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O Grupo Moçambicano da Dívida (GMD), 13 anos depois Uma reflexão sobre a sua evolução e os principais marcos

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O Grupo Moçambicano da

Dívida (GMD),

13 anos depois

Uma reflexão sobre a sua evolução

e os principais marcos

GMD, Março de 2009Introdução

O presente documento é uma “radiografia” do roteiro do Grupo Moçambicano da Dívida (GMD), 13 anos depois da sua criação.

Este historial é elaborado não apenas como uma memória institucional a partilhar com os diferentes membros, parceiros e stakeholders, mas, acima de tudo, como um meio de reflexão sobre as diferentes realizações do GMD ao longo dos 13 anos de sua existência, num momento de transição para uma nova era em que o GMD se afirma como uma referência no movimento da Sociedade Civil, recaindo sobre si um conjunto de desafios decorrentes da demanda que a conjuntura sobre si gerou.

Esta memória institucional é partilhada numa altura em que o GMD inaugura as suas novas instalações, como património próprio, fruto do árduo trabalho dos seus membros e parceiros, particularmente, dos seus órgãos directivos, representando um momento de pico na sua história.

Esta memória institucional traz elementos importantes à reflexão dos membros e parceiros do GMD, com vista à renovação de esforços para a elaboração de respostas mais eficazes aos diferentes desafios que se colocam.

A metodologia usada para a elaboração deste documento foi a auscultação aos membros e parceiros do GMD (referência ao documentário audiovisual produzido no âmbitos da comemoração dos 10 anos de existência do GMD) e os registos disponíveis em arquivos.

Aos membros e parceiros se dedica este histórico insólito, endereçando, desta maneira, o profundo agradecimento.

Sobre o Grupo Moçambicano da Dívida

Criado em 1996, no âmbito das campanhas do Jubileu 2000 contra a Dívida Externa dos países pobres, incluindo Moçambique, o Grupo Moçambicano da Dívida (GMD) é uma coligação de ONG's, Sindicatos, Grupos Religiosos, Órgãos de Comunicação Social, Associações de camponeses e pessoas singulares que compreendem académicos, investigadores, jornalistas e outras pessoas interessadas em discutir e advogar soluções em assuntos de Pobreza/Desenvolvimento, Gestão Sustentável dos Recursos e Dívida Externa.

Está em todo o país, com o principal centro localizado na capital do país, e representado

por Núcleos Provinciais, em todas as províncias.

É membro do G20, uma coligação de organizações nacionais, bloco da Sociedade Civil para o Observatório da Pobreza. Também é membro efectivo da AFRODAD, a rede regional de organizações ao nível do continente africano que trabalham na matéria da dívida, transparência e boa governação.

As actividades do GMD compõem três áreas de actuação, a saber:- Redução da Pobreza,- Uso Racional de Recursos Públicos, e- Gestão sustentável da dívida externa.

O GMD tem por objectivo fundamental contribuir para a redução da pobreza no país, complementando assim os esforços dos diferentes actores, através do exercício de influência sobre as políticas de desenvolvimento.

Em conformidade com o seu Plano Estratégico 2006- 2011, o GMD tem como Missão e Visão os seguintes:

Missão:

Promover a reflexão sobre e pressionar para a implementação de políticas e estratégias de desenvolvimento económico e social do país, visando a erradicação da pobreza absoluta através da boa governação e gestão sustentável dos recursos públicos.

Visão

No final de 2011, uma Sociedade Civil que participe activamente em acções de pressão para o desenvolvimento económico-social do país, com destaque para o combate à pobreza absoluta através de uma utilização eficiente, racional e transparente dos recursos públicos.

O Conselho de Direcção do GMD é Constituído por Sete Instituições e personalidades, fazendo parte do presente mandato as seguintes: Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), na

qualidade de Presidente, Conselho Cristão de Moçambique (CCM), na qualidade de Vice-presidente, União Nacional de Camponeses (UNAC), Organização dos Trabalhadores de Moçambique (OTM-CS), Faculdade de Economia da Universidade Eduado Mondlane, Confederação dos Sindicatos Livres e Independente de Moçambique (CONSILMO) e Dra Iraé Lundin (como membro singular).

O Conselho Fiscal é constituído por três instituições e personalidades, e para o presente mandato fazem parte: APOSEMO, MULEIDE e Engenheiro Henriques André, este último como membro singular.

