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Gramática Professora Raquel Cesário _1 O que é gramática? Tem-se como preceito tradicional que gramática é apenas a prescrição de um modelo de língua. Desde a antiguidade, a ideia predominante é a de que a língua alcança, na obra dos poetas e dos oradores, uma forma de perfeição que não deve apenas ser preservada, mas imitada pelos usuários da língua. Este seria o papel da gramática Normativa: apresentar esses modelos a fim de que os usuários possam apreendê-los e usá-los no seu cotidiano. Claro, que isso é inviável, e, durante décadas fomos assombrados com a “decoreba” das regras de uma língua inacessível. O tempo passou e o estudo da língua evoluiu. Desenvolvemos muitas abordagens para o estudo da língua: gramática histórica, comparativa, descritiva, normativa. Você deve estar se perguntando o porquê de falarmos sobre isso. Será que essas teorias são cobradas? Não. De forma direta, não. Mas esse conhecimento reflexivo é fundamental para que a nossa preparação seja efetiva. Principalmente, em provas do Cebraspe. Questões que apresentem em seus enunciados expressões como “função textual”, “função no texto” exigem apenas a descrição do uso da língua; já questões que atentam para a prescrição, para o erro tratam da gramática normativa. Ao falar de termo regido, a banca exige a análise por uma base estruturalista. E assim vai... Claro que não aprofundaremos desnecessariamente em nada, nossa abordagem principal será a gramática normativa, que apresenta as regras da Norma Padrão, mas trabalharemos também com a gramática descritiva quando, ao interpretar um texto, identificarmos diferentes usos dos termos ou expressões. Fique atento: GRAMÁTICA NORMATIVA: apresenta regras, normas de acordo com a variedade padrão de uso da língua; objetiva padronizar a língua portuguesa. É exigida sempre que no enunciado contiver expressões como: sem prejuízo gramatical, sem incorrer em erro, correção gramatical, prescrição gramatical. GRAMÁTICA DESCRITIVA: apresenta a língua tal como é utilizada: objetiva descrever as diferentes variedades da língua portuguesa. É exigida sempre que o enunciado apresentar um enfoque mais textual, como: a expressão tem como função no texto, apresenta a função textual, foi empregada com o valor de. A gramática normativa é didaticamente dividida em: Fonologia: estudo dos sons da fala Morfologia: estudo das palavras Sintaxe: estudo das relações existentes entre as palavras O conteúdo mais recorrente nas provas é certamente a sintaxe. Mas o conhecimento seguro das relações sintáticas depende necessariamente do entendimento da base, que é a morfologia. A gramática tradicional estuda desde os sons da fala (letras, sílabas), até a classificação das palavras e a relação entre elas. Nós não iremos trabalhar de forma totalmente segmentada: iniciaremos com a fonologia, depois vamos estudar a morfologia e a sintaxe ao mesmo tempo. Não será nada fácil, mas depois que aprenderem nunca mais se esquecerão das regras. Nosso foco inicial é a morfologia: estudaremos todas as classes de palavras, entretanto, já iremos verificar o emprego delas.

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GramáticaProfessora Raquel Cesário

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O que é gramática?

Tem-se como preceito tradicional que gramática é apenas a prescrição de um modelo de língua. Desde a antiguidade, a ideia predominante é a de que a língua alcança, na obra dos poetas e dos oradores, uma forma de perfeição que não deve apenas ser preservada, mas imitada pelos usuários da língua. Este seria o papel da gramática Normativa: apresentar esses modelos a fim de que os usuários possam apreendê-los e usá-los no seu cotidiano. Claro, que isso é inviável, e, durante décadas fomos assombrados com a “decoreba” das regras de uma língua inacessível.

O tempo passou e o estudo da língua evoluiu. Desenvolvemos muitas abordagens para o estudo da língua: gramática histórica, comparativa, descritiva, normativa. Você deve estar se perguntando o porquê de falarmos sobre isso. Será que essas teorias são cobradas? Não. De forma direta, não. Mas esse conhecimento reflexivo é fundamental para que a nossa preparação seja efetiva. Principalmente, em provas do Cebraspe.

Questões que apresentem em seus enunciados expressões como “função textual”, “função no texto” exigem apenas a descrição do uso da língua; já questões que atentam para a prescrição, para o erro tratam da gramática normativa. Ao falar de termo regido, a banca exige a análise por uma base estruturalista. E assim vai... Claro que não aprofundaremos desnecessariamente em nada, nossa abordagem principal será a gramática normativa, que apresenta as regras da Norma Padrão, mas trabalharemos também com a gramática descritiva quando, ao interpretar um texto, identificarmos diferentes usos dos termos ou expressões.

