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Embora considerado figura apenas mitológica, pois que sua existência real tem sido posta em dúvida pelos historia- dores, Orfeu, acreditamos, foi o primeiro filósofo ocidental. Sua obra, no entanto, como sói acontecer, tiranos da Grécia nascente tudo fizeram por apagar, o que deu motivo às con- testações da história. Assim, poderemos admitir que a Jonia foi o berço da fi- losofia com Tales de Mileto, no sexto século antes de Cristo. Depois dele, apareceram, entre outros buscadores da divina sabedoria, Anaximandro, Anaxímenes, Leucipo e Demócrito (420 a.C), devendo-se a estes dois últimos — mestre e discí- pulo que investigaram sobre a matéria-prima Universal — a primeira teoria sobre a existência de um elemento indivisível — o átomo. A teoria deles somente em nossos dias a ciência pôde comprovar e ultrapassar, demonstrando que não se tra- tava de matéria estável e, sim de elemento dinâmico e ainda divisível, composto de dois pólos: o positivo (próton) e o ne- gativo (elétron), ambos energia. 1 Pois bem, foi ainda nessa antiga Grécia e graças a seu espírito grandioso, de mistérios iniciáticos, que devemos, tam- bém, as primeiras notícias dessa dinâmica do kosmos, que hoje Se encontra comprovada. Mas quem foi o primeiro filó- sofo ocidental a falar nessas verdades, tocado, como é óbvio, de divina inspiração? Pitágoras!... 2 1 Nota — O autor segue a ciência oficial, embora saiba que o próton, na reali- dade, é elemento negativo, e o elétron positivo. 2 Pitágoras, composto de Python, a serpente morta por Apolo que, por isso, era cognominado o pythio. Chamavam se pítios os profetas inspirados por Apolo; e agoréuô, “falar em público”. Significa, pois, “o que fala em público inspirado”. Nascera ele em Samos, uma das mais ricas ilhas da Jônia, no Mar Egeo, movimentado, naquela época de grande pro- gresso, pelo vai-vém de luxuosos barcos que comerciavam na Ásia Menor. Seu pai figurava entre os mais prósperos comer- ciantes da Ilha; sua mãe, a bela Pártenis. Seu nascimento fora previsto pela famosa pítia ou pitonisa (profetisa) de Delfos, que a seus pais prevenira da vinda de “um filho que seria útil a todos os homens e em todos os tempos”. Cresceu Pitágoras sem maiores problemas, que não fossem os de estudo, gran- demente incentivado por Pártenis, que não esquecia nunca as profecias a respeito do filho, do qual tinha justo orgulho, pois que era belo, inteligente e manso de coração. Apenas se nota- va nele certa melancolia, ao lado de seus cismares constantes. Aos vinte anos, já havia passado pelos ensinamentos dos Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Escola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma 72ª aula: O apocalipse de João (conclusão) Textos complementares GEAEL Aula 72 — Entre muitas, a lição que fica: Quando falares, permite que o amor saia com as palavras, alimente os corações enfraquecidos e alegre os tristes. Se a sabedoria do Senhor criou teus lábios para te dar essa oportunidade, não a percas, nem jogues fora o tempo sagrado de servir. Fala abençoando, fala amando, fala alegrando todos os ambientes onde, por ventura, estiveres, que o Mestre dos mestres não te deixa sozinho. Força soberana - Miramez/João Nunes Maia No momento em que nos encontramos atravessando a metade dos estudos desta escola, não poderíamos encon- trar hora melhor para rendermos homenagem àquele que o Ocidente deve os conceitos de Iniciação.

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Embora considerado figura apenas mitológica, pois que sua existência real tem sido posta em dúvida pelos historia-dores, Orfeu, acreditamos, foi o primeiro filósofo ocidental. Sua obra, no entanto, como sói acontecer, tiranos da Grécia nascente tudo fizeram por apagar, o que deu motivo às con-testações da história.

Assim, poderemos admitir que a Jonia foi o berço da fi-losofia com Tales de Mileto, no sexto século antes de Cristo. Depois dele, apareceram, entre outros buscadores da divina sabedoria, Anaximandro, Anaxímenes, Leucipo e Demócrito (420 a.C), devendo-se a estes dois últimos — mestre e discí-pulo que investigaram sobre a matéria-prima Universal — a primeira teoria sobre a existência de um elemento indivisível — o átomo. A teoria deles somente em nossos dias a ciência pôde comprovar e ultrapassar, demonstrando que não se tra-tava de matéria estável e, sim de elemento dinâmico e ainda divisível, composto de dois pólos: o positivo (próton) e o ne-gativo (elétron), ambos energia.1

Pois bem, foi ainda nessa antiga Grécia e graças a seu espírito grandioso, de mistérios iniciáticos, que devemos, tam-bém, as primeiras notícias dessa dinâmica do kosmos, que hoje Se encontra comprovada. Mas quem foi o primeiro filó-sofo ocidental a falar nessas verdades, tocado, como é óbvio, de divina inspiração? Pitágoras!...2

1 Nota — O autor segue a ciência oficial, embora saiba que o próton, na reali-dade, é elemento negativo, e o elétron positivo.2 Pitágoras, composto de Python, a serpente morta por Apolo que, por isso, era cognominado o pythio. Chamavam se pítios os profetas inspirados por Apolo; e agoréuô, “falar em público”. Significa, pois, “o que fala em público inspirado”.

Nascera ele em Samos, uma das mais ricas ilhas da Jônia, no Mar Egeo, movimentado, naquela época de grande pro-gresso, pelo vai-vém de luxuosos barcos que comerciavam na Ásia Menor. Seu pai figurava entre os mais prósperos comer-ciantes da Ilha; sua mãe, a bela Pártenis. Seu nascimento fora previsto pela famosa pítia ou pitonisa (profetisa) de Delfos, que a seus pais prevenira da vinda de “um filho que seria útil a todos os homens e em todos os tempos”. Cresceu Pitágoras sem maiores problemas, que não fossem os de estudo, gran-demente incentivado por Pártenis, que não esquecia nunca as profecias a respeito do filho, do qual tinha justo orgulho, pois que era belo, inteligente e manso de coração. Apenas se nota-va nele certa melancolia, ao lado de seus cismares constantes.

Aos vinte anos, já havia passado pelos ensinamentos dos

Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraEscola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma

72ª aula: O apocalipse de João (conclusão)Textos complementares

GEAEL

Aula 72 — Entre muitas, a lição que fica:Quando falares, permite que o amor saia com as palavras, alimente os corações enfraquecidos e alegre os tristes. Se a sabedoria do Senhor criou teus lábios para te dar essa oportunidade, não a percas, nem jogues fora o tempo sagrado de servir. Fala abençoando, fala amando, fala alegrando todos os ambientes onde, por ventura, estiveres, que o Mestre dos mestres não te deixa sozinho.

Força soberana - Miramez/João Nunes Maia

No momento em que nos encontramos atravessando a metade dos estudos desta escola, não poderíamos encon-trar hora melhor para rendermos homenagem àquele que o Ocidente deve os conceitos de Iniciação.

