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ESAD – Escola Superior Artes e Design Tecnologias de Informação Empresarial | 4º Ano Globalização + Auto-estradas da informação + Preocupações legislativas com o ciberespaço adriano afonso / odette paulo / ruben martins | 27/06/2006 1 de 42

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ESAD – Escola Superior Artes e Design Tecnologias de Informação Empresarial | 4º Ano

Globalização

+

Auto-estradas da informação

+

Preocupações legislativas com o ciberespaço

adriano afonso / odette paulo / ruben martins | 27/06/2006

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Índice

1. Resumo .................................................................................................... 3 2. Introdução ............................................................................................... 4 3. Objectivos................................................................................................ 5 4. Conjuntura Actual ................................................................................. 6

4.1 Globalização.......................................................................................... 6 4.2 Auto-estradas de Informação ............................................................ 14

4.3.1Alguns dados estatísticos ............................................................. 16 4.3.2 Principais marcos históricos da década.................................... 17 4.3.3 Evolução da Internet em Portugal.............................................. 19 4.3.4 Alguns dados estatísticos ............................................................ 20 4.3.5 Acesso à Internet em Portugal cresceu 27,8% in PCGuia nº123 Fev 2006 ..................................................................................... 21

4.4 Segurança .............................................................................................. 24 4.4.1 Conceitos básicos sobre segurança............................................... 25

4.5 Comércio Electrónico .......................................................................... 27 4.5.1 Segurança no comércio electrónico - Contextualização ........ 28

4.6 Multimédia e Realidade Virtual ......................................................... 29 4.7 Preocupações legislativas com o Ciberespaço................................ 29 4.8 Carlos Coelho: Lutar contra a cibercriminalidade ......................... 33

5. Conclusão.............................................................................................. 35 6. Bibliografia ............................................................................................ 37 7. Cibergrafia ............................................................................................. 38 8. Anexos.................................................................................................... 39

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1. Resumo

O final do século XX deixa marcas de uma profunda revolução dos meios

de comunicação, as quais vem interferir directamente nas relações sociais.

A sociedade contemporânea convive com a

chamada e mídia digital. Conforme Nicholas

Negroponte, “no contexto da vida digital, o

que a maioria dos executivos dos meios de

comunicação pensa e discute é a transmissão

melhor e mais eficiente do que já existe”1. Ele

mesmo afirma que “o mundo digital é

intrinsecamente maleável. Ele pode crescer e modificar-se de uma forma

mais contínua e orgânica do que os antigos sistemas analógicos”2.

As tecnologias digitais, que hoje, na sociedade contemporânea, têm

também como referência a virtualidade, segundo Pierre Lévy, “... surgiram,

então, como a infra-estrutura do ciberespaço, novo espaço de comunicação,

de sociabilidade, de organização e de transição, mas também novo mercado

da informação e do conhecimento”3. De acordo com ele, “em geral não

importa qual é o tipo de informação ou de mensagem: se pode ser

explicitada ou medida, pode ser traduzida digitalmente”4. Haja vista a

quantidade de pessoas que participam do Orkut (rede virtual de

relacionamentos), e comunidades virtuais em geral, como o IRC.

1 NEGROPONTE, 1995, pag. 23 2 NEGROPONTE, 1995, pag. 47 3 LÉVY, 1995, pag. 32 4 LÉVY, 1995pag. 50

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2. Introdução

Convergência, uma palavra que neste século tem uma forte expressão tanto

no geral como na área da computação e das comunicações, designando um

movimento em que se incorporam todas as tecnologias, rumo a um suporte

único. Um grande exemplo deste é o telemóvel, já é um pouco difícil

definir o seu conceito, este já o deixou de ser, pois é um

equipamento que é ao mesmo tempo telefone, máquina fotográfica,

televisão, cinema, agenda noticiosa, difusor de e-mails e SMS5,

WAP6, permite actualizar de sites (moblogs), é um GPS, leitor de

música (MP3, entre outros), Rádio FM, Agenda electrónica, etc.

Pode-se falar, ver TV/Vídeos/Filmes, pagar contas, interagir com outras

pessoas por escrita áudio ou áudio e vídeo, enviar fotos, ouvir música, pagar o

estacionamento, comprar bilhetes de cinema, entrar numa festa e até

organizar mobilizações políticas e/ou hedonistas7.

A voracidade com que se caminha é tal que a própria multimédia offline, por

exemplo, que se afirmou à bem pouco tempo como um esboço de indústria já

é olhada como arqueologia, neste momento é tão comum a interactividade,

ver vídeos, ouvir musica, ou ate mesmo ver televisão via internet, que nem nos

damos conta que ainda à bem pouco tempo deliciávamo-nos com um CD

multimédia.

Mas se esse fenómeno de convergência a todos engloba, não deixa de

provocar sintomas sísmicos em outras áreas que perdem a sua vocação

totalitária, no sentido de que é questionada a sua capacidade compreensiva

dessa nova realidade. Assim, pensasse num lugar-comum que percorre a

literatura apressada que vem nascendo á volta da legislação no ciberespaço, o

ponto de outra convergência desta vez entre as incipientes Auto-Estradas da

Informação e o mundo das normas jurídicas.

Ninguém sabe o que se vai passar, de imediato, com a Internet que se

anuncia como a antecâmara das auto-estradas da informação que ainda não

5 Acrónimo de “short messages service”, mensagens curtas enviadas por telemóvel para uma pessoa ou grupo de pessoas. 6 Acrónimo de" Wireless Application Protocol", protocolo que permite que os telemóveis mais antigos tivessem acesso à internet. 7 Sistema moral que considera o prazer como o supremo bem que a vontade deve atingir

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existem, á própria noção vaga e obscura de Internet começa a contrapor-se a

noção mais concreta e mais cerrada de Intranet, há áreas desse vasto mundo

da Internet que estão vedadas ao comum dos “navegadores”, o correio

electrónico é apenas um dos seus componentes, enfim a noção é tão vaga que

é impossível fundar um novo ramo do direito á sua volta. Por fim, cabe

perguntar: é preciso mesmo pensar em novas leis para este mundo novo em

que afinal já vivemos?

3. Objectivos

No âmbito da disciplina de Legislação das Novas Tecnologias do 4º ano do

Curso de Tecnologias da Informação Empresarial, o trabalho referente aos

tópicos: Globalização + Auto-estradas da informação + Preocupações

legislativas com o ciberespaço, consiste numa pesquisa e estudo referente ao

tema mas com mais foco sobre os aspectos da influência da globalização e da

internet na sociedade, quer local, quer mundial. Tem-se como intuito o de ter

uma visão mais abrangente do papel que hoje em dia a legislação têm na

sociedade de informação, nas empresas, nas organizações, nos jovens, ou nas

pessoas em geral.

Não esquecendo a segurança, analisa-se aspectos como a de privacidade

ao tráfego de informação confidencial através das redes e dos sistemas de

informação.

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4. Conjuntura Actual

4.1 Globalização

Vive-se num mundo de transformações, que intrisecamente afectam a

sociedade e a sua estrutura, para um lado ou para o outro, estasse a ser

continuamente empurrado para uma ordem global que ainda não se

compreende na sua totalidade, mas cujos efeitos já se fazem sentir no

ambiente de vivencia.

Segundo o texto da Wikipedia, “A globalização é um

processo de aprofundamento da integração econômica

e social dos países do Mundo no final do Século XX, é

um fenômeno observado na necessidade de formar

uma Aldeia Global que permita maiores ganhos para

os mercados internos já saturados.”8

A palavra ‘globalização’ no contexto de mercado

actual não pode nem deve ser completamente

ignorada nem pelo gestor no seu ambiente interno,

nem pelo politico no seu discurso. Contudo, ate finais

dos anos 80, o termo quase não era usado, nem na literatura académica, nem

na linguagem corrente.