Fique atento:• GRAMÁTICA NORMATIVA: apresenta regras, normas

de acordo com a variedade padrão de uso da língua; objetiva padronizar a língua portuguesa. É exigida sempre que no enunciado contiver expressões como: sem prejuízo gramatical, sem incorrer em erro, correção gramatical, prescrição gramatical.

• GRAMÁTICA DESCRITIVA: apresenta a língua tal como é utilizada: objetiva descrever as diferentes variedades da língua portuguesa. É exigida sempre que o enunciado apresentar um enfoque mais textual, como: a expressão tem como função no texto, apresenta a função textual, foi empregada com o valor de.

A gramática normativa é didaticamente dividida em:• Fonologia: estudo dos sons da fala• Morfologia: estudo das palavras• Sintaxe: estudo das relações existentes entre as

palavrasO conteúdo mais recorrente nas provas é certamente

a sintaxe. Mas o conhecimento seguro das relações sintáticas depende necessariamente do entendimento da base, que é a morfologia. A gramática tradicional estuda desde os sons da fala (letras, sílabas), até a classificação

das palavras e a relação entre elas. Nós não iremos trabalhar de forma totalmente segmentada: iniciaremos com a fonologia, depois vamos estudar a morfologia e a sintaxe ao mesmo tempo. Não será nada fácil, mas depois que aprenderem nunca mais se esquecerão das regras. Nosso foco inicial é a morfologia: estudaremos todas as classes de palavras, entretanto, já iremos verificar o emprego delas.

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MORFOLOGIA: ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS - PARTE 1

Como já conversamos, a morfologia é fundamental para o entendimento da estrutura da língua e, por isso, iremos começar por ela. Não preciso repetir que seu contexto de uso, que é a oração. Assim, já introduziremos a sintaxe.

Para iniciarmos os trabalhos, vamos a alguns CONHECIMENTOS BÁSICOS DE SINTAXE necessários ao nosso estudo:

• Frase: qualquer sequência linguística que veicule sentido. É delimitada por ponto final, exclamação, interrogação ou mesmo reticências.

• Oração: estrutura organizada em torno de um verbo.• Período: para a maioria dos teóricos, será período uma

estrutura verbal que veicule sentido. Será período simples aquele composto por apenas uma oração e composto aquele com duas ou mais orações.

Estudaremos esses conceitos com mais detalhes no decorrer das aulas. Por enquanto, tenham em mente que o nosso objeto de estudo é a oração, o que, em primeiro momento, nos leva a focalizar o verbo, a iniciar a análise por ele.

São dez as classes gramaticais. Começaremos pelo substantivo, sempre trabalhando conceito, flexão e função.

1. SUBSTANTIVO

1.1. Conceito

Substantivo é a palavra que nomeia os seres em geral.

É importante salientar que o substantivo é a palavra que transporta para o universo linguístico os elementos da realidade.

1.2. Flexão

Pode variar em gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e grau (aumentativo e diminutivo).

O que é flexão? Flexão é a possibilidade de uma palavra sofrer alteração em sua estrutura, por meio do acréscimo de desinências (terminações) para designar gênero, número e grau, no caso dos nomes, tempo, modo, número e pessoa, no caso dos verbos.

Muitos gramáticos não consideram grau uma flexão, mas essa discussão é improdutiva para nós e não faz diferença nas provas de concurso público, ok?

1.3. Função

O substantivo será sempre núcleo do sintagma em que se encontrar.

Sintagma é qualquer termo de natureza nominal ou verbal organizado em torno de pelo menos um núcleo

VEJA:

Para se fazer análise sintática, é necessário separar os sintagmas, reconhecer os núcleos de cada um deles e estabelecer as ligações. Fazer essas setas é fundamental para que se possa entender a estrutura da língua. Ainda não daremos nomes aos sintagmas, mas tenho certeza de que vocês já sabem!!! As construções sintáticas apresentam processos importante que estudaremos adiante: associação, concordância e colocação. Todos esses processos vêm da relação estabelecida entre as palavras. Portanto, não tenham preguiça!!! FAÇAM AS SETAS, para que possam compreender bem a matéria!

Ainda não estudamos todas as classes gramaticais, mas vou abusar da memória de vocês. Trabalharemos, em todas as frases, a classificação das palavras e, em seguida, indicarei as funções que elas exercem dentro da frase. Assim, já entenderemos o emprego de cada uma delas.

