opinião socialista e feminista

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No mês de março, o PSTU-BA lança o Opinião Feminista, um jornal todo dedicado à luta e os desafios das mulheres do nosso estado. Nas próximas páginas, apresentaremos a nossa opinião sobre os diversos aspectos da realidade da mulher baiana hoje. Para tanto, não poderíamos deixar de resgatar o protagonismo da mulher na história do nosso estado. Como não reconhecer a importância de Maria Quitéria nas Lutas pela Independência do Brasil ao defender a Ilha de Maré, Conceição, Pituba e Itapoã. Ou como não relembrar a coragem da religiosa Joana Angélica que, no mesmo contexto de lutas, morreu defendendo o Convento da Lapa dos soldados portugueses. Ainda nesse período, Maria Felipa, moradora da Ilha de Itaparica, comandou 40 mulheres em um ataque a 42 barcos portugueses. Na época, queimaram diversos barcos e contribuíram para a vitória do povo de Salvador nos embates de sua independência. Também negra e referência feminina nos movimentos sociais, Luisa Mahin, alforriada africana e quituteira na cidade de Salvador, foi a notável mulher responsável pela articulação dos levantes que compuseram a Revolta dos Malês em 1835. Luisa reivindicou autonomia política e melhores condições de vida para a população pobre e negra. Na Ditadura militar, a estudante de ciências sociais da UFBA e diretora do DCE Luiza Reis, a baianinha, se integrou à Guerrilha do Araguaia para lutar contra o regime opressor dos militares. Destacar os nomes de algumas das revolucionárias que estiveram na linha de frente das lutas no nosso estado é, principalmente, resgatar a coragem, a força e a bravura das mulheres baianas. Não podemos permitir que essas referências femininas sejam apagadas de nossa história. Ao contrário, precisamos nos reconhecer nessas mulheres e conquistarmos, assim como elas, o nosso papel de protagonista na luta por um mundo livre de opressão e exploração. Boa leitura! Vamos ver, nas próximas páginas deste jornal, o real retrato da situação da mulher na Bahia, muito diferente do pintado nas propagandas do Governo Wagner. Hoje, as mulheres são mais de 50% da população da Região Metropolitana de Salvador, e mais de 80% destas mulheres são negras e pardas. Em 2011, já chefiávamos mais de 26% das famílias soteropolitanas. No entanto, seguimos recebendo salário inferior ao dos homens, estamos em maior presença no mercado informal e somos o setor mais atingindo com o desemprego no estado. Embora as mulheres estejam cada vez mais presentes no mercado de trabalho soteropolitano, a inserção tem sido a partir dos trabalhos mais precarizados, nas áreas menos informatizadas e com níveis mais baixos na escala de qualificação profissional. Além disso, esta inserção não representou uma diminuição da desigualdade existente entre homens e mulheres. Índices alarmantes De acordo com os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Salvador (PED – RMS) de 2010, mesmo com o mesmo nível de escolaridade e a mesma ocupação, no mercado de trabalho assalariado com carteira assinada, por exemplo, as mulheres recebiam quase 5 reais a menos, por hora trabalhada, que os homens. Segundo o Anúario das Mulheres Brasileiras de 2011, a mulher com nível superior ganha 30% menos que o homem com o mesmo nível. A desigualdade em Salvador e região metropolitana fica ainda mais gritante em relação às mulheres negras que chegam a receber metade do salário médio que os homens brancos recebem. Em 2010, a média salarial dos homens brancos era de R$ 1.980, enquanto das mulheres negras era apenas de R$ 994. A média salarial da mulher branca foi de R$ 1683, superior a da mulher negra e inferior a do homem branco. A dupla opressão sofrida pelas mulheres negras resulta ainda, segundo estudos do DIEESE do início do século XXI, no peso do emprego doméstico na sua ocupação ser o triplo que o peso no total da ocupação das mulheres não-negras. A taxa de desemprego é também uma das expressões da opressão vivenciada pelas mulheres trabalhadoras em nossa cidade. De acordo com o PED – RMS, entre 2009 e 2010, o índice de desemprego entre as mulheres foi de 20,5%, enquanto o dos homens de 12, 9%. A exploração tem sexo, cor e território A análise dos dados mais recentes sobre a situação da mulher no mercado de trabalho de Salvador e Região Metropolitana constata o que vivenciamos ao andar pelas ruas da cidade. Os mais explorados são os mais oprimidos: as mulheres negras da periferia. A baiana negra tem os piores salários, os trabalhos mais precários e está mais susceptível ao desemprego. Isto porque, o machismo, o racismo e a homofobia têm atuado como importantes ideologias para aumentar a exploração no capitalismo. Dessa forma, no mercado de trabalho, as mulheres, e em especial, as