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Guia do Participante 1

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Oficina de Plano de Manejo

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Missão do ICMBIOA missão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade é proteger o patrimônio natural e promover o desenvolvimento socioambiental.

-Fonte: http://www.icmbio.gov.br/portal/missao1

Foto da Capa: Morro do Meio @APA

Delta do Parnaíba.Fabiana Dallacorte, 2018.

Todos os direitos pertencem ao ICMBio.

Fotos Composição Página 2: Fabiana Dallacorte, 2018.

Todos os direitos pertencem ao ICMBio.

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ConteúdoAgenda da Oficina............................................................04Ficha Técnica da UC.........................................................05 Limites da UC..............................................................................06 Caracterização da APA Delta do Parnaíba................................07Plano de Manejo..............................................................23 Objetivo da Oficina.....................................................................23 Contexto.....................................................................................23Elementos do Plano de Manejo........................................25 Relação dos Elementos do Documento de Planejamento........................................251. Propósito da Unidade de Conservação.........................27 Exemplos de Declarações de Propósito de outras Unidades de Conservação.............................................28 Subsídios à Construção do Propósito para a APA Delta do Parnaíba................................................292. Significância da Unidade de Conservação....................31 Exemplos de Declarações de Significância.............................34 Subsídios à Construção das Declarações de Significância para a APA Delta do Parnaíba.................383. Recursos e Valores Fundamentais...............................40 Exemplos de Recursos e Valores Fundamentais ....................424. Avaliação de Necessidades de Dados e Planejamento..47 Análise de Recursos e Valores Fundamentais.........................47 Análise de Questões-chave...................................................... 51 Priorização de Necessidades de Dados e Planejamento........535. Subsídios para Interpretação Ambiental.......................54 Exemplos de Subsídios para Interpretação Ambiental............566. Zoneamento.................................................................587. Atos Legais e Administrativos......................................77Referências Bibliográficas................................................88

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Agenda da OficinaDia 1 - Segunda, 18 de março

• Boas-vindas e apresentação dos participantes• Apresentações• Visão geral do processo de elaboração do Plano de Manejo da APA

Delta do Parnaíba e estrutura da oficina• Elaboração do propósito da APA Delta do Parnaíba• Elaboração das declarações de significância da APA Delta do Parnaíba

Dia 2 - Terça, 19 de março

• Definição dos recursos e valores fundamentais da APA Delta do Parnaíba

• Avaliação dos recursos e valores fundamentais e suas necessidades de dados e planejamentos

Dia 3 - Quarta, 20 de março

• Identificação das questões-chave da APA Delta do Parnaíba e suas necessidades de dados e planejamentos

• Discussão dos subsídios para Interpretação Ambiental• Priorização das necessidades de dados e planejamentos

Dia 4 - Quinta, 21 de março

• Apresentação sobre as zonas de manejo• Avaliação da proposta de zoneamento existente• Discussão do zoneamento da APA Delta do Parnaíba• Discussão sobre as normas do zoneamento

Dia 5 - Sexta, 22 de março

• Atos Legais e Administrativos• Discussão sobre as normas gerais da APA Delta do Parnaíba• Avaliação e encerramento

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Nome da Unidade de Conservação Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba

CategoriaSNUC: Uso SustentávelIUCN: Paisagem Protegida (V), Área protegida para gestão de recursos (VI)

Endereço da sede Rua Merval Veras, 80 – Bairro do Carmo Parnaíba/PI – CEP: 64.200-030

Telefone (86) 3321.1615/VOIP (61) 3103-9840/3103-9997

E-mail [email protected] Superfície/área 309.593,77 hectares

Perímetro 543,13 km

Coordenadas LONG: -41°49’10” LAT: -2°50’15”

Unidades da Federação que abrange Ceará, Maranhão, Piauí

Diploma Legal de Criação Decreto s/n de 28.08.1996

Bioma e EcossistemasMarinho Costeiro/ Vegetação (Ibama): Caatinga litorânea, Restinga, Manguezal e Carnaubal.

Conselho Consultivo Criado pela Portaria ICMBio Nº 27, de 10/12/2007 Alterado pela Portaria ICMBio Nº75, de 25/06/2014

Atividades Desenvolvidas pela gestão da APA

ProteçãoEducação e Comunicação AmbientalPesquisa e Monitoramento da BiodiversidadeGestão SocioambientalAutorização para o Licenciamento Ambiental

Ficha Técnica

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Limites da APA Delta do Parnaíba

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Caracterização da APA Delta do ParnaíbaA APA abrange uma área aproximada de 310.000 hectares. Envol-

ve os municípios de Água Doce do Maranhão, Araioses, Paulino Neves e Tutóia, no estado do Maranhão; Barroquinha e Chaval, no estado de Ceará; e Parnaíba, Luís Correia, Cajueiro da Praia e Ilha Grande, no estado do Piauí. Dentro de seus limites e no entorno dela, a popula-ção moradora é de aproximadamente 360.000 habitantes. A Unidade de Conservação (UC) abrange ainda uma área de águas jurisdicionais, que corresponde a quase 25% da sua superfície total.

Sobrepostas à APA Delta do Parnaíba encontram-se a APA da Foz do Rio Preguiças - Pequenos Lençóis, UC do estado do Maranhão (De-creto Estadual 11.899 de 11 de junho de 1991), ocupando quase 40% de seu território; a RESEX Marinha Delta do Parnaíba (Decreto Federal s/ nº de 16 de novembro de 2000), gerida pelo ICMBIO, ocupando cerca de 9% do seu território e a RPPN Ilha do Caju (Portaria 96-N - DOU 214-E - 09/11/1999 - seção/pg. 1/26), que ocupa 102 hectares, equiva-lente a menos de 0,04% de sobreposição.

Aspectos Ecológicos e Conservacionistas da APA Delta do Parnaíba

A APA está localizada entre áreas de Cerrado e Caatinga. A região do Delta do Parnaíba possui além de vegetação de tabuleiros, também restingas, manguezais e mata ciliar de várzeas e vegetação sobre dunas (IEPS/ UECE,1999). A área se encontra ainda sob forte influência ama-zônica da sua porção maranhense, que possui uma zona costeira consti-tuída por um sistema contínuo de manguezais altamente complexo com o aporte de grandes quantidades de água doce, provenientes de exten-sos rios e igarapés e altas variações de amplitudes de maré (KJERFVE & LACERDA, 1993).

Foram analisados sete trabalhos técnicos, mais de 65 estudos cien-tíficos, um livro e um trabalho de divulgação científica para o levanta-mento da fauna e flora da região, que abrigam populações de espécies presentes na lista vermelha de animais ameaçados de extinção tanto na-cional (MMA, 2014; ICMBio, 2018) quanto internacional (IUCN, 2018) e na Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna e Flora (CITES, 2018). Além disso, conta com espécies endêmi-cas ou que se encontram em algum tipo de situação especial, como in-teresse comercial, caça, tráfico internacional e ornamentação.

As águas jurisdicionais correspondem a quase

25% da área total da APA

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São encontradas 23 espécies de macroalgas verdes no litoral do Piauí segundo Alves & Carvalho (2012), sendo que 18 estão sendo ci-tados pela primeira vez. As macroalgas são importantes organismos de produção primária e biomassa para ambientes costeiros marinhos. A mesma fonte de Alves et al. (2012) levanta 48 espécies de fungos distri-buídos entre os filos Ascomycota (o mais comum, com cerca de 75% de todos os fungos descritos) e Basidiomycota (cogumelos e orelhas de pau).

Em relação à flora, Andrade et al. (2012) reconheceram 244 es-pécies em estudos realizados sobre a vegetação da região do Morro da Mariana. Muitas espécies que só existem nos biomas de Cerrado e Caa-tinga foram encontradas ocorrendo juntas no mesmo local de estudo. Dentre os táxons identificados, pelo menos 7 são considerados como espécies endêmicas do Brasil, 2 só tinham aparecido na Bahia e 2 nunca haviam sido encontrados no Nordeste. Foram encontradas espécies de plantas consideradas endêmicas dos biomas Amazônia, Caatinga, Cer-rado e Mata Atlântica. (FORZZA et al., 2010 apud ALVES et al., 2012).

Todas essas características constituem a região do delta como uma área de tensão ecológica e alta diversidade de espécies da fauna. Foi produzida uma lista com 171 espécies de mamíferos silvestres, sendo que destas, 27 espécies se encontram enquadradas em algum nível de ameaça, e 44 são citadas em algum dos apêndices da CITES. Destaque para o peixe-boi-marinho (Trichechus manatus), vulnerável na lista

Foto: Peixe-boi-marinho(Trichechus manatus).

Mika Holanda, acervo Aquasis.Todos os direitos

pertencem ao ICMBio.

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de fauna ameaçada da IUCN e em perigo na lista de fauna ameaçada brasileira. A APA Delta do Parnaíba faz parte do PAN (Plano de Ação Nacional para a Conservação) do Peixe-boi-marinho (Portaria Nº 249, de 04.04.2018 - ICMBio).

Ainda em destaque, o boto-cinza (Sotalia guianensis) e o boto ver-melho (Inia geoffrensis), ambos listados na fauna ameaçada de extinção brasileira e a baleia cachalote (Physeter macrocephalus) vulnerável e em perigo nas listas de fauna ameaçada de extinção da IUCN e brasilei-ra, respectivamente. Os primatas guigó (Callicebus barbara-brownae) e guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul) criticamente em perigo e vulnerável, respectivamente nas listas de fauna ameaçada da IUCN e brasileira. Ainda como endêmica e recentemente descoberta no delta o tamanduaí (Cyclops didactylus) já figura nas listas como ameaçada de extinção.

São registradas 122 espécies entre répteis e anfíbios com ocorrência para a região da APA Delta do Parnaíba. A herpetofauna é representada por 74 espécies pertencentes à classe Amphibia, 61 da Ordem Anura (sapos, rãs e pererecas) e duas da Ordem Gymnophiona (cobras-cegas e cecílias), e 56 espécies da Classe Reptilia, um da Ordem Crocodyla (Caiman crocodilos, Jacaretinga), 43 espécies da Ordem Squammata (serpentes, cobras e lagartos), e 12 da Ordem Testudines (cágados, tar-tarugas e jabutis).

Dentre essas espécies, 5 se encontram enquadradas em algum ní-vel de ameaça e 12 são citadas em algum dos apêndices da CITES. De acordo com o Instituto Tartarugas do Delta, as cinco espécies de tarta-rugas marinhas do Brasil (todas classificadas em alguma categoria de

Foto: Tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea).Instituto Tartaruga do Delta. Todos os direitos pertencem ao ICMBio.

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ameaça nas listas consideradas) utilizam o litoral da APA Delta do Par-naíba para reprodução: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaru-ga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea), tartaruga-verde (Chelonia mydas) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriácea).

Quanto à ictiofauna com ocorrência para a região da APA Delta do Parnaíba, foram encontradas 234 espécies de peixes: 12 espécies se encontram enquadradas em algum nível de ameaça, nas listas citadas e 22 espécies se encontram em situação especial na lista CITES, sen-do 13 espécies de interesse para pesca esportiva e 9 espécies de inte-resse comercial. Em destaque os tubarões: tubarão-martelo (Sphyrna mokarran), tubarão-martelo-cortado (Shyrna lewini) e o cação-azei-teiro (Carcharhinus porosus). O camurupim (Megalops atlanticus), es-pécie de grande valor para a pesca artesanal, figura também na lista de espécies ameaçadas. O cavalo-marinho (Hippocampus reidi) é ameaça-do pela captura predatória e pelo turismo desordenado nos estuários de sua ocorrência. O merete (Epinephelus itajara) é espécie criticamente ameaçada. E a garoupa-de-são-tomé (Epinephelus morio), juntamen-te com a enchova (Pomatomus saltatrix), o vermelho (Rhomboplites aurorubens) e a caranha (Lutjaus purpureus), são ameaçados pela pesca comercial.

Já a avifauna ocorrente para a região da APA Delta do Parnaíba está representada por 328 espécies, distribuídas por 27 ordens e 62 fa-mílias. São 13 espécies enquadradas em algum nível de ameaça, e 31 são citadas em algum dos apêndices da CITES. Além disso, outras es-pécies estão em situação especial tal como 17 espécies de interesse para a caça, 24 endêmicas e 33 migratórias. Destacam-se as espécies de mata: jacucaca (Penelope jacucaca) e picapauzinho-da-caatinga (Picumnus limae). Das espécies ameaçadas e migratórias destacam-se a batuíra--bicuda (Charadrius wilsonia), maçarico-de-costas-brancas (Limno-dromus griseus), maçarico-de-papo-vermelho (Calidris canutus), e maçarico-rasteirinho (Calidris pusilla). E como espécie ícone das res-tingas da região, a maria-do-nordeste (Hemitriccus mirandae) também está ameaçada de extinção nas listas oficiais.

Serviços ecossistêmicosDe forma ampla, os serviços ecossistêmicos podem ser entendidos

como aqueles benefícios que uma área protegida presta à sociedade, que podem ser especificados e até quantificados por um valor. Estão diretamente associados à fauna, ao meio hídrico, como águas doces e salinas, e à vegetação que, além de outras funções, faz a proteção dos recursos hídricos, sejam com manguezais ou com a mata ciliar da beira dos rios e igarapés.

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Na APA Delta do Parnaíba, os principais serviços ecossistêmicos prestados às populações humanas que vivem no território são: dispo-nibilização de alimento, água, madeira, proteção e purificação dos re-cursos hídricos e do clima, fornecimento de água, regulação de danos naturais e ventos alísios, polinização, recreação, informação artística, histórica e cultural, ecoturismo, formação do solo, produção de oxigê-nio, ciclagem de nutrientes e produção primária.

A água doce, trazida ao delta pelo rio Parnaíba e por inúmeros outros rios e riachos, oferece da terra os nutrientes tão necessários para prover a alimentação de pequenos peixes, crustáceos e moluscos, que por sua vez são alimentos dos peixes maiores. Todos estes recursos constituem fonte de alimento e renda para os moradores das dezenas de comunidades inseridas na área especialmente protegida.

No Maranhão são fundamentais para o aporte de água doce no delta os rios Magú, Santa Inês, Barro Duro e Bom Gosto, mas exis-tem muitos outros igarapés menores nos municípios de Araioses, Água Doce e Tutóia, que asseguram ainda a presença de carnaubais e buriti-zais na paisagem.

A água doce também chega aos demais estuários do território, em Paulino Neves e Tutóia no Maranhão, por igarapés menores em volume de água, mas não por isso menores em importância, desaguando no estuário do rio Novo; no Piauí, entre Luiz Correia e Cajueiro da Praia, no estuário dos rios Cardoso e Camurupim; e no limite entre Piauí e Ceará, envolvendo os municípios de Cajueiro da Praia, Barroquinha e Chaval, as águas doces nascem na Serra da Ibiapaba e desaguam no estuário dos rios Timonha e Ubatuba.

Foto: Piper(Calidris alba) Onofre, acervo Aquasis.Todos os direitos pertencem ao ICMBio.

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Em todos estes ambientes de rios e igarapés, há uma dinâmica do-minante, que pode ser percebida pelos movimentos de erosão ou sedi-mentação das areias e lamas, que se mostram como uma disputa entre as águas doces e as marinhas, trazendo consequências diretas para os seres vivos. Se o aporte de água doce diminui, as águas salinas invadem os cur-sos de água e alcançam regiões mais interiores, alterando toda a vida que existe nas águas e ilhas, o que demonstra outros importantes fatores nes-tas alterações: o clima, o regime de chuvas e a dinâmica das marés.

Não é a toa que a percepção de uma boa temporada de pesca, para os pescadores, está intimamente ligada à percepção de uma boa tempo-rada de chuvas: o fluxo de água doce aumenta, aumentam os nutrientes para os peixes pequenos, mais peixes grandes aparecem, pois se alimen-tam dos pequenos e assim a cadeia alimentar se evidencia na exuberân-cia da vida na unidade de conservação.

As lagoas e lagunas acrescentam outros aspectos em relação a essa dinâmica das águas, uma vez que são ambientes mais protegidos e iso-lados, que também contribuem com o aporte de nutrientes, e que, devi-do ao ciclo das chuvas, podem muitas vezes abrir-se às águas marinhas. São espécies que buscam alcançar as fases juvenis, como por exemplo, camarões e peixes como o camurupim e robalo, antes de retornarem ao mar, com mais condições de sobreviver pois encontram nestes locais abrigo e alimentação. Neste sentido, são ambientes fundamentais para a reprodução de peixes, camarões e outras espécies.

A importância da vegetação neste cenário é explicada por diver-sas funções ou serviços ecossistêmicos. Além de alimentação, de ser

Foto: Pescador, Cajueiro da Praia-PIFabiana Dallacorte, 2018.

Todos os direitos pertencem ao ICMBio.

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utilizada na medicina tradicional, de servir como matéria-prima para construções, a vegetação protege as margens dos rios e igarapés e difi-culta o assoreamento dos cursos de água, contribuindo desta maneira para evitar a obstrução de água doce que chega aos estuários e ao mar.

O mangue, que também cumpre esta missão, é um complexo ecos-sistema. Através da decomposição constante de suas folhas, fezes e o ci-clo de vida e morte dos seres que nele habitam, é engrenado o mecanis-mo de formação do ambiente riquíssimo para a alimentação de outros seres marinhos e estuarinos, com o suprimento constante de matéria orgânica, completando a intrincada teia da vida.

O movimento das marés, associado à influência da lua e das mu-danças sazonais e diárias das águas marinhas, às idas e vindas dos nu-trientes, é o outro poderoso protagonista desta atividade criativa de vida. Aliado das águas, o mangue é o principal mantenedor dos servi-ços ecossistêmicos da APA Delta do Parnaíba, o grande berçário, que pode ser mensurado pela importância que a pesca tem como atividade socioeconômica para milhares de pessoas que vivem no território, seja a cata de caranguejo, mariscos e ostras ou a pesca de peixes e camarões.

Atividades e usos dos recursos naturaisAs reuniões prévias do Plano de Manejo com as comunidades

construíram um diagnóstico participativo dos usos dos recursos natu-rais dentro do território da APA Delta do Parnaíba, que evidenciou o papel essencial da atividade de pesca para a grande maioria dos mora-dores da UC.

A pesca se caracteriza por ser principalmente artesanal e utilizar di-ferentes artes de pesca, conforme as regiões e recursos pesqueiros visa-dos. É uma atividade tradicional, passada de pais para filhos, assim como os conhecimentos associados à sua prática e experiência, que estabelece o ritmo da vida cotidiana em permanente vínculo com a natureza.

No estuário do rio Novo e no delta do rio Parnaíba, por exemplo, existem apetrechos bem específicos, como a zangaria, também cha-mada de lanceada, enseada ou anseada, para a pesca de peixes e a de arrasto manual (redinha e rede de lance) para o camarão. São pescas muito questionadas por pescadores de outros apetrechos, pelo impacto socioambiental associado à sua prática, por outro lado, aqueles que a realizam, argumentam que garantem o peixe mais acessível por causa da produção e geram trabalho e renda para algumas famílias.

O jequi, uma armadilha manual e móvel, que pode ser carregada numa canoa, está presente no delta, tanto no Maranhão como no Piauí, e é utilizado para a pesca de camarão de água doce, daí ser mais comum

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até onde as águas doces alcançam antes de se misturarem com as salga-das, dificilmente encontrado muito próximo ao mar.

Algumas artes de pescas são comuns à todas as regiões, como a rede de nylon à deriva, também chamada de caçoeira boieira; a tarrafa, usada tanto para peixes como para camarões; o espinhel ou a groseira, que é a pesca de linha realizada com centenas de anzóis; a pesca de linha com um único anzol e outros apetrechos cujos anzóis e tamanhos de malhas dependem muito do alvo da pesca.

O puçá também está presente em toda a APA, sendo uma rede pe-quena circular, que pode servir para a pesca de siris e a de facho (uma luz de lampião ou lanterna que encandeia e atrai o peixe), cujo alvo é a tainha.

Técnicas de pesca como os currais, que são armadilhas fixas im-plantadas tanto no mar como nos estuários, são mais presentes no Cea-rá e no Piauí e buscam os cardumes de peixes.

Existe, ainda, a pesca de arrasto motorizado voltado para a cap-tura de camarão, que a depender do tamanho da embarcação pode ser caracterizado como pesca industrial. Esta pesca ocorre no mar aberto, ao longo da costa de toda APA Delta do Parnaíba.

A pesca abrange também outros recursos marinhos ou dos rios, como a captura do caranguejo, ostras e mariscos, importantes meios de sobrevivência para centenas de famílias no delta. É uma ativida-de econômica que garante tanto a alimentação das famílias como tra-balho e renda para a grande maioria dos moradores das comunidades menores, localizadas no entorno das dezenas de rios, igarapés também chamados de camboas. A cata de caranguejo, que em épocas passadas era exclusivamente realizada através de braceamento (uso dos braços), atualmente, em alguns locais, precisa ter uma ajuda do “cambito” (como um braço com gancho na ponta), uma vez que face a pressão de captura os caranguejos vão para áreas mais profundas na lama.

Outras atividades tradicionais significativas como a agricultura fa-miliar, a criação de animais, o extrativismo de sementes e frutos, tam-bém dependentes dos ciclos das chuvas, estão associados à subsistência e à segurança alimentar das famílias, muitas vezes complementando a renda de outras atividades como a pesca.

