grupos de permutações e algumas de proposições

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Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 22 a 25 de outubro, 2012 26 GRUPOS DE PERMUTAÇÕES E ALGUMAS DE PROPOSIÇÕES Thiago Mariano Viana 1 , Marco Antônio Travasso 2 & Antônio Carlos Tamarozzi 3 1 Aluno do Curso de Lic. em Matemática da UFMS; email: [email protected] ; 2 Aluno do Curso de Lic. em Matemática da UFMS; 3 Professor da UFMS, Departamentos de Ciências Exatas; RESUMO As permutações de elementos de um determinado conjunto E, surgem em diversas situações dentro e fora da Matemática. Se visualizadas como aplicações entre elementos de E, formam um exemplo de estrutura de Grupo com repercussões de impacto para o desenvolvimento da Matemática, em particular da Álgebra Abstrata. Neste trabalho apresentamos um desenvolvimento introdutório da Teoria dos Grupos de Permutações de n elementos (S n ), visando demonstrar algumas proposições importantes, para o estudo dos mesmos. Foram exploradas as características do S n quanto a sua construção e sua notação cíclica, o que facilita o estudo das propriedades das permutações e a obtenção do objetivo principal do trabalho que é o estudo da paridade das permutações e, em consequência, a criação do grupo alternado de permutações. Palavraschave: Grupo Simétrico, Teorema de Cayley, Grupos Alternados. INTRODUÇÃO A Teoria dos Grupos começou a ser estudada, quando entre 1500 e 1515, o matemático italiano Scipione del Ferro (14561526) descobriu que a equação cúbica era solúvel por radicais. E disso surgiu o desafio de determinar se todas as equações algébricas são solúveis por radicais. Os matemáticos desse período viram na Teoria dos grupos uma grande ferramenta para a solução desse problema. Então o matemático francês Evariste Galois (18111832), usou grupos de permutações para esclarecer a questão de resolubilidade por radicais das equações de grau > 4. Assim nesse trabalho, mostraremos como é estudado na Teoria dos Grupos, o conjunto de todas as bijeções de um conjunto nele mesmo, o chamado grupo das permutações. E que pode ser estabelecido entre um grupo qualquer finito e um conveniente subgrupo de permutações, um isomorfismo, tornando possível estudar até mesmo os grupos mais abstratos de difícil manipulação. Também é visto a notação em rciclos das permutações, o que facilita a demonstração de outras propriedades quanto à decomposição das permutações em ciclos e transposições, que nos leva a definição de permutações pares e o Grupo Alternado. A exploração dos Grupos de permutações e Alternados ocupa um interesse crucial para o desenvolvimento da Teoria dos Grupos e em consequência para toda a matemática. Colloquium Exactarum, vol. 4, n. Especial, jul-dez, 2012

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Grupos de Permutações e Algumas de Proposições

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Page 1: Grupos de Permutações e Algumas de Proposições

Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 22 a 25 de outubro, 2012  26

GRUPOS DE PERMUTAÇÕES E ALGUMAS DE PROPOSIÇÕES  Thiago Mariano Viana1, Marco Antônio Travasso2 & Antônio Carlos Tamarozzi3 

 1 Aluno do Curso de Lic. em Matemática da UFMS; e‐mail: [email protected]; 2 Aluno do Curso de Lic. em Matemática da UFMS; 3 Professor da UFMS, Departamentos de Ciências Exatas;    RESUMO As  permutações  de  elementos  de  um  determinado  conjunto  E,  surgem  em  diversas  situações dentro e fora da Matemática.  Se visualizadas como aplicações entre elementos de E, formam um exemplo  de  estrutura  de  Grupo  com  repercussões  de  impacto  para  o  desenvolvimento  da Matemática,  em  particular  da  Álgebra  Abstrata.  Neste  trabalho  apresentamos  um desenvolvimento introdutório da Teoria dos Grupos de Permutações de n elementos (Sn), visando demonstrar algumas proposições  importantes, para o estudo dos mesmos. Foram exploradas as características do  Sn quanto a  sua  construção e  sua notação  cíclica, o que  facilita o estudo das propriedades das permutações e a obtenção do objetivo principal do trabalho que é o estudo da paridade das permutações e, em consequência, a criação do grupo alternado de permutações.  Palavras‐chave: Grupo Simétrico, Teorema de Cayley, Grupos Alternados.  

