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Good Group International GAAP © Demonstrações financeiras consolidadas ilustrativas em IFRS, referentes ao exercício findo em 31 de dezembro de 2015, baseadas nos pronunciamentos técnicos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis — CPC Edição 2016

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  • Good GroupInternational GAAP©

    Demonstrações financeiras consolidadas ilustrativas em IFRS, referentes ao exercício findo em 31 de dezembro de 2015, baseadas nos pronunciamentos técnicos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis — CPC

    Edição 2016

  • Expediente Good

    Sócio-líder de AuditoriaSérgio Romani

    Conteúdo técnicoIdésio S. Coelho, Paul Sutcliffe, Silvio Takahashi, Eliane Mattos e Jaqueline Maia

    Diretora executiva de Marca, Marketing e ComunicaçãoMarly Parra

    Coordenação editorialAlexandre Moschella

    ReportagemAndrea Allabi e Felipe Datt

    Coordenação de designAlexandre Rugerio e Marcos Mazzei

    RevisãoJoão Hélio de Moraes

    FotografiasArquivo de imagens EY

    Por: EYGM Limited © 2015 EYGM Limited. Todos os direitos reservados.

    As informações contidas nesta publicação foram preparadas na data-base de 30.11.15. Dessa forma, possíveis alterações em pronunciamentos posteriores não estão contempladas.

    Esta publicação contém informações de forma sumária e, portanto, é destinada para uso com o propósito de orientação geral.

    Esta publicação não é indicada como substituto de uma pesquisa detalhada ou de um julgamento profissional.

    A EYGM Limited, ou qualquer outro membro global da organização Ernst & Young, não pode aceitar responsabilidade por perdas ocasionais decorrentes de ações adotadas ou ações não adotadas por qualquer pessoa como resultado do uso do material contido nesta publicação. Qualquer assunto específico deve ser discutido com o seu consultor ou auditor.

    As informações contidas nas reportagens desta publicação refletem apenas as opiniões dos profissionais citados nas mesmas, e não necessariamente da EY.

  • Observação importante: Este material foi preparado objetivando exemplificar o maior número possível de divulgações existentes na IFRS e nas práticas contábeis adotadas no Brasil. Cada usuário deve analisar o seu caso específico e, com base na Orientação CPC 07 — Evidenciação na divulgação dos relatórios contábil-financeiros de propósito geral, procurar racionalizar suas divulgações em notas explicativas, sempre orientado pelo seu julgamento profissional e pela relevância da informação.

    Good GroupInternational GAAP©

    Demonstrações financeiras consolidadas ilustrativas em IFRS, referentes ao exercício findo em 31 de dezembro de 2015, baseadas nos pronunciamentos técnicos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis — CPC

    Edição 2016

  • Good Group | EY4

    Apresentação

    Caros leitores,

    Foi preciso uma mudança cultural e interpretativa desde que foram implementadas, no Brasil, as Normas Internacionais de Relatórios Financeiros (IFRS) por meio dos pronunciamentos contábeis emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). No entanto, após sete anos da adoção das normas internacionais, as empresas ainda enfrentam desafios. Elas precisam tornar as demonstrações financeiras mais concisas e saber discernir as informações relevantes das não tão relevantes.

    Atualizado com os pronunciamentos contábeis emitidos até 30 de novembro de 2015, o Good Group traz exemplos de demonstrações financeiras, notas explicativas e referências para os pronunciamentos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis que mostram de maneira bastante compreensível os requisitos das práticas contábeis brasileiras e internacionais.

    O nosso objetivo é que, nestas páginas, as empresas tenham em mãos exemplos de conteúdos e formatos de demonstrações financeiras e partam, a partir desses modelos, para elaborar as suas próprias DFs, adaptando-as da melhor maneira às situações de seus negócios. Por meio da publicação, as companhias do País podem ganhar em agilidade e transparência na divulgação das informações, já que são obrigadas a reportar de acordo com os pronunciamentos técnicos emitidos pelo CPC, e não seguindo diretamente o padrão internacional.

    Todo esse processo é simplificado para os executivos das empresas, que têm acesso às novidades do ambiente contábil e aos temas complexos que vêm ganhando importância no cenário atual. Também trazemos reportagens especiais sobre assuntos que estão em evidência hoje, entre eles Arrendamento Mercantil, IFRS 9 e agenda tributária.

    Dessa forma, continuamos a contribuir para o enriquecimento do conteúdo das demonstrações financeiras das empresas brasileiras. O incentivo ao desenvolvimento e crescimento delas por meio da disseminação do conhecimento faz parte do nosso propósito de construir um mundo de negócios melhor.

    Boa leitura!

    Sérgio RomaniSócio-líder de [email protected]

  • Good Group | EY 5

    Good GroupInternational GAAP©

    Demonstrações financeiras consolidadas ilustrativas em IFRS, referentes ao exercício findo em 31 de dezembro de 2015, baseadas nos pronunciamentos técnicos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis — CPC

    Edição 2016

  • Conteúdo

    Temporada de ajustes 8 Novas regras para operações de leasing podem elevar reconhecimento de dívida 10Antecipando perdas 12 Palavras iniciais 14 Comentários gerais sobre as demonstrações financeiras 16Comentários para o exemplo ilustrativo do Good Group 20Normas emitidas pelo CPC vigentes em 31 de dezembro de 2015 22Demonstrações financeiras consolidadas 26Balanço patrimonial consolidado 27Demonstração consolidada do resultado 28Demonstração consolidada do resultado abrangente 29Demonstração consolidada do fluxo de caixa 30Demonstração consolidada de valor adicionado (DVA) 31Demonstração consolidada das mutações do patrimônio líquido 32Notas Explicativas às demonstrações financeiras consolidadas em IFRS e CPC 34

    1 Informações sobre o Grupo 342 Políticas contábeis 342.1 Base de consolidação 352.2 Combinações de negócios 362.3 Investimento em coligadas e em joint ventures 372.4 Classificação corrente versus não corrente 382.5 Mensuração do valor justo 392.6 Reconhecimento de receita 402.7 Subvenções governamentais 412.8 Impostos 422.9 Ativos não circulantes mantidos para venda e operações descontinuadas 432.10 Distribuição de lucros in natura 432.11 Imobilizado 432.12 Ativos intangíveis 442.13 Instrumentos financeiros – Reconhecimento inicial e mensuração subsequente 452.14 Instrumentos financeiros derivativos e contabilidade de hedge 492.15 Estoques 512.16 Perda por redução ao valor recuperável de ativos não financeiros 512.17 Caixa e equivalentes de caixa 512.18 Ações preferenciais conversíveis 512.19 Ação em tesouraria 522.20 Provisões 522.21 Benefícios de aposentadoria e outros benefícios pós-emprego 532.22 Transações envolvendo pagamento em ações 532.23 Conversão de moeda estrangeira 542.24 Ajuste a valor presente de ativos e passivos 552.25 Arrendamentos mercantis 552.26 Custos de empréstimos 562.27 Propriedades para investimento 562.28 Pronunciamentos novos ou revisados aplicados pela primeira vez em 2015 562.29 Pronunciamentos emitidos mas que não estavam em vigor em 31 de dezembro de 2015 582.30 Correção de um erro 633 Julgamentos, estimativas e premissas contábeis significativas 64

  • 4 Combinações de negócios e aquisição de participações de não controladores 68

    5 Participação em joint venture 71

    6 Investimento em coligada 72

    7 Subsidiárias com participações significativas de não controladores 73

    8 Informações por segmento 75

    9 Outras receitas/despesas e ajustes 78

    9.1 Outras receitas operacionais 78

    9.2 Outras despesas operacionais 79

    9.3 Despesas financeiras 79

    9.4 Receitas financeiras 79

    9.5 Depreciação, amortização, variações cambiais e custos de estoques incluídos

    na demonstração consolidada do resultado 80

    9.6 Despesas com benefícios a funcionários 80

    9.7 Custos de pesquisa e desenvolvimento 80

    9.8 Componentes do resultado abrangente incluído nas mutações do patrimônio líquido 81

    9.9 Despesas administrativas 81

    10 Impostos de renda sobre o lucro 82

    11 Operação descontinuada 84

    12 Lucro por ação 86

    13 Imobilizado 87

    14 Propriedades para investimento 88

    15 Intangível 91

    16 Outros ativos e passivos financeiros 92

    16.1 Outros ativos financeiros 92

    16.2 Outros passivos financeiros 93

    16.3 Atividades de hedge e derivativos 95

    16.4 Valor justo 97

    17 Teste de perda por redução ao valor recuperável do ágio pago por

    expectativa de rentabilidade futura e intangíveis com vida útil indefinida 101

    18 Estoques 104

    19 Clientes e outras contas a receber (circulante) 104

    20 Caixa e equivalentes de caixa 105

    21 Capital social e reservas 106

    22 Dividendos pagos e propostos 109

    23 Provisões 110

    24 Subvenções governamentais 112

    25 Receita diferida 112

    26 Planos de previdência e outros benefícios pós-emprego 113

    27 Planos de remuneração baseados em ações 118

    28 Fornecedores e outras contas a pagar (circulante) 120

    29 Informações sobre partes relacionadas 121

    30 Compromissos e contingências 123

    31 Objetivos e políticas para gestão de risco financeiro 124

    32 Mensuração do valor justo 131

    33 Eventos subsequentes 134

    Referências aos CPCs nas Notas Explicativas 135

  • 8 Good Group | EY

    Entrevista

    Temporada de ajustes

    Poucos anos tiveram uma agenda tributária tão movimentada quanto 2015. Além do já aguardado término do Regime Tributário de Transição (RTT) e sua substituição por um novo arcabouço legal, na forma da Lei nº 12.973/14, as empresas foram surpreendidas ao longo do ano por uma série de anúncios que, somados, compõem o “pacote fiscal” do governo federal. Com o intuito de elevar a arrecadação e equilibrar receitas e despesas, o pacote afetou diretamente companhias de uma série de setores ao diminuir ou eliminar desonerações concedidas nos últimos anos – a volta da incidência do PIS e da Cofins sobre receitas financeiras é apenas um dos exemplos. “E existem diversos temas dentro do pacote que surtirão efeito prático apenas em 2016”, projeta o sócio de Tax da EY, Washington Coelho. Em entrevista ao Good Group, Coelho destaca os principais temas da agenda tributária com impactos nas empresas em 2015.

