governo do estado de pernambuco - cprh relatorio...2017/05/19 · falas e reflexões realizadas no...
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Governo do Estado de Pernambuco
Governador: Paulo Henrique Saraiva Câmara
Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade - Semas
Secretário: Sérgio Luís de Carvalho Xavier
Secretário Executivo: Carlos André Vanderlei Vasconcelos Cavalcanti
Gerente Geral de Desenvolvimento Sustentável: Paulo Teixeira
Agência Estadual de Meio Ambiente - CPRH
Diretora Presidente: Simone Nascimento de Souza
Diretor de Recursos Florestais: Tiago da Silva Brito
Diretor de Controle de Fontes Poluidoras: Eduardo Elvino
Diretor de Gestão Territorial e Recursos Hídricos: Nelson Maricevich
Diretor Técnico Ambiental: Paulo Camaroti
Consultor e Facilitador da oficina
Alexandre Botelho (Merrem)
Equipe Técnica
Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade - Semas
Andrea Olinto Eliane Basto
Giannina Cysneiros Luiz Costa
Rafael Siqueira Rodolfo J. V. Araújo
Sidney Vieira
Agência Estadual de Meio Ambiente – CPRH
Carlos Mororó Liana Melo
Maíra Braga Raoni Luna
Apoio Técnico
Adriane Mota
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SISTEMATIZAÇÃO DOS RESULTADOS DA OFICINA DO PROCESSO PARTICIPATIVO
PARA A CRIAÇÃO DA APA MARINHA RECIFES SERRAMBI
Evento: Oficina Participativa – APA Marinha
Realização: CPRH e SEMAS
Facilitador da oficina: Alexandre Botelho (Merrem)
Local /Data: CEPENE – Tamandaré / 19 de maio de 2017
APRESENTAÇÃO
Este documento relata as atividades ocorridas durante a Oficina que integrou o processo
participativo de criação da APA Marinha Recifes Serrambi, assim como registra as principais
falas e reflexões realizadas no coletivo, a partir do processo metodológico proposto. A Oficina,
que contou com a participação de 52 pessoas, representantes de 19 instituições e comunidade
local, ocorreu posteriormente a uma série de 17 reuniões específicas realizadas junto aos
diversos segmentos (pescadores, comunidades locais, veranistas, empresários, poder público,
instituições de ensino e pesquisa e ONGs), nos municípios relacionados: Tamandaré, Rio
Formoso, Sirinhaém, Ipojuca e Recife. Após esta Oficina, o processo ainda continua, com mais
algumas reuniões específicas, a Consulta Pública e a submissão da proposta ao CONSEMA.
1º MOMENTO – ABERTURA
Abertura e apresentação dos participantes da Oficina, com dinâmica de grupo promovida
pelo facilitador.
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Reflexões:
Pouco mais da metade das pessoas presentes na Oficina já participaram de outros
momentos de discussão sobre a APA Marinha e várias outras estão participando pela
primeira vez. Isso evidencia que o processo está sendo crescente e agregador, pois muitos
mantêm o interesse em continuar e está havendo novos engajamentos.
O grupo presente é bem diversificado, contando com representantes dos municípios
envolvidos, moradores, pescadores e organizações locais, ONGs, instituições de ensino e
pesquisa e poderes públicos federal, estadual e municipal.
Socialização de informações sobre a programação e objetivos da oficina e sobre o
processo de criação da UC
Objetivos:
Aprofundar o entendimento sobre a proposta
Conquistar adesão e maior qualidade da proposta a partir do fortalecimento da
participação social.
Criar visão integrada sobre o território.
Pensar possibilidades de gestão integrada e parcerias
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Visão do processo:
→ →
Foi feito um breve relato sobre os momentos e reuniões anteriores, salientando-se a
importância da participação da sociedade no processo de criação da APA.
Reflexão sobre motivação a partir de leitura de uma história que trata sobre “esperançar”.