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sacerdotes de Samos e tomado lições com Tales e Anaximan-dro, em Mileto. A sede de saber, contudo, não se aplacara na fonte daqueles mestres, crescendo sua inquietação pela busca mais profunda da Verdade. Entregava-se a meditações em tor-no do tema transcendental, que encobre a existência dos seres e das coisas, geralmente a sós em a Natureza, procurando senti-la e decifrá-la, em suma, identificar-se com ela.

Seus professores de Mileto haviam-lhe explicado a exis-tência do átomo no microcosmo, mas e o macrocosmo, obe-deceria às mesmas leis?... Olhava o disco solar no seu giro aparente até que se escondesse no ocaso, quando dava lugar ao brilho das estrelas, outros tantos motivos de renovadas meditações... Era, então, que lhe acudiam visões maravi-lhosas... Parecia que tudo se lhe revelaria, que apenas uma cortina leve encobria o tudo, saindo do nada... mas aquele instante fugaz se desvanecia... Contemplando o templo dó-rico, procurava decifrar suas linhas misteriosas, em geome-tria iniciática: o quaternário encimado pelo triângulo. Era o homem (quartenário) já dominado pelo Espírito (triângulo). Sentia necessidade de encontrar a chave dos mistérios pro-fundos e, certo dia, como se estivesse prestes a perder a razão, por um lapso de tempo percebeu o equilíbrio do Universo e sua missão na terra. E agora, como encontrar meios de levar avante seu destino?... Lembrava-se vagamente da visita que fizera, ainda muito criança, nos braços de Pártenis, ao templo da Adonai, no Líbano. Sua mãe recordou-lhe as palavras do velho sacerdote judeu, imponente em suas barbas brancas: “Ó mulher da Jônia, o teu filho será grande pela sabedoria, mas lembra-te de que, se os gregos ainda possuem a ciência dos deuses, a ciência de Deus se encontra no Egito”.

E porque não ir buscar a iniciação na suprema sabedoria entre os sacerdotes egípcios?... Sim, procuraria a influência de Polícrates — o tirano e opulento rei de Samos — junto ao faraó Amásis, para lograr acolhimento nos templos do Egito. E, assim, um dia viu-se nosso jovem místico de Samos no país misterioso das pirâmides, onde não lograria, não fosse sua tenaz persistência, ser aceito pelos terríveis sacerdotes, que tudo fizeram para demovê-lo do arrojado intento.

Levada ao templo de Mênfis, assustara-se com o imenso edifício, impossível de ser concebido, na época, em qualquer outra parte. Virou-se para o sacerdote que o acompanhava e exclamou: “Como os braços humanos puderam elevar essa imensa mole de pedra”? E o acompanhante respondeu: “Pela união da força, que tudo consegue fazer, quando a inteligên-cia e o gênio a dirigem convenientemente”. Quando entrou no templo, maior seria sua surpresa e encantamento, ao con-templar as altíssimas colunas que sustinham a abóbada mag-nífica, quase aterradora. Pareceu-lhe ouvir misteriosa e sutil vibração, que sugeria o sussurro do Espírito Divino, e não su-portou, caindo em copioso pranto. Inquirido pelo sacerdote, respondeu: “Parece que me encontro próximo àquele Ser, cujo nome inefável meus lábios não ousam pronunciar”! E o sa-cerdote: “Bendita seja a tua humildade, filho, ela te conduzirá à presença da divindade à qual este templo foi consagrado”.

Os mestres, todavia, submeteram-no a duras e prolonga-

das provas, antes de admiti-lo como noviço, como candidato a beber no manancial da ciência e da sabedoria guardadas pelo venerável Sônquis, pontífice do templo, sob cuja orientação o nosso Pitágoras haveria de permanecer durante vinte e dois anos de estudos, experiências e progresso espiritual, através da iniciação de adepto de Ísis, em que não faltariam horro-res, tentações e sofrimentos de toda ordem, muitas vezes com risco da própria vida física, até chegar aos êxtases e à morte cataléptica, a fim de alcançar a iluminação em Osíris.

Confiando, como é natural, na imortalidade, Pitágoras a tudo resistia, pois que a morte do corpo físico não poderia amendrontá-lo diante dos perigos apresentados a cada degrau da iniciação. As provas mais duras seriam as do conhecimen-to da magia e do domínio das forças da natureza. Aprendeu a ciência dos números e o domínio da própria vontade, quali-dades necessárias para encontrar as chave das leis universais, desse universo que agora poderia ver sob dimensões novas e jamais suspeitadas, compreendendo e abarcando toda a sabe-doria egípcia, desde Hermes Trismegisto.

A invasão do Egito por Cambises veio alcançar Pitágoras como sacerdote formado e na posse, portanto, de todos os se-gredos do iniciado de Ísis. O guerreiro persa trazia a destrui-ção, com seus exércitos de bárbaros. Os templos egípcios fo-ram saqueados e destruídos, o faraó em exercício, Psamético, foi preso e torturado com os familiares e todos os dignitários da corte, além dos altos sacerdotes, antes de serem decapita-dos com requintes de barbarismo.

Foi, talvez, a experiência mais dura para Pitágoras, que

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inexplicavelmente foi mandado para Babilônia, com alguns companheiros de claustro. Por outro lado, seria o coroamento de sua iniciação, uma vez que o exílio lhe proporcionaria am-plo e novo campo de estudos. Babilônia era uma miscelânia de povos e religiões e Pitágoras não perdeu tempo, entrando logo em contato com tudo isso, principalmente com a lei de Moisés e os seguidores de Zoroastro, possuindo estes últimos a fama de dominarem os elementos da natureza, criando-os quando queriam.

A missão que o destino lhe reservara e tantas vezes predi-ta profeticamente, esperava-o no outro lado do Mediterrâneo. Era a escola pitagórica que não tardaria a dar sua imorredou-ra contribuição evolutiva a nosso conturbado mundo. Era, pois, hora de regressar e beijar Pártenis, a boa velhinha que o esperava confiante.

* * *

Após doze anos de exílio na Babilônia, conseguiu Pitá-goras, através da interferência de um amigo e compatriota, que o rei o libertasse. E foi depois de trinta e quatro anos de ausência que o filho de Pártenis voltou a Samos. Havia estado no Egito e na Caldéia, mas ainda visitara a velha Índia, exata-mente quando, às margens do Ganges sagrado, Buda pregava.

Estudando a história da civilização e, particularmente, a das religiões, havia o sacerdote egípcio concluído que estas nada mais são do que ramificações da grande Verdade, rami-ficações necessárias à evolução humana, pois que cada povo,

ou cada grupo afim de indivídu-os, procura entre elas a que mais atenda à próprias aspirações es-piritualistas, dentro de seu está-gio de progresso, de sentimento e inteligência.

De posse de todos esses co-nhecimentos, que trazia na baga-gem como troféu de verdadeiro mago, estava disposto a fundar uma escola iniciática, na qual pu-desse transmitir ensinamentos de universalismo monista, através do esoterismo das doutrinas reli-giosas e filosóficas.