    Good Group | O ano de 2015 foi mais movimentando do que a média no que diz respeito a novas legislações e regulamentações tributárias? Quais os principais destaques?

    Coelho | Com certeza. Tivemos novidades do ponto de vista de consolidação da legislação, a exemplo da Lei nº 12.973/14, que reformulou os critérios de tributação de lucros auferidos no exterior, regulou as questões relacionadas à distribuição de dividendos do período de 2008 a 2014 e marcou o fim do RTT. O período foi bastante intenso também em relação a novas obrigações acessórias, com a introdução da nova Declaração de Imposto de Renda, a Escrituração Contábil Fiscal (ECF). Essa obrigação acessória é altamente interligada aos outros blocos da escrituração contábil digital e acarretou bastante trabalho para as empresas do ponto de vista de preparação em seu primeiro ano de vigência. Sem esquecer que o ano foi marcado por todas as novidades ligadas ao pacote fiscal.

    Good Group | Após seis anos, o RTT, que garantiu a neutralidade tributária às empresas durante o período de adaptação ao padrão contábil IFRS, deixou de existir. Em seu lugar, um novo arcabouço legal, a Lei nº 12.973/14, entrou em cena. Qual o balanço do primeiro ano de vigência dessa nova lei?

    Coelho | As empresas ainda estão em processo de melhor entendimento da lei, que substituiu o RTT por uma série de procedimentos fiscais para a maioria dos efeitos contábeis introduzidos pela Lei nº 11.638/2007.

    Lembrando que, durante a vigência do RTT, os efeitos contábeis, positivos ou negativos, eram neutralizados do ponto de vista fiscal. A Lei nº 12.973 regulou como esses efeitos são tratados, e a Receita Federal emitiu uma instrução normativa estabelecendo os critérios para as empresas implementarem e controlarem todos esses efeitos estabelecidos na lei, via controles específicos em subcontas, controles via adição e exclusão na apuração dos impostos etc. As informações serão demonstradas na ECF. A lei tinha o intuito de convergir para uma neutralidade tributária, e em linhas gerais não existem grandes traumas nesse ponto. O problema é que o nível de detalhamento das informações é grande e as empresas enfrentam dificuldades de implementação. Outro ponto que ainda gera insegurança para algumas empresas é que existem muitos temas que gravitam entre vários pronunciamentos contábeis e que não encontram tratamento tributário específico na legislação. A resposta mais contundente é que ou as empresas pagarão mais impostos ou tomarão uma dedução fiscal maior do que ocorria. Os dois casos geram preocupação. Mas são situações específicas de algumas empresas.

    Good Group | Além do fim do RTT, a grande marca de 2015 é o ajuste fiscal e a busca do governo federal por maior equilíbrio nas contas públicas. Na prática, isso representou o fim ou a diminuição de uma série de benefícios/desonerações concedidos a alguns setores ao longo dos últimos anos. Ainda que muitas medidas não tenham sido aprovadas, quais os principais destaques do “pacote fiscal” que já impactam as empresas?

    Coelho | O que de fato impacta as empresas desde maio é o restabelecimento da incidência do PIS e da Cofins sobre as receitas financeiras (em 0,65% e 4%, respectivamente). O PIS e a Cofins entraram na sistemática não cumulativa entre 2002 e 2003. Um ano depois, estabeleceu-se que o Poder Executivo tinha a prerrogativa de reduzir a zero as alíquotas sobre as receitas financeiras, o que de fato ocorreu. Mas havia também a prerrogativa de restabelecê-las até o patamar nominal vigente à época, de 9,25%, sendo 1,65% de PIS e 7,6% de Cofins. Até abril de 2015, as empresas não pagaram PIS e Cofins sobre as receitas financeiras, com exceção do incidente nos juros sobre capital próprio. Em 1º de abril, foi restabelecida essa incidência, justamente em um momento de forte valorização do dólar, quando a variação cambial começou a ter efeito significativo sobre os ativos, os passivos e o resultado das empresas.

    Por Felipe Datt

  • 9Good Group | EY

    Good Group | Depois de forte mobilização do empresariado, o governo federal voltou atrás e decidiu zerar as alíquotas de PIS e Cofins incidentes sobre algumas receitas financeiras. O Decreto nº 8.451 acalmou os ânimos?

    Coelho | Com a pressão, o governo emitiu esse decreto mantendo as alíquotas zeradas nos casos de receitas oriundas de variação cambial de exportações e financiamentos e de operações de hedge. Isso representou grande alívio para as empresas, principalmente porque essas receitas podem sofrer alterações e não se confirmarem na liquidação das transações. Assim, o restabelecimento da incidência do PIS e da COFINS ficou mantido para as demais receitas financeiras que as empresas possuem, como as decorrentes de operações no mercado financeiro e variações monetárias, por exemplo. O restabelecimento dessa incidência tem um impacto relevante no fluxo de caixa das empresas. Meu entendimento e o de muitos advogados é que o restabelecimento das alíquotas do PIS e da COFINS estava previsto na lei, que continha a prerrogativa de o Ministro da Fazenda reduzir a zero e restabelecer a alíquota sobre receitas financeiras até o seu patamar vigente na época, de 9,25%. Mas existem liminares defendendo que não há competência para aumentar as alíquotas via decreto.

    Good Group | Ainda na agenda do “pacote fiscal”, a publicação da Medida Provisória 669 reduziu o benefício da desoneração da folha de pagamentos. Com a MP, os setores que antes pagavam 1% sobre o faturamento passarão a recolher 2,5%. As empresas que pagavam 2% passam a recolher ao INSS 4,5% sobre o faturamento. Qual o real impacto?

    Coelho | Quando se estabeleceu as regras para a desoneração da folha de pagamentos, diversos estudos concluíram que o impacto tributário da incidência de 1% ou 2% sobre a receita bruta era menor do que os 20% incidentes sobre a folha de pagamentos. Muitos setores fizeram estudos e pleitearam a adesão ao programa de desoneração da folha. Com a MP, além do aumento dos percentuais incidentes, foi dada às empresas a opção de escolher entre o pagamento do INSS sobre a folha de salários ou sobre o faturamento. Na prática, não há mais desoneração da folha. Muitos dos nossos clientes, inclusive, já chegaram à conclusão de que vale a pena voltar ao modelo de contribuição sobre a folha de

    pagamento. Em novembro de 2015, as empresas terão que exercer essa opção da contribuição sobre a receita bruta ou a contribuição sobre a folha de pagamento.

    Good Group | Outro imposto prorrogado quatro vezes antes de ser extinto em 2007, a CPMF pode ser recriada, ainda que o Planalto descarte seu retorno para 2015. Que setores tendem a ser mais afetados?

    Coelho | Um dos setores que sofriam maior impacto durante a vigência da CPMF era o do comércio. Imagine o segmento atacadista, que compra e vende mercadorias no atacado, com margens bem apertadas. Sobre todas as movimentações financeiras para pagamento de fornecedores, por exemplo, havia um custo adicional de 0,38%. A retomada desse custo adicional em um contexto de crise econômica como a atual produzirá um impacto muito severo na lucratividade das empresas desse setor. Isso considerando um momento em que não podem precificar esse imposto. Ou seja, as empresas suportarão o custo até quando der. Depois, começarão a repassar.

  • 10 Good Group | EY

    Reportagem

    Novas regras para operações de leasing podem elevar reconhecimento de dívida

    Por Felipe Datt

    Uma discussão complexa, polêmica e que já se arrasta por pelo menos uma década pode estar perto de chegar ao fim. O International Accounting Standards Board (IASB), órgão responsável pela publicação das normas contábeis IFRS, poderia divulgar ainda em 2015 as novas regras para o reconhecimento contábil das operações de arrendamento mercantil. A principal mudança será a necessidade de registro de um ativo e um passivo para quase todas as operações de arrendamento, prática que não é exigida atualmente.

    A reforma radical na contabilidade de arrendamentos gera temor em empresas varejistas e companhias aéreas, para citar apenas dois segmentos, uma vez que terão que assumir milhões – ou bilhões – de dívidas em seus balanços. Para entender os reais impactos, é necessário analisar as regras para a contabilização dessas operações atualmente. Mais conhecido pelo nome popular leasing, o arrendamento mercantil consiste em uma operação em que uma empresa (arrendador) transmite a outra entidade (arrendatário) o direito de utilizar um ativo por um período determinado em contrato em troca de uma série de pagamentos mensais.

    Os ativos mais comuns nesse tipo de operação são veículos, maquinários, materiais de escritório (como computadores e impressoras), chegando a itens de altíssimo valor agregado, como equipamentos de perfuração utilizados pelas indústrias extrativa e de óleo e gás e aeronaves, entre outros. As regras atuais para a contabilização das operações de arrendamento foram uma das primeiras traduzidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) quando da adoção, pelo Brasil, do IFRS. Uma das principais novidades introduzidas pelo CPC 06, emitido em 2008 e com vigência até hoje, foi a classificação de uma operação de arrendamento mercantil em duas modalidades distintas: financeira ou operacional, com uma série de regras específicas para categorizar a operação em uma ou outra modalidade.

    A lógica da divisão em duas categorias é porque a essência das operações pode diferir. Em uma operação com prazo de dez anos para arrendamento de uma máquina com igual tempo de vida útil, por exemplo, apenas o arrendatário usufruirá do bem. Nesse caso, o

    leasing é classificado como financeiro. Diferentemente do que ocorre em uma operação de arrendamento de um imóvel, em que o arrendatário usufruirá do bem por um intervalo de tempo muito menor do que a vida útil do ativo (arrendamento operacional). Na prática, o conceito que passou a valer para a classificação do leasing foi o da essência da operação – e não mais a forma do contrato.

    Para efeito de registro contábil, os dois tipos de arrendamento têm regras diferentes. “O leasing operacional é como um aluguel de um apartamento ou escritório, em que o pagamento é alocado como uma despesa e não há um ativo contabilizado nem uma dívida no passivo”, diz o presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) e vice-coordenador de relações institucionais do CPC, Reginaldo Alexandre. No leasing financeiro, por sua vez, há necessidade do registro do direito de uso (o ativo), da obrigação total derivada desse direito (passivo) e do pagamento mensal pelo uso do bem na demonstração de resultados de cada período. Em suma, o balanço patrimonial do arrendatário destaca em seu ativo imobilizado os ativos em uso bem como a dívida decorrente dos compromissos assumidos.

