gÊneros digitais e multiletramentos: novas práticas

208
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS FLORÊNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE GÊNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS: novas práticas pedagógicas em sala de aula Montes Claros/MG 2018

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Page 1: GÊNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS: novas práticas

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE

GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas

pedagoacutegicas em sala de aula

Montes ClarosMG

2018

FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE

GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas

pedagoacutegicas em sala de aula

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Mestrado

Profissional em Letras (ProfLetras) da

Universidade Estadual de Montes Claros como

requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em

Letras

Aacuterea de concentraccedilatildeo Linguagens e letramentos

Linha Leitura e Produccedilatildeo Textual diversidade

textual e praacuteticas docentes

Sublinha C ndash Praacuteticas de Letramento e

Multimodalidade

Orientadora Prof Dra Faacutebia Magali Santos

Vieira

Liberado em 04042018

__________________________

Assinatura da Orientadora

Montes Claros ndash MG

2018

A553g

Andrade Florecircncia Vieira Pacheco

Gecircneros digitais e multiletramentos [manuscrito] novas praacuteticas

pedagoacutegicas em sala de aula Florecircncia Vieira Pacheco Andrade ndash Montes

Claros 2018

206 f il

Bibliografia f 163-167 Dissertaccedilatildeo (mestrado) - Universidade Estadual de Montes Claros -

Unimontes Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo Mestrado Profissional em Letras

Profletras 2018

Orientadora Profa Dra Faacutebia Magali Santos Vieira

1 Gecircneros digitais 2 Letramento 3 Multiletramentos 4 Produccedilatildeo

escrita 5 Blog I Vieira Faacutebia Magali Santos II Universidade Estadual de

Montes Claros III Tiacutetulo IV Tiacutetulo Novas praacuteticas pedagoacutegicas em sala

de aula

Catalogaccedilatildeo Biblioteca Central Professor Antocircnio Jorge

Figura 01 Nuvem de palavras produzida online Elaborado pela pesquisadora 2017

Letramento eacute fenocircmeno plural historicamente e

contemporaneamente diferentes letramentos ao longo

do tempo diferentes letramentos no nosso tempo

(SOARES 2002 p156)

AGRADECIMENTOS

A Deus pela proteccedilatildeo e pelas becircnccedilatildeos de cada dia

Agrave mamatildee pelo exemplo de vida e amor incondicional

Agraves minhas irmatildes Fabriacutesia Fabiacuteola e Isabela pelo afeto e pelo apoio

Aos meus cunhados e sobrinhos pela atenccedilatildeo na etapa final

Agrave Juacutelia e Liacutevia minhas queridas filhas pelo amor e pela solidariedade

Ao meu esposo Wagner pela atenccedilatildeo carinho paciecircncia e compreensatildeo nas horas de ausecircncia

Agrave professora Faacutebia Magali Santos Vieira pelo aceite em me orientar pelo positivismo pela

alegria pela competecircncia e por seus esclarecimentos e auxiacutelio indispensaacuteveis ao desenvolvimento

desta minha formaccedilatildeo

Aos professores do Programa de Mestrado Profissional em Letras pelas contribuiccedilotildees e

competecircncia dada em cada disciplina

Agraves professoras da banca de qualificaccedilatildeo e defesa Profordf Drordf Geisa Magela Veloso Profordf Drordf

Maria Aparecida Colares Mendes e Profordf Drordf Maria Jacy Veloso Maia pelas consideraacuteveis

contribuiccedilotildees ao aprimoramento do meu trabalho Agrave Profordf Drordf Telma Borges pela atenccedilatildeo e

dedicaccedilatildeo nas leituras minuciosas do meu texto

Aos meus colegas do ProfLetras turma 2015 em especial agrave Jucinete companheira de viagem

pelas conversas trocas de saberes e amizade

Agrave Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais e a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de

Januaacuteria pelo afastamento concedido Agrave CAPES pelo auxiacutelio financeiro agrave Universidade Federal

do Rio Grande do Norte ndash UFRN pela coordenaccedilatildeo do Mestrado Profissional em Letras ndash

ProfLetras agrave Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES por possibilitar a seleccedilatildeo

a estrutura o planejamento e a organizaccedilatildeo para que o ProfLetras fosse implementado em nossa

regiatildeo

Aos meus alunos do 6ordm ano pela contribuiccedilatildeo dada a esta pesquisa

Agrave direccedilatildeo da Escola Estadual Pio XII agrave equipe pedagoacutegica e aos professores pela colaboraccedilatildeo

Agraves minhas amigas Amanda Alessandra Dorinha Diva e a todas do ldquoParquinhordquo pela vibraccedilatildeo positiva em cada conquista minha

A todos muito obrigada

RESUMO

O presente trabalho pretende apresentar os resultados de uma pesquisa que teve como objetivo

identificar e analisar as dificuldades de alfabetizaccedilatildeo e de letramento de 06 alunos do 6ordm ano do

Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII Januaacuteria ndash MG e contribuir para a elevaccedilatildeo dos

niacuteveis de escrita por meio de atividades utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico de

ensino a partir do desenvolvimento de atividades de escrita gecircneros textuais e digitais

promovendo os multiletramentos Nossa hipoacutetese diretriz foi a de que o trabalho com o gecircnero

digital blog pode contribuir para elevar o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e do letramento dos alunos

envolvidos nesta pesquisa A abordagem metodoloacutegica foi de natureza aplicada classificada como

explicativa Os procedimentos teacutecnicos utilizados foram a pesquisa bibliograacutefica a pesquisa-accedilatildeo

e a pesquisa participante A investigaccedilatildeo bibliograacutefica permitiu a construccedilatildeo de conhecimento

sobre conceitos e teorias sobre o objeto da pesquisa principalmente nos estudos de Soares (2003

2004 2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001

2008) Bakhtin (1999) Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010)

Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) Com o objetivo de coletar informaccedilotildees para anaacutelise

quantitativa dos dados as teacutecnicas de coleta de dados foram observaccedilatildeo questionaacuterio Atividade

Inicial de Escrita ndash AIE Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI e Atividade Final de Escrita ndash

AFE O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI foi desenvolvido a partir da hipoacutetese diretriz

que norteou esta pesquisa baseadas nas metaacuteforas de aprendizagem do seacuteculo XXI de David

Thornburg (1996) por meio de quatro moacutedulos de aprendizagem nomeados de Moacutedulo 1

Conhecendo (Fogueira) Moacutedulo 2 Dialogando (Poccedilo drsquoaacutegua) Moacutedulo 3 Refletindo (Caverna)

e Moacutedulo 4 Praticando (Vida) A anaacutelise dos dados coletados nas atividades AIE PEI e AFE

revelou que foi possiacutevel elevar os niacuteveis de escrita dos alunos que apesar de matriculados no 6ordm

ano do Ensino Fundamental cometiam falhas de escrita de 1ordf e 2ordf ordens conforme definidas por

Lemle (1991) Embora ainda natildeo sejam considerados alfabetizados os sujeitos desta pesquisa

evoluiacuteram na escrita

Palavras-chave Gecircneros digitais Letramento Multiletramentos Produccedilatildeo escrita Blog

ABSTRACT

The present work aims to introduce the results of a research that had as objective - identifying and

analyzing the dificulties of alphabetization and literacy in 6 students of the 6th grade of Escola

Estadual Pio XIIrsquos Elementary School Januaacuteria mdash MG - and contribute with the improvement in

the writing levels throughout activities using the digital genre blog as a didactic resource of

teaching starting with the development of activities of writing textual and digital genres

promoting multiliteracies Our guiding hypothesis was that the work with the digital genre blog

can contribute to improve the alphabetization and literacy levels of the students involved in this

research The methodological approach was of applied nature classified as explanatory The

technical procedures used were bibliographic research the action research and participant

research The bibliographical investigation allowed the construction of knowledge about concepts

and theories regarding the object of the research especially in the studies of Soares (2003 2004

2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes Marcuschi (2001 2008) Bakhtin

(1999) Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi and Xavier (2010) Coscarelli (2016)

and Ribeiro (2016) In order to collect information for the quantitative analysis of the data the

data collection techniques were observation questionnaire Initial Writing Activity - AIE in

Portugese - Educational Intervention Project - PEI in Portuguese - and Final Writting Activity

(AFE in Portuguese) The Educational Intervention Project - PEI was developed based on the

guiding hypothesis that drove this research in the learning metaphors of the XXI century by David

Thornburg (1996) through four learning modules named Module 1 Meeting (Fire) Module 2

Dialoging (Water Well) Module 3 Reflecting (Cave) and Module 4 Practicing (Life) The

analysis of the data collected in the AIE PEI and AFE activities revealed that it was possible to

raise the writing levels of the students who although enrolled in the 6th year of elementary school

committed 1st and 2nd orders writing failures as defined by Lemle (1991) Although they are not

yet considered literate the subjects of this research evolved in writing

Keywords Digital genres Literacy Multiliteracies Written production Blog

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Nuvem de palavras 03

Figura 02 - Uma letra representando diferentes sons segundo a posiccedilatildeo 39

Figura 03 - Esferas de atividade social ou de circulaccedilatildeo dos discursos 50

Figura 04 - Estrutura do Processo Educativo 76

Figura 05 - Texto 1 - AIE 85

Figura 06 - Texto 2 - AIE 85

Figura 07 - Texto 3 - AIE 86

Figura 08 - Texto 4 - AIE 86

Figura 09 - Texto 5 - AIE 87

Figura 10 - Texto 6 - AIE 88

Figura 11 - Texto 7 - AIE 88

Figura 12 - Texto 8 - AIE 89

Figura 13 - Texto 9 - AIE 90

Figura 14 - Texto 10 - AIE 90

Figura 15 - Alunos na sala de multimeios da Escola Estadual Pio XII 102

Figura 16 - Captura de tela do slide 3 - Apresentaccedilatildeo em Power point 102

Figura 17 - Captura de tela do slide 9 - Apresentaccedilatildeo em Power point 103

Figura 18 - Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica 105

Figura 19 - Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF 106

Figura 20 - Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF 107

Figura 21 - Captura de tela do Moacutedulo II - Dialogando Blog do 6ordm ano JF 108

Figura 22 - HQ Turma da Mocircnica 110

Figura 23 - Charge Igualdade natildeo significa justiccedila 112

Figura 24 - Organograma da E E Pio XII corrigido 115

Figura 25 - Organograma da E E Pio XII sem correccedilatildeo 116

Figura 26 - Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica pesquisando receitas 118

Figura 27 - Infograacutefico de receita de bolo de chocolate 118

Figura 28 - Infograacutefico de receita de pastel frito 119

Figura 29 - Infograacutefico de receita de suco de maracujaacute 119

Figura 30 - Mapa da E E Pio XII 121

Figura 31 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade - Produccedilatildeo na biblioteca 122

Figura 32 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 1 124

Figura 33 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Sem correccedilatildeo ortograacutefica 126

Figura 34 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Texto corrigido 127

Figura 35 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Sem correccedilatildeo ortograacutefica 128

Figura 36 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Texto corrigido 129

Figura 37 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 130

Figura 38 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 130

Figura 39 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - sem correccedilatildeo ortograacutefica 131

Figura 1 - Moacutedulo III - Refletindo - Atividade 3 - Texto corrigido132

Figura 41 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 134

Figura 42 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 134

Figura 43 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 134

Figura 44 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 135

Figura 45 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 135

Figura 46 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 135

Figura 47 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 136

Figura 48 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 136

Figura 49 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 136

Figura 50 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 137

Figura 51 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 137

Figura 52 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 7 137

Figura 53 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 8 139

Figura 54 - Comentaacuterios postados no blog da turma141

Figura 55 - Captura de tela - Estatiacutesticas da visatildeo geral 142

Figura 56 - Captura de tela - Estatiacutesticas de puacuteblico 144

Figura 57 - Texto 1 - AFE 145

Figura 58 - Texto 2 - AFE 148

Figura 59 - Texto 3 - AFE 148

Figura 60 - Texto 4 - AFE 149

Figura 61 - Texto 5 - AFE 149

Figura 62 - Montagem de textos das AIE e AFE 150

Figura 63 - Montagem de textos das AIE e AFE152

Figura 64 - Montagem de textos das AIE e AFE154

LISTA DE QUADROS GRAacuteFICOS E TABELAS

Quadro 01 - Teorias do Desenvolvimento Humano de Piaget 31

Quadro 02 - Correspondecircncias biuniacutevocas entre fonemas e letras 37

Quadro 03 - Falhas de escrita 40

Quadro 04 - Categorizaccedilatildeo - Erros de escrita 42

Quadro 05 - Mudanccedilas sobre os letramentos 48

Quadro 06 - Gecircneros textuais emergentes na miacutedia virtual e seus equivalentes em gecircneros

preexistentes 58

Quadro 07 - Formatos da comunicaccedilatildeo por computador conforme os participantes e o tempo 59

Quadro 08 - Paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blog 61

Quadro 09 - Alunos informantes do 6ordm ano JF 68

Quadro 10 - Etapas do percurso metodoloacutegico 72

Quadro 11 - Alunos informantes do 6ordm Ano JF (2017) 84

Quadro 12 - Falhas de escrita 97

Quadro 13 - Fases da sequecircncia narrativa 127

Quadro 14 - Ocorrecircncias de ldquofalhaserrosrdquo de escrita baseados em Lemle (1991) e Cagliari

(1995) (2017) 138

Quadro 15 - Alunos informantes da Atividade de Escrita Final (2017) 147

Quadro 16 - Relaccedilotildees entre sons da fala e letras do alfabeto (2017) 154

Quadro 17 - Falhas de escrita da AIE e da AFE 155

GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Percentual de alunos por niacuteveis de proficiecircncia e padratildeo de desempenho 15

Graacutefico 02 - Questionaacuterio - Pergunta 01 78

Graacutefico 03 - Questionaacuterio - Pergunta 02 78

Graacutefico 04 - Questionaacuterio - Pergunta 03 79

Graacutefico 05 - Questionaacuterio - Pergunta 04 79

Graacutefico 06 - Questionaacuterio - Pergunta 05 80

TABELAS

Tabela 01 - Dados dos alunos selecionados para o PEI 69

Tabela 02 - Categorizaccedilatildeo dos ldquoerrosrdquo de escrita - Cagliari (1995) 91

Tabela 03 - Avaliaccedilatildeo das falhas de escrita - Lemle (1991) 96

Tabela 04 - Cronograma de aulas aplicadas no PEI (2017) 101

Tabela 05 - Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Final de Escrita - AFE 150

Tabela 06 - Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Inicial de Escrita - AIE 151

Tabela 07 - Anaacutelise comparativa da AIE e da AFE (2017) 152

Tabela 08 - Falhas de escrita - AIE e AFE 156

LISTA DE SIGLAS

AIE - Atividade Inicial de Escrita

AFE - Atividade Final de Escrita

EEPXII - Escola Estadual Pio XII

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira

PNE - Plano Nacional de Educaccedilatildeo

PROFLETRAS - Programa de Mestrado Profissional em Letras

PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia

PEI - Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo

PIP - Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica

SEE - Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo

TDIC ndash Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

UNIMONTES - Universidade Estadual de Montes Claros

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 13

CAPIacuteTULO I ndash ENSINO DE LIacuteNGUA PORTUGUESA 19

11 Concepccedilatildeo de linguagem 19

12 Alfabetizaccedilatildeo e letramento 24

121 O processo de alfabetizaccedilatildeo 26

1211 As multifacetas da alfabetizaccedilatildeo 27

12111 Faceta psicoloacutegica 28

12112 Faceta psicolinguiacutestica 32

121121 Niacutevel preacute-silaacutebico 33

121122 Niacutevel silaacutebico 34

121123 Niacutevel alfabeacutetico 35

12113 Faceta linguiacutestica 36

121131 Categorizaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita 41

12114 Faceta sociolinguiacutestica 43

CAPIacuteTULO II ndash GEcircNEROS DIGITAIS (MULTI) LETRAMENTOS 45

21 Letramento 45

22 Multimodalidade e Multiletramentos no ensino de Liacutengua Portuguesa 47

23 Texto (multimodal) e ensino 52

24 A internet e os gecircneros digitais no contexto escolar 56

25 Blog ndash gecircnero digital como tecnologia de ensino 61

CAPIacuteTULO III ndash PERCURSO METODOLOacuteGICO 66

31 Contexto da pesquisa 66

32 Sujeitos 68

33 Procedimentos da pesquisa 70

34 Teacutecnica de coleta de dados 73

CAPIacuteTULO IV ndash GEcircNERO DIGITAL BLOG E (MULTI)LETRAMENTOS

intervenccedilotildees pedagoacutegicas em sala de aula 77

41 Questionaacuterio 77

42 Atividade Inicial de Escrita - AIE 81

43 Plano Educacional de Intervenccedilatildeo - PEI 100

431 Moacutedulo I - Conhecendo 101

432 Moacutedulo II - Dialogando 107

433 Moacutedulo III - Refletindo 121

434 Moacutedulo IV - Praticando 145

4341 Atividade Final de Escrita 146

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 158

REFEREcircNCIAS 162

APEcircNDICES 167

13

INTRODUCcedilAtildeO

Para isso existem as escolas natildeo para ensinar as respostas mas para ensinar as

perguntas As respostas nos permitem andar sobre a terra firme Mas somente as

perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido (ALVES 2000 p 78)

O trabalho com o ensino da Liacutengua Portuguesa estaacute intimamente ligado ao

conhecimento de estudos e teorias sobre linguagem Eacute por meio de conhecimentos teoacutericos

especiacuteficos sobre os processos que envolvem a forma como os estudantes se comunicam que

pretendemos investigar refletindo sobre o processo de ensino-aprendizagem sobretudo para

poder intervir em questotildees de dificuldade de aprendizagem em leitura e escrita

Nesse sentido este trabalho denominado ldquoGecircneros Digitais e Multiletramentos novas

praacuteticas pedagoacutegicas em sala de aulardquo busca pesquisar e realizar intervenccedilatildeo em sala de aula

para compreender as dificuldades do ensino e da aprendizagem de Liacutengua Portuguesa na Escola

Estadual Pio II em Januaacuteria ndash MG A investigaccedilatildeo foi realizada atraveacutes do Programa de

Mestrado Profissional em Letras (ProfLetras) Trata-se de um curso de Poacutes-graduaccedilatildeo stricto

sensu oferecido em rede nacional destinado aos docentes que pertencem ao quadro permanente

da rede puacuteblica de ensino e que atuam especificamente no Ensino Fundamental II da Educaccedilatildeo

Baacutesica Esse programa tem por objetivo aprofundar os conhecimentos dos docentes que atuam

na educaccedilatildeo baacutesica e consequentemente melhorar as condiccedilotildees de oferta desse niacutevel de

educaccedilatildeo A dissertaccedilatildeo encaixa-se na aacuterea de concentraccedilatildeo ldquoLinguagens e letramentosrdquo na

linha de pesquisa ldquoLeitura e produccedilatildeo textual Diversidade Social e Praacuteticas Docentesrdquo

sublinha ldquoPraacuteticas de letramento e multimodalidaderdquo

Por letramento entende-se de acordo com Magda Soares (2014 p 44) ldquo[] o estado

ou condiccedilatildeo de quem se envolve nas numerosas e variadas praacuteticas sociais de leitura e escritardquo

Compreendemos entatildeo que letramento vai aleacutem do saber ler e escrever como explicita a autora

ao expor que o indiviacuteduo letrado eacute ldquo[] aquele que usa socialmente a leitura e a escrita pratica

a leitura e a escrita responde adequadamente agraves demandas sociais de leitura e de escritardquo

(SOARES 2014 p 40)

Nessa perspectiva o trabalho sobre as praacuteticas de letramento extrapola o conhecimento

construiacutedo em sala de aula pois envolve uma praacutetica social Considerando a afirmaccedilatildeo de Rojo

(2012 p 37) de que ldquo[] a presenccedila das tecnologias digitais em nossa cultura contemporacircnea

cria novas possibilidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo esta pesquisa envolve tambeacutem as

praacuteticas de letramento digital associadas agraves multimodalidades tatildeo importantes para a promoccedilatildeo

dos multiletramentos

14

Entendemos que trabalhar com praacuteticas de letramento e de multimodalidade corrobora

com a construccedilatildeo de conhecimentos habilidades e competecircncias linguiacutesticas a serem adquiridas

pelos alunos da Educaccedilatildeo Baacutesica principalmente no atendimento aos discentes que apresentam

niacuteveis de alfabetizaccedilatildeo e de letramento muito abaixo do esperado para o ano em que estudam

conforme define a resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 21971 de 26 de

outubro de 2012 (MINAS GERAIS 2012) por envolver capacidades de leitura escrita e

compreensatildeo de textos

Ressalta-se que a equipe pedagoacutegica a gestatildeo escolar e os professores da Escola

Estadual Pio XII localizada na cidade de Januaacuteria ndash MG sempre buscaram estrateacutegias que

pudessem melhorar a qualidade da aprendizagem dos alunos aleacutem de participarem de

programas e capacitaccedilotildees ofertadas pela Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais ndash

SEE MG como o Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ndash PIP2 e o Programa Institucional de

Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia ndash PIBID3 atraveacutes da Universidade Estadual de Montes Claros

(UNIMONTES) No entanto de acordo com os dados da supervisatildeo pedagoacutegica da Escola

Estadual Pio XII localizada no municiacutepio de Januaacuteria estado de Minas Gerais e desta

pesquisadora como professora de Liacutengua Portuguesa especificamente no atendimento agraves

turmas de 6ordm ano do Ensino Fundamental dessa escola no periacuteodo de 2013 a 2016 observou-

se por meio de avaliaccedilatildeo diagnoacutestica inicial realizada sempre no iniacutecio de cada ano

preconizada pela resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 2197 de 26 de

outubro de 2012 (MINAS GERAIS 2012) no artigo 69 inciso II sobre a avaliaccedilatildeo da

1 A resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 2197 de 26 de outubro de 2012 estabelece as

diretrizes para organizaccedilatildeo e funcionamento do ensino nas Escolas Estaduais de Educaccedilatildeo Baacutesica de Minas Gerais

em consonacircncia com a legislaccedilatildeo nacional e estadual de educaccedilatildeo No Art 62 o Ciclo Complementar tem como

objetivo consolidar a alfabetizaccedilatildeo e ampliar o letramento Aleacutem disso a resoluccedilatildeo propotildee que as atividades

pedagoacutegicas devem ser organizadas de modo a assegurar que todos os alunos ao final de cada ano tenham pleno

domiacutenio da leitura e da escrita RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 Disponiacutevel em

lthttpcrveducacaomggovbrgt Acesso em 15 jan 2017

2 O Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica (PIP) foi criado em 2007 Nessa iniciativa desenvolvida pela Secretaria

de Estado de Educaccedilatildeo (SEE) o analista educacional realiza um trabalho permanente de visitas e acompanhamento

das escolas O objetivo eacute orientar o plano pedagoacutegico quando necessaacuterio propor estrateacutegias de intervenccedilatildeo apoiar

pedagogicamente os professores e alunos e assim garantir a qualidade do ensino Disponiacutevel em

lthttpswwweducacaomggovbrleisstory5929-programa-de-intervencao-pedagogica-realiza-primeira-

formacao-continuada-de-2014-da-equipe-do-orgao-centralgt Acesso em 16 jan 2017

3 O Programa Institucional de Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia ndash PIBID eacute uma iniciativa para o aperfeiccediloamento e a

valorizaccedilatildeo da formaccedilatildeo de professores para a educaccedilatildeo baacutesica O programa concede bolsas a alunos de

licenciatura participantes de projetos de iniciaccedilatildeo agrave docecircncia desenvolvidos por Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior

(IES) em parceria com escolas de educaccedilatildeo baacutesica da rede puacuteblica de ensino Os projetos devem promover a

inserccedilatildeo dos estudantes no contexto das escolas puacuteblicas desde o iniacutecio da sua formaccedilatildeo acadecircmica para que

desenvolvam atividades didaacutetico-pedagoacutegicas sob orientaccedilatildeo de um docente da licenciatura e de um professor da

escola Disponiacutevel em lthttpwwwcapesgovbreducacao-basicacapespibidpibidgt Acesso em 16 jan 2017

15

aprendizagem um consideraacutevel nuacutemero de alunos que apresentava um padratildeo de desempenho

em leitura e escrita abaixo do esperado Em 2013 15 em 2014 1775 em 2015 2475 e

em 2016 1564 de alunos natildeo apresentavam uma aprendizagem considerada adequada ao ano

em que estudavam como pode ser visualizado no Graacutefico 01 logo abaixo o qual apresenta o

resultado das avaliaccedilotildees diagnoacutesticas de Liacutengua Portuguesa nas turmas de 6ordm ano da referida

escola em diferentes periacuteodos letivos

Graacutefico 01 ndash Percentual de alunos do 6ordm ano da EEPio XII por niacuteveis de proficiecircncia e

padratildeo de desempenho entre os anos de 2013 a 2016

Fonte Elaboraccedilatildeo da autora com base nos dados da pesquisa (2017)

De acordo com o Relatoacuterio de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de

Educaccedilatildeo ndash PNE biecircnio 2014-2016 (BRASIL 2016)4 mais de metade dos alunos do 3ordm ano do

Ensino Fundamental estaacute nos dois niacuteveis mais baixos de alfabetizaccedilatildeo Os dados mostram que

eacute primordial elevar os niacuteveis de proficiecircncia em Leitura Escrita e Matemaacutetica dos mais de 22

dos estudantes que mesmo depois de trecircs anos dedicados ao periacuteodo escolar de alfabetizaccedilatildeo e

letramento inicial natildeo conseguiram desenvolver habilidades elementares nessa dimensatildeo para

continuidade plena das aprendizagens ao longo da vida Da mesma forma vem acontecendo

com nossos alunos conforme exposto no graacutefico 1 que mesmo depois de cinco anos dedicados

ao processo de alfabetizaccedilatildeo tambeacutem natildeo conseguiram desenvolver as referidas habilidades

Diante desses dados percebemos a necessidade de pesquisar e de realizar uma

intervenccedilatildeo pedagoacutegica com o intuito de superar eou minimizar essa situaccedilatildeo escolar

4 O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) divulgou o Relatoacuterio do 1ordm

Ciclo de Monitoramento das Metas do PNE Biecircnio 2014-2016 Esse documento traz informaccedilotildees descritivas das

seacuteries histoacutericas e anaacutelises acerca das tendecircncias apresentadas pelos indicadores selecionados pelo Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo (MEC) e pelo INEP Foram consideradas como fontes oficiais de dados atualizados para o estudo a

PNAD de 2012 o Censo Demograacutefico de 2010 o Censo da Educaccedilatildeo Baacutesica de 2013 o Censo da Educaccedilatildeo

Superior de 2012 e as informaccedilotildees sobre poacutes-graduaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel

Superior (Capes) de 2013 Disponiacutevel em lt

httpdownloadinepgovbroutras_acoesestudos_pne2016relatorio_pne_2014_a_2016pdfgt Acesso em 16 de

jan de 2017

0 20 40 60 80

2013

2014

2015

2016

Recomendado

Intermediaacuterio

Baixo

16

possibilitando a esses alunos melhor transiccedilatildeo do Ciclo Intermediaacuterio ao Ciclo da

Consolidaccedilatildeo5 que finaliza o Ensino Fundamental II da Educaccedilatildeo Baacutesica

Logo esta pesquisa pretendeu como objetivo geral identificar e analisar as dificuldades

de alfabetizaccedilatildeo e letramento de uma turma do 6ordm ano do Ensino Fundamental da Escola

Estadual Pio XII e contribuir com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita por meio de atividades de

intervenccedilatildeo que visassem desenvolver essa habilidade utilizando os gecircneros digitais

Para tanto definimos como objetivos especiacuteficos a) investigar a natureza das

dificuldades identificadas b) realizar estudos sobre os conceitos de alfabetizaccedilatildeo letramento

multimodalidade e gecircneros digitais c) pesquisar estrateacutegias de ensino para desenvolver as

habilidades de letramento atraveacutes dos gecircneros digitais d) elaborar executar e avaliar um

Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI que contribua para a superaccedilatildeo das dificuldades

identificadas

A presenccedila das tecnologias digitais no cotidiano dos sujeitos pesquisados contribuiu

para a construccedilatildeo da hipoacutetese diretriz que orientou esta pesquisa qual seja a de que o trabalho

com o gecircnero digital blog poderia contribuir para a elevaccedilatildeo do niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e

letramento dos alunos envolvidos na pesquisa

O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI consistiu em atividades que

desenvolvessem habilidades de escrita utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico

de ensino-aprendizagem por entendecirc-lo como uma ferramenta que permite aos alunos a

aquisiccedilatildeo de habilidades de escrita de forma atrativa e motivadora pois envolve novos modos

de comunicaccedilatildeo que articulam imagens sons interatividade animaccedilatildeo ou seja muito daquilo

que a crianccedila e o adolescente gostam e pelo que se interessam Com isso foi criado o blog da

turma que funcionou tambeacutem como suporte para as produccedilotildees escritas dos alunos realizadas

por meio de recursos impressos e digitais

Em relaccedilatildeo ao percurso metodoloacutegico quanto agrave natureza esta pesquisa foi classificada

como aplicada pois aleacutem de conhecer o objeto em estudo teve como intenccedilatildeo intervir na

realidade e contribuir para superaccedilatildeo das dificuldades identificadas Quanto aos objetivos foi

classificada como explicativa pois procurou registrar analisar e interpretar os dados coletados

a fim de obter o conhecimento da realidade Ainda no desenvolvimento deste estudo utilizamos

a pesquisa bibliograacutefica como procedimento para construccedilatildeo do conhecimento sobre conceitos

5 Art 28 O Ensino Fundamental com duraccedilatildeo de nove anos estrutura-se em 4 (quatro) ciclos de escolaridade

considerados como blocos pedagoacutegicos sequenciais I - Ciclo da Alfabetizaccedilatildeo com a duraccedilatildeo de 3 (trecircs) anos de

escolaridade 1ordm 2ordm e 3ordm ano II - Ciclo Complementar com a duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 4ordm e 5ordm ano

III - Ciclo Intermediaacuterio com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 6ordm e 7ordm ano IV - Ciclo da Consolidaccedilatildeo

com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 8ordm e 9ordm ano RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO

DE 2012 Disponiacutevel em lthttpcrveducacaomggovbrgt Acesso em 15 jan 2017

17

termos e teorias que deram sustentaccedilatildeo cientiacutefica ao nosso trabalho a pesquisa accedilatildeo que partiu

para a praacutetica aproximando cada vez mais a pesquisa cientiacutefica da realidade educacional

vivenciada pelo professor-pesquisador numa perspectiva pedagoacutegica autocircnoma e significativa

pois foi na praacutetica que estabelecemos relaccedilotildees de ensino-aprendizagem e a pesquisa

participante com a qual esta pesquisadora esteve envolvida e comprometida durante a

investigaccedilatildeo cientiacutefica

Assim a coleta de dados foi realizada por meio da observaccedilatildeo que consistiu no trabalho

de campo daquilo que observamos na escola das interaccedilotildees entre os envolvidos na pesquisa e

dos aspectos relevantes para ela aleacutem do questionaacuterio (APEcircNDICE A) que foi respondido

pelos alunos da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B) que buscou identificar e

classificar os niacuteveis de escrita dos alunos Esses instrumentos foram elaborados com base nos

postulados de Lemle (1991) ao estabelecer que o aluno comete falhas de escrita de primeira

segunda e terceira ordem quando natildeo supera as complicaccedilotildees do sistema de escrita e natildeo

compreende as arbitrariedades desse mesmo sistema e nas contribuiccedilotildees teoacutericas de Cagliari

(1995) que estabelece que o aluno necessita compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-fonoloacutegica e

relacionaacute-la aos elementos graacuteficos da escrita

Depois foi elaborado executado e avaliado um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash

PEI (APEcircNDICE C) que teve como objetivo geral elevar os niacuteveis de escrita dos alunos do 6ordm

ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog como

recurso didaacutetico

Por fim a Atividade Final de Escrita ndash AFE (APEcircNDICE D) consistiu em colocar em

praacutetica os conhecimentos relativos agrave escrita os quais foram desenvolvidos ao longo dos

moacutedulos de aprendizagem do PEI Assim o objetivo foi produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo

comunicativa ao interlocutor e ao suporte de circulaccedilatildeo

Nesse estudo o universo de investigaccedilatildeo era composto inicialmente por 25 alunos

matriculados poreacutem apenas 20 (vinte) foram frequentes Assim no decorrer da coleta e anaacutelise

dos dados fomos verificando os diferentes niacuteveis de escrita desses 20 (vinte) alunos e a partir

do desenvolvimento da Atividade Inicial de Escrita - AIE esses alunos foram classificados e

selecionados por niacutevel de escrita de acordo com Lemle (1991) sendo selecionados somente 8

(oito) alunos Contudo apenas 6 (seis) aceitaram participar das atividades propostas

Conveacutem ressaltar que a autora considera alfabetrizados os alunos que cometem apenas

falhas de 3ordf ordem Logo a amostra de investigaccedilatildeo foi constituiacuteda por 6 (seis) alunos do 6ordm

ano JF da Escola Estadual Pio XII por cometeram falhas de escrita de primeira e segunda

ordens

18

Este trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma no capiacutetulo I denominado

ldquoEnsino de Liacutengua Portuguesardquo discutimos os conceitos de linguagem alfabetizaccedilatildeo e

letramento com base em Soares (2003 2004 2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi

(1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001 2008) e Bakhtin (1999) no capiacutetulo II intitulado

ldquoGecircneros digitais (multi)letramentosrdquo a discussatildeo se organiza com base em Rojo (2009 2012)

Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010) Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) no

capiacutetulo III denominado ldquoPercurso Metodoloacutegicordquo apresentamos os procedimentos

metodoloacutegicos utilizados em nosso estudo no capiacutetulo IV intitulado ldquoGecircnero digital blog e

(multi)letramentos intervenccedilotildees pedagoacutegicas em sala de aulardquo analisamos os resultados

constatados e para facilitar a visualizaccedilatildeo de algumas das atividades postadas no blog

utilizamos o recurso QR Code6 Nas ldquoConsideraccedilotildees Finaisrdquo satildeo apresentadas as conclusotildees do

nosso estudo Por fim apresentam-se as referecircncias e apecircndices

6 QR Code ndash Coacutedigo QR (sigla do inglecircs Quick Response) eacute um coacutedigo de barras bidimensional que pode ser

facilmente escaneado usando telefones celulares equipados com cacircmera Esse coacutedigo eacute convertido em texto

(interativo) um endereccedilo URI um nuacutemero de telefone uma localizaccedilatildeo georreferenciada um e-mail um contato

um SMS ou um blog O QR Code faz o redirecionamento ao endereccedilo URI Para utilizar e visualizar o recurso QR

Code o leitor deve baixar o aplicativo Disponiacutevel em lt httpsptwikipediaorgwikiCC3B3digo_QRgt

Acesso em 30 de jan de 2018

19

CAPIacuteTULO I

ENSINO DE LIacuteNGUA PORTUGUESA

Natildeo pode haver praacutetica eficiente sem fundamentaccedilatildeo num corpo de princiacutepios

teoacutericos soacutelidos e objetivos Natildeo tenho duacutevidas se nossa praacutetica de professores se

afasta do ideal eacute porque nos falta entre outras muitas condiccedilotildees um aprofundamento

teoacuterico acerca de como funciona o fenocircmeno da linguagem humana (ANTUNES

2003 p 40)

As praacuteticas de letramento multiletramento e o uso dos gecircneros digitais integrados ao

cotidiano escolar podem promover a leitura e a escrita aleacutem de favorecer a construccedilatildeo de

comportamentos linguiacutesticos que possibilitam ao aluno utilizar a liacutengua com eficiecircncia no seu

cotidiano Considerando que os processos de aprendizagem na escola satildeo construiacutedos por meio

do estudo e das interaccedilotildees entre as pessoas envolvidas neste capiacutetulo procura-se discutir alguns

fenocircmenos da linguagem humana bem como conceitos sobre alfabetizaccedilatildeo letramento

multiletramentos e gecircneros digitais

Para fundamentar este capiacutetulo tomamos por base os estudos de Soares (2003 2004

2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001 2008)

e Bakhtin (1999) Tambeacutem nos fundamentamos nos documentos oficiais que norteiam o ensino

da Liacutengua Portuguesa tais como os Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN terceiro e

quarto ciclos do Ensino Fundamental (BRASIL 1998) e o Curriacuteculo Baacutesico Comum ndash CBC

Liacutengua Portuguesa ndash Fundamental ndash 6ordm ao 9ordm anos implantado pela Secretaria de Estado de

Educaccedilatildeo de Minas Gerais (MINAS GERAIS 2014) Esses documentos apresentam conteuacutedos

elaborados com base no desenvolvimento das competecircncias linguiacutesticas dos alunos numa

perspectiva interacionista da linguagem

11 Concepccedilatildeo de linguagem

Para dar iniacutecio agrave discussatildeo sobre linguagem eacute preciso diferenciar o que eacute liacutengua e

linguagem Segundo Marcuschi (2008 p 16) ldquo[] a linguagem eacute vista como um conjunto de

atividades e uma forma de accedilatildeo []rdquo entendida como a capacidade que os seres humanos tecircm

de comunicaccedilatildeo de produccedilatildeo e desenvolvimento do pensamento Jaacute a liacutengua eacute um sistema

organizado de elementos (fala siacutembolos sons e gestos) que possibilitam a comunicaccedilatildeo e eacute

principalmente uma atividade sociointerativa como esclarece o autor ldquo[] natildeo se deixa de

admitir que a liacutengua seja um sistema simboacutelico (ela eacute sistemaacutetica e constitui-se de um conjunto

20

de siacutembolos ordenados) contudo ela eacute tomada como uma atividade sociointerativa

desenvolvida em contextos comunicativos historicamente situadosrdquo (MARCUSCHI 2008 p

61)

Outro aspecto pertinente conforme Petter7 e que se tornou forma-padratildeo de pensar eacute

o fato de que as liacutenguas surgem em sociedade e todas as organizaccedilotildees sociais desenvolvem

sistemas com esse fim Elas podem manifestar-se de forma oral ou gestual como por exemplo

a Liacutengua Brasileira de Sinais (Libras) reconhecida legalmente por meio da Lei nordm

10436200278 e regulamentada pelo Decreto nordm 562620059 Assim no Brasil temos duas

liacutenguas oficiais ndash A Liacutengua Portuguesa e a Libras aleacutem de mais de duzentas liacutenguas faladas em

territoacuterio nacional

De acordo com o Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL10) calcula-se

que mais de 250 liacutenguas sejam faladas no Brasil entre indiacutegenas de imigraccedilatildeo de sinais

crioulas e afro-brasileiras aleacutem do portuguecircs e de suas variedades como satildeo classificadas pelo

Guia de Pesquisa e Documentaccedilatildeo para o INDL11 (IPHAN 2014) Percebemos que esses fatos

satildeo desconhecidos pela maioria da populaccedilatildeo brasileira que acostumou a crer que no Brasil

existe uma uacutenica liacutengua

Apesar de a Liacutengua Portuguesa ser a liacutengua oficial e falada pela maioria das pessoas em

nosso paiacutes ldquo[] existe a possibilidade de realizaccedilatildeo de accedilotildees especiacuteficas para promoccedilatildeo e

valorizaccedilatildeo de suas variedades internas que caracterizam identidades de grupos e processos

histoacutericos especiacuteficos de interesse para a poliacutetica patrimonialrdquo (IPHAN 2014 p 14) Dessa

forma o reconhecimento dessas liacutenguas eacute traduzido como respeito agrave diversidade linguiacutestica agrave

identidade e agrave memoacuteria desses grupos que desejam preservar a liacutengua com a qual se identificam

Com isso compreendemos que a linguagem eacute uma atividade humana e apresenta-se

como forma de accedilatildeo e inserccedilatildeo social cultural e discursiva bem como se realiza historicamente

7 Margarida Maria Taddoni Petter professora de Linguiacutestica da Universidade de Satildeo Paulo (USP) Disponiacutevel em

lthttpsnovaescolaorgbrconteudo257qual-a-diferenca-entre-lingua-e-linguagemgt Acesso em 30 jan 2017

8 Lei nordm 1043620027 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002L10436htmgt Acesso

em 30 jan 2017

9 Decreto nordm 56262005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2004-

20062005decretod5626htmgt Acesso em 30 jan 2017

10 Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL) criado como instrumento oficial de identificaccedilatildeo

documentaccedilatildeo reconhecimento e valorizaccedilatildeo das liacutenguas faladas pelos diferentes grupos formadores da sociedade

brasileira Decreto nordm 7387 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-

20102010DecretoD7387htmgt Acesso em 30 jan 2017

11 Guia de Pesquisa e Documentaccedilatildeo para o INDL ndash Volume 1 pdf Disponiacutevel em lt

httpportaliphangovbruploadsckfinderarquivosGuia20de20Pesquisa20e20DocumentaC3A7

C3A3o20para20o20INDL20-20Volume201pdfgt Acesso em 30 jan 2017

21

fazendo acontecer o que haacute de mais interessante no ser humano a capacidade de comunicar-se

pois eacute parte inerente agrave nossa vida jaacute que eacute pela linguagem que expressamos

compreensivelmente o pensamento seja oral ou escrito

Entretanto entendemos o sistema linguiacutestico como algo complexo pois natildeo eacute possiacutevel

dizer como uma pessoa adquire a linguagem como funciona a mente do ser humano uma vez

que se natildeo se compreende o que se lecirc ou o que se fala natildeo seraacute estabelecida a comunicaccedilatildeo

Sabemos que para estabelecer comunicaccedilatildeo eacute necessaacuterio que haja uma relaccedilatildeo de sentido entre

os interlocutores no curso da interaccedilatildeo e para que isso ocorra eacute necessaacuterio conhecer os sistemas

de linguagem verbal e natildeo-verbal e suas interaccedilotildees sociais e discursivas

Assim acrescenta Bakhtin (1999 p 34) ao dizer que ldquoa consciecircncia soacute se torna

consciecircncia quando se impregna de conteuacutedo ideoloacutegico (semioacutetico) e consequentemente

somente no processo de interaccedilatildeo socialrdquo Eacute no meio social e nas relaccedilotildees de interaccedilatildeo que a

linguagem acontece conforme define o autor

A consciecircncia adquire forma e existecircncia nos signos criados por um grupo organizado

no curso de suas relaccedilotildees sociais Os signos satildeo o alimento da consciecircncia individual

a mateacuteria de seu desenvolvimento e ela reflete sua loacutegica e suas leis A loacutegica da

consciecircncia eacute loacutegica da comunicaccedilatildeo ideoloacutegica da interaccedilatildeo semioacutetica de um grupo

social Se privarmos a consciecircncia de seu contexto semioacutetico e ideoloacutegico natildeo sobra

nada A imagem a palavra o gesto significante etc constituem seu uacutenico abrigo

Fora desse material haacute apenas o ato fisioloacutegico natildeo esclarecido pela consciecircncia

desprovido do sentido que os signos lhe conferem (BAKHTIN 1999 p 135-136)

Com base nisso percebemos que uma das especificidades da linguagem humana eacute a

utilizaccedilatildeo da palavra que eacute universal convencional e flexiacutevel passiacutevel de variaccedilatildeo mudanccedila e

evoluccedilatildeo Eacute pela palavra que se estabelecem relaccedilotildees sociais e discursivas Eacute pela palavra que

se daacute a compreensatildeo e a interpretaccedilatildeo sem negar outras formas de comunicaccedilatildeo

Levando em conta as relaccedilotildees de interaccedilatildeo social e discursiva Bakhtin (1999) enfatiza

a importacircncia da interaccedilatildeo e da cultura histoacuterico-social para a constituiccedilatildeo dos sentidos pelos

indiviacuteduos

Nessa perspectiva a concepccedilatildeo de ensino de Liacutengua Portuguesa adotada nesta pesquisa

estaacute de acordo com o conceito de linguagem que daacute conta de seu funcionamento sob o aspecto

textual-interativo tanto na modalidade oral quanto escrita e com a liacutengua como um conjunto

de praacuteticas enunciativas Para Bakhtin

[a] verdadeira substacircncia da liacutengua natildeo eacute constituiacuteda por um sistema abstrato de

formas linguiacutesticas nem pela enunciaccedilatildeo monoloacutegica isolada nem pelo ato

psicofisioloacutegico de sua produccedilatildeo mas pelo fenocircmeno social da interaccedilatildeo verbal

realizada atraveacutes da enunciaccedilatildeo ou das enunciaccedilotildees A interaccedilatildeo verbal constitui

assim a realidade fundamental da liacutengua (BAKHTIN 1999 p123)

22

A abordagem citada evidencia a concepccedilatildeo de que a ldquo[] liacutengua vive e evolui

historicamente na comunicaccedilatildeo verbal concreta natildeo no sistema linguiacutestico abstrato das formas

da liacutengua (BAKHTIN 1999 p 124) Marcuschi (2008 p 60) corrobora esse conceito expondo

que ldquo[] a liacutengua eacute um conjunto de praacuteticas sociais e cognitivas historicamente situadasrdquo

Sabemos que entre o final do seacuteculo XIX e meados do seacuteculo XX a liacutengua era vista

sob uma perspectiva abstrata e a gramaacutetica sob uma perspectiva idealizada e uniforme

contribuindo assim para a discriminaccedilatildeo linguiacutestica jaacute que essa concepccedilatildeo de liacutengua abstrata

natildeo consegue atender agraves condiccedilotildees de produccedilatildeo e uso social da linguagem vivenciada por todos

os usuaacuterios da Liacutengua Portuguesa

Hoje seacuteculo XXI pretende-se que o ensino de Liacutengua Portuguesa apoie-se na

perspectiva contextualizada Isso implica promover oportunidades de fala de escuta de

reflexatildeo de debate e de anaacutelise sobre a linguagem como atividade social e interativa Embora

essa discussatildeo tenha se iniciado no seacuteculo XX com a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares

Nacionais ndash PCN em 1998 ainda encontramos praacuteticas de ensino descontextualizadas que natildeo

levam em consideraccedilatildeo os aspectos da interaccedilatildeo e da linguagem como atividade social Dessa

forma eacute necessaacuterio que se promovam atividades diaacuterias de leitura e escrita de textos o que

necessariamente inclui gramaacutetica Nesse sentido Antunes acrescenta que

[] a evidecircncia de que as liacutenguas soacute existem para promover a interaccedilatildeo entre as

pessoas nos leva a admitir que somente uma concepccedilatildeo interacionista da linguagem

eminentemente funcional e contextualizada pode de forma ampla e legiacutetima

fundamentar um ensino de liacutengua que seja individual e socialmente produtivo e

relevante (ANTUNES 2003 p 41)

Com base no exposto consideramos a liacutengua como forma de accedilatildeo e de interaccedilatildeo entre

os homens na sociedade que consiste natildeo soacute num intercacircmbio comunicativo mas

principalmente no estabelecimento de trocas afetivas cognitivas e sociais Assim o papel da

escola justifica-se por um ensino sistematizado e por sua socializaccedilatildeo mediante a comunicaccedilatildeo

e as interaccedilotildees adequadas voltadas para o desenvolvimento da autonomia e para a construccedilatildeo

da cidadania dos seus alunos

Dessa forma o enfoque do ensino de Liacutengua Portuguesa seraacute o desenvolvimento de

atividades contextualizadas e significativas que favoreccedilam o atendimento agrave realidade vivencial

dos alunos ao desenvolvimento da praacutetica de leitura e escrita promovendo sempre e cada vez

mais o domiacutenio da liacutengua padratildeo objeto de trabalho da construccedilatildeo linguiacutestica na escola sem

discriminar a variedade linguiacutestica usada pelo aluno Isso natildeo quer dizer que natildeo se devem

23

explorar os aspectos formais do uso da liacutengua De acordo com Antunes (2003) toda liacutengua tem

uma gramaacutetica que reflete os usos da liacutengua Assim o trabalho com a gramaacutetica parte do

princiacutepio do uso e do funcionamento de uma liacutengua Ainda de acordo com Antunes

[a]s pessoas quando falam natildeo tecircm liberdade total de inventar cada uma a seu modo

as palavras que dizem nem tecircm a liberdade irrestrita de colocaacute-las em qualquer lugar

nem de compor de qualquer jeito seus enunciados Falam isso sim todas elas

conforme as regras particulares da gramaacutetica de sua proacutepria liacutengua Isso porque toda

liacutengua tem sua gramaacutetica tem seu conjunto de regras independentemente do prestiacutegio

social ou do niacutevel de desenvolvimento econocircmico e cultural da comunidade em que eacute

falada Quer dizer natildeo existe liacutengua sem gramaacutetica (ANTUNES 2003 p 89)

Nesse sentido entende-se que crianccedilas jovens e adultos falam e se comunicam com

clareza de ideias utilizando a gramaacutetica internalizada que foi construiacuteda ao longo de sua

existecircncia nas diversas praacuteticas enunciativas Mesmo aqueles que nunca tiveram contato com a

escola comunicam-se de forma satisfatoacuteria pois a linguagem natildeo eacute uma atividade meramente

escolar A linguagem eacute uma atividade social e interativa

Dessa maneira destacamos com base nos Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN

(BRASIL 1998) e no Curriacuteculo Baacutesico Comum do Ensino Fundamental ndash CBCEF (SEEMG

2004 2014) que os objetivos do Ensino Fundamental partem do princiacutepio de um ensino de

Liacutengua Portuguesa que se baseia na concepccedilatildeo de linguagem como forma de accedilatildeo como praacutetica

social lugar de interaccedilatildeo e de natureza discursiva Esses documentos observam a variedade

linguiacutestica como a variedade das formas em uso ou seja o objeto de estudo eacute a liacutengua em uso

Isso natildeo quer dizer como mencionado que natildeo se devem explorar os aspectos formais do uso

da liacutengua mas o que se propotildee sobretudo eacute uma reformulaccedilatildeo nas praacuteticas pedagoacutegicas

assumindo uma nova postura e reflexatildeo quanto ao ensino da gramaacutetica para que os alunos

compreendam a funcionalidade dessa gramaacutetica na construccedilatildeo de discursos orais e escritos e

usem adequadamente a liacutengua para falar ouvir ler e escrever textos de forma autocircnoma Nessa

perspectiva segundo os Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN

[] a linguagem como atividade discursiva o texto como unidade de ensino e a noccedilatildeo

de gramaacutetica como relativa ao conhecimento que o falante tem de sua linguagem as

atividades curriculares em Liacutengua Portuguesa correspondem principalmente a

atividades discursivas uma praacutetica constante de escuta de textos orais e leitura de

textos escritos e de produccedilatildeo de textos orais e escritos que devem permitir por meio

da anaacutelise e reflexatildeo sobre os muacuteltiplos aspectos envolvidos a expansatildeo e construccedilatildeo

de instrumentos que permitam ao aluno progressivamente ampliar sua competecircncia

discursiva (BRASIL 1998 p 27)

Observamos que a formaccedilatildeo do aluno na condiccedilatildeo de ser social concretiza-se por meio

do uso da Linguagem dentro das variedades do discurso atribuindo-lhe capacidade de eficaz

24

exerciacutecio da cidadania no seu contexto social e domiacutenio da expressatildeo oral e escrita em situaccedilotildees

diversificadas Eacute necessaacuterio que o professor trabalhe assuntos de maneira contextualizada que

estimulem os alunos a participarem a questionarem a opinarem e a refletirem sobre os usos da

liacutengua

Por isso os princiacutepios organizadores dos conteuacutedos de Liacutengua Portuguesa adotam o

movimento USO gt RFLEXAtildeO gt USO e promovem de acordo com os Paracircmetros Curriculares

Nacionais ndash PCN terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental ldquoum movimento

metodoloacutegico de ACcedilAtildeO gt REFLEXAtildeO gt ACcedilAtildeO que incorpora a reflexatildeo agraves atividades

linguiacutesticas do aluno de tal forma que venha a ampliar sua competecircncia discursiva para praacuteticas

de escuta leitura e produccedilatildeo de textosrdquo (BRASIL 1998 p 65)

12 Alfabetizaccedilatildeo e letramento

Para contribuir com a ampliaccedilatildeo da competecircncia discursiva nas praacuteticas de escuta

leitura e produccedilatildeo de textos propostas pelos PCN eacute necessaacuterio discutir sobre os processos de

aprendizagem apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita Na busca de respostas para compreender

esses processos eacute preciso ressaltar as contribuiccedilotildees de Magda Soares (1986 2003 2004 2014)

sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento

Por muito tempo circulou no ambiente escolar apenas o conceito de analfabeto termo

utilizado para definir aquele que natildeo sabe ler e escrever No entanto Soares (2014) amplia o

entendimento sobre essa condiccedilatildeo do indiviacuteduo expressando-se nos seguintes termos

ldquoO estado ou condiccedilatildeo de analfabetordquo que natildeo eacute apenas o estado ou condiccedilatildeo de quem

natildeo dispotildee da ldquotecnologiardquo do ler e do escrever o analfabeto eacute aquele que natildeo pode

exercer em toda a sua plenitude os seus direitos de cidadatildeo eacute aquele que a sociedade

marginaliza eacute aquele que natildeo tem acesso aos bens culturais de sociedades letradas e

mais que isso grafocecircntricas porque conhecemos bem e haacute muito esse estado de

analfabeto sempre nos foi necessaacuteria uma palavra para designaacute-lo a conhecida e

corrente analfabetismo (SOARES 2014 p 20)

Com base no exposto percebemos que o analfabetismo eacute um problema relevante da

nossa sociedade pois exclui o indiviacuteduo de vaacuterias atividades necessaacuterias agrave praacutetica social da

cidadania Do mesmo modo na escola essa exclusatildeo ainda eacute pior pois os alunos que natildeo

aprendem a ler ainda nos primeiros anos escolares enfrentam a discriminaccedilatildeo o bullying a

indiferenccedila e o consequente fracasso escolar

Cumpre salientar que o insucesso dos alunos ainda eacute visto como fator pessoal ou cultural

por muitos profissionais da educaccedilatildeo e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo sem se preocuparem com a

25

falta de poliacuteticas puacuteblicas que atendam agraves reais necessidades da populaccedilatildeo menos privilegiada

e que expotildee as crianccedilas jovens e adultos a condiccedilotildees sociais desfavoraacuteveis Sobre o fracasso

escolar Soares (1986) afirma que soacute pode ser compreendido em uma perspectiva social e criacutetica

agraves ideologias que o atribuem ao aluno

Corroborando a concepccedilatildeo de liacutengua em perspectiva contextualizada entendemos que

o conhecimento e a aprendizagem do sistema de escrita do domiacutenio da leitura e da escrita ou

seja da alfabetizaccedilatildeo eacute uma praacutetica escolar sendo necessaacuterio que a escola crie situaccedilotildees nas

quais essa praacutetica aconteccedila em sala de aula de forma efetiva e sistematizada De acordo com

Soares

[] diante dos precaacuterios resultados que vecircm sendo obtidos entre noacutes na

aprendizagem inicial da liacutengua escrita com seacuterios reflexos ao longo de todo ensino

fundamental parece ser necessaacuterio rever os quadros referenciais e os processos de

ensino que tecircm predominado em nossas salas de aula [] (SOARES 2004 p 15)

Assim devem-se articular conhecimentos e teorias metodoloacutegicas fundamentadas na

ciecircncia a fim de favorecer a aprendizagem e o processo de alfabetizaccedilatildeo com o

desenvolvimento de habilidades e competecircncias de leitura e de escrita envolvendo o letramento

como praacutetica social

No Brasil de acordo com Soares (2004 p14) os conceitos de alfabetizaccedilatildeo e

letramento confundem-se embora esclareccedila que ldquo[] natildeo satildeo independentes mas processos

interdependentes indissociaacuteveis a alfabetizaccedilatildeo desenvolve-se no contexto de e por meio de

praacuteticas sociais de leitura e de escrita isto eacute atraveacutes de atividades de letramento []rdquo Poreacutem

a falta de entendimento e a inadequada fusatildeo desses processos tecircm levado a alfabetizaccedilatildeo a

certo apagamento pois a escola deixou de desenvolver as habilidades de aprendizagem do

sistema de escrita e passou a dar mais ecircnfase agraves praacuteticas sociais de leitura e escrita ndash letramento

Segundo Soares (2004) esse apagamento eacute um dos motivos do fracasso em

alfabetizaccedilatildeo inicial que hoje se verifica nas escolas brasileiras conforme exposto acima

Desse modo compreendemos que eacute necessaacuterio reconhecer as especificidades da alfabetizaccedilatildeo

e do letramento jaacute que a accedilatildeo de saber ler e escrever caminha em direccedilatildeo ao ser capaz de fazer

uso da leitura e da escrita Atualmente percebemos que os dois processos satildeo simultacircneos um

natildeo precede o outro e natildeo haacute possibilidade de escolha sobre qual eacute mais importante visto que

compreendemos que ambos satildeo indispensaacuteveis

Sobre a alfabetizaccedilatildeo e o letramento Soares (2004 p 15) esclarece que embora sejam

interdependentes ldquo[] satildeo processos de natureza fundamentalmente diferentes envolvendo

conhecimentos habilidades e competecircncias especiacuteficos que implicam novas formas de

26

aprendizagem diferenciadas e consequentemente procedimentos diferenciados de ensinordquo

Nesse sentido segundo Soares (2004) os dois processos satildeo complexos e multifacetados

tornando-se necessaacuterio analisar as especificidades de cada processo

As facetas da alfabetizaccedilatildeo envolvem a consciecircncia fonoloacutegica e fonecircmica as

habilidades de codificaccedilatildeo (escrita) e decodificaccedilatildeo (leitura) da liacutengua e o conhecimento e

reconhecimento dos processos de traduccedilatildeo da forma sonora da fala para a forma graacutefica da

escrita

Jaacute as facetas do letramento inserem as crianccedilas na cultura escrita participando de

experiecircncias variadas com a leitura e a escrita conhecendo e interagindo com diferentes tipos

e gecircneros de material escrito que satildeo propriamente da alfabetizaccedilatildeo Portanto Soares (2004)

ressalta que eacute necessaacuterio promover a integraccedilatildeo entre essas duas dimensotildees da aprendizagem

da liacutengua escrita de tal maneira que o letramento entatildeo possa ser entendido como a capacidade

de saber ler e escrever com proficiecircncia sabendo utilizar a leitura e a escrita (alfabetizaccedilatildeo) na

vida moderna como praacutetica social

Com base no exposto eacute necessaacuterio aprofundar a concepccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo e

letramento visto que satildeo processos importantes da leitura e da escrita na escola e na sociedade

121 O processo de alfabetizaccedilatildeo

De acordo com Soares (2014 p 31) ldquoalfabetizaccedilatildeo eacute a accedilatildeo de alfabetizar de tornar

alfabetordquo Alfabetizar eacute tornar o indiviacuteduo capaz de dominar o alfabeto ou seja capaz de ler e

escrever Dessa forma conceituar alfabetizaccedilatildeo parece faacutecil pois eacute um termo de uso comum e

familiar poreacutem apesar de tantas discussotildees e reflexotildees a seu respeito ainda encontramos

muitos problemas de alfabetizaccedilatildeo e do seu entendimento no contexto escolar

Sabemos que o mundo mudou e alguns conceitos e algumas exigecircncias sociais tambeacutem

acompanharam essas mudanccedilas Segundo Soares (2004) o conceito de alfabetizaccedilatildeo passou

por uma progressiva extensatildeo Na deacutecada de 40 o senso demograacutefico declarava que era

alfabetizada a pessoa que soubesse escrever o proacuteprio nome depois como aquela capaz de ler

e escrever um bilhete simples jaacute dando indiacutecios de uma praacutetica de letramento embora simples

Desde a deacutecada de 50 ateacute o momento atual estabeleceu-se uma relaccedilatildeo entre alfabetizaccedilatildeo e

anos de escolarizaccedilatildeo Nesse sentido caracteriza-se o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo funcional da

populaccedilatildeo a partir da capacidade que uma pessoa demonstra ao compreender textos simples

Dessa forma as pessoas alfabetizadas satildeo aquelas capazes de decodificar minimamente as

letras geralmente frases sentenccedilas textos curtos e os nuacutemeros Assim para o senso

27

demograacutefico fica impliacutecito que apoacutes alguns anos escolares a pessoa teraacute adquirido tais

habilidades

Hoje a discussatildeo sobre alfabetizaccedilatildeo estaacute automaticamente ligada ao conceito de

letramento Esses termos estatildeo presentes em nosso discurso e na maioria das vezes satildeo

interpretados como se fossem processos iguais mas sabemos que natildeo e tambeacutem entendemos

que isso natildeo ocorre de forma intencional Por isso Soares (2004) alerta para essa reflexatildeo e

discussatildeo pois o letramento posto nas relaccedilotildees entre as praacuteticas sociais de leitura e de escrita

em detrimento das capacidades de ler e escrever tem levado ao apagamento da alfabetizaccedilatildeo

Nessa perspectiva

A alfabetizaccedilatildeo como processo de aquisiccedilatildeo do sistema convencional de uma escrita

alfabeacutetica e ortograacutefica foi assim de certa forma obscurecida pelo letramento porque

este acabou por frequentemente prevalecer sobre aquela que como consequecircncia

perde sua especificidade (SOARES 2004 p 11)

Com base nisso compreendemos que eacute importante considerar a especificidade da

alfabetizaccedilatildeo pois garante o domiacutenio e a construccedilatildeo de competecircncias e habilidades em leitura

e escrita Poreacutem Soares (2004) adverte que isso natildeo quer dizer que devemos dissociar a

alfabetizaccedilatildeo do processo de letramento Como abordado anteriormente a alfabetizaccedilatildeo e o

letramento satildeo processos interdependentes e indissociaacuteveis

1211 As multifacetas da alfabetizaccedilatildeo

Observamos que questotildees sobre a alfabetizaccedilatildeo e acerca da importacircncia do

conhecimento linguiacutestico para auxiliar e intervir nas situaccedilotildees de ensino-aprendizagem da

leitura e da escrita nos primeiros anos escolares tecircm sido imprescindiacuteveis no contexto escolar

Por isso haacute a necessidade de se reconhecer a especificidade da alfabetizaccedilatildeo entendida como

processo de aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita

Como a alfabetizaccedilatildeo eacute um processo multifacetado Soares (2004) aponta as principais

facetas da alfabetizaccedilatildeo psicoloacutegica psicolinguiacutestica linguiacutestica e sociolinguiacutestica

Soares (2004) acrescenta que vaacuterias causas podem influenciar sobre a perda da

escpecificidade do processo de alfabetizaccedilatildeo como de natureza pedagoacutegica o sistema de

28

ciclos12 e a progressatildeo continuada13 que segundo a autora apresentam pontos positivos mas

tecircm sofrido uma diluiccedilatildeo ou uma pretericcedilatildeo de metas e objetivos

E assim como Soares (2004) natildeo iremos nos deter no aprofundamento das relaccedilotildees entre

esses dois aspectos porque a causa dos problemas em aprendizagem inicial de escrita satildeo mais

complexos como veremos a seguir Aleacutem dessas facetas eacute preciso levar em consideraccedilatildeo as

implicaccedilotildees do processo de alfabetizaccedilatildeo e seus condicionantes para a aprendizagem da liacutengua

escrita como fatores sociais econocircmicos poliacuteticos culturais e regionais

12111 Faceta psicoloacutegica

Sabemos que a Psicologia eacute a ciecircncia que trata dos estados e processos mentais do

comportamento do ser humano e de suas interaccedilotildees com um ambiente fiacutesico e social Desse

modo no campo da linguagem e da aprendizagem a faceta psicoloacutegica aborda como os fatores

psicoloacutegicos bioloacutegicos e sociais interferem no desenvolvimento da aprendizagem humana

Eacute notoacuterio destacar que assim como haacute muitos meacutetodos de ensino tambeacutem haacute muitas

teorias de aquisiccedilatildeo da aprendizagem que de uma forma geral podem ser agrupadas em teorias

do condicionamento e teorias cognitivistas Vygotsky elucidou as relaccedilotildees entre aprendizagem

e desenvolvimento cognitivo e Piaget explicou e trabalhou com investigaccedilotildees sobre os

mecanismos que explicam a evoluccedilatildeo do desenvolvimento cognitivo Assim abordaremos o

Interacionismo Soacutecio-histoacuterico de Vygotsky e o Interacionismo Construtivista de Piaget

O Interacionismo formulado por Vygotsky apoia-se na perspectiva sociocultural

segundo a qual o desenvolvimento do comportamento humano e da linguagem humana se daacute

12 Organizaccedilatildeo escolar de acordo com a RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 na qual

o Ensino Fundamental com duraccedilatildeo de nove anos estrutura-se em 4 (quatro) ciclos de escolaridade considerados

como blocos pedagoacutegicos sequenciais I - Ciclo da Alfabetizaccedilatildeo com a duraccedilatildeo de 3 (trecircs) anos de escolaridade

1ordm 2ordm e 3ordm ano II - Ciclo Complementar com a duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 4ordm e 5ordm ano III - Ciclo

Intermediaacuterio com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 6ordm e 7ordm ano IV - Ciclo da Consolidaccedilatildeo com duraccedilatildeo

de 2 (dois) anos de escolaridade 8ordm e 9ordm ano Disponiacutevel em

httpcrveducacaomggovbrsistema_crvbanco_objetos_crv7BD79D0911-31B5-44F6-908F-

98F77FEFE6217D_RESOLUC387C383O20SEE20NC2BA202164pdf Acesso em 01 abril

2018

13 A progressatildeo continuada estaacute prevista na RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 e

dispotildee sobre a avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos alunos A progressatildeo continuada com aprendizagem e sem

interrupccedilatildeo nos Ciclos da Alfabetizaccedilatildeo e Complementar estaacute vinculada agrave avaliaccedilatildeo contiacutenua e processual que

permite ao professor acompanhar o desenvolvimento e detectar as dificuldades de aprendizagem apresentadas pelo

aluno no momento em que elas surgem intervindo de imediato com estrateacutegias adequadas para garantir as

aprendizagens baacutesicas Disponiacutevel emlt

httpcrveducacaomggovbrsistema_crvbanco_objetos_crv7BD79D0911-31B5-44F6-908F-

98F77FEFE6217D_RESOLUC387C383O20SEE20NC2BA202164pdfgt Acesso em 01

abril 2018

29

pela interaccedilatildeo com o meio com a vida social e cultural Assim de acordo com Bock (1999)

Vygotsky criou uma teoria psicoloacutegica que estuda o homem seu mundo psiacutequico e sua

capacidade de vida social Dessa forma os princiacutepios baacutesicos dessa teoria satildeo a compreensatildeo

das funccedilotildees superiores do homem em relaccedilatildeo aos animais pelo fato de o homem ter vida social

e cultural por suas funccedilotildees superiores natildeo poderem ser vistas apenas sob a perspectiva da

maturaccedilatildeo de um organismo e sim por seu potencial e capacidades de aprendizagem pela

linguagem e pensamento serem intriacutensecos e terem origem social e pela cultura como parte

integrante do desenvolvimento humano jaacute que participamos de praacuteticas sociais historicamente

constituiacutedas

Desse modo a concepccedilatildeo de homem da Psicologia Soacutecio-histoacuterica segundo Bock

(1999 p 89) pode ser assim sintetizada ldquo[] o homem eacute um ser ativo social e histoacuterico Eacute

essa sua condiccedilatildeo humana O homem constroacutei sua existecircncia a partir de uma accedilatildeo sobre a

realidade que tem por objetivo satisfazer suas necessidadesrdquo Nesse sentido eacute a partir das

interaccedilotildees e das atividades (trabalho) das quais os indiviacuteduos participam em seu meio social e

cultural que vai sendo construiacuteda a aprendizagem Eacute nas experiecircncias e nas relaccedilotildees de trabalho

que o homem se torna ativo e social

Com base no exposto a construccedilatildeo da aprendizagem e seu desenvolvimento estatildeo

intrinsecamente ligados agrave linguagem e ao pensamento Por isso estatildeo inter-relacionados desde

o primeiro dia de vida da crianccedila

A respeito da construccedilatildeo da aprendizagem na escola Vygotsky apresenta sob a

perspectiva do potencial e da capacidade de aprendizagem das crianccedilas a zona de

desenvolvimento proximal e a preacute-histoacuteria da linguagem escrita

Entendemos que o aprendizado e o desenvolvimento das crianccedilas iniciam muito antes

de elas comeccedilarem a frequentar a escola pois jaacute vivenciaram diversas situaccedilotildees de

aprendizagem no seu cotidiano familiar e social Dessa forma a zona de desenvolvimento

proximal foi formulada por Vygotsky e representa

[] a distacircncia entre o niacutevel de desenvolvimento real que se costuma determinar

atraveacutes da soluccedilatildeo independente de problemas e o niacutevel de desenvolvimento

potencial determinado atraveacutes da soluccedilatildeo de problemas sob a orientaccedilatildeo de um adulto

ou em colaboraccedilatildeo com companheiros mais capazes (VYGOTSKY 1991 p 58)

Assim precisamos levar em consideraccedilatildeo os aspectos que na zona de desenvolvimento

proximal satildeo definidos como aqueles que ainda natildeo amadureceram mas que estatildeo em processo

de maturaccedilatildeo Dessa maneira por meio de um diagnoacutestico podemos delinear o

desenvolvimento real da aprendizagem que a crianccedila jaacute trouxe de experiecircncias adquiridas e

30

tambeacutem delinear e planejar a praacutetica docente para que a crianccedila tenha acesso tanto ao que jaacute

foi atingido quanto ao que estaacute em processo de maturaccedilatildeo

Segundo Vygotsky ldquoo niacutevel de desenvolvimento real caracteriza o desenvolvimento

mental retrospectivamente enquanto a zona de desenvolvimento proximal caracteriza o

desenvolvimento mental prospectivamenterdquo (VYGOTSKY 1991 p 58) Logo do real para o

proximal estamos em processos contiacutenuos de aprendizagem e de desenvolvimento

Outro ponto que podemos destacar de acordo com Vygotsky eacute a preacute-histoacuteria da

linguagem escrita

Ateacute agora a escrita ocupou um lugar muito estreito na praacutetica escolar em relaccedilatildeo ao

papel fundamental que ela desempenha no desenvolvimento cultural da crianccedila

Ensina-se as crianccedilas a desenhar letras e construir palavras com elas mas natildeo se

ensina a linguagem escrita Enfatiza-se de tal forma a mecacircnica de ler o que estaacute

escrito que se acaba obscurecendo a linguagem escrita como tal (VYGOTSKY 1991

p 70)

De fato a escrita na praacutetica escolar por vezes assume o caraacuteter mecacircnico e a escola

preocupa-se apenas com a atividade motora mais como treino do que com a proacutepria

significaccedilatildeo Ancorados em Vygotsky (1991) salientamos a necessidade de se dar atenccedilatildeo

especial agrave linguagem escrita vista como um sistema particular de siacutembolos e signos ldquoisso

significa que a linguagem escrita eacute constituiacuteda por um sistema de signos que designam os sons

e as palavras da linguagem falada os quais por sua vez satildeo signos das relaccedilotildees e entidades

reaisrdquo (VYGOTSKY 1991 p 70) Assim o desenvolvimento da linguagem escrita nas crianccedilas

se daacute pelo deslocamento do desenho das coisas para o desenho das palavras Dessa maneira o

domiacutenio desse sistema complexo precisa ser trabalhado na perspectiva da semacircntica e do

letramento como praacutetica social

Por isso consideramos desejaacutevel que as crianccedilas entrem para a escola tendo

reconhecidas as capacidades de ler e de escrever mas para isso o ensino tem que ser organizado

de forma que a leitura e a escrita se tornem necessaacuterias e com isso a escrita passe a ser ensinada

como uma atividade cultural complexa e natildeo apenas como uma habilidade motora a ser

desenvolvida

Jaacute a Psicologia do desenvolvimento a partir do Interacionismo Construtivista de Piaget

estuda o ser humano em todos os seus aspectos fiacutesico-motor (refere-se ao crescimento

orgacircnico) intelectual (capacidade de pensamento raciociacutenio) afetivo-emocional (modo

particular de o indiviacuteduo integrar as suas experiecircncias) e social (maneira como o indiviacuteduo

reage diante de situaccedilotildees que envolvem outras pessoas) isso em todas as fases da sua vida

31

Assim o desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental que se caracteriza

pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais e pelo crescimento orgacircnico

De acordo com Bock (1999) os estudos de Piaget demonstraram que existem maneiras

de perceber e de se comportar proacuteprios de cada faixa etaacuteria e estudar o desenvolvimento

humano significa conhecer as caracteriacutesticas de cada fase para entender suas individualidades

e assim ensinar o quecirc e como Sabendo que as teorias do desenvolvimento humano partem do

princiacutepio de que esses quatro aspectos satildeo indissociaacuteveis mas que o desenvolvimento global

pode ser estudado em apenas um desses aspectos Piaget evidencia o estudo do

desenvolvimento intelectual

Dessa forma as teorias do desenvolvimento humano de Jean Piaget segundo Bock

(1999) dividem-se em periacuteodos de acordo com o desenvolvimento de novas qualidades do

pensamento que acabam por interferir no desenvolvimento global Assim como podemos

observar no Quadro 01 a seguir os periacuteodos satildeo definidos como Sensoacuterio-motor Preacute-

operatoacuterio Operaccedilotildees concretas e Operaccedilotildees formais

Quadro 01 ndash Teorias do Desenvolvimento Humano de Piaget

Periacuteodo Caracterizaccedilatildeo do periacuteodo

1deg periacuteodo

Sensoacuterio-motor

(0 a 2 anos)

Nessa fase a crianccedila conquista atraveacutes da percepccedilatildeo e dos movimentos todo o universo

que a cerca

2deg periacuteodo

Preacute-operatoacuterio

(2 a 7 anos)

Primeira infacircncia esse periacuteodo eacute considerado muito importante e eacute caracterizado pelo

aparecimento da linguagem que acarretaraacute modificaccedilotildees nos aspectos intelectual

afetivo e social da crianccedila

3deg periacuteodo Operaccedilotildees

concretas

(7 a 11 ou 12 anos)

A infacircncia propriamente dita esse periacuteodo eacute caracterizado pelo iniacutecio da construccedilatildeo

loacutegica Nele o egocentrismo intelectual e social eacute superado pela construccedilatildeo loacutegica ou

seja a crianccedila eacute capaz de estabelecer relaccedilotildees que permitem a coordenaccedilatildeo de pontos

de vista diferentes No plano afetivo ela eacute capaz de cooperar com os outros de trabalhar

em grupo e ainda ter autonomia pessoal No plano intelectual eacute o surgimento da

capacidade mental as operaccedilotildees ou seja a crianccedila consegue realizar uma accedilatildeo fiacutesica e

mental dirigida para esse fim aleacutem disso inicia-se a capacidade de reflexatildeo do pensar

antes de agir

4deg periacuteodo Operaccedilotildees

formais (11 ou 12 anos

em diante)

Nesse periacuteodo ocorre a passagem do pensamento concreto para o pensamento formal

abstrato ou seja o adolescente realiza as operaccedilotildees no plano das ideias Assim ele eacute

capaz de refletir espontaneamente No plano das relaccedilotildees sociais passa por um processo

de interiorizaccedilatildeo e no plano afetivo vive em conflito pois seus interesses satildeo diversos e

mutaacuteveis

Fonte Elaborado pela autora com base em Bock (1999)

Assim conforme Bock (1999) Piaget estabelece cada periacuteodo de acordo com o que os

indiviacuteduos conseguem fazer nessas faixas etaacuterias Segundo Piaget (1983) todos os indiviacuteduos

passam por esses periacuteodos nessa sequecircncia mas o iniacutecio e o teacutermino de cada um depende de

fatores bioloacutegicos educacionais e sociais por isso essa divisatildeo natildeo pode ser aplicada de forma

riacutegida mas como referecircncia de desenvolvimento dessas fases da vida Dessa maneira o autor

procurou explicar o aparecimento de inovaccedilotildees mudanccedilas e transformaccedilotildees no percurso do

32

desenvolvimento intelectual e assim o processo de aquisiccedilatildeo do conhecimento vai sendo

construiacutedo ao longo da vida e a educaccedilatildeo deve possibilitar seu pleno desenvolvimento

Para Piaget (1983) o homem eacute dotado de estruturas bioloacutegicas que ao serem herdadas

influenciam na sua maneira de interagir com o ambiente que o leva agrave construccedilatildeo de um

conjunto de significados Assim a interaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente proporcionaraacute a

organizaccedilatildeo desses significados em estruturas cognitivas

Nesse sentido durante toda a vida o indiviacuteduo passaraacute por vaacuterios modos de organizaccedilatildeo

das estruturas cognitivas pois cada etapa da vida exigiraacute diferentes formas de interaccedilatildeo com o

meio Por isso no desenvolvimento da aprendizagem escolar devemos levar em consideraccedilatildeo

os aspectos de assimilaccedilatildeo (incorpora dados da experiecircncia jaacute adquirida) e acomodaccedilatildeo

(modifica as estruturas mentais para incorporar novas experiecircncias) e assim promover a

construccedilatildeo do conhecimento por meio da participaccedilatildeo ativa no processo de aprendizagem

Segundo Bock (1999 p 128) para Piaget ldquoo desenvolvimento intelectual resulta da

construccedilatildeo de um equiliacutebrio progressivo entre assimilaccedilatildeo e acomodaccedilatildeo o que propicia o

aparecimento de novas estruturas mentais Isso eacute um processo em evoluccedilatildeordquo

Portanto compreendemos que a grande contribuiccedilatildeo dos estudos de Piaget para a

evoluccedilatildeo da aprendizagem situa-se na abordagem sobre as relaccedilotildees com o meio ambiente em

todos os estaacutegios de forma ativa Cabe ao professor de acordo com a teoria piagetiana criar

possibilidades e situaccedilotildees de aprendizagem desafiadoras a fim de promover a aprendizagem

construtiva pois o aluno eacute levado a encontrar as respostas por meio de seus proacuteprios

conhecimentos nas situaccedilotildees de aprendizagem por vezes conflituosas e de sua interaccedilatildeo com

o meio e com os outros Por essa razatildeo o aluno na concepccedilatildeo construtivista exerce um papel

ativo sobre a proacutepria aprendizagem ao ser posto em situaccedilotildees de experimentaccedilatildeo pesquisa

reflexatildeo estiacutemulo que o conduzem a construir e a reformular pensamentos e conhecimentos

12112 Faceta psicolinguiacutestica

A faceta psicolinguiacutestica estuda as relaccedilotildees que se referem ao conhecimento e ao uso de

uma liacutengua particularmente na aquisiccedilatildeo da linguagem e no desenvolvimento dos processos

psicoloacutegicos Dessa forma por meio de uma anaacutelise psicoloacutegica e educativa as teorias da

aprendizagem da escrita oferecem-nos subsiacutedios para compreender como esse processo de

ensino-aprendizagem acontece

Embora muitos confundam teorias de aprendizagem com meacutetodos de ensino Bock

(1999 p 128) esclarece que ldquoPiaget natildeo desenvolveu uma teoria do processo de ensino

aprendizagem mas formulou referecircncias claras que na deacutecada de 80 seriam utilizadas por

33

Emiacutelia Ferreiro na elaboraccedilatildeo da sua teoria sobre a aprendizagem da escritardquo A partir disso o

construtivismo eacute entendido como teoria psicoloacutegica aplicada agrave compreensatildeo em que o

conhecimento eacute construiacutedo atraveacutes de experiecircncias pois aprender eacute um processo ativo no qual

o significado eacute desenvolvido com base em experiecircncias do percurso vivenciadas pela crianccedila

Ferreiro (1985) na tentativa de compreender como a escrita funciona e pelas

experiecircncias de estudo com Piaget aconselha-nos a pensar nos processos de aprendizagem da

crianccedila ao tentar reconstruir a representaccedilatildeo do sistema alfabeacutetico natildeo como meacutetodo de ensino

mas como processo de aprendizagem Assim Ferreiro (1995) apresenta os niacuteveis de leitura e

de escrita que se apoiam em hipoacuteteses do aprendiz Essas hipoacuteteses apontam os niacuteveis ou etapas

psicogeneacuteticas no processo de alfabetizaccedilatildeo em que ldquo[] todas as tarefas supunham uma

interaccedilatildeo entre o sujeito e o objeto de conhecimento (nesse caso a escrita) sob a forma de uma

situaccedilatildeo a ser resolvidardquo (FERREIRO 1985 p 34)

Portanto Ferreiro (1985) ao planejar situaccedilotildees experimentais quis evidenciar a escrita

tal como a crianccedila vecirc a leitura tal como a crianccedila compreende e os problemas tal como ela os

propotildee para si Assim sendo a autora ressalta que a aprendizagem da escrita eacute produto de uma

construccedilatildeo ativa e que passa por etapas de estruturaccedilatildeo do conhecimento Por essa razatildeo

ldquoquando algueacutem se alfabetiza percorre uma longa trajetoacuteria a qual eacute dado o nome de

psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeordquo (GROSSI 1990 p 54) De de acordo com Ferreiro (1985) a

psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeo caracteriza-se em niacuteveis sucessivos de aprendizagem da escrita

Esses niacuteveis satildeo constituiacutedos por um conjunto de condutas determinado pela forma como a

crianccedila vivencia os problemas em um momento do processo de aprendizagem Por isso

trataremos dos niacuteveis Preacute-silaacutebico Silaacutebico e Alfabeacutetico da psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeo

121121 Niacutevel Preacute-silaacutebico

De acordo com Ferreiro

A hipoacutetese central desse niacutevel eacute a seguinte Para poder ler coisas diferentes (isto eacute

atribuir significados diferentes) deve haver uma diferenccedila objetiva nas escritas O

progresso graacutefico mais evidente eacute que a forma dos grafismos eacute mais definida mais

proacutexima agrave das letras Poreacutem o fato conceitual mais interessante eacute o seguinte segue-

se trabalhando com a hipoacutetese de que faz falta uma certa quantidade miacutenima de

grafismos para escrever algo (FEREIRO1985 p 189)

Com base no exposto no niacutevel preacute-silaacutebico de escrita a crianccedila faz experimentaccedilotildees

diversas alterna letras desenhos sinais graacuteficos Ela percebe que escrever natildeo eacute a mesma coisa

que desenhar marcas distintas representam desenho e escrita e a grafia pode ser vista como a

34

representaccedilatildeo das caracteriacutesticas do objeto que eacute representado pela extensatildeo da escrita Aleacutem

disso natildeo haacute controle na escrita eacute normal escrever ateacute se completar a linha ou a largura da

folha ou escrever todas as palavras utilizando o mesmo conjunto de caracteres e na mesma

ordem Destacamos que esse processo natildeo eacute linear e nem ocorre da mesma maneira para todas

as crianccedilas pois cada uma tem uma visatildeo diferente das representaccedilotildees sendo compreendidas

apenas por ela mesma

Nesse sentido Grossi (1990) reforccedila que no niacutevel preacute-silaacutebico os sujeitos aprendem a

ter uma visatildeo sincreacutetica dos elementos da alfabetizaccedilatildeo ou seja haacute a indiferenciaccedilatildeo em relaccedilatildeo

agrave escrita pois a crianccedila ainda natildeo compreende que a escrita representa os sons das palavras que

falamos Portanto de acordo com a autora ldquonatildeo haacute discriminaccedilatildeo das unidades linguiacutesticas e

sobretudo haacute completa ausecircncia de vinculaccedilatildeo entre a pronuacutencia das partes de uma palavra ou

de uma frase e sua escritardquo (GROSSI 1990 p 56)

121122 Niacutevel Silaacutebico

O niacutevel silaacutebico estaacute caracterizado ldquo[] pela tentativa de dar um valor sonoro a cada

uma das letras que compotildeem uma escrita Nessa tentativa a crianccedila passa por um periacuteodo da

maior importacircncia evolutiva cada letra vale por uma siacutelabardquo (FERREIRO 1985 p 193) Com

isso a autora ressalta que a crianccedila que estaacute nessa fase de construccedilatildeo da escrita daacute um salto

qualitativo em relaccedilatildeo aos niacuteveis precedentes pois ela supera a etapa de uma correspondecircncia

global entre a forma escrita e a expressatildeo oral na qual natildeo havia percepccedilatildeo entre som e letra

para uma correspondecircncia entre as partes do texto entre cada letra Assim a crianccedila percebe

os sons das siacutelabas e comeccedila a usar letras que correspondem ao som da siacutelaba agraves vezes soacute usa

vogal outras vezes consoante e vogal

Dessa forma segundo Grossi (1990) no niacutevel silaacutebico a crianccedila comeccedila a compreender

a estabilidade da escrita das palavras ou seja ela constata que uma palavra eacute escrita sempre da

mesma maneira com as mesmas letras e em uma mesma ordem

Portanto a autora afirma que a evoluccedilatildeo da aprendizagem da escrita nesse niacutevel se faz

por meio de um trabalho amplo com a escrita de muitas palavras significativas ressaltando que

a aprendizagem eacute por meio ldquo[] de um trabalho e natildeo um mero contato com escritas uma vez

que o que preside a aprendizagem eacute a accedilatildeo e natildeo a percepccedilatildeo A accedilatildeo que produz a

aprendizagem satildeo as diligecircncias para resolver os problemasrdquo (GROSSI 1990 p 13)

35

121123 Niacutevel Alfabeacutetico

No niacutevel alfabeacutetico a crianccedila compreende o processo de leitura e escrita ao perceber

unidades menores do que as siacutelabas e assim progressivamente vai estabelecendo relaccedilotildees

entre fonemas e grafemas Segundo Ferreiro

Ao chegar a este niacutevel a crianccedila jaacute franqueou a lsquobarreira do coacutedigorsquo compreendeu

que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a

siacutelaba e realiza sistematicamente uma anaacutelise sonora dos fonemas das palavras que

vai escrever (FERREIRO 1985 p 213)

Com base no exposto compreendemos que no niacutevel alfabeacutetico a crianccedila jaacute tem

conhecimento do valor sonoro convencional das letras ou seja ela consegue estabelecer um

sentido mais coerente entre leitura e escrita que ateacute entatildeo era tecircnue instaacutevel mutaacutevel Assim

esse processo de apropriaccedilatildeo do sistema de escrita acontece pelo reconhecimento da

constituiccedilatildeo alfabeacutetica de siacutelabas Contudo eacute necessaacuterio ressaltar que

[i]sto natildeo quer dizer que todas as dificuldades tenham sido superadas a partir desse

momento a crianccedila se defrontaraacute com as dificuldades proacuteprias da ortografia mas

natildeo teraacute problemas de escrita no sentido estrito Parece-nos importante fazer essa

distinccedilatildeo jaacute que amiuacutede se confundem as dificuldades ortograacuteficas com as

dificuldades de compreensatildeo do sistema de escrita (FERREIRO 1985 p 213)

Eacute necessaacuterio assim compreendermos que nessa fase significativa da aprendizagem da

leitura e da escrita a crianccedila ainda enfrenta alguns desafios em relaccedilatildeo agrave ortografia e ao leacutexico

haja vista que de acordo com Grossi (1990) ldquo[] alfabetizar-se eacute o processo longo de conseguir

expressar pela escrita aquilo que pensamos ou de compreender atraveacutes da leitura pensamentos

mais complexos de outrem expresso nos textos escritosrdquo (GROSSI 1990 p 62)

Por isso o trabalho com a ortografia eacute posterior ao da estruturaccedilatildeo do niacutevel alfabeacutetico

que ainda natildeo estaacute totalmente consolidado visto que a entrada em niacutevel de escrita natildeo significa

a superaccedilatildeo baacutesica do conflito em torno das concepccedilotildees caracteriacutesticas de cada niacutevel ou do niacutevel

anterior A aprendizagem da escrita eacute um processo no qual a crianccedila experimenta e evolui Para

que isso ocorra eacute preciso fazer da sala de aula um espaccedilo rico de materiais escritos e de

atividades significativas para que as crianccedilas sintam-se inseridas no ativo processo de

construccedilatildeo do que eacute ler e escrever

36

12113 Faceta linguiacutestica

A Linguiacutestica eacute a ciecircncia que estuda os fatos sobre a liacutengua O precursor dessa ciecircncia

foi o suiacuteccedilo Ferdinand Saussure que tinha a liacutengua como objeto de estudo bem definido e a via

como uma parte essencial da linguagem como um produto social da linguagem

Agrave vista disso a mateacuteria da linguiacutestica eacute constituiacuteda por todas as manifestaccedilotildees da

linguagem humana inclusive todas as formas de expressatildeo sendo consideradas ldquocorretasrdquo ou

natildeo Sua tarefa compreende fazer a descriccedilatildeo e a explicaccedilatildeo da histoacuteria da liacutengua sobre como

ela funciona e sobre sua investigaccedilatildeo com base no caraacuteter cientiacutefico por isso a Linguiacutestica

utiliza os conhecimentos dessa aacuterea para tentar solucionar problemas especificamente os que

se referem ao ensino de liacutenguas agrave traduccedilatildeo aos distuacuterbios de linguagem e aos problemas de

aprendizagem da liacutengua Assim sendo a aprendizagem da Liacutengua Portuguesa enfrenta muitos

desafios pois haacute a necessidade de se melhorar a aprendizagem em leitura e em escrita ou seja

ensinar a ler e a escrever com eficiecircncia

Desde o final dos anos 90 que o ensino de Liacutengua Portuguesa e o estudo dos processos

de alfabetizaccedilatildeo vecircm ganhando um consideraacutevel avanccedilo com as discussotildees e estudos sobre

esses assuntos Assim as investigaccedilotildees sobre os processos de aprendizagem que antes eram

baseados na memorizaccedilatildeo ganharam notoriedade ao se compreender que a aprendizagem eacute um

processo contiacutenuo em que o aluno precisa construir o conhecimento conceitual da escrita O

aluno precisa entender o que a escrita representa e que cada letra representa um siacutembolo de um

som da fala

Nesse sentido Lemle (1991) ressalta que para uma pessoa aprender a ler e a escrever

ela precisa atingir alguns saberes e percepccedilotildees conscientemente Nesse sentido a autora elenca

cinco capacidades necessaacuterias agrave alfabetizaccedilatildeo

A primeira capacidade eacute a ideia de siacutembolo segundo a qual a crianccedila precisa saber o

que representam aqueles risquinhos no papel Para isso eacute necessaacuterio entender o que eacute siacutembolo

A segunda capacidade eacute a discriminaccedilatildeo das formas das letras o aluno precisa entender que

cada risquinho vale simboliza um som da fala e que esses siacutembolos satildeo as letras Dessa forma

a crianccedila deve discriminar as formas das letras levando em consideraccedilatildeo que elas satildeo bastante

semelhantes A terceira capacidade eacute a discriminaccedilatildeo dos sons da fala que exige da crianccedila a

percepccedilatildeo auditiva para ouvir diferenccedilas linguiacutesticas relevantes entre esses sons A quarta

capacidade eacute a consciecircncia da unidade da palavra em que a crianccedila precisa captar o conceito

de palavra Por fim a quinta capacidade eacute a organizaccedilatildeo da paacutegina escrita saber e compreender

como eacute a organizaccedilatildeo espacial da paacutegina do caderno ou do livro observando que nosso sistema

37

de escrita obedece a uma ordem que vai da esquerda para a direita e que a ordem significativa

das linhas eacute de cima para baixo

Com isso no que se refere agrave capacidade de terceira ordem podemos compreender que

existe uma relaccedilatildeo de simbolizaccedilatildeo entre as letras e os sons da fala embora seja necessaacuterio

tambeacutem que a crianccedila entenda que essa relaccedilatildeo nem sempre eacute harmoniosa pois haacute

complicaccedilotildees entre sons e letras Lemle (1991 p 17) ldquo[] enfatiza que temos em portuguecircs

pouquiacutessimos casos de correspondecircncia biuniacutevoca entre os sons da fala e letras do alfabetordquo

ou seja quando haacute correspondecircncia entre um fonema e uma letra como podemos observar essa

regularidade no Quadro 02 representada pelos fonemas e letras

Quadro 02 ndash Correspondecircncias biuniacutevocas entre fonemas e letras

Letras Fonemas

P

b

t

d

f

v

a

p

b

t

d

f

v

a

Fonte Lemle 1991 p 17

Em linguiacutestica fonemas satildeo os sons das letras representados por um dado feixe de traccedilos

distintivos ou seja daacute-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de estabelecer

uma distinccedilatildeo de significado entre as palavras

Com base no exposto entendemos que o ideal do sistema alfabeacutetico eacute que houvesse

correspondecircncia uacutenica entre cada som e cada letra poreacutem essa relaccedilatildeo acontece em nuacutemero

restrito de casos A tiacutetulo de exemplificaccedilatildeo as letras t e d diante do i passam a ter outro som

em ldquotiardquo ocorre tchia e em ldquodiardquo ocorre djia como se verifica na nossa regiatildeo Dessa forma

para poder intervir o alfabetizador precisa ter conhecimento sobre as relaccedilotildees foneacuteticas e os

processos fonoloacutegicos que envolvem as particularidades na variedade de correspondecircncias

entre sons e letras

Para que isso ocorra Lemle (1991) evidencia que eacute preciso esclarecer ao aluno que as

unidades de som satildeo influenciadas pelo ambiente em que ocorrem por isso haacute diferenccedilas de

pronuacutencia e haacute tantas variantes linguiacutesticas Por exemplo as palavras mato e sal que em alguns

dialetos ou na nossa regiatildeo ocorre uma mudanccedila de pronuacutencia do o que eacute transcrito com som

de [u] e do l que eacute transcrito com o som do [u] por isso dizemos [matu] em vez de mato e [sau]

em vez de sal Satildeo ocorrecircncias consideradas normais e consiste em um equiacutevoco dizer que as

38

crianccedilas falam errado ao ignorarem essas especificidades da liacutengua Aleacutem disso haacute um caso em

que a autora considera como o mais difiacutecil para a aprendizagem da liacutengua escrita o fato de duas

letras representarem o mesmo som no mesmo lugar como acontece com os fonemas s e z

Vejam mesa reza casa azar posseiro roceiro passo laccedilo caccedilado cassado Haacute uma

rivalidade entre sons e letras e de acordo com Lemle (1991 p 23) ldquo[] a uacutenica maneira de

descobrir que letra que representa dado som numa palavra da liacutengua escrita eacute recorrer ao

dicionaacuteriordquo Desse modo algumas situaccedilotildees que envolvem a ortografia satildeo aprendidas pela

memorizaccedilatildeo por meio da leitura pois guardamos a grafia das palavras em nossa memoacuteria

Em funccedilatildeo disso podemos relacionar ancorados em Lemle (1991) algumas etapas nas

quais o aluno constroacutei o conhecimento do sistema de escrita Na primeira etapa o discente

acredita na hipoacutetese da monogamia entre sons e letras e progride raacutepido ao atingi-la conforme

exposto na figura 1 em que as letras p b t d f v e a vogal a representam sempre a mesma

unidade fonecircmica

Na segunda etapa ele rejeita a ideia de monogamia e a substitui pela hipoacutetese de

poligamia condicionada por posiccedilatildeo ou seja relaccedilotildees natildeo biuniacutevocas cada letra com um som

em uma dada posiccedilatildeo e cada som com uma letra em dada posiccedilatildeo Assim haacute uma relaccedilatildeo

fonecircmica a partir da posiccedilatildeo em que se encontram as letras como podemos observar na Figura

0214

Figura 02 ndash Uma letra representando diferentes sons segundo a posiccedilatildeo

Fonte Lemle 1991 p 21

Assim Lemle (1991 p 29) enfatiza que ldquo[] a passagem da hipoacutetese (monogamia) para

a segunda hipoacutetese (poligamia condicionada pela posiccedilatildeo) eacute um passo de importacircncia crucial

na construccedilatildeo do conhecimento do alfabetizando a respeito do nosso sistema de escritardquo

14 Nota da autora ldquoEsses quadros natildeo esgotam a informaccedilatildeo sobre relaccedilotildees letra-som previsiacuteveis pela posiccedilatildeo

nem satildeo verdadeiros para todos os falares do Brasilrdquo (LEMLE 1991 p 22)

39

Segundo a autora quando o aluno natildeo compreende que essa correspondecircncia entre som e letras

na maioria das vezes natildeo eacute perfeita ele comete falhas tiacutepicas na leitura com a pronuacutencia

artificial das palavras com a escrita os erros ainda se encontram na hipoacutetese monogacircmica O

aluno escreve como fala por exemplo na palavra pato a escrita eacute patu ocorrendo a transcriccedilatildeo

foneacutetica Desse modo a evoluccedilatildeo na construccedilatildeo do conhecimento sobre a escrita entre a

primeira e a segunda etapa estaacute completa quando o aluno compreende essa relaccedilatildeo entre sons e

letras

Na terceira etapa haacute a ocorrecircncia em que duas letras representam o mesmo som no

mesmo lugar eacute quando o aluno se depara com a arbitrariedade do sistema de escrita Nesse

caso natildeo ldquohaacute princiacutepio focircnico que possa guiar quem escreve na opccedilatildeo entre letras concorrentesrdquo

(LEMLE 1991 p 23) Dessa maneira nessas situaccedilotildees a aprendizagem eacute construiacuteda pela

memorizaccedilatildeo Essa etapa da construccedilatildeo da escrita perdura por muito tempo jaacute que duacutevidas

sobre como se escreve uma determinada palavra eacute de natural acontecer em qualquer eacutepoca da

vida O que se percebe eacute que o aluno deve estar em contato com a escrita dessas palavras por

meio de situaccedilotildees de leitura de gecircneros diversos e de situaccedilotildees de produccedilatildeo escrita pois a

construccedilatildeo do sistema de escrita percorre um longo caminho e passa por vaacuterias etapas

Diante disso com base na classificaccedilatildeo feita por Lemle (1991) podemos compreender

que o aluno quando natildeo supera essas complicaccedilotildees e natildeo compreende as arbitrariedades do

sistema de escrita comete falhas tiacutepicas de escrita que foram classificadas pela autora como

falhas de primeira ordem falhas de segunda ordem e falhas de terceira ordem conforme

veremos no Quadro 03 a seguir

40

Quadro 03 ndash Falhas de escrita Falhas de escrita de 1ordf ordem

Leitura Escrita

Leitura lenta com soletraccedilatildeo

de cada siacutelaba

Falhas na

correspondecircncia

linear entre as

sequecircncias dos

sons e as

sequecircncias das

letras

Repeticcedilccedilatildeo de letras ppai (pai) meeu (meu)

Omissatildeo de letras trs (trecircs) pota (porta)

Troca na ordem das letras parto (prato) sadia

(saiacuteda)

Conhecimento ainda inseguro do formato de cada

letra rano (ramo) laqis (laacutepis) eus (lua)

Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo

do som sabo (sapo) gado (gato) pita (fita)

Falhas de escrita de 2ordf ordem

Leitura Escrita

Retenccedilatildeo na etapa

monogacircmica Na leitura

pronuncia cada letra

escandindo-a no seu valor

central Uma leitura silabada

O aluno faz a

transcriccedilatildeo

foneacutetica

matu em vez de mato

bodi em vez de bode

tenpo em vez de tempo

azma em vez de asma

genrro em vez de genro

eles falatildeo em vez de eles falam

Falhas de escrita de 3ordf ordem

Leitura Escrita

O aluno eacute capaz de pronunciar

as palavras de forma natural

O aluno avanccedilou no

saber ortograacutefico e

na escrita faz troca

entre letras

concorrentes

accedilado em vez de assado

trese em vez de treze

acim em vez de assim

jigante em vez de gigante

xinelo em vez de chinelo

chingou em vez de xingou

puresa em vez de pureza

sau em vez de sal

craro em vez de claro

operaro em vez de operaacuterio

Fonte Elaborado pela autora adaptado de Lemle 1991 p 40-41

Conforme podemos observar no Quadro 03 o aluno vivencia no seu processo de

aquisiccedilatildeo do sistema de escrita vaacuterias etapas de experimentaccedilatildeo checagem e conflito pois se

depara com situaccedilotildees arbitraacuterias da escrita Assim de acordo com Lemle (1991) o aluno que

ainda comete falhas de primeira e segunda ordens natildeo completou sua alfabetizaccedilatildeo ldquoSeraacute

considerado alfabetizado aquele em cuja escrita soacute restarem falhas de terceira ordem que seratildeo

superadas gradativamente com a praacutetica da leitura e da escritardquo (LEMLE 1991 p 41-42)

Portanto a anaacutelise das falhas ortograacuteficas serve ao diagnoacutestico do estaacutegio de elaboraccedilatildeo

da teoria da correspondecircncia entre sons e letras em que o aluno se encontra ou seja o niacutevel de

escrita Concebemos conforme a autora propotildee que eacute de fundamental importacircncia que o

professor saiba diagnosticar e avaliar as falhas de escrita para poder conhecer a realidade da

41

sua turma e dessa forma realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias para que os alunos superem cada

dificuldade encontrada

121131 Categorizaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita

O estudo sobre Foneacutetica e Fonologia possibilita ao professor o conhecimento sobre

como os seres humanos produzem ou ouvem os sons da fala Segundo Seara Nunes e Volcatildeo

(2015 p 29) ldquoas letras satildeo unidades formais miacutenimas da escrita e natildeo da falardquo

Nesse sentido eacute necessaacuterio entender e desvincular da nossa praacutetica que a escrita

representa a fala Tanto a escrita quanto a fala satildeo distintas e ter conhecimento dos processos

fonoloacutegicos que satildeo a codificaccedilatildeo (desvios) que os morfemas sofrem quando se combinam

para formar palavras propicia buscar estrateacutegias de ensino para a superaccedilatildeo dessas

dificuldades

Aleacutem disso ao professor que lida com a alfabetizaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel o conhecimento

das aacutereas da Foneacutetica e da Fonologia Sobre esse aspecto Seara (2015 p 33) ressaltam que o

conhecimento da Foneacutetica e de noccedilotildees sobre o sistema fonoloacutegico da liacutengua materna satildeo

fundamentais para que os professores atendam melhor os alunos que apresentam dificuldades

no processo de alfabetizaccedilatildeo Eacute preciso levar o aluno a compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-

fonoloacutegica e relacionaacute-la aos elementos graacuteficos da escrita

Aqui trataremos especificamente dos processos fonoloacutegicos que envolvem a escrita de

acordo com Cagliari (1995) O autor apresenta categorias de anaacutelise de ldquoerrosrdquo ortograacuteficos

como veremos no Quadro 04 a seguir

42

Quadro 04 ndash Categorizaccedilatildeo ndash Erros de escrita

1 Transcriccedilatildeo

Foneacutetica

Caracterizado pela transcriccedilatildeo da fala na escrita como trocar o i pelo e por falar

i ao pronunciar palavras como triste (ldquotristerdquo)

2 Uso indevido de

letras

O aluno escolhe uma letra para representar o som diferente da que pede a

ortografia como ldquodicirdquo no lugar de ldquodisserdquo As trocas de vogais natildeo satildeo

consideradas uso indevido de letra por quase sempre representarem transcriccedilotildees

foneacuteticas

3 Hipercorreccedilatildeo Ocorre quando o aluno jaacute conhece a forma ortograacutefica de determinadas palavras

que tecircm representaccedilatildeo diferente da pronuacutencia Assim ele generaliza a regra

como ldquojogolrdquo no lugar de ldquojogourdquo

4 Modificaccedilatildeo da

estrutura segmental

das palavras

Erros de troca supressatildeo acreacutescimo e inversatildeo de letras Caracteriacutesticos de

aluno que ainda natildeo domina o uso de certas letras como a distribuiccedilatildeo de m n

v e f como ldquoanigordquo no lugar de ldquoamigordquo ldquomacaordquo no lugar de ldquomacacordquo e

ldquososatordquo no lugar de ldquosustordquo O professor deve observar a loacutegica no erro do aluno

e a relaccedilatildeo entre as letras trocadas suprimidas ou acrescentadas

5 Juntura

intervocabular e

segmentaccedilatildeo

Na produccedilatildeo de textos a crianccedila costuma juntar as palavras num reflexo da

continuidade da fala ldquomimatourdquo (ldquome matourdquo)

6 Forma morfoloacutegica

diferente

Erros que ocorrem porque na variedade dialetal do aluno certas palavras tecircm

caracteriacutesticas proacuteprias que dificultam o entendimento como ldquoadepoisrdquo

(ldquodepoisrdquo)

7 Forma estranha de

traccedilar as palavras

Dificuldades com a escrita cursiva e a caligrafia

8 Uso indevido de

letras maiuacutesculas e

minuacutesculas

Alguns alunos quando aprendem que devem escrever os nomes proacuteprios com

letras maiuacutesculas passam a aplicar a regra para outros tipos de palavras como

pronomes pessoais

9 Acentos graacuteficos A acentuaccedilatildeo eacute uma das uacuteltimas etapas da aprendizagem da escrita Alguns

alunos se confundem por conta da semelhanccedila ortograacutefica entre formas com e

sem acento ou com a aplicaccedilatildeo do til

10 Sinais de pontuaccedilatildeo Tambeacutem fazem parte das uacuteltimas etapas de aprendizado e raramente fazem parte

de textos de produccedilatildeo espontacircnea

11 Problemas

sintaacuteticos

Muitos dos problemas sintaacuteticos (concordacircncia regecircncia etc) presentes nos

textos dos aprendizes denotam a transposiccedilatildeo da linguagem oral para a escrita

como ldquoera uma vez um menino que um dia ele saiu de casardquo

Fonte Elaborado pela autora com base em Cagliari (1995)

Dessa forma utilizaremos as categorias de anaacutelise dos ldquoerrosrdquo ortograacuteficos de acordo

com Cagliari (1995) como referencial para anaacutelise dos niacuteveis de escrita dos estudantes sujeitos

desta pesquisa As categorias satildeo transcriccedilatildeo foneacutetica (a representaccedilatildeo da fala) uso indevido

de letras (escolha possiacutevel para representar o som de uma palavra quando a ortografia usa

outra) hipercorreccedilatildeo (quando o aluno jaacute conhece a forma ortograacutefica de determinadas palavras

sabe que a pronuacutencia eacute diferente e passa a generalizar a forma de escrever) modificaccedilatildeo da

estrutura segmental das palavras (erros de troca supressatildeo acreacutescimo e inversatildeo de letras

representando maneiras de escrever porque o aluno ainda natildeo domina bem o uso de certas

letras) juntura intervocabular e segmentaccedilatildeo (ambas refletem criteacuterios de fala que a crianccedila usa

para juntar ou separar palavras) forma morfoloacutegica diferente (variedade dialetal) forma

estranha de traccedilar as letras (dificuldades com a escrita cursiva) uso indevido de letras

43

maiuacutesculas e minuacutesculas (o uso adequado natildeo eacute ensinado) acentos graacuteficos (sinais diacriacuteticos

ausentes nos textos espontacircneos) sinais de pontuaccedilatildeo (tambeacutem natildeo satildeo ensinados) e problemas

sintaacuteticos (denotam modos de falar diferentes do dialeto privilegiado pela ortografia e

apresentam uma topicalizaccedilatildeo da fala e natildeo da escrita)

Todas essas categorias relacionadas por Cagliari (1995) conforme apresentado no

Quadro 04 servem de base para a investigaccedilatildeo dos problemas surgidos nos textos dos alunos

para que o professor a partir daiacute possa realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias ao desenvolvimento

das competecircncias comunicativas dos alunos

12114 Faceta sociolinguiacutestica

Como jaacute dissemos a linguiacutestica eacute a ciecircncia que estuda os fatos da liacutengua Dessa forma

a faceta sociolinguiacutestica estuda os fatos da liacutengua em uso no ambiente cultural e social ou seja

no ambiente das comunidades de fala sob os aspectos linguiacutesticos e sociais

Segundo Bagno (2014 p 13)

A linguagem eacute um fenocircmeno de ordem sociocognitiva quer dizer ao mesmo tempo

em que eacute capacidade bioloacutegica da espeacutecie humana (e exclusiva da espeacutecie humana)

de adquirirproduzirtransmitir conhecimento por meio de

representaccedilotildeessimbolizaccedilotildees do mundo ela tambpem eacute uma forccedila motora de coesatildeo

social ela eacute preservada e transformada pelos membros de uma comunidade e por isso

sujeita aos fluxos influxos e contrafluxos poliacuteticos econocircmicos e sobretudo culturais

dessa comunidade (BAGNO 2014 p 13-14)

Em resumo o autor estaacute dizendo que a linguagem eacute um fenocircmeno social e estaacute

intimamente ligada aos aspectos culturais de uma comunidade

De acordo com Bagno (2014) os efeitos dos estudos da variaccedilatildeo social sobre a mudanccedila

linguiacutestica elaboradas por Willian Labov na deacutecada de 1960 tecircm implicaccedilotildees importantes para

a sociolinguiacutestica

Conforme a Teoria da Variaccedilatildeo (Sociolinguiacutestica) a liacutengua natildeo deve ser estudada fora

de seu contexto social como postula Labov (2001) pois para tal eacute necessaacuterio levar em conta

o contexto social e a variedade em uso Desse modo o autor afirma que eacute preciso trazer a

gramaacutetica de uso para a sala de aula que pode natildeo coincidir com a gramaacutetica formal e dessa

forma se explica a relaccedilatildeo de independecircncia entre liacutengua e fala

Assim os estudos variacionistas satildeo de fundamental importacircncia considerando que a

fala eacute o uso individual da liacutengua e que haacute sempre mais de uma forma de se dizer a mesma coisa

As liacutenguas satildeo heterogecircneas apresentando variaccedilotildees e independente da variaccedilatildeo apresentam

44

tambeacutem estruturas gramatical lexical sintaacutetico-semacircntica as quais estatildeo a serviccedilo dos

falantes Dentre as variantes linguiacutesticas haacute aquela que eacute vista com maior prestiacutegio social

cobrada e valorizada pela sociedade poreacutem natildeo deixa de ser apenas mais uma variante da

liacutengua

Desse modo Marcuschi (2001) afirma que nem todas as normas podem ser

padronizadas Eacute plausiacutevel que todas as variantes linguiacutesticas sejam valorizadas e respeitadas na

sociedade e principalmente na sala de aula ambiente escolar formador de opiniatildeo Diante

disso espera-se que o professor de Liacutengua Portuguesa fundamente sua praacutetica enquanto docente

do ensino da liacutengua materna para que possa compreender a relaccedilatildeo entre o ensino de Liacutengua

Portuguesa e o respeito agrave variaccedilatildeo linguiacutestica

Portanto o objeto de estudo passa a ser a liacutengua em uso Essa concepccedilatildeo aproxima a

liacutengua (fala) que o aluno usa da Liacutengua Portuguesa de fato porque a sociolinguiacutestica analisa a

liacutengua como identidade pois eacute usada na comunidade na qual o aluno estaacute inserido ressaltando

ainda que a teoria da variaccedilatildeo natildeo surge em funccedilatildeo do ensino mas em razatildeo da necessidade

de contribuir com a accedilatildeo pedagoacutegica e metodoloacutegica do ensino de Liacutengua Portuguesa

45

CAPIacuteTULO II

GEcircNEROS DIGITAIS (MULTI) LETRAMENTOS

Neste capiacutetulo abordamos as relaccedilotildees entre ensino escrita (multi)letramentos e

tecnologias que requerem novas habilidades de leitura compreensatildeo e produccedilatildeo nas mais

variadas praacuteticas sociais sobretudo agraves relacionadas aos gecircneros digitais

21 Letramento

Letramento (portuguecircs) literacy (inglecircs) eacute definido como ldquo[] estado ou condiccedilatildeo de

quem natildeo apenas sabe ler e escrever mas cultiva e exerce as praacuteticas sociais que usam a escritardquo

(SOARES 2014 p 47) Esse termo surgido no final do seacuteculo XX sob a influecircncia do mundo

globalizado visando atender agraves necessidades de uma sociedade moderna trouxe significativas

transformaccedilotildees sobre o pressuposto de quem sabe ler e escrever e tambeacutem de quem se envolve

e faz uso das praacuteticas de leitura e escrita Desse modo Soares (2014 p 38) postula que ldquo[]

aprender a ler e a escrever e aleacutem disso fazer uso da leitura e da escrita transformam o

indiviacuteduo levam o indiviacuteduo a um outro estado ou condiccedilatildeo sob vaacuterios aspectos social

cultural cognitivo linguiacutestico entre outrosrdquo

Dessa forma a pessoa letrada torna-se diferente pois assume o estado ou a condiccedilatildeo

social ou cultural de pensar agir e refletir diferente de uma pessoa que natildeo eacute alfabetizada

Soares define alfabetizaccedilatildeo termo por noacutes jaacute familiarizado como ldquo[] a accedilatildeo de

ensinaraprender a ler e escreverrdquo (SOARES 2014 p 47) Assim o ideal seria que essas accedilotildees

(alfabetizar e letrar) acontecessem concomitantemente como esclarece a autora ao dizer que

ldquo[] o ideal seria alfabetizar letrando ou seja ensinar a ler e a escrever no contexto das praacuteticas

sociais da leitura e da escrita de modo que o indiviacuteduo se tornasse ao mesmo tempo

alfabetizado e letradordquo (SOARES 2014 p 47) Por isso destacamos a importacircncia de se

alfabetizar letrando desde o iniacutecio da escolarizaccedilatildeo desenvolvendo praacuteticas de letramento jaacute

na Educaccedilatildeo Infantil

Para isso alguns fatores podem implicar no sucesso do trabalho com a leitura e a escrita

como por exemplo a escolha da metodologia os materiais (livros didaacuteticos inclusive) a forma

de avaliar e a organizaccedilatildeo da sala de aula para que o aluno saiba ler e escrever

Contudo entendemos que natildeo basta saber ler e escrever eacute necessaacuterio incorporar a

praacutetica da leitura e da escrita em seu cotidiano seja escolar ou natildeo Ao encontro disso Kleiman

(2005 p 13) apresenta o conceito de alfabetizaccedilatildeo como ldquoum conjunto de saberes sobre o

46

coacutedigo escrito da liacutengua que eacute mobilizado pelo indiviacuteduo para participar das praacuteticas letradas

em outras esferas de atividades natildeo necessariamente escolaresrdquo ou seja assemelhando ao

conceito de letramento

Assim a palavra letramento vem atender a uma necessidade visto que soacute a condiccedilatildeo de

alfabetizado conforme exposto acima natildeo garante que o indiviacuteduo ponha em praacutetica

habilidades e competecircncias em leitura e escrita como atividade social

Nesse sentido Kleiman (2005) diz que o letramento eacute complexo envolvendo muito

mais do que uma habilidade ou conjunto de habilidades ou uma competecircncia de quem lecirc

Envolve muacuteltiplas capacidades e conhecimentos para mobilizar essas capacidades muitos dos

quais natildeo tecircm necessariamente relaccedilatildeo com a leitura Ou seja envolve o conhecimento e a

cultura fora do contexto escolar pois o letramento ultrapassa os muros da escola Poreacutem o foco

dessa discussatildeo eacute a aprendizagem dentro da escola Assim busca-se investigar como favorecer

e fomentar o conhecimento sistematizado da leitura e da escrita sobretudo para aqueles que

estatildeo na escola haacute anos e natildeo conseguem aprender Dessa forma o desenvolvimento dessas

habilidades deve acontecer em um continuum de processos cognitivos que integram diversas

praacuteticas sociais de leitura e escrita

Cumpre salientar que Soares alerta para uma questatildeo de fundamental importacircncia a

falta de condiccedilatildeo para avaliar e medir o letramento pois natildeo haacute uma definiccedilatildeo exata para esse

processo Como distinguir pessoas letradas de iletradas ou como estabelecer niacuteveis de

letramento A esse respeito Soares indaga

Se o letramento eacute um contiacutenuo que representa diferentes tipos e niacuteveis de habilidades

e conhecimentos e eacute um conjunto de praacuteticas sociais que envolvem usos heterogecircneos

de leitura e escrita com diferentes finalidades que ponto desse contiacutenuo deve separar

adultos letrados de iletrados em censos populacionais e pesquisas por amostragem

ou crianccedilas bem sucedidas de crianccedilas mal sucedidas na aquisiccedilatildeo do letramento em

contextos escolares (SOARES 2014 p 83)

Com base nesse problema a autora enfatiza que avaliaccedilotildees pesquisas e mediccedilotildees de

letramento realizadas por censos populacionais ou sistemas escolares satildeo imprecisas pelo fato

de o letramento ser uma variaacutevel contiacutenua jaacute que se refere a uma multiplicidade de habilidades

que devem ser aplicadas a uma variedade de materiais de leitura Soares (2014) esclarece ainda

que a avaliaccedilatildeo e a mediccedilatildeo do letramento e suas relaccedilotildees eacute uma tarefa muito complexa pois

exige um paracircmetro para tal procedimento Contudo a falta de definiccedilatildeo exata e de paracircmetros

para avaliar e definir letramento natildeo impede e natildeo exclui a necessidade e a importacircncia de

avaliar ou medir o letramento como forma de se obter dados para fins teoacutericos e praacuteticos

47

Observamos que questotildees associadas ao desenvolvimento da leitura e da escrita bem

como compreensatildeo de textos e o uso eficiente dessas praacuteticas tecircm sido motivo de preocupaccedilatildeo

e estudo no sentido de se definirem iacutendices de letramento Segundo Soares (2014) as

definiccedilotildees de iacutendices de letramento se justificam porque indicam progressos baacutesicos de um paiacutes

ou de uma comunidade servem de comparaccedilatildeo entre paiacuteses e comunidades Aleacutem disso a

justificativa que consideramos mais pertinente eacute a de que iacutendices de letramento satildeo

imprescindiacuteveis para formulaccedilatildeo implementaccedilatildeo e planejamento de poliacuteticas puacuteblicas no

campo educacional e social

Por isso tomamos por letramento mais uma vez de acordo com Soares (2014 p 44)

ldquo[] o estado ou condiccedilatildeo de quem se envolve nas numerosas e variadas praacuteticas sociais de

leitura e escritardquo sabendo que haacute diferentes tipos e niacuteveis de letramento e que dependem das

necessidades e do contexto social e cultural do indiviacuteduo

Essa definiccedilatildeo eacute indispensaacutevel como expotildee Soares (2014 p 82) ao dizer que ldquouma

definiccedilatildeo geral e amplamente aceita eacute necessaacuteria especialmente quando se pretende avaliar e

medir niacuteveis de letramento sem ela como determinar criteacuterios que estabeleccedilam a diferenccedila

entre letrado e iletrado entre diferentes niacuteveis de letramentordquo

Com base nisso a avaliaccedilatildeo e a mediccedilatildeo do letramento em estudos por amostragem

satildeo consideradas pela autora como o meacutetodo mais adequado por medir e avaliar ldquoem

profundidade tanto as habilidades de leitura e de escrita atraveacutes de provas e testes quanto os

usos cotidianos dessas habilidades atraveacutes de questionaacuterios estruturadosrdquo (SOARES 2014 p

104) Dessa forma esse tipo de avaliaccedilatildeo e mediccedilatildeo busca identificar o letramento funcional

ou seja a praacutetica real das habilidades de leitura e escrita e a frequecircncia de usos sociais dessas

habilidades Aleacutem disso segundo Soares (2014) as escolas satildeo instacircncias que podem fazer uso

de avaliaccedilotildees e mediccedilotildees do letramento avaliando de maneira progressiva a aquisiccedilatildeo de

habilidades conhecimentos e usos sociais da leitura e da escrita mas alerta para o cuidado de

natildeo reduzir as praacuteticas de letramento apenas ao contexto escolar e distanciaacute-las das praacuteticas

sociais

22 Multimodalidade e Multiletramentos no ensino de Liacutengua Portuguesa

Segundo Kleiman (2005 p 53) ldquoo professor enquanto agente de letramento eacute um

promotor das capacidades e recursos de seus alunos e de suas redes comunicativas para que

participem das praacuteticas de uso da escrita situadas nas diversas instituiccedilotildeesrdquo Nesse sentido a

importacircncia do agente de letramento como mobilizador da praacutetica letrada atraveacutes dos gecircneros

textuais ou digitais vai ao encontro da necessidade de trabalhar com gecircneros socialmente

48

relevantes e que ampliem a capacidade linguiacutestica dos alunos Por isso levamos em conta a

grande circulaccedilatildeo de textos contemporacircneos carregados de imagens de cores de formatos

entre outros aspectos da diagramaccedilatildeo

Assim observamos que a forma de apresentaccedilatildeo dos textos em sala de aula vem

mudando consideravelmente nas uacuteltimas deacutecadas e o estiacutemulo ao desenvolvimento das

competecircncias sociocomunicativas e linguiacutesticas dos alunos por meio de diferentes suportes e

gecircneros textuais estaacute presente em muitos ambientes escolares Essa apresentaccedilatildeo de

informaccedilotildees escritas a maneira como eacute veiculada e as variedades de modos de comunicaccedilatildeo

existentes exigem da escola mais reflexatildeo sobre os aspectos do processo de ensinar e de

aprender

Nessa direccedilatildeo Rojo (2009 p 105) afirma que ldquo[] por efeito da globalizaccedilatildeo o mundo

mudou muito nas uacuteltimas deacutecadas Em termos de exigecircncias de novos letramentos eacute

especialmente importante destacar as mudanccedilas relativas aos meios de comunicaccedilatildeo e agrave

circulaccedilatildeo da informaccedilatildeordquo

Diante disso eacute fundamental destacar que o surgimento das tecnologias digitais e a forma

ou necessidade de a escola trabalhar com a tecnologia contribuiacuteram para a investigaccedilatildeo de

teorias que esclarecem os conceitos sobre os usos das tecnologias na educaccedilatildeo sobre a

multimodalidade e os multiletramentos

Por multimodalidade ou multissemiose Rojo tece as seguintes consideraccedilotildees

Eacute o que tem sido chamado de multimodalidade ou multissemiose dos textos

contemporacircneos que exigem multiletramentos Ou seja textos compostos de muitas

linguagens (ou modos ou semioses) e que exigem capacidades e praacuteticas de

compreensatildeo e produccedilatildeo de cada uma delas (multiletramentos) para fazer significar

(ROJO 2012 p 19)

Dessa forma percebemos que esses textos carregados de semiose exigem novas formas

de ler e de compreender assim como o termo multiletramento refere-se agrave habilidade de saber

analisar semioses compreender novas linguagens observando a diversidade cultural e

linguiacutestica tatildeo presente na nossa sociedade Por isso torna-se relevante o professor aprofundar

seu conhecimento nos estudos voltados para a linguagem sobre como ela se processa e como

eacute utilizada

Atualmente os recursos utilizados nas diferentes miacutedias sejam impressas ou digitais

exigem um novo comportamento do leitor Considerando esse contexto Rojo (2009) destaca

que o surgimento e a ampliaccedilatildeo contiacutenua de acesso agraves tecnologias digitais da comunicaccedilatildeo e da

informaccedilatildeo (computadores pessoais celulares tocadores de mp3 TVs digitais entre outras)

49

implicaram em pelo menos quatro mudanccedilas que ganham importacircncia na reflexatildeo sobre os

letramentos como podemos observar no Quadro 05

Quadro 05 ndash Mudanccedilas sobre os letramentos

Mudanccedilas que ganham importacircncia na reflexatildeo sobre os letramentos

1ordf

A vertiginosa intensificaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo da circulaccedilatildeo da informaccedilatildeo nos meios

analoacutegicos e digitais que por isso mesmo distanciam-se hoje dos meios impressos muito mais

morosos e seletivos implicando [] mudanccedilas significativas nas maneiras de ler de produzir e

de fazer circular textos na sociedade

2ordf

A diminuiccedilatildeo das distacircncias espaciais tanto em termos geograacuteficos por efeito dos transportes

raacutepidos como em termos culturais e internacionais por efeito da miacutedia digital e analoacutegica

desenraizando as populaccedilotildees e desconstruindo identidades

3ordf

A diminuiccedilatildeo das distacircncias temporais ou a contraccedilatildeo do tempo determinadas pela velocidade

sem precedentes a quase instantaneidade dos transportes da informaccedilatildeo dos produtos culturais

das miacutedias caracteriacutesticas que tambeacutem colaboram para mudanccedilas nas praacuteticas de letramento

4ordf

A multissemiose ou a multiplicidade de modos de significar que as possibilidades

multimidiaacuteticas e hipermidiaacuteticas do texto eletrocircnico trazem para o ato de leitura jaacute natildeo basta

mais a leitura do texto verbal escrito ndash eacute preciso relacionaacute-lo com um conjunto de signos de

outras modalidades de linguagem (imagem estaacutetica imagem em movimento muacutesica fala) que

o cercam ou intercalam ou impregnam esses textos multissemioacuteticos extrapolaram os limites

dos ambientes digitais e invadiram tambeacutem os impressos (jornais revistas livros didaacuteticos)

Fonte Rojo 2009 p 105

Com base no exposto podemos destacar que natildeo daacute mais para ignorar que essas

mudanccedilas interferem no modo como as pessoas leem e interpretam textos contemporacircneos em

diferentes suportes sejam analoacutegicos ou digitais Desse modo ler considerando as imagens

cores formatos e tamanhos de letras boxes entre outros recursos trazendo para si significaccedilatildeo

requer competecircncia anaacutelise e leitura criacutetica Nesse sentido Rojo (2009 p 112) define ldquoos

letramentos criacuteticos como capazes de lidar com textos e discursos naturalizados de maneira a

perceber seus valores e intenccedilotildees suas estrateacutegias seus efeitos de sentidordquo

Dessa forma observamos que a leitura por meio da tecnologia estaacute em evidecircncia e o

nosso aluno deve estar inserido nesse contexto Aleacutem disso percebemos que a utilizaccedilatildeo desses

recursos digitais concentram dinamismo e interaccedilatildeo tatildeo atrativos agraves crianccedilas jovens e adultos

da contemporaneidade

Vivemos em uma era em que a internet as redes sociais os textos multimodais e

hipermidiaacuteticos apresentam estruturas de texto verbal e natildeo-verbal cada vez mais atraentes

permitindo ao leitorusuaacuterio ser levado a um infinito mundo real e irreal de possibilidades de

comunicaccedilatildeo Assim levando em conta esse contexto hipermidiaacutetico Rojo argumenta que

[u]m dos objetivos principais da escola eacute justamente possibilitar que seus alunos

possam participar das vaacuterias praacuteticas sociais que se utilizam da leitura e da escrita

(letramentos) na vida da cidade de maneira eacutetica criacutetica e democraacutetica Para fazecirc-lo

eacute preciso que a educaccedilatildeo linguiacutestica leve em conta hoje de maneira eacutetica e

democraacutetica os multiletramentos ou letramentos muacuteltiplos os letramentos

multissemioacuteticos (ROJO 2009 p 107)

50

Outro aspecto que devemos levar em consideraccedilatildeo eacute que o trabalho com textos

multimodais pode proporcionar a anaacutelise da leitura de imagens com consideraacutevel importacircncia

pois sabemos que antes de conhecer a escrita na escola a crianccedila jaacute convive com ela e antes

mesmo de atentar agrave palavra escrita sente-se atraiacuteda pela imagem pelo colorido pelas

propagandas visuais e pelo fasciacutenio da tecnologia

Segundo Rojo (2009 p 108) as ldquo[] muacuteltiplas exigecircncias que o mundo contemporacircneo

apresenta agrave escola vatildeo multiplicar enormemente as praacuteticas e textos que nela devem circular e

ser abordadosrdquo e questiona sobre como seraacute realizada essa abordagem na escola Como

organizar a abordagem de praacuteticas de letramento Que eventos que esferas e miacutedias selecionar

Quais textos e como abordaacute-los

Para esse entendimento e escolha Marcuschi (2008) e Rojo (2009) acrescentam que

dois conceitos bakhtinianos podem nos auxiliar o conceito de esfera de atividade ou de

circulaccedilatildeo de discursos e o conceito de gecircneros discursivos De acordo com Marcuschi (2008

p 155) o domiacutenio discursivo constitui-se de ldquo[] praacuteticas enunciativas discursivas nas quais

podemos identificar um conjunto de gecircneros textuais que agraves vezes lhe satildeo proacuteprios ou

especiacuteficos como rotinas comunicativas []rdquo

Bakhtin defende que

[t]odas as esferas da atividade humana por mais variadas que sejam estatildeo sempre

relacionadas com a utilizaccedilatildeo da liacutengua Natildeo eacute de surpreender que o caraacuteter e os modos

dessa utilizaccedilatildeo sejam tatildeo variados como as proacuteprias esferas da atividade humana o

que natildeo contradiz a unidade nacional de uma liacutengua A utilizaccedilatildeo da liacutengua efetua-se

em forma de enunciados (orais e escritos) concretos e uacutenicos que emanam dos

integrantes duma ou doutra esfera da atividade humana (BAKHTIN1997 p 279)

Assim percebemos que em nossa vida cotidiana participamos de diversas esferas de

atividade como por exemplo atividades domeacutesticas e familiares do trabalho escolar

acadecircmica religiosa artiacutestica juriacutedica publicitaacuteria entre tantas outras e natildeo podemos deixar

de citar que hoje as atividades eletrocircnicasdigitais tambeacutem fazem parte das esferas de atividade

humana e que soacute podem ser realizadas por meio da tecnologia

Rojo (2009) acrescenta que na vida diaacuteria circulamos por essas esferas em diferentes

posiccedilotildees sociais miacutedias diversas e em culturas tambeacutem diferentes Compreendemos que a

inserccedilatildeo da tecnologia no cotidiano das pessoas eacute cada vez mais rotineira e rompeu as barreiras

da comunicaccedilatildeo pois mudou a forma de pensar de agir de relacionar e de produzir informaccedilatildeo

Por isso a autora destaca que hoje as esferas de atividades natildeo satildeo estanques e separadas mas

ao contraacuterio elas se mesclam o tempo todo como podemos ver na figura abaixo

51

Figura 03 ndash Esferas de atividade social ou de circulaccedilatildeo dos discursos

Fonte Rojo 2009 p 110

A figura 03 revela que cada esfera de atividade humana da oralidade ou da escrita

impressa ou digital representa uma dimensatildeo de circulaccedilatildeo de discursos e de utilizaccedilatildeo da

liacutengua e que muitos gecircneros satildeo comuns a vaacuterios domiacutenios Por isso a autora explica que em

uma esfera de comunicaccedilatildeo a crianccedila ou o jovem usa a linguagem informal como no MSN em

e-mails em blog e em bilhetes escolares obedecendo agraves condiccedilotildees de circulaccedilatildeo da liacutengua

Outro aspecto pertinente levantado por Rojo (2009) eacute que a abrangecircncia de discursos

das ideologias e das significaccedilotildees devem fomentar na escola e fora dela os letramentos criacuteticos

que possibilitam ao aluno lidar com textos e discursos percebendo seus valores suas intenccedilotildees

e seus efeitos de sentido As esferas de atividade no mundo contemporacircneo ampliaram as

condiccedilotildees de discurso sendo papel da escola ldquo[] colocar em diaacutelogo ndash natildeo isento de conflitos

polifocircnico em termos bakhtinianos ndash os textosenunciadosdiscursos das diversas culturas locais

com as valorizadas [] para formar um cidadatildeo multicultural em sua cultura e poliglota em

sua liacutenguardquo (ROJO 2009 p 115)

Assim eacute preciso trazer esse universo midiaacutetico para a escola natildeo para servir agrave cultura

global mas para ajudar o aluno a despertar o senso criacutetico avaliando o que lecirc as informaccedilotildees

que recebe sua aprendizagem o significado e a influecircncia do aprendizado na sua vida Com

isso torna-se papel da escola inserir esse universo na sala de aula buscando formar indiviacuteduos

criacuteticos capazes de ler de interpretar de avaliar o mundo em que vivem de interagir imagens

com palavras tornando-os mais motivados para o uso da leitura e da escrita como atividade

social

Portanto eacute necessaacuterio ensinar o aluno a comunicar-se e a produzir comunicaccedilatildeo auxiliaacute-

lo a perceber a se expressar a construir uma visatildeo criacutetica e eficiente das diversas formas de

expressatildeo ampliando sua percepccedilatildeo no entendimento de qualquer linguagem principalmente

52

porque vivemos em espaccedilos de aprendizagem que pretendem incorporar gradativamente o uso

das tecnologias e com isso a intensidade da informaccedilatildeo verbal e da visual exige de noacutes

compreensatildeo e reestruturaccedilatildeo da forma como estamos acostumados a ler

23 Texto (multimodal) e ensino

No ensino de Liacutengua Portuguesa o texto eacute o ponto de partida para o desenvolvimento

de atividades de leitura compreensatildeo interpretaccedilatildeo reflexatildeo sobre o uso da liacutengua

vocabulaacuterio ortografia e tema para as produccedilotildees de texto praticamente nesta sequecircncia de

estudo tanto no planejamento dos professores dessa aacuterea quanto na maioria dos livros didaacuteticos

Assim podemos inferir que o texto eacute algo essencial na praacutetica de leitura e escrita nas aulas de

Liacutengua Portuguesa e tambeacutem uma atividade muito familiar de todos os estudantes pois eacute uma

praacutetica constante da escola Aleacutem disso falamos por textos e lidamos com textos diariamente

sejam orais ou escritos impressos ou digitais

A partir dos anos 60 surge a Linguiacutestica do texto que trata hoje da produccedilatildeo e da

compreensatildeo de textos orais e escritos De acordo com Marcuschi (2008 p 73) a Linguiacutestica

textual ndash LT ndash ldquopode ser definida como os estudos das operaccedilotildees linguiacutesticas discursivas e

cognitivas reguladoras e controladoras da produccedilatildeo construccedilatildeo e processamento de textos orais

e escritos ou orais em contextos naturais de usordquo Assim de acordo com o autor a LT parte do

princiacutepio de que a liacutengua natildeo funciona de forma fragmentada em fonemas morfemas palavras

ou frases soltas mas em unidades de sentido que chamamos de texto sejam orais ou escritos

De acordo com Koch (2012 p 25) ldquoo conceito de texto varia conforme o autor eou a

orientaccedilatildeo teoacuterica adotadardquo Assim concebemos a noccedilatildeo de texto que Marcuschi (2008 p 72)

adota desenvolvida por Beaugrande (1997) segundo o qual ldquotexto eacute um evento comunicativo

em que convergem accedilotildees linguiacutesticas sociais e cognitivasrdquo

Segundo Marcuschi (2008 p 80) ldquoo texto natildeo eacute uma simples sequecircncia de palavras

escritas ou faladas mas um eventordquo Um evento comunicativo que tem como foco os usos da

liacutengua que concentra a sua essecircncia em expor as coisas reais que acontecem no dia-a-dia das

pessoas que tenha relevacircncia para a sua vida e para os outros Natildeo eacute um simples amontoado de

palavras soltas mas uma atividade discursiva que pode ser falada ou escrita

Koch (2012 p 26) postula que ldquoo texto pode ser concebido como resultado parcial de

nossa atividade comunicativa que compreende processos operaccedilotildees e estrateacutegias que tecircm lugar

na mente humana e que satildeo postos em accedilatildeo em situaccedilotildees concretas de interaccedilatildeo socialrdquo

Assim percebe-se que o texto apresenta um conjunto de fatores que favorecem a

concepccedilatildeo de linguagem em uso de discursividade de sentido de valor semacircntico de suas

53

propriedades (coesatildeo coerecircncia informatividade intertextualidade entre outros) de

multifunccedilotildees e multimodalidade Nessa perspectiva Marcuschi (2008) tece as seguintes

consideraccedilotildees

1 O texto eacute visto como um sistema de conexotildees entre vaacuterios elementos tais como

sons palavras enunciados significaccedilotildees participantes contextos accedilotildees etc

2 O texto eacute construiacutedo numa orientaccedilatildeo de multissistemas ou seja envolve tanto

aspectos linguiacutesticos como natildeo linguiacutesticos no seu processamento (imagem muacutesica)

e o texto se torna em geral multimodal

3 O texto eacute um evento interativo e natildeo se daacute como um artefato monoloacutegico e

solitaacuterio sendo sempre um processo e uma coproduccedilatildeo (co-autorias em vaacuterios niacuteveis)

4 O texto compotildee-se de elementos que satildeo multifuncionais sob vaacuterios aspectos tais

como um som uma palavra uma significaccedilatildeo uma instruccedilatildeo etc e deve ser

processado com esta multifuncionalidade (MARCUSCHI 2008 p 80)

Com base no exposto consideramos que o texto extrapola as questotildees meramente

linguiacutesticas pois concentra vaacuterios aspectos natildeo linguiacutesticos que devem ser considerados

principalmente porque estamos inseridos em uma sociedade imersa em um grande ambiente

multimodal

Na Teoria da Multimodalidade defendida por Kress e Van Leeuwen (2006) o texto

multimodal eacute aquele cujo significado se realiza por mais de um coacutedigo semioacutetico ou recursos

semioacuteticos Por recursos semioacuteticos entendem-se de acordo com Dioniacutesio (2006) os modos

(imagens escrita som muacutesica linhas cores tamanhos acircngulos ritmos etc) e como eles se

integram no texto atraveacutes das modalidades sensoriais (visual auditiva olfativa etc) Ainda de

acordo com Dioniacutesio (2006 p 21) ldquoo termo multimodal tem sido usado para nomear textos

constituiacutedos por combinaccedilatildeo de recursos de escrita (fonte tipografia) som (palavras faladas

muacutesicas) imagens (desenhos fotos reais) gestos movimentos expressotildees faciais etcrdquo

Deve-se ressaltar que ao fazer a leitura de uma imagem aleacutem de observar planos traccedilos

cores figuras eacute preciso compreender como esse conjunto de recursos semioacuteticos dialogam

pois ao vermos uma imagem imediatamente evocamos uma seacuterie de interpretaccedilotildees

Para Dioniacutesio (2006 p 160) o fato de a nossa sociedade estar cada vez ldquomais visualrdquo

demonstra que os textos multimodais ldquo[] satildeo textos especialmente construiacutedos que revelam

as nossas relaccedilotildees com a sociedade e com o que a sociedade representardquo

Por isso o estudo dos textos multimodais eacute relevante porque estamos imersos em

imagens sons textos palavras muacutesicas cores entre outras infinidades de possibilidades de

leituras variadas dispostas nesta sociedade que utiliza a internet como veiacuteculo de informaccedilatildeo e

de comunicaccedilatildeo Esse estudo possibilita ao professor e ao aluno o conhecimento de uma

54

linguagem multissignificativa entrecortada por relaccedilotildees de poder que se estabelecem no

discurso

Dessa maneira a anaacutelise dos textos visuais contribui de forma relevante para que se

compreendam os mecanismos de construccedilatildeo de sentidos visuais o que favorece o

desenvolvimento da leitura e da escrita de textos de natureza multimodal de acordo com a

Gramaacutetica de Design Visual ndash GDV de Kress e Van Leewen

Natildeo podemos deixar de abordar que o sistema de estruturaccedilatildeo visual elaborado por

Krees e Van Leeuwen (2006) na Gramaacutetica de Design Visual (GDV) compotildee-se de trecircs

metafunccedilotildees Primeiramente citamos a metafunccedilatildeo ideacional por meio da qual eacute expressa a

experiecircncia e a habilidade dos participantes de representarem e de interpretarem o mundo por

meio de estruturas narrativas ou conceituais (participantes representados participantes

interativos) A metafunccedilatildeo interacional diz respeito ao grau de interaccedilatildeo entre os elementos da

composiccedilatildeo Aleacutem disso haacute metafunccedilatildeo interpessoal na qual eacute expressa a relaccedilatildeo estabelecida

entre os interlocutores que ao desempenharem suas funccedilotildees criam possiacuteveis significados

tendo como base o contexto social do qual fazem parte (contato olhar de oferta e olhar de

demanda distacircncia social plano fechado plano meacutedio plano aberto) Haacute tambeacutem a funccedilatildeo

composicional que tem metafunccedilatildeo textual a qual expressa a relaccedilatildeo e a disposiccedilatildeo que os

elementos visuais ocupam na composiccedilatildeo visual para a construccedilatildeo de sentidos bem como a

relaccedilatildeo que esses elementos mantecircm com a situaccedilatildeo em que satildeo usados (valor da informaccedilatildeo

dadonovo idealreal e centromargem) A partir dessas consideraccedilotildees observa-se a articulaccedilatildeo

de vaacuterios modos semioacuteticos nos textos multimodais que convergem significados

representacionais interativos e composicionais e contribuem com a construccedilatildeo de sentidos do

texto

Entendemos de acordo com Koch (2006) que o sentido do texto eacute construiacutedo pelos

processos de interaccedilatildeo autor-texto-leitor Aleacutem disso a autora considera de fundamental

importacircncia que o leitor leve em consideraccedilatildeo as ldquosinalizaccedilotildeesrdquo na e para a produccedilatildeo de sentido

e os conhecimentos que possui ou seja o sentido de um texto eacute construiacutedo na interaccedilatildeo texto-

sujeitos

Segundo Marcuschi (2008 p 70) sujeito ldquoeacute aquele que ocupa um lugar no discurso e

que se determina na relaccedilatildeo com o outrordquo Um sujeito que pensa que se apropriou da

linguagem tem o que falar e para quem falar Um ser social eacute capaz de produzir ideias e

envolver-se nas questotildees da sociedade em que vive de forma interativa e contextualizada Eacute sob

essa perspectiva de escrita como atividade interativa que Antunes (2003) estabelece as

seguintes consideraccedilotildees

55

Uma visatildeo interacionista da escrita supotildee desse modo encontro parceria

envolvimento entre sujeitos para que aconteccedila a comunhatildeo das ideias das

informaccedilotildees e das intenccedilotildees pretendidas Assim por essa visatildeo supotildee que algueacutem

selecionou alguma coisa a ser dita a um outro algueacutem como quem pretendeu interagir

em vista de algum objetivo (ANTUNES 2003 p 45)

Diante do exposto a produccedilatildeo de textos na escola merece atenccedilatildeo haja vista a

necessidade de tornar o aluno sujeito das suas proacuteprias ideias ou seja um produtor de textos

que tem algo a dizer e para quem dizer Dessa forma pretende-se que a autoria faccedila parte da

vida do aluno como algo natural em uma troca de informaccedilotildees que se deseja partilhar Contudo

a dificuldade em produzir textos eacute uma realidade escolar A maioria dos alunos apresenta

estranhamento bloqueio medo de escrever Lidam diariamente com textos na escola e fora

dela realizam leituras desenvolvem atividades de interpretaccedilatildeo e anaacutelise mas demonstram

insatisfaccedilatildeo em produzir textos

Percebe-se que a falta de entendimento do que vem a ser um texto bem como da sua

percepccedilatildeo enquanto sujeito capaz de produzir discurso nas relaccedilotildees de interaccedilatildeo interfere

nesse processo de produccedilatildeo textual Por isso julgamos ser imprescindiacutevel que o aluno tenha

contato com textos de diversos gecircneros e que seja tambeacutem um leitor Ser leitor para construir

um repertoacuterio ideoloacutegico e vivencial para ter o que falar e para quem falar Como ressalta

Bakhtin

[n]a realidade toda palavra comporta duas faces Ela eacute determinada tanto pelo fato de

que procede de algueacutem como pelo fato de que se dirige para algueacutem Ela constitui

justamente o produto da interaccedilatildeo do locutor e do ouvinte [] A palavra eacute uma

espeacutecie de ponte lanccedilada entre mim e os outros Se ela se apoia sobre mim numa

extremidade na outra apoia-se sobre o meu interlocutor A palavra eacute o territoacuterio

comum do locutor e do interlocutor (BAKHTIN 1999 p 113)

Logo precisamos deixar claro para o aluno que ele tem capacidades comunicativas e

que sempre haveraacute a possibilidade de interaccedilatildeo entre locutor e interlocutor que ldquotodos temos

uma competecircncia textual-discursiva relativamente bem desenvolvida e natildeo haacute o que ensinar

propriamenterdquo como ressalta Marcuschi (2008 p 81) Nesse sentido a escola deve ativar essa

competecircncia a partir da praacutetica docente que intermedeia a linguagem oral e escrita atraveacutes de

leituras debates problematizaccedilatildeo discussotildees em sala de aula entre outras estrateacutegias que

privilegiam a produccedilatildeo textual como algo prazeroso

56

24 A internet e os gecircneros digitais no contexto escolar

Pensar em como as tecnologias digitais da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo podem

transformar nossa praacutetica pedagoacutegica natildeo eacute algo tatildeo recente Mesmo assim a praacutetica

pedagoacutegica sob essa perspectiva possibilita a noacutes professores natildeo soacute a atualizaccedilatildeo de

conhecimentos mas o acompanhamento das mudanccedilas no cenaacuterio mundial principalmente no

contexto escolar que eacute nosso espaccedilo de atuaccedilatildeo profissional Dessa forma a escola natildeo pode

desvincular-se do que acontece fora dela devendo estabelecer relaccedilotildees de praacuteticas de

letramento com a tecnologia para que surjam novas possibilidades de ensino-aprendizagem

contextualizadas e significativas

Nesse contexto as miacutedias e as tecnologias ganharam destaque em todos os aspectos

principalmente como instrumentos de novas propostas pedagoacutegicas Assim entende-se cada

vez mais a escola como uma instituiccedilatildeo inserida em uma sociedade que apresenta

transformaccedilotildees especialmente nas formas de acesso ao conhecimento Dessa maneira para natildeo

dissociar suas praacuteticas e processos da realidade social ela deve tambeacutem acompanhar essas

transformaccedilotildees apropriando-se desses novos meios de transmissatildeo de conhecimento e

transformando-os em instrumentos pedagoacutegicos A partir dessa concepccedilatildeo eacute preciso abordar

de maneira sucinta as interfaces das tecnologias digitais da informaccedilatildeo e da comunicaccedilatildeo com

a educaccedilatildeo

A internet ganhou abrangecircncia mundial pois eacute responsaacutevel por uma parte expressiva

das informaccedilotildees que circulam no mundo em um processo de compartilhamento de ideias que

foi estimulado especialmente a partir da deacutecada de 1980 quando seu uso tornou-se puacuteblico

deixando de ser exclusividade de especialistas e instituiccedilotildees governamentais Desde entatildeo a

internet vem se popularizando com a implantaccedilatildeo de laboratoacuterios de informaacutetica em diversas

instituiccedilotildees de ensino sobretudo apoacutes a utilizaccedilatildeo das ondas de raacutedio para essa finalidade uma

vez que por meio de uma linha telefocircnica seu uso era dispendioso e por isso restrito

Em 2015 conforme dados extraiacutedos da Pesquisa Nacional por Amostras em Domiciacutelios

(PNAD 2015) 578 de domiciacutelios brasileiros possuiacuteam acesso agrave internet Isso equivale a 393

milhotildees de domiciacutelios Aleacutem disso a pesquisa evidenciou que quanto maior a classe de

rendimento mensal domiciliar per capita maior eacute a proporccedilatildeo de domiciacutelios com Internet

Assim os domiciacutelios pertencentes agraves classes de rendimento domiciliar per capita de ateacute um

salaacuterio miacutenimo encontram-se abaixo da meacutedia nacional revelando uma desigualdade

socioeconocircmica e assim uma desvantagem quanto ao acesso agrave internet por falta de condiccedilotildees

financeiras

57

Outro aspecto observado de acordo com a PNAD (2015)15 eacute que houve reduccedilatildeo no

nuacutemero de domiciacutelios particulares permanentes com acesso agrave internet por meio de

microcomputador passando de 282 milhotildees em 2014 para 275 milhotildees em 2015 No

entanto aumentou o contingente de domiciacutelios com acesso agrave internet por meio de outros

equipamentos como celular 921 (362 milhotildees) tinham acesso por meio de telefone moacutevel

celular (aumento de 117 pontos percentuais em relaccedilatildeo a 2014) 211 (83 milhotildees) por tablet

(queda de 08 ponto percentual) e 75 (29 milhotildees) por televisatildeo (aumento de 26 pontos

percentuais)

Em 2013 o uso do microcomputador predominava em todas as grandes regiotildees com

exceccedilatildeo da regiatildeo Norte Jaacute em 2014 e contiacutenuo crescimento em 2015 de acordo com a

pesquisa a utilizaccedilatildeo do microcomputador como uacutenico equipamento para acesso agrave internet natildeo

mais prevalece na maioria dos domiciacutelios da populaccedilatildeo brasileira

Vale ressaltar tambeacutem que a pesquisa por meio da anaacutelise por distribuiccedilatildeo etaacuteria

constatou que os grupos mais jovens registraram as maiores proporccedilotildees de utilizaccedilatildeo da internet

em 2015 Analisando os grupos compreendidos na faixa de 10 a 44 anos de idade descobriu-

se que o uso da internet ultrapassava 575 (1021 milhoes de pessoas) Observamos a partir

desses dados que a utilizaccedilatildeo da internet mostrou relaccedilatildeo direta com os anos de estudo

indicando proporccedilotildees crescentes entre os mais escolarizados Em relaccedilatildeo a 2013 2014 e 2015

todos os niacuteveis de instruccedilatildeo apresentaram aumento da utilizaccedilatildeo da internet com exceccedilatildeo do

grupo sem instruccedilatildeo e menos de um ano de estudo que passou de 54 em 2013 para 52

em 2014 mas em 2015 houve aumento de 22 passando para 74 Para as pessoas com ateacute

sete anos de estudo a proporccedilatildeo foi inferior agrave meacutedia nacional (575) enquanto para aquelas

com oito anos ou mais de estudo a proporccedilatildeo foi superior Assim considerando o niacutevel de

instruccedilatildeo observou-se que as proporccedilotildees de utilizaccedilatildeo da Internet aumentaram continuamente

ateacute o niacutevel superior incompleto que alcanccedilou o valor maacuteximo de 9470 decaindo depois

para 928 no grupo que possui superior completo Eacute notoacuterio dizer que em 2015 dos 1021

milhotildees de usuaacuterios da internet 284 (290 milhotildees) eram estudantes Por isso o potencial e

as possibilidades de uso da internet na educaccedilatildeo satildeo evidentes porque ela constitui a maior e a

mais abrangente forma de comunicaccedilatildeo interaccedilatildeo e troca de saberes devendo fazer parte do

contexto escolar

15 Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNAD 2015) Disponiacutevel em lt

httpsbibliotecaibgegovbrvisualizacaolivrosliv99054pdf gt Acesso em 04 fev 2018

58

Assim podemos dizer que esses novos recursos de interaccedilatildeo comunicativa viabilizados

pela tecnologia podem e devem ser agregados ao contexto escolar estabelecendo relaccedilotildees de

sentido para o aluno e para a sociedade

Dessa forma sob a perspectiva do letramento como praacutetica social que atenda agraves

necessidades de aprendizagem do seacuteculo XXI a exigecircncia de utilizar os gecircneros digitais como

ferramenta de ensino configura um novo comportamento diante da leitura e da escrita Dessa

maneira a praacutetica docente restrita ao letramento das miacutedias impressas natildeo eacute suficiente tendo

em vista a real necessidade de inserir tecnologias digitais no contexto escolar que jaacute estatildeo tatildeo

presentes na vida das pessoas e de certa forma fora da escola

A esse respeito Coscarelli afirma que

[a]s escolas precisam preparar os alunos tambeacutem para o letramento digital com

competecircncias e formas de pensar adicionais ao que antes era previsto para o impresso

Sendo assim o desafio que precisamos enfrentar eacute o de incorporar ao ensino da leitura

tanto os textos de diferentes miacutedias (jornais impressos e digitais formulaacuterios online

viacutedeos muacutesicas sites blogs e tantos outros) quanto formas de lidar com eles (COSCARELLI 2016 p 17)

Assim a escola poderia levar em consideraccedilatildeo esses aspectos e preparar o aluno para

viver na sociedade contemporacircnea estabelecendo relaccedilotildees com o mundo real e com a

tecnologia preparando-o para enfrentar desafios resolver problemas e participar da sociedade

de forma criacutetica e responsaacutevel pois o uso de novas tecnologias da informaccedilatildeo de miacutedias de

gecircneros textuais e digitais cria inuacutemeras possibilidades de aprendizagem principalmente

quando se considera o contexto social a cultura e a vivecircncia dos sujeitos envolvidos no processo

de ensino-aprendizagem Assim nessa perspectiva pretende-se desenvolver no estudante

competecircncias de leitura e escrita por meio de gecircneros textuais e digitais

Os gecircneros textuais conforme Marcuschi (2008 p 155) satildeo [] textos que

ldquoencontramos em nossa vida diaacuteria e que apresentam padrotildees sociocomunicativos

caracteriacutesticos definidos por composiccedilotildees funcionais objetivos enunciativos e estilos

concretamente realizados na integraccedilatildeo de forccedilas histoacutericas sociais institucionais e teacutecnicasrdquo

Jaacute os gecircneros digitais apresentam os mesmos padrotildees sociocomunicativos estatildeo

presentes mais do que nunca na vida diaacuteria das pessoas poreacutem se valem do suporte virtual ou

seja da internet para se materializarem

Observamos que a rede mundial de computadores trouxe grandes mudanccedilas na forma

de comunicaccedilatildeo e acesso agrave informaccedilatildeo e a escola pouco tem utilizado essa profiacutecua ferramenta

como inovaccedilatildeo na praacutetica pedagoacutegica Marcuschi (2008 p 175) define como suporte de um

gecircnero ldquoum loacutecus fiacutesico ou virtual com formato especiacutefico que serve de base ou ambiente de

59

fixaccedilatildeo do gecircnero materializado como textordquo Assim os gecircneros digitais satildeo textos presentes

no nosso cotidiano e que estatildeo materializados no ambiente digital Cabe assim

compreendermos que o ambiente digital apresenta peculiaridades e variaacuteveis mas de acordo

com Marcuschi (2010 p 22) eacute fato inconteste ldquo[] que a internet e todos os gecircneros ligados a

ela satildeo eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita Na internet a escrita continua

essencial apesar da integraccedilatildeo de imagens e somrdquo

Nessa perspectiva Marcuschi (2010) relaciona no Quadro 06 os gecircneros digitais por

ele classificados como emergentes fazendo uma relaccedilatildeo com os gecircneros textuais jaacute existentes

Quadro 06 ndash Gecircneros textuais emergentes na miacutedia virtual e seus equivalentes em gecircneros

preexistentes Gecircneros emergentes Gecircneros jaacute existentes

1 E-mail Carta pessoal bilhete correio

2 Chat em aberto Conversaccedilotildees (em grupos abertos)

3 Chat reservado Conversaccedilotildees duais (casuais)

4 Chat ICQ (agendado) Encontros pessoais (agendados)

5 Chat em salas privadas Conversaccedilotildees (fechadas)

6 Entrevista com convidado Entrevista com pessoa convidada

7 E-mail educacional (aula por e-mail) Aulas por correspondecircncia

8 Aula-chat (aulas virtuais) Aulas presenciais

9 Videoconferecircncia interativa Reuniatildeo de grupo conferecircncia debate

10 Lista de discussatildeo Circulares seacuteries de circulares ()

11 Endereccedilo eletrocircnico Endereccedilo postal

12 Blog Diaacuterio pessoal anotaccedilotildees agendas

Fonte Marcuschi 2010 p 37

Compreendemos com base em Marcuschi (2008) que esses textos tecircm caracteriacutesticas

particulares e mesmo sendo por meio virtual as relaccedilotildees de interaccedilatildeo satildeo entre indiviacuteduos

reais Outros aspectos pertinentes e que satildeo relevantes para diferenciar e caracterizar esses

gecircneros satildeo a composiccedilatildeo (aspectos textuais e formais) o tema (natureza dos conteuacutedos) e o

estilo (aspectos relativos agrave linguagem) mesmo sabendo que por meio do ambiente virtual as

experimentaccedilotildees e possibilidades de uso satildeo ilimitadas

No sentido de melhor compreender as semelhanccedilas e diferenccedilas entre os gecircneros jaacute

existentes e os gecircneros emergentes Marcuschi (2010) traccedila alguns paracircmetros que poderiam

caracterizar esses novos gecircneros mas alerta que eacute apenas uma proposta descritiva e que carece

de maior investigaccedilatildeo Poreacutem analisa dois aspectos importantes que contribuem para essa

anaacutelise o tempo e os participantes como podemos observar no Quadro 07

60

Quadro 07 ndash Formatos da comunicaccedilatildeo por computador conforme os participantes e o tempo

Participantes Tempo

Siacutencrono Assiacutencrono

Bilateral Chat reservado E-mail

Multilateral Chat em salas abertas

Aula chat

Informaccedilotildees listas de

discussatildeo blogs

Fonte Marcuschi 2010 p 38

Observamos ancorados em Marcuschi (2010) que a simultaneidade ou natildeo em que

ocorrem as relaccedilotildees de fala-escrita apresenta um caraacuteter inovador no contexto das relaccedilotildees

discursivas e na forma como a linguagem acontece diante de tantos recursos inovadores Os

gecircneros no contexto digital mudam radicalmente a forma como as pessoas estabelecem

produzem ou reproduzem comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo Aleacutem desses aspectos (tempo e

participantes) satildeo levados em conta outros paracircmetros que caracterizam esses gecircneros como

o nuacutemero de interlocutores o tempo de envio das mensagens ou sinais a quantidade de texto

permitido limites impostos agrave revisatildeo meacutetodo de armazenamento busca e gerenciamento dos

textos e riqueza e variedade de sinais (texto som imagem etc)

Portanto conveacutem destacar que uma das caracteriacutesticas notaacuteveis em ambientes virtuais eacute

a alta interatividade a rapidez em enviar e em receber mensagens simultaneamente que antes

da tecnologia soacute era permitida face a face Ademais a utilizaccedilatildeo de recursos semioloacutegicos

comuns nesses ambientes como imagens sons viacutedeos fotos emoticons iacutecones criam

dinamismo ao que eacute lido ou escrito

Embora nosso propoacutesito seja evidenciar as caracteriacutesticas dos gecircneros digitais e da

multimodalidade reconhecendo suas potencialidades e possibilidades de uso Ribeiro (2016)

estabelece alguns esclarecimentos sobre os gecircneros textuais a partir da relaccedilatildeo entre impresso

e digital A autora alerta para o cuidado com as generalizaccedilotildees e para o cuidado em conduzir

discussotildees a esse respeito jaacute que considera que tanto o impresso quanto o digital tratam dos

aspectos da linguagem em suas pertinecircncias ambiecircncias e possibilidades Nesse sentido

devemos evitar polarizaccedilotildees que tratam o impresso como limitado ou desvantajoso em relaccedilatildeo

ao digital A concentraccedilatildeo em extremos opostos e generalizados leva agrave segregaccedilatildeo e natildeo agrave

congruecircncia que se pretende alcanccedilar em utilizar o impresso e o digital na perspectiva da

multimodalidade que natildeo eacute um recurso apenas do digital Nesse sentido a utilizaccedilatildeo de

recursos impressos ou digitais no desenvolvimento da leitura e da escrita tem a intenccedilatildeo de

ampliar horizontes e natildeo restringi-los

61

Por isso Ribeiro (2016 p 18) levanta os seguintes questionamentos ldquoO que quero

escrever Que linguagens vatildeo me servir agorardquo Satildeo as nossas intenccedilotildees e objetivos que

definem se os recursos seratildeo impressos ou digitais Para que isso ocorra a autora ressalta que

ldquo[] o mais importante eacute criar planejar selecionar recursos que vatildeo do laacutepis ao computador

de uacuteltima geraccedilatildeo O que realmente importa eacute conhecer linguagens e modos de dizer sem tirar

os olhos dos efeitos de sentido desejadosrdquo (RIBEIRO 2016 p 119)

25 Blog ndash gecircnero digital como ferramenta de ensino

Com o avanccedilo da tecnologia a utilizaccedilatildeo de ferramentas inovadoras e associadas ao uso

pedagoacutegico torna-se um desafio ao professor que quer fomentar conhecimento sobre

linguagens interaccedilotildees intenccedilotildees leitura e escrita no meio virtual Segundo Marcuschi (2010

p 31) ldquo[] todas as tecnologias comunicacionais novas geram ambientes e meios novosrdquo

Sabemos que a novidade a rapidez e a interatividade no meio virtual dificultam a

definiccedilatildeo de ambientes e gecircneros Por isso mesmo Marcuschi (2010) afirma que a internet

representa um laboratoacuterio de experimentaccedilotildees de todos os formatos Aquilo que hoje configura

uma afirmaccedilatildeo ou uma definiccedilatildeo pela proacutepria caracteriacutestica da tecnologia que eacute o avanccedilo com

que as coisas acontecem pode invalidar essas mesmas definiccedilotildees ou conceitos Contudo

definiremos ambiente virtual e o gecircnero digital blog ancorados nos estudos de Marcuschi

(2010) Assim de acordo com autor os ambientes virtuais satildeo domiacutenios de produccedilatildeo e

processamento textual em que surgem os gecircneros e que se distinguem dos ambientes por vaacuterios

sentidos pois abrigam os gecircneros e por muitas vezes os condicionam Assim dos gecircneros

digitais classificados acima abordaremos o blog como um recurso educacional inovador no

processo de escrita

A palavra blog segundo Marcuschi (2010) surgiu no final de 1997 provavelmente

empregada por Jorn Barger para descrever sites pessoais que fossem atualizados

frequentemente e contivessem comentaacuterios e links Dessa maneira o termo blog originou-se e

popularizou-se por causa da internet referindo-se a uma forma simplificada de weblog (Web ndash

rede de computadores e log ndash uma espeacutecie de diaacuterio de bordo de navegadores que anotavam as

posiccedilotildees do dia)

O Quadro 08 a seguir eacute um recorte do quadro ldquoParacircmetros para identificaccedilatildeo dos

gecircneros digitais no meio virtualrdquo elaborado por Marcuschi (2010 p 41) como o intuito de

levantar aspectos funcionais e operacionais aleacutem do aspecto sociocomunicativo e as atividades

desenvolvidas que caracterizam os gecircneros digitais e-mails chat aberto chat reservado chat

62

agendado chat em salas privadas entrevista com convidado e-mails educacionais aula chat

videoconferecircncia interativa lista de discussatildeo endereccedilo eletrocircnico e blog Assim pelo recorte

do quadro de Marcuschi analisamos apenas o gecircnero blog tendo em vista sua utilizaccedilatildeo como

ferramenta de ensino no Projeto de Intervenccedilatildeo ndash PEI

Quadro 08 ndash Paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blog Dimensatildeo Aspecto Presenccedila Ausecircncia Irrelevacircncia do traccedilo

para definiccedilatildeo de

gecircnero

Relaccedilatildeo temporal Assiacutencrono

Duraccedilatildeo Indefinida

Extensatildeo do texto Indefinida

Formato textual Texto corrido

Participantes Muacuteltiplos

Relaccedilatildeo dos participantes Conhecidos

Anocircnimos

Troca de falantes Inexistente

Funccedilatildeo

Interpessoal

Luacutedica

Tema Livre

Estilo Informal

Canal semioses Texto com imagens

Recuperaccedilatildeo de mensagem Por gravaccedilatildeo

Fonte Adaptado a partir de Marcuschi 2010 p 41

Com base no Quadro 08 observamos que o blog apresenta uma relaccedilatildeo temporal

assiacutencrona pois a comunicaccedilatildeo natildeo ocorre exatamente ao mesmo tempo natildeo eacute simultacircnea por

isso sua duraccedilatildeo tambeacutem natildeo eacute definida cronologicamente ocorre de acordo com o tempo de

produccedilatildeo Da mesma forma ocorre com a extensatildeo do texto que eacute indefinida jaacute que depende

da intenccedilatildeo e do propoacutesito comunicativo do autor O formato textual eacute corrido geralmente eacute

um texto sem referecircncias bibliograacuteficas em um uacutenico paraacutegrafo Os participantes satildeo muacuteltiplos

e atuam apenas na tecitura de comentaacuterios com liberdade de opinar elogiar criticar ou natildeo

visto que eacute o administrador do blog quem define em suas configuraccedilotildees essas possibilidades de

interaccedilatildeo Outro aspecto observado eacute a relaccedilatildeo dos participantes Marcuschi (2010) chama a

atenccedilatildeo nesse quesito para uma possiacutevel assimetria haja vista a relaccedilatildeo de proximidade ou

natildeo com o blogueiro pois os usuaacuterios que com ele interagem sabem quem ele eacute mas o blogueiro

natildeo necessariamente conhece seu interlocutor Tambeacutem cumpre destacar a ausecircncia de troca de

falantes acontecendo a comunicaccedilatildeo por meio de texto e imagem embora o texto assuma um

63

caraacuteter luacutedico e interpessoal que entendemos como algo positivo jaacute que estabelece relaccedilotildees

entre pessoas mesmo sendo pelo texto escrito e assiacutencrono Aleacutem disso os temas satildeo livres e

a informalidade daacute leveza e liberdade ao blogueiro em suas produccedilotildees Por fim o processo de

significaccedilatildeo na dimensatildeo canal e semioses ocorrem por meio do texto e imagem e haacute a

possibilidade de recuperaccedilatildeo de mensagens atraveacutes de gravaccedilatildeo Esclarecemos que satildeo apenas

traccedilos baacutesicos levantados e analisados por Marcuschi (2010) os quais ajudam a compreender o

gecircnero blog natildeo satildeo portanto definiccedilotildees exatas e estanques como ele mesmo postula ao dizer

que essa anaacutelise eacute provisoacuteria tendo em vista o acelerado desenvolvimento das tecnologias e

mudanccedilas envolvidas em sua produccedilatildeo

Consideramos que essa anaacutelise eacute pertinente visto que o blog em muitas ocasiotildees eacute

confundido com home page que natildeo eacute um gecircnero digital mas uma paacutegina de entrada de site

eletrocircnico Marcuschi define os blogs como gecircneros digitais nos seguintes termos

[] os blogs funcionam como um diaacuterio pessoal na ordem cronoloacutegica com anotaccedilotildees

diaacuterias ou em tempos regulares que permanecem acessiacuteveis a qualquer um na rede

Muitas vezes satildeo verdadeiros diaacuterios sobre a pessoa sua famiacutelia ou seus gostos e seus

gatos catildees atividades sentimentos crenccedilas e tudo o que for conversaacutevel

(MARCUSCHI 2010 p 72)

Nesse sentido o blog funciona como um diaacuterio virtual nele satildeo inseridos comentaacuterios

textos notiacutecias curiosidades e variados temas em uma ordem cronoloacutegica Fornece aos

usuaacuterios inuacutemeras possibilidades de se combinarem textos escritos eou orais como o podcast

on line16 imagens viacutedeos links entre tantas outras miacutedias Possibilita ainda a interaccedilatildeo entre

usuaacuterios da rede a tecitura de comentaacuterios a respeito dos assuntos publicados tornando-se um

recurso inovador de comunicaccedilatildeo e produccedilatildeo de informaccedilatildeo Marcuschi (2010 p 73)

acrescenta ainda que os blogs tecircm ldquo[] estrutura leve textos em geral breves descritivos e

opinativosrdquo

Com a popularizaccedilatildeo do blog surgiram novas expressotildees no contexto de quem utiliza a

internet como blogueiros ndash pessoas que criam blogs com temaacuteticas diversas e expotildeem

opiniotildees produccedilotildees escritas em viacutedeo ou aacuteudio entre outros post ndash postagens publicadas no

blog pelo blogueiro Podem-se utilizar muacuteltiplas semioses imagens viacutedeos texto verbal fotos

links Aleacutem disso haacute tambeacutem espaccedilo para comentaacuterio ndash parecer sobre alguma postagem em

forma de elogio criacutetica observaccedilatildeo ponto de vista

As possibilidades de aprendizagem e interaccedilatildeo por meio dos blogs satildeo postas em

evidecircncia e servem tanto agrave praacutetica docente quanto agrave aprendizagem do aluno na apropriaccedilatildeo de

16 O podcast eacute um conteuacutedo de miacutedia (geralmente aacuteudio) transmitido via RSS Disponiacutevel em

lthttpsmundopodcastcombrartigoso-que-e-podcastgt Acesso em 18 out 2016

64

habilidades e competecircncias em utilizar recursos digitais visando ao letramento digital pela

interaccedilatildeo de dispositivos eletrocircnicos e da internet Manusear e utilizar esses recursos implica

conhecimento habilidade e familiaridade Coscarelli ressalta que

[o] letramento digital parte desse pluralismo vai exigir tanto a apropriaccedilatildeo das

tecnologias ndash como usar o mouse o teclado a barra de rolagem ligar e desligar os

dispositivos ndash quanto ao desenvolvimento de habilidades para produzir associaccedilotildees e

compreensotildees nos espaccedilos multimidiaacuteticos Escolher o conteuacutedo a ser disponibilizado

em uma rede de relacionamentos selecionar informaccedilatildeo relevante e confiaacutevel na web

navegar em um site de pesquisa construir um blog ou definir a linguagem mais

apropriada a ser usada em e-mails pessoais e profissionais satildeo exemplos de

competecircncias que ultrapassam o conhecimento da teacutecnica (COSCARELLI 2016 p

21)

Para muitos alunos a utilizaccedilatildeo da tecnologia pode ateacute ser familiar mas para outros

nem tanto Assim as competecircncias leitoras e escritoras precisam ser desenvolvidas e ampliadas

no contexto escolar promovendo o multiletramento por meio do qual o aluno teraacute a

possibilidade de compreender novas linguagens Coscarelli enfatiza que

[a] leitura e a navegaccedilatildeo em sites blogs e redes sociais diversas satildeo algumas das

possibilidades para o trabalho com textos no ambiente digital Explorar suas

potencialidades e usabilidade significa levar em conta natildeo soacute a forma de organizar os

discursos e a linguagem utilizada mas valorizar outras linguagens agregadas aos

textos verbais tais como iacutecones a estrutura da interface o leiaute dentre outros

aspectos (COSCARELLI 2016 p 25)

Sabemos que o fato de a escola desenvolver os multiletramentos e assim promover as

competecircncias linguiacutesticas dos alunos atraveacutes dos gecircneros digitais eacute um aspecto que merece

atenccedilatildeo pelo simples fato de o ser humano ser intrinsecamente comunicativo Por isso

Marcuschi (2008 p 163) diz que ldquoa vivecircncia cultural humana estaacute sempre envolta em

linguagem e todos os nossos textos situam-se nessas vivecircncias estabilizadas em gecircnerosrdquo

Portanto concebemos o blog como um espaccedilo de praacuteticas de leitura e de escrita sobre

vivecircncias estabilizadas nesse gecircnero digital sobre si sobre o cotidiano sobre suas atividades

entre tantos outros aspectos pessoais pois os alunos poderatildeo criar seu proacuteprio blog e produzir

textos sobre si mesmos Dessa forma eacute interessante estabelecer relaccedilotildees entre texto e discurso

que satildeo aspectos complementares das accedilotildees linguiacutesticas De acordo com Marcuschi (2008 p

81-82) ldquo[] o discurso dar-se-ia no plano do dizer (a enunciaccedilatildeo) e o texto no plano da

esquematizaccedilatildeo (a configuraccedilatildeo) Entre ambos o gecircnero eacute aquele que condiciona a atividade

enunciativardquo Assim de acordo com o autor entre o discurso e o texto estaacute o gecircnero que eacute visto

como uma praacutetica enunciativa Compreendemos entatildeo a partir dessas reflexotildees que todas as

formas de dizer constituem os gecircneros que fazem parte do nosso cotidiano e que esses textos

65

estatildeo situados em domiacutenios discursivos os quais satildeo esferas da vida social ou institucional nas

quais se datildeo as praacuteticas que organizam formas de comunicaccedilatildeo

Com base no exposto o gecircnero blog se enquadra no domiacutenio discursivo interpessoal e

tem como modalidade de uso a liacutengua escrita Essa relaccedilatildeo interpessoal tem por caracteriacutestica

a troca de informaccedilotildees do que se tem a dizer e para quem dizer Assim na vida diaacuteria narrar

faz parte de muitos eventos comunicativos que tecircm origem no social e nas relaccedilotildees pessoais

mais precisamente a narrativa pessoal (carta diaacuterio relato pessoal autobiografia etc) Sobre

esse dizer de si mesmo e o ouvir sobre si mesmo jaacute que nossas primeiras experiecircncias sobre

noacutes mesmos satildeo narradas a partir das impressotildees tambeacutem pessoais dos nossos pais e avoacutes

para Bakhtin eacute

[u]ma parte consideraacutevel da minha biografia soacute me eacute conhecida atraveacutes do que os

outros ndash meus proacuteximos ndash me contaram com sua proacutepria tonalidade emocional meu

nascimento minhas origens os eventos ocorridos em minha famiacutelia em meu paiacutes

quando eu era pequeno (tudo o que natildeo podia ser compreendido ou mesmo

simplesmente percebido pela crianccedila) Esses elementos satildeo necessaacuterios agrave

reconstituiccedilatildeo um tanto quanto inteligiacutevel e coerente de uma imagem global da minha

vida e do mundo que a rodeia ora todos esses elementos soacute me satildeo conhecidos ndash a

mim o narrador da minha vida ndash pela boca dos outros heroacuteis dessa vida Sem a

narrativa dos outros minha vida seria natildeo soacute incompleta em seu conteuacutedo mas

tambeacutem internamente desordenada desprovida dos valores que asseguram a unidade

biograacutefica (BAKHTIN 1997 p 169-170)

Logo compreendemos a importacircncia das narrativas pessoais como elementos

constitutivos de conteuacutedo e que datildeo sentido agrave vida pois todos tecircm a necessidade de saber sobre

si mesmos Por isso o blog como diaacuterio virtual configura em uma escrita iacutentima na qual as

accedilotildees ocorrem em tempo e espaccedilo definidos assim como os verbos devem ficar no passado

Aleacutem disso na narrativa pessoal o autor eacute o protagonista da sua proacutepria histoacuteria e a linguagem

eacute pessoal Observamos que o texto procura traduzir impressotildees pessoais a respeito da proacutepria

vida do autor e as percepccedilotildees que ele tem em relaccedilatildeo agrave vida de uma forma geral Assim segundo

Bakhtin (1997 p 154-155) ldquodentro de si mesmo o homem adota uma postura ativa no mundo

sua vida consciente eacute sempre ato atuo mediante o ato a palavra o pensamento o sentimento

vivo venho a ser atraveacutes do atordquo Nesse sentido a narrativa pessoal tem compromisso com a

vida de quem escreve sobre seus sentimentos momentos os quais satildeo expostos pelo ato

comunicativo

66

CAPIacuteTULO III

PERCURSO METODOLOacuteGICO

Este capiacutetulo tem o intuito de apresentar os procedimentos metodoloacutegicos utilizados no

desenvolvimento deste estudo Desse modo realizamos a pesquisa com abordagem

metodoloacutegica de natureza aplicada classificada como explicativa utilizando como

procedimentos teacutecnicos a pesquisa bibliograacutefica a pesquisa-accedilatildeo e a pesquisa participante A

coleta de dados foi realizada por meio de observaccedilatildeo questionaacuterio atividade inicial de escrita

e atividade final de escrita Aleacutem disso realizaram-se no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica

ndash PEI atividades de escrita voltadas para o desenvolvimento da consciecircncia fonoloacutegica e

ortograacutefica

31 Contexto da pesquisa

O contexto de referecircncia desta pesquisa foi a Escola Estadual Pio XII localizada na

Praccedila Santa Cruz sn Centro no municiacutepio de Januaacuteria norte de Minas Gerais Sua localizaccedilatildeo

eacute privilegiada visto ser proacutexima a uma praccedila que funciona como um espaccedilo cultural onde

acontecem festas religiosas e eventos esportivos da escola e da comunidade

A comunidade na qual a escola estaacute inserida recebe forte influecircncia do Rio Satildeo

Francisco que eacute considerado o berccedilo de vaacuterias manifestaccedilotildees culturais januarenses e tambeacutem

celeiro folcloacuterico Tais manifestaccedilotildees influenciam significativamente as atividades escolares

os projetos desenvolvidos e as apresentaccedilotildees artiacutesticas da escola Nesse acircmbito destacam-se as

danccedilas de origem africana como o Maculelecirc Os Reis dos Temerosos e a Capoeira Sobre o rio

Satildeo Francisco tem-se a puxada de rede e as cantigas de lavadeiras Todas essas representaccedilotildees

culturais contam com a participaccedilatildeo efetiva dos alunos e da comunidade escolar fortalecendo

a identidade cultural a origem e a tradiccedilatildeo popular

De acordo com a Proposta Poliacutetico-Pedagoacutegica ndash PPP a Escola Estadual Pio XII atende

a crianccedilas jovens e adultos do centro da cidade comunidades vizinhas e bairros perifeacutericos

Portanto haacute uma diversidade muito grande nos aspectos econocircmico cultural e social Muitos

desses educandos moram em casa proacutepria com iluminaccedilatildeo aacutegua tratada banheiro e rede de

esgoto mas tambeacutem haacute situaccedilotildees de vulnerabilidade social precariedade financeira e desajustes

familiares

No aspecto educacional prevalece a formaccedilatildeo de niacutevel de escolaridade meacutedio completo

para o pai e para a matildee Poreacutem percebe-se entre as matildees uma crescente busca pela formaccedilatildeo

67

acadecircmica O nuacutemero de famiacutelias que possuem apenas a 4ordf seacuterie ou nenhuma instruccedilatildeo tem

diminuiacutedo Dessa forma a escola tem se sensibilizado com o problema oferecendo cursos e

conscientizando as famiacutelias sobre a necessidade de se concluir pelo menos a educaccedilatildeo baacutesica

para que possam acompanhar o desenvolvimento dos seus filhos e melhorar sua qualidade de

vida

A Escola Estadual Pio XII eacute uma instituiccedilatildeo respeitada e reconhecida por toda

comunidade januarense Tem por objetivo a formaccedilatildeo humana integral do educando e a busca

da inserccedilatildeo social por meio da formaccedilatildeo da cidadania Alicerccedilada nesse objetivo procura

empregar uma praacutetica educativa que tem como eixo a formaccedilatildeo de um cidadatildeo autocircnomo e

participativo Tem por missatildeo a formaccedilatildeo eacutetica pautada no ensino de qualidade buscando a

integraccedilatildeo efetiva entre escola e comunidade para que haja sucesso na aprendizagem e

transformaccedilatildeo construtiva dos alunos no seu meio

Ainda de acordo com o PPP algumas famiacutelias mantecircm-se informadas por meio das novas

tecnologias O acesso ao computador e agrave internet vem crescendo graccedilas agraves lan houses existentes

nos bairros cuja utilizaccedilatildeo estaacute focada primordialmente no entretenimento e no lazer natildeo

necessariamente nos estudos A maioria tem acesso ao telefone moacutevel (celular) apenas duas

pessoas por famiacutelia tecircm emprego fixo e a renda mensal predominante eacute de dois salaacuterios

miacutenimos

Quanto agrave infraestrutura a Escola Estadual Pio XII funciona em preacutedio proacuteprio e conta

com dezesseis salas de aula uma sala de multimeios um laboratoacuterio de informaacutetica com acesso

agrave internet uma biblioteca comunitaacuteria uma quadra em processo de construccedilatildeo secretaria

cantina e natildeo possui refeitoacuterio A sala dos professores e da equipe pedagoacutegica o laboratoacuterio de

informaacutetica e a diretoria funcionam em espaccedilos improvisados Apesar dos espaccedilos citados

necessitarem de reforma para melhor atendimento agrave comunidade local e escolar contamos com

um laboratoacuterio de informaacutetica disponiacutevel aos alunos aspecto importante para o

desenvolvimento das praacuteticas de letramento digital e multiletramento dos discentes envolvidos

nesta pesquisa A aacuterea externa e a aacuterea de circulaccedilatildeo satildeo pavimentadas mas muito pequenas

para atender agrave demanda principalmente em eventos e durante o recreio Haacute tambeacutem aacuterea sem

pavimentaccedilatildeo necessitando de projeto paisagiacutestico

Atualmente a Escola Estadual Pio XII atende a 24(vinte e quatro) turmas do Ensino

Fundamental 06 (seis) turmas do Ensino Meacutedio 12 (doze) turmas de Educaccedilatildeo de Jovens e

Adultos (EJA) Ensino Fundamental e Ensino Meacutedio sendo 01(uma) turma na Sede e 11 (onze)

turmas na Unidade Escolar Prisional 08 (oito) turmas de Cursos Teacutecnicos da Rede

(Administraccedilatildeo Informaacutetica Informaacutetica para Internet e Recursos Humanos) e 05 (cinco)

turmas de Educaccedilatildeo Integral do Ensino Fundamental no Polo da Fundaccedilatildeo Educacional Caio

68

Martins ndash FUCAM totalizando 55 (cinquenta e cinco) turmas e 1118 (mil cento e dezoito

alunos

32 Sujeitos da pesquisa

O universo de investigaccedilatildeo foi constituiacutedo pelos alunos matriculados no 6ordm ano Juacutelia de

Faacutetima (o nome da turma eacute Julia de Faacutetima em homenagem a uma professora que trabalhou na

escola) da Escola Estadual Pio XII no Municiacutepio de Januaacuteria Minas Gerias A turma eacute

composta por 25 (vinte e cinco) alunos cujos nomes foram preservados e identificados por

coacutedigos conforme demonstra o Quadro 09 a seguir

Quadro 09 ndash Alunos informantes do 6ordm ano JF

Fonte Dados da Pesquisa 2017

Conforme exposto no quadro acima a turma eacute composta por 25 alunos matriculados

mas ressaltamos que desses 25 alunos dois satildeo desistentes um foi transferido e um eacute

Coacutedigo Nordm informante

AB 1

AF 2

AK 3

CI 4

DR 5

DV 6

EA 7

EL 8

FA 9

FR 10

IR 11

JP 12

JR 13

KA 14

LV 15

MS 16

MC 17

ND 18

PC 18

PE 20

RR 21

RG 22

RC 23

TM 24

YM 25

69

extremamente infrequente portanto justifica-se a ausecircncia de alguns alunos em algumas coletas

de dados

De acordo com Gil (2002) quando os elementos a serem pesquisados satildeo numerosos e

esparsos eacute recomendada a seleccedilatildeo de uma amostra que deve ser selecionada de acordo com

procedimentos rigidamente estatiacutesticos Poreacutem o autor enfatiza que ldquo[] de modo geral o

criteacuterio de representatividade dos grupos investigados na pesquisa-accedilatildeo eacute mais qualitativo que

quantitativordquo (GIL 2002 p 145) Assim nesta pesquisa adotamos o criteacuterio de

intencionalidade pois segundo Gil (2002 p 145) ldquo[] uma amostra intencional em que os

indiviacuteduos satildeo selecionados com base em certas caracteriacutesticas tidas como relevantes pelos

pesquisadores e participantes mostra-se mais adequada para a obtenccedilatildeo de dados de natureza

qualitativa o que eacute o caso da pesquisa-accedilatildeordquo

Dessa forma a amostra de investigaccedilatildeo foi constituiacuteda por 08 (oito) alunos

selecionados de acordo com o niacutevel de escrita definido por Lemle (1991) Observamos que a

trajetoacuteria escolar desses 08 (oito) alunos confirma o que Soares (2014) ressalta sobre o fracasso

escolar A condiccedilatildeo de exclusatildeo escolar e social na qual todos esses alunos se encontram

devido agrave aprendizagem inicial da liacutengua escrita estar comprometida traz seacuterios reflexos

negativos ao longo do ensino fundamental visto que 625 dos alunos selecionados satildeo

repetentes conforme podemos ver na Tabela 01

Tabela 01 ndash Dados dos alunos selecionados para o PEI

Gecircnero Faixa etaacuteria Cursando o 5ordm

ano pela 1ordf vez

Cursando o 6ordmano

1ordf vez 2ordf vez 3ordf vez

EA Masc 11 anos 2016 2017

FA Masc 11 anos 2016 2017

IR Masc 12 anos 2015 2016 2017

JP Masc 11 anos 2016 2017

JR Fem 13 anos 2015 2016 2017

LV Fem 13 anos 2014 2015 2016 2017

ND Masc 14 anos 2014 2015 2016 2017

TM Masc 12 anos 2015 2016 2017

Fonte Dados da pesquisa Empiacuterica 2017

Os dados da Tabela 01 revelam os anos em que esses alunos cursaram o 5ordm ano do Ensino

Fundamental e o ingresso deles no 6ordm ano do Ensino Fundamental Percebemos por meio da

70

tabela que dois desses alunos repetem o 6ordm ano pela terceira vez consecutiva trecircs pela segunda

vez consecutiva e trecircs cursam o 6ordm ano do Ensino Fundamental pela primeira vez A reprovaccedilatildeo

acontece porque esses alunos natildeo dominam o sistema de escrita natildeo satildeo alfabetizados e os

outros tendem agrave reprovaccedilatildeo pelo mesmo motivo

Portanto o que levamos em consideraccedilatildeo para seleccedilatildeo da amostra foram as questotildees de

alfabetizaccedilatildeo e letramento cujas habilidades de aprendizagem do sistema de escrita foram de

certa forma apagadas e natildeo consolidadas Esses oito alunos apresentaram falhas de escrita de

primeira e segunda ordens conforme definiccedilatildeo proposta por Lemle (1991) A autora ressalta

que o aluno precisa compreender as arbitrariedades do sistema de escrita vivenciar e

experimentar a escrita por meio de checagem e conflito ao estar em contato com palavras

textos e situaccedilotildees que a envolvam para aos poucos ir construindo as competecircncias e habilidades

necessaacuterias agrave alfabetizaccedilatildeo A partir daiacute foi planejado executado e avaliado o Projeto

Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI para melhorar os niacuteveis de escrita desses 08 (oito) alunos

Aleacutem disso propusemos mais trecircs instrumentos de coleta de dados questionaacuterio Atividade

Inicial de Escrita ndash AIE e Atividade Final de Escrita ndash AFE a fim de verificar analisar e

compreender melhor esses dados e assim buscar e selecionar atividades estrateacutegias e situaccedilotildees

de escrita para compor o PEI

33 Procedimentos da pesquisa

O procedimento metodoloacutegico utilizado no desenvolvimento desta pesquisa teve como

premissa as orientaccedilotildees metodoloacutegicas para que se adquirisse o conhecimento cientiacutefico pois

o ser humano sempre teve necessidade de saber o porquecirc das coisas No iniacutecio por questotildees de

sobrevivecircncia o conhecimento era adquirido de forma empiacuterica Ao longo da existecircncia

humana o saber baseado na experiecircncia do cotidiano na tradiccedilatildeo popular natildeo foi suficiente

para explicar com convicccedilatildeo com mais confiabilidade os acontecimentos e as experiecircncias

vivenciadas Desse modo a partir da necessidade da comprovaccedilatildeo da adoccedilatildeo de uma

metodologia eacute que surgiu o conhecimento cientiacutefico

De acordo com Chalmers (1993 p 18) ldquo[] o conhecimento cientiacutefico eacute conhecimento

provado As teorias cientiacuteficas satildeo derivadas de maneira rigorosa da obtenccedilatildeo dos dados da

experiecircncia adquiridos por observaccedilatildeo e experimentordquo Assim podemos dizer que a pesquisa

cientiacutefica eacute conhecimento sistematizado pois parte da anaacutelise da realidade de maneira racional

e investigativa assim como realizamos neste trabalho ao investigarmos e analisarmos a

realidade do ensino-aprendizagem de Liacutengua Portuguesa no ensino fundamental da Escola

Estadual Pio XII

71

Gil (2002 p 17) por sua vez define pesquisa como ldquo[] o procedimento racional e

sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que satildeo propostosrdquo

Nessa perspectiva procedimentos metodoloacutegicos satildeo fundamentais para a pesquisa cientiacutefica

pois representam os meios e as teacutecnicas utilizados na investigaccedilatildeo Torna-se assim o

direcionamento na busca pelo conhecimento Ainda segundo Gil (2002 p 17) ldquo[] a pesquisa

eacute desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponiacuteveis e da utilizaccedilatildeo de meacutetodos

teacutecnicas e outros procedimentos cientiacuteficosrdquo

Assim quanto agrave natureza esta pesquisa foi classificada como aplicada pois decorre

ldquo[] do desejo de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficiente ou eficazrdquo (GIL

2002 p 17) Quanto aos objetivos foi classificada como explicativa pois procurou registrar

analisar e interpretar os dados coletados a fim de obter o conhecimento da realidade e a partir

disso buscou estrateacutegias para tentar minimizar os problemas encontrados

Gil (2002 p 42) ainda esclarece que ldquo[] essas pesquisas tecircm como preocupaccedilatildeo

central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrecircncia dos

fenocircmenosrdquo Esse eacute o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade

Quanto aos procedimentos teacutecnicos adotados utilizamos em um primeiro momento a

pesquisa bibliograacutefica como procedimento para construccedilatildeo do conhecimento sobre conceitos

termos e teorias que deram sustentaccedilatildeo cientiacutefica agrave pesquisa Dessa forma o embasamento

teoacuterico deste estudo teve como premissa a revisatildeo sobre as concepccedilotildees de linguagem

alfabetizaccedilatildeo letramento multiletramento gecircneros digitais e produccedilatildeo escrita

Conforme previsto no ProfLetras a pesquisa foi delineada como pesquisa-accedilatildeo que se

caracteriza por sua flexibilidade entre as fases de desenvolvimento do plano de accedilatildeo De acordo

com Thiollent

Pesquisa-accedilatildeo eacute um tipo de pesquisa social com base empiacuterica que eacute concebida e

realizada em estreita associaccedilatildeo com uma accedilatildeo ou com a resoluccedilatildeo de um problema

coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situaccedilatildeo ou

problema estatildeo envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT

2005 p 16)

Dessa forma ao empreender pesquisa-accedilatildeo o pesquisador parte para a praacutetica

aproximando cada vez mais a pesquisa cientiacutefica da realidade educacional vivenciada pelo

professor-pesquisador numa perspectiva pedagoacutegica autocircnoma e significativa pois eacute na praacutetica

que se estabelecem relaccedilotildees de ensino-aprendizagem

Esta pesquisa tambeacutem foi delineada pela pesquisa participante Gil (2002 p 55) diz que

ldquo[] a pesquisa participante assim como a pesquisa-accedilatildeo caracteriza-se pela interaccedilatildeo entre

72

pesquisadores e membros das situaccedilotildees investigadasrdquo Dessa forma a professora-pesquisadora

esteve envolvida e comprometida com a investigaccedilatildeo cientiacutefica em todas as suas fases

Nesse contexto o percurso metodoloacutegico desta pesquisa foi definido a partir das

seguintes vaacuterias etapas apresentadas no Quadro 10

Quadro 10 ndash Etapas do percurso metodoloacutegico

1 Problematizaccedilatildeo da praacutetica pedagoacutegica do ensino de Liacutengua Portuguesa no 6ordm ano do Ensino

Fundamental II da Escola Estadual Pio XII em relaccedilatildeo aos niacuteveis de escrita e dificuldades de

aprendizagem em leitura e escrita

2 Realizaccedilatildeo da pesquisa bibliograacutefica para construccedilatildeo do referencial teoacuterico

3 Coleta de dados sobre os niacuteveis de escrita

4 Elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo de um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI para elevar os niacuteveis de

escrita atraveacutes de atividades que visaram desenvolver a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita

ortograacutefica desses alunos utilizando o blog como recurso didaacutetico

5 Anaacutelise dos resultados da execuccedilatildeo da proposta educacional de intervenccedilatildeo e a contribuiccedilatildeo para

o ensino da Liacutengua Portuguesa no Ensino Fundamental

Fonte Elaborado pela pesquisadora 2017

Desse modo podemos observar que na primeira etapa da pesquisa partimos do

problema enfrentado em sala de aula no ensino da Liacutengua Portuguesa mais precisamente com

os estudantes de uma turma de 6ordm ano que iniciaram uma nova etapa de escolarizaccedilatildeo sem

terem adquirido ou consolidado os niacuteveis de escrita necessaacuterios ao ano em que ingressaram de

acordo com a Atividade Inicial de Escrita ndash AIE realizada por esta pesquisadora

Dessa forma a pesquisa permitiu uma anaacutelise e um posicionamento sobre a realidade

linguiacutestica dos estudantes do 6ordm ano nos mais diferentes niacuteveis de leitura e de escrita Diante

dessa realidade educacional diagnosticamos a necessidade de elevar os niacuteveis de escrita de 8

(oito) alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima da Escola Estadual Pio XII

A etapa seguinte consistiu na realizaccedilatildeo da pesquisa bibliograacutefica como dito

anteriormente para construccedilatildeo de um referencial teoacuterico que abordou conceitos sobre

alfabetizaccedilatildeo e letramento Nessa etapa os estudos de Soares (2003 2004 2014) Kleiman

(2005 2008) e Rojo (2008 2012) entre outros subsidiaram a construccedilatildeo argumentativa Na

escrita do referencial teoacuterico apresentamos as teorias que esclareceram os conceitos abordados

na escrita da pesquisa e como o assunto estaacute sendo trabalhado Portanto foi necessaacuterio recorrer

ao conhecimento acadecircmico e cientiacutefico produzido atualmente possibilitando a atualizaccedilatildeo

teoacuterica e a construccedilatildeo de uma proposta educacional de intervenccedilatildeo para melhorar os niacuteveis de

escrita dos sujeitos da pesquisa

73

O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI (APEcircNDICE C) parte relevante da

pesquisa consistiu na realizaccedilatildeo de atividades que visaram desenvolver habilidades de leitura

e de escrita utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico de ensino-aprendizagem A

escolha justifica-se por entendecirc-lo como um gecircnero digital que permite aos alunos a aquisiccedilatildeo

de habilidades de leitura e de escrita de forma atrativa e motivadora Nesse sentido o blog

funcionou como um recurso novo de aprendizagem para aleacutem da sala de aula convencional

pois envolveu novos modos de comunicaccedilatildeo que articularam imagens sons interatividade

animaccedilatildeo ou seja tudo aquilo que a crianccedila e adolescente gostam e pelo que se interessam

mesmo natildeo sendo alfabetizados Assim foi criado o blog da turma que funcionou tambeacutem

como suporte da aprendizagem construccedilatildeo vivecircncias e relatos pessoais dos alunos por meio

de recursos impressos e digitais

Todo esse trabalho foi desenvolvido como mais uma etapa desta pesquisa-accedilatildeo

Segundo Gil (2002) ldquoa pesquisa-accedilatildeo concretiza-se com o planejamento de uma accedilatildeo destinada

a enfrentar o problema que foi objeto de investigaccedilatildeordquo (GIL 2002 p 146) De acordo com o

autor a elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo deveraacute indicar basicamente os objetivos que se pretende

atingir as medidas que podem contribuir para melhorar a situaccedilatildeo os procedimentos adotados

para assegurar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de seus resultados

34 Teacutecnica de Coleta de Dados

Realizamos a coleta de dados por meio de teacutecnicas de observaccedilatildeo-participante

questionaacuterio (APEcircNDICE A) Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B) Projeto de

Intervenccedilatildeo Pedagoacutegico ndash PEI (APEcircNDICE C) e Atividade Final de Escrita ndash AFE

(APEcircNDICE D)

De acordo com Lakatos e Marconi (2003 p 190) a observaccedilatildeo ldquoeacute uma teacutecnica de coleta

de dados usada para conseguir informaccedilotildees e utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados

aspectos da realidade Natildeo consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou

fenocircmenos que se desejam estudarrdquo

A observaccedilatildeo-participante consistiu no trabalho de campo como docente da turma

daquilo que foi observado na escola das interaccedilotildees entre os envolvidos na pesquisa e dos

aspectos relevantes para este estudo Por isso a observaccedilatildeo aconteceu no ambiente real e

escolar na sala de aula na sala de multimeios e no laboratoacuterio de informaacutetica da escola Nesse

contexto segundo Lakatos e Marconi (2003 p 194) ldquoas observaccedilotildees satildeo feitas no ambiente

real registrando-se os dados agrave medida que forem ocorrendo espontaneamente sem a devida

preparaccedilatildeo A melhor ocasiatildeo para o registro eacute o local onde o evento ocorrerdquo Por isso esse

74

instrumento de coleta de dados permeou todo o processo de aplicaccedilatildeo dos demais instrumentos

haja vista que toda a investigaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo ocorreram no ambiente escolar

Outra teacutecnica de coleta de dados empregada foi o questionaacuterio (APEcircNDICE A) Lakatos

e Marconi definem esse instrumento nos seguintes termos

Questionaacuterio eacute um instrumento de coleta de dados constituiacutedo por uma seacuterie ordenada

de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a presenccedila do

entrevistador Em geral o pesquisador envia o questionaacuterio ao informante pelo

correio ou por um portador depois de preenchido o pesquisado devolve-o do mesmo

modo (LAKATOS MARCONI 2003 p 201)

Essa teacutecnica de coleta de dados apresenta inuacutemeras vantagens segundo Lakatos e

Marconi por economizar tempo Aleacutem disso obteacutem-se grande nuacutemero de dados atinge-se

maior nuacutemero de pessoas simultaneamente abrange-se uma aacuterea geograacutefica mais ampla

economiza-se pessoal (treinamento) obtecircm-se respostas mais raacutepidas e exatas liberdade de

respostas (anonimato) mais tempo para responder e horaacuterio favoraacutevel

Nesse sentido utilizamos o questionaacuterio investigativo (APEcircNDICE A) composto por

cinco perguntas a fim de investigar a relaccedilatildeo dos alunos com a internet seu uso no cotidiano

e assim confirmar a possibilidade de trabalhar com o blog como recurso didaacutetico

O questionaacuterio foi aplicado no dia oito de maio de dois mil e dezessete em sala de aula

com duraccedilatildeo de uma hora aula para dezoito alunos presentes e no dia seguinte dia nove de

maio para mais trecircs alunos faltosos no dia anterior totalizando vinte e um alunos A aplicaccedilatildeo

para esses alunos justificou-se pelo fato de natildeo termos realizado ateacute entatildeo a atividade inicial

de escrita que permitiu a tabulaccedilatildeo das falhas de escrita e aiacute sim selecionar os oito alunos que

necessitavam de atendimento especiacutefico

Logo em seguida aplicamos a Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B)

objetivando identificar e classificar os niacuteveis de escrita dos alunos de acordo com Lemle

(1991) ao estabelecer que o aluno comete falhas de escrita de primeira segunda e terceira

ordens quando natildeo supera as complicaccedilotildees do sistema de escrita e natildeo compreende as

arbitrariedades desse mesmo sistema Tal atividade baseou-se tambeacutem em Cagliari (1995)

segundo o qual o aluno necessita compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-fonoloacutegica e relacionaacute-la aos

elementos graacuteficos da escrita

Depois foi elaborado executado e avaliado um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash

PEI (APEcircNDICE D) para contribuir com os niacuteveis de escrita de oito alunos do 6ordm ano JF do

Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog como recurso

didaacutetico

75

Sob essa perspectiva a metodologia adotada no PEI foi fundamentada na teoria de

Thornburg (1996) intitulada ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a qual defende a

importacircncia dos ambientes cognitivos e afetivos para ensinar e aprender

O PEI pretendeu oferecer condiccedilotildees propiacutecias ao desenvolvimento de accedilotildees efetivas de

aprendizagem Assim para atender agraves reais necessidades da educaccedilatildeo no seacuteculo XXI

ferramentas pedagoacutegicas tradicionais (livros canetas papel quadro giz e texto verbal) devem

coexistir com as ferramentas das TDIC tecnologia (computador internet games viacutedeos

projetor textos multimodais) Dessa forma o professor assume um papel bastante diferente

daquele de um apresentador de conteuacutedo torna-se um mediador que ajudou os alunos a

desenvolverem habilidades e competecircncias de escrita e a interagirem com os assuntos

explorados Segundo Thornburg (1996) o professor neste cenaacuterio opera em um sistema

baseado em quatro componentes fogueira poccedilo drsquoaacutegua caverna e a vida chamados de

ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo

Metaforicamente a fogueira eacute o espaccedilo informacional associado agrave exposiccedilatildeo dialogada

e interativa para transmitir conhecimento O poccedilo drsquoaacutegua corresponde ao espaccedilo de

conversaccedilatildeo ocupado quando os alunos conversavam entre si Neste PEI foram contempladas

as conversas sobre textos multimodais entre outros toacutepicos para a construccedilatildeo do ensino-

aprendizagem A caverna associa-se ao espaccedilo conceitual onde as ideias satildeo desenvolvidas em

momento de introspecccedilatildeo e quando os alunos podem construir aprofundar e refletir sob a

perspectiva da produccedilatildeo escrita e da reflexatildeo do seu proacuteprio conhecimento A vida refere-se ao

espaccedilo contextual onde as coisas aprendidas puderam ser aplicadas na praacutetica social fora da

escola

Assim para expressar visualmente as ldquoMetaacuteforas para aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a

exemplo de David Thornburg (1996) foi elaborado o esquema a seguir (Figura 04)

representando o processo educacional atual

76

Figura 04 Estrutura do Processo Educativo

Fonte Dados da pesquisa 2017

Diante do exposto os procedimentos metodoloacutegicos e as atividades ocorreram nesses

quatro momentos que chamamos de moacutedulos de aprendizagem Eles foram construiacutedos em

torno do ldquoconhecer dialogar refletir e praticarrdquo e forneceram aos alunos oportunidades

educacionais significativas Nesse sentido a escolha dessa metodologia pretendeu desenvolver

atividades que contribuiacutessem com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos utilizando o

gecircnero digital blog como recurso didaacutetico ou seja como recurso de leitura diaacutelogo reflexatildeo e

produccedilatildeo textual

PROCESSO EDUCATIVO

FOGUEIRA sala de aula

aula expositiva

auditoacuterio sala de multimeios

POCcedilO DAacuteGUA

discussotildeesem grupo

CAVERNA biblioteca salas de estudo

laboratoacuterio de informaacutetica

A VIDA praacuteticas na realidade produccedilatildeo escrita

77

CAPIacuteTULO IV

GEcircNERO DIGITAL BLOG E (MULTI)LETRAMENTOS intervenccedilotildees pedagoacutegicas

em sala de aula

Este capiacutetulo trata da anaacutelise detalhada dos dados coletados para esta pesquisa-accedilatildeo De

acordo com Gil (2002) para anaacutelise dos dados na pesquisa-accedilatildeo adotam-se procedimentos que

implicam em considerar a categorizaccedilatildeo a codificaccedilatildeo a tabulaccedilatildeo a anaacutelise estatiacutestica ou

estrateacutegias que privilegiem a discussatildeo em torno dos dados obtidos de onde sucede a

interpretaccedilatildeo dos resultados Assim o autor considera que dessa discussatildeo devem participar

pesquisadores e participantes Aleacutem disso o trabalho interpretativo baseado em contribuiccedilotildees

teoacutericas torna-se muito relevante

Nesse sentido a anaacutelise dos dados percorreu procedimentos de categorizaccedilatildeo dos niacuteveis

de escrita segundo Cagliari (1995) tabulaccedilatildeo das falhas de escrita de acordo com Lemle

(1991) e anaacutelise estatiacutestica dos envolvidos na pesquisa Realizou-se tambeacutem a interpretaccedilatildeo

ancorada nos teoacutericos que fundamentaram esta pesquisa-accedilatildeo fato que proporcionou a

retomada e a relaccedilatildeo do problema de pesquisa objetivando solucionaacute-lo ou minimizaacute-lo

41 Questionaacuterio

O questionaacuterio investigativo (APEcircNDICE A) foi aplicado no dia 08 de maio de 2017

em sala de aula com duraccedilatildeo de uma hora aula

A primeira pergunta visou obter informaccedilotildees sobre o lugar no qual os alunos mais

acessavam a internet a segunda pergunta procurou obter informaccedilotildees sobre a frequecircncia de

acesso agrave internet a terceira pergunta investigou por qual recurso tecnoloacutegico os alunos utilizam

a internet a quarta pergunta buscou verificar a utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para

fins pedagoacutegicos por parte dos professores e por uacuteltimo a quinta pergunta procurou obter

informaccedilotildees sobre o uso da internet considerando redes sociais jogos blogs e pesquisas

Dos 25 (vinte e cinco) alunos matriculados apenas 21 (vinte e um) alunos estavam

presentes no dia e responderam ao questionaacuterio investigativo Na primeira pergunta

constatamos que 619 acessam a internet em casa 142 acessam em lan houses 0 na

escola 95 acessam em outros lugares 95 natildeo usam a internet e apenas 47 natildeo souberam

responder

78

Graacutefico 02 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 01

Fonte Dados da pesquisa 2017

O resultado demonstra que 857 dos alunos tecircm acesso agrave internet em lugares

diferentes o que deixa em evidecircncia a familiarizaccedilatildeo com o ambiente digital Contudo o que

nos chamou a atenccedilatildeo foi o fato de a escola natildeo fazer parte desses locais de uso

Em relaccedilatildeo agrave segunda pergunta (Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet)

observamos que 389 dos alunos acessam a internet por uma hora 142 acessam por duas

horas 333 acessam por mais de duas horas 142 nunca acessam a internet e 0 menos de

uma hora O fato de ningueacutem utilizar por menos de uma hora demonstrou que os alunos

dedicam um tempo consideraacutevel para atividades online

Graacutefico 3 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 2

Fonte Dados pesquisa 2017

Por meio da terceira pergunta que buscou investigar por qual recurso tecnoloacutegico os

alunos utilizam a internet constatou que 238 utilizam o computador 389 utilizam o

13

30

2 2 10

2

4

6

8

10

12

14

Em casa Em Lan

House

Na escola Outros

lugares

Natildeo uso Natildeo soube

responder

1- Onde vocecirc mais acessa a internet

0

8

3

7

3

0

2

4

6

8

10

Menos de

uma hora

Uma hora Duas horas Mais de

duas horas

Nunca

2- Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet

79

celular 194 utilizam computador e celular 47 usa o tablet 0 outros equipamentos e

142 afirmaram natildeo utilizar a internet

Graacutefico 04 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 3

Fonte Dados da pesquisa 2017

O resultado da terceira pergunta confirmou os dados extraiacutedos da PNAD (2014) ao revelar que

o uso do telefone celular para acessar a internet ultrapassou o uso do computador Na

atualidade o celular eacute o recurso tecnoloacutegico de maior acesso agrave internet Como vimos a partir

do graacutefico acima a utilizaccedilatildeo do computador como equipamento de maior acesso agrave internet natildeo

prevalece mais

Para a quarta pergunta ldquoOs professores da sua escola jaacute utilizaram o computador ou

laboratoacuterio de informaacutetica para realizar atividades escolaresrdquo constatamos que 194

responderam que sim 666 responderam que natildeo e 142 natildeo souberam responder No

graacutefico dessa pergunta percebemos uma contradiccedilatildeo por parte dos alunos que responderam que

sim pois na primeira pergunta ldquoOnde vocecirc mais acessa a internetrdquo nenhum aluno confirmou

o acesso agrave internet na escola

Graacutefico 05 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 4

Fonte Dados da pesquisa 2017

58

41 0

30

2

4

6

8

10

3- Vocecirc utiliza a internet por meio de

0

5

10

15

Sim Natildeo Natildeo souberam

responder

4- Os professores da sua escola jaacute utilizaram o

computador ou o laboratoacuterio de informaacutetica para

realizar atividades escolares

80

Ressaltamos que o laboratoacuterio de informaacutetica da escola eacute equipado com 19

computadores novos ar-condicionado quadro branco em vidro em plenas condiccedilotildees de uso

Contudo esse espaccedilo natildeo eacute utilizado de uma maneira geral pelos professores da escola com

as turmas do Ensino Fundamental e meacutedio do 1ordm turno

Diante do exposto sobre o aspecto da utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para fins

pedagoacutegicos por parte dos professores Coscarelli (2016) faz uma alerta para que as escolas

preparem os alunos para o letramento digital a fim de desenvolverem competecircncias e

habilidades em leitura e escrita nesse ambiente aleacutem de formas adicionais de produzir

linguagem por meio de diferentes miacutedias

A uacuteltima pergunta buscou informaccedilotildees sobre o uso da internet considerando os

assuntos preferecircncias e interesses dos alunos no ambiente digital Verificamos portanto que

4761 acessam as redes sociais 2857 preferem jogos eletrocircnicos na internet 238 natildeo

souberam responder e 0 dos alunos natildeo acessa sites de pesquisa e blogs conforme ilustra o

graacutefico abaixo

Graacutefico 06 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 5

Fonte Dados da pesquisa 2017

Compreendemos que a natildeo utilizaccedilatildeo de sites de pesquisas e blogs seja por falta de

conhecimento das possibilidades de uso e acesso agrave informaccedilatildeo O resultado sobre os sites de

pesquisa por exemplo vai ao encontro das informaccedilotildees obtidas na pergunta 04 ao afirmarem

que 666 dos professores natildeo utilizam o laboratoacuterio de informaacutetica Esse fato pode ter

contribuiacutedo para a falta de interesse por parte dos alunos pois eacute preciso ensinar como realizar

uma pesquisa no ambiente digital entre tantas possibilidades de aprendizagem que fomentam

o letramento digital

Quando se trata do toacutepico sobre o letramento digital Coscarelli (2016) afirma e a

maioria de noacutes prontamente concorda que o uso das tecnologias ultrapassa o conhecimento da

teacutecnica pois permite o desenvolvimento de habilidades e competecircncias necessaacuterias agrave seleccedilatildeo

Redessociais como

Facebook

Jogoseletrocircnicosna internet

BlogsSites depesquisa

Natildeosouberamresponder

5ordm 10 6 0 0 5

10 6 0 0 5

5- Quais os tipos de sites te interessam mais considerando o conteuacutedo

81

de conteuacutedo disponibilizado na internet como os sites de pesquisa por exemplo Natildeo basta

saber ligar o computador e manusear o mouse eacute preciso compreensatildeo e utilizaccedilatildeo de

conhecimentos para executar accedilotildees de busca e navegaccedilatildeo Dessa forma a autora sugere

Orientar os alunos para o uso dos mecanismos de busca instigar a observaccedilatildeo das

interfaces do projeto graacutefico dos sites dos blogs ajudar os alunos a identificarem e

sanarem as dificuldades encontradas na seleccedilatildeo de informaccedilotildees satildeo propostas de

mediaccedilatildeo que podem ser exploradas pelo professor durante as aulas (COSCARELLI

2016 p 25)

Compreendemos com base nessa orientaccedilatildeo que a escola tem um papel fundamental

no processo de letramento digital e para isso eacute necessaacuterio incorporar nas aulas de Liacutengua

Portuguesa propostas de mediaccedilatildeo como as citadas acima para promover a aprendizagem por

meio de novas experiecircncias

Nesse sentido as respostas dos alunos expuseram a relaccedilatildeo deles com a tecnologia e o

acesso agrave internet e nos levou agrave reflexatildeo sobre seu uso no ambiente escolar Detectamos que

eles estatildeo familiarizados com a tecnologia mas a escola natildeo faz ateacute entatildeo parte de seu contexto

de inserccedilatildeo social e digital

Portanto os resultados do questionaacuterio apresentaram implicaccedilotildees importantes tanto para

as aulas de Liacutengua Portuguesa pois eacute uma forma adicional de promover a linguagem quanto

para a escola por ser uma instituiccedilatildeo que se dedica ao ensino-aprendizagem agrave transformaccedilatildeo

e ao acesso ao conhecimento mas por vezes deixa de se conectar com a realidade fora dela e

de promover o letramento digital

42 Atividade Inicial de Escrita ndash AIE

O universo de investigaccedilatildeo para esta atividade foi inicialmente constituiacutedo por 20

(vinte) alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima que estavam presentes A atividade foi aplicada nos

dias 09 e 10 de maio de 2017 com duraccedilatildeo de duas horas aula para a leitura do livro e duas

horas aula para o registro da atividade Ressaltamos mais uma vez que o nuacutemero de alunos

matriculados difere do nuacutemero de alunos presentes

Dessa forma a Atividade Inicial de Escrita (APEcircNDICE B) foi proposta aos alunos

presentes por meio de uma conversa expositiva sobre narrativas pessoais e sobre as

caracteriacutesticas de uma sequecircncia narrativa De acordo com Cavalcante (2013) ldquoa sequecircncia

narrativa tem como principal objetivo manter a atenccedilatildeo do leitorouvinte em relaccedilatildeo ao que se

conta Para isso satildeo reunidos e selecionados fatos []rdquo (CAVALCANTE 2013 p 65) Assim

82

o gecircnero proposto foi autobiografia por meio do qual o aluno deveria escrever sobre si mesmo

procurando retratar particularidades do comportamento e do jeito de ser

Segundo Cosson (2014) na leitura literaacuteria encontramos o senso de noacutes mesmos e da

comunidade a qual pertencemos Por isso como ponto de partida utilizamos a sequecircncia baacutesica

de letramento literaacuterio desenvolvida por ele que eacute constituiacuteda basicamente por quatro passos

motivaccedilatildeo (preparar o aluno para entrar no texto) introduccedilatildeo (apresentaccedilatildeo do autor e da obra)

leitura (a leitura e seu acompanhamento) e interpretaccedilatildeo (externalizaccedilatildeo da leitura ou seja seu

registro)

O estiacutemulo inicial para essa atividade foi a construccedilatildeo do primeiro passo ndash ldquomotivaccedilatildeordquo

ndash ao conversarmos sobre quem somos Quais satildeo as caracteriacutesticas que nos individualizam

como seres que nos tornam uacutenicos mesmo sendo iguais enquanto espeacutecie humana

A atividade funcionou como um levantamento preacutevio das caracteriacutesticas pessoais de

cada um da histoacuteria de vida dos momentos bons ou ruins pelos quais passamos e que vatildeo

construindo a nossa histoacuteria particular

Em seguida desenvolvemos o segundo passo ndash ldquointroduccedilatildeordquo ndash que consistiu em

apresentar o livro Felpo Filva (FURNARI 2006) e a autora Eva Furnari Na apresentaccedilatildeo da

obra falamos da importacircncia da leitura do livro literaacuterio e tambeacutem consideramos importante

justificar a escolha da obra para despertar no leitor a curiosidade sobre como aconteceu a

histoacuteria Assim A escolha desse livro foi feita por esta pesquisadora e justificou-se por tratar

de questotildees pessoais diferenccedilas fiacutesicas semelhanccedilas e sentimentos que o personagem narra de

maneira divertida em seu dia-a-dia Aleacutem disso o livro apresenta vaacuterios gecircneros textuais como

a autobiografia gecircnero escolhido para a Atividade Inicial de Escrita

No terceiro passo ndash ldquoleiturardquo ndash lemos o livro Felpo Filva (FURNARI 2006) Os alunos

ouviram e apreciaram a leitura feita por esta professora pesquisadora Embora saibamos que a

leitura de um livro inteiro natildeo seja muito adequado em sala de aula e da importacircncia da leitura

individual foi necessaacuterio utilizar essa estrateacutegia por questotildees de otimizaccedilatildeo do tempo mas com

a consciecircncia de seguir as orientaccedilotildees teoacutericas e metodoloacutegicas ao fazer da leitura uma atividade

de saber e de prazer Esse fato que foi comprovado pelo envolvimento e entusiasmo a cada

paacutegina virada para saber o que aconteceria ao final da histoacuteria com Felpo Filva e Charlocirc

personagens protagonistas do livro

O uacuteltimo e quarto passo ndash ldquointerpretaccedilatildeordquo ndash que tem como princiacutepio segundo o autor

a externalizaccedilatildeo da leitura isto eacute seu registro varia de acordo com cada tipo de texto ano

escolar idade puacuteblico leitor entre outros aspectos foi dedicado agrave escrita

Ressaltamos que nesse uacuteltimo passo o registro natildeo foi direcionado ao livro agrave

construccedilatildeo de sentido do texto livro dentro de um diaacutelogo autor leitor e comunidade mas agrave

83

construccedilatildeo de sentido de uma produccedilatildeo escrita pessoal que necessitava de motivaccedilatildeo

introduccedilatildeo e leitura para se chegar ao registro da histoacuteria de leitor e de vida dos alunos Nesse

sentido Cosson (2014) corrobora que ldquoa interpretaccedilatildeo eacute feita com o que somos no momento da

leitura Por isso por mais pessoal e iacutentimo que esse momento interno possa parecer a cada

leitor ele continua sendo um ato socialrdquo (COSSON 2014 p 65) Dessa forma a leitura que

motivou a intepretaccedilatildeo natildeo esteve vazia de sentidos pelo contraacuterio serviu ao coletivo agrave

ampliaccedilatildeo de horizontes e ao despertar de palavras e memoacuterias que impulsionaram a produccedilatildeo

da atividade inicial de escrita Desse modo os textos foram lidos em sua iacutentegra natildeo apenas

analisando a escrita ortograacutefica em seus desvios mas observando o conteuacutedo e a produccedilatildeo de

sentidos de quem deseja falar sobre si mesmo

Contudo esperava-se que a turma jaacute estivesse mais familiarizada com esse tipo de

sequecircncia textual e conseguisse produzir satisfatoriamente poreacutem alguns alunos apresentaram

muitas dificuldades para compreender o que foi solicitado demonstrando um elevado grau de

inseguranccedila medo de escrever entre outras deficiecircncias na escrita por alguns natildeo serem

alfabetizados

Nessa perspectiva o trabalho com as sequecircncias textuais deve ser aprimorado e o aluno

deve compreender como os textos se organizam e se estruturam para realizar nossos atos

comunicativos Entretanto eacute importante ressaltar que essa atividade seraacute melhor desenvolvida

futuramente por ora analisaremos os textos dos alunos do 6ordm ano JF Assim segue nova lista

de informantes para essa anaacutelise

84

Quadro 11 ndash Alunos informantes do 6ordf ano JF

Fonte Dados da pesquisa 2017

A anaacutelise de dados da Atividade Inicial de Escrita foi realizada somente com 20 (vinte)

textos correspondente ao nuacutemero de alunos presentes no dia com o intuito de observar e de

categorizar as incorreccedilotildees de escrita neles apresentadas A fim de exemplificar a escrita

espontacircnea e como foram elencados seus problemas selecionamos alguns desses textos os

quais destacamos com os respectivos nuacutemeros da tabela de categorizaccedilatildeo de ldquoerrosrdquo feita por

Cagliari (1995)

Assim foram produzidos 20 (vinte) textos mas selecionamos uma amostra de10 (dez)

textos da Atividade Inicial de Escrita e apresentamos a seguir a versatildeo digitalizada Esses dez

textos apresentam na escrita a categorizaccedilatildeo de ldquoerrosrdquo de acordo com Cagliari (1995) e

exemplos de falhas de escrita de 1ordf ordem de 2ordf ordem e de 3ordf ordem de acordo com Lemle

(1991)

Para uma leitura eficaz esses textos tambeacutem foram digitados pois foram escritos agrave laacutepis

e por isso algumas partes e palavras ficaram claras prejudicando o entendimento

Ressaltamos que os textos foram digitados na iacutentegra conforme os alunos o escreveram Aleacutem

INFORMANTE

AB 1

AF 2

AK 3

CI 4

DR 5

DV 6

EA 7

FA 8

FR 9

IR 10

JP 11

JR 12

LV 13

MS 14

MC 15

ND 16

PC 17

PE 18

RR 19

RG 20

TM 21

85

disso em alguns deles haacute prejuiacutezo do entendimento por natildeo conseguirmos decifrar o que estaacute

escrito

TEXTO 1 (1ordf ordem)

Eu masine januaria

eu vivo coanilha natildee neu Pai

Figura 05 ndash TEXTO 1 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 2 (1ordf ordem)

Eu naci

januaria

e cogo muto de sai tasia

natildeo gosta de Batatina

A mina vida e asai

FIM

Figura 05 ndash TEXTO 2 ndash AIE

86

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 3 (1ordf ordem)

O meu nome e e goto de jogor gogo de futebol de gta e soltar cola e areoin e noviu e sou

nuito felis com milha familha

Figura 06 ndash TEXTO 3 ndash AIE 2017

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 4 (1ordf ordem)

Gaur de suneista e andar de natu e bixicleta

Figura 07 ndash TEXTO 4 ndash AIE

87

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 5 (1ordf e 2ordf ordens)

Eeu sou elgoto da allade potugeis porque em sina muta coisa inpotante eu goto de quiabo

natildeo goto demaxixe eu sou um memimo muito bom matildees qua mexe comigo eu sou xato quando

mexe com meanna eu viro o cam emvoma dodiabo

Taeubofesorra

Figura 08 ndash TEXTO 5 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 6 (2ordf ordem)

88

meu nome eacute naci em Brasihha vivo com minha irmatilde meu irmatildeo e minha matildee gosto de

brincar soltar pipa Jogar Bola Brincar de pique escunde Jogar petecqua estudar mas u que eu

natildeo gosto e de Repohho de cebola de suco de BeterraBa

89

Figura 09 ndash TEXTO 6 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 7 (2ordf e 3ordf 3ordens)

Oi Eu sou Eu moro na Rua de Baixo eu tenho 12 Anos tenho amigos como meu primo eu

moro com A minha matildee e meus irmatildeos eu gosto de dansa eu natildeo gosto de mentir natildeo gosto de

susu e kiabo eu nascie em Januacuteaacuteria eu gosto da minha irmatildeo a minha diferenccedila e o cabelo eles

fica zombavam de mim em tam essa e minha vida

Figura 10 ndash TEXTO 7 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 8 (3ordf ordem)

Meu nome eacute Nasci em Satildeo Paulo Moro com meus pais e meus 3 irmatildeos Paulo Henrique

Renata e Samara Adoro andar de cavalo e brincar Odeio que maltratem animais ou qualquer

ser vivo Fico muito triste vendo guerra e essa violecircncia Eu morei quase a minha vida toda em

Januaacuteria e continuo morando na mesma cidade Eu me acho diferente por pensar bem diferente

das outras pessoas

Fim

90

Figura 11 ndash TEXTO 8 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 9 (3ordf ordem)

Eu sou

Oi eu sou e tenho 11 anos e estou no 6ordm ano JF ( julha de fatema) e gosto

de jogar no computador

Eu moro na rua julhio de moura casa 150 A eacute bem do lado da escola eacute muito perto

Eu vo pra escola quase todos os dias e natildeo sou muito comportado em sala de aula

Meu cachorro morreu segunda e foi muito triste agora menos 1- cachorro pra cuidar

entatildeo eacute isso so eu

91

Figura 12 ndash TEXTO 9 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 10 (3ordf ordem)

Eu sou tenho 12 anos neci em Januaacuteria

Eu sou moreno gente boa sou inteligente sou mais o menos queto natildeo gosto muito de brincar

sou mais queto na tarefa tenho um pouco de dificuldade e e u chamo a professora sou um pouco

timido

Figura 13 ndash TEXTO 10 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

92

Nos textos acima pode-se observar as marcaccedilotildees numeacutericas que fizemos para

levantamento catalogaccedilatildeo dos dados e caracterizaccedilatildeo dos problemas encontrados as quais

foram baseadas nos processos fonoloacutegicos que envolvem a escrita de acordo com Cagliari

(1995) Todas essas categorias relacionadas pelo autor servem para despertar nos professores

alfabetizadores ou natildeo a necessidade de conhecer e de considerar na praacutetica escolar os fatores

envolvidos no processo de construccedilatildeo da escrita da fala e da aprendizagem significativa

Dessa maneira no quadro a seguir observamos cada fenocircmeno linguiacutestico encontrado

nos textos dos alunos e a quantidade de vezes em que ocorre

93

Tabela 02 ndash Categorizaccedilatildeo dos ldquoerrosrdquo de escrita ndash Cagliari (1995)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

T

ran

scri

ccedilatildeo

fo

neacutet

ica

Uso

in

dev

ido

de

letr

as

Hip

erco

rreccedil

atildeo

Mod

ific

accedilatilde

o d

a e

stru

tura

segm

enta

l d

as

pala

vra

s

Ju

ntu

ra I

nte

rvoca

bu

lar

e

segm

enta

ccedilatildeo

Fo

rma

mo

rfo

loacuteg

ica

dif

eren

te

Fo

rma

est

ran

ha

de

tra

ccedilar

as

letr

as

Uso

in

dev

ido

de

ma

iuacutesc

ula

s e

min

uacutesc

ula

s

Ace

nto

s g

raacutefi

cos

Sin

ais

de

po

ntu

accedilatilde

o

Pro

ble

ma

s si

ntaacute

tico

s

I1 2 4 1 1 1

I2 6 7 5

I3 8 2 3 3

I4 1 3 4 3

I5 4 3 5 2

I6 1 1 1 1 4

I7 1 1 7 5 1 4 5 3

I8 2 2 4 2 4

I9 2 1 7 3 3 9

I10 2 2 3 2 2 1 1 3

I11 3 1 2 8 11

I12 1 2 2 1 4 1 5 4

I13 2 4 2 2 2 3

I14 1 2 2 7 5 11

I15 3 1 1 8 2

I16 2 2 2 3 1 1

I17 3 2 1 1

I18 5 1 1 10 1

I19 9 6 3 12 11

I20 2 3 3 4

I21

Total 14 38 2 29 9 1 5 66 28 107 59 358

Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017

Diante desses dados destacamos 358 ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita sendo a que

maior incidecircncia deles concentrou-se uso dos sinais de pontuaccedilatildeo com 107 ocorrecircncias

94

seguido do uso indevido de maiuacutesculas e minuacutesculas com 66 ocorrecircncias depois de problemas

sintaacuteticos com 59 ocorrecircncias e em seguida o uso indevido de letras com 38 ocorrecircncias

Compreendemos que o nuacutemero de ocorrecircncias em um texto natildeo acontece de forma fixa

pois cada texto possui particularidades e flexibilidade no uso das palavras Alguns textos

apresentam mais palavras e conteuacutedo do que outros logo a incidecircncia pode ser maior ou menor

vai depender de cada texto

Sobre os aspectos da escrita Cagliari (1995) afirma que os problemas sintaacuteticos que

revelam modos de falar apresentando a transposiccedilatildeo da liacutengua oral para a escrita fazem parte

das uacuteltimas etapas de aprendizagem em escrita Outro aspecto bastante recorrente nos textos eacute

o uso indevido de maiuacutesculas e minuacutesculas Quanto a isso o autor enfatiza que esse processo

precisa ser ensinado Esses casos estatildeo exemplificados no TEXTO 2 na palavra Batatina no

TEXTO 6 nas palavras Brincar Bola ceBola e no TEXTO 7 na palavra caBelo

Jaacute o uso indevido de letras ocorre porque o aluno faz uma escolha possiacutevel para

representar o som em uma palavra quando a ortografia emprega outra como podemos observar

no TEXTO 3 nas palavras con felis nuito fanilha

Compreendemos com base em Cagliari (1995) que questotildees sobre o sistema de escrita

e de como ele se processa satildeo de fundamental importacircncia pois permitem o conhecimento

linguiacutestico para auxiliar e intervir nas situaccedilotildees de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita

desde os primeiros anos escolares

Diante disso o autor apresenta que o sistema de escrita pode ser dividido em dois

grandes grupos O sistema de escrita ideograacutefico (significado) baseado numa escrita pictoacuterica

que tem como exemplos os sinais de tracircnsito os nuacutemeros os logotipos A escrita ideograacutefica

traz consigo significados mais abrangentes do que outros sistemas O sistema de escrita

fonograacutefico (significante) depende essencialmente dos elementos sonoros de uma liacutengua para

poder ser lido ou decifrado O autor ainda ressalta que todo sistema de escrita tem um

compromisso direto ou indireto com os sons de uma liacutengua e como as liacutenguas mudam com o

tempo transforma-se tambeacutem a forma focircnica das palavras tornando difiacutecil sua leitura Assim

Cagliari (1995) afirma que as escritas ideograacuteficas jogam muito com a habilidade lexical do

leitor e as escritas fonograacuteficas com o poder de interpretaccedilatildeo semacircntica

Dessa forma o problema da alfabetizaccedilatildeo abrange os dois sistemas de escrita O aluno

natildeo consegue estabelecer uma relaccedilatildeo loacutegica para siacutembolos formas letras e palavras Natildeo

consegue ler (decodificando) e nem ler (compreendendo)

Cagliari (1995) aponta que o sistema de escrita do portuguecircs usa vaacuterios tipos de alfabeto

aleacutem de outros caracteres de natureza ideograacutefica como os sinais de pontuaccedilatildeo e os nuacutemeros

e de como a relaccedilatildeo entre as letras e os sons da fala eacute sempre muito complicada pelo fato de a

95

escrita natildeo ser o espelho da fala e porque eacute possiacutevel ler o que estaacute escrito de diversas maneiras

Contribui dizendo ainda que a nossa escrita eacute fundamentalmente alfabeacutetica tendo como base

a letra e faz uma criacutetica ao ensino da siacutelaba como base

A praacutetica do ensino da siacutelaba como base do sistema de escrita do portuguecircs eacute muito

comum nas salas de alfabetizaccedilatildeo Essa praacutetica abre caminho para muitas confusotildees e o aluno

natildeo consegue de forma regular fazer uma divisatildeo silaacutebica com a facilidade que se imagina pois

de acordo com o autor esse processo eacute complexo e natildeo se pode atribuir a mesma regra para

todas as palavras Assim Cagliari (1995) afirma que existem fatos foneacuteticos da fala que o nosso

sistema de escrita natildeo dispotildee de recursos para representar

Por isso eacute muito importante o conhecimento sobre como a crianccedila aprende a liacutengua

escrita Algumas crianccedilas aprendem por intuiccedilatildeo e vatildeo sozinhas nesse processo de ler e

escrever Mas a grande maioria precisa de ajuda e de suporte Logo o professor precisa estar

preparado para promover essa aprendizagem atraveacutes de meacutetodos variados Eacute preciso tambeacutem

um trabalho sistemaacutetico de consciecircncia fonoloacutegica O objetivo eacute fazer com que esse aluno

descubra as letras e que seu registro representa um som Portanto eacute importante fazer com que

ele preste atenccedilatildeo nos sons das letras e aprenda a registraacute-los Assim a liacutengua oral se transforma

em letra em palavra em texto

Nesse sentido sobre a produccedilatildeo de textos Cagliari (1995) diz que a crianccedila vai

construindo sua escrita por experimentaccedilatildeo e critica as escolas por natildeo permitirem que isso

aconteccedila da mesma forma que acontece com a fala Ressalta ainda que as crianccedilas natildeo

precisam estudar Gramaacutetica pois jaacute dominam a liacutengua portuguesa na sua modalidade oral Ou

seja a crianccedila jaacute fala seguindo uma estrutura gramatical natural compreende um sistema de

formas (morfologia) um sistema de frases (sintaxe) e um sistema de sons (fonologia) aprendida

no seu meio familiar e social Por mais simples ou ldquoerradardquo que seja a fala traduz a

competecircncia comunicativa do aluno E acrescenta que os ldquoerrosrdquo ortograacuteficos demonstram o

uso inadequado de recursos possiacuteveis do proacuteprio sistema ortograacutefico de escrita e tambeacutem

comuns a todos os usuaacuterios do sistema de escrita do portuguecircs Os alunos natildeo ldquoerramrdquo de

maneira irrefletida mas justamente o contraacuterio

Dessa forma o autor enfatiza que o incentivo agrave produccedilatildeo de textos de maneira

espontacircnea evitaraacute o bloqueio no uso da linguagem e o estimularaacute a escrever do modo que lhe

parece faacutecil correto e apropriado Eacute necessaacuterio estimular a escrita desde cedo que os alunos

brinquem e descubram a escrita atraveacutes da experimentaccedilatildeo do uso em situaccedilotildees diversas Deve-

se estimular a autoconfianccedila valorizar o que o aluno jaacute sabe pois o medo de errar impossibilita

a construccedilatildeo da escrita e limita o fazer Primeiro estabelece-se uma relaccedilatildeo prazerosa com a

96

escrita para depois num momento oportuno desenvolver um trabalho sistemaacutetico com a

ortografia

Isso pode ser observado por exemplo no TEXTO 1 no qual o aluno escreveu de forma

espontacircnea sem medo Haacute desvios na escrita mas entendemos perfeitamente a mensagem O

primeiro passo eacute escrever sem medo e depois fazer com que o aluno reflita sobre a sua escrita

fazendo checagens leitura e comparaccedilotildees com a ortografia vigente

Cagliari (1995) expotildee que natildeo se devem usar os textos dos alunos como pretexto para

correccedilatildeo ortograacutefica entre outros problemas que venham a ser identificados Eacute justamente o

que se identifica nesses textos que possibilita ao professor realizar intervenccedilotildees adequadas para

que o aluno perceba seu equiacutevoco na escrita e corrija-o

Nesse sentido a atividade proposta aos alunos foi motivada pela escrita espontacircnea sem

cobranccedilas e exigecircncias mas ao professor serviu como um instrumento de diagnoacutestico dos niacuteveis

de escrita dos alunos

Essa tarefa natildeo eacute faacutecil mas eacute preciso usar o texto do aluno natildeo como controle de formas

ortograacuteficas mas como facilitador de expressatildeo oral estiacutemulo ao seu discurso linguiacutestico e

anaacutelise do professor para realizar intervenccedilotildees necessaacuterias a fim de que o aluno aproprie-se

gradativamente das formas ortograacuteficas corretas do sistema de escrita do portuguecircs

Contudo Cagliari (1995) observa que se devem levar em conta os acertos ortograacuteficos

dos alunos e que os erros ortograacuteficos natildeo se datildeo ao acaso E ainda conclui que eacute indispensaacutevel

ao professor fazer um levantamento das dificuldades dos alunos e deixaacute-los escreverem textos

livres espontacircneos pois eacute nesses materiais que podemos encontrar os elementos que mostram

as reais dificuldades e facilidades dos alunos no processo de aprendizagem da escrita

Dessa maneira para dar continuidade agraves nossas reflexotildees e anaacutelise da Atividade Inicial

de Escrita partimos dos pressupostos das facetas da alfabetizaccedilatildeo que envolvem de acordo

com Soares (2003) a consciecircncia fonoloacutegica e as habilidades de codificaccedilatildeo (escrita) e

decodificaccedilatildeo (leitura) da liacutengua Analisamos mais precisamente as especificidades da faceta

psicolinguiacutestica que estuda as relaccedilotildees que se referem ao conhecimento e ao uso de uma liacutengua

De acordo Ferreiro (1995) o processo de aprendizagem da crianccedila ao tentar construir

o sistema alfabeacutetico baseia-se em hipoacuteteses do aprendiz Essas hipoacuteteses apontam os niacuteveis ou

etapas psicogeneacuteticas no processo de alfabetizaccedilatildeo Nesse sentido os alunos jaacute superaram o

niacutevel preacute-silaacutebico ao perceberem que escrever natildeo eacute a mesma coisa que desenhar e haacute controle

na escrita Jaacute superaram o niacutevel silaacutebico ao perceberem os sons das siacutelabas e por comeccedilarem a

usar letras que correspondem ao som da siacutelaba agraves vezes soacute usam vogal outras vezes consoante

e vogal Muitos jaacute consolidaram o niacutevel alfabeacutetico compreendem o processo de leitura e de

escrita ao perceberem unidades menores do que as siacutelabas e assim progressivamente vatildeo

97

estabelecendo relaccedilotildees entre fonemas e grafemas Dessa maneira os alunos que estatildeo no niacutevel

alfabeacutetico de acordo com Ferreiro (1995) conseguiram construir a base alfabeacutetica Assim

constatamos que 389 dos alunosestatildeo no niacutevel alfabeacutetico mas ainda natildeo adquiriram

consciecircncia fonoloacutegica para a escrita alfabeacutetica

Em funccedilatildeo disso e ainda com o intuito de compreender como o aluno constroacutei o

conhecimento conceitual da escrita continuamos analisando os textos dos alunos mas agora

ancorados em Lemle (1991) A referida autora elenca cinco capacidades necessaacuterias agrave

alfabetizaccedilatildeo Em todos os textos observamos que

1 A primeira capacidade foi superada pois eles conseguiram fazer a distinccedilatildeo entre riscos e

siacutembolos ou seja compreendem o que eacute letra mesmo fazendo uso indevido em algumas

situaccedilotildees

2 A segunda capacidade consiste na discriminaccedilatildeo das formas das letras sendo registradas 5

(cinco) ocorrecircncias na forma estranha de traccedilar as letras como visualizamos no TEXTO 3

A quantidade eacute considerada normal jaacute que a autora considera tambeacutem que haacute letras

bastante semelhantes

3 A terceira e a quarta capacidades ainda estatildeo comprometidas visto que 38 desses alunos

natildeo conseguiram desenvolver a percepccedilatildeo auditiva e saber ouvir diferenccedilas linguiacutesticas

aleacutem de natildeo terem adquirido o conceito de palavra como vemos ocorrer no TEXTO 2 na

escrita de cogo em vez de gosto e no TEXTO 3 na escrita de nasine em vez de nasci em

Esses satildeo exemplos de ausecircncia de percepccedilatildeo auditiva e consciecircncia fonoloacutegica bem como

de conceito de palavra respectivamente

4 A quinta capacidade estaacute praticamente consolidada pois eles reconhecem que em nosso

sistema de escrita a ordem da escrita vai da esquerda para a direita e de cima para baixo Haacute

equiacutevocos e inadequaccedilotildees no uso de paraacutegrafos e de organizaccedilatildeo espacial que julgamos

que devem ser ensinados gradativamente

Desse modo com base nesses toacutepicos focamos na anaacutelise da terceira capacidade que eacute

a simbolizaccedilatildeo entre letras e sons que consolidada permite a construccedilatildeo do conceito de

palavra

Lemle (1991) relaciona algumas etapas que o aluno utiliza na construccedilatildeo do sistema de

escrita como a monogamia relaccedilatildeo biuniacutevoca entre sons e letras Depois a substitui pela

poligamia relaccedilatildeo natildeo biuniacutevoca condicionada pela posiccedilatildeo da letra e por fim depara-se com

as arbitrariedades do sistema de escrita e dessa forma vai evoluindo nesse processo de

aquisiccedilatildeo da escrita No entanto quando o aluno natildeo compreende esse processo e as

arbitrariedades da escrita ele comete falhas tiacutepicas da escrita que satildeo classificadas pela autora

como falhas de primeira ordem falhas de segunda ordem e falhas de terceira ordem

98

De acordo com a anaacutelise dos 20 (vinte) textos coletados na Atividade Inicial de Escrita

fizemos a catalogaccedilatildeo das falhas de escrita observando os criteacuterios definidos pela autora para

essa classificaccedilatildeo como podemos observar na Tabela 03 a seguir

Tabela 03 ndash Avaliaccedilatildeo Falhas de escrita Informantes Falhas de primeira

ordem

Falhas de segunda

ordem

Falhas de terceira

ordem

I1 X

I2 X

I3 X

I4 X

I5 X

I6 X

I7 X X

I8 X

I9 X

I10 X

I11 X

I12 X X

I13 X

I14 X

I15 X

I16 X

I17 X

I18 X

I19 X

I20 X

I2117 X

TOTAL 6 3 14 21 Porcentagem 285 142 666 100

Fonte Adaptado de Lemle (1991) com dados da pesquisa 2017

De acordo com os dados da tabela acima observamos que 285 dos alunos cometem

falhas de 1ordf ordem 142 cometem falhas de 2ordf ordem e 666 cometem falhas de 3ordf ordem

Salientamos que o informante 7 comete falhas de 1ordf e 2ordf ordens e o informante 12 comete falhas

de segunda e terceira ordens Apesar de Lemle (1991) natildeo dizer de forma tatildeo direta supomos

que um mesmo aluno pode cometer em um mesmo texto falhas de ordem diversas por

entendermos a aquisiccedilatildeo do sistema de escrita como um processo que vai sendo construiacutedo aos

poucos por meio de experiecircncias com a proacutepria escrita Nesse sentido haacute nesses exemplos de

escrita como vemos nos informantes 7 e 12 uma transiccedilatildeo entre as falhas de 1ordf 2ordf e 3ordf ordens

considerando-se que natildeo satildeo processos isolados iniciando um quando o outro termina

Diante desses fatos selecionamos os 8(oito) alunos que cometeram falhas de 1ordf e 2ordf

ordens em razatildeo de Lemle (1991) considerar que esses alunos ainda natildeo satildeo alfabetizados Para

a autora ldquo[s]eraacute considerado alfabetizado aquele em cuja escrita soacute restarem falhas de terceira

17 O aluno estava presente mas natildeo quis realizar a produccedilatildeo da Atividade Inicial de escrita Mesmo assim foi

selecionado por natildeo ser alfabetizado e estar repetindo o 6ordm ano

99

ordem que seratildeo superadas gradativamente com a praacutetica da leitura e da escritardquo (LEMLE

1991 p 41-42)

Com base nesses pressupostos catalogamos as falhas cometidas nos 08 (oito) textos da

amostra de investigaccedilatildeo e acrescentamos 03 textos classificados como de 3ordf ordem para

melhor compreensatildeo desses processos O objetivo eacute mostrar a realidade presente em sala de

aula e como essas falhas justificam-se baseadas nos estudos aqui realizados jaacute que os alunos

natildeo as cometeram intencionalmente Na verdade eles natildeo sabiam que estavam errando pois

escreveram de forma livre e espontacircnea Vejamos entatildeo as falhas coletadas nos 08 textos

Quadro 12 ndash Falhas de escrita Textos

selecionados

Falhas de escrita de

1ordf ordem

Ocorrecircncias de falhas de escrita catalogadas nos textos

selecionados

TEXTO 1

TEXTO 2

TEXTO 3

TEXTO 4

TEXTO 5

Falhas na

correspondecircncia

linear entre as

sequencias dos sons e

as sequencias das

letras

Omissatildeo de letras miha (minha) batatina (batatinha) goto

(gosto)

Conhecimento ainda inseguro do formato de cada letra

tasia (passear)

Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo do som

gogo (gosto) natu (moto) natildee (matildee) fanilha (familia) asai

(assim) voma (forma)

Natildeo formou conceito de palavra coanilha (com a minha)

nasine (nasci em) amina (a minha) allade (aula de)

dodiabo em vez de do diabo

Falhas de escrita de

2ordf ordem

TEXTO 5

TEXTO 6

TEXTO 7

O aluno faz a

transcriccedilatildeo foneacutetica

petequa em vez de peteca

escunde em vez de esconde

kiabo em vez de quiabo

bejo em vez de beijo

cam em vez de catildeo

susu em vez de chuchu

pofessora em vez de professora

Falhas de escrita de

3ordf ordem

TEXTO 7

TEXTO 8

TEXTO 9

TEXTO 10

O aluno avanccedilou no

saber ortograacutefico e na

escrita faz troca entre

letras concorrentes

dansa em vez de danccedila

diferensa em vez de diferenccedila

soutar em vez de soltar

queto em vez de quieto

dificudade em vez de dificuldade

profesora em vez de professora

o em vez de ou

Fonte Adaptado de Lemle (1991 p 40-41) com dados da pesquisa

Verifica-se que os textos 1 2 3 4 e 5 foram classificados com falhas de 1ordf ordem porque

os alunos natildeo conseguiram realizar correspondecircncia linear entre as sequecircncias dos sons e as

100

sequecircncias das letras Nesse caso os alunos omitiram letras como em miha (minha) batatina

(batatinha) goto (gosto) demonstraram conhecimento ainda inseguro do formato de cada letra

como por exemplo em tasia (passear) natildeo tiveram a capacidade de classificar algum traccedilo

distintivo do som exemplo das palavras gogo (jogo) natu (moto) natildee (matildee) fanilha (familia)

asai (assim) voma (forma)

Sabemos que Lemle (1991) natildeo cita conceito formado de palavra mas estabelece como

quarta capacidade a consciecircncia de unidade de palavra Dessa maneira optamos por encaixar

em falhas de 1ordf ordem as ocorrecircncias de conceito de palavra natildeo formado como em coanilha

(com a minha) nasine (nasci em) amina (a minha) allade (aula de) dodiabo em vez de do

diabo Esse tipo de ocorrecircncia eacute tratado por Cagliari (1995) como juntura intervocabular O

uacutenico caso natildeo encontrado nesses textos foi a repeticcedilatildeo de letras elencado por Lemle (1991)

Os textos 5 6 e 7 foram classificados com falhas de 2ordf ordem pois os alunos fizeram a

transcriccedilatildeo foneacutetica Nessas ocorrecircncias os alunos representaram os sons da fala de acordo com

a variaccedilatildeo linguiacutestica utilizada por eles pois a pronuacutencia depende da regiatildeo na qual a pessoa

vive Dessa forma o aluno escreve como fala como vemos em petequa em vez de peteca

escunde em vez de esconde kiabo em vez de quiabo bejo em vez de beijo cam em vez de catildeo

susu em vez de chuchu pofessora em vez de professora

Nos textos 7 8 9 e 10 nos quais os alunos jaacute avanccedilaram no saber alfabeacutetico e na escrita

ortograacutefica eles apenas fazem troca entre letras concorrentes Satildeo os casos de dansa em vez

de danccedila diferensa em vez de diferenccedila soutar em vez de soltar queto em vez de quieto

dificudade em vez de dificuldade profesora em vez de professora Nesses casos segundo

Ferreiro (1985) o niacutevel alfabeacutetico foi consolidado e considera que a aprendizagem da escrita eacute

produto de uma construccedilatildeo ativa ou seja no fazer na testagem na experimentaccedilatildeo com as

letras

Em vista disso consideramos importante dizer que os textos 1 2 3 4 5 6 e 7 satildeo dos

alunos que compuseram a intervenccedilatildeo Apenas um aluno natildeo quis produzir o texto o informante

21 que deduzimos natildeo ter consolidadas as capacidades e por isso rejeiccedilatildeo agrave atividade proposta

Logo nossa Atividade Inicial de Escrita (APEcircNDICE B) foi planejada por meio da

abordagem sociointeracionista de Vygotsky A partir da formulaccedilatildeo da zona de

desenvolvimento proximal aplicamos a Atividade Inicial de Escrita e assim por meio do

diagnoacutestico delineamos o desenvolvimento real da aprendizagem dos alunos a fim de avaliar

as experiecircncias adquiridas em linguagem escrita

Diante disso eacute necessaacuterio ressaltar a importacircncia da reflexatildeo e anaacutelise do professor

sobre o desenvolvimento textual dos alunos A escola eacute tendenciosa ao avaliar observando

apenas os erros e desconsiderando os acertos privilegiando a ortografia em detrimento da

101

fruiccedilatildeo do ato de escrever puramente como forma de expressatildeo do pensamento Cada etapa de

aprendizagem da escrita eacute importante e deve ser ensinada pela escola e o professor precisa ter

conhecimento dos processos de escrita pelos quais as crianccedilas passam para ajudaacute-las a

superarem cada etapa com seguranccedila e satisfaccedilatildeo

Consideramos diante o exposto que os resultados dessa atividade foram satisfatoacuterios

por nos dar condiccedilotildees de conhecer as reais dificuldades de escrita dos alunos e assim planejar

as proacuteximas accedilotildees deste trabalho investigativo

Portanto definimos por meio dessa Atividade Inicial de Escrita que a nossa investigaccedilatildeo

seria realizada apenas com os alunos que cometeram falhas de 1ordf e 2ordf ordem por natildeo serem

alfabetizados

43 Plano Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI

O Plano Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI estaacute centrado nos aspectos da alfabetizaccedilatildeo

e do letramento Foi desenvolvido na Escola Estadual Pio XII em Januaacuteria ndash MG com apenas

6 alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima apoacutes identificaccedilatildeo das falhas de escrita com base em Lemle

(1991) no periacuteodo de agosto a novembro de 2017 O fato de o nuacutemero de participantes ter sido

reduzido justifica-se pela recusa em participar das atividades propostas por dois alunos o

informante 16 e o informante 21 Eles natildeo quiseram participar apesar de toda insistecircncia por

parte desta pesquisadora Diante disso a amostra de investigaccedilatildeo passou a ser com 6 alunos do

6ordm ano JF

Assim o objetivo geral dessa proposta foi desenvolver atividades que contribuam com

a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita de 6 alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima da Escola Estadual Pio

