guia escolar - corimat · praias habitualmente, são formadas por areia, ... a costa pode ser...

16
Guia Escolar Rede Atlântica para a Gestão dos Riscos Costeiros Portugal

Upload: vunga

Post on 28-Jan-2019

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Guia Escolar Rede Atlântica para a Gestão dos Riscos Costeiros

Portugal

ÍndicE

introducão

Este guia destina-se aos estu-dantes, no sentido de promover um conhecimento mais aprofun-dado e sensibilização acerca de riscos costeiros, no âmbito do en-sino escolar. Este documento faz parte de um kit de informação sobre riscos costeiros. Poderá ser utilizado de forma isolada ou juntamente

com o Guia do utilizador, a fim de personalizar o Guia Geral e adap-tar o conteúdo ao local onde os estudantes vivem. Assim, poderá ser utilizado como meio de apoio a uma iniciativa de participação, com o envolvimento activo dos es-tudantes, para que estes adquiram uma melhor compreensão do local onde vivem e da complexidade da

temática dos riscos costeiros.o documento faz parte do pro-jecto AncoriM (Atlantic network for coastal risk Management - rede Atlântica de Gestão de ris-cos costeiros) – interreg iVB “Área Atlântica” (urL http://ancorim.aquitaine.fr), co-financiado pelo Fundo Europeu de desenvolvi-mento regional (FEdEr).

o projecto Ancorim visa ajudar a prevenir e gerir riscos costeiros que afectam a costa atlântica europeia.

introducão

1 - contexto regional e conceitos principais

2 - definição de riscos costeiros

3 - quais são os perigos ao longo da costa atlântica?

4 - sensibilidade das nossas áreas costeiras

5 - exposição de bens e mais-valias ao risco

6 - capacidade de recuperação e resiliência natural

7 - Acção humana para mitigar a erosão e mobilidade na linha costeira

8 - o nosso papel na prevenção de riscos costeiros

3

4

4

5

6

9

9

10

10

2 // Guia Escolar

Ao longo do ano, a corrente do Golfo movimenta uma grande massa de água quente e um abas-tecimento rico em nutrientes das caraíbas para a costa ociden-tal da Europa. Em águas pouco profundas, estas condições pro-porcionam uma riqueza espe-cial de nutrientes (phytoplan-kton) que alimenta uma vasta

gama de organismos aquáticos, tais como plâncton, crustáceos, moluscos bivalves e peixe. Além disso, servem igualmente de alimento principal para muitas aves marinhas e mamíferos des-tas regiões.

1 - contExto rEGionAL E concEitos PrinciPAis

características da área costeira atlântica da Europa:

• Clima oceânico: esta região conta com invernos amenos e Verões frescos, para além de uma pre-dominância de ventos de oeste e chuva moderada ao longo de todo o ano.

• Paisagens diversas: esta costa é composta de uma paisagem heterogénea com arribas, cabos rochosos, estuários estreitos, praias extensas e arenosas, baías abrigadas e pântanos vastos,

bem como estuários largos, prin-cipalmente formados nas bocas de rios de grande importância.

• Biodiversidade: na zona costeira, existem habitats ricos, dinâmicos e variados, com muitas espécies. A sua fauna inclui um elevado número de aves migratórias. É igualmente possível encontrar uma vida marinha abundante nas suas águas.

As áreas costeiras estão em permanente mudança devido à interacção entre o mar e a costa. As ondas e o vento são, provavelmente, os elementos

mais importantes, uma vez que geram uma dinâmica sedimentar e de erosão. A área atlântica europeia é constituída por 33 regiões da Espanha, França,

irlanda, Portugal e reino unido, que se estende por uma linha costeira de 2.500 km e é habitada por 70 milhões de pessoas.

regiões membros da área atlântica europeia

Guia Escolar // 3

• Presença humana: actualmente, a paisagem da costa atlântica europeia tem, maioritariamente, um carácter agrícola, com algu-

mas áreas fortemente edificadas. como resultado, os restantes habitats naturais e seminaturais encontram-se, actualmente, dis-

persos pelas paisagens artificiais, de forma fragmentada.

• tipologia costeira. Há várias formas de classificação de costas.

A maioria das regiões ao longo da costa atlântica europeia possui exemplos de toda a variedade das áreas costeiras descritas.