    O modelo, entretanto, é alvo de críticas há alguns anos, inclusive do próprio IASB. “A questão sempre foi que, embora ninguém tenha problema em registrar um ativo, as empresas querem seus balanços livres de dívidas. Com muito planejamento, algumas empresas davam um jeito de parecer que a operação era quase sempre operacional e não financeira. Em vez de registrar um ativo e um passivo, não se registrava nada”, diz Paul Sutcliffe, sócio de IFRS Services da EY.

    Com o objetivo de corrigir essas distorções, sobretudo nos casos de empresas que possuem contratos de leasing financeiro disfarçados de operacionais – e que, portanto, não registram os ativos e respectivos passivos nos seus balanços –, uma nova norma contábil trará como obrigatoriedade o registro nos balanços de um ativo e de um passivo contratual para praticamente 100% das operações de arrendamento.

    Na prática, chega ao fim a diferenciação entre leasing operacional e financeiro. A lógica que explica a alteração

  • 11Good Group | EY

    é que o arrendamento de bens engloba um “direito de uso”, que deve ser contabilizado no ativo, com o consequente registro da obrigação de pagamento nos passivos. “Com esse conceito, há menos espaço para ocorrer uma manipulação de um tipo de leasing para outro”, completa Sutcliffe.

    O processo de revisão da norma internacional contábil de arrendamento mercantil é antigo, mas ganhou fôlego a partir de um projeto conjunto criado em 2010 por IASB e Financial Accounting Standards (FASB). Não há, entretanto, um prazo definido para a publicação do novo pronunciamento – a previsão é que a publicação ocorra ainda em 2015, mas adiamentos já ocorreram em ao menos duas oportunidades. Ainda existem debates se pequenos contratos – ou aqueles inferiores a 12 meses – terão que registrar passivos e ativos nos balanços.

    No fim de outubro, o IASB divulgou que o início da vigência do pronunciamento será em 1º de janeiro de 2019. “O prazo anterior era 2018. Existem outros pronunciamentos de adoção obrigatória, caso do IFRS 9 e do IFRS 15, e o IASB entendeu que seriam muitas mudanças para as companhias em um curto espaço de tempo. No caso do leasing, os impactos serão grandes”, diz Silvio Takahashi, coordenador de relações internacionais do CPC e sócio de Assurance da EY.

    O adiamento da publicação, de alguma maneira, atende à demanda do mercado e aponta para a falta de consenso sobre o tema. O certo é que, pela grande complexidade da questão, as administrações das empresas terão que se preparar para a correta evidenciação de suas operações de leasing. Reginaldo Alexandre, da Apimec, lembra que, com a obrigatoriedade do registro do ativo e da dívida em praticamente todos os contratos de leasing a partir de 2019, “muita coisa que não aparecia como dívida no balanço das empresas passará a aparecer”.

    De forma geral, entende, a expectativa é que ocorra uma elevação bastante significativa do valor de dívida das empresas que tenham operações de leasing e que atualmente não estão contabilizadas dentro dos seus balanços. “Para algumas empresas esse é um tema muito relevante, que envolve valores na casa de bilhões, e é preciso tempo para façam um bom reconhecimento das mudanças e possam se preparar para elas”, diz Alexandre.

    Existem outras implicações importantes. A norma proposta pode afetar cláusulas de dívida que as companhias mantêm junto aos bancos – muitas empresas, ao fazer operações de financiamento, possuem restrições quanto aos seus níveis de endividamento. À medida que, em obediência à nova norma, passem a reconhecer a dívida associada a uma operação de leasing, acabarão elevando seu grau de endividamento. “Ao registrar novos passivos contábeis, a empresa pode ultrapassar o limite de endividamento acordado, e novos empréstimos podem ficar mais difíceis”, diz Sutcliffe.

    Em linhas gerais, explicam os especialistas, os segmentos que requerem maior atenção às novas normas são aqueles mais intensivos em capital, como a indústria extrativa mineral e empresas de óleo e gás. Além daqueles que utilizam com frequência mecanismos de leasing em suas operações, como locadoras de veículos e instituições financeiras. “Qualquer empresa com grandes contratos de leasing operacional atualmente terá consequências, caso das companhias aéreas e do setor varejista”, diz Sutcliffe.

    Para os analistas e usuários das demonstrações financeiras, entretanto, a publicação da nova norma é bem-vinda, na medida em que aumenta a transparência na divulgação das informações contábeis. “Os usuários terão uma noção um pouco mais clara dos efetivos compromissos financeiros das empresas com operações de arrendamento”, diz Reginaldo Alexandre.

  • Reportagem

    Antecipando perdasPor Felipe Datt

    As empresas brasileiras terão, dentro de pouco mais de dois anos, um novo modelo obrigatório para o reconhecimento contábil das perdas sobre ativos financeiros. A partir dessa data, a contabilização deixa de ser puramente retrospectiva, como ocorre atualmente, e passará também a ser prospectiva, em um modelo criado justamente para capturar de forma antecipada o aumento das variações esperadas nos níveis de inadimplência. As novas regras constam do IFRS 9, uma das mais complexas entre as normas internacionais de contabilidade IFRS – e também uma das que registraram um dos maiores períodos de maturação entre as discussões iniciais e sua efetiva publicação.

    Publicada em 24 de julho de 2014 em substituição ao IAS 39, a norma teve seu projeto iniciado um pouco antes da crise financeira internacional de 2008. Desde então, sofreu alterações de escopo, com publicações parciais ao longo do tempo até que fosse finalmente aprovada pelo International Accounting Standards Board (IASB) há pouco mais de um ano. Em linhas gerais, o IFRS 9 traz como novidades as novas regras de classificação e mensuração de instrumentos financeiros, de impairment e de hedge accounting. A principal entre elas, entretanto, é a substituição do modelo de perda incorrida para os casos de inadimplência.

    Durante a vigência do IAS 39, existiam restrições para que uma empresa fizesse provisões para perdas com base em expectativas, mesmo quando havia fortes evidências de problemas futuros na capacidade dos seus clientes arcarem com seus compromissos financeiros. Com a publicação do IFRS 9, entretanto, cuja aplicação no Brasil deverá ser obrigatória nas demonstrações contábeis publicadas a partir de 1º de janeiro de 2018, as empresas deverão registrar em seus balanços não apenas as perdas incorridas, a exemplo de um crédito a receber já vencido e não pago, como também estimativas de perdas futuras.

    Lembrando que a Provisão para Devedores Duvidosos (PDD), na prática, funciona como uma espécie de colchão para amortecer possíveis perdas. De certa maneira, o IFRS 9 nasce como resposta aos estragos causados na crise financeira de 2008, quando o G-20 exerceu pressão nos principais órgãos contábeis internacionais com o entendimento de que os modelos de contabilidade utilizados até então eram incapazes de refletir eventuais mudanças nos cenários de risco de crédito.

    Isso porque, em cenários de deterioração da atividade econômica e de retração do Produto Interno Bruto (PIB), a probabilidade de aumento nos índices de inadimplência

    em operações de empréstimos e financiamentos é grande. Pelo modelo de contabilização baseado nas perdas incorridas, eventuais mudanças de humor na economia – e na capacidade de pagamento da clientela – não eram capturadas. Na prática, conforme as regras do IAS 39, para registrar uma provisão era necessário que um evento de perda ocorresse. “As provisões acabavam ficando com um delay. Esperava-se primeiro ocorrer uma situação ruim e daí sim era registrada uma provisão. A partir de 2018, as demonstrações financeiras também refletirão as perdas esperadas e não somente as incorridas”, explica Eduardo Perdigão, sócio de Financial Accounting Advisory Services (FAAS) da EY.

    O IFRS 9 estabelece regras para o registro da provisão, em um modelo baseado em três estágios. O estágio 1, normalmente, é o do momento da concessão dos recursos, quando a entidade terá que calcular a probabilidade de perda desse crédito – a “perda esperada” – para um horizonte de 12 meses, independentemente do prazo total da operação. A análise de probabilidade de perda pode ser feita tanto de forma individual, como no caso de empréstimos concedidos a grandes empresas, ou na forma coletiva, com projeções de perda para toda uma carteira ou um conjunto de clientes. É importante frisar que, no estágio 1, não haverá constituição de PDD. “Suponhamos que exista uma carteira de financiamento de veículos com perda estimada de 1% em 12 meses. A instituição financeira embutirá esse 1% de perda no cálculo de sua taxa de juro efetiva”, diz Perdigão.

    O IFRS 9, entretanto, exige que a empresa realize outras estimativas de probabilidade de perda. À medida que o risco de inadimplência se torna maior, com mudanças no rating dos clientes ou piora no cenário econômico que sugira um aumento de inadimplência futura – sem, entretanto, que haja a ocorrência de um evento de perda –, a entidade passará a calcular a perda esperada não mais para um horizonte de 12 meses, mas pelo prazo total da operação. É o chamado estágio 2. Em alguns casos, como na concessão de crédito de longo prazo, como o imobiliário, isso pode requerer que sejam feitos cálculos de perdas esperadas para um período de 25 ou 30 anos, por exemplo.

    “As empresas terão que fazer o monitoramento constante das carteiras para controlar quem sai de um estágio para outro. É preciso lembrar que, se não houver piora no rating do cliente ou da carteira, os cálculos de perdas deverão ser feitos sempre com horizontes de 12 meses”, diz Perdigão. Assim como no estágio 1, a instituição embutirá a “perda esperada” na taxa de juros efetiva

    Good Group | EY12

  • da operação. Por fim, o estágio 3 é quando ocorre um evento de perda, baseado em metodologia a ser definida pela entidade – atrasos das parcelas por períodos superiores a 90 dias, por exemplo.

    Nesse estágio, a entidade continua a efetuar o cálculo da perda esperada pelo prazo total da operação e começa, também, a calcular a PDD. Assim como ocorre no IAS 39, a entidade deve contabilizar o valor a receber e a provisão constituída – uma espécie de redutora do empréstimo. Por exemplo, se a entidade tem R$ 1 milhão a receber e cálculo de perda esperada de R$ 100 mil, deverá contabilizar R$ 1 milhão a receber e R$ 100 mil de provisão para perda, como conta redutora do valor a receber.

