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Guia do Campo Sementes Agroceres Milho & Sorgo Guia do Campo Sementes Agroceres Milho & Sorgo S I L A G E M 0800156265 www.sementesagroceres.com.br

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Guia do Campo Sementes Agroceres

Milho&Sorgo

Guia do Campo Sementes Agroceres

Milho&Sorgo

S I L A G E M

0800156265www.sementesagroceres.com.br

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tem exigido adequado manejo alimentar, para melhoratender os mais exigentes requerimentos nutricionais.Em decorrência da distribuição irregular de forragem,durante o ano na região central, ocasionada por fatores climáticos e pela diversidade de forragens duranteo inverno na Região Sul, torna-se indispensávelum adequado planejamento alimentar, tanto na

conservação de volumosos de alto valor nutritivo,especialmente silagem de milho e de sorgo, quanto dealimentos concentrados energéticos, pela elevadaparticipação em rações. Nesse caso, destaca-se tambéma silagem de grão úmido por ser a forma mais eficiente eeconômica de conservação de grãos de cereais para aalimentação animal.

No Brasil, pela tradição dos colonizadores em agricultura,a pecuária de corte e a de leite têm sido sempre relegadasàs áreas de solo de baixa fertilidade ou de topografiaimprópria à mecanização que, aliada à criação deraças não selecionadas para precocidade, tem refletidono alongamento do ciclo reprodutivo do rebanho, resultando em baixos índices de desfrute.

Com a globalização do mercado, a pecuária vem sofrendo profundas modificações no sentido de atingiríndices mais competitivos, principalmente nas regiões de terras mais valorizadas, ante a outras alternativas do uso do solo. As técnicas de inseminação artificial e de transplante de embriões permitiram grandes avançosna qualidade genética do rebanho, o que paralelamente

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Índice

Processo de ensilagem - Histórico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5

O conceito da silagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7

Principais benefícios da silagem de milho e sorgo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9

A silagem de planta inteira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10

Adubação do milho e do sorgo para produção de silagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12

Escalonamento da semeadura e programação do corte da forragem para ensilagem . . .14

Tipos de silos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15

Dimensionamento dos silos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15

Processo de ensilagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19

Processo de fermentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29

Abertura do silo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30

Avaliação da qualidade da silagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31

Porcentagem de participação no custo da produção por atividade de silagem . . . . . . . . .37

Escolha do híbrido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38

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A conservação de plantas forrageiras através da ensilagem é um processo muito antigo. Pinturas encontradasno Egito ilustram que os habitantes daquela região conheciam a técnica no período de 1.000 a 1.500 a.C.,entretanto, os primeiros ensaios técnicos foram realizados no século XIX, na França e Alemanha, quando foipossível armazenar com sucesso o milho em fossos cavados no solo.

Apesar do conhecimento antigo da ensilagem como técnica de conservação, a mesma se tornou popularapenas no fim do século XIX quando, em 1877, o fazendeiro, francês A. Goffart, publicou o primeiro livrosobre o tema com base na sua experiência de ensilagem de milho. Um ano depois, aproximadamente, umatradução inglesa do seu livro foi publicada nos Estados Unidos, quando a técnica de preservação foirapidamente assimilada pelos fazendeiros americanos.

No Brasil não se tem idéia exata da introdução da ensilagem, mas é provável que ela tenha sido iniciadajá no fim do século XVIII. Uma publicação de 1913 descrevia o processo com a afirmação de que “paranós a ensilagem não representa tão grande valor, porque mais ou menos durante o inverno – o clima denosso país é ameno –, pode-se conseguir alimentos verdes e forragens substanciais por meio da cultura”.

Entretanto, a produção de inverno de qualquer planta forrageira é em torno de 10 a 20% da produção anual,tornando indispensável a conservação de forragem de qualidade para a adequada alimentação dos animais durante o ano todo.

O processo de expansão da ensilagem teve seu início no fim da década de 1960, graças aos esforços de órgãosde extensão rural, fundações, universidades e departamentos técnicos de grandes cooperativas, resultando no começodos trabalhos experimentais sobre os processos fermentativos. Nesse caso, o milho e o sorgo foram utilizados comsucesso por serem plantas de alta produção de volumoso e de grãos, conferindo à silagem um alto valor energético.

A silagem de plantas de milho ou sorgo no Brasil passou por 4 fases tecnológicas distintas, de acordo com a evolução do mercado:

• Na primeira foi dada ênfase à maior produção de volume de massa verde, como meio de obtenção de muito alimento a custo baixo e/ou para suprir as necessidades da época da seca no período do invernono Brasil central.

• Na segunda fase, com o incremento do nível genético do rebanho, iniciou-se a busca por silagem de melhor qualidade, visando economia no uso de concentrados energéticos, na dieta animal que tinhao custo elevado. Todavia, sem conhecer a qualidade da forragem das plantas, foi dado enfoque à maior

Processo de ensilagem - Histórico

participação de grãos como meio de melhoria da qualidade da silagem. Esta afirmação baseia-se emestudos das décadas de 1960 e 1970, demonstrando que os grãos são mais digestíveis – 85,8%. Já as folhas têm índice de digestibilidade de 61,2% e o colmo de 48,2%.

• Na terceira fase, pode-se combinar as duas situações com o conhecimento da fração forragem dasplantas. Estudos recentes demonstraram que híbridos que possuem alta digestibilidade da fração verdeda planta, combinados com a alta produtividade de grãos, resultavam em silagem de melhor qualidade,independentemente da contribuição das partes da planta na composição da silagem.

• Na quarta fase, segundo trabalhos pioneiros realizados por pesquisadores na França (Tabela 1) e noBrasil (Tabela 2), a textura dos grãos influencia significativamente a sua digestibilidade, sendo os grãostipo mole ou dentado, de maior digestibilidade do que os do tipo duro (que mostraram alta taxa depassagem pelo trato digestivo, resultando em significativas perdas de amido nas fezes dos animais,principalmente quando cortados em estágios mais avançados de maturidade).

Assim, nos próximos anos, os híbridos recomendados para silagem de planta inteira serão mais específicose diferentes daqueles que buscamos atualmente para grãos. Híbridos de grãos duros alaranjados com altaresistência ao acamamento podem apresentar altos níveis de lignina ou fibras, podendo resultar em menordigestibilidade da fração verde e do amido.

Dentado Duro

Mat. Seca Amido

Textura do Grão

Parâmetros

Fração rapidamenteDegradável (%)DegradabilidadeEfetiva (%)

Tabela 1. Influência da textura de grão de milho Dentado x Duro, na degradaçãoruminal da matéria seca e do amido.

23,8

55,8

26,6

62,9

Mat. Seca Amido

13,6

42,3

19,4

46,2

Adaptado de Philippeau et alii 1999.

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Os trabalhos indicam que os híbridos de grãos duros possuem digestibilidade semelhante à dos dentados até a fase de linha de leite na metade do grão, entretanto, a redução na digestibilidade ocorre quando a linha deleite passa da metade até a maturidade fisiológica indicando uma menor “janela de colheita”. Esse fato deve-se àformação de uma densa matriz protéica de baixa digestilibilidade em volta do amido muito comum em grãostipo duros.

A ensilagem de grãos úmidos de cereais é um processo mais recente. Os primeiros trabalhos científicos que evidenciaram o aumento na eficiência alimentar em animais que receberam silagem de grãosde alta umidade, tanto de milho quanto de sorgo, datam do fim da década de 1950. Nos Estados Unidos, nadécada de 1970 a silagem de grão úmido de milho já era um procedimento rotineiro para muitos confinadoresde ruminantes e monogástricos.

