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São Paulo, novembro 2017 DGRV - Confederação Alemã de Cooperativas Documentos DGRV Guia de Auditoria Cooperativa aplicável nas Cooperativas de Crédito do Brasil

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São Paulo, novembro 2017

DGRV - Confederação Alemã de Cooperativas

Documentos DGRV

Guia de Auditoria Cooperativa aplicável nas Cooperativas de Crédito do Brasil

Guia de Auditoria Cooperativa para as Cooperativas de Crédito no Brasil

Ano 2017

Página 2

Elaborado por:

Alexandre Euzébio Silva, Consultor Sênior da Opus Consultoria e Assessoria

Com agradecimento pelos comentários e colaboração de:

Lúcio César de Faria - Diretor Executivo do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito

Cláudio Luis Medeiros Weber - Diretor do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito

Cláudia Miranda Gomes - Gerente de Consultoria do Sicoob Central Cecremge

Davi Oliveira - Analista do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito

Guia de Auditoria Cooperativa para as Cooperativas de Crédito no Brasil

Ano 2017

Página 3

Conteúdo

1. Introdução ..................................................................................................................... 4

2. Objetivos....................................................................................................................... 5

3. Auditorias e supervisão das cooperativas de crédito .................................................... 5

3.1. Visão geral ................................................................................................................ 6

3.2. Auditoria interna ........................................................................................................ 7

3.3. Supervisão pelas centrais ou confederações ............................................................ 9

3.4. Auditoria cooperativa ............................................................................................... 10

3.5. Auditoria das demonstrações contábeis .................................................................. 13

4. A governança e as auditorias...................................................................................... 14

4.1. Responsáveis por contratações, acompanhamento e avaliações............................ 14

4.2. Honorários de auditoria ........................................................................................... 14

4.3. Avaliação dos auditores .......................................................................................... 14

5. Sinergia da auditoria cooperativa com a auditoria contábil ......................................... 16

6. Auditoria cooperativa .................................................................................................. 20

6.1. Planejamento, execução e finalização .................................................................... 20

6.2. Amostragem e extensão ......................................................................................... 24

6.3. Escopo detalhado ................................................................................................... 25

6.4. Relatório .................................................................................................................. 37

6.5. Follow-up ................................................................................................................ 37

7. Comunicação dos resultados da auditoria cooperativa ............................................... 39

8. Comentários finais ...................................................................................................... 41

9. Principais bibliografias e normas consultadas ............................................................. 42

Guia de Auditoria Cooperativa para as Cooperativas de Crédito no Brasil

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1. Introdução No início de 2014, o Banco Central do Brasil, motivado pela necessidade de aprimorar o processo de auditoria das cooperativas de crédito no Brasil, iniciou um trabalho de construção conjunta com o segmento, em busca de um modelo de auditoria que pudesse fortalecer as estruturas de controles das entidades, proporcionando uma maior sustentabilidade para fazer frente ao crescimento vertiginoso do cooperativismo nos últimos tempos.

Após discussões e consulta pública, foi instituída por meio da Resolução CMN 4.454/15 a chamada “auditoria cooperativa”, que poderá ser operada por empresa de auditoria independente ou por Entidade de Auditoria Cooperativa (EAC), ambas devendo ser credenciadas pelo Banco Central do Brasil.

Existe uma expectativa de que esta medida possibilite maior especialização e integração da auditoria cooperativa com as atividades de supervisão desempenhadas pelo Banco Central do Brasil, assim como promova melhora nas informações econômico-financeiras das cooperativas de crédito, bem como da gestão e governança dessas entidades, possibilitando ainda o adequado cumprimento da missão do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop).

Para nivelar o desempenho da auditoria cooperativa, o Banco Central do Brasil delineou aspectos e procedimentos a serem observados no processo de credenciamento de empresa de auditoria independente ou Entidade de Auditoria Cooperativa (EAC) por meio da Circular BCB 3.790/16, bem como definiu os requisitos mínimos do escopo da auditoria cooperativa e elaboração de relatórios por meio da Circular BCB 3.799/16.

Em 2017, as 4 confederações de centrais, as cooperativas centrais de crédito, as cooperativas de crédito singulares classificadas na categoria plena, e as cooperativas de crédito singulares classificadas na categoria clássica integrantes de sistemas cooperativos organizados em três níveis, deverão realizar a auditoria cooperativa. As demais cooperativas de crédito realizarão a auditoria cooperativa no decorrer do exercício de 2018.

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2. Objetivos Como percebido na introdução, a auditoria cooperativa deverá ser uma importante atividade para contribuir com a melhoria na governança corporativa e constituirá um fator essencial para as cooperativas de crédito alcançarem de forma sustentável os seus objetivos institucionais, estratégicos e operacionais. Também servirá como um relevante alicerce de proteção aos associados das cooperativas de crédito e fonte de informação crítica para o desempenho de papéis de supervisão, regulação e proteção de outras entidades.

O objetivo do presente documento é servir de guia, de uma maneira prática, para as cooperativas de crédito, para as entidades que irão operar a auditoria cooperativa e demais atores envolvidos, sinalizando diretrizes de como implantar a auditoria cooperativa, considerando os aspectos de planejamento, escopo, execução, follow-up, comunicação de resultados e sinergia com os trabalhos de auditoria das demonstrações contábeis.

Este guia é direcionado para as cooperativas de crédito singulares, mas poderá, na circunstância apropriada, também ser utilizado como referência na realização de auditoria cooperativa das cooperativas centrais de crédito e confederações de centrais.

3. Auditorias e supervisão das cooperativas de crédito

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3.1. Visão geral Este guia tratará da auditoria cooperativa que, conforme regulamentação vigente, é uma atividade externa de avaliação das cooperativas de crédito. Porém, a integração da auditoria cooperativa com a auditoria das demonstrações contábeis, assim como a necessidade de sintonia com as atividades internas de controles e supervisão, que compõem a 3ª linha de defesa da estrutura de controles internos das cooperativas de crédito, também merecerão breves comentários neste capítulo.

O infográfico 1 demonstra, de forma geral e conforme as regulamentações aplicáveis, as estruturas e atividades internas e externas de auditoria, supervisão, controle e proteção do cooperativismo de crédito no Brasil.

Infográfico 1 - atividades de auditoria, controles e supervisão

A forma de organização e estruturação das atividades acima demonstradas dependem da natureza, da complexidade, do porte, do perfil de risco e do modelo de negócios das cooperativas e do sistema organizado a que esteja filiada ou vinculada.

Cabe destacar que, com o objetivo de dosar a regulação prudencial, foi publicada a Resolução CMN 4.553/17, que classificou as instituições financeiras e as cooperativas de crédito em cinco segmentos, tendo o segmento 1 (S1) as instituições mais significantes e o segmento 5 (S5) as instituições com menor representatividade econômica e complexidade. As cooperativas centrais e singulares foram em sua maioria classificadas no segmento 5 (S5), algumas no segmento 4 (S4) e poucas no segemento 3 (S3) junto aos bancos cooperativos.

As atividades de auditoria interna, supervisão pelas centrais/confederações, auditoria cooperativa e auditoria das demonstrações contábeis serão brevemente comentadas a seguir e estão demonstradas no infográfico 2.

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Podemos separar essas atividades em dois blocos, sendo o primeiro em atividades internas da cooperativa, como a auditoria interna ou as atividades de supervisão realizadas pelas cooperativas centrais/confederações (intra-sistêmica). No segundo bloco temos as atividades externas, sendo a auditoria cooperativa e a auditoria das demonstrações contábeis, ambas podendo ser executadas por Entidade de Auditoria Cooperativa (EAC) ou empresa de auditoria independente devidamente registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Infográfico 2 - atividades de auditoria, controles e supervisão pelas centrais/confederações

3.2. Auditoria interna A Resolução CMN 4.588/17, aprimorou as regras que tratam da auditoria interna, atividade desempenhada na 3ª linha de defesa do sistema de controles internos das cooperativas de crédito.

A mencionada Resolução define que a atividade de auditoria interna não será obrigatória para as cooperativas de crédito enquadradas no segmento (S5), desde que sejam integrantes de sistemas cooperativos de dois ou três níveis. Assim, na presente data algo em torno de 76 cooperativas de crédito singulares enquadradas no segmento (S4) e 193 cooperativas de crédito singulares não integrantes de sistemas de dois ou três níveis estarão obrigadas a implementação das atividades de auditoria interna.

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Essa obrigatoriedade induz as cooperativas de crédito não filiadas, a uma reflexão quanto à sua vinculação a sistemas organizados, visando otimizar o custo de observância do referido normativo.

Cabe ainda destacar que a auditoria interna para as cooperativas de crédito não filiadas em sistemas organizados, poderá assumir, além das atribuições determinadas na regulamentação, parte das atividades de supervisão realizadas pelas centrais, como o acompanhamento dos trabalhos e as soluções de inconsistências e situações identificadas pela auditoria cooperativa e auditoria das demonstrações contábeis.

É fundamental que a auditoria interna tenha autonomia para realizar uma avaliação independente e imparcial acerca da qualidade e efetividade dos sistemas e processos de controles internos, gerenciamento de riscos e governança das cooperativas de crédito.

A atividade de auditoria interna, no caso das cooperativas de crédito, poderá ser realizada por:

• unidade própria;

• auditor independente registrado na CVM, desde que não seja aquele responsável pela auditoria das demonstrações contábeis e/ou auditoria cooperativa;

• pela cooperativa central ou confederação na qual é filiada;

• entidade de classe de outras instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, mediante convênio previamente aprovado por este e celebrado entre a entidade a que a instituição seja filiada e a prestadora de serviço.

