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Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1 AS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS E O DESAFIO DA GESTÃO SOCIAL: UM ESTUDO NA REGIÃO SUL/SUDOESTE DE MG [email protected] Apresentação Oral-Instituições e Desenvolvimento Social na Agricultura e Agroindústria CLEITON SILVA FERREIRA MILAGRES; NORA BEATRIZ PRESNO AMODEO; DIEGO NEVES DE SOUSA. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA, VIÇOSA - MG - BRASIL. AS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS E O DESAFIO DA GESTÃO SOCIAL: UM ESTUDO NA REGIÃO SUL/SUDOESTE DE MG 1 AGRICULTURAL COOPERATIVES AND THE CHALLENGE OF SOCIAL MANAGEMENT: A CASE STUDY IN THE REGION SOUTH/SOUTHEAST OF MINAS GERAIS Grupo de Pesquisa: Instituições e Desenvolvimento Social na Agricultura e Agroindústria Resumo Este trabalho objetiva analisar a forma como se dá a contribuição das cooperativas agropecuárias, situadas na região Sul/Sudoeste de MG, para o desenvolvimento local. Para isso se avaliará no marco do que estabelece o sétimo princípio cooperativo, Interesse pela Comunidade, relacionando-o principalmente com a gestão social dessas organizações. Parte-se do pressuposto que as organizações cooperativas podem e devem ser um ator social coletivo relevante para o desenvolvimento, capaz de construir novas relações entre as pessoas, o que repercutiria na comunidade e contribuiria para a promoção da cidadania. Porém, são organizações imersas em um sistema econômico competitivo e para isso devem agir para sobreviver considerando às regras impostas por este sistema. Para a coleta de dados foram enviados questionários com questões abertas e fechadas a 38 cooperativas da região, obtendo-se 28,9 % de respostas. Os resultados mostram deficiências na articulação da gestão social e um pobre cumprimento do sétimo princípio. Foi identificado também que deveria investir mais na capacitação das cooperativas para aumentar a participação e o cumprimento dos princípios cooperativos. Palavras-chave: Cooperativas Agropecuárias, Gestão Social Cooperativa, Desenvolvimento Local, Sétimo Princípio Abstract 1 Trabalho financiado pela FAPEMIG – Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais.

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Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

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AS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS E O DESAFIO DA GESTÃO SOCIAL:

UM ESTUDO NA REGIÃO SUL/SUDOESTE DE MG [email protected]

Apresentação Oral-Instituições e Desenvolvimento Social na Agricultura e

Agroindústria CLEITON SILVA FERREIRA MILAGRES; NORA BEATRIZ PRESN O

AMODEO; DIEGO NEVES DE SOUSA. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA, VIÇOSA - MG - BRASIL.

AS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS E O DESAFIO DA GESTÃO SOCIAL: UM ESTUDO NA REGIÃO SUL/SUDOESTE DE MG 1

AGRICULTURAL COOPERATIVES AND THE CHALLENGE OF SOCIAL MANAGEMENT: A CASE STUDY IN THE REGION SOUTH/SOUTHEAST OF MINAS GERAIS

Grupo de Pesquisa: Instituições e Desenvolvimento Social na Agricultura e Agroindústria

Resumo Este trabalho objetiva analisar a forma como se dá a contribuição das cooperativas agropecuárias, situadas na região Sul/Sudoeste de MG, para o desenvolvimento local. Para isso se avaliará no marco do que estabelece o sétimo princípio cooperativo, Interesse pela Comunidade, relacionando-o principalmente com a gestão social dessas organizações. Parte-se do pressuposto que as organizações cooperativas podem e devem ser um ator social coletivo relevante para o desenvolvimento, capaz de construir novas relações entre as pessoas, o que repercutiria na comunidade e contribuiria para a promoção da cidadania. Porém, são organizações imersas em um sistema econômico competitivo e para isso devem agir para sobreviver considerando às regras impostas por este sistema. Para a coleta de dados foram enviados questionários com questões abertas e fechadas a 38 cooperativas da região, obtendo-se 28,9 % de respostas. Os resultados mostram deficiências na articulação da gestão social e um pobre cumprimento do sétimo princípio. Foi identificado também que deveria investir mais na capacitação das cooperativas para aumentar a participação e o cumprimento dos princípios cooperativos. Palavras-chave: Cooperativas Agropecuárias, Gestão Social Cooperativa, Desenvolvimento Local, Sétimo Princípio Abstract

1 Trabalho financiado pela FAPEMIG – Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais.

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

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The aim of this paper is to analyze how agricultural cooperatives, of the south/southeast region of Minas Gerais, contribute to local development. It will be considered the Seventh Cooperative Principle, Concern for Community, focusing in its relationship with the social management of cooperatives. It is supposed that cooperative organizations can and should be relevant social collective actors for development, able of create new relationships among people, which would have repercussions in the community and would contribute to the promotion of citizenship. Nevertheless, these are organizations immersed in a competitive economic system and therefore should act to survive, considering the rules imposed by the system. For data collection, questionnaires – with open and closed questions – were sent to the 38 cooperatives of the region and 28.9% of them answered. Results show shortcomings in articulating social management and poor accomplishment of the Seventh Cooperative Principle. It was also established that cooperative should invest more in capacity building to increase participation and the accomplishment of cooperative principles. Key Words: agricultural cooperatives, cooperative social management, community development, Seventh cooperative principle

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho visou identificar as atividades que as cooperativas agropecuárias exercem no que diz respeito à gestão social bem como as atividades que realizam para a comunidade. Para isso, objetivou-se, especificamente, verificar como as cooperativas se organizam com outras entidades locais, como se dá o relacionamento entre cooperado, cooperativa e comunidade, sobre os projetos sociais e, ainda, uma auto-avaliação pelas cooperativas sobre sua contribuição com o desenvolvimento local.