Passou pouco tempo na ilha, sua pátria, onde encontrou ve-lhinha e viúva sua mãe. Samos achava-se sob triste opressão de novo tirano, que devastava tudo quanto pudesse revelar liberdade e saber. Logo compreendeu que não poderia erguer alí o marco do ideal carinhosamente acalen-tado, seguindo com Pártenis para o continente. Visitou, então, todos os lugares da Grécia onde pudes-se encontrar apoio e ambiente

necessário para iniciar a obra, chegando, finalmente, à cida-de santa: Delfos. Ali, entre os rochedos, no fundo do vale, o templo de Apolo era distinguido de longe, apontando para o alto o deus-solar, venerado pelo povo helênico. O deus grego, cujos oráculos eram desvendados através da Pítia, fazia par-te, é claro, da simbologia cujo véu somente aos iniciados era dado levantar. Apolo representava a descida à terra da cen-telha divina; por detrás do disco solar, ou do deus venerado pelo vulgo, a Luz intensa do Deus Único brilhava e ofuscava, inteligível apenas pelos clarividentes e verdadeiros sábios. E, assim, surgiram belas lendas, dando nascimento à mitologia.

O mago de Samos foi recebido em Delfos como Mestre, precedido que fora da fama de seus poderes miraculosos e sagrados, transcendentais e ocultos.

Uma jovem sacerdotisa, de nome Teocléia, estava sendo preparada para o lugar de Pítia.

Conforme já explicamos, pítia quer dizer profetisa, hoje mais conhecida como “médium”, entre os espíritas. Pois Teo-cléia era “médium” de raras qualidades, apenas necessitando de alguém que pudesse explicar com profundidade o que sen-tia, iniciando-a nos mistérios do além. Entre os sacerdotes do templo não encontrava quem estivesse à altura de guiá-la, no caminho oculto da clarividência, até que apareceu Pitágoras. E as profecias, que então eram raras e sem maior significado, tomaram novo alento, revestindo-se da força e poder necessá-rios à convicção inabalável do corpo sacerdotal. Ela percebeu no Mestre o seu guia tão esperado, enquanto ele, de seu lado,

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num relance viu quanto ela significaria para a sua importante obra. Iniciou ele um curso, de aulas orais, ao qual pediu o comparecimento de Teocléia, que bebia na fonte inesgotável do Mestre os ensinamentos, não apenas sobre os fenômenos mediúnicos, mas também sobre a história sagrada da vida universal, dos mundos, dos seres e das coisas. Resplandescen-do como nunca, o Oráculo de Delfos iluminava toda a Grécia e o mundo antigo.

Não tardaria e a nova pitonisa comunicava a transferên-cia do Mestre para o sul da Itália, o que realmente ocorreu. Passado um ano, Pitágoras chegava à cidade de Crotona. Ha-via amadurecido a ideia de fundar uma escola que pudesse influir, não só na religião e na filosofia dos povos, mas tam-bém nos sistemas políticos. Queria por em prática a harmonia entre governo e povo, política e religião, educando convenien-temente a mocidade para esse futuro mister, além de criar um corpo discente o fim de nele resguardar as verdades mais profundas do esoterismo. As repúblicas helênicas não esta-vam preparadas para tão grande passo. Era preciso iniciar por um núcleo mais simples e dócil, onde oudesse plasmar seus ideais. Escolheu, portanto, Crotona, ou melhor, a Divi-na Sabedoria encaminhou-o para lá, conforme estava previa-mente estabelecido pelo Alto, haja vista a profética visão da Pítia Teocléia.

Os habitantes de Crotona sentiam já certa influência ma-léfica dos sibaritas — da vizinha cidade de Síbaris —, conhe-cidos como gozadores da vida. Sob a influência da filosofia esotérica do Mestre, porém, os crotonenses ergueram a famo-sa Escola Pitagórica, marco dos mais importantes da ação divina sobre o nosso conturbado planeta.

Foi árdua a luta contra os maus hábitos dos indolentes habitantes, que, aos poucos, eram convencidos pelo Mestre que, ajudado pela eloqüência de sua palavra e fascínio de sua imponente figura, também aplicava a magia. Tudo nele era correto, limpo, fascinante e divino, chegando a ser considera-do como deus-homem.

Impressionado, o supremo conselho da cidade solicitou seu comparecimento para explicações e, diante dos sadios e claros propósitos do Mestre, logo se colocou a sua disposição.

O iniciado de Ísis valeu-se da oportunidade para conseguir a execução do projeto de um conjunto de edifícios, destinados a abrigar seus discípulos, os quais seriam de duas categorias: os aprendizes da ciência e das artes, com noções superficiais de filosofia para a vida civil (os exotéricos) e os que, querendo ir mais longe, seriam admitidos à iniciação superior (os eso-téricos). Haveria, ainda, na ordem, iniciação adequada para mulheres, em alojamentos próprios.

Anos depois, numa colina dos arredores de Crotona, levantava-se, entre edificações menores, soberba construção que se chamou templo das Musas. O conjunto, constituindo pequena cidade-modelo, cortada de belas e sombreadas ala-medas e jardins floridos, formava o Instituto Pitagórico. Cida-de-piloto do ideal humano, dirigida por uma mística racional, talvez tenha sido morada de egressos de mundos maiores, que aqui vieram para nos ensinar a viver de conformidade com a sabedoria divina. E ainda não aprendemos...

Não era fácil entrar para o Instituto. E quando se tratava de iniciação, o pretendente teria de passar por várias provas, começando pelas mais inocentes, que eram as palestras infor-mais com os alunos mais antigos, sob as vistas dos instruto-res. O candidato poderia tomar parte nos jogos esportivos, de campo e de salão, que eram diferentes dos usuais, uma vez que no Instituto não havia disputas que pudessem colocar em situação ridícula o contendor que perdia, para que não houvesse condições propícias ao nascimento de sentimentos negativos, como, por exemplo, o orgulho do vencedor e o ódio do vencido. Os combates, portantos, eram sempre simulados.

Enquanto isso, sem desconfiar que se encontrava sob atenta observação, o candidato revelava-se por inteiro, em sua personalidade, até que o Mestre um dia aparecia para estudar suas maneiras, gestos, palavras e o modo de rir, pois Pitágoras conhecia as criaturas humanas até pelo modo de rirem.

A iniciação egípcia foi adotada, mas de maneira bem mais suave, uma vez que o Mestre achava que seus compa-triotas não estavam em condições de suportar os rigores im-postos aos iniciados de Mênfis, que muitas vezes corriam o risco de vida.

Os discípulos aprendiam logo a por em prática, em si mesmos, a doutrina pitagórica. Pela manhã e à tardinha havia culto religioso, com cantos sacros; o resto do dia era consumido em estu-dos e meditação, cultivo do solo — de onde a comunidade retirava o seu sustento vegetaria-no — e jogos, com exercício de ginástica.

Ao centro do conjunto-santuário, Pitágo-ras mandou erigir estátua à deusa Héstia, que representava a divindade irradiante do fogo sagrado, a fonte de luz; ao seu redor, estátuas das musas, significando a manifestação múlti-pla da irradiação central, da deusa-Héstia. O Mestre ensinava que o Universo é baseado na harmonia dos números, em que os pares (po-sitivos) e o ímpares (negativos), representados pelas nove musas, eram a multiplicidade dos

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raios que saíam do infinito “UM”, ali lembra-do pela deusa. E acrescentava:

Essas Musas não são senão as imagens terrestres das potências divinas, cuja bele-za imaterial e sublime pode cada homem contemplar em si mesmo. Do mesmo modo que elas estão com os olhos fitos no fogo de Héstia, que as produziu e lhes dá movimento, ritmo e melodia — assim deve todo homem submergir no fogo central do Universo, no espírito divino, e com ele permear todas as manifestações visíveis em sua vida.