Importante ressaltar que a nomeação, a designação, a exoneração ou a dispensa do chefe da atividade de auditoria interna deve ser aprovada pelo conselho de administração da cooperativa de crédito (ou diretoria executiva na ausência do conselho de administração) e comunicada ao Banco Central do Brasil.

O escopo da atividade de auditoria interna deve considerar todas as funções da cooperativa de crédito, incluindo as operações terceirizadas, bem como a avaliação dos sistemas e processos de controles internos, da estrutura de gerenciamento de riscos e de capital e o cumprimento do arcabouço regulatório. Assim, a auditoria interna deverá ter um regulamento específico da atividade aprovado pelo conselho de administração da entidade (ou diretoria executiva, na ausência do conselho de administração) e pela assembleia geral de associados.

O regulamento da atividade de auditoria interna deverá, dentre outros, prever o escopo da atividade, a posição da unidade de auditoria interna na estrutura organizacional, as atribuições e responsabilidades do chefe de auditoria, bem como a definição de obrigatoriedade, da forma e dos componentes organizacionais, aos quais os auditores internos devem comunicar os resultados do desempenho de suas funções.

Ante o exposto, percebe-se que a auditoria interna quando implantada, conforme a regulamentação em vigor, será uma importante atividade dentro da governança das cooperativas de crédito, principalmente para as cooperativas não integrantes de sistemas organizados, que poderão ter como melhor prática as atribuições, responsabilidades e estruturas da auditoria interna definidas no estatuto social da cooperativa.

No plano anual de auditoria interna deverá ser contemplado, dentre outras atividades, uma estratégia de comunicação e coordenação com os auditores responsáveis pela auditoria cooperativa e de demonstrações contábeis.

Para cada trabalho de auditoria interna deverá ser gerado um relatório das conclusões e recomendações e posteriormente um relatório de acompanhamento das providências

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tomadas para atendimento das recomendações. Também deverá ser preparado um relatório anual de auditoria interna, contendo o sumário dos resultados dos trabalhos, suas principais conclusões, recomendações e providências tomadas pela administração da cooperativa.

O plano anual de auditoria interna e o relatório anual de auditoria interna deverão ser aprovados pelo conselho de administração da entidade (ou diretoria executiva na ausência do conselho de administração).

3.3. Supervisão pelas centrais ou confederações

O papel de supervisão das cooperativas centrais ou das confederações em suas filiadas, está estabelecido na Resolução CMN 4.434/15, destacando-se as seguintes atribuições:

• supervisionar o funcionamento das cooperativas de crédito filiadas, verificando o cumprimento da legislação e regulamentação em vigor e das normas próprias do sistema cooperativo;

• adotar medidas para assegurar o cumprimento das normas em vigor referentes à implementação de sistemas de controles internos e a certificação de empregados;

• recomendar e adotar medidas visando o restabelecimento da normalidade do funcionamento das cooperativas de crédito em face de situações de inobservância da regulamentação aplicável ou que acarretem riscos imediatos ou futuros, que sejam materialmente importantes.

As funções de supervisão estabelecidas anteriormente podem ser exercidas conjuntamente pela confederação quando o sistema organizado for de três níveis.

Ainda no papel de supervisora, a cooperativa central ou confederação, quando aplicável, deverá comunicar ao Banco Central do Brasil as seguintes situações:

• requisitos e critérios adotados para admitir filiação e proceder à desfiliação de cooperativas singulares;

• irregularidades ou situações de exposição anormal a riscos identificadas nas cooperativas singulares em decorrência do desempenho das atribuições de supervisão;

• medidas tomadas ou recomendadas para regularização de situações identificadas nas cooperativas singulares e eventuais obstáculos para sua implementação, com destaque para as ocorrências que indiquem possibilidade de desligamento futuro da cooperativa singular filiada;

• indeferimento de pedido de filiação de cooperativa de crédito singular em funcionamento ou em constituição;

• deliberação de admissão de cooperativa de crédito, com apresentação de relatório de auditoria externa realizada nos três meses anteriores à data da comunicação.

As seguintes atividades devem ser desempenhadas com base nos principais aspectos e atribuições das cooperativas centrais/confederações no papel de supervisão das suas cooperativas filiadas:

• realizar o monitoramento contínuo dos indicadores legais, regulamentares e de performance das cooperativas filiadas, assim como dos procedimentos realizados pelos gestores das cooperativas para garantir que os processos e controles estejam operando com efetividade e de forma apropriada;

• instituir um canal de comunicação efetivo junto aos auditores responsáveis pela auditoria cooperativa e/ou das demonstrações contábeis, com vistas a ter de forma

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tempestiva informações sobre o andamento dos trabalhos, as dificuldades enfrentadas e os achados de auditoria;

• adotar procedimentos para avaliação periódica da estrutura simplificada de gerenciamento contínuo de riscos das cooperativas de crédito enquadradas no segmento (S5), conforme previsto na Resolução CMN 4.557/17;

• aprovar e acompanhar os planos de regularização dos problemas e situações identificados pelos processos de monitoramento contínuo, auditoria cooperativa e auditoria das demonstrações contábeis;

• realizar auditorias ou inspeções diretas especiais por demanda do conselho de administração da entidade, da cooperativa central, por recebimento e apuração de denúncias, ou por solicitação do Banco Central do Brasil;

• definir e adotar medidas sancionadoras, como as de acompanhamento compartilhado de gestão, implantação e adoção de termos de compromisso, aplicação de penalidades e situações que implicarão em regime especial de resolução de problemas, via incorporação, liquidação ou eliminação.

3.4. Auditoria cooperativa

A auditoria cooperativa foi regulamentada pela Resolução CMN 4.454/15 e pelas Circulares 3.799/16 e 3.790/16 do Banco Central do Brasil. São destacados abaixo, de forma resumida, os principais aspectos da auditoria cooperativa:

Objeto e Periodicidade

Serão objeto da auditoria cooperativa as cooperativas singulares de crédito, as cooperativas centrais de crédito e as confederações de centrais de crédito.

A auditoria cooperativa terá uma frequência mínima anual ou período inferior quando requisitado pelo Banco Central do Brasil.

Quem deverá realizar a auditoria cooperativa

Será realizada por empresa de auditoria independente registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou por Entidade de Auditoria Cooperativa (EAC) constituída como cooperativa de terceiro nível, destinada exclusivamente a prestar serviços de auditoria.

A realização da auditoria cooperativa somente poderá ser executada por EAC ou empresa de auditoria independente credenciada pelo Banco Central do Brasil.

Principais aspectos para elegibilidade

Como critérios de elegibilidade para credenciamento, a EAC ou empresa de auditoria independente deverá comprovar ao Banco Central do Brasil:

• conhecimentos técnicos específicos do segmento de cooperativas de crédito;

• estrutura operacional e administrativa compatíveis;

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• mecanismos de substituição periódica dos membros com função de gerência, da equipe envolvida na auditoria de cada cooperativa após a emissão de relatórios relativos a, no máximo, cinco exercícios sociais completos;

• existência de um programa de capacitação continuada com carga horária mínima de quarenta horas anuais, compatível com os conhecimentos necessários para o exercício da atividade.

O retorno dos membros com função de gerência à equipe envolvida nos trabalhos de auditoria cooperativa de uma mesma cooperativa, somente poderá se dar depois de decorridos três anos, contados da data da sua substituição.

Constada, a qualquer tempo, a inobservância dos requisitos mínimos estabelecidos, as atividades de auditoria cooperativa poderão ser consideradas sem efeito e o Banco Central do Brasil poderá cancelar o credenciamento da executora do serviço.

Supervisão do Banco Central do Brasil

As empresas de auditoria independente ou EAC credenciadas para execução do serviço de auditoria cooperativa serão submetidas periodicamente à revisão externa de qualidade nos processos desse serviço, realizada por seus pares ou pelo Banco Central do Brasil.

O Banco Central do Brasil, sem prejuízo de outras medidas previstas na legislação e na regulamentação vigente, poderá exigir das cooperativas crédito auditadas:

• prestação de informações e esclarecimentos adicionais sobre os trabalhos de auditoria cooperativa;

• realização de exames complementares pela executora do serviço de auditoria cooperativa;

• revisão do trabalho de auditoria realizado, a ser efetivado pela própria executora ou por outra entidade devidamente credenciada.

Na resolução 4.454/2015, o CMN autorizou que as atividades de auditoria cooperativa podem ser desempenhadas cumulativamente com a prestação de serviços de auditoria das demonstrações contábeis. Cabe ressaltar que o objetivo desta possibilidade é de proporcionar sinergia entre os trabalhos das auditorias, algo que merecerá capítulo específico neste documento. Porém, cabe destacar que um trabalho não substitui o outro, tendo responsabilidades e papéis distintos e totalmente segregados, incluindo a necessidade rigorosa de a auditoria das demonstrações contábeis adotar e cumprir em seus trabalhos as normas brasileiras de auditoria determinadas pelo Conselho Federal de Contabilidade.

Escopo baseado em riscos

Deverá ser levado em consideração pela executora dos serviços de auditoria cooperativa os seguintes aspectos relacionado ao escopo:

• a complexidade das operações e o porte da cooperativa de crédito;

• a avaliação preliminar de riscos;

• a adequação da situação econômico-financeira;

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• a exposição da cooperativa a riscos decorrentes de suas operações com outras entidades, incluindo fundos exclusivos e fundos em que haja retenção substancial de riscos ou de benefícios;

• os resultados de auditoria anteriormente realizadas.