O cooperativismo está fundamentado na união de pessoas e não do capital, onde o empreendimento comum está centrado nas necessidades do grupo e não no lucro, buscando uma prosperidade conjunta em torno dos valores cooperativos que levariam a um efetivo sucesso equilibrado. Esses valores são: ajuda - mútua, auto-responsabilidade, solidariedade, equidade, igualdade e democracia, os que na prática devem seguir as linhas orientadoras dos sete princípios cooperativos: 1. Adesão livre e voluntária, 2. Gestão democrática e livre, 3. Participação econômica dos membros, 4. Autonomia e independência, 5. Educação, formação e informação, 6. Intercooperação, e 7. Interesse pela comunidade.

A preocupação com o desenvolvimento local está explícita no sétimo princípio cooperativo: Interesse pela comunidade, o qual esclarece que os membros das cooperativas devem aprovar políticas especiais com o objetivo fundamental de contribuir para o desenvolvimento sustentável de suas respectivas comunidades (ACI, 2008) sendo também agentes de mudança social.

Com isso, a discussão desenvolvida nesse trabalho fundamenta-se na idéia de que o desenvolvimento a ser promovido pelas cooperativas na comunidade estaria relacionado ao cumprimento do sétimo princípio, e que seu sucesso depende da liberdade de ações e das decisões que as pessoas têm de exercer o seu papel como agente de mudança econômica, social e política.

O presente estudo será realizado na região Sul/Sudoeste de Minas Gerais, também conhecida como Sul de Minas. A economia da região é predominantemente agrícola e vem

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das cooperativas de café uma grande parcela dessa contribuição. A escolha dessa região deve-se a proximidade com a região da Zona da Mata onde se situa a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e que de certo modo pode facilitar o acesso às informações para a realização da pesquisa e, ainda, por ser uma das três maiores regiões do estado de MG segundo o número de cooperativas registradas e adimplentes com o Sistema OCEMG (ANUÁRIO, 2007). É importante ressaltar que um estudo semelhante a este foi realizado anteriormente na região da Zona da Mata Mineira e mostrou a dificuldade das organizações cooperativas de cumprir na prática com o que o sétimo princípio coloca, uma vez que pouco fazem em relação a sua gestão social (MILAGRES et. al, 2008); no entanto, experiências em outras regiões poderiam mostrar estruturas de ação diferenciadas da realidade encontrada na Zona da Mata Mineira.

Segundo o Anuário do Cooperativismo Mineiro (2008), o estado de Minas Gerais representa 11% do número total de cooperativas registradas no Sistema OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras, entidade formal das cooperativas segundo o que estabelece a lei no 5.764/71 que regulamenta essas sociedades. O ramo agropecuário está entre os mais representativos no estado de Minas, com 218 cooperativas.

A região do Sul de Minas conta com uma população de 38 cooperativas agropecuárias que serão objetos de estudo deste trabalho. Nesse sentido, foi enviado um formulário com questões abertas e fechadas a todas cooperativas, porém apenas 11 retornaram devidamente preenchidos, o que correspondeu a uma porcentagem de 28,9% do número total de cooperativas agropecuárias da região. Os dados foram coletados a partir da utilização de questionários auto-aplicáveis, que, segundo May (2004), apresentam-se como um método mais barato de coleta de dados para cobrir uma área geográfica ampla e é um canal para a expressão anônima de visões arraigadas.

2. ENTRE O SOCIAL E O EMPRESARIAL: AS DUAS VERTENTES D A

GESTÃO COOPERATIVA

As organizações cooperativas estão imersas em um sistema econômico moderno e para isso devem agir como empresas que devem sobreviver às regras impostas por este sistema. Segundo Zylberstajn (1994) “o crescimento das estruturas cooperativas é seguido pelo aumento da complexidade de sua gestão” (ZYLBERSTAJN p.1, 1994). Ou seja, a profissionalização destas organizações tem sido um dos principais desafios para todos os ramos cooperativos uma vez que se vêem forçadas à evolução, o que não difere de outras empresas, principalmente, no que diz respeito a suas atividades, à interface tecnológica, à gestão econômico-financeira, à complexidade da estrutura organizacional, e ainda, no que diz respeito aos relacionamentos com pessoas e instituições (VALADARES, 2005). Para Amodeo (2006), há um aspecto ainda pouco desenvolvido no que se refere às especificidades que estas organizações apresentam já que as cooperativas se diferenciam de uma empresa não cooperativa, pois atuam simultaneamente como empresas e associações.

