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UM CÓDICE SETECENTISTA INÉDITO DEGREGÓRIO DE MATTOS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAReitorHeonir RochaVice-ReitorOthon Jambeiro

EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIADiretoraFlávia M. Garcia Rosa

Conselho Editorial

Ana Maria FernandesAurino Ribeiro FilhoEneida Leal CunhaInaiá Maria Moreira de CarvalhoJosé Crisóstomo de SouzaSérgio Augusto Soares de Mattos

EDUFBARua Augusto Viana, 37 - CanelaCEP: 40 110-060 - Salvador-BA

Tel/fax: (71)[email protected]

Atendemos pelo reembolso postal

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UM CÓDICE SETECENTISTA INÉDITO DEGREGÓRIO DE MATTOS

Salvador2000

FERNANDO DA ROCHA PERESSILVIA LA REGINA

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©2000 BY FERNANDO DA ROCHA PERES E SILVIA LA REGINA

DIREITOS PARA A LÍNGUA PORTUGUESA CEDIDOS ÀEDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA.

FEITO O DEPÓSITO LEGAL.

ILUSTRAÇÃO DA CAPA

FOLHA DO MANUSCRITO SETECENTISTA(1762) DE GREGÓRIO DE MATTOS

FICHA CATALOGRÁFICA

ELABORADA POR PERCIVAL SOUSA DE JESUS

Um Códice setecentista: inédito de Gregório de Mattos / organizadopor Fernando da Rocha Peres e Silvia La Regina._ Salvador:EDUFBA,2000.254p. : il. ; 23cm._ (coleção nordestina ; 12)

Co-edição com as Universidades de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Piauí, Ceará, Maranhão, Bahia e Acre.

1. Literatura I. Peres, Fernando da Rocha II. La Regina, Silvia III. Título.

CDD: 800CDU: 091.1:82(81)

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Dedico este trabalho a Luciana Stegagno Picchio, que me fezconhecer Gregório e a Vera Sales, com quem conheci a Bahia.

Silvia La Regina

Este livro é dedicado a Guita e José Mindlin, amigos detantos anos.

Fernando da Rocha Peres

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AGRADECIMENTOS

A José e Guita Mindlin, que generosamen-te nos emprestaram o códice RBM,

permitindo a realização deste trabalho.

A Cristiane Pellegrino, que colaborou narealização do glossário.

A Erthos Albino de Souza, pelas preciosasinformações bibliográficas.

A Rosa Virgínia Mattos e Silva, a quemrecorremos para bons conselhos.

Ao Centro de Estudos Baianos da UFBA.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO. GREGÓRIO DE MATTOS: UM DESENHO NO TEMPO

13

CRONOLOGIA

23

IFORTUNA CRÍTICA GREGORIANA

27

IIOS CÓDICES DE GREGÓRIO DE MATTOS

33

IIIDESCRIÇÃO DO CÓDICE

55

IVCRITÉRIOS DE EDIÇÃO E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS GRÁFICAS

E ORTOGRÁFICAS DO CÓDICE RBM59

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VÍNDICE DOS POEMAS

63

VITRANSCRIÇÃO DOS POEMAS

65

VIIGLOSSÁRIO

173

VIIIÍNDICE ONOMÁSTICO

197

IXÍNDICE TOPONÍMICO

209

BIBLIOGRAFIA

219

ANEXO. POEMAS INÉDITOS

237

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ABREVIAÇÕES USADAS NO TEXTO

ABL Obras de Gregório de Matos. dir. de

Afrânio Peixoto. 6 vols. Rio: Publicações

da Academia Brasileira, 1923-1933

(Sacra, I, 1929; Lírica, II, 1923; Graciosa,

III, 1930; Satírica, IV e V, 1930; Ultima,

VI, 1933)

JA Gregório de Matos. Obra Poética. Ed

James Amado. Notas de E. Araújo. 2 vols.

Rio: Record, 1990

RBM Códice inédito setecentista, definido

assim por causa das iniciais dos dois

proprietários mais recentes (Rubens

Borba de Moraes e José Mindlin)

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INTRODUÇÃO

GREGÓRIO DE MATTOS: UM DESENHO NO TEMPO

A PUBLICAÇÃO deste pequeno códice apógrafo de Gregório deMattos e Guerra (nosso poeta gentio), com inéditos, que pertenceu eintegrou à Biblioteca de Rubens Borba de Moraes, por mim visitadaem Bragança, São Paulo, na década de 1980, e hoje faz parte, em legado,à importante Biblioteca Mindlin (Guita e José), dá-nos a oportunidadepara reacentuar, em coleção interuniversitária e nordestina — commuita alegria fazemos parte deste espaço da cultura brasileira —, a vidado poeta e sua cronologia, assim como a possibilidade, em parceria comSilvia La Regina, hoje também especialista na obra do poeta, no conjuntodeste livro, de acentuar certos aspectos sobre o códice e a necessidade dafeitura de uma edição crítica do acervo gregoriano.

Há muitos anos estamos redesenhando a vida de um ho-mem controverso, não só pela questão da autoria do seu corpus poéti-co, mas também pelo levantamento sistemático e paciente de fontesprimárias, seu uso e interpretação, sobre o poeta, em diversos arquivos,para a construção de um puzzle que nos permita fazer a sua biografia,metodologicamente escorreita, sem as fantasias e desinformaçõesocorrentes, inclusive desfocadas.

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Neste sentido biográfico, já estamos instrumentados e as-sentados na escritura da vida de um poeta brasileiro do século XVII,com documentação de arquivos e bibliotecas de Portugal e Brasil, e doestrangeiro, pois desde a publicação, em 1983, do nosso livrinho Gregó-rio de Mattos e Guerra: uma revisão biográfica (Salvador: EdiçõesMacunaíma, 1983, 121 p.), que demos a lição do novo retrato dosatírico baiano, pois como disse o saudoso amigo Antonio Houaiss,em prefácio ao título acima: “Em verdade, pode-se ter comocerto que Fernando da Rocha Peres é quem mais longa, detenida econtinuadamente tem estudado a vida e indagado os apógrafos e edi-ções de sua obra, sabendo lê-los como raro tem sido feita a sua leitura.O fato é que a pesquisa histórica em torno de Gregório já atingiu uminesperável grau de documentação, pois há duas décadas a documen-tabilidade de sua vida era algo de que não se esperava muito. E a Fernan-do da Rocha Peres se deve o principal a esse respeito.”

Depois desta citação, longa e transcrita sem modéstia, po-rém necessária, vamos, resumidamente, pontilhar a vida do poeta GM(que será assim referido de agora em diante), deixando a sua biografia— que só aguarda patrocínio, editor e quejandos — para outra opor-tunidade.

Vamos falar de um homem, também poeta, certamente o demaior expressão na língua portuguesa do século XVII, cuja documen-tação (fontes primárias de arquivo) tiveram que ser mariscadas, comoostras e pérolas escondidas.

Este será um desenho, não um retrato por inteiro, com suacircunstância, que buscará, basicamente e prelibadamente, apagar osrabiscos tendenciosos que fizeram do poeta, desde o século XIX até aosdias de hoje, tratando-o como “capadócio”, nacionalista avant la let-tre, orixá, mulato e figurinhas que tais. A razão destes equívocos e bes-teiras é que os historiadores ficaram distantes do poeta, usando os seusversos, quando o fizeram, para ilustrar esta ou aquela passagem ouepisódio dos seus capítulos coloniais.

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Duas faturas biográficas existem antes da nossa “re-visão”:uma do século XVIII, de Manuel Pereira Rabelo, apensa a códices grego-rianos e com variantes publicadas, carregada de imprecisões,falhas e também informações preciosas, fartamente usada pelos desin-formados, com datações discrepantes e coisas tais; e a outra do histori-ador Pedro Calmon, A Vida Espantosa de Gregório de Matos (Rio, JoséOlympio, 1983, 220 p.), muito centrada nos poemas apógrafos de GM,como fontes subsidiárias, valiosa do ponto de vista da informação, ondesomos referidos várias vezes, novamente sem modéstia acadêmica,mas com a generosidade do mestre.

Reescrever a vida de um personagem do século XVII não étarefa fácil, a não ser que o escritor seja um romancista ou um histori-ador, um criador, que enverede pelas mentalidades, utilizandomigalhas da mínima trajetória conhecida do sujeito, como faz, brilhan-temente, o Carlo Ginzburg.

O caso de GM não é este, verdadeiramente, pois romanceá-lo, com desatenção, já foi feito (MIRANDA, Ana. Boca do Inferno. SãoPaulo: Companhia das Letras, 1989, 331 p.), e tratá-lo metodologica-mente, dando ênfase às mentalidades, seria descabido, pois, sobre osujeito, conta-se um “inesperável grau de documentação” — e outrasfontes que podem, ainda, ser localizadas — e um levantamento siste-mático do entorno do poeta, sua presença na Bahia, Portugal, Angola eRecife.

Passemos ao resumo da vida do poeta, pois não queremosenfastiar o leitor com escrita fiada e teórica, com as citações documentaisapós cada passo importante da sua história natural e cultural.

Gregório de Mattos e Guerra, filho de Gregório de Mattose Maria da Guerra (vide também nosso verbete na Mirador, 2ª.edição ou reimpressão), nasceu na Bahia, cidade do Salvador, em 1636(Sumários Matrimoniais da Câmara Eclesiástica de Lisboa, 1661,Maço 2, nº. 69, Biblioteca Nacional de Lisboa, Reservados), em regaçode poderosa e rica família, os Mattos da Bahia, como ele própriorefere-se em poema. Seu avô paterno, Pedro Gonçalves de Mattos, den-

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tre outros misteres, foi arrematador de obras, fazendeiro, senhor deengenho, arrendatário de um dos elevadores da cidade (máquina parafazer subir e descer mercadorias), e, para mais que seja, familiar doSanto Ofício da Inquisição na Bahia, cargo ou prebenda, hoje exe-crado, mas, no século XVII, de enorme influência persecutória.

Sua avó, também Maria da Guerra, era proprietária de terrase escravos na Patatiba, região próxima a Santo Amaro da Purificação, norecôncavo da Bahia. Como pode-se ver, o nosso GM, desde o nascimen-to, esteve assentado nos lastros do poder colonial, chegando a ser, umseu primo, muito próximo da família, João de Mattos Aguiar, grandeprotetor e “provedor” da Santa Casa da Misericórdia da Bahia, um doshomens mais ricos da capital do Brasil, Salvador, considerado por A. J. R.Russel-Wood (Fidalgos e Filantropos, A Santa Casa da Misericórdiada Bahia, 1550-1755. Brasília: UNB, 1981, 383 p.) um “leviatã finan-ceiro”.

O pai do poeta, para sairmos desta genealogia e posses e afa-zeres (remetemos o leitor para: PERES, Fernando da Rocha. A FamíliaMattos na Bahia do Século XVII. Salvador: CEB/UFBA, 1989, 62 p.),Gregório de Mattos foi um homem “bom e honrado”, que participouativamente da vida da cidade, na sua administração, sendo membro doSenado da Câmara (Atas e Cartas do Senado da Câmara, com dataçõespara o século XVII, Salvador, Prefeitura Municipal, vários volumes) edeu-lhe condições materiais, mais que satisfatórias, para estudar noColégio dos Jesuítas, onde era difícil o ingresso, e de morar, com suaparentela nas cercanias do Terreiro de Jesus, muito próximos dos Ina-cianos, em “casas” cuja localização contestamos, mas certamente umsobrado bem situado e na área dos senhores.

Em 1642, aos seis anos de idade, GM já está sendo “mentali-zado” pelos Jesuítas, preparando-se para o seu giro futuro: viagem aPortugal, em 1650, aos 14 anos, quando faz suficiência de ingressopara a Universidade de Coimbra, onde matricula-se no ano de 1652,com exame de Bacharel, em 1660, e formatura em Cânones (DireitoCanônico), em 1661, fato este que lhe acrescenta um atributo ou nobi-

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litação social a mais, além da terra, do dinheiro, da família influente, aeducação.

Da sua estadia em Lisboa e curso em Coimbra não vamosfalar neste texto, que tem de ser suscinto e, por isto mesmo, remeto oleitor para uma cronologia, ao final, e para o meu livrinho da “re-visão”,revelando aqui certos aspectos, neste artigo, que consideramos signifi-cativos para o desenho de GM.

Decide o poeta ficar em Lisboa — estamos convictos queGM detestava a Bahia, Salvador — para construir sua vida e carreira naCorte. Neste passo, casa, na metrópole, com a filha de um desembarga-dor da importante família dos Saraiva de Carvalho, com raízes na magis-tratura, D. Michaela de Andrade (Sumários Matrimoniais, etc., 1661,Maço 2, nº. 69), cartada esta, de conveniência mútua ou não, quepossibilita ao canonista, recém-formado, ingressar na judicatura.

Em 1662, logo no ano seguinte, o Bacharel, Licenciado, pas-sa por um processo de Habilitação de Genere, para leitura de bacharel,que consistia em escuta de testemunhas, na Bahia e em Guimarães(cidade ao norte de Portugal, de onde vieram os parentes e ancestrais deGM), para que o(s) sujeito(s) fosse(m) nomeado(s), e que compunha,em linhas gerais, responder se o pretendente ao cargo de juiz, no caso,possuía sangue de “infecta nação” (judeu, mouro, negro, mestiço) oudescendia de “oficial mecânico”. Como GM era bem nascido, branco (enão mulato, como dizem), rico, de clã poderosa, todas as respostasforam pela negativa, acentuando os bons acertos da linhagem do pre-tendente à Mercê, que será dada por D. Afonso VI, filho do “Restaura-dor” D. João IV, em 1663, com a nomeação do poeta (já conhecido emCoimbra, por seu talento), para Juiz de Fora de Alcácer do Sal, vila hojeperto de Lisboa, onde chegou a ser Provedor da Santa Casa de Misericór-dia.

A vigência de GM junto ao poder é tão evidente — dizem osmaleivosos que estamos “oficializando” ou destruindo (desconstruin-do?) a sua imagem — que ele vai participar de duas Cortes (“assem-bléia” onde se reuniam procuradores das cidades e vilas, nobreza e

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clero para proporem aos reis as leis que julgavam úteis ao Estado, vota-rem impostos e tomarem deliberações sobre assuntos de interessepúblico), representando a Bahia, na defesa dos interesses dos seus habi-tantes “bons e honrados”, com delegação, em 1668 (27 de janeiro,Lisboa) e 1674 (20 de janeiro, Lisboa), pois foi Procurador do Senadoda Câmara, na capital do Reino, de 1672 a 1674. Nesta ocasião, GM tevea incumbência, já recusada pelas autoridades de Lisboa, de solicitar acriação de um Universidade na Bahia.

Antes, em 1671, GM estava no exercício de Juiz Civil (e deÓrfãos), em Lisboa, o que prova a sua rápida ascensão para a Corte,colado ao poder, em oito anos de percurso, desde Alcácer. Convémlembrar, de passagem, que GM teve lugar, se não importante, mas decerto relevo, na destituição de D. Afonso VI e na subida do RegenteD. Pedro II, o de lá, também filho de D. João IV, todos louvados pelo“sebastianista” Padre Antônio Vieira, pós-restauração do Reinode Portugal.

Em 1678, o importante Juiz GM (e Guerra), com sentençaspublicadas em 1682, por E. Alvarez Pegas, autor do Comentaria adOrdinationis Regni Portugalliae, ficará viúvo de D. Michaela, comquem não teve filhos, e começa a requerer uma “mercê ordinária” àSua Alteza D. Pedro II, para ascender a um desembargo em Lisboa.Intento vão, por intrigas ou poema que escreveu contra certa persona-gem importante, o célebre Marinícolas. GM o que recebe por seus ser-viços e, agora, com a intermediação de D. Gaspar Barata de Mendonça,Arcebispo da Bahia — o primeiro, que nem sequer vem tomar possedo cargo, por “achaques”—, são duas importantes prebendas dadaspelo Rei, Desembargador da Relação Eclesiástica da Bahia, em1679, por ser canonista, e, para tal munus, teve que ser tonsurado,aceitar ordens menores, pois podia ser padre, devido à sua formaçãoem Coimbra. Fica GM, depois desta “mercê”, aguardando a vinda de D.Gaspar Barata para a Bahia, o que não ocorre. Às pressas, três anosdepois de nomeado para a Relação Eclesiástica, volta GM para a suaterra, Salvador, capital da Bahia, do Brasil, do Governo Geral, da Colônia,

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do arcebispado, e toma posse como Desembargador do Eclesiástico,função importantíssima na hierarquia do braço da Igreja Católica, noséculo XVII, e mais a tarefa de Tesoureiro-Mor da Sé, igreja primacialdo Brasil, cuja construção começou em 1552 e foi demolida em 1933(PERES, Fernando da Rocha. Memória da Sé. Salvador: Edições Macuna-íma/SCT, 1999, 255 p.)

Assentado nestes cargos ou mercês, GM aponta e apronta,dentro do “caldeirão baiano”(babel de língua, raças, sexo, corrupção,vícios, contrabando, agiotagem, escravidão, exploração, genocídios, reli-giosidade, cultos, etc.), desandando a sua sátira, contra tudo e todos (go-vernador, militares, juízes, advogados, unhates, negros, mulatos, índios,senhores de engenho, padres, freiras, toda a cidade e sua gente) e negan-do-se a receber ordens maiores e a vestir a batina, para ser do Desembar-go, é destituído de ambas as funções, Desembargador e Tesoureiroda Sé, ocasião em que, acreditamos, escreveu o poema A Nossa Sé daBahia, que está no códice RBM, agora publicado.

A partir deste novo salto, GM vai viver da advocacia e de ren-das — apesar de alguns “curiosos” pretenderem que ele sobreviveu naquase miséria e assim morreu — e iniciará, com seus amigos podero-sos, os Ravascos (sobrinhos do Padre Vieira) e outros (como pode servisto no Índice Onomástico anexo), as suas andanças pelo Recôncavobaiano e cercanias da cidade, Rio Vermelho, por exemplo, quando bro-taram deliciosos poemas, de atribuição a ser estudada, com passeios,farras, caçadas, cavalhadas, etc.

Com data ainda imprecisa, mais ainda supomos nos anos 80do século XVII, GM casará com Maria de Póvoas, mulher que dizem hu-milde e pobre. É deste período, estamos certos, que surge a galeria demulatas do poeta (que o aceitam e o recusam), de negras, de brancas, defreiras, todas cantadas em versos amorosos, eróticos, escatológicos. ComMaria de Póvoas, GM tem um filho, chamado Gonçalo (PERES, Os Filhos deGregório de Mattos e Guerra. Salvador: CEB/UFBA, 1969, 10 p.), referidoem poemas, o que facilita, de resto, a confirmação de autoria.

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Tanto GM não era um “miserável”, pobretão, que é admitidocomo Irmão da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, influentís-sima instituição benemerente e protetora, e, nesta condição, pagaráuma dívida, contraída em dinheiro, com a Santa Casa de Lisboa (1691-1692).

Não pensem que GM deixou de ser apontado, em segredo, àInquisição, pois um desafeto, advogado, Promotor do Eclesiástico naBahia, Antonio Rodrigues da Costa (vide Índice Onomástico), irá de-nunciá-lo como herege, “sem modo de cristão”, em 1685. O processonão teve curso longo, GM não foi preso, como tanto sofreu o PadreVieira, acreditamos que devido ao seu “prestígio familiar”, com ligaçõesinquisitoriais. Este fato está relatado em nosso texto Gregório de Mat-tos e a Inquisição (Salvador: CEB/UFBA, 1987, 52 p.).

As situações na vida de GM começam a complicar-se depoisde sátiras que são feitas contra o Governador Antônio Luiz Gonçalvesda Câmara Coutinho, Governador-geral do Brasil (1690-1694), a quemo poeta solicita uma mercê, não atendida, e, por este motivo, começa aimprecar, batendo na autoridade maior, denunciando-o como sodo-mita, que era, companheiro do Capitão Luiz Ferreira de Noronha, ochefe-da-guarda.

No códice RBM — assim pode ser chamado pois é um“códice” e não um livro publicado, como aparece agora na capa darecente reimpressão da meritória edição de James Amado — lemosum poema (vide Índice Onomástico) contra o “neto de uma tapuia,que manducava de cuia”, o Coutinho. Os seus filhos resolvem “matarGM”, o que acontecia de comum no século XVII, matar ou mandar,pelas razões que tinham em defender a “honrinha” do pai.

Nesta direção, as coisas se atropelam e os amigos de GM, queos tinha e muitos, e seus familiares, resolvem mandar — alguns falamem “degredo”, com o que não concordamos — ou embarcar o poetanuma charrua, com os cavalos do rei, que estava no porto da Baía emdemanda de Angola, tudo com a conivência do seu amigo D. João deAlencastro, Governador, cuja lenda diz que mandou entesourar, com

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livro público, em Palácio, a obra do poeta conhecida pelos letrados. Estecódice nunca foi localizado ou não existiu.

Lá, em Angola, naquele purgatório, “terra de pretos”, comodiz o poeta, revelando assim, e em outras situações, o seu lado precon-ceituoso (que me perdoem os angolanos e os amantes de um GM“politicamente correto”) vem à tona, não só na Bahia, onde habitava a“canalha infernal”, mas em outra possessão portuguesa, na África, deonde chegavam os escravos para os engenhos da Bahia e do nordeste.

Em Luanda, na capital de Angola, GM envolve-se, esperta-mente, em rebelião de militares, em 1694, no mesmo ano da sua apor-tada, sendo governador Henrique Jacques de Magalhães, ocorridaa revoltação por mudança de padrão monetário — moeda da terra,zimbo, por moeda portuguesa, cobre —, o que diminuirá o soldo datropa.

Aí, neste momento, revela-se uma faceta de GM, que, inclu-sive, escreveu um poema sobre o episódio castrense; ao aproximar-sedos militares para orientá-los, tinha a intenção de traí-los, entregá-los,como faz, com a execução dos líderes do movimento, em troca do seuretorno ao Brasil, não à Bahia (lugar perigoso para a sua integridadefísica e interdito), mas para Recife, onde morre, em 1695, de uma febrecontraída na África e fica enterrado no Hospício de Nossa Senhora daPenha.

Em homenagem à Rubens Borba de Moraes, modernista de1922, bibliófilo, conhecedor e estudioso de uma bibliografia brasiliana,que a tem publicada, em dois volumes (MORAES, Rubens Borba de. Bibli-ographia Brasiliana. USA/UCLA, Rio: Kosmos, 2 v., 1983, editada como“...a generous gift by the author’s devoted friend and fellow bibliophile”,que é José Mindlin), nesta edição do manuscrito apógrafo inédito apa-rece o seu ex-libris e também poemas inéditos, existentes no códice enão constantes nas edições da Academia Brasileira de Letras e na ediçãoJames Amado.

Assim termino, meio apressada e sinteticamente, avida contada e documentada de GM, sem os delírios de praxe e os

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ataques contra os trabalhos acadêmicos, universitários. A nossa (sua)biografia está no forno e, quem sabe, aproveitando esta ondade biografismo, nós, que somos do ramo da História, possamos dizeraos literatos, aqueles que só consideram a obra — os teóricos da litera-tura — que a biografia é um gênero de longa datação e que autor eobra são, queiram ou não, indissociáveis. Claro que posso ler GM semme interessar em saber sobre sua “vidinha”, mas quanto mais souber,melhor para a compreensão da obra e do sujeito criador.

A fortuna da poesia de GM, que ficou guardada em códices,a sua grande maioria do século XVIII, feitos por copistas (por isto mes-mo obra apógrafa não autógrafa) é muito copiosa. A sua fortuna críticaé grande, com Araripe Jr., que publicou o primeiro livro alentado sobreo poeta, até Haroldo de Campos, que escreveu O Seqüestro do Barrocona Formação da Literatura Brasileira: o caso Gregório de Mattos,Salvador, FCJA, 1989, 125 p., obra de enorme valor para resituar GM emnossa literatura. A remissão aos códices aparece nesta edição de RBM,assim como uma alentada e oportuna e, quem sabe, lacunosa biblio-grafia.

Damos por finda nossa tarefa, às vésperas do entrudo baia-no, partindo para Portugal, neste fevereiro de 2000, para ficar longe dos“emascarados”, como disse o nosso GM, para futucar um pouco osarquivos e rever os amigos, longe das carnestolendas, de um país poucocentrado, onde os investimentos na cultura e na educação são irrisóri-os. Agora mesmo, quanto estão gastando com este “eventão” atribula-do, turístico e comemorativo dos 500 anos do Brasil? Se GM estivessevivo a resposta seria dada, com certeza.

FERNANDO DA ROCHA PERES*

_________________________

* Professor do Departamento de História da Faculdade de Filosofia

e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia

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CRONOLOGIA DO POETA GREGÓRIO DE MATTOS E GUERRA

1636 – Nascimento na Bahia1642 – Estudos com os Jesuítas na Bahia1650 – Viagem para Portugal1652 – Matrícula na Universidade de Coimbra1660 – Exame de Bacharel na Universidade de Coimbra1661– Formatura em Cânones na Universidade de

Coimbra Casamento em Lisboa1662 – Habilitação (de genere) para leitura de Bacharel1663 – Nomeação para Juiz de Fora de Alcácer do Sal – D.

Afonso VI1665/1666 – Provedor da Santa Casa de Misericórdia de

Alcácer do Sal1668 – Representante da Bahia, nas “Cortes”, Lisboa, 27

de janeiro1671/1672 – Juiz de Órfãos e Juiz do Cível, em Lisboa1672 – Procurador da Bahia (Senado da Câmara), em

Lisboa

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1674 – Representante da Bahia, nas “Cortes”, Lisboa, 20e janeiroDestituição da ProcuradoriaBatismo de uma filha natural, em Lisboa

1678 – Viuvez em Lisboa1679 – Nomeação para Desembargador da Relação Eclesi-

ástica da Bahia1681 – Clérigo tonsurado: ordens menores1682 – Sentenças publicadas em E. Alvarez Pegas1682/1683 – Volta ao Brasil / Bahia1682 – Desembargador da Relação Eclesiástica e Tesourei-

ro-Mor da Sé baiana1684 – Destituição da Prebenda de Desembargador e

Tesoureiro-Mor da Sé1685 – Denunciado ao Tribunal do Santo Ofício de Lisboa /

Inquisição168(?) – Casamento na Bahia1691 – Admissão como Irmão da Santa Casa de Misericór-

dia da Bahia1692 – Pagamento de uma dívida em dinheiro à Santa

Casa de Lisboa1694 – Viagem (exílio?) para Angola

Envolvimento em rebelião de militares em Angola1695 – Volta ao Brasil / Recife

Morte em Recife

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Este trabalho foi concebido de forma unitária e é produto daestreita colaboração entre os dois autores. Mais especificamente, FRP

escreveu a introdução, a cronologia e os capítulos 7, 8 e 9; SLR escreveu oscapítulos 1, 2, 3, 4 e organizou os capítulos 5, 6 e 10.

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IFORTUNA CRÍTICA GREGORIANA

AINDA que tenham transcorrido quase 150 anos depois damorte de Gregório de Mattos para que alguns poucos poemas a eleatribuídos fossem publicados pela primeira vez1, isto não significa queas obras do grande escritor barroco não fossem conhecidas, tanto noBrasil como em Portugal. A prova disso é o grande número de códicesmanuscritos de poemas gregorianos, copiados em Portugal e no Brasila partir do final do século XVII, infelizmente todos apógrafos (cf. ocap.2). Além disso, o poeta gozava de uma fama notável, como atesta ofato de terem lhe sido atribuídos ao longo do tempo muitos poemasevidentemente alheios (assim como aconteceu com a obra de Que-vedo) e como atestam também as referências à sua obra contidas nosautores contemporâneos ou do século seguinte2 e a própria Vida escri-ta pelo licenciado Rabelo, conservada em diferentes versões manuscri-tas. A não publicação (em Portugal, já que no Brasil ainda vigorava aproibição de imprimir) dependeria então de outros fatores, sobretudo,é de se imaginar, a censura metropolitana.

A partir de 1831, porém, inicialmente de forma tímida (devi-do principalmente ao rígido moralismo do século XIX, aliado à ingenui-

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dade crítica de quem interpretava tópoi narrativos e retóricos comobiografia real), sucessivamente com publicações cada vez mais amplase bem cuidadas, a obra atribuída a Gregório foi sendo publicada. Deve-mos lembrar antes de tudo o Florilégio do Varnhagen e a edição de ValeCabral, que seria das obras completas e só foi interrompida por causada morte do estudioso3. A primeira edição completa (ABL) só chegouno nosso século, graças ao esforço decenal de Afrânio Peixoto; aindaque com graves lacunas a nível exegético, e com a censura dos poemasditos “pornográficos”, os seis volumes da edição de Afrânio Peixoto(cada um contendo um ensaio crítico de estudiosos como PedroCalmon, Xavier Marques e outros) pela primeira vez restituíram umaimagem mais complexa e multifacetada do primeiro grande poeta daliteratura brasileira.

Em época mais recente, a edição em sete volumes realizadapor James Amado em 1968 (JA, republicada em dois volumes em1991) finalmente apresentou toda a obra conhecida como gregoriana,sem censuras nem cortes. Ainda assim esta também não é, nem nuncaquis ser, uma edição crítica, e por suas falhas textuais acaba permane-cendo num nível de alta e utilíssima divulgação.

De qualquer forma, hoje em dia são disponíveis inúmerasantologias da obra gregoriana, das quais merece citação pelo menos ade Wisnik4.

Cabe ainda notar como as obras do poetas estejam conhe-cendo traduções para as línguas mais variadas, como o alemão, o fran-cês, o italiano, o tcheco, o chinês.

São muitíssimos os filões da crítica gregoriana, que mereceela própria um estudo aprofundado, o qual conseqüentemente deveráser realizado em outra oportunidade. Importa aqui lembrar pelo me-nos a assim dita “questão gregoriana”, a questão do plágio, a biografiado poeta.

Os numerosos estudiosos que se debruçaram sobre a obrade Gregório nos últimos 150 anos podem ser divididos em dois grandesgrupos: os que, com maior ou menor entusiasmo, consideram válida a

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obra do poeta e os que a consideram inferior à sua fama, desprovida deoriginalidade. Dentro destes grupos obviamente as posições são bastan-te diversificadas, mas ainda assim é patente a nítida divisão entre críticospró e contra Gregório. Pode-se dizer que tenha havido uma verdadeira“querelle Gregório de Mattos”, que Spina chamou de “questão gre-goriana”5, que empenhou inteiras gerações de críticos e muitas vezesrepresentou para eles uma verdadeira pedra de toque, sobre aquele foiconsiderado por alguns “um artista extraordinário [...] precursor daliteratura nacional, e [por outros] um garatujador de meia-tinta, umsemi-sátiro, um burlesco, um pícaro, que não passou de um servilimitador de poesias espanholas”6.

Hoje em dia de qualquer forma a facção contra-Gregórioreduziu-se muito e perdeu boa parte da acrimônia que muitas vezes acaracterizara; as eventuais polêmicas concernem aspectos da obra gre-goriana, já que ninguém mais questiona seu valor tout court.

Recentemente a crítica sobre o poeta baiano tem-se orienta-do sobre novas temáticas, seguindo orientações diferentes das tradicio-nais.

Entre os principais críticos favoráveis a Gregório podemosincluir Araripe Júnior (ainda que com muitos questionamentos mo-rais), Oliveira Lima, Sílvio Romero, Ronald de Carvalho, Pedro Calmon,Segismundo Spina. No outro grupo, Varnhagen, José Veríssimo, JoãoRibeiro, Sílvio Júlio, Paulo Rónai.