Contratos de serviços da auditoria cooperativa

Deverá constar dos contratos de prestação de serviços de auditoria cooperativa:

• acesso integral e irrestrito do Banco Central do Brasil aos papeis de trabalho e aos demais documentos produzidos, inclusive com relação a eventual processo de revisão do trabalho de auditoria realizado;

• comunicação pela EAC ou empresa de auditoria cooperativa ao Banco Central do Brasil, às respectivas confederações e às cooperativas centrais (no caso das cooperativas singulares), além dos conselhos fiscal e de administração das entidades auditadas, fatos materialmente relevantes observados no processo de auditoria, tais como: ✓ irregularidades, deficiências ou situações de exposição anormal a riscos; ✓ descumprimento da regulamentação ou da legislação vigente; ✓ descumprimento de regras do sistema cooperativo a que a cooperativa de

crédito esteja filiada.

Entregáveis da auditoria cooperativa

A executora da auditoria cooperativa deverá elaborar os seguintes documentos relacionados com a auditoria cooperativa:

• programação anual detalhada das atividades e auditoria cooperativa que serão realizadas durante o ano seguinte;

• relatório geral das atividades de auditoria cooperativa, contendo as atividades planejadas, as descrições das ações de auditoria efetivamente realizadas no ano anterior e a avaliação crítica dos resultados alcançados;

• relatórios dos trabalhos de auditoria cooperativa, compreendendo, pelo menos, o planejamento dos trabalhos, a análise dos processos ou atividades planejadas, as atividades de controles internos, as amostras definidas e os testes realizados, as fragilidades identificadas, os achados de auditoria e as recomendações registradas.

Abrangência da auditoria cooperativa

A auditoria cooperativa deverá abranger a avaliação da cooperativa de crédito objeto de auditoria em relação:

• à adequação do desempenho operacional e da situação econômico-financeira;

• à adequação e aderência das políticas institucionais;

• à formação, a capacitação e a remuneração compatíveis com as atribuições e cargos;

• ao atendimento aos dispositivos legais e regulamentares, no que se refere a: ✓ adequação dos limites operacionais e dos requerimentos de capital; ✓ regras e práticas de governança e controles internos;

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✓ adequação da gestão de riscos e de capital; ✓ prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo; ✓ crédito rural e ao Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro); ✓ relacionamento com clientes e usuários de produtos e serviços.

3.5. Auditoria das demonstrações contábeis

A auditoria das demonstrações contábeis está regulamentada pelas Resoluções CMN 4.434/15, 3.198/04 e 2.682/99 e pela Circular BCB 3.467/09, podendo ser realizada por auditor independente registrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou por Entidade de Auditoria Cooperativa (EAC).

A auditoria das demonstrações contábeis tem por objeto aumentar o grau de confiança nas demonstrações contábeis por parte dos usuários (associados, centrais, Bancos Cooperativos e Banco Central e Brasil). Isso é alcançado mediante a expressão de opinião pelo auditor sobre se as demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos os aspectos relevantes, em conformidade com uma estrutura de relatório financeiro aplicável, que no caso é a estrutura estabelecida no COSIF - Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional.

A auditoria das demonstrações contábeis deverá ser realizada:

• nas demonstrações contábeis das confederações de crédito e das cooperativas centrais relativa às datas-bases de 30 de junho e 31 de dezembro;

• nas demonstrações contábeis das cooperativas de crédito singulares relativas à data-base de 31 de dezembro.

As cooperativas de crédito classificadas como de capital e empréstimo estão dispensadas da contratação dos serviços de auditoria das demonstrações contábeis, sendo obrigatória apenas a contração da auditoria cooperativa a partir do exercício de 2018.

Vale ressaltar que as auditorias das demonstrações contábeis realizadas nas cooperativas de crédito deverão atender às normas brasileiras de auditoria publicadas e homologadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC).

As demonstrações contábeis do encerramento do exercício deverão estar, acompanhadas do respectivo relatório de auditoria e, ser divulgadas pela cooperativa de crédito com antecedência mínima de dez dias da data de realização da assembleia geral ordinária anual.

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4. A governança e as auditorias

4.1. Responsáveis por contratações, acompanhamento e avaliações

A responsabilidade pela avaliação e por recomendações quanto aos critérios a serem adotados para selecionar a empresa de auditoria independente ou a Entidade de Auditoria Cooperativa (EAC) é do conselho de administração da entidade ou, na ausência deste órgão de governança, da diretoria executiva.

Recomenda-se, como boa prática que o conselho de administração estabeleça uma política para contratação dos auditores que realizarão os trabalhos de auditoria cooperativa e de auditoria das demonstrações contábeis. Nessa política deverão constar os requisitos de seleção, não se limitando aos honorários propostos, mas também incluindo aspectos quanto a:

• se o auditor atende aos requisitos legais e regulamentares;

• se o escopo do trabalho e o orçamento de horas são compatíveis com a responsabilidade dos trabalhos a serem executados;

• a experiência e as credenciais do auditor;

• se o auditor é capaz de cumprir os critérios de independência exigidos;

• se o auditor possui estrutura adequada e compatível com o volume dos trabalhos;

• se os responsáveis técnicos possuem reputação ilibada.

Como prática salutar, seria também interessante envolver os membros do conselho fiscal da cooperativa de crédito no processo de seleção e escolha da empresa de auditoria independente ou Entidade de Auditoria Cooperativa (EAC).

4.2. Honorários de auditoria

Sugere-se que o conselho de administração das cooperativas de crédito avalie a razoabilidade dos honorários dos auditores independentes ou da Entidade de Auditoria Cooperativa (EAC), pois é sua responsabilidade garantir que os honorários propostos não restrinjam o escopo da auditoria. Os auditores devem ser adequadamente remunerados para que possam designar pessoal treinado, com boa experiência profissional e que tenham condições de realizar procedimentos necessários para obter uma auditoria de alta qualidade.

4.3. Avaliação dos auditores

O conselho de administração e o conselho fiscal das cooperativas crédito devem manter uma linha direta com o auditor independente ou Entidade de Auditoria Cooperativa (EAC), devendo:

• reservar tempo para discutir e avaliar, de um modo geral, a eficácia, objetividade e

independência do auditor, debatendo os resultados no âmbito do conselho de

administração e fiscal;

• ser dono do relacionamento com o auditor;

• conhecer os auditores líderes e reunir-se com eles periodicamente;

• estabelecer expectativas sobre a natureza e o método de comunicação, bem como

de troca de ideias e informações;

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• revisar o plano de auditoria proposto e o escopo dos trabalhos;

• estabelecer uma agenda anual com o auditor;

• discutir com os auditores os pontos de vistas sobre os controles internos, a gestão

de riscos e a governança da cooperativa;

• fornecer avaliações formais sobre o auditor, bem como obter um feedback regular.

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5. Sinergia da auditoria cooperativa com a auditoria contábil Com o objetivo de otimizar as atividades de auditoria e possibilitar a redução dos custos de observância, é permitido, conforme o artigo 8° da Resolução CMN 4.434/15, que as atividades de auditoria cooperativa sejam desempenhadas cumulativamente com as atividades de auditoria das demonstrações contábeis. É importante reforçar novamente, que trata-se de tipos de auditorias com objetivos distintos e segregados, e portanto, uma não substitui a outra, podendo apenas quando da realização dos procedimentos de auditoria, ou da alocação de equipe, se obter uma sinergia para a obtenção das evidências de auditoria pertinentes.

A sinergia da auditoria cooperativa com a auditoria das demonstrações contábeis, quando contratadas cumulativamente pelo mesmo auditor, possivelmente poderá ocorrer em duas frentes. A primeira quando da programação da equipe e planejamento da época e extensão dos exames; e a segunda, na elaboração do programa detalhado de trabalho, buscando verificar quais seriam os procedimentos de auditoria que, uma vez executados, servem a um duplo propósito, atendendo tanto a auditoria cooperativa quanto a auditoria das demonstrações contábeis.

Vale ainda destacar que as cooperativas de crédito poderão contratar empresas distintas para a realização da auditoria cooperativa e da auditoria das demonstrações contábeis. Porém não parece razoável, pois do ponto de vista do custo da estrutura necessária e do tempo dedicado que as cooperativas de crédito dispenderão para atender às demandas de duas empresas de auditoria diferentes, poderá ser maior do que se o trabalho for realizado cumulativamente por uma única empresa de auditoria. Então, existe também um potencial de sinergia para a preparação e o envio de documentos e informações, quando a mesma empresa de auditoria realizar as atividades de auditoria cooperativa e auditoria das demonstrações contábeis.

De forma geral e não exaustiva, podemos ver da seguinte forma as sinergias entre os trabalhos da auditoria cooperativa e auditoria contábil:

A sinergia um pouco mais detalhada no nível de procedimentos de auditoria entre os trabalhos de auditoria cooperativa e auditoria das demonstrações contábeis deve ser avaliada quando da observação dos requisitos mínimos para a definição do escopo de

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auditoria cooperativa definidos pelo Banco Central do Brasil, conforme a Circular BCB 3.799/16.

Assim, o auditor responsável pelas auditorias cumulativas deverá definir em quais tópicos dos requisitos de escopo da auditoria cooperativa podem ter um maior ou menor nível de sinergia com relação aos trabalhos de auditoria das demonstrações contábeis. Destaca-se que o nível de sinergia dependerá da estratégia e metodologia de auditoria que for utilizada por cada empresa de auditoria independente ou Entidade de Auditoria Cooperativa (EAC).