* * *

Partindo do princípio de que ninguém pode chegar à Verdade sem conhecê-la por si mesmo, Pitágoras foi em nosso Ocidente o grande percursor do homem perfeito, aquele que vive a harmonia que deve existir entre o espírito e o corpo físico; “Mente sã em corpo são”. Seus ensinamentos lembram os do seu contemporâneo oriental — Buda, que chegara à conclusão, por experiência própria, de que o ascetismo exagerado é tão prejudicial quanto os desregramentos da boa vida. O místico de Samos primava pelo equilíbrio, na conduta e ensinamentos, estes naturalmente impregna-dos da força magnética do exemplo. Dos dis-cípulos, exigia que cuidassem não apenas da beleza mental, mas também da física, uma vez que o homem é, na terra a revelação máxima da divindade. E dizia:

“Quem não harmonizou seu próprio ser, não pode refletir a harmonia divina”.

Aconselhava, em relação ao sexo, observância de conduta cautelosa e casta para os noviços, enquanto, para os iniciados casados, recomendava moderação. A união matrimonial, aco-lhida na Ordem como acontecimento de grande importância, revestia-se de naturalidade e do valor sacrossanto que possui, perante a Divindade. Ficou famosa a seguinte sentença do Mestre:

“Cede à volúpia somente quando consentires em ser me-nos do que tu mesmo”.

Quanto à iniciação pitagórica, foi dividida em quatro graus, dos quais procuraremos fazer ligeiro resumo, no que nos parecer de maior relevância.

1.° Grau: Noviciado. Era a preparação (paraskeue), que poderia durar de dois a cinco anos, conforme o aproveitamen-to do candidato. Os noviços observavam a regra do respeitoso silencio, diante dos mestres. Não poderiam discutir os ensi-namentos, devendo dirimir suas possíveis dúvidas no recesso de seus próprios e íntimos recursos, recorrendo à meditação profunda. Queria o Mestre obrigar o neófito a lançar mão do dom supremo e divino da INTUIÇÃO, além de desviá-lo da dialética fácil e superficial, geralmente convertida em jogo de

belas palavras, que, embora oportunas, carecem de vivência e trazem presunção. Dava, portanto, responsabilidade a quem fizesse uso da palavra, as quais são sempre importantes, ain-da mais quando revestidas da cor religiosa ou filosófica.

Os ensinamentos, no início, eram mais de ordem moral do que propriamente filosófica. Pregava-se o respeito ao se-melhante, nosso igual na origem e na finalidade divinas; a tolerância e unidade das religiões, as quais, no fundo, perse-guem o mesmos objetivos e cultuam o mesmo Deus; a irman-dade entre os povos etc.

Enaltecendo o amor à família, os mestres explicavam que os pais não são dados aos filhos por acaso e, sim, por escolha prévia dos interessados, incluindo os mentores divinos, que acompanham as necessárias reencarnações das criaturas. De-pois faziam analogia entre a mãe-mulher e a mãe-natureza.

Os deveres sociais e, portanto, éticos, eram exaustivamen-te comentados até que postos em contato com a harmonia do Universo ficavam evidenciados, deixando nos discípulos a ir-resistível vontade de levantar a ponta o véu que encobre os mistérios. Contudo, o noviço era deixado no limiar das grandes verdades, que somente lhes seriam revelados no segundo ciclo.

2.° Grau: Purificação. Terminado o noviciado, o discípulo era admitido na intimidade do Mestre. Era um dia de festa, na Ordem. A partir de então, o aluno era considerado um dos “de dentro” (esotérico). Começava, para ele, a iniciação, a partir da ciência oculta dos números. Vinha a teologia ,que estuda-

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va os princípios de todas as ciências e religiões conhecidas, formando, desde logo, o fundo esotérico da Verdade Única, representada pelo UM, o fogo viril que está em toda a parte e que é invisível e oculto sob a multiplicidade das coisas. Nin-guém o poderá ver, mas alguns conseguiram e conseguirão compreendê-lo, ao procurarem identificar-se com Ele. Ao se manifestar, porém, Ele é dúplice, como essência indivisível e substância divisível: princípio masculino e feminino. E é por isso, dizia o Mestre, que a imagem perfeita de Deus é compos-ta do homem e da mulher, que se atraem irresistiveimente, no amor verdadeiro.

A Lei do Ternário era a chave do esoterismo. Pitágoras mostrava como a Tríade estava em tudo, no macrocosmo e no microcosmo. O mundo é composto de três partes: natural, humana e divina. O homem se compõe de três elementos: cor-po, alma (corpo astral) e espírito. Da Mônada vem a Diada (faculdade geradora) que cria o mundo (Espírito Santo, Pai e Filho). Conforme o ângulo de que se observa o Universo de Deus poderá ser múltiplo e infinito (politeismo), dúplice (es-pírito e matéria), tríplice (espírito alma e corpo) e único (mo-noteísmo). E Pitágoras dava um número a cada uma dessas posições, dizendo, porém, que os princípios essenciais estão contidos nos quatro primeiros números uma vez que com eles os demais são construídos, por adição ou multiplicação. O sete e o dez, todavia, tinham maior importância: o primeiro é o resultado de quatro mais três (homem + espiritualida-de superior), enquanto o segundo, era considerado o número perfeito, pois que, contendo os demais, representava a evolu-ção dentro de uma nova unidade, composta do UM e o ZERO (infinito).

3° Grau: Perfeição. A ciência dos números era, porém, apenas o começo da iniciação e se destinava a reter e fixar o discípulo em cada unidade representativa do grande todo. Ca-ído o véu espesso de seus olhos, o discípulo preparava-se, no terceiro grau, para investigar, em escala maior, o porquê dos seres e das coisas, no caminho evolutivo e secreto da alma hu-mana em busca da Luz. E, assim, o candidato à iniciação su-perior ouvia, deslumbrado, esclarecimentos sobre a formação ca Terra e sobre seu duplo movimento, em torno de si mesma e do Sol. O Mestre, pessoalmente, ao abrigo do curiosidade dos profanos, explicava-lhes que as estrelas formavam outros tantos sistemas solares. Falava-lhes sobre os quatro elemen-tos, acrescentando que o quinto, o etérico, era o fluido cósmi-co que é a alma do universo, assim considerado um ser vivo. Explicava a evolução das espécies, desde os animais até o ho-mem, através da interferência amorosa das potencialidades divinas, que assistem, de planeta em planeta, a transmigra-ção das almas. Dava-lhes notícias sobre o continente da raça atlante, desaparecido sob as águas, para explicar a oscilação periódica dos pólos, causando dilúvios através dos tempos. E da cosmogonia física passava para a espiritual, entrando em questões hoje resolvidas pela doutrina espírita, demorando-se sobre a necessidade rencarnatória e explicando a procedência do homem, em seu estado de habitante de mundos fluídicos, antes de aparecer com o corpo materializado. Revelava-lhes

a existência do mundo dos “elementais” e sua influência junto aos homens. E dizia: “Os animais são parentes do homem e o homem parente dos deuses”.

