guia feminista para as eleições 2012

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UM GUIA DE APOIO AO VOTO CONSCIENTE E EM DEFESA DOS DIREITOS DAS MULHERES, DA IGUALDADE éTNICORRACIAL, DA LIBERDADE DE ORIENTAçãO SEXUAL E DO ESTADO LAICO E DEMOCRáTICO Feminista Guia para as Eleições 2012

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Um guia de apoio ao voto consciente e em defesa dos direitos das mulheres, da igualdade étnicorracial, da liberdade de orientação sexual e do Estado laico e democrático

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  • Um gUia de apoio ao voto consciente e em defesa dos direitos das mUlheres, da igUaldade

    tnicorracial, da liberdade de orientao sexUal e do estado laico e democrtico

    feminista guia para as

    eleies2012

  • Ficha Tcnica

    guia feminista para as eleies 2012

    texto Beth Ferreira

    reviso finalNina Madsen Guacira Csar de Oliveira

    projeto grfico e diagramaoArs Ventura Imagem & Comunicao

    apoio

    Ministrio de Relaes Exteriores da Holanda, no mbito do projeto Empoderando as mulheres para lutar contra as desigualdades, executado por consrcio regional das seguintes organizaes: CFEMEA, SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia, Cotidiano Mujer (Uruguai), Centro de Documentacin y Estudio (CDE, Paraguai) e Asociacin Latinoamericana de Organizaciones de Promocin al Desarrollo (ALOP, Mxico).

  • ndice

    Apresentao

    1. Eleies 2012: quem iremos eleger e para qu?

    2. Por que importante votar em mulheres?

    3. Subsdios para um voto consciente 3.1. Identificando candidaturas comprometidas com os direitos e a emancipao das mulheres

    3.2. Identificando candidaturas antidireitos das mulheres

    3.3. Para acertar o voto: conhecendo o sistema eleitoral brasileiro

    4. Engajando-se no processo eleitoral

    5. Acompanhando os mandatos

    6. Desafios para o futuro: por uma ampla reforma do sistema poltico

    7. Poltica, Democracia e Estado Laico

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  • cara eleitora e eleitor,

    Este Guia Feminista para as Eleies 2012 foi feito para voc. No para lhe dizer em quem voc deve votar, mas sim para lhe estimular a in-vestir no seu voto e participar ativamente do processo eleitoral do seu municpio, acreditando que sua escolha pode sim fazer a diferena! Tambm para lhe oferecer informaes importantes sobre a poltica e os processos eleitorais e, com isto, ajudar-lhe a votar em candidaturas que de fato representem propostas de mudanas em nossa sociedade. Mudanas dirigidas para torn-la uma sociedade justa, livre, demo-crtica, igualitria, respeitadora da diversidade humana, cuidadora da natureza e do meio ambiente e, especialmente, das pessoas.

    Apresentao

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  • Nestas eleies, elegeremos representantes para as Prefeituras e Cmaras Municipais, da a importncia de votarmos em pessoas comprometidas com mudanas que contribuam efetivamente para fazer de nossas cidades e municpios, e, consequentemente, de nosso pas, um lugar melhor de se viver. Um lugar onde seja as-segurada qualidade de vida, sade, segurana, educao, moradia digna e bem estar para todas as pessoas.

    Em especial, este guia tem como objetivo ajudar voc a escolher, se possvel (e quase sempre possvel!), uma mulher candidata, contri-buindo deste modo para uma maior participao das mulheres na poltica e nos espaos de poder que definem os rumos da nossa vida.

    cfemea setembro de 2012

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  • Quando uma mulher entra na poltica, muda a mulher.

    Mas quando muitas mulheres entram

    na poltica, muda a poltica.

    Michelle Bachelet

  • 1. eleies 2012 QUem iremos eleger e para QUe?

    Nestas eleies, iremos eleger representantes para duas instncias do poder pblico: a Prefeitura Municipal (Poder Executivo) e a Cmara Municipal (Poder Legislativo). So duas instncias muito importantes. Voc sabe a funo social e poltica de cada uma de-las? No? Ento vamos saber e entender.

    prefeitUra (poder execUtivo mUnicipal):

    O Poder Executivo tem a responsabilidade de promover o bem co-mum da populao, sem discriminao de sexo, gnero, raa, et-nia, orientao sexual, idade, classe, origem rural ou urbana, nvel de educao ou qualquer outra. Ou seja, deve promover o bem co-mum de todas as pessoas e no apenas de um segmento ou grupo.

    Isto significa que, ao elegermos uma prefeita ou prefeito, estamos atribuindo a esta pessoa a responsabilidade de cuidar para que os direitos de todas e cada uma das pessoas sejam garantidos, respeita-dos, e que os servios, as polticas e as finanas do municpio estejam orientadas a esses objetivos. Como? Assegurando a execuo das leis municipais, governando o municpio (o povo e rgos pblicos) e administrando os negcios pblicos da prefeitura. Para fazer isto, so criadas Secretarias rgos responsveis por planejar e executar as polticas pblicas de sade, educao, trabalho, cultura, habitao, agricultura, assistncia social, turismo, finanas, dentre outras.

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  • Esta uma responsabilidade muito grande! Por isso, preciso muita ateno na hora de escolher em quem votar para este cargo. Disto vai depender o desenvolvimento do nosso municpio, a qualidade de vida das pessoas, o bem estar dos animais, a preservao do ambiente. Ou seja, disto depende o nosso presente e nosso futuro. E tambm, o de noss@s filh@s, net@s, bisnet@s enfim, das gera-es futuras.

    cmara mUnicipal (poder legislativo):

    O Poder Legislativo Municipal tem a funo de elaborar, aprovar, modificar ou revogar as leis responsveis pela estruturao e or-ganizao do municpio. A Cmara composta por vereador@s eleit@s diretamente pelo povo para o exerccio de um mandato de quatro anos. O nmero de vereador@s proporcional ao total de habitantes de cada municpio.

    A Cmara Municipal tem duas grandes funes:

    1) a legislativa, que consiste na elaborao, aprovao e reformula-o de leis referentes ao municpio;

    2) a fiscalizadora, devendo controlar a administrao municipal (prefeitura e suas secretarias) quanto execuo do oramento p-blico municipal e de polticas pblicas de promoo da qualidade de vida e bem estar da populao.

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  • As vereadoras e vereadores sos @s representantes do povo, de-vendo assegurar que as necessidades da populao e de seus v-rios segmentos (mulheres, homens, jovens, idos@s, negr@s, rurais, urban@s, etc.) sejam atendidas.

    Esta tambm uma responsabilidade grande. Por isso, devemos ter muita ateno na hora de votar, para que elejamos pessoas re-almente comprometidas em fazer de nosso municpio e de nossa cidade um lugar bom e digno de se viver.

    importante entender isto, pois, em ltima instncia, a responsabi-lidade tambm sua!

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  • 2. por QUe importante votar em mUlheres?

