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GUIA PRÁTICO PARA AVALIAÇÃO E CONDUTAS FRENTE AOS ACIDENTES COM EXPOSIÇÃO A FLUIDOS BIOLÓGICOS

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GUIA PRÁTICO PARA AVALIAÇÃO E CONDUTAS FRENTE AOS ACIDENTES

COM EXPOSIÇÃO A FLUIDOS BIOLÓGICOS

ROTINAS PARA ATENDIMENTO EM ACIDENTES COM EXPOSIÇÃO A FLUIDOS BIOLÓGICOS:

Estas rotinas estabelecem informações sobre o manejo nas situações de risco em acidentes de trabalho e outros acidentes com exposição a fluidos biológicos, tendo por finalidade permitir aos profissionais da área de saúde que implementem na sua realidade de trabalho, conceitos de prevenção do risco biológico, oportunizando maior segurança no trabalho e fluxo de atendimento ao paciente exposto.

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AUTORES:Hermann Valentim GuimarãesMoacir Pires RamosFernanda Moura D'Almeida Miranda

APOIO:Hospital do Trabalhador Diretor Geral: Geci Labres de Souza JúniorDiretor Técnico: Marcia Regina KradjenDiretor Acadêmico: Iwan Augusto CollaçoDiretor Administrativo: Waldemiro Silva Filho

Secretário Estadual de Saúde do ParanáMichele Caputo Neto

Superintendência da Vigilância em SaúdeS

Centro Estadual de Saúde do TrabalhadorDiretor: José Lúcio dos Santos

AGRADECIMENTOS:

Selma Cristina de Asevedo (Auxiliar Administrativo)Juliana dos Santos (Auxiliar Administrativo)Pamella Lúcio Baptista Rossetto (Assistente Administrativo)Marcelo Abreu Ducroquet (Infectologista)Cristiane Suss Ehler (Médica do Trabalho)

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ezifredo Paulo Alves PazSuperintendência de Unidades Próprias Dr. Charles London

1 Coordenação geral e elaboração. Coordenador da Unidade Saúde do Trabalhador/ Hospital do Trabalhador (UST/HT). Médico do Trabalho.2 Revisão Técnica. Professor da Universidade Positivo. Médico Infectologista Ministério da Saúde/HT3 Revisão Bibliográfica. Mestre em Enfermagem. Enfermeira UST/HT. Cordenadora dos cursos dePós-Graduação em Enfermagem do Trabalho e Gestão do Controle de Infecção Hospitalar daUniversidade Positivo.

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Sumário

1. Epidemiologia2. Protocolo de atendimento aos acidentes com exposição a fluidos biológicos.3. Exames sorológicos a serem solicitados imediatamente no dia do acidente:4. Recomendações5. Condutas frente ao acidente com exposição ao HIV6. Indicação de profilaxia pós-exposição (PPE)7. Condutas frente ao acidente com exposição ao virus da hepatite B (HBV)8. Condutas frente ao acidente com exposição ao vírus da hepatite C (HCV)9. Prevenção à transmissão secundária10. Códigos usualmente mais utilizados para acidentes com exposição a material biológico constantes no CID-10, dentre outros11. Planilha de acompanhamento12. NR 32 e suas implicações.

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1. EPIDEMIOLOGIA

Estudos desenvolvidos nesta área mostram que os acidentes envolvendo sangue e outros fluidos orgânicos correspondem às exposições mais freqüentemente relatadas.

Os ferimentos com agulhas e material perfurocortante, em geral, são considerados extremamente perigosos por serem potencialmente capazes de transmitir mais de 20 tipos de patógenos diferentes, sendo o vírus da imunodeficiência humana (HIV), o da hepatite B (HBV) e o da hepatite C (HCV), os agentes infecciosos mais comumente envolvidos. Evitar o acidente por é o principal caminho para prevenir a transmissão dos HBV, HCV e HIV. Entretanto, a imunização contra hepatite B e o atendimento adequado pós-exposição são componentes fundamentais para um programa completo de prevenção dessas infecções e elementos importantes para a segurança no trabalho. O risco ocupacional após exposições a fluidos biológicos é variável e depende do tipo de acidente e de outros fatores, como gravidade, tamanho da lesão, presença e volume de sangue envolvido, além das condições clínicas do paciente-fonte e uso