No Brasil, a silagem de grão úmido de milho foi introduzida a partir de 1980, na região de Castro - PR, sendo inicialmente utilizada na alimentação de suínos e mais tarde na alimentação de bovinos leiteiros e de corte.Entretanto, as primeiras publicações científicas brasileiras datam da década de 1990, período no qual a tecnologia foi definitivamente aceita pelo setor produtivo nacional.

O conceito da silagem

Silagem é o produto oriundo da conservação de forragens úmidas (planta inteira) ou de grãos de cereais comalta umidade (grão úmido) através da fermentação em meio anaeróbico, ambiente isento de oxigênio, em locais denominados silos.

A silagem de planta inteira (volumoso energético) é um alimento distinto da silagem de grão úmido (concentradoenergético). Portanto, são alimentos complementares e não substitutivos.

Na alimentação de ruminantes (bovinos de leite e de corte, bubalinos e ovinos), a silagem de grãos úmidos, por ser uma alternativa de um alimento com concentrado energético, complementando a silagem de plantainteira, que é o volumoso, resulta em uma dieta eficiente e de menor custo.

Na alimentação de monogástricos (suínos, aves e eqüinos) a silagem de grão úmido substitui total ou parcialmenteos grãos de cereais, que tradicionalmente são conservados na forma de grãos secos.

Tabela 2. Degradação ruminal in Situ dos grãos de milho tipo Dentado e Duro em3 estágios de maturidade.

% Degradabilidade24h

% Resíduo72h

Textura de grão*

Duro (formação grão)Duro (1/2 linha leite)Duro (maturação fisiológica)Dentado (formação grão)Dentado (1/2 linha leite)Dentado (maturação fisiológica)

73,365,019,086,261,442,3

1,93,7

41,11,24,8

16,9

% Vitreosidade % MatériaSeca

59,967,074,238,246,947,9

60,064,578,454,562,474,2

*Grãos Flint/Duro (AG 9010, TORK) e Grãos Dentados (AG 1051 e AG 4051).Fonte: Celestine, G.A. et alii, 2001, Universidade Federal de Lavras, Lavras - MG.

7

Silo grão úmidoConcentrado energéticoRuminantes (corte/leite)Monogástricos

Silo planta inteira Alimento volumosoRuminantes (corte/leite)

Segundo o pesquisador Marcos Neves, da Universidade Federal de Lavras, silagem não é fonte de proteínas,minerais e gorduras (aproximadamente 15% da matéria seca), mas sim de fibras, carboidratos (amido) e açúcares (85% da matéria seca). Desse modo, se quisermos desenvolver híbridos mais específicos parasilagem, no futuro, deveremos selecionar melhor em digestibilidade das fibras e do amido dos grãos, atuandoem quantidade e textura de grãos mais dentados.

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Composição da matéria seca da silagem de milho

Principais benefícios da silagem de milho e sorgo

A Silagem de planta inteira

A planta para ensilagem deve apresentar os seguintes requisitos fundamentais na época da colheita: altaprodutividade, teor de matéria seca em torno de 32 a 37%, alto teor de carboidrato solúvel, baixo podertampão para facilitar o abaixamento do pH no interior do silo e excelente aceitabilidade e digestibilidade.

Dentre as plantas forrageiras tropicais, o milho e o sorgo se destacam pela fácil ensilabilidade, onde todo oprocesso pode ser executado mecanicamente. Além disso, proporcionam silagens de alta qualidade, sem anecessidade de aditivos para estimular a fermentação, pois no ponto da colheita, o teor de matéria seca em tornode 35% inibe as fermentações indesejáveis.

O uso de aditivos deve ser recomendado em situações de silagem com materiais de baixo teor de carboidratosou quando for colhido fora do ponto correto, ou seja, excessivamente úmido ou seco, muito comum em situaçãode erro de manejo ou estresses climáticos.

Em geral, os produtores, com o intuito de colher altos índices de massa verde, utilizam alta população deplantas não-compatíveis com o nível de fertilidade ou de manejo da adubação, alterando significativamentea qualidade da silagem pelo aumento da fração de colmo na matéria seca com reduções em porcentagemde folhas e grãos. Veja o efeito negativo da alta população de plantas/ha na qualidade da silagem.

Maximiza rendimentos e custos compatíveis, principalmente para pequenas propriedades agropecuárias.

Volumoso de alto valor nutritivo e de produção econômica viável.

Assegura a produção de leite no período da seca ou do inverno, quando as cooperativas ou indústrias estabelecem cotas de fornecimento.

Suplementação na época da seca no Brasil Central, principalmente em regiões de estressehídrico rigoroso (3 a 4 meses de chuvas por ano), onde muitas vezes nem a cultura dacana-de-açúcar consegue se desenvolver.

Ideal para fornecimento a animais em sistema de confinamento o ano todo.

Possui bom valor energético e níveis medianos de proteína, assegurando a produção, principalmente emanimais de alta exigência e de produtividade.

Operações 100% mecanizadas, reduzindo os custos e mão-de-obra.

Conservação por longo período, desde que devidamente compactado e vedado.

Permite o balanceamento econômico de dietas nutricionais para os animais.

Abre oportunidades para a terceirização de serviços no campo.

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

9.

10.

Proteína Bruta (PB)Digestibilidade aoredor de 90%

Digestibilidade aoredor de 40%

Extrato Etéreo (EE)Cinzas ou MineraisFibra Detergente Neutro (FDN)Carboidratos (CNF)

45

40 8 3 4

˜15% de Matéria Seca

43

Planta/ha

% Digest

75

70

65

60

55

50

45

40

1

50

55

62

6568

7070

% Digestibilidade 2 5Pl

anta

s/ha

Efeito do aumento da população de plantas/ha na digestibilidade da silagem de milho.

Fonte: Departamento de Desenvolvimento de Produtos – Sementes Agroceres, 1998.

65

45

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11 12

O milho é considerado a “cultura-padrão” para a produção de silagem, entretanto, em condições adversas declima ou em épocas de plantio tardio, o milho perde desempenho e qualidade onde, neste caso, o sorgosilageiro é considerado como cultura-padrão e complementar ao milho. Veja os resultados comparativos naTabela 3.

O sorgo tem sido desenvolvido para silagem e atualmente apresenta condições semelhantes às do milho atravésda introdução de caracteres genéticos como o colmo seco, a alta produtividade de grãos e o aumento dadigestibilidade, além de permitir a elaboração de dietas mais econômicas e a possibilidade de mais um corte.O sorgo também é recomendado, próximo aos grandes centros, onde existe o risco de roubo de espigas,comprometendo o valor da silagem do milho.

O amido dos cereais é digerido no rúmen pelas bactérias e, no intestino, pelas enzimas digestivas. No rúmen,o amido é utilizado muito mais como substrato para as bactérias crescerem e se proliferarem, enquanto nointestino é fonte primária de energia para o animal. Além disso, cerca de 65% da energia de um bovino advém da produção de ácidos graxos voláteis, resultantes da fermentação e da digestão do amido no rúmen.

Tabela 3. Comparativo de qualidade de silagem de milho* e sorgo** sob situaçãonormal e de estresse.