    Vamos pensar... As mulheres representam hoje mais da metade da populao do brasil (51,03%) e tambm mais da metade do eleito-rado brasileiro (51,9%). So responsveis por grande parte da rique-za produzida no pas e realizam quase todo trabalho domstico e as tarefas de cuidado, fundamentais para que as pessoas possam viver bem, sentirem-se protegidas, respeitadas e acolhidas no cotidiano da vida. No entanto, nos espaos pblicos, onde so decididos os rumos do pas, onde so elaboradas e aprovadas as leis, onde so planejadas e implementadas polticas pblicas e definidos os proje-tos de desenvolvimento, as mulheres so minoria. No porque no queiram estar ali, mas porque so excludas desses espaos, uma vez que no so eleitas.

    Para se ter uma ideia, nas ltimas eleies municipais (2008), do total de 5.555 municpios, apenas 504 mulheres (9,7%) foram elei-tas prefeitas. E do total de 51.965 cargos nas cmaras municipais, somente 6.508 mulheres (12,5%) foram eleitas vereadoras.

    Mudar este quadro e eleger mulheres , sobretudo, uma questo democrtica, de justia de gnero, de justia distributiva do poder. Se as mulheres constroem a sociedade, produzem riqueza, cuidam das pessoas, cuidam do meio ambiente, educam, cuidam da sade, necessrio que o poder de gerir o Estado, que gerencia a vida em sociedade, seja dividido igualitariamente entre mulheres e homens.

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  • Por isso, essencial que nestas e nas futuras eleies, mais mulhe-res se candidatem e, principalmente, recebam a confiana e o voto da populao.

    E que sejam eleitas! Sim, porque ao ocupar os es-paos de poder, as mulheres no esto apenas di-vidindo o poder poltico com os homens. Esto mudando a prpria ideia de mulher na sociedade e, com isto, mudando o lugar ocupado historica-mente pelas mulheres nos diversos mbitos sociais.

    A ocupao, pelas mulheres, de um cargo poltico a exemplo da Presidenta Dilma Roussef , estimula as demais mulheres a terem mais confiana na sua capacidade poltica, intelectual, cultural, econmica. Com isso, mais mulheres transformam sua vida: no tra-balho, nas escolas e universidades, na famlia ou na comunidade. Ou seja, transformam seu lugar no mundo!

    Mas, para que isto ocorra, importantsimo que as mulheres vo-tem nas mulheres! Sim, pois afinal somos mais da metade do eleito-rado. Temos, portanto, um grande potencial para mudar a situao atual de desigualdade na poltica.

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  • preciso romper tambm com a ideia de que mu-lheres no confiam em mulheres. Uma aliana feminina e feminista neste momento funda-mental! Mulheres votando em mulheres e mu-dando a poltica!

    mas ateno! To importante quanto eleger mulheres, confe-rir se elas esto comprometidas com a transformao da socieda-de. Para termos uma sociedade mais justa, solidria e igualitria, precisamos eleger pessoas que assumam compromisso com a luta feminista pela liberdade, autonomia e igualdade para todas as mu-lheres e todas as pessoas; que se comprometam com a luta contra o racismo e pela igualdade etnicorracial; que se comprometam com a liberdade de orientao sexual; que defendam o Estado laico e democrtico. Enfim, precisamos eleger mulheres e homens que as-sumam o compromisso radical de construir uma nova sociedade: justa, livre, igualitria, democrtica, sustentvel, saudvel!

    Infelizmente, sabemos, nem todas as mulheres assumem estes com-promissos. E a, como fazer? Como lidar com esta situao um tan-to quanto complexa? Vamos pensar?

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  • no basta ser mulher! tem que ter compromisso com a justia social!

    Um dilema que surge a cada eleio quando consideramos a im-portncia de se eleger mulheres : Voto numa mulher (no em qual-quer mulher, mas na melhor candidata entre as mulheres) e ajudo a mudar o perfil das mulheres na poltica ou voto em um homem mais comprometido com as questes e causas que defendo? Mas se voto em um homem, contribuo para a manuteno do patriarcado e o lugar subordinado das mulheres na poltica e na sociedade... E a, o que fazer???

    Certamente, esta uma questo importante. preciso refletir com cuidado, pois muitas vezes este um falso dilema, que se torna um mero argumento para no se votar em mulheres. Voc j reparou que quase nunca esta questo colocada para os homens? Nunca se diz: No basta ser homem, tem que.... Por que ser que apenas no caso da candidatura de mulheres, o fato de ser mulher exige outros condicionantes para o voto?

    Simples! Porque o lugar dos homens na poltica est institucionali-zado h centenas, milhares de anos. A poltica vista como atributo natural dos homens. E mesmo quando eles no tm experincia nem alto grau de estudo, no se costuma questionar sua capaci-dade para a poltica. Com isto, no se quer defender a ideia de que basta ser mulher para receber nosso voto. Mas que os outros condicionantes ser de luta, ter compromisso com a justia social, defender os direitos das minorias, defender o meio ambiente, entre outros devem ser exigidos igualmente para mulheres e homens.

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  • Isto, alm de ser mais justo, permite s mulheres (j minoria entre as candidaturas apenas 30%, dispondo de bem menos recursos que os homens, com menos apoio de figuras importantes na polti-ca e no cenrio econmico, entre outras desvantagens) ter minima-mente condies de concorrer com os homens e alguma chance de se elegerem.

    Na verdade, se pensarmos bem e se queremos mu-danas na sociedade, estes deveriam ser sempre os critrios para escolhermos em quem votar in-dependente do sexo, da cor ou raa, orientao sexual, religio, condies econmicas, etc. Seja no Poder Executivo, ou no Legislativo, precisamos de pessoas ticas, honestas, justas, compromissa-das com os valores sociais de igualdade, justia, liberdade, solidariedade. Isto o mais importante!

    E, apesar da banalizao atual da poltica e do pensamento comum colocar tod@s @s poltic@s no mesmo saco, possvel encontrar sim candidaturas com este perfil dentre as quais, as de mulheres. E votar nelas importante.

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  • Assim como a lei de cotas, que obriga os partidos polticos a apresentarem pelo menos 30% de candidaturas de mulheres em eleies proporcionais, votar em uma mulher pode ser visto como uma ao afirmativa, visando fortalecer a participao das mu-lheres na poltica formal. Precisamos compreender que, sem este tipo de ao, as mulheres tm pouqussimas chances de se elege-rem e reconfigurarem o perfil da poltica no Brasil.

    Pense nisto ao decidir seu voto. Ele pode provocar esta e outras importantes mudanas!

    algUns motivos para votar em mUlheres:

    No entendemos a poltica apenas como aquela que se refere aos processos eleitorais e vida partidria. Ela bem mais ampla. Porm, em um sistema poltico baseado, em grande medida, na democracia representativa, como caso do sistema brasileiro, a participao na poltica partidria e nos processos eleitorais fundamental para a garantia de direitos e a promoo de algum nvel de justia social.