4.° Grau: Epifania (visão de conjunto). Pitágoras procu-rava, no último estágio da iniciação de sua escola, fixar os ensinamentos dados, de modo que o discípulo galgasse mais um degrau: o de Adepto. O Adepto estaria apto a aplicar com eficiência sua sabedoria, em benefício da humanidade sofre-dora. Verdadeiro iniciado, dono da alta Sabedoria, aliada à Devoção e à Fé, o Adepto irradia para todos, à sua volta, ou para alguém mesmo a grandes distâncias, a força criadora e beneficente de suas faculdades conscientemente adquiridas. Vivendo rodeado e protegido por entidades angélicas, embora invisíveis aos olhos do homem comum, é um ser superior. Sa-bia Pitágoras, no entanto, que o objetivo máximo raramente seria alcançado. Seu trabalho, porém, não seria em vão, uma vez que o corpo de seus discípulos, atuais e futuros, formaria a cadeia magnética necessária a dar vida perene à doutrina.

* * *

Entre as mulheres da Ordem, encontrava-se uma jovem, de rara beleza, de nome Teano. O Mestre, que ia então pelos seus 60 anos, nunca lhe havia falado em particular e admi-rou-se quando, um dia, ela o procura e lhe pede, com natural humildade que a ajude a arrancar um amor impossível que lhe abrasava o coração e a mente. Pitágoras quis saber quem era o eleito daquele coração de virgem, já pressentindo a res-posta: ele mesmo, confessou ela timidamente. Casaram-se e tiveram três filhos, tornando-se a família modelo da Ordem.

Pitágoras viveu em Crotona cerca de 30 anos. Quando chega aos 90, começou uma revolução “contra seu império espiritual, de sabedoria social e política, que se ramificara pe-los estados vizinhos. As cidades em redor haviam adotado aquele sistema inédito de paz e ordem social, constituindo verdadeira democracia, feita pelos valores mais aptos para o poder governamental, servindo Crotona de modelo. Houve uma revolta em Síbaris e centenas de exilados procuraram a proteção dos crotonenses. Os maiores de Crotona porém temerosos de represália, estavam a ponto de lhes negar asilo, quanto Pitágoras interfere a favor deles, com pleno êxito. O resultado foi que as duas cidades entraram em guerra, ven-nida por Crotona, mas Pitágoras não foi poupado à sanha inimiga. Estando ele em conferência, na casa do general ven-cedor, seu amigo, os inimigos chegaram, tendo à frente Cilo — recusado outrora como candidato à iniciação pitagórica —, e atearam fogo ao prédio. Com o inesquecível mestre, faleceram queimados dezenas de iniciados, seus discípulos mais diletos.

Nelson AfonsoRevista Sabedoria — Junho/Julho/Agosto - 1967

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EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 7

As idéias têm poderes fantásticos em todos os rumos do saber. Elas são geradas pelos pensamentos e criam fatos e coisas. A mente é portadora dessas forças, que vêm da Força Soberana. Se tens a posse desses recursos, não os uses mal, pelo fato de que responderás por eles, onde quer que estejas. Não brinques com fogo, senão acabas te queimando. Deves compreender o dever, nas leis que regulam os nossos atos, respeitando-as. Anda nos limites daquilo que podes fazer; até o próprio bem tem seus limites em cada criatura. Gastemos as nossas energias somente até onde podem ser gastas, para que não venhamos a entrar em decadência (antes da hora). Tudo no mundo tem regras a serem seguidas. Se fugirmos da disciplina, cairemos no desespero, quanto mais fazendo o mal. A educação não pode faltar nos nossos passos, sendo lembrada a todas as horas e minutos.

Se queres ter vida saudável, vê a disciplina no trabalho, em casa e na tua vida. Não alimentes ideias de fracasso na tua cabeça. Cuida da boca, para que dela não saiam palavras em desarmonia com o amor, porque as conseqüências são de-sastrosas para quem agir assim. Ajuda a vida a te responder pela paz da consciência. Se, com todo o esforço no bem, ainda sofres, é o mal que está chegando como fruto que plantaste no passado, e o teu dever é continuar fazendo o bem para limpar o fardo e suavizar o jugo. O sofrimento não deve durar muito, logo passa, e o amor e a caridade que estás praticando tomar-te-ão a dianteira, dominando o teu coração e a tua inteligên-cia. Não esmoreças com a verdade, que ela liberta todos os espíritos que não a deixam no caminho. O poder das idéias é imensurável e, se já constataste essa verdade, observa o que falas com os outros. Usa do verbo para ajudar, para conser-var o bem e para distribuir, manifestando a esperança aos

que sofrem. As tuas idéias podem muito; aproveita-as. Quan-do falares, permite que o amor saia com as palavras, alimente os corações enfraquecidos e alegre os tristes. Se a sabedoria do Senhor criou teus lábios para te dar essa oportunidade, não a percas, nem jogues fora o tempo sagrado de servir. Fala abençoando, fala amando, fala alegrando todos os ambientes onde, por ventura, estiveres, que o Mestre dos mestres não te deixa sozinho. Ele, com a Sua magistral sabedoria, vai certa-mente falar aos outros por tua boca, desde quando ela estiver a serviço da caridade e do amor. Não te esqueças da oração todos os dias; não a súplica sem a participação dos senti-mentos, mas aquela integrada no cultivo dos dons espirituais, aquela que nos faz acordar para a verdade, porque os canais da oração te trarão poderes ainda desconhecidos por ti, no sentido de poderes repartir com os que sofrem e choram, os que padecem da tristeza e do medo de servir. As tuas idéias podem e devem ser um manancial de luzes a clarear os cami-nhos dos desesperados e a alimentar os famintos.

Analisa o quanto vale uma ideia elevada que podes trans-mitir aos desanimados. Os pensamentos não te custam nada, no que se refere ao metal do mundo. Eles surgem em tua cabeça pela graça de Deus e se manifestam como ideias pelo controle do Senhor. Se existe algo ao teu dispor, aproveita a tua felicidade. Vê o que Jesus fez falando. As Suas ideias es-tão vivas nos corações das criaturas e cada vez mais crescem, nos mostrando o quanto vale o amor. Usa o poder das tuas ideias para ajudares a elevar a Terra e o paraíso de amor será uma verdade.

Força Soberana — Ed. Fonte VivaJoão Nunes Maia pelo espírito Miramez

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8 72ªaula:OapocalipsedeJoão(conclusão)

GRUPOS MEDIÚNICOSPaulo do Amaral Avelino

O que são os grupos mediúnicosSão trabalhos práticos mediúnicos fechados (isto é, não-

abertos ao público), realizados por médiuns agrupados em regime de colegiado, de acordo com a especialidade a que se propõem.

Quais as suas finalidadesOs objetivos dos grupos mediúnicos são:1º) A união com o Plano Espiritual, em nome de Jesus

Cristo, com a finalidade de estendermos a caridade pura em todos os planos da Vida.

2º) Realizar o trabalho designado para o grupo, de acor-do com sua especialidade:

1) Exames espirituais (ou consultas espirituais).2) Doutrinações ou tratamentos espirituais à distância.3) Sustentação espiritual de locais e trabalhos.4) Obtenção de orientações do Plano Espiritual Superior.5) Outras finalidades.

