governo tira qualidade ao transporte colectivo na amp e avança com aumentos tarifários brutais

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1 Governo tira qualidade ao transporte colectivo na AMP e avança com aumentos tarifários brutais A situação extraordinária em que se encontram as empresas públicas do sector dos transportes e o País em geral exige que os recursos utilizados nestas empresas sejam utilizados com parcimónia, quer ao nível da racionalização de custos, quer na promoção da eficiência. No entanto, o atingir do equilíbrio operacional não pode ser feito à custa da degradação sistemática das condições de vida da classe média, como acontece agora com a subida exponencial do custo do serviço de transporte público. Em Outubro do ano passado, o Governo criou um grupo de trabalho que se debruçou sobre a revisão das redes de transportes públicos na Área Metropolitana do Porto, tendo como principal objectivo a redução da oferta de transporte, rentabilizando os meios já existentes no terreno, nomeadamente através da articulação da oferta entre o Operador Público a STCP e os Operadores Privados: VALPI, Resende, Espírito Santo, Nogueira da Costa, ETG e A.V. Pacense. Na sequência da apresentação do relatório do grupo de trabalho, a decisão do Governo, agora tornada pública implica que: - 45% da actual rede da STCP em Matosinhos será substituída por veículos do Operador Privado que ali opera e que poluem mais, são desconfortáveis, não têm ar condicionado, sem rampas de acesso para cidadãos com dificuldades de mobilidade, com horários incertos nos períodos fora das horas de ponta. A qualidade da oferta de transporte sofrerá, assim, um forte revés nas características dos veículos ao serviço da população e nas frequências de passagem. Na Maia, o cenário é idêntico em 25% da rede, actualmente operada pela STCP, em Valongo, V.N. de Gaia e Gondomar, a situação repete-se. - No que respeita aos contratos com os Operadores Privados que a STCP actualmente mantém para dez linhas (L61, L64, L70, L94, L1, L22, L10, L55, L68, L69) compreende- se que deixou de se verificar o fundamento principal para a sua existência. Este é o momento para que a iniciativa privada assuma os riscos do negócio, até agora assumidos pela STCP, clarificando a oferta de cada um dos operadores, passando o operador público a operar apenas os percursos onde detém concessão. Rua Santa Isabel, 82 - 4050-536 Porto Telf. 22 605 19 80 Fax. 22 605 19 89 www.psporto.net [email protected]

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A situação extraordinária em que se encontram as empresas públicas do sector dos transportes e o País em geral exige que os recursos utilizados nestas empresas sejam utilizados com parcimónia, quer ao nível da racionalização de custos, quer na promoção da eficiência.

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Page 1: Governo tira qualidade ao transporte colectivo na AMP e avança com aumentos tarifários brutais

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Governo tira qualidade ao transporte colectivo na AMP e

avança com aumentos tarifários brutais

A situação extraordinária em que se encontram as empresas públicas do sector dos

transportes e o País em geral exige que os recursos utilizados nestas empresas sejam

utilizados com parcimónia, quer ao nível da racionalização de custos, quer na

promoção da eficiência.

No entanto, o atingir do equilíbrio operacional não pode ser feito à custa da

degradação sistemática das condições de vida da classe média, como acontece agora

com a subida exponencial do custo do serviço de transporte público.

Em Outubro do ano passado, o Governo criou um grupo de trabalho que se debruçou

sobre a revisão das redes de transportes públicos na Área Metropolitana do Porto,

tendo como principal objectivo a redução da oferta de transporte, rentabilizando os

meios já existentes no terreno, nomeadamente através da articulação da oferta entre

o Operador Público – a STCP e os Operadores Privados: VALPI, Resende, Espírito Santo,

Nogueira da Costa, ETG e A.V. Pacense.