    Neste sentido, a candidatura de mulheres aos diversos cargos ele-tivos no Executivo e no Legislativo se faz importante por vrios motivos:

    ^ Demonstra que as mulheres querem e podem participar dos espaos de poder que decidem sobre os rumos do pas e rea-firma que lugar de mulher tambm na poltica;

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  • ^ As candidatas podem enriquecer os debates, conscientizan-do eleitor@s e colaborando para a transformao social ao utilizar plataformas de defesa dos direitos humanos, justia, igualdade e diversidade;

    ^ Como vereadoras ou prefeitas, as mulheres podem formular leis e polticas pblicas para construir cidades ambiental e socialmente justas, enfrentando as desigualdades sociais, pro-movendo a incluso de mulheres e respeitando a diversida-de da populao (negr@s, idos@s, homossexuais, indgenas, pessoas com deficincias, dentre outras);

    ^ Como candidatas ou eleitas, as mulheres ganham visibilidade e podem aprofundar o dilogo com os movimentos sociais e as organizaes de mulheres e feministas, visando melhoria de vida para todos e todas e a ampliao da democracia;

    ^ As casas legislativas e os governos tm papel fundamental no aprofundamento da democracia e na garantia de direitos bsicos, como o direito alimentao, moradia, ao trabalho justo, educao, sade, livre expresso da sexualidade, cultura, ao esporte e lazer, ao transporte, segurana, livre organizao, entre outros. A ocupao desses espaos pelas mulheres , portanto, estratgica, uma vez que como parla-mentares ou gestoras, podem incidir diretamente na qualidade de vida da populao, proporcionando legislao e polticas pblicas que busquem reduzir e eliminar as desigualdades.

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  • 3. sUbsdios para Um voto consciente

    3.1 identificando candidaturas comprometidas com os direitos e a emancipao das mulheres

    Como j explicitamos, no defendemos a ideia de que basta ser mulher para que uma candidata receba nosso voto, mas entende-mos que importante votar em mulheres para provocar mudanas na poltica e, sobretudo, em mulheres que se proponham a trans-formar a poltica. Tambm importante, sempre que possvel, aliar esta escolha votar em uma mulher com outros quesitos de pro-moo da diversidade de representao poltica dos vrios segmen-tos populacionais brasileiros: pessoas negras e indgenas, homosse-xuais e bissexuais, jovens e idos@s, pessoas com deficincia, etc.

    Neste sentido, seria bom tentar conhecer todas as candidaturas e analisar com ateno especial as candidatas mulheres, identifican-do a que mais se compromete com as questes de justia social igualdade de gnero, igualdade tnicorracial e fim do racismo, democracia e defesa do Estado laico, combate s desigualdades de classe, liberdade de orientao sexual e luta contra a homofobia, novas relaes com a natureza, entre outras.

    Nas capitais, com o grande nmero de candidaturas e diversida-de de partidos e projetos polticos, certamente possvel encon-trar candidaturas de mulheres comprometidas com estas questes.

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  • Ainda mais nestas eleies, onde a cota de 30% obrigatria.

    J no caso dos mdios e pequenos municpios, isto mais difcil. Mas no mais difcil que encontrar candidaturas masculinas tam-bm com este perfil. Nos municpios do interior, ainda que com poucas opes, sempre possvel tentar encontrar plataformas que assumam algum nvel de compromisso com a defesa dos direitos das mulheres e (se no todas, pelo menos algumas) das bandeiras de luta feminista.

    Abaixo, sugerimos alguns requisitos a considerar para identificar uma candidatura (preferencialmente de mulher) comprometida com a construo de uma sociedade justa. Requesitos que devem estar expressos na plataforma d@ candidat@ (escrita ou falada), deixando explcito que:

    ^ Reconhece o patriarcado, o racismo e as desigualdades de classe como estruturantes das injustias sociais e se prope a combat-los e desconstru-los;

    ^ feminista e/ou mantem ou busca construir alianas e dilo-go permanente com os movimentos feministas e de mulheres, com movimentos negros, movimentos LGBTT e demais mo-vimentos sociais, ouvindo suas demandas e reivindicaes;

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  • ^ Atuar para a superao das vrias formas de dominao de gnero e raa/etnia e para combater os preconceitos e discri-minaes a homossexuais e a outros segmentos;

    ^ Reconhece a dvida social do Estado brasileiro com a popu-lao negra e atuar em defesa de sua reparao atravs de aes afirmativas e polticas pblicas especficas;

    ^ Atuar para garantir a criao, nos municpios, de mecanis-mos de polticas pblicas para mulheres: secretarias ou coor-denadorias com dotao oramentria prpria e conselhos de direitos com autonomia poltica e recursos prprios;

    ^ Atuar contra qualquer proposta (de polticas pblicas ou leis) que vise suprimir direitos e/ou busque criminalizar as mulheres, a populao negra e indgena, homossexuais, trabalhador@s do campo ou os movimentos sociais que lu-tam pela ampliao da democracia e da cidadania e por justi-a social e ambiental.

    ^ Atuar para garantir que os servios, as polticas e as finanas pblicas estejam voltadas ao enfrentamento das mltiplas for-mas de desigualdades vividas pelas mulheres

    ^ Atuar para democratizar do poder com a participao das mulheres.

    ^ Atuar para defender a democratizao dos processos de de-ciso sobre as finanas e as polticas pblicas.

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  • Pense bem: D para votar em quem no assuma minimamente estes compromissos? Um mandato que no adote estes requisitos como referncia, pode ser considerado um mandato voltado para construo da igualdade, da justia, da democracia, da liberdade?

    Como j dissemos, sabemos que no contexto de alguns munic-pios, nem sempre fcil encontrar candidaturas que assumam es-ses compromissos. Mas em alguns casos, possvel que voc (s ou em conjunto com outras pessoas o que recomendvel, pois a ao ganha mais fora) procure @s candidat@s e apresente as condies para o seu voto.

    Diga-lhes que seu voto vale muito e que em troca dele voc quer um mandato comprometido com a justia, que combata a corrup-o, que faa bom uso dos recursos pblicos e atue para fazer da sua cidade e municpio um lugar bom e digno de se viver!

    3.2 identificando candidaturas antidireitos das mulheres

    Se de um lado importante avaliarmos quais candidaturas so comprometidas com a defesa dos direitos das mulheres e a construo de uma sociedade justa para todos os segmentos sociais, de outro, precisamos nos atentar para o fato de que tambm existem candida-turas que vo na contramo dessas mesmas propostas.

    Tanto o Executivo (Prefeituras) como o Legislativo (Cmaras) es-to cheios de pessoas que se opem democracia, s liberdades, aos direitos humanos, distribuio de renda e redistribuio da

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  • riqueza aos direitos trabalhistas, a maiores investimentos pblicos no servio de sade e na educao etc. Esto cheios de pessoas corruptas e desonestas, que visam apenas se dar bem, desviando e surrupiando verbas pblicas. Verbas arrecadadas atravs dos im-postos cobrados sobre o nosso trabalho, o que produzimos, o que consumimos, os servios que utilizamos.

    Tambm tem muitas pessoas que, mesmo no sendo desonestas ou corruptas, assumem esses espaos para tentar impor a todo mundo seus valores e princpios (geralmente religiosos). So @s chamad@s fundamentalistas, religios@s conservador@s de diferentes igrejas, pessoas que querem que todas as outras ajam de acordo com as regras da sua igreja, seu modo de pensar e que todo mundo siga risca seus princpios religiosos. Geralmente, essas pessoas no respeitam nem mesmo toleram a liberdade de pensamento, as es-colhas individuais, a diversidade de crenas e de modos de agir.

