grupo ii - espelho de correcao - prova escrita - mppr 2014

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GRUPO II ESPELHO DE CORREÇÃO CRITÉRIO GERAL: Nos termos do art. 20 do “Regulamento do Concurso para Ingresso na Carreira do Ministério Público”, na correção da prova escrita levar-se-á em conta o saber jurídico, o conhecimento da língua portuguesa, a capacidade de exposição do pensamento, o poder de argumentação e de convencimento do candidato. 1ª QUESTÃO DIREITO CONSTITUCIONAL: DISSERTAÇÃO (pontuação: 2,0 máximo de 60 linhas). Disserte sobre o princípio da proibição do retrocesso, sob o enfoque dos direitos fundamentais sociais, abordando os seguintes pontos, nesta sequência: (a) conceito, com destaque para a sua função precípua; (b) contextualização quanto às gerações ou dimensões de direitos fundamentais; (c) fundamentos e conteúdo jurídico constitucionais; (d) caráter absoluto ou relativo da proteção. Resposta: É de todo oportuno enfocar o princípio da proibição do retrocesso pela ótica dos direitos sociais exatamente por ser uma vedação de que normas de cunho eminentemente social como, por exemplo, o art.6 o da Constituição Federal, ante seu cunho fundamental, sofram reduções ou supressões dos níveis de efetividade e eficácia por meio de reformas constitucionais, legislativas e até mesmo administrativas, cuja garantia se dá com a efetiva estabilidade disposta pela segurança jurídica. Ou seja, as medidas tomadas em prol dos direitos sociais devem ser mantidas e aprimoradas, nunca restringidas, em observância ao princípio (e dever) da máxima eficácia e efetividade das normas definidoras de direitos fundamentais (art. 5º, § 1º, da CF). A proibição do retrocesso, portanto, tem como função precípua a tutela dos direitos sociais, evitando sua redução ou supressão. O âmbito do Estado Democrático Social de Direito pressupõe um comportamento positivo à implementação dos direitos sociais, gerando efeitos na atuação do legislador, do administrador público e, mesmo, do julgador. A proibição está implícita na Constituição Brasileira de 1988, decorrente do sistema jurídico-constitucional pátrio, destacadamente em face da dignidade da pessoa humana, e tem por escopo, reitere- se, a vedação da supressão ou da redução de direitos fundamentais sociais, em níveis já alcançados e garantidos. O princípio da proibição ou da vedação de retrocesso reclama conceber o que são os direitos fundamentais, os quais foram consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos e são, em síntese, direitos humanos positivados nas Constituições denominados direitos fundamentais, pois voltados à preservação dos direitos à vida, à liberdade e à igualdade. Podem ser classificados conforme sua geração ou dimensão, sendo comum o rol de ao menos três gerações de direitos fundamentais: 1. Os direitos de 1ª geração são os direitos clássicos, de caráter civil e político, representados pelas liberdades negativas, próprias do Estado Liberal (dever de abstenção do poder público). Baseiam-se no princípio da liberdade. 2. Os direitos de 2ª geração são aqueles de caráter econômico-social, os direitos do trabalho, cultural e econômico, compostos por liberdades positivas, como saúde, educação, segurança etc.(dever do Estado de dar ou fazer). Baseiam-se no princípio da igualdade e são decorrentes do intervencionismo e é, destacadamente, a dimensão

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Grupo II - Espelho de Correcao - Prova Escrita - Mppr 2014