A questão que mais suscitou debates foi sem dúvida a doplágio, que criou infinitas e demoradas polêmicas. Alguns críticos nega-vam a Gregório qualquer originalidade, e só viam nele um plagiário, umcopista de obras alheias, um artesão especializado no roubo da palavrapoética dos outros (principalmente Góngora e Quevedo), incapaz decriações autônomas e independentes. Entre eles, podemos colocar oVarnhagen, Sílvio Júlio, Paulo Rónai, José Ares Montes7.

Defendem o poeta, entre outros, Spina, Wilson Martins,Augusto e Haroldo de Campos e João Carlos Teixeira Gomes8. Os doisúltimos comprovaram, por vias diferentes, como Gregório, longe de ser

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um banal imitador de obras alheias, se inserisse perfeitamente na cul-tura e no gosto barroco, numa linha de tradição criativa que vinhadesde a antigüidade clássica e na qual o verdadeiro artista atuava numrebuscado processo de intertextualidade e recriação, ou também pro-cesso antropofágico ante litteram.

No que diz respeito à questão da linguagem gregoriana, omelhor autor ainda hoje é Spina, com vários ensaios9. Spina analisacuidadosamente os vários recursos utilizados por Gregório, tanto doponto de vista da retórica como do emprego de vocábulos tupi e africa-nos.

A questão da biografia de Gregório tem sido bastante com-plexa. Se por um lado os críticos costumavam ler a Vida de Rabelocomo uma verdadeira biografia e não como uma biografia romancea-da e repleta de tópoi, pelo outro muitos construíram uma biografia apartir dos poemas e, pior, dos títulos ou didascálias que os acompa-nham, num processo que bem exemplifica aquilo que foi chamado de“autoschediasma”: inventar a vida partir dos poemas10. Conseqüente-mente Gregório tem sido visto como um sátiro, um boêmio, um peca-dor arrependido e muito mais, e foi dada à sua poesia uma divisãocronológica na base da suposta biografia. Hoje em dia porém, depoisdos estudos de Pedro Calmon11 (este todavia às vezes não alheio a algunsautoschediasmi) e Fernando da Rocha Peres12 dispomos de uma bio-grafia bem documentada e baseada em documentos históricos.

NOTAS

1 In Januário da Cunha BARBOSA. Parnaso Brasileiro, ou colleção das melhores poezias dos poetas doBrasil, tanto ineditas como já impressas 2 vols. Rio: Typ. Imperial e Nacional 1829-1831 II, p.53-61.

2 Cfr. Silvia LA REGINA. A recepção de Gregório de Matos no século XVIII. Merope 8 (V) Gennaio 1993.p.45-57.

3 F.A. de VARNHAGEN. Florilégio da poesia brasileira ou colleção das mais notáveis composições dospoetas brasileiros falecidos, contendo as biografias de muitos deles, tudo precedido de um ensaio histó-

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rico sobre as letras no Brasil. 3 vols. Rio: Publicações da Academia Brasileira, 1946 (I ed. Lisboa, ImprensaNacional 1850-1853). I, p.69-173 e III, p.310. Obras Poéticas de Gregório de Matos Guerra, precedidaspela vida do poeta pelo licenciado Manoel Pereira Rebello. Ed. Alfredo Vale CABRAL. vol.I - Sátiras. Rio:Tip.Nacional, 1882.

4 Gregório de Matos. Poemas escolhidos. Seleção, introdução e notas de José Miguel WISNIK. São Paulo:Cultrix, 1976.

5 Segismundo SPINA. Gregório de Matos. A literatura no Brasil. Dir. A.Coutinho. 3 vols. Rio: Editorial SulAmericana, 1955, I, 1, págs. 363-376: p.364.

6 Id. Gregório de Matos. São Paulo: Assunção, 1946 (há uma nova edição de 1995). págs.16-17.

7 Sílvio JULIO. Gregório de Matos e Quevedo. Penhascos. Rio: Coelho Branco, 1933. p.245-259. Osplágios de Gregório de Matos Guerra. Reações na literatura brasileira. Rio: H.Antunes 1938. p.102-137.Fundamentos da poesia brasileira. Rio: Coelho Branco, 1930. p.70-72. Da influência de Góngora nospoetas brasileiros do século XVII” Estudos de História da América, México, Inst Geografia e História1948, pp.309-343. Paulo RÓNAI. Um enigna da nossa história literária: Gregório de Matos. Revista doLivro, vol.I, n.3-4, 1956. p.55-66. José Ares MONTES. Góngora y la poesia portuguesa del siglo XVII.Madrid: Gredos, 1956. p.110; 340-41.

8 Augusto de CAMPOS. Da América que existe: Gregório de Matos. In Poesia Antipoesia, Antropofagia.SP, Cortez & Moraes 1978. Reimpresso in GM. Obra Poética.. Ed. J.Amado, 1990. p. 1292-1305. Arte finalpara Gregório. O anticrítico. São Paulo: Companhia das Letras, 1986. p.85-93. (antes em Antiantologiada poesia baiana .Salvador: GFM - Propeg, 1974). Haroldo de CAMPOS. A poesia barroca e a realidadenacional. Tendência n.4, 1962. Texto e história (1967). A operação do texto. São Paulo: Perspectiva,1976. p.13-22. Poética sincrônica. A arte no horizonte do provável. SP, Perspectiva 1969. Publicadoanteriormente em Correio da Manha, Rio: 22.10.1967. O seqüestro do barroco na Formação daliteratura brasileira: o caso Gregório de Matos Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado, 1989. WilsonMARTINS. O caso Gregório de Matos.História da inteligência brasileira. 7 vols. São Paulo: Cultrix/EDUSP, 1976. I, p.225-233. João Carlos Teixeira. GOMES. Gregório de Matos, o Boca de Brasa,. Umestudo de plágio e criação intertextual. Petrópolis: Vozes 1985.

9 SPINA.Gregório de Matos. cit. Gregório de Matos. in A literatura no Brasil.cit A língua literária noperíodo colonial: o padrão português. Gregório de Matos. São Paulo, Revista do IEB da USP (22), 1980.p.61-75. Monografia do Marinícolas Revista Brasileira. Rio, ABL, VI, 17, jun/set 1946. p.89-99. Gregóriode Matos. Da Idade Média e outras idades. São Paulo: 1964. p.165-75.

10 Cf. sobre este assunto Luciana STEGAGNO PICCHIO. Biografia e autobiografia: due studi in marginealle biografie camoniane. Quaderni Portoghesi 7-8 (1980), p.21-111, nas p.44-45.

11 Pedro CALMON. A vida espantosa de Gregório de Matos. In ABL. vol.VI (Ultima), 1933, pp.23-58. Avida espantosa de Gregório de Matos. Rio: José Olympio / Brasília: INL, 1983.

12 Fernando da Rocha PERES. Negros e mulatos em Gregório de Mattos. Afro-Asia, ns.4-5, Centro deEstudos Afro-Orientais da UFBa: Salvador 1967, pp.59-75. Gregório de Mattos Guerra em Angola. Afro-Asia, ns.6-7, CEAO da UFBa: Salvador, 1968. pp.17-40. Gregório de Mattos Guerra: seu primeirocasamento. Universitas, Revista de Cultura da UFBa, n.1, Salvador, 1968, págs.135-142. Documentospara uma biografia de Gregório de Mattos Guerra. Universitas, Revista de Cultura da UFBa n.2. Salvador

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1969. p.53-65. Os filhos de Gregório de Mattos Guerra. Salvador: Centro de Estudos Baianos, 1969.Gregório de Mattos Guerra - uma re-visão biográfica. Salvador: Macunaima, 1983. Quem pediu abenção a Gregório de Matos? Revista do Brasil n.3, Governo do Estado do Rio, Rio, 1985, pp.4-11.Gregório de Mattos e a Inquisição. Salvador: Centro de Estudos Baianos da UFBa, 1987. A famíliaMattos na Bahia do século XVII. Salvador: Centro de Estudos Baianos da UFBa, 1988.

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IIOS CÓDICES DE GREGÓRIO DE MATTOS

A QUESTÃO TEXTUAL DE GREGÓRIO DE MATTOS

ATÉ 1831, quando Januário da Cunha Barbosa incluiu emseu Parnaso Brasileiro1 oito poemas de Gregório de Mattos, não forapublicada nenhuma composição do poeta, e a inteira obra a ele atribu-ída ficara, na maioria das vezes desconhecida, nos vários códicesconservados em coleções particulares. Aquela primeira e parcial publi-cação foi intencionalmente de dimensões diminutas, porque Barbosaargumentava que, apesar de que os poemas de Gregório estivessem“manuscriptos em seis grossos volumes de quarto, alguns dos quaespossuimos”, era “tal a sua desenvoltura, que não convem dar-se à luzpública (...)”2.

Após esta, seguiram-se outras publicações, enquanto dimi-nuia gradativamente a censura das obras e aumentavam os poemasconsiderados publicáveis, até se chegar, em 1968, à edição realizada porJames Amado. Esta pode ser considerada um corpus de uma escolapoética, já que inclui todos os poemas atribuídos a Gregório em umdeterminado códice (aquele que aqui foi denominado AC), sem ne-

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nhuma esclusão, nem mesmo de textos que pertencem reconhecida-mente a outros autores.

A obra do poeta assim continua apresentando aos estudio-sos uma questão de fundamental importância, a da atribuição.

O extenso corpus gregoriano ainda não mereceu uma edi-ção crítica que possa restabelecer o texto de forma filologicamentecorreta. João Carlos Teixeira Gomes bem definiu as duas edições ABL eJA “precárias e insatisfatórias, fruto bem mais do esforço pioneiro dosseus organizadores do que de qualquer critério científico de críticatextual3 ”.

E Antônio Houaiss, num texto publicado na segunda ediçãode JA, escreveu que

A tradição de Gregório de Matos sofre uma eiva fundamental:seu texto impresso ou é parcial, ou é fundado sobre um só ramo,ou deriva de colação imperfeita, ou foi estabelecido com quasetotal ausência de critério filológico e ecdótico - ou é oriundo doconcurso daquelas imperfeiçoes4.

Ainda assim, mesmo considerando esta situação, no míni-mo catastrófica do ponto de vista exegético, não parece o caso de tran-qüilamente hipotizar a inexistência a nível literário de Gregório, comose o dele tivesse sido simplesmente um nome catalisador de um caóticouniverso poético mais ou menos contemporâneo, como fez WilsonMartins, que viu em Gregório “[...] uma espécie de costelação de poetas,em que os anônimos e desconhecidos se dissolvem na figura doepônimo [...] para formar esse grande e imaginário poeta brasileiro doséculo XVII”5: em suma, um Homero tropical.

Parece razoavelmente óbvio que, se os copistas, desde o sé-culo XVIII, atribuíram a Gregório os numerosíssimos poemas presen-tes nos códices, assim como evidentemente isto não comprova que ospoemas sejam realmente de sua autoria, ao mesmo tempo demonstracomo a fama do poeta tenha sempre sido grande e capaz de induzir os

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compiladores dos apógrafos a creditar-lhe boa parte dos poemas decaráter satírico, principalmente, mas também lírico, religioso e enco-miástico.

Com relação à seríssima questão da atribuição das obrasditas gregorianas, gostaria de introduzir aqui a respeito da obra deGregório aquela noção de mouvance, ou movência, criada por PaulZumthor6 e sucessivamente aplicada não só à poesia medieval7 comotambém ao corpus de sonetos camonianos8. E é esta última análisea que nos interessa mais, pois demonstra como um modelo pensadopara textos da idade média seja perfeitamente funcional quando apli-cado a obras de séculos mais próximos do nosso. Especificamente,no caso de Gregório, podemos observar como aquele movimentoincessante do qual escreve Zumthor (“le texte bouge”)9 tenha acon-tecido em várias etapas: a primeira no momento da criação em si,influenciada por numerosos fatores – a ocasião, a memória in-voluntária, a citação intencional - que levaram o autor a utilizar umrepertório por assim dizer comunitário; e eventualmente reelaborar,em seguida, para uma outra ocasião, material anterior e já composto.Novamente seguindo Zumthor, podemos aqui falar mais de“variations” do que de variantes; termo que, ao mesmo tempo emque remete para o âmbito musical, dá democraticamente a todasestas “variações” estatuto de igualdade, sem conotá-las negativamen-te (“erros”) como costuma-se fazer com as variantes. Os copistassucessivamente devem ter realizado operações parecidas, ao recolhertextos de circulação só oral, ou dos quais existiam diferentes versõesdo mesmo autor, ou reelaborações alheias, naquela circularidade daqual falava-se acima. Por fim, no que diz respeito à atribuição, verifi-cou-se uma atração centrípeta na direção do nome que se destacavaentre os poetas a ele contemporâneos10.

De toda forma, é importantíssima a existência da biografiade Gregório escrita pelo Licenciado Manuel Pereira Rabelo: indepen-dentemente da confiabilidade dos fatos contados, vale o fato de ser aúnica biografia conhecida, como escreveu José Veríssimo, de um “au-

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tor colonial”11 brasileiro; além do mais existem oito versões manuscri-tas (sete em códices do século XVIII) do texto de Rabelo12.

Assim, é razoável acreditar que o poeta Gregório tivesse umaposição de proeminência pelo menos na pátria, se não na metrópole.

OS CÓDICES

O corpus de Gregório de Mattos encontra-se espalhado emnumerosos códices, todos apógrafos: são conhecidos 23 códices apó-grafos setecentistas em 34 volumes, 2 códices copiados no século pas-sado e uma cópia de meados deste século; isto sem levar em conta os44 códices do tipo cancioneiro que contêm uma ou outra composiçãode Gregório.

RELAÇÃO DOS CÓDICES GREGORIANOS 13

BRASIL

Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (BNRJ)BNRJ 50,56 Vida, e morte do Doutor Gregorio de Mattos

Guerra. I tomo. De obras Sacras, e Divinas. I e II PART. XVIII século.Em duas cores, títulos iniciais e desenhos em vermelho. 200x150 mm.215 págs. das quais as 172-215 contêm poemas religiosos de Eusébiode Mattos, irmão de Gregório. No catálogo da BNRJ, Pergaminhos ilu-minados e documentos preciosos, consta no n. 111. No começo (1-57) “Vida do doutor Gregorio de Mattos Guerra. Escrita peloLecenciado Manoel Pereyra Rabello”. No final, declarações e assinaturae sucessivos donos do códice no século XVIII; entre eles Antônio daRocha Pita. Da Col.Teresa Cristina Maria. Escrito na grafia de V/alle/C/abral: “Pertence a Sua Magestade o Imperador”. Afrânio Peixoto o cha-ma Códice Inocêncio-Pedro II I; James Amado, Códice Imperador(H). Amado supõe, acatando a opinião de Afrânio Peixoto, que estecódice e o BNRJ50,57A tenham sido adquiridos após o espólio da bibli-oteca de Inocêncio Francisco da Silva, o autor do Dicionário Bibliográ-fico Português, Lisboa, Imprensa Nacional, 1859.

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BNRJ50,57 (sem folha de rosto). Começa com uma Vida dodoutor Gregorio de Mattos Guerra (p.1-42). Segunda metade do XIXséculo. Caderno de folhas pautadas. 374 pp., sem índice. 27 x 19 cm.Anotações a lápis de Valle Cabral. A Vida ocupa as primeiras 42 páginas;as outras, numeradas de 43 a 374, contêm poemas de Gregório deMattos. Bibl.Nac. I-3.1 - n.°44 e cod. DCCLXIII/25-67. Col. Carvalho, Cat.Exp. Hist. do Brasil n. 15674. Este códice foi examinado por AfrânioPeixoto, que o denominou Códice Valle Cabral; por James Amado,que o define o Códice Carvalho (T).

BNRJ50,57A Doutor Gregorio de Mattos Guerra. Segundovolume do BNRJ50,56. Em duas cores. Títulos em vermelho. Numero-sos desenhos. Com anotação do proprietário: “Do Cappitam Mór JozêRodrigues LIMA”. 203x152 mm. 363 pp. e 9 de índice (no final). Adqui-rido pela B.N. nel 1939. Reg. B.N.S., mas.39/1948. Cat. Exp. Pergami-nhos Iluminados e Docs. Preciosos n.°112. Para James Amado é o“códice Capitão Mor” (J)

BNRJ50,58 Poesias. Século XVIII. 438 páginas e índice (anumeração passa de 199 a 300). 220x155 mm. Para James Amado é ocódice “de Carvalho 1” (M).

BNRJ50,58 A Poesias Século XVIII. 220x155 mm. 416 pági-nas e índice. Segundo volume do anterior. Carimbo: “Adolpho SoaresCardoso - Porto” e nota: “Offerecido por meu am.° m Vasco de Castro.Porto - maio de 1891.” Reg. BN 323 139-140/1961. Cat.Exp.Pergaminhos e Docs.Preciosos n.116. James Amado o chama Códicedo Conde e diz que integrava a biblioteca do Conde Vasco de Castro, emPetrópolis, biblioteca que em 1961, após várias mudanças de dono, foivendida à Biblioteca Nacional pela Livraria São José. Poucas páginasdepois, porém, Amado (gerando uma certa confusão no leitor) defineo códice com o nome de “de Carvalho 2” (N).

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BNRJ50,59 Vida do grande poeta americano Gregorio deMattos e Guerra. Grafia do XVIII século. 447 páginas e índices. 204 x 145mm. Antes do texto poético há a Vida de Rabelo, que ocupa as págs.1-79.Este volume pertenceu a Afrânio Peixoto, que o doou à Biblioteca Nacio-nal em 1933. É o primeiro de dois volumes que chegaram à BibliotecaNacional por vias diversas. Cat.Exp.Pergaminhos e Docs.Preciososn.117, vol.I. Para James Amado, códice “Afrânio Peixoto, 1” (D)

BNRJ50,59A Poesias. Século XVIII. 204x135 mm. f.187 É osecondo volume do códice anterior, copiado pela mesma mão. Na pri-meira página escrito a lápis “de Carvalho”. O códice não está em boascondições e até p. 35 está praticamente ilegível. Afrânio Peixoto não oconsultou; Amado o chama Códice n.59 (F). Cat. Exp.Pergaminhos eDocs.Preciosos n.117, vol.II.

BNRJ50,60 Poezias do Doutor Gregorio de Mattos Guer-ra. Grafia do XVIII século. Muitas mãos, inicialmente muito ordenado elegível, depois muito confuso. Índice antes dos textos (6 págs.). 247folhas. 205 x 155 mm. Acima do título foi colado um brasão. Duasanotações na folha 1 v.: “C.Castello M.” e “Foi da Livraria de Pera. e Sza.”Com letra diferente: “(Inéditas)”. Comprado pela Biblioteca Nacionalem 1960. Registro BN 337696 e /1963. Na última folha, a lápis, “Camilloint.”. Cat.Exp.Pergaminhos e Docs. Preciosos, n.114. Amado o chamaCódice Camilo Castelo Branco (L) e deplora sua imprecisão.

BNRJ50,61 As obras poéticas do Dor Gregorio de MattosGuerra Divididas em 4 tomos Em que se contem as obras sacras,jocoserias, e satiricas, que a brevidade não permittio separar. Tomo2º Bahia anno de 1775. 204x147 mm. 456 páginas (228 fogli r e v),sem índice. Da p.113 a p.126 poemas atribuídos pelo copista a Eusébiode Mattos. É um dos pouquíssimos códices datados. Anotação a lápis:“Pertence a S. Mage. o Imperador, V/alle/C/abral/”. Adquirido no final doséculo XIX. Col. Thereza Cristina Maria. Cat. Exp. Pergaminhos Ilumi-

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nados e Docs. Preciosos n.118. Peixoto se refere a este códice comCódice Inocêncio-Pedro II, 2; Amado o chama Códice Imperador II(I). É o segundo volume do códice MC.

BNRJ50,62 Obras varias Author o Famoso Satirico o Dou-tor Gregorio de Mattos Natural da Cidade da Bahia. Século XVIII.205x150mm. 819 páginas e 25 de índice. Na capa: “Afrânio Peixoto.Códice II”. O II tomo apresenta um ex-libris: “Libri boni amici” - Livra-ria de Francisco Teixeira. Anotações: “De Franc.° Xer de Basto” - “1650”[?] -e “À Biblioteca Nacional oferece Afrânio Peixoto. 20-XII-1933, 3.°centenário do nascimento do Poeta”. Adquirido pela BNRJ em 1933.Reg.BN 26/1933. Cat. Exp. Pergaminhos Iluminados e Docs. Precio-sos n.°113. Consultado por Afrânio Peixoto e James Amado, que o de-nomina Códice Afrânio Peixoto, 2 (E).

BNRJ50,63. Obras de Gregorio de Mattos. Na lombada:Obras Varias Tomo 15. Terminus post quem: 1726 (esta data é citadaduas vezes). 210x145mm. Índice em duas cores. Índice e 1022 páginas(511 r e v). Grafia do século XVIII. Dedicatória: “A Alberto de Faria Lça doamigo do coração João Ribeiro. 24 de junho de 1917”. Comprado pelaBNRJ em 1926. Reg. BN 10/1926. Cat.Exp.Pergaminhos e Docs. Preci-osos n.115. Os poemas de Gregório de Mattos estão nas páginas de 17r159r. O códice compreende também obras de outros autores, frequen-temente sem atribuição, entre as quais um romance para o casamentodo príncipe d. José (1714-1777, rei 1750-1777; por isso podemos de-duzir que o códice seja anterior a 1750) com a infanta d. Maria. Entreos autores, Tomás Pinto Brandão, Jacinto Freire de Andrada, Luís Ba-rão, Cônego de S. Augustinho, Manoel Pacheco Valadares, Manuel No-gueira de Souza, Francisco Caldeyra Paez Castelbranco, D. GasparCônego de Santo Augustinho, Sucarelo. Para Afrânio Peixoto, é o códiceMario Behring. Não fica claro se, na época em que Peixoto escreveu, ocódice integrava a coleção do Itamaraty ou já estava na Biblioteca Naci-onal14. Para James Amado é o códice João Ribeiro (K)

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BNRJ50,64 e BNRJ50,65. Obras do Doutor Gregorio deMattos. Cópia em grafia atual, realizada em 1946 por Lino de Mattos.Dois volumes, o primeiro de 163 folhas, o segundo de 264. OBNRJ50,64 é a cópia dos manuscritos L/3/59 (hoje 3238) e R/3/64 daBiblioteca Nacional de Lisboa; o 50,65 é a cópia do 3576 da BibliotecaNacional de Lisboa. Após o índice do II volume, há a “Sátira ao Governode Portugal, por Gregório de Mattos, reçusitado em Pernambuco noano de 1713”. Na última página há uma anotação do copista: “Extraídodo Ms. R/3/64 de páginas, digo, de folhas 64 a 67, existentes na Bca.Nal.de La.” Col. Moreira da Fonseca. Reg. BN n.° 22595 e 22600/1946.Amado chama os dois volumes de Lino de Mattos 1 (A) e Lino de Mattos2 (B).

BNRJ50,66 Poesias de Gregorio de Matos Copiado em 1885por Lino de Assumpção e por ele doado em 1889 à Biblioteca Nacional. 33folhas. Cópia do manuscrito da Biblioteca de Évora, códice CXXX/t.17,folhas 183-232 e 328v. Além disso, no final do manuscrito, 1) “Carta queescreveu Gregório de mattos ao Conde do Pardo estando na Bahia comseu pay Marquez das Minas. Biblioteca de Évora, códice C V /1-9. Naquarta folha, a última, anotação de Lino de Assumpção: “A carta é emversos, no entanto copiados corridamente no códice”. 2) “Soneto deBernardo Vieyra Ravasco Secret.o do Estado do Brasil a seu irmam oPadre Antonio Vieyra Consoantes forçados”. 3) Soneto do Padre AntonioVeiyra em resposta ao antecedente de seu Irmam freitos mesmos conso-antes”. James Amado o denomina códice Évora (C).

Biblioteca do Itamaraty — Rio de JaneiroBI-L 15 – 1 Mattos Parnaso Poetico. 300 folhas numera-

das de 1 a 300v . 21,5 x 14 cm Anotação na contracapa: “Estas poesiassão de Gregorio de Mattos. Talvez seja dolas a coll. mais authentica: vistoque ate a enquadernação parece estranha, e acaso feita na Bahia p.algum curiozo”. James Amado o chama “códice novo” (S).

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BI-L 15 – 2 4 volumes de 20,5 cm x 12,8 a) Obras sacras,e Moraes do Doutor Gregorio de Mattos Guerra Natural q^ foy dacidade da Bahia de Todos os Sanctos, capital dos Estados do Brazil.Tomo 1º das suas compoziçõens Metricas Em q~ no princîpio seinclûe a sua vida escrita por hû Am.te da sua memoria: e depoisapurada melhor por outro curiozo Engenho. Volume encadernadoem couro. Ex libris da Biblioteca Varnhagen. Antes dos textos poéticos,uma “Vida, e morte do Doutor Gregorio de Matos Guerra Escripta PelloLecenciado M.el Pereyra Rabelo E mais apurada despois por outro Enge-nho”. 140 páginas não numeradas de Vida. Em seguida, as ObrasSacras e Morais em 269 páginas e 7 de índices. James Amado odenomina códice Varnhagen 1 (O)

b) Obras profanas do Doutor Gregorio de Mattos GuerraNatural q^ foy da Bahia de Todos os Sanctos, Capital dos Estadosda America Portugueza. Tomo 2° das suas compozições métricasEscriptas, e destribuidas aqui pella ordem, e divizão dos Metros.Volume encadernado em couro. Ex libris da Biblioteca Varnhagen. 457páginas e 15 de índices. James Amado o denomina códice Varnhagen 2(P). No final do códice foram acrescentadas duas páginas de dimensõesmaiores, nas quais há, escrita por outra mão, em grafia confusa, uma“Lyra: Salve, Pater Apollo”.

c) Obras Profanas do Doutor Gregorio de Mattos Guerranatural, q^ foi da cidade da Bahia de Todos os Sanctos, Capital dosEstados da América Portuguesa. Tomo 3º das suas compozições métri-cas copiadas, e destribuîdas aquî pella devizam dos metros. Volumeencadernado em couro. Ex libris da Biblioteca Varnhagen. 484 páginas e13 de índices. James Amado o denomina códice Varnhagen 3 (Q)

d) Obras profanas do Doutor Gregorio de Mattos GuerraNatural que foy da Bahia de Todos os Sanctos, Capital dos Estadosda America Portugueza. Tomo 4º das suas compoziçõens métricas

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Escriptas, e destribuîdas aqui pella ordem Devizão, ou separaçãodos Metroz

Volume encadernado em couro. Ex libris da Biblioteca Varn-hagen. 376 páginas, e 5 de índice. James Amado o denomina códiceVarnhagen 4 (R)

Biblioteca da UFRJCódice em quatro volumes, de propriedade da família do

prof. Celso Cunha, doado por E.Asensio em 1962. Os poemas estãodivididos por assunto. Este códice constitui a base da edição JA, e podeser denominado Asencio-Cunha, ou AC.

1. Mattos da Bahia que contem a vida do Dor. Gregório deMattos Guerra. Poesias Sacras e obsequiozas a Príncipes, Prelados,Personagens, e outros de distinção com a mescla de algumas sa-tyras aos mesmos. 485 páginas, índice dos títulos e dos primeiros ver-sos. Inclui as “Obras do Pe. Euzebio de Mattos A Payxão de Christo, S.N.Instituição do Diviníssimo Sacramento”. Inicia com a Vida de Rabelo.James Amado chama este códice “códice Licenciado” 1 (U)

2. Mattos da Bahia 2°Tomo Que contem várias poezias àClérigos, Frades, e Freyras e algumas obras discretas e tristes. 414páginas, índice dos títulos e dos primeiros versos. Na pag. 390: “Estasobras supposto andem em nome do Poeta com tudo não são suas:porque esta he de João de Brito Lima, e as mais seguintes de ThomazPinto Brandão, e por esta causa vão fora do seu lugar”. James Amadochama este códice “códice Licenciado” 2 (V)

3. Matos da Bahia 3° Tomo Que contem poezias judiciais,correções, de picaros, e desenvolturas do Poeta. 530 páginas, índicedos títulos e dos primeiros versos. James Amado chama este códice“códice Licenciado” 3 (X)

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4. Mattos da Bahia 4° Tomo. Poezias amorosas, respey-tando as qualidades e proseguindo com as Damas de menos conta,e incertas com algums assuntos soltos, e deshonestos. 470 páginas,índice dos títulos e dos primeiros versos. Na p.470 começa uma seção“Maximas e sentenças de vida beata, urbana, e politica com outras dagalantaria, que pertencem aos dous amores Cupido, e Antheros ex-trahidas de varias poezias do Doutor Gregorio de Mattos”, de 30 páginas.James Amado chama este códice de “códice Licenciado” 4 (Y)

SalvadorAs obras poéticas do Dor Gregorio de Mattos Guerra Divi-

didas em 4 tomos Em que se contem as obras satiricas, que a brevi-dade não permittio separar. Tomo 1º Bahia anno de 1775. Códice(denominado MC) de uma antropóloga, encontrado há poucos anosnuma livraria antiquaria. O códice, integra o grupo de quatro volumesao qual pertence também o BNRJ50,61; são os únicos dois dos quais sepossa afirmar que foram copiados em Salvador, como se lê na folha derosto. Começa com 62 páginas não numeradas de Vida de Rabelo;seguem 380 páginas de textos poeticos (124, quase esclusivamentesatíricos) e índices. 20,4 x 14,7 cm.

São PauloCódice RBM. Veja a descrição no capítulo 3.

PORTUGAL

Biblioteca Nacional de LisboaBNL3576 Obras do Douctor Gregorio de Mattos e Guerra.

Secção dos Reservados, Colecção do Fundo Geral, antiga numeraçãoM-3-35. 229 folhas (r e v) e índices, num total de 251 folhas numera-das. Ver o BNRJ50,65, que é a cópia deste códice. 20,1 x 14,7 cm. Nocomeço aparece um brasão, que Fernando da Rocha Peres identificou

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como sendo da família Salema15. Desenhos, três no começo e 5 no finaldo códice, e mão muito cuidadosa.

BNL3238 Obras do Doctor Gregorio de Mattos. Secção dosReservados, Colecção do Fundo Geral, antiga numeração L-3-59. Cópiano Rio (BNRJ50,64). 142 fls r e v. 24,5 x 17,5 cm

BNL13025. Obras do doutor Gregorio de Matos Assum-ptos varios As obras honestas tem a margem este sinal + E as des-honestas este •. Cópia do século XVIII aparentemente redigida poruma única mão, com algumas correçòes em outra grafia. Alguns títu-los em vermelho. Encadernado em couro, com desenhos em ouro nalombada Pertenceu a Jorge José da Cunha. 459 páginas.

Biblioteca da AjudaBA 50-I-2. Muza Protterva Lira desonnante Dezatinnado

emprego e Infelice disvello Obras do Doutor Gregorio de MattosBahia Recolhidas por hum curiozo anno de MDCCVI. 20,5 x 15,5 cm.965 páginas. Inclui também obras de outros autores. É o mais antigodos códices datados. Mão freqüentemente pouco clara, muitas palavrasilegíveis, grafia caótica e disposição confusa das obras: começa com ossonetos, como a maioria dos códices, depois transcreve décimas, ro-mances, mote e glosa, uma nova seção de sonetos, uoutras décimas,outros sonetos. Dois poemas são repetidos: “Huma com outra sãoduaz” (págs.121 e 170) e “Venho Madre de Deus ao vosso monte”(págs.743 e 840).

Biblioteca Pública Municipal do PortoBPMP1388. Obras de Gregorio de Matos e Guerra Natural

Da Cidade do Salvador, Bahia de todos os Santos. Feitos avariaspessoas no anno de 1690 Enovamente copiadas neste volume no de1748. 220 fls r e v e 10 de índice, no final. Freqüentemente descuidadoe às vezes quase ilegível. 20,8 x 15 cm.