    O IFRS 9 ainda não tem uma norma correlata no Brasil, e a expectativa é que o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), responsável pela emissão dos pronunciamentos contábeis, coloque o assunto em audiência pública em 2016. Qual será, afinal, o impacto da norma, sobretudo para as instituições financeiras brasileiras, considerando o cenário atual de deterioração da economia e o aumento dos índices de inadimplência? Conforme o membro do CPC e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Jorge Andrade Costa, para os bancos brasileiros o IFRS 9 não chega a ser uma grande novidade.

    Isso porque as instituições bancárias nacionais seguem as regras da Resolução 2682/99 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que dispõe justamente sobre os critérios de classificação das operações de crédito e estabelece as regras para constituição de provisão para créditos de liquidação duvidosa. Hoje, as operações bancárias de crédito no Brasil são classificadas em um rating crescente de risco que determina o cálculo da provisão para fazer frente a eventuais episódios de inadimplência. As regras para registro de provisões já incluem o conceito de perda esperada, ainda que sejam diferentes das internacionais.

    “Como o Brasil já está alinhado ao conceito de perdas esperadas, não vejo um grande efeito ou impacto do IFRS 9 no resultado dos bancos. Outro fato que joga a favor é a similaridade do IFRS com os próprios cálculos de probabilidade de default estabelecidos por Basileia. No Brasil, o efeito será menor do que o sentido por instituições bancárias na Europa, que deverão ter uma PDD muito maior porque utilizam o modelo de perda incorrida e não o de perda esperada”, diz.

    Alguns ajustes, sobretudo operacionais, entretanto, serão feitos. O monitoramento de quando uma operação sai de um estágio para outro é uma das maiores dificuldades, alerta Eduardo Perdigão, da EY. “Há necessidade de investimentos em sistemas para monitorar a deterioração do risco de crédito”, diz. “A transição do estágio 1 para

    o 2 é mais brusca do que estamos acostumados hoje. Saímos da análise de perda de um horizonte de 12 meses para uma análise da vida completa do crédito”, corrobora Costa, do CPC.

    A dúvida, agora, se concentra na adoção ou não da nova norma pelo Banco Central, assim que o CPC correspondente for publicado no Brasil. Até o momento, o Banco Central tem se mostrado pouco propenso a internalizar os pronunciamentos contábeis emitidos pelo IASB – foram apenas nove aprovados. É certo, porém, que o Banco Central já sinaliza que as demonstrações contábeis das instituições financeiras deverão ser divulgadas no padrão IFRS com uma periodicidade trimestral, e não apenas anual, como ocorre atualmente. “O Banco Central pode até aprovar o IFRS 9, mas isso deverá demorar ao menos cinco anos. Por enquanto, não há nenhuma sinalização de que a norma pode ser aprovada no curto prazo”, projeta Costa.

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    Demonstrações financeiras do Good Group

    Palavras iniciais

    Esta publicação contém um conjunto ilustrativo de demonstrações financeiras e foi elaborada pela EY para auxiliar profissionais responsáveis pela preparação e divulgação de DFs, considerando os pronunciamentos contábeis do CPC, ou Comitê de Pronunciamentos Contábeis, aplicáveis ao exemplo. Essa elaboração – de uma companhia manufatureira fictícia, portanto não financeira – pretendeu explorar aspectos que sirvam como ponto de partida na escolha de conteúdos e formatos presentes nas demonstrações que melhor representem a visão dos administradores sobre a situação dos negócios da companhia.

    Nesse exemplo foram divulgados apenas os saldos consolidados de um grupo de empresas hipotético. Contudo, de acordo com a Lei n° 11.638 de 2007, as demonstrações consolidadas do grupo devem ser divulgadas em conjunto com a demonstração individual da sociedade controladora.

    É importante observar que essas são demonstrações financeiras ilustrativas e, portanto, não são preparadas com o objetivo de atender às exigências de qualquer país ou aos regulamentos do mercado de ações, e não ilustram todas as possíveis exigências contábeis ou de divulgação de informações de acordo com os CPCs. Dessa forma, sempre que houver menção de que as demonstrações financeiras estão de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil, isso significa que estão de acordo com a hierarquia de pronunciamentos aprovados pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e com as deliberações emitidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), aplicáveis apenas a esse determinado exemplo. Devem ser consideradas, ainda, eventuais diferenças na aplicação dos pronunciamentos em decorrência de situações específicas que podem ocorrer em outras empresas do mesmo segmento.

    As anotações à direita de cada página referem-se aos parágrafos dos CPCs que descrevem as exigências específicas para divulgação. No caso de dúvidas sobre as exigências do CPC, é essencial consultar fontes pertinentes e, quando necessário, obter aconselhamento profissional adequado.

    Esta iniciativa demonstra o comprometimento da EY com a orientação sobre as melhores práticas de divulgação das informações contábeis para as companhias que buscam o fair presentation nas suas relações com os investidores. Esperamos que seja de utilidade para os administradores e contadores envolvidos na tarefa de preparar e divulgar informações de alta qualidade e, para isso, colocamos toda a nossa equipe à disposição em caso de dúvida sobre qualquer aspecto abordado nesta publicação.

    Políticas contábeis

    A realização do conceito de “representação apropriada”, tradução escolhida pelo CPC para a expressão true and fair view, deve levar a um processo de busca da essência econômica das informações contábeis. Sugerem-se as seguintes etapas no planejamento do processo contábil pela alta administração com vistas ao objetivo de divulgação (CPC 26.17):

    a) formulação e escolha de políticas contábeis, particularmente as chamadas políticas contábeis críticas, com amplo reconhecimento na governança da empresa;

    b) divulgação ampla dessas políticas;c) escolhas de divulgação dos quadros e notas explicativas nos aspectos de forma e conteúdo com o objetivo de

    instruir um investidor interessado na empresa com informações adicionais relevantes, ou seja, aquelas capazes de alterar o julgamento desse investidor.

    Projetos em andamento e concluídos no IASB e no FASB

    Após oito anos de intensos debates no mercado, o IASB (International Accounting Standards Board) e o FASB (Financial Accounting Standards Board) emitiram o pronunciamento de Receitas de Contratos com Clientes (codificado como IFRS 15 e ASC 606, respectivamente) em maio de 2014, que alinha os princípios de reconhecimento de receitas entre as normas internacionais e as norte-americanas. Esse pronunciamento, há muito tempo aguardado por todos os interessados-chave, substitui todas as normas contábeis de receita nas duas práticas e impacta todas as indústrias em maior ou menor grau. A norma passa a vigorar a partir de 1º de janeiro de 2018, mas seus impactos devem ser analisados imediatamente considerando as regras de divulgação de dados comparáveis na adoção inicial do pronunciamento. Até esta data, o CPC não havia emitido ainda a norma correspondente no Brasil. A norma originalmente teria data inicial de vigência em 2017, mas os boards decidiram postergar sua vigência por conta das dificuldades de implementação levantadas pelo mercado.

    O IASB e o FASB estão debatendo ainda dois projetos principais – leasing e seguros – que não foram concluídos até o presente momento, como originalmente previsto, tendo em vista os requisitos de qualidade desejáveis. O IASB iniciou no final de 2013 discussão sobre a estrutura conceitual básica que serve de parâmetro para a emissão dos demais pronunciamentos.

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    A mudança nessas normas contábeis internacionais deve merecer o adequado monitoramento sobre as modificações e entrada em vigor, tendo em vista os eventuais reflexos na condução dos negócios e na comunicação com os investidores.

    Combinação de negócios sob controle comum

    Esse é um tema importante e generalizado, que passou a contar com um grupo de trabalho específico junto ao CPC para sua análise e pode ser observado sob os seguintes aspectos:

    a) não existe regulação IFRS a respeito de transações sob controle comum;b) representa uma transação entre partes relacionadas;c) não está sujeita às forças de mercado;d) pode existir grande diversidade na necessidade de informações de investidores e financiadores sobre

    as demonstrações financeiras separadas ou individuais; ee) a existência de interesses dos não controladores nas entidades sob controle comum é um aspecto relevante

    a ser levado em consideração. Existem ainda aspectos como eventuais efeitos tributários, efeitos em reorganizações subsequentes e a remuneração dos administradores, o que dá uma ideia da dimensão das consequências determinadas pelas políticas contábeis escolhidas para tratar esse tipo de transação.

    Comunicação com o investidor

    A Instrução CVM nº 527 de 2012 rege a divulgação dos indicadores não contábeis muito divulgados de forma voluntária pelas companhias, denominados Lajida — Lucro Antes dos Juros, Impostos sobre Renda incluindo Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, Depreciação e Amortização, e Lajir (Ebit) — Lucro Antes de Juros e Impostos sobre a Renda incluindo Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (Ebitda/Ebit).

    Até a vigência dessa instrução, era comum que as companhias adotassem um padrão próprio para divulgação desses indicadores, criando uma dificuldade de comparação entre empresas do mesmo segmento pelos usuários das informações financeiras. Essa instrução abrange a divulgação do Lajida/Lajir no Formulário de Referência, prospectos de ofertas públicas, relatório da administração e demais comunicados ao mercado.

    Devido à sua utilidade para o mercado, a CVM passou a requerer que o mesmo cuidado e atenção despendidos às informações contábeis também sejam dados aos indicadores não contábeis. Um dos princípios-chave que norteiam a divulgação do Lajida/Lajir é que os dados que compõem suas bases de cálculo devem constar da demonstração de resultados.

    É permitida a divulgação do Lajida/Lajir ajustado, desde que sejam divulgados os critérios para seu cálculo, haja uma conciliação para o Lajida/Lajir padrão e sejam calculados de forma consistente no decorrer do tempo.

    A Instrução CVM nº 527 de 2012 entrou em vigor para as demonstrações financeiras referentes ao exercício social de 31 de dezembro de 2012.

    Dentro desse contexto de comunicação com o investidor, foram emitidos a OCPC 06 — Informações Financeiras Pró-forma e CPC 44 — Demonstrações Combinadas, que também tratam de informações muito utilizadas pelo mercado e que até 2013 não possuíam regulamentação específica.

    Comentários sobre o ambiente contábil

    A dinâmica das operações nos mercados de capitais e o aperfeiçoamento contínuo da regulação tiveram acrescentado mais um ingrediente com a adoção plena da IFRS. Está desenhado à frente dos participantes do processo contábil — aí incluídos contadores, auditores, analistas, diretores, conselheiros, reguladores e outros — claramente um processo de mudança cultural. O processo de preparação das informações contábeis incorporou um nível tal de complexidade que não é mais possível que os participantes não diretamente envolvidos, como administradores e conselheiros, se furtem às perguntas que devem ser feitas para o contínuo aperfeiçoamento dos relatórios contábeis.

    Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC)

    O CPC tem como objetivo “o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais”. A capacidade do CPC é utilizada pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM, que aprova os pronunciamentos do CPC com base no dispositivo legal previsto no parágrafo 5 do artigo 177 da lei societária.

    O CPC representa uma evolução significativa no trato de questões regulamentares brasileiras na medida em que reúne representantes de entidades da iniciativa privada, do mundo acadêmico e do setor profissional de contabilidade. São elas: Abrasca, Apimec, Bovespa, Conselho Federal de Contabilidade, Fipecafi e Ibracon. Além dos membros

  • Good Group | EY16

    atuais, outras entidades, como o Banco Central do Brasil (Bacen), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Secretaria da Receita Federal e a Superintendência de Seguros Privados (Susep), são sempre convidadas a participar.

    Comentários gerais sobre as demonstrações financeiras

    Demonstrações separadas, individuais e consolidadas

    As demonstrações individuais das entidades que têm investimentos em controladas e joint ventures devem ser divulgadas em conjunto com as demonstrações financeiras consolidadas (integral ou proporcional), conforme requerido pela legislação societária. A divulgação das demonstrações financeiras individuais, requerida pela legislação societária no Brasil, atende à necessidade da divulgação de diversos cálculos com efeitos societários (determinação dos dividendos mínimos obrigatórios e distribuídos, do valor patrimonial da ação, etc.) (ICPC 09.6,7,8).

    Considera-se, entretanto, de maior utilidade para o usuário investidor a demonstração consolidada, o que implica maior utilização desse tipo de demonstração para o uso em comentários gerenciais e no relatório de administração.

    Em 2014 houve finalmente a emissão do pronunciamento IAS 27 – Separate Financial Statements revisado (que no Brasil equivale ao CPC 35), em que o IASB permitiu a adoção de método de equivalência patrimonial nas demonstrações separadas para avaliação de investimentos em controladas, coligadas e controladas em conjunto. Essa permissão, válida a partir dos exercícios iniciados a partir de 1º de janeiro de 2016, eliminará uma das poucas diferenças entre a IFRS e as práticas contábeis adotadas no Brasil, e vem ao encontro de diversos pedidos de análise enviados pelo Brasil e outros países da América Latina. No Brasil, a norma foi adotada na prática em 31 de dezembro de 2014.

    Políticas gerais na apresentação das demonstrações financeiras

    Algumas orientações podem ser extraídas dos CPCs como “regras de divulgação” aplicáveis às demonstrações:

    • Equilíbrio A entidade deve apresentar com igualdade de importância todas as demonstrações financeiras que façam parte do conjunto completo de demonstrações financeiras, o que implica não destacar nenhuma das demonstrações em prejuízo das outras; essas demonstrações são complementares, e o efeito das transações deve ser considerado em todas as peças desse conjunto em lugar de enfatizar a posição financeira sobre a demonstração do resultado ou vice-versa (CPC 26.11);

    • Integridade Políticas contábeis inadequadas não podem ser retificadas por meio da divulgação das políticas contábeis utilizadas ou por notas ou qualquer outra divulgação explicativa (CPC 26.18);

    • Continuidade As demonstrações financeiras devem ser elaboradas no pressuposto da continuidade, a menos que a administração tenha intenção de liquidar a entidade ou cessar seus negócios, ou ainda não possua uma alternativa realista senão a descontinuação de suas atividades (CPC 26.25);

    • Materialidadei) Se um item não for individualmente material, deve ser agregado a outros itens, seja nas demonstrações

    financeiras, seja nas notas explicativas;ii) Um item pode não ser suficientemente material para justificar a sua apresentação individualizada nas

    demonstrações financeiras, mas pode ser suficientemente material para ser apresentado de forma individualizada nas notas explicativas;

    iii) Não é necessário fornecer uma divulgação requerida se a informação não for material (CPC 26.30);

    • Compensação de ativos e passivos Ativos e passivos, e receitas e despesas não devem ser compensados como regra geral, exceto quando refletirem a essência da transação; a mensuração de ativos líquidos de provisões relacionadas, por exemplo, a de obsolescência nos estoques ou a de créditos de liquidação duvidosa nas contas a receber de clientes, não é considerada compensação (CPC 26.32,33);

    • Compensação de receitas e despesas As transações não ordinárias que não geram propriamente receitas, mas que são incidentais às atividades principais geradoras de receitas, devem ser apresentadas compensando-se quaisquer receitas com as despesas relacionadas resultantes da mesma transação. Por exemplo: (i) ganhos e perdas na alienação de ativos não circulantes, incluindo investimentos e ativos operacionais, devem ser apresentados de forma líquida, deduzindo-se seus valores contábeis dos valores recebidos pela alienação e reconhecendo-se as despesas de venda relacionadas; e (ii) despesas relacionadas com uma provisão reconhecida de acordo com o CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes e que tiveram reembolso segundo acordo contratual com terceiros (por exemplo, acordo de garantia do fornecedor, passivos contingentes e ativos contingentes) podem ser compensadas com o respectivo reembolso (CPC 26.34);

    • Informações sobre períodos anteriores A informação referente ao período anterior, inclusive a informação narrativa e descritiva, deve ser divulgada para todos os valores apresentados nas demonstrações financeiras do período corrente quando for relevante para a compreensão do conjunto das demonstrações do período corrente ou quando continua a ser relevante no período corrente (CPC 26.38,40);

    • Mudanças de políticas contábeis

  • Good Group | EY 17

    Quando a entidade aplica uma política contábil retrospectivamente ou faz a divulgação retrospectiva de itens de suas demonstrações financeiras, ou, ainda, quando reclassifica itens de suas demonstrações financeiras, deve apresentar, como mínimo, quando relevantes, três balanços patrimoniais e duas de cada uma das demais demonstrações financeiras, bem como as respectivas notas explicativas. Os balanços patrimoniais a serem apresentados nesse caso devem ser os relativos: i) ao término do período corrente; (ii) ao término do período anterior (que corresponde ao início do período corrente); e (iii) ao início do mais antigo período comparativo apresentado (CPC 26.39);

    • Mudança na apresentação Quando a apresentação ou a classificação de itens nas demonstrações financeiras forem modificadas, por mudança na natureza das operações, revisão por melhoria na apresentação das demonstrações ou exigência de outro pronunciamento, os montantes apresentados para fins comparativos devem ser reclassificados, a menos que a reclassificação seja impraticável. Quando os montantes apresentados para fins comparativos são reclassificados, a entidade deve divulgar: (i) a natureza da reclassificação; (ii) o montante de cada item ou classe de itens que foi reclassificado; e (iii) a razão para a reclassificação (CPC 26.41,45);

    • Identificação Cada demonstração contábil e respectivas notas explicativas devem ser identificadas claramente e distinguidas de qualquer outra informação que porventura conste no mesmo documento publicado (CPC 26.49,51). Além disso, as seguintes informações devem ser divulgadas de forma destacada e repetida quando necessário: (i) o nome da entidade; (ii) se as demonstrações financeiras se referem a uma entidade individual ou a um grupo de entidades; (iii) a data-base das demonstrações financeiras e notas explicativas e o respectivo período abrangido; (iv) a moeda de apresentação; (v) o nível de arredondamento usado na apresentação dos valores nas demonstrações financeiras (CPC 26.51).

    Balanço patrimonial (ou demonstração da posição financeira)

    A informação a ser apresentada no balanço patrimonial tem uma prática bastante consolidada ao longo do tempo no Brasil, entretanto, é necessário destacar que a lista de itens mínimos determinada pelos pronunciamentos e regulações geralmente não atende aos requisitos de uma boa divulgação, motivo pelo qual os administradores devem avaliar a estrutura das demonstrações (contas e detalhamentos) com referência aos propósitos a serem alcançados nas divulgações.

    A adequação das contas deve ser julgada com base na (i) natureza e liquidez dos ativos, (ii) na função dos ativos na entidade, e (iii) nos montantes, natureza e prazo dos passivos (CPC 26.58). Os detalhamentos das contas também usam os mesmos critérios, como, por exemplo (CPC 26.78):

    (a) os itens do ativo imobilizado são segregados em classes de acordo com o CPC 27 – Ativo Imobilizado;(b) as contas a receber são segregadas em montantes a receber de clientes comerciais, contas a receber

    de partes relacionadas, pagamentos antecipados e outros montantes;(c) os estoques são subclassificados, de acordo com o CPC 16 (R1) – Estoques, em classificações

    tais como mercadorias para revenda, insumos, materiais, produtos em processo e produtos acabados; (d) as provisões são segregadas em provisões para benefícios dos empregados e outros itens; e(e) o capital e as reservas são segregados em várias classes, tais como capital subscrito e integralizado,

    prêmios na emissão de ações e reservas.

    Distinção entre ativos e passivos circulantes e não circulantes

    Nas empresas não financeiras é usual que os ativos não circulantes contenham ativos tangíveis, intangíveis e financeiros de longo prazo. Os ativos circulantes nesse tipo de empresa são identificados como os itens que participam do ciclo operacional, ou seja, do capital de giro. A exceção a esse critério é quando a demonstração está baseada no critério de liquidez, geralmente aplicável às instituições financeiras.

    A distinção entre circulante e não circulante é baseada no ciclo operacional ou de ativos realizados e passivos liquidados dentro desse mesmo ciclo; a norma define o ciclo operacional como o tempo entre a aquisição dos ativos que circulam continuamente (capital de giro) e sua realização em caixa; alternativamente, presume-se um prazo de 12 meses para o ciclo operacional no caso de não ser claramente identificável (CPC 26.60-65); a divulgação da posição financeira em muitas empresas opta por estabelecer o limite de 12 meses como única referência para essa distinção, porém os objetivos de atender um usuário interessado na elaboração de fluxos de caixa prospectivos são mais bem atendidos se ficar claro para o leitor quais os itens que participam do capital de giro da companhia, tendo em vista a existência de outros itens com vencimento para os 12 meses seguintes.