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GRUPO II ESPELHO DE CORREO CRITRIO GERAL: Nostermosdoart.20doRegulamentodoConcursoparaIngressonaCarreirado Ministrio Pblico, na correo da prova escrita levar-se- em conta o saber jurdico, o conhecimentodalnguaportuguesa,acapacidadedeexposiodopensamento,o poder de argumentao e de convencimento do candidato. 1QUESTODIREITOCONSTITUCIONAL:DISSERTAO(pontuao:2,0 mximo de 60 linhas). Dissertesobreoprincpiodaproibiodoretrocesso,soboenfoquedosdireitos fundamentaissociais,abordandoosseguintespontos,nestasequncia:(a)conceito, com destaque para a sua funo precpua; (b) contextualizao quanto s geraes ou dimensesdedireitosfundamentais;(c)fundamentosecontedojurdico constitucionais; (d) carter absoluto ou relativo da proteo. Resposta: detodooportunoenfocaroprincpiodaproibiodoretrocessopelaticados direitossociaisexatamenteporserumavedaodequenormasdecunho eminentementesocialcomo,porexemplo,oart.6odaConstituioFederal,anteseu cunhofundamental,soframreduesousupressesdosnveisdeefetividadee eficcia por meio de reformas constitucionais, legislativas e at mesmo administrativas, cujagarantiasedcomaefetivaestabilidadedispostapelaseguranajurdica.Ou seja,asmedidastomadasemproldosdireitossociaisdevemsermantidase aprimoradas,nuncarestringidas,emobservnciaaoprincpio(edever)damxima eficcia e efetividade das normas definidoras de direitos fundamentais (art. 5, 1, da CF). Aproibiodoretrocesso,portanto,temcomofunoprecpuaatuteladosdireitos sociais, evitando sua reduo ou supresso.OmbitodoEstadoDemocrticoSocialdeDireitopressupeumcomportamento positivo implementao dos direitos sociais, gerando efeitos na atuao do legislador, doadministradorpblicoe,mesmo,dojulgador.Aproibioestimplcitana ConstituioBrasileirade1988,decorrentedosistemajurdico-constitucionalptrio, destacadamenteem face da dignidade da pessoa humana, e tem por escopo, reitere-se, a vedao da supresso ou da reduo de direitos fundamentais sociais, em nveis j alcanados e garantidos. O princpio da proibio ou da vedao de retrocesso reclama conceber o que so os direitosfundamentais,osquaisforamconsagradosnaDeclaraoUniversaldos DireitosHumanoseso,emsntese,direitoshumanospositivadosnasConstituies denominados direitos fundamentais, pois voltados preservao dos direitos vida, liberdade e igualdade. Podem ser classificados conforme sua gerao ou dimenso, sendo comum o rol de ao menos trs geraes de direitosfundamentais: 1.Osdireitosde1geraosoosdireitosclssicos,decartercivilepoltico, representadospelasliberdadesnegativas,prpriasdoEstadoLiberal(deverde absteno do poder pblico). Baseiam-se no princpio da liberdade.2.Osdireitosde2geraosoaquelesdecartereconmico-social,osdireitos dotrabalho,culturaleeconmico,compostosporliberdadespositivas,comosade, educao,seguranaetc.(deverdoEstadodedaroufazer).Baseiam-senoprincpio da igualdade e so decorrentes do intervencionismo e , destacadamente, a dimenso quesepretendesejamaisprotegidapelaproibiodoretrocessodadoseualcance quanto s necessidades da sociedade. 3.Osdireitosde3geraosoosdireitosdesolidariedadeoufraternidade decorrentes dos interesses sociais da diviso anterior, direito ao desenvolvimento com justiasocial,aomeioambientesaudvel,crescimentoeconmico,desenvolvimento sustentvel. Tm por base o princpio da fraternidade. Aproibiodoretrocessocomenfoquenosdiretossociais,pois,pressupea compreensodequetaisdireitossoprestaespositivasdoEstadoDemocrtico SocialdeDireito,que juntamentecomos princpiosdadignidade dapessoahumana, do mnimo existencial, da segurana jurdica e da proteo da confiana e, tambm, do chamadoncleodurodasclusulasptreasfundamentam-naelhedoconfortoe juridicidade constitucional. Por igual, h o suporte jurdico constitucional do princpio da mximaeficciaeefetividadedasnormasdedireitosfundamentais(antesreferido), no bastando, consequentemente, aos direitos sociais a simples afirmao, mesmo em sede constitucional. Devem eles ser efetivados e preservados, afastando-se a ideia de Constituioprogramtica,adependerdolegisladorordinrioparaganhareficciae