guia estudo dpcivil ii noite v 4

Upload: esdrasarthur

Post on 02-Jun-2018

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    1/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    1RPinto2011v42

    DIREITO PROCESSUAL CIVIL IIGuia de Estudo

    2010/2011(Noite)

    Rui Gonalves Pinto

    Verso 4

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    2/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    2RPinto2011v42

    1. PROGRAMA

    1 SEMESTRE (DIREITO PROCESSUAL CIVIL I)

    I. PARTE. INTRODUO

    CAPTULO I. PROCESSO CIVIL

    1. Ordem jurdica e processo civil; 2. Enquadramento constitucional do

    processo civil; 3. Funes do processual civil

    CAPTULO II. DIREITO PROCESSUAL CIVIL

    4. Noo e caractersticas; 5. Normas e fontes; 6. Princpios: estruturantes

    e instrumentais

    II. PARTE. INSTNCIA

    TTULO IESTRUTURA E NATUREZA JURIDICA

    CAPTULO I. TRIBUNAL 7. Conceito de tribunal; 8. Organizao judiciria;

    CAPTULO II. PARTES

    9. Qualidade e dualidade de parte; terceiro; 10 nus de delimitao; inexistncia

    de partes; 11 Partes principais e acessrias, representantes;

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    3/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    3RPinto2011v42

    CAPTULO III. SITUAES JURDICAS PROCESSUAIS

    12 nus e obrigaes das partes; 13. Regime geral dos actos processuais; 14.

    Validade e eficcia dos actos processuais

    CAPTULO IV. CAUSA DE PEDIR E PEDIDO

    15. Objecto imediato e objecto mediato do processo; 16 Causa de pedir; 17

    Pedido; 18. Classificao das aces; as providncias cautelares 19.

    Relaes entre objectos processuais;

    CAPTULO V. INSTNCIA COMO RELAO JURDICA

    20. Natureza jurdica e estrutura; 21. Condies de existncia; falta

    III. PARTE. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS

    TTULO I

    TEORIA GERAL DOS PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS

    22. Noo e enquadramento; 23. Apreciao

    TTULO II

    PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS RELATIVOS AO TRIBUNAL

    CAPTULO I. NOES GERAIS

    24 Noo e funo; nexo de competncia;

    CAPTULO II. COMPETNCIA INTERNACIONAL

    25. Regulamento n 44/2001; 26. Regulamento n 2201/2003; 27. Direito

    interno; 28. Pactos de jurisdio

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    4/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    4RPinto2011v42

    CAPTULO III. COMPETNCIA INTERNA

    29. Repartio da competncia; 30 Pactos de competncia

    CAPTULO IV. REGIME DA INCOMPETNCIA

    31 Incompetncia

    TTULO III

    PRESSUPOSTOS RELATIVOS S PARTES

    CAPTULO I. PERSONALIDADE JUDICIRIA

    32. Noo e critrios; 33. Falta de personalidade judiciria

    CAPTULO II. CAPACIDADE E REPRESENTAO JUDICIRIAS

    34. Capacidade judiciria; 35. Representao judiciria; 36. Incapacidade

    judiciria e vcios da representao judiciria

    CAPTULO III. PATROCNIO JUDICIRIO 37. Patrocnio e apoio judicirio; 38. Mandato judicial; 39. Vcios do patrocnio

    judicirio

    CAPTULO IV. LEGITIMIDADE PROCESSUAL SINGULAR

    40. Definio doutrinria; 41. Regime jurdico

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    5/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    5RPinto2011v42

    2 SEMESTRE (DIREITO PROCESSUAL CIVIL II)

    CAPTULO V. LEGITIMIDADE PROCESSUAL PLURAL

    42. Litisconsrcio e coligao; 43 Litisconsrcio: espcies e regime

    CAPTULO VI. INTERESSE PROCESSUAL

    44. Discusso doutrinal 45. Posio

    TTULO IIIPRESSUPOSTOS RELATIVOS AO OBJECTO

    46. Aptido: determinao, incondicionalidade e intelegibilidade; 47 Outros

    IV. PARTE. PROCEDIMENTO DECLARATIVO

    TTULO I

    IMPULSO E PENDNCIA

    CAPTULO I. IMPULSO

    48. Acto de impulso (petio inicial); 49. Cumulao de pedidos

    CAPTULO II. PENDNCIA

    50. Incio 51 Modificaes objectivas; 52. Modificaes subjectivas; 53

    Vicissitudes; 54 Incidentes e questes prejudiciais

    TTULO II

    CONTRADITRIO

    CAPTULO I. CITAO E CONTESTAO

    55. Citao; 56. Contestao; 57. Excepo peremptria; 58

    Reconveno; 59 Revelia

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    6/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    6RPinto2011v42

    CAPTULO II. CONTRADITRIO EVENTUAL

    60 Rplica; 61 Trplica

    CAPTULO II. CONTRADITRIO EVENTUAL

    62. Articulados supervenientes

    TTULO II

    SANEAMENTO E CONDENSAO 63. Despacho pr-saneador; 64 Audincia preliminar; 65 Despacho saneador;

    66 Fixao da base instrutria

    TTULO III

    INSTRUO E DISCUSSO

    CAPTULO I. INSTRUO 67. Funo, normas e limites de prova; 68. Objecto da prova; 69 nus da

    prova; 70 Conceitos operativos: modalidades, graus e valor probatrio; 71.

    Meios de prova: delimitao, valor e procedimento instrutrio

    CAPTULO II. DISCUSSO

    72 Discusso de facto; 73 Discusso de direito

    TTULO IV

    SENTENA

    74 Estrutura e formalismo; 75 Fundamento negocial eventual: a desistncia,

    transaco e confisso; a sentena homologatria; 76 Proferimento e

    conhecimento; 77 Impugnao: reclamao e recurso

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    7/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    7RPinto2011v42

    IV. PARTE. CASO JULGADO

    78. Caso julgado formal; 79. Caso julgado material; 80. Limites do caso

    julgado

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    8/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    8RPinto2011v42

    2. CRONOGRAMA DAS AULAS TERICAS

    SEMANA MDULOS + EVENTOS

    1SEMANA (14. Fev> 18.Fev)

    1 AULA:

    42. Litisconsrcio e coligao; 43 Litisconsrcio:

    espcies e regime

    2 AULA

    43 Litisconsrcio: espcies e regime; 44.

    Interesse processual: discusso doutrinal 45.

    Posio;

    2 SEMANA (21.Fev >25.Fev)

    3 AULA>

    46 Aptido: determinao, incondicionalidade e

    intelegibilidade; 47 Outros pressupostos;

    4 AULA>

    48. Acto de impulso (petio inicial); 49.

    Cumulao de pedidos;

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    9/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    9RPinto2011v42

    3 SEMANA (28.Fev >4.Mar)5 AULA>

    50. Incio 51 Modificaes objectivas; 52.

    Modificaes subjectivas;

    6 AULA>

    53 Vicissitudes; 54. Citao

    4 SEMANA (7.Mar >11.Mar) FRIAS DO CARNAVAL: 7 e 8 de Maro

    7 AULA>

    56. Contestao; 57. Excepo peremptria

    5 SEMANA (14.Mar >18.Mar) 8 AULA>

    57. Excepo peremptria; 58 Reconveno;

    9 AULA>

    59 Revelia; 60 Rplica; 61 Trplica

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    10/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    10RPinto2011v42

    6 SEMANA (21.Mar >25.Mar)

    10 AULA>

    63. Despacho pr-saneador; 64 Audincia

    preliminar;

    11 AULA>

    65 Despacho saneador; 66 Fixao da base

    instrutria

    7 SEMANA (28.Mar >01.Abr)

    12 AULA>

    67. Funo, normas e limites de prova; 68.

    Objecto da prova

    13 AULA>

    69 nus da prova; 70 Conceitos operativos:

    modalidades, graus e valor probatrio;

    8SEMANA (04.Abr > 08.Abr) TESTE DE SUBTURMA

    14 AULA>

    70 Conceitos operativos: modalidades, graus e

    valor probatrio; 71. Meios de prova: delimitao,

    valor e procedimento instrutrio

    15 AULA>

    72 Discusso de facto; 73 Discusso de direito

    74 Sentena: Estrutura e formalismo;

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    11/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    11RPinto2011v42

    9SEMANA (11.Abr >15.Abr) 16 AULA>

    74 Sentena: Estrutura e formalismo;

    17 AULA>

    75 Fundamento negocial eventual: a desistncia,

    transaco e confisso; a sentena homologatria

    10SEMANA(18.Abr >22.Abr)FRIAS DA PSCOA. 18 a 26 de Abril

    11SEMANA (25.Abr>29.Abr)

    18 AULA>

    76 Proferimento e conhecimento; 77

    Impugnao: reclamao e recurso (noes gerais

    12SEMANA (01.Mai >05.Mai)19 AULA>

    77 Impugnao: reclamao e recurso (noes

    gerais)

    20 AULA>

    TESTE GLOBAL

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    12/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    12RPinto2011v42

    13 SEMANA (08.Mai>12.Mai) 21 AULA>

    78. Caso julgado formal; 79. Caso julgado

    material;

    22 AULA>

    80. Limites do caso julgado

    14 SEMANA (15.Mai>19.Mai)

    23 AULA>

    80. Limites do caso julgado

    24 AULA>

    > Aula de acerto

    15 SEMANA (22.Mai>26.Mai)

    25 AULA>

    > Aula de acerto

    26 AULA>

    > Aula de acerto

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    13/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    13RPinto2011v42

    3. BIBLIOGRAFIA

    4. BIBLIOGRAFIA

    4.1. Bibliografia de referncia

    SOUSA, Miguel Teixeira de, Estudos sobre o novo Processo Civil2, Lisboa, Lex,

    1997.

    _____, Introduo ao Processo Civil2, Lisboa, Lex, 2000.

    _____,A Nova Competncia dos Tribunais Civis, Lisboa, Lex, 1999.

    _____,As Partes, o Objecto e a Prova na Aco Declarativa, Lisboa, Lex, 1995.

    _____,As recentes alteraes na legislao processual civil, ROA 61 (2001), 49-99

    _____, Elementos de estudo policopiados sobre vrios pontos do programa

    (O Regulamento (CE) n 44/2001, de 22/12/2000; O Regulamento (CE) n

    1347/2000, de 29/5/2000; O objecto do processo civil; A prova em

    processo civil)

    SOUSA, Miguel Teixeira de/ MENDES, Joo de Castro, Direito Processual Civil 2,

    Lisboa, [no prelo]..

    4.2. Bibliografia de apoio

    FREITAS, Jos Lebre de, A Aco Declarativa Comum luz do Cdigo Revisto2,

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    14/146

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    15/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    15RPinto2011v42

    CASTRO, Artur Anselmo de, Direito Processual Civil Declaratrio, Coimbra,

    1981/1982.

    MENDES, Armindo Ribeiro, Recursos em Processo Civil2, Lisboa, Lex, 1994.

    MENDES, Joo de Castro, Direito Processual Civil, Lisboa, AAFDL,1986/1987.

    SOARES, Fernando Luso, Processo Civil de Declarao, Coimbra, Almedina,1985.

    VARELA, Joo de Matos Antunes / BEZERRA, Miguel / SAMPARIO E NORA, Manual

    de Processo Civil

    2

    , Coimbra, Coimbra Editora,1985.

    3. Aps a Reforma de 1995/1996

    Aspectos do novo Processo Civil, Lisboa, 1997.

    BAPTISTA, J. Pereira, Reforma do Processo Civil. Princpios fundamentais, Lisboa,

    1997.