Cerca de 16% da população europeia vive em áreas costeiras, sendo que esse número se en-contra em constante crescimento. Nas últimas décadas, houve um aumento do número de actividades económicas instituídas e dependentes de áreas costeiras (actividades de lazer e turismo, aquacultura e pesca, urbanização e actividades económicas relacionadas, etc.).

costas erodidas

costas arenosas ou sedimentares

pântanos costeiros

Arribas, plataformas e formações rochosastipos: arribas erodidas (instáveis), com uma aparência em socalcos, arribas estáveis e arribas mortas aquelas que estão fora do alcance do mar. As arribas podem ser instáveis devido a fenó-menos ocorridos nas suas bases provocados pelo mar, pelo impacto das ondas ou por processos terrestres (vento, chuva, infiltrações, salinidade).

PraiasHabitualmente, são formadas por areia, com uma encosta suave e uma crista arenosa no topo, em-bora algumas delas sejam escarpadas e compostas por seixos. outras formações arenosas possuem formas mais irregulares, com extensões de bancos de areia até ao mar ou unindo uma área conti-nental a uma ilha.

Dunassão reservas de areia que permitem que as praias se alimentem delas quando as últimas perdem sedimentos devido à acção das ondas. Elas oferecem uma variedade de paisagens, biodiversidade e contribuem para a conservação das praias. Além disso, protegem ainda áreas interiores de inun-dações marítimas.

Áreas húmidas criadas quando água doce e salgada se misturam em áreas bem protegidas da ondulação. Estes podem ser muito benéficos, uma vez que podem travar inundações fluviais e marítimas e reter muitos sedimentos. Estas áreas são barreiras naturais e minimizam a velocidade e força da água durante tempes-tades fluviais e marítimas. Além disso, servem igualmente para filtrar água fluvial, prevenindo, dessa forma, a modificação da qualidade da água marítima. são ecossistemas muito ricos.

Cabos e baíasMuito característicos da costa atlântica europeia devido, em grande medida, a formações geoló-gicas dispostas em ângulos rectos relativamente à costa.

4 // Guia Escolar

exer

cíci

o

Características da sua área costeira considerar que tipo de elementos existe na sua área costeira (arribas, praias, dunas...). tirar fotografias a alguns deles e compará-los com as fotografias dos restantes colegas de turma. de acordo com os elementos identificados, iniciar um debate sobre a tipologia da área em que cada aluno vive.

Guia Escolar // 5

desta forma, o risco é a avaliação de possíveis danos e os seus impactos. Estes riscos ou perdas são provocados por diferentes tipos de perigos.As mais-valias existentes na área em causa determinarão se os

perigos supracitados poderão potencialmente representar um risco para o território. Por exemplo, não existe qualquer risco costeiro se houver uma planície de inundação sem quaisquer edifícios, uma vez que a inundação não

provoca qualquer consequência negativa significativa nas pessoas, actividades ou ecossistemas. tal deve-se à capacidade do sistema em recuperar o seu estado natural sem afectar a biodiversidade, infra-estruturas ou pessoas.

Perigo Mais-Valias Vulnerabilidade

Fenómenos naturais ou humanos que podem provocar uma possível perda ou representar um risco para as pessoas ou coisas (ver capítulo 3).

neste contexto, são actividades, elementos ou sistemas que geram

valor para a área ou região (bens, actividades

económicas, infra-estruturas, ecossistemas naturais) (ver

capítulo 5).

É a combinação entre o nível de exposição de

cada mais-valia em cada território e a capacidade

dos territórios para enfrentar os perigos (ver

capítulo 6).

Risco costeiro é definido como a perda esperada (de vidas, danos físicos e económicos, degradação ambiental) que certos perigos humanos ou naturais podem provocar numa área costeira durante um período de tempo específico. A gravidade destes possíveis riscos depende, basicamente, das mais-valias que podem vir a ser afectadas, do nível de vulnerabilidade e exposição ao perigo.

se as mais-valias de um território tiverem um valor elevado e se forem vulneráveis ao ponto de não consegui-rem enfrentar os perigos através dos seus próprios recursos, a população humana terá de adoptar soluções, de forma a prevenir e/ou minimizar impactos negativos. todos temos um papel específico a desempenhar nesta acção preventiva (ver capítulo 7).