quepodeseralteradasematentarparaosavanosjgarantidosnasearasocial. Assim,osdireitossociaisjrealizadoseefetivadosmediantemedidaslegislativas, especialmente, devem considerar-se constitucionalmente garantidos. Sobrearelativizaodoprincpio,asupressodosdireitosfundamentais,quando invadeaessnciaprimordialdapessoahumanacomoncleoessencialdosdireitos sociais (violao do mnimoexistencial) encontrar bice na proibio do retrocesso e nestecontextonosepodefalaremrelativizaodoprincpio.H,entanto,carter relativo na perspectiva de no transformar o legislador em rgo de mera execuo de decisesconstitucionaisenemassegurareficciasuperioraosdireitossociais conquistados atribuda a direitos de defesa em geral. Por evidente, nesta mesma ordem de ideias, que no se trata de princpio absoluto, vez que, eventualmente, pode ceder quando em coliso com outro princpio,prevalecendo aponderao,sempreseprocurandoresguardaroncleoessencialdosdireitos sociais j realizados.O cerne, enfim, da proibio de retrocesso o de que legisladores, administradores e julgadoresdevemlev-loemconsideraonaprticadeseusatos,sejameles comissivos ou omissivos, sob pena de incidirem em inconstitucionalidade. 2QUESTODIREITOCONSTITUCIONAL(pontuao:1,0mximode15 linhas). Sobreodireitoconstitucionaldepetio,comentesobresuatitularidadeeesclarea, justificadamente,seeletrazcomocorolrioodireitodeoseutitularserinformado sobre o resultado de sua apreciao. Resposta: O direito de petio, previsto no art. 5, XXXIV, da Constituio Federal de 1988, trata-sedetpicodireitofundamentaldecarteruniversal,sendoasseguradoatodos, pessoasfsicasoujurdicas,brasileirosouestrangeiros,ouatmesmoaentessem personalidadejurdica,podendoserexercidoindividualoucoletivamente.Trazcomo corolrioodireitodeoseutitularserinformadosobreoresultadodesuaapreciao, tendoemvistaasuafunoinstrumental(deinstrumentodedefesadedireito)no nossosistemaconstitucional.Nosetrataapenasdeumdireitoamplamente disponvel, mas de garantia processual, servindo de mecanismo apto materializao doplexonormativoeoutrosdireitosfundamentais,destacando-se,demodo indissocivel,odireitodeacessoinformao,previstonoart.5,XXXIII,daCF/88. Assim, possui, o direito de petio, carter prestacional. 3QUESTODIREITOCONSTITUCIONAL(pontuao:1,0mximode20 linhas). Expliqueateoriadasescolhastrgicas,emsedededireitosfundamentais,luzda jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal. Resposta: A escassez de recursos pblicos, quando envolve questes peremptrias, por exemplo, vida e dignidade humana, culmina em escolhas tidas como trgicas. A destinao derecursospblicos,sempretodrasticamenteescassos,fazinstaurarsituaesde conflito,quercomaexecuodepolticaspblicasdefinidasnotextoconstitucional, quercomaprpriaimplementaodedireitossociaisasseguradospelaConstituio Federal.DaresultacontextosdeantagonismoqueimpemaoEstadooencargode super-losmedianteopespordeterminadosvalores,emdetrimentodeoutros igualmente relevantes, compelindo o Poder Pblico, em face dessa relao dilemtica, causadapelainsuficinciadedisponibilidadeoramentria,aprocederaverdadeiras escolhas trgicas, em deciso governamental cujo parmetro, fundado na dignidade da pessoa humana, dever ter em perspectiva a intangibilidade do mnimo existencial, em ordem a conferir real efetividade s normas programticas positivadas na Carta Poltica de 1988. Com efeito, as escolhas trgicas exprimem o estado de tenso dialtica entre anecessidadeestataldetornarconcretosdireitosprestacionaisfundamentaiseas dificuldadesgovernamentaisdeviabilizaraalocaoderecursosfinanceiros,to drasticamente escassos. Nesse contexto, a clusula da reserva do possvel encontrar, sempre,insupervellimitaonaexignciaconstitucionaldepreservaodomnimo existencial,querepresentaemanaodiretadopostuladodaessencialdignidadeda pessoa humana. 