    Por isso, ateno: Pessoas corruptas e desonestas no merecem e no devem ocupar os espaos polticos! Por sua vez, a ocupao desses espaos por pessoas fundamentalistas uma ameaa de-mocracia e ao Estado laico e de direito. Viver sob as regras de uma religio teocracia, no democracia, autoritarismo. Neste senti-do, seu voto (ou no voto) e seu engajamento na contrapropaganda a essas candidaturas so muito importantes para impedir o avano da participao dessas pessoas no poder pblico.

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  • Abaixo apresentamos algumas sugestes e orientaes de como identificar essas candidaturas antidireitos, antijustia, antiliberdade, antidemocracia. Preste ateno:

    ^ em candidat@s com posturas machistas e sexistas, desde as mais explcitas s mais sutis.

    Candidatos com histrico de violncia contra a mulher; candidat@s que defendem a subordinao das mulheres aos homens; que no aceitam a autonomia das mulheres sobre sua vida, seu corpo, sua sexualidade, seu direito de escolher entre ter ou no ter filh@s e quando t-l@s (direito reprodu-tivo) .

    ^ Em candidat@s com posturas preconceituosas, homofbicas e/ou lesbofbicas.

    Ateno para quem diz que no tem preconceito, mas no defende nem apoia a luta por direitos e liberdade sexual do segmento LGBTT; quem diz que no tem nada contra, mas vive se contradizendo quando lhe convem; sobretudo, aten-o a quem defende o tratamento psicolgico ou religioso para curar a homossexualidade, pois ela no doena, apenas uma das formas de expresso da sexualidade.

    ^ Em candidat@s que j exerceram mandatos, mas nunca pau-taram as causas feministas e das mulheres, ou da populao negra, indgena e LGBTT.

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  • ^ Em candidat@s com posturas racistas, ainda que no sejam explcitas ou conscientes.

    Exemplo: Que se posicionam contra as aes afirmativas (como as cotas) e polticas de reparao para o povo negro, argumen-tando que elas so desnecessrias, pois o Brasil uma demo-cracia racial se isto fosse verdade, @s negr@s no ganhariam quase metade (57,4%) do que ganham @s branc@s (IBGE, 2010); o nmero de negr@s nas escolas e universidades, nos bons empregos ou na poltica seria igual ao de branc@s.

    ^ Em candidat@s que oferecem favores (dinheiro, produtos, be-nefcios, servios, etc.) em troca do seu voto, pois este o primeiro sinal de corrupo e desonestidade.

    A compra de votos ilegal, portanto, quem compra (ou vende), desonest@. Alm disso, se um@ candidat@ compra voto porque espera ter seu investimento de volta ao se eleger, o que s possvel atravs da corrupo e do desvio de verbas.

    ^ Em candidat@s Ficha Suja, com histrico de atos crimino-sos e desonestidade.

    Candidat@s com denncia de explorao de trabalho escra-vo, de trabalho infantil; com denncias de pedofilia, explora-o sexual de crianas e adolescentes; envolvid@s em rede de prostituio; denncias de corrupo e desvio de verbas pblicas, entre outras.

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  • ^ Em candidat@s com posturas fundamentalistas, de qual-quer tipo.

    Que tentam impor seus valores e princpios religiosos a todo mundo; que querem chegar ao poder para obter privilgios para a sua religio atravs do Estado e do governo, com di-nheiro pblico, isenes fiscais, concesses de rdio e TV, cargos e etc para os negcios particulares da sua igreja; que visam usar do poder pblico, quando eleit@s, para prejudicar outras religies ou pessoas sem religio; que se contrapem ao Estado laico e de direitos.

    3.3 para acertar o voto: conhecendo o sistema eleitoral brasileiro

    Mas, para votar bem, no precisamos apenas conhecer @s candidat@s e suas propostas individuais e/ou partidrias, mas tam-bm saber como funciona o sistema eleitoral no Brasil. Infelizmente, a maioria do eleitorado brasileiro no conhece o sistema pelo qual elege suas/seus representantes. Pelo contrrio, a maioria pensa que votar algo muito simples: Com o ttulo eleitoral, voc escolhe um(a) candidat@, vai at a sesso, vota, e pronto, @ candidat@ que conseguir mais votos se elege.

    Voc tambm pensa que assim? Pois no ! Vamos ver como funciona?

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  • Voc j observou que nas eleies para vereador@s e deputad@s, tem candidat@ que consegue milhares de votos, e no se elege, e outr@s que com poucos votos so eleit@s?

    Isto acontece porque no Brasil, o sistema eleitoral permite a co-ligao entre partidos para as eleies proporcionais para as Cmaras Municipais, Assembleias Legislativas e Cmara Legislativa do Distrito Federal e para a Cmara Federal de Deputada@s , que funcionam atravs de um coeficiente eleitoral, a partir do qual os partidos e coligaes tero suas/seus representantes eleit@s propor-cionalmente ao nmero de votos obtidos.

    Para entendermos como funciona o sistema proporcional, precisa-mos primeiro entender o que uma coligao e como funciona o coeficiente eleitoral.

    coligao Em tese, a coligao seria um pacto entre dois ou mais partidos, com ideias e propostas comuns, para governar e admi-nistrar um municpio, um estado ou o Pas. Na prtica, porm, as coligaes so usadas mesmo para aumentar o poder eleitoral dos partidos durante as eleies proporcionais. que, neste caso, a contagem de votos privilegia as coligaes. Como isto acontece? Atravs do coeficiente eleitoral.

    coeficiente eleitoral Imagine que voc mora em um municpio com 39.000 habitantes, que por lei tem direito a uma Cmara com 13 vereador@s. Voc divide os 39.000 habitantes por 13 (nmero de vereador@s na Cmara), o que d 3.000 votos por vereador(a). Este o Coeficiente Eleitoral do seu municpio.

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  • como funciona ento, a contagem de votos no sistema proporcional?

    Como dissemos acima, atualmente, a contagem de votos no siste-ma proporcional por partido ou coligao. Isto significa que neste municpio, a cada 3.000 votos que um partido ou coligao conse-guir, ter direito a um(a) vereador(a).

    trocando em midos, funciona assim: A coligao X, rene 5 par-tidos diferentes e tem 10 candidat@s a vereador@s. Ao fim da vota-o, @ candidat@ mais votad@ conseguiu 6.000 votos, @ segund@ 1.900 votos, @ terceir@ 1.500 e @ quart@ s conseguiu 650 votos. Mas contando os votos d@s outr@s 6 candidat@s (inclusive de quem s recebeu 2 votos!), a coligao tem mais 1.950 votos.

    somando tudo: 6.000 + 1.900 + 1.500 + 650 + 1.950, a coli-gao obteve 12.000 votos. O que lhe d o direito a 4 vagas na cmara (12.000 3.000 = 4). Ou seja, trs candidat@s que ti-veram menos de 2.000 votos (um/a com apenas 650 votos) foram eleit@s. Isto porque @ candidat@ mais votada arrastou @s de-mais candidat@s, com a ajuda d@s outr@s candidat@s que conse-guiram poucos votos.