XII Ensino Fundamental utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico Os objetivos

especiacuteficos foram planejar executar e avaliar atividades que contribuam para elevar os niacuteveis

de escrita que desenvolvam a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica desenvolver

habilidades de letramento digital atraveacutes do gecircnero digital blog produzir texto multimodal para

blog

A partir das metaacuteforas da aprendizagem de Thornburg (1996) desenvolvemos quatro

moacutedulos de aprendizagem Moacutedulo I ndash Conhecendo Moacutedulo II ndash Dialogando Moacutedulo III ndash

Refletindo e Moacutedulo IV ndash Praticando

Para cada moacutedulo utilizamos a carga horaacuteria da turma composta por cinco aulas

semanais de LP e nas uacuteltimas semanas contamos com a colaboraccedilatildeo dos professores de outras

disciplinas no sentido de liberarem os alunos para participarem das atividades No iniacutecio

definimos que usariacuteamos as aulas geminadas da terccedila-feira e da quarta-feira salvo alguma na

102

segunda-feira que tem uma aula de LP Buscamos com isso respeitar o horaacuterio de aulas da

turma em razatildeo da organizaccedilatildeo e funcionamento da escola Poreacutem observamos que a dinacircmica

e o dia-a-dia da escola com projetos feriados trabalhos de campo entre outras situaccedilotildees

estava prejudicando o andamento da intervenccedilatildeo Um fato que nos deixou muito tristes foi o

falecimento de um aluno da nossa escola no dia 20 de setembro Todas as atividades da escola

foram interrompidas pela comoccedilatildeo geral

Diante disso elaboramos o cronograma de aulas aplicadas nos moacutedulos do iniacutecio ao

teacutermino da intervenccedilatildeo como forma de esclarecer o desenvolvimento das aulas Os quatro

moacutedulos e a descriccedilatildeo dos meses e datas em que foram aplicados aleacutem da respectiva carga

horaacuteria de cada um deles encontram-se descritos na Tabela 04 a seguir

Tabela 04 ndash Cronograma de aulas aplicadas no PEI

MOacuteDULOS Meses Datas Carga

horaacuteria

Moacutedulo I ndash Conhecendo Agosto 23 28 29 30 ---- 08 ha

Moacutedulo II ndash Dialogando Setembro 12 19 2018 26 27 08 ha

Moacutedulo III ndash Refletindo Outubro 03 04 23 24 25 21 ha

26 27 30 31 ----

Moacutedulo IV ndash Praticando Novembro 01 05 ha

Total 42

aulas

Fonte Dados da pesquisa 2017

431 Moacutedulo I ndash Conhecendo

Neste moacutedulo I procuramos desenvolver compartilhar e discutir as caracteriacutesticas dos

textos compostos por palavras e imagens bem como discutir sobre as contribuiccedilotildees das

Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC

Assim o plano de accedilatildeo desse moacutedulo visou ativar conhecimentos preacutevios sobre as

caracteriacutesticas dos textos multimodais e em relaccedilatildeo agraves contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais

da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de sons de palavras de

imagens e de movimentos

18 Intervenccedilatildeo interrompida por luto

103

Nossos objetivos foram identificar as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da

Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem e familiarizar com o ambiente

digital conhecer e identificar as funccedilotildees do blog como recurso de ensino e sobre as habilidades

de letramento em contexto digital conhecer diferentes textos multimodais e aula expositiva

dialogada e interativa por meio de ferramenta digital

Dessa forma a metodologia utilizada consistiu em desenvolver atividades de

conhecimento na sala de multimiacutedia e no laboratoacuterio de informaacutetica da escola por meio de

exposiccedilatildeo dialogada utilizando ferramenta digital para apresentaccedilatildeo de slides sobre a proposta

de trabalho

Na sala de multimiacutedia da nossa escola no dia 23 de agosto de 2017 conhecemos as

contribuiccedilotildees que as Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo apresentam na atualidade como pode

ser visualizado na figura abaixo

Figura 14 ndash Alunos na sala de multimeios da Escola Estadual Pio XII

Fonte Dados da pesquisa 2017

Reconhecemos que estamos inseridos em um mundo repleto de sons palavras imagens

entre tantos outros recursos que possibilitam a comunicaccedilatildeo Dessa forma saber ler essa

diversidade de recursos textos e imagens requer atenccedilatildeo e leitura de mundo Como exemplo

dessa proposta apresentamos a captura de tela dos slides 3 e 9 da nossa apresentaccedilatildeo em Power

point

104

Figura 15 ndash Captura de tela do slide 3 ndash Apresentaccedilatildeo em Power point

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 2 ndash Captura de tela do slide 9 Apresentaccedilatildeo em Power point

Fonte Dados da pesquisa 2017

Percebemos que cinco alunos reconheceram na exposiccedilatildeo dos slides acima esse contexto

de tecnologia no qual estamos inseridos ao dizerem que estamos conectados com o mundo Por

outro lado uma aluna teve dificuldade com a leitura das imagens justamente por falta de

familiaridade com essa modalidade de leitura Aleacutem disso analisamos a possibilidade de se

realizar leitura em diversos suportes tanto por meio de linguagem verbal quanto por meio da

inserccedilatildeo de imagens e emojis tatildeo presentes nas redes sociais nos aplicativos de celular e ateacute

em lojas quando vemos as placas ldquoSorria Vocecirc estaacute sendo filmadordquo

105

Assim apoacutes essa conversa e compartilhamento de ideias eles compreenderam que a

leitura extrapola as questotildees meramente linguiacutesticas pois o conceito de texto se ampliou e

concentra vaacuterios aspectos natildeo linguiacutesticos que devem ser considerados principalmente porque

estamos inseridos em uma sociedade imersa em um grande ambiente multimodal

Nossa fala estaacute ancorada em Marcuschi (2008 p 80) ao estabelecer que ldquoo texto

compotildee-se de elementos que satildeo multifuncionais sob vaacuterios aspectos tais como um som uma

palavra uma significaccedilatildeo uma instruccedilatildeo etc e deve ser processado com esta

multifuncionalidaderdquo assim como na Teoria da Multimodalidade defendida por Kress e van

Leeuwen (2006) ao esclarecerem que o texto multimodal eacute aquele cujo significado se realiza

por mais de um coacutedigo semioacutetico ou recursos semioacuteticos Desse modo apoacutes a apresentaccedilatildeo

dos slides os alunos compreenderam que ao lermos uma imagem observamos planos traccedilos

cores figuras entre outros aspectos Assim compreendemos como esse conjunto de recursos

semioacuteticos dialoga que eles natildeo estatildeo dispostos aleatoriamente mas constituem mais um

recurso que nos ajuda a produzir uma seacuterie de interpretaccedilotildees

Depois fomos ao laboratoacuterio de informaacutetica Pesquisamos vaacuterios blogs e sites de

pesquisa para nos familiarizarmos e conhecermos o ambiente digital como demonstrado na

figura 18

Figura 17 ndash Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica

Fonte Dados da pesquisa 2017

No laboratoacuterio de informaacutetica acessamos blogs de diferentes temas e assuntos O

primeiro chama-se ldquoBlog dos jovens leitoresrdquo e o segundo ldquoOpen Pagerdquo Os dois satildeo blogs

106

literaacuterios e tratam da leitura de livros literaacuterios com resenhas e sugestotildees de leitura O terceiro

ldquoGalerinha On linerdquo eacute um blog de assuntos diversos atividades desenhos muacutesicas

ensinamentos e culinaacuteria por meio de infograacuteficos Jaacute o quarto ldquoEscola Classe 19 de

Taguatingardquo eacute um blog escolar de uma escola puacuteblica que atende a crianccedilas do 1ordm ao 5ordm anos

na educaccedilatildeo integral Nossa intenccedilatildeo foi fazer com que os alunos conhecessem diferentes blogs

Assim elaboramos algumas questotildees para conduzir nossa discussatildeo como Quais satildeo os temas

abordados nesses blogs Leia o perfil de cada um De qual vocecirc gostou mais Por quecirc Se vocecirc

tivesse um blog sobre o que vocecirc escreveria Vamos criar um blog para a turma Qual nome

teria

Nas questotildees ldquoardquo e ldquobrdquo os alunos responderam de forma satisfatoacuteria ter reconhecido o

tema de cada blog pelas imagens que foram vendo e depois pela descriccedilatildeo feita no perfil

apresentado aleacutem de terem gostado de conhececirc-los Como exemplo apresentamos logo

abaixo os comentaacuterios dos informantes 8 10 e 12

Informante 8 ldquoGostei professora desses blogsrdquo

Informante 10 ldquoEu nunca vi um blog Num sabia que era assim Eu gostei do blog da

escola tem muitas fotos dos alunosrdquo

Informante 12 ldquoEu achei legal E gostei mais da moccedila dos livros (Open Page)rdquo

Na questatildeo ldquocrdquo os informantes 7 e 11 disseram que escreveriam sobre todos os assuntos

a informante 13 disse que natildeo sabia os informantes 8 e 10 falaram que escreveriam sobre a

escola e a informante 12 sobre maquiagem Os assuntos foram diversificados e aos alunos foi

esclarecido que criariacuteamos um blog para a turma com o objetivo de postarmos as nossas

atividades de escrita desenvolvidas no laboratoacuterio de informaacutetica e que laacute poderiacuteamos abordar

diversos assuntos

Observamos ainda que as respostas dos informantes 7 e 11 aproximam-se das diversas

possibilidades de publicaccedilatildeo as quais os blogs nos permitem Marcuschi (2010) define os blogs

como gecircneros digitais e ressalta que eles funcionam como diaacuterios em uma ordem cronoloacutegica

Aleacutem disso acrescenta que [] satildeo verdadeiros diaacuterios sobre a pessoa sua famiacutelia ou seus

gostos e seus gatos catildees atividades sentimentos crenccedilas e tudo o que for conversaacutevel

(MARCUSCHI 2010 p 72)

Apoacutes esse momento fizemos uma votaccedilatildeo para a escolha do blog do nosso pequeno

grupo Os nomes sugeridos pelos alunos foram Blog da Escola Pio XII Oficina de escrita

Todos juntos pelo estudo Blog do 6ordm ano e Escola Estadual Pio XII em resposta agrave questatildeo ldquodrdquo

Dessa forma os alunos decidiram pelo tiacutetulo ldquoBlog do 6ordm ano JFrdquo e como descriccedilatildeo

ldquoTodos juntos pelo estudordquo cujo endereccedilo eletrocircnico eacute

107

httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombr que tambeacutem pode ser observado por meio do

acesso ao QR Code disponibilizado logo abaixo

A atividade no laboratoacuterio o estar no laboratoacuterio de informaacutetica para pesquisa e

conhecimento de outros blogs causou entusiasmo nos participantes Essa escolha causou-nos

surpresa e emoccedilatildeo porque percebemos o empenho e o compromisso desses alunos com a

proacutepria aprendizagem Assim o blog foi criado no dia 28 de agosto de 2017 mediante

orientaccedilatildeo e com a participaccedilatildeo de todos os informantes como vemos logo abaixo na captura

das telas de criaccedilatildeo do blog e no iniacutecio do Moacutedulo I ndash Conhecendo

Figura 38 ndash Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF

Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel em lt httptodosjuntospeloestudoblogspotcombr201708sejam-bem-

vindos-nos-do-6-ano-julia-dehtmlgt Acesso em 10 nov de 2017

108

Figura 19 ndash Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF

Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel emlthttptodosjuntospeloestudoblogspotcombr201708gt Acesso em

10 nov de 2017

432 Moacutedulo II ndash Dialogando

Nesse segundo momento as atividades propostas ofereceram oportunidades para que o

comportamento do aluno ouvinte e falante se tornasse efetivamente objeto de aprendizagem

Os alunos tiveram a oportunidade de realizar debates e exposiccedilotildees orais a respeito das

atividades apresentadas no laboratoacuterio de informaacutetica Esta pesquisadora coordenou as

discussotildees procurando fazer com que todos os alunos falassem e escutassem de forma atenciosa

e respeitosa No iniacutecio natildeo foi faacutecil porque eles estavam acostumados a interferir nas respostas

dos outros colegas a limitar a fala do outro ou chamar a atenccedilatildeo de forma negativa mas depois

com a mediaccedilatildeo necessaacuteria eles foram entendendo que cada um tem o direito de falar e que

eles poderiam ateacute discordar poreacutem sem desrespeitar

Desse modo esse tipo de atividade promoveu a discussatildeo sobre o assunto tratado nos

textos apresentados fazendo com que o aluno ultrapassasse o texto e o relacionasse com o

contexto social no qual vive ou ateacute mesmo com sua proacutepria pessoa atendendo agrave perspectiva da

leitura multimodal

O plano de accedilatildeo desse segundo moacutedulo esteve concentrado em incentivar a discussatildeo

sobre os textos apresentados com o intuito de desenvolver a competecircncia do uso da liacutengua oral

e da capacidade de debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o

argumento contraacuterio

109

Na sequecircncia definimos como objetivos ler textos multimodais analisar e discutir as

especificidades desses textos e produzi-los Para isso propusemos a discussatildeo das perguntas

sugeridas a respeito dos recursos linguiacutesticos utilizados nos textos multimodais previamente

selecionados para o trabalho em grupo

Esse moacutedulo teve iniacutecio no dia 12 de setembro de 2017 no laboratoacuterio de informaacutetica

como podemos visualizar logo abaixo

Figura 20 ndash Captura de tela do Moacutedulo II ndash Dialogando Blog do 6ordm ano JF

Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel em lt httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombr201709modulo-ii-

dialogandohtmlgt Acesso em 10 nov de 2017

Na perspectiva dialoacutegica na relaccedilatildeo com o outro discutimos em duplas as questotildees

sobre os textos selecionados De acordo com Bakhtin (1997) a ldquorelaccedilatildeo dialoacutegica eacute uma relaccedilatildeo

(de sentido) que se estabelece entre enunciados na comunicaccedilatildeo verbalrdquo (BAKHTIN 1997 p

346) Com esse entendimento de comunicaccedilatildeo verbal do encontro de opiniotildees e discussotildees

procuramos estabelecer relaccedilotildees de sentido ao ouvir falar interrogar concordar ou discordar

dos assuntos apresentados nos textos multimodais selecionados para essa atividade Entatildeo eles

foram compreendendo a atitude responsiva de que trata Bakhtin ao afirmar que

[d]e fato o ouvinte que recebe e compreende a significaccedilatildeo (linguiacutestica) de um

discurso adota simultaneamente para com este discurso uma atitude responsiva ativa

ele concorda ou discorda (total ou parcialmente) completa adapta apronta-se para

executar etc e esta atitude do ouvinte estaacute em elaboraccedilatildeo constante durante todo o

processo de audiccedilatildeo e compreensatildeo desde o iniacutecio do discurso agraves vezes jaacute nas

primeiras palavras emitidas pelo locutor (BAKHTIN 1997 p 290)

110

Em atitude responsiva ativa vivenciamos com o outro ora locutor ora interlocutor no

laboratoacuterio de informaacutetica a leitura de vaacuterios textos multimodais

Como motivaccedilatildeo e detonador da nossa discussatildeo utilizamos na maioria dos textos

selecionados questotildees previamente elaboradas para conduzir a discussatildeo As questotildees

pretendiam levar os alunos a pensarem considerando todo o contexto Para tanto eles foram

instigados a confirmar ideias levantar hipoacuteteses expressando a opiniatildeo e o entendimento que

tiveram acerca do exposto Nesse sentido procuramos questionaacute-los sobre os argumentos que

sustentaram as colocaccedilotildees de cada um e sobre as conclusotildees a que chegaram por meio da leitura

dos textos multimodais Foram observados dentre vaacuterios aspectos multimodais as cores os

traccedilos as fontes tipos e tamanhos das letras

Para anaacutelise desse moacutedulo selecionamos dois textos uma Histoacuteria em quadrinhos e uma

charge A Histoacuteria em Quadrinhos ndash HQ da Turma da Mocircnica que foi apresentada quadro a

quadro por seis cenas tem Cascatildeo como personagem principal o qual trama em pensamento

algo contra o Sansatildeo coelhinho da Mocircnica O que chama atenccedilatildeo para essa HQ como podemos

visualizar logo abaixo eacute a presenccedila da multimodalidade por meio de imagens balotildees cores e

traccedilos bem como a ausecircncia de falas (linguagem verbal) entre os personagens em todas as

cenas Os uacutenicos elementos verbais presentes na HQ satildeo a palavra ldquoCascatildeordquo no iniacutecio e a

palavra ldquofimrdquo ao final da histoacuteria

111

Figura 21 ndash HQ Turma da Mocircnica

Fonte Desconhecida19

Observamos por meio da leitura imageacutetica toda a narrativa desenvolvida e quando a

situaccedilatildeo de equiliacutebrio eacute rompida pelo cliacutemax que determina a situaccedilatildeo final da histoacuteria Dessa

forma percebemos que os elementos linguiacutesticos natildeo satildeo exclusivos para a compreensatildeo e

leitura de um texto pois a modalidade de linguagem semioacutetica encarregou-se disso Nessa HQ

a atividade de interaccedilatildeo e leitura ocorreu por meio do encadeamento das accedilotildees e gerou a

produccedilatildeo de sentidos proporcionada pelo conhecimento preacutevio acerca dos personagens e da

situaccedilatildeo comunicativa

De acordo com Koch (2009 p 39) em atividades como essas ldquocolocamos em accedilatildeo

vaacuterias estrateacutegias sociocognitivas Essas estrateacutegias por meio das quais se realiza o

processamento textual mobilizam vaacuterios tipos de conhecimento que temos armazenados na

memoacuteriardquo

19 Paacutegina de HQ da Turma da Mocircnica apresentada na Aula 1 da disciplina Texto e ensino ministrada pela

professora Doutora Maria Clara Maciel (UNIMONTES) no primeiro semestre de 2016

112

Ainda de acordo com a autora ao realizarmos o processamento textual ativamos

conhecimentos Assim para a compreensatildeo dessa HQ recorremos ao conhecimento

enciclopeacutedico ou conhecimento de mundo que se refere aos nossos aprendizados vivecircncias e

experiecircncias pessoais permitindo a produccedilatildeo de sentidos Por isso realizamos as seguintes

perguntas aos alunos Vocecirc conhece esses personagens Quem satildeo Por que o Cascatildeo estaacute

saltitante O que ele estaacute imaginando Qual era a sua intenccedilatildeo O que aconteceu no 4ordm e 5ordm

quadrinhos Por que Cascatildeo saiu correndo O humor da histoacuteria foi construiacutedo a partir de quais

fatos No texto haacute palavras Vocecirc conseguiu ler essa HQ mesmo sem palavras Por quecirc

A maioria das respostas foram 100 satisfatoacuterias pois todos conheciam os personagens

das HQS da Turma da Mocircnica do autor Mauriacutecio de Souza aleacutem da compreensatildeo global da

narrativa inclusive sem mencionar as questotildees propostas quem era o autor desses quadrinhos

Apenas na uacuteltima questatildeo surgiram questionamentos sobre natildeo haver palavras falas na

sequecircncia narrativa da HQ selecionada pelos informantes 7 8 e13 Perguntamos se o fato de

natildeo haver palavras impedia o entendimento do texto e os alunos disseram que natildeo Nossa

discussatildeo foi ampla sobre as diversas possibilidades de leitura e definiccedilatildeo de texto A causa do

estranhamento ocorreu pelo fato de o natildeo entendimento do que a maioria das pessoas considera

ser um texto inclusive na atualidade em que os textos estatildeo carregados de multimodalidade

Isso acontece pelo conceito de texto ainda estar vinculado somente ao campo linguiacutestico

da fala ou da escrita Nesse sentido a linguiacutestica textual definida por Marcuschi (2008)

Dioniacutesio (2006) Koch (2009 e 2012) e Krees e Van Leeuwen (2006) autores que validaram

significativamente nossa discussatildeo lanccedilam luz sobre a concepccedilatildeo de texto como abordado no

capiacutetulo I deste trabalho

Segundo Dioniacutesio (2006) nossa sociedade estaacute cada vez ldquomais visualrdquo Isso revela que

os textos multimodais estatildeo presentes em nossa sociedade e eacute imprescindiacutevel relacionar

linguagem verbal a outros recursos e assim estabelecer relaccedilotildees de sentido compreensatildeo e

importacircncia social nas praacuteticas de letramento

Diante disso por meio do sistema de estruturaccedilatildeo visual elaborado por Krees e Van

Leeuwen (2006) na Gramaacutetica de Desing Visual (GDV) observamos a articulaccedilatildeo de vaacuterios

modos semioacuteticos na charge selecionada que ao se relacionarem convergem significados

representacionais interativos e composicionais

113

Figura 22 ndash Charge Igualdade natildeo significa justiccedila

Fonte Disponiacutevel em lt httpprofwladimirblogspotcombr201405charge-igualdade-nao-significa-

justicahtmlgt Acesso em 07 jun 2017

A charge acima eacute composta por vaacuterios participantes representados (PR) localizados ao

centro e na mesma direccedilatildeo em maior destaque retratando situaccedilotildees semelhantes em quadros

diferentes No que diz respeito aos significados representacionais a imagem da charge sob

anaacutelise apresenta uma sequecircncia argumentativa

Nota-se nesse caso no quadro 1 a existecircncia dos participantes representados ndash PR

Como PR 1 consideramos a crianccedila maior agrave esquerda mostrada na composiccedilatildeo visual vestida

de camisa azul e short marrom como PR 2 consideramos a crianccedila ao meio mostrada na

composiccedilatildeo visual vestida de camisa vinho e short azul escuro e como PR 3 consideramos a

crianccedila menor agrave direita mostrada na composiccedilatildeo visual vestida de camisa azul clara e short

preto de quem partem vetores formados pelas diferentes alturas

Em contrapartida nota-se tambeacutem a existecircncia de mudanccedila de posiccedilatildeo de braccedilos

tambeacutem mostrados na composiccedilatildeo visual representados por PR 1 2 e 3 Enquanto PR1 e PR2

no quadro 1 estatildeo com os braccedilos levantados para o alto como um traccedilo que daacute a ideia de

accedilatildeomovimento positivo vitorioso e vibrante o inverso acontece com o PR 3 que estaacute com os

braccedilos abaixados como um traccedilo de passividade e inatividade Nota-se tambeacutem que as cores

114

funcionam como um dispositivo semioacutetico formal que aleacutem de estabelecerem coesatildeo e

coerecircncia no texto veiculam ideias A cor verde do gramado e o marrom dos caixotes e parede

de compensado eacute usada para dar destaque agraves informaccedilotildees de forma precisa aleacutem de trazer o

significado representacional da realidade dos gramados de futebol e a cor marrom o significado

representacional da realidade da desigualdade social

Quanto aos significados interativos que dizem respeito ao grau de interaccedilatildeo entre os

elementos da composiccedilatildeo visual (participantes representados) e o leitor (participantes

interativos) natildeo vemos PR 1 2 e 3 olhando diretamente para o participante interativo (PI) natildeo

haacute um olhar de demanda pois todos estatildeo de costas representando possivelmente todos os

cidadatildeos que natildeo tecircm acesso ao esporte agrave cultura e ao lazer Aqui encontramos um olhar de

oferta pois haacute ausecircncia de olhar direto para o leitor Nesse caso PR1 2 e 3 satildeo oferecidos ao

PI como item de informaccedilatildeo de maneira impessoal e mais distante sendo estabelecida uma

relaccedilatildeo de menor interaccedilatildeo com o PI

Quanto ao enquadramento apresenta-se num plano aberto uma vez que satildeo retratados

todos os participantes e o espaccedilo ao seu redor por isso os PR satildeo representados numa distacircncia

maior dos observadores

Em relaccedilatildeo aos significados composicionais observa-se que os PRrsquos ocupam espaccedilos

diferentes O PR1 ocupa a zona esquerda o espaccedilo do dado ndash de onde parte o conhecimento do

texto ndash converge para a mensagem que destaca a incoerecircncia de uma crianccedila maior precisar

subir em um caixote Logo eacute possiacutevel perceber que a informaccedilatildeo disposta no plano novo faz

um contraponto de forma a complementar a ideia disposta no plano dado representado pelo

PR3 que estaacute agrave esquerda haja vista que mesmo em posiccedilatildeo de igualdade por estar em cima

de um caixote de madeira da mesma forma que as outras crianccedilas ainda se encontra em

desvantagem em desigualdade

Ainda sobre o significado composicional consideramos o PR1 posicionado no acircngulo

superior assim o elemento eacute ideal (vantagem pela altura) configura o dominante aquele que

tem Os PR2 e PR3 posicionam-se em acircngulo inferior o elemento eacute real (a altura determina a

possibilidade de assistir ao jogo ou natildeo) e configura a relaccedilatildeo de subordinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

primeiro

Por fim a disposiccedilatildeo dos elementos a partir da perspectiva de centro e margem estatildeo

relacionadas tanto para evidenciar o predomiacutenio quanto o destaque de algumas informaccedilotildees e

a omissatildeo de outras Os PR estatildeo no centro no nuacutecleo da informaccedilatildeo por se tratar de uma charge

que comporta uma criacutetica pois enquanto parte da populaccedilatildeo tem acesso ao esporte por poder

pagar uma entrada em um estaacutedio de futebol outros encontram-se em condiccedilotildees

115

desconfortaacuteveis e desiguais Contudo o PR1 sobressai no seu tamanho e nas cores envolvidas

em relaccedilatildeo ao PR3 que eacute o que sofre com a impossibilidade de assistir ao jogo

O contraponto das duas figuras quadro 1 e quadro 2 demonstra uma precisa articulaccedilatildeo

na utilizaccedilatildeo dos modos semioacuteticos que satildeo modificados pela mudanccedila de estado do PR1 e do

PR3 ao estabelecer a ideia de justiccedila ao ver que a altura definia a possibilidade de assistir ao

jogo e a necessidade de ter ou natildeo um caixote para isso Nesse sentido satildeo estabelecidas

relaccedilotildees de direitos que dependendo das circunstacircncias podem produzir o contraacuterio a

desigualdade Esses aspectos foram trabalhados a partir das seguintes questotildees propostas O

que eacute igualdade O que eacute justiccedila O que vocecirc vecirc na imagem O que vocecirc entende por ldquoIgualdade

natildeo eacute justiccedilardquo O que foi preciso fazer para haver justiccedila Vocecirc jaacute foi tratado de forma desigual

ou injusta

Essa atividade exigiu dos alunos mais atenccedilatildeo e conhecimento de mundo pois todos os

informantes revelaram nunca ter ido a um estaacutedio de futebol e sentado em arquibancadas

Percebemos que o acesso aos bens culturais agrave populaccedilatildeo economicamente desfavorecida

provavelmente estaacute associado ao fator desigualdade social como mostrado no texto em anaacutelise

Assim com base nas questotildees acima discutimos os elementos multimodais presentes

no texto percebendo mais familiaridade com a observaccedilatildeo das cores da linguagem verbal e

natildeo verbal mas em outros aspectos foi preciso intervenccedilatildeo e mediaccedilatildeo para estabelecer os

sentidos que o texto exigia como o fato de os braccedilos do PR3 no quadro 1 estarem para baixo

e no quadro 2 estarem para cima Esse aspecto natildeo foi identificado por nenhum aluno em

resposta agrave questatildeo 3

Consideramos que a atividade foi vaacutelida dado o grau de dificuldade e a familiaridade

com textos argumentativos no 6ordm ano Geralmente essa sequecircncia textual soacute eacute trabalhada a partir

do 8ordm ano por natildeo ser considerada adequada ao 6ordm ano mas haacute controveacutersias pois de acordo

com Cavalcante (2013) todo texto possui sequecircncias bem como todo texto apresenta uma

sequecircncia dominante em relaccedilatildeo agrave qual se organizam as demais sequecircncias A autora afirma

que ldquoaspectos como extensatildeo a complexidade e os diferentes propoacutesitos comunicativos

indicam que haacute naturalmente uma inclinaccedilatildeo agrave combinaccedilatildeo de sequecircncias textuais o que torna

o texto heterogecircneordquo (CAVALCANTE 2013 p 62)

De acordo com Rojo (2009) as diversas capacidades de leitura e produccedilatildeo exigidas na

atualidade nos conduzem ao trabalho com os letramentos multissemioacuteticos definidos como ldquoa

leitura e produccedilatildeo de textos em diversas linguagens e semioses (verbal oral e escrita musical

imageacutetica) ( )rdquo (ROJO 2009 p 119)

Diante disso nossas atividades dialogadas e em equipe possibilitaram a produccedilatildeo de

textos multimodais inspirados em Ribeiro (2016) sobre como os textos multimodais satildeo

116

tratados na escola que lugar ocupam e como poderiacuteamos produzir textos multimodais

Consideramos a ideia interessante e viaacutevel jaacute que era preciso palavras e imagens em um leiaute

e definir os modos de produccedilatildeo Dessa forma seguindo as premissas da autora fizemos

primeiro a leitura em grupo de alguns textos previamente selecionados Baseamos nossas

questotildees em Ribeiro (2016 p 53-54) Vocecircs jaacute tiveram contato com textos assim Vocecircs tecircm

dificuldades em ler textos como os apresentados neste blog Como vocecircs leem esses textos

Vocecircs gostariam de produzir textos como esses

Assim nossa proposta foi delineada a partir do contato com trecircs gecircneros especiacuteficos

organograma mapa e infograacutefico

Segundo Ribeiro (2016) o organograma eacute uma representaccedilatildeo bastante comum em nossa

sociedade e mostra representaccedilotildees hieraacuterquicas estruturas organizacionais etc Como sugestatildeo

os alunos criaram um organograma escolar como podemos observar na Figura 24

Figura 23 ndash Organograma da EE Pio XII corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017)

O texto acima foi produzido pelos informantes 8 e 10 e digitalizado para essa anaacutelise

Ao produzir o organograma da Escola Estadual Pio XII foi interessante descobrir que alguns

alunos natildeo sabiam que cada segmento da escola estava interligado e nem mesmo conheciam a

estrutura da escola Portanto a atividade resultou em aprendizagem e conhecimento aleacutem

disso os alunos natildeo encontraram dificuldade em desenhar a estrutura da escola por jaacute terem

conhecido um exemplo de organograma escolar Poreacutem encontraram dificuldades com a escrita

117

como por exemplo da palavra porfessores como podemos observar na produccedilatildeo abaixo antes

da correccedilatildeo ortograacutefica

Figura 24 ndash Organograma da E E Pio XII sem correccedilatildeo

Fonte Dados da pesquisa 2017

Nesse caso com base em Cagliari (1991) consideramos o ldquoerrordquo como modificaccedilatildeo da

estrutura segmental das palavras quando os alunos cometem erros de troca de letras O texto

acima demonstra esse problema de escrita que por meio da intervenccedilatildeo foi corrigido De

acordo com o autor isso acontece porque o aluno ainda natildeo domina bem o uso de certas letras

Nesse sentido Lemle (1991) enfatiza que se as relaccedilotildees entre letras e sons forem bem

trabalhadas o aluno saberaacute ldquo[] quais letras transcrevem quais sons em quais posiccedilotildees e quais

letras concorrem em quais posiccedilotildees para representar quais sonsrdquo (LEMLE 1991 p 36)

Depois lemos e produzimos infograacuteficos que segundo Ribeiro

[] se trata de um texto multimodal por excelecircncia jaacute que seu planejamento jaacute o

constroacutei com pelo menos palavras e imagens em um leiaute (na web eacute possiacutevel

agregar som movimento etc) em segundo porque eacute um gecircnero que circula

amplamente em jornais e revistas impressos digitais e mesmo na TV nas previsotildees

de tempo nas explicaccedilotildees e nas demonstraccedilotildees de fatos causas efeitos trajetoacuterias

etc (RIBEIRO 2016 p 31)

118

Observarmos que o infograacutefico eacute um texto que circula pelas diversas miacutedias como TV

materiais impressos e digitais Contudo no desenvolvimento da atividade verificamos total

estranhamento com esse gecircnero em um primeiro momento pela falta de familiaridade com o

proacuteprio nome do gecircnero Depois por natildeo conseguiram associar infograacutefico a textos lidos na

escola ou vistos em outros suportes Quando perguntamos aos alunos sobre quais impressotildees

tiveram dos textos pesquisados obtivemos as seguintes respostas Informante 7 ldquoEu gosteirdquo

Informante 8 ldquoNatildeo sei fazer isso natildeordquo Informante 10 Tem uns que natildeo entendi foi nadardquo

Informante 11 ldquoIsso eacute infograacuteficordquo Informantes 12 ldquoTambeacutem gostei Gostei muito dessas

receitas Ficou divertidordquo

Por isso para melhor entendimento voltamos ao Blog Galerinha Online20 para

pesquisar os infograacuteficos de receitas que laacute estavam Aleacutem disso realizamos pesquisas no site

de buscas Google sobre outros exemplos de infograacuteficos e sobre como fazer um infograacutefico

Nesse momento os alunos perceberam que nesses textos haacute trecircs elementos palavras nuacutemeros

e imagens Assim a primeira noccedilatildeo foi sendo construiacuteda e os nossos primeiros infograacuteficos

foram produzidos Os alunos escolheram fazer receitas como podemos visualizar logo abaixo

Talvez a escolha tenha sido influenciada pelo primeiro contato com esse gecircnero atraveacutes do

blog sugerido na pesquisa online

Uma dupla disse que faria bolo de chocolate logo todos queriam fazer bolo de chocolate

tambeacutem Entatildeo iniciaram uma discussatildeo sobre um estar copiando o outro que eles haviam

escolhido primeiro e que ningueacutem poderia fazer igual Nesse sentido foi necessaacuterio realizar um

debate sobre a importacircncia de se respeitar a escolha dos outros de entender que existe uma

diversidade enorme de receitas de bolo de chocolate Como exemplo falamos sobre

concursos de melhor receita de um determinado alimento e diante dessa conversa decidimos

pesquisar receitas Cada um foi falando do que mais gostava e com isso surgiram muitas

sugestotildees Ao final da pesquisa as duplas decidiram produzir o infograacutefico de uma receita de

bolo de chocolate um de pastel frito e outro de suco de maracujaacute As receitas foram

digitalizadas apoacutes a correccedilatildeo ortograacutefica

20 Endereccedilo eletrocircnico Blog Galerinha Online Disponiacutevel em

lthttpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtmlgt Acesso em 23 ago 2017

119

Figura 25 ndash Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica pesquisando receitas

Fonte Acervo da pesquisadora 2017

Figura 26 ndash Infograacutefico de receita de bolo de chocolate

Fonte Dados da pesquisa 2017

120

Figura 27 ndash Infograacutefico de receita de pastel frito

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 28 ndash Infograacutefico de receita de suco de maracujaacute

Fonte Dados da pesquisa 2017

Observamos que os alunos souberam seguir a estrutura do gecircnero receita culinaacuteria ao

separarem ingredientes do modo de preparo e foram livres para escolher o leiaute as cores e as

121

informaccedilotildees da receita Tambeacutem seguiram as orientaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas dos

infograacuteficos que concentram dados numeacutericos imagens e palavras Aleacutem disso o infograacutefico

deveria permitir uma leitura aacutegil e buscar sintetizar as informaccedilotildees Segundo Ribeiro (2016 p

32) ldquo[] ao produzir infografia aumentando o espaccedilo do desenho e reduzindo o das palavras

isso tem impacto evidente sobre os leitores e sobre as praacuteticas de leiturardquo

Embora nosso objetivo seja melhorar os niacuteveis de escrita e uma das propostas do

infograacutefico seja reduzir a escrita compreendemos que os muacuteltiplos letramentos satildeo gerados por

muacuteltiplas leituras e oportunidades de produzir linguagem Sabemos que o mundo estaacute repleto

de imagens mas ainda eacute muito difiacutecil para os alunos desvincular texto de conteuacutedo

exclusivamente linguiacutestico fato que observamos nos infograacuteficos produzidos que ainda

concentram mais recursos linguiacutesticos do que imageacuteticos e graacuteficos

Contudo nossa intenccedilatildeo ao produzir os infograacuteficos mesmo de forma tatildeo simples e

talvez natildeo tatildeo adequada esteve centrada na produccedilatildeo criativa no estimulo agrave produccedilatildeo

multimodal O interessante foi mostrar aos alunos que podemos ler imagens criar desenhar e

expressar nossas ideias e gostos

Aleacutem disso a autora ressalta que dessa forma trabalhamos ldquo[] as relaccedilotildees entre

letramentos de estudantes e a leitura de textos multimodais e tambeacutem os letramentos

construiacutedos para se criar visualizaccedilotildees e informaccedilotildees e dados fornecidos aos sujeitosrdquo

(RIBEIRO 2016 p 35)

Com base nisso demos continuidade agrave produccedilatildeo de textos multimodais Nossa uacuteltima

produccedilatildeo nesse segundo moacutedulo foi o mapa da nossa escola sob a percepccedilatildeo dos alunos em

relaccedilatildeo aos espaccedilos da escola Sabemos que os mapas satildeo representaccedilotildees graacuteficas em escalas

menores e podem representar regiotildees territoacuterios ou qualquer extensatildeo da superfiacutecie da Terra

122

Figura 29 ndash Mapa da E E Pio XII

Fonte Dados da pesquisa 2017

Observamos que os alunos apresentaram pouca dificuldade em desenhar o mapa da

escola talvez por ser um espaccedilo conhecido por eles Poreacutem alguns espaccedilos ficaram fora da

ordem real provavelmente por ser em escala menor Aleacutem disso Ribeiro (2016 p 42)

constata que ldquode forma geral os textos imageacuteticos satildeo pouco trabalhados nas escolas sendo

comum que apareccedilam apenas como complemento do texto escrito ou ilustraccedilatildeo lsquoem diaacutelogorsquo

com esserdquo

433 Moacutedulo III ndash Refletindo

Nesse moacutedulo propusemos a interlocuccedilatildeo entre diferentes textos para que o aluno

pudesse analisar de forma reflexiva diferentes abordagens de um mesmo assunto ou toacutepico

tanto no que se refere a distintas percepccedilotildees da nossa cultura ou sociedade quanto para poder

observar questionar e analisar atraveacutes da comparaccedilatildeo ou do confronto o que dizem os

diferentes textos ao resolver atividades de leitura interpretaccedilatildeo e escrita Assim pretendiacuteamos

fazer com que o aluno percebesse intuitivamente seu conhecimento e fizesse a checagem do

seu proacuteprio aprendizado

Assim o plano de accedilatildeo desse terceiro moacutedulo de aprendizagem buscou contribuir com

o processo de alfabetizaccedilatildeo e de letramento por meio de atividades que estimulassem o

desenvolvimento da linguagem oral e escrita em situaccedilotildees de anaacutelise e reflexatildeo sobre as

especificidades de diversos textos e assim elevar os niacuteveis de escrita dos alunos

123

Dessa forma nossos objetivos estiveram concentrados em aprofundar e em refletir sobre

os conhecimentos da escrita que desenvolvessem a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita

ortograacutefica do mesmo modo que refletir e identificar as funccedilotildees do blog como recurso didaacutetico

e sobre as habilidades de letramento em contexto digital aleacutem de produzir comentaacuterios a

respeito dos textos lidos e produzidos pelos colegas como forma de expressatildeo do pensamento

e da interaccedilatildeo

A metodologia esteve voltada para o estudo individual e atividades praacuteticas no

laboratoacuterio de informaacutetica da escola O desenvolvimento das atividades propostas ocorreu

9902 no laboratoacuterio de informaacutetica e 008 na biblioteca da escola como podemos observar

nas fotos abaixo

Figura 30 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1 ndash Produccedilatildeo na biblioteca

Fonte Dados da pesquisa 2017

Esse terceiro moacutedulo teve iniacutecio no dia 03 de outubro de 2017 durante o qual foram

aplicadas 8 atividades (APEcircNDICE C) a saber Atividade 1 Torne o branco impuro Atividade

2 Vamos de carona nesta viagem Atividade 3 Agrave maneira dos antigos Atividade 4 Tempo de

falar Atividade 5 Vamos vender o fedex Atividade 6 Pausa para criar Atividade 7 Jogo

Corrida das letras Atividade 8 Nuvem de palavras Cumpre salientar que priorizamos para

essa anaacutelise as atividades de escrita 1 3 5 7 e 8

124

A maioria dessas atividades foi selecionada a partir do livro Escrever sem doer de

Ronald Claver (1994) com algumas questotildees aditivas outras suprimidas ou adaptadas para

melhor atendimento agrave realidade da turma Segundo esse autor ldquo[a] mateacuteria-prima da escrita eacute

a palavra vista aqui como geradora de ideias e natildeo o contraacuteriordquo (CLAVER 1994 p 10) Dessa

forma os objetivos de escrita propostas pelo autor vatildeo ao encontro da nossa proposta de

conciliar prazer e escrita adotando o caraacuteter luacutedico e criativo

Nesse sentido a palavra escrita aqui apresentada como resultado das produccedilotildees escritas

dos alunos participantes assumiu a caracteriacutestica de uma representaccedilatildeo mental carregada de

sentido Bakhtin (1999 p 95) enfatiza que ldquo[a] palavra estaacute sempre carregada de um conteuacutedo

ou de um sentido ideoloacutegico ou vivencial Eacute assim que compreendemos as palavras e somente

reagimos agravequelas que despertam em noacutes ressonacircncias ideoloacutegicas ou concernentes agrave vidardquo

Diante do exposto a atividade 1 Torne o branco impuro foi realizada nesse contexto

de exteriorizaccedilatildeo vivencial O objetivo dessa primeira atividade foi de descontraccedilatildeo e liberdade

pois os alunos deveriam escrever sem medo ou qualquer tipo de censura A regra era natildeo deixar

o branco puro Assim eles deveriam fazer qualquer coisa como rabiscar desenhar escrever

pintar entre outros

No iniacutecio os alunos ficaram imoacuteveis pois esperavam comandos do tipo faccedila assim ou

natildeo faccedila assim Esperavam que o professor determinasse o que deveria ser feito por isso novas

orientaccedilotildees foram dadas e mesmo assim a falta de confianccedila limitava o poder criativo de cada

um mas com incentivo e motivaccedilatildeo eles foram aos poucos libertando palavras e imagens A

exemplo disso podemos observar as produccedilotildees na imagem abaixo que tambeacutem podem ser

visualizadas no blog da turma por meio do QR Code disponibilizado logo abaixo da figura 32

125

Figura 31 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 32 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1

Fonte Dados da pesquisa 2017

126

Desse modo o resultado foi positivo pois os alunos conseguiram expressar por meio

de palavras e desenhos sentimentos e ideias que tecircm sentido vivencial para eles seja por

representaccedilotildees de feacute de leitura ou mesmo de brinquedos jaacute que satildeo crianccedilas e o brincar faz

parte dessa faixa etaacuteria

A segunda atividade selecionada foi a 2 ndash Agrave maneira dos antigos Esse tiacutetulo de acordo

com Claver (1994) faz menccedilatildeo aos temas das redaccedilotildees de antigamente que determinavam

assuntos e situaccedilotildees de escrita como Minhas feacuterias Meu animal favorito ou O dia do iacutendio

Dessa forma o autor sugere situaccedilotildees de escrita agrave maneira dos antigos mas permitindo ao

aluno inventar palavras refletir e reproduzir seu texto de forma uacutenica

Os textos foram produzidos de forma satisfatoacuteria mesmo que com propostas simples

salvo por um aluno que natildeo compareceu no dia e um que natildeo quis dar continuidade agrave atividade

Consideramos que natildeo foi uma atividade faacutecil no sentido de motivar os alunos agrave execuccedilatildeo da

tarefa justamente pelo perfil da atividade que propunha uma produccedilatildeo parecida com as

redaccedilotildees de antigamente que na maioria das vezes tornavam-se sem significaccedilatildeo para o aluno

Contudo a proposta tornou-se desafiadora a partir do momento em que eles comeccedilaram a

analisar as situaccedilotildees inusitadas propostas pela atividade Assim foram sugeridos seis fatos e

situaccedilotildees de escrita que os alunos poderiam escolher bem como o gecircnero textual (poema conto

crocircnica etc)

Observamos que em todos os textos a sequecircncia textual predominante foi a narrativa e

o gecircnero escolhido o conto Segundo Cavalcante (2013 p65) na narrativa ldquo[] a histoacuteria

passa a ser desenvolvida quando a situaccedilatildeo de equiliacutebrio eacute alterada por uma tensatildeo que

determina transformaccedilotildees e retransformaccedilotildees as quais direcionam ao finalrdquo Ainda de acordo

com a autora um texto eacute constituiacutedo de sequecircncias que apresentam fases Todas as sequecircncias

textuais satildeo estruturadas em fases estas combinam proposiccedilotildees e formam blocos com

subunidades semacircnticas e as proposiccedilotildees com unidades de sentido (enunciados) com dados

caracteriacutesticos Compreender as sequecircncias ajuda a compreender a produccedilatildeo de sentidos

127

Assim Cavalcante (2013) afirma que a sequecircncia narrativa prototipicamente constitui-se de

sete fases na qual as duas uacuteltimas nem sempre satildeo expliacutecitas As fases satildeo Situaccedilatildeo inicial

Complicaccedilatildeo Accedilotildees (para o cliacutemax) Resoluccedilatildeo Situaccedilatildeo final Avaliaccedilatildeo Moral

Desse modo dentre os seis fatos e situaccedilotildees sugeridos na atividade de Claver (1994)

apresentaremos logo abaixo apenas os que foram escolhidos pelos alunos participantes e da

mesma maneira as respectivas produccedilotildees

a) Trecircs ratos famintos estatildeo presos num quarto hermeticamente fechado Situaccedilotildees a) Acham

uma saiacuteda b) Aparece um super-rato para salvaacute-los c) Se devoram (Em tempo os ratos se

chamam Augustus Nicodemus e Cornelius)

Figura 33 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

No texto acima o aluno fez a troca das consoantes m e n Apresentou dificuldade em

perceber a zona de articulaccedilatildeo das consoantes constritivas nasais bilabial m e linguodental

n O texto foi corrigido vaacuterias vezes mas percebemos que ainda haacute duas ocorrecircncias de troca

entre essas consoantes como podemos visualizar nas palavras ldquochamavamrdquo e ldquocomidardquo que

estatildeo escritas como chanavam e conida no texto abaixo Aleacutem disso foi realizada a reflexatildeo

sobre a grafia correta das letras jaacute que em muitas situaccedilotildees o aluno escrevia de forma estranha

128

ao traccedilar as palavras De acordo com Cagliari (1995) isso acontece porque o aluno ainda

apresenta dificuldade com a escrita cursiva e a caligrafia

Figura 34 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017

Observamos ainda que o aluno usou o fato ldquoardquo Trecircs ratos famintos estatildeo presos num

quarto hermeticamente fechado e nenhuma das situaccedilotildees sugeridas pelo autor para produzir

seu texto Ele foi livre para criar e adaptar ao seu modo o nome dos personagens e a situaccedilatildeo

Dessa maneira nesse texto haacute ocorrecircncia de todas as fases anteriormente descritas

caracterizando a sequecircncia narrativa descrita logo abaixo

Quadro 13 ndash Fases da sequecircncia narrativa Fases da sequecircncia

narrativa

Texto referente agrave situaccedilatildeo ldquoardquo

Situaccedilatildeo inicial Esta eacute a histoacuteria de trecircs ratos que se chamavam Eduardo Ramon e Altamir

Complicaccedilatildeo Um dia eles tiveram uma ideia de roubar comida da casa da dona Stefany e

conseguiram muitas coisas uva maccedilatilde patildeo e principalmente queijo Aiacute eles

deram de cara com um gato faminto

Accedilotildees (para o cliacutemax) e correram para um quarto escuro e quente Laacute ficaram com muita fome

pois as comidas ficaram no chatildeo

Resoluccedilatildeo O gato natildeo conseguiu pegar dois dos ratos

Situaccedilatildeo final Um ele pegou que foi Ramon o mais gordo Os outros dois morreram

asfixiados

Fonte Dados da pesquisa 2017

129

O quadro 13 representa a anaacutelise da sequecircncia textual narrativa do texto produzido pelo

aluno informante poreacutem evidenciamos que a extensatildeo das frases poderia ser melhor

desenvolvida enriquecendo ainda mais o texto trabalho que mais uma vez deveraacute ser fruto de

ensino posterior agrave nossa investigaccedilatildeo Todavia para natildeo fugir ao nosso foco fizemos a

exemplificaccedilatildeo apenas com esse texto pois nosso objetivo estava centrado na escrita

ortograacutefica e na consciecircncia fonoloacutegica

Assim realizamos nesse texto e em todos os outros um trabalho de reflexatildeo sobre a

escrita ortograacutefica e a consciecircncia fonoloacutegica baseados na identificaccedilatildeo de problemas de

terceira ordem postulados por Lemle (1991) Nesse sentido o aluno precisa conscientizar-se

da percepccedilatildeo auditiva saber perceber diferenccedilas linguiacutesticas entre sons e letras e assim

escolher a letra certa para simbolizar cada som

b) Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com uma mosquita de nome Joana para

as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca Situaccedilotildees a) Ele morre b) Joana fica

sabendo do acontecido e se suicida c) Geraldo toma a piacutelula anti-pega-mosca e consegue se

safar d) Joana arruma outro namorado

Figura 35 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

O aluno escolheu o fato ldquobrdquo Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com

uma mosquita de nome Joana para as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca e a

situaccedilatildeo ldquodrdquo Joana arruma outro namorado descrito anteriormente Assim nesse texto

registramos algumas trocas das consoantes m e n Percebemos tambeacutem que haacute oscilaccedilatildeo na

escrita ortograacutefica pois o aluno informante ora escreve com m ora com n como podemos

comparar na escrita correta da palavra um na primeira linha e na quarta linha a escrita

inadequada un

130

Consideramos que o aluno estaacute em processo de construccedilatildeo do sistema alfabeacutetico ao

compreender a simbologia entre letra e sons Nesse sentido de acordo com Lemle

[h]aacute um dado momento em que parece ocorrer um verdadeiro estalo apoacutes o que a

pessoa faz raacutepidos progressos Que estalo seraacute esse A suposiccedilatildeo mais plausiacutevel eacute que

o estalo ocorre quando o aprendiz capta a ideia de que cada letra eacute um siacutembolo de um

som e um som eacute simbolizado por uma letra (LEMLE 1991 p 16)

Com base no exposto nosso trabalho consistiu em despertar a percepccedilatildeo da escrita

ortograacutefica e a reflexatildeo sobre os sons e as letras empregadas em cada palavra Foram feitos

exerciacutecios de oralidade para que os alunos percebessem a posiccedilatildeo das consoantes m e n ao

pronunciarem as palavras escritas com as respectivas letras Tambeacutem identificamos outros

problemas de escrita quanto ao uso da letra maiuacutescula a troca da consoante f pela v

transcriccedilatildeo foneacutetica e dessa forma fizemos a correccedilatildeo ortograacutefica do texto produzido como

podemos ver logo abaixo

Figura 36 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017

c) A histoacuteria de Romeu e Julieta Situaccedilotildees a) Julieta fica sabendo do final da histoacuteria e fala

pro Shakespeare ldquoQual eacuterdquo b) Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira c)

Shakespeare fica gostando de Julieta e soacute mata o Romeu

131

Figura 37 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017

No fato c descrito acima observamos que a aluna ficou bastante motivada pelas

situaccedilotildees mas desconhecia a histoacuteria claacutessica de Shakespeare Como natildeo havia tempo para a

leitura do livro realizamos a busca pelo site de pesquisas Google

Figura 38 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 3

Fonte Dados da pesquisa 2017

132

Encontramos uma versatildeo resumida de Romeu e Julieta e sugerimos que depois ela

verificasse a disponibilidade do livro na biblioteca da escola A aluna ficou encantada com a

histoacuteria e resolveu escrever sobre o casal apaixonado adotando como resoluccedilatildeo a situaccedilatildeo ldquobrdquo

na qual Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira

d) Uma carroccedila estaacute diante de um sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento enorme

Quando o sinal abre o burro empaca Situaccedilotildees a) Todos os carros buzinam ao mesmo tempo

b) O carroceiro deixa a carroccedila e sai correndo c) O burro sai da carroccedila e daacute um coice nos

carros d) Um dos motoristas conversa com o burro no ouvido e este sai de fininho

Figura 39 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

No texto acima destacamos por meio de recurso de imagem as diversas ocorrecircncias

de juntura intervocabular como ocarroseiro (o carroceiro) vazeuma (fazer uma) dasidade (da

cidade) momeio (no meio) acarosa (a carroccedila) darua (da rua) otrasito (o tracircnsito) dacarosa

(da carroccedila) e segmentaccedilatildeo como em des pero (desespero) Tudo isso eacute tratado como reflexo

de continuidade da fala de acordo com Cagliari (1995) Apesar de o texto estar com

comprometimento de visualizaccedilatildeo total por se tratar de uma foto capturada no momento da

133

produccedilatildeo conseguimos registrar as ocorrecircncias e descrevecirc-las para posterior comparaccedilatildeo com

o texto final Aleacutem disso houve ocorrecircncias como modificaccedilatildeo da estrutura segmental das

palavras por meio de troca e supressatildeo de letras como por exemplo seto (certo) nico (ficou)

azuda (ajuda) processos fonoloacutegicos caracteriacutesticos de quem natildeo faz uso de certas letras

Assim buscamos realizar com esse aluno a reflexatildeo e a conscientizaccedilatildeo sobre a

importacircncia da capacidade de ouvir e de estabelecer relaccedilatildeo entre os sons e suas distinccedilotildees

linguiacutesticas para captar o conceito de palavra

Como podemos perceber o aluno escolheu o fato ldquodrdquo Uma carroccedila estaacute diante de um

sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento enorme Quando o sinal abre o burro empaca

e a situaccedilatildeo ldquoardquo Todos os carros buzinam ao mesmo tempo O texto ficou criativo e engraccedilado

mas consideramos que ainda haacute muito trabalho de refacccedilatildeo textual pois ficou sem tiacutetulo

paragrafaccedilatildeo entre outras questotildees pertinentes agrave produccedilatildeo textual que mereceratildeo atenccedilatildeo em

momento oportuno Contudo de maneira geral ao comparar a versatildeo inicial com a versatildeo

abaixo entendemos que os avanccedilos foram significativos

Figura 4 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 3 ndash Texto corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017

134

Nessa atividade o primeiro passo foi conseguir com que os alunos escrevessem sem

medo Depois fizemos com que eles refletissem sobre a proacutepria escrita a partir de checagens

leitura e comparaccedilotildees com a ortografia vigente Entretanto os textos ainda apresentaram outros

problemas que foram identificados ao longo do desenvolvimento da atividade para futuras

intervenccedilotildees

A terceira atividade selecionada foi a 5 ndash Vamos vender o fedex O objetivo dessa

atividade foi trabalhar com propaganda e classificados com a venda de um produto Segundo

Claver (1994) haacute dois gecircneros de propaganda

[A] propaganda racional a favor de uma accedilatildeo que eacute concordante com o proacuteprio

interesse esclarecido daqueles que a fazem e daqueles a quem eacute dirigida e a

propaganda natildeo-racional que natildeo eacute concordante com o proacuteprio interesse esclarecido

de ningueacutem mas que eacute ditada por ela e apela para as paixotildees impulsos cegos desejos

ou medos inconscientes (CLAVER 1994 p 53)

Dessa forma optamos por produzir propagandas racionais e irracionais seguindo as

orientaccedilotildees do autor na produccedilatildeo da atividade proposta em relaccedilatildeo aos toacutepicos de que a arte da

propaganda utiliza como um de seus recursos a linguagem poeacutetica ndash repeticcedilotildees de consoantes

e vogais rimas comparaccedilotildees metaacuteforas e conotaccedilotildees linguagem apelativa ndash que explora as

ansiedades vaidades frustraccedilotildees do consumidor influi de modo decisivo no comportamento e

postura do homem comum e fantasiosamente camufla as frustraccedilotildees da realidade associaccedilotildees

arbitraacuterias do siacutembolo com o simbolizado linguagem popular ndash atraveacutes da exploraccedilatildeo dos ditos

populares proveacuterbios giacuterias etc

Com base nessas orientaccedilotildees e por meio da leitura e reflexatildeo sobre propagandas e

classificados disponibilizados no blog produzimos classificados poeacuteticos apresentados logo a

seguir

135

Figura 41 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 42 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 43 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

136

Figura 44 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 45 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 46 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

137

Figura 47 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 48 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 49 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

138

Figura 50 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 51 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 52 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutegica

Fonte Dados da pesquisa 2017

139

Conforme pode ser observado nos textos exemplificados acima buscamos a todo

momento a reflexatildeo sobre as ldquofalhaserros de escritardquo cometidos pelos alunos nesses textos No

quadro 14 abaixo podemos relacionar o que os alunos escreveram e como satildeo classificados

pelos autores

Quadro 14 ndash Ocorrecircncias de ldquofalhaserrosrdquo de escrita baseados em Lemle (1991) e

Cagliari (1995) TEXTOS Ocorrecircncias

TEXTO 1 Omissatildeo de letras vend vende

Troca de letras concorrentes laser lazer manccedilatildeo mansatildeo

Acentos graacuteficos suite suiacutete

TEXTO 2 Acentos graacuteficos voce vocecirc

Transcriccedilatildeo foneacutetica pasiar passear istrela estrela

TEXTO 3 Erros de troca (ainda natildeo domina o uso de certas letras) anarela amarela

anor amor

Troca de letra concorrentes pas paz

Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras balipa banheiro cosilha

cozinha solho sonho

TEXTO 4 Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras Erros de troca vemde

vende omde onde vend vende veloso veloz

Acreacutescimo de letras vermeilho vermelho

Juntura intervocabular vosepode vocecirc pode vose que ze vocecirc quiser

Troca de letras viaza viajar

TEXTO 5 Segmentaccedilatildeo en cantado encantado

TEXTO 6 Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo do som gadi jardi

catado encantado sei sem espelasa esperanccedila

Omissatildeo de letras barro bairro

Troca de letras rumeros nuacutemeros

Fonte Dados da pesquisa 2017

Ancorados em Cagliari (1995) a partir da anaacutelise desses textos e sobre o que se

identifica neles temos a possibilidade de realizar intervenccedilotildees adequadas para que o aluno

perceba seu equiacutevoco na escrita e corrija-o Assim nossa intervenccedilatildeo foi realizada de forma

intensiva e individual sobre os aspectos fonoloacutegicos e ortograacuteficos apresentados

primeiramente na escrita espontacircnea e logo apoacutes na observaccedilatildeo leitura e reflexatildeo da sua

proacutepria escrita pretendendo que o aluno aprenda a fazer a checagem e a leitura de tudo o que

escreve

A quarta atividade selecionada para esta anaacutelise foi o jogo Corrida nas letras (GROSSI

1990) O jogo teve o objetivo de estimular a escrita de niacutevel alfabeacutetico nele cada jogador se

representou no tabuleiro por um piatildeo sobre a inicial do seu nome

A autora estabeleceu como regras que o primeiro a jogar deveria lanccedilar um dado e

avanccedilar seu piatildeo quantas casas fossem indicadas Para permanecer nessa casa deveria dizer ou

escrever uma palavra que comeccedilasse com a letra indicada Se natildeo conseguisse deveria

retroceder uma casa e dizer ou escrever uma palavra que comeccedilasse por essa nova letra Se natildeo

140

conseguisse retrocederia sucessivamente ateacute voltar agrave posiccedilatildeo de onde saiu Assim ganharia o

jogo aquele que primeiro tivesse percorrido todo o trajeto atingindo pela segunda vez sua letra

inicial

De acordo com Grossi (1990) aplicar atividades de niacutevel alfabeacutetico diversificadas eacute

uma caracteriacutestica essencial para uma proposta didaacutetica de alfabetizaccedilatildeo que pretenda

acompanhar o processo cognitivo dos alunos que ainda se encontram em niacuteveis de escrita

diferentes Dessa forma pretendiacuteamos que o jogo estimulasse o brincar e facilitasse a

aprendizagem de forma luacutedica Os alunos demonstraram enorme satisfaccedilatildeo com a brincadeira

que foi realizada dentro do laboratoacuterio de informaacutetica no chatildeo de forma descontraiacuteda e livre

talvez de forma natildeo tatildeo adequada quanto em um ambiente com mesas e cadeiras mas noacutes soacute

tiacutenhamos o laboratoacuterio de informaacutetica para realizarmos nossas atividades sem interferecircncias

Durante essa atividade que ocorreu no dia 30 de outubro sendo nossa penuacuteltima

atividade do Moacutedulo III ficamos surpresos com o pedido do aluno informante 21 em participar

das atividades no laboratoacuterio de informaacutetica que laacute no iniacutecio da intervenccedilatildeo natildeo quis participar

mesmo estando presente e com toda a nossa insistecircncia

Permitimos que ele se juntasse ao grupo mas ficou apenas observando Respeitamos

esse aproximar e o deixamos perceber o quanto os outros colegas estavam se divertindo com a

escrita conforme a montagem de fotos abaixo

141

Figura 53 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 7

Fonte Dados da pesquisa 2017

Grossi (1990) insiste na inter-relaccedilatildeo dos componentes loacutegicos perceptivo-motores

afetivos sociais e culturais na aprendizagem ao afirmar que

[h]aacute nesta caminhada do aluno em sua aprendizagem permanentemente uma

componente loacutegica Ao lado dela estatildeo presentes as componentes afetivas as

perceptivo-motoras as sociais e as culturais tambeacutem todas entrelaccediladas numa trama

indissociaacutevel Imaginar-se a aprendizagem como fruto de uma soacute destas instacircncias eacute

ainda resquiacutecio de uma concepccedilatildeo equivocada dos processos cognitivos (GROSSI

1990 p 49)

Diante do exposto uma implicaccedilatildeo importante do tratamento dado pela autora agrave inter-

relaccedilatildeo de todos esses componentes que envolvem a aprendizagem significativa consideramos

ser o manejo adequado com os alunos que tecircm no seu histoacuterico escolar o estigma de que satildeo

incapazes provavelmente por insucessos repetidos e generalizados ao longo da vida escolar

Por fim a quinta atividade selecionada foi a Nuvem de palavras uacutenica atividade

exclusivamente digital De acordo com o site de tecnologia para educaccedilatildeo ldquoA Rede Educardquo

uma nuvem de palavras (word cloud21) eacute um graacutefico digital que mostra o grau de frequecircncia

das palavras em um texto Quanto mais a palavra eacute utilizada mais chamativa eacute a representaccedilatildeo

dela no graacutefico Assim as palavras aparecem em fontes de vaacuterios tamanhos e em diferentes

21 O desenvolvedor Jason Davies criou o Word Cloud Generator programa de uso gratuito que cria nuvens de

palavras Eacute soacute usar acessando o endereccedilo eletrocircnico

wwwjasondaviescomwordcloud2F2Fwwwjasondaviescom2Fwordcloud2Fabout Disponiacutevel em

lt httpwwwaredeinfbrcrie-a-sua-nuvem-de-palavrasgt Acesso em 09 maio 2017

142

cores indicando o que eacute mais relevante e o que eacute menos relevante no contexto Assim como

esse existem vaacuterios sites com aplicativos de word cloud

Esse recurso foi utilizado no dia 31 de outubro e aos alunos foi disponibilizado em duas

versotildees uma sem tecnologia e outra com tecnologia A atividade de escrita versatildeo sem

tecnologia seria produzida a partir de recortes de palavras de revistas eou escritas com laacutepis

de cor no qual eles poderiam criar uma nuvem de palavras com suas proacuteprias caracteriacutesticas

pessoais ou sobre a tela de Portinari

Na atividade de escrita versatildeo tecnologia a que noacutes realizamos no laboratoacuterio de

informaacutetica os alunos acessaram o link abcyacomword_clouds ldquodo Word Clouds for Kidsrdquo site

que apresenta poucos recursos em relaccedilatildeo a outras versotildees e se destaca pela facilidade de uso

ao permitir que o usuaacuterio cole o texto altere fontes cores e layout da nuvem criada Dessa

forma cada um dos alunos pode criar sua nuvem de palavras conforme visualizamos logo a

seguir

Figura 6 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 8

Fonte Dados da pesquisa 2017

143

Nessa uacuteltima atividade convidamos os alunos das outras turmas de 6ordm ano para

conhecerem o nosso blog Assim eles tambeacutem puderam criar nuvens de palavras Aleacutem disso

deixaram vaacuterios comentaacuterios sobre o que visualizaram e apreciaram no blog do 6ordm ano JF Para

exemplificar seguem abaixo alguns comentaacuterios postados

Figura 55 ndash Comentaacuterios postados no blog da turma

1 Parabeacutens adorei o blog Muito lindo gostei muito Parabeacutens mas uma

vez em Hoje eacute dia de diversatildeo Evellyn

em

011117

2 Amei esse blog cada tirinha legal em Moacutedulo IV -Praticando -

Atividade Final Anocircnimo

em

011117

3 Parabeacutens professora Florecircncia da Escola Estadual Pio XII comentaacuterio

do aluno Lucas Aquino sala CM

4 Em Resultado das produccedilotildees da Atividade 5

LUCAS

AQUINO

em

011117

5 Eu gostei em Atividade 8 Valtim

em

011117

6 Parabeacutens ANA BEATRIZ em Atividade 5 ANA BEATRIZ

em

011117

7 Parabeacutens pelo mapa da nossa Escola em Dialogando - Produccedilatildeo

coletiva Lais e Paulo C

em

011117

8 ParabeacutensMaria Helena em Moacutedulo IV -Praticando - Atividade

Final Maria Helena

em

011117

9 Super amei este blog tem muita leitura tirinha e as divulgaccedilotildees satildeo

divertidas em Hoje eacute dia de diversatildeo

Amanda

Kathleen

em

011117

10 Nossa amei engraccedilado em Resultado das produccedilotildees da Atividade 6 -

HQs Sherazade Santos

em

011117

11 Gostei eacute muito interessante em Resultado das produccedilotildees da

atividade 8 Nathalia e Laura

em

011117

12 Gostei em Atividade 4 Anocircnimo

em

011117

13 Muito interessante em Hoje eacute dia de diversatildeo Cauan

em

011117

14 Amei esse blog BRENDA E EMANUELLY em Atividade 5 Anocircnimo

em

011117

15 Adorei seu blog e o seu conteuacutedo Parabeacutens belo desenvolvimento

em Hoje eacute dia de diversatildeo

PAULA ANA

CLARA

em

011117

16 Parabeacutens pelo blog Muito massa o blog BLOGMUITOMASSA

DAHORA PARABEacuteNS

17 em Moacutedulo IV -Praticando - Atividade Final Marco Tulio

em

011117

144

18 Gostei do blog parabeacutens alunos do JF em Hoje eacute dia de diversatildeo Anocircnimo

em

011117

19 Foi muito bom mesmo Jogaremos novamente assim que pudermos

em Atividade 7 Florecircncia Vieira

em

301017

20 Gostei muito de jogar com os meus amigos em Atividade 7 Juacutelia Raiane

em

301017

21 Gostei muito porque foi divertido em Resultado das produccedilotildees da

Atividade 6 - HQs Italo Rodrigues

em

301017

22 Ficou muito bonita em Atividade 6

Felipe Alves

Lima

em

301017

23 Eu achei esse jogo bom porque eu ganhei em Atividade 7 Erick Alves

em

301017

24 Gostei muito porque a gente aprende muitas coisas em Atividade 7 Italo Rodrigues

em

301017

25 Natildeo gostei porque eu perdi em Atividade 6

Felipe Alves

Lima

em

301017

26 Foi muito bom e divertido em Atividade 7 Joatildeo Pedro

em

301017

Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel emlt httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombrgt Acesso em 04 fev

2018

Conforme pode ser observado no desenvolvimento desse moacutedulo os alunos puderam

aprofundar e refletir sobre os conhecimentos da escrita usar o blog como recurso de

aprendizagem e produzir comentaacuterios diversos sobre o que foi construiacutedo em vaacuterios momentos

de interaccedilatildeo reflexatildeo e estudo

Dessa maneira o blog da turma possibilitou a troca de experiecircncias e praacuteticas de leitura

e escrita contribuindo para a comunicaccedilatildeo do texto e da imagem Aleacutem disso contribuiu

consideravelmente com a apropriaccedilatildeo de habilidades e competecircncias em utilizar recursos

digitais possibilitando o letramento digital

Em seu trabalho recente Coscarelli enfatiza que

[o]rientar os alunos para o uso dos mecanismos de busca instigar a observaccedilatildeo das

interfaces do projeto graacutefico dos sites e dos blogs ajudar os alunos a identificarem e

sanarem as dificuldades encontradas na seleccedilatildeo de informaccedilotildees satildeo propostas de

mediaccedilatildeo que podem ser exploradas pelo professor durante as aulas (COSCARELLI

2016 p 25-26)

Concordamos com a autora e buscamos inserir o blog como recurso didaacutetico que auxilia

no processo de escrita a fim de ensinar e incluir as tecnologias digitais no processo de ensino

para com isso promover a autonomia e o protagonismo dos alunos Em nossas primeiras

145

atividades percebemos que alguns alunos jaacute estavam familiarizados com os recursos digitais

Ligavam o computador manuseavam o mouse acessavam paacuteginas de jogos online e de

pesquisas com muita facilidade mas outros natildeo sabiam nem como agir diante do computador

Dessa forma a atitude de colaboraccedilatildeo foi muito positiva pois as situaccedilotildees foram estabelecidas

em uma rede de mais participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo do que de recepccedilatildeo e passividade

Outro aspecto bastante interessante no nosso blog foi a relaccedilatildeo dos participantes que

em um primeiro momento ficou restrita ao nosso grupo soacute depois divulgamos o endereccedilo

eletrocircnico entre os professores supervisatildeo direccedilatildeo e tambeacutem nas turmas de 6ordms anos para que

eles tivessem acesso Alguns alunos comentavam e perguntavam sobre o que estaacutevamos

fazendo no laboratoacuterio de informaacutetica que eacute utilizado apenas no turno da noite um espaccedilo

inativo na escola que ficou bastante movimentado durante a intervenccedilatildeo Uma vez um aluno

perguntou ldquoProfessora como que faz para participar dessa aula de informaacuteticardquo Aleacutem dele

vaacuterios alunos de outras turmas queriam participar das nossas atividades

Marcuschi (2010) define nos paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blogs que os

participantes podem ser muacuteltiplos e a relaccedilatildeo entre conhecidos e anocircnimos podendo ou natildeo

haver proximidade com o blogueiro Observamos que mesmo com pouca divulgaccedilatildeo e restriccedilatildeo

ao nosso ambiente escolar o blog do 6ordm ano jaacute teve ateacute o presente momento conforme podemos

ver na captura de tela abaixo 1322 visualizaccedilotildees inclusive por outros paiacuteses como Estados

Unidos com 61 acessos Canadaacute com 1 e Irlanda tambeacutem com 1 conforme mostram as capturas

de tela abaixo

Figura 56 ndash Captura de tela ndash Estatiacutesticas da visatildeo geral

Fonte Dados da pesquisa 2017

146

Figura 57 ndash Captura de tela ndash Estatiacutesticas de puacuteblico

Fonte Dados da pesquisa 2017

De uma maneira geral o blog do 6ordm ano JF ndash Todos juntos pelo estudo funcionou como

um diaacuterio virtual do nosso PEI possibilitando a interaccedilatildeo entre os usuaacuterios da rede no acircmbito

mundial e a tessitura de comentaacuterios em niacutevel local tornando-o assim um espaccedilo efetivo de

praacuteticas de leitura e de escrita

434 Moacutedulo IV ndash Praticando

Nesse moacutedulo desenvolvemos a atividade final com o intuito de proporcionar a praacutetica

dos conhecimentos em escrita a partir de uma situaccedilatildeo dada utilizando ferramentas da

tecnologia (computador internet textos multimodais) Dessa forma a accedilatildeo consistiu em

colocar em praacutetica os conhecimentos relativos agrave escrita que foram desenvolvidos ao longo dos

moacutedulos de aprendizagem do PEI

Assim o objetivo foi produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo comunicativa ao interlocutor

e ao suporte de circulaccedilatildeo Para isso a metodologia esteve centrada na produccedilatildeo escrita e na

publicaccedilatildeo no blog da turma Entretanto optamos por natildeo divulgar no blog o texto final a

pedido dos alunos Assim respeitando a solicitaccedilatildeo e por questotildees eacuteticas natildeo publicamos jaacute

que alguns textos revelaram aspectos iacutentimos

Logo realizamos a atividade final de escrita individual a partir de uma situaccedilatildeo dada

no dia 01 de novembro de 2017 no laboratoacuterio de informaacutetica Foram cinco horas aulas

destinadas ao Moacutedulo IV ndash Praticando A primeira aula para leitura da proposta de Atividade

Final no blog Duas aulas para a produccedilatildeo escrita final e as duas uacuteltimas para a socializaccedilatildeo do

147

blog com as outras turmas de 6ordm ano em um momento de interaccedilatildeo compartilhamento e

diversatildeo

4341 Atividade Final de Escrita ndash AFE

A Atividade Final de Escrita ndash AFE (APEcircNDICE D) foi proposta aos alunos seguindo

as mesmas orientaccedilotildees e caracteriacutesticas da Atividade Inicial (APEcircNDICE B) atraveacutes de uma

conversa expositiva sobre narrativas pessoais e sobre as caracteriacutesticas de uma sequecircncia

narrativa conforme Cavalcante (2013)

Dessa vez o gecircnero proposto foi diaacuterio no qual o aluno deveria escrever sobre um dia

da sua vida (atividades encontros pessoas sentimentos desejos medos saudades escola

nossas atividades no laboratoacuterio de informaacutetica entre tantas outras coisas desejadas) na folha

impressa simulando a mesma paacutegina do blog para postagens

Baseados em Cosson (2014) utilizamos as estrateacutegias da Sequecircncia Baacutesica de

Letramento Literaacuterio motivaccedilatildeo introduccedilatildeo leitura e interpretaccedilatildeo

A motivaccedilatildeo partiu da conversa sobre o blog da turma onde em ordem cronoloacutegica

estavam registrados nossos momentos de aprendizagem alegrias e tristezas Portanto tudo isso

era um diaacuterio virtual e real das nossas vivecircncias

Assim citamos novamente Marcuschi (2010) que define os blogs como gecircneros digitais

e que de forma efetiva validam nosso trabalho na realidade pois de acordo com o autor ldquo[]

os blogs funcionam como um diaacuterio pessoal na ordem cronoloacutegica com anotaccedilotildees diaacuterias ou

em tempos regulares que permanecem acessiacuteveis a qualquer um na rederdquo (MARCUSCHI 2010

p 72) Dessa forma eles puderam compreender o gecircnero proposto para a escrita do texto

Em seguida desenvolvemos a introduccedilatildeo com a apresentaccedilatildeo do livro Diaacuterio de um

banana (Kinney 2008) e do autor Jeff Kinney Na apresentaccedilatildeo falamos que o personagem

principal era um adolescente que tinha uma vida normal e que escrevia suas histoacuterias Mais

uma vez a escolha do livro justificou-se por tratar de questotildees pessoais em que o personagem

narra de maneira divertida em seu dia-a-dia

O terceiro passo leitura foi realizado de forma fragmentada servindo mais agrave motivaccedilatildeo

para a escrita posto que nosso objetivo natildeo estava centrado na leitura do livro embora saibamos

da sua extrema importacircncia Utilizamos para leitura no blog a sinopse do livro e a primeira

paacutegina na qual Greg Heffley faz suas primeiras consideraccedilotildees sobre seu diaacuterio que ele mesmo

chama de livro de memoacuterias

A interpretaccedilatildeo natildeo foi baseada no livro Diaacuterio de um banana (Kinney 2008) houve

a externalizaccedilatildeo do registro de um dia da vida de cada aluno participante Desse modo os textos

148

foram produzidos e entregues ao professor sendo lidos e analisados sob os aspectos da escrita

ortograacutefica e da consciecircncia fonoloacutegica

Assim nessa Atividade Final de Escrita contamos com a presenccedila de cinco alunos Os

informantes 8 10 11 12 e 13 Apenas o informante 7 natildeo compareceu no dia por problemas

de sauacutede e infelizmente natildeo pocircde participar desse momento

Quadro 15 ndash Alunos informantes da Atividade de Escrita Final

Fonte Dados da pesquisa 2017

Desse modo a anaacutelise de dados da Atividade Inicial de Escrita foi realizada somente

com 05 textos nos quais observamos e categorizamos as incorreccedilotildees de escrita neles

apresentadas Todos os textos foram destacados com os respectivos coacutedigos dos informantes e

da mesma forma que analisamos a escrita espontacircnea da Atividade Inicial de Escrita o fizemos

com a Atividade Final de Escrita a fim de compararmos os textos e verificarmos se os

problemas de escrita foram minimizados

Assim digitalizamos os cinco textos suprimimos os nomes dos participantes e

digitamos os textos na iacutentegra pois foram produzidos a laacutepis

Figura 58 ndash TEXTO 1 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

INFORMANTES

1 EA 7

2 FA 8

3 IR 10

4 JP 11

5 JR 12

6 LV 13

149

Figura 59 ndash TEXTO 2 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 60 ndash TEXTO 3 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

150

Figura 61 ndash TEXTO 4 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 62 ndash TEXTO 5 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Observamos nos textos acima as mesmas marcaccedilotildees numeacutericas que fizemos nos textos

da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE para levantamento catalogaccedilatildeo dos dados e

caracterizaccedilatildeo dos problemas encontrados nesses cinco textos baseados nos processos

fonoloacutegicos que envolvem a escrita de acordo com Cagliari (1995) Assim continuamos

utilizando as categorias relacionadas pelo autor no desenvolvimento do processo de construccedilatildeo

da escrita da fala e da aprendizagem significativa dos alunos Diante disso na Tabela 05

registramos o nuacutemero de ocorrecircncias de cada fenocircmeno linguiacutestico encontrado nos cinco textos

em anaacutelise

151

Tabela 05 ndash Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Final de Escrita ndash AFE

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

T

ran

scri

ccedilatildeo f

on

eacutetic

a

Uso

in

dev

ido d

e le

tras

Hip

erco

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atildeo

Mod

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segm

enta

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s

Ju

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bu

lar

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segm

enta

ccedilatildeo

Form

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Form

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Uso

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scu

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Ace

nto

s graacute

fico

s

Sin

ais

de

pon

tuaccedilatilde

o

I8 10 1 1 4

I10 1 4 1 1

I11 1 4 1

I12 1 2 1 1

I13 10 1 1 2

Total 2 26 4 4 7 3 46

Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017

Com base nesses dados destacamos 46 ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita concentrados

principalmente na modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras com 29 ocorrecircncias

Decidimos nessa segunda anaacutelise excluir da nossa contagem as ocorrecircncias sobre problemas

sintaacuteticos porque Cagliari (1995) afirma que tais desvios fazem parte das uacuteltimas etapas de

aprendizagem da escrita

Portanto fizemos um recorte da tabela de dados da AIE excluindo tambeacutem as

ocorrecircncias sobre os problemas sintaacuteticos para compararmos as duas atividades de escrita e

assim observarmos a evoluccedilatildeo ou natildeo dos alunos

152

Tabela 06 ndash Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Tra

nsc

riccedilatilde

o f

on

eacutetic

a

Uso

in

dev

ido d

e le

tras

Hip

erco

rreccedil

atildeo

Mod

ific

accedilatilde

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a e

stru

tura

segm

enta

l d

as

pala

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s

Ju

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bu

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e

segm

enta

ccedilatildeo

Form

a m

orf

oloacute

gic

a

dif

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Form

a e

stra

nh

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e tr

accedila

r

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letr

as

Uso

in

dev

ido d

e m

aiuacute

scu

las

e m

inuacute

scu

las

Ace

nto

s graacute

fico

s

Sin

ais

de

pon

tuaccedilatilde

o

I8 2 2 4 2

I9 2 1 7 3 3

I10 2 2 3 2 2 1 1

I11 3 1 2 8 11

I12 1 2 2 1 4 1 5

I13 2 4 2 2 2

Total 8 5 15 4 2 27 7 24 92

Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017

Com base nos dados das tabelas 05 e 06 observamos que houve uma mudanccedila

significativa considerada por noacutes como uma evoluccedilatildeo na aprendizagem da escrita ao

constatarmos uma diminuiccedilatildeo de 92 ocorrecircncias para 46 Das categorias de anaacutelise de ldquoerrosrdquo

ortograacuteficos houve um aumento na ocorrecircncia da modificaccedilatildeo da estrutura segmental das

palavras de 15 para 26 e a diminuiccedilatildeo de ocorrecircncias de uso indevido de letras maiuacutesculas e

minuacutesculas e de sinais de pontuaccedilatildeo como demonstrado na tabela 07 abaixo

Tabela 07 ndash Anaacutelise comparativa da AIE e da AFE

Categorizaccedilatildeo AIE AFE

Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras 15 26

Uso indevido de letras maiuacutesculas e minuacutesculas 27 4

Sinais de pontuaccedilatildeo 24 3

Fonte Dados da pesquisa 2017

Das categorias descritas na tabela 07 os sinais de pontuaccedilatildeo satildeo considerados por

Cagliari (1995) assim como os acentos graacuteficos e os problemas sintaacuteticos como etapas finais

da aprendizagem da escrita O uso indevido de letras maiuacutesculas e minuacutesculas ocorre de acordo

com o autor porque alguns alunos quando aprendem que devem escrever os nomes proacuteprios

com letras maiuacutesculas passam a aplicar a regra para outros tipos de palavras Nos textos finais

153

houve grande evoluccedilatildeo quanto ao uso de letras maiuacutesculas e minuacutesculas pois foram registradas

apenas 04 ocorrecircncias de uso indevido

Sabemos que a extensatildeo dos textos poderia elevar para mais ou para menos todas as

ocorrecircncias de erros aleacutem disso percebemos que a extensatildeo e o desenvolvimento das ideias

precisam ser melhorados apesar de considerarmos que houve significativa melhora ao

compararmos os textos da AIE e da AFE da informante 13 apresentados a seguir

Figura 63 ndash Montagem de textos das AIE e AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Jaacute a modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras compreende erros de troca como

no TEXTO 1 em temo por tenho nuto por muito uzei por usei e no TEXTO 2 na palavra

provesola em vez de professora e Floresa em vez de Florecircncia e na palavra novenbo em vez de

novembro temos troca e supressatildeo de letras Foi verificada a supressatildeo de letras tambeacutem no

TEXTO 1 como sota em vez de soltar joga em vez de jogar Oje em vez de Hoje nosa em vez

de nossa utina em vez de uacuteltima bog em vez de blog poque em vez de porque no TEXTO 3

fera por feira fiqei por fiquei no TEXTO 5 utimas em vez de uacuteltimas e no TEXTO 2 Almeda

em vez de Almeida teno em vez de tenho traqulo em vez de tranquilo poque em vez de

porque esto em vez de estou Houve acreacutescimo ocorrecircncia verificada no TEXTO 2 natildeo foram

encontradas inversatildeo de letras Segundo o autor todas essas ocorrecircncias devem ser observadas

de acordo com a loacutegica no erro do aluno como por exemplo no caso da troca de s por z nas

154

palavras uzei e usei processo ortograacutefico e natildeo foneacutetico como na troca de i por e em desdi

por desde

Jaacute Lemle (1991) enumera cinco capacidades sendo que os alunos participantes jaacute

superaram a primeira a segunda e a quinta ao conseguirem compreender o que eacute letra usaacute-la

na maioria das vezes de forma adequada e escrever respeitando a ordem de escrita do nosso

sistema de escrita que eacute da esquerda para a direita Contudo satildeo necessaacuterias accedilotildees que

promovam ainda mais a construccedilatildeo dos paraacutegrafos extensatildeo do texto desenvolvimento das

ideias e organizaccedilatildeo espacial

Quanto agrave terceira e agrave quarta capacidades observamos alguns avanccedilos visto que jaacute

comeccedilaram a desenvolver a percepccedilatildeo auditiva em relaccedilatildeo agrave escrita e a saber ouvir diferenccedilas

linguiacutesticas haja vista a pouquiacutessima ocorrecircncia de casos de transcriccedilatildeo foneacutetica definidos por

Lemle (1991) e por Cagliari (1995) e uso indevido de letras por Cagliari (1995) No entanto os

alunos ainda apresentam dificuldades em relaccedilatildeo agrave escrita e agrave consciecircncia fonoloacutegica por

cometerem trocas de letras e ainda apresentarem incapacidade de classificar alguns traccedilos

distintivos de som Quanto ao conceito de palavra percebemos que houve uma evoluccedilatildeo jaacute

que soacute ocorreu um caso de juntura no TEXTO 4 na escrita de pramim em vez de para mim

que natildeo eacute definido por Lemle (1991) mas por Cagliari (1995)

Desse modo compreendemos que a quarta capacidade estaacute quase superada a julgar pela

uacutenica ocorrecircncia apresentada nos cinco textos exemplificados acima De acordo com a autora

quando o aluno escreve tudo junto falta a ideia de fronteira vocabular Assim julgamos que os

alunos evoluiacuteram consideravelmente nessa etapa Da mesma maneira sobre a unidade de

sentenccedila ldquo[] que eacute representada comeccedilando por letra maiuacutescula e terminando por pontordquo

(LEMLE 1991 p 12) Assim os alunos foram capazes de reconhecer as sentenccedilas ao

utilizarem mais sinais de pontuaccedilatildeo e fazerem uso adequado das letras maiuacutesculas em seus

textos Como exemplo disso selecionamos os textos da AIE e AFE produzidos pelo informante

8 Analisando os textos podemos fazer a comparaccedilatildeo e constatar a evoluccedilatildeo

155

Figura 64 ndash Montagem de textos das AIE e AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Com base nos dados apresentados a uacutenica capacidade que ainda apresenta problemas

eacute a terceira que trata da simbolizaccedilatildeo entre letras e sons De acordo com a autora o aluno

precisa fazer uma ligaccedilatildeo simboacutelica entre os sons da fala e das letras do alfabeto Quando ele

compreende essa ligaccedilatildeo rompe a primeira capacidade depois precisa enxergar as distinccedilotildees

entre as letras entatildeo consolida a segunda e em seguida a terceira que eacute a capacidade de ouvir

e ter consciecircncia dos sons da fala com suas distinccedilotildees e relevacircncias

Dessa maneira fizemos a anaacutelise das complicadas relaccedilotildees entre sons e letras

considerando o nuacutemero de ocorrecircncias dessa natureza observadas nos textos dos alunos Lemle

(1991) afirma que haacute trecircs tipos de relaccedilotildees existentes entre sons da fala e letras do alfabeto que

satildeo relaccedilatildeo de um para um relaccedilotildees de um para mais de um determinadas a partir da posiccedilatildeo

relaccedilotildees de concorrecircncia conforme demonstra o Quadro 16

Quadro 16 ndash Relaccedilotildees entre sons da fala e letras do alfabeto RELACcedilOtildeES LETRAS E SONS CORRESPONDEcircNCIA

Relaccedilatildeo de um para um Cada letra com seu som cada som com

uma letra

Biuniacutevoca

Relaccedilotildees de um para mais

de um determinadas a

partir da posiccedilatildeo

Cada letra com um som numa dada

posiccedilatildeo cada som com uma letra numa

dada posiccedilatildeo

Natildeo biuniacutevoca

Relaccedilotildees de

concorrecircncia

Mais de uma letra para o mesmo som

na mesma posiccedilatildeo

Concorrente

Fonte Lemle 1991 p 10

Assim quando o aluno compreende que as relaccedilotildees satildeo diferentes e arbitraacuterias vai

evoluindo em seu processo de escrita e passa a cometer menos ldquoerrosrdquo ou ldquofalhasrdquo Para a

autora as falhas de escrita revelam os diferentes tipos de acoplamento entre sons e letras em

156

nosso sistema de escrita Desse modo coletamos as falhas nos textos dos alunos informantes

da AIE e da AFE para compararmos as ocorrecircncias

Quadro 17 ndash Falhas de escrita da AIE e da AFE Falhas de

escrita de 1ordf

ordem

Ocorrecircncias de falhas de escrita

catalogadas nos textos da AIE

Textos 1 2 3 6 e 7

Ocorrecircncias de falhas de escrita

catalogadas nos textos da AFE

Textos 1 a 5

Falhas na

correspondecircncia

linear entre as

sequecircncias dos

sons e as

sequecircncias das

letras

Omissatildeo de letras miha (minha)

batatina (batatinha) goto (gosto)

Omissatildeo de letras sota (soltar) nosa

(nossa) utina (uacuteltima) bog (blog)

poque (porque) fera (feira) fiqei

(fiquei) utimas (uacuteltimas) Almeda

(Almeida) teno (tenho) goto (gosto)

poque (porque) esto (estou) novenbo

(novembro)

Conhecimento ainda inseguro do

formato de cada letra tasia

(passear)

Natildeo haacute registros

Incapacidade de classificar algum

traccedilo distintivo do som gogo

(gosto) natu (moto) natildee (matildee)

fanilha (famiacutelia) asai (assim)

Incapacidade de classificar algum

traccedilo distintivo do som nuto (muito)

temo (tenho) traqulo (tranquilo)

provesola (professora)

Natildeo formou conceito de palavra

coanilha (com a minha) nasine

(nasci em) a mina (a minha)

Natildeo formou conceito de palavra

pramim (para mim) e fomatica

(informaacutetica) prici palmente

(principalmente)

Falhas de

escrita de 2ordf

ordem

O aluno faz a

transcriccedilatildeo

foneacutetica

petequa em vez de peteca

escunde em vez de esconde

kiabo em vez de quiabo

susu em vez de chuchu

imbora em vez de embora

desdi em vez de desde

Falhas de

escrita de 3ordf

ordem

O aluno

avanccedilou no

saber

ortograacutefico e na

escrita faz troca

entre letras

concorrentes

dansa em vez de danccedila

diferensa em vez de diferenccedila

soutar em vez de soltar

felis em vez de feliz

uzei em vez de usei

Oje em vez de Hoje

Fonte Adapatado de Lemle 1991 p 40-41 com dados da pesquisa 2017

Ao compararmos os textos observamos que algumas ocorrecircncias aumentaram como

em omissatildeo de letras fato considerado normal tendo em vista que a extensatildeo dos textos

tambeacutem aumentou e consequentemente o nuacutemero de palavras Poreacutem representa que ainda haacute

falhas na correspondecircncia linear entre as sequecircncias de sons e as sequecircncias de letras Por outro

lado natildeo constatamos ocorrecircncias de falhas decorrentes do conhecimento ainda inseguro do

formato das letras como apresentadas na AIE Tambeacutem natildeo constatamos repeticcedilotildees de letras

Aleacutem disso natildeo houve diminuiccedilatildeo e nem aumento de casos sobre a capacidade de classificar

157

algum traccedilo distintivo do som Assim apresentamos a seguir a catalogaccedilatildeo das falhas de

escrita dos textos dos 5 alunos informantes na AIE e agora da AFE observando os criteacuterios

definidos pela autora para essa classificaccedilatildeo

Tabela 08 ndash Tabelas de Falhas de escrita ndash AIE e AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

De acordo com os dados da tabela acima observamos que na AIE 60 dos alunos

cometeram falhas de 1ordf ordem e 40 dos alunos cometeram falhas de 2ordf e de 3ordf ordens Jaacute na

AFE constatamos que 60 cometeram falhas de 1ordf e 2ordf ordens e 40 cometeram falhas 3ordf

ordem Diante desses dados concluiacutemos que houve por todos os alunos avanccedilos na

aprendizagem da escrita ainda que tiacutemida pois os informantes 8 10 e 13 apresentaram uma

transiccedilatildeo e melhoria entre as falhas de 1ordf e 2ordf ordens principalmente por jaacute conseguirem

escrever com mais conteuacutedo e significaccedilatildeo do que antes Embora ainda cometam falhas de 1ordf e

2ordf ordens estatildeo construindo aos poucos a base alfabeacutetica

Jaacute os informantes 11 e 12 foram classificados em falhas de 3ordm ordem porque estatildeo a

um passo de serem considerados plenamente alfabetizados por terem avanccedilado no saber

ortograacutefico Optamos por classificaacute-los nessa ordem porque natildeo se enquadram

determinantemente nas outras ordens O informante 11 que antes cometia falhas de escrita por

fazer transcriccedilatildeo foneacutetica em seu texto final cometeu apenas 5 ocorrecircncias de uso indevido de

letra maiuacutescula considerado como etapa final do processo de alfabetizaccedilatildeo e que segundo os

autores precisa ser ensinado pelos professores houve 1 ocorrecircncia de falta de acento graacutefico

tambeacutem uma das uacuteltimas etapas da aprendizagem em escrita e 1 ocorrecircncia de juntura

intervocabular ao escrever pramim em vez de para mim aspecto que natildeo eacute considerado por

Lemle (1991) mas por Cagliari (1995) e representa a continuidade da fala A informante 12

na AFE cometeu 6 ldquoerrosrdquo Dois de omissatildeo de letras ao escrever irmotildes em vez de irmatildeos e

utimas em vez de uacuteltimas 1 de acentuaccedilatildeo 1 de pontuaccedilatildeo e 1 de transcriccedilatildeo foneacutetica ao

Atividade Inicial de Escrita ndash AIE

Informantes Falhas

de 1ordf

ordem

Falhas

de 2ordf

ordem

Falhas

de 3ordf

ordem

I8 X

I10 X

I11 X X

I12 X X

I13 X TOTAL 3 2 2

Porcentagem 60 40

Atividade Final de Escrita ndash AFE

Informantes Falhas

de 1ordf

ordem

Falhas

de 2ordf

ordem

Falhas

de 3ordf

ordem

I8 X X

I10 X X

I11 X

I12 X

I13 X X TOTAL 3 3 2

Porcentagem 60 40

158

escrever desdi em vez de desde Mesmo cometendo cada um uma ocorrecircncia de transcriccedilatildeo

foneacutetica consideramos que esses alunos apresentaram consistecircncia e saber ortograacutefico em seus

textos

Ressaltamos que a alfabetizaccedilatildeo apresenta especificidades que envolvem os

conhecimentos muacuteltiplos em relaccedilatildeo agrave linguagem e que eacute necessaacuterio conhecimento especiacutefico

na aacuterea para intervir em situaccedilotildees que exigem do professor habilidade e conhecimento teoacuterico

para contribuir com a superaccedilatildeo dos problemas linguiacutesticos

159

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Esta pesquisa possibilitou a compreensatildeo dos processos que envolvem a alfabetizaccedilatildeo

e o letramento objetos da nossa investigaccedilatildeo partindo da premissa de que os alunos do 6ordm ano

da escola selecionada natildeo estavam alfabetizados Aleacutem disso proporcionou-nos a

oportunidade de adquirir conhecimento teoacuterico na aacuterea da linguagem alfabetizaccedilatildeo e

letramento a partir da leitura e anaacutelise dos estudos de Soares (2003 2004 2014) Lemle (1991)

Cagliari (1995) Marcuschi (2001 2018) Grossi (1990) Antunes (2003) e Bakhtin (1999) com

as consideraccedilotildees de Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010)

Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) sobre gecircneros textuais gecircneros digitais multiletramento

multimodalidade e uso das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC tatildeo

presentes na sociedade contemporacircnea Assim estabelecemos relaccedilotildees entre ensino escrita e

tecnologias propondo novas habilidades de leitura compreensatildeo e produccedilatildeo nas mais variadas

praacuteticas sociais de leitura e escrita

Dessa forma nossa trajetoacuteria de estudo e investigaccedilatildeo iniciou com a contextualizaccedilatildeo

do problema construccedilatildeo do referencial teoacuterico percurso metodoloacutegico e anaacutelise dados

Em nossa pesquisa estabelecemos como objetivo geral identificar e analisar as

dificuldades de alfabetizaccedilatildeo e letramento de uma turma do 6ordm ano do Ensino Fundamental da

Escola Estadual Pio XII e contribuir com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita atraveacutes de atividades

que visassem desenvolver essa habilidade utilizando os gecircneros digitais

Para esse alcance traccedilamos como objetivos a) investigar a natureza das dificuldades

identificadas b) realizar estudos sobre os conceitos de alfabetizaccedilatildeo letramento

multimodalidade e gecircneros digitais c) pesquisar estrateacutegias de ensino para desenvolver as

habilidades de letramento atraveacutes dos gecircneros digitais d) elaborar executar e avaliar um

Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI que contribuiacutesse para a superaccedilatildeo das dificuldades

identificadas

Certificamos que os objetivos traccedilados para essa investigaccedilatildeo foram cumpridos tendo

em vista os resultados alcanccedilados em nosso conhecimento teoacuterico que subsidiou toda a

pesquisa e o desenvolvimento das atividades propostas como a Atividade Inicial de Escrita ndash

AIE Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI e a Atividade Final de Escrita ndash AFE

Nossa hipoacutetese de que o trabalho com o gecircnero digital blog poderia contribuir para

elevar o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e letramento dos alunos envolvidos nesta pesquisa foi

confirmada com base no desenvolvimento significativo dos alunos ao quererem aprender e

conseguirem elevar o niacutevel de escrita

160

A inserccedilatildeo da tecnologia com a construccedilatildeo do blog do 6ordm ano JF ndash Todos juntos pelo

estudo ndash promoveu o letramento digital por meio da aquisiccedilatildeo de habilidades para utilizar

recursos digitais pela interaccedilatildeo com os dispositivos eletrocircnicos e o uso da internet Eacute vaacutelido

destacar que o laboratoacuterio de informaacutetica com acesso agrave internet esteve totalmente

disponibilizado agrave nossa intervenccedilatildeo e natildeo encontramos nenhum entrave que pudesse

impossibilitar nosso trabalho tanto de recurso pessoal quanto material e tecnoloacutegico

Ademais a anaacutelise dos dados coletados nas atividades AIE PEI e AFE demonstrou que

conseguimos elevar consideravelmente os niacuteveis de escrita dos alunos que cometiam falhas

de escrita de 1ordf 2ordf e 3ordf ordens definidas por Lemle (1991) Assim constatamos que todos os

alunos evoluiacuteram em sua aprendizagem escrita pois aqueles que foram classificados como de

1ordf ordem foram para a 2ordf ordem mas ainda transitam entre as duas e da mesma forma os alunos

que foram classificados como de 2ordf ordem foram para a 3ordf ordem embora tambeacutem transitem

entre as duas Isso aconteceu porque os problemas de escrita natildeo foram totalmente sanados

entretanto os avanccedilos nos possibilitam dizer que houve significativa melhora ao compararmos

os textos iniciais e finais

Ressaltamos que as atividades desenvolvidas no PEI partiram do impresso para o digital

Justificamos que a disponibilizaccedilatildeo dos textos dos alunos no blog da turma foi por meio da

digitalizaccedilatildeo para posterior publicaccedilatildeo Primeiro por questotildees de desenvolvimento de

habilidades muacuteltiplas de escrita diante do impresso como segurar no laacutepis respeitar a margem

escrever na ordem da esquerda para a direita e em cima da linha uso de paraacutegrafos e

organizaccedilatildeo espacial Tambeacutem diante do digital ao escreverem usando os recursos

disponibilizados no teclado recorrem agraves teclas para inserccedilatildeo de paraacutegrafos acentos letras

maiuacutesculas e minuacutesculas entre outros que tambeacutem satildeo elementos do impresso Essas

habilidades foram trabalhadas promovendo o letramento digital e o desenvolvimento da escrita

Dessa forma evidenciamos que os recursos do impresso e do digital foram

desenvolvidos concomitantemente e natildeo consideramos que um seja mais importante que o

outro Compartilhamos da mesma concepccedilatildeo de Coscarelli sobre o impresso e o digital ao

afirmar que

[n]atildeo haacute rupturas entre texto e hipertexto ou entre multimodalidade no impresso e no

digital O que presenciamos satildeo atos comunicativos imbrincados em processos

histoacutericos culturais sociais e interacionais dos usuaacuterios de uma liacutengua em constante

transformaccedilatildeo (COSCARELLI 2016 p 24)

Assim eacute importante afirmar que nossa proposta sempre buscou elevar os niacuteveis de

escrita dos alunos e tornaacute-los alfabetizados e para isso utilizamos os recursos disponiacuteveis em

161

nossa escola tanto impressos quanto digitais atribuindo-lhes o mesmo valor Ribeiro tambeacutem

afirma que

[n]atildeo eacute o caso de excluir umas possibilidades em vantagem das outras como se os

recursos disponiacuteveis estivessem em competiccedilatildeo Considero que todas as

possibilidades vecircm se somando e se reposicionando em um sistema mais complexo e

mais completo nos dias de hoje (RIBEIRO 2016 p 121)

Diante disso consideramos que as atividades do PEI (impressas e digitais) realizadas

em 45 ha contribuiacuteram para elevar os niacuteveis de escrita e acreditamos que se as nossas aulas

fossem estendidas por mais tempo poderiacuteamos dizer que todos os alunos seriam alfabetizados

(por ora nosso alcance se levado em conta o fator tempo foi parcial) por meio de estrateacutegias

de ensino que visaram a interaccedilatildeo o diaacutelogo a reflexatildeo e o uso das TDIC como ambiente

colaborativo de aprendizagem Ocorre de acordo com Coscarelli (2016 p 25) ldquoum ensino

mais centrado no aluno apoiado em contextos de interaccedilatildeo diaacutelogo e colaboraccedilatildeordquo

Nesse sentido foram desenvolvidas atividades de forma intensiva relacionadas agrave

produccedilatildeo escrita agrave utilizaccedilatildeo dos gecircneros digitais especificamente ao uso do blog como recurso

didaacutetico de ensino e de inclusatildeo digital ao resgate da autoestima e valorizaccedilatildeo do educando

respeitando suas limitaccedilotildees e propondo um trabalho significativo enfatizando a apropriaccedilatildeo

das competecircncias e habilidades por meio da multimodalidade e dos multiletramentos para

promover o letramento digital e elevar os niacuteveis de escrita dos alunos

Destacamos que esta pesquisa-accedilatildeo desenvolvida no acircmbito do Programa de Mestrado

Profissional em Letras ndash ProfLetras possibilitou nossa formaccedilatildeo continuada e estimulou o

aprimoramento profissional desta pesquisadora que atua na Educaccedilatildeo Infantil haacute quase 19

anos e no Ensino Fundamental da Educaccedilatildeo Baacutesica haacute quase 15 anos

Ser pesquisador criacutetico e reflexivo investigar situaccedilotildees-problema em sala de aula a fim

de contribuir para sua superaccedilatildeo e a partir dos referenciais teoacutericos compreender tais situaccedilotildees

e poder intervir foram contribuiccedilotildees notaacuteveis pois possibilitaram o conhecimento a confianccedila

a seguranccedila e a autonomia para enfrentar os desafios da sala de aula

Dessa forma o conhecimento eacute parte relevante para auxiliar o aluno que necessita de

atenccedilatildeo e que na maioria das vezes acaba excluiacutedo da escola e da sociedade por natildeo dominar

o sistema de escrita por natildeo saber ler e escrever com proficiecircncia

Embora os alunos participantes desta investigaccedilatildeo ainda natildeo possam ser considerados

totalmente alfabetizados reconhecemos que esta investigaccedilatildeo representou um importante passo

inicial na etapa do processo de aquisiccedilatildeo de leitura e escrita em razatildeo da alfabetizaccedilatildeo envolver

capacidades de reconhecimento linguiacutestico em relaccedilatildeo aos sons da fala a relaccedilatildeo entre os sons

162

da fala e as letras do alfabeto desenvolvendo a consciecircncia fonoloacutegica e construindo o saber

ortograacutefico

Portanto este trabalho corrobora os estudos sobre a linguagem acerca do uso das TDIC

dos multiletramentos e da alfabetizaccedilatildeo servindo de contribuiccedilatildeo ao meio acadecircmico e agrave praacutetica

pedagoacutegica dos professores que atuam nas diversas fases que compotildeem o contiacutenuo caminho

percorrido por docentes e discentes no processo de ensino-aprendizagem

163

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Portuguesa 7 ed Curitiba Ed Positivo 2008

FERREIRO Emiacutelia amp TEBEROSKY Ana Psicogecircnese da Liacutengua Escrita Trad Diana

Myriam Lichtenstein Liana Di Marco e Maacuterio Corso Porto Alegre Artes Meacutedicas 1985

FRANCcedilA Juacutenia Lessa Manual Para Normalizaccedilatildeo de publicaccedilotildees teacutecnico-cientiacuteficas 9 ed

Belo Horizonte Editora UFMG 2013

FURNARI Eva Felpo Filva Satildeo Paulo Moderna 2006 (Coleccedilatildeo girassol)

FRADE Isabel Cristina Meacutetodos e didaacuteticas de alfabetizaccedilatildeo ndash histoacuteria caracteriacutesticas e

modos de fazer de professores Caderno do formador Coleccedilatildeo Alfabetizaccedilatildeo e Letramento

Belo Horizonte CealeFaEUFMG 2005

GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa Satildeo Paulo Editora Atlas 2002

GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo Vol1 Didaacutetica do Niacutevel Preacute-silaacutebico 3 ed

Rio de Janeiro Paz e Terra 1990

GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo Vol 2 Didaacutetica do Niacutevel Silaacutebico 3 ed

Rio de Janeiro Paz e Terra 1990

GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo Vol 3 Didaacutetica do Niacutevel Alfabeacutetico 3 ed

Rio de Janeiro Paz e Terra 1990

165

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Scherre e Caroline Rodrigues Cardoso Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2008

LAKATOS Eva Maria MARCONI Marina de Andrade Fundamentos de metodologia

cientiacutefica 5 ed Satildeo Paulo Atlas 2003

LEMLE Miriam Guia teoacuterico do alfabetizador 6 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

MAGNABOSCO Gislaine Gracia Hipertexto e gecircneros digitais modificaccedilotildees no ler e

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MARCUSCHI Luiz Antocircnio Da fala para a escrita atividades de retextualizaccedilatildeo Satildeo Paulo

Cortez 2001

MARCUSCHI Luiz Antocircnio Produccedilatildeo textual anaacutelise de gecircneros e compreensatildeo Satildeo Paulo

Paraacutebola Editorial 2008

MARCUSCHI Luiz Antocircnio XAVIER Antocircnio Carlos (Orgs) Hipertexto e gecircneros digitais

novas formas de construccedilatildeo do sentido 3 ed Satildeo Paulo Cortez 2010

MINAS GERAIS Secretaria de Estado da Educaccedilatildeo Proposta Curricular de Liacutengua

Portuguesa para o Ensino Fundamental e Meacutedio Belo Horizonte Secretaria de Estado da

Educaccedilatildeo 2008

166

MINAS GERAIS Secretaria de Estado da Educaccedilatildeo Liacutengua Portuguesa CBC ndash Curriacuteculo

Baacutesico Comum do Ensino Fundamental Anos Finais Ciclos Intermediaacuterio e da Consolidaccedilatildeo

2014

OLIVEIRA Maria do Socorro TINOCO Gliacutecia Azevedo SANTOS Ivoneide Bezerra de

Arauacutejo Projetos de Letramento e formaccedilatildeo de professores de liacutengua materna Natal

EDUFRN 2014

PERINI Maacuterio Alberto Gramaacutetica do portuguecircs brasileiro Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial

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ROJO Roxane Helena R Multiletramentos na escola Eduardo Moura [Org] Satildeo Paulo

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ROJO Roxane Letramentos muacuteltiplos escola e inclusatildeo social Satildeo Paulo Paraacutebola editorial

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SAUSSURE Ferdinand de Curso de Linguiacutestica Geral Organizado por Charles Bally Albert

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Izidoro Blikstein 27 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006

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SOARES Magda Linguagem e escola uma perspectiva social Satildeo Paulo Aacutetica 1986

SOARES Magda Alfabetizaccedilatildeo e Letramento caminhos e descaminhos Paacutetio ndash Revista

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______ Letramento um tema em trecircs gecircneros 3 ed Belo Horizonte Autecircntica Editora 2014

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de Alfabetizaccedilatildeo Leitura e Escrit (CEALE) Coleccedilatildeo Orientaccedilotildees para a Organizaccedilatildeo do Ciclo

167

Inicial de Alfabetizaccedilatildeo Caderno 2 Belo Horizonte Secretaria de Estado da Educaccedilatildeo de

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VIGOTSKI L S A formaccedilatildeo social da mente Psicologia e Pedagogia O desenvolvimento dos

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Disponiacutevel em lthttpwwwprgovbrbppgt Acesso em 06 mai 2017

168

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash QUESTIONAacuteRIO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula

Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira

Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade

Local Escola Estadual Pio XII

Disciplina Liacutengua Portuguesa

Atividade Questionaacuterio ndash Data __________2017

Aluno (a)_______________________________________________________________

1- Onde vocecirc mais acessa a internet

A ( ) Em casa

B ( ) Em lan house(s)

C ( ) Na escola

D ( ) Outros lugares Qual ______________________________

E ( ) Natildeo uso

2- Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet

A ( ) Menos de uma hora

B ( ) Uma hora

C ( ) Duas horas

D ( ) Mais de duas horas

E ( ) Nunca

3- Vocecirc utiliza a internet por meio de

A ( ) Computador

B ( ) Celular

C ( ) Tablet

D ( ) Outros equipamentos

E ( ) Natildeo uso

4- Os professores da sua escola jaacute utilizaram o computador ou laboratoacuterio de informaacutetica

para realizar atividades escolares

Sim Natildeo

169

5- Quais tipos de sites despertam mais seu interesse considerando o conteuacutedo

A ( ) redes sociais como Facebook

B ( ) jogos eletrocircnicos na internet

C ( ) blogs

D ( ) sites de pesquisa

170

APEcircNDICE B ndash ATIVIDADE INICIAL DE ESCRITA ndash AIE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula

Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira

Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade

Local Escola Estadual Pio XII ndash Disciplina Liacutengua Portuguesa

Atividade Diagnoacutestica Inicial ndash Data __________2017

Aluno (a)_____________________________________________________________

Felpo Filva

Era uma vez um coelho especial chamado Felpo Autor de textos estranhos e

engraccedilados Felpo tem um orelha menor do que a outra e quando fica nervoso sofre de um

problema conhecido como orelite tremulosa Essa doenccedila eacute tiacutepica de coelhos como Felpo

rabugentos que natildeo gostam de sair da toca natildeo conversam com ningueacutem e natildeo tem amigos

Um certo dia quando Felpo jaacute era um poeta famoso tomou uma decisatildeo ele iria contar

para todos a triste histoacuteria de sua vida Iria escrever a sua autobiografia O coelho poeta pegou

a sua xiacutecara de cafeacute sentou-se diante da maacutequina de escrever e comeccedilou

171

Curtir ndash Comentar

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Felpo Filva iniciou a autobiografia dele mas natildeo terminou nessa primeira paacutegina do livro Assim como Felpo relate a sua histoacuteria de vida Fale quem eacute vocecirc onde nasceu com quem vive do que gosta e do que natildeo gosta Comente suas alegrias e tristezas suas conquistas e suas perdas e todos os outros pensamentos

Comece entatildeo

Florecircncia

Florecircncia

172

APEcircNDICE C ndash PLANO EDUCACIONAL DE INTERVENCcedilAtildeO ndash PEI

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE

GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas

pedagoacutegicas em sala de aula

Montes Claros ndash MG

2017

173

FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE

GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas

pedagoacutegicas em sala de aula

Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI

apresentado como requisito parcial do

Programa de Mestrado Profissional em Letras ndash

PROFLETRAS da Universidade Estadual de

Montes Claros sob a orientaccedilatildeo da Professora

Doutora Faacutebia Magali Santos Vieira

Montes Claros ndash MG

2017

174

IDENTIFICACcedilAtildeO

Tema Alfabetizaccedilatildeo e letramento

Escola Escola Estadual Pio XII ndash Januaacuteria ndash MG

Seacuterie 6ordm Ano de Escolaridade

Periacuteodo de realizaccedilatildeo Agosto a novembro de 2017

1 Objetivos

Objetivo geral

Desenvolver atividades que contribuam com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos

do 6ordm ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog

como recurso didaacutetico

Objetivos especiacuteficos

Planejar executar e avaliar atividades que contribuam para melhoria dos niacuteveis de escrita

que desenvolvam a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica

Desenvolver habilidades de letramento digital atraveacutes do gecircnero digital blog

Produzir texto multimodal para blog

2 Metodologia

Este plano de intervenccedilatildeo pretende oferecer condiccedilotildees propiacutecias ao desenvolvimento de

accedilotildees efetivas de aprendizagem e assim para atender agraves reais necessidades da educaccedilatildeo no

seacuteculo XXI ferramentas pedagoacutegicas tradicionais (livros canetas papel quadro giz e texto

verbal) devem coexistir com as ferramentas das TDIC (computador internet games viacutedeos

projetor textos multimodais) Dessa forma o professor assumiraacute um papel neste ambiente

bastante diferente daquele de um apresentador de conteuacutedo seraacute um mediador que ajudaraacute os

alunos a desenvolverem habilidades e competecircncias de escrita e a interagirem nos assuntos que

estatildeo sendo explorados Segundo Thornburg (1996) o professor neste cenaacuterio iraacute operar em

175

um sistema baseado em quatro componentes fogueira poccedilo drsquoaacutegua caverna e a vida assim

chamados de ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo

Metaforicamente a fogueira eacute o espaccedilo informacional associado com palestras e outros

meacutetodos de instruccedilatildeo direta numa forma de transmitir conhecimento O poccedilo drsquoaacutegua eacute o espaccedilo

de conversaccedilatildeo ocupado quando os alunos conversam entre si ou com seus professores sobre

um determinado toacutepico para a construccedilatildeo do ensino-aprendizagem A caverna eacute o espaccedilo

conceitual onde ideias satildeo desenvolvidas num momento de introspecccedilatildeo e onde projetos de

estudantes satildeo construiacutedos sob a perspectiva da reflexatildeo sob a anaacutelise do seu proacuteprio

conhecimento A vida eacute o espaccedilo contextual onde as coisas que foram aprendidas satildeo aplicadas

no mundo fora da escola ou seja o conhecimento resulta na praacutetica social fora da escola

Assim para expressar visualmente as ldquoMetaacuteforas do aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a

exemplo de David Thornburg (1996) foi elaborado o esquema a seguir (Figura 01)

representando o processo educacional atual

176

Figura 01 ndash Estrutura do Processo Educativo

Fonte Dados da pesquisa 2017

Diante do exposto os procedimentos metodoloacutegicos e as atividades em busca do

processo de ensino-aprendizagem ocorreratildeo sob esses quatro momentos que chamaremos de

moacutedulos de aprendizagem Estes seratildeo construiacutedos em torno do ldquoconhecer dialogar refletir e

praticarrdquo fornecendo a possibilidade de professores e alunos criarem oportunidades

educacionais significativas Nesse sentido a escolha dessa metodologia pretende desenvolver

atividades que contribuam com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos utilizando o gecircnero

digital blog como recurso didaacutetico ou seja como recurso de leitura diaacutelogo reflexatildeo e

produccedilatildeo textual

INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA

MOacuteDULO 1 Conhecendo

Neste moacutedulo seraacute desenvolvida e compartilhada a discussatildeo sobre as caracteriacutesticas dos

textos compostos por palavras e imagens bem como discutir sobre as contribuiccedilotildees das

PROCESSO EDUCATIVO

FOGUEIRA sala de aula

aula expositiva auditoacuterio palestras

POCcedilO DAacuteGUA

discussotildeesem grupo

CAVERNA biblioteca salas de estudo

laboratoacuterio de informaacutetica

A VIDA praacuteticas na realidade produccedilatildeo escrita

177

Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de

sons palavras imagens e movimentos

Quadro 01ndash PEI ndash Moacutedulo 1 Conhecendo

PLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 1 CONHECENDO

Accedilatildeo

Ativar conhecimentos preacutevios sobre as caracteriacutesticas dos textos

multimodais e em relaccedilatildeo agraves contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da

Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de sons

palavras imagens e movimentos

Objetivo Identificar as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem e familiarizar-se com o

ambiente digital

Conhecer e identificar as funccedilotildees do blog como recurso de ensino e sobre as habilidades de letramento em contexto digital

Conhecer diferentes textos multimodais

Metodologia Aula expositiva dialogada e interativa por meio de ferramenta digital

Atividades de conhecimento no laboratoacuterio de informaacutetica da escola

Atividades

1- Exposiccedilatildeo dialogada utilizando ferramenta digital para apresentaccedilatildeo de

slides sobre a proposta de trabalho

Discussatildeo sobre as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem

Apresentaccedilatildeo de diferentes textos multimodais por meio de slides

2- Utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para navegar pela Internet e

assim familiarizar com o ambiente digital

3- Acesso e conhecimento de blogs de diferentes temas e assuntos

Blog ldquoBlog dos jovens leitoresrdquo

httpblogdosjovensleitoresblogspotcombr

Blog Open Page httpwwwopenpagecombr

Blog Galerinha on line

httpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtml

Blog escolar httpec19tagblogspotcombr

Questotildees propostas

Quais satildeo os temas abordados nesses blogs Leia o perfil de

cada um

De qual vocecirc gostou mais Por quecirc

Se vocecirc tivesse um blog sobre o que vocecirc escreveria

Vamos criar um blog para a turma Qual nome teria

4- Criar o blog da turma

178

Recursos

didaacuteticos

Data show computador internet caixa de som

Duraccedilatildeo 8ha

Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo do interesse e participaccedilatildeo dos estudantes durante a

exposiccedilatildeo do conteuacutedo

Os alunos deveratildeo realizar as atividades propostas no laboratoacuterio de informaacutetica e produzir comentaacuterios a respeito do que leem

Fonte Dados da pesquisa 2017

MOacuteDULO 2 Dialogando

Neste segundo momento as atividades propostas ofereceratildeo oportunidades para que o

comportamento do aluno ouvinte e falante torne-se efetivamente objeto de aprendizagem O

aluno teraacute a oportunidade de realizar debates e exposiccedilotildees orais a respeito das atividades

apresentadas em sala de aula Assim o professor coordenaraacute as discussotildees procurando fazer

com que todos os alunos falem e escutem de forma atenciosa e respeitosa Este tipo de atividade

promove a discussatildeo sobre o assunto tratado nos textos apresentados fazendo com que o aluno

ultrapasse o texto e o relacione com o contexto social em que vive ou ateacute mesmo com sua

proacutepria pessoa atendendo agrave perspectiva da leitura multimodal

A partir do desenvolvimento da competecircncia do uso da liacutengua oral e da capacidade de

debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o argumento contraacuterio

mesmo que de forma menos elaborada por se tratar de alunos do 6ordm ano seratildeo propostas

atividades em grupo de leitura interpretaccedilatildeo e escrita

Quadro 02 ndash PEI ndash Moacutedulo II Dialogando

PLANO DE ACcedilAtildeO - MOacuteDULO 2 DIALOGANDO

Accedilatildeo Incentivar a discussatildeo sobre os textos apresentados com o intuito de desenvolver a competecircncia do uso da liacutengua oral e a capacidade de

debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o

argumento contraacuterio

Objetivo Ler textos multimodais

Analisar e discutir as especificidades dos textos multimodais

Produzir textos multimodais

Metodologia

Propor a discussatildeo das perguntas sugeridas a respeito dos recursos

linguiacutesticos utilizados nos textos multimodais previamente

selecionados para o trabalho em grupo

1- Leitura de textos multimodais

2- Discutir em duplas ou trios as questotildees sobre os textos

selecionados

179

Atividades

HQ da Turma da Mocircnica

HQ do Gaturro e Aacutegatha

Charge

Propaganda

3- Produzir em duplas os textos multimodais selecionados

Organograma

Infograacutefico

Mapa

Recursos

didaacuteticos

Data show Computador Internet folhas A4

Duraccedilatildeo 10 ha

Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo do interesse e participaccedilatildeo dos estudantes durante a

exposiccedilatildeo do conteuacutedo e na realizaccedilatildeo das atividades propostas

Fonte Dados da pesquisa 2017

LEITURA DE TEXTOS MULTIMODIAS

Leia os textos e converse com seus colegas e professora sobre as questotildees abaixo

Em relaccedilatildeo agrave HQ da Turma da Mocircnica (Mauriacutecio de Souza)

180

Figura 01 ndash HQ turma da Mocircnica

Fonte Desconhecida

Observe a HQ para responder ao que se pede

1- Vocecirc conhece esses personagens Quem satildeo

2- Por que o Cascatildeo estaacute saltitante O que ele estaacute imaginando Qual era a sua intenccedilatildeo

3- O que aconteceu no 4ordm e 5ordm quadrinhos

4- Por que Cascatildeo saiu correndo

5- O humor da histoacuteria foi construiacutedo a partir de quais fatos

6- No texto haacute palavras Vocecirc conseguiu ler essa HQ mesmo sem palavras Por quecirc

181

Em relaccedilatildeo agrave HQ do Gaturro e Aacutegatha

Gaturro e Aacutegatha satildeo personagens de uma seacuterie de tirinhas argentina criada pelo cartunista

Cristian Dzwonik (conhecido como ldquoNikrdquo)

Figura 03 ndash Tira Gaturro e Aacutegatha

Disponiacutevel em lthttpmundogaturroflorestablogspotcombr201204otra-ves-gaturro-y-agathahtmlgt Acesso

em 07 jun 2017

- Observe a tirinha para responder ao que se pede

1- No 1ordm quadrinho o que Aacutegatha estaacute segurando O que estaacute escrito

2- Vocecirc sabe o que significa esta palavra Ela pertence agrave Liacutengua Portuguesa ou estrangeira

Onde encontramos essas palavras com frequecircncia

3- Agora que vocecirc sabe o significado o que Aacutegatha quis dizer ao Gaturro

4- Qual eacute a reaccedilatildeo de Gaturro O que ele estaacute segurando

5- O que estaacute escrito Qual eacute o significado

6- O que aconteceu no 3ordm e 4ordm quadrinhos O significado da palavra alterou ao ser invertido

182

Em relaccedilatildeo agrave charge

Figura 04 ndash Charge Igualdade Justiccedila

Disponiacutevel em lthttpprofwladimirblogspotcombr201405charge-igualdade-nao-significa-justicahtmlgt

Acesso em 07 jun 2017

- Observe a charge para responder ao que se pede

1- O que eacute igualdade

2- O que eacute justiccedila

3- O que vocecirc vecirc na imagem

4- O que vocecirc entende por ldquoIgualdade natildeo eacute justiccedilardquo

5- O que foi preciso fazer para haver justiccedila

6- Vocecirc jaacute foi tratado de forma desigual ou injusta

183

Em relaccedilatildeo agrave propaganda

Figura 05 ndash Propaganda

Disponiacutevel em lthttpjulianaportuguesfeevaleblogspotcombr201111anuncio-da-lactahtmlgt Acesso em 07

jun 2017

- Observe a propaganda para responder ao que se pede

1- A finalidade da propaganda eacute vender um produto Qual eacute o produto anunciado

2- Quais satildeo os cinco motivos para ficar de boca aberta ou fechada

3- O que significa a expressatildeo ldquoPra deixar vocecirc de boca abertardquo

4- Em que outros contextos podemos ficar de boca aberta

184

Em relaccedilatildeo ao Organograma

Figura 06 ndash Organograma

Disponiacutevel em lthttpssitesgooglecomsiteescolamunicipalpadrecahistoria-da-escolaorganogramagt Acesso

em 09 ago 2017

1 Criar um organograma

Segundo Ribeiro (2016) o organograma eacute uma representaccedilatildeo bastante comum em nossa

sociedade e mostra representaccedilotildees hieraacuterquicas estruturas organizacionais etc

Como sugestatildeo os alunos deveratildeo criar um organograma familiar ou um organograma escolar

185

Em relaccedilatildeo ao Infograacutefico

Figura 07 ndash Infograacutefico

Disponiacutevel em lthttpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtmlgt Acesso em 09 ago

2017

2 Criar um infograacutefico

Os infograacuteficos satildeo textos multimodais por excelecircncia pois seu planejamento envolve palavras

e imagens em um leiaute e por ser um gecircnero que circula amplamente em jornais e revistas

impressos digitais e na TV nas previsotildees de tempo nas explicaccedilotildees e nas demonstraccedilotildees de

causa e efeito (RIBEIRO 2016)

Os alunos deveratildeo criar um infograacutefico de uma receita escolhida pela dupla

186

Em relaccedilatildeo ao Mapa

Figura 08 ndash Mapa escolar

Disponiacutevel em lthttprbeadditionptnp4mapasid=1503523gt Acesso em 09 ago 2017

3 Criar um mapa

Mapas satildeo representaccedilotildees graacuteficas em escalas menores e podem representar regiotildees territoacuterios

ou qualquer extensatildeo da superfiacutecie da Terra Criar um mapa da sua escola

MOacuteDULO 3 Refletindo

Nesse moacutedulo propotildee-se a interlocuccedilatildeo entre diferentes textos para que o aluno possa

analisar de forma reflexiva diferentes abordagens de um mesmo assunto ou toacutepico tanto no

que se refere a distintas percepccedilotildees da nossa cultura ou sociedade quanto para poder observar

questionar e analisar atraveacutes da comparaccedilatildeo ou confronto do que dizem os diferentes textos ao

resolver atividades de leitura interpretaccedilatildeo e escrita Isso faz com que o aluno perceba

intuitivamente seu conhecimento e faccedila checagem do seu proacuteprio aprendizado

187

Quadro 03 ndash PEI ndash Moacutedulo III RefletindoPLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 3

REFLETINDO

Accedilatildeo

Contribuir com o processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento por meio de

atividades que estimulem o desenvolvimento da linguagem oral e escrita em

situaccedilotildees de anaacutelise e reflexatildeo sobre as especificidades dos textos

multimodais e assim melhorar os niacuteveis de escrita dos alunos

Objetivos Aprofundar e refletir sobre os conhecimentos da escrita que desenvolvam

a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica

Refletir e identificar as funccedilotildees do blog como recurso didaacutetico e sobre as

habilidades de letramento em contexto digital

Produzir comentaacuterios a respeito do que lecirc

Metodologia Estudo individual e atividades praacuteticas no laboratoacuterio de informaacutetica da

escola e em sala de aula

Atividades Atividades de escrita 1- Torne o branco impuro

2- Vamos de carona nesta viagem

3- Agrave maneira dos antigos

4- Tempo de falar

5- Vamos vender o fedex

6- Pausa para criar

7- Jogo Corrida das letras

8- Nuvem de palavras

Postar atividades e comentaacuterios no blog da turma

Recursos

didaacuteticos

Data show computador internet celular folhas A4 brancas ou coloridas

laacutepis laacutepis de cor canetas coloridas borracha entre outros materiais

escolares

Duraccedilatildeo 21 ha

Avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo das atividades previstas para esse moacutedulo seraacute contiacutenua e visa agrave

melhoria da aprendizagem aleacutem disso busca observar como os alunos estatildeo

aprendendo e o que deve ser feito para melhorar Assim os alunos teratildeo

atendimento individual procurando sanar as dificuldades especiacuteficas de cada

um Dessa forma teratildeo a oportunidade de desenvolver as atividades refletir

sobre sua produccedilatildeo tirar suas duacutevidas e progredir

Fonte Dados da pesquisa 2017

188

ATIVIDADES SELECIONADAS

1- Siga as instruccedilotildees A primeira parte eacute de descontraccedilatildeo Vocecirc deve viajar no papel Eacute o

momento de liberdade Pegue uma folha de papel em branco pegue uma caneta laacutepis laacutepis

de cor giz de cera o material que desejar Antes de utilizaacute-los observe a sua folha natildeo a

amasse trate-a com carinho Escreva sem doer Escreva sem medo Agora laacutepis e papel satildeo

companheiros no papel em branco escreva desenhe pinte rabisque Faccedila qualquer coisa mas

natildeo deixe o branco puro Agora guarde-a na sua pasta de atividades Ela eacute sua Ningueacutem vai ler

sem a sua autorizaccedilatildeo

2- Vamos escrever palavras iniciadas pelas letras A D G T B H V I R S P J As letras

satildeo aleatoacuterias O nuacutemero de palavras natildeo deve ultrapassar 10 e nem ser inferior a 5 De posse

do vocabulaacuterio vamos brincar Inicialmente fazendo algumas combinaccedilotildees Exemplo O

palhaccedilo A brinca com o T e o maacutegico faz G virar H assim seraacute substituiacutedo A por uma palavra

do vocabulaacuterio iniciado A T iniciado por T e assim por diante Depois de feita essa brincadeira

com as palavras vamos brincar com as frases abaixo

a- Clara gosta de A + B e Carlos ama T amo R mas natildeo amo I nem V

b- A+ J pois T+ D

c- S e G falaram ou vocecirc fica com H ou vai com P Ou fica com J ou natildeo fica com T

3- Agora vamos usar mais palavras coletadas em cada frase Lembre-se o nuacutemero de frases e

as combinaccedilotildees satildeo aleatoacuterias Vocecirc pode inventar outras combinaccedilotildees e alterar o nuacutemero de

frases Entretanto recomendamos que natildeo ultrapassem 10 frases para que vocecirc natildeo se canse

Depois leia as suas frases em voz alta Assim a atividade torna-se dinacircmica e alegre

CAUSALIDADE H+ J+ R+P + (PORQUE) +A +H tudo certo mas A+D +J estaacute muito

esquisito natildeo eacute R

CONDICIONALIDADE J+ B+ A + (SE AMAR) + B +J +H + pode quebrar

FINALIDADE P + B + I + G + (A FIM DE) + A+ B+ certo

MODALIDADE T+ A + V+ (SEM QUE) + P + V + I + legal

OUTRAS

- A frase eacute PP + H + R + e a palavra eacute + J + H + A + e a histoacuteria

- O pensamento voa em T + B + S + por isso penso em P e em H mas estou mesmo em V + D

+ P + e sonho com G

4- Agora temos dezenas de palavras e algumas frases Chegou a hora do texto Vamos por

etapas

1 ATIVIDADE TORNE O BRANCO IMPURO

189

a Organize as frases que vocecirc fez num texto Num corpo orgacircnico Por exemplo

Clara gosta de aboacutebora bamba e Carlos ama ternura amo amo ruela mas natildeo amo ironia nem

vagem Ananaacutes jovem pois teteacuteia dedo Abra teu amor e jogo pois

b Leia em voz alta o texto

c Vamos mexer no texto Vocecirc pode eliminar palavras eou acrescentar palavras eou

inverter a ordem Exemplo

Clara gosta de aboacutebora e de Carlos Abre o jogo e o amor quando come aboacuteboras e ananaacutes

Vagem bomba e ironia satildeo jovens atletas pois

Ou

Clara gosta de vagem e ama Carlos com ternura Segundo ela o jovem Carlos eacute uma teteacuteia e

ela escolhe o seu amor a dedo O amor eacute jogo e ironia qual aboacutebora e ananaacutes pois

d Troque o texto com o colega e peccedila uma criacutetica

e Passe-o a limpo e guarde-o

1- Antes de viajarmos um novo texto brincaremos inicialmente com o visual das palavras

Uma palavra pode ser escrita (desenhada) de vaacuterias maneiras Observe

Figura 09 ndash Palavras desenhadas

Fonte Claver 1994 p 33

2 ATIVIDADE VAMOS DE CARONA NESTA VIAGEM

190

Agora vocecirc Sugerimos montanha carneiro vegetal peluacutecia aacutervore corpo horror escada

telefone etc Esta eacute uma maneira de desmascarar as palavras e talvez de possuiacute-las

2- Veja como Luiacutes Silva personagem do livro Anguacutestia de Graciliano Ramos brincava com

as palavras

Em duas horas escrevo uma palavra Marina Depois aproveitando as letras deste nome arranjo

coisas absurdas ar mar rima arma ira amar Uns vinte nomes

Vamos na onda do personagem vamos re-arranjar as palavras Sugerimos maravilha sapato

marmita aacutervore etc Exemplo sapato ndash ato sapo pato topa tapa copa

3- Continuemos brincando com as palavras Daremos a elas um significado que vai aleacutem de sua

significaccedilatildeo de dicionaacuterio Vamos procurar revelar sua face outra explorando todas as suas

potencialidades Essas palavras revelaratildeo toda sua sensibilidade diante do mundo e da vida

Haacute palavras que satildeo grandes pela proacutepria natureza ndash eacute o caso da grafia de paralelepiacutepedo Outras

satildeo grandes pelo que representam Temos a palavra ceacuteu que graficamente eacute pequena mas eacute

enorme em sua significaccedilatildeo

A partir dessas consideraccedilotildees escreva duas palavras ou mais para cada um dos vocaacutebulos

relacionados frios quentes amarelas nervosas gordas pequenas gostosas pobres leves

alegres fofas perigosas vermelhas coloridas delicadas bonitas pesadas engraccediladas novas

4- Agora vocecirc deve estar mais solto leve descontraiacutedo e pronto para tocar para frente

O exerciacutecio que segue eacute muito parecido com o que fizemos antes Dada uma palavra procure

escrever outras que tenham alguma relaccedilatildeo com ela Exemplo O amarelo pode relacionar com

as seguintes palavras cor primavera frio medo hepatite sol ovo

Vamos laacute Eis as palavras paisagem felicidade hipopoacutetamo caminho vermelho voar nuvens

morangos coraccedilatildeo soacutelido horizonte liberdade viagem

Os temas das redaccedilotildees eram (e satildeo ainda) mais ou menos as seguintes A Paacutetria Minhas

feacuterias O que eu fiz ontem Meu animal favorito Uma festa O dia do iacutendio Meu primeiro dia

de aula A famiacutelia Minha professora 13 de maio A casa mal-assombrada

3 ATIVIDADE Agrave MANEIRA DOS ANTIGOS

191

Agrave maneira dos antigos daremos alguns temas e situaccedilotildees Procure utilizar as dicas

anteriores ou seja invente palavras reverbere peccedila opiniatildeo refaccedila o texto etc A forma

(poema conto crocircnica etc) fica a seu criteacuterio

Para sua maior comodidade vamos aos fatos e situaccedilotildees como por exemplo

a) Trecircs ratos famintos estatildeo presos num quarto hermeticamente fechado

Situaccedilotildees

Acham uma saiacuteda

Aparece um super-rato para salvaacute-los

Se devoram

(Em tempo os ratos se chamam Augustus Nicodemus e Cornelius)

b) Um sonacircmbulo eacute acordado em pleno dia no meio de uma rua movimentada e se

descobre nu

Situaccedilotildees

Vai preso por natildeo saber explicar a situaccedilatildeo

Ningueacutem repara em sua atitude

Eacute fotografado e convidado para trabalhar na TV

c) Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com uma mosquita de nome

Joana para as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca

Situaccedilotildees

Ele morre

Joana fica sabendo do acontecido e se suicida

Geraldo toma a piacutelula anti-pega-mosca e consegue se safar

Joana arruma outro namorado

d) A histoacuteria de Romeu e Julieta

Situaccedilotildees

Julieta fica sabendo do final da histoacuteria e fala pro Shakespeare ldquoQual eacuterdquo

Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira

Shakespeare fica gostando de Julieta e soacute mata o Romeu

e) Em uma galeria de arte dentre os vaacuterios quadros haacute dois bem proacuteximos Em um

deles haacute trecircs gatos e no outro um aquaacuterio

Situaccedilotildees

Os gatos resolvem comer os peixes

Os peixes se transformam em tubarotildees e devoram os gatos

192

Os gatos e os peixes fazem uma guerra de fome contra a pintura moderna e

morrem

O pintor do aquaacuterio pinta de branco o quadro dos gatos

f) Uma carroccedila estaacute diante de um sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento

enorme Quando o sinal abre o burro empaca

Situaccedilotildees

Todos os carros buzinam ao mesmo tempo

O carroceiro deixa a carroccedila e sai correndo

O burro sai da carroccedila e daacute um coice nos carros

Um dos motoristas conversa com o burro no ouvido e este sai de fininho

Vocecirc escolhe um dos fatos Caso queira misturar os fatos e as situaccedilotildees teremos sem duacutevida

um texto pelo menos inusitado

Vamos trabalhar mas antes eacute bom atentar para o seguinte natildeo existe nenhuma narraccedilatildeo que

natildeo responda agraves questotildees DE QUEM SE TRATA DE QUE SE TRATA ONDE SE PASSA

POR QUEcirc COMO QUANDO

Ainda

Agente ndash ator ou atores

O fato ndash a accedilatildeo propriamente dita

O tempo ndash eacutepoca

O lugar ndash meio ambiente

As causas ndash origem motivo

As consequecircncias ndash os resultados

Os meios ndash pessoas ou coisas que concorrem ou interferem na accedilatildeo

O modo ndash os aspectos atraveacutes dos quais se desenrola a accedilatildeo

Este eacute o caminho O cineasta quando faz um filme tem em matildeos um roteiro Por que natildeo o

redator Vamos laacute

1- Escolha o tem (ou temas)

2- Tente traccedilar um roteiro para seu texto respondendo agraves questotildees DE QUEM SE

TRATA DE QUE SE TRATA etc ou indicando o agente o fato o tempo etc

3- Depois de concluiacutedo o texto passe a limpo e guarde-o

193

Leiamos algumas maacuteximas ou aforismos ou picles como queiram Satildeo pequenas frases que

colocam o leitor em reflexatildeo Ou fazem com que o leitor mude seu modo de pensar Jaacute se notou

que o ditado popular eacute radical Ele encerra uma verdade eterna Eacute perigoso por isso Eacute comum

se ouvir ldquoDize-me com quem andas que eu te direi quem eacutesrdquo E um gaiato respondeu ldquoE o

que Judas fazia com Jesus Cristordquo Vamos fazer como que esse gaiato desestruturar os ditados

as frases feitas as frases congeladas ldquoLiberdade eacute uma calccedila velha azul e desbotadardquo

Tentaremos criar algumas maacuteximas ou picles Agora alguns exemplos retirados das Maacuteximas

da Tia Zulmira de Stanislaw Ponte Preta

Entre as trecircs coisas melhores desta vida comer estaacute em segundo e dormir em terceiro

Enquanto houver mandioca a farinha estaacute garantida

A poliacutetica tem esta desvantagem de vez em quando o sujeito vai preso em nome da

liberdade

O amor eacute eterno noacutes eacute que estamos sempre a transferi-lo para outra reparticcedilatildeo

Malandro prevenido dorme de botina

As trecircs coisas mais perigosas que eu conheccedilo satildeo limpar arma de fogo mulher do

vizinho e croquete do botequim

Quem tem medo de mandinga natildeo desmancha despacho

Mulher e livro emprestou volta estragado

Mais vale um fileacute em casa do que um boi no accedilougue

As coisas que mais contribuem para avacalhar a dignidade de um homem satildeo bofetatildeo

de mulher tombo de bunda no chatildeo e dor de barriga

Mosquito sabido morde primeiro e faz o zunido depois

Em Reflexotildees sem dor Millocircr Fernandes condensa a verdade tambeacutem em pequenas frases por

exemplo

Um paiacutes soacute tem verdadeira liberdade de expressatildeo quando um homem pode dizer em

puacuteblico bem alto tudo o que lhe vem agrave cabeccedila ao bater o martelo no dedo

O pobre trabalha para comer O rico trabalha para comer fora

O silecircncio eacute de prata tempo eacute dinheiro mas nem tudo que reluz eacute ouro

Queridinho eacute o nome de solteiro do marido

Sansatildeo sim eacute que era um espetaacuteculo Quando acabou seu show a casa veio abaixo

4 ATIVIDADE Tempo de falar

194

Uma coisa eacute definitiva quem se curva diante dos opressores mostra o traseiro aos

oprimidos

Amor com amor se pega

Natildeo somos a imagem de Deus Somos apenas a sua autocriacutetica

Pensar ndash eis um verbo reflexivo

Agora eacute a vez de Maacuterio da Silva Brito que criou o desaforismo Aforismo eacute a arte de condensar

a verdade numa sentenccedila iluminada

Amai-vos uns agraves outras

Ofiacutecio de bombeiro eacute fogo

Sereia ndash mulher de ex-cama

Ai que saudade que tenho da Aurora da minha vida

Quem daacute aos pobres empresta a Deus Pela escassez das esmolas parece que Deus

anda de creacutedito baixo

2- Agora eacute a sua vez Daremos uma seacuterie de proveacuterbios e esperamos que vocecirc interfira neles

mudando o seu sentido como no exemplo que se segue ldquoQuem cedo madruga fica com sono

o dia inteirordquo ou ldquomuitos seratildeo os chamados e poucos os atendidosrdquo Isso eacute da Biacuteblia ou da

Telefocircnica

a) Quem cala consente

b) Em terra de cego quem tem um olho eacute rei

c) Mais vale um paacutessaro na matildeo do que dois voando

d) Aacutegua mole em pedra dura tanto bate ateacute que fura

e) Pimenta nos olhos dos outros eacute refresco

f) Catildeo que ladra natildeo morde

3- Depois de concluiacutedos passe-os a limpo e guarde-os

As companhias de cigarro nunca vendem nicotina mal-estar mal-cheiro poluiccedilatildeo etc Vendem

status social sauacutede vigor fiacutesico sucesso etc

Ronald Claver

5 ATIVIDADE VAMOS VENDER O FEDEX

195

A partir dessa consideraccedilatildeo levantemos alguns toacutepicos de que a arte da propaganda se utiliza

Os recursos de linguagem poeacutetica ndash repeticcedilotildees de consoantes e vogais rimas

comparaccedilotildees metaacuteforas e conotaccedilotildees

Pag Pouco

Se eacute Bayer eacute bom

Melhoral melhoral eacute melhor e natildeo faz mal

Tomou Doril a dor sumiu

Pense Forte pense Ford

Uma linguagem apelativa que explora as ansiedades vaidades frustraccedilotildees do

consumidor influi de modo decisivo no comportamento e postura do homem comum e

fantasiosamente camufla as frustraccedilotildees da realidade

Quem fuma Minister sabe o quer E vocecirc

Ao sucesso com Hollywood

No Brasil toda mulher tem Charm

Associaccedilotildees arbitraacuterias do siacutembolo com o simbolizado

Mulher pelada com automoacutevel

Status social com cigarro

Vigor fiacutesico com remeacutedio

A linguagem popular atraveacutes da exploraccedilatildeo dos ditos populares proveacuterbios giacuterias etc

Dize-me o que lecircs e te direi quem eacutes ndash Veja

Ponha algumas pedras no caminho da sua sede ndash Antaacuterctica

Quem tem outro carro anda com o Fusca atraacutes da orelha

O propagandista sabe que uma boa imagem vale por mil palavras Daiacute o requinte visual

das propagandas Sabe tambeacutem que a propaganda subliminar explora de modo consciente as

zonas obscuras do inconsciente Por isso lanccedila mensagens em determinados momentos e em

196

certa regularidade Desse modo ficou famosa a ldquopipocardquo que aparecia num cantinho da tela

durante a exibiccedilatildeo de um filme Terminada a fita os expectadores tomaram de assalto o carrinho

do pipoqueiro Sabe tambeacutem da teacutecnica do merchandising que consiste em aproveitar uma cena

comum para veicular seu produto Essa teacutecnica eacute muito usada em novelas de televisatildeo

Exemplo Cena de bar ndash pessoas sentadas agrave mesa tomando determinada cerveja ou refrigerante

1- Vamos trabalhar com PROPAGANDA Procure algumas em jornais revistas livros out-

doors televisatildeo etc Selecione-as

2- Agora que vocecirc conhece alguma coisa sobre propaganda analise algumas conhecidas Veja

a distribuiccedilatildeo de cores a colocaccedilatildeo das palavras o uso das formas etc

3- Chegou a sua hora Convenccedila o proacuteximo de que seu produto eacute a melhor coisa do mundo Use

todos os recursos e venda entatildeo um desses produtos a lua a vida o fedex (um produto

desconhecido do puacuteblico) sua sala de aula seu otimismo sua imaginaccedilatildeo um lugar ao sol

4- Releia seus textos Leia-os para algueacutem Eles convencem Vendem

5- Se necessaacuterio reescreva trechos ou o texto

5- Passe a limpo e guarde-a

1- Seguem-se alguns quadrinhos Escreva nos balotildees aquilo que o desenho lhe sugere

2- Haacute outros que tecircm soacute balotildees Invente o desenho mas a sua maneira sem se preocupar com o

traccedilo

3- Invente seu quadrinho Faccedila como nos textos recorte costure cole escreva desenhe

redesenhe reescreva mostre ao colega

6 ATIVIDADE PAUSA PARA CRIAR

197

Figura 10 ndash Quadrinhos

Fonte Claver 1994 p 58

198

Figura 11 ndash Quadrinhos

Fonte Claver 1994 p 59

199

Figura 12 ndash Quadrinhos

Fonte Claver 1994 p 61

200

Cada jogador se representa no tabuleiro por um piatildeo sobre a inicial do seu nome O

primeiro a jogar lanccedila um dado e deve avanccedilar seu piatildeo tantas casas quantas indicou o dado

Para permanecer nesta casa deve dizer ou escrever uma palavra que comece com a letra que

aiacute estaacute Se natildeo conseguir retrocede uma casa e diz ou escreve uma palavra que comece por esta

nova letra Se natildeo conseguir retrocede sucessivamente ateacute voltar de onde saiu Ganha o jogo

aquele que primeiro tiver percorrido todo o trajeto atingindo pela segunda vez sua letra inicial

Figura 13 ndash Tabuleiro do jogo Corrida nas letras

Fonte Elaborado pela pesquisadora com base em Grossi 1990 p 142

ATIVIDADE A CORRIDA NAS LETRAS

201

MOacuteDULO 4 Praticando

Nesse moacutedulo desenvolveremos atividades que proporcionem a praacutetica dos

conhecimentos em escrita por meio da produccedilatildeo de textos compostos por imagens e palavras

a partir de situaccedilotildees dadas utilizando ferramentas da tecnologia (computador internet textos

multimodais)

Quadro 04 ndash PEI ndash Moacutedulo IV Praticando

PLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 4 PRATICANDO

Accedilatildeo Por em praacutetica os conhecimentos em escrita

Objetivos

Produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo comunicativa ao interlocutor e ao

suporte de circulaccedilatildeo

Metodologia Produccedilatildeo escrita e publicaccedilatildeo no blog da turma

Atividades Produccedilatildeo escrita individual a partir de uma situaccedilatildeo dada

Recursos

didaacuteticos

Data show computador internet celular folhas A4 brancas ou

coloridas laacutepis laacutepis de cor canetas coloridas borracha entre outros

materiais escolares

Duraccedilatildeo 14 ha

Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo sistemaacutetica da participaccedilatildeo dos alunos na realizaccedilatildeo das atividades propostas

Produccedilatildeo escrita para publicaccedilatildeo no blog da turma Fonte Dados da pesquisa 2017

202

APEcircNDICE D ndash Atividade Final de Escrita ndash AFE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula

Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira

Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade

Local Escola Estadual Pio XII ndash Disciplina Liacutengua Portuguesa

Atividade Diagnoacutestica Final ndash Data __________2017

Aluno (a)_____________________________________________________________

Sinopse

Natildeo eacute faacutecil ser crianccedila E ningueacutem sabe disso melhor do que

Greg Heffley que se vecirc mergulhado no ensino fundamental onde

fracotes subdesenvolvidos dividem os corredores com garotos que satildeo

mais altos mais malvados e jaacute se barbeiam Em ldquoDiaacuterio de um bananardquo

o autor e ilustrador Jeff Kinney nos apresenta um heroacutei improvaacutevel

Como Greg diz em seu diaacuterio ldquoSoacute natildeo espere que eu seja todo Querido

diaacuterio isso Querido diaacuterio aquilordquo

Fonte Saraiva Editora Disponiacutevel emlthttpwwwsaraivacombrdiario-de-um-

banana-vol-1-2574894html gt Acesso em 29 abr 2017

O livro conta o dia-a-dia de Greg Heffley que decide deixar registrado em um caderno

natildeo diaacuterio como gosta de dizer as suas aventuras de Halloween (dia das bruxas) na escola em

casa com seus dois irmatildeos Manny (o bebecirc) e Rodrick (o rockeiro)

Greg leva uma vida normal adora jogar videogame e sonha o tempo todo em ser famoso

em qualquer cargo mesmo que seja como seguranccedila da escola

Leia a primeira paacutegina e confira um pouquinho da vida de Greg em o Diaacuterio de um

Banana

203

Figura 14 ndash p 1 de Diaacuterio de um Banana

Fonte Kinney 2008 p 1

Figura 15 ndash p 1 de Diaacuterio de um Banana

Fonte Kinney 2008 p 1

Imagine que vocecirc acaba de ganhar um diaacuterio muito bonito no qual vocecirc poderaacute registrar

suas histoacuterias de alegria e de tristeza suas conquistas e suas perdas e todos os outros

pensamentos Vamos laacute

204

Registre nesta paacutegina de blog um dia da sua vida (atividades encontros pessoas

sentimentos desejos medos saudades escola nossas atividades no laboratoacuterio de informaacutetica

entre tantas outras coisas que vocecirc desejar)

Figura 16 ndash Blog 6ordm Ano JF

Fonte Dados da pesquisa

205

206

3 CRONOGRAMA

Agosto

Setembro Outubro Novembro

MOacuteDULO I

X

MOacuteDULO II

X

MOacuteDULO III

X

MOacuteDULO IV

X X

REFEREcircNCIAS

CAGLIARI Luiz Carlos Alfabetizaccedilatildeo e linguiacutestica 8 ed Satildeo Paulo Scipione 1995

CLAVER Ronald Escrever sem doer oficina de redaccedilatildeo Belo Horizonte Editora UFMG

1992

FURNARI Eva Felpo Filva Satildeo Paulo Moderna 2006 (Coleccedilatildeo girassol)

GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo 3 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1990

KINNEY Jeff Diaacuterio de um banana Trad Antocircnio de Macedo Soares Cotia Vergara amp Riba

Editoras 2008

LEMLE Miriam Guia teoacuterico do alfabetizador 6 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

RIBEIRO Ana Elisa Textos Multimodais leitura e produccedilatildeo Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial

2016

Page 2: GÊNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS: novas práticas

FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE

GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas

pedagoacutegicas em sala de aula

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Mestrado

Profissional em Letras (ProfLetras) da

Universidade Estadual de Montes Claros como

requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em

Letras

Aacuterea de concentraccedilatildeo Linguagens e letramentos

Linha Leitura e Produccedilatildeo Textual diversidade

textual e praacuteticas docentes

Sublinha C ndash Praacuteticas de Letramento e

Multimodalidade

Orientadora Prof Dra Faacutebia Magali Santos

Vieira

Liberado em 04042018

__________________________

Assinatura da Orientadora

Montes Claros ndash MG

2018

A553g

Andrade Florecircncia Vieira Pacheco

Gecircneros digitais e multiletramentos [manuscrito] novas praacuteticas

pedagoacutegicas em sala de aula Florecircncia Vieira Pacheco Andrade ndash Montes

Claros 2018

206 f il

Bibliografia f 163-167 Dissertaccedilatildeo (mestrado) - Universidade Estadual de Montes Claros -

Unimontes Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo Mestrado Profissional em Letras

Profletras 2018

Orientadora Profa Dra Faacutebia Magali Santos Vieira

1 Gecircneros digitais 2 Letramento 3 Multiletramentos 4 Produccedilatildeo

escrita 5 Blog I Vieira Faacutebia Magali Santos II Universidade Estadual de

Montes Claros III Tiacutetulo IV Tiacutetulo Novas praacuteticas pedagoacutegicas em sala

de aula

Catalogaccedilatildeo Biblioteca Central Professor Antocircnio Jorge

Figura 01 Nuvem de palavras produzida online Elaborado pela pesquisadora 2017

Letramento eacute fenocircmeno plural historicamente e

contemporaneamente diferentes letramentos ao longo

do tempo diferentes letramentos no nosso tempo

(SOARES 2002 p156)

AGRADECIMENTOS

A Deus pela proteccedilatildeo e pelas becircnccedilatildeos de cada dia

Agrave mamatildee pelo exemplo de vida e amor incondicional

Agraves minhas irmatildes Fabriacutesia Fabiacuteola e Isabela pelo afeto e pelo apoio

Aos meus cunhados e sobrinhos pela atenccedilatildeo na etapa final

Agrave Juacutelia e Liacutevia minhas queridas filhas pelo amor e pela solidariedade

Ao meu esposo Wagner pela atenccedilatildeo carinho paciecircncia e compreensatildeo nas horas de ausecircncia

Agrave professora Faacutebia Magali Santos Vieira pelo aceite em me orientar pelo positivismo pela

alegria pela competecircncia e por seus esclarecimentos e auxiacutelio indispensaacuteveis ao desenvolvimento

desta minha formaccedilatildeo

Aos professores do Programa de Mestrado Profissional em Letras pelas contribuiccedilotildees e

competecircncia dada em cada disciplina

Agraves professoras da banca de qualificaccedilatildeo e defesa Profordf Drordf Geisa Magela Veloso Profordf Drordf

Maria Aparecida Colares Mendes e Profordf Drordf Maria Jacy Veloso Maia pelas consideraacuteveis

contribuiccedilotildees ao aprimoramento do meu trabalho Agrave Profordf Drordf Telma Borges pela atenccedilatildeo e

dedicaccedilatildeo nas leituras minuciosas do meu texto

Aos meus colegas do ProfLetras turma 2015 em especial agrave Jucinete companheira de viagem

pelas conversas trocas de saberes e amizade

Agrave Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais e a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de

Januaacuteria pelo afastamento concedido Agrave CAPES pelo auxiacutelio financeiro agrave Universidade Federal

do Rio Grande do Norte ndash UFRN pela coordenaccedilatildeo do Mestrado Profissional em Letras ndash

ProfLetras agrave Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES por possibilitar a seleccedilatildeo

a estrutura o planejamento e a organizaccedilatildeo para que o ProfLetras fosse implementado em nossa

regiatildeo

Aos meus alunos do 6ordm ano pela contribuiccedilatildeo dada a esta pesquisa

Agrave direccedilatildeo da Escola Estadual Pio XII agrave equipe pedagoacutegica e aos professores pela colaboraccedilatildeo

Agraves minhas amigas Amanda Alessandra Dorinha Diva e a todas do ldquoParquinhordquo pela vibraccedilatildeo positiva em cada conquista minha

A todos muito obrigada

RESUMO

O presente trabalho pretende apresentar os resultados de uma pesquisa que teve como objetivo

identificar e analisar as dificuldades de alfabetizaccedilatildeo e de letramento de 06 alunos do 6ordm ano do

Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII Januaacuteria ndash MG e contribuir para a elevaccedilatildeo dos

niacuteveis de escrita por meio de atividades utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico de

ensino a partir do desenvolvimento de atividades de escrita gecircneros textuais e digitais

promovendo os multiletramentos Nossa hipoacutetese diretriz foi a de que o trabalho com o gecircnero

digital blog pode contribuir para elevar o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e do letramento dos alunos

envolvidos nesta pesquisa A abordagem metodoloacutegica foi de natureza aplicada classificada como

explicativa Os procedimentos teacutecnicos utilizados foram a pesquisa bibliograacutefica a pesquisa-accedilatildeo

e a pesquisa participante A investigaccedilatildeo bibliograacutefica permitiu a construccedilatildeo de conhecimento

sobre conceitos e teorias sobre o objeto da pesquisa principalmente nos estudos de Soares (2003

2004 2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001

2008) Bakhtin (1999) Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010)

Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) Com o objetivo de coletar informaccedilotildees para anaacutelise

quantitativa dos dados as teacutecnicas de coleta de dados foram observaccedilatildeo questionaacuterio Atividade

Inicial de Escrita ndash AIE Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI e Atividade Final de Escrita ndash

AFE O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI foi desenvolvido a partir da hipoacutetese diretriz

que norteou esta pesquisa baseadas nas metaacuteforas de aprendizagem do seacuteculo XXI de David

Thornburg (1996) por meio de quatro moacutedulos de aprendizagem nomeados de Moacutedulo 1

Conhecendo (Fogueira) Moacutedulo 2 Dialogando (Poccedilo drsquoaacutegua) Moacutedulo 3 Refletindo (Caverna)

e Moacutedulo 4 Praticando (Vida) A anaacutelise dos dados coletados nas atividades AIE PEI e AFE

revelou que foi possiacutevel elevar os niacuteveis de escrita dos alunos que apesar de matriculados no 6ordm

ano do Ensino Fundamental cometiam falhas de escrita de 1ordf e 2ordf ordens conforme definidas por

Lemle (1991) Embora ainda natildeo sejam considerados alfabetizados os sujeitos desta pesquisa

evoluiacuteram na escrita

Palavras-chave Gecircneros digitais Letramento Multiletramentos Produccedilatildeo escrita Blog

ABSTRACT

The present work aims to introduce the results of a research that had as objective - identifying and

analyzing the dificulties of alphabetization and literacy in 6 students of the 6th grade of Escola

Estadual Pio XIIrsquos Elementary School Januaacuteria mdash MG - and contribute with the improvement in

the writing levels throughout activities using the digital genre blog as a didactic resource of

teaching starting with the development of activities of writing textual and digital genres

promoting multiliteracies Our guiding hypothesis was that the work with the digital genre blog

can contribute to improve the alphabetization and literacy levels of the students involved in this

research The methodological approach was of applied nature classified as explanatory The

technical procedures used were bibliographic research the action research and participant

research The bibliographical investigation allowed the construction of knowledge about concepts

and theories regarding the object of the research especially in the studies of Soares (2003 2004

2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes Marcuschi (2001 2008) Bakhtin

(1999) Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi and Xavier (2010) Coscarelli (2016)

and Ribeiro (2016) In order to collect information for the quantitative analysis of the data the

data collection techniques were observation questionnaire Initial Writing Activity - AIE in

Portugese - Educational Intervention Project - PEI in Portuguese - and Final Writting Activity

(AFE in Portuguese) The Educational Intervention Project - PEI was developed based on the

guiding hypothesis that drove this research in the learning metaphors of the XXI century by David

Thornburg (1996) through four learning modules named Module 1 Meeting (Fire) Module 2

Dialoging (Water Well) Module 3 Reflecting (Cave) and Module 4 Practicing (Life) The

analysis of the data collected in the AIE PEI and AFE activities revealed that it was possible to

raise the writing levels of the students who although enrolled in the 6th year of elementary school

committed 1st and 2nd orders writing failures as defined by Lemle (1991) Although they are not

yet considered literate the subjects of this research evolved in writing

Keywords Digital genres Literacy Multiliteracies Written production Blog

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Nuvem de palavras 03

Figura 02 - Uma letra representando diferentes sons segundo a posiccedilatildeo 39

Figura 03 - Esferas de atividade social ou de circulaccedilatildeo dos discursos 50

Figura 04 - Estrutura do Processo Educativo 76

Figura 05 - Texto 1 - AIE 85

Figura 06 - Texto 2 - AIE 85

Figura 07 - Texto 3 - AIE 86

Figura 08 - Texto 4 - AIE 86

Figura 09 - Texto 5 - AIE 87

Figura 10 - Texto 6 - AIE 88

Figura 11 - Texto 7 - AIE 88

Figura 12 - Texto 8 - AIE 89

Figura 13 - Texto 9 - AIE 90

Figura 14 - Texto 10 - AIE 90

Figura 15 - Alunos na sala de multimeios da Escola Estadual Pio XII 102

Figura 16 - Captura de tela do slide 3 - Apresentaccedilatildeo em Power point 102

Figura 17 - Captura de tela do slide 9 - Apresentaccedilatildeo em Power point 103

Figura 18 - Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica 105

Figura 19 - Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF 106

Figura 20 - Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF 107

Figura 21 - Captura de tela do Moacutedulo II - Dialogando Blog do 6ordm ano JF 108

Figura 22 - HQ Turma da Mocircnica 110

Figura 23 - Charge Igualdade natildeo significa justiccedila 112

Figura 24 - Organograma da E E Pio XII corrigido 115

Figura 25 - Organograma da E E Pio XII sem correccedilatildeo 116

Figura 26 - Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica pesquisando receitas 118

Figura 27 - Infograacutefico de receita de bolo de chocolate 118

Figura 28 - Infograacutefico de receita de pastel frito 119

Figura 29 - Infograacutefico de receita de suco de maracujaacute 119

Figura 30 - Mapa da E E Pio XII 121

Figura 31 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade - Produccedilatildeo na biblioteca 122

Figura 32 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 1 124

Figura 33 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Sem correccedilatildeo ortograacutefica 126

Figura 34 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Texto corrigido 127

Figura 35 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Sem correccedilatildeo ortograacutefica 128

Figura 36 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Texto corrigido 129

Figura 37 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 130

Figura 38 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 130

Figura 39 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - sem correccedilatildeo ortograacutefica 131

Figura 1 - Moacutedulo III - Refletindo - Atividade 3 - Texto corrigido132

Figura 41 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 134

Figura 42 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 134

Figura 43 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 134

Figura 44 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 135

Figura 45 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 135

Figura 46 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 135

Figura 47 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 136

Figura 48 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 136

Figura 49 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 136

Figura 50 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 137

Figura 51 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 137

Figura 52 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 7 137

Figura 53 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 8 139

Figura 54 - Comentaacuterios postados no blog da turma141

Figura 55 - Captura de tela - Estatiacutesticas da visatildeo geral 142

Figura 56 - Captura de tela - Estatiacutesticas de puacuteblico 144

Figura 57 - Texto 1 - AFE 145

Figura 58 - Texto 2 - AFE 148

Figura 59 - Texto 3 - AFE 148

Figura 60 - Texto 4 - AFE 149

Figura 61 - Texto 5 - AFE 149

Figura 62 - Montagem de textos das AIE e AFE 150

Figura 63 - Montagem de textos das AIE e AFE152

Figura 64 - Montagem de textos das AIE e AFE154

LISTA DE QUADROS GRAacuteFICOS E TABELAS

Quadro 01 - Teorias do Desenvolvimento Humano de Piaget 31

Quadro 02 - Correspondecircncias biuniacutevocas entre fonemas e letras 37

Quadro 03 - Falhas de escrita 40

Quadro 04 - Categorizaccedilatildeo - Erros de escrita 42

Quadro 05 - Mudanccedilas sobre os letramentos 48

Quadro 06 - Gecircneros textuais emergentes na miacutedia virtual e seus equivalentes em gecircneros

preexistentes 58

Quadro 07 - Formatos da comunicaccedilatildeo por computador conforme os participantes e o tempo 59

Quadro 08 - Paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blog 61

Quadro 09 - Alunos informantes do 6ordm ano JF 68

Quadro 10 - Etapas do percurso metodoloacutegico 72

Quadro 11 - Alunos informantes do 6ordm Ano JF (2017) 84

Quadro 12 - Falhas de escrita 97

Quadro 13 - Fases da sequecircncia narrativa 127

Quadro 14 - Ocorrecircncias de ldquofalhaserrosrdquo de escrita baseados em Lemle (1991) e Cagliari

(1995) (2017) 138

Quadro 15 - Alunos informantes da Atividade de Escrita Final (2017) 147

Quadro 16 - Relaccedilotildees entre sons da fala e letras do alfabeto (2017) 154

Quadro 17 - Falhas de escrita da AIE e da AFE 155

GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Percentual de alunos por niacuteveis de proficiecircncia e padratildeo de desempenho 15

Graacutefico 02 - Questionaacuterio - Pergunta 01 78

Graacutefico 03 - Questionaacuterio - Pergunta 02 78

Graacutefico 04 - Questionaacuterio - Pergunta 03 79

Graacutefico 05 - Questionaacuterio - Pergunta 04 79

Graacutefico 06 - Questionaacuterio - Pergunta 05 80

TABELAS

Tabela 01 - Dados dos alunos selecionados para o PEI 69

Tabela 02 - Categorizaccedilatildeo dos ldquoerrosrdquo de escrita - Cagliari (1995) 91

Tabela 03 - Avaliaccedilatildeo das falhas de escrita - Lemle (1991) 96

Tabela 04 - Cronograma de aulas aplicadas no PEI (2017) 101

Tabela 05 - Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Final de Escrita - AFE 150

Tabela 06 - Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Inicial de Escrita - AIE 151

Tabela 07 - Anaacutelise comparativa da AIE e da AFE (2017) 152

Tabela 08 - Falhas de escrita - AIE e AFE 156

LISTA DE SIGLAS

AIE - Atividade Inicial de Escrita

AFE - Atividade Final de Escrita

EEPXII - Escola Estadual Pio XII

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira

PNE - Plano Nacional de Educaccedilatildeo

PROFLETRAS - Programa de Mestrado Profissional em Letras

PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia

PEI - Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo

PIP - Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica

SEE - Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo

TDIC ndash Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

UNIMONTES - Universidade Estadual de Montes Claros

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 13

CAPIacuteTULO I ndash ENSINO DE LIacuteNGUA PORTUGUESA 19

11 Concepccedilatildeo de linguagem 19

12 Alfabetizaccedilatildeo e letramento 24

121 O processo de alfabetizaccedilatildeo 26

1211 As multifacetas da alfabetizaccedilatildeo 27

12111 Faceta psicoloacutegica 28

12112 Faceta psicolinguiacutestica 32

121121 Niacutevel preacute-silaacutebico 33

121122 Niacutevel silaacutebico 34

121123 Niacutevel alfabeacutetico 35

12113 Faceta linguiacutestica 36

121131 Categorizaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita 41

12114 Faceta sociolinguiacutestica 43

CAPIacuteTULO II ndash GEcircNEROS DIGITAIS (MULTI) LETRAMENTOS 45

21 Letramento 45

22 Multimodalidade e Multiletramentos no ensino de Liacutengua Portuguesa 47

23 Texto (multimodal) e ensino 52

24 A internet e os gecircneros digitais no contexto escolar 56

25 Blog ndash gecircnero digital como tecnologia de ensino 61

CAPIacuteTULO III ndash PERCURSO METODOLOacuteGICO 66

31 Contexto da pesquisa 66

32 Sujeitos 68

33 Procedimentos da pesquisa 70

34 Teacutecnica de coleta de dados 73

CAPIacuteTULO IV ndash GEcircNERO DIGITAL BLOG E (MULTI)LETRAMENTOS

intervenccedilotildees pedagoacutegicas em sala de aula 77

41 Questionaacuterio 77

42 Atividade Inicial de Escrita - AIE 81

43 Plano Educacional de Intervenccedilatildeo - PEI 100

431 Moacutedulo I - Conhecendo 101

432 Moacutedulo II - Dialogando 107

433 Moacutedulo III - Refletindo 121

434 Moacutedulo IV - Praticando 145

4341 Atividade Final de Escrita 146

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 158

REFEREcircNCIAS 162

APEcircNDICES 167

13

INTRODUCcedilAtildeO

Para isso existem as escolas natildeo para ensinar as respostas mas para ensinar as

perguntas As respostas nos permitem andar sobre a terra firme Mas somente as

perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido (ALVES 2000 p 78)

O trabalho com o ensino da Liacutengua Portuguesa estaacute intimamente ligado ao

conhecimento de estudos e teorias sobre linguagem Eacute por meio de conhecimentos teoacutericos

especiacuteficos sobre os processos que envolvem a forma como os estudantes se comunicam que

pretendemos investigar refletindo sobre o processo de ensino-aprendizagem sobretudo para

poder intervir em questotildees de dificuldade de aprendizagem em leitura e escrita

Nesse sentido este trabalho denominado ldquoGecircneros Digitais e Multiletramentos novas

praacuteticas pedagoacutegicas em sala de aulardquo busca pesquisar e realizar intervenccedilatildeo em sala de aula

para compreender as dificuldades do ensino e da aprendizagem de Liacutengua Portuguesa na Escola

Estadual Pio II em Januaacuteria ndash MG A investigaccedilatildeo foi realizada atraveacutes do Programa de

Mestrado Profissional em Letras (ProfLetras) Trata-se de um curso de Poacutes-graduaccedilatildeo stricto

sensu oferecido em rede nacional destinado aos docentes que pertencem ao quadro permanente

da rede puacuteblica de ensino e que atuam especificamente no Ensino Fundamental II da Educaccedilatildeo

Baacutesica Esse programa tem por objetivo aprofundar os conhecimentos dos docentes que atuam

na educaccedilatildeo baacutesica e consequentemente melhorar as condiccedilotildees de oferta desse niacutevel de

educaccedilatildeo A dissertaccedilatildeo encaixa-se na aacuterea de concentraccedilatildeo ldquoLinguagens e letramentosrdquo na

linha de pesquisa ldquoLeitura e produccedilatildeo textual Diversidade Social e Praacuteticas Docentesrdquo

sublinha ldquoPraacuteticas de letramento e multimodalidaderdquo

Por letramento entende-se de acordo com Magda Soares (2014 p 44) ldquo[] o estado

ou condiccedilatildeo de quem se envolve nas numerosas e variadas praacuteticas sociais de leitura e escritardquo

Compreendemos entatildeo que letramento vai aleacutem do saber ler e escrever como explicita a autora

ao expor que o indiviacuteduo letrado eacute ldquo[] aquele que usa socialmente a leitura e a escrita pratica

a leitura e a escrita responde adequadamente agraves demandas sociais de leitura e de escritardquo

(SOARES 2014 p 40)

Nessa perspectiva o trabalho sobre as praacuteticas de letramento extrapola o conhecimento

construiacutedo em sala de aula pois envolve uma praacutetica social Considerando a afirmaccedilatildeo de Rojo

(2012 p 37) de que ldquo[] a presenccedila das tecnologias digitais em nossa cultura contemporacircnea

cria novas possibilidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo esta pesquisa envolve tambeacutem as

praacuteticas de letramento digital associadas agraves multimodalidades tatildeo importantes para a promoccedilatildeo

dos multiletramentos

14

Entendemos que trabalhar com praacuteticas de letramento e de multimodalidade corrobora

com a construccedilatildeo de conhecimentos habilidades e competecircncias linguiacutesticas a serem adquiridas

pelos alunos da Educaccedilatildeo Baacutesica principalmente no atendimento aos discentes que apresentam

niacuteveis de alfabetizaccedilatildeo e de letramento muito abaixo do esperado para o ano em que estudam

conforme define a resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 21971 de 26 de

outubro de 2012 (MINAS GERAIS 2012) por envolver capacidades de leitura escrita e

compreensatildeo de textos

Ressalta-se que a equipe pedagoacutegica a gestatildeo escolar e os professores da Escola

Estadual Pio XII localizada na cidade de Januaacuteria ndash MG sempre buscaram estrateacutegias que

pudessem melhorar a qualidade da aprendizagem dos alunos aleacutem de participarem de

programas e capacitaccedilotildees ofertadas pela Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais ndash

SEE MG como o Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ndash PIP2 e o Programa Institucional de

Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia ndash PIBID3 atraveacutes da Universidade Estadual de Montes Claros

(UNIMONTES) No entanto de acordo com os dados da supervisatildeo pedagoacutegica da Escola

Estadual Pio XII localizada no municiacutepio de Januaacuteria estado de Minas Gerais e desta

pesquisadora como professora de Liacutengua Portuguesa especificamente no atendimento agraves

turmas de 6ordm ano do Ensino Fundamental dessa escola no periacuteodo de 2013 a 2016 observou-

se por meio de avaliaccedilatildeo diagnoacutestica inicial realizada sempre no iniacutecio de cada ano

preconizada pela resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 2197 de 26 de

outubro de 2012 (MINAS GERAIS 2012) no artigo 69 inciso II sobre a avaliaccedilatildeo da

1 A resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 2197 de 26 de outubro de 2012 estabelece as

diretrizes para organizaccedilatildeo e funcionamento do ensino nas Escolas Estaduais de Educaccedilatildeo Baacutesica de Minas Gerais

em consonacircncia com a legislaccedilatildeo nacional e estadual de educaccedilatildeo No Art 62 o Ciclo Complementar tem como

objetivo consolidar a alfabetizaccedilatildeo e ampliar o letramento Aleacutem disso a resoluccedilatildeo propotildee que as atividades

pedagoacutegicas devem ser organizadas de modo a assegurar que todos os alunos ao final de cada ano tenham pleno

domiacutenio da leitura e da escrita RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 Disponiacutevel em

lthttpcrveducacaomggovbrgt Acesso em 15 jan 2017

2 O Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica (PIP) foi criado em 2007 Nessa iniciativa desenvolvida pela Secretaria

de Estado de Educaccedilatildeo (SEE) o analista educacional realiza um trabalho permanente de visitas e acompanhamento

das escolas O objetivo eacute orientar o plano pedagoacutegico quando necessaacuterio propor estrateacutegias de intervenccedilatildeo apoiar

pedagogicamente os professores e alunos e assim garantir a qualidade do ensino Disponiacutevel em

lthttpswwweducacaomggovbrleisstory5929-programa-de-intervencao-pedagogica-realiza-primeira-

formacao-continuada-de-2014-da-equipe-do-orgao-centralgt Acesso em 16 jan 2017

3 O Programa Institucional de Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia ndash PIBID eacute uma iniciativa para o aperfeiccediloamento e a

valorizaccedilatildeo da formaccedilatildeo de professores para a educaccedilatildeo baacutesica O programa concede bolsas a alunos de

licenciatura participantes de projetos de iniciaccedilatildeo agrave docecircncia desenvolvidos por Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior

(IES) em parceria com escolas de educaccedilatildeo baacutesica da rede puacuteblica de ensino Os projetos devem promover a

inserccedilatildeo dos estudantes no contexto das escolas puacuteblicas desde o iniacutecio da sua formaccedilatildeo acadecircmica para que

desenvolvam atividades didaacutetico-pedagoacutegicas sob orientaccedilatildeo de um docente da licenciatura e de um professor da

escola Disponiacutevel em lthttpwwwcapesgovbreducacao-basicacapespibidpibidgt Acesso em 16 jan 2017

15

aprendizagem um consideraacutevel nuacutemero de alunos que apresentava um padratildeo de desempenho

em leitura e escrita abaixo do esperado Em 2013 15 em 2014 1775 em 2015 2475 e

em 2016 1564 de alunos natildeo apresentavam uma aprendizagem considerada adequada ao ano

em que estudavam como pode ser visualizado no Graacutefico 01 logo abaixo o qual apresenta o

resultado das avaliaccedilotildees diagnoacutesticas de Liacutengua Portuguesa nas turmas de 6ordm ano da referida

escola em diferentes periacuteodos letivos

Graacutefico 01 ndash Percentual de alunos do 6ordm ano da EEPio XII por niacuteveis de proficiecircncia e

padratildeo de desempenho entre os anos de 2013 a 2016

Fonte Elaboraccedilatildeo da autora com base nos dados da pesquisa (2017)

De acordo com o Relatoacuterio de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de

Educaccedilatildeo ndash PNE biecircnio 2014-2016 (BRASIL 2016)4 mais de metade dos alunos do 3ordm ano do

Ensino Fundamental estaacute nos dois niacuteveis mais baixos de alfabetizaccedilatildeo Os dados mostram que

eacute primordial elevar os niacuteveis de proficiecircncia em Leitura Escrita e Matemaacutetica dos mais de 22

dos estudantes que mesmo depois de trecircs anos dedicados ao periacuteodo escolar de alfabetizaccedilatildeo e

letramento inicial natildeo conseguiram desenvolver habilidades elementares nessa dimensatildeo para

continuidade plena das aprendizagens ao longo da vida Da mesma forma vem acontecendo

com nossos alunos conforme exposto no graacutefico 1 que mesmo depois de cinco anos dedicados

ao processo de alfabetizaccedilatildeo tambeacutem natildeo conseguiram desenvolver as referidas habilidades

Diante desses dados percebemos a necessidade de pesquisar e de realizar uma

intervenccedilatildeo pedagoacutegica com o intuito de superar eou minimizar essa situaccedilatildeo escolar

4 O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) divulgou o Relatoacuterio do 1ordm

Ciclo de Monitoramento das Metas do PNE Biecircnio 2014-2016 Esse documento traz informaccedilotildees descritivas das

seacuteries histoacutericas e anaacutelises acerca das tendecircncias apresentadas pelos indicadores selecionados pelo Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo (MEC) e pelo INEP Foram consideradas como fontes oficiais de dados atualizados para o estudo a

PNAD de 2012 o Censo Demograacutefico de 2010 o Censo da Educaccedilatildeo Baacutesica de 2013 o Censo da Educaccedilatildeo

Superior de 2012 e as informaccedilotildees sobre poacutes-graduaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel

Superior (Capes) de 2013 Disponiacutevel em lt

httpdownloadinepgovbroutras_acoesestudos_pne2016relatorio_pne_2014_a_2016pdfgt Acesso em 16 de

jan de 2017

0 20 40 60 80

2013

2014

2015

2016

Recomendado

Intermediaacuterio

Baixo

16

possibilitando a esses alunos melhor transiccedilatildeo do Ciclo Intermediaacuterio ao Ciclo da

Consolidaccedilatildeo5 que finaliza o Ensino Fundamental II da Educaccedilatildeo Baacutesica

Logo esta pesquisa pretendeu como objetivo geral identificar e analisar as dificuldades

de alfabetizaccedilatildeo e letramento de uma turma do 6ordm ano do Ensino Fundamental da Escola

Estadual Pio XII e contribuir com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita por meio de atividades de

intervenccedilatildeo que visassem desenvolver essa habilidade utilizando os gecircneros digitais

Para tanto definimos como objetivos especiacuteficos a) investigar a natureza das

dificuldades identificadas b) realizar estudos sobre os conceitos de alfabetizaccedilatildeo letramento

multimodalidade e gecircneros digitais c) pesquisar estrateacutegias de ensino para desenvolver as

habilidades de letramento atraveacutes dos gecircneros digitais d) elaborar executar e avaliar um

Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI que contribua para a superaccedilatildeo das dificuldades

identificadas

A presenccedila das tecnologias digitais no cotidiano dos sujeitos pesquisados contribuiu

para a construccedilatildeo da hipoacutetese diretriz que orientou esta pesquisa qual seja a de que o trabalho

com o gecircnero digital blog poderia contribuir para a elevaccedilatildeo do niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e

letramento dos alunos envolvidos na pesquisa

O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI consistiu em atividades que

desenvolvessem habilidades de escrita utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico

de ensino-aprendizagem por entendecirc-lo como uma ferramenta que permite aos alunos a

aquisiccedilatildeo de habilidades de escrita de forma atrativa e motivadora pois envolve novos modos

de comunicaccedilatildeo que articulam imagens sons interatividade animaccedilatildeo ou seja muito daquilo

que a crianccedila e o adolescente gostam e pelo que se interessam Com isso foi criado o blog da

turma que funcionou tambeacutem como suporte para as produccedilotildees escritas dos alunos realizadas

por meio de recursos impressos e digitais

Em relaccedilatildeo ao percurso metodoloacutegico quanto agrave natureza esta pesquisa foi classificada

como aplicada pois aleacutem de conhecer o objeto em estudo teve como intenccedilatildeo intervir na

realidade e contribuir para superaccedilatildeo das dificuldades identificadas Quanto aos objetivos foi

classificada como explicativa pois procurou registrar analisar e interpretar os dados coletados

a fim de obter o conhecimento da realidade Ainda no desenvolvimento deste estudo utilizamos

a pesquisa bibliograacutefica como procedimento para construccedilatildeo do conhecimento sobre conceitos

5 Art 28 O Ensino Fundamental com duraccedilatildeo de nove anos estrutura-se em 4 (quatro) ciclos de escolaridade

considerados como blocos pedagoacutegicos sequenciais I - Ciclo da Alfabetizaccedilatildeo com a duraccedilatildeo de 3 (trecircs) anos de

escolaridade 1ordm 2ordm e 3ordm ano II - Ciclo Complementar com a duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 4ordm e 5ordm ano

III - Ciclo Intermediaacuterio com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 6ordm e 7ordm ano IV - Ciclo da Consolidaccedilatildeo

com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 8ordm e 9ordm ano RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO

DE 2012 Disponiacutevel em lthttpcrveducacaomggovbrgt Acesso em 15 jan 2017

17

termos e teorias que deram sustentaccedilatildeo cientiacutefica ao nosso trabalho a pesquisa accedilatildeo que partiu

para a praacutetica aproximando cada vez mais a pesquisa cientiacutefica da realidade educacional

vivenciada pelo professor-pesquisador numa perspectiva pedagoacutegica autocircnoma e significativa

pois foi na praacutetica que estabelecemos relaccedilotildees de ensino-aprendizagem e a pesquisa

participante com a qual esta pesquisadora esteve envolvida e comprometida durante a

investigaccedilatildeo cientiacutefica

Assim a coleta de dados foi realizada por meio da observaccedilatildeo que consistiu no trabalho

de campo daquilo que observamos na escola das interaccedilotildees entre os envolvidos na pesquisa e

dos aspectos relevantes para ela aleacutem do questionaacuterio (APEcircNDICE A) que foi respondido

pelos alunos da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B) que buscou identificar e

classificar os niacuteveis de escrita dos alunos Esses instrumentos foram elaborados com base nos

postulados de Lemle (1991) ao estabelecer que o aluno comete falhas de escrita de primeira

segunda e terceira ordem quando natildeo supera as complicaccedilotildees do sistema de escrita e natildeo

compreende as arbitrariedades desse mesmo sistema e nas contribuiccedilotildees teoacutericas de Cagliari

(1995) que estabelece que o aluno necessita compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-fonoloacutegica e

relacionaacute-la aos elementos graacuteficos da escrita

Depois foi elaborado executado e avaliado um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash

PEI (APEcircNDICE C) que teve como objetivo geral elevar os niacuteveis de escrita dos alunos do 6ordm

ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog como

recurso didaacutetico

Por fim a Atividade Final de Escrita ndash AFE (APEcircNDICE D) consistiu em colocar em

praacutetica os conhecimentos relativos agrave escrita os quais foram desenvolvidos ao longo dos

moacutedulos de aprendizagem do PEI Assim o objetivo foi produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo

comunicativa ao interlocutor e ao suporte de circulaccedilatildeo

Nesse estudo o universo de investigaccedilatildeo era composto inicialmente por 25 alunos

matriculados poreacutem apenas 20 (vinte) foram frequentes Assim no decorrer da coleta e anaacutelise

dos dados fomos verificando os diferentes niacuteveis de escrita desses 20 (vinte) alunos e a partir

do desenvolvimento da Atividade Inicial de Escrita - AIE esses alunos foram classificados e

selecionados por niacutevel de escrita de acordo com Lemle (1991) sendo selecionados somente 8

(oito) alunos Contudo apenas 6 (seis) aceitaram participar das atividades propostas

Conveacutem ressaltar que a autora considera alfabetrizados os alunos que cometem apenas

falhas de 3ordf ordem Logo a amostra de investigaccedilatildeo foi constituiacuteda por 6 (seis) alunos do 6ordm

ano JF da Escola Estadual Pio XII por cometeram falhas de escrita de primeira e segunda

ordens

18

Este trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma no capiacutetulo I denominado

ldquoEnsino de Liacutengua Portuguesardquo discutimos os conceitos de linguagem alfabetizaccedilatildeo e

letramento com base em Soares (2003 2004 2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi

(1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001 2008) e Bakhtin (1999) no capiacutetulo II intitulado

ldquoGecircneros digitais (multi)letramentosrdquo a discussatildeo se organiza com base em Rojo (2009 2012)

Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010) Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) no

capiacutetulo III denominado ldquoPercurso Metodoloacutegicordquo apresentamos os procedimentos

metodoloacutegicos utilizados em nosso estudo no capiacutetulo IV intitulado ldquoGecircnero digital blog e

(multi)letramentos intervenccedilotildees pedagoacutegicas em sala de aulardquo analisamos os resultados

constatados e para facilitar a visualizaccedilatildeo de algumas das atividades postadas no blog

utilizamos o recurso QR Code6 Nas ldquoConsideraccedilotildees Finaisrdquo satildeo apresentadas as conclusotildees do

nosso estudo Por fim apresentam-se as referecircncias e apecircndices

6 QR Code ndash Coacutedigo QR (sigla do inglecircs Quick Response) eacute um coacutedigo de barras bidimensional que pode ser

facilmente escaneado usando telefones celulares equipados com cacircmera Esse coacutedigo eacute convertido em texto

(interativo) um endereccedilo URI um nuacutemero de telefone uma localizaccedilatildeo georreferenciada um e-mail um contato

um SMS ou um blog O QR Code faz o redirecionamento ao endereccedilo URI Para utilizar e visualizar o recurso QR

Code o leitor deve baixar o aplicativo Disponiacutevel em lt httpsptwikipediaorgwikiCC3B3digo_QRgt

Acesso em 30 de jan de 2018

19

CAPIacuteTULO I

ENSINO DE LIacuteNGUA PORTUGUESA

Natildeo pode haver praacutetica eficiente sem fundamentaccedilatildeo num corpo de princiacutepios

teoacutericos soacutelidos e objetivos Natildeo tenho duacutevidas se nossa praacutetica de professores se

afasta do ideal eacute porque nos falta entre outras muitas condiccedilotildees um aprofundamento

teoacuterico acerca de como funciona o fenocircmeno da linguagem humana (ANTUNES

2003 p 40)

As praacuteticas de letramento multiletramento e o uso dos gecircneros digitais integrados ao

cotidiano escolar podem promover a leitura e a escrita aleacutem de favorecer a construccedilatildeo de

comportamentos linguiacutesticos que possibilitam ao aluno utilizar a liacutengua com eficiecircncia no seu

cotidiano Considerando que os processos de aprendizagem na escola satildeo construiacutedos por meio

do estudo e das interaccedilotildees entre as pessoas envolvidas neste capiacutetulo procura-se discutir alguns

fenocircmenos da linguagem humana bem como conceitos sobre alfabetizaccedilatildeo letramento

multiletramentos e gecircneros digitais

Para fundamentar este capiacutetulo tomamos por base os estudos de Soares (2003 2004

2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001 2008)

e Bakhtin (1999) Tambeacutem nos fundamentamos nos documentos oficiais que norteiam o ensino

da Liacutengua Portuguesa tais como os Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN terceiro e

quarto ciclos do Ensino Fundamental (BRASIL 1998) e o Curriacuteculo Baacutesico Comum ndash CBC

Liacutengua Portuguesa ndash Fundamental ndash 6ordm ao 9ordm anos implantado pela Secretaria de Estado de

Educaccedilatildeo de Minas Gerais (MINAS GERAIS 2014) Esses documentos apresentam conteuacutedos

elaborados com base no desenvolvimento das competecircncias linguiacutesticas dos alunos numa

perspectiva interacionista da linguagem

11 Concepccedilatildeo de linguagem

Para dar iniacutecio agrave discussatildeo sobre linguagem eacute preciso diferenciar o que eacute liacutengua e

linguagem Segundo Marcuschi (2008 p 16) ldquo[] a linguagem eacute vista como um conjunto de

atividades e uma forma de accedilatildeo []rdquo entendida como a capacidade que os seres humanos tecircm

de comunicaccedilatildeo de produccedilatildeo e desenvolvimento do pensamento Jaacute a liacutengua eacute um sistema

organizado de elementos (fala siacutembolos sons e gestos) que possibilitam a comunicaccedilatildeo e eacute

principalmente uma atividade sociointerativa como esclarece o autor ldquo[] natildeo se deixa de

admitir que a liacutengua seja um sistema simboacutelico (ela eacute sistemaacutetica e constitui-se de um conjunto

20

de siacutembolos ordenados) contudo ela eacute tomada como uma atividade sociointerativa

desenvolvida em contextos comunicativos historicamente situadosrdquo (MARCUSCHI 2008 p

61)

Outro aspecto pertinente conforme Petter7 e que se tornou forma-padratildeo de pensar eacute

o fato de que as liacutenguas surgem em sociedade e todas as organizaccedilotildees sociais desenvolvem

sistemas com esse fim Elas podem manifestar-se de forma oral ou gestual como por exemplo

a Liacutengua Brasileira de Sinais (Libras) reconhecida legalmente por meio da Lei nordm

10436200278 e regulamentada pelo Decreto nordm 562620059 Assim no Brasil temos duas

liacutenguas oficiais ndash A Liacutengua Portuguesa e a Libras aleacutem de mais de duzentas liacutenguas faladas em

territoacuterio nacional

De acordo com o Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL10) calcula-se

que mais de 250 liacutenguas sejam faladas no Brasil entre indiacutegenas de imigraccedilatildeo de sinais

crioulas e afro-brasileiras aleacutem do portuguecircs e de suas variedades como satildeo classificadas pelo

Guia de Pesquisa e Documentaccedilatildeo para o INDL11 (IPHAN 2014) Percebemos que esses fatos

satildeo desconhecidos pela maioria da populaccedilatildeo brasileira que acostumou a crer que no Brasil

existe uma uacutenica liacutengua

Apesar de a Liacutengua Portuguesa ser a liacutengua oficial e falada pela maioria das pessoas em

nosso paiacutes ldquo[] existe a possibilidade de realizaccedilatildeo de accedilotildees especiacuteficas para promoccedilatildeo e

valorizaccedilatildeo de suas variedades internas que caracterizam identidades de grupos e processos

histoacutericos especiacuteficos de interesse para a poliacutetica patrimonialrdquo (IPHAN 2014 p 14) Dessa

forma o reconhecimento dessas liacutenguas eacute traduzido como respeito agrave diversidade linguiacutestica agrave

identidade e agrave memoacuteria desses grupos que desejam preservar a liacutengua com a qual se identificam

Com isso compreendemos que a linguagem eacute uma atividade humana e apresenta-se

como forma de accedilatildeo e inserccedilatildeo social cultural e discursiva bem como se realiza historicamente

7 Margarida Maria Taddoni Petter professora de Linguiacutestica da Universidade de Satildeo Paulo (USP) Disponiacutevel em

lthttpsnovaescolaorgbrconteudo257qual-a-diferenca-entre-lingua-e-linguagemgt Acesso em 30 jan 2017

8 Lei nordm 1043620027 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002L10436htmgt Acesso

em 30 jan 2017

9 Decreto nordm 56262005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2004-

20062005decretod5626htmgt Acesso em 30 jan 2017

10 Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL) criado como instrumento oficial de identificaccedilatildeo

documentaccedilatildeo reconhecimento e valorizaccedilatildeo das liacutenguas faladas pelos diferentes grupos formadores da sociedade

brasileira Decreto nordm 7387 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-

20102010DecretoD7387htmgt Acesso em 30 jan 2017

11 Guia de Pesquisa e Documentaccedilatildeo para o INDL ndash Volume 1 pdf Disponiacutevel em lt

httpportaliphangovbruploadsckfinderarquivosGuia20de20Pesquisa20e20DocumentaC3A7

C3A3o20para20o20INDL20-20Volume201pdfgt Acesso em 30 jan 2017

21

fazendo acontecer o que haacute de mais interessante no ser humano a capacidade de comunicar-se

pois eacute parte inerente agrave nossa vida jaacute que eacute pela linguagem que expressamos

compreensivelmente o pensamento seja oral ou escrito

Entretanto entendemos o sistema linguiacutestico como algo complexo pois natildeo eacute possiacutevel

dizer como uma pessoa adquire a linguagem como funciona a mente do ser humano uma vez

que se natildeo se compreende o que se lecirc ou o que se fala natildeo seraacute estabelecida a comunicaccedilatildeo

Sabemos que para estabelecer comunicaccedilatildeo eacute necessaacuterio que haja uma relaccedilatildeo de sentido entre

os interlocutores no curso da interaccedilatildeo e para que isso ocorra eacute necessaacuterio conhecer os sistemas

de linguagem verbal e natildeo-verbal e suas interaccedilotildees sociais e discursivas

Assim acrescenta Bakhtin (1999 p 34) ao dizer que ldquoa consciecircncia soacute se torna

consciecircncia quando se impregna de conteuacutedo ideoloacutegico (semioacutetico) e consequentemente

somente no processo de interaccedilatildeo socialrdquo Eacute no meio social e nas relaccedilotildees de interaccedilatildeo que a

linguagem acontece conforme define o autor

A consciecircncia adquire forma e existecircncia nos signos criados por um grupo organizado

no curso de suas relaccedilotildees sociais Os signos satildeo o alimento da consciecircncia individual

a mateacuteria de seu desenvolvimento e ela reflete sua loacutegica e suas leis A loacutegica da

consciecircncia eacute loacutegica da comunicaccedilatildeo ideoloacutegica da interaccedilatildeo semioacutetica de um grupo

social Se privarmos a consciecircncia de seu contexto semioacutetico e ideoloacutegico natildeo sobra

nada A imagem a palavra o gesto significante etc constituem seu uacutenico abrigo

Fora desse material haacute apenas o ato fisioloacutegico natildeo esclarecido pela consciecircncia

desprovido do sentido que os signos lhe conferem (BAKHTIN 1999 p 135-136)

Com base nisso percebemos que uma das especificidades da linguagem humana eacute a

utilizaccedilatildeo da palavra que eacute universal convencional e flexiacutevel passiacutevel de variaccedilatildeo mudanccedila e

evoluccedilatildeo Eacute pela palavra que se estabelecem relaccedilotildees sociais e discursivas Eacute pela palavra que

se daacute a compreensatildeo e a interpretaccedilatildeo sem negar outras formas de comunicaccedilatildeo

Levando em conta as relaccedilotildees de interaccedilatildeo social e discursiva Bakhtin (1999) enfatiza

a importacircncia da interaccedilatildeo e da cultura histoacuterico-social para a constituiccedilatildeo dos sentidos pelos

indiviacuteduos

Nessa perspectiva a concepccedilatildeo de ensino de Liacutengua Portuguesa adotada nesta pesquisa

estaacute de acordo com o conceito de linguagem que daacute conta de seu funcionamento sob o aspecto

textual-interativo tanto na modalidade oral quanto escrita e com a liacutengua como um conjunto

de praacuteticas enunciativas Para Bakhtin

[a] verdadeira substacircncia da liacutengua natildeo eacute constituiacuteda por um sistema abstrato de

formas linguiacutesticas nem pela enunciaccedilatildeo monoloacutegica isolada nem pelo ato

psicofisioloacutegico de sua produccedilatildeo mas pelo fenocircmeno social da interaccedilatildeo verbal

realizada atraveacutes da enunciaccedilatildeo ou das enunciaccedilotildees A interaccedilatildeo verbal constitui

assim a realidade fundamental da liacutengua (BAKHTIN 1999 p123)

22

A abordagem citada evidencia a concepccedilatildeo de que a ldquo[] liacutengua vive e evolui

historicamente na comunicaccedilatildeo verbal concreta natildeo no sistema linguiacutestico abstrato das formas

da liacutengua (BAKHTIN 1999 p 124) Marcuschi (2008 p 60) corrobora esse conceito expondo

que ldquo[] a liacutengua eacute um conjunto de praacuteticas sociais e cognitivas historicamente situadasrdquo

Sabemos que entre o final do seacuteculo XIX e meados do seacuteculo XX a liacutengua era vista

sob uma perspectiva abstrata e a gramaacutetica sob uma perspectiva idealizada e uniforme

contribuindo assim para a discriminaccedilatildeo linguiacutestica jaacute que essa concepccedilatildeo de liacutengua abstrata

natildeo consegue atender agraves condiccedilotildees de produccedilatildeo e uso social da linguagem vivenciada por todos

os usuaacuterios da Liacutengua Portuguesa

Hoje seacuteculo XXI pretende-se que o ensino de Liacutengua Portuguesa apoie-se na

perspectiva contextualizada Isso implica promover oportunidades de fala de escuta de

reflexatildeo de debate e de anaacutelise sobre a linguagem como atividade social e interativa Embora

essa discussatildeo tenha se iniciado no seacuteculo XX com a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares

Nacionais ndash PCN em 1998 ainda encontramos praacuteticas de ensino descontextualizadas que natildeo

levam em consideraccedilatildeo os aspectos da interaccedilatildeo e da linguagem como atividade social Dessa

forma eacute necessaacuterio que se promovam atividades diaacuterias de leitura e escrita de textos o que

necessariamente inclui gramaacutetica Nesse sentido Antunes acrescenta que

[] a evidecircncia de que as liacutenguas soacute existem para promover a interaccedilatildeo entre as

pessoas nos leva a admitir que somente uma concepccedilatildeo interacionista da linguagem

eminentemente funcional e contextualizada pode de forma ampla e legiacutetima

fundamentar um ensino de liacutengua que seja individual e socialmente produtivo e

relevante (ANTUNES 2003 p 41)

Com base no exposto consideramos a liacutengua como forma de accedilatildeo e de interaccedilatildeo entre

os homens na sociedade que consiste natildeo soacute num intercacircmbio comunicativo mas

principalmente no estabelecimento de trocas afetivas cognitivas e sociais Assim o papel da

escola justifica-se por um ensino sistematizado e por sua socializaccedilatildeo mediante a comunicaccedilatildeo

e as interaccedilotildees adequadas voltadas para o desenvolvimento da autonomia e para a construccedilatildeo

da cidadania dos seus alunos

Dessa forma o enfoque do ensino de Liacutengua Portuguesa seraacute o desenvolvimento de

atividades contextualizadas e significativas que favoreccedilam o atendimento agrave realidade vivencial

dos alunos ao desenvolvimento da praacutetica de leitura e escrita promovendo sempre e cada vez

mais o domiacutenio da liacutengua padratildeo objeto de trabalho da construccedilatildeo linguiacutestica na escola sem

discriminar a variedade linguiacutestica usada pelo aluno Isso natildeo quer dizer que natildeo se devem

23

explorar os aspectos formais do uso da liacutengua De acordo com Antunes (2003) toda liacutengua tem

uma gramaacutetica que reflete os usos da liacutengua Assim o trabalho com a gramaacutetica parte do

princiacutepio do uso e do funcionamento de uma liacutengua Ainda de acordo com Antunes

[a]s pessoas quando falam natildeo tecircm liberdade total de inventar cada uma a seu modo

as palavras que dizem nem tecircm a liberdade irrestrita de colocaacute-las em qualquer lugar

nem de compor de qualquer jeito seus enunciados Falam isso sim todas elas

conforme as regras particulares da gramaacutetica de sua proacutepria liacutengua Isso porque toda

liacutengua tem sua gramaacutetica tem seu conjunto de regras independentemente do prestiacutegio

social ou do niacutevel de desenvolvimento econocircmico e cultural da comunidade em que eacute

falada Quer dizer natildeo existe liacutengua sem gramaacutetica (ANTUNES 2003 p 89)

Nesse sentido entende-se que crianccedilas jovens e adultos falam e se comunicam com

clareza de ideias utilizando a gramaacutetica internalizada que foi construiacuteda ao longo de sua

existecircncia nas diversas praacuteticas enunciativas Mesmo aqueles que nunca tiveram contato com a

escola comunicam-se de forma satisfatoacuteria pois a linguagem natildeo eacute uma atividade meramente

escolar A linguagem eacute uma atividade social e interativa

Dessa maneira destacamos com base nos Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN

(BRASIL 1998) e no Curriacuteculo Baacutesico Comum do Ensino Fundamental ndash CBCEF (SEEMG

2004 2014) que os objetivos do Ensino Fundamental partem do princiacutepio de um ensino de

Liacutengua Portuguesa que se baseia na concepccedilatildeo de linguagem como forma de accedilatildeo como praacutetica

social lugar de interaccedilatildeo e de natureza discursiva Esses documentos observam a variedade

linguiacutestica como a variedade das formas em uso ou seja o objeto de estudo eacute a liacutengua em uso

Isso natildeo quer dizer como mencionado que natildeo se devem explorar os aspectos formais do uso

da liacutengua mas o que se propotildee sobretudo eacute uma reformulaccedilatildeo nas praacuteticas pedagoacutegicas

assumindo uma nova postura e reflexatildeo quanto ao ensino da gramaacutetica para que os alunos

compreendam a funcionalidade dessa gramaacutetica na construccedilatildeo de discursos orais e escritos e

usem adequadamente a liacutengua para falar ouvir ler e escrever textos de forma autocircnoma Nessa

perspectiva segundo os Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN

[] a linguagem como atividade discursiva o texto como unidade de ensino e a noccedilatildeo

de gramaacutetica como relativa ao conhecimento que o falante tem de sua linguagem as

atividades curriculares em Liacutengua Portuguesa correspondem principalmente a

atividades discursivas uma praacutetica constante de escuta de textos orais e leitura de

textos escritos e de produccedilatildeo de textos orais e escritos que devem permitir por meio

da anaacutelise e reflexatildeo sobre os muacuteltiplos aspectos envolvidos a expansatildeo e construccedilatildeo

de instrumentos que permitam ao aluno progressivamente ampliar sua competecircncia

discursiva (BRASIL 1998 p 27)

Observamos que a formaccedilatildeo do aluno na condiccedilatildeo de ser social concretiza-se por meio

do uso da Linguagem dentro das variedades do discurso atribuindo-lhe capacidade de eficaz

24

exerciacutecio da cidadania no seu contexto social e domiacutenio da expressatildeo oral e escrita em situaccedilotildees

diversificadas Eacute necessaacuterio que o professor trabalhe assuntos de maneira contextualizada que

estimulem os alunos a participarem a questionarem a opinarem e a refletirem sobre os usos da

liacutengua

Por isso os princiacutepios organizadores dos conteuacutedos de Liacutengua Portuguesa adotam o

movimento USO gt RFLEXAtildeO gt USO e promovem de acordo com os Paracircmetros Curriculares

Nacionais ndash PCN terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental ldquoum movimento

metodoloacutegico de ACcedilAtildeO gt REFLEXAtildeO gt ACcedilAtildeO que incorpora a reflexatildeo agraves atividades

linguiacutesticas do aluno de tal forma que venha a ampliar sua competecircncia discursiva para praacuteticas

de escuta leitura e produccedilatildeo de textosrdquo (BRASIL 1998 p 65)

12 Alfabetizaccedilatildeo e letramento

Para contribuir com a ampliaccedilatildeo da competecircncia discursiva nas praacuteticas de escuta

leitura e produccedilatildeo de textos propostas pelos PCN eacute necessaacuterio discutir sobre os processos de

aprendizagem apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita Na busca de respostas para compreender

esses processos eacute preciso ressaltar as contribuiccedilotildees de Magda Soares (1986 2003 2004 2014)

sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento

Por muito tempo circulou no ambiente escolar apenas o conceito de analfabeto termo

utilizado para definir aquele que natildeo sabe ler e escrever No entanto Soares (2014) amplia o

entendimento sobre essa condiccedilatildeo do indiviacuteduo expressando-se nos seguintes termos

ldquoO estado ou condiccedilatildeo de analfabetordquo que natildeo eacute apenas o estado ou condiccedilatildeo de quem

natildeo dispotildee da ldquotecnologiardquo do ler e do escrever o analfabeto eacute aquele que natildeo pode

exercer em toda a sua plenitude os seus direitos de cidadatildeo eacute aquele que a sociedade

marginaliza eacute aquele que natildeo tem acesso aos bens culturais de sociedades letradas e

mais que isso grafocecircntricas porque conhecemos bem e haacute muito esse estado de

analfabeto sempre nos foi necessaacuteria uma palavra para designaacute-lo a conhecida e

corrente analfabetismo (SOARES 2014 p 20)

Com base no exposto percebemos que o analfabetismo eacute um problema relevante da

nossa sociedade pois exclui o indiviacuteduo de vaacuterias atividades necessaacuterias agrave praacutetica social da

cidadania Do mesmo modo na escola essa exclusatildeo ainda eacute pior pois os alunos que natildeo

aprendem a ler ainda nos primeiros anos escolares enfrentam a discriminaccedilatildeo o bullying a

indiferenccedila e o consequente fracasso escolar

Cumpre salientar que o insucesso dos alunos ainda eacute visto como fator pessoal ou cultural

por muitos profissionais da educaccedilatildeo e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo sem se preocuparem com a

25

falta de poliacuteticas puacuteblicas que atendam agraves reais necessidades da populaccedilatildeo menos privilegiada

e que expotildee as crianccedilas jovens e adultos a condiccedilotildees sociais desfavoraacuteveis Sobre o fracasso

escolar Soares (1986) afirma que soacute pode ser compreendido em uma perspectiva social e criacutetica

agraves ideologias que o atribuem ao aluno

Corroborando a concepccedilatildeo de liacutengua em perspectiva contextualizada entendemos que

o conhecimento e a aprendizagem do sistema de escrita do domiacutenio da leitura e da escrita ou

seja da alfabetizaccedilatildeo eacute uma praacutetica escolar sendo necessaacuterio que a escola crie situaccedilotildees nas

quais essa praacutetica aconteccedila em sala de aula de forma efetiva e sistematizada De acordo com

Soares

[] diante dos precaacuterios resultados que vecircm sendo obtidos entre noacutes na

aprendizagem inicial da liacutengua escrita com seacuterios reflexos ao longo de todo ensino

fundamental parece ser necessaacuterio rever os quadros referenciais e os processos de

ensino que tecircm predominado em nossas salas de aula [] (SOARES 2004 p 15)

Assim devem-se articular conhecimentos e teorias metodoloacutegicas fundamentadas na

ciecircncia a fim de favorecer a aprendizagem e o processo de alfabetizaccedilatildeo com o

desenvolvimento de habilidades e competecircncias de leitura e de escrita envolvendo o letramento

como praacutetica social

No Brasil de acordo com Soares (2004 p14) os conceitos de alfabetizaccedilatildeo e

letramento confundem-se embora esclareccedila que ldquo[] natildeo satildeo independentes mas processos

interdependentes indissociaacuteveis a alfabetizaccedilatildeo desenvolve-se no contexto de e por meio de

praacuteticas sociais de leitura e de escrita isto eacute atraveacutes de atividades de letramento []rdquo Poreacutem

a falta de entendimento e a inadequada fusatildeo desses processos tecircm levado a alfabetizaccedilatildeo a

certo apagamento pois a escola deixou de desenvolver as habilidades de aprendizagem do

sistema de escrita e passou a dar mais ecircnfase agraves praacuteticas sociais de leitura e escrita ndash letramento

Segundo Soares (2004) esse apagamento eacute um dos motivos do fracasso em

alfabetizaccedilatildeo inicial que hoje se verifica nas escolas brasileiras conforme exposto acima

Desse modo compreendemos que eacute necessaacuterio reconhecer as especificidades da alfabetizaccedilatildeo

e do letramento jaacute que a accedilatildeo de saber ler e escrever caminha em direccedilatildeo ao ser capaz de fazer

uso da leitura e da escrita Atualmente percebemos que os dois processos satildeo simultacircneos um

natildeo precede o outro e natildeo haacute possibilidade de escolha sobre qual eacute mais importante visto que

compreendemos que ambos satildeo indispensaacuteveis

Sobre a alfabetizaccedilatildeo e o letramento Soares (2004 p 15) esclarece que embora sejam

interdependentes ldquo[] satildeo processos de natureza fundamentalmente diferentes envolvendo

conhecimentos habilidades e competecircncias especiacuteficos que implicam novas formas de

26

aprendizagem diferenciadas e consequentemente procedimentos diferenciados de ensinordquo

Nesse sentido segundo Soares (2004) os dois processos satildeo complexos e multifacetados

tornando-se necessaacuterio analisar as especificidades de cada processo

As facetas da alfabetizaccedilatildeo envolvem a consciecircncia fonoloacutegica e fonecircmica as

habilidades de codificaccedilatildeo (escrita) e decodificaccedilatildeo (leitura) da liacutengua e o conhecimento e

reconhecimento dos processos de traduccedilatildeo da forma sonora da fala para a forma graacutefica da

escrita

Jaacute as facetas do letramento inserem as crianccedilas na cultura escrita participando de

experiecircncias variadas com a leitura e a escrita conhecendo e interagindo com diferentes tipos

e gecircneros de material escrito que satildeo propriamente da alfabetizaccedilatildeo Portanto Soares (2004)

ressalta que eacute necessaacuterio promover a integraccedilatildeo entre essas duas dimensotildees da aprendizagem

da liacutengua escrita de tal maneira que o letramento entatildeo possa ser entendido como a capacidade

de saber ler e escrever com proficiecircncia sabendo utilizar a leitura e a escrita (alfabetizaccedilatildeo) na

vida moderna como praacutetica social

Com base no exposto eacute necessaacuterio aprofundar a concepccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo e

letramento visto que satildeo processos importantes da leitura e da escrita na escola e na sociedade

121 O processo de alfabetizaccedilatildeo

De acordo com Soares (2014 p 31) ldquoalfabetizaccedilatildeo eacute a accedilatildeo de alfabetizar de tornar

alfabetordquo Alfabetizar eacute tornar o indiviacuteduo capaz de dominar o alfabeto ou seja capaz de ler e

escrever Dessa forma conceituar alfabetizaccedilatildeo parece faacutecil pois eacute um termo de uso comum e

familiar poreacutem apesar de tantas discussotildees e reflexotildees a seu respeito ainda encontramos

muitos problemas de alfabetizaccedilatildeo e do seu entendimento no contexto escolar

Sabemos que o mundo mudou e alguns conceitos e algumas exigecircncias sociais tambeacutem

acompanharam essas mudanccedilas Segundo Soares (2004) o conceito de alfabetizaccedilatildeo passou

por uma progressiva extensatildeo Na deacutecada de 40 o senso demograacutefico declarava que era

alfabetizada a pessoa que soubesse escrever o proacuteprio nome depois como aquela capaz de ler

e escrever um bilhete simples jaacute dando indiacutecios de uma praacutetica de letramento embora simples

Desde a deacutecada de 50 ateacute o momento atual estabeleceu-se uma relaccedilatildeo entre alfabetizaccedilatildeo e

anos de escolarizaccedilatildeo Nesse sentido caracteriza-se o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo funcional da

populaccedilatildeo a partir da capacidade que uma pessoa demonstra ao compreender textos simples

Dessa forma as pessoas alfabetizadas satildeo aquelas capazes de decodificar minimamente as

letras geralmente frases sentenccedilas textos curtos e os nuacutemeros Assim para o senso

27

demograacutefico fica impliacutecito que apoacutes alguns anos escolares a pessoa teraacute adquirido tais

habilidades

Hoje a discussatildeo sobre alfabetizaccedilatildeo estaacute automaticamente ligada ao conceito de

letramento Esses termos estatildeo presentes em nosso discurso e na maioria das vezes satildeo

interpretados como se fossem processos iguais mas sabemos que natildeo e tambeacutem entendemos

que isso natildeo ocorre de forma intencional Por isso Soares (2004) alerta para essa reflexatildeo e

discussatildeo pois o letramento posto nas relaccedilotildees entre as praacuteticas sociais de leitura e de escrita

em detrimento das capacidades de ler e escrever tem levado ao apagamento da alfabetizaccedilatildeo

Nessa perspectiva

A alfabetizaccedilatildeo como processo de aquisiccedilatildeo do sistema convencional de uma escrita

alfabeacutetica e ortograacutefica foi assim de certa forma obscurecida pelo letramento porque

este acabou por frequentemente prevalecer sobre aquela que como consequecircncia

perde sua especificidade (SOARES 2004 p 11)

Com base nisso compreendemos que eacute importante considerar a especificidade da

alfabetizaccedilatildeo pois garante o domiacutenio e a construccedilatildeo de competecircncias e habilidades em leitura

e escrita Poreacutem Soares (2004) adverte que isso natildeo quer dizer que devemos dissociar a

alfabetizaccedilatildeo do processo de letramento Como abordado anteriormente a alfabetizaccedilatildeo e o

letramento satildeo processos interdependentes e indissociaacuteveis

1211 As multifacetas da alfabetizaccedilatildeo

Observamos que questotildees sobre a alfabetizaccedilatildeo e acerca da importacircncia do

conhecimento linguiacutestico para auxiliar e intervir nas situaccedilotildees de ensino-aprendizagem da

leitura e da escrita nos primeiros anos escolares tecircm sido imprescindiacuteveis no contexto escolar

Por isso haacute a necessidade de se reconhecer a especificidade da alfabetizaccedilatildeo entendida como

processo de aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita

Como a alfabetizaccedilatildeo eacute um processo multifacetado Soares (2004) aponta as principais

facetas da alfabetizaccedilatildeo psicoloacutegica psicolinguiacutestica linguiacutestica e sociolinguiacutestica

Soares (2004) acrescenta que vaacuterias causas podem influenciar sobre a perda da

escpecificidade do processo de alfabetizaccedilatildeo como de natureza pedagoacutegica o sistema de

28

ciclos12 e a progressatildeo continuada13 que segundo a autora apresentam pontos positivos mas

tecircm sofrido uma diluiccedilatildeo ou uma pretericcedilatildeo de metas e objetivos

E assim como Soares (2004) natildeo iremos nos deter no aprofundamento das relaccedilotildees entre

esses dois aspectos porque a causa dos problemas em aprendizagem inicial de escrita satildeo mais

complexos como veremos a seguir Aleacutem dessas facetas eacute preciso levar em consideraccedilatildeo as

implicaccedilotildees do processo de alfabetizaccedilatildeo e seus condicionantes para a aprendizagem da liacutengua

escrita como fatores sociais econocircmicos poliacuteticos culturais e regionais

12111 Faceta psicoloacutegica

Sabemos que a Psicologia eacute a ciecircncia que trata dos estados e processos mentais do

comportamento do ser humano e de suas interaccedilotildees com um ambiente fiacutesico e social Desse

modo no campo da linguagem e da aprendizagem a faceta psicoloacutegica aborda como os fatores

psicoloacutegicos bioloacutegicos e sociais interferem no desenvolvimento da aprendizagem humana

Eacute notoacuterio destacar que assim como haacute muitos meacutetodos de ensino tambeacutem haacute muitas

teorias de aquisiccedilatildeo da aprendizagem que de uma forma geral podem ser agrupadas em teorias

do condicionamento e teorias cognitivistas Vygotsky elucidou as relaccedilotildees entre aprendizagem

e desenvolvimento cognitivo e Piaget explicou e trabalhou com investigaccedilotildees sobre os

mecanismos que explicam a evoluccedilatildeo do desenvolvimento cognitivo Assim abordaremos o

Interacionismo Soacutecio-histoacuterico de Vygotsky e o Interacionismo Construtivista de Piaget

O Interacionismo formulado por Vygotsky apoia-se na perspectiva sociocultural

segundo a qual o desenvolvimento do comportamento humano e da linguagem humana se daacute

12 Organizaccedilatildeo escolar de acordo com a RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 na qual

o Ensino Fundamental com duraccedilatildeo de nove anos estrutura-se em 4 (quatro) ciclos de escolaridade considerados

como blocos pedagoacutegicos sequenciais I - Ciclo da Alfabetizaccedilatildeo com a duraccedilatildeo de 3 (trecircs) anos de escolaridade

1ordm 2ordm e 3ordm ano II - Ciclo Complementar com a duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 4ordm e 5ordm ano III - Ciclo

Intermediaacuterio com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 6ordm e 7ordm ano IV - Ciclo da Consolidaccedilatildeo com duraccedilatildeo

de 2 (dois) anos de escolaridade 8ordm e 9ordm ano Disponiacutevel em

httpcrveducacaomggovbrsistema_crvbanco_objetos_crv7BD79D0911-31B5-44F6-908F-

98F77FEFE6217D_RESOLUC387C383O20SEE20NC2BA202164pdf Acesso em 01 abril

2018

13 A progressatildeo continuada estaacute prevista na RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 e

dispotildee sobre a avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos alunos A progressatildeo continuada com aprendizagem e sem

interrupccedilatildeo nos Ciclos da Alfabetizaccedilatildeo e Complementar estaacute vinculada agrave avaliaccedilatildeo contiacutenua e processual que

permite ao professor acompanhar o desenvolvimento e detectar as dificuldades de aprendizagem apresentadas pelo

aluno no momento em que elas surgem intervindo de imediato com estrateacutegias adequadas para garantir as

aprendizagens baacutesicas Disponiacutevel emlt

httpcrveducacaomggovbrsistema_crvbanco_objetos_crv7BD79D0911-31B5-44F6-908F-

98F77FEFE6217D_RESOLUC387C383O20SEE20NC2BA202164pdfgt Acesso em 01

abril 2018

29

pela interaccedilatildeo com o meio com a vida social e cultural Assim de acordo com Bock (1999)

Vygotsky criou uma teoria psicoloacutegica que estuda o homem seu mundo psiacutequico e sua

capacidade de vida social Dessa forma os princiacutepios baacutesicos dessa teoria satildeo a compreensatildeo

das funccedilotildees superiores do homem em relaccedilatildeo aos animais pelo fato de o homem ter vida social

e cultural por suas funccedilotildees superiores natildeo poderem ser vistas apenas sob a perspectiva da

maturaccedilatildeo de um organismo e sim por seu potencial e capacidades de aprendizagem pela

linguagem e pensamento serem intriacutensecos e terem origem social e pela cultura como parte

integrante do desenvolvimento humano jaacute que participamos de praacuteticas sociais historicamente

constituiacutedas

Desse modo a concepccedilatildeo de homem da Psicologia Soacutecio-histoacuterica segundo Bock

(1999 p 89) pode ser assim sintetizada ldquo[] o homem eacute um ser ativo social e histoacuterico Eacute

essa sua condiccedilatildeo humana O homem constroacutei sua existecircncia a partir de uma accedilatildeo sobre a

realidade que tem por objetivo satisfazer suas necessidadesrdquo Nesse sentido eacute a partir das

interaccedilotildees e das atividades (trabalho) das quais os indiviacuteduos participam em seu meio social e

cultural que vai sendo construiacuteda a aprendizagem Eacute nas experiecircncias e nas relaccedilotildees de trabalho

que o homem se torna ativo e social

Com base no exposto a construccedilatildeo da aprendizagem e seu desenvolvimento estatildeo

intrinsecamente ligados agrave linguagem e ao pensamento Por isso estatildeo inter-relacionados desde

o primeiro dia de vida da crianccedila

A respeito da construccedilatildeo da aprendizagem na escola Vygotsky apresenta sob a

perspectiva do potencial e da capacidade de aprendizagem das crianccedilas a zona de

desenvolvimento proximal e a preacute-histoacuteria da linguagem escrita

Entendemos que o aprendizado e o desenvolvimento das crianccedilas iniciam muito antes

de elas comeccedilarem a frequentar a escola pois jaacute vivenciaram diversas situaccedilotildees de

aprendizagem no seu cotidiano familiar e social Dessa forma a zona de desenvolvimento

proximal foi formulada por Vygotsky e representa

[] a distacircncia entre o niacutevel de desenvolvimento real que se costuma determinar

atraveacutes da soluccedilatildeo independente de problemas e o niacutevel de desenvolvimento

potencial determinado atraveacutes da soluccedilatildeo de problemas sob a orientaccedilatildeo de um adulto

ou em colaboraccedilatildeo com companheiros mais capazes (VYGOTSKY 1991 p 58)

Assim precisamos levar em consideraccedilatildeo os aspectos que na zona de desenvolvimento

proximal satildeo definidos como aqueles que ainda natildeo amadureceram mas que estatildeo em processo

de maturaccedilatildeo Dessa maneira por meio de um diagnoacutestico podemos delinear o

desenvolvimento real da aprendizagem que a crianccedila jaacute trouxe de experiecircncias adquiridas e

30

tambeacutem delinear e planejar a praacutetica docente para que a crianccedila tenha acesso tanto ao que jaacute

foi atingido quanto ao que estaacute em processo de maturaccedilatildeo

Segundo Vygotsky ldquoo niacutevel de desenvolvimento real caracteriza o desenvolvimento

mental retrospectivamente enquanto a zona de desenvolvimento proximal caracteriza o

desenvolvimento mental prospectivamenterdquo (VYGOTSKY 1991 p 58) Logo do real para o

proximal estamos em processos contiacutenuos de aprendizagem e de desenvolvimento

Outro ponto que podemos destacar de acordo com Vygotsky eacute a preacute-histoacuteria da

linguagem escrita

Ateacute agora a escrita ocupou um lugar muito estreito na praacutetica escolar em relaccedilatildeo ao

papel fundamental que ela desempenha no desenvolvimento cultural da crianccedila

Ensina-se as crianccedilas a desenhar letras e construir palavras com elas mas natildeo se

ensina a linguagem escrita Enfatiza-se de tal forma a mecacircnica de ler o que estaacute

escrito que se acaba obscurecendo a linguagem escrita como tal (VYGOTSKY 1991

p 70)

De fato a escrita na praacutetica escolar por vezes assume o caraacuteter mecacircnico e a escola

preocupa-se apenas com a atividade motora mais como treino do que com a proacutepria

significaccedilatildeo Ancorados em Vygotsky (1991) salientamos a necessidade de se dar atenccedilatildeo

especial agrave linguagem escrita vista como um sistema particular de siacutembolos e signos ldquoisso

significa que a linguagem escrita eacute constituiacuteda por um sistema de signos que designam os sons

e as palavras da linguagem falada os quais por sua vez satildeo signos das relaccedilotildees e entidades

reaisrdquo (VYGOTSKY 1991 p 70) Assim o desenvolvimento da linguagem escrita nas crianccedilas

se daacute pelo deslocamento do desenho das coisas para o desenho das palavras Dessa maneira o

domiacutenio desse sistema complexo precisa ser trabalhado na perspectiva da semacircntica e do

letramento como praacutetica social

Por isso consideramos desejaacutevel que as crianccedilas entrem para a escola tendo

reconhecidas as capacidades de ler e de escrever mas para isso o ensino tem que ser organizado

de forma que a leitura e a escrita se tornem necessaacuterias e com isso a escrita passe a ser ensinada

como uma atividade cultural complexa e natildeo apenas como uma habilidade motora a ser

desenvolvida

Jaacute a Psicologia do desenvolvimento a partir do Interacionismo Construtivista de Piaget

estuda o ser humano em todos os seus aspectos fiacutesico-motor (refere-se ao crescimento

orgacircnico) intelectual (capacidade de pensamento raciociacutenio) afetivo-emocional (modo

particular de o indiviacuteduo integrar as suas experiecircncias) e social (maneira como o indiviacuteduo

reage diante de situaccedilotildees que envolvem outras pessoas) isso em todas as fases da sua vida

31

Assim o desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental que se caracteriza

pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais e pelo crescimento orgacircnico

De acordo com Bock (1999) os estudos de Piaget demonstraram que existem maneiras

de perceber e de se comportar proacuteprios de cada faixa etaacuteria e estudar o desenvolvimento

humano significa conhecer as caracteriacutesticas de cada fase para entender suas individualidades

e assim ensinar o quecirc e como Sabendo que as teorias do desenvolvimento humano partem do

princiacutepio de que esses quatro aspectos satildeo indissociaacuteveis mas que o desenvolvimento global

pode ser estudado em apenas um desses aspectos Piaget evidencia o estudo do

desenvolvimento intelectual

Dessa forma as teorias do desenvolvimento humano de Jean Piaget segundo Bock

(1999) dividem-se em periacuteodos de acordo com o desenvolvimento de novas qualidades do

pensamento que acabam por interferir no desenvolvimento global Assim como podemos

observar no Quadro 01 a seguir os periacuteodos satildeo definidos como Sensoacuterio-motor Preacute-

operatoacuterio Operaccedilotildees concretas e Operaccedilotildees formais

Quadro 01 ndash Teorias do Desenvolvimento Humano de Piaget

Periacuteodo Caracterizaccedilatildeo do periacuteodo

1deg periacuteodo

Sensoacuterio-motor

(0 a 2 anos)

Nessa fase a crianccedila conquista atraveacutes da percepccedilatildeo e dos movimentos todo o universo

que a cerca

2deg periacuteodo

Preacute-operatoacuterio

(2 a 7 anos)

Primeira infacircncia esse periacuteodo eacute considerado muito importante e eacute caracterizado pelo

aparecimento da linguagem que acarretaraacute modificaccedilotildees nos aspectos intelectual

afetivo e social da crianccedila

3deg periacuteodo Operaccedilotildees

concretas

(7 a 11 ou 12 anos)

A infacircncia propriamente dita esse periacuteodo eacute caracterizado pelo iniacutecio da construccedilatildeo

loacutegica Nele o egocentrismo intelectual e social eacute superado pela construccedilatildeo loacutegica ou

seja a crianccedila eacute capaz de estabelecer relaccedilotildees que permitem a coordenaccedilatildeo de pontos

de vista diferentes No plano afetivo ela eacute capaz de cooperar com os outros de trabalhar

em grupo e ainda ter autonomia pessoal No plano intelectual eacute o surgimento da

capacidade mental as operaccedilotildees ou seja a crianccedila consegue realizar uma accedilatildeo fiacutesica e

mental dirigida para esse fim aleacutem disso inicia-se a capacidade de reflexatildeo do pensar

antes de agir

4deg periacuteodo Operaccedilotildees

formais (11 ou 12 anos

em diante)

Nesse periacuteodo ocorre a passagem do pensamento concreto para o pensamento formal

abstrato ou seja o adolescente realiza as operaccedilotildees no plano das ideias Assim ele eacute

capaz de refletir espontaneamente No plano das relaccedilotildees sociais passa por um processo

de interiorizaccedilatildeo e no plano afetivo vive em conflito pois seus interesses satildeo diversos e

mutaacuteveis

Fonte Elaborado pela autora com base em Bock (1999)

Assim conforme Bock (1999) Piaget estabelece cada periacuteodo de acordo com o que os

indiviacuteduos conseguem fazer nessas faixas etaacuterias Segundo Piaget (1983) todos os indiviacuteduos

passam por esses periacuteodos nessa sequecircncia mas o iniacutecio e o teacutermino de cada um depende de

fatores bioloacutegicos educacionais e sociais por isso essa divisatildeo natildeo pode ser aplicada de forma

riacutegida mas como referecircncia de desenvolvimento dessas fases da vida Dessa maneira o autor

procurou explicar o aparecimento de inovaccedilotildees mudanccedilas e transformaccedilotildees no percurso do

32

desenvolvimento intelectual e assim o processo de aquisiccedilatildeo do conhecimento vai sendo

construiacutedo ao longo da vida e a educaccedilatildeo deve possibilitar seu pleno desenvolvimento

Para Piaget (1983) o homem eacute dotado de estruturas bioloacutegicas que ao serem herdadas

influenciam na sua maneira de interagir com o ambiente que o leva agrave construccedilatildeo de um

conjunto de significados Assim a interaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente proporcionaraacute a

organizaccedilatildeo desses significados em estruturas cognitivas

Nesse sentido durante toda a vida o indiviacuteduo passaraacute por vaacuterios modos de organizaccedilatildeo

das estruturas cognitivas pois cada etapa da vida exigiraacute diferentes formas de interaccedilatildeo com o

meio Por isso no desenvolvimento da aprendizagem escolar devemos levar em consideraccedilatildeo

os aspectos de assimilaccedilatildeo (incorpora dados da experiecircncia jaacute adquirida) e acomodaccedilatildeo

(modifica as estruturas mentais para incorporar novas experiecircncias) e assim promover a

construccedilatildeo do conhecimento por meio da participaccedilatildeo ativa no processo de aprendizagem

Segundo Bock (1999 p 128) para Piaget ldquoo desenvolvimento intelectual resulta da

construccedilatildeo de um equiliacutebrio progressivo entre assimilaccedilatildeo e acomodaccedilatildeo o que propicia o

aparecimento de novas estruturas mentais Isso eacute um processo em evoluccedilatildeordquo

Portanto compreendemos que a grande contribuiccedilatildeo dos estudos de Piaget para a

evoluccedilatildeo da aprendizagem situa-se na abordagem sobre as relaccedilotildees com o meio ambiente em

todos os estaacutegios de forma ativa Cabe ao professor de acordo com a teoria piagetiana criar

possibilidades e situaccedilotildees de aprendizagem desafiadoras a fim de promover a aprendizagem

construtiva pois o aluno eacute levado a encontrar as respostas por meio de seus proacuteprios

conhecimentos nas situaccedilotildees de aprendizagem por vezes conflituosas e de sua interaccedilatildeo com

o meio e com os outros Por essa razatildeo o aluno na concepccedilatildeo construtivista exerce um papel

ativo sobre a proacutepria aprendizagem ao ser posto em situaccedilotildees de experimentaccedilatildeo pesquisa

reflexatildeo estiacutemulo que o conduzem a construir e a reformular pensamentos e conhecimentos

12112 Faceta psicolinguiacutestica

A faceta psicolinguiacutestica estuda as relaccedilotildees que se referem ao conhecimento e ao uso de

uma liacutengua particularmente na aquisiccedilatildeo da linguagem e no desenvolvimento dos processos

psicoloacutegicos Dessa forma por meio de uma anaacutelise psicoloacutegica e educativa as teorias da

aprendizagem da escrita oferecem-nos subsiacutedios para compreender como esse processo de

ensino-aprendizagem acontece

Embora muitos confundam teorias de aprendizagem com meacutetodos de ensino Bock

(1999 p 128) esclarece que ldquoPiaget natildeo desenvolveu uma teoria do processo de ensino

aprendizagem mas formulou referecircncias claras que na deacutecada de 80 seriam utilizadas por

33

Emiacutelia Ferreiro na elaboraccedilatildeo da sua teoria sobre a aprendizagem da escritardquo A partir disso o

construtivismo eacute entendido como teoria psicoloacutegica aplicada agrave compreensatildeo em que o

conhecimento eacute construiacutedo atraveacutes de experiecircncias pois aprender eacute um processo ativo no qual

o significado eacute desenvolvido com base em experiecircncias do percurso vivenciadas pela crianccedila

Ferreiro (1985) na tentativa de compreender como a escrita funciona e pelas

experiecircncias de estudo com Piaget aconselha-nos a pensar nos processos de aprendizagem da

crianccedila ao tentar reconstruir a representaccedilatildeo do sistema alfabeacutetico natildeo como meacutetodo de ensino

mas como processo de aprendizagem Assim Ferreiro (1995) apresenta os niacuteveis de leitura e

de escrita que se apoiam em hipoacuteteses do aprendiz Essas hipoacuteteses apontam os niacuteveis ou etapas

psicogeneacuteticas no processo de alfabetizaccedilatildeo em que ldquo[] todas as tarefas supunham uma

interaccedilatildeo entre o sujeito e o objeto de conhecimento (nesse caso a escrita) sob a forma de uma

situaccedilatildeo a ser resolvidardquo (FERREIRO 1985 p 34)

Portanto Ferreiro (1985) ao planejar situaccedilotildees experimentais quis evidenciar a escrita

tal como a crianccedila vecirc a leitura tal como a crianccedila compreende e os problemas tal como ela os

propotildee para si Assim sendo a autora ressalta que a aprendizagem da escrita eacute produto de uma

construccedilatildeo ativa e que passa por etapas de estruturaccedilatildeo do conhecimento Por essa razatildeo

ldquoquando algueacutem se alfabetiza percorre uma longa trajetoacuteria a qual eacute dado o nome de

psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeordquo (GROSSI 1990 p 54) De de acordo com Ferreiro (1985) a

psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeo caracteriza-se em niacuteveis sucessivos de aprendizagem da escrita

Esses niacuteveis satildeo constituiacutedos por um conjunto de condutas determinado pela forma como a

crianccedila vivencia os problemas em um momento do processo de aprendizagem Por isso

trataremos dos niacuteveis Preacute-silaacutebico Silaacutebico e Alfabeacutetico da psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeo

121121 Niacutevel Preacute-silaacutebico

De acordo com Ferreiro

A hipoacutetese central desse niacutevel eacute a seguinte Para poder ler coisas diferentes (isto eacute

atribuir significados diferentes) deve haver uma diferenccedila objetiva nas escritas O

progresso graacutefico mais evidente eacute que a forma dos grafismos eacute mais definida mais

proacutexima agrave das letras Poreacutem o fato conceitual mais interessante eacute o seguinte segue-

se trabalhando com a hipoacutetese de que faz falta uma certa quantidade miacutenima de

grafismos para escrever algo (FEREIRO1985 p 189)

Com base no exposto no niacutevel preacute-silaacutebico de escrita a crianccedila faz experimentaccedilotildees

diversas alterna letras desenhos sinais graacuteficos Ela percebe que escrever natildeo eacute a mesma coisa

que desenhar marcas distintas representam desenho e escrita e a grafia pode ser vista como a

34

representaccedilatildeo das caracteriacutesticas do objeto que eacute representado pela extensatildeo da escrita Aleacutem

disso natildeo haacute controle na escrita eacute normal escrever ateacute se completar a linha ou a largura da

folha ou escrever todas as palavras utilizando o mesmo conjunto de caracteres e na mesma

ordem Destacamos que esse processo natildeo eacute linear e nem ocorre da mesma maneira para todas

as crianccedilas pois cada uma tem uma visatildeo diferente das representaccedilotildees sendo compreendidas

apenas por ela mesma

Nesse sentido Grossi (1990) reforccedila que no niacutevel preacute-silaacutebico os sujeitos aprendem a

ter uma visatildeo sincreacutetica dos elementos da alfabetizaccedilatildeo ou seja haacute a indiferenciaccedilatildeo em relaccedilatildeo

agrave escrita pois a crianccedila ainda natildeo compreende que a escrita representa os sons das palavras que

falamos Portanto de acordo com a autora ldquonatildeo haacute discriminaccedilatildeo das unidades linguiacutesticas e

sobretudo haacute completa ausecircncia de vinculaccedilatildeo entre a pronuacutencia das partes de uma palavra ou

de uma frase e sua escritardquo (GROSSI 1990 p 56)

121122 Niacutevel Silaacutebico

O niacutevel silaacutebico estaacute caracterizado ldquo[] pela tentativa de dar um valor sonoro a cada

uma das letras que compotildeem uma escrita Nessa tentativa a crianccedila passa por um periacuteodo da

maior importacircncia evolutiva cada letra vale por uma siacutelabardquo (FERREIRO 1985 p 193) Com

isso a autora ressalta que a crianccedila que estaacute nessa fase de construccedilatildeo da escrita daacute um salto

qualitativo em relaccedilatildeo aos niacuteveis precedentes pois ela supera a etapa de uma correspondecircncia

global entre a forma escrita e a expressatildeo oral na qual natildeo havia percepccedilatildeo entre som e letra

para uma correspondecircncia entre as partes do texto entre cada letra Assim a crianccedila percebe

os sons das siacutelabas e comeccedila a usar letras que correspondem ao som da siacutelaba agraves vezes soacute usa

vogal outras vezes consoante e vogal

Dessa forma segundo Grossi (1990) no niacutevel silaacutebico a crianccedila comeccedila a compreender

a estabilidade da escrita das palavras ou seja ela constata que uma palavra eacute escrita sempre da

mesma maneira com as mesmas letras e em uma mesma ordem

Portanto a autora afirma que a evoluccedilatildeo da aprendizagem da escrita nesse niacutevel se faz

por meio de um trabalho amplo com a escrita de muitas palavras significativas ressaltando que

a aprendizagem eacute por meio ldquo[] de um trabalho e natildeo um mero contato com escritas uma vez

que o que preside a aprendizagem eacute a accedilatildeo e natildeo a percepccedilatildeo A accedilatildeo que produz a

aprendizagem satildeo as diligecircncias para resolver os problemasrdquo (GROSSI 1990 p 13)

35

121123 Niacutevel Alfabeacutetico

No niacutevel alfabeacutetico a crianccedila compreende o processo de leitura e escrita ao perceber

unidades menores do que as siacutelabas e assim progressivamente vai estabelecendo relaccedilotildees

entre fonemas e grafemas Segundo Ferreiro

Ao chegar a este niacutevel a crianccedila jaacute franqueou a lsquobarreira do coacutedigorsquo compreendeu

que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a

siacutelaba e realiza sistematicamente uma anaacutelise sonora dos fonemas das palavras que

vai escrever (FERREIRO 1985 p 213)

Com base no exposto compreendemos que no niacutevel alfabeacutetico a crianccedila jaacute tem

conhecimento do valor sonoro convencional das letras ou seja ela consegue estabelecer um

sentido mais coerente entre leitura e escrita que ateacute entatildeo era tecircnue instaacutevel mutaacutevel Assim

esse processo de apropriaccedilatildeo do sistema de escrita acontece pelo reconhecimento da

constituiccedilatildeo alfabeacutetica de siacutelabas Contudo eacute necessaacuterio ressaltar que

[i]sto natildeo quer dizer que todas as dificuldades tenham sido superadas a partir desse

momento a crianccedila se defrontaraacute com as dificuldades proacuteprias da ortografia mas

natildeo teraacute problemas de escrita no sentido estrito Parece-nos importante fazer essa

distinccedilatildeo jaacute que amiuacutede se confundem as dificuldades ortograacuteficas com as

dificuldades de compreensatildeo do sistema de escrita (FERREIRO 1985 p 213)

Eacute necessaacuterio assim compreendermos que nessa fase significativa da aprendizagem da

leitura e da escrita a crianccedila ainda enfrenta alguns desafios em relaccedilatildeo agrave ortografia e ao leacutexico

haja vista que de acordo com Grossi (1990) ldquo[] alfabetizar-se eacute o processo longo de conseguir

expressar pela escrita aquilo que pensamos ou de compreender atraveacutes da leitura pensamentos

mais complexos de outrem expresso nos textos escritosrdquo (GROSSI 1990 p 62)

Por isso o trabalho com a ortografia eacute posterior ao da estruturaccedilatildeo do niacutevel alfabeacutetico

que ainda natildeo estaacute totalmente consolidado visto que a entrada em niacutevel de escrita natildeo significa

a superaccedilatildeo baacutesica do conflito em torno das concepccedilotildees caracteriacutesticas de cada niacutevel ou do niacutevel

anterior A aprendizagem da escrita eacute um processo no qual a crianccedila experimenta e evolui Para

que isso ocorra eacute preciso fazer da sala de aula um espaccedilo rico de materiais escritos e de

atividades significativas para que as crianccedilas sintam-se inseridas no ativo processo de

construccedilatildeo do que eacute ler e escrever

36

12113 Faceta linguiacutestica

A Linguiacutestica eacute a ciecircncia que estuda os fatos sobre a liacutengua O precursor dessa ciecircncia

foi o suiacuteccedilo Ferdinand Saussure que tinha a liacutengua como objeto de estudo bem definido e a via

como uma parte essencial da linguagem como um produto social da linguagem

Agrave vista disso a mateacuteria da linguiacutestica eacute constituiacuteda por todas as manifestaccedilotildees da

linguagem humana inclusive todas as formas de expressatildeo sendo consideradas ldquocorretasrdquo ou

natildeo Sua tarefa compreende fazer a descriccedilatildeo e a explicaccedilatildeo da histoacuteria da liacutengua sobre como

ela funciona e sobre sua investigaccedilatildeo com base no caraacuteter cientiacutefico por isso a Linguiacutestica

utiliza os conhecimentos dessa aacuterea para tentar solucionar problemas especificamente os que

se referem ao ensino de liacutenguas agrave traduccedilatildeo aos distuacuterbios de linguagem e aos problemas de

aprendizagem da liacutengua Assim sendo a aprendizagem da Liacutengua Portuguesa enfrenta muitos

desafios pois haacute a necessidade de se melhorar a aprendizagem em leitura e em escrita ou seja

ensinar a ler e a escrever com eficiecircncia

Desde o final dos anos 90 que o ensino de Liacutengua Portuguesa e o estudo dos processos

de alfabetizaccedilatildeo vecircm ganhando um consideraacutevel avanccedilo com as discussotildees e estudos sobre

esses assuntos Assim as investigaccedilotildees sobre os processos de aprendizagem que antes eram

baseados na memorizaccedilatildeo ganharam notoriedade ao se compreender que a aprendizagem eacute um

processo contiacutenuo em que o aluno precisa construir o conhecimento conceitual da escrita O

aluno precisa entender o que a escrita representa e que cada letra representa um siacutembolo de um

som da fala

Nesse sentido Lemle (1991) ressalta que para uma pessoa aprender a ler e a escrever

ela precisa atingir alguns saberes e percepccedilotildees conscientemente Nesse sentido a autora elenca

cinco capacidades necessaacuterias agrave alfabetizaccedilatildeo

A primeira capacidade eacute a ideia de siacutembolo segundo a qual a crianccedila precisa saber o

que representam aqueles risquinhos no papel Para isso eacute necessaacuterio entender o que eacute siacutembolo

A segunda capacidade eacute a discriminaccedilatildeo das formas das letras o aluno precisa entender que

cada risquinho vale simboliza um som da fala e que esses siacutembolos satildeo as letras Dessa forma

a crianccedila deve discriminar as formas das letras levando em consideraccedilatildeo que elas satildeo bastante

semelhantes A terceira capacidade eacute a discriminaccedilatildeo dos sons da fala que exige da crianccedila a

percepccedilatildeo auditiva para ouvir diferenccedilas linguiacutesticas relevantes entre esses sons A quarta

capacidade eacute a consciecircncia da unidade da palavra em que a crianccedila precisa captar o conceito

de palavra Por fim a quinta capacidade eacute a organizaccedilatildeo da paacutegina escrita saber e compreender

como eacute a organizaccedilatildeo espacial da paacutegina do caderno ou do livro observando que nosso sistema

37

de escrita obedece a uma ordem que vai da esquerda para a direita e que a ordem significativa

das linhas eacute de cima para baixo

Com isso no que se refere agrave capacidade de terceira ordem podemos compreender que

existe uma relaccedilatildeo de simbolizaccedilatildeo entre as letras e os sons da fala embora seja necessaacuterio

tambeacutem que a crianccedila entenda que essa relaccedilatildeo nem sempre eacute harmoniosa pois haacute

complicaccedilotildees entre sons e letras Lemle (1991 p 17) ldquo[] enfatiza que temos em portuguecircs

pouquiacutessimos casos de correspondecircncia biuniacutevoca entre os sons da fala e letras do alfabetordquo

ou seja quando haacute correspondecircncia entre um fonema e uma letra como podemos observar essa

regularidade no Quadro 02 representada pelos fonemas e letras

Quadro 02 ndash Correspondecircncias biuniacutevocas entre fonemas e letras

Letras Fonemas

P

b

t

d

f

v

a

p

b

t

d

f

v

a

Fonte Lemle 1991 p 17

Em linguiacutestica fonemas satildeo os sons das letras representados por um dado feixe de traccedilos

distintivos ou seja daacute-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de estabelecer

uma distinccedilatildeo de significado entre as palavras

Com base no exposto entendemos que o ideal do sistema alfabeacutetico eacute que houvesse

correspondecircncia uacutenica entre cada som e cada letra poreacutem essa relaccedilatildeo acontece em nuacutemero

restrito de casos A tiacutetulo de exemplificaccedilatildeo as letras t e d diante do i passam a ter outro som

em ldquotiardquo ocorre tchia e em ldquodiardquo ocorre djia como se verifica na nossa regiatildeo Dessa forma

para poder intervir o alfabetizador precisa ter conhecimento sobre as relaccedilotildees foneacuteticas e os

processos fonoloacutegicos que envolvem as particularidades na variedade de correspondecircncias

entre sons e letras

Para que isso ocorra Lemle (1991) evidencia que eacute preciso esclarecer ao aluno que as

unidades de som satildeo influenciadas pelo ambiente em que ocorrem por isso haacute diferenccedilas de

pronuacutencia e haacute tantas variantes linguiacutesticas Por exemplo as palavras mato e sal que em alguns

dialetos ou na nossa regiatildeo ocorre uma mudanccedila de pronuacutencia do o que eacute transcrito com som

de [u] e do l que eacute transcrito com o som do [u] por isso dizemos [matu] em vez de mato e [sau]

em vez de sal Satildeo ocorrecircncias consideradas normais e consiste em um equiacutevoco dizer que as

38

crianccedilas falam errado ao ignorarem essas especificidades da liacutengua Aleacutem disso haacute um caso em

que a autora considera como o mais difiacutecil para a aprendizagem da liacutengua escrita o fato de duas

letras representarem o mesmo som no mesmo lugar como acontece com os fonemas s e z

Vejam mesa reza casa azar posseiro roceiro passo laccedilo caccedilado cassado Haacute uma

rivalidade entre sons e letras e de acordo com Lemle (1991 p 23) ldquo[] a uacutenica maneira de

descobrir que letra que representa dado som numa palavra da liacutengua escrita eacute recorrer ao

dicionaacuteriordquo Desse modo algumas situaccedilotildees que envolvem a ortografia satildeo aprendidas pela

memorizaccedilatildeo por meio da leitura pois guardamos a grafia das palavras em nossa memoacuteria

Em funccedilatildeo disso podemos relacionar ancorados em Lemle (1991) algumas etapas nas

quais o aluno constroacutei o conhecimento do sistema de escrita Na primeira etapa o discente

acredita na hipoacutetese da monogamia entre sons e letras e progride raacutepido ao atingi-la conforme

exposto na figura 1 em que as letras p b t d f v e a vogal a representam sempre a mesma

unidade fonecircmica

Na segunda etapa ele rejeita a ideia de monogamia e a substitui pela hipoacutetese de

poligamia condicionada por posiccedilatildeo ou seja relaccedilotildees natildeo biuniacutevocas cada letra com um som

em uma dada posiccedilatildeo e cada som com uma letra em dada posiccedilatildeo Assim haacute uma relaccedilatildeo

fonecircmica a partir da posiccedilatildeo em que se encontram as letras como podemos observar na Figura

0214

Figura 02 ndash Uma letra representando diferentes sons segundo a posiccedilatildeo

Fonte Lemle 1991 p 21

Assim Lemle (1991 p 29) enfatiza que ldquo[] a passagem da hipoacutetese (monogamia) para

a segunda hipoacutetese (poligamia condicionada pela posiccedilatildeo) eacute um passo de importacircncia crucial

na construccedilatildeo do conhecimento do alfabetizando a respeito do nosso sistema de escritardquo

14 Nota da autora ldquoEsses quadros natildeo esgotam a informaccedilatildeo sobre relaccedilotildees letra-som previsiacuteveis pela posiccedilatildeo

nem satildeo verdadeiros para todos os falares do Brasilrdquo (LEMLE 1991 p 22)

39

Segundo a autora quando o aluno natildeo compreende que essa correspondecircncia entre som e letras

na maioria das vezes natildeo eacute perfeita ele comete falhas tiacutepicas na leitura com a pronuacutencia

artificial das palavras com a escrita os erros ainda se encontram na hipoacutetese monogacircmica O

aluno escreve como fala por exemplo na palavra pato a escrita eacute patu ocorrendo a transcriccedilatildeo

foneacutetica Desse modo a evoluccedilatildeo na construccedilatildeo do conhecimento sobre a escrita entre a

primeira e a segunda etapa estaacute completa quando o aluno compreende essa relaccedilatildeo entre sons e

letras

Na terceira etapa haacute a ocorrecircncia em que duas letras representam o mesmo som no

mesmo lugar eacute quando o aluno se depara com a arbitrariedade do sistema de escrita Nesse

caso natildeo ldquohaacute princiacutepio focircnico que possa guiar quem escreve na opccedilatildeo entre letras concorrentesrdquo

(LEMLE 1991 p 23) Dessa maneira nessas situaccedilotildees a aprendizagem eacute construiacuteda pela

memorizaccedilatildeo Essa etapa da construccedilatildeo da escrita perdura por muito tempo jaacute que duacutevidas

sobre como se escreve uma determinada palavra eacute de natural acontecer em qualquer eacutepoca da

vida O que se percebe eacute que o aluno deve estar em contato com a escrita dessas palavras por

meio de situaccedilotildees de leitura de gecircneros diversos e de situaccedilotildees de produccedilatildeo escrita pois a

construccedilatildeo do sistema de escrita percorre um longo caminho e passa por vaacuterias etapas

Diante disso com base na classificaccedilatildeo feita por Lemle (1991) podemos compreender

que o aluno quando natildeo supera essas complicaccedilotildees e natildeo compreende as arbitrariedades do

sistema de escrita comete falhas tiacutepicas de escrita que foram classificadas pela autora como

falhas de primeira ordem falhas de segunda ordem e falhas de terceira ordem conforme

veremos no Quadro 03 a seguir

40

Quadro 03 ndash Falhas de escrita Falhas de escrita de 1ordf ordem

Leitura Escrita

Leitura lenta com soletraccedilatildeo

de cada siacutelaba

Falhas na

correspondecircncia

linear entre as

sequecircncias dos

sons e as

sequecircncias das

letras

Repeticcedilccedilatildeo de letras ppai (pai) meeu (meu)