 

INTRODUÇÃO 

A Teoria dos Grupos começou a ser estudada, quando entre 1500 e 1515, o matemático 

italiano Scipione del Ferro (1456‐1526) descobriu que a equação cúbica era solúvel por radicais. E 

disso surgiu o desafio de determinar se todas as equações algébricas são solúveis por radicais. Os 

matemáticos desse período viram na Teoria dos grupos uma grande  ferramenta para a  solução 

desse  problema.  Então  o  matemático  francês  Evariste  Galois  (1811‐1832),  usou  grupos  de 

permutações para esclarecer a questão de resolubilidade por radicais das equações de grau > 4. 

Assim nesse trabalho, mostraremos como é estudado na Teoria dos Grupos, o conjunto de 

todas as bijeções de um conjunto nele mesmo, o chamado grupo das permutações. E que pode ser 

estabelecido  entre  um  grupo  qualquer  finito  e  um  conveniente  subgrupo  de  permutações, um 

isomorfismo,  tornando  possível  estudar  até  mesmo  os  grupos  mais  abstratos  de  difícil 

manipulação. 

Também é visto a notação em r‐ciclos das permutações, o que facilita a demonstração de 

outras propriedades quanto à decomposição das permutações em ciclos e transposições, que nos 

leva  a  definição  de  permutações  pares  e  o  Grupo  Alternado.  A  exploração  dos  Grupos  de 

permutações  e  Alternados  ocupa  um  interesse  crucial  para  o  desenvolvimento  da  Teoria  dos 

Grupos e em consequência para toda a matemática. 

 

Colloquium Exactarum, vol. 4, n. Especial, jul-dez, 2012 

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METODOLOGIA 

Ao  longo  do  trabalho,  foi  considerada  que  a  operação  entre  duas  permutações  é  a 

operação  de  composição,  no  entanto,  sem  perda  de  generalidade,  utilizaremos  a  notação 

multiplicativa. Assim sendo, dadas as permutações α e β, temos que: α β = α ○ β, enquanto α‐1 

denota o simétrico de α. Para a notação de uma aplicação bijetora f sobre E {1,...,n}  em que   f(1) 

=i1, f(2) =i2, ... f(n) =in, utilizaremos a seguinte notação: 

 

Ao  longo  do  trabalho  desenvolvemos  a  teoria  inicial  dos  grupos  de  permutações  e  as 

ferramentas da Teoria dos Grupos necessária para a  compreensão de algumas das proposições 

estudadas. Nossa  linha de pesquisa  segue os  trabalhos desenvolvidos em  [1] para  a  revisão da 

teoria  elementar  dos  Grupos  e  Teorema  de  Cayley,  [2],  [3]  para  Grupos  de  permutações  e  a 

construção dos grupos alternados. 

 

RESULTADOS  

Na teoria dos grupos é chamada de permutação uma bijeção de um conjunto nele mesmo. 

Se E é um conjunto não vazio denotaremos por S(E) o conjunto de todas as permutações (bijeções) 

de E. A composição de aplicações é considerada uma operação sobre S(E). Pois a composição de 

duas bijeções também será uma bijeção, i.e. se f :E → E e g:E → E são bijeções, então g ○ f :E → E 

também é uma bijeção. 

Temos  nessa  operação  a  propriedade  associativa,  pois    f,  g,  e  h,  

h ○(g ○ f) = (h ○ g)○ f. Observemos também que iE: E → E , a aplicação identidade, que obviamente 

é uma bijeção, é o elemento neutro, visto que  (iE ○  f)  (x) =  iE  (f(x)) =f(x), para  todo  x   E, que 

garante a igualdade iE ○ f= f.  Analogamente f ○ iE = f. 