Como se estruturaReuniõesAs reuniões podem ser semanais, mensais ou eventuais,

de acordo com as características do trabalho e as possibili-dades do Centro Espírita, com duração variável de 60 a 120 minutos.

ParticipantesPoderão tomar parte na sessões de intercâmbio mediúni-

co somente os elementos que concluíram o Curso de Médiuns.DireçãoA direção habitualmente será composta de um dirigente

e um auxiliar.

RoteiroPreparação dos trabalhadoresOs trabalhadores, antes de adentrarem ao ambiente de

trabalho, devem receber o passe de limpeza.Chegada a hora marcada para o início do trabalho, no re-

cinto dos trabalhos deve ser observada a seguinte sequência:a) Sintonia da corrente (ver Passes e Radiações, cap. 26).b) Reativação dos centros de força (ver Passes e Radia-

ções, cap. 19).c) Prece de abertura conforme roteiro completo (ver Pre-

paração de Trabalhos Espirituais neste capítulo).d) Exame de ambiente (ver Passes e Radiações, cap. 26).

Desenvolvimento Os diferentes tipos de grupo definem uma composição e

desenvolvimento dos trabalhos, como segue:1) Grupos dedicados a exames espirituais (ou consultas

espirituais)A corrente é formada por médiuns videntes, audientes, de

sustentação e psicofônicos.Temos duas modalidades nestes trabalhos:a) O trabalho de apoio à Assistência Espiritual, consul-

tando as fichas dos assistidos, segue o roteiro:a1) O dirigente declara o nome do assistido que será

examinado, através de dados pessoais contidos na ficha de assistência espiritual ou menciona-se apenas os números das fichas.

a2) Os médiuns captam e transmitem as indicações de passes, as causas das perturbações e orientações junto aos mentores.

a3) O dirigente procede, na ficha de assistência espiritual, às anotações das informações recebidas.

b) Trabalho de apoio às Escolas de Aprendizes do Evan-gelho, examinando os alunos ao final de cada ciclo, segue-se o roteiro:

b1) Os alunos são encaminhados, um a um, para a câma-ra de trabalhos mediúnicos.

b2) O dirigente apresenta o aluno, instando-o a enunciar, brevemente, as atividades de que participa em decorrência da Escola de Aprendizes.

b3) Os médiuns psicofônicos transmitem a mensagem do mentor para o aluno.

b4) Após a mensagem, o aluno deixa a sala e os mé-diuns complementam com a nota de exame espiritual e com orientações que sirvam aos dirigentes da turma da EAE para apoiar o respectivo aluno.

b5) As mensagens e orientações podem ser anotadas ou gravadas em fita cassete, possibilitando a futura transcrição na Caderneta Pessoal do aluno.

2) Grupo dedicado a doutrinações ou tratamentos espi-rituais à distância (também conhecido como ‘Samaritanos’)

A corrente é formada basicamente por médiuns de incor-poração e sustentação, preferencialmente apoiados por viden-tes. Realizam-se tratamentos de cura espiritual à distância, indicados para assistidos impossibilitados de comparecer ao Centro Espírita, conforme o seguinte roteiro:

a) Leitura dos dados pessoais do assistido pelo dirigente.b) Emissão de vibrações amorosas em direção ao assisti-

do, com a possível orientação dos médiuns videntes.c) Os médiuns ficam à disposição do Plano Espiritual,

que poderá ou não fazer uso da incorporação.d) No caso de manifestação de obsessores, o dirigente

procede a um diálogo amoroso de esclarecimento e encami-nhamento.

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Nota: no caso de cura de perturbações físicas, é impor-tante a presença de médiuns de cura na corrente.

3) Sustentação espiritual de locais e trabalhosAplica-se, em especial, à sustentação espiritual de obras e

trabalhos caritativos, ou eventos promovidos pela Casa Espí-rita, visando a eliminação de influências espirituais negativas e vibrações de apoio ao mentores do local/trabalho.

Também destina-se à verificação pormenorizada da si-tuação espiritual destes locais e trabalhos, para tomada das providências adequadas.

A formação da corrente é a mesma do item (2) e o roteiro básico é o seguinte:

a) Vibrações no sentido de possibilitar a higienização e fortalecimento espiritual dos ambientes e frequentadores do local/trabalho.

b) Os médiuns de incorporação colocam-se à disposição dos mentores.

c) Caso haja manifestações de espíritos necessitados, o dirigente procede ao tratamento e esclarecimento do mani-festante.

d) Os médiuns videntes e audientes realizam verificações e buscas no local; a seguir, orientam as vibrações específicas para o local ou para o manifestante.

e) Caso haja mensagens e orientações aos frequentadores do local, estas são anotadas.

4) Obtenção de orientações do Plano Espiritual SuperiorDestina-se à obtenção de mensagens e orientações dos

mentores para a condução das atividades espirituais do cen-tro espírita, da obra assistencial etc. Ver a mensagem ‘Sessões de Intercâmbio’ a seguir.

O grupo é formado por médiuns psicofônicos, videntes e de sustentação. O roteiro básico é o seguinte:

a) Os médiuns captam e transmitem as orientações e as mensagens.

b) O dirigente do trabalho apresenta questões específicas aos mentores.

c) O dirigente ou o auxiliar faz as anotações ou gravação em fita cassete.

5) Outras modalidadesConforme as necessidades e disponibilidade das casas es-

píritas, outros grupos mediúnicos podem ser formados, tais como: grupo de psicografia, grupo de socorro a zonas da Es-piritualidade inferior, grupo de desenvolvimento mediúnico (mencionado em Mediunidade, de Edgard Armond, como ‘Desenvolvimento Completivo’).

Em trabalhos desta natureza, os médiuns atuam em equi-pe, sem predominâncias, num autêntico sistema de colegia-do. Isto permite evitar o personalismo e o individualismo no trabalho evangélico. Em muitas casas o próprio termo ‘Cole-giado’ tem sido substituído por ‘Grupo Mediúnico’, para não causar a falsa ideia de um ‘grupo de elite’, reforçando senti-mentos de vaidade. Também deve-se estar atento às diretrizes

das obras Trabalhos Práticos de Espiritismo, Mediunidade, Passes e Radiações e Desenvolvimento Mediúnico, todas de autoria de Edgard Armond e editadas pela Editora Aliança.

EncerramentoO roteiro básico de encerramento dos trabalhos é o se-

guinte:a) Corrente de Limpeza e reposição de energias: os inte-

grantes do trabalho dão-se as mãos e buscam uma sintonia maior entre si e com os mentores, até que todos se sintam perfeitamente equilibrados (vide Trabalhos Práticos de Espi-ritismo, inserta na coletânea Prática Mediúnica de Edgard Armond, Editora Aliança).

b) Se for julgado necessário pelo dirigente e/ou mento-res espirituais, uma comunicação final de avaliação pode ter lugar.

c) Vibrações conforme roteiro já estabelecido.d) Prece de encerramento.

Vivência do Espiritismo ReligiosoEditora Aliança

SESSÕES DE INTERCÂMBIOO Trevo (Março de 1977)

Este é um tipo de trabalho prático que deve ser utili-zado com parcimônia.