(1,2,3)correto da profilaxia pós exposição .As exposições ocupacionais a fluidos biológicos são um sério risco

aos profissionais de saúde em seus locais de trabalho. O risco de infecção por HIV pós-exposição ocupacional percutânea com sangue contaminado é de aproximadamente 0,3% e, após exposição de mucosa, aproximadamente 0,09%. No caso de exposição ocupacional ao vírus da hepatite B (HBV), o risco de infecção varia de seis a 30%, podendo chegar até a 60%, dependendo do estado do paciente-fonte, entre outros fatores. Quanto ao vírus da hepatite C (HCV), o risco de transmissão ocupacional após um acidente percutâneo com paciente-fonte HCV positivo é de

(1,2,3)aproximadamente 1,8% (variando de 0 a 7%) . Apesar de todos estes riscos, a falta de registro e notificação destes acidentes é um fato concreto. Alguns trabalhos demonstram aproximadamente 50% de sub-notificação das exposições, de um conjunto estimado em aproximadamente 600 mil a 800 mil exposições ocupacionais, anualmente, nos Estados Unidos. Mais recentemente, esta estimativa foi reavaliada e se mostrou ser da ordem

(4)aproximada de 385 mil acidentes percutâneos por ano .

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No Brasil, de acordo com literatura científica, o cenário dos acidentes ocupacionais envolvendo fluido biológico é semelhante com os observados em outros países, quando comparamos a incidência de acidentes e a sub-notificação. Os dados nacionais são preocupantes devido as altas taxas de abandono do monitoramento sorológico pelos profissionais de saúde. No município de Curitiba/Paraná, na Unidade Saúde do Trabalhador/ Hospital do Trabalhador (UST/HT), analisar a adesão ao monitoramento pós-acidente com exposição a fluidos biologicos mostrou que, dos 637 casos notificados, 53,2% dos

(6)trabalhadores abandonaram o monitoramento pós-exposição . Outra pesquisa semelhante realizada em Belo Horizonte com 238 participantes de uma equipe multiprofissional de atendimento pré-hospitalar mostrou que 61,2% dos acidentados não realizaram o seguimento do protocolo

(7)recomendado pelo MS . O que representa um grave risco para infecção pelos vírus HIV, hepatite B e C. É importante ressaltar que os acidentes com exposição a fluidos biológicos não ocorrem somente com trabalhadores de saúde, mas também com pessoas vítimas da violência urbana (assaltos) e com crianças que muitas vezes encontram seringas descartadas por usuários de drogas e as utilizam para brincar, desconhecendo o risco a qual estão expostos. Além disso, podemos também atender casos de pessoas que cuidam de familiares infectados ou até profissionais da beleza como: Cabelereiros, manicures e pedicures. Outros profissionais que apresentam risco para acidentes com exposição a fluidos biológicos são os bombeiros, policiais militares, policiais civis e os guardas munícipais.

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2. PROTOCOLO DE ATENDIMENTO AOS ACIDENTES COM EXPOSIÇÃO A FLUIDOS BIOLÓGICOS.

I. Atendimento a vítimas que sofram exposição a fluido biológico com risco de soro conversão (HIV, Hepatite B e Hepatite C).II. Lembrar que a exposição a fluido biológico caracteriza situação de

(1,2,3) EMERGÊNCIA MÉDICA no dia do acidente .

a. O Serviço de saúde que presta atendimento da exposição a fluido biológico deve ser executado por médico plantonista em Pronto Atendimento e após avaliação e definição da conduta, proceder preenchimento do campo médico da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), nos casos de acidente de trabalho, o acidentado deve ser orientado a entregar a CAT ao serviço de Recursos Humanos de seu

(1,2,3)trabalho . b. Nesta oportunidade o plantonista estabelece medidas de avaliação ao

acidentado, determina as ações imediatas de investigação do paciente-fonte (se conhecida). Ressalta-se que Teste rápido anti-HIV no paciente-fonte é importante para definir início de profilaxia pós-

(1,2,3)exposição em tempo hábil , no caso de resultado negativo ajudará a tranquilizar o acidentado e se positivo inicia-se a profilaxia anti-retroviral imediatamente. A única justificativa para não realização do teste rápido de HIV é a não autorização do paciente-fonte. É prerrogativa do paciente fonte recusar-se e não se pode obrigá-lo.

c. Definida a necessidade ou não de profilaxia para vírus de hepatite B e profilaxia anti-retroviral para o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), requisitam-se as sorologias indicadas no momento ZERO o mais próximo da data do acidente, para realização por laboratório de análises clínicas visando avaliar se o acidentado já era infectado

(1,2,3)anteriormente . d. Para prevenção de transmissão secundária o acidentado deve ser

orientado a usar preservativos nas relações sexuais e a não doar sangue ou órgãos; no caso das mulheres, estas deverão ser orientadas a evitar gravidez no período de seguimento e suspender a

(1,2,3)amamentação .