    Demonstração do resultado e demonstração do resultado abrangente

    Por força da necessidade de atender às disposições societárias, o CPC 26 (R1) optou por apresentar a demonstração do resultado abrangente em duas demonstrações. A demonstração do resultado do período com os itens que tradicionalmente já faziam parte do resultado e a demonstração do resultado abrangente, contendo, no mínimo (CPC 26.82A):

    (a) resultado líquido do período; (b) cada item dos outros resultados abrangentes classificados conforme sua natureza (exceto montantes relativos

    ao item (c); (c) parcela dos outros resultados abrangentes de empresas investidas reconhecida por meio do método

    de equivalência patrimonial; e

  • Good Group | EY18

    (d) resultado abrangente do período.

    O conceito do resultado abrangente pretende explicar todas as variações no patrimônio líquido, com exceção das transações entre acionistas e, por esta razão, tem alta importância para o investidor interessado no desempenho da empresa porque reúne todas as transações que afetam o resultado em uma única demonstração. A dificuldade no caso brasileiro é conciliar essa visão, chamada de all inclusive, porque inclui todas as transações que alteram o patrimônio líquido, com a lei societária, em especial nas exigências do cálculo do dividendo mínimo obrigatório.

    Demonstração dos fluxos de caixa

    A informação sobre fluxos de caixa proporciona aos usuários das demonstrações financeiras uma base para avaliar a capacidade da entidade para gerar caixa e seus equivalentes e as necessidades da entidade para utilizar esses fluxos de caixa. O CPC 03 (R2) – Demonstração dos Fluxos de Caixa define os requisitos para a apresentação da demonstração dos fluxos de caixa e respectivas divulgações (CPC 26.111).

    Os seguintes tópicos principais devem ser usados em todos os fluxos de caixa:

    Atividades operacionais: são as principais atividades geradoras de receita da entidade;

    Atividades de investimento: são as aquisições e vendas de ativos de longo prazo;

    Atividades de financiamento: são atividades que resultam em mudanças no tamanho e na composição do patrimônio líquido e dos empréstimos da empresa.

    As somas e subtrações desses itens resultam na mudança do caixa mais equivalentes e compreendem numerário, depósitos bancários e investimentos de curto prazo com alta liquidez e baixíssimo risco.

    A demonstração dos fluxos de caixa decorrentes das atividades operacionais, de investimento e de financiamento deve ser apresentada da forma que seja mais apropriada aos negócios da empresa. A classificação por atividade proporciona informações que permitem aos usuários avaliar o impacto de tais atividades sobre a posição financeira da entidade e o montante de seu caixa e equivalentes de caixa. Essas informações podem também ser usadas para avaliar a relação entre essas atividades (CPC 3 (R2).12).

    O principal problema para as companhias brasileiras é a classificação dos juros e dividendos, que no pronunciamento internacional IAS 7 permite tratamentos alternativos, mas recebe uma diretriz específica no caso do pronunciamento americano. O pronunciamento IAS 7 permite a uma empresa não financeira classificar de forma consistente entre os períodos: (a) juros (despesas financeiras) e dividendos pagos ou recebidos no tópico “operacional”, ou (b) juros e dividendos pagos como “financiamento”, ou seja, custo da obtenção dos recursos financeiros, e juros (receitas financeiras) e dividendos recebidos como “investimento”, ou seja, retornos sobre investimento.

    Já o pronunciamento americano, por outro lado: (i) requer que os juros pagos e os juros e dividendos recebidos devam ser classificados como fluxo de caixa operacional; (ii) classifica os dividendos pagos como um fluxo de caixa de “financiamentos”, porque são considerados um custo para obter recursos. Acrescente-se que as normas americanas determinam que a transação deve ser classificada na atividade que representar a fonte predominante de fluxos de caixa para o item, e essa diferença pode fazer com que a empresa potencialmente varie a classificação para um mesmo tipo de transação.

    A premissa subjacente no caso do pronunciamento americano é a convergência entre o fluxo de caixa operacional e os itens do resultado. A IAS 7 requer divulgar, separadamente, os juros pagos e recebidos e os dividendos pagos e recebidos, e as normas americanas permitem que os juros e dividendos recebidos possam ser divulgados em conjunto.

    Recomenda-se que as empresas brasileiras, particularmente aquelas com registro em bolsas americanas, estabeleçam e divulguem em nota explicativa às demonstrações de fluxos de caixa uma política contábil para esses itens. Uma forma de conciliação entre esses pronunciamentos poderia ser a demonstração de juros pagos e juros e dividendos recebidos como item do fluxo de caixa operacional, e os dividendos pagos como item do fluxo de caixa de financiamento, mantendo-se cada um desses itens demonstrado em separado.

    Demonstração das mutações do patrimônio líquido

    Para cada componente do patrimônio líquido, a conciliação do saldo é feita no início e no final do período, demonstrando-se separadamente as mutações decorrentes: (i) do resultado líquido; (ii) de cada item dos outros resultados abrangentes; e (iii) de transações com os proprietários realizadas na condição de proprietário, demonstrando separadamente suas integralizações e as distribuições realizadas, bem como modificações nas participações em controladas que não implicaram perda do controle (CPC 26.106(R1)).

    O CPC 26 (R1) requer ainda as seguintes informações no balanço patrimonial, na demonstração das mutações do patrimônio líquido ou nas notas explicativas:

    (a) para cada classe de ações do capital:(i) a quantidade de ações autorizadas;(ii) a quantidade de ações subscritas e inteiramente integralizadas, e subscritas mas não integralizadas;(iii) o valor nominal por ação, ou informar que as ações não têm valor nominal;(iv) a conciliação da quantidade de ações em circulação no início e no fim do período;(v) os direitos, preferências e restrições associados a essa classe de ações, incluindo restrições na distribuição

    de dividendos e no reembolso de capital;(vi) ações ou quotas da entidade mantidas pela própria entidade (ações ou quotas em tesouraria) ou por

    controladas ou coligadas; e

  • Good Group | EY 19

    (vii) ações reservadas para emissão em função de opções e contratos para a venda de ações, incluindo os prazos e respectivos montantes; e

    (b) uma descrição da natureza e da finalidade de cada reserva dentro do patrimônio líquido.

    Notas explicativas

    A melhor redação na elaboração de notas explicativas é aquela que melhor atende aos objetivos das demonstrações, ou seja, contribui na avaliação pelo leitor do desempenho da empresa ou na inferência de fluxos de caixas futuros. Esse objetivo é geralmente limitado pela cultura contábil da empresa e do ambiente, além da tradição na redação das notas, que geralmente levam a um “conservadorismo” do texto.

    A mudança para a contabilidade internacional traz, entretanto, um impacto considerável na formulação dessas notas pelo aumento da complexidade nas estimativas contábeis e pela necessidade de atender a novos requisitos provocados pelos novos pronunciamentos, à regulação do mercado de capitais e à evolução das demonstrações das outras empresas no ambiente global.

    As notas explicativas devem (CPC 26.112 (R1)):

    (a) apresentar informação acerca da base para a elaboração das demonstrações financeiras e das políticas contábeis específicas utilizadas, de acordo com os itens 117 a 124;

    (b) divulgar a informação requerida pelos pronunciamentos, orientações e interpretações que não tenha sido apresentada nas demonstrações contábeis; e

    (c) prover informação adicional que não tenha sido apresentada nas demonstrações financeiras, mas que seja relevante para sua compreensão.

    A introdução das notas relativas aos “julgamentos, estimativas e premissas contábeis significativas” representa uma evolução recente e importante de divulgação. A sua origem remonta à exigência por parte da autoridade reguladora americana (SEC), que incluiu as “estimativas contábeis críticas” como item obrigatório dos Comentários Gerenciais (Management Discussion and Analysis — MD&A), o que levou as empresas que operam no ambiente global à inclusão de uma nota explicativa com um conteúdo similar. No Brasil, com a revisão das normas de registro de companhia feitas pela Instrução CVM n° 480 e a introdução nessa norma dos ”comentários dos diretores” (assemelhados aos MD&A) no item 10 do “Formulário de Referência”, existe também a necessidade de incluir essa nota explicativa com o mesmo conteúdo, já que se trata de informação contábil relevante divulgada em uma outra mídia.

    Essa nota explicativa deve conter as premissas adotadas nas estimativas contábeis que envolvam níveis significativos de subjetividade relativos a itens sobre os quais exista incerteza no julgamento. A divulgação desses aspectos deve aumentar a compreensão sobre a qualidade e a variabilidade que influenciem a condição financeira e o desempenho operacional.

    Finalmente, as expressões genéricas devem ser evitadas porque são irrelevantes à análise do investidor, como, por exemplo, “... taxas permitidas pela legislação...” ou, de forma redundante, ”... elaboradas de acordo com a lei...”, “... de acordo com as legislações societária, tributária e normas específicas dos órgãos reguladores da matéria...”. Esse tipo de redação sugere uma obediência às normas sem divulgar as bases da estimativa contábil ou as escolhas feitas pelos administradores.

    A qualidade das divulgações tem sido bastante discutida no âmbito do CPC e em grupos de trabalho especificamente criados para esse fim. Essas discussões culminaram na emissão da OCPC 07, que trata da evidenciação na divulgação dos relatórios contábil-financeiros de propósito geral, que, com base na literatura já existente, notadamente o CPC 00 e o CPC 26, dão diretrizes para a divulgação de informações relevantes para os usuários das demonstrações financeiras. O item 13 da OCPC 07 cita: “Se a informação contábil-financeira é para ser útil, ela precisa ser relevante e representar com fidedignidade o que se propõe a representar. A utilidade da informação contábil-financeira é melhorada se ela for comparável, verificável, tempestiva e compreensível.” Já o item 17 cita que: “Resumindo, a Estrutura Conceitual determina que toda informação é relevante e deve ser divulgada se sua omissão ou sua divulgação distorcida puder influenciar decisões que os usuários tomam como base no relatório contábil-financeiro de propósito geral da entidade específica que reporta a informação. Consequentemente, se não tiver essa característica, a informação não é relevante e não deve ser divulgada. Além disso, a informação, quando for relevante, deve ser completa, neutra, livre de erro, comparável, verificável, tempestiva e compreensível.” Os itens 20 a 37 listam também as diretrizes adicionais que devem ser levadas em conta no momento da preparação das notas explicativas. Interessante notar que o item 28 requer que somente as práticas contábeis eletivas devem ser divulgadas em nota. As que não possuem alternativas não precisam ser divulgadas.