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BPMP22. Poezias (ineditas) de Gregorio de Mattos Guer-ra. Códice em 2 volumes. Corresponde ao códice n.22 da coleção doConde de Azevedo. I vol: 555 pp. II vol: 556 pp.

Biblioteca Pública de ÉvoraBPE303 (Manizola). Sem folha de rosto; na lombada: O-

bras poeticas. Códice do “Núcleo Cimeliário da Biblioteca da Manizolaà Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Évora”, no n. 303 dos manus-critos. 342 fogli r e v. Páginas não numeradas.

20,5 (encadernação), 20 (folhas) x 14,5 cm. Da p. 1r a 44 r:Vida do Excellente poeta lyrico o Doutor Gregorio de Mattos Guerra.Seguem três páginas brancas e depois Poezias Sacras do DoutorGregorio de Mattos Guerra na p. 48r. Compreende poemas religiosos,mas também encomiásticos e satíricos. Termina com “Triste Bahia! ohquam dessemelhante” na p. 342 v. Sem índice.

BPE552 (Manizola)Poesias Lyricas de Gregorio de MattosCódice do “Núcleo Cimeliário da Biblioteca da Manizola à

Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Évora”, no n. 552 dei manos-critti. Na lombada Poesias liricas, T.II Carimbo: Francisco de MalloBreyner. 184 fogli r e v não numerados. 21,6 x 15,8 cm.

BPE587 (Manizola). Obras Sacras do Dr. Gregorio deMattos Guerra precedidas da sua vida e morte por Manoel PereiraRebello. Códice do Inventário de cedência e entrega do Núcleo Cime-liário da Biblioteca da Manizola à Biblioteca Pública e Arquivo Distritalde Évora, sob o nº 587 da II Parte dos Manuscritos. 224 páginas nume-radas. Nas páginas 1-58 a “Vida, e morte do Doutor Gregorio de MatosGuerra Escrita pelo Lecenciado Manoel Pereira Rabelo”. Na página se-guinte “Obras Deste Primeiro tomo Sacras Do Doutor Gregorio deMattos e Guerra a varios assumptos em que louva a Deos, e a seus

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santos, como se verá. Anno de 1765”. Na página 61 começam as poe-mas. 20,6 x 15,3 cm.

Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de BragaBPADB591. Coleção de poesias. 21 x 16 cm (encaderna-

ção) / 15 (texto). Segundo de dois volumes; o primeiro foi extraviado.Encadernação possivelmente da época. Compreende 338 folhas de355r a 693v, e 13 folhas de índices. Na primeira folha: “Do Dor. AntônioNumes q. as. o livro e não o soneto, nem as mays obras”. Talvez possaser identificado com o Dr. Antônio Numes da Veiga (1654-1715),ouvidor a Valença do Minho e autor de Perfeito Capitão (Lisboa,Deslandes 1709)16. De qualquer forma este soneto não aparece entreos que foram atribuídos a Gregório de Mattos: “Athaista buçal, Asnoinssolente”. No final uma “Taboada dos dous volumes” em 23 páginas,índice alfabético dividido por letras, transcrevendo a primeira linha dopoema. No códice “Formoso Tejo meu quam diferente” de FranciscoRodrigues Lobo (I vol, p. 68) e muitos outros poemas atribuídos aoutros autores.

USA

Library of Congress, WashingtonLC-P253 e LC-P254. Obras de Gregório de Mattos. 2 volu-

mes de 175 e 165 folhas respectivamente. O primeiro contém 110poemas de Gregório e 5 de Eusébio; o segundo 152 poemas de GM e 6de Eusébio. A lápis: “Estes dois volumes de Poesias de Gregório de Matospertencem ao Sr. Luiz Antonio Alves de Carvalho Filho, que m’os em-prestou. V.C. ‘L/ettra de Valle Cabral da B/blioteca/P/ublica? a quememprestei estes dous volumes para a sua edição das obras de Gregóriode Mattos, L.C.”. Um dos dois volumes começa com “A hua dama dor-mindo junto a hua fonte”; o outro com “A Iha de Itaparica”.

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LC-P255 Várias Poezias compostas pello Famozo Doutor,e insigne Poeta de nosso Seculo Gregório de Mattos e Guerra Juntasneste volume Por hum Coriozo, e no fim hum Índice, e tudo, quenelle se contem E hum Abecedario de todas as Obras Por forma, eordem Alfabetica: Cidade da Bahia Anno 1711. 407 pp. Índices. 20,5x 15,5 cm. Este códice foi consultado em cópia xerox por James Ama-do.

OBSERVAÇÕES SOBRE OS CÓDICES

Sabemos que as coletâneas de poemas gregorianos possivel-mente completas, ou visando ser, eram em quatro volumes; esta é umaobservação de Ferdinand Wolf17 e o estudo dos testemunhos que forampreservados a torna plausível. Dispomos de três exemplos destas coletâ-neas:

• O códice L 15-2 da Biblioteca do Itamaraty. São quatrovolumes que incluem a Vida de Rabelo e o texto poético numa grafiaclara e correta, e a matéria dividida por gêneros de forma ordenada.Varnhagen usou este códice para o seu Florilégio (v. Bibliografia) eAfrânio Peixoto consultou-o para a edição ABL.

• O códice Asencio-Cunha, transcrito por James Amadoem sua edição, tem uma divisão menos rigorosa; ele também começacom a Vida de Rabelo. Não foi possível confirmar a informação segun-do a qual recentemente o quarto volume deste códice teria sido extra-viado.

• O grupo formado por MC e BNRJ50,61, respectivamen-te o primeiro e o segundo volume de uma coletânea de quatro (MC: Asobras poéticas do Dor Gregorio de Mattos Guerra Divididas em 4tomos Em que se contem as obras satiricas, que a brevidade nãopermittio separar. Tomo 1º Bahia anno de 1775; BNRJ50,61: Asobras poéticas do Dor Gregorio de Mattos Guerra Divididas em 4tomos Em que se contem as obras sacras, jocoserias, e satiricas, quea brevidade não permittio separar. Tomo 2º Bahia anno de 1775).Aqui também a Vida antecede o texto poético.

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Disto pode-se concluir que:1. todas as coletâneas em quatro volumes que conhece-

mos foram compiladas após 1740 (terminus post quem da Vida deRabelo)18;

2. a iniciativa de juntar os poemas de Gregório pode real-mente ter sido de Rabelo, como acredita James Amado (mesmo quenada nos indique que o códice Asencio-Cunha realmente tenha sidoredigido materialmente por Rabelo)19, considerando que todas estascoletâneas são iniciadas pela Vida;

3. a disposição da matéria não é a mesma nos três códices,o que tornaria plausível uma ou mais intervenções sucessivas à primei-ra organização dos textos. Estas intervenções devem ter acontecidonum lapso de tempo relativamente curto, entre 1740 e 1775, data naqual foram redigidos MC e BNRJ50,61. De toda forma há grandes se-melhanças entre a organização de BNRJ50,61 e L 15-2, mas há diver-gências no texto da Vida, o que torna difícil acreditar que ambos sejamcodices descripti, cópias sem variantes do mesmo códice. A principaldiferença entre estas três coletâneas é a colocação da lírica sacra, queem L 15-2 e no Asencio-Cunha está no primeiro volume, enquanto nogrupo MC-BNRJ50,61 encontra-se neste último, que é o segundo vo-lume da coletânea (naturalmente, não sabemos o que haveria nosdemais dois). De qualquer forma devemos lembrar o título que apare-ce na folha de rosto do códice L 15-2: “[...] depois apurada melhor poroutro curiozo Engenho”.

Além disso, temos que levar em conta os demais códicessetecentistas em mais de um volume nos quais aparece a Vida:

BNRJ50,56 e BNRJ50,57ABNRJ50,59 e BNRJ50,59ANo caso destes códices, não temos nenhuma indicação quan-

to à presença de outros volumes; eles também teriam feito parte decoletâneas em quatro volumes? Ainda assim, há indícios: ambos, porexemplo, começam com a lírica sacra; porém, os poemas neles presentese sua ordenação divergem, o que deixa plausível alguma interpolação.

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Além do mais, conhecemos uma outra versão setecentistada Vida, redigida pouco antes de MC, no códice de Évora (BPE587): napágina 59 do códice lê-se “Obras Deste Primeiro tomo Sacras Do Dou-tor Gregorio de Mattos e Guerra a varios assumptos em que louva aDeos, e a seus santos, como se verá. Anno de 1765”. Novamente aqui aVida antecede a lírica religiosa, e novamente há a referência a umacoletânea em vários volumes.

Enfim, conhecemos códices em mais de um volume quenão incluem a Vida (BNRJ50,58 e BNRJ50,58A; LC-P253 e LCP254;BPMP22); isto pode simplesmente ser conseqüência da perda de ou-tros volumes, ou ao invés pode nos ajudar a conseguir uma dataçãoprecisa.

A análise dos códices impressiona antes de mais nada pelavariedade, pela quantidade e até pela distribuição geográfica: encontra-mos códices gregorianos em Portugal, na América do Sul e na Américado Norte, em oito cidades (nove se incluirmos os códices de tipo canci-oneiro presentes em Coimbra, que porém não consideramos nestarelação). Os códices apresentam poesia satírica, religiosa, lírica, enco-miástica; medida velha e medida nova; estão divididos por gênero e/oupor metro ou não apresentam divisão lógica alguma; são fruto de umaou mais mãos, ordenadas e cuidadosas ou confusas e descuidadas. Pelomomento, ainda não é possível realizar uma classificação. Pode sedizer, no entanto, que a extraordinária quantidade e qualidade de ma-terial atribuído a Gregório justifica e aliás torna cada vez mais necessáriae urgente a realização de uma edição crítica daquele que, fora de qual-quer dúvida, deve ser considerado como o maior poeta barroco delíngua portuguesa.

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NOTAS

1 Januário da Cunha BARBOSA. Parnaso Brasileiro cit.

2 id., Biografia dos brasileiros distinctos por letras, armas, virtudes, etc. in Revista Trimestral de Históriae Geografia, ou Jornal do Instituto Histórico-geográfico Brasileiro, Rio, III, n. 9, 1841, págs. 267-274,apud J.C.F. PINHEIRO. Curso Elementar de Literatura Nacional. Rio: Garnier, 1883. págs. 204-205.

3 GOMES. Gregório de Matos, cit. p.8.

4 Antônio HOUAISS. Tradiçao e problématica de Gregório de Matos, in JA, 1273-78: 1274.

5 Wilson MARTINS. História da Inteligência Brasileira. Cit. vol.I, p.227.

6 Cf. Paul ZUMTHOR. Intertextualité et mouvance. Littérature, 41, fév. 1981, pp. 8-16 e também Essai depoétique médiévale. Paris: Seuil, 1972 e A letra e a voz. A “literatura” medieval, São Paulo: Companhiadas Letras, 1993.

7 Celso CUNHA. Significância e movência na lírica trovadoresca. Questões de crítica textual. Rio deJaneiro: Tempo Brasileiro, 1985.

8 Cf. STEGAGNO PICCHIO. Camões lírico: Variantes de tradição e variantes de autor. Exemplos para oestudo da movência em textos camonianos in Atas da V Reunião Internacional de Camonistas, SãoPaulo: USP, 1992, págs. 285-309, e também Camões/Petrarca: studio di varianti, in Petrarca, Verona el’Europa, Padova: Antenore, 1997, pp.435-456. Leodegário de Azevedo questionou a utilização do con-ceito de movência neste contexto. Cf. Leodegário A.de AZEVEDO FILHO, A teoria do cânone mínimo nalírica de Camões, in Barbara SPAGGIARI, José Antonio Sabio PINILLA, L. A.de AZEVEDO FILHO, O renas-cimento italiano e a poesia lírica de Camões, Niterói: EDUFF/Rio: Tempo Brasileiro, 1992, págs. 59-72, naspágs.65-66.

9 Paul ZUMTHOR. Intertextualité et mouvance. cit, p.12.

10 Sobre este assunto ver: Silvia LA REGINA. Gregório de Mattos e la mouvance, na revista Merope XI(1999), 26, Pescara (Itália).

11 José VERISSIMO. História da literatura brasileira. Rio: Francisco Alves, 1916. p.88.

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12 Está no prelo uma edição minha da Vida Do Doutor Gregorio de Mattos Guerra de Manuel PereiraRabelo.

13 Incluímos aqui só os códices que apresentam totalmente ou em sua maioria poemas atribuídos aGregório; para os numerosos códices do tipo cancioneiro, ver principalmente Diléa Zanotto MANFIO.Manuscritos de Gregório de Matos no exterior. Palestra apresentada no congresso Gregório de Mattos:o poeta renasce a cada ano, Salvador, dezembro de 1996. 14 p. a ser publicada nos Anais. Fundamentaltambém para o estudo dos códices guardados em Portugal e nos Estados Unidos. Cf. também JamesAmado. Notas à margem da editoração do texto - II. in JA, p. 1279-1282.

14 Éditos e Inéditos. págs.17-18.

15 PERES. Gregório de Matos: os códices em Portugal. Revista Brasileira de Cultura. n.9, MEC. Rio 1971.pp.105-114: p.107. Ver este artigo também para todos os códices hoje guardados em Portugal.

16 Citado por Heitor MARTINS. Gregório de Matos, mito e problemas in Do Barroco a Guimaraes Rosa,B.Horizonte, Itatiaia / Brasília: INL 1983, págs.235-245, p.238.

17 Ferdinando WOLF. O Brasil literário. São Paulo, 1955 (tradução da edição francesa de 1863), p.37.

18 Vida do excelente poeta lírico, o Doutor Gregório de Matos Guerra. JA, p.1251-1270: p.1265. A dataé também citada nas demais versões.

19 James AMADO. cit. p.1279.

20 Encontram-se neste resumo só os códices do século XVIII.

21 Caso apareça mais de um número, é porque há índices.

22 O códice 50,56 e o códice 50,57 A originariamente eram 2 volumes do mesmo manuscrito, provavel-mente em 4 volumes.

23 O códice 50,58 e o códice 50,58 A originariamente eram 2 volumes do mesmo manuscrito, provavel-mente em 4 volumes.

24 O códice 50,59 e o códice 50,59 A originariamente eram 2 volumes do mesmo manuscrito, provavel-mente em 4 volumes .

25 O códice 50,61 e o códice MC originariamente eram 2 volumes do mesmo manuscrito, provavelmenteem 4 volumes, do qual MC era primeiro.

26 O códice inclui também poemas atribuídos a outros autores. Os poemas de Gregório estão entre aspágs. 17r e 159v e passim.

27 Este volume e os três seguintes compõem um único manuscrito.

28 Devem ser acrescentadas 140 páginas de Vida de Rabelo, não numeradas e antepostas ao texto poético.

29 Este volume e os três seguintes compõem um único manuscrito.

30 Devem ser acrescentadas 62 páginas de Vida de Rabelo, não numeradas e antepostas ao texto poético.

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IIIDESCRIÇÃO DO CÓDICE

O CÓDICE RBM (dos nomes dos dois últimos proprietários)encontra-se em São Paulo, na biblioteca Mindlin (José e Guita), legadode Rubens Borba de Moraes.

O códice é um livro autônomo, apesar das dimensões dimi-nutas. Foi encadernado em couro, com impressões em ouro, e conser-va a encadernação original.

Na lombada há uma etiqueta:

POESIAS SATIRICASBRASIL1762

Em lugar algum, nem na capa nem ao longo do texto (nãohá folha de rosto) aparece o nome de Gregório de Mattos.

Encadernação: cm. 22,9 x 17,8papel: cm. 21,7 x 16,7

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Manuscrito cartáceo.Filigrana em 38 páginas.Ex libris de Rubens Borba de Moraes64 paginas numeradas somente no recto.Grafia muito clara e uniforme, de uma única mão.

O códice, diferentemente da maioria dos demais apógrafosde Gregório, apresenta-se como extremamente compacto. É compos-to unicamente por décimas satíricas, em número variável de um poe-ma para outro (de 1 a 24 décimas), em redondilhas maiores numesquema métrico invariável:

ABBAACCDDCdo tipo denominado espinela.Há um único exemplo de “mote e glosa” (“De dous ff se

compoem”, 61v-62v), sempre em décimas e com o mesmo esquemarímico.

Possivelmente o RBM constituisse um livrinho de mão,uma escolha pessoal de composições poéticas anônimas, apesar dequase todas atribuídas a Gregório em outros códices. Cinco composi-ções não integram as edições ABL e JA:

“Dizei-me, que mal me fez”, 38r“O vosso nome, Thomé”, 42v“Hé esta a quarta monçam”, 45v“Freiras, quereis que hum Pasquim”, 47v“Quizeste tanto sobir”, 60r.

Três destes aparecem em um dos códices da Biblioteca Pú-blica Municipal do Porto, o nº 22, no primeiro volume:

“Quizeste tanto subir”, 103“Freira quereis que hum Pasquim”, 113“He esta a quarta monçam”, 115.

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Além de apresentarem a mesma forma métrica, a décimaespinela, as composições do códice RBM têm outras homogeneidades;antes de mais nada o gênero: os 40 poemas são sátiras, mas não políti-cas e sim contra pessoas geralmente não identificáveis da cidade. Cida-de ou lugar que também são raramente especificados, diferentementedo que acontece nas sátiras políticas: só em “Veyo ao Espirito Santo”,15v, “A nossa Sé da Bahia”, 56v, “De dous ff se compoem”, 61v. As sátirasatacam frades, freiras, pequenos burgueses, às vezes da administraçãopública (a qual em si, porém, não recebe críticas), e são do tipo, aindaque às vezes muito violento, mais alegremente vulgar, com referênciasconstantes e precisas a escrementos e genitais e em geral a situaçõesescabrosas, preferivelmente que digam respeito a membros do clero.

Não há refrões; parece-nos patente que, mesmo que a sátiraibérica permaneça o modelo constante, nesta seção do corpus não háreferências esplícitas a obras alheias.

De todos os códices de Gregório de Mattos conhecidos até opresente momento, o RBM é o único que apresenta uniformidade ehomogeneidade tão rigorosas; até pelo número de páginas (128, ou64 r e v), é evidente o cuidado que deve ter inspirado esta coletânea,na qual (caso raríssimo) os poemas estão distribuídos para semprecoincidirem con a pagina inteira, há regularidade na disposição dasdécimas e os erros do copista são quase insignificantes. Podemospensar em RBM como uma edição de luxo, para um rico amador decoletâneas poéticas; talvez português, visto que a palavra Brasil im-pressa na lombada seria supérflua se o livro tivesse sido realizado paraalgum brasileiro.

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IVCRITÉRIOS DE EDIÇÃO E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS GRÁFICAS E

ORTOGRÁFICAS DO CÓDICE RBM

CRITÉRIOS DE EDIÇÃO

FOI feita uma edição semi-diplomática dos textos, obedecen-do aos seguintes critérios:

• Elementos de uma mesma palavra que estivesses separa-dos foram unidos (p.es. 25r, 10: “tendo a mante que lhe fede” >“tendo amante que lhe fede”) e vice-versa foram separadas as palavrasque tenham sido juntadas (p.es. 24v, 14: “vá comendo sobre atrolha”> “vá comendo sobre a trolha”).

• Todas as abreviações foram abertas, usando o itálico. Es:q’ = que

• Todas as alternâncias gráficas foram mantidas.• Os possíveis acréscimos, a serem considerados mera-

mente como sugestões no caso de erros evidentes no texto ou na mé-trica, foram assinalados com os colchetes [ ].

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• As raríssimas expunções, realizadas somente em casosevidentes de erros do copista, foram assinaladas com parênteses angu-lares < > .

• A pontuação não é excessivamente diferente do uso mo-derno e de qualquer forma não impede a compreensão do texto; con-sequentemente não foi alterada.

• A mudança de página foi indicada com as duas barras / /em negrito. Es: /34v/

• Entre as listadas em seguida, estas particularidades gráfi-cas foram reconduzidas ao uso moderno:

• ε = h• ∫s = ss.

CARACTERÍSTICAS GRÁFICAS

As características gráficas principais são:• o h tem a aparência de um épsilon (ε ε ε ε ε )• ss normalmente é representado com ∫s• os sinais diacríticos são usados de forma muito variada: o

acento circunflexo pode indicar a crase ou qualquer acento, e algumasraras vezes é usado no lugar do til; o acento agudo pode indicar tam-bém a crase; às vezes no lugar do til é usado um apóstrofo.

• a pontuação é variada e usada de forma relativamenteparecida com o uso moderno.

CARACTERÍSTICAS ORTOGRÁFICAS

• O uso de consoantes dobradas é relativamente comummas não excessivo. Pode-se observar a duplicação, além de r e s (estestambém de forma notavelmente casual) de todas as demais consoan-tes, com as únicas exceções de d, g, q, v. Estes fenômenos não sãoregulares e normalmente não obedecem a preocupações etimológicas.

• As vogais e os ditongos nasais estão representados de for-ma muito diferente da atual, e com uma certa inversão:

- freqüentemente -ão atual é representado -am

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- -am por sua vez é grafado –ão- o ditongo ão é quase sempre reproduzido como aõ.- normalmente as terminações–ães e -ões estão reprodu-

zidas abrindo o til em n: -aens, -aenz; -oens, -oenz.• O ditongo eu è muito freqüentemente eo (nunca, po-

rém, quando se trata do pronome de primeira pessoa).• No lugar do prefixo en muitas vezes encontra-se em:

emsaboar.• A terminação –is do português atual (do plural de –al)

aqui está grafada –es (es. “animaes”).• O uso de c, ç, ch, s, z é muito diferente do atual e apre-

senta numerosas oscilações, até mesmo dentro do mesmo texto ou damesma página.

• A terceira pessoa singular do presente indicativo do verboser sempre está precedida por h e por vezes aparece acentuada: he, hé,hê.

• Os artigos e numerais um, uma sempre estão precedidospor h: hum, huma, huns, humas

• Por vezes pode-se observar metátese nos prefixos per-,por-. Es: pregunta.

• As vogais átonas pré-tônicas e, o às vezes aparecem gra-fadas como respectivamente i, u. Es: difiniçam.

• y aparece freqüentemente no lugar de i: sylva• freqüentemente há troca entre x e ch: caximbo.

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VÍNDICE DOS POEMAS

primeiro verso pagina tipo ABL JA

1 Victor, meo Padre Latino 1r-1v décimas 216

2 Amigo, e Senhor Jozé 2r-3r décimas III, 213 280

3 Padre a caza estâ abrazada, 3v-4r décimas 238

4 Por sua mam soberana 4v-5v décimas 1219

5 Este, que de Nize conto 6r-7v décimas 555

6 Huma triste entoaçam1 7v décima V, 334

7 Cazou Filippa rapada 8r-9r décimas V, 260 984

8 A tua perada mica,2 9v-11r décimas V, 220 221

9 A vos Padre Balthazar, 11v-13v décimas 230

10 Reverendo Padre alvar, 14r-15r décimas V, 257 234

11 Veyo ao Espirito Santo 15v-21r décimas 168

12 O senhor Joam Teixeira 21v-23v décimas 284

13 Senhor Mestre de jornal, 24r-25r décimas VI, 198 1105

14 Amigo a quem nam conheço, 25v-27r décimas 964

15 Por gentil homem vos tendes, 27v-28v décimas 889

16 Se vos foreis tam ouzado 29r-30v décimas VI, 163

17 Huma com outra sam duas 30v décimas 839

18 Dizem senhor Capitam, 31r-32v décimas 290

19 Viva o insigne Ladram, 32v décima VI, 158 1124

20 Peralvilho, ó Peralvilho, 33r-34r décimas 563

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1 ABL: grave

2 ABL: Da tua pesada mica; JA: da tua perada mica

3 JA: nova

21 Reverendo Frei Carqueja, 34v-38r décimas V, 209 251

22 Dizei-me, que mal me fez, 38r décima

23 Já que entre as calamidades, 38v-41v décimas V, 310 1019

24 Reverendo Frei Sovella, 41v-42v décimas 264

25 O vosso nome, Thomé, 42v décima

26 Quem vos mete Frei Thomaz, 43r-44r décimas V, 287 247

27 Sem tom, nem som por detraz 44v-45r décimas 835

28 Hé esta a Quarta mo<n>çam, 45v-47r décimas

29 Freira, quereis que hum Pasquim 47v-48r décimas

30 Minha gente, vosse vê 48v-49r décimas 297

31 Inda està por decidir, 49v-50r décimas V, 134 207

32 Mil annos hà, que nam verso; 50v-53r décimas V, 184

33 Estava o Doutor Gilvas 53v-56v décimas V, 328 550

34 A nossa Sé da Bahia, 56v décima V, 112 195

35 Vós nam quereis cutiláda 57r-58r décimas V, 251 553

36 Letrado que cachimbais 58v-59v décimas V, 153 559

37 Quizeste tanto sobir, 60r-61v décimas

38m De dous ff se compoem 61v mote 38

38g Recopilouse o Direito, 62r-62v glosa

39 Hindo a caza de Tatus 62v-63r décimas VI, 200 863

40 Na nossa Jerusalem,3 63v-64v décimas V, 117 1096

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VITRANSCRIÇÃO DOS POEMAS

/1r/A FREI Miguel Novelos apelidado o Latino, sobre huã Patente

falsa de Prior, achando-se o Autor homiziado no Carmo.

1Victor, meo Padre Latino,que agora se soube em fim,que só vos sabeis Latim,para hum breve tam divino:era n’hum dia mofinode chuva, que as cazas rega,eis que a Patente vos chega,e eu por milagre o suspeitona Igreja Latina feito,para se pregar na Grega.

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2Os sinos se repicaramde seo motu natural,porque o Padre Provincial,e outros Padres lho ordenaram:os mais Frades se abalarama lhe dar a obedienciae elle em tanta complacencia,por nam faltar ao primor,dizia a hum victor Prior,victor Vossa Reverencia.

/1v/

3Estava aqui retrahidoo Doutor Gregorio, e vendohum Breve tam reverendoficou com queixo cahido:mas tornando a seo sentidoda galhofa perennalque nam vio Patente igualdice, e hé couza patente,que se a Patente nam mente,hè obra de pedra, e cal.

4Victor, victor se dizia,e em prazer tam repentinosendo os viva ao Latino,soavaõ a engrezia:era tanta a Fradaria,

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que nesta caza Carmelanam cabia a refestela:mas recolheram se em fimcada qual a seo cellim,e eu fiquei na minha cella.

/2r/

Ao Capitam Jozé Pereira por alcunha o SetteCarreiras, cujas poezias serviam de rizo.

1Amigo, e Senhor Jozénam me fareis huma obra,porque se a graça vos sobra,me fareis graça, e mercê:fazei me huma obra em quehonra me deis aos almudes,e se em vossos alaudes,que Apollo vos temperounam cabe o pouco, que eu sou,caberam vossas virtudes.

2Fazei me huma obra em quantoa Musa se me melhora,que eu prometto desde agorapagar-vos tanto por tanto;que como Deos hé bom Santo,e nam há ôvo sem gema,sereis de meo plector o tema,por que a quem me fas hum verso,

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nam serei eu tam perverso,que lhe nam faça hum poema.

/2v/

3Sayam esses resplandores,essas luzes coruscantes,rubis, perolas, diamantes,cravos, açucenas flores:sayam da Musa os primores,que há ortellam da poezîa,que gasta em menos de hum diade flores hum milenarioe há Poéta Lapidariogastador da pedraria.

4Eu quatro versos fazendonam me meto em gasto tal,nem posso chamar cristala mam, que humana estou vendo;os olhos, que ao que eu intendosam de sangue dous pedaços,nam chamo diamantes baços,pois os nam tenho por taes,que há Poétas Liberaes,e os meos sam versos escaços.

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/3r/

5Vos sois o Deos da poezîa,que sobre o vosso Pegaso,andaes mudando o Parnasoneste monte da Bahia:aqui a vossa Thalîanos ensina aos praticantestam graciozos consoantes,que vos juro a Jesu Christo,que em quantos versos hei visto,nam vi versos semelhantes.

6Sois hum Poéta natural,e tendes sempre a mam chêa,nam sò de Aganipe a vêa,mas na vêa hum mineral:correm como hum manancialda vossa bocca Arethusas,e as nove Musas obtusasde ver o vosso Pactóloem vez de Musas de Apollo,querem ser as vossas Musas.

/3v/

Ao Vigario da Madre de Deos Manoel Rodriguezvindo tres clerigos a sua caza, achando-se nella o Autor

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1Padre a caza estâ abrazada,porque hé mais damnosa emprezapôr tres boccas a huma meza,que trezentas a huma espada:esta trindade sagrada,com quem toda a caza abafa,já eu tomara ver safa,porque à caza nam convemtrindade, que em si contemtrez pessoas, e huma estafa.

2Vos nam podeis sem dar penapôr á meza trez pessoas,nem sustentar trez coroas,em cabeça tam pequena:se a fortuna vos ordena,que vejaes a caza razacom gente que tudo abraza,nam sofro, que desta vezvos venham coroas trezfazer principio de caza.

/4r/

3Se estamos na Epifania,e os trez coroas sam Magoshão de fazer mil estragosno caijû, na melancîa:magica hè feitiçaria,

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e a Terra hé tam pouco experta,e a Gentinha tam incerta,que os trez a nosso pezarnam vos hão de offerta dar,e hão de mamar-vos a offerta.

4O incenso, o ouro, e myrrha,que elles nos hão de deixar,hê, que nos hão de mirrar,se nos nam defende hum irra:o Crasto por pouco espirra,porque hé dado a valentam,e se lhe formos a mamno comer, e no engolir,aqui nos ha de frigircomo postas de cassam.

/4v/

A huma procissam, que vio o Poeta em Viannaem occasiam de ferias, na qual por costumeantigo apparecia a morte adornadacom patas, peças de ouro, e muitoscachos de uvas verdes: hindojuntamente nella em figurade Sam Christovaõ huãestatua de papelão ves=tida de baeta verde.

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1Por sua mam soberanaDeos que hé Pay da piedade,Livre a toda a Christandadeda má morte de Vianna:morte composta de asneira,1

em vez de morte hè pavana,porque tirar da parreiraquantas uvas vai brotandopara lhas hir pendurando,hè morte de borracheira.

/5r/

2Ornar a morte a meo verde patas por mais campar,hé querela namorarpor falta de outra mulher:homens, que tem tal prazer,que enfeitam toda huma ossadade patas, e alfinetada,hé gente, que sem disputapretende em trages de putatratar a morte enfeitada.

3Isto de morte com patas,e com uvas athé os pés(como dice hum Viannez)Livre está de pataratas:há gentes tam mentecaptas,

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que se occupem a enfeitar,a quem os ha de matar,e lhe ponhaõ todo o oirosem temer, que isto hé agoiro,de que a morte os vem roubar.

/5v/

4Gente, que folga de verhuma caveira enfeitada,esta hé a morte folgada,que em menino ouvi dizer:mas nam me pode esquecerasneira tam alta, e forte,de huns barbaros de má sorte,e humas gentes insensatas,que pondo a morte de patascuidam, que empatam a morte.

5Se Vianna nisto dàpor fazer à morte festaconvenho, que gente hè estaque athé a morte guardará:mas que Sam Christovão váem charolla de vaquetacom cazacam de baeta,e verde por mais decoro,aqui se perde Izidororaivozo desta historeta.

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/6r/

A hum Letrado, que cazou com certa Mulher, que nãosendo donzella, deo hum ponto no vazo para o parecer.

1Este, que de Nize contoouçam, que hé bem raro cazo,pois dizem calça seo vazocom ser tam grande, hum só ponto;cazou com Fabio, que hé tonto,e eu folgo por minha vida,porque hé couza bem sabida,que andavão com gram cuidadoo Moço por ella assado,e ella por elle cozida.