Com o intuito apenas de demonstrar como a auditoria cooperativa poderá contribuir para o exame das demonstrações contábeis, para cada aspecto objeto de escopo da auditoria cooperativa foi indicado abaixo uma classificação preliminar do nível de sinergia:

Alta sinergia

Boa sinergia

Alguma sinergia

Baixa sinergia

Quadro demonstrativo de sinergia dos aspectos de requisito para escopo (Circular BCB 3.799/16)

Adequação do desempenho operacional e da situação econômico-financeira

Situação econômico-financeira, incluindo aspectos de higidez de curto e longo prazos, liquidez e adequada avaliação de ativos, passivos, patrimônio líquido e sobras ou perdas.

Integridade e fidedignidade das informações contábeis.

Conciliação dos saldos contábeis relevantes.

Processo de concessão e de gerenciamento de crédito.

Critérios para a distribuição de sobras, rateio de perdas, formação de reservas, constituição de fundos específicos e destinação de recursos do Fundo de Assistência Técnica Educacional e Social (FATES).

Em relação à adequação e à aderência das políticas institucionais

Segregação de funções e conflitos de interesse em atividades críticas.

Manuais, regulamentos internos, bem como determinações da cooperativa central e do sistema, quando aplicável.

Processo de prestação de informações sobre a situação financeira, o desempenho, as políticas de gestão de negócios e os fatos relevantes aos órgãos de administração, fiscal e associados.

Códigos de conduta e de ética, quando aplicável.

Em relação à formação, à capacitação e à remuneração compatíveis com atribuições e cargos

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• Política de remuneração da diretoria, do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal, inclusive eventuais bônus por desempenho ou similares.

• Formação, capacitação e disponibilidade de tempo dos membros de órgãos estatutários, gerentes e dos integrantes da equipe técnica.

• Em relação à adequação dos limites operacionais e dos requerimentos de capital

• Requerimentos mínimos de Patrimônio de Referência (PR).

• Limites de exposição por cliente.

• Outros limites operacionais.

• Em relação às regras e práticas de governança e controles internos

• Constituição, funcionamento, segregação de funções e efetividade de atuação da diretoria, do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal, consideradas as atribuições previstas em estatutos e na legislação vigente.

• Implementação, adequação e conformidade do sistema de controles internos.

• Estratégia, políticas e procedimentos de Tecnologia da Informação e comunicação.

• Normas, estruturas e processos relativos à segurança da informação e à integridade de dados.

• Em relação à adequação à gestão de riscos e de capital

• Capacidade de a instituição identificar, avaliar, monitorar, controlar e mitigar os riscos aos quais está exposta, de acordo com o porte e com a complexidade de suas operações.

• Segregação das atividades de gerenciamento de riscos em relação às áreas negociais.

• Planos para contingências e continuidade de negócio.

• Processo de gerenciamento de capital, incluindo a revisão periódica de sua compatibilidade com os riscos assumidos.

Em relação à Prevenção da Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo (PLD/FT)

Adequação da política institucional, da estrutura organizacional e dos procedimentos aplicáveis, abrangendo o monitoramento, a seleção e a

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análise de operações e situações passíveis de comunicação ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras ("COAF").

Adequação dos procedimentos definidos com o objetivo de conhecer o cliente, abrangendo a identificação da origem e da constituição do seu patrimônio e seus recursos financeiros.

Adequação da política de treinamento em todos os níveis da organização.

Adequação da auditoria interna em PLD/FT.

• Em relação ao crédito rural e ao PROAGRO

• Aderência aos dispositivos do Manual de Crédito Rural ("MCR"), principalmente aos tópicos que tratam dos beneficiários, da fiscalização, dos limites, das despesas, da formalização, do registro e da contabilização do crédito rural e do PROAGRO.

A. Controles existentes para o adequado enquadramento e deferimento das operações de crédito rural e das coberturas do PROAGRO.

• Em relação ao relacionamento com clientes e usuários de produtos e serviços financeiros

• Aderência às normas de contratação de produtos e de prestação de serviços financeiros, inclusive no que tange ao conteúdo e à transparência das relações contratuais.

• Adequação da cobrança e da divulgação das tarifas referentes aos serviços e aos produtos oferecidos.

• Adequação da gestão de demandas de clientes e de usuários advindas da Ouvidoria e dos demais canais de atendimento da Instituição.

• Conformidade da contratação de correspondentes no País, inclusive no que se refere à prestação de informações ao BACEN e à divulgação de informações ao público.

Por fim, a sinergia dos trabalhos de auditoria cooperativa e auditoria das demonstrações contábeis poderá gerar uma redução dos custos, que dependerá também da maturidade dos processos implantados nas cooperativas de crédito e do nível de centralização de atividades, controles, tecnologia da informação e contabilidade, nas centrais ou confederações.

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6. Auditoria cooperativa

6.1. Planejamento, execução e finalização

Planejamento

A fase de planejamento das atividades de auditoria cooperativa é de extrema relevância para que os resultados e objetivos sejam alcançados de forma segura e eficiente, principalmente quando a auditoria cooperativa for realizada cumulativamente com a auditoria das demonstrações contábeis.

As equipes e os responsáveis técnicos pelos trabalhos das auditorias devem desenvolver uma estratégia de auditoria conjunta considerando as diversas necessidades de cumprimento de normativos, datas-bases, época e extensão dos exames para cada auditoria.

Diferentemente da auditoria das demonstrações financeiras, na auditoria cooperativa não está determinado em quais datas-bases serão executados os trabalhos, podendo o escopo ser cumprido em diferentes períodos durante o exercício. Isso possibilita que as atividades e os procedimentos de auditoria cooperativa, por terem diversas naturezas e áreas de atuação, sejam realizados e distribuídos durante o exercício, podendo cada área ou escopo a ser avaliado ter épocas de análise diferentes. Assim, para que os procedimentos sejam executados com maior sinergia entre as duas auditorias, a programação das equipes e a extensão dos testes devem ser planejadas de forma conjunta, evitando desperdícios de horas para a obtenção de evidências de auditoria e conclusão dos testes.

No planejamento dos trabalhos deve ser considerado o nível de maturidade dos processos e controles das cooperativas de crédito integrantes de sistemas de dois ou três níveis, levando em conta as diversas possibilidades para realização de procedimentos e testes massificados de auditoria por ciclo de negócios.

Para auditar as cooperativas de crédito o auditor necessita realizar exames em grandes volumes de informações com uma estrutura cada vez mais complexa e em constante mudança. Assim, o uso de técnicas de análise de dados (Data Analytics), nas quais se incluem a utilização de ferramentas TAACs (Técnicas de Auditoria Assistida por Computador), são essenciais para que o auditor consiga analisar de forma crítica e eficiente o volume de dados que lhe for colocado à disposição. Para tanto, é fator crítico de sucesso que as cooperativas de crédito disponibilizem os dados e as informações digitais aos auditores, principalmente quando a base de dados das cooperativas de crédito estiver centralizada nas entidades de dois ou três níveis.

A elaboração do planejamento requer a avaliação preliminar da cooperativa de crédito a ser auditada, visando definir a amplitude do trabalho a ser realizado. Não se imagina, que a auditoria cooperativa deva dedicar horas de trabalho em áreas ou processos que não ofereçam riscos materiais para a cooperativa de crédito.

No planejamento da auditoria cooperativa, ou cumulativa com a auditoria das demonstrações contábeis, deverão ser consideradas, no mínimo, as seguintes atividades:

• avaliação da situação econômico-financeira da cooperativa;

• avaliação dos riscos;

• definição da abordagem de auditoria;

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• definição do programa de trabalho e templates de testes;

• elaboração do cronograma das trabalhos.

Para a realização das atividades de planejamento citadas acima, são necessários a avaliação dos seguintes componentes mínimos das cooperativas de crédito, de forma que o auditor tenha uma visão geral da cooperativa, conhecendo no nível que julgar apropriado os processos que serão objeto de auditoria:

• dados gerais da cooperativa de crédito;

• delimitações do cronograma de auditoria;

• disponibilidade de horas e de recursos;

• avaliação dos recursos tecnológicos (sistemas);

• natureza, oportunidade e extensão dos trabalhos;

• entidades associadas e partes relacionadas;

• sistema de avaliação e monitoramento de riscos;

• trabalhos de outros auditores;

• sistema contábil e de controles internos;

• histórico da cooperativa de crédito (auditorias anteriores e follow-up)

• análise preliminar da situação econômico-financeira;

• governança implantada;

• composição dos conselhos de administração e fiscal, da diretoria executiva, quantidade de associados, de funcionários, de pontos de atendimento e outras;

• situação de indicadores legais e evolução das provisões, inadimplência e Patrimônio de Referência (PR);

• nível de maturidade da centralização dos processos operacionais, tecnológico e contábil para as cooperativas integrantes de sistemas de dois ou três níveis;

• revisão analítica das contas de resultados;

• demandas e inspeções do Banco Central do Brasil.

Para a realização destas avaliações algumas fontes de informações serão úteis:

• demonstrações contábeis;

• informações sobre os sistemas operacionais, contábil e de controles internos;

• planejamento estratégico e ou plano de negócios;

• organograma;

• contratos de atividades ou processos que são realizados por terceiros;

• regulamento ou contratos da centralização dos processos operacionais, tecnológicos e contábeis para as cooperativas filiadas em sistemas de dois ou três níveis.

Após as análises, o auditor deverá realizar julgamentos utilizando uma metodologia de auditoria apropriada para delinear os principais riscos e áreas que terão o maior enfoque no seu programa de trabalho, de modo a testar os controles mais importantes e identificar os testes de auditoria de maior profundidade.