Omissatildeo de letras trs (trecircs) pota (porta)

Troca na ordem das letras parto (prato) sadia

(saiacuteda)

Conhecimento ainda inseguro do formato de cada

letra rano (ramo) laqis (laacutepis) eus (lua)

Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo

do som sabo (sapo) gado (gato) pita (fita)

Falhas de escrita de 2ordf ordem

Leitura Escrita

Retenccedilatildeo na etapa

monogacircmica Na leitura

pronuncia cada letra

escandindo-a no seu valor

central Uma leitura silabada

O aluno faz a

transcriccedilatildeo

foneacutetica

matu em vez de mato

bodi em vez de bode

tenpo em vez de tempo

azma em vez de asma

genrro em vez de genro

eles falatildeo em vez de eles falam

Falhas de escrita de 3ordf ordem

Leitura Escrita

O aluno eacute capaz de pronunciar

as palavras de forma natural

O aluno avanccedilou no

saber ortograacutefico e

na escrita faz troca

entre letras

concorrentes

accedilado em vez de assado

trese em vez de treze

acim em vez de assim

jigante em vez de gigante

xinelo em vez de chinelo

chingou em vez de xingou

puresa em vez de pureza

sau em vez de sal

craro em vez de claro

operaro em vez de operaacuterio

Fonte Elaborado pela autora adaptado de Lemle 1991 p 40-41

Conforme podemos observar no Quadro 03 o aluno vivencia no seu processo de

aquisiccedilatildeo do sistema de escrita vaacuterias etapas de experimentaccedilatildeo checagem e conflito pois se

depara com situaccedilotildees arbitraacuterias da escrita Assim de acordo com Lemle (1991) o aluno que

ainda comete falhas de primeira e segunda ordens natildeo completou sua alfabetizaccedilatildeo ldquoSeraacute

considerado alfabetizado aquele em cuja escrita soacute restarem falhas de terceira ordem que seratildeo

superadas gradativamente com a praacutetica da leitura e da escritardquo (LEMLE 1991 p 41-42)

Portanto a anaacutelise das falhas ortograacuteficas serve ao diagnoacutestico do estaacutegio de elaboraccedilatildeo

da teoria da correspondecircncia entre sons e letras em que o aluno se encontra ou seja o niacutevel de

escrita Concebemos conforme a autora propotildee que eacute de fundamental importacircncia que o

professor saiba diagnosticar e avaliar as falhas de escrita para poder conhecer a realidade da

41

sua turma e dessa forma realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias para que os alunos superem cada

dificuldade encontrada

121131 Categorizaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita

O estudo sobre Foneacutetica e Fonologia possibilita ao professor o conhecimento sobre

como os seres humanos produzem ou ouvem os sons da fala Segundo Seara Nunes e Volcatildeo

(2015 p 29) ldquoas letras satildeo unidades formais miacutenimas da escrita e natildeo da falardquo

Nesse sentido eacute necessaacuterio entender e desvincular da nossa praacutetica que a escrita

representa a fala Tanto a escrita quanto a fala satildeo distintas e ter conhecimento dos processos

fonoloacutegicos que satildeo a codificaccedilatildeo (desvios) que os morfemas sofrem quando se combinam

para formar palavras propicia buscar estrateacutegias de ensino para a superaccedilatildeo dessas

dificuldades

Aleacutem disso ao professor que lida com a alfabetizaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel o conhecimento

das aacutereas da Foneacutetica e da Fonologia Sobre esse aspecto Seara (2015 p 33) ressaltam que o

conhecimento da Foneacutetica e de noccedilotildees sobre o sistema fonoloacutegico da liacutengua materna satildeo

fundamentais para que os professores atendam melhor os alunos que apresentam dificuldades

no processo de alfabetizaccedilatildeo Eacute preciso levar o aluno a compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-

fonoloacutegica e relacionaacute-la aos elementos graacuteficos da escrita

Aqui trataremos especificamente dos processos fonoloacutegicos que envolvem a escrita de

acordo com Cagliari (1995) O autor apresenta categorias de anaacutelise de ldquoerrosrdquo ortograacuteficos

como veremos no Quadro 04 a seguir

42

Quadro 04 ndash Categorizaccedilatildeo ndash Erros de escrita

1 Transcriccedilatildeo

Foneacutetica

Caracterizado pela transcriccedilatildeo da fala na escrita como trocar o i pelo e por falar

i ao pronunciar palavras como triste (ldquotristerdquo)

2 Uso indevido de

letras

O aluno escolhe uma letra para representar o som diferente da que pede a

ortografia como ldquodicirdquo no lugar de ldquodisserdquo As trocas de vogais natildeo satildeo

consideradas uso indevido de letra por quase sempre representarem transcriccedilotildees

foneacuteticas

3 Hipercorreccedilatildeo Ocorre quando o aluno jaacute conhece a forma ortograacutefica de determinadas palavras

que tecircm representaccedilatildeo diferente da pronuacutencia Assim ele generaliza a regra

como ldquojogolrdquo no lugar de ldquojogourdquo

4 Modificaccedilatildeo da

estrutura segmental

das palavras

Erros de troca supressatildeo acreacutescimo e inversatildeo de letras Caracteriacutesticos de

aluno que ainda natildeo domina o uso de certas letras como a distribuiccedilatildeo de m n

v e f como ldquoanigordquo no lugar de ldquoamigordquo ldquomacaordquo no lugar de ldquomacacordquo e

ldquososatordquo no lugar de ldquosustordquo O professor deve observar a loacutegica no erro do aluno

e a relaccedilatildeo entre as letras trocadas suprimidas ou acrescentadas

5 Juntura

intervocabular e

segmentaccedilatildeo

Na produccedilatildeo de textos a crianccedila costuma juntar as palavras num reflexo da

continuidade da fala ldquomimatourdquo (ldquome matourdquo)

6 Forma morfoloacutegica

diferente

Erros que ocorrem porque na variedade dialetal do aluno certas palavras tecircm

caracteriacutesticas proacuteprias que dificultam o entendimento como ldquoadepoisrdquo

(ldquodepoisrdquo)

7 Forma estranha de

traccedilar as palavras

Dificuldades com a escrita cursiva e a caligrafia

8 Uso indevido de

letras maiuacutesculas e

minuacutesculas

Alguns alunos quando aprendem que devem escrever os nomes proacuteprios com

letras maiuacutesculas passam a aplicar a regra para outros tipos de palavras como

pronomes pessoais

9 Acentos graacuteficos A acentuaccedilatildeo eacute uma das uacuteltimas etapas da aprendizagem da escrita Alguns

alunos se confundem por conta da semelhanccedila ortograacutefica entre formas com e

sem acento ou com a aplicaccedilatildeo do til

10 Sinais de pontuaccedilatildeo Tambeacutem fazem parte das uacuteltimas etapas de aprendizado e raramente fazem parte

de textos de produccedilatildeo espontacircnea

11 Problemas

sintaacuteticos

Muitos dos problemas sintaacuteticos (concordacircncia regecircncia etc) presentes nos

textos dos aprendizes denotam a transposiccedilatildeo da linguagem oral para a escrita

como ldquoera uma vez um menino que um dia ele saiu de casardquo

Fonte Elaborado pela autora com base em Cagliari (1995)

Dessa forma utilizaremos as categorias de anaacutelise dos ldquoerrosrdquo ortograacuteficos de acordo

com Cagliari (1995) como referencial para anaacutelise dos niacuteveis de escrita dos estudantes sujeitos

desta pesquisa As categorias satildeo transcriccedilatildeo foneacutetica (a representaccedilatildeo da fala) uso indevido

de letras (escolha possiacutevel para representar o som de uma palavra quando a ortografia usa

outra) hipercorreccedilatildeo (quando o aluno jaacute conhece a forma ortograacutefica de determinadas palavras

sabe que a pronuacutencia eacute diferente e passa a generalizar a forma de escrever) modificaccedilatildeo da

estrutura segmental das palavras (erros de troca supressatildeo acreacutescimo e inversatildeo de letras

representando maneiras de escrever porque o aluno ainda natildeo domina bem o uso de certas

letras) juntura intervocabular e segmentaccedilatildeo (ambas refletem criteacuterios de fala que a crianccedila usa

para juntar ou separar palavras) forma morfoloacutegica diferente (variedade dialetal) forma

estranha de traccedilar as letras (dificuldades com a escrita cursiva) uso indevido de letras

43

maiuacutesculas e minuacutesculas (o uso adequado natildeo eacute ensinado) acentos graacuteficos (sinais diacriacuteticos

ausentes nos textos espontacircneos) sinais de pontuaccedilatildeo (tambeacutem natildeo satildeo ensinados) e problemas

sintaacuteticos (denotam modos de falar diferentes do dialeto privilegiado pela ortografia e

apresentam uma topicalizaccedilatildeo da fala e natildeo da escrita)

Todas essas categorias relacionadas por Cagliari (1995) conforme apresentado no

Quadro 04 servem de base para a investigaccedilatildeo dos problemas surgidos nos textos dos alunos

para que o professor a partir daiacute possa realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias ao desenvolvimento

das competecircncias comunicativas dos alunos

12114 Faceta sociolinguiacutestica

Como jaacute dissemos a linguiacutestica eacute a ciecircncia que estuda os fatos da liacutengua Dessa forma

a faceta sociolinguiacutestica estuda os fatos da liacutengua em uso no ambiente cultural e social ou seja

no ambiente das comunidades de fala sob os aspectos linguiacutesticos e sociais

Segundo Bagno (2014 p 13)

A linguagem eacute um fenocircmeno de ordem sociocognitiva quer dizer ao mesmo tempo

em que eacute capacidade bioloacutegica da espeacutecie humana (e exclusiva da espeacutecie humana)

de adquirirproduzirtransmitir conhecimento por meio de

representaccedilotildeessimbolizaccedilotildees do mundo ela tambpem eacute uma forccedila motora de coesatildeo

social ela eacute preservada e transformada pelos membros de uma comunidade e por isso

sujeita aos fluxos influxos e contrafluxos poliacuteticos econocircmicos e sobretudo culturais

dessa comunidade (BAGNO 2014 p 13-14)

Em resumo o autor estaacute dizendo que a linguagem eacute um fenocircmeno social e estaacute

intimamente ligada aos aspectos culturais de uma comunidade

De acordo com Bagno (2014) os efeitos dos estudos da variaccedilatildeo social sobre a mudanccedila

linguiacutestica elaboradas por Willian Labov na deacutecada de 1960 tecircm implicaccedilotildees importantes para

a sociolinguiacutestica

Conforme a Teoria da Variaccedilatildeo (Sociolinguiacutestica) a liacutengua natildeo deve ser estudada fora

de seu contexto social como postula Labov (2001) pois para tal eacute necessaacuterio levar em conta

o contexto social e a variedade em uso Desse modo o autor afirma que eacute preciso trazer a

gramaacutetica de uso para a sala de aula que pode natildeo coincidir com a gramaacutetica formal e dessa

forma se explica a relaccedilatildeo de independecircncia entre liacutengua e fala

Assim os estudos variacionistas satildeo de fundamental importacircncia considerando que a

fala eacute o uso individual da liacutengua e que haacute sempre mais de uma forma de se dizer a mesma coisa

As liacutenguas satildeo heterogecircneas apresentando variaccedilotildees e independente da variaccedilatildeo apresentam

44

tambeacutem estruturas gramatical lexical sintaacutetico-semacircntica as quais estatildeo a serviccedilo dos

falantes Dentre as variantes linguiacutesticas haacute aquela que eacute vista com maior prestiacutegio social

cobrada e valorizada pela sociedade poreacutem natildeo deixa de ser apenas mais uma variante da

liacutengua

Desse modo Marcuschi (2001) afirma que nem todas as normas podem ser

padronizadas Eacute plausiacutevel que todas as variantes linguiacutesticas sejam valorizadas e respeitadas na

sociedade e principalmente na sala de aula ambiente escolar formador de opiniatildeo Diante

disso espera-se que o professor de Liacutengua Portuguesa fundamente sua praacutetica enquanto docente

do ensino da liacutengua materna para que possa compreender a relaccedilatildeo entre o ensino de Liacutengua

Portuguesa e o respeito agrave variaccedilatildeo linguiacutestica

Portanto o objeto de estudo passa a ser a liacutengua em uso Essa concepccedilatildeo aproxima a

liacutengua (fala) que o aluno usa da Liacutengua Portuguesa de fato porque a sociolinguiacutestica analisa a

liacutengua como identidade pois eacute usada na comunidade na qual o aluno estaacute inserido ressaltando

ainda que a teoria da variaccedilatildeo natildeo surge em funccedilatildeo do ensino mas em razatildeo da necessidade

de contribuir com a accedilatildeo pedagoacutegica e metodoloacutegica do ensino de Liacutengua Portuguesa

45

CAPIacuteTULO II

GEcircNEROS DIGITAIS (MULTI) LETRAMENTOS

Neste capiacutetulo abordamos as relaccedilotildees entre ensino escrita (multi)letramentos e

tecnologias que requerem novas habilidades de leitura compreensatildeo e produccedilatildeo nas mais

variadas praacuteticas sociais sobretudo agraves relacionadas aos gecircneros digitais

21 Letramento

Letramento (portuguecircs) literacy (inglecircs) eacute definido como ldquo[] estado ou condiccedilatildeo de

quem natildeo apenas sabe ler e escrever mas cultiva e exerce as praacuteticas sociais que usam a escritardquo

(SOARES 2014 p 47) Esse termo surgido no final do seacuteculo XX sob a influecircncia do mundo

globalizado visando atender agraves necessidades de uma sociedade moderna trouxe significativas

transformaccedilotildees sobre o pressuposto de quem sabe ler e escrever e tambeacutem de quem se envolve

e faz uso das praacuteticas de leitura e escrita Desse modo Soares (2014 p 38) postula que ldquo[]

aprender a ler e a escrever e aleacutem disso fazer uso da leitura e da escrita transformam o

indiviacuteduo levam o indiviacuteduo a um outro estado ou condiccedilatildeo sob vaacuterios aspectos social

cultural cognitivo linguiacutestico entre outrosrdquo

Dessa forma a pessoa letrada torna-se diferente pois assume o estado ou a condiccedilatildeo

social ou cultural de pensar agir e refletir diferente de uma pessoa que natildeo eacute alfabetizada

Soares define alfabetizaccedilatildeo termo por noacutes jaacute familiarizado como ldquo[] a accedilatildeo de

ensinaraprender a ler e escreverrdquo (SOARES 2014 p 47) Assim o ideal seria que essas accedilotildees

(alfabetizar e letrar) acontecessem concomitantemente como esclarece a autora ao dizer que

ldquo[] o ideal seria alfabetizar letrando ou seja ensinar a ler e a escrever no contexto das praacuteticas

sociais da leitura e da escrita de modo que o indiviacuteduo se tornasse ao mesmo tempo

alfabetizado e letradordquo (SOARES 2014 p 47) Por isso destacamos a importacircncia de se

alfabetizar letrando desde o iniacutecio da escolarizaccedilatildeo desenvolvendo praacuteticas de letramento jaacute

na Educaccedilatildeo Infantil

Para isso alguns fatores podem implicar no sucesso do trabalho com a leitura e a escrita

como por exemplo a escolha da metodologia os materiais (livros didaacuteticos inclusive) a forma

de avaliar e a organizaccedilatildeo da sala de aula para que o aluno saiba ler e escrever

Contudo entendemos que natildeo basta saber ler e escrever eacute necessaacuterio incorporar a

praacutetica da leitura e da escrita em seu cotidiano seja escolar ou natildeo Ao encontro disso Kleiman

(2005 p 13) apresenta o conceito de alfabetizaccedilatildeo como ldquoum conjunto de saberes sobre o

46

coacutedigo escrito da liacutengua que eacute mobilizado pelo indiviacuteduo para participar das praacuteticas letradas

em outras esferas de atividades natildeo necessariamente escolaresrdquo ou seja assemelhando ao

conceito de letramento

Assim a palavra letramento vem atender a uma necessidade visto que soacute a condiccedilatildeo de

alfabetizado conforme exposto acima natildeo garante que o indiviacuteduo ponha em praacutetica

habilidades e competecircncias em leitura e escrita como atividade social

Nesse sentido Kleiman (2005) diz que o letramento eacute complexo envolvendo muito

mais do que uma habilidade ou conjunto de habilidades ou uma competecircncia de quem lecirc

Envolve muacuteltiplas capacidades e conhecimentos para mobilizar essas capacidades muitos dos

quais natildeo tecircm necessariamente relaccedilatildeo com a leitura Ou seja envolve o conhecimento e a

cultura fora do contexto escolar pois o letramento ultrapassa os muros da escola Poreacutem o foco

dessa discussatildeo eacute a aprendizagem dentro da escola Assim busca-se investigar como favorecer

e fomentar o conhecimento sistematizado da leitura e da escrita sobretudo para aqueles que

estatildeo na escola haacute anos e natildeo conseguem aprender Dessa forma o desenvolvimento dessas

habilidades deve acontecer em um continuum de processos cognitivos que integram diversas

praacuteticas sociais de leitura e escrita

Cumpre salientar que Soares alerta para uma questatildeo de fundamental importacircncia a

falta de condiccedilatildeo para avaliar e medir o letramento pois natildeo haacute uma definiccedilatildeo exata para esse

processo Como distinguir pessoas letradas de iletradas ou como estabelecer niacuteveis de

letramento A esse respeito Soares indaga

Se o letramento eacute um contiacutenuo que representa diferentes tipos e niacuteveis de habilidades

e conhecimentos e eacute um conjunto de praacuteticas sociais que envolvem usos heterogecircneos

de leitura e escrita com diferentes finalidades que ponto desse contiacutenuo deve separar

adultos letrados de iletrados em censos populacionais e pesquisas por amostragem

ou crianccedilas bem sucedidas de crianccedilas mal sucedidas na aquisiccedilatildeo do letramento em

contextos escolares (SOARES 2014 p 83)

Com base nesse problema a autora enfatiza que avaliaccedilotildees pesquisas e mediccedilotildees de

letramento realizadas por censos populacionais ou sistemas escolares satildeo imprecisas pelo fato

de o letramento ser uma variaacutevel contiacutenua jaacute que se refere a uma multiplicidade de habilidades

que devem ser aplicadas a uma variedade de materiais de leitura Soares (2014) esclarece ainda

que a avaliaccedilatildeo e a mediccedilatildeo do letramento e suas relaccedilotildees eacute uma tarefa muito complexa pois

exige um paracircmetro para tal procedimento Contudo a falta de definiccedilatildeo exata e de paracircmetros

para avaliar e definir letramento natildeo impede e natildeo exclui a necessidade e a importacircncia de

avaliar ou medir o letramento como forma de se obter dados para fins teoacutericos e praacuteticos

47

Observamos que questotildees associadas ao desenvolvimento da leitura e da escrita bem

como compreensatildeo de textos e o uso eficiente dessas praacuteticas tecircm sido motivo de preocupaccedilatildeo

e estudo no sentido de se definirem iacutendices de letramento Segundo Soares (2014) as

definiccedilotildees de iacutendices de letramento se justificam porque indicam progressos baacutesicos de um paiacutes

ou de uma comunidade servem de comparaccedilatildeo entre paiacuteses e comunidades Aleacutem disso a

justificativa que consideramos mais pertinente eacute a de que iacutendices de letramento satildeo

imprescindiacuteveis para formulaccedilatildeo implementaccedilatildeo e planejamento de poliacuteticas puacuteblicas no

campo educacional e social

Por isso tomamos por letramento mais uma vez de acordo com Soares (2014 p 44)

ldquo[] o estado ou condiccedilatildeo de quem se envolve nas numerosas e variadas praacuteticas sociais de

leitura e escritardquo sabendo que haacute diferentes tipos e niacuteveis de letramento e que dependem das

necessidades e do contexto social e cultural do indiviacuteduo

Essa definiccedilatildeo eacute indispensaacutevel como expotildee Soares (2014 p 82) ao dizer que ldquouma

definiccedilatildeo geral e amplamente aceita eacute necessaacuteria especialmente quando se pretende avaliar e

medir niacuteveis de letramento sem ela como determinar criteacuterios que estabeleccedilam a diferenccedila

entre letrado e iletrado entre diferentes niacuteveis de letramentordquo

Com base nisso a avaliaccedilatildeo e a mediccedilatildeo do letramento em estudos por amostragem

satildeo consideradas pela autora como o meacutetodo mais adequado por medir e avaliar ldquoem

profundidade tanto as habilidades de leitura e de escrita atraveacutes de provas e testes quanto os

usos cotidianos dessas habilidades atraveacutes de questionaacuterios estruturadosrdquo (SOARES 2014 p

104) Dessa forma esse tipo de avaliaccedilatildeo e mediccedilatildeo busca identificar o letramento funcional

ou seja a praacutetica real das habilidades de leitura e escrita e a frequecircncia de usos sociais dessas

habilidades Aleacutem disso segundo Soares (2014) as escolas satildeo instacircncias que podem fazer uso

de avaliaccedilotildees e mediccedilotildees do letramento avaliando de maneira progressiva a aquisiccedilatildeo de

habilidades conhecimentos e usos sociais da leitura e da escrita mas alerta para o cuidado de

natildeo reduzir as praacuteticas de letramento apenas ao contexto escolar e distanciaacute-las das praacuteticas

sociais

22 Multimodalidade e Multiletramentos no ensino de Liacutengua Portuguesa

Segundo Kleiman (2005 p 53) ldquoo professor enquanto agente de letramento eacute um

promotor das capacidades e recursos de seus alunos e de suas redes comunicativas para que

participem das praacuteticas de uso da escrita situadas nas diversas instituiccedilotildeesrdquo Nesse sentido a

importacircncia do agente de letramento como mobilizador da praacutetica letrada atraveacutes dos gecircneros

textuais ou digitais vai ao encontro da necessidade de trabalhar com gecircneros socialmente

48

relevantes e que ampliem a capacidade linguiacutestica dos alunos Por isso levamos em conta a

grande circulaccedilatildeo de textos contemporacircneos carregados de imagens de cores de formatos

entre outros aspectos da diagramaccedilatildeo

Assim observamos que a forma de apresentaccedilatildeo dos textos em sala de aula vem

mudando consideravelmente nas uacuteltimas deacutecadas e o estiacutemulo ao desenvolvimento das

competecircncias sociocomunicativas e linguiacutesticas dos alunos por meio de diferentes suportes e

gecircneros textuais estaacute presente em muitos ambientes escolares Essa apresentaccedilatildeo de

informaccedilotildees escritas a maneira como eacute veiculada e as variedades de modos de comunicaccedilatildeo

existentes exigem da escola mais reflexatildeo sobre os aspectos do processo de ensinar e de

aprender

Nessa direccedilatildeo Rojo (2009 p 105) afirma que ldquo[] por efeito da globalizaccedilatildeo o mundo

mudou muito nas uacuteltimas deacutecadas Em termos de exigecircncias de novos letramentos eacute

especialmente importante destacar as mudanccedilas relativas aos meios de comunicaccedilatildeo e agrave

circulaccedilatildeo da informaccedilatildeordquo

Diante disso eacute fundamental destacar que o surgimento das tecnologias digitais e a forma

ou necessidade de a escola trabalhar com a tecnologia contribuiacuteram para a investigaccedilatildeo de

teorias que esclarecem os conceitos sobre os usos das tecnologias na educaccedilatildeo sobre a

multimodalidade e os multiletramentos

Por multimodalidade ou multissemiose Rojo tece as seguintes consideraccedilotildees

Eacute o que tem sido chamado de multimodalidade ou multissemiose dos textos

contemporacircneos que exigem multiletramentos Ou seja textos compostos de muitas

linguagens (ou modos ou semioses) e que exigem capacidades e praacuteticas de

compreensatildeo e produccedilatildeo de cada uma delas (multiletramentos) para fazer significar

(ROJO 2012 p 19)

Dessa forma percebemos que esses textos carregados de semiose exigem novas formas

de ler e de compreender assim como o termo multiletramento refere-se agrave habilidade de saber

analisar semioses compreender novas linguagens observando a diversidade cultural e

linguiacutestica tatildeo presente na nossa sociedade Por isso torna-se relevante o professor aprofundar

seu conhecimento nos estudos voltados para a linguagem sobre como ela se processa e como

eacute utilizada

Atualmente os recursos utilizados nas diferentes miacutedias sejam impressas ou digitais

exigem um novo comportamento do leitor Considerando esse contexto Rojo (2009) destaca

que o surgimento e a ampliaccedilatildeo contiacutenua de acesso agraves tecnologias digitais da comunicaccedilatildeo e da

informaccedilatildeo (computadores pessoais celulares tocadores de mp3 TVs digitais entre outras)

49

implicaram em pelo menos quatro mudanccedilas que ganham importacircncia na reflexatildeo sobre os

letramentos como podemos observar no Quadro 05

Quadro 05 ndash Mudanccedilas sobre os letramentos

Mudanccedilas que ganham importacircncia na reflexatildeo sobre os letramentos

1ordf

A vertiginosa intensificaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo da circulaccedilatildeo da informaccedilatildeo nos meios

analoacutegicos e digitais que por isso mesmo distanciam-se hoje dos meios impressos muito mais

morosos e seletivos implicando [] mudanccedilas significativas nas maneiras de ler de produzir e

de fazer circular textos na sociedade

2ordf

A diminuiccedilatildeo das distacircncias espaciais tanto em termos geograacuteficos por efeito dos transportes

raacutepidos como em termos culturais e internacionais por efeito da miacutedia digital e analoacutegica

desenraizando as populaccedilotildees e desconstruindo identidades

3ordf

A diminuiccedilatildeo das distacircncias temporais ou a contraccedilatildeo do tempo determinadas pela velocidade

sem precedentes a quase instantaneidade dos transportes da informaccedilatildeo dos produtos culturais

das miacutedias caracteriacutesticas que tambeacutem colaboram para mudanccedilas nas praacuteticas de letramento

4ordf

A multissemiose ou a multiplicidade de modos de significar que as possibilidades

multimidiaacuteticas e hipermidiaacuteticas do texto eletrocircnico trazem para o ato de leitura jaacute natildeo basta

mais a leitura do texto verbal escrito ndash eacute preciso relacionaacute-lo com um conjunto de signos de

outras modalidades de linguagem (imagem estaacutetica imagem em movimento muacutesica fala) que

o cercam ou intercalam ou impregnam esses textos multissemioacuteticos extrapolaram os limites

dos ambientes digitais e invadiram tambeacutem os impressos (jornais revistas livros didaacuteticos)

Fonte Rojo 2009 p 105

Com base no exposto podemos destacar que natildeo daacute mais para ignorar que essas

mudanccedilas interferem no modo como as pessoas leem e interpretam textos contemporacircneos em

diferentes suportes sejam analoacutegicos ou digitais Desse modo ler considerando as imagens

cores formatos e tamanhos de letras boxes entre outros recursos trazendo para si significaccedilatildeo

requer competecircncia anaacutelise e leitura criacutetica Nesse sentido Rojo (2009 p 112) define ldquoos

letramentos criacuteticos como capazes de lidar com textos e discursos naturalizados de maneira a

perceber seus valores e intenccedilotildees suas estrateacutegias seus efeitos de sentidordquo

Dessa forma observamos que a leitura por meio da tecnologia estaacute em evidecircncia e o

nosso aluno deve estar inserido nesse contexto Aleacutem disso percebemos que a utilizaccedilatildeo desses

recursos digitais concentram dinamismo e interaccedilatildeo tatildeo atrativos agraves crianccedilas jovens e adultos

da contemporaneidade

Vivemos em uma era em que a internet as redes sociais os textos multimodais e

hipermidiaacuteticos apresentam estruturas de texto verbal e natildeo-verbal cada vez mais atraentes

permitindo ao leitorusuaacuterio ser levado a um infinito mundo real e irreal de possibilidades de

comunicaccedilatildeo Assim levando em conta esse contexto hipermidiaacutetico Rojo argumenta que

[u]m dos objetivos principais da escola eacute justamente possibilitar que seus alunos

possam participar das vaacuterias praacuteticas sociais que se utilizam da leitura e da escrita

(letramentos) na vida da cidade de maneira eacutetica criacutetica e democraacutetica Para fazecirc-lo

eacute preciso que a educaccedilatildeo linguiacutestica leve em conta hoje de maneira eacutetica e

democraacutetica os multiletramentos ou letramentos muacuteltiplos os letramentos

multissemioacuteticos (ROJO 2009 p 107)

50

Outro aspecto que devemos levar em consideraccedilatildeo eacute que o trabalho com textos

multimodais pode proporcionar a anaacutelise da leitura de imagens com consideraacutevel importacircncia

pois sabemos que antes de conhecer a escrita na escola a crianccedila jaacute convive com ela e antes

mesmo de atentar agrave palavra escrita sente-se atraiacuteda pela imagem pelo colorido pelas

propagandas visuais e pelo fasciacutenio da tecnologia

Segundo Rojo (2009 p 108) as ldquo[] muacuteltiplas exigecircncias que o mundo contemporacircneo

apresenta agrave escola vatildeo multiplicar enormemente as praacuteticas e textos que nela devem circular e

ser abordadosrdquo e questiona sobre como seraacute realizada essa abordagem na escola Como

organizar a abordagem de praacuteticas de letramento Que eventos que esferas e miacutedias selecionar

Quais textos e como abordaacute-los

Para esse entendimento e escolha Marcuschi (2008) e Rojo (2009) acrescentam que

dois conceitos bakhtinianos podem nos auxiliar o conceito de esfera de atividade ou de

circulaccedilatildeo de discursos e o conceito de gecircneros discursivos De acordo com Marcuschi (2008

p 155) o domiacutenio discursivo constitui-se de ldquo[] praacuteticas enunciativas discursivas nas quais

podemos identificar um conjunto de gecircneros textuais que agraves vezes lhe satildeo proacuteprios ou

especiacuteficos como rotinas comunicativas []rdquo

Bakhtin defende que

[t]odas as esferas da atividade humana por mais variadas que sejam estatildeo sempre

relacionadas com a utilizaccedilatildeo da liacutengua Natildeo eacute de surpreender que o caraacuteter e os modos

dessa utilizaccedilatildeo sejam tatildeo variados como as proacuteprias esferas da atividade humana o

que natildeo contradiz a unidade nacional de uma liacutengua A utilizaccedilatildeo da liacutengua efetua-se

em forma de enunciados (orais e escritos) concretos e uacutenicos que emanam dos

integrantes duma ou doutra esfera da atividade humana (BAKHTIN1997 p 279)

Assim percebemos que em nossa vida cotidiana participamos de diversas esferas de

atividade como por exemplo atividades domeacutesticas e familiares do trabalho escolar

acadecircmica religiosa artiacutestica juriacutedica publicitaacuteria entre tantas outras e natildeo podemos deixar

de citar que hoje as atividades eletrocircnicasdigitais tambeacutem fazem parte das esferas de atividade

humana e que soacute podem ser realizadas por meio da tecnologia

Rojo (2009) acrescenta que na vida diaacuteria circulamos por essas esferas em diferentes

posiccedilotildees sociais miacutedias diversas e em culturas tambeacutem diferentes Compreendemos que a

inserccedilatildeo da tecnologia no cotidiano das pessoas eacute cada vez mais rotineira e rompeu as barreiras

da comunicaccedilatildeo pois mudou a forma de pensar de agir de relacionar e de produzir informaccedilatildeo

Por isso a autora destaca que hoje as esferas de atividades natildeo satildeo estanques e separadas mas

ao contraacuterio elas se mesclam o tempo todo como podemos ver na figura abaixo

51

Figura 03 ndash Esferas de atividade social ou de circulaccedilatildeo dos discursos

Fonte Rojo 2009 p 110

A figura 03 revela que cada esfera de atividade humana da oralidade ou da escrita

impressa ou digital representa uma dimensatildeo de circulaccedilatildeo de discursos e de utilizaccedilatildeo da

liacutengua e que muitos gecircneros satildeo comuns a vaacuterios domiacutenios Por isso a autora explica que em

uma esfera de comunicaccedilatildeo a crianccedila ou o jovem usa a linguagem informal como no MSN em

e-mails em blog e em bilhetes escolares obedecendo agraves condiccedilotildees de circulaccedilatildeo da liacutengua

Outro aspecto pertinente levantado por Rojo (2009) eacute que a abrangecircncia de discursos

das ideologias e das significaccedilotildees devem fomentar na escola e fora dela os letramentos criacuteticos

que possibilitam ao aluno lidar com textos e discursos percebendo seus valores suas intenccedilotildees

e seus efeitos de sentido As esferas de atividade no mundo contemporacircneo ampliaram as

condiccedilotildees de discurso sendo papel da escola ldquo[] colocar em diaacutelogo ndash natildeo isento de conflitos

polifocircnico em termos bakhtinianos ndash os textosenunciadosdiscursos das diversas culturas locais

com as valorizadas [] para formar um cidadatildeo multicultural em sua cultura e poliglota em

sua liacutenguardquo (ROJO 2009 p 115)

Assim eacute preciso trazer esse universo midiaacutetico para a escola natildeo para servir agrave cultura

global mas para ajudar o aluno a despertar o senso criacutetico avaliando o que lecirc as informaccedilotildees

que recebe sua aprendizagem o significado e a influecircncia do aprendizado na sua vida Com

isso torna-se papel da escola inserir esse universo na sala de aula buscando formar indiviacuteduos

criacuteticos capazes de ler de interpretar de avaliar o mundo em que vivem de interagir imagens

com palavras tornando-os mais motivados para o uso da leitura e da escrita como atividade

social

Portanto eacute necessaacuterio ensinar o aluno a comunicar-se e a produzir comunicaccedilatildeo auxiliaacute-

lo a perceber a se expressar a construir uma visatildeo criacutetica e eficiente das diversas formas de

expressatildeo ampliando sua percepccedilatildeo no entendimento de qualquer linguagem principalmente

52

porque vivemos em espaccedilos de aprendizagem que pretendem incorporar gradativamente o uso

das tecnologias e com isso a intensidade da informaccedilatildeo verbal e da visual exige de noacutes

compreensatildeo e reestruturaccedilatildeo da forma como estamos acostumados a ler

23 Texto (multimodal) e ensino

No ensino de Liacutengua Portuguesa o texto eacute o ponto de partida para o desenvolvimento

de atividades de leitura compreensatildeo interpretaccedilatildeo reflexatildeo sobre o uso da liacutengua

vocabulaacuterio ortografia e tema para as produccedilotildees de texto praticamente nesta sequecircncia de

estudo tanto no planejamento dos professores dessa aacuterea quanto na maioria dos livros didaacuteticos

Assim podemos inferir que o texto eacute algo essencial na praacutetica de leitura e escrita nas aulas de

Liacutengua Portuguesa e tambeacutem uma atividade muito familiar de todos os estudantes pois eacute uma

praacutetica constante da escola Aleacutem disso falamos por textos e lidamos com textos diariamente

sejam orais ou escritos impressos ou digitais

A partir dos anos 60 surge a Linguiacutestica do texto que trata hoje da produccedilatildeo e da

compreensatildeo de textos orais e escritos De acordo com Marcuschi (2008 p 73) a Linguiacutestica

textual ndash LT ndash ldquopode ser definida como os estudos das operaccedilotildees linguiacutesticas discursivas e

cognitivas reguladoras e controladoras da produccedilatildeo construccedilatildeo e processamento de textos orais

e escritos ou orais em contextos naturais de usordquo Assim de acordo com o autor a LT parte do

princiacutepio de que a liacutengua natildeo funciona de forma fragmentada em fonemas morfemas palavras

ou frases soltas mas em unidades de sentido que chamamos de texto sejam orais ou escritos

De acordo com Koch (2012 p 25) ldquoo conceito de texto varia conforme o autor eou a

orientaccedilatildeo teoacuterica adotadardquo Assim concebemos a noccedilatildeo de texto que Marcuschi (2008 p 72)

adota desenvolvida por Beaugrande (1997) segundo o qual ldquotexto eacute um evento comunicativo

em que convergem accedilotildees linguiacutesticas sociais e cognitivasrdquo

Segundo Marcuschi (2008 p 80) ldquoo texto natildeo eacute uma simples sequecircncia de palavras

escritas ou faladas mas um eventordquo Um evento comunicativo que tem como foco os usos da

liacutengua que concentra a sua essecircncia em expor as coisas reais que acontecem no dia-a-dia das

pessoas que tenha relevacircncia para a sua vida e para os outros Natildeo eacute um simples amontoado de

palavras soltas mas uma atividade discursiva que pode ser falada ou escrita

Koch (2012 p 26) postula que ldquoo texto pode ser concebido como resultado parcial de

nossa atividade comunicativa que compreende processos operaccedilotildees e estrateacutegias que tecircm lugar

na mente humana e que satildeo postos em accedilatildeo em situaccedilotildees concretas de interaccedilatildeo socialrdquo

Assim percebe-se que o texto apresenta um conjunto de fatores que favorecem a

concepccedilatildeo de linguagem em uso de discursividade de sentido de valor semacircntico de suas

53

propriedades (coesatildeo coerecircncia informatividade intertextualidade entre outros) de

multifunccedilotildees e multimodalidade Nessa perspectiva Marcuschi (2008) tece as seguintes

consideraccedilotildees

1 O texto eacute visto como um sistema de conexotildees entre vaacuterios elementos tais como

sons palavras enunciados significaccedilotildees participantes contextos accedilotildees etc

2 O texto eacute construiacutedo numa orientaccedilatildeo de multissistemas ou seja envolve tanto

aspectos linguiacutesticos como natildeo linguiacutesticos no seu processamento (imagem muacutesica)

e o texto se torna em geral multimodal

3 O texto eacute um evento interativo e natildeo se daacute como um artefato monoloacutegico e

solitaacuterio sendo sempre um processo e uma coproduccedilatildeo (co-autorias em vaacuterios niacuteveis)

4 O texto compotildee-se de elementos que satildeo multifuncionais sob vaacuterios aspectos tais

como um som uma palavra uma significaccedilatildeo uma instruccedilatildeo etc e deve ser

processado com esta multifuncionalidade (MARCUSCHI 2008 p 80)

Com base no exposto consideramos que o texto extrapola as questotildees meramente

linguiacutesticas pois concentra vaacuterios aspectos natildeo linguiacutesticos que devem ser considerados

principalmente porque estamos inseridos em uma sociedade imersa em um grande ambiente

multimodal

Na Teoria da Multimodalidade defendida por Kress e Van Leeuwen (2006) o texto

multimodal eacute aquele cujo significado se realiza por mais de um coacutedigo semioacutetico ou recursos

semioacuteticos Por recursos semioacuteticos entendem-se de acordo com Dioniacutesio (2006) os modos

(imagens escrita som muacutesica linhas cores tamanhos acircngulos ritmos etc) e como eles se

integram no texto atraveacutes das modalidades sensoriais (visual auditiva olfativa etc) Ainda de

acordo com Dioniacutesio (2006 p 21) ldquoo termo multimodal tem sido usado para nomear textos

constituiacutedos por combinaccedilatildeo de recursos de escrita (fonte tipografia) som (palavras faladas

muacutesicas) imagens (desenhos fotos reais) gestos movimentos expressotildees faciais etcrdquo

Deve-se ressaltar que ao fazer a leitura de uma imagem aleacutem de observar planos traccedilos

cores figuras eacute preciso compreender como esse conjunto de recursos semioacuteticos dialogam

pois ao vermos uma imagem imediatamente evocamos uma seacuterie de interpretaccedilotildees

Para Dioniacutesio (2006 p 160) o fato de a nossa sociedade estar cada vez ldquomais visualrdquo

demonstra que os textos multimodais ldquo[] satildeo textos especialmente construiacutedos que revelam

as nossas relaccedilotildees com a sociedade e com o que a sociedade representardquo

Por isso o estudo dos textos multimodais eacute relevante porque estamos imersos em

imagens sons textos palavras muacutesicas cores entre outras infinidades de possibilidades de

leituras variadas dispostas nesta sociedade que utiliza a internet como veiacuteculo de informaccedilatildeo e

de comunicaccedilatildeo Esse estudo possibilita ao professor e ao aluno o conhecimento de uma

54

linguagem multissignificativa entrecortada por relaccedilotildees de poder que se estabelecem no

discurso

Dessa maneira a anaacutelise dos textos visuais contribui de forma relevante para que se

compreendam os mecanismos de construccedilatildeo de sentidos visuais o que favorece o

desenvolvimento da leitura e da escrita de textos de natureza multimodal de acordo com a

Gramaacutetica de Design Visual ndash GDV de Kress e Van Leewen

Natildeo podemos deixar de abordar que o sistema de estruturaccedilatildeo visual elaborado por

Krees e Van Leeuwen (2006) na Gramaacutetica de Design Visual (GDV) compotildee-se de trecircs

metafunccedilotildees Primeiramente citamos a metafunccedilatildeo ideacional por meio da qual eacute expressa a

experiecircncia e a habilidade dos participantes de representarem e de interpretarem o mundo por

meio de estruturas narrativas ou conceituais (participantes representados participantes

interativos) A metafunccedilatildeo interacional diz respeito ao grau de interaccedilatildeo entre os elementos da

composiccedilatildeo Aleacutem disso haacute metafunccedilatildeo interpessoal na qual eacute expressa a relaccedilatildeo estabelecida

entre os interlocutores que ao desempenharem suas funccedilotildees criam possiacuteveis significados

tendo como base o contexto social do qual fazem parte (contato olhar de oferta e olhar de

demanda distacircncia social plano fechado plano meacutedio plano aberto) Haacute tambeacutem a funccedilatildeo

composicional que tem metafunccedilatildeo textual a qual expressa a relaccedilatildeo e a disposiccedilatildeo que os

elementos visuais ocupam na composiccedilatildeo visual para a construccedilatildeo de sentidos bem como a

relaccedilatildeo que esses elementos mantecircm com a situaccedilatildeo em que satildeo usados (valor da informaccedilatildeo

dadonovo idealreal e centromargem) A partir dessas consideraccedilotildees observa-se a articulaccedilatildeo

de vaacuterios modos semioacuteticos nos textos multimodais que convergem significados

representacionais interativos e composicionais e contribuem com a construccedilatildeo de sentidos do

texto

Entendemos de acordo com Koch (2006) que o sentido do texto eacute construiacutedo pelos

processos de interaccedilatildeo autor-texto-leitor Aleacutem disso a autora considera de fundamental

importacircncia que o leitor leve em consideraccedilatildeo as ldquosinalizaccedilotildeesrdquo na e para a produccedilatildeo de sentido

e os conhecimentos que possui ou seja o sentido de um texto eacute construiacutedo na interaccedilatildeo texto-

sujeitos

Segundo Marcuschi (2008 p 70) sujeito ldquoeacute aquele que ocupa um lugar no discurso e

que se determina na relaccedilatildeo com o outrordquo Um sujeito que pensa que se apropriou da

linguagem tem o que falar e para quem falar Um ser social eacute capaz de produzir ideias e

envolver-se nas questotildees da sociedade em que vive de forma interativa e contextualizada Eacute sob

essa perspectiva de escrita como atividade interativa que Antunes (2003) estabelece as

seguintes consideraccedilotildees

55

Uma visatildeo interacionista da escrita supotildee desse modo encontro parceria

envolvimento entre sujeitos para que aconteccedila a comunhatildeo das ideias das

informaccedilotildees e das intenccedilotildees pretendidas Assim por essa visatildeo supotildee que algueacutem

selecionou alguma coisa a ser dita a um outro algueacutem como quem pretendeu interagir

em vista de algum objetivo (ANTUNES 2003 p 45)

Diante do exposto a produccedilatildeo de textos na escola merece atenccedilatildeo haja vista a

necessidade de tornar o aluno sujeito das suas proacuteprias ideias ou seja um produtor de textos

que tem algo a dizer e para quem dizer Dessa forma pretende-se que a autoria faccedila parte da

vida do aluno como algo natural em uma troca de informaccedilotildees que se deseja partilhar Contudo

a dificuldade em produzir textos eacute uma realidade escolar A maioria dos alunos apresenta

estranhamento bloqueio medo de escrever Lidam diariamente com textos na escola e fora

dela realizam leituras desenvolvem atividades de interpretaccedilatildeo e anaacutelise mas demonstram

insatisfaccedilatildeo em produzir textos

Percebe-se que a falta de entendimento do que vem a ser um texto bem como da sua

percepccedilatildeo enquanto sujeito capaz de produzir discurso nas relaccedilotildees de interaccedilatildeo interfere

nesse processo de produccedilatildeo textual Por isso julgamos ser imprescindiacutevel que o aluno tenha

contato com textos de diversos gecircneros e que seja tambeacutem um leitor Ser leitor para construir

um repertoacuterio ideoloacutegico e vivencial para ter o que falar e para quem falar Como ressalta

Bakhtin

[n]a realidade toda palavra comporta duas faces Ela eacute determinada tanto pelo fato de

que procede de algueacutem como pelo fato de que se dirige para algueacutem Ela constitui

justamente o produto da interaccedilatildeo do locutor e do ouvinte [] A palavra eacute uma

espeacutecie de ponte lanccedilada entre mim e os outros Se ela se apoia sobre mim numa

extremidade na outra apoia-se sobre o meu interlocutor A palavra eacute o territoacuterio

comum do locutor e do interlocutor (BAKHTIN 1999 p 113)

Logo precisamos deixar claro para o aluno que ele tem capacidades comunicativas e

que sempre haveraacute a possibilidade de interaccedilatildeo entre locutor e interlocutor que ldquotodos temos

uma competecircncia textual-discursiva relativamente bem desenvolvida e natildeo haacute o que ensinar

propriamenterdquo como ressalta Marcuschi (2008 p 81) Nesse sentido a escola deve ativar essa

competecircncia a partir da praacutetica docente que intermedeia a linguagem oral e escrita atraveacutes de

leituras debates problematizaccedilatildeo discussotildees em sala de aula entre outras estrateacutegias que

privilegiam a produccedilatildeo textual como algo prazeroso

56

24 A internet e os gecircneros digitais no contexto escolar

Pensar em como as tecnologias digitais da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo podem

transformar nossa praacutetica pedagoacutegica natildeo eacute algo tatildeo recente Mesmo assim a praacutetica

pedagoacutegica sob essa perspectiva possibilita a noacutes professores natildeo soacute a atualizaccedilatildeo de

conhecimentos mas o acompanhamento das mudanccedilas no cenaacuterio mundial principalmente no

contexto escolar que eacute nosso espaccedilo de atuaccedilatildeo profissional Dessa forma a escola natildeo pode

desvincular-se do que acontece fora dela devendo estabelecer relaccedilotildees de praacuteticas de

letramento com a tecnologia para que surjam novas possibilidades de ensino-aprendizagem

contextualizadas e significativas

Nesse contexto as miacutedias e as tecnologias ganharam destaque em todos os aspectos

principalmente como instrumentos de novas propostas pedagoacutegicas Assim entende-se cada

vez mais a escola como uma instituiccedilatildeo inserida em uma sociedade que apresenta

transformaccedilotildees especialmente nas formas de acesso ao conhecimento Dessa maneira para natildeo

dissociar suas praacuteticas e processos da realidade social ela deve tambeacutem acompanhar essas

transformaccedilotildees apropriando-se desses novos meios de transmissatildeo de conhecimento e

transformando-os em instrumentos pedagoacutegicos A partir dessa concepccedilatildeo eacute preciso abordar

de maneira sucinta as interfaces das tecnologias digitais da informaccedilatildeo e da comunicaccedilatildeo com

a educaccedilatildeo

A internet ganhou abrangecircncia mundial pois eacute responsaacutevel por uma parte expressiva

das informaccedilotildees que circulam no mundo em um processo de compartilhamento de ideias que

foi estimulado especialmente a partir da deacutecada de 1980 quando seu uso tornou-se puacuteblico

deixando de ser exclusividade de especialistas e instituiccedilotildees governamentais Desde entatildeo a

internet vem se popularizando com a implantaccedilatildeo de laboratoacuterios de informaacutetica em diversas

instituiccedilotildees de ensino sobretudo apoacutes a utilizaccedilatildeo das ondas de raacutedio para essa finalidade uma

vez que por meio de uma linha telefocircnica seu uso era dispendioso e por isso restrito

Em 2015 conforme dados extraiacutedos da Pesquisa Nacional por Amostras em Domiciacutelios

(PNAD 2015) 578 de domiciacutelios brasileiros possuiacuteam acesso agrave internet Isso equivale a 393

milhotildees de domiciacutelios Aleacutem disso a pesquisa evidenciou que quanto maior a classe de

rendimento mensal domiciliar per capita maior eacute a proporccedilatildeo de domiciacutelios com Internet

Assim os domiciacutelios pertencentes agraves classes de rendimento domiciliar per capita de ateacute um

salaacuterio miacutenimo encontram-se abaixo da meacutedia nacional revelando uma desigualdade

socioeconocircmica e assim uma desvantagem quanto ao acesso agrave internet por falta de condiccedilotildees

financeiras

57

Outro aspecto observado de acordo com a PNAD (2015)15 eacute que houve reduccedilatildeo no

nuacutemero de domiciacutelios particulares permanentes com acesso agrave internet por meio de

microcomputador passando de 282 milhotildees em 2014 para 275 milhotildees em 2015 No

entanto aumentou o contingente de domiciacutelios com acesso agrave internet por meio de outros

equipamentos como celular 921 (362 milhotildees) tinham acesso por meio de telefone moacutevel

celular (aumento de 117 pontos percentuais em relaccedilatildeo a 2014) 211 (83 milhotildees) por tablet

(queda de 08 ponto percentual) e 75 (29 milhotildees) por televisatildeo (aumento de 26 pontos

percentuais)

Em 2013 o uso do microcomputador predominava em todas as grandes regiotildees com

exceccedilatildeo da regiatildeo Norte Jaacute em 2014 e contiacutenuo crescimento em 2015 de acordo com a

pesquisa a utilizaccedilatildeo do microcomputador como uacutenico equipamento para acesso agrave internet natildeo

mais prevalece na maioria dos domiciacutelios da populaccedilatildeo brasileira

Vale ressaltar tambeacutem que a pesquisa por meio da anaacutelise por distribuiccedilatildeo etaacuteria

constatou que os grupos mais jovens registraram as maiores proporccedilotildees de utilizaccedilatildeo da internet

em 2015 Analisando os grupos compreendidos na faixa de 10 a 44 anos de idade descobriu-

se que o uso da internet ultrapassava 575 (1021 milhoes de pessoas) Observamos a partir

desses dados que a utilizaccedilatildeo da internet mostrou relaccedilatildeo direta com os anos de estudo

indicando proporccedilotildees crescentes entre os mais escolarizados Em relaccedilatildeo a 2013 2014 e 2015

todos os niacuteveis de instruccedilatildeo apresentaram aumento da utilizaccedilatildeo da internet com exceccedilatildeo do

grupo sem instruccedilatildeo e menos de um ano de estudo que passou de 54 em 2013 para 52

em 2014 mas em 2015 houve aumento de 22 passando para 74 Para as pessoas com ateacute

sete anos de estudo a proporccedilatildeo foi inferior agrave meacutedia nacional (575) enquanto para aquelas

com oito anos ou mais de estudo a proporccedilatildeo foi superior Assim considerando o niacutevel de

instruccedilatildeo observou-se que as proporccedilotildees de utilizaccedilatildeo da Internet aumentaram continuamente

ateacute o niacutevel superior incompleto que alcanccedilou o valor maacuteximo de 9470 decaindo depois

para 928 no grupo que possui superior completo Eacute notoacuterio dizer que em 2015 dos 1021

milhotildees de usuaacuterios da internet 284 (290 milhotildees) eram estudantes Por isso o potencial e

as possibilidades de uso da internet na educaccedilatildeo satildeo evidentes porque ela constitui a maior e a

mais abrangente forma de comunicaccedilatildeo interaccedilatildeo e troca de saberes devendo fazer parte do

contexto escolar

15 Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNAD 2015) Disponiacutevel em lt

httpsbibliotecaibgegovbrvisualizacaolivrosliv99054pdf gt Acesso em 04 fev 2018

58

Assim podemos dizer que esses novos recursos de interaccedilatildeo comunicativa viabilizados

pela tecnologia podem e devem ser agregados ao contexto escolar estabelecendo relaccedilotildees de

sentido para o aluno e para a sociedade

Dessa forma sob a perspectiva do letramento como praacutetica social que atenda agraves

necessidades de aprendizagem do seacuteculo XXI a exigecircncia de utilizar os gecircneros digitais como

ferramenta de ensino configura um novo comportamento diante da leitura e da escrita Dessa

maneira a praacutetica docente restrita ao letramento das miacutedias impressas natildeo eacute suficiente tendo

em vista a real necessidade de inserir tecnologias digitais no contexto escolar que jaacute estatildeo tatildeo

presentes na vida das pessoas e de certa forma fora da escola

A esse respeito Coscarelli afirma que

[a]s escolas precisam preparar os alunos tambeacutem para o letramento digital com

competecircncias e formas de pensar adicionais ao que antes era previsto para o impresso

Sendo assim o desafio que precisamos enfrentar eacute o de incorporar ao ensino da leitura

tanto os textos de diferentes miacutedias (jornais impressos e digitais formulaacuterios online

viacutedeos muacutesicas sites blogs e tantos outros) quanto formas de lidar com eles (COSCARELLI 2016 p 17)

Assim a escola poderia levar em consideraccedilatildeo esses aspectos e preparar o aluno para

viver na sociedade contemporacircnea estabelecendo relaccedilotildees com o mundo real e com a

tecnologia preparando-o para enfrentar desafios resolver problemas e participar da sociedade

de forma criacutetica e responsaacutevel pois o uso de novas tecnologias da informaccedilatildeo de miacutedias de

gecircneros textuais e digitais cria inuacutemeras possibilidades de aprendizagem principalmente

quando se considera o contexto social a cultura e a vivecircncia dos sujeitos envolvidos no processo

de ensino-aprendizagem Assim nessa perspectiva pretende-se desenvolver no estudante

competecircncias de leitura e escrita por meio de gecircneros textuais e digitais

Os gecircneros textuais conforme Marcuschi (2008 p 155) satildeo [] textos que

ldquoencontramos em nossa vida diaacuteria e que apresentam padrotildees sociocomunicativos

caracteriacutesticos definidos por composiccedilotildees funcionais objetivos enunciativos e estilos

concretamente realizados na integraccedilatildeo de forccedilas histoacutericas sociais institucionais e teacutecnicasrdquo

Jaacute os gecircneros digitais apresentam os mesmos padrotildees sociocomunicativos estatildeo

presentes mais do que nunca na vida diaacuteria das pessoas poreacutem se valem do suporte virtual ou

seja da internet para se materializarem

Observamos que a rede mundial de computadores trouxe grandes mudanccedilas na forma

de comunicaccedilatildeo e acesso agrave informaccedilatildeo e a escola pouco tem utilizado essa profiacutecua ferramenta

como inovaccedilatildeo na praacutetica pedagoacutegica Marcuschi (2008 p 175) define como suporte de um

gecircnero ldquoum loacutecus fiacutesico ou virtual com formato especiacutefico que serve de base ou ambiente de

59

fixaccedilatildeo do gecircnero materializado como textordquo Assim os gecircneros digitais satildeo textos presentes

no nosso cotidiano e que estatildeo materializados no ambiente digital Cabe assim

compreendermos que o ambiente digital apresenta peculiaridades e variaacuteveis mas de acordo

com Marcuschi (2010 p 22) eacute fato inconteste ldquo[] que a internet e todos os gecircneros ligados a

ela satildeo eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita Na internet a escrita continua

essencial apesar da integraccedilatildeo de imagens e somrdquo

Nessa perspectiva Marcuschi (2010) relaciona no Quadro 06 os gecircneros digitais por

ele classificados como emergentes fazendo uma relaccedilatildeo com os gecircneros textuais jaacute existentes

Quadro 06 ndash Gecircneros textuais emergentes na miacutedia virtual e seus equivalentes em gecircneros

preexistentes Gecircneros emergentes Gecircneros jaacute existentes

1 E-mail Carta pessoal bilhete correio

2 Chat em aberto Conversaccedilotildees (em grupos abertos)

3 Chat reservado Conversaccedilotildees duais (casuais)

4 Chat ICQ (agendado) Encontros pessoais (agendados)

5 Chat em salas privadas Conversaccedilotildees (fechadas)

6 Entrevista com convidado Entrevista com pessoa convidada

7 E-mail educacional (aula por e-mail) Aulas por correspondecircncia

8 Aula-chat (aulas virtuais) Aulas presenciais

9 Videoconferecircncia interativa Reuniatildeo de grupo conferecircncia debate

10 Lista de discussatildeo Circulares seacuteries de circulares ()

11 Endereccedilo eletrocircnico Endereccedilo postal

12 Blog Diaacuterio pessoal anotaccedilotildees agendas

Fonte Marcuschi 2010 p 37

Compreendemos com base em Marcuschi (2008) que esses textos tecircm caracteriacutesticas

particulares e mesmo sendo por meio virtual as relaccedilotildees de interaccedilatildeo satildeo entre indiviacuteduos

reais Outros aspectos pertinentes e que satildeo relevantes para diferenciar e caracterizar esses

gecircneros satildeo a composiccedilatildeo (aspectos textuais e formais) o tema (natureza dos conteuacutedos) e o

estilo (aspectos relativos agrave linguagem) mesmo sabendo que por meio do ambiente virtual as

experimentaccedilotildees e possibilidades de uso satildeo ilimitadas

No sentido de melhor compreender as semelhanccedilas e diferenccedilas entre os gecircneros jaacute

existentes e os gecircneros emergentes Marcuschi (2010) traccedila alguns paracircmetros que poderiam

caracterizar esses novos gecircneros mas alerta que eacute apenas uma proposta descritiva e que carece

de maior investigaccedilatildeo Poreacutem analisa dois aspectos importantes que contribuem para essa

anaacutelise o tempo e os participantes como podemos observar no Quadro 07

60

Quadro 07 ndash Formatos da comunicaccedilatildeo por computador conforme os participantes e o tempo

Participantes Tempo

Siacutencrono Assiacutencrono

Bilateral Chat reservado E-mail

Multilateral Chat em salas abertas

Aula chat

Informaccedilotildees listas de

discussatildeo blogs

Fonte Marcuschi 2010 p 38

Observamos ancorados em Marcuschi (2010) que a simultaneidade ou natildeo em que

ocorrem as relaccedilotildees de fala-escrita apresenta um caraacuteter inovador no contexto das relaccedilotildees

discursivas e na forma como a linguagem acontece diante de tantos recursos inovadores Os

gecircneros no contexto digital mudam radicalmente a forma como as pessoas estabelecem

produzem ou reproduzem comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo Aleacutem desses aspectos (tempo e

participantes) satildeo levados em conta outros paracircmetros que caracterizam esses gecircneros como

o nuacutemero de interlocutores o tempo de envio das mensagens ou sinais a quantidade de texto

permitido limites impostos agrave revisatildeo meacutetodo de armazenamento busca e gerenciamento dos

textos e riqueza e variedade de sinais (texto som imagem etc)

Portanto conveacutem destacar que uma das caracteriacutesticas notaacuteveis em ambientes virtuais eacute

a alta interatividade a rapidez em enviar e em receber mensagens simultaneamente que antes

da tecnologia soacute era permitida face a face Ademais a utilizaccedilatildeo de recursos semioloacutegicos

comuns nesses ambientes como imagens sons viacutedeos fotos emoticons iacutecones criam

dinamismo ao que eacute lido ou escrito

Embora nosso propoacutesito seja evidenciar as caracteriacutesticas dos gecircneros digitais e da

multimodalidade reconhecendo suas potencialidades e possibilidades de uso Ribeiro (2016)

estabelece alguns esclarecimentos sobre os gecircneros textuais a partir da relaccedilatildeo entre impresso

e digital A autora alerta para o cuidado com as generalizaccedilotildees e para o cuidado em conduzir

discussotildees a esse respeito jaacute que considera que tanto o impresso quanto o digital tratam dos

aspectos da linguagem em suas pertinecircncias ambiecircncias e possibilidades Nesse sentido

devemos evitar polarizaccedilotildees que tratam o impresso como limitado ou desvantajoso em relaccedilatildeo

ao digital A concentraccedilatildeo em extremos opostos e generalizados leva agrave segregaccedilatildeo e natildeo agrave

congruecircncia que se pretende alcanccedilar em utilizar o impresso e o digital na perspectiva da

multimodalidade que natildeo eacute um recurso apenas do digital Nesse sentido a utilizaccedilatildeo de

recursos impressos ou digitais no desenvolvimento da leitura e da escrita tem a intenccedilatildeo de

ampliar horizontes e natildeo restringi-los

61

Por isso Ribeiro (2016 p 18) levanta os seguintes questionamentos ldquoO que quero

escrever Que linguagens vatildeo me servir agorardquo Satildeo as nossas intenccedilotildees e objetivos que

definem se os recursos seratildeo impressos ou digitais Para que isso ocorra a autora ressalta que

ldquo[] o mais importante eacute criar planejar selecionar recursos que vatildeo do laacutepis ao computador

de uacuteltima geraccedilatildeo O que realmente importa eacute conhecer linguagens e modos de dizer sem tirar

os olhos dos efeitos de sentido desejadosrdquo (RIBEIRO 2016 p 119)

25 Blog ndash gecircnero digital como ferramenta de ensino

Com o avanccedilo da tecnologia a utilizaccedilatildeo de ferramentas inovadoras e associadas ao uso

pedagoacutegico torna-se um desafio ao professor que quer fomentar conhecimento sobre

linguagens interaccedilotildees intenccedilotildees leitura e escrita no meio virtual Segundo Marcuschi (2010

p 31) ldquo[] todas as tecnologias comunicacionais novas geram ambientes e meios novosrdquo

Sabemos que a novidade a rapidez e a interatividade no meio virtual dificultam a

definiccedilatildeo de ambientes e gecircneros Por isso mesmo Marcuschi (2010) afirma que a internet

representa um laboratoacuterio de experimentaccedilotildees de todos os formatos Aquilo que hoje configura

uma afirmaccedilatildeo ou uma definiccedilatildeo pela proacutepria caracteriacutestica da tecnologia que eacute o avanccedilo com

que as coisas acontecem pode invalidar essas mesmas definiccedilotildees ou conceitos Contudo

definiremos ambiente virtual e o gecircnero digital blog ancorados nos estudos de Marcuschi

(2010) Assim de acordo com autor os ambientes virtuais satildeo domiacutenios de produccedilatildeo e

processamento textual em que surgem os gecircneros e que se distinguem dos ambientes por vaacuterios

sentidos pois abrigam os gecircneros e por muitas vezes os condicionam Assim dos gecircneros

digitais classificados acima abordaremos o blog como um recurso educacional inovador no

processo de escrita

A palavra blog segundo Marcuschi (2010) surgiu no final de 1997 provavelmente

empregada por Jorn Barger para descrever sites pessoais que fossem atualizados

frequentemente e contivessem comentaacuterios e links Dessa maneira o termo blog originou-se e

popularizou-se por causa da internet referindo-se a uma forma simplificada de weblog (Web ndash

rede de computadores e log ndash uma espeacutecie de diaacuterio de bordo de navegadores que anotavam as

posiccedilotildees do dia)

O Quadro 08 a seguir eacute um recorte do quadro ldquoParacircmetros para identificaccedilatildeo dos

gecircneros digitais no meio virtualrdquo elaborado por Marcuschi (2010 p 41) como o intuito de

levantar aspectos funcionais e operacionais aleacutem do aspecto sociocomunicativo e as atividades

desenvolvidas que caracterizam os gecircneros digitais e-mails chat aberto chat reservado chat

62

agendado chat em salas privadas entrevista com convidado e-mails educacionais aula chat

videoconferecircncia interativa lista de discussatildeo endereccedilo eletrocircnico e blog Assim pelo recorte

do quadro de Marcuschi analisamos apenas o gecircnero blog tendo em vista sua utilizaccedilatildeo como

ferramenta de ensino no Projeto de Intervenccedilatildeo ndash PEI

Quadro 08 ndash Paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blog Dimensatildeo Aspecto Presenccedila Ausecircncia Irrelevacircncia do traccedilo

para definiccedilatildeo de

gecircnero

Relaccedilatildeo temporal Assiacutencrono

Duraccedilatildeo Indefinida

Extensatildeo do texto Indefinida

Formato textual Texto corrido

Participantes Muacuteltiplos

Relaccedilatildeo dos participantes Conhecidos

Anocircnimos

Troca de falantes Inexistente

Funccedilatildeo

Interpessoal

Luacutedica

Tema Livre

Estilo Informal

Canal semioses Texto com imagens

Recuperaccedilatildeo de mensagem Por gravaccedilatildeo

Fonte Adaptado a partir de Marcuschi 2010 p 41

Com base no Quadro 08 observamos que o blog apresenta uma relaccedilatildeo temporal

assiacutencrona pois a comunicaccedilatildeo natildeo ocorre exatamente ao mesmo tempo natildeo eacute simultacircnea por

isso sua duraccedilatildeo tambeacutem natildeo eacute definida cronologicamente ocorre de acordo com o tempo de

produccedilatildeo Da mesma forma ocorre com a extensatildeo do texto que eacute indefinida jaacute que depende

da intenccedilatildeo e do propoacutesito comunicativo do autor O formato textual eacute corrido geralmente eacute

um texto sem referecircncias bibliograacuteficas em um uacutenico paraacutegrafo Os participantes satildeo muacuteltiplos

e atuam apenas na tecitura de comentaacuterios com liberdade de opinar elogiar criticar ou natildeo

visto que eacute o administrador do blog quem define em suas configuraccedilotildees essas possibilidades de

interaccedilatildeo Outro aspecto observado eacute a relaccedilatildeo dos participantes Marcuschi (2010) chama a

atenccedilatildeo nesse quesito para uma possiacutevel assimetria haja vista a relaccedilatildeo de proximidade ou

natildeo com o blogueiro pois os usuaacuterios que com ele interagem sabem quem ele eacute mas o blogueiro

natildeo necessariamente conhece seu interlocutor Tambeacutem cumpre destacar a ausecircncia de troca de

falantes acontecendo a comunicaccedilatildeo por meio de texto e imagem embora o texto assuma um

63

caraacuteter luacutedico e interpessoal que entendemos como algo positivo jaacute que estabelece relaccedilotildees

entre pessoas mesmo sendo pelo texto escrito e assiacutencrono Aleacutem disso os temas satildeo livres e

a informalidade daacute leveza e liberdade ao blogueiro em suas produccedilotildees Por fim o processo de

significaccedilatildeo na dimensatildeo canal e semioses ocorrem por meio do texto e imagem e haacute a

possibilidade de recuperaccedilatildeo de mensagens atraveacutes de gravaccedilatildeo Esclarecemos que satildeo apenas

traccedilos baacutesicos levantados e analisados por Marcuschi (2010) os quais ajudam a compreender o

gecircnero blog natildeo satildeo portanto definiccedilotildees exatas e estanques como ele mesmo postula ao dizer

que essa anaacutelise eacute provisoacuteria tendo em vista o acelerado desenvolvimento das tecnologias e

mudanccedilas envolvidas em sua produccedilatildeo

Consideramos que essa anaacutelise eacute pertinente visto que o blog em muitas ocasiotildees eacute

confundido com home page que natildeo eacute um gecircnero digital mas uma paacutegina de entrada de site

eletrocircnico Marcuschi define os blogs como gecircneros digitais nos seguintes termos

[] os blogs funcionam como um diaacuterio pessoal na ordem cronoloacutegica com anotaccedilotildees

diaacuterias ou em tempos regulares que permanecem acessiacuteveis a qualquer um na rede

Muitas vezes satildeo verdadeiros diaacuterios sobre a pessoa sua famiacutelia ou seus gostos e seus

gatos catildees atividades sentimentos crenccedilas e tudo o que for conversaacutevel

(MARCUSCHI 2010 p 72)

Nesse sentido o blog funciona como um diaacuterio virtual nele satildeo inseridos comentaacuterios

textos notiacutecias curiosidades e variados temas em uma ordem cronoloacutegica Fornece aos

usuaacuterios inuacutemeras possibilidades de se combinarem textos escritos eou orais como o podcast

on line16 imagens viacutedeos links entre tantas outras miacutedias Possibilita ainda a interaccedilatildeo entre

usuaacuterios da rede a tecitura de comentaacuterios a respeito dos assuntos publicados tornando-se um

recurso inovador de comunicaccedilatildeo e produccedilatildeo de informaccedilatildeo Marcuschi (2010 p 73)

acrescenta ainda que os blogs tecircm ldquo[] estrutura leve textos em geral breves descritivos e

opinativosrdquo

Com a popularizaccedilatildeo do blog surgiram novas expressotildees no contexto de quem utiliza a

internet como blogueiros ndash pessoas que criam blogs com temaacuteticas diversas e expotildeem

opiniotildees produccedilotildees escritas em viacutedeo ou aacuteudio entre outros post ndash postagens publicadas no

blog pelo blogueiro Podem-se utilizar muacuteltiplas semioses imagens viacutedeos texto verbal fotos

links Aleacutem disso haacute tambeacutem espaccedilo para comentaacuterio ndash parecer sobre alguma postagem em

forma de elogio criacutetica observaccedilatildeo ponto de vista

As possibilidades de aprendizagem e interaccedilatildeo por meio dos blogs satildeo postas em

evidecircncia e servem tanto agrave praacutetica docente quanto agrave aprendizagem do aluno na apropriaccedilatildeo de

16 O podcast eacute um conteuacutedo de miacutedia (geralmente aacuteudio) transmitido via RSS Disponiacutevel em

lthttpsmundopodcastcombrartigoso-que-e-podcastgt Acesso em 18 out 2016

64

habilidades e competecircncias em utilizar recursos digitais visando ao letramento digital pela

interaccedilatildeo de dispositivos eletrocircnicos e da internet Manusear e utilizar esses recursos implica

conhecimento habilidade e familiaridade Coscarelli ressalta que

[o] letramento digital parte desse pluralismo vai exigir tanto a apropriaccedilatildeo das

tecnologias ndash como usar o mouse o teclado a barra de rolagem ligar e desligar os

dispositivos ndash quanto ao desenvolvimento de habilidades para produzir associaccedilotildees e

compreensotildees nos espaccedilos multimidiaacuteticos Escolher o conteuacutedo a ser disponibilizado

em uma rede de relacionamentos selecionar informaccedilatildeo relevante e confiaacutevel na web

navegar em um site de pesquisa construir um blog ou definir a linguagem mais

apropriada a ser usada em e-mails pessoais e profissionais satildeo exemplos de

competecircncias que ultrapassam o conhecimento da teacutecnica (COSCARELLI 2016 p

21)

Para muitos alunos a utilizaccedilatildeo da tecnologia pode ateacute ser familiar mas para outros

nem tanto Assim as competecircncias leitoras e escritoras precisam ser desenvolvidas e ampliadas

no contexto escolar promovendo o multiletramento por meio do qual o aluno teraacute a

possibilidade de compreender novas linguagens Coscarelli enfatiza que

[a] leitura e a navegaccedilatildeo em sites blogs e redes sociais diversas satildeo algumas das

possibilidades para o trabalho com textos no ambiente digital Explorar suas

potencialidades e usabilidade significa levar em conta natildeo soacute a forma de organizar os

discursos e a linguagem utilizada mas valorizar outras linguagens agregadas aos

textos verbais tais como iacutecones a estrutura da interface o leiaute dentre outros

aspectos (COSCARELLI 2016 p 25)

Sabemos que o fato de a escola desenvolver os multiletramentos e assim promover as

competecircncias linguiacutesticas dos alunos atraveacutes dos gecircneros digitais eacute um aspecto que merece

atenccedilatildeo pelo simples fato de o ser humano ser intrinsecamente comunicativo Por isso

Marcuschi (2008 p 163) diz que ldquoa vivecircncia cultural humana estaacute sempre envolta em

linguagem e todos os nossos textos situam-se nessas vivecircncias estabilizadas em gecircnerosrdquo

Portanto concebemos o blog como um espaccedilo de praacuteticas de leitura e de escrita sobre

vivecircncias estabilizadas nesse gecircnero digital sobre si sobre o cotidiano sobre suas atividades

entre tantos outros aspectos pessoais pois os alunos poderatildeo criar seu proacuteprio blog e produzir

textos sobre si mesmos Dessa forma eacute interessante estabelecer relaccedilotildees entre texto e discurso

que satildeo aspectos complementares das accedilotildees linguiacutesticas De acordo com Marcuschi (2008 p

81-82) ldquo[] o discurso dar-se-ia no plano do dizer (a enunciaccedilatildeo) e o texto no plano da

esquematizaccedilatildeo (a configuraccedilatildeo) Entre ambos o gecircnero eacute aquele que condiciona a atividade

enunciativardquo Assim de acordo com o autor entre o discurso e o texto estaacute o gecircnero que eacute visto

como uma praacutetica enunciativa Compreendemos entatildeo a partir dessas reflexotildees que todas as

formas de dizer constituem os gecircneros que fazem parte do nosso cotidiano e que esses textos

65

estatildeo situados em domiacutenios discursivos os quais satildeo esferas da vida social ou institucional nas

quais se datildeo as praacuteticas que organizam formas de comunicaccedilatildeo

Com base no exposto o gecircnero blog se enquadra no domiacutenio discursivo interpessoal e

tem como modalidade de uso a liacutengua escrita Essa relaccedilatildeo interpessoal tem por caracteriacutestica

a troca de informaccedilotildees do que se tem a dizer e para quem dizer Assim na vida diaacuteria narrar

faz parte de muitos eventos comunicativos que tecircm origem no social e nas relaccedilotildees pessoais

mais precisamente a narrativa pessoal (carta diaacuterio relato pessoal autobiografia etc) Sobre

esse dizer de si mesmo e o ouvir sobre si mesmo jaacute que nossas primeiras experiecircncias sobre

noacutes mesmos satildeo narradas a partir das impressotildees tambeacutem pessoais dos nossos pais e avoacutes

para Bakhtin eacute

[u]ma parte consideraacutevel da minha biografia soacute me eacute conhecida atraveacutes do que os

outros ndash meus proacuteximos ndash me contaram com sua proacutepria tonalidade emocional meu

nascimento minhas origens os eventos ocorridos em minha famiacutelia em meu paiacutes

quando eu era pequeno (tudo o que natildeo podia ser compreendido ou mesmo

simplesmente percebido pela crianccedila) Esses elementos satildeo necessaacuterios agrave

reconstituiccedilatildeo um tanto quanto inteligiacutevel e coerente de uma imagem global da minha

vida e do mundo que a rodeia ora todos esses elementos soacute me satildeo conhecidos ndash a

mim o narrador da minha vida ndash pela boca dos outros heroacuteis dessa vida Sem a

narrativa dos outros minha vida seria natildeo soacute incompleta em seu conteuacutedo mas

tambeacutem internamente desordenada desprovida dos valores que asseguram a unidade

biograacutefica (BAKHTIN 1997 p 169-170)

Logo compreendemos a importacircncia das narrativas pessoais como elementos

constitutivos de conteuacutedo e que datildeo sentido agrave vida pois todos tecircm a necessidade de saber sobre

si mesmos Por isso o blog como diaacuterio virtual configura em uma escrita iacutentima na qual as

accedilotildees ocorrem em tempo e espaccedilo definidos assim como os verbos devem ficar no passado

Aleacutem disso na narrativa pessoal o autor eacute o protagonista da sua proacutepria histoacuteria e a linguagem

eacute pessoal Observamos que o texto procura traduzir impressotildees pessoais a respeito da proacutepria

vida do autor e as percepccedilotildees que ele tem em relaccedilatildeo agrave vida de uma forma geral Assim segundo

Bakhtin (1997 p 154-155) ldquodentro de si mesmo o homem adota uma postura ativa no mundo

sua vida consciente eacute sempre ato atuo mediante o ato a palavra o pensamento o sentimento

vivo venho a ser atraveacutes do atordquo Nesse sentido a narrativa pessoal tem compromisso com a

vida de quem escreve sobre seus sentimentos momentos os quais satildeo expostos pelo ato

comunicativo

66

CAPIacuteTULO III

PERCURSO METODOLOacuteGICO

Este capiacutetulo tem o intuito de apresentar os procedimentos metodoloacutegicos utilizados no

desenvolvimento deste estudo Desse modo realizamos a pesquisa com abordagem

metodoloacutegica de natureza aplicada classificada como explicativa utilizando como

procedimentos teacutecnicos a pesquisa bibliograacutefica a pesquisa-accedilatildeo e a pesquisa participante A

coleta de dados foi realizada por meio de observaccedilatildeo questionaacuterio atividade inicial de escrita

e atividade final de escrita Aleacutem disso realizaram-se no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica

ndash PEI atividades de escrita voltadas para o desenvolvimento da consciecircncia fonoloacutegica e

ortograacutefica

31 Contexto da pesquisa

O contexto de referecircncia desta pesquisa foi a Escola Estadual Pio XII localizada na

Praccedila Santa Cruz sn Centro no municiacutepio de Januaacuteria norte de Minas Gerais Sua localizaccedilatildeo

eacute privilegiada visto ser proacutexima a uma praccedila que funciona como um espaccedilo cultural onde

acontecem festas religiosas e eventos esportivos da escola e da comunidade

A comunidade na qual a escola estaacute inserida recebe forte influecircncia do Rio Satildeo

Francisco que eacute considerado o berccedilo de vaacuterias manifestaccedilotildees culturais januarenses e tambeacutem

celeiro folcloacuterico Tais manifestaccedilotildees influenciam significativamente as atividades escolares

os projetos desenvolvidos e as apresentaccedilotildees artiacutesticas da escola Nesse acircmbito destacam-se as

danccedilas de origem africana como o Maculelecirc Os Reis dos Temerosos e a Capoeira Sobre o rio

Satildeo Francisco tem-se a puxada de rede e as cantigas de lavadeiras Todas essas representaccedilotildees

culturais contam com a participaccedilatildeo efetiva dos alunos e da comunidade escolar fortalecendo

a identidade cultural a origem e a tradiccedilatildeo popular

De acordo com a Proposta Poliacutetico-Pedagoacutegica ndash PPP a Escola Estadual Pio XII atende

a crianccedilas jovens e adultos do centro da cidade comunidades vizinhas e bairros perifeacutericos

Portanto haacute uma diversidade muito grande nos aspectos econocircmico cultural e social Muitos

desses educandos moram em casa proacutepria com iluminaccedilatildeo aacutegua tratada banheiro e rede de

esgoto mas tambeacutem haacute situaccedilotildees de vulnerabilidade social precariedade financeira e desajustes

familiares

No aspecto educacional prevalece a formaccedilatildeo de niacutevel de escolaridade meacutedio completo

para o pai e para a matildee Poreacutem percebe-se entre as matildees uma crescente busca pela formaccedilatildeo

67

acadecircmica O nuacutemero de famiacutelias que possuem apenas a 4ordf seacuterie ou nenhuma instruccedilatildeo tem

diminuiacutedo Dessa forma a escola tem se sensibilizado com o problema oferecendo cursos e

conscientizando as famiacutelias sobre a necessidade de se concluir pelo menos a educaccedilatildeo baacutesica

para que possam acompanhar o desenvolvimento dos seus filhos e melhorar sua qualidade de

vida

A Escola Estadual Pio XII eacute uma instituiccedilatildeo respeitada e reconhecida por toda

comunidade januarense Tem por objetivo a formaccedilatildeo humana integral do educando e a busca

da inserccedilatildeo social por meio da formaccedilatildeo da cidadania Alicerccedilada nesse objetivo procura

empregar uma praacutetica educativa que tem como eixo a formaccedilatildeo de um cidadatildeo autocircnomo e

participativo Tem por missatildeo a formaccedilatildeo eacutetica pautada no ensino de qualidade buscando a

integraccedilatildeo efetiva entre escola e comunidade para que haja sucesso na aprendizagem e

transformaccedilatildeo construtiva dos alunos no seu meio

Ainda de acordo com o PPP algumas famiacutelias mantecircm-se informadas por meio das novas

tecnologias O acesso ao computador e agrave internet vem crescendo graccedilas agraves lan houses existentes

nos bairros cuja utilizaccedilatildeo estaacute focada primordialmente no entretenimento e no lazer natildeo

necessariamente nos estudos A maioria tem acesso ao telefone moacutevel (celular) apenas duas

pessoas por famiacutelia tecircm emprego fixo e a renda mensal predominante eacute de dois salaacuterios

miacutenimos

Quanto agrave infraestrutura a Escola Estadual Pio XII funciona em preacutedio proacuteprio e conta

com dezesseis salas de aula uma sala de multimeios um laboratoacuterio de informaacutetica com acesso

agrave internet uma biblioteca comunitaacuteria uma quadra em processo de construccedilatildeo secretaria

cantina e natildeo possui refeitoacuterio A sala dos professores e da equipe pedagoacutegica o laboratoacuterio de

informaacutetica e a diretoria funcionam em espaccedilos improvisados Apesar dos espaccedilos citados

necessitarem de reforma para melhor atendimento agrave comunidade local e escolar contamos com

um laboratoacuterio de informaacutetica disponiacutevel aos alunos aspecto importante para o

desenvolvimento das praacuteticas de letramento digital e multiletramento dos discentes envolvidos

nesta pesquisa A aacuterea externa e a aacuterea de circulaccedilatildeo satildeo pavimentadas mas muito pequenas

para atender agrave demanda principalmente em eventos e durante o recreio Haacute tambeacutem aacuterea sem

pavimentaccedilatildeo necessitando de projeto paisagiacutestico

Atualmente a Escola Estadual Pio XII atende a 24(vinte e quatro) turmas do Ensino

Fundamental 06 (seis) turmas do Ensino Meacutedio 12 (doze) turmas de Educaccedilatildeo de Jovens e

Adultos (EJA) Ensino Fundamental e Ensino Meacutedio sendo 01(uma) turma na Sede e 11 (onze)

turmas na Unidade Escolar Prisional 08 (oito) turmas de Cursos Teacutecnicos da Rede

(Administraccedilatildeo Informaacutetica Informaacutetica para Internet e Recursos Humanos) e 05 (cinco)

turmas de Educaccedilatildeo Integral do Ensino Fundamental no Polo da Fundaccedilatildeo Educacional Caio

68

Martins ndash FUCAM totalizando 55 (cinquenta e cinco) turmas e 1118 (mil cento e dezoito

alunos

32 Sujeitos da pesquisa

O universo de investigaccedilatildeo foi constituiacutedo pelos alunos matriculados no 6ordm ano Juacutelia de

Faacutetima (o nome da turma eacute Julia de Faacutetima em homenagem a uma professora que trabalhou na

escola) da Escola Estadual Pio XII no Municiacutepio de Januaacuteria Minas Gerias A turma eacute

composta por 25 (vinte e cinco) alunos cujos nomes foram preservados e identificados por

coacutedigos conforme demonstra o Quadro 09 a seguir

Quadro 09 ndash Alunos informantes do 6ordm ano JF

Fonte Dados da Pesquisa 2017

Conforme exposto no quadro acima a turma eacute composta por 25 alunos matriculados

mas ressaltamos que desses 25 alunos dois satildeo desistentes um foi transferido e um eacute

Coacutedigo Nordm informante

AB 1

AF 2

AK 3

CI 4

DR 5

DV 6

EA 7

EL 8

FA 9

FR 10

IR 11

JP 12

JR 13

KA 14

LV 15

MS 16

MC 17

ND 18

PC 18

PE 20

RR 21

RG 22

RC 23

TM 24

YM 25

69

extremamente infrequente portanto justifica-se a ausecircncia de alguns alunos em algumas coletas

de dados

De acordo com Gil (2002) quando os elementos a serem pesquisados satildeo numerosos e

esparsos eacute recomendada a seleccedilatildeo de uma amostra que deve ser selecionada de acordo com

procedimentos rigidamente estatiacutesticos Poreacutem o autor enfatiza que ldquo[] de modo geral o

criteacuterio de representatividade dos grupos investigados na pesquisa-accedilatildeo eacute mais qualitativo que

quantitativordquo (GIL 2002 p 145) Assim nesta pesquisa adotamos o criteacuterio de

intencionalidade pois segundo Gil (2002 p 145) ldquo[] uma amostra intencional em que os

indiviacuteduos satildeo selecionados com base em certas caracteriacutesticas tidas como relevantes pelos

pesquisadores e participantes mostra-se mais adequada para a obtenccedilatildeo de dados de natureza

qualitativa o que eacute o caso da pesquisa-accedilatildeordquo

Dessa forma a amostra de investigaccedilatildeo foi constituiacuteda por 08 (oito) alunos

selecionados de acordo com o niacutevel de escrita definido por Lemle (1991) Observamos que a

trajetoacuteria escolar desses 08 (oito) alunos confirma o que Soares (2014) ressalta sobre o fracasso

escolar A condiccedilatildeo de exclusatildeo escolar e social na qual todos esses alunos se encontram

devido agrave aprendizagem inicial da liacutengua escrita estar comprometida traz seacuterios reflexos

negativos ao longo do ensino fundamental visto que 625 dos alunos selecionados satildeo

repetentes conforme podemos ver na Tabela 01

Tabela 01 ndash Dados dos alunos selecionados para o PEI

Gecircnero Faixa etaacuteria Cursando o 5ordm

ano pela 1ordf vez

Cursando o 6ordmano

1ordf vez 2ordf vez 3ordf vez

EA Masc 11 anos 2016 2017

FA Masc 11 anos 2016 2017

IR Masc 12 anos 2015 2016 2017

JP Masc 11 anos 2016 2017

JR Fem 13 anos 2015 2016 2017

LV Fem 13 anos 2014 2015 2016 2017

ND Masc 14 anos 2014 2015 2016 2017

TM Masc 12 anos 2015 2016 2017

Fonte Dados da pesquisa Empiacuterica 2017

Os dados da Tabela 01 revelam os anos em que esses alunos cursaram o 5ordm ano do Ensino

Fundamental e o ingresso deles no 6ordm ano do Ensino Fundamental Percebemos por meio da

70

tabela que dois desses alunos repetem o 6ordm ano pela terceira vez consecutiva trecircs pela segunda

vez consecutiva e trecircs cursam o 6ordm ano do Ensino Fundamental pela primeira vez A reprovaccedilatildeo

acontece porque esses alunos natildeo dominam o sistema de escrita natildeo satildeo alfabetizados e os

outros tendem agrave reprovaccedilatildeo pelo mesmo motivo

Portanto o que levamos em consideraccedilatildeo para seleccedilatildeo da amostra foram as questotildees de

alfabetizaccedilatildeo e letramento cujas habilidades de aprendizagem do sistema de escrita foram de

certa forma apagadas e natildeo consolidadas Esses oito alunos apresentaram falhas de escrita de

primeira e segunda ordens conforme definiccedilatildeo proposta por Lemle (1991) A autora ressalta

que o aluno precisa compreender as arbitrariedades do sistema de escrita vivenciar e

experimentar a escrita por meio de checagem e conflito ao estar em contato com palavras

textos e situaccedilotildees que a envolvam para aos poucos ir construindo as competecircncias e habilidades

necessaacuterias agrave alfabetizaccedilatildeo A partir daiacute foi planejado executado e avaliado o Projeto

Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI para melhorar os niacuteveis de escrita desses 08 (oito) alunos

Aleacutem disso propusemos mais trecircs instrumentos de coleta de dados questionaacuterio Atividade

Inicial de Escrita ndash AIE e Atividade Final de Escrita ndash AFE a fim de verificar analisar e

compreender melhor esses dados e assim buscar e selecionar atividades estrateacutegias e situaccedilotildees

de escrita para compor o PEI

33 Procedimentos da pesquisa

O procedimento metodoloacutegico utilizado no desenvolvimento desta pesquisa teve como

premissa as orientaccedilotildees metodoloacutegicas para que se adquirisse o conhecimento cientiacutefico pois

o ser humano sempre teve necessidade de saber o porquecirc das coisas No iniacutecio por questotildees de

sobrevivecircncia o conhecimento era adquirido de forma empiacuterica Ao longo da existecircncia

humana o saber baseado na experiecircncia do cotidiano na tradiccedilatildeo popular natildeo foi suficiente

para explicar com convicccedilatildeo com mais confiabilidade os acontecimentos e as experiecircncias

vivenciadas Desse modo a partir da necessidade da comprovaccedilatildeo da adoccedilatildeo de uma

metodologia eacute que surgiu o conhecimento cientiacutefico

De acordo com Chalmers (1993 p 18) ldquo[] o conhecimento cientiacutefico eacute conhecimento

provado As teorias cientiacuteficas satildeo derivadas de maneira rigorosa da obtenccedilatildeo dos dados da

experiecircncia adquiridos por observaccedilatildeo e experimentordquo Assim podemos dizer que a pesquisa

cientiacutefica eacute conhecimento sistematizado pois parte da anaacutelise da realidade de maneira racional

e investigativa assim como realizamos neste trabalho ao investigarmos e analisarmos a

realidade do ensino-aprendizagem de Liacutengua Portuguesa no ensino fundamental da Escola

Estadual Pio XII

71

Gil (2002 p 17) por sua vez define pesquisa como ldquo[] o procedimento racional e

sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que satildeo propostosrdquo

Nessa perspectiva procedimentos metodoloacutegicos satildeo fundamentais para a pesquisa cientiacutefica

pois representam os meios e as teacutecnicas utilizados na investigaccedilatildeo Torna-se assim o

direcionamento na busca pelo conhecimento Ainda segundo Gil (2002 p 17) ldquo[] a pesquisa

eacute desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponiacuteveis e da utilizaccedilatildeo de meacutetodos

teacutecnicas e outros procedimentos cientiacuteficosrdquo

Assim quanto agrave natureza esta pesquisa foi classificada como aplicada pois decorre

ldquo[] do desejo de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficiente ou eficazrdquo (GIL

2002 p 17) Quanto aos objetivos foi classificada como explicativa pois procurou registrar

analisar e interpretar os dados coletados a fim de obter o conhecimento da realidade e a partir

disso buscou estrateacutegias para tentar minimizar os problemas encontrados

Gil (2002 p 42) ainda esclarece que ldquo[] essas pesquisas tecircm como preocupaccedilatildeo

central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrecircncia dos

fenocircmenosrdquo Esse eacute o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade

Quanto aos procedimentos teacutecnicos adotados utilizamos em um primeiro momento a

pesquisa bibliograacutefica como procedimento para construccedilatildeo do conhecimento sobre conceitos

termos e teorias que deram sustentaccedilatildeo cientiacutefica agrave pesquisa Dessa forma o embasamento

teoacuterico deste estudo teve como premissa a revisatildeo sobre as concepccedilotildees de linguagem

alfabetizaccedilatildeo letramento multiletramento gecircneros digitais e produccedilatildeo escrita

Conforme previsto no ProfLetras a pesquisa foi delineada como pesquisa-accedilatildeo que se

caracteriza por sua flexibilidade entre as fases de desenvolvimento do plano de accedilatildeo De acordo

com Thiollent

Pesquisa-accedilatildeo eacute um tipo de pesquisa social com base empiacuterica que eacute concebida e

realizada em estreita associaccedilatildeo com uma accedilatildeo ou com a resoluccedilatildeo de um problema

coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situaccedilatildeo ou

problema estatildeo envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT

2005 p 16)

Dessa forma ao empreender pesquisa-accedilatildeo o pesquisador parte para a praacutetica

aproximando cada vez mais a pesquisa cientiacutefica da realidade educacional vivenciada pelo

professor-pesquisador numa perspectiva pedagoacutegica autocircnoma e significativa pois eacute na praacutetica

que se estabelecem relaccedilotildees de ensino-aprendizagem

Esta pesquisa tambeacutem foi delineada pela pesquisa participante Gil (2002 p 55) diz que

ldquo[] a pesquisa participante assim como a pesquisa-accedilatildeo caracteriza-se pela interaccedilatildeo entre

72

pesquisadores e membros das situaccedilotildees investigadasrdquo Dessa forma a professora-pesquisadora

esteve envolvida e comprometida com a investigaccedilatildeo cientiacutefica em todas as suas fases

Nesse contexto o percurso metodoloacutegico desta pesquisa foi definido a partir das

seguintes vaacuterias etapas apresentadas no Quadro 10

Quadro 10 ndash Etapas do percurso metodoloacutegico

1 Problematizaccedilatildeo da praacutetica pedagoacutegica do ensino de Liacutengua Portuguesa no 6ordm ano do Ensino

Fundamental II da Escola Estadual Pio XII em relaccedilatildeo aos niacuteveis de escrita e dificuldades de

aprendizagem em leitura e escrita

2 Realizaccedilatildeo da pesquisa bibliograacutefica para construccedilatildeo do referencial teoacuterico

3 Coleta de dados sobre os niacuteveis de escrita

4 Elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo de um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI para elevar os niacuteveis de

escrita atraveacutes de atividades que visaram desenvolver a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita

ortograacutefica desses alunos utilizando o blog como recurso didaacutetico

5 Anaacutelise dos resultados da execuccedilatildeo da proposta educacional de intervenccedilatildeo e a contribuiccedilatildeo para

o ensino da Liacutengua Portuguesa no Ensino Fundamental

Fonte Elaborado pela pesquisadora 2017

Desse modo podemos observar que na primeira etapa da pesquisa partimos do

problema enfrentado em sala de aula no ensino da Liacutengua Portuguesa mais precisamente com

os estudantes de uma turma de 6ordm ano que iniciaram uma nova etapa de escolarizaccedilatildeo sem

terem adquirido ou consolidado os niacuteveis de escrita necessaacuterios ao ano em que ingressaram de

acordo com a Atividade Inicial de Escrita ndash AIE realizada por esta pesquisadora

Dessa forma a pesquisa permitiu uma anaacutelise e um posicionamento sobre a realidade

linguiacutestica dos estudantes do 6ordm ano nos mais diferentes niacuteveis de leitura e de escrita Diante

dessa realidade educacional diagnosticamos a necessidade de elevar os niacuteveis de escrita de 8

(oito) alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima da Escola Estadual Pio XII

A etapa seguinte consistiu na realizaccedilatildeo da pesquisa bibliograacutefica como dito

anteriormente para construccedilatildeo de um referencial teoacuterico que abordou conceitos sobre

alfabetizaccedilatildeo e letramento Nessa etapa os estudos de Soares (2003 2004 2014) Kleiman

(2005 2008) e Rojo (2008 2012) entre outros subsidiaram a construccedilatildeo argumentativa Na

escrita do referencial teoacuterico apresentamos as teorias que esclareceram os conceitos abordados

na escrita da pesquisa e como o assunto estaacute sendo trabalhado Portanto foi necessaacuterio recorrer

ao conhecimento acadecircmico e cientiacutefico produzido atualmente possibilitando a atualizaccedilatildeo

teoacuterica e a construccedilatildeo de uma proposta educacional de intervenccedilatildeo para melhorar os niacuteveis de

escrita dos sujeitos da pesquisa

73

O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI (APEcircNDICE C) parte relevante da

pesquisa consistiu na realizaccedilatildeo de atividades que visaram desenvolver habilidades de leitura

e de escrita utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico de ensino-aprendizagem A

escolha justifica-se por entendecirc-lo como um gecircnero digital que permite aos alunos a aquisiccedilatildeo

de habilidades de leitura e de escrita de forma atrativa e motivadora Nesse sentido o blog

funcionou como um recurso novo de aprendizagem para aleacutem da sala de aula convencional

pois envolveu novos modos de comunicaccedilatildeo que articularam imagens sons interatividade

animaccedilatildeo ou seja tudo aquilo que a crianccedila e adolescente gostam e pelo que se interessam

mesmo natildeo sendo alfabetizados Assim foi criado o blog da turma que funcionou tambeacutem

como suporte da aprendizagem construccedilatildeo vivecircncias e relatos pessoais dos alunos por meio

de recursos impressos e digitais

Todo esse trabalho foi desenvolvido como mais uma etapa desta pesquisa-accedilatildeo

Segundo Gil (2002) ldquoa pesquisa-accedilatildeo concretiza-se com o planejamento de uma accedilatildeo destinada

a enfrentar o problema que foi objeto de investigaccedilatildeordquo (GIL 2002 p 146) De acordo com o

autor a elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo deveraacute indicar basicamente os objetivos que se pretende

atingir as medidas que podem contribuir para melhorar a situaccedilatildeo os procedimentos adotados

para assegurar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de seus resultados

34 Teacutecnica de Coleta de Dados

Realizamos a coleta de dados por meio de teacutecnicas de observaccedilatildeo-participante

questionaacuterio (APEcircNDICE A) Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B) Projeto de

Intervenccedilatildeo Pedagoacutegico ndash PEI (APEcircNDICE C) e Atividade Final de Escrita ndash AFE

(APEcircNDICE D)

De acordo com Lakatos e Marconi (2003 p 190) a observaccedilatildeo ldquoeacute uma teacutecnica de coleta

de dados usada para conseguir informaccedilotildees e utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados

aspectos da realidade Natildeo consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou

fenocircmenos que se desejam estudarrdquo

A observaccedilatildeo-participante consistiu no trabalho de campo como docente da turma

daquilo que foi observado na escola das interaccedilotildees entre os envolvidos na pesquisa e dos

aspectos relevantes para este estudo Por isso a observaccedilatildeo aconteceu no ambiente real e

escolar na sala de aula na sala de multimeios e no laboratoacuterio de informaacutetica da escola Nesse

contexto segundo Lakatos e Marconi (2003 p 194) ldquoas observaccedilotildees satildeo feitas no ambiente

real registrando-se os dados agrave medida que forem ocorrendo espontaneamente sem a devida

preparaccedilatildeo A melhor ocasiatildeo para o registro eacute o local onde o evento ocorrerdquo Por isso esse

74

instrumento de coleta de dados permeou todo o processo de aplicaccedilatildeo dos demais instrumentos

haja vista que toda a investigaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo ocorreram no ambiente escolar

Outra teacutecnica de coleta de dados empregada foi o questionaacuterio (APEcircNDICE A) Lakatos

e Marconi definem esse instrumento nos seguintes termos

Questionaacuterio eacute um instrumento de coleta de dados constituiacutedo por uma seacuterie ordenada

de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a presenccedila do

entrevistador Em geral o pesquisador envia o questionaacuterio ao informante pelo

correio ou por um portador depois de preenchido o pesquisado devolve-o do mesmo

modo (LAKATOS MARCONI 2003 p 201)

Essa teacutecnica de coleta de dados apresenta inuacutemeras vantagens segundo Lakatos e

Marconi por economizar tempo Aleacutem disso obteacutem-se grande nuacutemero de dados atinge-se

maior nuacutemero de pessoas simultaneamente abrange-se uma aacuterea geograacutefica mais ampla

economiza-se pessoal (treinamento) obtecircm-se respostas mais raacutepidas e exatas liberdade de

respostas (anonimato) mais tempo para responder e horaacuterio favoraacutevel

Nesse sentido utilizamos o questionaacuterio investigativo (APEcircNDICE A) composto por

cinco perguntas a fim de investigar a relaccedilatildeo dos alunos com a internet seu uso no cotidiano

e assim confirmar a possibilidade de trabalhar com o blog como recurso didaacutetico

O questionaacuterio foi aplicado no dia oito de maio de dois mil e dezessete em sala de aula

com duraccedilatildeo de uma hora aula para dezoito alunos presentes e no dia seguinte dia nove de

maio para mais trecircs alunos faltosos no dia anterior totalizando vinte e um alunos A aplicaccedilatildeo

para esses alunos justificou-se pelo fato de natildeo termos realizado ateacute entatildeo a atividade inicial

de escrita que permitiu a tabulaccedilatildeo das falhas de escrita e aiacute sim selecionar os oito alunos que

necessitavam de atendimento especiacutefico

Logo em seguida aplicamos a Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B)

objetivando identificar e classificar os niacuteveis de escrita dos alunos de acordo com Lemle

(1991) ao estabelecer que o aluno comete falhas de escrita de primeira segunda e terceira

ordens quando natildeo supera as complicaccedilotildees do sistema de escrita e natildeo compreende as

arbitrariedades desse mesmo sistema Tal atividade baseou-se tambeacutem em Cagliari (1995)

segundo o qual o aluno necessita compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-fonoloacutegica e relacionaacute-la aos

elementos graacuteficos da escrita

Depois foi elaborado executado e avaliado um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash

PEI (APEcircNDICE D) para contribuir com os niacuteveis de escrita de oito alunos do 6ordm ano JF do

Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog como recurso

didaacutetico

75

Sob essa perspectiva a metodologia adotada no PEI foi fundamentada na teoria de

Thornburg (1996) intitulada ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a qual defende a

importacircncia dos ambientes cognitivos e afetivos para ensinar e aprender

O PEI pretendeu oferecer condiccedilotildees propiacutecias ao desenvolvimento de accedilotildees efetivas de

aprendizagem Assim para atender agraves reais necessidades da educaccedilatildeo no seacuteculo XXI

ferramentas pedagoacutegicas tradicionais (livros canetas papel quadro giz e texto verbal) devem

coexistir com as ferramentas das TDIC tecnologia (computador internet games viacutedeos

projetor textos multimodais) Dessa forma o professor assume um papel bastante diferente

daquele de um apresentador de conteuacutedo torna-se um mediador que ajudou os alunos a

desenvolverem habilidades e competecircncias de escrita e a interagirem com os assuntos

explorados Segundo Thornburg (1996) o professor neste cenaacuterio opera em um sistema

baseado em quatro componentes fogueira poccedilo drsquoaacutegua caverna e a vida chamados de

ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo

Metaforicamente a fogueira eacute o espaccedilo informacional associado agrave exposiccedilatildeo dialogada

e interativa para transmitir conhecimento O poccedilo drsquoaacutegua corresponde ao espaccedilo de

conversaccedilatildeo ocupado quando os alunos conversavam entre si Neste PEI foram contempladas

as conversas sobre textos multimodais entre outros toacutepicos para a construccedilatildeo do ensino-

aprendizagem A caverna associa-se ao espaccedilo conceitual onde as ideias satildeo desenvolvidas em

momento de introspecccedilatildeo e quando os alunos podem construir aprofundar e refletir sob a

perspectiva da produccedilatildeo escrita e da reflexatildeo do seu proacuteprio conhecimento A vida refere-se ao

espaccedilo contextual onde as coisas aprendidas puderam ser aplicadas na praacutetica social fora da

escola

Assim para expressar visualmente as ldquoMetaacuteforas para aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a

exemplo de David Thornburg (1996) foi elaborado o esquema a seguir (Figura 04)

representando o processo educacional atual

76

Figura 04 Estrutura do Processo Educativo

Fonte Dados da pesquisa 2017

Diante do exposto os procedimentos metodoloacutegicos e as atividades ocorreram nesses

quatro momentos que chamamos de moacutedulos de aprendizagem Eles foram construiacutedos em

torno do ldquoconhecer dialogar refletir e praticarrdquo e forneceram aos alunos oportunidades

educacionais significativas Nesse sentido a escolha dessa metodologia pretendeu desenvolver

atividades que contribuiacutessem com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos utilizando o

gecircnero digital blog como recurso didaacutetico ou seja como recurso de leitura diaacutelogo reflexatildeo e

produccedilatildeo textual

PROCESSO EDUCATIVO

FOGUEIRA sala de aula

aula expositiva

auditoacuterio sala de multimeios

POCcedilO DAacuteGUA

discussotildeesem grupo

CAVERNA biblioteca salas de estudo

laboratoacuterio de informaacutetica

A VIDA praacuteticas na realidade produccedilatildeo escrita

77

CAPIacuteTULO IV

GEcircNERO DIGITAL BLOG E (MULTI)LETRAMENTOS intervenccedilotildees pedagoacutegicas

em sala de aula

Este capiacutetulo trata da anaacutelise detalhada dos dados coletados para esta pesquisa-accedilatildeo De

acordo com Gil (2002) para anaacutelise dos dados na pesquisa-accedilatildeo adotam-se procedimentos que

implicam em considerar a categorizaccedilatildeo a codificaccedilatildeo a tabulaccedilatildeo a anaacutelise estatiacutestica ou

estrateacutegias que privilegiem a discussatildeo em torno dos dados obtidos de onde sucede a

interpretaccedilatildeo dos resultados Assim o autor considera que dessa discussatildeo devem participar

pesquisadores e participantes Aleacutem disso o trabalho interpretativo baseado em contribuiccedilotildees

teoacutericas torna-se muito relevante

Nesse sentido a anaacutelise dos dados percorreu procedimentos de categorizaccedilatildeo dos niacuteveis

de escrita segundo Cagliari (1995) tabulaccedilatildeo das falhas de escrita de acordo com Lemle

(1991) e anaacutelise estatiacutestica dos envolvidos na pesquisa Realizou-se tambeacutem a interpretaccedilatildeo

ancorada nos teoacutericos que fundamentaram esta pesquisa-accedilatildeo fato que proporcionou a

retomada e a relaccedilatildeo do problema de pesquisa objetivando solucionaacute-lo ou minimizaacute-lo

41 Questionaacuterio

O questionaacuterio investigativo (APEcircNDICE A) foi aplicado no dia 08 de maio de 2017

em sala de aula com duraccedilatildeo de uma hora aula

A primeira pergunta visou obter informaccedilotildees sobre o lugar no qual os alunos mais

acessavam a internet a segunda pergunta procurou obter informaccedilotildees sobre a frequecircncia de

acesso agrave internet a terceira pergunta investigou por qual recurso tecnoloacutegico os alunos utilizam

a internet a quarta pergunta buscou verificar a utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para

fins pedagoacutegicos por parte dos professores e por uacuteltimo a quinta pergunta procurou obter

informaccedilotildees sobre o uso da internet considerando redes sociais jogos blogs e pesquisas

Dos 25 (vinte e cinco) alunos matriculados apenas 21 (vinte e um) alunos estavam

presentes no dia e responderam ao questionaacuterio investigativo Na primeira pergunta

constatamos que 619 acessam a internet em casa 142 acessam em lan houses 0 na

escola 95 acessam em outros lugares 95 natildeo usam a internet e apenas 47 natildeo souberam

responder

78

Graacutefico 02 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 01

Fonte Dados da pesquisa 2017

O resultado demonstra que 857 dos alunos tecircm acesso agrave internet em lugares

diferentes o que deixa em evidecircncia a familiarizaccedilatildeo com o ambiente digital Contudo o que

nos chamou a atenccedilatildeo foi o fato de a escola natildeo fazer parte desses locais de uso

Em relaccedilatildeo agrave segunda pergunta (Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet)

observamos que 389 dos alunos acessam a internet por uma hora 142 acessam por duas

horas 333 acessam por mais de duas horas 142 nunca acessam a internet e 0 menos de

uma hora O fato de ningueacutem utilizar por menos de uma hora demonstrou que os alunos

dedicam um tempo consideraacutevel para atividades online

Graacutefico 3 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 2

Fonte Dados pesquisa 2017

Por meio da terceira pergunta que buscou investigar por qual recurso tecnoloacutegico os

alunos utilizam a internet constatou que 238 utilizam o computador 389 utilizam o

13

30

2 2 10

2

4

6

8

10

12

14

Em casa Em Lan

House

Na escola Outros

lugares

Natildeo uso Natildeo soube

responder

1- Onde vocecirc mais acessa a internet

0

8

3

7

3

0

2

4

6

8

10

Menos de

uma hora

Uma hora Duas horas Mais de

duas horas

Nunca

2- Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet

79

celular 194 utilizam computador e celular 47 usa o tablet 0 outros equipamentos e

142 afirmaram natildeo utilizar a internet

Graacutefico 04 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 3

Fonte Dados da pesquisa 2017

O resultado da terceira pergunta confirmou os dados extraiacutedos da PNAD (2014) ao revelar que

o uso do telefone celular para acessar a internet ultrapassou o uso do computador Na

atualidade o celular eacute o recurso tecnoloacutegico de maior acesso agrave internet Como vimos a partir

do graacutefico acima a utilizaccedilatildeo do computador como equipamento de maior acesso agrave internet natildeo

prevalece mais

Para a quarta pergunta ldquoOs professores da sua escola jaacute utilizaram o computador ou

laboratoacuterio de informaacutetica para realizar atividades escolaresrdquo constatamos que 194

responderam que sim 666 responderam que natildeo e 142 natildeo souberam responder No

graacutefico dessa pergunta percebemos uma contradiccedilatildeo por parte dos alunos que responderam que

sim pois na primeira pergunta ldquoOnde vocecirc mais acessa a internetrdquo nenhum aluno confirmou

o acesso agrave internet na escola

Graacutefico 05 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 4

Fonte Dados da pesquisa 2017

58

41 0

30

2

4

6

8

10

3- Vocecirc utiliza a internet por meio de

0

5

10

15

Sim Natildeo Natildeo souberam

responder

4- Os professores da sua escola jaacute utilizaram o

computador ou o laboratoacuterio de informaacutetica para

realizar atividades escolares

80

Ressaltamos que o laboratoacuterio de informaacutetica da escola eacute equipado com 19

computadores novos ar-condicionado quadro branco em vidro em plenas condiccedilotildees de uso

Contudo esse espaccedilo natildeo eacute utilizado de uma maneira geral pelos professores da escola com

as turmas do Ensino Fundamental e meacutedio do 1ordm turno

Diante do exposto sobre o aspecto da utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para fins

pedagoacutegicos por parte dos professores Coscarelli (2016) faz uma alerta para que as escolas

preparem os alunos para o letramento digital a fim de desenvolverem competecircncias e

habilidades em leitura e escrita nesse ambiente aleacutem de formas adicionais de produzir

linguagem por meio de diferentes miacutedias

A uacuteltima pergunta buscou informaccedilotildees sobre o uso da internet considerando os

assuntos preferecircncias e interesses dos alunos no ambiente digital Verificamos portanto que

4761 acessam as redes sociais 2857 preferem jogos eletrocircnicos na internet 238 natildeo

souberam responder e 0 dos alunos natildeo acessa sites de pesquisa e blogs conforme ilustra o

graacutefico abaixo

Graacutefico 06 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 5

Fonte Dados da pesquisa 2017

Compreendemos que a natildeo utilizaccedilatildeo de sites de pesquisas e blogs seja por falta de

conhecimento das possibilidades de uso e acesso agrave informaccedilatildeo O resultado sobre os sites de

pesquisa por exemplo vai ao encontro das informaccedilotildees obtidas na pergunta 04 ao afirmarem

que 666 dos professores natildeo utilizam o laboratoacuterio de informaacutetica Esse fato pode ter

contribuiacutedo para a falta de interesse por parte dos alunos pois eacute preciso ensinar como realizar

uma pesquisa no ambiente digital entre tantas possibilidades de aprendizagem que fomentam

o letramento digital

Quando se trata do toacutepico sobre o letramento digital Coscarelli (2016) afirma e a

maioria de noacutes prontamente concorda que o uso das tecnologias ultrapassa o conhecimento da

teacutecnica pois permite o desenvolvimento de habilidades e competecircncias necessaacuterias agrave seleccedilatildeo

Redessociais como

Facebook

Jogoseletrocircnicosna internet

BlogsSites depesquisa

Natildeosouberamresponder

5ordm 10 6 0 0 5

10 6 0 0 5

5- Quais os tipos de sites te interessam mais considerando o conteuacutedo

81

de conteuacutedo disponibilizado na internet como os sites de pesquisa por exemplo Natildeo basta

saber ligar o computador e manusear o mouse eacute preciso compreensatildeo e utilizaccedilatildeo de

conhecimentos para executar accedilotildees de busca e navegaccedilatildeo Dessa forma a autora sugere

Orientar os alunos para o uso dos mecanismos de busca instigar a observaccedilatildeo das

interfaces do projeto graacutefico dos sites dos blogs ajudar os alunos a identificarem e

sanarem as dificuldades encontradas na seleccedilatildeo de informaccedilotildees satildeo propostas de

mediaccedilatildeo que podem ser exploradas pelo professor durante as aulas (COSCARELLI

2016 p 25)

Compreendemos com base nessa orientaccedilatildeo que a escola tem um papel fundamental

no processo de letramento digital e para isso eacute necessaacuterio incorporar nas aulas de Liacutengua

Portuguesa propostas de mediaccedilatildeo como as citadas acima para promover a aprendizagem por

meio de novas experiecircncias

Nesse sentido as respostas dos alunos expuseram a relaccedilatildeo deles com a tecnologia e o

acesso agrave internet e nos levou agrave reflexatildeo sobre seu uso no ambiente escolar Detectamos que

eles estatildeo familiarizados com a tecnologia mas a escola natildeo faz ateacute entatildeo parte de seu contexto

de inserccedilatildeo social e digital

Portanto os resultados do questionaacuterio apresentaram implicaccedilotildees importantes tanto para

as aulas de Liacutengua Portuguesa pois eacute uma forma adicional de promover a linguagem quanto

para a escola por ser uma instituiccedilatildeo que se dedica ao ensino-aprendizagem agrave transformaccedilatildeo

e ao acesso ao conhecimento mas por vezes deixa de se conectar com a realidade fora dela e

de promover o letramento digital

42 Atividade Inicial de Escrita ndash AIE

O universo de investigaccedilatildeo para esta atividade foi inicialmente constituiacutedo por 20

(vinte) alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima que estavam presentes A atividade foi aplicada nos

dias 09 e 10 de maio de 2017 com duraccedilatildeo de duas horas aula para a leitura do livro e duas

horas aula para o registro da atividade Ressaltamos mais uma vez que o nuacutemero de alunos

matriculados difere do nuacutemero de alunos presentes

Dessa forma a Atividade Inicial de Escrita (APEcircNDICE B) foi proposta aos alunos

presentes por meio de uma conversa expositiva sobre narrativas pessoais e sobre as

caracteriacutesticas de uma sequecircncia narrativa De acordo com Cavalcante (2013) ldquoa sequecircncia

narrativa tem como principal objetivo manter a atenccedilatildeo do leitorouvinte em relaccedilatildeo ao que se

conta Para isso satildeo reunidos e selecionados fatos []rdquo (CAVALCANTE 2013 p 65) Assim

82

o gecircnero proposto foi autobiografia por meio do qual o aluno deveria escrever sobre si mesmo

procurando retratar particularidades do comportamento e do jeito de ser

Segundo Cosson (2014) na leitura literaacuteria encontramos o senso de noacutes mesmos e da

comunidade a qual pertencemos Por isso como ponto de partida utilizamos a sequecircncia baacutesica

de letramento literaacuterio desenvolvida por ele que eacute constituiacuteda basicamente por quatro passos

motivaccedilatildeo (preparar o aluno para entrar no texto) introduccedilatildeo (apresentaccedilatildeo do autor e da obra)

leitura (a leitura e seu acompanhamento) e interpretaccedilatildeo (externalizaccedilatildeo da leitura ou seja seu

registro)

O estiacutemulo inicial para essa atividade foi a construccedilatildeo do primeiro passo ndash ldquomotivaccedilatildeordquo

ndash ao conversarmos sobre quem somos Quais satildeo as caracteriacutesticas que nos individualizam

como seres que nos tornam uacutenicos mesmo sendo iguais enquanto espeacutecie humana

A atividade funcionou como um levantamento preacutevio das caracteriacutesticas pessoais de

cada um da histoacuteria de vida dos momentos bons ou ruins pelos quais passamos e que vatildeo

construindo a nossa histoacuteria particular

Em seguida desenvolvemos o segundo passo ndash ldquointroduccedilatildeordquo ndash que consistiu em

apresentar o livro Felpo Filva (FURNARI 2006) e a autora Eva Furnari Na apresentaccedilatildeo da

obra falamos da importacircncia da leitura do livro literaacuterio e tambeacutem consideramos importante

justificar a escolha da obra para despertar no leitor a curiosidade sobre como aconteceu a

histoacuteria Assim A escolha desse livro foi feita por esta pesquisadora e justificou-se por tratar

de questotildees pessoais diferenccedilas fiacutesicas semelhanccedilas e sentimentos que o personagem narra de

maneira divertida em seu dia-a-dia Aleacutem disso o livro apresenta vaacuterios gecircneros textuais como

a autobiografia gecircnero escolhido para a Atividade Inicial de Escrita

No terceiro passo ndash ldquoleiturardquo ndash lemos o livro Felpo Filva (FURNARI 2006) Os alunos

ouviram e apreciaram a leitura feita por esta professora pesquisadora Embora saibamos que a

leitura de um livro inteiro natildeo seja muito adequado em sala de aula e da importacircncia da leitura

individual foi necessaacuterio utilizar essa estrateacutegia por questotildees de otimizaccedilatildeo do tempo mas com

a consciecircncia de seguir as orientaccedilotildees teoacutericas e metodoloacutegicas ao fazer da leitura uma atividade

de saber e de prazer Esse fato que foi comprovado pelo envolvimento e entusiasmo a cada

paacutegina virada para saber o que aconteceria ao final da histoacuteria com Felpo Filva e Charlocirc

personagens protagonistas do livro

O uacuteltimo e quarto passo ndash ldquointerpretaccedilatildeordquo ndash que tem como princiacutepio segundo o autor

a externalizaccedilatildeo da leitura isto eacute seu registro varia de acordo com cada tipo de texto ano

escolar idade puacuteblico leitor entre outros aspectos foi dedicado agrave escrita

Ressaltamos que nesse uacuteltimo passo o registro natildeo foi direcionado ao livro agrave

construccedilatildeo de sentido do texto livro dentro de um diaacutelogo autor leitor e comunidade mas agrave

83

construccedilatildeo de sentido de uma produccedilatildeo escrita pessoal que necessitava de motivaccedilatildeo

introduccedilatildeo e leitura para se chegar ao registro da histoacuteria de leitor e de vida dos alunos Nesse

sentido Cosson (2014) corrobora que ldquoa interpretaccedilatildeo eacute feita com o que somos no momento da

leitura Por isso por mais pessoal e iacutentimo que esse momento interno possa parecer a cada

leitor ele continua sendo um ato socialrdquo (COSSON 2014 p 65) Dessa forma a leitura que

motivou a intepretaccedilatildeo natildeo esteve vazia de sentidos pelo contraacuterio serviu ao coletivo agrave

ampliaccedilatildeo de horizontes e ao despertar de palavras e memoacuterias que impulsionaram a produccedilatildeo

da atividade inicial de escrita Desse modo os textos foram lidos em sua iacutentegra natildeo apenas

analisando a escrita ortograacutefica em seus desvios mas observando o conteuacutedo e a produccedilatildeo de

sentidos de quem deseja falar sobre si mesmo

Contudo esperava-se que a turma jaacute estivesse mais familiarizada com esse tipo de

sequecircncia textual e conseguisse produzir satisfatoriamente poreacutem alguns alunos apresentaram

muitas dificuldades para compreender o que foi solicitado demonstrando um elevado grau de

inseguranccedila medo de escrever entre outras deficiecircncias na escrita por alguns natildeo serem

alfabetizados

Nessa perspectiva o trabalho com as sequecircncias textuais deve ser aprimorado e o aluno

deve compreender como os textos se organizam e se estruturam para realizar nossos atos

comunicativos Entretanto eacute importante ressaltar que essa atividade seraacute melhor desenvolvida

futuramente por ora analisaremos os textos dos alunos do 6ordm ano JF Assim segue nova lista

de informantes para essa anaacutelise

84

Quadro 11 ndash Alunos informantes do 6ordf ano JF

Fonte Dados da pesquisa 2017

A anaacutelise de dados da Atividade Inicial de Escrita foi realizada somente com 20 (vinte)

textos correspondente ao nuacutemero de alunos presentes no dia com o intuito de observar e de

categorizar as incorreccedilotildees de escrita neles apresentadas A fim de exemplificar a escrita

espontacircnea e como foram elencados seus problemas selecionamos alguns desses textos os

quais destacamos com os respectivos nuacutemeros da tabela de categorizaccedilatildeo de ldquoerrosrdquo feita por

Cagliari (1995)

Assim foram produzidos 20 (vinte) textos mas selecionamos uma amostra de10 (dez)

textos da Atividade Inicial de Escrita e apresentamos a seguir a versatildeo digitalizada Esses dez

textos apresentam na escrita a categorizaccedilatildeo de ldquoerrosrdquo de acordo com Cagliari (1995) e

exemplos de falhas de escrita de 1ordf ordem de 2ordf ordem e de 3ordf ordem de acordo com Lemle

(1991)

Para uma leitura eficaz esses textos tambeacutem foram digitados pois foram escritos agrave laacutepis

e por isso algumas partes e palavras ficaram claras prejudicando o entendimento

Ressaltamos que os textos foram digitados na iacutentegra conforme os alunos o escreveram Aleacutem

INFORMANTE

AB 1

AF 2

AK 3

CI 4

DR 5

DV 6

EA 7

FA 8

FR 9

IR 10

JP 11

JR 12

LV 13

MS 14

MC 15

ND 16

PC 17

PE 18

RR 19

RG 20

TM 21

85

disso em alguns deles haacute prejuiacutezo do entendimento por natildeo conseguirmos decifrar o que estaacute

escrito

TEXTO 1 (1ordf ordem)

Eu masine januaria

eu vivo coanilha natildee neu Pai

Figura 05 ndash TEXTO 1 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 2 (1ordf ordem)

Eu naci

januaria

e cogo muto de sai tasia

natildeo gosta de Batatina

A mina vida e asai

FIM

Figura 05 ndash TEXTO 2 ndash AIE

86

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 3 (1ordf ordem)

O meu nome e e goto de jogor gogo de futebol de gta e soltar cola e areoin e noviu e sou

nuito felis com milha familha

Figura 06 ndash TEXTO 3 ndash AIE 2017

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 4 (1ordf ordem)

Gaur de suneista e andar de natu e bixicleta

Figura 07 ndash TEXTO 4 ndash AIE

87

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 5 (1ordf e 2ordf ordens)

Eeu sou elgoto da allade potugeis porque em sina muta coisa inpotante eu goto de quiabo

natildeo goto demaxixe eu sou um memimo muito bom matildees qua mexe comigo eu sou xato quando

mexe com meanna eu viro o cam emvoma dodiabo

Taeubofesorra

Figura 08 ndash TEXTO 5 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 6 (2ordf ordem)

88

meu nome eacute naci em Brasihha vivo com minha irmatilde meu irmatildeo e minha matildee gosto de

brincar soltar pipa Jogar Bola Brincar de pique escunde Jogar petecqua estudar mas u que eu

natildeo gosto e de Repohho de cebola de suco de BeterraBa

89

Figura 09 ndash TEXTO 6 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 7 (2ordf e 3ordf 3ordens)

Oi Eu sou Eu moro na Rua de Baixo eu tenho 12 Anos tenho amigos como meu primo eu

moro com A minha matildee e meus irmatildeos eu gosto de dansa eu natildeo gosto de mentir natildeo gosto de

susu e kiabo eu nascie em Januacuteaacuteria eu gosto da minha irmatildeo a minha diferenccedila e o cabelo eles

fica zombavam de mim em tam essa e minha vida

Figura 10 ndash TEXTO 7 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 8 (3ordf ordem)

Meu nome eacute Nasci em Satildeo Paulo Moro com meus pais e meus 3 irmatildeos Paulo Henrique

Renata e Samara Adoro andar de cavalo e brincar Odeio que maltratem animais ou qualquer

ser vivo Fico muito triste vendo guerra e essa violecircncia Eu morei quase a minha vida toda em

Januaacuteria e continuo morando na mesma cidade Eu me acho diferente por pensar bem diferente

das outras pessoas

Fim

90

Figura 11 ndash TEXTO 8 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 9 (3ordf ordem)

Eu sou

Oi eu sou e tenho 11 anos e estou no 6ordm ano JF ( julha de fatema) e gosto

de jogar no computador

Eu moro na rua julhio de moura casa 150 A eacute bem do lado da escola eacute muito perto

Eu vo pra escola quase todos os dias e natildeo sou muito comportado em sala de aula

Meu cachorro morreu segunda e foi muito triste agora menos 1- cachorro pra cuidar

entatildeo eacute isso so eu

91

Figura 12 ndash TEXTO 9 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 10 (3ordf ordem)

Eu sou tenho 12 anos neci em Januaacuteria

Eu sou moreno gente boa sou inteligente sou mais o menos queto natildeo gosto muito de brincar

sou mais queto na tarefa tenho um pouco de dificuldade e e u chamo a professora sou um pouco

timido

Figura 13 ndash TEXTO 10 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

92

Nos textos acima pode-se observar as marcaccedilotildees numeacutericas que fizemos para

levantamento catalogaccedilatildeo dos dados e caracterizaccedilatildeo dos problemas encontrados as quais

foram baseadas nos processos fonoloacutegicos que envolvem a escrita de acordo com Cagliari

(1995) Todas essas categorias relacionadas pelo autor servem para despertar nos professores

alfabetizadores ou natildeo a necessidade de conhecer e de considerar na praacutetica escolar os fatores

envolvidos no processo de construccedilatildeo da escrita da fala e da aprendizagem significativa

Dessa maneira no quadro a seguir observamos cada fenocircmeno linguiacutestico encontrado

nos textos dos alunos e a quantidade de vezes em que ocorre

93

Tabela 02 ndash Categorizaccedilatildeo dos ldquoerrosrdquo de escrita ndash Cagliari (1995)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

T

ran

scri

ccedilatildeo

fo

neacutet

ica

Uso

in

dev

ido

de

letr

as

Hip

erco

rreccedil

atildeo

Mod

ific

accedilatilde

o d

a e

stru

tura

segm

enta

l d

as

pala

vra

s

Ju

ntu

ra I

nte

rvoca

bu

lar

e

segm

enta

ccedilatildeo

Fo

rma

mo

rfo

loacuteg

ica

dif

eren

te

Fo

rma

est

ran

ha

de

tra

ccedilar

as

letr

as

Uso

in

dev

ido

de

ma

iuacutesc

ula

s e

min

uacutesc

ula

s

Ace

nto

s g

raacutefi

cos

Sin

ais

de

po

ntu

accedilatilde

o

Pro

ble

ma

s si

ntaacute

tico

s

I1 2 4 1 1 1

I2 6 7 5

I3 8 2 3 3

I4 1 3 4 3

I5 4 3 5 2

I6 1 1 1 1 4

I7 1 1 7 5 1 4 5 3

I8 2 2 4 2 4

I9 2 1 7 3 3 9

I10 2 2 3 2 2 1 1 3

I11 3 1 2 8 11

I12 1 2 2 1 4 1 5 4

I13 2 4 2 2 2 3

I14 1 2 2 7 5 11

I15 3 1 1 8 2

I16 2 2 2 3 1 1

I17 3 2 1 1

I18 5 1 1 10 1

I19 9 6 3 12 11

I20 2 3 3 4

I21

Total 14 38 2 29 9 1 5 66 28 107 59 358

Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017

Diante desses dados destacamos 358 ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita sendo a que

maior incidecircncia deles concentrou-se uso dos sinais de pontuaccedilatildeo com 107 ocorrecircncias

94

seguido do uso indevido de maiuacutesculas e minuacutesculas com 66 ocorrecircncias depois de problemas

sintaacuteticos com 59 ocorrecircncias e em seguida o uso indevido de letras com 38 ocorrecircncias

Compreendemos que o nuacutemero de ocorrecircncias em um texto natildeo acontece de forma fixa

pois cada texto possui particularidades e flexibilidade no uso das palavras Alguns textos

apresentam mais palavras e conteuacutedo do que outros logo a incidecircncia pode ser maior ou menor

vai depender de cada texto

Sobre os aspectos da escrita Cagliari (1995) afirma que os problemas sintaacuteticos que

revelam modos de falar apresentando a transposiccedilatildeo da liacutengua oral para a escrita fazem parte

das uacuteltimas etapas de aprendizagem em escrita Outro aspecto bastante recorrente nos textos eacute

o uso indevido de maiuacutesculas e minuacutesculas Quanto a isso o autor enfatiza que esse processo

precisa ser ensinado Esses casos estatildeo exemplificados no TEXTO 2 na palavra Batatina no

TEXTO 6 nas palavras Brincar Bola ceBola e no TEXTO 7 na palavra caBelo

Jaacute o uso indevido de letras ocorre porque o aluno faz uma escolha possiacutevel para

representar o som em uma palavra quando a ortografia emprega outra como podemos observar

no TEXTO 3 nas palavras con felis nuito fanilha

Compreendemos com base em Cagliari (1995) que questotildees sobre o sistema de escrita

e de como ele se processa satildeo de fundamental importacircncia pois permitem o conhecimento

linguiacutestico para auxiliar e intervir nas situaccedilotildees de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita

desde os primeiros anos escolares

Diante disso o autor apresenta que o sistema de escrita pode ser dividido em dois

grandes grupos O sistema de escrita ideograacutefico (significado) baseado numa escrita pictoacuterica

que tem como exemplos os sinais de tracircnsito os nuacutemeros os logotipos A escrita ideograacutefica

traz consigo significados mais abrangentes do que outros sistemas O sistema de escrita

fonograacutefico (significante) depende essencialmente dos elementos sonoros de uma liacutengua para

poder ser lido ou decifrado O autor ainda ressalta que todo sistema de escrita tem um

compromisso direto ou indireto com os sons de uma liacutengua e como as liacutenguas mudam com o

tempo transforma-se tambeacutem a forma focircnica das palavras tornando difiacutecil sua leitura Assim

Cagliari (1995) afirma que as escritas ideograacuteficas jogam muito com a habilidade lexical do

leitor e as escritas fonograacuteficas com o poder de interpretaccedilatildeo semacircntica

Dessa forma o problema da alfabetizaccedilatildeo abrange os dois sistemas de escrita O aluno

natildeo consegue estabelecer uma relaccedilatildeo loacutegica para siacutembolos formas letras e palavras Natildeo

consegue ler (decodificando) e nem ler (compreendendo)

Cagliari (1995) aponta que o sistema de escrita do portuguecircs usa vaacuterios tipos de alfabeto

aleacutem de outros caracteres de natureza ideograacutefica como os sinais de pontuaccedilatildeo e os nuacutemeros

e de como a relaccedilatildeo entre as letras e os sons da fala eacute sempre muito complicada pelo fato de a

95

escrita natildeo ser o espelho da fala e porque eacute possiacutevel ler o que estaacute escrito de diversas maneiras

Contribui dizendo ainda que a nossa escrita eacute fundamentalmente alfabeacutetica tendo como base

a letra e faz uma criacutetica ao ensino da siacutelaba como base

A praacutetica do ensino da siacutelaba como base do sistema de escrita do portuguecircs eacute muito

comum nas salas de alfabetizaccedilatildeo Essa praacutetica abre caminho para muitas confusotildees e o aluno

natildeo consegue de forma regular fazer uma divisatildeo silaacutebica com a facilidade que se imagina pois

de acordo com o autor esse processo eacute complexo e natildeo se pode atribuir a mesma regra para

todas as palavras Assim Cagliari (1995) afirma que existem fatos foneacuteticos da fala que o nosso

sistema de escrita natildeo dispotildee de recursos para representar

Por isso eacute muito importante o conhecimento sobre como a crianccedila aprende a liacutengua

escrita Algumas crianccedilas aprendem por intuiccedilatildeo e vatildeo sozinhas nesse processo de ler e

escrever Mas a grande maioria precisa de ajuda e de suporte Logo o professor precisa estar

preparado para promover essa aprendizagem atraveacutes de meacutetodos variados Eacute preciso tambeacutem

um trabalho sistemaacutetico de consciecircncia fonoloacutegica O objetivo eacute fazer com que esse aluno

descubra as letras e que seu registro representa um som Portanto eacute importante fazer com que

ele preste atenccedilatildeo nos sons das letras e aprenda a registraacute-los Assim a liacutengua oral se transforma

em letra em palavra em texto

Nesse sentido sobre a produccedilatildeo de textos Cagliari (1995) diz que a crianccedila vai

construindo sua escrita por experimentaccedilatildeo e critica as escolas por natildeo permitirem que isso

aconteccedila da mesma forma que acontece com a fala Ressalta ainda que as crianccedilas natildeo

precisam estudar Gramaacutetica pois jaacute dominam a liacutengua portuguesa na sua modalidade oral Ou

seja a crianccedila jaacute fala seguindo uma estrutura gramatical natural compreende um sistema de

formas (morfologia) um sistema de frases (sintaxe) e um sistema de sons (fonologia) aprendida

no seu meio familiar e social Por mais simples ou ldquoerradardquo que seja a fala traduz a

competecircncia comunicativa do aluno E acrescenta que os ldquoerrosrdquo ortograacuteficos demonstram o

uso inadequado de recursos possiacuteveis do proacuteprio sistema ortograacutefico de escrita e tambeacutem

comuns a todos os usuaacuterios do sistema de escrita do portuguecircs Os alunos natildeo ldquoerramrdquo de

maneira irrefletida mas justamente o contraacuterio

Dessa forma o autor enfatiza que o incentivo agrave produccedilatildeo de textos de maneira

espontacircnea evitaraacute o bloqueio no uso da linguagem e o estimularaacute a escrever do modo que lhe

parece faacutecil correto e apropriado Eacute necessaacuterio estimular a escrita desde cedo que os alunos

brinquem e descubram a escrita atraveacutes da experimentaccedilatildeo do uso em situaccedilotildees diversas Deve-

se estimular a autoconfianccedila valorizar o que o aluno jaacute sabe pois o medo de errar impossibilita

a construccedilatildeo da escrita e limita o fazer Primeiro estabelece-se uma relaccedilatildeo prazerosa com a

96

escrita para depois num momento oportuno desenvolver um trabalho sistemaacutetico com a

ortografia

Isso pode ser observado por exemplo no TEXTO 1 no qual o aluno escreveu de forma

espontacircnea sem medo Haacute desvios na escrita mas entendemos perfeitamente a mensagem O

primeiro passo eacute escrever sem medo e depois fazer com que o aluno reflita sobre a sua escrita

fazendo checagens leitura e comparaccedilotildees com a ortografia vigente

Cagliari (1995) expotildee que natildeo se devem usar os textos dos alunos como pretexto para

correccedilatildeo ortograacutefica entre outros problemas que venham a ser identificados Eacute justamente o

que se identifica nesses textos que possibilita ao professor realizar intervenccedilotildees adequadas para

que o aluno perceba seu equiacutevoco na escrita e corrija-o

Nesse sentido a atividade proposta aos alunos foi motivada pela escrita espontacircnea sem

cobranccedilas e exigecircncias mas ao professor serviu como um instrumento de diagnoacutestico dos niacuteveis

de escrita dos alunos

Essa tarefa natildeo eacute faacutecil mas eacute preciso usar o texto do aluno natildeo como controle de formas

ortograacuteficas mas como facilitador de expressatildeo oral estiacutemulo ao seu discurso linguiacutestico e

anaacutelise do professor para realizar intervenccedilotildees necessaacuterias a fim de que o aluno aproprie-se

gradativamente das formas ortograacuteficas corretas do sistema de escrita do portuguecircs

Contudo Cagliari (1995) observa que se devem levar em conta os acertos ortograacuteficos

dos alunos e que os erros ortograacuteficos natildeo se datildeo ao acaso E ainda conclui que eacute indispensaacutevel

ao professor fazer um levantamento das dificuldades dos alunos e deixaacute-los escreverem textos

livres espontacircneos pois eacute nesses materiais que podemos encontrar os elementos que mostram

as reais dificuldades e facilidades dos alunos no processo de aprendizagem da escrita

Dessa maneira para dar continuidade agraves nossas reflexotildees e anaacutelise da Atividade Inicial

de Escrita partimos dos pressupostos das facetas da alfabetizaccedilatildeo que envolvem de acordo

com Soares (2003) a consciecircncia fonoloacutegica e as habilidades de codificaccedilatildeo (escrita) e

decodificaccedilatildeo (leitura) da liacutengua Analisamos mais precisamente as especificidades da faceta

psicolinguiacutestica que estuda as relaccedilotildees que se referem ao conhecimento e ao uso de uma liacutengua

De acordo Ferreiro (1995) o processo de aprendizagem da crianccedila ao tentar construir

o sistema alfabeacutetico baseia-se em hipoacuteteses do aprendiz Essas hipoacuteteses apontam os niacuteveis ou

etapas psicogeneacuteticas no processo de alfabetizaccedilatildeo Nesse sentido os alunos jaacute superaram o

niacutevel preacute-silaacutebico ao perceberem que escrever natildeo eacute a mesma coisa que desenhar e haacute controle

na escrita Jaacute superaram o niacutevel silaacutebico ao perceberem os sons das siacutelabas e por comeccedilarem a

usar letras que correspondem ao som da siacutelaba agraves vezes soacute usam vogal outras vezes consoante

e vogal Muitos jaacute consolidaram o niacutevel alfabeacutetico compreendem o processo de leitura e de

escrita ao perceberem unidades menores do que as siacutelabas e assim progressivamente vatildeo

97

estabelecendo relaccedilotildees entre fonemas e grafemas Dessa maneira os alunos que estatildeo no niacutevel

alfabeacutetico de acordo com Ferreiro (1995) conseguiram construir a base alfabeacutetica Assim

constatamos que 389 dos alunosestatildeo no niacutevel alfabeacutetico mas ainda natildeo adquiriram

consciecircncia fonoloacutegica para a escrita alfabeacutetica

Em funccedilatildeo disso e ainda com o intuito de compreender como o aluno constroacutei o

conhecimento conceitual da escrita continuamos analisando os textos dos alunos mas agora

ancorados em Lemle (1991) A referida autora elenca cinco capacidades necessaacuterias agrave

alfabetizaccedilatildeo Em todos os textos observamos que

1 A primeira capacidade foi superada pois eles conseguiram fazer a distinccedilatildeo entre riscos e

siacutembolos ou seja compreendem o que eacute letra mesmo fazendo uso indevido em algumas

situaccedilotildees

2 A segunda capacidade consiste na discriminaccedilatildeo das formas das letras sendo registradas 5

(cinco) ocorrecircncias na forma estranha de traccedilar as letras como visualizamos no TEXTO 3

A quantidade eacute considerada normal jaacute que a autora considera tambeacutem que haacute letras

bastante semelhantes

3 A terceira e a quarta capacidades ainda estatildeo comprometidas visto que 38 desses alunos

natildeo conseguiram desenvolver a percepccedilatildeo auditiva e saber ouvir diferenccedilas linguiacutesticas

aleacutem de natildeo terem adquirido o conceito de palavra como vemos ocorrer no TEXTO 2 na

escrita de cogo em vez de gosto e no TEXTO 3 na escrita de nasine em vez de nasci em

Esses satildeo exemplos de ausecircncia de percepccedilatildeo auditiva e consciecircncia fonoloacutegica bem como

de conceito de palavra respectivamente

4 A quinta capacidade estaacute praticamente consolidada pois eles reconhecem que em nosso

sistema de escrita a ordem da escrita vai da esquerda para a direita e de cima para baixo Haacute

equiacutevocos e inadequaccedilotildees no uso de paraacutegrafos e de organizaccedilatildeo espacial que julgamos

que devem ser ensinados gradativamente

Desse modo com base nesses toacutepicos focamos na anaacutelise da terceira capacidade que eacute

a simbolizaccedilatildeo entre letras e sons que consolidada permite a construccedilatildeo do conceito de

palavra

Lemle (1991) relaciona algumas etapas que o aluno utiliza na construccedilatildeo do sistema de

escrita como a monogamia relaccedilatildeo biuniacutevoca entre sons e letras Depois a substitui pela

poligamia relaccedilatildeo natildeo biuniacutevoca condicionada pela posiccedilatildeo da letra e por fim depara-se com

as arbitrariedades do sistema de escrita e dessa forma vai evoluindo nesse processo de

aquisiccedilatildeo da escrita No entanto quando o aluno natildeo compreende esse processo e as

arbitrariedades da escrita ele comete falhas tiacutepicas da escrita que satildeo classificadas pela autora

como falhas de primeira ordem falhas de segunda ordem e falhas de terceira ordem

98

De acordo com a anaacutelise dos 20 (vinte) textos coletados na Atividade Inicial de Escrita

fizemos a catalogaccedilatildeo das falhas de escrita observando os criteacuterios definidos pela autora para

essa classificaccedilatildeo como podemos observar na Tabela 03 a seguir

Tabela 03 ndash Avaliaccedilatildeo Falhas de escrita Informantes Falhas de primeira

ordem

Falhas de segunda

ordem

Falhas de terceira

ordem

I1 X

I2 X

I3 X

I4 X

I5 X

I6 X

I7 X X

I8 X

I9 X

I10 X

I11 X

I12 X X

I13 X

I14 X

I15 X

I16 X

I17 X

I18 X

I19 X

I20 X

I2117 X

TOTAL 6 3 14 21 Porcentagem 285 142 666 100

Fonte Adaptado de Lemle (1991) com dados da pesquisa 2017

De acordo com os dados da tabela acima observamos que 285 dos alunos cometem

falhas de 1ordf ordem 142 cometem falhas de 2ordf ordem e 666 cometem falhas de 3ordf ordem

Salientamos que o informante 7 comete falhas de 1ordf e 2ordf ordens e o informante 12 comete falhas

de segunda e terceira ordens Apesar de Lemle (1991) natildeo dizer de forma tatildeo direta supomos

que um mesmo aluno pode cometer em um mesmo texto falhas de ordem diversas por

entendermos a aquisiccedilatildeo do sistema de escrita como um processo que vai sendo construiacutedo aos

poucos por meio de experiecircncias com a proacutepria escrita Nesse sentido haacute nesses exemplos de

escrita como vemos nos informantes 7 e 12 uma transiccedilatildeo entre as falhas de 1ordf 2ordf e 3ordf ordens

considerando-se que natildeo satildeo processos isolados iniciando um quando o outro termina

Diante desses fatos selecionamos os 8(oito) alunos que cometeram falhas de 1ordf e 2ordf

ordens em razatildeo de Lemle (1991) considerar que esses alunos ainda natildeo satildeo alfabetizados Para

a autora ldquo[s]eraacute considerado alfabetizado aquele em cuja escrita soacute restarem falhas de terceira

17 O aluno estava presente mas natildeo quis realizar a produccedilatildeo da Atividade Inicial de escrita Mesmo assim foi

selecionado por natildeo ser alfabetizado e estar repetindo o 6ordm ano

99

ordem que seratildeo superadas gradativamente com a praacutetica da leitura e da escritardquo (LEMLE

1991 p 41-42)

Com base nesses pressupostos catalogamos as falhas cometidas nos 08 (oito) textos da

amostra de investigaccedilatildeo e acrescentamos 03 textos classificados como de 3ordf ordem para

melhor compreensatildeo desses processos O objetivo eacute mostrar a realidade presente em sala de

aula e como essas falhas justificam-se baseadas nos estudos aqui realizados jaacute que os alunos

natildeo as cometeram intencionalmente Na verdade eles natildeo sabiam que estavam errando pois

escreveram de forma livre e espontacircnea Vejamos entatildeo as falhas coletadas nos 08 textos

Quadro 12 ndash Falhas de escrita Textos

selecionados

Falhas de escrita de

1ordf ordem

Ocorrecircncias de falhas de escrita catalogadas nos textos

selecionados

TEXTO 1

TEXTO 2

TEXTO 3

TEXTO 4

TEXTO 5

Falhas na

correspondecircncia

linear entre as

sequencias dos sons e

as sequencias das

letras

Omissatildeo de letras miha (minha) batatina (batatinha) goto

(gosto)

Conhecimento ainda inseguro do formato de cada letra

tasia (passear)

Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo do som

gogo (gosto) natu (moto) natildee (matildee) fanilha (familia) asai

(assim) voma (forma)

Natildeo formou conceito de palavra coanilha (com a minha)

nasine (nasci em) amina (a minha) allade (aula de)

dodiabo em vez de do diabo

Falhas de escrita de

2ordf ordem

TEXTO 5

TEXTO 6

TEXTO 7

O aluno faz a

transcriccedilatildeo foneacutetica

petequa em vez de peteca

escunde em vez de esconde

kiabo em vez de quiabo

bejo em vez de beijo

cam em vez de catildeo

susu em vez de chuchu

pofessora em vez de professora

Falhas de escrita de

3ordf ordem

TEXTO 7

TEXTO 8

TEXTO 9

TEXTO 10

O aluno avanccedilou no

saber ortograacutefico e na

escrita faz troca entre

letras concorrentes

dansa em vez de danccedila

diferensa em vez de diferenccedila

soutar em vez de soltar

queto em vez de quieto

dificudade em vez de dificuldade

profesora em vez de professora

o em vez de ou

Fonte Adaptado de Lemle (1991 p 40-41) com dados da pesquisa

Verifica-se que os textos 1 2 3 4 e 5 foram classificados com falhas de 1ordf ordem porque

os alunos natildeo conseguiram realizar correspondecircncia linear entre as sequecircncias dos sons e as

100

sequecircncias das letras Nesse caso os alunos omitiram letras como em miha (minha) batatina

(batatinha) goto (gosto) demonstraram conhecimento ainda inseguro do formato de cada letra

como por exemplo em tasia (passear) natildeo tiveram a capacidade de classificar algum traccedilo

distintivo do som exemplo das palavras gogo (jogo) natu (moto) natildee (matildee) fanilha (familia)

asai (assim) voma (forma)

Sabemos que Lemle (1991) natildeo cita conceito formado de palavra mas estabelece como

quarta capacidade a consciecircncia de unidade de palavra Dessa maneira optamos por encaixar

em falhas de 1ordf ordem as ocorrecircncias de conceito de palavra natildeo formado como em coanilha

(com a minha) nasine (nasci em) amina (a minha) allade (aula de) dodiabo em vez de do

diabo Esse tipo de ocorrecircncia eacute tratado por Cagliari (1995) como juntura intervocabular O

uacutenico caso natildeo encontrado nesses textos foi a repeticcedilatildeo de letras elencado por Lemle (1991)

Os textos 5 6 e 7 foram classificados com falhas de 2ordf ordem pois os alunos fizeram a

transcriccedilatildeo foneacutetica Nessas ocorrecircncias os alunos representaram os sons da fala de acordo com

a variaccedilatildeo linguiacutestica utilizada por eles pois a pronuacutencia depende da regiatildeo na qual a pessoa

vive Dessa forma o aluno escreve como fala como vemos em petequa em vez de peteca

escunde em vez de esconde kiabo em vez de quiabo bejo em vez de beijo cam em vez de catildeo

susu em vez de chuchu pofessora em vez de professora

Nos textos 7 8 9 e 10 nos quais os alunos jaacute avanccedilaram no saber alfabeacutetico e na escrita

ortograacutefica eles apenas fazem troca entre letras concorrentes Satildeo os casos de dansa em vez

de danccedila diferensa em vez de diferenccedila soutar em vez de soltar queto em vez de quieto

dificudade em vez de dificuldade profesora em vez de professora Nesses casos segundo

Ferreiro (1985) o niacutevel alfabeacutetico foi consolidado e considera que a aprendizagem da escrita eacute

produto de uma construccedilatildeo ativa ou seja no fazer na testagem na experimentaccedilatildeo com as

letras

Em vista disso consideramos importante dizer que os textos 1 2 3 4 5 6 e 7 satildeo dos

alunos que compuseram a intervenccedilatildeo Apenas um aluno natildeo quis produzir o texto o informante

21 que deduzimos natildeo ter consolidadas as capacidades e por isso rejeiccedilatildeo agrave atividade proposta

Logo nossa Atividade Inicial de Escrita (APEcircNDICE B) foi planejada por meio da

abordagem sociointeracionista de Vygotsky A partir da formulaccedilatildeo da zona de

desenvolvimento proximal aplicamos a Atividade Inicial de Escrita e assim por meio do

diagnoacutestico delineamos o desenvolvimento real da aprendizagem dos alunos a fim de avaliar

as experiecircncias adquiridas em linguagem escrita

Diante disso eacute necessaacuterio ressaltar a importacircncia da reflexatildeo e anaacutelise do professor

sobre o desenvolvimento textual dos alunos A escola eacute tendenciosa ao avaliar observando

apenas os erros e desconsiderando os acertos privilegiando a ortografia em detrimento da

101

fruiccedilatildeo do ato de escrever puramente como forma de expressatildeo do pensamento Cada etapa de

aprendizagem da escrita eacute importante e deve ser ensinada pela escola e o professor precisa ter

conhecimento dos processos de escrita pelos quais as crianccedilas passam para ajudaacute-las a

superarem cada etapa com seguranccedila e satisfaccedilatildeo

Consideramos diante o exposto que os resultados dessa atividade foram satisfatoacuterios

por nos dar condiccedilotildees de conhecer as reais dificuldades de escrita dos alunos e assim planejar

as proacuteximas accedilotildees deste trabalho investigativo

Portanto definimos por meio dessa Atividade Inicial de Escrita que a nossa investigaccedilatildeo

seria realizada apenas com os alunos que cometeram falhas de 1ordf e 2ordf ordem por natildeo serem

alfabetizados

43 Plano Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI

O Plano Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI estaacute centrado nos aspectos da alfabetizaccedilatildeo

e do letramento Foi desenvolvido na Escola Estadual Pio XII em Januaacuteria ndash MG com apenas

6 alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima apoacutes identificaccedilatildeo das falhas de escrita com base em Lemle

(1991) no periacuteodo de agosto a novembro de 2017 O fato de o nuacutemero de participantes ter sido

reduzido justifica-se pela recusa em participar das atividades propostas por dois alunos o

informante 16 e o informante 21 Eles natildeo quiseram participar apesar de toda insistecircncia por

parte desta pesquisadora Diante disso a amostra de investigaccedilatildeo passou a ser com 6 alunos do

6ordm ano JF

Assim o objetivo geral dessa proposta foi desenvolver atividades que contribuam com

a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita de 6 alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima da Escola Estadual Pio

XII Ensino Fundamental utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico Os objetivos

especiacuteficos foram planejar executar e avaliar atividades que contribuam para elevar os niacuteveis

de escrita que desenvolvam a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica desenvolver

habilidades de letramento digital atraveacutes do gecircnero digital blog produzir texto multimodal para

blog

A partir das metaacuteforas da aprendizagem de Thornburg (1996) desenvolvemos quatro

moacutedulos de aprendizagem Moacutedulo I ndash Conhecendo Moacutedulo II ndash Dialogando Moacutedulo III ndash

Refletindo e Moacutedulo IV ndash Praticando

Para cada moacutedulo utilizamos a carga horaacuteria da turma composta por cinco aulas

semanais de LP e nas uacuteltimas semanas contamos com a colaboraccedilatildeo dos professores de outras

disciplinas no sentido de liberarem os alunos para participarem das atividades No iniacutecio

definimos que usariacuteamos as aulas geminadas da terccedila-feira e da quarta-feira salvo alguma na

102

segunda-feira que tem uma aula de LP Buscamos com isso respeitar o horaacuterio de aulas da

turma em razatildeo da organizaccedilatildeo e funcionamento da escola Poreacutem observamos que a dinacircmica

e o dia-a-dia da escola com projetos feriados trabalhos de campo entre outras situaccedilotildees

estava prejudicando o andamento da intervenccedilatildeo Um fato que nos deixou muito tristes foi o

falecimento de um aluno da nossa escola no dia 20 de setembro Todas as atividades da escola

foram interrompidas pela comoccedilatildeo geral

Diante disso elaboramos o cronograma de aulas aplicadas nos moacutedulos do iniacutecio ao

teacutermino da intervenccedilatildeo como forma de esclarecer o desenvolvimento das aulas Os quatro

moacutedulos e a descriccedilatildeo dos meses e datas em que foram aplicados aleacutem da respectiva carga

horaacuteria de cada um deles encontram-se descritos na Tabela 04 a seguir

Tabela 04 ndash Cronograma de aulas aplicadas no PEI

MOacuteDULOS Meses Datas Carga

horaacuteria

Moacutedulo I ndash Conhecendo Agosto 23 28 29 30 ---- 08 ha

Moacutedulo II ndash Dialogando Setembro 12 19 2018 26 27 08 ha

Moacutedulo III ndash Refletindo Outubro 03 04 23 24 25 21 ha

26 27 30 31 ----

Moacutedulo IV ndash Praticando Novembro 01 05 ha

Total 42

aulas

Fonte Dados da pesquisa 2017

431 Moacutedulo I ndash Conhecendo

Neste moacutedulo I procuramos desenvolver compartilhar e discutir as caracteriacutesticas dos

textos compostos por palavras e imagens bem como discutir sobre as contribuiccedilotildees das

Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC

Assim o plano de accedilatildeo desse moacutedulo visou ativar conhecimentos preacutevios sobre as

caracteriacutesticas dos textos multimodais e em relaccedilatildeo agraves contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais

da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de sons de palavras de

imagens e de movimentos

18 Intervenccedilatildeo interrompida por luto

103

Nossos objetivos foram identificar as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da

Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem e familiarizar com o ambiente

digital conhecer e identificar as funccedilotildees do blog como recurso de ensino e sobre as habilidades

de letramento em contexto digital conhecer diferentes textos multimodais e aula expositiva

dialogada e interativa por meio de ferramenta digital

Dessa forma a metodologia utilizada consistiu em desenvolver atividades de

conhecimento na sala de multimiacutedia e no laboratoacuterio de informaacutetica da escola por meio de

exposiccedilatildeo dialogada utilizando ferramenta digital para apresentaccedilatildeo de slides sobre a proposta

de trabalho

Na sala de multimiacutedia da nossa escola no dia 23 de agosto de 2017 conhecemos as

contribuiccedilotildees que as Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo apresentam na atualidade como pode

ser visualizado na figura abaixo

Figura 14 ndash Alunos na sala de multimeios da Escola Estadual Pio XII

Fonte Dados da pesquisa 2017

Reconhecemos que estamos inseridos em um mundo repleto de sons palavras imagens

entre tantos outros recursos que possibilitam a comunicaccedilatildeo Dessa forma saber ler essa

diversidade de recursos textos e imagens requer atenccedilatildeo e leitura de mundo Como exemplo

dessa proposta apresentamos a captura de tela dos slides 3 e 9 da nossa apresentaccedilatildeo em Power

point

104

Figura 15 ndash Captura de tela do slide 3 ndash Apresentaccedilatildeo em Power point

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 2 ndash Captura de tela do slide 9 Apresentaccedilatildeo em Power point

Fonte Dados da pesquisa 2017

Percebemos que cinco alunos reconheceram na exposiccedilatildeo dos slides acima esse contexto

de tecnologia no qual estamos inseridos ao dizerem que estamos conectados com o mundo Por

outro lado uma aluna teve dificuldade com a leitura das imagens justamente por falta de

familiaridade com essa modalidade de leitura Aleacutem disso analisamos a possibilidade de se

realizar leitura em diversos suportes tanto por meio de linguagem verbal quanto por meio da

inserccedilatildeo de imagens e emojis tatildeo presentes nas redes sociais nos aplicativos de celular e ateacute

em lojas quando vemos as placas ldquoSorria Vocecirc estaacute sendo filmadordquo

105

Assim apoacutes essa conversa e compartilhamento de ideias eles compreenderam que a

leitura extrapola as questotildees meramente linguiacutesticas pois o conceito de texto se ampliou e

concentra vaacuterios aspectos natildeo linguiacutesticos que devem ser considerados principalmente porque

estamos inseridos em uma sociedade imersa em um grande ambiente multimodal

Nossa fala estaacute ancorada em Marcuschi (2008 p 80) ao estabelecer que ldquoo texto

compotildee-se de elementos que satildeo multifuncionais sob vaacuterios aspectos tais como um som uma

palavra uma significaccedilatildeo uma instruccedilatildeo etc e deve ser processado com esta

multifuncionalidaderdquo assim como na Teoria da Multimodalidade defendida por Kress e van

Leeuwen (2006) ao esclarecerem que o texto multimodal eacute aquele cujo significado se realiza

por mais de um coacutedigo semioacutetico ou recursos semioacuteticos Desse modo apoacutes a apresentaccedilatildeo

dos slides os alunos compreenderam que ao lermos uma imagem observamos planos traccedilos

cores figuras entre outros aspectos Assim compreendemos como esse conjunto de recursos

semioacuteticos dialoga que eles natildeo estatildeo dispostos aleatoriamente mas constituem mais um

recurso que nos ajuda a produzir uma seacuterie de interpretaccedilotildees

Depois fomos ao laboratoacuterio de informaacutetica Pesquisamos vaacuterios blogs e sites de

pesquisa para nos familiarizarmos e conhecermos o ambiente digital como demonstrado na

figura 18

Figura 17 ndash Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica

Fonte Dados da pesquisa 2017

No laboratoacuterio de informaacutetica acessamos blogs de diferentes temas e assuntos O

primeiro chama-se ldquoBlog dos jovens leitoresrdquo e o segundo ldquoOpen Pagerdquo Os dois satildeo blogs

106

literaacuterios e tratam da leitura de livros literaacuterios com resenhas e sugestotildees de leitura O terceiro

ldquoGalerinha On linerdquo eacute um blog de assuntos diversos atividades desenhos muacutesicas

ensinamentos e culinaacuteria por meio de infograacuteficos Jaacute o quarto ldquoEscola Classe 19 de

Taguatingardquo eacute um blog escolar de uma escola puacuteblica que atende a crianccedilas do 1ordm ao 5ordm anos

na educaccedilatildeo integral Nossa intenccedilatildeo foi fazer com que os alunos conhecessem diferentes blogs

Assim elaboramos algumas questotildees para conduzir nossa discussatildeo como Quais satildeo os temas

abordados nesses blogs Leia o perfil de cada um De qual vocecirc gostou mais Por quecirc Se vocecirc

tivesse um blog sobre o que vocecirc escreveria Vamos criar um blog para a turma Qual nome

teria

Nas questotildees ldquoardquo e ldquobrdquo os alunos responderam de forma satisfatoacuteria ter reconhecido o

tema de cada blog pelas imagens que foram vendo e depois pela descriccedilatildeo feita no perfil

apresentado aleacutem de terem gostado de conhececirc-los Como exemplo apresentamos logo

abaixo os comentaacuterios dos informantes 8 10 e 12

Informante 8 ldquoGostei professora desses blogsrdquo

Informante 10 ldquoEu nunca vi um blog Num sabia que era assim Eu gostei do blog da

escola tem muitas fotos dos alunosrdquo

Informante 12 ldquoEu achei legal E gostei mais da moccedila dos livros (Open Page)rdquo

Na questatildeo ldquocrdquo os informantes 7 e 11 disseram que escreveriam sobre todos os assuntos

a informante 13 disse que natildeo sabia os informantes 8 e 10 falaram que escreveriam sobre a

escola e a informante 12 sobre maquiagem Os assuntos foram diversificados e aos alunos foi

esclarecido que criariacuteamos um blog para a turma com o objetivo de postarmos as nossas

atividades de escrita desenvolvidas no laboratoacuterio de informaacutetica e que laacute poderiacuteamos abordar

diversos assuntos

Observamos ainda que as respostas dos informantes 7 e 11 aproximam-se das diversas

possibilidades de publicaccedilatildeo as quais os blogs nos permitem Marcuschi (2010) define os blogs

como gecircneros digitais e ressalta que eles funcionam como diaacuterios em uma ordem cronoloacutegica

Aleacutem disso acrescenta que [] satildeo verdadeiros diaacuterios sobre a pessoa sua famiacutelia ou seus

gostos e seus gatos catildees atividades sentimentos crenccedilas e tudo o que for conversaacutevel

(MARCUSCHI 2010 p 72)

Apoacutes esse momento fizemos uma votaccedilatildeo para a escolha do blog do nosso pequeno

grupo Os nomes sugeridos pelos alunos foram Blog da Escola Pio XII Oficina de escrita

Todos juntos pelo estudo Blog do 6ordm ano e Escola Estadual Pio XII em resposta agrave questatildeo ldquodrdquo

Dessa forma os alunos decidiram pelo tiacutetulo ldquoBlog do 6ordm ano JFrdquo e como descriccedilatildeo

ldquoTodos juntos pelo estudordquo cujo endereccedilo eletrocircnico eacute

107

httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombr que tambeacutem pode ser observado por meio do

acesso ao QR Code disponibilizado logo abaixo

A atividade no laboratoacuterio o estar no laboratoacuterio de informaacutetica para pesquisa e

conhecimento de outros blogs causou entusiasmo nos participantes Essa escolha causou-nos

surpresa e emoccedilatildeo porque percebemos o empenho e o compromisso desses alunos com a

proacutepria aprendizagem Assim o blog foi criado no dia 28 de agosto de 2017 mediante

orientaccedilatildeo e com a participaccedilatildeo de todos os informantes como vemos logo abaixo na captura

das telas de criaccedilatildeo do blog e no iniacutecio do Moacutedulo I ndash Conhecendo

Figura 38 ndash Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF

Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel em lt httptodosjuntospeloestudoblogspotcombr201708sejam-bem-

vindos-nos-do-6-ano-julia-dehtmlgt Acesso em 10 nov de 2017

108

Figura 19 ndash Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF

Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel emlthttptodosjuntospeloestudoblogspotcombr201708gt Acesso em

10 nov de 2017

432 Moacutedulo II ndash Dialogando

Nesse segundo momento as atividades propostas ofereceram oportunidades para que o

comportamento do aluno ouvinte e falante se tornasse efetivamente objeto de aprendizagem

Os alunos tiveram a oportunidade de realizar debates e exposiccedilotildees orais a respeito das

atividades apresentadas no laboratoacuterio de informaacutetica Esta pesquisadora coordenou as

discussotildees procurando fazer com que todos os alunos falassem e escutassem de forma atenciosa

e respeitosa No iniacutecio natildeo foi faacutecil porque eles estavam acostumados a interferir nas respostas

dos outros colegas a limitar a fala do outro ou chamar a atenccedilatildeo de forma negativa mas depois

com a mediaccedilatildeo necessaacuteria eles foram entendendo que cada um tem o direito de falar e que

eles poderiam ateacute discordar poreacutem sem desrespeitar

Desse modo esse tipo de atividade promoveu a discussatildeo sobre o assunto tratado nos

textos apresentados fazendo com que o aluno ultrapassasse o texto e o relacionasse com o

contexto social no qual vive ou ateacute mesmo com sua proacutepria pessoa atendendo agrave perspectiva da

leitura multimodal

O plano de accedilatildeo desse segundo moacutedulo esteve concentrado em incentivar a discussatildeo

sobre os textos apresentados com o intuito de desenvolver a competecircncia do uso da liacutengua oral

e da capacidade de debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o

argumento contraacuterio

109

Na sequecircncia definimos como objetivos ler textos multimodais analisar e discutir as

especificidades desses textos e produzi-los Para isso propusemos a discussatildeo das perguntas

sugeridas a respeito dos recursos linguiacutesticos utilizados nos textos multimodais previamente

selecionados para o trabalho em grupo

Esse moacutedulo teve iniacutecio no dia 12 de setembro de 2017 no laboratoacuterio de informaacutetica

como podemos visualizar logo abaixo

Figura 20 ndash Captura de tela do Moacutedulo II ndash Dialogando Blog do 6ordm ano JF

Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel em lt httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombr201709modulo-ii-

dialogandohtmlgt Acesso em 10 nov de 2017

Na perspectiva dialoacutegica na relaccedilatildeo com o outro discutimos em duplas as questotildees

sobre os textos selecionados De acordo com Bakhtin (1997) a ldquorelaccedilatildeo dialoacutegica eacute uma relaccedilatildeo

(de sentido) que se estabelece entre enunciados na comunicaccedilatildeo verbalrdquo (BAKHTIN 1997 p

346) Com esse entendimento de comunicaccedilatildeo verbal do encontro de opiniotildees e discussotildees

procuramos estabelecer relaccedilotildees de sentido ao ouvir falar interrogar concordar ou discordar

dos assuntos apresentados nos textos multimodais selecionados para essa atividade Entatildeo eles

foram compreendendo a atitude responsiva de que trata Bakhtin ao afirmar que

[d]e fato o ouvinte que recebe e compreende a significaccedilatildeo (linguiacutestica) de um

discurso adota simultaneamente para com este discurso uma atitude responsiva ativa

ele concorda ou discorda (total ou parcialmente) completa adapta apronta-se para

executar etc e esta atitude do ouvinte estaacute em elaboraccedilatildeo constante durante todo o

processo de audiccedilatildeo e compreensatildeo desde o iniacutecio do discurso agraves vezes jaacute nas

primeiras palavras emitidas pelo locutor (BAKHTIN 1997 p 290)

110

Em atitude responsiva ativa vivenciamos com o outro ora locutor ora interlocutor no

laboratoacuterio de informaacutetica a leitura de vaacuterios textos multimodais

Como motivaccedilatildeo e detonador da nossa discussatildeo utilizamos na maioria dos textos

selecionados questotildees previamente elaboradas para conduzir a discussatildeo As questotildees

pretendiam levar os alunos a pensarem considerando todo o contexto Para tanto eles foram

instigados a confirmar ideias levantar hipoacuteteses expressando a opiniatildeo e o entendimento que

tiveram acerca do exposto Nesse sentido procuramos questionaacute-los sobre os argumentos que

sustentaram as colocaccedilotildees de cada um e sobre as conclusotildees a que chegaram por meio da leitura

dos textos multimodais Foram observados dentre vaacuterios aspectos multimodais as cores os

traccedilos as fontes tipos e tamanhos das letras

Para anaacutelise desse moacutedulo selecionamos dois textos uma Histoacuteria em quadrinhos e uma

charge A Histoacuteria em Quadrinhos ndash HQ da Turma da Mocircnica que foi apresentada quadro a

quadro por seis cenas tem Cascatildeo como personagem principal o qual trama em pensamento

algo contra o Sansatildeo coelhinho da Mocircnica O que chama atenccedilatildeo para essa HQ como podemos

visualizar logo abaixo eacute a presenccedila da multimodalidade por meio de imagens balotildees cores e

traccedilos bem como a ausecircncia de falas (linguagem verbal) entre os personagens em todas as

cenas Os uacutenicos elementos verbais presentes na HQ satildeo a palavra ldquoCascatildeordquo no iniacutecio e a

palavra ldquofimrdquo ao final da histoacuteria

111

Figura 21 ndash HQ Turma da Mocircnica

Fonte Desconhecida19

Observamos por meio da leitura imageacutetica toda a narrativa desenvolvida e quando a

situaccedilatildeo de equiliacutebrio eacute rompida pelo cliacutemax que determina a situaccedilatildeo final da histoacuteria Dessa

forma percebemos que os elementos linguiacutesticos natildeo satildeo exclusivos para a compreensatildeo e

leitura de um texto pois a modalidade de linguagem semioacutetica encarregou-se disso Nessa HQ

a atividade de interaccedilatildeo e leitura ocorreu por meio do encadeamento das accedilotildees e gerou a

produccedilatildeo de sentidos proporcionada pelo conhecimento preacutevio acerca dos personagens e da

situaccedilatildeo comunicativa

De acordo com Koch (2009 p 39) em atividades como essas ldquocolocamos em accedilatildeo

vaacuterias estrateacutegias sociocognitivas Essas estrateacutegias por meio das quais se realiza o

processamento textual mobilizam vaacuterios tipos de conhecimento que temos armazenados na

memoacuteriardquo

19 Paacutegina de HQ da Turma da Mocircnica apresentada na Aula 1 da disciplina Texto e ensino ministrada pela

professora Doutora Maria Clara Maciel (UNIMONTES) no primeiro semestre de 2016

112

Ainda de acordo com a autora ao realizarmos o processamento textual ativamos

conhecimentos Assim para a compreensatildeo dessa HQ recorremos ao conhecimento

enciclopeacutedico ou conhecimento de mundo que se refere aos nossos aprendizados vivecircncias e

experiecircncias pessoais permitindo a produccedilatildeo de sentidos Por isso realizamos as seguintes

perguntas aos alunos Vocecirc conhece esses personagens Quem satildeo Por que o Cascatildeo estaacute

saltitante O que ele estaacute imaginando Qual era a sua intenccedilatildeo O que aconteceu no 4ordm e 5ordm

quadrinhos Por que Cascatildeo saiu correndo O humor da histoacuteria foi construiacutedo a partir de quais

fatos No texto haacute palavras Vocecirc conseguiu ler essa HQ mesmo sem palavras Por quecirc

A maioria das respostas foram 100 satisfatoacuterias pois todos conheciam os personagens

das HQS da Turma da Mocircnica do autor Mauriacutecio de Souza aleacutem da compreensatildeo global da

narrativa inclusive sem mencionar as questotildees propostas quem era o autor desses quadrinhos

Apenas na uacuteltima questatildeo surgiram questionamentos sobre natildeo haver palavras falas na

sequecircncia narrativa da HQ selecionada pelos informantes 7 8 e13 Perguntamos se o fato de

natildeo haver palavras impedia o entendimento do texto e os alunos disseram que natildeo Nossa

discussatildeo foi ampla sobre as diversas possibilidades de leitura e definiccedilatildeo de texto A causa do

estranhamento ocorreu pelo fato de o natildeo entendimento do que a maioria das pessoas considera

ser um texto inclusive na atualidade em que os textos estatildeo carregados de multimodalidade

Isso acontece pelo conceito de texto ainda estar vinculado somente ao campo linguiacutestico

da fala ou da escrita Nesse sentido a linguiacutestica textual definida por Marcuschi (2008)

Dioniacutesio (2006) Koch (2009 e 2012) e Krees e Van Leeuwen (2006) autores que validaram

significativamente nossa discussatildeo lanccedilam luz sobre a concepccedilatildeo de texto como abordado no

capiacutetulo I deste trabalho

Segundo Dioniacutesio (2006) nossa sociedade estaacute cada vez ldquomais visualrdquo Isso revela que

os textos multimodais estatildeo presentes em nossa sociedade e eacute imprescindiacutevel relacionar

linguagem verbal a outros recursos e assim estabelecer relaccedilotildees de sentido compreensatildeo e

importacircncia social nas praacuteticas de letramento

Diante disso por meio do sistema de estruturaccedilatildeo visual elaborado por Krees e Van

Leeuwen (2006) na Gramaacutetica de Desing Visual (GDV) observamos a articulaccedilatildeo de vaacuterios

modos semioacuteticos na charge selecionada que ao se relacionarem convergem significados

representacionais interativos e composicionais

113

Figura 22 ndash Charge Igualdade natildeo significa justiccedila

Fonte Disponiacutevel em lt httpprofwladimirblogspotcombr201405charge-igualdade-nao-significa-

justicahtmlgt Acesso em 07 jun 2017

A charge acima eacute composta por vaacuterios participantes representados (PR) localizados ao

centro e na mesma direccedilatildeo em maior destaque retratando situaccedilotildees semelhantes em quadros

diferentes No que diz respeito aos significados representacionais a imagem da charge sob

anaacutelise apresenta uma sequecircncia argumentativa

Nota-se nesse caso no quadro 1 a existecircncia dos participantes representados ndash PR

Como PR 1 consideramos a crianccedila maior agrave esquerda mostrada na composiccedilatildeo visual vestida

de camisa azul e short marrom como PR 2 consideramos a crianccedila ao meio mostrada na

composiccedilatildeo visual vestida de camisa vinho e short azul escuro e como PR 3 consideramos a

crianccedila menor agrave direita mostrada na composiccedilatildeo visual vestida de camisa azul clara e short

preto de quem partem vetores formados pelas diferentes alturas

Em contrapartida nota-se tambeacutem a existecircncia de mudanccedila de posiccedilatildeo de braccedilos

tambeacutem mostrados na composiccedilatildeo visual representados por PR 1 2 e 3 Enquanto PR1 e PR2

no quadro 1 estatildeo com os braccedilos levantados para o alto como um traccedilo que daacute a ideia de

accedilatildeomovimento positivo vitorioso e vibrante o inverso acontece com o PR 3 que estaacute com os

braccedilos abaixados como um traccedilo de passividade e inatividade Nota-se tambeacutem que as cores

114

funcionam como um dispositivo semioacutetico formal que aleacutem de estabelecerem coesatildeo e

coerecircncia no texto veiculam ideias A cor verde do gramado e o marrom dos caixotes e parede

de compensado eacute usada para dar destaque agraves informaccedilotildees de forma precisa aleacutem de trazer o

significado representacional da realidade dos gramados de futebol e a cor marrom o significado

representacional da realidade da desigualdade social

Quanto aos significados interativos que dizem respeito ao grau de interaccedilatildeo entre os

elementos da composiccedilatildeo visual (participantes representados) e o leitor (participantes

interativos) natildeo vemos PR 1 2 e 3 olhando diretamente para o participante interativo (PI) natildeo

haacute um olhar de demanda pois todos estatildeo de costas representando possivelmente todos os

cidadatildeos que natildeo tecircm acesso ao esporte agrave cultura e ao lazer Aqui encontramos um olhar de

oferta pois haacute ausecircncia de olhar direto para o leitor Nesse caso PR1 2 e 3 satildeo oferecidos ao

PI como item de informaccedilatildeo de maneira impessoal e mais distante sendo estabelecida uma

relaccedilatildeo de menor interaccedilatildeo com o PI

Quanto ao enquadramento apresenta-se num plano aberto uma vez que satildeo retratados

todos os participantes e o espaccedilo ao seu redor por isso os PR satildeo representados numa distacircncia

maior dos observadores

Em relaccedilatildeo aos significados composicionais observa-se que os PRrsquos ocupam espaccedilos

diferentes O PR1 ocupa a zona esquerda o espaccedilo do dado ndash de onde parte o conhecimento do

texto ndash converge para a mensagem que destaca a incoerecircncia de uma crianccedila maior precisar

subir em um caixote Logo eacute possiacutevel perceber que a informaccedilatildeo disposta no plano novo faz

um contraponto de forma a complementar a ideia disposta no plano dado representado pelo

PR3 que estaacute agrave esquerda haja vista que mesmo em posiccedilatildeo de igualdade por estar em cima

de um caixote de madeira da mesma forma que as outras crianccedilas ainda se encontra em

desvantagem em desigualdade

Ainda sobre o significado composicional consideramos o PR1 posicionado no acircngulo

superior assim o elemento eacute ideal (vantagem pela altura) configura o dominante aquele que

tem Os PR2 e PR3 posicionam-se em acircngulo inferior o elemento eacute real (a altura determina a

possibilidade de assistir ao jogo ou natildeo) e configura a relaccedilatildeo de subordinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

primeiro

Por fim a disposiccedilatildeo dos elementos a partir da perspectiva de centro e margem estatildeo

relacionadas tanto para evidenciar o predomiacutenio quanto o destaque de algumas informaccedilotildees e

a omissatildeo de outras Os PR estatildeo no centro no nuacutecleo da informaccedilatildeo por se tratar de uma charge

que comporta uma criacutetica pois enquanto parte da populaccedilatildeo tem acesso ao esporte por poder

pagar uma entrada em um estaacutedio de futebol outros encontram-se em condiccedilotildees

115

desconfortaacuteveis e desiguais Contudo o PR1 sobressai no seu tamanho e nas cores envolvidas

em relaccedilatildeo ao PR3 que eacute o que sofre com a impossibilidade de assistir ao jogo

O contraponto das duas figuras quadro 1 e quadro 2 demonstra uma precisa articulaccedilatildeo

na utilizaccedilatildeo dos modos semioacuteticos que satildeo modificados pela mudanccedila de estado do PR1 e do

PR3 ao estabelecer a ideia de justiccedila ao ver que a altura definia a possibilidade de assistir ao

jogo e a necessidade de ter ou natildeo um caixote para isso Nesse sentido satildeo estabelecidas

relaccedilotildees de direitos que dependendo das circunstacircncias podem produzir o contraacuterio a

desigualdade Esses aspectos foram trabalhados a partir das seguintes questotildees propostas O

que eacute igualdade O que eacute justiccedila O que vocecirc vecirc na imagem O que vocecirc entende por ldquoIgualdade

natildeo eacute justiccedilardquo O que foi preciso fazer para haver justiccedila Vocecirc jaacute foi tratado de forma desigual

ou injusta

Essa atividade exigiu dos alunos mais atenccedilatildeo e conhecimento de mundo pois todos os

informantes revelaram nunca ter ido a um estaacutedio de futebol e sentado em arquibancadas

Percebemos que o acesso aos bens culturais agrave populaccedilatildeo economicamente desfavorecida

provavelmente estaacute associado ao fator desigualdade social como mostrado no texto em anaacutelise

Assim com base nas questotildees acima discutimos os elementos multimodais presentes

no texto percebendo mais familiaridade com a observaccedilatildeo das cores da linguagem verbal e

natildeo verbal mas em outros aspectos foi preciso intervenccedilatildeo e mediaccedilatildeo para estabelecer os

sentidos que o texto exigia como o fato de os braccedilos do PR3 no quadro 1 estarem para baixo

e no quadro 2 estarem para cima Esse aspecto natildeo foi identificado por nenhum aluno em

resposta agrave questatildeo 3

Consideramos que a atividade foi vaacutelida dado o grau de dificuldade e a familiaridade

com textos argumentativos no 6ordm ano Geralmente essa sequecircncia textual soacute eacute trabalhada a partir

do 8ordm ano por natildeo ser considerada adequada ao 6ordm ano mas haacute controveacutersias pois de acordo

com Cavalcante (2013) todo texto possui sequecircncias bem como todo texto apresenta uma

sequecircncia dominante em relaccedilatildeo agrave qual se organizam as demais sequecircncias A autora afirma

que ldquoaspectos como extensatildeo a complexidade e os diferentes propoacutesitos comunicativos

indicam que haacute naturalmente uma inclinaccedilatildeo agrave combinaccedilatildeo de sequecircncias textuais o que torna

o texto heterogecircneordquo (CAVALCANTE 2013 p 62)

De acordo com Rojo (2009) as diversas capacidades de leitura e produccedilatildeo exigidas na

atualidade nos conduzem ao trabalho com os letramentos multissemioacuteticos definidos como ldquoa

leitura e produccedilatildeo de textos em diversas linguagens e semioses (verbal oral e escrita musical

imageacutetica) ( )rdquo (ROJO 2009 p 119)

Diante disso nossas atividades dialogadas e em equipe possibilitaram a produccedilatildeo de

textos multimodais inspirados em Ribeiro (2016) sobre como os textos multimodais satildeo

116

tratados na escola que lugar ocupam e como poderiacuteamos produzir textos multimodais

Consideramos a ideia interessante e viaacutevel jaacute que era preciso palavras e imagens em um leiaute

e definir os modos de produccedilatildeo Dessa forma seguindo as premissas da autora fizemos

primeiro a leitura em grupo de alguns textos previamente selecionados Baseamos nossas

questotildees em Ribeiro (2016 p 53-54) Vocecircs jaacute tiveram contato com textos assim Vocecircs tecircm

dificuldades em ler textos como os apresentados neste blog Como vocecircs leem esses textos

Vocecircs gostariam de produzir textos como esses

Assim nossa proposta foi delineada a partir do contato com trecircs gecircneros especiacuteficos

organograma mapa e infograacutefico

Segundo Ribeiro (2016) o organograma eacute uma representaccedilatildeo bastante comum em nossa

sociedade e mostra representaccedilotildees hieraacuterquicas estruturas organizacionais etc Como sugestatildeo

os alunos criaram um organograma escolar como podemos observar na Figura 24

Figura 23 ndash Organograma da EE Pio XII corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017)

O texto acima foi produzido pelos informantes 8 e 10 e digitalizado para essa anaacutelise

Ao produzir o organograma da Escola Estadual Pio XII foi interessante descobrir que alguns

alunos natildeo sabiam que cada segmento da escola estava interligado e nem mesmo conheciam a

estrutura da escola Portanto a atividade resultou em aprendizagem e conhecimento aleacutem

disso os alunos natildeo encontraram dificuldade em desenhar a estrutura da escola por jaacute terem

conhecido um exemplo de organograma escolar Poreacutem encontraram dificuldades com a escrita

117

como por exemplo da palavra porfessores como podemos observar na produccedilatildeo abaixo antes

da correccedilatildeo ortograacutefica

Figura 24 ndash Organograma da E E Pio XII sem correccedilatildeo

Fonte Dados da pesquisa 2017

Nesse caso com base em Cagliari (1991) consideramos o ldquoerrordquo como modificaccedilatildeo da

estrutura segmental das palavras quando os alunos cometem erros de troca de letras O texto

acima demonstra esse problema de escrita que por meio da intervenccedilatildeo foi corrigido De

acordo com o autor isso acontece porque o aluno ainda natildeo domina bem o uso de certas letras

Nesse sentido Lemle (1991) enfatiza que se as relaccedilotildees entre letras e sons forem bem

trabalhadas o aluno saberaacute ldquo[] quais letras transcrevem quais sons em quais posiccedilotildees e quais

letras concorrem em quais posiccedilotildees para representar quais sonsrdquo (LEMLE 1991 p 36)

Depois lemos e produzimos infograacuteficos que segundo Ribeiro

[] se trata de um texto multimodal por excelecircncia jaacute que seu planejamento jaacute o

constroacutei com pelo menos palavras e imagens em um leiaute (na web eacute possiacutevel

agregar som movimento etc) em segundo porque eacute um gecircnero que circula

amplamente em jornais e revistas impressos digitais e mesmo na TV nas previsotildees

de tempo nas explicaccedilotildees e nas demonstraccedilotildees de fatos causas efeitos trajetoacuterias

etc (RIBEIRO 2016 p 31)

118

Observarmos que o infograacutefico eacute um texto que circula pelas diversas miacutedias como TV

materiais impressos e digitais Contudo no desenvolvimento da atividade verificamos total

estranhamento com esse gecircnero em um primeiro momento pela falta de familiaridade com o

proacuteprio nome do gecircnero Depois por natildeo conseguiram associar infograacutefico a textos lidos na

escola ou vistos em outros suportes Quando perguntamos aos alunos sobre quais impressotildees

tiveram dos textos pesquisados obtivemos as seguintes respostas Informante 7 ldquoEu gosteirdquo

Informante 8 ldquoNatildeo sei fazer isso natildeordquo Informante 10 Tem uns que natildeo entendi foi nadardquo

Informante 11 ldquoIsso eacute infograacuteficordquo Informantes 12 ldquoTambeacutem gostei Gostei muito dessas

receitas Ficou divertidordquo

Por isso para melhor entendimento voltamos ao Blog Galerinha Online20 para

pesquisar os infograacuteficos de receitas que laacute estavam Aleacutem disso realizamos pesquisas no site

de buscas Google sobre outros exemplos de infograacuteficos e sobre como fazer um infograacutefico

Nesse momento os alunos perceberam que nesses textos haacute trecircs elementos palavras nuacutemeros

e imagens Assim a primeira noccedilatildeo foi sendo construiacuteda e os nossos primeiros infograacuteficos

foram produzidos Os alunos escolheram fazer receitas como podemos visualizar logo abaixo

Talvez a escolha tenha sido influenciada pelo primeiro contato com esse gecircnero atraveacutes do

blog sugerido na pesquisa online

Uma dupla disse que faria bolo de chocolate logo todos queriam fazer bolo de chocolate

tambeacutem Entatildeo iniciaram uma discussatildeo sobre um estar copiando o outro que eles haviam

escolhido primeiro e que ningueacutem poderia fazer igual Nesse sentido foi necessaacuterio realizar um

debate sobre a importacircncia de se respeitar a escolha dos outros de entender que existe uma

diversidade enorme de receitas de bolo de chocolate Como exemplo falamos sobre

concursos de melhor receita de um determinado alimento e diante dessa conversa decidimos

pesquisar receitas Cada um foi falando do que mais gostava e com isso surgiram muitas

sugestotildees Ao final da pesquisa as duplas decidiram produzir o infograacutefico de uma receita de

bolo de chocolate um de pastel frito e outro de suco de maracujaacute As receitas foram

digitalizadas apoacutes a correccedilatildeo ortograacutefica

20 Endereccedilo eletrocircnico Blog Galerinha Online Disponiacutevel em

lthttpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtmlgt Acesso em 23 ago 2017

119

Figura 25 ndash Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica pesquisando receitas

Fonte Acervo da pesquisadora 2017

Figura 26 ndash Infograacutefico de receita de bolo de chocolate

Fonte Dados da pesquisa 2017

120

Figura 27 ndash Infograacutefico de receita de pastel frito

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 28 ndash Infograacutefico de receita de suco de maracujaacute

Fonte Dados da pesquisa 2017

Observamos que os alunos souberam seguir a estrutura do gecircnero receita culinaacuteria ao

separarem ingredientes do modo de preparo e foram livres para escolher o leiaute as cores e as

121

informaccedilotildees da receita Tambeacutem seguiram as orientaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas dos

infograacuteficos que concentram dados numeacutericos imagens e palavras Aleacutem disso o infograacutefico

deveria permitir uma leitura aacutegil e buscar sintetizar as informaccedilotildees Segundo Ribeiro (2016 p

32) ldquo[] ao produzir infografia aumentando o espaccedilo do desenho e reduzindo o das palavras

isso tem impacto evidente sobre os leitores e sobre as praacuteticas de leiturardquo

Embora nosso objetivo seja melhorar os niacuteveis de escrita e uma das propostas do

infograacutefico seja reduzir a escrita compreendemos que os muacuteltiplos letramentos satildeo gerados por

muacuteltiplas leituras e oportunidades de produzir linguagem Sabemos que o mundo estaacute repleto

de imagens mas ainda eacute muito difiacutecil para os alunos desvincular texto de conteuacutedo

exclusivamente linguiacutestico fato que observamos nos infograacuteficos produzidos que ainda

concentram mais recursos linguiacutesticos do que imageacuteticos e graacuteficos

Contudo nossa intenccedilatildeo ao produzir os infograacuteficos mesmo de forma tatildeo simples e

talvez natildeo tatildeo adequada esteve centrada na produccedilatildeo criativa no estimulo agrave produccedilatildeo

multimodal O interessante foi mostrar aos alunos que podemos ler imagens criar desenhar e

expressar nossas ideias e gostos

Aleacutem disso a autora ressalta que dessa forma trabalhamos ldquo[] as relaccedilotildees entre

letramentos de estudantes e a leitura de textos multimodais e tambeacutem os letramentos

construiacutedos para se criar visualizaccedilotildees e informaccedilotildees e dados fornecidos aos sujeitosrdquo

(RIBEIRO 2016 p 35)

Com base nisso demos continuidade agrave produccedilatildeo de textos multimodais Nossa uacuteltima

produccedilatildeo nesse segundo moacutedulo foi o mapa da nossa escola sob a percepccedilatildeo dos alunos em

relaccedilatildeo aos espaccedilos da escola Sabemos que os mapas satildeo representaccedilotildees graacuteficas em escalas

menores e podem representar regiotildees territoacuterios ou qualquer extensatildeo da superfiacutecie da Terra

122

Figura 29 ndash Mapa da E E Pio XII

Fonte Dados da pesquisa 2017

Observamos que os alunos apresentaram pouca dificuldade em desenhar o mapa da

escola talvez por ser um espaccedilo conhecido por eles Poreacutem alguns espaccedilos ficaram fora da

ordem real provavelmente por ser em escala menor Aleacutem disso Ribeiro (2016 p 42)

constata que ldquode forma geral os textos imageacuteticos satildeo pouco trabalhados nas escolas sendo

comum que apareccedilam apenas como complemento do texto escrito ou ilustraccedilatildeo lsquoem diaacutelogorsquo

com esserdquo

433 Moacutedulo III ndash Refletindo

Nesse moacutedulo propusemos a interlocuccedilatildeo entre diferentes textos para que o aluno

pudesse analisar de forma reflexiva diferentes abordagens de um mesmo assunto ou toacutepico

tanto no que se refere a distintas percepccedilotildees da nossa cultura ou sociedade quanto para poder

observar questionar e analisar atraveacutes da comparaccedilatildeo ou do confronto o que dizem os

diferentes textos ao resolver atividades de leitura interpretaccedilatildeo e escrita Assim pretendiacuteamos

fazer com que o aluno percebesse intuitivamente seu conhecimento e fizesse a checagem do

seu proacuteprio aprendizado

Assim o plano de accedilatildeo desse terceiro moacutedulo de aprendizagem buscou contribuir com

o processo de alfabetizaccedilatildeo e de letramento por meio de atividades que estimulassem o

desenvolvimento da linguagem oral e escrita em situaccedilotildees de anaacutelise e reflexatildeo sobre as

especificidades de diversos textos e assim elevar os niacuteveis de escrita dos alunos

123

Dessa forma nossos objetivos estiveram concentrados em aprofundar e em refletir sobre

os conhecimentos da escrita que desenvolvessem a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita

ortograacutefica do mesmo modo que refletir e identificar as funccedilotildees do blog como recurso didaacutetico

e sobre as habilidades de letramento em contexto digital aleacutem de produzir comentaacuterios a

respeito dos textos lidos e produzidos pelos colegas como forma de expressatildeo do pensamento

e da interaccedilatildeo

A metodologia esteve voltada para o estudo individual e atividades praacuteticas no

laboratoacuterio de informaacutetica da escola O desenvolvimento das atividades propostas ocorreu

9902 no laboratoacuterio de informaacutetica e 008 na biblioteca da escola como podemos observar

nas fotos abaixo

Figura 30 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1 ndash Produccedilatildeo na biblioteca

Fonte Dados da pesquisa 2017

Esse terceiro moacutedulo teve iniacutecio no dia 03 de outubro de 2017 durante o qual foram

aplicadas 8 atividades (APEcircNDICE C) a saber Atividade 1 Torne o branco impuro Atividade

2 Vamos de carona nesta viagem Atividade 3 Agrave maneira dos antigos Atividade 4 Tempo de

falar Atividade 5 Vamos vender o fedex Atividade 6 Pausa para criar Atividade 7 Jogo

Corrida das letras Atividade 8 Nuvem de palavras Cumpre salientar que priorizamos para

essa anaacutelise as atividades de escrita 1 3 5 7 e 8

124

A maioria dessas atividades foi selecionada a partir do livro Escrever sem doer de

Ronald Claver (1994) com algumas questotildees aditivas outras suprimidas ou adaptadas para

melhor atendimento agrave realidade da turma Segundo esse autor ldquo[a] mateacuteria-prima da escrita eacute

a palavra vista aqui como geradora de ideias e natildeo o contraacuteriordquo (CLAVER 1994 p 10) Dessa

forma os objetivos de escrita propostas pelo autor vatildeo ao encontro da nossa proposta de

conciliar prazer e escrita adotando o caraacuteter luacutedico e criativo

Nesse sentido a palavra escrita aqui apresentada como resultado das produccedilotildees escritas

dos alunos participantes assumiu a caracteriacutestica de uma representaccedilatildeo mental carregada de

sentido Bakhtin (1999 p 95) enfatiza que ldquo[a] palavra estaacute sempre carregada de um conteuacutedo

ou de um sentido ideoloacutegico ou vivencial Eacute assim que compreendemos as palavras e somente

reagimos agravequelas que despertam em noacutes ressonacircncias ideoloacutegicas ou concernentes agrave vidardquo

Diante do exposto a atividade 1 Torne o branco impuro foi realizada nesse contexto

de exteriorizaccedilatildeo vivencial O objetivo dessa primeira atividade foi de descontraccedilatildeo e liberdade

pois os alunos deveriam escrever sem medo ou qualquer tipo de censura A regra era natildeo deixar

o branco puro Assim eles deveriam fazer qualquer coisa como rabiscar desenhar escrever

pintar entre outros

No iniacutecio os alunos ficaram imoacuteveis pois esperavam comandos do tipo faccedila assim ou

natildeo faccedila assim Esperavam que o professor determinasse o que deveria ser feito por isso novas

orientaccedilotildees foram dadas e mesmo assim a falta de confianccedila limitava o poder criativo de cada

um mas com incentivo e motivaccedilatildeo eles foram aos poucos libertando palavras e imagens A

exemplo disso podemos observar as produccedilotildees na imagem abaixo que tambeacutem podem ser

visualizadas no blog da turma por meio do QR Code disponibilizado logo abaixo da figura 32

125

Figura 31 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 32 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1

Fonte Dados da pesquisa 2017

126

Desse modo o resultado foi positivo pois os alunos conseguiram expressar por meio

de palavras e desenhos sentimentos e ideias que tecircm sentido vivencial para eles seja por

representaccedilotildees de feacute de leitura ou mesmo de brinquedos jaacute que satildeo crianccedilas e o brincar faz

parte dessa faixa etaacuteria

A segunda atividade selecionada foi a 2 ndash Agrave maneira dos antigos Esse tiacutetulo de acordo

com Claver (1994) faz menccedilatildeo aos temas das redaccedilotildees de antigamente que determinavam

assuntos e situaccedilotildees de escrita como Minhas feacuterias Meu animal favorito ou O dia do iacutendio

Dessa forma o autor sugere situaccedilotildees de escrita agrave maneira dos antigos mas permitindo ao

aluno inventar palavras refletir e reproduzir seu texto de forma uacutenica

Os textos foram produzidos de forma satisfatoacuteria mesmo que com propostas simples

salvo por um aluno que natildeo compareceu no dia e um que natildeo quis dar continuidade agrave atividade

Consideramos que natildeo foi uma atividade faacutecil no sentido de motivar os alunos agrave execuccedilatildeo da

tarefa justamente pelo perfil da atividade que propunha uma produccedilatildeo parecida com as

redaccedilotildees de antigamente que na maioria das vezes tornavam-se sem significaccedilatildeo para o aluno

Contudo a proposta tornou-se desafiadora a partir do momento em que eles comeccedilaram a

analisar as situaccedilotildees inusitadas propostas pela atividade Assim foram sugeridos seis fatos e

situaccedilotildees de escrita que os alunos poderiam escolher bem como o gecircnero textual (poema conto

crocircnica etc)

Observamos que em todos os textos a sequecircncia textual predominante foi a narrativa e

o gecircnero escolhido o conto Segundo Cavalcante (2013 p65) na narrativa ldquo[] a histoacuteria

passa a ser desenvolvida quando a situaccedilatildeo de equiliacutebrio eacute alterada por uma tensatildeo que

determina transformaccedilotildees e retransformaccedilotildees as quais direcionam ao finalrdquo Ainda de acordo

com a autora um texto eacute constituiacutedo de sequecircncias que apresentam fases Todas as sequecircncias

textuais satildeo estruturadas em fases estas combinam proposiccedilotildees e formam blocos com

subunidades semacircnticas e as proposiccedilotildees com unidades de sentido (enunciados) com dados

caracteriacutesticos Compreender as sequecircncias ajuda a compreender a produccedilatildeo de sentidos

127

Assim Cavalcante (2013) afirma que a sequecircncia narrativa prototipicamente constitui-se de

sete fases na qual as duas uacuteltimas nem sempre satildeo expliacutecitas As fases satildeo Situaccedilatildeo inicial

Complicaccedilatildeo Accedilotildees (para o cliacutemax) Resoluccedilatildeo Situaccedilatildeo final Avaliaccedilatildeo Moral

Desse modo dentre os seis fatos e situaccedilotildees sugeridos na atividade de Claver (1994)

apresentaremos logo abaixo apenas os que foram escolhidos pelos alunos participantes e da

mesma maneira as respectivas produccedilotildees

a) Trecircs ratos famintos estatildeo presos num quarto hermeticamente fechado Situaccedilotildees a) Acham

uma saiacuteda b) Aparece um super-rato para salvaacute-los c) Se devoram (Em tempo os ratos se

chamam Augustus Nicodemus e Cornelius)

Figura 33 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

No texto acima o aluno fez a troca das consoantes m e n Apresentou dificuldade em

perceber a zona de articulaccedilatildeo das consoantes constritivas nasais bilabial m e linguodental

n O texto foi corrigido vaacuterias vezes mas percebemos que ainda haacute duas ocorrecircncias de troca

entre essas consoantes como podemos visualizar nas palavras ldquochamavamrdquo e ldquocomidardquo que

estatildeo escritas como chanavam e conida no texto abaixo Aleacutem disso foi realizada a reflexatildeo

sobre a grafia correta das letras jaacute que em muitas situaccedilotildees o aluno escrevia de forma estranha

128

ao traccedilar as palavras De acordo com Cagliari (1995) isso acontece porque o aluno ainda

apresenta dificuldade com a escrita cursiva e a caligrafia

Figura 34 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017

Observamos ainda que o aluno usou o fato ldquoardquo Trecircs ratos famintos estatildeo presos num

quarto hermeticamente fechado e nenhuma das situaccedilotildees sugeridas pelo autor para produzir

seu texto Ele foi livre para criar e adaptar ao seu modo o nome dos personagens e a situaccedilatildeo

Dessa maneira nesse texto haacute ocorrecircncia de todas as fases anteriormente descritas

caracterizando a sequecircncia narrativa descrita logo abaixo

Quadro 13 ndash Fases da sequecircncia narrativa Fases da sequecircncia

narrativa

Texto referente agrave situaccedilatildeo ldquoardquo

Situaccedilatildeo inicial Esta eacute a histoacuteria de trecircs ratos que se chamavam Eduardo Ramon e Altamir

Complicaccedilatildeo Um dia eles tiveram uma ideia de roubar comida da casa da dona Stefany e

conseguiram muitas coisas uva maccedilatilde patildeo e principalmente queijo Aiacute eles

deram de cara com um gato faminto

Accedilotildees (para o cliacutemax) e correram para um quarto escuro e quente Laacute ficaram com muita fome

pois as comidas ficaram no chatildeo

Resoluccedilatildeo O gato natildeo conseguiu pegar dois dos ratos

Situaccedilatildeo final Um ele pegou que foi Ramon o mais gordo Os outros dois morreram

asfixiados

Fonte Dados da pesquisa 2017

129

O quadro 13 representa a anaacutelise da sequecircncia textual narrativa do texto produzido pelo

aluno informante poreacutem evidenciamos que a extensatildeo das frases poderia ser melhor

desenvolvida enriquecendo ainda mais o texto trabalho que mais uma vez deveraacute ser fruto de

ensino posterior agrave nossa investigaccedilatildeo Todavia para natildeo fugir ao nosso foco fizemos a

exemplificaccedilatildeo apenas com esse texto pois nosso objetivo estava centrado na escrita

ortograacutefica e na consciecircncia fonoloacutegica

Assim realizamos nesse texto e em todos os outros um trabalho de reflexatildeo sobre a

escrita ortograacutefica e a consciecircncia fonoloacutegica baseados na identificaccedilatildeo de problemas de

terceira ordem postulados por Lemle (1991) Nesse sentido o aluno precisa conscientizar-se

da percepccedilatildeo auditiva saber perceber diferenccedilas linguiacutesticas entre sons e letras e assim

escolher a letra certa para simbolizar cada som

b) Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com uma mosquita de nome Joana para

as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca Situaccedilotildees a) Ele morre b) Joana fica

sabendo do acontecido e se suicida c) Geraldo toma a piacutelula anti-pega-mosca e consegue se

safar d) Joana arruma outro namorado

Figura 35 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

O aluno escolheu o fato ldquobrdquo Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com

uma mosquita de nome Joana para as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca e a

situaccedilatildeo ldquodrdquo Joana arruma outro namorado descrito anteriormente Assim nesse texto

registramos algumas trocas das consoantes m e n Percebemos tambeacutem que haacute oscilaccedilatildeo na

escrita ortograacutefica pois o aluno informante ora escreve com m ora com n como podemos

comparar na escrita correta da palavra um na primeira linha e na quarta linha a escrita

inadequada un

130

Consideramos que o aluno estaacute em processo de construccedilatildeo do sistema alfabeacutetico ao

compreender a simbologia entre letra e sons Nesse sentido de acordo com Lemle

[h]aacute um dado momento em que parece ocorrer um verdadeiro estalo apoacutes o que a

pessoa faz raacutepidos progressos Que estalo seraacute esse A suposiccedilatildeo mais plausiacutevel eacute que

o estalo ocorre quando o aprendiz capta a ideia de que cada letra eacute um siacutembolo de um

som e um som eacute simbolizado por uma letra (LEMLE 1991 p 16)

Com base no exposto nosso trabalho consistiu em despertar a percepccedilatildeo da escrita

ortograacutefica e a reflexatildeo sobre os sons e as letras empregadas em cada palavra Foram feitos

exerciacutecios de oralidade para que os alunos percebessem a posiccedilatildeo das consoantes m e n ao

pronunciarem as palavras escritas com as respectivas letras Tambeacutem identificamos outros

problemas de escrita quanto ao uso da letra maiuacutescula a troca da consoante f pela v

transcriccedilatildeo foneacutetica e dessa forma fizemos a correccedilatildeo ortograacutefica do texto produzido como

podemos ver logo abaixo

Figura 36 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017

c) A histoacuteria de Romeu e Julieta Situaccedilotildees a) Julieta fica sabendo do final da histoacuteria e fala

pro Shakespeare ldquoQual eacuterdquo b) Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira c)

Shakespeare fica gostando de Julieta e soacute mata o Romeu

131

Figura 37 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017

No fato c descrito acima observamos que a aluna ficou bastante motivada pelas

situaccedilotildees mas desconhecia a histoacuteria claacutessica de Shakespeare Como natildeo havia tempo para a

leitura do livro realizamos a busca pelo site de pesquisas Google

Figura 38 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 3

Fonte Dados da pesquisa 2017

132

Encontramos uma versatildeo resumida de Romeu e Julieta e sugerimos que depois ela

verificasse a disponibilidade do livro na biblioteca da escola A aluna ficou encantada com a

histoacuteria e resolveu escrever sobre o casal apaixonado adotando como resoluccedilatildeo a situaccedilatildeo ldquobrdquo

na qual Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira

d) Uma carroccedila estaacute diante de um sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento enorme

Quando o sinal abre o burro empaca Situaccedilotildees a) Todos os carros buzinam ao mesmo tempo

b) O carroceiro deixa a carroccedila e sai correndo c) O burro sai da carroccedila e daacute um coice nos

carros d) Um dos motoristas conversa com o burro no ouvido e este sai de fininho

Figura 39 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

No texto acima destacamos por meio de recurso de imagem as diversas ocorrecircncias

de juntura intervocabular como ocarroseiro (o carroceiro) vazeuma (fazer uma) dasidade (da

cidade) momeio (no meio) acarosa (a carroccedila) darua (da rua) otrasito (o tracircnsito) dacarosa

(da carroccedila) e segmentaccedilatildeo como em des pero (desespero) Tudo isso eacute tratado como reflexo

de continuidade da fala de acordo com Cagliari (1995) Apesar de o texto estar com

comprometimento de visualizaccedilatildeo total por se tratar de uma foto capturada no momento da

133

produccedilatildeo conseguimos registrar as ocorrecircncias e descrevecirc-las para posterior comparaccedilatildeo com

o texto final Aleacutem disso houve ocorrecircncias como modificaccedilatildeo da estrutura segmental das

palavras por meio de troca e supressatildeo de letras como por exemplo seto (certo) nico (ficou)

azuda (ajuda) processos fonoloacutegicos caracteriacutesticos de quem natildeo faz uso de certas letras

Assim buscamos realizar com esse aluno a reflexatildeo e a conscientizaccedilatildeo sobre a

importacircncia da capacidade de ouvir e de estabelecer relaccedilatildeo entre os sons e suas distinccedilotildees

linguiacutesticas para captar o conceito de palavra

Como podemos perceber o aluno escolheu o fato ldquodrdquo Uma carroccedila estaacute diante de um

sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento enorme Quando o sinal abre o burro empaca

e a situaccedilatildeo ldquoardquo Todos os carros buzinam ao mesmo tempo O texto ficou criativo e engraccedilado

mas consideramos que ainda haacute muito trabalho de refacccedilatildeo textual pois ficou sem tiacutetulo

paragrafaccedilatildeo entre outras questotildees pertinentes agrave produccedilatildeo textual que mereceratildeo atenccedilatildeo em

momento oportuno Contudo de maneira geral ao comparar a versatildeo inicial com a versatildeo

abaixo entendemos que os avanccedilos foram significativos

Figura 4 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 3 ndash Texto corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017

134

Nessa atividade o primeiro passo foi conseguir com que os alunos escrevessem sem

medo Depois fizemos com que eles refletissem sobre a proacutepria escrita a partir de checagens

leitura e comparaccedilotildees com a ortografia vigente Entretanto os textos ainda apresentaram outros

problemas que foram identificados ao longo do desenvolvimento da atividade para futuras

intervenccedilotildees

A terceira atividade selecionada foi a 5 ndash Vamos vender o fedex O objetivo dessa

atividade foi trabalhar com propaganda e classificados com a venda de um produto Segundo

Claver (1994) haacute dois gecircneros de propaganda

[A] propaganda racional a favor de uma accedilatildeo que eacute concordante com o proacuteprio

interesse esclarecido daqueles que a fazem e daqueles a quem eacute dirigida e a

propaganda natildeo-racional que natildeo eacute concordante com o proacuteprio interesse esclarecido

de ningueacutem mas que eacute ditada por ela e apela para as paixotildees impulsos cegos desejos

ou medos inconscientes (CLAVER 1994 p 53)

Dessa forma optamos por produzir propagandas racionais e irracionais seguindo as

orientaccedilotildees do autor na produccedilatildeo da atividade proposta em relaccedilatildeo aos toacutepicos de que a arte da

propaganda utiliza como um de seus recursos a linguagem poeacutetica ndash repeticcedilotildees de consoantes

e vogais rimas comparaccedilotildees metaacuteforas e conotaccedilotildees linguagem apelativa ndash que explora as

ansiedades vaidades frustraccedilotildees do consumidor influi de modo decisivo no comportamento e

postura do homem comum e fantasiosamente camufla as frustraccedilotildees da realidade associaccedilotildees

arbitraacuterias do siacutembolo com o simbolizado linguagem popular ndash atraveacutes da exploraccedilatildeo dos ditos

populares proveacuterbios giacuterias etc

Com base nessas orientaccedilotildees e por meio da leitura e reflexatildeo sobre propagandas e

classificados disponibilizados no blog produzimos classificados poeacuteticos apresentados logo a

seguir

135

Figura 41 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 42 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 43 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

136

Figura 44 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 45 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 46 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

137

Figura 47 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 48 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 49 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

138

Figura 50 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 51 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 52 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutegica

Fonte Dados da pesquisa 2017

139

Conforme pode ser observado nos textos exemplificados acima buscamos a todo

momento a reflexatildeo sobre as ldquofalhaserros de escritardquo cometidos pelos alunos nesses textos No

quadro 14 abaixo podemos relacionar o que os alunos escreveram e como satildeo classificados

pelos autores

Quadro 14 ndash Ocorrecircncias de ldquofalhaserrosrdquo de escrita baseados em Lemle (1991) e

Cagliari (1995) TEXTOS Ocorrecircncias

TEXTO 1 Omissatildeo de letras vend vende

Troca de letras concorrentes laser lazer manccedilatildeo mansatildeo

Acentos graacuteficos suite suiacutete

TEXTO 2 Acentos graacuteficos voce vocecirc

Transcriccedilatildeo foneacutetica pasiar passear istrela estrela

TEXTO 3 Erros de troca (ainda natildeo domina o uso de certas letras) anarela amarela

anor amor

Troca de letra concorrentes pas paz

Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras balipa banheiro cosilha

cozinha solho sonho

TEXTO 4 Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras Erros de troca vemde

vende omde onde vend vende veloso veloz

Acreacutescimo de letras vermeilho vermelho

Juntura intervocabular vosepode vocecirc pode vose que ze vocecirc quiser

Troca de letras viaza viajar

TEXTO 5 Segmentaccedilatildeo en cantado encantado

TEXTO 6 Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo do som gadi jardi

catado encantado sei sem espelasa esperanccedila

Omissatildeo de letras barro bairro

Troca de letras rumeros nuacutemeros

Fonte Dados da pesquisa 2017

Ancorados em Cagliari (1995) a partir da anaacutelise desses textos e sobre o que se

identifica neles temos a possibilidade de realizar intervenccedilotildees adequadas para que o aluno

perceba seu equiacutevoco na escrita e corrija-o Assim nossa intervenccedilatildeo foi realizada de forma

intensiva e individual sobre os aspectos fonoloacutegicos e ortograacuteficos apresentados

primeiramente na escrita espontacircnea e logo apoacutes na observaccedilatildeo leitura e reflexatildeo da sua

proacutepria escrita pretendendo que o aluno aprenda a fazer a checagem e a leitura de tudo o que

escreve

A quarta atividade selecionada para esta anaacutelise foi o jogo Corrida nas letras (GROSSI

1990) O jogo teve o objetivo de estimular a escrita de niacutevel alfabeacutetico nele cada jogador se

representou no tabuleiro por um piatildeo sobre a inicial do seu nome

A autora estabeleceu como regras que o primeiro a jogar deveria lanccedilar um dado e

avanccedilar seu piatildeo quantas casas fossem indicadas Para permanecer nessa casa deveria dizer ou

escrever uma palavra que comeccedilasse com a letra indicada Se natildeo conseguisse deveria

retroceder uma casa e dizer ou escrever uma palavra que comeccedilasse por essa nova letra Se natildeo

140

conseguisse retrocederia sucessivamente ateacute voltar agrave posiccedilatildeo de onde saiu Assim ganharia o

jogo aquele que primeiro tivesse percorrido todo o trajeto atingindo pela segunda vez sua letra

inicial

De acordo com Grossi (1990) aplicar atividades de niacutevel alfabeacutetico diversificadas eacute

uma caracteriacutestica essencial para uma proposta didaacutetica de alfabetizaccedilatildeo que pretenda

acompanhar o processo cognitivo dos alunos que ainda se encontram em niacuteveis de escrita

diferentes Dessa forma pretendiacuteamos que o jogo estimulasse o brincar e facilitasse a

aprendizagem de forma luacutedica Os alunos demonstraram enorme satisfaccedilatildeo com a brincadeira

que foi realizada dentro do laboratoacuterio de informaacutetica no chatildeo de forma descontraiacuteda e livre

talvez de forma natildeo tatildeo adequada quanto em um ambiente com mesas e cadeiras mas noacutes soacute

tiacutenhamos o laboratoacuterio de informaacutetica para realizarmos nossas atividades sem interferecircncias

Durante essa atividade que ocorreu no dia 30 de outubro sendo nossa penuacuteltima

atividade do Moacutedulo III ficamos surpresos com o pedido do aluno informante 21 em participar

das atividades no laboratoacuterio de informaacutetica que laacute no iniacutecio da intervenccedilatildeo natildeo quis participar

mesmo estando presente e com toda a nossa insistecircncia

Permitimos que ele se juntasse ao grupo mas ficou apenas observando Respeitamos

esse aproximar e o deixamos perceber o quanto os outros colegas estavam se divertindo com a

escrita conforme a montagem de fotos abaixo

141

Figura 53 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 7

Fonte Dados da pesquisa 2017

Grossi (1990) insiste na inter-relaccedilatildeo dos componentes loacutegicos perceptivo-motores

afetivos sociais e culturais na aprendizagem ao afirmar que

[h]aacute nesta caminhada do aluno em sua aprendizagem permanentemente uma

componente loacutegica Ao lado dela estatildeo presentes as componentes afetivas as

perceptivo-motoras as sociais e as culturais tambeacutem todas entrelaccediladas numa trama

indissociaacutevel Imaginar-se a aprendizagem como fruto de uma soacute destas instacircncias eacute

ainda resquiacutecio de uma concepccedilatildeo equivocada dos processos cognitivos (GROSSI

1990 p 49)

Diante do exposto uma implicaccedilatildeo importante do tratamento dado pela autora agrave inter-

relaccedilatildeo de todos esses componentes que envolvem a aprendizagem significativa consideramos

ser o manejo adequado com os alunos que tecircm no seu histoacuterico escolar o estigma de que satildeo

incapazes provavelmente por insucessos repetidos e generalizados ao longo da vida escolar

Por fim a quinta atividade selecionada foi a Nuvem de palavras uacutenica atividade

exclusivamente digital De acordo com o site de tecnologia para educaccedilatildeo ldquoA Rede Educardquo

uma nuvem de palavras (word cloud21) eacute um graacutefico digital que mostra o grau de frequecircncia

das palavras em um texto Quanto mais a palavra eacute utilizada mais chamativa eacute a representaccedilatildeo

dela no graacutefico Assim as palavras aparecem em fontes de vaacuterios tamanhos e em diferentes

21 O desenvolvedor Jason Davies criou o Word Cloud Generator programa de uso gratuito que cria nuvens de

palavras Eacute soacute usar acessando o endereccedilo eletrocircnico

wwwjasondaviescomwordcloud2F2Fwwwjasondaviescom2Fwordcloud2Fabout Disponiacutevel em

lt httpwwwaredeinfbrcrie-a-sua-nuvem-de-palavrasgt Acesso em 09 maio 2017

142

cores indicando o que eacute mais relevante e o que eacute menos relevante no contexto Assim como

esse existem vaacuterios sites com aplicativos de word cloud

Esse recurso foi utilizado no dia 31 de outubro e aos alunos foi disponibilizado em duas

versotildees uma sem tecnologia e outra com tecnologia A atividade de escrita versatildeo sem

tecnologia seria produzida a partir de recortes de palavras de revistas eou escritas com laacutepis

de cor no qual eles poderiam criar uma nuvem de palavras com suas proacuteprias caracteriacutesticas

pessoais ou sobre a tela de Portinari

Na atividade de escrita versatildeo tecnologia a que noacutes realizamos no laboratoacuterio de

informaacutetica os alunos acessaram o link abcyacomword_clouds ldquodo Word Clouds for Kidsrdquo site

que apresenta poucos recursos em relaccedilatildeo a outras versotildees e se destaca pela facilidade de uso

ao permitir que o usuaacuterio cole o texto altere fontes cores e layout da nuvem criada Dessa

forma cada um dos alunos pode criar sua nuvem de palavras conforme visualizamos logo a

seguir

Figura 6 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 8

Fonte Dados da pesquisa 2017

143

Nessa uacuteltima atividade convidamos os alunos das outras turmas de 6ordm ano para

conhecerem o nosso blog Assim eles tambeacutem puderam criar nuvens de palavras Aleacutem disso

deixaram vaacuterios comentaacuterios sobre o que visualizaram e apreciaram no blog do 6ordm ano JF Para

exemplificar seguem abaixo alguns comentaacuterios postados

Figura 55 ndash Comentaacuterios postados no blog da turma

1 Parabeacutens adorei o blog Muito lindo gostei muito Parabeacutens mas uma

vez em Hoje eacute dia de diversatildeo Evellyn

em

011117

2 Amei esse blog cada tirinha legal em Moacutedulo IV -Praticando -

Atividade Final Anocircnimo

em

011117

3 Parabeacutens professora Florecircncia da Escola Estadual Pio XII comentaacuterio

do aluno Lucas Aquino sala CM

4 Em Resultado das produccedilotildees da Atividade 5

LUCAS

AQUINO

em

011117

5 Eu gostei em Atividade 8 Valtim

em

011117

6 Parabeacutens ANA BEATRIZ em Atividade 5 ANA BEATRIZ

em

011117

7 Parabeacutens pelo mapa da nossa Escola em Dialogando - Produccedilatildeo

coletiva Lais e Paulo C

em

011117

8 ParabeacutensMaria Helena em Moacutedulo IV -Praticando - Atividade

Final Maria Helena

em

011117

9 Super amei este blog tem muita leitura tirinha e as divulgaccedilotildees satildeo

divertidas em Hoje eacute dia de diversatildeo

Amanda

Kathleen

em

011117

10 Nossa amei engraccedilado em Resultado das produccedilotildees da Atividade 6 -

HQs Sherazade Santos

em

011117

11 Gostei eacute muito interessante em Resultado das produccedilotildees da

atividade 8 Nathalia e Laura

em

011117

12 Gostei em Atividade 4 Anocircnimo

em

011117

13 Muito interessante em Hoje eacute dia de diversatildeo Cauan

em

011117

14 Amei esse blog BRENDA E EMANUELLY em Atividade 5 Anocircnimo

em

011117

15 Adorei seu blog e o seu conteuacutedo Parabeacutens belo desenvolvimento

em Hoje eacute dia de diversatildeo

PAULA ANA

CLARA

em

011117

16 Parabeacutens pelo blog Muito massa o blog BLOGMUITOMASSA

DAHORA PARABEacuteNS

17 em Moacutedulo IV -Praticando - Atividade Final Marco Tulio

em

011117

144

18 Gostei do blog parabeacutens alunos do JF em Hoje eacute dia de diversatildeo Anocircnimo

em

011117

19 Foi muito bom mesmo Jogaremos novamente assim que pudermos

em Atividade 7 Florecircncia Vieira

em

301017

20 Gostei muito de jogar com os meus amigos em Atividade 7 Juacutelia Raiane

em

301017

21 Gostei muito porque foi divertido em Resultado das produccedilotildees da

Atividade 6 - HQs Italo Rodrigues

em

301017

22 Ficou muito bonita em Atividade 6

Felipe Alves

Lima

em

301017

23 Eu achei esse jogo bom porque eu ganhei em Atividade 7 Erick Alves

em

301017

24 Gostei muito porque a gente aprende muitas coisas em Atividade 7 Italo Rodrigues

em

301017

25 Natildeo gostei porque eu perdi em Atividade 6

Felipe Alves

Lima

em

301017

26 Foi muito bom e divertido em Atividade 7 Joatildeo Pedro

em

301017

Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel emlt httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombrgt Acesso em 04 fev

2018

Conforme pode ser observado no desenvolvimento desse moacutedulo os alunos puderam

aprofundar e refletir sobre os conhecimentos da escrita usar o blog como recurso de

aprendizagem e produzir comentaacuterios diversos sobre o que foi construiacutedo em vaacuterios momentos

de interaccedilatildeo reflexatildeo e estudo

Dessa maneira o blog da turma possibilitou a troca de experiecircncias e praacuteticas de leitura

e escrita contribuindo para a comunicaccedilatildeo do texto e da imagem Aleacutem disso contribuiu

consideravelmente com a apropriaccedilatildeo de habilidades e competecircncias em utilizar recursos

digitais possibilitando o letramento digital

Em seu trabalho recente Coscarelli enfatiza que

[o]rientar os alunos para o uso dos mecanismos de busca instigar a observaccedilatildeo das

interfaces do projeto graacutefico dos sites e dos blogs ajudar os alunos a identificarem e

sanarem as dificuldades encontradas na seleccedilatildeo de informaccedilotildees satildeo propostas de

mediaccedilatildeo que podem ser exploradas pelo professor durante as aulas (COSCARELLI

2016 p 25-26)

Concordamos com a autora e buscamos inserir o blog como recurso didaacutetico que auxilia

no processo de escrita a fim de ensinar e incluir as tecnologias digitais no processo de ensino

para com isso promover a autonomia e o protagonismo dos alunos Em nossas primeiras

145

atividades percebemos que alguns alunos jaacute estavam familiarizados com os recursos digitais

Ligavam o computador manuseavam o mouse acessavam paacuteginas de jogos online e de

pesquisas com muita facilidade mas outros natildeo sabiam nem como agir diante do computador

Dessa forma a atitude de colaboraccedilatildeo foi muito positiva pois as situaccedilotildees foram estabelecidas

em uma rede de mais participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo do que de recepccedilatildeo e passividade

Outro aspecto bastante interessante no nosso blog foi a relaccedilatildeo dos participantes que

em um primeiro momento ficou restrita ao nosso grupo soacute depois divulgamos o endereccedilo

eletrocircnico entre os professores supervisatildeo direccedilatildeo e tambeacutem nas turmas de 6ordms anos para que

eles tivessem acesso Alguns alunos comentavam e perguntavam sobre o que estaacutevamos

fazendo no laboratoacuterio de informaacutetica que eacute utilizado apenas no turno da noite um espaccedilo

inativo na escola que ficou bastante movimentado durante a intervenccedilatildeo Uma vez um aluno

perguntou ldquoProfessora como que faz para participar dessa aula de informaacuteticardquo Aleacutem dele

vaacuterios alunos de outras turmas queriam participar das nossas atividades

Marcuschi (2010) define nos paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blogs que os

participantes podem ser muacuteltiplos e a relaccedilatildeo entre conhecidos e anocircnimos podendo ou natildeo

haver proximidade com o blogueiro Observamos que mesmo com pouca divulgaccedilatildeo e restriccedilatildeo

ao nosso ambiente escolar o blog do 6ordm ano jaacute teve ateacute o presente momento conforme podemos

ver na captura de tela abaixo 1322 visualizaccedilotildees inclusive por outros paiacuteses como Estados

Unidos com 61 acessos Canadaacute com 1 e Irlanda tambeacutem com 1 conforme mostram as capturas

de tela abaixo

Figura 56 ndash Captura de tela ndash Estatiacutesticas da visatildeo geral

Fonte Dados da pesquisa 2017

146

Figura 57 ndash Captura de tela ndash Estatiacutesticas de puacuteblico

Fonte Dados da pesquisa 2017

De uma maneira geral o blog do 6ordm ano JF ndash Todos juntos pelo estudo funcionou como

um diaacuterio virtual do nosso PEI possibilitando a interaccedilatildeo entre os usuaacuterios da rede no acircmbito

mundial e a tessitura de comentaacuterios em niacutevel local tornando-o assim um espaccedilo efetivo de

praacuteticas de leitura e de escrita

434 Moacutedulo IV ndash Praticando

Nesse moacutedulo desenvolvemos a atividade final com o intuito de proporcionar a praacutetica

dos conhecimentos em escrita a partir de uma situaccedilatildeo dada utilizando ferramentas da

tecnologia (computador internet textos multimodais) Dessa forma a accedilatildeo consistiu em

colocar em praacutetica os conhecimentos relativos agrave escrita que foram desenvolvidos ao longo dos

moacutedulos de aprendizagem do PEI

Assim o objetivo foi produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo comunicativa ao interlocutor

e ao suporte de circulaccedilatildeo Para isso a metodologia esteve centrada na produccedilatildeo escrita e na

publicaccedilatildeo no blog da turma Entretanto optamos por natildeo divulgar no blog o texto final a

pedido dos alunos Assim respeitando a solicitaccedilatildeo e por questotildees eacuteticas natildeo publicamos jaacute

que alguns textos revelaram aspectos iacutentimos

Logo realizamos a atividade final de escrita individual a partir de uma situaccedilatildeo dada

no dia 01 de novembro de 2017 no laboratoacuterio de informaacutetica Foram cinco horas aulas

destinadas ao Moacutedulo IV ndash Praticando A primeira aula para leitura da proposta de Atividade

Final no blog Duas aulas para a produccedilatildeo escrita final e as duas uacuteltimas para a socializaccedilatildeo do

147

blog com as outras turmas de 6ordm ano em um momento de interaccedilatildeo compartilhamento e

diversatildeo

4341 Atividade Final de Escrita ndash AFE

A Atividade Final de Escrita ndash AFE (APEcircNDICE D) foi proposta aos alunos seguindo

as mesmas orientaccedilotildees e caracteriacutesticas da Atividade Inicial (APEcircNDICE B) atraveacutes de uma

conversa expositiva sobre narrativas pessoais e sobre as caracteriacutesticas de uma sequecircncia

narrativa conforme Cavalcante (2013)

Dessa vez o gecircnero proposto foi diaacuterio no qual o aluno deveria escrever sobre um dia

da sua vida (atividades encontros pessoas sentimentos desejos medos saudades escola

nossas atividades no laboratoacuterio de informaacutetica entre tantas outras coisas desejadas) na folha

impressa simulando a mesma paacutegina do blog para postagens

Baseados em Cosson (2014) utilizamos as estrateacutegias da Sequecircncia Baacutesica de

Letramento Literaacuterio motivaccedilatildeo introduccedilatildeo leitura e interpretaccedilatildeo

A motivaccedilatildeo partiu da conversa sobre o blog da turma onde em ordem cronoloacutegica

estavam registrados nossos momentos de aprendizagem alegrias e tristezas Portanto tudo isso

era um diaacuterio virtual e real das nossas vivecircncias

Assim citamos novamente Marcuschi (2010) que define os blogs como gecircneros digitais

e que de forma efetiva validam nosso trabalho na realidade pois de acordo com o autor ldquo[]

os blogs funcionam como um diaacuterio pessoal na ordem cronoloacutegica com anotaccedilotildees diaacuterias ou

em tempos regulares que permanecem acessiacuteveis a qualquer um na rederdquo (MARCUSCHI 2010

p 72) Dessa forma eles puderam compreender o gecircnero proposto para a escrita do texto

Em seguida desenvolvemos a introduccedilatildeo com a apresentaccedilatildeo do livro Diaacuterio de um

banana (Kinney 2008) e do autor Jeff Kinney Na apresentaccedilatildeo falamos que o personagem

principal era um adolescente que tinha uma vida normal e que escrevia suas histoacuterias Mais

uma vez a escolha do livro justificou-se por tratar de questotildees pessoais em que o personagem

narra de maneira divertida em seu dia-a-dia

O terceiro passo leitura foi realizado de forma fragmentada servindo mais agrave motivaccedilatildeo

para a escrita posto que nosso objetivo natildeo estava centrado na leitura do livro embora saibamos

da sua extrema importacircncia Utilizamos para leitura no blog a sinopse do livro e a primeira

paacutegina na qual Greg Heffley faz suas primeiras consideraccedilotildees sobre seu diaacuterio que ele mesmo

chama de livro de memoacuterias

A interpretaccedilatildeo natildeo foi baseada no livro Diaacuterio de um banana (Kinney 2008) houve

a externalizaccedilatildeo do registro de um dia da vida de cada aluno participante Desse modo os textos

148

foram produzidos e entregues ao professor sendo lidos e analisados sob os aspectos da escrita

ortograacutefica e da consciecircncia fonoloacutegica

Assim nessa Atividade Final de Escrita contamos com a presenccedila de cinco alunos Os

informantes 8 10 11 12 e 13 Apenas o informante 7 natildeo compareceu no dia por problemas

de sauacutede e infelizmente natildeo pocircde participar desse momento

Quadro 15 ndash Alunos informantes da Atividade de Escrita Final

Fonte Dados da pesquisa 2017

Desse modo a anaacutelise de dados da Atividade Inicial de Escrita foi realizada somente

com 05 textos nos quais observamos e categorizamos as incorreccedilotildees de escrita neles

apresentadas Todos os textos foram destacados com os respectivos coacutedigos dos informantes e

da mesma forma que analisamos a escrita espontacircnea da Atividade Inicial de Escrita o fizemos

com a Atividade Final de Escrita a fim de compararmos os textos e verificarmos se os

problemas de escrita foram minimizados

Assim digitalizamos os cinco textos suprimimos os nomes dos participantes e

digitamos os textos na iacutentegra pois foram produzidos a laacutepis

Figura 58 ndash TEXTO 1 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

INFORMANTES

1 EA 7

2 FA 8

3 IR 10

4 JP 11

5 JR 12

6 LV 13

149

Figura 59 ndash TEXTO 2 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 60 ndash TEXTO 3 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

150

Figura 61 ndash TEXTO 4 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 62 ndash TEXTO 5 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Observamos nos textos acima as mesmas marcaccedilotildees numeacutericas que fizemos nos textos

da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE para levantamento catalogaccedilatildeo dos dados e

caracterizaccedilatildeo dos problemas encontrados nesses cinco textos baseados nos processos

fonoloacutegicos que envolvem a escrita de acordo com Cagliari (1995) Assim continuamos

utilizando as categorias relacionadas pelo autor no desenvolvimento do processo de construccedilatildeo

da escrita da fala e da aprendizagem significativa dos alunos Diante disso na Tabela 05

registramos o nuacutemero de ocorrecircncias de cada fenocircmeno linguiacutestico encontrado nos cinco textos

em anaacutelise

151

Tabela 05 ndash Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Final de Escrita ndash AFE

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

T

ran

scri

ccedilatildeo f

on

eacutetic

a

Uso

in

dev

ido d

e le

tras

Hip

erco

rreccedil

atildeo

Mod

ific

accedilatilde

o d

a e

stru

tura

segm

enta

l d

as

pala

vra

s

Ju

ntu

ra I

nte

rvoca

bu

lar

e

segm

enta

ccedilatildeo

Form

a m

orf

oloacute

gic

a

dif

eren

te

Form

a e

stra

nh

a d

e tr

accedila

r

as

letr

as

Uso

in

dev

ido d

e

maiuacute

scu

las

e m

inuacute

scu

las

Ace

nto

s graacute

fico

s

Sin

ais

de

pon

tuaccedilatilde

o

I8 10 1 1 4

I10 1 4 1 1

I11 1 4 1

I12 1 2 1 1

I13 10 1 1 2

Total 2 26 4 4 7 3 46

Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017

Com base nesses dados destacamos 46 ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita concentrados

principalmente na modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras com 29 ocorrecircncias

Decidimos nessa segunda anaacutelise excluir da nossa contagem as ocorrecircncias sobre problemas

sintaacuteticos porque Cagliari (1995) afirma que tais desvios fazem parte das uacuteltimas etapas de

aprendizagem da escrita

Portanto fizemos um recorte da tabela de dados da AIE excluindo tambeacutem as

ocorrecircncias sobre os problemas sintaacuteticos para compararmos as duas atividades de escrita e

assim observarmos a evoluccedilatildeo ou natildeo dos alunos

152

Tabela 06 ndash Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Tra

nsc

riccedilatilde

o f

on

eacutetic

a

Uso

in

dev

ido d

e le

tras

Hip

erco

rreccedil

atildeo

Mod

ific

accedilatilde

o d

a e

stru

tura

segm

enta

l d

as

pala

vra

s

Ju

ntu

ra I

nte

rvoca

bu

lar

e

segm

enta

ccedilatildeo

Form

a m

orf

oloacute

gic

a

dif

eren

te

Form

a e

stra

nh

a d

e tr

accedila

r

as

letr

as

Uso

in

dev

ido d

e m

aiuacute

scu

las

e m

inuacute

scu

las

Ace

nto

s graacute

fico

s

Sin

ais

de

pon

tuaccedilatilde

o

I8 2 2 4 2

I9 2 1 7 3 3

I10 2 2 3 2 2 1 1

I11 3 1 2 8 11

I12 1 2 2 1 4 1 5

I13 2 4 2 2 2

Total 8 5 15 4 2 27 7 24 92

Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017

Com base nos dados das tabelas 05 e 06 observamos que houve uma mudanccedila

significativa considerada por noacutes como uma evoluccedilatildeo na aprendizagem da escrita ao

constatarmos uma diminuiccedilatildeo de 92 ocorrecircncias para 46 Das categorias de anaacutelise de ldquoerrosrdquo

ortograacuteficos houve um aumento na ocorrecircncia da modificaccedilatildeo da estrutura segmental das

palavras de 15 para 26 e a diminuiccedilatildeo de ocorrecircncias de uso indevido de letras maiuacutesculas e

minuacutesculas e de sinais de pontuaccedilatildeo como demonstrado na tabela 07 abaixo

Tabela 07 ndash Anaacutelise comparativa da AIE e da AFE

Categorizaccedilatildeo AIE AFE

Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras 15 26

Uso indevido de letras maiuacutesculas e minuacutesculas 27 4

Sinais de pontuaccedilatildeo 24 3

Fonte Dados da pesquisa 2017

Das categorias descritas na tabela 07 os sinais de pontuaccedilatildeo satildeo considerados por

Cagliari (1995) assim como os acentos graacuteficos e os problemas sintaacuteticos como etapas finais

da aprendizagem da escrita O uso indevido de letras maiuacutesculas e minuacutesculas ocorre de acordo

com o autor porque alguns alunos quando aprendem que devem escrever os nomes proacuteprios

com letras maiuacutesculas passam a aplicar a regra para outros tipos de palavras Nos textos finais

153

houve grande evoluccedilatildeo quanto ao uso de letras maiuacutesculas e minuacutesculas pois foram registradas

apenas 04 ocorrecircncias de uso indevido

Sabemos que a extensatildeo dos textos poderia elevar para mais ou para menos todas as

ocorrecircncias de erros aleacutem disso percebemos que a extensatildeo e o desenvolvimento das ideias

precisam ser melhorados apesar de considerarmos que houve significativa melhora ao

compararmos os textos da AIE e da AFE da informante 13 apresentados a seguir

Figura 63 ndash Montagem de textos das AIE e AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Jaacute a modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras compreende erros de troca como

no TEXTO 1 em temo por tenho nuto por muito uzei por usei e no TEXTO 2 na palavra

provesola em vez de professora e Floresa em vez de Florecircncia e na palavra novenbo em vez de

novembro temos troca e supressatildeo de letras Foi verificada a supressatildeo de letras tambeacutem no

TEXTO 1 como sota em vez de soltar joga em vez de jogar Oje em vez de Hoje nosa em vez

de nossa utina em vez de uacuteltima bog em vez de blog poque em vez de porque no TEXTO 3

fera por feira fiqei por fiquei no TEXTO 5 utimas em vez de uacuteltimas e no TEXTO 2 Almeda

em vez de Almeida teno em vez de tenho traqulo em vez de tranquilo poque em vez de

porque esto em vez de estou Houve acreacutescimo ocorrecircncia verificada no TEXTO 2 natildeo foram

encontradas inversatildeo de letras Segundo o autor todas essas ocorrecircncias devem ser observadas

de acordo com a loacutegica no erro do aluno como por exemplo no caso da troca de s por z nas

154

palavras uzei e usei processo ortograacutefico e natildeo foneacutetico como na troca de i por e em desdi

por desde

Jaacute Lemle (1991) enumera cinco capacidades sendo que os alunos participantes jaacute

superaram a primeira a segunda e a quinta ao conseguirem compreender o que eacute letra usaacute-la

na maioria das vezes de forma adequada e escrever respeitando a ordem de escrita do nosso

sistema de escrita que eacute da esquerda para a direita Contudo satildeo necessaacuterias accedilotildees que

promovam ainda mais a construccedilatildeo dos paraacutegrafos extensatildeo do texto desenvolvimento das

ideias e organizaccedilatildeo espacial

Quanto agrave terceira e agrave quarta capacidades observamos alguns avanccedilos visto que jaacute

comeccedilaram a desenvolver a percepccedilatildeo auditiva em relaccedilatildeo agrave escrita e a saber ouvir diferenccedilas

linguiacutesticas haja vista a pouquiacutessima ocorrecircncia de casos de transcriccedilatildeo foneacutetica definidos por

Lemle (1991) e por Cagliari (1995) e uso indevido de letras por Cagliari (1995) No entanto os

alunos ainda apresentam dificuldades em relaccedilatildeo agrave escrita e agrave consciecircncia fonoloacutegica por

cometerem trocas de letras e ainda apresentarem incapacidade de classificar alguns traccedilos

distintivos de som Quanto ao conceito de palavra percebemos que houve uma evoluccedilatildeo jaacute

que soacute ocorreu um caso de juntura no TEXTO 4 na escrita de pramim em vez de para mim

que natildeo eacute definido por Lemle (1991) mas por Cagliari (1995)

Desse modo compreendemos que a quarta capacidade estaacute quase superada a julgar pela

uacutenica ocorrecircncia apresentada nos cinco textos exemplificados acima De acordo com a autora

quando o aluno escreve tudo junto falta a ideia de fronteira vocabular Assim julgamos que os

alunos evoluiacuteram consideravelmente nessa etapa Da mesma maneira sobre a unidade de

sentenccedila ldquo[] que eacute representada comeccedilando por letra maiuacutescula e terminando por pontordquo

(LEMLE 1991 p 12) Assim os alunos foram capazes de reconhecer as sentenccedilas ao

utilizarem mais sinais de pontuaccedilatildeo e fazerem uso adequado das letras maiuacutesculas em seus

textos Como exemplo disso selecionamos os textos da AIE e AFE produzidos pelo informante

8 Analisando os textos podemos fazer a comparaccedilatildeo e constatar a evoluccedilatildeo

155

Figura 64 ndash Montagem de textos das AIE e AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Com base nos dados apresentados a uacutenica capacidade que ainda apresenta problemas

eacute a terceira que trata da simbolizaccedilatildeo entre letras e sons De acordo com a autora o aluno

precisa fazer uma ligaccedilatildeo simboacutelica entre os sons da fala e das letras do alfabeto Quando ele

compreende essa ligaccedilatildeo rompe a primeira capacidade depois precisa enxergar as distinccedilotildees

entre as letras entatildeo consolida a segunda e em seguida a terceira que eacute a capacidade de ouvir

e ter consciecircncia dos sons da fala com suas distinccedilotildees e relevacircncias

Dessa maneira fizemos a anaacutelise das complicadas relaccedilotildees entre sons e letras

considerando o nuacutemero de ocorrecircncias dessa natureza observadas nos textos dos alunos Lemle

(1991) afirma que haacute trecircs tipos de relaccedilotildees existentes entre sons da fala e letras do alfabeto que

satildeo relaccedilatildeo de um para um relaccedilotildees de um para mais de um determinadas a partir da posiccedilatildeo

relaccedilotildees de concorrecircncia conforme demonstra o Quadro 16

Quadro 16 ndash Relaccedilotildees entre sons da fala e letras do alfabeto RELACcedilOtildeES LETRAS E SONS CORRESPONDEcircNCIA

Relaccedilatildeo de um para um Cada letra com seu som cada som com

uma letra

Biuniacutevoca

Relaccedilotildees de um para mais

de um determinadas a

partir da posiccedilatildeo

Cada letra com um som numa dada

posiccedilatildeo cada som com uma letra numa

dada posiccedilatildeo

Natildeo biuniacutevoca

Relaccedilotildees de

concorrecircncia

Mais de uma letra para o mesmo som

na mesma posiccedilatildeo

Concorrente

Fonte Lemle 1991 p 10

Assim quando o aluno compreende que as relaccedilotildees satildeo diferentes e arbitraacuterias vai

evoluindo em seu processo de escrita e passa a cometer menos ldquoerrosrdquo ou ldquofalhasrdquo Para a

autora as falhas de escrita revelam os diferentes tipos de acoplamento entre sons e letras em

156

nosso sistema de escrita Desse modo coletamos as falhas nos textos dos alunos informantes

da AIE e da AFE para compararmos as ocorrecircncias

Quadro 17 ndash Falhas de escrita da AIE e da AFE Falhas de

escrita de 1ordf

ordem

Ocorrecircncias de falhas de escrita

catalogadas nos textos da AIE

Textos 1 2 3 6 e 7

Ocorrecircncias de falhas de escrita

catalogadas nos textos da AFE

Textos 1 a 5

Falhas na

correspondecircncia

linear entre as

sequecircncias dos

sons e as

sequecircncias das

letras

Omissatildeo de letras miha (minha)

batatina (batatinha) goto (gosto)

Omissatildeo de letras sota (soltar) nosa

(nossa) utina (uacuteltima) bog (blog)

poque (porque) fera (feira) fiqei

(fiquei) utimas (uacuteltimas) Almeda

(Almeida) teno (tenho) goto (gosto)

poque (porque) esto (estou) novenbo

(novembro)

Conhecimento ainda inseguro do

formato de cada letra tasia

(passear)

Natildeo haacute registros

Incapacidade de classificar algum

traccedilo distintivo do som gogo

(gosto) natu (moto) natildee (matildee)

fanilha (famiacutelia) asai (assim)

Incapacidade de classificar algum

traccedilo distintivo do som nuto (muito)

temo (tenho) traqulo (tranquilo)

provesola (professora)

Natildeo formou conceito de palavra

coanilha (com a minha) nasine

(nasci em) a mina (a minha)

Natildeo formou conceito de palavra

pramim (para mim) e fomatica

(informaacutetica) prici palmente

(principalmente)

Falhas de

escrita de 2ordf

ordem

O aluno faz a

transcriccedilatildeo

foneacutetica

petequa em vez de peteca

escunde em vez de esconde

kiabo em vez de quiabo

susu em vez de chuchu

imbora em vez de embora

desdi em vez de desde

Falhas de

escrita de 3ordf

ordem

O aluno

avanccedilou no

saber

ortograacutefico e na

escrita faz troca

entre letras

concorrentes

dansa em vez de danccedila

diferensa em vez de diferenccedila

soutar em vez de soltar

felis em vez de feliz

uzei em vez de usei

Oje em vez de Hoje

Fonte Adapatado de Lemle 1991 p 40-41 com dados da pesquisa 2017

Ao compararmos os textos observamos que algumas ocorrecircncias aumentaram como

em omissatildeo de letras fato considerado normal tendo em vista que a extensatildeo dos textos

tambeacutem aumentou e consequentemente o nuacutemero de palavras Poreacutem representa que ainda haacute

falhas na correspondecircncia linear entre as sequecircncias de sons e as sequecircncias de letras Por outro

lado natildeo constatamos ocorrecircncias de falhas decorrentes do conhecimento ainda inseguro do

formato das letras como apresentadas na AIE Tambeacutem natildeo constatamos repeticcedilotildees de letras

Aleacutem disso natildeo houve diminuiccedilatildeo e nem aumento de casos sobre a capacidade de classificar

157

algum traccedilo distintivo do som Assim apresentamos a seguir a catalogaccedilatildeo das falhas de

escrita dos textos dos 5 alunos informantes na AIE e agora da AFE observando os criteacuterios

definidos pela autora para essa classificaccedilatildeo

Tabela 08 ndash Tabelas de Falhas de escrita ndash AIE e AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

De acordo com os dados da tabela acima observamos que na AIE 60 dos alunos

cometeram falhas de 1ordf ordem e 40 dos alunos cometeram falhas de 2ordf e de 3ordf ordens Jaacute na

AFE constatamos que 60 cometeram falhas de 1ordf e 2ordf ordens e 40 cometeram falhas 3ordf

ordem Diante desses dados concluiacutemos que houve por todos os alunos avanccedilos na

aprendizagem da escrita ainda que tiacutemida pois os informantes 8 10 e 13 apresentaram uma

transiccedilatildeo e melhoria entre as falhas de 1ordf e 2ordf ordens principalmente por jaacute conseguirem

escrever com mais conteuacutedo e significaccedilatildeo do que antes Embora ainda cometam falhas de 1ordf e

2ordf ordens estatildeo construindo aos poucos a base alfabeacutetica

Jaacute os informantes 11 e 12 foram classificados em falhas de 3ordm ordem porque estatildeo a

um passo de serem considerados plenamente alfabetizados por terem avanccedilado no saber

ortograacutefico Optamos por classificaacute-los nessa ordem porque natildeo se enquadram

determinantemente nas outras ordens O informante 11 que antes cometia falhas de escrita por

fazer transcriccedilatildeo foneacutetica em seu texto final cometeu apenas 5 ocorrecircncias de uso indevido de

letra maiuacutescula considerado como etapa final do processo de alfabetizaccedilatildeo e que segundo os

autores precisa ser ensinado pelos professores houve 1 ocorrecircncia de falta de acento graacutefico

tambeacutem uma das uacuteltimas etapas da aprendizagem em escrita e 1 ocorrecircncia de juntura

intervocabular ao escrever pramim em vez de para mim aspecto que natildeo eacute considerado por

Lemle (1991) mas por Cagliari (1995) e representa a continuidade da fala A informante 12

na AFE cometeu 6 ldquoerrosrdquo Dois de omissatildeo de letras ao escrever irmotildes em vez de irmatildeos e

utimas em vez de uacuteltimas 1 de acentuaccedilatildeo 1 de pontuaccedilatildeo e 1 de transcriccedilatildeo foneacutetica ao

Atividade Inicial de Escrita ndash AIE

Informantes Falhas

de 1ordf

ordem

Falhas

de 2ordf

ordem

Falhas

de 3ordf

ordem

I8 X

I10 X

I11 X X

I12 X X

I13 X TOTAL 3 2 2

Porcentagem 60 40

Atividade Final de Escrita ndash AFE

Informantes Falhas

de 1ordf

ordem

Falhas

de 2ordf

ordem

Falhas

de 3ordf

ordem

I8 X X

I10 X X

I11 X

I12 X

I13 X X TOTAL 3 3 2

Porcentagem 60 40

158

escrever desdi em vez de desde Mesmo cometendo cada um uma ocorrecircncia de transcriccedilatildeo

foneacutetica consideramos que esses alunos apresentaram consistecircncia e saber ortograacutefico em seus

textos

Ressaltamos que a alfabetizaccedilatildeo apresenta especificidades que envolvem os

conhecimentos muacuteltiplos em relaccedilatildeo agrave linguagem e que eacute necessaacuterio conhecimento especiacutefico

na aacuterea para intervir em situaccedilotildees que exigem do professor habilidade e conhecimento teoacuterico

para contribuir com a superaccedilatildeo dos problemas linguiacutesticos

159

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Esta pesquisa possibilitou a compreensatildeo dos processos que envolvem a alfabetizaccedilatildeo

e o letramento objetos da nossa investigaccedilatildeo partindo da premissa de que os alunos do 6ordm ano

da escola selecionada natildeo estavam alfabetizados Aleacutem disso proporcionou-nos a

oportunidade de adquirir conhecimento teoacuterico na aacuterea da linguagem alfabetizaccedilatildeo e

letramento a partir da leitura e anaacutelise dos estudos de Soares (2003 2004 2014) Lemle (1991)

Cagliari (1995) Marcuschi (2001 2018) Grossi (1990) Antunes (2003) e Bakhtin (1999) com

as consideraccedilotildees de Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010)

Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) sobre gecircneros textuais gecircneros digitais multiletramento

multimodalidade e uso das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC tatildeo

presentes na sociedade contemporacircnea Assim estabelecemos relaccedilotildees entre ensino escrita e

tecnologias propondo novas habilidades de leitura compreensatildeo e produccedilatildeo nas mais variadas

praacuteticas sociais de leitura e escrita

Dessa forma nossa trajetoacuteria de estudo e investigaccedilatildeo iniciou com a contextualizaccedilatildeo

do problema construccedilatildeo do referencial teoacuterico percurso metodoloacutegico e anaacutelise dados

Em nossa pesquisa estabelecemos como objetivo geral identificar e analisar as

dificuldades de alfabetizaccedilatildeo e letramento de uma turma do 6ordm ano do Ensino Fundamental da

Escola Estadual Pio XII e contribuir com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita atraveacutes de atividades

que visassem desenvolver essa habilidade utilizando os gecircneros digitais

Para esse alcance traccedilamos como objetivos a) investigar a natureza das dificuldades

identificadas b) realizar estudos sobre os conceitos de alfabetizaccedilatildeo letramento

multimodalidade e gecircneros digitais c) pesquisar estrateacutegias de ensino para desenvolver as

habilidades de letramento atraveacutes dos gecircneros digitais d) elaborar executar e avaliar um

Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI que contribuiacutesse para a superaccedilatildeo das dificuldades

identificadas

Certificamos que os objetivos traccedilados para essa investigaccedilatildeo foram cumpridos tendo

em vista os resultados alcanccedilados em nosso conhecimento teoacuterico que subsidiou toda a

pesquisa e o desenvolvimento das atividades propostas como a Atividade Inicial de Escrita ndash

AIE Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI e a Atividade Final de Escrita ndash AFE

Nossa hipoacutetese de que o trabalho com o gecircnero digital blog poderia contribuir para

elevar o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e letramento dos alunos envolvidos nesta pesquisa foi

confirmada com base no desenvolvimento significativo dos alunos ao quererem aprender e

conseguirem elevar o niacutevel de escrita

160

A inserccedilatildeo da tecnologia com a construccedilatildeo do blog do 6ordm ano JF ndash Todos juntos pelo

estudo ndash promoveu o letramento digital por meio da aquisiccedilatildeo de habilidades para utilizar

recursos digitais pela interaccedilatildeo com os dispositivos eletrocircnicos e o uso da internet Eacute vaacutelido

destacar que o laboratoacuterio de informaacutetica com acesso agrave internet esteve totalmente

disponibilizado agrave nossa intervenccedilatildeo e natildeo encontramos nenhum entrave que pudesse

impossibilitar nosso trabalho tanto de recurso pessoal quanto material e tecnoloacutegico

Ademais a anaacutelise dos dados coletados nas atividades AIE PEI e AFE demonstrou que

conseguimos elevar consideravelmente os niacuteveis de escrita dos alunos que cometiam falhas

de escrita de 1ordf 2ordf e 3ordf ordens definidas por Lemle (1991) Assim constatamos que todos os

alunos evoluiacuteram em sua aprendizagem escrita pois aqueles que foram classificados como de