    Direito Processual Civil I, 2 vols., Lisboa, AAFDL, 2007.

    FREITAS, Jos Lebre de, Estudos sobre Direito e Processo Civil, Coimbra, Coimbra

    Editora, 2010.

    GERALDES, Abrantes, Temas da reforma do processo civil, vol.I 2, 2006 (ed.1998),

    vol. II 4, 2004, vol. III 3, 2003, vol. IV 3, 2006, Coimbra, Almedina.

    REGO, Carlos F. O. Lopes do, Comentrios ao Cdigo de Processo Civil, vol. I Art.

    1 a art. 8002, Coimbra, Almedina, 2004.

    SILVA, Paula Costa e, Acto e processo. O dogma da irrelevncia da vontade na

    interpretao e nos vcios do acto postulativo, Coimbra, Coimbra Editora, 2003.

    SOUSA, Antnio Pais de/FERREIRA, J. O. Cardona, Processo Civil, Lisboa, s.d.

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    16/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    16RPinto2011v42

    VAZ, Alexandre Pessoa, Direito Processual Civil. Do Antigo ao Novo Cdigo 2,

    Coimbra, 2002

    4. Reformas posteriores a 2007

    AMARAL, Jorge Augusto Pais de, Direito Processual Civil9Coimbra, 2010.

    BORGES, Marco,A demanda reconvencional, Quid Jris, 2008.

    CHUMBINHO, Joo, Julgados de paz na prtica processual civil, Quid Jris, 2007..

    FREITAS, Jos Lebre de/SANTOS, Cristina Mximo dos, O processo civil na

    Constituio, Coimbra, 2008.

    GONALVES, Mrio Carvalho/FERNANDEZ, Elizabeth, Direito processual civil

    declarativo. A prtica da teoria, Coimbra, Almedina, 2009.

    LAMEIRAS, Lus Brites, Comentrio ao Regime Processual Experimental, Coimbra,Almedina, 2007.

    MACHADO, A. Montalvo/PIMENTA, Paulo, O Novo Processo Civil10, Coimbra, 2008.

    MALHEIRO, Gonalo, Os Poderes concorrenciais dos tribunais arbitrais e dos tribunais

    comuns para o decretamento de providncias cautelares, Lisboa, Vida Econmica,

    2008.

    MAURCIO, Rui, CITIUS - Comunicao Electrnica com os Tribunais no mbito do

    Processo Civil.Envio de peas processuais, Requerimento de injuno, Requerimento

    executivo, Legislao2, Lisboa, Petrony, 2009.

    MESQUITA, Miguel, Reconveno e excepo, Coimbra, Almedina, 2009

    NETO, Ablio, Cdigo de processo civil anotado21, Lisboa, Ediforum, 2009

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    17/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    17RPinto2011v42

    PINTO, Rui, A Questo de Mrito na Tutela Cautelar. A Obrigao Genrica de no

    Ingerncia e os Limites da Responsabilidade Civil, Coimbra Editora, 2009.

    RICARDO, Lus Carvalho, Regime Processual Civil Experimental. Anotado e

    Comentado, Coimbra, 2007.

    SILVA, Paula Costa e,A litigncia de m f, Coimbra, Coimbra Editora, 2008

    _____, O manto difano da personalidade judiciria, Estudos em Honra do Professor

    Doutor Jos de Oliveira Ascenso, vol. II, Coimbra, Almedina, 2008.

    VALLES, Edgar, Prtica processual civil5, Coimbra, Almedina, 2009

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    18/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    18RPinto2011v42

    5. INTERNET

    > BLOGUE DA CADEIRA

    http://forumprocessual.weebly.com/

    > BASE DE DADOS DE JURISPRUDNCIA

    http://www.dgsi.pt

    >LEGISLAO NACIONAL ACTUALIZADA

    http://www.pgdlisboa.pt/pgdl/

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    19/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    19RPinto2011v42

    6. AVALIAO

    Aulas Prticas (50%)

    Participao oral na resoluo de casos prticos, anlise de

    jurisprudncia e respostas orais (15%)

    A fornecer com antecipao de, pelo menos, uma semana pelo Assistente.

    FONTE

    SILVA, Paula Costa e/LOURENO, Paula Meira/HENRIQUES, Sofia, Direito

    Processual Civil I. Elementos de trabalho (Programa, Casos Prticos, Testes e

    Exames), Lisboa, AAFDL, 2006.

    Teste (subturma)de 4 a 8 de Abril -- com a matria dos 42

    a 66 do Programa (15%)

    Teste (geral)a 4 de Maio -- com a matria dos 67 a 75 do

    Programa (20%)

    Assiduidade: frequncia obrigatria de um nmero mnimo de

    aulas prticas, nos termos do Regulamento de Avaliao, para

    que o aluno tenha Elemento de Avaliao. Preenchido o

    mnimo a assiduidade relevar para desempatar/clarificar

    notas.

    Exame de Frequncia em Junho de 2011 (50%)

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    20/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    20RPinto2011v42

    7. ELEMENTOS DE APOIO

    7.1. Lista seleccionada de fontes (com ligaes Internet paradesenvolvimento normativo)

    Direito Processual Civil Comunitrio comum

    competncia declarativa: Regulamento (CE) n. 44/2001 do Conselho, de 22 de Dezembro de 2000

    (competncia judiciria, reconhecimento e execuo de decises emmatria civil e comercial)

    http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=CELEX:32001R0044:PT:HTML Regulamento (CE) n. 2201/2003 do Conselho, de 27 de Novembro de

    2003 (competncia, ao reconhecimento e execuo de decises em

    matria matrimonial e em matria de responsabilidade parental 1);

    http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=CELEX:32003R2201:PT:HTML

    citao e notificao: Regulamento (CE) n. 1393/2007 do

    Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de Novembro de 2007 (citao e

    notificao dos actos judiciais e extrajudiciais em matrias civil e comercial nos

    Estados-membros);

    http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=CELEX:32000R1348:PT:HTML

    prova: Regulamento (CE) n. 1206/2001 do Conselho, de 28 de Maio

    de 2001 (cooperao no domnio da obteno de provas em matria e civil e

    comercial);

    http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=CELEX:32001R1206:PT:HTML

    1 Publicado no JO L 338, de 23/12/2003, com rectificao pelo JO L 174, de

    28/12/2006, vindo revogar o Regulamento (CE) n. 1347/2000. Vigora

    desde1/3/2005 (cf. o seu art 72.), tendo sido alterado pelo Reg. 2116/2004 (JO L367, de 14/12/2004).

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    21/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    21RPinto2011v42

    reconhecimento e execuo de sentenas: Regulamento (CE) n.

    44/2001 do Conselho, de 22 de Dezembro de 2000 (competncia judiciria,

    reconhecimento e execuo de decises em matria civil e comercial) e Regulamento(CE) n. 2201/2003 do Conselho, de 27 de Novembro de 2003 (competncia, ao

    reconhecimento e execuo de decises em matria matrimonial e em matria de

    responsabilidade parental).

    Direito Processual Civil Comunitrio especial

    pequenas causas: Regulamento (CE) n. 861/2007 do Parlamento e do

    Conselho, de 11 de Julho de 2007 (processo europeu para aces de pequeno

    montante 2);

    http://eur-

    lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:2007:199:0001:0022:PT:PDF

    execuo:

    Regulamento (CE) n. 805/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho, de21 de Abril de 2004 (ttulo executivo europeu para crditos no contestados

    3)

    http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=CELEX:32004R0805:PT:HTML Regulamento (CE) n. 1896/2006 do Parlamento Europeu e do Conselho, de

    12 de Dezembro de 2006 (procedimento europeu de injuno de pagamento

    4);

    http://eurlex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:2006:399:0001:01:PT:HTM

    L

    2 Publicado no JO L 199, de 31/7/2007 para vigorar a partir de 1/1/2009 (cf. o

    respectivo art 29.).

    3 Publicado no JO L 143, de 30/4/2004, rectificado no JO L 168, de 30/6/2005 e

    aplicvel desde 21/10/2005 (cf. o seu art 33.). Os respectivos anexos deste foram

    alterados pelo Regulamento (CE) n. 1869/2005 da Comisso, de Novembro de 2005;

    4 Publicado no JO L 399, de 30/12/2006, para vigorar a partir de 12/12/2008 (cf. oseu art 33.).

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    22/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    22RPinto2011v42

    insolvncia: Regulamento (CE) n. 1346/2000 do Conselho, de 29 de Maio

    de 2000 (processos de insolvncia 5).

    http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=CELEX:32000R1346:PT:HTML

    obrigaes alimentares: Regulamento (CE) n. 4/2009 do Conselho, de 18

    de Dezembro de 2008

    Direito Processual Civil secundrio comum

    acesso ao direito e aos tribunais:Lei 34/2004, de 29 de Julho 6;

    organizao e funcionamento judicirios:

    Lei n 3/99, de 134 de Janeiro (LOFT) e o respectivo regulamento (DL

    186-A/99, de 31 de Maio 7)

    http://www.verbojuridico.net/download/loftj_2007.pdf

    http://www.verbojuridico.net/legisl/1999/reg_lotj.html

    Lei n 52/2008, de 23 de Agosto (LOFTJ/08), esta para vigorar apenas

    em 2009, no 1. dia til do ano judicial seguinte ao da sua

    publicao, sendo apenas aplicvel s comarcas piloto referidas no n.

    1 do artigo 171. (art. 187, n 1 LOFTJ/08)

    http://www.dgpj.mj.pt/sections/noticias/lei-n-52-2008-de-28-de

    e o respectivo regulamento (DL 186-A/99, de 31 de Maio 8)

    5 Publicado no JO L 160, de 30/6/2000. Est em vigor desde 31/5/2002 (cf. o

    respectivo art 47.) e foi depois modificado pelo Regulamento (CE) n. 603/2005 do

    Conselho, de 12 de Abril nas as listas dos processos de insolvncia, dos processos de

    liquidao e dos sndicos dos anexos A, B e C.6 Alterada pela Lei 47/2007, de 28 de Agosto, o Decreto-Lei n 71/2005, de 17 de Maro, aPortaria 1396/2004, de 10/11, a Portaria 10/2008, de 3/1 (alterada pela Portaria 210/2008, de29/2), e a Portaria 11/2008, de 3/1.7 Alterado pelo DL 290/99, de 30/7, pelo DL 27-B/2000, de 3/3, pelo DL 178/2000, de9/8, pelo DL 332/2000, de 30/12, pelo DL 246-A/2001, de 14/9, pelo DL 148/2004, de 21/6, epelo DL 250/2007, de 29/6): regulamenta a L 3/99, de 13/1;8 Alterado pelo DL 290/99, de 30/7, pelo DL 27-B/2000, de 3/3, pelo DL 178/2000, de

    9/8, pelo DL 332/2000, de 30/12, pelo DL 246-A/2001, de 14/9, pelo DL 148/2004, de 21/6, epelo DL 250/2007, de 29/6): regulamenta a L 3/99, de 13/1;

