grenz. pos modernismo
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Resumo do livro: Pós-modernismo. Um guia para entender a filosofia do nosso tempo. Stanley J. Grenz. Trad. Antivan Guimarães Mendes. São Paulo: Vida Nova, 1997.TRANSCRIPT
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Ps-modernismo. Um guia para entender a filosofia do nosso tempo. Stanley J.
Grenz. Trad. Antivan Guimares Mendes. So Paulo: Vida Nova, 1997.
Resumo, por Paulo Marins Gomes
Para compreender a ps-modernidade preciso conhecer sua
antecessora, a modernidade, pois aquela vem surgindo como oposio a esta,
atravs da contestao dos seus fundamentos.
O fundamento da modernidade a razo. Isto no significa que antes da
modernidade (ou depois dela) a razo no fosse utilizada, mas sim que esta
poca passou a utiliz-la de uma forma especfica, como fundamento de todo
conhecimento.
Antes a razo era utilizada para compreender o mundo. Aristteles o
grande cone desta forma de pensamento, devido ao seu desenvolvimento da
lgica como instrumento de construo do conhecimento. Ele estudava a
natureza de uma forma metdica, atravs da descrio, anlise, classificao, etc.
Sua influncia se estendeu por todo o mundo da antiguidade.
O pensamento cristo - desde seu primeiro embate com a cultura
helenstica at o perodo da reforma, passando por toda idade mdia - conquanto
se apoiasse sobre a revelao divina, ainda utilizava a razo como mtodo da
produo de conhecimento. Seu maior cone provavelmente seja Toms de
Aquino, que utilizava a razo para sistematizar a teologia, para estudar a natureza
e at mesmo para argumentar a existncia de Deus.
O que mudou com a modernidade foi que a razo passou de um mero
instrumento do conhecimento para ser o prprio fundamento dele. O grande
marco desta virada foi o pensamento de Descartes. Inspirado nos avanos da
matemtica, na qual o conhecimento sempre puro e objetivo, derivando
diretamente da razo, este filsofo utilizava o ceticismo como ferramenta para
eliminar qualquer conceito que no pudesse ser devidamente fundamentado
racionalmente. Da dvida ele conseguiu tirar uma certeza: se h dvida porque
h uma mente que duvida, portanto a mente pensante inquestionvel. A partir
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de ento, a razo passou a ser o fundamento de todo conhecimento, e os
filsofos posteriores seguiram os passos de Descartes
Entretanto, os modernos ainda criam que havia uma ordem no mundo que
poderia ser apreendida pela razo. Eles tinham a esperana de que atravs da
razo conseguiriam desvendar as leis da natureza, compreender o ser humano, e
at mesmo encontrar os fundamento para a moral. Cria-se que havia uma
correspondncia entre a realidade e o conhecimento produzido atravs da razo.
Ou seja, a razo desvendava a realidade.
O pensamento ps-moderno difere fundamentalmente de seu antecessor,
porque contraria justamente seus pressupostos bsicos. Se os modernos criam
que havia uma realidade objetiva, que podia ser apreendida pela razo, os
filsofos ps-modernos vieram com a argumentao de que a razo humana no
faz mais do que interpretaes do mundo com o qual se relaciona.
Segundo Nietzsche, o que a razo faz uma reduo da realidade. Para
ele o mundo altamente complexo, nenhum acontecimento igual ao outro. E
por isso quando falamos sobre "leis da natureza", padres, categorias, o que
estamos fazendo roubar a complexidade da realidade e impor ao mundo a
nossa forma [simplista] de v-lo. Consequentemente, ele rejeita a ideia de que a
razo desvenda a realidade que existe fora de ns. Em oposio a isto, sua
afirmao de que a razo cria uma realidade em nossa mente, a qual jamais
corresponde complexa realidade do mundo exterior. Logo, o conhecimento j
no mais um ato de descoberta e sim de criao. O ser humano organiza as
suas experincias com a realidade em um sistema que lhe d significado
existncia. Devido a isto, Nietzsche conclui que os valores no eram algo objetivo
e absoluto, que poderiam ser encontrados atravs da investigao da natureza,
mas sim criaes humanas.
Como podemos ver, o ps-modernismo inverte a forma de compreender o
mundo. Antes, no ideal iluminista, a questo era descobrir as leis que governavam
a natureza (e consequente o homem tambm). Agora, no ps-modernismo, tudo
uma questo de interpretao. Antes havia uma realidade objetiva, comum a
todos os humanos, aguardando ser desvelada. Agora a realidade considerada
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inatingvel, e o esforo individual para a compreenso do mundo j no nos leva a
um ponto em comum, mas sim a uma mirade de interpretaes individuais.