Nos programas espirituais bem organizados, o inter-câmbio superior ocupa lugar de relevo porque, normal-mente, representa as ligações com os planos mais altos, além daqueles utilizados nos trabalhos comuns, da roti-na habitual dos atendimentos de necessitados (consultas, passes, correntes de cura), ou os de cultura doutrinária (palestras, conferências, reuniões em geral).

Bem analisado o assunto, intercâmbio, como o pró-prio nome o indica, são todos os contatos que fazemos, in-telectuais ou psíquicos, com as entidades do plano dos de-sencarnados (mentores, instrutores, protetores etc.) e, por analogia, até mesmo com espíritos inferiores. Mas, para destacar a natureza desse trabalho no bom sentido, sem-pre nos referimos às sessões de intercâmbio como sendo aquelas em que os espíritos responsáveis, ligados ou não aos trabalhos comuns da casa ou de agrupamentos parti-culares, são solicitados a comparecer em sessões reserva-das. A finalidade é a de manifestarem-se sobre assuntos ou problemas para os quais escasseiam soluções, ou inter-ferem circunstâncias que ultrapassam as possibilidades dos próprios dirigentes encarnados ou quando, ainda, se trata do estudo de assuntos doutrinários ou sociais, acima de nossas possibilidades normais. Nunca, porém, para os assuntos de administração material das casas e dos gru-pos, que competem aos próprios dirigentes encarnados.

Edgard Armond

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A base do primeiro princípio hermético, “o universo é mental, tudo o que existe é uma criação mental do Todo”, foi esboçada no último apon-tamento (Textos complementares da aula 67).

Passemos agora ao segundo princípio, o de correspondência, que enuncia que o em cima é análogo ou correspondente ao em baixo, e vice-versa.

Como explicamos anteriormen-te, existem vários universos simulta-neamente ao nosso, fora da percep-ção dos nossos sentidos físicos.

Quando aplicamos porém, nes-ses vários universos, o princípio de correspondência, os aparentes paradoxos e mistérios da exis-tência e da vida encontram explicação.

Estudando o conhecido, desvendaremos o desconhecido; analisando o protozoário, podemos chegar a entender o arcanjo.

Vamos agora dar a idéia do que seja um plano, palavra por demais usada nos livros de ocultismo.

Todo o universo emana da mesma fonte incriada. Deus; assim, não pode haver dúvida no que afirmamos de que os princípios que se aplicam ao átomo, se aplicam também à estrela, ao animal unicelular e ao homem, à matéria e a todas as formas de energia.

Foi apenas para que melhor se compreenda o que separa, por exemplo, o homem do espírito puro, que a ciência hermé-tica convencionou dividir o universo nos chamados planos.

Não existe, porém, uma fronteira fixa para os limites de cada plano, pois eles se interpenetram e, aqui mesmo, onde nos encontramos, estão, simultaneamente, todos os planos — dos mais densos da infra-matéria, até o sutilíssimo plano do puro espírito.

Como já começamos a perceber, é a frequência vibrató-ria e não a distância no tempo e no espaço que separa estes planos.

O som e o ultra-som, o rádio, o raio infravermelho, ou ca-lor, a luz visível, os raios ultravioletas, X, beta e gama, os raios cósmicos podem ocupar, como ocupam, ao mesmo tempo o mesmo espaço no mundo físico.

Essas vibrações podem estar juntas e separadas, ao mes-mo tempo.

No sentido relativo, como já foi dito no estudo do axioma oculto, “o universo é mental,” para quem habita um desses planos, como o plano físico em que vivemos, ele tem existên-cia real, e pode ser considerado um lugar ou uma condição ou estado de existência; o que explica descreverem os seres ou entidades, os espíritos desencarnados, através dos médiuns,

os mundos onde vivem como algo de real, mundos que se assemelham ao nosso próprio mundo em muitos pontos.

Isto acontece porque, quando o corpo físico morre, o es-pírito vai ocupar o seu mundo particular, que corresponde exatamente ao grau de vibração que ele criou e alimentou, com os seus pensamentos e ações, durante a sua passagem pela Terra.

Esta lei, como era de se esperar, se aplica também a todos os mundos; não só onde os que ainda precisa morrer e reen-carnar, para evolui como nos mundos onde ele já pode ser chamado de imortal.

Por ai, vemos que existe um número infinito de planos, de escalas ou graus vibracionais, do mais divino, sutil, leve, brilhante, sem forma e mais feliz, ao mais satânico, denso, pesado, escuro, materializado e infeliz.

Quanto mais distanciados, pois, da fonte incriada, Deus, mais periféricos e satânicos; quanto mais próximos de Deus, mais internos e divino.

Já podemos definir a palavra plano. Plano é a dimensão da vibração.

E definindo também o mal, dizemos que mal é o afasta-mento vibracional de Deus, o desconhecer, vibracionalmente, a si mesmo e a luz espiritual isto é, o desconhecer o Deus, ao mesmo tempo interno e externo, o ignorar, o não saber.

Disse Jesus: “Pai, perdoa-lhes porque não bem o que fazem”.Foi apenas para facilitar o seu estudo e compreensão,

que a filosofia hermética dividiu o Universo em três grandes planos: o grande plano espiritual, o grande plano mental e o grande plano físico.

Estes grandes planos subdividem-se, cada um, em sete planos menores, que se subdividem, por sua vez, de novo, e assim sempre, vibracionalmente, para o exterior, do um ao infinito, podendo ser representada esta imagem por uma fon-te luminosa, emitindo um incontável número de raios, e cujo foco central é Deus-Pai.

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Daremos apenas uma rápida noção dos planos nos quais podemos testar algo da nossa experimentação direta, come-çando da periferia para o interior, da treva para a luz, do diversificado para o UNO.

Ocultamente, matéria, energia e energia mental são a mesma coisa sob diferentes formas e, sendo assim, não há uma fronteira específica que delimite os três grandes planos e muito menos, os seus sub-planos.

Deste modo, o grande plano físico inclui, inicialmente, to-dos os estados da chamada matéria física: o sólido, o liquido, o gasoso, o estado radiante da matéria, a matéria mais sutil ou etérica e, continuando, o som, o calor, a luz, o magnetismo, a eletricidade, a atração e a afinidade química, a gravitação e a coesão — enfim, todas as forças e todas as manifestações eletromagnéticas.

Num coeficiente vibracional mais elevado ainda, inclui também, o grande plano físico, certas formas de fenômenos astrais, mentais e espirituais ligados a essa energia — matéria de que falamos e, subindo sempre, vibracionalmente, chega a incluir uma energia tão potente, ainda que situada no grande plano físico, que não pode ser compreendida pela mente do homem, verdadeira matéria-prima de uso dos grandes seres do plano espiritual, e na qual são plasmados os universos.

O segundo grande plano, o grande plano mental, também se subdivide em sete sub-planos, por sua vez subdivididos em outros planos menores.

Este grande plano mental abarca desde as formas de pen-samento dos seres humanos até as formas de pensamento que escapam do conhecimento até dos próprios ocultistas, pois transcendem os limites da experiência possível.

Descendo ao outro pólo, na escala vibracional, inclui a própria mente do átomo e a mente de suas partículas sub-atômicas.

Subindo na escala outra vez, vibracionalmente, inclui a mente mineral e a vegetal, a elemental e a mente do homem — abarcando todas as mentes de todos os seres e de tudo que possa ter existência.