Os substantivos são classificados em:• Comuns e próprios• Concretos e abstratos• Primitivos e derivados• Simples e compostos• ColetivosEssa divisão não é cobrada na prova da maioria das bancas

- a FGV de vez em quando cobra =( . Existem, entretanto, algumas implicações dessas divisões que nos interessam.

Substantivos comuns são aqueles que designam uma categoria, próprios os que dão nome a um ser específico dentro da categoria.

Os comuns por apresentarem valor genérico, são comumente antecedidos de artigos com o propósito de identifica-los específica ou inespecificamente. O próprios apresentam uso de artigo facultativo. Como já são específicos, os artigos, em teoria, não lhes mudam o sentido.

Substantivos concretos designam seres que possuem existência independente – sol, mar, Deus, fada, homem -; os abstratos designam seres de existência dependente, são nomes de ações, sentimentos, qualidades – beleza, maldade, fechamento, fuga, saudade.

Substantivo primitivo representa a primeira palavra da língua, à qual unindo-se afixos derivarão outros termos.

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Livro livraria , temos, nesse par, um substantivo primitivo e seu derivado formado por sufixação. Trabalharemos esse processo de formação depois.

Substantivo simples possui apenas um radical em sua formação, o composto, como o próprio nome diz, é formado a partir de dois ou mais radicais já existentes na língua.

Rádio radiorrelógio O novo substantivo foi formado por composição.Não!!! A ortografia dessa palavra não mudou com a

vigência do novo acordo ortográfico. Sempre foi assim... Vamos estudar esse processo também.

Substantivos coletivos designam nome de uma coleção e, segundo Evanildo Bechara, estão “caindo em desuso”.

2. ADJETIVO

2.1. Conceito

Palavra que se liga ao substantivo para caracterizá-lo, qualificá-lo.

2.2. Flexão

Varia com o substantivo em gênero e em número (moleza! Já vimos essa regra!). Pode variar em grau: além de aumentativo e diminutivo, há o grau comparativo e superlativo que vamos estudar adiante.

2.3. Função

Adjunto adnominal e predicativoO adjetivo é o termo que expande o significado do

substantivo, dando a ele informações mais objetivas – centradas no objeto – ou mais subjetivas – centradas no sujeito. Assim, sempre será um atributo do nome e é muito importante considerar a frequência e a escolha desses termos em um texto, pois isso auxiliará o reconhecimento da tipologia textual, quesito muito cobrado nas provas como vimos na parte de Interpretação de Textos.

Emprego dos adjetivosComecemos com frases bem simples:

MUITA ATENÇÃO!!! PRECISAREMOS DAS INFORMAÇÕES QUE SERÃO TRABALHADAS A TODO TEMPO!

OS VERBOS SÃO SEPARADOS EM DOIS GRUPOS: • HÁ OS VERBOS SIGNIFICATIVOS QUE SÃO NÚCLEOS

DOS SINTAGMAS VERBAIS, PORTANTO TERÃO UMA REGÊNCIA ESPECÍFICA. SÃO CONSIDERADOS SIGNIFICATIVOS OS VERBOS QUE EXPRIMEM AÇÕES, FENÔMENOS DA NATUREZA OU PROCESSOS (nascer, viver, morrer).

• HÁ OS VERBOS NÃO SIGNIFICATIVOS, OU VERBOS DE LIGAÇÃO, QUE NÃO SERÃO NÚCLEOS DOS SINTAGMAS. PARA SEREM CONSIDERADOS VERBOS DE LIGAÇÃO, É NECESSÁRIO QUE INDIQUEM UM ESTADO E LIGUEM UMA CARACTERÍSTICA, UMA QUALIDADE A UM SUBSTANTIVO OU TERMO DE VALOR SUBSTANTIVO.

Sem o intuito de esgotar essa discussão, mas objetivando facilitar a sua vida na hora do certame, indicarei uma listinha dos possíveis verbos de ligação (em primeiro momento, uma lista básica, depois a melhoraremos).

São verbos de ligação:SER | ESTAR | PERMANECER | FICAR | PARECER |

CONTINUAR | TORNAR-SE - se , na frase em que estiverem, ligarem um adjetivo (ou palavra de valor adjetivo) a um substantivo (ou palavra de valor substantivo)

VAMOS PRATICAR:

Veja que para ser considerado verbo de ligação é necessário cumprir os dois quesitos: significar estado e ser um elo!

Depois de tanta discussão, voltemos às frases iniciais.

Em ambas as frases, simpática é uma qualidade da mulher e, assim, podemos considerar esse vocábulo um adjetivo.