4QUESTODIREITOCONSTITUCIONAL(pontuao:1,0mximode15 linhas). Juiz criminal de uma das comarcas do interior do Estado do Paran condenou Bill pela prtica do crime de trfico de drogas, aplicando a causa de diminuio de pena prevista noartigo33,4,dalei11.343/06,porreconhecerqueoacusadoera primrio, possuidordebonsantecedentes,nosededicavaaatividadescriminosasnem integravaorganizaocriminosa.Irresignadocomoditocondenatrioecoma quantidadedepenaaplicada,inclusiveporcontadaaplicaodacausadereduo acima mencionada, o Promotor de Justia interps recurso de apelao. No tribunal, o recursofoidistribudoaumadasCmarasCriminais,aqual,apstodosostrmites pertinentes,apreciouoapelo,tendoosrespectivosdesembargadores,pormaioriade votos,dentreoutrasprovidncias,afastadoaaplicaodajcitadacausade diminuio referida, salientando a sua incompatibilidade com a Constituio Federal ao argumentodequeanormaviolariaoprincpiodaproporcionalidade,sobovisda proibiodaproteodeficiente,vistadomandadodecriminalizaoesculpidono artigo5,XLIII.Aotomarcinciadestadeciso,qualmedidaaseradotadapelo Ministrio Pblico? Fundamente. Resposta: DadecisocabereclamaopeloMinistrioPblicoestadualaoSupremoTribunal Federal,conformeprevisodoart.103,3,daConstituioFederalde1988(sem prejuzodautilizaodeoutrosrecursosoumeiosdeimpugnaoporventura cabveis),porviolaodaclusuladereservadeplenrio(art.97daCF/88).Isso porque houve deciso contrria ao enunciado da Smula Vinculante n. 10 do Supremo Tribunal Federal, que dispe violar a referida clusula a deciso de rgo fracionrio de tribunalque,conquantonodeclareexpressamenteainconstitucionalidadedeleiou ato normativo do poder pblico, afasta a sua incidncia no todo ou em parte. Afinal, no caso posto, a referida Cmara do Tribunal afastou a incidncia de dispositivo da Lei n. 11.343/06 por entend-lo inconstitucional. 5QUESTOCONSTITUIODOESTADODOPARAN(pontuao:0,5 mximo de 15 linhas). ALeiEstadualA/1990criouemfavordosDeputadosEstaduaisdoParanoFundo EspecialdeAposentadoria,estabelecendoqueoassociadoaposentadoqueviessea serinvestidoemmandatoeletivoremuneradoouemcargodeministroousecretrio estadual no poderia perceber o benefcio durante o exerccio destes (mandato eletivo oucargopblico),bemcomonocasodenotercontribudocomofundoporpelo menos um ano. Posteriormente, o referido fundo foi extinto pela Lei Estadual B/1998. Diantedisso,emdezembrode1999,oDeputadoEstadualIsmaelHarmoniaajuizou aodecobranadeproventosdeaposentadoria,relativosaoperododemarode 1995 a maro de 1997, no qual em exerccio como Secretrio de Segurana Pblica do Estado do Paran. Com base nessas informaes, explicite o contedo jurdico vertido doart.250daConstituiodoEstadodoParan,esclarecendo,justificadamente,se esta norma alberga a pretenso do Deputado Ismael Harmonia na demanda aforada. Resposta: Odispositivodaconstituioaraucarianatutelaodireitoadquirido,com correspondncia no art. 5, XXXVI, da CF/88 eguarda pertinncia, igualmente, com a seguranajurdica.Comefeito,oaludidoArt.250dispequenocasoda supervenincia de alterao legislativa estadual que prejudique direito previsto em lei, o Estadoassumir,desdelogo,atravsdoPodercompetente,todososencargos necessriosparaasseguraraintegralfruiododireitoporquem,oportunamente,o tenha adquirido. A norma estadual no incide no caso proposto, visto que s haveria direito adquirido se presentes,aotempodavignciadaleiqueoassegurava,osrequisitosporela exigidos.Ora,incontroversoquequandodavignciadaaludidaLeiEstadual A/1990, precisamente no perodo de maro de 1995 a maro de 1997, o demandante estava exercendo o cargo de Secretrio de Estado. Ausente, assim, um dos requisitos legais, no h que se falar em direito adquirido. 