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Governo do Estado de Minas Gerais Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Superintendência Regional de Meio Ambiente Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba Diretoria de Controle Processual Núcleo de Autos de Infração PARECER Auto de Infração nº 45739/2013 Processo: 445246/16 Autuado: S/A Usina Coruripe Açúcar e Álcool – Fazenda Bom Sucesso Trata-se de Parecer Jurídico sobre a incidência de correção anual da UFEMG sobre a multa aplicada no auto de infração em epígrafe. A dúvida suscitada pela ilustre Conselheira Denise, da cadeira de FIEMG, na 71ª Reunião Ordinária da Câmara Técnica Institucional e Legal (CTIL), do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH), contesta as atualizações das multas pela UFEMG, alegando que a Resolução SEMAD 1.798/2013 não abarcava correção para as infrações previstas no anexo II, do Decreto Estadual nº 44.844/2008, estando o parecer sem lastro em qualquer norma prevista. Após diversas discussões durante a Reunião, foi autorizado pelo Ilustre Presidente a baixa do processo em diligência para esclarecimentos. Pois bem, eis a síntese do necessário. A Lei Estadual nº 7.772/80 que dispõe sobre a proteção, conservação e melhoria do meio ambiente, ressalta no § 5º do art. 16 que o valor das multas simples e diárias serão fixadas em regulamento e corrigidas anualmente com base na variação da UFEMG (Unidade Fiscal do Estado de Minas Gerais) Art. 16. As infrações a que se refere o art. 15 serão punidas com as seguintes sanções, observadas as competências dos órgãos e das entidades vinculados à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - Semad: I - advertência; II - multa simples; III - multa diária; (...) §5º - O valor da multa de que tratam os incisos II e III do caput deste artigo será fixado em regulamento, sendo de, no mínimo, R$50,00 (cinquenta reais) e, no máximo, R$50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais), e corrigido anualmente, com base na variação da Unidade Fiscal do Estado de Minas Gerais - Ufemg. Assim, observa-se que as infrações a que se referem o art. 15, ou seja, aquelas infrações às normas de proteção ao meio ambiente e aos recursos hídricos, classificadas em leves, graves e gravíssimas, deveriam ser corrigidas anualmente com base na UFEMG. Contudo, é fato que a correção anual que deveria ser realizada por edição de regulamento por parte da Administração, não foi elaborada nos anos que sucederam à publicação do Decreto Estadual nº 44.844/2008 (decreto que tipifica as condutas infracionais), com a indicação dos correspondentes valores das multas com base na UFEMG para aquele

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Governo do Estado de Minas Gerais Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Superintendência Regional de Meio Ambiente Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba Diretoria de Controle Processual – Núcleo de Autos de Infração

PARECER

Auto de Infração nº 45739/2013 Processo: 445246/16 Autuado: S/A Usina Coruripe Açúcar e Álcool – Fazenda Bom Sucesso

Trata-se de Parecer Jurídico sobre a incidência de correção anual da UFEMG sobre a multa aplicada no auto de infração em epígrafe.

A dúvida suscitada pela ilustre Conselheira Denise, da cadeira de FIEMG, na 71ª

Reunião Ordinária da Câmara Técnica Institucional e Legal (CTIL), do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH), contesta as atualizações das multas pela UFEMG, alegando que a Resolução SEMAD 1.798/2013 não abarcava correção para as infrações previstas no anexo II, do Decreto Estadual nº 44.844/2008, estando o parecer sem lastro em qualquer norma prevista.

Após diversas discussões durante a Reunião, foi autorizado pelo Ilustre Presidente a

baixa do processo em diligência para esclarecimentos. Pois bem, eis a síntese do necessário. A Lei Estadual nº 7.772/80 que dispõe sobre a proteção, conservação e melhoria do

meio ambiente, ressalta no § 5º do art. 16 que o valor das multas simples e diárias serão fixadas em regulamento e corrigidas anualmente com base na variação da UFEMG (Unidade Fiscal do Estado de Minas Gerais)

Art. 16. As infrações a que se refere o art. 15 serão punidas com as seguintes sanções, observadas as competências dos órgãos e das entidades vinculados à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - Semad: I - advertência; II - multa simples; III - multa diária; (...) §5º - O valor da multa de que tratam os incisos II e III do caput deste artigo será fixado em regulamento, sendo de, no mínimo, R$50,00 (cinquenta reais) e, no máximo, R$50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais), e corrigido anualmente, com base na variação da Unidade Fiscal do Estado de Minas Gerais - Ufemg.

Assim, observa-se que as infrações a que se referem o art. 15, ou seja, aquelas

infrações às normas de proteção ao meio ambiente e aos recursos hídricos, classificadas em leves, graves e gravíssimas, deveriam ser corrigidas anualmente com base na UFEMG.