    Voc provavelmente lembra de casos como estes no seu municpio. Mas tem tambm dois casos muito conhecidos nacionalmente: o de Enas e do palhao Tiririca em So Paulo. Ambos conseguiram mais de um milho de votos cada, bem mais do que precisariam para se eleger. E, com a sobra de seus votos, eles elegeram tam-bm vrios outros deputados que alcanaram pouqussimos votos.

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  • Ou seja, quem votou em Enas e no Tiririca no elegeu apenas eles. Elegeu, sem saber, vri@s outr@s candidat@s, dos quais sequer co-nhecia as propostas ou histrico poltico (se j teve envolvimento com corrupo, por exemplo).

    Mas, voltando para esse municpio imaginrio, se a tal coligao X conseguiu eleger 3 candidat@s com menos de 2 mil votos cada, por outro lado, a candidata fulana de tal, de um partido que no fez coligao, conseguiu 2.999 votos, mas no se elegeu. Isto porque faltou um voto para ela atingir o coeficiente eleitoral.

    Complicado isto, no ? E no s! O sistema de coligao e coefi-ciente eleitoral pode fazer com que voc ajude a eleger algum em quem voc no votou nem mesmo gostaria que fosse eleit@.

    Isso mesmo! Se voc votar em algum que conseguir poucos votos, este nmero de votos pode no ser suficiente para eleg-l@, mas pode contar (serem transferidos) para outr@ candidat@ do mes-mo partido ou coligao daquel@ que voc apoiou.

    funciona assim: Voc vota em Joo Honesto do partido A, que coligado com os partidos C e E. O seu candidato, que voc conhe-ce e confia, que tem boas propostas, s consegue 200 votos. Ele no se elege, mas os 200 votos que ele recebeu (inclusive o seu) ajudam a eleger o Z Malandro, do partido C, que conhecido por sua corrupo, falcatruas e desvios de verba, alm de ser vio-lento com a esposa.

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  • Ou seja, preciso muita ateno na hora de votar! No basta aten-tar apenas para as propostas d@ candidat@ que queremos eleger. preciso observar todo o programa do partido dess@ candidat@ e dos demais partidos com os quais ele estiver coligado. Afinal, esta-remos elegendo esse partido/coligao e tudo que eles defendem e propem.

    Por isso, nesta campanha (e nas outras) observe bem a posio do partido poltico d@ sua/seu can-didat@, que propostas este partido defende, quem ele apoia no governo, com que outros partidos, pessoas ou organizaes ele faz alianas.

    Noutras palavras, informe-se bem antes de decidir em quem e em que propostas votar!

    sobre o sistema proporcional

    Mesmo com estes problemas, a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Poltico (da qual fazem parte vrios mo-vimentos e organizaes da sociedade civil, inclusive o Cfemea e Articulao de Mulheres Brasileiras-AMB), defende o sistema

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  • proporcional de eleies por entender que ele o que tem maior capacidade de garantir a representao e a diversidade poltico--partidria, preservando a existncia dos pequenos partidos.

    O problema no est no sistema proporcional ou no uso do coeficien-te eleitoral, mas sim nas coligaes. Por isso, a Plataforma defende a substituio das coligaes por Federaes Partidrias, que deveriam ser estabelecidas at quatro meses antes das eleies e funcionar por pelo menos 3 anos, e no apenas durantes as eleies.

    Alm disso, o sistema proporcional abre maiores perspectivas e pos-sibilidades de competio e eleio para mulheres, negr@s, jovens, populao rural, homossexuais ou seja, das minorias polticas.

    Os movimentos sociais j conseguiram uma importante vitria nes-te sentido. O Supremo Tribunal Federal decidiu que os mandatos parlamentares pertencem aos partidos polticos e no so proprie-dade individual particular dess@ ou daquel@ parlamentar. Decorre desta deciso a aprovao recente de uma resoluo que determina o fim das coligaes para as eleies proporcionais.

    mas ateno: Esta mudana s valer para as prximas eleies (2014). Por enquanto, ela continua valendo e vai reger as eleies deste ano!

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  • 4. engaJando-se no processo eleitoral

    contribuindo com candidaturas feministas e/ou compro-metidas com as causas de justia social

    H muitas formas de se colaborar para a eleio de mulheres com-prometidas com as causas feministas e demais causas de justia social. A mais simples votando em mulheres candidatas. Acima, apresentamos vrios motivos pelos quais importante votar em mulheres.

    Mas voc tambm pode contribuir apoiando diretamente uma can-didatura. Se voc confia na proposta de uma determinada candida-ta e compartilha dessas propostas, voc pode: manifestar seu voto publicamente; divulgar o programa de governo (no caso de can-didaturas para prefeit@) ou plataforma poltica da sua candidata a vereadora; apresentar sua candidata para amig@s e familiares e mostrar porque importante eleg-la.

    Outra forma, mais engajada, participar diretamente na construo da campanha e da plataforma poltica da candidata. Neste caso, voc pode procurar o comit de campanha da candidata e se engajar. Pode discutir o programa de governo ou plataforma poltica, apresentando ou questionando propostas; ajudar a divul-gar essa candidatura, distribuindo material de campanha, apresen-tando e defendendo a candidatura onde voc estiver; contribuir

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  • financeiramente com a campanha, tanto com doao direta como na captao de recursos junto a outras pessoas e grupos; participan-do de panfletagens e/ou bandeiraos; organizando reunies e/ou rodas de conversa; e hoje, com as novas tecnologias digitais e redes sociais na internet, voc pode compartilhar o material de campa-nha, participar de tuitaos, acompanhar debates virtualmente e at mesmo produzir pequenas peas de propaganda e divulgar no seu crculo de amig@s.

    o importante que voc participe (menos ou mais intensamente) do processo eleitoral de forma consciente. isto , se informe sobre quais so de fato as propostas de sua/seu candidat@; conhea a histria poltica, pessoal e profissional d@ candidat@ (s ho-nest@ e tic@ na poltica quem o em casa, no trabalho, na fam-lia); conhea o programa e plataforma poltica do partido dest@ candidat@; se informe sobre o programa e plataforma poltica dos partidos coligados (quando houver).

    Analise bem o que est em jogo nestas eleies, pois seu voto vale muito! Vale a qualidade de vida da sua cidade e municpio; vale a segurana; vale moradia digna; vale educao e sade de qualida-de; vale justia social; vale igualdade de direitos!

    E lembre-se sempre: voto no tem preo, tem consequncia!

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  • 5. acompanhando os mandatos

    passaram-se as eleies. e agora?

    Talvez voc seja como a maioria das pessoas, que no se envolve na poltica ou o faz apenas durante o processo eleitoral. No ? Mas voc esquece que a poltica se faz todo dia e que por meio dela que se definem muitas das questes relativas nossa vida?

    atravs da poltica (no mbito do Executivo) que se planejam e se implantam polticas pblicas de sade, de educao, segurana, trabalho, urbanizao, meio ambiente, desenvolvimento. Atravs da poltica (no mbito do Legislativo), so elaboradas e aprovadas leis que regulam nossas vidas, nossas relaes, que determinam nosso acesso a direitos e aos servios pblicos.

    por isso, importante a gente acompanhar de perto os mandatos de quem elegemos para nos representar. e de quem no elegemos tambm! pois, quando uma pessoa eleita para um cargo poltico (seja como prefeit@ ou vereador/a), ela foi escolhida para represen-tar toda a populao do municpio, e no apenas quem votou nela.