6QUESTODIREITOADMINISTRATIVO:(pontuao:1,0mximode25 linhas). EmmatriadedesapropriaodequecuidaoDecreto-lein.3.365/41:a)expliqueo fenmenodatredestinao,distinguindoalcitadailcita;b)expliqueofenmenoda retrocesso, destacando, com base na jurisprudncia consolidada do Superior Tribunal de Justia, se aplicvel tanto tredestinao lcita como ilcita. Resposta: ATredestinao,assentadanaideiadedesviodefinalidade,adestinao desconforme do bem expropriado com o plano inicialmente previsto. Ocorre quando o Poder Pblico no aplica o bem, adquirido por desapropriao, finalidade pblica que suscitou o desencadeamentode sua fora expropriatria. ATredestinao lcita d-se quando, persistindo o interesse pblico, o expropriante dispensa ao bem desapropriado destino diverso do que planejara no incio. A ilcita, sua vez, concretiza-se quando o PoderPblico,emflagranteofensaaointeressepblico,transfereaterceiro,por exemplo, o bem desapropriado ou pratica outro desvio de finalidade pblica, permitindo que algum se beneficie de sua utilizao. ARetrocessoumdireitorealsegundoentendimentopredominante(defende-se minoritariamenteserdireitopessoal),consistenteemoex-proprietriopoderreavero bemexpropriado,masnoprepostofinalidadepblica,sendoomeiopeloqualo expropriadopodereivindicaraludidobeme,diantedaimpossibilidadedefaz-lo, postularemjuzoareparaopelasperdasedanossofridos.SegundooSuperior Tribunal de Justia a retrocesso apenas se d em caso de grave desvio de finalidade noatoestatal,oqueconfiguratredestinaoilcita,noseaplicando,pois, tredestinao lcita. 7QUESTODIREITOADMINISTRATIVO(pontuao:1,0mximode20 linhas). Emmatriadelicitaes,expliqueadenominadaemergnciafabricadaeseus possveis desdobramentos jurdicos. Resposta: Aquestopropostasitua-senocontextodahipteselegaldedispensadelicitao previstanoart.24,IV,daLein.8.666/93,referenteacasosdecontrataesem situaodeemergncia.Poremergnciafabricadaentende-seasituaoemquea Administrao,dolosaouculposamente,deixadetomartempestivamenteas providncias necessrias realizao da licitao previsvel. Atinge-se o termo final de umcontratosemquealicitaonecessrianovacontrataotenhasidorealizada. Nessas hipteses, sem se desconhecer entendimento no sentido da impossibilidade da dispensaemergencial,que,serealizada,seriaconsideradailegal,comnulidadedo contrato firmado, tem-se posicionamento slido no sentido de que, em casos tais, deve serverificadoseaurgnciaefetivamenteexisteeseacontrataodiretaamelhor possvelfrentescircunstnciasconcretas.Emcasoafirmativo,paraquenohaja agravamento do nus suportado pela comunidade afetada, a contratao com dispensa de licitao poder ser realizada. Todavia, simultaneamente, dever ser desencadeada a indispensvel licitao. Tudo sem prejuzo da exemplar responsabilizao do agente pblicoquetenhaseomitidonodesencadeamentotempestivodalicitao,inclusive com dever de indenizar o prejuzo sofrido se comprovado que com a licitao formal e comum a Administrao teria obtido melhor resultado. 8QUESTODIREITOADMINISTRATIVO(pontuao:1,0mximode25 linhas). Dentre os princpios que norteiam o serviopblico est o da continuidade. Sabendo-sedisso,expliciteosposicionamentosdoutrinriosacercadapossibilidadeounodo exercciododireitodegrevepelosservidorespblicos,bemcomooatual posicionamento do Supremo Tribunal Federal sobre o tema. Resposta: Paraosservidorespblicosestabeleceoart.37,VII,daCFanecessidadedelei ordinria para regulamentao do direito de greve. At o presente momento tal norma regulamentadora ainda no foi elaborada, o que gera discusso sobre a possibilidade ounodefruiodestedireitopelosservidorespblicos,inclusiveemfaceda necessidade de continuidade dos servios pblicos. Naturalmentehdivergnciadoutrinria,destacando-seduascorrentes.Uma, minoritria,defendequeoreferidodireitoestdisciplinadoemnormadeeficcia contida e, dessa forma, o dispositivo que o garante tem aplicao imediata, podendo o servidorexercergreve,admitindo-seque,futuramente,leivenhaarestringiresse direito.Outra,majoritria,sustentaqueoaludidodireitoencontra-seemdispositivo constitucionaldeeficcialimitada,spodendoserexercidoapsoadventodalei