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    23/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    23RPinto2011v42

    tramitao: Portaria 114/2008, de 6 de Fevereiro (aspectos da

    tramitao electrnica dos processos judiciais)

    http://www.dgpj.mj.pt/sections/politica-legislativa/anexos/portaria-

    n-114-2008-de-6/

    custas: DL 34/2008, de 26 de Fevereiro (Regulamento das Custas

    Processuais)

    http://www.dgpj.mj.pt/sections/noticias/regulamento-das-custas

    Direito Processual Civil secundrio especial

    processos especiais: Lei 83/95, de 31 de Junho (direitos de participao popular e de aco

    popular)

    http://www.portolegal.com/ACCAOPOPULAR.htm Decreto-Lei 269/98, de 1 de Setembro (aco declarativa especial para

    cumprimento de obrigaes pecunirias emergentes de contratos e da

    injuno)

    http://www.tribunaisnet.mj.pt/injun/injunlegislacao.aspx Lei n108/2006, de 8 de Julho (regime processual experimental)

    http://www.portugal.gov.pt/NR/rdonlyres/EE02FEC6-A464-496D-A878-

    F010AFC43CDF/0/Regime_Processual_Experimental.pdf Portaria n 220-A/2008, de 4 de Maro (Balco Nacional de Injunes (BNI),

    apresentao do requerimento de injuno e a oposio, formas de

    pagamento da taxa de justia, notificaes pela secretaria e

    disponibilizao do ttulo executivo)

    http://dre.pt/pdf1sdip/2008/03/04501/0000200005.PDF

    meios alternativos de resoluo de conflitos

    Lei n 31/86 (Arbitragem voluntria)

    http://www.dgpj.mj.pt/sections/leis-da-justica/livro-ix-leis-sobre/arbitragem-e-exercicio/arbitragem-voluntaria

    Lei n 78/2001, de 13 de Julho (competncia, organizao e

    funcionamento dos julgados de paz)

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    24/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    24RPinto2011v42

    http://www.conselhodosjulgadosdepaz.com.pt/

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    25/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    25RPinto2011v42

    III. Coligao: remisso

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    26/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    26RPinto2011v42

    7.2. Notas sobre litisconsrcio

    [A AMARELO EST MARCADA DOUTRINA DO PROF TEIXEIRA DE SOUSA

    I. Aspectos gerais

    A. Pluralidade de sujeitos e pluralidade de partes

    1. O processo pensando como uma oposio entre duas pessoas, logo entre

    duas partes. No entanto, podem estar mais do que autor no processo e tambm

    podem estar mais do que um ru na demanda.

    Pode, ento, aludir-se a um litisconsrcio: toda a pluralidade de sujeitos que

    ocupem a posio de parte principal activa ou passiva numa aco 9.

    2. Pode perguntar-se se possvel definir o litisconsrcio como sendo a

    ocorrncia de uma pluralidade de partes: boa doutrina assim faz, por oposio

    normal dualidade de partes 10. Necessariamente que a estrutura deste conceito

    mais simples: uma parte corresponde a um sujeito processual, activo ou passivo; h

    aces - como as litisconsorciais - em que h vrios sujeitos e temos, ento, uma

    9 CASTRO MENDES, Breves reflexes sobre o conceito de litisconsrcio, in JF, ano 19,(1955), p. 270, entende que partes principais so aquelas que se encontram num plano de

    igualdade, ou de coordenao dentro do processo, por oposio s que esto numa plano desubordinao ou acessoriedade; TEIXEIRA DE SOUSA, As partes..., cit., p. 12, aprofundamelhor o sentido dessa igualdade ou dessa subordinao: As partes principais (...) requeremou contestam a concesso da tutela judiciria (...). As partes acessrias sos os titulares desituaes jurdicas conexas com o objecto do processo. A figura do assistente (art 335) oexempo tradicionalmente dado de parte acessria (CASTRO MENDES, Breves reflexes...,cit., p. 270; TEIXEIRA DE SOUSA,ibidem, p. 12). Por outro lado, o conceito de litisconsrciorecorta-se dentro dum gnero ainda mais vasto - o da pluralidade de interessados ou de partes- que abrange as situaes de pluralidade de partes acessrias. Esta distino encontra-se emGUASP, Derecho procesal civil, tomo I, (1968), pp. 200-201 e PALMA CARLOS, Ensaio..., cit.,pp. 72-88.10 Assim, JOS ALBERTO DOS REIS, Cdigo de Processo Civil...,vol. I, cit., p. 86; CASTROMENDES ob. cit., p. 269 e emDireito processual civil, vol. II, (1987), p. 247; ANSELMO DE

    CASTRO,Direito processual civil....,vol. II, cit., vol. II, p. 198; LUSO SOARES,Processo Civil deDeclarao, (1985), p. 440; ANTUNES VARELA et alia,Manual..,cit., p. 160.

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    27/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    27RPinto2011v42

    pluralidade de partes.

    So as posies de REDENTI (395, CHIOVENDA (396, LIEBMAN (397entre

    outros (398, e que acolhem o apoio maioritrio na nossa doutrina (399e tambm

    nalguma jurisprudncia que sobre a questo se tem pronunciado 400.

    3. No entanto, para alguma doutrina o processo s comporta duas partes: a

    parte activa e a parte passiva. Assim, CARNELUTTI (385, GUASP (386, SCHNKE /

    SCHRDER / NIESE (387, BRUNS (388, entre outros (389.

    A justificao residieem que cada parte um plo, posio ou postura

    (390que e necessariamente s podem duas: activa (demandante) ou passiva

    (demandado). Cada posio poderia ser ocupada desempenhada quer s por um

    sujeito - parte simples - ou por vrios - parte mltipla ou complexa (391. Este ltimapossibilidade seria o litisconsrcio latu sensu (392. Materialmente, alguns autores

    chegam mesmo a fazer corresponder um interesse comum a essa posio (393.

    Contudo, os mesmo autores reconhecem que os litisconsortes no perdem a sua

    identidade e individualidade de pessoas jurdica, aqui processualmente relevante na

    (395 Il giudizio civile..., cit.(396 CHIOVENDA, Sul litisconsorzio..., cit., p. 250.(397Corso..., cit., p. 83.

    (398 MICHELI, Corso di diritto processuale, vol. I, (1959), p. 193; ZANZUCCHI, ob. cit, vol. I, p. 323;ARRUDA ALVIM, ob. cit., p. 52; ARELLANO GARCA, Teoria general del proceso, (1980), p. 210;ANDREA LUGO, ob. cit., p. 80; VERDE, ob. cit., p. 194; MANDRIOLI, ob. cit., vol. I, p. 245.

    Tambm no direito positivo o Ttulo VIII do Code de Procedure Civil francs (arts 323 e ss.) tem porepgrafe A pluralidade de partes; ainda o art 102 CPcC quando se refere deciso que no pode

    pronunciar-se seno no confronto de vrias partes.(399 MANUEL RODRIGUES, Lies..., cit., p. 286; MANUEL DE ANDRADE, Lies..., cit., p. 367;CASTRO MENDES, Direito processual..., vol. II, cit., pp. 245-246.(400 Entendendo que o litisconsrcio no transforma em pessoa colectiva a pluralidade de litigantes, o ac.STJ, de 9/3/65 (BMJ n 145, pp. 358-362 (p. 360)).(385 Lezioni..., vol. I, cit., p. 21; Sistema..., cit., p. 344. O fundamento o de que o objecto processual alide e esta uma oposio entre dois interessses, ainda que no entre duas pessoas. Os litisconsortes seriam,assim, titulares de idntico interesse (colectivo) e nesse sentido, uma mesma parte. J nas Istituzioni...,

    cit., p. 243, passa ver o litisconsrcio como pluralidade de partes e pluralidade de lides.(386 Ob. cit., p. 171.(387 Ob. cit., p. 129.(388 Ob. cit., p. 51.(389 Ainda, ZANI, ob. cit., p. 987; HUMBERTO THEODORO JNIOR, ob. cit., p. 139; SANMARTIN, ob. cit., p. 128; RAMOS MENDEZ, ob. cit., vol. I, p. 227; PRIETO-CASTRO, ob. cit., pp. 67e 82; ORBANEJA / QUEMADA, ob. cit., tomo I, p. 144.(390RAMOS MENDEZ, ob. cit., tomo I, p. 226, posturas subjectivas identificveis no processo e no(...) [o] nmero de pessoas que intervenham no mesmo, utilizando ainda como sinnimo no contedo efuno o termo status (sic) (ibidem, p. 226).(391 SAN MARTIN, ibidem, p. 129; PRIETO-CASTRO, ob. cit., p. 82.(392 ZANI, ob. cit., p. 987; SCHNKE / SCHRDER /NIESE, ob. cit., p. 129; GUASP, ob. cit., pp. 199e 201; RAMOS MENDEZ, ibidem, p. 226; HUMBERTO THEODORO JNIOR, ob. cit., p. 139;

    PRIETO-CASTRO, ob. cit., p. 82.(393 ZANI, ob. cit., p. 987.

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    28/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    28RPinto2011v42

    conduo do processo e nos efeitos dos actos (394.

    4. Tambm ns radicamos neste ponto de vista o nosso pensamento:

    pluralidade de sujeitos pode no corresponder a pluralidade de partes, antes podendo,

    em algumas situaes, umaparte processual ser composta por vrios sujeitos.

    Podemos partir dos ensinamentos da teoria geral do negcio jurdico: a parte

    definida pela titularidade dos interesses que se actuam (OLIVEIRA ASCENSO)

    (401. A um interesse dito comum corresponde uma contitularidade da posio jurdica,

    donde uma parte pode ser constituida por vrias pessoas (402. Portanto, em teoria

    geral no h obstculo concepo da parte como plural.

    Deste modo ser-se parte ser-se titular de direitos e deveres comuns, i.e.,

    umaa posio, na relao jurdica em si e no o sujeito em si mesmo.

    5. Logo h que ver se no processo civil sucede o mesmo: h que saber os

    sujeitos processuais, por terem uma posio semelhante (activa ou passiva), so

    titulares de uma mesma posio jurdica processual - quer essa situao jurdica se

    encerre numa relao jurdica ou no - correspondente a um

    Ora inegvel que um sujeito em processo ocupa uma posio passiva ou uma

    posio activa que determina a possibilidade da prtica de actos processuais que s

    uma parte activa pode praticar (v.g., a introduo da petio inicial) e de actos que suma parte passiva pode praticar (v.g., a contestao). E tambm certa uma

    actividade de contraposio face ao plo oposto, admitida pelo princpio do

    contraditrio.

    Mas, por outro lado, tambm os sujeitos dentro do seu plo tanto podem ter

    poderes processuais autnomos que os permitem defender da actuao dos outros

    ocupantes no mesmo processo - donde configurar-se do ponto de vista processual um

    interesse prprio irredutvel ao dos restantes sujeitos - como podem no ter - no

    dando o processo autonomia ao autnomo interesse material resultante de eventuallegitimidade singular que a parte possa ter (403

    Essa autonomia ou a sua falta depende do modo como formalmente se

    estruturou o processo: se encerrando vrias aces, se encerrando uma aco. Com

    isso, queremos distinguir o que ocorre no litisconsrcio e coligao voluntrios do que

    (394 Assim, expressamente, RAMOS MENDEZ, ob. cit., tomo I, p. 227.(401 Teoria geral..., vol. III, cit., p. 22.(402 Ibidem, p. 22.

    (403 Cfr., supra, 3, sobre as consequnciais que a voluntariedade ou a necessidade tm sobre aactividade processual.

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    29/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    29RPinto2011v42

    sucede com o litisconsrcio necessrio.

    6. Efectivamente, pode-se, nos mesmos termos, falar de dualidade de partes

    para uma aco coligatria e para uma aco litisconsorcial necessria? Parece

    claramente que no. que importa distinguir: seguramente nos casos a que se

    referem os arts 29, 2 parte, 30 e 31 h uma pluralidade de partes, portanto vrias

    partes activas e vrias partes passivas, dado existirem vrias aces.

    J no litisconsrcio necessrio, em razo do art 29, 1, h apenas uma aco

    com duas partes, em que a autonomia de actuao dada aos vrios sujeitos que

    compem cada parte extremamente reduzida.

