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Guia de Navegação para Tablets e Smartphones

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Edição 14 | Ano 4 | Fevereiro/2016

Direção geral: Sérgio FernandesCoordenação editorial: Luiz Guilherme Martins

Consultor Eclesiástico: Pe. José Alem Revisão: Marcus Facciollo

Projeto gráfico: Agência Minha ParóquiaDiagramação: Renan Trevisan

Assistente de arte: João Vitor Pereira FaustinoDesenvolvimento Web: Matheus Moreira

Atendimento: Bárbara SilvaComercial: Adriana Franco

Projetos: Elen Bechelli de OliveiraBanco de imagens: Shutterstock

A revista digital Sou Catequista é uma publicação da agência Minha Paróquia, disponível gratuitamente para smartphones

e tablets nas plataformas IOS e Android. Os conteúdos publicados são de responsabilidade de seus autores e não

expressam necessariamente a visão da agência Minha Paróquia. É permitida a reprodução dos mesmos desde que citada a fonte. O conteúdo dos anúncios é de total

responsabilidade dos anunciantes.

facebook.com/soucatequistawww.soucatequista.com.br

Vocês vão me procurar e me achar, pois vão me procurar com todo o coração. (Jr 29, 13)

Catequista, leitor(a), seja mais que bem-vindo à 14ª edição da revista Sou Catequista! Este número, o primeiro de 2016 e que compreende os meses de janeiro e fevereiro, quer ser um guia definitivo para os seus primeiros passos neste novo ano.

Nas próximas páginas você terá acesso a conselhos e sugestões que certamente farão a diferença na sua vida ao longo dos próximos doze meses.

Também poderá entender as possibilidades metodológicas dentro da catequese em um tempo onde crianças e jovens primam pela experiência, por aquilo que é tátil.

Ao encerrar a leitura, você será capaz de compreender como e por qual motivo os nossos primeiros passos, em tudo aquilo que nos propomos a fazer, devem ser dados sempre em comunhão com Jesus Cristo. Isso e muito mais você certamente encontrará a partir de agora.

Em nome de toda a equipe da revista Sou Catequista, espero que o Salvador do mundo seja uma presença constante em sua vida, abençoando você e toda a sua família rumo a uma conduta pacífica, fraterna e combatente no que tange as injustiças deste mundo.

Tenha uma ótima leitura e até a próxima edição! ;)

Luiz Guilherme Martins, Coordenador editorial

Editorial

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NESTA EDIÇÃOPARA LER A REVISTA, DESLIZE PARA AS

PRÓXIMAS PÁGINAS OU TOQUE NOS ITENS DO ÍNDICE.

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46

86

84

56

100

105

106

8 NOSSOS LEITORES

MENSAGEM DO PAPA

O CATECISMO RESPONDE

BÍBLIA

CATECINE

SUGESTÕES DE APP

SUGESTÕES DE LEITURA

24 CANONIZAÇÃO DE MADRE TEREZA DE CALCUTÁ

ATUALIDADE

36 PARTE VI - RITOS & CELEBRAÇÕES NA CATEQUESE

ROTEIROS CATEQUÉTICOS

COMUNICAÇÃO

AS POSSIBILIDADES METODOLÓGICAS PARA UMA CATEQUESE PARTICIPATIVA

12 UMA VIDA DE SUPERACAO ATRAVÉS DA FÉ E DO AMOR

DE CATEQUISTA PARA CATEQUISTA

16 A VOZ DA IGREJA

30 CATEQUESE, AÇÃO DA IGREJA

SER CATEQUISTA

12passos para o catequistacrescer na

fé, esperança e amor

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curta a nossa fanpage e divulgue este trabalho ao máximo de

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Nossa equipe tem se dedicado bastante para trazer de presente a você uma revista tão caprichada.

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Gostei muito da revista! É com certeza o melhor material

desenvolvido para catequistas disponível na internet!

Reginaldo Pinheiro

O app Sou Catequista é muito útil para os encontros de catequese! Recomendo a

todos.Edmar Estevam

Excelente ferramenta para nós, catequistas. Explicativa,

interativa e de conteúdo variado. Recomendo com

louvor!Emerson Marinho

Muito bom! O aplicativo é um auxílio e uma motivação aos catequistas do Brasil! Vamos

ler, apoiar e divulgar!Raquel Anna

8NOSSOS LEITORES

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A linguagem da revista é ótima e o aplicativo é muito prático. Tem me ajudado muito!Roberta Marinho

Parabéns, equipe Sou Catequista! O material da revista é ótimo, explicativo, objetivo. O design e os assuntos são excelentes e nós, catequistas, agradecemos. Deus abençoe o empeho de vocês!Patrícia Müller

A revista é impressionate! Adoro os temas abordados e a inclusão de vídeos aos textos!Darliane Aparecida

NOSSOS NÚMEROS

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Na última edição do Desafio Sou Catequista, a editora Ave-Maria, em parceria com a gente, sorteou os três primeiros

tempos da coleção Sementes, “uma catequese completa para a experiência do encontro com Cristo”.

Desta vez, o ganhador será premiado com o livro “Catequese ao raiar do dia”, escrito pelo padre Zezinho!

Para receber o produto em casa, você precisará responder a questão-chave deste desafio:

O mês de fevereiro marca o início do Tempo da Quaresma, com ponto de partida na Quarta-feira de Cinzas. Qual é,

então, o significado das cinzas?

A sua resposta deve ser publicada como comentário dentro da página de promoção do desafio, disponível em nosso site oficial

www.soucatequista.com.br Lembrando que os textos escritos em nossa página no Facebook

serão invalidados.

Nossa equipe de conteúdo analisará todas as respostas e o resultado será anunciado no dia 25/2, através do Facebook, estando disponível também no site. Portanto, fique atento à

data, capriche e, é claro, que Deus te abençoe!

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Evanise Aparecida da SilvaConheca a historia de'

'

M eu nome é Evanise, mas muitos me chamam de Vaninha. Moro em Buenópolis, tenho 45 anos,

sou cadeirante, catequista, casada com Edney, dona de casa e mãe de uma menina (Maria Eduarda). Com oito meses de idade tive paralisia infantil apesar de ter sido vacinada. Daí em diante começou a luta da minha mãe para me proporcionar uma vida digna. Fiz tratamento e acompanhamento físico em Belo Horizonte, no Hospital da Baleia, até 12 anos de idade. Frequentei a APAE em Sete Lagoas pela necessidade de fisioterapia, pois, particular, pela situação financeira da família, não dava.

Uma vida de superacao atraves da fe e do amor'

'' ' '

12DE CATEQUISTA PARA CATEQUISTA

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Tornei-me catequista com 16 anos ainda em Sete Lagoas e quando cheguei aqui logo procurei a coordenadora da catequese.

Ainda nova precisei ir para a escola normal, pois era bastante inteligente e na APAE o ensino se tornara fraco para mim. Grande desafio conseguir uma vaga, pois naquela época isso era difícil. Na escola não foi fácil, as carteiras, as portas, o acesso ao banheiro, nada era acessível para pessoas com deficiência. Mas, com muita luta, a ajuda de minha mãe sempre presente em minha vida e dos meus irmãos, consegui me formar. Meu pai tinha que garantir o sustento da família, por isso trabalhava muito e quase não tinha tempo para se dedicar a nós.

Na cidade onde nasci (Buenópolis) não existia tratamento para que eu pudesse me desenvolver, por isso morei muitos anos em Sete Lagoas. Quando voltei para minha cidade percebi que minha luta parecia que teria que recomeçar. As pessoas me olhavam diferente e me tratavam como se eu fosse de cristal, mas logo mostrei que eu era de carne, ossos e atitude e aos poucos fui ganhando confiança.

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Tornei-me catequista com 16 anos ainda em Sete Lagoas e quando cheguei aqui logo procurei a coordenadora da catequese e coloquei-me à disposição pedindo uma oportunidade de fazer o que amo (falar de Jesus às crianças). No começo foi meio complicado, mas aos poucos fui sendo aceita por todos. Hoje sou catequista no bairro onde moro com crianças muito carentes de tudo. Procuro ser carinhosa e amável com meus catequizandos e, apesar da minha condição, percebo que eles me respeitam.

Nem sempre é possível participar das reuniões na paróquia e também as que acontecem fora da cidade em nível de forania por causa da locomoção, mas procuro me inteirar dos assuntos por meio das minhas colegas e de estudos em casa. Gosto de participar das novenas, em especial do Natal em família – coordeno um grupo aqui no meu bairro todos os anos.

Sou casada há 13 anos, tive a felicidade de gerar duas filhas, mas, infelizmente, a primeira, que teria 12 anos, por causa de complicações no parto não resistiu e veio a óbito. Cheguei a pensar em não tentar de novo, mas um dia na igreja, olhando para a imagem de Nossa Senhora das Graças, fiz uma oração silenciosa e pedi a ela que, se fosse para o meu bem, que ela intercedesse por mim junto a Deus e me concedesse a graça de ter um filho. Três anos após a morte da minha filha, engravidei novamente . Hoje, minha princesa tem oito anos e já vai receber o sacramento da Eucaristia com a graça de Deus e a proteção de Nossa Mãezinha.

Minha vida nunca foi simples. Sou aposentada, batalhadora, considero-me uma vencedora. Para complementar a renda familiar, faço e vendo cachorro-quente e enfeites de crochê. O que mais me angustia é a falta de acessibilidade. Moro em uma rua com uma parte sem calçamento e quando chove é horrível, fica intransitável. Quando preciso ir às compras é outro dilema, pois as lojas e comércios daqui não têm rampas de acesso para cadeirantes e muitas vezes preciso escolher de fora o que desejo levar. Tem rampas nas calçadas, mas não para dentro das lojas. Se quero almoçar fora com a família também não dá para ir a todos os lugares disponíveis na cidade pelo mesmo motivo.

Estou passando por um momento de profunda tristeza, pois perdi a minha mãe há três meses com uma morte repentina. Mas tenho fé em Deus que a tristeza vai passar e vai ficar apenas a saudade e as lembranças dos momentos que tivemos juntas. Ela era meu porto seguro. Minha fortaleza. Mas confio que Deus não vai me desamparar, Ele me dará forças para vencer mais essa tribulação. Eu luto pelos meus direitos e faço isso com garra e determinação.

Esta é a história da minha vida. Um abraço fraterno e que Deus abençoe a todos.

Evanise é catequista em Buenópolis, Minas Gerais

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16VOZ DA IGREJA

Dom Murilo S. R. Krieger, Arcebispo de Salvador

Um ano que

começa

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E stá começando um novo ano. Por isso, cumprimentamos os amigos, os conhecidos e quem encontramos, repetindo-lhes: "Feliz ano novo!" Há, no coração de todos, a esperança de que o ano de 2016 será melhor do que o ano que passou.

É possível que o corre-corre, comum de todo final de ano, não nos tenha possibilitado um momento de reflexão, um exame do que representou para nós o ano que terminou. Se isso realmente aconteceu, perdemos muito. Perdemos a oportunidade de olhar para cada acontecimento com mais objetividade. Tivéssemos feito uma revisão do que vivenciamos ao longo dos últimos doze meses, as alegrias vividas apareceriam em toda a sua riqueza e mesmo nossos momentos difíceis acabariam sendo melhor compreendidos. A recordação das pessoas que conhecemos e das amizades que aprofundamos nos fariam superar ideias pessimistas. Descobriríamos que tanto os momentos alegres como os difíceis nos amadureceram e ajudaram a mudar nossa maneira de encarar a vida.

Na dimensão nacional e internacional houve, sim, desentendimentos, profundas manifestações egoístas, roubos, guerras, fome, multidões de pessoas se deslocando de um país para outro... Mas, quanto a humanidade caminhou, progrediu e se enriqueceu com novas descobertas e invenções? É verdade que muito do progresso feito não levou em conta o bem do ser humano, que deveria estar sempre no centro de qualquer decisão. Seria até ingênuo negar que em muitos setores e situações o ser humano ficou até mais pobre, uma vez que se tornou escravo da técnica, do prazer pelo prazer e da matéria. Por outro lado, devemos lembrar os atos de bondade que a Imprensa não registrou: os inúmeros gestos de dedicação feitos no silêncio de muitas casas, creches e hospitais e os livros escritos, alimentando a esperança no coração de muitos...

Por mais completa que tivesse sido nossa reflexão, contudo, não teríamos sido suficientemente objetivos em nossas análises. O ideal é que pudéssemos, como Michel Quoist manifestou em um poema, subir muito alto, acima de nossas cidades, acima do mundo, acima do tempo, para purificar nosso olhar e enxergar tudo com os olhos de Deus. Aí, sim, poderíamos ver o ano que passou como o Pai o viu. Teríamos a exata dimensão do que 2015 representou em nossa vida e na caminhada da humanidade.

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Na dimensão nacional e

internacional houve, sim,

desentendimentos, profundas

manifestações egoístas, roubos,

guerras, fome, multidões

de pessoas se deslocando de um

país para outro... Mas, quanto a humanidade

caminhou, progrediu e se

enriqueceu com novas descobertas

e invenções?

Verificaríamos que, em meio a tanto ódio, desgraça e pecado, a humanidade, faminta, esteve à procura da paz e do amor - de um amor que fosse capaz de saciar seu desejo de felicidade. Pois esse amor existe; essa paz é possível. Foi isso que pudemos perceber na recente celebração do Natal. Quando Jesus, a "Palavra de Deus" - isto é, Sua expressão verdadeira -, assumiu a nossa natureza humana e passou a viver no meio de nós, nossa vida adquiriu novas perspectivas. Agora, a humanidade não caminha mais sem rumo; ela é conduzida por um impulso de amor, em direção daquele que é o único capaz de saciar sua inquietação ("Fizeste-nos para Ti, Senhor, e inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em Ti" - Santo Agostinho).

Tivéssemos feito tais reflexões, nasceria em nosso coração uma dupla obrigação: de agradecimento e de pedido de perdão. De agradecimento por termos constatado que o Pai caminhou conosco, animando-nos, perdoando-nos e nos dando a possibilidade de tirarmos proveito até de nossos erros. De pedido de perdão não só por nosso egoísmo, que se manifestou em muitas ocasiões, mas sobretudo por não termos sabido perceber em nossa vida e na de todos os que nos cercam os sinais de amor que ele semeou para que pudéssemos encontrá-lo a cada hora e sempre.

Se ainda fizermos essas reflexões, poderemos esperar muito de 2016.

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As obras demisericórdia

corporaisDom Adelar Baruffi, Bispo de Cruz Alta

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“ Sede misericordiosos, como vosso Pai do céu é misericordioso.” (Lc 6, 36). A certeza de que nosso Deus é Pai misericordioso é uma das verdades centrais de nossa fé cristã. O modo como Deus é e age tem a marca da misericórdia. Porém, o Ano da

Misericórdia quer nos educar para uma vida marcada pela misericórdia, por isso: “sede misericordiosos”, ou “bem-aventurados os misericordiosos” (Mt 6,7). A Tradição da Igreja convencionou apresentar sete obras de misericórdia corporais e sete obras de misericórdia espirituais. Tratarei, hoje, das obras de misericórdia corporais, mostrando como, para cada uma delas podemos viver a compaixão.