1ordf ordem foram para a 2ordf ordem mas ainda transitam entre as duas e da mesma forma os alunos

que foram classificados como de 2ordf ordem foram para a 3ordf ordem embora tambeacutem transitem

entre as duas Isso aconteceu porque os problemas de escrita natildeo foram totalmente sanados

entretanto os avanccedilos nos possibilitam dizer que houve significativa melhora ao compararmos

os textos iniciais e finais

Ressaltamos que as atividades desenvolvidas no PEI partiram do impresso para o digital

Justificamos que a disponibilizaccedilatildeo dos textos dos alunos no blog da turma foi por meio da

digitalizaccedilatildeo para posterior publicaccedilatildeo Primeiro por questotildees de desenvolvimento de

habilidades muacuteltiplas de escrita diante do impresso como segurar no laacutepis respeitar a margem

escrever na ordem da esquerda para a direita e em cima da linha uso de paraacutegrafos e

organizaccedilatildeo espacial Tambeacutem diante do digital ao escreverem usando os recursos

disponibilizados no teclado recorrem agraves teclas para inserccedilatildeo de paraacutegrafos acentos letras

maiuacutesculas e minuacutesculas entre outros que tambeacutem satildeo elementos do impresso Essas

habilidades foram trabalhadas promovendo o letramento digital e o desenvolvimento da escrita

Dessa forma evidenciamos que os recursos do impresso e do digital foram

desenvolvidos concomitantemente e natildeo consideramos que um seja mais importante que o

outro Compartilhamos da mesma concepccedilatildeo de Coscarelli sobre o impresso e o digital ao

afirmar que

[n]atildeo haacute rupturas entre texto e hipertexto ou entre multimodalidade no impresso e no

digital O que presenciamos satildeo atos comunicativos imbrincados em processos

histoacutericos culturais sociais e interacionais dos usuaacuterios de uma liacutengua em constante

transformaccedilatildeo (COSCARELLI 2016 p 24)

Assim eacute importante afirmar que nossa proposta sempre buscou elevar os niacuteveis de

escrita dos alunos e tornaacute-los alfabetizados e para isso utilizamos os recursos disponiacuteveis em

161

nossa escola tanto impressos quanto digitais atribuindo-lhes o mesmo valor Ribeiro tambeacutem

afirma que

[n]atildeo eacute o caso de excluir umas possibilidades em vantagem das outras como se os

recursos disponiacuteveis estivessem em competiccedilatildeo Considero que todas as

possibilidades vecircm se somando e se reposicionando em um sistema mais complexo e

mais completo nos dias de hoje (RIBEIRO 2016 p 121)

Diante disso consideramos que as atividades do PEI (impressas e digitais) realizadas

em 45 ha contribuiacuteram para elevar os niacuteveis de escrita e acreditamos que se as nossas aulas

fossem estendidas por mais tempo poderiacuteamos dizer que todos os alunos seriam alfabetizados

(por ora nosso alcance se levado em conta o fator tempo foi parcial) por meio de estrateacutegias

de ensino que visaram a interaccedilatildeo o diaacutelogo a reflexatildeo e o uso das TDIC como ambiente

colaborativo de aprendizagem Ocorre de acordo com Coscarelli (2016 p 25) ldquoum ensino

mais centrado no aluno apoiado em contextos de interaccedilatildeo diaacutelogo e colaboraccedilatildeordquo

Nesse sentido foram desenvolvidas atividades de forma intensiva relacionadas agrave

produccedilatildeo escrita agrave utilizaccedilatildeo dos gecircneros digitais especificamente ao uso do blog como recurso

didaacutetico de ensino e de inclusatildeo digital ao resgate da autoestima e valorizaccedilatildeo do educando

respeitando suas limitaccedilotildees e propondo um trabalho significativo enfatizando a apropriaccedilatildeo

das competecircncias e habilidades por meio da multimodalidade e dos multiletramentos para

promover o letramento digital e elevar os niacuteveis de escrita dos alunos

Destacamos que esta pesquisa-accedilatildeo desenvolvida no acircmbito do Programa de Mestrado

Profissional em Letras ndash ProfLetras possibilitou nossa formaccedilatildeo continuada e estimulou o

aprimoramento profissional desta pesquisadora que atua na Educaccedilatildeo Infantil haacute quase 19

anos e no Ensino Fundamental da Educaccedilatildeo Baacutesica haacute quase 15 anos

Ser pesquisador criacutetico e reflexivo investigar situaccedilotildees-problema em sala de aula a fim

de contribuir para sua superaccedilatildeo e a partir dos referenciais teoacutericos compreender tais situaccedilotildees

e poder intervir foram contribuiccedilotildees notaacuteveis pois possibilitaram o conhecimento a confianccedila

a seguranccedila e a autonomia para enfrentar os desafios da sala de aula

Dessa forma o conhecimento eacute parte relevante para auxiliar o aluno que necessita de

atenccedilatildeo e que na maioria das vezes acaba excluiacutedo da escola e da sociedade por natildeo dominar

o sistema de escrita por natildeo saber ler e escrever com proficiecircncia

Embora os alunos participantes desta investigaccedilatildeo ainda natildeo possam ser considerados

totalmente alfabetizados reconhecemos que esta investigaccedilatildeo representou um importante passo

inicial na etapa do processo de aquisiccedilatildeo de leitura e escrita em razatildeo da alfabetizaccedilatildeo envolver

capacidades de reconhecimento linguiacutestico em relaccedilatildeo aos sons da fala a relaccedilatildeo entre os sons

162

da fala e as letras do alfabeto desenvolvendo a consciecircncia fonoloacutegica e construindo o saber

ortograacutefico

Portanto este trabalho corrobora os estudos sobre a linguagem acerca do uso das TDIC

dos multiletramentos e da alfabetizaccedilatildeo servindo de contribuiccedilatildeo ao meio acadecircmico e agrave praacutetica

pedagoacutegica dos professores que atuam nas diversas fases que compotildeem o contiacutenuo caminho

percorrido por docentes e discentes no processo de ensino-aprendizagem

163

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processos psicoloacutegicos superiores Texto proveniente de Seccedilatildeo Braille da Biblioteca Puacuteblica

do Paranaacute Livraria Martins Fontes Editora Ltda 4ordf ediccedilatildeo brasileira Satildeo Paulo 1991

Disponiacutevel em lthttpwwwprgovbrbppgt Acesso em 06 mai 2017

168

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash QUESTIONAacuteRIO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula

Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira

Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade

Local Escola Estadual Pio XII

Disciplina Liacutengua Portuguesa

Atividade Questionaacuterio ndash Data __________2017

Aluno (a)_______________________________________________________________

1- Onde vocecirc mais acessa a internet

A ( ) Em casa

B ( ) Em lan house(s)

C ( ) Na escola

D ( ) Outros lugares Qual ______________________________

E ( ) Natildeo uso

2- Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet

A ( ) Menos de uma hora

B ( ) Uma hora

C ( ) Duas horas

D ( ) Mais de duas horas

E ( ) Nunca

3- Vocecirc utiliza a internet por meio de

A ( ) Computador

B ( ) Celular

C ( ) Tablet

D ( ) Outros equipamentos

E ( ) Natildeo uso

4- Os professores da sua escola jaacute utilizaram o computador ou laboratoacuterio de informaacutetica

para realizar atividades escolares

Sim Natildeo

169

5- Quais tipos de sites despertam mais seu interesse considerando o conteuacutedo

A ( ) redes sociais como Facebook

B ( ) jogos eletrocircnicos na internet

C ( ) blogs

D ( ) sites de pesquisa

170

APEcircNDICE B ndash ATIVIDADE INICIAL DE ESCRITA ndash AIE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula

Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira

Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade

Local Escola Estadual Pio XII ndash Disciplina Liacutengua Portuguesa

Atividade Diagnoacutestica Inicial ndash Data __________2017

Aluno (a)_____________________________________________________________

Felpo Filva

Era uma vez um coelho especial chamado Felpo Autor de textos estranhos e

engraccedilados Felpo tem um orelha menor do que a outra e quando fica nervoso sofre de um

problema conhecido como orelite tremulosa Essa doenccedila eacute tiacutepica de coelhos como Felpo

rabugentos que natildeo gostam de sair da toca natildeo conversam com ningueacutem e natildeo tem amigos

Um certo dia quando Felpo jaacute era um poeta famoso tomou uma decisatildeo ele iria contar

para todos a triste histoacuteria de sua vida Iria escrever a sua autobiografia O coelho poeta pegou

a sua xiacutecara de cafeacute sentou-se diante da maacutequina de escrever e comeccedilou

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Curtir ndash Comentar

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Felpo Filva iniciou a autobiografia dele mas natildeo terminou nessa primeira paacutegina do livro Assim como Felpo relate a sua histoacuteria de vida Fale quem eacute vocecirc onde nasceu com quem vive do que gosta e do que natildeo gosta Comente suas alegrias e tristezas suas conquistas e suas perdas e todos os outros pensamentos

Comece entatildeo

Florecircncia

Florecircncia

172

APEcircNDICE C ndash PLANO EDUCACIONAL DE INTERVENCcedilAtildeO ndash PEI

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE

GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas

pedagoacutegicas em sala de aula

Montes Claros ndash MG

2017

173

FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE

GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas

pedagoacutegicas em sala de aula

Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI

apresentado como requisito parcial do

Programa de Mestrado Profissional em Letras ndash

PROFLETRAS da Universidade Estadual de

Montes Claros sob a orientaccedilatildeo da Professora

Doutora Faacutebia Magali Santos Vieira

Montes Claros ndash MG

2017

174

IDENTIFICACcedilAtildeO

Tema Alfabetizaccedilatildeo e letramento

Escola Escola Estadual Pio XII ndash Januaacuteria ndash MG

Seacuterie 6ordm Ano de Escolaridade

Periacuteodo de realizaccedilatildeo Agosto a novembro de 2017

1 Objetivos

Objetivo geral

Desenvolver atividades que contribuam com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos

do 6ordm ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog

como recurso didaacutetico

Objetivos especiacuteficos

Planejar executar e avaliar atividades que contribuam para melhoria dos niacuteveis de escrita

que desenvolvam a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica

Desenvolver habilidades de letramento digital atraveacutes do gecircnero digital blog

Produzir texto multimodal para blog

2 Metodologia

Este plano de intervenccedilatildeo pretende oferecer condiccedilotildees propiacutecias ao desenvolvimento de

accedilotildees efetivas de aprendizagem e assim para atender agraves reais necessidades da educaccedilatildeo no

seacuteculo XXI ferramentas pedagoacutegicas tradicionais (livros canetas papel quadro giz e texto

verbal) devem coexistir com as ferramentas das TDIC (computador internet games viacutedeos

projetor textos multimodais) Dessa forma o professor assumiraacute um papel neste ambiente

bastante diferente daquele de um apresentador de conteuacutedo seraacute um mediador que ajudaraacute os

alunos a desenvolverem habilidades e competecircncias de escrita e a interagirem nos assuntos que

estatildeo sendo explorados Segundo Thornburg (1996) o professor neste cenaacuterio iraacute operar em

175

um sistema baseado em quatro componentes fogueira poccedilo drsquoaacutegua caverna e a vida assim

chamados de ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo

Metaforicamente a fogueira eacute o espaccedilo informacional associado com palestras e outros

meacutetodos de instruccedilatildeo direta numa forma de transmitir conhecimento O poccedilo drsquoaacutegua eacute o espaccedilo

de conversaccedilatildeo ocupado quando os alunos conversam entre si ou com seus professores sobre

um determinado toacutepico para a construccedilatildeo do ensino-aprendizagem A caverna eacute o espaccedilo

conceitual onde ideias satildeo desenvolvidas num momento de introspecccedilatildeo e onde projetos de

estudantes satildeo construiacutedos sob a perspectiva da reflexatildeo sob a anaacutelise do seu proacuteprio

conhecimento A vida eacute o espaccedilo contextual onde as coisas que foram aprendidas satildeo aplicadas

no mundo fora da escola ou seja o conhecimento resulta na praacutetica social fora da escola

Assim para expressar visualmente as ldquoMetaacuteforas do aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a

exemplo de David Thornburg (1996) foi elaborado o esquema a seguir (Figura 01)

representando o processo educacional atual

176

Figura 01 ndash Estrutura do Processo Educativo

Fonte Dados da pesquisa 2017

Diante do exposto os procedimentos metodoloacutegicos e as atividades em busca do

processo de ensino-aprendizagem ocorreratildeo sob esses quatro momentos que chamaremos de

moacutedulos de aprendizagem Estes seratildeo construiacutedos em torno do ldquoconhecer dialogar refletir e

praticarrdquo fornecendo a possibilidade de professores e alunos criarem oportunidades

educacionais significativas Nesse sentido a escolha dessa metodologia pretende desenvolver

atividades que contribuam com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos utilizando o gecircnero

digital blog como recurso didaacutetico ou seja como recurso de leitura diaacutelogo reflexatildeo e

produccedilatildeo textual

INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA

MOacuteDULO 1 Conhecendo

Neste moacutedulo seraacute desenvolvida e compartilhada a discussatildeo sobre as caracteriacutesticas dos

textos compostos por palavras e imagens bem como discutir sobre as contribuiccedilotildees das

PROCESSO EDUCATIVO

FOGUEIRA sala de aula

aula expositiva auditoacuterio palestras

POCcedilO DAacuteGUA

discussotildeesem grupo

CAVERNA biblioteca salas de estudo

laboratoacuterio de informaacutetica

A VIDA praacuteticas na realidade produccedilatildeo escrita

177

Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de

sons palavras imagens e movimentos

Quadro 01ndash PEI ndash Moacutedulo 1 Conhecendo

PLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 1 CONHECENDO

Accedilatildeo

Ativar conhecimentos preacutevios sobre as caracteriacutesticas dos textos

multimodais e em relaccedilatildeo agraves contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da

Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de sons

palavras imagens e movimentos

Objetivo Identificar as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem e familiarizar-se com o

ambiente digital

Conhecer e identificar as funccedilotildees do blog como recurso de ensino e sobre as habilidades de letramento em contexto digital

Conhecer diferentes textos multimodais

Metodologia Aula expositiva dialogada e interativa por meio de ferramenta digital

Atividades de conhecimento no laboratoacuterio de informaacutetica da escola

Atividades

1- Exposiccedilatildeo dialogada utilizando ferramenta digital para apresentaccedilatildeo de

slides sobre a proposta de trabalho

Discussatildeo sobre as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem

Apresentaccedilatildeo de diferentes textos multimodais por meio de slides

2- Utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para navegar pela Internet e

assim familiarizar com o ambiente digital

3- Acesso e conhecimento de blogs de diferentes temas e assuntos

Blog ldquoBlog dos jovens leitoresrdquo

httpblogdosjovensleitoresblogspotcombr

Blog Open Page httpwwwopenpagecombr

Blog Galerinha on line

httpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtml

Blog escolar httpec19tagblogspotcombr

Questotildees propostas

Quais satildeo os temas abordados nesses blogs Leia o perfil de

cada um

De qual vocecirc gostou mais Por quecirc

Se vocecirc tivesse um blog sobre o que vocecirc escreveria

Vamos criar um blog para a turma Qual nome teria

4- Criar o blog da turma

178

Recursos

didaacuteticos

Data show computador internet caixa de som

Duraccedilatildeo 8ha

Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo do interesse e participaccedilatildeo dos estudantes durante a

exposiccedilatildeo do conteuacutedo

Os alunos deveratildeo realizar as atividades propostas no laboratoacuterio de informaacutetica e produzir comentaacuterios a respeito do que leem

Fonte Dados da pesquisa 2017

MOacuteDULO 2 Dialogando

Neste segundo momento as atividades propostas ofereceratildeo oportunidades para que o

comportamento do aluno ouvinte e falante torne-se efetivamente objeto de aprendizagem O

aluno teraacute a oportunidade de realizar debates e exposiccedilotildees orais a respeito das atividades

apresentadas em sala de aula Assim o professor coordenaraacute as discussotildees procurando fazer

com que todos os alunos falem e escutem de forma atenciosa e respeitosa Este tipo de atividade

promove a discussatildeo sobre o assunto tratado nos textos apresentados fazendo com que o aluno

ultrapasse o texto e o relacione com o contexto social em que vive ou ateacute mesmo com sua

proacutepria pessoa atendendo agrave perspectiva da leitura multimodal

A partir do desenvolvimento da competecircncia do uso da liacutengua oral e da capacidade de

debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o argumento contraacuterio

mesmo que de forma menos elaborada por se tratar de alunos do 6ordm ano seratildeo propostas

atividades em grupo de leitura interpretaccedilatildeo e escrita

Quadro 02 ndash PEI ndash Moacutedulo II Dialogando

PLANO DE ACcedilAtildeO - MOacuteDULO 2 DIALOGANDO

Accedilatildeo Incentivar a discussatildeo sobre os textos apresentados com o intuito de desenvolver a competecircncia do uso da liacutengua oral e a capacidade de

debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o

argumento contraacuterio

Objetivo Ler textos multimodais

Analisar e discutir as especificidades dos textos multimodais

Produzir textos multimodais

Metodologia

Propor a discussatildeo das perguntas sugeridas a respeito dos recursos

linguiacutesticos utilizados nos textos multimodais previamente

selecionados para o trabalho em grupo

1- Leitura de textos multimodais

2- Discutir em duplas ou trios as questotildees sobre os textos

selecionados

179

Atividades

HQ da Turma da Mocircnica

HQ do Gaturro e Aacutegatha

Charge

Propaganda

3- Produzir em duplas os textos multimodais selecionados

Organograma

Infograacutefico

Mapa

Recursos

didaacuteticos

Data show Computador Internet folhas A4

Duraccedilatildeo 10 ha

Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo do interesse e participaccedilatildeo dos estudantes durante a

exposiccedilatildeo do conteuacutedo e na realizaccedilatildeo das atividades propostas

Fonte Dados da pesquisa 2017

LEITURA DE TEXTOS MULTIMODIAS

Leia os textos e converse com seus colegas e professora sobre as questotildees abaixo

Em relaccedilatildeo agrave HQ da Turma da Mocircnica (Mauriacutecio de Souza)

180

Figura 01 ndash HQ turma da Mocircnica

Fonte Desconhecida

Observe a HQ para responder ao que se pede

1- Vocecirc conhece esses personagens Quem satildeo

2- Por que o Cascatildeo estaacute saltitante O que ele estaacute imaginando Qual era a sua intenccedilatildeo

3- O que aconteceu no 4ordm e 5ordm quadrinhos

4- Por que Cascatildeo saiu correndo

5- O humor da histoacuteria foi construiacutedo a partir de quais fatos

6- No texto haacute palavras Vocecirc conseguiu ler essa HQ mesmo sem palavras Por quecirc

181

Em relaccedilatildeo agrave HQ do Gaturro e Aacutegatha

Gaturro e Aacutegatha satildeo personagens de uma seacuterie de tirinhas argentina criada pelo cartunista

Cristian Dzwonik (conhecido como ldquoNikrdquo)

Figura 03 ndash Tira Gaturro e Aacutegatha

Disponiacutevel em lthttpmundogaturroflorestablogspotcombr201204otra-ves-gaturro-y-agathahtmlgt Acesso

em 07 jun 2017

- Observe a tirinha para responder ao que se pede

1- No 1ordm quadrinho o que Aacutegatha estaacute segurando O que estaacute escrito

2- Vocecirc sabe o que significa esta palavra Ela pertence agrave Liacutengua Portuguesa ou estrangeira

Onde encontramos essas palavras com frequecircncia

3- Agora que vocecirc sabe o significado o que Aacutegatha quis dizer ao Gaturro

4- Qual eacute a reaccedilatildeo de Gaturro O que ele estaacute segurando

5- O que estaacute escrito Qual eacute o significado

6- O que aconteceu no 3ordm e 4ordm quadrinhos O significado da palavra alterou ao ser invertido

182

Em relaccedilatildeo agrave charge

Figura 04 ndash Charge Igualdade Justiccedila

Disponiacutevel em lthttpprofwladimirblogspotcombr201405charge-igualdade-nao-significa-justicahtmlgt

Acesso em 07 jun 2017

- Observe a charge para responder ao que se pede

1- O que eacute igualdade

2- O que eacute justiccedila

3- O que vocecirc vecirc na imagem

4- O que vocecirc entende por ldquoIgualdade natildeo eacute justiccedilardquo

5- O que foi preciso fazer para haver justiccedila

6- Vocecirc jaacute foi tratado de forma desigual ou injusta

183

Em relaccedilatildeo agrave propaganda

Figura 05 ndash Propaganda

Disponiacutevel em lthttpjulianaportuguesfeevaleblogspotcombr201111anuncio-da-lactahtmlgt Acesso em 07

jun 2017

- Observe a propaganda para responder ao que se pede

1- A finalidade da propaganda eacute vender um produto Qual eacute o produto anunciado

2- Quais satildeo os cinco motivos para ficar de boca aberta ou fechada

3- O que significa a expressatildeo ldquoPra deixar vocecirc de boca abertardquo

4- Em que outros contextos podemos ficar de boca aberta

184

Em relaccedilatildeo ao Organograma

Figura 06 ndash Organograma

Disponiacutevel em lthttpssitesgooglecomsiteescolamunicipalpadrecahistoria-da-escolaorganogramagt Acesso

em 09 ago 2017

1 Criar um organograma

Segundo Ribeiro (2016) o organograma eacute uma representaccedilatildeo bastante comum em nossa

sociedade e mostra representaccedilotildees hieraacuterquicas estruturas organizacionais etc

Como sugestatildeo os alunos deveratildeo criar um organograma familiar ou um organograma escolar

185

Em relaccedilatildeo ao Infograacutefico

Figura 07 ndash Infograacutefico

Disponiacutevel em lthttpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtmlgt Acesso em 09 ago

2017

2 Criar um infograacutefico

Os infograacuteficos satildeo textos multimodais por excelecircncia pois seu planejamento envolve palavras

e imagens em um leiaute e por ser um gecircnero que circula amplamente em jornais e revistas

impressos digitais e na TV nas previsotildees de tempo nas explicaccedilotildees e nas demonstraccedilotildees de

causa e efeito (RIBEIRO 2016)

Os alunos deveratildeo criar um infograacutefico de uma receita escolhida pela dupla

186

Em relaccedilatildeo ao Mapa

Figura 08 ndash Mapa escolar

Disponiacutevel em lthttprbeadditionptnp4mapasid=1503523gt Acesso em 09 ago 2017

3 Criar um mapa

Mapas satildeo representaccedilotildees graacuteficas em escalas menores e podem representar regiotildees territoacuterios

ou qualquer extensatildeo da superfiacutecie da Terra Criar um mapa da sua escola

MOacuteDULO 3 Refletindo

Nesse moacutedulo propotildee-se a interlocuccedilatildeo entre diferentes textos para que o aluno possa

analisar de forma reflexiva diferentes abordagens de um mesmo assunto ou toacutepico tanto no

que se refere a distintas percepccedilotildees da nossa cultura ou sociedade quanto para poder observar

questionar e analisar atraveacutes da comparaccedilatildeo ou confronto do que dizem os diferentes textos ao

resolver atividades de leitura interpretaccedilatildeo e escrita Isso faz com que o aluno perceba

intuitivamente seu conhecimento e faccedila checagem do seu proacuteprio aprendizado

187

Quadro 03 ndash PEI ndash Moacutedulo III RefletindoPLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 3

REFLETINDO

Accedilatildeo

Contribuir com o processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento por meio de

atividades que estimulem o desenvolvimento da linguagem oral e escrita em

situaccedilotildees de anaacutelise e reflexatildeo sobre as especificidades dos textos

multimodais e assim melhorar os niacuteveis de escrita dos alunos

Objetivos Aprofundar e refletir sobre os conhecimentos da escrita que desenvolvam

a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica

Refletir e identificar as funccedilotildees do blog como recurso didaacutetico e sobre as

habilidades de letramento em contexto digital

Produzir comentaacuterios a respeito do que lecirc

Metodologia Estudo individual e atividades praacuteticas no laboratoacuterio de informaacutetica da

escola e em sala de aula

Atividades Atividades de escrita 1- Torne o branco impuro

2- Vamos de carona nesta viagem

3- Agrave maneira dos antigos

4- Tempo de falar

5- Vamos vender o fedex

6- Pausa para criar

7- Jogo Corrida das letras

8- Nuvem de palavras

Postar atividades e comentaacuterios no blog da turma

Recursos

didaacuteticos

Data show computador internet celular folhas A4 brancas ou coloridas

laacutepis laacutepis de cor canetas coloridas borracha entre outros materiais

escolares

Duraccedilatildeo 21 ha

Avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo das atividades previstas para esse moacutedulo seraacute contiacutenua e visa agrave

melhoria da aprendizagem aleacutem disso busca observar como os alunos estatildeo

aprendendo e o que deve ser feito para melhorar Assim os alunos teratildeo

atendimento individual procurando sanar as dificuldades especiacuteficas de cada

um Dessa forma teratildeo a oportunidade de desenvolver as atividades refletir

sobre sua produccedilatildeo tirar suas duacutevidas e progredir

Fonte Dados da pesquisa 2017

188

ATIVIDADES SELECIONADAS

1- Siga as instruccedilotildees A primeira parte eacute de descontraccedilatildeo Vocecirc deve viajar no papel Eacute o

momento de liberdade Pegue uma folha de papel em branco pegue uma caneta laacutepis laacutepis

de cor giz de cera o material que desejar Antes de utilizaacute-los observe a sua folha natildeo a

amasse trate-a com carinho Escreva sem doer Escreva sem medo Agora laacutepis e papel satildeo

companheiros no papel em branco escreva desenhe pinte rabisque Faccedila qualquer coisa mas

natildeo deixe o branco puro Agora guarde-a na sua pasta de atividades Ela eacute sua Ningueacutem vai ler

sem a sua autorizaccedilatildeo

2- Vamos escrever palavras iniciadas pelas letras A D G T B H V I R S P J As letras

satildeo aleatoacuterias O nuacutemero de palavras natildeo deve ultrapassar 10 e nem ser inferior a 5 De posse

do vocabulaacuterio vamos brincar Inicialmente fazendo algumas combinaccedilotildees Exemplo O

palhaccedilo A brinca com o T e o maacutegico faz G virar H assim seraacute substituiacutedo A por uma palavra

do vocabulaacuterio iniciado A T iniciado por T e assim por diante Depois de feita essa brincadeira

com as palavras vamos brincar com as frases abaixo

a- Clara gosta de A + B e Carlos ama T amo R mas natildeo amo I nem V

b- A+ J pois T+ D

c- S e G falaram ou vocecirc fica com H ou vai com P Ou fica com J ou natildeo fica com T

3- Agora vamos usar mais palavras coletadas em cada frase Lembre-se o nuacutemero de frases e

as combinaccedilotildees satildeo aleatoacuterias Vocecirc pode inventar outras combinaccedilotildees e alterar o nuacutemero de

frases Entretanto recomendamos que natildeo ultrapassem 10 frases para que vocecirc natildeo se canse

Depois leia as suas frases em voz alta Assim a atividade torna-se dinacircmica e alegre

CAUSALIDADE H+ J+ R+P + (PORQUE) +A +H tudo certo mas A+D +J estaacute muito

esquisito natildeo eacute R

CONDICIONALIDADE J+ B+ A + (SE AMAR) + B +J +H + pode quebrar

FINALIDADE P + B + I + G + (A FIM DE) + A+ B+ certo

MODALIDADE T+ A + V+ (SEM QUE) + P + V + I + legal

OUTRAS

- A frase eacute PP + H + R + e a palavra eacute + J + H + A + e a histoacuteria

- O pensamento voa em T + B + S + por isso penso em P e em H mas estou mesmo em V + D

+ P + e sonho com G

4- Agora temos dezenas de palavras e algumas frases Chegou a hora do texto Vamos por

etapas

1 ATIVIDADE TORNE O BRANCO IMPURO

189

a Organize as frases que vocecirc fez num texto Num corpo orgacircnico Por exemplo

Clara gosta de aboacutebora bamba e Carlos ama ternura amo amo ruela mas natildeo amo ironia nem

vagem Ananaacutes jovem pois teteacuteia dedo Abra teu amor e jogo pois

b Leia em voz alta o texto

c Vamos mexer no texto Vocecirc pode eliminar palavras eou acrescentar palavras eou

inverter a ordem Exemplo

Clara gosta de aboacutebora e de Carlos Abre o jogo e o amor quando come aboacuteboras e ananaacutes

Vagem bomba e ironia satildeo jovens atletas pois

Ou

Clara gosta de vagem e ama Carlos com ternura Segundo ela o jovem Carlos eacute uma teteacuteia e

ela escolhe o seu amor a dedo O amor eacute jogo e ironia qual aboacutebora e ananaacutes pois

d Troque o texto com o colega e peccedila uma criacutetica

e Passe-o a limpo e guarde-o

1- Antes de viajarmos um novo texto brincaremos inicialmente com o visual das palavras

Uma palavra pode ser escrita (desenhada) de vaacuterias maneiras Observe

Figura 09 ndash Palavras desenhadas

Fonte Claver 1994 p 33

2 ATIVIDADE VAMOS DE CARONA NESTA VIAGEM

190

Agora vocecirc Sugerimos montanha carneiro vegetal peluacutecia aacutervore corpo horror escada

telefone etc Esta eacute uma maneira de desmascarar as palavras e talvez de possuiacute-las

2- Veja como Luiacutes Silva personagem do livro Anguacutestia de Graciliano Ramos brincava com

as palavras

Em duas horas escrevo uma palavra Marina Depois aproveitando as letras deste nome arranjo

coisas absurdas ar mar rima arma ira amar Uns vinte nomes

Vamos na onda do personagem vamos re-arranjar as palavras Sugerimos maravilha sapato

marmita aacutervore etc Exemplo sapato ndash ato sapo pato topa tapa copa

3- Continuemos brincando com as palavras Daremos a elas um significado que vai aleacutem de sua

significaccedilatildeo de dicionaacuterio Vamos procurar revelar sua face outra explorando todas as suas

potencialidades Essas palavras revelaratildeo toda sua sensibilidade diante do mundo e da vida

Haacute palavras que satildeo grandes pela proacutepria natureza ndash eacute o caso da grafia de paralelepiacutepedo Outras

satildeo grandes pelo que representam Temos a palavra ceacuteu que graficamente eacute pequena mas eacute

enorme em sua significaccedilatildeo

A partir dessas consideraccedilotildees escreva duas palavras ou mais para cada um dos vocaacutebulos

relacionados frios quentes amarelas nervosas gordas pequenas gostosas pobres leves

alegres fofas perigosas vermelhas coloridas delicadas bonitas pesadas engraccediladas novas

4- Agora vocecirc deve estar mais solto leve descontraiacutedo e pronto para tocar para frente

O exerciacutecio que segue eacute muito parecido com o que fizemos antes Dada uma palavra procure

escrever outras que tenham alguma relaccedilatildeo com ela Exemplo O amarelo pode relacionar com

as seguintes palavras cor primavera frio medo hepatite sol ovo

Vamos laacute Eis as palavras paisagem felicidade hipopoacutetamo caminho vermelho voar nuvens

morangos coraccedilatildeo soacutelido horizonte liberdade viagem

Os temas das redaccedilotildees eram (e satildeo ainda) mais ou menos as seguintes A Paacutetria Minhas

feacuterias O que eu fiz ontem Meu animal favorito Uma festa O dia do iacutendio Meu primeiro dia

de aula A famiacutelia Minha professora 13 de maio A casa mal-assombrada

3 ATIVIDADE Agrave MANEIRA DOS ANTIGOS

191

Agrave maneira dos antigos daremos alguns temas e situaccedilotildees Procure utilizar as dicas

anteriores ou seja invente palavras reverbere peccedila opiniatildeo refaccedila o texto etc A forma

(poema conto crocircnica etc) fica a seu criteacuterio

Para sua maior comodidade vamos aos fatos e situaccedilotildees como por exemplo

a) Trecircs ratos famintos estatildeo presos num quarto hermeticamente fechado

Situaccedilotildees

Acham uma saiacuteda

Aparece um super-rato para salvaacute-los

Se devoram

(Em tempo os ratos se chamam Augustus Nicodemus e Cornelius)

b) Um sonacircmbulo eacute acordado em pleno dia no meio de uma rua movimentada e se

descobre nu

Situaccedilotildees

Vai preso por natildeo saber explicar a situaccedilatildeo

Ningueacutem repara em sua atitude

Eacute fotografado e convidado para trabalhar na TV

c) Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com uma mosquita de nome

Joana para as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca

Situaccedilotildees

Ele morre

Joana fica sabendo do acontecido e se suicida

Geraldo toma a piacutelula anti-pega-mosca e consegue se safar

Joana arruma outro namorado

d) A histoacuteria de Romeu e Julieta

Situaccedilotildees

Julieta fica sabendo do final da histoacuteria e fala pro Shakespeare ldquoQual eacuterdquo

Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira

Shakespeare fica gostando de Julieta e soacute mata o Romeu

e) Em uma galeria de arte dentre os vaacuterios quadros haacute dois bem proacuteximos Em um

deles haacute trecircs gatos e no outro um aquaacuterio

Situaccedilotildees

Os gatos resolvem comer os peixes

Os peixes se transformam em tubarotildees e devoram os gatos

192

Os gatos e os peixes fazem uma guerra de fome contra a pintura moderna e

morrem

O pintor do aquaacuterio pinta de branco o quadro dos gatos

f) Uma carroccedila estaacute diante de um sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento

enorme Quando o sinal abre o burro empaca

Situaccedilotildees

Todos os carros buzinam ao mesmo tempo

O carroceiro deixa a carroccedila e sai correndo

O burro sai da carroccedila e daacute um coice nos carros

Um dos motoristas conversa com o burro no ouvido e este sai de fininho

Vocecirc escolhe um dos fatos Caso queira misturar os fatos e as situaccedilotildees teremos sem duacutevida

um texto pelo menos inusitado

Vamos trabalhar mas antes eacute bom atentar para o seguinte natildeo existe nenhuma narraccedilatildeo que

natildeo responda agraves questotildees DE QUEM SE TRATA DE QUE SE TRATA ONDE SE PASSA

POR QUEcirc COMO QUANDO

Ainda

Agente ndash ator ou atores

O fato ndash a accedilatildeo propriamente dita

O tempo ndash eacutepoca

O lugar ndash meio ambiente

As causas ndash origem motivo

As consequecircncias ndash os resultados

Os meios ndash pessoas ou coisas que concorrem ou interferem na accedilatildeo

O modo ndash os aspectos atraveacutes dos quais se desenrola a accedilatildeo

Este eacute o caminho O cineasta quando faz um filme tem em matildeos um roteiro Por que natildeo o

redator Vamos laacute

1- Escolha o tem (ou temas)

2- Tente traccedilar um roteiro para seu texto respondendo agraves questotildees DE QUEM SE

TRATA DE QUE SE TRATA etc ou indicando o agente o fato o tempo etc

3- Depois de concluiacutedo o texto passe a limpo e guarde-o

193

Leiamos algumas maacuteximas ou aforismos ou picles como queiram Satildeo pequenas frases que

colocam o leitor em reflexatildeo Ou fazem com que o leitor mude seu modo de pensar Jaacute se notou

que o ditado popular eacute radical Ele encerra uma verdade eterna Eacute perigoso por isso Eacute comum

se ouvir ldquoDize-me com quem andas que eu te direi quem eacutesrdquo E um gaiato respondeu ldquoE o

que Judas fazia com Jesus Cristordquo Vamos fazer como que esse gaiato desestruturar os ditados

as frases feitas as frases congeladas ldquoLiberdade eacute uma calccedila velha azul e desbotadardquo

Tentaremos criar algumas maacuteximas ou picles Agora alguns exemplos retirados das Maacuteximas

da Tia Zulmira de Stanislaw Ponte Preta

Entre as trecircs coisas melhores desta vida comer estaacute em segundo e dormir em terceiro

Enquanto houver mandioca a farinha estaacute garantida

A poliacutetica tem esta desvantagem de vez em quando o sujeito vai preso em nome da

liberdade

O amor eacute eterno noacutes eacute que estamos sempre a transferi-lo para outra reparticcedilatildeo

Malandro prevenido dorme de botina

As trecircs coisas mais perigosas que eu conheccedilo satildeo limpar arma de fogo mulher do

vizinho e croquete do botequim

Quem tem medo de mandinga natildeo desmancha despacho

Mulher e livro emprestou volta estragado

Mais vale um fileacute em casa do que um boi no accedilougue

As coisas que mais contribuem para avacalhar a dignidade de um homem satildeo bofetatildeo

de mulher tombo de bunda no chatildeo e dor de barriga

Mosquito sabido morde primeiro e faz o zunido depois

Em Reflexotildees sem dor Millocircr Fernandes condensa a verdade tambeacutem em pequenas frases por

exemplo

Um paiacutes soacute tem verdadeira liberdade de expressatildeo quando um homem pode dizer em

puacuteblico bem alto tudo o que lhe vem agrave cabeccedila ao bater o martelo no dedo

O pobre trabalha para comer O rico trabalha para comer fora

O silecircncio eacute de prata tempo eacute dinheiro mas nem tudo que reluz eacute ouro

Queridinho eacute o nome de solteiro do marido

Sansatildeo sim eacute que era um espetaacuteculo Quando acabou seu show a casa veio abaixo

4 ATIVIDADE Tempo de falar

194

Uma coisa eacute definitiva quem se curva diante dos opressores mostra o traseiro aos

oprimidos

Amor com amor se pega

Natildeo somos a imagem de Deus Somos apenas a sua autocriacutetica

Pensar ndash eis um verbo reflexivo

Agora eacute a vez de Maacuterio da Silva Brito que criou o desaforismo Aforismo eacute a arte de condensar

a verdade numa sentenccedila iluminada

Amai-vos uns agraves outras

Ofiacutecio de bombeiro eacute fogo

Sereia ndash mulher de ex-cama

Ai que saudade que tenho da Aurora da minha vida

Quem daacute aos pobres empresta a Deus Pela escassez das esmolas parece que Deus

anda de creacutedito baixo

2- Agora eacute a sua vez Daremos uma seacuterie de proveacuterbios e esperamos que vocecirc interfira neles

mudando o seu sentido como no exemplo que se segue ldquoQuem cedo madruga fica com sono

o dia inteirordquo ou ldquomuitos seratildeo os chamados e poucos os atendidosrdquo Isso eacute da Biacuteblia ou da

Telefocircnica

a) Quem cala consente

b) Em terra de cego quem tem um olho eacute rei

c) Mais vale um paacutessaro na matildeo do que dois voando

d) Aacutegua mole em pedra dura tanto bate ateacute que fura

e) Pimenta nos olhos dos outros eacute refresco

f) Catildeo que ladra natildeo morde

3- Depois de concluiacutedos passe-os a limpo e guarde-os

As companhias de cigarro nunca vendem nicotina mal-estar mal-cheiro poluiccedilatildeo etc Vendem

status social sauacutede vigor fiacutesico sucesso etc

Ronald Claver

5 ATIVIDADE VAMOS VENDER O FEDEX

195

A partir dessa consideraccedilatildeo levantemos alguns toacutepicos de que a arte da propaganda se utiliza

Os recursos de linguagem poeacutetica ndash repeticcedilotildees de consoantes e vogais rimas

comparaccedilotildees metaacuteforas e conotaccedilotildees

Pag Pouco

Se eacute Bayer eacute bom

Melhoral melhoral eacute melhor e natildeo faz mal

Tomou Doril a dor sumiu

Pense Forte pense Ford

Uma linguagem apelativa que explora as ansiedades vaidades frustraccedilotildees do

consumidor influi de modo decisivo no comportamento e postura do homem comum e

fantasiosamente camufla as frustraccedilotildees da realidade

Quem fuma Minister sabe o quer E vocecirc

Ao sucesso com Hollywood

No Brasil toda mulher tem Charm

Associaccedilotildees arbitraacuterias do siacutembolo com o simbolizado

Mulher pelada com automoacutevel

Status social com cigarro

Vigor fiacutesico com remeacutedio

A linguagem popular atraveacutes da exploraccedilatildeo dos ditos populares proveacuterbios giacuterias etc

Dize-me o que lecircs e te direi quem eacutes ndash Veja

Ponha algumas pedras no caminho da sua sede ndash Antaacuterctica

Quem tem outro carro anda com o Fusca atraacutes da orelha

O propagandista sabe que uma boa imagem vale por mil palavras Daiacute o requinte visual

das propagandas Sabe tambeacutem que a propaganda subliminar explora de modo consciente as

zonas obscuras do inconsciente Por isso lanccedila mensagens em determinados momentos e em

196

certa regularidade Desse modo ficou famosa a ldquopipocardquo que aparecia num cantinho da tela

durante a exibiccedilatildeo de um filme Terminada a fita os expectadores tomaram de assalto o carrinho

do pipoqueiro Sabe tambeacutem da teacutecnica do merchandising que consiste em aproveitar uma cena

comum para veicular seu produto Essa teacutecnica eacute muito usada em novelas de televisatildeo

Exemplo Cena de bar ndash pessoas sentadas agrave mesa tomando determinada cerveja ou refrigerante

1- Vamos trabalhar com PROPAGANDA Procure algumas em jornais revistas livros out-

doors televisatildeo etc Selecione-as

2- Agora que vocecirc conhece alguma coisa sobre propaganda analise algumas conhecidas Veja

a distribuiccedilatildeo de cores a colocaccedilatildeo das palavras o uso das formas etc

3- Chegou a sua hora Convenccedila o proacuteximo de que seu produto eacute a melhor coisa do mundo Use

todos os recursos e venda entatildeo um desses produtos a lua a vida o fedex (um produto

desconhecido do puacuteblico) sua sala de aula seu otimismo sua imaginaccedilatildeo um lugar ao sol

4- Releia seus textos Leia-os para algueacutem Eles convencem Vendem

5- Se necessaacuterio reescreva trechos ou o texto

5- Passe a limpo e guarde-a

1- Seguem-se alguns quadrinhos Escreva nos balotildees aquilo que o desenho lhe sugere

2- Haacute outros que tecircm soacute balotildees Invente o desenho mas a sua maneira sem se preocupar com o

traccedilo

3- Invente seu quadrinho Faccedila como nos textos recorte costure cole escreva desenhe

redesenhe reescreva mostre ao colega

6 ATIVIDADE PAUSA PARA CRIAR

197

Figura 10 ndash Quadrinhos

Fonte Claver 1994 p 58

198

Figura 11 ndash Quadrinhos

Fonte Claver 1994 p 59

199

Figura 12 ndash Quadrinhos

Fonte Claver 1994 p 61

200

Cada jogador se representa no tabuleiro por um piatildeo sobre a inicial do seu nome O

primeiro a jogar lanccedila um dado e deve avanccedilar seu piatildeo tantas casas quantas indicou o dado

Para permanecer nesta casa deve dizer ou escrever uma palavra que comece com a letra que

aiacute estaacute Se natildeo conseguir retrocede uma casa e diz ou escreve uma palavra que comece por esta

nova letra Se natildeo conseguir retrocede sucessivamente ateacute voltar de onde saiu Ganha o jogo

aquele que primeiro tiver percorrido todo o trajeto atingindo pela segunda vez sua letra inicial

Figura 13 ndash Tabuleiro do jogo Corrida nas letras

Fonte Elaborado pela pesquisadora com base em Grossi 1990 p 142

ATIVIDADE A CORRIDA NAS LETRAS

201

MOacuteDULO 4 Praticando

Nesse moacutedulo desenvolveremos atividades que proporcionem a praacutetica dos

conhecimentos em escrita por meio da produccedilatildeo de textos compostos por imagens e palavras

a partir de situaccedilotildees dadas utilizando ferramentas da tecnologia (computador internet textos

multimodais)

Quadro 04 ndash PEI ndash Moacutedulo IV Praticando

PLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 4 PRATICANDO

Accedilatildeo Por em praacutetica os conhecimentos em escrita

Objetivos

Produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo comunicativa ao interlocutor e ao

suporte de circulaccedilatildeo

Metodologia Produccedilatildeo escrita e publicaccedilatildeo no blog da turma

Atividades Produccedilatildeo escrita individual a partir de uma situaccedilatildeo dada

Recursos

didaacuteticos

Data show computador internet celular folhas A4 brancas ou

coloridas laacutepis laacutepis de cor canetas coloridas borracha entre outros

materiais escolares

Duraccedilatildeo 14 ha

Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo sistemaacutetica da participaccedilatildeo dos alunos na realizaccedilatildeo das atividades propostas

Produccedilatildeo escrita para publicaccedilatildeo no blog da turma Fonte Dados da pesquisa 2017

202

APEcircNDICE D ndash Atividade Final de Escrita ndash AFE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula

Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira

Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade

Local Escola Estadual Pio XII ndash Disciplina Liacutengua Portuguesa

Atividade Diagnoacutestica Final ndash Data __________2017

Aluno (a)_____________________________________________________________

Sinopse

Natildeo eacute faacutecil ser crianccedila E ningueacutem sabe disso melhor do que

Greg Heffley que se vecirc mergulhado no ensino fundamental onde

fracotes subdesenvolvidos dividem os corredores com garotos que satildeo

mais altos mais malvados e jaacute se barbeiam Em ldquoDiaacuterio de um bananardquo

o autor e ilustrador Jeff Kinney nos apresenta um heroacutei improvaacutevel

Como Greg diz em seu diaacuterio ldquoSoacute natildeo espere que eu seja todo Querido

diaacuterio isso Querido diaacuterio aquilordquo

Fonte Saraiva Editora Disponiacutevel emlthttpwwwsaraivacombrdiario-de-um-

banana-vol-1-2574894html gt Acesso em 29 abr 2017

O livro conta o dia-a-dia de Greg Heffley que decide deixar registrado em um caderno

natildeo diaacuterio como gosta de dizer as suas aventuras de Halloween (dia das bruxas) na escola em

casa com seus dois irmatildeos Manny (o bebecirc) e Rodrick (o rockeiro)

Greg leva uma vida normal adora jogar videogame e sonha o tempo todo em ser famoso

em qualquer cargo mesmo que seja como seguranccedila da escola

Leia a primeira paacutegina e confira um pouquinho da vida de Greg em o Diaacuterio de um

Banana

203

Figura 14 ndash p 1 de Diaacuterio de um Banana

Fonte Kinney 2008 p 1

Figura 15 ndash p 1 de Diaacuterio de um Banana

Fonte Kinney 2008 p 1

Imagine que vocecirc acaba de ganhar um diaacuterio muito bonito no qual vocecirc poderaacute registrar

suas histoacuterias de alegria e de tristeza suas conquistas e suas perdas e todos os outros

pensamentos Vamos laacute

204

Registre nesta paacutegina de blog um dia da sua vida (atividades encontros pessoas

sentimentos desejos medos saudades escola nossas atividades no laboratoacuterio de informaacutetica

entre tantas outras coisas que vocecirc desejar)

Figura 16 ndash Blog 6ordm Ano JF

Fonte Dados da pesquisa

205

206

3 CRONOGRAMA

Agosto

Setembro Outubro Novembro

MOacuteDULO I

X

MOacuteDULO II

X

MOacuteDULO III

X

MOacuteDULO IV

X X

REFEREcircNCIAS

CAGLIARI Luiz Carlos Alfabetizaccedilatildeo e linguiacutestica 8 ed Satildeo Paulo Scipione 1995

CLAVER Ronald Escrever sem doer oficina de redaccedilatildeo Belo Horizonte Editora UFMG

1992

FURNARI Eva Felpo Filva Satildeo Paulo Moderna 2006 (Coleccedilatildeo girassol)

GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo 3 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1990

KINNEY Jeff Diaacuterio de um banana Trad Antocircnio de Macedo Soares Cotia Vergara amp Riba

Editoras 2008

LEMLE Miriam Guia teoacuterico do alfabetizador 6 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

RIBEIRO Ana Elisa Textos Multimodais leitura e produccedilatildeo Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial

2016

Page 3: GÊNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS: novas práticas

A553g

Andrade Florecircncia Vieira Pacheco

Gecircneros digitais e multiletramentos [manuscrito] novas praacuteticas

pedagoacutegicas em sala de aula Florecircncia Vieira Pacheco Andrade ndash Montes

Claros 2018

206 f il

Bibliografia f 163-167 Dissertaccedilatildeo (mestrado) - Universidade Estadual de Montes Claros -

Unimontes Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo Mestrado Profissional em Letras

Profletras 2018

Orientadora Profa Dra Faacutebia Magali Santos Vieira

1 Gecircneros digitais 2 Letramento 3 Multiletramentos 4 Produccedilatildeo

escrita 5 Blog I Vieira Faacutebia Magali Santos II Universidade Estadual de

Montes Claros III Tiacutetulo IV Tiacutetulo Novas praacuteticas pedagoacutegicas em sala

de aula

Catalogaccedilatildeo Biblioteca Central Professor Antocircnio Jorge

Figura 01 Nuvem de palavras produzida online Elaborado pela pesquisadora 2017

Letramento eacute fenocircmeno plural historicamente e

contemporaneamente diferentes letramentos ao longo

do tempo diferentes letramentos no nosso tempo

(SOARES 2002 p156)

AGRADECIMENTOS

A Deus pela proteccedilatildeo e pelas becircnccedilatildeos de cada dia

Agrave mamatildee pelo exemplo de vida e amor incondicional

Agraves minhas irmatildes Fabriacutesia Fabiacuteola e Isabela pelo afeto e pelo apoio

Aos meus cunhados e sobrinhos pela atenccedilatildeo na etapa final

Agrave Juacutelia e Liacutevia minhas queridas filhas pelo amor e pela solidariedade

Ao meu esposo Wagner pela atenccedilatildeo carinho paciecircncia e compreensatildeo nas horas de ausecircncia

Agrave professora Faacutebia Magali Santos Vieira pelo aceite em me orientar pelo positivismo pela

alegria pela competecircncia e por seus esclarecimentos e auxiacutelio indispensaacuteveis ao desenvolvimento

desta minha formaccedilatildeo

Aos professores do Programa de Mestrado Profissional em Letras pelas contribuiccedilotildees e

competecircncia dada em cada disciplina

Agraves professoras da banca de qualificaccedilatildeo e defesa Profordf Drordf Geisa Magela Veloso Profordf Drordf

Maria Aparecida Colares Mendes e Profordf Drordf Maria Jacy Veloso Maia pelas consideraacuteveis

contribuiccedilotildees ao aprimoramento do meu trabalho Agrave Profordf Drordf Telma Borges pela atenccedilatildeo e

dedicaccedilatildeo nas leituras minuciosas do meu texto

Aos meus colegas do ProfLetras turma 2015 em especial agrave Jucinete companheira de viagem

pelas conversas trocas de saberes e amizade

Agrave Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais e a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de

Januaacuteria pelo afastamento concedido Agrave CAPES pelo auxiacutelio financeiro agrave Universidade Federal

do Rio Grande do Norte ndash UFRN pela coordenaccedilatildeo do Mestrado Profissional em Letras ndash

ProfLetras agrave Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES por possibilitar a seleccedilatildeo

a estrutura o planejamento e a organizaccedilatildeo para que o ProfLetras fosse implementado em nossa

regiatildeo

Aos meus alunos do 6ordm ano pela contribuiccedilatildeo dada a esta pesquisa

Agrave direccedilatildeo da Escola Estadual Pio XII agrave equipe pedagoacutegica e aos professores pela colaboraccedilatildeo

Agraves minhas amigas Amanda Alessandra Dorinha Diva e a todas do ldquoParquinhordquo pela vibraccedilatildeo positiva em cada conquista minha

A todos muito obrigada

RESUMO

O presente trabalho pretende apresentar os resultados de uma pesquisa que teve como objetivo

identificar e analisar as dificuldades de alfabetizaccedilatildeo e de letramento de 06 alunos do 6ordm ano do

Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII Januaacuteria ndash MG e contribuir para a elevaccedilatildeo dos

niacuteveis de escrita por meio de atividades utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico de

ensino a partir do desenvolvimento de atividades de escrita gecircneros textuais e digitais

promovendo os multiletramentos Nossa hipoacutetese diretriz foi a de que o trabalho com o gecircnero

digital blog pode contribuir para elevar o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e do letramento dos alunos

envolvidos nesta pesquisa A abordagem metodoloacutegica foi de natureza aplicada classificada como

explicativa Os procedimentos teacutecnicos utilizados foram a pesquisa bibliograacutefica a pesquisa-accedilatildeo

e a pesquisa participante A investigaccedilatildeo bibliograacutefica permitiu a construccedilatildeo de conhecimento

sobre conceitos e teorias sobre o objeto da pesquisa principalmente nos estudos de Soares (2003

2004 2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001

2008) Bakhtin (1999) Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010)

Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) Com o objetivo de coletar informaccedilotildees para anaacutelise

quantitativa dos dados as teacutecnicas de coleta de dados foram observaccedilatildeo questionaacuterio Atividade

Inicial de Escrita ndash AIE Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI e Atividade Final de Escrita ndash

AFE O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI foi desenvolvido a partir da hipoacutetese diretriz

que norteou esta pesquisa baseadas nas metaacuteforas de aprendizagem do seacuteculo XXI de David

Thornburg (1996) por meio de quatro moacutedulos de aprendizagem nomeados de Moacutedulo 1

Conhecendo (Fogueira) Moacutedulo 2 Dialogando (Poccedilo drsquoaacutegua) Moacutedulo 3 Refletindo (Caverna)

e Moacutedulo 4 Praticando (Vida) A anaacutelise dos dados coletados nas atividades AIE PEI e AFE

revelou que foi possiacutevel elevar os niacuteveis de escrita dos alunos que apesar de matriculados no 6ordm

ano do Ensino Fundamental cometiam falhas de escrita de 1ordf e 2ordf ordens conforme definidas por

Lemle (1991) Embora ainda natildeo sejam considerados alfabetizados os sujeitos desta pesquisa

evoluiacuteram na escrita

Palavras-chave Gecircneros digitais Letramento Multiletramentos Produccedilatildeo escrita Blog

ABSTRACT

The present work aims to introduce the results of a research that had as objective - identifying and

analyzing the dificulties of alphabetization and literacy in 6 students of the 6th grade of Escola

Estadual Pio XIIrsquos Elementary School Januaacuteria mdash MG - and contribute with the improvement in

the writing levels throughout activities using the digital genre blog as a didactic resource of

teaching starting with the development of activities of writing textual and digital genres

promoting multiliteracies Our guiding hypothesis was that the work with the digital genre blog

can contribute to improve the alphabetization and literacy levels of the students involved in this

research The methodological approach was of applied nature classified as explanatory The

technical procedures used were bibliographic research the action research and participant

research The bibliographical investigation allowed the construction of knowledge about concepts

and theories regarding the object of the research especially in the studies of Soares (2003 2004

2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes Marcuschi (2001 2008) Bakhtin

(1999) Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi and Xavier (2010) Coscarelli (2016)

and Ribeiro (2016) In order to collect information for the quantitative analysis of the data the

data collection techniques were observation questionnaire Initial Writing Activity - AIE in

Portugese - Educational Intervention Project - PEI in Portuguese - and Final Writting Activity

(AFE in Portuguese) The Educational Intervention Project - PEI was developed based on the

guiding hypothesis that drove this research in the learning metaphors of the XXI century by David

Thornburg (1996) through four learning modules named Module 1 Meeting (Fire) Module 2

Dialoging (Water Well) Module 3 Reflecting (Cave) and Module 4 Practicing (Life) The

analysis of the data collected in the AIE PEI and AFE activities revealed that it was possible to

raise the writing levels of the students who although enrolled in the 6th year of elementary school

committed 1st and 2nd orders writing failures as defined by Lemle (1991) Although they are not

yet considered literate the subjects of this research evolved in writing

Keywords Digital genres Literacy Multiliteracies Written production Blog

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Nuvem de palavras 03

Figura 02 - Uma letra representando diferentes sons segundo a posiccedilatildeo 39

Figura 03 - Esferas de atividade social ou de circulaccedilatildeo dos discursos 50

Figura 04 - Estrutura do Processo Educativo 76

Figura 05 - Texto 1 - AIE 85

Figura 06 - Texto 2 - AIE 85

Figura 07 - Texto 3 - AIE 86

Figura 08 - Texto 4 - AIE 86

Figura 09 - Texto 5 - AIE 87

Figura 10 - Texto 6 - AIE 88

Figura 11 - Texto 7 - AIE 88

Figura 12 - Texto 8 - AIE 89

Figura 13 - Texto 9 - AIE 90

Figura 14 - Texto 10 - AIE 90

Figura 15 - Alunos na sala de multimeios da Escola Estadual Pio XII 102

Figura 16 - Captura de tela do slide 3 - Apresentaccedilatildeo em Power point 102

Figura 17 - Captura de tela do slide 9 - Apresentaccedilatildeo em Power point 103

Figura 18 - Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica 105

Figura 19 - Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF 106

Figura 20 - Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF 107

Figura 21 - Captura de tela do Moacutedulo II - Dialogando Blog do 6ordm ano JF 108

Figura 22 - HQ Turma da Mocircnica 110

Figura 23 - Charge Igualdade natildeo significa justiccedila 112

Figura 24 - Organograma da E E Pio XII corrigido 115

Figura 25 - Organograma da E E Pio XII sem correccedilatildeo 116

Figura 26 - Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica pesquisando receitas 118

Figura 27 - Infograacutefico de receita de bolo de chocolate 118

Figura 28 - Infograacutefico de receita de pastel frito 119

Figura 29 - Infograacutefico de receita de suco de maracujaacute 119

Figura 30 - Mapa da E E Pio XII 121

Figura 31 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade - Produccedilatildeo na biblioteca 122

Figura 32 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 1 124

Figura 33 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Sem correccedilatildeo ortograacutefica 126

Figura 34 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Texto corrigido 127

Figura 35 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Sem correccedilatildeo ortograacutefica 128

Figura 36 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Texto corrigido 129

Figura 37 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 130

Figura 38 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 130

Figura 39 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - sem correccedilatildeo ortograacutefica 131

Figura 1 - Moacutedulo III - Refletindo - Atividade 3 - Texto corrigido132

Figura 41 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 134

Figura 42 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 134

Figura 43 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 134

Figura 44 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 135

Figura 45 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 135

Figura 46 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 135

Figura 47 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 136

Figura 48 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 136

Figura 49 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 136

Figura 50 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 137

Figura 51 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 137

Figura 52 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 7 137

Figura 53 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 8 139

Figura 54 - Comentaacuterios postados no blog da turma141

Figura 55 - Captura de tela - Estatiacutesticas da visatildeo geral 142

Figura 56 - Captura de tela - Estatiacutesticas de puacuteblico 144

Figura 57 - Texto 1 - AFE 145

Figura 58 - Texto 2 - AFE 148

Figura 59 - Texto 3 - AFE 148

Figura 60 - Texto 4 - AFE 149

Figura 61 - Texto 5 - AFE 149

Figura 62 - Montagem de textos das AIE e AFE 150

Figura 63 - Montagem de textos das AIE e AFE152

Figura 64 - Montagem de textos das AIE e AFE154

LISTA DE QUADROS GRAacuteFICOS E TABELAS

Quadro 01 - Teorias do Desenvolvimento Humano de Piaget 31

Quadro 02 - Correspondecircncias biuniacutevocas entre fonemas e letras 37

Quadro 03 - Falhas de escrita 40

Quadro 04 - Categorizaccedilatildeo - Erros de escrita 42

Quadro 05 - Mudanccedilas sobre os letramentos 48

Quadro 06 - Gecircneros textuais emergentes na miacutedia virtual e seus equivalentes em gecircneros

preexistentes 58

Quadro 07 - Formatos da comunicaccedilatildeo por computador conforme os participantes e o tempo 59

Quadro 08 - Paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blog 61

Quadro 09 - Alunos informantes do 6ordm ano JF 68

Quadro 10 - Etapas do percurso metodoloacutegico 72

Quadro 11 - Alunos informantes do 6ordm Ano JF (2017) 84

Quadro 12 - Falhas de escrita 97

Quadro 13 - Fases da sequecircncia narrativa 127

Quadro 14 - Ocorrecircncias de ldquofalhaserrosrdquo de escrita baseados em Lemle (1991) e Cagliari

(1995) (2017) 138

Quadro 15 - Alunos informantes da Atividade de Escrita Final (2017) 147

Quadro 16 - Relaccedilotildees entre sons da fala e letras do alfabeto (2017) 154

Quadro 17 - Falhas de escrita da AIE e da AFE 155

GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Percentual de alunos por niacuteveis de proficiecircncia e padratildeo de desempenho 15

Graacutefico 02 - Questionaacuterio - Pergunta 01 78

Graacutefico 03 - Questionaacuterio - Pergunta 02 78

Graacutefico 04 - Questionaacuterio - Pergunta 03 79

Graacutefico 05 - Questionaacuterio - Pergunta 04 79

Graacutefico 06 - Questionaacuterio - Pergunta 05 80

TABELAS

Tabela 01 - Dados dos alunos selecionados para o PEI 69

Tabela 02 - Categorizaccedilatildeo dos ldquoerrosrdquo de escrita - Cagliari (1995) 91

Tabela 03 - Avaliaccedilatildeo das falhas de escrita - Lemle (1991) 96

Tabela 04 - Cronograma de aulas aplicadas no PEI (2017) 101

Tabela 05 - Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Final de Escrita - AFE 150

Tabela 06 - Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Inicial de Escrita - AIE 151

Tabela 07 - Anaacutelise comparativa da AIE e da AFE (2017) 152

Tabela 08 - Falhas de escrita - AIE e AFE 156

LISTA DE SIGLAS

AIE - Atividade Inicial de Escrita

AFE - Atividade Final de Escrita

EEPXII - Escola Estadual Pio XII

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira

PNE - Plano Nacional de Educaccedilatildeo

PROFLETRAS - Programa de Mestrado Profissional em Letras

PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia

PEI - Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo

PIP - Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica

SEE - Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo

TDIC ndash Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

UNIMONTES - Universidade Estadual de Montes Claros

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 13

CAPIacuteTULO I ndash ENSINO DE LIacuteNGUA PORTUGUESA 19

11 Concepccedilatildeo de linguagem 19

12 Alfabetizaccedilatildeo e letramento 24

121 O processo de alfabetizaccedilatildeo 26

1211 As multifacetas da alfabetizaccedilatildeo 27

12111 Faceta psicoloacutegica 28

12112 Faceta psicolinguiacutestica 32

121121 Niacutevel preacute-silaacutebico 33

121122 Niacutevel silaacutebico 34

121123 Niacutevel alfabeacutetico 35

12113 Faceta linguiacutestica 36

121131 Categorizaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita 41

12114 Faceta sociolinguiacutestica 43

CAPIacuteTULO II ndash GEcircNEROS DIGITAIS (MULTI) LETRAMENTOS 45

21 Letramento 45

22 Multimodalidade e Multiletramentos no ensino de Liacutengua Portuguesa 47

23 Texto (multimodal) e ensino 52

24 A internet e os gecircneros digitais no contexto escolar 56

25 Blog ndash gecircnero digital como tecnologia de ensino 61

CAPIacuteTULO III ndash PERCURSO METODOLOacuteGICO 66

31 Contexto da pesquisa 66

32 Sujeitos 68

33 Procedimentos da pesquisa 70

34 Teacutecnica de coleta de dados 73

CAPIacuteTULO IV ndash GEcircNERO DIGITAL BLOG E (MULTI)LETRAMENTOS

intervenccedilotildees pedagoacutegicas em sala de aula 77

41 Questionaacuterio 77

42 Atividade Inicial de Escrita - AIE 81

43 Plano Educacional de Intervenccedilatildeo - PEI 100

431 Moacutedulo I - Conhecendo 101

432 Moacutedulo II - Dialogando 107

433 Moacutedulo III - Refletindo 121

434 Moacutedulo IV - Praticando 145

4341 Atividade Final de Escrita 146

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 158

REFEREcircNCIAS 162

APEcircNDICES 167

13

INTRODUCcedilAtildeO

Para isso existem as escolas natildeo para ensinar as respostas mas para ensinar as

perguntas As respostas nos permitem andar sobre a terra firme Mas somente as

perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido (ALVES 2000 p 78)

O trabalho com o ensino da Liacutengua Portuguesa estaacute intimamente ligado ao

conhecimento de estudos e teorias sobre linguagem Eacute por meio de conhecimentos teoacutericos

especiacuteficos sobre os processos que envolvem a forma como os estudantes se comunicam que

pretendemos investigar refletindo sobre o processo de ensino-aprendizagem sobretudo para

poder intervir em questotildees de dificuldade de aprendizagem em leitura e escrita

Nesse sentido este trabalho denominado ldquoGecircneros Digitais e Multiletramentos novas

praacuteticas pedagoacutegicas em sala de aulardquo busca pesquisar e realizar intervenccedilatildeo em sala de aula

para compreender as dificuldades do ensino e da aprendizagem de Liacutengua Portuguesa na Escola

Estadual Pio II em Januaacuteria ndash MG A investigaccedilatildeo foi realizada atraveacutes do Programa de

Mestrado Profissional em Letras (ProfLetras) Trata-se de um curso de Poacutes-graduaccedilatildeo stricto

sensu oferecido em rede nacional destinado aos docentes que pertencem ao quadro permanente

da rede puacuteblica de ensino e que atuam especificamente no Ensino Fundamental II da Educaccedilatildeo

Baacutesica Esse programa tem por objetivo aprofundar os conhecimentos dos docentes que atuam

na educaccedilatildeo baacutesica e consequentemente melhorar as condiccedilotildees de oferta desse niacutevel de

educaccedilatildeo A dissertaccedilatildeo encaixa-se na aacuterea de concentraccedilatildeo ldquoLinguagens e letramentosrdquo na

linha de pesquisa ldquoLeitura e produccedilatildeo textual Diversidade Social e Praacuteticas Docentesrdquo

sublinha ldquoPraacuteticas de letramento e multimodalidaderdquo

Por letramento entende-se de acordo com Magda Soares (2014 p 44) ldquo[] o estado

ou condiccedilatildeo de quem se envolve nas numerosas e variadas praacuteticas sociais de leitura e escritardquo

Compreendemos entatildeo que letramento vai aleacutem do saber ler e escrever como explicita a autora

ao expor que o indiviacuteduo letrado eacute ldquo[] aquele que usa socialmente a leitura e a escrita pratica

a leitura e a escrita responde adequadamente agraves demandas sociais de leitura e de escritardquo

(SOARES 2014 p 40)

Nessa perspectiva o trabalho sobre as praacuteticas de letramento extrapola o conhecimento

construiacutedo em sala de aula pois envolve uma praacutetica social Considerando a afirmaccedilatildeo de Rojo

(2012 p 37) de que ldquo[] a presenccedila das tecnologias digitais em nossa cultura contemporacircnea

cria novas possibilidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo esta pesquisa envolve tambeacutem as

praacuteticas de letramento digital associadas agraves multimodalidades tatildeo importantes para a promoccedilatildeo

dos multiletramentos

14

Entendemos que trabalhar com praacuteticas de letramento e de multimodalidade corrobora

com a construccedilatildeo de conhecimentos habilidades e competecircncias linguiacutesticas a serem adquiridas

pelos alunos da Educaccedilatildeo Baacutesica principalmente no atendimento aos discentes que apresentam

niacuteveis de alfabetizaccedilatildeo e de letramento muito abaixo do esperado para o ano em que estudam

conforme define a resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 21971 de 26 de

outubro de 2012 (MINAS GERAIS 2012) por envolver capacidades de leitura escrita e

compreensatildeo de textos

Ressalta-se que a equipe pedagoacutegica a gestatildeo escolar e os professores da Escola

Estadual Pio XII localizada na cidade de Januaacuteria ndash MG sempre buscaram estrateacutegias que

pudessem melhorar a qualidade da aprendizagem dos alunos aleacutem de participarem de

programas e capacitaccedilotildees ofertadas pela Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais ndash

SEE MG como o Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ndash PIP2 e o Programa Institucional de

Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia ndash PIBID3 atraveacutes da Universidade Estadual de Montes Claros

(UNIMONTES) No entanto de acordo com os dados da supervisatildeo pedagoacutegica da Escola

Estadual Pio XII localizada no municiacutepio de Januaacuteria estado de Minas Gerais e desta

pesquisadora como professora de Liacutengua Portuguesa especificamente no atendimento agraves

turmas de 6ordm ano do Ensino Fundamental dessa escola no periacuteodo de 2013 a 2016 observou-

se por meio de avaliaccedilatildeo diagnoacutestica inicial realizada sempre no iniacutecio de cada ano

preconizada pela resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 2197 de 26 de

outubro de 2012 (MINAS GERAIS 2012) no artigo 69 inciso II sobre a avaliaccedilatildeo da

1 A resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 2197 de 26 de outubro de 2012 estabelece as

diretrizes para organizaccedilatildeo e funcionamento do ensino nas Escolas Estaduais de Educaccedilatildeo Baacutesica de Minas Gerais

em consonacircncia com a legislaccedilatildeo nacional e estadual de educaccedilatildeo No Art 62 o Ciclo Complementar tem como

objetivo consolidar a alfabetizaccedilatildeo e ampliar o letramento Aleacutem disso a resoluccedilatildeo propotildee que as atividades

pedagoacutegicas devem ser organizadas de modo a assegurar que todos os alunos ao final de cada ano tenham pleno

domiacutenio da leitura e da escrita RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 Disponiacutevel em

lthttpcrveducacaomggovbrgt Acesso em 15 jan 2017

2 O Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica (PIP) foi criado em 2007 Nessa iniciativa desenvolvida pela Secretaria

de Estado de Educaccedilatildeo (SEE) o analista educacional realiza um trabalho permanente de visitas e acompanhamento

das escolas O objetivo eacute orientar o plano pedagoacutegico quando necessaacuterio propor estrateacutegias de intervenccedilatildeo apoiar

pedagogicamente os professores e alunos e assim garantir a qualidade do ensino Disponiacutevel em

lthttpswwweducacaomggovbrleisstory5929-programa-de-intervencao-pedagogica-realiza-primeira-

formacao-continuada-de-2014-da-equipe-do-orgao-centralgt Acesso em 16 jan 2017

3 O Programa Institucional de Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia ndash PIBID eacute uma iniciativa para o aperfeiccediloamento e a

valorizaccedilatildeo da formaccedilatildeo de professores para a educaccedilatildeo baacutesica O programa concede bolsas a alunos de

licenciatura participantes de projetos de iniciaccedilatildeo agrave docecircncia desenvolvidos por Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior

(IES) em parceria com escolas de educaccedilatildeo baacutesica da rede puacuteblica de ensino Os projetos devem promover a

inserccedilatildeo dos estudantes no contexto das escolas puacuteblicas desde o iniacutecio da sua formaccedilatildeo acadecircmica para que

desenvolvam atividades didaacutetico-pedagoacutegicas sob orientaccedilatildeo de um docente da licenciatura e de um professor da

escola Disponiacutevel em lthttpwwwcapesgovbreducacao-basicacapespibidpibidgt Acesso em 16 jan 2017

15

aprendizagem um consideraacutevel nuacutemero de alunos que apresentava um padratildeo de desempenho

em leitura e escrita abaixo do esperado Em 2013 15 em 2014 1775 em 2015 2475 e

em 2016 1564 de alunos natildeo apresentavam uma aprendizagem considerada adequada ao ano

em que estudavam como pode ser visualizado no Graacutefico 01 logo abaixo o qual apresenta o

resultado das avaliaccedilotildees diagnoacutesticas de Liacutengua Portuguesa nas turmas de 6ordm ano da referida

escola em diferentes periacuteodos letivos

Graacutefico 01 ndash Percentual de alunos do 6ordm ano da EEPio XII por niacuteveis de proficiecircncia e

padratildeo de desempenho entre os anos de 2013 a 2016

Fonte Elaboraccedilatildeo da autora com base nos dados da pesquisa (2017)

De acordo com o Relatoacuterio de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de

Educaccedilatildeo ndash PNE biecircnio 2014-2016 (BRASIL 2016)4 mais de metade dos alunos do 3ordm ano do

Ensino Fundamental estaacute nos dois niacuteveis mais baixos de alfabetizaccedilatildeo Os dados mostram que

eacute primordial elevar os niacuteveis de proficiecircncia em Leitura Escrita e Matemaacutetica dos mais de 22

dos estudantes que mesmo depois de trecircs anos dedicados ao periacuteodo escolar de alfabetizaccedilatildeo e

letramento inicial natildeo conseguiram desenvolver habilidades elementares nessa dimensatildeo para

continuidade plena das aprendizagens ao longo da vida Da mesma forma vem acontecendo

com nossos alunos conforme exposto no graacutefico 1 que mesmo depois de cinco anos dedicados

ao processo de alfabetizaccedilatildeo tambeacutem natildeo conseguiram desenvolver as referidas habilidades

Diante desses dados percebemos a necessidade de pesquisar e de realizar uma

intervenccedilatildeo pedagoacutegica com o intuito de superar eou minimizar essa situaccedilatildeo escolar

4 O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) divulgou o Relatoacuterio do 1ordm

Ciclo de Monitoramento das Metas do PNE Biecircnio 2014-2016 Esse documento traz informaccedilotildees descritivas das

seacuteries histoacutericas e anaacutelises acerca das tendecircncias apresentadas pelos indicadores selecionados pelo Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo (MEC) e pelo INEP Foram consideradas como fontes oficiais de dados atualizados para o estudo a

PNAD de 2012 o Censo Demograacutefico de 2010 o Censo da Educaccedilatildeo Baacutesica de 2013 o Censo da Educaccedilatildeo

Superior de 2012 e as informaccedilotildees sobre poacutes-graduaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel

Superior (Capes) de 2013 Disponiacutevel em lt

httpdownloadinepgovbroutras_acoesestudos_pne2016relatorio_pne_2014_a_2016pdfgt Acesso em 16 de

jan de 2017

0 20 40 60 80

2013

2014

2015

2016

Recomendado

Intermediaacuterio

Baixo

16

possibilitando a esses alunos melhor transiccedilatildeo do Ciclo Intermediaacuterio ao Ciclo da

Consolidaccedilatildeo5 que finaliza o Ensino Fundamental II da Educaccedilatildeo Baacutesica

Logo esta pesquisa pretendeu como objetivo geral identificar e analisar as dificuldades

de alfabetizaccedilatildeo e letramento de uma turma do 6ordm ano do Ensino Fundamental da Escola

Estadual Pio XII e contribuir com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita por meio de atividades de

intervenccedilatildeo que visassem desenvolver essa habilidade utilizando os gecircneros digitais

Para tanto definimos como objetivos especiacuteficos a) investigar a natureza das

dificuldades identificadas b) realizar estudos sobre os conceitos de alfabetizaccedilatildeo letramento

multimodalidade e gecircneros digitais c) pesquisar estrateacutegias de ensino para desenvolver as

habilidades de letramento atraveacutes dos gecircneros digitais d) elaborar executar e avaliar um

Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI que contribua para a superaccedilatildeo das dificuldades

identificadas

A presenccedila das tecnologias digitais no cotidiano dos sujeitos pesquisados contribuiu

para a construccedilatildeo da hipoacutetese diretriz que orientou esta pesquisa qual seja a de que o trabalho

com o gecircnero digital blog poderia contribuir para a elevaccedilatildeo do niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e

letramento dos alunos envolvidos na pesquisa

O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI consistiu em atividades que

desenvolvessem habilidades de escrita utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico

de ensino-aprendizagem por entendecirc-lo como uma ferramenta que permite aos alunos a

aquisiccedilatildeo de habilidades de escrita de forma atrativa e motivadora pois envolve novos modos

de comunicaccedilatildeo que articulam imagens sons interatividade animaccedilatildeo ou seja muito daquilo

que a crianccedila e o adolescente gostam e pelo que se interessam Com isso foi criado o blog da

turma que funcionou tambeacutem como suporte para as produccedilotildees escritas dos alunos realizadas

por meio de recursos impressos e digitais

Em relaccedilatildeo ao percurso metodoloacutegico quanto agrave natureza esta pesquisa foi classificada

como aplicada pois aleacutem de conhecer o objeto em estudo teve como intenccedilatildeo intervir na

realidade e contribuir para superaccedilatildeo das dificuldades identificadas Quanto aos objetivos foi

classificada como explicativa pois procurou registrar analisar e interpretar os dados coletados

a fim de obter o conhecimento da realidade Ainda no desenvolvimento deste estudo utilizamos

a pesquisa bibliograacutefica como procedimento para construccedilatildeo do conhecimento sobre conceitos

5 Art 28 O Ensino Fundamental com duraccedilatildeo de nove anos estrutura-se em 4 (quatro) ciclos de escolaridade

considerados como blocos pedagoacutegicos sequenciais I - Ciclo da Alfabetizaccedilatildeo com a duraccedilatildeo de 3 (trecircs) anos de

escolaridade 1ordm 2ordm e 3ordm ano II - Ciclo Complementar com a duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 4ordm e 5ordm ano

III - Ciclo Intermediaacuterio com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 6ordm e 7ordm ano IV - Ciclo da Consolidaccedilatildeo

com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 8ordm e 9ordm ano RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO

DE 2012 Disponiacutevel em lthttpcrveducacaomggovbrgt Acesso em 15 jan 2017

17

termos e teorias que deram sustentaccedilatildeo cientiacutefica ao nosso trabalho a pesquisa accedilatildeo que partiu

para a praacutetica aproximando cada vez mais a pesquisa cientiacutefica da realidade educacional

vivenciada pelo professor-pesquisador numa perspectiva pedagoacutegica autocircnoma e significativa

pois foi na praacutetica que estabelecemos relaccedilotildees de ensino-aprendizagem e a pesquisa

participante com a qual esta pesquisadora esteve envolvida e comprometida durante a

investigaccedilatildeo cientiacutefica

Assim a coleta de dados foi realizada por meio da observaccedilatildeo que consistiu no trabalho

de campo daquilo que observamos na escola das interaccedilotildees entre os envolvidos na pesquisa e

dos aspectos relevantes para ela aleacutem do questionaacuterio (APEcircNDICE A) que foi respondido

pelos alunos da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B) que buscou identificar e

classificar os niacuteveis de escrita dos alunos Esses instrumentos foram elaborados com base nos

postulados de Lemle (1991) ao estabelecer que o aluno comete falhas de escrita de primeira

segunda e terceira ordem quando natildeo supera as complicaccedilotildees do sistema de escrita e natildeo

compreende as arbitrariedades desse mesmo sistema e nas contribuiccedilotildees teoacutericas de Cagliari

(1995) que estabelece que o aluno necessita compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-fonoloacutegica e

relacionaacute-la aos elementos graacuteficos da escrita

Depois foi elaborado executado e avaliado um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash

PEI (APEcircNDICE C) que teve como objetivo geral elevar os niacuteveis de escrita dos alunos do 6ordm

ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog como

recurso didaacutetico

Por fim a Atividade Final de Escrita ndash AFE (APEcircNDICE D) consistiu em colocar em

praacutetica os conhecimentos relativos agrave escrita os quais foram desenvolvidos ao longo dos

moacutedulos de aprendizagem do PEI Assim o objetivo foi produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo

comunicativa ao interlocutor e ao suporte de circulaccedilatildeo

Nesse estudo o universo de investigaccedilatildeo era composto inicialmente por 25 alunos

matriculados poreacutem apenas 20 (vinte) foram frequentes Assim no decorrer da coleta e anaacutelise

dos dados fomos verificando os diferentes niacuteveis de escrita desses 20 (vinte) alunos e a partir

do desenvolvimento da Atividade Inicial de Escrita - AIE esses alunos foram classificados e

selecionados por niacutevel de escrita de acordo com Lemle (1991) sendo selecionados somente 8

(oito) alunos Contudo apenas 6 (seis) aceitaram participar das atividades propostas

Conveacutem ressaltar que a autora considera alfabetrizados os alunos que cometem apenas

falhas de 3ordf ordem Logo a amostra de investigaccedilatildeo foi constituiacuteda por 6 (seis) alunos do 6ordm

ano JF da Escola Estadual Pio XII por cometeram falhas de escrita de primeira e segunda

ordens

18

Este trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma no capiacutetulo I denominado

ldquoEnsino de Liacutengua Portuguesardquo discutimos os conceitos de linguagem alfabetizaccedilatildeo e

letramento com base em Soares (2003 2004 2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi

(1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001 2008) e Bakhtin (1999) no capiacutetulo II intitulado

ldquoGecircneros digitais (multi)letramentosrdquo a discussatildeo se organiza com base em Rojo (2009 2012)

Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010) Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) no

capiacutetulo III denominado ldquoPercurso Metodoloacutegicordquo apresentamos os procedimentos

metodoloacutegicos utilizados em nosso estudo no capiacutetulo IV intitulado ldquoGecircnero digital blog e

(multi)letramentos intervenccedilotildees pedagoacutegicas em sala de aulardquo analisamos os resultados

constatados e para facilitar a visualizaccedilatildeo de algumas das atividades postadas no blog

utilizamos o recurso QR Code6 Nas ldquoConsideraccedilotildees Finaisrdquo satildeo apresentadas as conclusotildees do

nosso estudo Por fim apresentam-se as referecircncias e apecircndices

6 QR Code ndash Coacutedigo QR (sigla do inglecircs Quick Response) eacute um coacutedigo de barras bidimensional que pode ser

facilmente escaneado usando telefones celulares equipados com cacircmera Esse coacutedigo eacute convertido em texto

(interativo) um endereccedilo URI um nuacutemero de telefone uma localizaccedilatildeo georreferenciada um e-mail um contato

um SMS ou um blog O QR Code faz o redirecionamento ao endereccedilo URI Para utilizar e visualizar o recurso QR

Code o leitor deve baixar o aplicativo Disponiacutevel em lt httpsptwikipediaorgwikiCC3B3digo_QRgt

Acesso em 30 de jan de 2018

19

CAPIacuteTULO I

ENSINO DE LIacuteNGUA PORTUGUESA

Natildeo pode haver praacutetica eficiente sem fundamentaccedilatildeo num corpo de princiacutepios

teoacutericos soacutelidos e objetivos Natildeo tenho duacutevidas se nossa praacutetica de professores se

afasta do ideal eacute porque nos falta entre outras muitas condiccedilotildees um aprofundamento

teoacuterico acerca de como funciona o fenocircmeno da linguagem humana (ANTUNES

2003 p 40)

As praacuteticas de letramento multiletramento e o uso dos gecircneros digitais integrados ao

cotidiano escolar podem promover a leitura e a escrita aleacutem de favorecer a construccedilatildeo de

comportamentos linguiacutesticos que possibilitam ao aluno utilizar a liacutengua com eficiecircncia no seu

cotidiano Considerando que os processos de aprendizagem na escola satildeo construiacutedos por meio

do estudo e das interaccedilotildees entre as pessoas envolvidas neste capiacutetulo procura-se discutir alguns

fenocircmenos da linguagem humana bem como conceitos sobre alfabetizaccedilatildeo letramento

multiletramentos e gecircneros digitais

Para fundamentar este capiacutetulo tomamos por base os estudos de Soares (2003 2004

2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001 2008)

e Bakhtin (1999) Tambeacutem nos fundamentamos nos documentos oficiais que norteiam o ensino

da Liacutengua Portuguesa tais como os Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN terceiro e

quarto ciclos do Ensino Fundamental (BRASIL 1998) e o Curriacuteculo Baacutesico Comum ndash CBC

Liacutengua Portuguesa ndash Fundamental ndash 6ordm ao 9ordm anos implantado pela Secretaria de Estado de

Educaccedilatildeo de Minas Gerais (MINAS GERAIS 2014) Esses documentos apresentam conteuacutedos

elaborados com base no desenvolvimento das competecircncias linguiacutesticas dos alunos numa

perspectiva interacionista da linguagem

11 Concepccedilatildeo de linguagem

Para dar iniacutecio agrave discussatildeo sobre linguagem eacute preciso diferenciar o que eacute liacutengua e

linguagem Segundo Marcuschi (2008 p 16) ldquo[] a linguagem eacute vista como um conjunto de

atividades e uma forma de accedilatildeo []rdquo entendida como a capacidade que os seres humanos tecircm

de comunicaccedilatildeo de produccedilatildeo e desenvolvimento do pensamento Jaacute a liacutengua eacute um sistema

organizado de elementos (fala siacutembolos sons e gestos) que possibilitam a comunicaccedilatildeo e eacute

principalmente uma atividade sociointerativa como esclarece o autor ldquo[] natildeo se deixa de

admitir que a liacutengua seja um sistema simboacutelico (ela eacute sistemaacutetica e constitui-se de um conjunto

20

de siacutembolos ordenados) contudo ela eacute tomada como uma atividade sociointerativa

desenvolvida em contextos comunicativos historicamente situadosrdquo (MARCUSCHI 2008 p

61)

Outro aspecto pertinente conforme Petter7 e que se tornou forma-padratildeo de pensar eacute

o fato de que as liacutenguas surgem em sociedade e todas as organizaccedilotildees sociais desenvolvem

sistemas com esse fim Elas podem manifestar-se de forma oral ou gestual como por exemplo

a Liacutengua Brasileira de Sinais (Libras) reconhecida legalmente por meio da Lei nordm

10436200278 e regulamentada pelo Decreto nordm 562620059 Assim no Brasil temos duas

liacutenguas oficiais ndash A Liacutengua Portuguesa e a Libras aleacutem de mais de duzentas liacutenguas faladas em

territoacuterio nacional

De acordo com o Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL10) calcula-se

que mais de 250 liacutenguas sejam faladas no Brasil entre indiacutegenas de imigraccedilatildeo de sinais

crioulas e afro-brasileiras aleacutem do portuguecircs e de suas variedades como satildeo classificadas pelo

Guia de Pesquisa e Documentaccedilatildeo para o INDL11 (IPHAN 2014) Percebemos que esses fatos

satildeo desconhecidos pela maioria da populaccedilatildeo brasileira que acostumou a crer que no Brasil

existe uma uacutenica liacutengua

Apesar de a Liacutengua Portuguesa ser a liacutengua oficial e falada pela maioria das pessoas em

nosso paiacutes ldquo[] existe a possibilidade de realizaccedilatildeo de accedilotildees especiacuteficas para promoccedilatildeo e

valorizaccedilatildeo de suas variedades internas que caracterizam identidades de grupos e processos

histoacutericos especiacuteficos de interesse para a poliacutetica patrimonialrdquo (IPHAN 2014 p 14) Dessa

forma o reconhecimento dessas liacutenguas eacute traduzido como respeito agrave diversidade linguiacutestica agrave

identidade e agrave memoacuteria desses grupos que desejam preservar a liacutengua com a qual se identificam

Com isso compreendemos que a linguagem eacute uma atividade humana e apresenta-se

como forma de accedilatildeo e inserccedilatildeo social cultural e discursiva bem como se realiza historicamente

7 Margarida Maria Taddoni Petter professora de Linguiacutestica da Universidade de Satildeo Paulo (USP) Disponiacutevel em

lthttpsnovaescolaorgbrconteudo257qual-a-diferenca-entre-lingua-e-linguagemgt Acesso em 30 jan 2017

8 Lei nordm 1043620027 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002L10436htmgt Acesso

em 30 jan 2017

9 Decreto nordm 56262005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2004-

20062005decretod5626htmgt Acesso em 30 jan 2017

10 Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL) criado como instrumento oficial de identificaccedilatildeo

documentaccedilatildeo reconhecimento e valorizaccedilatildeo das liacutenguas faladas pelos diferentes grupos formadores da sociedade

brasileira Decreto nordm 7387 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-

20102010DecretoD7387htmgt Acesso em 30 jan 2017

11 Guia de Pesquisa e Documentaccedilatildeo para o INDL ndash Volume 1 pdf Disponiacutevel em lt

httpportaliphangovbruploadsckfinderarquivosGuia20de20Pesquisa20e20DocumentaC3A7

C3A3o20para20o20INDL20-20Volume201pdfgt Acesso em 30 jan 2017

21

fazendo acontecer o que haacute de mais interessante no ser humano a capacidade de comunicar-se

pois eacute parte inerente agrave nossa vida jaacute que eacute pela linguagem que expressamos

compreensivelmente o pensamento seja oral ou escrito

Entretanto entendemos o sistema linguiacutestico como algo complexo pois natildeo eacute possiacutevel

dizer como uma pessoa adquire a linguagem como funciona a mente do ser humano uma vez

que se natildeo se compreende o que se lecirc ou o que se fala natildeo seraacute estabelecida a comunicaccedilatildeo

Sabemos que para estabelecer comunicaccedilatildeo eacute necessaacuterio que haja uma relaccedilatildeo de sentido entre

os interlocutores no curso da interaccedilatildeo e para que isso ocorra eacute necessaacuterio conhecer os sistemas

de linguagem verbal e natildeo-verbal e suas interaccedilotildees sociais e discursivas

Assim acrescenta Bakhtin (1999 p 34) ao dizer que ldquoa consciecircncia soacute se torna

consciecircncia quando se impregna de conteuacutedo ideoloacutegico (semioacutetico) e consequentemente

somente no processo de interaccedilatildeo socialrdquo Eacute no meio social e nas relaccedilotildees de interaccedilatildeo que a

linguagem acontece conforme define o autor

A consciecircncia adquire forma e existecircncia nos signos criados por um grupo organizado

no curso de suas relaccedilotildees sociais Os signos satildeo o alimento da consciecircncia individual

a mateacuteria de seu desenvolvimento e ela reflete sua loacutegica e suas leis A loacutegica da

consciecircncia eacute loacutegica da comunicaccedilatildeo ideoloacutegica da interaccedilatildeo semioacutetica de um grupo

social Se privarmos a consciecircncia de seu contexto semioacutetico e ideoloacutegico natildeo sobra

nada A imagem a palavra o gesto significante etc constituem seu uacutenico abrigo

Fora desse material haacute apenas o ato fisioloacutegico natildeo esclarecido pela consciecircncia

desprovido do sentido que os signos lhe conferem (BAKHTIN 1999 p 135-136)

Com base nisso percebemos que uma das especificidades da linguagem humana eacute a

utilizaccedilatildeo da palavra que eacute universal convencional e flexiacutevel passiacutevel de variaccedilatildeo mudanccedila e

evoluccedilatildeo Eacute pela palavra que se estabelecem relaccedilotildees sociais e discursivas Eacute pela palavra que

se daacute a compreensatildeo e a interpretaccedilatildeo sem negar outras formas de comunicaccedilatildeo

Levando em conta as relaccedilotildees de interaccedilatildeo social e discursiva Bakhtin (1999) enfatiza

a importacircncia da interaccedilatildeo e da cultura histoacuterico-social para a constituiccedilatildeo dos sentidos pelos

indiviacuteduos

Nessa perspectiva a concepccedilatildeo de ensino de Liacutengua Portuguesa adotada nesta pesquisa

estaacute de acordo com o conceito de linguagem que daacute conta de seu funcionamento sob o aspecto

textual-interativo tanto na modalidade oral quanto escrita e com a liacutengua como um conjunto

de praacuteticas enunciativas Para Bakhtin

[a] verdadeira substacircncia da liacutengua natildeo eacute constituiacuteda por um sistema abstrato de

formas linguiacutesticas nem pela enunciaccedilatildeo monoloacutegica isolada nem pelo ato

psicofisioloacutegico de sua produccedilatildeo mas pelo fenocircmeno social da interaccedilatildeo verbal

realizada atraveacutes da enunciaccedilatildeo ou das enunciaccedilotildees A interaccedilatildeo verbal constitui

assim a realidade fundamental da liacutengua (BAKHTIN 1999 p123)

22

A abordagem citada evidencia a concepccedilatildeo de que a ldquo[] liacutengua vive e evolui

historicamente na comunicaccedilatildeo verbal concreta natildeo no sistema linguiacutestico abstrato das formas

da liacutengua (BAKHTIN 1999 p 124) Marcuschi (2008 p 60) corrobora esse conceito expondo

que ldquo[] a liacutengua eacute um conjunto de praacuteticas sociais e cognitivas historicamente situadasrdquo

Sabemos que entre o final do seacuteculo XIX e meados do seacuteculo XX a liacutengua era vista

sob uma perspectiva abstrata e a gramaacutetica sob uma perspectiva idealizada e uniforme

contribuindo assim para a discriminaccedilatildeo linguiacutestica jaacute que essa concepccedilatildeo de liacutengua abstrata

natildeo consegue atender agraves condiccedilotildees de produccedilatildeo e uso social da linguagem vivenciada por todos

os usuaacuterios da Liacutengua Portuguesa

Hoje seacuteculo XXI pretende-se que o ensino de Liacutengua Portuguesa apoie-se na

perspectiva contextualizada Isso implica promover oportunidades de fala de escuta de

reflexatildeo de debate e de anaacutelise sobre a linguagem como atividade social e interativa Embora

essa discussatildeo tenha se iniciado no seacuteculo XX com a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares

Nacionais ndash PCN em 1998 ainda encontramos praacuteticas de ensino descontextualizadas que natildeo

levam em consideraccedilatildeo os aspectos da interaccedilatildeo e da linguagem como atividade social Dessa

forma eacute necessaacuterio que se promovam atividades diaacuterias de leitura e escrita de textos o que

necessariamente inclui gramaacutetica Nesse sentido Antunes acrescenta que

[] a evidecircncia de que as liacutenguas soacute existem para promover a interaccedilatildeo entre as

pessoas nos leva a admitir que somente uma concepccedilatildeo interacionista da linguagem

eminentemente funcional e contextualizada pode de forma ampla e legiacutetima

fundamentar um ensino de liacutengua que seja individual e socialmente produtivo e

relevante (ANTUNES 2003 p 41)

Com base no exposto consideramos a liacutengua como forma de accedilatildeo e de interaccedilatildeo entre

os homens na sociedade que consiste natildeo soacute num intercacircmbio comunicativo mas

principalmente no estabelecimento de trocas afetivas cognitivas e sociais Assim o papel da

escola justifica-se por um ensino sistematizado e por sua socializaccedilatildeo mediante a comunicaccedilatildeo

e as interaccedilotildees adequadas voltadas para o desenvolvimento da autonomia e para a construccedilatildeo

da cidadania dos seus alunos

Dessa forma o enfoque do ensino de Liacutengua Portuguesa seraacute o desenvolvimento de

atividades contextualizadas e significativas que favoreccedilam o atendimento agrave realidade vivencial

dos alunos ao desenvolvimento da praacutetica de leitura e escrita promovendo sempre e cada vez

mais o domiacutenio da liacutengua padratildeo objeto de trabalho da construccedilatildeo linguiacutestica na escola sem

discriminar a variedade linguiacutestica usada pelo aluno Isso natildeo quer dizer que natildeo se devem

23

explorar os aspectos formais do uso da liacutengua De acordo com Antunes (2003) toda liacutengua tem

uma gramaacutetica que reflete os usos da liacutengua Assim o trabalho com a gramaacutetica parte do

princiacutepio do uso e do funcionamento de uma liacutengua Ainda de acordo com Antunes

[a]s pessoas quando falam natildeo tecircm liberdade total de inventar cada uma a seu modo

as palavras que dizem nem tecircm a liberdade irrestrita de colocaacute-las em qualquer lugar

nem de compor de qualquer jeito seus enunciados Falam isso sim todas elas

conforme as regras particulares da gramaacutetica de sua proacutepria liacutengua Isso porque toda

liacutengua tem sua gramaacutetica tem seu conjunto de regras independentemente do prestiacutegio

social ou do niacutevel de desenvolvimento econocircmico e cultural da comunidade em que eacute

falada Quer dizer natildeo existe liacutengua sem gramaacutetica (ANTUNES 2003 p 89)

Nesse sentido entende-se que crianccedilas jovens e adultos falam e se comunicam com

clareza de ideias utilizando a gramaacutetica internalizada que foi construiacuteda ao longo de sua

existecircncia nas diversas praacuteticas enunciativas Mesmo aqueles que nunca tiveram contato com a

escola comunicam-se de forma satisfatoacuteria pois a linguagem natildeo eacute uma atividade meramente

escolar A linguagem eacute uma atividade social e interativa

Dessa maneira destacamos com base nos Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN

(BRASIL 1998) e no Curriacuteculo Baacutesico Comum do Ensino Fundamental ndash CBCEF (SEEMG

2004 2014) que os objetivos do Ensino Fundamental partem do princiacutepio de um ensino de

Liacutengua Portuguesa que se baseia na concepccedilatildeo de linguagem como forma de accedilatildeo como praacutetica

social lugar de interaccedilatildeo e de natureza discursiva Esses documentos observam a variedade

linguiacutestica como a variedade das formas em uso ou seja o objeto de estudo eacute a liacutengua em uso

Isso natildeo quer dizer como mencionado que natildeo se devem explorar os aspectos formais do uso

da liacutengua mas o que se propotildee sobretudo eacute uma reformulaccedilatildeo nas praacuteticas pedagoacutegicas

assumindo uma nova postura e reflexatildeo quanto ao ensino da gramaacutetica para que os alunos

compreendam a funcionalidade dessa gramaacutetica na construccedilatildeo de discursos orais e escritos e

usem adequadamente a liacutengua para falar ouvir ler e escrever textos de forma autocircnoma Nessa

perspectiva segundo os Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN

[] a linguagem como atividade discursiva o texto como unidade de ensino e a noccedilatildeo

de gramaacutetica como relativa ao conhecimento que o falante tem de sua linguagem as

atividades curriculares em Liacutengua Portuguesa correspondem principalmente a

atividades discursivas uma praacutetica constante de escuta de textos orais e leitura de

textos escritos e de produccedilatildeo de textos orais e escritos que devem permitir por meio

da anaacutelise e reflexatildeo sobre os muacuteltiplos aspectos envolvidos a expansatildeo e construccedilatildeo

de instrumentos que permitam ao aluno progressivamente ampliar sua competecircncia

discursiva (BRASIL 1998 p 27)

Observamos que a formaccedilatildeo do aluno na condiccedilatildeo de ser social concretiza-se por meio

do uso da Linguagem dentro das variedades do discurso atribuindo-lhe capacidade de eficaz

24

exerciacutecio da cidadania no seu contexto social e domiacutenio da expressatildeo oral e escrita em situaccedilotildees

diversificadas Eacute necessaacuterio que o professor trabalhe assuntos de maneira contextualizada que

estimulem os alunos a participarem a questionarem a opinarem e a refletirem sobre os usos da

liacutengua

Por isso os princiacutepios organizadores dos conteuacutedos de Liacutengua Portuguesa adotam o

movimento USO gt RFLEXAtildeO gt USO e promovem de acordo com os Paracircmetros Curriculares

Nacionais ndash PCN terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental ldquoum movimento

metodoloacutegico de ACcedilAtildeO gt REFLEXAtildeO gt ACcedilAtildeO que incorpora a reflexatildeo agraves atividades

linguiacutesticas do aluno de tal forma que venha a ampliar sua competecircncia discursiva para praacuteticas

de escuta leitura e produccedilatildeo de textosrdquo (BRASIL 1998 p 65)

12 Alfabetizaccedilatildeo e letramento

Para contribuir com a ampliaccedilatildeo da competecircncia discursiva nas praacuteticas de escuta

leitura e produccedilatildeo de textos propostas pelos PCN eacute necessaacuterio discutir sobre os processos de

aprendizagem apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita Na busca de respostas para compreender

esses processos eacute preciso ressaltar as contribuiccedilotildees de Magda Soares (1986 2003 2004 2014)

sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento

Por muito tempo circulou no ambiente escolar apenas o conceito de analfabeto termo

utilizado para definir aquele que natildeo sabe ler e escrever No entanto Soares (2014) amplia o

entendimento sobre essa condiccedilatildeo do indiviacuteduo expressando-se nos seguintes termos

ldquoO estado ou condiccedilatildeo de analfabetordquo que natildeo eacute apenas o estado ou condiccedilatildeo de quem

natildeo dispotildee da ldquotecnologiardquo do ler e do escrever o analfabeto eacute aquele que natildeo pode

exercer em toda a sua plenitude os seus direitos de cidadatildeo eacute aquele que a sociedade

marginaliza eacute aquele que natildeo tem acesso aos bens culturais de sociedades letradas e

mais que isso grafocecircntricas porque conhecemos bem e haacute muito esse estado de

analfabeto sempre nos foi necessaacuteria uma palavra para designaacute-lo a conhecida e

corrente analfabetismo (SOARES 2014 p 20)

Com base no exposto percebemos que o analfabetismo eacute um problema relevante da

nossa sociedade pois exclui o indiviacuteduo de vaacuterias atividades necessaacuterias agrave praacutetica social da

cidadania Do mesmo modo na escola essa exclusatildeo ainda eacute pior pois os alunos que natildeo

aprendem a ler ainda nos primeiros anos escolares enfrentam a discriminaccedilatildeo o bullying a

indiferenccedila e o consequente fracasso escolar

Cumpre salientar que o insucesso dos alunos ainda eacute visto como fator pessoal ou cultural

por muitos profissionais da educaccedilatildeo e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo sem se preocuparem com a

25

falta de poliacuteticas puacuteblicas que atendam agraves reais necessidades da populaccedilatildeo menos privilegiada

e que expotildee as crianccedilas jovens e adultos a condiccedilotildees sociais desfavoraacuteveis Sobre o fracasso

escolar Soares (1986) afirma que soacute pode ser compreendido em uma perspectiva social e criacutetica

agraves ideologias que o atribuem ao aluno

Corroborando a concepccedilatildeo de liacutengua em perspectiva contextualizada entendemos que

o conhecimento e a aprendizagem do sistema de escrita do domiacutenio da leitura e da escrita ou

seja da alfabetizaccedilatildeo eacute uma praacutetica escolar sendo necessaacuterio que a escola crie situaccedilotildees nas

quais essa praacutetica aconteccedila em sala de aula de forma efetiva e sistematizada De acordo com

Soares

[] diante dos precaacuterios resultados que vecircm sendo obtidos entre noacutes na

aprendizagem inicial da liacutengua escrita com seacuterios reflexos ao longo de todo ensino

fundamental parece ser necessaacuterio rever os quadros referenciais e os processos de

ensino que tecircm predominado em nossas salas de aula [] (SOARES 2004 p 15)

Assim devem-se articular conhecimentos e teorias metodoloacutegicas fundamentadas na

ciecircncia a fim de favorecer a aprendizagem e o processo de alfabetizaccedilatildeo com o

desenvolvimento de habilidades e competecircncias de leitura e de escrita envolvendo o letramento

como praacutetica social

No Brasil de acordo com Soares (2004 p14) os conceitos de alfabetizaccedilatildeo e

letramento confundem-se embora esclareccedila que ldquo[] natildeo satildeo independentes mas processos

interdependentes indissociaacuteveis a alfabetizaccedilatildeo desenvolve-se no contexto de e por meio de

praacuteticas sociais de leitura e de escrita isto eacute atraveacutes de atividades de letramento []rdquo Poreacutem

a falta de entendimento e a inadequada fusatildeo desses processos tecircm levado a alfabetizaccedilatildeo a

certo apagamento pois a escola deixou de desenvolver as habilidades de aprendizagem do

sistema de escrita e passou a dar mais ecircnfase agraves praacuteticas sociais de leitura e escrita ndash letramento

Segundo Soares (2004) esse apagamento eacute um dos motivos do fracasso em

alfabetizaccedilatildeo inicial que hoje se verifica nas escolas brasileiras conforme exposto acima

Desse modo compreendemos que eacute necessaacuterio reconhecer as especificidades da alfabetizaccedilatildeo

e do letramento jaacute que a accedilatildeo de saber ler e escrever caminha em direccedilatildeo ao ser capaz de fazer

uso da leitura e da escrita Atualmente percebemos que os dois processos satildeo simultacircneos um

natildeo precede o outro e natildeo haacute possibilidade de escolha sobre qual eacute mais importante visto que

compreendemos que ambos satildeo indispensaacuteveis

Sobre a alfabetizaccedilatildeo e o letramento Soares (2004 p 15) esclarece que embora sejam

interdependentes ldquo[] satildeo processos de natureza fundamentalmente diferentes envolvendo

conhecimentos habilidades e competecircncias especiacuteficos que implicam novas formas de

26

aprendizagem diferenciadas e consequentemente procedimentos diferenciados de ensinordquo

Nesse sentido segundo Soares (2004) os dois processos satildeo complexos e multifacetados

tornando-se necessaacuterio analisar as especificidades de cada processo

As facetas da alfabetizaccedilatildeo envolvem a consciecircncia fonoloacutegica e fonecircmica as

habilidades de codificaccedilatildeo (escrita) e decodificaccedilatildeo (leitura) da liacutengua e o conhecimento e

reconhecimento dos processos de traduccedilatildeo da forma sonora da fala para a forma graacutefica da

escrita

Jaacute as facetas do letramento inserem as crianccedilas na cultura escrita participando de

experiecircncias variadas com a leitura e a escrita conhecendo e interagindo com diferentes tipos

e gecircneros de material escrito que satildeo propriamente da alfabetizaccedilatildeo Portanto Soares (2004)

ressalta que eacute necessaacuterio promover a integraccedilatildeo entre essas duas dimensotildees da aprendizagem

da liacutengua escrita de tal maneira que o letramento entatildeo possa ser entendido como a capacidade

de saber ler e escrever com proficiecircncia sabendo utilizar a leitura e a escrita (alfabetizaccedilatildeo) na

vida moderna como praacutetica social

Com base no exposto eacute necessaacuterio aprofundar a concepccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo e

letramento visto que satildeo processos importantes da leitura e da escrita na escola e na sociedade

121 O processo de alfabetizaccedilatildeo

De acordo com Soares (2014 p 31) ldquoalfabetizaccedilatildeo eacute a accedilatildeo de alfabetizar de tornar

alfabetordquo Alfabetizar eacute tornar o indiviacuteduo capaz de dominar o alfabeto ou seja capaz de ler e

escrever Dessa forma conceituar alfabetizaccedilatildeo parece faacutecil pois eacute um termo de uso comum e

familiar poreacutem apesar de tantas discussotildees e reflexotildees a seu respeito ainda encontramos

muitos problemas de alfabetizaccedilatildeo e do seu entendimento no contexto escolar

Sabemos que o mundo mudou e alguns conceitos e algumas exigecircncias sociais tambeacutem

acompanharam essas mudanccedilas Segundo Soares (2004) o conceito de alfabetizaccedilatildeo passou

por uma progressiva extensatildeo Na deacutecada de 40 o senso demograacutefico declarava que era

alfabetizada a pessoa que soubesse escrever o proacuteprio nome depois como aquela capaz de ler

e escrever um bilhete simples jaacute dando indiacutecios de uma praacutetica de letramento embora simples

Desde a deacutecada de 50 ateacute o momento atual estabeleceu-se uma relaccedilatildeo entre alfabetizaccedilatildeo e

anos de escolarizaccedilatildeo Nesse sentido caracteriza-se o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo funcional da

populaccedilatildeo a partir da capacidade que uma pessoa demonstra ao compreender textos simples

Dessa forma as pessoas alfabetizadas satildeo aquelas capazes de decodificar minimamente as

letras geralmente frases sentenccedilas textos curtos e os nuacutemeros Assim para o senso

27

demograacutefico fica impliacutecito que apoacutes alguns anos escolares a pessoa teraacute adquirido tais

habilidades

Hoje a discussatildeo sobre alfabetizaccedilatildeo estaacute automaticamente ligada ao conceito de

letramento Esses termos estatildeo presentes em nosso discurso e na maioria das vezes satildeo

interpretados como se fossem processos iguais mas sabemos que natildeo e tambeacutem entendemos

que isso natildeo ocorre de forma intencional Por isso Soares (2004) alerta para essa reflexatildeo e

discussatildeo pois o letramento posto nas relaccedilotildees entre as praacuteticas sociais de leitura e de escrita

em detrimento das capacidades de ler e escrever tem levado ao apagamento da alfabetizaccedilatildeo

Nessa perspectiva

A alfabetizaccedilatildeo como processo de aquisiccedilatildeo do sistema convencional de uma escrita

alfabeacutetica e ortograacutefica foi assim de certa forma obscurecida pelo letramento porque

este acabou por frequentemente prevalecer sobre aquela que como consequecircncia

perde sua especificidade (SOARES 2004 p 11)

Com base nisso compreendemos que eacute importante considerar a especificidade da

alfabetizaccedilatildeo pois garante o domiacutenio e a construccedilatildeo de competecircncias e habilidades em leitura

e escrita Poreacutem Soares (2004) adverte que isso natildeo quer dizer que devemos dissociar a

alfabetizaccedilatildeo do processo de letramento Como abordado anteriormente a alfabetizaccedilatildeo e o

letramento satildeo processos interdependentes e indissociaacuteveis

1211 As multifacetas da alfabetizaccedilatildeo

Observamos que questotildees sobre a alfabetizaccedilatildeo e acerca da importacircncia do

conhecimento linguiacutestico para auxiliar e intervir nas situaccedilotildees de ensino-aprendizagem da

leitura e da escrita nos primeiros anos escolares tecircm sido imprescindiacuteveis no contexto escolar

Por isso haacute a necessidade de se reconhecer a especificidade da alfabetizaccedilatildeo entendida como

processo de aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita

Como a alfabetizaccedilatildeo eacute um processo multifacetado Soares (2004) aponta as principais

facetas da alfabetizaccedilatildeo psicoloacutegica psicolinguiacutestica linguiacutestica e sociolinguiacutestica

Soares (2004) acrescenta que vaacuterias causas podem influenciar sobre a perda da

escpecificidade do processo de alfabetizaccedilatildeo como de natureza pedagoacutegica o sistema de

28

ciclos12 e a progressatildeo continuada13 que segundo a autora apresentam pontos positivos mas

tecircm sofrido uma diluiccedilatildeo ou uma pretericcedilatildeo de metas e objetivos

E assim como Soares (2004) natildeo iremos nos deter no aprofundamento das relaccedilotildees entre

esses dois aspectos porque a causa dos problemas em aprendizagem inicial de escrita satildeo mais

complexos como veremos a seguir Aleacutem dessas facetas eacute preciso levar em consideraccedilatildeo as

implicaccedilotildees do processo de alfabetizaccedilatildeo e seus condicionantes para a aprendizagem da liacutengua

escrita como fatores sociais econocircmicos poliacuteticos culturais e regionais

12111 Faceta psicoloacutegica

Sabemos que a Psicologia eacute a ciecircncia que trata dos estados e processos mentais do

comportamento do ser humano e de suas interaccedilotildees com um ambiente fiacutesico e social Desse

modo no campo da linguagem e da aprendizagem a faceta psicoloacutegica aborda como os fatores

psicoloacutegicos bioloacutegicos e sociais interferem no desenvolvimento da aprendizagem humana

Eacute notoacuterio destacar que assim como haacute muitos meacutetodos de ensino tambeacutem haacute muitas

teorias de aquisiccedilatildeo da aprendizagem que de uma forma geral podem ser agrupadas em teorias

do condicionamento e teorias cognitivistas Vygotsky elucidou as relaccedilotildees entre aprendizagem

e desenvolvimento cognitivo e Piaget explicou e trabalhou com investigaccedilotildees sobre os

mecanismos que explicam a evoluccedilatildeo do desenvolvimento cognitivo Assim abordaremos o

Interacionismo Soacutecio-histoacuterico de Vygotsky e o Interacionismo Construtivista de Piaget

O Interacionismo formulado por Vygotsky apoia-se na perspectiva sociocultural

segundo a qual o desenvolvimento do comportamento humano e da linguagem humana se daacute

12 Organizaccedilatildeo escolar de acordo com a RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 na qual

o Ensino Fundamental com duraccedilatildeo de nove anos estrutura-se em 4 (quatro) ciclos de escolaridade considerados

como blocos pedagoacutegicos sequenciais I - Ciclo da Alfabetizaccedilatildeo com a duraccedilatildeo de 3 (trecircs) anos de escolaridade

1ordm 2ordm e 3ordm ano II - Ciclo Complementar com a duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 4ordm e 5ordm ano III - Ciclo

Intermediaacuterio com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 6ordm e 7ordm ano IV - Ciclo da Consolidaccedilatildeo com duraccedilatildeo

de 2 (dois) anos de escolaridade 8ordm e 9ordm ano Disponiacutevel em

httpcrveducacaomggovbrsistema_crvbanco_objetos_crv7BD79D0911-31B5-44F6-908F-

98F77FEFE6217D_RESOLUC387C383O20SEE20NC2BA202164pdf Acesso em 01 abril

2018

13 A progressatildeo continuada estaacute prevista na RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 e

dispotildee sobre a avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos alunos A progressatildeo continuada com aprendizagem e sem

interrupccedilatildeo nos Ciclos da Alfabetizaccedilatildeo e Complementar estaacute vinculada agrave avaliaccedilatildeo contiacutenua e processual que

permite ao professor acompanhar o desenvolvimento e detectar as dificuldades de aprendizagem apresentadas pelo

aluno no momento em que elas surgem intervindo de imediato com estrateacutegias adequadas para garantir as

aprendizagens baacutesicas Disponiacutevel emlt

httpcrveducacaomggovbrsistema_crvbanco_objetos_crv7BD79D0911-31B5-44F6-908F-

98F77FEFE6217D_RESOLUC387C383O20SEE20NC2BA202164pdfgt Acesso em 01

abril 2018

29

pela interaccedilatildeo com o meio com a vida social e cultural Assim de acordo com Bock (1999)

Vygotsky criou uma teoria psicoloacutegica que estuda o homem seu mundo psiacutequico e sua

capacidade de vida social Dessa forma os princiacutepios baacutesicos dessa teoria satildeo a compreensatildeo

das funccedilotildees superiores do homem em relaccedilatildeo aos animais pelo fato de o homem ter vida social

e cultural por suas funccedilotildees superiores natildeo poderem ser vistas apenas sob a perspectiva da

maturaccedilatildeo de um organismo e sim por seu potencial e capacidades de aprendizagem pela

linguagem e pensamento serem intriacutensecos e terem origem social e pela cultura como parte

integrante do desenvolvimento humano jaacute que participamos de praacuteticas sociais historicamente

constituiacutedas

Desse modo a concepccedilatildeo de homem da Psicologia Soacutecio-histoacuterica segundo Bock

(1999 p 89) pode ser assim sintetizada ldquo[] o homem eacute um ser ativo social e histoacuterico Eacute

essa sua condiccedilatildeo humana O homem constroacutei sua existecircncia a partir de uma accedilatildeo sobre a

realidade que tem por objetivo satisfazer suas necessidadesrdquo Nesse sentido eacute a partir das

interaccedilotildees e das atividades (trabalho) das quais os indiviacuteduos participam em seu meio social e

cultural que vai sendo construiacuteda a aprendizagem Eacute nas experiecircncias e nas relaccedilotildees de trabalho

que o homem se torna ativo e social

Com base no exposto a construccedilatildeo da aprendizagem e seu desenvolvimento estatildeo

intrinsecamente ligados agrave linguagem e ao pensamento Por isso estatildeo inter-relacionados desde

o primeiro dia de vida da crianccedila

A respeito da construccedilatildeo da aprendizagem na escola Vygotsky apresenta sob a

perspectiva do potencial e da capacidade de aprendizagem das crianccedilas a zona de

desenvolvimento proximal e a preacute-histoacuteria da linguagem escrita

Entendemos que o aprendizado e o desenvolvimento das crianccedilas iniciam muito antes

de elas comeccedilarem a frequentar a escola pois jaacute vivenciaram diversas situaccedilotildees de

aprendizagem no seu cotidiano familiar e social Dessa forma a zona de desenvolvimento

proximal foi formulada por Vygotsky e representa

[] a distacircncia entre o niacutevel de desenvolvimento real que se costuma determinar

atraveacutes da soluccedilatildeo independente de problemas e o niacutevel de desenvolvimento

potencial determinado atraveacutes da soluccedilatildeo de problemas sob a orientaccedilatildeo de um adulto

ou em colaboraccedilatildeo com companheiros mais capazes (VYGOTSKY 1991 p 58)

Assim precisamos levar em consideraccedilatildeo os aspectos que na zona de desenvolvimento

proximal satildeo definidos como aqueles que ainda natildeo amadureceram mas que estatildeo em processo

de maturaccedilatildeo Dessa maneira por meio de um diagnoacutestico podemos delinear o

desenvolvimento real da aprendizagem que a crianccedila jaacute trouxe de experiecircncias adquiridas e

30

tambeacutem delinear e planejar a praacutetica docente para que a crianccedila tenha acesso tanto ao que jaacute

foi atingido quanto ao que estaacute em processo de maturaccedilatildeo

Segundo Vygotsky ldquoo niacutevel de desenvolvimento real caracteriza o desenvolvimento

mental retrospectivamente enquanto a zona de desenvolvimento proximal caracteriza o

desenvolvimento mental prospectivamenterdquo (VYGOTSKY 1991 p 58) Logo do real para o

proximal estamos em processos contiacutenuos de aprendizagem e de desenvolvimento

Outro ponto que podemos destacar de acordo com Vygotsky eacute a preacute-histoacuteria da

linguagem escrita

Ateacute agora a escrita ocupou um lugar muito estreito na praacutetica escolar em relaccedilatildeo ao

papel fundamental que ela desempenha no desenvolvimento cultural da crianccedila

Ensina-se as crianccedilas a desenhar letras e construir palavras com elas mas natildeo se

ensina a linguagem escrita Enfatiza-se de tal forma a mecacircnica de ler o que estaacute

escrito que se acaba obscurecendo a linguagem escrita como tal (VYGOTSKY 1991

p 70)

De fato a escrita na praacutetica escolar por vezes assume o caraacuteter mecacircnico e a escola

preocupa-se apenas com a atividade motora mais como treino do que com a proacutepria

significaccedilatildeo Ancorados em Vygotsky (1991) salientamos a necessidade de se dar atenccedilatildeo

especial agrave linguagem escrita vista como um sistema particular de siacutembolos e signos ldquoisso

significa que a linguagem escrita eacute constituiacuteda por um sistema de signos que designam os sons

e as palavras da linguagem falada os quais por sua vez satildeo signos das relaccedilotildees e entidades

reaisrdquo (VYGOTSKY 1991 p 70) Assim o desenvolvimento da linguagem escrita nas crianccedilas

se daacute pelo deslocamento do desenho das coisas para o desenho das palavras Dessa maneira o

domiacutenio desse sistema complexo precisa ser trabalhado na perspectiva da semacircntica e do

letramento como praacutetica social

Por isso consideramos desejaacutevel que as crianccedilas entrem para a escola tendo

reconhecidas as capacidades de ler e de escrever mas para isso o ensino tem que ser organizado

de forma que a leitura e a escrita se tornem necessaacuterias e com isso a escrita passe a ser ensinada

como uma atividade cultural complexa e natildeo apenas como uma habilidade motora a ser

desenvolvida

Jaacute a Psicologia do desenvolvimento a partir do Interacionismo Construtivista de Piaget

estuda o ser humano em todos os seus aspectos fiacutesico-motor (refere-se ao crescimento

orgacircnico) intelectual (capacidade de pensamento raciociacutenio) afetivo-emocional (modo

particular de o indiviacuteduo integrar as suas experiecircncias) e social (maneira como o indiviacuteduo

reage diante de situaccedilotildees que envolvem outras pessoas) isso em todas as fases da sua vida

31

Assim o desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental que se caracteriza

pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais e pelo crescimento orgacircnico

De acordo com Bock (1999) os estudos de Piaget demonstraram que existem maneiras

de perceber e de se comportar proacuteprios de cada faixa etaacuteria e estudar o desenvolvimento

humano significa conhecer as caracteriacutesticas de cada fase para entender suas individualidades

e assim ensinar o quecirc e como Sabendo que as teorias do desenvolvimento humano partem do

princiacutepio de que esses quatro aspectos satildeo indissociaacuteveis mas que o desenvolvimento global

pode ser estudado em apenas um desses aspectos Piaget evidencia o estudo do

desenvolvimento intelectual

Dessa forma as teorias do desenvolvimento humano de Jean Piaget segundo Bock

(1999) dividem-se em periacuteodos de acordo com o desenvolvimento de novas qualidades do

pensamento que acabam por interferir no desenvolvimento global Assim como podemos

observar no Quadro 01 a seguir os periacuteodos satildeo definidos como Sensoacuterio-motor Preacute-

operatoacuterio Operaccedilotildees concretas e Operaccedilotildees formais

Quadro 01 ndash Teorias do Desenvolvimento Humano de Piaget

Periacuteodo Caracterizaccedilatildeo do periacuteodo

1deg periacuteodo

Sensoacuterio-motor

(0 a 2 anos)

Nessa fase a crianccedila conquista atraveacutes da percepccedilatildeo e dos movimentos todo o universo

que a cerca

2deg periacuteodo

Preacute-operatoacuterio

(2 a 7 anos)

Primeira infacircncia esse periacuteodo eacute considerado muito importante e eacute caracterizado pelo

aparecimento da linguagem que acarretaraacute modificaccedilotildees nos aspectos intelectual

afetivo e social da crianccedila

3deg periacuteodo Operaccedilotildees

concretas

(7 a 11 ou 12 anos)

A infacircncia propriamente dita esse periacuteodo eacute caracterizado pelo iniacutecio da construccedilatildeo

loacutegica Nele o egocentrismo intelectual e social eacute superado pela construccedilatildeo loacutegica ou

seja a crianccedila eacute capaz de estabelecer relaccedilotildees que permitem a coordenaccedilatildeo de pontos

de vista diferentes No plano afetivo ela eacute capaz de cooperar com os outros de trabalhar

em grupo e ainda ter autonomia pessoal No plano intelectual eacute o surgimento da

capacidade mental as operaccedilotildees ou seja a crianccedila consegue realizar uma accedilatildeo fiacutesica e

mental dirigida para esse fim aleacutem disso inicia-se a capacidade de reflexatildeo do pensar

antes de agir

4deg periacuteodo Operaccedilotildees

formais (11 ou 12 anos

em diante)

Nesse periacuteodo ocorre a passagem do pensamento concreto para o pensamento formal

abstrato ou seja o adolescente realiza as operaccedilotildees no plano das ideias Assim ele eacute

capaz de refletir espontaneamente No plano das relaccedilotildees sociais passa por um processo

de interiorizaccedilatildeo e no plano afetivo vive em conflito pois seus interesses satildeo diversos e

mutaacuteveis

Fonte Elaborado pela autora com base em Bock (1999)

Assim conforme Bock (1999) Piaget estabelece cada periacuteodo de acordo com o que os

indiviacuteduos conseguem fazer nessas faixas etaacuterias Segundo Piaget (1983) todos os indiviacuteduos

passam por esses periacuteodos nessa sequecircncia mas o iniacutecio e o teacutermino de cada um depende de

fatores bioloacutegicos educacionais e sociais por isso essa divisatildeo natildeo pode ser aplicada de forma

riacutegida mas como referecircncia de desenvolvimento dessas fases da vida Dessa maneira o autor

procurou explicar o aparecimento de inovaccedilotildees mudanccedilas e transformaccedilotildees no percurso do

32

desenvolvimento intelectual e assim o processo de aquisiccedilatildeo do conhecimento vai sendo

construiacutedo ao longo da vida e a educaccedilatildeo deve possibilitar seu pleno desenvolvimento

Para Piaget (1983) o homem eacute dotado de estruturas bioloacutegicas que ao serem herdadas

influenciam na sua maneira de interagir com o ambiente que o leva agrave construccedilatildeo de um

conjunto de significados Assim a interaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente proporcionaraacute a

organizaccedilatildeo desses significados em estruturas cognitivas

Nesse sentido durante toda a vida o indiviacuteduo passaraacute por vaacuterios modos de organizaccedilatildeo

das estruturas cognitivas pois cada etapa da vida exigiraacute diferentes formas de interaccedilatildeo com o

meio Por isso no desenvolvimento da aprendizagem escolar devemos levar em consideraccedilatildeo

os aspectos de assimilaccedilatildeo (incorpora dados da experiecircncia jaacute adquirida) e acomodaccedilatildeo

(modifica as estruturas mentais para incorporar novas experiecircncias) e assim promover a

construccedilatildeo do conhecimento por meio da participaccedilatildeo ativa no processo de aprendizagem

Segundo Bock (1999 p 128) para Piaget ldquoo desenvolvimento intelectual resulta da

construccedilatildeo de um equiliacutebrio progressivo entre assimilaccedilatildeo e acomodaccedilatildeo o que propicia o

aparecimento de novas estruturas mentais Isso eacute um processo em evoluccedilatildeordquo

Portanto compreendemos que a grande contribuiccedilatildeo dos estudos de Piaget para a

evoluccedilatildeo da aprendizagem situa-se na abordagem sobre as relaccedilotildees com o meio ambiente em

todos os estaacutegios de forma ativa Cabe ao professor de acordo com a teoria piagetiana criar

possibilidades e situaccedilotildees de aprendizagem desafiadoras a fim de promover a aprendizagem

construtiva pois o aluno eacute levado a encontrar as respostas por meio de seus proacuteprios

conhecimentos nas situaccedilotildees de aprendizagem por vezes conflituosas e de sua interaccedilatildeo com

o meio e com os outros Por essa razatildeo o aluno na concepccedilatildeo construtivista exerce um papel

ativo sobre a proacutepria aprendizagem ao ser posto em situaccedilotildees de experimentaccedilatildeo pesquisa

reflexatildeo estiacutemulo que o conduzem a construir e a reformular pensamentos e conhecimentos

12112 Faceta psicolinguiacutestica

A faceta psicolinguiacutestica estuda as relaccedilotildees que se referem ao conhecimento e ao uso de

uma liacutengua particularmente na aquisiccedilatildeo da linguagem e no desenvolvimento dos processos

psicoloacutegicos Dessa forma por meio de uma anaacutelise psicoloacutegica e educativa as teorias da

aprendizagem da escrita oferecem-nos subsiacutedios para compreender como esse processo de

ensino-aprendizagem acontece

Embora muitos confundam teorias de aprendizagem com meacutetodos de ensino Bock

(1999 p 128) esclarece que ldquoPiaget natildeo desenvolveu uma teoria do processo de ensino

aprendizagem mas formulou referecircncias claras que na deacutecada de 80 seriam utilizadas por

33

Emiacutelia Ferreiro na elaboraccedilatildeo da sua teoria sobre a aprendizagem da escritardquo A partir disso o

construtivismo eacute entendido como teoria psicoloacutegica aplicada agrave compreensatildeo em que o

conhecimento eacute construiacutedo atraveacutes de experiecircncias pois aprender eacute um processo ativo no qual

o significado eacute desenvolvido com base em experiecircncias do percurso vivenciadas pela crianccedila

Ferreiro (1985) na tentativa de compreender como a escrita funciona e pelas

experiecircncias de estudo com Piaget aconselha-nos a pensar nos processos de aprendizagem da

crianccedila ao tentar reconstruir a representaccedilatildeo do sistema alfabeacutetico natildeo como meacutetodo de ensino

mas como processo de aprendizagem Assim Ferreiro (1995) apresenta os niacuteveis de leitura e

de escrita que se apoiam em hipoacuteteses do aprendiz Essas hipoacuteteses apontam os niacuteveis ou etapas

psicogeneacuteticas no processo de alfabetizaccedilatildeo em que ldquo[] todas as tarefas supunham uma

interaccedilatildeo entre o sujeito e o objeto de conhecimento (nesse caso a escrita) sob a forma de uma

situaccedilatildeo a ser resolvidardquo (FERREIRO 1985 p 34)

Portanto Ferreiro (1985) ao planejar situaccedilotildees experimentais quis evidenciar a escrita

tal como a crianccedila vecirc a leitura tal como a crianccedila compreende e os problemas tal como ela os

propotildee para si Assim sendo a autora ressalta que a aprendizagem da escrita eacute produto de uma

construccedilatildeo ativa e que passa por etapas de estruturaccedilatildeo do conhecimento Por essa razatildeo

ldquoquando algueacutem se alfabetiza percorre uma longa trajetoacuteria a qual eacute dado o nome de

psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeordquo (GROSSI 1990 p 54) De de acordo com Ferreiro (1985) a

psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeo caracteriza-se em niacuteveis sucessivos de aprendizagem da escrita

Esses niacuteveis satildeo constituiacutedos por um conjunto de condutas determinado pela forma como a

crianccedila vivencia os problemas em um momento do processo de aprendizagem Por isso

trataremos dos niacuteveis Preacute-silaacutebico Silaacutebico e Alfabeacutetico da psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeo

121121 Niacutevel Preacute-silaacutebico

De acordo com Ferreiro

A hipoacutetese central desse niacutevel eacute a seguinte Para poder ler coisas diferentes (isto eacute

atribuir significados diferentes) deve haver uma diferenccedila objetiva nas escritas O

progresso graacutefico mais evidente eacute que a forma dos grafismos eacute mais definida mais

proacutexima agrave das letras Poreacutem o fato conceitual mais interessante eacute o seguinte segue-

se trabalhando com a hipoacutetese de que faz falta uma certa quantidade miacutenima de

grafismos para escrever algo (FEREIRO1985 p 189)

Com base no exposto no niacutevel preacute-silaacutebico de escrita a crianccedila faz experimentaccedilotildees

diversas alterna letras desenhos sinais graacuteficos Ela percebe que escrever natildeo eacute a mesma coisa

que desenhar marcas distintas representam desenho e escrita e a grafia pode ser vista como a

34

representaccedilatildeo das caracteriacutesticas do objeto que eacute representado pela extensatildeo da escrita Aleacutem

disso natildeo haacute controle na escrita eacute normal escrever ateacute se completar a linha ou a largura da

folha ou escrever todas as palavras utilizando o mesmo conjunto de caracteres e na mesma

ordem Destacamos que esse processo natildeo eacute linear e nem ocorre da mesma maneira para todas

as crianccedilas pois cada uma tem uma visatildeo diferente das representaccedilotildees sendo compreendidas

apenas por ela mesma

Nesse sentido Grossi (1990) reforccedila que no niacutevel preacute-silaacutebico os sujeitos aprendem a

ter uma visatildeo sincreacutetica dos elementos da alfabetizaccedilatildeo ou seja haacute a indiferenciaccedilatildeo em relaccedilatildeo

agrave escrita pois a crianccedila ainda natildeo compreende que a escrita representa os sons das palavras que

falamos Portanto de acordo com a autora ldquonatildeo haacute discriminaccedilatildeo das unidades linguiacutesticas e

sobretudo haacute completa ausecircncia de vinculaccedilatildeo entre a pronuacutencia das partes de uma palavra ou

de uma frase e sua escritardquo (GROSSI 1990 p 56)

121122 Niacutevel Silaacutebico

O niacutevel silaacutebico estaacute caracterizado ldquo[] pela tentativa de dar um valor sonoro a cada

uma das letras que compotildeem uma escrita Nessa tentativa a crianccedila passa por um periacuteodo da

maior importacircncia evolutiva cada letra vale por uma siacutelabardquo (FERREIRO 1985 p 193) Com

isso a autora ressalta que a crianccedila que estaacute nessa fase de construccedilatildeo da escrita daacute um salto

qualitativo em relaccedilatildeo aos niacuteveis precedentes pois ela supera a etapa de uma correspondecircncia

global entre a forma escrita e a expressatildeo oral na qual natildeo havia percepccedilatildeo entre som e letra

para uma correspondecircncia entre as partes do texto entre cada letra Assim a crianccedila percebe

os sons das siacutelabas e comeccedila a usar letras que correspondem ao som da siacutelaba agraves vezes soacute usa

vogal outras vezes consoante e vogal

Dessa forma segundo Grossi (1990) no niacutevel silaacutebico a crianccedila comeccedila a compreender

a estabilidade da escrita das palavras ou seja ela constata que uma palavra eacute escrita sempre da

mesma maneira com as mesmas letras e em uma mesma ordem

Portanto a autora afirma que a evoluccedilatildeo da aprendizagem da escrita nesse niacutevel se faz

por meio de um trabalho amplo com a escrita de muitas palavras significativas ressaltando que

a aprendizagem eacute por meio ldquo[] de um trabalho e natildeo um mero contato com escritas uma vez

que o que preside a aprendizagem eacute a accedilatildeo e natildeo a percepccedilatildeo A accedilatildeo que produz a

aprendizagem satildeo as diligecircncias para resolver os problemasrdquo (GROSSI 1990 p 13)

35

121123 Niacutevel Alfabeacutetico

No niacutevel alfabeacutetico a crianccedila compreende o processo de leitura e escrita ao perceber

unidades menores do que as siacutelabas e assim progressivamente vai estabelecendo relaccedilotildees

entre fonemas e grafemas Segundo Ferreiro

Ao chegar a este niacutevel a crianccedila jaacute franqueou a lsquobarreira do coacutedigorsquo compreendeu

que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a

siacutelaba e realiza sistematicamente uma anaacutelise sonora dos fonemas das palavras que

vai escrever (FERREIRO 1985 p 213)

Com base no exposto compreendemos que no niacutevel alfabeacutetico a crianccedila jaacute tem

conhecimento do valor sonoro convencional das letras ou seja ela consegue estabelecer um

sentido mais coerente entre leitura e escrita que ateacute entatildeo era tecircnue instaacutevel mutaacutevel Assim

esse processo de apropriaccedilatildeo do sistema de escrita acontece pelo reconhecimento da

constituiccedilatildeo alfabeacutetica de siacutelabas Contudo eacute necessaacuterio ressaltar que

[i]sto natildeo quer dizer que todas as dificuldades tenham sido superadas a partir desse

momento a crianccedila se defrontaraacute com as dificuldades proacuteprias da ortografia mas

natildeo teraacute problemas de escrita no sentido estrito Parece-nos importante fazer essa

distinccedilatildeo jaacute que amiuacutede se confundem as dificuldades ortograacuteficas com as

dificuldades de compreensatildeo do sistema de escrita (FERREIRO 1985 p 213)

Eacute necessaacuterio assim compreendermos que nessa fase significativa da aprendizagem da

leitura e da escrita a crianccedila ainda enfrenta alguns desafios em relaccedilatildeo agrave ortografia e ao leacutexico

haja vista que de acordo com Grossi (1990) ldquo[] alfabetizar-se eacute o processo longo de conseguir

expressar pela escrita aquilo que pensamos ou de compreender atraveacutes da leitura pensamentos

mais complexos de outrem expresso nos textos escritosrdquo (GROSSI 1990 p 62)

Por isso o trabalho com a ortografia eacute posterior ao da estruturaccedilatildeo do niacutevel alfabeacutetico

que ainda natildeo estaacute totalmente consolidado visto que a entrada em niacutevel de escrita natildeo significa

a superaccedilatildeo baacutesica do conflito em torno das concepccedilotildees caracteriacutesticas de cada niacutevel ou do niacutevel

anterior A aprendizagem da escrita eacute um processo no qual a crianccedila experimenta e evolui Para

que isso ocorra eacute preciso fazer da sala de aula um espaccedilo rico de materiais escritos e de

atividades significativas para que as crianccedilas sintam-se inseridas no ativo processo de

construccedilatildeo do que eacute ler e escrever

36

12113 Faceta linguiacutestica

A Linguiacutestica eacute a ciecircncia que estuda os fatos sobre a liacutengua O precursor dessa ciecircncia

foi o suiacuteccedilo Ferdinand Saussure que tinha a liacutengua como objeto de estudo bem definido e a via

como uma parte essencial da linguagem como um produto social da linguagem

Agrave vista disso a mateacuteria da linguiacutestica eacute constituiacuteda por todas as manifestaccedilotildees da

linguagem humana inclusive todas as formas de expressatildeo sendo consideradas ldquocorretasrdquo ou

natildeo Sua tarefa compreende fazer a descriccedilatildeo e a explicaccedilatildeo da histoacuteria da liacutengua sobre como

ela funciona e sobre sua investigaccedilatildeo com base no caraacuteter cientiacutefico por isso a Linguiacutestica

utiliza os conhecimentos dessa aacuterea para tentar solucionar problemas especificamente os que

se referem ao ensino de liacutenguas agrave traduccedilatildeo aos distuacuterbios de linguagem e aos problemas de

aprendizagem da liacutengua Assim sendo a aprendizagem da Liacutengua Portuguesa enfrenta muitos

desafios pois haacute a necessidade de se melhorar a aprendizagem em leitura e em escrita ou seja

ensinar a ler e a escrever com eficiecircncia

Desde o final dos anos 90 que o ensino de Liacutengua Portuguesa e o estudo dos processos

de alfabetizaccedilatildeo vecircm ganhando um consideraacutevel avanccedilo com as discussotildees e estudos sobre

esses assuntos Assim as investigaccedilotildees sobre os processos de aprendizagem que antes eram

baseados na memorizaccedilatildeo ganharam notoriedade ao se compreender que a aprendizagem eacute um

processo contiacutenuo em que o aluno precisa construir o conhecimento conceitual da escrita O

aluno precisa entender o que a escrita representa e que cada letra representa um siacutembolo de um

som da fala

Nesse sentido Lemle (1991) ressalta que para uma pessoa aprender a ler e a escrever

ela precisa atingir alguns saberes e percepccedilotildees conscientemente Nesse sentido a autora elenca

cinco capacidades necessaacuterias agrave alfabetizaccedilatildeo

A primeira capacidade eacute a ideia de siacutembolo segundo a qual a crianccedila precisa saber o

que representam aqueles risquinhos no papel Para isso eacute necessaacuterio entender o que eacute siacutembolo

A segunda capacidade eacute a discriminaccedilatildeo das formas das letras o aluno precisa entender que

cada risquinho vale simboliza um som da fala e que esses siacutembolos satildeo as letras Dessa forma

a crianccedila deve discriminar as formas das letras levando em consideraccedilatildeo que elas satildeo bastante

semelhantes A terceira capacidade eacute a discriminaccedilatildeo dos sons da fala que exige da crianccedila a

percepccedilatildeo auditiva para ouvir diferenccedilas linguiacutesticas relevantes entre esses sons A quarta

capacidade eacute a consciecircncia da unidade da palavra em que a crianccedila precisa captar o conceito

de palavra Por fim a quinta capacidade eacute a organizaccedilatildeo da paacutegina escrita saber e compreender

como eacute a organizaccedilatildeo espacial da paacutegina do caderno ou do livro observando que nosso sistema

37

de escrita obedece a uma ordem que vai da esquerda para a direita e que a ordem significativa

das linhas eacute de cima para baixo

Com isso no que se refere agrave capacidade de terceira ordem podemos compreender que

existe uma relaccedilatildeo de simbolizaccedilatildeo entre as letras e os sons da fala embora seja necessaacuterio

tambeacutem que a crianccedila entenda que essa relaccedilatildeo nem sempre eacute harmoniosa pois haacute

complicaccedilotildees entre sons e letras Lemle (1991 p 17) ldquo[] enfatiza que temos em portuguecircs

pouquiacutessimos casos de correspondecircncia biuniacutevoca entre os sons da fala e letras do alfabetordquo

ou seja quando haacute correspondecircncia entre um fonema e uma letra como podemos observar essa

regularidade no Quadro 02 representada pelos fonemas e letras

Quadro 02 ndash Correspondecircncias biuniacutevocas entre fonemas e letras

Letras Fonemas

P

b

t

d

f

v

a

p

b

t

d

f

v

a

Fonte Lemle 1991 p 17

Em linguiacutestica fonemas satildeo os sons das letras representados por um dado feixe de traccedilos

distintivos ou seja daacute-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de estabelecer

uma distinccedilatildeo de significado entre as palavras

Com base no exposto entendemos que o ideal do sistema alfabeacutetico eacute que houvesse

correspondecircncia uacutenica entre cada som e cada letra poreacutem essa relaccedilatildeo acontece em nuacutemero

restrito de casos A tiacutetulo de exemplificaccedilatildeo as letras t e d diante do i passam a ter outro som

em ldquotiardquo ocorre tchia e em ldquodiardquo ocorre djia como se verifica na nossa regiatildeo Dessa forma

para poder intervir o alfabetizador precisa ter conhecimento sobre as relaccedilotildees foneacuteticas e os

processos fonoloacutegicos que envolvem as particularidades na variedade de correspondecircncias

entre sons e letras

Para que isso ocorra Lemle (1991) evidencia que eacute preciso esclarecer ao aluno que as

unidades de som satildeo influenciadas pelo ambiente em que ocorrem por isso haacute diferenccedilas de

pronuacutencia e haacute tantas variantes linguiacutesticas Por exemplo as palavras mato e sal que em alguns

dialetos ou na nossa regiatildeo ocorre uma mudanccedila de pronuacutencia do o que eacute transcrito com som

de [u] e do l que eacute transcrito com o som do [u] por isso dizemos [matu] em vez de mato e [sau]

em vez de sal Satildeo ocorrecircncias consideradas normais e consiste em um equiacutevoco dizer que as

38

crianccedilas falam errado ao ignorarem essas especificidades da liacutengua Aleacutem disso haacute um caso em

que a autora considera como o mais difiacutecil para a aprendizagem da liacutengua escrita o fato de duas

letras representarem o mesmo som no mesmo lugar como acontece com os fonemas s e z

Vejam mesa reza casa azar posseiro roceiro passo laccedilo caccedilado cassado Haacute uma

rivalidade entre sons e letras e de acordo com Lemle (1991 p 23) ldquo[] a uacutenica maneira de

descobrir que letra que representa dado som numa palavra da liacutengua escrita eacute recorrer ao

dicionaacuteriordquo Desse modo algumas situaccedilotildees que envolvem a ortografia satildeo aprendidas pela

memorizaccedilatildeo por meio da leitura pois guardamos a grafia das palavras em nossa memoacuteria

Em funccedilatildeo disso podemos relacionar ancorados em Lemle (1991) algumas etapas nas

quais o aluno constroacutei o conhecimento do sistema de escrita Na primeira etapa o discente

acredita na hipoacutetese da monogamia entre sons e letras e progride raacutepido ao atingi-la conforme

exposto na figura 1 em que as letras p b t d f v e a vogal a representam sempre a mesma

unidade fonecircmica

Na segunda etapa ele rejeita a ideia de monogamia e a substitui pela hipoacutetese de

poligamia condicionada por posiccedilatildeo ou seja relaccedilotildees natildeo biuniacutevocas cada letra com um som

em uma dada posiccedilatildeo e cada som com uma letra em dada posiccedilatildeo Assim haacute uma relaccedilatildeo

fonecircmica a partir da posiccedilatildeo em que se encontram as letras como podemos observar na Figura

0214

Figura 02 ndash Uma letra representando diferentes sons segundo a posiccedilatildeo

Fonte Lemle 1991 p 21

Assim Lemle (1991 p 29) enfatiza que ldquo[] a passagem da hipoacutetese (monogamia) para

a segunda hipoacutetese (poligamia condicionada pela posiccedilatildeo) eacute um passo de importacircncia crucial

na construccedilatildeo do conhecimento do alfabetizando a respeito do nosso sistema de escritardquo

14 Nota da autora ldquoEsses quadros natildeo esgotam a informaccedilatildeo sobre relaccedilotildees letra-som previsiacuteveis pela posiccedilatildeo

nem satildeo verdadeiros para todos os falares do Brasilrdquo (LEMLE 1991 p 22)

39

Segundo a autora quando o aluno natildeo compreende que essa correspondecircncia entre som e letras

na maioria das vezes natildeo eacute perfeita ele comete falhas tiacutepicas na leitura com a pronuacutencia

artificial das palavras com a escrita os erros ainda se encontram na hipoacutetese monogacircmica O

aluno escreve como fala por exemplo na palavra pato a escrita eacute patu ocorrendo a transcriccedilatildeo

foneacutetica Desse modo a evoluccedilatildeo na construccedilatildeo do conhecimento sobre a escrita entre a

primeira e a segunda etapa estaacute completa quando o aluno compreende essa relaccedilatildeo entre sons e

letras

Na terceira etapa haacute a ocorrecircncia em que duas letras representam o mesmo som no

mesmo lugar eacute quando o aluno se depara com a arbitrariedade do sistema de escrita Nesse

caso natildeo ldquohaacute princiacutepio focircnico que possa guiar quem escreve na opccedilatildeo entre letras concorrentesrdquo

(LEMLE 1991 p 23) Dessa maneira nessas situaccedilotildees a aprendizagem eacute construiacuteda pela

memorizaccedilatildeo Essa etapa da construccedilatildeo da escrita perdura por muito tempo jaacute que duacutevidas

sobre como se escreve uma determinada palavra eacute de natural acontecer em qualquer eacutepoca da

vida O que se percebe eacute que o aluno deve estar em contato com a escrita dessas palavras por

meio de situaccedilotildees de leitura de gecircneros diversos e de situaccedilotildees de produccedilatildeo escrita pois a

construccedilatildeo do sistema de escrita percorre um longo caminho e passa por vaacuterias etapas

Diante disso com base na classificaccedilatildeo feita por Lemle (1991) podemos compreender

que o aluno quando natildeo supera essas complicaccedilotildees e natildeo compreende as arbitrariedades do

sistema de escrita comete falhas tiacutepicas de escrita que foram classificadas pela autora como

falhas de primeira ordem falhas de segunda ordem e falhas de terceira ordem conforme

veremos no Quadro 03 a seguir

40

Quadro 03 ndash Falhas de escrita Falhas de escrita de 1ordf ordem

Leitura Escrita

Leitura lenta com soletraccedilatildeo

de cada siacutelaba

Falhas na

correspondecircncia

linear entre as

sequecircncias dos

sons e as

sequecircncias das

letras

Repeticcedilccedilatildeo de letras ppai (pai) meeu (meu)

Omissatildeo de letras trs (trecircs) pota (porta)

Troca na ordem das letras parto (prato) sadia

(saiacuteda)

Conhecimento ainda inseguro do formato de cada

letra rano (ramo) laqis (laacutepis) eus (lua)

Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo

do som sabo (sapo) gado (gato) pita (fita)

Falhas de escrita de 2ordf ordem

Leitura Escrita

Retenccedilatildeo na etapa

monogacircmica Na leitura

pronuncia cada letra

escandindo-a no seu valor

central Uma leitura silabada

O aluno faz a

transcriccedilatildeo

foneacutetica

matu em vez de mato

bodi em vez de bode

tenpo em vez de tempo

azma em vez de asma

genrro em vez de genro

eles falatildeo em vez de eles falam

Falhas de escrita de 3ordf ordem

Leitura Escrita

O aluno eacute capaz de pronunciar

as palavras de forma natural

O aluno avanccedilou no

saber ortograacutefico e

na escrita faz troca

entre letras

concorrentes

accedilado em vez de assado

trese em vez de treze

acim em vez de assim

jigante em vez de gigante

xinelo em vez de chinelo

chingou em vez de xingou

puresa em vez de pureza

sau em vez de sal

craro em vez de claro

operaro em vez de operaacuterio

Fonte Elaborado pela autora adaptado de Lemle 1991 p 40-41

Conforme podemos observar no Quadro 03 o aluno vivencia no seu processo de

aquisiccedilatildeo do sistema de escrita vaacuterias etapas de experimentaccedilatildeo checagem e conflito pois se

depara com situaccedilotildees arbitraacuterias da escrita Assim de acordo com Lemle (1991) o aluno que

ainda comete falhas de primeira e segunda ordens natildeo completou sua alfabetizaccedilatildeo ldquoSeraacute

considerado alfabetizado aquele em cuja escrita soacute restarem falhas de terceira ordem que seratildeo

superadas gradativamente com a praacutetica da leitura e da escritardquo (LEMLE 1991 p 41-42)

Portanto a anaacutelise das falhas ortograacuteficas serve ao diagnoacutestico do estaacutegio de elaboraccedilatildeo

da teoria da correspondecircncia entre sons e letras em que o aluno se encontra ou seja o niacutevel de

escrita Concebemos conforme a autora propotildee que eacute de fundamental importacircncia que o

professor saiba diagnosticar e avaliar as falhas de escrita para poder conhecer a realidade da

41

sua turma e dessa forma realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias para que os alunos superem cada

dificuldade encontrada

121131 Categorizaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita

O estudo sobre Foneacutetica e Fonologia possibilita ao professor o conhecimento sobre

como os seres humanos produzem ou ouvem os sons da fala Segundo Seara Nunes e Volcatildeo

(2015 p 29) ldquoas letras satildeo unidades formais miacutenimas da escrita e natildeo da falardquo

Nesse sentido eacute necessaacuterio entender e desvincular da nossa praacutetica que a escrita

representa a fala Tanto a escrita quanto a fala satildeo distintas e ter conhecimento dos processos

fonoloacutegicos que satildeo a codificaccedilatildeo (desvios) que os morfemas sofrem quando se combinam

para formar palavras propicia buscar estrateacutegias de ensino para a superaccedilatildeo dessas

dificuldades

Aleacutem disso ao professor que lida com a alfabetizaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel o conhecimento

das aacutereas da Foneacutetica e da Fonologia Sobre esse aspecto Seara (2015 p 33) ressaltam que o

conhecimento da Foneacutetica e de noccedilotildees sobre o sistema fonoloacutegico da liacutengua materna satildeo

fundamentais para que os professores atendam melhor os alunos que apresentam dificuldades

no processo de alfabetizaccedilatildeo Eacute preciso levar o aluno a compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-

fonoloacutegica e relacionaacute-la aos elementos graacuteficos da escrita

Aqui trataremos especificamente dos processos fonoloacutegicos que envolvem a escrita de

acordo com Cagliari (1995) O autor apresenta categorias de anaacutelise de ldquoerrosrdquo ortograacuteficos

como veremos no Quadro 04 a seguir

42

Quadro 04 ndash Categorizaccedilatildeo ndash Erros de escrita

1 Transcriccedilatildeo

Foneacutetica

Caracterizado pela transcriccedilatildeo da fala na escrita como trocar o i pelo e por falar

i ao pronunciar palavras como triste (ldquotristerdquo)

2 Uso indevido de

letras

O aluno escolhe uma letra para representar o som diferente da que pede a

ortografia como ldquodicirdquo no lugar de ldquodisserdquo As trocas de vogais natildeo satildeo

consideradas uso indevido de letra por quase sempre representarem transcriccedilotildees

foneacuteticas

3 Hipercorreccedilatildeo Ocorre quando o aluno jaacute conhece a forma ortograacutefica de determinadas palavras

que tecircm representaccedilatildeo diferente da pronuacutencia Assim ele generaliza a regra

como ldquojogolrdquo no lugar de ldquojogourdquo

4 Modificaccedilatildeo da

estrutura segmental

das palavras

Erros de troca supressatildeo acreacutescimo e inversatildeo de letras Caracteriacutesticos de

aluno que ainda natildeo domina o uso de certas letras como a distribuiccedilatildeo de m n

v e f como ldquoanigordquo no lugar de ldquoamigordquo ldquomacaordquo no lugar de ldquomacacordquo e

ldquososatordquo no lugar de ldquosustordquo O professor deve observar a loacutegica no erro do aluno

e a relaccedilatildeo entre as letras trocadas suprimidas ou acrescentadas

5 Juntura

intervocabular e

segmentaccedilatildeo

Na produccedilatildeo de textos a crianccedila costuma juntar as palavras num reflexo da

continuidade da fala ldquomimatourdquo (ldquome matourdquo)

6 Forma morfoloacutegica

diferente

Erros que ocorrem porque na variedade dialetal do aluno certas palavras tecircm

caracteriacutesticas proacuteprias que dificultam o entendimento como ldquoadepoisrdquo

(ldquodepoisrdquo)

7 Forma estranha de

traccedilar as palavras

Dificuldades com a escrita cursiva e a caligrafia

8 Uso indevido de

letras maiuacutesculas e

minuacutesculas

Alguns alunos quando aprendem que devem escrever os nomes proacuteprios com

letras maiuacutesculas passam a aplicar a regra para outros tipos de palavras como

pronomes pessoais

9 Acentos graacuteficos A acentuaccedilatildeo eacute uma das uacuteltimas etapas da aprendizagem da escrita Alguns

alunos se confundem por conta da semelhanccedila ortograacutefica entre formas com e

sem acento ou com a aplicaccedilatildeo do til

10 Sinais de pontuaccedilatildeo Tambeacutem fazem parte das uacuteltimas etapas de aprendizado e raramente fazem parte

de textos de produccedilatildeo espontacircnea

11 Problemas

sintaacuteticos

Muitos dos problemas sintaacuteticos (concordacircncia regecircncia etc) presentes nos

textos dos aprendizes denotam a transposiccedilatildeo da linguagem oral para a escrita

como ldquoera uma vez um menino que um dia ele saiu de casardquo

Fonte Elaborado pela autora com base em Cagliari (1995)

Dessa forma utilizaremos as categorias de anaacutelise dos ldquoerrosrdquo ortograacuteficos de acordo

com Cagliari (1995) como referencial para anaacutelise dos niacuteveis de escrita dos estudantes sujeitos

desta pesquisa As categorias satildeo transcriccedilatildeo foneacutetica (a representaccedilatildeo da fala) uso indevido

de letras (escolha possiacutevel para representar o som de uma palavra quando a ortografia usa

outra) hipercorreccedilatildeo (quando o aluno jaacute conhece a forma ortograacutefica de determinadas palavras

sabe que a pronuacutencia eacute diferente e passa a generalizar a forma de escrever) modificaccedilatildeo da

estrutura segmental das palavras (erros de troca supressatildeo acreacutescimo e inversatildeo de letras

representando maneiras de escrever porque o aluno ainda natildeo domina bem o uso de certas

letras) juntura intervocabular e segmentaccedilatildeo (ambas refletem criteacuterios de fala que a crianccedila usa

para juntar ou separar palavras) forma morfoloacutegica diferente (variedade dialetal) forma

estranha de traccedilar as letras (dificuldades com a escrita cursiva) uso indevido de letras

43

maiuacutesculas e minuacutesculas (o uso adequado natildeo eacute ensinado) acentos graacuteficos (sinais diacriacuteticos

ausentes nos textos espontacircneos) sinais de pontuaccedilatildeo (tambeacutem natildeo satildeo ensinados) e problemas

sintaacuteticos (denotam modos de falar diferentes do dialeto privilegiado pela ortografia e

apresentam uma topicalizaccedilatildeo da fala e natildeo da escrita)

Todas essas categorias relacionadas por Cagliari (1995) conforme apresentado no

Quadro 04 servem de base para a investigaccedilatildeo dos problemas surgidos nos textos dos alunos

para que o professor a partir daiacute possa realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias ao desenvolvimento

das competecircncias comunicativas dos alunos

12114 Faceta sociolinguiacutestica

Como jaacute dissemos a linguiacutestica eacute a ciecircncia que estuda os fatos da liacutengua Dessa forma

a faceta sociolinguiacutestica estuda os fatos da liacutengua em uso no ambiente cultural e social ou seja

no ambiente das comunidades de fala sob os aspectos linguiacutesticos e sociais

Segundo Bagno (2014 p 13)

A linguagem eacute um fenocircmeno de ordem sociocognitiva quer dizer ao mesmo tempo

em que eacute capacidade bioloacutegica da espeacutecie humana (e exclusiva da espeacutecie humana)

de adquirirproduzirtransmitir conhecimento por meio de

representaccedilotildeessimbolizaccedilotildees do mundo ela tambpem eacute uma forccedila motora de coesatildeo

social ela eacute preservada e transformada pelos membros de uma comunidade e por isso

sujeita aos fluxos influxos e contrafluxos poliacuteticos econocircmicos e sobretudo culturais

dessa comunidade (BAGNO 2014 p 13-14)

Em resumo o autor estaacute dizendo que a linguagem eacute um fenocircmeno social e estaacute

intimamente ligada aos aspectos culturais de uma comunidade

De acordo com Bagno (2014) os efeitos dos estudos da variaccedilatildeo social sobre a mudanccedila

linguiacutestica elaboradas por Willian Labov na deacutecada de 1960 tecircm implicaccedilotildees importantes para

a sociolinguiacutestica

Conforme a Teoria da Variaccedilatildeo (Sociolinguiacutestica) a liacutengua natildeo deve ser estudada fora

de seu contexto social como postula Labov (2001) pois para tal eacute necessaacuterio levar em conta

o contexto social e a variedade em uso Desse modo o autor afirma que eacute preciso trazer a

gramaacutetica de uso para a sala de aula que pode natildeo coincidir com a gramaacutetica formal e dessa

forma se explica a relaccedilatildeo de independecircncia entre liacutengua e fala

Assim os estudos variacionistas satildeo de fundamental importacircncia considerando que a

fala eacute o uso individual da liacutengua e que haacute sempre mais de uma forma de se dizer a mesma coisa

As liacutenguas satildeo heterogecircneas apresentando variaccedilotildees e independente da variaccedilatildeo apresentam

44

tambeacutem estruturas gramatical lexical sintaacutetico-semacircntica as quais estatildeo a serviccedilo dos

falantes Dentre as variantes linguiacutesticas haacute aquela que eacute vista com maior prestiacutegio social

cobrada e valorizada pela sociedade poreacutem natildeo deixa de ser apenas mais uma variante da

liacutengua

Desse modo Marcuschi (2001) afirma que nem todas as normas podem ser

padronizadas Eacute plausiacutevel que todas as variantes linguiacutesticas sejam valorizadas e respeitadas na

sociedade e principalmente na sala de aula ambiente escolar formador de opiniatildeo Diante

disso espera-se que o professor de Liacutengua Portuguesa fundamente sua praacutetica enquanto docente

do ensino da liacutengua materna para que possa compreender a relaccedilatildeo entre o ensino de Liacutengua

Portuguesa e o respeito agrave variaccedilatildeo linguiacutestica

Portanto o objeto de estudo passa a ser a liacutengua em uso Essa concepccedilatildeo aproxima a

liacutengua (fala) que o aluno usa da Liacutengua Portuguesa de fato porque a sociolinguiacutestica analisa a

liacutengua como identidade pois eacute usada na comunidade na qual o aluno estaacute inserido ressaltando

ainda que a teoria da variaccedilatildeo natildeo surge em funccedilatildeo do ensino mas em razatildeo da necessidade

de contribuir com a accedilatildeo pedagoacutegica e metodoloacutegica do ensino de Liacutengua Portuguesa

45

CAPIacuteTULO II

GEcircNEROS DIGITAIS (MULTI) LETRAMENTOS

Neste capiacutetulo abordamos as relaccedilotildees entre ensino escrita (multi)letramentos e

tecnologias que requerem novas habilidades de leitura compreensatildeo e produccedilatildeo nas mais

variadas praacuteticas sociais sobretudo agraves relacionadas aos gecircneros digitais

21 Letramento

Letramento (portuguecircs) literacy (inglecircs) eacute definido como ldquo[] estado ou condiccedilatildeo de

quem natildeo apenas sabe ler e escrever mas cultiva e exerce as praacuteticas sociais que usam a escritardquo

(SOARES 2014 p 47) Esse termo surgido no final do seacuteculo XX sob a influecircncia do mundo

globalizado visando atender agraves necessidades de uma sociedade moderna trouxe significativas

transformaccedilotildees sobre o pressuposto de quem sabe ler e escrever e tambeacutem de quem se envolve

e faz uso das praacuteticas de leitura e escrita Desse modo Soares (2014 p 38) postula que ldquo[]

aprender a ler e a escrever e aleacutem disso fazer uso da leitura e da escrita transformam o

indiviacuteduo levam o indiviacuteduo a um outro estado ou condiccedilatildeo sob vaacuterios aspectos social

cultural cognitivo linguiacutestico entre outrosrdquo

Dessa forma a pessoa letrada torna-se diferente pois assume o estado ou a condiccedilatildeo

social ou cultural de pensar agir e refletir diferente de uma pessoa que natildeo eacute alfabetizada

Soares define alfabetizaccedilatildeo termo por noacutes jaacute familiarizado como ldquo[] a accedilatildeo de

ensinaraprender a ler e escreverrdquo (SOARES 2014 p 47) Assim o ideal seria que essas accedilotildees

(alfabetizar e letrar) acontecessem concomitantemente como esclarece a autora ao dizer que

ldquo[] o ideal seria alfabetizar letrando ou seja ensinar a ler e a escrever no contexto das praacuteticas

sociais da leitura e da escrita de modo que o indiviacuteduo se tornasse ao mesmo tempo

alfabetizado e letradordquo (SOARES 2014 p 47) Por isso destacamos a importacircncia de se

alfabetizar letrando desde o iniacutecio da escolarizaccedilatildeo desenvolvendo praacuteticas de letramento jaacute

na Educaccedilatildeo Infantil

Para isso alguns fatores podem implicar no sucesso do trabalho com a leitura e a escrita

como por exemplo a escolha da metodologia os materiais (livros didaacuteticos inclusive) a forma

de avaliar e a organizaccedilatildeo da sala de aula para que o aluno saiba ler e escrever

Contudo entendemos que natildeo basta saber ler e escrever eacute necessaacuterio incorporar a

praacutetica da leitura e da escrita em seu cotidiano seja escolar ou natildeo Ao encontro disso Kleiman

(2005 p 13) apresenta o conceito de alfabetizaccedilatildeo como ldquoum conjunto de saberes sobre o

46

coacutedigo escrito da liacutengua que eacute mobilizado pelo indiviacuteduo para participar das praacuteticas letradas

em outras esferas de atividades natildeo necessariamente escolaresrdquo ou seja assemelhando ao

conceito de letramento

Assim a palavra letramento vem atender a uma necessidade visto que soacute a condiccedilatildeo de

alfabetizado conforme exposto acima natildeo garante que o indiviacuteduo ponha em praacutetica

habilidades e competecircncias em leitura e escrita como atividade social

Nesse sentido Kleiman (2005) diz que o letramento eacute complexo envolvendo muito

mais do que uma habilidade ou conjunto de habilidades ou uma competecircncia de quem lecirc

Envolve muacuteltiplas capacidades e conhecimentos para mobilizar essas capacidades muitos dos

quais natildeo tecircm necessariamente relaccedilatildeo com a leitura Ou seja envolve o conhecimento e a

cultura fora do contexto escolar pois o letramento ultrapassa os muros da escola Poreacutem o foco

dessa discussatildeo eacute a aprendizagem dentro da escola Assim busca-se investigar como favorecer

e fomentar o conhecimento sistematizado da leitura e da escrita sobretudo para aqueles que

estatildeo na escola haacute anos e natildeo conseguem aprender Dessa forma o desenvolvimento dessas

habilidades deve acontecer em um continuum de processos cognitivos que integram diversas

praacuteticas sociais de leitura e escrita

Cumpre salientar que Soares alerta para uma questatildeo de fundamental importacircncia a

falta de condiccedilatildeo para avaliar e medir o letramento pois natildeo haacute uma definiccedilatildeo exata para esse

processo Como distinguir pessoas letradas de iletradas ou como estabelecer niacuteveis de

letramento A esse respeito Soares indaga

Se o letramento eacute um contiacutenuo que representa diferentes tipos e niacuteveis de habilidades

e conhecimentos e eacute um conjunto de praacuteticas sociais que envolvem usos heterogecircneos

de leitura e escrita com diferentes finalidades que ponto desse contiacutenuo deve separar

adultos letrados de iletrados em censos populacionais e pesquisas por amostragem

ou crianccedilas bem sucedidas de crianccedilas mal sucedidas na aquisiccedilatildeo do letramento em

contextos escolares (SOARES 2014 p 83)

Com base nesse problema a autora enfatiza que avaliaccedilotildees pesquisas e mediccedilotildees de

letramento realizadas por censos populacionais ou sistemas escolares satildeo imprecisas pelo fato

de o letramento ser uma variaacutevel contiacutenua jaacute que se refere a uma multiplicidade de habilidades

que devem ser aplicadas a uma variedade de materiais de leitura Soares (2014) esclarece ainda

que a avaliaccedilatildeo e a mediccedilatildeo do letramento e suas relaccedilotildees eacute uma tarefa muito complexa pois

exige um paracircmetro para tal procedimento Contudo a falta de definiccedilatildeo exata e de paracircmetros

para avaliar e definir letramento natildeo impede e natildeo exclui a necessidade e a importacircncia de

avaliar ou medir o letramento como forma de se obter dados para fins teoacutericos e praacuteticos

47

Observamos que questotildees associadas ao desenvolvimento da leitura e da escrita bem

como compreensatildeo de textos e o uso eficiente dessas praacuteticas tecircm sido motivo de preocupaccedilatildeo

e estudo no sentido de se definirem iacutendices de letramento Segundo Soares (2014) as

definiccedilotildees de iacutendices de letramento se justificam porque indicam progressos baacutesicos de um paiacutes

ou de uma comunidade servem de comparaccedilatildeo entre paiacuteses e comunidades Aleacutem disso a

justificativa que consideramos mais pertinente eacute a de que iacutendices de letramento satildeo

imprescindiacuteveis para formulaccedilatildeo implementaccedilatildeo e planejamento de poliacuteticas puacuteblicas no

campo educacional e social

Por isso tomamos por letramento mais uma vez de acordo com Soares (2014 p 44)

ldquo[] o estado ou condiccedilatildeo de quem se envolve nas numerosas e variadas praacuteticas sociais de

leitura e escritardquo sabendo que haacute diferentes tipos e niacuteveis de letramento e que dependem das

necessidades e do contexto social e cultural do indiviacuteduo

Essa definiccedilatildeo eacute indispensaacutevel como expotildee Soares (2014 p 82) ao dizer que ldquouma

definiccedilatildeo geral e amplamente aceita eacute necessaacuteria especialmente quando se pretende avaliar e

medir niacuteveis de letramento sem ela como determinar criteacuterios que estabeleccedilam a diferenccedila

entre letrado e iletrado entre diferentes niacuteveis de letramentordquo

Com base nisso a avaliaccedilatildeo e a mediccedilatildeo do letramento em estudos por amostragem

satildeo consideradas pela autora como o meacutetodo mais adequado por medir e avaliar ldquoem

profundidade tanto as habilidades de leitura e de escrita atraveacutes de provas e testes quanto os

usos cotidianos dessas habilidades atraveacutes de questionaacuterios estruturadosrdquo (SOARES 2014 p

104) Dessa forma esse tipo de avaliaccedilatildeo e mediccedilatildeo busca identificar o letramento funcional

ou seja a praacutetica real das habilidades de leitura e escrita e a frequecircncia de usos sociais dessas

habilidades Aleacutem disso segundo Soares (2014) as escolas satildeo instacircncias que podem fazer uso

de avaliaccedilotildees e mediccedilotildees do letramento avaliando de maneira progressiva a aquisiccedilatildeo de

habilidades conhecimentos e usos sociais da leitura e da escrita mas alerta para o cuidado de

natildeo reduzir as praacuteticas de letramento apenas ao contexto escolar e distanciaacute-las das praacuteticas

sociais

22 Multimodalidade e Multiletramentos no ensino de Liacutengua Portuguesa

Segundo Kleiman (2005 p 53) ldquoo professor enquanto agente de letramento eacute um

promotor das capacidades e recursos de seus alunos e de suas redes comunicativas para que

participem das praacuteticas de uso da escrita situadas nas diversas instituiccedilotildeesrdquo Nesse sentido a

importacircncia do agente de letramento como mobilizador da praacutetica letrada atraveacutes dos gecircneros

textuais ou digitais vai ao encontro da necessidade de trabalhar com gecircneros socialmente

48

relevantes e que ampliem a capacidade linguiacutestica dos alunos Por isso levamos em conta a

grande circulaccedilatildeo de textos contemporacircneos carregados de imagens de cores de formatos

entre outros aspectos da diagramaccedilatildeo

Assim observamos que a forma de apresentaccedilatildeo dos textos em sala de aula vem

mudando consideravelmente nas uacuteltimas deacutecadas e o estiacutemulo ao desenvolvimento das

competecircncias sociocomunicativas e linguiacutesticas dos alunos por meio de diferentes suportes e

gecircneros textuais estaacute presente em muitos ambientes escolares Essa apresentaccedilatildeo de

informaccedilotildees escritas a maneira como eacute veiculada e as variedades de modos de comunicaccedilatildeo

existentes exigem da escola mais reflexatildeo sobre os aspectos do processo de ensinar e de

aprender

Nessa direccedilatildeo Rojo (2009 p 105) afirma que ldquo[] por efeito da globalizaccedilatildeo o mundo

mudou muito nas uacuteltimas deacutecadas Em termos de exigecircncias de novos letramentos eacute

especialmente importante destacar as mudanccedilas relativas aos meios de comunicaccedilatildeo e agrave

circulaccedilatildeo da informaccedilatildeordquo

Diante disso eacute fundamental destacar que o surgimento das tecnologias digitais e a forma

ou necessidade de a escola trabalhar com a tecnologia contribuiacuteram para a investigaccedilatildeo de

teorias que esclarecem os conceitos sobre os usos das tecnologias na educaccedilatildeo sobre a

multimodalidade e os multiletramentos

Por multimodalidade ou multissemiose Rojo tece as seguintes consideraccedilotildees

Eacute o que tem sido chamado de multimodalidade ou multissemiose dos textos

contemporacircneos que exigem multiletramentos Ou seja textos compostos de muitas

linguagens (ou modos ou semioses) e que exigem capacidades e praacuteticas de

compreensatildeo e produccedilatildeo de cada uma delas (multiletramentos) para fazer significar

(ROJO 2012 p 19)

Dessa forma percebemos que esses textos carregados de semiose exigem novas formas

de ler e de compreender assim como o termo multiletramento refere-se agrave habilidade de saber

analisar semioses compreender novas linguagens observando a diversidade cultural e

linguiacutestica tatildeo presente na nossa sociedade Por isso torna-se relevante o professor aprofundar

seu conhecimento nos estudos voltados para a linguagem sobre como ela se processa e como

eacute utilizada

Atualmente os recursos utilizados nas diferentes miacutedias sejam impressas ou digitais

exigem um novo comportamento do leitor Considerando esse contexto Rojo (2009) destaca

que o surgimento e a ampliaccedilatildeo contiacutenua de acesso agraves tecnologias digitais da comunicaccedilatildeo e da

informaccedilatildeo (computadores pessoais celulares tocadores de mp3 TVs digitais entre outras)

49

implicaram em pelo menos quatro mudanccedilas que ganham importacircncia na reflexatildeo sobre os

letramentos como podemos observar no Quadro 05

Quadro 05 ndash Mudanccedilas sobre os letramentos

Mudanccedilas que ganham importacircncia na reflexatildeo sobre os letramentos

1ordf

A vertiginosa intensificaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo da circulaccedilatildeo da informaccedilatildeo nos meios

analoacutegicos e digitais que por isso mesmo distanciam-se hoje dos meios impressos muito mais

morosos e seletivos implicando [] mudanccedilas significativas nas maneiras de ler de produzir e

de fazer circular textos na sociedade

2ordf

A diminuiccedilatildeo das distacircncias espaciais tanto em termos geograacuteficos por efeito dos transportes

raacutepidos como em termos culturais e internacionais por efeito da miacutedia digital e analoacutegica

desenraizando as populaccedilotildees e desconstruindo identidades

3ordf

A diminuiccedilatildeo das distacircncias temporais ou a contraccedilatildeo do tempo determinadas pela velocidade

sem precedentes a quase instantaneidade dos transportes da informaccedilatildeo dos produtos culturais

das miacutedias caracteriacutesticas que tambeacutem colaboram para mudanccedilas nas praacuteticas de letramento

4ordf

A multissemiose ou a multiplicidade de modos de significar que as possibilidades

multimidiaacuteticas e hipermidiaacuteticas do texto eletrocircnico trazem para o ato de leitura jaacute natildeo basta

mais a leitura do texto verbal escrito ndash eacute preciso relacionaacute-lo com um conjunto de signos de

outras modalidades de linguagem (imagem estaacutetica imagem em movimento muacutesica fala) que

o cercam ou intercalam ou impregnam esses textos multissemioacuteticos extrapolaram os limites

dos ambientes digitais e invadiram tambeacutem os impressos (jornais revistas livros didaacuteticos)

Fonte Rojo 2009 p 105

Com base no exposto podemos destacar que natildeo daacute mais para ignorar que essas

mudanccedilas interferem no modo como as pessoas leem e interpretam textos contemporacircneos em

diferentes suportes sejam analoacutegicos ou digitais Desse modo ler considerando as imagens

cores formatos e tamanhos de letras boxes entre outros recursos trazendo para si significaccedilatildeo

requer competecircncia anaacutelise e leitura criacutetica Nesse sentido Rojo (2009 p 112) define ldquoos

letramentos criacuteticos como capazes de lidar com textos e discursos naturalizados de maneira a

perceber seus valores e intenccedilotildees suas estrateacutegias seus efeitos de sentidordquo

Dessa forma observamos que a leitura por meio da tecnologia estaacute em evidecircncia e o

nosso aluno deve estar inserido nesse contexto Aleacutem disso percebemos que a utilizaccedilatildeo desses

recursos digitais concentram dinamismo e interaccedilatildeo tatildeo atrativos agraves crianccedilas jovens e adultos

da contemporaneidade

Vivemos em uma era em que a internet as redes sociais os textos multimodais e

hipermidiaacuteticos apresentam estruturas de texto verbal e natildeo-verbal cada vez mais atraentes

permitindo ao leitorusuaacuterio ser levado a um infinito mundo real e irreal de possibilidades de

comunicaccedilatildeo Assim levando em conta esse contexto hipermidiaacutetico Rojo argumenta que

[u]m dos objetivos principais da escola eacute justamente possibilitar que seus alunos

possam participar das vaacuterias praacuteticas sociais que se utilizam da leitura e da escrita

(letramentos) na vida da cidade de maneira eacutetica criacutetica e democraacutetica Para fazecirc-lo

eacute preciso que a educaccedilatildeo linguiacutestica leve em conta hoje de maneira eacutetica e

democraacutetica os multiletramentos ou letramentos muacuteltiplos os letramentos

multissemioacuteticos (ROJO 2009 p 107)

50

Outro aspecto que devemos levar em consideraccedilatildeo eacute que o trabalho com textos

multimodais pode proporcionar a anaacutelise da leitura de imagens com consideraacutevel importacircncia

pois sabemos que antes de conhecer a escrita na escola a crianccedila jaacute convive com ela e antes

mesmo de atentar agrave palavra escrita sente-se atraiacuteda pela imagem pelo colorido pelas

propagandas visuais e pelo fasciacutenio da tecnologia

Segundo Rojo (2009 p 108) as ldquo[] muacuteltiplas exigecircncias que o mundo contemporacircneo

apresenta agrave escola vatildeo multiplicar enormemente as praacuteticas e textos que nela devem circular e

ser abordadosrdquo e questiona sobre como seraacute realizada essa abordagem na escola Como

organizar a abordagem de praacuteticas de letramento Que eventos que esferas e miacutedias selecionar

Quais textos e como abordaacute-los

Para esse entendimento e escolha Marcuschi (2008) e Rojo (2009) acrescentam que

dois conceitos bakhtinianos podem nos auxiliar o conceito de esfera de atividade ou de

circulaccedilatildeo de discursos e o conceito de gecircneros discursivos De acordo com Marcuschi (2008

p 155) o domiacutenio discursivo constitui-se de ldquo[] praacuteticas enunciativas discursivas nas quais

podemos identificar um conjunto de gecircneros textuais que agraves vezes lhe satildeo proacuteprios ou

especiacuteficos como rotinas comunicativas []rdquo

Bakhtin defende que

[t]odas as esferas da atividade humana por mais variadas que sejam estatildeo sempre

relacionadas com a utilizaccedilatildeo da liacutengua Natildeo eacute de surpreender que o caraacuteter e os modos

dessa utilizaccedilatildeo sejam tatildeo variados como as proacuteprias esferas da atividade humana o

que natildeo contradiz a unidade nacional de uma liacutengua A utilizaccedilatildeo da liacutengua efetua-se

em forma de enunciados (orais e escritos) concretos e uacutenicos que emanam dos

integrantes duma ou doutra esfera da atividade humana (BAKHTIN1997 p 279)

Assim percebemos que em nossa vida cotidiana participamos de diversas esferas de

atividade como por exemplo atividades domeacutesticas e familiares do trabalho escolar

acadecircmica religiosa artiacutestica juriacutedica publicitaacuteria entre tantas outras e natildeo podemos deixar

de citar que hoje as atividades eletrocircnicasdigitais tambeacutem fazem parte das esferas de atividade

humana e que soacute podem ser realizadas por meio da tecnologia

Rojo (2009) acrescenta que na vida diaacuteria circulamos por essas esferas em diferentes

posiccedilotildees sociais miacutedias diversas e em culturas tambeacutem diferentes Compreendemos que a

inserccedilatildeo da tecnologia no cotidiano das pessoas eacute cada vez mais rotineira e rompeu as barreiras

da comunicaccedilatildeo pois mudou a forma de pensar de agir de relacionar e de produzir informaccedilatildeo

Por isso a autora destaca que hoje as esferas de atividades natildeo satildeo estanques e separadas mas

ao contraacuterio elas se mesclam o tempo todo como podemos ver na figura abaixo

51

Figura 03 ndash Esferas de atividade social ou de circulaccedilatildeo dos discursos

Fonte Rojo 2009 p 110

A figura 03 revela que cada esfera de atividade humana da oralidade ou da escrita

impressa ou digital representa uma dimensatildeo de circulaccedilatildeo de discursos e de utilizaccedilatildeo da

liacutengua e que muitos gecircneros satildeo comuns a vaacuterios domiacutenios Por isso a autora explica que em

uma esfera de comunicaccedilatildeo a crianccedila ou o jovem usa a linguagem informal como no MSN em

e-mails em blog e em bilhetes escolares obedecendo agraves condiccedilotildees de circulaccedilatildeo da liacutengua

Outro aspecto pertinente levantado por Rojo (2009) eacute que a abrangecircncia de discursos

das ideologias e das significaccedilotildees devem fomentar na escola e fora dela os letramentos criacuteticos

que possibilitam ao aluno lidar com textos e discursos percebendo seus valores suas intenccedilotildees

e seus efeitos de sentido As esferas de atividade no mundo contemporacircneo ampliaram as

condiccedilotildees de discurso sendo papel da escola ldquo[] colocar em diaacutelogo ndash natildeo isento de conflitos

polifocircnico em termos bakhtinianos ndash os textosenunciadosdiscursos das diversas culturas locais

com as valorizadas [] para formar um cidadatildeo multicultural em sua cultura e poliglota em

sua liacutenguardquo (ROJO 2009 p 115)

Assim eacute preciso trazer esse universo midiaacutetico para a escola natildeo para servir agrave cultura

global mas para ajudar o aluno a despertar o senso criacutetico avaliando o que lecirc as informaccedilotildees

que recebe sua aprendizagem o significado e a influecircncia do aprendizado na sua vida Com

isso torna-se papel da escola inserir esse universo na sala de aula buscando formar indiviacuteduos

criacuteticos capazes de ler de interpretar de avaliar o mundo em que vivem de interagir imagens

com palavras tornando-os mais motivados para o uso da leitura e da escrita como atividade

social

Portanto eacute necessaacuterio ensinar o aluno a comunicar-se e a produzir comunicaccedilatildeo auxiliaacute-

lo a perceber a se expressar a construir uma visatildeo criacutetica e eficiente das diversas formas de

expressatildeo ampliando sua percepccedilatildeo no entendimento de qualquer linguagem principalmente

52

porque vivemos em espaccedilos de aprendizagem que pretendem incorporar gradativamente o uso

das tecnologias e com isso a intensidade da informaccedilatildeo verbal e da visual exige de noacutes

compreensatildeo e reestruturaccedilatildeo da forma como estamos acostumados a ler

23 Texto (multimodal) e ensino

No ensino de Liacutengua Portuguesa o texto eacute o ponto de partida para o desenvolvimento

de atividades de leitura compreensatildeo interpretaccedilatildeo reflexatildeo sobre o uso da liacutengua

vocabulaacuterio ortografia e tema para as produccedilotildees de texto praticamente nesta sequecircncia de

estudo tanto no planejamento dos professores dessa aacuterea quanto na maioria dos livros didaacuteticos

Assim podemos inferir que o texto eacute algo essencial na praacutetica de leitura e escrita nas aulas de

Liacutengua Portuguesa e tambeacutem uma atividade muito familiar de todos os estudantes pois eacute uma

praacutetica constante da escola Aleacutem disso falamos por textos e lidamos com textos diariamente

sejam orais ou escritos impressos ou digitais

A partir dos anos 60 surge a Linguiacutestica do texto que trata hoje da produccedilatildeo e da

compreensatildeo de textos orais e escritos De acordo com Marcuschi (2008 p 73) a Linguiacutestica

textual ndash LT ndash ldquopode ser definida como os estudos das operaccedilotildees linguiacutesticas discursivas e

cognitivas reguladoras e controladoras da produccedilatildeo construccedilatildeo e processamento de textos orais

e escritos ou orais em contextos naturais de usordquo Assim de acordo com o autor a LT parte do

princiacutepio de que a liacutengua natildeo funciona de forma fragmentada em fonemas morfemas palavras

ou frases soltas mas em unidades de sentido que chamamos de texto sejam orais ou escritos

De acordo com Koch (2012 p 25) ldquoo conceito de texto varia conforme o autor eou a

orientaccedilatildeo teoacuterica adotadardquo Assim concebemos a noccedilatildeo de texto que Marcuschi (2008 p 72)

adota desenvolvida por Beaugrande (1997) segundo o qual ldquotexto eacute um evento comunicativo

em que convergem accedilotildees linguiacutesticas sociais e cognitivasrdquo

Segundo Marcuschi (2008 p 80) ldquoo texto natildeo eacute uma simples sequecircncia de palavras

escritas ou faladas mas um eventordquo Um evento comunicativo que tem como foco os usos da

liacutengua que concentra a sua essecircncia em expor as coisas reais que acontecem no dia-a-dia das

pessoas que tenha relevacircncia para a sua vida e para os outros Natildeo eacute um simples amontoado de

palavras soltas mas uma atividade discursiva que pode ser falada ou escrita

Koch (2012 p 26) postula que ldquoo texto pode ser concebido como resultado parcial de

nossa atividade comunicativa que compreende processos operaccedilotildees e estrateacutegias que tecircm lugar

na mente humana e que satildeo postos em accedilatildeo em situaccedilotildees concretas de interaccedilatildeo socialrdquo

Assim percebe-se que o texto apresenta um conjunto de fatores que favorecem a

concepccedilatildeo de linguagem em uso de discursividade de sentido de valor semacircntico de suas

53

propriedades (coesatildeo coerecircncia informatividade intertextualidade entre outros) de

multifunccedilotildees e multimodalidade Nessa perspectiva Marcuschi (2008) tece as seguintes

consideraccedilotildees

1 O texto eacute visto como um sistema de conexotildees entre vaacuterios elementos tais como

sons palavras enunciados significaccedilotildees participantes contextos accedilotildees etc

2 O texto eacute construiacutedo numa orientaccedilatildeo de multissistemas ou seja envolve tanto

aspectos linguiacutesticos como natildeo linguiacutesticos no seu processamento (imagem muacutesica)

e o texto se torna em geral multimodal

3 O texto eacute um evento interativo e natildeo se daacute como um artefato monoloacutegico e

solitaacuterio sendo sempre um processo e uma coproduccedilatildeo (co-autorias em vaacuterios niacuteveis)

4 O texto compotildee-se de elementos que satildeo multifuncionais sob vaacuterios aspectos tais

como um som uma palavra uma significaccedilatildeo uma instruccedilatildeo etc e deve ser

processado com esta multifuncionalidade (MARCUSCHI 2008 p 80)

Com base no exposto consideramos que o texto extrapola as questotildees meramente

linguiacutesticas pois concentra vaacuterios aspectos natildeo linguiacutesticos que devem ser considerados

principalmente porque estamos inseridos em uma sociedade imersa em um grande ambiente

multimodal

Na Teoria da Multimodalidade defendida por Kress e Van Leeuwen (2006) o texto

multimodal eacute aquele cujo significado se realiza por mais de um coacutedigo semioacutetico ou recursos

semioacuteticos Por recursos semioacuteticos entendem-se de acordo com Dioniacutesio (2006) os modos

(imagens escrita som muacutesica linhas cores tamanhos acircngulos ritmos etc) e como eles se

integram no texto atraveacutes das modalidades sensoriais (visual auditiva olfativa etc) Ainda de

acordo com Dioniacutesio (2006 p 21) ldquoo termo multimodal tem sido usado para nomear textos

constituiacutedos por combinaccedilatildeo de recursos de escrita (fonte tipografia) som (palavras faladas

muacutesicas) imagens (desenhos fotos reais) gestos movimentos expressotildees faciais etcrdquo

Deve-se ressaltar que ao fazer a leitura de uma imagem aleacutem de observar planos traccedilos

cores figuras eacute preciso compreender como esse conjunto de recursos semioacuteticos dialogam

pois ao vermos uma imagem imediatamente evocamos uma seacuterie de interpretaccedilotildees

Para Dioniacutesio (2006 p 160) o fato de a nossa sociedade estar cada vez ldquomais visualrdquo

demonstra que os textos multimodais ldquo[] satildeo textos especialmente construiacutedos que revelam

as nossas relaccedilotildees com a sociedade e com o que a sociedade representardquo

Por isso o estudo dos textos multimodais eacute relevante porque estamos imersos em

imagens sons textos palavras muacutesicas cores entre outras infinidades de possibilidades de

leituras variadas dispostas nesta sociedade que utiliza a internet como veiacuteculo de informaccedilatildeo e

de comunicaccedilatildeo Esse estudo possibilita ao professor e ao aluno o conhecimento de uma

54

linguagem multissignificativa entrecortada por relaccedilotildees de poder que se estabelecem no

discurso

Dessa maneira a anaacutelise dos textos visuais contribui de forma relevante para que se

compreendam os mecanismos de construccedilatildeo de sentidos visuais o que favorece o

desenvolvimento da leitura e da escrita de textos de natureza multimodal de acordo com a

Gramaacutetica de Design Visual ndash GDV de Kress e Van Leewen

Natildeo podemos deixar de abordar que o sistema de estruturaccedilatildeo visual elaborado por

Krees e Van Leeuwen (2006) na Gramaacutetica de Design Visual (GDV) compotildee-se de trecircs

metafunccedilotildees Primeiramente citamos a metafunccedilatildeo ideacional por meio da qual eacute expressa a

experiecircncia e a habilidade dos participantes de representarem e de interpretarem o mundo por

meio de estruturas narrativas ou conceituais (participantes representados participantes

interativos) A metafunccedilatildeo interacional diz respeito ao grau de interaccedilatildeo entre os elementos da

composiccedilatildeo Aleacutem disso haacute metafunccedilatildeo interpessoal na qual eacute expressa a relaccedilatildeo estabelecida

entre os interlocutores que ao desempenharem suas funccedilotildees criam possiacuteveis significados

tendo como base o contexto social do qual fazem parte (contato olhar de oferta e olhar de

demanda distacircncia social plano fechado plano meacutedio plano aberto) Haacute tambeacutem a funccedilatildeo

composicional que tem metafunccedilatildeo textual a qual expressa a relaccedilatildeo e a disposiccedilatildeo que os

elementos visuais ocupam na composiccedilatildeo visual para a construccedilatildeo de sentidos bem como a

relaccedilatildeo que esses elementos mantecircm com a situaccedilatildeo em que satildeo usados (valor da informaccedilatildeo

dadonovo idealreal e centromargem) A partir dessas consideraccedilotildees observa-se a articulaccedilatildeo

de vaacuterios modos semioacuteticos nos textos multimodais que convergem significados

representacionais interativos e composicionais e contribuem com a construccedilatildeo de sentidos do

texto

Entendemos de acordo com Koch (2006) que o sentido do texto eacute construiacutedo pelos

processos de interaccedilatildeo autor-texto-leitor Aleacutem disso a autora considera de fundamental

importacircncia que o leitor leve em consideraccedilatildeo as ldquosinalizaccedilotildeesrdquo na e para a produccedilatildeo de sentido

e os conhecimentos que possui ou seja o sentido de um texto eacute construiacutedo na interaccedilatildeo texto-

sujeitos

Segundo Marcuschi (2008 p 70) sujeito ldquoeacute aquele que ocupa um lugar no discurso e

que se determina na relaccedilatildeo com o outrordquo Um sujeito que pensa que se apropriou da

linguagem tem o que falar e para quem falar Um ser social eacute capaz de produzir ideias e

envolver-se nas questotildees da sociedade em que vive de forma interativa e contextualizada Eacute sob

essa perspectiva de escrita como atividade interativa que Antunes (2003) estabelece as

seguintes consideraccedilotildees

55

Uma visatildeo interacionista da escrita supotildee desse modo encontro parceria

envolvimento entre sujeitos para que aconteccedila a comunhatildeo das ideias das

informaccedilotildees e das intenccedilotildees pretendidas Assim por essa visatildeo supotildee que algueacutem

selecionou alguma coisa a ser dita a um outro algueacutem como quem pretendeu interagir

em vista de algum objetivo (ANTUNES 2003 p 45)

Diante do exposto a produccedilatildeo de textos na escola merece atenccedilatildeo haja vista a

necessidade de tornar o aluno sujeito das suas proacuteprias ideias ou seja um produtor de textos

que tem algo a dizer e para quem dizer Dessa forma pretende-se que a autoria faccedila parte da

vida do aluno como algo natural em uma troca de informaccedilotildees que se deseja partilhar Contudo

a dificuldade em produzir textos eacute uma realidade escolar A maioria dos alunos apresenta

estranhamento bloqueio medo de escrever Lidam diariamente com textos na escola e fora

dela realizam leituras desenvolvem atividades de interpretaccedilatildeo e anaacutelise mas demonstram

insatisfaccedilatildeo em produzir textos

Percebe-se que a falta de entendimento do que vem a ser um texto bem como da sua

percepccedilatildeo enquanto sujeito capaz de produzir discurso nas relaccedilotildees de interaccedilatildeo interfere

nesse processo de produccedilatildeo textual Por isso julgamos ser imprescindiacutevel que o aluno tenha

contato com textos de diversos gecircneros e que seja tambeacutem um leitor Ser leitor para construir

um repertoacuterio ideoloacutegico e vivencial para ter o que falar e para quem falar Como ressalta

Bakhtin

[n]a realidade toda palavra comporta duas faces Ela eacute determinada tanto pelo fato de

que procede de algueacutem como pelo fato de que se dirige para algueacutem Ela constitui

justamente o produto da interaccedilatildeo do locutor e do ouvinte [] A palavra eacute uma

espeacutecie de ponte lanccedilada entre mim e os outros Se ela se apoia sobre mim numa

extremidade na outra apoia-se sobre o meu interlocutor A palavra eacute o territoacuterio

comum do locutor e do interlocutor (BAKHTIN 1999 p 113)

Logo precisamos deixar claro para o aluno que ele tem capacidades comunicativas e

que sempre haveraacute a possibilidade de interaccedilatildeo entre locutor e interlocutor que ldquotodos temos

uma competecircncia textual-discursiva relativamente bem desenvolvida e natildeo haacute o que ensinar

propriamenterdquo como ressalta Marcuschi (2008 p 81) Nesse sentido a escola deve ativar essa

competecircncia a partir da praacutetica docente que intermedeia a linguagem oral e escrita atraveacutes de

leituras debates problematizaccedilatildeo discussotildees em sala de aula entre outras estrateacutegias que

privilegiam a produccedilatildeo textual como algo prazeroso

56

24 A internet e os gecircneros digitais no contexto escolar

Pensar em como as tecnologias digitais da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo podem

transformar nossa praacutetica pedagoacutegica natildeo eacute algo tatildeo recente Mesmo assim a praacutetica

pedagoacutegica sob essa perspectiva possibilita a noacutes professores natildeo soacute a atualizaccedilatildeo de

conhecimentos mas o acompanhamento das mudanccedilas no cenaacuterio mundial principalmente no

contexto escolar que eacute nosso espaccedilo de atuaccedilatildeo profissional Dessa forma a escola natildeo pode

desvincular-se do que acontece fora dela devendo estabelecer relaccedilotildees de praacuteticas de

letramento com a tecnologia para que surjam novas possibilidades de ensino-aprendizagem

contextualizadas e significativas

Nesse contexto as miacutedias e as tecnologias ganharam destaque em todos os aspectos

principalmente como instrumentos de novas propostas pedagoacutegicas Assim entende-se cada

vez mais a escola como uma instituiccedilatildeo inserida em uma sociedade que apresenta

transformaccedilotildees especialmente nas formas de acesso ao conhecimento Dessa maneira para natildeo

dissociar suas praacuteticas e processos da realidade social ela deve tambeacutem acompanhar essas

transformaccedilotildees apropriando-se desses novos meios de transmissatildeo de conhecimento e

transformando-os em instrumentos pedagoacutegicos A partir dessa concepccedilatildeo eacute preciso abordar

de maneira sucinta as interfaces das tecnologias digitais da informaccedilatildeo e da comunicaccedilatildeo com

a educaccedilatildeo

A internet ganhou abrangecircncia mundial pois eacute responsaacutevel por uma parte expressiva

das informaccedilotildees que circulam no mundo em um processo de compartilhamento de ideias que

foi estimulado especialmente a partir da deacutecada de 1980 quando seu uso tornou-se puacuteblico

deixando de ser exclusividade de especialistas e instituiccedilotildees governamentais Desde entatildeo a

internet vem se popularizando com a implantaccedilatildeo de laboratoacuterios de informaacutetica em diversas

instituiccedilotildees de ensino sobretudo apoacutes a utilizaccedilatildeo das ondas de raacutedio para essa finalidade uma

vez que por meio de uma linha telefocircnica seu uso era dispendioso e por isso restrito

Em 2015 conforme dados extraiacutedos da Pesquisa Nacional por Amostras em Domiciacutelios

(PNAD 2015) 578 de domiciacutelios brasileiros possuiacuteam acesso agrave internet Isso equivale a 393

milhotildees de domiciacutelios Aleacutem disso a pesquisa evidenciou que quanto maior a classe de

rendimento mensal domiciliar per capita maior eacute a proporccedilatildeo de domiciacutelios com Internet

Assim os domiciacutelios pertencentes agraves classes de rendimento domiciliar per capita de ateacute um

salaacuterio miacutenimo encontram-se abaixo da meacutedia nacional revelando uma desigualdade

socioeconocircmica e assim uma desvantagem quanto ao acesso agrave internet por falta de condiccedilotildees

financeiras

57

Outro aspecto observado de acordo com a PNAD (2015)15 eacute que houve reduccedilatildeo no

nuacutemero de domiciacutelios particulares permanentes com acesso agrave internet por meio de

microcomputador passando de 282 milhotildees em 2014 para 275 milhotildees em 2015 No

entanto aumentou o contingente de domiciacutelios com acesso agrave internet por meio de outros

equipamentos como celular 921 (362 milhotildees) tinham acesso por meio de telefone moacutevel

celular (aumento de 117 pontos percentuais em relaccedilatildeo a 2014) 211 (83 milhotildees) por tablet

(queda de 08 ponto percentual) e 75 (29 milhotildees) por televisatildeo (aumento de 26 pontos

percentuais)

Em 2013 o uso do microcomputador predominava em todas as grandes regiotildees com

exceccedilatildeo da regiatildeo Norte Jaacute em 2014 e contiacutenuo crescimento em 2015 de acordo com a

pesquisa a utilizaccedilatildeo do microcomputador como uacutenico equipamento para acesso agrave internet natildeo

mais prevalece na maioria dos domiciacutelios da populaccedilatildeo brasileira

Vale ressaltar tambeacutem que a pesquisa por meio da anaacutelise por distribuiccedilatildeo etaacuteria

constatou que os grupos mais jovens registraram as maiores proporccedilotildees de utilizaccedilatildeo da internet

em 2015 Analisando os grupos compreendidos na faixa de 10 a 44 anos de idade descobriu-

se que o uso da internet ultrapassava 575 (1021 milhoes de pessoas) Observamos a partir

desses dados que a utilizaccedilatildeo da internet mostrou relaccedilatildeo direta com os anos de estudo

indicando proporccedilotildees crescentes entre os mais escolarizados Em relaccedilatildeo a 2013 2014 e 2015

todos os niacuteveis de instruccedilatildeo apresentaram aumento da utilizaccedilatildeo da internet com exceccedilatildeo do

grupo sem instruccedilatildeo e menos de um ano de estudo que passou de 54 em 2013 para 52

em 2014 mas em 2015 houve aumento de 22 passando para 74 Para as pessoas com ateacute

sete anos de estudo a proporccedilatildeo foi inferior agrave meacutedia nacional (575) enquanto para aquelas

com oito anos ou mais de estudo a proporccedilatildeo foi superior Assim considerando o niacutevel de

instruccedilatildeo observou-se que as proporccedilotildees de utilizaccedilatildeo da Internet aumentaram continuamente

ateacute o niacutevel superior incompleto que alcanccedilou o valor maacuteximo de 9470 decaindo depois

para 928 no grupo que possui superior completo Eacute notoacuterio dizer que em 2015 dos 1021

milhotildees de usuaacuterios da internet 284 (290 milhotildees) eram estudantes Por isso o potencial e

as possibilidades de uso da internet na educaccedilatildeo satildeo evidentes porque ela constitui a maior e a

mais abrangente forma de comunicaccedilatildeo interaccedilatildeo e troca de saberes devendo fazer parte do

contexto escolar

15 Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNAD 2015) Disponiacutevel em lt

httpsbibliotecaibgegovbrvisualizacaolivrosliv99054pdf gt Acesso em 04 fev 2018

58

Assim podemos dizer que esses novos recursos de interaccedilatildeo comunicativa viabilizados

pela tecnologia podem e devem ser agregados ao contexto escolar estabelecendo relaccedilotildees de

sentido para o aluno e para a sociedade

Dessa forma sob a perspectiva do letramento como praacutetica social que atenda agraves

necessidades de aprendizagem do seacuteculo XXI a exigecircncia de utilizar os gecircneros digitais como

ferramenta de ensino configura um novo comportamento diante da leitura e da escrita Dessa

maneira a praacutetica docente restrita ao letramento das miacutedias impressas natildeo eacute suficiente tendo

em vista a real necessidade de inserir tecnologias digitais no contexto escolar que jaacute estatildeo tatildeo

presentes na vida das pessoas e de certa forma fora da escola

A esse respeito Coscarelli afirma que

[a]s escolas precisam preparar os alunos tambeacutem para o letramento digital com

competecircncias e formas de pensar adicionais ao que antes era previsto para o impresso

Sendo assim o desafio que precisamos enfrentar eacute o de incorporar ao ensino da leitura

tanto os textos de diferentes miacutedias (jornais impressos e digitais formulaacuterios online

viacutedeos muacutesicas sites blogs e tantos outros) quanto formas de lidar com eles (COSCARELLI 2016 p 17)

Assim a escola poderia levar em consideraccedilatildeo esses aspectos e preparar o aluno para

viver na sociedade contemporacircnea estabelecendo relaccedilotildees com o mundo real e com a

tecnologia preparando-o para enfrentar desafios resolver problemas e participar da sociedade

de forma criacutetica e responsaacutevel pois o uso de novas tecnologias da informaccedilatildeo de miacutedias de

gecircneros textuais e digitais cria inuacutemeras possibilidades de aprendizagem principalmente

quando se considera o contexto social a cultura e a vivecircncia dos sujeitos envolvidos no processo

de ensino-aprendizagem Assim nessa perspectiva pretende-se desenvolver no estudante

competecircncias de leitura e escrita por meio de gecircneros textuais e digitais

Os gecircneros textuais conforme Marcuschi (2008 p 155) satildeo [] textos que

ldquoencontramos em nossa vida diaacuteria e que apresentam padrotildees sociocomunicativos

caracteriacutesticos definidos por composiccedilotildees funcionais objetivos enunciativos e estilos

concretamente realizados na integraccedilatildeo de forccedilas histoacutericas sociais institucionais e teacutecnicasrdquo

Jaacute os gecircneros digitais apresentam os mesmos padrotildees sociocomunicativos estatildeo

presentes mais do que nunca na vida diaacuteria das pessoas poreacutem se valem do suporte virtual ou

seja da internet para se materializarem

Observamos que a rede mundial de computadores trouxe grandes mudanccedilas na forma

de comunicaccedilatildeo e acesso agrave informaccedilatildeo e a escola pouco tem utilizado essa profiacutecua ferramenta

como inovaccedilatildeo na praacutetica pedagoacutegica Marcuschi (2008 p 175) define como suporte de um

gecircnero ldquoum loacutecus fiacutesico ou virtual com formato especiacutefico que serve de base ou ambiente de

59

fixaccedilatildeo do gecircnero materializado como textordquo Assim os gecircneros digitais satildeo textos presentes

no nosso cotidiano e que estatildeo materializados no ambiente digital Cabe assim

compreendermos que o ambiente digital apresenta peculiaridades e variaacuteveis mas de acordo

com Marcuschi (2010 p 22) eacute fato inconteste ldquo[] que a internet e todos os gecircneros ligados a

ela satildeo eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita Na internet a escrita continua

essencial apesar da integraccedilatildeo de imagens e somrdquo

Nessa perspectiva Marcuschi (2010) relaciona no Quadro 06 os gecircneros digitais por

ele classificados como emergentes fazendo uma relaccedilatildeo com os gecircneros textuais jaacute existentes

Quadro 06 ndash Gecircneros textuais emergentes na miacutedia virtual e seus equivalentes em gecircneros

preexistentes Gecircneros emergentes Gecircneros jaacute existentes

1 E-mail Carta pessoal bilhete correio

2 Chat em aberto Conversaccedilotildees (em grupos abertos)

3 Chat reservado Conversaccedilotildees duais (casuais)

4 Chat ICQ (agendado) Encontros pessoais (agendados)

5 Chat em salas privadas Conversaccedilotildees (fechadas)

6 Entrevista com convidado Entrevista com pessoa convidada

7 E-mail educacional (aula por e-mail) Aulas por correspondecircncia

8 Aula-chat (aulas virtuais) Aulas presenciais

9 Videoconferecircncia interativa Reuniatildeo de grupo conferecircncia debate

10 Lista de discussatildeo Circulares seacuteries de circulares ()

11 Endereccedilo eletrocircnico Endereccedilo postal

12 Blog Diaacuterio pessoal anotaccedilotildees agendas

Fonte Marcuschi 2010 p 37

Compreendemos com base em Marcuschi (2008) que esses textos tecircm caracteriacutesticas

particulares e mesmo sendo por meio virtual as relaccedilotildees de interaccedilatildeo satildeo entre indiviacuteduos

reais Outros aspectos pertinentes e que satildeo relevantes para diferenciar e caracterizar esses

gecircneros satildeo a composiccedilatildeo (aspectos textuais e formais) o tema (natureza dos conteuacutedos) e o

estilo (aspectos relativos agrave linguagem) mesmo sabendo que por meio do ambiente virtual as

experimentaccedilotildees e possibilidades de uso satildeo ilimitadas

No sentido de melhor compreender as semelhanccedilas e diferenccedilas entre os gecircneros jaacute

existentes e os gecircneros emergentes Marcuschi (2010) traccedila alguns paracircmetros que poderiam

caracterizar esses novos gecircneros mas alerta que eacute apenas uma proposta descritiva e que carece

de maior investigaccedilatildeo Poreacutem analisa dois aspectos importantes que contribuem para essa

anaacutelise o tempo e os participantes como podemos observar no Quadro 07

60

Quadro 07 ndash Formatos da comunicaccedilatildeo por computador conforme os participantes e o tempo

Participantes Tempo

Siacutencrono Assiacutencrono

Bilateral Chat reservado E-mail

Multilateral Chat em salas abertas

Aula chat

Informaccedilotildees listas de

discussatildeo blogs

Fonte Marcuschi 2010 p 38

Observamos ancorados em Marcuschi (2010) que a simultaneidade ou natildeo em que

ocorrem as relaccedilotildees de fala-escrita apresenta um caraacuteter inovador no contexto das relaccedilotildees

discursivas e na forma como a linguagem acontece diante de tantos recursos inovadores Os

gecircneros no contexto digital mudam radicalmente a forma como as pessoas estabelecem

produzem ou reproduzem comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo Aleacutem desses aspectos (tempo e

participantes) satildeo levados em conta outros paracircmetros que caracterizam esses gecircneros como

o nuacutemero de interlocutores o tempo de envio das mensagens ou sinais a quantidade de texto

permitido limites impostos agrave revisatildeo meacutetodo de armazenamento busca e gerenciamento dos

textos e riqueza e variedade de sinais (texto som imagem etc)

Portanto conveacutem destacar que uma das caracteriacutesticas notaacuteveis em ambientes virtuais eacute

a alta interatividade a rapidez em enviar e em receber mensagens simultaneamente que antes

da tecnologia soacute era permitida face a face Ademais a utilizaccedilatildeo de recursos semioloacutegicos

comuns nesses ambientes como imagens sons viacutedeos fotos emoticons iacutecones criam

dinamismo ao que eacute lido ou escrito

Embora nosso propoacutesito seja evidenciar as caracteriacutesticas dos gecircneros digitais e da

multimodalidade reconhecendo suas potencialidades e possibilidades de uso Ribeiro (2016)

estabelece alguns esclarecimentos sobre os gecircneros textuais a partir da relaccedilatildeo entre impresso

e digital A autora alerta para o cuidado com as generalizaccedilotildees e para o cuidado em conduzir

discussotildees a esse respeito jaacute que considera que tanto o impresso quanto o digital tratam dos

aspectos da linguagem em suas pertinecircncias ambiecircncias e possibilidades Nesse sentido

devemos evitar polarizaccedilotildees que tratam o impresso como limitado ou desvantajoso em relaccedilatildeo

ao digital A concentraccedilatildeo em extremos opostos e generalizados leva agrave segregaccedilatildeo e natildeo agrave

congruecircncia que se pretende alcanccedilar em utilizar o impresso e o digital na perspectiva da

multimodalidade que natildeo eacute um recurso apenas do digital Nesse sentido a utilizaccedilatildeo de

recursos impressos ou digitais no desenvolvimento da leitura e da escrita tem a intenccedilatildeo de

ampliar horizontes e natildeo restringi-los

61

Por isso Ribeiro (2016 p 18) levanta os seguintes questionamentos ldquoO que quero

escrever Que linguagens vatildeo me servir agorardquo Satildeo as nossas intenccedilotildees e objetivos que

definem se os recursos seratildeo impressos ou digitais Para que isso ocorra a autora ressalta que

ldquo[] o mais importante eacute criar planejar selecionar recursos que vatildeo do laacutepis ao computador

de uacuteltima geraccedilatildeo O que realmente importa eacute conhecer linguagens e modos de dizer sem tirar

os olhos dos efeitos de sentido desejadosrdquo (RIBEIRO 2016 p 119)

25 Blog ndash gecircnero digital como ferramenta de ensino

Com o avanccedilo da tecnologia a utilizaccedilatildeo de ferramentas inovadoras e associadas ao uso

pedagoacutegico torna-se um desafio ao professor que quer fomentar conhecimento sobre

linguagens interaccedilotildees intenccedilotildees leitura e escrita no meio virtual Segundo Marcuschi (2010

p 31) ldquo[] todas as tecnologias comunicacionais novas geram ambientes e meios novosrdquo

Sabemos que a novidade a rapidez e a interatividade no meio virtual dificultam a

definiccedilatildeo de ambientes e gecircneros Por isso mesmo Marcuschi (2010) afirma que a internet

representa um laboratoacuterio de experimentaccedilotildees de todos os formatos Aquilo que hoje configura

uma afirmaccedilatildeo ou uma definiccedilatildeo pela proacutepria caracteriacutestica da tecnologia que eacute o avanccedilo com

que as coisas acontecem pode invalidar essas mesmas definiccedilotildees ou conceitos Contudo

definiremos ambiente virtual e o gecircnero digital blog ancorados nos estudos de Marcuschi

(2010) Assim de acordo com autor os ambientes virtuais satildeo domiacutenios de produccedilatildeo e

processamento textual em que surgem os gecircneros e que se distinguem dos ambientes por vaacuterios

sentidos pois abrigam os gecircneros e por muitas vezes os condicionam Assim dos gecircneros

digitais classificados acima abordaremos o blog como um recurso educacional inovador no

processo de escrita

A palavra blog segundo Marcuschi (2010) surgiu no final de 1997 provavelmente

empregada por Jorn Barger para descrever sites pessoais que fossem atualizados

frequentemente e contivessem comentaacuterios e links Dessa maneira o termo blog originou-se e

popularizou-se por causa da internet referindo-se a uma forma simplificada de weblog (Web ndash

rede de computadores e log ndash uma espeacutecie de diaacuterio de bordo de navegadores que anotavam as

posiccedilotildees do dia)

O Quadro 08 a seguir eacute um recorte do quadro ldquoParacircmetros para identificaccedilatildeo dos

gecircneros digitais no meio virtualrdquo elaborado por Marcuschi (2010 p 41) como o intuito de

levantar aspectos funcionais e operacionais aleacutem do aspecto sociocomunicativo e as atividades

desenvolvidas que caracterizam os gecircneros digitais e-mails chat aberto chat reservado chat

62

agendado chat em salas privadas entrevista com convidado e-mails educacionais aula chat

videoconferecircncia interativa lista de discussatildeo endereccedilo eletrocircnico e blog Assim pelo recorte

do quadro de Marcuschi analisamos apenas o gecircnero blog tendo em vista sua utilizaccedilatildeo como

ferramenta de ensino no Projeto de Intervenccedilatildeo ndash PEI

Quadro 08 ndash Paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blog Dimensatildeo Aspecto Presenccedila Ausecircncia Irrelevacircncia do traccedilo

para definiccedilatildeo de

gecircnero

Relaccedilatildeo temporal Assiacutencrono

Duraccedilatildeo Indefinida

Extensatildeo do texto Indefinida

Formato textual Texto corrido

Participantes Muacuteltiplos

Relaccedilatildeo dos participantes Conhecidos

Anocircnimos

Troca de falantes Inexistente

Funccedilatildeo

Interpessoal

Luacutedica

Tema Livre

Estilo Informal

Canal semioses Texto com imagens

Recuperaccedilatildeo de mensagem Por gravaccedilatildeo

Fonte Adaptado a partir de Marcuschi 2010 p 41

Com base no Quadro 08 observamos que o blog apresenta uma relaccedilatildeo temporal

assiacutencrona pois a comunicaccedilatildeo natildeo ocorre exatamente ao mesmo tempo natildeo eacute simultacircnea por

isso sua duraccedilatildeo tambeacutem natildeo eacute definida cronologicamente ocorre de acordo com o tempo de

produccedilatildeo Da mesma forma ocorre com a extensatildeo do texto que eacute indefinida jaacute que depende

da intenccedilatildeo e do propoacutesito comunicativo do autor O formato textual eacute corrido geralmente eacute

um texto sem referecircncias bibliograacuteficas em um uacutenico paraacutegrafo Os participantes satildeo muacuteltiplos

e atuam apenas na tecitura de comentaacuterios com liberdade de opinar elogiar criticar ou natildeo

visto que eacute o administrador do blog quem define em suas configuraccedilotildees essas possibilidades de

interaccedilatildeo Outro aspecto observado eacute a relaccedilatildeo dos participantes Marcuschi (2010) chama a

atenccedilatildeo nesse quesito para uma possiacutevel assimetria haja vista a relaccedilatildeo de proximidade ou

natildeo com o blogueiro pois os usuaacuterios que com ele interagem sabem quem ele eacute mas o blogueiro

natildeo necessariamente conhece seu interlocutor Tambeacutem cumpre destacar a ausecircncia de troca de

falantes acontecendo a comunicaccedilatildeo por meio de texto e imagem embora o texto assuma um

63

caraacuteter luacutedico e interpessoal que entendemos como algo positivo jaacute que estabelece relaccedilotildees

entre pessoas mesmo sendo pelo texto escrito e assiacutencrono Aleacutem disso os temas satildeo livres e

a informalidade daacute leveza e liberdade ao blogueiro em suas produccedilotildees Por fim o processo de

significaccedilatildeo na dimensatildeo canal e semioses ocorrem por meio do texto e imagem e haacute a

possibilidade de recuperaccedilatildeo de mensagens atraveacutes de gravaccedilatildeo Esclarecemos que satildeo apenas

traccedilos baacutesicos levantados e analisados por Marcuschi (2010) os quais ajudam a compreender o

gecircnero blog natildeo satildeo portanto definiccedilotildees exatas e estanques como ele mesmo postula ao dizer

que essa anaacutelise eacute provisoacuteria tendo em vista o acelerado desenvolvimento das tecnologias e

mudanccedilas envolvidas em sua produccedilatildeo

Consideramos que essa anaacutelise eacute pertinente visto que o blog em muitas ocasiotildees eacute

confundido com home page que natildeo eacute um gecircnero digital mas uma paacutegina de entrada de site

eletrocircnico Marcuschi define os blogs como gecircneros digitais nos seguintes termos

[] os blogs funcionam como um diaacuterio pessoal na ordem cronoloacutegica com anotaccedilotildees

diaacuterias ou em tempos regulares que permanecem acessiacuteveis a qualquer um na rede

Muitas vezes satildeo verdadeiros diaacuterios sobre a pessoa sua famiacutelia ou seus gostos e seus

gatos catildees atividades sentimentos crenccedilas e tudo o que for conversaacutevel

(MARCUSCHI 2010 p 72)

Nesse sentido o blog funciona como um diaacuterio virtual nele satildeo inseridos comentaacuterios

textos notiacutecias curiosidades e variados temas em uma ordem cronoloacutegica Fornece aos

usuaacuterios inuacutemeras possibilidades de se combinarem textos escritos eou orais como o podcast

on line16 imagens viacutedeos links entre tantas outras miacutedias Possibilita ainda a interaccedilatildeo entre

usuaacuterios da rede a tecitura de comentaacuterios a respeito dos assuntos publicados tornando-se um

recurso inovador de comunicaccedilatildeo e produccedilatildeo de informaccedilatildeo Marcuschi (2010 p 73)

acrescenta ainda que os blogs tecircm ldquo[] estrutura leve textos em geral breves descritivos e

opinativosrdquo

Com a popularizaccedilatildeo do blog surgiram novas expressotildees no contexto de quem utiliza a

internet como blogueiros ndash pessoas que criam blogs com temaacuteticas diversas e expotildeem

opiniotildees produccedilotildees escritas em viacutedeo ou aacuteudio entre outros post ndash postagens publicadas no

blog pelo blogueiro Podem-se utilizar muacuteltiplas semioses imagens viacutedeos texto verbal fotos

links Aleacutem disso haacute tambeacutem espaccedilo para comentaacuterio ndash parecer sobre alguma postagem em

forma de elogio criacutetica observaccedilatildeo ponto de vista

As possibilidades de aprendizagem e interaccedilatildeo por meio dos blogs satildeo postas em

evidecircncia e servem tanto agrave praacutetica docente quanto agrave aprendizagem do aluno na apropriaccedilatildeo de

16 O podcast eacute um conteuacutedo de miacutedia (geralmente aacuteudio) transmitido via RSS Disponiacutevel em

lthttpsmundopodcastcombrartigoso-que-e-podcastgt Acesso em 18 out 2016

64

habilidades e competecircncias em utilizar recursos digitais visando ao letramento digital pela

interaccedilatildeo de dispositivos eletrocircnicos e da internet Manusear e utilizar esses recursos implica

conhecimento habilidade e familiaridade Coscarelli ressalta que

[o] letramento digital parte desse pluralismo vai exigir tanto a apropriaccedilatildeo das

tecnologias ndash como usar o mouse o teclado a barra de rolagem ligar e desligar os

dispositivos ndash quanto ao desenvolvimento de habilidades para produzir associaccedilotildees e

compreensotildees nos espaccedilos multimidiaacuteticos Escolher o conteuacutedo a ser disponibilizado

em uma rede de relacionamentos selecionar informaccedilatildeo relevante e confiaacutevel na web

navegar em um site de pesquisa construir um blog ou definir a linguagem mais

apropriada a ser usada em e-mails pessoais e profissionais satildeo exemplos de

competecircncias que ultrapassam o conhecimento da teacutecnica (COSCARELLI 2016 p

21)

Para muitos alunos a utilizaccedilatildeo da tecnologia pode ateacute ser familiar mas para outros

nem tanto Assim as competecircncias leitoras e escritoras precisam ser desenvolvidas e ampliadas

no contexto escolar promovendo o multiletramento por meio do qual o aluno teraacute a

possibilidade de compreender novas linguagens Coscarelli enfatiza que

[a] leitura e a navegaccedilatildeo em sites blogs e redes sociais diversas satildeo algumas das

possibilidades para o trabalho com textos no ambiente digital Explorar suas

potencialidades e usabilidade significa levar em conta natildeo soacute a forma de organizar os

discursos e a linguagem utilizada mas valorizar outras linguagens agregadas aos

textos verbais tais como iacutecones a estrutura da interface o leiaute dentre outros

aspectos (COSCARELLI 2016 p 25)

Sabemos que o fato de a escola desenvolver os multiletramentos e assim promover as

competecircncias linguiacutesticas dos alunos atraveacutes dos gecircneros digitais eacute um aspecto que merece

atenccedilatildeo pelo simples fato de o ser humano ser intrinsecamente comunicativo Por isso

Marcuschi (2008 p 163) diz que ldquoa vivecircncia cultural humana estaacute sempre envolta em

linguagem e todos os nossos textos situam-se nessas vivecircncias estabilizadas em gecircnerosrdquo

Portanto concebemos o blog como um espaccedilo de praacuteticas de leitura e de escrita sobre

vivecircncias estabilizadas nesse gecircnero digital sobre si sobre o cotidiano sobre suas atividades

entre tantos outros aspectos pessoais pois os alunos poderatildeo criar seu proacuteprio blog e produzir

textos sobre si mesmos Dessa forma eacute interessante estabelecer relaccedilotildees entre texto e discurso

que satildeo aspectos complementares das accedilotildees linguiacutesticas De acordo com Marcuschi (2008 p

81-82) ldquo[] o discurso dar-se-ia no plano do dizer (a enunciaccedilatildeo) e o texto no plano da

esquematizaccedilatildeo (a configuraccedilatildeo) Entre ambos o gecircnero eacute aquele que condiciona a atividade

enunciativardquo Assim de acordo com o autor entre o discurso e o texto estaacute o gecircnero que eacute visto

como uma praacutetica enunciativa Compreendemos entatildeo a partir dessas reflexotildees que todas as

formas de dizer constituem os gecircneros que fazem parte do nosso cotidiano e que esses textos

65

estatildeo situados em domiacutenios discursivos os quais satildeo esferas da vida social ou institucional nas

quais se datildeo as praacuteticas que organizam formas de comunicaccedilatildeo

Com base no exposto o gecircnero blog se enquadra no domiacutenio discursivo interpessoal e

tem como modalidade de uso a liacutengua escrita Essa relaccedilatildeo interpessoal tem por caracteriacutestica

a troca de informaccedilotildees do que se tem a dizer e para quem dizer Assim na vida diaacuteria narrar

faz parte de muitos eventos comunicativos que tecircm origem no social e nas relaccedilotildees pessoais

mais precisamente a narrativa pessoal (carta diaacuterio relato pessoal autobiografia etc) Sobre

esse dizer de si mesmo e o ouvir sobre si mesmo jaacute que nossas primeiras experiecircncias sobre

noacutes mesmos satildeo narradas a partir das impressotildees tambeacutem pessoais dos nossos pais e avoacutes

para Bakhtin eacute

[u]ma parte consideraacutevel da minha biografia soacute me eacute conhecida atraveacutes do que os

outros ndash meus proacuteximos ndash me contaram com sua proacutepria tonalidade emocional meu

nascimento minhas origens os eventos ocorridos em minha famiacutelia em meu paiacutes

quando eu era pequeno (tudo o que natildeo podia ser compreendido ou mesmo

simplesmente percebido pela crianccedila) Esses elementos satildeo necessaacuterios agrave

reconstituiccedilatildeo um tanto quanto inteligiacutevel e coerente de uma imagem global da minha

vida e do mundo que a rodeia ora todos esses elementos soacute me satildeo conhecidos ndash a

mim o narrador da minha vida ndash pela boca dos outros heroacuteis dessa vida Sem a

narrativa dos outros minha vida seria natildeo soacute incompleta em seu conteuacutedo mas

tambeacutem internamente desordenada desprovida dos valores que asseguram a unidade

biograacutefica (BAKHTIN 1997 p 169-170)

Logo compreendemos a importacircncia das narrativas pessoais como elementos

constitutivos de conteuacutedo e que datildeo sentido agrave vida pois todos tecircm a necessidade de saber sobre

si mesmos Por isso o blog como diaacuterio virtual configura em uma escrita iacutentima na qual as

accedilotildees ocorrem em tempo e espaccedilo definidos assim como os verbos devem ficar no passado

Aleacutem disso na narrativa pessoal o autor eacute o protagonista da sua proacutepria histoacuteria e a linguagem

eacute pessoal Observamos que o texto procura traduzir impressotildees pessoais a respeito da proacutepria

vida do autor e as percepccedilotildees que ele tem em relaccedilatildeo agrave vida de uma forma geral Assim segundo

Bakhtin (1997 p 154-155) ldquodentro de si mesmo o homem adota uma postura ativa no mundo

sua vida consciente eacute sempre ato atuo mediante o ato a palavra o pensamento o sentimento

vivo venho a ser atraveacutes do atordquo Nesse sentido a narrativa pessoal tem compromisso com a

vida de quem escreve sobre seus sentimentos momentos os quais satildeo expostos pelo ato

comunicativo

66

CAPIacuteTULO III

PERCURSO METODOLOacuteGICO

Este capiacutetulo tem o intuito de apresentar os procedimentos metodoloacutegicos utilizados no

desenvolvimento deste estudo Desse modo realizamos a pesquisa com abordagem

metodoloacutegica de natureza aplicada classificada como explicativa utilizando como

procedimentos teacutecnicos a pesquisa bibliograacutefica a pesquisa-accedilatildeo e a pesquisa participante A

coleta de dados foi realizada por meio de observaccedilatildeo questionaacuterio atividade inicial de escrita

e atividade final de escrita Aleacutem disso realizaram-se no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica

ndash PEI atividades de escrita voltadas para o desenvolvimento da consciecircncia fonoloacutegica e

ortograacutefica

31 Contexto da pesquisa

O contexto de referecircncia desta pesquisa foi a Escola Estadual Pio XII localizada na

Praccedila Santa Cruz sn Centro no municiacutepio de Januaacuteria norte de Minas Gerais Sua localizaccedilatildeo

eacute privilegiada visto ser proacutexima a uma praccedila que funciona como um espaccedilo cultural onde

acontecem festas religiosas e eventos esportivos da escola e da comunidade

A comunidade na qual a escola estaacute inserida recebe forte influecircncia do Rio Satildeo

Francisco que eacute considerado o berccedilo de vaacuterias manifestaccedilotildees culturais januarenses e tambeacutem

celeiro folcloacuterico Tais manifestaccedilotildees influenciam significativamente as atividades escolares

os projetos desenvolvidos e as apresentaccedilotildees artiacutesticas da escola Nesse acircmbito destacam-se as

danccedilas de origem africana como o Maculelecirc Os Reis dos Temerosos e a Capoeira Sobre o rio

Satildeo Francisco tem-se a puxada de rede e as cantigas de lavadeiras Todas essas representaccedilotildees

culturais contam com a participaccedilatildeo efetiva dos alunos e da comunidade escolar fortalecendo

a identidade cultural a origem e a tradiccedilatildeo popular

De acordo com a Proposta Poliacutetico-Pedagoacutegica ndash PPP a Escola Estadual Pio XII atende

a crianccedilas jovens e adultos do centro da cidade comunidades vizinhas e bairros perifeacutericos

Portanto haacute uma diversidade muito grande nos aspectos econocircmico cultural e social Muitos

desses educandos moram em casa proacutepria com iluminaccedilatildeo aacutegua tratada banheiro e rede de

esgoto mas tambeacutem haacute situaccedilotildees de vulnerabilidade social precariedade financeira e desajustes

familiares

No aspecto educacional prevalece a formaccedilatildeo de niacutevel de escolaridade meacutedio completo

para o pai e para a matildee Poreacutem percebe-se entre as matildees uma crescente busca pela formaccedilatildeo

67

acadecircmica O nuacutemero de famiacutelias que possuem apenas a 4ordf seacuterie ou nenhuma instruccedilatildeo tem

diminuiacutedo Dessa forma a escola tem se sensibilizado com o problema oferecendo cursos e

conscientizando as famiacutelias sobre a necessidade de se concluir pelo menos a educaccedilatildeo baacutesica

para que possam acompanhar o desenvolvimento dos seus filhos e melhorar sua qualidade de

vida

A Escola Estadual Pio XII eacute uma instituiccedilatildeo respeitada e reconhecida por toda

comunidade januarense Tem por objetivo a formaccedilatildeo humana integral do educando e a busca

da inserccedilatildeo social por meio da formaccedilatildeo da cidadania Alicerccedilada nesse objetivo procura

empregar uma praacutetica educativa que tem como eixo a formaccedilatildeo de um cidadatildeo autocircnomo e

participativo Tem por missatildeo a formaccedilatildeo eacutetica pautada no ensino de qualidade buscando a

integraccedilatildeo efetiva entre escola e comunidade para que haja sucesso na aprendizagem e

transformaccedilatildeo construtiva dos alunos no seu meio

Ainda de acordo com o PPP algumas famiacutelias mantecircm-se informadas por meio das novas

tecnologias O acesso ao computador e agrave internet vem crescendo graccedilas agraves lan houses existentes

nos bairros cuja utilizaccedilatildeo estaacute focada primordialmente no entretenimento e no lazer natildeo

necessariamente nos estudos A maioria tem acesso ao telefone moacutevel (celular) apenas duas

pessoas por famiacutelia tecircm emprego fixo e a renda mensal predominante eacute de dois salaacuterios

miacutenimos

Quanto agrave infraestrutura a Escola Estadual Pio XII funciona em preacutedio proacuteprio e conta

com dezesseis salas de aula uma sala de multimeios um laboratoacuterio de informaacutetica com acesso

agrave internet uma biblioteca comunitaacuteria uma quadra em processo de construccedilatildeo secretaria

cantina e natildeo possui refeitoacuterio A sala dos professores e da equipe pedagoacutegica o laboratoacuterio de

informaacutetica e a diretoria funcionam em espaccedilos improvisados Apesar dos espaccedilos citados

necessitarem de reforma para melhor atendimento agrave comunidade local e escolar contamos com

um laboratoacuterio de informaacutetica disponiacutevel aos alunos aspecto importante para o

desenvolvimento das praacuteticas de letramento digital e multiletramento dos discentes envolvidos

nesta pesquisa A aacuterea externa e a aacuterea de circulaccedilatildeo satildeo pavimentadas mas muito pequenas

para atender agrave demanda principalmente em eventos e durante o recreio Haacute tambeacutem aacuterea sem

pavimentaccedilatildeo necessitando de projeto paisagiacutestico

Atualmente a Escola Estadual Pio XII atende a 24(vinte e quatro) turmas do Ensino

Fundamental 06 (seis) turmas do Ensino Meacutedio 12 (doze) turmas de Educaccedilatildeo de Jovens e

Adultos (EJA) Ensino Fundamental e Ensino Meacutedio sendo 01(uma) turma na Sede e 11 (onze)

turmas na Unidade Escolar Prisional 08 (oito) turmas de Cursos Teacutecnicos da Rede

(Administraccedilatildeo Informaacutetica Informaacutetica para Internet e Recursos Humanos) e 05 (cinco)

turmas de Educaccedilatildeo Integral do Ensino Fundamental no Polo da Fundaccedilatildeo Educacional Caio

68

Martins ndash FUCAM totalizando 55 (cinquenta e cinco) turmas e 1118 (mil cento e dezoito

alunos

32 Sujeitos da pesquisa

O universo de investigaccedilatildeo foi constituiacutedo pelos alunos matriculados no 6ordm ano Juacutelia de

Faacutetima (o nome da turma eacute Julia de Faacutetima em homenagem a uma professora que trabalhou na

escola) da Escola Estadual Pio XII no Municiacutepio de Januaacuteria Minas Gerias A turma eacute

composta por 25 (vinte e cinco) alunos cujos nomes foram preservados e identificados por

coacutedigos conforme demonstra o Quadro 09 a seguir

Quadro 09 ndash Alunos informantes do 6ordm ano JF

Fonte Dados da Pesquisa 2017

Conforme exposto no quadro acima a turma eacute composta por 25 alunos matriculados

mas ressaltamos que desses 25 alunos dois satildeo desistentes um foi transferido e um eacute

Coacutedigo Nordm informante

AB 1

AF 2

AK 3

CI 4

DR 5

DV 6

EA 7

EL 8

FA 9

FR 10

IR 11

JP 12

JR 13

KA 14

LV 15

MS 16

MC 17

ND 18

PC 18

PE 20

RR 21

RG 22

RC 23

TM 24

YM 25

69

extremamente infrequente portanto justifica-se a ausecircncia de alguns alunos em algumas coletas

de dados

De acordo com Gil (2002) quando os elementos a serem pesquisados satildeo numerosos e

esparsos eacute recomendada a seleccedilatildeo de uma amostra que deve ser selecionada de acordo com

procedimentos rigidamente estatiacutesticos Poreacutem o autor enfatiza que ldquo[] de modo geral o

criteacuterio de representatividade dos grupos investigados na pesquisa-accedilatildeo eacute mais qualitativo que

quantitativordquo (GIL 2002 p 145) Assim nesta pesquisa adotamos o criteacuterio de

intencionalidade pois segundo Gil (2002 p 145) ldquo[] uma amostra intencional em que os

indiviacuteduos satildeo selecionados com base em certas caracteriacutesticas tidas como relevantes pelos

pesquisadores e participantes mostra-se mais adequada para a obtenccedilatildeo de dados de natureza

qualitativa o que eacute o caso da pesquisa-accedilatildeordquo

Dessa forma a amostra de investigaccedilatildeo foi constituiacuteda por 08 (oito) alunos

selecionados de acordo com o niacutevel de escrita definido por Lemle (1991) Observamos que a

trajetoacuteria escolar desses 08 (oito) alunos confirma o que Soares (2014) ressalta sobre o fracasso

escolar A condiccedilatildeo de exclusatildeo escolar e social na qual todos esses alunos se encontram

devido agrave aprendizagem inicial da liacutengua escrita estar comprometida traz seacuterios reflexos

negativos ao longo do ensino fundamental visto que 625 dos alunos selecionados satildeo

repetentes conforme podemos ver na Tabela 01

Tabela 01 ndash Dados dos alunos selecionados para o PEI

Gecircnero Faixa etaacuteria Cursando o 5ordm

ano pela 1ordf vez

Cursando o 6ordmano

1ordf vez 2ordf vez 3ordf vez

EA Masc 11 anos 2016 2017

FA Masc 11 anos 2016 2017

IR Masc 12 anos 2015 2016 2017

JP Masc 11 anos 2016 2017

JR Fem 13 anos 2015 2016 2017

LV Fem 13 anos 2014 2015 2016 2017

ND Masc 14 anos 2014 2015 2016 2017

TM Masc 12 anos 2015 2016 2017

Fonte Dados da pesquisa Empiacuterica 2017

Os dados da Tabela 01 revelam os anos em que esses alunos cursaram o 5ordm ano do Ensino

Fundamental e o ingresso deles no 6ordm ano do Ensino Fundamental Percebemos por meio da

70

tabela que dois desses alunos repetem o 6ordm ano pela terceira vez consecutiva trecircs pela segunda

vez consecutiva e trecircs cursam o 6ordm ano do Ensino Fundamental pela primeira vez A reprovaccedilatildeo

acontece porque esses alunos natildeo dominam o sistema de escrita natildeo satildeo alfabetizados e os

outros tendem agrave reprovaccedilatildeo pelo mesmo motivo

Portanto o que levamos em consideraccedilatildeo para seleccedilatildeo da amostra foram as questotildees de

alfabetizaccedilatildeo e letramento cujas habilidades de aprendizagem do sistema de escrita foram de

certa forma apagadas e natildeo consolidadas Esses oito alunos apresentaram falhas de escrita de

primeira e segunda ordens conforme definiccedilatildeo proposta por Lemle (1991) A autora ressalta

que o aluno precisa compreender as arbitrariedades do sistema de escrita vivenciar e

experimentar a escrita por meio de checagem e conflito ao estar em contato com palavras

textos e situaccedilotildees que a envolvam para aos poucos ir construindo as competecircncias e habilidades

necessaacuterias agrave alfabetizaccedilatildeo A partir daiacute foi planejado executado e avaliado o Projeto

Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI para melhorar os niacuteveis de escrita desses 08 (oito) alunos

Aleacutem disso propusemos mais trecircs instrumentos de coleta de dados questionaacuterio Atividade

Inicial de Escrita ndash AIE e Atividade Final de Escrita ndash AFE a fim de verificar analisar e

compreender melhor esses dados e assim buscar e selecionar atividades estrateacutegias e situaccedilotildees

de escrita para compor o PEI

33 Procedimentos da pesquisa

O procedimento metodoloacutegico utilizado no desenvolvimento desta pesquisa teve como

premissa as orientaccedilotildees metodoloacutegicas para que se adquirisse o conhecimento cientiacutefico pois

o ser humano sempre teve necessidade de saber o porquecirc das coisas No iniacutecio por questotildees de

sobrevivecircncia o conhecimento era adquirido de forma empiacuterica Ao longo da existecircncia

humana o saber baseado na experiecircncia do cotidiano na tradiccedilatildeo popular natildeo foi suficiente

para explicar com convicccedilatildeo com mais confiabilidade os acontecimentos e as experiecircncias

vivenciadas Desse modo a partir da necessidade da comprovaccedilatildeo da adoccedilatildeo de uma

metodologia eacute que surgiu o conhecimento cientiacutefico

De acordo com Chalmers (1993 p 18) ldquo[] o conhecimento cientiacutefico eacute conhecimento

provado As teorias cientiacuteficas satildeo derivadas de maneira rigorosa da obtenccedilatildeo dos dados da

experiecircncia adquiridos por observaccedilatildeo e experimentordquo Assim podemos dizer que a pesquisa

cientiacutefica eacute conhecimento sistematizado pois parte da anaacutelise da realidade de maneira racional

e investigativa assim como realizamos neste trabalho ao investigarmos e analisarmos a

realidade do ensino-aprendizagem de Liacutengua Portuguesa no ensino fundamental da Escola

Estadual Pio XII

71

Gil (2002 p 17) por sua vez define pesquisa como ldquo[] o procedimento racional e

sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que satildeo propostosrdquo

Nessa perspectiva procedimentos metodoloacutegicos satildeo fundamentais para a pesquisa cientiacutefica

pois representam os meios e as teacutecnicas utilizados na investigaccedilatildeo Torna-se assim o

direcionamento na busca pelo conhecimento Ainda segundo Gil (2002 p 17) ldquo[] a pesquisa

eacute desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponiacuteveis e da utilizaccedilatildeo de meacutetodos

teacutecnicas e outros procedimentos cientiacuteficosrdquo

Assim quanto agrave natureza esta pesquisa foi classificada como aplicada pois decorre

ldquo[] do desejo de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficiente ou eficazrdquo (GIL

2002 p 17) Quanto aos objetivos foi classificada como explicativa pois procurou registrar

analisar e interpretar os dados coletados a fim de obter o conhecimento da realidade e a partir

disso buscou estrateacutegias para tentar minimizar os problemas encontrados

Gil (2002 p 42) ainda esclarece que ldquo[] essas pesquisas tecircm como preocupaccedilatildeo

central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrecircncia dos

fenocircmenosrdquo Esse eacute o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade

Quanto aos procedimentos teacutecnicos adotados utilizamos em um primeiro momento a

pesquisa bibliograacutefica como procedimento para construccedilatildeo do conhecimento sobre conceitos

termos e teorias que deram sustentaccedilatildeo cientiacutefica agrave pesquisa Dessa forma o embasamento

teoacuterico deste estudo teve como premissa a revisatildeo sobre as concepccedilotildees de linguagem

alfabetizaccedilatildeo letramento multiletramento gecircneros digitais e produccedilatildeo escrita

Conforme previsto no ProfLetras a pesquisa foi delineada como pesquisa-accedilatildeo que se

caracteriza por sua flexibilidade entre as fases de desenvolvimento do plano de accedilatildeo De acordo

com Thiollent

Pesquisa-accedilatildeo eacute um tipo de pesquisa social com base empiacuterica que eacute concebida e

realizada em estreita associaccedilatildeo com uma accedilatildeo ou com a resoluccedilatildeo de um problema

coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situaccedilatildeo ou

problema estatildeo envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT

2005 p 16)

Dessa forma ao empreender pesquisa-accedilatildeo o pesquisador parte para a praacutetica

aproximando cada vez mais a pesquisa cientiacutefica da realidade educacional vivenciada pelo

professor-pesquisador numa perspectiva pedagoacutegica autocircnoma e significativa pois eacute na praacutetica

que se estabelecem relaccedilotildees de ensino-aprendizagem

Esta pesquisa tambeacutem foi delineada pela pesquisa participante Gil (2002 p 55) diz que

ldquo[] a pesquisa participante assim como a pesquisa-accedilatildeo caracteriza-se pela interaccedilatildeo entre

72

pesquisadores e membros das situaccedilotildees investigadasrdquo Dessa forma a professora-pesquisadora

esteve envolvida e comprometida com a investigaccedilatildeo cientiacutefica em todas as suas fases

Nesse contexto o percurso metodoloacutegico desta pesquisa foi definido a partir das

seguintes vaacuterias etapas apresentadas no Quadro 10

Quadro 10 ndash Etapas do percurso metodoloacutegico

1 Problematizaccedilatildeo da praacutetica pedagoacutegica do ensino de Liacutengua Portuguesa no 6ordm ano do Ensino

Fundamental II da Escola Estadual Pio XII em relaccedilatildeo aos niacuteveis de escrita e dificuldades de

aprendizagem em leitura e escrita

2 Realizaccedilatildeo da pesquisa bibliograacutefica para construccedilatildeo do referencial teoacuterico

3 Coleta de dados sobre os niacuteveis de escrita

4 Elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo de um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI para elevar os niacuteveis de

escrita atraveacutes de atividades que visaram desenvolver a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita

ortograacutefica desses alunos utilizando o blog como recurso didaacutetico

5 Anaacutelise dos resultados da execuccedilatildeo da proposta educacional de intervenccedilatildeo e a contribuiccedilatildeo para

o ensino da Liacutengua Portuguesa no Ensino Fundamental

Fonte Elaborado pela pesquisadora 2017

Desse modo podemos observar que na primeira etapa da pesquisa partimos do

problema enfrentado em sala de aula no ensino da Liacutengua Portuguesa mais precisamente com

os estudantes de uma turma de 6ordm ano que iniciaram uma nova etapa de escolarizaccedilatildeo sem

terem adquirido ou consolidado os niacuteveis de escrita necessaacuterios ao ano em que ingressaram de

acordo com a Atividade Inicial de Escrita ndash AIE realizada por esta pesquisadora

Dessa forma a pesquisa permitiu uma anaacutelise e um posicionamento sobre a realidade

linguiacutestica dos estudantes do 6ordm ano nos mais diferentes niacuteveis de leitura e de escrita Diante

dessa realidade educacional diagnosticamos a necessidade de elevar os niacuteveis de escrita de 8

(oito) alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima da Escola Estadual Pio XII

A etapa seguinte consistiu na realizaccedilatildeo da pesquisa bibliograacutefica como dito

anteriormente para construccedilatildeo de um referencial teoacuterico que abordou conceitos sobre

alfabetizaccedilatildeo e letramento Nessa etapa os estudos de Soares (2003 2004 2014) Kleiman

(2005 2008) e Rojo (2008 2012) entre outros subsidiaram a construccedilatildeo argumentativa Na

escrita do referencial teoacuterico apresentamos as teorias que esclareceram os conceitos abordados

na escrita da pesquisa e como o assunto estaacute sendo trabalhado Portanto foi necessaacuterio recorrer

ao conhecimento acadecircmico e cientiacutefico produzido atualmente possibilitando a atualizaccedilatildeo

teoacuterica e a construccedilatildeo de uma proposta educacional de intervenccedilatildeo para melhorar os niacuteveis de

escrita dos sujeitos da pesquisa

73

O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI (APEcircNDICE C) parte relevante da

pesquisa consistiu na realizaccedilatildeo de atividades que visaram desenvolver habilidades de leitura

e de escrita utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico de ensino-aprendizagem A

escolha justifica-se por entendecirc-lo como um gecircnero digital que permite aos alunos a aquisiccedilatildeo

de habilidades de leitura e de escrita de forma atrativa e motivadora Nesse sentido o blog

funcionou como um recurso novo de aprendizagem para aleacutem da sala de aula convencional

pois envolveu novos modos de comunicaccedilatildeo que articularam imagens sons interatividade

animaccedilatildeo ou seja tudo aquilo que a crianccedila e adolescente gostam e pelo que se interessam

mesmo natildeo sendo alfabetizados Assim foi criado o blog da turma que funcionou tambeacutem

como suporte da aprendizagem construccedilatildeo vivecircncias e relatos pessoais dos alunos por meio

de recursos impressos e digitais

Todo esse trabalho foi desenvolvido como mais uma etapa desta pesquisa-accedilatildeo

Segundo Gil (2002) ldquoa pesquisa-accedilatildeo concretiza-se com o planejamento de uma accedilatildeo destinada

a enfrentar o problema que foi objeto de investigaccedilatildeordquo (GIL 2002 p 146) De acordo com o

autor a elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo deveraacute indicar basicamente os objetivos que se pretende

atingir as medidas que podem contribuir para melhorar a situaccedilatildeo os procedimentos adotados

para assegurar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de seus resultados

34 Teacutecnica de Coleta de Dados

Realizamos a coleta de dados por meio de teacutecnicas de observaccedilatildeo-participante

questionaacuterio (APEcircNDICE A) Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B) Projeto de

Intervenccedilatildeo Pedagoacutegico ndash PEI (APEcircNDICE C) e Atividade Final de Escrita ndash AFE

(APEcircNDICE D)

De acordo com Lakatos e Marconi (2003 p 190) a observaccedilatildeo ldquoeacute uma teacutecnica de coleta

de dados usada para conseguir informaccedilotildees e utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados

aspectos da realidade Natildeo consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou

fenocircmenos que se desejam estudarrdquo

A observaccedilatildeo-participante consistiu no trabalho de campo como docente da turma

daquilo que foi observado na escola das interaccedilotildees entre os envolvidos na pesquisa e dos

aspectos relevantes para este estudo Por isso a observaccedilatildeo aconteceu no ambiente real e

escolar na sala de aula na sala de multimeios e no laboratoacuterio de informaacutetica da escola Nesse

contexto segundo Lakatos e Marconi (2003 p 194) ldquoas observaccedilotildees satildeo feitas no ambiente

real registrando-se os dados agrave medida que forem ocorrendo espontaneamente sem a devida

preparaccedilatildeo A melhor ocasiatildeo para o registro eacute o local onde o evento ocorrerdquo Por isso esse

74

instrumento de coleta de dados permeou todo o processo de aplicaccedilatildeo dos demais instrumentos

haja vista que toda a investigaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo ocorreram no ambiente escolar

Outra teacutecnica de coleta de dados empregada foi o questionaacuterio (APEcircNDICE A) Lakatos

e Marconi definem esse instrumento nos seguintes termos

Questionaacuterio eacute um instrumento de coleta de dados constituiacutedo por uma seacuterie ordenada

de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a presenccedila do

entrevistador Em geral o pesquisador envia o questionaacuterio ao informante pelo

correio ou por um portador depois de preenchido o pesquisado devolve-o do mesmo

modo (LAKATOS MARCONI 2003 p 201)

Essa teacutecnica de coleta de dados apresenta inuacutemeras vantagens segundo Lakatos e

Marconi por economizar tempo Aleacutem disso obteacutem-se grande nuacutemero de dados atinge-se

maior nuacutemero de pessoas simultaneamente abrange-se uma aacuterea geograacutefica mais ampla

economiza-se pessoal (treinamento) obtecircm-se respostas mais raacutepidas e exatas liberdade de

respostas (anonimato) mais tempo para responder e horaacuterio favoraacutevel

Nesse sentido utilizamos o questionaacuterio investigativo (APEcircNDICE A) composto por

cinco perguntas a fim de investigar a relaccedilatildeo dos alunos com a internet seu uso no cotidiano

e assim confirmar a possibilidade de trabalhar com o blog como recurso didaacutetico

O questionaacuterio foi aplicado no dia oito de maio de dois mil e dezessete em sala de aula

com duraccedilatildeo de uma hora aula para dezoito alunos presentes e no dia seguinte dia nove de

maio para mais trecircs alunos faltosos no dia anterior totalizando vinte e um alunos A aplicaccedilatildeo

para esses alunos justificou-se pelo fato de natildeo termos realizado ateacute entatildeo a atividade inicial

de escrita que permitiu a tabulaccedilatildeo das falhas de escrita e aiacute sim selecionar os oito alunos que

necessitavam de atendimento especiacutefico

Logo em seguida aplicamos a Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B)

objetivando identificar e classificar os niacuteveis de escrita dos alunos de acordo com Lemle

(1991) ao estabelecer que o aluno comete falhas de escrita de primeira segunda e terceira

ordens quando natildeo supera as complicaccedilotildees do sistema de escrita e natildeo compreende as

arbitrariedades desse mesmo sistema Tal atividade baseou-se tambeacutem em Cagliari (1995)

segundo o qual o aluno necessita compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-fonoloacutegica e relacionaacute-la aos

elementos graacuteficos da escrita

Depois foi elaborado executado e avaliado um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash

PEI (APEcircNDICE D) para contribuir com os niacuteveis de escrita de oito alunos do 6ordm ano JF do

Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog como recurso

didaacutetico

75

Sob essa perspectiva a metodologia adotada no PEI foi fundamentada na teoria de

Thornburg (1996) intitulada ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a qual defende a

importacircncia dos ambientes cognitivos e afetivos para ensinar e aprender

O PEI pretendeu oferecer condiccedilotildees propiacutecias ao desenvolvimento de accedilotildees efetivas de

aprendizagem Assim para atender agraves reais necessidades da educaccedilatildeo no seacuteculo XXI

ferramentas pedagoacutegicas tradicionais (livros canetas papel quadro giz e texto verbal) devem

coexistir com as ferramentas das TDIC tecnologia (computador internet games viacutedeos

projetor textos multimodais) Dessa forma o professor assume um papel bastante diferente

daquele de um apresentador de conteuacutedo torna-se um mediador que ajudou os alunos a

desenvolverem habilidades e competecircncias de escrita e a interagirem com os assuntos

explorados Segundo Thornburg (1996) o professor neste cenaacuterio opera em um sistema

baseado em quatro componentes fogueira poccedilo drsquoaacutegua caverna e a vida chamados de

ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo

Metaforicamente a fogueira eacute o espaccedilo informacional associado agrave exposiccedilatildeo dialogada

e interativa para transmitir conhecimento O poccedilo drsquoaacutegua corresponde ao espaccedilo de

conversaccedilatildeo ocupado quando os alunos conversavam entre si Neste PEI foram contempladas

as conversas sobre textos multimodais entre outros toacutepicos para a construccedilatildeo do ensino-

aprendizagem A caverna associa-se ao espaccedilo conceitual onde as ideias satildeo desenvolvidas em

momento de introspecccedilatildeo e quando os alunos podem construir aprofundar e refletir sob a

perspectiva da produccedilatildeo escrita e da reflexatildeo do seu proacuteprio conhecimento A vida refere-se ao

espaccedilo contextual onde as coisas aprendidas puderam ser aplicadas na praacutetica social fora da

escola

Assim para expressar visualmente as ldquoMetaacuteforas para aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a

exemplo de David Thornburg (1996) foi elaborado o esquema a seguir (Figura 04)

representando o processo educacional atual

76

Figura 04 Estrutura do Processo Educativo

Fonte Dados da pesquisa 2017

Diante do exposto os procedimentos metodoloacutegicos e as atividades ocorreram nesses

quatro momentos que chamamos de moacutedulos de aprendizagem Eles foram construiacutedos em

torno do ldquoconhecer dialogar refletir e praticarrdquo e forneceram aos alunos oportunidades

educacionais significativas Nesse sentido a escolha dessa metodologia pretendeu desenvolver

atividades que contribuiacutessem com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos utilizando o

gecircnero digital blog como recurso didaacutetico ou seja como recurso de leitura diaacutelogo reflexatildeo e

produccedilatildeo textual

PROCESSO EDUCATIVO

FOGUEIRA sala de aula

aula expositiva

auditoacuterio sala de multimeios

POCcedilO DAacuteGUA

discussotildeesem grupo

CAVERNA biblioteca salas de estudo

laboratoacuterio de informaacutetica

A VIDA praacuteticas na realidade produccedilatildeo escrita

77

CAPIacuteTULO IV

GEcircNERO DIGITAL BLOG E (MULTI)LETRAMENTOS intervenccedilotildees pedagoacutegicas

em sala de aula

Este capiacutetulo trata da anaacutelise detalhada dos dados coletados para esta pesquisa-accedilatildeo De

acordo com Gil (2002) para anaacutelise dos dados na pesquisa-accedilatildeo adotam-se procedimentos que

implicam em considerar a categorizaccedilatildeo a codificaccedilatildeo a tabulaccedilatildeo a anaacutelise estatiacutestica ou

estrateacutegias que privilegiem a discussatildeo em torno dos dados obtidos de onde sucede a

interpretaccedilatildeo dos resultados Assim o autor considera que dessa discussatildeo devem participar

pesquisadores e participantes Aleacutem disso o trabalho interpretativo baseado em contribuiccedilotildees

teoacutericas torna-se muito relevante

Nesse sentido a anaacutelise dos dados percorreu procedimentos de categorizaccedilatildeo dos niacuteveis

de escrita segundo Cagliari (1995) tabulaccedilatildeo das falhas de escrita de acordo com Lemle

(1991) e anaacutelise estatiacutestica dos envolvidos na pesquisa Realizou-se tambeacutem a interpretaccedilatildeo

ancorada nos teoacutericos que fundamentaram esta pesquisa-accedilatildeo fato que proporcionou a

retomada e a relaccedilatildeo do problema de pesquisa objetivando solucionaacute-lo ou minimizaacute-lo

41 Questionaacuterio

O questionaacuterio investigativo (APEcircNDICE A) foi aplicado no dia 08 de maio de 2017

em sala de aula com duraccedilatildeo de uma hora aula

A primeira pergunta visou obter informaccedilotildees sobre o lugar no qual os alunos mais

acessavam a internet a segunda pergunta procurou obter informaccedilotildees sobre a frequecircncia de

acesso agrave internet a terceira pergunta investigou por qual recurso tecnoloacutegico os alunos utilizam

a internet a quarta pergunta buscou verificar a utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para

fins pedagoacutegicos por parte dos professores e por uacuteltimo a quinta pergunta procurou obter

informaccedilotildees sobre o uso da internet considerando redes sociais jogos blogs e pesquisas

Dos 25 (vinte e cinco) alunos matriculados apenas 21 (vinte e um) alunos estavam

presentes no dia e responderam ao questionaacuterio investigativo Na primeira pergunta

constatamos que 619 acessam a internet em casa 142 acessam em lan houses 0 na

escola 95 acessam em outros lugares 95 natildeo usam a internet e apenas 47 natildeo souberam

responder

78

Graacutefico 02 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 01

Fonte Dados da pesquisa 2017

O resultado demonstra que 857 dos alunos tecircm acesso agrave internet em lugares

diferentes o que deixa em evidecircncia a familiarizaccedilatildeo com o ambiente digital Contudo o que

nos chamou a atenccedilatildeo foi o fato de a escola natildeo fazer parte desses locais de uso

Em relaccedilatildeo agrave segunda pergunta (Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet)

observamos que 389 dos alunos acessam a internet por uma hora 142 acessam por duas

horas 333 acessam por mais de duas horas 142 nunca acessam a internet e 0 menos de

uma hora O fato de ningueacutem utilizar por menos de uma hora demonstrou que os alunos

dedicam um tempo consideraacutevel para atividades online

Graacutefico 3 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 2

Fonte Dados pesquisa 2017

Por meio da terceira pergunta que buscou investigar por qual recurso tecnoloacutegico os

alunos utilizam a internet constatou que 238 utilizam o computador 389 utilizam o

13

30

2 2 10

2

4

6

8

10

12

14

Em casa Em Lan

House

Na escola Outros

lugares

Natildeo uso Natildeo soube

responder

1- Onde vocecirc mais acessa a internet

0

8

3

7

3

0

2

4

6

8

10

Menos de

uma hora

Uma hora Duas horas Mais de

duas horas

Nunca

2- Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet

79

celular 194 utilizam computador e celular 47 usa o tablet 0 outros equipamentos e

142 afirmaram natildeo utilizar a internet

Graacutefico 04 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 3

Fonte Dados da pesquisa 2017

O resultado da terceira pergunta confirmou os dados extraiacutedos da PNAD (2014) ao revelar que

o uso do telefone celular para acessar a internet ultrapassou o uso do computador Na

atualidade o celular eacute o recurso tecnoloacutegico de maior acesso agrave internet Como vimos a partir

do graacutefico acima a utilizaccedilatildeo do computador como equipamento de maior acesso agrave internet natildeo

prevalece mais

Para a quarta pergunta ldquoOs professores da sua escola jaacute utilizaram o computador ou

laboratoacuterio de informaacutetica para realizar atividades escolaresrdquo constatamos que 194

responderam que sim 666 responderam que natildeo e 142 natildeo souberam responder No

graacutefico dessa pergunta percebemos uma contradiccedilatildeo por parte dos alunos que responderam que

sim pois na primeira pergunta ldquoOnde vocecirc mais acessa a internetrdquo nenhum aluno confirmou

o acesso agrave internet na escola

Graacutefico 05 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 4

Fonte Dados da pesquisa 2017

58

41 0

30

2

4

6

8

10

3- Vocecirc utiliza a internet por meio de

0

5

10

15

Sim Natildeo Natildeo souberam

responder

4- Os professores da sua escola jaacute utilizaram o

computador ou o laboratoacuterio de informaacutetica para

realizar atividades escolares

80

Ressaltamos que o laboratoacuterio de informaacutetica da escola eacute equipado com 19

computadores novos ar-condicionado quadro branco em vidro em plenas condiccedilotildees de uso

Contudo esse espaccedilo natildeo eacute utilizado de uma maneira geral pelos professores da escola com

as turmas do Ensino Fundamental e meacutedio do 1ordm turno

Diante do exposto sobre o aspecto da utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para fins

pedagoacutegicos por parte dos professores Coscarelli (2016) faz uma alerta para que as escolas

preparem os alunos para o letramento digital a fim de desenvolverem competecircncias e

habilidades em leitura e escrita nesse ambiente aleacutem de formas adicionais de produzir

linguagem por meio de diferentes miacutedias

A uacuteltima pergunta buscou informaccedilotildees sobre o uso da internet considerando os

assuntos preferecircncias e interesses dos alunos no ambiente digital Verificamos portanto que

4761 acessam as redes sociais 2857 preferem jogos eletrocircnicos na internet 238 natildeo

souberam responder e 0 dos alunos natildeo acessa sites de pesquisa e blogs conforme ilustra o

graacutefico abaixo

Graacutefico 06 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 5

Fonte Dados da pesquisa 2017

Compreendemos que a natildeo utilizaccedilatildeo de sites de pesquisas e blogs seja por falta de

conhecimento das possibilidades de uso e acesso agrave informaccedilatildeo O resultado sobre os sites de

pesquisa por exemplo vai ao encontro das informaccedilotildees obtidas na pergunta 04 ao afirmarem

que 666 dos professores natildeo utilizam o laboratoacuterio de informaacutetica Esse fato pode ter

contribuiacutedo para a falta de interesse por parte dos alunos pois eacute preciso ensinar como realizar

uma pesquisa no ambiente digital entre tantas possibilidades de aprendizagem que fomentam

o letramento digital

Quando se trata do toacutepico sobre o letramento digital Coscarelli (2016) afirma e a

maioria de noacutes prontamente concorda que o uso das tecnologias ultrapassa o conhecimento da

teacutecnica pois permite o desenvolvimento de habilidades e competecircncias necessaacuterias agrave seleccedilatildeo

Redessociais como

Facebook

Jogoseletrocircnicosna internet

BlogsSites depesquisa

Natildeosouberamresponder

5ordm 10 6 0 0 5

10 6 0 0 5

5- Quais os tipos de sites te interessam mais considerando o conteuacutedo

81

de conteuacutedo disponibilizado na internet como os sites de pesquisa por exemplo Natildeo basta

saber ligar o computador e manusear o mouse eacute preciso compreensatildeo e utilizaccedilatildeo de

conhecimentos para executar accedilotildees de busca e navegaccedilatildeo Dessa forma a autora sugere

Orientar os alunos para o uso dos mecanismos de busca instigar a observaccedilatildeo das

interfaces do projeto graacutefico dos sites dos blogs ajudar os alunos a identificarem e

sanarem as dificuldades encontradas na seleccedilatildeo de informaccedilotildees satildeo propostas de

mediaccedilatildeo que podem ser exploradas pelo professor durante as aulas (COSCARELLI

2016 p 25)

Compreendemos com base nessa orientaccedilatildeo que a escola tem um papel fundamental

no processo de letramento digital e para isso eacute necessaacuterio incorporar nas aulas de Liacutengua

Portuguesa propostas de mediaccedilatildeo como as citadas acima para promover a aprendizagem por

meio de novas experiecircncias

Nesse sentido as respostas dos alunos expuseram a relaccedilatildeo deles com a tecnologia e o

acesso agrave internet e nos levou agrave reflexatildeo sobre seu uso no ambiente escolar Detectamos que

eles estatildeo familiarizados com a tecnologia mas a escola natildeo faz ateacute entatildeo parte de seu contexto

de inserccedilatildeo social e digital

Portanto os resultados do questionaacuterio apresentaram implicaccedilotildees importantes tanto para

as aulas de Liacutengua Portuguesa pois eacute uma forma adicional de promover a linguagem quanto

para a escola por ser uma instituiccedilatildeo que se dedica ao ensino-aprendizagem agrave transformaccedilatildeo

e ao acesso ao conhecimento mas por vezes deixa de se conectar com a realidade fora dela e

de promover o letramento digital

42 Atividade Inicial de Escrita ndash AIE

O universo de investigaccedilatildeo para esta atividade foi inicialmente constituiacutedo por 20

(vinte) alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima que estavam presentes A atividade foi aplicada nos

dias 09 e 10 de maio de 2017 com duraccedilatildeo de duas horas aula para a leitura do livro e duas

horas aula para o registro da atividade Ressaltamos mais uma vez que o nuacutemero de alunos

matriculados difere do nuacutemero de alunos presentes

Dessa forma a Atividade Inicial de Escrita (APEcircNDICE B) foi proposta aos alunos

presentes por meio de uma conversa expositiva sobre narrativas pessoais e sobre as

caracteriacutesticas de uma sequecircncia narrativa De acordo com Cavalcante (2013) ldquoa sequecircncia

narrativa tem como principal objetivo manter a atenccedilatildeo do leitorouvinte em relaccedilatildeo ao que se

conta Para isso satildeo reunidos e selecionados fatos []rdquo (CAVALCANTE 2013 p 65) Assim

82

o gecircnero proposto foi autobiografia por meio do qual o aluno deveria escrever sobre si mesmo

procurando retratar particularidades do comportamento e do jeito de ser

Segundo Cosson (2014) na leitura literaacuteria encontramos o senso de noacutes mesmos e da

comunidade a qual pertencemos Por isso como ponto de partida utilizamos a sequecircncia baacutesica

de letramento literaacuterio desenvolvida por ele que eacute constituiacuteda basicamente por quatro passos

motivaccedilatildeo (preparar o aluno para entrar no texto) introduccedilatildeo (apresentaccedilatildeo do autor e da obra)

leitura (a leitura e seu acompanhamento) e interpretaccedilatildeo (externalizaccedilatildeo da leitura ou seja seu

registro)

O estiacutemulo inicial para essa atividade foi a construccedilatildeo do primeiro passo ndash ldquomotivaccedilatildeordquo

ndash ao conversarmos sobre quem somos Quais satildeo as caracteriacutesticas que nos individualizam

como seres que nos tornam uacutenicos mesmo sendo iguais enquanto espeacutecie humana

A atividade funcionou como um levantamento preacutevio das caracteriacutesticas pessoais de

cada um da histoacuteria de vida dos momentos bons ou ruins pelos quais passamos e que vatildeo

construindo a nossa histoacuteria particular

Em seguida desenvolvemos o segundo passo ndash ldquointroduccedilatildeordquo ndash que consistiu em

apresentar o livro Felpo Filva (FURNARI 2006) e a autora Eva Furnari Na apresentaccedilatildeo da

obra falamos da importacircncia da leitura do livro literaacuterio e tambeacutem consideramos importante

justificar a escolha da obra para despertar no leitor a curiosidade sobre como aconteceu a

histoacuteria Assim A escolha desse livro foi feita por esta pesquisadora e justificou-se por tratar

de questotildees pessoais diferenccedilas fiacutesicas semelhanccedilas e sentimentos que o personagem narra de

maneira divertida em seu dia-a-dia Aleacutem disso o livro apresenta vaacuterios gecircneros textuais como

a autobiografia gecircnero escolhido para a Atividade Inicial de Escrita

No terceiro passo ndash ldquoleiturardquo ndash lemos o livro Felpo Filva (FURNARI 2006) Os alunos

ouviram e apreciaram a leitura feita por esta professora pesquisadora Embora saibamos que a

leitura de um livro inteiro natildeo seja muito adequado em sala de aula e da importacircncia da leitura

individual foi necessaacuterio utilizar essa estrateacutegia por questotildees de otimizaccedilatildeo do tempo mas com

a consciecircncia de seguir as orientaccedilotildees teoacutericas e metodoloacutegicas ao fazer da leitura uma atividade

de saber e de prazer Esse fato que foi comprovado pelo envolvimento e entusiasmo a cada

paacutegina virada para saber o que aconteceria ao final da histoacuteria com Felpo Filva e Charlocirc

personagens protagonistas do livro

O uacuteltimo e quarto passo ndash ldquointerpretaccedilatildeordquo ndash que tem como princiacutepio segundo o autor

a externalizaccedilatildeo da leitura isto eacute seu registro varia de acordo com cada tipo de texto ano

escolar idade puacuteblico leitor entre outros aspectos foi dedicado agrave escrita

Ressaltamos que nesse uacuteltimo passo o registro natildeo foi direcionado ao livro agrave

construccedilatildeo de sentido do texto livro dentro de um diaacutelogo autor leitor e comunidade mas agrave

83

construccedilatildeo de sentido de uma produccedilatildeo escrita pessoal que necessitava de motivaccedilatildeo

introduccedilatildeo e leitura para se chegar ao registro da histoacuteria de leitor e de vida dos alunos Nesse

sentido Cosson (2014) corrobora que ldquoa interpretaccedilatildeo eacute feita com o que somos no momento da

leitura Por isso por mais pessoal e iacutentimo que esse momento interno possa parecer a cada

leitor ele continua sendo um ato socialrdquo (COSSON 2014 p 65) Dessa forma a leitura que

motivou a intepretaccedilatildeo natildeo esteve vazia de sentidos pelo contraacuterio serviu ao coletivo agrave

ampliaccedilatildeo de horizontes e ao despertar de palavras e memoacuterias que impulsionaram a produccedilatildeo

da atividade inicial de escrita Desse modo os textos foram lidos em sua iacutentegra natildeo apenas

analisando a escrita ortograacutefica em seus desvios mas observando o conteuacutedo e a produccedilatildeo de

sentidos de quem deseja falar sobre si mesmo

Contudo esperava-se que a turma jaacute estivesse mais familiarizada com esse tipo de

sequecircncia textual e conseguisse produzir satisfatoriamente poreacutem alguns alunos apresentaram

muitas dificuldades para compreender o que foi solicitado demonstrando um elevado grau de

inseguranccedila medo de escrever entre outras deficiecircncias na escrita por alguns natildeo serem

alfabetizados

Nessa perspectiva o trabalho com as sequecircncias textuais deve ser aprimorado e o aluno

deve compreender como os textos se organizam e se estruturam para realizar nossos atos

comunicativos Entretanto eacute importante ressaltar que essa atividade seraacute melhor desenvolvida

futuramente por ora analisaremos os textos dos alunos do 6ordm ano JF Assim segue nova lista

de informantes para essa anaacutelise

84

Quadro 11 ndash Alunos informantes do 6ordf ano JF

Fonte Dados da pesquisa 2017

A anaacutelise de dados da Atividade Inicial de Escrita foi realizada somente com 20 (vinte)

textos correspondente ao nuacutemero de alunos presentes no dia com o intuito de observar e de

categorizar as incorreccedilotildees de escrita neles apresentadas A fim de exemplificar a escrita

espontacircnea e como foram elencados seus problemas selecionamos alguns desses textos os

quais destacamos com os respectivos nuacutemeros da tabela de categorizaccedilatildeo de ldquoerrosrdquo feita por

Cagliari (1995)

Assim foram produzidos 20 (vinte) textos mas selecionamos uma amostra de10 (dez)

textos da Atividade Inicial de Escrita e apresentamos a seguir a versatildeo digitalizada Esses dez

textos apresentam na escrita a categorizaccedilatildeo de ldquoerrosrdquo de acordo com Cagliari (1995) e

exemplos de falhas de escrita de 1ordf ordem de 2ordf ordem e de 3ordf ordem de acordo com Lemle

(1991)

Para uma leitura eficaz esses textos tambeacutem foram digitados pois foram escritos agrave laacutepis

e por isso algumas partes e palavras ficaram claras prejudicando o entendimento

Ressaltamos que os textos foram digitados na iacutentegra conforme os alunos o escreveram Aleacutem

INFORMANTE

AB 1

AF 2

AK 3

CI 4

DR 5

DV 6

EA 7

FA 8

FR 9

IR 10

JP 11

JR 12

LV 13

MS 14

MC 15

ND 16

PC 17

PE 18

RR 19

RG 20

TM 21

85

disso em alguns deles haacute prejuiacutezo do entendimento por natildeo conseguirmos decifrar o que estaacute

escrito

TEXTO 1 (1ordf ordem)

Eu masine januaria

eu vivo coanilha natildee neu Pai

Figura 05 ndash TEXTO 1 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 2 (1ordf ordem)

Eu naci

januaria

e cogo muto de sai tasia

natildeo gosta de Batatina

A mina vida e asai

FIM

Figura 05 ndash TEXTO 2 ndash AIE

86

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 3 (1ordf ordem)

O meu nome e e goto de jogor gogo de futebol de gta e soltar cola e areoin e noviu e sou

nuito felis com milha familha

Figura 06 ndash TEXTO 3 ndash AIE 2017

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 4 (1ordf ordem)

Gaur de suneista e andar de natu e bixicleta

Figura 07 ndash TEXTO 4 ndash AIE

87

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 5 (1ordf e 2ordf ordens)

Eeu sou elgoto da allade potugeis porque em sina muta coisa inpotante eu goto de quiabo

natildeo goto demaxixe eu sou um memimo muito bom matildees qua mexe comigo eu sou xato quando

mexe com meanna eu viro o cam emvoma dodiabo

Taeubofesorra

Figura 08 ndash TEXTO 5 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 6 (2ordf ordem)

88

meu nome eacute naci em Brasihha vivo com minha irmatilde meu irmatildeo e minha matildee gosto de

brincar soltar pipa Jogar Bola Brincar de pique escunde Jogar petecqua estudar mas u que eu

natildeo gosto e de Repohho de cebola de suco de BeterraBa

89

Figura 09 ndash TEXTO 6 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 7 (2ordf e 3ordf 3ordens)

Oi Eu sou Eu moro na Rua de Baixo eu tenho 12 Anos tenho amigos como meu primo eu

moro com A minha matildee e meus irmatildeos eu gosto de dansa eu natildeo gosto de mentir natildeo gosto de

susu e kiabo eu nascie em Januacuteaacuteria eu gosto da minha irmatildeo a minha diferenccedila e o cabelo eles

fica zombavam de mim em tam essa e minha vida

Figura 10 ndash TEXTO 7 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 8 (3ordf ordem)

Meu nome eacute Nasci em Satildeo Paulo Moro com meus pais e meus 3 irmatildeos Paulo Henrique

Renata e Samara Adoro andar de cavalo e brincar Odeio que maltratem animais ou qualquer

ser vivo Fico muito triste vendo guerra e essa violecircncia Eu morei quase a minha vida toda em

Januaacuteria e continuo morando na mesma cidade Eu me acho diferente por pensar bem diferente

das outras pessoas

Fim

90

Figura 11 ndash TEXTO 8 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 9 (3ordf ordem)

Eu sou

Oi eu sou e tenho 11 anos e estou no 6ordm ano JF ( julha de fatema) e gosto

de jogar no computador

Eu moro na rua julhio de moura casa 150 A eacute bem do lado da escola eacute muito perto

Eu vo pra escola quase todos os dias e natildeo sou muito comportado em sala de aula

Meu cachorro morreu segunda e foi muito triste agora menos 1- cachorro pra cuidar

entatildeo eacute isso so eu

91

Figura 12 ndash TEXTO 9 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 10 (3ordf ordem)

Eu sou tenho 12 anos neci em Januaacuteria

Eu sou moreno gente boa sou inteligente sou mais o menos queto natildeo gosto muito de brincar

sou mais queto na tarefa tenho um pouco de dificuldade e e u chamo a professora sou um pouco

timido

Figura 13 ndash TEXTO 10 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

92

Nos textos acima pode-se observar as marcaccedilotildees numeacutericas que fizemos para

levantamento catalogaccedilatildeo dos dados e caracterizaccedilatildeo dos problemas encontrados as quais

foram baseadas nos processos fonoloacutegicos que envolvem a escrita de acordo com Cagliari

(1995) Todas essas categorias relacionadas pelo autor servem para despertar nos professores

alfabetizadores ou natildeo a necessidade de conhecer e de considerar na praacutetica escolar os fatores

envolvidos no processo de construccedilatildeo da escrita da fala e da aprendizagem significativa

Dessa maneira no quadro a seguir observamos cada fenocircmeno linguiacutestico encontrado

nos textos dos alunos e a quantidade de vezes em que ocorre

93

Tabela 02 ndash Categorizaccedilatildeo dos ldquoerrosrdquo de escrita ndash Cagliari (1995)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

T

ran

scri

ccedilatildeo

fo

neacutet

ica

Uso

in

dev

ido

de

letr

as

Hip

erco

rreccedil

atildeo

Mod

ific

accedilatilde

o d

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tura

segm

enta

l d

as

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s

Ju

ntu

ra I

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bu

lar

e

segm

enta

ccedilatildeo

Fo

rma

mo

rfo

loacuteg

ica

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Fo

rma

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ran

ha

de

tra

ccedilar

as

letr

as

Uso

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ido

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iuacutesc

ula

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uacutesc

ula

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Ace

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s g

raacutefi

cos

Sin

ais

de

po

ntu

accedilatilde

o

Pro

ble

ma

s si

ntaacute

tico

s

I1 2 4 1 1 1

I2 6 7 5

I3 8 2 3 3

I4 1 3 4 3

I5 4 3 5 2

I6 1 1 1 1 4

I7 1 1 7 5 1 4 5 3

I8 2 2 4 2 4

I9 2 1 7 3 3 9

I10 2 2 3 2 2 1 1 3

I11 3 1 2 8 11

I12 1 2 2 1 4 1 5 4

I13 2 4 2 2 2 3

I14 1 2 2 7 5 11

I15 3 1 1 8 2

I16 2 2 2 3 1 1

I17 3 2 1 1

I18 5 1 1 10 1

I19 9 6 3 12 11

I20 2 3 3 4

I21

Total 14 38 2 29 9 1 5 66 28 107 59 358

Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017

Diante desses dados destacamos 358 ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita sendo a que

maior incidecircncia deles concentrou-se uso dos sinais de pontuaccedilatildeo com 107 ocorrecircncias

94

seguido do uso indevido de maiuacutesculas e minuacutesculas com 66 ocorrecircncias depois de problemas

sintaacuteticos com 59 ocorrecircncias e em seguida o uso indevido de letras com 38 ocorrecircncias

Compreendemos que o nuacutemero de ocorrecircncias em um texto natildeo acontece de forma fixa

pois cada texto possui particularidades e flexibilidade no uso das palavras Alguns textos

apresentam mais palavras e conteuacutedo do que outros logo a incidecircncia pode ser maior ou menor

vai depender de cada texto

Sobre os aspectos da escrita Cagliari (1995) afirma que os problemas sintaacuteticos que

revelam modos de falar apresentando a transposiccedilatildeo da liacutengua oral para a escrita fazem parte

das uacuteltimas etapas de aprendizagem em escrita Outro aspecto bastante recorrente nos textos eacute

o uso indevido de maiuacutesculas e minuacutesculas Quanto a isso o autor enfatiza que esse processo

precisa ser ensinado Esses casos estatildeo exemplificados no TEXTO 2 na palavra Batatina no

TEXTO 6 nas palavras Brincar Bola ceBola e no TEXTO 7 na palavra caBelo

Jaacute o uso indevido de letras ocorre porque o aluno faz uma escolha possiacutevel para

representar o som em uma palavra quando a ortografia emprega outra como podemos observar

no TEXTO 3 nas palavras con felis nuito fanilha

Compreendemos com base em Cagliari (1995) que questotildees sobre o sistema de escrita

e de como ele se processa satildeo de fundamental importacircncia pois permitem o conhecimento

linguiacutestico para auxiliar e intervir nas situaccedilotildees de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita

desde os primeiros anos escolares

Diante disso o autor apresenta que o sistema de escrita pode ser dividido em dois

grandes grupos O sistema de escrita ideograacutefico (significado) baseado numa escrita pictoacuterica

que tem como exemplos os sinais de tracircnsito os nuacutemeros os logotipos A escrita ideograacutefica

traz consigo significados mais abrangentes do que outros sistemas O sistema de escrita

fonograacutefico (significante) depende essencialmente dos elementos sonoros de uma liacutengua para

poder ser lido ou decifrado O autor ainda ressalta que todo sistema de escrita tem um

compromisso direto ou indireto com os sons de uma liacutengua e como as liacutenguas mudam com o

tempo transforma-se tambeacutem a forma focircnica das palavras tornando difiacutecil sua leitura Assim

Cagliari (1995) afirma que as escritas ideograacuteficas jogam muito com a habilidade lexical do

leitor e as escritas fonograacuteficas com o poder de interpretaccedilatildeo semacircntica

Dessa forma o problema da alfabetizaccedilatildeo abrange os dois sistemas de escrita O aluno

natildeo consegue estabelecer uma relaccedilatildeo loacutegica para siacutembolos formas letras e palavras Natildeo

consegue ler (decodificando) e nem ler (compreendendo)

Cagliari (1995) aponta que o sistema de escrita do portuguecircs usa vaacuterios tipos de alfabeto

aleacutem de outros caracteres de natureza ideograacutefica como os sinais de pontuaccedilatildeo e os nuacutemeros

e de como a relaccedilatildeo entre as letras e os sons da fala eacute sempre muito complicada pelo fato de a

95

escrita natildeo ser o espelho da fala e porque eacute possiacutevel ler o que estaacute escrito de diversas maneiras

Contribui dizendo ainda que a nossa escrita eacute fundamentalmente alfabeacutetica tendo como base

a letra e faz uma criacutetica ao ensino da siacutelaba como base

A praacutetica do ensino da siacutelaba como base do sistema de escrita do portuguecircs eacute muito

comum nas salas de alfabetizaccedilatildeo Essa praacutetica abre caminho para muitas confusotildees e o aluno

natildeo consegue de forma regular fazer uma divisatildeo silaacutebica com a facilidade que se imagina pois

de acordo com o autor esse processo eacute complexo e natildeo se pode atribuir a mesma regra para

todas as palavras Assim Cagliari (1995) afirma que existem fatos foneacuteticos da fala que o nosso

sistema de escrita natildeo dispotildee de recursos para representar

Por isso eacute muito importante o conhecimento sobre como a crianccedila aprende a liacutengua

escrita Algumas crianccedilas aprendem por intuiccedilatildeo e vatildeo sozinhas nesse processo de ler e

escrever Mas a grande maioria precisa de ajuda e de suporte Logo o professor precisa estar

preparado para promover essa aprendizagem atraveacutes de meacutetodos variados Eacute preciso tambeacutem

um trabalho sistemaacutetico de consciecircncia fonoloacutegica O objetivo eacute fazer com que esse aluno

descubra as letras e que seu registro representa um som Portanto eacute importante fazer com que

ele preste atenccedilatildeo nos sons das letras e aprenda a registraacute-los Assim a liacutengua oral se transforma

em letra em palavra em texto

Nesse sentido sobre a produccedilatildeo de textos Cagliari (1995) diz que a crianccedila vai

construindo sua escrita por experimentaccedilatildeo e critica as escolas por natildeo permitirem que isso

aconteccedila da mesma forma que acontece com a fala Ressalta ainda que as crianccedilas natildeo

precisam estudar Gramaacutetica pois jaacute dominam a liacutengua portuguesa na sua modalidade oral Ou

seja a crianccedila jaacute fala seguindo uma estrutura gramatical natural compreende um sistema de

formas (morfologia) um sistema de frases (sintaxe) e um sistema de sons (fonologia) aprendida

no seu meio familiar e social Por mais simples ou ldquoerradardquo que seja a fala traduz a

competecircncia comunicativa do aluno E acrescenta que os ldquoerrosrdquo ortograacuteficos demonstram o

uso inadequado de recursos possiacuteveis do proacuteprio sistema ortograacutefico de escrita e tambeacutem

comuns a todos os usuaacuterios do sistema de escrita do portuguecircs Os alunos natildeo ldquoerramrdquo de

maneira irrefletida mas justamente o contraacuterio

Dessa forma o autor enfatiza que o incentivo agrave produccedilatildeo de textos de maneira

espontacircnea evitaraacute o bloqueio no uso da linguagem e o estimularaacute a escrever do modo que lhe

parece faacutecil correto e apropriado Eacute necessaacuterio estimular a escrita desde cedo que os alunos

brinquem e descubram a escrita atraveacutes da experimentaccedilatildeo do uso em situaccedilotildees diversas Deve-

se estimular a autoconfianccedila valorizar o que o aluno jaacute sabe pois o medo de errar impossibilita

a construccedilatildeo da escrita e limita o fazer Primeiro estabelece-se uma relaccedilatildeo prazerosa com a

96

escrita para depois num momento oportuno desenvolver um trabalho sistemaacutetico com a

ortografia

Isso pode ser observado por exemplo no TEXTO 1 no qual o aluno escreveu de forma

espontacircnea sem medo Haacute desvios na escrita mas entendemos perfeitamente a mensagem O

primeiro passo eacute escrever sem medo e depois fazer com que o aluno reflita sobre a sua escrita

fazendo checagens leitura e comparaccedilotildees com a ortografia vigente

Cagliari (1995) expotildee que natildeo se devem usar os textos dos alunos como pretexto para

correccedilatildeo ortograacutefica entre outros problemas que venham a ser identificados Eacute justamente o

que se identifica nesses textos que possibilita ao professor realizar intervenccedilotildees adequadas para

que o aluno perceba seu equiacutevoco na escrita e corrija-o

Nesse sentido a atividade proposta aos alunos foi motivada pela escrita espontacircnea sem

cobranccedilas e exigecircncias mas ao professor serviu como um instrumento de diagnoacutestico dos niacuteveis

de escrita dos alunos

Essa tarefa natildeo eacute faacutecil mas eacute preciso usar o texto do aluno natildeo como controle de formas

ortograacuteficas mas como facilitador de expressatildeo oral estiacutemulo ao seu discurso linguiacutestico e

anaacutelise do professor para realizar intervenccedilotildees necessaacuterias a fim de que o aluno aproprie-se

gradativamente das formas ortograacuteficas corretas do sistema de escrita do portuguecircs

Contudo Cagliari (1995) observa que se devem levar em conta os acertos ortograacuteficos

dos alunos e que os erros ortograacuteficos natildeo se datildeo ao acaso E ainda conclui que eacute indispensaacutevel

ao professor fazer um levantamento das dificuldades dos alunos e deixaacute-los escreverem textos

livres espontacircneos pois eacute nesses materiais que podemos encontrar os elementos que mostram

as reais dificuldades e facilidades dos alunos no processo de aprendizagem da escrita

Dessa maneira para dar continuidade agraves nossas reflexotildees e anaacutelise da Atividade Inicial

de Escrita partimos dos pressupostos das facetas da alfabetizaccedilatildeo que envolvem de acordo

com Soares (2003) a consciecircncia fonoloacutegica e as habilidades de codificaccedilatildeo (escrita) e

decodificaccedilatildeo (leitura) da liacutengua Analisamos mais precisamente as especificidades da faceta

psicolinguiacutestica que estuda as relaccedilotildees que se referem ao conhecimento e ao uso de uma liacutengua

De acordo Ferreiro (1995) o processo de aprendizagem da crianccedila ao tentar construir

o sistema alfabeacutetico baseia-se em hipoacuteteses do aprendiz Essas hipoacuteteses apontam os niacuteveis ou

etapas psicogeneacuteticas no processo de alfabetizaccedilatildeo Nesse sentido os alunos jaacute superaram o

niacutevel preacute-silaacutebico ao perceberem que escrever natildeo eacute a mesma coisa que desenhar e haacute controle

na escrita Jaacute superaram o niacutevel silaacutebico ao perceberem os sons das siacutelabas e por comeccedilarem a

usar letras que correspondem ao som da siacutelaba agraves vezes soacute usam vogal outras vezes consoante

e vogal Muitos jaacute consolidaram o niacutevel alfabeacutetico compreendem o processo de leitura e de

escrita ao perceberem unidades menores do que as siacutelabas e assim progressivamente vatildeo

97

estabelecendo relaccedilotildees entre fonemas e grafemas Dessa maneira os alunos que estatildeo no niacutevel

alfabeacutetico de acordo com Ferreiro (1995) conseguiram construir a base alfabeacutetica Assim

constatamos que 389 dos alunosestatildeo no niacutevel alfabeacutetico mas ainda natildeo adquiriram

consciecircncia fonoloacutegica para a escrita alfabeacutetica

Em funccedilatildeo disso e ainda com o intuito de compreender como o aluno constroacutei o

conhecimento conceitual da escrita continuamos analisando os textos dos alunos mas agora

ancorados em Lemle (1991) A referida autora elenca cinco capacidades necessaacuterias agrave

alfabetizaccedilatildeo Em todos os textos observamos que

1 A primeira capacidade foi superada pois eles conseguiram fazer a distinccedilatildeo entre riscos e

siacutembolos ou seja compreendem o que eacute letra mesmo fazendo uso indevido em algumas

situaccedilotildees

2 A segunda capacidade consiste na discriminaccedilatildeo das formas das letras sendo registradas 5

(cinco) ocorrecircncias na forma estranha de traccedilar as letras como visualizamos no TEXTO 3

A quantidade eacute considerada normal jaacute que a autora considera tambeacutem que haacute letras

bastante semelhantes

3 A terceira e a quarta capacidades ainda estatildeo comprometidas visto que 38 desses alunos

natildeo conseguiram desenvolver a percepccedilatildeo auditiva e saber ouvir diferenccedilas linguiacutesticas

aleacutem de natildeo terem adquirido o conceito de palavra como vemos ocorrer no TEXTO 2 na

escrita de cogo em vez de gosto e no TEXTO 3 na escrita de nasine em vez de nasci em

Esses satildeo exemplos de ausecircncia de percepccedilatildeo auditiva e consciecircncia fonoloacutegica bem como

de conceito de palavra respectivamente

4 A quinta capacidade estaacute praticamente consolidada pois eles reconhecem que em nosso

sistema de escrita a ordem da escrita vai da esquerda para a direita e de cima para baixo Haacute

equiacutevocos e inadequaccedilotildees no uso de paraacutegrafos e de organizaccedilatildeo espacial que julgamos

que devem ser ensinados gradativamente

Desse modo com base nesses toacutepicos focamos na anaacutelise da terceira capacidade que eacute

a simbolizaccedilatildeo entre letras e sons que consolidada permite a construccedilatildeo do conceito de

palavra

Lemle (1991) relaciona algumas etapas que o aluno utiliza na construccedilatildeo do sistema de

escrita como a monogamia relaccedilatildeo biuniacutevoca entre sons e letras Depois a substitui pela

poligamia relaccedilatildeo natildeo biuniacutevoca condicionada pela posiccedilatildeo da letra e por fim depara-se com

as arbitrariedades do sistema de escrita e dessa forma vai evoluindo nesse processo de

aquisiccedilatildeo da escrita No entanto quando o aluno natildeo compreende esse processo e as

arbitrariedades da escrita ele comete falhas tiacutepicas da escrita que satildeo classificadas pela autora

como falhas de primeira ordem falhas de segunda ordem e falhas de terceira ordem

98

De acordo com a anaacutelise dos 20 (vinte) textos coletados na Atividade Inicial de Escrita

fizemos a catalogaccedilatildeo das falhas de escrita observando os criteacuterios definidos pela autora para

essa classificaccedilatildeo como podemos observar na Tabela 03 a seguir

Tabela 03 ndash Avaliaccedilatildeo Falhas de escrita Informantes Falhas de primeira

ordem

Falhas de segunda

ordem

Falhas de terceira

ordem

I1 X

I2 X

I3 X

I4 X

I5 X

I6 X

I7 X X

I8 X

I9 X

I10 X

I11 X

I12 X X

I13 X

I14 X

I15 X

I16 X

I17 X

I18 X

I19 X

I20 X

I2117 X

TOTAL 6 3 14 21 Porcentagem 285 142 666 100

Fonte Adaptado de Lemle (1991) com dados da pesquisa 2017

De acordo com os dados da tabela acima observamos que 285 dos alunos cometem

falhas de 1ordf ordem 142 cometem falhas de 2ordf ordem e 666 cometem falhas de 3ordf ordem

Salientamos que o informante 7 comete falhas de 1ordf e 2ordf ordens e o informante 12 comete falhas

de segunda e terceira ordens Apesar de Lemle (1991) natildeo dizer de forma tatildeo direta supomos

que um mesmo aluno pode cometer em um mesmo texto falhas de ordem diversas por

entendermos a aquisiccedilatildeo do sistema de escrita como um processo que vai sendo construiacutedo aos

poucos por meio de experiecircncias com a proacutepria escrita Nesse sentido haacute nesses exemplos de

escrita como vemos nos informantes 7 e 12 uma transiccedilatildeo entre as falhas de 1ordf 2ordf e 3ordf ordens

considerando-se que natildeo satildeo processos isolados iniciando um quando o outro termina

Diante desses fatos selecionamos os 8(oito) alunos que cometeram falhas de 1ordf e 2ordf

ordens em razatildeo de Lemle (1991) considerar que esses alunos ainda natildeo satildeo alfabetizados Para

a autora ldquo[s]eraacute considerado alfabetizado aquele em cuja escrita soacute restarem falhas de terceira

17 O aluno estava presente mas natildeo quis realizar a produccedilatildeo da Atividade Inicial de escrita Mesmo assim foi

selecionado por natildeo ser alfabetizado e estar repetindo o 6ordm ano

99

ordem que seratildeo superadas gradativamente com a praacutetica da leitura e da escritardquo (LEMLE

1991 p 41-42)

Com base nesses pressupostos catalogamos as falhas cometidas nos 08 (oito) textos da

amostra de investigaccedilatildeo e acrescentamos 03 textos classificados como de 3ordf ordem para

melhor compreensatildeo desses processos O objetivo eacute mostrar a realidade presente em sala de

aula e como essas falhas justificam-se baseadas nos estudos aqui realizados jaacute que os alunos

natildeo as cometeram intencionalmente Na verdade eles natildeo sabiam que estavam errando pois

escreveram de forma livre e espontacircnea Vejamos entatildeo as falhas coletadas nos 08 textos

Quadro 12 ndash Falhas de escrita Textos

selecionados

Falhas de escrita de

1ordf ordem

Ocorrecircncias de falhas de escrita catalogadas nos textos

selecionados

TEXTO 1

TEXTO 2

TEXTO 3

TEXTO 4

TEXTO 5

Falhas na

correspondecircncia

linear entre as

sequencias dos sons e

as sequencias das

letras

Omissatildeo de letras miha (minha) batatina (batatinha) goto

(gosto)

Conhecimento ainda inseguro do formato de cada letra

tasia (passear)

Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo do som

gogo (gosto) natu (moto) natildee (matildee) fanilha (familia) asai

(assim) voma (forma)

Natildeo formou conceito de palavra coanilha (com a minha)

nasine (nasci em) amina (a minha) allade (aula de)

dodiabo em vez de do diabo

Falhas de escrita de

2ordf ordem

TEXTO 5

TEXTO 6

TEXTO 7

O aluno faz a

transcriccedilatildeo foneacutetica

petequa em vez de peteca

escunde em vez de esconde

kiabo em vez de quiabo

bejo em vez de beijo

cam em vez de catildeo

susu em vez de chuchu

pofessora em vez de professora

Falhas de escrita de

3ordf ordem

TEXTO 7

TEXTO 8

TEXTO 9

TEXTO 10

O aluno avanccedilou no

saber ortograacutefico e na

escrita faz troca entre

letras concorrentes

dansa em vez de danccedila

diferensa em vez de diferenccedila

soutar em vez de soltar

queto em vez de quieto

dificudade em vez de dificuldade

profesora em vez de professora

o em vez de ou

Fonte Adaptado de Lemle (1991 p 40-41) com dados da pesquisa

Verifica-se que os textos 1 2 3 4 e 5 foram classificados com falhas de 1ordf ordem porque

os alunos natildeo conseguiram realizar correspondecircncia linear entre as sequecircncias dos sons e as

100

sequecircncias das letras Nesse caso os alunos omitiram letras como em miha (minha) batatina

(batatinha) goto (gosto) demonstraram conhecimento ainda inseguro do formato de cada letra

como por exemplo em tasia (passear) natildeo tiveram a capacidade de classificar algum traccedilo

distintivo do som exemplo das palavras gogo (jogo) natu (moto) natildee (matildee) fanilha (familia)

asai (assim) voma (forma)

Sabemos que Lemle (1991) natildeo cita conceito formado de palavra mas estabelece como

quarta capacidade a consciecircncia de unidade de palavra Dessa maneira optamos por encaixar

em falhas de 1ordf ordem as ocorrecircncias de conceito de palavra natildeo formado como em coanilha

(com a minha) nasine (nasci em) amina (a minha) allade (aula de) dodiabo em vez de do

diabo Esse tipo de ocorrecircncia eacute tratado por Cagliari (1995) como juntura intervocabular O

uacutenico caso natildeo encontrado nesses textos foi a repeticcedilatildeo de letras elencado por Lemle (1991)

Os textos 5 6 e 7 foram classificados com falhas de 2ordf ordem pois os alunos fizeram a

transcriccedilatildeo foneacutetica Nessas ocorrecircncias os alunos representaram os sons da fala de acordo com

a variaccedilatildeo linguiacutestica utilizada por eles pois a pronuacutencia depende da regiatildeo na qual a pessoa

vive Dessa forma o aluno escreve como fala como vemos em petequa em vez de peteca

escunde em vez de esconde kiabo em vez de quiabo bejo em vez de beijo cam em vez de catildeo

susu em vez de chuchu pofessora em vez de professora

Nos textos 7 8 9 e 10 nos quais os alunos jaacute avanccedilaram no saber alfabeacutetico e na escrita

ortograacutefica eles apenas fazem troca entre letras concorrentes Satildeo os casos de dansa em vez

de danccedila diferensa em vez de diferenccedila soutar em vez de soltar queto em vez de quieto

dificudade em vez de dificuldade profesora em vez de professora Nesses casos segundo

Ferreiro (1985) o niacutevel alfabeacutetico foi consolidado e considera que a aprendizagem da escrita eacute

produto de uma construccedilatildeo ativa ou seja no fazer na testagem na experimentaccedilatildeo com as

letras

Em vista disso consideramos importante dizer que os textos 1 2 3 4 5 6 e 7 satildeo dos

alunos que compuseram a intervenccedilatildeo Apenas um aluno natildeo quis produzir o texto o informante

21 que deduzimos natildeo ter consolidadas as capacidades e por isso rejeiccedilatildeo agrave atividade proposta

Logo nossa Atividade Inicial de Escrita (APEcircNDICE B) foi planejada por meio da

abordagem sociointeracionista de Vygotsky A partir da formulaccedilatildeo da zona de

desenvolvimento proximal aplicamos a Atividade Inicial de Escrita e assim por meio do

diagnoacutestico delineamos o desenvolvimento real da aprendizagem dos alunos a fim de avaliar

as experiecircncias adquiridas em linguagem escrita

Diante disso eacute necessaacuterio ressaltar a importacircncia da reflexatildeo e anaacutelise do professor

sobre o desenvolvimento textual dos alunos A escola eacute tendenciosa ao avaliar observando

apenas os erros e desconsiderando os acertos privilegiando a ortografia em detrimento da

101

fruiccedilatildeo do ato de escrever puramente como forma de expressatildeo do pensamento Cada etapa de

aprendizagem da escrita eacute importante e deve ser ensinada pela escola e o professor precisa ter

conhecimento dos processos de escrita pelos quais as crianccedilas passam para ajudaacute-las a

superarem cada etapa com seguranccedila e satisfaccedilatildeo

Consideramos diante o exposto que os resultados dessa atividade foram satisfatoacuterios

por nos dar condiccedilotildees de conhecer as reais dificuldades de escrita dos alunos e assim planejar

as proacuteximas accedilotildees deste trabalho investigativo

Portanto definimos por meio dessa Atividade Inicial de Escrita que a nossa investigaccedilatildeo

seria realizada apenas com os alunos que cometeram falhas de 1ordf e 2ordf ordem por natildeo serem

alfabetizados

43 Plano Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI

O Plano Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI estaacute centrado nos aspectos da alfabetizaccedilatildeo

e do letramento Foi desenvolvido na Escola Estadual Pio XII em Januaacuteria ndash MG com apenas

6 alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima apoacutes identificaccedilatildeo das falhas de escrita com base em Lemle

(1991) no periacuteodo de agosto a novembro de 2017 O fato de o nuacutemero de participantes ter sido

reduzido justifica-se pela recusa em participar das atividades propostas por dois alunos o

informante 16 e o informante 21 Eles natildeo quiseram participar apesar de toda insistecircncia por

parte desta pesquisadora Diante disso a amostra de investigaccedilatildeo passou a ser com 6 alunos do

6ordm ano JF

Assim o objetivo geral dessa proposta foi desenvolver atividades que contribuam com

a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita de 6 alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima da Escola Estadual Pio

XII Ensino Fundamental utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico Os objetivos

especiacuteficos foram planejar executar e avaliar atividades que contribuam para elevar os niacuteveis

de escrita que desenvolvam a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica desenvolver

habilidades de letramento digital atraveacutes do gecircnero digital blog produzir texto multimodal para

blog

A partir das metaacuteforas da aprendizagem de Thornburg (1996) desenvolvemos quatro

moacutedulos de aprendizagem Moacutedulo I ndash Conhecendo Moacutedulo II ndash Dialogando Moacutedulo III ndash

Refletindo e Moacutedulo IV ndash Praticando

Para cada moacutedulo utilizamos a carga horaacuteria da turma composta por cinco aulas

semanais de LP e nas uacuteltimas semanas contamos com a colaboraccedilatildeo dos professores de outras

disciplinas no sentido de liberarem os alunos para participarem das atividades No iniacutecio

definimos que usariacuteamos as aulas geminadas da terccedila-feira e da quarta-feira salvo alguma na

102

segunda-feira que tem uma aula de LP Buscamos com isso respeitar o horaacuterio de aulas da

turma em razatildeo da organizaccedilatildeo e funcionamento da escola Poreacutem observamos que a dinacircmica

e o dia-a-dia da escola com projetos feriados trabalhos de campo entre outras situaccedilotildees

estava prejudicando o andamento da intervenccedilatildeo Um fato que nos deixou muito tristes foi o

falecimento de um aluno da nossa escola no dia 20 de setembro Todas as atividades da escola

foram interrompidas pela comoccedilatildeo geral

Diante disso elaboramos o cronograma de aulas aplicadas nos moacutedulos do iniacutecio ao

teacutermino da intervenccedilatildeo como forma de esclarecer o desenvolvimento das aulas Os quatro

moacutedulos e a descriccedilatildeo dos meses e datas em que foram aplicados aleacutem da respectiva carga

horaacuteria de cada um deles encontram-se descritos na Tabela 04 a seguir

Tabela 04 ndash Cronograma de aulas aplicadas no PEI

MOacuteDULOS Meses Datas Carga

horaacuteria

Moacutedulo I ndash Conhecendo Agosto 23 28 29 30 ---- 08 ha

Moacutedulo II ndash Dialogando Setembro 12 19 2018 26 27 08 ha

Moacutedulo III ndash Refletindo Outubro 03 04 23 24 25 21 ha

26 27 30 31 ----

Moacutedulo IV ndash Praticando Novembro 01 05 ha

Total 42

aulas

Fonte Dados da pesquisa 2017

431 Moacutedulo I ndash Conhecendo

Neste moacutedulo I procuramos desenvolver compartilhar e discutir as caracteriacutesticas dos

textos compostos por palavras e imagens bem como discutir sobre as contribuiccedilotildees das

Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC

Assim o plano de accedilatildeo desse moacutedulo visou ativar conhecimentos preacutevios sobre as

caracteriacutesticas dos textos multimodais e em relaccedilatildeo agraves contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais

da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de sons de palavras de

imagens e de movimentos

18 Intervenccedilatildeo interrompida por luto

103

Nossos objetivos foram identificar as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da

Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem e familiarizar com o ambiente

digital conhecer e identificar as funccedilotildees do blog como recurso de ensino e sobre as habilidades

de letramento em contexto digital conhecer diferentes textos multimodais e aula expositiva

dialogada e interativa por meio de ferramenta digital

Dessa forma a metodologia utilizada consistiu em desenvolver atividades de

conhecimento na sala de multimiacutedia e no laboratoacuterio de informaacutetica da escola por meio de

exposiccedilatildeo dialogada utilizando ferramenta digital para apresentaccedilatildeo de slides sobre a proposta

de trabalho

Na sala de multimiacutedia da nossa escola no dia 23 de agosto de 2017 conhecemos as

contribuiccedilotildees que as Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo apresentam na atualidade como pode

ser visualizado na figura abaixo

Figura 14 ndash Alunos na sala de multimeios da Escola Estadual Pio XII

Fonte Dados da pesquisa 2017

Reconhecemos que estamos inseridos em um mundo repleto de sons palavras imagens

entre tantos outros recursos que possibilitam a comunicaccedilatildeo Dessa forma saber ler essa

diversidade de recursos textos e imagens requer atenccedilatildeo e leitura de mundo Como exemplo

dessa proposta apresentamos a captura de tela dos slides 3 e 9 da nossa apresentaccedilatildeo em Power

point

104

Figura 15 ndash Captura de tela do slide 3 ndash Apresentaccedilatildeo em Power point

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 2 ndash Captura de tela do slide 9 Apresentaccedilatildeo em Power point

Fonte Dados da pesquisa 2017

Percebemos que cinco alunos reconheceram na exposiccedilatildeo dos slides acima esse contexto

de tecnologia no qual estamos inseridos ao dizerem que estamos conectados com o mundo Por

outro lado uma aluna teve dificuldade com a leitura das imagens justamente por falta de

familiaridade com essa modalidade de leitura Aleacutem disso analisamos a possibilidade de se

realizar leitura em diversos suportes tanto por meio de linguagem verbal quanto por meio da

inserccedilatildeo de imagens e emojis tatildeo presentes nas redes sociais nos aplicativos de celular e ateacute

em lojas quando vemos as placas ldquoSorria Vocecirc estaacute sendo filmadordquo

105

Assim apoacutes essa conversa e compartilhamento de ideias eles compreenderam que a

leitura extrapola as questotildees meramente linguiacutesticas pois o conceito de texto se ampliou e

concentra vaacuterios aspectos natildeo linguiacutesticos que devem ser considerados principalmente porque

estamos inseridos em uma sociedade imersa em um grande ambiente multimodal

Nossa fala estaacute ancorada em Marcuschi (2008 p 80) ao estabelecer que ldquoo texto

compotildee-se de elementos que satildeo multifuncionais sob vaacuterios aspectos tais como um som uma

palavra uma significaccedilatildeo uma instruccedilatildeo etc e deve ser processado com esta

multifuncionalidaderdquo assim como na Teoria da Multimodalidade defendida por Kress e van

Leeuwen (2006) ao esclarecerem que o texto multimodal eacute aquele cujo significado se realiza

por mais de um coacutedigo semioacutetico ou recursos semioacuteticos Desse modo apoacutes a apresentaccedilatildeo

dos slides os alunos compreenderam que ao lermos uma imagem observamos planos traccedilos

cores figuras entre outros aspectos Assim compreendemos como esse conjunto de recursos

semioacuteticos dialoga que eles natildeo estatildeo dispostos aleatoriamente mas constituem mais um

recurso que nos ajuda a produzir uma seacuterie de interpretaccedilotildees

Depois fomos ao laboratoacuterio de informaacutetica Pesquisamos vaacuterios blogs e sites de

pesquisa para nos familiarizarmos e conhecermos o ambiente digital como demonstrado na

figura 18

Figura 17 ndash Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica

Fonte Dados da pesquisa 2017

No laboratoacuterio de informaacutetica acessamos blogs de diferentes temas e assuntos O

primeiro chama-se ldquoBlog dos jovens leitoresrdquo e o segundo ldquoOpen Pagerdquo Os dois satildeo blogs

106

literaacuterios e tratam da leitura de livros literaacuterios com resenhas e sugestotildees de leitura O terceiro

ldquoGalerinha On linerdquo eacute um blog de assuntos diversos atividades desenhos muacutesicas

ensinamentos e culinaacuteria por meio de infograacuteficos Jaacute o quarto ldquoEscola Classe 19 de

Taguatingardquo eacute um blog escolar de uma escola puacuteblica que atende a crianccedilas do 1ordm ao 5ordm anos

na educaccedilatildeo integral Nossa intenccedilatildeo foi fazer com que os alunos conhecessem diferentes blogs

Assim elaboramos algumas questotildees para conduzir nossa discussatildeo como Quais satildeo os temas

abordados nesses blogs Leia o perfil de cada um De qual vocecirc gostou mais Por quecirc Se vocecirc

tivesse um blog sobre o que vocecirc escreveria Vamos criar um blog para a turma Qual nome

teria

Nas questotildees ldquoardquo e ldquobrdquo os alunos responderam de forma satisfatoacuteria ter reconhecido o

tema de cada blog pelas imagens que foram vendo e depois pela descriccedilatildeo feita no perfil

apresentado aleacutem de terem gostado de conhececirc-los Como exemplo apresentamos logo

abaixo os comentaacuterios dos informantes 8 10 e 12

Informante 8 ldquoGostei professora desses blogsrdquo

Informante 10 ldquoEu nunca vi um blog Num sabia que era assim Eu gostei do blog da

escola tem muitas fotos dos alunosrdquo

Informante 12 ldquoEu achei legal E gostei mais da moccedila dos livros (Open Page)rdquo

Na questatildeo ldquocrdquo os informantes 7 e 11 disseram que escreveriam sobre todos os assuntos

a informante 13 disse que natildeo sabia os informantes 8 e 10 falaram que escreveriam sobre a

escola e a informante 12 sobre maquiagem Os assuntos foram diversificados e aos alunos foi

esclarecido que criariacuteamos um blog para a turma com o objetivo de postarmos as nossas

atividades de escrita desenvolvidas no laboratoacuterio de informaacutetica e que laacute poderiacuteamos abordar

diversos assuntos

Observamos ainda que as respostas dos informantes 7 e 11 aproximam-se das diversas

possibilidades de publicaccedilatildeo as quais os blogs nos permitem Marcuschi (2010) define os blogs

como gecircneros digitais e ressalta que eles funcionam como diaacuterios em uma ordem cronoloacutegica

Aleacutem disso acrescenta que [] satildeo verdadeiros diaacuterios sobre a pessoa sua famiacutelia ou seus

gostos e seus gatos catildees atividades sentimentos crenccedilas e tudo o que for conversaacutevel

(MARCUSCHI 2010 p 72)

Apoacutes esse momento fizemos uma votaccedilatildeo para a escolha do blog do nosso pequeno

grupo Os nomes sugeridos pelos alunos foram Blog da Escola Pio XII Oficina de escrita

Todos juntos pelo estudo Blog do 6ordm ano e Escola Estadual Pio XII em resposta agrave questatildeo ldquodrdquo

Dessa forma os alunos decidiram pelo tiacutetulo ldquoBlog do 6ordm ano JFrdquo e como descriccedilatildeo

ldquoTodos juntos pelo estudordquo cujo endereccedilo eletrocircnico eacute

107

httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombr que tambeacutem pode ser observado por meio do

acesso ao QR Code disponibilizado logo abaixo

A atividade no laboratoacuterio o estar no laboratoacuterio de informaacutetica para pesquisa e

conhecimento de outros blogs causou entusiasmo nos participantes Essa escolha causou-nos

surpresa e emoccedilatildeo porque percebemos o empenho e o compromisso desses alunos com a

proacutepria aprendizagem Assim o blog foi criado no dia 28 de agosto de 2017 mediante

orientaccedilatildeo e com a participaccedilatildeo de todos os informantes como vemos logo abaixo na captura

das telas de criaccedilatildeo do blog e no iniacutecio do Moacutedulo I ndash Conhecendo

Figura 38 ndash Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF

Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel em lt httptodosjuntospeloestudoblogspotcombr201708sejam-bem-

vindos-nos-do-6-ano-julia-dehtmlgt Acesso em 10 nov de 2017

108

Figura 19 ndash Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF

Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel emlthttptodosjuntospeloestudoblogspotcombr201708gt Acesso em

10 nov de 2017

432 Moacutedulo II ndash Dialogando

Nesse segundo momento as atividades propostas ofereceram oportunidades para que o

comportamento do aluno ouvinte e falante se tornasse efetivamente objeto de aprendizagem

Os alunos tiveram a oportunidade de realizar debates e exposiccedilotildees orais a respeito das

atividades apresentadas no laboratoacuterio de informaacutetica Esta pesquisadora coordenou as

discussotildees procurando fazer com que todos os alunos falassem e escutassem de forma atenciosa

e respeitosa No iniacutecio natildeo foi faacutecil porque eles estavam acostumados a interferir nas respostas

dos outros colegas a limitar a fala do outro ou chamar a atenccedilatildeo de forma negativa mas depois

com a mediaccedilatildeo necessaacuteria eles foram entendendo que cada um tem o direito de falar e que

eles poderiam ateacute discordar poreacutem sem desrespeitar

Desse modo esse tipo de atividade promoveu a discussatildeo sobre o assunto tratado nos

textos apresentados fazendo com que o aluno ultrapassasse o texto e o relacionasse com o

contexto social no qual vive ou ateacute mesmo com sua proacutepria pessoa atendendo agrave perspectiva da

leitura multimodal

O plano de accedilatildeo desse segundo moacutedulo esteve concentrado em incentivar a discussatildeo

sobre os textos apresentados com o intuito de desenvolver a competecircncia do uso da liacutengua oral

e da capacidade de debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o

argumento contraacuterio

109

Na sequecircncia definimos como objetivos ler textos multimodais analisar e discutir as

especificidades desses textos e produzi-los Para isso propusemos a discussatildeo das perguntas

sugeridas a respeito dos recursos linguiacutesticos utilizados nos textos multimodais previamente

selecionados para o trabalho em grupo

Esse moacutedulo teve iniacutecio no dia 12 de setembro de 2017 no laboratoacuterio de informaacutetica

como podemos visualizar logo abaixo

Figura 20 ndash Captura de tela do Moacutedulo II ndash Dialogando Blog do 6ordm ano JF

Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel em lt httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombr201709modulo-ii-

dialogandohtmlgt Acesso em 10 nov de 2017

Na perspectiva dialoacutegica na relaccedilatildeo com o outro discutimos em duplas as questotildees

sobre os textos selecionados De acordo com Bakhtin (1997) a ldquorelaccedilatildeo dialoacutegica eacute uma relaccedilatildeo

(de sentido) que se estabelece entre enunciados na comunicaccedilatildeo verbalrdquo (BAKHTIN 1997 p

346) Com esse entendimento de comunicaccedilatildeo verbal do encontro de opiniotildees e discussotildees

procuramos estabelecer relaccedilotildees de sentido ao ouvir falar interrogar concordar ou discordar

dos assuntos apresentados nos textos multimodais selecionados para essa atividade Entatildeo eles

foram compreendendo a atitude responsiva de que trata Bakhtin ao afirmar que

[d]e fato o ouvinte que recebe e compreende a significaccedilatildeo (linguiacutestica) de um

discurso adota simultaneamente para com este discurso uma atitude responsiva ativa

ele concorda ou discorda (total ou parcialmente) completa adapta apronta-se para

executar etc e esta atitude do ouvinte estaacute em elaboraccedilatildeo constante durante todo o

processo de audiccedilatildeo e compreensatildeo desde o iniacutecio do discurso agraves vezes jaacute nas

primeiras palavras emitidas pelo locutor (BAKHTIN 1997 p 290)

110

Em atitude responsiva ativa vivenciamos com o outro ora locutor ora interlocutor no

laboratoacuterio de informaacutetica a leitura de vaacuterios textos multimodais

Como motivaccedilatildeo e detonador da nossa discussatildeo utilizamos na maioria dos textos

selecionados questotildees previamente elaboradas para conduzir a discussatildeo As questotildees

pretendiam levar os alunos a pensarem considerando todo o contexto Para tanto eles foram

instigados a confirmar ideias levantar hipoacuteteses expressando a opiniatildeo e o entendimento que

tiveram acerca do exposto Nesse sentido procuramos questionaacute-los sobre os argumentos que

sustentaram as colocaccedilotildees de cada um e sobre as conclusotildees a que chegaram por meio da leitura

dos textos multimodais Foram observados dentre vaacuterios aspectos multimodais as cores os

traccedilos as fontes tipos e tamanhos das letras

Para anaacutelise desse moacutedulo selecionamos dois textos uma Histoacuteria em quadrinhos e uma

charge A Histoacuteria em Quadrinhos ndash HQ da Turma da Mocircnica que foi apresentada quadro a

quadro por seis cenas tem Cascatildeo como personagem principal o qual trama em pensamento

algo contra o Sansatildeo coelhinho da Mocircnica O que chama atenccedilatildeo para essa HQ como podemos

visualizar logo abaixo eacute a presenccedila da multimodalidade por meio de imagens balotildees cores e

traccedilos bem como a ausecircncia de falas (linguagem verbal) entre os personagens em todas as

cenas Os uacutenicos elementos verbais presentes na HQ satildeo a palavra ldquoCascatildeordquo no iniacutecio e a

palavra ldquofimrdquo ao final da histoacuteria

111

Figura 21 ndash HQ Turma da Mocircnica

Fonte Desconhecida19

Observamos por meio da leitura imageacutetica toda a narrativa desenvolvida e quando a

situaccedilatildeo de equiliacutebrio eacute rompida pelo cliacutemax que determina a situaccedilatildeo final da histoacuteria Dessa

forma percebemos que os elementos linguiacutesticos natildeo satildeo exclusivos para a compreensatildeo e

leitura de um texto pois a modalidade de linguagem semioacutetica encarregou-se disso Nessa HQ

a atividade de interaccedilatildeo e leitura ocorreu por meio do encadeamento das accedilotildees e gerou a

produccedilatildeo de sentidos proporcionada pelo conhecimento preacutevio acerca dos personagens e da

situaccedilatildeo comunicativa

De acordo com Koch (2009 p 39) em atividades como essas ldquocolocamos em accedilatildeo

vaacuterias estrateacutegias sociocognitivas Essas estrateacutegias por meio das quais se realiza o

processamento textual mobilizam vaacuterios tipos de conhecimento que temos armazenados na

memoacuteriardquo

19 Paacutegina de HQ da Turma da Mocircnica apresentada na Aula 1 da disciplina Texto e ensino ministrada pela

professora Doutora Maria Clara Maciel (UNIMONTES) no primeiro semestre de 2016

112

Ainda de acordo com a autora ao realizarmos o processamento textual ativamos

conhecimentos Assim para a compreensatildeo dessa HQ recorremos ao conhecimento

enciclopeacutedico ou conhecimento de mundo que se refere aos nossos aprendizados vivecircncias e

experiecircncias pessoais permitindo a produccedilatildeo de sentidos Por isso realizamos as seguintes

perguntas aos alunos Vocecirc conhece esses personagens Quem satildeo Por que o Cascatildeo estaacute

saltitante O que ele estaacute imaginando Qual era a sua intenccedilatildeo O que aconteceu no 4ordm e 5ordm

quadrinhos Por que Cascatildeo saiu correndo O humor da histoacuteria foi construiacutedo a partir de quais

fatos No texto haacute palavras Vocecirc conseguiu ler essa HQ mesmo sem palavras Por quecirc

A maioria das respostas foram 100 satisfatoacuterias pois todos conheciam os personagens

das HQS da Turma da Mocircnica do autor Mauriacutecio de Souza aleacutem da compreensatildeo global da

narrativa inclusive sem mencionar as questotildees propostas quem era o autor desses quadrinhos

Apenas na uacuteltima questatildeo surgiram questionamentos sobre natildeo haver palavras falas na

sequecircncia narrativa da HQ selecionada pelos informantes 7 8 e13 Perguntamos se o fato de

natildeo haver palavras impedia o entendimento do texto e os alunos disseram que natildeo Nossa

discussatildeo foi ampla sobre as diversas possibilidades de leitura e definiccedilatildeo de texto A causa do

estranhamento ocorreu pelo fato de o natildeo entendimento do que a maioria das pessoas considera

ser um texto inclusive na atualidade em que os textos estatildeo carregados de multimodalidade

Isso acontece pelo conceito de texto ainda estar vinculado somente ao campo linguiacutestico

da fala ou da escrita Nesse sentido a linguiacutestica textual definida por Marcuschi (2008)

Dioniacutesio (2006) Koch (2009 e 2012) e Krees e Van Leeuwen (2006) autores que validaram

significativamente nossa discussatildeo lanccedilam luz sobre a concepccedilatildeo de texto como abordado no

capiacutetulo I deste trabalho

Segundo Dioniacutesio (2006) nossa sociedade estaacute cada vez ldquomais visualrdquo Isso revela que

os textos multimodais estatildeo presentes em nossa sociedade e eacute imprescindiacutevel relacionar

linguagem verbal a outros recursos e assim estabelecer relaccedilotildees de sentido compreensatildeo e

importacircncia social nas praacuteticas de letramento

Diante disso por meio do sistema de estruturaccedilatildeo visual elaborado por Krees e Van

Leeuwen (2006) na Gramaacutetica de Desing Visual (GDV) observamos a articulaccedilatildeo de vaacuterios

modos semioacuteticos na charge selecionada que ao se relacionarem convergem significados

representacionais interativos e composicionais

113

Figura 22 ndash Charge Igualdade natildeo significa justiccedila

Fonte Disponiacutevel em lt httpprofwladimirblogspotcombr201405charge-igualdade-nao-significa-

justicahtmlgt Acesso em 07 jun 2017

A charge acima eacute composta por vaacuterios participantes representados (PR) localizados ao

centro e na mesma direccedilatildeo em maior destaque retratando situaccedilotildees semelhantes em quadros

diferentes No que diz respeito aos significados representacionais a imagem da charge sob

anaacutelise apresenta uma sequecircncia argumentativa

Nota-se nesse caso no quadro 1 a existecircncia dos participantes representados ndash PR

Como PR 1 consideramos a crianccedila maior agrave esquerda mostrada na composiccedilatildeo visual vestida

de camisa azul e short marrom como PR 2 consideramos a crianccedila ao meio mostrada na

composiccedilatildeo visual vestida de camisa vinho e short azul escuro e como PR 3 consideramos a

crianccedila menor agrave direita mostrada na composiccedilatildeo visual vestida de camisa azul clara e short

preto de quem partem vetores formados pelas diferentes alturas

Em contrapartida nota-se tambeacutem a existecircncia de mudanccedila de posiccedilatildeo de braccedilos

tambeacutem mostrados na composiccedilatildeo visual representados por PR 1 2 e 3 Enquanto PR1 e PR2

no quadro 1 estatildeo com os braccedilos levantados para o alto como um traccedilo que daacute a ideia de

accedilatildeomovimento positivo vitorioso e vibrante o inverso acontece com o PR 3 que estaacute com os

braccedilos abaixados como um traccedilo de passividade e inatividade Nota-se tambeacutem que as cores

114

funcionam como um dispositivo semioacutetico formal que aleacutem de estabelecerem coesatildeo e

coerecircncia no texto veiculam ideias A cor verde do gramado e o marrom dos caixotes e parede

de compensado eacute usada para dar destaque agraves informaccedilotildees de forma precisa aleacutem de trazer o

significado representacional da realidade dos gramados de futebol e a cor marrom o significado

representacional da realidade da desigualdade social

Quanto aos significados interativos que dizem respeito ao grau de interaccedilatildeo entre os

elementos da composiccedilatildeo visual (participantes representados) e o leitor (participantes

interativos) natildeo vemos PR 1 2 e 3 olhando diretamente para o participante interativo (PI) natildeo

haacute um olhar de demanda pois todos estatildeo de costas representando possivelmente todos os

cidadatildeos que natildeo tecircm acesso ao esporte agrave cultura e ao lazer Aqui encontramos um olhar de

oferta pois haacute ausecircncia de olhar direto para o leitor Nesse caso PR1 2 e 3 satildeo oferecidos ao

PI como item de informaccedilatildeo de maneira impessoal e mais distante sendo estabelecida uma

relaccedilatildeo de menor interaccedilatildeo com o PI

Quanto ao enquadramento apresenta-se num plano aberto uma vez que satildeo retratados

todos os participantes e o espaccedilo ao seu redor por isso os PR satildeo representados numa distacircncia

maior dos observadores

Em relaccedilatildeo aos significados composicionais observa-se que os PRrsquos ocupam espaccedilos

diferentes O PR1 ocupa a zona esquerda o espaccedilo do dado ndash de onde parte o conhecimento do

texto ndash converge para a mensagem que destaca a incoerecircncia de uma crianccedila maior precisar

subir em um caixote Logo eacute possiacutevel perceber que a informaccedilatildeo disposta no plano novo faz

um contraponto de forma a complementar a ideia disposta no plano dado representado pelo

PR3 que estaacute agrave esquerda haja vista que mesmo em posiccedilatildeo de igualdade por estar em cima

de um caixote de madeira da mesma forma que as outras crianccedilas ainda se encontra em

desvantagem em desigualdade

Ainda sobre o significado composicional consideramos o PR1 posicionado no acircngulo

superior assim o elemento eacute ideal (vantagem pela altura) configura o dominante aquele que

tem Os PR2 e PR3 posicionam-se em acircngulo inferior o elemento eacute real (a altura determina a

possibilidade de assistir ao jogo ou natildeo) e configura a relaccedilatildeo de subordinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

primeiro

Por fim a disposiccedilatildeo dos elementos a partir da perspectiva de centro e margem estatildeo

relacionadas tanto para evidenciar o predomiacutenio quanto o destaque de algumas informaccedilotildees e

a omissatildeo de outras Os PR estatildeo no centro no nuacutecleo da informaccedilatildeo por se tratar de uma charge

que comporta uma criacutetica pois enquanto parte da populaccedilatildeo tem acesso ao esporte por poder

pagar uma entrada em um estaacutedio de futebol outros encontram-se em condiccedilotildees

115

desconfortaacuteveis e desiguais Contudo o PR1 sobressai no seu tamanho e nas cores envolvidas

em relaccedilatildeo ao PR3 que eacute o que sofre com a impossibilidade de assistir ao jogo

O contraponto das duas figuras quadro 1 e quadro 2 demonstra uma precisa articulaccedilatildeo

na utilizaccedilatildeo dos modos semioacuteticos que satildeo modificados pela mudanccedila de estado do PR1 e do

PR3 ao estabelecer a ideia de justiccedila ao ver que a altura definia a possibilidade de assistir ao

jogo e a necessidade de ter ou natildeo um caixote para isso Nesse sentido satildeo estabelecidas

relaccedilotildees de direitos que dependendo das circunstacircncias podem produzir o contraacuterio a

desigualdade Esses aspectos foram trabalhados a partir das seguintes questotildees propostas O

que eacute igualdade O que eacute justiccedila O que vocecirc vecirc na imagem O que vocecirc entende por ldquoIgualdade

natildeo eacute justiccedilardquo O que foi preciso fazer para haver justiccedila Vocecirc jaacute foi tratado de forma desigual

ou injusta

Essa atividade exigiu dos alunos mais atenccedilatildeo e conhecimento de mundo pois todos os

informantes revelaram nunca ter ido a um estaacutedio de futebol e sentado em arquibancadas

Percebemos que o acesso aos bens culturais agrave populaccedilatildeo economicamente desfavorecida

provavelmente estaacute associado ao fator desigualdade social como mostrado no texto em anaacutelise

Assim com base nas questotildees acima discutimos os elementos multimodais presentes

no texto percebendo mais familiaridade com a observaccedilatildeo das cores da linguagem verbal e

natildeo verbal mas em outros aspectos foi preciso intervenccedilatildeo e mediaccedilatildeo para estabelecer os

sentidos que o texto exigia como o fato de os braccedilos do PR3 no quadro 1 estarem para baixo

e no quadro 2 estarem para cima Esse aspecto natildeo foi identificado por nenhum aluno em

resposta agrave questatildeo 3

Consideramos que a atividade foi vaacutelida dado o grau de dificuldade e a familiaridade

com textos argumentativos no 6ordm ano Geralmente essa sequecircncia textual soacute eacute trabalhada a partir

do 8ordm ano por natildeo ser considerada adequada ao 6ordm ano mas haacute controveacutersias pois de acordo

com Cavalcante (2013) todo texto possui sequecircncias bem como todo texto apresenta uma

sequecircncia dominante em relaccedilatildeo agrave qual se organizam as demais sequecircncias A autora afirma

que ldquoaspectos como extensatildeo a complexidade e os diferentes propoacutesitos comunicativos

indicam que haacute naturalmente uma inclinaccedilatildeo agrave combinaccedilatildeo de sequecircncias textuais o que torna

o texto heterogecircneordquo (CAVALCANTE 2013 p 62)

De acordo com Rojo (2009) as diversas capacidades de leitura e produccedilatildeo exigidas na

atualidade nos conduzem ao trabalho com os letramentos multissemioacuteticos definidos como ldquoa

leitura e produccedilatildeo de textos em diversas linguagens e semioses (verbal oral e escrita musical

imageacutetica) ( )rdquo (ROJO 2009 p 119)

Diante disso nossas atividades dialogadas e em equipe possibilitaram a produccedilatildeo de

textos multimodais inspirados em Ribeiro (2016) sobre como os textos multimodais satildeo

116

tratados na escola que lugar ocupam e como poderiacuteamos produzir textos multimodais

Consideramos a ideia interessante e viaacutevel jaacute que era preciso palavras e imagens em um leiaute

e definir os modos de produccedilatildeo Dessa forma seguindo as premissas da autora fizemos

primeiro a leitura em grupo de alguns textos previamente selecionados Baseamos nossas

questotildees em Ribeiro (2016 p 53-54) Vocecircs jaacute tiveram contato com textos assim Vocecircs tecircm

dificuldades em ler textos como os apresentados neste blog Como vocecircs leem esses textos

Vocecircs gostariam de produzir textos como esses

Assim nossa proposta foi delineada a partir do contato com trecircs gecircneros especiacuteficos

organograma mapa e infograacutefico

Segundo Ribeiro (2016) o organograma eacute uma representaccedilatildeo bastante comum em nossa

sociedade e mostra representaccedilotildees hieraacuterquicas estruturas organizacionais etc Como sugestatildeo

os alunos criaram um organograma escolar como podemos observar na Figura 24

Figura 23 ndash Organograma da EE Pio XII corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017)

O texto acima foi produzido pelos informantes 8 e 10 e digitalizado para essa anaacutelise

Ao produzir o organograma da Escola Estadual Pio XII foi interessante descobrir que alguns

alunos natildeo sabiam que cada segmento da escola estava interligado e nem mesmo conheciam a

estrutura da escola Portanto a atividade resultou em aprendizagem e conhecimento aleacutem

disso os alunos natildeo encontraram dificuldade em desenhar a estrutura da escola por jaacute terem

conhecido um exemplo de organograma escolar Poreacutem encontraram dificuldades com a escrita

117

como por exemplo da palavra porfessores como podemos observar na produccedilatildeo abaixo antes

da correccedilatildeo ortograacutefica

Figura 24 ndash Organograma da E E Pio XII sem correccedilatildeo

Fonte Dados da pesquisa 2017

Nesse caso com base em Cagliari (1991) consideramos o ldquoerrordquo como modificaccedilatildeo da

estrutura segmental das palavras quando os alunos cometem erros de troca de letras O texto

acima demonstra esse problema de escrita que por meio da intervenccedilatildeo foi corrigido De

acordo com o autor isso acontece porque o aluno ainda natildeo domina bem o uso de certas letras

Nesse sentido Lemle (1991) enfatiza que se as relaccedilotildees entre letras e sons forem bem

trabalhadas o aluno saberaacute ldquo[] quais letras transcrevem quais sons em quais posiccedilotildees e quais

letras concorrem em quais posiccedilotildees para representar quais sonsrdquo (LEMLE 1991 p 36)

Depois lemos e produzimos infograacuteficos que segundo Ribeiro

[] se trata de um texto multimodal por excelecircncia jaacute que seu planejamento jaacute o

constroacutei com pelo menos palavras e imagens em um leiaute (na web eacute possiacutevel

agregar som movimento etc) em segundo porque eacute um gecircnero que circula

amplamente em jornais e revistas impressos digitais e mesmo na TV nas previsotildees

de tempo nas explicaccedilotildees e nas demonstraccedilotildees de fatos causas efeitos trajetoacuterias

etc (RIBEIRO 2016 p 31)

118

Observarmos que o infograacutefico eacute um texto que circula pelas diversas miacutedias como TV

materiais impressos e digitais Contudo no desenvolvimento da atividade verificamos total

estranhamento com esse gecircnero em um primeiro momento pela falta de familiaridade com o

proacuteprio nome do gecircnero Depois por natildeo conseguiram associar infograacutefico a textos lidos na

escola ou vistos em outros suportes Quando perguntamos aos alunos sobre quais impressotildees

tiveram dos textos pesquisados obtivemos as seguintes respostas Informante 7 ldquoEu gosteirdquo

Informante 8 ldquoNatildeo sei fazer isso natildeordquo Informante 10 Tem uns que natildeo entendi foi nadardquo

Informante 11 ldquoIsso eacute infograacuteficordquo Informantes 12 ldquoTambeacutem gostei Gostei muito dessas

receitas Ficou divertidordquo

Por isso para melhor entendimento voltamos ao Blog Galerinha Online20 para

pesquisar os infograacuteficos de receitas que laacute estavam Aleacutem disso realizamos pesquisas no site

de buscas Google sobre outros exemplos de infograacuteficos e sobre como fazer um infograacutefico

Nesse momento os alunos perceberam que nesses textos haacute trecircs elementos palavras nuacutemeros

e imagens Assim a primeira noccedilatildeo foi sendo construiacuteda e os nossos primeiros infograacuteficos

foram produzidos Os alunos escolheram fazer receitas como podemos visualizar logo abaixo

Talvez a escolha tenha sido influenciada pelo primeiro contato com esse gecircnero atraveacutes do

blog sugerido na pesquisa online

Uma dupla disse que faria bolo de chocolate logo todos queriam fazer bolo de chocolate

tambeacutem Entatildeo iniciaram uma discussatildeo sobre um estar copiando o outro que eles haviam

escolhido primeiro e que ningueacutem poderia fazer igual Nesse sentido foi necessaacuterio realizar um

debate sobre a importacircncia de se respeitar a escolha dos outros de entender que existe uma

diversidade enorme de receitas de bolo de chocolate Como exemplo falamos sobre

concursos de melhor receita de um determinado alimento e diante dessa conversa decidimos

pesquisar receitas Cada um foi falando do que mais gostava e com isso surgiram muitas

sugestotildees Ao final da pesquisa as duplas decidiram produzir o infograacutefico de uma receita de

bolo de chocolate um de pastel frito e outro de suco de maracujaacute As receitas foram

digitalizadas apoacutes a correccedilatildeo ortograacutefica

20 Endereccedilo eletrocircnico Blog Galerinha Online Disponiacutevel em

lthttpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtmlgt Acesso em 23 ago 2017

119

Figura 25 ndash Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica pesquisando receitas

Fonte Acervo da pesquisadora 2017

Figura 26 ndash Infograacutefico de receita de bolo de chocolate

Fonte Dados da pesquisa 2017

120

Figura 27 ndash Infograacutefico de receita de pastel frito

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 28 ndash Infograacutefico de receita de suco de maracujaacute

Fonte Dados da pesquisa 2017

Observamos que os alunos souberam seguir a estrutura do gecircnero receita culinaacuteria ao

separarem ingredientes do modo de preparo e foram livres para escolher o leiaute as cores e as

121

informaccedilotildees da receita Tambeacutem seguiram as orientaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas dos

infograacuteficos que concentram dados numeacutericos imagens e palavras Aleacutem disso o infograacutefico

deveria permitir uma leitura aacutegil e buscar sintetizar as informaccedilotildees Segundo Ribeiro (2016 p

32) ldquo[] ao produzir infografia aumentando o espaccedilo do desenho e reduzindo o das palavras

isso tem impacto evidente sobre os leitores e sobre as praacuteticas de leiturardquo

Embora nosso objetivo seja melhorar os niacuteveis de escrita e uma das propostas do

infograacutefico seja reduzir a escrita compreendemos que os muacuteltiplos letramentos satildeo gerados por

muacuteltiplas leituras e oportunidades de produzir linguagem Sabemos que o mundo estaacute repleto

de imagens mas ainda eacute muito difiacutecil para os alunos desvincular texto de conteuacutedo

exclusivamente linguiacutestico fato que observamos nos infograacuteficos produzidos que ainda

concentram mais recursos linguiacutesticos do que imageacuteticos e graacuteficos

Contudo nossa intenccedilatildeo ao produzir os infograacuteficos mesmo de forma tatildeo simples e

talvez natildeo tatildeo adequada esteve centrada na produccedilatildeo criativa no estimulo agrave produccedilatildeo

multimodal O interessante foi mostrar aos alunos que podemos ler imagens criar desenhar e

expressar nossas ideias e gostos

Aleacutem disso a autora ressalta que dessa forma trabalhamos ldquo[] as relaccedilotildees entre

letramentos de estudantes e a leitura de textos multimodais e tambeacutem os letramentos

construiacutedos para se criar visualizaccedilotildees e informaccedilotildees e dados fornecidos aos sujeitosrdquo

(RIBEIRO 2016 p 35)

Com base nisso demos continuidade agrave produccedilatildeo de textos multimodais Nossa uacuteltima

produccedilatildeo nesse segundo moacutedulo foi o mapa da nossa escola sob a percepccedilatildeo dos alunos em

relaccedilatildeo aos espaccedilos da escola Sabemos que os mapas satildeo representaccedilotildees graacuteficas em escalas

menores e podem representar regiotildees territoacuterios ou qualquer extensatildeo da superfiacutecie da Terra

122

Figura 29 ndash Mapa da E E Pio XII

Fonte Dados da pesquisa 2017

Observamos que os alunos apresentaram pouca dificuldade em desenhar o mapa da

escola talvez por ser um espaccedilo conhecido por eles Poreacutem alguns espaccedilos ficaram fora da

ordem real provavelmente por ser em escala menor Aleacutem disso Ribeiro (2016 p 42)

constata que ldquode forma geral os textos imageacuteticos satildeo pouco trabalhados nas escolas sendo

comum que apareccedilam apenas como complemento do texto escrito ou ilustraccedilatildeo lsquoem diaacutelogorsquo

com esserdquo

433 Moacutedulo III ndash Refletindo

Nesse moacutedulo propusemos a interlocuccedilatildeo entre diferentes textos para que o aluno

pudesse analisar de forma reflexiva diferentes abordagens de um mesmo assunto ou toacutepico

tanto no que se refere a distintas percepccedilotildees da nossa cultura ou sociedade quanto para poder

observar questionar e analisar atraveacutes da comparaccedilatildeo ou do confronto o que dizem os

diferentes textos ao resolver atividades de leitura interpretaccedilatildeo e escrita Assim pretendiacuteamos

fazer com que o aluno percebesse intuitivamente seu conhecimento e fizesse a checagem do

seu proacuteprio aprendizado

Assim o plano de accedilatildeo desse terceiro moacutedulo de aprendizagem buscou contribuir com

o processo de alfabetizaccedilatildeo e de letramento por meio de atividades que estimulassem o

desenvolvimento da linguagem oral e escrita em situaccedilotildees de anaacutelise e reflexatildeo sobre as

especificidades de diversos textos e assim elevar os niacuteveis de escrita dos alunos

123

Dessa forma nossos objetivos estiveram concentrados em aprofundar e em refletir sobre

os conhecimentos da escrita que desenvolvessem a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita

ortograacutefica do mesmo modo que refletir e identificar as funccedilotildees do blog como recurso didaacutetico

e sobre as habilidades de letramento em contexto digital aleacutem de produzir comentaacuterios a

respeito dos textos lidos e produzidos pelos colegas como forma de expressatildeo do pensamento

e da interaccedilatildeo

A metodologia esteve voltada para o estudo individual e atividades praacuteticas no

laboratoacuterio de informaacutetica da escola O desenvolvimento das atividades propostas ocorreu

9902 no laboratoacuterio de informaacutetica e 008 na biblioteca da escola como podemos observar

nas fotos abaixo

Figura 30 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1 ndash Produccedilatildeo na biblioteca

Fonte Dados da pesquisa 2017

Esse terceiro moacutedulo teve iniacutecio no dia 03 de outubro de 2017 durante o qual foram

aplicadas 8 atividades (APEcircNDICE C) a saber Atividade 1 Torne o branco impuro Atividade

2 Vamos de carona nesta viagem Atividade 3 Agrave maneira dos antigos Atividade 4 Tempo de

falar Atividade 5 Vamos vender o fedex Atividade 6 Pausa para criar Atividade 7 Jogo

Corrida das letras Atividade 8 Nuvem de palavras Cumpre salientar que priorizamos para

essa anaacutelise as atividades de escrita 1 3 5 7 e 8

124

A maioria dessas atividades foi selecionada a partir do livro Escrever sem doer de

Ronald Claver (1994) com algumas questotildees aditivas outras suprimidas ou adaptadas para

melhor atendimento agrave realidade da turma Segundo esse autor ldquo[a] mateacuteria-prima da escrita eacute

a palavra vista aqui como geradora de ideias e natildeo o contraacuteriordquo (CLAVER 1994 p 10) Dessa

forma os objetivos de escrita propostas pelo autor vatildeo ao encontro da nossa proposta de

conciliar prazer e escrita adotando o caraacuteter luacutedico e criativo

Nesse sentido a palavra escrita aqui apresentada como resultado das produccedilotildees escritas

dos alunos participantes assumiu a caracteriacutestica de uma representaccedilatildeo mental carregada de

sentido Bakhtin (1999 p 95) enfatiza que ldquo[a] palavra estaacute sempre carregada de um conteuacutedo

ou de um sentido ideoloacutegico ou vivencial Eacute assim que compreendemos as palavras e somente

reagimos agravequelas que despertam em noacutes ressonacircncias ideoloacutegicas ou concernentes agrave vidardquo

Diante do exposto a atividade 1 Torne o branco impuro foi realizada nesse contexto

de exteriorizaccedilatildeo vivencial O objetivo dessa primeira atividade foi de descontraccedilatildeo e liberdade

pois os alunos deveriam escrever sem medo ou qualquer tipo de censura A regra era natildeo deixar

o branco puro Assim eles deveriam fazer qualquer coisa como rabiscar desenhar escrever

pintar entre outros

No iniacutecio os alunos ficaram imoacuteveis pois esperavam comandos do tipo faccedila assim ou

natildeo faccedila assim Esperavam que o professor determinasse o que deveria ser feito por isso novas

orientaccedilotildees foram dadas e mesmo assim a falta de confianccedila limitava o poder criativo de cada

um mas com incentivo e motivaccedilatildeo eles foram aos poucos libertando palavras e imagens A

exemplo disso podemos observar as produccedilotildees na imagem abaixo que tambeacutem podem ser

visualizadas no blog da turma por meio do QR Code disponibilizado logo abaixo da figura 32

125

Figura 31 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 32 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1

Fonte Dados da pesquisa 2017

126

Desse modo o resultado foi positivo pois os alunos conseguiram expressar por meio

de palavras e desenhos sentimentos e ideias que tecircm sentido vivencial para eles seja por

representaccedilotildees de feacute de leitura ou mesmo de brinquedos jaacute que satildeo crianccedilas e o brincar faz

parte dessa faixa etaacuteria

A segunda atividade selecionada foi a 2 ndash Agrave maneira dos antigos Esse tiacutetulo de acordo

com Claver (1994) faz menccedilatildeo aos temas das redaccedilotildees de antigamente que determinavam

assuntos e situaccedilotildees de escrita como Minhas feacuterias Meu animal favorito ou O dia do iacutendio

Dessa forma o autor sugere situaccedilotildees de escrita agrave maneira dos antigos mas permitindo ao

aluno inventar palavras refletir e reproduzir seu texto de forma uacutenica

Os textos foram produzidos de forma satisfatoacuteria mesmo que com propostas simples

salvo por um aluno que natildeo compareceu no dia e um que natildeo quis dar continuidade agrave atividade

Consideramos que natildeo foi uma atividade faacutecil no sentido de motivar os alunos agrave execuccedilatildeo da

tarefa justamente pelo perfil da atividade que propunha uma produccedilatildeo parecida com as

redaccedilotildees de antigamente que na maioria das vezes tornavam-se sem significaccedilatildeo para o aluno

Contudo a proposta tornou-se desafiadora a partir do momento em que eles comeccedilaram a

analisar as situaccedilotildees inusitadas propostas pela atividade Assim foram sugeridos seis fatos e

situaccedilotildees de escrita que os alunos poderiam escolher bem como o gecircnero textual (poema conto

crocircnica etc)

Observamos que em todos os textos a sequecircncia textual predominante foi a narrativa e

o gecircnero escolhido o conto Segundo Cavalcante (2013 p65) na narrativa ldquo[] a histoacuteria

passa a ser desenvolvida quando a situaccedilatildeo de equiliacutebrio eacute alterada por uma tensatildeo que

determina transformaccedilotildees e retransformaccedilotildees as quais direcionam ao finalrdquo Ainda de acordo

com a autora um texto eacute constituiacutedo de sequecircncias que apresentam fases Todas as sequecircncias

textuais satildeo estruturadas em fases estas combinam proposiccedilotildees e formam blocos com

subunidades semacircnticas e as proposiccedilotildees com unidades de sentido (enunciados) com dados

caracteriacutesticos Compreender as sequecircncias ajuda a compreender a produccedilatildeo de sentidos

127

Assim Cavalcante (2013) afirma que a sequecircncia narrativa prototipicamente constitui-se de

sete fases na qual as duas uacuteltimas nem sempre satildeo expliacutecitas As fases satildeo Situaccedilatildeo inicial

Complicaccedilatildeo Accedilotildees (para o cliacutemax) Resoluccedilatildeo Situaccedilatildeo final Avaliaccedilatildeo Moral

Desse modo dentre os seis fatos e situaccedilotildees sugeridos na atividade de Claver (1994)

apresentaremos logo abaixo apenas os que foram escolhidos pelos alunos participantes e da

mesma maneira as respectivas produccedilotildees

a) Trecircs ratos famintos estatildeo presos num quarto hermeticamente fechado Situaccedilotildees a) Acham

uma saiacuteda b) Aparece um super-rato para salvaacute-los c) Se devoram (Em tempo os ratos se

chamam Augustus Nicodemus e Cornelius)

Figura 33 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

No texto acima o aluno fez a troca das consoantes m e n Apresentou dificuldade em

perceber a zona de articulaccedilatildeo das consoantes constritivas nasais bilabial m e linguodental

n O texto foi corrigido vaacuterias vezes mas percebemos que ainda haacute duas ocorrecircncias de troca

entre essas consoantes como podemos visualizar nas palavras ldquochamavamrdquo e ldquocomidardquo que

estatildeo escritas como chanavam e conida no texto abaixo Aleacutem disso foi realizada a reflexatildeo

sobre a grafia correta das letras jaacute que em muitas situaccedilotildees o aluno escrevia de forma estranha

128

ao traccedilar as palavras De acordo com Cagliari (1995) isso acontece porque o aluno ainda

apresenta dificuldade com a escrita cursiva e a caligrafia

Figura 34 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017

Observamos ainda que o aluno usou o fato ldquoardquo Trecircs ratos famintos estatildeo presos num

quarto hermeticamente fechado e nenhuma das situaccedilotildees sugeridas pelo autor para produzir

seu texto Ele foi livre para criar e adaptar ao seu modo o nome dos personagens e a situaccedilatildeo

Dessa maneira nesse texto haacute ocorrecircncia de todas as fases anteriormente descritas

caracterizando a sequecircncia narrativa descrita logo abaixo

Quadro 13 ndash Fases da sequecircncia narrativa Fases da sequecircncia

narrativa

Texto referente agrave situaccedilatildeo ldquoardquo

Situaccedilatildeo inicial Esta eacute a histoacuteria de trecircs ratos que se chamavam Eduardo Ramon e Altamir

Complicaccedilatildeo Um dia eles tiveram uma ideia de roubar comida da casa da dona Stefany e

conseguiram muitas coisas uva maccedilatilde patildeo e principalmente queijo Aiacute eles

deram de cara com um gato faminto

Accedilotildees (para o cliacutemax) e correram para um quarto escuro e quente Laacute ficaram com muita fome

pois as comidas ficaram no chatildeo

Resoluccedilatildeo O gato natildeo conseguiu pegar dois dos ratos

Situaccedilatildeo final Um ele pegou que foi Ramon o mais gordo Os outros dois morreram

asfixiados

Fonte Dados da pesquisa 2017

129

O quadro 13 representa a anaacutelise da sequecircncia textual narrativa do texto produzido pelo

aluno informante poreacutem evidenciamos que a extensatildeo das frases poderia ser melhor

desenvolvida enriquecendo ainda mais o texto trabalho que mais uma vez deveraacute ser fruto de

ensino posterior agrave nossa investigaccedilatildeo Todavia para natildeo fugir ao nosso foco fizemos a

exemplificaccedilatildeo apenas com esse texto pois nosso objetivo estava centrado na escrita

ortograacutefica e na consciecircncia fonoloacutegica

Assim realizamos nesse texto e em todos os outros um trabalho de reflexatildeo sobre a

escrita ortograacutefica e a consciecircncia fonoloacutegica baseados na identificaccedilatildeo de problemas de

terceira ordem postulados por Lemle (1991) Nesse sentido o aluno precisa conscientizar-se

da percepccedilatildeo auditiva saber perceber diferenccedilas linguiacutesticas entre sons e letras e assim

escolher a letra certa para simbolizar cada som

b) Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com uma mosquita de nome Joana para

as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca Situaccedilotildees a) Ele morre b) Joana fica

sabendo do acontecido e se suicida c) Geraldo toma a piacutelula anti-pega-mosca e consegue se

safar d) Joana arruma outro namorado

Figura 35 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

O aluno escolheu o fato ldquobrdquo Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com

uma mosquita de nome Joana para as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca e a

situaccedilatildeo ldquodrdquo Joana arruma outro namorado descrito anteriormente Assim nesse texto

registramos algumas trocas das consoantes m e n Percebemos tambeacutem que haacute oscilaccedilatildeo na

escrita ortograacutefica pois o aluno informante ora escreve com m ora com n como podemos

comparar na escrita correta da palavra um na primeira linha e na quarta linha a escrita

inadequada un

130

Consideramos que o aluno estaacute em processo de construccedilatildeo do sistema alfabeacutetico ao

compreender a simbologia entre letra e sons Nesse sentido de acordo com Lemle

[h]aacute um dado momento em que parece ocorrer um verdadeiro estalo apoacutes o que a

pessoa faz raacutepidos progressos Que estalo seraacute esse A suposiccedilatildeo mais plausiacutevel eacute que

o estalo ocorre quando o aprendiz capta a ideia de que cada letra eacute um siacutembolo de um

som e um som eacute simbolizado por uma letra (LEMLE 1991 p 16)

Com base no exposto nosso trabalho consistiu em despertar a percepccedilatildeo da escrita

ortograacutefica e a reflexatildeo sobre os sons e as letras empregadas em cada palavra Foram feitos

exerciacutecios de oralidade para que os alunos percebessem a posiccedilatildeo das consoantes m e n ao

pronunciarem as palavras escritas com as respectivas letras Tambeacutem identificamos outros

problemas de escrita quanto ao uso da letra maiuacutescula a troca da consoante f pela v

transcriccedilatildeo foneacutetica e dessa forma fizemos a correccedilatildeo ortograacutefica do texto produzido como

podemos ver logo abaixo

Figura 36 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017

c) A histoacuteria de Romeu e Julieta Situaccedilotildees a) Julieta fica sabendo do final da histoacuteria e fala

pro Shakespeare ldquoQual eacuterdquo b) Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira c)

Shakespeare fica gostando de Julieta e soacute mata o Romeu

131

Figura 37 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017

No fato c descrito acima observamos que a aluna ficou bastante motivada pelas

situaccedilotildees mas desconhecia a histoacuteria claacutessica de Shakespeare Como natildeo havia tempo para a

leitura do livro realizamos a busca pelo site de pesquisas Google

Figura 38 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 3

Fonte Dados da pesquisa 2017

132

Encontramos uma versatildeo resumida de Romeu e Julieta e sugerimos que depois ela

verificasse a disponibilidade do livro na biblioteca da escola A aluna ficou encantada com a

histoacuteria e resolveu escrever sobre o casal apaixonado adotando como resoluccedilatildeo a situaccedilatildeo ldquobrdquo

na qual Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira

d) Uma carroccedila estaacute diante de um sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento enorme

Quando o sinal abre o burro empaca Situaccedilotildees a) Todos os carros buzinam ao mesmo tempo

b) O carroceiro deixa a carroccedila e sai correndo c) O burro sai da carroccedila e daacute um coice nos

carros d) Um dos motoristas conversa com o burro no ouvido e este sai de fininho

Figura 39 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

No texto acima destacamos por meio de recurso de imagem as diversas ocorrecircncias

de juntura intervocabular como ocarroseiro (o carroceiro) vazeuma (fazer uma) dasidade (da

cidade) momeio (no meio) acarosa (a carroccedila) darua (da rua) otrasito (o tracircnsito) dacarosa

(da carroccedila) e segmentaccedilatildeo como em des pero (desespero) Tudo isso eacute tratado como reflexo

de continuidade da fala de acordo com Cagliari (1995) Apesar de o texto estar com

comprometimento de visualizaccedilatildeo total por se tratar de uma foto capturada no momento da

133

produccedilatildeo conseguimos registrar as ocorrecircncias e descrevecirc-las para posterior comparaccedilatildeo com

o texto final Aleacutem disso houve ocorrecircncias como modificaccedilatildeo da estrutura segmental das

palavras por meio de troca e supressatildeo de letras como por exemplo seto (certo) nico (ficou)

azuda (ajuda) processos fonoloacutegicos caracteriacutesticos de quem natildeo faz uso de certas letras

Assim buscamos realizar com esse aluno a reflexatildeo e a conscientizaccedilatildeo sobre a

importacircncia da capacidade de ouvir e de estabelecer relaccedilatildeo entre os sons e suas distinccedilotildees

linguiacutesticas para captar o conceito de palavra

Como podemos perceber o aluno escolheu o fato ldquodrdquo Uma carroccedila estaacute diante de um

sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento enorme Quando o sinal abre o burro empaca

e a situaccedilatildeo ldquoardquo Todos os carros buzinam ao mesmo tempo O texto ficou criativo e engraccedilado

mas consideramos que ainda haacute muito trabalho de refacccedilatildeo textual pois ficou sem tiacutetulo

paragrafaccedilatildeo entre outras questotildees pertinentes agrave produccedilatildeo textual que mereceratildeo atenccedilatildeo em

momento oportuno Contudo de maneira geral ao comparar a versatildeo inicial com a versatildeo

abaixo entendemos que os avanccedilos foram significativos

Figura 4 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 3 ndash Texto corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017

134

Nessa atividade o primeiro passo foi conseguir com que os alunos escrevessem sem

medo Depois fizemos com que eles refletissem sobre a proacutepria escrita a partir de checagens

leitura e comparaccedilotildees com a ortografia vigente Entretanto os textos ainda apresentaram outros

problemas que foram identificados ao longo do desenvolvimento da atividade para futuras

intervenccedilotildees

A terceira atividade selecionada foi a 5 ndash Vamos vender o fedex O objetivo dessa

atividade foi trabalhar com propaganda e classificados com a venda de um produto Segundo

Claver (1994) haacute dois gecircneros de propaganda

[A] propaganda racional a favor de uma accedilatildeo que eacute concordante com o proacuteprio

interesse esclarecido daqueles que a fazem e daqueles a quem eacute dirigida e a

propaganda natildeo-racional que natildeo eacute concordante com o proacuteprio interesse esclarecido

de ningueacutem mas que eacute ditada por ela e apela para as paixotildees impulsos cegos desejos

ou medos inconscientes (CLAVER 1994 p 53)

Dessa forma optamos por produzir propagandas racionais e irracionais seguindo as

orientaccedilotildees do autor na produccedilatildeo da atividade proposta em relaccedilatildeo aos toacutepicos de que a arte da

propaganda utiliza como um de seus recursos a linguagem poeacutetica ndash repeticcedilotildees de consoantes

e vogais rimas comparaccedilotildees metaacuteforas e conotaccedilotildees linguagem apelativa ndash que explora as

ansiedades vaidades frustraccedilotildees do consumidor influi de modo decisivo no comportamento e

postura do homem comum e fantasiosamente camufla as frustraccedilotildees da realidade associaccedilotildees

arbitraacuterias do siacutembolo com o simbolizado linguagem popular ndash atraveacutes da exploraccedilatildeo dos ditos

populares proveacuterbios giacuterias etc

Com base nessas orientaccedilotildees e por meio da leitura e reflexatildeo sobre propagandas e

classificados disponibilizados no blog produzimos classificados poeacuteticos apresentados logo a

seguir

135

Figura 41 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 42 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 43 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

136

Figura 44 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 45 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 46 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

137

Figura 47 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 48 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 49 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

138

Figura 50 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 51 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 52 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutegica

Fonte Dados da pesquisa 2017

139

Conforme pode ser observado nos textos exemplificados acima buscamos a todo

momento a reflexatildeo sobre as ldquofalhaserros de escritardquo cometidos pelos alunos nesses textos No

quadro 14 abaixo podemos relacionar o que os alunos escreveram e como satildeo classificados

pelos autores

Quadro 14 ndash Ocorrecircncias de ldquofalhaserrosrdquo de escrita baseados em Lemle (1991) e

Cagliari (1995) TEXTOS Ocorrecircncias

TEXTO 1 Omissatildeo de letras vend vende

Troca de letras concorrentes laser lazer manccedilatildeo mansatildeo

Acentos graacuteficos suite suiacutete

TEXTO 2 Acentos graacuteficos voce vocecirc

Transcriccedilatildeo foneacutetica pasiar passear istrela estrela

TEXTO 3 Erros de troca (ainda natildeo domina o uso de certas letras) anarela amarela

anor amor

Troca de letra concorrentes pas paz

Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras balipa banheiro cosilha

cozinha solho sonho

TEXTO 4 Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras Erros de troca vemde

vende omde onde vend vende veloso veloz

Acreacutescimo de letras vermeilho vermelho

Juntura intervocabular vosepode vocecirc pode vose que ze vocecirc quiser

Troca de letras viaza viajar

TEXTO 5 Segmentaccedilatildeo en cantado encantado

TEXTO 6 Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo do som gadi jardi

catado encantado sei sem espelasa esperanccedila

Omissatildeo de letras barro bairro

Troca de letras rumeros nuacutemeros

Fonte Dados da pesquisa 2017

Ancorados em Cagliari (1995) a partir da anaacutelise desses textos e sobre o que se

identifica neles temos a possibilidade de realizar intervenccedilotildees adequadas para que o aluno

perceba seu equiacutevoco na escrita e corrija-o Assim nossa intervenccedilatildeo foi realizada de forma

intensiva e individual sobre os aspectos fonoloacutegicos e ortograacuteficos apresentados

primeiramente na escrita espontacircnea e logo apoacutes na observaccedilatildeo leitura e reflexatildeo da sua

proacutepria escrita pretendendo que o aluno aprenda a fazer a checagem e a leitura de tudo o que

escreve

A quarta atividade selecionada para esta anaacutelise foi o jogo Corrida nas letras (GROSSI

1990) O jogo teve o objetivo de estimular a escrita de niacutevel alfabeacutetico nele cada jogador se

representou no tabuleiro por um piatildeo sobre a inicial do seu nome

A autora estabeleceu como regras que o primeiro a jogar deveria lanccedilar um dado e

avanccedilar seu piatildeo quantas casas fossem indicadas Para permanecer nessa casa deveria dizer ou

escrever uma palavra que comeccedilasse com a letra indicada Se natildeo conseguisse deveria

retroceder uma casa e dizer ou escrever uma palavra que comeccedilasse por essa nova letra Se natildeo

140

conseguisse retrocederia sucessivamente ateacute voltar agrave posiccedilatildeo de onde saiu Assim ganharia o

jogo aquele que primeiro tivesse percorrido todo o trajeto atingindo pela segunda vez sua letra

inicial

De acordo com Grossi (1990) aplicar atividades de niacutevel alfabeacutetico diversificadas eacute

uma caracteriacutestica essencial para uma proposta didaacutetica de alfabetizaccedilatildeo que pretenda

acompanhar o processo cognitivo dos alunos que ainda se encontram em niacuteveis de escrita

diferentes Dessa forma pretendiacuteamos que o jogo estimulasse o brincar e facilitasse a

aprendizagem de forma luacutedica Os alunos demonstraram enorme satisfaccedilatildeo com a brincadeira

que foi realizada dentro do laboratoacuterio de informaacutetica no chatildeo de forma descontraiacuteda e livre

talvez de forma natildeo tatildeo adequada quanto em um ambiente com mesas e cadeiras mas noacutes soacute

tiacutenhamos o laboratoacuterio de informaacutetica para realizarmos nossas atividades sem interferecircncias

Durante essa atividade que ocorreu no dia 30 de outubro sendo nossa penuacuteltima

atividade do Moacutedulo III ficamos surpresos com o pedido do aluno informante 21 em participar

das atividades no laboratoacuterio de informaacutetica que laacute no iniacutecio da intervenccedilatildeo natildeo quis participar

mesmo estando presente e com toda a nossa insistecircncia

Permitimos que ele se juntasse ao grupo mas ficou apenas observando Respeitamos

esse aproximar e o deixamos perceber o quanto os outros colegas estavam se divertindo com a

escrita conforme a montagem de fotos abaixo

141

Figura 53 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 7

Fonte Dados da pesquisa 2017

Grossi (1990) insiste na inter-relaccedilatildeo dos componentes loacutegicos perceptivo-motores

afetivos sociais e culturais na aprendizagem ao afirmar que

[h]aacute nesta caminhada do aluno em sua aprendizagem permanentemente uma

componente loacutegica Ao lado dela estatildeo presentes as componentes afetivas as

perceptivo-motoras as sociais e as culturais tambeacutem todas entrelaccediladas numa trama

indissociaacutevel Imaginar-se a aprendizagem como fruto de uma soacute destas instacircncias eacute

ainda resquiacutecio de uma concepccedilatildeo equivocada dos processos cognitivos (GROSSI

1990 p 49)

Diante do exposto uma implicaccedilatildeo importante do tratamento dado pela autora agrave inter-

relaccedilatildeo de todos esses componentes que envolvem a aprendizagem significativa consideramos

ser o manejo adequado com os alunos que tecircm no seu histoacuterico escolar o estigma de que satildeo

incapazes provavelmente por insucessos repetidos e generalizados ao longo da vida escolar

Por fim a quinta atividade selecionada foi a Nuvem de palavras uacutenica atividade

exclusivamente digital De acordo com o site de tecnologia para educaccedilatildeo ldquoA Rede Educardquo

uma nuvem de palavras (word cloud21) eacute um graacutefico digital que mostra o grau de frequecircncia

das palavras em um texto Quanto mais a palavra eacute utilizada mais chamativa eacute a representaccedilatildeo

dela no graacutefico Assim as palavras aparecem em fontes de vaacuterios tamanhos e em diferentes

21 O desenvolvedor Jason Davies criou o Word Cloud Generator programa de uso gratuito que cria nuvens de

palavras Eacute soacute usar acessando o endereccedilo eletrocircnico

wwwjasondaviescomwordcloud2F2Fwwwjasondaviescom2Fwordcloud2Fabout Disponiacutevel em

lt httpwwwaredeinfbrcrie-a-sua-nuvem-de-palavrasgt Acesso em 09 maio 2017

142

cores indicando o que eacute mais relevante e o que eacute menos relevante no contexto Assim como

esse existem vaacuterios sites com aplicativos de word cloud

Esse recurso foi utilizado no dia 31 de outubro e aos alunos foi disponibilizado em duas

versotildees uma sem tecnologia e outra com tecnologia A atividade de escrita versatildeo sem

tecnologia seria produzida a partir de recortes de palavras de revistas eou escritas com laacutepis

de cor no qual eles poderiam criar uma nuvem de palavras com suas proacuteprias caracteriacutesticas

pessoais ou sobre a tela de Portinari

Na atividade de escrita versatildeo tecnologia a que noacutes realizamos no laboratoacuterio de

informaacutetica os alunos acessaram o link abcyacomword_clouds ldquodo Word Clouds for Kidsrdquo site

que apresenta poucos recursos em relaccedilatildeo a outras versotildees e se destaca pela facilidade de uso

ao permitir que o usuaacuterio cole o texto altere fontes cores e layout da nuvem criada Dessa

forma cada um dos alunos pode criar sua nuvem de palavras conforme visualizamos logo a

seguir

Figura 6 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 8

Fonte Dados da pesquisa 2017

143

Nessa uacuteltima atividade convidamos os alunos das outras turmas de 6ordm ano para

conhecerem o nosso blog Assim eles tambeacutem puderam criar nuvens de palavras Aleacutem disso

deixaram vaacuterios comentaacuterios sobre o que visualizaram e apreciaram no blog do 6ordm ano JF Para

exemplificar seguem abaixo alguns comentaacuterios postados

Figura 55 ndash Comentaacuterios postados no blog da turma

1 Parabeacutens adorei o blog Muito lindo gostei muito Parabeacutens mas uma

vez em Hoje eacute dia de diversatildeo Evellyn

em

011117

2 Amei esse blog cada tirinha legal em Moacutedulo IV -Praticando -

Atividade Final Anocircnimo

em

011117

3 Parabeacutens professora Florecircncia da Escola Estadual Pio XII comentaacuterio

do aluno Lucas Aquino sala CM

4 Em Resultado das produccedilotildees da Atividade 5

LUCAS

AQUINO

em

011117

5 Eu gostei em Atividade 8 Valtim

em

011117

6 Parabeacutens ANA BEATRIZ em Atividade 5 ANA BEATRIZ

em

011117

7 Parabeacutens pelo mapa da nossa Escola em Dialogando - Produccedilatildeo

coletiva Lais e Paulo C

em

011117

8 ParabeacutensMaria Helena em Moacutedulo IV -Praticando - Atividade

Final Maria Helena

em

011117

9 Super amei este blog tem muita leitura tirinha e as divulgaccedilotildees satildeo

divertidas em Hoje eacute dia de diversatildeo

Amanda

Kathleen

em

011117

10 Nossa amei engraccedilado em Resultado das produccedilotildees da Atividade 6 -

HQs Sherazade Santos

em

011117

11 Gostei eacute muito interessante em Resultado das produccedilotildees da

atividade 8 Nathalia e Laura

em

011117

12 Gostei em Atividade 4 Anocircnimo

em

011117

13 Muito interessante em Hoje eacute dia de diversatildeo Cauan

em

011117

14 Amei esse blog BRENDA E EMANUELLY em Atividade 5 Anocircnimo

em

011117

15 Adorei seu blog e o seu conteuacutedo Parabeacutens belo desenvolvimento

em Hoje eacute dia de diversatildeo

PAULA ANA

CLARA

em

011117

16 Parabeacutens pelo blog Muito massa o blog BLOGMUITOMASSA

DAHORA PARABEacuteNS

17 em Moacutedulo IV -Praticando - Atividade Final Marco Tulio

em

011117

144

18 Gostei do blog parabeacutens alunos do JF em Hoje eacute dia de diversatildeo Anocircnimo

em

011117

19 Foi muito bom mesmo Jogaremos novamente assim que pudermos

em Atividade 7 Florecircncia Vieira

em

301017

20 Gostei muito de jogar com os meus amigos em Atividade 7 Juacutelia Raiane

em

301017

21 Gostei muito porque foi divertido em Resultado das produccedilotildees da

Atividade 6 - HQs Italo Rodrigues

em

301017

22 Ficou muito bonita em Atividade 6

Felipe Alves

Lima

em

301017

23 Eu achei esse jogo bom porque eu ganhei em Atividade 7 Erick Alves

em

301017

24 Gostei muito porque a gente aprende muitas coisas em Atividade 7 Italo Rodrigues

em

301017

25 Natildeo gostei porque eu perdi em Atividade 6

Felipe Alves

Lima

em

301017

26 Foi muito bom e divertido em Atividade 7 Joatildeo Pedro

em

301017

Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel emlt httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombrgt Acesso em 04 fev

2018

Conforme pode ser observado no desenvolvimento desse moacutedulo os alunos puderam

aprofundar e refletir sobre os conhecimentos da escrita usar o blog como recurso de

aprendizagem e produzir comentaacuterios diversos sobre o que foi construiacutedo em vaacuterios momentos

de interaccedilatildeo reflexatildeo e estudo

Dessa maneira o blog da turma possibilitou a troca de experiecircncias e praacuteticas de leitura

e escrita contribuindo para a comunicaccedilatildeo do texto e da imagem Aleacutem disso contribuiu

consideravelmente com a apropriaccedilatildeo de habilidades e competecircncias em utilizar recursos

digitais possibilitando o letramento digital

Em seu trabalho recente Coscarelli enfatiza que

[o]rientar os alunos para o uso dos mecanismos de busca instigar a observaccedilatildeo das

interfaces do projeto graacutefico dos sites e dos blogs ajudar os alunos a identificarem e

sanarem as dificuldades encontradas na seleccedilatildeo de informaccedilotildees satildeo propostas de

mediaccedilatildeo que podem ser exploradas pelo professor durante as aulas (COSCARELLI

2016 p 25-26)

Concordamos com a autora e buscamos inserir o blog como recurso didaacutetico que auxilia

no processo de escrita a fim de ensinar e incluir as tecnologias digitais no processo de ensino

para com isso promover a autonomia e o protagonismo dos alunos Em nossas primeiras

145

atividades percebemos que alguns alunos jaacute estavam familiarizados com os recursos digitais

Ligavam o computador manuseavam o mouse acessavam paacuteginas de jogos online e de

pesquisas com muita facilidade mas outros natildeo sabiam nem como agir diante do computador

Dessa forma a atitude de colaboraccedilatildeo foi muito positiva pois as situaccedilotildees foram estabelecidas

em uma rede de mais participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo do que de recepccedilatildeo e passividade

Outro aspecto bastante interessante no nosso blog foi a relaccedilatildeo dos participantes que

em um primeiro momento ficou restrita ao nosso grupo soacute depois divulgamos o endereccedilo

eletrocircnico entre os professores supervisatildeo direccedilatildeo e tambeacutem nas turmas de 6ordms anos para que

eles tivessem acesso Alguns alunos comentavam e perguntavam sobre o que estaacutevamos

fazendo no laboratoacuterio de informaacutetica que eacute utilizado apenas no turno da noite um espaccedilo

inativo na escola que ficou bastante movimentado durante a intervenccedilatildeo Uma vez um aluno

perguntou ldquoProfessora como que faz para participar dessa aula de informaacuteticardquo Aleacutem dele

vaacuterios alunos de outras turmas queriam participar das nossas atividades

Marcuschi (2010) define nos paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blogs que os

participantes podem ser muacuteltiplos e a relaccedilatildeo entre conhecidos e anocircnimos podendo ou natildeo

haver proximidade com o blogueiro Observamos que mesmo com pouca divulgaccedilatildeo e restriccedilatildeo

ao nosso ambiente escolar o blog do 6ordm ano jaacute teve ateacute o presente momento conforme podemos

ver na captura de tela abaixo 1322 visualizaccedilotildees inclusive por outros paiacuteses como Estados

Unidos com 61 acessos Canadaacute com 1 e Irlanda tambeacutem com 1 conforme mostram as capturas

de tela abaixo

Figura 56 ndash Captura de tela ndash Estatiacutesticas da visatildeo geral

Fonte Dados da pesquisa 2017

146

Figura 57 ndash Captura de tela ndash Estatiacutesticas de puacuteblico

Fonte Dados da pesquisa 2017

De uma maneira geral o blog do 6ordm ano JF ndash Todos juntos pelo estudo funcionou como

um diaacuterio virtual do nosso PEI possibilitando a interaccedilatildeo entre os usuaacuterios da rede no acircmbito

mundial e a tessitura de comentaacuterios em niacutevel local tornando-o assim um espaccedilo efetivo de

praacuteticas de leitura e de escrita

434 Moacutedulo IV ndash Praticando

Nesse moacutedulo desenvolvemos a atividade final com o intuito de proporcionar a praacutetica

dos conhecimentos em escrita a partir de uma situaccedilatildeo dada utilizando ferramentas da

tecnologia (computador internet textos multimodais) Dessa forma a accedilatildeo consistiu em

colocar em praacutetica os conhecimentos relativos agrave escrita que foram desenvolvidos ao longo dos

moacutedulos de aprendizagem do PEI

Assim o objetivo foi produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo comunicativa ao interlocutor

e ao suporte de circulaccedilatildeo Para isso a metodologia esteve centrada na produccedilatildeo escrita e na

publicaccedilatildeo no blog da turma Entretanto optamos por natildeo divulgar no blog o texto final a

pedido dos alunos Assim respeitando a solicitaccedilatildeo e por questotildees eacuteticas natildeo publicamos jaacute

que alguns textos revelaram aspectos iacutentimos

Logo realizamos a atividade final de escrita individual a partir de uma situaccedilatildeo dada

no dia 01 de novembro de 2017 no laboratoacuterio de informaacutetica Foram cinco horas aulas

destinadas ao Moacutedulo IV ndash Praticando A primeira aula para leitura da proposta de Atividade

Final no blog Duas aulas para a produccedilatildeo escrita final e as duas uacuteltimas para a socializaccedilatildeo do

147

blog com as outras turmas de 6ordm ano em um momento de interaccedilatildeo compartilhamento e

diversatildeo

4341 Atividade Final de Escrita ndash AFE

A Atividade Final de Escrita ndash AFE (APEcircNDICE D) foi proposta aos alunos seguindo

as mesmas orientaccedilotildees e caracteriacutesticas da Atividade Inicial (APEcircNDICE B) atraveacutes de uma

conversa expositiva sobre narrativas pessoais e sobre as caracteriacutesticas de uma sequecircncia

narrativa conforme Cavalcante (2013)

Dessa vez o gecircnero proposto foi diaacuterio no qual o aluno deveria escrever sobre um dia

da sua vida (atividades encontros pessoas sentimentos desejos medos saudades escola

nossas atividades no laboratoacuterio de informaacutetica entre tantas outras coisas desejadas) na folha

impressa simulando a mesma paacutegina do blog para postagens

Baseados em Cosson (2014) utilizamos as estrateacutegias da Sequecircncia Baacutesica de

Letramento Literaacuterio motivaccedilatildeo introduccedilatildeo leitura e interpretaccedilatildeo

A motivaccedilatildeo partiu da conversa sobre o blog da turma onde em ordem cronoloacutegica

estavam registrados nossos momentos de aprendizagem alegrias e tristezas Portanto tudo isso

era um diaacuterio virtual e real das nossas vivecircncias

Assim citamos novamente Marcuschi (2010) que define os blogs como gecircneros digitais

e que de forma efetiva validam nosso trabalho na realidade pois de acordo com o autor ldquo[]

os blogs funcionam como um diaacuterio pessoal na ordem cronoloacutegica com anotaccedilotildees diaacuterias ou

em tempos regulares que permanecem acessiacuteveis a qualquer um na rederdquo (MARCUSCHI 2010

p 72) Dessa forma eles puderam compreender o gecircnero proposto para a escrita do texto

Em seguida desenvolvemos a introduccedilatildeo com a apresentaccedilatildeo do livro Diaacuterio de um

banana (Kinney 2008) e do autor Jeff Kinney Na apresentaccedilatildeo falamos que o personagem

principal era um adolescente que tinha uma vida normal e que escrevia suas histoacuterias Mais

uma vez a escolha do livro justificou-se por tratar de questotildees pessoais em que o personagem

narra de maneira divertida em seu dia-a-dia

O terceiro passo leitura foi realizado de forma fragmentada servindo mais agrave motivaccedilatildeo

para a escrita posto que nosso objetivo natildeo estava centrado na leitura do livro embora saibamos

da sua extrema importacircncia Utilizamos para leitura no blog a sinopse do livro e a primeira

paacutegina na qual Greg Heffley faz suas primeiras consideraccedilotildees sobre seu diaacuterio que ele mesmo

chama de livro de memoacuterias

A interpretaccedilatildeo natildeo foi baseada no livro Diaacuterio de um banana (Kinney 2008) houve

a externalizaccedilatildeo do registro de um dia da vida de cada aluno participante Desse modo os textos

148

foram produzidos e entregues ao professor sendo lidos e analisados sob os aspectos da escrita

ortograacutefica e da consciecircncia fonoloacutegica

Assim nessa Atividade Final de Escrita contamos com a presenccedila de cinco alunos Os

informantes 8 10 11 12 e 13 Apenas o informante 7 natildeo compareceu no dia por problemas

de sauacutede e infelizmente natildeo pocircde participar desse momento

Quadro 15 ndash Alunos informantes da Atividade de Escrita Final

Fonte Dados da pesquisa 2017

Desse modo a anaacutelise de dados da Atividade Inicial de Escrita foi realizada somente

com 05 textos nos quais observamos e categorizamos as incorreccedilotildees de escrita neles

apresentadas Todos os textos foram destacados com os respectivos coacutedigos dos informantes e

da mesma forma que analisamos a escrita espontacircnea da Atividade Inicial de Escrita o fizemos

com a Atividade Final de Escrita a fim de compararmos os textos e verificarmos se os

problemas de escrita foram minimizados

Assim digitalizamos os cinco textos suprimimos os nomes dos participantes e

digitamos os textos na iacutentegra pois foram produzidos a laacutepis

Figura 58 ndash TEXTO 1 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

INFORMANTES

1 EA 7

2 FA 8

3 IR 10

4 JP 11

5 JR 12

6 LV 13

149

Figura 59 ndash TEXTO 2 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 60 ndash TEXTO 3 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

150

Figura 61 ndash TEXTO 4 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 62 ndash TEXTO 5 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Observamos nos textos acima as mesmas marcaccedilotildees numeacutericas que fizemos nos textos

da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE para levantamento catalogaccedilatildeo dos dados e

caracterizaccedilatildeo dos problemas encontrados nesses cinco textos baseados nos processos

fonoloacutegicos que envolvem a escrita de acordo com Cagliari (1995) Assim continuamos

utilizando as categorias relacionadas pelo autor no desenvolvimento do processo de construccedilatildeo

da escrita da fala e da aprendizagem significativa dos alunos Diante disso na Tabela 05

registramos o nuacutemero de ocorrecircncias de cada fenocircmeno linguiacutestico encontrado nos cinco textos

em anaacutelise

151

Tabela 05 ndash Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Final de Escrita ndash AFE

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

T

ran

scri

ccedilatildeo f

on

eacutetic

a

Uso

in

dev

ido d

e le

tras

Hip

erco

rreccedil

atildeo

Mod

ific

accedilatilde

o d

a e

stru

tura

segm

enta

l d

as

pala

vra

s

Ju

ntu

ra I

nte

rvoca

bu

lar

e

segm

enta

ccedilatildeo

Form

a m

orf

oloacute

gic

a

dif

eren

te

Form

a e

stra

nh

a d

e tr

accedila

r

as

letr

as

Uso

in

dev

ido d

e

maiuacute

scu

las

e m

inuacute

scu

las

Ace

nto

s graacute

fico

s

Sin

ais

de

pon

tuaccedilatilde

o

I8 10 1 1 4

I10 1 4 1 1

I11 1 4 1

I12 1 2 1 1

I13 10 1 1 2

Total 2 26 4 4 7 3 46

Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017

Com base nesses dados destacamos 46 ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita concentrados

principalmente na modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras com 29 ocorrecircncias

Decidimos nessa segunda anaacutelise excluir da nossa contagem as ocorrecircncias sobre problemas

sintaacuteticos porque Cagliari (1995) afirma que tais desvios fazem parte das uacuteltimas etapas de

aprendizagem da escrita

Portanto fizemos um recorte da tabela de dados da AIE excluindo tambeacutem as

ocorrecircncias sobre os problemas sintaacuteticos para compararmos as duas atividades de escrita e

assim observarmos a evoluccedilatildeo ou natildeo dos alunos

152

Tabela 06 ndash Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Tra

nsc

riccedilatilde

o f

on

eacutetic

a

Uso

in

dev

ido d

e le

tras

Hip

erco

rreccedil

atildeo

Mod

ific

accedilatilde

o d

a e

stru

tura

segm

enta

l d

as

pala

vra

s

Ju

ntu

ra I

nte

rvoca

bu

lar

e

segm

enta

ccedilatildeo

Form

a m

orf

oloacute

gic

a

dif

eren

te

Form

a e

stra

nh

a d

e tr

accedila

r

as

letr

as

Uso

in

dev

ido d

e m

aiuacute

scu

las

e m

inuacute

scu

las

Ace

nto

s graacute

fico

s

Sin

ais

de

pon

tuaccedilatilde

o

I8 2 2 4 2

I9 2 1 7 3 3

I10 2 2 3 2 2 1 1

I11 3 1 2 8 11

I12 1 2 2 1 4 1 5

I13 2 4 2 2 2

Total 8 5 15 4 2 27 7 24 92

Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017

Com base nos dados das tabelas 05 e 06 observamos que houve uma mudanccedila

significativa considerada por noacutes como uma evoluccedilatildeo na aprendizagem da escrita ao

constatarmos uma diminuiccedilatildeo de 92 ocorrecircncias para 46 Das categorias de anaacutelise de ldquoerrosrdquo

ortograacuteficos houve um aumento na ocorrecircncia da modificaccedilatildeo da estrutura segmental das

palavras de 15 para 26 e a diminuiccedilatildeo de ocorrecircncias de uso indevido de letras maiuacutesculas e

minuacutesculas e de sinais de pontuaccedilatildeo como demonstrado na tabela 07 abaixo

Tabela 07 ndash Anaacutelise comparativa da AIE e da AFE

Categorizaccedilatildeo AIE AFE

Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras 15 26

Uso indevido de letras maiuacutesculas e minuacutesculas 27 4

Sinais de pontuaccedilatildeo 24 3

Fonte Dados da pesquisa 2017

Das categorias descritas na tabela 07 os sinais de pontuaccedilatildeo satildeo considerados por

Cagliari (1995) assim como os acentos graacuteficos e os problemas sintaacuteticos como etapas finais

da aprendizagem da escrita O uso indevido de letras maiuacutesculas e minuacutesculas ocorre de acordo

com o autor porque alguns alunos quando aprendem que devem escrever os nomes proacuteprios

com letras maiuacutesculas passam a aplicar a regra para outros tipos de palavras Nos textos finais

153

houve grande evoluccedilatildeo quanto ao uso de letras maiuacutesculas e minuacutesculas pois foram registradas

apenas 04 ocorrecircncias de uso indevido

Sabemos que a extensatildeo dos textos poderia elevar para mais ou para menos todas as

ocorrecircncias de erros aleacutem disso percebemos que a extensatildeo e o desenvolvimento das ideias

precisam ser melhorados apesar de considerarmos que houve significativa melhora ao

compararmos os textos da AIE e da AFE da informante 13 apresentados a seguir

Figura 63 ndash Montagem de textos das AIE e AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Jaacute a modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras compreende erros de troca como

no TEXTO 1 em temo por tenho nuto por muito uzei por usei e no TEXTO 2 na palavra

provesola em vez de professora e Floresa em vez de Florecircncia e na palavra novenbo em vez de

novembro temos troca e supressatildeo de letras Foi verificada a supressatildeo de letras tambeacutem no

TEXTO 1 como sota em vez de soltar joga em vez de jogar Oje em vez de Hoje nosa em vez

de nossa utina em vez de uacuteltima bog em vez de blog poque em vez de porque no TEXTO 3

fera por feira fiqei por fiquei no TEXTO 5 utimas em vez de uacuteltimas e no TEXTO 2 Almeda

em vez de Almeida teno em vez de tenho traqulo em vez de tranquilo poque em vez de

porque esto em vez de estou Houve acreacutescimo ocorrecircncia verificada no TEXTO 2 natildeo foram

encontradas inversatildeo de letras Segundo o autor todas essas ocorrecircncias devem ser observadas

de acordo com a loacutegica no erro do aluno como por exemplo no caso da troca de s por z nas

154

palavras uzei e usei processo ortograacutefico e natildeo foneacutetico como na troca de i por e em desdi

por desde

Jaacute Lemle (1991) enumera cinco capacidades sendo que os alunos participantes jaacute

superaram a primeira a segunda e a quinta ao conseguirem compreender o que eacute letra usaacute-la

na maioria das vezes de forma adequada e escrever respeitando a ordem de escrita do nosso

sistema de escrita que eacute da esquerda para a direita Contudo satildeo necessaacuterias accedilotildees que

promovam ainda mais a construccedilatildeo dos paraacutegrafos extensatildeo do texto desenvolvimento das

ideias e organizaccedilatildeo espacial

Quanto agrave terceira e agrave quarta capacidades observamos alguns avanccedilos visto que jaacute

comeccedilaram a desenvolver a percepccedilatildeo auditiva em relaccedilatildeo agrave escrita e a saber ouvir diferenccedilas

linguiacutesticas haja vista a pouquiacutessima ocorrecircncia de casos de transcriccedilatildeo foneacutetica definidos por

Lemle (1991) e por Cagliari (1995) e uso indevido de letras por Cagliari (1995) No entanto os

alunos ainda apresentam dificuldades em relaccedilatildeo agrave escrita e agrave consciecircncia fonoloacutegica por

cometerem trocas de letras e ainda apresentarem incapacidade de classificar alguns traccedilos

distintivos de som Quanto ao conceito de palavra percebemos que houve uma evoluccedilatildeo jaacute

que soacute ocorreu um caso de juntura no TEXTO 4 na escrita de pramim em vez de para mim

que natildeo eacute definido por Lemle (1991) mas por Cagliari (1995)

Desse modo compreendemos que a quarta capacidade estaacute quase superada a julgar pela

uacutenica ocorrecircncia apresentada nos cinco textos exemplificados acima De acordo com a autora

quando o aluno escreve tudo junto falta a ideia de fronteira vocabular Assim julgamos que os

alunos evoluiacuteram consideravelmente nessa etapa Da mesma maneira sobre a unidade de

sentenccedila ldquo[] que eacute representada comeccedilando por letra maiuacutescula e terminando por pontordquo

(LEMLE 1991 p 12) Assim os alunos foram capazes de reconhecer as sentenccedilas ao

utilizarem mais sinais de pontuaccedilatildeo e fazerem uso adequado das letras maiuacutesculas em seus

textos Como exemplo disso selecionamos os textos da AIE e AFE produzidos pelo informante

8 Analisando os textos podemos fazer a comparaccedilatildeo e constatar a evoluccedilatildeo

155

Figura 64 ndash Montagem de textos das AIE e AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Com base nos dados apresentados a uacutenica capacidade que ainda apresenta problemas

eacute a terceira que trata da simbolizaccedilatildeo entre letras e sons De acordo com a autora o aluno

precisa fazer uma ligaccedilatildeo simboacutelica entre os sons da fala e das letras do alfabeto Quando ele

compreende essa ligaccedilatildeo rompe a primeira capacidade depois precisa enxergar as distinccedilotildees

entre as letras entatildeo consolida a segunda e em seguida a terceira que eacute a capacidade de ouvir

e ter consciecircncia dos sons da fala com suas distinccedilotildees e relevacircncias

Dessa maneira fizemos a anaacutelise das complicadas relaccedilotildees entre sons e letras

considerando o nuacutemero de ocorrecircncias dessa natureza observadas nos textos dos alunos Lemle

(1991) afirma que haacute trecircs tipos de relaccedilotildees existentes entre sons da fala e letras do alfabeto que

satildeo relaccedilatildeo de um para um relaccedilotildees de um para mais de um determinadas a partir da posiccedilatildeo

relaccedilotildees de concorrecircncia conforme demonstra o Quadro 16

Quadro 16 ndash Relaccedilotildees entre sons da fala e letras do alfabeto RELACcedilOtildeES LETRAS E SONS CORRESPONDEcircNCIA

Relaccedilatildeo de um para um Cada letra com seu som cada som com

uma letra

Biuniacutevoca

Relaccedilotildees de um para mais

de um determinadas a

partir da posiccedilatildeo

Cada letra com um som numa dada

posiccedilatildeo cada som com uma letra numa

dada posiccedilatildeo

Natildeo biuniacutevoca

Relaccedilotildees de

concorrecircncia

Mais de uma letra para o mesmo som

na mesma posiccedilatildeo

Concorrente

Fonte Lemle 1991 p 10

Assim quando o aluno compreende que as relaccedilotildees satildeo diferentes e arbitraacuterias vai

evoluindo em seu processo de escrita e passa a cometer menos ldquoerrosrdquo ou ldquofalhasrdquo Para a

autora as falhas de escrita revelam os diferentes tipos de acoplamento entre sons e letras em

156

nosso sistema de escrita Desse modo coletamos as falhas nos textos dos alunos informantes

da AIE e da AFE para compararmos as ocorrecircncias

Quadro 17 ndash Falhas de escrita da AIE e da AFE Falhas de

escrita de 1ordf

ordem

Ocorrecircncias de falhas de escrita

catalogadas nos textos da AIE

Textos 1 2 3 6 e 7

Ocorrecircncias de falhas de escrita

catalogadas nos textos da AFE

Textos 1 a 5

Falhas na

correspondecircncia

linear entre as

sequecircncias dos

sons e as

sequecircncias das

letras

Omissatildeo de letras miha (minha)

batatina (batatinha) goto (gosto)

Omissatildeo de letras sota (soltar) nosa

(nossa) utina (uacuteltima) bog (blog)

poque (porque) fera (feira) fiqei

(fiquei) utimas (uacuteltimas) Almeda

(Almeida) teno (tenho) goto (gosto)

poque (porque) esto (estou) novenbo

(novembro)

Conhecimento ainda inseguro do

formato de cada letra tasia

(passear)

Natildeo haacute registros

Incapacidade de classificar algum

traccedilo distintivo do som gogo

(gosto) natu (moto) natildee (matildee)

fanilha (famiacutelia) asai (assim)

Incapacidade de classificar algum

traccedilo distintivo do som nuto (muito)

temo (tenho) traqulo (tranquilo)

provesola (professora)

Natildeo formou conceito de palavra

coanilha (com a minha) nasine

(nasci em) a mina (a minha)

Natildeo formou conceito de palavra

pramim (para mim) e fomatica

(informaacutetica) prici palmente

(principalmente)

Falhas de

escrita de 2ordf

ordem

O aluno faz a

transcriccedilatildeo

foneacutetica

petequa em vez de peteca

escunde em vez de esconde

kiabo em vez de quiabo

susu em vez de chuchu

imbora em vez de embora

desdi em vez de desde

Falhas de

escrita de 3ordf

ordem

O aluno

avanccedilou no

saber

ortograacutefico e na

escrita faz troca

entre letras

concorrentes

dansa em vez de danccedila

diferensa em vez de diferenccedila

soutar em vez de soltar

felis em vez de feliz

uzei em vez de usei

Oje em vez de Hoje

Fonte Adapatado de Lemle 1991 p 40-41 com dados da pesquisa 2017

Ao compararmos os textos observamos que algumas ocorrecircncias aumentaram como

em omissatildeo de letras fato considerado normal tendo em vista que a extensatildeo dos textos

tambeacutem aumentou e consequentemente o nuacutemero de palavras Poreacutem representa que ainda haacute

falhas na correspondecircncia linear entre as sequecircncias de sons e as sequecircncias de letras Por outro

lado natildeo constatamos ocorrecircncias de falhas decorrentes do conhecimento ainda inseguro do

formato das letras como apresentadas na AIE Tambeacutem natildeo constatamos repeticcedilotildees de letras

Aleacutem disso natildeo houve diminuiccedilatildeo e nem aumento de casos sobre a capacidade de classificar

157

algum traccedilo distintivo do som Assim apresentamos a seguir a catalogaccedilatildeo das falhas de

escrita dos textos dos 5 alunos informantes na AIE e agora da AFE observando os criteacuterios

definidos pela autora para essa classificaccedilatildeo

Tabela 08 ndash Tabelas de Falhas de escrita ndash AIE e AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

De acordo com os dados da tabela acima observamos que na AIE 60 dos alunos

cometeram falhas de 1ordf ordem e 40 dos alunos cometeram falhas de 2ordf e de 3ordf ordens Jaacute na

AFE constatamos que 60 cometeram falhas de 1ordf e 2ordf ordens e 40 cometeram falhas 3ordf

ordem Diante desses dados concluiacutemos que houve por todos os alunos avanccedilos na

aprendizagem da escrita ainda que tiacutemida pois os informantes 8 10 e 13 apresentaram uma

transiccedilatildeo e melhoria entre as falhas de 1ordf e 2ordf ordens principalmente por jaacute conseguirem

escrever com mais conteuacutedo e significaccedilatildeo do que antes Embora ainda cometam falhas de 1ordf e

2ordf ordens estatildeo construindo aos poucos a base alfabeacutetica

Jaacute os informantes 11 e 12 foram classificados em falhas de 3ordm ordem porque estatildeo a

um passo de serem considerados plenamente alfabetizados por terem avanccedilado no saber

ortograacutefico Optamos por classificaacute-los nessa ordem porque natildeo se enquadram

determinantemente nas outras ordens O informante 11 que antes cometia falhas de escrita por

fazer transcriccedilatildeo foneacutetica em seu texto final cometeu apenas 5 ocorrecircncias de uso indevido de

letra maiuacutescula considerado como etapa final do processo de alfabetizaccedilatildeo e que segundo os

autores precisa ser ensinado pelos professores houve 1 ocorrecircncia de falta de acento graacutefico

tambeacutem uma das uacuteltimas etapas da aprendizagem em escrita e 1 ocorrecircncia de juntura

intervocabular ao escrever pramim em vez de para mim aspecto que natildeo eacute considerado por

Lemle (1991) mas por Cagliari (1995) e representa a continuidade da fala A informante 12

na AFE cometeu 6 ldquoerrosrdquo Dois de omissatildeo de letras ao escrever irmotildes em vez de irmatildeos e

utimas em vez de uacuteltimas 1 de acentuaccedilatildeo 1 de pontuaccedilatildeo e 1 de transcriccedilatildeo foneacutetica ao

Atividade Inicial de Escrita ndash AIE

Informantes Falhas

de 1ordf

ordem

Falhas

de 2ordf

ordem

Falhas

de 3ordf

ordem

I8 X

I10 X

I11 X X

I12 X X

I13 X TOTAL 3 2 2

Porcentagem 60 40

Atividade Final de Escrita ndash AFE

Informantes Falhas

de 1ordf

ordem

Falhas

de 2ordf

ordem

Falhas

de 3ordf

ordem

I8 X X

I10 X X

I11 X

I12 X

I13 X X TOTAL 3 3 2

Porcentagem 60 40

158

escrever desdi em vez de desde Mesmo cometendo cada um uma ocorrecircncia de transcriccedilatildeo

foneacutetica consideramos que esses alunos apresentaram consistecircncia e saber ortograacutefico em seus

textos

Ressaltamos que a alfabetizaccedilatildeo apresenta especificidades que envolvem os

conhecimentos muacuteltiplos em relaccedilatildeo agrave linguagem e que eacute necessaacuterio conhecimento especiacutefico

na aacuterea para intervir em situaccedilotildees que exigem do professor habilidade e conhecimento teoacuterico

para contribuir com a superaccedilatildeo dos problemas linguiacutesticos

159

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Esta pesquisa possibilitou a compreensatildeo dos processos que envolvem a alfabetizaccedilatildeo

e o letramento objetos da nossa investigaccedilatildeo partindo da premissa de que os alunos do 6ordm ano

da escola selecionada natildeo estavam alfabetizados Aleacutem disso proporcionou-nos a

oportunidade de adquirir conhecimento teoacuterico na aacuterea da linguagem alfabetizaccedilatildeo e

letramento a partir da leitura e anaacutelise dos estudos de Soares (2003 2004 2014) Lemle (1991)

Cagliari (1995) Marcuschi (2001 2018) Grossi (1990) Antunes (2003) e Bakhtin (1999) com

as consideraccedilotildees de Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010)

Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) sobre gecircneros textuais gecircneros digitais multiletramento

multimodalidade e uso das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC tatildeo

presentes na sociedade contemporacircnea Assim estabelecemos relaccedilotildees entre ensino escrita e

tecnologias propondo novas habilidades de leitura compreensatildeo e produccedilatildeo nas mais variadas

praacuteticas sociais de leitura e escrita

Dessa forma nossa trajetoacuteria de estudo e investigaccedilatildeo iniciou com a contextualizaccedilatildeo

do problema construccedilatildeo do referencial teoacuterico percurso metodoloacutegico e anaacutelise dados

Em nossa pesquisa estabelecemos como objetivo geral identificar e analisar as

dificuldades de alfabetizaccedilatildeo e letramento de uma turma do 6ordm ano do Ensino Fundamental da

Escola Estadual Pio XII e contribuir com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita atraveacutes de atividades

que visassem desenvolver essa habilidade utilizando os gecircneros digitais

Para esse alcance traccedilamos como objetivos a) investigar a natureza das dificuldades

identificadas b) realizar estudos sobre os conceitos de alfabetizaccedilatildeo letramento

multimodalidade e gecircneros digitais c) pesquisar estrateacutegias de ensino para desenvolver as

habilidades de letramento atraveacutes dos gecircneros digitais d) elaborar executar e avaliar um

Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI que contribuiacutesse para a superaccedilatildeo das dificuldades

identificadas

Certificamos que os objetivos traccedilados para essa investigaccedilatildeo foram cumpridos tendo

em vista os resultados alcanccedilados em nosso conhecimento teoacuterico que subsidiou toda a

pesquisa e o desenvolvimento das atividades propostas como a Atividade Inicial de Escrita ndash

AIE Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI e a Atividade Final de Escrita ndash AFE

Nossa hipoacutetese de que o trabalho com o gecircnero digital blog poderia contribuir para

elevar o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e letramento dos alunos envolvidos nesta pesquisa foi

confirmada com base no desenvolvimento significativo dos alunos ao quererem aprender e

conseguirem elevar o niacutevel de escrita

160

A inserccedilatildeo da tecnologia com a construccedilatildeo do blog do 6ordm ano JF ndash Todos juntos pelo

estudo ndash promoveu o letramento digital por meio da aquisiccedilatildeo de habilidades para utilizar

recursos digitais pela interaccedilatildeo com os dispositivos eletrocircnicos e o uso da internet Eacute vaacutelido

destacar que o laboratoacuterio de informaacutetica com acesso agrave internet esteve totalmente

disponibilizado agrave nossa intervenccedilatildeo e natildeo encontramos nenhum entrave que pudesse

impossibilitar nosso trabalho tanto de recurso pessoal quanto material e tecnoloacutegico

Ademais a anaacutelise dos dados coletados nas atividades AIE PEI e AFE demonstrou que

conseguimos elevar consideravelmente os niacuteveis de escrita dos alunos que cometiam falhas

de escrita de 1ordf 2ordf e 3ordf ordens definidas por Lemle (1991) Assim constatamos que todos os

alunos evoluiacuteram em sua aprendizagem escrita pois aqueles que foram classificados como de

1ordf ordem foram para a 2ordf ordem mas ainda transitam entre as duas e da mesma forma os alunos

que foram classificados como de 2ordf ordem foram para a 3ordf ordem embora tambeacutem transitem

entre as duas Isso aconteceu porque os problemas de escrita natildeo foram totalmente sanados

entretanto os avanccedilos nos possibilitam dizer que houve significativa melhora ao compararmos

os textos iniciais e finais

Ressaltamos que as atividades desenvolvidas no PEI partiram do impresso para o digital

Justificamos que a disponibilizaccedilatildeo dos textos dos alunos no blog da turma foi por meio da

digitalizaccedilatildeo para posterior publicaccedilatildeo Primeiro por questotildees de desenvolvimento de

habilidades muacuteltiplas de escrita diante do impresso como segurar no laacutepis respeitar a margem

escrever na ordem da esquerda para a direita e em cima da linha uso de paraacutegrafos e

organizaccedilatildeo espacial Tambeacutem diante do digital ao escreverem usando os recursos

disponibilizados no teclado recorrem agraves teclas para inserccedilatildeo de paraacutegrafos acentos letras

maiuacutesculas e minuacutesculas entre outros que tambeacutem satildeo elementos do impresso Essas

habilidades foram trabalhadas promovendo o letramento digital e o desenvolvimento da escrita

Dessa forma evidenciamos que os recursos do impresso e do digital foram

desenvolvidos concomitantemente e natildeo consideramos que um seja mais importante que o

outro Compartilhamos da mesma concepccedilatildeo de Coscarelli sobre o impresso e o digital ao

afirmar que

[n]atildeo haacute rupturas entre texto e hipertexto ou entre multimodalidade no impresso e no

digital O que presenciamos satildeo atos comunicativos imbrincados em processos

histoacutericos culturais sociais e interacionais dos usuaacuterios de uma liacutengua em constante

transformaccedilatildeo (COSCARELLI 2016 p 24)

Assim eacute importante afirmar que nossa proposta sempre buscou elevar os niacuteveis de

escrita dos alunos e tornaacute-los alfabetizados e para isso utilizamos os recursos disponiacuteveis em

161

nossa escola tanto impressos quanto digitais atribuindo-lhes o mesmo valor Ribeiro tambeacutem

afirma que

[n]atildeo eacute o caso de excluir umas possibilidades em vantagem das outras como se os

recursos disponiacuteveis estivessem em competiccedilatildeo Considero que todas as

possibilidades vecircm se somando e se reposicionando em um sistema mais complexo e

mais completo nos dias de hoje (RIBEIRO 2016 p 121)

Diante disso consideramos que as atividades do PEI (impressas e digitais) realizadas

em 45 ha contribuiacuteram para elevar os niacuteveis de escrita e acreditamos que se as nossas aulas

fossem estendidas por mais tempo poderiacuteamos dizer que todos os alunos seriam alfabetizados

(por ora nosso alcance se levado em conta o fator tempo foi parcial) por meio de estrateacutegias

de ensino que visaram a interaccedilatildeo o diaacutelogo a reflexatildeo e o uso das TDIC como ambiente

colaborativo de aprendizagem Ocorre de acordo com Coscarelli (2016 p 25) ldquoum ensino

mais centrado no aluno apoiado em contextos de interaccedilatildeo diaacutelogo e colaboraccedilatildeordquo

Nesse sentido foram desenvolvidas atividades de forma intensiva relacionadas agrave

produccedilatildeo escrita agrave utilizaccedilatildeo dos gecircneros digitais especificamente ao uso do blog como recurso

didaacutetico de ensino e de inclusatildeo digital ao resgate da autoestima e valorizaccedilatildeo do educando

respeitando suas limitaccedilotildees e propondo um trabalho significativo enfatizando a apropriaccedilatildeo

das competecircncias e habilidades por meio da multimodalidade e dos multiletramentos para

promover o letramento digital e elevar os niacuteveis de escrita dos alunos

Destacamos que esta pesquisa-accedilatildeo desenvolvida no acircmbito do Programa de Mestrado

Profissional em Letras ndash ProfLetras possibilitou nossa formaccedilatildeo continuada e estimulou o

aprimoramento profissional desta pesquisadora que atua na Educaccedilatildeo Infantil haacute quase 19

anos e no Ensino Fundamental da Educaccedilatildeo Baacutesica haacute quase 15 anos

Ser pesquisador criacutetico e reflexivo investigar situaccedilotildees-problema em sala de aula a fim

de contribuir para sua superaccedilatildeo e a partir dos referenciais teoacutericos compreender tais situaccedilotildees

e poder intervir foram contribuiccedilotildees notaacuteveis pois possibilitaram o conhecimento a confianccedila

a seguranccedila e a autonomia para enfrentar os desafios da sala de aula

Dessa forma o conhecimento eacute parte relevante para auxiliar o aluno que necessita de

atenccedilatildeo e que na maioria das vezes acaba excluiacutedo da escola e da sociedade por natildeo dominar

o sistema de escrita por natildeo saber ler e escrever com proficiecircncia

Embora os alunos participantes desta investigaccedilatildeo ainda natildeo possam ser considerados

totalmente alfabetizados reconhecemos que esta investigaccedilatildeo representou um importante passo

inicial na etapa do processo de aquisiccedilatildeo de leitura e escrita em razatildeo da alfabetizaccedilatildeo envolver

capacidades de reconhecimento linguiacutestico em relaccedilatildeo aos sons da fala a relaccedilatildeo entre os sons

162

da fala e as letras do alfabeto desenvolvendo a consciecircncia fonoloacutegica e construindo o saber

ortograacutefico

Portanto este trabalho corrobora os estudos sobre a linguagem acerca do uso das TDIC

dos multiletramentos e da alfabetizaccedilatildeo servindo de contribuiccedilatildeo ao meio acadecircmico e agrave praacutetica

pedagoacutegica dos professores que atuam nas diversas fases que compotildeem o contiacutenuo caminho

percorrido por docentes e discentes no processo de ensino-aprendizagem

163

REFEREcircNCIAS

ALVES Rubem A alegria de ensinar Campinas Papirus 2000 Disponiacutevel em

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BAKHTIN Mikhail Marxismo e filosofia da linguagem Trad Michel Lahud e Yara Frateschi

Vieira 9 ed Satildeo Paulo Hucitec 1999

BOCK Ana mercecircs Bahia FURTADO Odair TEIXEIRA Aria de Lourdes Trassi A

Psicanaacutelise In Psicologias ndash uma introduccedilatildeo ao estudo de psicologia 13 ed Satildeo Paulo

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BORTONI-RICARDO Stella Maris MACHADO Veruska Ribeiro (Orgs) Os doze trabalhos

de Heacutercules Satildeo Paulo Paraacutebola 2013

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nacional Diaacuterio Oficial [da Repuacuteblica Federativa do Brasil] Brasiacutelia DF v 134 nordm 248 23

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quarto ciclos do ensino fundamental introduccedilatildeo aos paracircmetros curriculares nacionais

Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental Brasiacutelia MECSEF 1998

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CLAVER Ronald Escrever sem doer oficina de redaccedilatildeo Belo Horizonte Editora UFMG

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GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo Vol1 Didaacutetica do Niacutevel Preacute-silaacutebico 3 ed

Rio de Janeiro Paz e Terra 1990

GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo Vol 2 Didaacutetica do Niacutevel Silaacutebico 3 ed

Rio de Janeiro Paz e Terra 1990

GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo Vol 3 Didaacutetica do Niacutevel Alfabeacutetico 3 ed

Rio de Janeiro Paz e Terra 1990

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KOCH Ingedore Grunfeld Villaccedila O texto e a construccedilatildeo de sentidos 10 ed Satildeo Paulo

Contexto 2012

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Scherre e Caroline Rodrigues Cardoso Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2008

LAKATOS Eva Maria MARCONI Marina de Andrade Fundamentos de metodologia

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LEMLE Miriam Guia teoacuterico do alfabetizador 6 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

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MARCUSCHI Luiz Antocircnio Da fala para a escrita atividades de retextualizaccedilatildeo Satildeo Paulo

Cortez 2001

MARCUSCHI Luiz Antocircnio Produccedilatildeo textual anaacutelise de gecircneros e compreensatildeo Satildeo Paulo

Paraacutebola Editorial 2008

MARCUSCHI Luiz Antocircnio XAVIER Antocircnio Carlos (Orgs) Hipertexto e gecircneros digitais

novas formas de construccedilatildeo do sentido 3 ed Satildeo Paulo Cortez 2010

MINAS GERAIS Secretaria de Estado da Educaccedilatildeo Proposta Curricular de Liacutengua

Portuguesa para o Ensino Fundamental e Meacutedio Belo Horizonte Secretaria de Estado da

Educaccedilatildeo 2008

166

MINAS GERAIS Secretaria de Estado da Educaccedilatildeo Liacutengua Portuguesa CBC ndash Curriacuteculo

Baacutesico Comum do Ensino Fundamental Anos Finais Ciclos Intermediaacuterio e da Consolidaccedilatildeo

2014

OLIVEIRA Maria do Socorro TINOCO Gliacutecia Azevedo SANTOS Ivoneide Bezerra de

Arauacutejo Projetos de Letramento e formaccedilatildeo de professores de liacutengua materna Natal

EDUFRN 2014

PERINI Maacuterio Alberto Gramaacutetica do portuguecircs brasileiro Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial

2010

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2009

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Izidoro Blikstein 27 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006

SEARA Izabel Christine Foneacutetica e fonologia do portuguecircs brasileiro Satildeo Paulo Contexto

2015

SOARES Magda Linguagem e escola uma perspectiva social Satildeo Paulo Aacutetica 1986

SOARES Magda Alfabetizaccedilatildeo e Letramento caminhos e descaminhos Paacutetio ndash Revista

Pedagoacutegica p 96-100 Ed Artmed 29 de fevereiro de 2004

______ Letramento e alfabetizaccedilatildeo as muitas facetas Revista Brasileira de Educaccedilatildeo ano

XVIII nordm 162 p 30 maio 2003

______ Letramento um tema em trecircs gecircneros 3 ed Belo Horizonte Autecircntica Editora 2014

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Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUCRio) Revista digital ndash Hipertextus nordm 2 p 1-9

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Faculdade de Educaccedilatildeo (UFMG) Centro

de Alfabetizaccedilatildeo Leitura e Escrit (CEALE) Coleccedilatildeo Orientaccedilotildees para a Organizaccedilatildeo do Ciclo

167

Inicial de Alfabetizaccedilatildeo Caderno 2 Belo Horizonte Secretaria de Estado da Educaccedilatildeo de

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VIGOTSKI L S A formaccedilatildeo social da mente Psicologia e Pedagogia O desenvolvimento dos

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do Paranaacute Livraria Martins Fontes Editora Ltda 4ordf ediccedilatildeo brasileira Satildeo Paulo 1991

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168

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash QUESTIONAacuteRIO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula

Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira

Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade

Local Escola Estadual Pio XII

Disciplina Liacutengua Portuguesa

Atividade Questionaacuterio ndash Data __________2017

Aluno (a)_______________________________________________________________

1- Onde vocecirc mais acessa a internet

A ( ) Em casa

B ( ) Em lan house(s)

C ( ) Na escola

D ( ) Outros lugares Qual ______________________________

E ( ) Natildeo uso

2- Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet

A ( ) Menos de uma hora

B ( ) Uma hora

C ( ) Duas horas

D ( ) Mais de duas horas

E ( ) Nunca

3- Vocecirc utiliza a internet por meio de

A ( ) Computador

B ( ) Celular

C ( ) Tablet

D ( ) Outros equipamentos

E ( ) Natildeo uso

4- Os professores da sua escola jaacute utilizaram o computador ou laboratoacuterio de informaacutetica

para realizar atividades escolares

Sim Natildeo

169

5- Quais tipos de sites despertam mais seu interesse considerando o conteuacutedo

A ( ) redes sociais como Facebook

B ( ) jogos eletrocircnicos na internet

C ( ) blogs

D ( ) sites de pesquisa

170

APEcircNDICE B ndash ATIVIDADE INICIAL DE ESCRITA ndash AIE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula

Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira

Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade

Local Escola Estadual Pio XII ndash Disciplina Liacutengua Portuguesa

Atividade Diagnoacutestica Inicial ndash Data __________2017

Aluno (a)_____________________________________________________________

Felpo Filva

Era uma vez um coelho especial chamado Felpo Autor de textos estranhos e

engraccedilados Felpo tem um orelha menor do que a outra e quando fica nervoso sofre de um

problema conhecido como orelite tremulosa Essa doenccedila eacute tiacutepica de coelhos como Felpo

rabugentos que natildeo gostam de sair da toca natildeo conversam com ningueacutem e natildeo tem amigos

Um certo dia quando Felpo jaacute era um poeta famoso tomou uma decisatildeo ele iria contar

para todos a triste histoacuteria de sua vida Iria escrever a sua autobiografia O coelho poeta pegou

a sua xiacutecara de cafeacute sentou-se diante da maacutequina de escrever e comeccedilou

171

Curtir ndash Comentar

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Felpo Filva iniciou a autobiografia dele mas natildeo terminou nessa primeira paacutegina do livro Assim como Felpo relate a sua histoacuteria de vida Fale quem eacute vocecirc onde nasceu com quem vive do que gosta e do que natildeo gosta Comente suas alegrias e tristezas suas conquistas e suas perdas e todos os outros pensamentos

Comece entatildeo

Florecircncia

Florecircncia

172

APEcircNDICE C ndash PLANO EDUCACIONAL DE INTERVENCcedilAtildeO ndash PEI

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE

GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas

pedagoacutegicas em sala de aula

Montes Claros ndash MG

2017

173

FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE

GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas

pedagoacutegicas em sala de aula

Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI

apresentado como requisito parcial do

Programa de Mestrado Profissional em Letras ndash

PROFLETRAS da Universidade Estadual de

Montes Claros sob a orientaccedilatildeo da Professora

Doutora Faacutebia Magali Santos Vieira

Montes Claros ndash MG

2017

174

IDENTIFICACcedilAtildeO

Tema Alfabetizaccedilatildeo e letramento

Escola Escola Estadual Pio XII ndash Januaacuteria ndash MG

Seacuterie 6ordm Ano de Escolaridade

Periacuteodo de realizaccedilatildeo Agosto a novembro de 2017

1 Objetivos

Objetivo geral

Desenvolver atividades que contribuam com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos

do 6ordm ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog

como recurso didaacutetico

Objetivos especiacuteficos

Planejar executar e avaliar atividades que contribuam para melhoria dos niacuteveis de escrita

que desenvolvam a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica

Desenvolver habilidades de letramento digital atraveacutes do gecircnero digital blog

Produzir texto multimodal para blog

2 Metodologia

Este plano de intervenccedilatildeo pretende oferecer condiccedilotildees propiacutecias ao desenvolvimento de

accedilotildees efetivas de aprendizagem e assim para atender agraves reais necessidades da educaccedilatildeo no

seacuteculo XXI ferramentas pedagoacutegicas tradicionais (livros canetas papel quadro giz e texto

verbal) devem coexistir com as ferramentas das TDIC (computador internet games viacutedeos

projetor textos multimodais) Dessa forma o professor assumiraacute um papel neste ambiente

bastante diferente daquele de um apresentador de conteuacutedo seraacute um mediador que ajudaraacute os

alunos a desenvolverem habilidades e competecircncias de escrita e a interagirem nos assuntos que

estatildeo sendo explorados Segundo Thornburg (1996) o professor neste cenaacuterio iraacute operar em

175

um sistema baseado em quatro componentes fogueira poccedilo drsquoaacutegua caverna e a vida assim

chamados de ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo

Metaforicamente a fogueira eacute o espaccedilo informacional associado com palestras e outros

meacutetodos de instruccedilatildeo direta numa forma de transmitir conhecimento O poccedilo drsquoaacutegua eacute o espaccedilo

de conversaccedilatildeo ocupado quando os alunos conversam entre si ou com seus professores sobre

um determinado toacutepico para a construccedilatildeo do ensino-aprendizagem A caverna eacute o espaccedilo

conceitual onde ideias satildeo desenvolvidas num momento de introspecccedilatildeo e onde projetos de

estudantes satildeo construiacutedos sob a perspectiva da reflexatildeo sob a anaacutelise do seu proacuteprio

conhecimento A vida eacute o espaccedilo contextual onde as coisas que foram aprendidas satildeo aplicadas

no mundo fora da escola ou seja o conhecimento resulta na praacutetica social fora da escola

Assim para expressar visualmente as ldquoMetaacuteforas do aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a

exemplo de David Thornburg (1996) foi elaborado o esquema a seguir (Figura 01)

representando o processo educacional atual

176

Figura 01 ndash Estrutura do Processo Educativo

Fonte Dados da pesquisa 2017

Diante do exposto os procedimentos metodoloacutegicos e as atividades em busca do

processo de ensino-aprendizagem ocorreratildeo sob esses quatro momentos que chamaremos de

moacutedulos de aprendizagem Estes seratildeo construiacutedos em torno do ldquoconhecer dialogar refletir e

praticarrdquo fornecendo a possibilidade de professores e alunos criarem oportunidades

educacionais significativas Nesse sentido a escolha dessa metodologia pretende desenvolver

atividades que contribuam com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos utilizando o gecircnero

digital blog como recurso didaacutetico ou seja como recurso de leitura diaacutelogo reflexatildeo e

produccedilatildeo textual

INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA

MOacuteDULO 1 Conhecendo

Neste moacutedulo seraacute desenvolvida e compartilhada a discussatildeo sobre as caracteriacutesticas dos

textos compostos por palavras e imagens bem como discutir sobre as contribuiccedilotildees das

PROCESSO EDUCATIVO

FOGUEIRA sala de aula

aula expositiva auditoacuterio palestras

POCcedilO DAacuteGUA

discussotildeesem grupo

CAVERNA biblioteca salas de estudo

laboratoacuterio de informaacutetica

A VIDA praacuteticas na realidade produccedilatildeo escrita

177

Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de

sons palavras imagens e movimentos

Quadro 01ndash PEI ndash Moacutedulo 1 Conhecendo

PLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 1 CONHECENDO

Accedilatildeo

Ativar conhecimentos preacutevios sobre as caracteriacutesticas dos textos

multimodais e em relaccedilatildeo agraves contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da

Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de sons

palavras imagens e movimentos

Objetivo Identificar as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem e familiarizar-se com o

ambiente digital

Conhecer e identificar as funccedilotildees do blog como recurso de ensino e sobre as habilidades de letramento em contexto digital

Conhecer diferentes textos multimodais

Metodologia Aula expositiva dialogada e interativa por meio de ferramenta digital

Atividades de conhecimento no laboratoacuterio de informaacutetica da escola

Atividades

1- Exposiccedilatildeo dialogada utilizando ferramenta digital para apresentaccedilatildeo de

slides sobre a proposta de trabalho

Discussatildeo sobre as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem

Apresentaccedilatildeo de diferentes textos multimodais por meio de slides

2- Utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para navegar pela Internet e

assim familiarizar com o ambiente digital

3- Acesso e conhecimento de blogs de diferentes temas e assuntos

Blog ldquoBlog dos jovens leitoresrdquo

httpblogdosjovensleitoresblogspotcombr

Blog Open Page httpwwwopenpagecombr

Blog Galerinha on line

httpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtml

Blog escolar httpec19tagblogspotcombr

Questotildees propostas

Quais satildeo os temas abordados nesses blogs Leia o perfil de

cada um

De qual vocecirc gostou mais Por quecirc

Se vocecirc tivesse um blog sobre o que vocecirc escreveria

Vamos criar um blog para a turma Qual nome teria

4- Criar o blog da turma

178

Recursos

didaacuteticos

Data show computador internet caixa de som

Duraccedilatildeo 8ha

Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo do interesse e participaccedilatildeo dos estudantes durante a

exposiccedilatildeo do conteuacutedo

Os alunos deveratildeo realizar as atividades propostas no laboratoacuterio de informaacutetica e produzir comentaacuterios a respeito do que leem

Fonte Dados da pesquisa 2017

MOacuteDULO 2 Dialogando

Neste segundo momento as atividades propostas ofereceratildeo oportunidades para que o

comportamento do aluno ouvinte e falante torne-se efetivamente objeto de aprendizagem O

aluno teraacute a oportunidade de realizar debates e exposiccedilotildees orais a respeito das atividades

apresentadas em sala de aula Assim o professor coordenaraacute as discussotildees procurando fazer

com que todos os alunos falem e escutem de forma atenciosa e respeitosa Este tipo de atividade

promove a discussatildeo sobre o assunto tratado nos textos apresentados fazendo com que o aluno

ultrapasse o texto e o relacione com o contexto social em que vive ou ateacute mesmo com sua

proacutepria pessoa atendendo agrave perspectiva da leitura multimodal

A partir do desenvolvimento da competecircncia do uso da liacutengua oral e da capacidade de

debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o argumento contraacuterio

mesmo que de forma menos elaborada por se tratar de alunos do 6ordm ano seratildeo propostas

atividades em grupo de leitura interpretaccedilatildeo e escrita

Quadro 02 ndash PEI ndash Moacutedulo II Dialogando

PLANO DE ACcedilAtildeO - MOacuteDULO 2 DIALOGANDO

Accedilatildeo Incentivar a discussatildeo sobre os textos apresentados com o intuito de desenvolver a competecircncia do uso da liacutengua oral e a capacidade de

debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o

argumento contraacuterio

Objetivo Ler textos multimodais

Analisar e discutir as especificidades dos textos multimodais

Produzir textos multimodais

Metodologia

Propor a discussatildeo das perguntas sugeridas a respeito dos recursos

linguiacutesticos utilizados nos textos multimodais previamente

selecionados para o trabalho em grupo

1- Leitura de textos multimodais

2- Discutir em duplas ou trios as questotildees sobre os textos

selecionados

179

Atividades

HQ da Turma da Mocircnica

HQ do Gaturro e Aacutegatha

Charge

Propaganda

3- Produzir em duplas os textos multimodais selecionados

Organograma

Infograacutefico

Mapa

Recursos

didaacuteticos

Data show Computador Internet folhas A4

Duraccedilatildeo 10 ha

Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo do interesse e participaccedilatildeo dos estudantes durante a

exposiccedilatildeo do conteuacutedo e na realizaccedilatildeo das atividades propostas

Fonte Dados da pesquisa 2017

LEITURA DE TEXTOS MULTIMODIAS

Leia os textos e converse com seus colegas e professora sobre as questotildees abaixo

Em relaccedilatildeo agrave HQ da Turma da Mocircnica (Mauriacutecio de Souza)

180

Figura 01 ndash HQ turma da Mocircnica

Fonte Desconhecida

Observe a HQ para responder ao que se pede

1- Vocecirc conhece esses personagens Quem satildeo

2- Por que o Cascatildeo estaacute saltitante O que ele estaacute imaginando Qual era a sua intenccedilatildeo

3- O que aconteceu no 4ordm e 5ordm quadrinhos

4- Por que Cascatildeo saiu correndo

5- O humor da histoacuteria foi construiacutedo a partir de quais fatos

6- No texto haacute palavras Vocecirc conseguiu ler essa HQ mesmo sem palavras Por quecirc

181

Em relaccedilatildeo agrave HQ do Gaturro e Aacutegatha

Gaturro e Aacutegatha satildeo personagens de uma seacuterie de tirinhas argentina criada pelo cartunista

Cristian Dzwonik (conhecido como ldquoNikrdquo)

Figura 03 ndash Tira Gaturro e Aacutegatha

Disponiacutevel em lthttpmundogaturroflorestablogspotcombr201204otra-ves-gaturro-y-agathahtmlgt Acesso

em 07 jun 2017

- Observe a tirinha para responder ao que se pede

1- No 1ordm quadrinho o que Aacutegatha estaacute segurando O que estaacute escrito

2- Vocecirc sabe o que significa esta palavra Ela pertence agrave Liacutengua Portuguesa ou estrangeira

Onde encontramos essas palavras com frequecircncia

3- Agora que vocecirc sabe o significado o que Aacutegatha quis dizer ao Gaturro

4- Qual eacute a reaccedilatildeo de Gaturro O que ele estaacute segurando

5- O que estaacute escrito Qual eacute o significado

6- O que aconteceu no 3ordm e 4ordm quadrinhos O significado da palavra alterou ao ser invertido

182

Em relaccedilatildeo agrave charge

Figura 04 ndash Charge Igualdade Justiccedila

Disponiacutevel em lthttpprofwladimirblogspotcombr201405charge-igualdade-nao-significa-justicahtmlgt

Acesso em 07 jun 2017

- Observe a charge para responder ao que se pede

1- O que eacute igualdade

2- O que eacute justiccedila

3- O que vocecirc vecirc na imagem

4- O que vocecirc entende por ldquoIgualdade natildeo eacute justiccedilardquo

5- O que foi preciso fazer para haver justiccedila

6- Vocecirc jaacute foi tratado de forma desigual ou injusta

183

Em relaccedilatildeo agrave propaganda

Figura 05 ndash Propaganda

Disponiacutevel em lthttpjulianaportuguesfeevaleblogspotcombr201111anuncio-da-lactahtmlgt Acesso em 07

jun 2017

- Observe a propaganda para responder ao que se pede

1- A finalidade da propaganda eacute vender um produto Qual eacute o produto anunciado

2- Quais satildeo os cinco motivos para ficar de boca aberta ou fechada

3- O que significa a expressatildeo ldquoPra deixar vocecirc de boca abertardquo

4- Em que outros contextos podemos ficar de boca aberta

184

Em relaccedilatildeo ao Organograma

Figura 06 ndash Organograma

Disponiacutevel em lthttpssitesgooglecomsiteescolamunicipalpadrecahistoria-da-escolaorganogramagt Acesso

em 09 ago 2017

1 Criar um organograma

Segundo Ribeiro (2016) o organograma eacute uma representaccedilatildeo bastante comum em nossa

sociedade e mostra representaccedilotildees hieraacuterquicas estruturas organizacionais etc

Como sugestatildeo os alunos deveratildeo criar um organograma familiar ou um organograma escolar

185

Em relaccedilatildeo ao Infograacutefico

Figura 07 ndash Infograacutefico

Disponiacutevel em lthttpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtmlgt Acesso em 09 ago

2017

2 Criar um infograacutefico

Os infograacuteficos satildeo textos multimodais por excelecircncia pois seu planejamento envolve palavras

e imagens em um leiaute e por ser um gecircnero que circula amplamente em jornais e revistas

impressos digitais e na TV nas previsotildees de tempo nas explicaccedilotildees e nas demonstraccedilotildees de

causa e efeito (RIBEIRO 2016)

Os alunos deveratildeo criar um infograacutefico de uma receita escolhida pela dupla

186

Em relaccedilatildeo ao Mapa

Figura 08 ndash Mapa escolar

Disponiacutevel em lthttprbeadditionptnp4mapasid=1503523gt Acesso em 09 ago 2017

3 Criar um mapa

Mapas satildeo representaccedilotildees graacuteficas em escalas menores e podem representar regiotildees territoacuterios

ou qualquer extensatildeo da superfiacutecie da Terra Criar um mapa da sua escola

MOacuteDULO 3 Refletindo

Nesse moacutedulo propotildee-se a interlocuccedilatildeo entre diferentes textos para que o aluno possa

analisar de forma reflexiva diferentes abordagens de um mesmo assunto ou toacutepico tanto no

que se refere a distintas percepccedilotildees da nossa cultura ou sociedade quanto para poder observar

questionar e analisar atraveacutes da comparaccedilatildeo ou confronto do que dizem os diferentes textos ao

resolver atividades de leitura interpretaccedilatildeo e escrita Isso faz com que o aluno perceba

intuitivamente seu conhecimento e faccedila checagem do seu proacuteprio aprendizado

187

Quadro 03 ndash PEI ndash Moacutedulo III RefletindoPLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 3

REFLETINDO

Accedilatildeo

Contribuir com o processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento por meio de

atividades que estimulem o desenvolvimento da linguagem oral e escrita em

situaccedilotildees de anaacutelise e reflexatildeo sobre as especificidades dos textos

multimodais e assim melhorar os niacuteveis de escrita dos alunos

Objetivos Aprofundar e refletir sobre os conhecimentos da escrita que desenvolvam

a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica

Refletir e identificar as funccedilotildees do blog como recurso didaacutetico e sobre as

habilidades de letramento em contexto digital

Produzir comentaacuterios a respeito do que lecirc

Metodologia Estudo individual e atividades praacuteticas no laboratoacuterio de informaacutetica da

escola e em sala de aula

Atividades Atividades de escrita 1- Torne o branco impuro

2- Vamos de carona nesta viagem

3- Agrave maneira dos antigos

4- Tempo de falar

5- Vamos vender o fedex

6- Pausa para criar

7- Jogo Corrida das letras

8- Nuvem de palavras

Postar atividades e comentaacuterios no blog da turma

Recursos

didaacuteticos

Data show computador internet celular folhas A4 brancas ou coloridas

laacutepis laacutepis de cor canetas coloridas borracha entre outros materiais

escolares

Duraccedilatildeo 21 ha

Avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo das atividades previstas para esse moacutedulo seraacute contiacutenua e visa agrave

melhoria da aprendizagem aleacutem disso busca observar como os alunos estatildeo

aprendendo e o que deve ser feito para melhorar Assim os alunos teratildeo

atendimento individual procurando sanar as dificuldades especiacuteficas de cada

um Dessa forma teratildeo a oportunidade de desenvolver as atividades refletir

sobre sua produccedilatildeo tirar suas duacutevidas e progredir

Fonte Dados da pesquisa 2017

188

ATIVIDADES SELECIONADAS

1- Siga as instruccedilotildees A primeira parte eacute de descontraccedilatildeo Vocecirc deve viajar no papel Eacute o

momento de liberdade Pegue uma folha de papel em branco pegue uma caneta laacutepis laacutepis

de cor giz de cera o material que desejar Antes de utilizaacute-los observe a sua folha natildeo a

amasse trate-a com carinho Escreva sem doer Escreva sem medo Agora laacutepis e papel satildeo

companheiros no papel em branco escreva desenhe pinte rabisque Faccedila qualquer coisa mas

natildeo deixe o branco puro Agora guarde-a na sua pasta de atividades Ela eacute sua Ningueacutem vai ler

sem a sua autorizaccedilatildeo

2- Vamos escrever palavras iniciadas pelas letras A D G T B H V I R S P J As letras

satildeo aleatoacuterias O nuacutemero de palavras natildeo deve ultrapassar 10 e nem ser inferior a 5 De posse

do vocabulaacuterio vamos brincar Inicialmente fazendo algumas combinaccedilotildees Exemplo O

palhaccedilo A brinca com o T e o maacutegico faz G virar H assim seraacute substituiacutedo A por uma palavra

do vocabulaacuterio iniciado A T iniciado por T e assim por diante Depois de feita essa brincadeira

com as palavras vamos brincar com as frases abaixo

a- Clara gosta de A + B e Carlos ama T amo R mas natildeo amo I nem V

b- A+ J pois T+ D

c- S e G falaram ou vocecirc fica com H ou vai com P Ou fica com J ou natildeo fica com T

3- Agora vamos usar mais palavras coletadas em cada frase Lembre-se o nuacutemero de frases e

as combinaccedilotildees satildeo aleatoacuterias Vocecirc pode inventar outras combinaccedilotildees e alterar o nuacutemero de

frases Entretanto recomendamos que natildeo ultrapassem 10 frases para que vocecirc natildeo se canse

Depois leia as suas frases em voz alta Assim a atividade torna-se dinacircmica e alegre

CAUSALIDADE H+ J+ R+P + (PORQUE) +A +H tudo certo mas A+D +J estaacute muito

esquisito natildeo eacute R

CONDICIONALIDADE J+ B+ A + (SE AMAR) + B +J +H + pode quebrar

FINALIDADE P + B + I + G + (A FIM DE) + A+ B+ certo

MODALIDADE T+ A + V+ (SEM QUE) + P + V + I + legal

OUTRAS

- A frase eacute PP + H + R + e a palavra eacute + J + H + A + e a histoacuteria

- O pensamento voa em T + B + S + por isso penso em P e em H mas estou mesmo em V + D

+ P + e sonho com G

4- Agora temos dezenas de palavras e algumas frases Chegou a hora do texto Vamos por

etapas

1 ATIVIDADE TORNE O BRANCO IMPURO

189

a Organize as frases que vocecirc fez num texto Num corpo orgacircnico Por exemplo

Clara gosta de aboacutebora bamba e Carlos ama ternura amo amo ruela mas natildeo amo ironia nem

vagem Ananaacutes jovem pois teteacuteia dedo Abra teu amor e jogo pois

b Leia em voz alta o texto

c Vamos mexer no texto Vocecirc pode eliminar palavras eou acrescentar palavras eou

inverter a ordem Exemplo

Clara gosta de aboacutebora e de Carlos Abre o jogo e o amor quando come aboacuteboras e ananaacutes

Vagem bomba e ironia satildeo jovens atletas pois

Ou

Clara gosta de vagem e ama Carlos com ternura Segundo ela o jovem Carlos eacute uma teteacuteia e

ela escolhe o seu amor a dedo O amor eacute jogo e ironia qual aboacutebora e ananaacutes pois

d Troque o texto com o colega e peccedila uma criacutetica

e Passe-o a limpo e guarde-o

1- Antes de viajarmos um novo texto brincaremos inicialmente com o visual das palavras

Uma palavra pode ser escrita (desenhada) de vaacuterias maneiras Observe

Figura 09 ndash Palavras desenhadas

Fonte Claver 1994 p 33

2 ATIVIDADE VAMOS DE CARONA NESTA VIAGEM

190

Agora vocecirc Sugerimos montanha carneiro vegetal peluacutecia aacutervore corpo horror escada

telefone etc Esta eacute uma maneira de desmascarar as palavras e talvez de possuiacute-las

2- Veja como Luiacutes Silva personagem do livro Anguacutestia de Graciliano Ramos brincava com

as palavras

Em duas horas escrevo uma palavra Marina Depois aproveitando as letras deste nome arranjo

coisas absurdas ar mar rima arma ira amar Uns vinte nomes

Vamos na onda do personagem vamos re-arranjar as palavras Sugerimos maravilha sapato

marmita aacutervore etc Exemplo sapato ndash ato sapo pato topa tapa copa

3- Continuemos brincando com as palavras Daremos a elas um significado que vai aleacutem de sua

significaccedilatildeo de dicionaacuterio Vamos procurar revelar sua face outra explorando todas as suas

potencialidades Essas palavras revelaratildeo toda sua sensibilidade diante do mundo e da vida

Haacute palavras que satildeo grandes pela proacutepria natureza ndash eacute o caso da grafia de paralelepiacutepedo Outras

satildeo grandes pelo que representam Temos a palavra ceacuteu que graficamente eacute pequena mas eacute

enorme em sua significaccedilatildeo

A partir dessas consideraccedilotildees escreva duas palavras ou mais para cada um dos vocaacutebulos

relacionados frios quentes amarelas nervosas gordas pequenas gostosas pobres leves

alegres fofas perigosas vermelhas coloridas delicadas bonitas pesadas engraccediladas novas

4- Agora vocecirc deve estar mais solto leve descontraiacutedo e pronto para tocar para frente

O exerciacutecio que segue eacute muito parecido com o que fizemos antes Dada uma palavra procure

escrever outras que tenham alguma relaccedilatildeo com ela Exemplo O amarelo pode relacionar com

as seguintes palavras cor primavera frio medo hepatite sol ovo

Vamos laacute Eis as palavras paisagem felicidade hipopoacutetamo caminho vermelho voar nuvens

morangos coraccedilatildeo soacutelido horizonte liberdade viagem

Os temas das redaccedilotildees eram (e satildeo ainda) mais ou menos as seguintes A Paacutetria Minhas

feacuterias O que eu fiz ontem Meu animal favorito Uma festa O dia do iacutendio Meu primeiro dia

de aula A famiacutelia Minha professora 13 de maio A casa mal-assombrada

3 ATIVIDADE Agrave MANEIRA DOS ANTIGOS

191

Agrave maneira dos antigos daremos alguns temas e situaccedilotildees Procure utilizar as dicas

anteriores ou seja invente palavras reverbere peccedila opiniatildeo refaccedila o texto etc A forma

(poema conto crocircnica etc) fica a seu criteacuterio

Para sua maior comodidade vamos aos fatos e situaccedilotildees como por exemplo

a) Trecircs ratos famintos estatildeo presos num quarto hermeticamente fechado

Situaccedilotildees

Acham uma saiacuteda

Aparece um super-rato para salvaacute-los

Se devoram

(Em tempo os ratos se chamam Augustus Nicodemus e Cornelius)

b) Um sonacircmbulo eacute acordado em pleno dia no meio de uma rua movimentada e se

descobre nu

Situaccedilotildees

Vai preso por natildeo saber explicar a situaccedilatildeo

Ningueacutem repara em sua atitude

Eacute fotografado e convidado para trabalhar na TV

c) Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com uma mosquita de nome

Joana para as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca

Situaccedilotildees

Ele morre

Joana fica sabendo do acontecido e se suicida

Geraldo toma a piacutelula anti-pega-mosca e consegue se safar

Joana arruma outro namorado

d) A histoacuteria de Romeu e Julieta

Situaccedilotildees

Julieta fica sabendo do final da histoacuteria e fala pro Shakespeare ldquoQual eacuterdquo

Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira

Shakespeare fica gostando de Julieta e soacute mata o Romeu

e) Em uma galeria de arte dentre os vaacuterios quadros haacute dois bem proacuteximos Em um

deles haacute trecircs gatos e no outro um aquaacuterio

Situaccedilotildees

Os gatos resolvem comer os peixes

Os peixes se transformam em tubarotildees e devoram os gatos

192

Os gatos e os peixes fazem uma guerra de fome contra a pintura moderna e

morrem

O pintor do aquaacuterio pinta de branco o quadro dos gatos

f) Uma carroccedila estaacute diante de um sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento

enorme Quando o sinal abre o burro empaca

Situaccedilotildees

Todos os carros buzinam ao mesmo tempo

O carroceiro deixa a carroccedila e sai correndo

O burro sai da carroccedila e daacute um coice nos carros

Um dos motoristas conversa com o burro no ouvido e este sai de fininho

Vocecirc escolhe um dos fatos Caso queira misturar os fatos e as situaccedilotildees teremos sem duacutevida

um texto pelo menos inusitado

Vamos trabalhar mas antes eacute bom atentar para o seguinte natildeo existe nenhuma narraccedilatildeo que

natildeo responda agraves questotildees DE QUEM SE TRATA DE QUE SE TRATA ONDE SE PASSA

POR QUEcirc COMO QUANDO

Ainda

Agente ndash ator ou atores

O fato ndash a accedilatildeo propriamente dita

O tempo ndash eacutepoca

O lugar ndash meio ambiente

As causas ndash origem motivo

As consequecircncias ndash os resultados

Os meios ndash pessoas ou coisas que concorrem ou interferem na accedilatildeo

O modo ndash os aspectos atraveacutes dos quais se desenrola a accedilatildeo

Este eacute o caminho O cineasta quando faz um filme tem em matildeos um roteiro Por que natildeo o

redator Vamos laacute

1- Escolha o tem (ou temas)

2- Tente traccedilar um roteiro para seu texto respondendo agraves questotildees DE QUEM SE

TRATA DE QUE SE TRATA etc ou indicando o agente o fato o tempo etc

3- Depois de concluiacutedo o texto passe a limpo e guarde-o

193

Leiamos algumas maacuteximas ou aforismos ou picles como queiram Satildeo pequenas frases que

colocam o leitor em reflexatildeo Ou fazem com que o leitor mude seu modo de pensar Jaacute se notou

que o ditado popular eacute radical Ele encerra uma verdade eterna Eacute perigoso por isso Eacute comum

se ouvir ldquoDize-me com quem andas que eu te direi quem eacutesrdquo E um gaiato respondeu ldquoE o

que Judas fazia com Jesus Cristordquo Vamos fazer como que esse gaiato desestruturar os ditados

as frases feitas as frases congeladas ldquoLiberdade eacute uma calccedila velha azul e desbotadardquo

Tentaremos criar algumas maacuteximas ou picles Agora alguns exemplos retirados das Maacuteximas

da Tia Zulmira de Stanislaw Ponte Preta

Entre as trecircs coisas melhores desta vida comer estaacute em segundo e dormir em terceiro

Enquanto houver mandioca a farinha estaacute garantida

A poliacutetica tem esta desvantagem de vez em quando o sujeito vai preso em nome da

liberdade

O amor eacute eterno noacutes eacute que estamos sempre a transferi-lo para outra reparticcedilatildeo

Malandro prevenido dorme de botina

As trecircs coisas mais perigosas que eu conheccedilo satildeo limpar arma de fogo mulher do

vizinho e croquete do botequim

Quem tem medo de mandinga natildeo desmancha despacho

Mulher e livro emprestou volta estragado

Mais vale um fileacute em casa do que um boi no accedilougue

As coisas que mais contribuem para avacalhar a dignidade de um homem satildeo bofetatildeo

de mulher tombo de bunda no chatildeo e dor de barriga

Mosquito sabido morde primeiro e faz o zunido depois

Em Reflexotildees sem dor Millocircr Fernandes condensa a verdade tambeacutem em pequenas frases por

exemplo

Um paiacutes soacute tem verdadeira liberdade de expressatildeo quando um homem pode dizer em

puacuteblico bem alto tudo o que lhe vem agrave cabeccedila ao bater o martelo no dedo

O pobre trabalha para comer O rico trabalha para comer fora

O silecircncio eacute de prata tempo eacute dinheiro mas nem tudo que reluz eacute ouro

Queridinho eacute o nome de solteiro do marido

Sansatildeo sim eacute que era um espetaacuteculo Quando acabou seu show a casa veio abaixo

4 ATIVIDADE Tempo de falar

194

Uma coisa eacute definitiva quem se curva diante dos opressores mostra o traseiro aos

oprimidos

Amor com amor se pega

Natildeo somos a imagem de Deus Somos apenas a sua autocriacutetica

Pensar ndash eis um verbo reflexivo

Agora eacute a vez de Maacuterio da Silva Brito que criou o desaforismo Aforismo eacute a arte de condensar

a verdade numa sentenccedila iluminada

Amai-vos uns agraves outras

Ofiacutecio de bombeiro eacute fogo

Sereia ndash mulher de ex-cama

Ai que saudade que tenho da Aurora da minha vida

Quem daacute aos pobres empresta a Deus Pela escassez das esmolas parece que Deus

anda de creacutedito baixo

2- Agora eacute a sua vez Daremos uma seacuterie de proveacuterbios e esperamos que vocecirc interfira neles

mudando o seu sentido como no exemplo que se segue ldquoQuem cedo madruga fica com sono

o dia inteirordquo ou ldquomuitos seratildeo os chamados e poucos os atendidosrdquo Isso eacute da Biacuteblia ou da

Telefocircnica

a) Quem cala consente

b) Em terra de cego quem tem um olho eacute rei

c) Mais vale um paacutessaro na matildeo do que dois voando

d) Aacutegua mole em pedra dura tanto bate ateacute que fura

e) Pimenta nos olhos dos outros eacute refresco

f) Catildeo que ladra natildeo morde

3- Depois de concluiacutedos passe-os a limpo e guarde-os

As companhias de cigarro nunca vendem nicotina mal-estar mal-cheiro poluiccedilatildeo etc Vendem

status social sauacutede vigor fiacutesico sucesso etc

Ronald Claver

5 ATIVIDADE VAMOS VENDER O FEDEX

195

A partir dessa consideraccedilatildeo levantemos alguns toacutepicos de que a arte da propaganda se utiliza

Os recursos de linguagem poeacutetica ndash repeticcedilotildees de consoantes e vogais rimas

comparaccedilotildees metaacuteforas e conotaccedilotildees

Pag Pouco

Se eacute Bayer eacute bom

Melhoral melhoral eacute melhor e natildeo faz mal

Tomou Doril a dor sumiu

Pense Forte pense Ford

Uma linguagem apelativa que explora as ansiedades vaidades frustraccedilotildees do

consumidor influi de modo decisivo no comportamento e postura do homem comum e

fantasiosamente camufla as frustraccedilotildees da realidade

Quem fuma Minister sabe o quer E vocecirc

Ao sucesso com Hollywood

No Brasil toda mulher tem Charm

Associaccedilotildees arbitraacuterias do siacutembolo com o simbolizado

Mulher pelada com automoacutevel

Status social com cigarro

Vigor fiacutesico com remeacutedio

A linguagem popular atraveacutes da exploraccedilatildeo dos ditos populares proveacuterbios giacuterias etc

Dize-me o que lecircs e te direi quem eacutes ndash Veja

Ponha algumas pedras no caminho da sua sede ndash Antaacuterctica

Quem tem outro carro anda com o Fusca atraacutes da orelha

O propagandista sabe que uma boa imagem vale por mil palavras Daiacute o requinte visual

das propagandas Sabe tambeacutem que a propaganda subliminar explora de modo consciente as

zonas obscuras do inconsciente Por isso lanccedila mensagens em determinados momentos e em

196

certa regularidade Desse modo ficou famosa a ldquopipocardquo que aparecia num cantinho da tela

durante a exibiccedilatildeo de um filme Terminada a fita os expectadores tomaram de assalto o carrinho

do pipoqueiro Sabe tambeacutem da teacutecnica do merchandising que consiste em aproveitar uma cena

comum para veicular seu produto Essa teacutecnica eacute muito usada em novelas de televisatildeo

Exemplo Cena de bar ndash pessoas sentadas agrave mesa tomando determinada cerveja ou refrigerante

1- Vamos trabalhar com PROPAGANDA Procure algumas em jornais revistas livros out-

doors televisatildeo etc Selecione-as

2- Agora que vocecirc conhece alguma coisa sobre propaganda analise algumas conhecidas Veja

a distribuiccedilatildeo de cores a colocaccedilatildeo das palavras o uso das formas etc

3- Chegou a sua hora Convenccedila o proacuteximo de que seu produto eacute a melhor coisa do mundo Use

todos os recursos e venda entatildeo um desses produtos a lua a vida o fedex (um produto

desconhecido do puacuteblico) sua sala de aula seu otimismo sua imaginaccedilatildeo um lugar ao sol

4- Releia seus textos Leia-os para algueacutem Eles convencem Vendem

5- Se necessaacuterio reescreva trechos ou o texto

5- Passe a limpo e guarde-a

1- Seguem-se alguns quadrinhos Escreva nos balotildees aquilo que o desenho lhe sugere

2- Haacute outros que tecircm soacute balotildees Invente o desenho mas a sua maneira sem se preocupar com o

traccedilo

3- Invente seu quadrinho Faccedila como nos textos recorte costure cole escreva desenhe

redesenhe reescreva mostre ao colega

6 ATIVIDADE PAUSA PARA CRIAR

197

Figura 10 ndash Quadrinhos

Fonte Claver 1994 p 58

198

Figura 11 ndash Quadrinhos

Fonte Claver 1994 p 59

199

Figura 12 ndash Quadrinhos

Fonte Claver 1994 p 61

200

Cada jogador se representa no tabuleiro por um piatildeo sobre a inicial do seu nome O

primeiro a jogar lanccedila um dado e deve avanccedilar seu piatildeo tantas casas quantas indicou o dado

Para permanecer nesta casa deve dizer ou escrever uma palavra que comece com a letra que

aiacute estaacute Se natildeo conseguir retrocede uma casa e diz ou escreve uma palavra que comece por esta

nova letra Se natildeo conseguir retrocede sucessivamente ateacute voltar de onde saiu Ganha o jogo

aquele que primeiro tiver percorrido todo o trajeto atingindo pela segunda vez sua letra inicial

Figura 13 ndash Tabuleiro do jogo Corrida nas letras

Fonte Elaborado pela pesquisadora com base em Grossi 1990 p 142

ATIVIDADE A CORRIDA NAS LETRAS

201

MOacuteDULO 4 Praticando

Nesse moacutedulo desenvolveremos atividades que proporcionem a praacutetica dos

conhecimentos em escrita por meio da produccedilatildeo de textos compostos por imagens e palavras

a partir de situaccedilotildees dadas utilizando ferramentas da tecnologia (computador internet textos

multimodais)

Quadro 04 ndash PEI ndash Moacutedulo IV Praticando

PLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 4 PRATICANDO

Accedilatildeo Por em praacutetica os conhecimentos em escrita

Objetivos

Produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo comunicativa ao interlocutor e ao

suporte de circulaccedilatildeo

Metodologia Produccedilatildeo escrita e publicaccedilatildeo no blog da turma

Atividades Produccedilatildeo escrita individual a partir de uma situaccedilatildeo dada

Recursos

didaacuteticos

Data show computador internet celular folhas A4 brancas ou

coloridas laacutepis laacutepis de cor canetas coloridas borracha entre outros

materiais escolares

Duraccedilatildeo 14 ha

Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo sistemaacutetica da participaccedilatildeo dos alunos na realizaccedilatildeo das atividades propostas

Produccedilatildeo escrita para publicaccedilatildeo no blog da turma Fonte Dados da pesquisa 2017

202

APEcircNDICE D ndash Atividade Final de Escrita ndash AFE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula

Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira

Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade

Local Escola Estadual Pio XII ndash Disciplina Liacutengua Portuguesa

Atividade Diagnoacutestica Final ndash Data __________2017

Aluno (a)_____________________________________________________________

Sinopse

Natildeo eacute faacutecil ser crianccedila E ningueacutem sabe disso melhor do que

Greg Heffley que se vecirc mergulhado no ensino fundamental onde

fracotes subdesenvolvidos dividem os corredores com garotos que satildeo

mais altos mais malvados e jaacute se barbeiam Em ldquoDiaacuterio de um bananardquo

o autor e ilustrador Jeff Kinney nos apresenta um heroacutei improvaacutevel

Como Greg diz em seu diaacuterio ldquoSoacute natildeo espere que eu seja todo Querido

diaacuterio isso Querido diaacuterio aquilordquo

Fonte Saraiva Editora Disponiacutevel emlthttpwwwsaraivacombrdiario-de-um-

banana-vol-1-2574894html gt Acesso em 29 abr 2017

O livro conta o dia-a-dia de Greg Heffley que decide deixar registrado em um caderno

natildeo diaacuterio como gosta de dizer as suas aventuras de Halloween (dia das bruxas) na escola em

casa com seus dois irmatildeos Manny (o bebecirc) e Rodrick (o rockeiro)

Greg leva uma vida normal adora jogar videogame e sonha o tempo todo em ser famoso

em qualquer cargo mesmo que seja como seguranccedila da escola

Leia a primeira paacutegina e confira um pouquinho da vida de Greg em o Diaacuterio de um

Banana

203

Figura 14 ndash p 1 de Diaacuterio de um Banana

Fonte Kinney 2008 p 1

Figura 15 ndash p 1 de Diaacuterio de um Banana

Fonte Kinney 2008 p 1

Imagine que vocecirc acaba de ganhar um diaacuterio muito bonito no qual vocecirc poderaacute registrar

suas histoacuterias de alegria e de tristeza suas conquistas e suas perdas e todos os outros

pensamentos Vamos laacute

204

Registre nesta paacutegina de blog um dia da sua vida (atividades encontros pessoas

sentimentos desejos medos saudades escola nossas atividades no laboratoacuterio de informaacutetica

entre tantas outras coisas que vocecirc desejar)

Figura 16 ndash Blog 6ordm Ano JF

Fonte Dados da pesquisa

205

206

3 CRONOGRAMA

Agosto

Setembro Outubro Novembro

MOacuteDULO I

X

MOacuteDULO II

X

MOacuteDULO III

X

MOacuteDULO IV

X X

REFEREcircNCIAS

CAGLIARI Luiz Carlos Alfabetizaccedilatildeo e linguiacutestica 8 ed Satildeo Paulo Scipione 1995

CLAVER Ronald Escrever sem doer oficina de redaccedilatildeo Belo Horizonte Editora UFMG

1992

FURNARI Eva Felpo Filva Satildeo Paulo Moderna 2006 (Coleccedilatildeo girassol)

GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo 3 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1990

KINNEY Jeff Diaacuterio de um banana Trad Antocircnio de Macedo Soares Cotia Vergara amp Riba

Editoras 2008

LEMLE Miriam Guia teoacuterico do alfabetizador 6 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

RIBEIRO Ana Elisa Textos Multimodais leitura e produccedilatildeo Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial

2016

Page 4: GÊNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS: novas práticas

Figura 01 Nuvem de palavras produzida online Elaborado pela pesquisadora 2017

Letramento eacute fenocircmeno plural historicamente e

contemporaneamente diferentes letramentos ao longo

do tempo diferentes letramentos no nosso tempo

(SOARES 2002 p156)

AGRADECIMENTOS

A Deus pela proteccedilatildeo e pelas becircnccedilatildeos de cada dia

Agrave mamatildee pelo exemplo de vida e amor incondicional

Agraves minhas irmatildes Fabriacutesia Fabiacuteola e Isabela pelo afeto e pelo apoio

Aos meus cunhados e sobrinhos pela atenccedilatildeo na etapa final

Agrave Juacutelia e Liacutevia minhas queridas filhas pelo amor e pela solidariedade

Ao meu esposo Wagner pela atenccedilatildeo carinho paciecircncia e compreensatildeo nas horas de ausecircncia

Agrave professora Faacutebia Magali Santos Vieira pelo aceite em me orientar pelo positivismo pela

alegria pela competecircncia e por seus esclarecimentos e auxiacutelio indispensaacuteveis ao desenvolvimento

desta minha formaccedilatildeo

Aos professores do Programa de Mestrado Profissional em Letras pelas contribuiccedilotildees e

competecircncia dada em cada disciplina

Agraves professoras da banca de qualificaccedilatildeo e defesa Profordf Drordf Geisa Magela Veloso Profordf Drordf

Maria Aparecida Colares Mendes e Profordf Drordf Maria Jacy Veloso Maia pelas consideraacuteveis

contribuiccedilotildees ao aprimoramento do meu trabalho Agrave Profordf Drordf Telma Borges pela atenccedilatildeo e

dedicaccedilatildeo nas leituras minuciosas do meu texto

Aos meus colegas do ProfLetras turma 2015 em especial agrave Jucinete companheira de viagem

pelas conversas trocas de saberes e amizade

Agrave Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais e a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de

Januaacuteria pelo afastamento concedido Agrave CAPES pelo auxiacutelio financeiro agrave Universidade Federal

do Rio Grande do Norte ndash UFRN pela coordenaccedilatildeo do Mestrado Profissional em Letras ndash

ProfLetras agrave Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES por possibilitar a seleccedilatildeo

a estrutura o planejamento e a organizaccedilatildeo para que o ProfLetras fosse implementado em nossa

regiatildeo

Aos meus alunos do 6ordm ano pela contribuiccedilatildeo dada a esta pesquisa

Agrave direccedilatildeo da Escola Estadual Pio XII agrave equipe pedagoacutegica e aos professores pela colaboraccedilatildeo

Agraves minhas amigas Amanda Alessandra Dorinha Diva e a todas do ldquoParquinhordquo pela vibraccedilatildeo positiva em cada conquista minha

A todos muito obrigada

RESUMO

O presente trabalho pretende apresentar os resultados de uma pesquisa que teve como objetivo

identificar e analisar as dificuldades de alfabetizaccedilatildeo e de letramento de 06 alunos do 6ordm ano do

Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII Januaacuteria ndash MG e contribuir para a elevaccedilatildeo dos

niacuteveis de escrita por meio de atividades utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico de

ensino a partir do desenvolvimento de atividades de escrita gecircneros textuais e digitais

promovendo os multiletramentos Nossa hipoacutetese diretriz foi a de que o trabalho com o gecircnero

digital blog pode contribuir para elevar o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e do letramento dos alunos

envolvidos nesta pesquisa A abordagem metodoloacutegica foi de natureza aplicada classificada como

explicativa Os procedimentos teacutecnicos utilizados foram a pesquisa bibliograacutefica a pesquisa-accedilatildeo

e a pesquisa participante A investigaccedilatildeo bibliograacutefica permitiu a construccedilatildeo de conhecimento

sobre conceitos e teorias sobre o objeto da pesquisa principalmente nos estudos de Soares (2003

2004 2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001

2008) Bakhtin (1999) Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010)

Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) Com o objetivo de coletar informaccedilotildees para anaacutelise

quantitativa dos dados as teacutecnicas de coleta de dados foram observaccedilatildeo questionaacuterio Atividade

Inicial de Escrita ndash AIE Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI e Atividade Final de Escrita ndash

AFE O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI foi desenvolvido a partir da hipoacutetese diretriz

que norteou esta pesquisa baseadas nas metaacuteforas de aprendizagem do seacuteculo XXI de David

Thornburg (1996) por meio de quatro moacutedulos de aprendizagem nomeados de Moacutedulo 1

Conhecendo (Fogueira) Moacutedulo 2 Dialogando (Poccedilo drsquoaacutegua) Moacutedulo 3 Refletindo (Caverna)

e Moacutedulo 4 Praticando (Vida) A anaacutelise dos dados coletados nas atividades AIE PEI e AFE

revelou que foi possiacutevel elevar os niacuteveis de escrita dos alunos que apesar de matriculados no 6ordm

ano do Ensino Fundamental cometiam falhas de escrita de 1ordf e 2ordf ordens conforme definidas por

Lemle (1991) Embora ainda natildeo sejam considerados alfabetizados os sujeitos desta pesquisa

evoluiacuteram na escrita

Palavras-chave Gecircneros digitais Letramento Multiletramentos Produccedilatildeo escrita Blog

ABSTRACT

The present work aims to introduce the results of a research that had as objective - identifying and

analyzing the dificulties of alphabetization and literacy in 6 students of the 6th grade of Escola

Estadual Pio XIIrsquos Elementary School Januaacuteria mdash MG - and contribute with the improvement in

the writing levels throughout activities using the digital genre blog as a didactic resource of

teaching starting with the development of activities of writing textual and digital genres

promoting multiliteracies Our guiding hypothesis was that the work with the digital genre blog

can contribute to improve the alphabetization and literacy levels of the students involved in this

research The methodological approach was of applied nature classified as explanatory The

technical procedures used were bibliographic research the action research and participant

research The bibliographical investigation allowed the construction of knowledge about concepts

and theories regarding the object of the research especially in the studies of Soares (2003 2004

2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes Marcuschi (2001 2008) Bakhtin

(1999) Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi and Xavier (2010) Coscarelli (2016)

and Ribeiro (2016) In order to collect information for the quantitative analysis of the data the

data collection techniques were observation questionnaire Initial Writing Activity - AIE in

Portugese - Educational Intervention Project - PEI in Portuguese - and Final Writting Activity

(AFE in Portuguese) The Educational Intervention Project - PEI was developed based on the

guiding hypothesis that drove this research in the learning metaphors of the XXI century by David

Thornburg (1996) through four learning modules named Module 1 Meeting (Fire) Module 2

Dialoging (Water Well) Module 3 Reflecting (Cave) and Module 4 Practicing (Life) The

analysis of the data collected in the AIE PEI and AFE activities revealed that it was possible to

raise the writing levels of the students who although enrolled in the 6th year of elementary school

committed 1st and 2nd orders writing failures as defined by Lemle (1991) Although they are not

yet considered literate the subjects of this research evolved in writing

Keywords Digital genres Literacy Multiliteracies Written production Blog

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Nuvem de palavras 03

Figura 02 - Uma letra representando diferentes sons segundo a posiccedilatildeo 39

Figura 03 - Esferas de atividade social ou de circulaccedilatildeo dos discursos 50

Figura 04 - Estrutura do Processo Educativo 76

Figura 05 - Texto 1 - AIE 85

Figura 06 - Texto 2 - AIE 85

Figura 07 - Texto 3 - AIE 86

Figura 08 - Texto 4 - AIE 86

Figura 09 - Texto 5 - AIE 87

Figura 10 - Texto 6 - AIE 88

Figura 11 - Texto 7 - AIE 88

Figura 12 - Texto 8 - AIE 89

Figura 13 - Texto 9 - AIE 90

Figura 14 - Texto 10 - AIE 90

Figura 15 - Alunos na sala de multimeios da Escola Estadual Pio XII 102

Figura 16 - Captura de tela do slide 3 - Apresentaccedilatildeo em Power point 102

Figura 17 - Captura de tela do slide 9 - Apresentaccedilatildeo em Power point 103

Figura 18 - Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica 105

Figura 19 - Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF 106

Figura 20 - Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF 107

Figura 21 - Captura de tela do Moacutedulo II - Dialogando Blog do 6ordm ano JF 108

Figura 22 - HQ Turma da Mocircnica 110

Figura 23 - Charge Igualdade natildeo significa justiccedila 112

Figura 24 - Organograma da E E Pio XII corrigido 115

Figura 25 - Organograma da E E Pio XII sem correccedilatildeo 116

Figura 26 - Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica pesquisando receitas 118

Figura 27 - Infograacutefico de receita de bolo de chocolate 118

Figura 28 - Infograacutefico de receita de pastel frito 119

Figura 29 - Infograacutefico de receita de suco de maracujaacute 119

Figura 30 - Mapa da E E Pio XII 121

Figura 31 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade - Produccedilatildeo na biblioteca 122

Figura 32 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 1 124

Figura 33 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Sem correccedilatildeo ortograacutefica 126

Figura 34 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Texto corrigido 127

Figura 35 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Sem correccedilatildeo ortograacutefica 128

Figura 36 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Texto corrigido 129

Figura 37 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 130

Figura 38 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 130

Figura 39 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - sem correccedilatildeo ortograacutefica 131

Figura 1 - Moacutedulo III - Refletindo - Atividade 3 - Texto corrigido132

Figura 41 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 134

Figura 42 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 134

Figura 43 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 134

Figura 44 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 135

Figura 45 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 135

Figura 46 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 135

Figura 47 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 136

Figura 48 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 136

Figura 49 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 136

Figura 50 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 137

Figura 51 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 137

Figura 52 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 7 137

Figura 53 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 8 139

Figura 54 - Comentaacuterios postados no blog da turma141

Figura 55 - Captura de tela - Estatiacutesticas da visatildeo geral 142

Figura 56 - Captura de tela - Estatiacutesticas de puacuteblico 144

Figura 57 - Texto 1 - AFE 145

Figura 58 - Texto 2 - AFE 148

Figura 59 - Texto 3 - AFE 148

Figura 60 - Texto 4 - AFE 149

Figura 61 - Texto 5 - AFE 149

Figura 62 - Montagem de textos das AIE e AFE 150

Figura 63 - Montagem de textos das AIE e AFE152

Figura 64 - Montagem de textos das AIE e AFE154

LISTA DE QUADROS GRAacuteFICOS E TABELAS

Quadro 01 - Teorias do Desenvolvimento Humano de Piaget 31

Quadro 02 - Correspondecircncias biuniacutevocas entre fonemas e letras 37

Quadro 03 - Falhas de escrita 40

Quadro 04 - Categorizaccedilatildeo - Erros de escrita 42

Quadro 05 - Mudanccedilas sobre os letramentos 48

Quadro 06 - Gecircneros textuais emergentes na miacutedia virtual e seus equivalentes em gecircneros

preexistentes 58

Quadro 07 - Formatos da comunicaccedilatildeo por computador conforme os participantes e o tempo 59

Quadro 08 - Paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blog 61

Quadro 09 - Alunos informantes do 6ordm ano JF 68

Quadro 10 - Etapas do percurso metodoloacutegico 72

Quadro 11 - Alunos informantes do 6ordm Ano JF (2017) 84

Quadro 12 - Falhas de escrita 97

Quadro 13 - Fases da sequecircncia narrativa 127

Quadro 14 - Ocorrecircncias de ldquofalhaserrosrdquo de escrita baseados em Lemle (1991) e Cagliari

(1995) (2017) 138

Quadro 15 - Alunos informantes da Atividade de Escrita Final (2017) 147

Quadro 16 - Relaccedilotildees entre sons da fala e letras do alfabeto (2017) 154

Quadro 17 - Falhas de escrita da AIE e da AFE 155

GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Percentual de alunos por niacuteveis de proficiecircncia e padratildeo de desempenho 15

Graacutefico 02 - Questionaacuterio - Pergunta 01 78

Graacutefico 03 - Questionaacuterio - Pergunta 02 78

Graacutefico 04 - Questionaacuterio - Pergunta 03 79

Graacutefico 05 - Questionaacuterio - Pergunta 04 79

Graacutefico 06 - Questionaacuterio - Pergunta 05 80

TABELAS

Tabela 01 - Dados dos alunos selecionados para o PEI 69

Tabela 02 - Categorizaccedilatildeo dos ldquoerrosrdquo de escrita - Cagliari (1995) 91

Tabela 03 - Avaliaccedilatildeo das falhas de escrita - Lemle (1991) 96

Tabela 04 - Cronograma de aulas aplicadas no PEI (2017) 101

Tabela 05 - Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Final de Escrita - AFE 150

Tabela 06 - Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Inicial de Escrita - AIE 151

Tabela 07 - Anaacutelise comparativa da AIE e da AFE (2017) 152

Tabela 08 - Falhas de escrita - AIE e AFE 156

LISTA DE SIGLAS

AIE - Atividade Inicial de Escrita

AFE - Atividade Final de Escrita

EEPXII - Escola Estadual Pio XII

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira

PNE - Plano Nacional de Educaccedilatildeo

PROFLETRAS - Programa de Mestrado Profissional em Letras

PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia

PEI - Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo

PIP - Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica

SEE - Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo

TDIC ndash Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

UNIMONTES - Universidade Estadual de Montes Claros

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 13

CAPIacuteTULO I ndash ENSINO DE LIacuteNGUA PORTUGUESA 19

11 Concepccedilatildeo de linguagem 19

12 Alfabetizaccedilatildeo e letramento 24

121 O processo de alfabetizaccedilatildeo 26

1211 As multifacetas da alfabetizaccedilatildeo 27

12111 Faceta psicoloacutegica 28

12112 Faceta psicolinguiacutestica 32

121121 Niacutevel preacute-silaacutebico 33

121122 Niacutevel silaacutebico 34

121123 Niacutevel alfabeacutetico 35

12113 Faceta linguiacutestica 36

121131 Categorizaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita 41

12114 Faceta sociolinguiacutestica 43

CAPIacuteTULO II ndash GEcircNEROS DIGITAIS (MULTI) LETRAMENTOS 45

21 Letramento 45

22 Multimodalidade e Multiletramentos no ensino de Liacutengua Portuguesa 47

23 Texto (multimodal) e ensino 52

24 A internet e os gecircneros digitais no contexto escolar 56

25 Blog ndash gecircnero digital como tecnologia de ensino 61

CAPIacuteTULO III ndash PERCURSO METODOLOacuteGICO 66

31 Contexto da pesquisa 66

32 Sujeitos 68

33 Procedimentos da pesquisa 70

34 Teacutecnica de coleta de dados 73

CAPIacuteTULO IV ndash GEcircNERO DIGITAL BLOG E (MULTI)LETRAMENTOS

intervenccedilotildees pedagoacutegicas em sala de aula 77

41 Questionaacuterio 77

42 Atividade Inicial de Escrita - AIE 81

43 Plano Educacional de Intervenccedilatildeo - PEI 100

431 Moacutedulo I - Conhecendo 101

432 Moacutedulo II - Dialogando 107

433 Moacutedulo III - Refletindo 121

434 Moacutedulo IV - Praticando 145

4341 Atividade Final de Escrita 146

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 158

REFEREcircNCIAS 162

APEcircNDICES 167

13

INTRODUCcedilAtildeO

Para isso existem as escolas natildeo para ensinar as respostas mas para ensinar as

perguntas As respostas nos permitem andar sobre a terra firme Mas somente as

perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido (ALVES 2000 p 78)

O trabalho com o ensino da Liacutengua Portuguesa estaacute intimamente ligado ao

conhecimento de estudos e teorias sobre linguagem Eacute por meio de conhecimentos teoacutericos

especiacuteficos sobre os processos que envolvem a forma como os estudantes se comunicam que

pretendemos investigar refletindo sobre o processo de ensino-aprendizagem sobretudo para

poder intervir em questotildees de dificuldade de aprendizagem em leitura e escrita

Nesse sentido este trabalho denominado ldquoGecircneros Digitais e Multiletramentos novas

praacuteticas pedagoacutegicas em sala de aulardquo busca pesquisar e realizar intervenccedilatildeo em sala de aula

para compreender as dificuldades do ensino e da aprendizagem de Liacutengua Portuguesa na Escola

Estadual Pio II em Januaacuteria ndash MG A investigaccedilatildeo foi realizada atraveacutes do Programa de

Mestrado Profissional em Letras (ProfLetras) Trata-se de um curso de Poacutes-graduaccedilatildeo stricto

sensu oferecido em rede nacional destinado aos docentes que pertencem ao quadro permanente

da rede puacuteblica de ensino e que atuam especificamente no Ensino Fundamental II da Educaccedilatildeo

Baacutesica Esse programa tem por objetivo aprofundar os conhecimentos dos docentes que atuam

na educaccedilatildeo baacutesica e consequentemente melhorar as condiccedilotildees de oferta desse niacutevel de

educaccedilatildeo A dissertaccedilatildeo encaixa-se na aacuterea de concentraccedilatildeo ldquoLinguagens e letramentosrdquo na

linha de pesquisa ldquoLeitura e produccedilatildeo textual Diversidade Social e Praacuteticas Docentesrdquo

sublinha ldquoPraacuteticas de letramento e multimodalidaderdquo

Por letramento entende-se de acordo com Magda Soares (2014 p 44) ldquo[] o estado

ou condiccedilatildeo de quem se envolve nas numerosas e variadas praacuteticas sociais de leitura e escritardquo

Compreendemos entatildeo que letramento vai aleacutem do saber ler e escrever como explicita a autora

ao expor que o indiviacuteduo letrado eacute ldquo[] aquele que usa socialmente a leitura e a escrita pratica

a leitura e a escrita responde adequadamente agraves demandas sociais de leitura e de escritardquo

(SOARES 2014 p 40)

Nessa perspectiva o trabalho sobre as praacuteticas de letramento extrapola o conhecimento

construiacutedo em sala de aula pois envolve uma praacutetica social Considerando a afirmaccedilatildeo de Rojo

(2012 p 37) de que ldquo[] a presenccedila das tecnologias digitais em nossa cultura contemporacircnea

cria novas possibilidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo esta pesquisa envolve tambeacutem as

praacuteticas de letramento digital associadas agraves multimodalidades tatildeo importantes para a promoccedilatildeo

dos multiletramentos

14

Entendemos que trabalhar com praacuteticas de letramento e de multimodalidade corrobora

com a construccedilatildeo de conhecimentos habilidades e competecircncias linguiacutesticas a serem adquiridas

pelos alunos da Educaccedilatildeo Baacutesica principalmente no atendimento aos discentes que apresentam

niacuteveis de alfabetizaccedilatildeo e de letramento muito abaixo do esperado para o ano em que estudam

conforme define a resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 21971 de 26 de

outubro de 2012 (MINAS GERAIS 2012) por envolver capacidades de leitura escrita e

compreensatildeo de textos

Ressalta-se que a equipe pedagoacutegica a gestatildeo escolar e os professores da Escola

Estadual Pio XII localizada na cidade de Januaacuteria ndash MG sempre buscaram estrateacutegias que

pudessem melhorar a qualidade da aprendizagem dos alunos aleacutem de participarem de

programas e capacitaccedilotildees ofertadas pela Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais ndash

SEE MG como o Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ndash PIP2 e o Programa Institucional de

Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia ndash PIBID3 atraveacutes da Universidade Estadual de Montes Claros

(UNIMONTES) No entanto de acordo com os dados da supervisatildeo pedagoacutegica da Escola

Estadual Pio XII localizada no municiacutepio de Januaacuteria estado de Minas Gerais e desta

pesquisadora como professora de Liacutengua Portuguesa especificamente no atendimento agraves

turmas de 6ordm ano do Ensino Fundamental dessa escola no periacuteodo de 2013 a 2016 observou-

se por meio de avaliaccedilatildeo diagnoacutestica inicial realizada sempre no iniacutecio de cada ano

preconizada pela resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 2197 de 26 de

outubro de 2012 (MINAS GERAIS 2012) no artigo 69 inciso II sobre a avaliaccedilatildeo da

1 A resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 2197 de 26 de outubro de 2012 estabelece as

diretrizes para organizaccedilatildeo e funcionamento do ensino nas Escolas Estaduais de Educaccedilatildeo Baacutesica de Minas Gerais

em consonacircncia com a legislaccedilatildeo nacional e estadual de educaccedilatildeo No Art 62 o Ciclo Complementar tem como

objetivo consolidar a alfabetizaccedilatildeo e ampliar o letramento Aleacutem disso a resoluccedilatildeo propotildee que as atividades

pedagoacutegicas devem ser organizadas de modo a assegurar que todos os alunos ao final de cada ano tenham pleno

domiacutenio da leitura e da escrita RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 Disponiacutevel em

lthttpcrveducacaomggovbrgt Acesso em 15 jan 2017

2 O Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica (PIP) foi criado em 2007 Nessa iniciativa desenvolvida pela Secretaria

de Estado de Educaccedilatildeo (SEE) o analista educacional realiza um trabalho permanente de visitas e acompanhamento

das escolas O objetivo eacute orientar o plano pedagoacutegico quando necessaacuterio propor estrateacutegias de intervenccedilatildeo apoiar

pedagogicamente os professores e alunos e assim garantir a qualidade do ensino Disponiacutevel em

lthttpswwweducacaomggovbrleisstory5929-programa-de-intervencao-pedagogica-realiza-primeira-

formacao-continuada-de-2014-da-equipe-do-orgao-centralgt Acesso em 16 jan 2017

3 O Programa Institucional de Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia ndash PIBID eacute uma iniciativa para o aperfeiccediloamento e a

valorizaccedilatildeo da formaccedilatildeo de professores para a educaccedilatildeo baacutesica O programa concede bolsas a alunos de

licenciatura participantes de projetos de iniciaccedilatildeo agrave docecircncia desenvolvidos por Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior

(IES) em parceria com escolas de educaccedilatildeo baacutesica da rede puacuteblica de ensino Os projetos devem promover a

inserccedilatildeo dos estudantes no contexto das escolas puacuteblicas desde o iniacutecio da sua formaccedilatildeo acadecircmica para que

desenvolvam atividades didaacutetico-pedagoacutegicas sob orientaccedilatildeo de um docente da licenciatura e de um professor da

escola Disponiacutevel em lthttpwwwcapesgovbreducacao-basicacapespibidpibidgt Acesso em 16 jan 2017

15

aprendizagem um consideraacutevel nuacutemero de alunos que apresentava um padratildeo de desempenho

em leitura e escrita abaixo do esperado Em 2013 15 em 2014 1775 em 2015 2475 e

em 2016 1564 de alunos natildeo apresentavam uma aprendizagem considerada adequada ao ano

em que estudavam como pode ser visualizado no Graacutefico 01 logo abaixo o qual apresenta o

resultado das avaliaccedilotildees diagnoacutesticas de Liacutengua Portuguesa nas turmas de 6ordm ano da referida

escola em diferentes periacuteodos letivos

Graacutefico 01 ndash Percentual de alunos do 6ordm ano da EEPio XII por niacuteveis de proficiecircncia e

padratildeo de desempenho entre os anos de 2013 a 2016

Fonte Elaboraccedilatildeo da autora com base nos dados da pesquisa (2017)

De acordo com o Relatoacuterio de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de

Educaccedilatildeo ndash PNE biecircnio 2014-2016 (BRASIL 2016)4 mais de metade dos alunos do 3ordm ano do

Ensino Fundamental estaacute nos dois niacuteveis mais baixos de alfabetizaccedilatildeo Os dados mostram que

eacute primordial elevar os niacuteveis de proficiecircncia em Leitura Escrita e Matemaacutetica dos mais de 22

dos estudantes que mesmo depois de trecircs anos dedicados ao periacuteodo escolar de alfabetizaccedilatildeo e

letramento inicial natildeo conseguiram desenvolver habilidades elementares nessa dimensatildeo para

continuidade plena das aprendizagens ao longo da vida Da mesma forma vem acontecendo

com nossos alunos conforme exposto no graacutefico 1 que mesmo depois de cinco anos dedicados

ao processo de alfabetizaccedilatildeo tambeacutem natildeo conseguiram desenvolver as referidas habilidades

Diante desses dados percebemos a necessidade de pesquisar e de realizar uma

intervenccedilatildeo pedagoacutegica com o intuito de superar eou minimizar essa situaccedilatildeo escolar

4 O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) divulgou o Relatoacuterio do 1ordm

Ciclo de Monitoramento das Metas do PNE Biecircnio 2014-2016 Esse documento traz informaccedilotildees descritivas das

seacuteries histoacutericas e anaacutelises acerca das tendecircncias apresentadas pelos indicadores selecionados pelo Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo (MEC) e pelo INEP Foram consideradas como fontes oficiais de dados atualizados para o estudo a

PNAD de 2012 o Censo Demograacutefico de 2010 o Censo da Educaccedilatildeo Baacutesica de 2013 o Censo da Educaccedilatildeo

Superior de 2012 e as informaccedilotildees sobre poacutes-graduaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel

Superior (Capes) de 2013 Disponiacutevel em lt

httpdownloadinepgovbroutras_acoesestudos_pne2016relatorio_pne_2014_a_2016pdfgt Acesso em 16 de

jan de 2017

0 20 40 60 80

2013

2014

2015

2016

Recomendado

Intermediaacuterio

Baixo

16

possibilitando a esses alunos melhor transiccedilatildeo do Ciclo Intermediaacuterio ao Ciclo da

Consolidaccedilatildeo5 que finaliza o Ensino Fundamental II da Educaccedilatildeo Baacutesica

Logo esta pesquisa pretendeu como objetivo geral identificar e analisar as dificuldades

de alfabetizaccedilatildeo e letramento de uma turma do 6ordm ano do Ensino Fundamental da Escola

Estadual Pio XII e contribuir com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita por meio de atividades de

intervenccedilatildeo que visassem desenvolver essa habilidade utilizando os gecircneros digitais

Para tanto definimos como objetivos especiacuteficos a) investigar a natureza das

dificuldades identificadas b) realizar estudos sobre os conceitos de alfabetizaccedilatildeo letramento

multimodalidade e gecircneros digitais c) pesquisar estrateacutegias de ensino para desenvolver as

habilidades de letramento atraveacutes dos gecircneros digitais d) elaborar executar e avaliar um

Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI que contribua para a superaccedilatildeo das dificuldades

identificadas

A presenccedila das tecnologias digitais no cotidiano dos sujeitos pesquisados contribuiu

para a construccedilatildeo da hipoacutetese diretriz que orientou esta pesquisa qual seja a de que o trabalho

com o gecircnero digital blog poderia contribuir para a elevaccedilatildeo do niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e

letramento dos alunos envolvidos na pesquisa

O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI consistiu em atividades que

desenvolvessem habilidades de escrita utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico

de ensino-aprendizagem por entendecirc-lo como uma ferramenta que permite aos alunos a

aquisiccedilatildeo de habilidades de escrita de forma atrativa e motivadora pois envolve novos modos

de comunicaccedilatildeo que articulam imagens sons interatividade animaccedilatildeo ou seja muito daquilo

que a crianccedila e o adolescente gostam e pelo que se interessam Com isso foi criado o blog da

turma que funcionou tambeacutem como suporte para as produccedilotildees escritas dos alunos realizadas

por meio de recursos impressos e digitais

Em relaccedilatildeo ao percurso metodoloacutegico quanto agrave natureza esta pesquisa foi classificada

como aplicada pois aleacutem de conhecer o objeto em estudo teve como intenccedilatildeo intervir na

realidade e contribuir para superaccedilatildeo das dificuldades identificadas Quanto aos objetivos foi

classificada como explicativa pois procurou registrar analisar e interpretar os dados coletados

a fim de obter o conhecimento da realidade Ainda no desenvolvimento deste estudo utilizamos

a pesquisa bibliograacutefica como procedimento para construccedilatildeo do conhecimento sobre conceitos

5 Art 28 O Ensino Fundamental com duraccedilatildeo de nove anos estrutura-se em 4 (quatro) ciclos de escolaridade

considerados como blocos pedagoacutegicos sequenciais I - Ciclo da Alfabetizaccedilatildeo com a duraccedilatildeo de 3 (trecircs) anos de

escolaridade 1ordm 2ordm e 3ordm ano II - Ciclo Complementar com a duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 4ordm e 5ordm ano

III - Ciclo Intermediaacuterio com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 6ordm e 7ordm ano IV - Ciclo da Consolidaccedilatildeo

com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 8ordm e 9ordm ano RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO

DE 2012 Disponiacutevel em lthttpcrveducacaomggovbrgt Acesso em 15 jan 2017

17

termos e teorias que deram sustentaccedilatildeo cientiacutefica ao nosso trabalho a pesquisa accedilatildeo que partiu

para a praacutetica aproximando cada vez mais a pesquisa cientiacutefica da realidade educacional

vivenciada pelo professor-pesquisador numa perspectiva pedagoacutegica autocircnoma e significativa

pois foi na praacutetica que estabelecemos relaccedilotildees de ensino-aprendizagem e a pesquisa

participante com a qual esta pesquisadora esteve envolvida e comprometida durante a

investigaccedilatildeo cientiacutefica

Assim a coleta de dados foi realizada por meio da observaccedilatildeo que consistiu no trabalho

de campo daquilo que observamos na escola das interaccedilotildees entre os envolvidos na pesquisa e

dos aspectos relevantes para ela aleacutem do questionaacuterio (APEcircNDICE A) que foi respondido

pelos alunos da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B) que buscou identificar e

classificar os niacuteveis de escrita dos alunos Esses instrumentos foram elaborados com base nos

postulados de Lemle (1991) ao estabelecer que o aluno comete falhas de escrita de primeira

segunda e terceira ordem quando natildeo supera as complicaccedilotildees do sistema de escrita e natildeo

compreende as arbitrariedades desse mesmo sistema e nas contribuiccedilotildees teoacutericas de Cagliari

(1995) que estabelece que o aluno necessita compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-fonoloacutegica e

relacionaacute-la aos elementos graacuteficos da escrita

Depois foi elaborado executado e avaliado um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash

PEI (APEcircNDICE C) que teve como objetivo geral elevar os niacuteveis de escrita dos alunos do 6ordm

ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog como

recurso didaacutetico

Por fim a Atividade Final de Escrita ndash AFE (APEcircNDICE D) consistiu em colocar em

praacutetica os conhecimentos relativos agrave escrita os quais foram desenvolvidos ao longo dos

moacutedulos de aprendizagem do PEI Assim o objetivo foi produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo

comunicativa ao interlocutor e ao suporte de circulaccedilatildeo

Nesse estudo o universo de investigaccedilatildeo era composto inicialmente por 25 alunos

matriculados poreacutem apenas 20 (vinte) foram frequentes Assim no decorrer da coleta e anaacutelise

dos dados fomos verificando os diferentes niacuteveis de escrita desses 20 (vinte) alunos e a partir

do desenvolvimento da Atividade Inicial de Escrita - AIE esses alunos foram classificados e

selecionados por niacutevel de escrita de acordo com Lemle (1991) sendo selecionados somente 8

(oito) alunos Contudo apenas 6 (seis) aceitaram participar das atividades propostas

Conveacutem ressaltar que a autora considera alfabetrizados os alunos que cometem apenas

falhas de 3ordf ordem Logo a amostra de investigaccedilatildeo foi constituiacuteda por 6 (seis) alunos do 6ordm

ano JF da Escola Estadual Pio XII por cometeram falhas de escrita de primeira e segunda

ordens

18

Este trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma no capiacutetulo I denominado

ldquoEnsino de Liacutengua Portuguesardquo discutimos os conceitos de linguagem alfabetizaccedilatildeo e

letramento com base em Soares (2003 2004 2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi

(1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001 2008) e Bakhtin (1999) no capiacutetulo II intitulado

ldquoGecircneros digitais (multi)letramentosrdquo a discussatildeo se organiza com base em Rojo (2009 2012)

Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010) Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) no

capiacutetulo III denominado ldquoPercurso Metodoloacutegicordquo apresentamos os procedimentos

metodoloacutegicos utilizados em nosso estudo no capiacutetulo IV intitulado ldquoGecircnero digital blog e

(multi)letramentos intervenccedilotildees pedagoacutegicas em sala de aulardquo analisamos os resultados

constatados e para facilitar a visualizaccedilatildeo de algumas das atividades postadas no blog

utilizamos o recurso QR Code6 Nas ldquoConsideraccedilotildees Finaisrdquo satildeo apresentadas as conclusotildees do

nosso estudo Por fim apresentam-se as referecircncias e apecircndices

6 QR Code ndash Coacutedigo QR (sigla do inglecircs Quick Response) eacute um coacutedigo de barras bidimensional que pode ser

facilmente escaneado usando telefones celulares equipados com cacircmera Esse coacutedigo eacute convertido em texto

(interativo) um endereccedilo URI um nuacutemero de telefone uma localizaccedilatildeo georreferenciada um e-mail um contato

um SMS ou um blog O QR Code faz o redirecionamento ao endereccedilo URI Para utilizar e visualizar o recurso QR

Code o leitor deve baixar o aplicativo Disponiacutevel em lt httpsptwikipediaorgwikiCC3B3digo_QRgt

Acesso em 30 de jan de 2018

19

CAPIacuteTULO I

ENSINO DE LIacuteNGUA PORTUGUESA

Natildeo pode haver praacutetica eficiente sem fundamentaccedilatildeo num corpo de princiacutepios

teoacutericos soacutelidos e objetivos Natildeo tenho duacutevidas se nossa praacutetica de professores se

afasta do ideal eacute porque nos falta entre outras muitas condiccedilotildees um aprofundamento

teoacuterico acerca de como funciona o fenocircmeno da linguagem humana (ANTUNES

2003 p 40)

As praacuteticas de letramento multiletramento e o uso dos gecircneros digitais integrados ao

cotidiano escolar podem promover a leitura e a escrita aleacutem de favorecer a construccedilatildeo de

comportamentos linguiacutesticos que possibilitam ao aluno utilizar a liacutengua com eficiecircncia no seu

cotidiano Considerando que os processos de aprendizagem na escola satildeo construiacutedos por meio

do estudo e das interaccedilotildees entre as pessoas envolvidas neste capiacutetulo procura-se discutir alguns

fenocircmenos da linguagem humana bem como conceitos sobre alfabetizaccedilatildeo letramento

multiletramentos e gecircneros digitais

Para fundamentar este capiacutetulo tomamos por base os estudos de Soares (2003 2004

2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001 2008)

e Bakhtin (1999) Tambeacutem nos fundamentamos nos documentos oficiais que norteiam o ensino

da Liacutengua Portuguesa tais como os Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN terceiro e

quarto ciclos do Ensino Fundamental (BRASIL 1998) e o Curriacuteculo Baacutesico Comum ndash CBC

Liacutengua Portuguesa ndash Fundamental ndash 6ordm ao 9ordm anos implantado pela Secretaria de Estado de

Educaccedilatildeo de Minas Gerais (MINAS GERAIS 2014) Esses documentos apresentam conteuacutedos

elaborados com base no desenvolvimento das competecircncias linguiacutesticas dos alunos numa

perspectiva interacionista da linguagem

11 Concepccedilatildeo de linguagem

Para dar iniacutecio agrave discussatildeo sobre linguagem eacute preciso diferenciar o que eacute liacutengua e

linguagem Segundo Marcuschi (2008 p 16) ldquo[] a linguagem eacute vista como um conjunto de

atividades e uma forma de accedilatildeo []rdquo entendida como a capacidade que os seres humanos tecircm

de comunicaccedilatildeo de produccedilatildeo e desenvolvimento do pensamento Jaacute a liacutengua eacute um sistema

organizado de elementos (fala siacutembolos sons e gestos) que possibilitam a comunicaccedilatildeo e eacute

principalmente uma atividade sociointerativa como esclarece o autor ldquo[] natildeo se deixa de

admitir que a liacutengua seja um sistema simboacutelico (ela eacute sistemaacutetica e constitui-se de um conjunto

20

de siacutembolos ordenados) contudo ela eacute tomada como uma atividade sociointerativa

desenvolvida em contextos comunicativos historicamente situadosrdquo (MARCUSCHI 2008 p

61)

Outro aspecto pertinente conforme Petter7 e que se tornou forma-padratildeo de pensar eacute

o fato de que as liacutenguas surgem em sociedade e todas as organizaccedilotildees sociais desenvolvem

sistemas com esse fim Elas podem manifestar-se de forma oral ou gestual como por exemplo

a Liacutengua Brasileira de Sinais (Libras) reconhecida legalmente por meio da Lei nordm

10436200278 e regulamentada pelo Decreto nordm 562620059 Assim no Brasil temos duas

liacutenguas oficiais ndash A Liacutengua Portuguesa e a Libras aleacutem de mais de duzentas liacutenguas faladas em

territoacuterio nacional

De acordo com o Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL10) calcula-se

que mais de 250 liacutenguas sejam faladas no Brasil entre indiacutegenas de imigraccedilatildeo de sinais

crioulas e afro-brasileiras aleacutem do portuguecircs e de suas variedades como satildeo classificadas pelo

Guia de Pesquisa e Documentaccedilatildeo para o INDL11 (IPHAN 2014) Percebemos que esses fatos

satildeo desconhecidos pela maioria da populaccedilatildeo brasileira que acostumou a crer que no Brasil

existe uma uacutenica liacutengua

Apesar de a Liacutengua Portuguesa ser a liacutengua oficial e falada pela maioria das pessoas em

nosso paiacutes ldquo[] existe a possibilidade de realizaccedilatildeo de accedilotildees especiacuteficas para promoccedilatildeo e

valorizaccedilatildeo de suas variedades internas que caracterizam identidades de grupos e processos

histoacutericos especiacuteficos de interesse para a poliacutetica patrimonialrdquo (IPHAN 2014 p 14) Dessa

forma o reconhecimento dessas liacutenguas eacute traduzido como respeito agrave diversidade linguiacutestica agrave

identidade e agrave memoacuteria desses grupos que desejam preservar a liacutengua com a qual se identificam

Com isso compreendemos que a linguagem eacute uma atividade humana e apresenta-se

como forma de accedilatildeo e inserccedilatildeo social cultural e discursiva bem como se realiza historicamente

7 Margarida Maria Taddoni Petter professora de Linguiacutestica da Universidade de Satildeo Paulo (USP) Disponiacutevel em

lthttpsnovaescolaorgbrconteudo257qual-a-diferenca-entre-lingua-e-linguagemgt Acesso em 30 jan 2017

8 Lei nordm 1043620027 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002L10436htmgt Acesso

em 30 jan 2017

9 Decreto nordm 56262005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2004-

20062005decretod5626htmgt Acesso em 30 jan 2017

10 Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL) criado como instrumento oficial de identificaccedilatildeo

documentaccedilatildeo reconhecimento e valorizaccedilatildeo das liacutenguas faladas pelos diferentes grupos formadores da sociedade

brasileira Decreto nordm 7387 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-

20102010DecretoD7387htmgt Acesso em 30 jan 2017

11 Guia de Pesquisa e Documentaccedilatildeo para o INDL ndash Volume 1 pdf Disponiacutevel em lt

httpportaliphangovbruploadsckfinderarquivosGuia20de20Pesquisa20e20DocumentaC3A7

C3A3o20para20o20INDL20-20Volume201pdfgt Acesso em 30 jan 2017

21

fazendo acontecer o que haacute de mais interessante no ser humano a capacidade de comunicar-se

pois eacute parte inerente agrave nossa vida jaacute que eacute pela linguagem que expressamos

compreensivelmente o pensamento seja oral ou escrito

Entretanto entendemos o sistema linguiacutestico como algo complexo pois natildeo eacute possiacutevel

dizer como uma pessoa adquire a linguagem como funciona a mente do ser humano uma vez

que se natildeo se compreende o que se lecirc ou o que se fala natildeo seraacute estabelecida a comunicaccedilatildeo

Sabemos que para estabelecer comunicaccedilatildeo eacute necessaacuterio que haja uma relaccedilatildeo de sentido entre

os interlocutores no curso da interaccedilatildeo e para que isso ocorra eacute necessaacuterio conhecer os sistemas

de linguagem verbal e natildeo-verbal e suas interaccedilotildees sociais e discursivas

Assim acrescenta Bakhtin (1999 p 34) ao dizer que ldquoa consciecircncia soacute se torna

consciecircncia quando se impregna de conteuacutedo ideoloacutegico (semioacutetico) e consequentemente

somente no processo de interaccedilatildeo socialrdquo Eacute no meio social e nas relaccedilotildees de interaccedilatildeo que a

linguagem acontece conforme define o autor

A consciecircncia adquire forma e existecircncia nos signos criados por um grupo organizado

no curso de suas relaccedilotildees sociais Os signos satildeo o alimento da consciecircncia individual

a mateacuteria de seu desenvolvimento e ela reflete sua loacutegica e suas leis A loacutegica da

consciecircncia eacute loacutegica da comunicaccedilatildeo ideoloacutegica da interaccedilatildeo semioacutetica de um grupo

social Se privarmos a consciecircncia de seu contexto semioacutetico e ideoloacutegico natildeo sobra

nada A imagem a palavra o gesto significante etc constituem seu uacutenico abrigo

Fora desse material haacute apenas o ato fisioloacutegico natildeo esclarecido pela consciecircncia

desprovido do sentido que os signos lhe conferem (BAKHTIN 1999 p 135-136)

Com base nisso percebemos que uma das especificidades da linguagem humana eacute a

utilizaccedilatildeo da palavra que eacute universal convencional e flexiacutevel passiacutevel de variaccedilatildeo mudanccedila e

evoluccedilatildeo Eacute pela palavra que se estabelecem relaccedilotildees sociais e discursivas Eacute pela palavra que

se daacute a compreensatildeo e a interpretaccedilatildeo sem negar outras formas de comunicaccedilatildeo

Levando em conta as relaccedilotildees de interaccedilatildeo social e discursiva Bakhtin (1999) enfatiza

a importacircncia da interaccedilatildeo e da cultura histoacuterico-social para a constituiccedilatildeo dos sentidos pelos

indiviacuteduos

Nessa perspectiva a concepccedilatildeo de ensino de Liacutengua Portuguesa adotada nesta pesquisa

estaacute de acordo com o conceito de linguagem que daacute conta de seu funcionamento sob o aspecto

textual-interativo tanto na modalidade oral quanto escrita e com a liacutengua como um conjunto

de praacuteticas enunciativas Para Bakhtin

[a] verdadeira substacircncia da liacutengua natildeo eacute constituiacuteda por um sistema abstrato de

formas linguiacutesticas nem pela enunciaccedilatildeo monoloacutegica isolada nem pelo ato

psicofisioloacutegico de sua produccedilatildeo mas pelo fenocircmeno social da interaccedilatildeo verbal

realizada atraveacutes da enunciaccedilatildeo ou das enunciaccedilotildees A interaccedilatildeo verbal constitui

assim a realidade fundamental da liacutengua (BAKHTIN 1999 p123)

22

A abordagem citada evidencia a concepccedilatildeo de que a ldquo[] liacutengua vive e evolui

historicamente na comunicaccedilatildeo verbal concreta natildeo no sistema linguiacutestico abstrato das formas

da liacutengua (BAKHTIN 1999 p 124) Marcuschi (2008 p 60) corrobora esse conceito expondo

que ldquo[] a liacutengua eacute um conjunto de praacuteticas sociais e cognitivas historicamente situadasrdquo

Sabemos que entre o final do seacuteculo XIX e meados do seacuteculo XX a liacutengua era vista

sob uma perspectiva abstrata e a gramaacutetica sob uma perspectiva idealizada e uniforme

contribuindo assim para a discriminaccedilatildeo linguiacutestica jaacute que essa concepccedilatildeo de liacutengua abstrata

natildeo consegue atender agraves condiccedilotildees de produccedilatildeo e uso social da linguagem vivenciada por todos

os usuaacuterios da Liacutengua Portuguesa

Hoje seacuteculo XXI pretende-se que o ensino de Liacutengua Portuguesa apoie-se na

perspectiva contextualizada Isso implica promover oportunidades de fala de escuta de

reflexatildeo de debate e de anaacutelise sobre a linguagem como atividade social e interativa Embora

essa discussatildeo tenha se iniciado no seacuteculo XX com a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares

Nacionais ndash PCN em 1998 ainda encontramos praacuteticas de ensino descontextualizadas que natildeo

levam em consideraccedilatildeo os aspectos da interaccedilatildeo e da linguagem como atividade social Dessa

forma eacute necessaacuterio que se promovam atividades diaacuterias de leitura e escrita de textos o que

necessariamente inclui gramaacutetica Nesse sentido Antunes acrescenta que

[] a evidecircncia de que as liacutenguas soacute existem para promover a interaccedilatildeo entre as

pessoas nos leva a admitir que somente uma concepccedilatildeo interacionista da linguagem

eminentemente funcional e contextualizada pode de forma ampla e legiacutetima

fundamentar um ensino de liacutengua que seja individual e socialmente produtivo e

relevante (ANTUNES 2003 p 41)

Com base no exposto consideramos a liacutengua como forma de accedilatildeo e de interaccedilatildeo entre

os homens na sociedade que consiste natildeo soacute num intercacircmbio comunicativo mas

principalmente no estabelecimento de trocas afetivas cognitivas e sociais Assim o papel da

escola justifica-se por um ensino sistematizado e por sua socializaccedilatildeo mediante a comunicaccedilatildeo

e as interaccedilotildees adequadas voltadas para o desenvolvimento da autonomia e para a construccedilatildeo

da cidadania dos seus alunos

Dessa forma o enfoque do ensino de Liacutengua Portuguesa seraacute o desenvolvimento de

atividades contextualizadas e significativas que favoreccedilam o atendimento agrave realidade vivencial

dos alunos ao desenvolvimento da praacutetica de leitura e escrita promovendo sempre e cada vez

mais o domiacutenio da liacutengua padratildeo objeto de trabalho da construccedilatildeo linguiacutestica na escola sem

discriminar a variedade linguiacutestica usada pelo aluno Isso natildeo quer dizer que natildeo se devem

23

explorar os aspectos formais do uso da liacutengua De acordo com Antunes (2003) toda liacutengua tem

uma gramaacutetica que reflete os usos da liacutengua Assim o trabalho com a gramaacutetica parte do

princiacutepio do uso e do funcionamento de uma liacutengua Ainda de acordo com Antunes

[a]s pessoas quando falam natildeo tecircm liberdade total de inventar cada uma a seu modo

as palavras que dizem nem tecircm a liberdade irrestrita de colocaacute-las em qualquer lugar

nem de compor de qualquer jeito seus enunciados Falam isso sim todas elas

conforme as regras particulares da gramaacutetica de sua proacutepria liacutengua Isso porque toda

liacutengua tem sua gramaacutetica tem seu conjunto de regras independentemente do prestiacutegio

social ou do niacutevel de desenvolvimento econocircmico e cultural da comunidade em que eacute

falada Quer dizer natildeo existe liacutengua sem gramaacutetica (ANTUNES 2003 p 89)

Nesse sentido entende-se que crianccedilas jovens e adultos falam e se comunicam com

clareza de ideias utilizando a gramaacutetica internalizada que foi construiacuteda ao longo de sua

existecircncia nas diversas praacuteticas enunciativas Mesmo aqueles que nunca tiveram contato com a

escola comunicam-se de forma satisfatoacuteria pois a linguagem natildeo eacute uma atividade meramente

escolar A linguagem eacute uma atividade social e interativa

Dessa maneira destacamos com base nos Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN

(BRASIL 1998) e no Curriacuteculo Baacutesico Comum do Ensino Fundamental ndash CBCEF (SEEMG

2004 2014) que os objetivos do Ensino Fundamental partem do princiacutepio de um ensino de

Liacutengua Portuguesa que se baseia na concepccedilatildeo de linguagem como forma de accedilatildeo como praacutetica

social lugar de interaccedilatildeo e de natureza discursiva Esses documentos observam a variedade

linguiacutestica como a variedade das formas em uso ou seja o objeto de estudo eacute a liacutengua em uso

Isso natildeo quer dizer como mencionado que natildeo se devem explorar os aspectos formais do uso

da liacutengua mas o que se propotildee sobretudo eacute uma reformulaccedilatildeo nas praacuteticas pedagoacutegicas

assumindo uma nova postura e reflexatildeo quanto ao ensino da gramaacutetica para que os alunos

compreendam a funcionalidade dessa gramaacutetica na construccedilatildeo de discursos orais e escritos e

usem adequadamente a liacutengua para falar ouvir ler e escrever textos de forma autocircnoma Nessa

perspectiva segundo os Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN

[] a linguagem como atividade discursiva o texto como unidade de ensino e a noccedilatildeo

de gramaacutetica como relativa ao conhecimento que o falante tem de sua linguagem as

atividades curriculares em Liacutengua Portuguesa correspondem principalmente a

atividades discursivas uma praacutetica constante de escuta de textos orais e leitura de

textos escritos e de produccedilatildeo de textos orais e escritos que devem permitir por meio

da anaacutelise e reflexatildeo sobre os muacuteltiplos aspectos envolvidos a expansatildeo e construccedilatildeo

de instrumentos que permitam ao aluno progressivamente ampliar sua competecircncia

discursiva (BRASIL 1998 p 27)

Observamos que a formaccedilatildeo do aluno na condiccedilatildeo de ser social concretiza-se por meio

do uso da Linguagem dentro das variedades do discurso atribuindo-lhe capacidade de eficaz

24

exerciacutecio da cidadania no seu contexto social e domiacutenio da expressatildeo oral e escrita em situaccedilotildees

diversificadas Eacute necessaacuterio que o professor trabalhe assuntos de maneira contextualizada que

estimulem os alunos a participarem a questionarem a opinarem e a refletirem sobre os usos da

liacutengua

Por isso os princiacutepios organizadores dos conteuacutedos de Liacutengua Portuguesa adotam o

movimento USO gt RFLEXAtildeO gt USO e promovem de acordo com os Paracircmetros Curriculares

Nacionais ndash PCN terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental ldquoum movimento

metodoloacutegico de ACcedilAtildeO gt REFLEXAtildeO gt ACcedilAtildeO que incorpora a reflexatildeo agraves atividades

linguiacutesticas do aluno de tal forma que venha a ampliar sua competecircncia discursiva para praacuteticas

de escuta leitura e produccedilatildeo de textosrdquo (BRASIL 1998 p 65)

