reduzir, reutilizar ou reciclar;

    continuao

    continua

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    As competncias na educao do consumidor e sugesto de temas para o seu desenvolvimento

    C. O elogio do consumo

    sustentvel

    Um consumidor ecolgico e

    apreciador dos bens recuperveis,

    reciclveis e reutilizveis

    Identicar os cuidados a ter na compra e utilizao de materiais/

    produtos, atendendo a critrios de sustentabilidade;

    Aprender a valorizar e a utilizar de modo responsvel as matrias-

    -primas escassas;

    Valorizar o uso dos meios de transporte colectivo;

    Adoptar comportamentos de conservao do ambiente;

    Adoptar uma alimentao mais saudvel, com menos aditivos e

    menos alimentos processados.

    Temas Competncias especfcas

    D. Direitos e responsabilidades

    do cidado-consumidor

    Saber identicar o acto de consumo e quando , ou no, parte

    de uma relao de consumo; Conhecer os seus direitos enquanto consumidor;

    Saber identicar os elementos inormativos que lhe permitem

    conhecer o produto (rtulos, livros de instrues, mensagens

    publicitrias, etc.) e os elementos contratuais de aquisio

    (acturas, recibos, garantias, etc.);

    Saber em que situaes poder reclamar, como e quais os meios

    para o azer;

    Conhecer as instituies a que poder recorrer em caso de

    reclamao; Identicar os seus deveres de consumidor.

    E. Quanto vale o meu dinheiro Conhecer as dierentes ormas de pagamento;

    Conhecer os vrios tipos de crdito ao consumo e os seus

    mecanismos;

    Aprender avaliar as capacidades nanceiras para comprar e /ou

    contrair crdito;

    Aprender a realizar uma planicao do oramento pessoal;

    Tomar conscincia da importncia da poupana;

    Desenvolver a capacidade de escolha na compra;

    Descobrir que as decises de compra no so tomadas de

    orma neutra, e que infuem no ambiente de orma positiva

    ou negativa;

    continuao

    continua

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    E. Quanto vale o meu dinheiro Desenvolver o sentido de responsabilidade e respeito peloscompromissos assumidos na compra e/ou no crdito;

    Tomar conscincia da infuncia que os meios de comunicao

    e a publicidade exercem na criao de necessidades;

    Aprender a descodicar as mensagens publicitrias que incitam

    ao consumo de produtos como condio para a obteno de

    prestgio, auto-estima, elicidade, de integrao num grupo;

    Desenvolver atitude crtica ace promoo do consumo

    massivo de produtos de marca atravs da publicidade.

    Temas Competncias especfcas

    F. Espelho mgico, espelho meu,h consumidor mais bonitodo que eu?

    Conhecer os mecanismos e estrutura da comunicao publicitria;

    Reconhecer o modo como a comunicao publicitria infuencia

    a pessoa, o grupo e dierentes segmentos sociais;

    Sensibilizar para os modelos sociais e para os comportamentos

    que so projectados e induzidos pela publicidade;

    Desenvolver atitude crtica ace s mensagens recebidas atravs

    dos dierentes meios de comunicao, designadamente por via

    da publicidade;

    Tomar conscincia da infuncia que os meios de comunicao

    exercem na ormao de opinies e de esteretipos promotores

    de desigualdade social, racial, sexual etc;

    Aprender a descodicar as mensagens publicitrias que incitam

    ao consumo de produtos como condio para a obteno de

    prestgio, auto-estima, elicidade, de integrao num grupo etc;

    Descobrir o enmeno das marcas e analis-lo de orma crtica;

    Desenvolver atitude crtica ace promoo do consumo

    massivo de produtos de marca atravs da publicidade.

    G. Viver seguro e saber geriro risco na sociedade deconsumo

    Adquirir o conhecimento necessrio para analisar, comparar e

    utilizar os bens e servios de orma racional e segura;

    Situaes de risco nas atitudes e comportamentos prprios da

    sua aixa etria;

    continuao

    continua

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    continuao

    As competncias na educao do consumidor e sugesto de temas para o seu desenvolvimento

    H. O elogio do consumoresponsvel

    Consciencializar-se do signicado e importncia de ser um

    consumidor responsvel;

    Avaliar as razes que justicam uma conscincia ambiental e

    social nas opes de consumo;

    Adoptar comportamentos adequados promoo de escolhas

    ambiental e socialmente responsveis;

    Descobrir as relaes que unem o consumo responsvel aodesenvolvimento sustentvel;

    Avaliar as possibilidades de atitudes de consumo tico baseadas

    nos princpios do comrcio justo (outras ormas e valores na

    comercializao dos produtos);

    Preparar-se para viver, no quotidiano, os procedimentos do

    consumo responsvel;

    Interiorizar princpios de simplicidade undados numa opo

    de qualidade de vida em que o Ser se sobreponha ao Ter.

    Temas Competncias especfcas

    G. Viver seguro e saber gerir

    o risco na sociedade deconsumo

    Identicar situaes de risco decorrentes do uso de bens e

    servios do seu quotidiano como jogos, brinquedos, telemveis,televiso, aparelhos udio;piercings e tatuagens.

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    As competncias relativas Educao para o Consumo requerem a consequente transposio para os

    curricula, pelo que apresentamos em seguida, um conjunto de sugestes para a integrao destes temas.

    Temas EC Integrao curricular ECA. Em que mundo

    compramos Lngua portuguesa e lnguas estrangeiras: compreenso, expresso oral; escrita;

    -Aplica-se a todos os temas;

    Matemtica: actividades de investigao, projectos sobre locais de compra e venda,preos, lucros

    rea do Conhecimento do Mundo/Estudo do Meio: actividades de investigao sobrediversos tipos de comrcio, comparao de produtos

    Histria: tratamento de inormao / utilizao de ontes;

    Geograa: actividades econmicas;

    Cincias sicas e naturais: sustentabilidade na Terra, Viver melhor na Terra;

    Educao artstica.: educao visual; expresso plstica; expresso dramtica

    Educao tecnolgica: tecnologia e consumo;

    rea da ormao pessoal e social: o Homem - produtor e o Homem - consumidor

    B. Somos aquiloque comemos

    Matemtica: leitura de rtulos, percentagens na composio dos alimentos;

    rea do Conhecimento do Mundo/Estudo do Meio: alimentao e sade; o corpohumano; segurana alimentar,

    Geograa: actividades econmicas;

    Cincias sicas e naturais: sustentabilidade na Terra, viver melhor na Terra sade esegurana, o organismo humano

    Educao artsticas.: educao visual; educao musical - canes, expresso dramtica; Educao tecnolgica: tecnologia e consumo;

    rea da ormao pessoal e social: Adopo de estilos de vida saudveis (previnem aobesidade)

    C. Elogio doconsumosustentvel

    Um consumidor

    ecolgico e apreciador

    dos bens recuperveis,

    reciclveis e

    reutilizveis

    Matemtica: actividades de investigao e projectos sobre percentagens, custos

    rea do Conhecimento do Mundo/Estudo do Meio:reciclagem, quinta pedaggica; ambiente;

    Geograa: actividades econmicas;

    Cincias sicas e naturais: sustentabilidade na Terra recursos;

    Educao artstica: educao visual; educao musical, expresso dramtica;

    Educao Fsica;

    Educao Tecnolgica: tecnologia e consumo;

    rea da ormao pessoal e social: Desenvolve sensibilidade e atitude critica perante

    o eco-consumo.

    reas transversais

    Educao ambiental; continua

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    As competncias na educao do consumidor e sugesto de temas para o seu desenvolvimento

    D. Direitos e res-

    ponsabilidadesdo cidadoconsumidor

    Matemtica: comparao de preos, anlise de custos;

    rea do Conhecimento do Mundo/Estudo do Meio: conhecimento do meio os servios; Geograa: actividades econmicas;

    Cincias sicas e naturais: Viver melhor na Terra sade e segurana;

    Educao artstica: educao visual; educao musical, expresso dramtica;

    Educao tecnolgica: tecnologia e consumo.

    reas transversais

    Educao ambiental;

    E. Quanto vale o

    meu dinheiro

    Matemtica: comparao de preos, realizar oramentos; previso de custos, grcos

    rea do Conhecimento do Mundo/Estudo do Meio: conhecimento do meio asinstituies e servios;

    Geograa: actividades econmicas;

    Educao artstica: educao visual; educao musical, expresso dramtica;

    Educao tecnolgica: tecnologia e consumo;

    rea da ormao pessoal e social Pr-escolar;

    reas transversais

    Educao para os media: os meios de comunicao, a moda, os produtos de marca;

    Formao pessoal e social: as representaes sociais associadas ao dinheiro; o ter e o ser.