Também cabe destacar que os apontamentos indicados em súmulas de inspeção do Banco Central do Brasil, nos relatórios de auditoria externa e interna e nos relatórios de monitoramento de indicadores, deverão, quando aplicável, ser considerados e tratados no programa de trabalho do auditor, de forma a no mínimo obter um entendimento da situação atual e dos planos de regularização determinados pela cooperativa de crédito.

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Para a definição do programa de trabalho, o auditor identificará a natureza, a oportunidade e a extensão dos procedimentos de auditoria a serem auditados. A extensão está diretamente relacionada com o processo de avaliação de riscos e a qualidade dos controles internos da cooperativa auditada.

O planejamento da auditoria cooperativa deverá ser aprovado pelo responsável técnico, que deverá avaliar a sua adequação aos requisitos de escopo determinados pelo Banco Central do Brasil e as situações de riscos e econômico-financeira da cooperativa objeto da auditoria.

Execução

Para a execução dos trabalhos de auditoria cooperativa o auditor deverá realizar uma reunião inicial com a cooperativa, visando alinhar temas como: as expectativas do trabalho, os cronogramas das atividades, a forma de reuniões para posicionamento, a solicitação de documentos e o acesso irrestrito às pessoas e informações da cooperativa.

Na execução dos trabalhos o auditor poderá ainda identificar situações não previstas no planejamento. Nesses casos o auditor deverá comunicar o fato ao responsável técnico pelo trabalho de auditoria cooperativa, que avaliará a necessidade de promover eventuais alterações no programa de trabalho. Toda alteração no planejamento ou programa de trabalho deverá ser comunicada, no nível apropriado, à cooperativa auditada.

Todos os passos ou procedimentos previstos no programa de auditoria deverão, quando executados, ser evidenciados nos papéis de trabalho, incluindo os passos não realizados que deverão ser justificados. O programa de auditoria cooperativa deverá:

• ser revisado e atualizado a cada trabalho;

• ser complementado durante os trabalhos, quando necessário;

• ser revisado e aprovado pelos responsáveis técnicos, incluindo as alterações processadas.

Deverão constar nos papéis de trabalho, para cada passo determinado no programa de auditoria, os seguintes tópicos mínimos:

• identificação da cooperativa;

• auditor responsável técnico e revisor;

• data-base ou período objeto das avaliações de auditoria;

• objetivos dos testes de auditoria a ser realizados;

• os critérios utilizados de seleção de amostra;

• os procedimentos aplicados;

• as análises realizadas;

• conclusões obtidas e, nos casos considerados insuficientes, se foram realizados procedimentos adicionais de auditoria.

A documentação comprobatória da realização dos procedimentos de auditoria, as chamadas evidências de auditoria, serão anexadas ou referenciadas nos respectivos papéis de trabalho. Os papéis de trabalho deverão ser concluídos pelos responsáveis técnicos após a finalização dos trabalhos e serem arquivados e mantidos inalterados por um período mínimo de cinco anos a partir da data de emissão final do relatório de referencia da auditoria cooperativa.

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Para ter um adequado embasamento das conclusões e recomendações da auditoria cooperativa, as evidências de auditoria deverão ser:

• suficientes para a compreensão de qualquer pessoa;

• embasadas em documentação comprobatória hábil;

• relevantes para suportar as conclusões e recomendações;

• úteis para subsidiar a cooperativa a atingir seus objetivos de controle. O registro de apontamento de auditoria cooperativa não embasado em evidências poderá comprometer o resultado dos trabalhos. De forma mais grave, a indicação de que o auditor realizou os procedimentos de auditoria sem a devida comprovação em documentação hábil, caracteriza infração grave, podendo ser instaurado um processo sancionador pelo Banco Central do Brasil, gerando punições ao auditor, que poderão implicar de multas e inabilitações para atuar no sistema financeiro, até o cancelamento do credenciamento para realizar auditoria cooperativa. Na execução do programa de auditoria o auditor utilizará técnicas que dependerão do seu julgamento e dos riscos avaliados, devendo ser apropriada conforme o tipo de evidência de auditora que o auditor pretende obter. Alguns procedimentos que poderão ser utilizados na auditoria cooperativa são:

• observação de processos, procedimentos e controles;

• questionamentos;

• entrevistas;

• inspeção de documentos;

• conciliações;

• conferências (saldos, fórmulas e outros);

• cálculos;

• confirmações (circularizações);

• verificação física;

• correlação de dados;

• procedimentos analíticos. Finalização

Na fase de finalização os papéis de trabalho e as evidências de auditoria serão revisadas pela área responsável que certificará do adequado cumprimento do programa de auditoria cooperativa e evidenciará esta atividade na pasta de trabalho. Esta revisão buscará identificar possíveis falhas ou insuficiências na execução dos procedimentos de auditoria. São elementos mínimos a serem observados na revisão:

• existência de documentação comprobatória para as constatações, em especial as relevantes;

• existência de referências a fatos que não puderam ser comprovados;

• registro de informações inapropriadas ou insuficientes;

• apresentação de conclusões robustas sobre o processo analisado;

• coerência dos relatos e cálculos apresentados;

• existências de pendências não solucionadas ou não esclarecidas.

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Durante a revisão o supervisor responsável pelos trabalhos de auditoria cooperativa relacionará os problemas, as inconsistências e as falhas eventualmente identificadas. Depois discutirá com o auditor os ajustes e adequações julgadas necessárias, que irão compor a minuta do relatório da auditoria cooperativa, o qual será encaminhado para discussão e alinhamento com a administração da cooperativa auditada.

6.2. Amostragem e extensão

Os critérios de amostragem que serão utilizados para execução dos procedimentos e obtenção das evidências na auditoria cooperativa são de grande importância, uma vez que serão descritos e identificados no relatório final da auditoria cooperativa, conforme determinação do Banco Central do Brasil.

O método de amostragem é aplicado como forma de viabilizar a realização de ações de auditoria em situações em que o objetivo dos procedimentos de auditoria se apresente em grandes quantidades ou se distribui de maneira pulverizada. A amostragem também é aplicada em função da necessidade de obtenção de informações em tempo hábil nos casos em que os procedimentos de auditoria, na totalidade, tornam-se impraticável, até mesmo em termos de custo/benefício.

Importante destacar que qualquer processo de amostragem a ser aplicado traz um risco e a probabilidade de não detecção de problemas ou de situações anormais. Assim, como alternativa, sempre que possível e aplicável, é indicado o uso de ferramentas tecnológicas para seleção de amostragem estatística e na aplicação de testes de auditoria em toda a base de dados (população), sendo essa a forma mais eficiente e eficaz para a obtenção de evidências para a cobertura dos trabalhos de auditoria.

Quando utilizado, o processo de amostragem poderá ter dois objetivos, sendo um para validar a efetividade de um controle utilizado em determinada transação, ou para a validação de saldos, que terá relação direta com o volume de transações realizadas pela cooperativa de crédito.

A amostragem poderá ser realizada a partir de métodos reconhecidos de matemática e estatísticas, representados por cálculos de regressão linear ou por métodos descritivos, como desvio padrão e outros.

Também poderá ser utilizada a amostragem não estatística, que será obtida pelo auditor com base na sua experiência e no conhecimento da cooperativa auditada, desde que se situe pelo menos em intervalos consistentes, como por exemplo de 15% a 30% da população objeto da auditoria.

Assim, é de responsabilidade do auditor a definição da amostra e de qual critério será utilizado, devendo sempre assegurar a suficiência para a realização e a conclusão dos exames, podendo inclusive rever o critério definido no decorrer dos trabalhos.

A extensão da amostra também poderá ser determinada conforme a avaliação da eficiência e eficácia dos controles da cooperativa, considerando a relação existente entre a qualidade dos controles e o tamanho da amostragem, ou seja, quanto mais eficiente for o controle interno, menor a amostragem e a quantidade de testes aplicados.

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Enfim, para a realização da auditoria cooperativa é fortemente recomendado que o auditor utilize os critérios de amostragem amparados por políticas e metodologias alinhadas com as boas práticas de mercado e que todo o processo de seleção, estatística ou não, seja devidamente documentado e justificado nos papéis de trabalho.

6.3. Escopo detalhado A Circular BCB 3.799/16 estabeleceu os requisitos para a definição do escopo da auditoria cooperativa, como já comentado no item 3.4. deste guia. Abaixo será detalhado, como sugestão e de forma não exaustiva, as atividades de auditoria para cada item de requisito do escopo definido pelo Banco Central do Brasil. Cabe destacar que o escopo deverá ser aplicado conforme o tipo, porte e complexidade de cada cooperativa de crédito a ser auditada, bem como nos julgamentos da entidade executora da auditoria cooperativa.

Tema abordado 1. Adequação do desempenho operacional e da situação econômico-financeira. Enfoque geral A continuidade e solidez da cooperativa, o processo de monitoramento de performance e avaliação de todo o processo de geração de números e reporte financeiro, assim como, do processo de crédito.

1.1. Situação econômico-financeira, incluindo aspectos de higidez de curto e longo prazos, liquidez e adequada avaliação de ativos, passivos, patrimônio líquido e sobras ou perdas.

Avaliação do orçamento e do fluxo de caixa futuro, verificando a sua consistência com o plano de negócios da cooperativa.

Avaliação do plano de negócios da cooperativa, comparando a situação atual e análise das eventuais variações.

Verificação do cumprimento dos limites operacionais e regras estabelecidas pelo sistema cooperativo (diversificação de riscos, índice de Basileia, concentração de crédito, centralização financeira, concentração de aplicações, imobilização, liquidez e outros).