    O aspecto material aqui irrelevante: no litisconsrcio necessrio tanto pode

    unidade de interesse material corresponder uma unidade de parte, em razo de umaunidade na titularidade das situaes jurdicas processual so os casos de

    litisconsrcio necessrio natural como pode pluralidade de interesses materiais

    no corresponder uma pluralidade de parte mas uma dualidade, porque o legislador

    quis impor um interesse na actividade processual como nico so os casos de

    litisconsrcio necessrio por razes de oportunidade,

    7. Em concluso: a tese da dualidade de parte explica a ocorrncia de

    pluralidade de partes porque ela funciona e deve ser vista do ponto de vista da acoe no do ponto de vista do processo: o que ocorre que a multiplicao de aces

    leva multiplicao de partes no processo

    Donde alguma doutrina distinguir entre processos com pluralidade de lides, e,

    por consequncia pluralidade de partes e de processos com uma lide e com dualidade

    de partes (404.

    B. Litisconsrcio lato sensu e coligao

    1. Dentro deste sentido amplo, podem-se distinguir duas figuras: o litisconsrcio

    stricto sensue a coligao. Trata-se, alis, da distino que o legislador preferiu: a lei

    (404 Neste sentido, HOLZHAMMER, Parteienhufung und einheitliche Streitpartei, (1966), apudTARZIA, ob. cit., p. 31, nota 51. Tambm para TEIXEIRA DE SOUSA,As partes..., cit., p. 74,enquantono litisconsrcio necessrio as partes apresentam externamente como uma nica parte (art 29 1 parte),

    no litisconsrcio voluntrio, em contrapartida, as partes mantm uma posio de autonomia (art 29 2parte)

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    30/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    30RPinto2011v42

    portuguesa, ao contrrio de outras, diferencia o litisconsrcio (arts 27, 28, 29 e 31-

    B) da coligao de autores e de rus (art 30, 31 e 31-A ; cfr., ainda, art 58) 11.

    A distino entre as duas realidades no pacfica na cincia jusprocessualista.

    Os critrios distintivos mais importantes entre litisconsrcio em sentido estrito e

    coligao so o critrio da relao material controvertida e o critrio do pedido.

    2. Segundo o primeiro critrio, o litisconsrcio stricto sensu consistiria numa

    pluralidade de partes principais titulares de uma mesma relao material controvertida,

    as quais, podem-se, por isso, reunir processualmente; ao contrrio, na coligao as

    vrias partes integrariam diferentes relaes materiais, sendo apenas a existncia de

    certa conexo entre elas, determinada pelo legislador, que permitiria a juno das

    aces 12. Concretizando: enquanto a demanda proposta pelo credor de obrigaoconjunta contra vrios devedores litisconsorcial, dados estes serem titulares da

    mesma e nica relao obrigacional, j uma demanda proposta conjuntamente pelos

    outorgantes de diferentes contratos e que tenha por objecto a aplicao de clusula

    contratual comum (cfr. art 30, n 2) trata-se de coligao , pois cada contrato titula

    uma relao material autnoma.

    11Efectivamente, constante aos vrios ordenamentos que tivemos a oportunidade de estudara previso de um litisconsrcio voluntrioou facultativo e um litisconsrcio necessrio. Ora,

    dentro do primeiro que esses ordenamentos distinguem uma sub-espcie dita de litisconsrcioprprio (em parte correspondente ao nosso litisconsrcio voluntrio e em parte j coligao)em que o elemento que permite a conexo de aces a identidade de objecto, ttulo ou causade pedir e uma sub-espcie dita de litisconsrcio imprprio (plenamente correspondente acoligao) em que o elemento conector a homogeneidade de questes de direito ou de facto.No se d, portanto, autonomia coligao, enquanto figura de direito positivo e enquantofigura doutrinal. Concretizando, o Codice di Procedura Civile italiano quando, nos seus arts102 e 103 trata, respectivamente, do litisconsorzio necessario e do litisconsrzio facoltativoutiliza o termo em sentido amplo, nomeadamente no art 103: Vrias partes podem agir ou serdemandadas no mesmo processo, quando entre as causas que se proponham exista conexopelo objecto ou pelo ttulo de que dependem, ou quando a deciso dependa, total ouparcialmente, da resoluo de idnticas questes. Tambm a Zivilprozessordnung (ZPO)alem distingue entre o litisconsrcio necessrio (notwendige Streitgenossenschaft) no 62 e

    os litisconsrcios prprio (eigentliche Streitgenossenschaft) no 59 e imprprio(uneigentliche Streitgenossenschaft) no 60. Nestes dois timos encontramos quer situaesde litisconsrcio em sentido estrito (quando os sujeitos se achem estado de comunidadejurdica [Rechtsgemeinschaft] a respeito do objecto litigioso - 59, 1 parte) quer a situaesde coligao (quando o objecto do litgio seja constitudo por direitos e obrigaes da mesmaclasse - 60) . Divises semelhantes encontram-se tambm no direito espanhol (cfr.,FAIRN GUILLN,Sobre el litisconsorcio en el proceso civil, inEstudios de derecho procesal,(1955), pp. 126-130 e RAMOS MENDEZ, Derecho procesal civil, tomo I, (1986), pp. 292-293),e no direito brasileiro (cfr., ARRUDA ALVIM, Manual de direito processual civil, vol. I, (1977),pp. 55-59) e HUMBERTO THEODORO JNIOR, Processo de Conhecimento, tomo I, (1981),pp. 141-144).12 Neste sentido, PALMA CARLOS, ob. cit, pp. 113-127; BARBOSA DE MAGALHES,Processocivil e comercial, vol. I, p. 553; ANTUNES VARELAob. cit., p. 161, quando escreve: "Nolitisconsrcio

    (sic), hpluralidade(sic) de partes, mas unicidade(sic) da relao material controvertida; na coligao(sic), pluralidade(sic) das partes corresponde apluralidade(sic) das relaes materiais litigadas".

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    31/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    31RPinto2011v42

    3.Pelo segundo critrio o elemento distintivo seria a unidade ou pluralidade de

    pedido: no litisconsrcio h pluralidade de partes mas um s pedido ou unidade entre

    pedidos diferentes, na coligao h pluralidade de partes e vrios pedidos diferentes

    8.

    Mas este critrio carece de esclarecimentos complementares. Assim, e

    desenvolvendo a doutrina de CASTRO MENDES 13, na aco litisconsorcial pode ser

    a. deduzido um s pedidocontra um ru, por parte de vrios autores, ou de

    um autor contra vrios rus (v. g., pedido fundado em obrigao

    indivisvel), mas tambm mais de um pedido, em cumulao (art 470),

    de vrios autores em conjunto contra o mesmo ru ou do mesmo autorcontra vrios rus em conjunto; neste caso de cumulao (cfr., art. 470),

    podem esses pedidos ser

    i. deduzidos indiscriminadamentecom diferente contedo - v. g., um pedido

    de restituio de posse, e outro pedido de indemnizao, contra dois

    esbulhadores;

    ii. deduzidos discriminadamente, seja com igual contedo - v. g., dois

    pedidos parcelares de pagamento de obrigao parciria, cada um

    dirigido a cada devedor parcirio seja com diferente contedo 14 - v.g.aquele que por fora de um mesmo contrato de comodato cedeu o uso

    um automvel e uma mobilia a dois sujeito, pode muito bem pedir a

    condenao na entrega das duas coisas de forma discriminada se um

    sujeito deter o veculo e o outro o mvel 15.

    Em todas estas hipteses se entende que h unidade de pedido e, por

    8 Embora com variantes, so as posies de, JOS ALBERTO DOS REIS, Cdigo de processo civil...,vol. III, cit., p. 145; MANUEL DE ANDRADE,Lies...,cit., p. 367; CASTRO MENDES,Brevesreflexes...,cit., pp. 275-276, eDireito processual civil...,vol. I, cit., pp. 253-258; TEIXEIRA DESOUSA, ob. cit., pp. 59-60.13Direito processual...,vol. I, cit., pp. 255-256.14 No dizer de CASTRO MENDES,Direito processual..., vol. I, cit., p. 256, so pedidos nodiferentes.15 Construmos esta hiptese sobre uma outra algo diversa de CASTRO MENDES,Direito

    processual...,vol. I, cit., p. 256: Supondo que A tem de haver de B e C, em virtude de dois contratos decomodato que celebrou com ambos, um automvel e uma moblia, pode pedir a condenao na entrega deuma e outra coisa. Ora, ao contrrio do que afirma CASTRO MENDES, este caso no configura umlitisconsrciostricto sensu, mas de coligao. que as pretenses do autor da aco fundam-se em dois

    contratos diferentes; o facto de uma loja vender trs electrodomsticos do mesmo gnero e espcie a trsclientes num mesmo dia no os torna potenciais litisconsortes em caso de litgio judicial.

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    32/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    32RPinto2011v42

    conseguinte, litisconsrcio 16.

    Ou, no dizer de TEIXEIRA DE SOUSA, no litisconsrcio pode haver ou no

    haver uma pluralidade de pedidos, mas, quando se verifique esta pluralidade,

    todos os litisconsortes formulam os mesmos pedidos ou os mesmos pedidos

    so formulados contra todos os litisconsortes; por exemplo: os litisconsortes A

    e B formulam contra C os pedidos de entrega de um automvel e de

    indemnizao por responsabilidade contratual.J na coligao, pluralidade de autores ou de rus correspondem pedidos

    diferentes (art 30, n 1). Trata-se de pedidos que podem ser diversos no seu

    contedo, mas no necessariamente nos fundamentos - lembre-se que a conexo

    justificativa pode ser causa de pedir (...) mesma e nica (art 30, n 1) ou at

    podem ser formalmente idnticos no seu contedo - v. g., as vrias vtimas de um

    acidente pedirem uma indemnizao de igual valor ao autor do dano. Em qualquercaso, so sempre deduzidos discriminadamente do ponto de vista subjectivo, isto ,

    h um pedido respeitante deduzido por ou contra - a cada sujeito coligado.

    Ou no dizer de TEIXEIRA DE SOUSA h sempre uma pluralidade de pedidos e

    cada um dos pedidos formulado por ou contra partes distintas; por exemplo: o autor

    D formula contra o demandado E o pedido de anulao de um negcio e contra o

    demandado Fo pedido de indemnizao pelos danos resultantes dessa anulao, por

    ter sido ele a causa da invalidade do negcio.

    4. partida, parece-nos que nenhuma das teses completamente satisfatria, j

    que cada uma, sua maneira, considera apenas metade do problema sem nunca

    estabelecer uma ligao: ou s o plano material - critrio da relao material

    controvertida - ou s o plano formal - critrio do pedido.

    Porventura a tese do pedido d um critrio prtico ou extrnseco, mas o seu

    sentido apenas pode ser buscado na tese da relao material.

    A tese da unidade ou pluralidade do pedido padece de vrias fraquezas. Assim,

    no consegue negar, e antes reconhece, que possvel haver litisconsrcio stricto

    sensu com pluralidade de pedidos subjectivamente discriminados o exemplo da

    obrigao parciria 9. Contrape-se, certo, que neste caso no deixa de haver

    unidade entre eles se os fundamentos e contedos forem idnticos 10. Mas qual a

    realidade jurdica que subjaz a esta comunho de fundamentos e elementos? Mais:

    at possvel esses pedidos serem diferentes veja-se o exemplo, adaptado, do

    16 CASTRO MENDES,Direito processual...,vol. I, cit., p. 255.

    9 Incoerncia j referida por PALMA CARLOS,ob. cit., pp. 101-10410 Assim, CASTRO MENDES,Direito processual...,vol. I, cit., p. 255

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    33/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    33RPinto2011v42

    comodato de mais de um bem a uma pluralidade de sujeitos.