    F. Espelho mgico,espelho meu

    Matemtica: comparao de preos, realizar oramentos; previso de custos, grcos

    Histria: a uno da moeda;

    rea do Conhecimento do Mundo e Estudo do Meio: conhecimento do meio as

    instituies e servios;

    Geograa: actividades econmicas;

    Educao artstica: educao visual; educao musical, expresso dramtica;

    Educao tecnolgica: tecnologia e consumo;

    rea da ormao pessoal e social Pr-escolar;

    reas transversais

    Educao para os media: anlise de mensagens publicitrias e sua produo; Formao pessoal e social: os mitos da beleza, riqueza.

    G. Viver seguro Matemtica: comparao de preos relativos qualidade dos produtos rea do Conhecimento do Mundo/Estudo do Meio: inter-relao entre o natural e social;

    Geograa: actividades econmicas;

    continua

    Temas Integrao curricular EC

    continuao

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    G. Viver seguro Cincias sicas e naturais: Viver melhor na Terra sade e segurana; qualidade de vida;

    Educao artstica: educao visual; educao musical, expresso dramtica; Educao Fsica;

    Educao tecnolgica: tecnologia e consumo;

    reas transversais

    Educao para os media - anlise de mensagens publicitrias e sua produo;

    Formao pessoal e social: segurana em espaos de lazer; em casa

    Educao Rodoviria.

    H. Elogio do

    consumoresponsvel

    Estudo do Meio: inter-relao entre o natural e social;

    Geograa: contrastes de desenvolvimento; actividades econmicas; Cincias sicas e naturais: Viver melhor na Terra sade e segurana; qualidade de vida:

    gesto sustentvel

    Educao artstica: educao visual; educao musical, expresso dramtica;

    Educao sica;

    Educao tecnolgica: tecnologia e consumo.

    reas transversais

    Educao para os direitos humanos;

    Educao ambiental.

    continuao

    Temas Integrao curricular EC

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    Desenvolvimento dos temas

    A. Em que mundo compramos

    Do Homem-produtor ao Homem-consumidor

    Durante milnios, o Homem-produtor capturou, cultivou e manipulou os bens da sua subsistncia.

    O Homem-produtor no invocava o suprfluo nem duvidava das suas necessidades. Ponderava todos

    os actos de consumo e a compra na feira era sempre um acontecimento social. Hoje, o consumidor

    individual tem como horizonte de consumo toda a sua vida. Onde o Homem-produtor vivia

    subjugado pela satisfao das suas necessidades primrias, o Homem-consumidor vive constrangido

    por no ter meios para satisfazer tantas necessidades secundrias. A atmosfera do Homem-produtorpautava-se pelo contingente, pelo frugal, pelo reaproveitamento.

    A atmosfera do Homem-consumidor a da escolha infindvel, ele cerca-se de sinais de opulncia,

    non e tapetes de alcatro que unem os domiclios s catedrais de consumo.

    Os problemas da sociedade dos consumidores

    As trs caractersticas dominantes da sociedade de consumo so: a abundncia, a massificao e a

    homogeneizao. Com efeito, foi o fabrico em srie que estabeleceu que, nesta nova sociedade, o mais

    difcil no era produzir bens e servios, mas criar consumidores. Algum observou que a sociedade

    de consumo comeou no dia em que se descobriu que a produo em srie tornou mais fcil fabricar

    produtos que vend-los.

    Da em diante, a economia nunca mais se fundamentou no planeamento da produo, mas nos desejos

    ou expectativas dos consumidores. Ao nascer a necessidade de criar permanentemente a predisposio

    para comprar, entraram em cena mtodos de estudo, inquritos e sondagens para procurar avaliar

    os gostos e a preferncia dos consumidores, tambm conhecidos por estudos do conhecimento do

    comportamento do consumidor.

    Como caracterizar a sociedade de consumo?Trata-se de uma sociedade que transforma o descanso do trabalho em despesas de lazer, a com-pra numa festa, a venda numa arte e o consumo num espectculo. Onde, no passado, a famlia

    era uma unidade de produo, agora est convertida numa autntica unidade de consumo.A sociedade de consumo programa o espectculo e retira toda a espontaneidade organizaodo mercado.

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    Desenvolvimento dos temas

    Com o desenvolvimento de comunicaes comerciais envolvendo marketing, publicidade emerchandising, iniciou-se uma era de seduo, mas tambm de desequilbrio de mercado, uma vezque os abricantes, prestadores de servios e intermedirios de dierente ndole se muniram de

    instrumentos capazes de subverter as reerncias culturais e os hbitos de consumo.

    Estas indstrias da seduo zeram-se acompanhar de um novo desenvolvimento dos media. No por acaso que a sociedade de consumo se desenvolve da rdio para a televiso, e desta para odigital. Ao tornar-se meditico, como qualquer outro objecto, o consumo perdeu espontaneidade,passou a depender do que dele pensam os diversos construtores de opinio, que tanto podem ser osanunciantes como a moda.

    Em direco hiperescolha: a encenao das compras

    At sociedade de consumo, o espao social da compra e da venda era determinado pela sazonalidade

    dos bens e pelos rituais da sua representao social (caso das estas, eiras e romarias). H quemaponte, como primeira maniestao da abundncia (ou seja, a passagem do consumo de subsistnciapara o consumo de massas) a espectacularidade dos grandes armazns, que surgiram em nais do sc.XIX, no apogeu da primeira industrializao.

    Assim se iniciou uma prounda transormao das relaes entre o comprador e o vendedor e oaparecimento destes novos locais de venda levou o escritor mile Zola a armar que tinha surgidouma nova religio em que os grandes armazns eram templos.

    O consumo actual abundante, prouso, simultaneamente massicador e desmassicador, homogneoou dierenciador.

    abundante porque tem uma variedade insacivel, no tolera o racionamento e no se adapta s restries; massicador quando implica o estabelecimento de laos e de relaes entre pessoas sem a necessidade deas pr em presena sica (os shows de massas podem congregar no mesmo dia e mesma hora milhes oubilies de pessoas sem nenhuma distino de classe ou preconceito poltico-religioso).

    Graas s novas tecnologias, o consumo desmassicador, criando sries curtas que permitem apersonalizao de um qualquer bem de consumo de massas (cada um de ns pode comprar um carroutilitrio e escolher mltiplos acessrios que avorecem o sentido da individualizao da compra).

    Como vivemos hoje a sociedade de consumo?O consumidor, graas s mudanas tecnolgicas e ao recurso constante s telecomunicaes, esta alterar as suas relaes com dierentes grupos prossionais: um doente pode apresentar-se numaconsulta mdica com um diagnstico eito atravs da Internet; um doente com cancro da prstatapode ser auxiliado por uma enermeira e o meio complementar de diagnstico ser o computador;tambm no mundo dos servios nanceiros hoje possvel encontrar stios na Internetde ajuda naplanicao de investimentos e aplicao de aorros.

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    O uncional e o imaterial do consumo

    Deve-se ao socilogo Robert Rocheort (La Socit des Consommateurs, Odile Jacob, 1995) a observao de

    que o mistrio do consumo resulta da combinao que se estabelece entre a necessidade e o prazer.

    Enquanto consumidores, gostaramos de poder separar claramente as unes e opes do consumo, de-

    marcando, de um lado, os bens utilitrios (por exemplo, um pacote de detergente ou uma lata de salsichas)

    e os produtos de luxo que podem ser estatutrios ou que requerem momentos especiais de compra.

    S que, na prtica, as coisas no se passam assim, pois no h objectos que sejam puramente uncionais

    ou escolhas undadas simplesmente no imaginrio. Por detrs do produto mais banal, esconde-se

    sempre um imaginrio. A evocao do imaginrio no ser orosamente explcita na ocasio de cada

    compra, mas motiva o acto do consumidor, pelo menos inconscientemente.

    O prazer do consumo muitas vezes inconessado e, regra geral, no se aceita como uma recompensa.

    O consumo (continuamos a evocar Robert Rocheort) uma actividade econmica que s obedece prpria lgica do seu desenvolvimento.