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Não podemos dizer, contudo, que esses adjetivos exercem a mesma função nas frases em que se encontram. Na primeira, simpática está junto do nome ao qual se refere, no mesmo sintagma, o que lhe rende a função de adjunto adnominal; na segunda sentença, embora se refira ao ao substantivo, não está junto dele, por isso exerce a função de predicativo. Você deve se lembrar de que esse sintagma verbal é chamado de predicado. Daí surge o nome predicativo: o adjetivo não está junto do nome, mas no predicado.

Bem lógico, não é?Essas são as duas funções do adjetivo. Nas provas do

Cespe, o que importa é a função em sua acepção ampla: em geral é necessário que o candidato apenas identifique a função adjetiva da palavra ou do termo.

2.4. Adjetivo x Locução adjetiva x Oração adjetiva

Bom, chegamos ao ponto mais importante dessa aula. Vamos aprofundar nossa análise. É claro que haverá uma aula específica para o aprendizado das orações, mas é importante que vocês entendam que podemos especificar os substantivos utilizando palavras, expressões ou orações.

O que é locução adjetiva?

É uma expressão formada, no mínimo, por uma preposição e um substantivo, que possui a função de determinar, especificar o substantivo.

PREPOSIÇÃO É UMA DAS ÚLTIMAS CLASSES GRAMATICAIS QUE ESTUDAREMOS. MAS JÁ PRECISAMOS SABER ALGUMAS INFORMAÇÕES SOBRE ELAS.

PREPOSIÇÕES são palavras invariáveis que relacionam dois termos, estabelecendo entre eles uma hierarquia. Por enquanto, devemos memorizar:

PARA DE A COM POR EM

LOCUÇÃO ADJETIVA = PREPOSIÇÃO + SUBSTANTIVO

No par amor materno, temos um adjetivo que especifica o tipo de amor do qual se fala. Poderíamos fazer a especificação por meio de uma locução: “de mãe”.

Materno é um adjetivo que se refere a “amor” e, por isso, concorda com esse substantivo em gênero e em número.

De mãe é uma locução adjetiva que se refere a “amor”. Por não ser uma palavra, mas uma expressão, não possui concordância obrigatória com o substantivo.

São exemplos de locuções adjetivas:• comportamento de criança = comportamento infantil• objetos de decoração = objetos decorativos• plano de governo = plano governamental• de abdômen =abdominal• de ano = anual• de boca= bucal• de cão = canino• de estrela = estelar• de face = facial• de guerra = bélico• de junho =junino• de mãe = maternal• de pai = paternal• sem piedade = impiedosoNem preciso dizer que essas locuções são a título de

exemplificação e que não quero ninguém decorando nada. Só preciso que entendam que tais expressões, quando ligadas a um substantivo, apresentam valor adjetivo. É isso que cai na prova!

Vamos aprofundar nossas análises! Veja as frases:

Discutiremos, então, dois conceitos básicos para a análise sintática: coordenação e subordinação. Isso! Tais ideias não são encontradas apenas no período composto, elas fazem parte de qualquer processo sintático, indicando o tipo de relação estabelecido entre as palavras, os termos, as orações.

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COORDENAÇÃO SUBORDINAÇÃO

• termos coordenados são aqueles que exercem a mesma função sintática; não há hierarquia, desigualdade entre eles.

• enumerar é o “nome popular” para o que conhecemos como coordenar, ou seja, colocar em sequência itens de mesma função gramatical

• na primeira frase, podemos dizer que “amor” e “limite” estão coordenados entre si, pois ambos os termos são núcleos do primeiro sintagma.

• ocorre subordinação quando reconhecemos uma hierarquia entre os termos; cada um exerce uma função distinta.

• nesse processo sintático, um termo complementa ou determina o sentido do outro. Ao ligarmos um termo a outro, por meio das setas, estamos indicando uma relação de subordinação.

• na segunda frase, há uma hierarquia entre os termos, haja vista que “com limites” será apenas um adjunto adnominal do núcleo “amor”

ASSIM...

Parece complicado, mas faz muito sentido:Temos, na terceira e na quarta frase, orações adjetivas

-> oração subordinada adjetiva restritiva.

Vamos lá: • oração: há um verbo• subordinada: “olhe” a seta...• adjetiva: liga-se a um substantivo • restritiva: especifica o substantivo

A última oração recebe mais dois nomes por não ser introduzida pelo pronome relativo – oração subordinada adjetiva restritiva reduzida de particípio (é reduzida porque não possui o elemento de ligação, de particípio haja vista que o verbo está flexionado no particípio). Veremos com detalhes em outras aulas.