Nas reuniões do diagnóstico os participantes chamaram a atenção para o fato de que a agricultura praticada na área protegida não utiliza agrotóxicos e valorizaram esta situação, embora também tenham assi-nalado problemas na sua prática, como por exemplo as queimadas e o desmatamento.

Algumas plantas são de fundamental importância para a comunidade

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local (SOUSA, 2010), tais como: podói (Copaifera langsdorffii), utilizado no artesanato, artefato de pesca, alimentícia, medicinal, produção de energia e construção; jatobá (Hymenaea courbaril) utilizado no artesanato, artefato de pesca, alimentícia, medicinal e construção; mata-pasto-verdadeiro (Senna occidentalis)usado como planta medicinal; sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia) usado no artesanato, artefato de pesca, medicinal, construção e produção de energia; maria-dorminhoca (Neptunia plena) usada como forrageira; coronha (Vachellia farnesiana) usada como planta medicinal; e jiquiriti (Abrus precatorius). Outras as espécies utilizadas pela comunidade local como alimentícias, foram citadas nas reuniões comunitárias do Plano de Manejo: guajiru (Chrysobalanus icaco), murici (Byrsonima crassifolia), caju (Anacardium occidentale) e murta (gênero Myrtus). Como medicinais, o pinhão-branco, o caule da aninga (Montrichardia linifera) é utilizado para construção de balsas, a seiva do tronco para estancar sangramento e impingem.

As palmeiras, ocorrentes em toda a região, são bastante utilizadas pela população local, das quais a carnaúba (Copernicia prunifera) se destaca. Sua palha é utilizada na confecção de artesanato, sejam peças decorativas ou de uso doméstico, para uso pessoal ou para venda, uti-lizado ainda para cobertura de casas; o tronco para construção do teto, paredes, currais, cercas e postes de energia elétrica; os frutos servem de alimento para os animais e humanos. As raízes são utilizadas como chá para reumatismo. A palha de buriti (Mauritia flexuosa) também é mui-to utilizada no artesanato, principalmente no Maranhão, onde ocorre em maior abundância, além de ser utilizada para cobertura de casas. O fruto é utilizado na fabricação de doces e sucos.

Foto: Aninga (Montrichardia linifera)Fabiana Dallacorte, 2018.Todos os direitos pertencem ao ICMBio.

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O extrativismo da carnauba e do buriti proporciona renda comple-mentar aos moradores, seja através do arrendamento das áreas produ-tivas, da prestação de serviço na coleta, ou como matéria prima para o artesanato.

Dentre as atividades menos citadas pelos participantes das reuniões do plano de manejo, encontram-se as relacionadas ao comércio, indústria e à aquicultura.

O funcionamento de portos, exploração de calcáreo, artesanato, desembarque e a quebra de caranguejo, psicultura e a carcinicultura, salinas e os empreendimentos de energia eólica também foram atividades citadas nas oficinas.Os portos envolvem as atividades de desembarque dos recursos pesqueiros (caranguejo, peixes, camarão, ostras, mariscos), além de garantir o comércio de produtos e a atividade turística na região. Podemos citar o Porto dos Tatus, em Ilha Grande/PI e o de Tutóia/MA como as principais portas de entrada ao delta do rio Parnaíba. Estruturas menores, com a mesma finalidade, estão presentes em diversas comunidades e municípios do delta, permitindo acesso aos rios e estuários da unidade de conservação.

A carcinicultura está bastante presente na região leste da APA. Remonta há aproximadamente 30 anos, estando principalmente pró-xima aos rios Cardoso e Camurupim, entre Luiz Correa e Cajueiro da Praia e com presença um pouco menor nos rios Timonha e Ubatuba, entre o Piauí e Ceará. No Maranhão são poucos os empreendimentos em atividade.

A atividade de psicultura está localizada principalmente no mu-nicípio de Ilha Grande e Parnaíba, na Ilha Grande de Santa Isabel, que concentra, dentro do território da UC, a maioria dos empreendimentos,

Foto: Embarcação com animais. Fabiana Dallacorte, 2018.

Todos os direitos pertencem ao ICMBio.

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em geral de médio e pequeno porte. Existem demandas para a criação em pequena escala de peixes nos municípios do Maranhão, com algu-mas iniciativas de empreendedores que estão muitas vezes, construindo pequenos viveiros sem licenciamento ou autorização.

A atividade de extração de sal, as salinas, estão bastantes presen-tes na feição leste da APA, principalmente nos municípios de Cajueiro da Praia e Chaval, e com menor presença, Barroquinha. Atividade que possui uma longa história de existência, as salinas já funcionavam no início do séc XX, tendo uma grande importância no movimento de em-barque e desembarque dos portos. Centenas de trabalhadores estavam envolvidos, sejam na produção, nos chamados “viveiros” de sal, no be-neficiamento ou transporte do produto, realizado naquela época através de navios cargueiros que ainda conseguiam adentrar os estuários. Hoje a atividade tem uma importância bem menor, mas para as comunida-des do interior do estuário, e mesmo para a cidade de Chaval, represen-ta a possibilidade de trabalho e renda numa época do ano em que as alternativas são escassas, principalmente em anos de pouca chuva. No Maranhão, houve uma experiência de implantação de grande salina na década de 1990, a de Igoronhon, que também movimentou centenas de trabalhadores em sua construção e funcionamento, mas hoje se encon-tra desativada.

A atividade de produção de energia eólica na APA Delta se encon-tra hoje concentrada na Ilha Grande de Santa Isabel, nos municípios de Ilha Grande e Parnaíba, embora exista demanda de instalações em ou-tras regiões do território, conforme manifestações de participantes em algumas reuniões comunitárias do Maranhão.

Foto: Pescadores. Fabiana Dallacorte,2019 Todos os direitos pertencem ao ICMBio.

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Finalmente, uma das atividades que tem se desenvolvido muito nas últimas duas décadas na região é o turismo. A APA Delta do Parnaíba faz parte do premiado roteiro turístico Rota das Emoções, que abrange ainda o Parque Nacional de Jericoacoara, no Ceará e o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, no Maranhão. As belas paisagens de dunas recortadas por ambientes lagunares, manguezais e praias ainda desertas, fazem do território um destino importante do contexto turístico.

É possível fazer avistamento de fauna, tal como a revoada dos guarás (Eudocimus ruber), e nas margens dos igarapés, macacos prego, guaribas, capivaras, cavalos-marinhos, peixe-boi e jacarés, favorecendo o segmento do ecoturismo. Traz para o visitante a experiência de um modo de vida bem diferente das grandes cidades, baseado na dinâmica das marés, dos ventos, do sol e da lua, com atividades intimamente associadas à estes movimentos da natureza. Além disso, oferece banhos de águas mornas em rios, lagoas, bancos de areia e mar.

A atividade turística é expressiva na geração de empregos e renda, principalmente nos dois municípios que se constituem em portas de entrada do delta: Ilha Grande, com mais presença e Tutóia. A maioria dos passeios é realizada por agências de turismo, que acabam contratando piloteiros locais. Ainda não existem informações precisas sobre a quantidade de turistas, pois os passeios são realizados sem controle. Neste sentido o município de Ilha Grande deu um grande passo, ao buscar uma maior organização da atividade através do “voucher eletrônico”, que vai informatizar os dados de viagens e profissionalizar os condutores de turismo através de credenciamento.

No litoral do Piauí, o turismo de sol e mar atrai milhares de visitantes para as areias e o mar de Luiz Correia, gerando trabalho e renda para os moradores dos povoados próximos às praias e movimentando a economia local. É um turismo que se caracteriza por atrair grandes contingentes de visitantes e por isso criar um alto impacto ambiental nos locais onde ocorre.

Nos estuários dos rios Timonha e Ubatuba e Cardoso e Camurupim também ocorrem atividades de turismo de observação de fauna, que são realizadas por moradores nativos das comunidades locais, gerando uma importante fonte de renda para famílias da região, além da pesca tradicional. Embora não existam formas organizadas de Turismo de Base Comunitária - TBC, estas experiências podem sinalizar o potencial para que este segmento de turismo seja incentivado.

Outros exemplos próximos de empreendedorismo comunitário associado à atividade turística acontecem em comunidades da Ilha das

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Guia do Participante

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Canárias, na Resex Marinha do Delta do Parnaíba, com restaurantes e pousadas geridas por nativos e condutores locais.

Inserido na atividade turística, o turismo de aventura, representado principalmente pelo kite surf, tem se desenvolvido rapidamente. O kite surf é um esporte trazido para as praias da APA Delta do Parnaíba a partir do final da década de 2000. Desde o início da sua prática, o esporte alterou a dinâmica das comunidades onde instalou, inicialmente como uma prática esportiva e depois como um segmento de turismo que cresce vertiginosamente, essas alterações geraram alguns conflitos por uso do território e por outro lado aumentou a visibilidade da região, ampliando a oferta de trabalho e renda. Atualmente, o kite surf movimenta a economia nas praias de Cajueiro da Praia (Barra Grande e Barrinha), Luiz Correia (Macapá e Maramar, Itaqui, Coqueiro, Peito de Moça) e tem se expandido para outras regiões de praia, como Parnaíba (Pedra do Sal), Ilha Grande (Pontal das Canárias) e Tutóia.

Problemas e ameaças assinalados nos diferentes usos e atividades Pesca Artesanal

Para a atividade de pesca e cata de caranguejos, mariscos e ostras, foram sinalizados diversos problemas e ameaças que se referem princi-palmente a artes de pesca e técnicas consideradas predatórias, por mui-tos pescadores e moradores das comunidades:

• Desrespeito aos períodos dos defesos relativos aos diversos tipos de pesca (caranguejo, camarão, piracema, zangaria);

• Uso de técnicas e apetrechos proibidos para pesca: batedeira e bomba;

• A pesca de arrasto manual de camarão (pesca de redinha e rede de lan-ce), praticada principalmente em Água Doce e Tutoia é considerada pre-judicial, pois as redes utilizam malhas muito pequenas e capturam todo tipo de espécies, ainda filhotes, que ao final do lance, são abandonados nos rios e igarapés;

• A pesca de arrasto motorizado de camarão, realizada por embarcações de maior tonelagem no mar aberto, ao longo da costa do Piauí e Ma-ranhão, também é muito criticada por pescadores artesanais por cau-sa do impacto decorrente da fauna acompanhante (filhotes de peixes, siris etc) que vem junto aos camarões, trazendo ameaça à reprodução das espécies. Importante observar que as redes de arrasto podem cap-turar também outras espécies, como tartarugas marinhas e peixes-boi, caso sejam realizadas muito próximas ás praias. Denúncias seguidas são

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Oficina de Plano de Manejo

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apresentadas à gestão da área protegida, com a comunicação de que as embarcações de pesca estão pescando em áreas que são proibidas pela legislação atual;

• O jequi, armadilha que captura o camarão de água doce, foi considera-do prejudicial também por alguns participantes de reuniões comunitá-rias, pois utiliza malhas muito pequenas e captura indiscriminadamente tanto o camarão adulto como o filhote;

• A pesca de zangaria é considerada por muitos pescadores como dano-sa aos recursos pesqueiros e ao meio ambiente, pois captura de forma indiscriminada peixes adultos e juvenis, acarretando muitas vezes des-perdício de recursos e impactando sua reprodução. A zangaria é apetre-cho utilizado por alguns pescadores de Tutoia, Água Doce e Araioses, que pode variar de tamanho e malha conforme a região. Em Araioses, as redes possuem por volta de 300 a 400 braças, mas em Água Doce e Tutoia, os proprietários podem possuir redes que numa pescaria alcan-çam o tamanho de 1.500 braças (cerca de 3 quilômetros). O Maranhão é o único estado Brasileiro que permite este tipo de apetrecho, condicio-nando a largura da malha no Nº 5 e o comprimento máximo de 1.500 braças;

• Assinalaram que pescadores de outras comunidades não respeitam acordos locais da pesca artesanal, que têm procurado proibir as pes-cas de zangaria, redinha e rede de lance em rios e igarapés (Cajazeiras, Iguagerú e Frecheiras, Fazenda Velha e Lagoa Nova das Cabrinhas, Ilha Grande dos Paulinos em Tutoia e Coqueiro em Água Doce);

• A caçoeira fundeada também foi criticada por arrastar o fundo dos rios e igarapés, levando os pequenos crustáceos e algas que servem de alimento para os peixes;

• A necessidade de aumentar as malhas das redes de pesca foi indicada em várias reuniões do diagnóstico participativo, embora não tenha sido sinalizado um tamanho definido;

• A retirada de ostras através do corte das raízes dos mangues realizada por alguns catadores (as) das populações tradicionais prejudica a estru-tura toda do mangue e afeta diretamente a reprodução das ostras uma vez que termina por eliminar as mais jovens. É um efeito cascata nas co-munidades que dependem deste ambiente, sejam humanas ou animais.

Energia Eólica A reunião ocorrida na Pedra do Sal, destacou que a implantação

de empreendimentos de energia eólica tem trazido conflitos socioam-bientais. Embora seja considerada uma matriz de energia limpa e reno-

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Guia do Participante

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vável, sua instalação gerou impactos socioambientais na região da Ilha Grande de Santa Isabel, uma vez que ocupou áreas onde tradicional-mente as populações das comunidades afetadas realizavam atividades que reforçavam a renda familiar, além de ocupar regiões conhecidas por sua grande beleza cênica e que possuem potencial para a atividade de turismo ecológico.

Ocupação irregular de Áreas de Preservação PermanenteA expansão dos adensamentos urbanos e rurais de forma desor-

denada tem provocado alguns graves problemas como a ocupação irre-gular de mangues e áreas de restinga por moradias e empreendimentos não licenciados.

Ausência de Saneamento Básico e Tratamento de Resíduos SólidosA falta de saneamento básico e de local adequado para o descarte

de resíduos sólidos acompanha o crescimento das cidades e povoados e são os protagonistas da contaminação da terra e da água, o que pode a médio e longo prazo, afetar a flora e a fauna da região, além das próprias comunidades humanas. Atualmente nenhum município da APA Delta do Parnaíba possui tratamento adequado dos resíduos sólidos e apenas Parnaíba e Ilha Grande possuem saneamento básico em parte de seu território.

CarciniculturaA carcinicultura tem um grande passivo ambiental no território,

uma vez que a ocupação de salgados e mangues, se deu de forma de-sordenada e sem controle estatal. Algumas fazendas foram implantadas ainda quando nem existiam órgãos voltados para o meio ambiente. Ain-da hoje a gestão da UC tem dificuldades em ter reconhecida a necessi-dade de sua participação em processos de licenciamento ambiental.

De acordo com o Código Florestal, apenas 35% dos salgados em todo o estado podem ser utilizados para a atividade, desde que o órgão ambiental estadual contabilize o total já ocupados, o que ainda não foi apresentado por nenhuma das secretarias do meio ambiente dos 3 esta-dos que o território da APA ocupa.

Outro problema da atividade é a utilização das águas dos estuários nos viveiros e o descarte inadequado, sem tratamento, novamente aos rios e camboas, sem respeitar legislação prevista, sobre a necessidade de que o descarte das águas seja precedido por período de decantação em tanques de sedimentação de matéria orgânica. A maioria dos empreen-dimentos de carcinicultura nos estados do Ceará, Maranhão e Piauí não possui este tanque nas fazendas.

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TurismoA atividade turística tem potencial de trazer benefícios à região,

necessitando de ordenamento e boa condução que observe as fragilida-des ambientais e socioambientais do território, para tanto foram levan-tadas algumas ameaças como: • A crescente visitação turística tende a potencializar o problema criado pela ausência de saneamento básico e tratamento de resíduos sólidos, que já existe na maioria dos municípios e comunidades da APA;• As embarcações turísticas que navegam nos rios e igarapés do Delta, não respeitam os pesqueiros e as redes dos pescadores, e a alta veloci-dade, principalmente de jets ski, prejudica o mangue devido ao desbar-rancamento das margens com as ondulações constantes;• A presença de veículos automores 4x4 sobre dunas e restingas, re-movem a vegetação rasteira acelerando a dinâmica de movimento das dunas; nas praias podem atingir os ninhos de desova de tartarugas marinhas, além de colocar em risco principalmente as pessoas que as frequentam. No Piauí, o Grupo de Trabalho “Veículos na Praia Não”, constituído por diversas instituições e órgãos públicos, tem atuado no sentido de coibir este uso inadequado nas praias. • A atividade do kite surf, entre as mudanças que trouxe, incluiu a ocu-pação do território marinho e estuarino, e neste sentido, criou uma dis-puta deste território com aqueles que o ocupavam: pescadores artesanais e turistas que buscam sol e banhos de mar. Por outro lado, possibilitou um enorme crescimento da atividade turística voltada para esta ativida-de, já que a região é mundialmente conhecida por seus ventos fortes e constantes, principalmente no segundo semestre do ano. As manobras e tipos de quilhas podem causar danos a fauna marinha e acidentes com banhistas. Outro problema que precisa ser dimensionado com estudos e pesquisas, é se a atividade está prejudicando espécies ameaçadas de extinção como peixe-boi marinho, cavalo marinho entre outras. Desde 2017 foi iniciado diálogo com todos os setores envolvidos nos conflitos, com a perspectiva de realizar o ordenamento da atividade, conforme as condições que a prática se apresenta hoje e as condições geográficas e socioambientais de cada local onde o kite surf acontece.

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Guia do Participante

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Objetivo da Oficina

O propósito da oficina é reunir uma equipe interdisciplinar, for-mada por técnicos e por pessoas que conheçam bem a unidade de con-servação e a região onde está inserida, contribuindo com seus conhe-cimentos, experiências e informações relevantes a fim de construir seu plano de manejo.

Contexto

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ambiental do governo federal brasileiro, criado pela Lei 11.516 de 28 de agosto de 2007, é uma autarquia vinculada ao Minis-tério do Meio Ambiente (MMA) e integra o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). A sua principal missão institucional é gerir as unidades de conservação federais (UCs).

Plano de Manejo

Foto: martim-pescador-grande (Megaceryle torquata)Fabiana Dallacorte, 2018.Todos os direitos pertencem ao ICMBio.

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Oficina de Plano de Manejo

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Cabe ao ICMBio executar ações da política nacional de UCs, po-dendo propor, implantar, gerir, proteger, fiscalizar e monitorar as uni-dades instituídas pela União. Também tem a função de executar polí-ticas de uso sustentável dos recursos naturais renováveis e de apoiar o extrativismo e as populações tradicionais nas unidades de conservação federais de uso sustentável. Tem ainda o relevante papel de fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade e exercer o poder de polícia ambiental nas UCs fe-derais. No endereço eletrônico http://www.icmbio.gov.br pode-se obter informações completas sobre o ICMBio, suas unidades de conservação e toda a biodiversidade protegida.

De acordo com a Lei 9.985/2000 (Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC), o plano de manejo é o docu-mento técnico no qual se estabelece o zoneamento e as normas que de-vem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da UC.

Um plano de manejo serve como referência fundamental para as decisões de manejo e planejamento em uma UC do sistema federal. Des-creve a missão da UC ao identificar o seu propósito, a sua significância, os seus recursos, os seus valores fundamentais e seus temas interpreta-tivos. Também define seu zoneamento e normas, avalia as necessidades de planejamento e dados para a UC, além de identificar seus atos legais (ou regras específicas) e seus atos administrativos previamente existentes.

Para a construção do Plano de Manejo da Área de Proteção Am-biental Delta do Parnaíba utilizaremos como base a Instrução Norma-tiva N° 7/GABIN/ICMBio, de 21 de dezembro de 2017, que estabelece diretrizes e procedimentos para elaboração e revisão de planos de ma-nejo de unidades de conservação da natureza federais.

O plano de manejo é o documento técnico no qual se estabelece o

zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o

manejo dos recursos naturais

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Subsídios para Interpretação Ambiental- São elementos baseados na declaração de significância e nos recursos e valores fundamentais que irão contribuir para a elaboração posterior do plano e produtos interpretativos da UC.- São relatos considerados chave sobre a UC.- São eficazes para aumentar o entendimento e admiração do visitante pela UC.

Um plano de manejo na abordagem estratégica deve incluir os se-guintes elementos:

• declaração de propósito, • declarações de significância, • recursos e valores fundamentais, • tópicos de interpretação ambiental, • avaliação das necessidades de dados e planejamentos, • zoneamento• normas gerais • atos legais e administrativos.

Relação dos Elementos do Documento de PlanejamentoA figura a seguir mostra as relações dos vários elementos em um

plano de manejo na abordagem estratégica. Embora os elementos este-jam demonstrados como compartimentos separados, é importante per-ceber que o desenvolvimento de um plano de manejo é um processo integrado e todos os elementos estão interligados.

Etapas de um plano de manejo

Elementos do Plano de Manejo

P

S

R

Z

A

PARAo que serve

a unidade de

conservação (o que

diz sua missão) -

frase curta

PORQUE a unidade de

conservação é especial (o que

os visitantes podem experienciar) -

frase longa

Recurso MAIS importante; quais

são as principais questões para o manejo-

frase específica

Em QUAIS zonas a UC deve ser dividida

para cumprir seus objetivos

COMO a unidade de conservação é gerida

de modo geral e especificamente.