A Mesa de Assembleia é composta por três instituições e personalidades, com a composição seguinte, para o mandato corrente: Fórum Mulher, SINECOSSE e FAWEMO.

O Secretariado Técnico do GMD é constituído por 10 pessoas, conforme se segue:

Coordenação Geral – Dra Eufrigina Duarte Dos Reis Manoela.

Programas – Sr. Humberto Tobias Zaqueu (Oficial de Pesquisa e Investigação), Sr. Fernando Menete (Oficial de Formação), Sr. Filipe Silvestre Baessa (Oficial de Monitoria),

Sr. Jerónimo Trindade Napido (Assistente para a área de Comunicação e Divulgação) e Sra. Ana Karina Cabral (Assistente para a área de Advocacia/Lobby e Networking).

Administração e Contabilidade – Sra Felizarda Nhancale (Oficial de Contabilidade), Sra Efigénia Banze (Oficial de Administração) e Sra Iracema Capurchande (Assistente de Administração).

Transporte e Logística – Sr. Euclides Cavele.

Factores que impulsionaram o surgimento do Grupo Moçambicano da Dívida (GMD)

O GMD surgiu como uma plataforma da Sociedade Civil para a massificação da informação e desenvolvimento de capacidades no seio da Sociedade Civil, com vista ao seu envolvimento na concepção de políticas e estratégias públicas do país. A aparição do GMD dá-se num contexto de elevados índices de pobreza no país, após a ocorrência de um conjunto de factores que enfraqueceram o desempenho económico e o desenvolvimento social no país.

Entre outros, os factores que se seguem foram responsáveis pelo aumento da

vulnerabilidade e dos índices de empobrecimento do país:

A nível interno, a nacionalização de empresas pelo Estado, após a independência, a política de administração directa de alguns indicadores macroeconómico, a politica de subsídios governamentais, a contracção de empréstimos para projectos ambiciosos e de fraca rentabilidade a taxas de juros comerciais, entre outros, aumentaram o volume de despesas públicas. Adicionalmente, os desastres naturais incrementaram a redução do stock de capital físico e humano, reduzindo, consequentemente, o produto e o rendimento.A nível da região, os regimes de Apartheid, na Africa do Sul, e de Ian Smith, na Rodésia do Sul (actual Zimbabwe), reduziram a utilização das infra-estruturas de Moçambique por aqueles países, reduzindo, consequentemente, o fluxo de divisas ao país. O mau relacionamento com os países vizinhos alimentou o desenvolvimento do conflito armado no país, que sacrificou grande parte das infra-estruturas de produção e capital humano.

A nível internacional, a crise do petróleo dos anos 70 exigiu volumes crescentes de

reservas internacionais para fazer face aos altos preços, e as taxas de juros internacionais experimentaram uma subida real, elevando o custo dos empréstimos. No mercado internacional, os preços dos produtos primários baixaram afectando grande parte dos países pobres, que, na sua maioria, exportam produtos desta categoria.

Como consequência do cenário acima, a procura agregada aumentou num contexto de oferta declinante, alimentando pressões inflacionários e depreciação da taxa de juros interna. Na segunda metade da década de 80, os níveis de endividamento evoluíram e a economia começou a se arrastar para uma recessão profunda, com o Governo a trocar o investimento em áreas produtivas e sociais pelo serviço crescente da dívida.

Génese do GMD

Em finais da década 80, a crise económica em que o país mergulhou deteriorou o ambiente de trabalho de uma multiplicidade de instituições e actores no país. Por um lado, o investimento em infra-estruturas era cada vez mais fraco, os níveis de produção eram cada vez mais diminutos e a erosão do tecido social estava a deteriorar-se. Por outro lado, os níveis de endividamento do país

atingiram patamares incontroláveis, dadas as necessidades internas crescentes.

O fraco investimento público em infra-estruturas e áreas sociais devido ao alto serviço da divida não permitia que as organizações não-governamentais e outros actores não estatais atingissem devidamente os seus grupos alvo.