    Este acompanhamento da ao do poder pblico e da aplicao, por este, dos recursos pblicos chamado de controle social. Este controle muito importante, pois afinal de contas, todas as obras, servios e a prpria estrutura da administrao pblica

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  • financiada com nossos recursos arrecadados atravs dos impos-tos, taxas e tributos.

    Quem administra esses recursos o Executivo (no caso dos muni-cpios, as prefeituras), mas quem autoriza seu gasto (quanto, onde e como us-los) o Legislativo (nos municpios, a Cmara Municipal). Portanto, o controle social deve ser feito sobre estas duas instncias de poder no municpio.

    fazer controle social uma das formas de exercermos nossa ci-dadania. por meio dele, podemos participar da gesto pblica e intervir na formulao, planejamento, monitoramento e avaliao das polticas pblicas. atravs de um controle social bem feito, podemos evitar a corrupo e o desvio de recursos pblicos e garantir que estes sejam aplicados na efetivao de direitos e do bem comum de todas e cada uma das pessoas.

    controle social no execUtivo

    Um dos espaos primordiais de controle social so os conselhos gestores. Alguns deles so institudos por lei federal e so obriga-trios, como os Conselhos Municipais dos Direitos das Crianas e Adolescentes, Conselhos Municipais de Sade, Conselhos Municipais de Educao, Conselhos Municipais de Assistncia Social.

    J outros, dependem do compromisso d@s parlamentares e gestor@s locais. o caso dos Conselhos Municipais dos Direitos das Mulheres,

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  • Conselhos Municipais da Juventude, Conselhos Municipais da Igualdade Racial, Conselhos Municipais da Diversidade Sexual.

    Independente de serem obrigatrios ou no, os conselhos foram cria-dos (a partir de reivindicao popular) para servirem de instrumentos de democratizao do poder pblico. Foram pensados como canais de participao da populao nas decises que dizem respeito a tod@s. Por isso, muito importante ocuparmos estes espaos des-de, claro, que eles garantam decises democrticas. Para tanto, a composio dos conselhos deve ter um maior nmero de represen-tantes da sociedade civil ou, no mnimo, ser paritria (isto , compos-ta igualmente por representantes do governo e da sociedade civil). S assim ele se constitui em espao aberto para a apresentao, dis-cusso e negociao de propostas de interesse comum populao.

    Sabemos, porm, que na maioria das vezes, os conselhos munici-pais no so estes espaos de participao popular, funcionando mais como instrumento de abuso de poder e legitimao de desvios de verbas e recursos pblicos. Isto ocorre quando representantes da sociedade civil esto l, no para representar de fato os interesses da populao, mas por interesse particular ou mesmo por interesse do prprio poder Executivo.

    Mas lembramos: este no o papel dos conselhos municipais de gesto! Pelo contrrio, sua funo conhecer, fiscalizar, aprovar ou desaprovar as propostas de polticas pblicas e a aplicao cor-reta dos recursos pblicos. Se eles no cumprem este papel, a po-pulao pode e deve denunciar, por exemplo, junto ao Ministrio Pblico (Promotoria).

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  • controle social no legislativo

    Em relao aos mandatos de vereador@s, h tambm formas de fazer o controle social. Uma delas participando das sesses nas cmaras municipais. Desta forma, voc saber quais projetos de lei esto sendo apresentados, aprovados ou no, e por quem isto , quem apresenta e quem vota a favor ou contra cada projeto.

    Esses projetos tanto podem beneficiar como prejudicar a popula-o: Podem promover o bem estar de tod@s ou favorecer os pri-vilgios de algumas pessoas apenas; podem permitir o desvio de verbas pblicas ou fiscalizar se sua execuo est sendo feita corre-tamente (lembra do papel da Cmara?).

    Voc tambm pode acompanhar diretamente o mandato d@ vereador(a) que voc elegeu: visitando seu gabinete, propondo projetos de lei, conversando com el@ e discutindo os projetos de lei que el@ apresenta ou que aprova ou desaprova; organizando reunies ou rodas de conversa no seu bairro, para que sua/seu vereador(a) preste contas a tod@s de como vem sendo seu manda-to; lembrando a/ao parlamentar que seu mandato deve ser para o povo que o elegeu e no para seu prprio benefcio.

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  • 6. desafios para o fUtUro: por uma ampla reforma do sistema poltico

    Ao escrevermos este Guia, buscamos contribuir para que mais mu-lheres sejam eleitas e participem da poltica formal entendendo que esta uma ao importante para a promoo da justia de g-nero. Mas queremos tambm, sobretudo, contribuir para que voc, nessas eleies, vote de forma mais consciente e esclarecida do poder e valor do seu voto e conhecendo um pouco mais do funcionamento do sistema poltico brasileiro.

    Sabemos que este sistema est esgotado. A cidadania no tolera mais a ausncia de resposta deste sistema poltico s nossas de-mandas por garantias efetivas para o exerccio dos nossos direitos. Cidads e cidados esto cansados de tanta corrupo na poltica, que se perpetua atravs deste sistema, tal como ele funciona hoje. De fato, entendemos que no atual sistema poltico brasileiro, e em especial no sistema eleitoral, no possvel haver uma mudana substantiva nas relaes de poder desiguais estabelecidas hoje em nossa sociedade: de raa, de gnero ou de classe.

    O atual sistema racista, patriarcal e capitalista. Ele privilegia os homens brancos, adultos, dos grandes centros urbanos, detento-res do poder econmico e sustentculos da ordem heteronorma-tiva. Portanto, um sistema que discrimina as mulheres, as pes-soas negras e indgenas, todas aquelas pessoas que exeram sua

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  • sexualidade fora da ordem heteronormativa (homossexuais, bisse-xuais, travestis, transgneros, intersexuais), jovens, pessoas com de-ficincia, pessoas do meio rural.

    Entendemos que para promover mudanas radicais na poltica, necessrio mais que votar em pessoas comprometidas com a jus-tia social sejam mulheres ou homens. fundamental mudar o prprio sistema poltico. Por isso, integramos a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Poltico.

    A Plataforma foi criada em 2004, por um conjunto de redes e movi-mentos sociais que defende a democratizao do Estado brasileiro, compreendendo que isto s ser possvel atravs de uma ampla reforma do sistema poltico que garanta:

    ^ a ampliao e nova regulamentao dos mecanismos de par-ticipao direta previstos na Constituio Federal plebiscito, referendo e iniciativa popular;

    ^ a democratizao dos meios de comunicao, hoje na mo de poucos e poderosos segmentos da elite poltica e econ-mica do pas;

    ^ a ampliao da democracia participativa, atravs de um siste-ma integrado de participao popular que assegure a partilha do poder do Estado com a sociedade na gesto das polticas pblicas;

    ^ a democratizao e transparncia do Poder Judicirio;

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  • ^ a ampliao da participao nos espaos de poder de seg-mentos excludos, como as mulheres, a populao negra e indgena;

    ^ a liberdade de organizao poltica, pondo fim perseguio e criminalizao dos movimentos sociais.