mulheres negras, são as mais exploradas e as que vivem em condições mais desfavoráveis. Infelizmente, esta situação demonstra que com a chegada do PT ao poder em nosso estado nada mudou. A opressão e exploração da mulher negra na Bahia seguem e se aprofundam porque o governo petista escolheu governar para o mesmo setor social que o velho PFL, a burguesia. As mulheres trabalhadoras não devem ter nenhuma confiança no Governo Wagner e devem estar prontas e organizadas para lutarem contra os ataques a sua condição de vida! O que é que a baiana tem? Nas últimas décadas, elevou-se significativamente o índice de homicídios de mulheres na Bahia, passando de 100 em 1998 para 308 em 2008. Segundo Instituto Sangari (2011), armas de fogo ainda continuam sendo as mais utilizadas, porém outros meios que exigem contato direto, como objetos cortantes e penetrantes são também mais comuns quando se trata de violência contra a mulher. Ainda no estado, a pesquisa demonstra que a violência doméstica mantém índices gritantes. Na Declaração de Óbito, só 17% dos incidentes entre os homens aconteceram na residência ou habitação. Já entre as mulheres, essa proporção se eleva para perto de 40%. A violência doméstica, mais uma faceta do machismo, é “justificada” muitas vezes pelo fato do marido estar “cansado do trabalho” e precisar “aliviar a tensão”. O desemprego e a bebida também se tornam desculpas para que os homens agridam ou ameacem suas companheiras. A violência sexual também tem as mulheres como alvo prioritário e a Bahia reflete isso de maneira brutal. Assentado na opressão feminina, o estupro torna-se comum e quase sempre é encarado como culpa da mulher. Em casos extremos, a necessidade de prostituir-se para sobreviver a torna ainda mais vulnerável a esse tipo de crime. Leis como a Maria da Penha são medidas importantes no combate à violência da mulher, porém ainda precisam avançar em questões práticas que possibiltem um cenário de real proteção às vítimas. Destinação de verbas e criação de mecanismos que proporcionem segurança às vítimas são essenciais para colocar o combate à violência contra à mulher num patamar superior. Para a Bahia, a criação de Casas Abrigo, Delegacias de Mulheres, Juizados e varas especializadas torna-se imprescindível para avançarmos nesse combate. Até hoje, em Salvador, existe apenas duas Delegacias da Mulher. É preciso cobrar do governo o comprometimento com as demandas das mulheres trabalhadoras, negras e lésbicas. Mas a luta pelo fim da violência contra a mulher deve estar aliada ao fim da exploração que esta sofre na sociedade capitalista. Só através da união de homens e mulheres organizados é que construiremos uma sociedade sem machismo e exploração. A luta pela libertação da mulher é a luta pelo fim do capital e pelo socialismo! A favor da vida. Pela legalização do aborto! A primeira causa de morte materna das mulheres na capital soteropolitana, há duas décadas, era aborto. De lá para cá, o cenário não mudou. O aborto ainda é a principal responsável por 38 de cada 100 óbitos. A cada 4 internações por parto ocorre 1 internação para curetagem. Na primeira década do século XXI, as mulheres que mais morreram foram negras da periferia(Cabula/Beirú; Subúrbio Ferroviário). Esses dados destacam a disparidade de morte materna entre negras e brancas, revelando o perfil social mais atingido por esse problema. Quando essas mulheres buscam ter acesso à métodos contraceptivos em seus bairros se deparam com o descaso do estado. Segundo o Programa Saúde da Família no Distrito Subúrbio Ferroviário, os contraceptivos disponibilizados são insuficiente para atender à demanda. E para as vítimas de violência sexual, apenas um hospital oferece atendimento específico (IPERBA). Diante deste cenário, é preciso legalizar o aborto para que o estado garanta atendimento seguro às mulheres que desejam abortar e, portanto, que evite mais mortes de mulheres! É necessário contraceptivos para não engravidar e educação sexual para melhor decidir! Infelizmente, a história das mulheres negras no Brasil é marcada pela coisificação e violação de seus corpos. Vistos e tratados como objetos que sempre perteceram a outro, desde as antigas senzalas até as atuais periferias. A sociedade patriarcal nos nega o direito de decisão sob nosso corpo. O aborto precisa ser uma escolha. Faz parte da luta por direitos que nos foram negados por séculos, o de decidir sob nossa sexualidade, nossa educação, sob os rumos de nossas vidas. Faz-se urgente uma mudança de postura do Estado garantindo que as mulheres de Salvador possam ter autonomia sob seu corpo. Lugar de mulher é na luta! Venha para o PSTU! http://pstubahia.blogspot.com twitter.com/pstuBA http://www.facebook.com/pstubahia Rua d’Ajuda n°88, Centro | (71)30150010