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Por  fim,  se  f  é  uma  permutação  de  E  então  f  ‐1(aplicação  inversa)  também  será,  pois  a 

inversa  de  uma  bijeção  também  é  uma  bijeção,  e  esta  será  o  elemento  inverso  de  f  para  a 

composição de aplicações, visto que f ○ f ‐1= f ‐1 ○ f = iE. 

Portanto  (S(E),  ○)  é  um  grupo,  o  grupo  das  permutações  sobre  E.  Esse  grupo  só  é 

comutativo se a sua ordem for 1 ou 2. Se sua ordem for 1, então o grupo só terá a identidade que 

claramente  comuta  consigo mesma.  Isto ocorre porque  se o(S(E), ○)˃2 então  E  tem mais de 2 

elementos, assim seja a, b e c elementos distintos e consideremos as permutações f   e g de S(E) 

definidas por: 

f(a)=b, f(b) =a e f(x) =x qualquer que seja x ≠ a, b     e 

g(a) =c, g(c) =a e g(x) =x qualquer que seja x ≠ a, b. 

Temos que f e g são permutações de E, pela forma como foram construídas. No entanto, 

(f ○ g) (a) = f(g(a)) = f(c) =c enquanto (g ○ f) (a) = g(f(a)) =g(b) =b 

O que mostra que f ○ g ≠ g ○ f, portanto S(E) não é comutativo. 

Um  caso  particular  importante  de  grupos  de  permutações,  é  aquele  que  

E= {1, 2, ..., n}, e n ≥ 1. E nesse caso a notação S(E) é simplificada por Sn, para  indicar o conjunto 

das permutações sobre E. E o grupo (Sn, ○) tem o nome especial: grupo simétrico de grau n. Uma 

visualização simples com analise combinatória pode‐se mostrar que esse grupo tem ordem n! 

Teorema de Cayley 

O  teorema  de  Cayley  garante  que  todo  grupo  é  isomorfo  a 

um  grupo  de  permutações  conveniente,  o  que  facilita  a  trabalhar  com  vários  grupos  por mais 

abstratos que eles sejam. 

Definição: seja G um grupo. Para cada a   G, a aplicação:  

δa:G → G 

tal que δg(x) = ax para qualquer x   G, será chamada de translação à esquerda definida por 

a. De maneira análoga se define translação à direita. 

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Proposição: Toda translação é uma bijeção, ou seja, é uma permutação dos elementos de 

G. 

Demonstração: Seja  δa uma  translação de G e  suponhamos  δa(x) =  δa(y). Então ax=ay e, 

portanto,  x=y,  uma  vez  que  todo  elemento  de  um  grupo  é  regular.  Assim  δa  é  injetora.  Para 

mostrar que é sobrejetora basta tomar um y   G, sempre será possível encontrar x   G, tal que 

ax=y. E essa equação tem solução no grupo: o elemento a‐1y   G. Então δa é sobrejetora. 

Assim notaremos por T(G) o conjunto das  translações de G e como S(G) é o conjunto de 

todas as permutações dos elementos de G, então temos que T(G)  S(G). ■ 

Proposição: (Teorema de Cayley) Se G é um grupo, a aplicação δ: G → T(G) que associa a 

cada elemento g a translação δg (isto é δ(g)= δg) é um isomorfismo de grupos. 

Demonstração:  Seja  G  um  grupo  e  sejam  as  translações  δg:G  →  G  tal  que  

x  gx, para  cada g   G. então  a, b   G,  δab=  δa  δb    δa  δb(x) =  (δa ○  δb)  (x), para qualquer 

elemento x em G, mas δa δb(x) = (ab)x=a (bx) = a (δb(x)) = (δa ○ δb) (x). Portanto,  a, b   G, δab= δa 

δb. 