A costa pode ser definida como o espaço em que os ambientes terrestres e marítimos interagem. A interacção tem igualmente lugar no ar, em territórios interiores, no litoral e no fundo do mar. A costa também é composta por animais e plantas, humanos, infra-estruturas, bens, edifícios e empresas.

2 - dEFinição dE riscos costEiros

Galizia (Espanha)

6 // Guia Escolar

Erosão do litoral e mobilidade da linha costeira

As principais causas da erosão de origem natural são as ondas e as marés, bem como a força e frequên-cia de eventos climáticos, tais como tempestades, vento, etc. Além disso, as alterações do nível do mar que modificam a área onde estes fenó-menos ocorrem multiplicam, mui-tas vezes, os seus efeitos.

Inundações

As principais causas naturais das inundações são as fortes tempes-tades. A acção das tempestades provoca a subida do nível do mar acima do nível normal da maré. Este processo, juntamente com a força da ondulação, podem provo-car uma superação extrema, resul-tando no transbordo das cristas de dunas e outras defesas costeiras, especialmente quando as tempes-tades ocorrem ao mesmo tempo que as marés altas vivas.

Alteração da qualidade da água

Estes tipos de alteração incluem variação de temperatura da água, alteração da salinidade da água e pH. É importante destacar os impactos na composição da água como resultado dos fertilizantes, pesticidas e herbicidas utilizados na agricultura. outras fontes de poluição de água são o transporte marítimo, eliminação de resíduos industriais e urbanos, descarga de água de lastro e introdução de pestes marinhas.

3 - QuAis são os PEriGos Ao LonGo dA costA AtLânticA?

Perda e transformação de praias e sistemas

de dunas

Alguns sistemas de dunas equili-bram os eventos erosivos. Por um lado, estas dunas devolvem parte da areia recebida durante os perío-dos de boas condições meteoroló-gicas. Por outro lado, absorvem o efeito da ondulação incidente. o desenvolvimento urbano, tu-rismo, extracção de areia e acti-vidades de dragagem são outras causas humanas de erosão e mobi-lidade no litoral. diques, paredões e algumas construções portuárias interrompem o transporte longi-tudinal de sedimentos. tal cria, a montante, áreas de depósitos e, a jusante, áreas sujeitas à erosão. Por vezes, altera a morfologia costeira.

nemiña, Muxía, Galiza (Espanha)

Área Gavres (França) (tempestade do ano 2008)

Alteração do curso da água

os cursos de água são a principal fonte de abastecimento de sedi-mentos da costa, onde as cor-rentes litorais procedem à sua distribuição. tal significa que, caso haja qualquer alteração nos rios ou nas suas bacias, a quantidade de abastecimentos pode sofrer modificações.A desflorestação de bacias e o des-bravamento para fins agrícolas aceleram a erosão do solo, e os produtos resultantes são movi-mentados em direcção à costa.

Guia Escolar // 7

Poluição resultante de actividades industriais e eliminação de resíduos

urbanos

A poluição resultante de actividades urbanas e industriais, a poluição flo-restal e agrícola e a governação im-prudente de resíduos urbanos tam-bém são responsáveis pela poluição costeira, bem como pela poluição da água (pH, salinidade…), onde habita uma enorme variedade de espécies de flora e fauna.

Tempestades e ventos fortes

devido à sua localização, as infra-estruturas costeiras estão mais expostas aos ventos fortes. Esses são alguns dos factores a levar em consideração aquando da criação de leis de construção para mobiliário urbano ou sistemas de alerta antes de eventos extremos. na irlanda, por exemplo, este perigo poderá ser particularmente grave ao longo de costas expostas.

Poluição resultante de acidentes

A concentração de actividade ao longo da costa ou no alto mar tornam a avaliação e protecção contra riscos resultantes de aci-dentes e as suas possíveis conse-quências necessárias (por exem-plo, o afundamento do petroleiro Prestige (2002) na costa da Galiza ou o afundamento do Erika na Bre-tanha (1999)).

Mudança climática desde sempre que o clima sofreu alterações, bem como os ecossistemas. no entanto, as actividades humanas ace-leraram esta mudança, princi-palmente através da poluição atmosférica. As principais consequências da mudança climática são a subida do nível da água e a subida da

temperatura atmosférica e da água. Estes fenómenos poderão igualmente provocar alterações indirectas nas correntes, com-posição da água, erosão, força e frequência das tempestades e ventos. Por conseguinte, é pro-vável que a mudança climática tenha um impacto em muitos riscos costeiros.