Foram feitas ao grupo as seguintes perguntas: O que alimenta a minha esperança? O que me
move ou me motiva? As respostas foram as seguintes:
Acreditar nas pessoas
As crianças, que podem mudar a
realidade
Busca pela qualidade de vida
Conservação ambiental
Bom convívio com a natureza
Humanidade
Vontade de dar o melhor de nós
A criação e o criador
Igualdade
Fé em Deus
Busca por uma melhor condição de
vida
Saúde, paz e justiça
Futuro melhor
A vontade de que a oficina gere
algo prático e efetivo
Bons exemplos
Equilíbrio
Inclusão sócio-territorial
Deixar o mundo melhor para os
filhos
Sonhar
Acreditar
Oportunidade
União
Expectativa de entender melhor
esta proposta
Ver cada um fazer sua parte
Ver a conservação funcionar.
2º MOMENTO – VISÃO TERRITORIAL: UM OLHAR SOBRE A ÁREA
Utilizaçãoda técnica do mapa falado.
Foi colocado no centro da sala um grande mapa desenhado em tecido, contendo a área proposta da APA
Marinha e seu entorno, e imagens relacionadas às características e usos da área, para que os
participantes escolhessem as fotos e as colocassem nos locais onde se identificam dentro do território,
justificando a escolha da imagem e tecendocomentários sobre a área, importância do elemento escolhido
ou situação associada. Os participantes puderam também colocar novos elementos, que sentiramfalta e
que são relevantes.
A partir dos relatos dos participantes, em especial dos moradores da região, foi possível perceber a
importância de se firmar estratégias de conservação para a área e o envolvimento e boa receptividade
em torno da proposta de criação da APA Marinha.
Visualização do interesse,
necessidade e oportunidade
de criação da APA MAR.
Processo de criação da APA
MAR – elaboração técnica
e participação social.
Gestão da APA MAR – criar já
pensando nos próximos passos,
visualizar e planejar a gestão.
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Recolhendo reflexões e aprendizados a partir do mapa falado:
A preocupação com o ordenamento das atividades desenvolvidas na área visando à sustentabilidade e a
proteção do ambiente foramfalas recorrentes dentro do grupo.
Os pescadores se mostraram incomodados com a pesca predatória e a presença de grandes embarcações
na área, que colocam em risco os pequenos barcos.
Um representante dos surfistas se mostrou preocupado com a poluição e atribuiu, em parte, aos
períodos de intenso veraneio e turismo desordenado. Registre-se que também parte dos resíduos
encontrados na praia vem com a maré.
Outro aspecto bastante abordado foi apreocupação com a gestão da futura UC, com ênfase na
necessidade de uma fiscalização mais efetiva por parte dos órgãos competentes.
O histórico de conflitos e a ineficiente gestão pública das áreas costeiro-marinhasforam mencionados por
alguns participantes da oficina.
Também foi questionado o limite geográfico da APA, sobretudo pela não inclusão dos estuários. Os
questionamentos acerca da ausência das áreas estuarinas na APA foram respondidos pela equipe técnica
SEMAS/CPRH.
Não adianta cuidar desta área sem cuidar do entorno, de onde vêm muitos impactos que afetam também
esta área.
Atenção aos problemas de poluição, mortandade e assoreamento no estuário do Rio Maracaípe, que é
importante berçário.
Necessidade de ordenamento do lazer e turismo.
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Necessidade de trabalhar para que o turismo na área seja sustentável.
Há problemas de pesca irregular, a exemplo da pesca da lagosta no período do defeso.
Importância de criar mais Unidades de Conservação Marinhas.
Existência do mergulho recreativo.
Incidência de 4 espécies de tartarugas marinhas.
Naufrágios agregam peixes e são atrativos para o turismo.
Às vezes barcos ficam ancorados nos recifes, o que é predatório.
Em função da existência do Porto de Suape, é importante compatibilizar o tráfego aquaviário com a APA.
No entorno da APA Marinha há várias outras UCs e isso é oportunidade para trabalhar de forma
articulada.
Perto da área da APA tem uma área visada para prospecção de petróleo. É preciso atenção à
possibilidade de impactos negativos e ao eventual apoio à conservação marinha (como condicionante ou
não).
Olhar cuidadoso sobre o aumento constante da especulação imobiliária nas áreas costeiras.
Controle e fiscalização devem ser melhorados para evitar as construções irregulares.
A perda de praia por erosão e o assoreamento dos estuários é observado nestas áreas, merecem atenção
especial.
As outras Unidades de Conservação existentes na área não funcionam na prática, oq eu fará está
funcionar?