Segundo o estudo feito por Valadares (2005), no que tange às atividades, pode-se dizer que as cooperativas estão migrando de um comportamento defensivo, característico dos anos 70 e 80, para uma atuação mais agressiva nos mercados finais, por força dos altos níveis de competitividade exigidos pelos novos mercados. Percebe-se, portanto, que há uma necessidade do mundo moderno de que o processo de profissionalização da gestão

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ocorra de fato nas cooperativas, assim, estas exerceriam seu papel de empresas competitivas no mercado e garantiriam sua sobrevivência futura e a dos seus associados, porém para isso é importante que as cooperativas não deixem de lado as especificidades que elas possuem.

Cabe ressaltar então, que o fato de haver uma gestão empresarialmente eficaz e eficiente não seja talvez o único atributo a ser seguido para obter o sucesso da organização cooperativa. Aspectos como o relacionamento entre a cooperativa e os cooperados tornam-se um fator crucial para a gestão estratégica, pois podem não só contribuir na distribuição dos benefícios aos cooperados, mas os conscientizar sobre a importância de investir para que a cooperativa cresça. A fidelização de um quadro de associados, tornando-os mais ativos e compromissados com as decisões a serem tomadas pela cooperativa fortalece as cooperativas não só do ponto de vista social, mas também do ponto de vista empresarial. “A alta taxa de adesão e de fidelidade dos cooperados, não só fortalecem a cooperativa e orientam para tomada de decisões, mas ajudam a diluir custos pelo ganho de escala e pela constância de propósitos e interesses” (MACEDO, s.d., p. 5).

Percebe-se, portanto, que as sociedades cooperativas, para conseguirem cooperados comprometidos com sua organização, deveriam investir na capacitação e treinamento dos mesmos, assim como na promoção dos valores cooperativos da comunidade na qual pertencem. Ou seja, investir na participação efetiva dos mesmos para que estes sejam capacitados, fortaleçam a organização e, assim, tenham acesso ao mercado, às políticas e a outros recursos locais.

De acordo com Amodeo (2006), este direcionamento prima na idéia de que nas cooperativas, além de um enfoque na gestão econômica, torna-se necessário um aprofundamento sobre a importância da gestão social, entendida aqui como a gestão do relacionamento com os seus cooperados. Portanto, não só se requer uma gestão empresarial profissional da melhor qualidade, mas que, paralelamente, se reforce a gestão social, através da educação cooperativa, de eficientes sistemas de comunicação intra-empresa e com os associados, e de uma gestão interna do poder que habilite a aprendizagem conjunta (AMODEO, 2006). Conseqüentemente, a empresa deve aprender a gerar valor de suas características associativas, assim como o perfil associação das cooperativas obtém do perfil empresa as vantagens econômicas que a participação nos mercados lhes possibilita (AMODEO, 1999).

Para que as cooperativas se tornem fortes e apresentem potencialidades nos mercados, também a participação deveria ser priorizada e o papel exercido pelos órgãos de representação do cooperativismo deveria contribuir para a gestão estratégica e um equilíbrio entre a gestão empresarial e a gestão social deveria ser promovido.

A educação cooperativista, a organização do quadro social, a melhoria nos canais de informação entre a direção e associados são alguns dos mecanismos necessários e capazes de permitir que as cooperativas tenham uma melhor gestão da qualidade em seus serviços e/ou produtos. É através de uma gestão mais qualificada (transparente, participativa e democrática) que garantimos a sobrevivência da organização cooperativa. Segundo Schneider (1991), para dinamizar a participação dos sócios recomenda-se fomentar o espírito de grupo e de comunidade, através de promoções conjuntas do tipo cultural, educativo, beneficente, onde as mulheres dos sócios e os jovens tenham espaço importante de manifestação. Os associados devem, portanto, participar nas decisões de centralização num fluxo que vá desde a base à cúpula diretiva da organização.

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Para Albuquerque (2003), o papel da organização cooperativa é ser mediadora de processos que se caracterizam por uma rede de relações que demanda um novo enfoque de organização da capacitação/formação. Novo enfoque que se constrói a partir de uma prática social que insira o associado e a cooperativa em sua comunidade. Essa inserção da organização cooperativa na comunidade local pode ser aplicada através do sétimo princípio cooperativo, Interesse pela Comunidade.

Segundo a ACI (Aliança Cooperativa Internacional), o sétimo princípio cooperativo declara que as cooperativas são organizações que existem em primeira instância para o benefício de seus membros. Por esta forte associação com seus membros, quase sempre em um mesmo espaço geográfico específico, mostram que as cooperativas estão intimamente ligadas as suas comunidades. Assim, segundo os princípios, estas organizações teriam a responsabilidade especial de assegurar a continuidade do desenvolvimento de sua comunidade, tanto nos aspectos econômicos, quantos nos aspectos sociais e culturais. A obrigação de trabalhar constantemente pela proteção ambiental de sua comunidade é outro aspecto evidenciado pela ACI no documento que trata dos princípios cooperativos. Deste modo, fica nas mãos dos membros da sociedade cooperativa decidir que tanto e em que forma uma cooperativa deve contribuir com sua comunidade (ACI, 1995).