    Enfim, este critrio no esclarece a razo pela qual tambm na coligao os

    pedidos podem ser idnticos entre si e tambm conviverem com o tratamento

    diferenciado de cada sujeito.

    Em qualquer dos casos, pressente-se que a causa distintiva se coloca num

    plano exterior ao da questo, em si mesma formal, do pedido. Essa causa que ser

    o fundamento para se poder continuar a afirmar que se estamos perante litisconsrcio

    em sentido estrito mesmo quando h discriminao subjectiva de pedidos.

    Desse fundamento est mais prximo seguramente mais prximo o critrio da

    relao material controvertida, pois aponta para a natureza da situao jurdica que

    permanece por detrs da pluralidade de pedidos.

    Efectivamente, julgamos que no plano da realidade ou direito substantivo feitovaler na aco que se situa a causa da distino a fazer dentro do litisconsrcio em

    sentido amplo. Sem dvida que os credores de dvida parciria, a despeito da

    pluralidade de pedidos, tm de comum o serem - pretensamente - titulares da mesma

    relao jurdica creditcia; o mesmo sucede com aquele que cumula pedidos contra os

    mesmos rus com base em idntica posio jurdica. Ao contrrio, a coligao uma

    estrutura processual plurisubjectiva resultante da conexo admitida por lei entre

    causas respeitantes a situaes jurdicas invocadas pelo autor e que tm como

    caracterstica o serem autnomas entre si, a despeito de pontos de contacto - osprevistos no art 30.

    Por isto, consoante a pretenso do autor se refira a uma situao jurdica

    plurisubjectivaou a vrias situaes jurdicas(plurisubjectivas ou no), assim teremos

    a aco estruturada em litisconsrcio stricto sensu ou em coligao. Por isso, quando

    o autor retire da mesma situao plurisubjectiva vrias pretenses, ainda a teremos o

    litisconsrcio em sentido estrito, mas com pluralidade de pedidos. Esta pluralidade de

    pedidos no litisconsrcio est, deste modo, explicada na unidade, afinal, da situao

    jurdica.Como isolar uma situao jurdica, ou, se quisermos, qual o critrio prtico para

    o seu apuramento?

    Em nosso ver, a autonomia destas situaes jurdicas feitas valer em processo

    apura-se pelo ttulo ou causa de pedir: cada situao jurdica funda-se num facto

    constitutivo ou num conjunto de factos constitutivos diferentes, i. , num ttulo

    diferente. Deste modo, no litisconsrcio ainda que haja diferentes pretenses,

    mesmo que dirigidas com diferenciao subjectiva, o ttulo o mesmo maxime, o

    contrato; j na coligao ainda que haja iguais pretenses elas fundam-se em ttulos

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    34/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    34RPinto2011v42

    diversos, ainda que da mesma categora maxime, vrios contratos. O critrio prtico

    assim, o da identidade ou diversidade de ttulo constitutivo das pretenses.

    Assim, se estabele a ponte que reclamvamos de incio entre o plano material e

    o plano formal do problema.

    5. Em concluso designa-se por litisconsrcio stricto sensu toda a

    pluralidade de sujeitos que ocupem a posio de parte principal activa ou passiva

    numa aco 17 relativamente mesma relao controvertida ou mesma causa de

    pedir (????) e coligao e por coligaotoda a pluralidade de sujeitos que ocupem a

    posio de parte principal activa ou passiva numa aco18 relativamente diferentes

    relaes controvertidas.

    Deste modo a coligao supe sempre uma pluralidade de objecto processuais

    o que pode no suceder com o litisconsrcio. Por isso, a coligao ser tratada em

    sede de objecto processual.

    17 CASTRO MENDES, Breves reflexes sobre o conceito de litisconsrcio, in JF, ano 19,(1955), p. 270, entende que partes principais so aquelas que se encontram num plano deigualdade, ou de coordenao dentro do processo, por oposio s que esto numa plano desubordinao ou acessoriedade; TEIXEIRA DE SOUSA, As partes..., cit., p. 12, aprofundamelhor o sentido dessa igualdade ou dessa subordinao: As partes principais (...) requeremou contestam a concesso da tutela judiciria (...). As partes acessrias sos os titulares desituaes jurdicas conexas com o objecto do processo. A figura do assistente (art 335) oexempo tradicionalmente dado de parte acessria (CASTRO MENDES, Breves reflexes...,cit., p. 270; TEIXEIRA DE SOUSA,ibidem, p. 12). Por outro lado, o conceito de litisconsrciorecorta-se dentro dum gnero ainda mais vasto - o da pluralidade de interessados ou de partes- que abrange as situaes de pluralidade de partes acessrias. Esta distino encontra-se em

    GUASP, Derecho procesal civil, tomo I, (1968), pp. 200-201 e PALMA CARLOS, Ensaio..., cit.,pp. 72-88.18 CASTRO MENDES, Breves reflexes sobre o conceito de litisconsrcio, in JF, ano 19,(1955), p. 270, entende que partes principais so aquelas que se encontram num plano deigualdade, ou de coordenao dentro do processo, por oposio s que esto numa plano desubordinao ou acessoriedade; TEIXEIRA DE SOUSA, As partes..., cit., p. 12, aprofundamelhor o sentido dessa igualdade ou dessa subordinao: As partes principais (...) requeremou contestam a concesso da tutela judiciria (...). As partes acessrias sos os titulares desituaes jurdicas conexas com o objecto do processo. A figura do assistente (art 335) oexempo tradicionalmente dado de parte acessria (CASTRO MENDES, Breves reflexes...,cit., p. 270; TEIXEIRA DE SOUSA,ibidem, p. 12). Por outro lado, o conceito de litisconsrciorecorta-se dentro dum gnero ainda mais vasto - o da pluralidade de interessados ou de partes- que abrange as situaes de pluralidade de partes acessrias. Esta distino encontra-se em

    GUASP, Derecho procesal civil, tomo I, (1968), pp. 200-201 e PALMA CARLOS, Ensaio..., cit.,pp. 72-88.

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    35/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    35RPinto2011v42

    II. Litisconsrcio como pressuposto processual

    A. Sentido funcional

    1.Uma vez que o litisconsrcio stricto sensu supe uma relao controvertida,

    nos termos do art. 26, n 3, com pluralidade de sujeitos cabe perguntar se devem

    estar todos em processo para o pedido poder ser apreciado.

    Ora quanto relevncia ou irrelevncia como pressuposto processual deve-se

    distinguir entre litisconsrcio voluntrio e necessrio.

    Esta classificao apresentada pela lei como limitada ao litisconsrcio stricto

    sensu. No entanto, nada h que se oponha a que se fale em coligao voluntria e

    necessria; e at o prprio litisconsrcio recproco pode ser voluntrio (caso da

    oposio) e necessrio (caso da aco de diviso de coisa comum). Assim, a distino

    habitual entre litisconsrcio necessrio e voluntrio refere-se ao litisconsrcio lato

    sensu. Porm, para comodidade de exposio, a distino estudada apenas no

    campo em que mais normalmente se pe: o do litisconsrcio inicial, simples e em

    sentido estrito.

    2. D-se o litisconsrcio voluntrio quando pode existir uma pluralidade de

    sujeitos com a qualidade de parte principal, sem que a sua no verificao redunde

    em impedimento de apreciao da questo de mrito.

    D-se o litisconsrcio necessrio quando deve existir uma pluralidade de

    sujeitos com a qualidade de parte principal sob pena de impedimento de apreciao

    da questo de mrito.

    Efectivamente aqui a consequncia da violao a absolvio da instncia (ou

    o indeferimento liminar) por ilegitimidade (cfr. art 28., n. 1; cfr. arts 288., n. 1, al.

    d), e 494., al. e)). Esta ilegitimidade , porm, sanvel nos termos do art 269., n. 1,

    que remete para o art. 325.

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    36/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    36RPinto2011v42

    B. Litisconsrcio necessrio legal

    1.1.1.1. O litisconsrcio pode, conforme resulta do art. 28 CPC, ser imposto

    pela lei, pela vontade contratual das partes ou para assegurar o efeito tilnormal da deciso. Correlativamente fala-se em litisconsrcio necessrio legal,

    convencional e natural

    Quanto ao litisconsrcio necessrio legal so vrias as disposies legais que

    o impem:

    a. No Cdigo de Processo Civil, arts 28.-A (direitos e dvidas dos

    cnjuges), 374., n. 2 (incidente de habilitao), 1013., n. 1

    (venda antecipada de penhor), 1030., n. 1 (consignao em

    depsito) e 1063. e 1064. (regulao e repartio de avarias

    martimas);

    b. No Cdigo Civil, arts 419., n. 1 (exerccio do direito de

    preferncia), 496., n. 2 (titularidade do direito indemnizao por

    morte da vtima), 535., n. 1 (exigncia de obrigao indivisvel),

    608. (aco sub-rogatria), 1822., n. 2 (aco de investigao da

    maternidade) e 1846., n. 1 (aco de impugnao da paternidade);

    tem-se igualmente entendido que a aco de preferncia tem de ser

    proposta pelo preferente contra o alienante e o adquirente19;

    c. Noutra legislao, art 64., n. 1, al. b), DL 291/2007, de 21/8 (as

    aces destinadas efectivao da responsabilidade civil decorrente

    de acidente de viao devem ser deduzidas contra a empresa de

    seguros e o civilmente responsvel, se o pedido ultrapassar o limite

    do capital mnimo do seguro obrigatrio).

    19 Cfr. ANTUNES VARELA, RLJ 120 (1987/1988), 22 ss.

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    37/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    37RPinto2011v42

    Merece ateno especial o litisconsrcio relativo aos cnjuges ou litisconsrcio

    conjugalpara CASTRO MENDES/TEIXEIRA DE SOUSA.

    2.No plano do litisconsrcio conjugal activovale o n 1 do art. 28-A: Devem

    ser propostas por marido e mulher, ou por um deles com consentimento do outro, as

    aces de que possa resultar a perda ou a onerao de bens que s por ambos

    possam ser alienados ou a perda de direitos que s por ambos possam ser exercidos,

    incluindo as aces que tenham por objecto, directa ou indirectamente, a casa de

    morada de famlia.

    Uma primeira observao a fazer sobre este regime de que s h restries

    legitimidade de cada um dos cnjuges na zona das aces patrimoniais. J quanto s

    aces pessoais divrcio, aces de filiao , cada um dos cnjuges tem

    legitimidade para intent-las sozinho, abstraindo de situaes muito particulares como

    o da relevncia, em matria de legitimidade, do disposto no art 1981., n. 1, al. b),

    CC, cujo mbito alargado pelo art 1993., n. 1, CC.

    Nas aces patrimoniais, a regra a seguinte: s podem ser propostas por

    ambos os cnjuges, ou por um deles com o consentimento do outro, as aces de que

    possa resultar a perda ou a onerao de bens que s por ambos possam ser

    alienados ou a perda de direitos que s por ambos possam ser exercidos. Na

    determinao destes direitos, h que distinguir os bens prprios de cada cnjuge dos

    bens comuns do casal.