O que o mapa está dizendo e o que nos faz refletir?
Nesse meio ambiente tem pesca desorganizada (lagosta, camarão) e os barcos grandes estão quase
passando por cima dos pequenos.
Estamos com o meio ambiente morrendo – degradação, pesca da lagosta (mergulho e rede), quebra dos
arrecifes, navios em cima dos pescadores.
Degradação da área rica em biodiversidade. O novo secretário de Ipojuca está também empenhado com
a APA Marinha. A fiscalização cabe ao município, ao estado e ao governo federal. O município seria a
primeira instância, mas há dificuldades estruturais para fiscalizar.
Especulação imobiliária. Quais os limites na praia? Como vão ficar as construções irregulares?
A referência do limite da APA em Ipojuca é a linha de costa, definida pelo decreto 42010/2015, baseada
na preamar máxima da maré de sizígia.
A expectativa é conciliar os diversos usos. A categoria APA permitiria até áreas construídas, mas nesse
caso, como a UC é toda marinha, a área é toda pública, da União, e não abrange áreas construídas.
Alguns pescadores estão com medo de que não possam mais pescar, mas é importante esclarecer a eles
como será. A APA é importante.
As principais atividades da área são turismo e pesca. Não vejo isso como problema, mas como solução,
pois todos podem ser beneficiados. A APA não vai ser unânime, mas é vista como importante por muitas
pessoas. Precisa ter atenção também para o estuário do Rio Maracaípe, que está assoreado, e à
privatização da área de manguezal.
Esta é uma área com conflitos de usos, portanto é importante conciliar interesses, a partir do
zoneamento. Vejo boa vontade e predisposição para dar certo, mas o planejamento para a gestão ainda é
deficitário.
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Nessa área tem também tubarão. No limite norte, o estuário e o rio Maracaípe também precisam de
proteção. Questiona a fraca fiscalização da invasão do estuário pela especulação imobiliária.
Esta é uma área de conflitos de usos e impactos.
Nessa área se vê pouca fiscalização, mesmo já existindo outras APAs e leis específicas. Há várias leis
protegendo as áreas próximas, inclusive outras UC’s, mas que como a fiscalização é deficiente as leis e
regras não são seguidas.
As tartarugas usam todo este território.
Que limite é esse, só marinha, sem incluir a restinga? Considera também que APA é uma categoria muito
abrangente.
Necessidade do ordenamento costeiro-marinho.
Controle da poluição ao longo do Rio também é necessário, pois tudo desemboca no estuário e mar.
Se quer bioconectividade, por que os estuários não entraram?
A equipe CPRH/SEMAS entende que a proteção da área estuarina, composta pelos manguezais, é
essencial para a bioconectividade, mas levou em consideração os seguintes elementos para não incluí-los
nesta UC: (1) Hoje esta área de manguezal é protegida pela APA Estuarina (Lei 9.931/86), que precisa ser
recategorizada, mas já tem um regime de proteção; (2) A categoria APA não atenderia bem às
especificidades da área, que tem realidades diferentes, algumas partes mais conservadas e que
mereceriam uma categoria mais específica e possivelmente mais restritiva; (3) na área da APA Estuarina
dos rios Maracaípe e Sirinhaém já existem processos em andamento e pleitos e para a criação de outras
UCs: RESEX Sirinhaém, RPPN Trapiche e UC municipal em Maracaípe. Sendo assim, esta área precisa de
uma atenção mais específica.
Este é um território de diversos usos, que precisam ser conciliados. Estamos atentos para entender e
garantir os vários direitos e interesses. Inclusive a SPU tem instrumentos para garantir a proteção dos
direitos dos pescadores, a exemplo do TAUS.
Preocupação pelo IBAMA não estar envolvido nesse processo.
Crítica aos Planos de Manejo, que de forma geral são muito extensos, teóricos e com pouca
aplicabilidade. Considera que o PM desta APA Marinha deveria ser elaborado de forma mais participativa,
com os atores atuantes na localidade, de forma mais prática e aplicável. Seria histórico!