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Propósito da UC

Significância da UC

Recursos e Valores Fundamentais

Avaliação da Necessidade de Planejamento e Dados

Subsídios para Interpretação Ambiental

Sistema de Informação Geográfica

Zoneamento

Atos Legais, Administrativos e Normas

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Guia do Participante

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O plano de manejo começa com a definição do propósito da UC. O propósito identifica o(s) motivo(s) específico(s) para a cria-ção de uma dada UC. O propósito de uma UC está baseado em

uma análise cuidadosa da razão de sua existência, incluindo os estudos prévios à criação, os objetivos previstos no Decreto de criação e os da categoria de manejo, conforme a Lei 9.985/2000 – SNUC, podendo ser incluídos outros elementos considerados muito relevantes e que não fo-ram identificados à época da criação da UC. Além de conectada com a missão do ICMBio, a declaração de propósito estabelece o alicerce para o entendimento do que é mais importante acerca da UC e vai além de apenas reafirmar o decreto de criação. O propósito consiste no critério mais fundamental contra as quais são testadas a conformidade das reco-mendações de planejamento, as decisões operacionais e as demais ações.

1. Propósito da Unidade de ConservaçãoDeclaração de

Propósito

Melhores práticas para uma declaração de propósito de UC: • A declaração está fundamentada em uma análise detalhada da razão de

existência da UC e da legislação que influenciou sua implantação. • A declaração não só reafirma a razão de existência, mas torna a lingua-

gem acessível ao público em geral. • A declaração é concisa e vai direto ao ponto. • A UC pode ser distinguida das demais ao se ler a declaração de propósito.• O propósito pode ser refinado ao longo da oficina, com o amadureci-

mento dos tópicos trabalhados.

Exercícios para construção do PropósitoPERGUNTA ORIENTADORA: POR QUE A UC FOI CRIADA? QUAL SUA RAZÃO DE EXISTÊNCIA? Exercício 1: Em plenária, considerar exemplos de declarações de propó-sito feitos para outras UC (disponíveis no guia do participante) e discutir quais os elementos que os tornam eficazes como declaração de propósito.Exercício 2: Participantes devem fazer a leitura dos principais componen-tes do histórico e do decreto de criação e demais subsídios sobre a UC (disponíveis no guia do participante) e discutir as principais razões pelas quais a UC foi estabelecida. Exercício 3: Em grupos menores, desenvolver o rascunho de uma declara-ção de propósito para a UC. Orientar para que a sentença seja escrita em uma folha de flip chart. Exercício 4: Em plenária, apresentar os rascunhos de cada grupo e conso-lidar uma única declaração. Concluído o exercício, pôr à prova a declaração rascunhada comparan-do-a com as melhores práticas para declaração de propósito fornecidas acima e no guia do participante. O resultado do exercício deve ser fixado em local de fácil leitura pelos participantes e sinalizado com o ícone do propósito, para que seja reavaliado ao longo da oficina.

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Foto: Mangue, Tutóia-MAFabiana Dallacorte, 2018.

Todos os direitos pertencem ao ICMBio.

Exemplos de declarações de Propósito de outras UCs• Propósito da APA de Cairuçu

Criada em Paraty, na Serra do Mar entre o Rio de Janeiro e São Paulo, a partir da luta das comunidades tradicionais caiçaras pelo terri-tório, a APA Cairuçu é um dos últimos redutos de Mata Atlântica onde é assegurado o modo de vida de indígenas, quilombolas, caiçaras e co-munidades rurais, que com suas formas de saber e fazer, protegem a di-versidade de ambientes, lar de espécies raras e rios de águas cristalinas que deságuam onde as montanhas encontram o mar.

• Propósito da RESEX Marinha de Soure A Reserva Extrativista Marinha de Soure (Resex Soure), localiza-

da na costa leste do maior arquipélago fluviomarinho do mundo, onde a grandiosa bacia Amazônica encontra o Oceano Atlântico, permite a relação harmônica entre o homem e a natureza, seguindo o ritmo das marés. Parte da maior faixa contínua de floresta de manguezal do pla-neta e lar de praias estuarinas, essa Unidade de Conservação se destaca pela cultura marajoara local, práticas sustentáveis de uso dos recursos naturais e turismo ecológico e de base comunitária.

• Propósito do PARNA de São Joaquim É o primeiro parque nacional do estado de Santa Catarina e foi

criado para preservar a biodiversidade, as belezas naturais e os aspectos do patrimônio histórico e cultural, característicos do Planalto Sul Ca-tarinense e da encosta da Serra Geral, inseridos no bioma Mata Atlân-tica, garantindo a compatibilidade da recreação, do lazer, da pesquisa científica e da educação ambiental com um ambiente saudável para as presentes e futuras gerações.

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Subsídios à construção do Propósito para a APA Delta do Parnaíba

A APA Delta do Parnaíba protege um dos maiores deltas do mun-do e entre estes o mais conservado, com menor adensamento popula-cional e considerada entre as mais lindas paisagens do mundo.

Esta unidade de conservação protege dois importantes biomas bra-sileiros, o Cerrado e a Caatinga, com seus ambientes de transição. Na porção leste de sua extensão encontramos o estuário dos rios Timonha e Ubatuba, que alberga uma das importantes populações de peixes-bois--marinhos (Trichechus manatus) do Brasil, que hoje encontram-se iso-ladas. Além disso, constitui junto com o estuário dos rios Cardoso e Camurupim e a Laguna Santana, moradia temporária para descanso e alimentação de muitas espécies de aves marinhas migratórias ameaça-das de extinção, em suas rotas de viagem aos hemisférios norte e sul da Terra.

As praias ainda desertas encontradas dentro da APA Delta do Par-naíba são berçários para a reprodução das cinco espécies de tartarugas--marinhas encontradas no Brasil.

O manguezal ocorre em toda a região do delta compondo um importante ambiente de berçário para peixes marinhos e hábitat para muitas espécies, além de ser fonte de renda para muitas populações hu-manas com a cata do caranguejo-uçá, pesca tradicional e cata de ostras e mariscos. O mangue presente no delta é um ecossistema com teias intrincadas e complexas de relações bióticas e abióticas, com ciclagem de nutrientes provenientes das erosões naturais dos ambientes de água doce e influências do mar de forma sazonal e diária, tendo a maré e as chuvas como principais protagonistas destas variações. O mangue é o principal mantenedor de todos os serviços ecossistêmicos da APA Delta do Parnaíba.

Os ambientes lagunares em meio a dunas, salgados e apicuns são especiais e componentes importantes na formação dos solos e de aporte de nutrientes nos estuários regulando processos químicos e físicos dos ambientes hídricos da APA Delta do Parnaíba.

A APA Delta do Parnaíba é uma UC de uso sustentável e dian-te do exposto acima ela tem o papel fundamental de compatibilizar a conservação dos ambientes naturais com os usos e vida das populações humanas residentes, através do desenvolvimento sustentável e turismo ecológico e educação ambiental.

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LEI N° 9.985/2000 – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza:

• O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibi-lizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. (Art. 7º).

• A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióti-cos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o pro-cesso de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais (Art. 15).

Decreto de 28 de agosto de 1996, que cria a APA Delta do Parnaíba

Art. 1° Fica criada a Área de Proteção Ambiental (APA), deno-minada Delta do Parnaíba, localizada nos Municípios de Luís Corrêa, Morro da Mariana e Parnaíba, no Piauí; Araioses e Tutóia, no Mara-nhão; Chaval e Barroquinha, no Ceará, e nas águas jurisdicionais, com o objetivo de:

I - proteger os deltas dos rios Parnaíba, Timonha e Ubatuba, com sua fauna, flora e complexo dunar;

II - proteger remanescentes de mata aluvial;

III - proteger os recursos hídricos;

IV - melhorar a qualidade de vida das populações residentes, mediante orientação e disciplina das ati-vidades econômicas locais;

V - fomentar o turismo ecológico e a educação ambiental;

VI - preservar as culturas e as tradições locais.

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Guia do Participante

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Declarações de significância expressam porque os recursos e va-lores da UC são importantes o bastante para justificar a sua criação e integração ao sistema federal de UC. Tais declarações

são diretamente associadas ao propósito da UC e são apoiadas pelo conhecimento disponível, percepções culturais e consenso. Declarações de significância descrevem a natureza única da UC, bem como porque a área é importante no contexto global, nacional, regional e sistêmico, inclusive pela provisão de serviços ecossistêmicos, que são aqueles be-nefícios que aquela área protegida presta a sociedade e que podem ser especificados.

Declarações de significância refletem as demandas científicas e acadêmicas, bem como as percepções culturais mais atuais, as quais podem ter mudado desde o estabelecimento da unidade.

Declarações de significância definem o que é mais importante a respeito dos recursos e valores de uma UC, que irão ajudar com o pla-nejamento e o manejo, e são orientadas por: (1) legislação relativa à criação e outros dispositivos legais referentes à sua implantação; e (2) uma melhor compreensão dos recursos como resultado das atividades de manejo, pesquisa e engajamento público.

Apesar de cada UC ter muitos recursos e valores importantes, nem todos contribuem com a significância da UC.

2. Significância da Unidade de ConservaçãoSignificância

Foto: Tartarugas-de-pente (Eretmochelys imbricata)Instituto Tartarugas do Delta.Todos os direitos pertencem ao ICMBio.

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O Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC - tem os seguintes objetivos:

I. contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos re-cursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;

II. proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;

III. contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais;

IV. promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;

V. promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento;

VI. proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;

VII. proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;

VIII. proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;

IX. recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

X. proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental;

XI. valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;

XII. favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;

XIII. proteger os recursos naturais necessários à subsistência de popu-lações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.

Declarações de significância acerca de uma UC geralmente in-cluem um ou mais dos elementos listados acima. Tais declarações são usadas para orientar as decisões relativas ao manejo e ao planejamento a fim de garantir que os recursos e valores que contribuem com a de-signação da UC sejam preservados.

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Melhores práticas para declarações de significância de UC:“FATOR UAU!”

• A declaração define claramente uma das coisas mais importantes a res-peito dos recursos ou valores da unidade de conservação com base no porque da unidade ter sido criada.

• As declarações de significância devem ser inspiradoras, embora sejam pautadas em dados técnicos devem ser comunicativas para todos os públicos relacionados com a UC, por isso a equipe deve ter em mente o “fator UAU” durante sua construção. Deixe-se levar pela inspiração!

• A declaração não apenas lista os recursos e valores, mas inclui porque a unidade é importante no contexto global, nacional, regional ou sis-têmico.

• A declaração deve ser conectada ao propósito e à razão de existência da UC.

• A declaração reflete pesquisas científicas ou acadêmicas e interpreta-ções, incluindo mudanças que podem ter ocorrido desde o estabeleci-mento da UC.

• A declaração precisa ser suportada por dados e capaz de subsistir à revisão por atores locais.

• A UC pode ser distinguida de outras unidades mediante a leitura da declaração de significância.

Exercícios para construção da Significância de uma UC: PERGUNTAS ORIENTADORAS: Por que a UC é especial? O que torna essa UC única? O que ela representa nos contextos regional, nacional ou global? Exercício 1: Em plenária, analisar exemplos de declarações de significân-cia de outras UC e discutir os elementos que tornam eficazes certas decla-rações de significância.

Exercício 2: Identificar os principais tópicos de significâncias dentre os subsídios existentes para a UC. Falta alguma coisa? Se faltar, gerar novos tópicos de significância adicionais relevantes. A moderação deve traba-lhar de forma a agrupar os tópicos semelhantes. Essa atividade pode ser feita por chuva de ideias em plenária ou iniciada em duplas, onde cada dupla define dois ou três tópicos que considera mais importante e poste-riormente apresenta em plenária. O essencial é que seja definida uma lista de seis a oito tópicos em plenária antes de passar para o exercício 3.

Exercício 3: Em grupos menores divididos por afinidade, um ou mais tópicos de significância serão atribuídos a cada grupo que iniciam a cons-trução dos textos de significância completos para os tópicos que recebe-ram, tendo em mente as melhores práticas. Orientar os grupos para que cada significância utilize uma folha de flip chart.

Exercício 4: Em plenária, revisar, discutir e refinar os rascunhos de decla-rações de significância propostos pelos grupos menores. Pôr à prova todas as declarações de significância comparando-as com os critérios-chave para as declarações de significância.

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Critérios-chave para as declarações de significância: A declaração define claramente uma das coisas mais importantes acerca dos recursos/valores da UC com base no motivo pelo qual a UC foi estabelecida? É específica? A declaração vai além de apenas listar os recursos e valores e inclui o porquê da unidade ser relevante em âmbito nacional? Foram consi-derados os serviços ecossistêmicos prestados?

A declaração reflete pesquisas e interpretações acadêmicas atuais, incluindo mudanças que possam ter ocorrido desde o estabelecimen-to da UC? Existem evidências?

As declarações de significância estão conectadas com o propósito?

Atenção: as declarações de significância são frases longas (sem títulos), que descrevem o que a UC tem de especial ou porque deter-minados recursos ou valores são importantes e diferenciam a UC no contexto global, nacional, regional e sistêmico. Em geral, são elabora-das até oito declarações para uma UC.

Exemplos de SignificânciaÁrea de Proteção Ambiental de Cairuçu

• Histórico e lutas: território cuja ocupação é anterior à coloniza-ção europeia, tem histórico de luta em momentos diversos: ponto final do caminho do ouro e um dos últimos portos clandestinos de escravos de origem africana, passou por ciclos econômicos do ouro, cana de açúcar e café e a redescoberta da região com a construção da BR 101 (Rio-Santos). Por quase um século, o isolamento geográfico e econô-mico levou à preservação de expressões culturais e do ambiente natu-ral. Antes e depois do isolamento, a região é palco de lutas e resistência de povos e comunidades tradicionais contra a especulação imobiliária e o turismo predatório.

• Caiçaras: o caiçara, povo nativo com sua ancestralidade e iden-tidade, simples, solidário e receptivo, que se reconhece e é reconhecido por sua comunidade, vive e integra um cenário de beleza única na zona costeira e insular da APA Cairuçu, manejando os recursos no mar, na mata, na restinga e no mangue com sua cultura, modo de ser e fazer que, com sua resistência e defesa de seu território, mantém sua essência e preserva seus direitos e valores, do mesmo modo em que protagoniza a sua dinâmica cultural, social, econômica, linguística e tecnológica.

• Quilombolas: a APA Cairuçu abriga a primeira comunidade quilombola titulada no estado do Rio de Janeiro, o Quilombo Campi-

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nho da Independência, referência nacional da luta contra o racismo e resistência do povo quilombola e o Quilombo do Cabral, que buscam a manutenção da cultura e da identidade étnica e religiosa, onde todo o território dialoga com o uso sustentável dos recursos naturais.

• Indígenas Guarani: na busca pelo território sagrado, os indíge-nas Guarani percorrem os caminhos das águas do interior para o mar e encontraram na região que hoje é a APA Cairuçu, o seu teko porã (bem viver), a “terra sem males”, onde vivem como guardiões do conheci-mento ancestral sobre o manejo da Mata Atlântica no uso sustentável preservando a cultura, a espiritualidade e os modos de saber e fazer.

• Comunidades Rurais: localizados na porção continental da APA Cairuçu, as comunidades rurais, também denominadas de agri-cultores familiares, camponeses, caipiras, do mato ou produtores ru-rais, além da ancestralidade e cultura herdada de seus antepassados, têm como característica primordial a adoção de práticas sustentáveis de produção, adaptando seu modo de vida à preservação da natureza. Povo simples e humilde que busca através de ações coletivas criar laços de pertencimento comunitário, onde possam se reconhecer e ao seu território como um espaço essencial para a vida e trabalho.

• Diversidade Ambiental e Biológica: a APA de Cairuçu tem for-mações geológicas peculiares, como o Maciço do Cairuçu que remonta o pré-cambriano, e os picos do Cairuçu, da Jamanta e do Cuscuzeiro. Região onde a variação de altitude e de formas de relevo proporcionou a diversidade de ecossistemas que abrigam riqueza e abundancia de espécies típicas da Mata Atlântica, com destaque para o endemismo da avifauna e a presença de espécies ameaçadas de extinção como o mu-riqui (Brachyteles hypoxanthus), jagurundi (Puma yagouaroundi), onça pintada (Panthera onca) e parda (Puma concolor), entre outras.

• Paisagens e Mata Atlântica: navegando pela costa da APA Cai-ruçu, vemos uma cadeia de montanhas com picos que chegam a 1200 metros e podemos conhecer 63 ilhas, com vegetação típica e exclusiva de ambientes insulares. Nessa viagem encontramos reentrâncias cos-teiras, como a formação única do Saco do Mamanguá que lembra um fiorde1, mas é uma formação estuarina denominada “ria2”, uns dos mais preservados manguezais do estado do Rio de Janeiro, além de outros ambientes naturais de grande beleza cênica como as praias arenosas e cachoeiras desaguando diretamente no mar.

• Águas: na APA Cairuçu a Serra do Mar é recortada por nas-centes, córregos e cachoeiras formando rios, que são lugares de lazer e identidade das comunidades que por eles são banhados. Nos rios se

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aprende a pescar, a nadar, remar e entender os ciclos das chuvas, cheias e vazantes. O ambiente montanhoso quente e chuvoso, proporciona o desenvolvimento de florestas exuberantes e uma vasta rede de drena-gem, que ao descer a serra criam condições favoráveis à formação de ricos ecossistemas, como os caixetais3 e manguezais, no namoro do rio com o mar.

Notas: 1 Fiorde: corredores estreitos e profundos num litoral alto cavado pela erosão gla-ciária, que hoje estão submersos pelo mar.2 Ria: originada de uma imersão do litoral com a conseqüente invasão do mar, nos vales modelados pela erosão fluvial.3 Caixetais: é um ecossistema do bioma Mata Atlântica, que está sob influência ex-clusivamente fluvial, onde predomina a caixeta (Tabebuia cassinoides), uma árvore de porte médio que chega a atingir 20 m de altura.

Reserva Extrativista Marinha de Soure• A Resexmar Soure localizada na Ilha do Marajó, a maior ilha flu-

vioestuarina do mundo, abriga um conjunto de ambientes costeiros influen-ciados pela dinâmica de macromarés, ventos e correntes, que modificam constantemente a paisagem. Florestas de manguezais exuberantes, dunas intocadas, praias estuarinas paradisíacas, uma complexa rede de canais de maré, furos, rios, igarapés interligados, além de campos alagados e matas de várzeas compõem o belíssimo cenário desta unidade. A conservação desses ambientes proporciona a prestação de importantes serviços ecossistêmicos de escala local a global, como: berçário de diversas espécies, sequestro de carbono, proteção contra a erosão costeira, e ciclagem de nutrientes.

• A influência da interação entre água doce e água salgada e seus pro-cessos sazonais possibilita uma variedade de ambientes tais como as áreas de transição entre manguezal e várzea e a floresta de mangue. Estes ambientes abrigam notável diversidade de espécies da fauna aquática com destaque para a presença dos peixes-boi marinho e de água doce.

• O ambiente da Resexmar Soure possibilita a ocorrência de processos ecológicos que favorecem a migração da avifauna trans-hemisférica.

• A Resexmar Soure, criada pela mobilização dos caranguejeiros con-tra práticas predatórias de exploração do caranguejo, é um dos mais impor-tantes marcos na conservação socioambiental da costa amazônica por ser a primeira Resex criada na região. A unidade tornou-se emblemática e inspiradora na luta dos extrativistas da região pelos territórios tradicionais, que fazem parte da mais extensa faixa contínua de manguezal do mundo e do maior público de pesca artesanal da costa do Brasil.

• A Resexmar Soure proporciona a integração do homem ao ambien-te por meio do uso sustentável dos recursos naturais do mangue, estuário,

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teso* (corresponde a um tabuleiro situado entre a Várzea e o Baixo Platô, de largura variável e periodicamente inundado), campos e várzeas. Também promove a visitação sustentável na forma de turismo de base comunitária (TBC) onde a biodiversidade e os saberes locais são os principais atrativos.

• A Resexmar Soure se destaca pela imersão no sentimento de per-tencimento à cultura tradicional marajoara, expressa nos seus sabores e saberes, como na cerâmica, gastronomia e carimbó, que inspira uma relação harmoniosa com a natureza.

Parque Nacional do Iguaçu• O Parque Nacional do Iguaçu, um dos mais visitados do Brasil, abri-

ga as majestosas Cataratas do Iguaçu e proporciona uma experiência emo-cionante de recreação em contato com a natureza, sendo referência em conforto, segurança, acessibilidade e inovação em relação aos parques bra-sileiros. Estimula o crescimento socioeconômico local, regional e nacional e desenvolve toda uma cadeia de serviços e negócios vinculados ao turismo e meios de produção, gerando importantes oportunidades de emprego e con-tribuindo de maneira significativa para uma geração de renda.

• O Parque Nacional do Iguaçu abriga as Cataratas do Iguaçu, que com o estrondoso barulho de suas quedas esconde o magnífico balé das an-dorinhas e um pôr do sol incandescente que abre caminho para o arco-iris prateado da lua cheia, proporcionando interações ecológicas e sensações in-críveis de vivência, atraindo visitantes do mundo inteiro.

• O Parque Nacional do Iguaçu guarda o registro da passagem das dife-rentes culturas e ocupações do Alto Paraná, evidenciado pela presença de sí-tios arqueológicos das etnias Itararé e Guarani, das vilas de São José do Igua-çu, Santo Alberto, São Luiz e Santa Lúcia, e de estruturas históricas como o Hotel das Cataratas, a usina São João e a estrada poliédrica das Cataratas.

• O Parque Nacional do Iguaçu, com seus mais de 185 mil hectares, é o maior remanescente de Mata Atlântica de Interior, e se insere em um con-texto geográfico singular ao se conectar com outros fragmentos florestais se-melhantes na Argentina, destacando-se o P.N. Iguazu. Este contínuo flores-tal, denominado Corredor Verde, abriga uma rica biodiversidade, incluindo espécies raras e ameaçadas de fauna e flora como a jacutinga, surubim--do-iguaçu, bugio, harpia, gato-maracajá, peroba-rosa e palimitojuçara, com grande potencial para pesquisas científicas.