Em todo o caso, todos os perigos descritos têm impactos muito diferentes, dependendo das mais-valias existentes no território (ver capítulo 5) e da vulnerabilidade

de cada território (ver capítulo 6). os danos podem ser reduzidos e a recuperação pode ser mais célere e completa, caso se recorra a estratégias de gestão

adequadas em cada território. Para tal, é necessário saber qual a sensibilidade e capacidade natural de recuperação de cada tipo de zona costeira.

saint Jean de Luz, Aquitaine (França)

8 // Guia Escolar

4 - sEnsiBiLidAdE dAs nossAs ÁrEAs costEirAs

A sensibilidade é a forma como a costa reage aos eventos, de-pendendo da sua tipologia. caso haja uma transformação negativa

(perda de recursos, perigos para as pessoas e outras criaturas…) após um evento, não tenham sido im-postas quaisquer medidas de pro-

tecção e o sistema não seja capaz de recuperar do impacto negativo, tal significa a existência de um risco.

Sensibilidade da costa arenosa

os contornos das praias variam de acordo com as estações, direcção das ondas, tipo de ondas, ventos ou abastecimento de sedimentos. As praias perdem e recebem sedimentos de fundos do alto mar e outras praias. Por isso, qualquer alteração que afecte qualquer uma delas ou o canal de transporte pode provocar mudanças súbitas na morfologia das praias. Além disso, a construção de infra-estruturas que isolem elementos de sistemas interdependentes podem ser um problema que aumenta os riscos destes fenómenos naturais.no caso das dunas, há uma troca contínua entre dunas e áreas subaquáticas. sendo assim, qualquer alteração numa afectará a outra.

declive.Este tipo de erosão aumenta devi-do a algumas causas humanas: o desenvolvimento urbano no topo da arriba ou a construção de vias de comunicação criam alterações na infiltração de água no subso-lo. de igual modo, a extracção de seixos na base da arriba deixa a mesma desprotegida face ao im-pacto das ondas.

As arribas são alvo de erosão devido a várias acções:1. os elementos climáticos enfraquecem o topo da arriba.

2. o mar ataca a base da arriba, formando um entalhe construído pelas ondas.

3. o entalhe aumenta de tamanho, provocando o colapso da arriba.

4. o refluxo da onda transporta os destroços em direcção ao mar, criando uma plataforma formada pelas ondas.

5. o processo repete-se.

Sensibilidade da costa rochosa

As costas rochosas são instáveis devido à interacção de diferentes factores. os processos marítimos na base da arriba provocam a sua erosão. caso ocorra uma subida do nível do mar, haverá um aumen-to do seu alcance (altura). Esta erosão poderá igualmente provo-car outros fenómenos, tais como desabamentos ou diminuição do

Guia Escolar // 9

1 Poça

2 Plataforma de maré viva

3 Microescarpa

4 Lodaçal

5 Esteiro (canal de maré)

6 Plataforma de maré morta

Sensibilidade de estuários e pântanos costeiros

os pântanos são áreas planas que se encontram protegidas das ondas. Algumas áreas possuem coberto vegetal (principalmente, vegetação herbácea) e outras áreas são formadas por sedimentos

transportados pelos rios e marés. uma das principais caracterís-ticas dos pântanos costeiros é a alteração da sua componente hi-drológica, uma vez que existe uma passagem de água doce para água

salgada, dependendo das marés e regime hidrológico.os pântanos são, essencialmente, ecossistemas que preservam o ci-clo de vida de muitas espécies de peixes, anfíbios, aves e insectos.