Verificação da consistência e razoabilidade dos índices de rentabilidade, eficiência

operacional, inadimplência, performance e qualidade dos ativos.

Avaliação dos controles e processos do ciclo contábil, envolvendo as etapas de avaliação, julgamento, registro, aprovação, e reconciliação de informações.

Testes de detalhes nas principais contas contábeis com natureza relevante ou saldo significativo, visando a verificação da adequada avaliação e registro, considerando no mínimo:

• disponibilidades, aplicações financeiras e posições em derivativos;

• operações de crédito;

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• provisões de riscos;

• bens não de uso;

• outros créditos e outros valores e bens;

• permanente;

• depósitos;

• obrigações por empréstimos e repasses;

• outras obrigações;

• patrimônio líquido;

• contas de resultado.

1.2. Integridade e fidedignidade das informações contábeis.

Identificação e avaliação da origem, composição analítica, pertinência e suporte documental dos saldos contábeis relevantes.

Avaliação da existência de passivos não registrados na contabilidade e de passivos contingentes.

Verificação de contratos de prestação de serviços firmados com terceiros

considerando a sua pertinência e custos.

Identificação e revisão das contas contábeis, tais como, devedores diversos, credores diversos, outras receitas, outras despesas.

Verificar para cada saldo contábil relevante se a classificação e o registro foram

realizados conforme determinado no Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (COSIF).

Verificação do processo e dos controles para aprovação, divulgação e publicação das informações contábeis.

1.3. Conciliação dos saldos contábeis relevantes.

Mapeamento e revisão dos processos de reconciliação contábil.

Constatação, em base amostral, se o processo de conciliação contábil dos saldos relevantes foi consistente durante o período de “x” meses.

1.4. Processo de concessão e de gerenciamento de crédito.

Mapeamento e avaliação dos processos e controles de concessão de crédito, envolvendo os seguintes sub-processos:

• governança e alçadas;

• segregação de funções;

• definição de limites, precificação e rating;

• ciclo de concessão, formalização e registro;

• monitoramento da carteira (revisão de limites, taxas e prazos)

• renegociações de dívidas;

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• formalização de garantias;

• recebimento de bens em pagamento de operações;

• recebimento, baixas e liquidações.

Revisão dos processos e controles utilizados para o cálculo, registro, monitoramento e reversão das provisões para risco de crédito.

Avaliação do processo de monitoramento dos créditos problemáticos e dos métodos e critérios para realização de provisão de perdas esperadas, conforme estabelecido na Resolução CMN 4.557/17.

1.5. Critérios para a distribuição de sobras, rateio de perdas, formação de reservas, constituição de fundos específicos e destinação de recursos do Fundo de Assistência Técnica Educacional e Social (Fates).

Mapeamento do processo e avaliação dos controles relativos a distribuições de sobras, rateio de perdas e utilização de recursos do Fates.

Avaliação do processo de constituição de reservas e fundos específicos, conforme as regras definidas na Lei 5.764/71, Lei Complementar 130/09 e no Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (COSIF).

Avaliação da existência e consistência da política de utilização do Fates, com as diretrizes conceituais definidas na Lei 5.764/71.

Tema abordado 2. Em relação à adequação e à aderência das políticas institucionais. Enfoque geral Avaliação da governança e do programa de compliance das cooperativas, assim como a robustez do processo crítico de segregação de funções.

2.1. Segregação de funções e conflitos de interesse em atividades críticas.

Revisão e existência de política e processos de avaliação contínua sobre a efetividade da segregação de funções em atividades críticas.

Análise dos processos e controles que suportam a correta segregação, no mínimo em:

• cadastro/conta corrente/depósitos;

• crédito, gestão de crédito e recuperação;

• gestão de numerários;

• distribuição e pagamento de sobras;

• lançamentos/aprovação de registros contábeis.

2.2. Manuais, regulamentos internos, bem como determinações da cooperativa central e do sistema, quando aplicável.

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Revisão do programa de compliance, assim como das estruturas, processos e controles que suportam o monitoramento da aderência às políticas, regimentos e regulamentos, determinados pela alta administração da singular, da central ou do sistema cooperativo.

Seleção, por amostragem, de políticas institucionais críticas e manuais, visando avaliar a consistência, a forma de aprovação e revisão, e sua aplicabilidade prática.

2.3. Processo de prestação de informações sobre a situação financeira, o desempenho, as políticas de gestão de negócios e dos fatos relevantes aos órgãos de administração, conselho fiscal e associados.

Revisão dos processos e políticas dos órgãos estatutários, assim como, do processo de geração das informações para os fóruns de governança e sua formalização.

Avaliação dos processos e controles sobre a qualidade das informações financeiras e contábeis divulgadas aos associados.

Verificação da existência de políticas e processos para comunicação de fatos relevantes e do seu adequado cumprimento.

2.4. Códigos de conduta e de ética, quando aplicável.

Revisão dos processos de comunicação, monitoramento e treinamento relativo ao código de ética e de conduta.

Avaliação da existência e funcionamento de canais de denúncias.

Verificação do processo de avaliação e premiação dos funcionários com base no comportamento e na postura ética.

Tema abordado 3. Em relação a formação, à capacitação e à remuneração compatíveis com as

atribuições e cargos. Enfoque geral Avaliação da maturidade da gestão da cooperativa, envolvendo os processos de qualificação, capacitação e sucessão de membros e a administração de potencias conflitos de interesses.

3.1. Política de remuneração da diretoria, do conselho de administração e do conselho fiscal, inclusive eventuais bônus por desempenho ou similares.

Avaliação da razoabilidade das políticas de remuneração da cooperativa, incluindo a formalização de métodos e critérios conforme as práticas de mercado.

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Verificação do processo e alçadas para aprovação, acompanhamento e revisão periódica das políticas de remuneração.

Verificação se a política de remuneração foi aprovada pela assembleia geral.

Análise da adequação da remuneração dos executivos com base no porte da cooperativa.

Verificação da implantação da política de sucessão de administradores,

compatível com a natureza, o porte, a complexidade, a estrutura, o perfil de riscos e o modelo de negócios da cooperativa, de forma a assegurar que a alta administração tenha as competências necessárias para o desempenho das funções.

Verificação se a política de sucessão foi aprovada pela assembleia geral.

Verificação se a política de sucessão está adequada e aderente a Resolução à

CMN 4.538/16.

3.2. Formação, capacitação e disponibilidade de tempo dos membros de órgãos estatutários, gerentes e dos integrantes da equipe técnica.

Verificação da existência de políticas, programas e orçamento para a formação e capacitação de membros de órgãos estatutários, gerentes e equipe técnica.

Avaliação dos controles de monitoramento sobre o cumprimento e avaliação dos programas de capacitação.

Verificação se a disponibilidade de tempo dos membros de órgãos estatutários

correspondem às suas atribuições e responsabilidades estabelecidas.

Verificação dos regulamentos e controles utilizados pela cooperativa sobre a participação e presença de membros de órgãos estatutários em reuniões.

Tema abordado 4. Em relação à adequação dos limites operacionais e dos requerimentos de capital. Enfoque geral Avaliação das estratégias, processos e gestão dos limites operacionais e regulatórios.

4.1. Requerimentos mínimos de Patrimônio de Referência (PR), exposição por cliente e outros limites operacionais.

Revisão dos relatórios, processos e controles utilizados na apuração e reporte para administração e membros de órgãos estatutários da cooperativa sobre o cálculo do Patrimônio de Referência (PR) e dos ativos ponderados pelos riscos determinados pelo Regime Prudencial Completo (RPC) ou, quando aplicável, o Regime Prudencial Simplificado (RPS).

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Avaliação da existência de políticas e estratégias para o gerenciamento de capital, claramente documentadas, que estabelecem procedimentos de manter o Patrimônio de Referência, especialmente o nível I e o capital principal, nos níveis compatíveis com os riscos incorridos.

Verificação da ocorrência de integralização de capital social mediante a

concessão de crédito ou a retenção de parte do seu valor, bem como a concessão de garantia ou assunção de empréstimos de coobrigação em operações de crédito para essas finalidades.

Verificação se houve recomposição do Patrimônio Líquido mediante o rateio de

perdas de exercícios anteriores por meio de concessão de crédito ou retenção do seu valor, bem como concessão de garantias em operações de crédito com essa finalidade.

Revisão dos processos e controles utilizados para monitoramento dos seguintes

limites operacionais e regulatórios:

• limite de exposição por cliente;

• grau de imobilização;

• limite para aplicação de recursos em uma única Instituição Financeira;

• limites mínimos de capital integralizado;

• operações de adiantamento a depositantes;

• limite de aplicação em fundos de investimento quando existir participação significativa.

Verificação da conformidade das estruturas e processos para gerenciamento contínuo de capital, quando aplicável, conforme a Resolução CMN 4.557/17.

Tema abordado 5. Em relação às regras e práticas de governança e controles internos. Enfoque geral Avaliação da maturidade e eficiência das estruturas e do funcionamento do sistema de controles internos da cooperativa.

5.1. Constituição, funcionamento, segregação de funções e efetividade de atuação da diretoria, do conselho de administração e do conselho fiscal, consideradas as atribuições previstas em estatutos e na legislação vigente.

Revisão dos estatutos da cooperativa sobre a adoção de estrutura de gestão apropriada, observando os aspectos de constituição, ocupação e atuação dos membros de cargos estatutários e conselhos.

Verificação do atendimento aos requisitos de governança corporativa estabelecidos na Resolução CMN 4.434/15 para os conselhos de administração e fiscal, bem como de membros com função executiva.