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Jornal Especial de Mulheres do PSTU-BAHIA

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No mês de março, o PSTU-BA lança o Opinião Feminista, um jornal todo dedicado à luta e os desafios das mulheres do nosso estado. Nas próximas páginas, apresentaremos a nossa opinião sobre os diversos aspectos da realidade da mulher baiana hoje.

Para tanto, não poderíamos deixar de resgatar o protagonismo da mulher na história do nosso estado. Como não reconhecer a importância de Maria Quitéria nas Lutas pela Independência do Brasil ao defender a Ilha de Maré, Conceição, Pituba e Itapoã. Ou como não relembrar a coragem da religiosa Joana Angélica que, no mesmo contexto de lutas, morreu defendendo o Convento da Lapa dos soldados portugueses.

Ainda nesse período, Maria Felipa, moradora da Ilha de Itaparica, comandou 40 mulheres em um ataque a 42 barcos portugueses. Na época, queimaram diversos barcos e contribuíram para a vitória do povo de Salvador nos embates de sua independência.

Também negra e referência feminina nos movimentos sociais, Luisa Mahin, alforriada africana e quituteira na cidade de Salvador, foi a notável mulher responsável pela articulação dos levantes que compuseram a Revolta dos Malês em 1835. Luisa reivindicou autonomia política e melhores condições de vida para a população pobre e negra.

Na Ditadura militar, a estudante de ciências sociais da UFBA e diretora do DCE Luiza Reis, a baianinha, se integrou à Guerrilha do Araguaia para lutar contra o regime opressor dos militares.

Destacar os nomes de algumas das revolucionárias que estiveram na linha de frente das lutas no nosso estado é, principalmente, resgatar a coragem, a força e a bravura das mulheres baianas. Não podemos permitir que essas referências femininas sejam apagadas de nossa história. Ao contrário, precisamos nos reconhecer nessas mulheres e conquistarmos, assim como elas, o nosso papel de protagonista na luta por um mundo livre de opressão e exploração. Boa leitura!

Vamos ver, nas próximas páginas deste jornal, o real retrato da situação da

mulher na Bahia, muito diferente do pintado nas propagandas do Governo Wagner. Hoje, as mulheres são mais de 50% da população da Região Metropolitana de

Salvador, e mais de 80% destas mulheres são negras e pardas. Em 2011, já chefiávamos mais de 26% das famílias soteropolitanas. No entanto, seguimos recebendo salário inferior ao dos homens, estamos em maior presença no mercado informal e somos o setor mais atingindo com o desemprego no estado.

Embora as mulheres estejam cada vez mais presentes no mercado de trabalho soteropolitano, a inserção tem sido a partir dos trabalhos mais precarizados, nas áreas menos informatizadas e com níveis mais baixos na escala de qualificação profissional. Além disso, esta inserção não representou uma diminuição da desigualdade existente entre homens e mulheres.