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III. O acidentado deve ser acompanhado em serviço de Saúde Ambulatorial ou Medicina Ocupacional durante período de 6 meses a 12 meses, devendo ser monitorado nos seguintes momentos após acidente: 01 mês, 03 meses, 06 meses e 12 meses quando necessário. Terminado o acompanhamento nestes prazos, não havendo viragem sorológica o acidentado tem alta. Ocorrendo viragem ou detectada alguma sorologia reagente, o acidentado deve ser encaminhado para

(1,2,3)acompanhamento especializado com infectologista .

3. EXAMES SOROLÓGICOS A SEREM SOLICITADOS IMEDIATAMENTE NO DIA DO ACIDENTE:

Rastrear marcadores para: Solicitar sorologia de marcadores abaixo:

HIV

Hepatite B

Hepatite C

Anti - HIV

Anti - HCV

OBS: outros exames podem ser solicitados se necessários. Fonte: Os autores (2011).

Após orientação, conduta e coleta de material deve ser marcado retorno Ambulatorial para acompanhamento e aplicação do PROTOCOLO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, com primeira consulta aos 30 dias. Se houver indicação de profilaxia anti-retroviral, devem ser solicitados também Hemograma e Transaminase (ALT) e o retorno deve ser feito no 15º dia para monitoramento de reações adversas relacionadas a profilaxia anti-retroviral (1,4).

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4. RECOMENDAÇÕES

Condutas após o acidente:

A) Cuidados com a área exposta

Lavagem do local exposto com água e sabão nos danos de exposição (1,2,3)percutânea ou cutânea ;

Nas exposições de mucosas, deve se lavar exaustivamente com água (1,2,3)ou solução salina fisiológica ;

Não há evidência de que o uso de antissépticos ou a expressão do local do ferimento reduzam o risco de transmissão, entretanto o uso de

(1,2,3) antisséptico não é contra-indicado ; Não devem ser realizados procedimentos que aumentem a área exposta, tais como cortes ou injeções locais. A utilização de soluçõesirritantes (éter, glutaraldeído, hipoclorito de sódio) também está contra

(1,2,3)indicada .

B) Avaliação do acidente

Estabelecer o material biológico envolvido: sangue, fluidos orgânicos potencialmente infectantes (sêmen, secreção vaginal liquor, líquido sinovial, peritoneal, pleural, pericárdio e amniótico), fluidos orgânicos potencialmente não-infectantes(suor, lágrima, fezes, urina e saliva)

(1,2,3)exceto se contaminados com sangue ;Obs: Os acidentes com exposição a sangue, em que tenha sangue visível no instrumento corte da pele ou perfuração profunda com agulha de grosso calibre e/ou previamente utilizado em vaso sanguíneo, devem ser considerados graves.Tipo de acidente: perfurocortante, contato com mucosa, contato em

(1,2,3) pele com solução de continuidade ; Conhecimento da fonte: fonte comprovadamente infectada ou exposta à situação de risco ou fonte com origem fora do ambiente de

(1,2,3) trabalho ;(1,2,3) Fonte desconhecida .

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D) Notificação do acidente (em caso de acidente de trabalho):

(1,5)Preenchimento de CATPreencher ficha de notificação compulsória para o SINAN (Portaria

(8)GM/MS nº 104/11)

E) Avaliação da Exposição no acidente com fluido biológico

A exposição a fluido biológico deve ser avaliada quanto ao potencial de (1)transmissão de HIV, HBV, e HCV com base nos seguintes critérios :

a) Tipo de exposiçãob) Tipo e quantidade de fluídos e tecidoc) Status sorológico da fonted) Status sorológico do acidentadoe) Suscetibilidade do paciente exposto

C) Orientações e aconselhamento ao acidentado devem ser realizadas:

(1,2,3)Com relação ao risco do acidente ;(1,2,3)Sobre o uso de quimioprofilaxia ;

Consentimento para realização de exames sorológicos (ver modelo em(1)ANEXOS) ;

Comprometer o acidentado com seu acompanhamento durante seis meses;Orientar o acidentado a relatar de imediato os seguintes sintomas:Linfadenopatia, rash, dor de garganta, sintomas de gripe (sugestivos de

(1,2,3)soroconversão aguda) ;(5)Reforçar práticas de biossegurança e precauções básicas em serviço .

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b) É imperativo a realização do teste rápido para HIV, junto com os (1,2,3)exames especificados neste guia e as instituições de saúde devem

providenciar a disponibilização do teste.

c) O paciente-fonte deve autorizar a realização do teste rápido para HIV.