E face aos repetidos pronunciamentos públicos que davam conta de que o serviço da dívida reduzia cada vez mais a capacidade de investimento do Governo, gerou-se um receio e sentimento de um futuro ainda mais sombrio do lado dos actores não estatais que, deste modo, viram a necessidade de tomar acção com o intuito de alertar a comunidade internacional sobre o peso da dívida externa do país e a urgência de se buscar soluções, ao mesmo tempo, esclarecendo as responsabilidades que pesavam tanto sobre a comunidade credora como sobre o Governo.

Na primeira metade da década 90, os primeiros actores do movimento de advocacia pela solução do problema da dívida provinham de diferentes áreas de trabalho. Esta componente multidisciplinar justificou a forma de engajamento destes actores, conforme se segue: Académicos

começaram a dar impulso ao movimento através da pesquisa sobre as “raízes” e diferentes contornos do problema da dívida; sindicatos e organizações provedoras de serviços e associações iniciaram a buscar percepções sobre a ligação entre a dívida e subdesenvolvimento dentro das suas áreas de trabalho; jornalistas levaram a informação sobre a problemática da dívida para os meios de comunicação social, etc.

Por volta de 1995, o trabalho de advocacia por estes actores foi sendo desenvolvido de forma informal, no âmbito de grupo de trabalho que tinha sido criado por estes actores.

Surgimento do GMD na forma de GTDE

Em 1996, ano de surgimento do GMD, as iniciativas informais de percepção do problema da dívida atraíram mais pessoas e deram origem a um grupo específico de trabalho, que se chamou Grupo de Trabalho sobre a Dívida Externa (GTDE). Este foi o embrião de Grupo Moçambicano da Dívida (GMD). Nessa altura, a rotina do GTDE destacou algumas organizações e personalidades pelo seu engajamento. São essas entidades que deram força ao movimento e se notabilizam

como percursores. Dentre tantos outros importantes, destaque vai para: Organizações: Associação Progresso, FDC, CCM, OTM, UNAC, APOSEMO, ACTIVA, ORAM, AMAL, AMDU, CONSILMO e ADPP. Personalidades: Doutor Carlos Nuno Castel-Branco, Dr Ruy Baltazar, Dr João Uthui, Jornalistas Carlos Cardoso e Joseph Hanlon, Sr. Opa Kapijimpanga e Sr. Graham Saul.

Rapidamente outras entidades se juntaram, à causa da dívida, onde se contam instituições de pesquisa, nomeadamente, o Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI) e o respectivo Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CEEI), a Faculdade de Economia da Universidade Eduardo Mondlane e o Sector Privado, através do CTA.

A característica (e filosofia) principal do funcionamento deste grupo era o voluntarismo e unidade pela mesma causa – a Dívida Externa.

O GTDE começou a funcionar não de forma estandardizada. Dentro de GTDE foi criado um grupo técnico que se ocupou, primeiramente, no processamento de dados e produção de informação. Nesta fase inicial, fizeram parte da equipa técnica o Doutor Constantino Gode e o Sr. Graham Saul,

assessorados pela massa académica do GTDE. Eram organizados encontros para a discussão dos resultados das pesquisas feitas e desenvolvidas agendas e acções de advocacia. Os encontros eram hospedados de forma rotativa por organizações percursoras, havendo memórias de encontros realizados na Associação Progresso, na FDC, na OXFAM e outros, bem como em locais neutros.

No âmbito destes encontros, mais tarde, nomeadamente a 16 de Maio de 1997, viria a se realizar uma reunião na casa Macamo, reunião essa que, pela primeira vez, idealizou um Plano Estratégico e de trabalho do GTDE e discutiu a estandardização do seu funcionamento. A reunião da casa Macamo viria também a decidir sobre a necessidade de criar um espaço fixo para o funcionamento do GTDE. A reunião também reconheceu a necessidade de se ter recursos humanos permanentes na equipa técnica, que pudessem não apenas assegurar a produção de informação, mas também de coordenar as acções.

Das primeiras realizações do GTDE, em 1996, contam-se: A elaboração do primeiro documento explicativo sobre a Dívida Externa, seus perigos e desafios, e sessões de divulgação de seu conteúdo a nível de

Maputo e na província de Cabo Delgado; primeiros encontros com a direcção da missão residente do Banco Mundial, no âmbito da iniciativa HIPC, que acabava de ser lançada, entre outros.

Os trabalhos do GTDE contaram, primeiramente, com o apoio da HIVOS e OXAFAM Internacional.