A globalização como acima já referido na sua definição, representa

hipoteticamente um ambiente planetario projectado numa aldeia, no entanto

renega-se por vezes totalmente este conceito, e defende-se que a globalização

não passa de um mero conceito, quaisquer que sejam os seus benefícios,

preocupações ou dificuldades, a economia global não é assim tão diferente da

que existia em períodos antecedentes, ou seja, o mercado continua igual,

sendo que para a maioria dos países o comércio externo representa apenas

uma pequena percentagem do rendimento nacional e uma boa parte das

trocas económicas é feita entre regiões, sem implicar a existência de um

verdadeiro sistema de comércio a nível mundial, já que a maior parte do

comércio dos países da união Europeia é feita com os outros países membros,

o mesmo se passando com outros blocos económicos, como os da Ásia- 8 http://pt.wikipedia.org/wiki/Globaliza%C3%A7%C3%A3o

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Pacífico ou da América do Norte. Já outros, adoptam posições bastante

diferentes, defendendo que a globalização é um facto bem concreto, cujos

efeitos se fazem sentir por toda a parte. O mercado está, segundo estes, muito

mais desenvolvido do que estava em épocas recentes, nos anos 60 e 70, por

exemplo, e é indiferente às fronteiras nacionais. As nações perderam a total

soberania que detinham e a politica perdeu a capacidade de influenciar os

acontecimentos.

A cepticidade dos que renegam o conceito da globalização afirma que a

ideia não passa de um mito, e que os governos continuam a ter capacidade

para controlar a vida económica e manter intactos os benefícios do Estado-

providência. A globalização é então uma ideia posta a correr pelos adeptos da

liberalização do comércio que querem destruir os sistemas de segurança social

e diminuir os gastos públicos. No entanto, é necessário referir que o volume do

comércio externo de hoje é superior ao de qualquer período anterior e

abrange uma gama muito mais extensa de bens e serviços, sendo que a

maior diferença se regista ao nível financeiro e nos movimentos de capitais.

Alimentada pelo dinheiro electrónico – isto é, dinheiro que só existe como

informação digital nos discos dos computadores – a economia do mundo

actual não tem paralelo com a das épocas anteriores.

Na nova economia electrónica global, gestão

de fundos, bancos e empresas, sem esquecer

milhões de investimentos a título pessoal, pode-se

transferir grandes somas de capitais com o

simples carregar de um botão, e, ao fazê-lo,

podem destabilizar economias que pareciam

sólidas como ‘granito’.

Por conseguinte, pode-se afirmar que a globalização, como se está a viver

actualmente, não é apenas um novo termo ou um conceito, mas sim uma

revolucão, não se tratando apenas de um fenómeno económico, mas também

político, tecnológico e cultural. Sendo, acima de tudo, influenciada pelo

progresso nos sistemas de comunicação, registado a partir do final da década

de 1960.

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O advento das comunicações por satélite representa uma ruptura da mesma

dimensão com o passado. Desde o primeiro satélite comercial lançado em

1969, o seu numero tem aumentado cada vez mais, e existem hoje mais de

duzentos conhecidos em órbita, cada um disponibilizando uma enorme

diversidade de informações. Pela primeira vez na História, pôde-se estabelecer

comunicação instantânea com o outro lado do mundo. Outros tipos de

comunicação electrónica, cada vez mais integrados com as transmissões via

satélite, têm acelerado a evolução nos anos mais recentes. Até final da década

de 1950, não existia nenhum cabo directo transatlântico ou transpacífico,

enquanto que o primeiro transportava menos de cem comunicações

simultâneas, os actuais meios transportam para cima de um milhão.

A comunicação electrónica instantânea não

é apenas um meio de transmitir informações

com mais rapidez, a sua existência altera o

próprio quadro de vida da actual sociedade.

Exemplificando, quando a imagem de Nelson

Mandela nos pode ser mais familiar do que a

do vizinho que mora na porta do lado, é porque qualquer coisa mudou na

vida corrente. Nelson Mandela é uma celebridade a nível global e a

celebridade é, em grande parte, o produto da nova tecnologia das

comunicações e o alcance destas aumenta com cada vaga de inovações. Nos

Estados Unidos, por exemplo, a rádio levou quarenta anos para atingir os

cinquenta milhões de ouvintes, e o mesmo número de pessoas começou a usar

o computador pessoal, apenas quinze anos depois de a máquina ter sido

inventada, no entanto, para haver cinquenta milhões de americanos a usar a

Internet com regularidade, só foram precisos uns meros quatro anos.

Com base nestes factos, é um erro pensar-se que a globalização só diz

respeito aos grandes sistemas, como a ordem financeira mundial. A

globalização não é mais uma noção corrente produto da sociedade moderna,

remota e afastada do indivíduo, mas sim um fenómeno ‘interior’, que

influencia aspectos íntimos e pessoais de cada um. Por exemplo, os debates

que decorrem em muitos países acerca dos valores da família parecem ter

muito pouco a ver com as influências da globalização, mas têm, uma vez que,

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os sistemas tradicionais da família estão a transformar-se, ou estão sujeitos a

grandes tensões, em diversas partes do mundo, em especial sempre que as

mulheres exigem maior igualdade de direitos. Trata-se de uma revolução

global na vida corrente, cujas consequências se estão a fazer sentir em todo o

mundo, em todos os domínios, do local de trabalho à política. A globalização

é portanto, a razão que leva ao reaparecimento das identidades culturais em

diversas partes do mundo.

Assim, há que admitir que a globalização não é um processo

simples, mas sim uma rede complexa de processos, que opera

de forma contraditória ou em oposição aberta. Para a maioria,

a globalização é apenas uma ‘troca’ de poder ou de

influência, das comunidades locais ou das nações para a

arena global, levando a que muitos os países se tornem

demasiado pequenos para solucionarem os problemas

grandes, mas também demasiado grandes para solucionarem

os problemas pequenos.

Mas, como é evidente, a globalização não está a evoluir de

forma imparcial, e as suas consequências não são totalmente benignas. A

maioria das companhias multinacionais gigantescas tem sede nos Estados

Unidos, as que têm sede noutros países pertencem todas a países ricos, não

existindo nas zonas pobres do globo. Uma visão pessimista da globalização

poderia dar a ideia de que, em grande parte, esta se trata de um problema do

norte industrializado, em que os países em desenvolvimento do Sul têm uma

papel discreto ou inclusive papel nenhum. O pessimista poderá ver na

globalização a maneira de destruir as culturas locais, de aumentar as

desigualdades do mundo e de piorar a sorte dos empobrecidos. A

globalização, dizem alguns, cria um mundo de vencedores e vencidos,

minorias que enriquecem rapidamente e maiorias condenadas a uma vida de

miséria e desespero.

Juntamente com os riscos ecológicos, com os quais está relacionada, a

desigualdade cada vez mais acentuada é o mais grave dos problemas que a

comunidade internacional tem de enfrentar. Contudo, não chega pôr todas as

culpas nos países ricos, já que a globalização é um fenómeno cada vez mais

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descentralizado, que não está sob controlo de nenhum grupo de nações e

ainda menos sob o domínio das grandes companhias, os seus efeitos fazem-se

sentir tanto no Ocidente como em qualquer outra parte.

Será a globalização uma força promotora do bem geral? Dada a

complexidade do fenómeno, a resposta não é simples. As pessoas que fazem a

pergunta, e que culpam a globalização pelo aprofundamento das

desigualdades entre países, estão geralmente a pensar apenas em termos de

globalização económica e, dentro desta, na liberalização do comércio

mundial. Ora, como é óbvio, a liberalização do comércio mundial não é um

benefício ingénuo, especialmente quando estão em causa os países menos

desenvolvidos. A abertura de um país, ou apenas de parte dele, ao comércio

sem barreiras pode destruir a economia local de subsistência, já que uma zona

tornada dependente de uns quantos produtos negociados nos mercados

mundiais torna-se muito vulnerável às flutuações dos preços, bem como às

transformações tecnológicas.

O comércio internacional carece de um quadro institucional, o mesmo

acontecendo com outros tipos de desenvolvimento económico. Os mercados

não podem ser criados por meios puramente económicos, e o nível de

exposição de uma determinada economia às vicissitudes do comércio mundial

tem de depender de todo um leque de critérios. Contudo, opor-se à

globalização económica e optar pelo proteccionismo económico seria uma

táctica desajustada tanto para os países ricos como para os pobres, o

proteccionismo pode ser uma estratégia necessária, mas só em determinadas

alturas e em certos países.

Os apoiantes do neoliberalismo9, uma teoria

económica baseada no liberalismo (que se

extinguiu quando se deu o crash de 1929),

defendem que o Estado ideal não deve intervir de

forma alguma na economia do país, por poder

vir a prejudicar o funcionamento do mercado

livre. Para estes, um mercado livre e desregulamentado auto-regula-se e é

9 Forma de liberalismo que concede ao Estado intervenção muito reduzida nos assuntos económicos

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capaz de corrigir tudo o que está mal na economia actual, impulsionando um

crescimento da produtividade e uma aceleração do desenvolvimento e

provocando a queda dos preços e dos salários.