3. ARTIGO

3.1. Conceito

Palavra que se liga ao substantivo para indicá-lo de forma genérica ou específica. São classificados em artigos

definidos (o,a,os,as) e artigos indefinidos (um, uma, uns, umas), mas, na prática, é o contexto que irá definir seu sentido.

A frase “A criança deve ser respeitada” colocada na porta de uma escola apresenta um artigo “definido”, mas o contexto indica que não se trata de uma criança específica, e sim de qualquer criança. Sendo assim, não é necessário se preocupar com tais definições e classificações rígidas, mas saber identificar como foi empregado em cada situação de uso.

3.2. Flexão

Varia com o substantivo em gênero e em número. Em algumas situações, é o próprio artigo que define o gênero ou o número do substantivo (o /a colega).

3.3. Função

Adjunto adnominalO único papel desempenhado pelo artigo é de adjunto

adnominal, significa que sempre que houver um artigo haverá um substantivo no mesmo sintagma – explícito ou mesmo implícito.

Essa é uma classe simples, só precisamos ficar atentos a um detalhe:

Embora haja diferentes análises, consideraremos o “a” artigo em ambas as ocorrências. Essa é a abordagem adotada pelo Bechara (que é a grande referência do Cebraspe) e também pelo Celso Cunha.

Dizemos que há a elipse do segundo substantivo “menina” e, portanto, temos um artigo que se refere a ele.

Elipse é a omissão de qualquer termo facilmente subentendido pela leitura (pode ser um substantivo, uma preposição, um verbo).

UFA!!! Chegamos ao fim dessa aula! Vamos fazer os exercícios e coloque em esquemas essas informações:

• verbo de ligação• sintagma• elipse• coordenação X subordinação• preposiçãoFaça resumos e releia-os sempre. Esses conteúdos

básicos fundamentais para o estudo da língua.

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MORFOLOGIA: ESTUDO DAS CLASSES GRAMATICAIS - PARTE 2

4. NUMERAIS

4.1. Conceito

Quantificam ou ordenam os substantivos. São classificados em• Cardinais: um, dois, cinco, dezessete, cem, duzentos,

mil, milhão, bilhão...• Ordinais: primeiro, segundo, quinto, décimo sétimo,

centésimo, ducentésimo, milésimo, milionésimo, bilionésimo...

• Multiplicativos: dobro, triplo, quádruplo, décuplo, cêntuplo...

• Fracionários: meio, terço, quarto, quinto, décimo, onze avos, doze avos...

4.2. Flexão

Numerais cardinais: um, dois e as centenas a partir de 200 – variam em gênero.

Numerais ordinais: variam em gênero e em número.Numerais fracionários: dependem do numerador – um

nono, dois nonosNumerais multiplicativos: com função adjetiva, podem

variar (saltos triplos); com função substantiva, são invariáveis (o dobro, o triplo)

4.3. Função

Os numerais podem exercer função adjetiva ou função substantiva.

ESSE É UM CONCEITO FUNDAMENTAL PARA A PROVA DO CESPE!

Dizemos que uma palavra exerce função adjetiva quando, tal qual o adjetivo, ela se refere a um substantivo.

Dizemos que uma palavra exerce função substantiva quando ela substitui o substantivo e, assim como ele, é o núcleo do sintagma.

ATENÇÃO: HÁ OS SUBSTANTIVOS E AS PALAVRAS COM VALOR SUBSTANTIVO (substituem o substantivo e serão núcleos do sintagma), ASSIM COMO EXISTEM OS ADJETIVOS E AS PALAVRAS COM FUNÇÃO ADJETIVA (acompanham o substantivo e serão adjuntos adnominais)!

5. ADVÉRBIOS

5.1. Conceito

Palavra que se liga ao verbo indicando a circunstância em que a ação ocorreu. Pode modificar, também, um adjetivo ou outro advérbio.

5.2. Flexão

Invariável (?)

5.3. Função

Adjunto adverbialEssa é uma classe gramatical importante. Importante

por vários motivos: emprego de pontuação, valor semântico, função sintática. Tudo sobre o advérbio é cobrado em prova e, por isso, vamos aprofundar bastante nesse conteúdo.

Vamos começar!

Na frase, “O meu querido chefe chegou cedíssimo”, ainda temos o advérbio ‘cedo’ atribuindo ao verbo o valor temporal. Nesse caso, entretanto, o termo foi flexionado no grau superlativo sintético (-íssimo), que lhe confere um valor intensificado.

Apesar de o advérbio ser classificado como palavra invariável, alguns admitem variação de grau, mas não a de gênero e de número. São dois tipos de flexão em grau: o comparativo e o superlativo.