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3º MOMENTO – VISÃO TERRITORIAL: PENSANDO EM CONJUNTO
Trabalhos em grupos
Os participantes foram divididos em cinco grupos e estimulados a pensar nas seguintes questões e a
registrar em tarjetas as ideias, a partir do olhar para a área proposta de criação da APA Marinha. Todos os
grupos passaram por todas as questões em rodízio, complementando as ideias postas nas tarjetas. Por fim,
cada grupo apresentou em plenária as ideias, elementos e reflexões postas em cada questão.
- Grupo 1: O que tem/ocorredentro da área da APA?
- Grupo 2: O que tem/ocorre no entorno da APA?
- Grupo 3: Quais são os usuários da área?
- Grupo 4: Quais as ameaças, pressões e impactosque ocorrem na área?
- Grupo 5: Quais os usos positivos e as oportunidades que a área/ a APA apresentam?
- Grupo 6: Quem é responsável pela conservação dessa área?
O QUE TEM DENTRO DA ÁREA
Poluição
Lixo
Degradação
Recifes artificiais
Quebra-mares (molhes)
Naufrágios
Atividades de lazer: surf, kitesurf,
mergulho
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Tráfego aquaviário
Embarcações
Pesca artesanal
Turismo
Corais
Recifes submersos
Paleocanais
Espécies ameaçadas
Bancos de algas calcáreas
Lama de camarão
Capim agulha
Comentários:
- É importante o apoio a pesquisas que subsidiem a proteção da biodiversidade, do
ecossistema. Seria importante conhecer mais sobre os paleocanais.
- No ordenamento, é importante compatibilizar os vários direitos de usos e fortalecer as
atividades socioeconômicas sustentáveis. São necessárias parcerias, apoios, articulações para
ajudar a mediar e minimizar conflitos e estabelecer uma gestão participativa.
- As redes colocadas nos canais são um problema.
- Há uma grande pressão sobre os corais.
- As principais espécies ameaçadas de extinção que ocorrem na área que foram citadas foram:
mero, cavalo-marinho, peixe-boi e as 4 espécies de tartarugas marinhas. Foram citados
também guajá, sapata, lagostinho, cação lixa e lambari.
O QUE TEM NO ENTORNO DA ÁREA
Famílias (populações tradicionais e
residentes)
Turistas e veranistas
Rios e estuários
Pesca predatória
Agroecologia
Degradação de bacias hidrográficas
Outras Unidades de Conservação
Mata de restinga
Ações de educação ambiental
Ilha de Santo Aleixo
Comércio
Erosão marinha
Assoreamento
Ocupação desordenada /
construções irregulares
Transporte aquaviário
Circulação de navios
Especulação imobiliária
Pesca artesanal
Suape
Loteamentos, casas de veraneio e
de moradores
Marinas
Resort
Turismo desordenado
Invasão da praia
Seringal
Carcinicultura
Monocultura da cana de açúcar
Agricultura
Indústrias
Possível exploração de petróleo
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Comentários:
- No entorno da área tem até mais pressões e impactos negativos do que dentro, mas estes
geram problemas para a área/ecossistema marinho, prejudicando a UC pretendida.
- O entorno precisa ser cuidado, sobretudo os estuários, para garantir a bioconectividade.
USUÁRIOS DA ÁREA:
Pescadores / marisqueiros(as)
Nativos/moradores/comunidade
Turistas / Veranistas
Usuários de
embarcações/transportes
aquaviários
Jangadeiros
Mergulhadores
Surfistas
Pesquisadores
Poder público (federal, estadual,
municipal)
Fiscais
Bugueiros
Rede hoteleira
Comerciantes
Empresários
Artesãos
Biodiversidade
Comentários:
- Às vezes as comunidades locais sentem-se coagidas a aceitar situações com as quais não
concordam, sentem-se pressionados pelo poder do empresariado e dos usuários da praia de
maior poder aquisitivo, que dominam o território e impõem regras que em alguns casos geram
exclusão das comunidades e privatização de áreas públicas. Citam que não podem transitar em
algumas áreas, não podem deixar suas embarcações na praia na frente das casas. O poder
público pouco atua nisso.
- A criação de uma APA pode gerar oportunidade para aproximação/integração dos usuários e
ordenamento pra o uso sustentável.
- É necessário se trabalhar para minimizar as tensões entre comunidades e veranistas,
empresários e poder público. Tratar com mais abertura e não consolidar “estereótipos”
negativos.