MS - Matéria SecaFDN - Fibra Detergente NeutraFDA - Fibra Detergente ÁcidaDIG - Digestibilidade (in vitro)LIG - Lignina NDT - Nutrientes Digestíveis TotaisCV - Consumo VoluntárioIMS/d - Ingestão Matéria Seca/diáriaIE - Índice EnergéticoPV - Peso Vivo

MS

t/ha %Qualidade

Milho silagemSituação favorávelSituação desfavorávelSorgo porte alto

17,115,320,3

FDN

475857

FDA

273433

DIG

676263

LIG

4,27,05,0

NDT

686365

CV

2,552,072,11

IMS/d

Ex. Vaca 500kg PVQualidade

Milho silagemSituação favorávelSituação desfavorávelSorgo porte alto

MS

t/ha LitrosQualidade

Milho silagemSituação favorávelSituação desfavorávelSorgo porte alto

17,115,520,3

NDT

11,69,813,2

Leite/ha

33.41428.06037.917

*Média de 8 híbridos de milho:**Média sorgo forrageiro Volumax.

12,7710,3410,53

IE

2,01,91,9

Lt. Leite/cab.

25,5319,6520,05

Fonte: Departamento de Desenvolvimento de ProdutosSementes Agroceres, 2002.

Práticas de implantação e tratos culturais para os híbridos de milho e de sorgo destinados à produção de silagem devem ser rigorosamente respeitados, tendo em vista que irão refletir na quantidade e na qualidade da silagem produzida, conseqüentemente na economia do processo.

A extração de nutrientes é maior quando a cultura é destinada à produção de silagem em relação à produçãode grãos, pela retirada total da parte aérea (Tabela 4). Portanto, a reposição dos nutrientes deve ser feita de forma criteriosa com base na análise de solo, atendendo às relações ideais entre os nutrientes no complexocoloidal do solo e nos níveis de produtividade pretendidos (Tabelas 5 e 6). Por causa da alta extração depotássio devemos procurar manter uma relação Nitrogênio e Potássio aplicado próximo de 1:1.

Adubação do milho e do sorgo para produção de silagem.

Tabela 4. Extração média de nutrientes pela cultura do milho destinada àprodução de grãos e de silagem em razão de diferentes níveis de produtividade.

Produtividade(t/ha) N P K

Nutrientes extraídosTipo de exploração

Grãos

Silagem(matéria seca)

3,655,807,879,1710,1511,6015,3117,1318,65

77100167187217115181230231

91933344215212326

8395113143157

169213259271

Fonte: Coelho et alii (dado não-publicado): citado por Coelho e França (1995).

Percentuais ideais e equilíbrio de elementos no solo para silagem:

P: 15 a 20 mg/dm3 (Melich)K: 5% da CTCCa: 45 a 50% da CTCMg: 12 a 15% da CTCH + Al < 20% da CTCV (saturação de base) = 70%

CTC = Capacidade de Troca de Cátions

Fonte: Mcleam (1984); citado por Corsi e Nussio (1992).

Ca Mg

1017273032

35415258

101725283326283132

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1413

Outro fato interessante a ser considerado é a altura de corte das plantas. Estudos demonstram que aumentandoa altura de corte das plantas de 10 cm para 50 cm, pode-se reduzir a extração de potássio em mais de 40%,além de melhorar a digestibilidade e o valor energético da silagem.

Cerca de 80% do Potássio (K), mais de 50% do Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg) ficam nos restos culturais,portanto, quando se faz a silagem deve-se repor maiores quantidades desses elementos.

Reconheça a deficiência de Potássio, conhecida como “queima dos bordos” e presente nas folhas baixeiras daplanta, muito comum em áreas de silagem de média a baixa fertilidade do solo quando se utiliza adubaçãoconvencional para grãos. Veja as figuras a seguir:

* Índices Baixo, Médio e Alto se referem aos resultados de análise do solo a ser avaliado.

Tabela 5. Recomendação de adubação da cultura do milho para silagem parao Estado de Minas Gerais.

Plantio

N P2O5 K2O N

*Baixo *Médio *Alto *Baixo *Médio *Alto Cobertura

Nutrientes (kg/ha)Produtividade

matéria verde(t/ha)

30 a 4040 a 50> 50

10 a 2010 a 2010 a 30

80100120

6080100

305070

100140180

80120180

4080160

80130180

Fonte: 5O Aproximação – EPAMIG/EMBRAPA.

Tabela 6. Recomendação de adubação da cultura do milho e do sorgo parasilagem para o Estado de São Paulo.

Plantio

N P2O5 K2O N

*Baixo *Médio *Alto *Baixo *Médio *Alto Cobertura

Nutrientes (kg/ha)Produtividade

matéria verde(t/ha)

20 a 3030 a 4040 a 60

102030

608090

406080

202020

505050

405050

202030

406090

Fonte: Adaptado BoletimTécnico, 100, IAC, 1996.

Deficiência de potássio em folhas e espigas de milho e sorgo

Escalonamento da semeadura e programação do corte da forragem paraensilagem

Atenção especial deve ser dada ao escalonamento de áreas para ensilagem, seja em áreas separadas ou grandes áreas. Deve-se plantar híbridos recomendados de pelo menos 2 ciclos de maturação diferentes,como meio de redução de risco e aumento na janela de corte. Muitos estudos têm apontado relações aproximadas de 40% de híbridos de ciclos precoces e 60% de híbridos de ciclos semiprecoces.

Abaixo a relação da faixa de período de colheita ideal média (em dias) das Sementes Agroceres recomendadapara silagem no Sul e Centro do Brasil:

AG 4051

AG 1051

AG 5011

AG 7000

AG 2040

AG 2060

AG 122

2

Número de dias propício ao corte*Ponto de ensilagemHíbridos

4 6 8 10

110-120 DIAS

110-120 DIAS

105-115 DIAS

105-115 DIAS

105-115 DIAS

105-115 DIAS

100-110 DIAS* 32 a 37% MS.

Fonte: Departamento de Desenvolvimento de Produtos - Sementes Agroceres, 2004.

Número de dias insuficiente para colheita

Número de dias limitado para colheita

Número de dias ideal para colheita

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Dimensionamento dos silos

No dimensionamento do silo, em primeiro lugar, deve-se levar em consideração o volume diário de silagem a serconsumida (VDS), a fim de estabelecer uma fatia mínima de retirada diária de 15 a 20 cm de toda a superfíciefrontal do silo (SF), sem deixar sobras, evitando-se perdas. Considere a densidade de 550 a 650 kg/m3 de silagem.

O consumo de silagem por animal por dia está na dependência da raça, categoria, nível de produção, relaçãode volumoso, concentrado, idade do animal etc. O cálculo preciso deve ser feito com base no consumo de matéria seca (Tabelas 7, 8, 9, 10 e 11). Deve ser levado em conta um acréscimo de 10 a 15% no volume total planejado para minimizar a falta e asperdas naturais no processo de ensilagem. Solicite orientação através da visita de nossos técnicos de campo.

Tipos de silos

Dentre os vários tipos de silos, os mais empregados têm sido os de ”superfície”, os do tipo “trincheira” e maisrecentemente os do tipo “bag”.

O silo de superfície é uma opção de baixo custo, porém pela ausência de paredes laterais e maior superfíciepara vedação impossibilita a adequada compactação e dificulta a eliminação do ar, provocando maioresperdas. Em geral, a largura máxima é de 5m, pois as lonas no mercado têm até 8m de largura.

Os silos “bag”, em conseqüência de custo do equipamento, têm sido indicados para propriedades queconservam grande volume de silagem, especialmente de grãos úmidos. A preferência geral, no entanto, temsido para o silo tipo trincheira.