2Por dar alivio a seo peitono mar de amor lhe convinhaa Fabio passar a Linha,porem nam passar o estreito;quas2 nam haverà conceito,que repare a Fabio amante,pois hoje à vela constante,quando em deleites se arrulha,o rumo segue da agulha,como astuto navegante.

/6v/3Mais direito, do que hum fuzo

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Fabio com manha selecta,no vazo por Linha rectalhe encaixou o membro obtuso;mas de dizer nam me escuzo,que nisso tinha interesse,poiz cazo estranho parece,e hé couza rara, que Fabiosendo astrologo tam sabio,o virgo nam conhecesse.

4Andou prudente, e alentadonesta empreza a que aspirava,pois de Nize o vazo estavacom Linhas fortificado;avançou-o denodado,e da sorte, que refiroonde claramente infiro,(nam cuide alguem, que isto hé conto)que a Moça lhe pôz o ponto,para elle fazer o tiro.

/7r/

5Em cazar com Nize bellanada Fabio se deshonra;que nisto de pontos de honranimguem sabe mais do que ella;e assim com gentil cautella,que ambos ganharam, suspeitoa vida com hum mesmo effeito

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(sem que pareça tollice)com os pontos de honra Nise,Fabio com os de direito.

6Se Fabio ociôzo alguma horade Nise, por ser sandeo,as linhas tristes torceo,alegre as destorce agora;embainhe o membro emborano vazo, pois nisso acerta,mas hé bem, que esteja àlerta,nam se fira nesta bulha;porque bainha de agulha,hé força, que esteja aberta.

/ 7v/

7Bem hé, Liberal se ostenteem cazar se Nize bella;pois dando-se a mais donzella,hoje hum recebe somente;ter-me ham por mal dizente,mas nam tenho culpa eu,que sou mui captivo seu;a verdade aqui sò conto,sem lhe accrescentar hum pontodo que ella no vazo deo.

Ao Muzico Braz Luiz, a quem deraõ huãs bordoadas denoite.

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Decima

Huma triste entoaçamvos cantaram Braz Luiz,e se hé como se dizfoi solfa de Fá Bordam;poiz no compasso da mamonde a valia se apuraparecia solfa escura,porque a mam, que a guiava,nem no ar, nem no cham dava,sempre em cima da Figura.

/8r/

Ao Cazamento de Ignacio Pissarro

1Cazou Filippa rapadacom hum Guapo do Lugar,e porque quiz bem cazar,ficou arto mal cazada;hoje hé a mal maridadado Sitio de Sam Francisco,porque o Guapo vendo o risco,que seo credito corria,em vez de dar-lhe a maquia,a contentou c’hum belisco.

2Que nam consumou se fala,porque o Noivo em tanta gloria

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se pôz fraco de memoria,e esqueceo-lhe o cavalgala;a Noiva faz disso gallaporque ficou com a honrinha,e elle diz, que assim convinha,porque se hum homem de bemnam tira a honra a ninguem,menos a quem jà a nam tinha.

/8v/

3Elle está muito arriscadoa hum successo infeliz,porque o que della se diz,dizem que o tem bem provado;a mim nam me dá cuidadover que o Noivo consentio,porque se elle a dormio,e diz, que o hà de provar,se o comprio, hei de eu mostrar,que jà provou, e comprio.

4Fez o Noivo as carreirinhashuma airosa retirada,vendo estar fortificadaa Praça com tantas linhas;e eu já pelas contas minhastenho a maranha entendida,e hé, que o Noivo em sua vidanam quiz que o vulgo malvado

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dicesse, que andava assadopor huma mulher cozida.

/9r/

5Se cozeo o birbigam,como diz a gente toda,muito a Moça me accomodapara Arrais de hum galiam;porque se a sua intençamfoi acaso em tanta bulhameter (fora và de pulha)huma fragata alterozapor barra tam perigoza,hé, que se fiou na agulha.

6O Noivo se veyo embora,e ella chora ao que eu creyo,porque o Noivo se nam veyo,nam intendo esta Senhora;mas o que se teme agorahé, que hum dos cunhados mande,que o pleito vá a Roma, e ande,e eu nam sei, que Demo o toma,pois quer que passe por RomaMulher de nariz tam grande.

/9v/Ao Padre Antonio Marques de Peralda.

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1A tua perada mica,nam te espantes, que me enoje,porque hé força, que a antojesendo doce de botica;o gosto nam se me applicaa huma conserva fanada,e embotes tam redomada,que sempre por ter que almocesachas para tam mâos docesa tutia preparada.

2Se tua Tia arganàzte fez essa alcomonia,com colher nam ta faria,com espatula ta faz,criaste-te de rapazcom pingue dessas redomas,e hoje tal asco lhe tomas,que tendo huma herança ricanas raizes da botica,com tudo nam tens, que comas.

/10r/

3Teo juizo hé tam confuso,que quando a qualquer christamlhe entra o uso da razamde entam lhe perdeste o uso;sempre foste tam obtuso,

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que já desde Estudantetete tinham por hum doidete,porque eras visto por altona falla falso contralto,na vista fino falsete.

4Correndo os annos cresceste,e se dizia em susurro,que era o teo crescer de burro,pois cresceste, e aborreceste;logo em tudo te metestequerendo ser eminentenas artes, que estuda a Gente,mas deixou te a tua asniaAbel na philosophia,na poezîa innocente.

/10v/

5Deram-te as primeiras Linhasversos de tam baixa esfera,que o seo menor erro era,serem feitos às Negrinhas;com estas mesmas Pretinhaspor mais, que te desbaptizes,gastastes os bens infelizesdo Marquez rico ervolario,porque todo o Boticariohé mui rico de raizes.

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6Sendo hum zote tam supino,es tam confiado alvar,que andas por ahì a pregargerigonças ao divino;pregas como Capuchinho,porque esta traça madurahum curado te assegura;crendo sua Senhoria,que a botica te dariaas virtudes para Cura.

/11r/

7Mas elle se acha enganado,pois se vê evidentemente,que os botes para hum doentesam, mas nam para hum curado;entraste tam esfaimadoa comer do sacrificio,que todo o futuro officiocantaste sobre fiado,pelos tirar de contadoao Dono do Beneficio.

8Nenhuma outra couza héeste andar dos teos alparques,mais que ser filho do Marquesvizinho da Santa Sé;outro da mesma relé,

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tam Marques, e tam birbante,te serve agora de Atlante,porque para conjurar-se,hé facil de congregar-sehum com outro semelhante.

/11v/

A certo clerigo.

1A vos Padre Balthazar,vam os meos versos direitos,porque sam vossos defeitos,mais que as arêas do mar;e bem que estaes n’hum lugartam remoto, e tam profundo,em concubinato immundocomo sois Padre Miranda,o vosso poder tresandapelas canteiras do Mundo.

2Cá temos averiguado,que os vossos concubinatos,sam como hum par de çapatos,hum negro, outro apolvilhado;de huma, e outra côr calçadosahis pela porta fora,hora negra, e parda hora,que hum zote camaliamtoda a côr toma, se namque a da vergonha, o nam cora.

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/12r/

3Vossa luxuria indiscretahé tam pezada, e violenta,que em dous bastoens se sustenta,huma Parda, e huma Preta;c’huma puta se aquietao membro mais deshonesto,porem o vosso indigestoha mister na occaziama Negra para travam,a Parda para cabresto.

4Sem huma, e outra Cadella,nam se embarca o Polifemo,porque a Negra o leve a remo,e a Mulata o leve a vélla;elle vai por sentinella,porque ellas nam dem à bomba,porem como qualquer zombado Padre, que maravilha,que ellas despejem a quilha,e elle ao fedor faça tromba.

/12v/

5Ellas sem magoa, nem dor,lhe poem os córnos em pinha,porque a puta, e a galinha

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tem sò o officio de por;òvos a franga peior,córnos a puta mais casta,e quando a negra se agasta,e com o Padre se disputa,lhe diz, que antes quer ser puta,que fazer com elle casta.

6A Negrinha se pespegacom hum Amigam de corona,que sempre o rifam entona,que o maior Amigo apega;a Mulatinha se esfrega,com hum Mestiço requeimadodestes de pernil tostado,que a cunha do mesmo pâoem obras de bacalháofecha como cadêado.

/13r/

7Com toda esta cornoalhadiz elle cégo de amor,que as Negras tudo hé primor,e as Brancas tudo hé canalha;isto fas a erva, e a palha,de que o Burro se sustenta,que hum destes nam se contenta,salvo se lhe dam por capa,para a rua huma gualdrapa,para a cama huma Jumenta.

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8Há bulhas muito renhidasem havendo algum ciume,porque elle sempre presumede as ver sempre presumidas;mas ellas de mui queridasvendo, que o Padre de borraem fogo de amor se torra,andam por negarlhe a graça,ellas já com elle à maça,e elle com ellas à porra.

/13v/

9Veyo huma noite de fora,e achando em seo vituperioa Mulata em adulterio,tocou à arma a deshora;e porque pegou com morano rayo de chumbo ardente,foi-se o cam seguramente,que como estava o coitadotam leve, e descarregadose pode hir ligeiramente.

10Porque hè grande demandamo senhor zote Miranda,que tudo o que vê demanda,seja de quem for o cham;por isso o Padre Cabram

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de continuo està a jurar,que os caens lho haõ de pagar,e que as couzas, que tem dado,lhas haõ de por de contado,e elle as ha de arrecadar.

/14r/

A hum Clerigo, que punio por huã satyra

1Reverendo Padre alvarbasta que por vossos modossahis a campo por todosos Mariolas de Altar!mal podia em vos fallar,quem noticia, nem suspeitatinha de asno de tal seita,mas como vos veyo a justoa satyra, estaes com susto,de que por vos fora feita.

2Com vosco a minha Camena,nam falla, se vos nam poupa,porque sois mui fraca roupapara alvo da minha penna;se alguem se queima, e condemna,porque vê que os meos apodosvem frizando com os seos modos,ninguem os tome por si,hum pelo outro, isso si,e assim frizaram com todos.

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/14v/

3Vos com malicia velozapplicai-o a algum coitado,que esse tal terá o cuidadode vo lo applicar a vos;desta applicaçam atrozde hum por outro, e outro por hum,como nam livrar nenhum,ninguem do Poeta entamse virà a queixar, senamdo poema, que hé commum.

4Bonetes da minha mam,como os Lanço ao ar direitos,cahindo em varios sugeitos,a huns servem, a outros nam;nam consiste o seo senam,nem menos está o seo mal,na obra, ou no official,está na torpe cabeça,que se ajusta, e se endereçapelos moldes de obra tal.

/15r/

5E pois, Padre, vos importanos meos moldes nam entrar,deveis logo emdireitar

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a cabeça, que anda torta;mas sendo huã praça morta,e hum zotissimo ignorante,vir-vos-ha a Musa picantea vos Padre mentecapto,de molde, como çapato,e mais justa, do que hum guante.

6Outra vez vos nam metaessentir alheos trabalhos,que diram, que comeis alhosGalegos, pois vos queimaes;e porque melhor saibaes,que os zotes, de que haveis dor,sam de abatido valor,pezem os vossos sentidos,quaes seram os defendidos,sendo vos o defensor.

/15v/

Ao Governador da Bahia Antonio Luiz Gonçalvez daCamara Coitinho, Almotacè Mor do Reyno.

1Veyo ao Espirito Santoda Ilha de Madeira Alveshum Escudeiro Gonsalvesmais pobretam, que outro tanto;e topando a cada canto,as Tapuyas do Lugar,

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havendo huma de tomar,para bainha da Espadatomou Victoria agradadaque entam lhe soube agradar.

2A tal, era huma Tapuyagroça como huma Giboya,que roncava de tipoya,e manducava de cuya:tocando ella a Alleluiatirava elle a columbrina,com tal estrago, e ruina,que chegando a conjunçamlhe encaixou a opilaçampor entre as vias da ourina.

/16r/

3Pario a seo tempo hum cuco,hum monstro, digo humano,que no bico era Tocano,e no sangue Mamaluco:e nam tendo bazaruco,com que faça o baptizado,lhe assistio sem ser rogadohum trosso de fidalguia,pedestre cavallaria,toda de beiço furado.

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4O Cura, que nam curoude buscar no Calendarionome de Santo ordinario,por Ambrozio o baptizou:tanto o Culumim mamou,e taes forças tomou, queantes de se por em pé,e antes de está já de veznam fallava o Portuguez,mas dizia o seo cobé.

/16v/

5Cançado de ver a Avôacom as cuyas à dependura,tratou de hir buscar ventura,e embarcou n’huma canoa:hindo aportar à Lisboa,presumio de fidalguia,cuidou, que era outra Bahia,onde basta a presumpçampara fazer-lhe hum christammuchissima cortezia.

6Cazou com huma rascoa,que por elle ardia em chamas,e era criada das Damasda Rainha de Lisboa:era huma grande pessoa,

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porque tinha hum cartapacio,onde estudava de espaciotodo o primor cortezam,que athé hum sujo esfregamcheira ao primor de Palacio.

/17r/

7Nasceo deste matrimonioum Anjo, digo hum Marmanjo,que era no simples hum Anjo,e no maligno hum Demonio:deram lhe por nome Antonio,oh se o Santo tal cuidara,eu creyo, que se irritarao Santo Portuguez tanto,que deixara de ser Santo,e o nome lhe nam tomara.

8Este pois por exaltar-seveyo reger a Bahia,que bom governo faria,quem nam sabe governar-se:se elle quizera enforcarsepelos que enforcar queria,que bom dia nos daria,mas elle tam mal se salva,que quando dava a má alva,entam tomava o bom dia.

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/17v/

9O Ministro ha de ser sãojusto, e desinteressado:ha de ter odio ao pecádo,e ao pecador compaixam:que se tem má propençam,fará justiça com vicio;e se maior maleficiotem, e pode condemnar-meLivre me Deos de julgar meofficial de meo officio.

10Que porque furto, o que coma,me enforquem, pode passar;mas que me mande enforcara Bengala, de hum Sodoma!quem soffrerá, que Mafomame queime por mâo christam,vendo que Mafoma hè hum cam,velhaco de suja alparca,e o mais torpe Heresiarca,que houve entre os filhos de Adam?

/18r/

11Quem na terra soffreria,que o fedor de hum ataude,com bioco de virtude,

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simulasse a Sodomia:e de facto cada diadesse ao povo hum enforcado,e que de puro malvadodesse esse dia hum banquete,e alegrasse o seo bofetecom bom vinho, e bom boccado?

12O bem, que os mais bens enserra,e as glorias todas contem,hé reinar, quem reina bem,pois figura a Deos na Terra.Eu cuido, que o mundo erranesta alta reputaçam,pois se erra o Rey huma acçam,paga o seo alto attributohum tristissimo tributo,e miserrima pençam.

/18v/

13O Principe Soberano,bom christam, temente a Deos,se o nam socorrem os Ceospensoens paga ao ser de humano:està sugeito ao tiranno,que adulando ambiciosohé Aspide venenoso,que achando lhe os sentidosturbado o deixa de ouvidos,de olhos o deixa Lodozo.

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14Se fora El Rey informadode quem o Tocano era,a Bahia nam vieragovernar a hum Povo honrado;mas foi El Rey enganado,e eu com o Povo o paguei,que hé jà costume, hé já Ley,dos Reinos sem intervallos,pagar os tristes vassallosos desacertos do Rey.

/19r/

15Pagamos, que hum Figurilhacorcova de canastram,com nariz de rebecam,e cara de bandurrilha:descompozesse a quadrilhados homens, mais bem nascidos,e que dos mal procedidostanta estimaçam fizesse,que honras, e postos lhes desse,por lhe encherem os ouvidos.

16Pagamos ver que esta Hyena,que com a voz nos engana,pois falla como putana,e como fera condemna;que huma Terra tão amena,

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tam fertil, e tam fecunda,a tornasse tam immunda,falta de saude, e pam,mas foi força, que tal mampeste, e fome nos infunda!

/19v/

17Pagamos, que hum homem bronco,racional, como hum calhâo,mamaluco em quarto grâo,e maligno desde o tronco;apenas se dá hum ronco,em briga a penas se falla,quando os Sargentos à escallaprendem com descorteziaos honrados na enxovia,todo o patifam na sala.

18Pagamos, que hum Sodomita,porque o seo vicio dicesse,todo o homem aborrecesseque com mulheres cohabita:e porque ninguem lhe quitaser hum vigario geral,com pretexto paternalaos filhos, e aos criadosos tinha sempre fechadospelo peccado carnal.

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/20r/

19Pagamos, que o tal jumentoizento de mãos guardunhas,nam furtasse pelas unhasse nam por consentimento:porque os quatro vezes cento,que se vieram trazerao seo Capitam mulher,porque o pam suba mais dez,nam foi furto, que elle fez,mais deo geito a se fazer.

20Pagamos ver o Prelado,que se pecca hé de prudente,dos serventes de hum agentedescortezmente ultrajado:o sobrinho amortalhadocom tam fidalgos brazoenspela puta de calçoens,que fiado em ser validofez do sangue esclarecidotam lastimozos borroens.

/20v/

21Pagamos com dor interna,que nos passos da Paixamtam devoto hé da prizam,

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que quer Levar a lanterna:se intende, que a gloria eternaprendendo ha de merecer,fora melhor intender,que ao Ceo darà mais agradonam dormirse com o criado,que desvelarse em prender.

22Pagamos vello aspirar,e estar com espectativas,de ser Conde das Maldivas,por serviços de enforcar:e como mandou tirarhum rol dos quatro marâos,que enforcou por vaganâos,cuidei assim Deos me valha,que entre os Condes da baralhafosse elle o Conde de pâos.

/21r/

23Porem Sua Magestade,qual Principe Soberano,que nam se indigna de humanosem damno da Dignidade;conhecida esta verdade,que hé verdade conhecida,farà justiça cumprida,para que se lhe agradeça,que o mâo na propria cabeçatraga a justiça apre[n]dida.

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24E porque nos de antemama seos favores mostremos,quanto lhos agradecemos,lhe agradecemos Dom Joam:hé muito justo, hé razamconforme o direito, e Ley,quando o Rey auzente a Greyoutro em seo lugar quer pôr,que seja o Governadortam Fidalgo como o Rey.

/21v/

A prizam do Capitam Joam Teixeira de Men=donça, sendo Thesoureiro dos Defuntos, e auzentes.

1O Senhor Joam TeixeiraMendonça de quando em quandona Cadea està purgandohumores de Ladroeira:a putaina, que era herdeiravniversal dos defuntosperdeo redomas, e untos,e está já dezenganada,que o Ladram mata a porcada,e o Fisco come os presuntos.

2Tinha o Fidalgo mingoadocomo ladram tam astuto,

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os bens em Lugar enxuto,mas mal acondicionado:estava o barco ancoradoe nisso esteve a ruina,porque a carga era rapina,e deo-nos espanto, e magoa,de que pela vêa da agoase desse naquella mina.

/22r/

3As Almas do Purgatorio,como os fardos eram seos,estavam pedindo a Deoscada qual seo envoltorio:ouvio Deos o peditorio,e com ter tam forte mam,em qualquer execuçamvendo-as perder por instantesse ajudou de huns Ajudantespara fazer a prizam.

4Foram elles à Setiae dizem que se prenderaporque tam sofrego era,que furtava, e nam partia:o Thezoureiro este diafazia conta de se hir,e a tardança o fez cahir,e entam se lhe ouvio dizer

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furtava para esconder;porem nam para partir.

/22v/5Ladram como mentecaptono profundo do poràmpassado como ladram,e triste como malato:deram lhe muito mâo tratoem o trazer amarrado,sendo, que andou como honradoem seguir aquella viaque eu nam vi na fidalguiaMendonça sem ter Furtado.

6A parentella seriaque hé gente, que aqui graceja,porque lhe cauzava invejaver que lhe dava honraria:alvoroçou-se a Bahiaentre admiraçam, e gozoporque era cazo espantozo,que tomasse sem ser Sauloo caminho de Sam Paulohum Ladram facinerozo.

23r/

7Ficou no porto a Setia,e o Thezoureiro salvage

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chegou sem fazer viagea salvamento a enxovia:diz o Povo que fogia,por de todo estar quebrado,mas o Povo està enganado,porque eu vi o Thezoureirona Cadea muito inteiro,e mui dezavergonhado.

8Já dizem as profeciasdos homens experimentados,que a quatro dias andados,ou que daqui a quatro dias:todas as Thezourariasadrede lhas ham-de dar,por ser homem singularque guarda a rigor da Leytanto a fazenda de El Rey,que El Rey a nam pode achar.

/23v/

9E se a Justiça lhe deono rasto por tantas calmas,jà dice, que foram Almasque chorava pelo seo:aos Santos sempre ouvi eu,que era seguro o furtarporque nam podem fallarmas de Almas nam hà fiar-se,

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que se nam podem queixarsecom tudo podem rezar.

10Toda a cidade notou,que este Thezoureiro alvarhé tam destro no embolsar,que a si mesmo se embolsou:na cadea se encaixouque há bolsa de mâos ladroens,e seos doudos cabeçoensfazem crime de ausentar-se,hey medo que ha de chegar-seo verdugo a seos calsoens.

/24r/

A hum Pedreiro, de quem se retirou certa mulher,pela tratar com menos estimaçam.

1Senhor Mestre de jornal,quem vir o seo coraçamdirà logo, que hé torramna obra de pedra, e cal;e se acazo por meo malnam foi constante commigosendo pedra, e cal comsigo,caya, e quebre o bom conselho,que assim faz hum muro velho,assim o cazebre antigo.

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2Se Lá trata caens surrados,e cuida que me dà pique,eu tomo por meo despiquetratar com homens honrados:os seos jornaes acabados,acabou se lhe a comenda:eu tenho segura a renda,porque hum homem principalsem suar com pedra, e caldá muchissima fazenda.

/24v/

3A Dama do jornaleiromuito sua, e pouco medracuida que pega na pedrase a mam lhe toma hum Pedreiro:eu dei n’hum mâo paradeiro,mas soube me retirar,que se me deixo beijardo pedreiro, que me tocahé meter me elle na boccapedra, e cal para amassar.

4Lá faça a sua bambolha,onde há tam pórca mulher,que pela sua colhervá comendo sobre a trolha:eu cá como a limpa olha

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tam limpa, cheiroza, e grata,que hè o menos colher de prata:e sou tam firme em pagalo,que regalo por regalocuido que nam fico ingrata.

/25r/

5Graças a Deos, que me sôaa limpeza o meo amor,e me nam fede o suordo pedreiro, que me enjoa,jà agora me sinto boa,já agora o gosto me pede,que seja formoza adrede,que fêa talvez se paraa mulher, que tòrce a caratendo amante, que lhe fede.

6A Deos pois meo Pedreirinho,a Deos, meo colher, e trolha,a Deos, caldo de mà olha,a Deos triste rapozinho:que eu posta no meo moinhoentre os meos mariscadorescômo os mariscos melhores,o bom peixe, e nam o mâo,nem o duro bacalhâode pedreiros malhadores.

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/25v/

A hum sugeito, que por cauza de huma Luz namlogrou huã Dama, de quem entam recebera hum anel.

1Amigo a quem nam conheço,inda que amigo vos chamo,pois no dezar com que amo,a vos tanto me pareço:bem alcanço, e reconheço,qual hé a força do destino,mas se o dezar mais mofinoestorva a luz da razam,como a luz de hum lampiamperdeis da ventura o tino?

2Nam duvido, que sejaesave cuco em Noroéga,se mostraes, que a luz vos cega,perdendo o que á Luz buscaes:ave nocturna cortaesa sombra mais denegrida,e à luz, que hé vossa homicidaperdeis (estranho rigor)empreza, dama, e favor,esperança, amor, e vida.

/26r/3Que Madama, ou que Senhoratendes tam pouco brilhante,

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se vemos, que a todo o Amantesua Dama, hé sua aurora!cuidava eu que na hora,que hum Amante a Dama vianessa hora lhe amanhecia,e a vossa Dama chegou,mas nem docar-se3 deixoupor falta da Luz do dia.

4Hé verdade, que a candêa,rompeo da noite o capuz,mas dai vos ao Demo a Luz,que estorva, e nam alumêa:dai ao Demo a luz que atêa,para o damno vos ordir,a luz sirva de luzir,e nam sirva de estorvarluza para alumiar,e nam para descobrir.

/26v/

5E se a luz o véo nocturnorompeo por vos dar na treta,de Venus nam foi cometta,foi influxo de Saturno:se de hum Planeta diurnorayo de Luz campeara,nem gostos vos estorvara,nem quem ereis descobrira,

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a Moça mais se enxerira,e algo mas se negociara.

6E se o Dono, que aguardava,qual vigia sempiterna,nam vira a luz da lanternase ella vinha, ou se ficava:e em quanto se apolegavaessa pera mal madura,a ser pela noite escuraficara a Moça sinceraderretida como cera,batida como costura.

/27r/

7Mas vos sobre tanto anhelloficastes em tal desdoirocom hum anel, que se era de oiroera anel do seo cabelo:quiz pagar vos o desvelode perder aquela gloriatam breve, e tam transitoria,e porque lembre hum successotam infausto, e tam avesso,vo lo deixou na memoria.

8Vos a prenda recebestes,e vendo a perda tam clara

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da luz, que vos desgostarapor esta vos esquecestes:qual mercador vos houvestes,e faltastes na verdadedo amor a sinceridade,pois à Moça nam servistes,e da memoria a despistesem desconto da vontade

/27v/

A hum Barqueiro de Marapé, que havia sidogrumete da Nau, em que o Poeta veyode Portugal, muito presumidode gentil homem, valente,e namorado.

1Por gentil homem vos tendes,por valente, e namorado,que a hum Fernandes nam hé dado,e cahe melhor em hum Mendes:e pois as prendas retendes,que em boa philosophianenhuma em vos caberia,tam grande amor me deveis,que porque vos o dizeis,vo lo creyo em cortezia.

/28r/2Sò por cerimonia urbaname resolvera eu a crer,

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que podeis formoso ser,tendo olhos de porçolana:se vo lo diz vossa mana(que se a tendes, preta hé)por vos manter nessa fé,sabei, que vos troca as prozas,porque sam mui mentirozasas Negras de Marapé.

3Que sois valente bem creyo,que esses pulsos, essas pernas,e o grosso dessas cavernasme estam dizendo = temey-o:eu vos creyo, e vos recreyonam falleis mais nisso = tá;porque em rigor claro está,que hum valentam Dom Ortiz,me assusta quando mo diz,e outra vez quando mo dá.

/28v/

4Mas quanto a ser namorado,nisso consiste a questam,que esta vez vos vou a mam,como quem vos vai ao dado:todo o Americano estado,que digo? este mundo inteironamorei eu tam primeiro,que nisto de namorar

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podeis vos commigo estarà soldada de escudeiro.

5Sou namorado de chapa,e da idade puerilde Portugal, e Braziltenho namorado o mappa:nenhuma cara me escapa,e em todo o rosto me embarco,e vos no salgado charco,posto que em vãos pensamentossempre andaes bebendo os ventos,que hè bom para o vosso barco.

/29r/

A certo Alferes da Ordenança, que sendoLevado da Cadêa a prezença do Ouvi=dor do Crime, se precipitou de hu=ma das janellas da cazadeste, e molestandosenos quadriz, se re=fugiou comtudono Conventode S.Francisco

1Se vos foreis tam ouzadonos militares assaltos,como sois destro nos saltosforeis hum grande soldado:

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mas eu tenho averiguado,quam distincto vem a sersaltar, para escafederde assaltar para triunfar:vos saltaes por escaparnam saltaes por vencer.

/29v/

2Lançaste-vos brutamentee a cahires na razam,como cahistes no cham,foreis discreto, e prudente:ficou espantada a gente,vendo que apenas cahistesquando a carreira fogistes,e hé, que os que se confundiram,por entonces nam cahiramno aperto em que vos vistes.

3Cahir, sem susto, ou pavor,Levantar, correr, fugir,hé ser corrente em cahir,como qualquer peccador:porem fora-vos melhornam cahir na falta, em quecahistes, faltando a fé,e verdade tam devida,à quem por essa cahidasobir vos pode a polé.

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/30r/

4Dizem, que estaes retrahidocurando-vos de quebrado,com que hoje sois mais soldado,porque hontem fostes rompido:tenho por melhor partido,que em caza do Provedorassente praça hum Tambor,e vos quando escafedeisa de Soldado assenteisna calçada do Ouvidor.

5Bom será, que vos cureisnesse Convento Sagrado,donde sahindo soldado,por força o posto deixeis:quando o venablo encosteis,que eu vo lo approvo, e concedo,vos advirto em tal enredose sois homem de bom gosto,que vos reformeis de posto,nam tanto como de medo.

/30v/

6O Alcaide aceleradovos teve quazi colhido,mas ficou muito corrido,

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e vos pouco envergonhado:se vos nam causa cuidadoestar entre ardentes brazascalafetando linhaçaspor tanto osso quebradohé, porque a hum razo soldadolhe bastam cadeiras razas.

A huma Mulata.Decima.

Huma com outra sam duascá pela minha taboada,e vos Mulata esfaimada,quereis duas vezes duas:se isto vos dera por Luas,ou vos dera cada mez,dera-vos trez vezes trez;mas quatro entre dia, e noite,dera-vos eu tanto açoite,que fora dez vezes dez.

/31r/

A certo Capitam da Ordenança chamadoAdam, que hindo da Cadea com licençado Carcereiro ver com a sua concubi=na huma Comedia no Sitio daPalma, fingio ter desmentidohum pé para nam tornarLogo para a prizam, ecom elle emplastado

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veyo para ella à re=querimento da Parte.

1Dizem Senhor Capitam,que quando a Palma marchastes,a vossa Eva Levastescomo Adam, e bom Adam:dizem-me também que entama esse terreno sagradoda Palma hieis convidado,para ver huma comedia,que para vos foi tragedia,pois sahistes aleijado.

/31v/

2A Nympha com seos extremosvos quis da via torcer,que nos por huma mulhera cabeça, e pés torcemos:todos o mesmo fazemos,e o temos todos a asnice,se nam eu, que logo dice,quando o pé se vos entreva,que se Adam se achou com Eva,era força, que cahisse.

3Vos manquejastes de hum pé,e segundo sois Gascam,

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podieis cantar entam =nan já do pernil bofé =tam malato estaveis, quefaltastes ao Carcereiroquasi, quasi hum mez inteiro,athe que de importunadofostes a hum pâo arrimadocom figura de embusteiro.

/32r/

4O Carcereiro entendiaque estaveis pior, que mal,porque a figura era tal,que o mesmo bordam vos cria:Peralvilho parecia,Senhor o vosso modilho:porem se eu nesse corrilhofora, e com o pâo vos cascara,creyo, que o pé vos voara,como voou Peralvilho.

5De ver-se o pè desmentidotomou tam grande pezar,que por de vos se vingarandou trez dias sentido:envergonhado, e corridode ver, que o desacataes,foi cauza dos vossos ays,que eu por justos avalio,

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porque a hum pé de tanto brio,outra vez nam desmintaes.

/32v/

6Vos sois muito boa prêa,e todos sabemos, quedesse pé tomasteis pé,para nam vir a Cadêa:mas a Parte, que recêa,e tem grandissimo medo,que lhe façaes hum enredo,fez, que fosseis recolhido,porque para hum pé torcido,remedio hè estar-se quedo.

Aos furtos, que faziaõ os Administradores do Engenho daCajahiba.

Decima<s>.

Viva o insigne Ladram,que todo o melado estanca,segundo Jorge da Françaem contas, e expediçam:viva o mais fino vilam,que o Porto à Bahia deo;e viva o Feitor Sandeo,que nam apaga este fogo;porque ali se joga o jogo =calte tu, calar-me hei eu.

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/33r/

A hum Requerente chamado Peralvilho, que vendeo a causade hum clerigo, e furtou ao Autor hum caválo sellado

1Peralvilho, ó Peralvilho,podera de vos tomarliçoens de peralvilharpara ser reparalvilho:vos sereis muito bom filho,como eu entendo em rigor,mas sois mâo procuradorporque (aqui para entre nos)em procurar para vozsois contra-procurador.