O comparativo pode ser de:• Igualdade: Ele chegou tão cedo quanto o colega.• Superioridade: Ele chegou mais cedo que (do) o

colega.• Inferioridade: Aquela menina escreve menos

depressa (do) que eu.O grau superlativo pode ser apenas absoluto

(sintético ou analítico):• Sintético: a alteração de grau é feita pelo

acréscimo de um sufixo ao advérbio (uso de sufixo -íssimo ou -issimamente):Ex.: Ele estava muitíssimo bêbado.

• Analítico: a alteração de grau é feita com o auxílio de outro advérbio, no caso, um advérbio de intensidade (uso de advérbio de intensidade modificando outro advérbio, sem sufixo):Ex.: Cheguei muito cedo. / Ela corre bem mal.

Assim como afirma Evanildo Bechara, o advérbio é o termo de expansão do significado do verbo. Além disso, é o advérbio que deixa transparecer, no texto, os valores, as preferências, as dúvidas do produtor do texto. É por esse motivo que precisamos dar a maior atenção a essa classe! Muitas questões de interpretação são elaboradas a partir dela.

Os advérbios podem indicar tempo, modo, lugar, companhia, causa, consequência, concessão, entre outros.

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O seu valor dependerá do contexto em que se insere. É fundamental, entretanto, que você conheça alguns advérbios e o valor semântico que emprestam à frase. Veja, a seguir, uma pequena lista exemplificativa de tipos de advérbios.

Claro que não quero ninguém decorando como se fazia na minha época (há pouco tempo), mas é bom que deem uma lida para conhecerem algumas possibilidades.

Advérbios de afirmação: sim, perfeitamente, pois sim, positivamente, efetivamente, certamente. Exs.:

• A Maria sabe ler perfeitamente em francês.• Jonas certamente conhecia a estrada.

Advérbios de negação: não, nunca, nada, jamais. Exs.:• Mariana nunca teve um animal de estimação.• Jamais faça bagunça na biblioteca!

Advérbios de modo: bem, mal, melhor, pior, certo, também, depressa, devagar e, em geral, os adjetivos femininos acrescidos do sufixo -mente. Exs.:

• Joana caminhava depressa.• A menina segurava a boneca delicadamente.

Advérbios de lugar: aqui, ali, lá, além, perto, longe, fora, dentro, onde, acima, adiante. Exs.:

• Marina mora perto de Sofia.• O cachorro está fora do quintal.

Advérbios de dúvida: talvez, porventura, provavelmente. Exs.:

• Talvez o João tenha viajado.• Provavelmente a Maria não volta para o jantar.

Advérbios de intensidade: muito, pouco, bastante, menos, mais, tão, tanto, todo, completamente, excessivamente. Exs.:

• Maria trabalha bastante para sustentar os seus filhos.• Carlos dormiu pouco esta noite.

Advérbios de tempo: agora, já, logo, cedo, tarde, antes, depois, sempre, nunca, jamais, hoje, ontem, amanhã. Exs.:

• João chegou agora da fábrica.• Amanhã viajaremos para o Canadá.

Advérbios interrogativos: onde (lugar), quando (tempo), como (modo), por que (causa) Exs.:

• Onde você está?• Quando você volta de São Paulo?• Como vamos voltar para casa?• Por que vocês brigaram?

Advérbios de inclusão: até, também. Ex.:• A Joana também vai viajar.

Advérbios de exclusão: exclusivamente, somente. Ex.:• Somente Joaquim estava brincando.

(https://www.infoescola.com/portugues/adverbios/)

5.4. Advérbio | Locução adverbial

Na frase, Maria chegou cedo, é possível perceber que “cedo” se liga ao verbo para acrescentar-lhe uma ideia temporal. Esse é o papel do advérbio. Sabemos, contudo, as funções podem ser exercidas por palavras, expressões ou mesmo orações. Assim:

Perceba que , assim como tarde, a expressão à noite modifica o verbo, atribuindo-lhe a noção temporal. Podemos dizer que se trata de uma expressão com valor circunstancial, ou seja, uma locução adverbial.

Chama-se de locução uma expressão formada por, no mínimo, duas palavras que exerce na frase o papel de uma classe gramatical.

Estudaremos, principalmente, as locuções adjetivas, adverbiais e, em outra aula, as locuções verbais.

ATENÇÃO: AS LOCUÇÕES ADJETIVAS E AS ADVERBIAIS SÃO FORMADAS, NO MÍNIMO, POR PREPOSIÇÃO + SUBSTANTIVO.