Estes impactos podem ser prove-nientes de áreas muito interiores, uma vez que são extremamente afectadas pela hidrografia, preci-pitação e composição dos sedi-mentos transportados pelos rios. Estes sedimentos podem conter produtos agrícolas (fertilizantes, pesticidas), resíduos (derrames ou água não tratada) ou elementos que foram transportados desde áreas florestais (a desflorestação aumenta a erosão e a quantidade

de sedimentos).Ao longo dos anos, construíram-se muitos diques ou canais para fins de segurança (perigo de inun-dação) ou interesses económicos (aproveitamento de terras para fins agrícolas ou de urbanização). Estas políticas deverão ser coloca-das em causa e debatidas. A restri-ção da movimentação de água im-pede a inundação natural destas áreas por parte da maré e altera os ciclos biológicos. Além disso, pode

igualmente modificar o ritmo de transporte de sedimentos e agra-var os riscos que procura evitar (inundações). É essencial dimi-nuir os riscos costeiros, tais como a erosão, inundações e poluição, a fim de assegurar a preservação dos pântanos costeiros.Ao mesmo tempo, a preservação dos pântanos costeiros poderá au-xiliar os sistemas de defesa contra o perigo de inundações e proteger áreas interiores.

Alguns dos riscos de origem natural podem ser agravados pela mudança climática. Outros factores que podem aumentar os riscos estão ligados a actividades humanas, tais como o planeamento urbano, actividades desenvolvidas perto da costa, exploração de recursos costeiros e infra-estruturas costeiras.

delta de Arcachon (França)

Morfologia de um pântano costeiro (sapal) numa zona de clima temperado.

10 // Guia Escolar

5 - ExPosição dE BEns E MAis-VALiAs Ao risco

impactos de riscos naturais e riscos de origem humana

tal como foi apresentado no capítu-lo 2, as mais-valias existentes numa área (bens, actividades económi-cas, infra-estruturas, ecossistemas naturais, etc.) irão determinar se os

perigos supracitados poderão po-tencialmente representar um risco para o território. Existem diferentes tipos de bens e mais-valias. Alguns deles podem

sofrer um impacto directo ou a curto prazo, ao passo que outros podem sofrer um impacto a longo prazo resultante de riscos costeiros:

• As mais-valias expostas ao risco no presente e numa determinada área deverão ser analisadas, de forma a possibilitar a tomada de medidas adequadas, tais como de prevenção, segurança, alerta de perigos, proibição de acesso ou circulação…

• Deverá trabalhar-se no sentido de evitar, o mais possível, que mais-valias venham a ficar futuramente expostas ao risco. Para tal, as áreas a construir deverão ser cuidadosamente estudadas, tendo em conta os riscos a que estas estão expostas.

Sistemas humanos

Sistemas naturais

• Impacto na segurança de seres humanos e seus pertences.• Impacto nas actividades de turismo e lazer (actividades aquáticas,

caminhos e vias litorais, desaparecimento de praias…).• Impacto na aquacultura e pesca costeira, bem como na sua

sustentabilidade e segurança de desenvolvimento.• Impacto na agricultura/floresta.• Impacto em áreas edificadas, perigos para as pessoas, bens e infra-

estruturas.

• Recuo da linha de areia e costa rochosa.• Impacto em charcos, desaparecimento ou poluição de pântanos e as

espécies que aí habitam.• Instabilidade de arribas.• Modificação de dunas e do ecossistema que elas sustentam.• Recuo de praias. • Impacto em habitats e espécies naturais.

Guia Escolar // 11

As tendências e actividades humanas que constituem mais-valias elevadas e que têm de ser levadas em consideração e que, provavelmente, irão afectar riscos costeiros a um nível global incluem:

Mais actividades humanas como urbanização e litoralização: Além disso, existem ainda actividades de risco no mar, que podem resul-tar em derrames e poluição. não é provável que estas tendências parem ou diminuam significativa-mente num futuro próximo. Estas podem inclusivamente exercer pressão na costa, acabando por agravar os riscos costeiros.

Actividades de lazer e turismo de massas: juntamente com a criação de novas infra-estruturas, urbani-

zação junto à linha costeira, infra-estruturas artificiais.

Exploração excessiva de recursos hídricos: relativamente à pesca, aquacultura e recursos minerais.

Ambiente natural e ecossistemas: estas mais-valias estão a ser cada vez mais tidas em conta nas políti-cas, embora não seja provável que a sua exposição a riscos costeiros vá diminuir no futuro.

exer

cíci

os Mais-valias na sua área costeira:

Pode descrever as mais-valias mais importantes da sua área costeira? Que actividades económicas poderão sofrer um impacto provocado pelas alterações da qualidade da água (ou seja, pescas, aquacultura, turismo) ou mobilidade da linha costeira (ou seja, áreas urbanas)?Existem construções perto da costa que poderão ser danificadas como resultado de fortes tempestades ou inundação?E quanto a sistemas naturais? Existem dunas, arribas, costas arenosas ou pântanos ameaçados pela erosão ou mobilidade da linha costeira? E por construções humanas (por exemplo, evitando que os sedimentos cheguem às praias)?