De momento as multinacionais colocam em circulação as suas mercadorias e

capitais num mundo sem fronteiras, de forma a obterem sempre o lucro

máximo. O neoliberalismo, ao abolir todas as barreiras económicas às

empresas, permite a criação de um mercado global auto-regulado pelas

próprias empresas que o constituem. Mas será que estas empresas

multinacionais têm capacidade para regular a economia e construir uma

sociedade justa e ecologicamente sustentável? E mesmo que tenham, será que

existe ética para tal? Os últimos anos têm mostrado que não. A livre circulação

de matérias primas e capitais permite que as empresas multinacionais se

desloquem de país em país e de região em região sem que tenham que pagar

a qualquer estado por isso. Assim, cria-se uma competição global entre países,

uma competição que nada traz de saudável ao levar os países, sobretudo os

mais pobres, a reduzirem os direitos dos trabalhadores e as normas

ambientais para que possam ser alvo do investimento das corporações.

Há, portanto, um deslocamento das multinacionais para os países onde lhes

são oferecidas mais facilidades. Nestes países, as multinacionais são "livres" de

explorarem e sobreexplorarem a classe trabalhadora, pois preferem ter muito

pouco a nada e, além disso, ainda retiram ao país grandes

riquezas naturais, deixando para trás a devastação de uma

exploração desenfreada e gananciosa. Depois dos danos

provocados num país e o estado deste aplicar uma legislação

e fiscalização menos permissiva, as multinacionais podem

partir para outro país, levando a riqueza (incluindo alguma

que por vezes é dada pelo estado como bónus pelo

investimento no seu país) e deixando apenas a degradação

ambiental e social. O estado que se queira impôr contra a

saída destas corporações do seu país corre sérios riscos de sofrer sanções

económicas severas por parte das grandes potências ou por parte de

organismos internacionais cuja direcção muitas das vezes cabe a donos de

multinacionais ou é decidida por estas, como é o caso do Fundo Monetário

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Internacional (FMI), do Banco Mundial ou da Organização Mundial de

Comércio (OMC) e até mesmo de algumas entidades não democraticamente

"eleitas" no seio da União Europeia.

A globalização e o sistema económico neoliberal a ela associado está,

portanto, na base dos problemas sociais e ambientais e estes só poderão ser

completamente eliminados se forem atacados pela raíz, ou seja, se o actual

sistema deixar de existir e der lugar a sistemas mais democráticos e que

respeitem a identidade dos povos.

Nos últimos anos, tem acelerado a pressão dos lobbies financeiros no

sentido de abrir ainda mais a economia e de eliminar a intervenção dos

estados no mundo dos negócios. A palavra de ordem é desregulamentar e

liberalizar. Surgem novos acordos como é o caso do Acordo

Multilateral sobre Investimentos (AMI). Este acordo, foi negociado em

segredo desde Setembro de 1995, mas em 1997 a Friends of Earth

conseguiu receber uma cópia extraviada de um documento sobre

este acordo. Graças às novas tecnol ogias de informação, este

circulou depressa e conseguiu criar-se uma resistência transnacional

a este acordo que iria pôr cobro a muitos direitos dos trabalhadores

e legislações sobre segurança pública e protecção do meio ambiente, de

forma a beneficiar ainda mais as grandes multinacionais e permitir que estas

governem o mundo sem o obstáculo dos estados. Com este acordo, as

multinacionais ganhariam ainda mais poder para processar os governos caso

considerassem que estes provocariam prejuízo ao investidor, à semelhança do

que já acontece no NAFTA (North American Free Trade Agreement), onde

estão incluídos os EUA, o Canadá e o México. Um exemplo típico dos prejuízos

em termos ambientais deste acordo é conhecido como o caso "pague ao

poluidor", no qual a "Ethil Corporation of America" processou o governo

canadiano em $367 milhões de dólares por ter proibido o uso de MMT, um

discutível aditivo de gasolina, que é produzido por esta empresa em Ottawa.

Esta empresa solicitou "compensação imediata pela legislação imposta que se

opõe às suas operações (lucro)". A referência básica neste caso é o estado de

mercado livre, como nas regras criadas pelo AMI. Também sob a alçada do

neoliberalismo, a União Europeia enfrenta sanções económicas (no valor de

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300 milhões de dólares) impostas pelos EUA, que recorreu à OMC para se

queixar da proibição à carne produzida com recurso a hormonas de

crescimento.

Felizmente, em relação ao AMI a oposição foi muito forte em quase todo o

mundo, sobretudo nalguns países (não é o caso de Portugal, onde mal se

ouviu falar deste acordo), o que levou a que o projecto fosse abandonado.

Os males da sociedade encontram-se todos interrelacionados e por isso

mesmo para se resolver um problema individual, não se deve cingir à sua

simplicidade mas sim a uma visão global e compreensão da sociedade, para

se discernir de onde realmente partem esse e outros problemas, ambientais ou

sociais.

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4.2 Auto-estradas de Informação

Os computadores são já uma parte integrante da vida na sociedade

desenvolvida. Desde a utilização doméstica até á empresarial, passando pela

saúde, pelo sistema bancario ou pela escola, os sistemas informáticos

acompamham-na em cada fase do quotidiano, fornecendo informação ou

ampliando as capacidades de cálculo, memória, comunicação, etc. da

sociedade.

Esta simbiose de homem e sistema de informação através de

periféricos denominados de interfaces amplia as capacidades

humanas ao ponto de determinadas tarefas poderem ser

integralmente entregues ao sistemas informáticos. Assistindo-se

assim a uma diluição da fronteira homem-máquina.

A distribuição da informação obriga a que os sistemas

estejam interligados criando-se assim comunidades virtuais de

conhecimento. Por outro lado, o tipo de informação transmitida

já não é só informação escrita ou voz, é também imagem e sequências de

imagens, animação, video, etc.

As redes podem assumir diferentes designações em função do protocolo, da

estrutura da sua cablagem e da sua dimensão. Estas

podem ser designadas de LAN’s (Local Area

Network) se se tratar de uma rede compreendida

dentro e uma organização atribui-se o nome de LAN,

quando a empresa tem uma dispersão geográfica e

existem várias LAN interligadas, denomina-se de

MAN (Medium Area Network), e por fim as redes que interligam diferentes

organizações com utilização de redes públicas de comunicação de dados são

denominadas de WAN (Wide Area Network).

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4.3 A Internet

A Internet é a rede das redes. É constituída por uma ligação global de redes

locais, as quais estão ligadas a redes regionais e estas a redes de maior

dimensão. Surgiu em 1969, em plena "Guerra Fria", quando o Departamento

de Defesa dos Estados Unidos (ARPA - Advanced Research Projects Agency)

decidiu concretizar um projecto capaz de estabelecer uma rede

computadorizada de informação entre todas as instituições militares.

O projecto mostrou-se realizável e foi então que o

surgiu a ARPAnet. A principio eram apenas três os

computadores que constituiam esta rede mas, depressa

se ligaram todas as instituições militares e algumas

universidades (principalmente utilizando o correio

electrónico)... pouco tempo depois eram mais as

instituições civis (maioritariamente universidades) a

utilizar a ARPAnet do que propriamente as instituições

militares. A ARPAnet continuou a crescer lentamente

durante os anos 70 mas, por razões de segurança, continuava a ser uma rede

controlada pelos militares e inacessível a largos sectores da comunidade

académica.

Em início dos anos 80, com a adopção dos protocolos TCP/IP, essa rede

experimental foi dividida em duas: a NSFnet, orientada fundamentalmente

para fins científicos (NSFnet é a sigla de National Science Foundation) e a

MILnet, com fins exclusivamente militares. E foi no âmbito da NFSnet que

começou a crescer a grande "bola de neve", que passou a ser conhecida como

Internet. Se o primeiro grande salto qualitativo na evolução da Internet esteve

na sua abertura às Universidades, a nível mundial, o segundo motor da sua

expansão resultou no interesse dos seus serviços por parte de muitas

organizações comerciais, que viram este novo meio de comunicação um

amplo mercado a explorar. O caminho ficou então aberto para que a Internet

se transformasse no sucesso que é hoje.