2Procurastes ao traidor,e eu fiquei dezenganado,que fostes jà procuradopara mâo procurador:Là entregou a o Senhorhum Judas Escariote,vos Peralvilho Quixoteentregastes como a acinte,ao vosso constituintecomo a simplez Sacerdote.

/33v/

34

Judas vendeo por dinheiro

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a seo Mestre, e seo Rabbî,a vos nem maravedi =vos rendeo ser mâo vendeiro:Judas teve o paradeiroda sua dor, e fadigan’huma figueira inimiga,e vos de muito coitadopara seres enforcadoachaes figueira, nem figa.

4As custas me heis de pagarem ser tido por velhaco,e por velhaco, e por cacovos hei de os cacos quebrar:caco nam ha de ficarno vosso cazebre inteiro,e por velhaco embusteiroa vossa caza velhacateram por caza de caza,e a vos por caco, e caqueiro.

/34r/

5Sois hum simplez, e hum coitado,e a mim nada me acobardapois furtando me huma albarda,vos ficastes o albardado:ficai agora ensinadoa andar pelo barbicaxo,com focinho, triste, e baixo,

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vendo que como ruimme furtastes o rocimpara cahir delle abaixo.

6Por traidor, e por falsarioa sentença vos condemna;e para dar-vos a pena,foi curto o vocabulario:esgotouse o calendariodas nossas execuçoens,e por encurtar razoens,temi que no cazo atrozcheirasses ao duro Algozos fundilhos dos calçoens.

/34v/

A hum Frade Franciscano, que em humagrade se lhe pedio o habito para hum entre=mez, ficou em bragas, e sendo já onze ho=ras da noite, entendendo o chasco ca=gou, e mijou toda a grade, e se poza cantar o miserere, a cujos gritosse lhe mandou abrir a porta, ese lhe deo o habito, e humaLanterna, com a qualse foi aquellas horasde Oddivellaspara Lisboa.

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1Reverendo Frei Carqueja,cantarida com cordam,magano da Religiam,e mariola da Igreja;Frei sarna, ou Frei bertoeja,Frei pirtigo, que o centeomoes, e nam das recreyo,Frei burro de Lançamento,pois que sendo hum Frei jumento,es hum jumento sem freyo.

/35r/

2Tu, que nas pardas cavernasvives de hum grosso sayal,e es carvoeiro infernal,pois andas com saco em pernas;lembrem-te aquellas fraternas,que levaste a teo pezar,quando a Prelada Bivar,por culpas, que te cavou,de dia te desfradoupara a noite te expulsar.

3Pela dentada, que Adamdeo no vedado fruteiro,de folhas fez hum coveiro,e cobrio sem cordavam:a ti o querer ser glotam

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de outra maçâa reservada,ao vento te pòz a ossada,mas com differença muita,que se nû te poz a fruitatu nam lhe deste dentada.

/35v/

4De Jozeph se diz cada hora,que o fez hum servo de chapa,deixar pela honra a capanas mãos da amante Senhora;tu na mam, que te namora,por honra, e por pundonordeixas habito, e menor,mas com desigual partido,que Joseph de acommetido,e tù de acommettedor.

5Desfradado em conclusamte viste no coiro puro,como vinho bem maduro,sendo que es hum cascarram;era no alto seramquando á gente as adevinhasvio entre queixas mesquinhasna varanda hum Frade andeirosahido do Limoeiroa berrar pelas cazinhas.

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/36r/

6Como Galhano na praçaappareceste ao luarpobre roubado do mar,e era verte hum mar de graça;quando hum pasma, e outro embaçanam me tenham por vizam,pregavas ao povo entamFrade sou inda em coeirostorneime aos annos primeirose Bivar foi meo Jordam.

7Porque Luz se te nam manda,tu por nam dar n’hum ferrolho,dizem que abriste o teo olho,que hè cautella, que tresanda:chovias por huma banda,pela outra trovejavas,viva tempestade andavas:porque à comedia assistias,que era tramoya fingias,e na verdade o passavas.

/36v/

8Ninguem hà que vitupereaquelle lance estupendo,quando o teo peccado vendo,

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tomaste o teo miserere;mas hè bem, que me exasperede ver que todo o Sandeo,que nos tratos se meteode Freiras, logo confessa,que isso lhe deo na cabeça,e a ti só no cu te deo.

9Dessa hora temerariaficou a grade de guiza,que se athe ali foi precizadesde entam foi necessaria;tu andaste como alimaria;mas isso nam te desdoira,porque fiado na coirada brutesca Fradariaestercaste estribariao que gostas manjadoira.

/37r/

10Que es Frade de habilidadedas grandissima suspeita,pois deixas camara feitaque foi the agora grade;tu es hum corrente Fradenos lances de amor, e brio,pois achou teo desvarioser melhor, e mais baratodo que dar o teo retratopôr na grade o teo feitio.

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11Corrido emfim te ausentastes,mas obrando ao regatam;pois Levaste hum Lampiampela cera, que deixaste:sujamente te vingasteFrei azevre, ou Frei piorno,e estás com grande sojorno,e posto muito de perna,sem veres, que essa lanterna,ta deram, por darte hum corno.

/37v/

12O com que perco o sentido,hé ver, que em tam sujo topeLevando a Freira o charope,tu ficaste o escorrido:na camara estás providoem rheubarbo com capa,mas lembro te Frei jalapa,que por cagar no sagradoo cû tens excommungadose nam recorres ao Papa.

13Muito em teos negocios medrascom o furor, que te destampa,pois sendo hum louco de trampa,te tem por louco de pedras:e hé muito, que nam desmedras,

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vendo te trapo, e farrapo,antes com a Freira no papo,como no sentido a tinhas,parece que a vella vinhas,pois vinhas com todo o trapo.

/38r/

14Tu es magano de Lampa,Bivar hè Freira travessa,ella a ti pregou-te a peçamas tu armaste-lhe a trampa;se o teo cagar nunca escampa,nunca esteja o teo capricho,e pois ta pregou Frei michochame se por todo o mappa,essa travessa de chapa,e tù magano de esguicho.

A huãs Mulatas, pedindolhe huns versos, para festejaren encaza a Santo Antonio

Decima

Dizei me, que mal me fez,pois em cantos tam perversospedis, que meta em meos versosSanto Antonio Portuguez?se pedireis desta vez,fosse a minha devoçama Sam Benedicto, entam

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eu vos mandara hum emblema,ou alias hum poemamais preto do que hum tiçam.

/38v/

A certo Religioso Benedictino, que com ciumesde certa Mulher cazada, queixando-se ao GovernadorAntonio Luiz Gonçalves da Camara, de queThomaz Pinto Brandam a inquietava, af=firmando ser sua Prima, o fez prender,e hir para Angola.

Foi feita esta obra a rogo de certo amigo doAutor para a mandar por novidade a hum Ir=mam seo Ecclesiastico, que se achava na Universidadede Coimbra.

1Já que entre as calamidades,em que a fortuna me enterra,nam colho os frutos da terra,vos mando outras novidades:e como nesta as verdadestem mais, que em outra amargor,será ardil de mercadorembarcalas alem marporque a risco vam ganhardez por cento em seo valor.

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/39r/

2Succedem nesta Conquistacada dia sobre os vazoscasos, que por serem casosse propoem a hum Moralista:cursava hum Frei Algebristade certa ordem sagradaa aula de huma cazada,que Lia em falsa cadeiraputaria verdadeirapor postilla adulterada.

3Hia tomar-lhe a postillahum curioso Estudante,secular, como hum diamanteMoço honrado desta villa;e como tinha aquigilao Frade no Companheiro,lhe grunhia o dia inteiroe o pobre do Secularporque lhe havia encaixara penna no seo tinteiro.

/39v/

4Nam cuide que temo agoiros,nem crêa de mim que sinta,que me ande gastando a tinta,

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mas nam destripe os poadoiros;queria dar lhe huns estoirosao pobre do Secular,que como hia a furtar,e lhe convinha o sofrer,calava sò por comer,comia sò por calar.

5Mas o Frade impacientecom tam leiga sociedade,se vestio de caridade,e foi queixar-se ao Regente:disse, que o Moço insolentedefamava huma cazada,e tinha a vida arriscada,porque em certa occasiamo Frade lhe dera ao cam,e o cam lhe nam dera nada.

/40r/

6O Regente que encaminhatudo a boa providencia,e posto que tem prudencia,com tudo nam adevinha,entendeo que a cazadinhaera parenta do Frade:nam se enganou, que em verdadeestando ella com o mezhé parenta em que lhe pezdo Frade em sanguinidade.

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7Prezo em fim o Secular,porque a todos nos espante,ser o primeiro Estudante,que prendem por estudar;o que venho a perguntarhé quem foi o alcoviteirodeste Fradinho embusteiro,se a prizam, se o Regedor,ou se acazo o prendedor,que se diz Manoel Monteiro.

/40v/

8O prezo tudo hé gritar,que se ouve por toda a villa,que delle tomar postillatem todos que argumentar;o Frade tudo hé instar,que a culpa hè muito malina,que à poppa, ou pela bolina,deve hir n’huma paviollao Secular para Angola,porque elle fique na Mina.

9Affirma o prezo em verdade,que à aquella eschóla ruimhia aprender mâo Latim,por se querer meter Frade,e sua Paternidade

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vzava de ingratidam,pois sem cauza, e sem razama quem lhe fez o favorde o ir desprender de amoro tinha posto em prizam.

/41r/

10Item que sempre fogiado Fradinho as encontradas,pois hia em horas minguadasquando o Frade as cheas hia;que sempre se lhe escondia,por lhe ouvir, que hè sua Prima;e porque elle o nam opprimatomava em horas traidorasa liçam das outras horas,e lhe deixava as da prima.

11Eu vos proponho os motivosdo successo, e seos fracassos,porque quem ignora os casos,nam sabe os nominativos,que eu perco logo os estrivoscom estas filatarias,pois vejo todos os dias,que hum Frade seja quem quer,pelo meyo de as perder,assegura as putarias.

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/41v/

12O pobre do Secular,porque o cazo và distinto,se chama Fulano Pinto,mas jà Pinto de gallar;porem o Frei Alveitar,que eu tenho por matulam,nam entra em publicaçam,porque eu perca esse regalo,pois morro por baptizallo,porque elle morra christam.

A hum Frade, que tratava com huã mulata chamada Vi=cencia

1Reverendo Frei Sovella,saiba vossa reverencia,que a carissima vicenciapoem cornos de cabedella;tam varia gente sobre ellavai, que nam entra em disputa,que a ditta hè mui dissoluta,sendo que em todos os Povosa galinha poem os ovos,e poem os cornos a puta.

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/42r/

2Se està vossa reverenciasempre a janella do coro,como nam vê o dezaforodos Vicencios com a Vicencia?como nam vê a concurrenciade tanto membro, e tam vario,que ali entra de ordinario;mas se hé Frade caracol,bote esses cornos ao Solpor cima do campanario.

3Lá do alto verá vossêa puta sem intervalostangida de mais badalosque tem a torre da Sé:verà andar a cabra méberrando atraz dos cabroens,os ricos pelos tostoens,os pobres por piedade,os Leigos por amizade,os Frades pelos pismoens.

/42v/

4Verá na realidadeaquillo, que já se entendede huma Mulher, que se rende

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às porcarias de hum Frade;mas se nam vê de verdadetanto lascivo exercicio,hé porque cego do vicionam lhe entra no oculorumo Saecula saeculorumde huma puta de ab initio.

A hum Mulato chamado ThoméDecima

O vosso nome, Thomé,tem dous suppostos n’hum só:sois cachorro pelo tó,e sois bode pelo mé:daqui toma o Povo péde vos tratar por cabram:isso vos nam digo eu nam,nem dizer tal me entrometo;porem se nisso me meto,o mé tó lhe dà razam.

/43r/

A certo Religiozo Franciscano, censurando huãacçam de Gonçalo Ravasco Cavalcanti Albuquerque

1Quem vos mete Frei Thomaz,em julgar as mãos de amor,fallando de hum amador,

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que pode dar-vos seis, e ax;sendo vos disso incapaz,quem vos mete Frei tranquiajulgar se foi policiao vomito, que arrotastes,se quando vos o julgastes,vomitastes huma asnia.

2Sabeis porque vomitouaquelle amante em jejum,lembrou lhe o vosso bodum,e a lembrança o enjoou;e porque considerou,que o tal bodum vomitadoera hum fedor refinado,por não ver polluto hum ceo,o cobrio com seo chapéo,e em cobrillo o fez honrado.

/43v/

3Vos sois hum pantufo em zancos,mais ôco do que hum tonel,e se estudaes no burel,entendereis de tamancos,que as acçoens dos homens brancos,tam branco como Fuamnam as julga hum mangalhamcreado em hum oratorio,julgador do refeitorio,que dà o vosso Guardiam.

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4O que sabeis Frei garrafa,hé a traça, e a maneira,com que estafeis huma Freira,dizendo que vos estafa;vos sahis com a manga gafada palangana, e tigellade óvos moles com canella,e tam mal correspondeis,que esse tempo em que a comeis,sam Temporas para ella.

/44r/

5Item sabeis trasladar,falto de proprios conselhos,de trezentos sermoens velhoshum sermam para pregar;e como entre o pontear,e sergir de obras alheas,se enxergam vossas ideasmostraes pregando de falço,que sendo hum Frade descalço,andaes pregando de mêas.

6E pois vossa Reverenciaquiz ser julgador de Nora,tenha paciencia, que agorase lhe tira a residencia;e inda que a minha clemencia

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se há com dissimulaçamLivre-se na relaçamdos cargos em que hè culpado,ser glotam como hum capadocomo hum bode fodincham.

/44v/

A huma Dama, que estando a janella deo humpeido ao tempo que passavão dous Franciscanosa esmolla.

1Sem tom, nem som por detrazespirra Agueda a janella,mas foi espirro de trelaporque tal estrondo faz;que hum reverendo sagazLastimado do que ouvia,se jà nam foi que sentiaouvir tal ronco ao trazeiro,dice para o companheiroirra para tua Tia.

2Sentio se Agueda do irra,e dice perdoe Fradequem pede esmolla de tardenam se agasta com tal birra:aqui nesta caza espirratodo o coitado a queixada,passe avante, que isso hé nada,

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e se acazo se enfastia,serà para sua Tia,ou para o seo camarada.

/45r/

3Basta que se escandalizado meo cû, porque se caga!venha cà bocca de praga,que couza hè, que o martyriza?o peido que penalizahè sorrateiro, e calado,o peido ha de ser falado,ou ao menos estrondozo,porque aquelle que hè fanhozo,hè peido desconsolado.

4Quantas vezes Frei remendo,darà co meyo do cûpeido tam rasgado, e crû,que lhe fique o rabo ardendo?perdoe pois reverendo,nam cuidei tambem ouvia,e se esmolla me pedia,aceite o por caridade,se nam servir para hum Frade,leve-o para sua Tia.

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/45v/

A Thomas Pinto Brandam estando prezo pelo GovernadorAntonio Luiz Gonçalvez para o mandar para a Terra nova

1Hé esta a quarta mo<n>çam,que escreve o pobre Thomaz,para ver se o tempo faz,o que nam fez a razam:dai me, Senhor attençam,que a Musa se dezempenna;e pois tanto me condemnavosso rigor a penarhei de vos satyrizar,inda que com minha pena.

2Alguem ha de presumir,que vos quero molestarpois hei de vos sò picar,mas nam vos hei de ferir:todos me podem ouvir;pois descrevo hum Generalno governo tam neutral,que em seos effeitos contemdisfarçado todo o bemcom accidentes de mal.

/46r/

3Vinde cá: que mal vos fiz,

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ou que odio em vos se enserra,para me arrancar da terra,que hè o meo bem de raiz?olhai Antonio Luizisso hè meter me na cóva,pois sem dar fruto de provapor ser hum fraco espinheiro,me enxertaes em limoeiropara por-me em terra nova.

4Dais-me a presumir, Senhor,que ElRey com força distintatirar vos da vossa Quintafoi sò para me dispor:se me plantaes por favorneste de ferro quintal,por ser planta natural,mais bem disposto estareifora do Pomar delReyLà no vosso feijoal.

/46v/

5Dizem me tendes disposton’hum pataxo prizioneiropara o Rio de Janeiro;pois nam me vem muito a gosto:dando a meos rogos disgosto:nam deveis de estar lembradoquando da paixam levado

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me mandaveis sem demorapara Angola; e se entam forano mar morria affogado.

6Pois jà se me tem fadado,que hei de ser por meo partido,ou com Neptuno perdidoou com Pirata ganhado:vença-vos, Senhor, o fado,que algum sertam ha de haver,para de vos me esconder,onde com pezar internochore no vosso governoa pena de vos não ver.

/47r/

7Se exàminaes meo valor,cançaes-vos, Senhor em vam,que excede a minha affeiçama todo o vosso rigor:eu com extremos no amor,vos no rigor pertinàs:quanto o odio cruel vos fàz,tanto eu sou mais vosso amigo;porque estaes mais bem comigoquanto estaes mais contumaz.

8Se me quereis defender,basta querello intentar,

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se nam deixai-me matar,que morro em fim por querer:e se nada disto houverna vossa magnificencia,tirarei por consequencia,que a potencia naturalnam he, que me fàs o mal,fas me mal vossa Potencia.

/47v/

A huma Freira, que dice, que bom fora o Poeta saty=rizar se tamben a si, pois era homem tam satyrico.

1Freira, quereis que hum Pasquima mim mesmo faça em verso?quando acazo me confessohé que digo mal de mim:porem se por zoylo em fimme tem essa Religiamfazei, que jurisdicçamvos dè a Abbadeça Madre,e ouvireis sem seres Fradetoda a minha confissam.

2Quereis, que eu seja hum marâo?marâo sou; que quereis mais?mâo Poeta? hè porque daesassumpto a que eu seja mâo:que quereis mais? dar-me hum grâo

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de asno? sou: que mor ventura,pois com o grào da formatura,que me daes ao vosso geito,sempre trago o meo direitoentre o vosso por natura.

/48r/

3Pois que mais? que sou magano?que muito agora assim seja;se hum perro zote de Igrejapor tal me tem tam ufano:serei eu: mas de tal panotam pardo, que o perro hè,me afasta Congo, e Guiné;pois dos taes tendo o bodumpode dizer: ego sume eu cantar: Libera me.

4Ora pois com demaziame tenho bem tonsurado,que a satyra me tem dadoquatro grâos na Poezîa:tambem vossa Senhoriabem hè, que desta boladafique agora censuradacom quatro p.p.p.p. do Abecedario,que declare o calendariopobre, porca, perra, pada5.

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/48v/

Ao Capitam Rapadura, pedindo ao Poeta que lhe fizessehuã obra sobre havelo purgado huã Femea cõ doce de araçà.

1Munha Gente, vosse vêestas loucuras borrachasdeste Capitam das tachas,que logo direi quem hé?veyo pedir de mercê,que lhe celebrasse a curade huma purgaçam madura,que a Amiga lhe tinha dado,porque sem comer melladoo fez cagar rapadura.

2Eu cuidei, e hè de cuidar,que a tal Femea sem agrado,como o tinha jà sangradoo quereria purgar:nam hà nella que estranhar,nem que reprovar lhe a acçam,antes muita compaixam;porque quiz piedozamente,que se era de amor doente,ficasse com purgaçam.

/49r/

3Se Livraes do palalá,

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alerta, meo Capitam,que hé Puta, que dà pinhamcom rebuço de araçá:vosso Primo Mangará,que nesta materia bole,diz, que quem tal purga engole,e no cagar tanto atura,jà nam serà rapadura;porque foi jâ rapa mole.

4Temos por cà averiguadocom este vosso entremez,que o pomo, que tam mal fez,devia de ser vedado:ficastes tam enganado,que o boccado vos poz nû;porem com modo tam crû,que na vergonha primeiraAdam cobre a dianteira,e vòs tapastes o cû.

/49v/

Estribilho.

Saiba-se em qualquer Lugar,que esta Rapadura inteira,foi da caza da caldeirapara a caza de purgar.

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A certo Frade Provincial pregando doMandato

1Inda està por decidir,meo Padre Provincial,se aquelle sermam fatalfoi de chorar, ou de rir:cada qual pode infirir,o que melhor lhe estiver;porque aquella mà mulherda perversa synagogafes no Sermam tal asnoga,que o nam deixou entender.

/50r/

2Certo, que este Lavapésme deixou escangalhadoe quanto a mim foi trasadopara risonho entremez:eu lhe quero dar das deza outro qualquer Pregador,seja elle quem quer que for,já Philosofo, ou Letrado,e quero perder dobrado,se fizer outro peyor.

3E vossa Paternidade,pelo que deve à virtude,

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de taes pensamentos mudeque prega mal na verdade:faça actos de charidade,e trate de se emendar,nam vos venha mais pregar;que jurou o Mestre Escola,que por pregar, para Angolao haviam de degradar.

/50v/

A posse, que tomou de Capitam o Filho do Governador Antonio Luiz Gonçalvez da Camara.

1Mil annos hà, que nam verso;porque hà mais de mil, que brado,vendo me tam mal versadodos que me fazem perverso:eu se fallo sou adverso,se me calo sou peyor:advirta pois o Leitor,que entre calar, e dizer,se o que fui, sempre hei de ser:eu fallo seja o que for.

2Do bellico, e musal Polovenham quatro mil Pegazos,quatro montes de Parnazos,quatro novenas de Apollo:no centro do meo miolo

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formem huma plataforma;que se acazo se reformadeste meo plectro a mizeria,se o esquadram hè materia,eu hei de fallar em forma.

/51r/

3Toca arma de parte a parte,mostre o Capitam briozoo espirito bellicosonas galhardias de Marte:por natureza, e por arteveja sua Senhoriaos grandes da Infantariaquam luzidamente todos,por lhe uzurparem os modos,vam em sua Companhia.

4Alto: que se nam me engano,vejo o terror espantozodo Ethiope fervorozo,e pasmo do Americano:guardas, que no estilo lhanometido entre a Marcia gentevai matando de repente:ei-lo vem mui radiantecom escamas de galanteentre guelras de valente.

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/51v/

5Vou marchando com louvor:porque gosto neste estadode ver, que o maior soldadomonta o Sargento Maior:tanto me alenta o fervordeste famozo Alencastro,que creyo, que algum bom Astroo conduzio a Bahia,Castro alem da fidalguia,sargento do melhor castro.

6O Ajudante nam me abalaser ao Terço velho opposto;que ja nelle o vi composto,e adornado com bemgala:quando o peito expoem à bala,peleja com tanto engenho,que aquelles, que com dezenhoo investem a todo o trote,subtilmente dà garrote,se nam mata com despenho.

/52r/

7Toda a historia nam aponta,que tenha parelha igual,hum nam sabe quanto val,

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nem o outro quanto monta:hum do que sabe, deo conta,e sabe a conta que deo,mas logo me admirei eu,vendo, que aquelle, e aqueloutro,nam se correndo hum com outro,hoje hum com outro correo.

8Muito hei sentido nam teraqui o Monteiro entrado;pois hè homem de agrado,que sò me soube prender:o Mathias a exercersupera o melhor centurio,mas nenhum fi expuriode contender nesta parte,quanto Mathias com Martee o Monteiro com Mercurio.

/52v/

9Veyo ali hum emplumado,que no grangear de coro,me parece homem de foro,se nam hè dezaforado:em quem hè ja tenho dado,que o conheci pelo pico:venha embora meo Pericocomo queda alla ElRey?eu com saude o deixei,alegre de Joam, e Chico.

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10Para gloria dos vindourossoprai Senhora Thalia,a nova sargentariado famozo Joam de Couros:ei-lo vai entre os estourosformando merecimentos,tanto que em sussuros Lentoslhe chamam os Capitaenssargento dos Escrivaens,sendo Escrivão dos Sargentos.

/53r/

11Alterou tanto a funçamcom a tenda da Campanha,que era força haver façanhaonde sobrava a razam:deo ao Povo hum alegramna pipa da cortezia,alem da muita alegria,fes os pedestres crescer;por que a pipa veyo a sero ramo da Companhia.

12Tam sonoramente soade Joam a tarde bella,que de Joam a capellaserve a Joam de corôa:quando hum cala, o outro atroa,

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este corre, aquelle cança,e athe quiz entrar na dançacomo entrou certo Mamam,só eu neste sam Joamnam pude fazer mudança.

/53v/

Ao Advogado Antonio Rodriguez da Costa queestando despachando no seo Escritorio,lhe entrou hum negro pela porta, e lhelançou huã panella de çugida=de pela cabeça, na qual vi=nham alguns camaroens

1Estava o Doutor Gilvasa margem da Livrariaignorando o que faziae estudando o que nam faz;quando huma Parte sagazlhe entrou com certas questoens,e ao pagar lhe das razoenslhe transformou no bofete,a panella em capacete,e em camara os camaroens.

/54r/

2Huns camaroens em panella

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era o mimo, e o prezente,que aquella Parte insolenteLevava ao Doutor Cabrella;elle arremeçouse a ella,mas mostrou lhe o seo peccado,que do officio de Advogado,em que estriba o seo sustento,era aquillo hum provimentopela camara passado.

3Porque da camara era,diz a Parte, que o levara,que reverente o beijara,e na cabeça o pozera,que a panella se escorrera,e da cara emmascaradasahira tal enchorrada,que o Doutor nesta occaziamnam cegou de privaçam,ficou cego de privada.

/54v/

4Deste sucesso infeliz,logo, e a todo o correrteve noticia a Mulherpor avizos do nariz;e posto que ver nam quiztal cara, com tal salmoira,que a affea, e a desdoira,

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vio na cabelleira cara,que a decoada a tornaramais çuja; porem mais loira.

5Por evitar maior perda,agoa, agoa pedio logo,se nam para tanto fogo,agoa para tanta merda;lavou lhe cabelo, e cerda,Lavou lhe roupa, e vestido,e como o tinha sentido,disse medroza, e velhaca,vedes vos toda esta caza,nam me cheira bem Marido.

/55r/

6E porque mais agoa pede,ella lhe dice, esta basta,porque esta merda hè de casta,que se a mais bolem, mais fede;hide para a rua, e vedea razam, com que vos movo,na história fazei vos novo,mostrai-vos leve na perdaporque esta merda, foi merda,de que gostou todo o povo.

7A Parte andou temeraria,

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e com sobeja oizadia,nam faria valentia,mas fez couza necessaria:vos como grande alimariano pleito lhe daveis perdapois hum artigo o desherda,e ella jà pode affirmar,quem me intenta desherdarpela mesma boca me herda.

/55v/

8Que era de engenho notoriodà grandissima suspeita,pois deixa camara feita,o que foi sempre Escritorio;mudai logo o consistoriocomo Letrado de Lampa,que jà hoje o rizo escampa;mas diz a gente travessa,que vos farieis-lhe a peçamas elle armou-vos a trampa.

9Quem pos tal merda em tal capa,tenho por ponto assentado,que morrerà excomungado,se nam recorrer ao papa;vos sois Fidalgo de chapadesde o Brazil the Európa,pois quando a merda vos topa,

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tanto fedeis, que ao nariz,de moço de Camara hisa moço de guarda roupa.

/56r/

10Se vos nam houve respeito,que hè couza, em que se repara,nem a cruz, que està na cara,nem a cruz, que anda no peito;ao que eu presumo, e suspeitohè que nunca està segurode tanto quibungo impurocruzeiro em monturo alçado,com que o vosso està cagadopor cruz posta em hum monturo.

11A Parte, nam andou lerdaem vir com a panella chêa,porque a mim me coube meyapanella co meya merda,nam quis a fortuna esquerda,que nos deo tam mà marè,desigualar-nos, mais que,nos sentimentos, e aspeitos,pois vos tomastella a peitos,porem eu dei lhe de pé.

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/56v/

12Nam temais, que a Parte Lusa,porque leva a mam ganhada,que se elle fez panelladanos daremos garatuza;elle deo assumpto a Musa,que jà dormia, e roncavapois quando agora acordavavio, que pelo triste cazoathe a fonte do Parnaso,com tanta merda inundava.

A Sé da Bahia.Decima

A nossa Sé da Bahia,com ser hum mappa de Festas,hé hum presepio de Bestas,se nam for estribaria:varias Bestas cada diavejo, que o sino congrega;Caveira mula Galega,Deam burrinha bastarda,Pereira besta de albarda,que tudo da Sé carrega.

/57r/

Ao mesmo Advogado Antonio Rodriguez da Costa6

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1Vós nam quereis cutiládatomar emenda, e calar,morrendo andaes por levaroutra na outra queixada;quereis a cara cruzadagilvazada a nam quereispois tudo configureis,que se a vossa fé vos salva,no Calvario dessa calvatrez cruzes postas vereis.

2Na capinha, ou no capûztendes a cruz de christam,na cara a do mâo Ladram,e inda vos falta outra cruz;eu vos juro por Jesus,que por fazer o ternario,por hum modo extraordinarioa outra vos hei de pôr,porque do monte Taborvades ao monte Calvario.

/57v/

3Ao Pretorio sereis levado,onde a gentinha vulgarcrucifige ham de clamar,e heis de sair condemnado;hum negro Simam chamado

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serà vosso Serineo,e na forma do chapeohum pâo vos ha de encaixar,e entam vos ham de jogaro adevinha quem te deo.

4Hireis entre dous Theatinosvendo o vosso enterramentotendo o maior desalentona cantiga dos Meninos:piedosos, e benignosora por elle diràm,e vos nesta occasiamrevirando os bogalhitos,os Padres seram mosquitos,e o mais povo confusam.

/58r/

5Hirà o Porteiro diantepelo seo papel cantando,e dirà de quando em quandojustiça a este bargante;manda ElRey, que em hum instante,ou resista, ou resistase lhe tire falla, e vistajustiça, que manda ElReyfazer a hum homem sem Leypor se meter a Legista.

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6Nam heis entam requerer,e muito menos gritar,pois por gritos de advogarhides vos a padecer;deitar pleitos a perdera puros gritos, e zurrosbotar na terra susurrosde que sois grande Doutorna forca vos ham de pôra vos, mais aos vossos burros.

/58v/

Ao Requerente Manoel Rodriguez da Sylva

1Letrado que cachimbaesquando estudaes nos Jasoens,e assentaes as conclusoenscom huãs Letras garrafaes,grande rizo me causaes,quando no vosso sitialdais audiencia geral,e as Partes aconselhando,todas hides defumando,porque tornem ao pombal.

2Vós graduado a borroensem huma universidade,que fundou nesta cidade

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o braço dos asneiroens,fazeis taes allegaçoensnas lides, causas, e pleitos,que vos dam alguns sugeitos,que affirmam Letrados velhos,que fedem vossos conselhos,tanto como vossos feitos.

/59r/

3O que me vira o miôlohé o gabam, que trazeis,que hum Bartholo pareceis,nam sendo se nam Bar=tolo;comeis a queijada, e o bôlodesde a Bahia ao Cairû,e eu vos peço meo Mandû,que se uzaes das vossas artes,e comeis das vossas Partes,que a primeira seja o cû.

4Nam vos culpo asno barbado,se nam a esta simples gente,que de hum mâo Requerentequer formar hum bom Letrado;vos pondes todo o cuidadoem manter a vida cara,e assim eu vos nam culpara,se nam ao nescio que quercomprar-vos o parecertendo vos tam torpe cara.

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/59v/

5Irmam nam vos acelerequerer subir de repente,que o cargo de Requerente,vosso talento o requere;assim o Céo vos prospere,que da advocacia honradatorneis a vida passada,que quem se entrega aos Jasoens,comer pode os cagalhoens,que cagou o cutilada.