Fonte desconhecida

a) Analisar a probabilidade clínica e epidemiológica de infecção pelo HIV, HCV e HBV na população atendida no serviço onde ocorreu a

(1,2,3)exposição .

5. CONDUTAS FRENTE AO ACIDENTE COM EXPOSIÇÃO AO HIV

Paciente-fonte HIV positivoUm paciente-fonte é considerado infectado pelo HIV quando há documentação de exames Anti-HIV positivos ou diagnóstico clínico de

(1,2,3)Aids .Conduta: análise do acidente e indicação de quimioprofilaxia anti-

(1,2,3)retroviral/Profilaxia pós exposição (PPE) .

Paciente-fonte HIV Negativo(1,2,3) Teste convencional ou teste rápido negativo

(1,2,3)Conduta: não está indicada a quimioprofilaxia

A. STATUS SOROLÓGICO DA FONTE

Fonte conhecida

a) Caso a fonte seja conhecida, mas sem informação do seu status sorológico, é necessário entrar em contato com médico assistente ou Núcleo de Controle de Infecção Hospitalar (NCIH) para solicitar sorologias para realização de exames de HBs Ag, Anti-HBc, Anti-HCV e

(1,2,3)Anti-HIV no paciente-fonte .

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Paciente-fonte com situação sorológica desconhecida

Sempre que possível teste rápido para HIV depois de obter consentimento do paciente-fonte. Realizar também sorologias para

(1,2,3)HBV e HCV . O termo de consentimento deve ser assinado pelo paciente-fonte

(1)(Modelo em ANEXOS) .

Paciente-fonte desconhecida

Avaliação do risco de infecção pelo HIV analisando o tipo de exposição, dados clínicos e epidemiológicos do local. Por exemplo: acidente com descarte incorreto de agulha utilizada em punção venosa no setor

(1,2,3)infectologia .

6. INDICAÇÃO DE PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO (PPE)

O ideal é que a seja iniciada o mais rápido possível, preferencialmente nas primeiras duas horas após o acidente, sendo ineficaz após 72 horas da exposição. Duração: 28 dias

profilaxia anti-retroviral

(3)ESQUEMAS PREFERENCIAIS ESTABELECIDOS PELO MS (recomendado para a maioria das exposições)

Básico: Zidovudina (AZT) + Lamivudina (3TC)BIOVIR (1 cada 12 horas com alimento)

(3)Ou alternativo: Tenofovir+Lamivudina(TDF+3TC) (3)Ou alternativo: Estavudina+lamivudina(d4T+3TC)

Esquema expandido: (recomendado para acidentes de maior (3)risco ou casos em que haja suspeita de resistência viral)

Ou seja: BIOVIR (1 cada 12 hs) + KALETRA

(2 cápsulas de 12 em 12 horas) Ou

(3)BIOVIR (1 a cada 12 horas) + TENOFOVIR (TDF)1x dia

AZT + 3 TC + Lopinavir-r (LPV-r)

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(3)Esquema Alternativo : Tenofovir + Lamivudina (TDF + 3TC)+ lopinavir/ritonavir(LPV-r)

Atenção: esquemas alternativos estão indicados para casos de intolerância ou efeitos adversos aos esquemas preferenciais

OBS: Sempre que necessário medicamentos anti-retrovirais diferentes do esquema padrão podem ser indicados principalmente quando há suspeita de exposição a cepas virais resistentes. Nestes casos, cabe avaliação criteriosa por infectologista assim que possível após o

(3)atendimento emergencial, preferencialmente até 72 horas .

INDICAÇÃO DE PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO (PPE) ou profilaxia anti-retroviral

Quando indicada, a PPE deverá ser iniciada o mais rápido possível, idealmente, nas primeiras duas horas após o acidente. Recomenda-se que o prazo máximo, para início de PPE, seja de até 72 horas após o

(1,2,3)acidente. A duração da PPE é de 28 dias .

Mulheres em idade fértil: oferecer o teste de gravidez para aquelas que não sabem informar sobre a possibilidade de gestação em

(1,2,3)curso .

Nos casos em que se suspeita que o paciente-fonte apresenta resistência aos anti-retrovirais, iniciar a PPE com os anti-retrovirais

(1,2,3)habituais e encaminhar o acidentado para um especialista .