Assim sendo, percebe-se que as cooperativas poderiam, enquanto organização comunitária, ser uma instituição importante na promoção da participação social dos envolvidos na comunidade a fim de conduzir suas ações e decisões e promover o desenvolvimento local, seja viabilizando economicamente os seus sócios ou articulando seus interesses frente às instituições políticas. Poderiam também, mediante a participação de seus associados, serem promotoras da ação comunitária e conduzir projetos/programas para a comunidade na qual elas se encontram inseridas, visto que os seus donos-usuários seriam tanto agentes como beneficiários dos mesmos. Ao capacitar os seus associados para a participação, se promoveria simultaneamente a formação de cidadãos capazes de participar na gestão das políticas públicas. Também, como as cooperativas são organizações com presença na comunidade, poderiam transformar-se em atores coletivos privilegiados, com papel destacado no processo de desenvolvimento.

O desenvolvimento local envolve pessoas e as vocações da comunidade, seu papel relevante é o fato de a ação comunitária não ter um dono, mas ser de todos; fato esse que a assemelha com a característica principal das cooperativas de ser uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida; nelas predominam a livre admissão, onde o “nós” prevalece de forma participativa na construção do bem comum. O fato dos atores sociais presentes na comunidade compartilharem as responsabilidades sociais, isto é, cada um se sentir forte, importante e ativo na construção de um bem público, oferecendo seu esforço físico, mental e material ou financeiro ao que é reclamado por todos, configura a verdadeira ação comunitária (FERREIRA NETO, 1987) que, por sua vez, tem uma forte relação com as organizações cooperativas devido ao sétimo princípio aqui também estudado. A preocupação com a comunidade é o que sustentará no futuro a cooperativa e irá permanentemente necessitar para comandar os seus diferentes sistemas sociais, políticos, culturais e econômicos.

Por tudo isso, é necessário sensibilizar gestores de cooperativas da influência e da importância da integração do associado à cooperativa. É preciso também deixar claro que esse trabalho quase sempre se apresenta com resultados a médio e longo prazo e que nem sempre pode ser avaliado de forma quantitativa, mas sim qualitativamente (VALADARES,

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1995). Portanto, cabe a coopereconômica quanto numa gestão social, senão estaríamos limitando as escolhas e as oportunidades daqueles que acreditariam na organização cooperativa como um mecanismo de participação e do controle de

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As cooperativas são classificadas pela OCB em 13 ramos que as diferenciam de acordo com a atividade econômica, no intuito de dar conformidade de tratamento às questões de interesse, de apresentar propostas e reivindicaçõeproblemas estruturais ou conjunturais, contribuir para promover a integração dos ramos e a conquista de objetivos comuns destinados ao desenvolvimento do cooperativismo. Os ramos são: Agropecuário, Consumo, Crédito, Educacional, Especialestrutura, Mineral, Produção, Saúde, Trabalho, Turismo e Transporte. No caso deste estudo, contemplaremos apenas osagropecuário que responderam ao questionário enviado. Outras cooperativas ramos também responderam o questionário, embora esse trabalho só apresente os resultados da pesquisa com as cooperativas agrárias.

Uma correta gestão empresarial cooperativa é fundamental para orientar os planejamentos da organização, suas estratque os objetivos econômicos e sociais procurou-se identificar como se caracterizava a gestão administrativa das cooperativas agropecuárias da região estudada (Figura 1). Figura 1 – Caracterização da gestão

Fonte: Dados da pesquisa, 2008. Nota-se, portanto, que as cooperativas agropecuárias vem adotando o modelo de

profissionalização da gestão como forma degestão empresarial e a competitividade das cooperativas. A maioria delas tem a gestão realizada por profissional contratado sob a supervisão da diretoria. Essa profissionalização deve ser vista com cuidado pelos sócios cooperados, poisdecisões do gerente se anteponham, protelando a participação e as opções estraté

Exclusivamente pela diretoria eleita

Por Profissional contratado sob a supervisão da diretoria

Pela diretoria com o auxílio de consultoria externa

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cabe a cooperativa adotar a visão do desenvolvimento tanto numa gestão econômica quanto numa gestão social, senão estaríamos limitando as escolhas e as oportunidades daqueles que acreditariam na organização cooperativa como um mecanismo de participação e do controle democrático.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As cooperativas são classificadas pela OCB em 13 ramos que as diferenciam de acordo com a atividade econômica, no intuito de dar conformidade de tratamento às questões de interesse, de apresentar propostas e reivindicações relacionadas com problemas estruturais ou conjunturais, contribuir para promover a integração dos ramos e a conquista de objetivos comuns destinados ao desenvolvimento do cooperativismo. Os ramos são: Agropecuário, Consumo, Crédito, Educacional, Especial, Habitacional, Infraestrutura, Mineral, Produção, Saúde, Trabalho, Turismo e Transporte. No caso deste

contemplaremos apenas os 28,9% das cooperativas pertencentes ao ramo ário que responderam ao questionário enviado. Outras cooperativas

ramos também responderam o questionário, embora esse trabalho só apresente os resultados da pesquisa com as cooperativas agrárias.

Uma correta gestão empresarial cooperativa é fundamental para orientar os planejamentos da organização, suas estratégias, alocar e gerar recursos, e ainda, viabilizar

econômicos e sociais propostos sejam de fato alcançados.se identificar como se caracterizava a gestão administrativa das cooperativas

dada (Figura 1).