    Quanto aos bens prpriosde um dos cnjuges, a regra a de que cada um

    deles administra esses bens (art 1678., n. 1, CC) e pode alien-los livremente (art

    1682., n. 2, CC). Por isso, em regra, o cnjuge tem legitimidade para propor sozinho

    as aces referentes a esses bens e contra ele podem ser propostas as aces com o

    mesmo objecto. Esta regra comporta, no entanto, algumas excepes quanto a certos

    bens: art 1682., n. 3, al. a) CC (mveis utilizados conjuntamente por ambos os

    cnjuges na vida do lar ou como instrumento comum de trabalho, como v.g., a moblia

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    38/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    38RPinto2011v42

    comum), art 1682., n. 3, al. b) CC (mveis pertencentes exclusivamente ao cnjuge

    que os no administra, salvo tratando-se de acto de administrao ordinria e,

    portanto, a regra quem administra pode alienar (cfr. art 1682., n. 2 CC) no seaplica: o cnjuge que administra bens de que proprietrio o outro cnjuge no os

    pode alienar, e o outro cnjuge tambm no necessrio o consentimento de

    ambos; por exempl quanto um txi, que F guia e explora mas do outro), art

    1682.-A, n. 1, al. a) e b) CC) (imveis e estabelecimento, salvo vigorando o regime

    de separao de bens) art 1682.-A, n. 3, CC e art 1682.-B CC (casa de morada da

    famlia prpria ou arrendada, respectivamente). Ora o art. 28-A, n1 impe um

    litisconsrcio necessrio activo quando a aco possa ter um efeito dispositivo ou

    onerador daqueles bens. Este resulta seja da improcedncia de uma aco de simples

    apreciao positiva, seja da improcedncia de uma aco de anulao do respectivo

    ttulo jurdico, maxime contrato, seja da improcedncia de uma aco de reiviindicao

    Quanto aos bens comunsh que fazer uma importante distino entre bens

    comuns administrados por um s dos cnjuges (cf. als b) a e) do n. 2 do art 1678.

    CC) e administrados por ambos os cnjuges 20.

    Como se disse j, a possibilidade de alienar vai unida administrao, nos

    termos do art 1682., n. 2, CC, pelo que possvel retirar a seguinte concluso: o

    regime dos bens comuns administrados por um s dos cnjuges o regime dos bens

    prprios, remetendo-se para o que se disse atrs.

    O regime dos bens comuns administrados por ambos os cnjuges distinto

    para a administrao e para a disposio ou alienao:a. os actos de administrao ordinria podem ser levados a cabo por qualquer

    dos cnjuges; s quanto aos actos de administrao extraordinria o art

    20 Bens que constituam proventos do trabalho do cnjuge; bens levados pelo cnjuge

    para o casamento ou adquiridos posteriormente a ttulo gratuito, assim como os bens

    sub-rogados; note-se que esta ressalva s tem valor no regime de comunho geral de

    bens: nos outros regimes estes bens so prprios e caem sob a alada do n. 1 do art

    1678. CC; bens doados ou deixados a ambos os cnjuges com excluso da

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    39/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    39RPinto2011v42

    1678., n. 3 CC impe que a administrao se tem de processar

    conjuntamente: apenas ambos podem decidir (podendo suprir-se

    judicialmente o consentimento de um deles, art 1684., n. 3, CC)

    b. os actos de disposio devem levados a cabo por ambos os cnjuges exige

    o consentimento de ambos, ex vi art. 1682, n 1 CC (mveis) e art

    1682.-A CC (imveis)

    Correlativamente o art. 28-A, n1 impe um litisconsrcio necessrio

    activo

    quando a aco possa ter um efeito material de administrao extraordinria

    ou de disposio. Portanto, aconselha-se a importao, para o domnio do

    processo civil, da classificao administrao-disposio, falando-se em

    aces de administrao ordinria e extraordinria e em aces de disposio.

    As aces de arrendamento, como designadamente a aco de resoluo do

    arrendamento, so casos muito especiais. O arrendamento tpico parece ser hoje acto

    de administrao extraordinria, mesmo independentemente dos seis anos a que se

    referem os arts 1024. e 1889., n. 1, al. m), CC (este artigo traa uma regra geral

    para toda a locao). possvel deduzir este regime alm de razes de doutrina

    do art 1682.-A, n. 1, CC, que equipara o arrendamento (qualquer que seja o prazo) alienao ou onerao.

    2.2.2.2. No plano do litisconsrcio conjugal passivovale o n 3 do art. 28-A:

    Devem

    ser propostas contra o marido e a mulher as aces emergentes de facto

    praticado por ambos os cnjuges, as aces emergentes de facto praticado por

    um deles, mas em que pretenda obter-se deciso susceptvel de ser executada

    sobre bens prprios do outro, e ainda as aces compreendidas no nmero 1.As aces referidas nas primeira e terceira partes no levantam

    dificuldades: a primeira parte diz respeito s dvidas comuns (cf. art. 1691, n

    1, al.a) CC) e a ltima aos bens e direitos que exigem uma legitimidade

    material plural seja em actos de disposio como at em certo actos de

    administrao.

    administrao de um deles; bens (comuns) utilizados exclusivamente por um doscnjuges como instrumento de trabalho.

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    40/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    40RPinto2011v42

    Exemplo (1): se ambos pediram emprestado ou compraram a crdito, e no pagaram, ambos

    devem ser demandados. Se for demandado um s, este parte ilegtima: h litisconsrcio

    necessrio imposto pelo art 28.-A, n. 3, pelo que se aplica o art 28., n. 1. Note-se que este

    regime no o geral, aplicvel a todos: ele s vale para os cnjuges. Se Ae Bpedirem 4000

    emprestados a C, este pode, em regra, demandar sAou s B, por 2000 (cfr. art 27., n. 1 2.parte); mas se Ae Bforem cnjuges, Cs os pode demandar aos dois, em litisconsrcio neces-

    srio.

    Ao contrrio, tem-se discutido se a segunda parte impe ou no um

    litisconsrcio. Nela se tratam das dvidas comunicveis nos termos do art.

    1691, ns 1, als. b) a e) e 2 CC. Sem cuidar de repetirmos o que j

    escrevemos noutra sede h quanto a isto duas posies

    a. TEXEIRA DE SOUSA defende que que as dvidas

    comunicveis s se podem fazer valer contra ambos os

    cnjuges: para que a execuo possa vir a incidir sobre bens

    comuns, a aco executiva, bem como a declarativa que a

    prepare, tm de ser movidas contra os dois cnjuges.;

    deve-se, para tal, apurar as consequncias previsveis da

    aco em face do regime de bens: o regime de bens entre

    os cnjuges tal que possa haver bens comuns; neste caso,

    na futura execuo deve comear a penhora pelos bens

    comuns; por isso, devem ser demandados ambos os

    cnjuges, em litisconsrcio necessrio; o regime de bens

    entre os cnjuges tal que no possa haver bens comuns

    (separao de bens, designadamente, arts 1735. a 1737.

    CC); neste caso, na futura execuo penhorar-se-o bens

    prprios de qualquer dos cnjuges; ento o autor pode

    optar: se demandar ambos os cnjuges pode executar na

    futura aco executiva os bens de qualquer dos dois

    (litisconsrcio conveniente); mas se demandar apenas um,

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    41/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    41RPinto2011v42

    est no seu direito somente ter a desvantagem de, na

    execuo, s poder executar bens deste.

    b. LEBRE DE FREITAS e ns prprios defende o carcter

    dispositivo dessa faculdade do autor; a circunstncia de a

    primeira parte do art. 28-A, n 3 impr um litisconsrcio

    nada demonstra quanto a uma pretensa regra de

    coincidncia entre comunho e legitimidade passiva, como

    pretende a primeira posio

    C. Litisconsrcio necessrio convencional

    O litisconsrcio necessrio convencional pressupe a vontade das partes:

    esta que impe que o direito s possa ser exercido por todos ou contra todos ou ainda

    por todos contra todos. Pe-se o problema de saber se esta vontade incide no domnio

    substantivo ou processual ou num e noutro. Deve entender-se que o litisconsrcio

    necessrio convencional sempre reflexo de um pacto substantivo.

    Exemplo,Aempresta 10000 a Be Ce convenciona que s dos dois em conjunto exigir a

    quantia mutuada; por fora da instrumentalidade processual, s poder demandar Be C; se

    demandar um s, este parte ilegtima.

    No parece possvel uma conveno meramente processual. Por exemplo: D

    empresta 4000 a Ee F, e pretende dispor-se que a obrigao ser (extrajudicialmen-

    te) conjunta, mas que, se Dfor a juzo, s poder ir contra os dois; ento o direito de D

    exigir 2000 a Bno teria aco, o que contrrio ao princpio do art 2., n. 2.

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    42/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    42RPinto2011v42

    D. Litisconsrcio necessrio natural

    1.Diz o art 28., n. 2 1. parte, que necessria a interveno de todos os

    interessados quando, pela prpria natureza da relao jurdica, ela seja necessria

    para que a deciso a obter produza o seu efeito til normal. No art 28., n. 2 2.

    parte, procura-se concretizar o que seja este efeito til normal: a deciso produz o

    seu efeito til normal sempre que, no vinculando embora os restantes interessados,

    possa regular definitivamente a situao concreta das partes relativamente ao pedido

    formulado.

    Suponha-se, por exemplo, que A celebra com B, C e D um contrato, que

    posteriormente pretende anular, por dolo, coaco ou outro vcio; se propuser a aco s

    contra B, a sentena de anulao, produzindo caso julgado s em face deste, deixa o acto nulo

    em face de uns, vlido em face dos outros; por esta razo, tem-se entendido que, para a

    deciso a obter produzir o seu efeito til normal, a aco de anulao deve ser proposta contra

    todos os celebrantes do negcio anulando; um caso de litisconsrcio necessrio natural21.

    Esta soluo s se impe, no entanto, quando o vcio envolver todos os interessados, ou seja,

    quando o objecto da causa for indivisvel por vrias partes processuais, pelo que, da

    circunstncia de o objecto da causa afectar directamente os interesses de vrias pessoas, no

    decorre a necessidade de interveno de todas elas22. Assim, por exemplo, no impe um

    litisconsrcio natural a impugnao, por invalidade, de um testamento que beneficia vrios

    herdeiros, porque o testamento pode ser vlido em relao a certos herdeiros e invlido

    (nomeadamente, por erro, dolo ou coaco: cfr. art 2201. CC) em relao a outros.

    21 Cfr. M.DE ANDRADE, ScI. 7 (1958), 185 ss.22 Cfr. STJ 27/4/1999, BMJ 486, 276.

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    43/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    43RPinto2011v42

    2.Centremo-nos, por isto, no pressuposto de prognose do efeito da aco. Mas

    podemos encontrar a gnese da doutrina moderna ainda na ltima dcada de vigncia

    do Cdigo de 1876 com os trabalho dos Profs. JOS ALBERTO DOS REIS eMANUEL DE ANDRADE 67.

    Ainda antes da introduo do conceito de relao jurdica, que s faz a sua

    apario no Cdigo de 1939, o Prof. JOS ALBERTO DOS REIS referia-se a um

    interesse comumque, embora por regra pudesse ser discutido em separado por cada

    interessado, contudo dava lugar a litisconsrcio necessrio quando se tratasse de

    questo que por sua prpria natureza ou por disposio expressa de lei no possa ser

    apreciada ou decidida sem estarem em juzo todos os interessados 68.

    Que natureza era esta? Consistia na indivisibilidadeda questo ou do interessepara JOS ALBERTO DOS REIS 69 ou nexo que prende os intersses de todos,no

    modo de ver de MANUEL DE ANDRADE 70.