Pontos favoráveis Pontos desfavoráveis

SiloSuperfície

SiloTrincheira

- Maior densidade da massa ensilada- Facilidade de enchimento- Menores perdas

- Não envolve construção- Maior flexibilidade quanto ao local do silo

- Maior superfície para vedação- Menor densidade da massa ensilada- Maiores perdas

- Envolve construção do silo- Exige local com declividade

SiloBag

- Menor superfície frontal- Maior flexibilidade quanto o local do silo

- Custo do equipamento e lona plástica

Indicado para silagem de planta

Indicados para silagem de planta e de grão úmido

Leite (4% gordura) em kg/dia

Peso vivo (kg)

400 600500 700 800

% do Peso vivo em MS1015202530354045

2,73,23,64,04,45,05,5

-

2,42,83,23,53,94,24,65,0

2,22,42,93,23,53,74,04,3

2,02,32,62,93,23,43,63,8

1,92,22,42,72,93,13,33,2

Tabela 7. Consumo esperado de matéria seca (MS) em porcentagemdo peso vivo para vacas em lactação.

Fonte: Adaptado do NRC (1989) e de Faria (1988).

250

300

350

400

450

500

0500750

1.0000

500750

1.0000

500750

1.0001.200

0750

1.0001.300

0750

1.0001.300

0750

1.0001.3001.400

Peso vivo (kg) Ganho de peso(g/dia) % de matéria seca (MS)

Consumo

% do peso vivo

4,46,26,46,65,07,07,47,55,07,08,49,08,56,29,19,39,36,810,010,210,07,410,811,011,010,6

1,82,52,62,61,72,32,52,51,62,32,42,42,41,62,32,32,31,52,22,32,21,52,22,22,22,1

Tabela 8. Consumo diário de matéria seca (MS) de bovinos machos de corte.

Fonte: Keal (1982).

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Vejam os exemplos a seguir:

A) Cálculo da necessidade de silagem por cabeça:

Para este cálculo deve ser considerada a proporção de volumoso concentrado empregado nas dietas (Tabela 11).Levar também em consideração peso e estágio de produção animal. (Tabelas 7, 8, 9 e 10).

Exemplo: Animais de média performance, 500 kg de peso vivo e produção de 20 kg leite/dia.

Consumo diário de matéria seca (MS) por animal = 3,2% do peso vivo (tabela 7)3,2% x 500 kg = 16 kg de matéria seca/dia Considerando o exemplo de relação % volumoso: concentrado = 60:40Consumo do volumoso diário = 60% x 16 kg= 9,6 kg matéria seca silagem/dia

Categorias % do Peso vivo em MSVacas em manutençãoTourosNovilhasBezerros

1,3 a 1,41,4 a 1,52,3 a 2,62,5 a 2,8

Tabela 9. Outras categorias de bovinos.

Fonte: Adaptado do NRC (1989) e de Faria (1988).

*Unidade Animal (UA) = 450 kg de peso vivo.

Categoria Consumo de silagem (kg/dia)Bezerras 6 a 12 mesesNovilhas 13 a 20 mesesNovilhas prenhasVacas secasVacas em lactação

510152025

Tabela 10. Consumo médio de silagem / UA* / dia em rebanho leiteiro.

Proporção %Volumoso: Concentrado Performance Produtiva Animal

50:5060:4070:30

Média Performance ProdutivaAlta Performance Produtiva

Baixa Performance Produtiva

Tabela 11. Proporção volumoso x concentrado de acordo com a performance produtiva animal.

Volume de Silagem = 9,6 kg / 0,35 (Silagem de boa qualidade tem em média 35% MS)= 27,4 kgsilagem/cabeça/dia

As paredes devem ter de 15 a 25% de inclinação para a melhor compactação através do chamado efeito de cunha. Acima de 3 m de largura inferior, considerar 15% de inclinação.

No dimensionamento do silo deverá assumir como constante a largura inferior (o dobro da largura do rodadoexterno do trator) quando a unidade de estocagem for destinada a volumes pequenos, caso contrário quandoo volume de estocagem for grande a altura deverá ser a constante. O comprimento por sua vez está nadependência da capacidade de enchimento do silo. Portanto, deve-se construir vários silos pequenos em vezde um silo muito grande.

B) Cálculo do volume necessário de silagem Exemplo: 100 cabeças, consumo diário silagem/cabeça de 27,4 kg, período de uso igual a 180 dias VNDS* = 100 cabeças x 27,4 kg x 1,10**VNDS = 3.017 kg de silagem/diaVNSP*** = 3.017 kg x 180 dias = 543.085 kg silagem = 543 toneladas/período

* Volume necessário Silagem/dia (VNDS)**Fator de correção de perdas naturais do processo = 10% *** Volume necessário silagem por período (VNSP)

C) Cálculo da área a ser plantada

• MilhoExemplo: Milho híbrido com produtividade média 35 toneladas massa verde/haCAPM* = 543 t / 35 t/haCAPM = 15,5 ha área plantada, ou seja, 16 hectares de área plantada* Cálculo área plantada de milho (CAPM)

• Sorgo silageiroExemplo: Sorgo híbrido com produtividade média 50 toneladas massa verde/haCAPS* = 543 t / 50 t/haCAPS = 10,9 ha área plantada, ou seja, 11 hectares de área plantada*Cálculo área plantada de sorgo (CAPS)

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D) Cálculo do volume necessário de siloExemplo: necessidade 543 t/período, considerando a densidade da silagem 600 kg/m3 (média para milho esorgo)VST* = 543.000 kg / 600 kg/m3

VST = 905m3 de silo*Volume Silo Trincheira (VST)

E) Cálculo da fatia retirada diáriaExemplo: necessidade de 3.017 kg silagem/dia, considerando a densidade da silagem de 600 kg/m3, e áreafrontal do silo tipo trincheira 26,3m2 (B = 10 m, b = 7,5m e altura = 3m).VNSD* = 3.017 kg / 600 kg/m3 = 5,03m3 diárioCF** = 5,03m3 / 26,3m2 = 0,19m = 19cm* Volume Necessário de Silagem Diário (VNSD)** Cálculo da Fatia de corte (CF)

F) Cálculo do comprimento do siloExemplo: área frontal do silo 26,3m2, volume total necessário 905m3.CS* = 905m3 / 26,3m2 = 34,4m – aproximadamente 35m de comprimento* Comprimento do Silo (CS)

Processo de ensilagem

A ensilagem como processo de conservação consiste no conjunto de operações destinadas à produção de silagem:

A - Determinação do ponto de colheitaB - Colheita e picagemC - Taxa de enchimento do siloD - Fechamento do silo

Estádio de maturidade

MS%

Produçãode forragem

Composição de forragem

Secat/ha

Espiga(%)

Folha(%)

Haste(%)

Grãosleitosos

Grãos farináceos

Grãosvítreos

43,3

30,5

19,1

21

35

46

10,2

11,8

9,6

30,1

56,8

56,4

20,6

14,9

13,0

49,3

28,3

30,6

Tabela 12. Composição e qualidade da planta de milho para silagem em diferentes estádios de maturidade.

*Atribuiu-se ao estádio farináceo índice = 100. Fonte: McCullough (1970).

Verdet/ha

ConsumoMS*

74

100

74

A. Determinação do ponto de colheita

Esta é a etapa primordial para obtenção de silagem de alta qualidade.

O ponto de corte também influencia muito na qualidade da silagem, pois cortada no antigo ponto de pamonha(% MS abaixo de 30%), temos a falsa ilusão de alta produtividade de massa verde por hectare no campo, porcausa da maior presença de água, porém perdemos em % de matéria seca, acúmulo de amido, e, conseqüentemente, em qualidade de valor nutricional e de fermentação da silagem.

De acordo com o professor Luís Gustavo Nússio (ESALQ), a qualidade da silagem é de suma importância, poiscada 1% de aumento na produção de Matéria Seca (MS) corresponde a 2,5% de decréscimo nos custos decorte e transporte do material. A matéria seca é o principal fator, pois o milho ou o sorgo cortados noponto correto, ainda possuem cerca de 62 a 65% de água.