6Nam hé o advogar para nossantos sam os Advogados,dai ao Demo os mâos Letrados,e o primeiro sejais vòs;bem vistes o cazo atroz,que depois de Ave Mariassuccedeo hà quatro dias,ardendo os vossos papeis,porque vòs, e elles ardeispelas vossas heresias.

/60r/

A hum çapateiro Joseph Luiz, a quem tendo nomeadoa Camara Almotacel da limpeza, o suspendeo logo da occu-

pação.

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1Quizeste tanto sobir,sendo tam baixo de estado,que vendo vos levantadovieste logo a cahir:quizeste o cargo servirde Almotacel da limpeza;porem a vossa altivezapor se ver mais exaltada,sendo de antes enformada,foi pedir essa baixeza.

2Experiencia foi clara,mui fiel, e verdadeira,que aquillo que era craveira,servisse agora de vara:eis aqui tudo em que para:que sendo antes vos baixelagora por bachareln’hum tripó se antes sentado,vos desse o nobre Senadoo brazam de Almotacel.

/60v/

3Nam vos cabia este officio,nem tam pouco o de Rendeiro,que o officio de çapateironam depende de exercicio:quizeste ter esse vicio

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por seres destrapessado;porem o nobre Senado,depois que tudo inquirio,com razam vos reduzioao vosso primeiro estado.

4Dedalo foste em subirIcaro foste em descer;pois este veyo a morrerpor tam alto querer hir:assim vieste a cahir,por vos subires tam alto:foste de juizo falto,e de pouco entendimento,para tam pequeno assentodares vos tam grande salto.

/61r/

5Assentemos entre noscom fundamento sabido,que estaes agora cahido,porque nam cahiste em vos:ora pois com os vossos posvos podeis remediar;mas nam hè para espantarquereres ter esse vicioque do vosso antigo officiohé proprio querer lustrar.

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6Por isso Amigo José,se isto hé certo, como conto,foi por dares mais hum pontoa altura do vosso pé:agora sem vara, e fénam podeis por cauza algumater jurisdicçam commûaem pedir de coimas contas,pois que tenho tantas pontasnam vos pode valer huma.

/61v/

7Da Camara foste excluido,sendo della o alimpador:algum camareiro mordeixaste mal prevenido:nam vivaes disto offendido,nem menos com tanta ira;pois sabemos sem mentiranas execuçoens, que obraste,se pela merda ganhaste,que a mesma merda vos tira.

A Cidade da BahiaMote.

De dous ff se compoemesta cidade a meo ver,hum furtar, outro foder.

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/62r/

Glosa.

1Recopilouse o Direito,e quem o recopiloucom dous ff o explicou,por estar feito, e bem feito:por bem digesto, e colheito,só com dous ff o expoem:e assim quem os olhos poemnos vicios, que aqui se encerra,ha de dizer, que esta Terrade dous ff se compoem.

2Mas se de ff dous compostaestà a nossa Bahia,errada a Orthografia,a grande damno està posta:eu quero fazer aposta,que isto a ha de perverter,e quero hum tostam perder,se o furtar, e foder bemnam sam os ff, que temesta Cidade a meo ver.

/62v/

3Provo a conjectura jà

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promptamente, como hum brinco:Bahia tem letras cinco,que sam B A H I A:Logo ninguem me dirá,que dous ff chega a ter;pois nem hum contem sequer:salvo se em boa verdadesam os ff da Cidadehum furtar, outro foder.

Disparates fundados na linguagem barbara do Brazil, que oPoeta envia a huma cabocula com quem gracejava.

1Hindo a caza de Tatusencontrei Quatimondéna cova de hum Jacarétragando treze Tiûs:eis que dous Surucucûscomo dous Jaratacacasvi vir atras de humas Pacas,e a nam ser hum Pereâcreyo que o Tamanduânam escapara as Gebiracas.

/63r/

2De massa hum tapetî,hum cofo de sururûsdous puças de Bayacûssamburâ de moreci:

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com huma raiz de aipîvos envio de Passè,e enfiado n’hum embéGanhamum, e cayacanga,que sam de JacaracangaBagre, timbó, Inhapopé.

3Minha rica comarî,minha bella camboatá,como assim de Pirajàme desprezas tapetî?nam vedes, que morecî,sou desses olhos timbòamante mais, que hum cipòdesprezado Inhapopé:pois se eu fora Zabelêvos mandara o Mirarò.

/63v/

A huma procissam, que se fez no Conventoda Villa de Sam Francisco de Religi =ozos Franciscanos para se recolher huãpipa de vinho, na qual entraramalguns seculares, que seachavam homiziadosno dito Convento, dosquaes era o Autorhum.

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1Na nossa Jerusalem,na nossa Cidade Santa.onde Sam Francisco plantamais virtudes, que ninguem;entrou sobre hum palafremde madeiro bem lavradohum rabbî, ou rubî empipado,que por nos ser promettidofoi com ramos applaudido,e entre palmas festejado.

/64r/

2O Pissarro Sachristamhia com a cruz alçada,ceremonia bem forçadaem tam alta procissam,para os tocheiros entamdous Leigarroens convocamos,que por seos nomes chamamos,o Rabello, e o Doutorque a Dominga do Tabortran[s]figurou na de Ramos.

3Criam os mais Fariseos,que o vinho das Malvaziasera em verdade o Mexiasesperado pelos seos;por esta cauza os sandeos,

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como o vinho entrava jà,cuidando que era o Manà,qualquer com galhofa internacom seo ramo de tavernahia cantando o Hosannà.

/64v/

4Como a procissam chegasseao refeitorio, e allìesperasse o tal rabbipor hum burro, que o levasse,nam faltou naquella classehum burro de boa idéa,que trazendo a taça cheasoube mudar o Senhorde entre as glorias do Taboràs bodas de Galilea.

5O nosso Miguel Teixeirapor ser de corpo pigmeo,fez figura de zaqueotrepado sobre a figueira,vendo a sua borracheira,e haver ja bebido hum tacholhe dice o rabbî borrachodescende, que desta vez,tendo entrado Portuguezhas-de sahir hum gavacho.

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NOTAS

1 Este verso e o seguinte foram invertidos pelo copista, como pode ser deduzido através da observaçãodas rimas.

2 Erro por “mas”?

3 Erro por “tocar-se”, certamente influenciado pela palavra seguinte.

4 Está assinalada como n. 5.

5 “Perra, pada” para ler-se “pé rapada” [FRP].

6 Refere-se a “Estava o Doutor Gilvas” na p. 53v e não a “A nossa Sé da Bahia”, imediatamente antecedentena p. 56v.

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VII GLOSSÁRIO

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174

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175

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176

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18r)

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32r

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177

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13r

Feze

s, d

iarr

éia.

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botá

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cas

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ão,

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inho

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ndor

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proc

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o, n

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ond

e se

põe

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anto

s e

imag

ens.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43178

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179

Cip

ó63

rC

ipó,

ic

á-pó

(t

upi)

, lit

eral

men

te

galh

o-m

ão,

que

tem

a

prop

ried

ade

de s

e en

leia

r, d

e at

ar. I

cepó

, cep

ó, ç

apó,

sip

ó.C

ofo

63r

Esp

écie

de

cest

o.C

oim

as61

rC

oim

a: p

ena

pecu

niár

ia.

Coi

ra36

vC

oura

: cou

raça

. Inv

óluc

ro d

e ce

rtos

ani

mai

s.C

olum

brin

a15

vC

olub

rina

, pe

ça d

e ar

tilh

aria

ant

iga,

mui

to c

ompr

ida

e de

gran

de a

lcan

ce. A

qui “

pêni

s”.

Cob

éC

obé

(tup

i). T

heod

oro

Sam

paio

: a e

xist

ênci

a, a

vid

a. B

ahia

.C

omar

î63

rC

umar

i, cu

-mbo

ri (

tupi

), o

que

exc

ita a

lín

gua.

É o

nom

ein

díge

na d

e pi

men

ta.

Com

edia

31r

Com

édia

: obr

a te

atra

l em

que

pre

dom

ina

a sá

tira.

Com

mua

61r

Fem

inin

o de

com

um.

Cor

dava

m35

rC

ordo

vão,

cou

ro d

e ca

bra

curt

ido;

aqu

i “pê

nis”

.C

orno

alha

13r

Cor

no +

suf

ixo

“alh

a”. C

orno

s em

pro

fusã

o.C

orri

lho

32r

Reu

nião

facc

iosa

, con

vent

ícul

o.C

rave

ira

60r

Inst

rum

ento

com

que

se

tom

a m

edid

a pa

ra s

apat

os;

tam

bém

os b

urac

os d

as fe

rrad

uras

, por

ond

e en

tram

os

crav

os.

Çuj

idad

eT

ítulo

53v

Suj

idad

e, p

orca

ria.

Cul

umim

16r

Tup

i cur

umim

, índ

io m

oço,

men

ino,

rap

az m

oço,

mol

eque

.C

utila

da57

rFe

rida

que

se

faz

com

cor

te d

e es

pada

ou

faca

.

Cha

rolla

5vA

ndor

de

proc

issã

o, n

icho

ond

e se

põe

m s

anto

s e

imag

ens.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43179

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180

Cuy

a15

v; c

uyas

16v

Frut

o da

cui

eira

. Vas

o fe

ito d

este

fru

to. K

u’ya

(tu

pi).

De

chap

a35

v; 5

5vD

igno

de

ser

repr

oduz

ido,

impr

esso

ou

grav

ado.

Dec

oada

55v

Ato

de

coar

a á

gua

da b

arre

la:

água

ond

e se

fer

ve c

inza

, qu

eer

a us

ada

para

bra

nque

ar a

rou

pa. C

oada

, lix

ivia

.D

espi

que

24r

Vin

ganç

a, d

esfo

rra.

Des

trap

essa

do60

vD

estr

aves

sado

, exc

essi

vo, e

xorb

itant

e.

Doi

dete

10r

Dim

inut

ivo

de d

oido

.E

go s

um48

rL

atim

. “E

u so

u”. U

sado

em

fun

ção

satír

ica

(o á

ulic

o do

lati

mri

ma

com

“bo

dum

”).

Em

bé63

rIm

bé, p

lant

a tr

epad

eira

, y-m

be (

tupi

).E

mbo

tes

9vD

e em

bote

lhar

, por

em

gar

rafa

, eng

arra

far.

Eng

rezi

a1v

Rum

or, c

onfu

são.

Ent

rem

ezT

ítulo

34

v; 5

0rP

eque

na f

arsa

tea

tral

, de

um s

ó at

o, b

urle

sca

e jo

cosa

.E

nxov

ia19

vP

arte

do

cárc

ere

que

fica

ren

te c

om a

rua

ou

abai

xo d

o se

uní

vel.

Epi

fani

a4r

Fest

a da

Igr

eja

Cat

ólic

a em

com

emor

ação

da

apar

ição

da

estr

ela

aos

Mag

os,

send

o co

nduz

idos

por

aqu

ela

a Je

sus

recé

m-n

asci

do e

m B

elém

da

Jude

a.E

rvol

ario

10v

Her

bolá

rio,

pes

soa

que

cult

iva

ou v

ende

erv

as.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43180

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181

Esc

afed

er29

r; e

scaf

edei

s 30

rE

scaf

eder

-se,

sai

r-se

de

algu

m lu

gar

esco

ndid

o e

às p

ress

as.

Esc

ampa

38r;

55v

Esc

ampa

r: c

essa

r; e

scap

ar, s

afar

-se.

Esg

uich

o38

rD

eriv

ado

de e

sgui

char

, at

o ou

efe

ito d

e ja

cto

ou r

epux

o de

um lí

quid

o.E

spac

io16

vD

o es

panh

ol e

spác

io, s

em p

ress

a, le

ntam

ente

.E

staf

a3v

Aqu

i rou

bo a

udac

ioso

, log

ro.

Est

riba

54r

Est

riba

r-se

, fir

mar

-se,

sus

tent

ar-s

e.E

stri

bari

a56

vO

u es

trib

eria

, cas

a on

de a

s be

stas

se

reco

lhem

.E

stri

vos

41r

Est

rivo

: est

ribo

. Per

der

os e

stri

bos,

per

der o

con

trol

e.E

stud

ante

te10

rD

imin

utiv

o de

est

udan

te.

Eth

iope

51r

Etío

pe:

natu

ral

ou

habi

tant

e da

E

tiópi

a (Á

fric

a),

para

sign

ific

ar “

negr

o”.

Fá B

orda

m7v

Fabo

rdão

, do

fra

ncês

“fa

ux b

ordo

n”,

com

posi

ção

em q

ueal

gum

as v

ozes

têm

tot

al i

gual

dade

de

núm

ero

e va

lor

dos

pont

os e

sem

pau

sas

. No

sent

ido

figu

rado

, des

afin

ação

.Fa

cine

rozo

22v

Fací

nora

, faç

anho

so e

m c

rim

es.

Fana

da9v

Sem

viç

o, s

em f

resc

or, m

urch

a.Fi

52r

Foi?

Figu

rilh

a19

rP

esso

a de

peq

uena

est

atur

a.

Erv

olar

io10

vH

erbo

lári

o, p

esso

a qu

e cu

ltiv

a ou

ven

de e

rvas

.

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182

Fila

tari

a41

rFi

late

ria:

ja

ctân

cia,

ba

zófi

a.

J.P

. M

acha

do

abon

a in

Dic

ioná

rio

Eti

mol

ógic

o da

ngua

P

ortu

gues

a :

FIL

A-

TE

RIA

: et

imol

ogia

obs

cura

. S

éc.

XV

I. “

Ter

del

a h

aver

iapo

r m

elho

r, q

ue e

ssou

tras

fila

teri

as”.

Aul

eg. f

l. 94

.Fo

dinc

ham

44r

Fode

dor.

Fuão

43v

Con

traç

ão d

e fu

lano

.Fu

rtad

o22

vD

e fu

rtar

, ro

ubar

. A

qui

GM

faz

um

jog

o de

pal

avra

s co

m o

nom

e de

um

gov

erna

dor

gera

l do

Bra

sil,

Dio

go d

e M

endo

nça

Furt

ado

(162

1-16

24)

e su

a de

scen

dênc

ia.

Gab

am59

rG

abão

: cap

ote

ou c

asaç

ão c

om c

apuz

e c

abeç

ão.

Gaf

a43

vG

afo:

cor

rom

pido

, suj

o.G

alho

fa1v

; 64r

Bri

ncad

eira

.G

anha

mum

63r

Gai

amum

. G

uaia

-m-u

n (t

upi)

, o

cara

ngue

ijo

pret

o ou

azul

ado.

Era

ant

igam

ente

cha

mad

o pe

lo g

entio

de

guai

arar

á,cr

ustá

ceo

de m

angu

es.

Gar

atuz

a56

vG

arat

usa:

fra

ude,

eng

ano.

Tam

bém

rab

isco

, to

lice,

bor

ra-

dura

.G

arro

te51

vA

rroc

ho, c

onto

de

pau

com

que

se

dá v

olta

ao

laço

pos

to n

ope

scoç

o pa

ra e

stra

ngul

ar.

Gas

cam

31v

Gas

cão,

nat

ural

da

Gas

conh

a.

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183

Gav

acho

64v

Nom

e qu

e po

r de

spre

zo s

e dá

na

Esp

anha

aos

fra

nces

es d

osu

l da

Fran

ça.

Geb

irac

as62

vG

ebir

aca:

ser

ia u

m t

ipo

de f

orm

iga?

Aur

élio

abo

na:

jabi

raca

,br

uxa.

Ger

igon

ça10

vG

erin

gonç

a, l

ingu

agem

de

que

se s

erve

m c

igan

os,

vadi

os e

ladr

ões

para

não

ser

em e

nten

dido

s.G

iboy

a15

vJi

bóia

, se

rpen

te d

e gr

ande

s di

men

sões

. G

ihi-

boy

(tup

i),

aco

bra

de r

ãs: o

ofí

dio

que

se a

limen

ta d

e rã

s.G

rey

21r

Gre

i, sú

dito

s, v

assa

los,

pov

o.G

rum

ete

Títu

lo 2

7vM

arin

heir

o in

icia

nte,

que

ser

ve n

o na

vio

para

sub

ir à

gáv

ea e

em o

utro

s m

iste

res.

Gua

ldra

pa13

rX

aire

l. C

ober

tura

de

best

a, d

e te

cido

ou

de c

ouro

, so

bre

aqu

al s

e põ

e a

sela

ou

a al

bard

a.G

uant

e15

rL

uva

de f

erro

, na

arm

adur

a an

tiga

.G

uapo

8rR

apaz

ele

gant

e, g

arbo

so.

Gua

rdun

ha20

rG

ardu

nha,

ava

rent

o, f

uinh

a.G

uiza

36v

Seri

a um

a gr

ade

com

gui

zos,

par

a pr

oduz

irem

um

so

m?

Ser

ia u

ma

frei

ra p

repa

rada

, “à

man

eira

de”

, na

gra

de d

oco

nven

to?

Her

esia

rca

17v

Aut

or d

e he

resi

a. F

unda

dor

de u

ma

seita

her

étic

a.

Gas

cam

31v

Gas

cão,

nat

ural

da

Gas

conh

a.

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184

Hom

izia

doT

ítulo

1r

Por

hom

izia

r, d

ar a

silo

pol

ític

o, r

elig

ioso

, etc

.H

osan

nà64

rH

osan

a: h

ino

ecle

siás

tico

da d

omin

ga d

e R

amos

. Sa

udaç

ão,

louv

or.

Inha

popé

63r

Ena

pupê

. T

heod

oro

Sam

paio

: E

napo

pê,

Inha

popê

(t

upi)

,pe

rdiz

(fe

m.)

ou

perd

igão

(m

asc.

). U

nham

bui,

ynha

mbu

-i,

nas

perd

izes

. Bah

ia.

Irra

4r; 4

4vIn

terj

eiçã

o qu

e ex

prim

e ra

iva,

rep

ulsa

, des

apro

vaçã

o.Ja

cara

cang

a63

rYa

caré

-aca

nga

(tup

i),

a ca

beça

do

jaca

ré.

Pod

e se

r, a

inda

,ya

caré

-can

ga, a

cav

eira

ou

a os

sada

do

jaca

ré. B

ahia

.Ja

lapa

37v

Pla

nta

med

icin

al p

urga

tiva

.Ja

rata

caca

s62

vJa

rita

taca

, ya

ra-t

ic-a

ga

(tup

i),

o qu

e po

de

arro

jar

féti

do.

Ani

mal

que

, se

per

segu

ido,

se

defe

nde

com

arr

ojar

de

silíq

uido

fét

ido,

ins

upor

táve

l. É

o m

esm

o ca

ngam

bá d

o N

orte

do B

rasi

l. Ja

rata

caca

, jer

atat

aca,

jera

tica

ca.

Jorn

al24

rA

qui c

om o

sen

tido

de d

iari

sta.

Lam

pa55

vD

e le

var

vant

agem

. Ard

iloso

, mos

trar

-se

supe

rior

.L

eiga

rroe

s64

rL

eiga

rrão

: aum

enta

tivo

de

leig

o, o

que

não

é c

léri

go, p

adre

.L

erda

56r

Ler

do: l

ento

, pou

co d

ilige

nte,

vag

aros

o.L

hano

51r

Do

espa

nhol

. Pla

no.

Lib

era

me

48r

Lat

im.

“Liv

re-m

e”.

Fra

se d

a lit

urgi

a ca

tólic

a us

ada

em f

un-

ção

satír

ica.

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185

Liv

rari

a53

vA

qui c

om o

sen

tido

de b

iblio

teca

.L

odoz

o18

vL

odos

o, la

mac

ento

, suj

o, e

mpo

rcal

hado

.M

agan

o48

rM

ario

la, h

omem

vil.

Mal

ato

22v

Do

italia

no: d

oent

e.M

amal

uco

16r;

19v

Ou

mam

eluc

o, m

esti

ço f

ilho

de e

urop

eu c

om m

ulhe

r ín

dia.

Man

à64

rM

aná:

alim

ento

que

, se

gund

o a

Bíb

lia,

Deu

s m

ando

u ao

sis

rael

itas,

em

man

eira

de

chuv

a, n

o de

sert

o. C

oisa

exc

elen

te,

vant

ajos

a.M

anda

toT

ítulo

49v

É o

ser

mão

do

Man

dato

, na

qui

nta-

feir

a sa

nta,

com

mis

sape

la m

anhã

, ora

ção

sacr

a de

tard

e a

que

se s

egui

a o

lava

pés.

Man

dû59

rN

o B

rasi

l, é

cons

truç

ão d

o no

me

próp

rio

Man

oel.

No

sent

ido

figu

rado

, tol

o. M

and-

u (t

upi)

, fe

ixe

que

vem

ou

anda

, am

bu-

lant

e. A

ve:

man

du to

lo.

Man

duca

va16

rM

andu

car:

com

er.

Man

ga43

vP

arte

do

vest

uári

o, h

ábito

, ond

e se

enf

ia o

bra

ço.

Man

galh

am43

vA

umen

tati

vo d

e m

anga

lho,

gra

nde

pêni

s.M

anga

rá49

rM

ã-ca

rá (

tupi

), o

tub

ércu

lo o

u ra

iz d

e m

ontã

o. U

ma

espé

cie

de C

alad

ium

. Pon

to te

rmin

al d

a in

flor

escê

ncia

da

bana

neir

a.M

aqui

a8r

Ant

iga

med

ida

de c

erea

is,

de g

rãos

. Po

rção

de

grão

s. A

qui

para

sig

nifi

car

órgã

o se

xual

.

Lib

era

me

48r

Lat

im.

“Liv

re-m

e”.

Fra

se d

a lit

urgi

a ca

tólic

a us

ada

em f

un-

ção

satír

ica.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43185

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186

Mar

anha

8vN

o se

ntid

o de

intr

iga,

coi

sa in

tric

ada,

ast

ucio

sa.

Mar

âo20

v; 4

7vM

aráu

, o

que

é es

pert

o e

não

se d

eixa

eng

anar

. M

alan

dro,

finó

rio.

Mar

aved

î33

vM

oeda

an

tiga,

de

ou

ro

(Ará

bia)

ou

co

bre

(Por

tuga

l,E

span

ha).

Mar

cia

51r

Gen

te d

a gu

erra

, mar

cial

, bel

icos

a.M

ario

las

14r

Mar

iola

: pes

soa

indi

gna,

tra

tant

e, m

arau

, vel

haco

.M

arm

anjo

17r

Hom

em a

brut

ado,

ato

leim

ado.

Mat

ulam

41v

Hom

em d

e m

odos

abr

utad

os.

42r

A v

oz d

o ca

brito

, car

neir

o, e

tc.

Med

ra24

vD

e m

edra

r: c

resc

er, d

esen

volv

er, p

rosp

erar

.M

ente

capt

o15

rO

que

não

tem

ent

endi

men

to, i

diot

a, lo

uco.

Mex

ias

64r

Mes

sias

, o e

sper

ado.

Mic

a9v

Mic

ha, m

igal

hinh

aM

icho

38r

Lac

aio.

Tam

bém

com

o s

enti

do d

e in

sign

ific

ante

, pou

co.

Mir

arò

63r

Mir

oró.

The

odor

o S

ampa

io m

iroi

ró (

tupi

), o

des

prez

ado,

ore

pudi

ado.

A

urél

io:

mir

oró,

ca

ram

uru,

en

guia

, m

oror

ó,to

roró

.M

iser

ere

Títu

lo 3

4v; 3

6vL

atim

. “T

em p

ieda

de”.

A p

rim

eira

pal

avra

do

51º s

alm

o.M

o<n>

çam

45v

Moç

ão, p

edid

o, p

editó

rio.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43186

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187

Mod

ilho

32r

Mús

ica

ligei

ra. C

anta

r m

odilh

os. M

odin

ha.

Mor

eci

63r

Mor

ici,

mbo

rici

(tu

pi).

Mur

ici.

É p

lant

a m

alpi

ghiá

cea.

Bah

ia,

Per

nam

buco

. Á

rvor

e e

arbu

sto,

que

hab

ita o

cer

rado

e q

uepr

oduz

um

tip

o de

fru

to d

o m

esm

o no

me.

Muc

hiss

ima

24r

Esp

anho

lism

o, m

uití

ssim

a.M

usal

50v

Ref

eren

te à

s m

usas

ou

a el

as c

once

rnen

tes.

Nan

31v

Não

.N

ymph

a31

vN

infa

, di

vind

ade

do p

agan

ism

o; a

s ni

nfas

era

m v

irge

ns q

ueha

bita

vam

os

rios

, as

font

es, o

s bo

sque

s, e

tc.

Ocu

loru

m42

vL

atim

, usa

do c

om in

túito

sat

íric

o. D

os o

lhos

.O

lha

24v

Do

espa

nhol

ol

la,

pane

la;

espé

cie

de c

ozid

o co

m l

egum

es e

carn

es. C

aldo

gor

do.

Opi

laça

m15

vO

pila

ção,

obs

truç

ão d

os c

anai

s do

cor

po.

Our

ina

15v

Uri

na.

Ouv

idor

30r

Juiz

. C

argo

de

adm

inis

traç

ão j

udic

iári

a, n

as c

omar

cas

que

eram

as

divi

sões

ju

dici

ais

das

capi

tani

as.

No

séc.

X

VII

Iex

istia

m 2

4 co

mar

cas

no B

rasi

l; na

Bah

ia a

s de

Sal

vado

r,Il

héus

, Por

to S

egur

o e

Jaco

bina

.Pa

cas

62v

Ger

úndi

o-su

pino

do

ve

rbo

pag,

de

sper

tar,

ac

orda

r,

esta

rvi

gila

nte;

The

odor

o S

ampa

io:

paca

(tup

i) é

, po

is,

a de

sper

ta,

a ac

orda

da,

a qu

e es

sem

pre

aten

ta.

Ani

mal

ro

edor

(Cae

loge

nys

Pac

a). É

apr

ecia

do c

omo

caça

.

;p

pp

Mo<

n>ça

m45

vM

oção

, ped

ido,

ped

itóri

o.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43187

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188

Pada

48r

No

cont

exto

do

poem

a, “

Perr

a, p

ada”

dev

em s

er l

idos

com

o“p

é ra

pada

”.Pa

lafr

em63

vC

aval

o m

anso

, “c

aval

o de

pos

ta”

dos

reis

e d

os n

obre

s, e

mpa

rada

.Pa

lalá

49r

Pala

vra

inve

ntad

a po

r G

M?

Pala

ngan

a43

vG

rand

e tig

ela,

tabu

leir

o de

bar

ro o

u de

met

al.

Pant

ufo

43v

Chi

nelo

. Tam

bém

indi

vídu

o de

car

a e

barr

iga

gord

a.Pa

tara

ta5r

Men

tira,

ost

enta

ção

vã.

Pata

xo46

vN

avio

peq

ueno

e li

geir

o de

gue

rra.

Pate

rnid

ade

40v;

50r

Tra

tam

ento

que

se

dava

aos

rel

igio

sos

com

hie

rarq

uia

supe

-ri

or.

Patif

am19

vPa

tifão

. Gra

nde

patif

e.Pa

vana

4vD

ança

esp

anho

la s

alta

da, r

ápid

a.Pa

viol

la40

vPa

diol

a. T

abul

eiro

qua

drad

o de

tábu

a.Pe

rada

9vD

oce

de p

êra.

Pera

lvilh

ar33

rO

u pa

ralv

ilhar

. Faz

er v

ida

de p

eral

vilh

o.Pe

ralv

ilho

32r;

33r

Indi

vídu

o de

pou

co p

orte

, de

nenh

uma

cont

a, c

om p

rete

nsõe

sri

dícu

las

a el

egan

te.

Pere

â63

rPr

eá,

aper

eá,

apé-

réá

(tup

i) é

o a

nim

al c

ham

ado

preá

(ca

via

aper

eá).

O q

ue m

ora

no c

amin

ho,

o qu

e se

enc

ontr

a no

sca

min

hos.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43188

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189

Pes

pega

12v

Pesp

egar

: pre

gar,

ass

enta

r.P

inha

m49

rPi

nhão

. D

o es

panh

ol p

iñon

. P

lant

a eu

forb

iáce

a, n

orde

stin

a(J

atro

fa c

urca

s), p

urgu

eira

.P

iorn

o37

rPl

anta

da

fam

ília

das

legu

min

osas

.P

ipa

53r

Vas

ilha

para

vin

hos,

aze

ites,

vin

agre

s, e

tc.

Piq

ue24

rT

oque

sat

íric

o a

algu

ém.

Pir

ajá

63r

Pir

a-yá

(tu

pi),

cap

az d

e pe

ixe,

o v

ivei

ro d

e pe

ixe.

Nom

epr

imit

ivo

do e

stei

ro v

izin

ho d

e It

apag

ipe,

na

Bah

ia.

Pír

tigo

34v

A v

ara

men

or d

o m

angu

al.

Pis

moe

ns42

rPi

smão

: no

sent

ido

de p

ênis

.P

lect

or2r

Ple

ctro

. In

stru

men

to c

om q

ue s

e fa

ziam

vib

rar

as c

orda

s da

lira.

Pol

é29

vR

olda

na.

Pol

icia

43r

No

sent

ido

de a

to d

e po

lidez

.Po

lluto

43r

Polu

to: m

anch

ado,

mac

ulad

o, c

orro

mpi

do.

Polo

50v

No

sent

ido

de c

eles

te?

Ou

o po

lo g

eogr

áfic

o?P

osti

lla39

rA

post

ila.

Exp

licaç

ão d

o pr

ofes

sor

escr

ita p

elo

alun

o. P

osti

laé

expr

essã

o do

lati

m e

scol

ásti

co (

post

illa

– v

erba

auc

tori

s).

Prê

a32

vPr

esa.

Pret

orio

57v

Pret

ório

: tri

buna

l do

pret

or r

oman

o. M

oder

nam

ente

qua

lque

rtr

ibun

al. P

reto

r: m

agis

trad

o de

alç

ada

infe

rior

, no

Bra

sil.

aper

eá).

O q

ue m

ora

no c

amin

ho,

o qu

e se

enc

ontr

a no

sca

min

hos.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43189

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190

Pro

vedo

r30

rE

mpr

egad

o do

rei

, qu

e pr

ovia

e

exam

inav

a o

esta

do d

eal

gum

a ar

reca

daçã

o e

corr

igia

o q

ue n

ão e

ra c

onfo

rme

àsle

is.

Puç

a63

rP

eque

na r

ede

para

pes

ca.

Pul

ha9r

Men

tira,

ver

gonh

a.P

utai

na21

vP

uta.

Qua

tim

ondé

62v

Qua

tim

undé

(t

upi)

, qu

atim

undé

u (v

aria

nte)

. Q

uati

velh

o,m

acho

de

gr

ande

po

rte,

de

sgar

rado

do

ba

ndo.

S

egun

doT

heod

oro

Sam

paio

: qu

ati ,

qua-

ti,

o qu

e é

risc

ado

oula

nhad

o. R

isco

s no

cor

po. É

o N

asua

dos

nat

ural

ista

s.Q

uibu

ngo

56r

Bai

le d

e ne

gros

.R

abbi

33v

Mes

tre,

Se

nhor

. E

ntre

os

jude

us,

o m

estr

e da

le

i, qu

emde

cide

as

ques

tões

de

relig

ião

e de

dir

eito

, fa

z ca

sam

ento

s,de

clar

a os

dir

eito

s, e

tc. R

abin

o.R

apad

a8r

De

rapa

r: r

aspa

da, r

ouba

da, d

esco

bert

a, p

apad

a.R

asco

a16

vC

riad

a, c

ozin

heir

a, m

eret

riz,

aia

.R

ebec

am19

rR

ebec

a ou

rab

eca,

inst

rum

ento

de

cord

as, g

rand

e.R

ebuç

o49

rD

e re

buça

do:

bala

à q

ual

se a

cres

cent

am e

ssên

cias

de

frut

asou

de

plan

tas,

em

brul

hada

em

pap

el.