Índices alarmantesDe acordo com os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região

Metropolitana de Salvador (PED – RMS) de 2010, mesmo com o mesmo nível de escolaridade e a mesma ocupação, no mercado de trabalho assalariado com carteira assinada, por exemplo, as mulheres recebiam quase 5 reais a menos, por hora trabalhada, que os homens. Segundo o Anúario das Mulheres Brasileiras de 2011, a mulher com nível superior ganha 30% menos que o homem com o mesmo nível.

A desigualdade em Salvador e região metropolitana fica ainda mais gritante em relação às mulheres negras que chegam a receber metade do salário médio que os homens brancos recebem. Em 2010, a média salarial dos homens brancos era de R$ 1.980, enquanto das mulheres negras era apenas de R$ 994. A média salarial da mulher branca foi de R$ 1683, superior a da mulher negra e inferior a do homem branco. A dupla opressão sofrida pelas mulheres negras resulta ainda, segundo estudos do DIEESE do início do século XXI, no peso do emprego doméstico na sua ocupação ser o triplo que o peso no total da ocupação das mulheres não-negras.

A taxa de desemprego é também uma das expressões da opressão vivenciada pelas mulheres trabalhadoras em nossa cidade. De acordo com o PED – RMS, entre 2009 e 2010, o índice de desemprego entre as mulheres foi de 20,5%, enquanto o dos homens de 12, 9%.

A exploração tem sexo, cor e territórioA análise dos dados mais recentes sobre a situação da mulher no mercado de

trabalho de Salvador e Região Metropolitana constata o que vivenciamos ao andar pelas ruas da cidade. Os mais explorados são os mais oprimidos: as mulheres negras da periferia.

A baiana negra tem os piores salários, os trabalhos mais precários e está mais susceptível ao desemprego. Isto porque, o machismo, o racismo e a homofobia têm atuado como importantes ideologias para aumentar a exploração no capitalismo. Dessa forma, no mercado de trabalho, as mulheres, e em especial, as mulheres negras, são as mais exploradas e as que vivem em condições mais desfavoráveis.

Infelizmente, esta situação demonstra que com a chegada do PT ao poder em nosso estado nada mudou. A opressão e exploração da mulher negra na Bahia seguem e se aprofundam porque o governo petista escolheu governar para o mesmo setor social que o velho PFL, a burguesia. As mulheres trabalhadoras não devem ter nenhuma confiança no Governo Wagner e devem estar prontas e organizadas para lutarem contra os ataques a sua condição de vida!

O que é que a baiana tem?

Nas últimas décadas, elevou-se significativamente o índice de homicídios de mulheres na Bahia, passando de 100 em 1998 para 308 em 2008. Segundo Instituto Sangari (2011), armas de fogo ainda continuam sendo as mais utilizadas, porém outros meios que exigem contato direto, como objetos cortantes e penetrantes são também mais comuns quando se trata de violência contra a mulher.

Ainda no estado, a pesquisa demonstra que a violência doméstica mantém índices gritantes. Na Declaração de Óbito, só 17% dos incidentes entre os homens aconteceram na residência ou habitação. Já entre as mulheres, essa proporção se eleva para perto de 40%. A violência doméstica, mais uma faceta do machismo, é “justificada” muitas vezes pelo fato do marido estar “cansado do trabalho” e precisar “aliviar a tensão”. O desemprego e a bebida também se tornam desculpas para que os homens agridam ou ameacem suas companheiras.

A violência sexual também tem as mulheres como alvo prioritário e a Bahia reflete isso de maneira brutal. Assentado na opressão feminina, o estupro torna-se comum e quase sempre é encarado como culpa da mulher. Em casos extremos, a necessidade de prostituir-se para sobreviver a torna ainda mais vulnerável a esse tipo de crime.

Leis como a Maria da Penha são medidas importantes no combate à violência da mulher, porém ainda precisam avançar em questões práticas que possibiltem um cenário de real proteção às vítimas. Destinação de verbas e criação de mecanismos que proporcionem segurança às vítimas são essenciais para colocar o combate à violência contra à mulher num patamar superior.

Para a Bahia, a criação de Casas Abrigo, Delegacias de Mulheres, Juizados e v a r a s e s p e c i a l i z a d a s t o r n a - s e imprescindível para avançarmos nesse combate. Até hoje, em Salvador, existe apenas duas Delegacias da Mulher.