Para a escolha do esquema profilático em exposições envolvendo pacientes-fonte infectados pelo HIV/aids, deve-se avaliar a história prévia e atual de uso dos anti-retrovirais e os parâmetros que possam sugerir a presença de vírus resistentes como o tratamento anti-retroviral prolongado e a ocorrência, durante o tratamento, de progressão clínica, aumento de RNA viral, queda dos níveis de linfócitos CD4+ e falta de resposta na troca do esquema medicamentoso. Medicamentos anti-retrovirais diferentes do esquema padrão podem ser indicados quando

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Nestes casos, uma avaliação criteriosa deve ser feita por médicos especialistas na área de infecção pelo HIV/aids. Como a resistência provavelmente afeta toda uma classe de anti-retrovirais é prudente incluir uma droga de uma outra classe. Ressalta-se que a falta de um especialista, no momento imediato do atendimento pós-exposição

(1,2,3)devem ser utilizados os esquemas preconizados neste guia .

Quando o acidente for avaliado como sendo de alto risco e um inibidor de protease for introduzido, deve-se monitorizar os efeitos colaterais e, quando presentes e de grande intensidade, ESTE DEVE SER

(1,2,3)SUBSTITUÍDO .

Posologia e administração da quimioprofilaxia:

600 mg

Droga inibidorde transcriptase

reversa

AZT

Associação de AZT + 3TC

3TC

Tenofovir (TDF)

Droga

Loponavir + Ritonavir

Droga inibidor de Protease

Droga

Dose total/Dia

Droga

Droga

300 mg

Dose Total/Dia

3TC - 150 mgAZT - 300 mg

Dose Total/Dia

Lopinavir - 800 mgRitonavir - 200 mg

Dose Total/Dia

300 mg

Forma de administração

3 comp (100 mg) ou2 comp (100 mg)

Forma de administração

1 comp (150 mg)

Forma de administração

1 compAZT + 3TC

Forma deadministração

2 capsulas a cada 12 horas

Forma deadministração

1 comp ao dia

Intervalo

12/12 horas8/8 horas

Intervalo

12/12 horas

Intervalo

12/12 horas

Intervalo

12/12 horas

Intervalo

24 horas

Duração

4 semanas (28 dias)4 semanas (28 dias)

Duração

4 semanas (28 dias)

Duração

4 semanas (28 dias)

Duração

4 semanas (28 dias)

Duração

4 semanas (28 dias)

Fonte: BRASIL (2006) 13

7. CONDUTAS FRENTE AO ACIDENTE COM EXPOSIÇÃO AO VIRUS DA HEPATITE B (HBV)

As recomendações dependem do STATUS sorológico do paciente-fonte e dos níveis de Anti-HBs do profissional acidentado, no quadro resumido a

(1,2,3)seguir :

Hepatite B

Paciente - fonteSituação vacinal e sorológica

do profissional de saúde exposto

Não vacinado

Com vacinação incompleta

Previamente vacinado

Com resposta vacinalconhecida e adequada

(>10mUI/ml)

Sem resposta vacinal após a 1° série (3 doses)

Sem resposta vacinal após a 1° série (6 doses)

Resposta vacinal desconhecida

HBsAg positivo HBsAg negativo HbsAg desconhecido ou não testado

IGHAHB + iniciar vacinação

Iniciar vacinação Iniciar vacinação**

IGHAHB + completarvacinação

Nenhuma medida específica

Nenhuma medida específica

IGHAHB + 1ª dose da vacina contra hepatite B

nova série de 3 doses

Iniciar nova série de vacina (3 doses)

Iniciar nova série de vacina (3 doses)**

IGHAHB (2x)*** Nenhuma medida específica

IGHAHB (2x)***

Testar o profissional de saúde:

Se resposta vacinal adequada: nenhuma

medida específica.Se resposta vacinal

inadequada: IGHAHB + 1ª dose da vacina contra hepatite B.

Testar o profissional de saúde:

Se resposta vacinaladequada: nenhuma

medida específica.Se resposta vacinal inadequada: fazer Segunda série de

vacinação.

Testar o profissional de saúde:

Se respoasta vacinal adequáda: nenhuma

medida específica.Se resposta vacinal inadequada: fazer Segunda série de

vacinação.

Completar vacinação Completar vacinação**

Nenhuma medida específica

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* Profissionais que já tiveram hepatite B estão imunes à reinfecção e não necessitam de profilaxia pós-exposição. Tanto a vacina quanto a imunoglobulina devem ser aplicadas dentro do período de 7 dias após acidente, idealmente nas primeiras 24 horas após o acidente.**Uso associado de imunoglobulina hiperimune contra hepatite B está indicado se o paciente-fonte tiver alto risco para infecção pelo HBV, como: usuários de drogas injetáveis, pacientes em programa de diálise, contatos domiciliares e sexuais de portadores de HBsAg positivo, homens que fazem sexo com homens, heterossexuais com vários parceiros e relações sexuais desprotegidas, história prévia de doença sexualmente transmissíveis, pacientes provenientes de áreas geográficas de alta endemicidade para hepatite B, pacientes provenientes de prisões e de instituições de atendimento a pacientes com deficiência mental.***IGHAHB (2x)= 2 doses de imunoglobulina hiperimune para hepatite B com intervalo de mês entre as doses. Esta opção deve ser indicada para aqueles que fizeram 2 séries de 3 doses da vacina, mas não apresentaram resposta vacinal, ou apresentem alergia grave à vacina.