Dar de comer a quem tem fome. A comida é uma necessidade humana básica. A existência de pessoas que passam fome é um escândalo para a humanidade. As iniciativas sociais e, em nossa Igreja, para dar de comer aos famintos, são muitas. Disse Jesus: “Eu estava com fome e vocês me deram de comer.” (Mt 25,35).

Dar de beber a quem tem sede. Trata-se mais do que oferecer um copo d´água. Diz nosso Papa que “o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal.” (Laudato Si, 30).

Vestir os nus. Quanto desperdício na compra de roupas desnecessárias! Vê-se muita generosidade na doação de roupas e agasalhos. Isto é bom. Melhor se nos educássemos, como nos diz o Papa para a “sobriedade feliz” (LS 224), não sendo “consumistas desenfreados” (LS 227). Afinal, disse Jesus: “Por que vocês ficam preocupados com a roupa?” (Mt 7,28).

Acolher os peregrinos. Esta é uma atitude bíblica muito estimada. No livro do Gênesis, conta que Abraão e Sara, ao acolherem os três peregrinos, acolheram o próprio Deus e foram abençoados com o filho que tanto esperavam. Hoje, abrir as portas para acolher os migrantes é um desafio sobretudo para as sociedades mais industrializadas. Não pode um cristão e nossas comunidades ter preconceitos para acolher os que são obrigados a migrar em busca de melhores condições de vida para suas famílias.

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A certeza de que nosso Deus é Pai

misericordioso é uma das verdades

centrais de nossa fé cristã. O modo como

Deus é e age tem a marca da

misericórdia. Porém, o Ano

da Misericórdia quer nos educar

para uma vida marcada pela misericórdia. Por isso, sede

misericordiosos!

Visitar os enfermos. Os relatos dos evangelhos nos mostram Jesus muito envolvido, próximo dos enfermos. Ele os tocava e os curava. Os cristãos têm uma longa tradição de cuidado com os doentes e idosos. Quantas vidas doadas, ontem e hoje, pelos enfermos, muitas no anonimato. Bela é a missão da pastoral que visita os doentes.

Visitar os presos. Em primeiro lugar, é preciso desarmar-se de preconceitos e julgamentos. Ao visitar os presidiários expressamos e oferecemos a misericórdia de Deus, que vai além da justiça, e continua a amar a pessoa, mesmo no erro e no pecado.

Enterrar os mortos. No Livro de Tobias encontramos o seguinte: “Tobit com uma solicitude toda particular, sepultava os defuntos e os que tinham sido mortos.” (Tb 1, 20). Mas, sobretudo,trata-se de auxiliar os familiares e amigos a elaborarem o luto, sendo suporte neste momento difícil, partilhando as palavras de Jesus sobre a Ressurreição.

Enfim, neste Ano da Misericórdia, “abramos os nossos olhos para ver as misérias do mundo, as feridas de tantos irmãos e irmãs privados da própria dignidade e sintamo-nos desafiados a escutar o seu grito de ajuda.” (Papa Francisco, O rosto da misericórdia, 15).

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O CAMINHO ESTÁ LIVRE PARA A CANONIZAÇÃO DE MADRE TEREZA DE CALCUTÁAprovado o segundo milagre atribuído à beata de Calcutá, está

quase tudo pronto para que ela seja elevada à honra dos altares. O novo milagre dá testemunho da caridade de Madre Teresa, que, mesmo

estando no Céu, não deixa de amparar os seus filhos

24ATUALIDADE

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O aval do Papa veio no dia do seu aniversário. Na tarde da quinta-feira, 17 de dezembro, Francisco ratificou o reconhecimento do milagre que levará a beata Madre Teresa de Calcutá à honra dos altares. Assim se concluiu o processo super miro ("sobre

o milagre") da causa da "apóstola dos desvalidos". A data oficial da canonização será divulgada no próximo Consistório, mas estima-se que a cerimônia aconteça no dia 4 de setembro, ao longo do Ano Santo da Misericórdia.

O milagre tinha sido colocado sob a avaliação final dos bispos e cardeais reunidos na Congregação para a Causa dos Santos, no dia 15 de dezembro. Depois de escutarem a exposição de um proponente da causa, os prelados deram o seu parecer positivo e submeteram o caso à aprovação do Papa. Foi o último grau de julgamento na fase romana do processo sobre o milagre, iniciado em junho deste ano, na diocese brasileira de Santos, São Paulo.

A cura extraordinária, que aconteceu em 9 de dezembro de 2008, é relativa a um homem, hoje com 42 anos, que ficou às portas da morte por conta de "múltiplos abscessos cerebrais com hidrocefalia obstrutiva". De acordo com o diagnóstico, o paciente já tinha sido "submetido a um transplante renal e a terapia com imunossupressores", mas nada tinha adiantado. O caso clínico extremamente crítico e com um prognóstico quod vitam decididamente infausto se resolveu de repente, de modo total e duradouro, sem qualquer intervenção cirúrgica. No dia 10 de setembro deste ano, os membros da junta médica foram unânimes em considerar o tratamento da doença cientificamente inexplicável, com sete votos positivos, de sete.

Também unânime foi o voto sucessivo dos teólogos que, segundo o costume, são chamados a manifestar e redigir o próprio voto sobre a perfeita conexão de causa e efeito entre a invocação unívoca à beata Madre Teresa e a cura imprevista.

O trabalho de Madre Teresa junto aos pobres é amplamente conhecido. O que permanece oculto para muitos é a sua profunda intimidade com o Santíssimo Sacramento, a qual constituía a força de toda a sua vida e apostolado.

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"Roguem a Madre Teresa que ela o cure"À época dos fatos, o paciente, engenheiro de profissão, tinha 35 anos e estava casado há pouco tempo. Seu calvário tinha começado nos primeiros meses de 2008. Ao fim do ano, ele foi diagnosticado com oito abscessos cerebrais. Os cuidados médicos não surtiram nenhum efeito e o quadro clínico piorou depois, com o surgimento da hidrocefalia. Uma cirurgia deveria ser feita para afastar a possibilidade de morte, tida como iminente. No dia 9 de dezembro, já em coma, o paciente entrou na sala de operação. Por causa de problemas técnicos, todavia, a intervenção foi adiada. Enviado de volta à sala de cirurgia, depois de apenas uma meia hora de espera, o cirurgião encontrou o paciente surpreendemente sentado, acordado, sem quaisquer sintomas, perfeitamente consciente e perguntando: "O que eu estou fazendo aqui?".

"Eu nunca vi nada parecido", escreveu o médico em seu depoimento. "Dos outros casos semelhantes a esse, em 17 anos de profissão, todos estão mortos. Não posso dar uma explicação médica ou científica". Exames sucessivos confirmaram a cura definitiva da patologia cerebral e, em pouco tempo, sem nenhum sequela, o paciente pôde retornar ao seu trabalho e às suas atividades normais.

As provas documentais revelam que foram feitas muitas orações a Madre Teresa, especialmente durante a gravíssima crise de 9 de dezembro. Depois de perceber a gravidade da situação, a esposa do jovem profissional tinha pedido aos seus conhecidos que rezassem à beata de quem ela era devota: "Roguem a Madre Teresa que ela o cure". Exatamente naquela meia hora de espera da cirurgia, ela se achava com um sacerdote e outros familiares rezando a Madre Teresa na capela do hospital.

Invocada, a religiosa rapidamente interveio, vindo em auxílio de uma pessoa em condições extremas, como de resto sempre tinha feito em vida, dedicando-se ao cuidados dos moribundos e à assistência dos mais necessitados.

A data oficial da canonização será divulgada no próximo Consistório, mas estima-se que a cerimônia aconteça no dia 4 de setembro, ao longo do Ano Santo da Misericórdia.

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Uma mulher de profunda comunhão com DeusO trabalho de Madre Teresa junto aos pobres é amplamente conhecido. O que permanece oculto para muitos é a sua profunda intimidade com o Santíssimo Sacramento, a qual constituía a força de toda a sua vida e apostolado. "A Missa é o alimento espiritual que me sustenta", ela dizia. "Sem ela, eu não conseguiria completar sequer um dia ou uma hora da minha vida."

Foi de diálogos com Jesus Eucarístico, por exemplo, que lhe vieram as inspirações para fundar a Congregação das Missionárias da Caridade, ainda em 1946. Ela era diretora de uma escola católica e sentiu forte o chamado de Deus para abandonar tudo e começar uma missão especial entre os pobres. Quando conseguiu a autorização de seu bispo, a única coisa que pedia para ela e suas irmãs era "ajuda espiritual". "Se tivermos nosso Senhor no meio de nós, com a Missa diária e a Santa Comunhão, não temo nada nem para minhas irmãs, nem para mim", escreveu ela ao prelado. "Ele cuidará de nós. Mas sem Ele, fraca que sou, eu não posso nada."

As suas palavras de amor à Eucaristia só confirmavam o lugar de destaque que Jesus tinha em todas as suas ações. Quem quer que visitasse o seu abrigo em Calcutá ficava surpreso ao ser levado, em primeiro lugar, à capela do Santíssimo. Jesus era "o Mestre da casa", como ela dizia, e era a Sua presença a grande motivação do seu trabalho. De fato, tanto na sua vida de oração quanto no seu apostolado de assistência aos mais necessitados, Teresa servia a uma só Pessoa: Jesus de Nazaré. "Na Missa – ela explicava –, nós temos Jesus sob a aparência do pão, enquanto, nas favelas, nós vemos o Cristo e O tocamos nos indigentes, nas crianças abandonadas."

As Missionárias da Caridade, portanto, não iam às ruas como agentes sociais e políticos, mas como servas indignas, chamadas a levar Jesus às casas e aos corações das pessoas. "Toda Santa Comunhão nos preenche de Jesus e nós devemos, com Nossa Senhora, ir depressa e dá-Lo aos outros", exclamava a beata Teresa.

Pouco a pouco, Cristo foi "tomando posse" da religiosa de Calcutá e transformando todo o seu ser, a ponto de ela poder exclamar, com São Paulo: "Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim" ( Gl2, 20). Nesse processo de configuração a Cristo, Madre Teresa experimentou, a exemplo dos grandes místicos da Igreja, a chamada "noite escura", um processo de purificação por meio do qual a alma amante vai se desapegando das criaturas para encontrar o seu repouso em Deus.

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"Se tivermos nosso Senhor no meio de nós, com a Missa diária e a Santa Comunhão, não temo nada nem para minhas irmãs, nem para mim"

Cartas escritas pela beata, divulgadas há alguns anos, fizeram referências a "dúvidas" e à sensação de um grande "vazio". Alguns jornais interpretaram tudo como o "ateísmo" de Madre Teresa. Quem conhece um pouco a vida dos santos, no entanto, sabe que esse caminho de "secura" e "escuridão" foi experimentado por todas as grandes almas de oração, desde o começo da Igreja até os dias de hoje. O Eclesiástico mesmo adverte, a quem quer que entre "para o serviço de Deus": "Prepara a tua alma para a provação; humilha teu coração, espera com paciência, dá ouvidos e acolhe as palavras de sabedoria; não te perturbes no tempo da infelicidade, sofre as demoras de Deus (...), a fim de que no derradeiro momento tua vida se enriqueça" (Eclo 2, 1-3). Fora da Cruz, verdadeiramente, não existe outra escada por onde subir ao Céu.

O corpo da bem-aventurada Madre Teresa está sepultado em Calcutá, junto à sede das Missionárias da Caridade. Sobre o seu túmulo branco despojado, está escrito um versículo do Evangelho de São João que se aplica perfeitamente a toda a sua vida – e deve aplicar-se à vida de todos quantos se dizem cristãos: "Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado" (Jo 15, 12).

Com informações de Avvenire, por Equipe Christo Nihil Praeponere

Madre Teresa,o filme completo

Primeira parte do documentário especial sobre a vida de Madre Teresa, produzido pela Globo News

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Catequese,ação da Igreja

por Pe. José Alem

30SER CATEQUISTA

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Catequese é um serviço essencial na vida e na missão da Igreja. É um tema, portanto, fundamental e sem o qual a Igreja não vive plenamente o seu mistério.

Mas é preciso entender melhor em que consiste a catequese. E isso depende também da nossa maneira de conhecer Deus, a experiência da fé, como entendemos ser Igreja. O tema, se bem entendido, é sempre surpreendente e inesgotável e interessa a todos os cristãos e não somente aos que se dedicam claramente a essa missão.

Muito se tem escrito e publicado a respeito desse tema tão decisivo para a vida da Igreja. Documentos pontifícios, livros, artigos, escritos diversos, além dos manuais, cursos, encontros, formação. Mas o tema continua atual, novo e é necessário ser mais compreendido para ser mais bem vivido e anunciado.

Para uma compreensão e vivência mais adequada desse aspecto central da missão da Igreja é preciso considerar alguns pontos. Cada um deles pode ser tema de formação específica tanto para os agentes de pastoral em geral – como os sacerdotes, diáconos, famílias, catequistas – como para a comunidade paroquial, diocesana e comunidades religiosas de consagrados.

Catequese é um tema que interessa a todos. Todos somos necessitados de uma permanente catequese que vá além de simples conhecimentos e que desafiam permanentemente a descoberta de Cristo.

De fato, toda a vida de Cristo é um processo permanente de catequese. Com ou sem palavras, com gestos e atitudes Jesus repete de maneira contínuo Seu convite inicial: “Convertam-se e creiam no Evangelho” (Mc 1,15). Essa é a missão da Igreja e, portanto, da catequese. Tudo o que Jesus fez e ensinou e enviou à Igreja a viver e a anunciar está aqui nessas duas atitudes: converter e crer. Se bem entendidas na sua profundidade e simplicidade, essas duas ações englobam a novidade e a dinâmica da vida nova que Jesus revela conduzindo todos os que o seguirem a reconquistar sua condição de imagem e semelhança de Deus, segundo a qual fomos criados.

Catequese é isso. Favorecer as pessoas a descobrirem o ser humano que são, reconstruírem sua dignidade e se reencantarem com o mistério da vida, da fé, do Amor revelados em Deus.

Mas todo esse processo tem uma dinâmica pedagógica necessária para os tempos e as culturas em que vivemos. Por isso é preciso que, junto com o processo de conversão e fé, aprendamos a educar-nos e a contribuir com a educação cristã de todos.

Baseados em documentos da Igreja e na contribuição das várias conquistas do conhecimento humano sobre a espiritualidade cristã e a pedagogia vamos considerar os pontos fundamentais e insubstituíveis para que a catequese seja o que deve ser: caminho para ser discípulo missionário de Cristo encontrando Nele a Verdade que conduz ao Caminho da Vida.