Red

omad

a9v

Con

serv

ada

em r

edom

a.R

efes

tela

2rFe

stiv

idad

e, d

ança

s.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43190

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191

Reg

edor

40r

O q

ue r

ege.

Aut

orid

ade

adm

inis

trat

iva,

jud

iciá

ria,

rel

igio

sa,

etc.

Reg

ente

40r;

40v

Aqu

ele

que

rege

, dir

ige.

Reg

edor

(vi

de).

Ren

deir

o60

vO

que

alu

ga a

out

ro a

terr

a e

a la

vra

ou u

sa d

ela,

pag

ando

ao

dono

.R

enhi

das

13r

Ren

hido

: dis

puta

do p

ertin

azm

ente

.R

heub

arbo

37v

Rui

barb

o. E

rva

med

icin

al

(Rhe

um

palm

atum

),

empr

egad

aco

mo

purg

ativ

o. H

á um

a es

péci

e hí

brid

a de

rui

barb

o, c

ujo

talo

é u

sado

com

o al

imen

to.

Rif

am12

vR

efrã

o.R

ocim

34r

Cav

alo

pequ

eno

e fr

aco.

Saec

ula

saec

ulor

um42

vL

atim

, usa

do c

om in

túito

sat

íric

o. O

s sé

culo

s do

s sé

culo

s.

Salv

age

23r

Sel

vage

m.

Sam

burâ

63r

Ces

to

de

cipó

ou

de

ta

quar

a.

The

odor

o S

ampa

io

abon

aS

ambo

ra,

çá-m

bora

-á (

tupi

), o

que

se

retir

a do

cen

tro

ouin

teri

or.

Póle

n de

flo

res;

m

assa

am

arel

a do

ni

nho

das

abel

has.

Sand

eo64

rS

ande

u, in

sano

, idi

ota.

Sarn

a34

vD

oenç

a cu

tâne

a.Sa

yal

35r

Sai

al, p

ano

gros

seir

o.

Red

omad

a9v

Con

serv

ada

em r

edom

a.R

efes

tela

2rFe

stiv

idad

e, d

ança

s.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43191

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192

Ser

gir

44r

Cer

zir,

rem

enda

r.S

etia

22r

Tip

o de

em

barc

ação

. A

urél

io:

seti

a [d

e or

igem

ob

scur

a],

cano

de

m

adei

ra

que

cond

uz

a ág

ua

que

faz

mov

er

osen

genh

os h

idrá

ulic

os (

siti

a, d

o ve

rbo

sitia

r).

Siti

al58

vO

u se

tial,

asse

nto

orna

do q

ue s

e põ

e na

s ig

reja

s.S

ojor

no37

rE

stad

a, e

stad

ia. D

o ve

rbo

sojo

rnar

: res

idir

, per

man

ecer

, fic

ar.

Sol

dada

29v

De

sold

o. P

arte

bás

ica

da r

emun

eraç

ào d

e um

mil

itar.

Sov

ella

41v

Sov

ela.

Ins

trum

ento

cor

tant

e e

pont

eagu

do d

os s

apat

eiro

spa

ra f

urar

o c

ouro

. Mos

quito

.S

upin

o10

vS

upin

o, a

lto, e

leva

do, s

uper

ior.

Sur

ucuc

ûs62

vS

uruc

ucu:

çu

ú-ú-

ú (t

upi)

, m

orde

m

uití

ssim

o;

é a

cobr

ave

neno

sa e

hór

rida

do

nort

e do

Bra

sil

(Lac

haes

is m

utus

).C

oó-ú

-ú (

tupi

), a

nim

al q

ue m

orde

mui

to.

Sur

urûs

63r

Sur

uru,

çoo

rurú

-y (

tupi

). O

bic

ho h

úmid

o ou

enc

harc

ado.

Mex

ilhão

qu

e vi

ve

met

ido

na

lam

a do

m

angu

e (M

ytilu

spe

rna)

. Po

de

proc

eder

ta

mbé

m

de

çuru

rú,

que

sign

ific

aat

olad

o. B

ahia

.T

acha

s48

vT

acha

: es

péci

e de

ta

cho

gran

de,

usad

o no

s en

genh

os d

eaç

úcar

.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43192

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193

Tam

andu

â62

vT

aman

duá,

ta

-man

duá

(tup

i),

o ca

çado

r de

fo

rmig

as.

Oco

mpo

nent

e tá

é

com

o um

a fo

rma

cont

ract

a de

ta

cy,

afo

rmig

a.T

ambé

47v

Tam

bém

.T

apet

î63

rT

apet

i, o

coel

ho s

ilves

tre

(tup

i). S

ão P

aulo

. C

onfu

nde-

se f

re-

qüen

tem

ente

com

tip

iti o

u ty

pity

(tu

pi),

o c

esto

esp

rem

edor

de m

andi

oca.

Tap

uyas

15v

Tap

uia:

índ

io d

o B

rasi

l. T

apuy

a. T

apyí

a, t

a-ep

i-ia

(tu

pi).

H.

Str

adel

li id

enti

fica

com

tau

a-ep

y-ia

, ori

giná

rio

das

alde

ias,

enã

o in

imig

o, d

e re

ferê

ncia

aos

pri

mit

ivos

hab

itant

es q

ue,

pela

inv

asão

dos

tup

is,

se r

efug

iara

m n

o se

rtão

. M

estiç

o de

índi

o. N

a B

ahia

qua

lque

r m

estiç

o tr

igue

iro

e de

cab

elos

lis

ose

negr

os. C

aboc

lo.

Tem

pora

s43

vT

êmpo

ras.

Dia

s de

pre

ces

espe

ciai

s e

jeju

ns.

Ter

nári

o57

rC

ompa

sso

mus

ical

que

se

divi

de e

m t

rês

tem

pos

igua

is.

Ter

ço51

vN

o se

ntid

o de

cor

po d

e m

ilíci

a an

tigo.

The

atin

os58

vT

eati

no:

relig

ioso

de

co

ngre

gaçã

o ro

man

a fu

ndad

a po

rS.

Cae

tano

de

Tie

ne.

Tim

bó63

rO

baf

o, f

umar

ada,

o v

apor

. Pl

anta

cuj

o su

co m

ata

o pe

ixe

(Pau

linia

Pin

nata

).

açúc

ar.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43193

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194

Tip

oya

15v

Tip

óia:

tip

o de

red

e pa

ra d

orm

ir. O

rigi

nari

amen

te t

ambé

mum

a re

de n

a qu

al a

s ín

dias

lev

avam

as

cria

nças

. Ti

’poi

a(t

upi).

Tiû

s62

vT

eyú,

ty-ú

(tup

i), t

eiú,

o q

ue c

ome

esco

ndid

o; o

laga

rto.

Tiju

,te

jo, t

eju.

Toc

ano

16r;

18v

Tuc

ano.

Apo

do d

o go

vern

ador

Ant

ônio

Lui

z da

C

âmar

aC

outin

ho (

vide

Índ

ice

Ono

más

tico)

, por

con

ta d

o se

u en

orm

ena

riz.

Ton

sura

do48

rT

onsu

ra:

cort

e ci

rcul

ar,

na p

arte

mai

s al

ta e

pos

teri

or d

aca

beça

. Pr

imei

ro g

rau

do c

leri

cato

. G

M r

eceb

eu a

ton

sura

para

ser

Des

emba

rgad

or d

a R

elaç

ão E

cles

iást

ica

na B

ahia

,po

is

tinh

a es

tuda

do

Cân

ones

. E

sta

déci

ma

pare

ce

ser

auto

refe

renc

iado

ra, p

elo

seu

cont

eúdo

: ton

sura

, sát

ira, p

oesi

asã

o pa

lavr

as r

ecor

rent

es.

Top

e37

vC

hoqu

e, e

ncon

tro

de d

uas

cois

as q

ue s

e to

pam

.T

osta

m62

rT

ostã

o, m

oeda

ant

iga.

Tra

mpa

37v;

38r

; 55v

Exc

rem

ento

gro

sso.

Tam

bém

no

sent

ido

de e

ngan

o, fr

aude

.T

ranq

uia

43r

Cer

ca d

e pa

us.

Tra

vam

12r

Tra

vão,

cad

eia

de tr

avar

as

best

as.

Tre

la44

vD

ar c

onve

rsa,

fof

oca.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43194

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195

,T

rela

44v

Dar

con

vers

a, f

ofoc

a.

Tre

sand

a11

vT

resa

ndar

: con

fund

ir, d

esor

dena

r.T

reta

26v

Man

ha, a

stúc

ia.

Tro

lha

24v;

25r

Col

her

de m

exer

pan

ela.

Tro

sso

16r

Tro

ço, o

bjet

o, c

oisa

, ped

aço,

tras

te, t

ralh

a.T

utia

9vÓ

xido

de

zinc

o im

puro

que

ade

re à

s ch

amin

és d

os fo

rnos

.V

agan

âo20

vV

agan

áu, m

arot

o.V

azo

Títu

lo 6

r; 7

vV

aso.

Aqu

i no

sent

ido

de ó

rgão

sex

ual f

emin

ino.

Ven

ablo

30r

Arm

a ou

ins

ígni

a m

ilita

r qu

e tr

azia

o a

lfer

es e

ia

apre

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arao

gen

eral

qua

ndo

entr

ava

na p

raça

.V

erdu

go23

vA

lgoz

, car

rasc

o.V

icto

r1r

; 1v

Ter

mo

com

que

se

anim

a ou

apl

aude

o v

ence

dor.

Vir

go6v

Vir

gem

; aqu

i no

sent

ido

de “

virg

inda

de”,

hím

en.

Zab

alê

63r

Nom

e da

do a

o “j

ohô”

(pá

ssar

o) e

m a

lgun

s po

ntos

do

Bra

sil.

The

odor

o Sa

mpa

io:

zabe

lê,

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espú

ria

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nom

atop

aica

. É

o no

me

da a

ve C

rypt

urus

noc

tiva

gus ,

esp

écie

de

nam

bu.

Bah

ia. S

ergi

pe.

Zan

cos

43v

Zan

co: r

acio

cíni

o se

m p

és n

em c

abeç

a.Z

aque

o64

vZ

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u.

Jude

u pu

blic

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de

Jeri

que,

se

gund

o o

Eva

ngel

ho, r

eceb

eu J

esus

em

sua

cas

a.Z

omba

12r

Zom

bar:

esc

arne

cer,

não

fal

ar s

ério

.Z

ote

10v;

11

v;

13v;

zotis

sim

o 15

r; 4

8rId

iota

, pat

eta,

igno

rant

e.

Zoy

lo47

vZ

oilo

, crí

tico

mal

igno

, det

rato

r.Z

urro

s58

rZ

urro

: a v

oz d

o bu

rro.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43195

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196

A classe das palavras não está indicada no presente glossário,para o qual foram consultadas as seguintes obras:

1. Aurélio. Rio: Nova Fronteira, 1999

2. Bluteau, Raphael. Vocabulario Portuguez e latino, aulico, anatomico, architectonico, bellico, [...]authorizado com exemplos dos melhores escritores portuguezes, e latinos, e offerecido a El Rey dePortugal, D. João V, pelo Padre D.Raphael Bluteau Clerigo regular, doutor [...]. Coimbra: Collegio das Artesda Companhia de Jesu; Officina de Paschoal da Silva [vols. 5 e 8]; Officina de Joseph Antonio da Sylva[suplemento], 1712-1728. Com todas as licenças necessarias. 8 vols., 2 vols. suplemento.

3. Boudin, Max H. Dicionário de tupi moderno (dialeto tembé-ténêtéhar do alto rio Gurupi). São Paulo:Governo do Estado, 1966. 342 p.

4. Cunha, Antônio Geraldo da. Dicionário Histórico das palavras portuguesas de origem Tupi. SãoPaulo: Melhoramentos, 1982, 357 p.

5. Edelweiss, Frederico G. Tupís e Guaranís. Estudos de Etnonímia e Linguística. Bahia: Secretaria deEducação e Saúde, 1947. 220 p.

6. Raimundo, Jaques. Influência do tupi no português. Rio de Janeiro: Mendonça, Machado & C. Editores,1926. 157 p.

7. Sampaio, Theodoro. O Tupi na Geografia Nacional. 3ª ed. Bahia: 1928. 304 p.

8. Silva, Antonio de Morais (org). Dicionário da lingua portugueza recopilado dos vocabularios impre-sos até agora, e nesta Segunda edição novamente emendado, e muito accrescentado, por Antonio deMoraes Silva natural do Rio de Janeiro. Offerecido ao muito alto, e muito poderoso Principe Regente N.Senhor. Lisboa: Typografia Lacerdina, 1813. Com Licença da Meza do Desembargo do Paço. 2 vols.

9. Tertúlia Edípica. Um dicionário charadístico. Lisboa: Sociedade Literária Charadística, s.d.p.

10. Tibiriçá, Luiz Caldas. Dicionário Guarani-Português. São Paulo: Traço Editora, 1989. 174 p.

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197

VIII ÍNDICE ONOMÁSTICO

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198

Abe

l10

rS

egun

do a

Bíb

lia,

filh

o de

Adã

o e

Eva

, m

orto

pel

oir

mão

Cai

m.

Ada

mT

ítulo

31r

“Cap

itão

da o

rden

ança

”A

dam

35r;

31

r;

31v;

49r

Adã

o,

segu

ndo

a B

íblia

, no

liv

ro G

ênes

is,

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oho

mem

cri

ado

por

Deu

s. V

iveu

no

Par

aiso

Ter

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re,

com

E

va,

de

onde

fo

ram

ex

cluí

dos

por

deso

bedi

ênci

a a

uma

inte

rdiç

ão d

ivin

a.A

gued

a44

vN

ome

de m

ulhe

r. U

ma

das

mui

tas

figu

ras

fem

inin

asdo

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pus

poét

ico

de G

M, n

a B

ahia

.A

lenc

astr

o51

vJo

ão

de

Len

cast

re

ou

Ale

ncas

tro,

go

vern

ador

do

Bra

sil

(169

4-17

02)

e pr

otet

or d

e G

M.

Diz

em q

uem

ando

u co

piar

em

cód

ice,

até

hoj

e nã

o lo

caliz

ado,

os s

eus

poem

as.

Am

broz

io16

rS

eria

o p

ai d

e A

ntôn

io L

uiz

Gon

çalv

es d

a C

âmar

aC

outi

nho

(vid

e).

Ant

onio

Lui

z G

onsa

lves

da

Cam

ara

Coi

tinh

o / C

outin

hoT

ítulo

15

v;

17r;

títul

o 38

v; t

ítulo

45v;

46

r;

títul

o50

v

Gov

erna

dor

do B

rasi

l (1

690-

1694

), i

nim

igo

de G

M.

Sod

omita

vár

ias

veze

s sa

tiriz

ado

pelo

poe

ta.

Seu

sfi

lhos

ten

tam

m

atar

o p

oeta

, qu

e é

envi

ado

para

Ang

ola,

em

169

4, c

omo

salv

ação

.A

nton

io M

arqu

es d

e Pe

ral-

da, P

adre

títul

o 9v

Um

do

s m

uito

s cl

érig

os,

frad

es

ou

secu

lare

ssa

tiriz

ados

por

GM

.

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199

Ant

onio

Rod

rigu

es d

a C

osta

53v;

títu

lo 5

7rA

dvog

ado,

P

rom

otor

do

E

cles

iást

ico

na

Bah

ia,

denu

ncia

nte

de G

M j

unto

ao

Tri

buna

l da

Inq

uisi

ção

em 1

684,

por

con

ta d

e he

rege

. E

m d

ocum

ento

s é

tam

bém

Roi

z (a

brev

iatu

ra d

e R

odri

gues

) e

cont

a su

aas

sina

tura

em

T

erm

os

de

Res

oluç

ão

e de

Req

ueri

men

to

do

Sen

ado

da

Câm

ara

da

Bah

ia,

Sal

vado

r,

em

1678

. É

el

eito

A

lmot

acel

(v

ide

glos

sári

o)

da

cida

de

em

1679

. S

átir

as

de

GM

reve

lam

a in

imiz

ade

do p

oeta

con

tra

este

adv

ogad

o.A

pollo

1v; 3

r; 5

0vM

ítico

Deu

s gr

ego

da b

elez

a e

da p

oesi

a

Are

thus

a3r

Míti

ca n

infa

, que

viv

eu n

a A

rcád

ia.

Fon

te c

éleb

re d

ailh

a de

Ort

ígia

.A

tlan

te11

rM

ítico

gi

gant

e,

titã

que

carr

egav

a ao

s om

bros

a

abób

ada

cele

ste.

Bal

thaz

ar, P

adre

11v

Um

do

s m

uito

s cl

érig

os,

frad

es

ou

secu

lare

ssa

tiriz

ados

por

GM

.B

arth

olo

59r

Bar

tolo

da

Sas

sofe

rrat

o (1

314-

57),

fam

oso

juri

sta

italia

noB

ivar

, Pre

lada

35r;

36r

; 38r

Ape

lido

de

frei

ra (

prel

ada)

do

conv

ento

de

Odi

vela

s,da

Ord

em d

e C

iste

r, n

as c

erca

nias

de

Lis

boa,

loc

alcé

lebr

e po

r am

ores

fre

irát

icos

, in

clus

ive

da r

eale

za.

For

tuna

to d

e A

lmei

da f

ala

em “

licen

cios

idad

e da

s

da, P

adre

satir

izad

os p

or G

M.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43199

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200

frei

ras”

em

ger

al,

repo

rtan

do-s

e ao

séc

ulo

XV

I e

refe

rind

o-se

em

esp

ecia

l ao

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de

mad

re P

aula

, de

Odi

vela

s, n

o sé

culo

XV

III,

am

ante

de

D.J

oão

V.

Bra

z L

uiz

7vM

úsic

o, ta

lvez

am

igo

do p

oeta

.C

amen

a14

rN

ome

para

sig

nifi

car

mus

as.

Aur

élio

diz

Cam

enas

,do

lati

m. P

oet.

As

Mus

as.

Chi

co32

vA

mig

o de

GM

. Apo

do p

ara

Fran

cisc

o.C

rast

o4r

Cas

tro?

Ape

lido

de u

m a

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o de

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, um

clé

rigo

,ta

lvez

.D

edal

o60

vF

igur

a m

itol

ógic

a gr

ega;

arq

uite

to q

ue c

onst

ruiu

ola

biri

nto

de

Cre

ta,

no

qual

fo

i en

cerr

ado

oM

inot

auro

, on

de

tam

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fo

i ap

risi

onad

o,

por

orde

m d

e M

inos

, es

capa

ndo

com

asa

s fe

itas

de c

era

e pe

nas

de a

ves.

Eva

31r;

31v

Eva

, seg

undo

a B

íblia

, no

livr

o G

ênes

is, f

oi a

mul

her

cria

da p

or D

eus.

Viv

eu n

o P

arai

so T

erre

stre

, co

mA

dão,

de

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for

am e

xclu

ídos

por

des

obed

iênc

ia a

uma

inte

rdiç

ão d

ivin

a.Fa

bio

6r-7

rN

ome

conv

enci

onal

da

poes

ia b

arro

ca.

Fern

ande

s27

vU

m

dos

mui

tos

pers

onag

ens

de

GM

, ta

lvez

Fer

nand

es

Men

des,

ba

rque

iro

de

Mar

apé

(vid

eÍn

dice

Top

oním

ico)

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43200

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201

Fili

ppa

8rN

ome

de m

ulhe

r. U

ma

das

mui

tas

figu

ras

fem

inin

asdo

cor

pus

poét

ico

de G

M, n

a B

ahia

.G

alha

no36

rSe

ria

Gal

hard

o?G

ilvas

53v

Apo

do d

e A

nton

io R

odri

gues

da

Cos

ta [

Gilv

az]

que

tinha

um

a ci

catr

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o ro

sto,

um

a cu

tilad

a na

fac

e.G

onça

lo R

avas

co C

aval

cant

iA

lbuq

uerq

uetít

ulo

43r

Cap

itão,

ofi

cial

da

mes

a de

ver

eaçã

o do

Sen

ado

daC

âmar

a de

Sa

lvad

or,

Cor

onel

e

Juiz

O

rdin

ário

,V

erea

dor,

Pr

ocur

ador

do

S

enad

o da

C

âmar

a na

Cor

te d

e L

isbo

a, e

m 1

695.

Gon

çalo

(16

59-1

725)

da

fam

ília

dos

Rav

asco

s,

filh

o de

B

erna

rdo

Vie

ira

Rav

asco

e s

obri

nho

de A

ntôn

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ieir

a. A

mig

o de

GM

, que

deu

o n

ome

de G

onça

lo a

um

filh

o se

u.G

onsa

lves

15v

Seri

a o

avô

de A

ntôn

io L

uiz

Gon

çalv

es d

a C

âmar

aC

outin

ho (

vide

).G

regó

rio,

dou

tor

1vO

poe

ta G

M s

e au

to-r

efer

enci

a ne

ste

poem

a qu

ando

este

ve h

omiz

iado

no

Con

vent

o do

s C

arm

elita

s, o

nde

era

frei

o s

eu ir

mão

Eus

ébio

de

Mat

tos,

ora

dor

sacr

o.Ic

aro

60v

Figu

ra d

a m

itol

ogia

gre

ga.

Filh

o de

Déd

alo

(vid

e),

com

o

qual

fu

giu

do

labi

rint

o de

C

reta

, m

asap

roxi

man

do-s

e de

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iada

men

te d

o so

l, qu

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rre-

teu-

lhe

a ce

ra d

as a

sas,

cai

u no

mar

.

qp

(Ín

dice

Top

oním

ico)

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43201

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202

Izid

oro

5vIs

idor

o de

Sev

ilha

, san

to (

560-

636)

, arc

ebis

po e

dou

-to

r da

Igr

eja.

Jasõ

es58

vP

lura

l de

Jas

ão,

mít

ico

hero

i gr

ego,

com

anda

nte

dos

Arg

onau

tas,

que

com

ele

s co

nqui

stou

o T

osão

de

ouro

na

Cól

quid

a, n

a Á

sia.

Jesu

sJe

su

Chr

isto

3r

;57

r;Je

sus

Cri

sto

filh

o de

Deu

s e

o M

essi

as a

nunc

iado

pelo

s pr

ofet

as.

Os

seus

apó

stol

os p

rega

ram

o c

rist

ia-

nism

o.Jo

am d

e C

ouro

s52

vJo

ão d

e C

ouro

s, t

ambé

m d

e C

ouro

s C

arne

iro,

foi

Esc

rivã

o do

Sen

ado

da C

âmar

a da

Bah

ia,

Salv

ador

,em

dat

as l

imit

es e

ncon

trad

as d

e 16

77 a

169

9, o

nde

assi

na v

ária

s at

as la

vrad

as.

Joam

, dom

21r

Ref

erên

cia

a D

.Joã

o de

Ale

ncas

tro

(vid

e A

lenc

astr

o)Jo

am

Tei

xeir

a (d

e)

Men

-do

nça

(C

apita

m)

21v;

22v

Bac

hare

l e

Esc

rivã

o do

Des

emba

rgo

de s

ua A

ltez

ano

Bra

sil

(Bah

ia),

ass

inan

do R

egis

tro

de C

ertid

ão,

em 1

672,

sob

re o

iní

cio

do v

enci

men

to d

o or

dena

dode

Pro

cura

dor

do S

enad

o da

Câm

ara

da B

ahia

, em

Lis

boa,

do

Dou

tor

Gre

góri

o de

Mat

tos

e G

uerr

a.F

ilho

do

Cap

itão

e po

eta

Man

oel

Tei

xeir

a de

Men

donç

a, J

oão,

a q

uem

GM

ded

icou

um

a sá

tira,

era

poet

a, e

her

dou

do p

ai e

do

avô

o of

ício

de

escr

ivão

. N

a A

cade

mia

B

rasí

lica

dos

Esq

ueci

dos

(172

4-25

) há

um

poe

ta d

e S

alva

dor

cham

ado

Lui

zT

eixe

ira

de M

endo

nça.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43202

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203

Jorg

e da

Fra

nça

32v

Ser

ia u

m d

os A

dmin

istr

ador

es,

acus

ados

de

vilõ

es,

do E

ngen

ho d

a C

ajaí

ba?

(vid

e Ín

dice

Top

oním

ico)

José

Per

eira

, Cap

itam

títul

o 2r

; 2r

Cap

itão

do b

airr

o de

São

Ben

to,

em S

alva

dor,

que

assi

na T

erm

o de

Res

oluç

ão d

o S

enad

o da

Câm

ara

daB

ahia

, em

16

74,

sobr

e re

part

ição

do

sa

l pa

rasu

sten

to d

a In

fant

aria

, te

ndo

doad

o 36

0 al

quei

res

dopr

odut

o,

e ou

tro

Term

o da

di

ta

Câm

ara

cont

rase

nten

ça d

e co

nces

são

do C

orre

io d

este

Est

ado,

em

1678

. N

o po

ema

de G

M é

tid

o co

mo

poet

a e

tem

oap

odo

de S

ette

Car

reir

as.

Jose

ph L

uiz

títul

o 60

r; 6

1rN

ão e

ncon

tram

os n

a do

cum

enta

ção

do s

enad

o da

Câm

ara

o no

me

dest

e pe

rson

agem

com

o A

lmot

acel

da

Lim

peza

. O

ca

rgo

exis

tia

e os

el

eito

s er

amen

carr

egad

os d

a lim

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da

cida

de,

com

pos

tura

spa

ra s

erem

exe

cuta

das

pelo

s ha

bita

ntes

.Jo

zeph

35v

Ser

ia u

m d

os f

rade

s ou

fre

qüen

tado

res

do C

onve

nto

de O

dive

las?

Juda

s Is

cari

ote

33r;

33v

Um

dos

doz

e ap

ósto

los,

aqu

ele

que

entr

egou

Jes

usem

troc

a de

din

heir

o.M

andû

59r

Apo

do p

ara

Man

oel

ou d

o tu

pi p

eixe

am

bula

nte,

ou

tolo

; ref

ere-

se a

Man

oel R

odri

gues

da

Sylv

a.M

afom

a17

vM

aom

é; p

rofe

ta d

o Is

lã,

refo

rmad

or r

elig

ioso

(57

0-63

2).

(172

4-25

) há

um

poe

ta d

e S

alva

dor

cham

ado

Lui

zT

eixe

ira

de M

endo

nça.

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204

Man

uel R

odri

gues

títul

o 3v

Vig

ário

da

Mad

re d

e D

eus,

ilh

a da

Bah

ia d

e T

odos

os S

anto

s, o

u C

onve

nto

exis

tent

e em

Lis

boa.

Man

uel R

odri

gues

da

Silv

atít

ulo

58v

Tes

oure

iro

da

Câm

ara

da

Bah

ia,

Salv

ador

, qu

eas

sina

Ter

mo

de V

erea

ção

sobr

e co

bran

ça e

dív

idas

,em

16

88,

Ter

mo

de

Con

chav

o co

m

as

vila

s de

Cam

amu,

Cai

ru e

Boi

peba

na

Bah

ia e

m 1

690,

Ter

mo

de R

esol

ução

em 1

694

sobr

e o

azei

te,

na c

ondi

ção

de v

ende

iro.

No

docu

men

to d

e 16

88,

o R

odri

gues

está

in

dica

do,

na

tran

scri

ção,

co

mo

ileg

ível

, no

sde

mai

s ap

arec

e só

o a

peli

do d

e S

ilva.

Mar

te52

rFi

gura

mito

lógi

ca r

oman

a. D

eus

da g

uerr

a e

dos

agri

cult

ores

.M

athi

as52

rSe

ria

o C

apitã

o R

apad

ura

do tí

tulo

48v

?M

ende

s27

vV

ide

Fer

nand

es.

Mer

curi

o52

rM

ercú

rio.

Men

sage

iro

dos

deus

es,

deus

gre

go

doco

mér

cio,

dos

ladr

ões

e da

elo

qüên

cia.

Mig

uel N

ovel

os, F

rei

títul

o 1r

Car

mel

ita (

vide

Gre

góri

o, D

outo

r)

Mig

uel T

eixe

ira

64v

Seri

a um

dos

am

igos

de

GM

, na

s su

as a

ndan

ças

noR

ecôn

cavo

da

Bah

ia,

habi

tant

e da

Vila

de

São

Fra

n-ci

sco

(Vid

e Ín

dice

Top

oním

ico)

.M

iran

daPa

dre

11v;

13v

Um

dos

mui

tos

clér

igos

, fr

ades

ou

secu

lare

s sa

tiri-

zado

s po

r G

M.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43204

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205

Mon

teir

oM

anoe

l M

onte

iro

40r;

52r

Com

o

apel

ido

de

Alv

es,

vem

os

um

Man

oel

Mon

teir

o as

sina

ndo,

em

167

2, u

m T

erm

o de

Pos

se e

Jura

men

to d

e um

Sín

dico

do

Sen

ado

da C

âmar

a da

Bah

ia, S

alva

dor.

Em

168

5, M

anoe

l M

onte

iro,

sem

oap

elid

o A

lves

, ass

ina

Ter

mo

de R

esol

ução

da

mes

ma

Câm

ara,

sob

re a

nau

San

ta M

arta

que

apo

rtou

na

Bah

ia, c

om n

egro

s de

Ang

ola

atac

ados

de

bexi

ga.

E,

1690

M

anoe

l M

onte

iro

assi

na

um

Ter

mo

deJu

ram

ento

e P

osse

da

Câm

ara

por

ter

sido

ele

itopa

ra

o m

iste

r de

C

alde

reir

o.

Prov

avel

men

te

umfi

scal

das

cal

deir

as d

e en

genh

os.

Nep

tuno

46v

Fig

ura

mit

ológ

ica

rom

ana.

Deu

s do

mar

, fi

lho

deS

atur

no,

irm

ão d

e Ju

pite

r e

de P

lutã

o. N

a m

itol

ogia

greg

a é

iden

tifi

cado

com

Pos

seid

on.

Niz

e6r

-7v

Des

igna

ção

para

esc

onde

r no

me

de m

ulhe

r, e

m c

eros

caso

s m

usa

dos

poet

as e

m v

ário

s te

mpo

s.N

ora

44r

Nom

e de

mul

her.

Ser

ia u

ma

frei

ra?

Ort

iz, d

om28

rN

ão f

oi p

ossí

vel i

dent

ific

ar e

ste

pers

onag

em.

Peg

aso

3r; 5

0vF

igur

a da

mit

olog

ia g

rega

. C

aval

o al

ado,

nas

cido

do

sang

ue d

e M

edus

a. S

ímbo

lo d

a in

spir

ação

poé

tica

.P

eral

vilh

o32

r; 3

3rÉ

apo

do q

ue s

igni

fica

per

alta

, jan

ota,

cas

quil

ho.

Per

eira

56v

Col

ega

de G

M n

o C

abid

o da

Arq

uiep

isco

pal?

Pis

sarr

oIg

naci

o P

issa

rro

títu

lo 8

r; 6

4r;

Pro

vave

lmen

te a

mig

o de

GM

e h

abit

ante

da

Vil

a de

S.F

ranc

isco

do

C

onde

, on

de

o av

ô do

po

eta

foi

arre

ndat

ário

do

Eng

enho

de

Ser

egip

e do

Con

de (

vide

Índi

ce T

opon

ímic

o).

zado

s po

r G

M.

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206

Polif

emo

12r

Figu

ra m

itoló

gica

gre

ga,

cicl

ope

filh

o de

Pos

seid

on.

Com

um

olho

no

mei

o da

test

a, te

ve-o

vaz

ado

por

Ulis

ses.

Qui

xote

33r

Pers

onag

em d

o cé

lebr

e liv

ro d

e M

igue

l C

erva

ntes

,D

om Q

uixo

te d

e La

Man

cha.