A Internet teve a grande virtude de através da sua aproximação das grandes

massas tornar-se no serviço mais conhecido para utilização individual e não

demoraram a aparecer todo o tipo de fornecedores de informação desde

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entidades públicas a privadas, desde a formação até ao comércio, passando

pela saúde, pelos serviços militares, etc.

O grande conceito de comunidades virtuais de indivíduos que comunicam e

trabalham através da Internet surgiu, o que tornou a Internet numa ferramenta

de trabalho imprescindível.

4.3.1Alguns dados estatísticos

O gráfico seguinte mostra e evolução do número de utilizadores de Internet,

desde 1995 a 2002 (valores referentes ao início de cada ano).

Fonte: Nua Lta

O gráfico seguinte apresenta uma estimativa para o número de utilizadores

da Internet, em Setembro de 2002, por área geográfica. O número total de

utilizadores, em todo o mundo, seria de 605 milhões (correspondentes a cerca

de 10% da população mundial).

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Fonte: Nua Lta

O gráfico seguinte mostra a evolução do número de servidores, na última

década.

Fonte: www.isc.org

4.3.2 Principais marcos históricos da década

2000 - Os governos de todos os países desenvolvidos admitem que a

Internet é uma ferramenta indispensável ao futuro de todos os profissionais, e

consequentemente ao desenvolvimento de qualquer país. A palavra Internet

passa a ser tão comum como "telefone" ou "televisão". Todos os dias são

introduzidas, na Internet, 3 milhões de novas páginas e cerca de 80% dos sites

existentes estão escritos em língua inglesa. Surge o vírus "I love you", com um

tempo de dessiminação de 5 horas. Este vírus foi o responsável por uma nova

concepção no que diz respeito às infecções por vírus: o uso global da rede

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para a sua propagação. No Japão há mais de 10 milhões de

internautas que navegam por telemóvel. O YAHOO, com cerca

de 9000 milhões de visitas, é o portal mais visitado na Europa.

No final do ano, a Internet conta com 100 milhões de servidores.

2001 - Cumprindo um acordo estabelecido entre o Governo e

os ISP's, em Portugal o acesso à Internet passa a poder ser pago em função do

tráfego e não do tempo de utilização. São disponibilizados os "pacotes" de

24h/dia, a cerca de 30 Euros/mês. Surge a Internet de alta velocidade sobre

uma linha telefónica normal, o problema fundamental concentra-se, agora, na

guerra das velocidades de navegação. Mundialmente os vírus causam 8% das

perdas de dados em computadores.

2002 - Diariamente são criadas cerca de 7.5 milhões de novas páginas.

2003 - No início do ano, cerca de 580 milhões de pessoas, em todo o

mundo, tem acesso à Internet, existindo 170 milhões de servidores. Um estudo

revela que 77% dos americanos que estiveram on-line, usaram a Internet para

saber informações sobre a guerra no Iraque. Cerca de 55% das nações (116

milhões de utilizadores adultos) enviaram ou receberam e-mails sobre a guerra

no Iraque. Em Portugal, entre 1990 e 2003, o número de utilizadores da

Internet cresceu 900 vezes. Na Europa, os países com maior número de

internautas, a partir de casa, são a Alemanha, Grã-Bretanha e a Itália.

2004 - No início do ano, a Internet conta com cerca de 230 milhões de

servidores. De 1982 a 2004 foram vendidos, em todo o mundo, cerca de 26

mil milhões de CD's (música, filmes, computador, etc). Em Abril, chega a

Portugal a tecnologia UMTS. A operadora de rede móvel TMN (do grupo

Portugal Telecom) lança no mercado os telemóveis da terceira geração

(sistema de vídeo-chamada). É o primeiro operador a arrancar com o serviço

no país e o terceiro a nível mundial (a seguir à nórdica Télia Sonera e à

nipónica G3). O preço de lançamento dos telemóveis é de 699 Euros. Em 15

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de Junho surge o primeiro vírus que infectou telemóveis, de nome Cabir. Em

29 de Setembro, deste ano, o CERN comemora 50 anos (foi nesta instituição

que surgiu, no início dos anos 90, a WWW).

2005 - Desde Julho é possível registar, em Portugal, domínios com

caracteres especiais, ou seja palavras com acentos e a letra C com cedilha. A

Internet atinge 1 bilião de utilizadores. A média mensal de downloads do

Skype, no período de Julho a Setembro, foi de 515 mil. Com um projecto de

inovação que lhe haveria de garantir a fidelização de milhões de clientes

portugueses, a TMN comemora 10 anos (7 de Setembro) como sendo o

primeiro operador, a nível mundial, a ter lançado um cartão pré-pago

(MIMO). Em Portugal, o mercado de telemóveis absorve 78% de pré-pagos.

4.3.3 Evolução da Internet em Portugal

Em meados da década de 80 foi instalado o primeiro nó da EARN (European

Academic and Research Network) em Portugal (Lisboa), e por iniciativa do

PUUG (Portuguese Unix User Group) é instalado o nó português da EUnet

(uma das mais importantes empresas

fornecedoras de serviços para a Internet). Mas

foi a criação da FCCN (Fundação do Cálculo

Científico Nacional, hoje designada Fundação para a Computação Científica

Nacional), em 1986, que deu início à instalação da primeira rede de âmbito

nacional, a RCCN (Rede da Comunidade Científica Nacional).

Durante os primeiros anos da década de 90 (digamos até 1994), em

Portugal, apenas algumas centenas de pessoas, na comunidade académica e

científica, faziam uso regular da Internet. Durante o ano de 1995 o

crescimento acelerado da Internet em Portugal foi acompanhado por uma

maior visiabilidade social, com a criação de sites de alguns orgãos de

comunicação social: Público, Jornal de Notícias, Rádio Comercial e TVI.

De facto, apenas nos últimos anos se começou a alargar a utilização da

Internet em Portugal. Primeiro, através das Universidades e Centros de I&D

(Investigação e Desenvolvimento). Mais tarde, com o aparecimento de diversos

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ISP (Internet Service Providers), deu-se a ligação à rede de um número cada

vez maior de empresas, organismos públicos e utilizadores individuais.

4.3.4 Alguns dados estatísticos

No final de 1996, Portugal contava com 40 mil utilizadores da Internet. Um

inquérito realizado, nesse ano, revelou que a faixa etária que mais utilizava a

Internet era dos 25-34 anos (46%), seguida de 18-24 anos (23%).

Em 1998, existiam cerca de 1100000 possuidores de PC's sendo a taxa de

penetração a nível doméstico de 11%. Nesse ano, o número de Cibernautas

era de 100 mil (excluindo aqueles que a ela acedem através das

universidades), sendo que cerca de 50% navegavam na Internet a partir de

casa.

Em 2000, cerca de 53% das pessoas usava computador e 23% tinha acesso

à Internet. No final do primeiro semestre de 2000, o ICP (Instituto de

Comunicações de Portugal) estimava a existência de 1.3 milhões de

utilizadores da Internet.

Em 02/10/2001, segundo uma entrevista do Prof. Mariano Gago (Ministro

da Ciência e Tecnologia), à Antena1, a taxa de penetração da Internet na

população era de 30%. Este valor resultou de um inquérito efectuado em

2001, para indivíduos entre os 15 e os 64 anos. Segundo os resultados do

mesmo inquérito, das pessoas que usam a Internet cerca de 3/4 eram

utilizadores frequentes enquanto os restantes apenas ocasionais. Na faixa

etária dos 15 aos 20 anos, a Internet era utilizada por 85% dos indivíduos

inquiridos. No ano de 2001 existiam 50 vezes mais conteúdos (de origem

portuguesa), na Internet, do que 4 anos atrás (1997). Isto deve-se, certamente,

ao rápido crescimento que a World Wide Web teve nos últimos anos. Segundo

a Euronews (Outubro 2001), 10% dos Cibernautas portugueses faziam

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compras on-line, valor bem abaixo em comparação com os países europeus

mais desenvolvidos.

Mais recentemente, de acordo com dados estatísticos revelados pela

ANACOM (Autoridade Nacional de Comunicações), o número de subscritores

de serviços à Internet ultrapassou os 4.4 milhões no final do segundo trimestre

de 2002, sendo mais 48% do que no mesmo período em 2001. Do total de

subscritores, 269 mil correspondem a acessos por banda larga, incluindo cabo

e ADSL, o que traduz um crescimento de 122% face ao primeiro trimestre.