    Apesar de essa publicação conter várias divulgações sugeridas, cada entidade deve exercer seu julgamento na preparação das notas explicativas consoante as disposições da OCPC 07 de forma a prover somente as informações realmente úteis ao seu leitor, bem como as boas práticas do mercado, tais como os pronunciamentos de orientação emitidos pelo Comitê de Orientação para Divulgação ao Mercado (CODIM).

  • Good Group | EY20

    Comentários para o exemplo ilustrativo do Good Group

    As demonstrações e notas explicativas apresentadas são apenas ilustrativas e não contêm todos os detalhes e cruzamentos próprios ao conjunto das demonstrações financeiras de uma empresa em particular. Não obstante, no propósito de estabelecer uma base da qual as pessoas envolvidas na emissão desses relatórios contábeis possam partir, as notas explicativas em alguns casos podem ser percebidas como mais extensas do que as notas explicativas tradicionais no ambiente contábil brasileiro. O objetivo em todos os casos é apresentar referências que possam ser úteis aos emissores das demonstrações financeiras. Os CPCs contêm exigências de divulgação maiores do que aquelas das regras anteriores a que as companhias brasileiras estavam acostumadas, o que torna este momento especialmente desafiador. No apoio a esses desafios, a EY preparou para as companhias não financeiras brasileiras uma visão dessa evolução, com o propósito de servir ao público envolvido na preparação e utilização dos relatórios contábeis.

    A CVM publicou a Instrução n° 485, de setembro de 2010, alterando a Instrução CVM n° 457 de 2007, e que determina a elaboração das demonstrações financeiras consolidadas de acordo com os pronunciamentos emitidos pelo International Accounting Standards Board – IASB. A norma esclarece, ainda, que esses pronunciamentos são aqueles emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC e referendados pela CVM.

    Base de apresentação das demonstrações financeiras do Good Group.

    As demonstrações financeiras do Good Group apresentadas neste documento representam os números consolidados do Grupo para os exercícios findos em 31 de dezembro de 2015, considerando que a data de transição para a IFRS e full CPC foi 1º de janeiro de 2009, data na qual foi aplicado o CPC 37. Para fins de exemplificação, estão sendo apresentadas somente as demonstrações financeiras consolidadas de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil (CPC) convergentes com as IFRS. Cabe notar que a legislação societária brasileira requer a apresentação de demonstrações financeiras individuais, não contidas neste modelo.

    A demonstração consolidada do valor adicionado, apesar de não requerida pelas IFRS, é obrigatória para as companhias abertas no Brasil, sendo facultativa para as demais entidades, a menos que exigida pelo seu órgão regulador.

    Moeda funcional

    A moeda funcional da controladora e a moeda de apresentação das demonstrações financeiras consolidadas do Grupo é o real. No caso das demonstrações financeiras de um grupo, deve ser enfatizado que não existe uma moeda funcional do grupo, e sim uma moeda de apresentação. Cada entidade incluída nas demonstrações financeiras consolidadas, seja controlada, coligada ou joint venture, tem sua própria moeda funcional, que deve ser convertida na moeda funcional de apresentação das demonstrações consolidadas.

    Demonstração do resultado

    O Grupo adotou a política de discriminar os vários tipos de receitas na demonstração do resultado, o que supera as exigências do CPC 26.82, que apenas exige a apresentação da receita total como uma rubrica da demonstração do resultado. Essa informação também poderia ser apresentada nas notas explicativas, de acordo com o CPC 26.97. No caso brasileiro, existe o consenso de incluir o PIS e Cofins na dedução dos itens envolvidos no cálculo da receita líquida, conforme o CPC 30 – Receitas. Conforme essa norma, a demonstração de resultado inicia-se com a receita líquida (até então, no Brasil, a prática era iniciar-se com a receita bruta), ou seja, os impostos incidentes sobre a receita de vendas (como PIS e Cofins, já citados) já foram deduzidos.

    O CPC 26.99 exige que as despesas sejam analisadas de acordo com sua natureza ou de acordo com sua função na entidade, ou seja, da melhor forma a prestar informações confiáveis e mais pertinentes. O Grupo apresentou a análise de despesas por função, que é a forma tradicional no ambiente contábil brasileiro.

    Não há exigência específica para identificar, na demonstração do resultado, se foram adotados ajustes a serem efetuados nos valores divulgados nas demonstrações financeiras do exercício anterior. O CPC 23 exige que sejam apresentados detalhes apenas nas notas explicativas. O Grupo ilustra como uma entidade pode complementar as exigências da norma de maneira a ficar mais claro ao leitor que os valores foram ajustados.

    Caso aplicável, a parcela dos outros resultados abrangentes de empresas investidas reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial também deve ser divulgada.

    A apresentação da demonstração dos “outros resultados abrangentes” vinha sendo proposta dentro das mutações do patrimônio líquido. O CPC 26 (R1) vetou essa opção, devendo a apresentação ser feita separadamente em relação a esta última demonstração. Da mesma forma, no Brasil, a demonstração dos resultados abrangentes também não pode ser apresentada em conjunto com a demonstração de resultados.

    O CPC 41 exige a apresentação dos valores básicos e diluídos por ação, decorrentes de operações descontinuadas na demonstração do resultado ou nas notas explicativas. O Grupo optou por demonstrar essas informações juntamente com outras informações exigidas para operações descontinuadas na Nota 10, apresentando as informações para operações em continuidade na demonstração do resultado.

  • Good Group | EY 21

    Demonstração dos fluxos de caixa

    O CPC 3.20 permite que as entidades divulguem fluxo de caixa oriundo de atividades operacionais utilizando o método direto ou o método indireto. O Grupo apresenta o fluxo de caixa utilizando o método indireto, que é o método que tem sido mais utilizado pelas empresas brasileiras.

    O Grupo conciliou o lucro antes do imposto com o fluxo de caixa líquido oriundo de atividades operacionais. No entanto, a conciliação do lucro após os impostos sobre a renda também é aceitável nos termos do CPC 03.

    O CPC 3.34 permite que os juros pagos sejam demonstrados como atividades operacionais ou financeiras e que os juros recebidos sejam demonstrados como atividades operacionais ou de investimento, quando considerado pertinente pela entidade. O Grupo classifica os juros recebidos como atividades operacionais para obtenção de recursos financeiros. O Grupo classifica os juros pagos como atividades de financiamento, uma vez que são custos de obtenção de recursos financeiros.

    Deve-se dar atenção a novos tipos de operação que surgem no mercado financeiro. Um exemplo são as operações de confirming, reverse factoring ou Risco Sacado, em que não há orientação específica no IFRS/CPC e requer julgamento dos preparadores das demonstrações financeiras. Aspectos como essência da operação e relevância devem ser levados em consideração para a correta divulgação e classificação dessas operações na demonstração dos fluxos de caixa e balanço patrimonial.

    Demonstração de Valor Adicionado (DVA)

    O requisito de divulgação da Demonstração de Valor Adicionado (DVA), aprovado pelo Pronunciamento Técnico CPC 09, é aplicável apenas para as companhias abertas.

    As normas e interpretações abaixo não foram consideradas nestas demonstrações financeiras ilustradas:

    CPC 08 Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários CPC 11 Contratos de SeguroCPC 13 Adoção inicial da Lei 11.638/07 e da Medida Provisória 449/08CPC 17 Contratos de ConstruçãoCPC 21 (R1) Demonstração Intermediária CPC 29 Ativo Biológico e Produto Agrícola ICPC 01 Contratos de ConcessãoICPC 07 Distribuição de Lucros in NaturaICPC 09 Demonstrações Contábeis Individuais, Demonstrações Separadas, Demonstrações Consolidadas

    e Aplicação do Método de Equivalência PatrimonialICPC 10 Interpretação sobre a Aplicação Inicial ao Ativo Imobilizado e à Propriedade para Investimento

    dos Pronunciamentos Técnicos CPCs 27, 28, 37 e 43ICPC 11 Recebimento em Transferência de Ativos de Clientes

  • Good Group | EY22

    Normas emitidas pelo CPC vigentes em 31 de dezembro de 2015

    Norma CPC Descrição Deliberação CVM Norma IFRS

    CPC 00 (R1) Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis 675/11 Framework

    CPC 01 (R1) Redução ao Valor Recuperável de Ativos 639/10 IAS 36

    CPC 02 (R2) Efeitos nas Mudanças nas Taxas de Câmbio de Demonstrações Contábeis 640/10 IAS 21

    CPC 03 (R2) Demonstração dos Fluxos de Caixa 641/10 IAS 7

    CPC 04 (R1) Ativo Intangível 644/10 IAS 38

    CPC 05 (R1) Divulgação sobre Partes Relacionadas 642/10 IAS 24

    CPC 06 (R1) Operações de Arrendamento Mercantil 645/10 IAS 17

    CPC 07 (R1) Subvenção e Assistência Governamentais 646/10 IAS 20

    CPC 08 (R1) Custos de Transação e Prêmio na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários 649/10 IAS 39 (partes)

    CPC 09 Demonstração do Valor Adicionado 557/08 Sem correspondência

    CPC 10 (R1) Pagamentos Baseados em Ações 650/10 IFRS 2

    CPC 11 Contratos de Seguros 563/08 IFRS 4

    CPC 12 Ajuste a Valor Presente 564/08 Diversos

    CPC 13 Adoção Inicial da Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08 565/08 Sem correspondência

    CPC 14 Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação Fase 1Revogado Corresponde

    à OCPC 03

    CPC 15 (R1) Combinação de Negócios 665/11 IFRS 3

    CPC 16 (R1) Estoques 575/09 e 624/10 IAS 2

    CPC 17 (R1) Contratos de Construção 691/12 IAS 11

    CPC 18 (R2) Investimento em Coligada, em Controlada e em Empreendimento Controlado em Conjunto 696/12 IAS 28

  • Good Group | EY 23

    CPC 19 (R2) Negócios em Conjunto 694/12 IAS 31

    CPC 20 (R1) Custos de Empréstimos 672/11 IAS 23

    CPC 21 (R1) Demonstração Intermediária 673/11 IAS 34

    CPC 22 Informação por Segmento 582/09 IFRS 8

    CPC 23 Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro 592/09 IAS 8

    CPC 24 Evento Subsequente 593/09 IAS 10

    CPC 25 Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes 594/09 IAS 37

    CPC 26 (R1) Apresentação das Demonstrações Contábeis 676/11 IAS 1

    CPC 27 Ativo Imobilizado 583/09 IAS 16

    CPC 28 Propriedade para Investimento 584/09 IAS 40

    CPC 29 Ativo Biológico e Produto Agrícola 596/09 IAS 41

    CPC 30 (R1) Receitas 692/12 IAS 18

    CPC 31 Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada 598/09 IFRS 5

    CPC 32 Tributos sobre o Lucro 599/09 IAS 12

    CPC 33 (R1) Benefícios a Empregados 695/12 IAS 19

    CPC 34 Exploração e Avaliação de Recursos Minerais A ser emitido IFRS 6

    CPC 35 (R2) Demonstrações Separadas 693/12 IAS 27

    CPC 36 (R3) Demonstrações Consolidadas 698/12 IFRS 10

    CPC 37 (R1) Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade 647/10 IFRS 1