    Se verdade que a noo de prazer uma componente intrnseca do consumo, h numerosas ormas

    de prazer. Por exemplo, o prazer que est ligado ao consumo imediato, e em muitos casos ,

    simultaneamente, emero. Alguns prazeres, talvez os mais importantes, apresentam-se numa relao

    de alteridade, ou seja, numa linha totalmente oposta da destruio.

    Do presente para o uturo da sociedade de consumo

    Uma das mais interessantes anlises sobre as tendncias actuais do mercado de consumo, encontra-seem A Era do Acesso, de Jeremy Rikin (Editorial Presena, 2001).

    A economia est progressivamente a desmaterializar-se, tendo-se passado de uma economia de produtos

    para uma economia de servios. O que que, concretamente, est a ocorrer nesta Era do Acesso?

    Primeiro, deu-se uma completa transormao do papel da propriedade (as transaces mercantis

    esto a dar lugar s alianas estratgicas e, igualmente, estamos em vias de passar da produo

    industrial para a produo cultural).

    Segundo, entrmos na era da economia conectada (o ciberespao), o que introduziu um novo conceito

    de ciclo de vida dos produtos (produtos electromecnicos que podiam durar vrias dezenas de anos h

    algum tempo atrs, tm hoje uma durao mdia de vida entre trs a cinco anos e os equipamentos

    inormticos que tinham, em geral, um ciclo de vida de 10 anos ou mais, tm-no hoje encurtado para

    dois anos). Nesta economia de rede, passaram a existir relaes entre ornecedores e utilizadores que se

    assemelham cada vez mais s relaes que as indstrias culturais oram orjando com o seu pblico.

    Terceiro, a desmaterializao econmica no co cientca: no imobilirio, assiste-se reduo

    dos espaos de escritrio, os centros comerciais sorem cada vez mais a concorrncia do comrcio

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    electrnico, somos cada vez menos uma sociedade de dinheiro lquido, que declina a poupana e

    acentua o endividamento pessoal. Muitas empresas j no procuram tornar-se proprietrias das suas

    infra-estruturas, preferindo obt-las por emprstimo, encarando-as como uma despesa a curto prazo.

    Assim se expandiu o leasing e a subcontratao.

    Quarto, o sistema capitalista est a operar uma reconstruo sistemtica dos seus princpios e

    instituies centrais. Em vez de se vender propriedade, aces ou produtos, recorre-se sistematicamente

    figura da concesso. A nova face do capitalismo revela-se no crescimento intenso do franchising.

    Acresce que a concesso no se circunscreve a computadores, fast-food ou roupa desportiva. As

    biotecnologias tambm so acessveis em leasing.

    Quinto, a economia de produo est a ser progressivamente substituda por uma economia de

    servios e esta transio diminui significativamente a importncia da propriedade, tanto no mundo

    da empresa como na vida privada. Como escreve Rifkin, Os produtos esto venda, os servios esto

    disponveis. Numa economia de servios, o tempo humano que transformado em mercadoria, e j no o espao

    ou as coisas. Os servios implicam sempre uma relao entre seres humanos, mais que a relao entre um ser

    humano e uma coisa.

    Excerto de uma carta de Ea de Queirsao Presidente da Companhia das guas de Lisboa

    Ilmo. E Exmo. Senhor (...) director da Companhia das guas (...):

    (...) falemos um pouco (...) dos nossos contratos (...) temos ns _ um para com o outro _ um certo nmerode direitos e encargos. Eu obriguei-me para com V. Ex. a pagar a despesa de uma encanao, o aluguerde um contador e o preo da gua que consumisse.

    V. Ex., pela sua parte obrigou-se para comigo a fornecer a gua do meu consumo.

    V. Ex. fornecia, eu pagava. Faltamos, evidentemente, f deste contrato: eu, se no pagar, V. Ex. ...se no fornecer.

    Se eu no pagar, V. Ex. faz isto: corta-me a canalizao.

    Quando V. Ex. no fornecer, o que hei-de fazer, Exmo. Senhor? evidente que para que o nosso contratono seja inteiramente leonino, eu preciso, no anlogo quele em que V. Ex. me cortaria a canalizao, decortar alguma coisa a V. Ex. (...)

    De V. Ex. com muita considerao...

    Ea de Queirs

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    Propostas de Actividades

    Encenao de uma eira ou uma romaria para identicar os problemas do Homem-produtor; Visita a uma eira actual, procurando modos de comparao com as eiras dos tempos rurais;

    Preparao de um dossi de recortes e testemunhos acerca das actividades de consumo na pr-

    -industrializao (recolha de depoimentos de amiliares, estudo de otograas, postais, gravuras

    anteriores a 1960...);

    Identicao da atmosera e organizao do espao de uma mercearia ou drogaria antiga e

    percorrer um hipermercado, registando as dierenas (por registo otogrco, entrevistas,

    inquritos, listagem de produtos...);

    Comparao da apresentao dos produtos no tempo do Homem-produtor com os modos de

    apresentao actuais (recolha de embalagens antigas e conronto com as modernas); Visita s principais ruas de comrcio numa pequena cidade, numa grande cidade e num centro

    comercial (identicar elementos de massicao, homogeneizao e globalizao atravs de

    registo otogrco, recolha de dierente comunicao publicitria e entrevistas);

    Elaborao de um dossi prtico sobre as possibilidade que abre, hoje, o comrcio electrnico;

    Simulaes de compra online na aula, avaliando as vantagens e os riscos deste modo de aquisio

    em tempo real.

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    B. Somos aquilo que comemos(A alimentao na perspectiva dos consumidores)

    De que estamos a alar?

    Para os consumidores, a alimentao deve cumprir os seguintes objectivos:

    Assegurar um abastecimento em quantidade e qualidade sucientes;

    Favorecer, sempre que possvel, um equilbrio entre a oerta e a procura que permita adquirir os

    alimentos a preos razoveis;

    Garantir a existncia de um sistema de controlo e vigilncia undado nos princpios orientadores

    da poltica comunitria de segurana alimentar (avaliao, gesto e comunicao dos riscos, umalgica do do prado ao prato, o primado do princpio da precauo, entre outros);

    Garantir a observncia de normas de agricultura prudente que dissuadam o uso indiscriminado

    de pesticidas, equacionando a todo o momento a sade, a agricultura, o ambiente e os assuntos

    da mesa;

    Possuir uma inormao objectiva e segura, que leve o consumidor a dispor de critrio ace

    rotulagem e publicidade.

    Como se chegou rebelio das mesas

    Sempre houve alimentos inquinados e/ou txicos; sempre houve que prevenir as toxineces alimentares,

    e a histria da sociedade de consumo est atravessada por inquietaes mesa: aditivos alimentares,

    resduos de pesticidas, metais pesados, carne com hormonas... mas nos anos 90 essas inquietaes

    tornaram-se em fagelos, obrigando a grandes infexes de mentalidade. Vejamos o que se passou:

    Em primeiro lugar, ganhou-se conscincia de que a alimentao massicada tem benecios mas

    tem tambm custos indesejveis (ser o caso das substncias promotoras de crescimento).

    Em segundo lugar, o consumidor sabe que muito limitada a sua actuao no risco alimentar.

    a comunidade cientca que estabelece o que consumvel e o que no , o consumidor espera

    da comunidade cientca inormaes sobre uma eventual associao entre a doena das vacasloucas e a doena de Jacob-Creuzeld.

    Em terceiro lugar, o consumidor sabe que a qualidade dos alimentos diverge consoante a ptica

    de quem a aprecia: a qualidade para um agricultor poder no coincidir com a do armazenista e

    a deste no coincidir com a do consumidor. Da a alimentao ser alvo de mltiplas abordagens,

    azendo intervir inmeros actores.

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    Em quarto lugar, vivemos numa poca onde parece ponticar o individualismo prudentee os comportamentos camalenicos no consumo. A partir dos anos 90 incontestvel que oconsumidor aprendeu a dierir as suas compras, especializou-se em promoes, havendo quem

    procure nos alimentos a mais moderna tecnologia, como tambm cresce a propenso para osalimentos tradicionais; h tendncias de mercado orientadas para uma alimentao saudvel,tnica, biolgica e at ecolgica.

    Como pano de undo, temos uma agricultura em que a qualidade tem o seu expoente mximo nopreo, pouco dierenciada e intrinsecamente competitiva, apoiada pela investigao cientca, cujadinmica assenta na reduo do valor acrescentado e na progressiva utilizao de biotecnologias.

    Aps a ecloso dos grandes fagelos alimentares, o cientista, o agricultor e o decisor poltico descobriramque, em todas as circunstncias, passou a ser necessrio dizer a verdade e com oportunidade, semhostilizar os dois tipos de agricultura baseados na massicao e nos nichos de qualidade.