Contudo, é fato que a correção anual que deveria ser realizada por edição de

regulamento por parte da Administração, não foi elaborada nos anos que sucederam à publicação do Decreto Estadual nº 44.844/2008 (decreto que tipifica as condutas infracionais), com a indicação dos correspondentes valores das multas com base na UFEMG para aquele

Governo do Estado de Minas Gerais Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Superintendência Regional de Meio Ambiente Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba Diretoria de Controle Processual – Núcleo de Autos de Infração

exercício financeiro. Desse modo, nos anos subsequentes, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013 não ocorreu a correção anual das multas que a Administração deveria promover.

Atento à essa omissão, no ano de 2013, somente a SEMAD, como órgão integrante do

SISEMA, promoveu a correção pela UFEMG para as multas dos anexos III e IV do Decreto Estadual nº 44.844/2008, através da Resolução SEMAD nº 1.798/2013, como mencionado pela Conselheira Denise.

Entretanto, a Administração, verificando que houve omissão das correções também

dos valores das multas dos outros anexos do Decreto Estadual nº 44.844/2008, resolveu, através da Resolução Conjunta SEMAD/FEAM/IEF/IGAM nº 2.223/2014, que os valores das multas a que se referem o art. 83, anexo I e art. 84, anexo II, todos do Decreto Estadual nº 44.844/2008, passariam a vigorar conforme valores definidos nos anexos da referida resolução para todos os anos (2009, 2010, 2011, 2012 e 2013) em que houve sua omissão, sendo, neste caso em específico o valor para o ano de 2013, conforme reza seu artigo 5º, in verbis:

Art. 5º – Os valores das multas a que se referem o art. 83, Anexo I e art. 84, Anexo II, todos do Decreto Estadual n° 44.844 de 2008, passam a vigorar conforme valores definidos no Anexo V desta Resolução, para o ano de 2013, conforme Resolução n° 4.499, de 21 de novembro de 2012, da Secretaria de Estado da Fazenda, que divulgou o valor da UFEMG para o exercício de 2013.

ANEXO V - (ANO DE 2013) (Valores referentes ao anexo II do Decreto 44.844/2008)

2013

FAIXAS Porte Inferior Porte Pequeno Porte Médio Porte Grande

Mínimo Máximo Mínimo Máximo Mínimo Máximo Mínimo Máximo

Real Real Real Real Real Real Real Real

LEVE R$

69,02 R$

276,08 R$

277,46 R$

1.380,42 R$

1.381,80 R$

2.760,84 R$

2.762,22 R$

6.902,11

GRAVE - - R$

1.380,42 R$

6.902,11 R$

6.903,49 R$

20.706,32 R$

20.707,70 R$

69.021,08

GRAVÍSSIMA - - R$

6.902,11 R$

41.412,65 R$

41.414,03 R$

138.042,16 R$

138.043,54 R$

690.210,79

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2013

LEVE P.Inferior P. Pequeno P.Médio P.Grande

Sem Reinc R$ 69,02 R$ 277,46 R$ 1.381,80 R$ 2.762,22

Reinc. Gener R$ 138,04 R$ 645,11 R$ 1.841,48 R$ 4.142,19

Reinc. Espec R$ 276,08 R$ 1.380,42 R$ 2.760,84 R$ 6.902,11

GRAVE

Sem Reinc. - R$ 1.380,42 R$ 6.903,49 R$ 20.707,70

Reinc Gener. - R$ 5.061,55 R$ 16.105,38 R$ 52.916,63

Reinc Espec. - R$ 6.902,11 R$ 20.706,32 R$ 69.021,08

GRAVÍSSIMA

Sem Reinc. - R$ 6.902,11 R$ 41.414,03 R$ 138.043,54

Reinc. Gener - R$ 41.412,65 R$ 138.042,16 R$ 690.210,79

Reinc Espec. - R$ 41.412,65 R$ 138.042,16 R$ 690.210,79

Assim, diferentemente do alegado pela ilustre Conselheira, a Administração editou

resolução que lastreia e justifica a correção da UFEMG e cobre de legalidade o parecer exarado pelo Núcleo de Autos de Infração.

Nesse sentido, a douta Advocacia Geral do Estado, através da ilustre procuradora Nilza

Aparecida Ramos Nogueira, assim já se manifestou sobre a correção da UFEMG em seu parecer de nº 15.333, de 14 de abril de 2014, o qual, hei por bem transcrever os trechos para elucidação da questão:

“Ocorre que, nos anos que se sucederam à publicação do Decreto Estadual n.

44.844/08, em vigor, não foram editados atos administrativos com a indicação dos correspondentes valores das multas com base na UFEMG para aquele exercício financeiro.

(...) Assim, de início, observamos que, embora não tenham sido publicadas as tabelas

atualizadas anualmente, isso não significa, necessariamente, que o servidor credenciado, ao aplicar a penalidade, não tenha feito essa atualização, cuja certificação somente será possível in concreto. De qualquer forma, se não houve atenção à correção do valor pela variação da UFEMG, esse ato precisa ser revisto, porque a atualização implica uma diferença nos valores mínimo e máximo com repercussão no valor final da multa, dados os critérios para valoração da multa (multa-base, reincidência genérica, reincidência específica...), ...