5.2. Implementação e conformidade do sistema de controles internos.

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Avaliação da implantação do modelo baseado nas linhas de defesa, que visa à melhora e o desenvolvimento contínuo da gestão e controle dos riscos, abrangendo sua metodologia, reportes e evidências na resolução dos problemas.

Verificação, quando aplicável, da implantação e implementação da atividade de auditoria interna, conforme determinado na Resolução CMN 4.588/17.

Verificação da existência de política de governança corporativa aprovada em assembleia geral, abordando aspectos de representatividade e participação, direção estratégica, gestão executiva e fiscalização e controle, que contemple a aplicação de princípios de segregação de funções na administração, remuneração dos membros dos órgãos estatutários, transparência, equidade, ética, educação cooperativista, responsabilidade corporativa e prestação de contas.

5.3. Estratégia, políticas e procedimentos de tecnologia da informação e comunicação.

Verificação da existência de planejamento estratégico e orçamento detalhado que aborde o tema de tecnologia da informação.

Verificação da política de segurança da informação devidamente aprovada, implantada e testada periodicamente pela administração da cooperativa.

Avaliação se os riscos envolvendo tecnologia da informação são tratados

adequadamente nas atas de reuniões dos conselhos de administração e fiscal.

Verificação se a auditoria interna realiza procedimentos periódicos para mitigação dos riscos relacionados com tecnologia da informação.

5.4. Normas, estrutura e processos relativos à segurança da informação e à integridade de dados.

Avaliação das normas sobre os controles gerais do ambiente de TI e aplicação de testes básicos de acesso de usuários, manutenção, desenvolvimento de sistemas e gerenciamento das bases críticas de dados.

Realização de procedimentos para validação dos controles de processamento de dados, considerando no mínimo os seguintes aspectos:

• a estrutura e o pessoal da cooperativa são adequados para a operação eficaz da área de tecnologia da informação;

• existe um processo de segregação apropriado das funções entre usuários, programadores, operadores e gestores de banco de dados;

• é impedido o acesso não autorizado aos sistemas e aplicativos;

• são utilizadas versões corretas dos dados e dos arquivos de programas;

• são autorizadas e atualizadas as licenças de software;

• o uso de programas e o acesso à base de dados está restrito ao pessoal autorizado.

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Avaliação se as modificações nos programas e aplicativos são realizadas

adequadamente, considerando:

• a segurança do acesso lógico;

• os controles do acesso físico a arquivos eletrônicos;

• os controles operacionais sobre aperfeiçoamentos e alterações de programas.

Realização de procedimentos para avaliação do adequado funcionamento do plano de backup e continuidade das atividades.

Verificação do desenho e funcionamento dos controles de desenvolvimento, alterações e instalação de sistemas e aplicativos antes da sua entrada em ambiente de produção.

Tema abordado 6. Em relação à adequação da gestão de riscos e de capital. Enfoque geral Avaliação das estratégias e estruturas da gestão de riscos em conformidade com a regulamentação aplicável.

6.1. Capacidade de a instituição identificar, avaliar, monitorar, controlar e mitigar os riscos aos quais está exposta, de acordo com o porte e complexidade de suas operações.

Avaliação das políticas e das estratégias para o gerenciamento dos riscos de crédito, mercado, variação de taxas de juros, operacional, liquidez, socioambiental e demais riscos relevantes.

Verificação da existência e adequação dos sistemas e dos procedimentos utilizados para o gerenciamento de riscos.

Avaliação dos modelos utilizados pelo gerenciamento de riscos, considerando as

premissas, as metodologias utilizadas e o seu desempenho.

Verificação dos processos e indicadores de monitoramento utilizados pela atividade de gestão de riscos.

Verificação da conformidade e implantação das estruturas de gerenciamento integrado de riscos, conforme a Resolução CMN 4.557/17.

6.2. Segregação das atividades de gerenciamento de riscos em relação às áreas negociais.

Verificação dos papéis e responsabilidades para o gerenciamento de riscos claramente documentados, com as atribuições estabelecidas ao pessoal da

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cooperativa em seus diversos níveis, incluindo, quando for o caso, os prestadores de serviços.

Verificação se a atividade de gerenciamento de riscos é executada por unidade específica e segregada das áreas de negócios e de auditoria interna.

6.3. Planos para contingências e continuidade de negócios.

Verificação da existência de política para a gestão da continuidade de negócios, envolvendo no mínimo, os seguintes aspectos:

• identificação, classificação e documentação dos processos críticos de negócios da cooperativa;

• avaliação dos potenciais efeitos da interrupção dos processos críticos de negócios;

• estratégias para assegurar a continuidade das atividades da cooperativa e limitar perdas decorrentes da interrupção dos processo críticos de negócios;

• prazos estimados para reinício e recuperação das atividades em caso de interrupção dos processos críticos;

• identificação dos responsáveis pela gestão de continuidade e das ações e comunicações necessárias;

• testes e revisões dos planos de continuidade de negócios com periodicidade adequada;

• avaliação da participação e responsabilidade de terceiros na gestão de continuidade, quando aplicável e relevante.

6.4. Processo de gerenciamento de capital, incluindo a revisão periódica de sua compatibilidade com os riscos assumidos.

Verificação, quando aplicável, da estrutura de gerenciamento contínuo de capital envolvendo no mínimo:

• monitoramento e controle do capital mantido pela cooperativa;

• avaliação formal da necessidade de capital para fazer frente aos riscos em que a cooperativa esteja exposta;

• planejamento formal de metas e de necessidade de capital, considerando os objetivos estratégicos e planos de negócios da cooperativa;

• realização de testes para avaliação dos impactos no capital da cooperativa em cenários adversos;

• existência de planos de contingência de capital.

Verificação da estrutura para gerenciamento de capital em conformidade com a Resolução CMN 4.557/17.

Tema abordado 7. Em relação à prevenção da lavagem de dinheiro e do financiamento ao terrorismo. Enfoque geral

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Avaliação da eficiência e eficácia dos processos de Prevenção à Lavagem de Dinheiro e do Financiamento do Terrorismo (PLD/FT).

7.1. Adequação da política institucional, da estrutura organizacional e dos procedimentos aplicáveis, abrangendo o monitoramento, a seleção e a análise de operações e situações passíveis de comunicação ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Verificação se a cooperativa define diretrizes, ações e critérios formalizados em manuais, instruções internas, códigos de ética e conduta e outros documentos internos acessíveis a todos os funcionários.

Avaliação do estabelecimento de competências específicas, atribuições e responsabilidades definidas e segregadas dos funcionários envolvidos com o trabalho de PLD/FT.

Análise da existência e da adequação de ferramentas para detecção de operações passíveis de comunicação ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), alcançando todos os produtos e serviços da cooperativa;

Verificação da conformidade com as leis e normas sobre PLD/FT determinadas

pelo Banco Central do Brasil.

7.2. Adequação dos procedimentos definidos com o objetivo de conhecer o cliente, abrangendo a identificação da origem e da constituição do seu patrimônio e seus recursos financeiros.

Avaliação da existência de política formal de controles para a captura e o registro de informações cadastrais e econômicas dos associados.

Verificação dos processos e controles para a manutenção de base cadastral de associados completa e atualizada.

Verificação, em base amostral do cadastro de cooperados, da atualização de

declaração de rendas e de bens, entre outras.

7.3. Adequação da política de treinamento em todos os níveis da organização.

Verificação da política, procedimentos e controles para conscientização e capacitação contínua dos funcionários dos processos referentes a PLD/FT.

7.4. Adequação da auditoria interna em PLD/FT.

Verificação se a auditoria interna considera em seu plano anual de atividades a realização de testes de conformidade dos processos e rotinas de PLD/FT.

Avaliação da abrangência e escopo dos trabalhos de auditoria interna realizados na cooperativa relacionados a PLD/FT.

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Verificação do registro de recomendações da auditoria interna sobre PLD/FT e os respectivos planos de ações para regularização.

Tema abordado 8. Em relação ao crédito rural e ao Programa de Garantia da Atividade Agropecuária

(Proagro), aplicáveis às instituições financeiras que operam no Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR).

Enfoque geral Avaliação dos processos de controles internos relativos ao crédito rural, com vistas ao compliance com o Manual de Crédito Rural (MCR) e à gestão dos enquadramentos e julgamentos do Proagro.

8.1. Aderência aos dispositivos do Manual de Crédito Rural (MCR), principalmente nos tópicos que tratam dos beneficiários, da fiscalização, dos limites, das despesas, da formalização, do registro e da contabilização do crédito rural e do Proagro.

Avaliação dos processos, controles e documentação dos julgamentos utilizados pela administração da cooperativa nas operações de crédito rural e Proagro, atentando para:

• a elegibilidade de beneficiários;

• os procedimentos de fiscalização;

• o cumprimento de limites;

• a adequação das despesas;

• a formalização das operações;

• a conformidade das taxas praticadas;

• os processos de registro e contabilização.

Verificação, com base em amostragem, da documentação que suporta as operações de crédito rural, conforme os normativos legais e regulamentares, bem como, se foram respeitados no processo de concessão, formalização e fiscalização do recursos.

8.2. Controles existentes para o adequado enquadramento e deferimento das operações de crédito rural e das coberturas do Proagro.

Verificação, em base amostral, das aprovações das operações de crédito rural e Proagro, em conformidade com a política e alçadas estabelecidas pela cooperativa.

Tema abordado 9. Em relação ao relacionamento com clientes e usuários de produtos e serviços

financeiros.

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Enfoque geral Avaliação do compliance com as normas dos produtos operados pelas cooperativas.

9.1. Aderência a normas de contratação de produtos e de prestação de serviços financeiros, inclusive no que tange ao conteúdo e à transparência das relações contratuais.