regulamentadora. Caso o servidor, mesmo na ausncia desta lei, o faa, a sua conduta afrontaria o princpio da legalidade, devendo, portanto, ser considerada ilegal. O Pleno do STF, em sede de Mandados de Injuno (MI n. 670, 708 e 712), julgados em conjunto, declarou a omisso legislativa do Congresso Nacional quanto ao dever de regulamentaroexercciodegrevenosetorpblicoe,pormaioria,decidiuaplicaraos servidores pblicos, no que couber, a legislao de greve vigente para o setor privado, observada a coerncia entre o exerccio do direito de greve pelo servidor pblico e as condies necessrias coeso e interdependncia social, que a prestao continuada dos servios pblicos assegura. 9 QUESTO DIREITO TRIBUTRIO (pontuao: 1,0 mximo de 20 linhas). Expliqueemqueconsisteaprogressividadedeimposto,bemcomo,considerandoo quedispeotextodaConstituioFederaleoentendimentodoSTF,esclarea, justificadamente, se admissvel a chamada progressividade fiscal do IPTU prevista, hipoteticamente, em determinada lei municipal em vigor desde 2013. Resposta: O imposto progressivo ocorre quando a sua alquota aumenta na medida da sua base de clculo. Quanto maior a base de clculo, maior a alquota. Fala-se em funo fiscal daprogressividadequandosuafinalidadearrecadatriaeemfunoextrafiscal quando a progressividade utilizada para outros fins, como o preconizado no art. 182, 4, II da Constituio Federal. O STF admitia apenas a progressividade extrafiscal do IPTU, prevista no art. 156, 1, da CF, em sua redao original anterior EC 29/2000, isto , apenas aquela destinada a assegurar a funo social da propriedade. Com a EC 29/2000,quealterouaredaodoart.156,1,daCF,restoudispostoque,sem prejuzodaprogressividadenotemporeferidanoaludidoart.182,4,II (progressividadedenaturezaextrafiscal,afimdecompeliroproprietrioadar propriedade a sua funo social), o IPTU tambm poder ser progressivo em razo do valordoimvelouteralquotasdiferentesdeacordocomalocalizaoeousodo imvel(incisosIeIIdo1doart.156).Ouseja,aConstituiofoialteradapara permitiraprogressividadedenatureza fiscal.Sobreveio,nesta direo, aSmula668 do STF, dispondo que inconstitucional lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda Constitucional 29/2000, alquota progressiva para o IPTU, salvo se destinada aassegurarafunosocialdapropriedadeurbana.Isto,apenasaleimunicipal posteriorEC29/2000quepoderestabeleceraprogressividadedasalquotasdo IPTU com o valor do imvel e, portanto, admissvel a progressividade fiscal do IPTU prevista, hipoteticamente, em determinada lei municipal em vigor desde 2013. 10 QUESTO FILOSOFIA DO DIREITO OU SOCIOLOGIA JURDICA (pontuao: 0,5 mximo de 15 linhas). ExpliqueaafirmaodeRonald Dworkin(inLevandoosDireitosaSrio,SoPaulo: MartinsFontes,2002),quandobuscadistinguir princpiosderegras,dequeestas ltimas (regras) so aplicveis maneira do tudo-ou-nada. Resposta: Regrasso,normalmente,relatosobjetivos,descritivosdedeterminadascondutase aplicveis a um conjunto delimitado de situaes. Ocorrendo a hiptese prevista no seu relato,aregradeve incidir,pelomecanismotradicionalda subsuno:enquadram-se osfatosnaprevisoabstrataeseproduzumaconcluso.Dadososfatosqueuma regra estipula, ento ou a regra vlida, e neste caso a resposta que ela fornece deve ser aceita, ou no vlida, e neste caso em nada contribui para a deciso. Na hiptese doconflitoentreduasregras,sumaser vlida eirprevalecer.Princpios,porsua vez,contmrelatoscommaiorgraudeabstrao,noespecificamacondutaaser seguida e se aplicam a um conjunto amplo, por vezes indeterminado, de situaes.Os princpiosfrequentementeentramemtensodialtica,apontandodireesdiversas. Poressarazo,suaaplicaodeversedarmediante ponderao:vistadocaso concreto,ointrpreteiraferiro peso quecadaprincpiodeverdesempenharna hiptese,medianteconcessesrecprocas,e preservando omximodecadaum,na medida do possvel.