    Do mercado da segurana segurana alimentar

    O conceito de segurana compreende mltiplos domnios: o sanitrio, o nuclear, o rodovirio, asegurana pblica, a proteco dos dados pessoais, a proteco civil, a segurana inantil... h quemtrate como sinnimos segurana e qualidade, o que no verdade.

    O objectivo da segurana implementar um sistema de proteco que permita azer ace aos perigosque ameaam as pessoas ou bens. A segurana sanitria muitas vezes entendida como a protecocontra os riscos que pem em causa a integridade sica ou a sade das pessoas. Tambm aqui temosuma conuso entre segurana sanitria e segurana das pessoas.

    A segurana sanitria pode ser entendida como uma segurana das pessoas contra os riscos associadosa escolhas teraputicas, aos actos de preveno, de diagnstico e de cuidados, ao uso de bens eprodutos de sade, assim como intervenes e decises das autoridades sanitrias. Em consequncia,a segurana sanitria inclui no seu mbito no apenas as actividades de preveno e cuidados, mastambm os bens e servios que visam a teraputica, o diagnstico e a preveno, e at alimentos evectores de sade como o ar ou a gua.

    Por isso, a segurana alimentar deve ser encarada como um subconjunto da segurana sanitria.

    O objectivo da segurana alimentar proteger a sade das pessoas contra as ameaas associadas

    aos alimentos.A qualidade outra coisa. Ela pode ser denida como a aptido para satisazer as necessidades doutilizador. A procura do utilizador ou do consumidor contribui para denir o que representa umbom ou satisatrio nvel de qualidade.

    Para os produtos de consumo corrente (com excepo dos medicamentos), a noo de qualidadeintegra a de segurana, desde que o produto seja usado em condies normais e previsveis. Para omedicamento, a qualidade um elemento de segurana.

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    Desenvolvimento dos temas

    H dierentes tipos de enquadramento da qualidade: regulamentao, determinao de exignciasessenciais ou normas.

    No domnio alimentar, a poltica de qualidade comeou por ter um objectivo econmico: a procura deprodutos de excelncia (sobretudo na dimenso organolptica, que caracteriza os alimentos segundoo seu sabor, aroma, cor, textura ou aspecto) por um certo nmero de consumidores. Esta procuraautoriza custos de produo superiores mdia que podem ser repercutidos nos preos. As produesde qualidade (caso dos produtos tradicionais) podem trazer solues para regies economicamentedesavorecidas. Observe-se, porm, que a noo de qualidade nos produtos alimentares apresentamuitas vezes aspectos que podem ser contraditrios: a qualidade sanitria, nutricional, organolpticae de servio para o consumidor.

    Hoje, a segurana num alimento no diverge da de qualquer outro produto. Por isso se recorre rastreabilidade (ou traabilidade, para alguns autores, mas com o mesmo signicado) que a

    possibilidade de acompanhar, em todas as ases da cadeia, o caminho que o produto percorre desde asua origem at utilizao nal.

    A alimentao, entre o material e o imaginrio

    A alimentao mobiliza um nmero impressionante de disciplinas e reas transversais (basta pensar naepidemiologia, na nutrio, na segurana alimentar, nas biotecnologias, na economia, na sociologia,na psicologia ou na antropologia).

    Todas elas so importantes para indagar as unes socioculturais e econmicas dos modelosalimentares, a interaco entre o social e o biolgico, entre o que se come e a qualidade de vida das

    populaes. da sua conjugao que se vo conhecer os itinerrios do consumo alimentar, ou seja,como comemos, como estruturamos as nossas reeies de acordo com as aixas etrias e os estatutossociais, como se compem as principais reeies, quais as normas e prticas vigentes.

    Todos estes aspectos so importantes, j que actualmente predomina a procura de simplicao daestrutura das reeies. Tambm por isso, essa simplicao ter que ser equacionada com a srie depequenas reeies (aperitivos e snacks) que institucionalizam preceitos sociais mas que tambmpodem constituir uma sria ameaa ao equilbrio e harmonia alimentares. Por esta razo, os inquritostm que questionar onde se come, com quem, o qu, o perl das dierentes reeies, etc.

    De acordo com os estudos que podem servir de reerncia, constata-se que a par da desestruturao

    alimentar, continuam a predominar no nosso regime as reeies principais, a existir sincronizaosocial (a despeito da fexibilidade de horrios e das distncias entre a escola e o local de trabalho e aresidncia, continua a existir a vontade de manter uma ou duas reeies em amlia por dia) e o espritode ritualizao (ou seja, cada um de ns procura alternar reeies comuns e reeies estivas).

    De igual modo, os estudos vo-nos permitindo identicar as representaes que temos da alimentao:o que so alimentos essenciais, como se hierarquizam, qual a relao entre os alimentos, a sade e asprticas culinrias.

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    Defnio e fnalidade da rastreabilidade

    A rastreabilidade de um produto a possibilidade de o seguir em todas as ases da cadeia de produo

    - distribuio, graas a um sistema de inormao apto a descrever o caminho que ele percorre desde

    a sua origem at utilizao nal, sem nenhuma excluso de etapas.

    Isto pressupe a existncia de meios tcnicos de acompanhamento (inormatizao da cadeia,

    automatizao da rotulagem, sistema de identicao), bem como meios de controlo e de inspeco

    sucientes a trs nveis: autocontrolo (pelos prprios produtores e distribuidores), organismos

    independentes e poderes pblicos.

    Acompanhando tais domnios, o percurso mais ou menos o seguinte: no medicamento clssico,

    a aculdade de identicar o percurso de modo geral pra no armacutico, se bem que por meios

    inormticos se possa conhecer a identidade do consumidor. Em contrapartida, quando se trata de

    produtos teraputicos de origem humana, regista-se a identidade do utilizador nal (caso da ddivade sangue ou do transplante).

    No caso dos gneros alimentcios, a rastreabilidade bastante limitada quando se trata de

    hortorutcolas, pereitamente identicada quando se trata de produtos biolgicos e comea a

    s-lo no matadouro. Com a crise das vacas loucas, passou a ser possvel identicar os animais pela

    rotulagem, se bem que no se conhea o seu modo de alimentao.

    Quanto nalidade, no caso dos produtos de sade manuacturados, a rastreabilidade permite uma

    identicao dos lotes em caso de acidente de abrico e a sua retirada do sistema de distribuio.

    H, por consequncia, um objectivo de segurana sem que os meios sejam usados para a garantirtotalmente, pois o consumidor no est identicado. Tratando-se de produtos de origem humana,

    o objectivo tambm o de garantir uma maior segurana, permitindo teoricamente a retirada total

    dos produtos no consumidos em caso de perigo e o acompanhamento dos doentes que os tenham

    previamente utilizado.

    A rastreabilidade permite assim poder retirar os produtos suspeitos do mercado e impedir a sua

    utilizao. O sistema dever poder uncionar mesmo depois da dispensa do produto ao doente se este

    ainda no o tiver consumido.

    A rastreabilidade permite igualmente identicar a cadeia de transmisso de uma doena ou, pelo

    contrrio, ilibar um produto quando se pe a hiptese de uma contaminao.

    No domnio alimentar, a meno obrigatria nos alimentos do nmero do matadouro acreditado

    ou da ocina de acondicionamento ou transormao obedece ao mesmo tipo de nalidade: vericar

    que os produtos comercializados oram produzidos em conormidade com as normas sanitrias;

    permitir a sua retirada da cadeia em caso de contaminao; azer retirar lotes do mercado; identicar

    responsabilidades.

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    Desenvolvimento dos temas

    Como podem os consumidores actuar para dispor de uma alimentao segura

    Os consumidores no s esperam um comportamento diligente e vigilante da Administrao e

    dos restantes operadores que intervm na cadeia alimentar como esperam ser capazes de reduziras possibilidades de vir a sofrer de toxinfeces alimentares e melhorar as prticas higinicas e a

    qualidade do regime alimentar.

    O primeiro critrio de qualidade de um alimento que este seja seguro para quem o ingere. Problemas

    como as vacas loucas, a febre aftosa ou a gripe das aves no so estritamente problemas de segurana

    alimentar mas de sanidade alimentar, se bem que os media, as autoridades pblicas e os consumidores

    os tivessem metido equivocamente no mesmo saco que a salmonelose, a listeriose ou o botulismo. O

    mesmo se dir dos problemas derivados dos resduos de antibiticos, das dioxinas nos frangos ou dos

    benzopirenos nos banhos de fritura.