Tendo isto em conta, os acessos à Internet por banda larga representavam 6%

do total de acessos e 56% do total de acessos pagos no segundo trimestre

deste ano. A generalidade dos acessos de banda larga, 98% do total, são

garantidos por tecnologia de cabo, enquanto os restantes são garantidos por

ligações ADSL que, em Junho, contava com mais de 5000 subscritores,

registando um acréscimo de 40% em relação ao passado mês de Março. A

taxa de penetração do serviço, incluindo todos os tipos de acesso, no período

do ano passado. Em Junho, estavam registadas, para a prestação de serviços

de acesso à Internet, 53 entidades, das quais 30 se encontravam em

actividade.

4.3.5 Acesso à Internet em Portugal cresceu 27,8% in PCGuia nº123 Fev

2006

No primeiro trimestre de 2005, 42,5 por cento dos agregados domésticos

portugueses possuíam já um computador e destes, 31 ,5% tinham acesso à

Internet a partir de casa. O «Inquérito à Utilização das Tecnologias de

Informação e da Comunicação pelas Famílias 2005», elaborado pelo Instituto

Nacional de Estatística (INE), indica ainda que a análise evolutiva destes

indicadores «revela taxas de crescimento elevadas». Assim sendo, observa-se

que, entre 2002 e 2005, se registou um aumento médio anual de 16,6% no

que respeita à compra de computadores e de 27,8% no que se refere à

Internet.

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Em termos regionais, Lisboa e o Algarve apresentam valores acima da média

nacional com 49 e 44%, respectivamente, de agregados com computador. Por

seu turno, o acesso à Internet a partir de casa coloca nos lugares cimeiros da

tabela Lisboa e a Região Autónoma dos Açores, com um total de 37,4% cada

uma.

Os valores médios anuais indicam ainda um aumento de 16,6% no que

respeita ao número de lares com computador

O INE tentou ainda perceber quais os meios de acesso à Rede mais

frequentes. Os resultados colocam o computador no topo, tendo sido referido

por 83% dos agregados ligados à Net. Imediatamente a seguir surge o

telemóvel, utilizado por apenas 34% dos inquiridos, embora o crescimento,

neste último caso, tenho sido de 60% face a 2004.

Entre os principais motivos apontados para não ter Internet a partir de casa,

contam-se o desinteresse ou o facto de não a achar útil (com 58%), o elevado

custo do equipamento (apontado por 53,2% dos inquiridos) e o facto de não

saberem utilizar a Internet (com 52% das respostas). Segundo o INE, a banda

larga ocupa já «um lugar importante no tipo de ligação à Internet». Assim

sendo, 20% do total de agregados utiliza esta tecnologia como opção,

representando cerca de 63% dos agregados ligados à Rede. Face à subida da

banda larga, percebe-se que o modem analógico tem registado um

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decréscimo de importância enquanto tipo de ligação, sendo utilizado, no

primeiro trimestre de 2005, por apenas 39,2% dos inquiridos.

No mesmo período, 39,6% dos indivíduos com idades entre os 16 e os 74

anos referem ter utilizado computador, sendo a proporção de homens que

utiliza esta tecnologia superior à das mulheres: 43,2% versus apenas 36,2%.

Diz o INE que a análise dos escalões etários revela uma natural propensão das

camadas mais jovens para o computador, sendo que 78,1% dos indivíduos

entre os 16 e os 24 anos utilizaram este tipo de máquinas nos primeiros três

meses do ano.

A frequência de utilização do computador «é essencialmente diária», até

porque só 17,9% dos inquiridos disseram recorrer a este dispositivo apenas

uma vez por semana. Sem novidades são os locais mais utilizados para o uso

do computador: 73% referiram a casa; 54%, o local de trabalho.

Os mesmos indicadores de análise aplicados à Internet dão conta que, nos

primeiros três meses deste ano, 32% dos indivíduos com idades entre os 16 e

os 74 anos acederam à Intemet. Também aqui, a proporção de homens que

utiliza esta ternologia é superior à das mulheres: 35,5% para eles, 28,8% para

elas.

A comunicação e a pesquisa são as actividades mais frequentes no uso da

Internet. Segundo os dados do INE, cerca de 80% dos indivíduos acedem,

enviam ou recebem e-mails e pesquisam informação sobre bens e serviços. Por

seu lado, 51,3% optam por efectuar leituras ou download de revistas e jornais

online e cerca de metade dos utilizadores liga-se a organismos públicos tendo

como principais objectivos a obtenção de dados ou o download de

formulários.

Nos primeiros três meses do ano, aproximadamente 12% dos utilizadores de

Internet «compraram ou encomendaram bens ou serviços online», diz o

Instituto Nacional de Estatística. Entre os produtos mais encomendados estão

os livros, as revistas, os jornais e o material de e-learning, com 32,5%,

seguidos dos filmes e música, com 25,4%, e dos bilhetes para espectáculos e

eventos diversos, que obtiveram 23,6% das respostas. Por seu lado, entre os

indivíduos que nunca utilizaram comércio electrónico, mais de 88% afirmaram

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preferir o contacto pessoal com o vendedor e com o produto, enquanto 73%

referiram não sentir necessidade de efectuar compras via Internet.

4.4 Segurança

Uma das maiores questões que a Internet enfrenta, bem como qualquer rede

informática, é a segurança. Com a rápida evolução e vulgarização do modelo

cliente / servidor, o fenomenal aumento do número de redes que se juntaram

à Internet, com a banalização do uso dos browsers, e o crescimento do

comércio na Internet, sentiu-se a necessidade de ter uma comunicação segura.

A segurança na Internet consiste essencialmente em dois aspectos distintos: a

segurança das transacções e a integridade das redes privadas. A segurança

das transacções refere-se à possibilidade de duas entidades poderem conduzir

uma transacção privadamente sem influência de outros, com autenticação

através de assinaturas digitais, se necessário. No que se refere à integridade

das redes, este aspecto visa essencialmente a protecção dos recursos

informáticos, ligados à Internet, de uso ou acesso sem autorização.

A segurança da informação é uma das principais áreas que preocupam

qualquer utilizador, pois é do conhecimento comum que as mensagens

enviadas por e-mail ou tranferências de ficheiros, podem ser controladas ou

interceptadas por terceiros.

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Uma enorme agitação tem ocorrido nos meios de comunicação

internacionais devido ao potencial da Internet no que diz respeito ao comércio

electrónico, no entanto, surge uma das maiores preocupações das empresas

que fazem transacções financeiras na Internet: como as fazer com segurança ?

Neste sentido, para conseguir acabar com o uso fraudulento de informações

confidenciais, como por exemplo o número do cartão de crédito, foram

desenvolvidos mecanismos baseados em criptografia na tentativa de tornar as

transacções mais seguras, tal como: a autenticação mútua das entidades

envolvidas, mecanismos de certificação, etç.

Concluindo, pode-se afirmar que a falta de segurança é uma

realidade. As técnicas de protecção estão já disponíveis, parece

que o que falta, é mesmo utilizá-las. O tipo de informação

também é um factor importante na decisão das implementações e

das políticas de segurança.

4.4.1 Conceitos básicos sobre segurança

Existe uma série de conceitos associados à problemática da segurança, que

são essenciais para a segurança na Internet. Esses conceitos, de uma forma

geral, tornaram-se uma espécie de requisitos dos novos mecanismos de

segurança e permitem normalmente definir o nível de segurança de um

sistema:

• Integridade dos dados: A integridade dos dados permite a detecção

de modificações não autorizadas nos dados. Vulgarmente, a

integridade dos dados permite detectar se os dados foram

modificados ou corrompidos durante a transmissão. Esta modificação

pode ser resultado de um ataque ou de um erro na transmissão. A

integridade dos dados pode ser conseguida através da

implementação de uma função one-way hash10.

10 Uma transformação de sentido único que converte uma quantidade arbitrária de dados em uma mistura fixed-length. É computacionalmente duro inverter a transformação ou encontrar colisões. MD5 e SHA são exemplos de funções de sentido único da mistura.