Fonte: BRASIL (2008)

DEFINIÇÕES IMPORTANTES: Vacinação inadequada: quando a determinação de Anti-HBs for < 10

(9)UI/l

Dose de imunoglobulina a ser prescrita quando indicada: 0,06 ml/kg (9)Intramuscular

Vacina para Hepatite B (HBV): 10 a 20 mcg/ml, 3 doses exclusivamente (9)no deltóide, com intervalos de Tempo Zero, um e seis meses .

8. CONDUTAS FRENTE AO ACIDENTE COM EXPOSIÇÃO AO VÍRUS DA HEPATITE C (HCV)

Até o momento não existe nenhuma profilaxia pós-exposição contra o HCV. A incubação do HCV é de duas a 24 semanas (em média 6 a 7

(1,2,3)semanas) .

9. PREVENÇÃO À TRANSMISSÃO SECUNDÁRIA

I. PREVENÇÃO DE HIV

1. Nos casos de exposição ao HIV, o profissional acidentado deve realizar atividade sexual com proteção pelo período de seguimento, mas

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principalmente nas primeiras 6 a 12 semanas pós-exposição . 2. Deve também evitar: gravidez, doação de sangue, plasma, órgãos,

(1,2,3)tecidos e sêmen. O aleitamento materno deve ser interrompido .

II. PREVENÇÃO DE HEPATITE B

(1,2,3) 1. Uso de preservativo em todas as relações sexuais

2. Esterilização adequada de instrumentais e não compartilhamento de materiais perfuro-cortantes (alicate de unha, aparelho de barbear e depilar, instrumentos de aplicação de piercing, tatuagens e escova de

(1,2,3)dentes)

III. PREVENÇÃO DE HEPATITE C

(1,2,3) 1. Uso de preservativo em todas as relações sexuais . 2. Esterilização adequada de instrumentais e não compartilhamento de materiais perfuro-cortantes (alicate de unha, aparelho de barbear e depilar, instrumentos de aplicação de piercing, tatuagens e escova de

(1,2,3)dentes) .(1,2,3) 3. Não compartilhamento de agulhas e seringas .

10. CÓDIGOS USUALMENTE MAIS UTILIZADOS PARA ACIDENTES COM EXPOSIÇÃO A MATERIAL BIOLÓGICO CONSTANTES NO CID-10, DENTRE OUTROS

Y 60.9 - Corte, punção, perfuração ou hemorragia durante cuidados médicos ou cirúrgicosY 64.9 - Medicamentos e substâncias biológicas administradas por meios não especificadosZ 57.8 - Exposição ocupacional a outros fatores de riscoT 81.2 - Laceração, perfuração durante procedimentos (cateter, endoscópio, instrumento, sonda)Z 20.9 - Contato e exposição a doenças transmissíveis, não especificados.Z 20 - Contato com e exposição a doenças transmissíveis.

(1,2,3)

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11. PLANILHA DE ACOMPANHAMENTO

Pode ser utilizada no monitoramento, planilha de acompanhamento conforme abaixo:

Outros exames porventura necessários quando realizados devem ser anotados.

Fonte: Os autores (2011).

12. NR 32 E SUAS IMPLICAÇÕES.

A legislação brasileira, por meio da NR32, obriga o empregador a implantar uma Comissão Gestora Multidisciplinar cujo objetivo é a elaboração e implementação de um plano de prevenção de riscos de acidentes com exposição a fluidos biológicos que visa à proteção, à segurança e à saúde dos trabalhadores. Este plano deve conter as medidas de controle para a prevenção dos acidentes, a seleção de materiais perfurocortantes com dispositivos de segurança e a capacitação dos

(11)trabalhadores .