Caracterização da gestão administrativa das cooperativas agropecuáriasda região Sul de Minas

Fonte: Dados da pesquisa, 2008.

se, portanto, que as cooperativas agropecuárias vem adotando o modelo de como forma de auxiliar na tomada de decisão e melhorar a

ompetitividade das cooperativas. A maioria delas tem a gestão realizada por profissional contratado sob a supervisão da diretoria. Essa profissionalização

sta com cuidado pelos sócios cooperados, pois existe o perigo de que as decisões do gerente se anteponham, protelando a participação e as opções estraté

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Exclusivamente pela diretoria eleita

Por Profissional contratado sob a supervisão da diretoria

Pela diretoria com o auxílio de consultoria externa

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ativa adotar a visão do desenvolvimento tanto numa gestão econômica quanto numa gestão social, senão estaríamos limitando as escolhas e as oportunidades daqueles que acreditariam na organização cooperativa como um mecanismo

As cooperativas são classificadas pela OCB em 13 ramos que as diferenciam de acordo com a atividade econômica, no intuito de dar conformidade de tratamento às

s relacionadas com problemas estruturais ou conjunturais, contribuir para promover a integração dos ramos e a conquista de objetivos comuns destinados ao desenvolvimento do cooperativismo. Os

, Habitacional, Infra-estrutura, Mineral, Produção, Saúde, Trabalho, Turismo e Transporte. No caso deste

cooperativas pertencentes ao ramo ário que responderam ao questionário enviado. Outras cooperativas de outros

ramos também responderam o questionário, embora esse trabalho só apresente os

Uma correta gestão empresarial cooperativa é fundamental para orientar os égias, alocar e gerar recursos, e ainda, viabilizar

propostos sejam de fato alcançados. Nesse sentido, se identificar como se caracterizava a gestão administrativa das cooperativas

das cooperativas agropecuárias

se, portanto, que as cooperativas agropecuárias vem adotando o modelo de auxiliar na tomada de decisão e melhorar a

ompetitividade das cooperativas. A maioria delas tem a gestão realizada por profissional contratado sob a supervisão da diretoria. Essa profissionalização

existe o perigo de que as decisões do gerente se anteponham, protelando a participação e as opções estratégicas

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preferidas dos cooperados, ou seja, gerar uma baixa participação e envolvimento do cooperado na cooperativa (Figura 2).gestão social (participação e educação cooperativista).

Figura 2 – Principais problemas empresariais apontados pelas cooperativas

agropecuárias do Sul de MG

Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.

O gráfico acima mostra que a questão financeira e a econômica (inadimplência) foram os principais problemas citados pelas cooperativas; seguidos pelo sistema de informação e pelo envolvimento dos associados. De forma direta ou indireta, estambém se relacionam com a participação do cooperado, dado que quanto maior participação, maior controle dos cooperados sobre a gestão, menor oportunismo, maior compromisso dos associados (AMODEO, 2006). Algumas cooperativas mostraram perceber que questões empresariais estão relacionadas com questões sociais e não que devem ser vistas separadamente, elas se cooperativa (empresarial e social)problemas sociais e na figura 4 sobre participação e resultados econômicos.

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preferidas dos cooperados, ou seja, gerar uma baixa participação e envolvimento do operativa (Figura 2). Daí a importância de contar com um bom trabalho de

gestão social (participação e educação cooperativista).

Principais problemas empresariais apontados pelas cooperativas agropecuárias do Sul de MG

Pesquisa, 2008.

O gráfico acima mostra que a questão financeira e a econômica (inadimplência) foram os principais problemas citados pelas cooperativas; seguidos pelo sistema de informação e pelo envolvimento dos associados. De forma direta ou indireta, estambém se relacionam com a participação do cooperado, dado que quanto maior participação, maior controle dos cooperados sobre a gestão, menor oportunismo, maior compromisso dos associados (AMODEO, 2006). Algumas cooperativas mostraram

e questões empresariais estão relacionadas com questões sociais e não que devem ser vistas separadamente, elas se interconectam formando as duas faces da gestão cooperativa (empresarial e social). Isso pode ser comprovado também na figura 3 sobre os

mas sociais e na figura 4 sobre participação e resultados econômicos.

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preferidas dos cooperados, ou seja, gerar uma baixa participação e envolvimento do aí a importância de contar com um bom trabalho de

Principais problemas empresariais apontados pelas cooperativas

O gráfico acima mostra que a questão financeira e a econômica (inadimplência) foram os principais problemas citados pelas cooperativas; seguidos pelo sistema de informação e pelo envolvimento dos associados. De forma direta ou indireta, estes temas também se relacionam com a participação do cooperado, dado que quanto maior participação, maior controle dos cooperados sobre a gestão, menor oportunismo, maior compromisso dos associados (AMODEO, 2006). Algumas cooperativas mostraram

e questões empresariais estão relacionadas com questões sociais e não que as duas faces da gestão

. Isso pode ser comprovado também na figura 3 sobre os mas sociais e na figura 4 sobre participação e resultados econômicos.

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Figura 3 – Principais problemas sociais apontados pelas cooperativas agropecuárias do Sul de MG

Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.

Apesar de uma grande parcela não conseguir visualizar circundam a organização cooperativa (36,36%), aquelas que os percebem envolvimento do cooperado (27,7%)falando de fidelização dos clientescomplementaridade entre gestão empresarial e gestão social que se obteria uma autêntica gestão cooperativa, mais eficiente social e economicamente e com maior impacto na comunidade a qual pertence.