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Na 44ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, realizada em 2006, foi aprovada pelos bispos a realização do Ano Catequético, após 50 anos do 1° Ano Catequético, realizado em 1959. Essa iniciativa foi resultado da importância que a Igreja vem dando à catequese, como ficou expresso no Diretório Nacional da Catequese e no Documento Aparecida. A proposta era para toda a Igreja reacender o interesse e o empenho pela catequese dentro de sua missão.

Esse desafio já tinha sido apresentado pelo Papa são João Paulo II na Exortação Apostólica Catechesi Tradendae e também no Documento de Puebla.

No Sínodo dos Bispos realizado em 2008, cujo tema foi "A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”, a catequese foi tratada com destaque e prioridade como meio e instrumento da vida e da missão da Igreja, que consiste fundamentalmente na descoberta, na vivência, no testemunho e no anúncio da Palavra de Deus.

Todos esses documentos e eventos tiveram como texto inspirador – de algum modo – os discípulos de Emaús (Lc 24,13-35). Nesse magnífico relato temos o processo de “converter e crer no Evangelho” que é a missão da Igreja. O texto fala da experiência do encontro com Jesus Cristo, no caminho, na Palavra e na Eucaristia; relata a mudança de rumo que tomou a vida dos discípulos; não fica no rito gestual da partilha. Foi a partir da mudança provocada pelo encontro, que os discípulos assumiram o compromisso da partilha, da missão, da evangelização, do anúncio, da construção das comunidades (cf. Mt 28,19-20). O testemunho e a mensagem ficam claros: o ideal da vida cristã no seguimento de Jesus é expressa no testemunho dos apóstolos: “Somos uma comunidade de RESSUSCITADOS” (cf. At 2,42¬47).

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Inspirados nessa revelação por meio dos discípulos de Emaús podemos concluir que a catequese tem como objetivo fundamental:

• Despertar para a importância do aprofundamento e do amadurecimento na fé, vivida no seio de uma comunidade;

• A experiência do discipulado, como seguimento do Caminho;

• Que o discípulo possa mergulhar, de modo cada vez mais profundo, nas Escrituras, na liturgia, na teologia, na evangelização e no compromisso pastoral, fruto da experiência do "partir o pão".

Isso supõe dar novo impulso à catequese como serviço eclesial e como caminho para o discipulado”, ter consciência de que a catequese é uma dimensão de toda a ação evangelizadora; que toda a Igreja assuma uma nova concepção de catequese como processo formativo, sistemático, progressivo e permanente de educação da fé, da esperança e do amor (cr. DNC 233).

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Essa experiência e essa missão supõem atitudes concretas entre as quais destacamos:

• Intensificar a formação catequética dos catequistas, dos agentes de pastoral, dos religiosos(as) e dos ministros ordenados;

• Incentivar a instituição do Ministério de Catequista;

• Impulsionar o estudo das Sagradas Escrituras;

• Acentuar o Primado da Palavra de Deus na vida da Igreja;

• Cultivar a dimensão litúrgica da catequese;

• Estimular a dimensão catequética nas comunidades na perspectiva da pastoral de conjunto;

• Dar a devida ênfase à catequese com adultos, com jovens e junto às pessoas com deficiência;

• Incentivar na catequese a inspiração catecumenal;

• Intensificar a dimensão missionária da catequese por meio da espiritualidade do seguimento de Jesus Cristo;

• Educar para a vivência de uma fé comprometida com as urgentes mudanças da nossa sociedade, tendo presente o princípio da interação vida-fé;

• Favorecer na catequese a abertura ao outro, à realidade, ao ecumenismo e ao diálogo inter-religioso.

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Todo esse processo pode ser resumido em três passos:

1º) ENCONTRO: “Aprender, caminhando com o Mestre” – Jesus Se aproxima, questiona e escuta;

2º) PALAVRA: “Aprender, ouvindo o Mestre” – Ele nos revela as Escrituras;

3º) MISSÃO: “Aprender, agindo com o Mestre” – ao partir o pão, eles O reconheceram e retomaram ao caminho de Jerusalém.

Esse relato é um exemplo real e modelar da ação catequética para toda comunidade.Nele temos um roteiro para viver a missão da catequese e também como avaliar essa missão.

Seria muito oportuno se as equipes de catequese se reunissem para refletir, revisar e programar sua missão diante dessa proposta. Isso também pode favorecer todas as pastorais da Igreja, pois todos são “catequistas” ao exercer seu ministério para servir à Igreja na sua missão.

Neste novo ano é possível fazer um avanço e crescer na nossa vocação e missão como batizados que somos e assim vivermos e testemunharmos com a vida e o trabalho missionário nosso caminho de discípulos de Cristo.

A todos que se decidam à missão de catequizar, invoco a bênção do Senhor para que vivam e anunciem a alegria do perene programa de nossas vidas: converter-se e crer no Evangelho.

Cada catequista sinta-se animado na sua missão unido a toda a Igreja em nome da qual vivemos, somos e agimos.

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Sacerdote membro da Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria. Educador e comunicador,

Professor de Filosofia, Espiritualidade, Comunicação, Psicologia da Religião. Especialista em Logoterapia. Filósofo clínico. Assessor de cursos e formação através de palestras,

retiros, encontros, oficinas. Escritor e assessor de projetos de comunicação e educação.

Pe. José Alem

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RITOS & CELEBRAÇÕESNA CATEQUESE

• PARTE VI •

Resgatando o assunto dos ritos e celebrações na catequese, que iniciamos na 7a edição e demos

sequência nas últimas publicações, vamos concluir nosso roteiro itinerário conversando

sobre a celebração de entrega do Creio.

por Ângela Rocha

36ROTEIROS CATEQUÉTICOS

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A maioria dos itinerários catequéticos sugere que se faça a entrega do CREDO preferencialmente próximo à Primeira Eucaristia. Para exemplificar, baseamo-nos no Itinerário da Arquidiocese de Londrina, PR.

No entanto, como se trata de um tema de fundamental importância para a catequese, necessário se faz que a catequese que precede a entrega do símbolo seja profunda e plena de significados.

Antes de colocarmos o roteiro de Celebração para a Entrega, faremos aqui uma explanação e uma sugestão de “encontro” a ser realizado com catequizandos, pais e catequistas.

É necessário observar que este roteiro foi construído com as seguintes premissas:

Sugestão de leitura: A importância do Credo

- O Itinerário de Londrina está baseado na coleção Crescer em Comunhão, da Editora Vozes, que já no primeiro livro solicita a cópia e a reza do Creio, mas só vem a trabalhá-lo diretamente no quinto livro, ou seja, na último ano de preparação para a Crisma. Então, apesar de não haver uma referência direta a ele, os conteúdos dos dois primeiros livros são base para o conhecimento da Profissão de Fé: Jesus-Deus, Pai misericordioso, a criação, etc. Mas sempre é bom o catequista retomá-los e complementá-los.

- No terceiro volume estuda-se a Igreja, o Batismo, a atuação do Espírito Santo. Nesse tempo (etapa) pede que se faça o rito da entrega do símbolo, mas, “após ter dado o conteúdo do Creio” (pág. 14 do itinerário citado). Como sabemos que esse conteúdo é muito extenso (pág. 48 a 298 do CIC – Catecismo da Igreja Católica) e também de grande complexidade para a faixa etária do terceiro tempo, a sugestão aqui é priorizar:

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A construção de uma imagem correta de Deus;

Esclarecer sobre o mistério da Fé conscientizando sobre suas implicações na vida pessoal e comunitária;

Destacar o núcleo da fé cristã: Jesus Cristo;

O objetivo é experenciar mais que raciocinar.

- Apesar de as várias Igrejas particulares (dioceses) do Brasil adotarem subsídios diferentes, o conteúdo da catequese não difere muito de um lugar para o outro. Sendo assim, acredito que este roteiro pode ser usado por todos os catequistas que estão com turmas próximas ao sacramento da Eucaristia e também por aqueles que trabalham com a Crisma.

- Utilizaremos aqui o método “ver-julgar/iluminar-celebrar-agir”, como subdivisões do encontro, que se dará em dois momentos.

- Pode ser que o encontro tenha que ser desdobrado em dois por conta do tempo que se tem.

- Logo que o conteúdo for dado, pretende-se fazer, então, o RITO DE ENTREGA DO SÍMBOLO, numa celebração da missa com toda a comunidade.

- Portanto, faz-se necessário também uma catequese com os PAIS OU RESPONSÁVEIS, para que estes sejam participantes ativos da celebração.

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PRIMEIRO MOMENTO

ENCONTRO SOBRE O CREIO

- Fazer um levantamento das várias imagens mentais de Deus encontradas com frequência em jornais, revistas, etc.

Obs.: poderá ser usado o material de Therezinha M. L. da Cruz, Descobrindo Caminhos - FTD, 1998, vol. 5, pág. 116-123.

- Trabalhar a imagem de Deus revelada por Jesus na Bíblia (Jo 14,9).

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VER- Distribuir para cada catequizando uma semente como a da mostarda, citada como uma das menores na Bíblia.

- Ver os conhecimentos que eles possuem sobre ela.

- Concluir que há toda uma vida contida na semente: o tipo de planta, folha de cor e formato definido, flor com perfume, textura, fruto já determinado, etc.

Tudo dentro daquela semente é o MISTÉRIO da Vida!

Mistério não quer dizer coisa oculta, mas algo que experimentamos, mas não conseguimos explicar com a nossa inteligência.

Mistério é sempre uma revelação por parte de Deus de algo conhecido só por Ele. Deus Se revela, vem ao nosso encontro.

Deus Se faz conhecer pela natureza, pelos acontecimentos, por meio de pessoas, símbolos, sinais visíveis como os Sacramentos e pela Sua Palavra.

Jesus veio nos revelar o Pai. Se nos abrirmos para Deus, aceitarmos o Seu amor, abandonarmo-nos com confiança no Seu ser e agir é o que chamamos de Fé. Pela Fé o ser humano acolhe a revelação; ouve, reconhece, aceita e passa a pôr em prática a Palavra de Deus que lemos na Bíblia.

Fé é um dom de Deus, é a resposta que damos ao Seu convite de amor e salvação. Ter fé é deixar Deus ser Deus em mim, para mim, comigo.

Assista à parábola do Semeador, contada por Jesus Cristo, em versão animada

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CONTEMPLAÇÃO/REFLEXÃO- Colocar um fundo musical bem suave e pedir que olhem com atenção as suas impressões digitais, pensem que elas são sua identificação. Não há mais ninguém no mundo com essas marcas nos dedos iguaizinhas às deles.

- Depois de instantes pedir que falem o que sentiram, o que passou pela cabeça deles.

- Ouvir sem emitir juízos, respeitar. Depois completar: “Vocês confessaram os seus sentimentos, as suas verdades”.

A maioria dos itinerários catequéticos sugere que se faça a entrega do Credo preferencialmente próximo à Primeira

- Pedir que peguem a semente e olhem para ela pensando que uma sementinha também foi plantada no coração de cada um no Batismo. Que semente foi essa?

A semente da Fé! Para fazer essa fé crescer, amadurecer, é que estamos na catequese. Quando foram batizados bebês, seus pais e padrinhos responderam pela sua fé, mas agora estão se preparando, serão convidados a assumir sua fé.

Quando confessamos a nossa fé em público fazemos uma PROFISSÃO DE FÉ.

Desde os primeiros apóstolos, há mais de dois mil anos, os cristãos foram fazendo um resumo das principais verdades de nossa fé, formulando o CREDO (ou Creio, a primeira palavra da Profissão de Fé). Recitado em nossas missas, o CREDO é símbolo de fé porque é um sinal de identificação do cristão e, por ter sua origem com os primeiros apóstolos, é chamado SÍMBOLO DOS APÓSTOLOS.

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JULGAR/ILUMINARMaterial: Bíblia, cópia do Credo, uma cartolina, gravuras diversas dentro do tema, cola, tesoura, pincel atômico, canetinhas.

Dividir os participantes em três grupos e dar como atividade a reflexão de cada uma das três partes do Credo (são três partes distintas que se articulam entre si, relacionando-as com as passagens bíblicas. A seu critério o catequista pode usar outras passagens).

CREDO – 1A PARTE:“Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, criador do céu e da terra.”

CREDO – 3A PARTE:“Creio no Espírito Santo. Na Santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna.”

CREDO – 2A PARTE:“E em Jesus Cristo, Seu único Filho Nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu à mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos Céus, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e mortos.”

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CELEBRARExpor os trabalhos no centro do círculo, colocar uma Bíblia no meio sobre um pano, acender uma vela e pedir que, por alguns segundos, fiquem em silêncio, pensando nos conteúdos ali anotados.

Ler pausadamente cada frase da oração que fizeram e que todos respondam juntos:

“Creio, Senhor, mas aumentai minha fé!”.

AGIR- Lembrando que a Fé sem obras é morta, que a Fé é adesão a Jesus que se traduz em ação, formular uma proposta de ação transformadora para o grupo realizar em conjunto, na família, etc.

O catequista poderá sugerir, atento ao conteúdo expressado nos cartazes:

- Atitude ecológica como coleta de reciclável, economia de água, etc.;

- Concentrar-se na oração do Creio feita com a família, combinando uma participação no GBR, na Igreja, etc.;

- Demonstrar que quer seguir a Jesus por meio de uma ação de solidariedade, etc.;

- Combinar a celebração de entrega do símbolo perante a comunidade e que todos devem saber a profissão de fé de memória.

Roteiro criado por Helena Okano e Ângela Rocha

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Proceda-se à entrega do Creio, preferencialmente, com toda a comunidade reunida na Celebração Eucarística, aproveitando-se o momento anterior à oração do Credo para se fazer a entrega.

Indicamos o roteiro do livro Itinerário Celebrativo para a Iniciação Cristã – Crianças e Adolescentes, publicado pela Editora Arquidiocesana de Curitiba, PR.

Previamente os catequistas devem confeccionar a oração do Creio em modelos de pergaminhos a ser entregues aos catequizandos.

SEGUNDO MOMENTO

CELEBRAÇÃO DE ENTREGA DO CREIO

CREIO EM DEUS PAI

Catequista e formadora na Paróquia N. Sra. Rainha dos Apóstolos em Londrina-PR. Especialista em

catequética pela FAVI, Curitiba-PR. Administradora do grupo Catequistas em Formação.

Ângela Rocha

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Toque para ler

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AS POSSIBILIDADES METODOLÓGICAS PARA UMA CATEQUESE PARTICIPATIVAUM PASSO DEFINITIVO RUMO A UMA SOCIEDADE CONSTRUÍDA POR HOMENS E MULHERES DE BEM

por Márcio Oliveira Elias

46COMUNICAÇÃO

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“NÃO HÁ FILOSOFIA QUE SE POSSA APRENDER; SÓ SE APRENDE A FILOSOFAR”.