É preciso cobrar do governo o comprometimento com as demandas das mulheres trabalhadoras, negras e lésbicas. Mas a luta pelo fim da violência contra a mulher deve estar aliada ao fim da exploração que esta sofre na sociedade capitalista. Só através da união de homens e m u l h e r e s o r g a n i z a d o s é q u e construiremos uma sociedade sem machismo e exploração. A luta pela libertação da mulher é a luta pelo fim do capital e pelo socialismo!

A favor da vida.

Pela legalização

do aborto!

A primeira causa de morte materna das mulheres na capital soteropolitana, há duas décadas, era aborto. De lá para cá, o cenário não mudou. O aborto ainda é a principal responsável por 38 de cada 100 óbitos. A cada 4 internações por parto ocorre 1 internação para curetagem.

Na primeira década do século XXI, as mulheres que mais morreram foram negras da periferia(Cabula/Beirú; Subúrbio Ferroviário). Esses dados destacam a disparidade de morte materna entre negras e brancas, revelando o perfil social mais atingido por esse problema.

Quando essas mulheres buscam ter acesso à métodos contraceptivos em seusbairros se deparam com o descaso do estado. Segundo o Programa Saúde da Família no Distrito Subúrbio Ferroviário, os contraceptivos disponibilizados são insuficiente para atender à demanda.

E para as vítimas de violência sexual, apenas um hospital oferece atendimento específico (IPERBA).

Diante deste cenário, é preciso legalizar o aborto para que o estado garanta atendimento seguro às mulheres que desejam abortar e, portanto, que evite mais mortes de mulheres! É necessário contraceptivos para não engravidar e educação sexual para melhor decidir!

Infelizmente, a história das mulheres negras no Brasil é marcada pela coisificação e violação de seus corpos. Vistos e tratados como objetos que sempre perteceram a outro, desde as antigas senzalas até as atuais periferias. A sociedade patriarcal nos nega o direito de decisão sob nosso corpo. O aborto precisa ser uma escolha. Faz parte da luta por direitos que nos foram negados por séculos, o de decidir sob nossa sexualidade, nossa educação, sob os rumos de nossas vidas.

Faz-se urgente uma mudança de postura do Estado garantindo que as mulheres de Salvador possam ter autonomia sob seu corpo.

Lugar de mulher é na luta! Venha para o PSTU!

http://pstubahia.blogspot.com

twitter.com/pstuBA

http://www.facebook.com/pstubahiaRua d’Ajuda n°88, Centro | (71)30150010

A falta de creches é um problema crônico na Bahia. Dados da Secult afirmam que apenas 2,5% das crianças de 0 a 4 anos estão matriculadas em creches municipais. A cidade de Salvador oferece apenas 73 creches mantidas pelo município.

Os dados da capital baiana expressam uma dura realidade para as mulheres do estado. Segundo o Dieese, a falta de creche é o principal empecilho para a mulher se inserir e se manter no mercado de trabalho. Na Bahia, 26% das famílias são chefiadas por mulheres, o que torna sua demanda por postos de creche ainda mais urgente.

Na maioria das vezes, sem creches, estas chefes de família acumulam duplas ou triplas jornadas de trabalho para garantir o sustento do lar. Cuidam dos filhos, da casa e trabalham fora. O mesmo estado que criminaliza as mulheres que abortam, não dá condições para que elas possam criar seus filhos e trabalharem ao mesmo tempo. É papel do governo federal, mas também do estadual e municipal, garantir creches públicas para as mulheres trabalhadoras!

Movimento Mulheres em Luta: uma organização classista das mulheres

Para se travar uma luta conseqüente pela ampliação de creches, é necessário fortalecer um movimento feminista independente.

Segundo Renata Mallet, bancária que constrói a oposição no estado (MNOB), o atrelamento do movimento feminista ao governo coloca na ordem do dia a necessidade de fortalecer o Movimento Mulheres em Luta, organização classista e feminista da Central Sindical CSP – Conlutas.

Índio, diretor do sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari e militante da CSP Conlutas, destaca a importância da unidade entre homens e mulheres da classe para avançar nas conquistas.