Sendo então G um grupo e a função: 

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          δ: G → T(G) 

               g   δg: G → G 

                   x    gx 

(i) É um Homomorfismo, pois  a, b   G, δab= δa ○ δb 

(ii) É injetora, pois  a, b   G, temos δ(a)= δ(b)   δa=δb  δa (x) =δb(x), e então  

x   G, temos ax=bx   a=b 

(iii) É sobrejetora, pois   δg  S(G),  g   G tal que δ(g) = δg. 

Logo δ é um isomorfismo. Portanto, G e S(G) são isomorfos. ■ 

 

 

 

 

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Ciclos e notação cíclica 

Definição: Sejam a1, a2,  ..., ar    In=  {1, 2,  ..., n},n ≥ 2,  inteiros distintos. Se σ   Sn é uma 

permutação tal que σ(a1)= a2, σ(a2)= σ2(a1)= a3, σ(ar‐1)= σ

r‐1(a1)= ar, σ(ar) = σr(a1)= a1 e σ(x) =x, para 

todo x   In ‐ {a1, a2, ..., ar}, assim chama‐se σ   de ciclo de comprimento r e que {a1, a2, ..., ar} é o 

conjunto suporte de σ  . Para permutações definidas dessa  forma usaremos a notação  (a1, a2,  ..., 

ar). Se r= 2, então σ é chamado transposição. 

Exemplo: Consideremos em S5 a permutação: 

 

Como σ(1) = 4, σ(4) = 2, σ(2) = 1, σ(3) = 3, σ(5) = 5, então σ é um ciclo de comprimento 3 

cujo conjunto suporte é {1, 2, 4}. Portanto podemos escrever: σ = (1 4 2) 

Definição: seja α um r‐ciclo e β um s‐ciclo pertencentes a Sn. Os ciclos α e β disjuntos se 

nenhum  elemento  é  movido  ao  mesmo  tempo  por  ambos,  ou  seja,  

 x   {1, 2, ...,n}, α(x) =x e β(x) =x. Ou seja, ciclos cujos suportes são disjuntos. 

Proposição: Dois ciclos disjuntos comutam. 

Demonstração: Sejam α e β ciclos disjuntos de Sn, temos que: 

α(a) ≠ a   β(a) = a e β(a) ≠ a   α(a) = a 

Assim α β(x) = (α ○ β) (x) = α (β(x)), onde temos 3 casos: 

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1º caso Se β(x) =y, y ≠ x    β(y) ≠ y e α(y) =y 

Então  α (β(x)) = α (y) = y= β(x) = β(α (x)) = (β ○ α) (x) = β α(x) 

2º caso Se α (x) =y, y ≠ x    α (y) ≠ y, β (x) =x e β (y) =y 

Então  α (β(x)) = α (x) = y= β(y) = β(α (x)) = (β ○ α) (x) = β α(x) 

3º caso Se β(x) = x e α(x) = x 

Então  α (β(x)) = α (x) = x= β(x) = β(α (x)) = (β ○ α) (x) = β α(x) 

Assim α β(x) = β α(x),   x   {1, 2,..., n}. Portanto α β= β α. ■ 

Proposição: Seja  σ    Sn uma permutação. Então σ pode ser escrita como um produto de 

ciclos disjuntos. E essa fatoração é única, a não ser pela ordem dos ciclos. Por se muito extensa a 

demonstração desta será omitida, mas pode ser vista em [1]. 

 

DISCUSSÃO 

Obtemos  assim  o  Sn,  cuja  continuidade  dessa  linha  de  trabalho  no  permite  construir  o 

grupo alternado An  ferramenta usada por Galois na  resolução de equações de grau > 4, e aqui 

apresentamos algumas das propriedades que foram estudadas. 