O filósofo alemão Immanuel Kant nos escreveu:

A catequese para nossas crianças e jovens poderia muito bem partir dessa premissa kantiana, pois ela não deve ter a pretensão de transmitir textos prontos e acabados, mas ensiná-los ao exercício da reflexão evangélica em si

mesmos, na sua própria realidade, formando assim um conhecimento doutrinário frutuoso. Exercitar uma catequese reflexiva nas crianças pode não causar um impacto observado de imediato, mas, sim, nos fiéis adultos de amanhã.

Uma metodologia na catequese para as nossas crianças poderia facilitar a construção de suas próprias reflexões, bem como a de seus modos particulares de conhecer o projeto salvífico. As crianças possuem uma inclinação natural para a curiosidade, para a admiração e a indagação, visto que são traços cognitivos que as tornam capazes de descobrir como funcionam as coisas em seu derredor. Os conceitos assim formados são essenciais para a maneira como elas constroem a sua compreensão de mundo, pois é essencial que se discutam esses conceitos e sentimentos, dando-lhes significado e compreensão na dimensão da doutrina cristã.

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Expandindo o tema: leia mais sobre a aplicação da metodologia na catequese.

As buscas metodológicas podem ou não ser produtivas, visto que dependem do encaminhamento dado às proposições. As ferramentas utilizadas pelo catequista devem ser de cunho participativo, tais como: o exercício do diálogo, a autoavaliação, o desenvolvimento das habilidades de raciocínio e a reflexão de diferentes assuntos do cotidiano das crianças, todo o tempo inseridos na realidade evangélica.

Podemos inferir que a catequese é um espaço participativo onde crianças e jovens poderão encontrar métodos e meios de sistematizar o conhecimento do sagrado, pois nesse ambiente propício irão trabalhar conceitos e discernimentos, onde se promoverá a motivação das atividades e da imaginação, desenvolvendo mais que um conteúdo, também o prazer de pertencer à família cristã. Nesse contexto o catequista tem um papel fundamental para a formação crística do pensamento da juventude contemporânea, ávida pelo conhecimento.

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QUAIS SERIAM OS CAMINHOS DE UMA CATEQUESE PARTICIPATIVA?A meta que deve nortear uma catequese participativa se destaca pelo fornecimento ao catequizando de um acesso à base de conhecimento da Sagrada Escritura e da historicidade da Igreja Católica, o que pressupõe a inclusão das características da sociedade, da cultura, da economia e do quotidiano dele.

Os jovens necessitam de uma reflexão básica sobre a fé, entendida como a formação de indivíduos capazes ao exercício de uma cidadania cristã e responsável, ressaltando que as características particulares demonstram a necessidade de gostar do ambiente religioso, bem como de se sentir respeitados, confiantes e estimulados ao aprendizado de sua religiosidade. Primeiramente, as crianças caminham para adquirir conhecimento de si mesmas, questionam com pais e professores para alcançar um acordo. Sendo assim, necessitam também de catequistas sensíveis à observação de seus momentos de angústia e insegurança próprios.

RESPOSTA EM VÍDEO: COMO POSSO ME TORNAR UM(A) BOM(A) CATEQUISTA?

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As crianças exigem consideração, pois prezam a verdade e a honestidade nas relações, porquanto suas intenções são bem mais elevadas do que seus atos. A catequese deve ser um ambiente de contato e prazer, onde as questões de consciência são muito concretas, propiciando um forte sentido de justiça e de dignidade humana. Percebe-se, portanto, que nesse período da vida elas são conscientes de si próprias e absorvidas de si mesmas, oportunizando o desenvolvimento do sentido ético, no mundo que é a sua escola e seus amigos, onde necessitam de afeto, estímulos e motivações constantes.

A metodologia a ser considerada na catequese de nossas crianças e jovens deverá ampliar o significado dos conceitos de amizade, amor e liberdade, que são essenciais para a maneira como eles edificam e percebem o mundo que os cerca. Compreende-se que o catequizando deve saber que esses conceitos são controversos no mundo moderno e que existem muitas formas de compreendê-los.

A atuação do catequista nesse momento pode levar as crianças a uma investigação do significado das coisas de seu cotidiano, das suas próprias atitudes e da maneira de pensar o mundo, segundo a doutrina cristã.

A Igreja e o catequista devem estar atentos aos novos tempos, não mais futuro, mas presente no cotidiano das crianças e jovens, bem como às necessidades de gestar uma educação religiosa auxiliadora do desenvolvimento de um pensamento eficiente, autônomo e competente, fundados na Boa Nova cristã. Num modelo participativo, não cabe ensinar o resultado pronto, mas ensinar o próprio processo de investigar o caminho da salvação em Cristo, objetivando alavancar as habilidades cognitivas da criança dentro do seu contexto significativo.

Leia também: As responsabilidades do catequista

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Podemos considerar que o conteúdo e a metodologia a ser utilizados numa catequese participativa devem ajudar o catequizando a buscar o significado de uma vida cristã, em que a promoção do diálogo cumpre um papel relevante, visto que é motivador ao exercício de um pensar criterioso e sensível, proporcionando o entendimento do exercício de respeito ao outro, na tolerância às opiniões divergentes e à diversidade cultural. O diálogo é um método que ocupa um plano especial, pois a reflexão se realiza nessa comunicação frutuosa, em que as crianças desenvolvem sua capacidade de pensar.

A META QUE DEVE NORTEAR UMA CATEQUESE PARTICIPATIVA SE DESTACA PELO FORNECIMENTO

AO CATEQUIZANDO DE UM ACESSO À BASE DE CONHECIMENTO

DA SAGRADA ESCRITURA E DA HISTORICIDADE DA IGREJA CATÓLICA, O QUE PRESSUPÕE A INCLUSÃO DAS CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE, DA CULTURA, DA ECONOMIA E DO

QUOTIDIANO DELE.

As crianças, por sua própria natureza, desejam experiências ricas e significativas, em que possam compartilhar e aprender significativamente. Quando as observamos atentas à televisão, ao computador ou aos seus jogos, podemos atribuir esse comportamento à sua preferência pela emoção e excitação. Nenhum método ou plano de ensino religioso será significativo para as crianças sem que resulte em experiências significativas, pois a sua religiosidade necessita estar impregnada de reflexões e sensibilidades.

Numa proposta de fazer uma catequese participativa para crianças e jovens, não deve haver a preocupação de estudar profundamente a teologia católica, mas precisa-se de um roteiro bem elaborado a ser seguido, visto que deverá conter assuntos de significância para o catequizando, ou seja, assuntos que estão dentro do contexto de sua curiosidade e que têm como objetivo levá-lo a refletir e pensar por si mesmo, de uma maneira responsável.

Catequese: a experiência do amor

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Assim sendo, é necessário orientar e oferecer subsídios para em que expressem suas ideias e seus sentimentos, bem como escutando o sentimento dos outros, que podem ser semelhantes ou diferentes dos seus.

Devemos sempre nos lembrar de que, lidando com crianças de faixa etária menor, elas precisam muito do concreto e do lúdico e desenvolver essas atividades recreativas é fundamental, não só para que a catequese seja vivida com alegria e contentamento, mas também para criar interesses genuínos e o comprometimento com as crianças.

De outro lado, será importante construir um material interessante e vibrante, mas sem exageros, pois o material não deve tomar a atenção integral da criança, devendo cumprir a sua função de um facilitador dos meios de questionamento e aprendizado da nossa fé. O mundo contemporâneo está tomado por imagens e símbolos que denotam uma linguagem própria, que deve ser traduzida positivamente no ambiente catequético.

Os limites de tempo e espaço também são importantes, sendo preciso fixar regras para que uma catequese seja efetivamente produtiva, valendo-se de recursos audiovisuais ou expressão corporal, cartazes, murais, que são estratégias para internalizar o ponto de partida da reflexão evangélica. O texto escolhido deve conter um propósito ou assunto em comum, em que se inicie a investigação do seu sentido ou significação.

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O catequista pode contribuir para levar as crianças e jovens a compreender o mundo e a sua realidade, não somente para a sua identificação racional ou na busca de razões, mas essencialmente pela compreensão do homem e da sociedade no projeto salvífico do Reino de Deus, instigando ao questionamento e à reflexão sobre seus próprios atos, bem como os atos de outros. O agir com coerência e ética é um dos principais objetivos de uma catequese participativa, que assim poderá contribuir na construção de uma pessoa verdadeiramente humana.

Sugestão de leitura: Evangelização e novas tecnologias, por Luís Miguel Figueiredo Rodrigues

O CATEQUIZANDO QUE CHEGA NÃO SERÁ O MESMO NA SUA PARTIDAA prática de uma catequese participativa pode inaugurar uma nova abordagem do sentir a religiosidade e a fé, em que o catequista não é um repetidor de discursos prontos, mas um facilitador dos caminhos da reflexão e do saber evangélico, que deve se dispor a eleger novos caminhos, promovendo os questionamentos de sua prática e de seus valores, conduzindo as suas crianças e jovens na fascinante aventura do conhecimento de sua Igreja e da história da salvação.

As possibilidades de ensino da catequese participativa provocam os catequistas a buscar novas perspectivas de aprender, pois assim contribuirão para que a fé e a esperança num mundo melhor não sejam apenas uma promessa, mas uma realidade edificada por pessoas melhores. Um dos aspectos mais importantes dessa proposta é essa diferença no papel que se atribui ao catequista, pois ele deixa de ser a fonte do saber para fazer parte de uma comunidade de questionamentos e reflexões sobre o sentido de pertencer e ser a Igreja de Cristo.

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O catequista deve aprimorar sua metodologia, ensejando estar preparado para levar adiante uma reflexão religiosa, coordenando e fazendo objeções nos erros, perguntando e reperguntando, intervindo nas discussões, visto que estamos falando de crianças e jovens em estágio de amadurecimento, portanto, tomando os cuidados necessários para que sua opinião não seja tão intensa que venha a influenciar como resposta definitiva sem a devida compreensão do sagrado.

Existe a compreensão de que não se ensina às crianças o que é religião, mas o que se faz é incentivar o seu refletir sobre os aspectos da sua religiosidade, abrindo caminho para o questionamento e o diálogo, bem como ao respeito da opinião do outro, para a investigação de respostas e, essencialmente, para o conhecimento do Caminho, da Verdade e da Vida que nos foi revelado. Nessa prática do diálogo subsiste a construção do saber e do seu entendimento, condicionando à experiência de vida de cada um.

AS POSSIBILIDADES DE ENSINO DA CATEQUESE

PARTICIPATIVA PROVOCAM OS CATEQUISTAS A BUSCAR

NOVAS PERSPECTIVAS DE APRENDER, POIS ASSIM

CONTRIBUIRÃO PARA QUE A FÉ E A ESPERANÇA NUM

MUNDO MELHOR NÃO SEJAM APENAS UMA PROMESSA,

MAS UMA REALIDADE EDIFICADA POR PESSOAS

MELHORES.

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Essa prática de aprendizagem catequética não pode ser um ato solitário, pois o bom desempenho se dá no trabalho em grupo, que é fundamental para o sucesso em qualquer atividade cognitiva, em que cada um constrói a sua fração de ser pessoa para posteriormente compreender o sentido social e participativo da comunidade em que está inserido, assim favorecendo relações edificadas em si mesmas e edificantes em relação ao outro.

A catequese deve estar preparada para semear uma cidadania consciente, oportunizando a consciência de que ensinar a Doutrina Cristã para os catequizandos é dar- lhes a oportunidade para adquirir não só informações, mas também a segurança e a confiança em si e que se descubram como pessoas humanas ativas, enveredando pelo processo do conhecimento de que são imagens semelhantes do seu Pai Criador.

Referências Bibliográficas

ALTOÉ, Adailton. Método na catequese: ver, julgar/iluminar, agir, rever e celebrar no caminho. São Paulo/SP: Editora Paulus, 2010. 56 p.

BARBOSA, Raquel Lazzari Leite (org.). Formação de educadores. Artes e Técnicas – Ciências e Políticas. São Paulo/SP: Editora UNESP, 2006. 643 p.

DIOCESE DE OSASCO. O fenômeno religioso: ser católico no meio do pluralismo religioso. 4ª ed. Osasco/SP: Editora Paulus, 2015. Vol. 7, 54 p.

LOMBARBI, José Claudinei (org.). Globalização, pós-modernidade e educação. 2ª ed. Campinas/SP: Editora Autores Associados, 2003. 234 p.

Advogado, professor de teologia pastoral. Atua na formação permanente de agentes pastorais e fiéis leigos na Diocese de

Cachoeiro de Itapemirim-ES, sendo coordenador do Instituto de Ciências Humanas Evangelii Gaudium, instituição formativa de

denominação católica, que tem por objetivo precípuo produzir e difundir o conhecimento da doutrina cristã.

Márcio Oliveira Elias

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Para descobrirmos, é preciso primeiro entender o significado dessa expressão,

para então estudar o que pensava Cristo a respeito dela

56BÍBLIA

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D avi é, poder-se-ia dizer, um personagem emblemático nas Sagradas Escrituras. Apesar de sua história aparecer no Antigo Testamento - propriamente nos livros históricos de 1 e 2 Samuel e 1 Reis -, seu nome ainda é citado pelo menos umas

20 vezes no Novo Testamento. A princípio, uma leitura superficial das Sagradas Escrituras aponta Davi como um grande rei. Não é à toa que, hoje, até se canta: quando o Espírito de Deus se move em mim, eu rezo como o Rei Davi! Mas teria sido Davi realmente um rei tão exemplar assim, a ponto de servir de referência para os homens, hoje?

Davi, a princípio, parece ser "um filho insignificante". Segundo o relato, Samuel, o profeta de Deus, é enviado a um homem chamado Jessé, de Belém. Dentre seus filhos, estaria o novo rei, visto que Deus rejeitara Saul (cf. 1Sm 16,1). Diante de Samuel, o pai colocara todos os filhos que, inclusive, haviam sido purificados para o sacrifício, mas sequer avisara o profeta: "o filho mais novo não está aqui" (cf. 1Sm 16,1-13). Parece que convém ao pai que o caçula não esteja entre os irmãos. Não é à toa que quando todos os filhos passam diante de Samuel, ainda é preciso que o profeta pergunte se não há outro, porque Deus não escolhera nenhum daqueles que lhe haviam sido apresentados. Só quando questionado que o pai avisara que existia ainda o caçula, que estava no campo cuidando das ovelhas. Imediatamente, então, Davi é descrito como alguém de cor bonita, olhos formosos e belo aspecto (cf. 1Sm 1,12). Um dos grandes feitos de Davi é, sem dúvida, a autoria pela morte de Golias, o gigante filisteu. A história relatada na Bíblia, porém, tem as suas dificuldades, como o próprio fato de que 2Sm 21,19 informa que Elcanã, de Belém, um dos campões de Davi, é que mata o gigante. Davi, então, teria matado o gigante, mas não diretamente. Do mesmo modo, é preciso atribuir um caráter simbólico à figura de Golias. Talvez, o fato de chamarem-no de gigante é justamente para acentuar sua vantagem em relação a Davi.