O acesso a informação era o principal desafio que na altura se impunha ao GTDE. Foi preciso recorrer a contactos informais, para se buscar dados e se produzir informação.

Estruturação do GMD

Em 1997, após a reunião da casa Macamo, os membros do GTDE encontraram espaço para sua equipa técnica nas instituições da Associação Progresso (um dos percursores), em Maputo. Em Agosto do mesmo ano, foi contratado o primeiro coordenador1, nomeadamente, a Sra. Otília Pacule. O Grupo de Trabalho sobre a Dívida Externa (GTDE) passou então daquela designação para Grupo Moçambicano da Dívida (GMD).

1 Este corporizou o primeiro Secretariado Técnico do GMD.

Por consenso dos respectivos membros, a Associação Progresso passou a responder pela pessoa jurídica do GMD e ofereceu os serviços de gestão administrativa e financeira.

Foi criado um Conselho de Administração constituído por cinco organizações, a saber: FDC, CCM, OTM-CS, ORAM e Associação Progresso, presidido pela FDC. Dentro do espírito de voluntarismo os membros de todo o GMD eram activistas.

Das principais realizações do ano 1997 contam-se: os seminários de divulgação ao nível das organizações membros do GMD; a abertura de uma linha editorial no jornal Metical; o lançamento de ligações com movimento ao nível da região e internacional, com registos de participação do GMD nas conferências de Ghana e Viena (Áustria).

Em 1998, o GMD fortaleceu a sua base de trabalho a nível nacional, através de estreitamento de relações de trabalho com importantes actores e instituições chaves: Foram identificados Ministérios chave e criaram-se mecanismos de trabalho. Também foram convidados Parlamentares

para as campanhas de Advocacia sobre a Dívida. No âmbito disto, em Maio de 1998 o GMD realizou a primeira Conferência Nacional sobre Dívida, e em Dezembro do mesmo ano o GMD co-organizou, juntamente com Assembleia da República, uma Conferência Parlamentar sobre Dívida. Ainda em Dezembro daquele ano, o GMD foi nomeado personalidade do ano pelos órgãos de informação, o que lhe valeu um troféu.

Em 1999, o GMD intensificou as suas campanhas de divulgação a nível das províncias, tendo criado bases que viriam a evoluir para Núcleos Provinciais do GMD.

A nível da região o GMD articulou as suas parcerias com AFRODAD, Rede da Dívida de Uganda, Rede da Dívida da Tanzânia, entre outros. A nível internacional, o GMD estabeleceu parcerias com a EURODAD.

O ano de 1999 também registou um marco importante na consolidação do GMD: Os parceiros de apoio ao programa começaram a financiar directamente as actividades do GMD.

Nessa altura, apoiaram o programa: a Oxfam Internacional, a Oxfam Austrália, a Oxfam Canada, a KEPA, o ARO/GAS, a IBIS, a TROCAIRE, a NOVIB e a EURODAD.

Até finais de 1999, o GMD tinha se implantado no país, com uma consequente conquista de espaço e reconhecimento.

O primeiro secretariado técnico acompanhou o GMD até essa altura. A partir de finais de 1999 a coordenação das acções do GMD foi entregue à Dra. Eufrigina Duarte dos Reis Manoela e, na mesma altura, o Dr. Milissão Nuvunga, respondia pela área de Investigação e Formação.

Crescimento e consolidação do GMD

A partir do ano 2000, o GMD entrou para uma nova fase caracterizada por um crescimento acelerado, tendo crescido cerca de 5 vezes mais a sua capacidade técnica num horizonte temporal de 5 anos.

O processo da iniciativa HIPC, na sua fase reforçada, a partir de 1999, foi determinante para o alargamento da agenda do GMD, sobretudo pela sua ligação com o PARPA.

No período posterior a 2000, também ocorreu o processo de desmembramento do GMD da tutela da Progresso, que levou à institucionalização do GMD.