    Com a crise das vacas loucas descobriu-se que os controlos exigveis no se realizavam ou faziam-se incorrectamente e as autoridades (tanto da agricultura como da sade) no dispunham de dados

    precisos que permitissem avaliar a gravidade do problema. A falta de eficcia no sistema de inspeco

    provocou uma onda de cepticismo face s justificaes das autoridades.

    Nascia assim a segurana alimentar actual, movida pelo imperativo de recuperar a confiana dos

    consumidores, de que se destaca, tal como no passado, o papel da formao do manipulador de

    alimentos para prevenir as toxinfeces, bem como o modo como se devem processar as compras e a

    manipulao de alimentos pelos consumidores para manter a salubridade da comida.

    Cuidados em casa Saber por quanto tempo se podem guar-

    dar os alimentos em casa: por exemplo,o peixe fresco ou refrigerado o alimen-to que menos tempo deve permanecerno frigorfico.

    Para congelar em casa: s um congela-dor com quatro estrelas assegura tem-peraturas de 24 graus negativos, sem

    riscos para a sade. Manter uma higiene escrupulosa na co-

    zinha, limpando e desinfectando ade-quadamente as diferentes superfcies,utenslios, panos e esfreges.

    Cuidados na compra Alimentos crus ou refrigerados: no in-

    terromper a cadeia do frio.

    Saber organizar as compras: comea-se por comprar os produtos que no sode alimentao, seguem-se os alimentosque no necessitam de frio (a ordem de-pender da resistncia), a seguir os refri-gerados e, por ltimo, os congelados (

    conveniente o uso de sacos isotrmicos). Verificar se no equipamento de frio do

    estabelecimento h termmetros e serespeita a linha de frio das gndolas; oscongeladores devem estar temperaturaconstante de 18 graus negativos.

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    O elementar sobre a higiene nas nossas cozinhas

    Os fabricantes, os fornecedores e os vendedores

    tm uma pesada responsabilidade no fornecimento

    de alimentos seguros. Mas, num dado momento,

    essa responsabilidade passa para os consumidores.A reduo dos riscos de contaminao , assim,

    um assunto que diz respeito a todos ns.

    falso pensar-se que s se contraem infeces ali-

    mentares nos pases quentes e no tempo quente.

    O risco est presente todo o ano, incluindo em

    nossas casas e, sobretudo, na cozinha.

    O cumprimento das normas de higiene e asseio

    reduzem o risco de contaminao. O uso adequa-do da refrigerao pode impedir as bactrias de

    se multiplicarem a um ritmo acelerado. O calor

    mata as bactrias. O perigo de contaminao si-

    tua-se na zona de temperatura entre os 10 e os

    55., o que no significa, no entanto, que no haja

    multiplicao abaixo dos 10 e acima dos 55.

    O Declogo da Organizao Mundial da Sade

    1. Escolher alimentos higienicamente tratados;2. Cozinhar bem os alimentos;

    3. Consumir imediatamente os alimentos cozinhados;

    4. Guardar cuidadosamente os alimentos cozinhados;

    5. Reaquecer bem os alimentos cozinhados;

    6. Evitar o contacto entre os alimentos crus e cozinhados;

    7. Lavar correcta e frequentemente as mos;

    8. Manter escrupulosamente limpas todas as superfcies da cozinha;

    9. Manter os alimentos fora do alcance dos insectos, roedores e outros animais;

    10. Utilizar somente gua potvel na preparao dos alimentos.

    O que so contaminaescruzadas e como preveni-las

    Significam a transmisso de microorga-nismos patognicos de um alimento paraoutro atravs de manipuladores ou super-fcies. So especialmente perigosas quan-do se produzem a partir de alimentos cruspara alimentos processados. Neste caso, assubstncias patognicas encontram poucasbarreiras e podem proliferar. Nos alimen-tos processados, o risco mais remoto, so-bretudo quando foram tratados por calor.

    H toda a vantagem em utilizar diferen-tes tbuas para cortar ou confeccionar cadatipo ou grupo de alimentos ou limpar e de-sinfectar de forma adequada todo o mate-rial que pode ser empregue para alimentoscrus e preparados.

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    Desenvolvimento dos temas

    A higiene da alimentao procura sensibilizar os consumidores para a necessidade de estar atento

    para o estado dos alimentos no acto da compra, durante o transporte at casa e, aqui, com a sua

    conservao e a preparao.

    No tocante conservao, recomendada a escolha de uma temperatura adequada, quer se trate de

    carne, legumes ou manteiga (ou seja, preciso saber usar o frigorfico). Recomendao especial vai

    para a carne picada que deve ser consumida o mais rapidamente possvel. Durante a conservao,

    importa evitar a contaminao cruzada (esta consiste em evitar que alimentos de risco como a carne

    crua entre em contacto com alimentos preparados).

    Faz igualmente parte desta higiene da alimentao sensibilizar os consumidores para as temperaturas

    de aquecimento, para o bom arrefecimento dos alimentos, bem como para uma boa descongelao.Finalmente, os utenslios de cozinha adequados e mantidos limpos, esfreges e esponjas substitudos

    regularmente, a no presena de animais domsticos na cozinha e a limpeza do frigorfico e da arca

    congeladora so indispensveis.

    A segurana alimentar em nossas casas

    Nos alimentos refrigerados e congelados, os sinais de alterao (cor, odor, textura, sabor...)convertem-se em sinais de segurana: quando o alimento est perceptivelmente alterado nodeve ser consumido. Aps a refrigerao, a congelao o tratamento que menos modificaesproduz nos alimentos.

    Nalguns alimentos, a listria resiste vrias semanas na congelao (18 graus negativos), sebem que em condies cidas a sobrevivncia seja mais curta. Ao contrrio do que se passacom a maioria dos microorganismos, as listrias podem multiplicar-se na refrigerao.

    Alimentos tratados pelo calor

    A destruio dos microorganismos devido ao calor (temperaturas superiores quelas em quese desenvolvem tais microorganismos) deve-se coagulao das protenas e inactivao dasenzimas necessrios para o seu normal metabolismo, provocando-lhes a morte.

    Os alimentos podem-se contaminar e existe um risco quando a aplicao de um tratamentotrmico insuficiente dado que no elimina os microorganismos patognicos ou quando osalimentos se contaminam depois do tratamento trmico.

    O botulismo causado pela produo de toxinas botulmicas de natureza proteica que so ostxicos naturais mais potentes actualmente conhecidos.

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    O que devemos saber sobre as alegaes de sadeComo um regime alimentar equilibrado sempre problemtico, h que agitar o fantasma do stresse, da

    ansiedade, da hipertenso ou do envelhecimento para vender alimentos disfarados de medicamentos.

    A ofensiva dos laboratrios consiste em criar um estado de esprito favorvel a acolher os alimentos

    funcionais como podendo melhorar as funes do organismo e reduzir o risco de certas doenas. este o conceito central das investigaes de alimentos tratados como alimentos do futuro.

    Descobrem-se funes para tudo: aco sobre a saciedade, sobre a hipertenso, a trombose, a

    imunidade, a absoro dos minerais; as promessas no param volta do bem-estar intestinal e do

    clon... provas irrefutveis no h, mas o mercado prospera.

    Estas alegaes de sade so legais?

    De um modo geral, so todas ilcitas, pois o alimento-sade no passa de um conceito de marketing e no

    se pode confundi-lo com produtos dietticos, alimentos de regime e complementos alimentares.

    Recorde-se que os produtos dietticos se destinam a pessoas que tm necessidades nutricionais especficas

    devido a perturbaes metablicas, doenas ou prtica intensa de actividade desportiva. Estes produtos

    so, no entanto, considerados gneros alimentcios e no esto equiparados a medicamentos, devendo

    vender-se em prateleiras especficas e com a meno de que se destinam uma alimentao especial.

    Passando aos complemento alimentares, fontes concentradas de nutrimentos ou outras substncias

    com efeito nutricional ou psicolgico, a recente legislao europeia veio pr termo bruxaria

    em supermercado. De facto, lojas de sade, de produtos naturais, parafarmcias ou a venda por

    correspondncia, todas fornecem cpsulas, pastilhas, drageias, ampolas, vitaminas e sais minerais,

    plantas ou produtos naturais e produtos associados a diferentes nutrimentos.