Vamos tomar em consideração, a título ilustrativo, o valor da tabela constante no

Anexo I para infração grave, sem reincidência, cometida por empreendimento de pequeno porte. No ano em que foi editado o Decreto, de 2008, o valor mínimo foi fixado em R$

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2.501,00. Considerando a UFEMG para o ano de 2008, de 1,8122, esse valor correspondia a 1.380,09 UFEMG’s. Para os anos subsequentes, os valores mínimos de uma multa aplicada nessas mesmas condições seria outro. Por exemplo, considerando a UFEMG para o exercício de 2013, o valor mínimo dessa multa ficou em R$ 3.452,53. Para o ano de 2014, em R$ 3.640,95. Vê-se que há uma diferença significativa.

Independentemente de não ter havido publicação atualizada da tabela de

valores de multas em cada um dos anos posteriores ao de 2008, as multas não podem ter sido aplicadas em valor aquém do mínimo legal, visto a expressa determinação legal – art. 16, § 5º, da Lei 7.772/80. Isso sem considerar a variação dentro da faixa prevista.

(...) ... trata-se de regra imperativa a que determina a correção anual dos valores das

multas ambientais fixadas em regulamento. A publicação anual da tabela atualizada, ou não, não exime o órgão ou entidade competente do dever de observar os valores atualizados, seja para aplicação da multa no mínimo legal, ou no máximo, seja para fixação da multa-base para sobre ela incidir agravantes, atenuantes, reincidência, conforme os critérios do Decreto n. 44.844/08.

Como as faixas já estão fixadas no Decreto n. 44.844/08, conforme autorizou o

art. 16, § 5º, da Lei n. 7.772/80, a publicação anual da tabela corrigida pode ser feita por Resolução, porque não estará em nada inovando a previsão legal e o valor inicialmente fixado para as multas, mas tão somente realizando uma operação aritmética de transformação dos valores previstos em reais para UFEMG, tomada como fator a unidade de 2008, e posterior atualização pelas unidades fiscais de cada um dos exercícios financeiros subsequentes, conforme Resoluções da Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais”.

Portanto, em nada inovou a Administração ao promover a correção da tabela pela

UFEMG, estando legal e correta a sua aplicação para todos os procedimentos administrativos de autos de infração.

Vale ressaltar que, a regra, tomando por base o caso em questão, é correção do valor

dos anos de 2009 até 2013 pela UFEMG, devido à omissão do Estado em editar anualmente novas tabelas e, após a data da aplicação da multa, cessa-se essa correção, aplicando-se os índices legais de correção monetária - índice da CGJ (Corregedoria Geral de Justiça) até 31/12/2014 e índice da SELIC após 01/01/2015, até a data do efetivo recolhimento do débito não tributário, após ocorrer o trânsito em julgado administrativo, conforme explicitado na Nota Jurídica nº 4292/2015 da Advocacia Geral do Estado e Decreto Estadual nº 46.668/2014 (RPACE).

"a) Para débitos cujos Autos de Infração tenham sido lavrados antes da vigência do RPACE, ou seja, até 15/12/2014, o valor da multa deverá ser

atualizado da seguinte maneira, (independentemente de ter sido ou não apresentada defesa administrativa):

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a.l) correção monetária, segundo a tabela da Corregedoria-Geral de Justiça, incidente a partir da datada lavratura do Auto de Infração; e juros de mora de 1%(um por cento) ao mês, a partir do vencimento original do débito (21º dia após a notificação do autuado)

até 31/12/2014; a.2) incidência da Taxa Selic sobre o referido valor, a partir de 01/01/2015. b) Para débitos cujos Autos de Infração tenham sido lavrados após a vigência do RPACE, ou seja, a partir de 16/12/2015, o débito deverá ser

atualizado da seguinte maneira (independentemente de ter sido ou não apresentada defesa administrativa):

b.l) incidência da Taxa Selic a partir do vencimento original do débito (21° dia após

a notificação do autuado)."

Assim, esclarecido resta que a correção dos valores de face das multas do Decreto

Estadual nº 44.844/2008, autorizado pelo art. 15 da Lei Estadual nº 7.772/80, conforme explicitado, é diversa da correção monetária e dos juros que incidem após a aplicação da multa, devendo estes ser calculados de acordo com o art. 48, § 3º do Decreto nº 44.844/2008 e, a partir de 01/01/2015, com o Decreto nº 46.668/14 e com a Lei nº 21.735/2015.

Diante do exposto, opina-se pela manutenção do parecer jurídico exarado no processo

em epígrafe pelos seus próprios fundamentos e esclarecimentos contidos também neste parecer que o integra.

Uberlândia, 23 de junho de 2017.

Gustavo Miranda Duarte Coordenador

Núcleo de Autos de Infração MASP 1.333.279-6