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• Confidencialidade: É o processo utilizado para proteger informações

secretas de serem reveladas por pessoas não autorizadas. Os dados

secretos devem ser protegidos quando são guardados ou transmitidos

pela internet. Claramente, essa protecção recorre ao uso da

criptografia. A tarefa da implementação da criptografia também

requer uma distribuição segura das chaves de criptação para o

remetente e para o receptor dos dados cifrados.

• Identificação: Os utilizadores são identificados perante uma aplicação

através de uma identificação do utilizador (user_id).

• Autenticação: É o processo usado para verificar a identidade

reivindicada por um utilizador ou programa. A autenticação pode ser

feita através do uso de passwords por parte do utilizador ou através

da troca de chaves e poderá eventualmente envolver uma terceira

entidade de confiança.

• Controlo de acessos: O controlo de acessos, concede ou recusa, a

permissão a um dado utilizador para aceder um recurso, limitando os

acessos para os utilizadores autorizados. O controlo de acessos, é

frequentemente especificados pelo administrador do sistema ou pelo

dono do recurso.

• Autorização: É o processo de atribuir os acessos permitidos para o

utilizador. A permissão de acessos inclui uma especificação, tal como,

se o utilizador possui permissão para ler, escrever, ou alterar uma

dado ficheiro.

• Não repudiamento: É a capacidade de provar tecnicamente a origem

dos dados e provar a distribuição dos dados, ou seja, demonstra-se

que a transmissão ocorreu de facto, entre o remetente e o receptor.

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Desta forma, impede o remetente negar o envio dos dados, ou o

receptor negar a recepção dos dados, e também impede que as

entidades envolvidas possam alterar o conteúdo dos dados.

• Rejeição de serviço: O ataque de rejeição de serviços, comummente

chamado de DoS (Denial of Service), é um ataque do qual, o atacante

toma posse, ou consome recursos, de forma a que ninguém mais

possa usá-lo. Exemplos desses ataques, incluem um vírus, que

consome a memória do sistema, ou um ataque na Internet, onde o

host atacante toma posse do host legítimo.

4.5 Comércio Electrónico

O comércio electrónico é definido como qualquer forma de negócio ou

transacção administrativa ou troca de informações que é executada utilizando

quaisquer informações e tecnologias de comunicação.

Na tentativa de manter a posição do mercado ou ganhar

vantagem competitiva num conjunto de operações, reduzindo

custos e aumentando o serviço de clientes, o negócio está cada vez

mais virado para o comércio electrónico. O comércio electrónico

permite às associações de todas as dimensões e sectores de

mercado para aumentar a sua competitividade. Isto ultrapassa

fronteiras geográficas para poupar tempo e custos, para abrir

novas oportunidades de negócio permitindo mesmo às empresas mais

pequenas competir num mercado global. O comércio electrónico alcança

processos tais como o "scanning" de código de barras e EDI11, e também

outras tecnologias, tais como e-mail, a internet, o World Wide Web e o

comércio electrónico móvel.

11 Transferência electrónica de documentos através da rede pública de comunicação de dados. Ou seja, a permuta de documentos entre computadores (eg facturas, recibos, contratos, notas de encomendas) sem trânsito de papéis.

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O comércio electrónico abrange todas as maneiras de negociar ou

transacções administrativas, ou troca de informações que sejam efectuadas

utilizando quaisquer informações e tecnologias de comunicação.

Isto abrange as três principais áreas de actividade, nomeadamente:

• B2B - Business to Business (uma empresa que vende para outra

empresa pela Internet)

• B2C - Business to Consumer (a empresa que vende diretamente para

o consumidor)

• B2G/G2C – (Governo para a Governo, ou Governo para Nação

(este inclui ambos o negociador e o cidadão)

4.5.1 Segurança no comércio electrónico - Contextualização

É o passo inevitável no futuro da Internet: a sua parte comercial acabará por

se transformar num conjunto de lojas virtuais, onde tudo poderá ser adquirido

e pago em segurança. O problema, por agora, é garantir essa segurança.

Trata-se de um autêntico mercado global organizado em

catálogos ou centros comercias virtuais, onde revendedores

competem em igualdade de circunstâncias entre si e onde os clientes

podem comprar os produtos permanentemente actualizados a

preços mais baixos do que aqueles praticados no comércio

tradicional. Por outro lado, estes clientes constituem um grupo socio-

económico com elevado poder de compra, com conhecimentos técnicos e,

comparados com o resto da população, são receptivos aos novos produtos

introduzidos no mercado.

Ainda que não tenha algumas das características de uma compra física

(onde o contacto físico com o produto torna-se, por vezes, necessário), a

simplicidade e facilidade que caracteriza uma compra virtual atrai muitos

clientes. Um dos benefícios das compras on-line é a capacidade de pesquisar

através de milhares de itens disponíveis quase instantaneamente.

Porém, não só os compradores ganham com a facilidade e conveniência da

Internet; milhares de empresas, das mais pequenas às multinacionais, estão a

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começar a compreender o facto de que a web é um mercado do próximo

século onde podem promover os seus bens e serviços a uma audiência on-line.

Os centros comercias virtuais podem por outro lado fornecer serviços, como

por exemplo o aconselhamento legal de um escritório de advogados presente

virtualmente. Uma vez que muitos serviços apenas vendem e compram

informação, a presença na web faz sentido. Traduções, aconselhamento

financeiro e acções da Bolsa são feitos através da web.

No entanto, para que uma compra on-line se torne rapidamente uma

realidade para a maioria das pessoas e não só para alguns, existe um grande

obstáculo a ser ultrapassado: o pagamento.

4.6 Multimédia e Realidade Virtual

A realidade virtual é um conceito novo embora

bastante divulgado cuja definição poderá ser uma

combinção de sistemas multimedia, (Som,imagem,video),

e outros, capazes de proporcionar efeitos sobre os

sentidos humanos fazendo sentir dentro do ambiente que

se pretende criar.

Os ambientes multimedia e realidade virtual, também podem existir sobre as

redes de comunicação de dados. Contudo pelas dificuldades de larguras de

banda e tempos de resposta das redes, a realidade virtual através de redes de

comunicação de dados é um somatório de tecnologias que no seu limite

implicará uma integração dos serviços de TV por cabo, videoconferência e

sistemas computacionais num único conceito, realidade virtual.

4.7 Preocupações legislativas com o Ciberespaço

O fim do século, trouxe o findar da ignorância do que poderia ser o conceito

já hoje conhecido como Internet. Em Portugal, no ano de 1994, haveria talvez

um milhar de afortunados para quem a sigla faria sentido, navegando à

“velocidade de caracol” para inúmeros fins científicos, numa web sem cor, sem

som e com ferramentas de comando incompreensíveis para

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o comum dos mortais. Neste domínio questionava-se então a superioridade

moral do “navegante”, pois o ciberespaço seria uma zona de anjos sem lei e

malfeitores sem polícia, criação de um Deus maior que sabiamente inventara o

"chat" mas deixara de fora, sagazmente, a justiça. Era dado adquirido que os

pais dos fundadores da ARPANET e os seguintes fundadores e consórcios como

a W3C12 tinham escrito sobre forma de especificações técnicas (RFC's) todas as

"leis" necessárias.

Mas o ano 2000 marca na Europa o fim de um ciclo de perfeita

desregulação do comércio através da rede, para o qual ainda não existia

qualquer regulamentação, regras ou leis, fruto inevitável da explosão das

redes electrónicas e das aplicações capazes de as utilizar para transmitir,

legítima ou ilegitimamente, à volta do globo milhões e milhões de dados, que

podem operar milagres no acesso à informação, mas também propiciam a

devassa da privacidade ou a violação de direitos patrimoniais. Foi aprovada

de relâmpago (como nunca antes em relação a qualquer tema) uma directiva

sobre comércio electrónico.

A estrutura descentralizada das aldeias electrónicas interligadas à escala

mundial desafia as regras básicas que até hoje presidiram à elaboração de

leis. Subitamente, de cada território é possível partir para todos os territórios e

estabelecer contacto com pessoas que neles vivem. As novas relações geram-

se em tempo real, galgam fronteiras, são avessas a peias fiscais e

burocráticas, põem em crise as formas tradicionais de combate ao crime e

tornam flagrante a debilidade das formas de cooperação entre Estados,

pesadas, inapropriadas e lentas.