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Diante de Saul, porém, Davi mostra uma fé sem tamanho, a ponto de, ao ser atacado por um leão, agarrá-lo pela juba e golpeá-lo até matar (cf. 1Sm 17,35). Sua afirmação é emblemática: "O Senhor, que me livrou das garras do leão e das garras do urso, me livrará das mãos dos filisteus" (cf. 1Sm 17,37). Davi, mais uma vez, sai vitorioso de sua empreitada.

Com a vitória de Davi sobre Golias, Saul, segundo o relato bíblico, foi tomado pela inveja, sobretudo pelo refrão que as mulheres cantavam: "Saul matou mil, mas Davi matou dez mil" (cf. 1Sm 18,7). Saul teria tentado atingir Davi por duas vezes com uma lança, mas sem sucesso (cf. 1Sm 18,11).

Saul, então, teria feito com que Davi empreendesse uma marcha com sua gente, contra os filisteus, a fim de se tornar seu genro. A intenção era que Davi morresse, mas o rei se surpreende porque Davi consegue 200 prepúcios dos filisteus e os entrega a Saul (cf. 1Sm 18,27), e o rei, sem escolhas, entrega-lhe Micol por esposa. Todavia, Saul teve ainda mais medo de Davi, porque sabia que o Senhor estava com ele, mas se tornou seu inimigo por toda a vida.

Deste ponto em diante, os relatos bíblicos parecem colocar Davi como uma figura inocente, que agora era amado pelos que o rodeavam e que, por sua vez, ajudavam-no a fugir de Saul, que queria sua morte. O próprio filho do rei, Jônatas, teria lhe ajudado (cf. 1Sm 19,1-10), bem como sua esposa Micol, que o amava (cf. 1Sm 19,11-17).

Com a posterior morte de Saul, porém, Davi torna-se um rei tão poderoso que, segundo o relato de 2Sm 5,1-5, todas as tribos de Israel foram a Hebron pedir a Davi que reinasse também sobre Jerusalém. Segundo consta, Davi reinou 7 anos e meio sobre Judá, em Hebron; e 33 anos em Jerusalém, sobre Israel e Judá. Davi, porém, ao que consta, não era um rei tão bondoso assim. Na conquista de Jerusalém, onde habitavam os jebuseus, havia muitos coxos e cegos, a quem Davi teria dito que detestava . Aos poucos, Davi ampliava seu Reino. Todavia, vale dizer, ampliava-se a custa de invasão, de guerras e de morte.

Jesus não queria ser o 'Filho de Davi' - e não o era, no

sentido de ser 'outro Davi'.

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O grande pecado de Davi, segundo a Bíblia, foi desejar a mulher de um de seus soldados: Betsabeia, esposa do guerreiro Urias. Para tê-la, Davi arma para que, no combate, Urias vá à frente, com o intuito de que fosse atingido e morresse. E assim acontece. Ao tomar conhecimento, Davi diz: "...guerra é assim mesmo: um dia cai um e outro dia cai outro; continue o assalto à cidade até arrasá-la" (2Sm11,25). Davi, então, toma a mulher de Urias como esposa e a engravida. Deus, porém, não teria gostado da atitude de Davi, que assumiu as consequências pelo seu erro (cf. 2Sm 12,1ss). Contudo, é com de Betsabeia que teria nascido Salomão, que o sucedera.

Nos evangelhos de Mateus e Marcos, Jesus é comparado a Davi. Hosana ao Filho de Davi, grita o povo enquanto o Messias entra na cidade de Jerusalém montado num jumento. Primeiro, é bom esclarecer que o termo Hosana foi tomado, só posteriormente, como uma aclamação de louvor. Na verdade, Hosana é um grito por clemência. Literalmente, poderia ser Salva-nos, por favor; Misericórdia de nós, por favor. Do mesmo modo, nas Sagradas Escrituras, a expressão 'Filho de' não significa, necessariamente, geração de sangue, mas 'igual a', no sentido da personalidade e da atividade. Logo, o povo esperava que Jesus fosse como Davi.

Abraão davi jesus época atual

2000 a.C. 1000 a.C. entre 5 e 7 a.C. 2016 d.C.

Tempo de esperapela segunda vinda

Tempo de espera pela

primeira vinda

O fato é que, segundos os relatos, dali não muito tempo, Jesus teria questionado de onde viria o Messias, ao que o povo (em Mateus) e os letrados (em Marcos) responderam: "De Davi" (cf. Mt 22,42; Mc 12,35). Jesus, então, teria lhes colocado uma grande questão: "Então, como Davi, inspirado, chama o Messias de Senhor, dizendo: 'Disse o Senhor a meu Senhor: Senta-te à minha direita até que eu faça de teus inimigos estrado de teus pés?' Pois se o próprio Davi o chama Senhor, como pode ser seu filho?" (cf. Mt 22,44-45a; Mc 12,36-37). E, segundo o relato, ninguém se atreveu a lhe dizer mais nada (Mt 22,45b).

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Parece, portanto, que Jesus não queria ser o 'Filho de Davi' - e não o era, no sentido de ser 'outro Davi'. O Nazareno sempre se refere a si mesmo como o 'Filho do Homem', para designar justamente o shekinah tão bem exposto pela comunidade de João: "No princípio era a Palavra. E a Palavra estava com Deus. E a Palavra era Deus. E a Palavra se faz carne e acampou entre nós" (cf. Jo 1,1.14a). Não é preciso, portanto, ir muito longe para acentuar a dicotomia que se deve estabelecer entre a figura de Davi e de Jesus de Nazaré. Jesus, verdadeiramente, quis instaurar um novo Reino, mas a partir do amor, do sentimento de partilha e da solidariedade entre os irmãos, bem diferente, pois, do reinado de Davi.

Assista ao clássico longa-metragem “O Rei Davi”, disponível no YouTube.

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12passos para o catequistacrescer na

fé, esperança e amorpor João Melo

62MATÉRIA DE CAPA

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N esta edição, queremos afirmar que nossos primeiros passos em um novo ano devem ser dados em comunhão com Jesus Cristo e que é importante viver o ministério da catequese com profunda fé, esperança e amor. Ser catequista é uma

missão muito bonita, mas também desafiadora. Pensando nisso, queremos sugerir a vocês, nossos leitores, maneiras eficazes de potencializar dois novos semestres pela prática das virtudes teologais (fé, esperança e amor), que traduzem um caminho de intensa intimidade com Jesus que liberta e salva. A vocação própria dos anunciadores da Palavra de Deus é “a obra da fé, o esforço do amor e a constância da esperança que vocês têm no Senhor Nosso, Jesus Cristo, diante de Deus nosso Pai” (1Ts 1,3).

Quando é que experimentamos a presença viva de Deus em nossa vida? Quando é que “sentimos” Deus? É quando estamos em comunhão com Jesus Cristo. O Evangelho nos narra o encontro dos discípulos com Jesus (Jo 1,35-51) e como estes ficaram fascinados com o Mestre. Hoje, o encontro e a comunhão com Cristo, graças à ação do Espírito Santo, realiza-se sobretudo na fé recebida e vivida na Igreja. O Documento de Aparecida (parágrafos 243 a 275) nos aponta alguns lugares, pessoas e dons que nos falam de Jesus e nos colocam em comunhão com Ele a partir da vivência das virtudes teologais (fé, esperança e amor):

Catequista protagonista da fé, do amor e da esperança

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Amar a Palavra de Deus. Ela ocupa a centralidade na vida e na missão da Igreja. A Palavra de Deus é o alimento cotidiano que sustenta a vida espiritual do catequista. Com efeito, encontramos Jesus na Sagrada Escritura, lida na Igreja com a tradição. Na Bíblia, Deus Se revela e Se comunica conosco. Os Evangelhos nos narram a vida de Jesus para nos despertar à fé (Jo 20,31). Recebemos também a tradição apostólica, isto é, os ensinamentos dos discípulos que viveram com Cristo e de Seus sucessores, que é guardada e transmitida pela Igreja, que é também Palavra de Deus (2Ts 2,15). O Papa Francisco pede frequentemente para que os cristãos leiam um trecho por dia dos Evangelhos. Que possamos ter o coração “faminto de ouvir a Palavra de Deus” (Am 8,11).

1. Palavra de Deus

Sugestão de leitura: Papa pede para ouvir o Evangelho ao invés da novela

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Celebrar de maneira contemplativa a liturgia. Encontramos Jesus Cristo, de modo admirável, na sagrada liturgia. Todas as vezes que os símbolos, gestos, ritos, celebrações, sacramentais, sacramentos e outras práticas litúrgicas nos conduzem a uma experiência que nos penetra ainda mais no mistério pascal de Jesus, somos marcados pela vida nova Nele. Nesse sentido, a liturgia é como um jogo ou uma brincadeira de criança. Uma menina, por exemplo, brinca de boneca e, dessa forma, antecipa a futura maternidade que poderá exercer. A liturgia, de certa forma, por meio dos sinais sensíveis aos sentidos humanos, antecipa as realidades da glória eterna e do encontro face a face com Deus.

2. A liturgia

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Participar assiduamente da celebração da Eucaristia, ato central da vida cristã. A Eucaristia é o lugar privilegiado do encontro do discípulo com Jesus Cristo. Privilegiado lembra primeiro, e é isso mesmo, dentre todos os lugares onde podemos encontrá-Lo, na Eucaristia – Corpo e Sangue de Jesus Cristo (Mt 26,26-29) – nossa comunhão é mais profunda pois somos alimentados com o Pão da Vida, somos atraídos por Jesus e celebramos novamente a Páscoa da Ressurreição.

3. A Eucaristia

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Ter um momento diário para a oração pessoal. A oração é indispensável na vida do catequista. Todo catequista tem de saber rezar com os iniciandos, rezar diante deles, rezar por eles e também ensiná-los a rezar. A oração pessoal, mas também a comunitária, é lugar onde o discípulo, alimentado pela Palavra e pela Eucaristia, cultiva uma relação de profunda amizade com Jesus Cristo e procura assumir a vontade do Pai. A nossa oração deve ser diária, precisamos criar um vínculo, uma intimidade com Deus. Orar é falar e ouvir Jesus. É uma graça ter este hábito, seja no silêncio do nosso coração, numa oração pessoal (Mt 6,5-8), ou na nossa oração comum com os irmãos.

4. A oração

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Enfrentar com perseverança e esperança os momentos difíceis da vida e da missão evangelizadora. As dificuldades, conflitos e sofrimentos, isto é, “abraçar a Cruz” (cf. Mt 16,24), fazem parte integral da vida. Além disso, também encontramos Jesus de modo especial nos pobres, aflitos e enfermos. Como não é possível encontrar o próprio Cristo nessas pessoas que muitas vezes nos dão testemunhos de fé, de paciência no sofrimento e na luta pela sobrevivência? Jesus nos diz que todas as vezes que acolhemos a um desses pequeninos é a Ele mesmo quem acolhemos (Mt 25,37-40).

5. A Cruz

Música "Não desista do amor"

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Buscar com frequência o Sacramento da Reconciliação para o seu próprio bem espiritual. A conversão e a mudança de vida fazem parte da vida do catequista. O Sacramento da Reconciliação é o lugar onde o pecador experimenta de maneira singular o encontro com Jesus Cristo. “Muitos dos que haviam acreditado vinham confessar os seus pecados e declarar as suas obras” (At 19,18). Jesus revela o rosto misericordioso e bondoso do Pai para com todos nós, pecadores. Por este sacramento, quando reconhecemos nossos erros (1Jo 1,9), sentimo-nos acolhidos por Jesus, que nos perdoa. A prática de um exame de consciência, sempre que possível, antes da confissão ou diariamente – antes de dormir – ajuda no caminho de crescimento espiritual e de santidade.

6. A conversão

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Enfrentar com perseverança e esperança os momentos difíceis da vida e da missão evangelizadora. As dificuldades, conflitos e sofrimentos, isto é, “abraçar a Cruz” (cf. Mt 16,24), fazem parte integral da vida. Além disso, também encontramos Jesus de modo especial nos pobres, aflitos e enfermos. Como não é possível encontrar o próprio Cristo nessas pessoas que muitas vezes nos dão testemunhos de fé, de paciência no sofrimento e na luta pela sobrevivência? Jesus nos diz que todas as vezes que acolhemos a um desses pequeninos é a Ele mesmo quem acolhemos (Mt 25,37-40).

7. O testemunho

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Caminhar junto com a comunidade. Jesus está presente em meio a uma comunidade viva na fé e no amor fraterno. Aí ele cumpre a promessa: “Onde estão dois ou três reunidos em Meu nome, aí estou Eu no meio deles” (Mt 18,20). Jesus se faz presente em meio a todos aqueles que lutam pela paz, justiça fraternidade... Que possamos ser comunidades vivas na fé e no amor para testemunhar aos outros a presença de Jesus em nosso meio.

8. A comunidade

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Cultivar a alegria e a esperança como características do catequista. A alegria é um fruto do Espírito Santo, resultado da íntima relação com o Senhor Ressuscitado. Ela é um santo remédio contra o pessimismo, a tristeza e a angústia que fazem parte da vida das pessoas. Certa vez, Jesus, o Grande Catequista, contou a seguinte parábola: “‘Escutai! O semeador saiu a semear. Ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e os passarinhos vieram e comeram. Outra parte caiu em terreno cheio de pedras, onde não havia muita terra; brotou logo, porque a terra não era profunda, mas quando o sol saiu, a semente se queimou e secou, porque não tinha raízes. Outra parte caiu no meio dos espinhos; estes cresceram e a sufocaram, e por isso não deu fruto. E outras sementes caíram em terra boa; brotaram, cresceram e deram frutos: trinta, sessenta e até cem por um’. E acrescentou: ‘Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!’” (Mc 4,3-9). Uma criança, durante um encontro de catequese, quando ouviu a parábola perguntou ao seu catequista: “Mas por que o semeador não jogou sementes só na terra boa? Por que jogou nos espinhos no meio das pedras se não ia nascer?”. Na ocasião o catequista se viu com certa dificuldade para responder, mas refletiu com calma depois. E pensou assim: certamente é mais fácil “plantar em terra boa” e colher da “terra boa”! Não se espera nada da terra que não seja “boa”! O semeador saiu a semear... Ele semeia em todos os lugares, não faz acepções, é esperançoso, acredita que a semente que está jogando é tão boa que pode dar seus frutos. Afinal, uma semente não serve exatamente para ser semeada? Seria mesmo mais sensato da parte do semeador guardar consigo as sementes porque não encontrou vastos terrenos que estavam em excelentes condições? O que poderia fazer o semeador pelos terrenos que ainda não eram terra boa? A semente é a Palavra de Deus. Na catequese, o semeador é o catequista e os “terrenos”, nossos iniciandos.