Rab

ello

64r

Am

igo

de G

M?

Sam

Ben

edito

38r

São

Ben

edito

, co

gnom

inad

o o

Pret

o; f

ranc

isca

no.

Filh

o de

afr

ican

os,

nasc

ido

em P

aler

mo.

Con

fess

orfa

mos

o po

r se

us m

ilagr

es e

vir

tude

s. N

esta

sát

iraG

M r

evel

a se

u pr

econ

ceit

o ra

cial

.Sa

m C

hris

tóva

oT

ítulo

4v;

5v

São

Cri

stóv

ão (

III s

écul

o), p

adro

eiro

dos

per

egri

nos.

Sam

Fra

ncis

co63

vSã

o Fr

anci

sco

de A

ssis

(11

82-1

226)

, fu

ndad

or d

aO

rdem

dos

Fra

ncis

cano

s.Sa

m P

aulo

22v

O A

póst

olo

dos

Gen

tios.

Dis

cípu

lo d

os a

póst

olos

de

Cri

sto.

Esc

reve

u qu

ator

ze E

píst

olas

. Fo

i de

capi

tado

no r

eina

do d

e N

ero.

Acr

edito

que

nes

te v

erso

GM

se

refe

re a

São

Pau

lo, a

ntig

a ca

pita

nia

de S

ão V

icen

te.

Sant

o A

nton

io38

rSa

nto

de P

ádua

ou

Ant

ônio

de

Lis

boa

(119

5-12

31),

frad

e m

enor

, fr

anci

scan

o.

Um

do

s sa

ntos

m

ais

popu

lare

s em

Por

tuga

l e n

o B

rasi

l. Pr

egou

na

Áfr

ica,

send

o re

conh

ecid

o m

ilagr

eiro

.

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207

Saul

o22

vO

nom

e ju

dáic

o pa

ra P

aulo

, no

ca

so

São

Paul

o,ap

ósto

lo

dos

gent

ios,

aqu

eles

que

não

viv

iam

na

cida

de d

e D

eus.

Sim

am57

vN

este

poe

ma,

nom

e pa

ra u

m n

egro

. N

ome

para

São

Sim

ão, o

Can

aneu

, um

dos

doz

e ap

ósto

los

de C

rist

o,ou

Sim

ão,

o M

ago,

que

pre

tend

eu c

ompr

ar d

e S

ãoP

edro

o p

oder

de

faze

r m

ilagr

es,

daí

o no

me

desi

mon

ia p

ara

o tr

áfic

o de

coi

sas

sagr

adas

.T

halia

3r; 5

2vT

alia

. Fig

ura

da m

itol

ogia

gre

ga, m

usa

da c

oméd

ia e

do id

ílio.

Tho

maz

, fre

i43

“rel

igio

zo F

ranc

isca

no”

Tho

maz

Pin

to B

rand

amtít

ulo

38v;

41

v;45

vB

rand

ão;

amig

o de

GM

, qu

e ve

m c

om e

le p

ara

oB

rasi

l em

168

2. T

PB

, po

eta

port

uguê

s (1

664-

1743

),au

tor

do li

vro

Pin

to R

enas

cido

.T

hom

é42

v;U

m m

ulat

o, c

omo

no t

ítulo

do

poem

a. G

M s

atir

iza,

com

vir

ulên

cia,

os

negr

os e

mul

atos

.V

icen

cia

tit 4

1v; 4

2r;

Um

a da

s m

ulat

as,

mus

as s

atir

izad

as p

or G

M,

com

oem

“L

avai

, lav

ai V

icen

cia

este

s so

vaco

s”.

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208

Para a feitura deste índice foram utilizadas as seguintesobras:

1. Almeida, Fortunato de. História da Igreja em Portugal. Porto: Livraria Civilização Editora, 1968, II vol,725 p.

2. Documentos Históricos do Arquivo Municipal. Atas da Câmara. Salvador: Prefeitura Municipal doSalvador, V vol (1669-1684) 1950, 442 p, e VI vol (1684-1700), s.d.p., 433 p.

3. Koogan Larousse. Direção de Antonio Houaiss. Rio: Larousse do Brasil, 1982, 1644 p.

4. Aurélio. Rio: Nova Fronteira, 1999.

5. Livro Velho do Tombo do Mosteiro de São Bento da Cidade do Salvador. Bahia: Tipografia Benedi-tina, 1945, 513 p.

6. Pereira, Nuno Marques. Compêndio Narrativo do Peregrino da América. Rio: ABL, 1930, II vol, 284p.

7. Ruy, Affonso. História da Câmara Municipal da Cidade do Salvador. Salvador: Câmara Municipal,1996, 382 p.

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209

IX ÍNDICE TOPONÍMICO

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210

Aga

nipe

3rF

onte

con

sagr

ada

às M

usas

, no

mon

te H

elic

ona,

na

Gré

cia.

Ang

ola

Tít

ulo

38v;

46

v;50

r;C

apit

ania

de

A

ngol

a em

15

74,

que

fico

u su

bor-

dina

da a

o G

over

no G

eral

da

Bah

ia n

os s

écul

os X

VII

e X

VII

I. S

ua

deno

min

ação

de

riva

do

R

ei N

gola

,ir

mão

da

céle

bre

Rai

nha

Jing

a. A

té 1

975

foi

colô

nia

de P

ortu

gal,

liber

tand

o-se

por

um

pro

cess

o de

lut

are

volu

cion

ária

.B

ahia

títu

lo

15v;

16

v;17

r;

18v;

22

v;32

v;

51v;

56

v;tí

tulo

59

r;

títu

lo61

v ;

62r

; 62v

;

Pod

e-se

ref

erir

tan

to à

cid

ade

de S

alva

dor

com

o à

anti

ga c

apit

ania

da

Bah

ia.

Bra

sil/

Bra

zil

28v;

55

v;

títu

lo62

vC

olôn

ia p

ortu

gues

a de

sde

1500

. S

ua p

rim

eira

cap

i-ta

nia

foi

a B

ahia

, ci

dade

do

Sal

vado

r, f

unda

da e

m15

49. E

m 1

822

o B

rasi

l fic

ou i

ndep

ende

nte.

Cai

ru59

rO

u C

ayrú

anti

quís

sim

a vi

la,

situ

ada

na

ilha

hom

ônim

a, u

ma

das

que

pert

ence

m a

o ar

quip

élag

odo

Mor

ro d

e S

ão P

aulo

, na

Bah

ia.

A f

regu

esia

diz

-se

ter

sido

fu

ndad

a em

16

06

e a

vila

em

16

10.

OC

onve

nto

de S

ão F

ranc

isco

que

ain

da h

oje

exis

te f

oico

nstr

uído

em

165

0. A

ntes

da

sua

ocup

ação

pel

oco

loni

zado

r,

Cai

ru

foi

habi

tada

pe

los

tupi

niqu

ins,

dali

ent

ão b

anid

os.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43210

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211

Caj

ahib

atít

ulo

32v

Ou

Caj

aiba

– i

lha

que

fica

na

embo

cadu

ra d

o R

ioS

ereg

ipe

(ou

Ser

gipe

) em

são

Fra

ncis

co d

o C

onde

,na

Bah

ia.

GM

fal

a no

s Se

nhor

es C

ajaí

bas,

ilh

a qu

epe

rten

ceu

ao C

onde

de

Lin

hare

s, g

enro

de

Mem

de

Sá,

de

quem

her

dou

o af

amad

o en

genh

o de

Ser

egip

edo

Con

de,

no R

ecôn

cavo

bai

ano.

Seg

undo

Pir

ajá

daS

ilva,

“ci

ri-g

ipe

é ri

o do

s si

ris.

Ser

gi é

hoj

e o

nom

edo

ri

o”.

Aca

yá-i

ba,

árvo

re

da

cajá

, a

caja

zeir

a(s

pond

ias

bras

ilien

sis)

. Pir

ajá

da S

ilva

abon

a ac

ará-

iba.

Car

mo

títul

o 1r

Con

vent

o e

igre

ja d

e N

ossa

Sen

hora

, da

Ord

em d

osC

arm

elita

s, o

nde

GM

est

eve

hom

izia

do.

No

sécu

loX

VII

I es

tava

no

seu

espl

endo

r co

m u

ma

belís

ima

sacr

estia

. O

C

arm

o, n

o te

mpo

de

GM

, fi

cava

extr

a-m

uros

da

cida

de d

o Sa

lvad

or,

além

das

por

tas

de S

anta

Cat

arin

a.

Eus

ébio

de

M

atto

s,

irm

ão

dopo

eta,

foi

car

mel

ita e

gra

nde

orad

or s

acro

.C

oim

bra

títul

o 38

vC

idad

e de

Por

tuga

l, à

mar

gem

do

rio

Mon

dego

, no

Dou

ro,

onde

foi

fun

dada

a U

nive

rsid

ade

(130

8) p

orD

.Din

is, n

a qu

al G

M e

stud

ou D

irei

to C

anôn

ico.

colo

niza

dor,

C

airu

fo

i ha

bita

da

pelo

s tu

pini

quin

s,da

li e

ntão

ban

idos

.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43211

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212

Con

go48

rP

roví

ncia

de

A

ngol

a.

Em

14

82

Dio

go

Cão

,na

vega

dor

port

uguê

s,

colo

ca

um

Pad

rão

naem

boca

dura

do

R

io C

ongo

. N

o an

o de

15

69

ospo

rtug

uese

s as

sum

em a

reg

iào

dos

rein

os d

e C

ongo

,M

atam

ba e

Ang

ola

(Ngo

la,

pala

vra

para

sig

nifi

car

rei,

um c

hefe

, qu

e o

foi

com

ess

e no

me)

. A

rai

nha

Nzi

nga

(Jin

ga),

em

163

0 in

icia

a s

ua r

evol

ta c

ontr

aos

por

tugu

eses

.E

spir

ito S

anto

15v

Ant

iga

capi

tani

a, c

riad

a em

153

4. E

m 1

674

Ant

onio

Lui

z G

onça

lves

da

Câm

ara

Cou

tinho

(vi

de Ï

ndic

eO

nom

ástic

o) v

ende

u a

capi

tani

a a

Fran

cisc

o G

il de

Ara

újo.

A

pa

rtir

do

culo

X

VII

I os

se

usgo

vern

ador

es

eram

su

balte

rnos

do

G

over

no

daB

ahia

. Com

a v

inda

da

fam

ília

rea

l, em

180

8, p

ara

oB

rasi

l, fi

ca in

depe

nden

te d

a B

ahia

.E

urop

a55

vU

m d

os c

inco

con

tine

ntes

, lim

itado

a N

pel

o Á

rtic

o,a

O p

elo

Atlâ

ntic

o, a

S p

elo

Med

iter

râne

o, p

elas

mon

tanh

as d

o C

auca

so,

e a

E p

elo

mar

Cás

pio

em

onte

s U

rais

.G

alile

a64

vL

ocal

das

pré

dica

s de

Jes

us.

Reg

ião

da P

ales

tina

,pr

óxim

a ao

lago

de

Gen

esar

é.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43212

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213

Gui

né48

rD

enom

inaç

ão d

ada

à po

rto

da Á

fric

a en

tre

o S

eneg

ale

o C

ongo

, e

banh

ada

pelo

go

lfo

de

Gui

noA

tlânt

ico.

Jeru

sale

m63

vA

ntig

a ca

pita

l da

Jud

éia,

dep

ois

da P

ales

tina

. É

aci

dade

do

mur

o da

s la

men

taçõ

es e

do

San

to S

epul

cro

onde

foi

ent

erra

do J

esus

.Jo

rdam

36r

Rio

da

Pale

stin

a, q

ue n

asce

no

Líb

ano

e de

ságu

a no

Mar

Mor

to.

Nes

te r

io J

esus

foi

bat

izad

o po

r Sã

oJo

ão B

atis

ta.

Lis

boa

16v;

títu

lo 3

4vM

etró

pole

, co

rte,

cid

ade

e ca

pita

l de

Por

tuga

l. F

oim

unic

ípio

rom

ano,

dep

ois

dom

inad

a pe

los

visi

godo

se

árab

es,

e re

conq

uist

ada

em 1

147

por

D.A

fons

oH

enri

ques

. D

iz a

len

da q

ue L

isbo

a fo

i fu

ndad

a po

rU

lisse

s, d

aí ta

mbé

m s

er c

onhe

cida

com

o U

lissi

pone

.M

adei

ra, i

lha

de15

vIl

ha d

o ar

quip

élag

o ho

môn

imo,

no

Atlâ

ntic

o, a

O d

oM

arro

cos.

Hoj

e re

gião

aut

ônom

a de

Por

tuga

l.M

adre

de

Deo

stít

ulo

3vM

adre

de

Deu

s, i

lha

da B

ahia

de

Tod

os o

s Sa

ntos

,ou

Con

vent

o ex

iste

nte

em L

isbo

a.M

aldi

vas

20v

Ilha

do

Oce

ano

Índi

co?

próx

ima

ao la

go d

e G

enes

aré.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43213

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214

Mar

apé

títul

o 27

v; 2

8rM

bará

-apé

, o

cam

inho

do

mar

ou

que

leva

ao

mar

,fe

ito

de a

reia

sól

ida

e pu

ra d

o co

mpr

imen

to d

e m

eia

légu

a m

ar

aden

tro.

S

egun

do

Gab

riel

S

oare

s de

Sou

za,

Mar

apé

pode

se

r co

nhec

ida

com

o “u

ma

ense

ada

...

a qu

al

vai

corr

endo

à

boca

do

ri

oS

ereg

ipe

(Vid

e ne

ste

Índi

ce

Caj

ahib

a),

e te

agr

ande

za

de

duas

guas

”.

Pir

ajá

da

Silv

a no

sin

form

a qu

e M

arap

é es

tá s

ituad

o na

s vi

zinh

ança

s ou

ante

s na

s pr

aias

da

cida

de d

e S

.Fra

ncis

co (

do C

onde

)si

ta n

o R

ecôn

cavo

da

Bah

ia.

A

lend

a di

z qu

e o

cam

inho

de

Mar

apé

(de

arei

a só

lida

) fo

i fe

ito p

orS

.Tom

é, q

uand

o fu

gia

da f

úria

dos

índ

ios.

Mar

apé

vale

o m

esm

o na

lín

gua

dos

braz

is q

ue c

amin

ho d

oho

mem

br

anco

(P

iraj

á da

S

ilva,

re

feri

ndo-

se

aoP

adre

Sim

ão d

e V

asco

ncel

os.

Not

ícia

s da

s C

ousa

sdo

Bra

sil,

liv.I

I, n

o. 2

8).

Nor

oega

25v

Ter

ritó

rio

vass

alo

da D

inam

arca

. Nos

séc

ulos

XV

II e

XV

III

os i

ntel

ectu

ais

port

ugue

ses

mui

to i

ncen

tiva

-ra

m a

sep

araç

ão. H

oje

sua

capi

tal é

Osl

o.O

dive

llas

títu

lo 3

4vC

onve

nto

de

frei

ras

pert

o de

L

isbo

a,

com

m

uita

fam

a po

r se

us a

mor

es f

reir

átic

os.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43214

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215

Pac

tolo

3rP

eque

no r

io d

a L

ídia

, af

luen

te d

o H

erm

o. E

m s

uas

água

s en

cont

rava

m-s

e pa

lhet

as d

e ou

ro,

que

dera

mor

igem

à f

ortu

na d

e C

reso

. M

idas

, se

gund

o a

lend

a,ba

nhav

a-se

nes

te r

io.

Pal

ma,

sít

io d

atít

ulo

31r

Loc

alid

ade

de

Sal

vado

r,

com

to

poní

mia

ai

nda

exis

tent

e. T

heod

oro

Sam

paio

fal

a em

“C

ampo

da

Pal

ma

e do

Bai

rro

do D

este

rro,

des

ta c

idad

e, n

o an

ode

156

7, s

egun

do a

trad

ição

”.P

arna

soM

onte

da

G

réci

a,

ao

nord

este

de

D

elfo

s.

Éco

nsag

rado

a A

polo

e à

s m

usas

.P

assè

63r

Apa

ssé

ou

Iapa

ssé,

co

mo

se

nos

velh

osdo

cum

ento

s do

séc

ulo

XV

I. Y

a-pa

ssé

ou a

-pas

sé,

sign

ific

a co

isa

dest

acad

a ou

sep

arad

a, d

e al

usão

ape

quen

ino

ilhé

u de

for

ma

pira

mid

al,

dest

acad

o de

terr

a fi

rme.

É u

m i

lhéu

cha

mad

o P

acé,

def

ront

e da

Ilha

de

Mar

é, s

egun

do G

abri

el S

oare

s de

Sou

za.

Pir

ajá

da S

ilva

acre

scen

ta:

Top

ete

é co

mo

se c

ham

aes

te p

ened

o. I

lha

do T

opet

e. E

ra a

fre

gues

ia d

e N

.S.

do S

ocor

ro d

o R

ecôn

cavo

. A

cos

ta d

o co

ntin

ente

(fic

a em

fre

nte

ou p

or tr

az d

o il

héu)

, que

tem

o n

ome

de P

assé

, fr

egue

sia

com

pov

oam

ento

por

eng

enho

s,no

séc

ulo

XV

II.

aa

pose

usa

oes

eát

cos.

gregório.pmd 23/8/2010, 14:43215

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216

Por

tuga

l28

vA

su

a de

nom

inaç

ão

prov

ém

de

uma

unid

ade

adm

inis

trat

iva

do

rein

o de

L

eão,

C

onda

doP

ortu

cale

nse,

qu

e to

mou

o

nom

e de

po

voaç

ãoro

man

a já

exi

sten

te –

Por

tuca

le.

Rei

no f

unda

do e

m11

47

por

D.A

fons

o H

enri

ques

, de

pois

de

lu

tas

cont

ra o

s m

ouro

s e

sua

mãe

D.T

eres

a. E

m 1

636,

quan

do

nasc

eu

GM

, P

ortu

gal

esta

va

anex

ado

aore

ino

de

Cas

tela

. N

o an

o de

16

40,

deu-

se

are

stau

raçã

o, c

om a

sub

ida

ao tr

ono

de D

. Joã

o IV

.R

io d

e Ja

neir

o46

vC

apita

nia

em 1

567,

des

mem

brad

a da

Cap

itani

a de

S.V

icen

te.

Em

15

68.

Sal

vado

r C

orre

ia

de

eB

enev

ides

fo

i no

mea

do

capi

tão-

gene

ral

das

capi

tani

as d

o S

ul d

o B

rasi

l. E

m 1

763

pass

a a

ser

aca

pita

l da

co

lôni

a,

com

a

tran

sfer

ênci

a do

vi

ce-

rein

ado

de S

alva

dor

para

o R

io.

Rom

a9r

Sig

nifi

cand

o o

Vat

ican

o, o

pap

ado,

a I

grej

a, e

não

aci

dade

ital

iana

ou

o an

tigo

Im

péri

o R

oman

o.S

am F

ranc

isco

, sít

io d

e8r

; vi

lla

títul

o63

vU

ma

das

vila

s m

ais

anti

gas,

foi

cri

ada

por

alva

rá d

e27

.11.

1697

. O c

onve

nto

de S

.Fra

ncis

co (

fund

ado

em16

18),

cuj

a pr

imei

ra c

asa

foi

asse

ntad

a em

Mar

apé

(vid

e).

D.

João

de

A

lenc

astr

o (v

ide

Índi

ceon

omás

tico)

foi

que

m

esco

lheu

o

loca

l pa

ra e

sta

Vila

, na

qu

al

exis

tiu

o E

ngen

ho

de

Ser

egip

e do

Con

de.

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217

S. F

ranc

isco

títul

o 29

Con

vent

o e

Igre

ja

da

cida

de

do

Sal

vado

r.

Aco

nhec

ida

igre

ja b

arro

ca d

e m

aior

opu

lênc

ia d

oura

dano

Bra

sil,

com

ped

ra f

unda

men

tal

lanç

ada

em 1

708,

e co

nstr

uída

dur

ante

déc

adas

. GM

cer

tam

ente

ref

ere-

se

às

cons

truç

ões

prim

itiva

s do

s se

ráfi

cos

emS

alva

dor.

Sam

Pau

lo22

vA

ntig

a ca

pita

nia

de S

ão V

icen

te.

Em

168

3 se

fez

auto

de

po

sse

do

pred

icam

ento

a

São

Paul

o de

Pir

atin

inga

, fu

ndad

a pe

los

Jesu

itas

em 1

554.

E

m17

09,

D.J

oão

V c

riou

a c

apita

nia

de S

ão P

aulo

eM

inas

, qu

e,

assi

m,

deix

ava

de

esta

r su

jeita

ao

gove

rno

do R

io d

e Ja

neir

o. E

m 1

711

São

Pau

lo,

devi

la q

ue e

ra, p

assa

a s

er c

idad

e.T

abor

64v

Mon

tanh

a de

Isr

ael

a SE

de

Naz

aré,

ond

e oc

orre

u a

tran

sfig

uraç

ão d

e Je

sus

Cri

sto.

Via

nna

4v; 5

vV

iann

a do

Cas

telo

, ci

dade

de

Por

tuga

l, ao

nor

te,

noM

inho

(p

roví

ncia

) qu

e se

se

para

da

G

aliz

a,

naE

span

ha, p

elo

rio

Min

ho.

Vitó

ria

15v

Vila

da

Cap

itani

a do

Esp

írito

San

to (

vide

)

)q

pV

ila,

na

qual

ex

istiu

o

Eng

enho

de

S

ereg

ipe

doC

onde

.

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Para a feitura deste Índice foram utilizadas as seguintesobras:1. Barros, Francisco Borges de. Diccionario Geographico e Histórico da Bahia. Bahia: Imprensa Oficialdo Estado, 1923. 394 págs.

2. Dicionário da História da Colonização Portuguesa no Brasil. Org. Maria Beatriz Nizza da Silva.Lisboa: Editorial Verbo, 1994. 839 págs.

3. Koogan Larousse. Direção de Antonio Houaiss. Rio: Larousse do Brasil, 1982. 1644 págs.

4. Sampaio, Theodoro. O Tupi na Geografia nacional. 3ª ed. Bahia: 1928. 304 p.

5. Sampaio, Theodoro. História da Fundação da Cidade do Salvador. Salvador: Tipografia Beneditina,1949. 295 p.

6. Souza, Gabriel Soares de. Notícia do Brasil. 2 vols. São Paulo: Martins Editora, s.d.p., com introdução,comentários e notas de Pirajá da Silva.

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BIBLIOGRAFIA

EDIÇÕES

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2. GUIMARÃES, Pedro Pereira da Silva. Vademeco dos poetas ou col-lecção de sonetos joco-serios exquisitos, curiosos, e burlescos,extrahidos de varios autores. Pernambuco da Typografia de Ma-nuel Marques & Companhia, 1835. p.81.

3. SILVA, João Manoel Pereira da. Parnaso Brasileiro ou Seleção depoesias dos melhores poetas brasileiros, desde o descobrimentodo Brasil; precedida de uma introdução histórica e biográfica so-bre a literatura brasileira. 2 vols. Rio de Janeiro: Lammaert, 1843-1848. I, p.27 e 47-53

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5. VARNHAGEN, F.A. de. Florilégio da poesia brasileira ou colleção dasmais notáveis composições dos poetas brasileiros falecidos, con-tendo as biografias de muitos deles, tudo precedido de um ensaiohistórico sobre as letras no Brasil. 3 vols. Rio de Janeiro: Publica-ções da Academia Brasileira, 1946 (I ed. Lisboa, Imprensa Nacio-nal 1850-1853). I, p.69-173 e III, p.310

6. SILVA, João Manoel Pereira do. Os varões ilustres do Brasil duranteos tempos coloniais 2 vols.Paris: Franck/Guillaumin 1858. I p.33e 159-183

7. PINHEIRO, Joaquim Caetano Fernandes. Curso elementar de litera-tura nacional. II ed. Rio de Janeiro: Garnier, 1883 (I ed.1862).p.203-208

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16. PÓLVORA, Hélio. Para conhecer melhor Gregório de Matos. Rio deJaneiro: Bloch, 1974.

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18. Poemas escolhidos. Seleção, introdução e notas de José MiguelWISNIK. São Paulo: Cultrix, 1976.

19. HOLLANDA, Sérgio Buarque de. Antologia dos poetas brasileirosda fase colonial. II ed. São Paulo: Perspectiva, 1979. p.53-99 e494-497.

20. Gregório de Matos. Seleção de textos, notas, estudos biográfico,histórico e crítico por Antônio DIMAS. São Paulo: Abril, 1981.

21. Os melhores poemas de Gregório de Matos. Seleção de DarcyDAMASCENO. São Paulo: Global, 1985.

22. Gregório de Matos. Sátira. Org. de Angela Maria DIAS. Rio de Janei-ro: Agir 1985 (Nossos clássicos 113).

23. Gregório de Matos, Escritos. Seleção e notas de Higino BARROS.Porto Alegre: L&PM Editores 1986.

24. Se souberas falar também falaras. Antologia poética. Org., sel.,notas por Gilberto Mendonça TELES. Lisboa: Imprensa Nacional,1989.

25. Gregório de Matos: Obra Poética. Ed James AMADO. Notas de E.Araújo. 2 vols. Rio de Janeiro: Record, 1990 [reedição do nº 15]

26. Antologia Poética de Gregório de Matos. Seleção de Walmir AYALA.Apresentação de Leodegário A. de Azevedo Filho. 4ª edição. Rio deJaneiro: Ediouro, 1991.

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27. Ausgewählte Gedichte Ed. e trad. de Methchild BLUMBERG e BirgitRUSSI. Berlin: ELA - Edition Lateinamerika, 1992.

28. Poemas do Boca do Inferno. Poesias Fesceninas. Introdução deJosé Emílio Major Neto. São Paulo: Princípio, 1993.

29. Poesias de Gregório de Matos. Edição diplomática organizada porJosé Pereira da SILVA. Rio de Janeiro: UERJ/DIGRAF, 1997 [é aedição diplomática do códice da Biblioteca Nacional do Rio deJaneiro 50,66, por sua vez cópia realizada no século XIX de partede um códice conservado em Évora].

30. Senhora Dona Bahia. Poesia satírica de Gregório de Matos. Seleção,introdução, estudo crítico e notas de Cleise Furtado MENDES.Salvador: EDUFBA, 1998.

SOBRE O POETA

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32. ANDRADE, Mário de. Literatura nacional (3.XII.1939) O empa-lhador de passarinho. São Paulo: Livraria Martins, 1955 (II ed.).p.165-168.

33. ARARIPE Júnior, T.A. Gregório de Mattos. Rio de Janeiro/Paris:Garnier, 1910 (II ed.; I ed. 1899).

34. ÁVILA, Affonso. O barroco e uma linha de tradição creativa. e Anatureza e o motivo edênico na poesia colonial. O poeta e aconsciência crítica. São Paulo: Summus Editorial, 1978 (II ed.).p.15-24 e p.25-32.

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107. SPINA. Gregório de Matos. Da Idade Média e outras idades. SãoPaulo: 1964. p.165-75

108. SPINA. Introdução. Gregório de Matos. São Paulo: Assunção,1946. p.7-50. A obra, com profundas alterações, foi republicadapela Edusp em 1995, com prefácio de Haroldo de Campos e como título de A poesia de Gregório de Matos.

109. STEGAGNO PICCHIO, Luciana. Storia della letteratura brasi-liana. Torino: Einaudi, 1997. p. 53-57.

110. TOPA, Francisco. Das tarefas por cumprir que nos deixou o Boca.Porto, Terceira Margem. Revista do Centro de Estudos Brasileiros.N. 2, 1999. p.25-28.

111. VERISSIMO, José. Gregório de Matos. Estudos Brasileiros. Rio deJaneiro: Cia. Tipográfica do Brasil, 1894. p.225-238.

112. VERISSIMO. Gregório de Matos. Revista da Academia Brasileirade Letras, 7, 1912.

113. VERISSIMO. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro:Francisco Alves, 1916. p.87-102.

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OUTROS TEXTOS

114. ACIOLI, Vera Lucia Costa. A escrita no Brasil Colônia: um guiapara leitura de documentos manuscritos. Recife: FUNDAJ, Edi-tora Massangana; UFPE: Editora Universitária, 1994.

115. AVALLE, D’Arco Silvio. Principî di critica testuale. Padova:Antenore, 1978.

116. AZEVEDO FILHO, Leodegário. Lírica de Camões. I: História,metodologia, corpus. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moe-da, 1985.

117. BLECUA, Alberto. Manual de crítica textual. Madrid: Castalia,1983.

118. BRAMBILLA AGENO, Franca. L’edizione critica dei testi volgari.Padova: Antenore, 1984.

119. CONTINI, Gianfranco. Breviario di ecdotica. Milano/Napoli:Ricciardi, 1986.

120. CUNHA, Celso. Significância e movência na lírica trovadoresca.Questões de crítica textual. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,1985.

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COLEÇÃO NORDESTINA

1. Joaquim Nabuco: Abolição e a RepúblicaManuel Correia de AndradeUniversidade Federal de Pernambuco - Editora Universitária - UFPE

2. Flor de romances trágicosLuís da Câmara CascudoUniversidade Federal do Rio Grande do Norte - EDUFRN

3. A ciência e os sistemasPedro AméricoUniversidade Federal da Paraíba - Editora Universitária - UFPB

4. História da minha infânciaGilberto AmadoUniversidade Federal de Sergipe - Editora UFS

5. Cancioneiro GeralMartins NapoleãoUniversidade Federal do Piauí - EDUFPI

6. Cartas literáriasAdolfo CaminhaUniversidade Federal do Ceará - Eduções UFC

7. Imagens de um tempo em movimento: cinema e cultura na Bahia nosanos JK(1956-1961)Maria do Socorro Silva CarvalhoUniversidade Federal da Bahia - EDUFBA

8. Canais e lagoasOctávio BrandãoUniversidade Federal de Alagoas - EDUFAL

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9. CordéisPatativa do AssaréUniversidade Federal do Ceará - Edioções UFC

10. Frei Caneca: Acusação e defesaSocorro Ferraz (organizadora)Universidade Federal de Pernambuco - Editora Universitária - UFPE

11. Zé Limeira: O poeta do absurdoOrlando TejoUniversidade Federal da Paraíba - Editora Universitária - UFPB

12. Um códice setecentista inédito de Gregório de MattosFernando da Rocha Peres e Silvia la Regina (organizadores)Universidade Federal da Bahia - EDUFBA

13. Índios Tupi-Guarani na Pré-História, suas invasões do Brasil eo Paraguay, seu destino após o descobrimentoMoacyr Soares PereiraUniversidade Federal de Alagoas - EDUFAL

14. MacauAurélio PinheiroUniversidade Federal do Rio Grande do Norte - EDUFRN

15. Os portugueses no BrasilFelisbelo FreireUniversidade Federal de Sergipe - Editora UFS

16. Cancioneiro Geral - Volume 2Martins NapoleãoUniversidade Federal do Piauí - EDUFPI

17. O conto em 25 baianosCyro de Mattos (organizador)Universidade Estadual de Santa Cruz - EDITUS

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FICHA TÉCNICA

PROJETO GRÁFICO

GERALDO JESUÍNO

COORDENAÇÃO EDITORIAL

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

JOSIAS ALMEIDA JUNIOR

CAPA

JOSIAS ALMEIDA JUNIOR

REVISÃO EDITORIAL

FRP/SLR

REVISÃO DE PROVAS

TIPO E CORPO / ENTRELINHA

GARAMOND BOOK CONDENSED 11/AUTO

GARAMOND BOOK CONDENSED 12/AUTO

GARAMOND BOOK CONDENSED 14/AUTO

FORMATO 15 X 22 / PAPEL POLÉN 75GR / IMPRESSÃO OFF-SET

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