    Com o Cdigo de Processo Civil de 1939 consagrou-se, pela mo do seu autor,

    o Prof. JOS ALBERTO DOS REIS, o litisconsrcio natural no segundo da alnea c)

    do art 28, mais tarde recebido pelo n 1 do art 28 do CPC actual. Na doutrina

    daquele AUTOR passou-se a atribuir a indivisiblidade, atrs referida, relao

    estabelecida entre uma pluralidade de sujeitos activos e um ou mais sujeitos passivos

    ou vice-versa ou com vrios interessados 71. Haveria uma unidade da relaojurdica materialque se invoca como fundamento da aco 72.

    Na doutrina a inovao mais recente veio do Prof. ANTUNES VARELA, o qual

    no faz coincidir o campo do litisconsrcio necessrio com as relaes jurdicas

    indivisveis pois seria aquele seria mais amplo 74.

    67 Respectivamente,Legitimidade das partes, inBFD, anos VIII, ns 71-80, (1923-25), pp. 64-88, e IX,ns 81-90 (1925-26), pp. 102-166;Algumas notas sbre a legitimidade das partes nas aces anulatrias

    de partilhas, inBFD, ano X, ns 91-100, (1926-1928), pp. 583-630. Ambos j citados. 68Legitimidade...,cit., p. 164-166.69Ibidem, p. 162, eAnotao [ao Acrdo do Supremo Tribunal de Justia, de 10 de Julho de 1936] in

    RLJ, ano 69, n 2576, (1936), p. 253.70Algumas notas...,cit, p. 605; JOS ALBERTO DOS REIS tambm se refere a uma relao deinterdependncia(sic) entre as pretenses (Sobre um acrdo relativo a acidente de viao , inRLJ, ano77, n 2783, (1944), p. 211).71 Cdigo de processo civil...,vol. I, cit., p. 87; PALMA CARLOS,Ensaio...,cit., p. 155. Cf., ainda, oac. RC, de 22/5/51 (BMJ n 29, pp. 308-311 (p. 310)).72 PALMA CARLOS, ibidem, p. 155; tambm, JOS ALBERTO DOS REIS, ibidem, pp. 92 e 93.Ainda, o ac. RC, de 2/11/48 (BMJ n 12, pp. 300-306, (p. 304)); o ac. STJ, de 31/5/49 (BMJ n 13, pp.190-193 (p. 190 e 192)); o ac. STJ, de 29/11/49 (BMJ n 16, pp. 203-207 (pp. 203 e 206); o ac. STJ, de23/3/56 (BMJ n 55, 263 eRLJ, ano 89, n 3081, pp.190-191 (p. 191)).

    74Anotao...,cit., p. 381.Tal no coincidncia resulta da distino entre sentenas ineficazes, sentenateis e sentenas com efeito til normal, a qual abordaremos infra, no ponto 2.2.3. do presente pargrafo.

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    44/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    44RPinto2011v42

    3. Processualmente a natureza indivisvel ou una da relao subjacente ao

    litgio tem correspondncia no campo dos efeitos da sentena, precisamente o nosso

    objecto de estudo.

    Mesmo a jurisprudncia produzida sob o domnio do Cdigo de Processo Civil

    de 1876 j demonstrava a natureza indivisvel das situaes jurdicas subjectivas,

    objecto destas aces, atravs da considerao dos efeitos da deciso a produzir a

    final na aco. Ento, conclua que essas situaes, fossem um direito ou fossem um

    estado pessoal, no podiam subsistir para uns interessados e serem objecto de efeito

    modificativo ou extintivo para outros; ou ainda, nas aces constitutivas, nascerem

    para as partes do processo mas no para os restantes interessados 75.

    Mas foi o Prof. JOS ALBERTO DOS REIS quem introduziu a ideia de

    apreciao til pelo tribunal como critrio ltimo de determinao da natureza daquesto: se o tribunal no pudesse apreciar a questo com utilidade s estando

    presentes alguns dos interessados, todos teriam de intervir. Esta utilidade colocava-a

    o Mestre no plano da exequibilidadeda sentena. Assim, por exemplo, entendia que

    uma aco de reivindicao deveria ser proposta contra todos os possuidores, e no

    apenas alguns, porque ou a sentena no podia executar-se, por no terem sido

    chamados aco os restantes ou ia executar-se contra pessoas que no tinham

    sido judicialmente convencidas, o que era inaceitvel em face dos efeitos limitados do

    caso julgado 76.

    4. Este conceito de apreciao til do interesse pelo tribunal, a que se referia o

    Prof. JOS ALBERTO DOS REIS, foi enriquecido pelo Prof. MANUEL DE ANDRADE

    que o levou para o campo da regulao do litgio no seu conjunto: Se o pleito abrange

    todo o intersse comum indivisvel e foi dirigido apenas contra um ou alguns dos

    interessados,o juiz no pode tilmente proferir uma sentena que regule o interesse

    no seu conjunto77. Isto porque, por um lado, a sentena no obrigaria os demaisinteressados, pela norma da eficcia relativa do caso julgado; por outro lado, o

    75 Assim, numa aco de diviso de guas, se esta fosse feita s entre as partes sucederia que os donosdo outro prdio com quinho algum ficariam nessa gua. E, assim lesados, viriam les logo atacar o

    julgado, o qual, em tais circunstncias, denada valeria nem com relao a estranhos tambm com direito gua, nem mesmo entre as prprias partes(ac. RC, de 4/6/27, (RLJ, ano 60, n 2337, pp. 191-192 (p.191)). Tambm em aco de investigao de paternidade ilegtima, se se propusesse a aco s contraalguns dos interessados chegar-se-ia ao absurdo de se permitir ao perfilhando o intentar a aco scontra alguns dos herdeiros, desde que se comprometesse a no vir exigir aos outros a quota com que lesdeveriam contribuir para a sua poro hereditria (ac. STJ, de 29/3/35 (RLJ, ano 68, n 2541, pp.111-112 (p.112)).76Legitimidade...,cit., p. 166, nota 1, em crtica ao ac. RL, de 24/7/18 (RJ,ano 3, p. 729).

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    45/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    45RPinto2011v42

    tribunal no pode tilmente pronunciar uma deciso restrita s partes que no

    intersse global cabem ao autor e ao ru ou aos rus 78.

    Assim sendo, visto a primeira sentena, por fora desse nexo de indivisibilidade,

    ir afectar esses direitos e como no poderia impor-se a stes, no seria definitiva,

    podendo sempre os no intervenientes contradiz-la, inclusive por sentena posterior

    79.

    Esta ltima concluso foi importantssima pois, todo o desenvolvimento doutrinal

    subsequente, at aos nossos dias, se fez na reafirmao de que h litisconsrcio

    natural sempre que a sentena no possa regular a situao em litgio de modo

    definitivo. Mais: foi de imediato consagrada no Cdigo de 1939, e recebida, mais tarde,

    no art 28, n 2 do Cdigo actual, atravs do conceito de efeito til normal.

    5. Primeiramente, JOS ALBERTO DOS REIS definiu o efeito til normal da

    deciso como sendo declarar o direito de modo definitivo (sic), formando o caso

    julgado material 80.

    Declarao do direito e produo do efeito de caso julgado material seriam,

    portanto, para o Prof. JOS ALBERTO DO REIS, equivalentes: a relao jurdica de

    tal natureza, que, para se formar o caso julgado substancial indispensvel que a

    sentena vincule todos os interessados 81. Essa declarao definitiva, inatacvel do

    direito ocorre - no havendo patologia processual - em qualquer aco. para ela quetende o processo. Mas se suceder, que ela s se produza com a presena de todos os

    interessados, portanto, tendo de vincular todos os interessados, nesse caso, estamos

    77Algumas notas...,cit, p. 605.78Ibidem, p. 605.79Ibidem, p. 605. O Prof. MANUEL DE ANDRADE demonstra estas duas afirmaes, a pp. 606 e 607do seu artigo, pelo exemplo da diviso de coisa comum: Se um condmino intentar aco divisriaapenas contra alguns dos outros, manifesto que a diviso total no se pode fazer - isto - no podem

    fixar-se os quinhes de todos os consortes(...) [;] este arranjo no seria definitivo, pois, no vinculandoos que ficaram estranhos demandada por qualquer deles poderia serinutilizado. Mas, por outrolado,o

    juiz [no] pode ordenar que se fixem apenas as quotas do autor e do ru, ou dos rus - ainda que opedido (...) a isto se limite - porque os outros condminos tambm no seriam obrigados a respeitar estadiviso parcial, uma vez que ela prejudica os seus direitos sbre o objecto comum, e les no foramchamados ao pleito.80 Sbre um acrdo...,cit., p. 210. Na linha de JOS ALBERTO DOS REIS, o ac. RC, de 2/11/48 (BMJn 12, pp. 300-306 (p. 304)); o ac. STJ, de 2/10/51 (BMJ n 31, pp. 441-446 (p. 445)); o ac. STJ, de1/7/60 (BMJ n 99, pp. 714-719 (pp. 717-718)): como a sentena no ter valor de caso julgado para osinteressados que no estejam na causa (...) o direito no ficar declarado de modo definitivo; em novasaces, com esses outros interessados, poder obter-se, at, decises diversas. (...) o direito, que agora sequer tornar certo, continuar incerto.

    Isoladamente, BARBOSA DE MAGALHES,Estudos sbre o novo Cdigo de Processo Civil, vol. I,(1940), p. 19, defendia, sem mais justificao, queo efeito til normal deve ser o da prpria relao

    jurdica, e no o da deciso a obter.

    (81 Cdigo de Processo Civil...,vol. I, cit., p. 95).81 Cdigo de Processo Civil...,vol. I, cit., p. 95.

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    46/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    46RPinto2011v42

    diante do litisconsrcio necessrio natural

    6. Posteriormente, foi ainda MANUEL DE ANDRADE, quem veio recentrar a

    questo ao redefinir efeito til normalcomo a sentena definir uma situao jurdica

    (...) que no s no poder mais ser contestada por qualquer das partes, como ainda

    de molde a poder subsistir inalterada no obstante a sentena ser ineficaz em

    confronto dos outros cointeressados, e como quer que uma nova sentena venha a

    definir a posio ou situao destes ltimos82.

    Se a primeira parte da noo no traz nada de novo - afinal j se sabia que o

    efeito til era ou passava pelo efeito de caso julgado entre as partes - j a segunda

    parte inovou em relao ao conceito prevalecente. Nesta, MANUEL DE ANDRADE,

    admite que a obteno de efeito til no significa terem de intervir todos osinteressados, pois concede que alguns permaneam exteriormente aco, em

    relao aos quais a sentena no ser, naturalmente, eficaz. Mas ao admitir esta

    ineficcia, est MANUEL DE ANDRADE a admitir que decises contraditrias sobre

    uma mesma questo. primeira vista, tal parece ser inviabilizar qualquer efeito til

    normal. Afinal fora por causa desse inconveniente, que o pensamento dominante

    sempre exigira a presena de todos os interessados. Ora, neste ponto, funciona a

    parte final do conceito: que se verdade que a sentena ineficaz face aos

    restantes co-interessados porm ela pode subsistir inalterada, no sentido de queoutras sentenas no a afectaro, ainda que diversas. Como que isto possvel?