    Benzopirenos

    Se submetermos uma gordura a um aquecimento excessivo com presena de fumo, a degrada-o trmica leva a que se acumulem uma srie de substncias pertencentes cadeia de hidro-gnio e carbonos apolares (popularmente conhecidos como gorduras) a que se juntam gruposde benzeno, caracterizados por possurem uma elevada toxicidade.

    Segundo a legislao europeia, a rotulagem e a publicidade de um gnero alimentcio nopodem invocar propriedades de preveno, tratamento ou cura de uma doena humana. Porconsequncia, nenhum alimento, mesmo que enriquecido, pode sugerir impacto sobre asade. Alis, h pases em que o enriquecimento de alimentos correntes est proibido, ficandoapenas reservado alimentao especial.

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    Desenvolvimento dos temas

    A comunicao comercial utilizada nestes casos muito sedutora: para facilitar a digesto, melhorar

    a circulao, combater a fadiga, embelezar, restaurar cabelo e unhas. Segundo a legislao europeia,

    as embalagens devero indicar a meno complemento alimentar, precisar o nome das categorias

    das substncias que constituem o produto e prevenir quanto s consequncias dos excessos. Noutrostermos, a rotulagem deve destacar os eventuais riscos para a sade em caso de utilizao excessiva.

    De novo, somos remetidos para a informao que devida ao consumidor para a validao cientfica

    das alegaes nutricionais e funcionais e para o contedo da rotulagem.

    Os grandes princpios da rotulagem alimentar so praticamente esquecidos pelos fabricantes dos

    alimentos-sade, que querem superlativar, com chamadas de ateno, a reduo de gorduras, exaltar

    as protenas, o fsforo e recorrer a expresses genericamente associadas boa forma fsica (equilbrio;

    bem-estar; energia; vitalidade...).

    A Comisso Europeia tem procurado pr ordem nesta confuso de hiprboles, e vai cortar a direito

    na lista de ingredientes. A partir de agora, a lista deixa de se restringir aos grandes ingredientes

    (os que representam pelo menos 25 por cento na composio), passando a englobar ingredientes

    compostos (vinagre, molhos...) para proteger pessoas com predisposio s alergias.

    A Europa continua a trabalhar nas alegaes de sade, mas ainda cedo para se saber se vo ser

    validadas as alegaes funcionais, e em que circunstncias. Alm disso, a publicidade cada vez mais

    questionada. Ela pode no ser enganosa mas pecar por omisso.

    Segundo os especialistas, a nica forma de, construtivamente, se barrar o caminho a esta insidiosa

    ofensiva dos alimentos-sade promover a educao alimentar: saber qual o papel das fibras, a

    funo das gorduras, quais os aportes nutricionais recomendados, o que que podemos encontrar

    nos alimentos, quais as novas carncias alimentares decorrentes dos estilos de vida pouco saudveis e

    como que podem ser corrigidas, ou como se perfila hoje a ameaa da obesidade.

    O que esperar da rotulagem nutricional e dos alimentos de baixas calorias?

    O rtulo nutricional dever mencionar a quantidade de um nutriente e/ou o respectivo valor

    energtico. Quando h alegaes comparativas, o confronto dever ser feito entre alimentos da

    mesma categoria. Em termos de comunicao nutricional, convir separar as menes por categorias:

    as alegaes quantitativas (rico em, enriquecido com, teor garantido em, pobre em...) e as

    Os fabricantes no podem estabelecer discricionariamente as alegaes, seja a propsito denatural (que um produto no tratado e sem aditivos), novo (que tem um mtodo defabrico distinto dos anteriores), puro (que constitudo por um s elemento) ou caseiro.

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    alegaes de sade (produtos lcteos que reoram a imunidade, gorduras que prometem reduzir ocolesterol...). Nas alegaes quantitativas, preciso estar atento s miragens. Se entendido comoalimento de baixas calorias aquele que tem menos de 25 % de acar ou menos 50 % de energia

    ornecida pela gordura, h inmeros produtos para os quais no houve, at ao presente, termo decomparao. Ou seja, para conhecer o grau de aligeiramento de um produto indispensvel podercomparar a rotulagem nutricional com a de um artigo equivalente no ligeiro. E a comparao undamental quanto aos teores de gordura e acar. A manteiga com menos gordura tem interessepara os grandes consumidores de matria gorda (h o problema do gosto); o chocolate com menosacar no serve para nada; as barras de cereais tm menos gordura, mas estes produtos de baixascalorias no esto recomendados para regimes destinados a perder peso.

    A obesidade, o mal do princpio do sculo

    H j quem ale em pandemia, epidemia e catstroe sanitria. Depois da Assembleia Mundial de Sade,realizada em 2004, a misso de lutar contra a obesidade tornou-se num objectivo prioritrio da sadepblica, a nvel europeu. Fala-se em legislar, (1) propondo o m dos alimentos altamente processadosnos estabelecimentos de ensino pblicos e at mesmo na obrigatoriedade dos industriais nanciaremmensagens nutricionais para reduzir os eeitos da publicidade destinada s crianas. Os relatrioscientcos so to alarmantes que azem prever medidas mais rigorosas: o custo da obesidade vai agravarbrutalmente o crescimento das despesas de sade e dentro de dez anos uma em cada trs crianasser declaradamente obesa. H quem preveja que daqui a vinte anos, devido obesidade, vai baixara esperana mdia de vida. Esta nova situao decorre do progressivo aumento da densidade calricaassociada menor actividade sica, procura de alimentos-prazer e aos comportamentos inadaptados,

    caso do petiscar a toda a hora.Ser que o problema passa pelos bons ou maus produtos ou se a resposta mais eectiva estar numaboa utilizao dos alimentos?

    Primeiro, a obesidade uma preocupao mundial, no um problema s dos Estados Unidos ouda Unio Europeia. Os chineses tinham uma excelente massa ponderal que est a perder-se com onovo poder aquisitivo nas reas industrializveis. Seja como or, os EUA esto na primeira linha doproblema de obesidade a tal ponto que os seguros de vida j so calculados em uno do peso dostomadores de seguros...

    Segundo, a obesidade maniesta-se por erros na proporo calrica, pela elevada taxa de insucesso

    nas tentativas de perda de peso (que se baseiam undamentalmente na proibio, isto quando aspessoas reagem de maneira dierente ao consumo alimentar). A nova estrutura amiliar ps termo necessidade de comer e de conrontarmos o que comemos a nvel amiliar. A partir de tenra idade, acriana apreende que tem completa liberdade para decidir o que come e que a alimentao primeirosatisao e s depois um requisito da sade.

    (1) Educao em meio escolar, rerencial para uma oerta alimentar saudvel. Ministrio da Educao, (2006)

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    Desenvolvimento dos temas

    Terceiro, querer inverter o flagelo da obesidade exige de uma nova procura e novos comportamentosdos consumidores. de prever que os produtos que no respondam reduo da carga calricadeixaro o consumo quotidiano e ficaro confinados alimentao festiva. A nutrio deixar de ser

    uma norma padro e adaptar-se- medida de cada indivduo.Quarto, somos hoje uma sociedade de consumo diferente daquela que existia h 50 anos. O ambiente totalmente diferente, h uma discordncia cronolgica entre a evoluo e a adaptao do genoma.Muito provavelmente no estvamos preparados para este enorme salto que conduziu hiperescolhaalimentar, num contexto de vida sedentria, de stresse e da possibilidade de comer sem parar umacornucpia de bens que decorrem da agricultura produtivista.

    Quinto, intil s responsabilizarmos a indstria alimentar como se no tivssemos voto namatria no mau uso dos alimentos e no existisse um vector educativo para saber decidir em nossoproveito dentre a profuso de produtos e no nos competisse uma gesto personalizada da relao

    que estabelecemos com os alimentos. As instituies pblicas e privadas tm que se concertar paraque haja mensagens unvocas e podermos assim responder a uma expectativa de solues duradourasface obesidade.

    Sexto, no obstante a estratgia educativa, a sade pblica e a proteco do consumidor dependemde um quadro legislativo que dever ser periodicamente reavaliado.

    Por exemplo: podem-se responsabilizar as empresas pela obesidade como se responsabiliza a indstriatabaqueira pelo tabagismo? Quem deve intervir na educao para a sade e quais os limites que sedevem pr ao marketing alimentar na seduo das crianas? Deve-se encontrar uma soluo fiscal paratratar certos alimentos tal como acontece com o tabaco e o lcool? Perguntas ainda sem resposta.