Planificação Estratégica do GMD

Em 2000, iniciou a implementação do primeiro Plano Estratégico (2000 – 2002), que estruturava o trabalho do GMD de forma mais específica. Aquele Plano Estratégico e os Planos Anuais 2000, 2001 e 2002 tomaram a Dívida Externa como enfoque principal da Pesquisa, Capacitação, Divulgação, Advocacia/Lobby e Networking do GMD. O segundo Plano Estratégico do GMD foi elaborado para o período de 2003 a 2005. O Plano e a sua tradução anual em planos anuais 2003, 2004 e 2005 acrescentou o enfoque e áreas de trabalho do GMD, tendo reformulado a sua classificação: Os enfoques passaram a ser a Pobreza, o Uso Racional de Recursos Públicos e a Gestão Sustentável da Dívida. As antigas áreas de trabalho passaram a designar-se instrumentos de trabalho e, para além da Pesquisa, Capacitação e Divulgação e Advocacia/Lobby e networking, foi introduzido mais um instrumento de trabalho, designadamente, a Monitoria.

O Plano Estratégico 2006/2011 recuperou a estrutura e classificação do Plano Estratégico anterior, e acrescentou a componente de Comunicação ao instrumento de Capacitação e Divulgação.

O corpo técnico do GMD cresceu rapidamente: Em 2001, ano em que o Dr. Milissão Nuvunga se desmembra do corpo técnico do GMD, o secretariado é reforçado com duas contratações, nomeadamente, Sr. Humberto Tobias Zaqueu e Sr. Fernando Menete para a Pesquisa e Produção de Documentos, e Capacitação e Divulgação, respectivamente, passando assim para três pessoas. Em 2003, com o processo de desmembramento do GMD da hospedagem da Associação Progresso, o secretariado cresceu para seis pessoas com a entrada da Sra. Felizarda Nhacale, que passou a exercer as funções de Administração e Finanças, Sr. Silvestre Baessa, para o cargo de Oficial de Monitoria, e Sra. Iracema Capurchande, para Assistente de Administração.

Em 2004, coincidindo com a cessação integral dos serviços da Associação Progresso, a contabilidade passa a ser feita internamente pelo secretariado do GMD, e é reforçada a capacidade técnica com a entrada da Sra Efigénia Banze para o cargo de Administração e Finanças.

Em 2005, o secretariado cresce para nove pessoas, com a entrada de mais duas pessoas, nomeadamente, Sr. Euclides Cavele e Sr. Jerónimo Trindade Napido, para áreas

de Transporte/Logística e Comunicação, respectivamente.

Em 2006, o secretariado alcança o nível óptimo, em termos de recursos humanos, com a entrada da Sra. Ana Karina Cabral para Assistente de Advocacia/Lobby e Networking. O secretariado do GMD passa então a contar com 10 pessoas.

Um importante marco no incremento da capacidade técnica e operativa do GMD deu-se em princípios de 2008, com a aquisição de espaço próprio para a implantação e funcionamento de seus escritórios a nível central.

Até finais de 2003, o número de Organizações Membros tinha ultrapassado 50, enquanto o de membros a título individual também ascendia à meia centena. O número de membros foi evoluindo, e o GMD entrou para 2006 com mais de uma centena de membros colectivos e singulares de pleno direito.

Institucionalização do GMD

Como parte do seu processo de institucionalização, a 18 de Outubro de 2003, o GMD realizou a sua Assembleia Constituinte, que elegeu seus Órgãos Sociais,

a saber: Conselho de Direcção, constituído por sete organizações – FDC, UNAC, CCM, CEEI/ISRI, ORAM, OTM-CS e Faculdade de Economia da Universidade Eduardo Mondlane); Mesa da Assembleia, constituída por três organizações – FAWEMO, SINECOSSE e Fórum Mulher) e Conselho Fiscal, constituído também por três organizações – KULIMA, MULEIDE, ACTVA), com um mandato de dois anos, renováveis uma vez, segundo rezam os Estatutos do GMD.

Para o período seguinte, findo o primeiro mandato dos dois anos, as organizações renovaram o seu mandato, com excepção da ORAM, CEEI/ISRI, KULIMA e ACTIVA que foram substituídos pela CONSILMO, APOSEMO, Dra. Iraé Lundin e o Engenheiro Henriques André, sendo os dois últimos membros individuais.

O registo do GMD como instituição independente aconteceu logo depois da sua Assembleia constituinte, a 26 de Fevereiro de 2004.

O GMD implementa os seus planos numa base anual, mas também as organizações membros incorporam nos seus planos de actividades uma base consistente de conteúdos de interesse no âmbito do movimento do GMD.