E como se forma uma locução adverbial? Assim com fazemos uma locução adjetiva:

LOCUÇÃO = PREPOSIÇÃO + SUBSTANTIVO

Para diferenciar uma locução adjetiva de uma adverbial, é necessário ‘usar a seta’: a locução adjetiva possui função adjetiva e, por isso, se refere a um substantivo ou termo de valor substantivo; a locução adverbial possui função adverbial e se liga a um verbo. SIMPLES ASSIM!!!!

Vamos analisar a seguinte estrutura:

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Assertiva: Seria possível deslocar a expressão “da sala” para depois de alunas sem prejuízo para a correção gramatical. Tal deslocamento, entretanto, irá alterar as relações sintáticas e semânticas da estrutura.Frase simples, mas enunciado muito rico. Venha comigo!Ao se deslocar a expressão para junto do nome, haverá alteração sintática e semântica, uma vez que essa locução também pode se comportar como um especificador do nome.

A expressão “da sala”, nessa nova frase, especifica quais alunas saíram e não mais de onde elas saíram. Dessa forma, trata-se de uma locução adjetiva, que exerce a função na frase de adjunto adnominal.

Voltemos ao enunciado:• Seria possível deslocar a expressão “da sala” para

depois de alunas sem prejuízo para a correção gramatical: correto. Não há prejuízo para a correção gramatical, a nova frase respeita as regras da Norma Padrão e veicula nova informação ao interlocutor.

• Tal deslocamento (...) irá alterar as relações sintáticas: correto. O deslocamento faz que a locução deixe de ser adverbial – o lugar de onde elas saíram – para se tornar adjetiva. Quando ligada ao verbo, exercia a função, tal qual todo advérbio, de adjunto adverbial; na nova posição, contudo, torna-se locução adjetiva, que exerce, na frase, a função de adjunto adnominal.

• Tal deslocamento (...) irá alterar as relações (...) semânticas da estrutura: correto. Ao se tornar locução adjetiva, a expressão deixa de especificar o lugar de onde elas saíram para indicar quais alunas saíram.

FIQUE ATENTO: A MAIORIA DOS ENUNCIADOS DO CESPE COMPORTA DOIS OU TRÊS QUESTIONAMENTOS AO MESMO TEMPO. SEPARE AS INFORMAÇÕES, ORGANIZE SUAS IDEIAS E RESPONDA TODOS OS QUESITOS MENCIONADOS NO TÓPICO.

ATENÇÃO:

Veja que, em todos os exemplos, temos locuções adverbiais formadas com a preposição “com”. Essa preposição, como veremos mais adiante, apresenta muitas possibilidades semânticas, o que leva à construção de diferentes circunstâncias. Queridos, essa é a parte mais importante (e complexa) desse conteúdo: as circunstâncias dependem do contexto em que as locuções estão inseridas!!! É muito importante que estudem essa parte. Claro que você não as aprenderá por meio da memorização, por isso é preciso que leiam muito e façam muitas provas, ok? Ainda voltaremos a esse conteúdo.

5.5. ADVÉRBIO | LOCUÇÃO ADVERBIAL | ORAÇÃO ADVERBIAL

Vamos continuar nossa análise.

Como já vimos na aula de adjetivo, as funções podem ser exercidas por palavras, por expressões ou por orações. Portanto, a palavra que se liga ao verbo para acrescentar-lhe sentido é o advérbio, a expressão é a locução adverbial

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e a oração, oração adverbial. Todos exercerão a função do advérbio: adjunto adverbial.

DESAFIO

Só para descontrair...

Qual é a classificação completa das orações adverbiais abaixo?

Mas sem desespero, ok? Vamos estudar essas orações em outras aulas. Só gostaria de mostrar para você que a nomenclatura, na nossa língua, não vem por acaso, há uma razão de ser. Ademais, uma informação tem de estar clara para você: assim como existe o advérbio, existe a locução adverbial e a oração adverbial!

5.6. ADVÉRBIO E PONTUAÇÃO

Vamos avançar um pouco mais. Estudaremos pontuação em uma aula à parte, mas é importante que já sejam apresentadas algumas ideias.

O adjunto adverbial é, em regra, um termo acessório que se liga ao verbo para expandir sua significação. Sendo um termo de caráter acessório, pode, de modo geral, ser virgulado.

Algumas considerações: Já vimos, na aula de Interpretação, que existe uma figura

de sintaxe utilizada para fazer inversões na ordem direta de uma frase (também chamada de ordem canônica): hipérbato. Embora ainda não tenhamos estudado os termos da orações com sua devida nomenclatura, estou certa de que será fácil para você entender do que se trata.