9. A alegria e a esperança

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De fato, o catequista anuncia a Palavra de Deus mesmo onde para ele é menos provável que ela seja acolhida ou vivida. Ele tem a mesma atitude de Pedro que, em obediência ao que Jesus lhe disse, lança as redes ao mar, mesmo sem acreditar muito que poderiam pegar algum peixe (cf. Lc 5,5). A verdade de Cristo é universal, de modo que todos são seus destinatários. São Paulo tinha consciência dessa realidade e por isso foi até o Areópago, lugar de cultura diversa da qual fora criado e da que poderia entender o que ele falava, e ali discursou... e poucos se converteram (At 17, 16-34). Seu discurso, entretanto, não foi em vão, pois, quem age e converte é Deus.

O catequista encontra em Deus forças e esperança para seu trabalho de evangelização. Ele percebe a ação de Deus no meio em que vive. Nossos iniciandos são terrenos bons ou por melhorar... Nós queremos ser seus semeadores.

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Ser um missionário no sentido pleno da palavra. O catequista é um facilitador da ação do Espírito na vida de cada pessoa e na conversão ao Senhor Jesus. Fazer discípulos de Cristo é fazer missionários, porque todo discípulo é também missionário de Jesus. Reconhecer-se como discípulo missionário, construtor de comunidades e comprometido com a nova evangelização e a transmissão da fé cristã é tomar consciência da vocação missionária da Igreja e da catequese.

10. A missão

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Cultivar uma autêntica espiritualidade mariana. Maria não é o centro da fé. Ela é modelo de discípula, mãe, mestra e catequista – “Façam tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Ela continua a missão de seu Filho (cf. At 1,14). Maria é exemplo de doação e de comprometimento com a causa do Reino de Deus. Ela é “aquela que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura” (Papa Francisco em Evangelii Gaudium, nº 286).

11. A devoção mariana

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Respeitar, purificar e promover a piedade popular. A religiosidade popular é uma maneira legítima de viver a fé, um modo de se sentir parte da Igreja e uma forma de ser missionário. Devemos cultivar com equilíbrio e de forma saudável a religiosidade popular que nos vem como herança do povo simples do nosso país. Povo que, mesmo sem estudo ou muito entendimento, cultiva uma fé viva muitas vezes maior do que a daqueles que se julgam entendidos das coisas de Deus. Aí Jesus Se faz verdadeiramente presente. Dentre outras expressões de fé, podemos citar as festas patronais, as novenas, os rosários e vias-sacras, as procissões, o carinho aos santos e anjos, as promessas, as orações em família, etc.Não faltam maneiras de vivenciar o encontro com Jesus Cristo em nossas vidas com fé, esperança e amor! Na Igreja encontramos todas elas!

Que possamos dizer com o Papa Emérito Bento XVI: “A Igreja é nossa casa! Esta é nossa casa! Na Igreja Católica temos tudo o que é bom, tudo o que é motivo de segurança e de consolo! Quem aceita a Cristo: Caminho, Verdade e Vida, em sua totalidade, têm garantida a paz e a felicidade, nesta e na outra vida!” (Discurso no Brasil, 12/5/07).

12. A fé do povo

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Uma urgência para a formação de catequistas:

o estilo catecumenal

O catequista tem que viver fortemente a fé se quiser ter algum êxito na catequese de seus iniciandos. Isso se torna ainda mais necessário no nosso tempo, em que a mensagem do Evangelho é relativizada. Muitas vezes, famílias, comunidades e até paróquias e a sociedade, em geral, não ajudam na transmissão da fé. Por essa razão, torna-se cada vez mais necessária a boa formação dos catequistas. Retiros, leitura de bons livros sobre catequese, palestras e cursos de formações, partilha de experiências entre o grupo de catequistas... tudo isso enriquece e prepara melhor os catequistas para sua missão evangelizadora.

Hoje, no Brasil, não é possível falar em formação de catequistas sem levar em conta o processo de Iniciação à Vida Cristã de estilo catecumenal que precisa ser conhecido, divulgado e abraçado. Com efeito, o parágrafo 29 da carta apostólica do Papa Francisco, Lumen Fidei, afirma: "A fé é conhecimento ligado ao transcorrer do tempo que a palavra necessita para ser explicitada: é conhecimento que só se aprende em um percurso de seguimento". Esse trecho da carta apostólica nos lembra justamente o itinerário de Iniciação à Vida Cristã que precisa acontecer, assim como na pedagogia divina, de forma progressiva, respeitando as realidades e as condições do "terreno" para a acolhida da semente da Palavra de Deus.

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Nesse parágrafo, o Papa nos diz que a fé é um conhecimento e que este está ligado ao transcorrer do tempo. Com isso, o Papa quer ao mesmo tempo afirmar que a transmissão, a adesão e o aprofundamento da fé ocorrem na realidade concreta do cotidiano da vida, ou seja, no tempo. De fato, não se trata de qualquer tempo, falamos do tempo presente em que a Palavra é ouvida, explicitada e, portanto, configurada ao ouvinte crente. Poderíamos dizer que se trata do tempo necessário para que a semente da Palavra de Deus crie raízes e possa brotar. Essa fé vivida e aprofundada é um sinal dos frutos dessa fé que, uma vez fincada no "terreno" fértil do coração do homem, é capaz de transbordar-se aos demais, oferecendo seus frutos que levam consigo novas sementes e propagam um verdadeiro campo da fé. Além disso, o texto nos diz que essa fé torna-se real e conhecimento para o crente na medida em que é aprendida em um percurso de seguimento. Novamente, lembramos de um caminho a ser percorrido, um itinerário de discipulado e seguimento. Hoje, a Igreja no Brasil quer que "reproponhamos" o caminho ordinário de Iniciação à Vida Cristã, permitindo que outros caminhos sejam também levados em conta. É sabido por todos nós que as estruturas atuais da maior parte das paróquias não atende de modo adequado ao objetivo de fazer discípulos missionários de Jesus Cristo, torná-los cristãos, e que temos uma dificuldade maior ainda em atingir aqueles que são indiferentes ou hostis à Igreja. Olhando para sua tradição milenar, a Igreja vê na história, em uma época de missão, num mundo de cultura pagã e de poucos cristãos – os primeiros séculos do cristianismo –, um tesouro a ser resgatado que, adaptado às condições atuais, ajuda a responder de forma eficaz ao desafio da Nova Evangelização. Esse tesouro chama-se catecumenato. Nessa perspectiva, a Igreja nos convida a adotar o itinerário da Iniciação à Vida Cristã de uma

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catequese com estilo catecumenal. Essa nova maneira de fazer catequese exige um novo modelo de comunidade paroquial que só aos poucos e com muito esforço conseguiremos mudar. O Estudo 97 da CNBB (Iniciação à Vida Cristã), o RICA (Ritual da Iniciação Cristã de Adultos) e o Itinerário Catequético da CNBB contêm as orientações necessárias para começar a implantação da iniciação cristã de inspiração catecumenal nas paróquias. As últimas diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil da CNBB também já indicam esse caminho.

O modelo de Iniciação à Vida Cristã de inspiração catecumenal apresentado nesses documentos propõe uma ação evangelizadora dividida em quatro tempos.

No primeiro tempo (chamado de pré-evangelização), ocorre o primeiro anúncio ou anúncio querigmático da pessoa de Jesus Cristo, Sua paixão, morte e ressurreição, ou seja, o ponto essencial e primordial da fé. Esse anúncio ocorre de forma pessoal, por introdutores que procuram em um clima de amizade e acolhida do iniciando, anunciar-lhes a vida de Jesus, sobretudo por meio de Seus Evangelhos.

Num segundo momento, em um tempo maior que o primeiro, ocorre o tempo de catequese propriamente dito, em que de forma sistemática a fé é aprofundada e vivida pelos iniciandos.

Feito isso, segue-se o tempo da iluminação em que os iniciandos vivem um período de preparação mais intensa para a celebração dos sacramentos por meio de uma forte experiência de espiritualidade e oração.

Celebrados os sacramentos, segue-se o tempo da mistagogia, em que o significado da celebração dos sacramentos é aprofundado. Neste último tempo, há um acentuado caráter missionário.

Esse processo é maior que a pastoral da catequese em si e envolve toda a comunidade paroquial. Trata-se de um caminho de adesão à fé e que hoje, mais do que nunca, precisa ser refletido, adaptado e proposto.

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Graduando em Teologia (PUC-SP), formado em Filosofia (UNIFAI), especialista em Catequese (UNISAL) e acadêmico do curso de Pós-

graduação em Psicopedagogia (Claretiano) e em Ensino Religioso Escolar (UNISAL). Colabora na formação de agentes de pastorais ligados

à prática catequética e à formação cristã na cidade de São Paulo/SP. Contato: [email protected]

João Melo

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8484O CATECISMO RESPONDE

2437 No plano internacional, a desigualdade dos recursos e dos meios econômicos é tão grande que provoca entre as nações um verdadeiro “fosso”. De um lado, estão os que detêm e desenvolvem os meios de crescimento e, de outro, os que acumulam as dívidas.

JUSTIÇA E SOLIDARIEDADE

ENTRE AS NAÇÕES

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2438 “Diversas causas de natureza religiosa, política, econômica e financeira, conferem hoje à questão social uma dimensão mundial”. A solidariedade é necessária entre as nações cujas políticas já são interdependentes. E ainda mais indispensável quando se toma preciso deter "os mecanismos perversos" que impedem o desenvolvimento dos países menos avançados. Urge substituir os sistemas financeiros abusivos e mesmo usurários, as relações comerciais iníquas entre as nações e a corrida armamentista por um esforço comum no sentido de mobilizar os recursos e objetivos de desenvolvimento moral, cultural e econômico, "redefinindo as prioridades e as escalas de valores".

2439 As nações ricas têm uma responsabilidade moral grave para com aquelas que não podem garantir sozinhas os próprios meios de seu desenvolvimento ou foram impedidas de fazê-lo por trágicos acontecimentos históricos. E um dever de solidariedade e caridade; é igualmente uma obrigação de justiça, se o bem-estar das nações ricas provém de recursos naturais não foram eqüitativamente pagos.

2440 A ajuda direta representa uma resposta apropriada a necessidades imediatas, extraordinárias, causadas por catástrofes naturais, epidemias etc., mas não basta para reparar os graves prejuízos que resultam de situações de miséria nem para prover permanentemente às necessidades. É necessário também reformar as instituições econômicas e financeiras internacionais, para que elas promovam melhor as relações eqüitativas com os países menos desenvolvidos. E preciso apoiar o esforço dos países pobres trabalhando para seu desenvolvimento e libertação. Esta doutrina deve ser aplicada de maneira muito especial no âmbito do trabalho agrícola. Os camponeses, sobretudo dos países menos desenvolvidos, constituem a massa preponderante dos pobres.

2441 Aumentar o senso de Deus e o conhecimento de si mesmo é a base de todo desenvolvimento completo da sociedade humana. Este desenvolvimento completo multiplica os bens materiais e os põe a serviço da pessoa e de sua liberdade. Diminui a miséria e a exploração econômicas. Faz crescer o respeito pelas; identidades culturais e a abertura para a transcendência.

2442 Não cabe aos pastores da Igreja intervir diretamente na construção política e na organização da vida social. Essa tarefa faz parte da vocação dos fiéis leigos, que agem por própria iniciativa com seus concidadãos. A ação social pode implicar uma pluralidade de caminhos concretos. Terá sempre em vista o bem comum e se conformará com a mensagem evangélica e com a doutrina da Igreja. Cabe aos fiéis leigos "animar as realidades temporais com um zelo cristão e comportar-se como artesãos da paz e da justiça".

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86MENSAGEM DO PAPA

VENCE AINDIFERENÇAE CONQUISTAA PAZ!

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Mensagem do Papa Francisco

para 2016 e o Dia Mundial da Paz

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Q ueridos irmãos e irmãs,

1. Deus não é indiferente; importa-Lhe a humanidade! Deus não a abandona! Com esta minha profunda convicção, quero, no início do novo ano, formular votos

de paz e bênçãos abundantes, sob o signo da esperança, para o futuro de cada homem e mulher, de cada família, povo e nação do mundo, e também dos chefes de Estado e de governo e dos responsáveis das religiões. Com efeito, não perdemos a esperança de que o ano de 2016 nos veja a todos firme e confiadamente empenhados, nos diferentes níveis, a realizar a justiça e a trabalhar pela paz. Na verdade, esta é dom de Deus e trabalho dos homens; a paz é dom de Deus, mas confiado a todos os homens e a todas as mulheres, que são chamados a realizá-lo.

Conservar as razões da esperança2. Embora o ano passado tenha sido caracterizado, do princípio ao fim, por guerras e atos terroristas, com as suas trágicas consequências de sequestros de pessoas, perseguições por motivos étnicos ou religiosos, prevaricações, multiplicando-se cruelmente em muitas regiões do mundo, a ponto de assumir os contornos daquela que se poderia chamar uma «terceira guerra mundial por pedaços», todavia alguns acontecimentos dos últimos anos e também do ano passado incitam-me, com o novo ano em vista, a renovar a exortação a não perder a esperança na capacidade que o homem tem, com a graça de Deus, de superar o mal, não se rendendo à resignação nem à indiferença. Tais acontecimentos representam a capacidade de a humanidade agir solidariamente, perante as situações críticas, superando os interesses individualistas, a apatia e a indiferença.

Dentre tais acontecimentos, quero recordar o esforço feito para favorecer o encontro dos líderes mundiais, no âmbito da Cop21, a fim de se procurar novos caminhos para enfrentar as alterações climáticas e salvaguardar o bem-estar da terra, a nossa casa comum. E isto remete para mais dois acontecimentos anteriores de nível mundial: a Cimeira de Adis-Abeba para arrecadação de fundos destinados ao desenvolvimento sustentável do mundo; e a adoção, por parte das Nações Unidas, da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que visa assegurar, até ao referido ano, uma existência mais digna para todos, sobretudo para as populações pobres da terra.