PRINCIPAIS PRESSÕES/AMEAÇAS/IMPACTOS:
Grandes empreendimentos
Ocupação irregular
Privatização de espaço público
Declínio de populações pesqueiras
de interesse econômico
Passagem de embarcações
Comércio irregular
Indústrias
Erosão Marinha
Lixo / resíduos sólidos
Lançamento de dejetos
Dragagem dos rios/estuários
Poluição dos rios - esgoto
Turismo predatório
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Pesca predatória / ilegal
Biopirataria
Ausência de Educação Ambiental
Exploração de petróleo
Mudanças climáticas
Pesquisas sísmicas
Falta de fiscalização
Falta de interação população x
governo
Abastecimento e manutenção de
embarcações
Poluição luminosa
Destruição dos corais
Eventos festivos em cima dos
corais
Supressão de habitats
Falta de interesse e participação
social
Comentários:
- Quem faz pesca predatória/ilegal/irregular não vai querer APA porque não vai querer
ordenamento e aumento de fiscalização. Mas não significa que todos que estão com receio da
criação da UC fazem a pesca predatória.
- Muitos pescadores estão contra a APA achando que serão proibidos de pescar. A simples
criação da APA não gera nenhuma nova proibição ou restrição para a pesca. As pescas que já
são proibidas é que não podem acontecer. Quando for feito o ordenamento e zoneamento, é
fundamental que os pescadores participem.
- Esta APA não pode começar do zero. Já há muitas experiências acumuladas.
USOS POSITIVOS E OPORTUNIDADES:
Expectativas de gestão,
monitoramento
Zoneamento
Manejo sustentável da
biodiversidade
Consolidar limites
Zoneamento ecológico-econômico
Ordenamento de uso e áreas de
ocupação
Gestão participativa
Participação social
Turismo sustentável
Ecoturismo
Mergulho de baixo impacto
Surf
Pesquisa científica
Conservação de ecossistemas
Gestão subsidiada para resultados
das pesquisas
Pesca consciente, sustentável
Pesca permitida, licenciada
Ordenamento da pesca
Pescador registrado
Apoio à pesca artesanal
Recuperação do estoque pesqueiro
Comentários:
- É importante que se façam também pesquisas socioambientais, incluindo a realidade
pesqueira e envolvendo as comunidades locais.
- A APA é uma categoria tão abrangente que sem o zoneamento ela não é praticamente nada.
A oportunidade de gestão se dá quando são definidos o que pode e o que não pode em cada
área.
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RESPONSÁVEIS PELA CONSERVAÇÃO DESSA ÁREA:
Todos os usuários
Gestores públicos
Polícia
Políticos
Instituições de ensino e pesquisa
SEMAS/CPRH
IBAMA
ICMBio
SPU
Prefeituras
Ministério Público de Pernambuco
Capitania dos Portos
Marinha
Suape
População local
Sociedade civil
ONGs
Pescadores
Turistas
Veranistas
Empresários /iniciativa privada
Usinas
Comentários:
- Importância de se fazer educação ambiental com trabalho de base para a conservação.
- Durante o processo de criação de UCs gera-se uma expectativa muito grande. Acha-se que os
diversos problemas vão ser resolvidos.O mais difícil é a implantação, a gestão.
- Mesmo que se saiba que as responsabilidades podem ser compartilhadas, na prática a interação em
campo entre as pessoas e as instituições é muito difícil.
4º MOMENTO - VISÃO TERRITORIAL: UMA BREVE AVALIAÇÃO SOBRE A PROPOSTA
Após o grupo ter tido a visão do território a partir do mapa falado e ter aprofundado a
discussão sobre os aspectos apontados, foi perguntado aos participantes o que consideram
sobre a APA Marinha proposta.
Algumas respostas foram as seguintes:
A iniciativa é muito positiva, mas é um desafio grande.
Há conflitos de interesses e sociais a serem observados e conciliados.
No aspecto biológico/ecológico, a APA Marinha é super positiva, mas no aspecto social, é
preciso cuidar mais da relação com os pescadores, esclarecer mais, para que as preocupações
deles sejam atendidas.
É importante tratar as questões ambientais e sociais eo reconhecimento das oportunidades;
É importante criar, mas também é fundamental dar atenção à gestão. Se não conseguir fazer a
gestão, melhor não criar.