Proposição:  a)  Todo  Elemento  de  Sn  é  produto  de  transposições,  isto  é  

Sn= < {transposições} >.  

b) Sn= < (1 2), (1 3), ..., (1 n) >. 

c) Sn= < (1 2), (2 3), ..., (n‐1 n) >. 

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Demonstração: a) Temos que id= (1 2)(1 2) ∈ < {transposições} > como toda permutação é 

produto de  ciclos disjuntos  como  vimos na proposição  anterior, então basta mostrar que  todo 

ciclo (a1, a2, ..., ar) é produto de transposições. E de fato, temos: 

Seja α um r‐ciclo. Aplicaremos indução sobre r. Se r= 2 então α= (a1 a2) é uma transposição, 

enquanto que se r= n>2 , por hipótese de indução: 

α= (a1 a2... an) = (a1 an)... (a1 a3) (a1 a2) 

Para r= n+1 temos: 

α= (a1 a2... an an+1) = (a1 an+1) (a1 a2... an) = (a1 an+1) (a1 an)... (a1 a3) (a1 a2) 

Assim, todo r‐ciclo (a1, a2, ..., ar) é produto de transposições, e portanto toda permutação é 

produto de transposições. 

b)  De  a)  temos  apenas  que  mostrar  que  toda  transposição  

 (i j) ∈ < (1 2), (1 3), ..., (1 n) >, e de fato, temos que (i j) = (1 i) (1 j) (1 i), se 1, i e j são distintos. 

c)  Para  todo  inteiro  i  ≥  2,  temos  (1  i+1)=  (1  i)  (i  i+1)  (1  i),  logo  o  subgrupo  

< (1 2), (2 3), ..., (n‐1 n) > contem (1  i), para cada  i= 2, ..., n. Assim pelo  item b), este subgrupo é 

igual a Sn. ■ 

Exemplo: Seja σ  ∈ S5, tal que: 

 . 

Então  pode ser escrito como: 

Produto de ciclos disjuntos: σ = (1 4 2) (3 5). 

Produtos de transposições: σ = (1 2) (1 4) (3 5). 

Produtos de transposições pertencentes a < (1 2), (1 3),..., (1 n) >. 

σ = (1 2) (1 4) (1 3) (1 5) (1 3). 

Produtos de transposições pertencentes a < (1 2), (2 3),..., (n‐1 n) >. 

σ = (2 3) (3 4) (2 3) (3 4) (2 3) (4 5) (2 3) (1 2) (3 4). 

Observações:  

1) Um elemento α ∈ Sn pode se escrito como um produto de transposições disjuntas se e 

somente se sua ordem for igual a 2. 

Demonstração:(⇒) Seja α ∈ Sn um produto de transposições disjuntas então: 

α= α1 α1 ... αn⇒ o(α) =m.m.c.(o(α1), o(α1), ..., o(αn)) 

como o(αi) = 2, ∀ i= 1, 2, ..., n. Então o(α) = 2 

(⇐) Seja α ∈ Sn, e o(α) = 2, como  toda permutação é pode ser escrita como produto de 

ciclos disjuntos,  então: α=  α1  α2  ... αn.  Sabendo que o(α) =m.m.c.(o(α1), o(α1),  ..., o(αn)),  temos 

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o(αi)|2, ∀ i= 1, 2, ..., n ⇒ o(αi) =1 ou o(αi) =2. Se o(αi) =1 ⇒ αi=id, enquanto que se o(αi) =2 ⇒ αi é 

transposição. 

Assim se o(α) = 2, então α pode se escrito como transposições. ■ 

2) A decomposição de um elemento α ∈ Sn como produto de transposições não é única, 

mesmo  se  exigirmos  um  numero  mínimo  de  transposições;  por  exemplo,  

 (1 2 3) =  (1 3)  (1 2) =  (2 3)  (1 3). No entanto, a paridade do numero de  transposições em uma 

decomposição é bem definida 

3)  Se  α=  τt ○  ...○  τ1=  μu ○  ...○  μ1  são  duas  fatorações  distintas  de  α  como  produto  de 

transposições, então t ≡u mod 2. 