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O ano de 2015 foi um ano especial para a Igreja, nomeadamente porque registrou o cinquentenário da publicação de dois documentos do Concílio Vaticano II que exprimem, de forma muito eloquente, o sentido de solidariedade da Igreja com o mundo. O Papa João XXIII, no início do Concílio, quis escancarar as janelas da Igreja, para que houvesse, entre ela e o mundo, uma comunicação mais aberta. Os dois documentos – Nostra aetate e Gaudium et spes – são expressões emblemáticas da nova relação de diálogo, solidariedade e convivência que a Igreja pretendia introduzir no interior da humanidade. Na Declaração Nostra aetate, a Igreja foi chamada a abrir-se ao diálogo com as expressões religiosas não-cristãs. Na Constituição pastoral Gaudium et spes – dado que «as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo»[1] –, a Igreja desejava estabelecer um diálogo com a família humana sobre os problemas do mundo, como sinal de solidariedade, respeito e amor.[2]

Nesta mesma perspectiva, com o Jubileu da Misericórdia, quero convidar a Igreja a rezar e trabalhar para que cada cristão possa maturar um coração humilde e compassivo, capaz de anunciar e testemunhar a misericórdia, de «perdoar e dar», de abrir-se «àqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais, que muitas vezes o mundo contemporâneo cria de forma dramática», sem cair «na indiferença que humilha, na habituação que anestesia o espírito e impede de descobrir a novidade, no cinismo que destrói».[3]

Variadas são as razões para crer na capacidade que a humanidade tem de agir, conjunta e solidariamente, reconhecendo a própria interligação e interdependência e tendo a peito os membros mais frágeis e a salvaguarda do bem comum. Esta atitude de solidária corresponsabilidade está na raiz da vocação fundamental à fraternidade e à vida comum. A dignidade e as relações interpessoais constituem-nos como seres humanos, queridos por Deus à sua imagem e semelhança. Como criaturas dotadas de inalienável dignidade, existimos relacionando-nos com os nossos irmãos e irmãs, pelos quais somos responsáveis e com os quais agimos solidariamente. Fora desta relação, passaríamos a ser menos humanos. É por isso mesmo que a indiferença constitui uma ameaça para a família humana. No limiar dum novo ano, quero convidar a todos para que reconheçam este fato a fim de se vencer a indiferença e conquistar a paz.

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Algumas formas de indiferença3. Não há dúvida de que o comportamento do indivíduo indiferente, de quem fecha o coração desinteressando-se dos outros, de quem fecha os olhos para não ver o que sucede ao seu redor ou se esquiva para não ser abalroado pelos problemas alheios, caracteriza uma tipologia humana bastante difundida e presente em cada época da história; mas, hoje em dia, superou decididamente o âmbito individual para assumir uma dimensão global, gerando o fenômeno da «globalização da indiferença».

A primeira forma de indiferença na sociedade humana é a indiferença para com Deus, da qual deriva também a indiferença para com o próximo e a criação. Trata-se de um dos graves efeitos dum falso humanismo e do materialismo prático, combinados com um pensamento relativista e niilista. O homem pensa que é o autor de si mesmo, da sua vida e da sociedade; sente-se auto-suficiente e visa não só ocupar o lugar de Deus, mas prescindir completamente d’Ele; consequentemente, pensa que não deve nada a ninguém, exceto a si mesmo, e pretende ter apenas direitos.[4] Contra esta errônea compreensão que a pessoa tem de si mesma, Bento XVI recordava que nem o homem nem o seu desenvolvimento são capazes, por si mesmos, de se atribuir o próprio significado último;[5] e, antes dele, Paulo VI afirmara que «não há verdadeiro humanismo senão o aberto ao Absoluto, reconhecendo uma vocação que exprime a ideia exata do que é a vida humana».[6]

A indiferença para com o próximo assume diferentes fisionomias. Há quem esteja bem informado, ouça o rádio, leia os jornais ou veja programas de televisão, mas fá-lo de maneira entorpecida, quase numa condição de rendição: estas pessoas conhecem vagamente os dramas que afligem a humanidade, mas não se sentem envolvidas, não vivem a compaixão. Este é o comportamento de quem sabe, mas mantém o olhar, o pensamento e a ação voltados para si mesmo. Infelizmente, temos de constatar que o aumento das informações, próprio do nosso tempo, não significa, de por si, aumento de atenção aos problemas, se não for acompanhado por uma abertura das consciências em sentido solidário.[7] Antes, pode gerar uma certa saturação que anestesia e, em certa medida, relativiza a gravidade dos problemas. «Alguns comprazem-se simplesmente em culpar, dos próprios males, os pobres e os países pobres, com generalizações indevidas, e pretendem encontrar a solução numa “educação” que os tranquilize e transforme em seres domesticados e inofensivos. Isto torna-se ainda mais irritante, quando os excluídos vêem crescer este câncer social que é a corrupção profundamente radicada em muitos países – nos seus governos, empresários e instituições – seja qual for a ideologia política dos governantes».[8]

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Noutros casos, a indiferença manifesta-se como falta de atenção à realidade circundante, especialmente a mais distante. Algumas pessoas preferem não indagar, não se informar e vivem o seu bem-estar e o seu conforto, surdas ao grito de angústia da humanidade sofredora. Quase sem nos dar conta, tornamo-nos incapazes de sentir compaixão pelos outros, pelos seus dramas; não nos interessa ocupar-nos deles, como se aquilo que lhes sucede fosse responsabilidade alheia, que não nos compete.[9] «Quando estamos bem e comodamente instalados, esquecemo-nos certamente dos outros (isto, Deus Pai nunca o faz!), não nos interessam os seus problemas, nem as tribulações e injustiças que sofrem; e, assim, o nosso coração cai na indiferença: encontrando-me relativamente bem e confortável, esqueço-me dos que não estão bem».[10]

Vivendo nós numa casa comum, não podemos deixar de nos interrogar sobre o seu estado de saúde, como procurei fazer na Carta encíclica Laudato si’. A poluição das águas e do ar, a exploração indiscriminada das florestas, a destruição do meio ambiente são, muitas vezes, resultado da indiferença do homem pelos outros, porque tudo está relacionado. E de igual modo o comportamento do homem com os animais influi sobre as suas relações com os outros,[11] para não falar de quem se permite fazer noutros lugares aquilo que não ousa fazer em sua casa.[12]

Nestes e noutros casos, a indiferença provoca sobretudo fechamento e desinteresse, acabando assim por contribuir para a falta de paz com Deus, com o próximo e com a criação.

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A paz ameaçada pela indiferença globalizada4. A indiferença para com Deus supera a esfera íntima e espiritual da pessoa individual e investe a esfera pública e social. Como afirmava Bento XVI, «há uma ligação íntima entre a glorificação de Deus e a paz dos homens na terra».[13] Com efeito, «sem uma abertura ao transcendente, o homem cai como presa fácil do relativismo e, consequentemente, torna-se-lhe difícil agir de acordo com a justiça e comprometer-se pela paz».[14] O esquecimento e a negação de Deus, que induzem o homem a não reconhecer qualquer norma acima de si próprio e a tomar como norma apenas a si mesmo, produziram crueldade e violência sem medida.[15]

A nível individual e comunitário, a indiferença para com o próximo – filha da indiferença para com Deus – assume as feições da inércia e da apatia, que alimentam a persistência de situações de injustiça e grave desequilíbrio social, as quais podem, por sua vez, levar a conflitos ou de qualquer modo gerar um clima de descontentamento que ameaça desembocar, mais cedo ou mais tarde, em violências e insegurança.

Neste sentido, a indiferença e consequente desinteresse constituem uma grave falta ao dever que cada pessoa tem de contribuir – na medida das suas capacidades e da função que desempenha na sociedade – para o bem comum, especialmente para a paz, que é um dos bens mais preciosos da humanidade.[16]

Depois, quando investe o nível institucional, a indiferença pelo outro, pela sua dignidade, pelos seus direitos fundamentais e pela sua liberdade, de braço dado com uma cultura orientada para o lucro e o hedonismo, favorece e às vezes justifica ações e políticas que acabam por constituir ameaças à paz. Este comportamento de indiferença pode chegar inclusivamente a justificar algumas políticas econômicas deploráveis, precursoras de injustiças, divisões e violências, que visam a consecução do bem-estar próprio ou o da nação. Com efeito, não é raro que os projetos econômicos e políticos dos homens tenham por finalidade a conquista ou a manutenção do poder e das riquezas, mesmo à custa de espezinhar os direitos e as exigências fundamentais dos outros. Quando as populações vêem negados os seus direitos elementares, como o alimento, a água, os cuidados de saúde ou o trabalho, sentem-se tentadas a obtê-los pela força.[17]

Por fim, a indiferença pelo ambiente natural, favorecendo o desflorestamento, a poluição e as catástrofes naturais que desenraízam comunidades inteiras do seu ambiente de vida, constrangendo-as à precariedade e à insegurança, cria novas pobrezas, novas situações de injustiça com consequências muitas vezes desastrosas em termos de segurança e paz social. Quantas guerras foram movidas e quantas ainda serão travadas por causa da falta de recursos ou para responder à demanda insaciável de recursos naturais?[18]

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Da indiferença à misericórdia: a conversão do coração5. Quando, há um ano – na Mensagem para o Dia Mundial da Paz intitulada «já não escravos, mas irmãos» –, evoquei o primeiro ícone bíblico da fraternidade humana, o ícone de Caim e Abel (cf. Gn 4, 1-16), fi-lo para evidenciar o modo como foi traída esta primeira fraternidade. Caim e Abel são irmãos. Provêm ambos do mesmo ventre, são iguais em dignidade e criados à imagem e semelhança de Deus; mas a sua fraternidade de criaturas quebra-se. «Caim não só não suporta o seu irmão Abel, mas mata-o por inveja».[19] E assim o fratricídio torna-se a forma de traição, sendo a rejeição, por parte de Caim, da fraternidade de Abel a primeira ruptura nas relações familiares de fraternidade, solidariedade e respeito mútuo.

Então Deus intervém para chamar o homem à responsabilidade para com o seu semelhante, precisamente como fizera quando Adão e Eva, os primeiros pais, quebraram a comunhão com o Criador. «O Senhor disse a Caim: “Onde está o teu irmão Abel?” Caim respondeu: “Não sei dele. Sou, porventura, guarda do meu irmão?” O Senhor replicou: “Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama da terra até Mim”» (Gn 4, 9-10).

Caim diz que não sabe o que aconteceu ao seu irmão, diz que não é o seu guardião. Não se sente responsável pela sua vida, pelo seu destino. Não se sente envolvido. É-lhe indiferente o seu irmão, apesar de ambos estarem ligados pela origem comum. Que tristeza! Que drama fraterno, familiar, humano! Esta é a primeira manifestação da indiferença entre irmãos. Deus, ao contrário, não é indiferente: o sangue de Abel tem grande valor aos seus olhos e pede contas dele a Caim. Assim, Deus revela-Se, desde o início da humanidade, como Aquele que se interessa pelo destino do homem. Quando, mais tarde, os filhos de Israel se encontram na escravidão do Egito, Deus intervém de novo. Diz a Moisés: «Eu bem vi a opressão do meu povo que está no Egito, e ouvi o seu clamor diante dos seus inspetores; conheço, na verdade, os seus sofrimentos. Desci a fim de o libertar da mão dos egípcios e de o fazer subir desta terra para uma terra boa e espaçosa, para uma terra que mana leite e mel» (Ex 3, 7-8). É importante notar os verbos que descrevem a intervenção de Deus: Ele observa, ouve, conhece, desce, liberta. Deus não é indiferente. Está atento e age.

De igual modo, no seu Filho Jesus, Deus desceu ao meio dos homens, encarnou e mostrou-Se solidário com a humanidade em tudo, exceto no pecado. Jesus identificava-Se com a humanidade: «o primogênito de muitos irmãos» (Rm 8, 29). Não se contentava em ensinar às multidões, mas preocupava-Se com elas, especialmente quando as via famintas (cf. Mc 6, 34-44) ou sem trabalho (cf. Mt 20, 3). O seu olhar não Se fixava apenas nos seres humanos, mas também nos peixes do mar, nas aves do céu, na erva e nas árvores, pequenas e grandes; abraçava a criação inteira. Ele vê sem dúvida, mas não Se limita a isso, pois toca as pessoas, fala com elas, age em seu favor e faz bem a quem precisa. Mais ainda, deixa-Se comover e chora (cf. Jo 11, 33-44). E age para acabar com o sofrimento, a tristeza, a miséria e a morte.

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Jesus ensina-nos a ser misericordiosos como o Pai (cf. Lc 6, 36). Na parábola do bom samaritano (cf. Lc 10, 29-37), denuncia a omissão de ajuda numa necessidade urgente dos seus semelhantes: «ao vê-lo, passou adiante» (Lc 10, 32). Ao mesmo tempo, com este exemplo, convida os seus ouvintes, e particularmente os seus discípulos, a aprenderem a parar junto dos sofrimentos deste mundo para os aliviar, junto das feridas dos outros para as tratar com os recursos de que disponham, a começar pelo próprio tempo apesar das muitas ocupações. Na realidade, muitas vezes a indiferença procura pretextos: na observância dos preceitos rituais, na quantidade de coisas que é preciso fazer, nos antagonismos que nos mantêm longe uns dos outros, nos preconceitos de todo o gênero que impedem de nos fazermos próximo.

A misericórdia é o coração de Deus. Por isso deve ser também o coração de todos aqueles que se reconhecem membros da única grande família dos seus filhos; um coração que bate forte onde quer que esteja em jogo a dignidade humana, reflexo do rosto de Deus nas suas criaturas. Jesus adverte-nos: o amor aos outros – estrangeiros, doentes, encarcerados, pessoas sem-abrigo, até inimigos – é a unidade de medida de Deus para julgar as nossas ações. Disso depende o nosso destino eterno. Não é de admirar que o apóstolo Paulo convide os cristãos de Roma a alegrar-se com os que se alegram e a chorar com os que choram (cf. Rm 12, 15), ou recomende aos de Corinto que organizem coletas em sinal de solidariedade com os membros sofredores da Igreja (cf. 1 Cor 16, 2-3). E São João escreve: «Se alguém possuir bens deste mundo e, vendo o seu irmão com necessidade, lhe fechar o seu coração, como é que o amor de Deus pode permanecer nele?» (1 Jo 3, 17; cf. Tg 2, 15-16).

É por isso que «é determinante para a Igreja e para a credibilidade do seu anúncio que viva e testemunhe, ela mesma, a misericórdia. A sua linguagem e os seus gestos, para penetrarem no coração das pessoas e desafiá-las a encontrar novamente a estrada para regressar ao Pai, devem irradiar misericórdia. A primeira verdade da Igreja é o amor de Cristo. E, deste amor que vai até ao perdão e ao dom de si mesmo, a Igreja faz-se serva e mediadora junto dos homens. Por isso, onde a Igreja estiver presente, aí deve ser evidente a misericórdia do Pai. Nas nossas paróquias, nas comunidades, nas associações e nos movimentos – em suma, onde houver cristãos –, qualquer pessoa deve poder encontrar um oásis de misericórdia».[20]

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Deste modo, também nós somos chamados a fazer do amor, da compaixão, da misericórdia e da solidariedade um verdadeiro programa de vida, um estilo de comportamento nas relações de uns com os outros.[21] Isto requer a conversão do coração, isto é, que a graça de Deus transforme o nosso coração de pedra num coração de carne (cf. Ez 36, 26), capaz de se abrir aos outros com autêntica solidariedade. Com efeito, esta é muito mais do que um «sentimento de compaixão vaga ou de enternecimento superficial pelos males sofridos por tantas pessoas, próximas ou distantes».[22] A solidariedade «é a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum, ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos»,[23] porque a compaixão brota da fraternidade.