O ocaso das estratégias legislativas tradicionais (tecidas no plano nacional,

tuteladas por meios estaduais), agora manifesto, conduziu a novas formas de

acção concertada. Em Okinawa, o G8 definiu estratégia digital. Na OCDE, há

tratados em gestação. No Conselho da Europa, nasce a convenção sobre

cibercriminalidade. Na União Europeia, há directivas e

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12 O World Wide Web Consortium (W3C), foi criado em 1994 para levar a Web para o seu potencial máximo, através do desenvolvimento de protocolos comuns e fóruns abertos que promovem sua evolução e asseguram a sua interoperabilidade. O W3C desenvolve tecnologias, denominadas Web Standards (ou Padrões Web) para a criação e a interpretação dos conteúdos para Web

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regulamentos sobre os tópicos essenciais do comércio electrónico, mas

também sobre as regras das telecomunicações (acelerando os factores de

concorrência), os direitos de autor, a informação pública, a protecção de

menores, as patentes, as bases de dados, os regimes de "open source"...

Evitou-se a "legisrreia" (tirando lições da má experiência do desastroso

Communications Decency Act), navegou-se com prudência em questões

globais (vg. gestão dos nomes de domínios na Internet).

Em Portugal, o Livro Verde sobre a sociedade de informação optou por uma

prudente estratégia. Chegou mesmo a sublinhar-se no II Fórum de reflexão

(Évora, 1997), que o factor decisivo para disseminar melhor a Sociedade da

Informação não era a produção de legislação, que não era e continua a não

ser.

Mas insensivelmente, o aparecimento de problemas e a tomada de decisões

de modernização tornou impossível deixar intactos os textos do velho ambiente

pré-digital. Nesses textos, pressupõe-se papel, transmitido à mão,

atravessando sistemas burocráticos até chegar finalmente ao cidadão. Esse

império do papel estrangula o salto para os métodos de trabalho essenciais à

competitividade do país. Não é possível caminhar para a contratação

electrónica de serviços com as actuais regras sobre concursos públicos, nem a

ética que lhes está subjacente pode ser deitada ao lixo (tem de ser

reequacionada, para ser renovada).

Significa isto que no planeamento estratégico da modernização tem de

incluir-se agora, sempre, um módulo de mudanças legais e accionar no tempo

certo os investimentos, as reorganizações e as alterações de quadro legal. Em

muitos casos, os decisores têm défice de cultura tecnológica e ficam de boca

aberta quando lhes propõem isenções fiscais para as "set-top boxes", sem as

quais não há TV digital nas nossas velhas TV's analógicas.

Noutros, as medidas são tomadas mas são pouco absorvidas por quem as

devia aplicar e pela sociedade (vg. a IV revisão constitucional consagrou a

proibição de ingerência das autoridades em todas as comunicações dos

cidadãos, qualquer que seja o suporte tecnológico que estes usem - incluindo a

comunicação entre presentes -, mas há quem continue a debater o tema como

se fosse cidadão do Ohio e Portugal estivesse no vazio jurídico).

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"Eppure si muove"! Aos empurrões, as decisões geram necessidades de

clarificação e estas propiciam debate e deste nasce luz ou “asneira”, levando a

correcções. É por isso essencial que não sejam abalados os mecanismos de

democracia participativa que ao longo do século XX operaram uma

metamorfose na feitura das leis, colocando ao lado dos deputados, uma longa

lista de entidades cuja voz deve obrigatoriamente fazer-se ouvir. Assim, os

anteparos contra a decisão facciosa diminuem, aumentando as possibilidades

de intervenção espúria de lobbys ou de decisões simplesmente erradas.

Há também que melhorar a fiscalização (nacional e internacional) dos

milhares de entidades públicas e privadas envolvidas no circuito das redes

electrónicas e consequentemente a torrente de dados pessoais que nelas

circula. É verdade que os parlamentos tendem a criar - separada ou

conjuntamente - uma rede de autoridades independentes a quem confiam essa

missão, mas trata-se de uma luta desigual. Em repúblicas electrónicas do fim

do milénio desprovidas de uma nova cultura de auto-defesa dos cidadãos, a

desprotecção perante a devassa pode tornar-se num flagelo aflitivo.

De todos, o mais libertador será o que suprime peias burocráticas e põe ao

serviço de máquinas lentas a energia digital renovadora de procedimentos e

mentalidades.

O Ministro da Justiça acaba de reafirmar o programa de inovação que

alguns situariam em livros de um Verne de fim de século,

mas que são no essencial, a utilização inteligente de

tecnologias que estão ao alcance de toda a

Administração. Usou-se o que há: meios de pagamento

através dos balcões da Caixa Geral de Depósitos, das

caixas Multibanco e em Homebanking. Haverá

tecnologias no regime revisto de apoio judiciário, peças

processuais em suporte digital, video-conferência, citação por via postal

simples e tradução para surdos-mudos nos tribunais. São medidas possíveis,

úteis e de ruptura com o marasmo e a acomodação.

Para isso foi necessário alterar velozmente os Códigos de Processo Civil e

Penal, do Código de Custas Judiciais e as regras do apoio judiciário.

Conseguiu-se fazer tudo isto, sem deixar de consultar todos os intervenientes.

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Outras medidas não têm nada de digital: as sentenças passam a ser ditadas

de imediato para a acta em processos sumários e abreviados, é simplificada a

transcrição das audiências, limita-se o número de testemunhas em processo

penal.

Os depoimentos por videoconferência far-se-ão em todas as comarcas do

país (há 451 equipamentos em 398 tribunais). O apoio judiciário também

sofre modificações, passando o patrocínio oficioso a ser sempre assegurado

por um advogado. Os estagiários só poderão intervir quando o processo for

de âmbito da sua competência. Assim, diz o ministério, acaba "o escândalo da

defesa poder ser exercida por quem nem sequer é licenciado."

Esgotou-se a agenda legislativa? Longe disso. Há novas directivas a transpor

(vg. sobre direitos de autor) e do debate mundial em curso não deixarão de

brotar novas exigências de reponderação de estratégias e soluções.

Portugal está hoje em melhores condições para assegurar a protecção de

dados e impulsionar o acesso dos cidadãos aos instrumentos próprios de uma

sociedade de informação.

4.8 Carlos Coelho: Lutar contra a cibercriminalidade

O Deputado do PSD Carlos Coelho afirmou, em Estrasburgo

que "as novas tecnologias de informação e comunicação têm

um impacto fundamental na vida quotidiana dos cidadãos e

na própria economia das nossas sociedades, tornando-se,

assim, imprescindível que haja uma protecção rigorosa contra

eventuais abusos ou mesmo actos criminosos -

cibercriminalidade - quer ao nível dos direitos fundamentais e

privacidade dos cidadãos, como também ao nível dos serviços de interesse

geral, das transferências bancárias, investimentos, fraudes com cartões de

crédito, entre outros".

Carlos Coelho apoiou "uma estratégia europeia que seja coerente e que, por

um lado, assegure a liberdade do mercado e reforce a segurança dos serviços

e das infra-estruturas de informação, e por outro lado, lute contra as

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actividades criminosas que afectam não só os interesses dos cidadãos

individualmente considerados, como também o próprio interesse público".

Referindo-se ao tratamento de dados pessoais e à protecção da privacidade

no sector das telecomunicações, Carlos Coelho defendeu "um equilíbrio entre

a protecção da vida privada, os aspectos jurídicos e os interesses da indústria".

Carlos Coelho sublinhou que o relatório sobre esta matéria "foi aprovado na

Comissão de Liberdades Públicas num processo que suscitou muitas emendas

e em que se por um lado se chegou a acordo de que os Estados Membros

podem restringir as regras da directiva por razões de salvaguarda da

segurança pública e condução de investigações criminais, por outro lado,

fizemos claro que tais restrições deverão ser apropriadas, proporcionais e com

um limite de duração; e que a vigilância electrónica, em geral ou para fins de

exploração, feita em larga escala não pode ser permitida".

Sobre o que considerou "a questão mais polémica desta proposta", que é a

questão do regime jurídico do envio de mensagens electrónicas comerciais não

solicitadas ("Spamming"), Carlos Coelho afirmou que "a questão aqui é a de

saber qual o método que dá mais garantias aos consumidores europeus, se o

opt-in (solução preferida pela Comissão Europeia) se o opt-out (solução

proposta pelo Relator do Parlamento).