Sorologia Status sorológico no dia do acidente (momento zero) 01 mês 02 meses 06 meses 12 meses

Anti - HIV

Hbs Ag

Anti - Hbc

Anti - Hbs

Anti - HCV

ALT (TGP)

Data da realização

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Fonte: BRASIL (2006) 18

Fonte: BRASIL (2006) 19

3. Termo de consentimento Informado para o paciente-fonte, autorizando a realização dos exames.

Modelo de termo de Consentimento Informado (para o paciente-fonte)

Informamos que durante o seu atendimento neste Serviço (UBS, Hospital, etc.) Um funcionário foi vítima de um acidente onde houve contato com seu material biológico. Com o objetivo de evitar tratamentos desnecessários e prevenir situações de risco, estamos solicitando, por meio da equipe médica que o está atendendo, autorização para que sejam realizados alguns exames. Serão solicitados exames para aids e hepatites B e C. Para a realização destes exames será necessária uma coleta simples de sangue venoso, em torno de 8 ml, como realizada para qualquer outro exame convencional já realizado anteriormente. O risco associado a este tipo de coleta é o de poder haver um pequeno derrame local (hematoma), que habitualmente não tem consequências além de um pequeno desconforto local. O benefício que você poderá vir a ter é receber informações diagnósticas sobre estas três doenças já citadas e orientação do seu tratamento, se for o caso.Todas as informações serão mantidas em sigilo, servindo unicamente para orientar a condução de tratamento do funcionário acidentado. A sua equipe médica será informada a respeito dos resultados dos seus exames que serão incluídos no seu prontuário médico.Caso você não concorde com a realização dos exames, esta decisão não causará prejuízo em seu atendimento nesta instituição.Eu, ____________________________ após ter sido adequadamente informado do objetivo deste solicitação e dos procedimentos aos quais serei submetido ( ) concordo ( ) não concordo, que seja coletado meu sangue para a realização dos exames diagnósticos acima descritos.

Cidade, ___ de ______ de ____.

Nome:Assinatura:

20

4. Termo de Consentimento Informado (para o acidentado).

Termo de Consentimento Informado (para o acidentado)Modelo de Termo de Consentimento Informado (do acidentado).Eu, ______________________ estou de acordo em me submeter à PROFILAXIA, PÒS-EXPOSIÇÃO AO HIV adotada por este serviço de saúde, após ter sido exposto à contato com material biologico e recebido as seguintes informações:

1.Que existe risco de transmissão de HIV pós-exposição.

2. Qual é a quimioprofilaxia indicada para o grau de risco de exposição.

3.Os conhecimentos sobre a quimioprofilaxia pós-exposição ao HIV são limitadas.

4. Não existem dados suficientes quanto à toxicidade em pessoas sem infecção por HIV ou que estão grávidas.

5.Algumas ou todas as drogas de quimioprofilaxia podem não ser toleradas.

6.Recebi informações sobre os efeitos adversos que as medicações poderão causar.

7.Fui orientado sobre a importância de comparecer às consultas nas datas determinadas para a realização dos exames de controle, assim como para informar qualquer manifestação que possa ocorrer em relação ao uso da profilaxia indicada.

Cidade, ___ de ______ de ____.

Nome:Assinatura:N.° Prontuário:

21

5. Recomendações para utilização de Equipamentos de Proteção

Procedimento Lavar as mãos

LuvasCapote

(avental)

Máscara eóculos

de proteção

Exame de paciente sem contato com sangue,fluidos corporais, mucosas ou pele

não-íntegra

Exame de paciente, incluindo contato com sangue, fluídos corporais, mucosas ou pele

não-íntegra

Coleta de exames de sangue, urina e fezes

Realização de curativos

Aplicações parenterais de medicações

Punção ou dissecação venosa profunda

Aspiração de vias aéreas e entubação traqueal

Endoscopias, broncos copias

Procedimentos dentários

Procedimentos com possibilidade derespingos de sangue e secreções

X

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(*)

(*) (**)

(**)

Fonte: BRASIL (1999)

(*) A utilização de capotes (aventais) está indicada durante os procedimentos em que haja possibilidade de contato com material biológico, como na realização de curativos de grande porte em que haja maior risco de exposição ao profissional, como grandes feridas cirúrgicas, queimaduras graves e escaras de decúbito(10).

(**) O uso de óculos de proteção está recomendado somente durante os procedimentos em que haja possibilidade de respingo, ou para aplicação de medicamentos quimioterápicos(10). 22

6. Medicamentos - Efeitos Adversos

Efeitos adversos e interações dos medicamentos utilizados na quimioprofilaxia.

Medicamentos erelação com

ingesta alimentarEfeitos adversos Interações

ZIDOVUDINA (AZT) com alimento

LAMIVUDINA (3TC)com alimento

Lopinavir + Ritonavir(Kaletra)

ingerir com alimentos IP

Tenofovir Inib. Transcriptasereversa

Age também sobre VHB

Anemia, neutropenia,leucopenia, plaquetopenia,náuseas, vômitos, astenia, mal-estar geral, cefaléia,

miopatia, insônia, pigmentação ungueal e de mucosas

alteração das provas hepáticas, hepatite.