Assim entendida, a solidariedade constitui a atitude moral e social que melhor dá resposta à tomada de consciência das chagas do nosso tempo e da inegável interdependência que se verifica cada vez mais, especialmente num mundo globalizado, entre a vida do indivíduo e da sua comunidade num determinado lugar e a de outros homens e mulheres no resto do mundo.[24]

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Fomentar uma cultura de solidariedade e misericórdia para se vencer a indiferença6. A solidariedade como virtude moral e comportamento social, fruto da conversão pessoal, requer empenho por parte duma multiplicidade de sujeitos que detêm responsabilidades de caráter educativo e formativo.

Penso em primeiro lugar nas famílias, chamadas a uma missão educativa primária e imprescindível. Constituem o primeiro lugar onde se vivem e transmitem os valores do amor e da fraternidade, da convivência e da partilha, da atenção e do cuidado pelo outro. São também o espaço privilegiado para a transmissão da fé, a começar por aqueles primeiros gestos simples de devoção que as mães ensinam aos filhos.[25]

Quanto aos educadores e formadores que têm a difícil tarefa de educar as crianças e os jovens, na escola ou nos vários centros de agregação infantil e juvenil, devem estar cientes de que a sua responsabilidade envolve as dimensões moral, espiritual e social da pessoa. Os valores da liberdade, respeito mútuo e solidariedade podem ser transmitidos desde a mais tenra idade. Dirigindo-se aos responsáveis das instituições que têm funções educativas, Bento XVI afirmava: «Possa cada ambiente educativo ser lugar de abertura ao transcendente e aos outros; lugar de diálogo, coesão e escuta, onde o jovem se sinta valorizado nas suas capacidades e riquezas interiores e aprenda a apreciar os irmãos. Possa ensinar a saborear a alegria que deriva de viver dia após dia a caridade e a compaixão para com o próximo e de participar ativamente na construção duma sociedade mais humana e fraterna».[26]

Também os agentes culturais e dos meios de comunicação social têm responsabilidades no campo da educação e da formação, especialmente na sociedade atual onde se vai difundindo cada vez mais o acesso a instrumentos de informação e comunicação. Antes de mais nada, é dever deles colocar-se ao serviço da verdade e não de interesses particulares. Com efeito, os meios de comunicação «não só informam, mas também formam o espírito dos seus destinatários e, consequentemente, podem concorrer notavelmente para a educação dos jovens. É importante ter presente a ligação estreitíssima que existe entre educação e comunicação: de fato, a educação realiza-se por meio da comunicação, que influi positiva ou negativamente na formação da pessoa».[27] Os agentes culturais e dos meios de comunicação social deveriam também vigiar por que seja sempre lícito, jurídica e moralmente, o modo como se obtêm e divulgam as informações.

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A paz, fruto duma cultura de solidariedade, misericórdia e compaixão7. Conscientes da ameaça duma globalização da indiferença, não podemos deixar de reconhecer que, no cenário acima descrito, inserem-se também numerosas iniciativas e ações positivas que testemunham a compaixão, a misericórdia e a solidariedade de que o homem é capaz.

Quero recordar alguns exemplos de louvável empenho, que demonstram como cada um pode vencer a indiferença, quando opta por não afastar o olhar do seu próximo, e constituem passos salutares no caminho rumo a uma sociedade mais humana.

Há muitas organizações não-governamentais e grupos sócio-caritativos, dentro da Igreja e fora dela, cujos membros, por ocasião de epidemias, calamidades ou conflitos armados, enfrentam fadigas e perigos para cuidar dos feridos e doentes e para sepultar os mortos. Ao lado deles, quero mencionar as pessoas e as associações que socorrem os emigrantes que atravessam desertos e sulcam mares à procura de melhores condições de vida. Estas ações são obras de misericórdia corporal e espiritual, sobre as quais seremos julgados no fim da nossa vida.

Penso também nos jornalistas e fotógrafos, que informam a opinião pública sobre as situações difíceis que interpelam as consciências, e naqueles que se comprometem na defesa dos direitos humanos, em particular os direitos das minorias étnicas e religiosas, dos povos indígenas, das mulheres e das crianças, e de quantos vivem em condições de maior vulnerabilidade. Entre eles, contam-se também muitos sacerdotes e missionários que, como bons pastores, permanecem junto dos seus fiéis e nos apoiam sem olhar a perigos e adversidades, em particular durante os conflitos armados.

Além disso, quantas famílias, no meio de inúmeras dificuldades laborais e sociais, se esforçam concretamente, à custa de muitos sacrifícios, por educar os seus filhos «contracorrente» nos valores da solidariedade, da compaixão e da fraternidade! Quantas famílias abrem os seus corações e as suas casas a quem está necessitado, como os refugiados e os emigrantes! Quero agradecer de modo particular a todas as pessoas, famílias, paróquias, comunidades religiosas, mosteiros e santuários que responderam prontamente ao meu apelo a acolher uma família de refugiados.[28]

Quero, enfim, mencionar os jovens que se unem para realizar projetos de solidariedade, e todos aqueles que abrem as suas mãos para ajudar o próximo necessitado nas suas cidades, no seu país ou noutras regiões do mundo. Quero agradecer e encorajar todos aqueles que estão empenhados em ações deste gênero, mesmo sem gozar de publicidade: a sua fome e sede de justiça serão saciadas, a sua misericórdia far-lhes-á encontrar misericórdia e, como obreiros da paz, serão chamados filhos de Deus (cf. Mt 5, 6-9).

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A paz, sob o signo do Jubileu da Misericórdia8. No espírito do Jubileu da Misericórdia, cada um é chamado a reconhecer como se manifesta a indiferença na sua vida e a adotar um compromisso concreto que contribua para melhorar a realidade onde vive, a começar pela própria família, a vizinhança ou o ambiente de trabalho.

Também os Estados são chamados a cumprir gestos concretos, atos corajosos a bem das pessoas mais frágeis da sociedade, como os reclusos, os migrantes, os desempregados e os doentes.

Relativamente aos reclusos, urge em muitos casos adotar medidas concretas para melhorar as suas condições de vida nos estabelecimentos prisionais, prestando especial atenção àqueles que estão privados da liberdade à espera de julgamento,[29] tendo em mente a finalidade reabilitativa da sanção penal e avaliando a possibilidade de inserir nas legislações nacionais penas alternativas à detenção carcerária. Neste contexto, desejo renovar às autoridades estatais o apelo a abolir a pena de morte, onde ainda estiver em vigor, e a considerar a possibilidade duma anistia.

Quanto aos migrantes, quero dirigir um convite a repensar as legislações sobre as migrações, de modo que sejam animadas pela vontade de dar hospitalidade, no respeito pelos recíprocos deveres e responsabilidades, e possam facilitar a integração dos migrantes. Nesta perspectiva, dever-se-ia prestar especial atenção às condições para conceder a residência aos migrantes, lembrando-se de que a clandestinidade traz consigo o risco de os arrastar para a criminalidade.

Desejo ainda, neste Ano Jubilar, formular um premente apelo aos líderes dos Estados para que realizem gestos concretos a favor dos nossos irmãos e irmãs que sofrem pela falta de trabalho, terra e teto. Penso na criação de empregos dignos para contrastar a chaga social do desemprego, que lesa um grande número de famílias e de jovens e tem consequências gravíssimas no bom andamento da sociedade inteira. A falta de trabalho afeta, fortemente, o sentido de dignidade e de esperança, e só parcialmente é que pode ser compensada pelos subsídios, embora necessários, para os desempregados e suas famílias. Especial atenção deveria ser dedicada às mulheres – ainda discriminadas, infelizmente, no campo laboral – e a algumas categorias de trabalhadores, cujas condições são precárias ou perigosas e cujos salários não são adequados à importância da sua missão social.

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Finalmente, quero convidar à realização de ações eficazes para melhorar as condições de vida dos doentes, garantindo a todos o acesso aos cuidados sanitários e aos medicamentos indispensáveis para a vida, incluindo a possibilidade de tratamentos domiciliários.

E, estendendo o olhar para além das próprias fronteiras, os líderes dos Estados são chamados também a renovar as suas relações com os outros povos, permitindo a todos uma efetiva participação e inclusão na vida da comunidade internacional, para que se realize a fraternidade também dentro da família das nações.

Nesta perspectiva, desejo dirigir um tríplice apelo: apelo a abster-se de arrastar os outros povos para conflitos ou guerras que destroem não só as suas riquezas materiais, culturais e sociais, mas também – e por longo tempo – a sua integridade moral e espiritual; apelo ao cancelamento ou gestão sustentável da dívida internacional dos Estados mais pobres; apelo à adoção de políticas de cooperação que, em vez de submeter à ditadura de algumas ideologias, sejam respeitadoras dos valores das populações locais e, de maneira nenhuma, lesem o direito fundamental e inalienável dos nascituros à vida.

Confio estas reflexões, juntamente com os melhores votos para o novo ano, à intercessão de Maria Santíssima, Mãe solícita pelas necessidades da humanidade, para que nos obtenha de seu Filho Jesus, Príncipe da Paz, a satisfação das nossas súplicas e a bênção do nosso compromisso diário por um mundo fraterno e solidário.

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Por Celso Antonio

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Um certo Príncipe do Egito

É um período negro para os hebreus no Egito. Milhões deles foram escravizados pelo faraó Seti para construir seus templos. Embora Moisés tenha nascido hebreu, sua mãe não quer que ele passe a vida como escravo e, por isso, o deposita no Rio Nilo

em uma cesta (você já parou para pensar por que aquelas cestinhas para bebês se chamam “Moisés”?). Ele é salvo e acaba sendo adotado por uma princesa egípcia, e é criado como um irmão para Ramsés, o herdeiro do trono do Egito. Mas, depois que atinge a idade adulta, Moisés descobre que não tem sangue egípcio; que, na verdade, ele faz parte do mesmo povo que o serve desde que ele era pequeno. Ele então deixa o Egito e vagueia através do deserto, finalmente chegando a uma aldeia de pastores.

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Embora eu não recomende este filme para crianças muito pequenas, ele pode ser uma grande ferramenta de aprendizagem para adolescentes, grupos de jovens ou aspirantes a catequista.

Em seguida Moisés encontra Deus em uma sarça (moita) ardente; O Senhor diz a ele para voltar para o Egito e pedir ao faraó para deixar seu povo partir. Ao retornar, ele descobre que Ramsés é o novo faraó. Ele suplica a seu antigo irmão que liberte os hebreus, mas Ramsés se recusa; segue-se então a conhecida sequência de pragas e pestilência, que finalmente o obriga a ceder. Quando Moisés finalmente está tirando o seu povo do Egito, Ramsés muda de ideia e dá início à perseguição. Moisés pede a Deus para ajudá-los mais uma vez, e o exército do faraó é tragado pelo Mar Vermelho. Tendo libertado o seu povo, Moisés recebe os Dez Mandamentos de Deus e os inscreve em tábuas de pedra.

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Talvez o aspecto mais impressionante deste filme monumental sejam as imagens, o visual altamente simbólico. As muitas canções memoráveis também são arte pura: estão vivas, com cores e formas próprias. Em contraste, a cena da páscoa, onde a praga mortal vem e mata todas as crianças egípcias primogênitas (o primeiro filho de cada família), se passa em um austero preto e branco. Existem inúmeros outros deleites visuais, desde os monumentos do Egito (a Esfinge, as Pirâmides) até a sarça ardente, passando pela travessia do Mar Vermelho (com direito até mesmo a uma baleia!).

Embora eu não recomende este filme para crianças muito pequenas, ele pode ser uma grande ferramenta de aprendizagem para adolescentes, grupos de jovens ou aspirantes a catequista. Mas você pode ser obrigado a responder a algumas perguntas difíceis. Bora estudar o Antigo Testamento?

Jornalista, escritor e professor de inglês pela Escola Estadual Coronel Castanho de Almeida,

na cidade de Guareí, interior de SP.

Celso Antonio

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O app Catecismo da Igreja Católica, tanto em sua versão pocket (para iOS) quanto convencional (Android),

carrega consigo os principais elementos da doutrina e da moral católica sob o conceito pergunta-resposta.

O material disponibilizado pelo aplicativo está atualizado de acordo com a versão publicada pela Igreja em 2005 e o download pode ser feito por smartphones Android e iOS.

Agora você pode ter acesso aos principais elementos do catolicismo a qualquer momento, em todos os lugares!

Agora você pode ter acesso aos principais elementos da doutrina católica a qualquer momento e em todos os lugares

CATECISMODA IGREJACATÓLICA

105SUGESTÕES DE APP

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PARÓQUIA E INICIAÇÃO CRISTÃde João Fernandes Reinert, editora Paulus

A transmissão da fé e a sua consequente vivência eclesial-comunitária são desafios pastorais da atualidade. É exigente perseverar na vivência eclesial, quando cresce o assim chamado processo de desinstitucionalização religiosa ou a crença sem pertença. Repensar os caminhos da iniciação cristã e a reconfiguração eclesial é, portanto, uma tarefa urgente. A metodologia catecumenal, caminho antigo e sempre novo para iniciar na fé, apresenta-se como uma renovada chance evangelizadora. Contudo, ela depende de renovada configuração paroquial. Catecumenato e renovação paroquial se complementam e se enriquecem. O que o catecumenato tem a dizer à renovação paroquial e em que sentido a paróquia renovada contribui para o catecumenato são questões que o autor apresenta neste livro.

106SUGESTÕES DE LEITURA

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CATEQUESE AO RAIAR DO DIAde padre Zezinho, SCJ, editora Ave-Maria

Começar o dia em oração e dedicando um tempo para refletir sobre os ensinamentos de Jesus faz com que nossa fé se solidifique ainda mais e que tenhamos um grande dia pela frente. Nesta obra, de autoria do Pe. Zezinho, SCJ, o autor reuniu alguns pensamentos que os levaram à reflexão e estudo nas Sagradas Escrituras e em outros livros sobre temas que ajudam a catequizar e nos aproximar de Deus, nos suprindo como um verdadeiro instrumento que ajude o cristão a pensar ao longo do dia.

CONHECER NOSSAS RAÍZES – JESUS JUDEUda Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

Este livreto nos convoca a percorrer o caminho do diálogo em busca da compreensão e do sentido daquilo que nos une, a Escritura. Indispensável na formação dos catequistas, grupos de círculos bíblicos e todos os que buscam crescer no diálogo e comunhão no seguimento a Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida.

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