Bidart, st Jean-de-Luz (França)

12 // Guia Escolar

Resiliência

capacidade que um sistema, comunidade ou sociedade exposta a perigos tem em resistir-lhes, absorvê-los, ajustar-se-lhes e recuperar dos efeitos de um perigo de uma forma e por um período de tempo eficientes.

6 - cAPAcidAdE dE rEcuPErAção E rEsiLiênciA nAturAL

um fenómeno ou perigo torna-se um risco se este ocorrer num território vulnerável. Por exemplo, um perigo como chuvas fortes provocará um risco de

inundação se o território tiver sido construído incorrectamente, não houver canais suficientes e houver sedimentos a bloquear os cursos de água. outro exemplo

seria a circulação de embarcações com material perigoso (perigo), juntamente com a falta de medidas contra a poluição, portos de abrigo ou inspecções (vulnerabilidade).

Em alguns casos, a natureza pode proteger-se a si própria. cada tipo-logia costeira apresenta caracterís-ticas e capacidade de recuperação natural distintas. As infra-estrutu-ras costeiras naturais colocam o foco na capacidade de defesa pro-porcionada por certas áreas cos-teiras contra a erosão, inundação,

tempestades. A preservação destas áreas podem servir uma finalidade útil por si própria, mas também é uma estratégia para preservar ou-tros ambientes.Exemplo: os pântanos costeiros têm a capacidade de proteger áreas interiores de enormes inundações, absorvendo a água marítima e

misturando-a com a água fluvial e reduzindo os fluxos de água.dependendo da vulnerabilidade do território, a comunidade huma-na poderá ter de agir e implemen-tar medidas de prevenção e outras medidas de gestão. Algumas destas medidas são descritas no próximo capítulo.

vulnerabilidade

É definida como a sensibilidade que uma população, sistema ou local tem em sofrer danos resultantes da exposição a perigos. A vulnerabilidade é directamente definida pela capacidade de resposta e recuperação de de-sastres e perigos.

Guia Escolar // 13

7 - Acção HuMAnA PArA MitiGAr A Erosão E MoBiLidAdE nA LinHA costEirA

Existem diferentes estratégias que podem ser adoptadas para enfrentar os riscos costeiros, tais como a erosão e inundação. Estas estão sumariadas em quatro categorias abrangentes:

nenhuma intervenção: se as mais-valias expostas não jus-tificarem uma intervenção, ou se não existirem mais-valias expos-tas, permite-se que a tendência natural continue e as intervenções antropogénicas sejam restringi-das. Esta é a melhor solução em casos onde a erosão represente um risco significativo.

soluções duras:Este tipo de soluções (diques, paredões, barreiras, canais…) funciona, basicamente, através da definição e protecção de uma linha costeira. no entanto, essas soluções poderão ter alguns impactos negativos a médio prazo. Elas modificam dinâmicas ambientais, são normalmente mais dispendiosas, para além de poderem danificar ecossistemas e agravar a erosão. Além disso, estas soluções não garantem que a população esteja completamente protegida contra riscos de erosão e inundação, na eventualidade de fortes tempestades. no entanto, as soluções duras são, por vezes, a única medida adequada à protecção de construções humanas.

soluções suaves:Podem ser vistas como estando a “trabalhar com o ambiente”, para além de poderem ser integradas nas dinâmicas naturais do litoral e mobilidade na linha costeira: realimentação de praias com sedimentos, reflorestação ou restauração de vegetação onde esta tenha desaparecido, etc. Este tipo de intervenção tem períodos de validade limitados e é irreversível.

intervenção limitada: se houver uma necessidade de intervenção, mas as mais-valias não estiverem expostas a um risco elevado, esta intervenção poderá limitar-se a soluções suaves.

recuo estratégico: adequável se o valor das mais-valias ou o custo da sua protecção não justificar qualquer intervenção, ou se as

medidas de protecção não forem uma garantia de segurança. A eva-cuação pode ser permanente ou reversível.

Manutenção da linha costeira: se houver mais-valias significativas, essas áreas deverão ser protegi-das por técnicas suaves ou duras, conforme apropriado.