Seguindo a partir deste pensamento, Foucault vem apresentar a sequncia
lgica deste argumento relativista: se a realidade uma criao individual, e no
um objeto igualmente acessvel a todos, ento qualquer conhecimento que tente
se sobrepor a outros estar cometendo uma violncia. Para ele, a sociedade cria
conhecimento para exercer poder sobre as pessoas. Ou seja, toda tentativa de
criao de um conhecimento (interpretao) universal na verdade a destruio
de todas as diversas formas de conhecimento (interpretaes) concorrentes. E
isto uma injustia, j que no h um conhecimento correto (verdade), pois todos
so igualmente mera imaginao humana.
A sequncia destes pensamentos tive consequncias na compreenso da
linguagem. Os pensadores comearam a perceber que a linguagem no tem um
fundamento fora de si mesma. Ou seja, no h nenhuma correspondncia entre
as palavras e a realidade, pois a linguagem apenas uma ferramenta humana
utilizada para comunicar. Para Saussure a linguagem um jogo, um sistema, no
qual as palavras s possuem significado em determinado contexto. Ou seja, o
significado dos termos no absoluto, mas relativo ao relacionamento entre eles.
Jacques Derrida aplica este conceito no somente linguagem, mas tambm o
pensamento. O desdobramento disso tem consequncias na filosofia. Pois se a
linguagem no tem uma referncia externa, ela j no capaz de servir ao
filsofo para buscar um "significado transcendental". Consequentemente, a
metafsica no teria valor nenhum, e a filosofia seria apenas uma forma a mais de
literatura. Por fim, Richard Rorty, pregador do pragmatismo, assevera que
deveramos abandonar a busca pela verdade e nos contentarmos com a
interpretao.
Isto levou os filsofos ps-modernos a rejeitarem outro princpio dos seus
antecessores: a busca de uma metanarrativa universal. Ou seja, enquanto os
modernos buscavam uma metanarrativa que substitusse os antigos mitos e
unificasse a humanidade em direo ao progresso, os ps-modernos rejeitam
qualquer tentativa de universalizao, e aceitam que as diferentes narrativas
convivam paralelamente, mesmo que conflitantes.
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Mas alm dos ataques dos filsofos epistemologia iluminista, houve
tambm um fator social que levou ao colapso do pensamento moderno. Durante a
modernidade havia-se uma grande expectativa sobre o futuro da humanidade. A
confiana na capacidade humana e a crena na supremacia da cincia geraram
uma esperana de que a humanidade seguiria dali pra frente em constante
evoluo em direo ao progresso. Na mente moderna, a cincia conduziria a
humanidade a um progresso inevitvel. Mas o que houve foi o contrrio, o horror
das duas grandes guerras foi um balde de gua fria na esperana modernista. Os
campos de concentrao e as bombas atmicas foram um exemplo gritante do
potencial autodestrutivo da humanidade.
A juno destas influncias, tericas e sociais, geram a cultura ps
moderna, que vem emergindo cada vez mais influente nas novas geraes. Esta
nova cultura marcada por alguns aspectos como:
- Dvida de que o conhecimento seja inerentemente bom e de que
estejamos melhorando cada vez mais;
- Descrena na capacidade da humanidade de resolver seus problemas;
- Rejeio suposio iluminista de que a verdade exata e, portanto,
demonstrvel atravs da razo, gerando uma valorizao da pluralidade, em
detrimento da busca por uma verdade nica;
- Valorizao da dimenso comunitria, em lugar do universalismo;
- Viso holstica, valorizando tambm as dimenses afetiva e intuitiva, alm
da cognitiva.
Vrios conceitos do pensamento ps-moderno vo de encontro com os
conceitos cristos. A rejeio verdade absoluta talvez seja o maior conflito.
Entretanto, algumas crticas do ps-modernismo dirigidas ideologia moderna
podem ser consideradas vlidas a partir da perspectiva crist. De fato, a teologia
concorda que a razo humana no uma ferramenta suficiente para
compreender a realidade. Entretanto, enquanto os ps-modernos abrem mo de
compreender a realidade objetiva, os cristos afirmam que a revelao o
fundamento que sustenta o conhecimento racional.