    Para entender melhor estas e outras propostas na Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Poltico, acesse o site: www.reformapolitica.org.br.

    projeto de lei de iniciativa popular

    Na Constituio Federal est previsto o direito da populao apre-sentar diretamente ao Congresso Nacional Projetos de Lei de Iniciativa Popular isto , de iniciativa do povo.

    Um Projeto de Lei (PL) consiste na proposio de normas que podem vir a ter carter jurdico (lei), caso seja aprovado pel@s parlamentares (senador@s, deputad@s federais, deputad@s estaduais ou distritais e vereador@s). Se aprovado no Legislativo, o PL deve ser sancionado pelo Poder Executivo (president@, governador@ ou prefeit@).

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  • Para apresentar um PL de Iniciativa Popular no mbito fede-ral, so necessrias as assinaturas de 1% d@s eleitor@s do pas, distribud@s por no mnimo cinco estados, com pelo menos 0,3% d@as eleitor@s de cada um1.

    Desde o ano passado, a Plataforma dos Movimentos Sociais est colhendo assinaturas para apresentar ao Congresso Nacional um Projeto de Lei de Iniciativa Popular, propondo mudanas no siste-ma poltico. O PL da Plataforma dos Movimentos Sociais defende:

    ^ Fim dos privilgios @os parlamentares, como por exemplo: fim das frias de 60 dias e 14 e 15 salrios; e fim do foro privilegiado e da imunidade parlamentar para que estes no sejam usados como instrumentos para a impunidade.

    ^ Mudana na definio de decoro parlamentar, que passa a ser todo fato de no conhecimento pblico ao longo da vida do parlamentar.

    ^ Participao da sociedade no conselho de tica que julga @s parlamentares.

    ^ Nova regulamentao do art. 14 da Constituio Federal que trata do plebiscito, referendo e iniciativa popular.

    1 Para apresentar PL de Iniciativa Popular em mbito estadual deve-se observar a Consti-tuio Estadual de cada estado; e para PL de Iniciativa Popular em mbito municipal, observar a Lei Orgnica Municipal de cada municpio.

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  • ^ Que determinados temas s possam ser decididos pelo povo, atravs do plebiscito e referendo, exemplo: aumento dos sal-rios dos parlamentares, megaobras, etc.

    ^ Diminuio das exigncias para a iniciativa popular, menos assinaturas e um rito prprio no Congresso Nacional.

    ^ Reformas no sistema eleitoral que possibilitem aos segmentos subrepresentados nos espaos de poder (mulheres, popula-o negra e indgena, em situao de pobreza, do campo e da periferia urbana, da juventude e da populao homoafetiva, etc.) a disputa em p de igualdade com os demais.

    ^ Democratizao e transparncia dos partidos, com votao em lista pr-ordenada com alternncia de sexo e critrios de incluso destes segmentos e financiamento pblico exclusivo com punies severas para quem desrespeitar.

    Se voc quer conhecer a ntegra da proposta, acesse: http://www.reformapolitica.org.br.

    importante: Para se configurar em Projeto de Lei de Iniciativa Popular, esta proposta precisa alcanar 1 milho e 500 mil assinaturas. O que exige muito trabalho dos movimentos sociais e organizaes que integram a Plataforma. Por isso, convidamos voc a participar e se engajar na campanha! No s assinando o PL de Iniciativa Popular, como tambm colaborando na coleta de assinaturas.

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  • Como disse Frei Betto em um artigo recente, ingenuidade pedir ao poder para se autorreformar. poder e governo so que nem feijo, s funcionam na panela de presso. o fogo que o aquece e provoca modificaes em seu contedo tem que vir de baixo. da presso popular. Junte-se a ns: bote presso nessa panela!

    Encontre mais informaes sobre como participar, acessando o site da Plataforma.

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  • 7. poltica, democracia e estado laico

    Hoje, quando se fala em poltica, muita gente associa logo o termo a algo negativo. No ? Voc tambm pensa assim? Provavelmente sim. Mas sabe por que isto acontece? Porque a maioria das pessoas associa a poltica apenas aos partidos polticos, aos processos eleito-rais e s gestes governamentais. E, como nesses espaos existe um alto ndice de corrupo, as pessoas tendem a desqualificar a poltica, como se ela fosse o prprio sinnimo de corrupo e desonestidade.

    Mas para ns, a poltica no se reduz a esses processos, nem en-tendemos que tudo que envolve a poltica termine em corrupo ou em pizza, como todo mundo diz. Ns compreendemos a poltica como a ao individual e, sobretudo, a ao coletiva pela qual buscamos transformar o mundo no sentido da igualdade, da justia, da liberdade e da solidariedade. atravs da poltica que transformamos ideias, valores e prticas e, assim, transformamos as pessoas e as relaes sociais que constituem e movimentam a nossa vida em sociedade.

    Se pensarmos a poltica em um sentido amplo, veremos que ela diz respeito a todas as formas de interao necessrias entre os seres humanos para uma vida em grupo. Ela tem a ver com as relaes estabelecidas na sociedade e as formas construdas pela humanida-de para ordenar e organizar a vida em comum. Isto : para produzir bens materiais e imateriais (como a arte e a cultura) e distribu-los,

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  • para reproduzir-se, conhecer, explicar e representar as realidades vividas e, permanentemente, transform-las.

    O espao da poltica , portanto, o espao comum (de tod@s), construdo social e historicamente, seja ele de carter pblico ou privado.

    Pensando deste modo, vemos que agimos politicamente em todo lugar e a todos os momentos. Fazemos poltica no sindicato, nos movimentos sociais, nas manifestaes pblicas, nos partidos pol-ticos, nas casas legislativas e nos governos. Mas tambm fazemos poltica no trabalho, na comunidade, na escola, na igreja, na fam-lia, na roda de amig@s, na relao com vizinh@s e at nas nossas relaes amorosas.

    por compreender a poltica deste modo que o feminismo, h muito tempo, vem afirmando que o privado poltico, pois o que pblico (geralmente entendido como o poltico) interfere e orde-na tambm as relaes domsticas e privadas, as relaes pessoais, familiares, amorosas.

    Pensando de uma forma um pouco mais complexa, podemos dizer que a poltica , acima de tudo, uma atividade conflitiva. Por que conflitiva? Porque a poltica se faz pela disputa de ideias e de poder sobre quais so (ou devero ser) os objetivos, sentidos e a direo de determinada ao. Esta ao pode ser individual (minha, sua ou de qualquer outra pessoa), de um coletivo (grupo, empresa, movimento) ou, e principalmente, do poder pblico (governos, par-lamento, Judicirio, etc.).

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  • No que se refere ao poder pblico, a responsabilidade com a atua-o poltica ganha maiores propores, porque as decises que se tomam ali interferem ou podem interferir na vida, no de uma ou outra pessoa, mas de toda a populao.