A eficiência do processo de fermentação da massa ensilada depende, fundamentalmente, da idade em que a planta é ensilada e do tamanho de partícula, por causa do teor de matéria seca, carboidratos solúveis epoder tampão, bem como das condições de acondicionamento e da vedação do silo.

O milho deve ser cortado para a silagem quando a planta inteira apresentar de 32 a 37% de matéria seca,no ponto em que os grãos estiverem no estádio farináceo. Essa situação é geralmente alcançada após 100 a 110dias após a emergência, possibilitando a obtenção de maior produção de matéria seca por unidade de área(Tabela 12), estádio no qual as espigas representam mais de 50% da matéria seca do pé inteiro, resultandoem maior consumo de silagem pelos animais. (Tabela 13).

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Tabela 13. Influência da maturidade no valor alimentício da silagemde milho*.

PV - Peso Vivo Fonte: Huber et alii. (1965).

MS (%)% de Espiga

na MSProdução Leite

(kg/dia)Consumo (% PV)Maturidade

LeitosoPamonhaFarináceo

253033

374151

17,218,619,1

1,952,132,30

Ensilar o milho com teor de matéria seca menor que 30% resultará em perdas de efluentes no silo e comfermentações indesejáveis causadas pelas bactérias de gênero Clostridium e Coliformes, por causa da altapresença de água, enquanto que com mais de 40% de matéria seca (MS) ocorre a lignificação da parede celularreduzindo a digestibilidade tanto da planta quanto dos grãos e dificultando a compactação.

O corte acima de 40% de MS favorece a penetração de oxigênio com conseqüente superaquecimento damassa, provocando menor disponibilidade do nitrogênio pela sua aderência à parede celular. Portanto, adeterminação correta do ponto de colheita é o passo primordial para a obtenção de silagem de alta qualidade.Cortando-se o milho antes ou depois da época ideal, a silagem terá valor nutricional reduzido e menoraceitabilidade pelos animais.

Ponto exato de corte: Este é o ponto principal, pois maximiza a digestibilidade e o acúmulo de amido na silagem(alta qualidade) - Tabela 14. O ponto exato para o corte é quando ele atinge entre 32 a 37% de MS, mas naausência desta análise de MS, a linha de leite é uma referência prática. Na maioria das vezes os híbridos nãopermanecem no ponto ideal por muito tempo, e a época das chuvas, bem como a eficiência de corte damáquina, acabam atrasando o processo e poderá comprometer a digestibilidade pela lignificação do híbrido epelo endurecimento excessivo dos grãos em MS acima de 39%.

Caso a época de corte seja após o período ideal, redobrar a atenção quanto ao tamanho das partículas(picagem) e compactação. Oriente-se sempre pela matéria seca da planta. Em condições normais dedesenvolvimento da cultura, a linha de leite pode ser uma boa orientação para o período de corte. No caso decondições adversas, a melhor referência é o teor de matéria seca da planta.

*Não corte o milho no ponto de pamonha ou muito seco.

Teste da mão

O teste da mão consiste em averiguar o equilíbrio do híbrido entre o ponto ideal de corte dos grãos e da planta.Corta-se de 5 a 10 plantas ao acaso no meio da lavoura, passa-se na ensiladeira/picadeira e retira-se umaamostra na mão, comprimindo-a fortemente com os dedos. Ao abrir lentamente as mãos, se a amostra se desfizerrapidamente, é sinal de que as plantas estão muito secas. Se o bolo ficar fechado e úmido é sinal de que a plantaestá com baixa % de matéria seca (MS) necessitando esperar mais um tempo e, finalmente, se o bolo se desfizerlentamente (aos poucos) é sinal de que a planta está na faixa correta de matéria seca para ensilagem.

Ponto ideal de colheita para silagem de planta.

PastosoInício de denteFarináceo* (1/2 linha de leite)Farináceo duro (3/4 linha de leite)Vítreo

Estádio de maturidade dos grãos

MSt/ha

MS%

PB%

FDN%

FDA%

DigMS %

242734

37

40

13,014,015,8

16,0

15,8

10,39,99,2

8,9

8,4

52,748,045,1

47,3

47,3

13,024,322,8

23,8

24,0

73,379,080,0

79,6

78,6

Tabela 14. Valor nutritivo de silagem de planta inteira de milho feitas em diferentes estádios de maturidade dos grãos.

Adaptado de Huber et alii (s/d) e Wiersan e Carter (1993).*Estádio ideal.

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Teste do microondasPode ser adotado o teste em forno de microondas utilizando-se uma balança de alta precisão. Colocar a amostrade 200 a 300g em prato de papelão, após a pesagem inicial colocar 1/2 copo com água para não queimara superfície da amostra e colocar na potência média por alguns minutos (cerca de 2 a 4 min) até atingir o pesoconstante. A diferença de peso será a umidade.

Teste em novos equipamentosMuitos pecuaristas já utilizam equipamentos (Exemplo: Koster) cujo custo aproximado é U$ 500,00, em que oteor de matéria seca da silagem pode ser determinado eficientemente, pois esses aparelhos possuem balança deprecisão. A amostra de cerca de 300g é colocada sobre um recipiente que possui uma peneira no fundo, quedeixa passar um fluxo de ar quente por até 25 minutos aproximadamente, para secagem da amostra até atingiro peso constante na balança, onde a leitura é feita imdediatamente.

IMPORTANTE!Como regra geral para o corte do milho para silagem, o início do período ideal ocorre cerca de 36 dias apósa polinização ou espigamento, com “janela de colheita” variando em torno de 5 a 12 dias, conforme a ilustraçãoabaixo. Observe também as seguintes características:

1. As plantas apresentam palhas externas das espigas amarelecidas;2. Os grãos do meio da espiga se apresentam dentados;3. A seção transversal da espiga revela a evolução da linha de leite entre 1/2 a 3/4 na seção longitudinaldos grãos.

Estádios fenológicos da cultura de milho.

Fonte: Fancelli, 1986, Adaptando de Hanway, 1996; e Nec & Smit, 1978.

Atenção:A coloração das folhas não é um bom indicativo de momento de corte, já que plantas bem nutridas deveriamapresentar todos os pares de folhas ainda verdes no momento do corte, enquanto folhas provenientes de plantasmantidas em regime de deficiência nutricional apresentam-se prematuramente senescentes (envelhecem maiscedo), não refletindo o status de umidade e maturidade da planta toda, podendo levar a erros de julgamentos.Além disso, raramente as folhas apresentam mais de 14% do total da massa produzida pela planta.

No caso do sorgo, recomenda-se colher num estádio muito semelhante ao do milho, quando os grãos estiveremno ponto farináceo no meio da panícula, ocasião na qual a planta inteira apresentará teor de matéria secaindicado para silagem e as panículas representarão elevada proporção na matéria seca da planta comoconseqüência ocorre o aumento no valor nutritivo da silagem (Tabela 15).

Em geral, o sorgo, conforme o híbrido, atinge o ponto de corte entre 95 e 120 dias de crescimento vegetativo, com“janela de colheita”na ordem de 7 a 12 dias. O sorgo possui plantas mais flexíveis que permitem eventuais atrasosno seu corte para silagem, e, mesmo após o período limite ideal, não interfere no corte do material, bem comona sua compactação e na fermentação. Veja mais indicações técnicas sobre os híbridos silageiros de sorgo naspáginas 33 e 34.