    Rotulagem dos gneros alimentcios: a sua importncia para os consumidores

    Em primeiro lugar, o consumidor tem direito a uma informao completa sobre o peso, a composio,os ingredientes e se alguns deles so susceptveis de avivar alergias, modos de utilizao, entreoutros requisitos.

    Temos, depois, as questes relacionadas com o combate fraudulncia, ao denegrimento das marcase a prpria frescura dos alimentos que pretendemos comprar.

    Na rotulagem obrigatrio o seguinte: as

    indicaes devem ser completas, verdadei-ras, e esclarecedoras no que respeita natu-reza, composio, qualidade, quantidade,validade, ou qualquer outra caractersticaprpria do produto a que se referem e todaa informao tem de estar obrigatoriamenteem portugus.

    O que se entende por rotulagemConjunto de menes e indicaes respeitantesao gnero alimentcio e que constam obrigatoria-mente da respectiva embalagem, etiqueta, cinta,letreiro ou documento acompanhante.

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    Tambm a data de durabilidade um assunto de grande importncia para os consumidores,

    nomeadamente a data de durabilidade mnima e as apresentaes de durao do alimento. A data de

    durabilidade mnima corresponde data at qual o gnero alimentcio conserva as suas propriedades

    especficas, nas condies previsveis de conservao.

    Esta data significa para o consumidor que o produto guardar as suas qualidades originais intactas

    (gosto, odor, cor, valor alimentar) at esta data, desde que seja conservado de modo adequado (e

    desde que a embalagem no se danifique).

    Sempre que necessrio, a data deve ser acompanhada das condies de conservao que asseguraroa durabilidade do alimento. H um conjunto de produtos que no necessita de indicao quanto

    data de durabilidade mnima: o caso dos hortcolas frescos, produtos de padaria e de pastelaria

    consumidos num prazo de 24 horas aps o fabrico; acar, sal, queijos fermentados, entre outros.

    Indicao da data de durabilidade mnima

    Quando a durao do produto inferior a trs meses, menciona-se o dia e o ms, bem comoa seguinte indicao: consumir de preferncia antes de... (caso da manteiga);

    Quando a durao do produto inferior a um ms ou para produtos facilmente perecveis, obrigatria a indicao consumir antes de... (caso do leite do dia, iogurte ou requeijo);

    Quando a durao do produto est compreendida entre trs e dezoito meses, menciona-se o mse o ano, com a indicao consumir antes do fim de... (caso dos sumos e refrigerantes);

    Quando a durao do produto superior a dezoito meses, pode apenas ser indicado o ano ea meno consumir antes do fim de... (caso das geleias e compotas).

    Edital de Lus XI

    Todo aquele que vender manteiga e que tenha adulterado o seu peso, juntando-lhe pedras ououtras coisas, ser por Ns punido, e a dita manteiga ser colocada em cima da sua cabea at

    ficar completamente derretida pelo sol.E se acaso o sol no estiver bastante quente, o faltoso ser exposto numa larga praa em frentede uma grande fogueira, e todos podero v-lo.

    Ser lambido pelos ces e o povo poder vai-lo com os eptetos que queira, desde que no seofenda a Deus e ao Rei.

    Edital Lus XI, Rei de Frana, 1481

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    C. O elogio do consumo sustentvel(Um consumidor ecolgico e apreciador dos bens recuperveis, reciclveis e reutilizveis)

    Porqu um consumo sustentvel?

    A economia precisa de cidados responsveis. O conceito de sustentabilidade passa pela criao de

    riqueza e sua redistribuio com uma menor utilizao de recursos e consumidores preparados para uma

    economia orientada para a simplicidade voluntria. No haver equidade se no se reduzir o consumo

    global de energia. Em vez de produzirmos com base na fatalidade do deitar fora, preciso conceber

    produtos onde haja um grande rendimento de matria-prima e a reciclagem dos seus resduos.

    Deve-se procurar o pleno rendimento e a plena utilizao dos bens e servios. importante formar

    um consumidor ecolgico e apreciador dos bens recuperveis, reciclveis e reutilizveis, bem comosensibiliza-lo para as fontes de energia alternativas.

    Que relao entre desenvolvimento sustentvel e consumo responsvel?

    O exerccio de uma cidadania responsvel nas prticas de consumo implica contribuir para reduzir o

    consumo global de energia e de matrias-primas, evitar escolher bens no reciclveis e sancionar os

    atentados aos direitos sociais.

    O consumo responsvel comeou por se manifestar atravs das escolhas ecolgicas, do consumo tico

    e do comrcio justo.

    Entende-se por consumo tico aquele que se ope degradao dos ecossistemas ou depredaoeconmica e social.

    O comrcio justo o conjunto de manifestaes favorveis a modos alternativos de garantir preos

    dignos aos produtores de caf, ch ou artesanato, por exemplo, ou de exercer vigilncia sobre os

    comportamentos de empresas (sobretudo de porte transnacional) como forma de manter diferentes

    dimenses da produo e respeito pela diversidade produtiva.

    O universo est doente, a atmosfera est a mudar, em consequncia da emisso excessivade dixido de carbono ocorre o aquecimento global do planeta e o efeito estufa, o que podeprovocar a subida dos nveis do mar, cujos efeitos seriam catastrficos.

    A camada de ozono, elemento fundamental na proteco da terra relativamente ao sol estprogressivamente mais precria, as chuvas cidas provocadas pelo uso de combustveis fsseisdanificam as florestas e dizimam plantas e peixes, a destruio das florestas hmidas, que

    constituem o habitat natural de milhares de espcies animais esto em srio risco de vida.

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    Desenvolvimento dos temas

    Como se escreve no 6 programa de aco comunitria em matria ambiental (2001-2010),

    imprescindvel ajudar os consumidores a fazerem escolhas bem informadas, extrapolando asiniciativas ambientalmente favorveis das empresas, os aspectos sociais da gesto e tratamento dos

    resduos, levando, por exemplo, as autarquias a encarar medidas como a segurana alimentar ou o fim

    dos cemitrios de automveis como mudanas orientadas para uma cidadania activa.

    Aprender com os erres

    Reduzir significa ser-se mais selectivo quando se compra, procurando alternativas mais ecolgicas,

    optando por bens menos energvoros, rentabilizando o uso dos produtos que se adquirem e

    evitando o desperdcio nomeadamente de embalagens excessivas e suprfluas.

    Reutilizar significa voltar a utilizar uma embalagem. Para alm desta operao poder ser realizada

    em algumas circunstncias por cada consumidor na gesto domstica de alguns produtos e

    embalagens (h produtos que podem ter vrias utilizaes), implica sobretudo que as empresas

    de embalagens estabeleam um sistema de recolha, sensibilizando o consumidor para as devolver

    depois de utilizar os produtos nelas acondicionados.

    Reciclar representa a aco de utilizar as matrias-primas de um produto usado, para produzir de

    novo esse mesmo produto ou produtos diferentes.

    Implica a existncia de um sistema de recolha seleccionada de lixo e a consciencializao por

    parte do consumidor para a necessidade de separar os lixos domsticos destinados reciclagem.

    Os diferentes lixos domsticos

    Vivemos na era do desperdcio. O ltimo sculo foi prodigioso em inventos e produtos sofisticados com

    o objectivo de melhorar a qualidade de vida dos cidados. O consumo aumentou exponencialmente

    e, por consequncia, tambm o lixo e o desperdcio.

    Exemplos para uma aco responsvel

    Evitar aerossis como suporte de desodorizantes, espumas de barbear ou produtos para o ca-

    belo (existem outras alternativas); utilizar cosmticos cruelty free; evitar o uso de plsticos;o excesso de empacotamento; electrodomsticos que gastem menos energia e maximizar o usodos mesmos; preferir a electricidade s pilhas como fonte de alimentao de aparelhos etc. tambm necessrio assegurarmo-nos de que a nossa casa energeticamente eficiente, provi-denciando no s o uso de equipamento que gaste menos energia e uma gesto controlada doconsumo da mesma, mas tambm que no haja perdas desnecessrias (por exemplo, janelasabertas com aquecimento a funcionar ou portas e janelas mal calafetadas).

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    A maioria das Cmaras Municipais j possibilita a recolha selectiva dos diferentes tipos de lixo.A reciclagem do vidro e do papel comea a ser prtica generalizada, especialmente por parte dasindstrias produtoras que os (re) utilizam.