12 Alfabetizaccedilatildeo e letramento

Para contribuir com a ampliaccedilatildeo da competecircncia discursiva nas praacuteticas de escuta

leitura e produccedilatildeo de textos propostas pelos PCN eacute necessaacuterio discutir sobre os processos de

aprendizagem apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita Na busca de respostas para compreender

esses processos eacute preciso ressaltar as contribuiccedilotildees de Magda Soares (1986 2003 2004 2014)

sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento

Por muito tempo circulou no ambiente escolar apenas o conceito de analfabeto termo

utilizado para definir aquele que natildeo sabe ler e escrever No entanto Soares (2014) amplia o

entendimento sobre essa condiccedilatildeo do indiviacuteduo expressando-se nos seguintes termos

ldquoO estado ou condiccedilatildeo de analfabetordquo que natildeo eacute apenas o estado ou condiccedilatildeo de quem

natildeo dispotildee da ldquotecnologiardquo do ler e do escrever o analfabeto eacute aquele que natildeo pode

exercer em toda a sua plenitude os seus direitos de cidadatildeo eacute aquele que a sociedade

marginaliza eacute aquele que natildeo tem acesso aos bens culturais de sociedades letradas e

mais que isso grafocecircntricas porque conhecemos bem e haacute muito esse estado de

analfabeto sempre nos foi necessaacuteria uma palavra para designaacute-lo a conhecida e

corrente analfabetismo (SOARES 2014 p 20)

Com base no exposto percebemos que o analfabetismo eacute um problema relevante da

nossa sociedade pois exclui o indiviacuteduo de vaacuterias atividades necessaacuterias agrave praacutetica social da

cidadania Do mesmo modo na escola essa exclusatildeo ainda eacute pior pois os alunos que natildeo

aprendem a ler ainda nos primeiros anos escolares enfrentam a discriminaccedilatildeo o bullying a

indiferenccedila e o consequente fracasso escolar

Cumpre salientar que o insucesso dos alunos ainda eacute visto como fator pessoal ou cultural

por muitos profissionais da educaccedilatildeo e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo sem se preocuparem com a

25

falta de poliacuteticas puacuteblicas que atendam agraves reais necessidades da populaccedilatildeo menos privilegiada

e que expotildee as crianccedilas jovens e adultos a condiccedilotildees sociais desfavoraacuteveis Sobre o fracasso

escolar Soares (1986) afirma que soacute pode ser compreendido em uma perspectiva social e criacutetica

agraves ideologias que o atribuem ao aluno

Corroborando a concepccedilatildeo de liacutengua em perspectiva contextualizada entendemos que

o conhecimento e a aprendizagem do sistema de escrita do domiacutenio da leitura e da escrita ou

seja da alfabetizaccedilatildeo eacute uma praacutetica escolar sendo necessaacuterio que a escola crie situaccedilotildees nas

quais essa praacutetica aconteccedila em sala de aula de forma efetiva e sistematizada De acordo com

Soares

[] diante dos precaacuterios resultados que vecircm sendo obtidos entre noacutes na

aprendizagem inicial da liacutengua escrita com seacuterios reflexos ao longo de todo ensino

fundamental parece ser necessaacuterio rever os quadros referenciais e os processos de

ensino que tecircm predominado em nossas salas de aula [] (SOARES 2004 p 15)

Assim devem-se articular conhecimentos e teorias metodoloacutegicas fundamentadas na

ciecircncia a fim de favorecer a aprendizagem e o processo de alfabetizaccedilatildeo com o

desenvolvimento de habilidades e competecircncias de leitura e de escrita envolvendo o letramento

como praacutetica social

No Brasil de acordo com Soares (2004 p14) os conceitos de alfabetizaccedilatildeo e

letramento confundem-se embora esclareccedila que ldquo[] natildeo satildeo independentes mas processos

interdependentes indissociaacuteveis a alfabetizaccedilatildeo desenvolve-se no contexto de e por meio de

praacuteticas sociais de leitura e de escrita isto eacute atraveacutes de atividades de letramento []rdquo Poreacutem

a falta de entendimento e a inadequada fusatildeo desses processos tecircm levado a alfabetizaccedilatildeo a

certo apagamento pois a escola deixou de desenvolver as habilidades de aprendizagem do

sistema de escrita e passou a dar mais ecircnfase agraves praacuteticas sociais de leitura e escrita ndash letramento

Segundo Soares (2004) esse apagamento eacute um dos motivos do fracasso em

alfabetizaccedilatildeo inicial que hoje se verifica nas escolas brasileiras conforme exposto acima

Desse modo compreendemos que eacute necessaacuterio reconhecer as especificidades da alfabetizaccedilatildeo

e do letramento jaacute que a accedilatildeo de saber ler e escrever caminha em direccedilatildeo ao ser capaz de fazer

uso da leitura e da escrita Atualmente percebemos que os dois processos satildeo simultacircneos um

natildeo precede o outro e natildeo haacute possibilidade de escolha sobre qual eacute mais importante visto que

compreendemos que ambos satildeo indispensaacuteveis

Sobre a alfabetizaccedilatildeo e o letramento Soares (2004 p 15) esclarece que embora sejam

interdependentes ldquo[] satildeo processos de natureza fundamentalmente diferentes envolvendo

conhecimentos habilidades e competecircncias especiacuteficos que implicam novas formas de

26

aprendizagem diferenciadas e consequentemente procedimentos diferenciados de ensinordquo

Nesse sentido segundo Soares (2004) os dois processos satildeo complexos e multifacetados

tornando-se necessaacuterio analisar as especificidades de cada processo

As facetas da alfabetizaccedilatildeo envolvem a consciecircncia fonoloacutegica e fonecircmica as

habilidades de codificaccedilatildeo (escrita) e decodificaccedilatildeo (leitura) da liacutengua e o conhecimento e

reconhecimento dos processos de traduccedilatildeo da forma sonora da fala para a forma graacutefica da

escrita

Jaacute as facetas do letramento inserem as crianccedilas na cultura escrita participando de

experiecircncias variadas com a leitura e a escrita conhecendo e interagindo com diferentes tipos

e gecircneros de material escrito que satildeo propriamente da alfabetizaccedilatildeo Portanto Soares (2004)

ressalta que eacute necessaacuterio promover a integraccedilatildeo entre essas duas dimensotildees da aprendizagem

da liacutengua escrita de tal maneira que o letramento entatildeo possa ser entendido como a capacidade

de saber ler e escrever com proficiecircncia sabendo utilizar a leitura e a escrita (alfabetizaccedilatildeo) na

vida moderna como praacutetica social

Com base no exposto eacute necessaacuterio aprofundar a concepccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo e

letramento visto que satildeo processos importantes da leitura e da escrita na escola e na sociedade

121 O processo de alfabetizaccedilatildeo

De acordo com Soares (2014 p 31) ldquoalfabetizaccedilatildeo eacute a accedilatildeo de alfabetizar de tornar

alfabetordquo Alfabetizar eacute tornar o indiviacuteduo capaz de dominar o alfabeto ou seja capaz de ler e

escrever Dessa forma conceituar alfabetizaccedilatildeo parece faacutecil pois eacute um termo de uso comum e

familiar poreacutem apesar de tantas discussotildees e reflexotildees a seu respeito ainda encontramos

muitos problemas de alfabetizaccedilatildeo e do seu entendimento no contexto escolar

Sabemos que o mundo mudou e alguns conceitos e algumas exigecircncias sociais tambeacutem

acompanharam essas mudanccedilas Segundo Soares (2004) o conceito de alfabetizaccedilatildeo passou

por uma progressiva extensatildeo Na deacutecada de 40 o senso demograacutefico declarava que era

alfabetizada a pessoa que soubesse escrever o proacuteprio nome depois como aquela capaz de ler

e escrever um bilhete simples jaacute dando indiacutecios de uma praacutetica de letramento embora simples

Desde a deacutecada de 50 ateacute o momento atual estabeleceu-se uma relaccedilatildeo entre alfabetizaccedilatildeo e

anos de escolarizaccedilatildeo Nesse sentido caracteriza-se o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo funcional da

populaccedilatildeo a partir da capacidade que uma pessoa demonstra ao compreender textos simples

Dessa forma as pessoas alfabetizadas satildeo aquelas capazes de decodificar minimamente as

letras geralmente frases sentenccedilas textos curtos e os nuacutemeros Assim para o senso

27

demograacutefico fica impliacutecito que apoacutes alguns anos escolares a pessoa teraacute adquirido tais

habilidades

Hoje a discussatildeo sobre alfabetizaccedilatildeo estaacute automaticamente ligada ao conceito de

letramento Esses termos estatildeo presentes em nosso discurso e na maioria das vezes satildeo

interpretados como se fossem processos iguais mas sabemos que natildeo e tambeacutem entendemos

que isso natildeo ocorre de forma intencional Por isso Soares (2004) alerta para essa reflexatildeo e

discussatildeo pois o letramento posto nas relaccedilotildees entre as praacuteticas sociais de leitura e de escrita

em detrimento das capacidades de ler e escrever tem levado ao apagamento da alfabetizaccedilatildeo

Nessa perspectiva

A alfabetizaccedilatildeo como processo de aquisiccedilatildeo do sistema convencional de uma escrita

alfabeacutetica e ortograacutefica foi assim de certa forma obscurecida pelo letramento porque

este acabou por frequentemente prevalecer sobre aquela que como consequecircncia

perde sua especificidade (SOARES 2004 p 11)

Com base nisso compreendemos que eacute importante considerar a especificidade da

alfabetizaccedilatildeo pois garante o domiacutenio e a construccedilatildeo de competecircncias e habilidades em leitura

e escrita Poreacutem Soares (2004) adverte que isso natildeo quer dizer que devemos dissociar a

alfabetizaccedilatildeo do processo de letramento Como abordado anteriormente a alfabetizaccedilatildeo e o

letramento satildeo processos interdependentes e indissociaacuteveis

1211 As multifacetas da alfabetizaccedilatildeo

Observamos que questotildees sobre a alfabetizaccedilatildeo e acerca da importacircncia do

conhecimento linguiacutestico para auxiliar e intervir nas situaccedilotildees de ensino-aprendizagem da

leitura e da escrita nos primeiros anos escolares tecircm sido imprescindiacuteveis no contexto escolar

Por isso haacute a necessidade de se reconhecer a especificidade da alfabetizaccedilatildeo entendida como

processo de aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita

Como a alfabetizaccedilatildeo eacute um processo multifacetado Soares (2004) aponta as principais

facetas da alfabetizaccedilatildeo psicoloacutegica psicolinguiacutestica linguiacutestica e sociolinguiacutestica

Soares (2004) acrescenta que vaacuterias causas podem influenciar sobre a perda da

escpecificidade do processo de alfabetizaccedilatildeo como de natureza pedagoacutegica o sistema de

28

ciclos12 e a progressatildeo continuada13 que segundo a autora apresentam pontos positivos mas

tecircm sofrido uma diluiccedilatildeo ou uma pretericcedilatildeo de metas e objetivos

E assim como Soares (2004) natildeo iremos nos deter no aprofundamento das relaccedilotildees entre

esses dois aspectos porque a causa dos problemas em aprendizagem inicial de escrita satildeo mais

complexos como veremos a seguir Aleacutem dessas facetas eacute preciso levar em consideraccedilatildeo as

implicaccedilotildees do processo de alfabetizaccedilatildeo e seus condicionantes para a aprendizagem da liacutengua

escrita como fatores sociais econocircmicos poliacuteticos culturais e regionais

12111 Faceta psicoloacutegica

Sabemos que a Psicologia eacute a ciecircncia que trata dos estados e processos mentais do

comportamento do ser humano e de suas interaccedilotildees com um ambiente fiacutesico e social Desse

modo no campo da linguagem e da aprendizagem a faceta psicoloacutegica aborda como os fatores

psicoloacutegicos bioloacutegicos e sociais interferem no desenvolvimento da aprendizagem humana

Eacute notoacuterio destacar que assim como haacute muitos meacutetodos de ensino tambeacutem haacute muitas

teorias de aquisiccedilatildeo da aprendizagem que de uma forma geral podem ser agrupadas em teorias

do condicionamento e teorias cognitivistas Vygotsky elucidou as relaccedilotildees entre aprendizagem

e desenvolvimento cognitivo e Piaget explicou e trabalhou com investigaccedilotildees sobre os

mecanismos que explicam a evoluccedilatildeo do desenvolvimento cognitivo Assim abordaremos o

Interacionismo Soacutecio-histoacuterico de Vygotsky e o Interacionismo Construtivista de Piaget

O Interacionismo formulado por Vygotsky apoia-se na perspectiva sociocultural

segundo a qual o desenvolvimento do comportamento humano e da linguagem humana se daacute

12 Organizaccedilatildeo escolar de acordo com a RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 na qual

o Ensino Fundamental com duraccedilatildeo de nove anos estrutura-se em 4 (quatro) ciclos de escolaridade considerados

como blocos pedagoacutegicos sequenciais I - Ciclo da Alfabetizaccedilatildeo com a duraccedilatildeo de 3 (trecircs) anos de escolaridade

1ordm 2ordm e 3ordm ano II - Ciclo Complementar com a duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 4ordm e 5ordm ano III - Ciclo

Intermediaacuterio com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 6ordm e 7ordm ano IV - Ciclo da Consolidaccedilatildeo com duraccedilatildeo

de 2 (dois) anos de escolaridade 8ordm e 9ordm ano Disponiacutevel em

httpcrveducacaomggovbrsistema_crvbanco_objetos_crv7BD79D0911-31B5-44F6-908F-

98F77FEFE6217D_RESOLUC387C383O20SEE20NC2BA202164pdf Acesso em 01 abril

2018

13 A progressatildeo continuada estaacute prevista na RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 e

dispotildee sobre a avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos alunos A progressatildeo continuada com aprendizagem e sem

interrupccedilatildeo nos Ciclos da Alfabetizaccedilatildeo e Complementar estaacute vinculada agrave avaliaccedilatildeo contiacutenua e processual que

permite ao professor acompanhar o desenvolvimento e detectar as dificuldades de aprendizagem apresentadas pelo

aluno no momento em que elas surgem intervindo de imediato com estrateacutegias adequadas para garantir as

aprendizagens baacutesicas Disponiacutevel emlt

httpcrveducacaomggovbrsistema_crvbanco_objetos_crv7BD79D0911-31B5-44F6-908F-

98F77FEFE6217D_RESOLUC387C383O20SEE20NC2BA202164pdfgt Acesso em 01

abril 2018

29

pela interaccedilatildeo com o meio com a vida social e cultural Assim de acordo com Bock (1999)

Vygotsky criou uma teoria psicoloacutegica que estuda o homem seu mundo psiacutequico e sua

capacidade de vida social Dessa forma os princiacutepios baacutesicos dessa teoria satildeo a compreensatildeo

das funccedilotildees superiores do homem em relaccedilatildeo aos animais pelo fato de o homem ter vida social

e cultural por suas funccedilotildees superiores natildeo poderem ser vistas apenas sob a perspectiva da

maturaccedilatildeo de um organismo e sim por seu potencial e capacidades de aprendizagem pela

linguagem e pensamento serem intriacutensecos e terem origem social e pela cultura como parte

integrante do desenvolvimento humano jaacute que participamos de praacuteticas sociais historicamente

constituiacutedas

Desse modo a concepccedilatildeo de homem da Psicologia Soacutecio-histoacuterica segundo Bock

(1999 p 89) pode ser assim sintetizada ldquo[] o homem eacute um ser ativo social e histoacuterico Eacute

essa sua condiccedilatildeo humana O homem constroacutei sua existecircncia a partir de uma accedilatildeo sobre a

realidade que tem por objetivo satisfazer suas necessidadesrdquo Nesse sentido eacute a partir das

interaccedilotildees e das atividades (trabalho) das quais os indiviacuteduos participam em seu meio social e

cultural que vai sendo construiacuteda a aprendizagem Eacute nas experiecircncias e nas relaccedilotildees de trabalho

que o homem se torna ativo e social

Com base no exposto a construccedilatildeo da aprendizagem e seu desenvolvimento estatildeo

intrinsecamente ligados agrave linguagem e ao pensamento Por isso estatildeo inter-relacionados desde

o primeiro dia de vida da crianccedila

A respeito da construccedilatildeo da aprendizagem na escola Vygotsky apresenta sob a

perspectiva do potencial e da capacidade de aprendizagem das crianccedilas a zona de

desenvolvimento proximal e a preacute-histoacuteria da linguagem escrita

Entendemos que o aprendizado e o desenvolvimento das crianccedilas iniciam muito antes

de elas comeccedilarem a frequentar a escola pois jaacute vivenciaram diversas situaccedilotildees de

aprendizagem no seu cotidiano familiar e social Dessa forma a zona de desenvolvimento

proximal foi formulada por Vygotsky e representa

[] a distacircncia entre o niacutevel de desenvolvimento real que se costuma determinar

atraveacutes da soluccedilatildeo independente de problemas e o niacutevel de desenvolvimento

potencial determinado atraveacutes da soluccedilatildeo de problemas sob a orientaccedilatildeo de um adulto

ou em colaboraccedilatildeo com companheiros mais capazes (VYGOTSKY 1991 p 58)

Assim precisamos levar em consideraccedilatildeo os aspectos que na zona de desenvolvimento

proximal satildeo definidos como aqueles que ainda natildeo amadureceram mas que estatildeo em processo

de maturaccedilatildeo Dessa maneira por meio de um diagnoacutestico podemos delinear o

desenvolvimento real da aprendizagem que a crianccedila jaacute trouxe de experiecircncias adquiridas e

30

tambeacutem delinear e planejar a praacutetica docente para que a crianccedila tenha acesso tanto ao que jaacute

foi atingido quanto ao que estaacute em processo de maturaccedilatildeo

Segundo Vygotsky ldquoo niacutevel de desenvolvimento real caracteriza o desenvolvimento

mental retrospectivamente enquanto a zona de desenvolvimento proximal caracteriza o

desenvolvimento mental prospectivamenterdquo (VYGOTSKY 1991 p 58) Logo do real para o

proximal estamos em processos contiacutenuos de aprendizagem e de desenvolvimento

Outro ponto que podemos destacar de acordo com Vygotsky eacute a preacute-histoacuteria da

linguagem escrita

Ateacute agora a escrita ocupou um lugar muito estreito na praacutetica escolar em relaccedilatildeo ao

papel fundamental que ela desempenha no desenvolvimento cultural da crianccedila

Ensina-se as crianccedilas a desenhar letras e construir palavras com elas mas natildeo se

ensina a linguagem escrita Enfatiza-se de tal forma a mecacircnica de ler o que estaacute

escrito que se acaba obscurecendo a linguagem escrita como tal (VYGOTSKY 1991

p 70)

De fato a escrita na praacutetica escolar por vezes assume o caraacuteter mecacircnico e a escola

preocupa-se apenas com a atividade motora mais como treino do que com a proacutepria

significaccedilatildeo Ancorados em Vygotsky (1991) salientamos a necessidade de se dar atenccedilatildeo

especial agrave linguagem escrita vista como um sistema particular de siacutembolos e signos ldquoisso

significa que a linguagem escrita eacute constituiacuteda por um sistema de signos que designam os sons

e as palavras da linguagem falada os quais por sua vez satildeo signos das relaccedilotildees e entidades

reaisrdquo (VYGOTSKY 1991 p 70) Assim o desenvolvimento da linguagem escrita nas crianccedilas

se daacute pelo deslocamento do desenho das coisas para o desenho das palavras Dessa maneira o

domiacutenio desse sistema complexo precisa ser trabalhado na perspectiva da semacircntica e do

letramento como praacutetica social

Por isso consideramos desejaacutevel que as crianccedilas entrem para a escola tendo

reconhecidas as capacidades de ler e de escrever mas para isso o ensino tem que ser organizado

de forma que a leitura e a escrita se tornem necessaacuterias e com isso a escrita passe a ser ensinada

como uma atividade cultural complexa e natildeo apenas como uma habilidade motora a ser

desenvolvida

Jaacute a Psicologia do desenvolvimento a partir do Interacionismo Construtivista de Piaget

estuda o ser humano em todos os seus aspectos fiacutesico-motor (refere-se ao crescimento

orgacircnico) intelectual (capacidade de pensamento raciociacutenio) afetivo-emocional (modo

particular de o indiviacuteduo integrar as suas experiecircncias) e social (maneira como o indiviacuteduo

reage diante de situaccedilotildees que envolvem outras pessoas) isso em todas as fases da sua vida

31

Assim o desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental que se caracteriza

pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais e pelo crescimento orgacircnico

De acordo com Bock (1999) os estudos de Piaget demonstraram que existem maneiras

de perceber e de se comportar proacuteprios de cada faixa etaacuteria e estudar o desenvolvimento

humano significa conhecer as caracteriacutesticas de cada fase para entender suas individualidades

e assim ensinar o quecirc e como Sabendo que as teorias do desenvolvimento humano partem do

princiacutepio de que esses quatro aspectos satildeo indissociaacuteveis mas que o desenvolvimento global

pode ser estudado em apenas um desses aspectos Piaget evidencia o estudo do

desenvolvimento intelectual

Dessa forma as teorias do desenvolvimento humano de Jean Piaget segundo Bock

(1999) dividem-se em periacuteodos de acordo com o desenvolvimento de novas qualidades do

pensamento que acabam por interferir no desenvolvimento global Assim como podemos

observar no Quadro 01 a seguir os periacuteodos satildeo definidos como Sensoacuterio-motor Preacute-

operatoacuterio Operaccedilotildees concretas e Operaccedilotildees formais

Quadro 01 ndash Teorias do Desenvolvimento Humano de Piaget

Periacuteodo Caracterizaccedilatildeo do periacuteodo

1deg periacuteodo

Sensoacuterio-motor

(0 a 2 anos)

Nessa fase a crianccedila conquista atraveacutes da percepccedilatildeo e dos movimentos todo o universo

que a cerca

2deg periacuteodo

Preacute-operatoacuterio

(2 a 7 anos)

Primeira infacircncia esse periacuteodo eacute considerado muito importante e eacute caracterizado pelo

aparecimento da linguagem que acarretaraacute modificaccedilotildees nos aspectos intelectual

afetivo e social da crianccedila

3deg periacuteodo Operaccedilotildees

concretas

(7 a 11 ou 12 anos)

A infacircncia propriamente dita esse periacuteodo eacute caracterizado pelo iniacutecio da construccedilatildeo

loacutegica Nele o egocentrismo intelectual e social eacute superado pela construccedilatildeo loacutegica ou

seja a crianccedila eacute capaz de estabelecer relaccedilotildees que permitem a coordenaccedilatildeo de pontos

de vista diferentes No plano afetivo ela eacute capaz de cooperar com os outros de trabalhar

em grupo e ainda ter autonomia pessoal No plano intelectual eacute o surgimento da

capacidade mental as operaccedilotildees ou seja a crianccedila consegue realizar uma accedilatildeo fiacutesica e

mental dirigida para esse fim aleacutem disso inicia-se a capacidade de reflexatildeo do pensar

antes de agir

4deg periacuteodo Operaccedilotildees

formais (11 ou 12 anos

em diante)

Nesse periacuteodo ocorre a passagem do pensamento concreto para o pensamento formal

abstrato ou seja o adolescente realiza as operaccedilotildees no plano das ideias Assim ele eacute

capaz de refletir espontaneamente No plano das relaccedilotildees sociais passa por um processo

de interiorizaccedilatildeo e no plano afetivo vive em conflito pois seus interesses satildeo diversos e

mutaacuteveis

Fonte Elaborado pela autora com base em Bock (1999)

Assim conforme Bock (1999) Piaget estabelece cada periacuteodo de acordo com o que os

indiviacuteduos conseguem fazer nessas faixas etaacuterias Segundo Piaget (1983) todos os indiviacuteduos

passam por esses periacuteodos nessa sequecircncia mas o iniacutecio e o teacutermino de cada um depende de

fatores bioloacutegicos educacionais e sociais por isso essa divisatildeo natildeo pode ser aplicada de forma

riacutegida mas como referecircncia de desenvolvimento dessas fases da vida Dessa maneira o autor

procurou explicar o aparecimento de inovaccedilotildees mudanccedilas e transformaccedilotildees no percurso do

32

desenvolvimento intelectual e assim o processo de aquisiccedilatildeo do conhecimento vai sendo

construiacutedo ao longo da vida e a educaccedilatildeo deve possibilitar seu pleno desenvolvimento

Para Piaget (1983) o homem eacute dotado de estruturas bioloacutegicas que ao serem herdadas

influenciam na sua maneira de interagir com o ambiente que o leva agrave construccedilatildeo de um

conjunto de significados Assim a interaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente proporcionaraacute a

organizaccedilatildeo desses significados em estruturas cognitivas

Nesse sentido durante toda a vida o indiviacuteduo passaraacute por vaacuterios modos de organizaccedilatildeo

das estruturas cognitivas pois cada etapa da vida exigiraacute diferentes formas de interaccedilatildeo com o

meio Por isso no desenvolvimento da aprendizagem escolar devemos levar em consideraccedilatildeo

os aspectos de assimilaccedilatildeo (incorpora dados da experiecircncia jaacute adquirida) e acomodaccedilatildeo

(modifica as estruturas mentais para incorporar novas experiecircncias) e assim promover a

construccedilatildeo do conhecimento por meio da participaccedilatildeo ativa no processo de aprendizagem

Segundo Bock (1999 p 128) para Piaget ldquoo desenvolvimento intelectual resulta da

construccedilatildeo de um equiliacutebrio progressivo entre assimilaccedilatildeo e acomodaccedilatildeo o que propicia o

aparecimento de novas estruturas mentais Isso eacute um processo em evoluccedilatildeordquo

Portanto compreendemos que a grande contribuiccedilatildeo dos estudos de Piaget para a

evoluccedilatildeo da aprendizagem situa-se na abordagem sobre as relaccedilotildees com o meio ambiente em

todos os estaacutegios de forma ativa Cabe ao professor de acordo com a teoria piagetiana criar

possibilidades e situaccedilotildees de aprendizagem desafiadoras a fim de promover a aprendizagem

construtiva pois o aluno eacute levado a encontrar as respostas por meio de seus proacuteprios

conhecimentos nas situaccedilotildees de aprendizagem por vezes conflituosas e de sua interaccedilatildeo com

o meio e com os outros Por essa razatildeo o aluno na concepccedilatildeo construtivista exerce um papel

ativo sobre a proacutepria aprendizagem ao ser posto em situaccedilotildees de experimentaccedilatildeo pesquisa

reflexatildeo estiacutemulo que o conduzem a construir e a reformular pensamentos e conhecimentos

12112 Faceta psicolinguiacutestica

A faceta psicolinguiacutestica estuda as relaccedilotildees que se referem ao conhecimento e ao uso de

uma liacutengua particularmente na aquisiccedilatildeo da linguagem e no desenvolvimento dos processos

psicoloacutegicos Dessa forma por meio de uma anaacutelise psicoloacutegica e educativa as teorias da

aprendizagem da escrita oferecem-nos subsiacutedios para compreender como esse processo de

ensino-aprendizagem acontece

Embora muitos confundam teorias de aprendizagem com meacutetodos de ensino Bock

(1999 p 128) esclarece que ldquoPiaget natildeo desenvolveu uma teoria do processo de ensino

aprendizagem mas formulou referecircncias claras que na deacutecada de 80 seriam utilizadas por

33

Emiacutelia Ferreiro na elaboraccedilatildeo da sua teoria sobre a aprendizagem da escritardquo A partir disso o

construtivismo eacute entendido como teoria psicoloacutegica aplicada agrave compreensatildeo em que o

conhecimento eacute construiacutedo atraveacutes de experiecircncias pois aprender eacute um processo ativo no qual

o significado eacute desenvolvido com base em experiecircncias do percurso vivenciadas pela crianccedila

Ferreiro (1985) na tentativa de compreender como a escrita funciona e pelas

experiecircncias de estudo com Piaget aconselha-nos a pensar nos processos de aprendizagem da

crianccedila ao tentar reconstruir a representaccedilatildeo do sistema alfabeacutetico natildeo como meacutetodo de ensino

mas como processo de aprendizagem Assim Ferreiro (1995) apresenta os niacuteveis de leitura e

de escrita que se apoiam em hipoacuteteses do aprendiz Essas hipoacuteteses apontam os niacuteveis ou etapas

psicogeneacuteticas no processo de alfabetizaccedilatildeo em que ldquo[] todas as tarefas supunham uma

interaccedilatildeo entre o sujeito e o objeto de conhecimento (nesse caso a escrita) sob a forma de uma

situaccedilatildeo a ser resolvidardquo (FERREIRO 1985 p 34)

Portanto Ferreiro (1985) ao planejar situaccedilotildees experimentais quis evidenciar a escrita

tal como a crianccedila vecirc a leitura tal como a crianccedila compreende e os problemas tal como ela os

propotildee para si Assim sendo a autora ressalta que a aprendizagem da escrita eacute produto de uma

construccedilatildeo ativa e que passa por etapas de estruturaccedilatildeo do conhecimento Por essa razatildeo

ldquoquando algueacutem se alfabetiza percorre uma longa trajetoacuteria a qual eacute dado o nome de

psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeordquo (GROSSI 1990 p 54) De de acordo com Ferreiro (1985) a

psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeo caracteriza-se em niacuteveis sucessivos de aprendizagem da escrita

Esses niacuteveis satildeo constituiacutedos por um conjunto de condutas determinado pela forma como a

crianccedila vivencia os problemas em um momento do processo de aprendizagem Por isso

trataremos dos niacuteveis Preacute-silaacutebico Silaacutebico e Alfabeacutetico da psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeo

121121 Niacutevel Preacute-silaacutebico

De acordo com Ferreiro

A hipoacutetese central desse niacutevel eacute a seguinte Para poder ler coisas diferentes (isto eacute

atribuir significados diferentes) deve haver uma diferenccedila objetiva nas escritas O

progresso graacutefico mais evidente eacute que a forma dos grafismos eacute mais definida mais

proacutexima agrave das letras Poreacutem o fato conceitual mais interessante eacute o seguinte segue-

se trabalhando com a hipoacutetese de que faz falta uma certa quantidade miacutenima de

grafismos para escrever algo (FEREIRO1985 p 189)

Com base no exposto no niacutevel preacute-silaacutebico de escrita a crianccedila faz experimentaccedilotildees

diversas alterna letras desenhos sinais graacuteficos Ela percebe que escrever natildeo eacute a mesma coisa

que desenhar marcas distintas representam desenho e escrita e a grafia pode ser vista como a

34

representaccedilatildeo das caracteriacutesticas do objeto que eacute representado pela extensatildeo da escrita Aleacutem

disso natildeo haacute controle na escrita eacute normal escrever ateacute se completar a linha ou a largura da

folha ou escrever todas as palavras utilizando o mesmo conjunto de caracteres e na mesma

ordem Destacamos que esse processo natildeo eacute linear e nem ocorre da mesma maneira para todas

as crianccedilas pois cada uma tem uma visatildeo diferente das representaccedilotildees sendo compreendidas

apenas por ela mesma

Nesse sentido Grossi (1990) reforccedila que no niacutevel preacute-silaacutebico os sujeitos aprendem a

ter uma visatildeo sincreacutetica dos elementos da alfabetizaccedilatildeo ou seja haacute a indiferenciaccedilatildeo em relaccedilatildeo

agrave escrita pois a crianccedila ainda natildeo compreende que a escrita representa os sons das palavras que

falamos Portanto de acordo com a autora ldquonatildeo haacute discriminaccedilatildeo das unidades linguiacutesticas e

sobretudo haacute completa ausecircncia de vinculaccedilatildeo entre a pronuacutencia das partes de uma palavra ou

de uma frase e sua escritardquo (GROSSI 1990 p 56)

121122 Niacutevel Silaacutebico

O niacutevel silaacutebico estaacute caracterizado ldquo[] pela tentativa de dar um valor sonoro a cada

uma das letras que compotildeem uma escrita Nessa tentativa a crianccedila passa por um periacuteodo da

maior importacircncia evolutiva cada letra vale por uma siacutelabardquo (FERREIRO 1985 p 193) Com

isso a autora ressalta que a crianccedila que estaacute nessa fase de construccedilatildeo da escrita daacute um salto

qualitativo em relaccedilatildeo aos niacuteveis precedentes pois ela supera a etapa de uma correspondecircncia

global entre a forma escrita e a expressatildeo oral na qual natildeo havia percepccedilatildeo entre som e letra

para uma correspondecircncia entre as partes do texto entre cada letra Assim a crianccedila percebe

os sons das siacutelabas e comeccedila a usar letras que correspondem ao som da siacutelaba agraves vezes soacute usa

vogal outras vezes consoante e vogal

Dessa forma segundo Grossi (1990) no niacutevel silaacutebico a crianccedila comeccedila a compreender

a estabilidade da escrita das palavras ou seja ela constata que uma palavra eacute escrita sempre da

mesma maneira com as mesmas letras e em uma mesma ordem

Portanto a autora afirma que a evoluccedilatildeo da aprendizagem da escrita nesse niacutevel se faz

por meio de um trabalho amplo com a escrita de muitas palavras significativas ressaltando que

a aprendizagem eacute por meio ldquo[] de um trabalho e natildeo um mero contato com escritas uma vez

que o que preside a aprendizagem eacute a accedilatildeo e natildeo a percepccedilatildeo A accedilatildeo que produz a

aprendizagem satildeo as diligecircncias para resolver os problemasrdquo (GROSSI 1990 p 13)

35

121123 Niacutevel Alfabeacutetico

No niacutevel alfabeacutetico a crianccedila compreende o processo de leitura e escrita ao perceber

unidades menores do que as siacutelabas e assim progressivamente vai estabelecendo relaccedilotildees

entre fonemas e grafemas Segundo Ferreiro

Ao chegar a este niacutevel a crianccedila jaacute franqueou a lsquobarreira do coacutedigorsquo compreendeu

que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a

siacutelaba e realiza sistematicamente uma anaacutelise sonora dos fonemas das palavras que

vai escrever (FERREIRO 1985 p 213)

Com base no exposto compreendemos que no niacutevel alfabeacutetico a crianccedila jaacute tem

conhecimento do valor sonoro convencional das letras ou seja ela consegue estabelecer um

sentido mais coerente entre leitura e escrita que ateacute entatildeo era tecircnue instaacutevel mutaacutevel Assim

esse processo de apropriaccedilatildeo do sistema de escrita acontece pelo reconhecimento da

constituiccedilatildeo alfabeacutetica de siacutelabas Contudo eacute necessaacuterio ressaltar que

[i]sto natildeo quer dizer que todas as dificuldades tenham sido superadas a partir desse

momento a crianccedila se defrontaraacute com as dificuldades proacuteprias da ortografia mas

natildeo teraacute problemas de escrita no sentido estrito Parece-nos importante fazer essa

distinccedilatildeo jaacute que amiuacutede se confundem as dificuldades ortograacuteficas com as

dificuldades de compreensatildeo do sistema de escrita (FERREIRO 1985 p 213)

Eacute necessaacuterio assim compreendermos que nessa fase significativa da aprendizagem da

leitura e da escrita a crianccedila ainda enfrenta alguns desafios em relaccedilatildeo agrave ortografia e ao leacutexico

haja vista que de acordo com Grossi (1990) ldquo[] alfabetizar-se eacute o processo longo de conseguir

expressar pela escrita aquilo que pensamos ou de compreender atraveacutes da leitura pensamentos

mais complexos de outrem expresso nos textos escritosrdquo (GROSSI 1990 p 62)

Por isso o trabalho com a ortografia eacute posterior ao da estruturaccedilatildeo do niacutevel alfabeacutetico

que ainda natildeo estaacute totalmente consolidado visto que a entrada em niacutevel de escrita natildeo significa

a superaccedilatildeo baacutesica do conflito em torno das concepccedilotildees caracteriacutesticas de cada niacutevel ou do niacutevel

anterior A aprendizagem da escrita eacute um processo no qual a crianccedila experimenta e evolui Para

que isso ocorra eacute preciso fazer da sala de aula um espaccedilo rico de materiais escritos e de

atividades significativas para que as crianccedilas sintam-se inseridas no ativo processo de

construccedilatildeo do que eacute ler e escrever

36

12113 Faceta linguiacutestica

A Linguiacutestica eacute a ciecircncia que estuda os fatos sobre a liacutengua O precursor dessa ciecircncia

foi o suiacuteccedilo Ferdinand Saussure que tinha a liacutengua como objeto de estudo bem definido e a via

como uma parte essencial da linguagem como um produto social da linguagem

Agrave vista disso a mateacuteria da linguiacutestica eacute constituiacuteda por todas as manifestaccedilotildees da

linguagem humana inclusive todas as formas de expressatildeo sendo consideradas ldquocorretasrdquo ou

natildeo Sua tarefa compreende fazer a descriccedilatildeo e a explicaccedilatildeo da histoacuteria da liacutengua sobre como

ela funciona e sobre sua investigaccedilatildeo com base no caraacuteter cientiacutefico por isso a Linguiacutestica

utiliza os conhecimentos dessa aacuterea para tentar solucionar problemas especificamente os que

se referem ao ensino de liacutenguas agrave traduccedilatildeo aos distuacuterbios de linguagem e aos problemas de

aprendizagem da liacutengua Assim sendo a aprendizagem da Liacutengua Portuguesa enfrenta muitos

desafios pois haacute a necessidade de se melhorar a aprendizagem em leitura e em escrita ou seja

ensinar a ler e a escrever com eficiecircncia

Desde o final dos anos 90 que o ensino de Liacutengua Portuguesa e o estudo dos processos

de alfabetizaccedilatildeo vecircm ganhando um consideraacutevel avanccedilo com as discussotildees e estudos sobre

esses assuntos Assim as investigaccedilotildees sobre os processos de aprendizagem que antes eram

baseados na memorizaccedilatildeo ganharam notoriedade ao se compreender que a aprendizagem eacute um

processo contiacutenuo em que o aluno precisa construir o conhecimento conceitual da escrita O

aluno precisa entender o que a escrita representa e que cada letra representa um siacutembolo de um

som da fala

Nesse sentido Lemle (1991) ressalta que para uma pessoa aprender a ler e a escrever

ela precisa atingir alguns saberes e percepccedilotildees conscientemente Nesse sentido a autora elenca

cinco capacidades necessaacuterias agrave alfabetizaccedilatildeo

A primeira capacidade eacute a ideia de siacutembolo segundo a qual a crianccedila precisa saber o

que representam aqueles risquinhos no papel Para isso eacute necessaacuterio entender o que eacute siacutembolo

A segunda capacidade eacute a discriminaccedilatildeo das formas das letras o aluno precisa entender que

cada risquinho vale simboliza um som da fala e que esses siacutembolos satildeo as letras Dessa forma

a crianccedila deve discriminar as formas das letras levando em consideraccedilatildeo que elas satildeo bastante

semelhantes A terceira capacidade eacute a discriminaccedilatildeo dos sons da fala que exige da crianccedila a

percepccedilatildeo auditiva para ouvir diferenccedilas linguiacutesticas relevantes entre esses sons A quarta

capacidade eacute a consciecircncia da unidade da palavra em que a crianccedila precisa captar o conceito

de palavra Por fim a quinta capacidade eacute a organizaccedilatildeo da paacutegina escrita saber e compreender

como eacute a organizaccedilatildeo espacial da paacutegina do caderno ou do livro observando que nosso sistema

37

de escrita obedece a uma ordem que vai da esquerda para a direita e que a ordem significativa

das linhas eacute de cima para baixo

Com isso no que se refere agrave capacidade de terceira ordem podemos compreender que

existe uma relaccedilatildeo de simbolizaccedilatildeo entre as letras e os sons da fala embora seja necessaacuterio

tambeacutem que a crianccedila entenda que essa relaccedilatildeo nem sempre eacute harmoniosa pois haacute

complicaccedilotildees entre sons e letras Lemle (1991 p 17) ldquo[] enfatiza que temos em portuguecircs

pouquiacutessimos casos de correspondecircncia biuniacutevoca entre os sons da fala e letras do alfabetordquo

ou seja quando haacute correspondecircncia entre um fonema e uma letra como podemos observar essa

regularidade no Quadro 02 representada pelos fonemas e letras

Quadro 02 ndash Correspondecircncias biuniacutevocas entre fonemas e letras

Letras Fonemas

P

b

t

d

f

v

a

p

b

t

d

f

v

a

Fonte Lemle 1991 p 17

Em linguiacutestica fonemas satildeo os sons das letras representados por um dado feixe de traccedilos

distintivos ou seja daacute-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de estabelecer

uma distinccedilatildeo de significado entre as palavras

Com base no exposto entendemos que o ideal do sistema alfabeacutetico eacute que houvesse

correspondecircncia uacutenica entre cada som e cada letra poreacutem essa relaccedilatildeo acontece em nuacutemero

restrito de casos A tiacutetulo de exemplificaccedilatildeo as letras t e d diante do i passam a ter outro som

em ldquotiardquo ocorre tchia e em ldquodiardquo ocorre djia como se verifica na nossa regiatildeo Dessa forma

para poder intervir o alfabetizador precisa ter conhecimento sobre as relaccedilotildees foneacuteticas e os

processos fonoloacutegicos que envolvem as particularidades na variedade de correspondecircncias

entre sons e letras

Para que isso ocorra Lemle (1991) evidencia que eacute preciso esclarecer ao aluno que as

unidades de som satildeo influenciadas pelo ambiente em que ocorrem por isso haacute diferenccedilas de

pronuacutencia e haacute tantas variantes linguiacutesticas Por exemplo as palavras mato e sal que em alguns

dialetos ou na nossa regiatildeo ocorre uma mudanccedila de pronuacutencia do o que eacute transcrito com som

de [u] e do l que eacute transcrito com o som do [u] por isso dizemos [matu] em vez de mato e [sau]

em vez de sal Satildeo ocorrecircncias consideradas normais e consiste em um equiacutevoco dizer que as

38

crianccedilas falam errado ao ignorarem essas especificidades da liacutengua Aleacutem disso haacute um caso em

que a autora considera como o mais difiacutecil para a aprendizagem da liacutengua escrita o fato de duas

letras representarem o mesmo som no mesmo lugar como acontece com os fonemas s e z

Vejam mesa reza casa azar posseiro roceiro passo laccedilo caccedilado cassado Haacute uma

rivalidade entre sons e letras e de acordo com Lemle (1991 p 23) ldquo[] a uacutenica maneira de

descobrir que letra que representa dado som numa palavra da liacutengua escrita eacute recorrer ao

dicionaacuteriordquo Desse modo algumas situaccedilotildees que envolvem a ortografia satildeo aprendidas pela

memorizaccedilatildeo por meio da leitura pois guardamos a grafia das palavras em nossa memoacuteria

Em funccedilatildeo disso podemos relacionar ancorados em Lemle (1991) algumas etapas nas

quais o aluno constroacutei o conhecimento do sistema de escrita Na primeira etapa o discente

acredita na hipoacutetese da monogamia entre sons e letras e progride raacutepido ao atingi-la conforme

exposto na figura 1 em que as letras p b t d f v e a vogal a representam sempre a mesma

unidade fonecircmica

Na segunda etapa ele rejeita a ideia de monogamia e a substitui pela hipoacutetese de

poligamia condicionada por posiccedilatildeo ou seja relaccedilotildees natildeo biuniacutevocas cada letra com um som

em uma dada posiccedilatildeo e cada som com uma letra em dada posiccedilatildeo Assim haacute uma relaccedilatildeo

fonecircmica a partir da posiccedilatildeo em que se encontram as letras como podemos observar na Figura

0214

Figura 02 ndash Uma letra representando diferentes sons segundo a posiccedilatildeo

Fonte Lemle 1991 p 21

Assim Lemle (1991 p 29) enfatiza que ldquo[] a passagem da hipoacutetese (monogamia) para

a segunda hipoacutetese (poligamia condicionada pela posiccedilatildeo) eacute um passo de importacircncia crucial

na construccedilatildeo do conhecimento do alfabetizando a respeito do nosso sistema de escritardquo

14 Nota da autora ldquoEsses quadros natildeo esgotam a informaccedilatildeo sobre relaccedilotildees letra-som previsiacuteveis pela posiccedilatildeo

nem satildeo verdadeiros para todos os falares do Brasilrdquo (LEMLE 1991 p 22)

39

Segundo a autora quando o aluno natildeo compreende que essa correspondecircncia entre som e letras

na maioria das vezes natildeo eacute perfeita ele comete falhas tiacutepicas na leitura com a pronuacutencia

artificial das palavras com a escrita os erros ainda se encontram na hipoacutetese monogacircmica O

aluno escreve como fala por exemplo na palavra pato a escrita eacute patu ocorrendo a transcriccedilatildeo

foneacutetica Desse modo a evoluccedilatildeo na construccedilatildeo do conhecimento sobre a escrita entre a

primeira e a segunda etapa estaacute completa quando o aluno compreende essa relaccedilatildeo entre sons e

letras

Na terceira etapa haacute a ocorrecircncia em que duas letras representam o mesmo som no

mesmo lugar eacute quando o aluno se depara com a arbitrariedade do sistema de escrita Nesse

caso natildeo ldquohaacute princiacutepio focircnico que possa guiar quem escreve na opccedilatildeo entre letras concorrentesrdquo

(LEMLE 1991 p 23) Dessa maneira nessas situaccedilotildees a aprendizagem eacute construiacuteda pela

memorizaccedilatildeo Essa etapa da construccedilatildeo da escrita perdura por muito tempo jaacute que duacutevidas

sobre como se escreve uma determinada palavra eacute de natural acontecer em qualquer eacutepoca da

vida O que se percebe eacute que o aluno deve estar em contato com a escrita dessas palavras por

meio de situaccedilotildees de leitura de gecircneros diversos e de situaccedilotildees de produccedilatildeo escrita pois a

construccedilatildeo do sistema de escrita percorre um longo caminho e passa por vaacuterias etapas

Diante disso com base na classificaccedilatildeo feita por Lemle (1991) podemos compreender

que o aluno quando natildeo supera essas complicaccedilotildees e natildeo compreende as arbitrariedades do

sistema de escrita comete falhas tiacutepicas de escrita que foram classificadas pela autora como

falhas de primeira ordem falhas de segunda ordem e falhas de terceira ordem conforme

veremos no Quadro 03 a seguir

40

Quadro 03 ndash Falhas de escrita Falhas de escrita de 1ordf ordem

Leitura Escrita

Leitura lenta com soletraccedilatildeo

de cada siacutelaba

Falhas na

correspondecircncia

linear entre as

sequecircncias dos

sons e as

sequecircncias das

letras

Repeticcedilccedilatildeo de letras ppai (pai) meeu (meu)

Omissatildeo de letras trs (trecircs) pota (porta)

Troca na ordem das letras parto (prato) sadia

(saiacuteda)

Conhecimento ainda inseguro do formato de cada

letra rano (ramo) laqis (laacutepis) eus (lua)

Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo

do som sabo (sapo) gado (gato) pita (fita)

Falhas de escrita de 2ordf ordem

Leitura Escrita

Retenccedilatildeo na etapa

monogacircmica Na leitura

pronuncia cada letra

escandindo-a no seu valor

central Uma leitura silabada

O aluno faz a

transcriccedilatildeo

foneacutetica

matu em vez de mato

bodi em vez de bode

tenpo em vez de tempo

azma em vez de asma

genrro em vez de genro

eles falatildeo em vez de eles falam

Falhas de escrita de 3ordf ordem

Leitura Escrita

O aluno eacute capaz de pronunciar

as palavras de forma natural

O aluno avanccedilou no

saber ortograacutefico e

na escrita faz troca

entre letras

concorrentes

accedilado em vez de assado

trese em vez de treze

acim em vez de assim

jigante em vez de gigante

xinelo em vez de chinelo

chingou em vez de xingou

puresa em vez de pureza

sau em vez de sal

craro em vez de claro

operaro em vez de operaacuterio

Fonte Elaborado pela autora adaptado de Lemle 1991 p 40-41

Conforme podemos observar no Quadro 03 o aluno vivencia no seu processo de

aquisiccedilatildeo do sistema de escrita vaacuterias etapas de experimentaccedilatildeo checagem e conflito pois se

depara com situaccedilotildees arbitraacuterias da escrita Assim de acordo com Lemle (1991) o aluno que

ainda comete falhas de primeira e segunda ordens natildeo completou sua alfabetizaccedilatildeo ldquoSeraacute

considerado alfabetizado aquele em cuja escrita soacute restarem falhas de terceira ordem que seratildeo

superadas gradativamente com a praacutetica da leitura e da escritardquo (LEMLE 1991 p 41-42)

Portanto a anaacutelise das falhas ortograacuteficas serve ao diagnoacutestico do estaacutegio de elaboraccedilatildeo

da teoria da correspondecircncia entre sons e letras em que o aluno se encontra ou seja o niacutevel de

escrita Concebemos conforme a autora propotildee que eacute de fundamental importacircncia que o

professor saiba diagnosticar e avaliar as falhas de escrita para poder conhecer a realidade da

41

sua turma e dessa forma realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias para que os alunos superem cada

dificuldade encontrada

121131 Categorizaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita

O estudo sobre Foneacutetica e Fonologia possibilita ao professor o conhecimento sobre

como os seres humanos produzem ou ouvem os sons da fala Segundo Seara Nunes e Volcatildeo

(2015 p 29) ldquoas letras satildeo unidades formais miacutenimas da escrita e natildeo da falardquo

Nesse sentido eacute necessaacuterio entender e desvincular da nossa praacutetica que a escrita

representa a fala Tanto a escrita quanto a fala satildeo distintas e ter conhecimento dos processos

fonoloacutegicos que satildeo a codificaccedilatildeo (desvios) que os morfemas sofrem quando se combinam

para formar palavras propicia buscar estrateacutegias de ensino para a superaccedilatildeo dessas

dificuldades

Aleacutem disso ao professor que lida com a alfabetizaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel o conhecimento

das aacutereas da Foneacutetica e da Fonologia Sobre esse aspecto Seara (2015 p 33) ressaltam que o

conhecimento da Foneacutetica e de noccedilotildees sobre o sistema fonoloacutegico da liacutengua materna satildeo

fundamentais para que os professores atendam melhor os alunos que apresentam dificuldades

no processo de alfabetizaccedilatildeo Eacute preciso levar o aluno a compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-

fonoloacutegica e relacionaacute-la aos elementos graacuteficos da escrita

Aqui trataremos especificamente dos processos fonoloacutegicos que envolvem a escrita de

acordo com Cagliari (1995) O autor apresenta categorias de anaacutelise de ldquoerrosrdquo ortograacuteficos

como veremos no Quadro 04 a seguir

42

Quadro 04 ndash Categorizaccedilatildeo ndash Erros de escrita

1 Transcriccedilatildeo

Foneacutetica

Caracterizado pela transcriccedilatildeo da fala na escrita como trocar o i pelo e por falar

i ao pronunciar palavras como triste (ldquotristerdquo)

2 Uso indevido de

letras

O aluno escolhe uma letra para representar o som diferente da que pede a

ortografia como ldquodicirdquo no lugar de ldquodisserdquo As trocas de vogais natildeo satildeo

consideradas uso indevido de letra por quase sempre representarem transcriccedilotildees

foneacuteticas

3 Hipercorreccedilatildeo Ocorre quando o aluno jaacute conhece a forma ortograacutefica de determinadas palavras

que tecircm representaccedilatildeo diferente da pronuacutencia Assim ele generaliza a regra

como ldquojogolrdquo no lugar de ldquojogourdquo

4 Modificaccedilatildeo da

estrutura segmental

das palavras

Erros de troca supressatildeo acreacutescimo e inversatildeo de letras Caracteriacutesticos de

aluno que ainda natildeo domina o uso de certas letras como a distribuiccedilatildeo de m n

v e f como ldquoanigordquo no lugar de ldquoamigordquo ldquomacaordquo no lugar de ldquomacacordquo e

ldquososatordquo no lugar de ldquosustordquo O professor deve observar a loacutegica no erro do aluno

e a relaccedilatildeo entre as letras trocadas suprimidas ou acrescentadas

5 Juntura

intervocabular e

segmentaccedilatildeo

Na produccedilatildeo de textos a crianccedila costuma juntar as palavras num reflexo da

continuidade da fala ldquomimatourdquo (ldquome matourdquo)

6 Forma morfoloacutegica

diferente

Erros que ocorrem porque na variedade dialetal do aluno certas palavras tecircm

caracteriacutesticas proacuteprias que dificultam o entendimento como ldquoadepoisrdquo

(ldquodepoisrdquo)

7 Forma estranha de

traccedilar as palavras

Dificuldades com a escrita cursiva e a caligrafia

8 Uso indevido de

letras maiuacutesculas e

minuacutesculas

Alguns alunos quando aprendem que devem escrever os nomes proacuteprios com

letras maiuacutesculas passam a aplicar a regra para outros tipos de palavras como

pronomes pessoais

9 Acentos graacuteficos A acentuaccedilatildeo eacute uma das uacuteltimas etapas da aprendizagem da escrita Alguns

alunos se confundem por conta da semelhanccedila ortograacutefica entre formas com e

sem acento ou com a aplicaccedilatildeo do til

10 Sinais de pontuaccedilatildeo Tambeacutem fazem parte das uacuteltimas etapas de aprendizado e raramente fazem parte

de textos de produccedilatildeo espontacircnea

11 Problemas

sintaacuteticos

Muitos dos problemas sintaacuteticos (concordacircncia regecircncia etc) presentes nos

textos dos aprendizes denotam a transposiccedilatildeo da linguagem oral para a escrita

como ldquoera uma vez um menino que um dia ele saiu de casardquo

Fonte Elaborado pela autora com base em Cagliari (1995)

Dessa forma utilizaremos as categorias de anaacutelise dos ldquoerrosrdquo ortograacuteficos de acordo

com Cagliari (1995) como referencial para anaacutelise dos niacuteveis de escrita dos estudantes sujeitos

desta pesquisa As categorias satildeo transcriccedilatildeo foneacutetica (a representaccedilatildeo da fala) uso indevido

de letras (escolha possiacutevel para representar o som de uma palavra quando a ortografia usa

outra) hipercorreccedilatildeo (quando o aluno jaacute conhece a forma ortograacutefica de determinadas palavras

sabe que a pronuacutencia eacute diferente e passa a generalizar a forma de escrever) modificaccedilatildeo da

estrutura segmental das palavras (erros de troca supressatildeo acreacutescimo e inversatildeo de letras

representando maneiras de escrever porque o aluno ainda natildeo domina bem o uso de certas

letras) juntura intervocabular e segmentaccedilatildeo (ambas refletem criteacuterios de fala que a crianccedila usa

para juntar ou separar palavras) forma morfoloacutegica diferente (variedade dialetal) forma

estranha de traccedilar as letras (dificuldades com a escrita cursiva) uso indevido de letras

43

maiuacutesculas e minuacutesculas (o uso adequado natildeo eacute ensinado) acentos graacuteficos (sinais diacriacuteticos

ausentes nos textos espontacircneos) sinais de pontuaccedilatildeo (tambeacutem natildeo satildeo ensinados) e problemas

sintaacuteticos (denotam modos de falar diferentes do dialeto privilegiado pela ortografia e

apresentam uma topicalizaccedilatildeo da fala e natildeo da escrita)

Todas essas categorias relacionadas por Cagliari (1995) conforme apresentado no

Quadro 04 servem de base para a investigaccedilatildeo dos problemas surgidos nos textos dos alunos

para que o professor a partir daiacute possa realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias ao desenvolvimento

das competecircncias comunicativas dos alunos

12114 Faceta sociolinguiacutestica

Como jaacute dissemos a linguiacutestica eacute a ciecircncia que estuda os fatos da liacutengua Dessa forma

a faceta sociolinguiacutestica estuda os fatos da liacutengua em uso no ambiente cultural e social ou seja

no ambiente das comunidades de fala sob os aspectos linguiacutesticos e sociais

Segundo Bagno (2014 p 13)

A linguagem eacute um fenocircmeno de ordem sociocognitiva quer dizer ao mesmo tempo

em que eacute capacidade bioloacutegica da espeacutecie humana (e exclusiva da espeacutecie humana)

de adquirirproduzirtransmitir conhecimento por meio de

representaccedilotildeessimbolizaccedilotildees do mundo ela tambpem eacute uma forccedila motora de coesatildeo

social ela eacute preservada e transformada pelos membros de uma comunidade e por isso

sujeita aos fluxos influxos e contrafluxos poliacuteticos econocircmicos e sobretudo culturais

dessa comunidade (BAGNO 2014 p 13-14)

Em resumo o autor estaacute dizendo que a linguagem eacute um fenocircmeno social e estaacute

intimamente ligada aos aspectos culturais de uma comunidade

De acordo com Bagno (2014) os efeitos dos estudos da variaccedilatildeo social sobre a mudanccedila

linguiacutestica elaboradas por Willian Labov na deacutecada de 1960 tecircm implicaccedilotildees importantes para

a sociolinguiacutestica

Conforme a Teoria da Variaccedilatildeo (Sociolinguiacutestica) a liacutengua natildeo deve ser estudada fora

de seu contexto social como postula Labov (2001) pois para tal eacute necessaacuterio levar em conta

o contexto social e a variedade em uso Desse modo o autor afirma que eacute preciso trazer a

gramaacutetica de uso para a sala de aula que pode natildeo coincidir com a gramaacutetica formal e dessa

forma se explica a relaccedilatildeo de independecircncia entre liacutengua e fala

Assim os estudos variacionistas satildeo de fundamental importacircncia considerando que a

fala eacute o uso individual da liacutengua e que haacute sempre mais de uma forma de se dizer a mesma coisa

As liacutenguas satildeo heterogecircneas apresentando variaccedilotildees e independente da variaccedilatildeo apresentam

44

tambeacutem estruturas gramatical lexical sintaacutetico-semacircntica as quais estatildeo a serviccedilo dos

falantes Dentre as variantes linguiacutesticas haacute aquela que eacute vista com maior prestiacutegio social

cobrada e valorizada pela sociedade poreacutem natildeo deixa de ser apenas mais uma variante da

liacutengua

Desse modo Marcuschi (2001) afirma que nem todas as normas podem ser

padronizadas Eacute plausiacutevel que todas as variantes linguiacutesticas sejam valorizadas e respeitadas na

sociedade e principalmente na sala de aula ambiente escolar formador de opiniatildeo Diante

disso espera-se que o professor de Liacutengua Portuguesa fundamente sua praacutetica enquanto docente

do ensino da liacutengua materna para que possa compreender a relaccedilatildeo entre o ensino de Liacutengua

Portuguesa e o respeito agrave variaccedilatildeo linguiacutestica

Portanto o objeto de estudo passa a ser a liacutengua em uso Essa concepccedilatildeo aproxima a

liacutengua (fala) que o aluno usa da Liacutengua Portuguesa de fato porque a sociolinguiacutestica analisa a

liacutengua como identidade pois eacute usada na comunidade na qual o aluno estaacute inserido ressaltando

ainda que a teoria da variaccedilatildeo natildeo surge em funccedilatildeo do ensino mas em razatildeo da necessidade

de contribuir com a accedilatildeo pedagoacutegica e metodoloacutegica do ensino de Liacutengua Portuguesa

45

CAPIacuteTULO II

GEcircNEROS DIGITAIS (MULTI) LETRAMENTOS

Neste capiacutetulo abordamos as relaccedilotildees entre ensino escrita (multi)letramentos e

tecnologias que requerem novas habilidades de leitura compreensatildeo e produccedilatildeo nas mais

variadas praacuteticas sociais sobretudo agraves relacionadas aos gecircneros digitais

21 Letramento

Letramento (portuguecircs) literacy (inglecircs) eacute definido como ldquo[] estado ou condiccedilatildeo de

quem natildeo apenas sabe ler e escrever mas cultiva e exerce as praacuteticas sociais que usam a escritardquo

(SOARES 2014 p 47) Esse termo surgido no final do seacuteculo XX sob a influecircncia do mundo

globalizado visando atender agraves necessidades de uma sociedade moderna trouxe significativas

transformaccedilotildees sobre o pressuposto de quem sabe ler e escrever e tambeacutem de quem se envolve

e faz uso das praacuteticas de leitura e escrita Desse modo Soares (2014 p 38) postula que ldquo[]

aprender a ler e a escrever e aleacutem disso fazer uso da leitura e da escrita transformam o

indiviacuteduo levam o indiviacuteduo a um outro estado ou condiccedilatildeo sob vaacuterios aspectos social

cultural cognitivo linguiacutestico entre outrosrdquo

Dessa forma a pessoa letrada torna-se diferente pois assume o estado ou a condiccedilatildeo

social ou cultural de pensar agir e refletir diferente de uma pessoa que natildeo eacute alfabetizada

Soares define alfabetizaccedilatildeo termo por noacutes jaacute familiarizado como ldquo[] a accedilatildeo de

ensinaraprender a ler e escreverrdquo (SOARES 2014 p 47) Assim o ideal seria que essas accedilotildees

(alfabetizar e letrar) acontecessem concomitantemente como esclarece a autora ao dizer que

ldquo[] o ideal seria alfabetizar letrando ou seja ensinar a ler e a escrever no contexto das praacuteticas

sociais da leitura e da escrita de modo que o indiviacuteduo se tornasse ao mesmo tempo

alfabetizado e letradordquo (SOARES 2014 p 47) Por isso destacamos a importacircncia de se

alfabetizar letrando desde o iniacutecio da escolarizaccedilatildeo desenvolvendo praacuteticas de letramento jaacute

na Educaccedilatildeo Infantil

Para isso alguns fatores podem implicar no sucesso do trabalho com a leitura e a escrita

como por exemplo a escolha da metodologia os materiais (livros didaacuteticos inclusive) a forma

de avaliar e a organizaccedilatildeo da sala de aula para que o aluno saiba ler e escrever

Contudo entendemos que natildeo basta saber ler e escrever eacute necessaacuterio incorporar a

praacutetica da leitura e da escrita em seu cotidiano seja escolar ou natildeo Ao encontro disso Kleiman

(2005 p 13) apresenta o conceito de alfabetizaccedilatildeo como ldquoum conjunto de saberes sobre o

46

coacutedigo escrito da liacutengua que eacute mobilizado pelo indiviacuteduo para participar das praacuteticas letradas

em outras esferas de atividades natildeo necessariamente escolaresrdquo ou seja assemelhando ao

conceito de letramento

Assim a palavra letramento vem atender a uma necessidade visto que soacute a condiccedilatildeo de

alfabetizado conforme exposto acima natildeo garante que o indiviacuteduo ponha em praacutetica

habilidades e competecircncias em leitura e escrita como atividade social

Nesse sentido Kleiman (2005) diz que o letramento eacute complexo envolvendo muito

mais do que uma habilidade ou conjunto de habilidades ou uma competecircncia de quem lecirc

Envolve muacuteltiplas capacidades e conhecimentos para mobilizar essas capacidades muitos dos

quais natildeo tecircm necessariamente relaccedilatildeo com a leitura Ou seja envolve o conhecimento e a

cultura fora do contexto escolar pois o letramento ultrapassa os muros da escola Poreacutem o foco

dessa discussatildeo eacute a aprendizagem dentro da escola Assim busca-se investigar como favorecer

e fomentar o conhecimento sistematizado da leitura e da escrita sobretudo para aqueles que

estatildeo na escola haacute anos e natildeo conseguem aprender Dessa forma o desenvolvimento dessas

habilidades deve acontecer em um continuum de processos cognitivos que integram diversas

praacuteticas sociais de leitura e escrita

Cumpre salientar que Soares alerta para uma questatildeo de fundamental importacircncia a

falta de condiccedilatildeo para avaliar e medir o letramento pois natildeo haacute uma definiccedilatildeo exata para esse

processo Como distinguir pessoas letradas de iletradas ou como estabelecer niacuteveis de

letramento A esse respeito Soares indaga

Se o letramento eacute um contiacutenuo que representa diferentes tipos e niacuteveis de habilidades

e conhecimentos e eacute um conjunto de praacuteticas sociais que envolvem usos heterogecircneos

de leitura e escrita com diferentes finalidades que ponto desse contiacutenuo deve separar

adultos letrados de iletrados em censos populacionais e pesquisas por amostragem

ou crianccedilas bem sucedidas de crianccedilas mal sucedidas na aquisiccedilatildeo do letramento em

contextos escolares (SOARES 2014 p 83)

Com base nesse problema a autora enfatiza que avaliaccedilotildees pesquisas e mediccedilotildees de

letramento realizadas por censos populacionais ou sistemas escolares satildeo imprecisas pelo fato

de o letramento ser uma variaacutevel contiacutenua jaacute que se refere a uma multiplicidade de habilidades

que devem ser aplicadas a uma variedade de materiais de leitura Soares (2014) esclarece ainda

que a avaliaccedilatildeo e a mediccedilatildeo do letramento e suas relaccedilotildees eacute uma tarefa muito complexa pois

exige um paracircmetro para tal procedimento Contudo a falta de definiccedilatildeo exata e de paracircmetros

para avaliar e definir letramento natildeo impede e natildeo exclui a necessidade e a importacircncia de

avaliar ou medir o letramento como forma de se obter dados para fins teoacutericos e praacuteticos

47

Observamos que questotildees associadas ao desenvolvimento da leitura e da escrita bem

como compreensatildeo de textos e o uso eficiente dessas praacuteticas tecircm sido motivo de preocupaccedilatildeo

e estudo no sentido de se definirem iacutendices de letramento Segundo Soares (2014) as

definiccedilotildees de iacutendices de letramento se justificam porque indicam progressos baacutesicos de um paiacutes

ou de uma comunidade servem de comparaccedilatildeo entre paiacuteses e comunidades Aleacutem disso a

justificativa que consideramos mais pertinente eacute a de que iacutendices de letramento satildeo

imprescindiacuteveis para formulaccedilatildeo implementaccedilatildeo e planejamento de poliacuteticas puacuteblicas no

campo educacional e social

Por isso tomamos por letramento mais uma vez de acordo com Soares (2014 p 44)

ldquo[] o estado ou condiccedilatildeo de quem se envolve nas numerosas e variadas praacuteticas sociais de

leitura e escritardquo sabendo que haacute diferentes tipos e niacuteveis de letramento e que dependem das

necessidades e do contexto social e cultural do indiviacuteduo

Essa definiccedilatildeo eacute indispensaacutevel como expotildee Soares (2014 p 82) ao dizer que ldquouma

definiccedilatildeo geral e amplamente aceita eacute necessaacuteria especialmente quando se pretende avaliar e

medir niacuteveis de letramento sem ela como determinar criteacuterios que estabeleccedilam a diferenccedila

entre letrado e iletrado entre diferentes niacuteveis de letramentordquo

Com base nisso a avaliaccedilatildeo e a mediccedilatildeo do letramento em estudos por amostragem

satildeo consideradas pela autora como o meacutetodo mais adequado por medir e avaliar ldquoem

profundidade tanto as habilidades de leitura e de escrita atraveacutes de provas e testes quanto os

usos cotidianos dessas habilidades atraveacutes de questionaacuterios estruturadosrdquo (SOARES 2014 p

104) Dessa forma esse tipo de avaliaccedilatildeo e mediccedilatildeo busca identificar o letramento funcional

ou seja a praacutetica real das habilidades de leitura e escrita e a frequecircncia de usos sociais dessas

habilidades Aleacutem disso segundo Soares (2014) as escolas satildeo instacircncias que podem fazer uso

de avaliaccedilotildees e mediccedilotildees do letramento avaliando de maneira progressiva a aquisiccedilatildeo de

habilidades conhecimentos e usos sociais da leitura e da escrita mas alerta para o cuidado de

natildeo reduzir as praacuteticas de letramento apenas ao contexto escolar e distanciaacute-las das praacuteticas

sociais

22 Multimodalidade e Multiletramentos no ensino de Liacutengua Portuguesa

Segundo Kleiman (2005 p 53) ldquoo professor enquanto agente de letramento eacute um

promotor das capacidades e recursos de seus alunos e de suas redes comunicativas para que

participem das praacuteticas de uso da escrita situadas nas diversas instituiccedilotildeesrdquo Nesse sentido a

importacircncia do agente de letramento como mobilizador da praacutetica letrada atraveacutes dos gecircneros

textuais ou digitais vai ao encontro da necessidade de trabalhar com gecircneros socialmente

48

relevantes e que ampliem a capacidade linguiacutestica dos alunos Por isso levamos em conta a

grande circulaccedilatildeo de textos contemporacircneos carregados de imagens de cores de formatos

entre outros aspectos da diagramaccedilatildeo

Assim observamos que a forma de apresentaccedilatildeo dos textos em sala de aula vem

mudando consideravelmente nas uacuteltimas deacutecadas e o estiacutemulo ao desenvolvimento das

competecircncias sociocomunicativas e linguiacutesticas dos alunos por meio de diferentes suportes e

gecircneros textuais estaacute presente em muitos ambientes escolares Essa apresentaccedilatildeo de

informaccedilotildees escritas a maneira como eacute veiculada e as variedades de modos de comunicaccedilatildeo

existentes exigem da escola mais reflexatildeo sobre os aspectos do processo de ensinar e de

aprender

Nessa direccedilatildeo Rojo (2009 p 105) afirma que ldquo[] por efeito da globalizaccedilatildeo o mundo

mudou muito nas uacuteltimas deacutecadas Em termos de exigecircncias de novos letramentos eacute

especialmente importante destacar as mudanccedilas relativas aos meios de comunicaccedilatildeo e agrave

circulaccedilatildeo da informaccedilatildeordquo

Diante disso eacute fundamental destacar que o surgimento das tecnologias digitais e a forma

ou necessidade de a escola trabalhar com a tecnologia contribuiacuteram para a investigaccedilatildeo de

teorias que esclarecem os conceitos sobre os usos das tecnologias na educaccedilatildeo sobre a

multimodalidade e os multiletramentos

Por multimodalidade ou multissemiose Rojo tece as seguintes consideraccedilotildees

Eacute o que tem sido chamado de multimodalidade ou multissemiose dos textos

contemporacircneos que exigem multiletramentos Ou seja textos compostos de muitas

linguagens (ou modos ou semioses) e que exigem capacidades e praacuteticas de

compreensatildeo e produccedilatildeo de cada uma delas (multiletramentos) para fazer significar

(ROJO 2012 p 19)

Dessa forma percebemos que esses textos carregados de semiose exigem novas formas

de ler e de compreender assim como o termo multiletramento refere-se agrave habilidade de saber

analisar semioses compreender novas linguagens observando a diversidade cultural e

linguiacutestica tatildeo presente na nossa sociedade Por isso torna-se relevante o professor aprofundar

seu conhecimento nos estudos voltados para a linguagem sobre como ela se processa e como

eacute utilizada

Atualmente os recursos utilizados nas diferentes miacutedias sejam impressas ou digitais

exigem um novo comportamento do leitor Considerando esse contexto Rojo (2009) destaca

que o surgimento e a ampliaccedilatildeo contiacutenua de acesso agraves tecnologias digitais da comunicaccedilatildeo e da

informaccedilatildeo (computadores pessoais celulares tocadores de mp3 TVs digitais entre outras)

49

implicaram em pelo menos quatro mudanccedilas que ganham importacircncia na reflexatildeo sobre os

letramentos como podemos observar no Quadro 05

Quadro 05 ndash Mudanccedilas sobre os letramentos

Mudanccedilas que ganham importacircncia na reflexatildeo sobre os letramentos

1ordf

A vertiginosa intensificaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo da circulaccedilatildeo da informaccedilatildeo nos meios

analoacutegicos e digitais que por isso mesmo distanciam-se hoje dos meios impressos muito mais

morosos e seletivos implicando [] mudanccedilas significativas nas maneiras de ler de produzir e

de fazer circular textos na sociedade

2ordf

A diminuiccedilatildeo das distacircncias espaciais tanto em termos geograacuteficos por efeito dos transportes

raacutepidos como em termos culturais e internacionais por efeito da miacutedia digital e analoacutegica

desenraizando as populaccedilotildees e desconstruindo identidades

3ordf

A diminuiccedilatildeo das distacircncias temporais ou a contraccedilatildeo do tempo determinadas pela velocidade

sem precedentes a quase instantaneidade dos transportes da informaccedilatildeo dos produtos culturais

das miacutedias caracteriacutesticas que tambeacutem colaboram para mudanccedilas nas praacuteticas de letramento

4ordf

A multissemiose ou a multiplicidade de modos de significar que as possibilidades

multimidiaacuteticas e hipermidiaacuteticas do texto eletrocircnico trazem para o ato de leitura jaacute natildeo basta

mais a leitura do texto verbal escrito ndash eacute preciso relacionaacute-lo com um conjunto de signos de

outras modalidades de linguagem (imagem estaacutetica imagem em movimento muacutesica fala) que

o cercam ou intercalam ou impregnam esses textos multissemioacuteticos extrapolaram os limites

dos ambientes digitais e invadiram tambeacutem os impressos (jornais revistas livros didaacuteticos)

Fonte Rojo 2009 p 105

Com base no exposto podemos destacar que natildeo daacute mais para ignorar que essas

mudanccedilas interferem no modo como as pessoas leem e interpretam textos contemporacircneos em

diferentes suportes sejam analoacutegicos ou digitais Desse modo ler considerando as imagens

cores formatos e tamanhos de letras boxes entre outros recursos trazendo para si significaccedilatildeo

requer competecircncia anaacutelise e leitura criacutetica Nesse sentido Rojo (2009 p 112) define ldquoos

letramentos criacuteticos como capazes de lidar com textos e discursos naturalizados de maneira a

perceber seus valores e intenccedilotildees suas estrateacutegias seus efeitos de sentidordquo

Dessa forma observamos que a leitura por meio da tecnologia estaacute em evidecircncia e o

nosso aluno deve estar inserido nesse contexto Aleacutem disso percebemos que a utilizaccedilatildeo desses

recursos digitais concentram dinamismo e interaccedilatildeo tatildeo atrativos agraves crianccedilas jovens e adultos

da contemporaneidade

Vivemos em uma era em que a internet as redes sociais os textos multimodais e

hipermidiaacuteticos apresentam estruturas de texto verbal e natildeo-verbal cada vez mais atraentes

permitindo ao leitorusuaacuterio ser levado a um infinito mundo real e irreal de possibilidades de

comunicaccedilatildeo Assim levando em conta esse contexto hipermidiaacutetico Rojo argumenta que

[u]m dos objetivos principais da escola eacute justamente possibilitar que seus alunos

possam participar das vaacuterias praacuteticas sociais que se utilizam da leitura e da escrita

(letramentos) na vida da cidade de maneira eacutetica criacutetica e democraacutetica Para fazecirc-lo

eacute preciso que a educaccedilatildeo linguiacutestica leve em conta hoje de maneira eacutetica e

democraacutetica os multiletramentos ou letramentos muacuteltiplos os letramentos

multissemioacuteticos (ROJO 2009 p 107)

50

Outro aspecto que devemos levar em consideraccedilatildeo eacute que o trabalho com textos

multimodais pode proporcionar a anaacutelise da leitura de imagens com consideraacutevel importacircncia

pois sabemos que antes de conhecer a escrita na escola a crianccedila jaacute convive com ela e antes

mesmo de atentar agrave palavra escrita sente-se atraiacuteda pela imagem pelo colorido pelas

propagandas visuais e pelo fasciacutenio da tecnologia

Segundo Rojo (2009 p 108) as ldquo[] muacuteltiplas exigecircncias que o mundo contemporacircneo

apresenta agrave escola vatildeo multiplicar enormemente as praacuteticas e textos que nela devem circular e

ser abordadosrdquo e questiona sobre como seraacute realizada essa abordagem na escola Como

organizar a abordagem de praacuteticas de letramento Que eventos que esferas e miacutedias selecionar

Quais textos e como abordaacute-los

Para esse entendimento e escolha Marcuschi (2008) e Rojo (2009) acrescentam que

dois conceitos bakhtinianos podem nos auxiliar o conceito de esfera de atividade ou de

circulaccedilatildeo de discursos e o conceito de gecircneros discursivos De acordo com Marcuschi (2008

p 155) o domiacutenio discursivo constitui-se de ldquo[] praacuteticas enunciativas discursivas nas quais

podemos identificar um conjunto de gecircneros textuais que agraves vezes lhe satildeo proacuteprios ou

especiacuteficos como rotinas comunicativas []rdquo

Bakhtin defende que

[t]odas as esferas da atividade humana por mais variadas que sejam estatildeo sempre

relacionadas com a utilizaccedilatildeo da liacutengua Natildeo eacute de surpreender que o caraacuteter e os modos

dessa utilizaccedilatildeo sejam tatildeo variados como as proacuteprias esferas da atividade humana o

que natildeo contradiz a unidade nacional de uma liacutengua A utilizaccedilatildeo da liacutengua efetua-se

em forma de enunciados (orais e escritos) concretos e uacutenicos que emanam dos

integrantes duma ou doutra esfera da atividade humana (BAKHTIN1997 p 279)

Assim percebemos que em nossa vida cotidiana participamos de diversas esferas de

atividade como por exemplo atividades domeacutesticas e familiares do trabalho escolar

acadecircmica religiosa artiacutestica juriacutedica publicitaacuteria entre tantas outras e natildeo podemos deixar

de citar que hoje as atividades eletrocircnicasdigitais tambeacutem fazem parte das esferas de atividade

humana e que soacute podem ser realizadas por meio da tecnologia

Rojo (2009) acrescenta que na vida diaacuteria circulamos por essas esferas em diferentes

posiccedilotildees sociais miacutedias diversas e em culturas tambeacutem diferentes Compreendemos que a

inserccedilatildeo da tecnologia no cotidiano das pessoas eacute cada vez mais rotineira e rompeu as barreiras

da comunicaccedilatildeo pois mudou a forma de pensar de agir de relacionar e de produzir informaccedilatildeo

Por isso a autora destaca que hoje as esferas de atividades natildeo satildeo estanques e separadas mas

ao contraacuterio elas se mesclam o tempo todo como podemos ver na figura abaixo

51

Figura 03 ndash Esferas de atividade social ou de circulaccedilatildeo dos discursos

Fonte Rojo 2009 p 110

A figura 03 revela que cada esfera de atividade humana da oralidade ou da escrita

impressa ou digital representa uma dimensatildeo de circulaccedilatildeo de discursos e de utilizaccedilatildeo da

liacutengua e que muitos gecircneros satildeo comuns a vaacuterios domiacutenios Por isso a autora explica que em

uma esfera de comunicaccedilatildeo a crianccedila ou o jovem usa a linguagem informal como no MSN em

e-mails em blog e em bilhetes escolares obedecendo agraves condiccedilotildees de circulaccedilatildeo da liacutengua

Outro aspecto pertinente levantado por Rojo (2009) eacute que a abrangecircncia de discursos

das ideologias e das significaccedilotildees devem fomentar na escola e fora dela os letramentos criacuteticos

que possibilitam ao aluno lidar com textos e discursos percebendo seus valores suas intenccedilotildees

e seus efeitos de sentido As esferas de atividade no mundo contemporacircneo ampliaram as

condiccedilotildees de discurso sendo papel da escola ldquo[] colocar em diaacutelogo ndash natildeo isento de conflitos

polifocircnico em termos bakhtinianos ndash os textosenunciadosdiscursos das diversas culturas locais

com as valorizadas [] para formar um cidadatildeo multicultural em sua cultura e poliglota em

sua liacutenguardquo (ROJO 2009 p 115)

Assim eacute preciso trazer esse universo midiaacutetico para a escola natildeo para servir agrave cultura

global mas para ajudar o aluno a despertar o senso criacutetico avaliando o que lecirc as informaccedilotildees

que recebe sua aprendizagem o significado e a influecircncia do aprendizado na sua vida Com

isso torna-se papel da escola inserir esse universo na sala de aula buscando formar indiviacuteduos

criacuteticos capazes de ler de interpretar de avaliar o mundo em que vivem de interagir imagens

com palavras tornando-os mais motivados para o uso da leitura e da escrita como atividade

social

Portanto eacute necessaacuterio ensinar o aluno a comunicar-se e a produzir comunicaccedilatildeo auxiliaacute-

lo a perceber a se expressar a construir uma visatildeo criacutetica e eficiente das diversas formas de

expressatildeo ampliando sua percepccedilatildeo no entendimento de qualquer linguagem principalmente

52

porque vivemos em espaccedilos de aprendizagem que pretendem incorporar gradativamente o uso

das tecnologias e com isso a intensidade da informaccedilatildeo verbal e da visual exige de noacutes

compreensatildeo e reestruturaccedilatildeo da forma como estamos acostumados a ler

23 Texto (multimodal) e ensino

No ensino de Liacutengua Portuguesa o texto eacute o ponto de partida para o desenvolvimento

de atividades de leitura compreensatildeo interpretaccedilatildeo reflexatildeo sobre o uso da liacutengua

vocabulaacuterio ortografia e tema para as produccedilotildees de texto praticamente nesta sequecircncia de

estudo tanto no planejamento dos professores dessa aacuterea quanto na maioria dos livros didaacuteticos

Assim podemos inferir que o texto eacute algo essencial na praacutetica de leitura e escrita nas aulas de

Liacutengua Portuguesa e tambeacutem uma atividade muito familiar de todos os estudantes pois eacute uma

praacutetica constante da escola Aleacutem disso falamos por textos e lidamos com textos diariamente

sejam orais ou escritos impressos ou digitais

A partir dos anos 60 surge a Linguiacutestica do texto que trata hoje da produccedilatildeo e da

compreensatildeo de textos orais e escritos De acordo com Marcuschi (2008 p 73) a Linguiacutestica

textual ndash LT ndash ldquopode ser definida como os estudos das operaccedilotildees linguiacutesticas discursivas e

cognitivas reguladoras e controladoras da produccedilatildeo construccedilatildeo e processamento de textos orais

e escritos ou orais em contextos naturais de usordquo Assim de acordo com o autor a LT parte do

princiacutepio de que a liacutengua natildeo funciona de forma fragmentada em fonemas morfemas palavras

ou frases soltas mas em unidades de sentido que chamamos de texto sejam orais ou escritos

De acordo com Koch (2012 p 25) ldquoo conceito de texto varia conforme o autor eou a

orientaccedilatildeo teoacuterica adotadardquo Assim concebemos a noccedilatildeo de texto que Marcuschi (2008 p 72)

adota desenvolvida por Beaugrande (1997) segundo o qual ldquotexto eacute um evento comunicativo

em que convergem accedilotildees linguiacutesticas sociais e cognitivasrdquo

Segundo Marcuschi (2008 p 80) ldquoo texto natildeo eacute uma simples sequecircncia de palavras

escritas ou faladas mas um eventordquo Um evento comunicativo que tem como foco os usos da

liacutengua que concentra a sua essecircncia em expor as coisas reais que acontecem no dia-a-dia das

pessoas que tenha relevacircncia para a sua vida e para os outros Natildeo eacute um simples amontoado de

palavras soltas mas uma atividade discursiva que pode ser falada ou escrita

Koch (2012 p 26) postula que ldquoo texto pode ser concebido como resultado parcial de

nossa atividade comunicativa que compreende processos operaccedilotildees e estrateacutegias que tecircm lugar

na mente humana e que satildeo postos em accedilatildeo em situaccedilotildees concretas de interaccedilatildeo socialrdquo

Assim percebe-se que o texto apresenta um conjunto de fatores que favorecem a

concepccedilatildeo de linguagem em uso de discursividade de sentido de valor semacircntico de suas

53

propriedades (coesatildeo coerecircncia informatividade intertextualidade entre outros) de

multifunccedilotildees e multimodalidade Nessa perspectiva Marcuschi (2008) tece as seguintes

consideraccedilotildees

1 O texto eacute visto como um sistema de conexotildees entre vaacuterios elementos tais como

sons palavras enunciados significaccedilotildees participantes contextos accedilotildees etc

2 O texto eacute construiacutedo numa orientaccedilatildeo de multissistemas ou seja envolve tanto

aspectos linguiacutesticos como natildeo linguiacutesticos no seu processamento (imagem muacutesica)

e o texto se torna em geral multimodal

3 O texto eacute um evento interativo e natildeo se daacute como um artefato monoloacutegico e

solitaacuterio sendo sempre um processo e uma coproduccedilatildeo (co-autorias em vaacuterios niacuteveis)

4 O texto compotildee-se de elementos que satildeo multifuncionais sob vaacuterios aspectos tais

como um som uma palavra uma significaccedilatildeo uma instruccedilatildeo etc e deve ser

processado com esta multifuncionalidade (MARCUSCHI 2008 p 80)

Com base no exposto consideramos que o texto extrapola as questotildees meramente

linguiacutesticas pois concentra vaacuterios aspectos natildeo linguiacutesticos que devem ser considerados

principalmente porque estamos inseridos em uma sociedade imersa em um grande ambiente

multimodal

Na Teoria da Multimodalidade defendida por Kress e Van Leeuwen (2006) o texto

multimodal eacute aquele cujo significado se realiza por mais de um coacutedigo semioacutetico ou recursos

semioacuteticos Por recursos semioacuteticos entendem-se de acordo com Dioniacutesio (2006) os modos

(imagens escrita som muacutesica linhas cores tamanhos acircngulos ritmos etc) e como eles se

integram no texto atraveacutes das modalidades sensoriais (visual auditiva olfativa etc) Ainda de

acordo com Dioniacutesio (2006 p 21) ldquoo termo multimodal tem sido usado para nomear textos

constituiacutedos por combinaccedilatildeo de recursos de escrita (fonte tipografia) som (palavras faladas

muacutesicas) imagens (desenhos fotos reais) gestos movimentos expressotildees faciais etcrdquo

Deve-se ressaltar que ao fazer a leitura de uma imagem aleacutem de observar planos traccedilos

cores figuras eacute preciso compreender como esse conjunto de recursos semioacuteticos dialogam

pois ao vermos uma imagem imediatamente evocamos uma seacuterie de interpretaccedilotildees

Para Dioniacutesio (2006 p 160) o fato de a nossa sociedade estar cada vez ldquomais visualrdquo

demonstra que os textos multimodais ldquo[] satildeo textos especialmente construiacutedos que revelam

as nossas relaccedilotildees com a sociedade e com o que a sociedade representardquo

Por isso o estudo dos textos multimodais eacute relevante porque estamos imersos em

imagens sons textos palavras muacutesicas cores entre outras infinidades de possibilidades de

leituras variadas dispostas nesta sociedade que utiliza a internet como veiacuteculo de informaccedilatildeo e

de comunicaccedilatildeo Esse estudo possibilita ao professor e ao aluno o conhecimento de uma

54

linguagem multissignificativa entrecortada por relaccedilotildees de poder que se estabelecem no

discurso

Dessa maneira a anaacutelise dos textos visuais contribui de forma relevante para que se

compreendam os mecanismos de construccedilatildeo de sentidos visuais o que favorece o

desenvolvimento da leitura e da escrita de textos de natureza multimodal de acordo com a

Gramaacutetica de Design Visual ndash GDV de Kress e Van Leewen

Natildeo podemos deixar de abordar que o sistema de estruturaccedilatildeo visual elaborado por

Krees e Van Leeuwen (2006) na Gramaacutetica de Design Visual (GDV) compotildee-se de trecircs

metafunccedilotildees Primeiramente citamos a metafunccedilatildeo ideacional por meio da qual eacute expressa a

experiecircncia e a habilidade dos participantes de representarem e de interpretarem o mundo por

meio de estruturas narrativas ou conceituais (participantes representados participantes

interativos) A metafunccedilatildeo interacional diz respeito ao grau de interaccedilatildeo entre os elementos da

composiccedilatildeo Aleacutem disso haacute metafunccedilatildeo interpessoal na qual eacute expressa a relaccedilatildeo estabelecida

entre os interlocutores que ao desempenharem suas funccedilotildees criam possiacuteveis significados

tendo como base o contexto social do qual fazem parte (contato olhar de oferta e olhar de

demanda distacircncia social plano fechado plano meacutedio plano aberto) Haacute tambeacutem a funccedilatildeo

composicional que tem metafunccedilatildeo textual a qual expressa a relaccedilatildeo e a disposiccedilatildeo que os

elementos visuais ocupam na composiccedilatildeo visual para a construccedilatildeo de sentidos bem como a

relaccedilatildeo que esses elementos mantecircm com a situaccedilatildeo em que satildeo usados (valor da informaccedilatildeo

dadonovo idealreal e centromargem) A partir dessas consideraccedilotildees observa-se a articulaccedilatildeo

de vaacuterios modos semioacuteticos nos textos multimodais que convergem significados

representacionais interativos e composicionais e contribuem com a construccedilatildeo de sentidos do

texto

Entendemos de acordo com Koch (2006) que o sentido do texto eacute construiacutedo pelos

processos de interaccedilatildeo autor-texto-leitor Aleacutem disso a autora considera de fundamental

importacircncia que o leitor leve em consideraccedilatildeo as ldquosinalizaccedilotildeesrdquo na e para a produccedilatildeo de sentido

e os conhecimentos que possui ou seja o sentido de um texto eacute construiacutedo na interaccedilatildeo texto-

sujeitos

Segundo Marcuschi (2008 p 70) sujeito ldquoeacute aquele que ocupa um lugar no discurso e

que se determina na relaccedilatildeo com o outrordquo Um sujeito que pensa que se apropriou da

linguagem tem o que falar e para quem falar Um ser social eacute capaz de produzir ideias e

envolver-se nas questotildees da sociedade em que vive de forma interativa e contextualizada Eacute sob

essa perspectiva de escrita como atividade interativa que Antunes (2003) estabelece as

seguintes consideraccedilotildees

55

Uma visatildeo interacionista da escrita supotildee desse modo encontro parceria

envolvimento entre sujeitos para que aconteccedila a comunhatildeo das ideias das

informaccedilotildees e das intenccedilotildees pretendidas Assim por essa visatildeo supotildee que algueacutem

selecionou alguma coisa a ser dita a um outro algueacutem como quem pretendeu interagir

em vista de algum objetivo (ANTUNES 2003 p 45)

Diante do exposto a produccedilatildeo de textos na escola merece atenccedilatildeo haja vista a

necessidade de tornar o aluno sujeito das suas proacuteprias ideias ou seja um produtor de textos

que tem algo a dizer e para quem dizer Dessa forma pretende-se que a autoria faccedila parte da

vida do aluno como algo natural em uma troca de informaccedilotildees que se deseja partilhar Contudo

a dificuldade em produzir textos eacute uma realidade escolar A maioria dos alunos apresenta

estranhamento bloqueio medo de escrever Lidam diariamente com textos na escola e fora

dela realizam leituras desenvolvem atividades de interpretaccedilatildeo e anaacutelise mas demonstram

insatisfaccedilatildeo em produzir textos

Percebe-se que a falta de entendimento do que vem a ser um texto bem como da sua

percepccedilatildeo enquanto sujeito capaz de produzir discurso nas relaccedilotildees de interaccedilatildeo interfere

nesse processo de produccedilatildeo textual Por isso julgamos ser imprescindiacutevel que o aluno tenha

contato com textos de diversos gecircneros e que seja tambeacutem um leitor Ser leitor para construir

um repertoacuterio ideoloacutegico e vivencial para ter o que falar e para quem falar Como ressalta

Bakhtin

[n]a realidade toda palavra comporta duas faces Ela eacute determinada tanto pelo fato de

que procede de algueacutem como pelo fato de que se dirige para algueacutem Ela constitui

justamente o produto da interaccedilatildeo do locutor e do ouvinte [] A palavra eacute uma

espeacutecie de ponte lanccedilada entre mim e os outros Se ela se apoia sobre mim numa

extremidade na outra apoia-se sobre o meu interlocutor A palavra eacute o territoacuterio

comum do locutor e do interlocutor (BAKHTIN 1999 p 113)

Logo precisamos deixar claro para o aluno que ele tem capacidades comunicativas e

que sempre haveraacute a possibilidade de interaccedilatildeo entre locutor e interlocutor que ldquotodos temos

uma competecircncia textual-discursiva relativamente bem desenvolvida e natildeo haacute o que ensinar

propriamenterdquo como ressalta Marcuschi (2008 p 81) Nesse sentido a escola deve ativar essa

competecircncia a partir da praacutetica docente que intermedeia a linguagem oral e escrita atraveacutes de

leituras debates problematizaccedilatildeo discussotildees em sala de aula entre outras estrateacutegias que

privilegiam a produccedilatildeo textual como algo prazeroso

56

24 A internet e os gecircneros digitais no contexto escolar

Pensar em como as tecnologias digitais da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo podem

transformar nossa praacutetica pedagoacutegica natildeo eacute algo tatildeo recente Mesmo assim a praacutetica

pedagoacutegica sob essa perspectiva possibilita a noacutes professores natildeo soacute a atualizaccedilatildeo de

conhecimentos mas o acompanhamento das mudanccedilas no cenaacuterio mundial principalmente no

contexto escolar que eacute nosso espaccedilo de atuaccedilatildeo profissional Dessa forma a escola natildeo pode

desvincular-se do que acontece fora dela devendo estabelecer relaccedilotildees de praacuteticas de

letramento com a tecnologia para que surjam novas possibilidades de ensino-aprendizagem

contextualizadas e significativas

Nesse contexto as miacutedias e as tecnologias ganharam destaque em todos os aspectos

principalmente como instrumentos de novas propostas pedagoacutegicas Assim entende-se cada

vez mais a escola como uma instituiccedilatildeo inserida em uma sociedade que apresenta

transformaccedilotildees especialmente nas formas de acesso ao conhecimento Dessa maneira para natildeo

dissociar suas praacuteticas e processos da realidade social ela deve tambeacutem acompanhar essas

transformaccedilotildees apropriando-se desses novos meios de transmissatildeo de conhecimento e

transformando-os em instrumentos pedagoacutegicos A partir dessa concepccedilatildeo eacute preciso abordar

de maneira sucinta as interfaces das tecnologias digitais da informaccedilatildeo e da comunicaccedilatildeo com

a educaccedilatildeo

A internet ganhou abrangecircncia mundial pois eacute responsaacutevel por uma parte expressiva

das informaccedilotildees que circulam no mundo em um processo de compartilhamento de ideias que

foi estimulado especialmente a partir da deacutecada de 1980 quando seu uso tornou-se puacuteblico

deixando de ser exclusividade de especialistas e instituiccedilotildees governamentais Desde entatildeo a

internet vem se popularizando com a implantaccedilatildeo de laboratoacuterios de informaacutetica em diversas

instituiccedilotildees de ensino sobretudo apoacutes a utilizaccedilatildeo das ondas de raacutedio para essa finalidade uma

vez que por meio de uma linha telefocircnica seu uso era dispendioso e por isso restrito

Em 2015 conforme dados extraiacutedos da Pesquisa Nacional por Amostras em Domiciacutelios

(PNAD 2015) 578 de domiciacutelios brasileiros possuiacuteam acesso agrave internet Isso equivale a 393

milhotildees de domiciacutelios Aleacutem disso a pesquisa evidenciou que quanto maior a classe de

rendimento mensal domiciliar per capita maior eacute a proporccedilatildeo de domiciacutelios com Internet

Assim os domiciacutelios pertencentes agraves classes de rendimento domiciliar per capita de ateacute um

salaacuterio miacutenimo encontram-se abaixo da meacutedia nacional revelando uma desigualdade

socioeconocircmica e assim uma desvantagem quanto ao acesso agrave internet por falta de condiccedilotildees

financeiras

57

Outro aspecto observado de acordo com a PNAD (2015)15 eacute que houve reduccedilatildeo no

nuacutemero de domiciacutelios particulares permanentes com acesso agrave internet por meio de

microcomputador passando de 282 milhotildees em 2014 para 275 milhotildees em 2015 No

entanto aumentou o contingente de domiciacutelios com acesso agrave internet por meio de outros

equipamentos como celular 921 (362 milhotildees) tinham acesso por meio de telefone moacutevel

celular (aumento de 117 pontos percentuais em relaccedilatildeo a 2014) 211 (83 milhotildees) por tablet

(queda de 08 ponto percentual) e 75 (29 milhotildees) por televisatildeo (aumento de 26 pontos

percentuais)

Em 2013 o uso do microcomputador predominava em todas as grandes regiotildees com

exceccedilatildeo da regiatildeo Norte Jaacute em 2014 e contiacutenuo crescimento em 2015 de acordo com a

pesquisa a utilizaccedilatildeo do microcomputador como uacutenico equipamento para acesso agrave internet natildeo

mais prevalece na maioria dos domiciacutelios da populaccedilatildeo brasileira

Vale ressaltar tambeacutem que a pesquisa por meio da anaacutelise por distribuiccedilatildeo etaacuteria

constatou que os grupos mais jovens registraram as maiores proporccedilotildees de utilizaccedilatildeo da internet

em 2015 Analisando os grupos compreendidos na faixa de 10 a 44 anos de idade descobriu-

se que o uso da internet ultrapassava 575 (1021 milhoes de pessoas) Observamos a partir

desses dados que a utilizaccedilatildeo da internet mostrou relaccedilatildeo direta com os anos de estudo

indicando proporccedilotildees crescentes entre os mais escolarizados Em relaccedilatildeo a 2013 2014 e 2015

todos os niacuteveis de instruccedilatildeo apresentaram aumento da utilizaccedilatildeo da internet com exceccedilatildeo do

grupo sem instruccedilatildeo e menos de um ano de estudo que passou de 54 em 2013 para 52

em 2014 mas em 2015 houve aumento de 22 passando para 74 Para as pessoas com ateacute

sete anos de estudo a proporccedilatildeo foi inferior agrave meacutedia nacional (575) enquanto para aquelas

com oito anos ou mais de estudo a proporccedilatildeo foi superior Assim considerando o niacutevel de

instruccedilatildeo observou-se que as proporccedilotildees de utilizaccedilatildeo da Internet aumentaram continuamente

ateacute o niacutevel superior incompleto que alcanccedilou o valor maacuteximo de 9470 decaindo depois

para 928 no grupo que possui superior completo Eacute notoacuterio dizer que em 2015 dos 1021

milhotildees de usuaacuterios da internet 284 (290 milhotildees) eram estudantes Por isso o potencial e

as possibilidades de uso da internet na educaccedilatildeo satildeo evidentes porque ela constitui a maior e a

mais abrangente forma de comunicaccedilatildeo interaccedilatildeo e troca de saberes devendo fazer parte do

contexto escolar

15 Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNAD 2015) Disponiacutevel em lt

httpsbibliotecaibgegovbrvisualizacaolivrosliv99054pdf gt Acesso em 04 fev 2018

58

Assim podemos dizer que esses novos recursos de interaccedilatildeo comunicativa viabilizados

pela tecnologia podem e devem ser agregados ao contexto escolar estabelecendo relaccedilotildees de

sentido para o aluno e para a sociedade

Dessa forma sob a perspectiva do letramento como praacutetica social que atenda agraves

necessidades de aprendizagem do seacuteculo XXI a exigecircncia de utilizar os gecircneros digitais como

ferramenta de ensino configura um novo comportamento diante da leitura e da escrita Dessa

maneira a praacutetica docente restrita ao letramento das miacutedias impressas natildeo eacute suficiente tendo

em vista a real necessidade de inserir tecnologias digitais no contexto escolar que jaacute estatildeo tatildeo

presentes na vida das pessoas e de certa forma fora da escola

A esse respeito Coscarelli afirma que

[a]s escolas precisam preparar os alunos tambeacutem para o letramento digital com

competecircncias e formas de pensar adicionais ao que antes era previsto para o impresso

Sendo assim o desafio que precisamos enfrentar eacute o de incorporar ao ensino da leitura

tanto os textos de diferentes miacutedias (jornais impressos e digitais formulaacuterios online

viacutedeos muacutesicas sites blogs e tantos outros) quanto formas de lidar com eles (COSCARELLI 2016 p 17)

Assim a escola poderia levar em consideraccedilatildeo esses aspectos e preparar o aluno para

viver na sociedade contemporacircnea estabelecendo relaccedilotildees com o mundo real e com a

tecnologia preparando-o para enfrentar desafios resolver problemas e participar da sociedade

de forma criacutetica e responsaacutevel pois o uso de novas tecnologias da informaccedilatildeo de miacutedias de

gecircneros textuais e digitais cria inuacutemeras possibilidades de aprendizagem principalmente

quando se considera o contexto social a cultura e a vivecircncia dos sujeitos envolvidos no processo

de ensino-aprendizagem Assim nessa perspectiva pretende-se desenvolver no estudante

competecircncias de leitura e escrita por meio de gecircneros textuais e digitais

Os gecircneros textuais conforme Marcuschi (2008 p 155) satildeo [] textos que

ldquoencontramos em nossa vida diaacuteria e que apresentam padrotildees sociocomunicativos

caracteriacutesticos definidos por composiccedilotildees funcionais objetivos enunciativos e estilos

concretamente realizados na integraccedilatildeo de forccedilas histoacutericas sociais institucionais e teacutecnicasrdquo

Jaacute os gecircneros digitais apresentam os mesmos padrotildees sociocomunicativos estatildeo

presentes mais do que nunca na vida diaacuteria das pessoas poreacutem se valem do suporte virtual ou

seja da internet para se materializarem

Observamos que a rede mundial de computadores trouxe grandes mudanccedilas na forma

de comunicaccedilatildeo e acesso agrave informaccedilatildeo e a escola pouco tem utilizado essa profiacutecua ferramenta

como inovaccedilatildeo na praacutetica pedagoacutegica Marcuschi (2008 p 175) define como suporte de um

gecircnero ldquoum loacutecus fiacutesico ou virtual com formato especiacutefico que serve de base ou ambiente de

59

fixaccedilatildeo do gecircnero materializado como textordquo Assim os gecircneros digitais satildeo textos presentes

no nosso cotidiano e que estatildeo materializados no ambiente digital Cabe assim

compreendermos que o ambiente digital apresenta peculiaridades e variaacuteveis mas de acordo

com Marcuschi (2010 p 22) eacute fato inconteste ldquo[] que a internet e todos os gecircneros ligados a

ela satildeo eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita Na internet a escrita continua

essencial apesar da integraccedilatildeo de imagens e somrdquo

Nessa perspectiva Marcuschi (2010) relaciona no Quadro 06 os gecircneros digitais por

ele classificados como emergentes fazendo uma relaccedilatildeo com os gecircneros textuais jaacute existentes

Quadro 06 ndash Gecircneros textuais emergentes na miacutedia virtual e seus equivalentes em gecircneros

preexistentes Gecircneros emergentes Gecircneros jaacute existentes

1 E-mail Carta pessoal bilhete correio

2 Chat em aberto Conversaccedilotildees (em grupos abertos)

3 Chat reservado Conversaccedilotildees duais (casuais)

4 Chat ICQ (agendado) Encontros pessoais (agendados)

5 Chat em salas privadas Conversaccedilotildees (fechadas)

6 Entrevista com convidado Entrevista com pessoa convidada

7 E-mail educacional (aula por e-mail) Aulas por correspondecircncia

8 Aula-chat (aulas virtuais) Aulas presenciais

9 Videoconferecircncia interativa Reuniatildeo de grupo conferecircncia debate

10 Lista de discussatildeo Circulares seacuteries de circulares ()

11 Endereccedilo eletrocircnico Endereccedilo postal

12 Blog Diaacuterio pessoal anotaccedilotildees agendas

Fonte Marcuschi 2010 p 37

Compreendemos com base em Marcuschi (2008) que esses textos tecircm caracteriacutesticas

particulares e mesmo sendo por meio virtual as relaccedilotildees de interaccedilatildeo satildeo entre indiviacuteduos

reais Outros aspectos pertinentes e que satildeo relevantes para diferenciar e caracterizar esses

gecircneros satildeo a composiccedilatildeo (aspectos textuais e formais) o tema (natureza dos conteuacutedos) e o

estilo (aspectos relativos agrave linguagem) mesmo sabendo que por meio do ambiente virtual as

experimentaccedilotildees e possibilidades de uso satildeo ilimitadas

No sentido de melhor compreender as semelhanccedilas e diferenccedilas entre os gecircneros jaacute

existentes e os gecircneros emergentes Marcuschi (2010) traccedila alguns paracircmetros que poderiam

caracterizar esses novos gecircneros mas alerta que eacute apenas uma proposta descritiva e que carece

de maior investigaccedilatildeo Poreacutem analisa dois aspectos importantes que contribuem para essa

anaacutelise o tempo e os participantes como podemos observar no Quadro 07

60

Quadro 07 ndash Formatos da comunicaccedilatildeo por computador conforme os participantes e o tempo

Participantes Tempo

Siacutencrono Assiacutencrono

Bilateral Chat reservado E-mail

Multilateral Chat em salas abertas

Aula chat

Informaccedilotildees listas de

discussatildeo blogs

Fonte Marcuschi 2010 p 38

Observamos ancorados em Marcuschi (2010) que a simultaneidade ou natildeo em que

ocorrem as relaccedilotildees de fala-escrita apresenta um caraacuteter inovador no contexto das relaccedilotildees

discursivas e na forma como a linguagem acontece diante de tantos recursos inovadores Os

gecircneros no contexto digital mudam radicalmente a forma como as pessoas estabelecem

produzem ou reproduzem comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo Aleacutem desses aspectos (tempo e

participantes) satildeo levados em conta outros paracircmetros que caracterizam esses gecircneros como

o nuacutemero de interlocutores o tempo de envio das mensagens ou sinais a quantidade de texto

permitido limites impostos agrave revisatildeo meacutetodo de armazenamento busca e gerenciamento dos

textos e riqueza e variedade de sinais (texto som imagem etc)

Portanto conveacutem destacar que uma das caracteriacutesticas notaacuteveis em ambientes virtuais eacute

a alta interatividade a rapidez em enviar e em receber mensagens simultaneamente que antes

da tecnologia soacute era permitida face a face Ademais a utilizaccedilatildeo de recursos semioloacutegicos

comuns nesses ambientes como imagens sons viacutedeos fotos emoticons iacutecones criam

dinamismo ao que eacute lido ou escrito

Embora nosso propoacutesito seja evidenciar as caracteriacutesticas dos gecircneros digitais e da

multimodalidade reconhecendo suas potencialidades e possibilidades de uso Ribeiro (2016)

estabelece alguns esclarecimentos sobre os gecircneros textuais a partir da relaccedilatildeo entre impresso

e digital A autora alerta para o cuidado com as generalizaccedilotildees e para o cuidado em conduzir

discussotildees a esse respeito jaacute que considera que tanto o impresso quanto o digital tratam dos

aspectos da linguagem em suas pertinecircncias ambiecircncias e possibilidades Nesse sentido

devemos evitar polarizaccedilotildees que tratam o impresso como limitado ou desvantajoso em relaccedilatildeo

ao digital A concentraccedilatildeo em extremos opostos e generalizados leva agrave segregaccedilatildeo e natildeo agrave

congruecircncia que se pretende alcanccedilar em utilizar o impresso e o digital na perspectiva da

multimodalidade que natildeo eacute um recurso apenas do digital Nesse sentido a utilizaccedilatildeo de

recursos impressos ou digitais no desenvolvimento da leitura e da escrita tem a intenccedilatildeo de

ampliar horizontes e natildeo restringi-los

61

Por isso Ribeiro (2016 p 18) levanta os seguintes questionamentos ldquoO que quero

escrever Que linguagens vatildeo me servir agorardquo Satildeo as nossas intenccedilotildees e objetivos que

definem se os recursos seratildeo impressos ou digitais Para que isso ocorra a autora ressalta que

ldquo[] o mais importante eacute criar planejar selecionar recursos que vatildeo do laacutepis ao computador

de uacuteltima geraccedilatildeo O que realmente importa eacute conhecer linguagens e modos de dizer sem tirar

os olhos dos efeitos de sentido desejadosrdquo (RIBEIRO 2016 p 119)

25 Blog ndash gecircnero digital como ferramenta de ensino

Com o avanccedilo da tecnologia a utilizaccedilatildeo de ferramentas inovadoras e associadas ao uso

pedagoacutegico torna-se um desafio ao professor que quer fomentar conhecimento sobre

linguagens interaccedilotildees intenccedilotildees leitura e escrita no meio virtual Segundo Marcuschi (2010

p 31) ldquo[] todas as tecnologias comunicacionais novas geram ambientes e meios novosrdquo

Sabemos que a novidade a rapidez e a interatividade no meio virtual dificultam a

definiccedilatildeo de ambientes e gecircneros Por isso mesmo Marcuschi (2010) afirma que a internet

representa um laboratoacuterio de experimentaccedilotildees de todos os formatos Aquilo que hoje configura

uma afirmaccedilatildeo ou uma definiccedilatildeo pela proacutepria caracteriacutestica da tecnologia que eacute o avanccedilo com

que as coisas acontecem pode invalidar essas mesmas definiccedilotildees ou conceitos Contudo

definiremos ambiente virtual e o gecircnero digital blog ancorados nos estudos de Marcuschi

(2010) Assim de acordo com autor os ambientes virtuais satildeo domiacutenios de produccedilatildeo e

processamento textual em que surgem os gecircneros e que se distinguem dos ambientes por vaacuterios

sentidos pois abrigam os gecircneros e por muitas vezes os condicionam Assim dos gecircneros

digitais classificados acima abordaremos o blog como um recurso educacional inovador no

processo de escrita

A palavra blog segundo Marcuschi (2010) surgiu no final de 1997 provavelmente

empregada por Jorn Barger para descrever sites pessoais que fossem atualizados

frequentemente e contivessem comentaacuterios e links Dessa maneira o termo blog originou-se e

popularizou-se por causa da internet referindo-se a uma forma simplificada de weblog (Web ndash

rede de computadores e log ndash uma espeacutecie de diaacuterio de bordo de navegadores que anotavam as

posiccedilotildees do dia)

O Quadro 08 a seguir eacute um recorte do quadro ldquoParacircmetros para identificaccedilatildeo dos

gecircneros digitais no meio virtualrdquo elaborado por Marcuschi (2010 p 41) como o intuito de

levantar aspectos funcionais e operacionais aleacutem do aspecto sociocomunicativo e as atividades

desenvolvidas que caracterizam os gecircneros digitais e-mails chat aberto chat reservado chat

62

agendado chat em salas privadas entrevista com convidado e-mails educacionais aula chat

videoconferecircncia interativa lista de discussatildeo endereccedilo eletrocircnico e blog Assim pelo recorte

do quadro de Marcuschi analisamos apenas o gecircnero blog tendo em vista sua utilizaccedilatildeo como

ferramenta de ensino no Projeto de Intervenccedilatildeo ndash PEI

Quadro 08 ndash Paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blog Dimensatildeo Aspecto Presenccedila Ausecircncia Irrelevacircncia do traccedilo

para definiccedilatildeo de

gecircnero

Relaccedilatildeo temporal Assiacutencrono

Duraccedilatildeo Indefinida

Extensatildeo do texto Indefinida

Formato textual Texto corrido

Participantes Muacuteltiplos

Relaccedilatildeo dos participantes Conhecidos

Anocircnimos

Troca de falantes Inexistente

Funccedilatildeo

Interpessoal

Luacutedica

Tema Livre

Estilo Informal

Canal semioses Texto com imagens

Recuperaccedilatildeo de mensagem Por gravaccedilatildeo

Fonte Adaptado a partir de Marcuschi 2010 p 41

Com base no Quadro 08 observamos que o blog apresenta uma relaccedilatildeo temporal

assiacutencrona pois a comunicaccedilatildeo natildeo ocorre exatamente ao mesmo tempo natildeo eacute simultacircnea por

isso sua duraccedilatildeo tambeacutem natildeo eacute definida cronologicamente ocorre de acordo com o tempo de

produccedilatildeo Da mesma forma ocorre com a extensatildeo do texto que eacute indefinida jaacute que depende

da intenccedilatildeo e do propoacutesito comunicativo do autor O formato textual eacute corrido geralmente eacute

um texto sem referecircncias bibliograacuteficas em um uacutenico paraacutegrafo Os participantes satildeo muacuteltiplos

e atuam apenas na tecitura de comentaacuterios com liberdade de opinar elogiar criticar ou natildeo

visto que eacute o administrador do blog quem define em suas configuraccedilotildees essas possibilidades de

interaccedilatildeo Outro aspecto observado eacute a relaccedilatildeo dos participantes Marcuschi (2010) chama a

atenccedilatildeo nesse quesito para uma possiacutevel assimetria haja vista a relaccedilatildeo de proximidade ou

natildeo com o blogueiro pois os usuaacuterios que com ele interagem sabem quem ele eacute mas o blogueiro

natildeo necessariamente conhece seu interlocutor Tambeacutem cumpre destacar a ausecircncia de troca de

falantes acontecendo a comunicaccedilatildeo por meio de texto e imagem embora o texto assuma um

63

caraacuteter luacutedico e interpessoal que entendemos como algo positivo jaacute que estabelece relaccedilotildees

entre pessoas mesmo sendo pelo texto escrito e assiacutencrono Aleacutem disso os temas satildeo livres e

a informalidade daacute leveza e liberdade ao blogueiro em suas produccedilotildees Por fim o processo de

significaccedilatildeo na dimensatildeo canal e semioses ocorrem por meio do texto e imagem e haacute a

possibilidade de recuperaccedilatildeo de mensagens atraveacutes de gravaccedilatildeo Esclarecemos que satildeo apenas

traccedilos baacutesicos levantados e analisados por Marcuschi (2010) os quais ajudam a compreender o

gecircnero blog natildeo satildeo portanto definiccedilotildees exatas e estanques como ele mesmo postula ao dizer

que essa anaacutelise eacute provisoacuteria tendo em vista o acelerado desenvolvimento das tecnologias e

mudanccedilas envolvidas em sua produccedilatildeo

Consideramos que essa anaacutelise eacute pertinente visto que o blog em muitas ocasiotildees eacute

confundido com home page que natildeo eacute um gecircnero digital mas uma paacutegina de entrada de site

eletrocircnico Marcuschi define os blogs como gecircneros digitais nos seguintes termos

[] os blogs funcionam como um diaacuterio pessoal na ordem cronoloacutegica com anotaccedilotildees

diaacuterias ou em tempos regulares que permanecem acessiacuteveis a qualquer um na rede

Muitas vezes satildeo verdadeiros diaacuterios sobre a pessoa sua famiacutelia ou seus gostos e seus

gatos catildees atividades sentimentos crenccedilas e tudo o que for conversaacutevel

(MARCUSCHI 2010 p 72)

Nesse sentido o blog funciona como um diaacuterio virtual nele satildeo inseridos comentaacuterios

textos notiacutecias curiosidades e variados temas em uma ordem cronoloacutegica Fornece aos

usuaacuterios inuacutemeras possibilidades de se combinarem textos escritos eou orais como o podcast

on line16 imagens viacutedeos links entre tantas outras miacutedias Possibilita ainda a interaccedilatildeo entre

usuaacuterios da rede a tecitura de comentaacuterios a respeito dos assuntos publicados tornando-se um

recurso inovador de comunicaccedilatildeo e produccedilatildeo de informaccedilatildeo Marcuschi (2010 p 73)

acrescenta ainda que os blogs tecircm ldquo[] estrutura leve textos em geral breves descritivos e

opinativosrdquo

Com a popularizaccedilatildeo do blog surgiram novas expressotildees no contexto de quem utiliza a

internet como blogueiros ndash pessoas que criam blogs com temaacuteticas diversas e expotildeem

opiniotildees produccedilotildees escritas em viacutedeo ou aacuteudio entre outros post ndash postagens publicadas no

blog pelo blogueiro Podem-se utilizar muacuteltiplas semioses imagens viacutedeos texto verbal fotos

links Aleacutem disso haacute tambeacutem espaccedilo para comentaacuterio ndash parecer sobre alguma postagem em

forma de elogio criacutetica observaccedilatildeo ponto de vista

As possibilidades de aprendizagem e interaccedilatildeo por meio dos blogs satildeo postas em

evidecircncia e servem tanto agrave praacutetica docente quanto agrave aprendizagem do aluno na apropriaccedilatildeo de

16 O podcast eacute um conteuacutedo de miacutedia (geralmente aacuteudio) transmitido via RSS Disponiacutevel em

lthttpsmundopodcastcombrartigoso-que-e-podcastgt Acesso em 18 out 2016

64

habilidades e competecircncias em utilizar recursos digitais visando ao letramento digital pela

interaccedilatildeo de dispositivos eletrocircnicos e da internet Manusear e utilizar esses recursos implica

conhecimento habilidade e familiaridade Coscarelli ressalta que

[o] letramento digital parte desse pluralismo vai exigir tanto a apropriaccedilatildeo das

tecnologias ndash como usar o mouse o teclado a barra de rolagem ligar e desligar os

dispositivos ndash quanto ao desenvolvimento de habilidades para produzir associaccedilotildees e

compreensotildees nos espaccedilos multimidiaacuteticos Escolher o conteuacutedo a ser disponibilizado

em uma rede de relacionamentos selecionar informaccedilatildeo relevante e confiaacutevel na web

navegar em um site de pesquisa construir um blog ou definir a linguagem mais

apropriada a ser usada em e-mails pessoais e profissionais satildeo exemplos de

competecircncias que ultrapassam o conhecimento da teacutecnica (COSCARELLI 2016 p

21)

Para muitos alunos a utilizaccedilatildeo da tecnologia pode ateacute ser familiar mas para outros

nem tanto Assim as competecircncias leitoras e escritoras precisam ser desenvolvidas e ampliadas

no contexto escolar promovendo o multiletramento por meio do qual o aluno teraacute a

possibilidade de compreender novas linguagens Coscarelli enfatiza que

[a] leitura e a navegaccedilatildeo em sites blogs e redes sociais diversas satildeo algumas das

possibilidades para o trabalho com textos no ambiente digital Explorar suas

potencialidades e usabilidade significa levar em conta natildeo soacute a forma de organizar os

discursos e a linguagem utilizada mas valorizar outras linguagens agregadas aos

textos verbais tais como iacutecones a estrutura da interface o leiaute dentre outros

aspectos (COSCARELLI 2016 p 25)

Sabemos que o fato de a escola desenvolver os multiletramentos e assim promover as

competecircncias linguiacutesticas dos alunos atraveacutes dos gecircneros digitais eacute um aspecto que merece

atenccedilatildeo pelo simples fato de o ser humano ser intrinsecamente comunicativo Por isso

Marcuschi (2008 p 163) diz que ldquoa vivecircncia cultural humana estaacute sempre envolta em

linguagem e todos os nossos textos situam-se nessas vivecircncias estabilizadas em gecircnerosrdquo

Portanto concebemos o blog como um espaccedilo de praacuteticas de leitura e de escrita sobre

vivecircncias estabilizadas nesse gecircnero digital sobre si sobre o cotidiano sobre suas atividades

entre tantos outros aspectos pessoais pois os alunos poderatildeo criar seu proacuteprio blog e produzir

textos sobre si mesmos Dessa forma eacute interessante estabelecer relaccedilotildees entre texto e discurso

que satildeo aspectos complementares das accedilotildees linguiacutesticas De acordo com Marcuschi (2008 p

81-82) ldquo[] o discurso dar-se-ia no plano do dizer (a enunciaccedilatildeo) e o texto no plano da

esquematizaccedilatildeo (a configuraccedilatildeo) Entre ambos o gecircnero eacute aquele que condiciona a atividade

enunciativardquo Assim de acordo com o autor entre o discurso e o texto estaacute o gecircnero que eacute visto

como uma praacutetica enunciativa Compreendemos entatildeo a partir dessas reflexotildees que todas as

formas de dizer constituem os gecircneros que fazem parte do nosso cotidiano e que esses textos

65

estatildeo situados em domiacutenios discursivos os quais satildeo esferas da vida social ou institucional nas

quais se datildeo as praacuteticas que organizam formas de comunicaccedilatildeo

Com base no exposto o gecircnero blog se enquadra no domiacutenio discursivo interpessoal e

tem como modalidade de uso a liacutengua escrita Essa relaccedilatildeo interpessoal tem por caracteriacutestica

a troca de informaccedilotildees do que se tem a dizer e para quem dizer Assim na vida diaacuteria narrar

faz parte de muitos eventos comunicativos que tecircm origem no social e nas relaccedilotildees pessoais

mais precisamente a narrativa pessoal (carta diaacuterio relato pessoal autobiografia etc) Sobre

esse dizer de si mesmo e o ouvir sobre si mesmo jaacute que nossas primeiras experiecircncias sobre

noacutes mesmos satildeo narradas a partir das impressotildees tambeacutem pessoais dos nossos pais e avoacutes

para Bakhtin eacute

[u]ma parte consideraacutevel da minha biografia soacute me eacute conhecida atraveacutes do que os

outros ndash meus proacuteximos ndash me contaram com sua proacutepria tonalidade emocional meu

nascimento minhas origens os eventos ocorridos em minha famiacutelia em meu paiacutes

quando eu era pequeno (tudo o que natildeo podia ser compreendido ou mesmo

simplesmente percebido pela crianccedila) Esses elementos satildeo necessaacuterios agrave

reconstituiccedilatildeo um tanto quanto inteligiacutevel e coerente de uma imagem global da minha

vida e do mundo que a rodeia ora todos esses elementos soacute me satildeo conhecidos ndash a

mim o narrador da minha vida ndash pela boca dos outros heroacuteis dessa vida Sem a

narrativa dos outros minha vida seria natildeo soacute incompleta em seu conteuacutedo mas

tambeacutem internamente desordenada desprovida dos valores que asseguram a unidade

biograacutefica (BAKHTIN 1997 p 169-170)

Logo compreendemos a importacircncia das narrativas pessoais como elementos

constitutivos de conteuacutedo e que datildeo sentido agrave vida pois todos tecircm a necessidade de saber sobre

si mesmos Por isso o blog como diaacuterio virtual configura em uma escrita iacutentima na qual as

accedilotildees ocorrem em tempo e espaccedilo definidos assim como os verbos devem ficar no passado

Aleacutem disso na narrativa pessoal o autor eacute o protagonista da sua proacutepria histoacuteria e a linguagem

eacute pessoal Observamos que o texto procura traduzir impressotildees pessoais a respeito da proacutepria

vida do autor e as percepccedilotildees que ele tem em relaccedilatildeo agrave vida de uma forma geral Assim segundo

Bakhtin (1997 p 154-155) ldquodentro de si mesmo o homem adota uma postura ativa no mundo

sua vida consciente eacute sempre ato atuo mediante o ato a palavra o pensamento o sentimento

vivo venho a ser atraveacutes do atordquo Nesse sentido a narrativa pessoal tem compromisso com a

vida de quem escreve sobre seus sentimentos momentos os quais satildeo expostos pelo ato

comunicativo

66

CAPIacuteTULO III

PERCURSO METODOLOacuteGICO

Este capiacutetulo tem o intuito de apresentar os procedimentos metodoloacutegicos utilizados no

desenvolvimento deste estudo Desse modo realizamos a pesquisa com abordagem

metodoloacutegica de natureza aplicada classificada como explicativa utilizando como

procedimentos teacutecnicos a pesquisa bibliograacutefica a pesquisa-accedilatildeo e a pesquisa participante A

coleta de dados foi realizada por meio de observaccedilatildeo questionaacuterio atividade inicial de escrita

e atividade final de escrita Aleacutem disso realizaram-se no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica

ndash PEI atividades de escrita voltadas para o desenvolvimento da consciecircncia fonoloacutegica e

ortograacutefica

31 Contexto da pesquisa

O contexto de referecircncia desta pesquisa foi a Escola Estadual Pio XII localizada na

Praccedila Santa Cruz sn Centro no municiacutepio de Januaacuteria norte de Minas Gerais Sua localizaccedilatildeo

eacute privilegiada visto ser proacutexima a uma praccedila que funciona como um espaccedilo cultural onde

acontecem festas religiosas e eventos esportivos da escola e da comunidade

A comunidade na qual a escola estaacute inserida recebe forte influecircncia do Rio Satildeo

Francisco que eacute considerado o berccedilo de vaacuterias manifestaccedilotildees culturais januarenses e tambeacutem

celeiro folcloacuterico Tais manifestaccedilotildees influenciam significativamente as atividades escolares

os projetos desenvolvidos e as apresentaccedilotildees artiacutesticas da escola Nesse acircmbito destacam-se as

danccedilas de origem africana como o Maculelecirc Os Reis dos Temerosos e a Capoeira Sobre o rio

Satildeo Francisco tem-se a puxada de rede e as cantigas de lavadeiras Todas essas representaccedilotildees

culturais contam com a participaccedilatildeo efetiva dos alunos e da comunidade escolar fortalecendo

a identidade cultural a origem e a tradiccedilatildeo popular

De acordo com a Proposta Poliacutetico-Pedagoacutegica ndash PPP a Escola Estadual Pio XII atende

a crianccedilas jovens e adultos do centro da cidade comunidades vizinhas e bairros perifeacutericos

Portanto haacute uma diversidade muito grande nos aspectos econocircmico cultural e social Muitos

desses educandos moram em casa proacutepria com iluminaccedilatildeo aacutegua tratada banheiro e rede de

esgoto mas tambeacutem haacute situaccedilotildees de vulnerabilidade social precariedade financeira e desajustes

familiares

No aspecto educacional prevalece a formaccedilatildeo de niacutevel de escolaridade meacutedio completo

para o pai e para a matildee Poreacutem percebe-se entre as matildees uma crescente busca pela formaccedilatildeo

67

acadecircmica O nuacutemero de famiacutelias que possuem apenas a 4ordf seacuterie ou nenhuma instruccedilatildeo tem

diminuiacutedo Dessa forma a escola tem se sensibilizado com o problema oferecendo cursos e

conscientizando as famiacutelias sobre a necessidade de se concluir pelo menos a educaccedilatildeo baacutesica

para que possam acompanhar o desenvolvimento dos seus filhos e melhorar sua qualidade de

vida

A Escola Estadual Pio XII eacute uma instituiccedilatildeo respeitada e reconhecida por toda

comunidade januarense Tem por objetivo a formaccedilatildeo humana integral do educando e a busca

da inserccedilatildeo social por meio da formaccedilatildeo da cidadania Alicerccedilada nesse objetivo procura

empregar uma praacutetica educativa que tem como eixo a formaccedilatildeo de um cidadatildeo autocircnomo e

participativo Tem por missatildeo a formaccedilatildeo eacutetica pautada no ensino de qualidade buscando a

integraccedilatildeo efetiva entre escola e comunidade para que haja sucesso na aprendizagem e

transformaccedilatildeo construtiva dos alunos no seu meio

Ainda de acordo com o PPP algumas famiacutelias mantecircm-se informadas por meio das novas

tecnologias O acesso ao computador e agrave internet vem crescendo graccedilas agraves lan houses existentes

nos bairros cuja utilizaccedilatildeo estaacute focada primordialmente no entretenimento e no lazer natildeo

necessariamente nos estudos A maioria tem acesso ao telefone moacutevel (celular) apenas duas

pessoas por famiacutelia tecircm emprego fixo e a renda mensal predominante eacute de dois salaacuterios

miacutenimos

Quanto agrave infraestrutura a Escola Estadual Pio XII funciona em preacutedio proacuteprio e conta

com dezesseis salas de aula uma sala de multimeios um laboratoacuterio de informaacutetica com acesso

agrave internet uma biblioteca comunitaacuteria uma quadra em processo de construccedilatildeo secretaria

cantina e natildeo possui refeitoacuterio A sala dos professores e da equipe pedagoacutegica o laboratoacuterio de

informaacutetica e a diretoria funcionam em espaccedilos improvisados Apesar dos espaccedilos citados

necessitarem de reforma para melhor atendimento agrave comunidade local e escolar contamos com

um laboratoacuterio de informaacutetica disponiacutevel aos alunos aspecto importante para o

desenvolvimento das praacuteticas de letramento digital e multiletramento dos discentes envolvidos

nesta pesquisa A aacuterea externa e a aacuterea de circulaccedilatildeo satildeo pavimentadas mas muito pequenas

para atender agrave demanda principalmente em eventos e durante o recreio Haacute tambeacutem aacuterea sem

pavimentaccedilatildeo necessitando de projeto paisagiacutestico

Atualmente a Escola Estadual Pio XII atende a 24(vinte e quatro) turmas do Ensino

Fundamental 06 (seis) turmas do Ensino Meacutedio 12 (doze) turmas de Educaccedilatildeo de Jovens e

Adultos (EJA) Ensino Fundamental e Ensino Meacutedio sendo 01(uma) turma na Sede e 11 (onze)

turmas na Unidade Escolar Prisional 08 (oito) turmas de Cursos Teacutecnicos da Rede

(Administraccedilatildeo Informaacutetica Informaacutetica para Internet e Recursos Humanos) e 05 (cinco)

turmas de Educaccedilatildeo Integral do Ensino Fundamental no Polo da Fundaccedilatildeo Educacional Caio

68

Martins ndash FUCAM totalizando 55 (cinquenta e cinco) turmas e 1118 (mil cento e dezoito

alunos

32 Sujeitos da pesquisa

O universo de investigaccedilatildeo foi constituiacutedo pelos alunos matriculados no 6ordm ano Juacutelia de

Faacutetima (o nome da turma eacute Julia de Faacutetima em homenagem a uma professora que trabalhou na

escola) da Escola Estadual Pio XII no Municiacutepio de Januaacuteria Minas Gerias A turma eacute

composta por 25 (vinte e cinco) alunos cujos nomes foram preservados e identificados por

coacutedigos conforme demonstra o Quadro 09 a seguir

Quadro 09 ndash Alunos informantes do 6ordm ano JF

Fonte Dados da Pesquisa 2017

Conforme exposto no quadro acima a turma eacute composta por 25 alunos matriculados

mas ressaltamos que desses 25 alunos dois satildeo desistentes um foi transferido e um eacute

Coacutedigo Nordm informante

AB 1

AF 2

AK 3

CI 4

DR 5

DV 6

EA 7

EL 8

FA 9

FR 10

IR 11

JP 12

JR 13

KA 14

LV 15

MS 16

MC 17

ND 18

PC 18

PE 20

RR 21

RG 22

RC 23

TM 24

YM 25

69

extremamente infrequente portanto justifica-se a ausecircncia de alguns alunos em algumas coletas

de dados

De acordo com Gil (2002) quando os elementos a serem pesquisados satildeo numerosos e

esparsos eacute recomendada a seleccedilatildeo de uma amostra que deve ser selecionada de acordo com

procedimentos rigidamente estatiacutesticos Poreacutem o autor enfatiza que ldquo[] de modo geral o

criteacuterio de representatividade dos grupos investigados na pesquisa-accedilatildeo eacute mais qualitativo que

quantitativordquo (GIL 2002 p 145) Assim nesta pesquisa adotamos o criteacuterio de

intencionalidade pois segundo Gil (2002 p 145) ldquo[] uma amostra intencional em que os

indiviacuteduos satildeo selecionados com base em certas caracteriacutesticas tidas como relevantes pelos

pesquisadores e participantes mostra-se mais adequada para a obtenccedilatildeo de dados de natureza

qualitativa o que eacute o caso da pesquisa-accedilatildeordquo

Dessa forma a amostra de investigaccedilatildeo foi constituiacuteda por 08 (oito) alunos

selecionados de acordo com o niacutevel de escrita definido por Lemle (1991) Observamos que a

trajetoacuteria escolar desses 08 (oito) alunos confirma o que Soares (2014) ressalta sobre o fracasso

escolar A condiccedilatildeo de exclusatildeo escolar e social na qual todos esses alunos se encontram

devido agrave aprendizagem inicial da liacutengua escrita estar comprometida traz seacuterios reflexos

negativos ao longo do ensino fundamental visto que 625 dos alunos selecionados satildeo

repetentes conforme podemos ver na Tabela 01

Tabela 01 ndash Dados dos alunos selecionados para o PEI

Gecircnero Faixa etaacuteria Cursando o 5ordm

ano pela 1ordf vez

Cursando o 6ordmano

1ordf vez 2ordf vez 3ordf vez

EA Masc 11 anos 2016 2017

FA Masc 11 anos 2016 2017

IR Masc 12 anos 2015 2016 2017

JP Masc 11 anos 2016 2017

JR Fem 13 anos 2015 2016 2017

LV Fem 13 anos 2014 2015 2016 2017

ND Masc 14 anos 2014 2015 2016 2017

TM Masc 12 anos 2015 2016 2017

Fonte Dados da pesquisa Empiacuterica 2017

Os dados da Tabela 01 revelam os anos em que esses alunos cursaram o 5ordm ano do Ensino

Fundamental e o ingresso deles no 6ordm ano do Ensino Fundamental Percebemos por meio da

70

tabela que dois desses alunos repetem o 6ordm ano pela terceira vez consecutiva trecircs pela segunda

vez consecutiva e trecircs cursam o 6ordm ano do Ensino Fundamental pela primeira vez A reprovaccedilatildeo

acontece porque esses alunos natildeo dominam o sistema de escrita natildeo satildeo alfabetizados e os

outros tendem agrave reprovaccedilatildeo pelo mesmo motivo

Portanto o que levamos em consideraccedilatildeo para seleccedilatildeo da amostra foram as questotildees de

alfabetizaccedilatildeo e letramento cujas habilidades de aprendizagem do sistema de escrita foram de

certa forma apagadas e natildeo consolidadas Esses oito alunos apresentaram falhas de escrita de

primeira e segunda ordens conforme definiccedilatildeo proposta por Lemle (1991) A autora ressalta

que o aluno precisa compreender as arbitrariedades do sistema de escrita vivenciar e

experimentar a escrita por meio de checagem e conflito ao estar em contato com palavras

textos e situaccedilotildees que a envolvam para aos poucos ir construindo as competecircncias e habilidades

necessaacuterias agrave alfabetizaccedilatildeo A partir daiacute foi planejado executado e avaliado o Projeto

Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI para melhorar os niacuteveis de escrita desses 08 (oito) alunos

Aleacutem disso propusemos mais trecircs instrumentos de coleta de dados questionaacuterio Atividade

Inicial de Escrita ndash AIE e Atividade Final de Escrita ndash AFE a fim de verificar analisar e

compreender melhor esses dados e assim buscar e selecionar atividades estrateacutegias e situaccedilotildees

de escrita para compor o PEI

33 Procedimentos da pesquisa

O procedimento metodoloacutegico utilizado no desenvolvimento desta pesquisa teve como

premissa as orientaccedilotildees metodoloacutegicas para que se adquirisse o conhecimento cientiacutefico pois

o ser humano sempre teve necessidade de saber o porquecirc das coisas No iniacutecio por questotildees de

sobrevivecircncia o conhecimento era adquirido de forma empiacuterica Ao longo da existecircncia

humana o saber baseado na experiecircncia do cotidiano na tradiccedilatildeo popular natildeo foi suficiente

para explicar com convicccedilatildeo com mais confiabilidade os acontecimentos e as experiecircncias

vivenciadas Desse modo a partir da necessidade da comprovaccedilatildeo da adoccedilatildeo de uma

metodologia eacute que surgiu o conhecimento cientiacutefico

De acordo com Chalmers (1993 p 18) ldquo[] o conhecimento cientiacutefico eacute conhecimento

provado As teorias cientiacuteficas satildeo derivadas de maneira rigorosa da obtenccedilatildeo dos dados da

experiecircncia adquiridos por observaccedilatildeo e experimentordquo Assim podemos dizer que a pesquisa

cientiacutefica eacute conhecimento sistematizado pois parte da anaacutelise da realidade de maneira racional

e investigativa assim como realizamos neste trabalho ao investigarmos e analisarmos a

realidade do ensino-aprendizagem de Liacutengua Portuguesa no ensino fundamental da Escola

Estadual Pio XII

71

Gil (2002 p 17) por sua vez define pesquisa como ldquo[] o procedimento racional e

sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que satildeo propostosrdquo

Nessa perspectiva procedimentos metodoloacutegicos satildeo fundamentais para a pesquisa cientiacutefica

pois representam os meios e as teacutecnicas utilizados na investigaccedilatildeo Torna-se assim o

direcionamento na busca pelo conhecimento Ainda segundo Gil (2002 p 17) ldquo[] a pesquisa

eacute desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponiacuteveis e da utilizaccedilatildeo de meacutetodos

teacutecnicas e outros procedimentos cientiacuteficosrdquo

Assim quanto agrave natureza esta pesquisa foi classificada como aplicada pois decorre

ldquo[] do desejo de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficiente ou eficazrdquo (GIL

2002 p 17) Quanto aos objetivos foi classificada como explicativa pois procurou registrar

analisar e interpretar os dados coletados a fim de obter o conhecimento da realidade e a partir

disso buscou estrateacutegias para tentar minimizar os problemas encontrados

Gil (2002 p 42) ainda esclarece que ldquo[] essas pesquisas tecircm como preocupaccedilatildeo

central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrecircncia dos

fenocircmenosrdquo Esse eacute o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade

Quanto aos procedimentos teacutecnicos adotados utilizamos em um primeiro momento a

pesquisa bibliograacutefica como procedimento para construccedilatildeo do conhecimento sobre conceitos

termos e teorias que deram sustentaccedilatildeo cientiacutefica agrave pesquisa Dessa forma o embasamento

teoacuterico deste estudo teve como premissa a revisatildeo sobre as concepccedilotildees de linguagem

alfabetizaccedilatildeo letramento multiletramento gecircneros digitais e produccedilatildeo escrita

Conforme previsto no ProfLetras a pesquisa foi delineada como pesquisa-accedilatildeo que se

caracteriza por sua flexibilidade entre as fases de desenvolvimento do plano de accedilatildeo De acordo

com Thiollent

Pesquisa-accedilatildeo eacute um tipo de pesquisa social com base empiacuterica que eacute concebida e

realizada em estreita associaccedilatildeo com uma accedilatildeo ou com a resoluccedilatildeo de um problema

coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situaccedilatildeo ou

problema estatildeo envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT

2005 p 16)

Dessa forma ao empreender pesquisa-accedilatildeo o pesquisador parte para a praacutetica

aproximando cada vez mais a pesquisa cientiacutefica da realidade educacional vivenciada pelo

professor-pesquisador numa perspectiva pedagoacutegica autocircnoma e significativa pois eacute na praacutetica

que se estabelecem relaccedilotildees de ensino-aprendizagem

Esta pesquisa tambeacutem foi delineada pela pesquisa participante Gil (2002 p 55) diz que

ldquo[] a pesquisa participante assim como a pesquisa-accedilatildeo caracteriza-se pela interaccedilatildeo entre

72

pesquisadores e membros das situaccedilotildees investigadasrdquo Dessa forma a professora-pesquisadora

esteve envolvida e comprometida com a investigaccedilatildeo cientiacutefica em todas as suas fases

Nesse contexto o percurso metodoloacutegico desta pesquisa foi definido a partir das

seguintes vaacuterias etapas apresentadas no Quadro 10

Quadro 10 ndash Etapas do percurso metodoloacutegico

1 Problematizaccedilatildeo da praacutetica pedagoacutegica do ensino de Liacutengua Portuguesa no 6ordm ano do Ensino

Fundamental II da Escola Estadual Pio XII em relaccedilatildeo aos niacuteveis de escrita e dificuldades de

aprendizagem em leitura e escrita

2 Realizaccedilatildeo da pesquisa bibliograacutefica para construccedilatildeo do referencial teoacuterico

3 Coleta de dados sobre os niacuteveis de escrita

4 Elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo de um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI para elevar os niacuteveis de

escrita atraveacutes de atividades que visaram desenvolver a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita

ortograacutefica desses alunos utilizando o blog como recurso didaacutetico

5 Anaacutelise dos resultados da execuccedilatildeo da proposta educacional de intervenccedilatildeo e a contribuiccedilatildeo para

o ensino da Liacutengua Portuguesa no Ensino Fundamental

Fonte Elaborado pela pesquisadora 2017

Desse modo podemos observar que na primeira etapa da pesquisa partimos do

problema enfrentado em sala de aula no ensino da Liacutengua Portuguesa mais precisamente com

os estudantes de uma turma de 6ordm ano que iniciaram uma nova etapa de escolarizaccedilatildeo sem

terem adquirido ou consolidado os niacuteveis de escrita necessaacuterios ao ano em que ingressaram de

acordo com a Atividade Inicial de Escrita ndash AIE realizada por esta pesquisadora

Dessa forma a pesquisa permitiu uma anaacutelise e um posicionamento sobre a realidade

linguiacutestica dos estudantes do 6ordm ano nos mais diferentes niacuteveis de leitura e de escrita Diante

dessa realidade educacional diagnosticamos a necessidade de elevar os niacuteveis de escrita de 8

(oito) alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima da Escola Estadual Pio XII

A etapa seguinte consistiu na realizaccedilatildeo da pesquisa bibliograacutefica como dito

anteriormente para construccedilatildeo de um referencial teoacuterico que abordou conceitos sobre

alfabetizaccedilatildeo e letramento Nessa etapa os estudos de Soares (2003 2004 2014) Kleiman

(2005 2008) e Rojo (2008 2012) entre outros subsidiaram a construccedilatildeo argumentativa Na

escrita do referencial teoacuterico apresentamos as teorias que esclareceram os conceitos abordados

na escrita da pesquisa e como o assunto estaacute sendo trabalhado Portanto foi necessaacuterio recorrer

ao conhecimento acadecircmico e cientiacutefico produzido atualmente possibilitando a atualizaccedilatildeo

teoacuterica e a construccedilatildeo de uma proposta educacional de intervenccedilatildeo para melhorar os niacuteveis de

escrita dos sujeitos da pesquisa

73

O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI (APEcircNDICE C) parte relevante da

pesquisa consistiu na realizaccedilatildeo de atividades que visaram desenvolver habilidades de leitura

e de escrita utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico de ensino-aprendizagem A

escolha justifica-se por entendecirc-lo como um gecircnero digital que permite aos alunos a aquisiccedilatildeo

de habilidades de leitura e de escrita de forma atrativa e motivadora Nesse sentido o blog

funcionou como um recurso novo de aprendizagem para aleacutem da sala de aula convencional

pois envolveu novos modos de comunicaccedilatildeo que articularam imagens sons interatividade

animaccedilatildeo ou seja tudo aquilo que a crianccedila e adolescente gostam e pelo que se interessam

mesmo natildeo sendo alfabetizados Assim foi criado o blog da turma que funcionou tambeacutem

como suporte da aprendizagem construccedilatildeo vivecircncias e relatos pessoais dos alunos por meio

de recursos impressos e digitais

Todo esse trabalho foi desenvolvido como mais uma etapa desta pesquisa-accedilatildeo

Segundo Gil (2002) ldquoa pesquisa-accedilatildeo concretiza-se com o planejamento de uma accedilatildeo destinada

a enfrentar o problema que foi objeto de investigaccedilatildeordquo (GIL 2002 p 146) De acordo com o

autor a elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo deveraacute indicar basicamente os objetivos que se pretende

atingir as medidas que podem contribuir para melhorar a situaccedilatildeo os procedimentos adotados

para assegurar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de seus resultados

34 Teacutecnica de Coleta de Dados

Realizamos a coleta de dados por meio de teacutecnicas de observaccedilatildeo-participante

questionaacuterio (APEcircNDICE A) Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B) Projeto de

Intervenccedilatildeo Pedagoacutegico ndash PEI (APEcircNDICE C) e Atividade Final de Escrita ndash AFE

(APEcircNDICE D)

De acordo com Lakatos e Marconi (2003 p 190) a observaccedilatildeo ldquoeacute uma teacutecnica de coleta

de dados usada para conseguir informaccedilotildees e utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados

aspectos da realidade Natildeo consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou

fenocircmenos que se desejam estudarrdquo

A observaccedilatildeo-participante consistiu no trabalho de campo como docente da turma

daquilo que foi observado na escola das interaccedilotildees entre os envolvidos na pesquisa e dos

aspectos relevantes para este estudo Por isso a observaccedilatildeo aconteceu no ambiente real e

escolar na sala de aula na sala de multimeios e no laboratoacuterio de informaacutetica da escola Nesse

contexto segundo Lakatos e Marconi (2003 p 194) ldquoas observaccedilotildees satildeo feitas no ambiente

real registrando-se os dados agrave medida que forem ocorrendo espontaneamente sem a devida

preparaccedilatildeo A melhor ocasiatildeo para o registro eacute o local onde o evento ocorrerdquo Por isso esse

74

instrumento de coleta de dados permeou todo o processo de aplicaccedilatildeo dos demais instrumentos

haja vista que toda a investigaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo ocorreram no ambiente escolar

Outra teacutecnica de coleta de dados empregada foi o questionaacuterio (APEcircNDICE A) Lakatos

e Marconi definem esse instrumento nos seguintes termos

Questionaacuterio eacute um instrumento de coleta de dados constituiacutedo por uma seacuterie ordenada

de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a presenccedila do

entrevistador Em geral o pesquisador envia o questionaacuterio ao informante pelo

correio ou por um portador depois de preenchido o pesquisado devolve-o do mesmo

modo (LAKATOS MARCONI 2003 p 201)

Essa teacutecnica de coleta de dados apresenta inuacutemeras vantagens segundo Lakatos e

Marconi por economizar tempo Aleacutem disso obteacutem-se grande nuacutemero de dados atinge-se

maior nuacutemero de pessoas simultaneamente abrange-se uma aacuterea geograacutefica mais ampla

economiza-se pessoal (treinamento) obtecircm-se respostas mais raacutepidas e exatas liberdade de

respostas (anonimato) mais tempo para responder e horaacuterio favoraacutevel

Nesse sentido utilizamos o questionaacuterio investigativo (APEcircNDICE A) composto por

cinco perguntas a fim de investigar a relaccedilatildeo dos alunos com a internet seu uso no cotidiano

e assim confirmar a possibilidade de trabalhar com o blog como recurso didaacutetico

O questionaacuterio foi aplicado no dia oito de maio de dois mil e dezessete em sala de aula

com duraccedilatildeo de uma hora aula para dezoito alunos presentes e no dia seguinte dia nove de

maio para mais trecircs alunos faltosos no dia anterior totalizando vinte e um alunos A aplicaccedilatildeo

para esses alunos justificou-se pelo fato de natildeo termos realizado ateacute entatildeo a atividade inicial

de escrita que permitiu a tabulaccedilatildeo das falhas de escrita e aiacute sim selecionar os oito alunos que

necessitavam de atendimento especiacutefico

Logo em seguida aplicamos a Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B)

objetivando identificar e classificar os niacuteveis de escrita dos alunos de acordo com Lemle

(1991) ao estabelecer que o aluno comete falhas de escrita de primeira segunda e terceira

ordens quando natildeo supera as complicaccedilotildees do sistema de escrita e natildeo compreende as

arbitrariedades desse mesmo sistema Tal atividade baseou-se tambeacutem em Cagliari (1995)

segundo o qual o aluno necessita compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-fonoloacutegica e relacionaacute-la aos

elementos graacuteficos da escrita

Depois foi elaborado executado e avaliado um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash

PEI (APEcircNDICE D) para contribuir com os niacuteveis de escrita de oito alunos do 6ordm ano JF do

Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog como recurso

didaacutetico

75

Sob essa perspectiva a metodologia adotada no PEI foi fundamentada na teoria de

Thornburg (1996) intitulada ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a qual defende a

importacircncia dos ambientes cognitivos e afetivos para ensinar e aprender

O PEI pretendeu oferecer condiccedilotildees propiacutecias ao desenvolvimento de accedilotildees efetivas de

aprendizagem Assim para atender agraves reais necessidades da educaccedilatildeo no seacuteculo XXI

ferramentas pedagoacutegicas tradicionais (livros canetas papel quadro giz e texto verbal) devem

coexistir com as ferramentas das TDIC tecnologia (computador internet games viacutedeos

projetor textos multimodais) Dessa forma o professor assume um papel bastante diferente

daquele de um apresentador de conteuacutedo torna-se um mediador que ajudou os alunos a

desenvolverem habilidades e competecircncias de escrita e a interagirem com os assuntos

explorados Segundo Thornburg (1996) o professor neste cenaacuterio opera em um sistema

baseado em quatro componentes fogueira poccedilo drsquoaacutegua caverna e a vida chamados de

ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo

Metaforicamente a fogueira eacute o espaccedilo informacional associado agrave exposiccedilatildeo dialogada

e interativa para transmitir conhecimento O poccedilo drsquoaacutegua corresponde ao espaccedilo de

conversaccedilatildeo ocupado quando os alunos conversavam entre si Neste PEI foram contempladas

as conversas sobre textos multimodais entre outros toacutepicos para a construccedilatildeo do ensino-

aprendizagem A caverna associa-se ao espaccedilo conceitual onde as ideias satildeo desenvolvidas em

momento de introspecccedilatildeo e quando os alunos podem construir aprofundar e refletir sob a

perspectiva da produccedilatildeo escrita e da reflexatildeo do seu proacuteprio conhecimento A vida refere-se ao

espaccedilo contextual onde as coisas aprendidas puderam ser aplicadas na praacutetica social fora da

escola

Assim para expressar visualmente as ldquoMetaacuteforas para aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a

exemplo de David Thornburg (1996) foi elaborado o esquema a seguir (Figura 04)

representando o processo educacional atual

76

Figura 04 Estrutura do Processo Educativo

Fonte Dados da pesquisa 2017

Diante do exposto os procedimentos metodoloacutegicos e as atividades ocorreram nesses

quatro momentos que chamamos de moacutedulos de aprendizagem Eles foram construiacutedos em

torno do ldquoconhecer dialogar refletir e praticarrdquo e forneceram aos alunos oportunidades

educacionais significativas Nesse sentido a escolha dessa metodologia pretendeu desenvolver

atividades que contribuiacutessem com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos utilizando o

gecircnero digital blog como recurso didaacutetico ou seja como recurso de leitura diaacutelogo reflexatildeo e

produccedilatildeo textual

PROCESSO EDUCATIVO

FOGUEIRA sala de aula

aula expositiva

auditoacuterio sala de multimeios

POCcedilO DAacuteGUA

discussotildeesem grupo

CAVERNA biblioteca salas de estudo

laboratoacuterio de informaacutetica

A VIDA praacuteticas na realidade produccedilatildeo escrita

77

CAPIacuteTULO IV

GEcircNERO DIGITAL BLOG E (MULTI)LETRAMENTOS intervenccedilotildees pedagoacutegicas

em sala de aula

Este capiacutetulo trata da anaacutelise detalhada dos dados coletados para esta pesquisa-accedilatildeo De

acordo com Gil (2002) para anaacutelise dos dados na pesquisa-accedilatildeo adotam-se procedimentos que

implicam em considerar a categorizaccedilatildeo a codificaccedilatildeo a tabulaccedilatildeo a anaacutelise estatiacutestica ou

estrateacutegias que privilegiem a discussatildeo em torno dos dados obtidos de onde sucede a

interpretaccedilatildeo dos resultados Assim o autor considera que dessa discussatildeo devem participar

pesquisadores e participantes Aleacutem disso o trabalho interpretativo baseado em contribuiccedilotildees

teoacutericas torna-se muito relevante

Nesse sentido a anaacutelise dos dados percorreu procedimentos de categorizaccedilatildeo dos niacuteveis

de escrita segundo Cagliari (1995) tabulaccedilatildeo das falhas de escrita de acordo com Lemle

(1991) e anaacutelise estatiacutestica dos envolvidos na pesquisa Realizou-se tambeacutem a interpretaccedilatildeo

ancorada nos teoacutericos que fundamentaram esta pesquisa-accedilatildeo fato que proporcionou a

retomada e a relaccedilatildeo do problema de pesquisa objetivando solucionaacute-lo ou minimizaacute-lo

41 Questionaacuterio

O questionaacuterio investigativo (APEcircNDICE A) foi aplicado no dia 08 de maio de 2017

em sala de aula com duraccedilatildeo de uma hora aula

A primeira pergunta visou obter informaccedilotildees sobre o lugar no qual os alunos mais

acessavam a internet a segunda pergunta procurou obter informaccedilotildees sobre a frequecircncia de

acesso agrave internet a terceira pergunta investigou por qual recurso tecnoloacutegico os alunos utilizam

a internet a quarta pergunta buscou verificar a utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para

fins pedagoacutegicos por parte dos professores e por uacuteltimo a quinta pergunta procurou obter

informaccedilotildees sobre o uso da internet considerando redes sociais jogos blogs e pesquisas

Dos 25 (vinte e cinco) alunos matriculados apenas 21 (vinte e um) alunos estavam

presentes no dia e responderam ao questionaacuterio investigativo Na primeira pergunta

constatamos que 619 acessam a internet em casa 142 acessam em lan houses 0 na

escola 95 acessam em outros lugares 95 natildeo usam a internet e apenas 47 natildeo souberam

responder

78

Graacutefico 02 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 01

Fonte Dados da pesquisa 2017

O resultado demonstra que 857 dos alunos tecircm acesso agrave internet em lugares

diferentes o que deixa em evidecircncia a familiarizaccedilatildeo com o ambiente digital Contudo o que

nos chamou a atenccedilatildeo foi o fato de a escola natildeo fazer parte desses locais de uso

Em relaccedilatildeo agrave segunda pergunta (Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet)

observamos que 389 dos alunos acessam a internet por uma hora 142 acessam por duas

horas 333 acessam por mais de duas horas 142 nunca acessam a internet e 0 menos de

uma hora O fato de ningueacutem utilizar por menos de uma hora demonstrou que os alunos

dedicam um tempo consideraacutevel para atividades online

Graacutefico 3 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 2

Fonte Dados pesquisa 2017

Por meio da terceira pergunta que buscou investigar por qual recurso tecnoloacutegico os

alunos utilizam a internet constatou que 238 utilizam o computador 389 utilizam o

13

30

2 2 10

2

4

6

8

10

12

14

Em casa Em Lan

House

Na escola Outros

lugares

Natildeo uso Natildeo soube

responder

1- Onde vocecirc mais acessa a internet

0

8

3

7

3

0

2

4

6

8

10

Menos de

uma hora

Uma hora Duas horas Mais de

duas horas

Nunca

2- Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet

79

celular 194 utilizam computador e celular 47 usa o tablet 0 outros equipamentos e

142 afirmaram natildeo utilizar a internet

Graacutefico 04 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 3

Fonte Dados da pesquisa 2017

O resultado da terceira pergunta confirmou os dados extraiacutedos da PNAD (2014) ao revelar que

o uso do telefone celular para acessar a internet ultrapassou o uso do computador Na

atualidade o celular eacute o recurso tecnoloacutegico de maior acesso agrave internet Como vimos a partir

do graacutefico acima a utilizaccedilatildeo do computador como equipamento de maior acesso agrave internet natildeo

prevalece mais

Para a quarta pergunta ldquoOs professores da sua escola jaacute utilizaram o computador ou

laboratoacuterio de informaacutetica para realizar atividades escolaresrdquo constatamos que 194

responderam que sim 666 responderam que natildeo e 142 natildeo souberam responder No

graacutefico dessa pergunta percebemos uma contradiccedilatildeo por parte dos alunos que responderam que

sim pois na primeira pergunta ldquoOnde vocecirc mais acessa a internetrdquo nenhum aluno confirmou

o acesso agrave internet na escola

Graacutefico 05 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 4

Fonte Dados da pesquisa 2017

58

41 0

30

2

4

6

8

10

3- Vocecirc utiliza a internet por meio de

0

5

10

15

Sim Natildeo Natildeo souberam

responder

4- Os professores da sua escola jaacute utilizaram o

computador ou o laboratoacuterio de informaacutetica para

realizar atividades escolares

80

Ressaltamos que o laboratoacuterio de informaacutetica da escola eacute equipado com 19

computadores novos ar-condicionado quadro branco em vidro em plenas condiccedilotildees de uso

Contudo esse espaccedilo natildeo eacute utilizado de uma maneira geral pelos professores da escola com

as turmas do Ensino Fundamental e meacutedio do 1ordm turno

Diante do exposto sobre o aspecto da utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para fins

pedagoacutegicos por parte dos professores Coscarelli (2016) faz uma alerta para que as escolas

preparem os alunos para o letramento digital a fim de desenvolverem competecircncias e

habilidades em leitura e escrita nesse ambiente aleacutem de formas adicionais de produzir

linguagem por meio de diferentes miacutedias

A uacuteltima pergunta buscou informaccedilotildees sobre o uso da internet considerando os

assuntos preferecircncias e interesses dos alunos no ambiente digital Verificamos portanto que

4761 acessam as redes sociais 2857 preferem jogos eletrocircnicos na internet 238 natildeo

souberam responder e 0 dos alunos natildeo acessa sites de pesquisa e blogs conforme ilustra o

graacutefico abaixo

Graacutefico 06 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 5

Fonte Dados da pesquisa 2017

Compreendemos que a natildeo utilizaccedilatildeo de sites de pesquisas e blogs seja por falta de

conhecimento das possibilidades de uso e acesso agrave informaccedilatildeo O resultado sobre os sites de

pesquisa por exemplo vai ao encontro das informaccedilotildees obtidas na pergunta 04 ao afirmarem

que 666 dos professores natildeo utilizam o laboratoacuterio de informaacutetica Esse fato pode ter

contribuiacutedo para a falta de interesse por parte dos alunos pois eacute preciso ensinar como realizar

uma pesquisa no ambiente digital entre tantas possibilidades de aprendizagem que fomentam

o letramento digital

Quando se trata do toacutepico sobre o letramento digital Coscarelli (2016) afirma e a

maioria de noacutes prontamente concorda que o uso das tecnologias ultrapassa o conhecimento da

teacutecnica pois permite o desenvolvimento de habilidades e competecircncias necessaacuterias agrave seleccedilatildeo

Redessociais como

Facebook

Jogoseletrocircnicosna internet

BlogsSites depesquisa

Natildeosouberamresponder

5ordm 10 6 0 0 5

10 6 0 0 5

5- Quais os tipos de sites te interessam mais considerando o conteuacutedo

81

de conteuacutedo disponibilizado na internet como os sites de pesquisa por exemplo Natildeo basta

saber ligar o computador e manusear o mouse eacute preciso compreensatildeo e utilizaccedilatildeo de

conhecimentos para executar accedilotildees de busca e navegaccedilatildeo Dessa forma a autora sugere

Orientar os alunos para o uso dos mecanismos de busca instigar a observaccedilatildeo das

interfaces do projeto graacutefico dos sites dos blogs ajudar os alunos a identificarem e

sanarem as dificuldades encontradas na seleccedilatildeo de informaccedilotildees satildeo propostas de

mediaccedilatildeo que podem ser exploradas pelo professor durante as aulas (COSCARELLI

2016 p 25)

Compreendemos com base nessa orientaccedilatildeo que a escola tem um papel fundamental

no processo de letramento digital e para isso eacute necessaacuterio incorporar nas aulas de Liacutengua

Portuguesa propostas de mediaccedilatildeo como as citadas acima para promover a aprendizagem por

meio de novas experiecircncias

Nesse sentido as respostas dos alunos expuseram a relaccedilatildeo deles com a tecnologia e o

acesso agrave internet e nos levou agrave reflexatildeo sobre seu uso no ambiente escolar Detectamos que

eles estatildeo familiarizados com a tecnologia mas a escola natildeo faz ateacute entatildeo parte de seu contexto

de inserccedilatildeo social e digital

Portanto os resultados do questionaacuterio apresentaram implicaccedilotildees importantes tanto para

as aulas de Liacutengua Portuguesa pois eacute uma forma adicional de promover a linguagem quanto

para a escola por ser uma instituiccedilatildeo que se dedica ao ensino-aprendizagem agrave transformaccedilatildeo

e ao acesso ao conhecimento mas por vezes deixa de se conectar com a realidade fora dela e

de promover o letramento digital

42 Atividade Inicial de Escrita ndash AIE

O universo de investigaccedilatildeo para esta atividade foi inicialmente constituiacutedo por 20

(vinte) alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima que estavam presentes A atividade foi aplicada nos

dias 09 e 10 de maio de 2017 com duraccedilatildeo de duas horas aula para a leitura do livro e duas

horas aula para o registro da atividade Ressaltamos mais uma vez que o nuacutemero de alunos

matriculados difere do nuacutemero de alunos presentes

Dessa forma a Atividade Inicial de Escrita (APEcircNDICE B) foi proposta aos alunos

presentes por meio de uma conversa expositiva sobre narrativas pessoais e sobre as

caracteriacutesticas de uma sequecircncia narrativa De acordo com Cavalcante (2013) ldquoa sequecircncia

narrativa tem como principal objetivo manter a atenccedilatildeo do leitorouvinte em relaccedilatildeo ao que se

conta Para isso satildeo reunidos e selecionados fatos []rdquo (CAVALCANTE 2013 p 65) Assim

82

o gecircnero proposto foi autobiografia por meio do qual o aluno deveria escrever sobre si mesmo

procurando retratar particularidades do comportamento e do jeito de ser

Segundo Cosson (2014) na leitura literaacuteria encontramos o senso de noacutes mesmos e da

comunidade a qual pertencemos Por isso como ponto de partida utilizamos a sequecircncia baacutesica

de letramento literaacuterio desenvolvida por ele que eacute constituiacuteda basicamente por quatro passos

motivaccedilatildeo (preparar o aluno para entrar no texto) introduccedilatildeo (apresentaccedilatildeo do autor e da obra)

leitura (a leitura e seu acompanhamento) e interpretaccedilatildeo (externalizaccedilatildeo da leitura ou seja seu

registro)

O estiacutemulo inicial para essa atividade foi a construccedilatildeo do primeiro passo ndash ldquomotivaccedilatildeordquo

ndash ao conversarmos sobre quem somos Quais satildeo as caracteriacutesticas que nos individualizam

como seres que nos tornam uacutenicos mesmo sendo iguais enquanto espeacutecie humana

A atividade funcionou como um levantamento preacutevio das caracteriacutesticas pessoais de

cada um da histoacuteria de vida dos momentos bons ou ruins pelos quais passamos e que vatildeo

construindo a nossa histoacuteria particular

Em seguida desenvolvemos o segundo passo ndash ldquointroduccedilatildeordquo ndash que consistiu em

apresentar o livro Felpo Filva (FURNARI 2006) e a autora Eva Furnari Na apresentaccedilatildeo da

obra falamos da importacircncia da leitura do livro literaacuterio e tambeacutem consideramos importante

justificar a escolha da obra para despertar no leitor a curiosidade sobre como aconteceu a

histoacuteria Assim A escolha desse livro foi feita por esta pesquisadora e justificou-se por tratar

de questotildees pessoais diferenccedilas fiacutesicas semelhanccedilas e sentimentos que o personagem narra de

maneira divertida em seu dia-a-dia Aleacutem disso o livro apresenta vaacuterios gecircneros textuais como

a autobiografia gecircnero escolhido para a Atividade Inicial de Escrita

No terceiro passo ndash ldquoleiturardquo ndash lemos o livro Felpo Filva (FURNARI 2006) Os alunos

ouviram e apreciaram a leitura feita por esta professora pesquisadora Embora saibamos que a

leitura de um livro inteiro natildeo seja muito adequado em sala de aula e da importacircncia da leitura

individual foi necessaacuterio utilizar essa estrateacutegia por questotildees de otimizaccedilatildeo do tempo mas com

a consciecircncia de seguir as orientaccedilotildees teoacutericas e metodoloacutegicas ao fazer da leitura uma atividade

de saber e de prazer Esse fato que foi comprovado pelo envolvimento e entusiasmo a cada

paacutegina virada para saber o que aconteceria ao final da histoacuteria com Felpo Filva e Charlocirc

personagens protagonistas do livro

O uacuteltimo e quarto passo ndash ldquointerpretaccedilatildeordquo ndash que tem como princiacutepio segundo o autor

a externalizaccedilatildeo da leitura isto eacute seu registro varia de acordo com cada tipo de texto ano

escolar idade puacuteblico leitor entre outros aspectos foi dedicado agrave escrita

Ressaltamos que nesse uacuteltimo passo o registro natildeo foi direcionado ao livro agrave

construccedilatildeo de sentido do texto livro dentro de um diaacutelogo autor leitor e comunidade mas agrave

83

construccedilatildeo de sentido de uma produccedilatildeo escrita pessoal que necessitava de motivaccedilatildeo

introduccedilatildeo e leitura para se chegar ao registro da histoacuteria de leitor e de vida dos alunos Nesse

sentido Cosson (2014) corrobora que ldquoa interpretaccedilatildeo eacute feita com o que somos no momento da

leitura Por isso por mais pessoal e iacutentimo que esse momento interno possa parecer a cada

leitor ele continua sendo um ato socialrdquo (COSSON 2014 p 65) Dessa forma a leitura que

motivou a intepretaccedilatildeo natildeo esteve vazia de sentidos pelo contraacuterio serviu ao coletivo agrave

ampliaccedilatildeo de horizontes e ao despertar de palavras e memoacuterias que impulsionaram a produccedilatildeo

da atividade inicial de escrita Desse modo os textos foram lidos em sua iacutentegra natildeo apenas

analisando a escrita ortograacutefica em seus desvios mas observando o conteuacutedo e a produccedilatildeo de

sentidos de quem deseja falar sobre si mesmo

Contudo esperava-se que a turma jaacute estivesse mais familiarizada com esse tipo de

sequecircncia textual e conseguisse produzir satisfatoriamente poreacutem alguns alunos apresentaram

muitas dificuldades para compreender o que foi solicitado demonstrando um elevado grau de

inseguranccedila medo de escrever entre outras deficiecircncias na escrita por alguns natildeo serem

alfabetizados

Nessa perspectiva o trabalho com as sequecircncias textuais deve ser aprimorado e o aluno

deve compreender como os textos se organizam e se estruturam para realizar nossos atos

comunicativos Entretanto eacute importante ressaltar que essa atividade seraacute melhor desenvolvida

futuramente por ora analisaremos os textos dos alunos do 6ordm ano JF Assim segue nova lista

de informantes para essa anaacutelise

84

Quadro 11 ndash Alunos informantes do 6ordf ano JF

Fonte Dados da pesquisa 2017

A anaacutelise de dados da Atividade Inicial de Escrita foi realizada somente com 20 (vinte)

textos correspondente ao nuacutemero de alunos presentes no dia com o intuito de observar e de

categorizar as incorreccedilotildees de escrita neles apresentadas A fim de exemplificar a escrita

espontacircnea e como foram elencados seus problemas selecionamos alguns desses textos os

quais destacamos com os respectivos nuacutemeros da tabela de categorizaccedilatildeo de ldquoerrosrdquo feita por

Cagliari (1995)

Assim foram produzidos 20 (vinte) textos mas selecionamos uma amostra de10 (dez)

textos da Atividade Inicial de Escrita e apresentamos a seguir a versatildeo digitalizada Esses dez

textos apresentam na escrita a categorizaccedilatildeo de ldquoerrosrdquo de acordo com Cagliari (1995) e

exemplos de falhas de escrita de 1ordf ordem de 2ordf ordem e de 3ordf ordem de acordo com Lemle

(1991)

Para uma leitura eficaz esses textos tambeacutem foram digitados pois foram escritos agrave laacutepis

e por isso algumas partes e palavras ficaram claras prejudicando o entendimento

Ressaltamos que os textos foram digitados na iacutentegra conforme os alunos o escreveram Aleacutem

INFORMANTE

AB 1

AF 2

AK 3

CI 4

DR 5

DV 6

EA 7

FA 8

FR 9

IR 10

JP 11

JR 12

LV 13

MS 14

MC 15

ND 16

PC 17

PE 18

RR 19

RG 20

TM 21

85

disso em alguns deles haacute prejuiacutezo do entendimento por natildeo conseguirmos decifrar o que estaacute

escrito

TEXTO 1 (1ordf ordem)

Eu masine januaria

eu vivo coanilha natildee neu Pai

Figura 05 ndash TEXTO 1 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 2 (1ordf ordem)

Eu naci

januaria

e cogo muto de sai tasia

natildeo gosta de Batatina

A mina vida e asai

FIM

Figura 05 ndash TEXTO 2 ndash AIE

86

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 3 (1ordf ordem)

O meu nome e e goto de jogor gogo de futebol de gta e soltar cola e areoin e noviu e sou

nuito felis com milha familha

Figura 06 ndash TEXTO 3 ndash AIE 2017

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 4 (1ordf ordem)

Gaur de suneista e andar de natu e bixicleta

Figura 07 ndash TEXTO 4 ndash AIE

87

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 5 (1ordf e 2ordf ordens)

Eeu sou elgoto da allade potugeis porque em sina muta coisa inpotante eu goto de quiabo

natildeo goto demaxixe eu sou um memimo muito bom matildees qua mexe comigo eu sou xato quando

mexe com meanna eu viro o cam emvoma dodiabo

Taeubofesorra

Figura 08 ndash TEXTO 5 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 6 (2ordf ordem)

88

meu nome eacute naci em Brasihha vivo com minha irmatilde meu irmatildeo e minha matildee gosto de

brincar soltar pipa Jogar Bola Brincar de pique escunde Jogar petecqua estudar mas u que eu

natildeo gosto e de Repohho de cebola de suco de BeterraBa

89

Figura 09 ndash TEXTO 6 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 7 (2ordf e 3ordf 3ordens)

Oi Eu sou Eu moro na Rua de Baixo eu tenho 12 Anos tenho amigos como meu primo eu

moro com A minha matildee e meus irmatildeos eu gosto de dansa eu natildeo gosto de mentir natildeo gosto de

susu e kiabo eu nascie em Januacuteaacuteria eu gosto da minha irmatildeo a minha diferenccedila e o cabelo eles

fica zombavam de mim em tam essa e minha vida

Figura 10 ndash TEXTO 7 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 8 (3ordf ordem)

Meu nome eacute Nasci em Satildeo Paulo Moro com meus pais e meus 3 irmatildeos Paulo Henrique

Renata e Samara Adoro andar de cavalo e brincar Odeio que maltratem animais ou qualquer

ser vivo Fico muito triste vendo guerra e essa violecircncia Eu morei quase a minha vida toda em

Januaacuteria e continuo morando na mesma cidade Eu me acho diferente por pensar bem diferente

das outras pessoas

Fim

90

Figura 11 ndash TEXTO 8 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 9 (3ordf ordem)

Eu sou

Oi eu sou e tenho 11 anos e estou no 6ordm ano JF ( julha de fatema) e gosto

de jogar no computador

Eu moro na rua julhio de moura casa 150 A eacute bem do lado da escola eacute muito perto

Eu vo pra escola quase todos os dias e natildeo sou muito comportado em sala de aula

Meu cachorro morreu segunda e foi muito triste agora menos 1- cachorro pra cuidar

entatildeo eacute isso so eu

91

Figura 12 ndash TEXTO 9 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 10 (3ordf ordem)

Eu sou tenho 12 anos neci em Januaacuteria

Eu sou moreno gente boa sou inteligente sou mais o menos queto natildeo gosto muito de brincar

sou mais queto na tarefa tenho um pouco de dificuldade e e u chamo a professora sou um pouco

timido

Figura 13 ndash TEXTO 10 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

92

Nos textos acima pode-se observar as marcaccedilotildees numeacutericas que fizemos para

levantamento catalogaccedilatildeo dos dados e caracterizaccedilatildeo dos problemas encontrados as quais

foram baseadas nos processos fonoloacutegicos que envolvem a escrita de acordo com Cagliari

(1995) Todas essas categorias relacionadas pelo autor servem para despertar nos professores

alfabetizadores ou natildeo a necessidade de conhecer e de considerar na praacutetica escolar os fatores

envolvidos no processo de construccedilatildeo da escrita da fala e da aprendizagem significativa

Dessa maneira no quadro a seguir observamos cada fenocircmeno linguiacutestico encontrado

nos textos dos alunos e a quantidade de vezes em que ocorre

93

Tabela 02 ndash Categorizaccedilatildeo dos ldquoerrosrdquo de escrita ndash Cagliari (1995)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

T

ran

scri

ccedilatildeo

fo

neacutet

ica

Uso

in

dev

ido

de

letr

as

Hip

erco

rreccedil

atildeo

Mod

ific

accedilatilde

o d

a e

stru

tura

segm

enta

l d

as

pala

vra

s

Ju

ntu

ra I

nte

rvoca

bu

lar

e

segm

enta

ccedilatildeo

Fo

rma

mo

rfo

loacuteg

ica

dif

eren

te

Fo

rma

est

ran

ha

de

tra

ccedilar

as

letr

as

Uso

in

dev

ido

de

ma

iuacutesc

ula

s e

min

uacutesc

ula

s

Ace

nto

s g

raacutefi

cos

Sin

ais

de

po

ntu

accedilatilde

o

Pro

ble

ma

s si

ntaacute

tico

s

I1 2 4 1 1 1

I2 6 7 5

I3 8 2 3 3

I4 1 3 4 3

I5 4 3 5 2

I6 1 1 1 1 4

I7 1 1 7 5 1 4 5 3

I8 2 2 4 2 4

I9 2 1 7 3 3 9

I10 2 2 3 2 2 1 1 3

I11 3 1 2 8 11

I12 1 2 2 1 4 1 5 4

I13 2 4 2 2 2 3

I14 1 2 2 7 5 11

I15 3 1 1 8 2

I16 2 2 2 3 1 1

I17 3 2 1 1

I18 5 1 1 10 1

I19 9 6 3 12 11

I20 2 3 3 4

I21

Total 14 38 2 29 9 1 5 66 28 107 59 358

Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017

Diante desses dados destacamos 358 ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita sendo a que

maior incidecircncia deles concentrou-se uso dos sinais de pontuaccedilatildeo com 107 ocorrecircncias

94

seguido do uso indevido de maiuacutesculas e minuacutesculas com 66 ocorrecircncias depois de problemas

sintaacuteticos com 59 ocorrecircncias e em seguida o uso indevido de letras com 38 ocorrecircncias

Compreendemos que o nuacutemero de ocorrecircncias em um texto natildeo acontece de forma fixa

pois cada texto possui particularidades e flexibilidade no uso das palavras Alguns textos

apresentam mais palavras e conteuacutedo do que outros logo a incidecircncia pode ser maior ou menor

vai depender de cada texto

Sobre os aspectos da escrita Cagliari (1995) afirma que os problemas sintaacuteticos que

revelam modos de falar apresentando a transposiccedilatildeo da liacutengua oral para a escrita fazem parte

das uacuteltimas etapas de aprendizagem em escrita Outro aspecto bastante recorrente nos textos eacute

o uso indevido de maiuacutesculas e minuacutesculas Quanto a isso o autor enfatiza que esse processo

precisa ser ensinado Esses casos estatildeo exemplificados no TEXTO 2 na palavra Batatina no

TEXTO 6 nas palavras Brincar Bola ceBola e no TEXTO 7 na palavra caBelo

Jaacute o uso indevido de letras ocorre porque o aluno faz uma escolha possiacutevel para

representar o som em uma palavra quando a ortografia emprega outra como podemos observar

no TEXTO 3 nas palavras con felis nuito fanilha

Compreendemos com base em Cagliari (1995) que questotildees sobre o sistema de escrita

e de como ele se processa satildeo de fundamental importacircncia pois permitem o conhecimento

linguiacutestico para auxiliar e intervir nas situaccedilotildees de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita

desde os primeiros anos escolares

Diante disso o autor apresenta que o sistema de escrita pode ser dividido em dois

grandes grupos O sistema de escrita ideograacutefico (significado) baseado numa escrita pictoacuterica

que tem como exemplos os sinais de tracircnsito os nuacutemeros os logotipos A escrita ideograacutefica

traz consigo significados mais abrangentes do que outros sistemas O sistema de escrita

fonograacutefico (significante) depende essencialmente dos elementos sonoros de uma liacutengua para

poder ser lido ou decifrado O autor ainda ressalta que todo sistema de escrita tem um

compromisso direto ou indireto com os sons de uma liacutengua e como as liacutenguas mudam com o

tempo transforma-se tambeacutem a forma focircnica das palavras tornando difiacutecil sua leitura Assim

Cagliari (1995) afirma que as escritas ideograacuteficas jogam muito com a habilidade lexical do

leitor e as escritas fonograacuteficas com o poder de interpretaccedilatildeo semacircntica

Dessa forma o problema da alfabetizaccedilatildeo abrange os dois sistemas de escrita O aluno

natildeo consegue estabelecer uma relaccedilatildeo loacutegica para siacutembolos formas letras e palavras Natildeo

consegue ler (decodificando) e nem ler (compreendendo)

Cagliari (1995) aponta que o sistema de escrita do portuguecircs usa vaacuterios tipos de alfabeto

aleacutem de outros caracteres de natureza ideograacutefica como os sinais de pontuaccedilatildeo e os nuacutemeros

e de como a relaccedilatildeo entre as letras e os sons da fala eacute sempre muito complicada pelo fato de a

95

escrita natildeo ser o espelho da fala e porque eacute possiacutevel ler o que estaacute escrito de diversas maneiras

Contribui dizendo ainda que a nossa escrita eacute fundamentalmente alfabeacutetica tendo como base

a letra e faz uma criacutetica ao ensino da siacutelaba como base

A praacutetica do ensino da siacutelaba como base do sistema de escrita do portuguecircs eacute muito

comum nas salas de alfabetizaccedilatildeo Essa praacutetica abre caminho para muitas confusotildees e o aluno

natildeo consegue de forma regular fazer uma divisatildeo silaacutebica com a facilidade que se imagina pois

de acordo com o autor esse processo eacute complexo e natildeo se pode atribuir a mesma regra para

todas as palavras Assim Cagliari (1995) afirma que existem fatos foneacuteticos da fala que o nosso

sistema de escrita natildeo dispotildee de recursos para representar

Por isso eacute muito importante o conhecimento sobre como a crianccedila aprende a liacutengua

escrita Algumas crianccedilas aprendem por intuiccedilatildeo e vatildeo sozinhas nesse processo de ler e

escrever Mas a grande maioria precisa de ajuda e de suporte Logo o professor precisa estar

preparado para promover essa aprendizagem atraveacutes de meacutetodos variados Eacute preciso tambeacutem

um trabalho sistemaacutetico de consciecircncia fonoloacutegica O objetivo eacute fazer com que esse aluno

descubra as letras e que seu registro representa um som Portanto eacute importante fazer com que

ele preste atenccedilatildeo nos sons das letras e aprenda a registraacute-los Assim a liacutengua oral se transforma

em letra em palavra em texto

Nesse sentido sobre a produccedilatildeo de textos Cagliari (1995) diz que a crianccedila vai

construindo sua escrita por experimentaccedilatildeo e critica as escolas por natildeo permitirem que isso

aconteccedila da mesma forma que acontece com a fala Ressalta ainda que as crianccedilas natildeo

precisam estudar Gramaacutetica pois jaacute dominam a liacutengua portuguesa na sua modalidade oral Ou

seja a crianccedila jaacute fala seguindo uma estrutura gramatical natural compreende um sistema de

formas (morfologia) um sistema de frases (sintaxe) e um sistema de sons (fonologia) aprendida

no seu meio familiar e social Por mais simples ou ldquoerradardquo que seja a fala traduz a

competecircncia comunicativa do aluno E acrescenta que os ldquoerrosrdquo ortograacuteficos demonstram o

uso inadequado de recursos possiacuteveis do proacuteprio sistema ortograacutefico de escrita e tambeacutem

comuns a todos os usuaacuterios do sistema de escrita do portuguecircs Os alunos natildeo ldquoerramrdquo de

maneira irrefletida mas justamente o contraacuterio

Dessa forma o autor enfatiza que o incentivo agrave produccedilatildeo de textos de maneira

espontacircnea evitaraacute o bloqueio no uso da linguagem e o estimularaacute a escrever do modo que lhe

parece faacutecil correto e apropriado Eacute necessaacuterio estimular a escrita desde cedo que os alunos

brinquem e descubram a escrita atraveacutes da experimentaccedilatildeo do uso em situaccedilotildees diversas Deve-

se estimular a autoconfianccedila valorizar o que o aluno jaacute sabe pois o medo de errar impossibilita

a construccedilatildeo da escrita e limita o fazer Primeiro estabelece-se uma relaccedilatildeo prazerosa com a

96

escrita para depois num momento oportuno desenvolver um trabalho sistemaacutetico com a

ortografia

Isso pode ser observado por exemplo no TEXTO 1 no qual o aluno escreveu de forma

espontacircnea sem medo Haacute desvios na escrita mas entendemos perfeitamente a mensagem O

primeiro passo eacute escrever sem medo e depois fazer com que o aluno reflita sobre a sua escrita

fazendo checagens leitura e comparaccedilotildees com a ortografia vigente

Cagliari (1995) expotildee que natildeo se devem usar os textos dos alunos como pretexto para

correccedilatildeo ortograacutefica entre outros problemas que venham a ser identificados Eacute justamente o

que se identifica nesses textos que possibilita ao professor realizar intervenccedilotildees adequadas para

que o aluno perceba seu equiacutevoco na escrita e corrija-o

Nesse sentido a atividade proposta aos alunos foi motivada pela escrita espontacircnea sem

cobranccedilas e exigecircncias mas ao professor serviu como um instrumento de diagnoacutestico dos niacuteveis

de escrita dos alunos

Essa tarefa natildeo eacute faacutecil mas eacute preciso usar o texto do aluno natildeo como controle de formas

ortograacuteficas mas como facilitador de expressatildeo oral estiacutemulo ao seu discurso linguiacutestico e

anaacutelise do professor para realizar intervenccedilotildees necessaacuterias a fim de que o aluno aproprie-se

gradativamente das formas ortograacuteficas corretas do sistema de escrita do portuguecircs

Contudo Cagliari (1995) observa que se devem levar em conta os acertos ortograacuteficos

dos alunos e que os erros ortograacuteficos natildeo se datildeo ao acaso E ainda conclui que eacute indispensaacutevel

ao professor fazer um levantamento das dificuldades dos alunos e deixaacute-los escreverem textos

livres espontacircneos pois eacute nesses materiais que podemos encontrar os elementos que mostram

as reais dificuldades e facilidades dos alunos no processo de aprendizagem da escrita

Dessa maneira para dar continuidade agraves nossas reflexotildees e anaacutelise da Atividade Inicial

de Escrita partimos dos pressupostos das facetas da alfabetizaccedilatildeo que envolvem de acordo

com Soares (2003) a consciecircncia fonoloacutegica e as habilidades de codificaccedilatildeo (escrita) e

decodificaccedilatildeo (leitura) da liacutengua Analisamos mais precisamente as especificidades da faceta

psicolinguiacutestica que estuda as relaccedilotildees que se referem ao conhecimento e ao uso de uma liacutengua

De acordo Ferreiro (1995) o processo de aprendizagem da crianccedila ao tentar construir

o sistema alfabeacutetico baseia-se em hipoacuteteses do aprendiz Essas hipoacuteteses apontam os niacuteveis ou

etapas psicogeneacuteticas no processo de alfabetizaccedilatildeo Nesse sentido os alunos jaacute superaram o

niacutevel preacute-silaacutebico ao perceberem que escrever natildeo eacute a mesma coisa que desenhar e haacute controle

na escrita Jaacute superaram o niacutevel silaacutebico ao perceberem os sons das siacutelabas e por comeccedilarem a

usar letras que correspondem ao som da siacutelaba agraves vezes soacute usam vogal outras vezes consoante

e vogal Muitos jaacute consolidaram o niacutevel alfabeacutetico compreendem o processo de leitura e de

escrita ao perceberem unidades menores do que as siacutelabas e assim progressivamente vatildeo

97

estabelecendo relaccedilotildees entre fonemas e grafemas Dessa maneira os alunos que estatildeo no niacutevel

alfabeacutetico de acordo com Ferreiro (1995) conseguiram construir a base alfabeacutetica Assim

constatamos que 389 dos alunosestatildeo no niacutevel alfabeacutetico mas ainda natildeo adquiriram

consciecircncia fonoloacutegica para a escrita alfabeacutetica

Em funccedilatildeo disso e ainda com o intuito de compreender como o aluno constroacutei o

conhecimento conceitual da escrita continuamos analisando os textos dos alunos mas agora

ancorados em Lemle (1991) A referida autora elenca cinco capacidades necessaacuterias agrave

alfabetizaccedilatildeo Em todos os textos observamos que

1 A primeira capacidade foi superada pois eles conseguiram fazer a distinccedilatildeo entre riscos e

siacutembolos ou seja compreendem o que eacute letra mesmo fazendo uso indevido em algumas

situaccedilotildees

2 A segunda capacidade consiste na discriminaccedilatildeo das formas das letras sendo registradas 5

(cinco) ocorrecircncias na forma estranha de traccedilar as letras como visualizamos no TEXTO 3

A quantidade eacute considerada normal jaacute que a autora considera tambeacutem que haacute letras

bastante semelhantes

3 A terceira e a quarta capacidades ainda estatildeo comprometidas visto que 38 desses alunos

natildeo conseguiram desenvolver a percepccedilatildeo auditiva e saber ouvir diferenccedilas linguiacutesticas

aleacutem de natildeo terem adquirido o conceito de palavra como vemos ocorrer no TEXTO 2 na

escrita de cogo em vez de gosto e no TEXTO 3 na escrita de nasine em vez de nasci em

Esses satildeo exemplos de ausecircncia de percepccedilatildeo auditiva e consciecircncia fonoloacutegica bem como

de conceito de palavra respectivamente

4 A quinta capacidade estaacute praticamente consolidada pois eles reconhecem que em nosso

sistema de escrita a ordem da escrita vai da esquerda para a direita e de cima para baixo Haacute

equiacutevocos e inadequaccedilotildees no uso de paraacutegrafos e de organizaccedilatildeo espacial que julgamos

que devem ser ensinados gradativamente

Desse modo com base nesses toacutepicos focamos na anaacutelise da terceira capacidade que eacute

a simbolizaccedilatildeo entre letras e sons que consolidada permite a construccedilatildeo do conceito de

palavra

Lemle (1991) relaciona algumas etapas que o aluno utiliza na construccedilatildeo do sistema de

escrita como a monogamia relaccedilatildeo biuniacutevoca entre sons e letras Depois a substitui pela

poligamia relaccedilatildeo natildeo biuniacutevoca condicionada pela posiccedilatildeo da letra e por fim depara-se com

as arbitrariedades do sistema de escrita e dessa forma vai evoluindo nesse processo de

aquisiccedilatildeo da escrita No entanto quando o aluno natildeo compreende esse processo e as

arbitrariedades da escrita ele comete falhas tiacutepicas da escrita que satildeo classificadas pela autora

como falhas de primeira ordem falhas de segunda ordem e falhas de terceira ordem

98

De acordo com a anaacutelise dos 20 (vinte) textos coletados na Atividade Inicial de Escrita

fizemos a catalogaccedilatildeo das falhas de escrita observando os criteacuterios definidos pela autora para

essa classificaccedilatildeo como podemos observar na Tabela 03 a seguir

Tabela 03 ndash Avaliaccedilatildeo Falhas de escrita Informantes Falhas de primeira

ordem

Falhas de segunda

ordem

Falhas de terceira

ordem

I1 X

I2 X

I3 X

I4 X

I5 X

I6 X

I7 X X

I8 X

I9 X

I10 X

I11 X

I12 X X

I13 X

I14 X

I15 X

I16 X

I17 X

I18 X

I19 X

I20 X

I2117 X

TOTAL 6 3 14 21 Porcentagem 285 142 666 100

Fonte Adaptado de Lemle (1991) com dados da pesquisa 2017

De acordo com os dados da tabela acima observamos que 285 dos alunos cometem

falhas de 1ordf ordem 142 cometem falhas de 2ordf ordem e 666 cometem falhas de 3ordf ordem

Salientamos que o informante 7 comete falhas de 1ordf e 2ordf ordens e o informante 12 comete falhas

de segunda e terceira ordens Apesar de Lemle (1991) natildeo dizer de forma tatildeo direta supomos

que um mesmo aluno pode cometer em um mesmo texto falhas de ordem diversas por

entendermos a aquisiccedilatildeo do sistema de escrita como um processo que vai sendo construiacutedo aos

poucos por meio de experiecircncias com a proacutepria escrita Nesse sentido haacute nesses exemplos de

escrita como vemos nos informantes 7 e 12 uma transiccedilatildeo entre as falhas de 1ordf 2ordf e 3ordf ordens

considerando-se que natildeo satildeo processos isolados iniciando um quando o outro termina

Diante desses fatos selecionamos os 8(oito) alunos que cometeram falhas de 1ordf e 2ordf

ordens em razatildeo de Lemle (1991) considerar que esses alunos ainda natildeo satildeo alfabetizados Para

a autora ldquo[s]eraacute considerado alfabetizado aquele em cuja escrita soacute restarem falhas de terceira

17 O aluno estava presente mas natildeo quis realizar a produccedilatildeo da Atividade Inicial de escrita Mesmo assim foi

selecionado por natildeo ser alfabetizado e estar repetindo o 6ordm ano

99

ordem que seratildeo superadas gradativamente com a praacutetica da leitura e da escritardquo (LEMLE

1991 p 41-42)

Com base nesses pressupostos catalogamos as falhas cometidas nos 08 (oito) textos da

amostra de investigaccedilatildeo e acrescentamos 03 textos classificados como de 3ordf ordem para

melhor compreensatildeo desses processos O objetivo eacute mostrar a realidade presente em sala de

aula e como essas falhas justificam-se baseadas nos estudos aqui realizados jaacute que os alunos

natildeo as cometeram intencionalmente Na verdade eles natildeo sabiam que estavam errando pois

escreveram de forma livre e espontacircnea Vejamos entatildeo as falhas coletadas nos 08 textos

Quadro 12 ndash Falhas de escrita Textos

selecionados

Falhas de escrita de

1ordf ordem

Ocorrecircncias de falhas de escrita catalogadas nos textos

selecionados

TEXTO 1

TEXTO 2

TEXTO 3

TEXTO 4

TEXTO 5

Falhas na

correspondecircncia

linear entre as

sequencias dos sons e

as sequencias das

letras

Omissatildeo de letras miha (minha) batatina (batatinha) goto

(gosto)

Conhecimento ainda inseguro do formato de cada letra

tasia (passear)

Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo do som

gogo (gosto) natu (moto) natildee (matildee) fanilha (familia) asai

(assim) voma (forma)

Natildeo formou conceito de palavra coanilha (com a minha)

nasine (nasci em) amina (a minha) allade (aula de)

dodiabo em vez de do diabo

Falhas de escrita de

2ordf ordem

TEXTO 5

TEXTO 6

TEXTO 7

O aluno faz a

transcriccedilatildeo foneacutetica

petequa em vez de peteca

escunde em vez de esconde

kiabo em vez de quiabo

bejo em vez de beijo

cam em vez de catildeo

susu em vez de chuchu

pofessora em vez de professora

Falhas de escrita de

3ordf ordem

TEXTO 7

TEXTO 8

TEXTO 9

TEXTO 10

O aluno avanccedilou no

saber ortograacutefico e na

escrita faz troca entre

letras concorrentes

dansa em vez de danccedila

diferensa em vez de diferenccedila

soutar em vez de soltar

queto em vez de quieto

dificudade em vez de dificuldade

profesora em vez de professora

o em vez de ou

Fonte Adaptado de Lemle (1991 p 40-41) com dados da pesquisa

Verifica-se que os textos 1 2 3 4 e 5 foram classificados com falhas de 1ordf ordem porque

os alunos natildeo conseguiram realizar correspondecircncia linear entre as sequecircncias dos sons e as

100

sequecircncias das letras Nesse caso os alunos omitiram letras como em miha (minha) batatina

(batatinha) goto (gosto) demonstraram conhecimento ainda inseguro do formato de cada letra

como por exemplo em tasia (passear) natildeo tiveram a capacidade de classificar algum traccedilo

distintivo do som exemplo das palavras gogo (jogo) natu (moto) natildee (matildee) fanilha (familia)

asai (assim) voma (forma)

Sabemos que Lemle (1991) natildeo cita conceito formado de palavra mas estabelece como

quarta capacidade a consciecircncia de unidade de palavra Dessa maneira optamos por encaixar

em falhas de 1ordf ordem as ocorrecircncias de conceito de palavra natildeo formado como em coanilha

(com a minha) nasine (nasci em) amina (a minha) allade (aula de) dodiabo em vez de do

diabo Esse tipo de ocorrecircncia eacute tratado por Cagliari (1995) como juntura intervocabular O

uacutenico caso natildeo encontrado nesses textos foi a repeticcedilatildeo de letras elencado por Lemle (1991)

Os textos 5 6 e 7 foram classificados com falhas de 2ordf ordem pois os alunos fizeram a

transcriccedilatildeo foneacutetica Nessas ocorrecircncias os alunos representaram os sons da fala de acordo com

a variaccedilatildeo linguiacutestica utilizada por eles pois a pronuacutencia depende da regiatildeo na qual a pessoa

vive Dessa forma o aluno escreve como fala como vemos em petequa em vez de peteca

escunde em vez de esconde kiabo em vez de quiabo bejo em vez de beijo cam em vez de catildeo

susu em vez de chuchu pofessora em vez de professora

Nos textos 7 8 9 e 10 nos quais os alunos jaacute avanccedilaram no saber alfabeacutetico e na escrita

ortograacutefica eles apenas fazem troca entre letras concorrentes Satildeo os casos de dansa em vez

de danccedila diferensa em vez de diferenccedila soutar em vez de soltar queto em vez de quieto

dificudade em vez de dificuldade profesora em vez de professora Nesses casos segundo

Ferreiro (1985) o niacutevel alfabeacutetico foi consolidado e considera que a aprendizagem da escrita eacute

produto de uma construccedilatildeo ativa ou seja no fazer na testagem na experimentaccedilatildeo com as

letras

Em vista disso consideramos importante dizer que os textos 1 2 3 4 5 6 e 7 satildeo dos

alunos que compuseram a intervenccedilatildeo Apenas um aluno natildeo quis produzir o texto o informante

21 que deduzimos natildeo ter consolidadas as capacidades e por isso rejeiccedilatildeo agrave atividade proposta

Logo nossa Atividade Inicial de Escrita (APEcircNDICE B) foi planejada por meio da

abordagem sociointeracionista de Vygotsky A partir da formulaccedilatildeo da zona de

desenvolvimento proximal aplicamos a Atividade Inicial de Escrita e assim por meio do

diagnoacutestico delineamos o desenvolvimento real da aprendizagem dos alunos a fim de avaliar

as experiecircncias adquiridas em linguagem escrita

Diante disso eacute necessaacuterio ressaltar a importacircncia da reflexatildeo e anaacutelise do professor

sobre o desenvolvimento textual dos alunos A escola eacute tendenciosa ao avaliar observando

apenas os erros e desconsiderando os acertos privilegiando a ortografia em detrimento da

101

fruiccedilatildeo do ato de escrever puramente como forma de expressatildeo do pensamento Cada etapa de

aprendizagem da escrita eacute importante e deve ser ensinada pela escola e o professor precisa ter

conhecimento dos processos de escrita pelos quais as crianccedilas passam para ajudaacute-las a

superarem cada etapa com seguranccedila e satisfaccedilatildeo

Consideramos diante o exposto que os resultados dessa atividade foram satisfatoacuterios

por nos dar condiccedilotildees de conhecer as reais dificuldades de escrita dos alunos e assim planejar

as proacuteximas accedilotildees deste trabalho investigativo

Portanto definimos por meio dessa Atividade Inicial de Escrita que a nossa investigaccedilatildeo

seria realizada apenas com os alunos que cometeram falhas de 1ordf e 2ordf ordem por natildeo serem

alfabetizados

43 Plano Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI

O Plano Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI estaacute centrado nos aspectos da alfabetizaccedilatildeo

e do letramento Foi desenvolvido na Escola Estadual Pio XII em Januaacuteria ndash MG com apenas

6 alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima apoacutes identificaccedilatildeo das falhas de escrita com base em Lemle

(1991) no periacuteodo de agosto a novembro de 2017 O fato de o nuacutemero de participantes ter sido

reduzido justifica-se pela recusa em participar das atividades propostas por dois alunos o

informante 16 e o informante 21 Eles natildeo quiseram participar apesar de toda insistecircncia por

parte desta pesquisadora Diante disso a amostra de investigaccedilatildeo passou a ser com 6 alunos do

6ordm ano JF

Assim o objetivo geral dessa proposta foi desenvolver atividades que contribuam com

a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita de 6 alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima da Escola Estadual Pio

XII Ensino Fundamental utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico Os objetivos

especiacuteficos foram planejar executar e avaliar atividades que contribuam para elevar os niacuteveis

de escrita que desenvolvam a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica desenvolver

habilidades de letramento digital atraveacutes do gecircnero digital blog produzir texto multimodal para

blog

A partir das metaacuteforas da aprendizagem de Thornburg (1996) desenvolvemos quatro

moacutedulos de aprendizagem Moacutedulo I ndash Conhecendo Moacutedulo II ndash Dialogando Moacutedulo III ndash

Refletindo e Moacutedulo IV ndash Praticando

Para cada moacutedulo utilizamos a carga horaacuteria da turma composta por cinco aulas

semanais de LP e nas uacuteltimas semanas contamos com a colaboraccedilatildeo dos professores de outras

disciplinas no sentido de liberarem os alunos para participarem das atividades No iniacutecio

definimos que usariacuteamos as aulas geminadas da terccedila-feira e da quarta-feira salvo alguma na

102

segunda-feira que tem uma aula de LP Buscamos com isso respeitar o horaacuterio de aulas da

turma em razatildeo da organizaccedilatildeo e funcionamento da escola Poreacutem observamos que a dinacircmica

e o dia-a-dia da escola com projetos feriados trabalhos de campo entre outras situaccedilotildees

estava prejudicando o andamento da intervenccedilatildeo Um fato que nos deixou muito tristes foi o

falecimento de um aluno da nossa escola no dia 20 de setembro Todas as atividades da escola

foram interrompidas pela comoccedilatildeo geral

Diante disso elaboramos o cronograma de aulas aplicadas nos moacutedulos do iniacutecio ao

teacutermino da intervenccedilatildeo como forma de esclarecer o desenvolvimento das aulas Os quatro

moacutedulos e a descriccedilatildeo dos meses e datas em que foram aplicados aleacutem da respectiva carga

horaacuteria de cada um deles encontram-se descritos na Tabela 04 a seguir

Tabela 04 ndash Cronograma de aulas aplicadas no PEI

MOacuteDULOS Meses Datas Carga

horaacuteria

Moacutedulo I ndash Conhecendo Agosto 23 28 29 30 ---- 08 ha

Moacutedulo II ndash Dialogando Setembro 12 19 2018 26 27 08 ha

Moacutedulo III ndash Refletindo Outubro 03 04 23 24 25 21 ha

26 27 30 31 ----

Moacutedulo IV ndash Praticando Novembro 01 05 ha

Total 42

aulas

Fonte Dados da pesquisa 2017

431 Moacutedulo I ndash Conhecendo

Neste moacutedulo I procuramos desenvolver compartilhar e discutir as caracteriacutesticas dos

textos compostos por palavras e imagens bem como discutir sobre as contribuiccedilotildees das

Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC

Assim o plano de accedilatildeo desse moacutedulo visou ativar conhecimentos preacutevios sobre as

caracteriacutesticas dos textos multimodais e em relaccedilatildeo agraves contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais

da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de sons de palavras de

imagens e de movimentos

18 Intervenccedilatildeo interrompida por luto

103

Nossos objetivos foram identificar as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da

Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem e familiarizar com o ambiente

digital conhecer e identificar as funccedilotildees do blog como recurso de ensino e sobre as habilidades

de letramento em contexto digital conhecer diferentes textos multimodais e aula expositiva

dialogada e interativa por meio de ferramenta digital

Dessa forma a metodologia utilizada consistiu em desenvolver atividades de

conhecimento na sala de multimiacutedia e no laboratoacuterio de informaacutetica da escola por meio de

exposiccedilatildeo dialogada utilizando ferramenta digital para apresentaccedilatildeo de slides sobre a proposta

de trabalho

Na sala de multimiacutedia da nossa escola no dia 23 de agosto de 2017 conhecemos as

contribuiccedilotildees que as Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo apresentam na atualidade como pode

ser visualizado na figura abaixo

Figura 14 ndash Alunos na sala de multimeios da Escola Estadual Pio XII

Fonte Dados da pesquisa 2017

Reconhecemos que estamos inseridos em um mundo repleto de sons palavras imagens

entre tantos outros recursos que possibilitam a comunicaccedilatildeo Dessa forma saber ler essa

diversidade de recursos textos e imagens requer atenccedilatildeo e leitura de mundo Como exemplo

dessa proposta apresentamos a captura de tela dos slides 3 e 9 da nossa apresentaccedilatildeo em Power

point

104

Figura 15 ndash Captura de tela do slide 3 ndash Apresentaccedilatildeo em Power point

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 2 ndash Captura de tela do slide 9 Apresentaccedilatildeo em Power point

Fonte Dados da pesquisa 2017

Percebemos que cinco alunos reconheceram na exposiccedilatildeo dos slides acima esse contexto

de tecnologia no qual estamos inseridos ao dizerem que estamos conectados com o mundo Por

outro lado uma aluna teve dificuldade com a leitura das imagens justamente por falta de

familiaridade com essa modalidade de leitura Aleacutem disso analisamos a possibilidade de se

realizar leitura em diversos suportes tanto por meio de linguagem verbal quanto por meio da

inserccedilatildeo de imagens e emojis tatildeo presentes nas redes sociais nos aplicativos de celular e ateacute

em lojas quando vemos as placas ldquoSorria Vocecirc estaacute sendo filmadordquo

105

Assim apoacutes essa conversa e compartilhamento de ideias eles compreenderam que a

leitura extrapola as questotildees meramente linguiacutesticas pois o conceito de texto se ampliou e

concentra vaacuterios aspectos natildeo linguiacutesticos que devem ser considerados principalmente porque

estamos inseridos em uma sociedade imersa em um grande ambiente multimodal

Nossa fala estaacute ancorada em Marcuschi (2008 p 80) ao estabelecer que ldquoo texto

compotildee-se de elementos que satildeo multifuncionais sob vaacuterios aspectos tais como um som uma

palavra uma significaccedilatildeo uma instruccedilatildeo etc e deve ser processado com esta

multifuncionalidaderdquo assim como na Teoria da Multimodalidade defendida por Kress e van

Leeuwen (2006) ao esclarecerem que o texto multimodal eacute aquele cujo significado se realiza

por mais de um coacutedigo semioacutetico ou recursos semioacuteticos Desse modo apoacutes a apresentaccedilatildeo

dos slides os alunos compreenderam que ao lermos uma imagem observamos planos traccedilos

cores figuras entre outros aspectos Assim compreendemos como esse conjunto de recursos

semioacuteticos dialoga que eles natildeo estatildeo dispostos aleatoriamente mas constituem mais um

recurso que nos ajuda a produzir uma seacuterie de interpretaccedilotildees

Depois fomos ao laboratoacuterio de informaacutetica Pesquisamos vaacuterios blogs e sites de

pesquisa para nos familiarizarmos e conhecermos o ambiente digital como demonstrado na

figura 18

Figura 17 ndash Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica

Fonte Dados da pesquisa 2017

No laboratoacuterio de informaacutetica acessamos blogs de diferentes temas e assuntos O

primeiro chama-se ldquoBlog dos jovens leitoresrdquo e o segundo ldquoOpen Pagerdquo Os dois satildeo blogs

106

literaacuterios e tratam da leitura de livros literaacuterios com resenhas e sugestotildees de leitura O terceiro

ldquoGalerinha On linerdquo eacute um blog de assuntos diversos atividades desenhos muacutesicas

ensinamentos e culinaacuteria por meio de infograacuteficos Jaacute o quarto ldquoEscola Classe 19 de

Taguatingardquo eacute um blog escolar de uma escola puacuteblica que atende a crianccedilas do 1ordm ao 5ordm anos

na educaccedilatildeo integral Nossa intenccedilatildeo foi fazer com que os alunos conhecessem diferentes blogs

Assim elaboramos algumas questotildees para conduzir nossa discussatildeo como Quais satildeo os temas

abordados nesses blogs Leia o perfil de cada um De qual vocecirc gostou mais Por quecirc Se vocecirc

tivesse um blog sobre o que vocecirc escreveria Vamos criar um blog para a turma Qual nome

teria

Nas questotildees ldquoardquo e ldquobrdquo os alunos responderam de forma satisfatoacuteria ter reconhecido o

tema de cada blog pelas imagens que foram vendo e depois pela descriccedilatildeo feita no perfil

apresentado aleacutem de terem gostado de conhececirc-los Como exemplo apresentamos logo

abaixo os comentaacuterios dos informantes 8 10 e 12

Informante 8 ldquoGostei professora desses blogsrdquo

Informante 10 ldquoEu nunca vi um blog Num sabia que era assim Eu gostei do blog da

escola tem muitas fotos dos alunosrdquo

Informante 12 ldquoEu achei legal E gostei mais da moccedila dos livros (Open Page)rdquo

Na questatildeo ldquocrdquo os informantes 7 e 11 disseram que escreveriam sobre todos os assuntos

a informante 13 disse que natildeo sabia os informantes 8 e 10 falaram que escreveriam sobre a

escola e a informante 12 sobre maquiagem Os assuntos foram diversificados e aos alunos foi

esclarecido que criariacuteamos um blog para a turma com o objetivo de postarmos as nossas

atividades de escrita desenvolvidas no laboratoacuterio de informaacutetica e que laacute poderiacuteamos abordar

diversos assuntos

Observamos ainda que as respostas dos informantes 7 e 11 aproximam-se das diversas

possibilidades de publicaccedilatildeo as quais os blogs nos permitem Marcuschi (2010) define os blogs

como gecircneros digitais e ressalta que eles funcionam como diaacuterios em uma ordem cronoloacutegica

Aleacutem disso acrescenta que [] satildeo verdadeiros diaacuterios sobre a pessoa sua famiacutelia ou seus

gostos e seus gatos catildees atividades sentimentos crenccedilas e tudo o que for conversaacutevel

(MARCUSCHI 2010 p 72)

Apoacutes esse momento fizemos uma votaccedilatildeo para a escolha do blog do nosso pequeno

grupo Os nomes sugeridos pelos alunos foram Blog da Escola Pio XII Oficina de escrita

Todos juntos pelo estudo Blog do 6ordm ano e Escola Estadual Pio XII em resposta agrave questatildeo ldquodrdquo

Dessa forma os alunos decidiram pelo tiacutetulo ldquoBlog do 6ordm ano JFrdquo e como descriccedilatildeo

ldquoTodos juntos pelo estudordquo cujo endereccedilo eletrocircnico eacute

107

httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombr que tambeacutem pode ser observado por meio do

acesso ao QR Code disponibilizado logo abaixo

A atividade no laboratoacuterio o estar no laboratoacuterio de informaacutetica para pesquisa e

conhecimento de outros blogs causou entusiasmo nos participantes Essa escolha causou-nos

surpresa e emoccedilatildeo porque percebemos o empenho e o compromisso desses alunos com a

proacutepria aprendizagem Assim o blog foi criado no dia 28 de agosto de 2017 mediante

orientaccedilatildeo e com a participaccedilatildeo de todos os informantes como vemos logo abaixo na captura

das telas de criaccedilatildeo do blog e no iniacutecio do Moacutedulo I ndash Conhecendo

Figura 38 ndash Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF

Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel em lt httptodosjuntospeloestudoblogspotcombr201708sejam-bem-

vindos-nos-do-6-ano-julia-dehtmlgt Acesso em 10 nov de 2017

108

Figura 19 ndash Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF

Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel emlthttptodosjuntospeloestudoblogspotcombr201708gt Acesso em

10 nov de 2017

432 Moacutedulo II ndash Dialogando

Nesse segundo momento as atividades propostas ofereceram oportunidades para que o

comportamento do aluno ouvinte e falante se tornasse efetivamente objeto de aprendizagem

Os alunos tiveram a oportunidade de realizar debates e exposiccedilotildees orais a respeito das

atividades apresentadas no laboratoacuterio de informaacutetica Esta pesquisadora coordenou as

discussotildees procurando fazer com que todos os alunos falassem e escutassem de forma atenciosa

e respeitosa No iniacutecio natildeo foi faacutecil porque eles estavam acostumados a interferir nas respostas

dos outros colegas a limitar a fala do outro ou chamar a atenccedilatildeo de forma negativa mas depois

com a mediaccedilatildeo necessaacuteria eles foram entendendo que cada um tem o direito de falar e que

eles poderiam ateacute discordar poreacutem sem desrespeitar

Desse modo esse tipo de atividade promoveu a discussatildeo sobre o assunto tratado nos

textos apresentados fazendo com que o aluno ultrapassasse o texto e o relacionasse com o

contexto social no qual vive ou ateacute mesmo com sua proacutepria pessoa atendendo agrave perspectiva da

leitura multimodal

O plano de accedilatildeo desse segundo moacutedulo esteve concentrado em incentivar a discussatildeo

sobre os textos apresentados com o intuito de desenvolver a competecircncia do uso da liacutengua oral

e da capacidade de debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o

argumento contraacuterio

109

Na sequecircncia definimos como objetivos ler textos multimodais analisar e discutir as

especificidades desses textos e produzi-los Para isso propusemos a discussatildeo das perguntas

sugeridas a respeito dos recursos linguiacutesticos utilizados nos textos multimodais previamente

selecionados para o trabalho em grupo

Esse moacutedulo teve iniacutecio no dia 12 de setembro de 2017 no laboratoacuterio de informaacutetica

como podemos visualizar logo abaixo

Figura 20 ndash Captura de tela do Moacutedulo II ndash Dialogando Blog do 6ordm ano JF

Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel em lt httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombr201709modulo-ii-

dialogandohtmlgt Acesso em 10 nov de 2017

Na perspectiva dialoacutegica na relaccedilatildeo com o outro discutimos em duplas as questotildees

sobre os textos selecionados De acordo com Bakhtin (1997) a ldquorelaccedilatildeo dialoacutegica eacute uma relaccedilatildeo

(de sentido) que se estabelece entre enunciados na comunicaccedilatildeo verbalrdquo (BAKHTIN 1997 p

346) Com esse entendimento de comunicaccedilatildeo verbal do encontro de opiniotildees e discussotildees

procuramos estabelecer relaccedilotildees de sentido ao ouvir falar interrogar concordar ou discordar

dos assuntos apresentados nos textos multimodais selecionados para essa atividade Entatildeo eles

foram compreendendo a atitude responsiva de que trata Bakhtin ao afirmar que

[d]e fato o ouvinte que recebe e compreende a significaccedilatildeo (linguiacutestica) de um

discurso adota simultaneamente para com este discurso uma atitude responsiva ativa

ele concorda ou discorda (total ou parcialmente) completa adapta apronta-se para

executar etc e esta atitude do ouvinte estaacute em elaboraccedilatildeo constante durante todo o

processo de audiccedilatildeo e compreensatildeo desde o iniacutecio do discurso agraves vezes jaacute nas

primeiras palavras emitidas pelo locutor (BAKHTIN 1997 p 290)

110

Em atitude responsiva ativa vivenciamos com o outro ora locutor ora interlocutor no

laboratoacuterio de informaacutetica a leitura de vaacuterios textos multimodais

Como motivaccedilatildeo e detonador da nossa discussatildeo utilizamos na maioria dos textos

selecionados questotildees previamente elaboradas para conduzir a discussatildeo As questotildees

pretendiam levar os alunos a pensarem considerando todo o contexto Para tanto eles foram

instigados a confirmar ideias levantar hipoacuteteses expressando a opiniatildeo e o entendimento que

tiveram acerca do exposto Nesse sentido procuramos questionaacute-los sobre os argumentos que

sustentaram as colocaccedilotildees de cada um e sobre as conclusotildees a que chegaram por meio da leitura

dos textos multimodais Foram observados dentre vaacuterios aspectos multimodais as cores os

traccedilos as fontes tipos e tamanhos das letras

Para anaacutelise desse moacutedulo selecionamos dois textos uma Histoacuteria em quadrinhos e uma

charge A Histoacuteria em Quadrinhos ndash HQ da Turma da Mocircnica que foi apresentada quadro a

quadro por seis cenas tem Cascatildeo como personagem principal o qual trama em pensamento

algo contra o Sansatildeo coelhinho da Mocircnica O que chama atenccedilatildeo para essa HQ como podemos

visualizar logo abaixo eacute a presenccedila da multimodalidade por meio de imagens balotildees cores e

traccedilos bem como a ausecircncia de falas (linguagem verbal) entre os personagens em todas as

cenas Os uacutenicos elementos verbais presentes na HQ satildeo a palavra ldquoCascatildeordquo no iniacutecio e a

palavra ldquofimrdquo ao final da histoacuteria

111

Figura 21 ndash HQ Turma da Mocircnica

Fonte Desconhecida19

Observamos por meio da leitura imageacutetica toda a narrativa desenvolvida e quando a

situaccedilatildeo de equiliacutebrio eacute rompida pelo cliacutemax que determina a situaccedilatildeo final da histoacuteria Dessa

forma percebemos que os elementos linguiacutesticos natildeo satildeo exclusivos para a compreensatildeo e

leitura de um texto pois a modalidade de linguagem semioacutetica encarregou-se disso Nessa HQ

a atividade de interaccedilatildeo e leitura ocorreu por meio do encadeamento das accedilotildees e gerou a

produccedilatildeo de sentidos proporcionada pelo conhecimento preacutevio acerca dos personagens e da

situaccedilatildeo comunicativa

De acordo com Koch (2009 p 39) em atividades como essas ldquocolocamos em accedilatildeo

vaacuterias estrateacutegias sociocognitivas Essas estrateacutegias por meio das quais se realiza o

processamento textual mobilizam vaacuterios tipos de conhecimento que temos armazenados na

memoacuteriardquo

19 Paacutegina de HQ da Turma da Mocircnica apresentada na Aula 1 da disciplina Texto e ensino ministrada pela

professora Doutora Maria Clara Maciel (UNIMONTES) no primeiro semestre de 2016

112

Ainda de acordo com a autora ao realizarmos o processamento textual ativamos

conhecimentos Assim para a compreensatildeo dessa HQ recorremos ao conhecimento

enciclopeacutedico ou conhecimento de mundo que se refere aos nossos aprendizados vivecircncias e

experiecircncias pessoais permitindo a produccedilatildeo de sentidos Por isso realizamos as seguintes

perguntas aos alunos Vocecirc conhece esses personagens Quem satildeo Por que o Cascatildeo estaacute

saltitante O que ele estaacute imaginando Qual era a sua intenccedilatildeo O que aconteceu no 4ordm e 5ordm

quadrinhos Por que Cascatildeo saiu correndo O humor da histoacuteria foi construiacutedo a partir de quais

fatos No texto haacute palavras Vocecirc conseguiu ler essa HQ mesmo sem palavras Por quecirc

A maioria das respostas foram 100 satisfatoacuterias pois todos conheciam os personagens

das HQS da Turma da Mocircnica do autor Mauriacutecio de Souza aleacutem da compreensatildeo global da

narrativa inclusive sem mencionar as questotildees propostas quem era o autor desses quadrinhos

Apenas na uacuteltima questatildeo surgiram questionamentos sobre natildeo haver palavras falas na

sequecircncia narrativa da HQ selecionada pelos informantes 7 8 e13 Perguntamos se o fato de

natildeo haver palavras impedia o entendimento do texto e os alunos disseram que natildeo Nossa

discussatildeo foi ampla sobre as diversas possibilidades de leitura e definiccedilatildeo de texto A causa do

estranhamento ocorreu pelo fato de o natildeo entendimento do que a maioria das pessoas considera

ser um texto inclusive na atualidade em que os textos estatildeo carregados de multimodalidade

Isso acontece pelo conceito de texto ainda estar vinculado somente ao campo linguiacutestico

da fala ou da escrita Nesse sentido a linguiacutestica textual definida por Marcuschi (2008)

Dioniacutesio (2006) Koch (2009 e 2012) e Krees e Van Leeuwen (2006) autores que validaram

significativamente nossa discussatildeo lanccedilam luz sobre a concepccedilatildeo de texto como abordado no

capiacutetulo I deste trabalho

Segundo Dioniacutesio (2006) nossa sociedade estaacute cada vez ldquomais visualrdquo Isso revela que

os textos multimodais estatildeo presentes em nossa sociedade e eacute imprescindiacutevel relacionar

linguagem verbal a outros recursos e assim estabelecer relaccedilotildees de sentido compreensatildeo e

importacircncia social nas praacuteticas de letramento

Diante disso por meio do sistema de estruturaccedilatildeo visual elaborado por Krees e Van

Leeuwen (2006) na Gramaacutetica de Desing Visual (GDV) observamos a articulaccedilatildeo de vaacuterios

modos semioacuteticos na charge selecionada que ao se relacionarem convergem significados

representacionais interativos e composicionais

113

Figura 22 ndash Charge Igualdade natildeo significa justiccedila

Fonte Disponiacutevel em lt httpprofwladimirblogspotcombr201405charge-igualdade-nao-significa-

justicahtmlgt Acesso em 07 jun 2017

A charge acima eacute composta por vaacuterios participantes representados (PR) localizados ao

centro e na mesma direccedilatildeo em maior destaque retratando situaccedilotildees semelhantes em quadros

diferentes No que diz respeito aos significados representacionais a imagem da charge sob

anaacutelise apresenta uma sequecircncia argumentativa

Nota-se nesse caso no quadro 1 a existecircncia dos participantes representados ndash PR

Como PR 1 consideramos a crianccedila maior agrave esquerda mostrada na composiccedilatildeo visual vestida

de camisa azul e short marrom como PR 2 consideramos a crianccedila ao meio mostrada na

composiccedilatildeo visual vestida de camisa vinho e short azul escuro e como PR 3 consideramos a

crianccedila menor agrave direita mostrada na composiccedilatildeo visual vestida de camisa azul clara e short

preto de quem partem vetores formados pelas diferentes alturas

Em contrapartida nota-se tambeacutem a existecircncia de mudanccedila de posiccedilatildeo de braccedilos

tambeacutem mostrados na composiccedilatildeo visual representados por PR 1 2 e 3 Enquanto PR1 e PR2

no quadro 1 estatildeo com os braccedilos levantados para o alto como um traccedilo que daacute a ideia de

accedilatildeomovimento positivo vitorioso e vibrante o inverso acontece com o PR 3 que estaacute com os

braccedilos abaixados como um traccedilo de passividade e inatividade Nota-se tambeacutem que as cores

114

funcionam como um dispositivo semioacutetico formal que aleacutem de estabelecerem coesatildeo e

coerecircncia no texto veiculam ideias A cor verde do gramado e o marrom dos caixotes e parede

de compensado eacute usada para dar destaque agraves informaccedilotildees de forma precisa aleacutem de trazer o

significado representacional da realidade dos gramados de futebol e a cor marrom o significado

representacional da realidade da desigualdade social

Quanto aos significados interativos que dizem respeito ao grau de interaccedilatildeo entre os

elementos da composiccedilatildeo visual (participantes representados) e o leitor (participantes

interativos) natildeo vemos PR 1 2 e 3 olhando diretamente para o participante interativo (PI) natildeo

haacute um olhar de demanda pois todos estatildeo de costas representando possivelmente todos os

cidadatildeos que natildeo tecircm acesso ao esporte agrave cultura e ao lazer Aqui encontramos um olhar de

oferta pois haacute ausecircncia de olhar direto para o leitor Nesse caso PR1 2 e 3 satildeo oferecidos ao

PI como item de informaccedilatildeo de maneira impessoal e mais distante sendo estabelecida uma

relaccedilatildeo de menor interaccedilatildeo com o PI

Quanto ao enquadramento apresenta-se num plano aberto uma vez que satildeo retratados

todos os participantes e o espaccedilo ao seu redor por isso os PR satildeo representados numa distacircncia

maior dos observadores

Em relaccedilatildeo aos significados composicionais observa-se que os PRrsquos ocupam espaccedilos

diferentes O PR1 ocupa a zona esquerda o espaccedilo do dado ndash de onde parte o conhecimento do

texto ndash converge para a mensagem que destaca a incoerecircncia de uma crianccedila maior precisar

subir em um caixote Logo eacute possiacutevel perceber que a informaccedilatildeo disposta no plano novo faz

um contraponto de forma a complementar a ideia disposta no plano dado representado pelo

PR3 que estaacute agrave esquerda haja vista que mesmo em posiccedilatildeo de igualdade por estar em cima

de um caixote de madeira da mesma forma que as outras crianccedilas ainda se encontra em

desvantagem em desigualdade

Ainda sobre o significado composicional consideramos o PR1 posicionado no acircngulo

superior assim o elemento eacute ideal (vantagem pela altura) configura o dominante aquele que

tem Os PR2 e PR3 posicionam-se em acircngulo inferior o elemento eacute real (a altura determina a

possibilidade de assistir ao jogo ou natildeo) e configura a relaccedilatildeo de subordinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

primeiro

Por fim a disposiccedilatildeo dos elementos a partir da perspectiva de centro e margem estatildeo

relacionadas tanto para evidenciar o predomiacutenio quanto o destaque de algumas informaccedilotildees e

a omissatildeo de outras Os PR estatildeo no centro no nuacutecleo da informaccedilatildeo por se tratar de uma charge

que comporta uma criacutetica pois enquanto parte da populaccedilatildeo tem acesso ao esporte por poder

pagar uma entrada em um estaacutedio de futebol outros encontram-se em condiccedilotildees

115

desconfortaacuteveis e desiguais Contudo o PR1 sobressai no seu tamanho e nas cores envolvidas

em relaccedilatildeo ao PR3 que eacute o que sofre com a impossibilidade de assistir ao jogo

O contraponto das duas figuras quadro 1 e quadro 2 demonstra uma precisa articulaccedilatildeo

na utilizaccedilatildeo dos modos semioacuteticos que satildeo modificados pela mudanccedila de estado do PR1 e do

PR3 ao estabelecer a ideia de justiccedila ao ver que a altura definia a possibilidade de assistir ao

jogo e a necessidade de ter ou natildeo um caixote para isso Nesse sentido satildeo estabelecidas

relaccedilotildees de direitos que dependendo das circunstacircncias podem produzir o contraacuterio a

desigualdade Esses aspectos foram trabalhados a partir das seguintes questotildees propostas O

que eacute igualdade O que eacute justiccedila O que vocecirc vecirc na imagem O que vocecirc entende por ldquoIgualdade

natildeo eacute justiccedilardquo O que foi preciso fazer para haver justiccedila Vocecirc jaacute foi tratado de forma desigual

ou injusta

Essa atividade exigiu dos alunos mais atenccedilatildeo e conhecimento de mundo pois todos os

informantes revelaram nunca ter ido a um estaacutedio de futebol e sentado em arquibancadas

Percebemos que o acesso aos bens culturais agrave populaccedilatildeo economicamente desfavorecida

provavelmente estaacute associado ao fator desigualdade social como mostrado no texto em anaacutelise

Assim com base nas questotildees acima discutimos os elementos multimodais presentes

no texto percebendo mais familiaridade com a observaccedilatildeo das cores da linguagem verbal e

natildeo verbal mas em outros aspectos foi preciso intervenccedilatildeo e mediaccedilatildeo para estabelecer os

sentidos que o texto exigia como o fato de os braccedilos do PR3 no quadro 1 estarem para baixo

e no quadro 2 estarem para cima Esse aspecto natildeo foi identificado por nenhum aluno em

resposta agrave questatildeo 3

Consideramos que a atividade foi vaacutelida dado o grau de dificuldade e a familiaridade

com textos argumentativos no 6ordm ano Geralmente essa sequecircncia textual soacute eacute trabalhada a partir

do 8ordm ano por natildeo ser considerada adequada ao 6ordm ano mas haacute controveacutersias pois de acordo

com Cavalcante (2013) todo texto possui sequecircncias bem como todo texto apresenta uma

sequecircncia dominante em relaccedilatildeo agrave qual se organizam as demais sequecircncias A autora afirma

que ldquoaspectos como extensatildeo a complexidade e os diferentes propoacutesitos comunicativos

indicam que haacute naturalmente uma inclinaccedilatildeo agrave combinaccedilatildeo de sequecircncias textuais o que torna

o texto heterogecircneordquo (CAVALCANTE 2013 p 62)

De acordo com Rojo (2009) as diversas capacidades de leitura e produccedilatildeo exigidas na

atualidade nos conduzem ao trabalho com os letramentos multissemioacuteticos definidos como ldquoa

leitura e produccedilatildeo de textos em diversas linguagens e semioses (verbal oral e escrita musical

imageacutetica) ( )rdquo (ROJO 2009 p 119)

Diante disso nossas atividades dialogadas e em equipe possibilitaram a produccedilatildeo de

textos multimodais inspirados em Ribeiro (2016) sobre como os textos multimodais satildeo

116

tratados na escola que lugar ocupam e como poderiacuteamos produzir textos multimodais

Consideramos a ideia interessante e viaacutevel jaacute que era preciso palavras e imagens em um leiaute

e definir os modos de produccedilatildeo Dessa forma seguindo as premissas da autora fizemos

primeiro a leitura em grupo de alguns textos previamente selecionados Baseamos nossas

questotildees em Ribeiro (2016 p 53-54) Vocecircs jaacute tiveram contato com textos assim Vocecircs tecircm

dificuldades em ler textos como os apresentados neste blog Como vocecircs leem esses textos

Vocecircs gostariam de produzir textos como esses

Assim nossa proposta foi delineada a partir do contato com trecircs gecircneros especiacuteficos

organograma mapa e infograacutefico

Segundo Ribeiro (2016) o organograma eacute uma representaccedilatildeo bastante comum em nossa

sociedade e mostra representaccedilotildees hieraacuterquicas estruturas organizacionais etc Como sugestatildeo

os alunos criaram um organograma escolar como podemos observar na Figura 24

Figura 23 ndash Organograma da EE Pio XII corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017)

O texto acima foi produzido pelos informantes 8 e 10 e digitalizado para essa anaacutelise

Ao produzir o organograma da Escola Estadual Pio XII foi interessante descobrir que alguns

alunos natildeo sabiam que cada segmento da escola estava interligado e nem mesmo conheciam a

estrutura da escola Portanto a atividade resultou em aprendizagem e conhecimento aleacutem

disso os alunos natildeo encontraram dificuldade em desenhar a estrutura da escola por jaacute terem

conhecido um exemplo de organograma escolar Poreacutem encontraram dificuldades com a escrita

117

como por exemplo da palavra porfessores como podemos observar na produccedilatildeo abaixo antes

da correccedilatildeo ortograacutefica

Figura 24 ndash Organograma da E E Pio XII sem correccedilatildeo

Fonte Dados da pesquisa 2017

Nesse caso com base em Cagliari (1991) consideramos o ldquoerrordquo como modificaccedilatildeo da

estrutura segmental das palavras quando os alunos cometem erros de troca de letras O texto

acima demonstra esse problema de escrita que por meio da intervenccedilatildeo foi corrigido De

acordo com o autor isso acontece porque o aluno ainda natildeo domina bem o uso de certas letras

Nesse sentido Lemle (1991) enfatiza que se as relaccedilotildees entre letras e sons forem bem

trabalhadas o aluno saberaacute ldquo[] quais letras transcrevem quais sons em quais posiccedilotildees e quais

letras concorrem em quais posiccedilotildees para representar quais sonsrdquo (LEMLE 1991 p 36)

Depois lemos e produzimos infograacuteficos que segundo Ribeiro

[] se trata de um texto multimodal por excelecircncia jaacute que seu planejamento jaacute o

constroacutei com pelo menos palavras e imagens em um leiaute (na web eacute possiacutevel

agregar som movimento etc) em segundo porque eacute um gecircnero que circula

amplamente em jornais e revistas impressos digitais e mesmo na TV nas previsotildees

de tempo nas explicaccedilotildees e nas demonstraccedilotildees de fatos causas efeitos trajetoacuterias

etc (RIBEIRO 2016 p 31)

118

Observarmos que o infograacutefico eacute um texto que circula pelas diversas miacutedias como TV

materiais impressos e digitais Contudo no desenvolvimento da atividade verificamos total

estranhamento com esse gecircnero em um primeiro momento pela falta de familiaridade com o

proacuteprio nome do gecircnero Depois por natildeo conseguiram associar infograacutefico a textos lidos na

escola ou vistos em outros suportes Quando perguntamos aos alunos sobre quais impressotildees

tiveram dos textos pesquisados obtivemos as seguintes respostas Informante 7 ldquoEu gosteirdquo

Informante 8 ldquoNatildeo sei fazer isso natildeordquo Informante 10 Tem uns que natildeo entendi foi nadardquo

Informante 11 ldquoIsso eacute infograacuteficordquo Informantes 12 ldquoTambeacutem gostei Gostei muito dessas

receitas Ficou divertidordquo

Por isso para melhor entendimento voltamos ao Blog Galerinha Online20 para

pesquisar os infograacuteficos de receitas que laacute estavam Aleacutem disso realizamos pesquisas no site

de buscas Google sobre outros exemplos de infograacuteficos e sobre como fazer um infograacutefico

Nesse momento os alunos perceberam que nesses textos haacute trecircs elementos palavras nuacutemeros

e imagens Assim a primeira noccedilatildeo foi sendo construiacuteda e os nossos primeiros infograacuteficos

foram produzidos Os alunos escolheram fazer receitas como podemos visualizar logo abaixo

Talvez a escolha tenha sido influenciada pelo primeiro contato com esse gecircnero atraveacutes do

blog sugerido na pesquisa online

Uma dupla disse que faria bolo de chocolate logo todos queriam fazer bolo de chocolate

tambeacutem Entatildeo iniciaram uma discussatildeo sobre um estar copiando o outro que eles haviam

escolhido primeiro e que ningueacutem poderia fazer igual Nesse sentido foi necessaacuterio realizar um

debate sobre a importacircncia de se respeitar a escolha dos outros de entender que existe uma

diversidade enorme de receitas de bolo de chocolate Como exemplo falamos sobre

concursos de melhor receita de um determinado alimento e diante dessa conversa decidimos

pesquisar receitas Cada um foi falando do que mais gostava e com isso surgiram muitas

sugestotildees Ao final da pesquisa as duplas decidiram produzir o infograacutefico de uma receita de

bolo de chocolate um de pastel frito e outro de suco de maracujaacute As receitas foram

digitalizadas apoacutes a correccedilatildeo ortograacutefica

20 Endereccedilo eletrocircnico Blog Galerinha Online Disponiacutevel em

lthttpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtmlgt Acesso em 23 ago 2017

119

Figura 25 ndash Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica pesquisando receitas

Fonte Acervo da pesquisadora 2017

Figura 26 ndash Infograacutefico de receita de bolo de chocolate

Fonte Dados da pesquisa 2017

120

Figura 27 ndash Infograacutefico de receita de pastel frito

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 28 ndash Infograacutefico de receita de suco de maracujaacute

Fonte Dados da pesquisa 2017

Observamos que os alunos souberam seguir a estrutura do gecircnero receita culinaacuteria ao

separarem ingredientes do modo de preparo e foram livres para escolher o leiaute as cores e as

121

informaccedilotildees da receita Tambeacutem seguiram as orientaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas dos

infograacuteficos que concentram dados numeacutericos imagens e palavras Aleacutem disso o infograacutefico

deveria permitir uma leitura aacutegil e buscar sintetizar as informaccedilotildees Segundo Ribeiro (2016 p

32) ldquo[] ao produzir infografia aumentando o espaccedilo do desenho e reduzindo o das palavras

isso tem impacto evidente sobre os leitores e sobre as praacuteticas de leiturardquo

Embora nosso objetivo seja melhorar os niacuteveis de escrita e uma das propostas do

infograacutefico seja reduzir a escrita compreendemos que os muacuteltiplos letramentos satildeo gerados por

muacuteltiplas leituras e oportunidades de produzir linguagem Sabemos que o mundo estaacute repleto

de imagens mas ainda eacute muito difiacutecil para os alunos desvincular texto de conteuacutedo

exclusivamente linguiacutestico fato que observamos nos infograacuteficos produzidos que ainda

concentram mais recursos linguiacutesticos do que imageacuteticos e graacuteficos

Contudo nossa intenccedilatildeo ao produzir os infograacuteficos mesmo de forma tatildeo simples e

talvez natildeo tatildeo adequada esteve centrada na produccedilatildeo criativa no estimulo agrave produccedilatildeo

multimodal O interessante foi mostrar aos alunos que podemos ler imagens criar desenhar e

expressar nossas ideias e gostos

Aleacutem disso a autora ressalta que dessa forma trabalhamos ldquo[] as relaccedilotildees entre

letramentos de estudantes e a leitura de textos multimodais e tambeacutem os letramentos

construiacutedos para se criar visualizaccedilotildees e informaccedilotildees e dados fornecidos aos sujeitosrdquo

(RIBEIRO 2016 p 35)

Com base nisso demos continuidade agrave produccedilatildeo de textos multimodais Nossa uacuteltima

produccedilatildeo nesse segundo moacutedulo foi o mapa da nossa escola sob a percepccedilatildeo dos alunos em

relaccedilatildeo aos espaccedilos da escola Sabemos que os mapas satildeo representaccedilotildees graacuteficas em escalas

menores e podem representar regiotildees territoacuterios ou qualquer extensatildeo da superfiacutecie da Terra

122

Figura 29 ndash Mapa da E E Pio XII

Fonte Dados da pesquisa 2017

Observamos que os alunos apresentaram pouca dificuldade em desenhar o mapa da

escola talvez por ser um espaccedilo conhecido por eles Poreacutem alguns espaccedilos ficaram fora da

ordem real provavelmente por ser em escala menor Aleacutem disso Ribeiro (2016 p 42)

constata que ldquode forma geral os textos imageacuteticos satildeo pouco trabalhados nas escolas sendo

comum que apareccedilam apenas como complemento do texto escrito ou ilustraccedilatildeo lsquoem diaacutelogorsquo

com esserdquo

433 Moacutedulo III ndash Refletindo

Nesse moacutedulo propusemos a interlocuccedilatildeo entre diferentes textos para que o aluno

pudesse analisar de forma reflexiva diferentes abordagens de um mesmo assunto ou toacutepico

tanto no que se refere a distintas percepccedilotildees da nossa cultura ou sociedade quanto para poder

observar questionar e analisar atraveacutes da comparaccedilatildeo ou do confronto o que dizem os

diferentes textos ao resolver atividades de leitura interpretaccedilatildeo e escrita Assim pretendiacuteamos

fazer com que o aluno percebesse intuitivamente seu conhecimento e fizesse a checagem do

seu proacuteprio aprendizado

Assim o plano de accedilatildeo desse terceiro moacutedulo de aprendizagem buscou contribuir com

o processo de alfabetizaccedilatildeo e de letramento por meio de atividades que estimulassem o

desenvolvimento da linguagem oral e escrita em situaccedilotildees de anaacutelise e reflexatildeo sobre as

especificidades de diversos textos e assim elevar os niacuteveis de escrita dos alunos

123

Dessa forma nossos objetivos estiveram concentrados em aprofundar e em refletir sobre

os conhecimentos da escrita que desenvolvessem a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita

ortograacutefica do mesmo modo que refletir e identificar as funccedilotildees do blog como recurso didaacutetico

e sobre as habilidades de letramento em contexto digital aleacutem de produzir comentaacuterios a

respeito dos textos lidos e produzidos pelos colegas como forma de expressatildeo do pensamento

e da interaccedilatildeo

A metodologia esteve voltada para o estudo individual e atividades praacuteticas no

laboratoacuterio de informaacutetica da escola O desenvolvimento das atividades propostas ocorreu

9902 no laboratoacuterio de informaacutetica e 008 na biblioteca da escola como podemos observar

nas fotos abaixo

Figura 30 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1 ndash Produccedilatildeo na biblioteca

Fonte Dados da pesquisa 2017

Esse terceiro moacutedulo teve iniacutecio no dia 03 de outubro de 2017 durante o qual foram

aplicadas 8 atividades (APEcircNDICE C) a saber Atividade 1 Torne o branco impuro Atividade

2 Vamos de carona nesta viagem Atividade 3 Agrave maneira dos antigos Atividade 4 Tempo de

falar Atividade 5 Vamos vender o fedex Atividade 6 Pausa para criar Atividade 7 Jogo

Corrida das letras Atividade 8 Nuvem de palavras Cumpre salientar que priorizamos para

essa anaacutelise as atividades de escrita 1 3 5 7 e 8

124

A maioria dessas atividades foi selecionada a partir do livro Escrever sem doer de

Ronald Claver (1994) com algumas questotildees aditivas outras suprimidas ou adaptadas para

melhor atendimento agrave realidade da turma Segundo esse autor ldquo[a] mateacuteria-prima da escrita eacute

a palavra vista aqui como geradora de ideias e natildeo o contraacuteriordquo (CLAVER 1994 p 10) Dessa

forma os objetivos de escrita propostas pelo autor vatildeo ao encontro da nossa proposta de

conciliar prazer e escrita adotando o caraacuteter luacutedico e criativo

Nesse sentido a palavra escrita aqui apresentada como resultado das produccedilotildees escritas

dos alunos participantes assumiu a caracteriacutestica de uma representaccedilatildeo mental carregada de

sentido Bakhtin (1999 p 95) enfatiza que ldquo[a] palavra estaacute sempre carregada de um conteuacutedo

ou de um sentido ideoloacutegico ou vivencial Eacute assim que compreendemos as palavras e somente

reagimos agravequelas que despertam em noacutes ressonacircncias ideoloacutegicas ou concernentes agrave vidardquo

Diante do exposto a atividade 1 Torne o branco impuro foi realizada nesse contexto

de exteriorizaccedilatildeo vivencial O objetivo dessa primeira atividade foi de descontraccedilatildeo e liberdade

pois os alunos deveriam escrever sem medo ou qualquer tipo de censura A regra era natildeo deixar

o branco puro Assim eles deveriam fazer qualquer coisa como rabiscar desenhar escrever

pintar entre outros

No iniacutecio os alunos ficaram imoacuteveis pois esperavam comandos do tipo faccedila assim ou

natildeo faccedila assim Esperavam que o professor determinasse o que deveria ser feito por isso novas

orientaccedilotildees foram dadas e mesmo assim a falta de confianccedila limitava o poder criativo de cada

um mas com incentivo e motivaccedilatildeo eles foram aos poucos libertando palavras e imagens A

exemplo disso podemos observar as produccedilotildees na imagem abaixo que tambeacutem podem ser

visualizadas no blog da turma por meio do QR Code disponibilizado logo abaixo da figura 32

125

Figura 31 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 32 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1

Fonte Dados da pesquisa 2017

126

Desse modo o resultado foi positivo pois os alunos conseguiram expressar por meio

de palavras e desenhos sentimentos e ideias que tecircm sentido vivencial para eles seja por

representaccedilotildees de feacute de leitura ou mesmo de brinquedos jaacute que satildeo crianccedilas e o brincar faz

parte dessa faixa etaacuteria

A segunda atividade selecionada foi a 2 ndash Agrave maneira dos antigos Esse tiacutetulo de acordo

com Claver (1994) faz menccedilatildeo aos temas das redaccedilotildees de antigamente que determinavam

assuntos e situaccedilotildees de escrita como Minhas feacuterias Meu animal favorito ou O dia do iacutendio

Dessa forma o autor sugere situaccedilotildees de escrita agrave maneira dos antigos mas permitindo ao

aluno inventar palavras refletir e reproduzir seu texto de forma uacutenica

Os textos foram produzidos de forma satisfatoacuteria mesmo que com propostas simples

salvo por um aluno que natildeo compareceu no dia e um que natildeo quis dar continuidade agrave atividade

Consideramos que natildeo foi uma atividade faacutecil no sentido de motivar os alunos agrave execuccedilatildeo da

tarefa justamente pelo perfil da atividade que propunha uma produccedilatildeo parecida com as

redaccedilotildees de antigamente que na maioria das vezes tornavam-se sem significaccedilatildeo para o aluno

Contudo a proposta tornou-se desafiadora a partir do momento em que eles comeccedilaram a

analisar as situaccedilotildees inusitadas propostas pela atividade Assim foram sugeridos seis fatos e

situaccedilotildees de escrita que os alunos poderiam escolher bem como o gecircnero textual (poema conto

crocircnica etc)

Observamos que em todos os textos a sequecircncia textual predominante foi a narrativa e

o gecircnero escolhido o conto Segundo Cavalcante (2013 p65) na narrativa ldquo[] a histoacuteria

passa a ser desenvolvida quando a situaccedilatildeo de equiliacutebrio eacute alterada por uma tensatildeo que

determina transformaccedilotildees e retransformaccedilotildees as quais direcionam ao finalrdquo Ainda de acordo

com a autora um texto eacute constituiacutedo de sequecircncias que apresentam fases Todas as sequecircncias

textuais satildeo estruturadas em fases estas combinam proposiccedilotildees e formam blocos com

subunidades semacircnticas e as proposiccedilotildees com unidades de sentido (enunciados) com dados

caracteriacutesticos Compreender as sequecircncias ajuda a compreender a produccedilatildeo de sentidos

127

Assim Cavalcante (2013) afirma que a sequecircncia narrativa prototipicamente constitui-se de

sete fases na qual as duas uacuteltimas nem sempre satildeo expliacutecitas As fases satildeo Situaccedilatildeo inicial

Complicaccedilatildeo Accedilotildees (para o cliacutemax) Resoluccedilatildeo Situaccedilatildeo final Avaliaccedilatildeo Moral

Desse modo dentre os seis fatos e situaccedilotildees sugeridos na atividade de Claver (1994)

apresentaremos logo abaixo apenas os que foram escolhidos pelos alunos participantes e da

mesma maneira as respectivas produccedilotildees

a) Trecircs ratos famintos estatildeo presos num quarto hermeticamente fechado Situaccedilotildees a) Acham

uma saiacuteda b) Aparece um super-rato para salvaacute-los c) Se devoram (Em tempo os ratos se

chamam Augustus Nicodemus e Cornelius)

Figura 33 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

No texto acima o aluno fez a troca das consoantes m e n Apresentou dificuldade em

perceber a zona de articulaccedilatildeo das consoantes constritivas nasais bilabial m e linguodental

n O texto foi corrigido vaacuterias vezes mas percebemos que ainda haacute duas ocorrecircncias de troca

entre essas consoantes como podemos visualizar nas palavras ldquochamavamrdquo e ldquocomidardquo que

estatildeo escritas como chanavam e conida no texto abaixo Aleacutem disso foi realizada a reflexatildeo

sobre a grafia correta das letras jaacute que em muitas situaccedilotildees o aluno escrevia de forma estranha

128

ao traccedilar as palavras De acordo com Cagliari (1995) isso acontece porque o aluno ainda

apresenta dificuldade com a escrita cursiva e a caligrafia

Figura 34 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017

Observamos ainda que o aluno usou o fato ldquoardquo Trecircs ratos famintos estatildeo presos num

quarto hermeticamente fechado e nenhuma das situaccedilotildees sugeridas pelo autor para produzir

seu texto Ele foi livre para criar e adaptar ao seu modo o nome dos personagens e a situaccedilatildeo

Dessa maneira nesse texto haacute ocorrecircncia de todas as fases anteriormente descritas

caracterizando a sequecircncia narrativa descrita logo abaixo

Quadro 13 ndash Fases da sequecircncia narrativa Fases da sequecircncia

narrativa

Texto referente agrave situaccedilatildeo ldquoardquo

Situaccedilatildeo inicial Esta eacute a histoacuteria de trecircs ratos que se chamavam Eduardo Ramon e Altamir

Complicaccedilatildeo Um dia eles tiveram uma ideia de roubar comida da casa da dona Stefany e

conseguiram muitas coisas uva maccedilatilde patildeo e principalmente queijo Aiacute eles

deram de cara com um gato faminto

Accedilotildees (para o cliacutemax) e correram para um quarto escuro e quente Laacute ficaram com muita fome

pois as comidas ficaram no chatildeo

Resoluccedilatildeo O gato natildeo conseguiu pegar dois dos ratos

Situaccedilatildeo final Um ele pegou que foi Ramon o mais gordo Os outros dois morreram

asfixiados

Fonte Dados da pesquisa 2017

129

O quadro 13 representa a anaacutelise da sequecircncia textual narrativa do texto produzido pelo

aluno informante poreacutem evidenciamos que a extensatildeo das frases poderia ser melhor

desenvolvida enriquecendo ainda mais o texto trabalho que mais uma vez deveraacute ser fruto de

ensino posterior agrave nossa investigaccedilatildeo Todavia para natildeo fugir ao nosso foco fizemos a

exemplificaccedilatildeo apenas com esse texto pois nosso objetivo estava centrado na escrita

ortograacutefica e na consciecircncia fonoloacutegica

Assim realizamos nesse texto e em todos os outros um trabalho de reflexatildeo sobre a

escrita ortograacutefica e a consciecircncia fonoloacutegica baseados na identificaccedilatildeo de problemas de

terceira ordem postulados por Lemle (1991) Nesse sentido o aluno precisa conscientizar-se

da percepccedilatildeo auditiva saber perceber diferenccedilas linguiacutesticas entre sons e letras e assim

escolher a letra certa para simbolizar cada som

b) Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com uma mosquita de nome Joana para

as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca Situaccedilotildees a) Ele morre b) Joana fica

sabendo do acontecido e se suicida c) Geraldo toma a piacutelula anti-pega-mosca e consegue se

safar d) Joana arruma outro namorado

Figura 35 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

O aluno escolheu o fato ldquobrdquo Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com

uma mosquita de nome Joana para as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca e a

situaccedilatildeo ldquodrdquo Joana arruma outro namorado descrito anteriormente Assim nesse texto

registramos algumas trocas das consoantes m e n Percebemos tambeacutem que haacute oscilaccedilatildeo na

escrita ortograacutefica pois o aluno informante ora escreve com m ora com n como podemos

comparar na escrita correta da palavra um na primeira linha e na quarta linha a escrita

inadequada un

130

Consideramos que o aluno estaacute em processo de construccedilatildeo do sistema alfabeacutetico ao

compreender a simbologia entre letra e sons Nesse sentido de acordo com Lemle

[h]aacute um dado momento em que parece ocorrer um verdadeiro estalo apoacutes o que a

pessoa faz raacutepidos progressos Que estalo seraacute esse A suposiccedilatildeo mais plausiacutevel eacute que

o estalo ocorre quando o aprendiz capta a ideia de que cada letra eacute um siacutembolo de um

som e um som eacute simbolizado por uma letra (LEMLE 1991 p 16)

Com base no exposto nosso trabalho consistiu em despertar a percepccedilatildeo da escrita

ortograacutefica e a reflexatildeo sobre os sons e as letras empregadas em cada palavra Foram feitos

exerciacutecios de oralidade para que os alunos percebessem a posiccedilatildeo das consoantes m e n ao

pronunciarem as palavras escritas com as respectivas letras Tambeacutem identificamos outros

problemas de escrita quanto ao uso da letra maiuacutescula a troca da consoante f pela v

transcriccedilatildeo foneacutetica e dessa forma fizemos a correccedilatildeo ortograacutefica do texto produzido como

podemos ver logo abaixo

Figura 36 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017

c) A histoacuteria de Romeu e Julieta Situaccedilotildees a) Julieta fica sabendo do final da histoacuteria e fala

pro Shakespeare ldquoQual eacuterdquo b) Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira c)

Shakespeare fica gostando de Julieta e soacute mata o Romeu

131

Figura 37 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017

No fato c descrito acima observamos que a aluna ficou bastante motivada pelas

situaccedilotildees mas desconhecia a histoacuteria claacutessica de Shakespeare Como natildeo havia tempo para a

leitura do livro realizamos a busca pelo site de pesquisas Google

Figura 38 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 3

Fonte Dados da pesquisa 2017

132

Encontramos uma versatildeo resumida de Romeu e Julieta e sugerimos que depois ela

verificasse a disponibilidade do livro na biblioteca da escola A aluna ficou encantada com a

histoacuteria e resolveu escrever sobre o casal apaixonado adotando como resoluccedilatildeo a situaccedilatildeo ldquobrdquo

na qual Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira

d) Uma carroccedila estaacute diante de um sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento enorme

Quando o sinal abre o burro empaca Situaccedilotildees a) Todos os carros buzinam ao mesmo tempo

b) O carroceiro deixa a carroccedila e sai correndo c) O burro sai da carroccedila e daacute um coice nos

carros d) Um dos motoristas conversa com o burro no ouvido e este sai de fininho

Figura 39 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

No texto acima destacamos por meio de recurso de imagem as diversas ocorrecircncias

de juntura intervocabular como ocarroseiro (o carroceiro) vazeuma (fazer uma) dasidade (da

cidade) momeio (no meio) acarosa (a carroccedila) darua (da rua) otrasito (o tracircnsito) dacarosa