    CPC 38 Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração 604/09 IAS 39

    CPC 39 Instrumentos Financeiros: Apresentação 604/09 IAS 32

    CPC 40 (R1) Instrumentos Financeiros: Evidenciação 684/12 IFRS 7

  • Good Group | EY24

    CPC 41 Resultado por Ação 636/10 IAS 33

    CPC 42 Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária A ser emitido IAS 29

    CPC 43 (R1) Adoção Inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPC 15 a 40 651/10 IFRS 1

    CPC 44 Demonstrações Combinadas 708/13 Sem correspondência

    CPC 45 Divulgação de Participação em Outras Entidades 697/12 IFRS 12

    CPC 46 Mensuração do Valor Justo 699/12 IFRS 13

    ICPC 01 (R1) Contratos de Concessão 677/11 IFRIC 12

    ICPC 02 Contratos de Construção do Setor Imobiliário 612/09 IFRIC 15

    ICPC 03 Aspectos Complementares das Operações de Arrendamento Mercantil 613/09IFRIC 4, SIC 15

    e SIC 27

    ICPC 04 Alcance do Pronunciamento Técnico CPC 10 – Pagamento Baseado em Ações Passou a fazer parte do CPC 10. Revogado.

    ICPC 05 Pronunciamento Técnico CPC 10 – Pagamento Baseado em Ações – Transações de Ações do Grupo e em Tesouraria Passou a fazer parte do CPC 10. Revogado.

    ICPC 06 Hedge de Investimento Líquido em Operação no Exterior 616/09 IFRIC 16

    ICPC 07 Distribuição de Lucros in Natura 617/09 IFRIC 17

    ICPC 08 (R1) Contabilização da Proposta de Pagamento de Dividendos 683/12 -

    ICPC 09 (R2)Demonstrações Contábeis Individuais, Demonstrações Separadas, Demonstrações Consolidadas e Aplicação

    do Método de Equivalência Patrimonial729/14

    IAS 38, IFRS 3, IAS 28, IAS 31, IAS 27,

    IAS 39

    ICPC 10Interpretação sobre a Aplicação Inicial ao Ativo Imobilizado

    e à Propriedade para Investimento dos Pronunciamentos Técnicos CPCs 27, 28, 37 e 43

    619/09 IAS 16, IAS 40 e IFRS 1

    ICPC 11 Recebimento em Transferência de Ativos de Clientes 620/09 IFRIC 18

    ICPC 12 Mudanças em Passivos por Desativação, Restauração e Outros Passivos Similares 621/09 IFRIC 1

    ICPC 13 Direitos a Participação Decorrentes de Fundos de Desativação, Restauração e Reabilitação Ambiental 637/10 IFRIC 5

    ICPC 14 Cotas de Cooperados em Entidades Cooperativas e Instrumentais Similares — IFRIC 2

    ICPC 15 Passivos Decorrentes de Participação em um Mercado Específico – Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos 638/10 IFRIC 6

    ICPC 16 Extinção de Passivos Financeiros com Instrumentos Patronais 652/10 IFRIC 19

  • Good Group | EY 25

    ICPC 17 Contratos de Concessão: Evidenciação 677/11 SIC 29

    ICPC 18 Custos de Remoção de Estéril (Stripping) de Mina de Superfície na Fase de Produção 714/13 ITG 17 IFRIC 20

    ICPC 19 Tributos 730/14 IFRIC 21

    ICPC 20 Limite de Ativo de Benefício Definido, Requisitos de Custeio (Funding) Mínimo e sua Interação 731/14 IFRIC 14

    OCPC 01 (R1) Entidades de Incorporação Imobiliária 624/10 Sem correspondência

    OCPC 02 Esclarecimentos sobre as Demonstrações Contábeis de 2008Ofício-Circular CVM/

    SNC/SEP nº 01/2009 Sem correspondência

    OCPC 03 Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e EvidenciaçãoOfício-Circular CVM/

    SNC/SEP nº 03/2009 Sem correspondência

    OCPC 04 Aplicação da Interpretação Técnica ICPC 02 às Entidades de Incorporação Imobiliária Brasileiras 653/10 Sem correspondência

    OCPC 05 Contratos de Concessão 654/10 Sem correspondência

    OCPC 06 Informações Financeiras Pró-forma 709/13 Sem correspondência

    OCPC 07 Evidenciação na Divulgação dos Relatórios Contábil-Financeiros de Propósito Geral 727/14 Sem correspondência

    OCPC 08 Ativos e Passivos Regulatórios 732/14 Sem correspondência

    CPC Destaques

    Destaques (com base nos pronunciamentos, interpretações e orientações editados até 31/12/09)

    Ofício-Circular CVM/SNC/SEP nº 002/2010 Sem correspondência

    Revisão 01 Revisão de Pronunciamentos Técnicos 624/10 Sem correspondência

    Revisão 01 Revisão de Interpretações Técnicas 717/13 Sem correspondência

    Revisão 02 Revisão de Pronunciamentos Técnicos - Sem correspondência

    Revisão 03 Revisão de Pronunciamentos Técnicos 718/13 Sem correspondência

    Revisão 04 Revisão de Pronunciamentos Técnicos 723/14 Sem correspondência

    Revisão 05 Revisão de Pronunciamentos Técnicos 724/14 Sem correspondência

    Revisão 06 Revisão de Pronunciamentos Técnicos 728/14 Sem correspondência

    Revisão 07 Revisão de Pronunciamentos Técnicos 733/14 Sem correspondência

    Revisão 08 Revisão de Pronunciamentos Técnicos 739/15 Sem correspondência

  • Good Group | EY26

    Good GroupInternational GAAP©

    Demonstrações financeiras consolidadas ilustrativas em IFRS, referentes ao exercício findo em 31 de dezembro de 2015, baseadas nos pronunciamentos técnicos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis — CPC

  • 2015 2014Em

    1º de janeiro de 2014

    CPC 26.10 (a) CPC 26.10 (f) CPC 26.51(c)

    Reapresentado* Reapresentado* CPC 26.49 CPC 23.28

    Notas R$ 000 R$ 000 R$ 000 CPC 26.51(d),(e),CPC 26.40A

    Ativos CPC 26.60, CPC 26.66, CPC 26.40B

    Ativo circulante CPC 26.54 (a)

    Caixa e equivalentes de caixa 20 17.112 14.916 11.066 CPC 26.54 (d), CPC 40.8

    Outros ativos financeiros 16 551 153 137 CPC 26.54 (b), CPC 40.8 (c)

    Clientes e outras contas a receber 19 25.672 22.290 24.037 CPC 26.54 (c)

    Estoques 18 23.762 24.585 26.563 CPC 26.55

    Despesas antecipadas 244 165 226

    67.341 62.109 62.029

    Ativos de operações descontinuadas 11 13.554 — — CPC 26.54 (e), CPC31.38

    80.895 62.109 62.029

    Ativo não circulante CPC 26.60, CPC 26.66

    Outros ativos financeiros não circulantes 16 6.425 3.491 3.269 CPC 26.54 (d), CPC 40.8

    Impostos diferidos ativos 10 383 365 321 CPC 26.54 (o), CPC 26.55

    Investimentos em empresas coligadas e joint ventures 5, 6 3.187 2.516 1.878 CPC 26.54 (g), CPC 18.38

    Propriedades para investimento 14 8.893 7.983 7.091 CPC 26.54 (h)

    Imobilizado 13 33.009 24.329 18.940 CPC 26.54 (i)

    Intangível 15 6.019 2.461 2.114 CPC 26.54 (j)

    57.916 41.145 33.613

    Total ativo 138.811 103.254 95.642

    Passivo

    Passivo circulante CPC 26.60, CPC26.69,

    Fornecedores e outras contas a pagar 28 19.444 20.730 19.850 CPC 26.54 (k)

    Empréstimos e financiamentos 16.2 2.460 2.775 4.555 CPC 26.54 (m), CPC 40.8 (g)

    Outros passivos financeiros circulantes 16.2 3.040 303 303 CPC 26.54 (m), CPC 40.8

    Subvenções governamentais 24 149 151 150 CPC 26.55, CPC 07.24

    Receita diferida 25 220 200 190 CPC 26.55

    Imposto de renda e contribuição social a pagar 3.511 3.563 4.325 CPC 26.54 (n)

    Provisões 23 850 98 40 CPC 26.54 (l)

    Dividendos a pagar 22 410 — —

    30.084 27.820 29.413

    Passivos de operações descontinuadas 11 13.125 — — CPC 26.54 (p), CPC 31.38

    43.209 27.820 29.413

    Passivo não circulante CPC 26.60, CPC 26.69,

    Empréstimos e financiamentos 16.2 20.346 21.703 19.574 CPC 26.54 (m)

    Outros passivos financeiros não circulantes 16.2 806 — — CPC 26.54 (m), CPC 40.8

    Provisões 23 1.950 77 60 CPC 26.54 (l)

    Subvenções governamentais 24 3.300 1.400 795 CPC 07.24

    Receita diferida 25 196 165 174 CPC 26.55

    Obrigações de benefícios definidos pós-emprego 26 3.050 2.977 2.526 CPC 26.55, CPC 26.78 (d)

    Outros passivos 263 232 212 CPC 26.55

    Impostos diferidos passivos 10 2.931 1.089 1.083 CPC 26.54 (o), CPC 26.56

    32.842 27.643 24.424

    Total do passivo 76.051 55.463 53.837

    Patrimônio líquido CPC 26.54 (r), CPC 26.78 (e)

    Capital 21 21.888 19.388 19.388

    Reserva de capital 21 4.780 80 —

    Ações em tesouraria 21 (508) (654) (774)

    Outras reservas de capital 21 1.171 864 5