A luta pela libertação das mulheres é tarefa dos homens e mulheres trabalhadoras e os

sindicatos devem estar a serviço dessa pauta.

É preciso que o estado e a patronal garantam creches

inclusive nos postos de trabalho. Essa é uma condição fundamental

para a libertação da mulher do julgo do trabalho doméstico.

Fazemos um chamado às mulheres trabalhadoras da Bahia

a construírem o Movimento Mulheres em Luta. Venha construir essa luta!

Conheça o Movimento Mulheres em Luta da Bahia.

O Projeto de Lei 19.137/2011 ou “Lei

Antibaixaria”, da deputada Luisa Maia (PT), previsto para ser votado na Assembleia Legislativa no mês de março, proíbe o uso de verbas públicas para contratação de artistas que através das músicas e coreografias exponham a mulher, c o l o c a n d o - a e m s i t u a ç ã o d e cons t rang imento , deprec iação ou incentivando à violência. Segundo a deputada, a lei objetiva diminuir os índices de agressão à mulher.

Qualquer iniciativa que contribua para combater o machismo é importante. No entanto, não podemos acreditar que a aprovação do PL será suficiente para diminuir os índices de agressão à mulher. O que percebemos no estado é a inexistência ou ineficiência de políticas públicas para as mulheres, principalmente pelos freqüentes cortes de recursos no setor. Seja à nível estadual ou federal, o que se vê é a existência de leis que mal saem do papel e, quando saem, se chocam com a falta de verbas e garantias para sua efetividade. Punir os agressores e garantir às mulheres condições para uma vida digna são formas concretas de combater o machismo e a violência contra as mulheres.

Além disso, a indústria cultural

continuará transformando machismo em “entretenimento” e lucrando às custas da opressão. A indústria do carnaval de Salvador, também financiado pelo governo, transforma as avenidas em palco de agressões, em todos os níveis, às mulheres. A Globo, que possui concessão pública, continuará transmitindo o seu programa semanal, Zorra Total, que incentiva o estupro às mulheres em ônibus e metrôs. Revistas, jornais e propagandas ainda trarão em suas capas o corpo da melhor como mercadoria. Isto porque alimentar o machismo é garantir a superexploração da classe trabalhadora. E isso tudo é financiado ou circula livremente pelo estado sem nenhuma intervenção dos governos.

Percebe-se assim que sem um governo que rompa com o grande capital, principal beneficiado pelo machismo, não será possível reverter, de forma completa, a opressão vivenciada pelas mulheres seja no lazer, trabalho ou dentro de casa. Somente um governo socialista, com mulheres e homens lado a lado na luta contra a opressão, poderá garantir as condições concretas para a libertação da mulher!

A cidade de Salvador está abandonada. A prefeitura de João Henrique tem sido marcada pelo crescimento da violência e a precarização dos serviços públicos como a saúde, educação e o sistema de transportes. Ao mesmo tempo, o prefeito vende nossa cidade para as grandes empreiteiras através de projetos como o PDDU e a LOUS. Nesse caos, quem sofre são os trabalhadores e trabalhadoras, mais estão expostos aos problemas que a cada dia explodem e se aprofundam pelas ruas da cidade.

Nas próximas eleições municipais não serão poucos os candidatos que sairão em “defesa” de Salvador. No entanto, é preciso saber a serviço de quem estarão tais candidaturas. A direita tradicional já mostrou a que veio nos duros anos de truculência e autoritarismo dos governos carlistas. Já as candidaturas da base aliada do Governo Wagner tentarão se apresentar como uma saída ao falido projeto de João Henrique. Mas, alternativo a quê? Em seis anos de governo, Wagner frustrou as expectativas dos homens e mulheres trabalhadoras.

É verdade que a economia baiana é a sexta maior do país, número 1 do nordeste, mas a riqueza produzida com o suor dos trabalhadores fica concentrada nas mãos do agronegócio e das grandes empresas, enquanto os indicadores sociais como saúde, educação e moradia permanecem no fundo do poço. As professoras e professores baianos, os agentes da saúde e, agora mais recentemente, os policiais militares sentiram na pele que, em se tratando de diálogo com os movimentos sociais, Wagner também m a n t e v e a m e s m a t r u c u l ê n c i a d a e r a C a r l i s t a .