(da carroccedila) e segmentaccedilatildeo como em des pero (desespero) Tudo isso eacute tratado como reflexo

de continuidade da fala de acordo com Cagliari (1995) Apesar de o texto estar com

comprometimento de visualizaccedilatildeo total por se tratar de uma foto capturada no momento da

133

produccedilatildeo conseguimos registrar as ocorrecircncias e descrevecirc-las para posterior comparaccedilatildeo com

o texto final Aleacutem disso houve ocorrecircncias como modificaccedilatildeo da estrutura segmental das

palavras por meio de troca e supressatildeo de letras como por exemplo seto (certo) nico (ficou)

azuda (ajuda) processos fonoloacutegicos caracteriacutesticos de quem natildeo faz uso de certas letras

Assim buscamos realizar com esse aluno a reflexatildeo e a conscientizaccedilatildeo sobre a

importacircncia da capacidade de ouvir e de estabelecer relaccedilatildeo entre os sons e suas distinccedilotildees

linguiacutesticas para captar o conceito de palavra

Como podemos perceber o aluno escolheu o fato ldquodrdquo Uma carroccedila estaacute diante de um

sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento enorme Quando o sinal abre o burro empaca

e a situaccedilatildeo ldquoardquo Todos os carros buzinam ao mesmo tempo O texto ficou criativo e engraccedilado

mas consideramos que ainda haacute muito trabalho de refacccedilatildeo textual pois ficou sem tiacutetulo

paragrafaccedilatildeo entre outras questotildees pertinentes agrave produccedilatildeo textual que mereceratildeo atenccedilatildeo em

momento oportuno Contudo de maneira geral ao comparar a versatildeo inicial com a versatildeo

abaixo entendemos que os avanccedilos foram significativos

Figura 4 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 3 ndash Texto corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017

134

Nessa atividade o primeiro passo foi conseguir com que os alunos escrevessem sem

medo Depois fizemos com que eles refletissem sobre a proacutepria escrita a partir de checagens

leitura e comparaccedilotildees com a ortografia vigente Entretanto os textos ainda apresentaram outros

problemas que foram identificados ao longo do desenvolvimento da atividade para futuras

intervenccedilotildees

A terceira atividade selecionada foi a 5 ndash Vamos vender o fedex O objetivo dessa

atividade foi trabalhar com propaganda e classificados com a venda de um produto Segundo

Claver (1994) haacute dois gecircneros de propaganda

[A] propaganda racional a favor de uma accedilatildeo que eacute concordante com o proacuteprio

interesse esclarecido daqueles que a fazem e daqueles a quem eacute dirigida e a

propaganda natildeo-racional que natildeo eacute concordante com o proacuteprio interesse esclarecido

de ningueacutem mas que eacute ditada por ela e apela para as paixotildees impulsos cegos desejos

ou medos inconscientes (CLAVER 1994 p 53)

Dessa forma optamos por produzir propagandas racionais e irracionais seguindo as

orientaccedilotildees do autor na produccedilatildeo da atividade proposta em relaccedilatildeo aos toacutepicos de que a arte da

propaganda utiliza como um de seus recursos a linguagem poeacutetica ndash repeticcedilotildees de consoantes

e vogais rimas comparaccedilotildees metaacuteforas e conotaccedilotildees linguagem apelativa ndash que explora as

ansiedades vaidades frustraccedilotildees do consumidor influi de modo decisivo no comportamento e

postura do homem comum e fantasiosamente camufla as frustraccedilotildees da realidade associaccedilotildees

arbitraacuterias do siacutembolo com o simbolizado linguagem popular ndash atraveacutes da exploraccedilatildeo dos ditos

populares proveacuterbios giacuterias etc

Com base nessas orientaccedilotildees e por meio da leitura e reflexatildeo sobre propagandas e

classificados disponibilizados no blog produzimos classificados poeacuteticos apresentados logo a

seguir

135

Figura 41 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 42 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 43 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

136

Figura 44 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 45 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 46 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

137

Figura 47 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 48 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 49 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

138

Figura 50 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 51 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 52 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutegica

Fonte Dados da pesquisa 2017

139

Conforme pode ser observado nos textos exemplificados acima buscamos a todo

momento a reflexatildeo sobre as ldquofalhaserros de escritardquo cometidos pelos alunos nesses textos No

quadro 14 abaixo podemos relacionar o que os alunos escreveram e como satildeo classificados

pelos autores

Quadro 14 ndash Ocorrecircncias de ldquofalhaserrosrdquo de escrita baseados em Lemle (1991) e

Cagliari (1995) TEXTOS Ocorrecircncias

TEXTO 1 Omissatildeo de letras vend vende

Troca de letras concorrentes laser lazer manccedilatildeo mansatildeo

Acentos graacuteficos suite suiacutete

TEXTO 2 Acentos graacuteficos voce vocecirc

Transcriccedilatildeo foneacutetica pasiar passear istrela estrela

TEXTO 3 Erros de troca (ainda natildeo domina o uso de certas letras) anarela amarela

anor amor

Troca de letra concorrentes pas paz

Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras balipa banheiro cosilha

cozinha solho sonho

TEXTO 4 Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras Erros de troca vemde

vende omde onde vend vende veloso veloz

Acreacutescimo de letras vermeilho vermelho

Juntura intervocabular vosepode vocecirc pode vose que ze vocecirc quiser

Troca de letras viaza viajar

TEXTO 5 Segmentaccedilatildeo en cantado encantado

TEXTO 6 Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo do som gadi jardi

catado encantado sei sem espelasa esperanccedila

Omissatildeo de letras barro bairro

Troca de letras rumeros nuacutemeros

Fonte Dados da pesquisa 2017

Ancorados em Cagliari (1995) a partir da anaacutelise desses textos e sobre o que se

identifica neles temos a possibilidade de realizar intervenccedilotildees adequadas para que o aluno

perceba seu equiacutevoco na escrita e corrija-o Assim nossa intervenccedilatildeo foi realizada de forma

intensiva e individual sobre os aspectos fonoloacutegicos e ortograacuteficos apresentados

primeiramente na escrita espontacircnea e logo apoacutes na observaccedilatildeo leitura e reflexatildeo da sua

proacutepria escrita pretendendo que o aluno aprenda a fazer a checagem e a leitura de tudo o que

escreve

A quarta atividade selecionada para esta anaacutelise foi o jogo Corrida nas letras (GROSSI

1990) O jogo teve o objetivo de estimular a escrita de niacutevel alfabeacutetico nele cada jogador se

representou no tabuleiro por um piatildeo sobre a inicial do seu nome

A autora estabeleceu como regras que o primeiro a jogar deveria lanccedilar um dado e

avanccedilar seu piatildeo quantas casas fossem indicadas Para permanecer nessa casa deveria dizer ou

escrever uma palavra que comeccedilasse com a letra indicada Se natildeo conseguisse deveria

retroceder uma casa e dizer ou escrever uma palavra que comeccedilasse por essa nova letra Se natildeo

140

conseguisse retrocederia sucessivamente ateacute voltar agrave posiccedilatildeo de onde saiu Assim ganharia o

jogo aquele que primeiro tivesse percorrido todo o trajeto atingindo pela segunda vez sua letra

inicial

De acordo com Grossi (1990) aplicar atividades de niacutevel alfabeacutetico diversificadas eacute

uma caracteriacutestica essencial para uma proposta didaacutetica de alfabetizaccedilatildeo que pretenda

acompanhar o processo cognitivo dos alunos que ainda se encontram em niacuteveis de escrita

diferentes Dessa forma pretendiacuteamos que o jogo estimulasse o brincar e facilitasse a

aprendizagem de forma luacutedica Os alunos demonstraram enorme satisfaccedilatildeo com a brincadeira

que foi realizada dentro do laboratoacuterio de informaacutetica no chatildeo de forma descontraiacuteda e livre

talvez de forma natildeo tatildeo adequada quanto em um ambiente com mesas e cadeiras mas noacutes soacute

tiacutenhamos o laboratoacuterio de informaacutetica para realizarmos nossas atividades sem interferecircncias

Durante essa atividade que ocorreu no dia 30 de outubro sendo nossa penuacuteltima

atividade do Moacutedulo III ficamos surpresos com o pedido do aluno informante 21 em participar

das atividades no laboratoacuterio de informaacutetica que laacute no iniacutecio da intervenccedilatildeo natildeo quis participar

mesmo estando presente e com toda a nossa insistecircncia

Permitimos que ele se juntasse ao grupo mas ficou apenas observando Respeitamos

esse aproximar e o deixamos perceber o quanto os outros colegas estavam se divertindo com a

escrita conforme a montagem de fotos abaixo

141

Figura 53 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 7

Fonte Dados da pesquisa 2017

Grossi (1990) insiste na inter-relaccedilatildeo dos componentes loacutegicos perceptivo-motores

afetivos sociais e culturais na aprendizagem ao afirmar que

[h]aacute nesta caminhada do aluno em sua aprendizagem permanentemente uma

componente loacutegica Ao lado dela estatildeo presentes as componentes afetivas as

perceptivo-motoras as sociais e as culturais tambeacutem todas entrelaccediladas numa trama

indissociaacutevel Imaginar-se a aprendizagem como fruto de uma soacute destas instacircncias eacute

ainda resquiacutecio de uma concepccedilatildeo equivocada dos processos cognitivos (GROSSI

1990 p 49)

Diante do exposto uma implicaccedilatildeo importante do tratamento dado pela autora agrave inter-

relaccedilatildeo de todos esses componentes que envolvem a aprendizagem significativa consideramos

ser o manejo adequado com os alunos que tecircm no seu histoacuterico escolar o estigma de que satildeo

incapazes provavelmente por insucessos repetidos e generalizados ao longo da vida escolar

Por fim a quinta atividade selecionada foi a Nuvem de palavras uacutenica atividade

exclusivamente digital De acordo com o site de tecnologia para educaccedilatildeo ldquoA Rede Educardquo

uma nuvem de palavras (word cloud21) eacute um graacutefico digital que mostra o grau de frequecircncia

das palavras em um texto Quanto mais a palavra eacute utilizada mais chamativa eacute a representaccedilatildeo

dela no graacutefico Assim as palavras aparecem em fontes de vaacuterios tamanhos e em diferentes

21 O desenvolvedor Jason Davies criou o Word Cloud Generator programa de uso gratuito que cria nuvens de

palavras Eacute soacute usar acessando o endereccedilo eletrocircnico

wwwjasondaviescomwordcloud2F2Fwwwjasondaviescom2Fwordcloud2Fabout Disponiacutevel em

lt httpwwwaredeinfbrcrie-a-sua-nuvem-de-palavrasgt Acesso em 09 maio 2017

142

cores indicando o que eacute mais relevante e o que eacute menos relevante no contexto Assim como

esse existem vaacuterios sites com aplicativos de word cloud

Esse recurso foi utilizado no dia 31 de outubro e aos alunos foi disponibilizado em duas

versotildees uma sem tecnologia e outra com tecnologia A atividade de escrita versatildeo sem

tecnologia seria produzida a partir de recortes de palavras de revistas eou escritas com laacutepis

de cor no qual eles poderiam criar uma nuvem de palavras com suas proacuteprias caracteriacutesticas

pessoais ou sobre a tela de Portinari

Na atividade de escrita versatildeo tecnologia a que noacutes realizamos no laboratoacuterio de

informaacutetica os alunos acessaram o link abcyacomword_clouds ldquodo Word Clouds for Kidsrdquo site

que apresenta poucos recursos em relaccedilatildeo a outras versotildees e se destaca pela facilidade de uso

ao permitir que o usuaacuterio cole o texto altere fontes cores e layout da nuvem criada Dessa

forma cada um dos alunos pode criar sua nuvem de palavras conforme visualizamos logo a

seguir

Figura 6 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 8

Fonte Dados da pesquisa 2017

143

Nessa uacuteltima atividade convidamos os alunos das outras turmas de 6ordm ano para

conhecerem o nosso blog Assim eles tambeacutem puderam criar nuvens de palavras Aleacutem disso

deixaram vaacuterios comentaacuterios sobre o que visualizaram e apreciaram no blog do 6ordm ano JF Para

exemplificar seguem abaixo alguns comentaacuterios postados

Figura 55 ndash Comentaacuterios postados no blog da turma

1 Parabeacutens adorei o blog Muito lindo gostei muito Parabeacutens mas uma

vez em Hoje eacute dia de diversatildeo Evellyn

em

011117

2 Amei esse blog cada tirinha legal em Moacutedulo IV -Praticando -

Atividade Final Anocircnimo

em

011117

3 Parabeacutens professora Florecircncia da Escola Estadual Pio XII comentaacuterio

do aluno Lucas Aquino sala CM

4 Em Resultado das produccedilotildees da Atividade 5

LUCAS

AQUINO

em

011117

5 Eu gostei em Atividade 8 Valtim

em

011117

6 Parabeacutens ANA BEATRIZ em Atividade 5 ANA BEATRIZ

em

011117

7 Parabeacutens pelo mapa da nossa Escola em Dialogando - Produccedilatildeo

coletiva Lais e Paulo C

em

011117

8 ParabeacutensMaria Helena em Moacutedulo IV -Praticando - Atividade

Final Maria Helena

em

011117

9 Super amei este blog tem muita leitura tirinha e as divulgaccedilotildees satildeo

divertidas em Hoje eacute dia de diversatildeo

Amanda

Kathleen

em

011117

10 Nossa amei engraccedilado em Resultado das produccedilotildees da Atividade 6 -

HQs Sherazade Santos

em

011117

11 Gostei eacute muito interessante em Resultado das produccedilotildees da

atividade 8 Nathalia e Laura

em

011117

12 Gostei em Atividade 4 Anocircnimo

em

011117

13 Muito interessante em Hoje eacute dia de diversatildeo Cauan

em

011117

14 Amei esse blog BRENDA E EMANUELLY em Atividade 5 Anocircnimo

em

011117

15 Adorei seu blog e o seu conteuacutedo Parabeacutens belo desenvolvimento

em Hoje eacute dia de diversatildeo

PAULA ANA

CLARA

em

011117

16 Parabeacutens pelo blog Muito massa o blog BLOGMUITOMASSA

DAHORA PARABEacuteNS

17 em Moacutedulo IV -Praticando - Atividade Final Marco Tulio

em

011117

144

18 Gostei do blog parabeacutens alunos do JF em Hoje eacute dia de diversatildeo Anocircnimo

em

011117

19 Foi muito bom mesmo Jogaremos novamente assim que pudermos

em Atividade 7 Florecircncia Vieira

em

301017

20 Gostei muito de jogar com os meus amigos em Atividade 7 Juacutelia Raiane

em

301017

21 Gostei muito porque foi divertido em Resultado das produccedilotildees da

Atividade 6 - HQs Italo Rodrigues

em

301017

22 Ficou muito bonita em Atividade 6

Felipe Alves

Lima

em

301017

23 Eu achei esse jogo bom porque eu ganhei em Atividade 7 Erick Alves

em

301017

24 Gostei muito porque a gente aprende muitas coisas em Atividade 7 Italo Rodrigues

em

301017

25 Natildeo gostei porque eu perdi em Atividade 6

Felipe Alves

Lima

em

301017

26 Foi muito bom e divertido em Atividade 7 Joatildeo Pedro

em

301017

Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel emlt httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombrgt Acesso em 04 fev

2018

Conforme pode ser observado no desenvolvimento desse moacutedulo os alunos puderam

aprofundar e refletir sobre os conhecimentos da escrita usar o blog como recurso de

aprendizagem e produzir comentaacuterios diversos sobre o que foi construiacutedo em vaacuterios momentos

de interaccedilatildeo reflexatildeo e estudo

Dessa maneira o blog da turma possibilitou a troca de experiecircncias e praacuteticas de leitura

e escrita contribuindo para a comunicaccedilatildeo do texto e da imagem Aleacutem disso contribuiu

consideravelmente com a apropriaccedilatildeo de habilidades e competecircncias em utilizar recursos

digitais possibilitando o letramento digital

Em seu trabalho recente Coscarelli enfatiza que

[o]rientar os alunos para o uso dos mecanismos de busca instigar a observaccedilatildeo das

interfaces do projeto graacutefico dos sites e dos blogs ajudar os alunos a identificarem e

sanarem as dificuldades encontradas na seleccedilatildeo de informaccedilotildees satildeo propostas de

mediaccedilatildeo que podem ser exploradas pelo professor durante as aulas (COSCARELLI

2016 p 25-26)

Concordamos com a autora e buscamos inserir o blog como recurso didaacutetico que auxilia

no processo de escrita a fim de ensinar e incluir as tecnologias digitais no processo de ensino

para com isso promover a autonomia e o protagonismo dos alunos Em nossas primeiras

145

atividades percebemos que alguns alunos jaacute estavam familiarizados com os recursos digitais

Ligavam o computador manuseavam o mouse acessavam paacuteginas de jogos online e de

pesquisas com muita facilidade mas outros natildeo sabiam nem como agir diante do computador

Dessa forma a atitude de colaboraccedilatildeo foi muito positiva pois as situaccedilotildees foram estabelecidas

em uma rede de mais participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo do que de recepccedilatildeo e passividade

Outro aspecto bastante interessante no nosso blog foi a relaccedilatildeo dos participantes que

em um primeiro momento ficou restrita ao nosso grupo soacute depois divulgamos o endereccedilo

eletrocircnico entre os professores supervisatildeo direccedilatildeo e tambeacutem nas turmas de 6ordms anos para que

eles tivessem acesso Alguns alunos comentavam e perguntavam sobre o que estaacutevamos

fazendo no laboratoacuterio de informaacutetica que eacute utilizado apenas no turno da noite um espaccedilo

inativo na escola que ficou bastante movimentado durante a intervenccedilatildeo Uma vez um aluno

perguntou ldquoProfessora como que faz para participar dessa aula de informaacuteticardquo Aleacutem dele

vaacuterios alunos de outras turmas queriam participar das nossas atividades

Marcuschi (2010) define nos paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blogs que os

participantes podem ser muacuteltiplos e a relaccedilatildeo entre conhecidos e anocircnimos podendo ou natildeo

haver proximidade com o blogueiro Observamos que mesmo com pouca divulgaccedilatildeo e restriccedilatildeo

ao nosso ambiente escolar o blog do 6ordm ano jaacute teve ateacute o presente momento conforme podemos

ver na captura de tela abaixo 1322 visualizaccedilotildees inclusive por outros paiacuteses como Estados

Unidos com 61 acessos Canadaacute com 1 e Irlanda tambeacutem com 1 conforme mostram as capturas

de tela abaixo

Figura 56 ndash Captura de tela ndash Estatiacutesticas da visatildeo geral

Fonte Dados da pesquisa 2017

146

Figura 57 ndash Captura de tela ndash Estatiacutesticas de puacuteblico

Fonte Dados da pesquisa 2017

De uma maneira geral o blog do 6ordm ano JF ndash Todos juntos pelo estudo funcionou como

um diaacuterio virtual do nosso PEI possibilitando a interaccedilatildeo entre os usuaacuterios da rede no acircmbito

mundial e a tessitura de comentaacuterios em niacutevel local tornando-o assim um espaccedilo efetivo de

praacuteticas de leitura e de escrita

434 Moacutedulo IV ndash Praticando

Nesse moacutedulo desenvolvemos a atividade final com o intuito de proporcionar a praacutetica

dos conhecimentos em escrita a partir de uma situaccedilatildeo dada utilizando ferramentas da

tecnologia (computador internet textos multimodais) Dessa forma a accedilatildeo consistiu em

colocar em praacutetica os conhecimentos relativos agrave escrita que foram desenvolvidos ao longo dos

moacutedulos de aprendizagem do PEI

Assim o objetivo foi produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo comunicativa ao interlocutor

e ao suporte de circulaccedilatildeo Para isso a metodologia esteve centrada na produccedilatildeo escrita e na

publicaccedilatildeo no blog da turma Entretanto optamos por natildeo divulgar no blog o texto final a

pedido dos alunos Assim respeitando a solicitaccedilatildeo e por questotildees eacuteticas natildeo publicamos jaacute

que alguns textos revelaram aspectos iacutentimos

Logo realizamos a atividade final de escrita individual a partir de uma situaccedilatildeo dada

no dia 01 de novembro de 2017 no laboratoacuterio de informaacutetica Foram cinco horas aulas

destinadas ao Moacutedulo IV ndash Praticando A primeira aula para leitura da proposta de Atividade

Final no blog Duas aulas para a produccedilatildeo escrita final e as duas uacuteltimas para a socializaccedilatildeo do

147

blog com as outras turmas de 6ordm ano em um momento de interaccedilatildeo compartilhamento e

diversatildeo

4341 Atividade Final de Escrita ndash AFE

A Atividade Final de Escrita ndash AFE (APEcircNDICE D) foi proposta aos alunos seguindo

as mesmas orientaccedilotildees e caracteriacutesticas da Atividade Inicial (APEcircNDICE B) atraveacutes de uma

conversa expositiva sobre narrativas pessoais e sobre as caracteriacutesticas de uma sequecircncia

narrativa conforme Cavalcante (2013)

Dessa vez o gecircnero proposto foi diaacuterio no qual o aluno deveria escrever sobre um dia

da sua vida (atividades encontros pessoas sentimentos desejos medos saudades escola

nossas atividades no laboratoacuterio de informaacutetica entre tantas outras coisas desejadas) na folha

impressa simulando a mesma paacutegina do blog para postagens

Baseados em Cosson (2014) utilizamos as estrateacutegias da Sequecircncia Baacutesica de

Letramento Literaacuterio motivaccedilatildeo introduccedilatildeo leitura e interpretaccedilatildeo

A motivaccedilatildeo partiu da conversa sobre o blog da turma onde em ordem cronoloacutegica

estavam registrados nossos momentos de aprendizagem alegrias e tristezas Portanto tudo isso

era um diaacuterio virtual e real das nossas vivecircncias

Assim citamos novamente Marcuschi (2010) que define os blogs como gecircneros digitais

e que de forma efetiva validam nosso trabalho na realidade pois de acordo com o autor ldquo[]

os blogs funcionam como um diaacuterio pessoal na ordem cronoloacutegica com anotaccedilotildees diaacuterias ou

em tempos regulares que permanecem acessiacuteveis a qualquer um na rederdquo (MARCUSCHI 2010

p 72) Dessa forma eles puderam compreender o gecircnero proposto para a escrita do texto

Em seguida desenvolvemos a introduccedilatildeo com a apresentaccedilatildeo do livro Diaacuterio de um

banana (Kinney 2008) e do autor Jeff Kinney Na apresentaccedilatildeo falamos que o personagem

principal era um adolescente que tinha uma vida normal e que escrevia suas histoacuterias Mais

uma vez a escolha do livro justificou-se por tratar de questotildees pessoais em que o personagem

narra de maneira divertida em seu dia-a-dia

O terceiro passo leitura foi realizado de forma fragmentada servindo mais agrave motivaccedilatildeo

para a escrita posto que nosso objetivo natildeo estava centrado na leitura do livro embora saibamos

da sua extrema importacircncia Utilizamos para leitura no blog a sinopse do livro e a primeira

paacutegina na qual Greg Heffley faz suas primeiras consideraccedilotildees sobre seu diaacuterio que ele mesmo

chama de livro de memoacuterias

A interpretaccedilatildeo natildeo foi baseada no livro Diaacuterio de um banana (Kinney 2008) houve

a externalizaccedilatildeo do registro de um dia da vida de cada aluno participante Desse modo os textos

148

foram produzidos e entregues ao professor sendo lidos e analisados sob os aspectos da escrita

ortograacutefica e da consciecircncia fonoloacutegica

Assim nessa Atividade Final de Escrita contamos com a presenccedila de cinco alunos Os

informantes 8 10 11 12 e 13 Apenas o informante 7 natildeo compareceu no dia por problemas

de sauacutede e infelizmente natildeo pocircde participar desse momento

Quadro 15 ndash Alunos informantes da Atividade de Escrita Final

Fonte Dados da pesquisa 2017

Desse modo a anaacutelise de dados da Atividade Inicial de Escrita foi realizada somente

com 05 textos nos quais observamos e categorizamos as incorreccedilotildees de escrita neles

apresentadas Todos os textos foram destacados com os respectivos coacutedigos dos informantes e

da mesma forma que analisamos a escrita espontacircnea da Atividade Inicial de Escrita o fizemos

com a Atividade Final de Escrita a fim de compararmos os textos e verificarmos se os

problemas de escrita foram minimizados

Assim digitalizamos os cinco textos suprimimos os nomes dos participantes e

digitamos os textos na iacutentegra pois foram produzidos a laacutepis

Figura 58 ndash TEXTO 1 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

INFORMANTES

1 EA 7

2 FA 8

3 IR 10

4 JP 11

5 JR 12

6 LV 13

149

Figura 59 ndash TEXTO 2 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 60 ndash TEXTO 3 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

150

Figura 61 ndash TEXTO 4 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 62 ndash TEXTO 5 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Observamos nos textos acima as mesmas marcaccedilotildees numeacutericas que fizemos nos textos

da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE para levantamento catalogaccedilatildeo dos dados e

caracterizaccedilatildeo dos problemas encontrados nesses cinco textos baseados nos processos

fonoloacutegicos que envolvem a escrita de acordo com Cagliari (1995) Assim continuamos

utilizando as categorias relacionadas pelo autor no desenvolvimento do processo de construccedilatildeo

da escrita da fala e da aprendizagem significativa dos alunos Diante disso na Tabela 05

registramos o nuacutemero de ocorrecircncias de cada fenocircmeno linguiacutestico encontrado nos cinco textos

em anaacutelise

151

Tabela 05 ndash Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Final de Escrita ndash AFE

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

T

ran

scri

ccedilatildeo f

on

eacutetic

a

Uso

in

dev

ido d

e le

tras

Hip

erco

rreccedil

atildeo

Mod

ific

accedilatilde

o d

a e

stru

tura

segm

enta

l d

as

pala

vra

s

Ju

ntu

ra I

nte

rvoca

bu

lar

e

segm

enta

ccedilatildeo

Form

a m

orf

oloacute

gic

a

dif

eren

te

Form

a e

stra

nh

a d

e tr

accedila

r

as

letr

as

Uso

in

dev

ido d

e

maiuacute

scu

las

e m

inuacute

scu

las

Ace

nto

s graacute

fico

s

Sin

ais

de

pon

tuaccedilatilde

o

I8 10 1 1 4

I10 1 4 1 1

I11 1 4 1

I12 1 2 1 1

I13 10 1 1 2

Total 2 26 4 4 7 3 46

Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017

Com base nesses dados destacamos 46 ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita concentrados

principalmente na modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras com 29 ocorrecircncias

Decidimos nessa segunda anaacutelise excluir da nossa contagem as ocorrecircncias sobre problemas

sintaacuteticos porque Cagliari (1995) afirma que tais desvios fazem parte das uacuteltimas etapas de

aprendizagem da escrita

Portanto fizemos um recorte da tabela de dados da AIE excluindo tambeacutem as

ocorrecircncias sobre os problemas sintaacuteticos para compararmos as duas atividades de escrita e

assim observarmos a evoluccedilatildeo ou natildeo dos alunos

152

Tabela 06 ndash Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Tra

nsc

riccedilatilde

o f

on

eacutetic

a

Uso

in

dev

ido d

e le

tras

Hip

erco

rreccedil

atildeo

Mod

ific

accedilatilde

o d

a e

stru

tura

segm

enta

l d

as

pala

vra

s

Ju

ntu

ra I

nte

rvoca

bu

lar

e

segm

enta

ccedilatildeo

Form

a m

orf

oloacute

gic

a

dif

eren

te

Form

a e

stra

nh

a d

e tr

accedila

r

as

letr

as

Uso

in

dev

ido d

e m

aiuacute

scu

las

e m

inuacute

scu

las

Ace

nto

s graacute

fico

s

Sin

ais

de

pon

tuaccedilatilde

o

I8 2 2 4 2

I9 2 1 7 3 3

I10 2 2 3 2 2 1 1

I11 3 1 2 8 11

I12 1 2 2 1 4 1 5

I13 2 4 2 2 2

Total 8 5 15 4 2 27 7 24 92

Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017

Com base nos dados das tabelas 05 e 06 observamos que houve uma mudanccedila

significativa considerada por noacutes como uma evoluccedilatildeo na aprendizagem da escrita ao

constatarmos uma diminuiccedilatildeo de 92 ocorrecircncias para 46 Das categorias de anaacutelise de ldquoerrosrdquo

ortograacuteficos houve um aumento na ocorrecircncia da modificaccedilatildeo da estrutura segmental das

palavras de 15 para 26 e a diminuiccedilatildeo de ocorrecircncias de uso indevido de letras maiuacutesculas e

minuacutesculas e de sinais de pontuaccedilatildeo como demonstrado na tabela 07 abaixo

Tabela 07 ndash Anaacutelise comparativa da AIE e da AFE

Categorizaccedilatildeo AIE AFE

Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras 15 26

Uso indevido de letras maiuacutesculas e minuacutesculas 27 4

Sinais de pontuaccedilatildeo 24 3

Fonte Dados da pesquisa 2017

Das categorias descritas na tabela 07 os sinais de pontuaccedilatildeo satildeo considerados por

Cagliari (1995) assim como os acentos graacuteficos e os problemas sintaacuteticos como etapas finais

da aprendizagem da escrita O uso indevido de letras maiuacutesculas e minuacutesculas ocorre de acordo

com o autor porque alguns alunos quando aprendem que devem escrever os nomes proacuteprios

com letras maiuacutesculas passam a aplicar a regra para outros tipos de palavras Nos textos finais

153

houve grande evoluccedilatildeo quanto ao uso de letras maiuacutesculas e minuacutesculas pois foram registradas

apenas 04 ocorrecircncias de uso indevido

Sabemos que a extensatildeo dos textos poderia elevar para mais ou para menos todas as

ocorrecircncias de erros aleacutem disso percebemos que a extensatildeo e o desenvolvimento das ideias

precisam ser melhorados apesar de considerarmos que houve significativa melhora ao

compararmos os textos da AIE e da AFE da informante 13 apresentados a seguir

Figura 63 ndash Montagem de textos das AIE e AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Jaacute a modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras compreende erros de troca como

no TEXTO 1 em temo por tenho nuto por muito uzei por usei e no TEXTO 2 na palavra

provesola em vez de professora e Floresa em vez de Florecircncia e na palavra novenbo em vez de

novembro temos troca e supressatildeo de letras Foi verificada a supressatildeo de letras tambeacutem no

TEXTO 1 como sota em vez de soltar joga em vez de jogar Oje em vez de Hoje nosa em vez

de nossa utina em vez de uacuteltima bog em vez de blog poque em vez de porque no TEXTO 3

fera por feira fiqei por fiquei no TEXTO 5 utimas em vez de uacuteltimas e no TEXTO 2 Almeda

em vez de Almeida teno em vez de tenho traqulo em vez de tranquilo poque em vez de

porque esto em vez de estou Houve acreacutescimo ocorrecircncia verificada no TEXTO 2 natildeo foram

encontradas inversatildeo de letras Segundo o autor todas essas ocorrecircncias devem ser observadas

de acordo com a loacutegica no erro do aluno como por exemplo no caso da troca de s por z nas

154

palavras uzei e usei processo ortograacutefico e natildeo foneacutetico como na troca de i por e em desdi

por desde

Jaacute Lemle (1991) enumera cinco capacidades sendo que os alunos participantes jaacute

superaram a primeira a segunda e a quinta ao conseguirem compreender o que eacute letra usaacute-la

na maioria das vezes de forma adequada e escrever respeitando a ordem de escrita do nosso

sistema de escrita que eacute da esquerda para a direita Contudo satildeo necessaacuterias accedilotildees que

promovam ainda mais a construccedilatildeo dos paraacutegrafos extensatildeo do texto desenvolvimento das

ideias e organizaccedilatildeo espacial

Quanto agrave terceira e agrave quarta capacidades observamos alguns avanccedilos visto que jaacute

comeccedilaram a desenvolver a percepccedilatildeo auditiva em relaccedilatildeo agrave escrita e a saber ouvir diferenccedilas

linguiacutesticas haja vista a pouquiacutessima ocorrecircncia de casos de transcriccedilatildeo foneacutetica definidos por

Lemle (1991) e por Cagliari (1995) e uso indevido de letras por Cagliari (1995) No entanto os

alunos ainda apresentam dificuldades em relaccedilatildeo agrave escrita e agrave consciecircncia fonoloacutegica por

cometerem trocas de letras e ainda apresentarem incapacidade de classificar alguns traccedilos

distintivos de som Quanto ao conceito de palavra percebemos que houve uma evoluccedilatildeo jaacute

que soacute ocorreu um caso de juntura no TEXTO 4 na escrita de pramim em vez de para mim

que natildeo eacute definido por Lemle (1991) mas por Cagliari (1995)

Desse modo compreendemos que a quarta capacidade estaacute quase superada a julgar pela

uacutenica ocorrecircncia apresentada nos cinco textos exemplificados acima De acordo com a autora

quando o aluno escreve tudo junto falta a ideia de fronteira vocabular Assim julgamos que os

alunos evoluiacuteram consideravelmente nessa etapa Da mesma maneira sobre a unidade de

sentenccedila ldquo[] que eacute representada comeccedilando por letra maiuacutescula e terminando por pontordquo

(LEMLE 1991 p 12) Assim os alunos foram capazes de reconhecer as sentenccedilas ao

utilizarem mais sinais de pontuaccedilatildeo e fazerem uso adequado das letras maiuacutesculas em seus

textos Como exemplo disso selecionamos os textos da AIE e AFE produzidos pelo informante

8 Analisando os textos podemos fazer a comparaccedilatildeo e constatar a evoluccedilatildeo

155

Figura 64 ndash Montagem de textos das AIE e AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Com base nos dados apresentados a uacutenica capacidade que ainda apresenta problemas

eacute a terceira que trata da simbolizaccedilatildeo entre letras e sons De acordo com a autora o aluno

precisa fazer uma ligaccedilatildeo simboacutelica entre os sons da fala e das letras do alfabeto Quando ele

compreende essa ligaccedilatildeo rompe a primeira capacidade depois precisa enxergar as distinccedilotildees

entre as letras entatildeo consolida a segunda e em seguida a terceira que eacute a capacidade de ouvir

e ter consciecircncia dos sons da fala com suas distinccedilotildees e relevacircncias

Dessa maneira fizemos a anaacutelise das complicadas relaccedilotildees entre sons e letras

considerando o nuacutemero de ocorrecircncias dessa natureza observadas nos textos dos alunos Lemle

(1991) afirma que haacute trecircs tipos de relaccedilotildees existentes entre sons da fala e letras do alfabeto que

satildeo relaccedilatildeo de um para um relaccedilotildees de um para mais de um determinadas a partir da posiccedilatildeo

relaccedilotildees de concorrecircncia conforme demonstra o Quadro 16

Quadro 16 ndash Relaccedilotildees entre sons da fala e letras do alfabeto RELACcedilOtildeES LETRAS E SONS CORRESPONDEcircNCIA

Relaccedilatildeo de um para um Cada letra com seu som cada som com

uma letra

Biuniacutevoca

Relaccedilotildees de um para mais

de um determinadas a

partir da posiccedilatildeo

Cada letra com um som numa dada

posiccedilatildeo cada som com uma letra numa

dada posiccedilatildeo

Natildeo biuniacutevoca

Relaccedilotildees de

concorrecircncia

Mais de uma letra para o mesmo som

na mesma posiccedilatildeo

Concorrente

Fonte Lemle 1991 p 10

Assim quando o aluno compreende que as relaccedilotildees satildeo diferentes e arbitraacuterias vai

evoluindo em seu processo de escrita e passa a cometer menos ldquoerrosrdquo ou ldquofalhasrdquo Para a

autora as falhas de escrita revelam os diferentes tipos de acoplamento entre sons e letras em

156

nosso sistema de escrita Desse modo coletamos as falhas nos textos dos alunos informantes

da AIE e da AFE para compararmos as ocorrecircncias

Quadro 17 ndash Falhas de escrita da AIE e da AFE Falhas de

escrita de 1ordf

ordem

Ocorrecircncias de falhas de escrita

catalogadas nos textos da AIE

Textos 1 2 3 6 e 7

Ocorrecircncias de falhas de escrita

catalogadas nos textos da AFE

Textos 1 a 5

Falhas na

correspondecircncia

linear entre as

sequecircncias dos

sons e as

sequecircncias das

letras

Omissatildeo de letras miha (minha)

batatina (batatinha) goto (gosto)

Omissatildeo de letras sota (soltar) nosa

(nossa) utina (uacuteltima) bog (blog)

poque (porque) fera (feira) fiqei

(fiquei) utimas (uacuteltimas) Almeda

(Almeida) teno (tenho) goto (gosto)

poque (porque) esto (estou) novenbo

(novembro)

Conhecimento ainda inseguro do

formato de cada letra tasia

(passear)

Natildeo haacute registros

Incapacidade de classificar algum

traccedilo distintivo do som gogo

(gosto) natu (moto) natildee (matildee)

fanilha (famiacutelia) asai (assim)

Incapacidade de classificar algum

traccedilo distintivo do som nuto (muito)

temo (tenho) traqulo (tranquilo)

provesola (professora)

Natildeo formou conceito de palavra

coanilha (com a minha) nasine

(nasci em) a mina (a minha)

Natildeo formou conceito de palavra

pramim (para mim) e fomatica

(informaacutetica) prici palmente

(principalmente)

Falhas de

escrita de 2ordf

ordem

O aluno faz a

transcriccedilatildeo

foneacutetica

petequa em vez de peteca

escunde em vez de esconde

kiabo em vez de quiabo

susu em vez de chuchu

imbora em vez de embora

desdi em vez de desde

Falhas de

escrita de 3ordf

ordem

O aluno

avanccedilou no

saber

ortograacutefico e na

escrita faz troca

entre letras

concorrentes

dansa em vez de danccedila

diferensa em vez de diferenccedila

soutar em vez de soltar

felis em vez de feliz

uzei em vez de usei

Oje em vez de Hoje

Fonte Adapatado de Lemle 1991 p 40-41 com dados da pesquisa 2017

Ao compararmos os textos observamos que algumas ocorrecircncias aumentaram como

em omissatildeo de letras fato considerado normal tendo em vista que a extensatildeo dos textos

tambeacutem aumentou e consequentemente o nuacutemero de palavras Poreacutem representa que ainda haacute

falhas na correspondecircncia linear entre as sequecircncias de sons e as sequecircncias de letras Por outro

lado natildeo constatamos ocorrecircncias de falhas decorrentes do conhecimento ainda inseguro do

formato das letras como apresentadas na AIE Tambeacutem natildeo constatamos repeticcedilotildees de letras

Aleacutem disso natildeo houve diminuiccedilatildeo e nem aumento de casos sobre a capacidade de classificar

157

algum traccedilo distintivo do som Assim apresentamos a seguir a catalogaccedilatildeo das falhas de

escrita dos textos dos 5 alunos informantes na AIE e agora da AFE observando os criteacuterios

definidos pela autora para essa classificaccedilatildeo

Tabela 08 ndash Tabelas de Falhas de escrita ndash AIE e AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

De acordo com os dados da tabela acima observamos que na AIE 60 dos alunos

cometeram falhas de 1ordf ordem e 40 dos alunos cometeram falhas de 2ordf e de 3ordf ordens Jaacute na

AFE constatamos que 60 cometeram falhas de 1ordf e 2ordf ordens e 40 cometeram falhas 3ordf

ordem Diante desses dados concluiacutemos que houve por todos os alunos avanccedilos na

aprendizagem da escrita ainda que tiacutemida pois os informantes 8 10 e 13 apresentaram uma

transiccedilatildeo e melhoria entre as falhas de 1ordf e 2ordf ordens principalmente por jaacute conseguirem

escrever com mais conteuacutedo e significaccedilatildeo do que antes Embora ainda cometam falhas de 1ordf e

2ordf ordens estatildeo construindo aos poucos a base alfabeacutetica

Jaacute os informantes 11 e 12 foram classificados em falhas de 3ordm ordem porque estatildeo a

um passo de serem considerados plenamente alfabetizados por terem avanccedilado no saber

ortograacutefico Optamos por classificaacute-los nessa ordem porque natildeo se enquadram

determinantemente nas outras ordens O informante 11 que antes cometia falhas de escrita por

fazer transcriccedilatildeo foneacutetica em seu texto final cometeu apenas 5 ocorrecircncias de uso indevido de

letra maiuacutescula considerado como etapa final do processo de alfabetizaccedilatildeo e que segundo os

autores precisa ser ensinado pelos professores houve 1 ocorrecircncia de falta de acento graacutefico

tambeacutem uma das uacuteltimas etapas da aprendizagem em escrita e 1 ocorrecircncia de juntura

intervocabular ao escrever pramim em vez de para mim aspecto que natildeo eacute considerado por

Lemle (1991) mas por Cagliari (1995) e representa a continuidade da fala A informante 12

na AFE cometeu 6 ldquoerrosrdquo Dois de omissatildeo de letras ao escrever irmotildes em vez de irmatildeos e

utimas em vez de uacuteltimas 1 de acentuaccedilatildeo 1 de pontuaccedilatildeo e 1 de transcriccedilatildeo foneacutetica ao

Atividade Inicial de Escrita ndash AIE

Informantes Falhas

de 1ordf

ordem

Falhas

de 2ordf

ordem

Falhas

de 3ordf

ordem

I8 X

I10 X

I11 X X

I12 X X

I13 X TOTAL 3 2 2

Porcentagem 60 40

Atividade Final de Escrita ndash AFE

Informantes Falhas

de 1ordf

ordem

Falhas

de 2ordf

ordem

Falhas

de 3ordf

ordem

I8 X X

I10 X X

I11 X

I12 X

I13 X X TOTAL 3 3 2

Porcentagem 60 40

158

escrever desdi em vez de desde Mesmo cometendo cada um uma ocorrecircncia de transcriccedilatildeo

foneacutetica consideramos que esses alunos apresentaram consistecircncia e saber ortograacutefico em seus

textos

Ressaltamos que a alfabetizaccedilatildeo apresenta especificidades que envolvem os

conhecimentos muacuteltiplos em relaccedilatildeo agrave linguagem e que eacute necessaacuterio conhecimento especiacutefico

na aacuterea para intervir em situaccedilotildees que exigem do professor habilidade e conhecimento teoacuterico

para contribuir com a superaccedilatildeo dos problemas linguiacutesticos

159

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Esta pesquisa possibilitou a compreensatildeo dos processos que envolvem a alfabetizaccedilatildeo

e o letramento objetos da nossa investigaccedilatildeo partindo da premissa de que os alunos do 6ordm ano

da escola selecionada natildeo estavam alfabetizados Aleacutem disso proporcionou-nos a

oportunidade de adquirir conhecimento teoacuterico na aacuterea da linguagem alfabetizaccedilatildeo e

letramento a partir da leitura e anaacutelise dos estudos de Soares (2003 2004 2014) Lemle (1991)

Cagliari (1995) Marcuschi (2001 2018) Grossi (1990) Antunes (2003) e Bakhtin (1999) com

as consideraccedilotildees de Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010)

Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) sobre gecircneros textuais gecircneros digitais multiletramento

multimodalidade e uso das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC tatildeo

presentes na sociedade contemporacircnea Assim estabelecemos relaccedilotildees entre ensino escrita e

tecnologias propondo novas habilidades de leitura compreensatildeo e produccedilatildeo nas mais variadas

praacuteticas sociais de leitura e escrita

Dessa forma nossa trajetoacuteria de estudo e investigaccedilatildeo iniciou com a contextualizaccedilatildeo

do problema construccedilatildeo do referencial teoacuterico percurso metodoloacutegico e anaacutelise dados

Em nossa pesquisa estabelecemos como objetivo geral identificar e analisar as

dificuldades de alfabetizaccedilatildeo e letramento de uma turma do 6ordm ano do Ensino Fundamental da

Escola Estadual Pio XII e contribuir com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita atraveacutes de atividades

que visassem desenvolver essa habilidade utilizando os gecircneros digitais

Para esse alcance traccedilamos como objetivos a) investigar a natureza das dificuldades

identificadas b) realizar estudos sobre os conceitos de alfabetizaccedilatildeo letramento

multimodalidade e gecircneros digitais c) pesquisar estrateacutegias de ensino para desenvolver as

habilidades de letramento atraveacutes dos gecircneros digitais d) elaborar executar e avaliar um

Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI que contribuiacutesse para a superaccedilatildeo das dificuldades

identificadas

Certificamos que os objetivos traccedilados para essa investigaccedilatildeo foram cumpridos tendo

em vista os resultados alcanccedilados em nosso conhecimento teoacuterico que subsidiou toda a

pesquisa e o desenvolvimento das atividades propostas como a Atividade Inicial de Escrita ndash

AIE Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI e a Atividade Final de Escrita ndash AFE

Nossa hipoacutetese de que o trabalho com o gecircnero digital blog poderia contribuir para

elevar o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e letramento dos alunos envolvidos nesta pesquisa foi

confirmada com base no desenvolvimento significativo dos alunos ao quererem aprender e

conseguirem elevar o niacutevel de escrita

160

A inserccedilatildeo da tecnologia com a construccedilatildeo do blog do 6ordm ano JF ndash Todos juntos pelo

estudo ndash promoveu o letramento digital por meio da aquisiccedilatildeo de habilidades para utilizar

recursos digitais pela interaccedilatildeo com os dispositivos eletrocircnicos e o uso da internet Eacute vaacutelido

destacar que o laboratoacuterio de informaacutetica com acesso agrave internet esteve totalmente

disponibilizado agrave nossa intervenccedilatildeo e natildeo encontramos nenhum entrave que pudesse

impossibilitar nosso trabalho tanto de recurso pessoal quanto material e tecnoloacutegico

Ademais a anaacutelise dos dados coletados nas atividades AIE PEI e AFE demonstrou que

conseguimos elevar consideravelmente os niacuteveis de escrita dos alunos que cometiam falhas

de escrita de 1ordf 2ordf e 3ordf ordens definidas por Lemle (1991) Assim constatamos que todos os

alunos evoluiacuteram em sua aprendizagem escrita pois aqueles que foram classificados como de

1ordf ordem foram para a 2ordf ordem mas ainda transitam entre as duas e da mesma forma os alunos

que foram classificados como de 2ordf ordem foram para a 3ordf ordem embora tambeacutem transitem

entre as duas Isso aconteceu porque os problemas de escrita natildeo foram totalmente sanados

entretanto os avanccedilos nos possibilitam dizer que houve significativa melhora ao compararmos

os textos iniciais e finais

Ressaltamos que as atividades desenvolvidas no PEI partiram do impresso para o digital

Justificamos que a disponibilizaccedilatildeo dos textos dos alunos no blog da turma foi por meio da

digitalizaccedilatildeo para posterior publicaccedilatildeo Primeiro por questotildees de desenvolvimento de

habilidades muacuteltiplas de escrita diante do impresso como segurar no laacutepis respeitar a margem

escrever na ordem da esquerda para a direita e em cima da linha uso de paraacutegrafos e

organizaccedilatildeo espacial Tambeacutem diante do digital ao escreverem usando os recursos

disponibilizados no teclado recorrem agraves teclas para inserccedilatildeo de paraacutegrafos acentos letras

maiuacutesculas e minuacutesculas entre outros que tambeacutem satildeo elementos do impresso Essas

habilidades foram trabalhadas promovendo o letramento digital e o desenvolvimento da escrita

Dessa forma evidenciamos que os recursos do impresso e do digital foram

desenvolvidos concomitantemente e natildeo consideramos que um seja mais importante que o

outro Compartilhamos da mesma concepccedilatildeo de Coscarelli sobre o impresso e o digital ao

afirmar que

[n]atildeo haacute rupturas entre texto e hipertexto ou entre multimodalidade no impresso e no

digital O que presenciamos satildeo atos comunicativos imbrincados em processos

histoacutericos culturais sociais e interacionais dos usuaacuterios de uma liacutengua em constante

transformaccedilatildeo (COSCARELLI 2016 p 24)

Assim eacute importante afirmar que nossa proposta sempre buscou elevar os niacuteveis de

escrita dos alunos e tornaacute-los alfabetizados e para isso utilizamos os recursos disponiacuteveis em

161

nossa escola tanto impressos quanto digitais atribuindo-lhes o mesmo valor Ribeiro tambeacutem

afirma que

[n]atildeo eacute o caso de excluir umas possibilidades em vantagem das outras como se os

recursos disponiacuteveis estivessem em competiccedilatildeo Considero que todas as

possibilidades vecircm se somando e se reposicionando em um sistema mais complexo e

mais completo nos dias de hoje (RIBEIRO 2016 p 121)

Diante disso consideramos que as atividades do PEI (impressas e digitais) realizadas

em 45 ha contribuiacuteram para elevar os niacuteveis de escrita e acreditamos que se as nossas aulas

fossem estendidas por mais tempo poderiacuteamos dizer que todos os alunos seriam alfabetizados

(por ora nosso alcance se levado em conta o fator tempo foi parcial) por meio de estrateacutegias

de ensino que visaram a interaccedilatildeo o diaacutelogo a reflexatildeo e o uso das TDIC como ambiente

colaborativo de aprendizagem Ocorre de acordo com Coscarelli (2016 p 25) ldquoum ensino

mais centrado no aluno apoiado em contextos de interaccedilatildeo diaacutelogo e colaboraccedilatildeordquo

Nesse sentido foram desenvolvidas atividades de forma intensiva relacionadas agrave

produccedilatildeo escrita agrave utilizaccedilatildeo dos gecircneros digitais especificamente ao uso do blog como recurso

didaacutetico de ensino e de inclusatildeo digital ao resgate da autoestima e valorizaccedilatildeo do educando

respeitando suas limitaccedilotildees e propondo um trabalho significativo enfatizando a apropriaccedilatildeo

das competecircncias e habilidades por meio da multimodalidade e dos multiletramentos para

promover o letramento digital e elevar os niacuteveis de escrita dos alunos

Destacamos que esta pesquisa-accedilatildeo desenvolvida no acircmbito do Programa de Mestrado

Profissional em Letras ndash ProfLetras possibilitou nossa formaccedilatildeo continuada e estimulou o

aprimoramento profissional desta pesquisadora que atua na Educaccedilatildeo Infantil haacute quase 19

anos e no Ensino Fundamental da Educaccedilatildeo Baacutesica haacute quase 15 anos

Ser pesquisador criacutetico e reflexivo investigar situaccedilotildees-problema em sala de aula a fim

de contribuir para sua superaccedilatildeo e a partir dos referenciais teoacutericos compreender tais situaccedilotildees

e poder intervir foram contribuiccedilotildees notaacuteveis pois possibilitaram o conhecimento a confianccedila

a seguranccedila e a autonomia para enfrentar os desafios da sala de aula

Dessa forma o conhecimento eacute parte relevante para auxiliar o aluno que necessita de

atenccedilatildeo e que na maioria das vezes acaba excluiacutedo da escola e da sociedade por natildeo dominar

o sistema de escrita por natildeo saber ler e escrever com proficiecircncia

Embora os alunos participantes desta investigaccedilatildeo ainda natildeo possam ser considerados

totalmente alfabetizados reconhecemos que esta investigaccedilatildeo representou um importante passo

inicial na etapa do processo de aquisiccedilatildeo de leitura e escrita em razatildeo da alfabetizaccedilatildeo envolver

capacidades de reconhecimento linguiacutestico em relaccedilatildeo aos sons da fala a relaccedilatildeo entre os sons

162

da fala e as letras do alfabeto desenvolvendo a consciecircncia fonoloacutegica e construindo o saber

ortograacutefico

Portanto este trabalho corrobora os estudos sobre a linguagem acerca do uso das TDIC

dos multiletramentos e da alfabetizaccedilatildeo servindo de contribuiccedilatildeo ao meio acadecircmico e agrave praacutetica

pedagoacutegica dos professores que atuam nas diversas fases que compotildeem o contiacutenuo caminho

percorrido por docentes e discentes no processo de ensino-aprendizagem

163

REFEREcircNCIAS

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BAKHTIN Mikhail Mjkhailovitch Esteacutetica da criaccedilatildeo verbal Mikhail Bakhtin Trad 2 ed

Satildeo Paulo Martins Fontes 1997 (Coleccedilatildeo Ensino Superior)

BAKHTIN Mikhail Marxismo e filosofia da linguagem Trad Michel Lahud e Yara Frateschi

Vieira 9 ed Satildeo Paulo Hucitec 1999

BOCK Ana mercecircs Bahia FURTADO Odair TEIXEIRA Aria de Lourdes Trassi A

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CLAVER Ronald Escrever sem doer oficina de redaccedilatildeo Belo Horizonte Editora UFMG

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Portuguesa 7 ed Curitiba Ed Positivo 2008

FERREIRO Emiacutelia amp TEBEROSKY Ana Psicogecircnese da Liacutengua Escrita Trad Diana

Myriam Lichtenstein Liana Di Marco e Maacuterio Corso Porto Alegre Artes Meacutedicas 1985

FRANCcedilA Juacutenia Lessa Manual Para Normalizaccedilatildeo de publicaccedilotildees teacutecnico-cientiacuteficas 9 ed

Belo Horizonte Editora UFMG 2013

FURNARI Eva Felpo Filva Satildeo Paulo Moderna 2006 (Coleccedilatildeo girassol)

FRADE Isabel Cristina Meacutetodos e didaacuteticas de alfabetizaccedilatildeo ndash histoacuteria caracteriacutesticas e

modos de fazer de professores Caderno do formador Coleccedilatildeo Alfabetizaccedilatildeo e Letramento

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GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo Vol1 Didaacutetica do Niacutevel Preacute-silaacutebico 3 ed

Rio de Janeiro Paz e Terra 1990

GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo Vol 2 Didaacutetica do Niacutevel Silaacutebico 3 ed

Rio de Janeiro Paz e Terra 1990

GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo Vol 3 Didaacutetica do Niacutevel Alfabeacutetico 3 ed

Rio de Janeiro Paz e Terra 1990

165

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Contexto 2012

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Scherre e Caroline Rodrigues Cardoso Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial 2008

LAKATOS Eva Maria MARCONI Marina de Andrade Fundamentos de metodologia

cientiacutefica 5 ed Satildeo Paulo Atlas 2003

LEMLE Miriam Guia teoacuterico do alfabetizador 6 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

MAGNABOSCO Gislaine Gracia Hipertexto e gecircneros digitais modificaccedilotildees no ler e

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MARCUSCHI Luiz Antocircnio Da fala para a escrita atividades de retextualizaccedilatildeo Satildeo Paulo

Cortez 2001

MARCUSCHI Luiz Antocircnio Produccedilatildeo textual anaacutelise de gecircneros e compreensatildeo Satildeo Paulo

Paraacutebola Editorial 2008

MARCUSCHI Luiz Antocircnio XAVIER Antocircnio Carlos (Orgs) Hipertexto e gecircneros digitais

novas formas de construccedilatildeo do sentido 3 ed Satildeo Paulo Cortez 2010

MINAS GERAIS Secretaria de Estado da Educaccedilatildeo Proposta Curricular de Liacutengua

Portuguesa para o Ensino Fundamental e Meacutedio Belo Horizonte Secretaria de Estado da

Educaccedilatildeo 2008

166

MINAS GERAIS Secretaria de Estado da Educaccedilatildeo Liacutengua Portuguesa CBC ndash Curriacuteculo

Baacutesico Comum do Ensino Fundamental Anos Finais Ciclos Intermediaacuterio e da Consolidaccedilatildeo

2014

OLIVEIRA Maria do Socorro TINOCO Gliacutecia Azevedo SANTOS Ivoneide Bezerra de

Arauacutejo Projetos de Letramento e formaccedilatildeo de professores de liacutengua materna Natal

EDUFRN 2014

PERINI Maacuterio Alberto Gramaacutetica do portuguecircs brasileiro Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial

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PROJETO DO MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS ndash PROFLETRAS Disponiacutevel

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SAUSSURE Ferdinand de Curso de Linguiacutestica Geral Organizado por Charles Bally Albert

Sechehae com a colaboraccedilatildeo de Albert Riedlinger Trad Antocircnio Chelini Joseacute Paulo Paes

Izidoro Blikstein 27 ed Satildeo Paulo Cultrix 2006

SEARA Izabel Christine Foneacutetica e fonologia do portuguecircs brasileiro Satildeo Paulo Contexto

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SOARES Magda Linguagem e escola uma perspectiva social Satildeo Paulo Aacutetica 1986

SOARES Magda Alfabetizaccedilatildeo e Letramento caminhos e descaminhos Paacutetio ndash Revista

Pedagoacutegica p 96-100 Ed Artmed 29 de fevereiro de 2004

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XVIII nordm 162 p 30 maio 2003

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Universidade Catoacutelica do Rio de Janeiro (PUCRio) Revista digital ndash Hipertextus nordm 2 p 1-9

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Faculdade de Educaccedilatildeo (UFMG) Centro

de Alfabetizaccedilatildeo Leitura e Escrit (CEALE) Coleccedilatildeo Orientaccedilotildees para a Organizaccedilatildeo do Ciclo

167

Inicial de Alfabetizaccedilatildeo Caderno 2 Belo Horizonte Secretaria de Estado da Educaccedilatildeo de

Minas Gerais 2003 62 p

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168

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash QUESTIONAacuteRIO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula

Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira

Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade

Local Escola Estadual Pio XII

Disciplina Liacutengua Portuguesa

Atividade Questionaacuterio ndash Data __________2017

Aluno (a)_______________________________________________________________

1- Onde vocecirc mais acessa a internet

A ( ) Em casa

B ( ) Em lan house(s)

C ( ) Na escola

D ( ) Outros lugares Qual ______________________________

E ( ) Natildeo uso

2- Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet

A ( ) Menos de uma hora

B ( ) Uma hora

C ( ) Duas horas

D ( ) Mais de duas horas

E ( ) Nunca

3- Vocecirc utiliza a internet por meio de

A ( ) Computador

B ( ) Celular

C ( ) Tablet

D ( ) Outros equipamentos

E ( ) Natildeo uso

4- Os professores da sua escola jaacute utilizaram o computador ou laboratoacuterio de informaacutetica

para realizar atividades escolares

Sim Natildeo

169

5- Quais tipos de sites despertam mais seu interesse considerando o conteuacutedo

A ( ) redes sociais como Facebook

B ( ) jogos eletrocircnicos na internet

C ( ) blogs

D ( ) sites de pesquisa

170

APEcircNDICE B ndash ATIVIDADE INICIAL DE ESCRITA ndash AIE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula

Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira

Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade

Local Escola Estadual Pio XII ndash Disciplina Liacutengua Portuguesa

Atividade Diagnoacutestica Inicial ndash Data __________2017

Aluno (a)_____________________________________________________________

Felpo Filva

Era uma vez um coelho especial chamado Felpo Autor de textos estranhos e

engraccedilados Felpo tem um orelha menor do que a outra e quando fica nervoso sofre de um

problema conhecido como orelite tremulosa Essa doenccedila eacute tiacutepica de coelhos como Felpo

rabugentos que natildeo gostam de sair da toca natildeo conversam com ningueacutem e natildeo tem amigos

Um certo dia quando Felpo jaacute era um poeta famoso tomou uma decisatildeo ele iria contar

para todos a triste histoacuteria de sua vida Iria escrever a sua autobiografia O coelho poeta pegou

a sua xiacutecara de cafeacute sentou-se diante da maacutequina de escrever e comeccedilou

171

Curtir ndash Comentar

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Felpo Filva iniciou a autobiografia dele mas natildeo terminou nessa primeira paacutegina do livro Assim como Felpo relate a sua histoacuteria de vida Fale quem eacute vocecirc onde nasceu com quem vive do que gosta e do que natildeo gosta Comente suas alegrias e tristezas suas conquistas e suas perdas e todos os outros pensamentos

Comece entatildeo

Florecircncia

Florecircncia

172

APEcircNDICE C ndash PLANO EDUCACIONAL DE INTERVENCcedilAtildeO ndash PEI

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE

GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas

pedagoacutegicas em sala de aula

Montes Claros ndash MG

2017

173

FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE

GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas

pedagoacutegicas em sala de aula

Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI

apresentado como requisito parcial do

Programa de Mestrado Profissional em Letras ndash

PROFLETRAS da Universidade Estadual de

Montes Claros sob a orientaccedilatildeo da Professora

Doutora Faacutebia Magali Santos Vieira

Montes Claros ndash MG

2017

174

IDENTIFICACcedilAtildeO

Tema Alfabetizaccedilatildeo e letramento

Escola Escola Estadual Pio XII ndash Januaacuteria ndash MG

Seacuterie 6ordm Ano de Escolaridade

Periacuteodo de realizaccedilatildeo Agosto a novembro de 2017

1 Objetivos

Objetivo geral

Desenvolver atividades que contribuam com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos

do 6ordm ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog

como recurso didaacutetico

Objetivos especiacuteficos

Planejar executar e avaliar atividades que contribuam para melhoria dos niacuteveis de escrita

que desenvolvam a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica

Desenvolver habilidades de letramento digital atraveacutes do gecircnero digital blog

Produzir texto multimodal para blog

2 Metodologia

Este plano de intervenccedilatildeo pretende oferecer condiccedilotildees propiacutecias ao desenvolvimento de

accedilotildees efetivas de aprendizagem e assim para atender agraves reais necessidades da educaccedilatildeo no

seacuteculo XXI ferramentas pedagoacutegicas tradicionais (livros canetas papel quadro giz e texto

verbal) devem coexistir com as ferramentas das TDIC (computador internet games viacutedeos

projetor textos multimodais) Dessa forma o professor assumiraacute um papel neste ambiente

bastante diferente daquele de um apresentador de conteuacutedo seraacute um mediador que ajudaraacute os

alunos a desenvolverem habilidades e competecircncias de escrita e a interagirem nos assuntos que

estatildeo sendo explorados Segundo Thornburg (1996) o professor neste cenaacuterio iraacute operar em

175

um sistema baseado em quatro componentes fogueira poccedilo drsquoaacutegua caverna e a vida assim

chamados de ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo

Metaforicamente a fogueira eacute o espaccedilo informacional associado com palestras e outros

meacutetodos de instruccedilatildeo direta numa forma de transmitir conhecimento O poccedilo drsquoaacutegua eacute o espaccedilo

de conversaccedilatildeo ocupado quando os alunos conversam entre si ou com seus professores sobre

um determinado toacutepico para a construccedilatildeo do ensino-aprendizagem A caverna eacute o espaccedilo

conceitual onde ideias satildeo desenvolvidas num momento de introspecccedilatildeo e onde projetos de

estudantes satildeo construiacutedos sob a perspectiva da reflexatildeo sob a anaacutelise do seu proacuteprio

conhecimento A vida eacute o espaccedilo contextual onde as coisas que foram aprendidas satildeo aplicadas

no mundo fora da escola ou seja o conhecimento resulta na praacutetica social fora da escola

Assim para expressar visualmente as ldquoMetaacuteforas do aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a

exemplo de David Thornburg (1996) foi elaborado o esquema a seguir (Figura 01)

representando o processo educacional atual

176

Figura 01 ndash Estrutura do Processo Educativo

Fonte Dados da pesquisa 2017

Diante do exposto os procedimentos metodoloacutegicos e as atividades em busca do

processo de ensino-aprendizagem ocorreratildeo sob esses quatro momentos que chamaremos de

moacutedulos de aprendizagem Estes seratildeo construiacutedos em torno do ldquoconhecer dialogar refletir e

praticarrdquo fornecendo a possibilidade de professores e alunos criarem oportunidades

educacionais significativas Nesse sentido a escolha dessa metodologia pretende desenvolver

atividades que contribuam com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos utilizando o gecircnero

digital blog como recurso didaacutetico ou seja como recurso de leitura diaacutelogo reflexatildeo e

produccedilatildeo textual

INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA

MOacuteDULO 1 Conhecendo

Neste moacutedulo seraacute desenvolvida e compartilhada a discussatildeo sobre as caracteriacutesticas dos

textos compostos por palavras e imagens bem como discutir sobre as contribuiccedilotildees das

PROCESSO EDUCATIVO

FOGUEIRA sala de aula

aula expositiva auditoacuterio palestras

POCcedilO DAacuteGUA

discussotildeesem grupo

CAVERNA biblioteca salas de estudo

laboratoacuterio de informaacutetica

A VIDA praacuteticas na realidade produccedilatildeo escrita

177

Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de

sons palavras imagens e movimentos

Quadro 01ndash PEI ndash Moacutedulo 1 Conhecendo

PLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 1 CONHECENDO

Accedilatildeo

Ativar conhecimentos preacutevios sobre as caracteriacutesticas dos textos

multimodais e em relaccedilatildeo agraves contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da

Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de sons

palavras imagens e movimentos

Objetivo Identificar as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem e familiarizar-se com o

ambiente digital

Conhecer e identificar as funccedilotildees do blog como recurso de ensino e sobre as habilidades de letramento em contexto digital

Conhecer diferentes textos multimodais

Metodologia Aula expositiva dialogada e interativa por meio de ferramenta digital

Atividades de conhecimento no laboratoacuterio de informaacutetica da escola

Atividades

1- Exposiccedilatildeo dialogada utilizando ferramenta digital para apresentaccedilatildeo de

slides sobre a proposta de trabalho

Discussatildeo sobre as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem

Apresentaccedilatildeo de diferentes textos multimodais por meio de slides

2- Utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para navegar pela Internet e

assim familiarizar com o ambiente digital

3- Acesso e conhecimento de blogs de diferentes temas e assuntos

Blog ldquoBlog dos jovens leitoresrdquo

httpblogdosjovensleitoresblogspotcombr

Blog Open Page httpwwwopenpagecombr

Blog Galerinha on line

httpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtml

Blog escolar httpec19tagblogspotcombr

Questotildees propostas

Quais satildeo os temas abordados nesses blogs Leia o perfil de

cada um

De qual vocecirc gostou mais Por quecirc

Se vocecirc tivesse um blog sobre o que vocecirc escreveria

Vamos criar um blog para a turma Qual nome teria

4- Criar o blog da turma

178

Recursos

didaacuteticos

Data show computador internet caixa de som

Duraccedilatildeo 8ha

Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo do interesse e participaccedilatildeo dos estudantes durante a

exposiccedilatildeo do conteuacutedo

Os alunos deveratildeo realizar as atividades propostas no laboratoacuterio de informaacutetica e produzir comentaacuterios a respeito do que leem

Fonte Dados da pesquisa 2017

MOacuteDULO 2 Dialogando

Neste segundo momento as atividades propostas ofereceratildeo oportunidades para que o

comportamento do aluno ouvinte e falante torne-se efetivamente objeto de aprendizagem O

aluno teraacute a oportunidade de realizar debates e exposiccedilotildees orais a respeito das atividades

apresentadas em sala de aula Assim o professor coordenaraacute as discussotildees procurando fazer

com que todos os alunos falem e escutem de forma atenciosa e respeitosa Este tipo de atividade

promove a discussatildeo sobre o assunto tratado nos textos apresentados fazendo com que o aluno

ultrapasse o texto e o relacione com o contexto social em que vive ou ateacute mesmo com sua

proacutepria pessoa atendendo agrave perspectiva da leitura multimodal

A partir do desenvolvimento da competecircncia do uso da liacutengua oral e da capacidade de

debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o argumento contraacuterio

mesmo que de forma menos elaborada por se tratar de alunos do 6ordm ano seratildeo propostas

atividades em grupo de leitura interpretaccedilatildeo e escrita

Quadro 02 ndash PEI ndash Moacutedulo II Dialogando

PLANO DE ACcedilAtildeO - MOacuteDULO 2 DIALOGANDO

Accedilatildeo Incentivar a discussatildeo sobre os textos apresentados com o intuito de desenvolver a competecircncia do uso da liacutengua oral e a capacidade de

debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o

argumento contraacuterio

Objetivo Ler textos multimodais

Analisar e discutir as especificidades dos textos multimodais

Produzir textos multimodais

Metodologia

Propor a discussatildeo das perguntas sugeridas a respeito dos recursos

linguiacutesticos utilizados nos textos multimodais previamente

selecionados para o trabalho em grupo

1- Leitura de textos multimodais

2- Discutir em duplas ou trios as questotildees sobre os textos

selecionados

179

Atividades

HQ da Turma da Mocircnica

HQ do Gaturro e Aacutegatha

Charge

Propaganda

3- Produzir em duplas os textos multimodais selecionados

Organograma

Infograacutefico

Mapa

Recursos

didaacuteticos

Data show Computador Internet folhas A4

Duraccedilatildeo 10 ha

Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo do interesse e participaccedilatildeo dos estudantes durante a

exposiccedilatildeo do conteuacutedo e na realizaccedilatildeo das atividades propostas

Fonte Dados da pesquisa 2017

LEITURA DE TEXTOS MULTIMODIAS

Leia os textos e converse com seus colegas e professora sobre as questotildees abaixo

Em relaccedilatildeo agrave HQ da Turma da Mocircnica (Mauriacutecio de Souza)

180

Figura 01 ndash HQ turma da Mocircnica

Fonte Desconhecida

Observe a HQ para responder ao que se pede

1- Vocecirc conhece esses personagens Quem satildeo

2- Por que o Cascatildeo estaacute saltitante O que ele estaacute imaginando Qual era a sua intenccedilatildeo

3- O que aconteceu no 4ordm e 5ordm quadrinhos

4- Por que Cascatildeo saiu correndo

5- O humor da histoacuteria foi construiacutedo a partir de quais fatos

6- No texto haacute palavras Vocecirc conseguiu ler essa HQ mesmo sem palavras Por quecirc

181

Em relaccedilatildeo agrave HQ do Gaturro e Aacutegatha

Gaturro e Aacutegatha satildeo personagens de uma seacuterie de tirinhas argentina criada pelo cartunista

Cristian Dzwonik (conhecido como ldquoNikrdquo)

Figura 03 ndash Tira Gaturro e Aacutegatha

Disponiacutevel em lthttpmundogaturroflorestablogspotcombr201204otra-ves-gaturro-y-agathahtmlgt Acesso

em 07 jun 2017

- Observe a tirinha para responder ao que se pede

1- No 1ordm quadrinho o que Aacutegatha estaacute segurando O que estaacute escrito

2- Vocecirc sabe o que significa esta palavra Ela pertence agrave Liacutengua Portuguesa ou estrangeira

Onde encontramos essas palavras com frequecircncia

3- Agora que vocecirc sabe o significado o que Aacutegatha quis dizer ao Gaturro

4- Qual eacute a reaccedilatildeo de Gaturro O que ele estaacute segurando

5- O que estaacute escrito Qual eacute o significado

6- O que aconteceu no 3ordm e 4ordm quadrinhos O significado da palavra alterou ao ser invertido

182

Em relaccedilatildeo agrave charge

Figura 04 ndash Charge Igualdade Justiccedila

Disponiacutevel em lthttpprofwladimirblogspotcombr201405charge-igualdade-nao-significa-justicahtmlgt

Acesso em 07 jun 2017

- Observe a charge para responder ao que se pede

1- O que eacute igualdade

2- O que eacute justiccedila

3- O que vocecirc vecirc na imagem

4- O que vocecirc entende por ldquoIgualdade natildeo eacute justiccedilardquo

5- O que foi preciso fazer para haver justiccedila

6- Vocecirc jaacute foi tratado de forma desigual ou injusta

183

Em relaccedilatildeo agrave propaganda

Figura 05 ndash Propaganda

Disponiacutevel em lthttpjulianaportuguesfeevaleblogspotcombr201111anuncio-da-lactahtmlgt Acesso em 07

jun 2017

- Observe a propaganda para responder ao que se pede

1- A finalidade da propaganda eacute vender um produto Qual eacute o produto anunciado

2- Quais satildeo os cinco motivos para ficar de boca aberta ou fechada

3- O que significa a expressatildeo ldquoPra deixar vocecirc de boca abertardquo

4- Em que outros contextos podemos ficar de boca aberta

184

Em relaccedilatildeo ao Organograma

Figura 06 ndash Organograma

Disponiacutevel em lthttpssitesgooglecomsiteescolamunicipalpadrecahistoria-da-escolaorganogramagt Acesso

em 09 ago 2017

1 Criar um organograma

Segundo Ribeiro (2016) o organograma eacute uma representaccedilatildeo bastante comum em nossa

sociedade e mostra representaccedilotildees hieraacuterquicas estruturas organizacionais etc

Como sugestatildeo os alunos deveratildeo criar um organograma familiar ou um organograma escolar

185

Em relaccedilatildeo ao Infograacutefico

Figura 07 ndash Infograacutefico

Disponiacutevel em lthttpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtmlgt Acesso em 09 ago

2017

2 Criar um infograacutefico

Os infograacuteficos satildeo textos multimodais por excelecircncia pois seu planejamento envolve palavras

e imagens em um leiaute e por ser um gecircnero que circula amplamente em jornais e revistas

impressos digitais e na TV nas previsotildees de tempo nas explicaccedilotildees e nas demonstraccedilotildees de

causa e efeito (RIBEIRO 2016)

Os alunos deveratildeo criar um infograacutefico de uma receita escolhida pela dupla

186

Em relaccedilatildeo ao Mapa

Figura 08 ndash Mapa escolar

Disponiacutevel em lthttprbeadditionptnp4mapasid=1503523gt Acesso em 09 ago 2017

3 Criar um mapa

Mapas satildeo representaccedilotildees graacuteficas em escalas menores e podem representar regiotildees territoacuterios

ou qualquer extensatildeo da superfiacutecie da Terra Criar um mapa da sua escola

MOacuteDULO 3 Refletindo

Nesse moacutedulo propotildee-se a interlocuccedilatildeo entre diferentes textos para que o aluno possa

analisar de forma reflexiva diferentes abordagens de um mesmo assunto ou toacutepico tanto no

que se refere a distintas percepccedilotildees da nossa cultura ou sociedade quanto para poder observar

questionar e analisar atraveacutes da comparaccedilatildeo ou confronto do que dizem os diferentes textos ao

resolver atividades de leitura interpretaccedilatildeo e escrita Isso faz com que o aluno perceba

intuitivamente seu conhecimento e faccedila checagem do seu proacuteprio aprendizado

187

Quadro 03 ndash PEI ndash Moacutedulo III RefletindoPLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 3

REFLETINDO

Accedilatildeo

Contribuir com o processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento por meio de

atividades que estimulem o desenvolvimento da linguagem oral e escrita em

situaccedilotildees de anaacutelise e reflexatildeo sobre as especificidades dos textos

multimodais e assim melhorar os niacuteveis de escrita dos alunos

Objetivos Aprofundar e refletir sobre os conhecimentos da escrita que desenvolvam

a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica

Refletir e identificar as funccedilotildees do blog como recurso didaacutetico e sobre as

habilidades de letramento em contexto digital

Produzir comentaacuterios a respeito do que lecirc

Metodologia Estudo individual e atividades praacuteticas no laboratoacuterio de informaacutetica da

escola e em sala de aula

Atividades Atividades de escrita 1- Torne o branco impuro

2- Vamos de carona nesta viagem

3- Agrave maneira dos antigos

4- Tempo de falar

5- Vamos vender o fedex

6- Pausa para criar

7- Jogo Corrida das letras

8- Nuvem de palavras

Postar atividades e comentaacuterios no blog da turma

Recursos

didaacuteticos

Data show computador internet celular folhas A4 brancas ou coloridas

laacutepis laacutepis de cor canetas coloridas borracha entre outros materiais

escolares

Duraccedilatildeo 21 ha

Avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo das atividades previstas para esse moacutedulo seraacute contiacutenua e visa agrave

melhoria da aprendizagem aleacutem disso busca observar como os alunos estatildeo

aprendendo e o que deve ser feito para melhorar Assim os alunos teratildeo

atendimento individual procurando sanar as dificuldades especiacuteficas de cada

um Dessa forma teratildeo a oportunidade de desenvolver as atividades refletir

sobre sua produccedilatildeo tirar suas duacutevidas e progredir

Fonte Dados da pesquisa 2017

188

ATIVIDADES SELECIONADAS

1- Siga as instruccedilotildees A primeira parte eacute de descontraccedilatildeo Vocecirc deve viajar no papel Eacute o

momento de liberdade Pegue uma folha de papel em branco pegue uma caneta laacutepis laacutepis

de cor giz de cera o material que desejar Antes de utilizaacute-los observe a sua folha natildeo a

amasse trate-a com carinho Escreva sem doer Escreva sem medo Agora laacutepis e papel satildeo

companheiros no papel em branco escreva desenhe pinte rabisque Faccedila qualquer coisa mas

natildeo deixe o branco puro Agora guarde-a na sua pasta de atividades Ela eacute sua Ningueacutem vai ler

sem a sua autorizaccedilatildeo

2- Vamos escrever palavras iniciadas pelas letras A D G T B H V I R S P J As letras

satildeo aleatoacuterias O nuacutemero de palavras natildeo deve ultrapassar 10 e nem ser inferior a 5 De posse

do vocabulaacuterio vamos brincar Inicialmente fazendo algumas combinaccedilotildees Exemplo O

palhaccedilo A brinca com o T e o maacutegico faz G virar H assim seraacute substituiacutedo A por uma palavra

do vocabulaacuterio iniciado A T iniciado por T e assim por diante Depois de feita essa brincadeira

com as palavras vamos brincar com as frases abaixo

a- Clara gosta de A + B e Carlos ama T amo R mas natildeo amo I nem V

b- A+ J pois T+ D

c- S e G falaram ou vocecirc fica com H ou vai com P Ou fica com J ou natildeo fica com T

3- Agora vamos usar mais palavras coletadas em cada frase Lembre-se o nuacutemero de frases e

as combinaccedilotildees satildeo aleatoacuterias Vocecirc pode inventar outras combinaccedilotildees e alterar o nuacutemero de

frases Entretanto recomendamos que natildeo ultrapassem 10 frases para que vocecirc natildeo se canse

Depois leia as suas frases em voz alta Assim a atividade torna-se dinacircmica e alegre

CAUSALIDADE H+ J+ R+P + (PORQUE) +A +H tudo certo mas A+D +J estaacute muito

esquisito natildeo eacute R

CONDICIONALIDADE J+ B+ A + (SE AMAR) + B +J +H + pode quebrar

FINALIDADE P + B + I + G + (A FIM DE) + A+ B+ certo

MODALIDADE T+ A + V+ (SEM QUE) + P + V + I + legal

OUTRAS

- A frase eacute PP + H + R + e a palavra eacute + J + H + A + e a histoacuteria

- O pensamento voa em T + B + S + por isso penso em P e em H mas estou mesmo em V + D

+ P + e sonho com G

4- Agora temos dezenas de palavras e algumas frases Chegou a hora do texto Vamos por

etapas

1 ATIVIDADE TORNE O BRANCO IMPURO

189

a Organize as frases que vocecirc fez num texto Num corpo orgacircnico Por exemplo

Clara gosta de aboacutebora bamba e Carlos ama ternura amo amo ruela mas natildeo amo ironia nem

vagem Ananaacutes jovem pois teteacuteia dedo Abra teu amor e jogo pois

b Leia em voz alta o texto

c Vamos mexer no texto Vocecirc pode eliminar palavras eou acrescentar palavras eou

inverter a ordem Exemplo

Clara gosta de aboacutebora e de Carlos Abre o jogo e o amor quando come aboacuteboras e ananaacutes

Vagem bomba e ironia satildeo jovens atletas pois

Ou

Clara gosta de vagem e ama Carlos com ternura Segundo ela o jovem Carlos eacute uma teteacuteia e

ela escolhe o seu amor a dedo O amor eacute jogo e ironia qual aboacutebora e ananaacutes pois

d Troque o texto com o colega e peccedila uma criacutetica

e Passe-o a limpo e guarde-o

1- Antes de viajarmos um novo texto brincaremos inicialmente com o visual das palavras

Uma palavra pode ser escrita (desenhada) de vaacuterias maneiras Observe

Figura 09 ndash Palavras desenhadas

Fonte Claver 1994 p 33

2 ATIVIDADE VAMOS DE CARONA NESTA VIAGEM

190

Agora vocecirc Sugerimos montanha carneiro vegetal peluacutecia aacutervore corpo horror escada

telefone etc Esta eacute uma maneira de desmascarar as palavras e talvez de possuiacute-las

2- Veja como Luiacutes Silva personagem do livro Anguacutestia de Graciliano Ramos brincava com

as palavras

Em duas horas escrevo uma palavra Marina Depois aproveitando as letras deste nome arranjo

coisas absurdas ar mar rima arma ira amar Uns vinte nomes

Vamos na onda do personagem vamos re-arranjar as palavras Sugerimos maravilha sapato

marmita aacutervore etc Exemplo sapato ndash ato sapo pato topa tapa copa

3- Continuemos brincando com as palavras Daremos a elas um significado que vai aleacutem de sua

significaccedilatildeo de dicionaacuterio Vamos procurar revelar sua face outra explorando todas as suas

potencialidades Essas palavras revelaratildeo toda sua sensibilidade diante do mundo e da vida

Haacute palavras que satildeo grandes pela proacutepria natureza ndash eacute o caso da grafia de paralelepiacutepedo Outras

satildeo grandes pelo que representam Temos a palavra ceacuteu que graficamente eacute pequena mas eacute

enorme em sua significaccedilatildeo

A partir dessas consideraccedilotildees escreva duas palavras ou mais para cada um dos vocaacutebulos

relacionados frios quentes amarelas nervosas gordas pequenas gostosas pobres leves

alegres fofas perigosas vermelhas coloridas delicadas bonitas pesadas engraccediladas novas

4- Agora vocecirc deve estar mais solto leve descontraiacutedo e pronto para tocar para frente

O exerciacutecio que segue eacute muito parecido com o que fizemos antes Dada uma palavra procure

escrever outras que tenham alguma relaccedilatildeo com ela Exemplo O amarelo pode relacionar com

as seguintes palavras cor primavera frio medo hepatite sol ovo

Vamos laacute Eis as palavras paisagem felicidade hipopoacutetamo caminho vermelho voar nuvens

morangos coraccedilatildeo soacutelido horizonte liberdade viagem

Os temas das redaccedilotildees eram (e satildeo ainda) mais ou menos as seguintes A Paacutetria Minhas

feacuterias O que eu fiz ontem Meu animal favorito Uma festa O dia do iacutendio Meu primeiro dia

de aula A famiacutelia Minha professora 13 de maio A casa mal-assombrada

3 ATIVIDADE Agrave MANEIRA DOS ANTIGOS

191

Agrave maneira dos antigos daremos alguns temas e situaccedilotildees Procure utilizar as dicas

anteriores ou seja invente palavras reverbere peccedila opiniatildeo refaccedila o texto etc A forma

(poema conto crocircnica etc) fica a seu criteacuterio

Para sua maior comodidade vamos aos fatos e situaccedilotildees como por exemplo

a) Trecircs ratos famintos estatildeo presos num quarto hermeticamente fechado

Situaccedilotildees

Acham uma saiacuteda

Aparece um super-rato para salvaacute-los

Se devoram

(Em tempo os ratos se chamam Augustus Nicodemus e Cornelius)

b) Um sonacircmbulo eacute acordado em pleno dia no meio de uma rua movimentada e se

descobre nu

Situaccedilotildees

Vai preso por natildeo saber explicar a situaccedilatildeo

Ningueacutem repara em sua atitude

Eacute fotografado e convidado para trabalhar na TV

c) Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com uma mosquita de nome

Joana para as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca

Situaccedilotildees

Ele morre

Joana fica sabendo do acontecido e se suicida

Geraldo toma a piacutelula anti-pega-mosca e consegue se safar

Joana arruma outro namorado

d) A histoacuteria de Romeu e Julieta

Situaccedilotildees

Julieta fica sabendo do final da histoacuteria e fala pro Shakespeare ldquoQual eacuterdquo

Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira

Shakespeare fica gostando de Julieta e soacute mata o Romeu

e) Em uma galeria de arte dentre os vaacuterios quadros haacute dois bem proacuteximos Em um

deles haacute trecircs gatos e no outro um aquaacuterio

Situaccedilotildees

Os gatos resolvem comer os peixes

Os peixes se transformam em tubarotildees e devoram os gatos

192

Os gatos e os peixes fazem uma guerra de fome contra a pintura moderna e

morrem

O pintor do aquaacuterio pinta de branco o quadro dos gatos

f) Uma carroccedila estaacute diante de um sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento

enorme Quando o sinal abre o burro empaca

Situaccedilotildees

Todos os carros buzinam ao mesmo tempo

O carroceiro deixa a carroccedila e sai correndo

O burro sai da carroccedila e daacute um coice nos carros

Um dos motoristas conversa com o burro no ouvido e este sai de fininho

Vocecirc escolhe um dos fatos Caso queira misturar os fatos e as situaccedilotildees teremos sem duacutevida

um texto pelo menos inusitado

Vamos trabalhar mas antes eacute bom atentar para o seguinte natildeo existe nenhuma narraccedilatildeo que

natildeo responda agraves questotildees DE QUEM SE TRATA DE QUE SE TRATA ONDE SE PASSA

POR QUEcirc COMO QUANDO

Ainda

Agente ndash ator ou atores

O fato ndash a accedilatildeo propriamente dita

O tempo ndash eacutepoca

O lugar ndash meio ambiente

As causas ndash origem motivo

As consequecircncias ndash os resultados

Os meios ndash pessoas ou coisas que concorrem ou interferem na accedilatildeo

O modo ndash os aspectos atraveacutes dos quais se desenrola a accedilatildeo

Este eacute o caminho O cineasta quando faz um filme tem em matildeos um roteiro Por que natildeo o

redator Vamos laacute

1- Escolha o tem (ou temas)

2- Tente traccedilar um roteiro para seu texto respondendo agraves questotildees DE QUEM SE

TRATA DE QUE SE TRATA etc ou indicando o agente o fato o tempo etc

3- Depois de concluiacutedo o texto passe a limpo e guarde-o

193

Leiamos algumas maacuteximas ou aforismos ou picles como queiram Satildeo pequenas frases que

colocam o leitor em reflexatildeo Ou fazem com que o leitor mude seu modo de pensar Jaacute se notou

que o ditado popular eacute radical Ele encerra uma verdade eterna Eacute perigoso por isso Eacute comum

se ouvir ldquoDize-me com quem andas que eu te direi quem eacutesrdquo E um gaiato respondeu ldquoE o

que Judas fazia com Jesus Cristordquo Vamos fazer como que esse gaiato desestruturar os ditados

as frases feitas as frases congeladas ldquoLiberdade eacute uma calccedila velha azul e desbotadardquo

Tentaremos criar algumas maacuteximas ou picles Agora alguns exemplos retirados das Maacuteximas

da Tia Zulmira de Stanislaw Ponte Preta

Entre as trecircs coisas melhores desta vida comer estaacute em segundo e dormir em terceiro

Enquanto houver mandioca a farinha estaacute garantida

A poliacutetica tem esta desvantagem de vez em quando o sujeito vai preso em nome da

liberdade

O amor eacute eterno noacutes eacute que estamos sempre a transferi-lo para outra reparticcedilatildeo

Malandro prevenido dorme de botina

As trecircs coisas mais perigosas que eu conheccedilo satildeo limpar arma de fogo mulher do

vizinho e croquete do botequim

Quem tem medo de mandinga natildeo desmancha despacho

Mulher e livro emprestou volta estragado

Mais vale um fileacute em casa do que um boi no accedilougue

As coisas que mais contribuem para avacalhar a dignidade de um homem satildeo bofetatildeo

de mulher tombo de bunda no chatildeo e dor de barriga

Mosquito sabido morde primeiro e faz o zunido depois

Em Reflexotildees sem dor Millocircr Fernandes condensa a verdade tambeacutem em pequenas frases por

exemplo

Um paiacutes soacute tem verdadeira liberdade de expressatildeo quando um homem pode dizer em

puacuteblico bem alto tudo o que lhe vem agrave cabeccedila ao bater o martelo no dedo

O pobre trabalha para comer O rico trabalha para comer fora

O silecircncio eacute de prata tempo eacute dinheiro mas nem tudo que reluz eacute ouro

Queridinho eacute o nome de solteiro do marido

Sansatildeo sim eacute que era um espetaacuteculo Quando acabou seu show a casa veio abaixo

4 ATIVIDADE Tempo de falar

194

Uma coisa eacute definitiva quem se curva diante dos opressores mostra o traseiro aos

oprimidos

Amor com amor se pega

Natildeo somos a imagem de Deus Somos apenas a sua autocriacutetica

Pensar ndash eis um verbo reflexivo

Agora eacute a vez de Maacuterio da Silva Brito que criou o desaforismo Aforismo eacute a arte de condensar

a verdade numa sentenccedila iluminada

Amai-vos uns agraves outras

Ofiacutecio de bombeiro eacute fogo

Sereia ndash mulher de ex-cama

Ai que saudade que tenho da Aurora da minha vida

Quem daacute aos pobres empresta a Deus Pela escassez das esmolas parece que Deus

anda de creacutedito baixo

2- Agora eacute a sua vez Daremos uma seacuterie de proveacuterbios e esperamos que vocecirc interfira neles

mudando o seu sentido como no exemplo que se segue ldquoQuem cedo madruga fica com sono

o dia inteirordquo ou ldquomuitos seratildeo os chamados e poucos os atendidosrdquo Isso eacute da Biacuteblia ou da

Telefocircnica

a) Quem cala consente

b) Em terra de cego quem tem um olho eacute rei

c) Mais vale um paacutessaro na matildeo do que dois voando

d) Aacutegua mole em pedra dura tanto bate ateacute que fura

e) Pimenta nos olhos dos outros eacute refresco

f) Catildeo que ladra natildeo morde

3- Depois de concluiacutedos passe-os a limpo e guarde-os

As companhias de cigarro nunca vendem nicotina mal-estar mal-cheiro poluiccedilatildeo etc Vendem

status social sauacutede vigor fiacutesico sucesso etc

Ronald Claver

5 ATIVIDADE VAMOS VENDER O FEDEX

195

A partir dessa consideraccedilatildeo levantemos alguns toacutepicos de que a arte da propaganda se utiliza

Os recursos de linguagem poeacutetica ndash repeticcedilotildees de consoantes e vogais rimas

comparaccedilotildees metaacuteforas e conotaccedilotildees

Pag Pouco

Se eacute Bayer eacute bom

Melhoral melhoral eacute melhor e natildeo faz mal

Tomou Doril a dor sumiu

Pense Forte pense Ford

Uma linguagem apelativa que explora as ansiedades vaidades frustraccedilotildees do

consumidor influi de modo decisivo no comportamento e postura do homem comum e

fantasiosamente camufla as frustraccedilotildees da realidade

Quem fuma Minister sabe o quer E vocecirc

Ao sucesso com Hollywood

No Brasil toda mulher tem Charm

Associaccedilotildees arbitraacuterias do siacutembolo com o simbolizado

Mulher pelada com automoacutevel

Status social com cigarro

Vigor fiacutesico com remeacutedio

A linguagem popular atraveacutes da exploraccedilatildeo dos ditos populares proveacuterbios giacuterias etc

Dize-me o que lecircs e te direi quem eacutes ndash Veja

Ponha algumas pedras no caminho da sua sede ndash Antaacuterctica

Quem tem outro carro anda com o Fusca atraacutes da orelha

O propagandista sabe que uma boa imagem vale por mil palavras Daiacute o requinte visual

das propagandas Sabe tambeacutem que a propaganda subliminar explora de modo consciente as

zonas obscuras do inconsciente Por isso lanccedila mensagens em determinados momentos e em

196

certa regularidade Desse modo ficou famosa a ldquopipocardquo que aparecia num cantinho da tela

durante a exibiccedilatildeo de um filme Terminada a fita os expectadores tomaram de assalto o carrinho

do pipoqueiro Sabe tambeacutem da teacutecnica do merchandising que consiste em aproveitar uma cena

comum para veicular seu produto Essa teacutecnica eacute muito usada em novelas de televisatildeo

Exemplo Cena de bar ndash pessoas sentadas agrave mesa tomando determinada cerveja ou refrigerante

1- Vamos trabalhar com PROPAGANDA Procure algumas em jornais revistas livros out-

doors televisatildeo etc Selecione-as

2- Agora que vocecirc conhece alguma coisa sobre propaganda analise algumas conhecidas Veja

a distribuiccedilatildeo de cores a colocaccedilatildeo das palavras o uso das formas etc

3- Chegou a sua hora Convenccedila o proacuteximo de que seu produto eacute a melhor coisa do mundo Use

todos os recursos e venda entatildeo um desses produtos a lua a vida o fedex (um produto

desconhecido do puacuteblico) sua sala de aula seu otimismo sua imaginaccedilatildeo um lugar ao sol

4- Releia seus textos Leia-os para algueacutem Eles convencem Vendem

5- Se necessaacuterio reescreva trechos ou o texto

5- Passe a limpo e guarde-a

1- Seguem-se alguns quadrinhos Escreva nos balotildees aquilo que o desenho lhe sugere

2- Haacute outros que tecircm soacute balotildees Invente o desenho mas a sua maneira sem se preocupar com o

traccedilo

3- Invente seu quadrinho Faccedila como nos textos recorte costure cole escreva desenhe

redesenhe reescreva mostre ao colega

6 ATIVIDADE PAUSA PARA CRIAR

197

Figura 10 ndash Quadrinhos

Fonte Claver 1994 p 58

198

Figura 11 ndash Quadrinhos

Fonte Claver 1994 p 59

199

Figura 12 ndash Quadrinhos

Fonte Claver 1994 p 61

200

Cada jogador se representa no tabuleiro por um piatildeo sobre a inicial do seu nome O

primeiro a jogar lanccedila um dado e deve avanccedilar seu piatildeo tantas casas quantas indicou o dado

Para permanecer nesta casa deve dizer ou escrever uma palavra que comece com a letra que

aiacute estaacute Se natildeo conseguir retrocede uma casa e diz ou escreve uma palavra que comece por esta

nova letra Se natildeo conseguir retrocede sucessivamente ateacute voltar de onde saiu Ganha o jogo

aquele que primeiro tiver percorrido todo o trajeto atingindo pela segunda vez sua letra inicial

Figura 13 ndash Tabuleiro do jogo Corrida nas letras

Fonte Elaborado pela pesquisadora com base em Grossi 1990 p 142

ATIVIDADE A CORRIDA NAS LETRAS

201

MOacuteDULO 4 Praticando

Nesse moacutedulo desenvolveremos atividades que proporcionem a praacutetica dos

conhecimentos em escrita por meio da produccedilatildeo de textos compostos por imagens e palavras

a partir de situaccedilotildees dadas utilizando ferramentas da tecnologia (computador internet textos

multimodais)

Quadro 04 ndash PEI ndash Moacutedulo IV Praticando

PLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 4 PRATICANDO

Accedilatildeo Por em praacutetica os conhecimentos em escrita

Objetivos

Produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo comunicativa ao interlocutor e ao

suporte de circulaccedilatildeo

Metodologia Produccedilatildeo escrita e publicaccedilatildeo no blog da turma

Atividades Produccedilatildeo escrita individual a partir de uma situaccedilatildeo dada

Recursos

didaacuteticos

Data show computador internet celular folhas A4 brancas ou

coloridas laacutepis laacutepis de cor canetas coloridas borracha entre outros

materiais escolares

Duraccedilatildeo 14 ha

Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo sistemaacutetica da participaccedilatildeo dos alunos na realizaccedilatildeo das atividades propostas

Produccedilatildeo escrita para publicaccedilatildeo no blog da turma Fonte Dados da pesquisa 2017

202

APEcircNDICE D ndash Atividade Final de Escrita ndash AFE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula

Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira

Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade

Local Escola Estadual Pio XII ndash Disciplina Liacutengua Portuguesa

Atividade Diagnoacutestica Final ndash Data __________2017

Aluno (a)_____________________________________________________________

Sinopse

Natildeo eacute faacutecil ser crianccedila E ningueacutem sabe disso melhor do que

Greg Heffley que se vecirc mergulhado no ensino fundamental onde

fracotes subdesenvolvidos dividem os corredores com garotos que satildeo

mais altos mais malvados e jaacute se barbeiam Em ldquoDiaacuterio de um bananardquo

o autor e ilustrador Jeff Kinney nos apresenta um heroacutei improvaacutevel

Como Greg diz em seu diaacuterio ldquoSoacute natildeo espere que eu seja todo Querido

diaacuterio isso Querido diaacuterio aquilordquo

Fonte Saraiva Editora Disponiacutevel emlthttpwwwsaraivacombrdiario-de-um-

banana-vol-1-2574894html gt Acesso em 29 abr 2017

O livro conta o dia-a-dia de Greg Heffley que decide deixar registrado em um caderno

natildeo diaacuterio como gosta de dizer as suas aventuras de Halloween (dia das bruxas) na escola em

casa com seus dois irmatildeos Manny (o bebecirc) e Rodrick (o rockeiro)

Greg leva uma vida normal adora jogar videogame e sonha o tempo todo em ser famoso

em qualquer cargo mesmo que seja como seguranccedila da escola

Leia a primeira paacutegina e confira um pouquinho da vida de Greg em o Diaacuterio de um

Banana

203

Figura 14 ndash p 1 de Diaacuterio de um Banana

Fonte Kinney 2008 p 1

Figura 15 ndash p 1 de Diaacuterio de um Banana

Fonte Kinney 2008 p 1

Imagine que vocecirc acaba de ganhar um diaacuterio muito bonito no qual vocecirc poderaacute registrar

suas histoacuterias de alegria e de tristeza suas conquistas e suas perdas e todos os outros

pensamentos Vamos laacute

204

Registre nesta paacutegina de blog um dia da sua vida (atividades encontros pessoas

sentimentos desejos medos saudades escola nossas atividades no laboratoacuterio de informaacutetica

entre tantas outras coisas que vocecirc desejar)

Figura 16 ndash Blog 6ordm Ano JF

Fonte Dados da pesquisa

205

206

3 CRONOGRAMA

Agosto

Setembro Outubro Novembro

MOacuteDULO I

X

MOacuteDULO II

X

MOacuteDULO III

X

MOacuteDULO IV

X X

REFEREcircNCIAS

CAGLIARI Luiz Carlos Alfabetizaccedilatildeo e linguiacutestica 8 ed Satildeo Paulo Scipione 1995

CLAVER Ronald Escrever sem doer oficina de redaccedilatildeo Belo Horizonte Editora UFMG

1992

FURNARI Eva Felpo Filva Satildeo Paulo Moderna 2006 (Coleccedilatildeo girassol)

GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo 3 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1990

KINNEY Jeff Diaacuterio de um banana Trad Antocircnio de Macedo Soares Cotia Vergara amp Riba

Editoras 2008

LEMLE Miriam Guia teoacuterico do alfabetizador 6 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

RIBEIRO Ana Elisa Textos Multimodais leitura e produccedilatildeo Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial

2016

Page 5: GÊNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS: novas práticas

Letramento eacute fenocircmeno plural historicamente e

contemporaneamente diferentes letramentos ao longo

do tempo diferentes letramentos no nosso tempo

(SOARES 2002 p156)

AGRADECIMENTOS

A Deus pela proteccedilatildeo e pelas becircnccedilatildeos de cada dia

Agrave mamatildee pelo exemplo de vida e amor incondicional

Agraves minhas irmatildes Fabriacutesia Fabiacuteola e Isabela pelo afeto e pelo apoio

Aos meus cunhados e sobrinhos pela atenccedilatildeo na etapa final

Agrave Juacutelia e Liacutevia minhas queridas filhas pelo amor e pela solidariedade

Ao meu esposo Wagner pela atenccedilatildeo carinho paciecircncia e compreensatildeo nas horas de ausecircncia

Agrave professora Faacutebia Magali Santos Vieira pelo aceite em me orientar pelo positivismo pela

alegria pela competecircncia e por seus esclarecimentos e auxiacutelio indispensaacuteveis ao desenvolvimento

desta minha formaccedilatildeo

Aos professores do Programa de Mestrado Profissional em Letras pelas contribuiccedilotildees e

competecircncia dada em cada disciplina

Agraves professoras da banca de qualificaccedilatildeo e defesa Profordf Drordf Geisa Magela Veloso Profordf Drordf

Maria Aparecida Colares Mendes e Profordf Drordf Maria Jacy Veloso Maia pelas consideraacuteveis

contribuiccedilotildees ao aprimoramento do meu trabalho Agrave Profordf Drordf Telma Borges pela atenccedilatildeo e

dedicaccedilatildeo nas leituras minuciosas do meu texto

Aos meus colegas do ProfLetras turma 2015 em especial agrave Jucinete companheira de viagem

pelas conversas trocas de saberes e amizade

Agrave Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais e a Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de

Januaacuteria pelo afastamento concedido Agrave CAPES pelo auxiacutelio financeiro agrave Universidade Federal

do Rio Grande do Norte ndash UFRN pela coordenaccedilatildeo do Mestrado Profissional em Letras ndash

ProfLetras agrave Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES por possibilitar a seleccedilatildeo

a estrutura o planejamento e a organizaccedilatildeo para que o ProfLetras fosse implementado em nossa

regiatildeo

Aos meus alunos do 6ordm ano pela contribuiccedilatildeo dada a esta pesquisa

Agrave direccedilatildeo da Escola Estadual Pio XII agrave equipe pedagoacutegica e aos professores pela colaboraccedilatildeo

Agraves minhas amigas Amanda Alessandra Dorinha Diva e a todas do ldquoParquinhordquo pela vibraccedilatildeo positiva em cada conquista minha

A todos muito obrigada

RESUMO

O presente trabalho pretende apresentar os resultados de uma pesquisa que teve como objetivo

identificar e analisar as dificuldades de alfabetizaccedilatildeo e de letramento de 06 alunos do 6ordm ano do

Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII Januaacuteria ndash MG e contribuir para a elevaccedilatildeo dos

niacuteveis de escrita por meio de atividades utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico de

ensino a partir do desenvolvimento de atividades de escrita gecircneros textuais e digitais

promovendo os multiletramentos Nossa hipoacutetese diretriz foi a de que o trabalho com o gecircnero

digital blog pode contribuir para elevar o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e do letramento dos alunos

envolvidos nesta pesquisa A abordagem metodoloacutegica foi de natureza aplicada classificada como

explicativa Os procedimentos teacutecnicos utilizados foram a pesquisa bibliograacutefica a pesquisa-accedilatildeo

e a pesquisa participante A investigaccedilatildeo bibliograacutefica permitiu a construccedilatildeo de conhecimento

sobre conceitos e teorias sobre o objeto da pesquisa principalmente nos estudos de Soares (2003

2004 2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001

2008) Bakhtin (1999) Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010)

Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) Com o objetivo de coletar informaccedilotildees para anaacutelise

quantitativa dos dados as teacutecnicas de coleta de dados foram observaccedilatildeo questionaacuterio Atividade

Inicial de Escrita ndash AIE Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI e Atividade Final de Escrita ndash

AFE O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI foi desenvolvido a partir da hipoacutetese diretriz

que norteou esta pesquisa baseadas nas metaacuteforas de aprendizagem do seacuteculo XXI de David

Thornburg (1996) por meio de quatro moacutedulos de aprendizagem nomeados de Moacutedulo 1

Conhecendo (Fogueira) Moacutedulo 2 Dialogando (Poccedilo drsquoaacutegua) Moacutedulo 3 Refletindo (Caverna)

e Moacutedulo 4 Praticando (Vida) A anaacutelise dos dados coletados nas atividades AIE PEI e AFE

revelou que foi possiacutevel elevar os niacuteveis de escrita dos alunos que apesar de matriculados no 6ordm

ano do Ensino Fundamental cometiam falhas de escrita de 1ordf e 2ordf ordens conforme definidas por

Lemle (1991) Embora ainda natildeo sejam considerados alfabetizados os sujeitos desta pesquisa

evoluiacuteram na escrita

Palavras-chave Gecircneros digitais Letramento Multiletramentos Produccedilatildeo escrita Blog

ABSTRACT

The present work aims to introduce the results of a research that had as objective - identifying and

analyzing the dificulties of alphabetization and literacy in 6 students of the 6th grade of Escola

Estadual Pio XIIrsquos Elementary School Januaacuteria mdash MG - and contribute with the improvement in

the writing levels throughout activities using the digital genre blog as a didactic resource of

teaching starting with the development of activities of writing textual and digital genres

promoting multiliteracies Our guiding hypothesis was that the work with the digital genre blog

can contribute to improve the alphabetization and literacy levels of the students involved in this

research The methodological approach was of applied nature classified as explanatory The

technical procedures used were bibliographic research the action research and participant

research The bibliographical investigation allowed the construction of knowledge about concepts

and theories regarding the object of the research especially in the studies of Soares (2003 2004

2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes Marcuschi (2001 2008) Bakhtin

(1999) Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi and Xavier (2010) Coscarelli (2016)

and Ribeiro (2016) In order to collect information for the quantitative analysis of the data the

data collection techniques were observation questionnaire Initial Writing Activity - AIE in

Portugese - Educational Intervention Project - PEI in Portuguese - and Final Writting Activity

(AFE in Portuguese) The Educational Intervention Project - PEI was developed based on the

guiding hypothesis that drove this research in the learning metaphors of the XXI century by David

Thornburg (1996) through four learning modules named Module 1 Meeting (Fire) Module 2

Dialoging (Water Well) Module 3 Reflecting (Cave) and Module 4 Practicing (Life) The

analysis of the data collected in the AIE PEI and AFE activities revealed that it was possible to

raise the writing levels of the students who although enrolled in the 6th year of elementary school

committed 1st and 2nd orders writing failures as defined by Lemle (1991) Although they are not

yet considered literate the subjects of this research evolved in writing

Keywords Digital genres Literacy Multiliteracies Written production Blog

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Nuvem de palavras 03

Figura 02 - Uma letra representando diferentes sons segundo a posiccedilatildeo 39

Figura 03 - Esferas de atividade social ou de circulaccedilatildeo dos discursos 50

Figura 04 - Estrutura do Processo Educativo 76

Figura 05 - Texto 1 - AIE 85

Figura 06 - Texto 2 - AIE 85

Figura 07 - Texto 3 - AIE 86

Figura 08 - Texto 4 - AIE 86

Figura 09 - Texto 5 - AIE 87

Figura 10 - Texto 6 - AIE 88

Figura 11 - Texto 7 - AIE 88

Figura 12 - Texto 8 - AIE 89

Figura 13 - Texto 9 - AIE 90

Figura 14 - Texto 10 - AIE 90

Figura 15 - Alunos na sala de multimeios da Escola Estadual Pio XII 102

Figura 16 - Captura de tela do slide 3 - Apresentaccedilatildeo em Power point 102

Figura 17 - Captura de tela do slide 9 - Apresentaccedilatildeo em Power point 103

Figura 18 - Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica 105

Figura 19 - Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF 106

Figura 20 - Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF 107

Figura 21 - Captura de tela do Moacutedulo II - Dialogando Blog do 6ordm ano JF 108

Figura 22 - HQ Turma da Mocircnica 110

Figura 23 - Charge Igualdade natildeo significa justiccedila 112

Figura 24 - Organograma da E E Pio XII corrigido 115

Figura 25 - Organograma da E E Pio XII sem correccedilatildeo 116

Figura 26 - Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica pesquisando receitas 118

Figura 27 - Infograacutefico de receita de bolo de chocolate 118

Figura 28 - Infograacutefico de receita de pastel frito 119

Figura 29 - Infograacutefico de receita de suco de maracujaacute 119

Figura 30 - Mapa da E E Pio XII 121

Figura 31 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade - Produccedilatildeo na biblioteca 122

Figura 32 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 1 124

Figura 33 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Sem correccedilatildeo ortograacutefica 126

Figura 34 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Texto corrigido 127

Figura 35 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Sem correccedilatildeo ortograacutefica 128

Figura 36 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - Texto corrigido 129

Figura 37 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 130

Figura 38 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 130

Figura 39 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 3 - sem correccedilatildeo ortograacutefica 131

Figura 1 - Moacutedulo III - Refletindo - Atividade 3 - Texto corrigido132

Figura 41 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 134

Figura 42 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 134

Figura 43 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 134

Figura 44 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 135

Figura 45 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 135

Figura 46 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 135

Figura 47 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 136

Figura 48 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 136

Figura 49 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 136

Figura 50 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica 137

Figura 51 - Produccedilatildeo da Atividade 5 - Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica 137

Figura 52 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 7 137

Figura 53 - Moacutedulo III - Refletindo Atividade 8 139

Figura 54 - Comentaacuterios postados no blog da turma141

Figura 55 - Captura de tela - Estatiacutesticas da visatildeo geral 142

Figura 56 - Captura de tela - Estatiacutesticas de puacuteblico 144

Figura 57 - Texto 1 - AFE 145

Figura 58 - Texto 2 - AFE 148

Figura 59 - Texto 3 - AFE 148

Figura 60 - Texto 4 - AFE 149

Figura 61 - Texto 5 - AFE 149

Figura 62 - Montagem de textos das AIE e AFE 150

Figura 63 - Montagem de textos das AIE e AFE152

Figura 64 - Montagem de textos das AIE e AFE154

LISTA DE QUADROS GRAacuteFICOS E TABELAS

Quadro 01 - Teorias do Desenvolvimento Humano de Piaget 31

Quadro 02 - Correspondecircncias biuniacutevocas entre fonemas e letras 37

Quadro 03 - Falhas de escrita 40

Quadro 04 - Categorizaccedilatildeo - Erros de escrita 42

Quadro 05 - Mudanccedilas sobre os letramentos 48

Quadro 06 - Gecircneros textuais emergentes na miacutedia virtual e seus equivalentes em gecircneros

preexistentes 58

Quadro 07 - Formatos da comunicaccedilatildeo por computador conforme os participantes e o tempo 59

Quadro 08 - Paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blog 61

Quadro 09 - Alunos informantes do 6ordm ano JF 68

Quadro 10 - Etapas do percurso metodoloacutegico 72

Quadro 11 - Alunos informantes do 6ordm Ano JF (2017) 84

Quadro 12 - Falhas de escrita 97

Quadro 13 - Fases da sequecircncia narrativa 127

Quadro 14 - Ocorrecircncias de ldquofalhaserrosrdquo de escrita baseados em Lemle (1991) e Cagliari

(1995) (2017) 138

Quadro 15 - Alunos informantes da Atividade de Escrita Final (2017) 147

Quadro 16 - Relaccedilotildees entre sons da fala e letras do alfabeto (2017) 154

Quadro 17 - Falhas de escrita da AIE e da AFE 155

GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Percentual de alunos por niacuteveis de proficiecircncia e padratildeo de desempenho 15

Graacutefico 02 - Questionaacuterio - Pergunta 01 78

Graacutefico 03 - Questionaacuterio - Pergunta 02 78

Graacutefico 04 - Questionaacuterio - Pergunta 03 79

Graacutefico 05 - Questionaacuterio - Pergunta 04 79

Graacutefico 06 - Questionaacuterio - Pergunta 05 80

TABELAS

Tabela 01 - Dados dos alunos selecionados para o PEI 69

Tabela 02 - Categorizaccedilatildeo dos ldquoerrosrdquo de escrita - Cagliari (1995) 91

Tabela 03 - Avaliaccedilatildeo das falhas de escrita - Lemle (1991) 96

Tabela 04 - Cronograma de aulas aplicadas no PEI (2017) 101

Tabela 05 - Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Final de Escrita - AFE 150

Tabela 06 - Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Inicial de Escrita - AIE 151

Tabela 07 - Anaacutelise comparativa da AIE e da AFE (2017) 152

Tabela 08 - Falhas de escrita - AIE e AFE 156

LISTA DE SIGLAS

AIE - Atividade Inicial de Escrita

AFE - Atividade Final de Escrita

EEPXII - Escola Estadual Pio XII

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira

PNE - Plano Nacional de Educaccedilatildeo

PROFLETRAS - Programa de Mestrado Profissional em Letras

PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia

PEI - Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo

PIP - Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica

SEE - Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo

TDIC ndash Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

UNIMONTES - Universidade Estadual de Montes Claros

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 13

CAPIacuteTULO I ndash ENSINO DE LIacuteNGUA PORTUGUESA 19

11 Concepccedilatildeo de linguagem 19

12 Alfabetizaccedilatildeo e letramento 24

121 O processo de alfabetizaccedilatildeo 26

1211 As multifacetas da alfabetizaccedilatildeo 27

12111 Faceta psicoloacutegica 28

12112 Faceta psicolinguiacutestica 32

121121 Niacutevel preacute-silaacutebico 33

121122 Niacutevel silaacutebico 34

121123 Niacutevel alfabeacutetico 35

12113 Faceta linguiacutestica 36

121131 Categorizaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita 41

12114 Faceta sociolinguiacutestica 43

CAPIacuteTULO II ndash GEcircNEROS DIGITAIS (MULTI) LETRAMENTOS 45

21 Letramento 45

22 Multimodalidade e Multiletramentos no ensino de Liacutengua Portuguesa 47

23 Texto (multimodal) e ensino 52

24 A internet e os gecircneros digitais no contexto escolar 56

25 Blog ndash gecircnero digital como tecnologia de ensino 61

CAPIacuteTULO III ndash PERCURSO METODOLOacuteGICO 66

31 Contexto da pesquisa 66

32 Sujeitos 68

33 Procedimentos da pesquisa 70

34 Teacutecnica de coleta de dados 73

CAPIacuteTULO IV ndash GEcircNERO DIGITAL BLOG E (MULTI)LETRAMENTOS

intervenccedilotildees pedagoacutegicas em sala de aula 77

41 Questionaacuterio 77

42 Atividade Inicial de Escrita - AIE 81

43 Plano Educacional de Intervenccedilatildeo - PEI 100

431 Moacutedulo I - Conhecendo 101

432 Moacutedulo II - Dialogando 107

433 Moacutedulo III - Refletindo 121

434 Moacutedulo IV - Praticando 145

4341 Atividade Final de Escrita 146

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 158

REFEREcircNCIAS 162

APEcircNDICES 167

13

INTRODUCcedilAtildeO

Para isso existem as escolas natildeo para ensinar as respostas mas para ensinar as

perguntas As respostas nos permitem andar sobre a terra firme Mas somente as

perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido (ALVES 2000 p 78)

O trabalho com o ensino da Liacutengua Portuguesa estaacute intimamente ligado ao

conhecimento de estudos e teorias sobre linguagem Eacute por meio de conhecimentos teoacutericos

especiacuteficos sobre os processos que envolvem a forma como os estudantes se comunicam que

pretendemos investigar refletindo sobre o processo de ensino-aprendizagem sobretudo para

poder intervir em questotildees de dificuldade de aprendizagem em leitura e escrita

Nesse sentido este trabalho denominado ldquoGecircneros Digitais e Multiletramentos novas

praacuteticas pedagoacutegicas em sala de aulardquo busca pesquisar e realizar intervenccedilatildeo em sala de aula

para compreender as dificuldades do ensino e da aprendizagem de Liacutengua Portuguesa na Escola

Estadual Pio II em Januaacuteria ndash MG A investigaccedilatildeo foi realizada atraveacutes do Programa de

Mestrado Profissional em Letras (ProfLetras) Trata-se de um curso de Poacutes-graduaccedilatildeo stricto

sensu oferecido em rede nacional destinado aos docentes que pertencem ao quadro permanente

da rede puacuteblica de ensino e que atuam especificamente no Ensino Fundamental II da Educaccedilatildeo

Baacutesica Esse programa tem por objetivo aprofundar os conhecimentos dos docentes que atuam

na educaccedilatildeo baacutesica e consequentemente melhorar as condiccedilotildees de oferta desse niacutevel de

educaccedilatildeo A dissertaccedilatildeo encaixa-se na aacuterea de concentraccedilatildeo ldquoLinguagens e letramentosrdquo na

linha de pesquisa ldquoLeitura e produccedilatildeo textual Diversidade Social e Praacuteticas Docentesrdquo

sublinha ldquoPraacuteticas de letramento e multimodalidaderdquo

Por letramento entende-se de acordo com Magda Soares (2014 p 44) ldquo[] o estado

ou condiccedilatildeo de quem se envolve nas numerosas e variadas praacuteticas sociais de leitura e escritardquo

Compreendemos entatildeo que letramento vai aleacutem do saber ler e escrever como explicita a autora

ao expor que o indiviacuteduo letrado eacute ldquo[] aquele que usa socialmente a leitura e a escrita pratica

a leitura e a escrita responde adequadamente agraves demandas sociais de leitura e de escritardquo

(SOARES 2014 p 40)

Nessa perspectiva o trabalho sobre as praacuteticas de letramento extrapola o conhecimento

construiacutedo em sala de aula pois envolve uma praacutetica social Considerando a afirmaccedilatildeo de Rojo

(2012 p 37) de que ldquo[] a presenccedila das tecnologias digitais em nossa cultura contemporacircnea

cria novas possibilidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo esta pesquisa envolve tambeacutem as

praacuteticas de letramento digital associadas agraves multimodalidades tatildeo importantes para a promoccedilatildeo

dos multiletramentos

14

Entendemos que trabalhar com praacuteticas de letramento e de multimodalidade corrobora

com a construccedilatildeo de conhecimentos habilidades e competecircncias linguiacutesticas a serem adquiridas

pelos alunos da Educaccedilatildeo Baacutesica principalmente no atendimento aos discentes que apresentam

niacuteveis de alfabetizaccedilatildeo e de letramento muito abaixo do esperado para o ano em que estudam

conforme define a resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 21971 de 26 de

outubro de 2012 (MINAS GERAIS 2012) por envolver capacidades de leitura escrita e

compreensatildeo de textos

Ressalta-se que a equipe pedagoacutegica a gestatildeo escolar e os professores da Escola

Estadual Pio XII localizada na cidade de Januaacuteria ndash MG sempre buscaram estrateacutegias que

pudessem melhorar a qualidade da aprendizagem dos alunos aleacutem de participarem de

programas e capacitaccedilotildees ofertadas pela Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo de Minas Gerais ndash

SEE MG como o Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ndash PIP2 e o Programa Institucional de

Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia ndash PIBID3 atraveacutes da Universidade Estadual de Montes Claros

(UNIMONTES) No entanto de acordo com os dados da supervisatildeo pedagoacutegica da Escola

Estadual Pio XII localizada no municiacutepio de Januaacuteria estado de Minas Gerais e desta

pesquisadora como professora de Liacutengua Portuguesa especificamente no atendimento agraves

turmas de 6ordm ano do Ensino Fundamental dessa escola no periacuteodo de 2013 a 2016 observou-

se por meio de avaliaccedilatildeo diagnoacutestica inicial realizada sempre no iniacutecio de cada ano

preconizada pela resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 2197 de 26 de

outubro de 2012 (MINAS GERAIS 2012) no artigo 69 inciso II sobre a avaliaccedilatildeo da

1 A resoluccedilatildeo da Secretaria de Estado de Educaccedilatildeo ndash SEE nordm 2197 de 26 de outubro de 2012 estabelece as

diretrizes para organizaccedilatildeo e funcionamento do ensino nas Escolas Estaduais de Educaccedilatildeo Baacutesica de Minas Gerais

em consonacircncia com a legislaccedilatildeo nacional e estadual de educaccedilatildeo No Art 62 o Ciclo Complementar tem como

objetivo consolidar a alfabetizaccedilatildeo e ampliar o letramento Aleacutem disso a resoluccedilatildeo propotildee que as atividades

pedagoacutegicas devem ser organizadas de modo a assegurar que todos os alunos ao final de cada ano tenham pleno

domiacutenio da leitura e da escrita RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 Disponiacutevel em

lthttpcrveducacaomggovbrgt Acesso em 15 jan 2017

2 O Programa de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica (PIP) foi criado em 2007 Nessa iniciativa desenvolvida pela Secretaria

de Estado de Educaccedilatildeo (SEE) o analista educacional realiza um trabalho permanente de visitas e acompanhamento

das escolas O objetivo eacute orientar o plano pedagoacutegico quando necessaacuterio propor estrateacutegias de intervenccedilatildeo apoiar

pedagogicamente os professores e alunos e assim garantir a qualidade do ensino Disponiacutevel em

lthttpswwweducacaomggovbrleisstory5929-programa-de-intervencao-pedagogica-realiza-primeira-

formacao-continuada-de-2014-da-equipe-do-orgao-centralgt Acesso em 16 jan 2017

3 O Programa Institucional de Bolsa de Iniciaccedilatildeo agrave Docecircncia ndash PIBID eacute uma iniciativa para o aperfeiccediloamento e a

valorizaccedilatildeo da formaccedilatildeo de professores para a educaccedilatildeo baacutesica O programa concede bolsas a alunos de

licenciatura participantes de projetos de iniciaccedilatildeo agrave docecircncia desenvolvidos por Instituiccedilotildees de Educaccedilatildeo Superior

(IES) em parceria com escolas de educaccedilatildeo baacutesica da rede puacuteblica de ensino Os projetos devem promover a

inserccedilatildeo dos estudantes no contexto das escolas puacuteblicas desde o iniacutecio da sua formaccedilatildeo acadecircmica para que

desenvolvam atividades didaacutetico-pedagoacutegicas sob orientaccedilatildeo de um docente da licenciatura e de um professor da

escola Disponiacutevel em lthttpwwwcapesgovbreducacao-basicacapespibidpibidgt Acesso em 16 jan 2017

15

aprendizagem um consideraacutevel nuacutemero de alunos que apresentava um padratildeo de desempenho

em leitura e escrita abaixo do esperado Em 2013 15 em 2014 1775 em 2015 2475 e

em 2016 1564 de alunos natildeo apresentavam uma aprendizagem considerada adequada ao ano

em que estudavam como pode ser visualizado no Graacutefico 01 logo abaixo o qual apresenta o

resultado das avaliaccedilotildees diagnoacutesticas de Liacutengua Portuguesa nas turmas de 6ordm ano da referida

escola em diferentes periacuteodos letivos

Graacutefico 01 ndash Percentual de alunos do 6ordm ano da EEPio XII por niacuteveis de proficiecircncia e

padratildeo de desempenho entre os anos de 2013 a 2016

Fonte Elaboraccedilatildeo da autora com base nos dados da pesquisa (2017)

De acordo com o Relatoacuterio de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de

Educaccedilatildeo ndash PNE biecircnio 2014-2016 (BRASIL 2016)4 mais de metade dos alunos do 3ordm ano do

Ensino Fundamental estaacute nos dois niacuteveis mais baixos de alfabetizaccedilatildeo Os dados mostram que

eacute primordial elevar os niacuteveis de proficiecircncia em Leitura Escrita e Matemaacutetica dos mais de 22

dos estudantes que mesmo depois de trecircs anos dedicados ao periacuteodo escolar de alfabetizaccedilatildeo e

letramento inicial natildeo conseguiram desenvolver habilidades elementares nessa dimensatildeo para

continuidade plena das aprendizagens ao longo da vida Da mesma forma vem acontecendo

com nossos alunos conforme exposto no graacutefico 1 que mesmo depois de cinco anos dedicados

ao processo de alfabetizaccedilatildeo tambeacutem natildeo conseguiram desenvolver as referidas habilidades

Diante desses dados percebemos a necessidade de pesquisar e de realizar uma

intervenccedilatildeo pedagoacutegica com o intuito de superar eou minimizar essa situaccedilatildeo escolar

4 O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Aniacutesio Teixeira (INEP) divulgou o Relatoacuterio do 1ordm

Ciclo de Monitoramento das Metas do PNE Biecircnio 2014-2016 Esse documento traz informaccedilotildees descritivas das

seacuteries histoacutericas e anaacutelises acerca das tendecircncias apresentadas pelos indicadores selecionados pelo Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo (MEC) e pelo INEP Foram consideradas como fontes oficiais de dados atualizados para o estudo a

PNAD de 2012 o Censo Demograacutefico de 2010 o Censo da Educaccedilatildeo Baacutesica de 2013 o Censo da Educaccedilatildeo

Superior de 2012 e as informaccedilotildees sobre poacutes-graduaccedilatildeo da Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel

Superior (Capes) de 2013 Disponiacutevel em lt

httpdownloadinepgovbroutras_acoesestudos_pne2016relatorio_pne_2014_a_2016pdfgt Acesso em 16 de

jan de 2017

0 20 40 60 80

2013

2014

2015

2016

Recomendado

Intermediaacuterio

Baixo

16

possibilitando a esses alunos melhor transiccedilatildeo do Ciclo Intermediaacuterio ao Ciclo da

Consolidaccedilatildeo5 que finaliza o Ensino Fundamental II da Educaccedilatildeo Baacutesica

Logo esta pesquisa pretendeu como objetivo geral identificar e analisar as dificuldades

de alfabetizaccedilatildeo e letramento de uma turma do 6ordm ano do Ensino Fundamental da Escola

Estadual Pio XII e contribuir com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita por meio de atividades de

intervenccedilatildeo que visassem desenvolver essa habilidade utilizando os gecircneros digitais

Para tanto definimos como objetivos especiacuteficos a) investigar a natureza das

dificuldades identificadas b) realizar estudos sobre os conceitos de alfabetizaccedilatildeo letramento

multimodalidade e gecircneros digitais c) pesquisar estrateacutegias de ensino para desenvolver as

habilidades de letramento atraveacutes dos gecircneros digitais d) elaborar executar e avaliar um

Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI que contribua para a superaccedilatildeo das dificuldades

identificadas

A presenccedila das tecnologias digitais no cotidiano dos sujeitos pesquisados contribuiu

para a construccedilatildeo da hipoacutetese diretriz que orientou esta pesquisa qual seja a de que o trabalho

com o gecircnero digital blog poderia contribuir para a elevaccedilatildeo do niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e

letramento dos alunos envolvidos na pesquisa

O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI consistiu em atividades que

desenvolvessem habilidades de escrita utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico

de ensino-aprendizagem por entendecirc-lo como uma ferramenta que permite aos alunos a

aquisiccedilatildeo de habilidades de escrita de forma atrativa e motivadora pois envolve novos modos

de comunicaccedilatildeo que articulam imagens sons interatividade animaccedilatildeo ou seja muito daquilo

que a crianccedila e o adolescente gostam e pelo que se interessam Com isso foi criado o blog da

turma que funcionou tambeacutem como suporte para as produccedilotildees escritas dos alunos realizadas

por meio de recursos impressos e digitais

Em relaccedilatildeo ao percurso metodoloacutegico quanto agrave natureza esta pesquisa foi classificada

como aplicada pois aleacutem de conhecer o objeto em estudo teve como intenccedilatildeo intervir na

realidade e contribuir para superaccedilatildeo das dificuldades identificadas Quanto aos objetivos foi

classificada como explicativa pois procurou registrar analisar e interpretar os dados coletados

a fim de obter o conhecimento da realidade Ainda no desenvolvimento deste estudo utilizamos

a pesquisa bibliograacutefica como procedimento para construccedilatildeo do conhecimento sobre conceitos

5 Art 28 O Ensino Fundamental com duraccedilatildeo de nove anos estrutura-se em 4 (quatro) ciclos de escolaridade

considerados como blocos pedagoacutegicos sequenciais I - Ciclo da Alfabetizaccedilatildeo com a duraccedilatildeo de 3 (trecircs) anos de

escolaridade 1ordm 2ordm e 3ordm ano II - Ciclo Complementar com a duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 4ordm e 5ordm ano

III - Ciclo Intermediaacuterio com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 6ordm e 7ordm ano IV - Ciclo da Consolidaccedilatildeo

com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 8ordm e 9ordm ano RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO

DE 2012 Disponiacutevel em lthttpcrveducacaomggovbrgt Acesso em 15 jan 2017

17

termos e teorias que deram sustentaccedilatildeo cientiacutefica ao nosso trabalho a pesquisa accedilatildeo que partiu

para a praacutetica aproximando cada vez mais a pesquisa cientiacutefica da realidade educacional

vivenciada pelo professor-pesquisador numa perspectiva pedagoacutegica autocircnoma e significativa

pois foi na praacutetica que estabelecemos relaccedilotildees de ensino-aprendizagem e a pesquisa

participante com a qual esta pesquisadora esteve envolvida e comprometida durante a

investigaccedilatildeo cientiacutefica

Assim a coleta de dados foi realizada por meio da observaccedilatildeo que consistiu no trabalho

de campo daquilo que observamos na escola das interaccedilotildees entre os envolvidos na pesquisa e

dos aspectos relevantes para ela aleacutem do questionaacuterio (APEcircNDICE A) que foi respondido

pelos alunos da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B) que buscou identificar e

classificar os niacuteveis de escrita dos alunos Esses instrumentos foram elaborados com base nos

postulados de Lemle (1991) ao estabelecer que o aluno comete falhas de escrita de primeira

segunda e terceira ordem quando natildeo supera as complicaccedilotildees do sistema de escrita e natildeo

compreende as arbitrariedades desse mesmo sistema e nas contribuiccedilotildees teoacutericas de Cagliari

(1995) que estabelece que o aluno necessita compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-fonoloacutegica e

relacionaacute-la aos elementos graacuteficos da escrita

Depois foi elaborado executado e avaliado um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash

PEI (APEcircNDICE C) que teve como objetivo geral elevar os niacuteveis de escrita dos alunos do 6ordm

ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog como

recurso didaacutetico

Por fim a Atividade Final de Escrita ndash AFE (APEcircNDICE D) consistiu em colocar em

praacutetica os conhecimentos relativos agrave escrita os quais foram desenvolvidos ao longo dos

moacutedulos de aprendizagem do PEI Assim o objetivo foi produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo

comunicativa ao interlocutor e ao suporte de circulaccedilatildeo

Nesse estudo o universo de investigaccedilatildeo era composto inicialmente por 25 alunos

matriculados poreacutem apenas 20 (vinte) foram frequentes Assim no decorrer da coleta e anaacutelise

dos dados fomos verificando os diferentes niacuteveis de escrita desses 20 (vinte) alunos e a partir

do desenvolvimento da Atividade Inicial de Escrita - AIE esses alunos foram classificados e

selecionados por niacutevel de escrita de acordo com Lemle (1991) sendo selecionados somente 8

(oito) alunos Contudo apenas 6 (seis) aceitaram participar das atividades propostas

Conveacutem ressaltar que a autora considera alfabetrizados os alunos que cometem apenas

falhas de 3ordf ordem Logo a amostra de investigaccedilatildeo foi constituiacuteda por 6 (seis) alunos do 6ordm

ano JF da Escola Estadual Pio XII por cometeram falhas de escrita de primeira e segunda

ordens

18

Este trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma no capiacutetulo I denominado

ldquoEnsino de Liacutengua Portuguesardquo discutimos os conceitos de linguagem alfabetizaccedilatildeo e

letramento com base em Soares (2003 2004 2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi

(1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001 2008) e Bakhtin (1999) no capiacutetulo II intitulado

ldquoGecircneros digitais (multi)letramentosrdquo a discussatildeo se organiza com base em Rojo (2009 2012)

Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010) Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) no

capiacutetulo III denominado ldquoPercurso Metodoloacutegicordquo apresentamos os procedimentos

metodoloacutegicos utilizados em nosso estudo no capiacutetulo IV intitulado ldquoGecircnero digital blog e

(multi)letramentos intervenccedilotildees pedagoacutegicas em sala de aulardquo analisamos os resultados

constatados e para facilitar a visualizaccedilatildeo de algumas das atividades postadas no blog

utilizamos o recurso QR Code6 Nas ldquoConsideraccedilotildees Finaisrdquo satildeo apresentadas as conclusotildees do

nosso estudo Por fim apresentam-se as referecircncias e apecircndices

6 QR Code ndash Coacutedigo QR (sigla do inglecircs Quick Response) eacute um coacutedigo de barras bidimensional que pode ser

facilmente escaneado usando telefones celulares equipados com cacircmera Esse coacutedigo eacute convertido em texto

(interativo) um endereccedilo URI um nuacutemero de telefone uma localizaccedilatildeo georreferenciada um e-mail um contato

um SMS ou um blog O QR Code faz o redirecionamento ao endereccedilo URI Para utilizar e visualizar o recurso QR

Code o leitor deve baixar o aplicativo Disponiacutevel em lt httpsptwikipediaorgwikiCC3B3digo_QRgt

Acesso em 30 de jan de 2018

19

CAPIacuteTULO I

ENSINO DE LIacuteNGUA PORTUGUESA

Natildeo pode haver praacutetica eficiente sem fundamentaccedilatildeo num corpo de princiacutepios

teoacutericos soacutelidos e objetivos Natildeo tenho duacutevidas se nossa praacutetica de professores se

afasta do ideal eacute porque nos falta entre outras muitas condiccedilotildees um aprofundamento

teoacuterico acerca de como funciona o fenocircmeno da linguagem humana (ANTUNES

2003 p 40)

As praacuteticas de letramento multiletramento e o uso dos gecircneros digitais integrados ao

cotidiano escolar podem promover a leitura e a escrita aleacutem de favorecer a construccedilatildeo de

comportamentos linguiacutesticos que possibilitam ao aluno utilizar a liacutengua com eficiecircncia no seu

cotidiano Considerando que os processos de aprendizagem na escola satildeo construiacutedos por meio

do estudo e das interaccedilotildees entre as pessoas envolvidas neste capiacutetulo procura-se discutir alguns

fenocircmenos da linguagem humana bem como conceitos sobre alfabetizaccedilatildeo letramento

multiletramentos e gecircneros digitais

Para fundamentar este capiacutetulo tomamos por base os estudos de Soares (2003 2004

2014) Lemle (1991) Cagliari (1995) Grossi (1990) Antunes (2003) Marcuschi (2001 2008)

e Bakhtin (1999) Tambeacutem nos fundamentamos nos documentos oficiais que norteiam o ensino

da Liacutengua Portuguesa tais como os Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN terceiro e

quarto ciclos do Ensino Fundamental (BRASIL 1998) e o Curriacuteculo Baacutesico Comum ndash CBC

Liacutengua Portuguesa ndash Fundamental ndash 6ordm ao 9ordm anos implantado pela Secretaria de Estado de

Educaccedilatildeo de Minas Gerais (MINAS GERAIS 2014) Esses documentos apresentam conteuacutedos

elaborados com base no desenvolvimento das competecircncias linguiacutesticas dos alunos numa

perspectiva interacionista da linguagem

11 Concepccedilatildeo de linguagem

Para dar iniacutecio agrave discussatildeo sobre linguagem eacute preciso diferenciar o que eacute liacutengua e

linguagem Segundo Marcuschi (2008 p 16) ldquo[] a linguagem eacute vista como um conjunto de

atividades e uma forma de accedilatildeo []rdquo entendida como a capacidade que os seres humanos tecircm

de comunicaccedilatildeo de produccedilatildeo e desenvolvimento do pensamento Jaacute a liacutengua eacute um sistema

organizado de elementos (fala siacutembolos sons e gestos) que possibilitam a comunicaccedilatildeo e eacute

principalmente uma atividade sociointerativa como esclarece o autor ldquo[] natildeo se deixa de

admitir que a liacutengua seja um sistema simboacutelico (ela eacute sistemaacutetica e constitui-se de um conjunto

20

de siacutembolos ordenados) contudo ela eacute tomada como uma atividade sociointerativa

desenvolvida em contextos comunicativos historicamente situadosrdquo (MARCUSCHI 2008 p

61)

Outro aspecto pertinente conforme Petter7 e que se tornou forma-padratildeo de pensar eacute

o fato de que as liacutenguas surgem em sociedade e todas as organizaccedilotildees sociais desenvolvem

sistemas com esse fim Elas podem manifestar-se de forma oral ou gestual como por exemplo

a Liacutengua Brasileira de Sinais (Libras) reconhecida legalmente por meio da Lei nordm

10436200278 e regulamentada pelo Decreto nordm 562620059 Assim no Brasil temos duas

liacutenguas oficiais ndash A Liacutengua Portuguesa e a Libras aleacutem de mais de duzentas liacutenguas faladas em

territoacuterio nacional

De acordo com o Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL10) calcula-se

que mais de 250 liacutenguas sejam faladas no Brasil entre indiacutegenas de imigraccedilatildeo de sinais

crioulas e afro-brasileiras aleacutem do portuguecircs e de suas variedades como satildeo classificadas pelo

Guia de Pesquisa e Documentaccedilatildeo para o INDL11 (IPHAN 2014) Percebemos que esses fatos

satildeo desconhecidos pela maioria da populaccedilatildeo brasileira que acostumou a crer que no Brasil

existe uma uacutenica liacutengua

Apesar de a Liacutengua Portuguesa ser a liacutengua oficial e falada pela maioria das pessoas em

nosso paiacutes ldquo[] existe a possibilidade de realizaccedilatildeo de accedilotildees especiacuteficas para promoccedilatildeo e

valorizaccedilatildeo de suas variedades internas que caracterizam identidades de grupos e processos

histoacutericos especiacuteficos de interesse para a poliacutetica patrimonialrdquo (IPHAN 2014 p 14) Dessa

forma o reconhecimento dessas liacutenguas eacute traduzido como respeito agrave diversidade linguiacutestica agrave

identidade e agrave memoacuteria desses grupos que desejam preservar a liacutengua com a qual se identificam

Com isso compreendemos que a linguagem eacute uma atividade humana e apresenta-se

como forma de accedilatildeo e inserccedilatildeo social cultural e discursiva bem como se realiza historicamente

7 Margarida Maria Taddoni Petter professora de Linguiacutestica da Universidade de Satildeo Paulo (USP) Disponiacutevel em

lthttpsnovaescolaorgbrconteudo257qual-a-diferenca-entre-lingua-e-linguagemgt Acesso em 30 jan 2017

8 Lei nordm 1043620027 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2002L10436htmgt Acesso

em 30 jan 2017

9 Decreto nordm 56262005 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_ato2004-

20062005decretod5626htmgt Acesso em 30 jan 2017

10 Inventaacuterio Nacional da Diversidade Linguiacutestica (INDL) criado como instrumento oficial de identificaccedilatildeo

documentaccedilatildeo reconhecimento e valorizaccedilatildeo das liacutenguas faladas pelos diferentes grupos formadores da sociedade

brasileira Decreto nordm 7387 Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-

20102010DecretoD7387htmgt Acesso em 30 jan 2017

11 Guia de Pesquisa e Documentaccedilatildeo para o INDL ndash Volume 1 pdf Disponiacutevel em lt

httpportaliphangovbruploadsckfinderarquivosGuia20de20Pesquisa20e20DocumentaC3A7

C3A3o20para20o20INDL20-20Volume201pdfgt Acesso em 30 jan 2017

21

fazendo acontecer o que haacute de mais interessante no ser humano a capacidade de comunicar-se

pois eacute parte inerente agrave nossa vida jaacute que eacute pela linguagem que expressamos

compreensivelmente o pensamento seja oral ou escrito

Entretanto entendemos o sistema linguiacutestico como algo complexo pois natildeo eacute possiacutevel

dizer como uma pessoa adquire a linguagem como funciona a mente do ser humano uma vez

que se natildeo se compreende o que se lecirc ou o que se fala natildeo seraacute estabelecida a comunicaccedilatildeo

Sabemos que para estabelecer comunicaccedilatildeo eacute necessaacuterio que haja uma relaccedilatildeo de sentido entre

os interlocutores no curso da interaccedilatildeo e para que isso ocorra eacute necessaacuterio conhecer os sistemas

de linguagem verbal e natildeo-verbal e suas interaccedilotildees sociais e discursivas

Assim acrescenta Bakhtin (1999 p 34) ao dizer que ldquoa consciecircncia soacute se torna

consciecircncia quando se impregna de conteuacutedo ideoloacutegico (semioacutetico) e consequentemente

somente no processo de interaccedilatildeo socialrdquo Eacute no meio social e nas relaccedilotildees de interaccedilatildeo que a

linguagem acontece conforme define o autor

A consciecircncia adquire forma e existecircncia nos signos criados por um grupo organizado

no curso de suas relaccedilotildees sociais Os signos satildeo o alimento da consciecircncia individual

a mateacuteria de seu desenvolvimento e ela reflete sua loacutegica e suas leis A loacutegica da

consciecircncia eacute loacutegica da comunicaccedilatildeo ideoloacutegica da interaccedilatildeo semioacutetica de um grupo

social Se privarmos a consciecircncia de seu contexto semioacutetico e ideoloacutegico natildeo sobra

nada A imagem a palavra o gesto significante etc constituem seu uacutenico abrigo

Fora desse material haacute apenas o ato fisioloacutegico natildeo esclarecido pela consciecircncia

desprovido do sentido que os signos lhe conferem (BAKHTIN 1999 p 135-136)

Com base nisso percebemos que uma das especificidades da linguagem humana eacute a

utilizaccedilatildeo da palavra que eacute universal convencional e flexiacutevel passiacutevel de variaccedilatildeo mudanccedila e

evoluccedilatildeo Eacute pela palavra que se estabelecem relaccedilotildees sociais e discursivas Eacute pela palavra que

se daacute a compreensatildeo e a interpretaccedilatildeo sem negar outras formas de comunicaccedilatildeo

Levando em conta as relaccedilotildees de interaccedilatildeo social e discursiva Bakhtin (1999) enfatiza

a importacircncia da interaccedilatildeo e da cultura histoacuterico-social para a constituiccedilatildeo dos sentidos pelos

indiviacuteduos

Nessa perspectiva a concepccedilatildeo de ensino de Liacutengua Portuguesa adotada nesta pesquisa

estaacute de acordo com o conceito de linguagem que daacute conta de seu funcionamento sob o aspecto

textual-interativo tanto na modalidade oral quanto escrita e com a liacutengua como um conjunto

de praacuteticas enunciativas Para Bakhtin

[a] verdadeira substacircncia da liacutengua natildeo eacute constituiacuteda por um sistema abstrato de

formas linguiacutesticas nem pela enunciaccedilatildeo monoloacutegica isolada nem pelo ato

psicofisioloacutegico de sua produccedilatildeo mas pelo fenocircmeno social da interaccedilatildeo verbal

realizada atraveacutes da enunciaccedilatildeo ou das enunciaccedilotildees A interaccedilatildeo verbal constitui

assim a realidade fundamental da liacutengua (BAKHTIN 1999 p123)

22

A abordagem citada evidencia a concepccedilatildeo de que a ldquo[] liacutengua vive e evolui

historicamente na comunicaccedilatildeo verbal concreta natildeo no sistema linguiacutestico abstrato das formas

da liacutengua (BAKHTIN 1999 p 124) Marcuschi (2008 p 60) corrobora esse conceito expondo

que ldquo[] a liacutengua eacute um conjunto de praacuteticas sociais e cognitivas historicamente situadasrdquo

Sabemos que entre o final do seacuteculo XIX e meados do seacuteculo XX a liacutengua era vista

sob uma perspectiva abstrata e a gramaacutetica sob uma perspectiva idealizada e uniforme

contribuindo assim para a discriminaccedilatildeo linguiacutestica jaacute que essa concepccedilatildeo de liacutengua abstrata

natildeo consegue atender agraves condiccedilotildees de produccedilatildeo e uso social da linguagem vivenciada por todos

os usuaacuterios da Liacutengua Portuguesa

Hoje seacuteculo XXI pretende-se que o ensino de Liacutengua Portuguesa apoie-se na

perspectiva contextualizada Isso implica promover oportunidades de fala de escuta de

reflexatildeo de debate e de anaacutelise sobre a linguagem como atividade social e interativa Embora

essa discussatildeo tenha se iniciado no seacuteculo XX com a criaccedilatildeo dos Paracircmetros Curriculares

Nacionais ndash PCN em 1998 ainda encontramos praacuteticas de ensino descontextualizadas que natildeo

levam em consideraccedilatildeo os aspectos da interaccedilatildeo e da linguagem como atividade social Dessa

forma eacute necessaacuterio que se promovam atividades diaacuterias de leitura e escrita de textos o que

necessariamente inclui gramaacutetica Nesse sentido Antunes acrescenta que

[] a evidecircncia de que as liacutenguas soacute existem para promover a interaccedilatildeo entre as

pessoas nos leva a admitir que somente uma concepccedilatildeo interacionista da linguagem

eminentemente funcional e contextualizada pode de forma ampla e legiacutetima

fundamentar um ensino de liacutengua que seja individual e socialmente produtivo e

relevante (ANTUNES 2003 p 41)

Com base no exposto consideramos a liacutengua como forma de accedilatildeo e de interaccedilatildeo entre

os homens na sociedade que consiste natildeo soacute num intercacircmbio comunicativo mas

principalmente no estabelecimento de trocas afetivas cognitivas e sociais Assim o papel da

escola justifica-se por um ensino sistematizado e por sua socializaccedilatildeo mediante a comunicaccedilatildeo

e as interaccedilotildees adequadas voltadas para o desenvolvimento da autonomia e para a construccedilatildeo

da cidadania dos seus alunos

Dessa forma o enfoque do ensino de Liacutengua Portuguesa seraacute o desenvolvimento de

atividades contextualizadas e significativas que favoreccedilam o atendimento agrave realidade vivencial

dos alunos ao desenvolvimento da praacutetica de leitura e escrita promovendo sempre e cada vez

mais o domiacutenio da liacutengua padratildeo objeto de trabalho da construccedilatildeo linguiacutestica na escola sem

discriminar a variedade linguiacutestica usada pelo aluno Isso natildeo quer dizer que natildeo se devem

23

explorar os aspectos formais do uso da liacutengua De acordo com Antunes (2003) toda liacutengua tem

uma gramaacutetica que reflete os usos da liacutengua Assim o trabalho com a gramaacutetica parte do

princiacutepio do uso e do funcionamento de uma liacutengua Ainda de acordo com Antunes

[a]s pessoas quando falam natildeo tecircm liberdade total de inventar cada uma a seu modo

as palavras que dizem nem tecircm a liberdade irrestrita de colocaacute-las em qualquer lugar

nem de compor de qualquer jeito seus enunciados Falam isso sim todas elas

conforme as regras particulares da gramaacutetica de sua proacutepria liacutengua Isso porque toda

liacutengua tem sua gramaacutetica tem seu conjunto de regras independentemente do prestiacutegio

social ou do niacutevel de desenvolvimento econocircmico e cultural da comunidade em que eacute

falada Quer dizer natildeo existe liacutengua sem gramaacutetica (ANTUNES 2003 p 89)

Nesse sentido entende-se que crianccedilas jovens e adultos falam e se comunicam com

clareza de ideias utilizando a gramaacutetica internalizada que foi construiacuteda ao longo de sua

existecircncia nas diversas praacuteticas enunciativas Mesmo aqueles que nunca tiveram contato com a

escola comunicam-se de forma satisfatoacuteria pois a linguagem natildeo eacute uma atividade meramente

escolar A linguagem eacute uma atividade social e interativa

Dessa maneira destacamos com base nos Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN

(BRASIL 1998) e no Curriacuteculo Baacutesico Comum do Ensino Fundamental ndash CBCEF (SEEMG

2004 2014) que os objetivos do Ensino Fundamental partem do princiacutepio de um ensino de

Liacutengua Portuguesa que se baseia na concepccedilatildeo de linguagem como forma de accedilatildeo como praacutetica

social lugar de interaccedilatildeo e de natureza discursiva Esses documentos observam a variedade

linguiacutestica como a variedade das formas em uso ou seja o objeto de estudo eacute a liacutengua em uso

Isso natildeo quer dizer como mencionado que natildeo se devem explorar os aspectos formais do uso

da liacutengua mas o que se propotildee sobretudo eacute uma reformulaccedilatildeo nas praacuteticas pedagoacutegicas

assumindo uma nova postura e reflexatildeo quanto ao ensino da gramaacutetica para que os alunos

compreendam a funcionalidade dessa gramaacutetica na construccedilatildeo de discursos orais e escritos e

usem adequadamente a liacutengua para falar ouvir ler e escrever textos de forma autocircnoma Nessa

perspectiva segundo os Paracircmetros Curriculares Nacionais ndash PCN

[] a linguagem como atividade discursiva o texto como unidade de ensino e a noccedilatildeo

de gramaacutetica como relativa ao conhecimento que o falante tem de sua linguagem as

atividades curriculares em Liacutengua Portuguesa correspondem principalmente a

atividades discursivas uma praacutetica constante de escuta de textos orais e leitura de

textos escritos e de produccedilatildeo de textos orais e escritos que devem permitir por meio

da anaacutelise e reflexatildeo sobre os muacuteltiplos aspectos envolvidos a expansatildeo e construccedilatildeo

de instrumentos que permitam ao aluno progressivamente ampliar sua competecircncia

discursiva (BRASIL 1998 p 27)

Observamos que a formaccedilatildeo do aluno na condiccedilatildeo de ser social concretiza-se por meio

do uso da Linguagem dentro das variedades do discurso atribuindo-lhe capacidade de eficaz

24

exerciacutecio da cidadania no seu contexto social e domiacutenio da expressatildeo oral e escrita em situaccedilotildees

diversificadas Eacute necessaacuterio que o professor trabalhe assuntos de maneira contextualizada que

estimulem os alunos a participarem a questionarem a opinarem e a refletirem sobre os usos da

liacutengua

Por isso os princiacutepios organizadores dos conteuacutedos de Liacutengua Portuguesa adotam o

movimento USO gt RFLEXAtildeO gt USO e promovem de acordo com os Paracircmetros Curriculares

Nacionais ndash PCN terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental ldquoum movimento

metodoloacutegico de ACcedilAtildeO gt REFLEXAtildeO gt ACcedilAtildeO que incorpora a reflexatildeo agraves atividades

linguiacutesticas do aluno de tal forma que venha a ampliar sua competecircncia discursiva para praacuteticas

de escuta leitura e produccedilatildeo de textosrdquo (BRASIL 1998 p 65)

12 Alfabetizaccedilatildeo e letramento

Para contribuir com a ampliaccedilatildeo da competecircncia discursiva nas praacuteticas de escuta

leitura e produccedilatildeo de textos propostas pelos PCN eacute necessaacuterio discutir sobre os processos de

aprendizagem apropriaccedilatildeo da leitura e da escrita Na busca de respostas para compreender

esses processos eacute preciso ressaltar as contribuiccedilotildees de Magda Soares (1986 2003 2004 2014)

sobre alfabetizaccedilatildeo e letramento

Por muito tempo circulou no ambiente escolar apenas o conceito de analfabeto termo

utilizado para definir aquele que natildeo sabe ler e escrever No entanto Soares (2014) amplia o

entendimento sobre essa condiccedilatildeo do indiviacuteduo expressando-se nos seguintes termos

ldquoO estado ou condiccedilatildeo de analfabetordquo que natildeo eacute apenas o estado ou condiccedilatildeo de quem

natildeo dispotildee da ldquotecnologiardquo do ler e do escrever o analfabeto eacute aquele que natildeo pode

exercer em toda a sua plenitude os seus direitos de cidadatildeo eacute aquele que a sociedade

marginaliza eacute aquele que natildeo tem acesso aos bens culturais de sociedades letradas e

mais que isso grafocecircntricas porque conhecemos bem e haacute muito esse estado de

analfabeto sempre nos foi necessaacuteria uma palavra para designaacute-lo a conhecida e

corrente analfabetismo (SOARES 2014 p 20)

Com base no exposto percebemos que o analfabetismo eacute um problema relevante da

nossa sociedade pois exclui o indiviacuteduo de vaacuterias atividades necessaacuterias agrave praacutetica social da

cidadania Do mesmo modo na escola essa exclusatildeo ainda eacute pior pois os alunos que natildeo

aprendem a ler ainda nos primeiros anos escolares enfrentam a discriminaccedilatildeo o bullying a

indiferenccedila e o consequente fracasso escolar

Cumpre salientar que o insucesso dos alunos ainda eacute visto como fator pessoal ou cultural

por muitos profissionais da educaccedilatildeo e de outras aacutereas de atuaccedilatildeo sem se preocuparem com a

25

falta de poliacuteticas puacuteblicas que atendam agraves reais necessidades da populaccedilatildeo menos privilegiada

e que expotildee as crianccedilas jovens e adultos a condiccedilotildees sociais desfavoraacuteveis Sobre o fracasso

escolar Soares (1986) afirma que soacute pode ser compreendido em uma perspectiva social e criacutetica

agraves ideologias que o atribuem ao aluno

Corroborando a concepccedilatildeo de liacutengua em perspectiva contextualizada entendemos que

o conhecimento e a aprendizagem do sistema de escrita do domiacutenio da leitura e da escrita ou

seja da alfabetizaccedilatildeo eacute uma praacutetica escolar sendo necessaacuterio que a escola crie situaccedilotildees nas

quais essa praacutetica aconteccedila em sala de aula de forma efetiva e sistematizada De acordo com

Soares

[] diante dos precaacuterios resultados que vecircm sendo obtidos entre noacutes na

aprendizagem inicial da liacutengua escrita com seacuterios reflexos ao longo de todo ensino

fundamental parece ser necessaacuterio rever os quadros referenciais e os processos de

ensino que tecircm predominado em nossas salas de aula [] (SOARES 2004 p 15)

Assim devem-se articular conhecimentos e teorias metodoloacutegicas fundamentadas na

ciecircncia a fim de favorecer a aprendizagem e o processo de alfabetizaccedilatildeo com o

desenvolvimento de habilidades e competecircncias de leitura e de escrita envolvendo o letramento

como praacutetica social

No Brasil de acordo com Soares (2004 p14) os conceitos de alfabetizaccedilatildeo e

letramento confundem-se embora esclareccedila que ldquo[] natildeo satildeo independentes mas processos

interdependentes indissociaacuteveis a alfabetizaccedilatildeo desenvolve-se no contexto de e por meio de

praacuteticas sociais de leitura e de escrita isto eacute atraveacutes de atividades de letramento []rdquo Poreacutem

a falta de entendimento e a inadequada fusatildeo desses processos tecircm levado a alfabetizaccedilatildeo a

certo apagamento pois a escola deixou de desenvolver as habilidades de aprendizagem do

sistema de escrita e passou a dar mais ecircnfase agraves praacuteticas sociais de leitura e escrita ndash letramento

Segundo Soares (2004) esse apagamento eacute um dos motivos do fracasso em

alfabetizaccedilatildeo inicial que hoje se verifica nas escolas brasileiras conforme exposto acima

Desse modo compreendemos que eacute necessaacuterio reconhecer as especificidades da alfabetizaccedilatildeo

e do letramento jaacute que a accedilatildeo de saber ler e escrever caminha em direccedilatildeo ao ser capaz de fazer

uso da leitura e da escrita Atualmente percebemos que os dois processos satildeo simultacircneos um

natildeo precede o outro e natildeo haacute possibilidade de escolha sobre qual eacute mais importante visto que

compreendemos que ambos satildeo indispensaacuteveis

Sobre a alfabetizaccedilatildeo e o letramento Soares (2004 p 15) esclarece que embora sejam

interdependentes ldquo[] satildeo processos de natureza fundamentalmente diferentes envolvendo

conhecimentos habilidades e competecircncias especiacuteficos que implicam novas formas de

26

aprendizagem diferenciadas e consequentemente procedimentos diferenciados de ensinordquo

Nesse sentido segundo Soares (2004) os dois processos satildeo complexos e multifacetados

tornando-se necessaacuterio analisar as especificidades de cada processo

As facetas da alfabetizaccedilatildeo envolvem a consciecircncia fonoloacutegica e fonecircmica as

habilidades de codificaccedilatildeo (escrita) e decodificaccedilatildeo (leitura) da liacutengua e o conhecimento e

reconhecimento dos processos de traduccedilatildeo da forma sonora da fala para a forma graacutefica da

escrita

Jaacute as facetas do letramento inserem as crianccedilas na cultura escrita participando de

experiecircncias variadas com a leitura e a escrita conhecendo e interagindo com diferentes tipos

e gecircneros de material escrito que satildeo propriamente da alfabetizaccedilatildeo Portanto Soares (2004)

ressalta que eacute necessaacuterio promover a integraccedilatildeo entre essas duas dimensotildees da aprendizagem

da liacutengua escrita de tal maneira que o letramento entatildeo possa ser entendido como a capacidade

de saber ler e escrever com proficiecircncia sabendo utilizar a leitura e a escrita (alfabetizaccedilatildeo) na

vida moderna como praacutetica social

Com base no exposto eacute necessaacuterio aprofundar a concepccedilatildeo de alfabetizaccedilatildeo e

letramento visto que satildeo processos importantes da leitura e da escrita na escola e na sociedade

121 O processo de alfabetizaccedilatildeo

De acordo com Soares (2014 p 31) ldquoalfabetizaccedilatildeo eacute a accedilatildeo de alfabetizar de tornar

alfabetordquo Alfabetizar eacute tornar o indiviacuteduo capaz de dominar o alfabeto ou seja capaz de ler e

escrever Dessa forma conceituar alfabetizaccedilatildeo parece faacutecil pois eacute um termo de uso comum e

familiar poreacutem apesar de tantas discussotildees e reflexotildees a seu respeito ainda encontramos

muitos problemas de alfabetizaccedilatildeo e do seu entendimento no contexto escolar

Sabemos que o mundo mudou e alguns conceitos e algumas exigecircncias sociais tambeacutem

acompanharam essas mudanccedilas Segundo Soares (2004) o conceito de alfabetizaccedilatildeo passou

por uma progressiva extensatildeo Na deacutecada de 40 o senso demograacutefico declarava que era

alfabetizada a pessoa que soubesse escrever o proacuteprio nome depois como aquela capaz de ler

e escrever um bilhete simples jaacute dando indiacutecios de uma praacutetica de letramento embora simples

Desde a deacutecada de 50 ateacute o momento atual estabeleceu-se uma relaccedilatildeo entre alfabetizaccedilatildeo e

anos de escolarizaccedilatildeo Nesse sentido caracteriza-se o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo funcional da

populaccedilatildeo a partir da capacidade que uma pessoa demonstra ao compreender textos simples

Dessa forma as pessoas alfabetizadas satildeo aquelas capazes de decodificar minimamente as

letras geralmente frases sentenccedilas textos curtos e os nuacutemeros Assim para o senso

27

demograacutefico fica impliacutecito que apoacutes alguns anos escolares a pessoa teraacute adquirido tais

habilidades

Hoje a discussatildeo sobre alfabetizaccedilatildeo estaacute automaticamente ligada ao conceito de

letramento Esses termos estatildeo presentes em nosso discurso e na maioria das vezes satildeo

interpretados como se fossem processos iguais mas sabemos que natildeo e tambeacutem entendemos

que isso natildeo ocorre de forma intencional Por isso Soares (2004) alerta para essa reflexatildeo e

discussatildeo pois o letramento posto nas relaccedilotildees entre as praacuteticas sociais de leitura e de escrita

em detrimento das capacidades de ler e escrever tem levado ao apagamento da alfabetizaccedilatildeo

Nessa perspectiva

A alfabetizaccedilatildeo como processo de aquisiccedilatildeo do sistema convencional de uma escrita

alfabeacutetica e ortograacutefica foi assim de certa forma obscurecida pelo letramento porque

este acabou por frequentemente prevalecer sobre aquela que como consequecircncia

perde sua especificidade (SOARES 2004 p 11)

Com base nisso compreendemos que eacute importante considerar a especificidade da

alfabetizaccedilatildeo pois garante o domiacutenio e a construccedilatildeo de competecircncias e habilidades em leitura

e escrita Poreacutem Soares (2004) adverte que isso natildeo quer dizer que devemos dissociar a

alfabetizaccedilatildeo do processo de letramento Como abordado anteriormente a alfabetizaccedilatildeo e o

letramento satildeo processos interdependentes e indissociaacuteveis

1211 As multifacetas da alfabetizaccedilatildeo

Observamos que questotildees sobre a alfabetizaccedilatildeo e acerca da importacircncia do

conhecimento linguiacutestico para auxiliar e intervir nas situaccedilotildees de ensino-aprendizagem da

leitura e da escrita nos primeiros anos escolares tecircm sido imprescindiacuteveis no contexto escolar

Por isso haacute a necessidade de se reconhecer a especificidade da alfabetizaccedilatildeo entendida como

processo de aquisiccedilatildeo da leitura e da escrita

Como a alfabetizaccedilatildeo eacute um processo multifacetado Soares (2004) aponta as principais

facetas da alfabetizaccedilatildeo psicoloacutegica psicolinguiacutestica linguiacutestica e sociolinguiacutestica

Soares (2004) acrescenta que vaacuterias causas podem influenciar sobre a perda da

escpecificidade do processo de alfabetizaccedilatildeo como de natureza pedagoacutegica o sistema de

28

ciclos12 e a progressatildeo continuada13 que segundo a autora apresentam pontos positivos mas

tecircm sofrido uma diluiccedilatildeo ou uma pretericcedilatildeo de metas e objetivos

E assim como Soares (2004) natildeo iremos nos deter no aprofundamento das relaccedilotildees entre

esses dois aspectos porque a causa dos problemas em aprendizagem inicial de escrita satildeo mais

complexos como veremos a seguir Aleacutem dessas facetas eacute preciso levar em consideraccedilatildeo as

implicaccedilotildees do processo de alfabetizaccedilatildeo e seus condicionantes para a aprendizagem da liacutengua

escrita como fatores sociais econocircmicos poliacuteticos culturais e regionais

12111 Faceta psicoloacutegica

Sabemos que a Psicologia eacute a ciecircncia que trata dos estados e processos mentais do

comportamento do ser humano e de suas interaccedilotildees com um ambiente fiacutesico e social Desse

modo no campo da linguagem e da aprendizagem a faceta psicoloacutegica aborda como os fatores

psicoloacutegicos bioloacutegicos e sociais interferem no desenvolvimento da aprendizagem humana

Eacute notoacuterio destacar que assim como haacute muitos meacutetodos de ensino tambeacutem haacute muitas

teorias de aquisiccedilatildeo da aprendizagem que de uma forma geral podem ser agrupadas em teorias

do condicionamento e teorias cognitivistas Vygotsky elucidou as relaccedilotildees entre aprendizagem

e desenvolvimento cognitivo e Piaget explicou e trabalhou com investigaccedilotildees sobre os

mecanismos que explicam a evoluccedilatildeo do desenvolvimento cognitivo Assim abordaremos o

Interacionismo Soacutecio-histoacuterico de Vygotsky e o Interacionismo Construtivista de Piaget

O Interacionismo formulado por Vygotsky apoia-se na perspectiva sociocultural

segundo a qual o desenvolvimento do comportamento humano e da linguagem humana se daacute

12 Organizaccedilatildeo escolar de acordo com a RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 na qual

o Ensino Fundamental com duraccedilatildeo de nove anos estrutura-se em 4 (quatro) ciclos de escolaridade considerados

como blocos pedagoacutegicos sequenciais I - Ciclo da Alfabetizaccedilatildeo com a duraccedilatildeo de 3 (trecircs) anos de escolaridade

1ordm 2ordm e 3ordm ano II - Ciclo Complementar com a duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 4ordm e 5ordm ano III - Ciclo

Intermediaacuterio com duraccedilatildeo de 2 (dois) anos de escolaridade 6ordm e 7ordm ano IV - Ciclo da Consolidaccedilatildeo com duraccedilatildeo

de 2 (dois) anos de escolaridade 8ordm e 9ordm ano Disponiacutevel em

httpcrveducacaomggovbrsistema_crvbanco_objetos_crv7BD79D0911-31B5-44F6-908F-

98F77FEFE6217D_RESOLUC387C383O20SEE20NC2BA202164pdf Acesso em 01 abril

2018

13 A progressatildeo continuada estaacute prevista na RESOLUCcedilAtildeO SEE Nordm 2197 DE 26 DE OUTUBRO DE 2012 e

dispotildee sobre a avaliaccedilatildeo da aprendizagem dos alunos A progressatildeo continuada com aprendizagem e sem

interrupccedilatildeo nos Ciclos da Alfabetizaccedilatildeo e Complementar estaacute vinculada agrave avaliaccedilatildeo contiacutenua e processual que

permite ao professor acompanhar o desenvolvimento e detectar as dificuldades de aprendizagem apresentadas pelo

aluno no momento em que elas surgem intervindo de imediato com estrateacutegias adequadas para garantir as

aprendizagens baacutesicas Disponiacutevel emlt

httpcrveducacaomggovbrsistema_crvbanco_objetos_crv7BD79D0911-31B5-44F6-908F-

98F77FEFE6217D_RESOLUC387C383O20SEE20NC2BA202164pdfgt Acesso em 01

abril 2018

29

pela interaccedilatildeo com o meio com a vida social e cultural Assim de acordo com Bock (1999)

Vygotsky criou uma teoria psicoloacutegica que estuda o homem seu mundo psiacutequico e sua

capacidade de vida social Dessa forma os princiacutepios baacutesicos dessa teoria satildeo a compreensatildeo

das funccedilotildees superiores do homem em relaccedilatildeo aos animais pelo fato de o homem ter vida social

e cultural por suas funccedilotildees superiores natildeo poderem ser vistas apenas sob a perspectiva da

maturaccedilatildeo de um organismo e sim por seu potencial e capacidades de aprendizagem pela

linguagem e pensamento serem intriacutensecos e terem origem social e pela cultura como parte

integrante do desenvolvimento humano jaacute que participamos de praacuteticas sociais historicamente

constituiacutedas

Desse modo a concepccedilatildeo de homem da Psicologia Soacutecio-histoacuterica segundo Bock

(1999 p 89) pode ser assim sintetizada ldquo[] o homem eacute um ser ativo social e histoacuterico Eacute

essa sua condiccedilatildeo humana O homem constroacutei sua existecircncia a partir de uma accedilatildeo sobre a

realidade que tem por objetivo satisfazer suas necessidadesrdquo Nesse sentido eacute a partir das

interaccedilotildees e das atividades (trabalho) das quais os indiviacuteduos participam em seu meio social e

cultural que vai sendo construiacuteda a aprendizagem Eacute nas experiecircncias e nas relaccedilotildees de trabalho

que o homem se torna ativo e social

Com base no exposto a construccedilatildeo da aprendizagem e seu desenvolvimento estatildeo

intrinsecamente ligados agrave linguagem e ao pensamento Por isso estatildeo inter-relacionados desde

o primeiro dia de vida da crianccedila

A respeito da construccedilatildeo da aprendizagem na escola Vygotsky apresenta sob a

perspectiva do potencial e da capacidade de aprendizagem das crianccedilas a zona de

desenvolvimento proximal e a preacute-histoacuteria da linguagem escrita

Entendemos que o aprendizado e o desenvolvimento das crianccedilas iniciam muito antes

de elas comeccedilarem a frequentar a escola pois jaacute vivenciaram diversas situaccedilotildees de

aprendizagem no seu cotidiano familiar e social Dessa forma a zona de desenvolvimento

proximal foi formulada por Vygotsky e representa

[] a distacircncia entre o niacutevel de desenvolvimento real que se costuma determinar

atraveacutes da soluccedilatildeo independente de problemas e o niacutevel de desenvolvimento

potencial determinado atraveacutes da soluccedilatildeo de problemas sob a orientaccedilatildeo de um adulto

ou em colaboraccedilatildeo com companheiros mais capazes (VYGOTSKY 1991 p 58)

Assim precisamos levar em consideraccedilatildeo os aspectos que na zona de desenvolvimento

proximal satildeo definidos como aqueles que ainda natildeo amadureceram mas que estatildeo em processo

de maturaccedilatildeo Dessa maneira por meio de um diagnoacutestico podemos delinear o

desenvolvimento real da aprendizagem que a crianccedila jaacute trouxe de experiecircncias adquiridas e

30

tambeacutem delinear e planejar a praacutetica docente para que a crianccedila tenha acesso tanto ao que jaacute

foi atingido quanto ao que estaacute em processo de maturaccedilatildeo

Segundo Vygotsky ldquoo niacutevel de desenvolvimento real caracteriza o desenvolvimento

mental retrospectivamente enquanto a zona de desenvolvimento proximal caracteriza o

desenvolvimento mental prospectivamenterdquo (VYGOTSKY 1991 p 58) Logo do real para o

proximal estamos em processos contiacutenuos de aprendizagem e de desenvolvimento

Outro ponto que podemos destacar de acordo com Vygotsky eacute a preacute-histoacuteria da

linguagem escrita

Ateacute agora a escrita ocupou um lugar muito estreito na praacutetica escolar em relaccedilatildeo ao

papel fundamental que ela desempenha no desenvolvimento cultural da crianccedila

Ensina-se as crianccedilas a desenhar letras e construir palavras com elas mas natildeo se

ensina a linguagem escrita Enfatiza-se de tal forma a mecacircnica de ler o que estaacute

escrito que se acaba obscurecendo a linguagem escrita como tal (VYGOTSKY 1991

p 70)

De fato a escrita na praacutetica escolar por vezes assume o caraacuteter mecacircnico e a escola

preocupa-se apenas com a atividade motora mais como treino do que com a proacutepria

significaccedilatildeo Ancorados em Vygotsky (1991) salientamos a necessidade de se dar atenccedilatildeo

especial agrave linguagem escrita vista como um sistema particular de siacutembolos e signos ldquoisso

significa que a linguagem escrita eacute constituiacuteda por um sistema de signos que designam os sons

e as palavras da linguagem falada os quais por sua vez satildeo signos das relaccedilotildees e entidades

reaisrdquo (VYGOTSKY 1991 p 70) Assim o desenvolvimento da linguagem escrita nas crianccedilas

se daacute pelo deslocamento do desenho das coisas para o desenho das palavras Dessa maneira o

domiacutenio desse sistema complexo precisa ser trabalhado na perspectiva da semacircntica e do

letramento como praacutetica social

Por isso consideramos desejaacutevel que as crianccedilas entrem para a escola tendo

reconhecidas as capacidades de ler e de escrever mas para isso o ensino tem que ser organizado

de forma que a leitura e a escrita se tornem necessaacuterias e com isso a escrita passe a ser ensinada

como uma atividade cultural complexa e natildeo apenas como uma habilidade motora a ser

desenvolvida

Jaacute a Psicologia do desenvolvimento a partir do Interacionismo Construtivista de Piaget

estuda o ser humano em todos os seus aspectos fiacutesico-motor (refere-se ao crescimento

orgacircnico) intelectual (capacidade de pensamento raciociacutenio) afetivo-emocional (modo

particular de o indiviacuteduo integrar as suas experiecircncias) e social (maneira como o indiviacuteduo

reage diante de situaccedilotildees que envolvem outras pessoas) isso em todas as fases da sua vida

31

Assim o desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental que se caracteriza

pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais e pelo crescimento orgacircnico

De acordo com Bock (1999) os estudos de Piaget demonstraram que existem maneiras

de perceber e de se comportar proacuteprios de cada faixa etaacuteria e estudar o desenvolvimento

humano significa conhecer as caracteriacutesticas de cada fase para entender suas individualidades

e assim ensinar o quecirc e como Sabendo que as teorias do desenvolvimento humano partem do

princiacutepio de que esses quatro aspectos satildeo indissociaacuteveis mas que o desenvolvimento global

pode ser estudado em apenas um desses aspectos Piaget evidencia o estudo do

desenvolvimento intelectual

Dessa forma as teorias do desenvolvimento humano de Jean Piaget segundo Bock

(1999) dividem-se em periacuteodos de acordo com o desenvolvimento de novas qualidades do

pensamento que acabam por interferir no desenvolvimento global Assim como podemos

observar no Quadro 01 a seguir os periacuteodos satildeo definidos como Sensoacuterio-motor Preacute-

operatoacuterio Operaccedilotildees concretas e Operaccedilotildees formais

Quadro 01 ndash Teorias do Desenvolvimento Humano de Piaget

Periacuteodo Caracterizaccedilatildeo do periacuteodo

1deg periacuteodo

Sensoacuterio-motor

(0 a 2 anos)

Nessa fase a crianccedila conquista atraveacutes da percepccedilatildeo e dos movimentos todo o universo

que a cerca

2deg periacuteodo

Preacute-operatoacuterio

(2 a 7 anos)

Primeira infacircncia esse periacuteodo eacute considerado muito importante e eacute caracterizado pelo

aparecimento da linguagem que acarretaraacute modificaccedilotildees nos aspectos intelectual

afetivo e social da crianccedila

3deg periacuteodo Operaccedilotildees

concretas

(7 a 11 ou 12 anos)

A infacircncia propriamente dita esse periacuteodo eacute caracterizado pelo iniacutecio da construccedilatildeo

loacutegica Nele o egocentrismo intelectual e social eacute superado pela construccedilatildeo loacutegica ou

seja a crianccedila eacute capaz de estabelecer relaccedilotildees que permitem a coordenaccedilatildeo de pontos

de vista diferentes No plano afetivo ela eacute capaz de cooperar com os outros de trabalhar

em grupo e ainda ter autonomia pessoal No plano intelectual eacute o surgimento da

capacidade mental as operaccedilotildees ou seja a crianccedila consegue realizar uma accedilatildeo fiacutesica e

mental dirigida para esse fim aleacutem disso inicia-se a capacidade de reflexatildeo do pensar

antes de agir

4deg periacuteodo Operaccedilotildees

formais (11 ou 12 anos

em diante)

Nesse periacuteodo ocorre a passagem do pensamento concreto para o pensamento formal

abstrato ou seja o adolescente realiza as operaccedilotildees no plano das ideias Assim ele eacute

capaz de refletir espontaneamente No plano das relaccedilotildees sociais passa por um processo

de interiorizaccedilatildeo e no plano afetivo vive em conflito pois seus interesses satildeo diversos e

mutaacuteveis

Fonte Elaborado pela autora com base em Bock (1999)

Assim conforme Bock (1999) Piaget estabelece cada periacuteodo de acordo com o que os

indiviacuteduos conseguem fazer nessas faixas etaacuterias Segundo Piaget (1983) todos os indiviacuteduos

passam por esses periacuteodos nessa sequecircncia mas o iniacutecio e o teacutermino de cada um depende de

fatores bioloacutegicos educacionais e sociais por isso essa divisatildeo natildeo pode ser aplicada de forma

riacutegida mas como referecircncia de desenvolvimento dessas fases da vida Dessa maneira o autor

procurou explicar o aparecimento de inovaccedilotildees mudanccedilas e transformaccedilotildees no percurso do

32

desenvolvimento intelectual e assim o processo de aquisiccedilatildeo do conhecimento vai sendo

construiacutedo ao longo da vida e a educaccedilatildeo deve possibilitar seu pleno desenvolvimento

Para Piaget (1983) o homem eacute dotado de estruturas bioloacutegicas que ao serem herdadas

influenciam na sua maneira de interagir com o ambiente que o leva agrave construccedilatildeo de um

conjunto de significados Assim a interaccedilatildeo da crianccedila com o ambiente proporcionaraacute a

organizaccedilatildeo desses significados em estruturas cognitivas

Nesse sentido durante toda a vida o indiviacuteduo passaraacute por vaacuterios modos de organizaccedilatildeo

das estruturas cognitivas pois cada etapa da vida exigiraacute diferentes formas de interaccedilatildeo com o

meio Por isso no desenvolvimento da aprendizagem escolar devemos levar em consideraccedilatildeo

os aspectos de assimilaccedilatildeo (incorpora dados da experiecircncia jaacute adquirida) e acomodaccedilatildeo

(modifica as estruturas mentais para incorporar novas experiecircncias) e assim promover a

construccedilatildeo do conhecimento por meio da participaccedilatildeo ativa no processo de aprendizagem

Segundo Bock (1999 p 128) para Piaget ldquoo desenvolvimento intelectual resulta da

construccedilatildeo de um equiliacutebrio progressivo entre assimilaccedilatildeo e acomodaccedilatildeo o que propicia o

aparecimento de novas estruturas mentais Isso eacute um processo em evoluccedilatildeordquo

Portanto compreendemos que a grande contribuiccedilatildeo dos estudos de Piaget para a

evoluccedilatildeo da aprendizagem situa-se na abordagem sobre as relaccedilotildees com o meio ambiente em

todos os estaacutegios de forma ativa Cabe ao professor de acordo com a teoria piagetiana criar

possibilidades e situaccedilotildees de aprendizagem desafiadoras a fim de promover a aprendizagem

construtiva pois o aluno eacute levado a encontrar as respostas por meio de seus proacuteprios

conhecimentos nas situaccedilotildees de aprendizagem por vezes conflituosas e de sua interaccedilatildeo com

o meio e com os outros Por essa razatildeo o aluno na concepccedilatildeo construtivista exerce um papel

ativo sobre a proacutepria aprendizagem ao ser posto em situaccedilotildees de experimentaccedilatildeo pesquisa

reflexatildeo estiacutemulo que o conduzem a construir e a reformular pensamentos e conhecimentos

12112 Faceta psicolinguiacutestica

A faceta psicolinguiacutestica estuda as relaccedilotildees que se referem ao conhecimento e ao uso de

uma liacutengua particularmente na aquisiccedilatildeo da linguagem e no desenvolvimento dos processos

psicoloacutegicos Dessa forma por meio de uma anaacutelise psicoloacutegica e educativa as teorias da

aprendizagem da escrita oferecem-nos subsiacutedios para compreender como esse processo de

ensino-aprendizagem acontece

Embora muitos confundam teorias de aprendizagem com meacutetodos de ensino Bock

(1999 p 128) esclarece que ldquoPiaget natildeo desenvolveu uma teoria do processo de ensino

aprendizagem mas formulou referecircncias claras que na deacutecada de 80 seriam utilizadas por

33

Emiacutelia Ferreiro na elaboraccedilatildeo da sua teoria sobre a aprendizagem da escritardquo A partir disso o

construtivismo eacute entendido como teoria psicoloacutegica aplicada agrave compreensatildeo em que o

conhecimento eacute construiacutedo atraveacutes de experiecircncias pois aprender eacute um processo ativo no qual

o significado eacute desenvolvido com base em experiecircncias do percurso vivenciadas pela crianccedila

Ferreiro (1985) na tentativa de compreender como a escrita funciona e pelas

experiecircncias de estudo com Piaget aconselha-nos a pensar nos processos de aprendizagem da

crianccedila ao tentar reconstruir a representaccedilatildeo do sistema alfabeacutetico natildeo como meacutetodo de ensino

mas como processo de aprendizagem Assim Ferreiro (1995) apresenta os niacuteveis de leitura e

de escrita que se apoiam em hipoacuteteses do aprendiz Essas hipoacuteteses apontam os niacuteveis ou etapas

psicogeneacuteticas no processo de alfabetizaccedilatildeo em que ldquo[] todas as tarefas supunham uma

interaccedilatildeo entre o sujeito e o objeto de conhecimento (nesse caso a escrita) sob a forma de uma

situaccedilatildeo a ser resolvidardquo (FERREIRO 1985 p 34)

Portanto Ferreiro (1985) ao planejar situaccedilotildees experimentais quis evidenciar a escrita

tal como a crianccedila vecirc a leitura tal como a crianccedila compreende e os problemas tal como ela os

propotildee para si Assim sendo a autora ressalta que a aprendizagem da escrita eacute produto de uma

construccedilatildeo ativa e que passa por etapas de estruturaccedilatildeo do conhecimento Por essa razatildeo

ldquoquando algueacutem se alfabetiza percorre uma longa trajetoacuteria a qual eacute dado o nome de

psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeordquo (GROSSI 1990 p 54) De de acordo com Ferreiro (1985) a

psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeo caracteriza-se em niacuteveis sucessivos de aprendizagem da escrita

Esses niacuteveis satildeo constituiacutedos por um conjunto de condutas determinado pela forma como a

crianccedila vivencia os problemas em um momento do processo de aprendizagem Por isso

trataremos dos niacuteveis Preacute-silaacutebico Silaacutebico e Alfabeacutetico da psicogecircnese da alfabetizaccedilatildeo

121121 Niacutevel Preacute-silaacutebico

De acordo com Ferreiro

A hipoacutetese central desse niacutevel eacute a seguinte Para poder ler coisas diferentes (isto eacute

atribuir significados diferentes) deve haver uma diferenccedila objetiva nas escritas O

progresso graacutefico mais evidente eacute que a forma dos grafismos eacute mais definida mais

proacutexima agrave das letras Poreacutem o fato conceitual mais interessante eacute o seguinte segue-

se trabalhando com a hipoacutetese de que faz falta uma certa quantidade miacutenima de

grafismos para escrever algo (FEREIRO1985 p 189)

Com base no exposto no niacutevel preacute-silaacutebico de escrita a crianccedila faz experimentaccedilotildees

diversas alterna letras desenhos sinais graacuteficos Ela percebe que escrever natildeo eacute a mesma coisa

que desenhar marcas distintas representam desenho e escrita e a grafia pode ser vista como a

34

representaccedilatildeo das caracteriacutesticas do objeto que eacute representado pela extensatildeo da escrita Aleacutem

disso natildeo haacute controle na escrita eacute normal escrever ateacute se completar a linha ou a largura da

folha ou escrever todas as palavras utilizando o mesmo conjunto de caracteres e na mesma

ordem Destacamos que esse processo natildeo eacute linear e nem ocorre da mesma maneira para todas

as crianccedilas pois cada uma tem uma visatildeo diferente das representaccedilotildees sendo compreendidas

apenas por ela mesma

Nesse sentido Grossi (1990) reforccedila que no niacutevel preacute-silaacutebico os sujeitos aprendem a

ter uma visatildeo sincreacutetica dos elementos da alfabetizaccedilatildeo ou seja haacute a indiferenciaccedilatildeo em relaccedilatildeo

agrave escrita pois a crianccedila ainda natildeo compreende que a escrita representa os sons das palavras que

falamos Portanto de acordo com a autora ldquonatildeo haacute discriminaccedilatildeo das unidades linguiacutesticas e

sobretudo haacute completa ausecircncia de vinculaccedilatildeo entre a pronuacutencia das partes de uma palavra ou

de uma frase e sua escritardquo (GROSSI 1990 p 56)

121122 Niacutevel Silaacutebico

O niacutevel silaacutebico estaacute caracterizado ldquo[] pela tentativa de dar um valor sonoro a cada

uma das letras que compotildeem uma escrita Nessa tentativa a crianccedila passa por um periacuteodo da

maior importacircncia evolutiva cada letra vale por uma siacutelabardquo (FERREIRO 1985 p 193) Com

isso a autora ressalta que a crianccedila que estaacute nessa fase de construccedilatildeo da escrita daacute um salto

qualitativo em relaccedilatildeo aos niacuteveis precedentes pois ela supera a etapa de uma correspondecircncia

global entre a forma escrita e a expressatildeo oral na qual natildeo havia percepccedilatildeo entre som e letra

para uma correspondecircncia entre as partes do texto entre cada letra Assim a crianccedila percebe

os sons das siacutelabas e comeccedila a usar letras que correspondem ao som da siacutelaba agraves vezes soacute usa

vogal outras vezes consoante e vogal

Dessa forma segundo Grossi (1990) no niacutevel silaacutebico a crianccedila comeccedila a compreender

a estabilidade da escrita das palavras ou seja ela constata que uma palavra eacute escrita sempre da

mesma maneira com as mesmas letras e em uma mesma ordem

Portanto a autora afirma que a evoluccedilatildeo da aprendizagem da escrita nesse niacutevel se faz

por meio de um trabalho amplo com a escrita de muitas palavras significativas ressaltando que

a aprendizagem eacute por meio ldquo[] de um trabalho e natildeo um mero contato com escritas uma vez

que o que preside a aprendizagem eacute a accedilatildeo e natildeo a percepccedilatildeo A accedilatildeo que produz a

aprendizagem satildeo as diligecircncias para resolver os problemasrdquo (GROSSI 1990 p 13)

35

121123 Niacutevel Alfabeacutetico

No niacutevel alfabeacutetico a crianccedila compreende o processo de leitura e escrita ao perceber

unidades menores do que as siacutelabas e assim progressivamente vai estabelecendo relaccedilotildees

entre fonemas e grafemas Segundo Ferreiro

Ao chegar a este niacutevel a crianccedila jaacute franqueou a lsquobarreira do coacutedigorsquo compreendeu

que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a

siacutelaba e realiza sistematicamente uma anaacutelise sonora dos fonemas das palavras que

vai escrever (FERREIRO 1985 p 213)

Com base no exposto compreendemos que no niacutevel alfabeacutetico a crianccedila jaacute tem

conhecimento do valor sonoro convencional das letras ou seja ela consegue estabelecer um

sentido mais coerente entre leitura e escrita que ateacute entatildeo era tecircnue instaacutevel mutaacutevel Assim

esse processo de apropriaccedilatildeo do sistema de escrita acontece pelo reconhecimento da

constituiccedilatildeo alfabeacutetica de siacutelabas Contudo eacute necessaacuterio ressaltar que

[i]sto natildeo quer dizer que todas as dificuldades tenham sido superadas a partir desse

momento a crianccedila se defrontaraacute com as dificuldades proacuteprias da ortografia mas

natildeo teraacute problemas de escrita no sentido estrito Parece-nos importante fazer essa

distinccedilatildeo jaacute que amiuacutede se confundem as dificuldades ortograacuteficas com as

dificuldades de compreensatildeo do sistema de escrita (FERREIRO 1985 p 213)

Eacute necessaacuterio assim compreendermos que nessa fase significativa da aprendizagem da

leitura e da escrita a crianccedila ainda enfrenta alguns desafios em relaccedilatildeo agrave ortografia e ao leacutexico

haja vista que de acordo com Grossi (1990) ldquo[] alfabetizar-se eacute o processo longo de conseguir

expressar pela escrita aquilo que pensamos ou de compreender atraveacutes da leitura pensamentos

mais complexos de outrem expresso nos textos escritosrdquo (GROSSI 1990 p 62)

Por isso o trabalho com a ortografia eacute posterior ao da estruturaccedilatildeo do niacutevel alfabeacutetico

que ainda natildeo estaacute totalmente consolidado visto que a entrada em niacutevel de escrita natildeo significa

a superaccedilatildeo baacutesica do conflito em torno das concepccedilotildees caracteriacutesticas de cada niacutevel ou do niacutevel

anterior A aprendizagem da escrita eacute um processo no qual a crianccedila experimenta e evolui Para

que isso ocorra eacute preciso fazer da sala de aula um espaccedilo rico de materiais escritos e de

atividades significativas para que as crianccedilas sintam-se inseridas no ativo processo de

construccedilatildeo do que eacute ler e escrever

36

12113 Faceta linguiacutestica

A Linguiacutestica eacute a ciecircncia que estuda os fatos sobre a liacutengua O precursor dessa ciecircncia

foi o suiacuteccedilo Ferdinand Saussure que tinha a liacutengua como objeto de estudo bem definido e a via

como uma parte essencial da linguagem como um produto social da linguagem

Agrave vista disso a mateacuteria da linguiacutestica eacute constituiacuteda por todas as manifestaccedilotildees da

linguagem humana inclusive todas as formas de expressatildeo sendo consideradas ldquocorretasrdquo ou

natildeo Sua tarefa compreende fazer a descriccedilatildeo e a explicaccedilatildeo da histoacuteria da liacutengua sobre como

ela funciona e sobre sua investigaccedilatildeo com base no caraacuteter cientiacutefico por isso a Linguiacutestica

utiliza os conhecimentos dessa aacuterea para tentar solucionar problemas especificamente os que

se referem ao ensino de liacutenguas agrave traduccedilatildeo aos distuacuterbios de linguagem e aos problemas de

aprendizagem da liacutengua Assim sendo a aprendizagem da Liacutengua Portuguesa enfrenta muitos

desafios pois haacute a necessidade de se melhorar a aprendizagem em leitura e em escrita ou seja

ensinar a ler e a escrever com eficiecircncia

Desde o final dos anos 90 que o ensino de Liacutengua Portuguesa e o estudo dos processos

de alfabetizaccedilatildeo vecircm ganhando um consideraacutevel avanccedilo com as discussotildees e estudos sobre

esses assuntos Assim as investigaccedilotildees sobre os processos de aprendizagem que antes eram

baseados na memorizaccedilatildeo ganharam notoriedade ao se compreender que a aprendizagem eacute um

processo contiacutenuo em que o aluno precisa construir o conhecimento conceitual da escrita O

aluno precisa entender o que a escrita representa e que cada letra representa um siacutembolo de um

som da fala

Nesse sentido Lemle (1991) ressalta que para uma pessoa aprender a ler e a escrever

ela precisa atingir alguns saberes e percepccedilotildees conscientemente Nesse sentido a autora elenca

cinco capacidades necessaacuterias agrave alfabetizaccedilatildeo

A primeira capacidade eacute a ideia de siacutembolo segundo a qual a crianccedila precisa saber o

que representam aqueles risquinhos no papel Para isso eacute necessaacuterio entender o que eacute siacutembolo

A segunda capacidade eacute a discriminaccedilatildeo das formas das letras o aluno precisa entender que

cada risquinho vale simboliza um som da fala e que esses siacutembolos satildeo as letras Dessa forma

a crianccedila deve discriminar as formas das letras levando em consideraccedilatildeo que elas satildeo bastante

semelhantes A terceira capacidade eacute a discriminaccedilatildeo dos sons da fala que exige da crianccedila a

percepccedilatildeo auditiva para ouvir diferenccedilas linguiacutesticas relevantes entre esses sons A quarta

capacidade eacute a consciecircncia da unidade da palavra em que a crianccedila precisa captar o conceito

de palavra Por fim a quinta capacidade eacute a organizaccedilatildeo da paacutegina escrita saber e compreender

como eacute a organizaccedilatildeo espacial da paacutegina do caderno ou do livro observando que nosso sistema

37

de escrita obedece a uma ordem que vai da esquerda para a direita e que a ordem significativa

das linhas eacute de cima para baixo

Com isso no que se refere agrave capacidade de terceira ordem podemos compreender que

existe uma relaccedilatildeo de simbolizaccedilatildeo entre as letras e os sons da fala embora seja necessaacuterio

tambeacutem que a crianccedila entenda que essa relaccedilatildeo nem sempre eacute harmoniosa pois haacute

complicaccedilotildees entre sons e letras Lemle (1991 p 17) ldquo[] enfatiza que temos em portuguecircs

pouquiacutessimos casos de correspondecircncia biuniacutevoca entre os sons da fala e letras do alfabetordquo

ou seja quando haacute correspondecircncia entre um fonema e uma letra como podemos observar essa

regularidade no Quadro 02 representada pelos fonemas e letras

Quadro 02 ndash Correspondecircncias biuniacutevocas entre fonemas e letras

Letras Fonemas

P

b

t

d

f

v

a

p

b

t

d

f

v

a

Fonte Lemle 1991 p 17

Em linguiacutestica fonemas satildeo os sons das letras representados por um dado feixe de traccedilos

distintivos ou seja daacute-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de estabelecer

uma distinccedilatildeo de significado entre as palavras

Com base no exposto entendemos que o ideal do sistema alfabeacutetico eacute que houvesse

correspondecircncia uacutenica entre cada som e cada letra poreacutem essa relaccedilatildeo acontece em nuacutemero

restrito de casos A tiacutetulo de exemplificaccedilatildeo as letras t e d diante do i passam a ter outro som

em ldquotiardquo ocorre tchia e em ldquodiardquo ocorre djia como se verifica na nossa regiatildeo Dessa forma

para poder intervir o alfabetizador precisa ter conhecimento sobre as relaccedilotildees foneacuteticas e os

processos fonoloacutegicos que envolvem as particularidades na variedade de correspondecircncias

entre sons e letras

Para que isso ocorra Lemle (1991) evidencia que eacute preciso esclarecer ao aluno que as

unidades de som satildeo influenciadas pelo ambiente em que ocorrem por isso haacute diferenccedilas de

pronuacutencia e haacute tantas variantes linguiacutesticas Por exemplo as palavras mato e sal que em alguns

dialetos ou na nossa regiatildeo ocorre uma mudanccedila de pronuacutencia do o que eacute transcrito com som

de [u] e do l que eacute transcrito com o som do [u] por isso dizemos [matu] em vez de mato e [sau]

em vez de sal Satildeo ocorrecircncias consideradas normais e consiste em um equiacutevoco dizer que as

38

crianccedilas falam errado ao ignorarem essas especificidades da liacutengua Aleacutem disso haacute um caso em

que a autora considera como o mais difiacutecil para a aprendizagem da liacutengua escrita o fato de duas

letras representarem o mesmo som no mesmo lugar como acontece com os fonemas s e z

Vejam mesa reza casa azar posseiro roceiro passo laccedilo caccedilado cassado Haacute uma

rivalidade entre sons e letras e de acordo com Lemle (1991 p 23) ldquo[] a uacutenica maneira de

descobrir que letra que representa dado som numa palavra da liacutengua escrita eacute recorrer ao

dicionaacuteriordquo Desse modo algumas situaccedilotildees que envolvem a ortografia satildeo aprendidas pela

memorizaccedilatildeo por meio da leitura pois guardamos a grafia das palavras em nossa memoacuteria

Em funccedilatildeo disso podemos relacionar ancorados em Lemle (1991) algumas etapas nas

quais o aluno constroacutei o conhecimento do sistema de escrita Na primeira etapa o discente

acredita na hipoacutetese da monogamia entre sons e letras e progride raacutepido ao atingi-la conforme

exposto na figura 1 em que as letras p b t d f v e a vogal a representam sempre a mesma

unidade fonecircmica

Na segunda etapa ele rejeita a ideia de monogamia e a substitui pela hipoacutetese de

poligamia condicionada por posiccedilatildeo ou seja relaccedilotildees natildeo biuniacutevocas cada letra com um som

em uma dada posiccedilatildeo e cada som com uma letra em dada posiccedilatildeo Assim haacute uma relaccedilatildeo

fonecircmica a partir da posiccedilatildeo em que se encontram as letras como podemos observar na Figura

0214

Figura 02 ndash Uma letra representando diferentes sons segundo a posiccedilatildeo

Fonte Lemle 1991 p 21

Assim Lemle (1991 p 29) enfatiza que ldquo[] a passagem da hipoacutetese (monogamia) para

a segunda hipoacutetese (poligamia condicionada pela posiccedilatildeo) eacute um passo de importacircncia crucial

na construccedilatildeo do conhecimento do alfabetizando a respeito do nosso sistema de escritardquo

14 Nota da autora ldquoEsses quadros natildeo esgotam a informaccedilatildeo sobre relaccedilotildees letra-som previsiacuteveis pela posiccedilatildeo

nem satildeo verdadeiros para todos os falares do Brasilrdquo (LEMLE 1991 p 22)

39

Segundo a autora quando o aluno natildeo compreende que essa correspondecircncia entre som e letras

na maioria das vezes natildeo eacute perfeita ele comete falhas tiacutepicas na leitura com a pronuacutencia

artificial das palavras com a escrita os erros ainda se encontram na hipoacutetese monogacircmica O

aluno escreve como fala por exemplo na palavra pato a escrita eacute patu ocorrendo a transcriccedilatildeo

foneacutetica Desse modo a evoluccedilatildeo na construccedilatildeo do conhecimento sobre a escrita entre a

primeira e a segunda etapa estaacute completa quando o aluno compreende essa relaccedilatildeo entre sons e

letras

Na terceira etapa haacute a ocorrecircncia em que duas letras representam o mesmo som no

mesmo lugar eacute quando o aluno se depara com a arbitrariedade do sistema de escrita Nesse

caso natildeo ldquohaacute princiacutepio focircnico que possa guiar quem escreve na opccedilatildeo entre letras concorrentesrdquo

(LEMLE 1991 p 23) Dessa maneira nessas situaccedilotildees a aprendizagem eacute construiacuteda pela

memorizaccedilatildeo Essa etapa da construccedilatildeo da escrita perdura por muito tempo jaacute que duacutevidas

sobre como se escreve uma determinada palavra eacute de natural acontecer em qualquer eacutepoca da

vida O que se percebe eacute que o aluno deve estar em contato com a escrita dessas palavras por

meio de situaccedilotildees de leitura de gecircneros diversos e de situaccedilotildees de produccedilatildeo escrita pois a

construccedilatildeo do sistema de escrita percorre um longo caminho e passa por vaacuterias etapas

Diante disso com base na classificaccedilatildeo feita por Lemle (1991) podemos compreender

que o aluno quando natildeo supera essas complicaccedilotildees e natildeo compreende as arbitrariedades do

sistema de escrita comete falhas tiacutepicas de escrita que foram classificadas pela autora como

falhas de primeira ordem falhas de segunda ordem e falhas de terceira ordem conforme

veremos no Quadro 03 a seguir

40

Quadro 03 ndash Falhas de escrita Falhas de escrita de 1ordf ordem

Leitura Escrita

Leitura lenta com soletraccedilatildeo

de cada siacutelaba

Falhas na

correspondecircncia

linear entre as

sequecircncias dos

sons e as

sequecircncias das

letras

Repeticcedilccedilatildeo de letras ppai (pai) meeu (meu)

Omissatildeo de letras trs (trecircs) pota (porta)

Troca na ordem das letras parto (prato) sadia

(saiacuteda)

Conhecimento ainda inseguro do formato de cada

letra rano (ramo) laqis (laacutepis) eus (lua)

Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo

do som sabo (sapo) gado (gato) pita (fita)

Falhas de escrita de 2ordf ordem

Leitura Escrita

Retenccedilatildeo na etapa

monogacircmica Na leitura

pronuncia cada letra

escandindo-a no seu valor

central Uma leitura silabada

O aluno faz a

transcriccedilatildeo

foneacutetica

matu em vez de mato

bodi em vez de bode

tenpo em vez de tempo

azma em vez de asma

genrro em vez de genro

eles falatildeo em vez de eles falam

Falhas de escrita de 3ordf ordem

Leitura Escrita

O aluno eacute capaz de pronunciar

as palavras de forma natural

O aluno avanccedilou no

saber ortograacutefico e

na escrita faz troca

entre letras

concorrentes

accedilado em vez de assado

trese em vez de treze

acim em vez de assim

jigante em vez de gigante

xinelo em vez de chinelo

chingou em vez de xingou

puresa em vez de pureza

sau em vez de sal

craro em vez de claro

operaro em vez de operaacuterio

Fonte Elaborado pela autora adaptado de Lemle 1991 p 40-41

Conforme podemos observar no Quadro 03 o aluno vivencia no seu processo de

aquisiccedilatildeo do sistema de escrita vaacuterias etapas de experimentaccedilatildeo checagem e conflito pois se

depara com situaccedilotildees arbitraacuterias da escrita Assim de acordo com Lemle (1991) o aluno que

ainda comete falhas de primeira e segunda ordens natildeo completou sua alfabetizaccedilatildeo ldquoSeraacute

considerado alfabetizado aquele em cuja escrita soacute restarem falhas de terceira ordem que seratildeo

superadas gradativamente com a praacutetica da leitura e da escritardquo (LEMLE 1991 p 41-42)

Portanto a anaacutelise das falhas ortograacuteficas serve ao diagnoacutestico do estaacutegio de elaboraccedilatildeo

da teoria da correspondecircncia entre sons e letras em que o aluno se encontra ou seja o niacutevel de

escrita Concebemos conforme a autora propotildee que eacute de fundamental importacircncia que o

professor saiba diagnosticar e avaliar as falhas de escrita para poder conhecer a realidade da

41

sua turma e dessa forma realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias para que os alunos superem cada

dificuldade encontrada

121131 Categorizaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita

O estudo sobre Foneacutetica e Fonologia possibilita ao professor o conhecimento sobre

como os seres humanos produzem ou ouvem os sons da fala Segundo Seara Nunes e Volcatildeo

(2015 p 29) ldquoas letras satildeo unidades formais miacutenimas da escrita e natildeo da falardquo

Nesse sentido eacute necessaacuterio entender e desvincular da nossa praacutetica que a escrita

representa a fala Tanto a escrita quanto a fala satildeo distintas e ter conhecimento dos processos

fonoloacutegicos que satildeo a codificaccedilatildeo (desvios) que os morfemas sofrem quando se combinam

para formar palavras propicia buscar estrateacutegias de ensino para a superaccedilatildeo dessas

dificuldades

Aleacutem disso ao professor que lida com a alfabetizaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel o conhecimento

das aacutereas da Foneacutetica e da Fonologia Sobre esse aspecto Seara (2015 p 33) ressaltam que o

conhecimento da Foneacutetica e de noccedilotildees sobre o sistema fonoloacutegico da liacutengua materna satildeo

fundamentais para que os professores atendam melhor os alunos que apresentam dificuldades

no processo de alfabetizaccedilatildeo Eacute preciso levar o aluno a compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-

fonoloacutegica e relacionaacute-la aos elementos graacuteficos da escrita

Aqui trataremos especificamente dos processos fonoloacutegicos que envolvem a escrita de

acordo com Cagliari (1995) O autor apresenta categorias de anaacutelise de ldquoerrosrdquo ortograacuteficos

como veremos no Quadro 04 a seguir

42

Quadro 04 ndash Categorizaccedilatildeo ndash Erros de escrita

1 Transcriccedilatildeo

Foneacutetica

Caracterizado pela transcriccedilatildeo da fala na escrita como trocar o i pelo e por falar

i ao pronunciar palavras como triste (ldquotristerdquo)

2 Uso indevido de

letras

O aluno escolhe uma letra para representar o som diferente da que pede a

ortografia como ldquodicirdquo no lugar de ldquodisserdquo As trocas de vogais natildeo satildeo

consideradas uso indevido de letra por quase sempre representarem transcriccedilotildees

foneacuteticas

3 Hipercorreccedilatildeo Ocorre quando o aluno jaacute conhece a forma ortograacutefica de determinadas palavras

que tecircm representaccedilatildeo diferente da pronuacutencia Assim ele generaliza a regra

como ldquojogolrdquo no lugar de ldquojogourdquo

4 Modificaccedilatildeo da

estrutura segmental

das palavras

Erros de troca supressatildeo acreacutescimo e inversatildeo de letras Caracteriacutesticos de

aluno que ainda natildeo domina o uso de certas letras como a distribuiccedilatildeo de m n

v e f como ldquoanigordquo no lugar de ldquoamigordquo ldquomacaordquo no lugar de ldquomacacordquo e

ldquososatordquo no lugar de ldquosustordquo O professor deve observar a loacutegica no erro do aluno

e a relaccedilatildeo entre as letras trocadas suprimidas ou acrescentadas

5 Juntura

intervocabular e

segmentaccedilatildeo

Na produccedilatildeo de textos a crianccedila costuma juntar as palavras num reflexo da

continuidade da fala ldquomimatourdquo (ldquome matourdquo)

6 Forma morfoloacutegica

diferente

Erros que ocorrem porque na variedade dialetal do aluno certas palavras tecircm

caracteriacutesticas proacuteprias que dificultam o entendimento como ldquoadepoisrdquo

(ldquodepoisrdquo)

7 Forma estranha de

traccedilar as palavras

Dificuldades com a escrita cursiva e a caligrafia

8 Uso indevido de

letras maiuacutesculas e

minuacutesculas

Alguns alunos quando aprendem que devem escrever os nomes proacuteprios com

letras maiuacutesculas passam a aplicar a regra para outros tipos de palavras como

pronomes pessoais

9 Acentos graacuteficos A acentuaccedilatildeo eacute uma das uacuteltimas etapas da aprendizagem da escrita Alguns

alunos se confundem por conta da semelhanccedila ortograacutefica entre formas com e

sem acento ou com a aplicaccedilatildeo do til

10 Sinais de pontuaccedilatildeo Tambeacutem fazem parte das uacuteltimas etapas de aprendizado e raramente fazem parte

de textos de produccedilatildeo espontacircnea

11 Problemas

sintaacuteticos

Muitos dos problemas sintaacuteticos (concordacircncia regecircncia etc) presentes nos

textos dos aprendizes denotam a transposiccedilatildeo da linguagem oral para a escrita

como ldquoera uma vez um menino que um dia ele saiu de casardquo

Fonte Elaborado pela autora com base em Cagliari (1995)

Dessa forma utilizaremos as categorias de anaacutelise dos ldquoerrosrdquo ortograacuteficos de acordo

com Cagliari (1995) como referencial para anaacutelise dos niacuteveis de escrita dos estudantes sujeitos

desta pesquisa As categorias satildeo transcriccedilatildeo foneacutetica (a representaccedilatildeo da fala) uso indevido

de letras (escolha possiacutevel para representar o som de uma palavra quando a ortografia usa

outra) hipercorreccedilatildeo (quando o aluno jaacute conhece a forma ortograacutefica de determinadas palavras

sabe que a pronuacutencia eacute diferente e passa a generalizar a forma de escrever) modificaccedilatildeo da

estrutura segmental das palavras (erros de troca supressatildeo acreacutescimo e inversatildeo de letras

representando maneiras de escrever porque o aluno ainda natildeo domina bem o uso de certas

letras) juntura intervocabular e segmentaccedilatildeo (ambas refletem criteacuterios de fala que a crianccedila usa

para juntar ou separar palavras) forma morfoloacutegica diferente (variedade dialetal) forma

estranha de traccedilar as letras (dificuldades com a escrita cursiva) uso indevido de letras

43

maiuacutesculas e minuacutesculas (o uso adequado natildeo eacute ensinado) acentos graacuteficos (sinais diacriacuteticos

ausentes nos textos espontacircneos) sinais de pontuaccedilatildeo (tambeacutem natildeo satildeo ensinados) e problemas

sintaacuteticos (denotam modos de falar diferentes do dialeto privilegiado pela ortografia e

apresentam uma topicalizaccedilatildeo da fala e natildeo da escrita)

Todas essas categorias relacionadas por Cagliari (1995) conforme apresentado no

Quadro 04 servem de base para a investigaccedilatildeo dos problemas surgidos nos textos dos alunos

para que o professor a partir daiacute possa realizar as intervenccedilotildees necessaacuterias ao desenvolvimento

das competecircncias comunicativas dos alunos

12114 Faceta sociolinguiacutestica

Como jaacute dissemos a linguiacutestica eacute a ciecircncia que estuda os fatos da liacutengua Dessa forma

a faceta sociolinguiacutestica estuda os fatos da liacutengua em uso no ambiente cultural e social ou seja

no ambiente das comunidades de fala sob os aspectos linguiacutesticos e sociais

Segundo Bagno (2014 p 13)

A linguagem eacute um fenocircmeno de ordem sociocognitiva quer dizer ao mesmo tempo

em que eacute capacidade bioloacutegica da espeacutecie humana (e exclusiva da espeacutecie humana)

de adquirirproduzirtransmitir conhecimento por meio de

representaccedilotildeessimbolizaccedilotildees do mundo ela tambpem eacute uma forccedila motora de coesatildeo

social ela eacute preservada e transformada pelos membros de uma comunidade e por isso

sujeita aos fluxos influxos e contrafluxos poliacuteticos econocircmicos e sobretudo culturais

dessa comunidade (BAGNO 2014 p 13-14)

Em resumo o autor estaacute dizendo que a linguagem eacute um fenocircmeno social e estaacute

intimamente ligada aos aspectos culturais de uma comunidade

De acordo com Bagno (2014) os efeitos dos estudos da variaccedilatildeo social sobre a mudanccedila

linguiacutestica elaboradas por Willian Labov na deacutecada de 1960 tecircm implicaccedilotildees importantes para

a sociolinguiacutestica

Conforme a Teoria da Variaccedilatildeo (Sociolinguiacutestica) a liacutengua natildeo deve ser estudada fora

de seu contexto social como postula Labov (2001) pois para tal eacute necessaacuterio levar em conta

o contexto social e a variedade em uso Desse modo o autor afirma que eacute preciso trazer a

gramaacutetica de uso para a sala de aula que pode natildeo coincidir com a gramaacutetica formal e dessa

forma se explica a relaccedilatildeo de independecircncia entre liacutengua e fala

Assim os estudos variacionistas satildeo de fundamental importacircncia considerando que a

fala eacute o uso individual da liacutengua e que haacute sempre mais de uma forma de se dizer a mesma coisa

As liacutenguas satildeo heterogecircneas apresentando variaccedilotildees e independente da variaccedilatildeo apresentam

44

tambeacutem estruturas gramatical lexical sintaacutetico-semacircntica as quais estatildeo a serviccedilo dos

falantes Dentre as variantes linguiacutesticas haacute aquela que eacute vista com maior prestiacutegio social

cobrada e valorizada pela sociedade poreacutem natildeo deixa de ser apenas mais uma variante da

liacutengua

Desse modo Marcuschi (2001) afirma que nem todas as normas podem ser

padronizadas Eacute plausiacutevel que todas as variantes linguiacutesticas sejam valorizadas e respeitadas na

sociedade e principalmente na sala de aula ambiente escolar formador de opiniatildeo Diante

disso espera-se que o professor de Liacutengua Portuguesa fundamente sua praacutetica enquanto docente

do ensino da liacutengua materna para que possa compreender a relaccedilatildeo entre o ensino de Liacutengua

Portuguesa e o respeito agrave variaccedilatildeo linguiacutestica

Portanto o objeto de estudo passa a ser a liacutengua em uso Essa concepccedilatildeo aproxima a

liacutengua (fala) que o aluno usa da Liacutengua Portuguesa de fato porque a sociolinguiacutestica analisa a

liacutengua como identidade pois eacute usada na comunidade na qual o aluno estaacute inserido ressaltando

ainda que a teoria da variaccedilatildeo natildeo surge em funccedilatildeo do ensino mas em razatildeo da necessidade

de contribuir com a accedilatildeo pedagoacutegica e metodoloacutegica do ensino de Liacutengua Portuguesa

45

CAPIacuteTULO II

GEcircNEROS DIGITAIS (MULTI) LETRAMENTOS

Neste capiacutetulo abordamos as relaccedilotildees entre ensino escrita (multi)letramentos e

tecnologias que requerem novas habilidades de leitura compreensatildeo e produccedilatildeo nas mais

variadas praacuteticas sociais sobretudo agraves relacionadas aos gecircneros digitais

21 Letramento

Letramento (portuguecircs) literacy (inglecircs) eacute definido como ldquo[] estado ou condiccedilatildeo de

quem natildeo apenas sabe ler e escrever mas cultiva e exerce as praacuteticas sociais que usam a escritardquo

(SOARES 2014 p 47) Esse termo surgido no final do seacuteculo XX sob a influecircncia do mundo

globalizado visando atender agraves necessidades de uma sociedade moderna trouxe significativas

transformaccedilotildees sobre o pressuposto de quem sabe ler e escrever e tambeacutem de quem se envolve

e faz uso das praacuteticas de leitura e escrita Desse modo Soares (2014 p 38) postula que ldquo[]

aprender a ler e a escrever e aleacutem disso fazer uso da leitura e da escrita transformam o

indiviacuteduo levam o indiviacuteduo a um outro estado ou condiccedilatildeo sob vaacuterios aspectos social

cultural cognitivo linguiacutestico entre outrosrdquo

Dessa forma a pessoa letrada torna-se diferente pois assume o estado ou a condiccedilatildeo

social ou cultural de pensar agir e refletir diferente de uma pessoa que natildeo eacute alfabetizada

Soares define alfabetizaccedilatildeo termo por noacutes jaacute familiarizado como ldquo[] a accedilatildeo de

ensinaraprender a ler e escreverrdquo (SOARES 2014 p 47) Assim o ideal seria que essas accedilotildees

(alfabetizar e letrar) acontecessem concomitantemente como esclarece a autora ao dizer que

ldquo[] o ideal seria alfabetizar letrando ou seja ensinar a ler e a escrever no contexto das praacuteticas

sociais da leitura e da escrita de modo que o indiviacuteduo se tornasse ao mesmo tempo

alfabetizado e letradordquo (SOARES 2014 p 47) Por isso destacamos a importacircncia de se

alfabetizar letrando desde o iniacutecio da escolarizaccedilatildeo desenvolvendo praacuteticas de letramento jaacute

na Educaccedilatildeo Infantil

Para isso alguns fatores podem implicar no sucesso do trabalho com a leitura e a escrita

como por exemplo a escolha da metodologia os materiais (livros didaacuteticos inclusive) a forma

de avaliar e a organizaccedilatildeo da sala de aula para que o aluno saiba ler e escrever

Contudo entendemos que natildeo basta saber ler e escrever eacute necessaacuterio incorporar a

praacutetica da leitura e da escrita em seu cotidiano seja escolar ou natildeo Ao encontro disso Kleiman

(2005 p 13) apresenta o conceito de alfabetizaccedilatildeo como ldquoum conjunto de saberes sobre o

46

coacutedigo escrito da liacutengua que eacute mobilizado pelo indiviacuteduo para participar das praacuteticas letradas

em outras esferas de atividades natildeo necessariamente escolaresrdquo ou seja assemelhando ao

conceito de letramento

Assim a palavra letramento vem atender a uma necessidade visto que soacute a condiccedilatildeo de

alfabetizado conforme exposto acima natildeo garante que o indiviacuteduo ponha em praacutetica

habilidades e competecircncias em leitura e escrita como atividade social

Nesse sentido Kleiman (2005) diz que o letramento eacute complexo envolvendo muito

mais do que uma habilidade ou conjunto de habilidades ou uma competecircncia de quem lecirc

Envolve muacuteltiplas capacidades e conhecimentos para mobilizar essas capacidades muitos dos

quais natildeo tecircm necessariamente relaccedilatildeo com a leitura Ou seja envolve o conhecimento e a

cultura fora do contexto escolar pois o letramento ultrapassa os muros da escola Poreacutem o foco

dessa discussatildeo eacute a aprendizagem dentro da escola Assim busca-se investigar como favorecer

e fomentar o conhecimento sistematizado da leitura e da escrita sobretudo para aqueles que

estatildeo na escola haacute anos e natildeo conseguem aprender Dessa forma o desenvolvimento dessas

habilidades deve acontecer em um continuum de processos cognitivos que integram diversas

praacuteticas sociais de leitura e escrita

Cumpre salientar que Soares alerta para uma questatildeo de fundamental importacircncia a

falta de condiccedilatildeo para avaliar e medir o letramento pois natildeo haacute uma definiccedilatildeo exata para esse

processo Como distinguir pessoas letradas de iletradas ou como estabelecer niacuteveis de

letramento A esse respeito Soares indaga

Se o letramento eacute um contiacutenuo que representa diferentes tipos e niacuteveis de habilidades

e conhecimentos e eacute um conjunto de praacuteticas sociais que envolvem usos heterogecircneos

de leitura e escrita com diferentes finalidades que ponto desse contiacutenuo deve separar

adultos letrados de iletrados em censos populacionais e pesquisas por amostragem

ou crianccedilas bem sucedidas de crianccedilas mal sucedidas na aquisiccedilatildeo do letramento em

contextos escolares (SOARES 2014 p 83)

Com base nesse problema a autora enfatiza que avaliaccedilotildees pesquisas e mediccedilotildees de

letramento realizadas por censos populacionais ou sistemas escolares satildeo imprecisas pelo fato

de o letramento ser uma variaacutevel contiacutenua jaacute que se refere a uma multiplicidade de habilidades

que devem ser aplicadas a uma variedade de materiais de leitura Soares (2014) esclarece ainda

que a avaliaccedilatildeo e a mediccedilatildeo do letramento e suas relaccedilotildees eacute uma tarefa muito complexa pois

exige um paracircmetro para tal procedimento Contudo a falta de definiccedilatildeo exata e de paracircmetros

para avaliar e definir letramento natildeo impede e natildeo exclui a necessidade e a importacircncia de

avaliar ou medir o letramento como forma de se obter dados para fins teoacutericos e praacuteticos

47

Observamos que questotildees associadas ao desenvolvimento da leitura e da escrita bem

como compreensatildeo de textos e o uso eficiente dessas praacuteticas tecircm sido motivo de preocupaccedilatildeo

e estudo no sentido de se definirem iacutendices de letramento Segundo Soares (2014) as

definiccedilotildees de iacutendices de letramento se justificam porque indicam progressos baacutesicos de um paiacutes

ou de uma comunidade servem de comparaccedilatildeo entre paiacuteses e comunidades Aleacutem disso a

justificativa que consideramos mais pertinente eacute a de que iacutendices de letramento satildeo

imprescindiacuteveis para formulaccedilatildeo implementaccedilatildeo e planejamento de poliacuteticas puacuteblicas no

campo educacional e social

Por isso tomamos por letramento mais uma vez de acordo com Soares (2014 p 44)

ldquo[] o estado ou condiccedilatildeo de quem se envolve nas numerosas e variadas praacuteticas sociais de

leitura e escritardquo sabendo que haacute diferentes tipos e niacuteveis de letramento e que dependem das

necessidades e do contexto social e cultural do indiviacuteduo

Essa definiccedilatildeo eacute indispensaacutevel como expotildee Soares (2014 p 82) ao dizer que ldquouma

definiccedilatildeo geral e amplamente aceita eacute necessaacuteria especialmente quando se pretende avaliar e

medir niacuteveis de letramento sem ela como determinar criteacuterios que estabeleccedilam a diferenccedila

entre letrado e iletrado entre diferentes niacuteveis de letramentordquo

Com base nisso a avaliaccedilatildeo e a mediccedilatildeo do letramento em estudos por amostragem

satildeo consideradas pela autora como o meacutetodo mais adequado por medir e avaliar ldquoem

profundidade tanto as habilidades de leitura e de escrita atraveacutes de provas e testes quanto os

usos cotidianos dessas habilidades atraveacutes de questionaacuterios estruturadosrdquo (SOARES 2014 p

104) Dessa forma esse tipo de avaliaccedilatildeo e mediccedilatildeo busca identificar o letramento funcional

ou seja a praacutetica real das habilidades de leitura e escrita e a frequecircncia de usos sociais dessas

habilidades Aleacutem disso segundo Soares (2014) as escolas satildeo instacircncias que podem fazer uso

de avaliaccedilotildees e mediccedilotildees do letramento avaliando de maneira progressiva a aquisiccedilatildeo de

habilidades conhecimentos e usos sociais da leitura e da escrita mas alerta para o cuidado de

natildeo reduzir as praacuteticas de letramento apenas ao contexto escolar e distanciaacute-las das praacuteticas

sociais

22 Multimodalidade e Multiletramentos no ensino de Liacutengua Portuguesa

Segundo Kleiman (2005 p 53) ldquoo professor enquanto agente de letramento eacute um

promotor das capacidades e recursos de seus alunos e de suas redes comunicativas para que

participem das praacuteticas de uso da escrita situadas nas diversas instituiccedilotildeesrdquo Nesse sentido a

importacircncia do agente de letramento como mobilizador da praacutetica letrada atraveacutes dos gecircneros

textuais ou digitais vai ao encontro da necessidade de trabalhar com gecircneros socialmente

48

relevantes e que ampliem a capacidade linguiacutestica dos alunos Por isso levamos em conta a

grande circulaccedilatildeo de textos contemporacircneos carregados de imagens de cores de formatos

entre outros aspectos da diagramaccedilatildeo

Assim observamos que a forma de apresentaccedilatildeo dos textos em sala de aula vem

mudando consideravelmente nas uacuteltimas deacutecadas e o estiacutemulo ao desenvolvimento das

competecircncias sociocomunicativas e linguiacutesticas dos alunos por meio de diferentes suportes e

gecircneros textuais estaacute presente em muitos ambientes escolares Essa apresentaccedilatildeo de

informaccedilotildees escritas a maneira como eacute veiculada e as variedades de modos de comunicaccedilatildeo

existentes exigem da escola mais reflexatildeo sobre os aspectos do processo de ensinar e de

aprender

Nessa direccedilatildeo Rojo (2009 p 105) afirma que ldquo[] por efeito da globalizaccedilatildeo o mundo

mudou muito nas uacuteltimas deacutecadas Em termos de exigecircncias de novos letramentos eacute

especialmente importante destacar as mudanccedilas relativas aos meios de comunicaccedilatildeo e agrave

circulaccedilatildeo da informaccedilatildeordquo

Diante disso eacute fundamental destacar que o surgimento das tecnologias digitais e a forma

ou necessidade de a escola trabalhar com a tecnologia contribuiacuteram para a investigaccedilatildeo de

teorias que esclarecem os conceitos sobre os usos das tecnologias na educaccedilatildeo sobre a

multimodalidade e os multiletramentos

Por multimodalidade ou multissemiose Rojo tece as seguintes consideraccedilotildees

Eacute o que tem sido chamado de multimodalidade ou multissemiose dos textos

contemporacircneos que exigem multiletramentos Ou seja textos compostos de muitas

linguagens (ou modos ou semioses) e que exigem capacidades e praacuteticas de

compreensatildeo e produccedilatildeo de cada uma delas (multiletramentos) para fazer significar

(ROJO 2012 p 19)

Dessa forma percebemos que esses textos carregados de semiose exigem novas formas

de ler e de compreender assim como o termo multiletramento refere-se agrave habilidade de saber

analisar semioses compreender novas linguagens observando a diversidade cultural e

linguiacutestica tatildeo presente na nossa sociedade Por isso torna-se relevante o professor aprofundar

seu conhecimento nos estudos voltados para a linguagem sobre como ela se processa e como

eacute utilizada

Atualmente os recursos utilizados nas diferentes miacutedias sejam impressas ou digitais

exigem um novo comportamento do leitor Considerando esse contexto Rojo (2009) destaca

que o surgimento e a ampliaccedilatildeo contiacutenua de acesso agraves tecnologias digitais da comunicaccedilatildeo e da

informaccedilatildeo (computadores pessoais celulares tocadores de mp3 TVs digitais entre outras)

49

implicaram em pelo menos quatro mudanccedilas que ganham importacircncia na reflexatildeo sobre os

letramentos como podemos observar no Quadro 05

Quadro 05 ndash Mudanccedilas sobre os letramentos

Mudanccedilas que ganham importacircncia na reflexatildeo sobre os letramentos

1ordf

A vertiginosa intensificaccedilatildeo e a diversificaccedilatildeo da circulaccedilatildeo da informaccedilatildeo nos meios

analoacutegicos e digitais que por isso mesmo distanciam-se hoje dos meios impressos muito mais

morosos e seletivos implicando [] mudanccedilas significativas nas maneiras de ler de produzir e

de fazer circular textos na sociedade

2ordf

A diminuiccedilatildeo das distacircncias espaciais tanto em termos geograacuteficos por efeito dos transportes

raacutepidos como em termos culturais e internacionais por efeito da miacutedia digital e analoacutegica

desenraizando as populaccedilotildees e desconstruindo identidades

3ordf

A diminuiccedilatildeo das distacircncias temporais ou a contraccedilatildeo do tempo determinadas pela velocidade

sem precedentes a quase instantaneidade dos transportes da informaccedilatildeo dos produtos culturais

das miacutedias caracteriacutesticas que tambeacutem colaboram para mudanccedilas nas praacuteticas de letramento

4ordf

A multissemiose ou a multiplicidade de modos de significar que as possibilidades

multimidiaacuteticas e hipermidiaacuteticas do texto eletrocircnico trazem para o ato de leitura jaacute natildeo basta

mais a leitura do texto verbal escrito ndash eacute preciso relacionaacute-lo com um conjunto de signos de

outras modalidades de linguagem (imagem estaacutetica imagem em movimento muacutesica fala) que

o cercam ou intercalam ou impregnam esses textos multissemioacuteticos extrapolaram os limites

dos ambientes digitais e invadiram tambeacutem os impressos (jornais revistas livros didaacuteticos)

Fonte Rojo 2009 p 105

Com base no exposto podemos destacar que natildeo daacute mais para ignorar que essas

mudanccedilas interferem no modo como as pessoas leem e interpretam textos contemporacircneos em

diferentes suportes sejam analoacutegicos ou digitais Desse modo ler considerando as imagens

cores formatos e tamanhos de letras boxes entre outros recursos trazendo para si significaccedilatildeo

requer competecircncia anaacutelise e leitura criacutetica Nesse sentido Rojo (2009 p 112) define ldquoos

letramentos criacuteticos como capazes de lidar com textos e discursos naturalizados de maneira a

perceber seus valores e intenccedilotildees suas estrateacutegias seus efeitos de sentidordquo

Dessa forma observamos que a leitura por meio da tecnologia estaacute em evidecircncia e o

nosso aluno deve estar inserido nesse contexto Aleacutem disso percebemos que a utilizaccedilatildeo desses

recursos digitais concentram dinamismo e interaccedilatildeo tatildeo atrativos agraves crianccedilas jovens e adultos

da contemporaneidade

Vivemos em uma era em que a internet as redes sociais os textos multimodais e

hipermidiaacuteticos apresentam estruturas de texto verbal e natildeo-verbal cada vez mais atraentes

permitindo ao leitorusuaacuterio ser levado a um infinito mundo real e irreal de possibilidades de

comunicaccedilatildeo Assim levando em conta esse contexto hipermidiaacutetico Rojo argumenta que

[u]m dos objetivos principais da escola eacute justamente possibilitar que seus alunos

possam participar das vaacuterias praacuteticas sociais que se utilizam da leitura e da escrita

(letramentos) na vida da cidade de maneira eacutetica criacutetica e democraacutetica Para fazecirc-lo

eacute preciso que a educaccedilatildeo linguiacutestica leve em conta hoje de maneira eacutetica e

democraacutetica os multiletramentos ou letramentos muacuteltiplos os letramentos

multissemioacuteticos (ROJO 2009 p 107)

50

Outro aspecto que devemos levar em consideraccedilatildeo eacute que o trabalho com textos

multimodais pode proporcionar a anaacutelise da leitura de imagens com consideraacutevel importacircncia

pois sabemos que antes de conhecer a escrita na escola a crianccedila jaacute convive com ela e antes

mesmo de atentar agrave palavra escrita sente-se atraiacuteda pela imagem pelo colorido pelas

propagandas visuais e pelo fasciacutenio da tecnologia

Segundo Rojo (2009 p 108) as ldquo[] muacuteltiplas exigecircncias que o mundo contemporacircneo

apresenta agrave escola vatildeo multiplicar enormemente as praacuteticas e textos que nela devem circular e

ser abordadosrdquo e questiona sobre como seraacute realizada essa abordagem na escola Como

organizar a abordagem de praacuteticas de letramento Que eventos que esferas e miacutedias selecionar

Quais textos e como abordaacute-los

Para esse entendimento e escolha Marcuschi (2008) e Rojo (2009) acrescentam que

dois conceitos bakhtinianos podem nos auxiliar o conceito de esfera de atividade ou de

circulaccedilatildeo de discursos e o conceito de gecircneros discursivos De acordo com Marcuschi (2008

p 155) o domiacutenio discursivo constitui-se de ldquo[] praacuteticas enunciativas discursivas nas quais

podemos identificar um conjunto de gecircneros textuais que agraves vezes lhe satildeo proacuteprios ou

especiacuteficos como rotinas comunicativas []rdquo

Bakhtin defende que

[t]odas as esferas da atividade humana por mais variadas que sejam estatildeo sempre

relacionadas com a utilizaccedilatildeo da liacutengua Natildeo eacute de surpreender que o caraacuteter e os modos

dessa utilizaccedilatildeo sejam tatildeo variados como as proacuteprias esferas da atividade humana o

que natildeo contradiz a unidade nacional de uma liacutengua A utilizaccedilatildeo da liacutengua efetua-se

em forma de enunciados (orais e escritos) concretos e uacutenicos que emanam dos

integrantes duma ou doutra esfera da atividade humana (BAKHTIN1997 p 279)

Assim percebemos que em nossa vida cotidiana participamos de diversas esferas de

atividade como por exemplo atividades domeacutesticas e familiares do trabalho escolar

acadecircmica religiosa artiacutestica juriacutedica publicitaacuteria entre tantas outras e natildeo podemos deixar

de citar que hoje as atividades eletrocircnicasdigitais tambeacutem fazem parte das esferas de atividade

humana e que soacute podem ser realizadas por meio da tecnologia

Rojo (2009) acrescenta que na vida diaacuteria circulamos por essas esferas em diferentes

posiccedilotildees sociais miacutedias diversas e em culturas tambeacutem diferentes Compreendemos que a

inserccedilatildeo da tecnologia no cotidiano das pessoas eacute cada vez mais rotineira e rompeu as barreiras

da comunicaccedilatildeo pois mudou a forma de pensar de agir de relacionar e de produzir informaccedilatildeo

Por isso a autora destaca que hoje as esferas de atividades natildeo satildeo estanques e separadas mas

ao contraacuterio elas se mesclam o tempo todo como podemos ver na figura abaixo

51

Figura 03 ndash Esferas de atividade social ou de circulaccedilatildeo dos discursos

Fonte Rojo 2009 p 110

A figura 03 revela que cada esfera de atividade humana da oralidade ou da escrita

impressa ou digital representa uma dimensatildeo de circulaccedilatildeo de discursos e de utilizaccedilatildeo da

liacutengua e que muitos gecircneros satildeo comuns a vaacuterios domiacutenios Por isso a autora explica que em

uma esfera de comunicaccedilatildeo a crianccedila ou o jovem usa a linguagem informal como no MSN em

e-mails em blog e em bilhetes escolares obedecendo agraves condiccedilotildees de circulaccedilatildeo da liacutengua

Outro aspecto pertinente levantado por Rojo (2009) eacute que a abrangecircncia de discursos

das ideologias e das significaccedilotildees devem fomentar na escola e fora dela os letramentos criacuteticos

que possibilitam ao aluno lidar com textos e discursos percebendo seus valores suas intenccedilotildees

e seus efeitos de sentido As esferas de atividade no mundo contemporacircneo ampliaram as

condiccedilotildees de discurso sendo papel da escola ldquo[] colocar em diaacutelogo ndash natildeo isento de conflitos

polifocircnico em termos bakhtinianos ndash os textosenunciadosdiscursos das diversas culturas locais

com as valorizadas [] para formar um cidadatildeo multicultural em sua cultura e poliglota em

sua liacutenguardquo (ROJO 2009 p 115)

Assim eacute preciso trazer esse universo midiaacutetico para a escola natildeo para servir agrave cultura

global mas para ajudar o aluno a despertar o senso criacutetico avaliando o que lecirc as informaccedilotildees

que recebe sua aprendizagem o significado e a influecircncia do aprendizado na sua vida Com

isso torna-se papel da escola inserir esse universo na sala de aula buscando formar indiviacuteduos

criacuteticos capazes de ler de interpretar de avaliar o mundo em que vivem de interagir imagens

com palavras tornando-os mais motivados para o uso da leitura e da escrita como atividade

social

Portanto eacute necessaacuterio ensinar o aluno a comunicar-se e a produzir comunicaccedilatildeo auxiliaacute-

lo a perceber a se expressar a construir uma visatildeo criacutetica e eficiente das diversas formas de

expressatildeo ampliando sua percepccedilatildeo no entendimento de qualquer linguagem principalmente

52

porque vivemos em espaccedilos de aprendizagem que pretendem incorporar gradativamente o uso

das tecnologias e com isso a intensidade da informaccedilatildeo verbal e da visual exige de noacutes

compreensatildeo e reestruturaccedilatildeo da forma como estamos acostumados a ler

23 Texto (multimodal) e ensino

No ensino de Liacutengua Portuguesa o texto eacute o ponto de partida para o desenvolvimento

de atividades de leitura compreensatildeo interpretaccedilatildeo reflexatildeo sobre o uso da liacutengua

vocabulaacuterio ortografia e tema para as produccedilotildees de texto praticamente nesta sequecircncia de

estudo tanto no planejamento dos professores dessa aacuterea quanto na maioria dos livros didaacuteticos

Assim podemos inferir que o texto eacute algo essencial na praacutetica de leitura e escrita nas aulas de

Liacutengua Portuguesa e tambeacutem uma atividade muito familiar de todos os estudantes pois eacute uma

praacutetica constante da escola Aleacutem disso falamos por textos e lidamos com textos diariamente

sejam orais ou escritos impressos ou digitais

A partir dos anos 60 surge a Linguiacutestica do texto que trata hoje da produccedilatildeo e da

compreensatildeo de textos orais e escritos De acordo com Marcuschi (2008 p 73) a Linguiacutestica

textual ndash LT ndash ldquopode ser definida como os estudos das operaccedilotildees linguiacutesticas discursivas e

cognitivas reguladoras e controladoras da produccedilatildeo construccedilatildeo e processamento de textos orais

e escritos ou orais em contextos naturais de usordquo Assim de acordo com o autor a LT parte do

princiacutepio de que a liacutengua natildeo funciona de forma fragmentada em fonemas morfemas palavras

ou frases soltas mas em unidades de sentido que chamamos de texto sejam orais ou escritos

De acordo com Koch (2012 p 25) ldquoo conceito de texto varia conforme o autor eou a

orientaccedilatildeo teoacuterica adotadardquo Assim concebemos a noccedilatildeo de texto que Marcuschi (2008 p 72)

adota desenvolvida por Beaugrande (1997) segundo o qual ldquotexto eacute um evento comunicativo

em que convergem accedilotildees linguiacutesticas sociais e cognitivasrdquo

Segundo Marcuschi (2008 p 80) ldquoo texto natildeo eacute uma simples sequecircncia de palavras

escritas ou faladas mas um eventordquo Um evento comunicativo que tem como foco os usos da

liacutengua que concentra a sua essecircncia em expor as coisas reais que acontecem no dia-a-dia das

pessoas que tenha relevacircncia para a sua vida e para os outros Natildeo eacute um simples amontoado de

palavras soltas mas uma atividade discursiva que pode ser falada ou escrita

Koch (2012 p 26) postula que ldquoo texto pode ser concebido como resultado parcial de

nossa atividade comunicativa que compreende processos operaccedilotildees e estrateacutegias que tecircm lugar

na mente humana e que satildeo postos em accedilatildeo em situaccedilotildees concretas de interaccedilatildeo socialrdquo

Assim percebe-se que o texto apresenta um conjunto de fatores que favorecem a

concepccedilatildeo de linguagem em uso de discursividade de sentido de valor semacircntico de suas

53

propriedades (coesatildeo coerecircncia informatividade intertextualidade entre outros) de

multifunccedilotildees e multimodalidade Nessa perspectiva Marcuschi (2008) tece as seguintes

consideraccedilotildees

1 O texto eacute visto como um sistema de conexotildees entre vaacuterios elementos tais como

sons palavras enunciados significaccedilotildees participantes contextos accedilotildees etc

2 O texto eacute construiacutedo numa orientaccedilatildeo de multissistemas ou seja envolve tanto

aspectos linguiacutesticos como natildeo linguiacutesticos no seu processamento (imagem muacutesica)

e o texto se torna em geral multimodal

3 O texto eacute um evento interativo e natildeo se daacute como um artefato monoloacutegico e

solitaacuterio sendo sempre um processo e uma coproduccedilatildeo (co-autorias em vaacuterios niacuteveis)

4 O texto compotildee-se de elementos que satildeo multifuncionais sob vaacuterios aspectos tais

como um som uma palavra uma significaccedilatildeo uma instruccedilatildeo etc e deve ser

processado com esta multifuncionalidade (MARCUSCHI 2008 p 80)

Com base no exposto consideramos que o texto extrapola as questotildees meramente

linguiacutesticas pois concentra vaacuterios aspectos natildeo linguiacutesticos que devem ser considerados

principalmente porque estamos inseridos em uma sociedade imersa em um grande ambiente

multimodal

Na Teoria da Multimodalidade defendida por Kress e Van Leeuwen (2006) o texto

multimodal eacute aquele cujo significado se realiza por mais de um coacutedigo semioacutetico ou recursos

semioacuteticos Por recursos semioacuteticos entendem-se de acordo com Dioniacutesio (2006) os modos

(imagens escrita som muacutesica linhas cores tamanhos acircngulos ritmos etc) e como eles se

integram no texto atraveacutes das modalidades sensoriais (visual auditiva olfativa etc) Ainda de

acordo com Dioniacutesio (2006 p 21) ldquoo termo multimodal tem sido usado para nomear textos

constituiacutedos por combinaccedilatildeo de recursos de escrita (fonte tipografia) som (palavras faladas

muacutesicas) imagens (desenhos fotos reais) gestos movimentos expressotildees faciais etcrdquo

Deve-se ressaltar que ao fazer a leitura de uma imagem aleacutem de observar planos traccedilos

cores figuras eacute preciso compreender como esse conjunto de recursos semioacuteticos dialogam

pois ao vermos uma imagem imediatamente evocamos uma seacuterie de interpretaccedilotildees

Para Dioniacutesio (2006 p 160) o fato de a nossa sociedade estar cada vez ldquomais visualrdquo

demonstra que os textos multimodais ldquo[] satildeo textos especialmente construiacutedos que revelam

as nossas relaccedilotildees com a sociedade e com o que a sociedade representardquo

Por isso o estudo dos textos multimodais eacute relevante porque estamos imersos em

imagens sons textos palavras muacutesicas cores entre outras infinidades de possibilidades de

leituras variadas dispostas nesta sociedade que utiliza a internet como veiacuteculo de informaccedilatildeo e

de comunicaccedilatildeo Esse estudo possibilita ao professor e ao aluno o conhecimento de uma

54

linguagem multissignificativa entrecortada por relaccedilotildees de poder que se estabelecem no

discurso

Dessa maneira a anaacutelise dos textos visuais contribui de forma relevante para que se

compreendam os mecanismos de construccedilatildeo de sentidos visuais o que favorece o

desenvolvimento da leitura e da escrita de textos de natureza multimodal de acordo com a

Gramaacutetica de Design Visual ndash GDV de Kress e Van Leewen

Natildeo podemos deixar de abordar que o sistema de estruturaccedilatildeo visual elaborado por

Krees e Van Leeuwen (2006) na Gramaacutetica de Design Visual (GDV) compotildee-se de trecircs

metafunccedilotildees Primeiramente citamos a metafunccedilatildeo ideacional por meio da qual eacute expressa a

experiecircncia e a habilidade dos participantes de representarem e de interpretarem o mundo por

meio de estruturas narrativas ou conceituais (participantes representados participantes

interativos) A metafunccedilatildeo interacional diz respeito ao grau de interaccedilatildeo entre os elementos da

composiccedilatildeo Aleacutem disso haacute metafunccedilatildeo interpessoal na qual eacute expressa a relaccedilatildeo estabelecida

entre os interlocutores que ao desempenharem suas funccedilotildees criam possiacuteveis significados

tendo como base o contexto social do qual fazem parte (contato olhar de oferta e olhar de

demanda distacircncia social plano fechado plano meacutedio plano aberto) Haacute tambeacutem a funccedilatildeo

composicional que tem metafunccedilatildeo textual a qual expressa a relaccedilatildeo e a disposiccedilatildeo que os

elementos visuais ocupam na composiccedilatildeo visual para a construccedilatildeo de sentidos bem como a

relaccedilatildeo que esses elementos mantecircm com a situaccedilatildeo em que satildeo usados (valor da informaccedilatildeo

dadonovo idealreal e centromargem) A partir dessas consideraccedilotildees observa-se a articulaccedilatildeo

de vaacuterios modos semioacuteticos nos textos multimodais que convergem significados

representacionais interativos e composicionais e contribuem com a construccedilatildeo de sentidos do

texto

Entendemos de acordo com Koch (2006) que o sentido do texto eacute construiacutedo pelos

processos de interaccedilatildeo autor-texto-leitor Aleacutem disso a autora considera de fundamental

importacircncia que o leitor leve em consideraccedilatildeo as ldquosinalizaccedilotildeesrdquo na e para a produccedilatildeo de sentido

e os conhecimentos que possui ou seja o sentido de um texto eacute construiacutedo na interaccedilatildeo texto-

sujeitos

Segundo Marcuschi (2008 p 70) sujeito ldquoeacute aquele que ocupa um lugar no discurso e

que se determina na relaccedilatildeo com o outrordquo Um sujeito que pensa que se apropriou da

linguagem tem o que falar e para quem falar Um ser social eacute capaz de produzir ideias e

envolver-se nas questotildees da sociedade em que vive de forma interativa e contextualizada Eacute sob

essa perspectiva de escrita como atividade interativa que Antunes (2003) estabelece as

seguintes consideraccedilotildees

55

Uma visatildeo interacionista da escrita supotildee desse modo encontro parceria

envolvimento entre sujeitos para que aconteccedila a comunhatildeo das ideias das

informaccedilotildees e das intenccedilotildees pretendidas Assim por essa visatildeo supotildee que algueacutem

selecionou alguma coisa a ser dita a um outro algueacutem como quem pretendeu interagir

em vista de algum objetivo (ANTUNES 2003 p 45)

Diante do exposto a produccedilatildeo de textos na escola merece atenccedilatildeo haja vista a

necessidade de tornar o aluno sujeito das suas proacuteprias ideias ou seja um produtor de textos

que tem algo a dizer e para quem dizer Dessa forma pretende-se que a autoria faccedila parte da

vida do aluno como algo natural em uma troca de informaccedilotildees que se deseja partilhar Contudo

a dificuldade em produzir textos eacute uma realidade escolar A maioria dos alunos apresenta

estranhamento bloqueio medo de escrever Lidam diariamente com textos na escola e fora

dela realizam leituras desenvolvem atividades de interpretaccedilatildeo e anaacutelise mas demonstram

insatisfaccedilatildeo em produzir textos

Percebe-se que a falta de entendimento do que vem a ser um texto bem como da sua

percepccedilatildeo enquanto sujeito capaz de produzir discurso nas relaccedilotildees de interaccedilatildeo interfere

nesse processo de produccedilatildeo textual Por isso julgamos ser imprescindiacutevel que o aluno tenha

contato com textos de diversos gecircneros e que seja tambeacutem um leitor Ser leitor para construir

um repertoacuterio ideoloacutegico e vivencial para ter o que falar e para quem falar Como ressalta

Bakhtin

[n]a realidade toda palavra comporta duas faces Ela eacute determinada tanto pelo fato de

que procede de algueacutem como pelo fato de que se dirige para algueacutem Ela constitui

justamente o produto da interaccedilatildeo do locutor e do ouvinte [] A palavra eacute uma

espeacutecie de ponte lanccedilada entre mim e os outros Se ela se apoia sobre mim numa

extremidade na outra apoia-se sobre o meu interlocutor A palavra eacute o territoacuterio

comum do locutor e do interlocutor (BAKHTIN 1999 p 113)

Logo precisamos deixar claro para o aluno que ele tem capacidades comunicativas e

que sempre haveraacute a possibilidade de interaccedilatildeo entre locutor e interlocutor que ldquotodos temos

uma competecircncia textual-discursiva relativamente bem desenvolvida e natildeo haacute o que ensinar

propriamenterdquo como ressalta Marcuschi (2008 p 81) Nesse sentido a escola deve ativar essa

competecircncia a partir da praacutetica docente que intermedeia a linguagem oral e escrita atraveacutes de

leituras debates problematizaccedilatildeo discussotildees em sala de aula entre outras estrateacutegias que

privilegiam a produccedilatildeo textual como algo prazeroso

56

24 A internet e os gecircneros digitais no contexto escolar

Pensar em como as tecnologias digitais da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo podem

transformar nossa praacutetica pedagoacutegica natildeo eacute algo tatildeo recente Mesmo assim a praacutetica

pedagoacutegica sob essa perspectiva possibilita a noacutes professores natildeo soacute a atualizaccedilatildeo de

conhecimentos mas o acompanhamento das mudanccedilas no cenaacuterio mundial principalmente no

contexto escolar que eacute nosso espaccedilo de atuaccedilatildeo profissional Dessa forma a escola natildeo pode

desvincular-se do que acontece fora dela devendo estabelecer relaccedilotildees de praacuteticas de

letramento com a tecnologia para que surjam novas possibilidades de ensino-aprendizagem

contextualizadas e significativas

Nesse contexto as miacutedias e as tecnologias ganharam destaque em todos os aspectos

principalmente como instrumentos de novas propostas pedagoacutegicas Assim entende-se cada

vez mais a escola como uma instituiccedilatildeo inserida em uma sociedade que apresenta

transformaccedilotildees especialmente nas formas de acesso ao conhecimento Dessa maneira para natildeo

dissociar suas praacuteticas e processos da realidade social ela deve tambeacutem acompanhar essas

transformaccedilotildees apropriando-se desses novos meios de transmissatildeo de conhecimento e

transformando-os em instrumentos pedagoacutegicos A partir dessa concepccedilatildeo eacute preciso abordar

de maneira sucinta as interfaces das tecnologias digitais da informaccedilatildeo e da comunicaccedilatildeo com

a educaccedilatildeo

A internet ganhou abrangecircncia mundial pois eacute responsaacutevel por uma parte expressiva

das informaccedilotildees que circulam no mundo em um processo de compartilhamento de ideias que

foi estimulado especialmente a partir da deacutecada de 1980 quando seu uso tornou-se puacuteblico

deixando de ser exclusividade de especialistas e instituiccedilotildees governamentais Desde entatildeo a

internet vem se popularizando com a implantaccedilatildeo de laboratoacuterios de informaacutetica em diversas

instituiccedilotildees de ensino sobretudo apoacutes a utilizaccedilatildeo das ondas de raacutedio para essa finalidade uma

vez que por meio de uma linha telefocircnica seu uso era dispendioso e por isso restrito

Em 2015 conforme dados extraiacutedos da Pesquisa Nacional por Amostras em Domiciacutelios

(PNAD 2015) 578 de domiciacutelios brasileiros possuiacuteam acesso agrave internet Isso equivale a 393

milhotildees de domiciacutelios Aleacutem disso a pesquisa evidenciou que quanto maior a classe de

rendimento mensal domiciliar per capita maior eacute a proporccedilatildeo de domiciacutelios com Internet

Assim os domiciacutelios pertencentes agraves classes de rendimento domiciliar per capita de ateacute um

salaacuterio miacutenimo encontram-se abaixo da meacutedia nacional revelando uma desigualdade

socioeconocircmica e assim uma desvantagem quanto ao acesso agrave internet por falta de condiccedilotildees

financeiras

57

Outro aspecto observado de acordo com a PNAD (2015)15 eacute que houve reduccedilatildeo no

nuacutemero de domiciacutelios particulares permanentes com acesso agrave internet por meio de

microcomputador passando de 282 milhotildees em 2014 para 275 milhotildees em 2015 No

entanto aumentou o contingente de domiciacutelios com acesso agrave internet por meio de outros

equipamentos como celular 921 (362 milhotildees) tinham acesso por meio de telefone moacutevel

celular (aumento de 117 pontos percentuais em relaccedilatildeo a 2014) 211 (83 milhotildees) por tablet

(queda de 08 ponto percentual) e 75 (29 milhotildees) por televisatildeo (aumento de 26 pontos

percentuais)

Em 2013 o uso do microcomputador predominava em todas as grandes regiotildees com

exceccedilatildeo da regiatildeo Norte Jaacute em 2014 e contiacutenuo crescimento em 2015 de acordo com a

pesquisa a utilizaccedilatildeo do microcomputador como uacutenico equipamento para acesso agrave internet natildeo

mais prevalece na maioria dos domiciacutelios da populaccedilatildeo brasileira

Vale ressaltar tambeacutem que a pesquisa por meio da anaacutelise por distribuiccedilatildeo etaacuteria

constatou que os grupos mais jovens registraram as maiores proporccedilotildees de utilizaccedilatildeo da internet

em 2015 Analisando os grupos compreendidos na faixa de 10 a 44 anos de idade descobriu-

se que o uso da internet ultrapassava 575 (1021 milhoes de pessoas) Observamos a partir

desses dados que a utilizaccedilatildeo da internet mostrou relaccedilatildeo direta com os anos de estudo

indicando proporccedilotildees crescentes entre os mais escolarizados Em relaccedilatildeo a 2013 2014 e 2015

todos os niacuteveis de instruccedilatildeo apresentaram aumento da utilizaccedilatildeo da internet com exceccedilatildeo do

grupo sem instruccedilatildeo e menos de um ano de estudo que passou de 54 em 2013 para 52

em 2014 mas em 2015 houve aumento de 22 passando para 74 Para as pessoas com ateacute

sete anos de estudo a proporccedilatildeo foi inferior agrave meacutedia nacional (575) enquanto para aquelas

com oito anos ou mais de estudo a proporccedilatildeo foi superior Assim considerando o niacutevel de

instruccedilatildeo observou-se que as proporccedilotildees de utilizaccedilatildeo da Internet aumentaram continuamente

ateacute o niacutevel superior incompleto que alcanccedilou o valor maacuteximo de 9470 decaindo depois

para 928 no grupo que possui superior completo Eacute notoacuterio dizer que em 2015 dos 1021

milhotildees de usuaacuterios da internet 284 (290 milhotildees) eram estudantes Por isso o potencial e

as possibilidades de uso da internet na educaccedilatildeo satildeo evidentes porque ela constitui a maior e a

mais abrangente forma de comunicaccedilatildeo interaccedilatildeo e troca de saberes devendo fazer parte do

contexto escolar

15 Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios (PNAD 2015) Disponiacutevel em lt

httpsbibliotecaibgegovbrvisualizacaolivrosliv99054pdf gt Acesso em 04 fev 2018

58

Assim podemos dizer que esses novos recursos de interaccedilatildeo comunicativa viabilizados

pela tecnologia podem e devem ser agregados ao contexto escolar estabelecendo relaccedilotildees de

sentido para o aluno e para a sociedade

Dessa forma sob a perspectiva do letramento como praacutetica social que atenda agraves

necessidades de aprendizagem do seacuteculo XXI a exigecircncia de utilizar os gecircneros digitais como

ferramenta de ensino configura um novo comportamento diante da leitura e da escrita Dessa

maneira a praacutetica docente restrita ao letramento das miacutedias impressas natildeo eacute suficiente tendo

em vista a real necessidade de inserir tecnologias digitais no contexto escolar que jaacute estatildeo tatildeo

presentes na vida das pessoas e de certa forma fora da escola

A esse respeito Coscarelli afirma que

[a]s escolas precisam preparar os alunos tambeacutem para o letramento digital com

competecircncias e formas de pensar adicionais ao que antes era previsto para o impresso