O processo de crescimento e consolidação do GMD contou com o apoio de vários parceiros, deentre os quais destaque vai para: EED – Alemanha, Oxfam Novib, Diakonia, GAS, KEPA, Oxafam Joap, Oxafam Bélgica, Oxfam GB, TROCAIRE, NIZA, Action Aid, Christan Aid, Cárter Center, Save the Children Norway, PNUD, UNIFEM, Cooperação Francesa, entre outros.

Principais conquistas

Os 13 anos de existência do GMD alimentaram a afirmação do movimento da sociedade civil em Moçambique. Inúmeras foram as conquistas de que o GMD se orgulha de se ter conseguido, entre as quais:

- O benefício do alivio da dívida em proporções bastante significativas, da iniciativa HIPC ao MDRI, não obstante os condicionalismo e a continuação da dependência externa a altos níveis. Conforme se poderá ver do quadro resumo mais adiante, a dívida do país reduziu para níveis teoricamente considerados sustentáveis, consequentemente, factor inegável, aumentou a confiança da comunidade internacional em continuar a apoiar o país.

-A criação gradual de plataformas de dialogo com o Governo e parceiros de cooperação, bem como mecanismos proactivos de intervenção da Sociedade Civil. Hoje temos o Observatório da Pobreza/Desenvolvimento, a nível central e Provincial, e a Revisão Conjunta que esperam um papel proactivo de actores da Sociedade Civil. Temos também o G20, que vai para além dos espaços mencionados, pois representa uma plataforma independente da Sociedade Civil, uma forma mais coordenada de actuação de actores da Sociedade Civil. Também é de ressaltar a criação dos Conselhos de Consulta Locais e do fórum do Mecanismo Africano de Revisão de Pares (MARP).

- Pobreza no centro das politicas e agendas de desenvolvimento.

- O desenvolvimento de capacidades dos actores da Sociedade Civil, e a melhoria das suas intervenções. O GMD orgulha-se hoje por contribuir para a concepção de políticas e planos públicos através de ferramentas consistentes, com o recurso a resultados de estudos na forma de documentos de posicionamento.

São 13 anos de história e 13 anos de afirmação e conquista de espaço.

Contudo, não obstante estas conquistas imensuráveis, ainda é longo o caminho que se deve percorrer, pois, por um lado, a consolidação dos mecanismos de participação levam tempo; por outro lado, é grande o nível de demanda sobre o trabalho do GMD pelos diferentes grupos alvos e “stakeholders” no âmbito de uma árdua luta contra a pobreza que se pretende vencer a um passo acelerado.

Desafios para o futuro

Há ainda muito por se fazer, pois apesar dos avanços registados com a implementação do PARPA II, com avanços notórios na prossecução dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODMs), o país continuam na lista dos mais pobres do mundo, as desigualdades na redistribuição do rendimento tendem a aumentar, bem como o fosso entre os ricos e pobres, as taxas de infecção pelo HIV evoluem dia após dia, pondo em risco os resultados do esforço já investido nas diferentes áreas, o país continua fortemente dependente da ajuda externa, o que expõe o povo Moçambicano à vulnerabilidade 0causada pelos factores externos que podem agravar a pobreza, mas também fica refém aos elementos de ineficácia da ajuda pelos

doadores. Dentro do país também urge incrementar a capacidade técnica e a boa governação, de modo a fazer o melhor uso dos recursos escassos que se vai mobilizando. Muito recentemente (ano 2008), o país passou a registar mais um risco/desafio, com a emergência da Crise Económica Mundial, pois há uma queda dos preços da exportações e há uma grande incerteza sobre a tendência futura da ajuda externa.

O GMD, deverá incrementar a sua advocacia em torno da criação de capacidades internas e redução da dependência externa, como base sólida para a promoção de um crescimento económico acelerado e sustentável, que é base para a prosperidade social.

Aos membros e parceiros

O GMD agradece o apoio, empenho e dedicação para a concretização dos propósitos deste grupo. A sua Grandeza, Mérito e Distinção (GMD) marcam a diferença do Grupo Moçambicano da Dívida (GMD) no seio dos actores da Sociedade Civil – a GMD do GMD.

Portanto, reafirmamos o nosso compromisso de advocacia pela prosperidade económico-social do país.

“Por um Moçambique social e economicamente mais justo ”.