Definição: um elemento  α ∈ Sn é uma permutação par quando α  se decompõe em um 

numero par de transposições, e é uma permutação impar quando α se decompõe em um numero 

impar de transposições. 

Proposição: Seja An= {α ∈ Sn| α é uma permutação par}. Então An é um subgrupo de Sn de 

ordem n!/2 e índice 2 . 

Demonstração:  Seja  ψ:  Sn→{‐1,+1}  a  função  definida  por  ψ(β)  =  1  se  β  é  par  e  

ψ(β) =  ‐1  se β é  impar.  É  claro que  a  função ψ é um homomorfismo  sobrejetor  cujo núcleo é 

exatamente o grupo alternado An. Assim An é um subgrupo de Sn. 

Sejam r o numero de todas as permutações pares e s o numero de todas as permutações 

impares  de  Sn,  que  denotaremos  respectivamente  por  σ1,  σ2,  ...,  σr,  e  

φ1,  φ2,  ...,  φs.  multiplicando  as  permutações  pares  por  uma  transposição  τ,  obteremos  as 

permutações: 

τ ○ σ1, τ ○ σ2, ..., τ ○ σr 

Como todo elemento de um grupo é regular, o numero desses também é r. Mas como é o 

produto  de  uma  permutação  impar  (a  transposição)  por  uma  par,  todos  esses  produtos  são 

impares. Logo, r ≤ s. 

Analogamente,  se  multiplicarmos  as  permutações  impares  por  τ,  obteremos  as  s 

permutações pares: 

τ ○ φ1, τ ○ φ2, ..., τ ○ φs 

Assim s ≤ r. De onde, r=s, e como r+s=n!, então o(An) = n!/2 e consequentemente (Sn:An) = 

2. ■ 

 

 

CONCLUSÃO 

Colloquium Exactarum, vol. 4, n. Especial, jul-dez, 2012 

Page 10: Grupos de Permutações e Algumas de Proposições

Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 22 a 25 de outubro, 2012 

Colloquium Exactarum, vol. 4, n. Especial, jul-dez, 2012 

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Este  trabalho de pesquisa possibilitou o  contato  com  algumas  aplicações dos  grupos de 

permutações para estudo de outros grupos  finitos, tomando por base o Teorema da Cayley, em 

que todo grupo finito pode ser isomorficamente imerso em um grupo de permutações. O grupo de 

permutações  foi usado por Evariste Galois como  ferramenta para determinar a possibilidade de 

resolver  equações  de  grau  ≥  5,  em  termos  de  seus  coeficientes,  usando  apenas  adições, 

subtrações, multiplicações, divisões e radiciação.  

Assim durante o desenvolvimento da pesquisa foi introduzido as proposições relacionadas 

aos grupos das permutações e aos  seus  subgrupos. Foi  identificada  sua  classificação em n‐ciclo 

quanto a suas notações cíclicas e observado a decomposição em ciclos disjuntos e transposições. A 

decomposição em transposições nos auxilia na  identificação das permutações pares e  impares e, 

em consequência pode‐se obter o grupo alternado An, formado por todas as permutações pares 

de Sn. Desta  forma, outra consequência  importante do  trabalho é apoderarmos de algumas das 

ferramentas  usadas  por  Evariste  Galois,  no  esclarecimento  da  questão  de  resolubilidade  por 

radicais das equações de grau ≥ 5. 

 

REFERÊNCIAS 

[1]. DOMINGUES, HYGINO H.; IEZZI, G. Álgebra Moderna, São Paulo, Atual Editora LTDA, 1995.  

[2]. GARCIA, A.; LEAQUIM, I. Álgebra, um Curso de Introdução, Rio de Janeiro, Impa, 1989.  

[3]. GONÇALVES, A. Introdução à Álgebra, Rio de Janeiro, Impa, 1980.