Comunidades locais, especialmente os pescadores, estão muito preocupadospor que não têm
clareza dos impactos e possíveis restrições de uso da área. A equipe do Estado precisa se
aproximar mais das comunidades, esclarecer mais.
É importante estabelecer e fortalecer parcerias para a implantação desta UC.
Esta área é cheia de conflitos, mas também cheia de oportunidades que precisam ser
aproveitadas.
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É preciso um olhar especial para esta área, que é também especial.
Esta é uma área prioritária para a conservação marinha.
Outros conflitos virão, precisamos nos antever para minimizar alguns conflitos.
Precisamos ter atenção à área de entorno da UC.
Com realismo, precisamos ver quais as ações prioritárias.
É importante aproximar a participação da Capitania dos Portos no processo, uma vez que se
trata de uma UC Marinha.
Este está sendo um processo muito positivo. Concordo com a criação da APA Marinha, mas
levanto algumas questões: (1) é preciso trabalhar mais junto à comunidade diretamente
afetada, para aprimorar o entendimento sobre os propósitos da UC, reduzir medos e tensões;
(2) trabalhar a estratégia para lidar com a negativa dos representantes das Colônias dos
pescadores; (3) Trabalhar para uma boa gestão da UC.
Na etapa final da discussão, foi colocada por um dos participantes a possibilidade de que a
categoria da UC proposta fosse uma RESEX - e não APA. Este tema foi amplamente debatido e a
equipe CPRH/SEMAS avaliou que RESEX não seria tecnicamente compatível para esta área, toda
marinha e caracterizada por múltiplos usos, sendo não apenas uma fundamental área para a
pesca, mas também um importe pólo de turismo e veraneio de Pernambuco, além de área de
trânsito de grandes embarcações. Outro elemento posto por um dos participantes é que RESEX
é uma categoria que tem que ser demandada por uma comunidade tradicional e que esta não
foi. Além disso, há registros de que RESEXs marinhas geralmente enfrentam muitos conflitos,
em função de realidades de múltiplos usos, interesses e vocações. Uma das participantes
sugeriu que houvesse essa discussão e esclarecimento junto às comunidades. A equipe se
comprometeu de estudar melhor esta possibilidade, já que foi a primeira vez que ela surgiu, mas
reafirmou que em princípio não perece viável técnica e legalmente a possibilidade da RESEX. De
qualquer forma, o pleito de melhor esclarecer as comunidades sobre a proposta deverá ser
atendido.
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5º MOMENTO – PERSPECTIVAS PARA A GESTÃO E PRÓXIMOS PASSOS DO PROCESSO.
Como uma síntese, foram provocadas as seguintes reflexões em grupo:
(1) A existência da APA MAR pode gerar coisas boas? O que? (2) A existência da APA MAR pode
gerar coisas ruins? O que? (3) Por que é importante criar essa UC? (4) O que muda, tendo ou não
a APA Marinha?
Observou-se que a criação da UC pode oportunizar um olhar mais específico, estratégico e
sistemático para a conservação deste território, que é rico em biodiversidade e de grade
importância ecossistêmica e socioeconômica. Tendo uma UC criada, é necessário que ocorra uma
gestão específica, que pode potencializar o exercício de atribuições do poder público estadual e o
atendimento a necessidades de fiscalização, educação ambiental, gestão costeiro-marinha, entre
outras, ou mesmo ações proativas de monitoramento e participação social.
Outro diferencial de se ter uma UC é a possibilidade de aplicação de recursos da Compensação
Ambiental, que venham a fortalecer a implantação da UC. Neste sentido, há de se observar as
principais lacunas de informações e necessidades para a conservação de gestão socioambiental,
que gerem indicativos de prioridades para pesquisas, ações e projetos.
Mesmo com tantos desafios para o bom funcionamento das UCs, a APA Marinha tende a gerar
muitos dos benefícios já discutidos nesta oficina. Não foram apontadas coisas ruins que poderiam
decorrer a partir da criação da APA, mas foi falado sobre o medo que os pescadores expressam,
com receio de que sejam proibidos de pescar.
A equipe CPRH/SEMAS colocou que está trabalhando no sentido de visualizar e buscar viabilizar
possibilidades para uma gestão efetiva.