Sendo assim o desafio que precisamos enfrentar eacute o de incorporar ao ensino da leitura

tanto os textos de diferentes miacutedias (jornais impressos e digitais formulaacuterios online

viacutedeos muacutesicas sites blogs e tantos outros) quanto formas de lidar com eles (COSCARELLI 2016 p 17)

Assim a escola poderia levar em consideraccedilatildeo esses aspectos e preparar o aluno para

viver na sociedade contemporacircnea estabelecendo relaccedilotildees com o mundo real e com a

tecnologia preparando-o para enfrentar desafios resolver problemas e participar da sociedade

de forma criacutetica e responsaacutevel pois o uso de novas tecnologias da informaccedilatildeo de miacutedias de

gecircneros textuais e digitais cria inuacutemeras possibilidades de aprendizagem principalmente

quando se considera o contexto social a cultura e a vivecircncia dos sujeitos envolvidos no processo

de ensino-aprendizagem Assim nessa perspectiva pretende-se desenvolver no estudante

competecircncias de leitura e escrita por meio de gecircneros textuais e digitais

Os gecircneros textuais conforme Marcuschi (2008 p 155) satildeo [] textos que

ldquoencontramos em nossa vida diaacuteria e que apresentam padrotildees sociocomunicativos

caracteriacutesticos definidos por composiccedilotildees funcionais objetivos enunciativos e estilos

concretamente realizados na integraccedilatildeo de forccedilas histoacutericas sociais institucionais e teacutecnicasrdquo

Jaacute os gecircneros digitais apresentam os mesmos padrotildees sociocomunicativos estatildeo

presentes mais do que nunca na vida diaacuteria das pessoas poreacutem se valem do suporte virtual ou

seja da internet para se materializarem

Observamos que a rede mundial de computadores trouxe grandes mudanccedilas na forma

de comunicaccedilatildeo e acesso agrave informaccedilatildeo e a escola pouco tem utilizado essa profiacutecua ferramenta

como inovaccedilatildeo na praacutetica pedagoacutegica Marcuschi (2008 p 175) define como suporte de um

gecircnero ldquoum loacutecus fiacutesico ou virtual com formato especiacutefico que serve de base ou ambiente de

59

fixaccedilatildeo do gecircnero materializado como textordquo Assim os gecircneros digitais satildeo textos presentes

no nosso cotidiano e que estatildeo materializados no ambiente digital Cabe assim

compreendermos que o ambiente digital apresenta peculiaridades e variaacuteveis mas de acordo

com Marcuschi (2010 p 22) eacute fato inconteste ldquo[] que a internet e todos os gecircneros ligados a

ela satildeo eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita Na internet a escrita continua

essencial apesar da integraccedilatildeo de imagens e somrdquo

Nessa perspectiva Marcuschi (2010) relaciona no Quadro 06 os gecircneros digitais por

ele classificados como emergentes fazendo uma relaccedilatildeo com os gecircneros textuais jaacute existentes

Quadro 06 ndash Gecircneros textuais emergentes na miacutedia virtual e seus equivalentes em gecircneros

preexistentes Gecircneros emergentes Gecircneros jaacute existentes

1 E-mail Carta pessoal bilhete correio

2 Chat em aberto Conversaccedilotildees (em grupos abertos)

3 Chat reservado Conversaccedilotildees duais (casuais)

4 Chat ICQ (agendado) Encontros pessoais (agendados)

5 Chat em salas privadas Conversaccedilotildees (fechadas)

6 Entrevista com convidado Entrevista com pessoa convidada

7 E-mail educacional (aula por e-mail) Aulas por correspondecircncia

8 Aula-chat (aulas virtuais) Aulas presenciais

9 Videoconferecircncia interativa Reuniatildeo de grupo conferecircncia debate

10 Lista de discussatildeo Circulares seacuteries de circulares ()

11 Endereccedilo eletrocircnico Endereccedilo postal

12 Blog Diaacuterio pessoal anotaccedilotildees agendas

Fonte Marcuschi 2010 p 37

Compreendemos com base em Marcuschi (2008) que esses textos tecircm caracteriacutesticas

particulares e mesmo sendo por meio virtual as relaccedilotildees de interaccedilatildeo satildeo entre indiviacuteduos

reais Outros aspectos pertinentes e que satildeo relevantes para diferenciar e caracterizar esses

gecircneros satildeo a composiccedilatildeo (aspectos textuais e formais) o tema (natureza dos conteuacutedos) e o

estilo (aspectos relativos agrave linguagem) mesmo sabendo que por meio do ambiente virtual as

experimentaccedilotildees e possibilidades de uso satildeo ilimitadas

No sentido de melhor compreender as semelhanccedilas e diferenccedilas entre os gecircneros jaacute

existentes e os gecircneros emergentes Marcuschi (2010) traccedila alguns paracircmetros que poderiam

caracterizar esses novos gecircneros mas alerta que eacute apenas uma proposta descritiva e que carece

de maior investigaccedilatildeo Poreacutem analisa dois aspectos importantes que contribuem para essa

anaacutelise o tempo e os participantes como podemos observar no Quadro 07

60

Quadro 07 ndash Formatos da comunicaccedilatildeo por computador conforme os participantes e o tempo

Participantes Tempo

Siacutencrono Assiacutencrono

Bilateral Chat reservado E-mail

Multilateral Chat em salas abertas

Aula chat

Informaccedilotildees listas de

discussatildeo blogs

Fonte Marcuschi 2010 p 38

Observamos ancorados em Marcuschi (2010) que a simultaneidade ou natildeo em que

ocorrem as relaccedilotildees de fala-escrita apresenta um caraacuteter inovador no contexto das relaccedilotildees

discursivas e na forma como a linguagem acontece diante de tantos recursos inovadores Os

gecircneros no contexto digital mudam radicalmente a forma como as pessoas estabelecem

produzem ou reproduzem comunicaccedilatildeo e informaccedilatildeo Aleacutem desses aspectos (tempo e

participantes) satildeo levados em conta outros paracircmetros que caracterizam esses gecircneros como

o nuacutemero de interlocutores o tempo de envio das mensagens ou sinais a quantidade de texto

permitido limites impostos agrave revisatildeo meacutetodo de armazenamento busca e gerenciamento dos

textos e riqueza e variedade de sinais (texto som imagem etc)

Portanto conveacutem destacar que uma das caracteriacutesticas notaacuteveis em ambientes virtuais eacute

a alta interatividade a rapidez em enviar e em receber mensagens simultaneamente que antes

da tecnologia soacute era permitida face a face Ademais a utilizaccedilatildeo de recursos semioloacutegicos

comuns nesses ambientes como imagens sons viacutedeos fotos emoticons iacutecones criam

dinamismo ao que eacute lido ou escrito

Embora nosso propoacutesito seja evidenciar as caracteriacutesticas dos gecircneros digitais e da

multimodalidade reconhecendo suas potencialidades e possibilidades de uso Ribeiro (2016)

estabelece alguns esclarecimentos sobre os gecircneros textuais a partir da relaccedilatildeo entre impresso

e digital A autora alerta para o cuidado com as generalizaccedilotildees e para o cuidado em conduzir

discussotildees a esse respeito jaacute que considera que tanto o impresso quanto o digital tratam dos

aspectos da linguagem em suas pertinecircncias ambiecircncias e possibilidades Nesse sentido

devemos evitar polarizaccedilotildees que tratam o impresso como limitado ou desvantajoso em relaccedilatildeo

ao digital A concentraccedilatildeo em extremos opostos e generalizados leva agrave segregaccedilatildeo e natildeo agrave

congruecircncia que se pretende alcanccedilar em utilizar o impresso e o digital na perspectiva da

multimodalidade que natildeo eacute um recurso apenas do digital Nesse sentido a utilizaccedilatildeo de

recursos impressos ou digitais no desenvolvimento da leitura e da escrita tem a intenccedilatildeo de

ampliar horizontes e natildeo restringi-los

61

Por isso Ribeiro (2016 p 18) levanta os seguintes questionamentos ldquoO que quero

escrever Que linguagens vatildeo me servir agorardquo Satildeo as nossas intenccedilotildees e objetivos que

definem se os recursos seratildeo impressos ou digitais Para que isso ocorra a autora ressalta que

ldquo[] o mais importante eacute criar planejar selecionar recursos que vatildeo do laacutepis ao computador

de uacuteltima geraccedilatildeo O que realmente importa eacute conhecer linguagens e modos de dizer sem tirar

os olhos dos efeitos de sentido desejadosrdquo (RIBEIRO 2016 p 119)

25 Blog ndash gecircnero digital como ferramenta de ensino

Com o avanccedilo da tecnologia a utilizaccedilatildeo de ferramentas inovadoras e associadas ao uso

pedagoacutegico torna-se um desafio ao professor que quer fomentar conhecimento sobre

linguagens interaccedilotildees intenccedilotildees leitura e escrita no meio virtual Segundo Marcuschi (2010

p 31) ldquo[] todas as tecnologias comunicacionais novas geram ambientes e meios novosrdquo

Sabemos que a novidade a rapidez e a interatividade no meio virtual dificultam a

definiccedilatildeo de ambientes e gecircneros Por isso mesmo Marcuschi (2010) afirma que a internet

representa um laboratoacuterio de experimentaccedilotildees de todos os formatos Aquilo que hoje configura

uma afirmaccedilatildeo ou uma definiccedilatildeo pela proacutepria caracteriacutestica da tecnologia que eacute o avanccedilo com

que as coisas acontecem pode invalidar essas mesmas definiccedilotildees ou conceitos Contudo

definiremos ambiente virtual e o gecircnero digital blog ancorados nos estudos de Marcuschi

(2010) Assim de acordo com autor os ambientes virtuais satildeo domiacutenios de produccedilatildeo e

processamento textual em que surgem os gecircneros e que se distinguem dos ambientes por vaacuterios

sentidos pois abrigam os gecircneros e por muitas vezes os condicionam Assim dos gecircneros

digitais classificados acima abordaremos o blog como um recurso educacional inovador no

processo de escrita

A palavra blog segundo Marcuschi (2010) surgiu no final de 1997 provavelmente

empregada por Jorn Barger para descrever sites pessoais que fossem atualizados

frequentemente e contivessem comentaacuterios e links Dessa maneira o termo blog originou-se e

popularizou-se por causa da internet referindo-se a uma forma simplificada de weblog (Web ndash

rede de computadores e log ndash uma espeacutecie de diaacuterio de bordo de navegadores que anotavam as

posiccedilotildees do dia)

O Quadro 08 a seguir eacute um recorte do quadro ldquoParacircmetros para identificaccedilatildeo dos

gecircneros digitais no meio virtualrdquo elaborado por Marcuschi (2010 p 41) como o intuito de

levantar aspectos funcionais e operacionais aleacutem do aspecto sociocomunicativo e as atividades

desenvolvidas que caracterizam os gecircneros digitais e-mails chat aberto chat reservado chat

62

agendado chat em salas privadas entrevista com convidado e-mails educacionais aula chat

videoconferecircncia interativa lista de discussatildeo endereccedilo eletrocircnico e blog Assim pelo recorte

do quadro de Marcuschi analisamos apenas o gecircnero blog tendo em vista sua utilizaccedilatildeo como

ferramenta de ensino no Projeto de Intervenccedilatildeo ndash PEI

Quadro 08 ndash Paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blog Dimensatildeo Aspecto Presenccedila Ausecircncia Irrelevacircncia do traccedilo

para definiccedilatildeo de

gecircnero

Relaccedilatildeo temporal Assiacutencrono

Duraccedilatildeo Indefinida

Extensatildeo do texto Indefinida

Formato textual Texto corrido

Participantes Muacuteltiplos

Relaccedilatildeo dos participantes Conhecidos

Anocircnimos

Troca de falantes Inexistente

Funccedilatildeo

Interpessoal

Luacutedica

Tema Livre

Estilo Informal

Canal semioses Texto com imagens

Recuperaccedilatildeo de mensagem Por gravaccedilatildeo

Fonte Adaptado a partir de Marcuschi 2010 p 41

Com base no Quadro 08 observamos que o blog apresenta uma relaccedilatildeo temporal

assiacutencrona pois a comunicaccedilatildeo natildeo ocorre exatamente ao mesmo tempo natildeo eacute simultacircnea por

isso sua duraccedilatildeo tambeacutem natildeo eacute definida cronologicamente ocorre de acordo com o tempo de

produccedilatildeo Da mesma forma ocorre com a extensatildeo do texto que eacute indefinida jaacute que depende

da intenccedilatildeo e do propoacutesito comunicativo do autor O formato textual eacute corrido geralmente eacute

um texto sem referecircncias bibliograacuteficas em um uacutenico paraacutegrafo Os participantes satildeo muacuteltiplos

e atuam apenas na tecitura de comentaacuterios com liberdade de opinar elogiar criticar ou natildeo

visto que eacute o administrador do blog quem define em suas configuraccedilotildees essas possibilidades de

interaccedilatildeo Outro aspecto observado eacute a relaccedilatildeo dos participantes Marcuschi (2010) chama a

atenccedilatildeo nesse quesito para uma possiacutevel assimetria haja vista a relaccedilatildeo de proximidade ou

natildeo com o blogueiro pois os usuaacuterios que com ele interagem sabem quem ele eacute mas o blogueiro

natildeo necessariamente conhece seu interlocutor Tambeacutem cumpre destacar a ausecircncia de troca de

falantes acontecendo a comunicaccedilatildeo por meio de texto e imagem embora o texto assuma um

63

caraacuteter luacutedico e interpessoal que entendemos como algo positivo jaacute que estabelece relaccedilotildees

entre pessoas mesmo sendo pelo texto escrito e assiacutencrono Aleacutem disso os temas satildeo livres e

a informalidade daacute leveza e liberdade ao blogueiro em suas produccedilotildees Por fim o processo de

significaccedilatildeo na dimensatildeo canal e semioses ocorrem por meio do texto e imagem e haacute a

possibilidade de recuperaccedilatildeo de mensagens atraveacutes de gravaccedilatildeo Esclarecemos que satildeo apenas

traccedilos baacutesicos levantados e analisados por Marcuschi (2010) os quais ajudam a compreender o

gecircnero blog natildeo satildeo portanto definiccedilotildees exatas e estanques como ele mesmo postula ao dizer

que essa anaacutelise eacute provisoacuteria tendo em vista o acelerado desenvolvimento das tecnologias e

mudanccedilas envolvidas em sua produccedilatildeo

Consideramos que essa anaacutelise eacute pertinente visto que o blog em muitas ocasiotildees eacute

confundido com home page que natildeo eacute um gecircnero digital mas uma paacutegina de entrada de site

eletrocircnico Marcuschi define os blogs como gecircneros digitais nos seguintes termos

[] os blogs funcionam como um diaacuterio pessoal na ordem cronoloacutegica com anotaccedilotildees

diaacuterias ou em tempos regulares que permanecem acessiacuteveis a qualquer um na rede

Muitas vezes satildeo verdadeiros diaacuterios sobre a pessoa sua famiacutelia ou seus gostos e seus

gatos catildees atividades sentimentos crenccedilas e tudo o que for conversaacutevel

(MARCUSCHI 2010 p 72)

Nesse sentido o blog funciona como um diaacuterio virtual nele satildeo inseridos comentaacuterios

textos notiacutecias curiosidades e variados temas em uma ordem cronoloacutegica Fornece aos

usuaacuterios inuacutemeras possibilidades de se combinarem textos escritos eou orais como o podcast

on line16 imagens viacutedeos links entre tantas outras miacutedias Possibilita ainda a interaccedilatildeo entre

usuaacuterios da rede a tecitura de comentaacuterios a respeito dos assuntos publicados tornando-se um

recurso inovador de comunicaccedilatildeo e produccedilatildeo de informaccedilatildeo Marcuschi (2010 p 73)

acrescenta ainda que os blogs tecircm ldquo[] estrutura leve textos em geral breves descritivos e

opinativosrdquo

Com a popularizaccedilatildeo do blog surgiram novas expressotildees no contexto de quem utiliza a

internet como blogueiros ndash pessoas que criam blogs com temaacuteticas diversas e expotildeem

opiniotildees produccedilotildees escritas em viacutedeo ou aacuteudio entre outros post ndash postagens publicadas no

blog pelo blogueiro Podem-se utilizar muacuteltiplas semioses imagens viacutedeos texto verbal fotos

links Aleacutem disso haacute tambeacutem espaccedilo para comentaacuterio ndash parecer sobre alguma postagem em

forma de elogio criacutetica observaccedilatildeo ponto de vista

As possibilidades de aprendizagem e interaccedilatildeo por meio dos blogs satildeo postas em

evidecircncia e servem tanto agrave praacutetica docente quanto agrave aprendizagem do aluno na apropriaccedilatildeo de

16 O podcast eacute um conteuacutedo de miacutedia (geralmente aacuteudio) transmitido via RSS Disponiacutevel em

lthttpsmundopodcastcombrartigoso-que-e-podcastgt Acesso em 18 out 2016

64

habilidades e competecircncias em utilizar recursos digitais visando ao letramento digital pela

interaccedilatildeo de dispositivos eletrocircnicos e da internet Manusear e utilizar esses recursos implica

conhecimento habilidade e familiaridade Coscarelli ressalta que

[o] letramento digital parte desse pluralismo vai exigir tanto a apropriaccedilatildeo das

tecnologias ndash como usar o mouse o teclado a barra de rolagem ligar e desligar os

dispositivos ndash quanto ao desenvolvimento de habilidades para produzir associaccedilotildees e

compreensotildees nos espaccedilos multimidiaacuteticos Escolher o conteuacutedo a ser disponibilizado

em uma rede de relacionamentos selecionar informaccedilatildeo relevante e confiaacutevel na web

navegar em um site de pesquisa construir um blog ou definir a linguagem mais

apropriada a ser usada em e-mails pessoais e profissionais satildeo exemplos de

competecircncias que ultrapassam o conhecimento da teacutecnica (COSCARELLI 2016 p

21)

Para muitos alunos a utilizaccedilatildeo da tecnologia pode ateacute ser familiar mas para outros

nem tanto Assim as competecircncias leitoras e escritoras precisam ser desenvolvidas e ampliadas

no contexto escolar promovendo o multiletramento por meio do qual o aluno teraacute a

possibilidade de compreender novas linguagens Coscarelli enfatiza que

[a] leitura e a navegaccedilatildeo em sites blogs e redes sociais diversas satildeo algumas das

possibilidades para o trabalho com textos no ambiente digital Explorar suas

potencialidades e usabilidade significa levar em conta natildeo soacute a forma de organizar os

discursos e a linguagem utilizada mas valorizar outras linguagens agregadas aos

textos verbais tais como iacutecones a estrutura da interface o leiaute dentre outros

aspectos (COSCARELLI 2016 p 25)

Sabemos que o fato de a escola desenvolver os multiletramentos e assim promover as

competecircncias linguiacutesticas dos alunos atraveacutes dos gecircneros digitais eacute um aspecto que merece

atenccedilatildeo pelo simples fato de o ser humano ser intrinsecamente comunicativo Por isso

Marcuschi (2008 p 163) diz que ldquoa vivecircncia cultural humana estaacute sempre envolta em

linguagem e todos os nossos textos situam-se nessas vivecircncias estabilizadas em gecircnerosrdquo

Portanto concebemos o blog como um espaccedilo de praacuteticas de leitura e de escrita sobre

vivecircncias estabilizadas nesse gecircnero digital sobre si sobre o cotidiano sobre suas atividades

entre tantos outros aspectos pessoais pois os alunos poderatildeo criar seu proacuteprio blog e produzir

textos sobre si mesmos Dessa forma eacute interessante estabelecer relaccedilotildees entre texto e discurso

que satildeo aspectos complementares das accedilotildees linguiacutesticas De acordo com Marcuschi (2008 p

81-82) ldquo[] o discurso dar-se-ia no plano do dizer (a enunciaccedilatildeo) e o texto no plano da

esquematizaccedilatildeo (a configuraccedilatildeo) Entre ambos o gecircnero eacute aquele que condiciona a atividade

enunciativardquo Assim de acordo com o autor entre o discurso e o texto estaacute o gecircnero que eacute visto

como uma praacutetica enunciativa Compreendemos entatildeo a partir dessas reflexotildees que todas as

formas de dizer constituem os gecircneros que fazem parte do nosso cotidiano e que esses textos

65

estatildeo situados em domiacutenios discursivos os quais satildeo esferas da vida social ou institucional nas

quais se datildeo as praacuteticas que organizam formas de comunicaccedilatildeo

Com base no exposto o gecircnero blog se enquadra no domiacutenio discursivo interpessoal e

tem como modalidade de uso a liacutengua escrita Essa relaccedilatildeo interpessoal tem por caracteriacutestica

a troca de informaccedilotildees do que se tem a dizer e para quem dizer Assim na vida diaacuteria narrar

faz parte de muitos eventos comunicativos que tecircm origem no social e nas relaccedilotildees pessoais

mais precisamente a narrativa pessoal (carta diaacuterio relato pessoal autobiografia etc) Sobre

esse dizer de si mesmo e o ouvir sobre si mesmo jaacute que nossas primeiras experiecircncias sobre

noacutes mesmos satildeo narradas a partir das impressotildees tambeacutem pessoais dos nossos pais e avoacutes

para Bakhtin eacute

[u]ma parte consideraacutevel da minha biografia soacute me eacute conhecida atraveacutes do que os

outros ndash meus proacuteximos ndash me contaram com sua proacutepria tonalidade emocional meu

nascimento minhas origens os eventos ocorridos em minha famiacutelia em meu paiacutes

quando eu era pequeno (tudo o que natildeo podia ser compreendido ou mesmo

simplesmente percebido pela crianccedila) Esses elementos satildeo necessaacuterios agrave

reconstituiccedilatildeo um tanto quanto inteligiacutevel e coerente de uma imagem global da minha

vida e do mundo que a rodeia ora todos esses elementos soacute me satildeo conhecidos ndash a

mim o narrador da minha vida ndash pela boca dos outros heroacuteis dessa vida Sem a

narrativa dos outros minha vida seria natildeo soacute incompleta em seu conteuacutedo mas

tambeacutem internamente desordenada desprovida dos valores que asseguram a unidade

biograacutefica (BAKHTIN 1997 p 169-170)

Logo compreendemos a importacircncia das narrativas pessoais como elementos

constitutivos de conteuacutedo e que datildeo sentido agrave vida pois todos tecircm a necessidade de saber sobre

si mesmos Por isso o blog como diaacuterio virtual configura em uma escrita iacutentima na qual as

accedilotildees ocorrem em tempo e espaccedilo definidos assim como os verbos devem ficar no passado

Aleacutem disso na narrativa pessoal o autor eacute o protagonista da sua proacutepria histoacuteria e a linguagem

eacute pessoal Observamos que o texto procura traduzir impressotildees pessoais a respeito da proacutepria

vida do autor e as percepccedilotildees que ele tem em relaccedilatildeo agrave vida de uma forma geral Assim segundo

Bakhtin (1997 p 154-155) ldquodentro de si mesmo o homem adota uma postura ativa no mundo

sua vida consciente eacute sempre ato atuo mediante o ato a palavra o pensamento o sentimento

vivo venho a ser atraveacutes do atordquo Nesse sentido a narrativa pessoal tem compromisso com a

vida de quem escreve sobre seus sentimentos momentos os quais satildeo expostos pelo ato

comunicativo

66

CAPIacuteTULO III

PERCURSO METODOLOacuteGICO

Este capiacutetulo tem o intuito de apresentar os procedimentos metodoloacutegicos utilizados no

desenvolvimento deste estudo Desse modo realizamos a pesquisa com abordagem

metodoloacutegica de natureza aplicada classificada como explicativa utilizando como

procedimentos teacutecnicos a pesquisa bibliograacutefica a pesquisa-accedilatildeo e a pesquisa participante A

coleta de dados foi realizada por meio de observaccedilatildeo questionaacuterio atividade inicial de escrita

e atividade final de escrita Aleacutem disso realizaram-se no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica

ndash PEI atividades de escrita voltadas para o desenvolvimento da consciecircncia fonoloacutegica e

ortograacutefica

31 Contexto da pesquisa

O contexto de referecircncia desta pesquisa foi a Escola Estadual Pio XII localizada na

Praccedila Santa Cruz sn Centro no municiacutepio de Januaacuteria norte de Minas Gerais Sua localizaccedilatildeo

eacute privilegiada visto ser proacutexima a uma praccedila que funciona como um espaccedilo cultural onde

acontecem festas religiosas e eventos esportivos da escola e da comunidade

A comunidade na qual a escola estaacute inserida recebe forte influecircncia do Rio Satildeo

Francisco que eacute considerado o berccedilo de vaacuterias manifestaccedilotildees culturais januarenses e tambeacutem

celeiro folcloacuterico Tais manifestaccedilotildees influenciam significativamente as atividades escolares

os projetos desenvolvidos e as apresentaccedilotildees artiacutesticas da escola Nesse acircmbito destacam-se as

danccedilas de origem africana como o Maculelecirc Os Reis dos Temerosos e a Capoeira Sobre o rio

Satildeo Francisco tem-se a puxada de rede e as cantigas de lavadeiras Todas essas representaccedilotildees

culturais contam com a participaccedilatildeo efetiva dos alunos e da comunidade escolar fortalecendo

a identidade cultural a origem e a tradiccedilatildeo popular

De acordo com a Proposta Poliacutetico-Pedagoacutegica ndash PPP a Escola Estadual Pio XII atende

a crianccedilas jovens e adultos do centro da cidade comunidades vizinhas e bairros perifeacutericos

Portanto haacute uma diversidade muito grande nos aspectos econocircmico cultural e social Muitos

desses educandos moram em casa proacutepria com iluminaccedilatildeo aacutegua tratada banheiro e rede de

esgoto mas tambeacutem haacute situaccedilotildees de vulnerabilidade social precariedade financeira e desajustes

familiares

No aspecto educacional prevalece a formaccedilatildeo de niacutevel de escolaridade meacutedio completo

para o pai e para a matildee Poreacutem percebe-se entre as matildees uma crescente busca pela formaccedilatildeo

67

acadecircmica O nuacutemero de famiacutelias que possuem apenas a 4ordf seacuterie ou nenhuma instruccedilatildeo tem

diminuiacutedo Dessa forma a escola tem se sensibilizado com o problema oferecendo cursos e

conscientizando as famiacutelias sobre a necessidade de se concluir pelo menos a educaccedilatildeo baacutesica

para que possam acompanhar o desenvolvimento dos seus filhos e melhorar sua qualidade de

vida

A Escola Estadual Pio XII eacute uma instituiccedilatildeo respeitada e reconhecida por toda

comunidade januarense Tem por objetivo a formaccedilatildeo humana integral do educando e a busca

da inserccedilatildeo social por meio da formaccedilatildeo da cidadania Alicerccedilada nesse objetivo procura

empregar uma praacutetica educativa que tem como eixo a formaccedilatildeo de um cidadatildeo autocircnomo e

participativo Tem por missatildeo a formaccedilatildeo eacutetica pautada no ensino de qualidade buscando a

integraccedilatildeo efetiva entre escola e comunidade para que haja sucesso na aprendizagem e

transformaccedilatildeo construtiva dos alunos no seu meio

Ainda de acordo com o PPP algumas famiacutelias mantecircm-se informadas por meio das novas

tecnologias O acesso ao computador e agrave internet vem crescendo graccedilas agraves lan houses existentes

nos bairros cuja utilizaccedilatildeo estaacute focada primordialmente no entretenimento e no lazer natildeo

necessariamente nos estudos A maioria tem acesso ao telefone moacutevel (celular) apenas duas

pessoas por famiacutelia tecircm emprego fixo e a renda mensal predominante eacute de dois salaacuterios

miacutenimos

Quanto agrave infraestrutura a Escola Estadual Pio XII funciona em preacutedio proacuteprio e conta

com dezesseis salas de aula uma sala de multimeios um laboratoacuterio de informaacutetica com acesso

agrave internet uma biblioteca comunitaacuteria uma quadra em processo de construccedilatildeo secretaria

cantina e natildeo possui refeitoacuterio A sala dos professores e da equipe pedagoacutegica o laboratoacuterio de

informaacutetica e a diretoria funcionam em espaccedilos improvisados Apesar dos espaccedilos citados

necessitarem de reforma para melhor atendimento agrave comunidade local e escolar contamos com

um laboratoacuterio de informaacutetica disponiacutevel aos alunos aspecto importante para o

desenvolvimento das praacuteticas de letramento digital e multiletramento dos discentes envolvidos

nesta pesquisa A aacuterea externa e a aacuterea de circulaccedilatildeo satildeo pavimentadas mas muito pequenas

para atender agrave demanda principalmente em eventos e durante o recreio Haacute tambeacutem aacuterea sem

pavimentaccedilatildeo necessitando de projeto paisagiacutestico

Atualmente a Escola Estadual Pio XII atende a 24(vinte e quatro) turmas do Ensino

Fundamental 06 (seis) turmas do Ensino Meacutedio 12 (doze) turmas de Educaccedilatildeo de Jovens e

Adultos (EJA) Ensino Fundamental e Ensino Meacutedio sendo 01(uma) turma na Sede e 11 (onze)

turmas na Unidade Escolar Prisional 08 (oito) turmas de Cursos Teacutecnicos da Rede

(Administraccedilatildeo Informaacutetica Informaacutetica para Internet e Recursos Humanos) e 05 (cinco)

turmas de Educaccedilatildeo Integral do Ensino Fundamental no Polo da Fundaccedilatildeo Educacional Caio

68

Martins ndash FUCAM totalizando 55 (cinquenta e cinco) turmas e 1118 (mil cento e dezoito

alunos

32 Sujeitos da pesquisa

O universo de investigaccedilatildeo foi constituiacutedo pelos alunos matriculados no 6ordm ano Juacutelia de

Faacutetima (o nome da turma eacute Julia de Faacutetima em homenagem a uma professora que trabalhou na

escola) da Escola Estadual Pio XII no Municiacutepio de Januaacuteria Minas Gerias A turma eacute

composta por 25 (vinte e cinco) alunos cujos nomes foram preservados e identificados por

coacutedigos conforme demonstra o Quadro 09 a seguir

Quadro 09 ndash Alunos informantes do 6ordm ano JF

Fonte Dados da Pesquisa 2017

Conforme exposto no quadro acima a turma eacute composta por 25 alunos matriculados

mas ressaltamos que desses 25 alunos dois satildeo desistentes um foi transferido e um eacute

Coacutedigo Nordm informante

AB 1

AF 2

AK 3

CI 4

DR 5

DV 6

EA 7

EL 8

FA 9

FR 10

IR 11

JP 12

JR 13

KA 14

LV 15

MS 16

MC 17

ND 18

PC 18

PE 20

RR 21

RG 22

RC 23

TM 24

YM 25

69

extremamente infrequente portanto justifica-se a ausecircncia de alguns alunos em algumas coletas

de dados

De acordo com Gil (2002) quando os elementos a serem pesquisados satildeo numerosos e

esparsos eacute recomendada a seleccedilatildeo de uma amostra que deve ser selecionada de acordo com

procedimentos rigidamente estatiacutesticos Poreacutem o autor enfatiza que ldquo[] de modo geral o

criteacuterio de representatividade dos grupos investigados na pesquisa-accedilatildeo eacute mais qualitativo que

quantitativordquo (GIL 2002 p 145) Assim nesta pesquisa adotamos o criteacuterio de

intencionalidade pois segundo Gil (2002 p 145) ldquo[] uma amostra intencional em que os

indiviacuteduos satildeo selecionados com base em certas caracteriacutesticas tidas como relevantes pelos

pesquisadores e participantes mostra-se mais adequada para a obtenccedilatildeo de dados de natureza

qualitativa o que eacute o caso da pesquisa-accedilatildeordquo

Dessa forma a amostra de investigaccedilatildeo foi constituiacuteda por 08 (oito) alunos

selecionados de acordo com o niacutevel de escrita definido por Lemle (1991) Observamos que a

trajetoacuteria escolar desses 08 (oito) alunos confirma o que Soares (2014) ressalta sobre o fracasso

escolar A condiccedilatildeo de exclusatildeo escolar e social na qual todos esses alunos se encontram

devido agrave aprendizagem inicial da liacutengua escrita estar comprometida traz seacuterios reflexos

negativos ao longo do ensino fundamental visto que 625 dos alunos selecionados satildeo

repetentes conforme podemos ver na Tabela 01

Tabela 01 ndash Dados dos alunos selecionados para o PEI

Gecircnero Faixa etaacuteria Cursando o 5ordm

ano pela 1ordf vez

Cursando o 6ordmano

1ordf vez 2ordf vez 3ordf vez

EA Masc 11 anos 2016 2017

FA Masc 11 anos 2016 2017

IR Masc 12 anos 2015 2016 2017

JP Masc 11 anos 2016 2017

JR Fem 13 anos 2015 2016 2017

LV Fem 13 anos 2014 2015 2016 2017

ND Masc 14 anos 2014 2015 2016 2017

TM Masc 12 anos 2015 2016 2017

Fonte Dados da pesquisa Empiacuterica 2017

Os dados da Tabela 01 revelam os anos em que esses alunos cursaram o 5ordm ano do Ensino

Fundamental e o ingresso deles no 6ordm ano do Ensino Fundamental Percebemos por meio da

70

tabela que dois desses alunos repetem o 6ordm ano pela terceira vez consecutiva trecircs pela segunda

vez consecutiva e trecircs cursam o 6ordm ano do Ensino Fundamental pela primeira vez A reprovaccedilatildeo

acontece porque esses alunos natildeo dominam o sistema de escrita natildeo satildeo alfabetizados e os

outros tendem agrave reprovaccedilatildeo pelo mesmo motivo

Portanto o que levamos em consideraccedilatildeo para seleccedilatildeo da amostra foram as questotildees de

alfabetizaccedilatildeo e letramento cujas habilidades de aprendizagem do sistema de escrita foram de

certa forma apagadas e natildeo consolidadas Esses oito alunos apresentaram falhas de escrita de

primeira e segunda ordens conforme definiccedilatildeo proposta por Lemle (1991) A autora ressalta

que o aluno precisa compreender as arbitrariedades do sistema de escrita vivenciar e

experimentar a escrita por meio de checagem e conflito ao estar em contato com palavras

textos e situaccedilotildees que a envolvam para aos poucos ir construindo as competecircncias e habilidades

necessaacuterias agrave alfabetizaccedilatildeo A partir daiacute foi planejado executado e avaliado o Projeto

Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI para melhorar os niacuteveis de escrita desses 08 (oito) alunos

Aleacutem disso propusemos mais trecircs instrumentos de coleta de dados questionaacuterio Atividade

Inicial de Escrita ndash AIE e Atividade Final de Escrita ndash AFE a fim de verificar analisar e

compreender melhor esses dados e assim buscar e selecionar atividades estrateacutegias e situaccedilotildees

de escrita para compor o PEI

33 Procedimentos da pesquisa

O procedimento metodoloacutegico utilizado no desenvolvimento desta pesquisa teve como

premissa as orientaccedilotildees metodoloacutegicas para que se adquirisse o conhecimento cientiacutefico pois

o ser humano sempre teve necessidade de saber o porquecirc das coisas No iniacutecio por questotildees de

sobrevivecircncia o conhecimento era adquirido de forma empiacuterica Ao longo da existecircncia

humana o saber baseado na experiecircncia do cotidiano na tradiccedilatildeo popular natildeo foi suficiente

para explicar com convicccedilatildeo com mais confiabilidade os acontecimentos e as experiecircncias

vivenciadas Desse modo a partir da necessidade da comprovaccedilatildeo da adoccedilatildeo de uma

metodologia eacute que surgiu o conhecimento cientiacutefico

De acordo com Chalmers (1993 p 18) ldquo[] o conhecimento cientiacutefico eacute conhecimento

provado As teorias cientiacuteficas satildeo derivadas de maneira rigorosa da obtenccedilatildeo dos dados da

experiecircncia adquiridos por observaccedilatildeo e experimentordquo Assim podemos dizer que a pesquisa

cientiacutefica eacute conhecimento sistematizado pois parte da anaacutelise da realidade de maneira racional

e investigativa assim como realizamos neste trabalho ao investigarmos e analisarmos a

realidade do ensino-aprendizagem de Liacutengua Portuguesa no ensino fundamental da Escola

Estadual Pio XII

71

Gil (2002 p 17) por sua vez define pesquisa como ldquo[] o procedimento racional e

sistemaacutetico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que satildeo propostosrdquo

Nessa perspectiva procedimentos metodoloacutegicos satildeo fundamentais para a pesquisa cientiacutefica

pois representam os meios e as teacutecnicas utilizados na investigaccedilatildeo Torna-se assim o

direcionamento na busca pelo conhecimento Ainda segundo Gil (2002 p 17) ldquo[] a pesquisa

eacute desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponiacuteveis e da utilizaccedilatildeo de meacutetodos

teacutecnicas e outros procedimentos cientiacuteficosrdquo

Assim quanto agrave natureza esta pesquisa foi classificada como aplicada pois decorre

ldquo[] do desejo de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficiente ou eficazrdquo (GIL

2002 p 17) Quanto aos objetivos foi classificada como explicativa pois procurou registrar

analisar e interpretar os dados coletados a fim de obter o conhecimento da realidade e a partir

disso buscou estrateacutegias para tentar minimizar os problemas encontrados

Gil (2002 p 42) ainda esclarece que ldquo[] essas pesquisas tecircm como preocupaccedilatildeo

central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrecircncia dos

fenocircmenosrdquo Esse eacute o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade

Quanto aos procedimentos teacutecnicos adotados utilizamos em um primeiro momento a

pesquisa bibliograacutefica como procedimento para construccedilatildeo do conhecimento sobre conceitos

termos e teorias que deram sustentaccedilatildeo cientiacutefica agrave pesquisa Dessa forma o embasamento

teoacuterico deste estudo teve como premissa a revisatildeo sobre as concepccedilotildees de linguagem

alfabetizaccedilatildeo letramento multiletramento gecircneros digitais e produccedilatildeo escrita

Conforme previsto no ProfLetras a pesquisa foi delineada como pesquisa-accedilatildeo que se

caracteriza por sua flexibilidade entre as fases de desenvolvimento do plano de accedilatildeo De acordo

com Thiollent

Pesquisa-accedilatildeo eacute um tipo de pesquisa social com base empiacuterica que eacute concebida e

realizada em estreita associaccedilatildeo com uma accedilatildeo ou com a resoluccedilatildeo de um problema

coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situaccedilatildeo ou

problema estatildeo envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT

2005 p 16)

Dessa forma ao empreender pesquisa-accedilatildeo o pesquisador parte para a praacutetica

aproximando cada vez mais a pesquisa cientiacutefica da realidade educacional vivenciada pelo

professor-pesquisador numa perspectiva pedagoacutegica autocircnoma e significativa pois eacute na praacutetica

que se estabelecem relaccedilotildees de ensino-aprendizagem

Esta pesquisa tambeacutem foi delineada pela pesquisa participante Gil (2002 p 55) diz que

ldquo[] a pesquisa participante assim como a pesquisa-accedilatildeo caracteriza-se pela interaccedilatildeo entre

72

pesquisadores e membros das situaccedilotildees investigadasrdquo Dessa forma a professora-pesquisadora

esteve envolvida e comprometida com a investigaccedilatildeo cientiacutefica em todas as suas fases

Nesse contexto o percurso metodoloacutegico desta pesquisa foi definido a partir das

seguintes vaacuterias etapas apresentadas no Quadro 10

Quadro 10 ndash Etapas do percurso metodoloacutegico

1 Problematizaccedilatildeo da praacutetica pedagoacutegica do ensino de Liacutengua Portuguesa no 6ordm ano do Ensino

Fundamental II da Escola Estadual Pio XII em relaccedilatildeo aos niacuteveis de escrita e dificuldades de

aprendizagem em leitura e escrita

2 Realizaccedilatildeo da pesquisa bibliograacutefica para construccedilatildeo do referencial teoacuterico

3 Coleta de dados sobre os niacuteveis de escrita

4 Elaboraccedilatildeo e execuccedilatildeo de um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI para elevar os niacuteveis de

escrita atraveacutes de atividades que visaram desenvolver a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita

ortograacutefica desses alunos utilizando o blog como recurso didaacutetico

5 Anaacutelise dos resultados da execuccedilatildeo da proposta educacional de intervenccedilatildeo e a contribuiccedilatildeo para

o ensino da Liacutengua Portuguesa no Ensino Fundamental

Fonte Elaborado pela pesquisadora 2017

Desse modo podemos observar que na primeira etapa da pesquisa partimos do

problema enfrentado em sala de aula no ensino da Liacutengua Portuguesa mais precisamente com

os estudantes de uma turma de 6ordm ano que iniciaram uma nova etapa de escolarizaccedilatildeo sem

terem adquirido ou consolidado os niacuteveis de escrita necessaacuterios ao ano em que ingressaram de

acordo com a Atividade Inicial de Escrita ndash AIE realizada por esta pesquisadora

Dessa forma a pesquisa permitiu uma anaacutelise e um posicionamento sobre a realidade

linguiacutestica dos estudantes do 6ordm ano nos mais diferentes niacuteveis de leitura e de escrita Diante

dessa realidade educacional diagnosticamos a necessidade de elevar os niacuteveis de escrita de 8

(oito) alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima da Escola Estadual Pio XII

A etapa seguinte consistiu na realizaccedilatildeo da pesquisa bibliograacutefica como dito

anteriormente para construccedilatildeo de um referencial teoacuterico que abordou conceitos sobre

alfabetizaccedilatildeo e letramento Nessa etapa os estudos de Soares (2003 2004 2014) Kleiman

(2005 2008) e Rojo (2008 2012) entre outros subsidiaram a construccedilatildeo argumentativa Na

escrita do referencial teoacuterico apresentamos as teorias que esclareceram os conceitos abordados

na escrita da pesquisa e como o assunto estaacute sendo trabalhado Portanto foi necessaacuterio recorrer

ao conhecimento acadecircmico e cientiacutefico produzido atualmente possibilitando a atualizaccedilatildeo

teoacuterica e a construccedilatildeo de uma proposta educacional de intervenccedilatildeo para melhorar os niacuteveis de

escrita dos sujeitos da pesquisa

73

O Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI (APEcircNDICE C) parte relevante da

pesquisa consistiu na realizaccedilatildeo de atividades que visaram desenvolver habilidades de leitura

e de escrita utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico de ensino-aprendizagem A

escolha justifica-se por entendecirc-lo como um gecircnero digital que permite aos alunos a aquisiccedilatildeo

de habilidades de leitura e de escrita de forma atrativa e motivadora Nesse sentido o blog

funcionou como um recurso novo de aprendizagem para aleacutem da sala de aula convencional

pois envolveu novos modos de comunicaccedilatildeo que articularam imagens sons interatividade

animaccedilatildeo ou seja tudo aquilo que a crianccedila e adolescente gostam e pelo que se interessam

mesmo natildeo sendo alfabetizados Assim foi criado o blog da turma que funcionou tambeacutem

como suporte da aprendizagem construccedilatildeo vivecircncias e relatos pessoais dos alunos por meio

de recursos impressos e digitais

Todo esse trabalho foi desenvolvido como mais uma etapa desta pesquisa-accedilatildeo

Segundo Gil (2002) ldquoa pesquisa-accedilatildeo concretiza-se com o planejamento de uma accedilatildeo destinada

a enfrentar o problema que foi objeto de investigaccedilatildeordquo (GIL 2002 p 146) De acordo com o

autor a elaboraccedilatildeo do plano de accedilatildeo deveraacute indicar basicamente os objetivos que se pretende

atingir as medidas que podem contribuir para melhorar a situaccedilatildeo os procedimentos adotados

para assegurar a participaccedilatildeo da populaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de seus resultados

34 Teacutecnica de Coleta de Dados

Realizamos a coleta de dados por meio de teacutecnicas de observaccedilatildeo-participante

questionaacuterio (APEcircNDICE A) Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B) Projeto de

Intervenccedilatildeo Pedagoacutegico ndash PEI (APEcircNDICE C) e Atividade Final de Escrita ndash AFE

(APEcircNDICE D)

De acordo com Lakatos e Marconi (2003 p 190) a observaccedilatildeo ldquoeacute uma teacutecnica de coleta

de dados usada para conseguir informaccedilotildees e utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados

aspectos da realidade Natildeo consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou

fenocircmenos que se desejam estudarrdquo

A observaccedilatildeo-participante consistiu no trabalho de campo como docente da turma

daquilo que foi observado na escola das interaccedilotildees entre os envolvidos na pesquisa e dos

aspectos relevantes para este estudo Por isso a observaccedilatildeo aconteceu no ambiente real e

escolar na sala de aula na sala de multimeios e no laboratoacuterio de informaacutetica da escola Nesse

contexto segundo Lakatos e Marconi (2003 p 194) ldquoas observaccedilotildees satildeo feitas no ambiente

real registrando-se os dados agrave medida que forem ocorrendo espontaneamente sem a devida

preparaccedilatildeo A melhor ocasiatildeo para o registro eacute o local onde o evento ocorrerdquo Por isso esse

74

instrumento de coleta de dados permeou todo o processo de aplicaccedilatildeo dos demais instrumentos

haja vista que toda a investigaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo ocorreram no ambiente escolar

Outra teacutecnica de coleta de dados empregada foi o questionaacuterio (APEcircNDICE A) Lakatos

e Marconi definem esse instrumento nos seguintes termos

Questionaacuterio eacute um instrumento de coleta de dados constituiacutedo por uma seacuterie ordenada

de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a presenccedila do

entrevistador Em geral o pesquisador envia o questionaacuterio ao informante pelo

correio ou por um portador depois de preenchido o pesquisado devolve-o do mesmo

modo (LAKATOS MARCONI 2003 p 201)

Essa teacutecnica de coleta de dados apresenta inuacutemeras vantagens segundo Lakatos e

Marconi por economizar tempo Aleacutem disso obteacutem-se grande nuacutemero de dados atinge-se

maior nuacutemero de pessoas simultaneamente abrange-se uma aacuterea geograacutefica mais ampla

economiza-se pessoal (treinamento) obtecircm-se respostas mais raacutepidas e exatas liberdade de

respostas (anonimato) mais tempo para responder e horaacuterio favoraacutevel

Nesse sentido utilizamos o questionaacuterio investigativo (APEcircNDICE A) composto por

cinco perguntas a fim de investigar a relaccedilatildeo dos alunos com a internet seu uso no cotidiano

e assim confirmar a possibilidade de trabalhar com o blog como recurso didaacutetico

O questionaacuterio foi aplicado no dia oito de maio de dois mil e dezessete em sala de aula

com duraccedilatildeo de uma hora aula para dezoito alunos presentes e no dia seguinte dia nove de

maio para mais trecircs alunos faltosos no dia anterior totalizando vinte e um alunos A aplicaccedilatildeo

para esses alunos justificou-se pelo fato de natildeo termos realizado ateacute entatildeo a atividade inicial

de escrita que permitiu a tabulaccedilatildeo das falhas de escrita e aiacute sim selecionar os oito alunos que

necessitavam de atendimento especiacutefico

Logo em seguida aplicamos a Atividade Inicial de Escrita ndash AIE (APEcircNDICE B)

objetivando identificar e classificar os niacuteveis de escrita dos alunos de acordo com Lemle

(1991) ao estabelecer que o aluno comete falhas de escrita de primeira segunda e terceira

ordens quando natildeo supera as complicaccedilotildees do sistema de escrita e natildeo compreende as

arbitrariedades desse mesmo sistema Tal atividade baseou-se tambeacutem em Cagliari (1995)

segundo o qual o aluno necessita compreender a variaccedilatildeo foneacutetico-fonoloacutegica e relacionaacute-la aos

elementos graacuteficos da escrita

Depois foi elaborado executado e avaliado um Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash

PEI (APEcircNDICE D) para contribuir com os niacuteveis de escrita de oito alunos do 6ordm ano JF do

Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog como recurso

didaacutetico

75

Sob essa perspectiva a metodologia adotada no PEI foi fundamentada na teoria de

Thornburg (1996) intitulada ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a qual defende a

importacircncia dos ambientes cognitivos e afetivos para ensinar e aprender

O PEI pretendeu oferecer condiccedilotildees propiacutecias ao desenvolvimento de accedilotildees efetivas de

aprendizagem Assim para atender agraves reais necessidades da educaccedilatildeo no seacuteculo XXI

ferramentas pedagoacutegicas tradicionais (livros canetas papel quadro giz e texto verbal) devem

coexistir com as ferramentas das TDIC tecnologia (computador internet games viacutedeos

projetor textos multimodais) Dessa forma o professor assume um papel bastante diferente

daquele de um apresentador de conteuacutedo torna-se um mediador que ajudou os alunos a

desenvolverem habilidades e competecircncias de escrita e a interagirem com os assuntos

explorados Segundo Thornburg (1996) o professor neste cenaacuterio opera em um sistema

baseado em quatro componentes fogueira poccedilo drsquoaacutegua caverna e a vida chamados de

ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo

Metaforicamente a fogueira eacute o espaccedilo informacional associado agrave exposiccedilatildeo dialogada

e interativa para transmitir conhecimento O poccedilo drsquoaacutegua corresponde ao espaccedilo de

conversaccedilatildeo ocupado quando os alunos conversavam entre si Neste PEI foram contempladas

as conversas sobre textos multimodais entre outros toacutepicos para a construccedilatildeo do ensino-

aprendizagem A caverna associa-se ao espaccedilo conceitual onde as ideias satildeo desenvolvidas em

momento de introspecccedilatildeo e quando os alunos podem construir aprofundar e refletir sob a

perspectiva da produccedilatildeo escrita e da reflexatildeo do seu proacuteprio conhecimento A vida refere-se ao

espaccedilo contextual onde as coisas aprendidas puderam ser aplicadas na praacutetica social fora da

escola

Assim para expressar visualmente as ldquoMetaacuteforas para aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a

exemplo de David Thornburg (1996) foi elaborado o esquema a seguir (Figura 04)

representando o processo educacional atual

76

Figura 04 Estrutura do Processo Educativo

Fonte Dados da pesquisa 2017

Diante do exposto os procedimentos metodoloacutegicos e as atividades ocorreram nesses

quatro momentos que chamamos de moacutedulos de aprendizagem Eles foram construiacutedos em

torno do ldquoconhecer dialogar refletir e praticarrdquo e forneceram aos alunos oportunidades

educacionais significativas Nesse sentido a escolha dessa metodologia pretendeu desenvolver

atividades que contribuiacutessem com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos utilizando o

gecircnero digital blog como recurso didaacutetico ou seja como recurso de leitura diaacutelogo reflexatildeo e

produccedilatildeo textual

PROCESSO EDUCATIVO

FOGUEIRA sala de aula

aula expositiva

auditoacuterio sala de multimeios

POCcedilO DAacuteGUA

discussotildeesem grupo

CAVERNA biblioteca salas de estudo

laboratoacuterio de informaacutetica

A VIDA praacuteticas na realidade produccedilatildeo escrita

77

CAPIacuteTULO IV

GEcircNERO DIGITAL BLOG E (MULTI)LETRAMENTOS intervenccedilotildees pedagoacutegicas

em sala de aula

Este capiacutetulo trata da anaacutelise detalhada dos dados coletados para esta pesquisa-accedilatildeo De

acordo com Gil (2002) para anaacutelise dos dados na pesquisa-accedilatildeo adotam-se procedimentos que

implicam em considerar a categorizaccedilatildeo a codificaccedilatildeo a tabulaccedilatildeo a anaacutelise estatiacutestica ou

estrateacutegias que privilegiem a discussatildeo em torno dos dados obtidos de onde sucede a

interpretaccedilatildeo dos resultados Assim o autor considera que dessa discussatildeo devem participar

pesquisadores e participantes Aleacutem disso o trabalho interpretativo baseado em contribuiccedilotildees

teoacutericas torna-se muito relevante

Nesse sentido a anaacutelise dos dados percorreu procedimentos de categorizaccedilatildeo dos niacuteveis

de escrita segundo Cagliari (1995) tabulaccedilatildeo das falhas de escrita de acordo com Lemle

(1991) e anaacutelise estatiacutestica dos envolvidos na pesquisa Realizou-se tambeacutem a interpretaccedilatildeo

ancorada nos teoacutericos que fundamentaram esta pesquisa-accedilatildeo fato que proporcionou a

retomada e a relaccedilatildeo do problema de pesquisa objetivando solucionaacute-lo ou minimizaacute-lo

41 Questionaacuterio

O questionaacuterio investigativo (APEcircNDICE A) foi aplicado no dia 08 de maio de 2017

em sala de aula com duraccedilatildeo de uma hora aula

A primeira pergunta visou obter informaccedilotildees sobre o lugar no qual os alunos mais

acessavam a internet a segunda pergunta procurou obter informaccedilotildees sobre a frequecircncia de

acesso agrave internet a terceira pergunta investigou por qual recurso tecnoloacutegico os alunos utilizam

a internet a quarta pergunta buscou verificar a utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para

fins pedagoacutegicos por parte dos professores e por uacuteltimo a quinta pergunta procurou obter

informaccedilotildees sobre o uso da internet considerando redes sociais jogos blogs e pesquisas

Dos 25 (vinte e cinco) alunos matriculados apenas 21 (vinte e um) alunos estavam

presentes no dia e responderam ao questionaacuterio investigativo Na primeira pergunta

constatamos que 619 acessam a internet em casa 142 acessam em lan houses 0 na

escola 95 acessam em outros lugares 95 natildeo usam a internet e apenas 47 natildeo souberam

responder

78

Graacutefico 02 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 01

Fonte Dados da pesquisa 2017

O resultado demonstra que 857 dos alunos tecircm acesso agrave internet em lugares

diferentes o que deixa em evidecircncia a familiarizaccedilatildeo com o ambiente digital Contudo o que

nos chamou a atenccedilatildeo foi o fato de a escola natildeo fazer parte desses locais de uso

Em relaccedilatildeo agrave segunda pergunta (Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet)

observamos que 389 dos alunos acessam a internet por uma hora 142 acessam por duas

horas 333 acessam por mais de duas horas 142 nunca acessam a internet e 0 menos de

uma hora O fato de ningueacutem utilizar por menos de uma hora demonstrou que os alunos

dedicam um tempo consideraacutevel para atividades online

Graacutefico 3 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 2

Fonte Dados pesquisa 2017

Por meio da terceira pergunta que buscou investigar por qual recurso tecnoloacutegico os

alunos utilizam a internet constatou que 238 utilizam o computador 389 utilizam o

13

30

2 2 10

2

4

6

8

10

12

14

Em casa Em Lan

House

Na escola Outros

lugares

Natildeo uso Natildeo soube

responder

1- Onde vocecirc mais acessa a internet

0

8

3

7

3

0

2

4

6

8

10

Menos de

uma hora

Uma hora Duas horas Mais de

duas horas

Nunca

2- Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet

79

celular 194 utilizam computador e celular 47 usa o tablet 0 outros equipamentos e

142 afirmaram natildeo utilizar a internet

Graacutefico 04 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 3

Fonte Dados da pesquisa 2017

O resultado da terceira pergunta confirmou os dados extraiacutedos da PNAD (2014) ao revelar que

o uso do telefone celular para acessar a internet ultrapassou o uso do computador Na

atualidade o celular eacute o recurso tecnoloacutegico de maior acesso agrave internet Como vimos a partir

do graacutefico acima a utilizaccedilatildeo do computador como equipamento de maior acesso agrave internet natildeo

prevalece mais

Para a quarta pergunta ldquoOs professores da sua escola jaacute utilizaram o computador ou

laboratoacuterio de informaacutetica para realizar atividades escolaresrdquo constatamos que 194

responderam que sim 666 responderam que natildeo e 142 natildeo souberam responder No

graacutefico dessa pergunta percebemos uma contradiccedilatildeo por parte dos alunos que responderam que

sim pois na primeira pergunta ldquoOnde vocecirc mais acessa a internetrdquo nenhum aluno confirmou

o acesso agrave internet na escola

Graacutefico 05 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 4

Fonte Dados da pesquisa 2017

58

41 0

30

2

4

6

8

10

3- Vocecirc utiliza a internet por meio de

0

5

10

15

Sim Natildeo Natildeo souberam

responder

4- Os professores da sua escola jaacute utilizaram o

computador ou o laboratoacuterio de informaacutetica para

realizar atividades escolares

80

Ressaltamos que o laboratoacuterio de informaacutetica da escola eacute equipado com 19

computadores novos ar-condicionado quadro branco em vidro em plenas condiccedilotildees de uso

Contudo esse espaccedilo natildeo eacute utilizado de uma maneira geral pelos professores da escola com

as turmas do Ensino Fundamental e meacutedio do 1ordm turno

Diante do exposto sobre o aspecto da utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para fins

pedagoacutegicos por parte dos professores Coscarelli (2016) faz uma alerta para que as escolas

preparem os alunos para o letramento digital a fim de desenvolverem competecircncias e

habilidades em leitura e escrita nesse ambiente aleacutem de formas adicionais de produzir

linguagem por meio de diferentes miacutedias

A uacuteltima pergunta buscou informaccedilotildees sobre o uso da internet considerando os

assuntos preferecircncias e interesses dos alunos no ambiente digital Verificamos portanto que

4761 acessam as redes sociais 2857 preferem jogos eletrocircnicos na internet 238 natildeo

souberam responder e 0 dos alunos natildeo acessa sites de pesquisa e blogs conforme ilustra o

graacutefico abaixo

Graacutefico 06 ndash Questionaacuterio ndash Pergunta 5

Fonte Dados da pesquisa 2017

Compreendemos que a natildeo utilizaccedilatildeo de sites de pesquisas e blogs seja por falta de

conhecimento das possibilidades de uso e acesso agrave informaccedilatildeo O resultado sobre os sites de

pesquisa por exemplo vai ao encontro das informaccedilotildees obtidas na pergunta 04 ao afirmarem

que 666 dos professores natildeo utilizam o laboratoacuterio de informaacutetica Esse fato pode ter

contribuiacutedo para a falta de interesse por parte dos alunos pois eacute preciso ensinar como realizar

uma pesquisa no ambiente digital entre tantas possibilidades de aprendizagem que fomentam

o letramento digital

Quando se trata do toacutepico sobre o letramento digital Coscarelli (2016) afirma e a

maioria de noacutes prontamente concorda que o uso das tecnologias ultrapassa o conhecimento da

teacutecnica pois permite o desenvolvimento de habilidades e competecircncias necessaacuterias agrave seleccedilatildeo

Redessociais como

Facebook

Jogoseletrocircnicosna internet

BlogsSites depesquisa

Natildeosouberamresponder

5ordm 10 6 0 0 5

10 6 0 0 5

5- Quais os tipos de sites te interessam mais considerando o conteuacutedo

81

de conteuacutedo disponibilizado na internet como os sites de pesquisa por exemplo Natildeo basta

saber ligar o computador e manusear o mouse eacute preciso compreensatildeo e utilizaccedilatildeo de

conhecimentos para executar accedilotildees de busca e navegaccedilatildeo Dessa forma a autora sugere

Orientar os alunos para o uso dos mecanismos de busca instigar a observaccedilatildeo das

interfaces do projeto graacutefico dos sites dos blogs ajudar os alunos a identificarem e

sanarem as dificuldades encontradas na seleccedilatildeo de informaccedilotildees satildeo propostas de

mediaccedilatildeo que podem ser exploradas pelo professor durante as aulas (COSCARELLI

2016 p 25)

Compreendemos com base nessa orientaccedilatildeo que a escola tem um papel fundamental

no processo de letramento digital e para isso eacute necessaacuterio incorporar nas aulas de Liacutengua

Portuguesa propostas de mediaccedilatildeo como as citadas acima para promover a aprendizagem por

meio de novas experiecircncias

Nesse sentido as respostas dos alunos expuseram a relaccedilatildeo deles com a tecnologia e o

acesso agrave internet e nos levou agrave reflexatildeo sobre seu uso no ambiente escolar Detectamos que

eles estatildeo familiarizados com a tecnologia mas a escola natildeo faz ateacute entatildeo parte de seu contexto

de inserccedilatildeo social e digital

Portanto os resultados do questionaacuterio apresentaram implicaccedilotildees importantes tanto para

as aulas de Liacutengua Portuguesa pois eacute uma forma adicional de promover a linguagem quanto

para a escola por ser uma instituiccedilatildeo que se dedica ao ensino-aprendizagem agrave transformaccedilatildeo

e ao acesso ao conhecimento mas por vezes deixa de se conectar com a realidade fora dela e

de promover o letramento digital

42 Atividade Inicial de Escrita ndash AIE

O universo de investigaccedilatildeo para esta atividade foi inicialmente constituiacutedo por 20

(vinte) alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima que estavam presentes A atividade foi aplicada nos

dias 09 e 10 de maio de 2017 com duraccedilatildeo de duas horas aula para a leitura do livro e duas

horas aula para o registro da atividade Ressaltamos mais uma vez que o nuacutemero de alunos

matriculados difere do nuacutemero de alunos presentes

Dessa forma a Atividade Inicial de Escrita (APEcircNDICE B) foi proposta aos alunos

presentes por meio de uma conversa expositiva sobre narrativas pessoais e sobre as

caracteriacutesticas de uma sequecircncia narrativa De acordo com Cavalcante (2013) ldquoa sequecircncia

narrativa tem como principal objetivo manter a atenccedilatildeo do leitorouvinte em relaccedilatildeo ao que se

conta Para isso satildeo reunidos e selecionados fatos []rdquo (CAVALCANTE 2013 p 65) Assim

82

o gecircnero proposto foi autobiografia por meio do qual o aluno deveria escrever sobre si mesmo

procurando retratar particularidades do comportamento e do jeito de ser

Segundo Cosson (2014) na leitura literaacuteria encontramos o senso de noacutes mesmos e da

comunidade a qual pertencemos Por isso como ponto de partida utilizamos a sequecircncia baacutesica

de letramento literaacuterio desenvolvida por ele que eacute constituiacuteda basicamente por quatro passos

motivaccedilatildeo (preparar o aluno para entrar no texto) introduccedilatildeo (apresentaccedilatildeo do autor e da obra)

leitura (a leitura e seu acompanhamento) e interpretaccedilatildeo (externalizaccedilatildeo da leitura ou seja seu

registro)

O estiacutemulo inicial para essa atividade foi a construccedilatildeo do primeiro passo ndash ldquomotivaccedilatildeordquo

ndash ao conversarmos sobre quem somos Quais satildeo as caracteriacutesticas que nos individualizam

como seres que nos tornam uacutenicos mesmo sendo iguais enquanto espeacutecie humana

A atividade funcionou como um levantamento preacutevio das caracteriacutesticas pessoais de

cada um da histoacuteria de vida dos momentos bons ou ruins pelos quais passamos e que vatildeo

construindo a nossa histoacuteria particular

Em seguida desenvolvemos o segundo passo ndash ldquointroduccedilatildeordquo ndash que consistiu em

apresentar o livro Felpo Filva (FURNARI 2006) e a autora Eva Furnari Na apresentaccedilatildeo da

obra falamos da importacircncia da leitura do livro literaacuterio e tambeacutem consideramos importante

justificar a escolha da obra para despertar no leitor a curiosidade sobre como aconteceu a

histoacuteria Assim A escolha desse livro foi feita por esta pesquisadora e justificou-se por tratar

de questotildees pessoais diferenccedilas fiacutesicas semelhanccedilas e sentimentos que o personagem narra de

maneira divertida em seu dia-a-dia Aleacutem disso o livro apresenta vaacuterios gecircneros textuais como

a autobiografia gecircnero escolhido para a Atividade Inicial de Escrita

No terceiro passo ndash ldquoleiturardquo ndash lemos o livro Felpo Filva (FURNARI 2006) Os alunos

ouviram e apreciaram a leitura feita por esta professora pesquisadora Embora saibamos que a

leitura de um livro inteiro natildeo seja muito adequado em sala de aula e da importacircncia da leitura

individual foi necessaacuterio utilizar essa estrateacutegia por questotildees de otimizaccedilatildeo do tempo mas com

a consciecircncia de seguir as orientaccedilotildees teoacutericas e metodoloacutegicas ao fazer da leitura uma atividade

de saber e de prazer Esse fato que foi comprovado pelo envolvimento e entusiasmo a cada

paacutegina virada para saber o que aconteceria ao final da histoacuteria com Felpo Filva e Charlocirc

personagens protagonistas do livro

O uacuteltimo e quarto passo ndash ldquointerpretaccedilatildeordquo ndash que tem como princiacutepio segundo o autor

a externalizaccedilatildeo da leitura isto eacute seu registro varia de acordo com cada tipo de texto ano

escolar idade puacuteblico leitor entre outros aspectos foi dedicado agrave escrita

Ressaltamos que nesse uacuteltimo passo o registro natildeo foi direcionado ao livro agrave

construccedilatildeo de sentido do texto livro dentro de um diaacutelogo autor leitor e comunidade mas agrave

83

construccedilatildeo de sentido de uma produccedilatildeo escrita pessoal que necessitava de motivaccedilatildeo

introduccedilatildeo e leitura para se chegar ao registro da histoacuteria de leitor e de vida dos alunos Nesse

sentido Cosson (2014) corrobora que ldquoa interpretaccedilatildeo eacute feita com o que somos no momento da

leitura Por isso por mais pessoal e iacutentimo que esse momento interno possa parecer a cada

leitor ele continua sendo um ato socialrdquo (COSSON 2014 p 65) Dessa forma a leitura que

motivou a intepretaccedilatildeo natildeo esteve vazia de sentidos pelo contraacuterio serviu ao coletivo agrave

ampliaccedilatildeo de horizontes e ao despertar de palavras e memoacuterias que impulsionaram a produccedilatildeo

da atividade inicial de escrita Desse modo os textos foram lidos em sua iacutentegra natildeo apenas

analisando a escrita ortograacutefica em seus desvios mas observando o conteuacutedo e a produccedilatildeo de

sentidos de quem deseja falar sobre si mesmo

Contudo esperava-se que a turma jaacute estivesse mais familiarizada com esse tipo de

sequecircncia textual e conseguisse produzir satisfatoriamente poreacutem alguns alunos apresentaram

muitas dificuldades para compreender o que foi solicitado demonstrando um elevado grau de

inseguranccedila medo de escrever entre outras deficiecircncias na escrita por alguns natildeo serem

alfabetizados

Nessa perspectiva o trabalho com as sequecircncias textuais deve ser aprimorado e o aluno

deve compreender como os textos se organizam e se estruturam para realizar nossos atos

comunicativos Entretanto eacute importante ressaltar que essa atividade seraacute melhor desenvolvida

futuramente por ora analisaremos os textos dos alunos do 6ordm ano JF Assim segue nova lista

de informantes para essa anaacutelise

84

Quadro 11 ndash Alunos informantes do 6ordf ano JF

Fonte Dados da pesquisa 2017

A anaacutelise de dados da Atividade Inicial de Escrita foi realizada somente com 20 (vinte)

textos correspondente ao nuacutemero de alunos presentes no dia com o intuito de observar e de

categorizar as incorreccedilotildees de escrita neles apresentadas A fim de exemplificar a escrita

espontacircnea e como foram elencados seus problemas selecionamos alguns desses textos os

quais destacamos com os respectivos nuacutemeros da tabela de categorizaccedilatildeo de ldquoerrosrdquo feita por

Cagliari (1995)

Assim foram produzidos 20 (vinte) textos mas selecionamos uma amostra de10 (dez)

textos da Atividade Inicial de Escrita e apresentamos a seguir a versatildeo digitalizada Esses dez

textos apresentam na escrita a categorizaccedilatildeo de ldquoerrosrdquo de acordo com Cagliari (1995) e

exemplos de falhas de escrita de 1ordf ordem de 2ordf ordem e de 3ordf ordem de acordo com Lemle

(1991)

Para uma leitura eficaz esses textos tambeacutem foram digitados pois foram escritos agrave laacutepis

e por isso algumas partes e palavras ficaram claras prejudicando o entendimento

Ressaltamos que os textos foram digitados na iacutentegra conforme os alunos o escreveram Aleacutem

INFORMANTE

AB 1

AF 2

AK 3

CI 4

DR 5

DV 6

EA 7

FA 8

FR 9

IR 10

JP 11

JR 12

LV 13

MS 14

MC 15

ND 16

PC 17

PE 18

RR 19

RG 20

TM 21

85

disso em alguns deles haacute prejuiacutezo do entendimento por natildeo conseguirmos decifrar o que estaacute

escrito

TEXTO 1 (1ordf ordem)

Eu masine januaria

eu vivo coanilha natildee neu Pai

Figura 05 ndash TEXTO 1 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 2 (1ordf ordem)

Eu naci

januaria

e cogo muto de sai tasia

natildeo gosta de Batatina

A mina vida e asai

FIM

Figura 05 ndash TEXTO 2 ndash AIE

86

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 3 (1ordf ordem)

O meu nome e e goto de jogor gogo de futebol de gta e soltar cola e areoin e noviu e sou

nuito felis com milha familha

Figura 06 ndash TEXTO 3 ndash AIE 2017

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 4 (1ordf ordem)

Gaur de suneista e andar de natu e bixicleta

Figura 07 ndash TEXTO 4 ndash AIE

87

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 5 (1ordf e 2ordf ordens)

Eeu sou elgoto da allade potugeis porque em sina muta coisa inpotante eu goto de quiabo

natildeo goto demaxixe eu sou um memimo muito bom matildees qua mexe comigo eu sou xato quando

mexe com meanna eu viro o cam emvoma dodiabo

Taeubofesorra

Figura 08 ndash TEXTO 5 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 6 (2ordf ordem)

88

meu nome eacute naci em Brasihha vivo com minha irmatilde meu irmatildeo e minha matildee gosto de

brincar soltar pipa Jogar Bola Brincar de pique escunde Jogar petecqua estudar mas u que eu

natildeo gosto e de Repohho de cebola de suco de BeterraBa

89

Figura 09 ndash TEXTO 6 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 7 (2ordf e 3ordf 3ordens)

Oi Eu sou Eu moro na Rua de Baixo eu tenho 12 Anos tenho amigos como meu primo eu

moro com A minha matildee e meus irmatildeos eu gosto de dansa eu natildeo gosto de mentir natildeo gosto de

susu e kiabo eu nascie em Januacuteaacuteria eu gosto da minha irmatildeo a minha diferenccedila e o cabelo eles

fica zombavam de mim em tam essa e minha vida

Figura 10 ndash TEXTO 7 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 8 (3ordf ordem)

Meu nome eacute Nasci em Satildeo Paulo Moro com meus pais e meus 3 irmatildeos Paulo Henrique

Renata e Samara Adoro andar de cavalo e brincar Odeio que maltratem animais ou qualquer

ser vivo Fico muito triste vendo guerra e essa violecircncia Eu morei quase a minha vida toda em

Januaacuteria e continuo morando na mesma cidade Eu me acho diferente por pensar bem diferente

das outras pessoas

Fim

90

Figura 11 ndash TEXTO 8 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 9 (3ordf ordem)

Eu sou

Oi eu sou e tenho 11 anos e estou no 6ordm ano JF ( julha de fatema) e gosto

de jogar no computador

Eu moro na rua julhio de moura casa 150 A eacute bem do lado da escola eacute muito perto

Eu vo pra escola quase todos os dias e natildeo sou muito comportado em sala de aula

Meu cachorro morreu segunda e foi muito triste agora menos 1- cachorro pra cuidar

entatildeo eacute isso so eu

91

Figura 12 ndash TEXTO 9 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

TEXTO 10 (3ordf ordem)

Eu sou tenho 12 anos neci em Januaacuteria

Eu sou moreno gente boa sou inteligente sou mais o menos queto natildeo gosto muito de brincar

sou mais queto na tarefa tenho um pouco de dificuldade e e u chamo a professora sou um pouco

timido

Figura 13 ndash TEXTO 10 ndash AIE

Fonte Dados da pesquisa 2017

92

Nos textos acima pode-se observar as marcaccedilotildees numeacutericas que fizemos para

levantamento catalogaccedilatildeo dos dados e caracterizaccedilatildeo dos problemas encontrados as quais

foram baseadas nos processos fonoloacutegicos que envolvem a escrita de acordo com Cagliari

(1995) Todas essas categorias relacionadas pelo autor servem para despertar nos professores

alfabetizadores ou natildeo a necessidade de conhecer e de considerar na praacutetica escolar os fatores

envolvidos no processo de construccedilatildeo da escrita da fala e da aprendizagem significativa

Dessa maneira no quadro a seguir observamos cada fenocircmeno linguiacutestico encontrado

nos textos dos alunos e a quantidade de vezes em que ocorre

93

Tabela 02 ndash Categorizaccedilatildeo dos ldquoerrosrdquo de escrita ndash Cagliari (1995)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

T

ran

scri

ccedilatildeo

fo

neacutet

ica

Uso

in

dev

ido

de

letr

as

Hip

erco

rreccedil

atildeo

Mod

ific

accedilatilde

o d

a e

stru

tura

segm

enta

l d

as

pala

vra

s

Ju

ntu

ra I

nte

rvoca

bu

lar

e

segm

enta

ccedilatildeo

Fo

rma

mo

rfo

loacuteg

ica

dif

eren

te

Fo

rma

est

ran

ha

de

tra

ccedilar

as

letr

as

Uso

in

dev

ido

de

ma

iuacutesc

ula

s e

min

uacutesc

ula

s

Ace

nto

s g

raacutefi

cos

Sin

ais

de

po

ntu

accedilatilde

o

Pro

ble

ma

s si

ntaacute

tico

s

I1 2 4 1 1 1

I2 6 7 5

I3 8 2 3 3

I4 1 3 4 3

I5 4 3 5 2

I6 1 1 1 1 4

I7 1 1 7 5 1 4 5 3

I8 2 2 4 2 4

I9 2 1 7 3 3 9

I10 2 2 3 2 2 1 1 3

I11 3 1 2 8 11

I12 1 2 2 1 4 1 5 4

I13 2 4 2 2 2 3

I14 1 2 2 7 5 11

I15 3 1 1 8 2

I16 2 2 2 3 1 1

I17 3 2 1 1

I18 5 1 1 10 1

I19 9 6 3 12 11

I20 2 3 3 4

I21

Total 14 38 2 29 9 1 5 66 28 107 59 358

Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017

Diante desses dados destacamos 358 ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita sendo a que

maior incidecircncia deles concentrou-se uso dos sinais de pontuaccedilatildeo com 107 ocorrecircncias

94

seguido do uso indevido de maiuacutesculas e minuacutesculas com 66 ocorrecircncias depois de problemas

sintaacuteticos com 59 ocorrecircncias e em seguida o uso indevido de letras com 38 ocorrecircncias

Compreendemos que o nuacutemero de ocorrecircncias em um texto natildeo acontece de forma fixa

pois cada texto possui particularidades e flexibilidade no uso das palavras Alguns textos

apresentam mais palavras e conteuacutedo do que outros logo a incidecircncia pode ser maior ou menor

vai depender de cada texto

Sobre os aspectos da escrita Cagliari (1995) afirma que os problemas sintaacuteticos que

revelam modos de falar apresentando a transposiccedilatildeo da liacutengua oral para a escrita fazem parte

das uacuteltimas etapas de aprendizagem em escrita Outro aspecto bastante recorrente nos textos eacute

o uso indevido de maiuacutesculas e minuacutesculas Quanto a isso o autor enfatiza que esse processo

precisa ser ensinado Esses casos estatildeo exemplificados no TEXTO 2 na palavra Batatina no

TEXTO 6 nas palavras Brincar Bola ceBola e no TEXTO 7 na palavra caBelo

Jaacute o uso indevido de letras ocorre porque o aluno faz uma escolha possiacutevel para

representar o som em uma palavra quando a ortografia emprega outra como podemos observar

no TEXTO 3 nas palavras con felis nuito fanilha

Compreendemos com base em Cagliari (1995) que questotildees sobre o sistema de escrita

e de como ele se processa satildeo de fundamental importacircncia pois permitem o conhecimento

linguiacutestico para auxiliar e intervir nas situaccedilotildees de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita

desde os primeiros anos escolares

Diante disso o autor apresenta que o sistema de escrita pode ser dividido em dois

grandes grupos O sistema de escrita ideograacutefico (significado) baseado numa escrita pictoacuterica

que tem como exemplos os sinais de tracircnsito os nuacutemeros os logotipos A escrita ideograacutefica

traz consigo significados mais abrangentes do que outros sistemas O sistema de escrita

fonograacutefico (significante) depende essencialmente dos elementos sonoros de uma liacutengua para

poder ser lido ou decifrado O autor ainda ressalta que todo sistema de escrita tem um

compromisso direto ou indireto com os sons de uma liacutengua e como as liacutenguas mudam com o

tempo transforma-se tambeacutem a forma focircnica das palavras tornando difiacutecil sua leitura Assim

Cagliari (1995) afirma que as escritas ideograacuteficas jogam muito com a habilidade lexical do

leitor e as escritas fonograacuteficas com o poder de interpretaccedilatildeo semacircntica

Dessa forma o problema da alfabetizaccedilatildeo abrange os dois sistemas de escrita O aluno

natildeo consegue estabelecer uma relaccedilatildeo loacutegica para siacutembolos formas letras e palavras Natildeo

consegue ler (decodificando) e nem ler (compreendendo)

Cagliari (1995) aponta que o sistema de escrita do portuguecircs usa vaacuterios tipos de alfabeto

aleacutem de outros caracteres de natureza ideograacutefica como os sinais de pontuaccedilatildeo e os nuacutemeros

e de como a relaccedilatildeo entre as letras e os sons da fala eacute sempre muito complicada pelo fato de a

95

escrita natildeo ser o espelho da fala e porque eacute possiacutevel ler o que estaacute escrito de diversas maneiras

Contribui dizendo ainda que a nossa escrita eacute fundamentalmente alfabeacutetica tendo como base

a letra e faz uma criacutetica ao ensino da siacutelaba como base

A praacutetica do ensino da siacutelaba como base do sistema de escrita do portuguecircs eacute muito

comum nas salas de alfabetizaccedilatildeo Essa praacutetica abre caminho para muitas confusotildees e o aluno

natildeo consegue de forma regular fazer uma divisatildeo silaacutebica com a facilidade que se imagina pois

de acordo com o autor esse processo eacute complexo e natildeo se pode atribuir a mesma regra para

todas as palavras Assim Cagliari (1995) afirma que existem fatos foneacuteticos da fala que o nosso

sistema de escrita natildeo dispotildee de recursos para representar

Por isso eacute muito importante o conhecimento sobre como a crianccedila aprende a liacutengua

escrita Algumas crianccedilas aprendem por intuiccedilatildeo e vatildeo sozinhas nesse processo de ler e

escrever Mas a grande maioria precisa de ajuda e de suporte Logo o professor precisa estar

preparado para promover essa aprendizagem atraveacutes de meacutetodos variados Eacute preciso tambeacutem

um trabalho sistemaacutetico de consciecircncia fonoloacutegica O objetivo eacute fazer com que esse aluno

descubra as letras e que seu registro representa um som Portanto eacute importante fazer com que

ele preste atenccedilatildeo nos sons das letras e aprenda a registraacute-los Assim a liacutengua oral se transforma

em letra em palavra em texto

Nesse sentido sobre a produccedilatildeo de textos Cagliari (1995) diz que a crianccedila vai

construindo sua escrita por experimentaccedilatildeo e critica as escolas por natildeo permitirem que isso

aconteccedila da mesma forma que acontece com a fala Ressalta ainda que as crianccedilas natildeo

precisam estudar Gramaacutetica pois jaacute dominam a liacutengua portuguesa na sua modalidade oral Ou

seja a crianccedila jaacute fala seguindo uma estrutura gramatical natural compreende um sistema de

formas (morfologia) um sistema de frases (sintaxe) e um sistema de sons (fonologia) aprendida

no seu meio familiar e social Por mais simples ou ldquoerradardquo que seja a fala traduz a

competecircncia comunicativa do aluno E acrescenta que os ldquoerrosrdquo ortograacuteficos demonstram o

uso inadequado de recursos possiacuteveis do proacuteprio sistema ortograacutefico de escrita e tambeacutem

comuns a todos os usuaacuterios do sistema de escrita do portuguecircs Os alunos natildeo ldquoerramrdquo de

maneira irrefletida mas justamente o contraacuterio

Dessa forma o autor enfatiza que o incentivo agrave produccedilatildeo de textos de maneira

espontacircnea evitaraacute o bloqueio no uso da linguagem e o estimularaacute a escrever do modo que lhe

parece faacutecil correto e apropriado Eacute necessaacuterio estimular a escrita desde cedo que os alunos

brinquem e descubram a escrita atraveacutes da experimentaccedilatildeo do uso em situaccedilotildees diversas Deve-

se estimular a autoconfianccedila valorizar o que o aluno jaacute sabe pois o medo de errar impossibilita

a construccedilatildeo da escrita e limita o fazer Primeiro estabelece-se uma relaccedilatildeo prazerosa com a

96

escrita para depois num momento oportuno desenvolver um trabalho sistemaacutetico com a

ortografia

Isso pode ser observado por exemplo no TEXTO 1 no qual o aluno escreveu de forma

espontacircnea sem medo Haacute desvios na escrita mas entendemos perfeitamente a mensagem O

primeiro passo eacute escrever sem medo e depois fazer com que o aluno reflita sobre a sua escrita

fazendo checagens leitura e comparaccedilotildees com a ortografia vigente

Cagliari (1995) expotildee que natildeo se devem usar os textos dos alunos como pretexto para

correccedilatildeo ortograacutefica entre outros problemas que venham a ser identificados Eacute justamente o

que se identifica nesses textos que possibilita ao professor realizar intervenccedilotildees adequadas para

que o aluno perceba seu equiacutevoco na escrita e corrija-o

Nesse sentido a atividade proposta aos alunos foi motivada pela escrita espontacircnea sem

cobranccedilas e exigecircncias mas ao professor serviu como um instrumento de diagnoacutestico dos niacuteveis

de escrita dos alunos

Essa tarefa natildeo eacute faacutecil mas eacute preciso usar o texto do aluno natildeo como controle de formas

ortograacuteficas mas como facilitador de expressatildeo oral estiacutemulo ao seu discurso linguiacutestico e

anaacutelise do professor para realizar intervenccedilotildees necessaacuterias a fim de que o aluno aproprie-se

gradativamente das formas ortograacuteficas corretas do sistema de escrita do portuguecircs

Contudo Cagliari (1995) observa que se devem levar em conta os acertos ortograacuteficos

dos alunos e que os erros ortograacuteficos natildeo se datildeo ao acaso E ainda conclui que eacute indispensaacutevel

ao professor fazer um levantamento das dificuldades dos alunos e deixaacute-los escreverem textos

livres espontacircneos pois eacute nesses materiais que podemos encontrar os elementos que mostram

as reais dificuldades e facilidades dos alunos no processo de aprendizagem da escrita

Dessa maneira para dar continuidade agraves nossas reflexotildees e anaacutelise da Atividade Inicial

de Escrita partimos dos pressupostos das facetas da alfabetizaccedilatildeo que envolvem de acordo

com Soares (2003) a consciecircncia fonoloacutegica e as habilidades de codificaccedilatildeo (escrita) e

decodificaccedilatildeo (leitura) da liacutengua Analisamos mais precisamente as especificidades da faceta

psicolinguiacutestica que estuda as relaccedilotildees que se referem ao conhecimento e ao uso de uma liacutengua

De acordo Ferreiro (1995) o processo de aprendizagem da crianccedila ao tentar construir

o sistema alfabeacutetico baseia-se em hipoacuteteses do aprendiz Essas hipoacuteteses apontam os niacuteveis ou

etapas psicogeneacuteticas no processo de alfabetizaccedilatildeo Nesse sentido os alunos jaacute superaram o

niacutevel preacute-silaacutebico ao perceberem que escrever natildeo eacute a mesma coisa que desenhar e haacute controle

na escrita Jaacute superaram o niacutevel silaacutebico ao perceberem os sons das siacutelabas e por comeccedilarem a

usar letras que correspondem ao som da siacutelaba agraves vezes soacute usam vogal outras vezes consoante

e vogal Muitos jaacute consolidaram o niacutevel alfabeacutetico compreendem o processo de leitura e de

escrita ao perceberem unidades menores do que as siacutelabas e assim progressivamente vatildeo

97

estabelecendo relaccedilotildees entre fonemas e grafemas Dessa maneira os alunos que estatildeo no niacutevel

alfabeacutetico de acordo com Ferreiro (1995) conseguiram construir a base alfabeacutetica Assim

constatamos que 389 dos alunosestatildeo no niacutevel alfabeacutetico mas ainda natildeo adquiriram

consciecircncia fonoloacutegica para a escrita alfabeacutetica

Em funccedilatildeo disso e ainda com o intuito de compreender como o aluno constroacutei o

conhecimento conceitual da escrita continuamos analisando os textos dos alunos mas agora

ancorados em Lemle (1991) A referida autora elenca cinco capacidades necessaacuterias agrave

alfabetizaccedilatildeo Em todos os textos observamos que

1 A primeira capacidade foi superada pois eles conseguiram fazer a distinccedilatildeo entre riscos e

siacutembolos ou seja compreendem o que eacute letra mesmo fazendo uso indevido em algumas

situaccedilotildees

2 A segunda capacidade consiste na discriminaccedilatildeo das formas das letras sendo registradas 5

(cinco) ocorrecircncias na forma estranha de traccedilar as letras como visualizamos no TEXTO 3

A quantidade eacute considerada normal jaacute que a autora considera tambeacutem que haacute letras

bastante semelhantes

3 A terceira e a quarta capacidades ainda estatildeo comprometidas visto que 38 desses alunos

natildeo conseguiram desenvolver a percepccedilatildeo auditiva e saber ouvir diferenccedilas linguiacutesticas

aleacutem de natildeo terem adquirido o conceito de palavra como vemos ocorrer no TEXTO 2 na

escrita de cogo em vez de gosto e no TEXTO 3 na escrita de nasine em vez de nasci em

Esses satildeo exemplos de ausecircncia de percepccedilatildeo auditiva e consciecircncia fonoloacutegica bem como

de conceito de palavra respectivamente

4 A quinta capacidade estaacute praticamente consolidada pois eles reconhecem que em nosso

sistema de escrita a ordem da escrita vai da esquerda para a direita e de cima para baixo Haacute

equiacutevocos e inadequaccedilotildees no uso de paraacutegrafos e de organizaccedilatildeo espacial que julgamos

que devem ser ensinados gradativamente

Desse modo com base nesses toacutepicos focamos na anaacutelise da terceira capacidade que eacute

a simbolizaccedilatildeo entre letras e sons que consolidada permite a construccedilatildeo do conceito de

palavra

Lemle (1991) relaciona algumas etapas que o aluno utiliza na construccedilatildeo do sistema de

escrita como a monogamia relaccedilatildeo biuniacutevoca entre sons e letras Depois a substitui pela

poligamia relaccedilatildeo natildeo biuniacutevoca condicionada pela posiccedilatildeo da letra e por fim depara-se com

as arbitrariedades do sistema de escrita e dessa forma vai evoluindo nesse processo de

aquisiccedilatildeo da escrita No entanto quando o aluno natildeo compreende esse processo e as

arbitrariedades da escrita ele comete falhas tiacutepicas da escrita que satildeo classificadas pela autora

como falhas de primeira ordem falhas de segunda ordem e falhas de terceira ordem

98

De acordo com a anaacutelise dos 20 (vinte) textos coletados na Atividade Inicial de Escrita

fizemos a catalogaccedilatildeo das falhas de escrita observando os criteacuterios definidos pela autora para

essa classificaccedilatildeo como podemos observar na Tabela 03 a seguir

Tabela 03 ndash Avaliaccedilatildeo Falhas de escrita Informantes Falhas de primeira

ordem

Falhas de segunda

ordem

Falhas de terceira

ordem

I1 X

I2 X

I3 X

I4 X

I5 X

I6 X

I7 X X

I8 X

I9 X

I10 X

I11 X

I12 X X

I13 X

I14 X

I15 X

I16 X

I17 X

I18 X

I19 X

I20 X

I2117 X

TOTAL 6 3 14 21 Porcentagem 285 142 666 100

Fonte Adaptado de Lemle (1991) com dados da pesquisa 2017

De acordo com os dados da tabela acima observamos que 285 dos alunos cometem

falhas de 1ordf ordem 142 cometem falhas de 2ordf ordem e 666 cometem falhas de 3ordf ordem

Salientamos que o informante 7 comete falhas de 1ordf e 2ordf ordens e o informante 12 comete falhas

de segunda e terceira ordens Apesar de Lemle (1991) natildeo dizer de forma tatildeo direta supomos

que um mesmo aluno pode cometer em um mesmo texto falhas de ordem diversas por

entendermos a aquisiccedilatildeo do sistema de escrita como um processo que vai sendo construiacutedo aos

poucos por meio de experiecircncias com a proacutepria escrita Nesse sentido haacute nesses exemplos de

escrita como vemos nos informantes 7 e 12 uma transiccedilatildeo entre as falhas de 1ordf 2ordf e 3ordf ordens

considerando-se que natildeo satildeo processos isolados iniciando um quando o outro termina

Diante desses fatos selecionamos os 8(oito) alunos que cometeram falhas de 1ordf e 2ordf

ordens em razatildeo de Lemle (1991) considerar que esses alunos ainda natildeo satildeo alfabetizados Para

a autora ldquo[s]eraacute considerado alfabetizado aquele em cuja escrita soacute restarem falhas de terceira

17 O aluno estava presente mas natildeo quis realizar a produccedilatildeo da Atividade Inicial de escrita Mesmo assim foi

selecionado por natildeo ser alfabetizado e estar repetindo o 6ordm ano

99

ordem que seratildeo superadas gradativamente com a praacutetica da leitura e da escritardquo (LEMLE

1991 p 41-42)

Com base nesses pressupostos catalogamos as falhas cometidas nos 08 (oito) textos da

amostra de investigaccedilatildeo e acrescentamos 03 textos classificados como de 3ordf ordem para

melhor compreensatildeo desses processos O objetivo eacute mostrar a realidade presente em sala de

aula e como essas falhas justificam-se baseadas nos estudos aqui realizados jaacute que os alunos

natildeo as cometeram intencionalmente Na verdade eles natildeo sabiam que estavam errando pois

escreveram de forma livre e espontacircnea Vejamos entatildeo as falhas coletadas nos 08 textos

Quadro 12 ndash Falhas de escrita Textos

selecionados

Falhas de escrita de

1ordf ordem

Ocorrecircncias de falhas de escrita catalogadas nos textos

selecionados

TEXTO 1

TEXTO 2

TEXTO 3

TEXTO 4

TEXTO 5

Falhas na

correspondecircncia

linear entre as

sequencias dos sons e

as sequencias das

letras

Omissatildeo de letras miha (minha) batatina (batatinha) goto

(gosto)

Conhecimento ainda inseguro do formato de cada letra

tasia (passear)

Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo do som

gogo (gosto) natu (moto) natildee (matildee) fanilha (familia) asai

(assim) voma (forma)

Natildeo formou conceito de palavra coanilha (com a minha)

nasine (nasci em) amina (a minha) allade (aula de)

dodiabo em vez de do diabo

Falhas de escrita de

2ordf ordem

TEXTO 5

TEXTO 6

TEXTO 7

O aluno faz a

transcriccedilatildeo foneacutetica

petequa em vez de peteca

escunde em vez de esconde

kiabo em vez de quiabo

bejo em vez de beijo

cam em vez de catildeo

susu em vez de chuchu

pofessora em vez de professora

Falhas de escrita de

3ordf ordem

TEXTO 7

TEXTO 8

TEXTO 9

TEXTO 10

O aluno avanccedilou no

saber ortograacutefico e na

escrita faz troca entre

letras concorrentes

dansa em vez de danccedila

diferensa em vez de diferenccedila

soutar em vez de soltar

queto em vez de quieto

dificudade em vez de dificuldade

profesora em vez de professora

o em vez de ou

Fonte Adaptado de Lemle (1991 p 40-41) com dados da pesquisa

Verifica-se que os textos 1 2 3 4 e 5 foram classificados com falhas de 1ordf ordem porque

os alunos natildeo conseguiram realizar correspondecircncia linear entre as sequecircncias dos sons e as

100

sequecircncias das letras Nesse caso os alunos omitiram letras como em miha (minha) batatina

(batatinha) goto (gosto) demonstraram conhecimento ainda inseguro do formato de cada letra

como por exemplo em tasia (passear) natildeo tiveram a capacidade de classificar algum traccedilo

distintivo do som exemplo das palavras gogo (jogo) natu (moto) natildee (matildee) fanilha (familia)

asai (assim) voma (forma)

Sabemos que Lemle (1991) natildeo cita conceito formado de palavra mas estabelece como

quarta capacidade a consciecircncia de unidade de palavra Dessa maneira optamos por encaixar

em falhas de 1ordf ordem as ocorrecircncias de conceito de palavra natildeo formado como em coanilha

(com a minha) nasine (nasci em) amina (a minha) allade (aula de) dodiabo em vez de do

diabo Esse tipo de ocorrecircncia eacute tratado por Cagliari (1995) como juntura intervocabular O

uacutenico caso natildeo encontrado nesses textos foi a repeticcedilatildeo de letras elencado por Lemle (1991)

Os textos 5 6 e 7 foram classificados com falhas de 2ordf ordem pois os alunos fizeram a

transcriccedilatildeo foneacutetica Nessas ocorrecircncias os alunos representaram os sons da fala de acordo com

a variaccedilatildeo linguiacutestica utilizada por eles pois a pronuacutencia depende da regiatildeo na qual a pessoa

vive Dessa forma o aluno escreve como fala como vemos em petequa em vez de peteca

escunde em vez de esconde kiabo em vez de quiabo bejo em vez de beijo cam em vez de catildeo

susu em vez de chuchu pofessora em vez de professora

Nos textos 7 8 9 e 10 nos quais os alunos jaacute avanccedilaram no saber alfabeacutetico e na escrita

ortograacutefica eles apenas fazem troca entre letras concorrentes Satildeo os casos de dansa em vez

de danccedila diferensa em vez de diferenccedila soutar em vez de soltar queto em vez de quieto

dificudade em vez de dificuldade profesora em vez de professora Nesses casos segundo

Ferreiro (1985) o niacutevel alfabeacutetico foi consolidado e considera que a aprendizagem da escrita eacute

produto de uma construccedilatildeo ativa ou seja no fazer na testagem na experimentaccedilatildeo com as

letras

Em vista disso consideramos importante dizer que os textos 1 2 3 4 5 6 e 7 satildeo dos

alunos que compuseram a intervenccedilatildeo Apenas um aluno natildeo quis produzir o texto o informante

21 que deduzimos natildeo ter consolidadas as capacidades e por isso rejeiccedilatildeo agrave atividade proposta

Logo nossa Atividade Inicial de Escrita (APEcircNDICE B) foi planejada por meio da

abordagem sociointeracionista de Vygotsky A partir da formulaccedilatildeo da zona de

desenvolvimento proximal aplicamos a Atividade Inicial de Escrita e assim por meio do

diagnoacutestico delineamos o desenvolvimento real da aprendizagem dos alunos a fim de avaliar

as experiecircncias adquiridas em linguagem escrita

Diante disso eacute necessaacuterio ressaltar a importacircncia da reflexatildeo e anaacutelise do professor

sobre o desenvolvimento textual dos alunos A escola eacute tendenciosa ao avaliar observando

apenas os erros e desconsiderando os acertos privilegiando a ortografia em detrimento da

101

fruiccedilatildeo do ato de escrever puramente como forma de expressatildeo do pensamento Cada etapa de

aprendizagem da escrita eacute importante e deve ser ensinada pela escola e o professor precisa ter

conhecimento dos processos de escrita pelos quais as crianccedilas passam para ajudaacute-las a

superarem cada etapa com seguranccedila e satisfaccedilatildeo

Consideramos diante o exposto que os resultados dessa atividade foram satisfatoacuterios

por nos dar condiccedilotildees de conhecer as reais dificuldades de escrita dos alunos e assim planejar

as proacuteximas accedilotildees deste trabalho investigativo

Portanto definimos por meio dessa Atividade Inicial de Escrita que a nossa investigaccedilatildeo

seria realizada apenas com os alunos que cometeram falhas de 1ordf e 2ordf ordem por natildeo serem

alfabetizados

43 Plano Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI

O Plano Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI estaacute centrado nos aspectos da alfabetizaccedilatildeo

e do letramento Foi desenvolvido na Escola Estadual Pio XII em Januaacuteria ndash MG com apenas

6 alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima apoacutes identificaccedilatildeo das falhas de escrita com base em Lemle

(1991) no periacuteodo de agosto a novembro de 2017 O fato de o nuacutemero de participantes ter sido

reduzido justifica-se pela recusa em participar das atividades propostas por dois alunos o

informante 16 e o informante 21 Eles natildeo quiseram participar apesar de toda insistecircncia por

parte desta pesquisadora Diante disso a amostra de investigaccedilatildeo passou a ser com 6 alunos do

6ordm ano JF

Assim o objetivo geral dessa proposta foi desenvolver atividades que contribuam com

a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita de 6 alunos do 6ordm ano Juacutelia de Faacutetima da Escola Estadual Pio

XII Ensino Fundamental utilizando o gecircnero digital blog como recurso didaacutetico Os objetivos

especiacuteficos foram planejar executar e avaliar atividades que contribuam para elevar os niacuteveis

de escrita que desenvolvam a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica desenvolver

habilidades de letramento digital atraveacutes do gecircnero digital blog produzir texto multimodal para

blog

A partir das metaacuteforas da aprendizagem de Thornburg (1996) desenvolvemos quatro

moacutedulos de aprendizagem Moacutedulo I ndash Conhecendo Moacutedulo II ndash Dialogando Moacutedulo III ndash

Refletindo e Moacutedulo IV ndash Praticando

Para cada moacutedulo utilizamos a carga horaacuteria da turma composta por cinco aulas

semanais de LP e nas uacuteltimas semanas contamos com a colaboraccedilatildeo dos professores de outras

disciplinas no sentido de liberarem os alunos para participarem das atividades No iniacutecio

definimos que usariacuteamos as aulas geminadas da terccedila-feira e da quarta-feira salvo alguma na

102

segunda-feira que tem uma aula de LP Buscamos com isso respeitar o horaacuterio de aulas da

turma em razatildeo da organizaccedilatildeo e funcionamento da escola Poreacutem observamos que a dinacircmica

e o dia-a-dia da escola com projetos feriados trabalhos de campo entre outras situaccedilotildees

estava prejudicando o andamento da intervenccedilatildeo Um fato que nos deixou muito tristes foi o

falecimento de um aluno da nossa escola no dia 20 de setembro Todas as atividades da escola

foram interrompidas pela comoccedilatildeo geral

Diante disso elaboramos o cronograma de aulas aplicadas nos moacutedulos do iniacutecio ao

teacutermino da intervenccedilatildeo como forma de esclarecer o desenvolvimento das aulas Os quatro

moacutedulos e a descriccedilatildeo dos meses e datas em que foram aplicados aleacutem da respectiva carga

horaacuteria de cada um deles encontram-se descritos na Tabela 04 a seguir

Tabela 04 ndash Cronograma de aulas aplicadas no PEI

MOacuteDULOS Meses Datas Carga

horaacuteria

Moacutedulo I ndash Conhecendo Agosto 23 28 29 30 ---- 08 ha

Moacutedulo II ndash Dialogando Setembro 12 19 2018 26 27 08 ha

Moacutedulo III ndash Refletindo Outubro 03 04 23 24 25 21 ha

26 27 30 31 ----

Moacutedulo IV ndash Praticando Novembro 01 05 ha

Total 42

aulas

Fonte Dados da pesquisa 2017

431 Moacutedulo I ndash Conhecendo

Neste moacutedulo I procuramos desenvolver compartilhar e discutir as caracteriacutesticas dos

textos compostos por palavras e imagens bem como discutir sobre as contribuiccedilotildees das

Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC

Assim o plano de accedilatildeo desse moacutedulo visou ativar conhecimentos preacutevios sobre as

caracteriacutesticas dos textos multimodais e em relaccedilatildeo agraves contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais

da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de sons de palavras de

imagens e de movimentos

18 Intervenccedilatildeo interrompida por luto

103

Nossos objetivos foram identificar as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da

Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem e familiarizar com o ambiente

digital conhecer e identificar as funccedilotildees do blog como recurso de ensino e sobre as habilidades

de letramento em contexto digital conhecer diferentes textos multimodais e aula expositiva

dialogada e interativa por meio de ferramenta digital

Dessa forma a metodologia utilizada consistiu em desenvolver atividades de

conhecimento na sala de multimiacutedia e no laboratoacuterio de informaacutetica da escola por meio de

exposiccedilatildeo dialogada utilizando ferramenta digital para apresentaccedilatildeo de slides sobre a proposta

de trabalho

Na sala de multimiacutedia da nossa escola no dia 23 de agosto de 2017 conhecemos as

contribuiccedilotildees que as Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo apresentam na atualidade como pode

ser visualizado na figura abaixo

Figura 14 ndash Alunos na sala de multimeios da Escola Estadual Pio XII

Fonte Dados da pesquisa 2017

Reconhecemos que estamos inseridos em um mundo repleto de sons palavras imagens

entre tantos outros recursos que possibilitam a comunicaccedilatildeo Dessa forma saber ler essa

diversidade de recursos textos e imagens requer atenccedilatildeo e leitura de mundo Como exemplo

dessa proposta apresentamos a captura de tela dos slides 3 e 9 da nossa apresentaccedilatildeo em Power

point

104

Figura 15 ndash Captura de tela do slide 3 ndash Apresentaccedilatildeo em Power point

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 2 ndash Captura de tela do slide 9 Apresentaccedilatildeo em Power point

Fonte Dados da pesquisa 2017

Percebemos que cinco alunos reconheceram na exposiccedilatildeo dos slides acima esse contexto

de tecnologia no qual estamos inseridos ao dizerem que estamos conectados com o mundo Por

outro lado uma aluna teve dificuldade com a leitura das imagens justamente por falta de

familiaridade com essa modalidade de leitura Aleacutem disso analisamos a possibilidade de se

realizar leitura em diversos suportes tanto por meio de linguagem verbal quanto por meio da

inserccedilatildeo de imagens e emojis tatildeo presentes nas redes sociais nos aplicativos de celular e ateacute

em lojas quando vemos as placas ldquoSorria Vocecirc estaacute sendo filmadordquo

105

Assim apoacutes essa conversa e compartilhamento de ideias eles compreenderam que a

leitura extrapola as questotildees meramente linguiacutesticas pois o conceito de texto se ampliou e

concentra vaacuterios aspectos natildeo linguiacutesticos que devem ser considerados principalmente porque

estamos inseridos em uma sociedade imersa em um grande ambiente multimodal

Nossa fala estaacute ancorada em Marcuschi (2008 p 80) ao estabelecer que ldquoo texto

compotildee-se de elementos que satildeo multifuncionais sob vaacuterios aspectos tais como um som uma

palavra uma significaccedilatildeo uma instruccedilatildeo etc e deve ser processado com esta

multifuncionalidaderdquo assim como na Teoria da Multimodalidade defendida por Kress e van

Leeuwen (2006) ao esclarecerem que o texto multimodal eacute aquele cujo significado se realiza

por mais de um coacutedigo semioacutetico ou recursos semioacuteticos Desse modo apoacutes a apresentaccedilatildeo

dos slides os alunos compreenderam que ao lermos uma imagem observamos planos traccedilos

cores figuras entre outros aspectos Assim compreendemos como esse conjunto de recursos

semioacuteticos dialoga que eles natildeo estatildeo dispostos aleatoriamente mas constituem mais um

recurso que nos ajuda a produzir uma seacuterie de interpretaccedilotildees

Depois fomos ao laboratoacuterio de informaacutetica Pesquisamos vaacuterios blogs e sites de

pesquisa para nos familiarizarmos e conhecermos o ambiente digital como demonstrado na

figura 18

Figura 17 ndash Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica

Fonte Dados da pesquisa 2017

No laboratoacuterio de informaacutetica acessamos blogs de diferentes temas e assuntos O

primeiro chama-se ldquoBlog dos jovens leitoresrdquo e o segundo ldquoOpen Pagerdquo Os dois satildeo blogs

106

literaacuterios e tratam da leitura de livros literaacuterios com resenhas e sugestotildees de leitura O terceiro

ldquoGalerinha On linerdquo eacute um blog de assuntos diversos atividades desenhos muacutesicas

ensinamentos e culinaacuteria por meio de infograacuteficos Jaacute o quarto ldquoEscola Classe 19 de

Taguatingardquo eacute um blog escolar de uma escola puacuteblica que atende a crianccedilas do 1ordm ao 5ordm anos

na educaccedilatildeo integral Nossa intenccedilatildeo foi fazer com que os alunos conhecessem diferentes blogs

Assim elaboramos algumas questotildees para conduzir nossa discussatildeo como Quais satildeo os temas

abordados nesses blogs Leia o perfil de cada um De qual vocecirc gostou mais Por quecirc Se vocecirc

tivesse um blog sobre o que vocecirc escreveria Vamos criar um blog para a turma Qual nome

teria

Nas questotildees ldquoardquo e ldquobrdquo os alunos responderam de forma satisfatoacuteria ter reconhecido o

tema de cada blog pelas imagens que foram vendo e depois pela descriccedilatildeo feita no perfil

apresentado aleacutem de terem gostado de conhececirc-los Como exemplo apresentamos logo

abaixo os comentaacuterios dos informantes 8 10 e 12

Informante 8 ldquoGostei professora desses blogsrdquo

Informante 10 ldquoEu nunca vi um blog Num sabia que era assim Eu gostei do blog da

escola tem muitas fotos dos alunosrdquo

Informante 12 ldquoEu achei legal E gostei mais da moccedila dos livros (Open Page)rdquo

Na questatildeo ldquocrdquo os informantes 7 e 11 disseram que escreveriam sobre todos os assuntos

a informante 13 disse que natildeo sabia os informantes 8 e 10 falaram que escreveriam sobre a

escola e a informante 12 sobre maquiagem Os assuntos foram diversificados e aos alunos foi

esclarecido que criariacuteamos um blog para a turma com o objetivo de postarmos as nossas

atividades de escrita desenvolvidas no laboratoacuterio de informaacutetica e que laacute poderiacuteamos abordar

diversos assuntos

Observamos ainda que as respostas dos informantes 7 e 11 aproximam-se das diversas

possibilidades de publicaccedilatildeo as quais os blogs nos permitem Marcuschi (2010) define os blogs

como gecircneros digitais e ressalta que eles funcionam como diaacuterios em uma ordem cronoloacutegica

Aleacutem disso acrescenta que [] satildeo verdadeiros diaacuterios sobre a pessoa sua famiacutelia ou seus

gostos e seus gatos catildees atividades sentimentos crenccedilas e tudo o que for conversaacutevel

(MARCUSCHI 2010 p 72)

Apoacutes esse momento fizemos uma votaccedilatildeo para a escolha do blog do nosso pequeno

grupo Os nomes sugeridos pelos alunos foram Blog da Escola Pio XII Oficina de escrita

Todos juntos pelo estudo Blog do 6ordm ano e Escola Estadual Pio XII em resposta agrave questatildeo ldquodrdquo

Dessa forma os alunos decidiram pelo tiacutetulo ldquoBlog do 6ordm ano JFrdquo e como descriccedilatildeo

ldquoTodos juntos pelo estudordquo cujo endereccedilo eletrocircnico eacute

107

httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombr que tambeacutem pode ser observado por meio do

acesso ao QR Code disponibilizado logo abaixo

A atividade no laboratoacuterio o estar no laboratoacuterio de informaacutetica para pesquisa e

conhecimento de outros blogs causou entusiasmo nos participantes Essa escolha causou-nos

surpresa e emoccedilatildeo porque percebemos o empenho e o compromisso desses alunos com a

proacutepria aprendizagem Assim o blog foi criado no dia 28 de agosto de 2017 mediante

orientaccedilatildeo e com a participaccedilatildeo de todos os informantes como vemos logo abaixo na captura

das telas de criaccedilatildeo do blog e no iniacutecio do Moacutedulo I ndash Conhecendo

Figura 38 ndash Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF

Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel em lt httptodosjuntospeloestudoblogspotcombr201708sejam-bem-

vindos-nos-do-6-ano-julia-dehtmlgt Acesso em 10 nov de 2017

108

Figura 19 ndash Captura de tela do Blog do 6ordm ano JF

Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel emlthttptodosjuntospeloestudoblogspotcombr201708gt Acesso em

10 nov de 2017

432 Moacutedulo II ndash Dialogando

Nesse segundo momento as atividades propostas ofereceram oportunidades para que o

comportamento do aluno ouvinte e falante se tornasse efetivamente objeto de aprendizagem

Os alunos tiveram a oportunidade de realizar debates e exposiccedilotildees orais a respeito das

atividades apresentadas no laboratoacuterio de informaacutetica Esta pesquisadora coordenou as

discussotildees procurando fazer com que todos os alunos falassem e escutassem de forma atenciosa

e respeitosa No iniacutecio natildeo foi faacutecil porque eles estavam acostumados a interferir nas respostas

dos outros colegas a limitar a fala do outro ou chamar a atenccedilatildeo de forma negativa mas depois

com a mediaccedilatildeo necessaacuteria eles foram entendendo que cada um tem o direito de falar e que

eles poderiam ateacute discordar poreacutem sem desrespeitar

Desse modo esse tipo de atividade promoveu a discussatildeo sobre o assunto tratado nos

textos apresentados fazendo com que o aluno ultrapassasse o texto e o relacionasse com o

contexto social no qual vive ou ateacute mesmo com sua proacutepria pessoa atendendo agrave perspectiva da

leitura multimodal

O plano de accedilatildeo desse segundo moacutedulo esteve concentrado em incentivar a discussatildeo

sobre os textos apresentados com o intuito de desenvolver a competecircncia do uso da liacutengua oral

e da capacidade de debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o

argumento contraacuterio

109

Na sequecircncia definimos como objetivos ler textos multimodais analisar e discutir as

especificidades desses textos e produzi-los Para isso propusemos a discussatildeo das perguntas

sugeridas a respeito dos recursos linguiacutesticos utilizados nos textos multimodais previamente

selecionados para o trabalho em grupo

Esse moacutedulo teve iniacutecio no dia 12 de setembro de 2017 no laboratoacuterio de informaacutetica

como podemos visualizar logo abaixo

Figura 20 ndash Captura de tela do Moacutedulo II ndash Dialogando Blog do 6ordm ano JF

Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel em lt httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombr201709modulo-ii-

dialogandohtmlgt Acesso em 10 nov de 2017

Na perspectiva dialoacutegica na relaccedilatildeo com o outro discutimos em duplas as questotildees

sobre os textos selecionados De acordo com Bakhtin (1997) a ldquorelaccedilatildeo dialoacutegica eacute uma relaccedilatildeo

(de sentido) que se estabelece entre enunciados na comunicaccedilatildeo verbalrdquo (BAKHTIN 1997 p

346) Com esse entendimento de comunicaccedilatildeo verbal do encontro de opiniotildees e discussotildees

procuramos estabelecer relaccedilotildees de sentido ao ouvir falar interrogar concordar ou discordar

dos assuntos apresentados nos textos multimodais selecionados para essa atividade Entatildeo eles

foram compreendendo a atitude responsiva de que trata Bakhtin ao afirmar que

[d]e fato o ouvinte que recebe e compreende a significaccedilatildeo (linguiacutestica) de um

discurso adota simultaneamente para com este discurso uma atitude responsiva ativa

ele concorda ou discorda (total ou parcialmente) completa adapta apronta-se para

executar etc e esta atitude do ouvinte estaacute em elaboraccedilatildeo constante durante todo o

processo de audiccedilatildeo e compreensatildeo desde o iniacutecio do discurso agraves vezes jaacute nas

primeiras palavras emitidas pelo locutor (BAKHTIN 1997 p 290)

110

Em atitude responsiva ativa vivenciamos com o outro ora locutor ora interlocutor no

laboratoacuterio de informaacutetica a leitura de vaacuterios textos multimodais

Como motivaccedilatildeo e detonador da nossa discussatildeo utilizamos na maioria dos textos

selecionados questotildees previamente elaboradas para conduzir a discussatildeo As questotildees

pretendiam levar os alunos a pensarem considerando todo o contexto Para tanto eles foram

instigados a confirmar ideias levantar hipoacuteteses expressando a opiniatildeo e o entendimento que

tiveram acerca do exposto Nesse sentido procuramos questionaacute-los sobre os argumentos que

sustentaram as colocaccedilotildees de cada um e sobre as conclusotildees a que chegaram por meio da leitura

dos textos multimodais Foram observados dentre vaacuterios aspectos multimodais as cores os

traccedilos as fontes tipos e tamanhos das letras

Para anaacutelise desse moacutedulo selecionamos dois textos uma Histoacuteria em quadrinhos e uma

charge A Histoacuteria em Quadrinhos ndash HQ da Turma da Mocircnica que foi apresentada quadro a

quadro por seis cenas tem Cascatildeo como personagem principal o qual trama em pensamento

algo contra o Sansatildeo coelhinho da Mocircnica O que chama atenccedilatildeo para essa HQ como podemos

visualizar logo abaixo eacute a presenccedila da multimodalidade por meio de imagens balotildees cores e

traccedilos bem como a ausecircncia de falas (linguagem verbal) entre os personagens em todas as

cenas Os uacutenicos elementos verbais presentes na HQ satildeo a palavra ldquoCascatildeordquo no iniacutecio e a

palavra ldquofimrdquo ao final da histoacuteria

111

Figura 21 ndash HQ Turma da Mocircnica

Fonte Desconhecida19

Observamos por meio da leitura imageacutetica toda a narrativa desenvolvida e quando a

situaccedilatildeo de equiliacutebrio eacute rompida pelo cliacutemax que determina a situaccedilatildeo final da histoacuteria Dessa

forma percebemos que os elementos linguiacutesticos natildeo satildeo exclusivos para a compreensatildeo e

leitura de um texto pois a modalidade de linguagem semioacutetica encarregou-se disso Nessa HQ

a atividade de interaccedilatildeo e leitura ocorreu por meio do encadeamento das accedilotildees e gerou a

produccedilatildeo de sentidos proporcionada pelo conhecimento preacutevio acerca dos personagens e da

situaccedilatildeo comunicativa

De acordo com Koch (2009 p 39) em atividades como essas ldquocolocamos em accedilatildeo

vaacuterias estrateacutegias sociocognitivas Essas estrateacutegias por meio das quais se realiza o

processamento textual mobilizam vaacuterios tipos de conhecimento que temos armazenados na

memoacuteriardquo

19 Paacutegina de HQ da Turma da Mocircnica apresentada na Aula 1 da disciplina Texto e ensino ministrada pela

professora Doutora Maria Clara Maciel (UNIMONTES) no primeiro semestre de 2016

112

Ainda de acordo com a autora ao realizarmos o processamento textual ativamos

conhecimentos Assim para a compreensatildeo dessa HQ recorremos ao conhecimento

enciclopeacutedico ou conhecimento de mundo que se refere aos nossos aprendizados vivecircncias e

experiecircncias pessoais permitindo a produccedilatildeo de sentidos Por isso realizamos as seguintes

perguntas aos alunos Vocecirc conhece esses personagens Quem satildeo Por que o Cascatildeo estaacute

saltitante O que ele estaacute imaginando Qual era a sua intenccedilatildeo O que aconteceu no 4ordm e 5ordm

quadrinhos Por que Cascatildeo saiu correndo O humor da histoacuteria foi construiacutedo a partir de quais

fatos No texto haacute palavras Vocecirc conseguiu ler essa HQ mesmo sem palavras Por quecirc

A maioria das respostas foram 100 satisfatoacuterias pois todos conheciam os personagens

das HQS da Turma da Mocircnica do autor Mauriacutecio de Souza aleacutem da compreensatildeo global da

narrativa inclusive sem mencionar as questotildees propostas quem era o autor desses quadrinhos

Apenas na uacuteltima questatildeo surgiram questionamentos sobre natildeo haver palavras falas na

sequecircncia narrativa da HQ selecionada pelos informantes 7 8 e13 Perguntamos se o fato de

natildeo haver palavras impedia o entendimento do texto e os alunos disseram que natildeo Nossa

discussatildeo foi ampla sobre as diversas possibilidades de leitura e definiccedilatildeo de texto A causa do

estranhamento ocorreu pelo fato de o natildeo entendimento do que a maioria das pessoas considera

ser um texto inclusive na atualidade em que os textos estatildeo carregados de multimodalidade

Isso acontece pelo conceito de texto ainda estar vinculado somente ao campo linguiacutestico

da fala ou da escrita Nesse sentido a linguiacutestica textual definida por Marcuschi (2008)

Dioniacutesio (2006) Koch (2009 e 2012) e Krees e Van Leeuwen (2006) autores que validaram

significativamente nossa discussatildeo lanccedilam luz sobre a concepccedilatildeo de texto como abordado no

capiacutetulo I deste trabalho

Segundo Dioniacutesio (2006) nossa sociedade estaacute cada vez ldquomais visualrdquo Isso revela que

os textos multimodais estatildeo presentes em nossa sociedade e eacute imprescindiacutevel relacionar

linguagem verbal a outros recursos e assim estabelecer relaccedilotildees de sentido compreensatildeo e

importacircncia social nas praacuteticas de letramento

Diante disso por meio do sistema de estruturaccedilatildeo visual elaborado por Krees e Van

Leeuwen (2006) na Gramaacutetica de Desing Visual (GDV) observamos a articulaccedilatildeo de vaacuterios

modos semioacuteticos na charge selecionada que ao se relacionarem convergem significados

representacionais interativos e composicionais

113

Figura 22 ndash Charge Igualdade natildeo significa justiccedila

Fonte Disponiacutevel em lt httpprofwladimirblogspotcombr201405charge-igualdade-nao-significa-

justicahtmlgt Acesso em 07 jun 2017

A charge acima eacute composta por vaacuterios participantes representados (PR) localizados ao

centro e na mesma direccedilatildeo em maior destaque retratando situaccedilotildees semelhantes em quadros

diferentes No que diz respeito aos significados representacionais a imagem da charge sob

anaacutelise apresenta uma sequecircncia argumentativa

Nota-se nesse caso no quadro 1 a existecircncia dos participantes representados ndash PR

Como PR 1 consideramos a crianccedila maior agrave esquerda mostrada na composiccedilatildeo visual vestida

de camisa azul e short marrom como PR 2 consideramos a crianccedila ao meio mostrada na

composiccedilatildeo visual vestida de camisa vinho e short azul escuro e como PR 3 consideramos a

crianccedila menor agrave direita mostrada na composiccedilatildeo visual vestida de camisa azul clara e short

preto de quem partem vetores formados pelas diferentes alturas

Em contrapartida nota-se tambeacutem a existecircncia de mudanccedila de posiccedilatildeo de braccedilos

tambeacutem mostrados na composiccedilatildeo visual representados por PR 1 2 e 3 Enquanto PR1 e PR2

no quadro 1 estatildeo com os braccedilos levantados para o alto como um traccedilo que daacute a ideia de

accedilatildeomovimento positivo vitorioso e vibrante o inverso acontece com o PR 3 que estaacute com os

braccedilos abaixados como um traccedilo de passividade e inatividade Nota-se tambeacutem que as cores

114

funcionam como um dispositivo semioacutetico formal que aleacutem de estabelecerem coesatildeo e

coerecircncia no texto veiculam ideias A cor verde do gramado e o marrom dos caixotes e parede

de compensado eacute usada para dar destaque agraves informaccedilotildees de forma precisa aleacutem de trazer o

significado representacional da realidade dos gramados de futebol e a cor marrom o significado

representacional da realidade da desigualdade social

Quanto aos significados interativos que dizem respeito ao grau de interaccedilatildeo entre os

elementos da composiccedilatildeo visual (participantes representados) e o leitor (participantes

interativos) natildeo vemos PR 1 2 e 3 olhando diretamente para o participante interativo (PI) natildeo

haacute um olhar de demanda pois todos estatildeo de costas representando possivelmente todos os

cidadatildeos que natildeo tecircm acesso ao esporte agrave cultura e ao lazer Aqui encontramos um olhar de

oferta pois haacute ausecircncia de olhar direto para o leitor Nesse caso PR1 2 e 3 satildeo oferecidos ao

PI como item de informaccedilatildeo de maneira impessoal e mais distante sendo estabelecida uma

relaccedilatildeo de menor interaccedilatildeo com o PI

Quanto ao enquadramento apresenta-se num plano aberto uma vez que satildeo retratados

todos os participantes e o espaccedilo ao seu redor por isso os PR satildeo representados numa distacircncia

maior dos observadores

Em relaccedilatildeo aos significados composicionais observa-se que os PRrsquos ocupam espaccedilos

diferentes O PR1 ocupa a zona esquerda o espaccedilo do dado ndash de onde parte o conhecimento do

texto ndash converge para a mensagem que destaca a incoerecircncia de uma crianccedila maior precisar

subir em um caixote Logo eacute possiacutevel perceber que a informaccedilatildeo disposta no plano novo faz

um contraponto de forma a complementar a ideia disposta no plano dado representado pelo

PR3 que estaacute agrave esquerda haja vista que mesmo em posiccedilatildeo de igualdade por estar em cima

de um caixote de madeira da mesma forma que as outras crianccedilas ainda se encontra em

desvantagem em desigualdade

Ainda sobre o significado composicional consideramos o PR1 posicionado no acircngulo

superior assim o elemento eacute ideal (vantagem pela altura) configura o dominante aquele que

tem Os PR2 e PR3 posicionam-se em acircngulo inferior o elemento eacute real (a altura determina a

possibilidade de assistir ao jogo ou natildeo) e configura a relaccedilatildeo de subordinaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

primeiro

Por fim a disposiccedilatildeo dos elementos a partir da perspectiva de centro e margem estatildeo

relacionadas tanto para evidenciar o predomiacutenio quanto o destaque de algumas informaccedilotildees e

a omissatildeo de outras Os PR estatildeo no centro no nuacutecleo da informaccedilatildeo por se tratar de uma charge

que comporta uma criacutetica pois enquanto parte da populaccedilatildeo tem acesso ao esporte por poder

pagar uma entrada em um estaacutedio de futebol outros encontram-se em condiccedilotildees

115

desconfortaacuteveis e desiguais Contudo o PR1 sobressai no seu tamanho e nas cores envolvidas

em relaccedilatildeo ao PR3 que eacute o que sofre com a impossibilidade de assistir ao jogo

O contraponto das duas figuras quadro 1 e quadro 2 demonstra uma precisa articulaccedilatildeo

na utilizaccedilatildeo dos modos semioacuteticos que satildeo modificados pela mudanccedila de estado do PR1 e do

PR3 ao estabelecer a ideia de justiccedila ao ver que a altura definia a possibilidade de assistir ao

jogo e a necessidade de ter ou natildeo um caixote para isso Nesse sentido satildeo estabelecidas

relaccedilotildees de direitos que dependendo das circunstacircncias podem produzir o contraacuterio a

desigualdade Esses aspectos foram trabalhados a partir das seguintes questotildees propostas O

que eacute igualdade O que eacute justiccedila O que vocecirc vecirc na imagem O que vocecirc entende por ldquoIgualdade

natildeo eacute justiccedilardquo O que foi preciso fazer para haver justiccedila Vocecirc jaacute foi tratado de forma desigual

ou injusta

Essa atividade exigiu dos alunos mais atenccedilatildeo e conhecimento de mundo pois todos os

informantes revelaram nunca ter ido a um estaacutedio de futebol e sentado em arquibancadas

Percebemos que o acesso aos bens culturais agrave populaccedilatildeo economicamente desfavorecida

provavelmente estaacute associado ao fator desigualdade social como mostrado no texto em anaacutelise

Assim com base nas questotildees acima discutimos os elementos multimodais presentes

no texto percebendo mais familiaridade com a observaccedilatildeo das cores da linguagem verbal e

natildeo verbal mas em outros aspectos foi preciso intervenccedilatildeo e mediaccedilatildeo para estabelecer os

sentidos que o texto exigia como o fato de os braccedilos do PR3 no quadro 1 estarem para baixo

e no quadro 2 estarem para cima Esse aspecto natildeo foi identificado por nenhum aluno em

resposta agrave questatildeo 3

Consideramos que a atividade foi vaacutelida dado o grau de dificuldade e a familiaridade

com textos argumentativos no 6ordm ano Geralmente essa sequecircncia textual soacute eacute trabalhada a partir

do 8ordm ano por natildeo ser considerada adequada ao 6ordm ano mas haacute controveacutersias pois de acordo

com Cavalcante (2013) todo texto possui sequecircncias bem como todo texto apresenta uma

sequecircncia dominante em relaccedilatildeo agrave qual se organizam as demais sequecircncias A autora afirma

que ldquoaspectos como extensatildeo a complexidade e os diferentes propoacutesitos comunicativos

indicam que haacute naturalmente uma inclinaccedilatildeo agrave combinaccedilatildeo de sequecircncias textuais o que torna

o texto heterogecircneordquo (CAVALCANTE 2013 p 62)

De acordo com Rojo (2009) as diversas capacidades de leitura e produccedilatildeo exigidas na

atualidade nos conduzem ao trabalho com os letramentos multissemioacuteticos definidos como ldquoa

leitura e produccedilatildeo de textos em diversas linguagens e semioses (verbal oral e escrita musical

imageacutetica) ( )rdquo (ROJO 2009 p 119)

Diante disso nossas atividades dialogadas e em equipe possibilitaram a produccedilatildeo de

textos multimodais inspirados em Ribeiro (2016) sobre como os textos multimodais satildeo

116

tratados na escola que lugar ocupam e como poderiacuteamos produzir textos multimodais

Consideramos a ideia interessante e viaacutevel jaacute que era preciso palavras e imagens em um leiaute

e definir os modos de produccedilatildeo Dessa forma seguindo as premissas da autora fizemos

primeiro a leitura em grupo de alguns textos previamente selecionados Baseamos nossas

questotildees em Ribeiro (2016 p 53-54) Vocecircs jaacute tiveram contato com textos assim Vocecircs tecircm

dificuldades em ler textos como os apresentados neste blog Como vocecircs leem esses textos

Vocecircs gostariam de produzir textos como esses

Assim nossa proposta foi delineada a partir do contato com trecircs gecircneros especiacuteficos

organograma mapa e infograacutefico

Segundo Ribeiro (2016) o organograma eacute uma representaccedilatildeo bastante comum em nossa

sociedade e mostra representaccedilotildees hieraacuterquicas estruturas organizacionais etc Como sugestatildeo

os alunos criaram um organograma escolar como podemos observar na Figura 24

Figura 23 ndash Organograma da EE Pio XII corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017)

O texto acima foi produzido pelos informantes 8 e 10 e digitalizado para essa anaacutelise

Ao produzir o organograma da Escola Estadual Pio XII foi interessante descobrir que alguns

alunos natildeo sabiam que cada segmento da escola estava interligado e nem mesmo conheciam a

estrutura da escola Portanto a atividade resultou em aprendizagem e conhecimento aleacutem

disso os alunos natildeo encontraram dificuldade em desenhar a estrutura da escola por jaacute terem

conhecido um exemplo de organograma escolar Poreacutem encontraram dificuldades com a escrita

117

como por exemplo da palavra porfessores como podemos observar na produccedilatildeo abaixo antes

da correccedilatildeo ortograacutefica

Figura 24 ndash Organograma da E E Pio XII sem correccedilatildeo

Fonte Dados da pesquisa 2017

Nesse caso com base em Cagliari (1991) consideramos o ldquoerrordquo como modificaccedilatildeo da

estrutura segmental das palavras quando os alunos cometem erros de troca de letras O texto

acima demonstra esse problema de escrita que por meio da intervenccedilatildeo foi corrigido De

acordo com o autor isso acontece porque o aluno ainda natildeo domina bem o uso de certas letras

Nesse sentido Lemle (1991) enfatiza que se as relaccedilotildees entre letras e sons forem bem

trabalhadas o aluno saberaacute ldquo[] quais letras transcrevem quais sons em quais posiccedilotildees e quais

letras concorrem em quais posiccedilotildees para representar quais sonsrdquo (LEMLE 1991 p 36)

Depois lemos e produzimos infograacuteficos que segundo Ribeiro

[] se trata de um texto multimodal por excelecircncia jaacute que seu planejamento jaacute o

constroacutei com pelo menos palavras e imagens em um leiaute (na web eacute possiacutevel

agregar som movimento etc) em segundo porque eacute um gecircnero que circula

amplamente em jornais e revistas impressos digitais e mesmo na TV nas previsotildees

de tempo nas explicaccedilotildees e nas demonstraccedilotildees de fatos causas efeitos trajetoacuterias

etc (RIBEIRO 2016 p 31)

118

Observarmos que o infograacutefico eacute um texto que circula pelas diversas miacutedias como TV

materiais impressos e digitais Contudo no desenvolvimento da atividade verificamos total

estranhamento com esse gecircnero em um primeiro momento pela falta de familiaridade com o

proacuteprio nome do gecircnero Depois por natildeo conseguiram associar infograacutefico a textos lidos na

escola ou vistos em outros suportes Quando perguntamos aos alunos sobre quais impressotildees

tiveram dos textos pesquisados obtivemos as seguintes respostas Informante 7 ldquoEu gosteirdquo

Informante 8 ldquoNatildeo sei fazer isso natildeordquo Informante 10 Tem uns que natildeo entendi foi nadardquo

Informante 11 ldquoIsso eacute infograacuteficordquo Informantes 12 ldquoTambeacutem gostei Gostei muito dessas

receitas Ficou divertidordquo

Por isso para melhor entendimento voltamos ao Blog Galerinha Online20 para

pesquisar os infograacuteficos de receitas que laacute estavam Aleacutem disso realizamos pesquisas no site

de buscas Google sobre outros exemplos de infograacuteficos e sobre como fazer um infograacutefico

Nesse momento os alunos perceberam que nesses textos haacute trecircs elementos palavras nuacutemeros

e imagens Assim a primeira noccedilatildeo foi sendo construiacuteda e os nossos primeiros infograacuteficos

foram produzidos Os alunos escolheram fazer receitas como podemos visualizar logo abaixo

Talvez a escolha tenha sido influenciada pelo primeiro contato com esse gecircnero atraveacutes do

blog sugerido na pesquisa online

Uma dupla disse que faria bolo de chocolate logo todos queriam fazer bolo de chocolate

tambeacutem Entatildeo iniciaram uma discussatildeo sobre um estar copiando o outro que eles haviam

escolhido primeiro e que ningueacutem poderia fazer igual Nesse sentido foi necessaacuterio realizar um

debate sobre a importacircncia de se respeitar a escolha dos outros de entender que existe uma

diversidade enorme de receitas de bolo de chocolate Como exemplo falamos sobre

concursos de melhor receita de um determinado alimento e diante dessa conversa decidimos

pesquisar receitas Cada um foi falando do que mais gostava e com isso surgiram muitas

sugestotildees Ao final da pesquisa as duplas decidiram produzir o infograacutefico de uma receita de

bolo de chocolate um de pastel frito e outro de suco de maracujaacute As receitas foram

digitalizadas apoacutes a correccedilatildeo ortograacutefica

20 Endereccedilo eletrocircnico Blog Galerinha Online Disponiacutevel em

lthttpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtmlgt Acesso em 23 ago 2017

119

Figura 25 ndash Alunos no laboratoacuterio de informaacutetica pesquisando receitas

Fonte Acervo da pesquisadora 2017

Figura 26 ndash Infograacutefico de receita de bolo de chocolate

Fonte Dados da pesquisa 2017

120

Figura 27 ndash Infograacutefico de receita de pastel frito

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 28 ndash Infograacutefico de receita de suco de maracujaacute

Fonte Dados da pesquisa 2017

Observamos que os alunos souberam seguir a estrutura do gecircnero receita culinaacuteria ao

separarem ingredientes do modo de preparo e foram livres para escolher o leiaute as cores e as

121

informaccedilotildees da receita Tambeacutem seguiram as orientaccedilotildees sobre as caracteriacutesticas dos

infograacuteficos que concentram dados numeacutericos imagens e palavras Aleacutem disso o infograacutefico

deveria permitir uma leitura aacutegil e buscar sintetizar as informaccedilotildees Segundo Ribeiro (2016 p

32) ldquo[] ao produzir infografia aumentando o espaccedilo do desenho e reduzindo o das palavras

isso tem impacto evidente sobre os leitores e sobre as praacuteticas de leiturardquo

Embora nosso objetivo seja melhorar os niacuteveis de escrita e uma das propostas do

infograacutefico seja reduzir a escrita compreendemos que os muacuteltiplos letramentos satildeo gerados por

muacuteltiplas leituras e oportunidades de produzir linguagem Sabemos que o mundo estaacute repleto

de imagens mas ainda eacute muito difiacutecil para os alunos desvincular texto de conteuacutedo

exclusivamente linguiacutestico fato que observamos nos infograacuteficos produzidos que ainda

concentram mais recursos linguiacutesticos do que imageacuteticos e graacuteficos

Contudo nossa intenccedilatildeo ao produzir os infograacuteficos mesmo de forma tatildeo simples e

talvez natildeo tatildeo adequada esteve centrada na produccedilatildeo criativa no estimulo agrave produccedilatildeo

multimodal O interessante foi mostrar aos alunos que podemos ler imagens criar desenhar e

expressar nossas ideias e gostos

Aleacutem disso a autora ressalta que dessa forma trabalhamos ldquo[] as relaccedilotildees entre

letramentos de estudantes e a leitura de textos multimodais e tambeacutem os letramentos

construiacutedos para se criar visualizaccedilotildees e informaccedilotildees e dados fornecidos aos sujeitosrdquo

(RIBEIRO 2016 p 35)

Com base nisso demos continuidade agrave produccedilatildeo de textos multimodais Nossa uacuteltima

produccedilatildeo nesse segundo moacutedulo foi o mapa da nossa escola sob a percepccedilatildeo dos alunos em

relaccedilatildeo aos espaccedilos da escola Sabemos que os mapas satildeo representaccedilotildees graacuteficas em escalas

menores e podem representar regiotildees territoacuterios ou qualquer extensatildeo da superfiacutecie da Terra

122

Figura 29 ndash Mapa da E E Pio XII

Fonte Dados da pesquisa 2017

Observamos que os alunos apresentaram pouca dificuldade em desenhar o mapa da

escola talvez por ser um espaccedilo conhecido por eles Poreacutem alguns espaccedilos ficaram fora da

ordem real provavelmente por ser em escala menor Aleacutem disso Ribeiro (2016 p 42)

constata que ldquode forma geral os textos imageacuteticos satildeo pouco trabalhados nas escolas sendo

comum que apareccedilam apenas como complemento do texto escrito ou ilustraccedilatildeo lsquoem diaacutelogorsquo

com esserdquo

433 Moacutedulo III ndash Refletindo

Nesse moacutedulo propusemos a interlocuccedilatildeo entre diferentes textos para que o aluno

pudesse analisar de forma reflexiva diferentes abordagens de um mesmo assunto ou toacutepico

tanto no que se refere a distintas percepccedilotildees da nossa cultura ou sociedade quanto para poder

observar questionar e analisar atraveacutes da comparaccedilatildeo ou do confronto o que dizem os

diferentes textos ao resolver atividades de leitura interpretaccedilatildeo e escrita Assim pretendiacuteamos

fazer com que o aluno percebesse intuitivamente seu conhecimento e fizesse a checagem do

seu proacuteprio aprendizado

Assim o plano de accedilatildeo desse terceiro moacutedulo de aprendizagem buscou contribuir com

o processo de alfabetizaccedilatildeo e de letramento por meio de atividades que estimulassem o

desenvolvimento da linguagem oral e escrita em situaccedilotildees de anaacutelise e reflexatildeo sobre as

especificidades de diversos textos e assim elevar os niacuteveis de escrita dos alunos

123

Dessa forma nossos objetivos estiveram concentrados em aprofundar e em refletir sobre

os conhecimentos da escrita que desenvolvessem a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita

ortograacutefica do mesmo modo que refletir e identificar as funccedilotildees do blog como recurso didaacutetico

e sobre as habilidades de letramento em contexto digital aleacutem de produzir comentaacuterios a

respeito dos textos lidos e produzidos pelos colegas como forma de expressatildeo do pensamento

e da interaccedilatildeo

A metodologia esteve voltada para o estudo individual e atividades praacuteticas no

laboratoacuterio de informaacutetica da escola O desenvolvimento das atividades propostas ocorreu

9902 no laboratoacuterio de informaacutetica e 008 na biblioteca da escola como podemos observar

nas fotos abaixo

Figura 30 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1 ndash Produccedilatildeo na biblioteca

Fonte Dados da pesquisa 2017

Esse terceiro moacutedulo teve iniacutecio no dia 03 de outubro de 2017 durante o qual foram

aplicadas 8 atividades (APEcircNDICE C) a saber Atividade 1 Torne o branco impuro Atividade

2 Vamos de carona nesta viagem Atividade 3 Agrave maneira dos antigos Atividade 4 Tempo de

falar Atividade 5 Vamos vender o fedex Atividade 6 Pausa para criar Atividade 7 Jogo

Corrida das letras Atividade 8 Nuvem de palavras Cumpre salientar que priorizamos para

essa anaacutelise as atividades de escrita 1 3 5 7 e 8

124

A maioria dessas atividades foi selecionada a partir do livro Escrever sem doer de

Ronald Claver (1994) com algumas questotildees aditivas outras suprimidas ou adaptadas para

melhor atendimento agrave realidade da turma Segundo esse autor ldquo[a] mateacuteria-prima da escrita eacute

a palavra vista aqui como geradora de ideias e natildeo o contraacuteriordquo (CLAVER 1994 p 10) Dessa

forma os objetivos de escrita propostas pelo autor vatildeo ao encontro da nossa proposta de

conciliar prazer e escrita adotando o caraacuteter luacutedico e criativo

Nesse sentido a palavra escrita aqui apresentada como resultado das produccedilotildees escritas

dos alunos participantes assumiu a caracteriacutestica de uma representaccedilatildeo mental carregada de

sentido Bakhtin (1999 p 95) enfatiza que ldquo[a] palavra estaacute sempre carregada de um conteuacutedo

ou de um sentido ideoloacutegico ou vivencial Eacute assim que compreendemos as palavras e somente

reagimos agravequelas que despertam em noacutes ressonacircncias ideoloacutegicas ou concernentes agrave vidardquo

Diante do exposto a atividade 1 Torne o branco impuro foi realizada nesse contexto

de exteriorizaccedilatildeo vivencial O objetivo dessa primeira atividade foi de descontraccedilatildeo e liberdade

pois os alunos deveriam escrever sem medo ou qualquer tipo de censura A regra era natildeo deixar

o branco puro Assim eles deveriam fazer qualquer coisa como rabiscar desenhar escrever

pintar entre outros

No iniacutecio os alunos ficaram imoacuteveis pois esperavam comandos do tipo faccedila assim ou

natildeo faccedila assim Esperavam que o professor determinasse o que deveria ser feito por isso novas

orientaccedilotildees foram dadas e mesmo assim a falta de confianccedila limitava o poder criativo de cada

um mas com incentivo e motivaccedilatildeo eles foram aos poucos libertando palavras e imagens A

exemplo disso podemos observar as produccedilotildees na imagem abaixo que tambeacutem podem ser

visualizadas no blog da turma por meio do QR Code disponibilizado logo abaixo da figura 32

125

Figura 31 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 32 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 1

Fonte Dados da pesquisa 2017

126

Desse modo o resultado foi positivo pois os alunos conseguiram expressar por meio

de palavras e desenhos sentimentos e ideias que tecircm sentido vivencial para eles seja por

representaccedilotildees de feacute de leitura ou mesmo de brinquedos jaacute que satildeo crianccedilas e o brincar faz

parte dessa faixa etaacuteria

A segunda atividade selecionada foi a 2 ndash Agrave maneira dos antigos Esse tiacutetulo de acordo

com Claver (1994) faz menccedilatildeo aos temas das redaccedilotildees de antigamente que determinavam

assuntos e situaccedilotildees de escrita como Minhas feacuterias Meu animal favorito ou O dia do iacutendio

Dessa forma o autor sugere situaccedilotildees de escrita agrave maneira dos antigos mas permitindo ao

aluno inventar palavras refletir e reproduzir seu texto de forma uacutenica

Os textos foram produzidos de forma satisfatoacuteria mesmo que com propostas simples

salvo por um aluno que natildeo compareceu no dia e um que natildeo quis dar continuidade agrave atividade

Consideramos que natildeo foi uma atividade faacutecil no sentido de motivar os alunos agrave execuccedilatildeo da

tarefa justamente pelo perfil da atividade que propunha uma produccedilatildeo parecida com as

redaccedilotildees de antigamente que na maioria das vezes tornavam-se sem significaccedilatildeo para o aluno

Contudo a proposta tornou-se desafiadora a partir do momento em que eles comeccedilaram a

analisar as situaccedilotildees inusitadas propostas pela atividade Assim foram sugeridos seis fatos e

situaccedilotildees de escrita que os alunos poderiam escolher bem como o gecircnero textual (poema conto

crocircnica etc)

Observamos que em todos os textos a sequecircncia textual predominante foi a narrativa e

o gecircnero escolhido o conto Segundo Cavalcante (2013 p65) na narrativa ldquo[] a histoacuteria

passa a ser desenvolvida quando a situaccedilatildeo de equiliacutebrio eacute alterada por uma tensatildeo que

determina transformaccedilotildees e retransformaccedilotildees as quais direcionam ao finalrdquo Ainda de acordo

com a autora um texto eacute constituiacutedo de sequecircncias que apresentam fases Todas as sequecircncias

textuais satildeo estruturadas em fases estas combinam proposiccedilotildees e formam blocos com

subunidades semacircnticas e as proposiccedilotildees com unidades de sentido (enunciados) com dados

caracteriacutesticos Compreender as sequecircncias ajuda a compreender a produccedilatildeo de sentidos

127

Assim Cavalcante (2013) afirma que a sequecircncia narrativa prototipicamente constitui-se de

sete fases na qual as duas uacuteltimas nem sempre satildeo expliacutecitas As fases satildeo Situaccedilatildeo inicial

Complicaccedilatildeo Accedilotildees (para o cliacutemax) Resoluccedilatildeo Situaccedilatildeo final Avaliaccedilatildeo Moral

Desse modo dentre os seis fatos e situaccedilotildees sugeridos na atividade de Claver (1994)

apresentaremos logo abaixo apenas os que foram escolhidos pelos alunos participantes e da

mesma maneira as respectivas produccedilotildees

a) Trecircs ratos famintos estatildeo presos num quarto hermeticamente fechado Situaccedilotildees a) Acham

uma saiacuteda b) Aparece um super-rato para salvaacute-los c) Se devoram (Em tempo os ratos se

chamam Augustus Nicodemus e Cornelius)

Figura 33 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

No texto acima o aluno fez a troca das consoantes m e n Apresentou dificuldade em

perceber a zona de articulaccedilatildeo das consoantes constritivas nasais bilabial m e linguodental

n O texto foi corrigido vaacuterias vezes mas percebemos que ainda haacute duas ocorrecircncias de troca

entre essas consoantes como podemos visualizar nas palavras ldquochamavamrdquo e ldquocomidardquo que

estatildeo escritas como chanavam e conida no texto abaixo Aleacutem disso foi realizada a reflexatildeo

sobre a grafia correta das letras jaacute que em muitas situaccedilotildees o aluno escrevia de forma estranha

128

ao traccedilar as palavras De acordo com Cagliari (1995) isso acontece porque o aluno ainda

apresenta dificuldade com a escrita cursiva e a caligrafia

Figura 34 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017

Observamos ainda que o aluno usou o fato ldquoardquo Trecircs ratos famintos estatildeo presos num

quarto hermeticamente fechado e nenhuma das situaccedilotildees sugeridas pelo autor para produzir

seu texto Ele foi livre para criar e adaptar ao seu modo o nome dos personagens e a situaccedilatildeo

Dessa maneira nesse texto haacute ocorrecircncia de todas as fases anteriormente descritas

caracterizando a sequecircncia narrativa descrita logo abaixo

Quadro 13 ndash Fases da sequecircncia narrativa Fases da sequecircncia

narrativa

Texto referente agrave situaccedilatildeo ldquoardquo

Situaccedilatildeo inicial Esta eacute a histoacuteria de trecircs ratos que se chamavam Eduardo Ramon e Altamir

Complicaccedilatildeo Um dia eles tiveram uma ideia de roubar comida da casa da dona Stefany e

conseguiram muitas coisas uva maccedilatilde patildeo e principalmente queijo Aiacute eles

deram de cara com um gato faminto

Accedilotildees (para o cliacutemax) e correram para um quarto escuro e quente Laacute ficaram com muita fome

pois as comidas ficaram no chatildeo

Resoluccedilatildeo O gato natildeo conseguiu pegar dois dos ratos

Situaccedilatildeo final Um ele pegou que foi Ramon o mais gordo Os outros dois morreram

asfixiados

Fonte Dados da pesquisa 2017

129

O quadro 13 representa a anaacutelise da sequecircncia textual narrativa do texto produzido pelo

aluno informante poreacutem evidenciamos que a extensatildeo das frases poderia ser melhor

desenvolvida enriquecendo ainda mais o texto trabalho que mais uma vez deveraacute ser fruto de

ensino posterior agrave nossa investigaccedilatildeo Todavia para natildeo fugir ao nosso foco fizemos a

exemplificaccedilatildeo apenas com esse texto pois nosso objetivo estava centrado na escrita

ortograacutefica e na consciecircncia fonoloacutegica

Assim realizamos nesse texto e em todos os outros um trabalho de reflexatildeo sobre a

escrita ortograacutefica e a consciecircncia fonoloacutegica baseados na identificaccedilatildeo de problemas de

terceira ordem postulados por Lemle (1991) Nesse sentido o aluno precisa conscientizar-se

da percepccedilatildeo auditiva saber perceber diferenccedilas linguiacutesticas entre sons e letras e assim

escolher a letra certa para simbolizar cada som

b) Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com uma mosquita de nome Joana para

as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca Situaccedilotildees a) Ele morre b) Joana fica

sabendo do acontecido e se suicida c) Geraldo toma a piacutelula anti-pega-mosca e consegue se

safar d) Joana arruma outro namorado

Figura 35 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

O aluno escolheu o fato ldquobrdquo Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com

uma mosquita de nome Joana para as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca e a

situaccedilatildeo ldquodrdquo Joana arruma outro namorado descrito anteriormente Assim nesse texto

registramos algumas trocas das consoantes m e n Percebemos tambeacutem que haacute oscilaccedilatildeo na

escrita ortograacutefica pois o aluno informante ora escreve com m ora com n como podemos

comparar na escrita correta da palavra um na primeira linha e na quarta linha a escrita

inadequada un

130

Consideramos que o aluno estaacute em processo de construccedilatildeo do sistema alfabeacutetico ao

compreender a simbologia entre letra e sons Nesse sentido de acordo com Lemle

[h]aacute um dado momento em que parece ocorrer um verdadeiro estalo apoacutes o que a

pessoa faz raacutepidos progressos Que estalo seraacute esse A suposiccedilatildeo mais plausiacutevel eacute que

o estalo ocorre quando o aprendiz capta a ideia de que cada letra eacute um siacutembolo de um

som e um som eacute simbolizado por uma letra (LEMLE 1991 p 16)

Com base no exposto nosso trabalho consistiu em despertar a percepccedilatildeo da escrita

ortograacutefica e a reflexatildeo sobre os sons e as letras empregadas em cada palavra Foram feitos

exerciacutecios de oralidade para que os alunos percebessem a posiccedilatildeo das consoantes m e n ao

pronunciarem as palavras escritas com as respectivas letras Tambeacutem identificamos outros

problemas de escrita quanto ao uso da letra maiuacutescula a troca da consoante f pela v

transcriccedilatildeo foneacutetica e dessa forma fizemos a correccedilatildeo ortograacutefica do texto produzido como

podemos ver logo abaixo

Figura 36 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017

c) A histoacuteria de Romeu e Julieta Situaccedilotildees a) Julieta fica sabendo do final da histoacuteria e fala

pro Shakespeare ldquoQual eacuterdquo b) Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira c)

Shakespeare fica gostando de Julieta e soacute mata o Romeu

131

Figura 37 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash Texto corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017

No fato c descrito acima observamos que a aluna ficou bastante motivada pelas

situaccedilotildees mas desconhecia a histoacuteria claacutessica de Shakespeare Como natildeo havia tempo para a

leitura do livro realizamos a busca pelo site de pesquisas Google

Figura 38 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 3

Fonte Dados da pesquisa 2017

132

Encontramos uma versatildeo resumida de Romeu e Julieta e sugerimos que depois ela

verificasse a disponibilidade do livro na biblioteca da escola A aluna ficou encantada com a

histoacuteria e resolveu escrever sobre o casal apaixonado adotando como resoluccedilatildeo a situaccedilatildeo ldquobrdquo

na qual Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira

d) Uma carroccedila estaacute diante de um sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento enorme

Quando o sinal abre o burro empaca Situaccedilotildees a) Todos os carros buzinam ao mesmo tempo

b) O carroceiro deixa a carroccedila e sai correndo c) O burro sai da carroccedila e daacute um coice nos

carros d) Um dos motoristas conversa com o burro no ouvido e este sai de fininho

Figura 39 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo Atividade 3 ndash sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

No texto acima destacamos por meio de recurso de imagem as diversas ocorrecircncias

de juntura intervocabular como ocarroseiro (o carroceiro) vazeuma (fazer uma) dasidade (da

cidade) momeio (no meio) acarosa (a carroccedila) darua (da rua) otrasito (o tracircnsito) dacarosa

(da carroccedila) e segmentaccedilatildeo como em des pero (desespero) Tudo isso eacute tratado como reflexo

de continuidade da fala de acordo com Cagliari (1995) Apesar de o texto estar com

comprometimento de visualizaccedilatildeo total por se tratar de uma foto capturada no momento da

133

produccedilatildeo conseguimos registrar as ocorrecircncias e descrevecirc-las para posterior comparaccedilatildeo com

o texto final Aleacutem disso houve ocorrecircncias como modificaccedilatildeo da estrutura segmental das

palavras por meio de troca e supressatildeo de letras como por exemplo seto (certo) nico (ficou)

azuda (ajuda) processos fonoloacutegicos caracteriacutesticos de quem natildeo faz uso de certas letras

Assim buscamos realizar com esse aluno a reflexatildeo e a conscientizaccedilatildeo sobre a

importacircncia da capacidade de ouvir e de estabelecer relaccedilatildeo entre os sons e suas distinccedilotildees

linguiacutesticas para captar o conceito de palavra

Como podemos perceber o aluno escolheu o fato ldquodrdquo Uma carroccedila estaacute diante de um

sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento enorme Quando o sinal abre o burro empaca

e a situaccedilatildeo ldquoardquo Todos os carros buzinam ao mesmo tempo O texto ficou criativo e engraccedilado

mas consideramos que ainda haacute muito trabalho de refacccedilatildeo textual pois ficou sem tiacutetulo

paragrafaccedilatildeo entre outras questotildees pertinentes agrave produccedilatildeo textual que mereceratildeo atenccedilatildeo em

momento oportuno Contudo de maneira geral ao comparar a versatildeo inicial com a versatildeo

abaixo entendemos que os avanccedilos foram significativos

Figura 4 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 3 ndash Texto corrigido

Fonte Dados da pesquisa 2017

134

Nessa atividade o primeiro passo foi conseguir com que os alunos escrevessem sem

medo Depois fizemos com que eles refletissem sobre a proacutepria escrita a partir de checagens

leitura e comparaccedilotildees com a ortografia vigente Entretanto os textos ainda apresentaram outros

problemas que foram identificados ao longo do desenvolvimento da atividade para futuras

intervenccedilotildees

A terceira atividade selecionada foi a 5 ndash Vamos vender o fedex O objetivo dessa

atividade foi trabalhar com propaganda e classificados com a venda de um produto Segundo

Claver (1994) haacute dois gecircneros de propaganda

[A] propaganda racional a favor de uma accedilatildeo que eacute concordante com o proacuteprio

interesse esclarecido daqueles que a fazem e daqueles a quem eacute dirigida e a

propaganda natildeo-racional que natildeo eacute concordante com o proacuteprio interesse esclarecido

de ningueacutem mas que eacute ditada por ela e apela para as paixotildees impulsos cegos desejos

ou medos inconscientes (CLAVER 1994 p 53)

Dessa forma optamos por produzir propagandas racionais e irracionais seguindo as

orientaccedilotildees do autor na produccedilatildeo da atividade proposta em relaccedilatildeo aos toacutepicos de que a arte da

propaganda utiliza como um de seus recursos a linguagem poeacutetica ndash repeticcedilotildees de consoantes

e vogais rimas comparaccedilotildees metaacuteforas e conotaccedilotildees linguagem apelativa ndash que explora as

ansiedades vaidades frustraccedilotildees do consumidor influi de modo decisivo no comportamento e

postura do homem comum e fantasiosamente camufla as frustraccedilotildees da realidade associaccedilotildees

arbitraacuterias do siacutembolo com o simbolizado linguagem popular ndash atraveacutes da exploraccedilatildeo dos ditos

populares proveacuterbios giacuterias etc

Com base nessas orientaccedilotildees e por meio da leitura e reflexatildeo sobre propagandas e

classificados disponibilizados no blog produzimos classificados poeacuteticos apresentados logo a

seguir

135

Figura 41 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 42 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 43 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

136

Figura 44 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 45 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 46 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

137

Figura 47 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 48 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 49 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

138

Figura 50 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 51 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico sem correccedilatildeo ortograacutefica

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 52 ndash Produccedilatildeo da Atividade 5 ndash Classificado poeacutetico com correccedilatildeo ortograacutegica

Fonte Dados da pesquisa 2017

139

Conforme pode ser observado nos textos exemplificados acima buscamos a todo

momento a reflexatildeo sobre as ldquofalhaserros de escritardquo cometidos pelos alunos nesses textos No

quadro 14 abaixo podemos relacionar o que os alunos escreveram e como satildeo classificados

pelos autores

Quadro 14 ndash Ocorrecircncias de ldquofalhaserrosrdquo de escrita baseados em Lemle (1991) e

Cagliari (1995) TEXTOS Ocorrecircncias

TEXTO 1 Omissatildeo de letras vend vende

Troca de letras concorrentes laser lazer manccedilatildeo mansatildeo

Acentos graacuteficos suite suiacutete

TEXTO 2 Acentos graacuteficos voce vocecirc

Transcriccedilatildeo foneacutetica pasiar passear istrela estrela

TEXTO 3 Erros de troca (ainda natildeo domina o uso de certas letras) anarela amarela

anor amor

Troca de letra concorrentes pas paz

Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras balipa banheiro cosilha

cozinha solho sonho

TEXTO 4 Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras Erros de troca vemde

vende omde onde vend vende veloso veloz

Acreacutescimo de letras vermeilho vermelho

Juntura intervocabular vosepode vocecirc pode vose que ze vocecirc quiser

Troca de letras viaza viajar

TEXTO 5 Segmentaccedilatildeo en cantado encantado

TEXTO 6 Incapacidade de classificar algum traccedilo distintivo do som gadi jardi

catado encantado sei sem espelasa esperanccedila

Omissatildeo de letras barro bairro

Troca de letras rumeros nuacutemeros

Fonte Dados da pesquisa 2017

Ancorados em Cagliari (1995) a partir da anaacutelise desses textos e sobre o que se

identifica neles temos a possibilidade de realizar intervenccedilotildees adequadas para que o aluno

perceba seu equiacutevoco na escrita e corrija-o Assim nossa intervenccedilatildeo foi realizada de forma

intensiva e individual sobre os aspectos fonoloacutegicos e ortograacuteficos apresentados

primeiramente na escrita espontacircnea e logo apoacutes na observaccedilatildeo leitura e reflexatildeo da sua

proacutepria escrita pretendendo que o aluno aprenda a fazer a checagem e a leitura de tudo o que

escreve

A quarta atividade selecionada para esta anaacutelise foi o jogo Corrida nas letras (GROSSI

1990) O jogo teve o objetivo de estimular a escrita de niacutevel alfabeacutetico nele cada jogador se

representou no tabuleiro por um piatildeo sobre a inicial do seu nome

A autora estabeleceu como regras que o primeiro a jogar deveria lanccedilar um dado e

avanccedilar seu piatildeo quantas casas fossem indicadas Para permanecer nessa casa deveria dizer ou

escrever uma palavra que comeccedilasse com a letra indicada Se natildeo conseguisse deveria

retroceder uma casa e dizer ou escrever uma palavra que comeccedilasse por essa nova letra Se natildeo

140

conseguisse retrocederia sucessivamente ateacute voltar agrave posiccedilatildeo de onde saiu Assim ganharia o

jogo aquele que primeiro tivesse percorrido todo o trajeto atingindo pela segunda vez sua letra

inicial

De acordo com Grossi (1990) aplicar atividades de niacutevel alfabeacutetico diversificadas eacute

uma caracteriacutestica essencial para uma proposta didaacutetica de alfabetizaccedilatildeo que pretenda

acompanhar o processo cognitivo dos alunos que ainda se encontram em niacuteveis de escrita

diferentes Dessa forma pretendiacuteamos que o jogo estimulasse o brincar e facilitasse a

aprendizagem de forma luacutedica Os alunos demonstraram enorme satisfaccedilatildeo com a brincadeira

que foi realizada dentro do laboratoacuterio de informaacutetica no chatildeo de forma descontraiacuteda e livre

talvez de forma natildeo tatildeo adequada quanto em um ambiente com mesas e cadeiras mas noacutes soacute

tiacutenhamos o laboratoacuterio de informaacutetica para realizarmos nossas atividades sem interferecircncias

Durante essa atividade que ocorreu no dia 30 de outubro sendo nossa penuacuteltima

atividade do Moacutedulo III ficamos surpresos com o pedido do aluno informante 21 em participar

das atividades no laboratoacuterio de informaacutetica que laacute no iniacutecio da intervenccedilatildeo natildeo quis participar

mesmo estando presente e com toda a nossa insistecircncia

Permitimos que ele se juntasse ao grupo mas ficou apenas observando Respeitamos

esse aproximar e o deixamos perceber o quanto os outros colegas estavam se divertindo com a

escrita conforme a montagem de fotos abaixo

141

Figura 53 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 7

Fonte Dados da pesquisa 2017

Grossi (1990) insiste na inter-relaccedilatildeo dos componentes loacutegicos perceptivo-motores

afetivos sociais e culturais na aprendizagem ao afirmar que

[h]aacute nesta caminhada do aluno em sua aprendizagem permanentemente uma

componente loacutegica Ao lado dela estatildeo presentes as componentes afetivas as

perceptivo-motoras as sociais e as culturais tambeacutem todas entrelaccediladas numa trama

indissociaacutevel Imaginar-se a aprendizagem como fruto de uma soacute destas instacircncias eacute

ainda resquiacutecio de uma concepccedilatildeo equivocada dos processos cognitivos (GROSSI

1990 p 49)

Diante do exposto uma implicaccedilatildeo importante do tratamento dado pela autora agrave inter-

relaccedilatildeo de todos esses componentes que envolvem a aprendizagem significativa consideramos

ser o manejo adequado com os alunos que tecircm no seu histoacuterico escolar o estigma de que satildeo

incapazes provavelmente por insucessos repetidos e generalizados ao longo da vida escolar

Por fim a quinta atividade selecionada foi a Nuvem de palavras uacutenica atividade

exclusivamente digital De acordo com o site de tecnologia para educaccedilatildeo ldquoA Rede Educardquo

uma nuvem de palavras (word cloud21) eacute um graacutefico digital que mostra o grau de frequecircncia

das palavras em um texto Quanto mais a palavra eacute utilizada mais chamativa eacute a representaccedilatildeo

dela no graacutefico Assim as palavras aparecem em fontes de vaacuterios tamanhos e em diferentes

21 O desenvolvedor Jason Davies criou o Word Cloud Generator programa de uso gratuito que cria nuvens de

palavras Eacute soacute usar acessando o endereccedilo eletrocircnico

wwwjasondaviescomwordcloud2F2Fwwwjasondaviescom2Fwordcloud2Fabout Disponiacutevel em

lt httpwwwaredeinfbrcrie-a-sua-nuvem-de-palavrasgt Acesso em 09 maio 2017

142

cores indicando o que eacute mais relevante e o que eacute menos relevante no contexto Assim como

esse existem vaacuterios sites com aplicativos de word cloud

Esse recurso foi utilizado no dia 31 de outubro e aos alunos foi disponibilizado em duas

versotildees uma sem tecnologia e outra com tecnologia A atividade de escrita versatildeo sem

tecnologia seria produzida a partir de recortes de palavras de revistas eou escritas com laacutepis

de cor no qual eles poderiam criar uma nuvem de palavras com suas proacuteprias caracteriacutesticas

pessoais ou sobre a tela de Portinari

Na atividade de escrita versatildeo tecnologia a que noacutes realizamos no laboratoacuterio de

informaacutetica os alunos acessaram o link abcyacomword_clouds ldquodo Word Clouds for Kidsrdquo site

que apresenta poucos recursos em relaccedilatildeo a outras versotildees e se destaca pela facilidade de uso

ao permitir que o usuaacuterio cole o texto altere fontes cores e layout da nuvem criada Dessa

forma cada um dos alunos pode criar sua nuvem de palavras conforme visualizamos logo a

seguir

Figura 6 ndash Moacutedulo III ndash Refletindo ndash Atividade 8

Fonte Dados da pesquisa 2017

143

Nessa uacuteltima atividade convidamos os alunos das outras turmas de 6ordm ano para

conhecerem o nosso blog Assim eles tambeacutem puderam criar nuvens de palavras Aleacutem disso

deixaram vaacuterios comentaacuterios sobre o que visualizaram e apreciaram no blog do 6ordm ano JF Para

exemplificar seguem abaixo alguns comentaacuterios postados

Figura 55 ndash Comentaacuterios postados no blog da turma

1 Parabeacutens adorei o blog Muito lindo gostei muito Parabeacutens mas uma

vez em Hoje eacute dia de diversatildeo Evellyn

em

011117

2 Amei esse blog cada tirinha legal em Moacutedulo IV -Praticando -

Atividade Final Anocircnimo

em

011117

3 Parabeacutens professora Florecircncia da Escola Estadual Pio XII comentaacuterio

do aluno Lucas Aquino sala CM

4 Em Resultado das produccedilotildees da Atividade 5

LUCAS

AQUINO

em

011117

5 Eu gostei em Atividade 8 Valtim

em

011117

6 Parabeacutens ANA BEATRIZ em Atividade 5 ANA BEATRIZ

em

011117

7 Parabeacutens pelo mapa da nossa Escola em Dialogando - Produccedilatildeo

coletiva Lais e Paulo C

em

011117

8 ParabeacutensMaria Helena em Moacutedulo IV -Praticando - Atividade

Final Maria Helena

em

011117

9 Super amei este blog tem muita leitura tirinha e as divulgaccedilotildees satildeo

divertidas em Hoje eacute dia de diversatildeo

Amanda

Kathleen

em

011117

10 Nossa amei engraccedilado em Resultado das produccedilotildees da Atividade 6 -

HQs Sherazade Santos

em

011117

11 Gostei eacute muito interessante em Resultado das produccedilotildees da

atividade 8 Nathalia e Laura

em

011117

12 Gostei em Atividade 4 Anocircnimo

em

011117

13 Muito interessante em Hoje eacute dia de diversatildeo Cauan

em

011117

14 Amei esse blog BRENDA E EMANUELLY em Atividade 5 Anocircnimo

em

011117

15 Adorei seu blog e o seu conteuacutedo Parabeacutens belo desenvolvimento

em Hoje eacute dia de diversatildeo

PAULA ANA

CLARA

em

011117

16 Parabeacutens pelo blog Muito massa o blog BLOGMUITOMASSA

DAHORA PARABEacuteNS

17 em Moacutedulo IV -Praticando - Atividade Final Marco Tulio

em

011117

144

18 Gostei do blog parabeacutens alunos do JF em Hoje eacute dia de diversatildeo Anocircnimo

em

011117

19 Foi muito bom mesmo Jogaremos novamente assim que pudermos

em Atividade 7 Florecircncia Vieira

em

301017

20 Gostei muito de jogar com os meus amigos em Atividade 7 Juacutelia Raiane

em

301017

21 Gostei muito porque foi divertido em Resultado das produccedilotildees da

Atividade 6 - HQs Italo Rodrigues

em

301017

22 Ficou muito bonita em Atividade 6

Felipe Alves

Lima

em

301017

23 Eu achei esse jogo bom porque eu ganhei em Atividade 7 Erick Alves

em

301017

24 Gostei muito porque a gente aprende muitas coisas em Atividade 7 Italo Rodrigues

em

301017

25 Natildeo gostei porque eu perdi em Atividade 6

Felipe Alves

Lima

em

301017

26 Foi muito bom e divertido em Atividade 7 Joatildeo Pedro

em

301017

Fonte Blog do 6ordm ano JF Disponiacutevel emlt httpstodosjuntospeloestudoblogspotcombrgt Acesso em 04 fev

2018

Conforme pode ser observado no desenvolvimento desse moacutedulo os alunos puderam

aprofundar e refletir sobre os conhecimentos da escrita usar o blog como recurso de

aprendizagem e produzir comentaacuterios diversos sobre o que foi construiacutedo em vaacuterios momentos

de interaccedilatildeo reflexatildeo e estudo

Dessa maneira o blog da turma possibilitou a troca de experiecircncias e praacuteticas de leitura

e escrita contribuindo para a comunicaccedilatildeo do texto e da imagem Aleacutem disso contribuiu

consideravelmente com a apropriaccedilatildeo de habilidades e competecircncias em utilizar recursos

digitais possibilitando o letramento digital

Em seu trabalho recente Coscarelli enfatiza que

[o]rientar os alunos para o uso dos mecanismos de busca instigar a observaccedilatildeo das

interfaces do projeto graacutefico dos sites e dos blogs ajudar os alunos a identificarem e

sanarem as dificuldades encontradas na seleccedilatildeo de informaccedilotildees satildeo propostas de

mediaccedilatildeo que podem ser exploradas pelo professor durante as aulas (COSCARELLI

2016 p 25-26)

Concordamos com a autora e buscamos inserir o blog como recurso didaacutetico que auxilia

no processo de escrita a fim de ensinar e incluir as tecnologias digitais no processo de ensino

para com isso promover a autonomia e o protagonismo dos alunos Em nossas primeiras

145

atividades percebemos que alguns alunos jaacute estavam familiarizados com os recursos digitais

Ligavam o computador manuseavam o mouse acessavam paacuteginas de jogos online e de

pesquisas com muita facilidade mas outros natildeo sabiam nem como agir diante do computador

Dessa forma a atitude de colaboraccedilatildeo foi muito positiva pois as situaccedilotildees foram estabelecidas

em uma rede de mais participaccedilatildeo e colaboraccedilatildeo do que de recepccedilatildeo e passividade

Outro aspecto bastante interessante no nosso blog foi a relaccedilatildeo dos participantes que

em um primeiro momento ficou restrita ao nosso grupo soacute depois divulgamos o endereccedilo

eletrocircnico entre os professores supervisatildeo direccedilatildeo e tambeacutem nas turmas de 6ordms anos para que

eles tivessem acesso Alguns alunos comentavam e perguntavam sobre o que estaacutevamos

fazendo no laboratoacuterio de informaacutetica que eacute utilizado apenas no turno da noite um espaccedilo

inativo na escola que ficou bastante movimentado durante a intervenccedilatildeo Uma vez um aluno

perguntou ldquoProfessora como que faz para participar dessa aula de informaacuteticardquo Aleacutem dele

vaacuterios alunos de outras turmas queriam participar das nossas atividades

Marcuschi (2010) define nos paracircmetros para identificaccedilatildeo do gecircnero blogs que os

participantes podem ser muacuteltiplos e a relaccedilatildeo entre conhecidos e anocircnimos podendo ou natildeo

haver proximidade com o blogueiro Observamos que mesmo com pouca divulgaccedilatildeo e restriccedilatildeo

ao nosso ambiente escolar o blog do 6ordm ano jaacute teve ateacute o presente momento conforme podemos

ver na captura de tela abaixo 1322 visualizaccedilotildees inclusive por outros paiacuteses como Estados

Unidos com 61 acessos Canadaacute com 1 e Irlanda tambeacutem com 1 conforme mostram as capturas

de tela abaixo

Figura 56 ndash Captura de tela ndash Estatiacutesticas da visatildeo geral

Fonte Dados da pesquisa 2017

146

Figura 57 ndash Captura de tela ndash Estatiacutesticas de puacuteblico

Fonte Dados da pesquisa 2017

De uma maneira geral o blog do 6ordm ano JF ndash Todos juntos pelo estudo funcionou como

um diaacuterio virtual do nosso PEI possibilitando a interaccedilatildeo entre os usuaacuterios da rede no acircmbito

mundial e a tessitura de comentaacuterios em niacutevel local tornando-o assim um espaccedilo efetivo de

praacuteticas de leitura e de escrita

434 Moacutedulo IV ndash Praticando

Nesse moacutedulo desenvolvemos a atividade final com o intuito de proporcionar a praacutetica

dos conhecimentos em escrita a partir de uma situaccedilatildeo dada utilizando ferramentas da

tecnologia (computador internet textos multimodais) Dessa forma a accedilatildeo consistiu em

colocar em praacutetica os conhecimentos relativos agrave escrita que foram desenvolvidos ao longo dos

moacutedulos de aprendizagem do PEI

Assim o objetivo foi produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo comunicativa ao interlocutor

e ao suporte de circulaccedilatildeo Para isso a metodologia esteve centrada na produccedilatildeo escrita e na

publicaccedilatildeo no blog da turma Entretanto optamos por natildeo divulgar no blog o texto final a

pedido dos alunos Assim respeitando a solicitaccedilatildeo e por questotildees eacuteticas natildeo publicamos jaacute

que alguns textos revelaram aspectos iacutentimos

Logo realizamos a atividade final de escrita individual a partir de uma situaccedilatildeo dada

no dia 01 de novembro de 2017 no laboratoacuterio de informaacutetica Foram cinco horas aulas

destinadas ao Moacutedulo IV ndash Praticando A primeira aula para leitura da proposta de Atividade

Final no blog Duas aulas para a produccedilatildeo escrita final e as duas uacuteltimas para a socializaccedilatildeo do

147

blog com as outras turmas de 6ordm ano em um momento de interaccedilatildeo compartilhamento e

diversatildeo

4341 Atividade Final de Escrita ndash AFE

A Atividade Final de Escrita ndash AFE (APEcircNDICE D) foi proposta aos alunos seguindo

as mesmas orientaccedilotildees e caracteriacutesticas da Atividade Inicial (APEcircNDICE B) atraveacutes de uma

conversa expositiva sobre narrativas pessoais e sobre as caracteriacutesticas de uma sequecircncia

narrativa conforme Cavalcante (2013)

Dessa vez o gecircnero proposto foi diaacuterio no qual o aluno deveria escrever sobre um dia

da sua vida (atividades encontros pessoas sentimentos desejos medos saudades escola

nossas atividades no laboratoacuterio de informaacutetica entre tantas outras coisas desejadas) na folha

impressa simulando a mesma paacutegina do blog para postagens

Baseados em Cosson (2014) utilizamos as estrateacutegias da Sequecircncia Baacutesica de

Letramento Literaacuterio motivaccedilatildeo introduccedilatildeo leitura e interpretaccedilatildeo

A motivaccedilatildeo partiu da conversa sobre o blog da turma onde em ordem cronoloacutegica

estavam registrados nossos momentos de aprendizagem alegrias e tristezas Portanto tudo isso

era um diaacuterio virtual e real das nossas vivecircncias

Assim citamos novamente Marcuschi (2010) que define os blogs como gecircneros digitais

e que de forma efetiva validam nosso trabalho na realidade pois de acordo com o autor ldquo[]

os blogs funcionam como um diaacuterio pessoal na ordem cronoloacutegica com anotaccedilotildees diaacuterias ou

em tempos regulares que permanecem acessiacuteveis a qualquer um na rederdquo (MARCUSCHI 2010

p 72) Dessa forma eles puderam compreender o gecircnero proposto para a escrita do texto

Em seguida desenvolvemos a introduccedilatildeo com a apresentaccedilatildeo do livro Diaacuterio de um

banana (Kinney 2008) e do autor Jeff Kinney Na apresentaccedilatildeo falamos que o personagem

principal era um adolescente que tinha uma vida normal e que escrevia suas histoacuterias Mais

uma vez a escolha do livro justificou-se por tratar de questotildees pessoais em que o personagem

narra de maneira divertida em seu dia-a-dia

O terceiro passo leitura foi realizado de forma fragmentada servindo mais agrave motivaccedilatildeo

para a escrita posto que nosso objetivo natildeo estava centrado na leitura do livro embora saibamos

da sua extrema importacircncia Utilizamos para leitura no blog a sinopse do livro e a primeira

paacutegina na qual Greg Heffley faz suas primeiras consideraccedilotildees sobre seu diaacuterio que ele mesmo

chama de livro de memoacuterias

A interpretaccedilatildeo natildeo foi baseada no livro Diaacuterio de um banana (Kinney 2008) houve

a externalizaccedilatildeo do registro de um dia da vida de cada aluno participante Desse modo os textos

148

foram produzidos e entregues ao professor sendo lidos e analisados sob os aspectos da escrita

ortograacutefica e da consciecircncia fonoloacutegica

Assim nessa Atividade Final de Escrita contamos com a presenccedila de cinco alunos Os

informantes 8 10 11 12 e 13 Apenas o informante 7 natildeo compareceu no dia por problemas

de sauacutede e infelizmente natildeo pocircde participar desse momento

Quadro 15 ndash Alunos informantes da Atividade de Escrita Final

Fonte Dados da pesquisa 2017

Desse modo a anaacutelise de dados da Atividade Inicial de Escrita foi realizada somente

com 05 textos nos quais observamos e categorizamos as incorreccedilotildees de escrita neles

apresentadas Todos os textos foram destacados com os respectivos coacutedigos dos informantes e

da mesma forma que analisamos a escrita espontacircnea da Atividade Inicial de Escrita o fizemos

com a Atividade Final de Escrita a fim de compararmos os textos e verificarmos se os

problemas de escrita foram minimizados

Assim digitalizamos os cinco textos suprimimos os nomes dos participantes e

digitamos os textos na iacutentegra pois foram produzidos a laacutepis

Figura 58 ndash TEXTO 1 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

INFORMANTES

1 EA 7

2 FA 8

3 IR 10

4 JP 11

5 JR 12

6 LV 13

149

Figura 59 ndash TEXTO 2 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 60 ndash TEXTO 3 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

150

Figura 61 ndash TEXTO 4 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Figura 62 ndash TEXTO 5 ndash AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Observamos nos textos acima as mesmas marcaccedilotildees numeacutericas que fizemos nos textos

da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE para levantamento catalogaccedilatildeo dos dados e

caracterizaccedilatildeo dos problemas encontrados nesses cinco textos baseados nos processos

fonoloacutegicos que envolvem a escrita de acordo com Cagliari (1995) Assim continuamos

utilizando as categorias relacionadas pelo autor no desenvolvimento do processo de construccedilatildeo

da escrita da fala e da aprendizagem significativa dos alunos Diante disso na Tabela 05

registramos o nuacutemero de ocorrecircncias de cada fenocircmeno linguiacutestico encontrado nos cinco textos

em anaacutelise

151

Tabela 05 ndash Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Final de Escrita ndash AFE

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

T

ran

scri

ccedilatildeo f

on

eacutetic

a

Uso

in

dev

ido d

e le

tras

Hip

erco

rreccedil

atildeo

Mod

ific

accedilatilde

o d

a e

stru

tura

segm

enta

l d

as

pala

vra

s

Ju

ntu

ra I

nte

rvoca

bu

lar

e

segm

enta

ccedilatildeo

Form

a m

orf

oloacute

gic

a

dif

eren

te

Form

a e

stra

nh

a d

e tr

accedila

r

as

letr

as

Uso

in

dev

ido d

e

maiuacute

scu

las

e m

inuacute

scu

las

Ace

nto

s graacute

fico

s

Sin

ais

de

pon

tuaccedilatilde

o

I8 10 1 1 4

I10 1 4 1 1

I11 1 4 1

I12 1 2 1 1

I13 10 1 1 2

Total 2 26 4 4 7 3 46

Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017

Com base nesses dados destacamos 46 ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita concentrados

principalmente na modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras com 29 ocorrecircncias

Decidimos nessa segunda anaacutelise excluir da nossa contagem as ocorrecircncias sobre problemas

sintaacuteticos porque Cagliari (1995) afirma que tais desvios fazem parte das uacuteltimas etapas de

aprendizagem da escrita

Portanto fizemos um recorte da tabela de dados da AIE excluindo tambeacutem as

ocorrecircncias sobre os problemas sintaacuteticos para compararmos as duas atividades de escrita e

assim observarmos a evoluccedilatildeo ou natildeo dos alunos

152

Tabela 06 ndash Ocorrecircncias de ldquoerrosrdquo de escrita da Atividade Inicial de Escrita ndash AIE

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Tra

nsc

riccedilatilde

o f

on

eacutetic

a

Uso

in

dev

ido d

e le

tras

Hip

erco

rreccedil

atildeo

Mod

ific

accedilatilde

o d

a e

stru

tura

segm

enta

l d

as

pala

vra

s

Ju

ntu

ra I

nte

rvoca

bu

lar

e

segm

enta

ccedilatildeo

Form

a m

orf

oloacute

gic

a

dif

eren

te

Form

a e

stra

nh

a d

e tr

accedila

r

as

letr

as

Uso

in

dev

ido d

e m

aiuacute

scu

las

e m

inuacute

scu

las

Ace

nto

s graacute

fico

s

Sin

ais

de

pon

tuaccedilatilde

o

I8 2 2 4 2

I9 2 1 7 3 3

I10 2 2 3 2 2 1 1

I11 3 1 2 8 11

I12 1 2 2 1 4 1 5

I13 2 4 2 2 2

Total 8 5 15 4 2 27 7 24 92

Fonte Adaptado de Cagliari (1995) com dados da pesquisa 2017

Com base nos dados das tabelas 05 e 06 observamos que houve uma mudanccedila

significativa considerada por noacutes como uma evoluccedilatildeo na aprendizagem da escrita ao

constatarmos uma diminuiccedilatildeo de 92 ocorrecircncias para 46 Das categorias de anaacutelise de ldquoerrosrdquo

ortograacuteficos houve um aumento na ocorrecircncia da modificaccedilatildeo da estrutura segmental das

palavras de 15 para 26 e a diminuiccedilatildeo de ocorrecircncias de uso indevido de letras maiuacutesculas e

minuacutesculas e de sinais de pontuaccedilatildeo como demonstrado na tabela 07 abaixo

Tabela 07 ndash Anaacutelise comparativa da AIE e da AFE

Categorizaccedilatildeo AIE AFE

Modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras 15 26

Uso indevido de letras maiuacutesculas e minuacutesculas 27 4

Sinais de pontuaccedilatildeo 24 3

Fonte Dados da pesquisa 2017

Das categorias descritas na tabela 07 os sinais de pontuaccedilatildeo satildeo considerados por

Cagliari (1995) assim como os acentos graacuteficos e os problemas sintaacuteticos como etapas finais

da aprendizagem da escrita O uso indevido de letras maiuacutesculas e minuacutesculas ocorre de acordo

com o autor porque alguns alunos quando aprendem que devem escrever os nomes proacuteprios

com letras maiuacutesculas passam a aplicar a regra para outros tipos de palavras Nos textos finais

153

houve grande evoluccedilatildeo quanto ao uso de letras maiuacutesculas e minuacutesculas pois foram registradas

apenas 04 ocorrecircncias de uso indevido

Sabemos que a extensatildeo dos textos poderia elevar para mais ou para menos todas as

ocorrecircncias de erros aleacutem disso percebemos que a extensatildeo e o desenvolvimento das ideias

precisam ser melhorados apesar de considerarmos que houve significativa melhora ao

compararmos os textos da AIE e da AFE da informante 13 apresentados a seguir

Figura 63 ndash Montagem de textos das AIE e AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Jaacute a modificaccedilatildeo da estrutura segmental das palavras compreende erros de troca como

no TEXTO 1 em temo por tenho nuto por muito uzei por usei e no TEXTO 2 na palavra

provesola em vez de professora e Floresa em vez de Florecircncia e na palavra novenbo em vez de

novembro temos troca e supressatildeo de letras Foi verificada a supressatildeo de letras tambeacutem no

TEXTO 1 como sota em vez de soltar joga em vez de jogar Oje em vez de Hoje nosa em vez

de nossa utina em vez de uacuteltima bog em vez de blog poque em vez de porque no TEXTO 3

fera por feira fiqei por fiquei no TEXTO 5 utimas em vez de uacuteltimas e no TEXTO 2 Almeda

em vez de Almeida teno em vez de tenho traqulo em vez de tranquilo poque em vez de

porque esto em vez de estou Houve acreacutescimo ocorrecircncia verificada no TEXTO 2 natildeo foram

encontradas inversatildeo de letras Segundo o autor todas essas ocorrecircncias devem ser observadas

de acordo com a loacutegica no erro do aluno como por exemplo no caso da troca de s por z nas

154

palavras uzei e usei processo ortograacutefico e natildeo foneacutetico como na troca de i por e em desdi

por desde

Jaacute Lemle (1991) enumera cinco capacidades sendo que os alunos participantes jaacute

superaram a primeira a segunda e a quinta ao conseguirem compreender o que eacute letra usaacute-la

na maioria das vezes de forma adequada e escrever respeitando a ordem de escrita do nosso

sistema de escrita que eacute da esquerda para a direita Contudo satildeo necessaacuterias accedilotildees que

promovam ainda mais a construccedilatildeo dos paraacutegrafos extensatildeo do texto desenvolvimento das

ideias e organizaccedilatildeo espacial

Quanto agrave terceira e agrave quarta capacidades observamos alguns avanccedilos visto que jaacute

comeccedilaram a desenvolver a percepccedilatildeo auditiva em relaccedilatildeo agrave escrita e a saber ouvir diferenccedilas

linguiacutesticas haja vista a pouquiacutessima ocorrecircncia de casos de transcriccedilatildeo foneacutetica definidos por

Lemle (1991) e por Cagliari (1995) e uso indevido de letras por Cagliari (1995) No entanto os

alunos ainda apresentam dificuldades em relaccedilatildeo agrave escrita e agrave consciecircncia fonoloacutegica por

cometerem trocas de letras e ainda apresentarem incapacidade de classificar alguns traccedilos

distintivos de som Quanto ao conceito de palavra percebemos que houve uma evoluccedilatildeo jaacute

que soacute ocorreu um caso de juntura no TEXTO 4 na escrita de pramim em vez de para mim

que natildeo eacute definido por Lemle (1991) mas por Cagliari (1995)

Desse modo compreendemos que a quarta capacidade estaacute quase superada a julgar pela

uacutenica ocorrecircncia apresentada nos cinco textos exemplificados acima De acordo com a autora

quando o aluno escreve tudo junto falta a ideia de fronteira vocabular Assim julgamos que os

alunos evoluiacuteram consideravelmente nessa etapa Da mesma maneira sobre a unidade de

sentenccedila ldquo[] que eacute representada comeccedilando por letra maiuacutescula e terminando por pontordquo

(LEMLE 1991 p 12) Assim os alunos foram capazes de reconhecer as sentenccedilas ao

utilizarem mais sinais de pontuaccedilatildeo e fazerem uso adequado das letras maiuacutesculas em seus

textos Como exemplo disso selecionamos os textos da AIE e AFE produzidos pelo informante

8 Analisando os textos podemos fazer a comparaccedilatildeo e constatar a evoluccedilatildeo

155

Figura 64 ndash Montagem de textos das AIE e AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

Com base nos dados apresentados a uacutenica capacidade que ainda apresenta problemas

eacute a terceira que trata da simbolizaccedilatildeo entre letras e sons De acordo com a autora o aluno

precisa fazer uma ligaccedilatildeo simboacutelica entre os sons da fala e das letras do alfabeto Quando ele

compreende essa ligaccedilatildeo rompe a primeira capacidade depois precisa enxergar as distinccedilotildees

entre as letras entatildeo consolida a segunda e em seguida a terceira que eacute a capacidade de ouvir

e ter consciecircncia dos sons da fala com suas distinccedilotildees e relevacircncias

Dessa maneira fizemos a anaacutelise das complicadas relaccedilotildees entre sons e letras

considerando o nuacutemero de ocorrecircncias dessa natureza observadas nos textos dos alunos Lemle

(1991) afirma que haacute trecircs tipos de relaccedilotildees existentes entre sons da fala e letras do alfabeto que

satildeo relaccedilatildeo de um para um relaccedilotildees de um para mais de um determinadas a partir da posiccedilatildeo

relaccedilotildees de concorrecircncia conforme demonstra o Quadro 16

Quadro 16 ndash Relaccedilotildees entre sons da fala e letras do alfabeto RELACcedilOtildeES LETRAS E SONS CORRESPONDEcircNCIA

Relaccedilatildeo de um para um Cada letra com seu som cada som com

uma letra

Biuniacutevoca

Relaccedilotildees de um para mais

de um determinadas a

partir da posiccedilatildeo

Cada letra com um som numa dada

posiccedilatildeo cada som com uma letra numa

dada posiccedilatildeo

Natildeo biuniacutevoca

Relaccedilotildees de

concorrecircncia

Mais de uma letra para o mesmo som

na mesma posiccedilatildeo

Concorrente

Fonte Lemle 1991 p 10

Assim quando o aluno compreende que as relaccedilotildees satildeo diferentes e arbitraacuterias vai

evoluindo em seu processo de escrita e passa a cometer menos ldquoerrosrdquo ou ldquofalhasrdquo Para a

autora as falhas de escrita revelam os diferentes tipos de acoplamento entre sons e letras em

156

nosso sistema de escrita Desse modo coletamos as falhas nos textos dos alunos informantes

da AIE e da AFE para compararmos as ocorrecircncias

Quadro 17 ndash Falhas de escrita da AIE e da AFE Falhas de

escrita de 1ordf

ordem

Ocorrecircncias de falhas de escrita

catalogadas nos textos da AIE

Textos 1 2 3 6 e 7

Ocorrecircncias de falhas de escrita

catalogadas nos textos da AFE

Textos 1 a 5

Falhas na

correspondecircncia

linear entre as

sequecircncias dos

sons e as

sequecircncias das

letras

Omissatildeo de letras miha (minha)

batatina (batatinha) goto (gosto)

Omissatildeo de letras sota (soltar) nosa

(nossa) utina (uacuteltima) bog (blog)

poque (porque) fera (feira) fiqei

(fiquei) utimas (uacuteltimas) Almeda

(Almeida) teno (tenho) goto (gosto)

poque (porque) esto (estou) novenbo

(novembro)

Conhecimento ainda inseguro do

formato de cada letra tasia

(passear)

Natildeo haacute registros

Incapacidade de classificar algum

traccedilo distintivo do som gogo

(gosto) natu (moto) natildee (matildee)

fanilha (famiacutelia) asai (assim)

Incapacidade de classificar algum

traccedilo distintivo do som nuto (muito)

temo (tenho) traqulo (tranquilo)

provesola (professora)

Natildeo formou conceito de palavra

coanilha (com a minha) nasine

(nasci em) a mina (a minha)

Natildeo formou conceito de palavra

pramim (para mim) e fomatica

(informaacutetica) prici palmente

(principalmente)

Falhas de

escrita de 2ordf

ordem

O aluno faz a

transcriccedilatildeo

foneacutetica

petequa em vez de peteca

escunde em vez de esconde

kiabo em vez de quiabo

susu em vez de chuchu

imbora em vez de embora

desdi em vez de desde

Falhas de

escrita de 3ordf

ordem

O aluno

avanccedilou no

saber

ortograacutefico e na

escrita faz troca

entre letras

concorrentes

dansa em vez de danccedila

diferensa em vez de diferenccedila

soutar em vez de soltar

felis em vez de feliz

uzei em vez de usei

Oje em vez de Hoje

Fonte Adapatado de Lemle 1991 p 40-41 com dados da pesquisa 2017

Ao compararmos os textos observamos que algumas ocorrecircncias aumentaram como

em omissatildeo de letras fato considerado normal tendo em vista que a extensatildeo dos textos

tambeacutem aumentou e consequentemente o nuacutemero de palavras Poreacutem representa que ainda haacute

falhas na correspondecircncia linear entre as sequecircncias de sons e as sequecircncias de letras Por outro

lado natildeo constatamos ocorrecircncias de falhas decorrentes do conhecimento ainda inseguro do

formato das letras como apresentadas na AIE Tambeacutem natildeo constatamos repeticcedilotildees de letras

Aleacutem disso natildeo houve diminuiccedilatildeo e nem aumento de casos sobre a capacidade de classificar

157

algum traccedilo distintivo do som Assim apresentamos a seguir a catalogaccedilatildeo das falhas de

escrita dos textos dos 5 alunos informantes na AIE e agora da AFE observando os criteacuterios

definidos pela autora para essa classificaccedilatildeo

Tabela 08 ndash Tabelas de Falhas de escrita ndash AIE e AFE

Fonte Dados da pesquisa 2017

De acordo com os dados da tabela acima observamos que na AIE 60 dos alunos

cometeram falhas de 1ordf ordem e 40 dos alunos cometeram falhas de 2ordf e de 3ordf ordens Jaacute na

AFE constatamos que 60 cometeram falhas de 1ordf e 2ordf ordens e 40 cometeram falhas 3ordf

ordem Diante desses dados concluiacutemos que houve por todos os alunos avanccedilos na

aprendizagem da escrita ainda que tiacutemida pois os informantes 8 10 e 13 apresentaram uma

transiccedilatildeo e melhoria entre as falhas de 1ordf e 2ordf ordens principalmente por jaacute conseguirem

escrever com mais conteuacutedo e significaccedilatildeo do que antes Embora ainda cometam falhas de 1ordf e

2ordf ordens estatildeo construindo aos poucos a base alfabeacutetica

Jaacute os informantes 11 e 12 foram classificados em falhas de 3ordm ordem porque estatildeo a

um passo de serem considerados plenamente alfabetizados por terem avanccedilado no saber

ortograacutefico Optamos por classificaacute-los nessa ordem porque natildeo se enquadram

determinantemente nas outras ordens O informante 11 que antes cometia falhas de escrita por

fazer transcriccedilatildeo foneacutetica em seu texto final cometeu apenas 5 ocorrecircncias de uso indevido de

letra maiuacutescula considerado como etapa final do processo de alfabetizaccedilatildeo e que segundo os

autores precisa ser ensinado pelos professores houve 1 ocorrecircncia de falta de acento graacutefico

tambeacutem uma das uacuteltimas etapas da aprendizagem em escrita e 1 ocorrecircncia de juntura

intervocabular ao escrever pramim em vez de para mim aspecto que natildeo eacute considerado por

Lemle (1991) mas por Cagliari (1995) e representa a continuidade da fala A informante 12

na AFE cometeu 6 ldquoerrosrdquo Dois de omissatildeo de letras ao escrever irmotildes em vez de irmatildeos e

utimas em vez de uacuteltimas 1 de acentuaccedilatildeo 1 de pontuaccedilatildeo e 1 de transcriccedilatildeo foneacutetica ao

Atividade Inicial de Escrita ndash AIE

Informantes Falhas

de 1ordf

ordem

Falhas

de 2ordf

ordem

Falhas

de 3ordf

ordem

I8 X

I10 X

I11 X X

I12 X X

I13 X TOTAL 3 2 2

Porcentagem 60 40

Atividade Final de Escrita ndash AFE

Informantes Falhas

de 1ordf

ordem

Falhas

de 2ordf

ordem

Falhas

de 3ordf

ordem

I8 X X

I10 X X

I11 X

I12 X

I13 X X TOTAL 3 3 2

Porcentagem 60 40

158

escrever desdi em vez de desde Mesmo cometendo cada um uma ocorrecircncia de transcriccedilatildeo

foneacutetica consideramos que esses alunos apresentaram consistecircncia e saber ortograacutefico em seus

textos

Ressaltamos que a alfabetizaccedilatildeo apresenta especificidades que envolvem os

conhecimentos muacuteltiplos em relaccedilatildeo agrave linguagem e que eacute necessaacuterio conhecimento especiacutefico

na aacuterea para intervir em situaccedilotildees que exigem do professor habilidade e conhecimento teoacuterico

para contribuir com a superaccedilatildeo dos problemas linguiacutesticos

159

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Esta pesquisa possibilitou a compreensatildeo dos processos que envolvem a alfabetizaccedilatildeo

e o letramento objetos da nossa investigaccedilatildeo partindo da premissa de que os alunos do 6ordm ano

da escola selecionada natildeo estavam alfabetizados Aleacutem disso proporcionou-nos a

oportunidade de adquirir conhecimento teoacuterico na aacuterea da linguagem alfabetizaccedilatildeo e

letramento a partir da leitura e anaacutelise dos estudos de Soares (2003 2004 2014) Lemle (1991)

Cagliari (1995) Marcuschi (2001 2018) Grossi (1990) Antunes (2003) e Bakhtin (1999) com

as consideraccedilotildees de Rojo (2009 2012) Kleiman (2005 2008) Marcuschi e Xavier (2010)

Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016) sobre gecircneros textuais gecircneros digitais multiletramento

multimodalidade e uso das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC tatildeo

presentes na sociedade contemporacircnea Assim estabelecemos relaccedilotildees entre ensino escrita e

tecnologias propondo novas habilidades de leitura compreensatildeo e produccedilatildeo nas mais variadas

praacuteticas sociais de leitura e escrita

Dessa forma nossa trajetoacuteria de estudo e investigaccedilatildeo iniciou com a contextualizaccedilatildeo

do problema construccedilatildeo do referencial teoacuterico percurso metodoloacutegico e anaacutelise dados

Em nossa pesquisa estabelecemos como objetivo geral identificar e analisar as

dificuldades de alfabetizaccedilatildeo e letramento de uma turma do 6ordm ano do Ensino Fundamental da

Escola Estadual Pio XII e contribuir com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de escrita atraveacutes de atividades

que visassem desenvolver essa habilidade utilizando os gecircneros digitais

Para esse alcance traccedilamos como objetivos a) investigar a natureza das dificuldades

identificadas b) realizar estudos sobre os conceitos de alfabetizaccedilatildeo letramento

multimodalidade e gecircneros digitais c) pesquisar estrateacutegias de ensino para desenvolver as

habilidades de letramento atraveacutes dos gecircneros digitais d) elaborar executar e avaliar um

Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI que contribuiacutesse para a superaccedilatildeo das dificuldades

identificadas

Certificamos que os objetivos traccedilados para essa investigaccedilatildeo foram cumpridos tendo

em vista os resultados alcanccedilados em nosso conhecimento teoacuterico que subsidiou toda a

pesquisa e o desenvolvimento das atividades propostas como a Atividade Inicial de Escrita ndash

AIE Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI e a Atividade Final de Escrita ndash AFE

Nossa hipoacutetese de que o trabalho com o gecircnero digital blog poderia contribuir para

elevar o niacutevel de alfabetizaccedilatildeo e letramento dos alunos envolvidos nesta pesquisa foi

confirmada com base no desenvolvimento significativo dos alunos ao quererem aprender e

conseguirem elevar o niacutevel de escrita

160

A inserccedilatildeo da tecnologia com a construccedilatildeo do blog do 6ordm ano JF ndash Todos juntos pelo

estudo ndash promoveu o letramento digital por meio da aquisiccedilatildeo de habilidades para utilizar

recursos digitais pela interaccedilatildeo com os dispositivos eletrocircnicos e o uso da internet Eacute vaacutelido

destacar que o laboratoacuterio de informaacutetica com acesso agrave internet esteve totalmente

disponibilizado agrave nossa intervenccedilatildeo e natildeo encontramos nenhum entrave que pudesse

impossibilitar nosso trabalho tanto de recurso pessoal quanto material e tecnoloacutegico

Ademais a anaacutelise dos dados coletados nas atividades AIE PEI e AFE demonstrou que

conseguimos elevar consideravelmente os niacuteveis de escrita dos alunos que cometiam falhas

de escrita de 1ordf 2ordf e 3ordf ordens definidas por Lemle (1991) Assim constatamos que todos os

alunos evoluiacuteram em sua aprendizagem escrita pois aqueles que foram classificados como de

1ordf ordem foram para a 2ordf ordem mas ainda transitam entre as duas e da mesma forma os alunos

que foram classificados como de 2ordf ordem foram para a 3ordf ordem embora tambeacutem transitem

entre as duas Isso aconteceu porque os problemas de escrita natildeo foram totalmente sanados

entretanto os avanccedilos nos possibilitam dizer que houve significativa melhora ao compararmos

os textos iniciais e finais

Ressaltamos que as atividades desenvolvidas no PEI partiram do impresso para o digital

Justificamos que a disponibilizaccedilatildeo dos textos dos alunos no blog da turma foi por meio da

digitalizaccedilatildeo para posterior publicaccedilatildeo Primeiro por questotildees de desenvolvimento de

habilidades muacuteltiplas de escrita diante do impresso como segurar no laacutepis respeitar a margem

escrever na ordem da esquerda para a direita e em cima da linha uso de paraacutegrafos e

organizaccedilatildeo espacial Tambeacutem diante do digital ao escreverem usando os recursos

disponibilizados no teclado recorrem agraves teclas para inserccedilatildeo de paraacutegrafos acentos letras

maiuacutesculas e minuacutesculas entre outros que tambeacutem satildeo elementos do impresso Essas

habilidades foram trabalhadas promovendo o letramento digital e o desenvolvimento da escrita

Dessa forma evidenciamos que os recursos do impresso e do digital foram

desenvolvidos concomitantemente e natildeo consideramos que um seja mais importante que o

outro Compartilhamos da mesma concepccedilatildeo de Coscarelli sobre o impresso e o digital ao

afirmar que

[n]atildeo haacute rupturas entre texto e hipertexto ou entre multimodalidade no impresso e no

digital O que presenciamos satildeo atos comunicativos imbrincados em processos

histoacutericos culturais sociais e interacionais dos usuaacuterios de uma liacutengua em constante

transformaccedilatildeo (COSCARELLI 2016 p 24)

Assim eacute importante afirmar que nossa proposta sempre buscou elevar os niacuteveis de

escrita dos alunos e tornaacute-los alfabetizados e para isso utilizamos os recursos disponiacuteveis em

161

nossa escola tanto impressos quanto digitais atribuindo-lhes o mesmo valor Ribeiro tambeacutem

afirma que

[n]atildeo eacute o caso de excluir umas possibilidades em vantagem das outras como se os

recursos disponiacuteveis estivessem em competiccedilatildeo Considero que todas as

possibilidades vecircm se somando e se reposicionando em um sistema mais complexo e

mais completo nos dias de hoje (RIBEIRO 2016 p 121)

Diante disso consideramos que as atividades do PEI (impressas e digitais) realizadas

em 45 ha contribuiacuteram para elevar os niacuteveis de escrita e acreditamos que se as nossas aulas

fossem estendidas por mais tempo poderiacuteamos dizer que todos os alunos seriam alfabetizados

(por ora nosso alcance se levado em conta o fator tempo foi parcial) por meio de estrateacutegias

de ensino que visaram a interaccedilatildeo o diaacutelogo a reflexatildeo e o uso das TDIC como ambiente

colaborativo de aprendizagem Ocorre de acordo com Coscarelli (2016 p 25) ldquoum ensino

mais centrado no aluno apoiado em contextos de interaccedilatildeo diaacutelogo e colaboraccedilatildeordquo

Nesse sentido foram desenvolvidas atividades de forma intensiva relacionadas agrave

produccedilatildeo escrita agrave utilizaccedilatildeo dos gecircneros digitais especificamente ao uso do blog como recurso

didaacutetico de ensino e de inclusatildeo digital ao resgate da autoestima e valorizaccedilatildeo do educando

respeitando suas limitaccedilotildees e propondo um trabalho significativo enfatizando a apropriaccedilatildeo

das competecircncias e habilidades por meio da multimodalidade e dos multiletramentos para

promover o letramento digital e elevar os niacuteveis de escrita dos alunos

Destacamos que esta pesquisa-accedilatildeo desenvolvida no acircmbito do Programa de Mestrado

Profissional em Letras ndash ProfLetras possibilitou nossa formaccedilatildeo continuada e estimulou o

aprimoramento profissional desta pesquisadora que atua na Educaccedilatildeo Infantil haacute quase 19

anos e no Ensino Fundamental da Educaccedilatildeo Baacutesica haacute quase 15 anos

Ser pesquisador criacutetico e reflexivo investigar situaccedilotildees-problema em sala de aula a fim

de contribuir para sua superaccedilatildeo e a partir dos referenciais teoacutericos compreender tais situaccedilotildees

e poder intervir foram contribuiccedilotildees notaacuteveis pois possibilitaram o conhecimento a confianccedila

a seguranccedila e a autonomia para enfrentar os desafios da sala de aula

Dessa forma o conhecimento eacute parte relevante para auxiliar o aluno que necessita de

atenccedilatildeo e que na maioria das vezes acaba excluiacutedo da escola e da sociedade por natildeo dominar

o sistema de escrita por natildeo saber ler e escrever com proficiecircncia

Embora os alunos participantes desta investigaccedilatildeo ainda natildeo possam ser considerados

totalmente alfabetizados reconhecemos que esta investigaccedilatildeo representou um importante passo

inicial na etapa do processo de aquisiccedilatildeo de leitura e escrita em razatildeo da alfabetizaccedilatildeo envolver

capacidades de reconhecimento linguiacutestico em relaccedilatildeo aos sons da fala a relaccedilatildeo entre os sons

162

da fala e as letras do alfabeto desenvolvendo a consciecircncia fonoloacutegica e construindo o saber

ortograacutefico

Portanto este trabalho corrobora os estudos sobre a linguagem acerca do uso das TDIC

dos multiletramentos e da alfabetizaccedilatildeo servindo de contribuiccedilatildeo ao meio acadecircmico e agrave praacutetica

pedagoacutegica dos professores que atuam nas diversas fases que compotildeem o contiacutenuo caminho

percorrido por docentes e discentes no processo de ensino-aprendizagem

163

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interativos-de-aprendizadogt Acesso em 13 jun 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Faculdade de Educaccedilatildeo (UFMG) Centro

de Alfabetizaccedilatildeo Leitura e Escrit (CEALE) Coleccedilatildeo Orientaccedilotildees para a Organizaccedilatildeo do Ciclo

167

Inicial de Alfabetizaccedilatildeo Caderno 2 Belo Horizonte Secretaria de Estado da Educaccedilatildeo de

Minas Gerais 2003 62 p

VIGOTSKI L S A formaccedilatildeo social da mente Psicologia e Pedagogia O desenvolvimento dos

processos psicoloacutegicos superiores Texto proveniente de Seccedilatildeo Braille da Biblioteca Puacuteblica

do Paranaacute Livraria Martins Fontes Editora Ltda 4ordf ediccedilatildeo brasileira Satildeo Paulo 1991

Disponiacutevel em lthttpwwwprgovbrbppgt Acesso em 06 mai 2017

168

APEcircNDICES

APEcircNDICE A ndash QUESTIONAacuteRIO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula

Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira

Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade

Local Escola Estadual Pio XII

Disciplina Liacutengua Portuguesa

Atividade Questionaacuterio ndash Data __________2017

Aluno (a)_______________________________________________________________

1- Onde vocecirc mais acessa a internet

A ( ) Em casa

B ( ) Em lan house(s)

C ( ) Na escola

D ( ) Outros lugares Qual ______________________________

E ( ) Natildeo uso

2- Com que frequecircncia vocecirc acessa a internet

A ( ) Menos de uma hora

B ( ) Uma hora

C ( ) Duas horas

D ( ) Mais de duas horas

E ( ) Nunca

3- Vocecirc utiliza a internet por meio de

A ( ) Computador

B ( ) Celular

C ( ) Tablet

D ( ) Outros equipamentos

E ( ) Natildeo uso

4- Os professores da sua escola jaacute utilizaram o computador ou laboratoacuterio de informaacutetica

para realizar atividades escolares

Sim Natildeo

169

5- Quais tipos de sites despertam mais seu interesse considerando o conteuacutedo

A ( ) redes sociais como Facebook

B ( ) jogos eletrocircnicos na internet

C ( ) blogs

D ( ) sites de pesquisa

170

APEcircNDICE B ndash ATIVIDADE INICIAL DE ESCRITA ndash AIE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula

Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira

Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade

Local Escola Estadual Pio XII ndash Disciplina Liacutengua Portuguesa

Atividade Diagnoacutestica Inicial ndash Data __________2017

Aluno (a)_____________________________________________________________

Felpo Filva

Era uma vez um coelho especial chamado Felpo Autor de textos estranhos e

engraccedilados Felpo tem um orelha menor do que a outra e quando fica nervoso sofre de um

problema conhecido como orelite tremulosa Essa doenccedila eacute tiacutepica de coelhos como Felpo

rabugentos que natildeo gostam de sair da toca natildeo conversam com ningueacutem e natildeo tem amigos

Um certo dia quando Felpo jaacute era um poeta famoso tomou uma decisatildeo ele iria contar

para todos a triste histoacuteria de sua vida Iria escrever a sua autobiografia O coelho poeta pegou

a sua xiacutecara de cafeacute sentou-se diante da maacutequina de escrever e comeccedilou

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Curtir ndash Comentar

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Felpo Filva iniciou a autobiografia dele mas natildeo terminou nessa primeira paacutegina do livro Assim como Felpo relate a sua histoacuteria de vida Fale quem eacute vocecirc onde nasceu com quem vive do que gosta e do que natildeo gosta Comente suas alegrias e tristezas suas conquistas e suas perdas e todos os outros pensamentos

Comece entatildeo

Florecircncia

Florecircncia

172

APEcircNDICE C ndash PLANO EDUCACIONAL DE INTERVENCcedilAtildeO ndash PEI

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE

GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas

pedagoacutegicas em sala de aula

Montes Claros ndash MG

2017

173

FLOREcircNCIA VIEIRA PACHECO ANDRADE

GEcircNEROS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS novas praacuteticas

pedagoacutegicas em sala de aula

Projeto Educacional de Intervenccedilatildeo ndash PEI

apresentado como requisito parcial do

Programa de Mestrado Profissional em Letras ndash

PROFLETRAS da Universidade Estadual de

Montes Claros sob a orientaccedilatildeo da Professora

Doutora Faacutebia Magali Santos Vieira

Montes Claros ndash MG

2017

174

IDENTIFICACcedilAtildeO

Tema Alfabetizaccedilatildeo e letramento

Escola Escola Estadual Pio XII ndash Januaacuteria ndash MG

Seacuterie 6ordm Ano de Escolaridade

Periacuteodo de realizaccedilatildeo Agosto a novembro de 2017

1 Objetivos

Objetivo geral

Desenvolver atividades que contribuam com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos

do 6ordm ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Pio XII utilizando o gecircnero digital blog

como recurso didaacutetico

Objetivos especiacuteficos

Planejar executar e avaliar atividades que contribuam para melhoria dos niacuteveis de escrita

que desenvolvam a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica

Desenvolver habilidades de letramento digital atraveacutes do gecircnero digital blog

Produzir texto multimodal para blog

2 Metodologia

Este plano de intervenccedilatildeo pretende oferecer condiccedilotildees propiacutecias ao desenvolvimento de

accedilotildees efetivas de aprendizagem e assim para atender agraves reais necessidades da educaccedilatildeo no

seacuteculo XXI ferramentas pedagoacutegicas tradicionais (livros canetas papel quadro giz e texto

verbal) devem coexistir com as ferramentas das TDIC (computador internet games viacutedeos

projetor textos multimodais) Dessa forma o professor assumiraacute um papel neste ambiente

bastante diferente daquele de um apresentador de conteuacutedo seraacute um mediador que ajudaraacute os

alunos a desenvolverem habilidades e competecircncias de escrita e a interagirem nos assuntos que

estatildeo sendo explorados Segundo Thornburg (1996) o professor neste cenaacuterio iraacute operar em

175

um sistema baseado em quatro componentes fogueira poccedilo drsquoaacutegua caverna e a vida assim

chamados de ldquoMetaacuteforas para o aprendizado no seacuteculo XXIrdquo

Metaforicamente a fogueira eacute o espaccedilo informacional associado com palestras e outros

meacutetodos de instruccedilatildeo direta numa forma de transmitir conhecimento O poccedilo drsquoaacutegua eacute o espaccedilo

de conversaccedilatildeo ocupado quando os alunos conversam entre si ou com seus professores sobre

um determinado toacutepico para a construccedilatildeo do ensino-aprendizagem A caverna eacute o espaccedilo

conceitual onde ideias satildeo desenvolvidas num momento de introspecccedilatildeo e onde projetos de

estudantes satildeo construiacutedos sob a perspectiva da reflexatildeo sob a anaacutelise do seu proacuteprio

conhecimento A vida eacute o espaccedilo contextual onde as coisas que foram aprendidas satildeo aplicadas

no mundo fora da escola ou seja o conhecimento resulta na praacutetica social fora da escola

Assim para expressar visualmente as ldquoMetaacuteforas do aprendizado no seacuteculo XXIrdquo a

exemplo de David Thornburg (1996) foi elaborado o esquema a seguir (Figura 01)

representando o processo educacional atual

176

Figura 01 ndash Estrutura do Processo Educativo

Fonte Dados da pesquisa 2017

Diante do exposto os procedimentos metodoloacutegicos e as atividades em busca do

processo de ensino-aprendizagem ocorreratildeo sob esses quatro momentos que chamaremos de

moacutedulos de aprendizagem Estes seratildeo construiacutedos em torno do ldquoconhecer dialogar refletir e

praticarrdquo fornecendo a possibilidade de professores e alunos criarem oportunidades

educacionais significativas Nesse sentido a escolha dessa metodologia pretende desenvolver

atividades que contribuam com a melhoria dos niacuteveis de escrita dos alunos utilizando o gecircnero

digital blog como recurso didaacutetico ou seja como recurso de leitura diaacutelogo reflexatildeo e

produccedilatildeo textual

INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA

MOacuteDULO 1 Conhecendo

Neste moacutedulo seraacute desenvolvida e compartilhada a discussatildeo sobre as caracteriacutesticas dos

textos compostos por palavras e imagens bem como discutir sobre as contribuiccedilotildees das

PROCESSO EDUCATIVO

FOGUEIRA sala de aula

aula expositiva auditoacuterio palestras

POCcedilO DAacuteGUA

discussotildeesem grupo

CAVERNA biblioteca salas de estudo

laboratoacuterio de informaacutetica

A VIDA praacuteticas na realidade produccedilatildeo escrita

177

Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de

sons palavras imagens e movimentos

Quadro 01ndash PEI ndash Moacutedulo 1 Conhecendo

PLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 1 CONHECENDO

Accedilatildeo

Ativar conhecimentos preacutevios sobre as caracteriacutesticas dos textos

multimodais e em relaccedilatildeo agraves contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da

Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC ao permitir a combinaccedilatildeo de sons

palavras imagens e movimentos

Objetivo Identificar as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem e familiarizar-se com o

ambiente digital

Conhecer e identificar as funccedilotildees do blog como recurso de ensino e sobre as habilidades de letramento em contexto digital

Conhecer diferentes textos multimodais

Metodologia Aula expositiva dialogada e interativa por meio de ferramenta digital

Atividades de conhecimento no laboratoacuterio de informaacutetica da escola

Atividades

1- Exposiccedilatildeo dialogada utilizando ferramenta digital para apresentaccedilatildeo de

slides sobre a proposta de trabalho

Discussatildeo sobre as contribuiccedilotildees das Tecnologias Digitais da Informaccedilatildeo e da Comunicaccedilatildeo ndash TDIC para a aprendizagem

Apresentaccedilatildeo de diferentes textos multimodais por meio de slides

2- Utilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de informaacutetica para navegar pela Internet e

assim familiarizar com o ambiente digital

3- Acesso e conhecimento de blogs de diferentes temas e assuntos

Blog ldquoBlog dos jovens leitoresrdquo

httpblogdosjovensleitoresblogspotcombr

Blog Open Page httpwwwopenpagecombr

Blog Galerinha on line

httpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtml

Blog escolar httpec19tagblogspotcombr

Questotildees propostas

Quais satildeo os temas abordados nesses blogs Leia o perfil de

cada um

De qual vocecirc gostou mais Por quecirc

Se vocecirc tivesse um blog sobre o que vocecirc escreveria

Vamos criar um blog para a turma Qual nome teria

4- Criar o blog da turma

178

Recursos

didaacuteticos

Data show computador internet caixa de som

Duraccedilatildeo 8ha

Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo do interesse e participaccedilatildeo dos estudantes durante a

exposiccedilatildeo do conteuacutedo

Os alunos deveratildeo realizar as atividades propostas no laboratoacuterio de informaacutetica e produzir comentaacuterios a respeito do que leem

Fonte Dados da pesquisa 2017

MOacuteDULO 2 Dialogando

Neste segundo momento as atividades propostas ofereceratildeo oportunidades para que o

comportamento do aluno ouvinte e falante torne-se efetivamente objeto de aprendizagem O

aluno teraacute a oportunidade de realizar debates e exposiccedilotildees orais a respeito das atividades

apresentadas em sala de aula Assim o professor coordenaraacute as discussotildees procurando fazer

com que todos os alunos falem e escutem de forma atenciosa e respeitosa Este tipo de atividade

promove a discussatildeo sobre o assunto tratado nos textos apresentados fazendo com que o aluno

ultrapasse o texto e o relacione com o contexto social em que vive ou ateacute mesmo com sua

proacutepria pessoa atendendo agrave perspectiva da leitura multimodal

A partir do desenvolvimento da competecircncia do uso da liacutengua oral e da capacidade de

debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o argumento contraacuterio

mesmo que de forma menos elaborada por se tratar de alunos do 6ordm ano seratildeo propostas

atividades em grupo de leitura interpretaccedilatildeo e escrita

Quadro 02 ndash PEI ndash Moacutedulo II Dialogando

PLANO DE ACcedilAtildeO - MOacuteDULO 2 DIALOGANDO

Accedilatildeo Incentivar a discussatildeo sobre os textos apresentados com o intuito de desenvolver a competecircncia do uso da liacutengua oral e a capacidade de

debater de forma sustentada defendendo sua opiniatildeo e acolhendo o

argumento contraacuterio

Objetivo Ler textos multimodais

Analisar e discutir as especificidades dos textos multimodais

Produzir textos multimodais

Metodologia

Propor a discussatildeo das perguntas sugeridas a respeito dos recursos

linguiacutesticos utilizados nos textos multimodais previamente

selecionados para o trabalho em grupo

1- Leitura de textos multimodais

2- Discutir em duplas ou trios as questotildees sobre os textos

selecionados

179

Atividades

HQ da Turma da Mocircnica

HQ do Gaturro e Aacutegatha

Charge

Propaganda

3- Produzir em duplas os textos multimodais selecionados

Organograma

Infograacutefico

Mapa

Recursos

didaacuteticos

Data show Computador Internet folhas A4

Duraccedilatildeo 10 ha

Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo do interesse e participaccedilatildeo dos estudantes durante a

exposiccedilatildeo do conteuacutedo e na realizaccedilatildeo das atividades propostas

Fonte Dados da pesquisa 2017

LEITURA DE TEXTOS MULTIMODIAS

Leia os textos e converse com seus colegas e professora sobre as questotildees abaixo

Em relaccedilatildeo agrave HQ da Turma da Mocircnica (Mauriacutecio de Souza)

180

Figura 01 ndash HQ turma da Mocircnica

Fonte Desconhecida

Observe a HQ para responder ao que se pede

1- Vocecirc conhece esses personagens Quem satildeo

2- Por que o Cascatildeo estaacute saltitante O que ele estaacute imaginando Qual era a sua intenccedilatildeo

3- O que aconteceu no 4ordm e 5ordm quadrinhos

4- Por que Cascatildeo saiu correndo

5- O humor da histoacuteria foi construiacutedo a partir de quais fatos

6- No texto haacute palavras Vocecirc conseguiu ler essa HQ mesmo sem palavras Por quecirc

181

Em relaccedilatildeo agrave HQ do Gaturro e Aacutegatha

Gaturro e Aacutegatha satildeo personagens de uma seacuterie de tirinhas argentina criada pelo cartunista

Cristian Dzwonik (conhecido como ldquoNikrdquo)

Figura 03 ndash Tira Gaturro e Aacutegatha

Disponiacutevel em lthttpmundogaturroflorestablogspotcombr201204otra-ves-gaturro-y-agathahtmlgt Acesso

em 07 jun 2017

- Observe a tirinha para responder ao que se pede

1- No 1ordm quadrinho o que Aacutegatha estaacute segurando O que estaacute escrito

2- Vocecirc sabe o que significa esta palavra Ela pertence agrave Liacutengua Portuguesa ou estrangeira

Onde encontramos essas palavras com frequecircncia

3- Agora que vocecirc sabe o significado o que Aacutegatha quis dizer ao Gaturro

4- Qual eacute a reaccedilatildeo de Gaturro O que ele estaacute segurando

5- O que estaacute escrito Qual eacute o significado

6- O que aconteceu no 3ordm e 4ordm quadrinhos O significado da palavra alterou ao ser invertido

182

Em relaccedilatildeo agrave charge

Figura 04 ndash Charge Igualdade Justiccedila

Disponiacutevel em lthttpprofwladimirblogspotcombr201405charge-igualdade-nao-significa-justicahtmlgt

Acesso em 07 jun 2017

- Observe a charge para responder ao que se pede

1- O que eacute igualdade

2- O que eacute justiccedila

3- O que vocecirc vecirc na imagem

4- O que vocecirc entende por ldquoIgualdade natildeo eacute justiccedilardquo

5- O que foi preciso fazer para haver justiccedila

6- Vocecirc jaacute foi tratado de forma desigual ou injusta

183

Em relaccedilatildeo agrave propaganda

Figura 05 ndash Propaganda

Disponiacutevel em lthttpjulianaportuguesfeevaleblogspotcombr201111anuncio-da-lactahtmlgt Acesso em 07

jun 2017

- Observe a propaganda para responder ao que se pede

1- A finalidade da propaganda eacute vender um produto Qual eacute o produto anunciado

2- Quais satildeo os cinco motivos para ficar de boca aberta ou fechada

3- O que significa a expressatildeo ldquoPra deixar vocecirc de boca abertardquo

4- Em que outros contextos podemos ficar de boca aberta

184

Em relaccedilatildeo ao Organograma

Figura 06 ndash Organograma

Disponiacutevel em lthttpssitesgooglecomsiteescolamunicipalpadrecahistoria-da-escolaorganogramagt Acesso

em 09 ago 2017

1 Criar um organograma

Segundo Ribeiro (2016) o organograma eacute uma representaccedilatildeo bastante comum em nossa

sociedade e mostra representaccedilotildees hieraacuterquicas estruturas organizacionais etc

Como sugestatildeo os alunos deveratildeo criar um organograma familiar ou um organograma escolar

185

Em relaccedilatildeo ao Infograacutefico

Figura 07 ndash Infograacutefico

Disponiacutevel em lthttpgalerinhaonlineblogspotcombr201401receitashtmlgt Acesso em 09 ago

2017

2 Criar um infograacutefico

Os infograacuteficos satildeo textos multimodais por excelecircncia pois seu planejamento envolve palavras

e imagens em um leiaute e por ser um gecircnero que circula amplamente em jornais e revistas

impressos digitais e na TV nas previsotildees de tempo nas explicaccedilotildees e nas demonstraccedilotildees de

causa e efeito (RIBEIRO 2016)

Os alunos deveratildeo criar um infograacutefico de uma receita escolhida pela dupla

186

Em relaccedilatildeo ao Mapa

Figura 08 ndash Mapa escolar

Disponiacutevel em lthttprbeadditionptnp4mapasid=1503523gt Acesso em 09 ago 2017

3 Criar um mapa

Mapas satildeo representaccedilotildees graacuteficas em escalas menores e podem representar regiotildees territoacuterios

ou qualquer extensatildeo da superfiacutecie da Terra Criar um mapa da sua escola

MOacuteDULO 3 Refletindo

Nesse moacutedulo propotildee-se a interlocuccedilatildeo entre diferentes textos para que o aluno possa

analisar de forma reflexiva diferentes abordagens de um mesmo assunto ou toacutepico tanto no

que se refere a distintas percepccedilotildees da nossa cultura ou sociedade quanto para poder observar

questionar e analisar atraveacutes da comparaccedilatildeo ou confronto do que dizem os diferentes textos ao

resolver atividades de leitura interpretaccedilatildeo e escrita Isso faz com que o aluno perceba

intuitivamente seu conhecimento e faccedila checagem do seu proacuteprio aprendizado

187

Quadro 03 ndash PEI ndash Moacutedulo III RefletindoPLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 3

REFLETINDO

Accedilatildeo

Contribuir com o processo de alfabetizaccedilatildeo e letramento por meio de

atividades que estimulem o desenvolvimento da linguagem oral e escrita em

situaccedilotildees de anaacutelise e reflexatildeo sobre as especificidades dos textos

multimodais e assim melhorar os niacuteveis de escrita dos alunos

Objetivos Aprofundar e refletir sobre os conhecimentos da escrita que desenvolvam

a consciecircncia fonoloacutegica e a escrita ortograacutefica

Refletir e identificar as funccedilotildees do blog como recurso didaacutetico e sobre as

habilidades de letramento em contexto digital

Produzir comentaacuterios a respeito do que lecirc

Metodologia Estudo individual e atividades praacuteticas no laboratoacuterio de informaacutetica da

escola e em sala de aula

Atividades Atividades de escrita 1- Torne o branco impuro

2- Vamos de carona nesta viagem

3- Agrave maneira dos antigos

4- Tempo de falar

5- Vamos vender o fedex

6- Pausa para criar

7- Jogo Corrida das letras

8- Nuvem de palavras

Postar atividades e comentaacuterios no blog da turma

Recursos

didaacuteticos

Data show computador internet celular folhas A4 brancas ou coloridas

laacutepis laacutepis de cor canetas coloridas borracha entre outros materiais

escolares

Duraccedilatildeo 21 ha

Avaliaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo das atividades previstas para esse moacutedulo seraacute contiacutenua e visa agrave

melhoria da aprendizagem aleacutem disso busca observar como os alunos estatildeo

aprendendo e o que deve ser feito para melhorar Assim os alunos teratildeo

atendimento individual procurando sanar as dificuldades especiacuteficas de cada

um Dessa forma teratildeo a oportunidade de desenvolver as atividades refletir

sobre sua produccedilatildeo tirar suas duacutevidas e progredir

Fonte Dados da pesquisa 2017

188

ATIVIDADES SELECIONADAS

1- Siga as instruccedilotildees A primeira parte eacute de descontraccedilatildeo Vocecirc deve viajar no papel Eacute o

momento de liberdade Pegue uma folha de papel em branco pegue uma caneta laacutepis laacutepis

de cor giz de cera o material que desejar Antes de utilizaacute-los observe a sua folha natildeo a

amasse trate-a com carinho Escreva sem doer Escreva sem medo Agora laacutepis e papel satildeo

companheiros no papel em branco escreva desenhe pinte rabisque Faccedila qualquer coisa mas

natildeo deixe o branco puro Agora guarde-a na sua pasta de atividades Ela eacute sua Ningueacutem vai ler

sem a sua autorizaccedilatildeo

2- Vamos escrever palavras iniciadas pelas letras A D G T B H V I R S P J As letras

satildeo aleatoacuterias O nuacutemero de palavras natildeo deve ultrapassar 10 e nem ser inferior a 5 De posse

do vocabulaacuterio vamos brincar Inicialmente fazendo algumas combinaccedilotildees Exemplo O

palhaccedilo A brinca com o T e o maacutegico faz G virar H assim seraacute substituiacutedo A por uma palavra

do vocabulaacuterio iniciado A T iniciado por T e assim por diante Depois de feita essa brincadeira

com as palavras vamos brincar com as frases abaixo

a- Clara gosta de A + B e Carlos ama T amo R mas natildeo amo I nem V

b- A+ J pois T+ D

c- S e G falaram ou vocecirc fica com H ou vai com P Ou fica com J ou natildeo fica com T

3- Agora vamos usar mais palavras coletadas em cada frase Lembre-se o nuacutemero de frases e

as combinaccedilotildees satildeo aleatoacuterias Vocecirc pode inventar outras combinaccedilotildees e alterar o nuacutemero de

frases Entretanto recomendamos que natildeo ultrapassem 10 frases para que vocecirc natildeo se canse

Depois leia as suas frases em voz alta Assim a atividade torna-se dinacircmica e alegre

CAUSALIDADE H+ J+ R+P + (PORQUE) +A +H tudo certo mas A+D +J estaacute muito

esquisito natildeo eacute R

CONDICIONALIDADE J+ B+ A + (SE AMAR) + B +J +H + pode quebrar

FINALIDADE P + B + I + G + (A FIM DE) + A+ B+ certo

MODALIDADE T+ A + V+ (SEM QUE) + P + V + I + legal

OUTRAS

- A frase eacute PP + H + R + e a palavra eacute + J + H + A + e a histoacuteria

- O pensamento voa em T + B + S + por isso penso em P e em H mas estou mesmo em V + D

+ P + e sonho com G

4- Agora temos dezenas de palavras e algumas frases Chegou a hora do texto Vamos por

etapas

1 ATIVIDADE TORNE O BRANCO IMPURO

189

a Organize as frases que vocecirc fez num texto Num corpo orgacircnico Por exemplo

Clara gosta de aboacutebora bamba e Carlos ama ternura amo amo ruela mas natildeo amo ironia nem

vagem Ananaacutes jovem pois teteacuteia dedo Abra teu amor e jogo pois

b Leia em voz alta o texto

c Vamos mexer no texto Vocecirc pode eliminar palavras eou acrescentar palavras eou

inverter a ordem Exemplo

Clara gosta de aboacutebora e de Carlos Abre o jogo e o amor quando come aboacuteboras e ananaacutes

Vagem bomba e ironia satildeo jovens atletas pois

Ou

Clara gosta de vagem e ama Carlos com ternura Segundo ela o jovem Carlos eacute uma teteacuteia e

ela escolhe o seu amor a dedo O amor eacute jogo e ironia qual aboacutebora e ananaacutes pois

d Troque o texto com o colega e peccedila uma criacutetica

e Passe-o a limpo e guarde-o

1- Antes de viajarmos um novo texto brincaremos inicialmente com o visual das palavras

Uma palavra pode ser escrita (desenhada) de vaacuterias maneiras Observe

Figura 09 ndash Palavras desenhadas

Fonte Claver 1994 p 33

2 ATIVIDADE VAMOS DE CARONA NESTA VIAGEM

190

Agora vocecirc Sugerimos montanha carneiro vegetal peluacutecia aacutervore corpo horror escada

telefone etc Esta eacute uma maneira de desmascarar as palavras e talvez de possuiacute-las

2- Veja como Luiacutes Silva personagem do livro Anguacutestia de Graciliano Ramos brincava com

as palavras

Em duas horas escrevo uma palavra Marina Depois aproveitando as letras deste nome arranjo

coisas absurdas ar mar rima arma ira amar Uns vinte nomes

Vamos na onda do personagem vamos re-arranjar as palavras Sugerimos maravilha sapato

marmita aacutervore etc Exemplo sapato ndash ato sapo pato topa tapa copa

3- Continuemos brincando com as palavras Daremos a elas um significado que vai aleacutem de sua

significaccedilatildeo de dicionaacuterio Vamos procurar revelar sua face outra explorando todas as suas

potencialidades Essas palavras revelaratildeo toda sua sensibilidade diante do mundo e da vida

Haacute palavras que satildeo grandes pela proacutepria natureza ndash eacute o caso da grafia de paralelepiacutepedo Outras

satildeo grandes pelo que representam Temos a palavra ceacuteu que graficamente eacute pequena mas eacute

enorme em sua significaccedilatildeo

A partir dessas consideraccedilotildees escreva duas palavras ou mais para cada um dos vocaacutebulos

relacionados frios quentes amarelas nervosas gordas pequenas gostosas pobres leves

alegres fofas perigosas vermelhas coloridas delicadas bonitas pesadas engraccediladas novas

4- Agora vocecirc deve estar mais solto leve descontraiacutedo e pronto para tocar para frente

O exerciacutecio que segue eacute muito parecido com o que fizemos antes Dada uma palavra procure

escrever outras que tenham alguma relaccedilatildeo com ela Exemplo O amarelo pode relacionar com

as seguintes palavras cor primavera frio medo hepatite sol ovo

Vamos laacute Eis as palavras paisagem felicidade hipopoacutetamo caminho vermelho voar nuvens

morangos coraccedilatildeo soacutelido horizonte liberdade viagem

Os temas das redaccedilotildees eram (e satildeo ainda) mais ou menos as seguintes A Paacutetria Minhas

feacuterias O que eu fiz ontem Meu animal favorito Uma festa O dia do iacutendio Meu primeiro dia

de aula A famiacutelia Minha professora 13 de maio A casa mal-assombrada

3 ATIVIDADE Agrave MANEIRA DOS ANTIGOS

191

Agrave maneira dos antigos daremos alguns temas e situaccedilotildees Procure utilizar as dicas

anteriores ou seja invente palavras reverbere peccedila opiniatildeo refaccedila o texto etc A forma

(poema conto crocircnica etc) fica a seu criteacuterio

Para sua maior comodidade vamos aos fatos e situaccedilotildees como por exemplo

a) Trecircs ratos famintos estatildeo presos num quarto hermeticamente fechado

Situaccedilotildees

Acham uma saiacuteda

Aparece um super-rato para salvaacute-los

Se devoram

(Em tempo os ratos se chamam Augustus Nicodemus e Cornelius)

b) Um sonacircmbulo eacute acordado em pleno dia no meio de uma rua movimentada e se

descobre nu

Situaccedilotildees

Vai preso por natildeo saber explicar a situaccedilatildeo

Ningueacutem repara em sua atitude

Eacute fotografado e convidado para trabalhar na TV

c) Um mosquito de nome Geraldo marca um encontro com uma mosquita de nome

Joana para as 1730 Agraves 1730 horas Geraldo cai num pega-mosca

Situaccedilotildees

Ele morre

Joana fica sabendo do acontecido e se suicida

Geraldo toma a piacutelula anti-pega-mosca e consegue se safar

Joana arruma outro namorado

d) A histoacuteria de Romeu e Julieta

Situaccedilotildees

Julieta fica sabendo do final da histoacuteria e fala pro Shakespeare ldquoQual eacuterdquo

Romeu tambeacutem fica sabendo e usa um punhal de mentira

Shakespeare fica gostando de Julieta e soacute mata o Romeu

e) Em uma galeria de arte dentre os vaacuterios quadros haacute dois bem proacuteximos Em um

deles haacute trecircs gatos e no outro um aquaacuterio

Situaccedilotildees

Os gatos resolvem comer os peixes

Os peixes se transformam em tubarotildees e devoram os gatos

192

Os gatos e os peixes fazem uma guerra de fome contra a pintura moderna e

morrem

O pintor do aquaacuterio pinta de branco o quadro dos gatos

f) Uma carroccedila estaacute diante de um sinal vermelho A rua eacute estreita e o movimento

enorme Quando o sinal abre o burro empaca

Situaccedilotildees

Todos os carros buzinam ao mesmo tempo

O carroceiro deixa a carroccedila e sai correndo

O burro sai da carroccedila e daacute um coice nos carros

Um dos motoristas conversa com o burro no ouvido e este sai de fininho

Vocecirc escolhe um dos fatos Caso queira misturar os fatos e as situaccedilotildees teremos sem duacutevida

um texto pelo menos inusitado

Vamos trabalhar mas antes eacute bom atentar para o seguinte natildeo existe nenhuma narraccedilatildeo que

natildeo responda agraves questotildees DE QUEM SE TRATA DE QUE SE TRATA ONDE SE PASSA

POR QUEcirc COMO QUANDO

Ainda

Agente ndash ator ou atores

O fato ndash a accedilatildeo propriamente dita

O tempo ndash eacutepoca

O lugar ndash meio ambiente

As causas ndash origem motivo

As consequecircncias ndash os resultados

Os meios ndash pessoas ou coisas que concorrem ou interferem na accedilatildeo

O modo ndash os aspectos atraveacutes dos quais se desenrola a accedilatildeo

Este eacute o caminho O cineasta quando faz um filme tem em matildeos um roteiro Por que natildeo o

redator Vamos laacute

1- Escolha o tem (ou temas)

2- Tente traccedilar um roteiro para seu texto respondendo agraves questotildees DE QUEM SE

TRATA DE QUE SE TRATA etc ou indicando o agente o fato o tempo etc

3- Depois de concluiacutedo o texto passe a limpo e guarde-o

193

Leiamos algumas maacuteximas ou aforismos ou picles como queiram Satildeo pequenas frases que

colocam o leitor em reflexatildeo Ou fazem com que o leitor mude seu modo de pensar Jaacute se notou

que o ditado popular eacute radical Ele encerra uma verdade eterna Eacute perigoso por isso Eacute comum

se ouvir ldquoDize-me com quem andas que eu te direi quem eacutesrdquo E um gaiato respondeu ldquoE o

que Judas fazia com Jesus Cristordquo Vamos fazer como que esse gaiato desestruturar os ditados

as frases feitas as frases congeladas ldquoLiberdade eacute uma calccedila velha azul e desbotadardquo

Tentaremos criar algumas maacuteximas ou picles Agora alguns exemplos retirados das Maacuteximas

da Tia Zulmira de Stanislaw Ponte Preta

Entre as trecircs coisas melhores desta vida comer estaacute em segundo e dormir em terceiro

Enquanto houver mandioca a farinha estaacute garantida

A poliacutetica tem esta desvantagem de vez em quando o sujeito vai preso em nome da

liberdade

O amor eacute eterno noacutes eacute que estamos sempre a transferi-lo para outra reparticcedilatildeo

Malandro prevenido dorme de botina

As trecircs coisas mais perigosas que eu conheccedilo satildeo limpar arma de fogo mulher do

vizinho e croquete do botequim

Quem tem medo de mandinga natildeo desmancha despacho

Mulher e livro emprestou volta estragado

Mais vale um fileacute em casa do que um boi no accedilougue

As coisas que mais contribuem para avacalhar a dignidade de um homem satildeo bofetatildeo

de mulher tombo de bunda no chatildeo e dor de barriga

Mosquito sabido morde primeiro e faz o zunido depois

Em Reflexotildees sem dor Millocircr Fernandes condensa a verdade tambeacutem em pequenas frases por

exemplo

Um paiacutes soacute tem verdadeira liberdade de expressatildeo quando um homem pode dizer em

puacuteblico bem alto tudo o que lhe vem agrave cabeccedila ao bater o martelo no dedo

O pobre trabalha para comer O rico trabalha para comer fora

O silecircncio eacute de prata tempo eacute dinheiro mas nem tudo que reluz eacute ouro

Queridinho eacute o nome de solteiro do marido

Sansatildeo sim eacute que era um espetaacuteculo Quando acabou seu show a casa veio abaixo

4 ATIVIDADE Tempo de falar

194

Uma coisa eacute definitiva quem se curva diante dos opressores mostra o traseiro aos

oprimidos

Amor com amor se pega

Natildeo somos a imagem de Deus Somos apenas a sua autocriacutetica

Pensar ndash eis um verbo reflexivo

Agora eacute a vez de Maacuterio da Silva Brito que criou o desaforismo Aforismo eacute a arte de condensar

a verdade numa sentenccedila iluminada

Amai-vos uns agraves outras

Ofiacutecio de bombeiro eacute fogo

Sereia ndash mulher de ex-cama

Ai que saudade que tenho da Aurora da minha vida

Quem daacute aos pobres empresta a Deus Pela escassez das esmolas parece que Deus

anda de creacutedito baixo

2- Agora eacute a sua vez Daremos uma seacuterie de proveacuterbios e esperamos que vocecirc interfira neles

mudando o seu sentido como no exemplo que se segue ldquoQuem cedo madruga fica com sono

o dia inteirordquo ou ldquomuitos seratildeo os chamados e poucos os atendidosrdquo Isso eacute da Biacuteblia ou da

Telefocircnica

a) Quem cala consente

b) Em terra de cego quem tem um olho eacute rei

c) Mais vale um paacutessaro na matildeo do que dois voando

d) Aacutegua mole em pedra dura tanto bate ateacute que fura

e) Pimenta nos olhos dos outros eacute refresco

f) Catildeo que ladra natildeo morde

3- Depois de concluiacutedos passe-os a limpo e guarde-os

As companhias de cigarro nunca vendem nicotina mal-estar mal-cheiro poluiccedilatildeo etc Vendem

status social sauacutede vigor fiacutesico sucesso etc

Ronald Claver

5 ATIVIDADE VAMOS VENDER O FEDEX

195

A partir dessa consideraccedilatildeo levantemos alguns toacutepicos de que a arte da propaganda se utiliza

Os recursos de linguagem poeacutetica ndash repeticcedilotildees de consoantes e vogais rimas

comparaccedilotildees metaacuteforas e conotaccedilotildees

Pag Pouco

Se eacute Bayer eacute bom

Melhoral melhoral eacute melhor e natildeo faz mal

Tomou Doril a dor sumiu

Pense Forte pense Ford

Uma linguagem apelativa que explora as ansiedades vaidades frustraccedilotildees do

consumidor influi de modo decisivo no comportamento e postura do homem comum e

fantasiosamente camufla as frustraccedilotildees da realidade

Quem fuma Minister sabe o quer E vocecirc

Ao sucesso com Hollywood

No Brasil toda mulher tem Charm

Associaccedilotildees arbitraacuterias do siacutembolo com o simbolizado

Mulher pelada com automoacutevel

Status social com cigarro

Vigor fiacutesico com remeacutedio

A linguagem popular atraveacutes da exploraccedilatildeo dos ditos populares proveacuterbios giacuterias etc

Dize-me o que lecircs e te direi quem eacutes ndash Veja

Ponha algumas pedras no caminho da sua sede ndash Antaacuterctica

Quem tem outro carro anda com o Fusca atraacutes da orelha

O propagandista sabe que uma boa imagem vale por mil palavras Daiacute o requinte visual

das propagandas Sabe tambeacutem que a propaganda subliminar explora de modo consciente as

zonas obscuras do inconsciente Por isso lanccedila mensagens em determinados momentos e em

196

certa regularidade Desse modo ficou famosa a ldquopipocardquo que aparecia num cantinho da tela

durante a exibiccedilatildeo de um filme Terminada a fita os expectadores tomaram de assalto o carrinho

do pipoqueiro Sabe tambeacutem da teacutecnica do merchandising que consiste em aproveitar uma cena

comum para veicular seu produto Essa teacutecnica eacute muito usada em novelas de televisatildeo

Exemplo Cena de bar ndash pessoas sentadas agrave mesa tomando determinada cerveja ou refrigerante

1- Vamos trabalhar com PROPAGANDA Procure algumas em jornais revistas livros out-

doors televisatildeo etc Selecione-as

2- Agora que vocecirc conhece alguma coisa sobre propaganda analise algumas conhecidas Veja

a distribuiccedilatildeo de cores a colocaccedilatildeo das palavras o uso das formas etc

3- Chegou a sua hora Convenccedila o proacuteximo de que seu produto eacute a melhor coisa do mundo Use

todos os recursos e venda entatildeo um desses produtos a lua a vida o fedex (um produto

desconhecido do puacuteblico) sua sala de aula seu otimismo sua imaginaccedilatildeo um lugar ao sol

4- Releia seus textos Leia-os para algueacutem Eles convencem Vendem

5- Se necessaacuterio reescreva trechos ou o texto

5- Passe a limpo e guarde-a

1- Seguem-se alguns quadrinhos Escreva nos balotildees aquilo que o desenho lhe sugere

2- Haacute outros que tecircm soacute balotildees Invente o desenho mas a sua maneira sem se preocupar com o

traccedilo

3- Invente seu quadrinho Faccedila como nos textos recorte costure cole escreva desenhe

redesenhe reescreva mostre ao colega

6 ATIVIDADE PAUSA PARA CRIAR

197

Figura 10 ndash Quadrinhos

Fonte Claver 1994 p 58

198

Figura 11 ndash Quadrinhos

Fonte Claver 1994 p 59

199

Figura 12 ndash Quadrinhos

Fonte Claver 1994 p 61

200

Cada jogador se representa no tabuleiro por um piatildeo sobre a inicial do seu nome O

primeiro a jogar lanccedila um dado e deve avanccedilar seu piatildeo tantas casas quantas indicou o dado

Para permanecer nesta casa deve dizer ou escrever uma palavra que comece com a letra que

aiacute estaacute Se natildeo conseguir retrocede uma casa e diz ou escreve uma palavra que comece por esta

nova letra Se natildeo conseguir retrocede sucessivamente ateacute voltar de onde saiu Ganha o jogo

aquele que primeiro tiver percorrido todo o trajeto atingindo pela segunda vez sua letra inicial

Figura 13 ndash Tabuleiro do jogo Corrida nas letras

Fonte Elaborado pela pesquisadora com base em Grossi 1990 p 142

ATIVIDADE A CORRIDA NAS LETRAS

201

MOacuteDULO 4 Praticando

Nesse moacutedulo desenvolveremos atividades que proporcionem a praacutetica dos

conhecimentos em escrita por meio da produccedilatildeo de textos compostos por imagens e palavras

a partir de situaccedilotildees dadas utilizando ferramentas da tecnologia (computador internet textos

multimodais)

Quadro 04 ndash PEI ndash Moacutedulo IV Praticando

PLANO DE ACcedilAtildeO ndash MOacuteDULO 4 PRATICANDO

Accedilatildeo Por em praacutetica os conhecimentos em escrita

Objetivos

Produzir texto adequado agrave situaccedilatildeo comunicativa ao interlocutor e ao

suporte de circulaccedilatildeo

Metodologia Produccedilatildeo escrita e publicaccedilatildeo no blog da turma

Atividades Produccedilatildeo escrita individual a partir de uma situaccedilatildeo dada

Recursos

didaacuteticos

Data show computador internet celular folhas A4 brancas ou

coloridas laacutepis laacutepis de cor canetas coloridas borracha entre outros

materiais escolares

Duraccedilatildeo 14 ha

Avaliaccedilatildeo Observaccedilatildeo sistemaacutetica da participaccedilatildeo dos alunos na realizaccedilatildeo das atividades propostas

Produccedilatildeo escrita para publicaccedilatildeo no blog da turma Fonte Dados da pesquisa 2017

202

APEcircNDICE D ndash Atividade Final de Escrita ndash AFE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

CENTRO DE CIEcircNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE COMUNICACcedilAtildeO E LETRAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO

MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

Pesquisa Gecircneros digitais e multiletramentos praacuteticas pedagoacutegicas na sala de aula

Orientadora Dra Faacutebia Magali Santos Vieira

Mestrando (a) Florecircncia Vieira Pacheco Andrade

Local Escola Estadual Pio XII ndash Disciplina Liacutengua Portuguesa

Atividade Diagnoacutestica Final ndash Data __________2017

Aluno (a)_____________________________________________________________

Sinopse

Natildeo eacute faacutecil ser crianccedila E ningueacutem sabe disso melhor do que

Greg Heffley que se vecirc mergulhado no ensino fundamental onde

fracotes subdesenvolvidos dividem os corredores com garotos que satildeo

mais altos mais malvados e jaacute se barbeiam Em ldquoDiaacuterio de um bananardquo

o autor e ilustrador Jeff Kinney nos apresenta um heroacutei improvaacutevel

Como Greg diz em seu diaacuterio ldquoSoacute natildeo espere que eu seja todo Querido

diaacuterio isso Querido diaacuterio aquilordquo

Fonte Saraiva Editora Disponiacutevel emlthttpwwwsaraivacombrdiario-de-um-

banana-vol-1-2574894html gt Acesso em 29 abr 2017

O livro conta o dia-a-dia de Greg Heffley que decide deixar registrado em um caderno

natildeo diaacuterio como gosta de dizer as suas aventuras de Halloween (dia das bruxas) na escola em

casa com seus dois irmatildeos Manny (o bebecirc) e Rodrick (o rockeiro)

Greg leva uma vida normal adora jogar videogame e sonha o tempo todo em ser famoso

em qualquer cargo mesmo que seja como seguranccedila da escola

Leia a primeira paacutegina e confira um pouquinho da vida de Greg em o Diaacuterio de um

Banana

203

Figura 14 ndash p 1 de Diaacuterio de um Banana

Fonte Kinney 2008 p 1

Figura 15 ndash p 1 de Diaacuterio de um Banana

Fonte Kinney 2008 p 1

Imagine que vocecirc acaba de ganhar um diaacuterio muito bonito no qual vocecirc poderaacute registrar

suas histoacuterias de alegria e de tristeza suas conquistas e suas perdas e todos os outros

pensamentos Vamos laacute

204

Registre nesta paacutegina de blog um dia da sua vida (atividades encontros pessoas

sentimentos desejos medos saudades escola nossas atividades no laboratoacuterio de informaacutetica

entre tantas outras coisas que vocecirc desejar)

Figura 16 ndash Blog 6ordm Ano JF

Fonte Dados da pesquisa

205

206

3 CRONOGRAMA

Agosto

Setembro Outubro Novembro

MOacuteDULO I

X

MOacuteDULO II

X

MOacuteDULO III

X

MOacuteDULO IV

X X

REFEREcircNCIAS

CAGLIARI Luiz Carlos Alfabetizaccedilatildeo e linguiacutestica 8 ed Satildeo Paulo Scipione 1995

CLAVER Ronald Escrever sem doer oficina de redaccedilatildeo Belo Horizonte Editora UFMG

1992

FURNARI Eva Felpo Filva Satildeo Paulo Moderna 2006 (Coleccedilatildeo girassol)

GROSSI Esther Pilar Didaacutetica da Alfabetizaccedilatildeo 3 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1990

KINNEY Jeff Diaacuterio de um banana Trad Antocircnio de Macedo Soares Cotia Vergara amp Riba

Editoras 2008

LEMLE Miriam Guia teoacuterico do alfabetizador 6 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

RIBEIRO Ana Elisa Textos Multimodais leitura e produccedilatildeo Satildeo Paulo Paraacutebola Editorial

2016

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