Figura 4 – É percebida alguma relação entre a

resultados obtidos pelas cooperativas agropecuárias no Sul de MG.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.

A partir da visualização do gráfico acima podeparticipação ou exercer a gestão social fidelização do cooperado, chamandocontribuindo tanto na forma consciente e responsável participação de todos ometas socioeconômicas do empreendimento

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Principais problemas sociais apontados pelas cooperativas agropecuárias do Sul de MG

Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.

Apesar de uma grande parcela não conseguir visualizar os problemas sociais que circundam a organização cooperativa (36,36%), aquelas que os percebem

(27,7%) como o principal, em termos empresariais, se estaria falando de fidelização dos clientes. Nota-se, portanto, que é a pacomplementaridade entre gestão empresarial e gestão social que se obteria uma autêntica gestão cooperativa, mais eficiente social e economicamente e com maior impacto na

É percebida alguma relação entre a participação social do cooperado e os resultados obtidos pelas cooperativas agropecuárias no Sul de MG.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.

A partir da visualização do gráfico acima pode-se perceber que fomentar a a gestão social é um fator preponderante que pode começar com a

ção do cooperado, chamando-o a participar continuamente da cooperativa econômica como socialmente. É através de uma efetiva,

consciente e responsável participação de todos os associados que se obterá o sucesso das metas socioeconômicas do empreendimento cooperativo (VALADARES, 2005).

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Principais problemas sociais apontados pelas cooperativas

os problemas sociais que circundam a organização cooperativa (36,36%), aquelas que os percebem citam o

como o principal, em termos empresariais, se estaria se, portanto, que é a partir de uma

complementaridade entre gestão empresarial e gestão social que se obteria uma autêntica gestão cooperativa, mais eficiente social e economicamente e com maior impacto na

participação social do cooperado e os resultados obtidos pelas cooperativas agropecuárias no Sul de MG.

que fomentar a que pode começar com a

a participar continuamente da cooperativa, É através de uma efetiva,

s associados que se obterá o sucesso das (VALADARES, 2005).

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A razão de ser de uma cooperativa é o seu associado uma vez que a cooperativa é para atender as necessidades daquele que é o dono e também usuário dos seus serviços. Este deveria ter um papel fundamental na cooperativa, uma vez que é ele o responsável por tomar as decisões cabíveis e ainda usufruir dos benefícios. O quadro social da cooperativa deve estar ciente dos seus direitos e deveres para poder se relacionar de forma positiva com a organização cooperativa. Segundo os dados obtidos nas cooperativas agropecuárias da região Sul de Minas, 81,8% afirmaram que os cooperados sabem do papel que eles exercem dentro da organização. Porém, como a baixa participação dos cooperados é um dos problemas mais comuns no cooperativismo brasileiro, procuramos também investigar se existe algum trabalho de Organização do Quadro Social (OQS), seja ele por comitês, núcleos, comissões locais ou outros meios de instigar o associado a participar, se capacitar, discutir e contribuir na tomada de decisão e, caso não existir, quais seriam as razões da não existência desse trabalho.

O trabalho de OQS pode ser considerado como um elemento importante para os aspectos educacionais, políticos, de recursos humanos e ainda proporcionar uma forma de aplicar os princípios cooperativos na gestão empresarial dessas organizações. No entanto, como neste caso, a quase totalidade das experiências brasileiras de OQS conhecidas está vinculada ao cooperativismo agrário. Deste modo, no Sul de Minas 36,4% das cooperativas responderam afirmativamente. Dentre os temas mais trabalhados estão: participação e fidelização do cooperado (18,2%) e Cooperativismo (9,1%).

As organizações que não efetuam um trabalho de OQS (45,5%) e aquelas que não souberam responder (18,2%) alegam como principais motivos citados por não haver um trabalho específico com o quadro social: que há projetos em fase de implantação; outras justificam pelo pouco número de cooperados na organização quando, ao seu entender, o OQS demandaria um número maior; e, ainda, têm aquelas que mostram total desinteresse e justificam não haver necessidade de tal trabalho.

A gestão social pode ser viabilizada através de um trabalho de educação cooperativista. Amodeo (2006) postula que a educação cooperativa pode ser uma alternativa de solução que permita às cooperativas superar o desafio de ser competitivas, sendo paralelamente protagonistas do desenvolvimento. Na figura a seguir é possível perceber como o trabalho de Educação Cooperativista é desenvolvido nas cooperativas agropecuárias.

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Figura 5 – Como são desenvolvidos os trabalhos relaciocooperativista

Fonte: Dados da pesquisa, 2008. O gráfico da figura 5 mostra a triste realidade do cooperativismo agrário no Sul de

Minas, isto é, o enfraquecimento do quadro social devido ao pouco interesse dado às atividades de educação cooperativista. Essa análise pode ser comprovada através do somatório do alto número de cooperativas que não responderam e daquelas que não realizam nenhuma atividade de educação cooperativa, ou seja, 72,7%.educação cooperativa reflete no conhecimento da organização pelos seus associados e ainda pela comunidade local e através dos dados apurados percebedéficit em relação às cooperativas da região. Daquelas que sim realizam atividades, percebe-se que se trata de açinstituições, não aparecendo nas respostas indícios de um processo de capacitação para participação comandada pela cooperativa

Um ponto relevante neste trabalhocom a comunidade local. Este exercepromover o bem-estar econômico e social dos cooperados, orientáparticipação comunitária e ainda contribuir para uma melhoria na qpopulação. As cooperativas através do seu quadro social deveriam interferir na dimensão comunitária do desenvolvimento, isto é, participar de outras instâncias que contribuem para o desenvolvimento do municípiooutra instância gestora de políticas públicasparcerias, tendentes a promover o desenvolvimento local sustentável.