Como impedir, acrescentou, que os consumidores continuem a ser

"bombardeados" com mensagens electrónicas, que lhes impõem custos, para

além da perca de tempo, e que acabam deste modo por minar a confiança

dos consumidores, a qual é fundamental para o desenvolvimento do comércio

electrónico".

Carlos Coelho preferiria a solução da Comissão Europeia mas receia que ela

"não seja praticável se adoptada exclusivamente pela União. Creio que o que

temos de assegurar é o que seja melhor para os nossos cidadãos e para as

nossas empresas. Creio que nenhum de nós quererá um sistema de correio

electrónico cada vez menos utilizável porque inundado e bloqueado por

inúmeras dessas mensagens não solicitadas e, não raras vezes, de gosto

duvidoso".

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5. Conclusão

A busca incessante pela informação, cada vez mais detalhada e

aglomerada, criou necessidades e preocupações a que as tecnologias (na

década de 90) não poderiam responder. Esta pressão obrigou ao seu

desenvolvimento acelerado, e como consequência evoluíram também termos

(comunicações para telecomunicações) e tecnologias como o acesso à internet,

o aparecimento e rápida massificação dos telemóveis, e em pleno século XXI

com o desenvolvimento da computação móvel e das novas tecnologias

“nómadas” (que incluem gadgets13 como laptops, palms, telemóveis), o que

está em voga é a fase da computação ubíqua14, pervasiva e senciente15, com o

foco na mobilidade.

Esta abertura disponibilizada pela junção de todos estes meios, internet,

telefones, telemóveis, alargou os horizontes de todos as empresas

organizações e entidades e de repente assistiu-se a uma explosão de

transferência de informação (ex BBS), hoje em dia, a necessidade a

necessidade de informação actualizada quase em tempo real é um factor

crucial para o desempenho de empresas de topo e multinacionais, factor que

só pode ser suportado por tecnologias e sistemas de informação, que

conseguem retirar dados transforma-los, trata-los e disponibiliza-los de

grandes bases de dados (ie, imagine-se a base de dados do Modelo e

Continente juntas, só num dia).

Da mesma forma, há muitos dados pela internet, que só uma análise hábil e

filtragem de conteúdos podem transformar meros dados em informação. Aos

dois processos acima descritos é dado o nome de KD - Knowledge Discovery,

um processo que permite transformar meros dados em conhecimento. Mesmo

que este seja em pequena escala, é uma base para o sucesso.

As principais consequências da globalização são a integração e a

interdependência econômica cada vez maiores entre países, regiões e

continentes. Hoje a economia mundial está “nas mãos” das grandes

13 Dispositivos com uma utilidade especifica, no campo tecnológico 14 Dom de estar ao mesmo tempo em vários lugares; omnipresença 15 Que tem sensações; sensível

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multinacionais de empresas transnacionais. Outro efeito da globalização é o

aumento da concorrência entre empresas em nível nacional e internacional.

Por fim, auto-estradas da informação que são representadas na realidade

por redes e pela internet são um paralelo da Globalização, permitindo ás

referências comunicar e transaccionar informação e conhecimento, que deve

ser protegido, regulamentado e tratado pela legislação.

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6. Bibliografia

LEMOS, A., Cidade Ciborgue, 2004

LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência. Rio de Janeiro: Editora 34,

1995. 263p. ____ . Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. 260 p.

NEGROPONTE, Nicholas. A Vida digital. São Paulo: Companhia das Letras,

1997. 231 p.

Helena M. M. Lastres e Sarita Albagli (organizadoras), Informação e globalização na era do conhecimento, Rio de Janeiro: Campus, 1999.

Anthony Giddens, O Mundo na Era da globalização, 4ª Edição, Lisboa,

Editorial Presença, 2002

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7. Cibergrafia

http://www.deb.uminho.pt/ecferreira/ordem.htm

http://www.centroatl.pt/ciberlei/index.html

http://ciberscopio.weblog.com.pt/arquivo/2000_12.html

http://www.eq.uc.pt/~jorge/aulas/internet/ti5-nethistoria.html

http://students.fct.unl.pt/users/cjgb/gsi/

http://www.codipor.pt/ecomercio/ecomercio_le.htm

http://www.icp.pt/template2.jsp?categoryId=1644

http://www.icp.pt/template20.jsp?categoryId=138282&contentId=178920

http://www.carloscoelho.org/sala_imprensa/ver_noticias.asp?noticia=241&id_

menu=2&sub_menu=3

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8. Anexos

MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA

Decreto-Lei nº 234/2000 de 25 de Setembro

O Decreto-Lei nº 290-D/99, de 2 de Agosto, que aprova o regime jurídico

dos documentos electrónicos e da assinatura digital, determina, no seu artigo

40.o, a designação de uma autoridade credenciadora competente para a

credenciação e fiscalização das entidades certificadoras, nos termos e para os

efeitos daquele diploma.

A Lei Orgânica do Ministério da Justiça veio atribuir ao Instituto das

Tecnologias da Informação na Justiça (ITIJ) essas funções. Atendendo a

natureza destas, importa que o referido Instituto seja assistido no seu exercício

por um conselho técnico que, com a sua actuação, contribua para um correcto

e eficaz desempenho pelo ITIJ das competências em causa.

Assim:

Nos termos da alínea a) do nº 1 do artigo 198.o da Constituição, o Governo

decreta, para valer como lei geral da República, o seguinte:

Artigo 1.o

A autoridade credenciadora competente para a credenciação e fiscalização

das entidades certificadoras, bem como para o exercício das competências que

lhe são atribuídas nos termos do Decreto-Lei nº 290-D/99, de 2 de Agosto, é o

Instituto das Tecnologias da informação na Justiça.

Artigo 2.o

O Instituto das Tecnologias da Informação na Justiça é assistido no exercício

das competências que lhe cabem por força do Decreto-Lei nº 290-D/99, de 2

de Agosto, pelo Conselho Técnico de Credenciação.

Artigo 3º

1 — O Conselho Técnico de Credenciação é um órgão consultivo,

competindo-lhe pronunciar-se sobre todas as questões que a autoridade

credenciadora lhe submeta, sendo obrigatoriamente sujeito ao seu parecer a

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apreciação técnica e a decisão dos pedidos de credenciação de entidades

certificadoras regulado no Decreto-Lei nº 290-D/99, de 2 de Agosto.

2 — O Conselho Técnico de Credenciação poderá ainda dirigir, por sua

iniciativa, à autoridade credenciadora, pareceres ou recomendações.

Artigo 4º

O Conselho Técnico de Credenciação é constituído por:

a) Uma personalidade designada pelo Ministro da Ciência e da Tecnologia,

que preside;

b) Uma personalidade designada pelo Ministro da Justiça;

c) Um representante do Instituto das Comunicações de Portugal;

d) Duas personalidades de reconhecido mérito na área de actuação do

Conselho, cooptadas pelos restantes membros.

Artigo 5º

1 — O Conselho Técnico de Credenciação reúne ordinariamente de dois em

dois meses e, extraordinariamente, sempre que, por iniciativa do seu

presidente ou por solicitação da autoridade credenciadora, tal seja

considerado necessário.

2 — Cada reunião do Conselho confere aos membros participantes que não

sejam funcionários ou agentes o direito ao abono de senhas de presença cujo

montante será definido por despacho conjunto dos Ministros das Finanças, da

Justiça e da Ciência e da Tecnologia.

Artigo 6º

O Instituto das Tecnologias da Informação na Justiça assegurará o apoio

logístico e administrativo ao Conselho, suportando igualmente os encargos

inerentes ao seu funcionamento.

Artigo 7º

O Instituto das Tecnologias da Informação na Justiça poderá, no quadro do

exercício das funções a que se refere o presente diploma, solicitar a outras

entidades públicas ou privadas toda a colaboração que julgar necessária.

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Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 27 de Julho de 2000. —

Jaime José Matos da Gama — Luís Manuel Ferreira Parreirão Gonçalves —

Diogo Campos Barradas de Lacerda Machado — José Mariano Rebelo Pires

Gago.

Promulgado em 7 de Setembro de 2000.

Publique-se.

O Presidente da República, JORGE SAMPAIO.

Referendado em 14 de Setembro de 2000.

O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira Guterres.

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Ficha dos Alunos

Aluno n.º 02155 Adriano Afonso

[email protected]

Aluno n.º 02323 Odette Paulo

[email protected]

Aluno n.º 02166 Ruben Martins

[email protected]

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