Recentemente, foi lançada como a “grande novidade” destas eleições, a pré-candidatura da deputada federal pelo PCdoB, Alice Portugal. A candidatura de Alice acontece nos marcos do lançamento de diversas candidaturas femininas no Brasil e no mundo.

Alice Portugal é uma alternativa para as mulheres?

No entanto, os mandatos de mulheres como Dilma Rousseff, Cristina Kisrchner e Angela Merkel não têm significado uma mudança concreta nas condições de vida das mulheres. Isto porque, os seus governos fizeram uma opção de governar junto aos empresários e os setores mais conservadores da sociedade. E com Alice Portugal seria diferente? O Partido de Alice Portugal (PCdoB), base aliada do governo, foi o relator e responsável pela proposta do novo código florestal. Caso aprovada, esta mudança será responsável por institucionalizar uma devastação ambiental sem precedentes na história do nosso país. Não por acaso, foi aplaudida pelos ruralistas no congresso. Além disso, o PCdoB à frente do Ministério dos Esportes esteve envolvido em escândalos de corrupção.

Em todas as suas declarações, até agora, a pré-candidata Alice Portugal reivindica os governos Wagner e Dilma incondicionalmente, governos estes que optaram por não avançar em pautas históricas das mulheres como a descriminalização do aborto, o acesso universal às creches e a efetivação da Lei Maria da Penha.

Para que haja uma mudança real nas condições de vida das trabalhadoras baianas, não basta que mulheres sejam eleitas! É necessário que estejam comprometidas com um programa de defenda incondicional aos interesses da classe trabalhadora.

Nessas eleições, chamamos as mulheres do nosso estado a se posicionarem em defesa das bandeiras históricas das mulheres, votando em candidaturas feministas, classistas e socialistas.

A mulher jovem é, sem dúvida, uma das mais vulneráveis à opressão machista no estado baiano. Pela falta de assistência por parte do estado é sobre quem recai, de forma mais brutal, a violência sexista, a discriminação e a repressão dos pais, irmãos e/ou namorados.

A imposição de modelos de comportamento pela mídia, nas escolas e igrejas reafirma o papel de mãe, dócil e submissa que se espera das mulheres. Para o homem, ao contrário, desde muito cedo cabe o estímulo à força, à autonomia e à virilidade.

Às jovens mulheres da periferia de Salvador não é permitido o direito à liberdade sobre seus corpos, o pleno domínio de sua sexualidade ou a autonomia sobre as suas vidas. A exploração capitalista e patriarcal combinada à opressão racial e sexista impõem rígidos limites aos sonhos dessas mulheres.

Obrigadas a entrar cada vez mais cedo no mercado de trabalho para complementar a renda familiar, o trabalho precário de telemarketing torna-se a principal alternativa de primeiro emprego na capital baiana.

As jovens que conseguem fazer a opção por estudar, se deparam com o sucateamento da rede pública de ensino em nosso estado. Nas universidades, a situação não é diferente.

As estudantes estão constantemente submetidas a assaltos e estupros. Falta creche para as jovens mães e assistência estudantil que garanta a sua permanência nos estudos.

Enfrentar uma realidade marcada pela vulnerabilidade social exige muita firmeza e ousadia. As mulheres jovens precisam se organizar para garantir que suas bandeiras específicas sejam levadas pelas organizações estudantis e dos trabalhadores. Por isso é fundamental a construção de coletivos de mulheres nas universidades e escolas. Para combater o machismo e a exploração é preciso se organizar!

www.anelonline.org

As mulheres jovens tem encontrado na Assembléia Nacional de Estudantes –Livre (ANEL) uma aliada para a luta pelo fim do machismo e todas as formas de opressão. Na Bahia, a ANEL realizou o seu 1º Seminário de Mulheres no final de 2011. O seminário discutiu a opressão à mulher desde suas origens e reafirmou a necessidade de avançar na organização das estudantes em torno às suas lutas específicas.

O 2º Seminário de Mulheres da ANEL já está sendo construído. Faça parte você também desta luta!