• A integridade da paisagem do Parque Nacional do Iguaçu, integrando o Corredor Verde, abriga a maior população de onças pintadas da mata Atlântica. As onças, símbolo do Parque Nacional do Iguaçu, são os maiores predadores terrestres das Américas e representam o topo da cadeia alimen-tar, sendo sua reprodução natural significativo indicador do equilíbrio do ecossistema regional.* parte elevada do terreno que, em uma superfície inundada, fica acima do nível médio das águas circundantes.

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Subsídios à construção das Significâncias para a APA Delta do Parnaíba

A APA Delta do Parnaíba protege um dos maiores deltas do mundo, suas dunas amarelas contrastam com o dourado das águas dos rios e o azul dos mares, o voo vermelho dos guarás, a lama negra e o verde escuro do mangue.

São quase 310 mil hectares que se delongam por três estados brasilei-ros, dez municípios e protege todo o litoral do estado do Piauí. Os ventos marinhos desenham na paisagem ondas nas águas calmas e nas areias finas das dunas do litoral. Paisagens estas que enriquecem os olhos dos turistas que vem do mundo todo para apreciar as belezas naturais da região. É um contínuo de belezas naturais que vai desde o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses até o Parque Nacional de Jericoacoara, fazendo parte da Rota das Emoções.

A sua localização em três grandes regiões hidrográficas brasileiras, Atlântico Nordeste Ocidental, Atlântico Nordeste Oriental e Parnaíba, sendo que toda a água doce desta última região é recebida pelo Delta do Parnaíba, e favorece uma rica diversidade biológica. São dois biomas protegidos por esta APA: Cerrado e Caatinga, além de seus ecossistemas associados e ambientes de transição. O mangue é o principal ambiente de berçário e produção primária de nutrientes que abastece os mares quentes do estado do Maranhão, Piauí e Ceará. No mangue vivem e convivem as espécies e os seres humanos. Do mangue sobrevivem mui-tas famílias com a cata do caranguejo-uçá, com a pesca tradicional de peixes e camarões.

Foto: Barra.Fabiana Dallacorte, 2018.

Todos os direitos pertencem ao ICMBio.

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Das barras dos rios que dão início as praias onde desovam tartarugas e voam as aves marinhas migratórias é possível avistar o mar quente e raso, e também o rio com sua imensidão sem fim. Das barras se formam as du-nas com suas curvas desenhadas pelo vento, as lagoas formadas aos pés das dunas com águas cristalinas e pelas barras dos rios entram e saem diversas espécies como baleias, botos e golfinhos.

Nas praias o turista vive momentos de muitas emoções, são paisagens de perder o fôlego e as cores são sempre muito vivas. Os pequenos barcos chegam e saem o tempo todo, levando esperanças e trazendo alegrias para as famílias que sobrevivem da pesca.

Em meio a restinga as formas dos salgados, apicuns e lagoas trazem paisagens inusitadas que contrastam com os afloramentos de rochas da Caa- tinga ao sul da APA. Nos rios Timonha e Ubatuba os peixes-boi-marinho e os cavalos-marinhos dão brilho ao turismo de base comunitária (TBC). Os peixes-boi-marinho ainda buscam na costa do Ceará descanso e alimento para seus filhotes.

As populações que nela residem dependem desta natureza exuberante preservada e do uso de seus recursos retiram sustento para os seus filhos e netos. Devido ao grau de conservação da área, é notório o reconhecimento da importância dos serviços ambientais que a APA Delta do Parnaíba forne-ce aos seus moradores e visitantes.

Foto: Boca de Rio.Fabiana Dallacorte, 2018.Todos os direitos pertencem ao ICMBio.

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Uma das responsabilidades mais importantes dos gestores de UC é garantir a conservação e o desfrute público das qualida-des que são essenciais (fundamentais) para atingir o propósito

da UC e manter sua significância. Tais qualidades são denominadas recursos e valores fundamentais (RVF) das unidades de conservação.

Os recursos e valores fundamentais são aqueles aspectos ambien-tais (espécies, ecossistemas, processos ecológicos ou geológicos), so-ciais (bem-estar social), econômicos, culturais, históricos, paisagísticos e outros atributos, incluindo serviços ecossistêmicos, e que em con-junto são representativos de toda a UC. Estão intimamente ligados ao ato legal de criação da UC, são mais específicos que as declarações de significância, e são essenciais para a UC atingir seu propósito e manter sua significância.

Os recursos e valores fundamentais auxiliam a concentrar os es-forços de planejamento e manejo no que seja realmente significativo acerca da UC. Se os recursos e valores fundamentais forem degrada-dos, o propósito e a significância da UC podem estar em risco. Além disso, os recursos e valores fundamentais devem ter ligação clara com a conservação da biodiversidade, ou seja, nos casos dos valores sociais e culturais, sua manutenção deve estar ligada ao uso sustentável de re-cursos e a conservação da UC.

Um recurso ou valor fundamental deve ser algo que não possa ser questionado, ao menos facilmente. Deve ser algo com que todos concordem. Uma questão que as equipes de planejamento precisam responder ao identificar recursos e valores fundamentais é: “Será que a UC ainda atingiria seu propósito e satisfaria sua(s) declaração(ões) de significância sem este recurso ou valor?”

3. Recursos e Valores FundamentaisRecursose Valores

Fundamentais

Será que a APA Delta do Parnaíba ainda atingiria seu propósito e satisfaria suas

declarações de significância sem este recurso ou valor?

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Melhores Práticas para a Identificação de Recursos e Valores Fundamentais • O recurso ou valor em questão é crucial para alcançar o propósito da UC

e manter sua significância, e tal associação deve ser clara para manter a conexão entre estes elementos.

• Dentre os participantes da oficina e na equipe da UC, há forte consenso de que o recurso ou valor em questão é crucial para a viabilidade futura da UC.

• O recurso ou valor em questão não é abstrato ou amplo demais, não abrange todos os recursos presentes na UC e não é genérico (isto é, deve ser específico).

• É imprescindível que haja aspectos ambientais (espécies, ecossistemas, ou processos ecológicos), dentre os recursos e valores fundamentais.

• Recursos e valores fundamentais sociais e culturais (bem estar social), devem ser relacionados aos aspectos ambientais sempre que possível.

Exercícios para definição dos Recursos e Valores Fundamentais PERGUNTA ORIENTADORA: Quais recursos ou valores são mais importantes para atingir o propósito e a significância da UC? Exercício 1: Em plenária, analisar exemplos de recursos e valores funda-mentais existentes para outras UC e discutir os elementos que os tornam eficazes e ineficazes.

Exercício 2: O grupo grande será dividido em duas equipes, sendo cada equipe dividida em dois “subgrupos” cada. Os subgrupos devem identificar os cinco RVF que consideram mais importantes para atingir o propósito e a significância da UC, com a intenção de acertar as respostas do outro “sub-grupo” de sua equipe. A equipe marca um ponto para cada RVF igual entre os “subgrupos” (jogo conhecido como “adivinhador de mentes”). Os moderadores deverão selecionar os RVF que mais apareceram (consen-so) e avaliar se o conjunto é representativo da UC, se não for, discutir com a plenária e complementar a lista. Em geral, cerca de oito RVF são suficientes para representar as qualidades mais essenciais da UC. Considerando o ob-jetivo primordial de toda UC, que é a conservação da natureza, os aspectos ambientais devem preponderar na lista de RVF elaborada.

Exercício 3: Dividir os participantes em grupos pequenos com base na ex-periência e interesse, e atribuir um ou mais RVF para cada grupo. Cada grupo irá desenvolver descrições completas (1-2 sentenças) para cada RVF, definindo também a ligação com a conservação da biodiversidade para cada um deles. Os grupos irão registrar um RVF e sua descrição por flip chart.

Exercício 4: Em plenária, revisar, discutir e refinar os recursos e valores fundamentais identificados por cada subgrupo. Pôr à prova todos os recursos e valores fundamentais comparando-os com as melhores práticas e manter, refinar ou eliminar os recursos elaborados com base na comparação.

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Exemplos de Recursos e Valores FundamentaisÁrea de Proteção Ambiental de Cairuçu

• Territórios e comunidades tradicionais: a região é ocupada por quatro grupos étnicos e culturais, os caiçaras, quilombolas, indíge-nas e comunidades rurais, que apresentam diferentes níveis de garantia sobre o território, buscando autonomia de gestão, condições materiais de permanência e o manejo sustentável dos recursos naturais essen-ciais para a continuidade de seus saberes, fazeres e identidade cultural (gastronomia, religiosidade, músicas, rituais, ofícios, entre outros).

• Recursos manejados: as comunidades tradicionais da APA Cai-ruçu utilizam diversas práticas de manejo dos recursos naturais, tais como pesca artesanal e o uso de espécies da Mata Atlântica que são fundamentais para manutenção do seu modo de vida tais como: cai-xeta, taquara, taboa e cipós para artesanato, palmeiras juçara e guari-canga, sapê para construções e plantas medicinais, peixes, caranguejo uçá e outros frutos do mar. Entre os plantios de espécies vegetais exis-te o milho guarani, outras sementes crioulas, tabaco, yvyrapytã (erva mate), usados na alimentação e rituais indígenas, além da importância do mel, da mandioca, banana, cana, café e rizomas.

• Biodiversidade da Mata Atlântica: a diversidade de ambien-tes decorrente da conjunção de fatores do meio físico, especialmente o gradiente de altitude, proporciona na APA Cairuçu a existência de vários ecossistemas, como as florestas pluviais, manguezais, caixetais, restingas, costões rochosos e praias abrigando ricas flora e fauna típicas

Foto: Caatinga@APA Delta do Parnaíba.

Fabiana Dallacorte, 2018.Todos os direitos

pertencem ao ICMBio.

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da Mata Atlântica, incluindo espécies raras e ameaçadas, como muriqui (Brachyteles hypoxanthus), sagui-da-serra escuro (Callithrix aurita), jaguatirica (Leopardus pardalis) e palmeira juçara (Euterpe edulis).

• Águas: a APA Cairuçu concentra em seu território inúmeras nascentes e cachoeiras, formando rios curtos e rápidos que deságuam diretamente no mar, como os rios Carapitanga, Meros e Mateus Nunes. Este sistema de drenagem garante diversos usos, entre eles o abaste-cimento, alimentação, energia, lazer e turismo. Representa ainda um elemento fundamental da relação da cultura tradicional com a natureza.

• Paisagem: integrada ao maior contínuo de Mata Atlântica do Brasil, a área da APA Cairuçu proporciona uma paisagem deslumbrante marcada pelo encontro da serra com o mar em um litoral recortado por praias, ilhas, baías e enseadas, como o Saco do Mamanguá e a Enseada de Paraty-Mirim. Esses elementos contribuíram para o tombamento do município de Paraty, como Monumento Nacional visando a preserva-ção do patrimônio artístico, histórico, arquitetônico, paisagístico e ar-queológico.

• Manguezais e caixetais: são formações florestais sensíveis às al-terações ambientais com dependência hídrica e de solos alagados ou encharcados. Enquanto os caixetais estão associados à água doce, os manguezais se relacionam aos encontros dos rios com o mar. Alguns locais importantes de ocorrência destas formações são Paraty Mirim e Boa Vista, para os manguezais, e Itatinga, Caetana e Fundo do Maman-guá, para os caixetais e manguezais. Os manguezais cumprem papel importante como berçário de diversas espécies de crustáceos, peixes e aves. A caixeta é uma espécie ameaçada de extinção e têm importância para as comunidades locais, que a utilizam no artesanato e fabricação de utensílios, como remos.

• Ilhas, praias e costões rochosos: as 63 ilhas, lajes e rochedos são um forte componente paisagístico com biodiversidade específica, destacando-se a função de servirem de abrigo para aves migratórias. As ilhas do Araújo, Cedro, Pelada Grande, Algodão, e Itacá estão dentre os territórios caiçaras, e são locais de expressão da sua cultura e de inte-gração dos usos de terra e do mar. As praias e costões rochosos são am-bientes influenciados pelas marés, que apresentam formações vegetais típicas como o jundu* nas praias e as bromélias e cactáceas nos costões rochosos. Estes dois ambientes são importantes locais de pesca e coleta de crustáceos e bivalves para os caiçaras.

* Jundu: é uma vegetação litorânea que cresce em áreas não alagadas nem salinas, com arbustos associados a gramíneas.

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Reserva Extrativista Marinha de Soure• Cultura Marajoara: Expressão de culturas ancestrais prove-

nientes dos índios Aruãs e Maruanases, com influência das culturas africana e europeia, que é resguardada pelos mais antigos e repassada ao longo das gerações, e expressa nas mais diversas formas: práticas gastronômicas (avoado e turu); práticas de pesca artesanal; ritmos e danças (carimbó, lundu e boi marajoara); cerâmica e sua linguagem iconográfica; medicina tradicional com seus óleos e ervas; práticas re-ligiosas e místicas representadas por seus ritos, festividades, contação de histórias e lendas como a mãe-de-fogo e a mulher cheirosa.

• Uso sustentável dos recursos naturais: As práticas tradicionais de uso dos recursos naturais, especialmente dos recursos pesqueiros da Resexmar Soure, incluem o uso de artes como a rabiola, a tarrafa, o matapi, que contribuem para a sustentabilidade dos recursos e a segu-rança alimentar das comunidades. As espécies mais típicas da região são as tainhas e as pratiqueiras (Mugilspp.), o bacu (Pterodoras sp.), o caranguejo-uçá (Ucides cordatus), o camarão regional da Amazô-nia (Macrobrachium amazonicum), o filhote (Brachyplatystoma spp.) e outros bagres e o turu (Neoteredo sp.). O uso de recursos não madei-reiros, como as sementes, e madeiras mortas também ocorre de ma-neira sustentável e contribui para geração de renda das comunidades.

• Ambiente favorável à prática do ecoturismo e do turismo de base comunitária: Localizada a aproximadamente 80 km de Belém e de fácil acesso, a Resex Souremar é constituída de grande riqueza cultural, incluindo os saberes locais e o modo de vida da população tradicional, cuja gastronomia típica e a cerâmica marajoara configu-ram-se como um atrativo a parte; somada a uma ampla diversidade biológica, que lhe confere um cenário paradisíaco de florestas de man-gues, igarapés, praias estuarinas, abrigos de aves; proporcionando um constante e revigorante contato com a natureza amazônica marajoara.

• Uma das maiores florestas de mangue do mundo: Os mangais exuberantes da Resexmar Soure, com árvores com mais de 40m de altura, são fruto da influência da enorme quantidade de nutrientes e sedimentos da foz da bacia Amazônica. Esse ecossistema de transição é a base da produtividade, biodiversidade e sustento da região. Além disso, os mangais contribuem ativamente para a constante formação da ilha do Marajó, regulação do clima e outros serviços ecossistêmi-cos. Conservar os mangais é conservar a vida no Marajó.

• Mosaico litorâneo marajoara: A dinâmica da costa amazônica, com marés de até 6 metros de altura, junto à influência da foz do rio

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Amazonas, Baía de Marajó e Oceano Atlântico moldam a diversidade da paisagem da Resex Soure. Dentre dunas, manguezais, restingas, campos e canais de maré, destacam-se as praias marajoaras. Inseridas no maior arquipélago fluvioestuarino do mundo, as praias de Soure possuem ca-racterísticas únicas: extensas faixas de areia banhadas por águas sempre quentes, ora doce marrom, ora salobra verde, proporcionam momentos de lazer aos moradores e visitantes. Constantemente modificadas pelos ritmos sazonais de marés e chuvas, as praias da Resex oferecem cenários ímpares, com sua biodiversidade e oportunidades de uso.

• A rica interação entre a Amazônia e o mar: o mosaico de am-bientes presentes na Resex Soure possibilita a ocorrência de uma singu-lar diversidade de espécies na região, fruto do grande fluxo da água doce proveniente da bacia amazônica e águas interiores, com o ambiente ma-rinho. Essa característica permite a maior interação entre os ambientes de mangue, várzea estuarina, campos salinos e apicum, possibilitando a interação de espécies da fauna terrestre, aquática e semi-aquática. De-vem-se destacar as espécies ameaçadas, tais como as cinco espécies de tartaruga marinha que ocorrem no Brasil, a convivência entre os pei-xes-boi marinho e amazônico, peixes como o mero, o caranguejo-uçá, além de espécies migratórias de aves e mamíferos aquáticos. A Região também é utilizada como berçário por várias espécies de peixes.

Parque Nacional de São Joaquim• Fenômenos geológicos e acidentes geográficos, incluindo der-

rames de lavas basálticas, cânions e torres: presença de rochas vulcâ-nicas e de deserto formadas antes e durante a fragmentação do conti-nente Gondwana. Paisagem que foi esculturada nas rochas ao longo do tempo, gerando surpreendente e diversificado cenário atual.

Foto: Piru-piru(haematopus palliatus) Onofre. Acervo Aquasis.Todos os direitos pertencem ao ICMBio.

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• O PNSJ é estratégico como produtor de água: abriga inúmeras nascentes, incluindo a dos rios Tubarão, Pelotas e Canoas que, além de abastecer as populações do entorno, alimentam o aquífero Guarani.

• Biodiversidade: a diversidade ecológica combinada ao relevo singular confere ao PNSJ habitats muito variados. Nas grandes altitu-des, as formações campestres e os afloramentos rochosos possuem os mais altos níveis de endemismo. As matas nebulares abrigam espécies exclusivas como, por exemplo, a orquídea vermelha. O PNSJ também abriga extensos remanescentes de florestas de araucárias, conferindo--lhe grande relevância para proteção da diversidade genética. Estes re-manescentes abrigam, também, outras espécies da flora ameaçada de extinção, como a casca-d’anta e o xaxim. O puma, a jaguatirica, diversos cervídeos, o papagaio-charão, o papagaio-de-peito-roxo e a noivinha- do-rabo-preto são algumas das muitas espécies da fauna que habitam o PNSJ.

• Pesquisa e a educação: o Parque Nacional é um laboratório vivo, que oportuniza desenvolver, de maneira dinâmica a educação ambien-tal e pesquisas científicas de longa duração em prol da conservação das espécies endêmicas, ameaçadas e outras especiais. Destacam-se a diver-sidade, o patrimônio genético e potencialidades de fenômenos evoluti-vos motivados pelos contrastes climáticos.

• Valorização histórico-cultural: o PNSJ possui testemunhos pa-leontológicos e arqueológicos de relevante importância para o estado, como sepultamentos, abrigos sobre rochas e casas subterrâneas da etnia Jê. Está inserido na região da passagem de tropeiros, que mercavam produtos típicos da serra Catarinense com a região da serra abaixo, sen-do possível contemplar centenários corredores de taipa, taperas e cemi-térios utilizados durante essa época.

• Diversificadas oportunidades de conexão com a natureza: o PNSJ, com seus paredões, cânions ou peraus, rios e ampla variabilidade climática, permite diversificadas experiências esportivas, de lazer e ins-piração artística de conexão com o mundo natural.

• Belezas cênicas: a altitude, o relevo ondulado e o clima do PNSJ favorecem um mosaico impressionante de diversidades paisagísticas: o morro da Igreja, a Pedra Furada, os penhascos, as inúmeras cachoeiras e rios, que descem as montanhas para planícies litorâneas cortam os campos de altitude, são exemplos dessas paisagens. A variação climá-tica também permite contemplar paisagens florísticas e florestais que, eventualmente, são cobertas de neve, proporcionando uma experiência única ao visitante.

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Guia do Participante

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Avaliação da necessidadede planejamento

e dados

Quando o propósito, as declarações de significância e os recursos e va-lores fundamentais da UC forem identificados, é importante avaliar as necessidades de dados e de planejamentos relacionados a conser-

vação desses elementos, e portanto, da UC. Todas as necessidades de dados e planos identificadas nesta seção devem ser destinadas a proteger os recursos e valores fundamentais, a importância e a finalidade da UC, além de abordar questões-chave.

Há três passos para a avaliação das necessidades de planejamento e dados: • Análise dos recursos e valores fundamentais, incluindo a identificação

das necessidades de dados e planejamento. • Identificação de outras questões–chave para a UC e necessidades de

dados e planejamentos para resolvê-los. • Priorização das necessidades de dados e de planejamento (inclusive

atividades de mapeamento espacial ou mapas SIG). A análise de recursos e valores fundamentais e a identificação de ques-

tões-chave auxiliam na priorização de planejamentos, da coleta de dados e na identificação de ações e oportunidades de manejo futuras.

Primeiramente, existe uma análise que ajuda a capturar o contexto, con-dições, tendências e ameaças aos recursos e valores fundamentais, além de identificar necessidades de dados e planejamentos para ajudar a manejar re-cursos e valores fundamentais.

A segunda parte da avaliação envolve identificar as questões-chave im-portantes para a gestão da UC que não foram contempladas nos RVF e de-terminar necessidades de dados e planejamentos a elas relacionados, com-pletando a análise para a UC.

A terceira e última parte é a priorização das necessidades de dados e pla-nejamentos identificados na análise dos RVF e das questões-chave.

Todas as necessidades de dados e planos identificadas nesta seção são destinadas a proteger os recursos e valores fundamentais, a importância e a finalidade da UC, além de abordar questões-chave.