Na sequência da apresentação do relatório do grupo de trabalho, a decisão do

Governo, agora tornada pública implica que:

- 45% da actual rede da STCP em Matosinhos será substituída por veículos do

Operador Privado que ali opera e que poluem mais, são desconfortáveis, não têm ar

condicionado, sem rampas de acesso para cidadãos com dificuldades de mobilidade,

com horários incertos nos períodos fora das horas de ponta. A qualidade da oferta de

transporte sofrerá, assim, um forte revés nas características dos veículos ao serviço da

população e nas frequências de passagem. Na Maia, o cenário é idêntico em 25% da

rede, actualmente operada pela STCP, em Valongo, V.N. de Gaia e Gondomar, a

situação repete-se.

- No que respeita aos contratos com os Operadores Privados – que a STCP actualmente

mantém para dez linhas (L61, L64, L70, L94, L1, L22, L10, L55, L68, L69) – compreende-

se que deixou de se verificar o fundamento principal para a sua existência. Este é o

momento para que a iniciativa privada assuma os riscos do negócio, até agora

assumidos pela STCP, clarificando a oferta de cada um dos operadores, passando o

operador público a operar apenas os percursos onde detém concessão.

Rua Santa Isabel, 82 - 4050-536 Porto Telf. 22 605 19 80 Fax. 22 605 19 89

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- É totalmente incoerente face às directrizes fixadas, para além de oneroso para o

Estado, a decisão de denunciar o contrato com os Operadores Privados apenas em 8

das 10 linhas, obrigando o operador público a manter os contratos com a empresa

VALPI, nas linhas 61 e 94, denunciando todos os outros, sem qualquer critério

objectivo para esta imposição.

Afinal, o operador público vai continuar a suportar financeiramente os custos

operacionais deste privado, numa espécie de parceria publico-privada (tão criticada

noutras circunstancias) e que desta vez, por decreto governamental, é perpetuada?

Porque razão não se decidiu acabar com os contratos com os outros operadores e

manter os da VALPI?

No que concerne ao aumento do tarifário, de Dezembro de 2010 a Fevereiro de 2012,

as assinaturas monomodais Rede Geral Porto 3ª idade, reformado e pensionista ABC,

passaram de 18,40€ para 34,65€, ou seja sofrerão um aumento de 88%. Os estudantes

com assinaturas 4-18 e sub-23 verificarão que os seus passes sofrerão aumentos de

75% numa assinatura Z3, que passou de 15,40€ para 27€, em Fevereiro. Uma

assinatura mensal andante Z3 passará de 30,70€ para 36€, 17%.

O aumento total dos títulos andante será de 26%, em Fevereiro, contrariamente ao

anunciado pelo governo, que rondaria os 5%. O que se constata é que serão muito

poucos os utilizadores de Transportes Públicos (TP) que verdadeiramente sofrerão em

Fevereiro um aumento de 5%.

Estes aumentos para os cidadãos da AMP são insuportáveis, cruéis, escandalosos e

terão, a curto prazo, consequências desastrosas na procura de TP, o que se repercutirá

na receita das empresas.

O rendimento per-capita da AMP é significativamente mais baixo do que na AML. No

entanto, os tarifários dos TP no Porto, continuam mais elevados do que em Lisboa.

Esta tendência não é invertida com as orientações do governo no aumento que se

verificará em Fevereiro.

A harmonização dos tarifários devia ser uma prioridade na reestruturação do sector.

Não se justifica que paguem mais aqueles que têm menor rendimento, pelo mesmo

serviço. Uma assinatura mensal Rede Geral STCP custará a partir de Fevereiro 46,20€,

enquanto o Passe Carris Rede mensal se cifra nos 35€ (mais 32%).

Acentuar esta desigualdade social é sintoma de um grande desnorte, onde a

preocupação de atingir uma coesão social e territorial não existe.

Porto, 30 de Janeiro de 2012

A COMISSÃO PERMANENTE DA FDP/PS

Rua Santa Isabel, 82 - 4050-536 Porto

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