O Estado tem como meta, além de buscar garantir estruturas básicas para seu funcionamento,
também realizar a gestão de forma a agregar alguns elementos inovadores, na perspectiva de uma
gestão integrada e, quando possível, compartilhada.Algumas articulações e esforços já estão sendo
empreendidos pela CPRH e SEMAS para viabilizar a futura gestão da APA Marinha. São alguns deles,
na seguinte perspectiva:
Gestão integrada, com visão estratégica territorial, visando articulação de diversos
segmentos e instâncias para o desenvolvimento sustentável nesta região do Litoral Sul.
Estudo sobre a possibilidade de realizar gestão compartilhada, trabalhando junto a outras
organizações o planejamento e a execução de ações a serem elencadas como prioritárias.
Possibilidade de gestão em mosaico de UCs e reuniões integradas de conselhos gestores,
visando otimizar esforços e recursos, além de ampliar e compartilhar resultados.
Alocação de recursos da compensação ambiental para a criação do conselho gestor,
elaboração do Plano de Manejo e outras ações a serem elencadas como prioritárias.
Termo de Cooperação Técnica entre SEMAS, CPRH e ICMBio, que inclui, entre outras coisas,
atendimento a demandas realizadas pelos pescadores.
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Elaboração de edital a ser lançado pela FACEPE (com diretrizes e recursos do Estado) para
desenvolvimento de pesquisas aplicadas, podendo contemplar também a interface com a
atividade pesqueira e aspectos relacionados à biodiversidade.
Integração da estratégia de implantação da Unidade de Conservação com outras políticas e
ações relacionadas ao uso sustentável do ambiente costeiro-marinho, como a Política
Estadual da Pesca Artesanal de Pernambuco, com o Projeto Orla e com o Projeto Terra Mar.
- Os participantes enfatizaram que este é um bom caminho, que é muito positivo ver que estas
questões já estão sendo pensadas, mas salientaram também que isso que está sendo posto não pode
ficar apenas como uma carta de intenções. É preciso o compromisso de se criar condições, agenda e
viabilizar recursos.
- Os participantes sugeriram também que se trabalhasse a possibilidade de bolsas técnicas e o
estímulo a práticas de responsabilidade socioambiental.
- Ao final da oficina solicitou-se o apoio dos participantes para que sejam multiplicadores da
proposta discutida, junto às localidades e segmentos dos quais fazem parte, sobretudo com os
pescadores e comunidades locais.
Por fim, foram dados os seguintes encaminhamentos:
Sistematização da oficina e envio do documento aos participantes.
Pensar neste grupo com a possibilidade de que seja um “embrião” para o futuro Conselho
Gestor da UC. Ver como manter o engajamento e o envolvimento no processo colaborativo.
Aprofundar o diálogo com as comunidades locais.
Identificação de possíveis lacunas e necessidades para serem aportados em linhas de apoio a
pesquisas e ações.
Organizar a Consulta Pública - provavelmente para julho.
6º MOMENTO - AVALIAÇÃO
Com todos os participantes em círculo, foi feita uma reflexão sobre como estamos finalizando mais
esta etapa do processo participativo da criação da APA Marinha Recifes Serrambi.
Solicitados de expressarem suas avaliações sobre a oficina em uma palavra ou expressão, algumas
das colocações foram as seguintes:
Agradecimento
Boa oportunidade de participação
Esperança
Visão de longo prazo
Escutar o lado do outro
Corresponsabilidade
Satisfação
Apreensão e ansiedade, mas na
torcida pra dar certo
Desafios
Responsabilidade
Ampliação do conhecimento
Importância da participação Social
Confiança
Metodologia muito boa
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Divertimento, leve
Lúdico
Integração
Compartilhar
Curiosidade sobre como vai ser
Enriquecimento
Interessante também registrar a fala de um dos participantes:
Estou feliz de ver isso acontecendo. Vocês escolheram a forma mais difícil de se criar uma Unidade
de Conservação, com a ampla participação da sociedade, mas este é sem dúvida o jeito mais
provável de dar certo a UC, depois dela ser criada.
MOMENTOS– MEMÓRIA FOTOGRÁFICA
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Equipe Técnica CPRH/SEMAS