Outras instituições coletivas poderiam participar e contribuir com o desenvolvimento local junto das organizações cooperativas. O desenvolvimento processo participativo que envolve pessoas e entidades numa ação conjunta em projetos voltados para a melhoria das condições de vida da comunidade, portanto, é preciso nãsaber como articular forças, como tambémparceria e o trabalho conjunto com essas entidades são imprescindíveis e podem dar um grande suporte para a comunidade.colaboravam localmente com outras organizações, 9,1% citaram o turismo rural e outros

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Não realiza

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

Como são desenvolvidos os trabalhos relacionados à educação

Fonte: Dados da pesquisa, 2008.

O gráfico da figura 5 mostra a triste realidade do cooperativismo agrário no Sul de Minas, isto é, o enfraquecimento do quadro social devido ao pouco interesse dado às

o cooperativista. Essa análise pode ser comprovada através do somatório do alto número de cooperativas que não responderam e daquelas que não realizam nenhuma atividade de educação cooperativa, ou seja, 72,7%. Um bom trabalho de

e no conhecimento da organização pelos seus associados e e através dos dados apurados percebe-se que pode haver um

déficit em relação às cooperativas da região. Daquelas que sim realizam atividades, de ações individuais ou de atividades desenvolvidas por outras

instituições, não aparecendo nas respostas indícios de um processo de capacitação para participação comandada pela cooperativa.

Um ponto relevante neste trabalho diz respeito ao relacionamento da cooperativa . Este exerce um importante papel nas ações da cooperativa:

estar econômico e social dos cooperados, orientácomunitária e ainda contribuir para uma melhoria na qualidade de vida da s cooperativas através do seu quadro social deveriam interferir na dimensão

comunitária do desenvolvimento, isto é, participar de outras instâncias que contribuem para o desenvolvimento do município, como conselhos e/ou comissões locais ou qualquer outra instância gestora de políticas públicas, para realizar ações, individualmente ou em

tendentes a promover o desenvolvimento local sustentável. Outras instituições coletivas poderiam participar e contribuir com o

junto das organizações cooperativas. O desenvolvimento processo participativo que envolve pessoas e entidades numa ação conjunta em projetos voltados para a melhoria das condições de vida da comunidade, portanto, é preciso nã

como também, saber promover o processo correspondenteparceria e o trabalho conjunto com essas entidades são imprescindíveis e podem dar um grande suporte para a comunidade. Assim, quando perguntados sobre em quais instcolaboravam localmente com outras organizações, 9,1% citaram o turismo rural e outros

Realiza Palestras

Em parceria com

SEBRAE

Através do SESCOOP

Não responderam

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nados à educação

O gráfico da figura 5 mostra a triste realidade do cooperativismo agrário no Sul de Minas, isto é, o enfraquecimento do quadro social devido ao pouco interesse dado às

o cooperativista. Essa análise pode ser comprovada através do somatório do alto número de cooperativas que não responderam e daquelas que não

Um bom trabalho de e no conhecimento da organização pelos seus associados e

se que pode haver um déficit em relação às cooperativas da região. Daquelas que sim realizam atividades,

ões individuais ou de atividades desenvolvidas por outras instituições, não aparecendo nas respostas indícios de um processo de capacitação para a

relacionamento da cooperativa nas ações da cooperativa:

estar econômico e social dos cooperados, orientá-los para uma ualidade de vida da

s cooperativas através do seu quadro social deveriam interferir na dimensão comunitária do desenvolvimento, isto é, participar de outras instâncias que contribuem

ssões locais ou qualquer individualmente ou em

Outras instituições coletivas poderiam participar e contribuir com o junto das organizações cooperativas. O desenvolvimento local é um

processo participativo que envolve pessoas e entidades numa ação conjunta em projetos voltados para a melhoria das condições de vida da comunidade, portanto, é preciso não só

promover o processo correspondente. A parceria e o trabalho conjunto com essas entidades são imprescindíveis e podem dar um

Assim, quando perguntados sobre em quais instancias colaboravam localmente com outras organizações, 9,1% citaram o turismo rural e outros

Porto AlegreSociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

60% citaram instancias ligadas ao poder público local (governo municipal), sendo que 20% especificaram a Secretaria de Agricultura, outros 20% citaram os ConselhosDesenvolvimento Rural Sustentável e os demais não detalharam.

Além do relacionamento com outras instituições, analisouorganizações efetuam algum tipo de projeto social com a comunidade onde se encontra inserida e a área de atuação de seus projetos (figura 6).

Figura 6 – Área de atuação dos projetos sociais desenvolvidos pelas

cooperativas agropecuárias do Sul de MG.