Embora haja uma pequena perda de grãos nas fezes dos animais, o melhor aproveitamento ocorre na fase de grãos farináceos por causa da maior produtividade de grãos acumulada.As menores perdas de grãos nas fezes dos animais deve-se ao corte antecipado das plantas(menos que 30% de matéria seca) prejudicando sua qualidade nutritiva.

Grão LeitosoGrão PastosoGrão FarináceoGrão Farináceo DuroGrão Duro

Estádio de maturação

Grãos da forragem

ensilada (%)

Grãos nasfezes (%)

Produçãode grãos

(kg/MS/ha)

Perdasgrãos

(kg/MS/ha)

Grãosdigeridos

(%)

35,145,248,951,347,4

2,99,813,114,713,3

3.8784.3815.6965.6915.206

112429746836692

Tabela 15. Porcentagem de aproveitamento de grãos pelos animais nasilagem de sorgo

Fonte: Adaptado de Demarchi (1993).

97,190,286,985,386,7

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B. Colheita e picagem

No momento da ensilagem as plantas devem ser picadas de tal forma que apresente tamanhos de partículasuniformes, a fim de garantir densidade mínima de 550 a 650 kg/m3, para a boa preservação da silagem e menor sobra no cocho por seleção do animal. A variação do tamanho das partículas deve estar entre 0,5 a 2,5 cm, o que vai facilitar a compactação do material e a eliminação do ar na massa ensilada. A variaçãoentre o maior e o menor tamanho da partícula não deve ultrapassar 20%.

Há animais de alta performance, com dieta energética mais intensa, que necessitam um maior tamanho de partículas (até 5 cm), para formação de uma “malha” no rúmen, mantendo bons níveis de fibra, com bomfuncionamento do rúmen e evitando problemas de casco (laminite). Neste caso, o importante é manter auniformidade de 80% entre as partículas.

Normalmente, 10% da massa já contém partículas acima de 2,5 cm, que é adequado ao funcionamento do rúmem, composta pelas folhas e brácteas. A dieta de um ruminante deve conter níveis mínimos de fibraprovenientes de volumoso. A fibra estimula a ruminação com conseqüente produção de saliva que, por conteríons bicarbonato e fosfato, age como tamponante neutralizando os ácidos produzidos pela fermentação ruminal, mantendo o pH em níveis toleráveis.

Para garantir o tamanho médio das partículas é preciso redobrar a atenção com a manutenção e afiação das facas e contra-facas da ensiladeira, durante a ensilagem.

A altura do corte das plantas, tanto do milho quanto do sorgo, é feito normalmente com 15 a 20 cm do solo.A altura do corte entre 30 a 50 cm melhora o valor nutritivo da silagem e a digestibilidade, pois a maior porcentagem de lignina e potássio encontra-se no terço inferior da planta. Entretanto, quanto maior a altura docorte, menor será o volume colhido por hectare.

C. Taxa de enchimento do silo

A taxa de enchimento influi no valor nutricional final da silagem. O enchimento lento, a falta de compactaçãoe o atraso na vedação são procedimentos que concorrem para aerar a massa e promover perdas no processo.Não deve haver intervalos no enchimento do silo superiores a 10 horas, e o fechamento total deve ocorrer entre3 a 5 dias do seu início.

Dessa forma, é importante que o enchimento do silo seja o mais rápido possível estabelecendo condição de anaerobiose, por meio da compactação e da vedação hermética.

Como regra, o trator utilizado na compactação deve apresentar peso igual ou superior a 40% da massa de forragem que chega no silo por hora de trabalho efetiva. Exemplo:

Massa de forragem que chega ao silo = 10 t/horaPeso do trator: 10 t/ha x 40%Resultado: peso mínimo do trator deverá ser de 4 t

A forma mais eficiente de compactação é quando se utiliza tratores que apresentam maior peso por área. Evite tratores para compactação com pneus largos e/ou com rodado duplo, por causa do menor peso por área.

A distribuição do material que chega ao silo deve ser uniforme. Efetuar a compactação, logo após a descarga,de forma contínua. O trajeto de trator sobre a massa ensilada deverá ser em toda largura do silo, deixando a superfície plana, sem sulcos ou ondulações, uma vez que efetivamente a compactação ocorre nos 30 a 50cmsuperior à massa que está sendo ensilada. Portanto, a camada de distribuição da silagem não deve ultrapassar estafaixa de altura. A compactação deve ser feita até que as marcas dos pneus do trator não sejam mais visivelmente acentuadas.

Picagem Tamanho da partícula

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Descarga Compactação Esparramação

Recomenda-se o abaulamento da parte superior antes do fechamento do silo para facilitar o escoamento da água de chuva. Lembre-se de que, se ocorrer chuva durante o enchimento é preciso cobrir o silo para evitar a entrada de água, que prejudicará a qualidade da fermentação da massa ensilada.

D. Fechamento do silo

É fundamental que se proceda a vedação hermética do silo com lona plástica de espessura igual ou maior a 150 micra, deixando um excesso de 0,5 a 1,0 cm ao longo de toda a borda. Sacos com areia, dispostosem toda a borda e a cada 5m em faixas transversais, permitem a contenção da lona, evitando a dilatação edanos físicos que permitiria a entrada de ar e água, além de roedores e agentes contaminantes. Existe a opção de uso de uma lona térmica de dupla face (branco em cima e preto embaixo) que reduz a temperatura porconter e refletir melhor os raios solares melhorando o processo de ensilagem.

Detalhe sobre o silo trincheira e o seu enchimento.

Outra alternativa tem sido a colocação de 10 cm de terra ou capim sobre a lona, tendo como vantagem aamenização das altas temperaturas na camada superficial do silo, bem como evitando danos físicos na lona pelotrânsito de pequenos animais como cachorro e aves domésticas. Nesse caso é preciso muito cuidado no momentoda abertura do silo para que a terra não contamine a silagem prejudicando sua qualidade. Procure ter disponívelna propriedade um rolo de fita adesiva para fazer eventuais remendos na lona plástica.

Importante

Não utilize pneus inteiros ou com a metade interna para cima, pois a água acumulada podeproliferar mosquitos da dengue (Aedes egyptii) ou febre-amarela.

Fechamento do silo

Planta inteira Grãos úmidos1. Colheita e picagem2. Transporte 3. Compactação4. Vedação

1. Colheita2. Transporte3. Trituração e compactação4. Vedação

Cronograma de execução.

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Processo de fermentação

Veja como acontece a fermentação da silagem, com o fechamento do silo.

Quando todo o processo de ensilagem é cuidadosamente executado ocorre, basicamente, duas fases distintasaté a completa formação da silagem:

1a fase: denominada de aeróbia, ocorre logo após o fechamento do silo, quando pela presença do oxigênioocorre respiração celular da massa ensilada ainda viva e respiração dos microrganismos aeróbios (bactérias,como o Clostridium, Coliformes e fungos) presentes na massa ensilada. Na respiração são utilizados os carboidratos solúveis presentes na massa, produzindo o gás carbônico, a água gerando o calor, com conseqüenteelevação da temperatura. A fase cessa quando todo o oxigênio é exaurido com duração de pouco mais de 24 horas, e o pH da silagem inicia a queda nos seus valores.

Nesta fase ocorre perda de matéria seca, na forma de açúcares ricos em energia, que poderia ser usada pelosmicrorganismos produtores de ácido lático ou pelos animais como fonte de energia. Portanto, quanto mais rápido ocorrer o fechamento do silo, menores serão as perdas de carboidratos e, conseqüentemente, melhorserá a qualidade da silagem.