    O mesmo no se passa ainda com os plsticos, que representam uma percentagem cada vez maior dolixo que se produz (todos os anos mais de 100 milhes no mundo inteiro) e que na sua maioria no socompletamente biodegradveis, ou seja no se decompem nem desaparecem durante centenas de anos.

    O vidro elaborado a partir de matrias-primas abundantes, a extraco das mesmas tem contudoum forte impacto ambiental. O vidro pode ser reciclado inmeras vezes com ganhos de energiabastante significativos.

    A produo de papel responsvel pela destruio de florestas milenares e de habitats de vida selvagem, paraalm de que o seu processo de fabrico tambm poluente. Recicl-lo tem imensas mais valias em termos depoupana de matrias-primas e de energia. O processo de reciclagem de papel bastante simples.

    tambm importante reciclar as pilhas na medida em que o seu fabrico representa em termos de gastoenergtico 50 vezes mais do que o que produz e envolve um conjunto vasto de metais pesados.

    Existe um nmero significativo de produtos que podem e deveriam ser reciclados tais como leos,tintas, colas, alumnio, aerossis, artigos fotogrficos, etc. No existindo unidades de tratamento ereciclagem dos mesmos, h que reduzir o consumo deste tipo de produtos e procurar reutiliz-lossempre que seja possvel.

    Ecologia em casaO ecoconsumo uma via para praticar a ecologia em casa, na escola, na aldeia ou na cidade, estandosempre atento s compras e dialogando com a produo e distribuio para que os produtos domercado sejam ecoeficientes e ecoeconmicos. Pelo ecoconsumo descobrem-se alternativas de compraecolgica, ganha-se conscincia do significado dos resduos, adquire-se sensibilidade para as relaesde causa e efeito entre o consumo e o ambiente.

    Cada um de ns produz por ano quantidades de lixo equivalentes a dez vezes o peso no nossocorpo. Os servios automticos tm vindo a substituir os personalizados, o que aumenta a

    produo de embalagens. Simultaneamente, os produtores tm vindo a apostar em invlucrosmais atractivos, o que frequentemente implica o recurso a matrias poluentes.

    A principal matria-prima envolvida no fabrico plstico petrleo, um recurso no renovvel.Existem cerca de 50 tipos de plsticos diferentes, uns mais poluentes do que outros. importante conhec-los, eles esto identificados por siglas.

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    Desenvolvimento dos temas

    Agricultura biolgicaA quantidade e variedade de alimentos naturais disponveis tm vindo a aumentar. As terras tmsido mais cultivadas e tornadas mais produtivas atravs da utilizao de qumicos fertilizantes. Nelasse aplicam tambm herbicidas e pesticidas com vista proteco das colheitas. A produo agro-

    pecuria recorre a hormonas para acelerar o crescimento dos animais.A utilizao dos vrios qumicos na explorao agrcola e pecuria tem graves implicaes ambientaisbem como nos alimentos. A absoro dos mesmos pelo solo d incio a uma complexa cadeia decontaminaes.

    A agricultura biolgica caracterizada pelo uso de fertilizante natural (estrume animal) e noqumico, abstem-se de recorrer a pesticidas e utiliza o sistema de rotao de culturas, por forma aevitar o desgaste do solo provocado pelo cultivo intenso e ininterrupto, como prtica corrente.

    fundamental promover a prtica de agricultura biolgica e o consumo de produtos dela derivados.

    Ecologia mesaTambm possvel ser-se ecolgico com as nossas opes alimentares:

    Evitar os produtos excessivamente embalados, optando por embalagens maiores (com vista areduzir o desperdcio);

    Consumir produtos biolgicos;

    Adoptar um regime alimentar diversificado e menos dependente do consumo de produtosde origem animal, o que contribuir para reduzir o consumo de carne de animais criados emcativeiro, sujeitos a crescimento intensivo e condies desumanas;

    Optar por bebidas embaladas com materiais reciclveis (de preferncia vidro e carto);

    Evitar comida rpida e pronta a levar, pelo desperdcio de embalagens e utenslios descartveisque esta prtica origina;

    Dar preferncia a produtos locais e nacionais, uma vez que quanto maior for a distncia entreprodutor e consumidor, maiores so os gastos energticos provocados pelo seu transporte.

    Tambm os produtos cultivados em estufa, nomeadamente legumes e fruta, representam umdispndio energtico considervel, sendo prefervel o consumo de produtos da poca.

    H uma multiplicidade de prticas domsticas que podem contribuir de um modo muitosignificativo para a preservao do meio ambiente. Para alm da separao dos lixos para

    reciclagem existem outros gestos simples que podemos adoptar quer no sentido de pouparenergia (electricidade, gs) ou gua, quer na aquisio e utilizao de determinados produtos(produtos de higiene corporal, detergentes de limpeza domstica, alimentos biolgicos,electrodomsticos etc.)

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    Outros contedos a explorar

    Conceito de Consumo Sustentvel Relao entre consumo responsvel e Direitos Humanos, designadamente os direitos sociais; a

    preservao ambiental e o modelo de desenvolvimento; trabalho inantil, o direito educao;

    condies de trabalho; desigualdades sexuais, etc.

    A importncia da biodiversidade;

    Factores e actividades humanas que degradam o meio sico: poluio, desforestao, eeito

    estua, chuvas cidas, destruio das forestas hmidas, alterao do clima;

    O impacte ambiental das dierentes ontes de energia: as energias alternativas e renovveis; a

    necessidade de optimizar produo e utilizao das energias;

    O impacte ambiental dos dierentes meios de transporte: emisses de carbono; poluio

    urbana do ar;

    A agricultura biolgica e o que a dierencia da agricultura intensiva;

    A utilizao da gua (consumo, regadio, higiene, indstria etc.) e as ormas de poupar gua no

    uso domstico; consequncias da poluio dos rios e dos mares;

    Os animais, proteco das espcies em extino; o uso de animais como cobaias no teste de

    produtos; a criao em cativeiro na produo industrial; os produtos cruelty-ree (no testados

    em animais);

    O rtulo social como contributo para o consumo responsvel;

    O Comrcio Justo, objectivos e princpios orientadores;

    Os 3 erres do ecoconsumo (Reduzir, Reutilizar, Reciclar);

    Reciclagem do lixo domstico (vidro, papel, plsticos, metal, pilhas);

    Ecologia em casa (energia, electrodomsticos, alimentao, produtos de limpeza, vesturio, etc.);

    Alimentao sustentvel (regimes alimentares alternativos, produtos biolgicos, alimentos

    sazonais e no sazonais, suplementos alimentares qumicos e naturais, os aditivos que do

    articialmente cor e sabor aos alimentos); A utilizao de qumicos nos produtos de limpeza, de higiene e cosmticos e os seus eeitos na

    sade e no ambiente; os produtos amigos do ambiente:

    As instituies pblicas e no governamentais relacionados com o ambiente e o consumo

    sustentvel.

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    Desenvolvimento dos temas

    Propostas de Actividades

    Identicar os tipos e as percentagens dos materiais que compem o lixo domstico; Realizao de exerccio de separao dos lixos;

    Anlise do processo de produo de um produto, desde a extraco das matrias-primas que o

    compem at ao seu consumo;

    Sada de investigao seguindo o percurso do lixo, visita de estudo a estao de tratamento de

    resduos, aterros sanitrios e industrias de reciclagem;

    Realizao de experincia simples em laboratrio com papel e plsticos;

    Praticar a tcnica caseira de reciclagem de papel;

    Realizao de produtos com materiais recuperados; Visitas de estudo a unidade agrcola de produtos biolgicos, turismo ecolgico, quinta

    pedaggica; associao/loja de comrcio justo, entidades relacionadas com a deesa do ambiente

    e do consumo sustentvel;

    Interpretao e anlise de rtulos e etiquetas relativamente inormao que disponibilizam

    sobre a composio dos produtos, o seu processo de abrico e condies laborais associadas;

    Anlise de cdigos de conduta de empresas abricantes de produtos e prestadoras de servios;

    Realizar exerccio de levantamento ambiental da casa, escola e/ou bairro;

    Realizar actividades desportivas e de lazer ao ar livre, acampamentos.

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    Guio de Educao do Consumidor

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    D. Direitos e responsabilidades do cidado-consumidor

    Os consumidores e os seus direitos

    O grupo dos consumidores o maior grupo que existe ace da Terra. Todos ns somos consumidores,

    logo que nascemos comeamos a consumir e vamos continuar assim por toda a vida. Na sociedade

    de consumo actual, tornou-se evid