A diferença entre soluções “suaves” ou “duras”

exercício

Soluções na sua área costeira: pode dar exemplos de soluções duras e/ou suaves existentes ao longo da sua costa?

É importante ter presente que, de cada vez que estas inter-venções são realizadas, o am-biente circundante é afectado. Estas podem provocar altera-ções no equilíbrio sedimentar, restrições de circulação, redu-ções de biodiversidade, bem como aumentar problemas de tráfego.

Área costeira do Porto (Portugal)

Enseada de la nourriguel Larmor-Plage (França)

14 // Guia Escolar

8 - o nosso PAPEL nA PrEVEnção dE riscos costEiros

• delimitar a utilização da ter-ra costeira aquando do pla-neamento de infra-estrutu-ras, urbanismo e actividades económicas.

• Assegurar um tratamento ade-quado dos resíduos, verificar, sancionar e melhorar activi-dades de risco (actividades agrícolas e industriais, acti-vidades de lazer e turísticas, etc.).

• criar planos de emergência e infra-estruturas, na eventua-

lidade de ocorrência de fenó-menos extremos e perigosos para a população e ecossiste-mas.

• realizar estudos e monitori-zação com que se possa esta-belecer o nível de vulnerabili-dade de cada área.

• Promover um conhecimento mais aprofundado sobre ris-cos costeiros, divulgar infor-mação, partilhar experiências e boas práticas.

A Administração é responsável por:

os cidadãos deverão fazer o seguinte:

• Exercer pressão sobre os polí-ticos e representantes públi-cos, de forma a tornar os riscos costeiros uma prioridade.

• obedecer às autoridades quando são avisados de situa-ções perigosas.

• Manter-se atentos e informar as autoridades sobre quais-quer actividades e proprie-dade que pode estar em risco.

A comunidade científica deve fazer o seguinte:

• conceber sistemas de monito-rização de recolha sistemática de dados sobre a evolução de riscos costeiros e o grau de danificação de diversas áreas.

• Planear a vulnerabilidade cos-teira de níveis do mar cres-centes face a diversos cenários de mudança climática.

• Avaliar as opções de adopção de factores relativos à estabili-dade costeira.

• Partilhar as suas conclusões com autoridades relevantes, a fim de ajudá-las na tomada de medidas de prevenção.

E você, qual pode ser o seu papel neste processo de prevenção de riscos costeiros?

informar-se melhor sobre o ambiente onde se insere e a dinâmica dos ecossistemas locais e aprender a respeitá-los. Além disso, pode infor-mar-se sobre que actividades lhes causam danos.

respeitar as regras e quais-quer restrições de movimen-tos ao longo da linha costeira.

não alterar os sistemas natu-rais: nunca retirar ou dani-ficar materiais, animais ou plantas.

saber quais são as fontes de risco.

ter conhecimento dos even-tos climáticos extremos e seguir as instruções dadas pelas autoridades relevantes durante a ocorrência dos mesmos.

1

2

3

4

5

exercícioFaça uma lista e inicie um debate na aula sobre as soluções para vários riscos costeiros.

Guia Escolar // 15

Coordenação editorialdiputación de A coruña (Espanha)região da Aquitânia (França)

Ediçãodiputación de A coruña and ideara sL (Espanha)com a contribuição dos parceiros do projecto Ancorim

Direcção da publicaçãodirector: Alain roussetsubdirector: Philippe Buissondirectora de comunicação: corinne descours

Design e impressão: Akson, Bordéus (França)

instituto de Hidráulicae recursos Hídricos

o projecto AncoriM é co-financiado pela união Europeia, no âmbito do programa intErrEG iVB – Espaço Atlântico, “investir num futuro comum"

Pointe de Gâvres (França)

créditos das fotos: Akson Akson, olivier Aumage, Gonzalo Borrás, BBc, BrGM - M. Le collen, cap l’orient, cEtMAr, cEtMEF, crEAA, EcoPLAGE, Eurosion, colin Faulkingham, Fotolia, França 24, Gold coast city council, iHrH, Le cornec/GéosAEL, noAA, nuiG, observatoire de la côte Aquitânia, onF, osPAr, Paskoff, rPs Group Galway, soGrEAH, Abdreas trepte, university of coimbra, university of Vigo, Wikipedia, xunta de Galicia