2a fase: denominada anaeróbia, inicia-se assim que ocorre a total eliminação do oxigênio da fase aeróbia,quando se desenvolvem as bactérias anaeróbias que também estavam presentes na massa ensilada. As Enterobactérias são as primeiras bactérias a se desenvolverem produzindo Ácidos Graxos Voláteis (AGVs),principalmente ácido acético, com abaixamento do pH de 6,5 para 5,5. Ao mesmo tempo se desenvolvem asbactérias Streptococcus faecales com produção de ácido lático e o abaixamento do pH de 5,5 para 5,0.

Em seguida ocorre intenso desenvolvimento da bactérias Lactobacillus plantarum, produtoras de ácido lático,promovendo a redução do pH de 5,0 para 4,2 a 3,8, quando ocorre a estabilização da fermentação da massa e conseqüentemente, a completa formação do silagem.

Nesse momento todo o processo de fermentação estará finalizado, com segurança, cerca de 15 a 20 dias apóso fechamento do silo. No entanto, como cerca de 90% do processo ocorre nas 72 horas iniciais (3 dias) apóso fechamento do silo, em caso de emergência, por falta de alimentação para os rebanhos, essa silagem já poderáser consumida.

Abertura do silo

Quando o silo é aberto, o ambiente anaeróbio responsável pela conservação da silagem passa a ser aeróbio.Nessas condições, os microrganismos se multiplicam rapidamente dando início ao processo de deterioraçãoda silagem. Esse fenômeno manifesta-se através da elevação acentuada de temperatura e do aparecimento de fungos. Portanto:

Depois de aberto o silo e iniciada a retirada da silagem, o processo não pode ser interrompido.

Abertura do silo

Idade da silagem em dias

Ácido lático

Mudança pH

1

6,04,2

4,03,8

28,0 ºC

32,2 ºC

21 ºC

2 3 4 7 12 20

Temperatura

Fonte: Costa, C. UNESP, Botucatu - SP (2000).

Transformações no processo de silagem

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3231

O método mais efetivo de diminuir as perdas é a remoção e o fornecimento imediato da silagem aos animais, com a retirada de camadas paralelas de toda a superfície frontal do silo (painel), nunca inferior a 15 cm por dia.

A remoção da silagem deve ser realizada sem promover perturbações na massa remanescente. O uso de tratorcom pá carregadeira frontal deve ser evitado.

A retirada da silagem deve ser efetuada manualmente (com garfos) ou com máquinas específicas, em seguidamisturada aos ingredientes concentrados e minerais (dieta pronta) para o imediato fornecimento aos animais.

A retirada e a distribuição lenta diminui a vida útil da silagem no cocho, que se manifesta com a elevação da temperatura. As sobras de silagem no cocho ou que sobraram na carreta após o fornecimento aos animaisdevem ser eliminadas. Portanto, é importante retirar do silo apenas o que será fornecido logo em seguida e de uma só vez aos animais, sem deixar sobras.

O ácido lático conserva a silagem até 24 horas depois da retirada da fatia para o consumo diário.

Lembre-se: para manter a qualidade da silagem evite a exposição direta da massa aos raios solares.

Avaliação da qualidade da silagem

O termo qualidade da silagem não é geralmente usado para designar o valor nutritivo, mas sim a extensãopela qual o processo fermentativo no silo se desenvolveu de maneira conveniente.

A ensilagem tem por objetivo preservar o valor nutritivo da planta. Entretanto, naturalmente, ocorrem perdasinerentes ao processo que são classificadas em evitáveis e inevitáveis (Tabela 16). Com exceção das condiçõesclimáticas na época de enchimento do silo, a qualidade da silagem depende das decisões tomadas pelo produtor. Portanto, todas as etapas da ensilagem devem ser cuidadosamente planejadas e executadas a fimde minimizar perdas e garantir a adequada conservação da silagem.

A. Avaliação bromatológica permanente da silagem

Uma maneira simples de fazer a avaliação é verificar diariamente se a silagem tem odor agradável, possuiaspecto uniforme e, a mais importante, se está sendo bem consumida pelos animais. Os animais rejeitamsilagem deteriorada. Faça uma análise de ácidos na silagem, pois se o processo de ensilagem foi bem realizado,o ácido lático deverá ocupar cerca de 60 a 80% da soma total dos ácidos (Tabela 17), com níveis aceitáveis dosindesejáveis ácidos acético, butírico e propiônico.

Processo Tipos de perdas Perdas de MS (%) Agentes causais

Respiração Inevitável

Perdas totais 7 a 30

1 a 2 Reações da planta

Fermentação Inevitável 2 a 4 Microrganismos

Fermentaçõessecundárias e efluentes

Evitável 0 a 7Teor de matéria seca daplanta e ambiente no silo

Deterioração aeróbia no armazenamento

Evitável 0 a 10

Teor de matéria seca daplanta, tamanho da

partícula, compactação,tempo de enchimento,vedação e tipo de silo

Deterioração aeróbia no descarregamento

Evitável 0 a 15

Teor de matéria seca da planta, densidade,

técnica de descarregamento e época do ano

Tabela 16. Perdas de energia na silagem de milho e de sorgo.

Fonte: Mulback (1994).

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Fonte: Embrapa/CNPGL.

4,0 a 4,5pH - Faixa ideal

6,0 a 8,0Ácido Lático (%)

< 2,0Ácido Acético (%)

0,0 a 0,1Ácido Propiônico (%)

< 0,1Ácido Butírico (%)

Tabela 17. Parâmetros de qualidade de silagem (Análise de Ácidos)

Silagem de qualidade

B. Valor nutritivo da silagem

O valor nutritivo da silagem é normalmente igual ou inferior ao valor nutritivo da planta antes da ensilagem.

O valor nutritivo pode ainda sofrer profundas alterações se o processo de ensilagem e de manejo do silo não

forem bem conduzidos.

Para constatar que a silagem possui alta qualidade nutritiva que permita a formulação de dietas econômicas,

faça constantemente a análise bromatológica.

Se os valores biológicos da silagem estiverem dentro dos padrões descritos na Tabela 18, a silagem será

considerada de alta qualidade.

Característica Valor médio ideal (%) Variação (%)

Matéria seca (MS) 33 a 35 32 a 37

Amido > 25 18 a 35

Proteína bruta (PB) 7 6 a 8

Extrato etéreo (EE) 2,5 2 a 3

Matéria mineral (MM) 3 2 a 4

Fibra insolúvel em detergente neutro (FDN)

< 50 36 a 50

Fibra insolúvel em detergente ácido (FDA)

< 30 18 a 26

Nutrientes digestíveistotais (NDT)

> 65 60 a 75

Tabela 18. Valores médios ideais e variação da composição de silagem de milho de sorgo.

Fonte: Departamento de Desenvolvimento de Produtos - Sementes Agroceres

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Conheça o que avaliar em uma silagem no laboratório de bromatologia, com objetivos

de compor dietas econômicas e uma produtividade animal compatível e eficiente:

A Matéria Seca (MS), representa o material isento de água, obtida através da secagem no sol ou na estufa.

A matéria seca permite comparar os resultados de análises realizadas em diferentes épocas, locais ou regiões,

sempre na mesma base de matéria seca (105%).

A Proteína Bruta (PB), representa a fração nitrogenada dos alimentos, obtida através da determinação do

nitrogênio total multiplicado pelo fator 6,25. Considera-se que em média toda proteína tem 16% de nitrogênio

(16/100 = 6,25). Trata-se de um fator muito importante no balanceamento econômico de dietas.