A frase - O marido da gerente comprou um novo carro hoje. – foi construída na ordem natural dos termos da oração:

5.6.1. SUJEITO | VERBO | COMPLEMENTO | ADJUNTO ADVERBIAL.

Poderíamos construir essa frase de diferentes formas, como:

• Um novo carro o marido da gerente hoje comprou.• Hoje um novo carro comprou o marido da gerente.• O marido da gerente um novo carro hoje comprou.Todos esses exemplos – há ainda tantas outras

possibilidades! – configuraram frases existentes na língua portuguesa, que foram construídas deslocando-se seus termos. Embora possíveis, dizemos que essas construções estão na ordem indireta e fazem o uso do hipérbato.

É possível deslocar diferentes termos de uma oração, o nosso foco, nesse momento, é para o adjunto adverbial.

O marido da gerente comprou um novo carro hoje. Hoje, o marido da gerente comprou um novo carro. O marido da gerente, hoje, comprou um novo carro. O marido da gerente comprou, hoje, um novo carro.

Em todas as frases, hoje continua se referindo ao verbo para indicar tempo, assim, ainda que deslocado, será um adjunto adverbial de tempo.

Veja que optei por usar a vírgula ao deslocar o termo. Mas é obrigatório?

Vamos à regra:• Adjunto adverbial ordem direta (ao final): vírgula

facultativa• Adjunto adverbial deslocado:

- Se curto, a vírgula permanece facultativa.- Se extenso, a vírgula se torna obrigatória.

Atenção: não existe gramática que defina o que é advérbio curto ou extenso. Na verdade, esse conceito é um tanto subjetivo, e por isso não é possível afirmar categoricamente quais expressões sejam suficientemente extensas para exigir a inserção da vírgula, cabendo ao produtor do texto a escolha do uso ou não desse sinal.

Como você fará na prova?• Caso se trate de discursiva, você irá virgular qualquer

termo adverbial que deslocar, ok? É muito comum alunos que não usam a vírgula fazerem recurso defendendo que o termo não é extenso o bastante para se exigir a vírgula. Como defendem? Com a opinião deles e, certamente, sem um argumento de autoridade, todas as solicitações são indeferidas.

• Caso se trate de prova objetiva, você irá proceder da seguinte forma no CEBRASPE:1. ADJUNTOS ADVERBIAIS na ordem direta, vírgula

facultativa.2. ADJUNTOS ADVERBIAIS deslocados: se advérbio

ou locução adverbial de até duas palavras, a vírgula permanece facultativa; se locução adverbial de três ou mais palavras ou orações adverbiais, a vírgula será obrigatória.

Esse é um direcionamento retirado a partir da análise de provas anteriores, a partir do que a banca tem cobrado habitualmente, mas não há nenhuma literalidade nas gramáticas tradicionais a respeito desse conteúdo.

Sinceramente, O CEBRASPE, em regra, cobra a oração adverbial deslocada e, para ela, não há dúvida de que a vírgula seja obrigatória.

Detalhes finais:• Assim como já foi visto, quando modifica um verbo, o

advérbio pode acrescentar várias ideias, tais como: tempo, lugar, modo, negação, dúvida. Esses advérbios expressam circunstâncias do processo verbal e, por

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isso, são classificados como determinantes do verbo.• Quando modifica uma adjetivo ou outro advérbio,

acrescenta, comumente, a ideia de intensidade.Por exemplo

• Há também os advérbios que exprimem exclusão (só, somente, salvo, exclusivamente, apenas), inclusão (também, inclusivamente, ainda, mesmo, até) e ordem (ultimamente, depois, primeiramente).

• Os Advérbios Interrogativos são utilizados nas interrogações diretas e indiretas relacionados com as circunstâncias de modo, tempo, lugar e causa. São eles: quando, como, onde, aonde, donde e por que.

Veja os exemplos:a) Lugar: onde, aonde, de onde.

Onde você está?De onde você é?

b) Tempo: quando.Quando você volta?

c) Modo: como.Como vamos embora?

d) Causa: por que, por quê.Por que você não foi?

• Quando dois ou mais advérbios terminados em “-mente” modificam a mesma palavra, podemos contar com o recurso de tornar o discurso mais conciso, mais elegante – representado pelo procedimento de juntar tal sufixo ao último deles, somente.  Veja o exemplo abaixo:

Elegante e simpaticamente cumprimentava a todos que por ali passavam.

Ufa! Chegamos ao fim! Façam os exercícios de Fixação que serão postados ao final da semana, ok?

Bons estudos!