    Neste caso, faz-se mais necessrio ainda o aprofundamento do sen-tido tico da poltica, isto , a promoo da justia social, econmi-ca e poltica; a construo da igualdade tnico-racial, de gnero e de classe e o fim de toda forma de explorao, discriminao e do-minao. Ou seja, preciso o compromisso tico com a construo de uma sociedade justa, livre e democrtica para todas as pessoas.

    estado laico e democracia

    Um dos princpios fundamentais do Estado democrtico e de direi-tos a sua laicidade. O que quer dizer isto? Voc sabe?

    Primeiro, vamos entender o que estado, para ento entendermos melhor o que (e porque deve ser) o Estado laico.

    comum as pessoas confundirem Estado com governo, mas estas so coisas distintas. O Estado representa, ao mesmo tempo, o povo (as pessoas, populaes, comunidades) e os poderes polticos de um pas. Este pas, constitudo como nao, ocupa um determinado terri-trio (geogrfico, poltico, cultural) e administrado por um governo prprio (que no caso do Brasil, elegemos a cada 4 anos), se confi-gurando em pessoa jurdica de direito pblico, reconhecido mun-dialmente por outros pases e rgos internacionais. Ou seja, num

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  • sentido amplo, o Estado o prprio pas e tudo e tod@s que fazem parte dele.

    Mas na prtica, h uma distino (no devendo nunca ser uma se-parao) entre o povo e os poderes polticos e o governo de um pas. Normalmente chamamos de Estado os poderes polticos e o governo, que devem estar a servio do bem estar do povo. J o povo, por sua vez, quem financia o Estado (atravs dos impostos que pagamos) e tem o papel de escolher (atravs das eleies) o governo e @s legislador@s e de fiscaliz-los.

    Portanto, embora o Estado envolva tanto o povo como os poderes polticos de um pas, quando nos referimos a Estado, geralmente estamos nos referindo mais especificamente aos poderes polticos (Executivo, Legislativo e Judicirio) e estrutura administrativa do pas: rgos de governo, como ministrios, secretarias, departa-mentos; as redes de servio (de sade, de educao, segurana, moradia, etc.); e s instituies pblicas.

    importante sabermos disso para compreendermos porque necessrio um Estado laico, para que ele seja de fato um Estado democrtico e de direitos para todas e todos.

    O termo laico vem do latim laikos e do grego laos, que significam povo, em sua unidade, sem privilgios para quem quer seja. Neste sentido, quando nos referimos a um Estado laico, estamos nos refe-rindo a um Estado fundamentado na lei sobre o que de interesse do povo, ou seja, de interesse comum a todas as pessoas.

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  • Isto, por sua vez, significa que no pode haver qualquer domina-o fundada em princpios, valores, crenas ou religies que seja imposta por um grupo ou indivduo a todas as pessoas. Noutras pa-lavras, podemos dizer que a Laicidade, em sentido amplo, significa a garantia da democracia, ou, a garantia de um governo do povo para o povo.

    O princpio da laicidade vem sendo usado, sobretudo, para esta-belecer a separao entre o Estado e as religies, de modo que o Estado no exera nenhum poder religioso, nem as igrejas exeram poder poltico de qualquer tipo.

    E, diferente do que @s fundamentalistas andam afirmando por a, a laicidade do Estado no significa que este seja contra as religies ou o direito de credo das pessoas. Pelo contrrio, a laicidade pro-tege o direito liberdade religiosa na medida em que assegura que o Estado no privilegie nenhuma religio especfica ou discrimine qualquer outra.

    Na sociedade brasileira, convivemos com vrias culturas, diversos grupos tnicos e raciais, distintas religies, muitos imigrantes... uma grande mistura que se realiza num terreno de enormes desigualda-des. O atrito inevitavelmente gerado pelo encontro de todas essas diferenas, de tanta diversidade e profundas desigualdades, ns defendemos que deva ser processado poltica e democraticamente para promover justia, assegurar direitos e superar a violncia. A violncia a arma da dominao, dos poderosos, avessa po-ltica democrtica. A poltica democrtica aquela que consegue abrir espao para enfrentar e processar os conflitos, para a gente

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  • reivindicar os nossos direitos. A poltica radicalmente democrtica avessa submisso, ao autoritarismo, violncia do poder pa-triarcal para subordinar as mulheres, do poder racista para manter a supremacia branca, do poder econmico para atender a fome de lucro do capital.

    democrtico reconhecer que no h um pensamento nico, mas sim a pluralidade de ideias e posies. A constituio de um Estado democrtico deve, por isso, garantir a convivncia respeitosa entre pessoas e grupos com ideias, crenas e valores diferentes, assegu-rando tanto a liberdade religiosa, como garantindo a prtica de ou-tras liberdades sociais, culturais, polticas.

    Por isso, defendemos o Estado laico (livre de orientaes religiosas), por entendermos que s assim podemos ter de fato um Estado de direitos diversificados, amplos e universais para todas as pessoas.

    Porm, no Brasil, o Estado laico (institudo desde 1891) tem sido ameaado pela prtica poltica de grupos religiosos fundamentalis-tas que vem ocupando os poderes do Estado (Executivo, Legislativo e Judicirio) e tentando impor a tod@s seus valores e convices religiosas atravs de leis e polticas pblicas. A ao desses grupos ameaa, sobretudo, os direitos das mulheres de autodeterminao sobre os nosso prprio corpo e reproduo e o direito de mulheres e homens expressarem livremente sua sexualidade.

    No exerccio de um mandato poltico democrtico fundamental que se saiba separar posies e valores pessoais (em especial, as de carter religioso) da atuao para a definio de direitos que

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  • dizem respeito a tod@s. Um@ governante ou parlamentar no deve e no pode atuar em causa prpria nem de seu grupo religioso, mas sim na defesa do bem comum e da liberdade para todas as pessoas.

    Por isso, pense bem na hora de votar. No vote em pessoas que querem fazer uso do poder poltico para privilegiar sua religio ou grupo religioso e prejudicar as demais. Um(a) candidat@ compro-metid@ com a democracia respeita todas as religies e aquel@s que no seguem nenhuma religio; respeita a individualidade de cada pessoa e a liberdade de expresso dessa individualidade, em todas as suas formas. Acima de tudo, respeita e aceita @ outr@ sem distino, e muito menos discriminao, de gnero, de raa, etnia, classe, orientao sexual, idade ou religio.

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  • material bibliogrfico base de consulta e referncia:

    Cartilha Participao e Controle Social: desafios para os movimentos de mu-lheres. Redao de Beth Ferreira. Frum Cearense de Mulheres; For-taleza, 2005.

    CFEMEA Dados estatsticos: Eleies 2010 e 2008. Disponvel em: www.cfemea.org.br.

    _______ Plataforma Feminista: em defesa da igualdade e da cidadania femi-nina. Redao de Beth Ferreira. Cfemea; Braslia, 2010.

    Documento Frente de Luta pela Reforma do Sistema Poltico. Sistematiza-do por Beth Ferreira. AMB - Articulao de Mulheres Brasileiras, 2010.

    Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Poltico, 2007. Disponvel em: www.reformapolitica.org.br.

  • feminista guia para as

    eleies2012