O Extrato Etéreo (EE), representa o teor de óleo ou gordura dos alimentos. As gorduras ou lipídios são

substâncias insolúveis em água, mas solúveis no éter, clorofórmio, benzeno e outros solventes orgânicos chamados

de extratores. Na dieta de ruminantes não se deve ultrapassar a 5% de EE, pois ocorre defaunação microbiana

do rúmen em favor de protosoários. Isso acarreta a redução na digestão da fibra e na queda de consumo animal.

A Matéria Mineral (MM), representa uma indicação da riqueza da amostra em elementos minerais, determinada

através da incineração da amostra em mufla a 550OC até obter cinza bem clara, indicando ausência de

Matéria Orgânica (MO). MM = MS – MO.

A Fibra insolúvel em Detergente Neutro (FDN), representa a quantidade total de fibra na forragem expressada

pela parede celular, composta por celulose, pectina, hemicelulose e lignina. Níveis elevados de fibra de

forragem limitam o consumo de matéria seca, que resultam no não-atendimento às exigências nutricionais

e em maior demanda de alimentos concentrados. Valores ideais de FDN inferior a 50%.

Exemplo:

A importância da % FDN na qualidade da silagem

*Vacas 600 kg PV c/ 21 kg Leite/dia.

* CV = 1,2% PV base FDN

Fonte: PD Monsanto, 2004.

Dados Híbrido A Híbrido P

A Fibra insolúvel em Detergente Ácido (FDA), avalia a digestibilidade da parede celular, através dos

componentes celulose e lignina da forragem, também conhecida como fração indigerível da silagem, sendo

utilizada para estimar a densidade energética da forragem. Portanto, silagem contendo níveis inferiores de FDA

apresenta maior concentração energética. Valores ideais de FDA inferior a 30%.

A lignina constitui a fração indigerível da porção fibra e limita a digestibilidade da FDN de forragens. Baixos

níveis de lignina na silagem são desejáveis, não devendo passar de 5%. Em silagem de milho e de sorgo os

níveis de lignina variam entre 3% e 8%.

Os Nutrientes Digestíveis Totais (NDT), representam a soma dos nutrientes multiplicada pelos coeficientes de

digestibilidade específica. A nova metodologia proposta pelo NRC (2001), permite calcular o NDT através dos

dados de composição do alimento, pelo somatório da digestibilidade dos carboidratos não fibrosos (dCNF),

Proteína Bruta (Proteína Digestiva) e Digestibilidade da FDN (dFDN), conforme fórmula:

NDTa (%) = dCNF + dPBf + (dAG x 2,25) + dFDN- 7

Exemplo:

Fórmulas úteis e práticas para avaliação de silagem:

Energia Líquida de Lactação: (0,0245 x % NDT) – 0,12 = Mkcal/kg

% NDT: 87,84 – (0,70 x % FDA)

% Digestibilidade MS: 88,9 – (0,779 x % FDA)

% Degradabilidade efetiva: 100,6077 – 1,4085 x % FDA

A importância da % NDT na qualidade da silagem

*Vacas 600 kg PV c/ 21 kg Leite/dia. Fonte: PD Monsanto, 2004.

Dados Híbrido A Híbrido P% NDTConsumo MS/dia*Consumo MS Silagem/dia* (60%)Quantidade NDT/CabNecessidade Diária NDTNecessidade Complementar NDTNecessidade de Concentrado kg/diaDiferença em kgDiferença em R$

68,018

12,78,6412

3,364,64

Econ. 2,7 kg Conc./vaca/diaEcon. R$ 1,50/vaca/dia

62,318

10,86,6912

5,317,38

% FDNCálculo CVCVCVUEPot. ProdutivoDiferença

45120/45

2,67% PV16,02kg/MS/dia

1,2 Leite/kg/MS Ingerida19,22kg Leite

4,39kg Leite a mais/Cab

58120/58

2,06% PV12,36kg/MS/dia

1,2 Leite/kg/MS Ingerida14,83kg Leite

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% Ingestão de MS: 120 / % FDN

Valor Relativo Alimento: % Digestibilidade MS x % Ingestão MS

% Proteína Digestível: (% PB x 0,908) – 3,77

1 litro de leite = 348g NDT ou 7.500 Mkcal

1 kg carne = 3,790kg NDT

Para amostrar silagens obedeça os seguintes procedimentos:

1. Retirar 10 a 15 amostras de 300g cada de toda a superfície frontal do silo.

2. Misturar bem e efetuar amostra composta de 500 a 600g.

3. Colocar em saco plástico e vedar após a expulsão do ar.

4. Identificar a amostra.

5. Acondicioná-las em geladeira ou em caixa de isopor com gelo seco.

6. Enviar ao laboratório o mais rápido possível.

Porcentagem de participação no custo da produção por atividade de silagem

Tabela 18. % custo de produção de silagem da planta de milho.

*Safra 2004/05

Produtividade Média: 40t/ha M.V. = 14t/ha M.S.Atividades Custo R$/t M.S. Custo R$/t M.S. Custo %Implantação da cultura (insumo, M.O., H.M.)Corte e transporte (H.M. JF-Z10/MF295)Compactação (H.M. W8/MF295 Tr)Fechamento do Silo (M.O. e H.M.)Inoculante (C. Hansen)Lona plástica duplas face (150m)Custo Total R$/t

85,4934,437,143,260,291,14

131,74

29,9212,052,501,140,100,4046,11

64,8926,135,422,470,220,87

100,00

Escolha do híbrido

Os híbridos de milho e de sorgo mais indicados para produção de silagem devem ser aqueles mais adaptados

às condições edafoclimáticas de cada região e que reúnam características (digestibilidade, alta energia,

sanidade foliar produtividade) e conjunto (longo período de colheita, flexibilidade de plantio em qualquer

época e altitude) favoráveis à prática de silagem

Nos sistemas intensivos de produção com animais de elevado potencial genético, que visa a alta produtividade

de carne e leite, deve-se optar pelos híbridos de sorgo e os híbridos de milho de alto potencial de grãos,

respeitando-se os conceitos anteriormente descritos, uma vez que tendo satisfeito às necessidades

fisiológicas de ruminação, ainda haja espaço físico no rúmen para maior consumo de grãos, que possuam alta

energia, proporcionando maior eficiência alimentar.

A escolha dos híbridos de milho deve recair sobre plantas com alta digestibilidade da matéria seca e grãos de

textura mole ou dentado por apresentar maior digestibilidade num estádio mais avançado, conseqüentemente,

ampliando a “janela de colheita”.

Escolha do híbrido de milho

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O Sorgo é sempre uma opção econômica, viável e complementar ao milho em um sistema de produçãointensiva, principalmente em animais de corte. Portanto, a escolha de um bom híbrido de sorgo deve levarem consideração a alta produção de matéria seca digestível, boa produtividade de grãos e tolerância aoacamamento e fotoperíodo (plantios tardios e safrinha).

Escolha do híbrido de sorgo

Agradecimentos

Dimas A. D. B. CardosoCharles AyubJosé Humberto M. BorgesSaulo TocchettoRogério GasparimCarlos H. DalmazzoMarcelo M. BarbozaRenato TretinÉdison ProençaRogério AntonângeloAndré FigueiredoJosé Gilmar GonçalvesFelipe HasselmannMax Francisco FernandesSérgio OrtizFrancisco GimenezSimone Rosenthal

Referências Técnicas

Professor Ciniro Costa - UNESP - BotucatuProfessor Ivo Rodrigues dos Santos - Fundação ABC/PRProfessor João Restle - UFSMProfessor Luís Gustavo Nússio - ESALQProfessor Marcos Neves Pereira - UFLADr. Jackson Silva e Oliveira - EMBRAPA - CNPGL

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Anotações