Análise dos recursos e valores fundamentais A análise de recursos e valores fundamentais inclui:

• Identificação da condição atual (estado de conservação, situação em que se encontram os recursos e valores da UC) e tendências (aumento ou dimi-nuição dos impactos sofridos, o que acontecerá com os recursos e valores se a UC não agir) para cada RVF.

• Identificação das ameaças (ação humana que degrada ou compromete o RVF, inclusive aquelas que vêm do exterior para dentro da UC) e oportuni-dades (situação ou condição que favorece a conservação do RVF).

• Definição das necessidades de dados e planejamentos que ajudarão a manejar e proteger os recursos e valores fundamentais.

4. Avaliação da necessidade de planejamento e dados

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Melhores práticas para avaliação de necessidade de dados e planejamento• As informações devem ser dispostas em um diagrama, de maneira

clara, sucinta, com conexões lógicas e de fácil compreensão para todos (pensamentos e frases completas podem complementar cada caixa).

• Ao preencher o diagrama, considere ameaças e oportunidades exis-tentes, futuras e prováveis, sempre as conectando com o RVF em análise.

• As necessidades de dados e de planejamento devem sempre estar co-nectadas entre si ou a alguma ameaça, oportunidade, condição atual ou tendência, ou mesmo a um RVF diretamente, estabelecendo a conexão lógica entre eles, numa relação de causa e efeito.

• Reconheça as oportunidades para os planejamentos necessários e as possíveis parcerias na UC e entorno, para solucionar questões que atravessam os limites da UC, tais como acesso de visitantes, migra-ção, pesca, etc.

• Na indicação da necessidade de planejamentos, usar como base o Catálogo de Produtos e Serviços do ICMBio e buscar descrever qual o direcionamento e foco do planejamento, se possível com justifica-tivas.

• Atentar para que as necessidades de planejamento não sejam uma lista de atividades. Elas devem indicar a realização de uma estraté-gia mais ampla ou programa, que posteriormente será detalhado em atividades.

• A análise deve se basear na melhor informação disponível, quando pertinente explicitar o grau de confiança da informação.

Exercícios para avaliação de necessidade de dados e planejamento PERGUNTA ORIENTADORA: A partir da análise dos RVF, quais as necessidades de dados e de planejamento deverão ser construídas e priorizadas? Exercício 1: Em plenária, faça a análise de um recurso ou valor fun-damental em conjunto com o grupo grande, para alinhar o entendi-mento dos participantes. Identifique pelo menos uma condição atual e uma tendência do RVF, e uma necessidade de planejamento e uma necessidade de dados.

Exercício 2: Dividir os participantes em grupos menores e distribuir os RVF por similaridade em até quatro grupos. Os integrantes de cada grupo serão definidos inicialmente por afinidade, conhecimento e in-teresse nos RVF atribuídos a cada grupo pequeno.

Com base no método do Café Mundial, os grupos terão um tempo determinado para fazer a primeira análise dos RVF, sendo que cada grupo constitui uma “estação de trabalho”. Completada a primeira análise, os grupos irão circular nas outras três estações, de maneira coordenada, para avaliar e completar a análise feita pelos outros gru-pos, em cada estação.

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Guia do Participante

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Na atividade do café mundial, é interessante que cada grupo tenha um pincel de cor específica para que seja possível identificar as alterações entre os grupos. Também deve ser mantido o padrão de cores das tar-jetas no diagrama, conforme figura a seguir:

Exercício 3: Em plenária serão apresentados os resultados das quatro estações de análise dos RVF pelos facilitadores, para discutir, integrar e refinar os resultados. Além das boas práticas, devem ser avaliadas a clareza, repetição ou similaridade de ideias.

Ameaça

Necessidade de dados

Necessidade de Planejamento

Ameaça

Recurso ouValor

Fundamental

Recurso ouValor

Fundamental

Recurso ouValor

Fundamental

Condiçõesatuais

Condiçõesatuais

Condiçõesatuais

Tendências

Tendências

Tendências

Necessidade de dados

Necessidade de Planejamento

Análise de Recursos ou Valores Fundamentais

Diagrama ilustrativo da análise dos recursos e valores fundamentais. As cores dos elementos representam as cores das tarjetas a serem utilizadas na oficina.

Biodiversidade Marinha

Sobrepesca e pesca predatória

Espécies estão ameaçadas e

redução de popu-lações

Redução da biodi-versidade

Plano de geração de renda (ex. cultivos)

Plano de Fiscalização integrado com outros órgãos

Plano de Educação Ambiental (com pescado-res e operadores de turismo)

Plano de prevenção, controle e erradicação de espécies invasoras Levantamento de tama-

nho populacional das es-pécies ameaçadas

Bioinvasão

Plano de Pesquisa

Monitoramento da biodi-versidade

Dados de ocorrência do bioinvasor nas ilhas (ex.

coral-sol)

Visitação Desordena-da (lixo, ruído, inter-

ferência direta)

Excesso de ruído das embarcações e tráfe-

go aéreo (motor, buzina, música...)

Má qualidade/contaminação e po-

luição da água

Lixo marinho Legenda

Recurso ou Valor Fundamental

Condição Atual

Tendência

Ameaça

Necessidade de planejamento

Necessidade de dados ou estudos

Plano de Uso Público

Plano de gestão integrada com a Marinha e Aeronáutica

Plano de articulação com CEDAE e Câmara Metropolitana para melhoria da qualidade

da água

Plano de Educação Ambiental (mutirões de limpeza, campanhas c/ CEDEA, INEA, etc.)

Plano de articulação com INEA para fiscaliza-ção de portos e indústrias

Plano de articulação para fiscalização de substâncias tóxicas

Diagnóstico dos principais poluentes

Plano de Proteção

Exemplo do Monumento Natural Cagarras

Exemplos de Análise de necessidade de dados e planejamento

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Análise de Questões-chave

Uma questão-chave descreve uma agressão (como mudança cli-mática, crescimento da população, espécies invasoras e uso por visitan-tes) ou um gargalo de gestão para a efetiva consolidação da Unidade de Conservação, que são influências importantes a considerar ao descrever a condição atual dos recursos da UC e como ela é manejada. De for-ma complementar a análise dos Recursos e Valores Fundamentais, uma questão-chave pode não estar diretamente relacionada a uma declaração de significância e ao propósito da UC, mas ainda pode ser diretamen-te afetada por elas. Geralmente uma questão-chave é um problema que pode ser abordado por um esforço de planejamento futuro, captação de dados ou ação de manejo e que exige uma decisão dos gestores da UC.

Biodiversidade Marinha

Sobrepesca e pesca predatória

Espécies estão ameaçadas e

redução de popu-lações

Redução da biodi-versidade

Plano de geração de renda (ex. cultivos)

Plano de Fiscalização integrado com outros órgãos

Plano de Educação Ambiental (com pescado-res e operadores de turismo)

Plano de prevenção, controle e erradicação de espécies invasoras Levantamento de tama-

nho populacional das es-pécies ameaçadas

Bioinvasão

Plano de Pesquisa

Monitoramento da biodi-versidade

Dados de ocorrência do bioinvasor nas ilhas (ex.

coral-sol)

Visitação Desordena-da (lixo, ruído, inter-

ferência direta)

Excesso de ruído das embarcações e tráfe-

go aéreo (motor, buzina, música...)

Má qualidade/contaminação e po-

luição da água

Lixo marinho Legenda

Recurso ou Valor Fundamental

Condição Atual

Tendência

Ameaça

Necessidade de planejamento

Necessidade de dados ou estudos

Plano de Uso Público

Plano de gestão integrada com a Marinha e Aeronáutica

Plano de articulação com CEDAE e Câmara Metropolitana para melhoria da qualidade

da água

Plano de Educação Ambiental (mutirões de limpeza, campanhas c/ CEDEA, INEA, etc.)

Plano de articulação com INEA para fiscaliza-ção de portos e indústrias

Plano de articulação para fiscalização de substâncias tóxicas

Diagnóstico dos principais poluentes

Plano de Proteção

Exemplo do Monumento Natural Cagarras

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Melhores práticas para análise de questões-chave• Focar em questões-chave ou críticas que possam envolver o uso, o

manejo ou a administração de uma UC, de maneira complementar a análise de RVF, evitando repetições.

• Considerar questões que possam ou não estar relacionadas aos re-cursos e valores fundamentais e a alguma significância da UC, mas que devem ser solucionadas pelo ICMBio.

• Questões que se aplicam a diversos recursos e valores fundamentais devem ser consideradas questões-chave.

• Tente limitar as questões consideradas no plano de manejo de 3 a 5 questões-chave.

Exercício para análise de questões-chaveExercício 1: Em plenária, identifique questões-chave que precisam ser abordadas por ações futuras do plano de manejo, destacando apenas as questões mais importantes. Quando as questões forem definidas e analisadas, identifique as necessidades de dados e planejamento para lidar com elas. As necessidades de dados e planejamento devem ser complementares às definidas na análise dos RVF.

Exemplo de tabela de análise de questões-chave Parque Nacional do Iguaçu e do Parque Nacional de São Joaquim:

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Priorização de Necessidade de Dados e Planejamento

O processo de priorização das necessidades de dados e planejamentos começa com a própria definição dos RVF, questões-chave e suas análises, passa pela análise de critérios durante a oficina de elaboração do plano de manejo, e continua na fase de consolidação do documento preliminar, vi-sando correções de assimetrias em relação à priorização feita, bem como buscando maior alinhamento com as prioridades e oportunidades insti-tucionais. Logo, a priorização das necessidades de dados e planejamento é resultante de um combinado de avaliações, apresentado na devolutiva do documento aos participantes.

A priorização das necessidades de planejamento deve considerar o atendimento de alguns critérios, a serem discutidos durante a oficina, tais como:

• Está relacionada aos RVF e ameaças consideradas mais críticas para a conservação da UC;

• Sua execução favorece a resolução de conflitos importantes para a gestão;

• Existência de oportunidade para sua elaboração e implementação;

Para as necessidades de dados elencados nas análises anteriores, deve-se buscar priorizar aquelas consideradas mais necessárias para a gestão e conservação dos recursos e valores fundamentais da UC, As per-guntas abaixo são importantes para auxiliar na priorização:

• A necessidade de dados é essencial para a conservação dos RVF?

• A necessidade de dados é essencial para a gestão da UC?

Já a equipe de planejamento, considerará outros critérios para pon-derar o resultado da oficina posteriormente, tais como:

• Está relacionada com maior quantidade de RVF e ameaças, ou seja, sua execução favorecerá a conservação de mais de um RVF;

• Atendimento a políticas públicas;

• Está relacionada com diretrizes e competências institucionais.

Para as necessidades de dados elencados nas análises anteriores, de-ve-se buscar priorizar aquelas consideradas mais necessárias para a ges-tão e conservação dos recursos e valores fundamentais da UC.

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Guia do Participante

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Melhores práticas para a priorização• Focar em questões-chave ou críticas que possam envolver o uso, o

manejo ou a administração de uma UC, de maneira complementar a análise de RVF, evitando repetições.

• Considerar questões que possam ou não estar relacionadas aos re-cursos e valores fundamentais e a alguma significância da UC, mas que devem ser solucionadas pelo ICMBio.

• Questões que se aplicam a diversos recursos e valores fundamentais devem ser consideradas questões-chave.

• Tente limitar as questões consideradas no plano de manejo de 3 a 5 questões-chave.

Exercício de priorização de necessidades de dados e planejamentoExercício 1: Em plenária,todas as necessidades de dados e planeja- mento identificados na análise de questões-chave e recursos e valores fundamentais são lidas em conjunto com os participantes. Após apre- sentar os critérios selecionados pela equipe, em forma de perguntas, solicitar para que cada participante escolha três necessidades consi- deradas prioritárias com base em cada critério.

Deverá ser realizada uma pergunta por vez.

Para a priorização será entregu e uma lista impressa para cada um dos participantes, que farão marcas com auxílio de caneta nas necessida-des consideradas prioritárias, devolvendo as listas para os moderado-res realizarem a compilação dos resultados

Após a votação de todos os participantes, os votos são somados e é apresentado o resultado “bruto” para a plenária.

Foto: Praia de Barra Grande-CEFabiana Dallacorte, 2018.Todos os direitos pertencem ao ICMBio.

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5. Subsídios para Interpretação AmbientalSubsídios para Interpretação

Ambiental

Foto: Guarás (Eudocimus ruber)

Fabiana Dallacorte, 2018.Todos os direitos

pertencem ao ICMBio.

Um dos objetivos do SNUC é favorecer condições e promover a edu-cação e a interpretação ambiental (Artigo 4º inciso XII). Além da prerrogativa legal, a interpretação ambiental no ICMBio segue as

Diretrizes para Visitação em Unidades de Conservação, publicadas pelo Mi-nistério do Meio Ambiente em 2006.

A Interpretação Ambiental é um conjunto de estratégias de comuni-cação destinadas a revelar os significados dos recursos ambientais, histó-ricos e culturais a fim de provocar conexões pessoais entre o público e o patrimônio protegido.

É uma ferramenta de grande potencial de sensibilização e aproximação com a sociedade. Realizada de forma planejada e estruturada, contribui para o fortalecimento da compreensão sobre a importância da UC e transforma a visita em uma experiência enriquecedora e agradável.

Para a oficina de plano de manejo busca-se o levantamento de subsídios para o posterior planejamento de ações de interpretação ambiental na UC. Estes subsídios serão um referencial para a elaboração de planos, produtos e serviços interpretativos.

Os subsídios devem refletir o propósito e a significância da unidade de conservação e se baseiam na declaração de significância e nos recursos e va-lores fundamentais (RVF). Referem-se aos principais atributos tangíveis e intangíveis, histórias, lendas e significados da UC, que toquem o emocional do visitante, conectando-o de forma mais ampla com a UC.

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Guia do Participante

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Melhores práticas de subsídios para interpretação ambiental eficazes

• Os subsídios partem do propósito, da declaração de significância e dos recursos e valores fundamentais da UC.

• A elaboração dos subsídios deve ser feita a partir do resgate dos re-gistros de discussões feitas para a elaboração da declaração de signi-ficância e dos recursos e valores fundamentais da UC.

• Estes subsídios indicam mensagens relevantes sobre a UC (“não po-demos falar sobre tudo, menos é mais”), que podem ser frases curtas que explicitem sua singularidade e pertinência.

• Os subsídios também devem considerar histórias, lendas e atributos tangíveis e intangíveis da UC.

Exercícios de subsídios para interpretação ambiental

PERGUNTA ORIENTADORA: Com base nas declarações de significância e nos recursos e valores fundamentais, quais as mensagens (ambientais e/ou histórico-culturais) queremos transmitir às pessoas sobre a APA Delta do Parnaíba?

Exercício 1(Plenária): A partir da declaração de propósito, significância e dos recursos e valores fundamentais, fazer uma lista dos aspectos ambientais e/ou histórico-culturais, incluindo histórias, lendas e aspectos intangíveis mais representativos sobre a APADP. Após agrupar os assuntos semelhantes e reuni-los em conjuntos, distribuí-los para os grupos de discussão.

Exercício 2 (pequenos grupos): Cada grupo deverá elaborar uma mensagem por assunto indicado no exercício 1. Essa mensagem deverá responder à pergunta orientadora.

Exercício 3 (plenária): Reunir todas as propostas dos grupos e revisar, discutir e refinar em plenária, resultando em uma lista única de mensagens significativas sobre a UC.

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Exemplos de Subsídios para a Interpretação AmbientalReserva Extrativista de Soure• Cenários paradisíacos: florestas de mangue, igarapés e praias estuarinas.

• A dança biodiversa das espécies: O movimento de espécies entre os ambientes de água doce e salgada ao longo da costa paraense e entre os dois hemisférios forma na RESEX Soure o ponto de encontro de diferen-tes espécies.

• Hospitalidade ambiental: As características ambientais da RESEX Soure permitem que espécies encontrem local favorável familiar e pro-tegido para sua reprodução, desenvolvimento e descanso. Dentre esses indivíduos, várias espécies ameaçadas encontram na costa marajoara seu refúgio.

• O uso dos recursos naturais da Resex de forma sustentável: caso do Turu - Há muita árvore de mangue caída na praia, mas não se pode tirar dali, pois é de onde nasce o turu. O turu serve de alimento, de remédio e é considerado afrodisíaco por muitos.

• O uso de artes de pesca tradicionais pelas comunidades: caso da ra-biola - Na técnica de pescaria “Rabiola” é utilizada uma rede presa em uma “vara” apenas de um lado. O outro lado da rede é solto e fica “indo e voltando” com a força da maré. Esse movimento parece a soltura de uma pipa, por isso o nome de Pesca da “Rabiola”.

• A cerâmica e a história de ocupação de Soure: A cerâmica antiga con-ta a história da ocupação da região com vestígios indígenas marajoaras de cerca de 3.400 anos atrás e indígenas, que resistiram à ocupação da região até a chegada dos jesuítas. Atualmente a cerâmica marajoara de Soure mantém a conexão com a ancestralidade e expressa a identidade local pela autenticidade de suas peças.

• Práticas religiosas e místicas: Diversidade de cultos - catolicismo (como o Círio), benzedeiras, evangélicos e religiões de terreiro (umban-da, tambor de mina e pajelança) com suas festividades, ritos, comidas tí-picas, óleos e essências. Garantidos pela organização e comprometimen-to das comunidades e que transmitem união, conexão com a natureza, acolhimento, sentimento de proteção e vida espiritual.

• Ritmos e danças: Envolvem instrumentos musicais peculiares e tradi-cionais fabricados em grande parte com materiais da natureza. Incluem o uso de vestimentas particulares do carimbó e lundu, que são confec-cionadas com chita de flores, chapéu de palha e outros adereços, trans-mitindo alegria, emoção, encantando o visitante e o conectando com a identidade marajoara.

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• RESEX Soure: uma história de luta: Do descontentamento da comu-nidade com a devastação dos recursos naturais e a inércia dos órgãos públicos nasceu o “Manifesto Caranguejeiro”, da Associação dos Caran-guejeiros de Soure. A partir deste evento as comunidades de Soure e algumas entidades públicas locais passaram a fomentar a ideia de criar uma unidade de conservação, surgindo, então, a RESEX Soure, agre-gando três comunidades de pescadores e catadores de caranguejo.

• Povos e paisagens das marés: A força das marés e dos ventos é de adaptação e deslocamento. Até já dividiu vila. É o caso de Araruna. As praias são influenciadas pelas águas de rio e mar, formando paisagens diferentes em cada época do ano, e junto com as forças das águas, os ventos vão transformando as áreas das formações naturais existentes. As comunidades estão sempre se adaptando às mudanças.

• Manguezal: fonte de vida: Os manguezais são um dos ecossistemas mais produtivos do planeta. Contribuem para a biodiversidade de rele-vância mundial, asseguram a integridade ambiental da faixa costeira e são responsáveis pelo fornecimento dos recursos e serviços ambientais que sustentam atividades econômicas. Apesar de sua importância, os manguezais no Brasil são vulneráveis a uma série de ameaças, tais como a perda e fragmentação da cobertura vegetal, a deterioração da qualida-de dos habitats aquáticos, devido, sobretudo à poluição e as mudanças na hidrodinâmica.

• Marajó: ilha barreira do mar: Marajó significa “barreira do mar” no idioma dos índios que a habitaram. A ilha está localizada onde grandes Rios da bacia Amazônica encontram o mar, tendo hora maior influên-cia do grande volume de água doce vinda dos rios, hora maior influên-cia da água salgada do mar.

• Caranguejo-uçá: É grande consumidor das folhas de mangue. É o en-genheiro do mangue, pois define quem vai se desenvolver ou não. Vive até 10 anos e demora três anos para crescer até chegar ao prato para ser consumido. No ciclo de vida desse crustáceo, distinguem-se três princi-pais fases: a ecdise (muda), o acasalamento (andada) e a desova.

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6. ZoneamentoZoneamento

De acordo com a Lei do SNUC (Lei n° 9985/2000), zoneamento é: ”definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com

objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de propor-cionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz”.

O zoneamento constitui um instrumento de ordenamento territo- rial, usado como recurso para se atingir melhores resultados no manejo de uma UC, pois identifica áreas com características naturais similares e finalidades que podem ser ou não complementares. Ao mesmo tempo, o zoneamento estabelece usos diferenciados para cada zona, segundo seus objetivos. Obter-se-á, desta forma, maior proteção, pois cada zona será manejada seguindo-se normas para elas estabelecidas.

Assim:uma zona é uma parte no terreno que determina o manejo a fim

de garantir que as ações tomadas sejam compatíveis com o propósito da UC e levem à proteção de seus recursos e valores

fundamentais.

O zoneamento ajuda a melhorar o processo de tomada de decisões e garante a continuidade do manejo com o passar do tempo. Como fun-cionários mudam na unidade de conservação, as zonas de manejo e seus atributos associados continuam a proporcionar um quadro geral e orien-tações na tomada de decisões de manejo a curto e longo prazo. Portanto se trata de um elemento mais duradouro do planejamento, sujeito a rea-valiação geralmente em casos onde os objetivos ou limites da Unidade de Conservação são revistos.

O zoneamento costuma ser um processo de duas etapas:

• Identificar um conjunto de zonas de manejo potencial-mente adequadas; e

• Distribuir essas zonas em localizações geográficas em toda a unidade de conservação, de acordo com as condições dos recursos que você deseja alcançar.