Pancreatite, diarréia, dor abdominal, anemia,

neutropenia.

Aumenta níveis decolesterol/ triglicérides,

diarréa.

Aumenta creatinina e tramsaminases,náuseas, vômitos, eperda do apetite.

Ganclixovir, anfotericina,B. Flucitosina, SMX-TMP,dapsona, pirimetamina,citostáticos, sulfadiazina,

(maior risco de toxicidade hematológica). Monitorar

anemia e neuropenia.Probenecida, fluconazol,

paracetamol (maiores níveis séricos do AZT). Estavudina e ribavirina (potencial para redução da atividade anti-

retroviral).Evitar uso concomitante.

Sulfametoxazol + trimetroprim

(maior biodisponibilidade de3TC).

Não há necessidade de ajuste de dose.

Zalcitabina (potencialantagonismo).

Evitar uso concominante.

Insuficiência renal.

Fonte: BRASIL (2010) 23

REFERÊNCIAS:

(1) BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Exposição a materiais biológicos. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006.

(2) CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). Department of Health and Human Services. Sharps injury prevetion Program Worbook Information about the workbook. Atlanta;2007. Acesso em 26/08/10 http//:www.cdc.gov/sharpssafety/pdf/sharpsworkbook_2008.pdf

(3) CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Updated U.S. Public Health Service. Guidelines for the management of occupational exposures to HBV, HCV, and HIV and recommendations for postexposure prophylaxis. MMWR, Atlanta, v. 50, n. RR 11, 2001. Disponível em: <Http://www.cdc.gov/mmwr/PDF/RR/RR5011.pdf>.

(4) BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Recomendações para terapia antirretroviral em adultos infectados pelo HIV- 2008: suplemento III tratamento e prevenção. Brasília: Editora do Ministério da Saúde. 1ª ed. 2010. Acesso em:23/12/10 http://www.crt.saude.sp.gov.br/resources/crt_aids/pdfs/guia_de_tratamento_pos_exposicao.pdf

(5) CAVALCANTE, N. J. F.; MONTEIRO, A. L. C.; BARBIERI, D. D. Biossegurança: atualidades em DST/AIDS. 2. ed. rev. amp. São Paulo: Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, Programa Estadual de DST/AIDS, 2003. Disponível em: <http://www.crt.saude.sp.gov.br/down/Bioseguranca.pdf>.

(6) CESPEDES, L.D.M. et al. Estudo da adesão de trabalhadores acidentes de trabalho notificados. Cogitare Enferm., Curitiba, v.15, n.2, p. 245-249. 2010 abril/junho. Disponível em:< http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/cogitare/article/view/17854> Acesso em 20/11/2011.

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(7) OLIVEIRA, A. C.; LOPES, A. C. S.; PAIVA, M. H. R. S. Acidentes ocupacionais por exposição a material biológico entre a equipe multiprofissional do atendimento pré-hospitalar. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 43, n. 3, p.677- 683, setembro 2009 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342009000300025&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 18/11/ 2011. Http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342009000300025.

(8)BRASIL. Portaria nº 104, de 25 de janeiro de 2011. Define as terminologias adotadas em legislação nacional, conforme o disposto no Regulamento Sanitário Internacional 2005 (RSI 2005), a relação de doenças, agravos e eventos em saúde pública de notificação compulsória em todo o território nacional e estabelece fluxo, critérios, responsabilidades e atribuições aos profissionais e serviços de saúde. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt0104_25_01_2011.html Acesso em: 02/12/2011.

(9) BRASIL.Guia de Vigilância Epidemiológica. Série A Normas e Manuais Técnicos. 7ªed. Brasília/DF; 2009. 813p. Disponível em: <http://www.prosaude.org/publicacoes/guia/Guia_Vig_Epid_novo2.pdf> Acesso em: 18/11/2011.

(10) BRASIL. Manual de Condutas: Exposição a Material Biológico: Hepatite/HIV/Coordenação Nacional de DST e Aids- Brasília: Ministério da Saúde, 1999. 20p.

(11) BRASIL. Portaria nº 1748, de 30 de agosto de 2011. Dispõe sobre o plano de prevenção de riscos de acidentes com materiais perfurocortantes - Anexo III da Norma Regulamentadora nº32. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A31F92E65013224E36698767F/p_20110830_1748%20.pdf>.Acesso em 18/11/2011.

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