Fonte: Dados da pesquisa, 2008. Projetos na área de educação são os mais representativos com 46% das

cooperativas, seguido de Meio ambiente com 18% e cultura com 9% apenas. Propomos também às cooperativas consultadas que avaliassem a sua contribuição

junto à comunidade na qual se encontram inseridas, atribuindo nota de 1 (baixa participação junto a comunidaindependente dos projetos sociais que executavam na comunidade local. As notas podem ser vistas no gráfico a seguir:

9%

18%

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60% citaram instancias ligadas ao poder público local (governo municipal), sendo que 20% especificaram a Secretaria de Agricultura, outros 20% citaram os ConselhosDesenvolvimento Rural Sustentável e os demais não detalharam.

Além do relacionamento com outras instituições, analisou-se também se essas organizações efetuam algum tipo de projeto social com a comunidade onde se encontra

e atuação de seus projetos (figura 6).

Área de atuação dos projetos sociais desenvolvidos pelas cooperativas agropecuárias do Sul de MG.

Fonte: Dados da pesquisa, 2008.

Projetos na área de educação são os mais representativos com 46% das perativas, seguido de Meio ambiente com 18% e cultura com 9% apenas.

às cooperativas consultadas que avaliassem a sua contribuição junto à comunidade na qual se encontram inseridas, atribuindo nota de 1 (baixa participação junto a comunidade) até 5 (alta participação junto a comunidade) independente dos projetos sociais que executavam na comunidade local. As notas podem

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46%

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Não realiza

Educação

Cultura

Meio ambiente

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60% citaram instancias ligadas ao poder público local (governo municipal), sendo que 20% especificaram a Secretaria de Agricultura, outros 20% citaram os Conselhos Municipais de

se também se essas organizações efetuam algum tipo de projeto social com a comunidade onde se encontra

Área de atuação dos projetos sociais desenvolvidos pelas

Projetos na área de educação são os mais representativos com 46% das perativas, seguido de Meio ambiente com 18% e cultura com 9% apenas.

às cooperativas consultadas que avaliassem a sua contribuição junto à comunidade na qual se encontram inseridas, atribuindo nota de 1 (baixa

articipação junto a comunidade) independente dos projetos sociais que executavam na comunidade local. As notas podem

Não realiza

Educação

Meio ambiente

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Figura 7 – Notas auto-avaliativas das cooperativas agropecuárias da região Sul de Minas sobre sua contribuição junto à comunidade

Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.

Apesar das notas auto-avaliativas, sobre a contribuição das cooperativas junto à

comunidade, serem consideradas altas, isso não é coerente com os resultados de outras perguntas que indagavam sobre o reconhecimento da organização pelos seus associados e, ainda, pela comunidade local. Ou seja, um trabalho que envolva aspectos ligados à gestão social seria importante para que a cultura da cooperação se dissemine entre seus associados e na população local. Porém 45,5% afirmaram que a população local não saberia diferenciar o trabalho da cooperativa em relação a uma organização não cooperativa com funções econômicas equivalentes. Já, 81,8% das cooperativas afirmaram que os associados conseguem perceber a diferença, e as justificativas foram as seguintes: 36,4% percebem pelos benefícios, 18,2% indica os eventos sobre cooperativismo como a razão desse conhecimento das diferenças; 18,2% declaram que os associados deveriam saber por que receberam uma cartilha como essas informações quando admitidos na cooperativa; e, finalmente, 9,1% declaram que sabem distingui-las porque participaram da sua criação.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A região Sul/Sudoeste de Minas, além de ser uma das regiões mais bem desenvolvidas do estado de MG, possui grandes cooperativas que contribuem economicamente para seus associados, porém, este estudo mostrou que os principais problemas empresariais citados por essas organizações estão relacionados com questões sociais. O baixo nível de respostas a uma pesquisa sobre gestão social, participação e educação cooperativa é, em si mesmo, um indicador de uma tendência avaliativa. A participação social do cooperado é vista como um indicador que influencia positivamente a vida econômica da cooperativa, embora manifestem problemas na forma de viabilizar essa participação. Diante dessas circunstâncias, percebemos nas cooperativas o desafio de articular suas atividades sociais.

Existe uma fraca participação das cooperativas articulando os seus trabalhos com outras instituições coletivas com atuação no município, como as comissões locais, os conselhos, entre outros. Embora este trabalho não seja representativo para o universo das organizações cooperativas de um modo geral, vale afirmar que a atuação dessas junto a outras instituições seria uma forma de viabilizar uma efetiva gestão participativa, e ainda

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contribuir nas decisões locais e no desenvolvimento do município. Corroborar esta importância, no entanto, demandaria um estudo em longo prazo e mais minucioso sobre o foco dessas instituições nas relações sociais.

Pode-se concluir, também, que a atuação das cooperativas no desenvolvimento local – mencionada no sétimo princípio – nem sempre foi priorizada e que um trabalho de educação cooperativista junto ao quadro social seria uma forma de se conseguirem cooperados comprometidos com sua organização. Como já mencionado no decorrer deste trabalho, investir na capacitação e treinamento do quadro social seria também uma forma de promover os valores cooperativos na comunidade. Embora convenha realizar uma análise crítica acerca do papel da educação cooperativista na gestão dessas cooperativas, queremos postular que esta não deve ser entendida como uma panacéia, mas deve-se ressaltar sua importância como instrumento para a construção e fortalecimento do cooperativismo.

5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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