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Possíveis zonas de manejo reconhecem que nenhum aspecto indi-vidual da unidade de conservação pode ser separado dos outros — eles estão estreitamente ligados e são interdependentes. Portanto, zonas de manejo descrevem combinações compatíveis de:

• Condições desejadas de recursos naturais;• Condições desejadas de recursos culturais;• Oportunidades associadas para a experiência do visitante; e• Os tipos e níveis de manejo, acesso e desenvolvimento que são

adequados para alcançar ou manter as condições de recursos e expe-riências de visitantes desejadas.

Ao considerar a variedade de zonas de manejo em potencial, to-madores de decisões podem ser limitados por decisões que já foram tomadas sobre a unidade de conservação, bem como as características da unidade (por exemplo, as decisões já tomadas por meio da lei e os recursos na unidade de conservação).

Às vezes as leis e políticas proporcionam orientações contraditó-rias. Por exemplo, existem determinadas políticas ou regulamentos de manejo que exigem que os gestores trabalhem para manter processos naturais. O desafio ocorre quando processos naturais, como erosão ou inundações, ameaçam outros recursos, como uma construção históri-ca. Nesta circunstância os gestores podem intervir quando um plano identificou que a intervenção é necessária para proteger outros recur-sos ou instalações. Por este motivo, uma ou mais zonas de manejo em potencial desenvolvidas para uma unidade podem precisar de algum grau de intervenção no funcionamento do sistema natural, seja para proteger características culturais ou para reduzir os efeitos de manter uma experiência importante para o visitante, com acesso, instalações e programas, bem como para proteção dos recursos ambientais, incluin-do os casos em que eles podem ser utilizados diretamente.

Foto: Observação de Mapadurante Reunião Aberta.Fabiana Dallacorte, 2018.Todos os direitos pertencem ao ICMBio.

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Oficina de Plano de Manejo

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Melhores práticas para identificar e localizar zonas de manejo em uma UC• Identificar um conjunto de zonas de manejo em potencial. Isso aju-

da a garantir que uma ampla variedade de combinações razoáveis de condições de recursos, situações e experiências associadas sejam consideradas.

• Observar as diferenças entre as zonas de manejo em potencial, de maneira que sejam significativas para os gestores e compreensíveis para todos os públicos. Evitar posicionamentos muito limitados ou díspares conceitualmente, pois isso pode levar o grupo a decisões ex-tremas em qualquer direção.

• Evitar incluir condições e experiências incompatíveis e opostas na mesma zona, pois isso pode refletir situações existentes, mas não subsidia adequadamente as orientações de manejo para o futuro.

• Admitir que, em alguns casos, é aceitável um certo nível de impacto sobre recursos e valores socioambientais e que talvez nem todas as condições desejadas podem ser alcançadas.

Exercícios de construção do zoneamentoExercício 1 (grupos pequenos): Apresentação do pré-zoneamento construído pela equipe com base nas reuniões prévias. Os participan-tes serão divididos em 3 grupos que irão avaliar o pré-zoneamento dos setores da APA. Cada grupo trabalhará setor, propondo os ajustes das zonas no mapa base bem como seus objetivos e suas normas básicas. - Mapas temáticos e computadores serão instrumentos de apoio.Considerações para localizar Zonas de Manejo em um Mapa:- Alocar zonas de manejo em áreas geográficas em toda a UC com

base no propósito, significância e recursos fundamentais e valores da UC.

- Considerar totalmente cada potencial da área, não apenas as con- dições existentes. Até as zonas degradadas devem ser zoneadas com base nos seus recursos e valores, como também possíveis aborda-gens às melhorias, deixando de lado as condições existentes e erros anteriores.

- Pergunte: “O pré-zoneamento atende ao manejo e uso existente na área?” e “Que tipos de manejo e uso são possíveis para esta área específica?”

- Assegurar que as zonas de manejo possuam pontos de referências identificáveis no campo.

- As zonas não necessariamente possuem as mesmas referências em cada caso. Diferentes características de uma zona ajudam a distin-guir abordagens para alcançar o objetivo e manter o significado, recursos e valores fundamentais da UC.

Exercício 2 (plenária): os resultados dos trabalhos produzidos nos grupos serão apresentados à plenária para a consolidação da proposta de zoneamento.

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Guia do Participante

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Definição das possíveis Zonas para as Áreas de Proteção Ambiental

Zonas sem ou com baixo grau de intervençãoZona de Conservação

Descrição:

É a zona que contem ambientes naturais de relevante interesse ecológico, científico e paisagístico, onde tenha ocorrido pequena inter-venção humana, admitindo-se áreas em avançado grau de regeneração, não sendo admitido uso direto dos recursos naturais. São admitidos am-bientes em médio grau de regeneração, quando se tratar de ecossistemas ameaçados, com poucos remanescentes conservados, pouco representa-dos ou que reúna características ecológicas especiais, como na Zona de Preservação.

O objetivo geral do manejo é a manutenção do ambiente o mais natural possível e, ao mesmo tempo, dispor de condições primitivas para a realização das atividades de pesquisa e visitação de baixo grau de inter-venção1, respeitando-se as especificidades de cada categoria.

Critérios para definição:

• áreas preservadas, bem conservadas, em médio ou avançado grau de regeneração, com alterações antrópicas pontuais;

• áreas em médio grau de regeneração são admitidas quando se tratar de ecossistemas ameaçados, com poucos remanescentes conserva-dos, pouco representados no local, na região, no bioma ou no SNUC;

• áreas com os mesmos critérios adotados para compor a Zona de Pre-servação, mas que podem apresentar qualidade ambiental levemen-te abaixo dos limites adotados para esta;

• áreas de transição entre a Zona de Preservação e as zonas menos res-tritivas;

• áreas com ocorrência de atrativos e potencialidades para a visitação de baixo grau de intervenção.

1. Visitação de baixo grau de intervenção – Corresponde às formas primitivas de visitação e re-creação que ocorrem em áreas com alto grau de conservação, possibilitando ao visitante expe-rimentar algum nível de desafio, solidão e risco. Os encontros com outros grupos de visitantes são improváveis ou ocasionais. A infraestrutura, quando existente, é mínima e tem por objetivo a proteção dos recursos naturais e a segurança dos visitantes. É incomum a presença de estradas ou atividades motorizadas.

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Oficina de Plano de Manejo

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Normas propostas:1. As atividades permitidas nesta zona são proteção, pesquisa, monitora-

mento ambiental, visitação de baixo grau de intervenção e recuperação ambiental (preferencialmente de forma natural).

2. As atividades permitidas devem prever o mínimo de intervenção/im-pacto negativo sobre os recursos, especialmente no caso da visitação.

3. A visitação deve priorizar as trilhas e caminhos já existentes, inclusive aquelas pouco visíveis, devido à recuperação, com a possibilidade de abertura de novas trilhas quando inexistentes ou para melhorar o ma-nejo e conservação da área.

4. É permitido pernoite tipo bivaque ou acampamento primitivo. 5. É permitida a instalação de infraestrutura física, quando estritamente

necessária às ações de busca e salvamento, contenção de erosão e des-lizamentos e segurança do visitante, bem como outras indispensáveis à proteção do ambiente da zona.

6. É permitida a abertura de novas trilhas e picadas necessárias às ações de busca e salvamento e de prevenção e combate aos incêndios, entre outras similares, imprescindíveis para a proteção da zona e para pes-quisa.

7. Para as atividades de pesquisa, onde se comprove a necessidade de fixa-ção de equipamentos e instalações, tal previsão deve constar do pedido de autorização da pesquisa e pode ser condicionada a retirada para fora da área uma vez findados os trabalhos, devendo ser feita a recuperação ambiental da área, quando cabível.

8. O uso de fogueiras é permitido em casos excepcionais, quando indis-pensáveis à proteção e à segurança da equipe da UC e de pesquisadores.

9. É permitido o uso de fogareiros nas atividades permitidas nesta zona. 10. O uso de animais de carga e montaria é permitido em casos de combate

aos incêndios, resgate e salvamento, bem como no transporte de ma-teriais para áreas remotas e de difícil acesso, em situações excepcionais para a proteção, pesquisa e manejo da visitação da UC.

11. É permitida a coleta de sementes para fins de recuperação de áreas de-gradadas da própria UC, levando em consideração o mínimo impacto e desde que autorizada pela administração da UC.

12. O trânsito motorizado, desde que compatível com as características do ambiente, será facultado apenas quando indispensável para viabilizar as atividades de proteção, manejo, pesquisa e monitoramento ambien-tal e considerados impraticáveis outros meios.

13. O acesso motorizado de visitantes é permitido, se regulamentado, em locais pré-determinados no interior da zona.

14. Não são permitidos empreendimentos e novas moradias nesta zona.Recomendações para elaboração de normas: • quando possível e se não for previsto para um planejamento

específico, devem ser elaboradas normas para garantir a baixa inter-venção do turismo embarcado;

• quando possível e se não for previsto para um planejamento específico, devem ser definidos os locais de fundeio.

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Zona de Uso RestritoÉ a zona que contem ambientes naturais de relevante interesse eco-

lógico, científico e paisagístico, onde tenha ocorrido pequena interven-ção humana, admitindo-se áreas em médio e avançado grau de rege-neração, sendo admitido uso direto de baixo impacto (eventual ou de pequena escala) dos recursos naturais, respeitando-se as especificidades de cada categoria.

O objetivo geral de manejo é a manutenção de um ambiente na-tural, conciliada à ocupação de moradores isolados, uso direto de baixo impacto dos recursos naturais e realização de atividades de pesquisa e visitação de baixo grau de intervenção.

Critérios para definição:

• áreas bem conservadas, em médio ou avançado grau de regeneração, podendo conter alterações antrópicas pontuais;

• áreas com presença de moradores isolados, com ou sem roças de subsistência;

- Observação: as ocupações utilizadas para fins de estabelecimento dessa zona são aquelas já consolidadas, existentes quando da elabora-ção do zoneamento. A partir do estabelecimento desta zona não serão permitidas as ampliações das ocupações ou o estabelecimento de novas ocupações.

• áreas com utilização de recursos naturais de forma eventual e de pequena escala.

- Observação: para a atividade de pesca, deve-se observar a presen-ça de poucos pescadores, atividade restrita à moradores, uso para subsis-tência (com fins de consumo doméstico ou escambo sem fins de lucro), utilização de embarcação não motorizada (jangada) ou embarcação pe-quena motorizada (rabeta), entre outros.

• áreas de transição entre as outras zonas de baixa intervenção e as zonas menos restritivas.

• áreas com ocorrência de atrativos e potencialidades para a visitação de baixo grau de intervenção.

- Observação: as oportunidades de visitação vislumbradas devem prever serviços e instalações mínimas, de natureza primitiva, utilizando preferencialmente as infraestruturas já existentes.

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Normas propostas:

1. São atividades permitidas nesta zona: proteção, pesquisa, monitora-mento ambiental, visitação de baixo grau de intervenção, e recupe-ração ambiental (preferencialmente de forma natural).

2. É permitido o uso de recursos naturais de forma eventual ou em pe-quena escala, desde que cause baixo impacto à UC.

3. É permitida a visitação de baixo grau de intervenção com infraestru-tura mínima, para segurança do visitante ou proteção do ambiente da zona, sempre em harmonia com a paisagem.

4. Os resíduos sólidos gerados por ocasião das atividades desenvolvi- das nesta zona deverão ser retirados pelos próprios usuários e desti-nados a um local adequado.

5. É permitida a instalação de infraestrutura mínima, quando estri-tamente necessária às ações de resgate e salvamento, contenção de erosão e deslizamentos e segurança do visitante, bem como outras indispensáveis à proteção do ambiente da zona.

6. É permitida a abertura de novas trilhas e picadas necessárias às ações de resgate, salvamento e de prevenção e combate aos incêndios, en-tre outras similares, imprescindíveis para a proteção da zona e para pesquisa.

7. Para as atividades de pesquisa, onde se comprove a necessidade de fixação de equipamentos e instalações para o bom desenvolvimento do trabalho, tal previsão deve constar do pedido de autorização da pesquisa e devem ser retirados para fora da área uma vez findados os trabalhos e quando não for do interesse da UC.

Foto: Praia em Coqueiro da Praia-PI

.Fabiana Dallacorte, 2018.Todos os direitos

pertencem ao ICMBio.

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8. É permitida a coleta de sementes para fins de recuperação de áreas degradadas, levando em consideração o mínimo impacto na UC, desde que autorizada pela gestão da UC.

9. As atividades de arrasto de camarão, kitesurf e carcinicultura não são permitidas nessa zona;

10. Deverão ser realizadas pesquisas com peixe-boi marinho para veri-ficar o impacto da visitação sobre a espécie;

11. É permitida a pesca de linha, cata de mariscos e caranguejo;

12. Nas áreas marinhas onde estão localizadas fontes de água doce, a pesca é proibida.

Recomendação para elaboração de normas:

• quando possível e se não for previsto para um planejamento específico, a realização de pesca de baixo impacto deverá ter norma-tização detalhada de acordo com a realidade de cada área.

Zonas de média intervençãoZona de Uso Moderado

É a zona que contém ambientes naturais ou moderadamente an-tropizados, admitindo-se áreas em médio e avançado grau de regene-ração, sendo admitido uso direto dos recursos naturais nas UCs de Uso Sustentável, Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre, desde que não descaracterizem a paisagem, os processos ecológicos ou as espécies nativas e suas populações.

O objetivo geral de manejo é a manutenção de um ambiente o mais próximo possível do natural, que pode ser conciliada à integração da dinâmica social e econômica da população residente ou usuária na unidade de conservação, através do uso direto de moderado impacto nos recursos naturais, respeitando-se as especificidades de cada catego-ria, além da realização de atividades de pesquisa e visitação de médio grau de intervenção.

Critérios para definição:

• áreas com moderado grau de conservação da vegetação e da paisa-gem, em médio ou avançado grau de regeneração, podendo conter alterações antrópicas moderadas;

• áreas de transição entre as zonas de baixa intervenção e as zonas me-nos restritivas;

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• áreas com ocorrência de atrativos e potencialidades para a visitação de médio grau de intervenção.

- Observação: as oportunidades de visitação vislumbradas devem requerer infraestrutura simples.

• áreas com utilização de recursos naturais por meio de intervenção moderada ou potencial para isso;

- Observação: para a atividade de pesca, deve-se priorizar o uso para subsistência (com fins de consumo doméstico ou escambo sem fins de lucro) ou a prática amadora (pesca esportiva). A pesca comercial artesanal de média intervenção pode ocorrer, dependendo do esforço de pesca e desde que haja monitoramento ambiental, direcionando-a para beneficiários ou usuários cadastrados pela UC. Nesta zona a pesca deve ter menor intensidade do que na Zona de Uso Comunitário. A aquicultura não pode ocorrer nesta zona.

• áreas com presença de moradores isolados, com ou sem roças de sub-sistência.

Normas propostas:

1. As atividades permitidas nesta zona: proteção, pesquisa, monito-ramento ambiental, visitação de médio grau de intervenção2 (com apoio de instalações compatíveis) e recuperação ambiental. É permi-tido o uso de recursos naturais, mediante normas específicas.

2. É permitida a presença de moradores isolados, que podem ter roças para subsistência, desde que autorizados pela APA Delta do Parnaíba.

3. Não é permitido o manejo florestal madeireiro.

4. É permitida a exploração de madeira de forma eventual, para uso próprio das famílias que moram na UC.

5. É permitido o manejo florestal de recursos não madeireiros, me-diante normas específicas.

6. É permitida a pesca artesanal com tarrafa, mediante normas especí-ficas para a atividade.

2 - Visitação de médio grau de intervenção - É possível experimentar alto grau de naturalidade do ambiente, no entanto, já se pode detectar algum nível de alteração ambiental ou evidências de atividades humanas. O acesso a essas áreas pode ser realizado por embarcações e veículos moto-rizados. Em ambientes terrestres, as estradas em geral não são pavimentadas.

Os encontros com outros visitantes são mais comuns e, nas unidades de conservação de uso sus-tentável, pode haver a presença de moradores isolados possibilitando experimentar o modo de vida local. A infraestrutura é mínima ou moderada, tendo por objetivo, além da segurança e a proteção dos recursos naturais, melhorar a experiência e proporcionar comodidade ao visitante. São exemplos: ponte, pequenas edificações, mirante, escada, deck, acampamento, abrigo, banhei-ro, estrada com revestimento permeável, etc.

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Guia do Participante

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7. É permitida a instalação de infraestrutura mínima ou moderada, sempre em harmonia com a paisagem para atividades de visitação.

8. Poderão ser instaladas nas áreas de visitação, áreas para pernoite (acampamentos e abrigos), trilhas, pontos de descanso, sanitários básicos, etc.

9. Todo resíduo gerado deverá ser destinado para um local adequado.

10. O trânsito motorizado, quando compatível com as características naturais, será permitido para os usos possíveis nesta zona, devendo ser regulamentado em instrumento específico, exceto no caso dos moradores isolados, cujo trânsito motorizado é livre e independe de regulamentação por instrumento específico.

11. A atividade turística de kitesurf pode ocorrer após ordenamento pela UC.

12. Todo empreendimento deve preceder de autorização da UC, não sendo permitidas atividades e empreendimentos de médio e alto im-pacto nestas zonas.

Recomendações para elaboração de normas:

• quando possível e se não for previsto para um planejamento específico, poderá ser regrado o oferecimento de serviços aos visi-tantes pelos moradores desta zona, conforme o contexto de cada UC;

• quando possível e se não for previsto para um planejamento específico, a realização de pesca de baixo impacto deverá ter norma-tização detalhada de acordo com a realidade de cada UC.

Foto: Rancho de pesca. Fabiana Dallacorte, 2018.Todos os direitos pertencem ao ICMBio.

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Zona de Uso Comunitário

É a zona que contém ambientes naturais, podendo apresentar alte-rações antrópicas, onde os recursos naturais já são utilizados pelas co-munidades ou que tenha potencial para o manejo comunitário destes, incluindo usos florestais, pesqueiros e de fauna, quando possível. Zona exclusiva para Reservas Extrativistas, Florestas Nacionais, Reservas de Desenvolvimento Sustentável, Áreas de Proteção Ambiental e Área de Relevante Interesse Ecológico.

O objetivo geral de manejo é a manutenção de um ambiente natu-ral associado ao uso múltiplo sustentável dos recursos naturais, concilia-da à integração da dinâmica social e econômica da população residente ou usuária na unidade de conservação, atendendo as suas necessidades.

Critérios para definição:

• áreas naturais com algum grau de alteração antrópica;

• áreas onde as comunidades já fazem uso de recursos naturais;

• áreas que fornecem, efetiva ou potencialmente, serviços ecossistê-micos, tais como alimentos, madeira, produtos medicinais e outros produtos não madeireiros;

• áreas que provêm, efetiva ou potencialmente, recursos naturais que geram renda para os beneficiários ou usuários da UC, tais como cas-tanha, seringa, copaíba, caranguejo, peixe e etc.;

• áreas que fornecem, ou podem vir a fornecer, recursos naturais com potencial de manejo sustentável para geração de renda para os bene-ficiários da UC, incluindo a realização de manejo florestal comuni-tário, madeireiro e não madeireiro, e de fauna nativa (por ex. pesca-da-amarela e caranguejo);

• áreas de uso tradicional que fornecem importantes serviços culturais, especialmente aqueles relacionados à herança cultural (extrativismo, por exemplo da palha de carnaúba e do buriti) e à geração de conhe-cimento tradicional;

• territórios de pesca já consagrados e com potencial pesqueiro, bem como onde há uso compartilhado dos recursos naturais;

• áreas com aquicultura de pequeno porte ou potencial para o desen-volvimento desta;

• limites de áreas Quilombolas em UC de Uso Sustentável e Domínio Público, população pode virar beneficiário;

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Guia do Participante

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• áreas com ocorrência de atrativos e potencialidades para a visitação de médio grau de intervenção.

- Observação: as oportunidades de visitação vislumbradas devem requerer infraestrutura simples e só deve ser desenvolvida em compati-bilidade com o uso de recursos naturais pelos moradores da UC.

Normas propostas:

1. As atividades permitidas são: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, recuperação ambiental, visitação de médio grau de inter-venção (a qual deve ser desenvolvida em compatibilidade com o uso de recursos naturais pelos moradores da UC) e uso direto moderado dos recursos naturais, incluindo exploração comercial de recursos madeireiros e manejo de fauna nativa (previsto em legislação vigen-te). São permitidas as infraestruturas necessárias para os usos previs-tos nesta zona.

2. A extração de mangue pode ser autorizada pela UC considerando necessidades familiares e pontuais.

3. É proibida exploração de recursos madeireiros nas áreas de preserva-ção permanente (APP).

4. São permitidos, a pesca de subsistência e a pesca artesanal, além da cata de crustáceos e bivalves.

5. É permitida a instalação de infraestruturas necessárias ao desenvol-vimento das atividades previstas nesta zona.

6. As estradas e vias de acesso para escoamento da produção não po-derão causar dano direto às zonas de Conservação e de Uso Restrito.

7. O uso de fogueiras nas atividades de visitação é permitido em locais pré-determinados, em comum acordo com as comunidades usuárias da UC.

8. O trânsito de veículos motorizados somente será permitido para as atividades previstas desta zona e desde que autorizados pela UC.

9. As diferentes atividades de uso sustentável que requeiram regulação específica (retirada de madeira para estaca, manejo de fauna e explo-ração de recursos pesqueiros) deverão ser normatizadas em planos específicos, em conformidade com a legislação vigente.

10. A coleta de sementes para uso em projetos de pesquisa, restauração e recuperação ambiental, formação de banco de germoplasma ou co-mercialização será normatizada em planos específicos, em conformi-dade com a legislação vigente.