Devemos lembrar que a centelha divina, o espírito puro está presente em tudo e em todos.

Assim, as moléculas, os átomos, os corpúsculos do áto-mo, os sóis e as galáxias e tudo o que contêm todos os uni-versos são, simplesmente, os corpos, as formas transitórias, as maneiras de ser do espírito puro.

Em todos esses sub-planos do grande plano físico e do grande plano espiritual, existem universos, cuja existência se processa simultaneamente à do nosso universo conhecido.

Alguns com sóis e planetas povoados, por sua vez, por inúmeros seres, humanos ou não, cujos estados vibracionais variam infinitamente, de acordo com os estados vibracionais desses universos.

Existem, pois, incontáveis universos manifestados, si-multâneos ao nosso, repetindo-se por assim dizer, o nosso universo físico, infinito na sua complexidade, grandeza e es-plendor, em todos esses planos e sub-planos inferiores, vibra-cionalmente.

Na maioria dos casos, o homem só tem entrado em con-tato com espíritos desencarnados que se manifestam ainda em seus corpos periféricos ou que são obrigados a utilizar corpos periféricos para poderem manifestar-se no mundo vibracionalmente denso do planeta em que vivemos e, com raras exceções, estão esses espíritos completamente desmate-rializados e sem forma, apresentando-se como focos de pura luz espiritual.

A centelha divina que reside no homem é, na sua essên-cia, como a própria luz emanada de Deus-Pai... e aí finda todo o conhecimento sobre o espírito ilimitado pois, como en-sinava Hermes, nenhum mortal jamais conseguirá descerrar, simultaneamente, todos os sete véus de Ísis.

Resumindo: o mundo que conhecemos é, pois, a resultan-te da atuação deste grandioso conjunto de planos, uns sobre os outros.

Tudo o que existe percebido atualmente ou a perceber, do mineral ao homem, passando pelos vírus, bactérias, fungos, plantas e animais; toda a matéria em todos os seus estados; toda a energia em todos os seus estados; a nossa personali-dade e individualidade o nosso próprio espírito e o espírito dos anjos, arcanjos e dos semi-deuses dos outros universos vibracionais — tudo, enfim, que os universos contêm, deve sua existência e aparência ao efeito das radiações contínuas que, a todo momento, ininterruptamente, em todos os pla-nos, se irradiam dos sóis físicos, astral, mental e espiritual que resplandecem no abismo insondável onde tudo tem sua existência — vivificados, por sua vez, pela essência secreta de todos os universos que, continuamente, flui da mente infinita do ÚNICO SER, o Senhor da Luz: AQUELE QUE É...

Se nos propusermos a meditar durante várias existências, talvez possamos, um dia, na eternidade, perceber o quanto es-tamos afastados, vibracionalmente, de Deus, e o quanto pre-cisaremos caminhar ainda, até realizarmos o formoso sonho que em segredo almeja nosso pequenino ser.

Recordemos estas palavras, cheias de sabedoria:“Sob as aparências transitórias do universo, do tempo e

do espaço, da mobilidade e da imobilidade, manter-se-á ocul-ta, para todo o sempre, a realidade substancial, o verdadeiro ser. O Iluminado, porém, o chama de ESPÍRITO.”

Mário JaciRevista Sabedoria — Junho - 1965

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10. O servo que, conhecendo a vontade do seu senhor, não fez o que lhe foi solicitado, será duramente açoitado. Aquele, porém, que não tiver conhecido a sua vontade e tiver feito coi-sas censuráveis, será menos açoitado. Muito se pedirá a quem muito recebeu. E será mais rigorosa a prestação de contas a quem se tiver confiado mais coisas. (Lucas, 12:47 e 48).

11. “Eu vim a este mundo para exercer um julgamento, a fim de que aqueles que não vêem passem a ver, e os que vêem se tornem cegos”. Alguns fariseus que estavam com Ele ouviram essas palavras e Lhe disseram: “Então nós também somos cegos?”. E Jesus respondeu-lhes: “Se fôsseis cegos, não teríeis pecados; mas agora dizeis que vedes, e é por isso que o pecado permanece em vós. (João, 9:39-41).

12. Essas máximas encontram sua aplicação principal-mente nos ensinamentos dos espíritos. Todo aquele que co-nhece os preceitos do Cristo é considerado culpado, se não praticá-los. Mas, além de o Evangelho ser difundido somente entre as religiões cristãs, muitas pessoas dessas próprias re-ligiões não o lêem, ou não o compreendem. Disso resulta que as palavras de Jesus ficam perdidas para a maioria delas.

O ensinamento dos espíritos, que reproduz essas máxi-mas sob diferentes formas, e que as desenvolve e as comenta a fim de disponibilizá-las a todos, tem uma característica es-pecial: não se limita a poucos. Assim, qualquer um, letrado ou não, crente ou incrédulo, cristão ou não, pode recebê-lo, já que os espíritos se manifestam por toda parte. Portanto, ninguém que o tenha recebido, diretamente ou por intermédio de outra pessoa, pode alegar ignorância, dar como desculpa a falta de instrução, nem tampouco alegar falta de clareza no seu sentido alegórico. Aquele, pois, que não põe em prática os ensinamentos de Jesus para melhorar-se, que os admira ape-nas como algo interessante e curioso, sem que seu coração seja tocado, que, ao seu contato, não se torna menos fútil, menos orgulhoso, menos egoísta, menos apegado aos bens materiais, nem melhor para com seu próximo, é tão culpado quanto maiores tenham sido suas condições de conhecer a verdade.

Os médiuns que obtêm boas comunicações são ainda mais repreensíveis se persistirem no mal, pois muitas vezes escrevem a própria condenação, e, se o orgulho não os cegas-se, reconheceriam que é a eles que os espíritos se dirigem. Mas, ao invés de tomar para si as lições que escrevem, ou que vêem serem escritas, seu único pensamento é aplicá-las aos

outros, confirmando assim estas palavras de Jesus: “Vêdes um cisco no olho de vosso vizinho, mas não enxergais a trave que está no vosso”. (Veja capítulo 10, número 9, desta obra).

Por estas outras palavras: “Se fôsseis cegos não teríeis pecado”, Jesus queria dizer que a culpa existe na medida do conhecimento que se possui. Desse modo, os fariseus, que tinham a pretensão de ser os mais instruídos, o que de fato acontecia, eram, aos olhos de Deus, mais censuráveis do que o povo ignorante. O mesmo acontece hoje em dia.

Aos espíritas, pois, muito será pedido, porque recebe-ram muito, mas, da mesma forma, aos que tiverem aprovei-tado, muito será dado. Portanto, o primeiro pensamento de todo espírita sincero deve ser o de procurar nos conselhos dados pelos espíritos se não há neles alguma coisa que lhe diga respeito.

O espiritismo vem, pois, multiplicar o número dos cha-mados, e pela fé que suscita, multiplicará também o número dos escolhidos.

Capítulo 18Muitos serão os chamados e poucos os escolhidos

O Evangelho Segundo o Espiritismo

É preciso que se dê mais importância à leitura do Evangelho. E, no entanto, abandona-se esta divina obra;faz-se dela uma palavra vazia, uma mensagem cifrada. Relega-se este admirável código moral ao esquecimento.