    7. MANUEL DE ANDRADE, para explicar, aborda o caso concreto da aco que

    teve por objecto a interpretao de clusula testamentria respeitante ao destino a dar

    ao remanescente da herana, pretendendo os autores que tinham direito ao mesmo. A

    sentena que lhe ps termo concluiu que os rus, herdeiros legtimos, eram partes

    ilegtimas por o autor no ter chamado um outro herdeiro legtimo 83. Ora, para

    ANDRADE, as partes eram legtimas porque a causa poderia mesma ser decididaapenas com os presentes, s que supondo-se que o remanescente de 100 contos e

    que os herdeiros legtimos so 5 a interpretao que os tribunais vierem a sancionar

    s valer quanto aos 80 que corresponderiam a esses quatro, e no quanto aos 20

    contos que competiriam ao 5 herdeiro, que est fora do pleito. O caso julgado fica a

    valer de vez para o valor que foi discutido, ficando o restante valor sujeito a ulterior

    82 Significado da expresso "efeito til normal"...,p. 186. Trata-se afinal da explanao da sua primeiranoo, constante dasLies...,cit., p. 368: definir de modo inatacvel (ao menos entre as partes) a

    relao jurdica versada.

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    47/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    47RPinto2011v42

    deciso em aco onde bastar estar o interessado respectivo.

    certo que h diferena entre o haver-se demandado todos os interessados ou

    no: no primeiro caso podia-se discutir a totalidade do interesse patrimonial; no

    segundo s a parte reduzida em proporo. Caso vencessem os autores obteriam,

    portanto, na primeira hiptese mais bens. Contudo, nos dois casosalcanariam efeito

    til normal, i. ,a idntica estabilidade ou segurana, porque sempre a deciso e a

    atribuio patrimonial da decorrente seria definitiva, inatacvel 84.

    Esta segurana situa-se, pois, num plano prtico, no num plano terico.

    assim possvel, que numa segunda aco com o herdeiro preterido se declarasse que

    afinal os autores no teriam direito ao remanescente. O que sucederia? A parte da

    herana sobre que j houvera deciso no seria de novo atribuda aos herdeiros

    legtimos e retirada aos autores - porque a sentena no os envolvia - mas s poderiaser negada a quota efectivamente discutida - o interesse suposto de 20 contos.

    Portanto,embora doponto de vista tericoos autores numa aco fossem titulares do

    direito e noutra no, doponto de vista prticoas atribuies patrimoniais resultantes

    vez de cada sentena podiam ser realizadas e mantidas sem entrarem em conflito.

    Qualquer das decises regula, pois, definitivamente a relao jurdica que fora

    concretamente colocada.

    Foi precisamente esta noo e entendimento do que o efeito til normal que o

    art 28, n 2 veio consagrar expressamente, ao contrrio do que sucedia no art 28CPC39.

    8. Mais recentemente o Prof. ANTUNES VARELA, procedeu a uma nova

    anlise daquela definio. Aps distinguir entre sentenas puramente ineficazes,

    sentenas com efeito til e definitivo mas no normal, e sentenas que produzem

    efeito til normal, aprofunda o entendimento de MANUEL DE ANDRADE ao concluir

    que a deciso ter efeito til normal quando transitada em julgado se traduz na

    regulamentao definitiva (sic) da situao concreta (sic) das partes 85. Noseguimento de ANDRADE, afirma ANTUNES VARELA que decorre da prpria lei, que

    Fica deste modo aberta a possibilidade (...) de sobre a mesma relao plural se virem

    83 Ac. STJ, de 31/5/49 (BMJ n 13, pp. 190-193 (p. 190 e 192)).84 Haveria uma diferena de quantidade(sic), mas no de qualidade(sic), escreve MANUEL DEANDRADE, Significado da expresso "efeito til normal"...,cit., p. 197.85Manual...,cit., pp. 167 eAnotao...,cit., pp. 383, respectivamente. Do que seja para o Prof.ANTUNES VARELA a no produo de feitos, bem como a produo til, mas no normal de efeitos,

    por uma deciso, daremos contra ex professo em sede de estudo das possveis solues para a resoluodo problema objecto do presente trabalho,infra, 5, 4.1.2.

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    48/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    48RPinto2011v42

    a constituir julgados de sinal oposto, embora, e s, no plano lgico 86.

    Para o Prof. ANTUNES VARELA a busca do efeito til normal funcionaria como

    indicador de se estar perante litisconsrcio voluntrio ou litisconsrcio necessrio.

    Assim, quando no necessria a interveno de todos os sujeitos da relao jurdica

    para se produzir aquele efeito til normal estamos perante o litisconsrcio voluntrio.

    Nessa modalidade, s partes dada uma faculdade de opo: ou intervm todos os

    interessados e temos efeito til normal sem possibilidade de produo de julgados

    abstractamente contraditrios; ou intervm alguns e temos, da mesma maneira, efeito

    til normal, embora com possibilidade de julgados opostos no plano terico. A

    excepo (litisconsrcio necessrio), i., a exigncia de interveno de todos os

    interessados para a produo de estabilidade jurdica, ao menos no plano concreto, s

    surge com aqueles dois grupos de situaes delimitados por ANTUNES VARELA emque, na falta de algum dos interessados, ou no se produz deciso til alguma ou a

    deciso produzida no apresenta uma utilidade normal.

    9. A nossa posio j antiga a de que o efeito til normal no a obteno de

    caso julgado, pois este d-se apesar da preterio, mas a obteno de estabilidade

    de efeitos.

    correcto afirmar que, como escreve ROCCO, A fixao e estabilidade dasrelaes jurdicas substantivas, (....) o efeito caracterstico normal que o caso

    julgado produz no campo das relaes jurdicas substantivas (608. Mas este efeito

    pode-se no produzir. Neste sentido, no a obteno de uma qualquer utilidade -

    aquela atrs referida - mas a utilidade que realiza a previso normativa que visada.

    A inutilidade da deciso significaria, na esteira de COSTANTINO, a falta de

    idoneidade da sentena da sentena para fornecer ao autor aquilo a que teria direito

    de obter segundo as disposies substantivas (609.

    Daqui a necessidade que a lei estabelece do litisconsrcio: atravs dele

    alcana-se uma estabilidade de efeitos que de outra maneira, e atenta a irrelevncia

    processual da sentena injusta, no seria alcanada. Esta estabilidade material -

    86Anotao...,cit., p. 383. Veja-se o exemplo dado pelo Prof. ANTUNES VARELA,Manual...,cit., pp.168-169: a deciso a proferir em aco anulatria de testamento proposta apenas contra alguns doscontemplados porque pode regular definitivamente(sic) a situao concreta entre as partes, conquantodesse modo se no previna a possibilidade de decises teoricamente contraditrias em relao a outrasdisposies contidas no mesmo testamento. Tambm RODRIGUES BASTOS,Notas ao Cdigo de

    Processo Civil,vol. I, (1971), p. 118, tem noo semelhante: a deciso produz o seu efeito til normalquando regule definitivamente a situao concreta sujeita a apreciao jurdica.

    (608 Diritto processuale..., cit., p. 412.

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    49/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    49RPinto2011v42

    afervel apenas extraprocessualmente, embora com expresso processual indirecta. A

    estabilidade que o caso julgado assegura, seja atribuda a uma deciso justa como a

    uma deciso justa, em sim mesma meramente formal.

    Mas daqui decorre a incorreco em que a nossa doutrina lavrou procurando

    transformar uma vontade de convenincia em realidade, no positivada: seria

    conveniente que no se produzisse o caso julgado, nos seus efeitos positivo e

    negativo. Donde a afirmao de que alcanar o efeito til normal alcanar o caso

    julgado.

    S que, como se viu, a concatenao do contedo dos objectos adjectivo e da

    sentena, com o princpio da eficcia inter partes da sentena, decorre que no

    possvel fazer coincidir a regulao definitiva de um litgio, a estabilidade de efeitos, i.

    , o efeito til normal com o caso julgado material, ao contrrio do que pretendido. ,nomeadamente o Prof. JOS ALBERTO DOS REIS (610. Alis, o prprio Prof. JOS

    ALBERTO DO REIS, nunca foi totalmente claro em fazer coincidir as duas situaes:

    assim, quando estuda a preterio de litisconsrcio por um lado escreve que o caso

    julgado no produz efeito contra o preterido, o que sugere que admite que h caso

    julgado, mas depois acrescenta que nesse caso a sentena no pode produzir o seu

    efeito til normal, que o caso julgado no pode formar-se (611. S que, sentindo que

    no haver uma identidade entre caso julgado e a estabilidade de regulao, concede

    que ou no pode adquirir a estabilidade e segurana caracterstica de tal fenmeno(612

    No pois o carcter unitrio da legitimidade que impede, em regra, a sentena

    de constituir caso julgado; nisso, alis a legitimidade unitria d lugar a um fenmeno

    idntico ao da legitimidade singular. O fenmeno comum a injustia da sentena.

    Contudo, instabilidade de regulao no se d caso se trate de litisconsrcio

    propter opportunitem. Este criado pelo legislador para obviar a contradies tericas

    ou lgicas que ele quer evitar mas no contradies no campo prtico - se o fosse

    seria um litisconsrcio de fundamento natural.A violao do litisconsrcio necessrio oportuno no acarreta a no produo

    do efeito til normal.

    (609 Contributo..., cit., p. 468.(610 Sbre um acrdo..., cit., p. 210, e Cdigo de Processo Civil..., vol. I, cit., p. 95.

    (611 Eficcia do caso julgado..., cit., p. 266.(612 Ibidem, p. 266.

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    50/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    50RPinto2011v42

    E. Litisconsrcio como opo processual: litisconsrcio voluntrio

    1. A contrario e residualmente, regra , havendo uma pluralidade de

    interessados, a liberdade do autor na escolha das partes da causa: este pode, em

    regra, intentar a aco contra todos os interessados ou contra alguns deles ou mesmo

    um s, e pode faz-lo sozinho ou acompanhado por todos os interessados ou parte

    deles.

    Exemplo: se um credor na mesma relao tiver trs devedores, pode, em regra, propor a aco

    contra um s, dois ou todos eles; mutatis mutandis, se trs credores tiverem um devedor ou trs

    credores trs devedores. Assim, no se pode ficar com a ideia de que o litisconsrcio voluntrio

    passivo o que permitido aos rus; quanto ao litisconsrcio inicial, o activo permitido aos

    autores e o passivo ao autor quanto aos rus.

    2.Se a aco for intentada por um s ou parte dos interessados ou contra um

    s ou parte dos interessados, deve o tribunal conhecer unicamente das quotas-partes

    do interesse ou da responsabilidade das partes em juzo, ainda que o pedido abranja a

    totalidade (art 27., n. 1).

    Este regime comporta, no entanto, duas excepes:

    1. Se a lei ou o contrato permitirem que por menos que todos ou contra

    menos que todos seja formulado o pedido por inteiro (art 27., n.

    2); por exemplo: (i): A credor de B, Ce Dpor 6000; pede essa

    quantia em juzo s a Be C; se a obrigao for conjunta, o tribunal

    condena-os a pagar 4000; se solidria, 6000 (cfr. arts 512., n.

    1, e 519., n. 1, CC); em qualquer caso, o litisconsrcio voluntrio

    se Aquisesse, demandava s B, ou s C, ou s D, ou propunha trs

    aces separadas; (ii) E e F so credores de G quanto a uma

  • 8/10/2019 Guia Estudo Dpcivil II Noite v 4

    51/146

    Direito Processual Civil II (Guia de Estudo)

    51RPinto2011v42

    prestao indivisvel; qualquer deles tem o direito de exigi-la por

    inteiro (art 538., n. 1, CC);

    2. Em caso de contitularidade de direitos (no obrigacionais) em que a

    lei permite a um s dos contitulares agir em juzo pela totalidade do

    direito; fundamental o art 1405., n. 2, CC, segundo o qual cada

    consorte pode reivindicar de terceiro a coisa comum, sem que este

    possa opor-lhe que ela lhe no perte