11. As atividades de aquicultura serão permitidas, desde que utilizando espécies nativas e autorizadas pela UC.

12. A visitação é permitida e quando for de médio grau de intervenção deve avaliar as características locais e sociais, e deve ser autorizada pela UC.

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Oficina de Plano de Manejo

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13. Não é permitida atividade de arrasto motorizado de camarão.14. A zangaria não será incentivada na APA Delta do Parnaíba, devendo

os pescadores que ainda utilizam essa prática buscar novas práticas de pesca

15. Nos igarapés menores, interiores às ilhas deltaicas e continente, não será permitido utilização de zangaria, redes de lance e arrasto ma-nual.

16. Somente será autorizada a utilização de zangaria, redes de lance e re-dinha, em rios caudalosos com distância entre bordas superior a 1,5 Km sendo obrigatório a realização de cadastramentos na APA Delta do Parnaíba que fornecerá documento com as indicações dos locais permitidos para sua utilização e o tempo de validade do cadastro não superior a 5 anos.

17. Acordos de pesca devem ser fomentados e respeitados nesta zona.18. A UC pode solicitar, junto aos órgãos de terra, arrecadação de áreas

públicas para concessões e proteções específicas.19. Animais silvestres nativos podem ser introduzidos para fins de pes-

quisa e readaptação. 20. O estabelecimento de berçários de peixes, locais de pesqueiros tra-

dicionais e refúgio de espécies pode ser realizado e protegido através de ato específico.

21. Considerando a fragilidade ambiental das ilhas, não serão autoriza-das novas cessões, aforamentos e qualquer tipo de reconhecimento de posse ou direito a terra nas ilhas que compõe esta zona.

22. As áreas de nidificação de tartarugas e presença de outras espécies ameaçadas devem ser identificadas e protegidas.

23. A captura de espécies de peixes configurados nas listas oficiais de risco ou ameaçadas de extinção, será autorizada desde que precedida de plano específico para o uso.

Recomendações para elaboração de normas:

• normas relacionadas à pesca deverão ser tratadas caso a caso, devendo-se avaliar a possibilidade de realização de pesca esportiva sob manejo comunitário e de se proibir a pesca industrial nesta zona.

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Zonas de alto grau de intervençãoZona de Produção

É a zona que compreende áreas com ocupação humana de baixa densidade, onde o processo de ocupação deverá ser disciplinado e serão admitidas a moradia, atividades de produção e de suporte à produção, com o incentivo de adoção de boas práticas de conservação do solo e dos recursos hídricos e o uso sustentável dos recursos naturais. Zona ex-clusiva para Áreas de Proteção Ambiental, e quando couber, para Áreas de Relevante Interesse Ecológico, Monumentos Naturais e Refúgios de Vida Silvestre. De maneira complementar e excepcional, esta zona pode ser adotada em Áreas de Proteção Ambiental para disciplinar o manejo de recursos pesqueiros (pesca) em estuários e alto mar, incluindo a pes-ca industrial.

O objetivo geral de manejo é destinar áreas para atividades pro-dutivas sustentáveis, associadas ou não a moradia, conciliando as ati-vidades rurais com a conservação da biodiversidade, com incentivo à adoção de técnicas e alternativas de baixo impacto.

Critérios para definição:

• áreas com atividade de produção agrícola, pecuária, silvicultura e aquicultura, com unidades processadoras com impactos de pouca significância e de abrangência local e indústrias de pequeno porte associada;

• áreas com nível de pressão antrópica proporcional às atividades, sem grau de urbanização;

• áreas com presença de população humana de baixa densidade, relativa ao funcionamento das atividades permitidas;

• dependendo do contexto local, se pertinente, a zona pode ser definida com menor ou maior grau de intervenção ou até mesmo ser dividida em duas: uma que contemple atividades que envolvam menor con-versão da matriz, como agricultura tradicional, SAF e etc.; e outra que contemple a agricultura convencional, intensiva, industrial, mo-noculturas e pequenas indústrias relacionadas a produções isoladas (aves, suínos, peixes etc.). Nesse caso, as normas devem direcionar esse grau de intervenção desejado.

• para APA com áreas costeiras e marinhas, pode ser definida esta zona para fins de manejo pesqueiro, incluindo a pesca industrial, que de-verá ser balanceada em relação a outras modalidades de pesca na UC.

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Normas propostas

1. As atividades permitidas são: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, visitação com alto grau de intervenção, ocupação humana não concentrada, uso direto de recursos naturais, pesca com diferen-tes graus de intensidade, conversão de solo para produção agrícola, pecuária, silvicultura e aquicultura, comércio simples, serviços bási-cos, unidades processadoras com impactos de pouca significância e de abrangência lo- cal, indústrias de pequeno porte, além da instala-ção de infraestrutura de suporte às atividades permitidas. Para APA são permitidos o comércio e a prestação de serviços de suporte às atividades permitidas.

2. O cultivo da terra e a criação de animais domésticos serão feitos de acordo com as práticas de conservação do solo e de recursos hídricos

3. As estradas vicinais deverão ter sistema de drenagem superficial, como forma de contenção da lixiviação e da erosão do solo, contri-buindo para a sua manutenção.

4. Deverá ser buscado sistema de saneamento dos resíduos sólidos (orgâ-nicos e inorgânicos) e efluentes, para evitar a contaminação dos recur-sos hídricos, adotando-se recursos como, por exemplo, implantação de fossas ecológicas, sanitários secos, dentre outras alternativas.

5. É permitida visitação de alto grau de intervenção3, com uso de fo-gueiras e toda e qualquer necessidade para visitação pretendida, de-vendo as mesmas serem autorizadas pela UC.

6. São permitidas atividades de carcinicultura, geração de energia e ou-tras consideradas de alto impacto, desde que autorizadas pela UC.

7. Novos empreendimentos de carcinicultura devem prever a recircula-ção da água captada dos estuários.

8. Não é permitida a retirada de todas as folhas de Carnaúba (Caper-nicia prunifera) na extração, devendo ser deixada no mínimo de 3 folhas para regeneração da planta.

9. Não é permitido realizar o manejo do fogo dentro e próximo aos Carnaubais ou Buritizais.

10. As atividades de permacultura e sistemas agroflorestais devem ser incentivadas.

3 - Visitação de alto grau de intervenção – a visitação é intensiva e planejada para atender maior demanda. Ainda que haja oportunidade para a privacidade, os encontros e a interação são fre-quentes entre os visitantes, funcionários e comunidade local. É comum a presença de grupos maiores de visitantes ou excursões comerciais. Há mais atenção na segurança dos visitantes, na proteção de áreas sensíveis próximas aos atrativos e menos ênfase em promover autonomia ou desafios. A infraestrutura geralmente é mais desenvolvida, com a presença comum de edificações e estradas, inclusive pavimentadas, podendo resultar em alterações significativas da paisagem. Centro de visitante, museu, auditório, estacionamento, posto de gasolina, estrada pavimentada, piscina, hotel, pousada, teleférico, pista de pouso, paisagismo, estábulo, podem ocorrer nas zonas de manejo com alto grau de intervenção.

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11. Deve ser realizado estudo de ocupação do salgado, condição para novas autorizações de empreendimentos nestas feições.

12. Os empreendimentos que não possuem autorização do ICMBio, in-cluídos no interior desta zona, no ato do pedido de renovação das licenças, devem submetê-las a anuência do órgão gestor da área es-pecialmente protegida.

13. Poderá ser permitida a pesca de qualquer tipo ou natureza nesta zona, somente após a realização de plano específico junto a gestão da unidade e coordenações específicas do ICMBio, sempre prevendo o monitoramento da atividade.

14. Os planos diretores dos municípios devem ser observados e respeita-dos nas autorizações e licenciamentos realizados nesta zona.

15. São permitidas queimas controladas para manutenção de roçados, que somente podem ser realizadas com as medidas de proteção adequadas como uso de aceiros e acompanhadas por mais de uma pessoa, deven-do haver incentivo à substituição das queimas por práticas melhores.

Recomendações para elaboração de normas:

• avaliar caso a caso a possibilidade de permitir apenas usos que causem menor impacto ambiental (diminuição no uso de agrotóxi-cos e biocidas, priorização da implantação de sistemas agroflorestais, agricultura orgânica, cultivo de espécies nativas, aquicultura com es-pécies nativas e etc.);

• sempre buscar definir alternativas tecnológicas disponíveis que causem o menor impacto ambiental possível, de acordo com o contexto regional em que a UC se insere.

• devem ser regulados ou proibidos quaisquer usos ou práticas que causem a degradação ambiental afetando os objetivos de criação da UC.

• podem ser elaboradas outras normas de parcelamento do solo, se pertinente, de acordo com o contexto local e seguida a legislação vigente.

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Oficina de Plano de Manejo

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Zona Urbano-Industrial

É a zona que abrange regiões com alto nível de alteração do am-biente natural, onde se localizam áreas já urbanizadas ou com condições favoráveis à expansão da urbanização e onde estão instalados ou têm potencial para instalação de empreendimentos de mineração ou indús-trias, buscando seu ordenamento.

O objetivo geral de manejo é a realização do ordenamento terri-torial, buscando a minimização dos impactos negativos das atividades implantadas na zona, adotando parâmetros ambientais aceitáveis e ga-rantindo a recuperação ambiental, quando aplicável. Critérios para definição:

• áreas urbanas ou com alta concentração de população e infraestrutura que justifiquem seu tratamento como área urbanizada;

• áreas favoráveis à expansão urbana ou que indiquem crescimento da ocupação humana, mesmo que não constem em qualquer instru-mento de ordenamento territorial;

• áreas com existência de indústria e mineração; • áreas de expansão urbana, industrial e mineração identificadas no

plano diretor e outros instrumentos de regulação do uso do solo, se existentes;

- Observação: o disposto nos planos diretores e outros instrumen-tos não precisa ser seguido à risca, deve-se sempre observar o alcance e os impactos negativos aos objetivos de criação da UC. • áreas com infraestrutura relacionada à pesca que cause significativas

alterações no ambiente;

Normas propostas

1. As atividades permitidas são: proteção, pesquisa, monitoramento ambiental, recuperação ambiental, visitação com alto grau de inter-venção, moradia com adensamento populacional, uso direto de re-cursos naturais, comércio, indústria e mineração, com a implantação da respectiva infraestrutura.

2. É permitida a construção de residências de acordo com os padrões de parcelamento urbano e rural previstos no plano diretor do muni-cípio ou legislação municipal que estabeleça as diretrizes.

3. É permitida a construção de empreendimentos turísticos ou outras atividades de grande porte, inclusive com uso de fogueiras e qual-quer outro equipamento utilizado para visitação, desde que atenda as condicionantes do processo de licenciamento ambiental, tratan-do-se, obrigatoriamente, dos projetos de saneamento de esgotos (in-dustriais e domésticos), e abastecimento de água.

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Guia do Participante

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4. Deverá haver sistema de saneamento dos resíduos sólidos (orgânicos e inorgânicos) e efluentes, para evitar a contaminação dos recursos hídricos, adotando-se, por exemplo, coleta e destinação adequada de resíduos sólidos, tratamento de esgoto etc.

5. Os planos diretores dos municípios devem ser observados e respeita-dos nas autorizações emitidas nesta zona.

6. São permitidas queimas controladas para manutenção de roçados, que somente podem ser realizadas com as medidas de proteção ade-quadas como uso de aceiros e acompanhadas por mais de uma pes-soa, devendo haver incentivo a substituição das queimas por práticas melhores.

7. É permitida visitação de alto grau de intervenção, com uso de foguei-ras e toda e qualquer necessidade para visitação pretendida, devendo as mesmas serem autorizadas pela UC.

8. São permitidas atividades de carcinicultura, geração de energia e ou-tras consideradas de alto impacto, desde autorizadas pela UC.

9. Deve ser realizado estudo para quantificar a ocupação dos salgados, condição para que novas autorizações de empreendimentos nestas feições

10. Não é permitida a retirada de todas as folhas de Carnaúba (Capernicia prunifera) na extração, devendo ser deixada no mínimo de 3 folhas para regeneração da planta.

11. As atividades de permacultura e sistemas agroflorestais devem ser incentivadas.

12. Os empreendimentos que não possuem autorização do ICMBio, in-cluídos no interior desta zona, no ato do pedido de renovação das licenças, devem submetê-las a anuência do órgão gestor da área es-pecialmente protegida.

Recomendações para elaboração de normas:

• normatizar os padrões de construção e ocupação somente quando for imprescindível para garantir a manutenção dos objetivos de criação da UC;

• considerar o plano diretor e os demais regramentos existentes para a região na elaboração das normas desta zona, desde que com-patíveis com o alcance dos objetivos da UC;

• a realização de atividades de visitação ou de pesca nas barra-gens de minerações deverá ser avaliada caso a caso, considerando a desativação ou não da mina, risco de acidentes e de contaminação, devendo sempre estar de acordo com a legislação vigente.

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Oficina de Plano de Manejo

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Zonas de usos diferenciadosZona de Sobreposição TerritorialÉ a zona que contém áreas nas quais há sobreposição do territó-

rio da unidade de conservação com outras áreas protegidas, tais como outras unidades de conservação, os territórios indígenas declarados e terras quilombolas delimitados nos termos da legislação vigente. Nesta zona, o manejo e a gestão serão regulados por acordos específicos esta-belecidos de forma a conciliar os usos daquelas populações e a conser-vação ambiental.

O objetivo geral de manejo é harmonizar as relações entre as par-tes envolvidas, estabelecendo-se procedimentos que minimizem os im-pactos sobre a unidade de conservação e facultem a sua implementação.

Critérios para definição:

• a área protegida sobreposta deve estar formalmente instituída;

• outras UC com predominância da orientação mais restritiva, independente da categoria de manejo ou esfera de gestão, buscando a compatibilização entre as agências.

• é recomendada a utilização dos mapeamentos de uso do entorno da área tradicional que seja dentro da UC para o seu zoneamento.

Normas propostas:

1. São atividades permitidas nesta zona: proteção, pesquisa, moni-toramento ambiental, recuperação ambiental, visitação e sua infraestru-tura (desde que respeitados as especificidades da RESEX Marinha Delta do Parnaíba) e atividades inerentes à dinâmica social e econômica dos codetentores do território, incluindo o uso de recursos naturais.

2. São autorizados ordenamentos específicos nesta zona desde que em conjunto com a coordenação específica do ICMBio e ouvido o con-selho deliberativo da UC.

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7. Atos Legais, Administrativos e NormasAtos Legais,

Administrativose NormasA identificação de atos legais e atos administrativos é parte essencial

do plano de manejo de uma UC. Muitas decisões de manejo em uma UC são dirigidas ou influenciadas por atos legais e atos administra-tivos com outros órgãos federais, estaduais ou municipais, empresas de utilidade pública, organizações parceiras e outras entidades.

• Os atos legais são requisitos específicos de cada UC que devem ser atendidos. São exemplos, instruções normativas e portarias específicas, eventualmente existentes.

• Os atos administrativos são, em geral, acordos que tenham sido atin-gidos por meio de processos formais e documentados. São exemplos, os termos de compromisso, acordos de cooperação, convênios, etc. Os atos legais e os atos administrativos podem respaldar, em muitos casos, uma rede de parcerias que auxiliam a cumprir os objetivos da UC e facilitam as relações de trabalho com outras organizações.

• As normas gerais são regras ou diretivas feitas e mantidas pela UC que guiam o manejo e o uso da área.

Constituem componente essencial de gestão e planejamento de uma UC. Durante a oficina de plano de manejo, é importante levar em con-sideração eventuais atos legais e atos administrativos aplicáveis à UC porque:

• eles responsabilizam os gestores da UC a realizarem ações específicas (tal como alguma ação exigida por ordem judicial);

• acrescentam outra dimensão ao propósito e à significância da área;

• complementam o quadro de normas gerais da Unidade de Conserva-ção a ser observado.

Foto: Trabalhos nas oficinas.Fabiana Dallacorte, 2018.Todos os direitos pertencem ao ICMBio.

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Oficina de Plano de Manejo

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Melhores práticas para identificar atos legais e administrativos Os atos legais para uma UC• São requisitos exclusivos que aquela UC precisa cumprir.• Podem estar expressos no decreto de criação da UC, em legislação

distinta após a designação da UC ou em processo judicial.• Pode ampliar o propósito da UC ou apresentar elementos não rela-

cionados ao propósito da UC.• Não são um inventário de todas as leis aplicáveis ao sistema federal

de unidades de conservação.Os atos administrativos de uma UC• são acordos firmados por meio de processos formais documentados

(como um memorando de entendimento se comprometendo a res-peitar as políticas de uma comissão de manejo de órgãos públicos diversos).

As normas de uma UC• são as regras ou diretivas mantidas por aquela UC para orientar o uso

e o manejo da área.

Construindo as normas gerais

Exercício 1 (plenária): serão apresentados e avaliados em plenária os atos legais e administrativos relacionados à APA Delta do Parnaíba, para nivelamento, atualização e complementação da lista existente.

Exercício 2 (pequenos grupos): Um conjunto de temas a serem nor-matizados na APA será distribuído em pequenos grupos, organizados por afinidade aos temas. Cada grupo irá avaliar os temas e exemplos de normas existentes para outras UC, relatando em uma tabela a indica-ção de manutenção, exclusão, revisão, fusão ou adequação dos exem-plos à APA Delta do Parnaíba. Será relatada também a necessidade de normas a serem elaboradas, de maneira complementar. Não é neces-sário se preocupar com a redação final de novas normas, mas na ideia principal da regulação.

Exercício 3 (plenária): O relator de cada grupo apresentará as contri-buições do pequeno grupo para as normas analisadas, e as demandas de novas normas. Os resultados dos grupos serão discutidos em ple-nária.

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Exemplos de Atos Legais e Atos Administrativos• direito de uso estabelecidos referentes a pastagem, mineração, pesca comercial, caça etc.• requisitos para desvio de água / obrigações de abastecimento de água • direito de passagem para concessionárias públicas• contratos de longo prazo• parcerias obrigatórias ou voluntárias• acordos intergovernamentais (por exemplo, entre a UCe o governo municipal)• contratos de servidão sobre as terras da UC• autorizações para uso comercial• termo de cooperação técnica com instituições de ensino/pesquisa• termo de ajustamento de conduta entre o MPF, infrator e UC• termo de reciprocidade com instituições diversas• termo de compromisso com comunidades• limites de pesca• restrições sobre atividades recreativas• restrições sobre a coleta de plantas e animais• áreas fechadas ao público (permanente ou temporariamente)Atos Legais e Administrativos para a APA Delta do Parnaíba:Atos legais:Lei Federal nº 11.516/2007: Dispõe sobre a criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

Decreto de 28 de agosto de 1996: Dispõe sobre a criação da Área de Pro-teção Ambiental Delta do Parnaíba, nos Estados do Piauí, Maranhão, e Ceará, e dá outras providências.

Resolução 428/2010-CONAMA: Dispõe, no âmbito do licenciamento ambiental, sobre a autorização do órgão responsável pela administração da Unidade de Conservação.

Portaria nº 287/2017 ICMBio: Aprova o 2º ciclo de implementação do Plano de Ação Nacional para a Conservação das Tartarugas Marinhas –PAN Tartarugas Marinhas, contemplando cinco táxons, estabelecendo seu objetivo geral, objetivos específicos, espécies contempladas, prazo de exe-cução e formas de implementação, supervisão e revisão (Processo SEI nº. 02044.010042/2016-43).

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Portaria 725 de 09 de novembro de 2017: Aprova as regras de uso sus-tentável dos recursos provenientes dos manguezais na área deltaica da Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba e na Reserva Extrativista Marinha do Delta do Parnaíba em especial o Caranguejo - Uçá e a Ostra.

Portaria 49 de 19 de maio de 2016: Dispõe sobre as regras de pesca para o estuário dos rios Timonha e Ubatuba, na Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba (Processo no 2123.000123/2014-93)

INSTRUÇÃO NORMATIVA IBAMA Nº 39, DE 02 DE JULHO DE 2004: Regulamenta a pesca de Zangaria no estado do Maranhão.INSTRUÇÃO NORMATIVA IBAMA N° 43, 26 de JULHO DE 2004: Regulamenta o exercício da pesca em águas continentais.INSTRUÇÃO NORMATIVA INTERMINISTERIAL MPA/MMA N° 08, DE 8 DE JUNHO DE 2012: Regulamenta a pesca e captura do pargo (Lutjanus purpureus). INSTRUÇÃO NORMATIVA MPA Nº 09, DE 02 DE JULHO DE 2013: Dispõe sobre normas e padrões para o transporte de caranguejo-uçá, Ucides cordatus, nos estados do Pará, Maranhão, Piauí e Ceará.INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº- 40, DE 18 DE OUTUBRO DE 2005: Regramento para a pesca na piracema na Bacia Hidrográfica do Rio Parnaíba.INSTRUÇÃO NORMATIVA N° 005, DE 21 DE MAIO DE 2004: Reconhecer como espécies ameaçadas de extinção e espécies sobreexplotadas ou ameaçadas de sobreexplotação, os invertebrados aquáticos e peixes, constantes dos Anexos a esta Instrução Normativa.Lei nº 11.959, de 29 de junho de 2009: Dispõe sobre a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca, regula as atividades pesqueiras, revoga a Lei no 7.679, de 23 de novembro de 1988, e dispositivos do Decreto-Lei no 221, de 28 de fevereiro de 1967, e dá outras providências.PORTARIA ICMBIO Nº 240, DE 16 DE OUTUBRO DE 2013: Aprova o Instrumento Emergencial para Ordenamento dos Usos na Reserva Extrativista Marinha do Delta do Parnaíba.PORTARIA INTERMINISTERIAL MPA/MMA Nº 13, DE 2 DE OUTUBRO DE 2015: Proibir, por um período de 8 (oito) anos, a pesca direcionada, retenção a bordo e transbordo do mero (Epinephelus itajara) em águas jurisdicionais brasileiras, bem como o desembarque, armazenamento, transporte e a comercialização de exemplares dessa espécie em todo o território nacional.