Verificação da existência e conformidade com a Resolução CMN 4.539/16, de política institucional de relacionamento com clientes e usuários de produtos e serviços financeiros.

Avaliação, em base amostral, da conformidade com as normas para disponibilização de produtos e as respectivas tarifas determinadas pelo Banco Central do Brasil, em especial a Resolução CMN 3.919/10.

9.2. Adequação da cobrança e da divulgação das tarifas referentes aos serviços e aos produtos oferecidos.

Verificação do processo e dos controles para garantir uma adequada precificação dos produtos e serviços oferecidos pela cooperativa, a correta divulgação aos associados e o envio de informações ao Banco Central do Brasil.

9.3. Conformidade da contratação de correspondentes no País, inclusive no que se refere à prestação de informações ao Banco Central do Brasil e à divulgação de informações ao público.

Verificação da conformidade dos contratos de correspondentes no País com as regulamentações do Banco Central do Brasil, em especial a Resolução CMN 3.954/11.

Avaliação do cumprimento das cláusulas determinadas nos contratos de correspondentes bancários, abordando dentre outros aspectos, o recebimento e o registro das rendas sobre a prestação de serviços.

9.4. Adequação da gestão de demandas de clientes e de usuários advindas da Ouvidoria e dos demais canais de atendimento da instituição.

Verificação da adequada constituição e funcionamento do componente organizacional de ouvidoria, conforme determinado pela Resolução CMN 4.433/15 e outras normas emitidas pelo Banco Central do Brasil.

Avaliação da disponibilização e dos procedimentos adotados pela cooperativa para a implantação de canal para comunicação de indícios de ilicitude relacionados às atividades da cooperativa, em conformidade com a Resolução CMN 4.567/17.

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6.4. Relatório

O relatório específico da auditoria cooperativa é o instrumento pelo qual o auditor comunica formalmente o resultado dos trabalhos executados. Consiste na organização de constatações, recomendações e providências a serem adotadas pela administração da cooperativa e deverá estar sustentado nos seguintes requisitos básicos:

• ser estruturado de forma ordenada, lógica e com uma linguagem clara e objetiva;

• ser objetivo e apresentar constatações significativas e recomendações que visem ao aperfeiçoamento dos controles internos ou às melhorias dos processos das cooperativas.

De acordo com a Resolução CMN 4.454/15, o relatório específico do resultado da auditoria cooperativa deverá, ser escrito de forma detalhada e descrever no mínimo os seguintes assuntos:

• o planejamento dos trabalhos, considerando as estratégias gerais de auditoria, as áreas de maior exposição a riscos e a materialidade utilizada;

• o objetivo, o escopo, e a extensão dos trabalhos;

• as limitações identificadas para execução dos procedimentos de auditoria;

• as análises e avalições dos processos ou atividades objeto de auditoria e os respectivos controles internos;

• as técnicas de amostragem utilizadas e o detalhamento das amostras definidas;

• a descrição dos testes realizados para cobertura do escopo definido;

• a descrição das fragilidades identificadas e os achados de auditoria;

• as conclusões e recomendações registradas conforme o escopo definido.

O relatório deverá ser emitido de forma final, em até trinta dias após a data prevista na programação anual das atividades para conclusão dos trabalhos, descrever o resultado das análises realizadas e ser assinado pelo responsável técnico do trabalho.

A empresa de auditoria independente ou a Entidade de Auditoria Cooperativa deverá remeter o relatório à alta administração da cooperativa objeto da auditoria cooperativa, em até dez dias após a data de emissão.

O relatório deve ser mantido à disposição do Banco Central do Brasil pelo período mínimo de cinco anos a partir do período de referência de conclusão da auditoria cooperativa e remetê-lo:

• ao Banco Central do Brasil, quando solicitado;

• à cooperativa central, no caso de cooperativa singular filiada, ou à confederação, no caso de cooperativa central confederada, em até dez dias a contar da data do recebimento do relatório.

6.5. Follow-up

O acompanhamento sistemático sobre o andamento das regularizações dos achados e recomendações de auditoria, conforme plano de ação estipulado pala cooperativa auditada, deverá ser realizado pelas cooperativas centrais e confederações de centrais como parte das suas atividades de supervisão das cooperativas filiadas. Para as cooperativas não

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filiadas, este acompanhamento deverá ser realizado pela auditoria interna, que deverá estar instalada com o devido grau de independência e ter seu regulamento aprovado pela assembleia geral, conforme a Resolução CMN 4.588/17.

A central ou confederação analisará o efetivo cumprimento dos planos de ação para regularização dos apontamentos apresentados pela auditoria cooperativa.

Também dentro dos objetivos dos trabalhos do exercício seguinte, o auditor responsável pela auditoria cooperativa deverá verificar se suas recomendações foram endereçadas em planos de ação e se as medidas adotadas são suficientes. Para tanto, o auditor deverá reportar em relatório no mínimo:

• posição atual de execução do plano de ação;

• manifestação sobre a solução apresentada;

• cumprimento de prazos estabelecidos.

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7. Comunicação dos resultados da auditoria cooperativa

Os trabalhos de auditoria cooperativa exigirão da empresa de auditoria independente ou Entidade de Auditoria Cooperativa (EAC) a preparação, emissão e o encaminhamento de relatórios, assim como de comunicações de fatos materialmente relevantes ao Banco Central do Brasil.

Assim, deverá constar nos contratos celebrados de auditoria cooperativa cláusulas específicas que prevejam a comunicação por parte da executora dos serviços de auditoria cooperativa ao Banco Central do Brasil, às respectivas confederações de centrais e, no caso das cooperativas, singulares também às cooperativas centrais de crédito às quais estejam filiadas, além dos conselhos fiscal e de administração, os fatos materialmente relevantes observados no processo de auditoria, tais como:

• irregularidades, deficiências ou situações de exposição anormal a riscos;

• descumprimento da regulamentação ou da legislação em vigor;

• descumprimentos de regras do sistema cooperativo a que a cooperativa de crédito esteja filiada.

No caso de cooperativas não filiadas, essa comunicação ao Banco Central do Brasil, poderá ficar a cargo dos conselhos fiscal ou de administração da cooperativa, com o apoio da auditoria interna devidamente constituída. Recomenda-se que este processo e responsabilidades estejam previstos no estatuto social da cooperativa.

A comunicação deve ser efetuada no prazo máximo de dez dias contados da emissão do relatório de auditoria ou, quando aplicável, da identificação do fato, devendo ser devidamente documentada, com sua guarda mantida pelo prazo mínimo de cinco anos.

A executora responsável pela auditoria cooperativa, além do relatório específico tratado no item 6.4. deste guia, também deverá preparar e enviar ao Banco Central do Brasil os seguintes documentos:

• programação anual detalhada das atividades de auditoria cooperativa até 31 de outubro do ano anterior a que se refere a auditoria;

• relatório geral das atividades de auditoria cooperativa contendo as atividades planejadas, a descrição das ações efetivamente realizadas no ano e avaliação crítica dos resultados alcançados, até 30 de abril do ano seguinte a que se refere a auditoria.

Já para o relatório específico sobre os resultados dos trabalhos de auditoria cooperativa tratado no item 6.4. deste guia, a cooperativa objeto da auditoria cooperativa deverá manter o respectivo relatório pelo prazo mínimo de cinco anos e remetê-lo:

• ao Banco Central do Brasil, quando solicitado;

• à cooperativa central, no caso de cooperativa singular filiada, ou à confederação de cooperativa central confederada em até dez dias a contar da data do recebimento do relatório.

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Cabe ainda uma observação para que o Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop) também seja um dos usuários do resultado dos trabalhos de auditoria cooperativa. Assim, excetuando as ressalvas legais para tanto, as cooperativas de crédito objeto da auditoria cooperativa também devem ser estimuladas a encaminhar ao FGCoop os respectivos relatórios no prazo e na forma demonstrada anteriormente.

Como sugestão, além da necessidade das cooperativas encaminharem os relatórios de auditoria cooperativa ao FGCoop, na mesma tempestividade que encaminham para as cooperativas centrais, poderia também ser instituída a obrigação das empresas que operam a auditoria cooperativa de encaminharem àquele Fundo uma súmula dos aspectos relevantes relacionados ao risco de continuidade das entidades auditadas.

Devido ao volume de relatórios a serem encaminhados, pode-se também idealizar um processo de encaminhamento agrupado, na mesma forma que é definida a governança do FGCoop, por representantes dos sistemas de dois e três níveis e por representantes das cooperativas não filiadas.

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8. Comentários finais

As informações contidas neste guia não são exaustivas e a sua utilização para implementação de qualquer atividade ou processo envolvendo a auditoria cooperativa e os outros assuntos tratados, não serão de responsabilidade da DGRV.

Assim, recomendamos a utilização deste guia de forma consultiva e orientativa, devendo os aspectos legais e regulamentares sobre o tema de auditoria cooperativa serem observados, assim como o direcionamento e recomendações do Banco Central do Brasil.

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9. Principais bibliografias e normas consultadas

Lei 5.764/71

Lei Complementar 130/09

Resolução 4.454/15 do Conselho Monetário Nacional

Resolução 4.434/15 do Conselho Monetário Nacional

Resolução 4.553/17 do Conselho Monetário Nacional

Resolução 4.557/17 do Conselho Monetário Nacional

Resolução 4.588/17 do Conselho Monetário Nacional

Resolução 4.595/17 do Conselho Monetário Nacional

Circular 3.790/16 do Banco Central do Brasil

Circular 3.799/16 do Banco Central do Brasil