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PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 75, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2017: Estabelece medidas de ordenamento relacionadas à atividade pesqueira de camarões na Costa Norte.PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 15, DE 10 DE JANEIRO DE 2018: Altera o art. 2º da Portaria Interministerial nº 75, de 20 de dezembro de 2017, do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e Ministério do Meio Ambiente, que estabelece medidas de ordenamento relacionadas à atividade pesqueira de camarões na Costa Norte.PORTARIA Nº 228, DE 14 DE JUNHO DE 2018: Reconhece como passível de exploração, estudo ou pesquisa a espécie Lutjanus purpureus (Pargo) e estabelece as respectivas condições.PORTARIA MMA Nº 445, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2014: Reconhecer como espécies de peixes e invertebrados aquáticos da fauna brasileira ameaçadas de extinção aquelas constantes da “Lista NacionalOficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção - Peixes e Invertebrados Aquáticos” - Lista, conforme Anexo I desta Portaria, em observância aos arts. 6º e 7º, da Portaria nº 43, de 31 de janeiro de 2014.PORTARIA MMA Nº 163, DE 08 DE JUNHO DE 2015: Altera a Portaria citada acima.PORTARIA N° 34/03-N, DE 24 DE JUNHO DE 2003: Proibir, anualmente, no período de 1° de dezembro a 31 de maio, a captura, a manutenção em cativeiro, o transporte, o beneficiamento, a industrialização e a comercialização de fêmeas da espécie Ucides cordatm. conhecido popularmente por caranguejo, caranguejo-uçá, nos Estados do Paraíba,Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.PORTARIA N° 35 /03-N, DE 24 DE JUNHO DE 2003: Proibir o exercício da pesca de arrasto no litoral dos Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco.INSTRUÇÃO NORMATIVA INTERMINISTERIAL MPA/MMA N° 14, DE 26 DE NOVEMBRO DE 2012: Dispõe sobre normas e procedimentos para o desembarque, o transporte, o armazenamento e a comercialização de tubarões e raias.LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012: Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nºs 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166- 67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências.

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Oficina de Plano de Manejo

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RESOLUÇÃO CONAMA nº 341, de 25 de setembro de 2003: Dispõe sobre critérios para a caracterização de atividades ou empreendimentos turísticos sustentáveis como de interesse social para fi ns de ocupação de dunas originalmente desprovidas de vegetação, na Zona Costeira.RESOLUÇÃO N 369, DE 28 DE MARÇO DE 2006: Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente-APPAtos administrativos:Portaria nº 27, de 10 de dezembro de 2007: cria o Conselho Consultivo da APA Delta do Parnaíba.

Portaria 38 de 27 de maio de 2011: Modifica a composição do Conselho Consultivo da Área de Proteção Delta do Parnaíba.

Portaria 75 de 30 de junho de 2014: Modifica a composição do Conselho Consultivo da Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba nos estados do Piauí, Maranhão e Ceará. (Processo ICMBio no02070.000595/2014-17).

Outros s/n Instrumento de gestão - plano de manejo: Embora não tenha sido oficializado através de uma portaria ou algum instrumento normativo, o ICMBio considera o plano de manejo em anexo válido, segundo o site institucional acessado no dia 07/08/2018: http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/unidades-de-conservacao/biomas-brasileiros/marinho/unidades-de-conservacao-marinho/2246-apa-delta-parnaiba. Termo de Reciprocidade 02 de 22 de novembro de 2013: EXTRATOS DE RECIPROCIDADE Nª PROCESSO: 02123.000207/2012-65. ESPÉ-CIE: Termo de Reciprocidade nª 02/2013/CR5, que entre si celebram o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio e a Prefeitura Municipal de Cajueiro da Praia - PMCP. OBJETO: Cooperação mútua no funcionamento e manutenção da Base Peixe-boi, sede da APA-Delta do Parnaíba em Cajueiro da Praia, bem como no desenvolvimento de atividades de monitoramento de fauna, pesquisa, educação ambiental e formação para a cidadania. Pelo ICMBio: EUGÊNIA VITÓRIA E SILVA DE MEDEIROS - Coordenadora Regional do ICMBio - CR5. Pela PMCP: VÂNIA REGINA DE CARVALHO RIBEIRO – Prefeita.

Termo s/n de 06 de março de 2018: Cessão de área da União na Reserva Extrativista do Delta do Parnaíba, nos municípios de Ilha Grande de Santa Isabel, Estado do Piauí e Araioses e Água Doce, Estado do Maranhão, tota-lizando 27.021,69 ha, entregue ao Ministério do Meio Ambiente mediante termo de entrega publicado no Diário Oficial - DOU de 4/02/ 2014, Seção 3, página 132, constante do Processo SPU/MP no 04905.002151/2010-40.

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Guia do Participante

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Normas Gerais para análise na Oficina do Plano de Manejo da APA Delta do Parnaíba

Animais silvestres:

1. A coleta, a apanha e a contenção de espécimes animais silvestres, incluindo sua alimentação, serão permitidas, de acordo com projeto devidamente aprovado, pelo órgão gestor da UC.

2. A manutenção de animais silvestres nativos em cativeiro no interior da UC será permitida, exclusivamente, após autorização da UC

3. A soltura de espécime de fauna autóctone será permitida quando a apreensão ocorrer logo após a sua captura no interior da Unidade ou entorno imediato, respeitado o mesmo tipo de ambiente.

Espécies exóticas e animais domésticos:

4. No caso de espécies vegetais exóticas e alóctones, estas poderão ser utilizadas nos estágios iniciais de recuperação de áreas degradadas desde que comprovadamente necessárias e aprovadas em projeto es-pecífico.

Recuperação de áreas degradadas e uso de agrotóxicos:

5. É proibida o uso de defensivos agrícolas químicos (agrotóxicos e biocidas), conforme Art 5º do Decreto de criação da unidade de con-servação.

6. A restauração ou recuperação de áreas degradadas na UC, inclusive com o uso de defensivos agrícolas químicos (agrotóxicos e biocidas) e espécies exóticas, deverá ter projeto específico previamente aprova-do pelo órgão gestor da UC.

Pesquisa científica:

7. É permitida a realização de pesquisas científicas, desde que autoriza-das na forma da legislação vigente.

Visitação:

8. A instalação de placas ou quaisquer formas de comunicação visual ou de publicidade e propaganda da APADP deverão manter relação direta com as atividades de gestão ou com os objetivos da UC.

9. É permitido aparecer o crédito a parceiros das iniciativas da APADP na sinalização da unidade, desde que atenda às orientações institucionais.

10. Os dejetos sanitários dos barcos turísticos deverão ser recolhidos na embarcação e destinados para local adequado.

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Oficina de Plano de Manejo

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11. É proibida a entrada, a permanência e a circulação de veículos au-tomotores nas praias litorâneas e restingas, exceto os veículos men-cionados a seguir, quando a serviço de suas respectivas atividades: (I) órgãos de segurança pública, (II) órgãos públicos de conservação e proteção do meio ambiente, (III) serviços de emergência, serviços públicos, de pesquisa e monitoramento, de apoio logístico à pesca profissional, (IV)atividades licenciadas e (V) veículos de apoio a ati-vidades e eventos devidamente autorizados pela APADP, excetuam--se, temporariamente, acesso de veículos as praias Canto do Vieira em Parnaíba/PI, praia do Pontal em Ilha Grande/PI e praias do Ar-poador e Amor em Tutoia/MA, até que existam acessos definitivos realizados por áreas menos sensíveis.

12. É proibida a entrada, a permanência e a circulação de veículos auto-motores nas dunas, exceto os veículos mencionados a seguir, quan-do a serviço de suas respectivas atividades: (I) órgãos de segurança pública, (II) órgãos públicos de conservação e proteção do meio am-biente, (III) serviços de emergência, serviços públicos, de pesquisa e monitoramento; (IV) indivíduos que somente possuem acesso às suas residências por essa via, devidamente cadastrados e identifica-dos, (V) atividades licenciadas e (VI) nos casos de veículos de apoio a atividades e eventos devidamente autorizados pela APADP.

Competições esportivas:13. A realização de atividades esportivas de médio e alto impacto pode-

rá ser autorizada pelo órgão gestor da UC, desde que a atividade seja compatível com os objetivos da UC e da zona onde for realizada.

14. As atividades de kitesurf necessitam de ordenamento específico que respeite as áreas de vida do peixe-boi-marinho e as áreas de pesca tradicional.

15. A utilização de motos aquáticas necessita de ordenamento específi-co que respeite as áreas de pesca pela população tradicional, além de respeitar os locais onde ocorre o turismo de observação de fauna e turismo de natureza.

Eventos (religiosos, político-partidários e outros) e uso de equipamentos sonoros:16. Campanhas promocionais para lançamentos de produtos ou sub-

produtos ou promoção de marcas são relacionadas ao uso de ima-gem da UC e devem seguir a IN n° 19, de 16/09/2011.

17. Promotores de eventos públicos autorizados devem ser responsabi-lizados pela coleta de resíduos sólidos resultantes do mesmo, ainda que no entorno do local onde for realizado;

18. Banheiros químicos ou alternativas semelhantes devem ser exigidos nas autorizações de eventos públicos, evitando a contaminação do solo e de recursos hídricos;

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Guia do Participante

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Uso do fogo:19. Fica proibido o uso de fogo no manejo da carnaúba e do buriti.

20. O uso do fogo na abertura e limpeza de roçados deve observar regras de segurança com estabelecimento de aceiros e acompanhados por mais de uma pessoa.

21. Devem ser incentivadas novas formas de manejo na abertura e lim-peza dos roçados, evitando o fogo e o uso de agrotóxicos e herbicidas;

Acesso e treinamento das forças armadas:22. Fica garantida, em toda a área da UC, nos termos do art. 1º, do De-

creto nº 4.411/2002: a) a liberdade de trânsito e acesso, por via aquá-tica, aérea ou terrestre, de militares e policiais para a realização de deslocamento, estacionamentos, patrulhamento e demais operações e atividades, indispensáveis a segurança e integridade do território nacional; b) a instalação e manutenção de unidades militares e poli-ciais, de equipamentos para fiscalização e apoio à navegação aérea e marítima, bem como das vias de acesso e demais medidas de infraes-truturas e logísticas necessárias.

Infraestrutura: 23. Todas as obras ou serviços de engenharia ou infraestrutura neces-

sárias à gestão da UC devem considerar a adoção de tecnologias alternativas de baixo impacto ambiental durante a construção ou reforma, incluindo economia e aproveitamento de materiais, água, energia (aquecimento solar, ventilação cruzada, iluminação natural), disposição e tratamento de resíduos e efluentes, harmonização com a paisagem, de acordo com as diretrizes institucionais vigentes.

24. Toda infraestrutura existente na UC que possa gerar resíduos e efluentes sanitários deverá contar com um sistema de tratamento adequado, evitando a contaminação do solo e dos recursos hídricos.

Estradas e Rodovias:25. A abertura de cascalheiras e outras áreas de empréstimo na UC deve-

rão ser autorizadas pelas gestões municipais ou pelo órgão estadual de meio ambiente. Quando forem de alto impacto deve haver soli-citação de autorização para licenciamento, como todos empreendi-mentos que necessitem de EIA/RIMA

26. A recuperação das estradas no interior da UC deverão implantar téc-nicas com menor impacto ambiental e estruturas que evitem a erosão dos ambientes lindeiros nas estradas.

27. Deverão ser adotadas medidas de recuperação e estabilização das áreas de servidão das rodovias ou estradas no interior da UC.

28. Em todas as estradas no interior da UC as cargas vivas e perigosas (fer-tilizantes, combustíveis, materiais tóxicos e afins), bem como aquelas que soltam resíduos no trajeto (sementes, areia, materiais de constru-ção e afins), somente poderão transitar com a devida cobertura.

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Oficina de Plano de Manejo

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Temas diversos:29. É proibida a pesca industrial dentro das barras da APA Delta do Par-

naíba.

30. É proibido a pesca de curral de alto mar dentro da APA Delta do Par-naíba.

31. É proibido o uso de pesca com caçoeira4 fundeada dentro da APA Delta do Parnaíba.

32. É proibido o uso de pesca com batedeira e bomba dentro da APADP.

33. Os resíduos gerados pelas farinhadas deverão ser destinados correta-mente.

34. O tamanho mínimo de carapaça do caranguejo permitido para captu-ra dentro da UC será de 7,0 cm entre Paulino Neves/MA e Ilha Gran-de/PI;

35. Durante o defeso do caranguejo, a declaração de estoque não será aceita em todo o interior da UC, ficando proibida toda e qualquer comercialização de caranguejo no período.

36. O tamanho mínimo da ostra permitida para captura dentro da área protegida será de 7,0 cm.

37. Os quiosques de turismo dentro da APA Delta do Parnaíba deverão instalar equipamentos para tratamentos de resíduos sanitários

38. Os horários de funcionamento da sede da UC serão definidos pela sua administração, que os afixará em mural na sede;

39. Toda pessoa ou instituição que produzir material técnico, científico, jornalístico ou cultural sobre a UC deverá entregar uma cópia à sua administração para arquivamento no seu acervo.

40. É proibido retirar, mover ou danificar qualquer objeto, peça, constru-ção e vestígio do patrimônio cultural, histórico e arqueológico da UC, exceto para fins de pesquisa ou resgate do material, de acordo com a legislação vigente e desde que com autorização da administração da UC e órgão competentes.

41. Fica proibida a ocupação e uso de áreas de dunas para empreendi-mentos imobiliários

42. É proibido tocar e perseguir as tartarugas marinhas, tubarões, raias, peixes, cetáceos, entre outros animais, em toda a APADP.

43. É proibido descartar das embarcações e de ancoradouros restos de comida, de matéria orgânica em geral e efluentes sanitários na água do mar e dos rios.

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Guia do Participante

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44. O estabelecimento de novos loteamentos e a regularização daqueles já existentes e não regularizados deverão ser precedidas de estudos sobre ocorrência de sítios reprodutivos e áreas de forrageamento de espécies raras, endêmicas, migratórias e ameaçadas de extinção.

45. É proibida a instalação e funcionamento de indústrias potencial-mente poluidoras e capazes de afetar os mananciais de água (Lei nº 6.902/1981).

46. Loteamentos, conjuntos habitacionais e áreas comerciais deverão dispor de sistemas de tratamento de efluentes e de resíduos sólidos próprios ou compartilhados.

47. Loteamentos, conjuntos habitacionais e áreas comerciais deverão respeitar o parcelamento do solo definido nos planos diretores dos municípios ou definido na zona específica em que se encontrem.

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Anexos

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APA Delta do Parnaíba

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Sensibilização/conscientização/educação ambiental

A APA Delta do Parnaíba procura associar em todas as suas atividades desenvolvidas ações relacionadas a Sensibilização/conscientização/educação ambiental, bsob a ótica da gestão ambiental pública reconhecendo diferenças e buscando diminuir desigualdades nas ações realizadas.

Ações com colégios, faculdades e universidades nos municípios da APA; bem como palestras e visitas guiadas na Base Avançada em Cajueiro da Praia, conhecida localmente como Base do Peixe-Boi, são realizadas sob demanda ou articuladas através de projetos de parceiros, afim de ampliar o conhecimento da sociedade em relação a unidade e seus atributos.

Quase todos projetos apoiados ou avalizados pela APA nos últimos anos continham ações nesta temática quais seja:

Pesca Solidária – CIA etc

Ações com marisqueiras de Ilha Grande - A

Projetos do Instituto Tartarugas do Delta.

Instituto Tamanduá do Brasil

Pesca para sempre - RARE

Gestão pesqueira

A pesca figura-se entre um dos principais usos de recursos naturais e atividades econômicas realizadas na unidade e, portanto, ações e atividades vinculadas à pesca, sempre estiveram presentes na gestão da APA Delta do Parnaíba, principalmente relacionadas a estabelecimento de parcerias, projetos, acordos locais e levantamentos diversos da atividade, buscando uma maior sustentabilidade do uso deste recurso natural;

Estas ações possibilitam maior assertividade na discussão da pesca dentro da elaboração do plano de manejo da UC, inclusive possibilitando a legitimação de acordos de gestão construídos pelas comunidades.

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Proteção:

Ações de proteção são realizadas conforme planejamento anual de fiscalização, PLANAF, encaminhado a Coordenação Geral de Proteção e a Coordenação Regional da 5ª Região para avaliação e aprovação das operações programadas.

As denúncias recebidas são acompanhadas em processo específico que busca para conciliação em ações programadas ou atendimento emergencial quando assim factível;

As principais linhas de proteção são pesca irregular, períodos de defeso, desmatamento, fiscalização de empreendimentos potencialmente poluidores além de eventos e atividades sem autorização para sua realização.

Para melhor efetividade da proteção, a unidade procura conciliar nas ações fiscalizatórias, ações educativas relacionadas aos alvos da proteção e estar presente no território da UC, portanto as ações de proteção, abrangem não são somente as operações de fiscalização, mas toda a inteligência envolvida na busca de proteger o meio-ambiente e seus atributos.

Autorização para licenciamento

A APA Delta do Parnaíba realiza vistorias e análises técnicas nos processos de autorização de licenciamento de empreendimentos que necessitam de Estudo de Impacto Ambiental-EIA e relatório de impacto ambiental – RIMA, conforme a legislação assim exigir.

Em atividades, eventos ou empreendimentos que estejam dispensados de licenciamento, a unidade analisa a possibilidade de emissão de autorizações diretas para os mesmos, aumentando assim a relação com os empreendedores locais e inferindo na busca da conservação da biodiversidade.

Gestão de conflitos:

Desde sua criação a APA Delta do Parnaíba analisa os impactos socioambientais decorrentes das atividades humanas e das movimentações naturais que afetam a biodiversidade e os recursos hídricos da UC.

Entre os relatos e registros de vistoriais, pesquisas, atividades de campo, denuncias, reuniões e oficinas realizadas, tem-se atividades relacionadas como impactantes a exemplo das, ocupações em Área de Preservação Permanente -APP, extração ilegal de areia e barro, além da retirada de madeira (mangue e matas de caatinga e cerrado), desmatamentos para novas aberturas, pesca predatória, turismo, ocupações desordenadas, uso de motocicletas, quadriciclos e veículos 4x4 em dunas e em praias que caracterizam-se por ser áreas de desova e reprodução de espécies ameaçadas, estas

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atividades se destacam entre as que causam impactos sobre a biodiversidade e demais objetivos de criação da área especialmente protegida.

Alguns destes conflitos extrapolam a seara social e adentram aos objetivos de criação da APA, principalmente os relacionados ao ordenamento de atividades econômicas e qualidade de vida e cultura das populações residentes.

Outros, destacam-se por serem danosos a natureza e assim provocam diminuição da biodiversidade, favorecendo a redução da oferta de recursos naturais e assim ampliando a relação conflituosa, impondo, muitas vezes, aos órgãos ambientais atuação em busca de sustentabilidade com a conservação da natureza e proteção daquele recurso requerido.

Apoio existente para UC:

Para execução das atividades de competência da APA Delta do Parnaíba a unidade conta com a seguinte infra-estrutura:

Sede própria equipada para atendimento de parte das obrigações institucionais, com capacidade de ampliação e recepção de novos servidores e colaboradores;

04 Servidores Públicos, sendo 02 Analistas Ambientais, 01 Técnico Administrativo, 01 Auxiliar Administrativo;

04 veículos do tipo Pickup 4X4, duas destas com mais de 10 anos de uso;

02 embarcações sendo uma com capacidade para 05 pessoas e outra para 08 pessoas;

01 motor de 40Hp instalado na embarcação Peixe Boi

01 Drone Phanton 4 Pro

Equipamentos para atividades de campo e de proteção dentre os principais: GPS, Laptop e Câmeras fotográficas, além dos equipamentos de proteção individual;

Frisa-se que a unidade também conta com o apoio de órgãos para suas ações como IBAMA, SPU, Capitania dos Portos do Piauí, Polícia Federal entre outros.

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Presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da BiodiversidadeAdalberto Sigismundo Eberhard

Diretor de Criação e Manejo de Unidades de ConservaçãoLuiz Felipe de Luca de Souza

Coordenador Geral de Criação, Planejamento e Avaliação de Unidades de ConservaçãoRicardo Brochado Alves da Silva

Coordenadora de Elaboração e Revisão do Plano de ManejoAna Rafaela D’Amico

Chefe da APA Delta do Parnaíba Daniel Castro

ElaboraçãoFabiana Dallacorte – Bio Teia Estudos Ambientais

ContribuiçõesCarina Tostes Abreu – COMAN/DIMAN/ICMBIODaniel Castro – APA Delta do ParnaíbaEdilene Menezes – COMAN/DIMAN/ICMBioEduardo Carvalho - APA Delta do ParnaíbaHeleno Francisco - APA Delta do ParnaíbaPatricia Claro - APA Delta do Parnaíba Rui Belizário Silva da Fontoura - Bio Teia Estudos AmbientaisSara Ferrigo - Bio Teia Estudos Ambientais Liliane de Souza Seixas – Bio Teia Estudos Ambientais